Lance! - 26 de agosto de 2012

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LANCE! DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 www.lancenet.com.br8

TÊNIS

POETA E ATLETA Ex-número 1 do mundo, técnico goiano trabalha para desenvolver talentos em Manaus. Ele também escreveu um livro que fala da paixão pelo esporte

“Por que os jovens talentos desistem no meio do caminho?”

É com o objetivo de responder a essa questão que o ex-tenista José Rodrigues da Costa, 64, decidiu criar o grupo “Unidos pelo tênis”, em uma rede social na internet. Em Manaus desde fevereiro, ele foi convidado para dar aulas no Tropical Hotel — avenida Coronel Teixeira, Ponta Negra, Zona Oeste — e preparar talentos locais para colocar o Amazonas entre os destaques da modalidade em terri-tório nacional. “Vim para essa dupla missão”, disse.

Nascido em Anicuns, interior de Goiás, o professor teve uma carrei-ra promissora, iniciada aos 17 anos, foi o número 1 do mundo (2001) e escreveu um livro de poesias sobre a paixão pelo esporte, o “Doce Co-lheita”. A maneira como ele começou nas quadras, inclusive, surpreende os mais profissionais: aproveitou o movimento de utilização do podão (ferramenta de corte para a colheita) que aprendeu nas lavouras de cana-de-açúcar. “Comecei em Brasília (DF), por acaso; quando percebi, já era o número 1 de lá”, lembrou.

De acordo com ele, o destaque nos eventos brasilienses rendeu um convite do Clube de Regatas Flamengo e a mudança para o Rio de Janeiro, onde teve o nome colocado na calça-da da fama do tênis. Com a camisa rubro-negra, da Costa foi cinco vezes campeão estadual, até optar pela profissão de técnico de grandes nomes das raquetes, nas décadas de 80 e 90. A decisão de morar na capital amazo-nense levou 10 anos para ser tomada.

“Eu relutava muito, mas percebi que era o momento”, declarou.

ContribuiçãoSem revelar por quanto tempo de-

verá permanecer no Estado, o vete-rano escolheu Manaus para encerrar a carreira esportiva. Com aproxima-damente 55 alunos em poucos meses de trabalho, ele foi responsável pelo treinamento de dois nomes em ascen-são no ranking nacional: Thássane Abrahim, 10, e Pedro Henrique de Paula, 16. “Contribuí na formação de vários profissionais. Na minha cabeça tem um prazo para eu ficar aqui (não

posso revelar), é o tempo de a escola dar frutos”, afirmou.

Apesar da intenção de voltar à Cidade Maravilhosa, o treinador con-firmou que continuará a acompanhar o desenvolvimento da escolinha, diri-gida em parceria com o professor Levy Delfin, de São Paulo. E é aos novos pupilos barés que José Rodrigues da Costa incentiva a lutar pelo tênis. “Costumo dizer que a minha proposta para o tênis vai muito além das quadras, mas para a vida”, afirmou. “Tive mais motivos para desistir do que para continuar, mas enxerguei de uma forma diferente”, completou.

Coração na quadra

No projeto de José Rodrigues, as crianças aprendem as primeiras noções

ARQUIVO PESSOAL

Com quase 500 membros, o grupo “Unidos Pelo Tênis”, faz parte da dedicação do goiano José Rodrigues da Costa ao esporte. Na opinião dele, três fatores princi-pais impedem a descoberta e o desenvolvimento de talentos no Brasil: falta de apoio financeiro, diversidade de interesses (perda do foco) e falta de suporte dos pais. “Nossos jovens talentos vão muito bem, mas quando viram profissionais...”, lamentou.

Entretanto, diferentemente do que muitos imaginam, a falta de dinheiro para as despesas com a modalidade não é o principal fator na desistência de muitos tenistas. Segundo o veterano das quadras, os pais são os “primei-ros a puxar o tapete”, porque incentivam a prática somente na infância. “A questão familiar é uma das mais delicadas, porque os pais estressam o filho no come-ço e, depois, quando o filho chega aos 18 anos, acham que o tênis não é futuro”, completou.

Prática do tênis precisa do apoio de pais e fãs

Projeto social atende 55 alunos, em pou-cos meses de traba-lho em Manaus

REPRODUÇÃO

ÁLBUM PESSOAL

Objetivo de José Rodrigues é “garimpar”, em Manaus, os talentos locais que poderão ter destaque

‘Toda criança tem o direito de sonhar e de sorrir’CAPITÃO DO PENTA Cafu esteve esta semana em Manaus para palestrar sobre a experiência dele em Copa do Mundo e de sua fundação, que atende 700 jovens, no Jardim Irene, em SP

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ENTREVISTA

7LANCE! DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 www.lancenet.com.br

Capitão do penta da Sele-çãoBrasileira e eternizado pela

declaração de amor à esposa com a frase “Regina eu te amo”, segundos antes de levantar a taça de campeão mundial em 2002, Marcos Evange-lista, mais conhecido como Cafu, esteve esta semana em Manaus para falar sobre Copa do Mundo e de uma instituição que ele administra, em São Paulo, para crianças.

Na bagagem, Cafu tem quatro participações em Copas do Mundo (1994, 1998, 2002 e 2006), com duas conquistas (1994 e 2002). A institui-ção dele, a Fundação Cafu, atende aproximadamente 1.300 pessoas por mês. “Em todas as passagens por Manaus, fui bem recebido”, disse. A reportagem do Lance! bateu um papo com Cafu. Confira:

Lance! - Você veio a Manaus para falar sobre a Fundação Cafu. O que você pode nos ensinar?

Cafu - Muitas coisas. O trabalho que a fundação vem fazendo é fundamental, principalmente agora que o país vem crescendo. Implantamos um trabalho de profissionalização em todas as áreas e vai servir para Manaus também, já que aqui eu já vi alguns projetos.

Lance! - Sediar a Copa do Mun-do é o momento propício para juntar educação e esporte?

Cafu - Sem dúvida. Por meio do esporte você consegue educar as crianças e até tirá-las das ruas e levá-las para o caminho do bem.

Lance! - Que recado você deixa para as crianças do Amazonas, que sempre recebem você muito bem?

Cafu - Toda criança tem o direito de sonhar e de sorrir. O medo de perder tira a vontade de ganhar. Lutem, que só assim vocês vencerão.

Lance! - Você faz um trabalho com mais de 700 crianças, como funciona?

Cafu - Temos 700 crianças fixas e mais de 3 mil atendimentos mensais. É bom frisar que não somos escola de futebol. Nosso foco é fazer com que as crianças se integrem na sociedade de uma maneira igual às outras crianças e, às vezes, o que falta é a oportunidade. Nós damos cursos de informática, inglês e artesanato.

Lance! - A Fundação Cafu pode chegar até Manaus?

Cafu - Primeiro precisamos nos fixar no Jardim Irene (sede do projeto em São Paulo) e fazer a fundação andar com as próprias pernas. Aí

sim, depois, podemos pensar em expandir para outras regiões.

Lance! - Vamos falar um pouco de Seleção Brasileira. Qual sua opi-nião em relação à derrota para o México na final das Olimpíadas?

Cafu - Sou fã da Seleção. O Mano vem fazendo um trabalho sério e tem um foco, que é vencer a Copa de 2014. A fase de experimentar já passou. Agora é dar uma identidade para a Seleção e continuar o trabalho

para vencer o Mundial.

Lance! - Em 2002, o Brasil tropeçou na Copa América e acabou campeão do mundo. Você acredita que isso pode acontecer novamente?

Cafu - O caminho está se direcio-nando para isso. Não dá para com-parar porque em 2002 ganhamos. Mesmo passando pelo sufoco das eliminatórias, acabamos pentacam-peões mundiais. A seleção do Mano (Menezes, técnico) tem tudo para

passar por isso também.

Lance! - Você já visitou as obras da Arena da Amazônia. O que Manaus pode ganhar ao sediar uma Copa do Mundo?

Cafu - A copa pode deixar todos os legados possíveis. Vocês vão ca-pacitar as crianças, os profissionais, melhorar infraestrutura, entre outras coisas. Este é o legado que fica. Vocês vão dar oportunidades para pessoas que nunca trabalharam.

JOEL ROSA

ANTÔNIO BARROS [email protected]

Durante palestra, em Manaus, Cafu fotografou com crianças de escolas públicas da capital

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Na bagagem, Cafu tem quatro participações em Copas do Mundo (1994, 1998, 2002 e 2006), com duas conquistas (1994 e 2002). A institui-ção dele, a Fundação Cafu, atende aproximadamente 1.300 pessoas por mês. “Em todas as passagens por Manaus, fui bem recebido”, disse. A reportagem do Lance! bateu um papo com Cafu. Confira:

Lance! - Você veio a Manaus para falar sobre a Fundação Cafu. O que você pode nos ensinar?

Cafu - Muitas coisas. O trabalho que a fundação vem fazendo é fundamental, principalmente agora que o país vem crescendo. Implantamos um trabalho de profissionalização em todas as áreas e vai servir para Manaus também, já que aqui eu já vi alguns projetos.

Lance! - Sediar a Copa do Mun-do é o momento propício para juntar educação e esporte?

Cafu - Sem dúvida. Por meio do esporte você consegue educar as crianças e até tirá-las das ruas e levá-las para o caminho do bem.

Lance! - Que recado você deixa para as crianças do Amazonas, que sempre recebem você muito bem?

Cafu - Toda criança tem o direito de sonhar e de sorrir. O medo de perder tira a vontade de ganhar. Lutem, que só assim vocês vencerão.

Lance! - Você faz um trabalho com mais de 700 crianças, como funciona?

Cafu - Temos 700 crianças fixas e mais de 3 mil atendimentos mensais. É bom frisar que não somos escola de futebol. Nosso foco é fazer com que as crianças se integrem na sociedade de uma maneira igual às outras crianças e, às vezes, o que falta é a oportunidade. Nós damos cursos de informática, inglês e artesanato.

Lance! - A Fundação Cafu pode chegar até Manaus?

Cafu - Primeiro precisamos nos fixar no Jardim Irene (sede do projeto em São Paulo) e fazer a fundação andar com as próprias pernas. Aí

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Lance! - Vamos falar um pouco de Seleção Brasileira. Qual sua opi-nião em relação à derrota para o México na final das Olimpíadas?

Cafu - Sou fã da Seleção. O Mano vem fazendo um trabalho sério e tem um foco, que é vencer a Copa de 2014. A fase de experimentar já passou. Agora é dar uma identidade para a Seleção e continuar o trabalho

para vencer o Mundial.

Lance! - Em 2002, o Brasil tropeçou na Copa América e acabou campeão do mundo. Você acredita que isso pode acontecer novamente?

Cafu - O caminho está se direcio-nando para isso. Não dá para com-parar porque em 2002 ganhamos. Mesmo passando pelo sufoco das eliminatórias, acabamos pentacam-peões mundiais. A seleção do Mano (Menezes, técnico) tem tudo para

passar por isso também.

Lance! - Você já visitou as obras da Arena da Amazônia. O que Manaus pode ganhar ao sediar uma Copa do Mundo?

Cafu - A copa pode deixar todos os legados possíveis. Vocês vão ca-pacitar as crianças, os profissionais, melhorar infraestrutura, entre outras coisas. Este é o legado que fica. Vocês vão dar oportunidades para pessoas que nunca trabalharam.

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“Por que os jovens talentos desistem no meio do caminho?”

É com o objetivo de responder a essa questão que o ex-tenista José Rodrigues da Costa, 64, decidiu criar o grupo “Unidos pelo tênis”, em uma rede social na internet. Em Manaus desde fevereiro, ele foi convidado para dar aulas no Tropical Hotel — avenida Coronel Teixeira, Ponta Negra, Zona Oeste — e preparar talentos locais para colocar o Amazonas entre os destaques da modalidade em terri-tório nacional. “Vim para essa dupla missão”, disse.

Nascido em Anicuns, interior de Goiás, o professor teve uma carrei-ra promissora, iniciada aos 17 anos, foi o número 1 do mundo (2001) e escreveu um livro de poesias sobre a paixão pelo esporte, o “Doce Co-lheita”. A maneira como ele começou nas quadras, inclusive, surpreende os mais profissionais: aproveitou o movimento de utilização do podão (ferramenta de corte para a colheita) que aprendeu nas lavouras de cana-de-açúcar. “Comecei em Brasília (DF), por acaso; quando percebi, já era o número 1 de lá”, lembrou.

De acordo com ele, o destaque nos eventos brasilienses rendeu um convite do Clube de Regatas Flamengo e a mudança para o Rio de Janeiro, onde teve o nome colocado na calça-da da fama do tênis. Com a camisa rubro-negra, da Costa foi cinco vezes campeão estadual, até optar pela profissão de técnico de grandes nomes das raquetes, nas décadas de 80 e 90. A decisão de morar na capital amazo-nense levou 10 anos para ser tomada.

“Eu relutava muito, mas percebi que era o momento”, declarou.

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Coração na quadra

No projeto de José Rodrigues, as crianças aprendem as primeiras noções

ARQUIVO PESSOAL

Com quase 500 membros, o grupo “Unidos Pelo Tênis”, faz parte da dedicação do goiano José Rodrigues da Costa ao esporte. Na opinião dele, três fatores princi-pais impedem a descoberta e o desenvolvimento de talentos no Brasil: falta de apoio financeiro, diversidade de interesses (perda do foco) e falta de suporte dos pais. “Nossos jovens talentos vão muito bem, mas quando viram profissionais...”, lamentou.

Entretanto, diferentemente do que muitos imaginam, a falta de dinheiro para as despesas com a modalidade não é o principal fator na desistência de muitos tenistas. Segundo o veterano das quadras, os pais são os “primei-ros a puxar o tapete”, porque incentivam a prática somente na infância. “A questão familiar é uma das mais delicadas, porque os pais estressam o filho no come-ço e, depois, quando o filho chega aos 18 anos, acham que o tênis não é futuro”, completou.

Prática do tênis precisa do apoio de pais e fãs

Projeto social atende 55 alunos, em pou-cos meses de traba-lho em Manaus

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Objetivo de José Rodrigues é “garimpar”, em Manaus, os talentos locais que poderão ter destaque

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