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5/27/2018 WEB AULA Etica Politica
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WEB AULA 1Unidade 1 tica, Poltica e Sociedade
Um dilema tico
Em outubro de 1972 um avio bimotor levava um grupo de jogadores de Rugby do
Uruguai para o Chile sobrevoando a Cordilheira dos Andes. No avio iam 45 pessoas.
Por conta das instabilidades polticas que o Chile passava na poca, o avio carregava
bastante alimento. Contudo, por conta do mal tempo, os pilotos se mostravam
relutantes em decolar. O que fazer? Partir em direo ao destino ou aguardar o
tempo melhorar?
Sobrevoando a cordilheira dos Andes, os passageiros receberam o aviso de atar os
cintos. Poucos, no entanto, se importaram o suficiente com o que estava acontecendo
do lado de fora da aeronave. A paz foi quebrada repentinamente por gritos de
desespero na cabine do piloto: Mais potncia! Mais potncia!. Depois de uma queda
brusca, o choque foi inevitvel o avio colidiu com uma montanha coberta de neve.
Seguiu-se uma exploso. A neve passou a invadir o avio junto com o vento gelado.
Haviam corpos e destroos por toda a parte, numa regio de difcil acesso, a 4 mil
metros de altitude e uma temperatura de 15 graus negativos.
O que se seguiu foi um drama que virou tema de filme e livros. Os passageiros, em
nome da sobrevivncia, consomem todo o alimento e, por conta da demora no
resgate, tomaram uma deciso dura: passaram a comer a carne dos colegas que
morreram. O resgate apareceu depois de 72 dias de busca e encontrou 16
sobreviventes do desastre areo.
O drama areo que foi narrado nos deixa muitas perguntas para pensar: O que voc
faria numa situao como esta? O que eles fizeram foi certo? At que ponto voc iria
em nome da sobrevivncia? Estas questes nos mostram que as decises so
dirigidas por algum tipo de parmetro, que serve como guia para nossas decises.
Quais so estes parmetros?
Concepo e distino de tica e moral
Para respondermos esta pergunta precisamos entender o que tica e Moral. Vamos
pensar no seguinte:
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Quando um juiz de futebol apita um jogo e durante a partida beneficia um dosclubes participantes. Neste caso ele est cometendo uma falha porque no estsendo imparcial como deve ser a conduta e ao dos rbitros de futebol. Bem,mas eu pergunto: O juiz est faltando com a tica ou com a moral?
Quando um poltico desvia verbas que deveriam ser empregadas em benefciospblicos, est sendo antitico? Imoral ou amoral? Ter ou no ter tica! Eis a
questo! Ser ou no ser moral eis outra questo!
Saiba Mais: MORAL UM CONJUNTO DE REGRAS ASSUMIDAS E ACEITAS, LIVRES E
CONSCIENTEMENTE PELOS INDIVDUOS PARA ORGANIZAO DE UM GRUPO
SOCIAL, SEGUNDO OS VALORES DO BEM E DO MAL.
Voc j percebeu que existe um jeito certo de vestir-se, comer ou comportar-se? O
que certo e errado, no entanto, varia de lugar para lugar e tem a ver com o quevamos chamar de moral. Observe estas fotos e isto far mais sentido!
A moral responde pergunta: o que devo fazer? Portanto, um conjunto dos nossos
deveres que j esto internalizados em nossa vida desde o nosso nascimento (pela
famlia, pela escola, igreja, sociedade e grupo social ao qual pertencemos). Quando
nascemos, este mundo j estava construdo e passamos grande parte da nossa vida
aprendendo suas regras. Pare agora e observe um pouco as pessoas que esto ao seu
redor. Repare no corte de cabelo, nas roupas... Perceba que no por acaso quehomens no usam saias e mulheres no costumam raspar a cabea. Mas, na verdade,
o motivo pelo qual isso no acontece no tem a ver com meu gosto pessoal. Por mais
incrvel que isso possa parecer, o motivo pelo qual os homens no esto de saia na
rua e as mulheres fazendo filas para raspar a cabea est na moral aceita pela minha
sociedade que entende que cabeas raspadas combinam mais com homens
(especialmente do exrcito!) e as saias so mais apropriadas para mulheres (na
Esccia isso poderia ser diferente).
Precisamos aprender que a tica e a moral so construes sociais e histricas. Isto
, elas vo mudando de tempos em tempos e mudam, tambm, quando h mudanas
polticas, sociais e formas de conhecimentos que aqui iremos chamar de
epistemologias. Isto quer dizer que, quando h mudanas na forma de conhecer, de
compreender o mundo, as pessoas e todas as coisas os costumes tambm se
alteram. Ou melhor: a tica e a moral so alteradas, modificadas de acordo com o
tempo histrico e as relaes sociais.
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Saiba mais.
Mas o que tica?
TICA OU FILOSOFIA MORAL A REFLEXO SOBRE NOES E PRINCPIOS QUE
FUNDAMENTAM A VIDA MORAL. O CONJUNTO DE PRINCPIOS E VALORES QUE
NORTEIAM AS ESCOLHAS, A AO MORAL. QUALQUER ESCOLHA QUE O SUJEITO
FAA EST FUNDAMENTADA EM UM PRINCPIO TICO.
Mas como isso acontece na prtica? Imagine que na escola tenha um aluno que
vamos chamar de Joozinho. Ele tem trs amigos: Huguinho, Zzinho e Luizinho. Ao
chegar na sala de aula, a professora pergunta para a classe se todos fizeram a tarefa
de casa e que iria comear uma prova surpresa. Joozinho, na verdade foi o nicoque fez o exerccio, enquanto Huguinho, Zzinho e Luizinho ficaram brincando o dia
inteiro. Joozinho est bem mais preparado e no teve dificuldades durante a prova.
Huguinho, Zzinho e Luizinho, no entanto, comearam a pedir para Joozinho as
respostas das questes. E ento? Passar as respostas ou no? Joozinho sabe que
isso considerado errado (de acordo com a moral do seu grupo), mas o que ele deve
fazer? O que vai guiar o comportamento de Joozinho nesta hora a tica.
Resumindo, a moral um conjunto de regras aceitas por um grupo que definem
nossas escolhas em trs dimenses: O que queremos fazer? O que podemos fazer? O
que devemos fazer? Nem tudo que queremos fazer, podemos ou devemos. Em
contrapartida, nem tudo que podemos e devemos queremos! Como fazemos para
decidir? O que ir nortear nossas escolhas, nossas decises , finalmente, a TICA
(pode ser a crist, no crist, profissional, etc.). Portanto, tica e moral no se
separam.
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Em nosso cotidiano, na linguagem corriqueira, do dia a dia, costuma-se utilizar os
conceitos de tica e moral como se fossem sinnimos. Os pargrafos anteriores esto
demonstrando essa diferena, mas vamos reforar, vendo o filme a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=BrB-ZaRSLFs
Voltemos ao caso do avio que caiu nos Andes. A maneira como os sobreviventes
agiram foi orientado por sua tica, concordando com a moral contida nela. claro que
podemos ir contra as regras morais admitidas e nossos princpios ticos. Podemos,
em outras palavras, comer carne humana, ou, pelo menos, passar as respostas da
prova para nossos colegas de turma. Ainda que discutir sobre juzes de futebol que
roubam, pessoas que comem carne humana ou alunos que passam as respostas da
prova paream questes muito atuais, os princpios ticos que usamos para julgar
estas questes so muito antigos e remontam a Scrates. Para entendermos melhoresta questo precisamos analisar um pouco do que Scrates disse.
Scrates e os Sofistas: Racionalismox relativismo
Na dcada de 1980, aqueles que gostam de
futebol vo lembrar-se de um movimento que ficou muito famoso e que aconteceu
dentro do Corinthians. Voc sabe qual foi este movimento? Acertou quem respondeu
Democracia Corinthiana. A democracia foi o maior movimento ideolgico do futebol
brasileiro, onde as regras do que deveria acontecer eram decidas pelo voto entre os
jogadores. Este movimento foi idealizado por um dos jogadores do clube e que se
chamava, curiosamente, de Scrates.
( http://www.lancenet.com.br/corinthians/Socrates-comemoracao-Foto-Arquivo-
LANCEPress_LANIMA20121203_0152_25.jpg )
Guardadas as reas de atuao, houve um outro Scrates, mais no passado, que teve
tambm embate de poder. O que estava em jogo neste caso no era o campeonato
de futebol, mas o governo da cidade. O que ambos os Scrates tm em comum que
https://www.youtube.com/watch?v=BrB-ZaRSLFshttps://www.youtube.com/watch?v=BrB-ZaRSLFshttps://www.youtube.com/watch?v=BrB-ZaRSLFs -
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ambos lidaram com a questo da liberdade. O Scrates que vamos estudar mais a
fundo aqui viveu na Grcia antiga, em 469 a.C. e deu uma contribuio
importantssima ao mundo que vivemos. Para entendermos esta contribuio
precisamos falar sobre liberdadee o que isto tem a ver com tica.
Voc gosta de mitologia grega? Sabe quem foi dipo?
Segundo a lenda grega, Laio, o rei de Tebas havia sido alertado pelo Orculo de
Delfos que uma maldio iria se concretizar: seu prprio filho o mataria e que este
filho se casaria com a prpria me. Por tal motivo, ao nascer dipo, Laio abandonou-o
no monte Citero, pregando um prego em cada p para tentar mat-lo. O menino foi
recolhido mais tarde por um pastor e batizado como "Edipodos", o de "ps-furados",
que foi adotado depois pelo rei de Corinto e voltou a Delfos.
dipo consulta o Orculo que lhe d a mesma previso dada a Laio, que mataria seu
pai e desposaria sua me. Achando se tratar de seus pais adotivos, foge de Corinto.
No caminho, dipo encontrou um homem e, sem saber que era o seu pai, brigou com
ele e o matou, pois Laio o mandou sair de sua frente.
Aps derrotar a Esfinge que aterrorizava Tebas, que lanara um desafio ("Qual o
animal que tem quatro patas de manh, duas ao meio-dia e trs noite?"), dipo
conseguiu desvendar, dizendo que era o homem. "O amanhecer a criana
engatinhando, entardecer a fase adulta, que usamos ambas as pernas, e o
anoitecer a velhice quando se usa a bengala".
Conseguindo derrotar o monstro, ele seguiu sua cidade natural e casou-se, "por
acaso", (j que ele pensava que aqueles que o haviam criado eram seus pais
biolgicos) com sua me, com quem teve quatro filhos. Quando da consulta do
orculo, por ocasio de uma peste, Jocasta e dipo descobrem que so me e filho,
ela comete suicdio e ele fura os prprios olhos por ter estado cego e no terreconhecido a prpria me. Disponvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/dipo,
acessado dia 23/06/2012. Colocar o linkem uma caixa para realce.
Esta histria fala muito sobre liberdade. Em sua opinio, dipo era livre? Sim? No?
At que ponto? dipo escolheufurar seus prprios olhos. Mas, por outro lado, quanto
mais ele tentava fugir do seu destino, mais dipo contribua para que ele se
cumprisse. Isso acontece porque, na concepo antiga, a pessoa no era totalmente
livre, ou, em outras palavras, temos um destino a cumprir.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipohttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipohttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipo -
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Scrates de certa forma rompe com este pensamento.
S podemos ser livres no mbito dapolis, no espao pblico, na companhia de outros
homens, ou seja, na vida poltica. E de que maneira devemos governar nossas vidas e
apolis? Pela razo. Esta uma resposta muito simples, mas muito poderosa.
Pense bem, imagine um lutador de boxe aposentado que se chama Rock. Depois depassar muitos anos nos ringues, ele decide que quer uma vida mais tranquila na
etapa final de sua existncia e decide montar um pequeno negcio um
minimercado.
Pgina
Apesar de ser um negcio pequeno, Rock no tem dinheiro para desperdiar e decide
evitar o mximo possvel os erros nos seu novo ramo. Mas tudo muito complicado.Tem o setor de frutas e verduras do mercado para administrar. Quais frutas comprar?
Em que quantidade? Com que frequncia (para evitar desperdcio). E ainda nem
comeamos a falar das verduras: quais os melhores fornecedores? Quais as
preferncias locais? O que as pessoas esto dispostas a comprar? Estas mesmas
perguntas servem para os artigos de higiene pessoal (sabonetes, desodorantes,
etc...), carnes (frango, bovinos, sunos...), alimentos (arroz, feijo...), Laticnios
(leite, iogurtes...). A lista to grande e a grande quantidade de coisas para pensar
fazem Rock ficar louco: como evitar o desperdcio? Como no jogar o dinheiro daaposentadoria fora? Como saber se ele est perdendo dinheiro ou no?
A resposta para Rock est num conceito de Scrates: a razo. racionalmente que
Rock deve administrar o minimercado. Para isso ele deve pensar em cada detalhe,
calcular, planejar. Ainda que o conceito de liberdade, na poca de Scrates, no era
to amplo como hoje, podemos ver a semente do seu pensamento. Este um dos
motivos porque voltamos a Scrates sempre que vamos estudar alguma coisa!
A concepo de liberdade que temos hoje remonta Scrates, que imprime uma
orientao racionalista tica. Isto significa que a Virtude como a justia, a prudncia
ou a tolerncia dependem do conhecimento que delas temos. Apesar de sua enorme
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contribuio, Scrates tambm tinha alguns inimigos, vamos dizer assim. Os mais
importantes so os Sofistas. Enquanto Scrates buscava verdades universais, os
sofistas relativizavam em seus discursos a verdade, vendendo seu conhecimento.
Scrates influenciou muitos pensadores e suas ideias permanecem at hoje. Mas sua
influncia direta pde ser mais sentida em um de seus discpulos: Plato. Mas, antes
de falar de Plato, vamos resumir o que j vimos at aqui.
Resumindo:
A Moral distinta da tica: Moral o conjunto dos hbitos, costumes e regrassocialmente aceitas por um grupo. tica o conjunto de princpios e valoresque norteiam as escolhas dos indivduos.
Scrates deu uma enorme contribuio discusso atribuindo uma orientaoracionalista tica. Esta orientao racionalista marcou a maneira como
gerenciamos minimercados e praticamente todos os aspectos da nossa vida.
Para refletir mais sobre o assunto, sugiro que voc...
assista o filme citado a seguir, que certamente enriquecer sua formao.
veja o vdeo a seguir e discuta no nosso frum qual sua opinio a respeito das
diferenas entre brancos e negros que construmos ao longo do tempo?
Filme: A Hora da Zona Morta (The Dead Zone) 1983, Direo de David
Cronenberg.
Pgina
No filme, um professor de literatura sofre um acidente e fica 5 anos em coma.
Quando volta conscincia percebe que tem a capacidade de ver o passado e o
futuro das pessoas ao tocar suas mos. Em um encontro com um poltico candidato a
presidente dos EUA, aperta sua mo e tem uma viso assustadora: o poltico
(interpretado pelo ator Martin Sheen) se tornou o presidente e inicia uma guerra
nuclear com a antiga Unio Sovitica.
Posteriormente a essa viso, o professor encontra-se com um mdico de origem
polonesa, que na infncia sobreviveu invaso da Polnia pelos alemes, mas que,
porm, perdeu os pais e lhe pergunta se caso pudesse mudar o curso de um
acontecimento histrico ele mudaria.
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O mdico diz que sim. O professor ento traa um plano para matar o candidato
presidente antes que ele seja eleito. O final surpreendente. O professor
interpretado pelo ator Christopher Walken.
Questo tica: correto que uma s pessoa, baseada em suas prprias convices,
mude o destino de muitas outras sem que essas pessoas saibam, mesmo que seja
por uma "boa causa"?
Assim, devemos sempre nos perguntar: quais so os valores que esto norteando
nossas decises e nossos julgamentos? Se estamos vivendo em sociedade podemos
pensar de forma totalmente individualista? E afinal, quem outro? O outro sou eu...
para o outro!
Vdeo para reflexo: analise o vdeo a seguir e no deixe de participar de nossofrum.
Disponvel em: https://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSE, acessado dia
23/06/12.
https://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSE
Acessado dia 23/06/12.
Durante muitos anos sustentamos costumes que foram frutos de discriminao. Como
podemos, baseados em nossas discusses sobre moral e tica, analisar a situao
exposta no vdeo? Por que no colocar suas opinies em nosso frum para que outros
possam interagir tambm?
https://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSEhttps://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSEhttps://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSEhttps://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSEhttps://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSEhttps://www.youtube.com/watch?v=XyilexcWbSE -
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WEB AULA 1Unidade 2 tica, Poltica e Sociedade
Duas histrias em Plato
Ser que daqui a 2000 anos as pessoas ainda vo falar de
Michael Jackson? As pessoas sabero quem a banda que voc gosta de ouvir hoje?
Quem vai ser lembrado daqui tanto tempo? J pensou se VOC dissesse algo bom
que daqui a 2000 anos as pessoas ainda estivessem comentando? Realmente so
poucas as pessoas que tm esta experincia. Uma delas Plato, discpulo de
Scrates. Apesar do nome diferente, Plato acabou influenciando tanto o mundo que
suas ideias permanecem at hoje. Vou comear com uma histria que Plato narrou eque tem tudo a ver com tica e Moral.
O anel de Giges
Existia um determinado anel que tinha o poder de dar invisibilidade a quem
conseguisse vir-lo para dentro e o utilizasse. O proprietrio desse anel chama-seGiges. Assim, esse anel ficou conhecido como: o anel de Giges. Esse homem o
conseguiu quando estava servio do rei da Ldia e, aps ter se salvado de uma
catstrofe, retirou o anel de um cadver e, ao perceber que conseguiria ficar invisvel
quando bem entendesse, entrou no castelo, seduziu a rainha, tramou com ela a
morte do rei e obteve poder.
Essa lenda, ou mito, nos estimula a pensar sobre as razes que provocam ou inibem
uma ao. Em outras palavras: quais so as verdadeiras razes que nos levam afazer determinadas coisas e quais so as verdadeiras razes que nos desestimulam a
fazer outras coisas. Se pudssemos ficar invisveis, o que faramos? Entraramos em
um estabelecimento bancrio e nos apropriaramos de todo o dinheiro ali disponvel?
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Entraramos nas lojas e, da mesma forma, roubaramos as roupas, calados e outros
utenslios? dessa forma que muitas pessoas agem (quem sabe ns tambm agimos
assim) como se dependssemos sempre da aprovao de outros.
Muitas vezes at utilizamos desses argumentos para educar nossos filhos dizendo
assim: o que diro os avs, os vizinhos, os amigos se os virem agindo assim ou de
outra forma? Quantas vezes evitamos cometer infrao no trnsito se soubermos que
h patrulhamento policial no trecho que estamos trafegando? Essas questes nos
remetem a pensarmos em nossas aes pblicas e privadas. Mas existe uma segunda
histria narrada por Plato e que voc j teve ter ouvido, chama-se a alegoria da
caverna.
Alegoria da caverna (ou mito da caverna)
Imagine prisioneiros acorrentados voltados para a parede dentro de uma caverna.
Imagine que eles nunca viram a luz do dia e que a claridade projetada dentro da
caverna por uma fogueira acesa atrs deles. Imagine agora escravos indo e vindo
neste lugar. Passando entre aqueles que estavam acorrentados e a fogueira. Se voc
estivesse no lugar dos prisioneiros acorrentados e no pudesse nunca virar o seu
rosto, tudo o que voc veria seriam as sombras projetadas na parede pela fogueira.
Em outras palavras, se voc estive acorrentado e nunca pudesse olhar para a luz,
como faria para saber se o que voc est vendo , de fato, a realidade? Voc noveria a realidade, mas sombras da realidade. Imagine que algum carregue a esttua
de uma pessoa, como saber se de fato uma esttua ou um ser vivo? Observe a
imagem a seguir que vai ajudar voc a se situar dentro do que est acontecendo
dentro da caverna.
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Fonte: Alegoria... (2012).
Est conseguindo imaginar melhor agora a caverna? Ento vamos continuar: imagineagora que um destes prisioneiros consiga fugir e, pela primeira vez chegue
superfcie. Como nunca olhou para a luz o que aconteceria com seus olhos? Com
certeza ficaria ofuscado pelo sol... Mas mais do que isso, perceberia que nunca havia
visto a realidade como ela realmente era, mas apenas sombras. Que estivera cego
sua vida inteira ou que pensava que conhecia as coisas, mas agora v a realidade
como de fato ! Seria um choque e tanto. Ainda meio atordoado decide voltar a
libertar seus colegas. A recepo que recebe, no entanto, no das melhores, e
acaba morto por seus colegas que no o entendem.
Saiba mais: VEJA O VDEO A SEGUIR
https://www.youtube.com/watch?v=Rft3s0bGi78&feature=related
Apesar da histria narrada por Plato no ter necessariamente um final feliz, ela tem
muito a dizer at hoje. A primeira que queremos destacar o que vamos chamar depassagem da Heteronomia para aAutonomiae tem a ver com a moral.
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Heteronomia:(hetero= outro, diferente; nomos= lei). Ou seja, a pessoa agede acordo com as regras de outro que lhe so colocadas e ele obedece (parareceber recompensa) ou no obedece (e ser castigado). Por isso umcomportamento moral infantil, imaturo (mesmo que a pessoa seja um adulto).Esse comportamento regulado pelo meio social.
Autonomia:Conforme o sujeito vai amadurecendo, vai adquirindo autonomia,
se libertando da heteronomia. Para alcanar a autonomia, necessrio exerccioracional. Muitas pessoas envelhecem, mas no conseguem atingir essaautonomia em suas condutas. Para isso preciso formar o sujeito moralautnomo. No se trata, porm, de individualismo, mas de assumir umapostura crtica diante das regras impostas pelo meio social.
A segunda coisa importante que podemos destacar de Alegoria da caverna de Plato
o que vamos chamar de dualismo material x espiritual. Em outras palavras: a
essncia das coisas no est necessariamente no que vemos (que podem ser apenas
sombras da realidade). Seremos verdadeiramente livres quando conseguirmos veralm daquilo que pode ser captado pelos nossos sentidos (o que vemos, tocamos,
ouvimos, etc.). Somente atingiremos o grau mximo das nossas vidas quando formos
alm das concluses dadas pelos sentidos e usarmos o que temos de mais poderoso
para entender a realidade: nossa capacidade racional! Podemos nos libertar da
caverna onde reinam as trevas e rumar em direo luz do conhecimento. Existe em
Plato, ento, uma relao entre o que vemos (a realidade material, palpvel) e o
mundo do conhecimento (o mundo das ideias, do saber). Conheceremos de fato
quando deixarmos o conhecimento nos guiar em meio s trevas at o mundo onde asideias reinam e resplandecem.
Sei que tudo isso comea a parecer complicado de mais, mas deixe-me dar um
exemplo. Imagine uma criana com 5 anos de idade que cresceu no interior em um
pas chamado das maravilhas. Vamos chamar esta menininha de Alice. Imagine que
um dia o pai de Alice entre em casa no final de dia e faa uma promessa: no final do
ano vamos para a praia! Vai ser timo, precisamos descansar e vamos relaxar
bastante. obvio que Alice nunca viu o mar (e obvio tambm que ela no tem
internet, ipad, computador, nem TV, afinal de contas ela mora no pas das
maravilhas!).
Em suas conversas com os adultos, Alice tenta entender, com a imaginao de uma
criana de 5 anos, o que seja o mar. Mas como no tem nada para comparar ela fica
escrava das ideias que j possui (um rio enorme, um saleiro, bastante areia...). Mas
nada disso no chega nem perto de descrever o que o mar... Alice como os
prisioneiros acorrentados e voltados para a parede. O dia que ela puder correr na
praia ela no apenas ser livre para brincar vontade no mar, mas tambm ser livre
das falsas impresses.
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Bem, mas voc pode estar agora se perguntando: ser que isso assim mesmo?
Deixe-me responder a esta pergunta com outra pergunta: ser que podemos
acreditar em tudo o que vemos ou ouvimos. Assista o vdeo a seguir, que vai dar uma
boa ideia do que estou dizendo.
Disponvel em: https://www.youtube.com/watch?v=hibyAJOSW8U,
Plato influenciou o mundo e se no podemos analisar todos os resultados do seu
pensamento, podemos ver como eles atingiram seu discpulo mais ilustre: Aristteles
Aristteles e o conceito de virtude
Se voc est imaginando que Aristteles simplesmente seguiu as ideias de Plato, seumestre, voc se enganou completamente. Aristteles foi seguidor de Plato, mas isso
no quer dizer que ele no tenha desenvolvido sua prpria maneira de pensar. Das
muitas contribuies de Aristteles o que nos interessa agora sua ideia de virtude.
Voc j pensou em ganhar um milho
de reais, neste exato momento? Ento imagine que (apenas imagine!) que eu acabeide dar um milho de reais para voc. Exatamente: um milho de reais para cada
pessoa que estiver lendo este texto. Imagine que o dinheiro est na sua conta
bancria neste instante (se voc no tiver conta bancria, ento o dinheiro vai estar
debaixo do seu colcho apesar de eu achar que neste caso vai dar uma dor nas
costas terrvel caso voc ainda queira dormir l). O que voc faria com um milho de
reais? Iria ao trabalho amanh cedo? O que voc faria de diferente do que tem feito
hoje? Bem... daqui a pouco vou voltar a este um milho de reais.
Quando Aristteles fala de virtude, chega concluso de que toda virtude boa
quando controlada no seu excesso e na sua falta. Em outras palavras, seremos
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realmente felizes quando exercemos aquilo que temos de mais humano: a
inteligncia. E o que a falta de equilbrio? O vcio! a inteligncia que nos torna
verdadeiramente felizes, pois ela que nos diferencia de todos os outros animais e
nos livra dos vcios. O bem mais importante a ser adquirido, ento, no so as
riquezas, a honra, a fama, as glrias, os prazeres... isso tudo no levar felicidade.
Mas a vida humana no apenas intelecto, pois seremos corremos o risco de ir deum extremo ao outro. Temos que ter equilbrio! Procurando uma medida justa.
Virtude querer o bem, buscando tudo com equilbrio. Vamos
voltar agora ao milho de reais de dois pargrafos atrs. Algumas pessoas saem do
seu equilbrio to rpido por causa deste valor que em poucos meses (ou semanas!)
j esto de volta pobreza de onde partiram. Isto porque sua vida passa a ser
governada no pela virtude, mas por vcios. A virtude consiste em dominar as paixes
e permitir que a razo governe onde antes parecia haver um descontrole das paixes.
A felicidade, na concepo de Aristteles passa por a!
As ideias de Plato e Aristteles foram uma grande influncia no mundo todo. E
serviram de base para grandes pensadores ao longo dos tempos. Voc duvida?
Vamos a um exemplo, o Cristianismo.
A influncia da moral crist
Observe atentamente o texto a seguir. Para ajudar na sua leitura,
vou colocar em negrito a palavra vcio que aparece no final do texto que, espero,
vai lhe ajudar a lembrar de Aristteles.
Saiba mais:
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CONFISSES DE AGOSTINHO LIVRO II
1. POR QUAL MOTIVO AGOSTINHO RELEMBRA SUAS CULPAS
Quero recordar as minhas torpezas passadas, as corrupes de minha alma, no
porque as ame, ao contrrio, para te amar, meu Deus. por amor do teu amor queretorno ao passado, percorrendo os antigos caminhos dos meus graves erros. A
recordao amarga, mas espero sentir tua doura, doura que no engana, feliz e
segura, e quero recompor minha unidade depois dos dilaceramentos interiores que
sofri quando me perdi em tantas bagatelas, ao afastar-me de tua Unidade (1).
Desde a adolescncia, ardi em desejos de me satisfazer em coisas baixas, ousando
entregar-me como animal a vrios e tenebrosos amores! Desgastou-me a beleza da
minha alma e apodreci aos teus olhos, enquanto eu agradava a mim mesmo eprocurava ser agradvel aos olhos dos homens.
2. NECESSIDADE DE AMOR E DE SEUS ILUSRIOS SUCEDNEOS
E o que que me encantava, seno amar e ser amado? (1) Mas, eu no ficava na
medida justa das relaes de alma para alma, dentro dos limites luminosos da
amizade. Do lado dos desejos carnais e da prpria natureza da puberdade emanavamvapores que me enevoavam e ofuscavam o corao, a ponto de no mais distinguir
entre um amor sereno e as trevas de uma paixo. Um e outro ardiam confusamente
em mim, arrastando a minha fraca juventude pelos despenhadeiros das paixes, e a
submergiam num abismo de vcios.
De onde vem este texto? Quem disse isso? Por que estava lutando contra seus vcios?
Este um texto de Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho para os menos ntimos.
Ele viveu entre 354 e 430 d.C., no norte da frica. Agostinho, depois de levar umavida de pecados, se converte ao cristianismo e passa a ser um importante telogo e
escritor. Neste pequeno trecho possvel ver algumas influncias dos pensadores
gregos que analisamos h pouco. Voc percebe como Agostinho menciona que no
ficava na medidajusta das relaes e que sua vida era entregue aos vcios?
Coincidncia com o pensamento de Aristteles?
O pensamento de Agostinho se aproxima daqueles filsofos do passado. No s de
Aristteles, mas, especialmente, de Plato. Isso mesmo! Mas como? Bem, paratratarmos disso precisamos falar um pouco sobre revelao.
A importncia da revelao
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Se eu pegasse um leno e debaixo dele colocasse uma moeda, qual seria a chance
de, na primeira tentativa, voc acertar que moeda estou segurando? Por motivos
bvios, o leno estaria atrapalhando voc de acertar, porque ele est cobrindo a
moeda. Tudo ficaria mais fcil se eu retirasse o leno e voc pudesse ver claramente
a moeda, certo? Digamos assim que, sem o leno, a sua chance de acertar seria
muito, muito maior.
Bem, exatamente este o sentido de revelao retirar o leno e ento ver
claramente as coisas como elas so de fato (lembra um pouco Plato?). Assim como
prisioneiros presos na caverna, vivemos presos aos nossos pecados dentro deste
mundo. Aqueles que conseguem enxergar s o fazem porque o vu que encobria
seus olhos foi retirado. A salvao individual, da o germe do individualismo que
brotou no ocidente. Vamos ver um pouco sobre isto agora.
A construo da individualidade, a ideia do dever e o valor da inteno
Uma das grandes contribuies do cristianismo no foi apenas a religio, mas a noo
de individualismo e subjetividade que vai sendo gestada com o passar do tempo
associada ideia do dever. Voc j percebeu que hoje estamos procura da nossa
felicidade? Interessante que no estamos atrs da procura da felicidade do Brasilou
da humanidadecomo um todo, se assim podemos dizer. Sem querer fazer juzo de
valores a respeito disso, podemos dizer que o individualismo no to bvio a ponto
de ter aparecido em todas as civilizaes ao longo dos tempos e se manifesta em
diferentes reas: na economia, na educao, na poltica, etc...
Individualismo: toda doutrina moral ou poltica que reconhea ao individuo humano
um preponderante valor de fim com relao comunidade da qual faz parte.
ABBAGNANO, Nicola. p. 257 (em outras palavras: primeiro o individuo, depois ogrupo).
Contudo, a revelao divina tambm carrega uma noo de dever. Assim como o
prisioneiro acorrentado que se libertou e fugiu da caverna, temos tambm um senso
de dever envolvendo o conhecimento revelado. Ainda que a discusso sobre
individualismo e dever seja muito importante, voltaremos a ele mais adiante.
Resumindo:
Plato e o dualismo material x espiritual.Plato deu grandes contribuiespara o mundo que vivemos hoje. Algumas de suas ideias podem ser resumidas
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na alegoria da caverna. A essncia das coisas no est necessariamente no quevemos (que podem ser apenas sombras da realidade).
Heteronomia e Autonomia: a maturidade no est relacionada ao simplespassar do tempo, mas do desenvolvimento da autonomia, da maioridade moral.
Aristteles:entre a virtude e o vcio. Virtude uma disposio de carter dequerer o bem. Seremos verdadeiramente felizes quando escolhermos asvirtudes em relao aos vcios.
Agostinho e a revelao divina: a revelao divina quem d o sentido davida. H um alinhamento entre um tipo especfico de moral e tica que passama moldar o pensamento ocidental.
Agora, que voc aprendeu sobre a diferena entre tica e moral, quero convid-los
para uma participao no frum de discusso, sua opinio vai fazer muita diferena!
Bibliografia
PLATO,A repblica, AGOSTINHO, Confisses.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de filosofia. So Paulo, Mestre Jou, 1982.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando,
introduo Filosofia. So Paulo, Moderna, 1993.
ALEGORIA da caverna. Sociobox Wordpress, 25 jun. 2012. Disponvel em: . Acesso em:
mar. 2013.