Tribuna classista 25

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NOVA FASE Nº 25 | ABRIL 2017 TRIBUNA CLASSISTA www.tribunaclassista.blogspot.com | e-mail: [email protected] Edição Impressa R$ 3,00 Valor solidário R$ 5,00 SUMÁRIO: OS TRABALHADORES SAEM ÀS RUAS O regime político está sob uma forte crise. Acobertado apenas por seus acólitos e pelos setores que são privilegiados, o governo Temer, fruto de um golpe parlamentar, tem sua popularidade abaixo dos 10%, a economia estagnada, em recessão, ou melhor, em depressão, com -3,6 de queda no PIB em 2016. Sua legalidade está sub judice no TSE, com o julgamento da chapa Dilma-Temer, o judiciário apenas reflete a pugna entre as diversas classes de nossa sociedade. Suas reformas reacionárias, que contam com amplo apoio na Câmara, no Senado, do grande capital e da grande imprensa (burguesa) são cada vez mais impopulares, não só entre a classe trabalhadora, mas até mesmo no seio da classe média e da pequena burguesia. Além disso tudo temos a Operação Carne Fraca, que coloca um dos pilares do governo e do grande capital, o agronegócio, sob o torniquete das disputas políticas e econômicas que polarizam todo o país. O governo Temer, a cada dia que passa, mostra seu verdadeiro rosto para os setores mais amplos da população, setores que ainda não tinham compreendido o significado mais profundo desse novo governo, e o seu reflexo real no espelho da política é algo verdadeiramente monstruoso. O que para muitos é obvio, para a grande maioria da população é um pesadelo sem fim. O ódio popular a esse governo é epidêmico, apesar dos esforços conjuntos de amplos setores da política e da imprensa burguesa para contê-lo. De outro lado os trabalhadores iniciam, ainda de forma lenta, mas vigorosa, sua organização e mobilização contra as reformas em curso. Ainda de forma desorganizada, inconstante e até mesmo confusa, a revolta popular e as manifestações contra o governo tendem a se organizarem rapidamente e a politizar a classe trabalhadora no próximo período. A única classe que pode modificar o atual quadro reacionário que impera sobre o pais é a classe trabalhadora, em especial os assalariados, a classe operária. É nisso que apostamos, é nessa estratégia que está contida nossa perspectiva de luta. Um congresso que elabore um programa, dê organização, consciência de classe e de luta, essa é a nossa bandeira principal, diante da crise que abala o nosso país. Propomos a toda esquerda classista, a juventude e aos trabalhadores esta proposta. EDITORIAL Os Trabalhadores Saem Às Ruas Capa A Radiografia De Um Regime Hernán Gurian / Guilherme Giordano Pag. 2 Por Uma Grande Paralisação Nacional De 15M Pag. 4 Trabalhadores Ganham As Ruas Para Lutar Contra A Reforma Da Previdência E O Governo Temer David Lucius Pag.5 Greve Rechaça O Pacote : Vitória Dos Trabalhadores E Da População De Florianópolis Alfeu Goulart Pag.6 Moção De Apoio Aos Trabalhadores Da AGR- Clarin Guilherme Giordano Pag.7 Entrevista com Militante do Tribuna Classista Pag. 8 Não À privatização do Banrisul Pag. 12 1

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NOVA FASE Nº 25 | ABRIL 2017

TRIBUNA CLASSISTAwww.tribunaclassista.blogspot.com | e-mail: [email protected] Edição Impressa R$ 3,00 Valor solidário R$ 5,00

SUMÁRIO: OS TRABALHADORESSAEM ÀS RUAS

O regime político está sob uma forte crise. Acobertado apenaspor seus acólitos e pelos setores que são privilegiados, o governoTemer, fruto de um golpe parlamentar, tem sua popularidade abaixodos 10%, a economia estagnada, em recessão, ou melhor, emdepressão, com -3,6 de queda no PIB em 2016.

Sua legalidade está sub judice no TSE, com o julgamento dachapa Dilma-Temer, o judiciário apenas reflete a pugna entre asdiversas classes de nossa sociedade.

Suas reformas reacionárias, que contam com amplo apoio naCâmara, no Senado, do grande capital e da grande imprensa(burguesa) são cada vez mais impopulares, não só entre a classetrabalhadora, mas até mesmo no seio da classe média e dapequena burguesia.

Além disso tudo temos a Operação Carne Fraca, que colocaum dos pilares do governo e do grande capital, o agronegócio,sob o torniquete das disputas políticas e econômicas quepolarizam todo o país.

O governo Temer, a cada dia que passa, mostra seuverdadeiro rosto para os setores mais amplos da população,setores que ainda não tinham compreendido o significado maisprofundo desse novo governo, e o seu reflexo real no espelho dapolítica é algo verdadeiramente monstruoso. O que para muitos éobvio, para a grande maioria da população é um pesadelo semfim. O ódio popular a esse governo é epidêmico, apesar dosesforços conjuntos de amplos setores da política e da imprensaburguesa para contê-lo.

De outro lado os trabalhadores iniciam, ainda de forma lenta, masvigorosa, sua organização e mobilização contra as reformas em curso.

Ainda de forma desorganizada, inconstante e até mesmoconfusa, a revolta popular e as manifestações contra o governotendem a se organizarem rapidamente e a politizar a classetrabalhadora no próximo período.

A única classe que pode modificar o atual quadro reacionárioque impera sobre o pais é a classe trabalhadora, em especial osassalariados, a classe operária. É nisso que apostamos, é nessaestratégia que está contida nossa perspectiva de luta.

Um congresso que elabore um programa, dê organização,consciência de classe e de luta, essa é a nossa bandeira principal,diante da crise que abala o nosso país. Propomos a toda esquerdaclassista, a juventude e aos trabalhadores esta proposta.

EDITORIAL Os Trabalhadores Saem Às RuasCapa

A Radiografia De Um RegimeHernán Gurian / Guilherme GiordanoPag. 2

Por Uma Grande Paralisação Nacional De 15M Pag. 4

Trabalhadores Ganham As Ruas Para Lutar Contra A Reforma Da Previdência E O Governo TemerDavid LuciusPag.5

Greve Rechaça O Pacote : Vitória Dos Trabalhadores E Da População De Florianópolis Alfeu Goulart Pag.6

Moção De Apoio Aos Trabalhadores Da AGR-ClarinGuilherme GiordanoPag.7

Entrevista com Militante do Tribuna ClassistaPag. 8

Não À privatização do Banrisul

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TRIBUNA CLASSISTA

A RADIOGRAFIADE UM REGIME

Por um Congresso de basesdo movimento operário para

enfrentar o ajuste

Hernán Gurian com colaboração de

Guilherme Giordano

A brutal crise capitalista que assolao Brasil, há mais de 2 anos, ameaça adesagregação total dos estados, acrises políticas cada vez maisacentuadas e a uma enorme misériasocial da sua população.

Ainda que se registrem dadosoficiais de desemprego, na cifra de 12milhões de desempregados, existeuma quantidade maior de 20 milhões,contados aqueles que abandonarama busca de empregos por desistênciaou que vivem na informalidade (bico)para sobreviver (CNI, O Globo,08/02).

E finalmente chega uma notíciabombástica, uma espécie de crônicade uma tragédia anunciada: “PIBrecua 3,6% em 2016, e Brasil tem piorrecessão da história - Essasequência, de dois anos seguidos debaixa, só foi verificada no Brasil em1930 e 1931; ritmo de corte em 2015e 2016 foi o maior. Pela 1ª vez, todosos setores se contraíram. Como aretração nos anos de 2015 e 2016superou a dos anos 30, essa é a piorcrise já registrada na economiabrasileira. O IBGE e o Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea)dispõem de dados sobre o PIB desde1901. Pela primeira vez desde 1996,todos os setores da economiaregistraram taxas negativas. ‘Se agente olhar o biênio, a retração foi de7,2%. A gente nunca teve um biêniocom uma queda acumulada destas’,disse Rebeca de La Rocque Palis,coordenadora de Contas Nacionaisdo IBGE. A série histórica do IBGE vaiaté 1948. Em valores correntes, oProduto Interno Bruto Brasileiro (PIB)chegou a R$ 6,266 trilhões em 2016,e o PIB per capita ficou em R$ 30.407– uma redução de 4,4% diante de2015. A crise foi generalizada e ostrês setores que entram no cálculo doPIB recuaram no ano - agropecuária(-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%). ‘Em 2014, a gente já tinha a

indústria caindo, mas os serviçoscontinuavam crescendo. Em 2015,caíram a indústria e os serviços. Jáem 2016, a agropecuária. Desde1996, isso nunca ocorreu. A situaçãopeculiar desta vez é justamente essaqueda generalizada’, afirmou. Osinvestimentos também pesaramcontra o PIB. A chamada FormaçãoBruta de Capital Fixo (FBCF), como oindicador de investimentos éconhecido, teve uma retração peloterceiro ano seguido e caiu 10,2% em2016. De acordo com o IBGE, esseresultado negativo pode serexplicado, principalmente, pela quedada produção interna e da importaçãode bens de capital. Nesse cenário, ataxa de investimento no ano de 2016caiu para 16,4% do PIB, abaixo doobservado no ano anterior (18,1%).Trata-se do menor nível deinvestimento na economia járegistrado pela série histórica doIBGE, que começa em 1996. Oconsumo das famílias, que por muitosanos sustentou o crescimento do PIBdo Brasil, também seguiu ladeiraabaixo em 2016. Em 2016, as famíliasconsumiram 4,2% a menos do queem 2015, acima da queda registradaentre 2014 e 2015, de 3,9%. Segundoo IBGE, a alta dos juros, a restriçãoao crédito, o aumento dodesempenho e a queda da rendaexplicam esse resultado. Tambémrecuou, mas de forma menos intensa,a despesa do consumo do governo:0,6% sobre 2015. De 2014 para 2015,a retração havia sido de 1,1%.Seguindo o que já havia sido visto em2015, com a valorização do dólar, asexportações de bens e serviçoscresceram 1,9%, e as importações debens e serviços caíram, 10,3%. ‘Agente teve uma contribuição positivado setor externo na economia, com oaumento das exportações de bens eserviço.’ ‘Se a gente não tivessenenhuma ligação com o setor externo,a gente teria uma queda de 5,3% noPIB’, destacou Rebeca, enfatizando arelevância de o país ter exportadomais do que importado no ano.”(http://g1.globo.com/economia/noticia/pib-brasileiro-recua-36-em-2016-e-tem-pior-recessao-da-historia.ghtml)

O outro lado da moeda são ostrabalhadores que suportaram níveisde superexploração eempobrecimento intoleráveis, que seagravarão no futuro com a aprovaçãopelo Congresso Nacional das“Reformas Trabalhistas e

Previdenciária”, às quais contemplama flexibilização dos direitostrabalhistas, a generalização dasterceirizações e o aumento da idadedas aposentadorias para 65 anospara ambos os sexos, entre outros.

Este verdadeiro plano de guerracontra os trabalhadores é umaexigência de toda a classe capitalistagolpeada pela crise mundial. Oparlamento votou no final de 2016 umpacote de austeridade, congelando osgastos do orçamento federal para asaúde, educação e obras públicas em20 anos. Temer pretende resgatar afalida economia capitalista sobre abase de ataques sem precedentes àsconquistas sociais e trabalhistas dasmassas pauperizadas, as quaisremontam aos meados do século XX.

O governo Dilma, PT/PMDB, jáhavia implementado previamente a“Lei de Proteção do Emprego” queassegurava ao grande capital aredução da jornada de trabalhoproporcionalmente à diminuição de30% do salário em empresas queprovassem estar passandodificuldades ou crises, enquanto, poroutro lado, ofereciam todo tipo deisenções e renúncias fiscais, bemcomo subsídios estatais a estamesma indústria pesada e aoslatifundiários do agronegócio, criou oFUNPRESP (previdênciacomplementar) para os servidorespúblicos federais com efeito cascatapara os estados e municípios,atacando na calada da noite, no finalde 2014, através de MP’s, aosdesempregados, dificultando oacesso ao seguro-desemprego, aostrabalhadores que ganham em médiaaté dois salários mínimos no exercícioanterior para poderem ganhar oabono salarial, aos pescadores,dificultando o acesso ao seguro-defeso, e ao auxílio-doença. Antes,Lula havia promovido a “reforma” daprevidência para os servidorespúblicos federais, a qual acabou coma integralidade das aposentadorias,instituiu a contribuição dos inativos edesconto nas pensões, acabou com aparidade nos reajustes entre ativos einativos, modificando os Fundos dePensão para fechados, ou seja,ficando a contribuição previamentedefinida, mas sem saber qual o valordo benefício.

O aumento da miséria popularocasionou o consequente incrementoda demanda do plano social “BolsaFamília” (uma esmola de R$ 340,00)

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em 35% no ano de 2016. Recenteinforme do Banco Mundial, a quemnão se pode acusar de sercatastrofista, assinala que se não forrevertido o quadro recessivo do país“o número de pobres chegará a 21milhões de pessoas, em 2017, dosquais cerca de 10 milhões, nos níveisde extrema pobreza”. (O GLOBO,13/02)

A recessão dos estados maisindustrializados levou à diminuiçãodos seus respectivos PIB’s, a umretrocesso a níveis de 6 anos atrás. Aconstrução civil e a indústriaparalisaram suas atividades e osbancos com enormes carteiras decréditos atrasados e impagáveis (57%das famílias estão endividados emilhares de empresas e comérciosquebraram com créditosinadimplentes). São cerca de 59milhões de inadimplentes, somandoquase 40% da população adulta. Issosignifica que a cada 10 adultos nopaís, 4 estão endividados.

Enquanto isso, um regime político,produto de um golpe institucional,enlameado diariamente por umaenxurrada de denúncias de corrupçãoe saque das finanças e empresaspúblicas, que envolvem ao próprioTemer (citado 43 vezes na delaçãopremiada de executivos daOdebrecht), junto a 1/3 de senadorese deputados federais, que estãosendo investigados. Vale ressaltarque Temer perdeu 8 ministros pordenúncias de corrupção em 9 mesese outros 4 encontram-seprocessados. O outrora presidente daCâmara Federal, Eduardo Cunha(PMDB), comandante doimpeachment contra Dilma, estápreso por desfalque à Petrobrás. Apartir dos três poderes do Estado secolocou em marcha uma operação deimpunidade para frear asinvestigações, proteger aos políticospenalizados e anistiar aosfuncionários e empresários presos.

Por outro lado, as massasgolpeadas pelas políticas impopularesde Temer tentam abrir um caminho:greve dos servidores municipais deFlorianópolis, que ultrapassou ummês de manifestações constantes, noRio de Janeiro, por salário e contra aprivatização da água, ou como nofinal de 2016 com as ocupações de1.200 escolas e faculdades pelosestudantes contra o corte doorçamento e as reformas contra aeducação. O dia 08/03 marcou

uma mobilização de milhares demulheres pelo país, acompanhandouma tendência mundial e umchamado internacional a partir docoração do capitalismo, os EUA. Ogoverno Temer não descansou nemsequer no período de carnaval,porque o FORA TEMER ecoou paísafora. No dia 15/03 está prevista umagrande mobilização contra a Reformada Previdência, e categorias como osprofessores do Rio do Grande do Suljá aprovaram indicativo de greve portempo indeterminado a partir dessedia. Frente a um quadropotencialmente convulsivo, Temer seapressa em aprovar um decreto de“Garantia da lei e da ordem”, o quallhe dá atribuições para tomar medidasde segurança excepcionais, como ade mobilizar o exército no âmbitointerno para exercer o controle social,utilizar a repressão quando a ordemse encontre ameaçada por pessoas,grupos, ou organizações, assim comorealizar tarefas de “inteligência”(espionagem) e infiltração nosmesmos. No mesmo sentido, o PT jáhavia implementado a “Leiantiterrorismo” em meio àsmultitudinárias mobilizações contra oaumento do transporte público e amalversação do orçamento embenefício das grandes empreiteiras.

Frente à ameaça das grevespoliciais em alguns estados e depoisdos brutais massacres nos presídiosda região Norte, Temer decretou amobilização do Exército e da ForçaNacional de Segurança, enviando 9mil soldados ao RJ, 3.200 ao ES, eoutros milhares ao Amazonas,Rondônia e Natal, colocando aintervenção militar como únicorecurso disponível para enfrentarcada crise que se abre nos estadosfalidos pela bancarrota capitalista.Estamos na presença de um regimepolítico extremamente débil eantipopular (13% de aprovação dapopulação) que deve levar a cabo umPlano de Guerra contra as massas eque para isso começa a empregar asforças armadas para amedrontar eintimidar àqueles que saem a lutar porsalário, em defesa do emprego econtra a carestia de vida.

Em várias cidades proliferam-se osterríveis e temíveis grupos deextermínios (GO, PA, SP, RO) e asmilícias paramilitares que dominamparte da capital do RJ.

A burguesia desencadeou umasangrenta guerra civil contra as

massas empobrecidas que resultouem nada menos que a perda da vidade 60 mil pessoas no último ano emantém em condições desumanas a640 mil presos, a quarta populaçãocarcerária do mundo.

Lula começou uma campanhadentro do PT para que se abandone atese do golpe e assim concentrar-sena campanha eleitoral de 2018 que olevaria à candidatura presidencial,isso se a operação Lava-Jato antesnão o leve também à prisão. Outrodos quadros partidários do PT, o ex-prefeito de São Paulo, FernandoHaddad, já havia se manifestado àimprensa que “sustentar que houveum golpe (de Temer) é um poucoforte”. Esta posição se fez pública naedição da revista direitista Veja, dodia 18/03, na qual em uma entrevistafeita ao senador petista e ex-ministrode Lula, Humberto Costa, o mesmoconfessou que existe um importantenúmero de quadros partidários quepropõem diretamente “abandonar odiscurso da denúncia de golpe” epreparar-se para as eleiçõespresidenciais de 2018. Na AssembleiaLegislativa do RJ, deputados do PTaprovaram a privatização da água apedido do governador cassado,Pezão do PMDB.

Vários deputados do PT e o blocode 12 deputados do PC do B, seuhistórico aliado, votaramrecentemente pelo candidato deTemer, Rodrigo Maia (do oligarcaDEM), para presidir a câmara dedeputados. Maia é o homem chaveque comandará a votação naspróximas semanas de todas asreformas e medidas reacionárias queo Executivo enviou ao parlamento(trabalhista, previdenciária, ajustes eimpostaços).

A CUT petista e o resto das centraissindicais (na sua maioria, diga-se depassagem, abertamente patronais ecartoriais) nem sequer ameaçam emconvocar uma greve geral paraenfrentar a catástrofe social que seanuncia sobre a classe trabalhadora eas poucas medidas de luta queconvoca são isoladas e de aparato.Deixaram passar milhões dedemissões sem se importarem. Dasbravatas de seu presidente VagnerFreitas de que iria resistir com asarmas na mão ao golpe parlamentarpassaram ao mais completoimobilismo frente ao ataque ao ataqueem regra do governo golpista e anti-operário. Aos trabalhadores urge

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como uma necessidade vital arecuperação de suas organizaçõessindicais para não continuar pagandoa crise do capitalismo com seusinsuportáveis sacrifícios.

O PT, depois de ter sido expulso dogoverno pelos aliados da direita,ainda pretende se habilitar como umfator de estabilização política atravésde seus parlamentares“colaboracionistas” e de contençãodos trabalhadores por meio dasorganizações sociais e sindicais queainda influencia.

O PSOL começou a negociar com oPT algum tipo de acordo político paraa eleição presidencial do próximoano. Sua direção lançou umaconvocação no dia 12/02 àconformação de um reagrupamentoda esquerda sobre a base de umafrente que já existe e que elesmesmos integram, a “Frente do PovoSem Medo”, que é dirigida nadamenos que pela CUT, dezenas demovimentos sociais cooptados emseu momento com prebendas pelo PTe aonde também militam a juventudedo PC do B e a UNE. A esta frente, ébom lembrar, que o PT caracterizacomo “uma construção de umaferramenta ampla e inovadora”. Já,nas eleições municipais passadas, oPSOL de São Paulo lançou comocandidata a prefeita, nada menos doque Luiza Erundina, ex-ministra deItamar Franco, expulsa do PTacusada de “neoliberal”, enquantoque Marcelo Freixo, no RJ, chamavaa não “demonizar ao capital privado”,e Luciana Genro, no RS, propunhaum maior efetivo repressivo nas ruasde Porto Alegre. Impulsiona umapalavra de ordem de “FORA TEMER,por um plebiscito solicitando aantecipação das eleições”, uma saídaeleitoreira, quando o quecorresponderia na atual situação seriafazer um chamamento pelaorganização, preparação econvocação de um Congresso detrabalhadores que discuta um Planode Luta imediato, a ocupação dasruas e locais de trabalho, e aexigência que as centrais sindicaisconvoquem a Greve Geral, paraderrotar as reformas anti-operáriasque estão sendo cozinhadas porestes dias no reacionário CongressoNacional.

O PT, depois de co-governar por 15anos junto com o PMDB e os partidosevangélicos, alimentando as grandesnegociatas do capital financeiro, do

agronegócio e da pátria construtora eindustrial como Odebrecht, CamargoCorrea, Andrade Gutierres, Itaú,Bradesco, etc. (Lula se vangloriouque “nunca os bancos ganharamtanto dinheiro como durante meugoverno”), agora propõe armar uma“frente de esquerda”. Expulsos dogoverno mediante um golpe por seusex-aliados de direita e com váriosdirigentes presos por corrupção eoutros desertando de suas fileiras,agora buscam sua sobrevivênciapolítica mediante uma aliança com ospartidos da pequena burguesia comoa REDE (da evangélica Marina Silva),do PDT (uma parte de seusparlamentares apoiaram o golpe) e doPSOL.

A esquerda brasileira só podereconstruir-se sobre bases socialistase revolucionárias, delimitando-se doPT e dos partidos democratizantespara colocar-se como uma alternativapolítica independente. Como tarefaimediata deveria convocar umCONGRESSO DETRABALHADORES que discuta umprograma e um plano de ação paraenfrentar a catástrofe socialcapitalista que assola nossa classecom a miséria e a barbárie.

Esta é a radiografia de um regimeeconômico, político e social, incapazde oferecer uma saída às massastrabalhadoras pauperizadas e àjuventude no quadro de maior crisecapitalista da História deste país.

Somente um governo dostrabalhadores da cidade e do campopoderá por fim a esta catástrofe deviolência, desemprego e pobrezaextrema que ameaça a dissolução detodo o sistema sobre as própriasbases do capitalismo a nível mundial.■

POR UMA GRANDEPARALISAÇÃO

NACIONAL DE 15MPARA DERROTAR

O GOVERNOTEMER E A

REFORMA DAPREVIDÊNCIA

Panfleto publicado porTribuna Classista no 15M

No dia de hoje, 15 de março,haverá uma grande paralisação eminúmeras e diversas categoriasnacionais para lutar contra o governoTemer e contra a Reforma daPrevidência, que se encontra emvotação no Congresso Nacional, ondeo governo tem uma ampla maioria, eonde procura levar a cabo inúmerasreformas que, de conjunto,representam o maior ataque desferidocontra a classe trabalhadorabrasileira, realizados por um únicogoverno.

Se esse pode ser considerado opreço a ser cobrado (pela burguesia)pela fatura (pelo custo) total do golpeparlamentar, nunca podemos deixarde lembrar que o governo Temer foiformado de dentro do Governo Dilma,de dentro do governo do PT, e que seele é resultado de um golpe, tambémé o resultado das inescrupulosasalianças que o PT realizou com ospartidos burgueses mais nefastos.Grande parte dos atuais governantesnem precisaram abandonar o governoDilma para assumir seus novosministérios ou seus novos cargos, jáestavam no governo desde Dilma, ouaté mesmo desde o governo Lula,para admiração sincera dos ingênuose para desilusão dissimulada dosincrédulos.

Diversas categorias importantesconfirmaram adesão à paralisação dehoje: rodoviários (motoristas ecobradores de ônibus) de São Paulo,metroviários de São Paulo e de BeloHorizonte, professores do estado deSão Paulo e capital paulista. A CNTEtambém já havia aprovado umaparalisação da categoria para o dia15/ 03. Estão previstas paralisações

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do Sintusp (trabalhadores da USP),Sindisef (servidores federais),Sintrajud (judiciário), bancários,eletricitários, correios, metalúrgicos equímicos e outras inúmerascategorias e setores sociais sairão àsruas no dia de hoje por todo o Brasil.

De forma geral, tanto os sindicatos,quanto as centrais sindicais e osmovimentos populares, sem falar dasfrentes que reúnem partidos deesquerda (entre eles o PT) utilizam asparalisações e mobilizações dostrabalhadores como uma forma debarganha e pressão política e nãocomo uma ferramenta de luta dostrabalhadores. Nossa perspectivadeve ser o oposto: organizar a luta,defender um Congresso nacional dostrabalhadores e chamar a construçãoe organização de uma Greve Geralque seja discutida em toda a classetrabalhadora, nos sindicatos, nosmovimentos populares e najuventude.

As mobilizações e paralisações,como a de hoje, são(conscientemente) sempredescentralizadas, atomizadas, semuma organização central, sem umprograma político classista(independente orgânica eprogramaticamente da burguesia e dapequena burguesia) e sem nenhumadiscussão prévia no seio da classetrabalhadora. Quando muito sãodiscutidas apenas em assembleiasdos setores mais organizados. Ostrabalhadores não são convocados(em sua grande maioria, apenas ascategorias mais organizadas) equando são não há discussão nemorganização de sua base. Não sãoutilizados os inúmeros instrumentosque os sindicatos, as centrais, osmovimentos populares e até mesmoos partidos de esquerda possuem,desde sua militância até seusrecursos materiais (imprensa, carrosde som, etc) para convocar umaparalisação massiva. Quanto maisdesorganizada uma luta, tanto melhorpara a burocracia, de um lado, e parao governo e a burguesia, do outro.

Diante do maior ataque à classetrabalhadora em toda sua história aburocracia impede a centralização detodos os setores (sindicatos, centrais,movimentos populares, juventude,mulheres, etc) em um movimento deenvergadura que aponte para aorganização e construção de umagreve contra o governo Temer.

Os diversos setores da burocraciasindical e dos partidos de esquerda(principalmente o PT) tentam dessemodo controlar as lutas emanifestações populares e dostrabalhadores. Impedem que amobilização tenha um caráterindependente ou palavras de ordem eprogramas próprios. Desse modopreparam hoje as derrotas políticasdo amanhã.

A simples possibilidade de que ostrabalhadores organizem uma grevegeral contra o governo e suasreformas antioperárias é bloqueadapela quase totalidade das correntesda esquerda e dos movimentospopulares ou sindicais. Esse bloqueioé feito tanto de forma direta, quantode forma indireta, ou seja,defendendo de forma abstrata a grevegeral, mas abortando-a na lutaconcreta.

A organização dos trabalhadores,tanto para lutar contra o governoTemer e suas reformas, como paracolocar em pé uma greve geral, comouma arma de defesa contra osataques que a burguesia e seugoverno estão deferindo contra todapopulação, é o primeiro passo parapodermos enfrentar a atual situação.

Tribuna Classista defende umCongresso dos Trabalhadores,organizado nacionalmente, paradiscutir um programa de luta contra oatual governo e de saída para a criseatual. Defendemos também que aatual paralisação de 15 de Março sejavitoriosa e seja um impulso para queos trabalhadores ultrapassem as suasatuais direções (da esquerda e dossindicatos) e comecem a lutar pelaorganização de uma greve geralcontra o governo Temer econsequentemente suas reformasreacionárias, levadas cabo pelaburguesia (e sua imprensa) e peloCongresso Nacional.

Uma greve geral que sejaorganizada metodicamente em cadacategoria e sindicato. Com plenárias,apoiada pelos movimentos popularese da juventude e que impulsione aorganização de um Congressonacional da classe trabalhadora.

Em síntese, defendemos que aorganização e a luta dostrabalhadores seja uma forma deconscientização política. Nãopodemos concordar que numasituação de gravidade como a atual aluta dos trabalhadores seja

manipulada como barganha deinteresses, precisamos da totalindependência dos trabalhadoresdiante da burguesia para podermosavançar na luta e na organização dostrabalhadores.

A independência dos trabalhadoresé o primeiro passo para suaorganização. Um Congresso dostrabalhadores é necessário paraorganizar a luta, discutir e aprovar umprograma que aponte uma superaçãoclassista para a crise atual. E umagreve geral nacional e massiva é aúnica arma imediata para iniciar a lutacontra o governo Temer, governo querepresenta o grande capital e agrande burguesia.

Organizar as lutas, clarificar odebate político e construir umprograma político dos trabalhadores econsequentemente um partido políticoque o defenda é uma tarefa árdua,porém urgente e necessária.

Que a classe trabalhadora entre emcena no dia de hoje e lute claramentepelos seus interesses, imediatos ehistóricos. ■

TRABALHADORESGANHAM AS RUAS

PARA LUTARCONTRA

A REFORMA DAPREVIDÊNCIA E OGOVERNO TEMER

David Lucius

Um protesto de grandeenvergadura, com mobilizações emtodas as capitais do país e queparalisou São Paulo, onde quase 200mil pessoas foram às ruas na AvenidaPaulista (principal avenida da cidade),Rio de janeiro, onde cerca de 100 milpessoas protestaram, Belo Horizonte,onde mais de 50 mil pessoas foramse manifestar contra a reforma naprevidência social, Curitiba, ondecerca de 50 mil pessoas tomaram oCentro Cívico, no Recife, onde 40 milmanifestantes foram às ruas, e emSalvador onde se reuniram quase 30

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mil pessoas. Outras capitais comoBelém, Porto Alegre, Natal, Brasília,Goiânia tiveram atos menores.

As manifestações ocorreram portodo país sem exceção. Além dissohouveram manifestações de peso emcidades menores, como Juíz de Fora,que reuniu 30 mil pessoas, São Josédos Campos, ABC paulista, Santos eoutras cidades também tiverammanifestações expressivas. O total demanifestantes ultrapassou o númerode 500 mil pessoas. Em sua grande eesmagadora maioria foram os setoresmais organizados dos trabalhadoresque saíram às ruas.

Destaque para os professoresmunicipais e estaduais em São Paulo,professores universitários (comdestaque para a USP), servidorespúblicos e judiciário, metroviários erodoviários (condutores e cobradoresde ônibus urbanos), bancários,metalúrgicos, petroleiros,eletricitários, correios, os movimentosde moradia (MLB e MTST).

Os atos foram convocados de formatímida (para dizer o mínimo) pelaburocracia sindical, pelos sindicatos,pelas centrais sindicais e pelaesquerda. Não houve plenáriasabertas para organização daparalisação ou coisas do gênero. Ossindicatos não colocaram seu peso namobilização e nem mesmo as centraissindicais. Não houve panfletagens oucartazes convocando a paralisação emesmo nas redes sociais não houveuma grande campanha de divulgação.Houve uma grande adesão dascategorias mais organizadasenquanto a burocracia procurou"controlar" sua base para para quenada saia de seu "controle".

A discussão de organizar umagrande greve geral para barrar asreformas reacionárias do governoTemer (com destaque para a reformaprevidenciária) e para ostrabalhadores lutarem pelamanutenção de seus direitos (sob osataques da reforma trabalhista e daterceirização) não foi discutidaamplamente ou apresentada pelaesmagadora maioria dos sindicatos,centrais sindicais e até mesmo naesquerda. Raras foram as exceções.

Por detrás dessa política dedesarmar a classe trabalhadoradiante do maior ataque já desferidopor um governo aos seus direitosadquiridos, está o medo de que hajamobilizações de envergadura

multitudinária, como as de 2013, queainda assombram a burocracia eburguesia. A estratégia calculada pelaburocracia é mobilizar até o ponto deincomodar o governo e a burguesia,mas não ao ponto de derrotar ogoverno.

Apesar disso tudo as mobilizaçõestiveram um grande apoio dascategorias mais organizadas dostrabalhadores, principalmente dossetores de servidores públicos.

O grande ponto positivo dasmobilizações ocorridas foram quequem foi as ruas foi a classetrabalhadora, uma parcela pequena,mais organizada, mais mobilizada,mas quem foi às ruas foi a classetrabalhadora. Isso colocou o governoe a burguesia na defensiva de umlado, e, do outro, a burocracia sindicalacendeu o seu sinal de alerta.

A imprensa burguesa, grandeorganizadora e instigadora do golpeparlamentar, tentou a todo custo jogara realidade para "debaixo do tapete".As mobilizações tiveram poucacobertura da mídia, tentaram a todocusto não jogar gasolina em plenafogueira.

A esmagadora maioria dos setoreschave da burguesia estão apoiandotodas reformas do governo Temer,com destaque para a imprensa quetenta a todo custo passar a imagemde que a população apoia essasreformas. Há divergências ediferenças entre seus setoresintestinos, mas de um modo geral ogrande capital ataca de foma conjuntae tira suas diferenças internas napolítica particular.

Diga-se de passagem que o apoiopopular ao governo Temer é demenos de 10%, menor ainda que o deDilma. A burguesia e sua imprensasabem que estão numa situação commuito pouca margem de manobra. Ogoverno detém o apoio de cerca dedois terços do Congresso, somenteuma mobilização que atingisseprofundamente a classe trabalhadorae a esmagadora maioria dapopulação poderia colocar o governoe o Congresso contra a parede.

A estratégia do governo Temer, emprimeiro plano, é a de aprovar todas asreformas reacionárias, com o apoio doCongresso, se ocorrerem mobilizaçõescomo as de 2013, que possam derrotar ogoverno, o próprio governo estariaacabado, literalmente falando.

De qualquer forma o impacto de

mobilizações fortes como a de 15 demarço ainda não está dado. O únicocaminho de vitória para ostrabalhadores é desvencilhar-se desuas antigas direções e procurar umcaminho próprio, formar uma novadireção.

Não haverá vitórias contra ogoverno Temer sem uma organizaçãomassiva que coloque a grandemaioria da população nas ruas.Somente a classe trabalhadora, aclasse operária tem condições imporuma derrota à burguesia e ao seugoverno. Só esse caminho poderáabrir uma nova perspectiva de vitóriaspara a classe operária e ultrapassaros limites impostos pela imensa criseque se abate nesse país. ■

GREVE RECHAÇA O PACOTE : VITÓRIA DOS

TRABALHADORESE DA POPULAÇÃODE FLORIANÓPOLIS

Alfeu Goulart TC Santa Catarina

Foi encerrada no dia vinte e três defevereiro, ao completar trinta e oitodias, a greve de maior adesão dostrabalhadores da história do serviçopúblico de Florianópolis, alcançandocerca de 90% da categoria, quepossui um contingente total em tornode doze mil trabalhadores; ou seja,aderiram ao movimento em torno dedez mil servidoras e servidores. Emresposta ao pacotaço do prefeitoGean Loureiro (PMDB), o movimentoiniciado em 17 de janeiro pelostrabalhadores da Saúde, Obras eAssistência Social contou com aadesão dos professores do magistérioe ACTs (contratados) a partir de 8 defevereiro. 80% do contingentegrevista formado por aguerridasmulheres lutadoras, aposentados eaposentadas. Pessoas que estavamem férias também vieram lutar contrao projeto de ajuste , unificando a lutae impondo a primeira derrota políticado prefeito ajustador que foi obrigadoa recuar e restituir os direitos

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NOVA FASE Nº 25 | ABRIL 2017

retirados dos servidores com avotação fraudulenta do dia 24 dejaneiro sob forte aparato policial e aguarda municipal que atacaram osmanifestantes com bombas de gás,spray de pimenta e cachorros,transformando os arredores daCâmara Municipal no centro da Ilhaem verdadeira zona de guerra.Mas não adiantou, os trabalhadoresjuntamente com o comando de grevee a direção do SINTRASEMorganizaram a resistência aoscovardes ataques do aparatorepressivo, que incluiu o pedido deprisão da diretoria do sindicato e suadestituição, decretação de ilegalidadeda greve, etc., e derrubaram opacotaço de verão do aliado deMichel Temer em Santa Catarina, quefoi obrigado pela força da greve anegociar a restituição dos direitos,senão em sua totalidade, na pior dahipóteses, os mais importantes para acategoria como o PCCS ( Plano deCargos e Salários), anuenio e trienio,adicional noturno , pagamento dehoras extras, férias de 65 dias dasauxiliares de sala, o que constituiquase a totalidade do que havia sidoretirado. No entanto houveram perdascomo a redução da licença premio denoventa dias para quarenta e cinco elicença não remunerada de dois anospara um com possibilidade de maisum . Há que se ressaltar afundamental importância daparticipação das comunidades e dapopulação em geral que apoiaram aluta em defesa do serviço público,ficando ao lado dos grevistas eentenderam que o que estava emjogo era a liquidação dos serviços desaúde, educação e obras públicas.

Pressionado, o prefeito que seescondeu e se negava a negociar arevogação do seu "pacote" aprovadoem tempo recorde em meados dejaneiro, foi pessoalmente em reuniãode conciliação proposta pelo Tribunalde Justiça às vésperas do Carnaval enegociou com a comissão denegociação composta pelosrepresentantes das forças políticasque atuam na categoria areincorporação da maioria dos direitoshistóricos. A proposta foi levada aocomando de greve que debateu edeliberou pelo indicativo de aceitaçãopara a assembleia realizada no diavinte três na praça Tancredo Neves,onde compareceram cerca de oito milpessoa que deliberaram peloencerramento da greve, com oito

votos contra e três abstenções.Também votou-se a participação nagreve mundial do Dia Internacional daMulher, 8 de março e na paralisaçãodo dia 15 de março que está sendoconvocada pela CUT além de mantervigília permanente até a aprovação doacordo pela câmara de vereadores, oque deve acontecer em até 30 dias,bem como Estado de Greve e aretomada do movimento em caso dedescumprimento do por parte doexecutivo. Houve acordo em tornodestes encaminhamentos pelasforças políticas, avaliou-se que acategoria saiu unida e fortalecida e jáse prepara para a próxima batalha: adata base, que prenuncia o dissídiocoletivo, em maio.

Nós do Tribuna Classistaentendemos que foi uma vitória diantedas circunstancias e da conjunturanacional o recuo do prefeito, poisFlorianópolis foi o laboratórioexperimental do ajuste do governofederal após as eleições municipaisde outubro de 2016, a primeira capitala levar adiante o projeto de liquidaçãodo Serviço Publico contido naaprovação da PEC 55 pelo congressonacional em novembro, que congelapor vinte anos o orçamento nasaúde , educação e onde o PMDB deTemer venceu as eleições.

A greve da ilha mostra o caminhoaos trabalhadores de outrasprefeituras de Santa Catarina: emassembleia realizada em Jaraguá doSul, um importante polo industrial deSanta Catarina, os trabalhadoresvotaram para iniciar a greve dia 06 demarço contra o pacote do prefeitodaquela cidade também do PMDB ,assim como em Joinville tambémestão acontecendo assembleias. Adireção do SINTRASEM estevepresente em Jaraguá do Sul. Estácolocada a perspectiva concreta daconvocação de um CongressoNacional da Classe Trabalhadora comdelegados eleitos nos locais detrabalho para organizar a resistênciaaos ataques dos capitalistas com aelaboração de um plano de lutasvisando a construção de uma GREVEGERAL, a arma maior que a CLASSETRABALHADORA dispõe para lutar

contra a exploração dos capitalistas .QUE OS CAPITALISTAS PAGUEMPELA CRISE!

Nota: Na ocasião da criminalizaçãodo movimento com pedido de prisõesdos diretores , entidades e pessoasdo mundo todo enviaram cartas desolidariedade ao movimento grevistade Florianópolis, pelas liberdadesdemocráticas e sindicais: desde aEspanha, Canadá, França, Bélgica, ElSalvador, Iraque, Alemanha, Grã-Bretanha, Dinamarca, entre outraslocalidades. Importantes entidades noBrasil se pronunciaram como: MST,CONFETAM, CNQ-CUT Sindicato dosPetroleiros-RJ, CUT-SC, SINTE-SC,SINSEJ Joinville, Fábrica ocupadaFlaskô, Ocupação Vila Soma SumaréSP, Associação de MoradoresAdhemar Garcia (Joinville), DCE doIELUSC, além de diretores doSindicato dos Ferroviários da Bahia ,Sindicato dos Ferroviários de Bauru eMato Grosso do Sul, Sindicato dosVidreiros de São Paulo, FederaçãoNacional dos Petroleiros, PCB,Partido Obrero da Argentina,CSPCONLUTAS, CTB entre outros.■

400 BANCÁRIOSDO BANRISUL

VOTAM MOÇÃO DEAPOIO AOS

TRABALHADORESDA AGR

*MOÇÃO DE APOIO

AOSTRABALHADORES

DA AGR-CLARIN

Guilherme Giordano

No dia 18/03 ocorreu umaAssembleia Nacional dos bancáriosdo Banrisul, convocada e dirigida pelaFederação dos Trabalhadores emInstituições Financeiras - FETRAFI-RS, Sindicato dos bancários de Porto

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TRIBUNA CLASSISTA

Alegre e região e sindicatos dointerior para discutirem e deliberaremcontra a privatização do bancoestadual por parte do governo Sartorido PMDB que está na ordem do dia,tendo em vista a situação de falênciaque se encontra não somente oEstado do Rio Grande do Sul, mas oestado capitalista em todas as suasunidades da federação. Aprivatização, nesse sentido,corresponde a uma tentativa daburguesia em recuperar essa situaçãofalimentar entregando as empresasestatais para a chamada iniciativaprivada.

Os militantes apresentaram umamoção de apoio para o plenário de400 bancários presentes em defesados 380 operários-gráficos demitidosda AGR-CLARIN, tendo sido amesma aprovada unanimemente.

Assim uma das mais importantescategorias de trabalhadores, acategoria bancária, incorpora-se àcampanha internacional de apoio esolidariedade para que aconteça areincorporação imediata dos 380trabalhadores demitidos.

Viva a unidade internacionalista dostrabalhadores da América Latina!

MOÇÃO DE APOIO AOSTRABALHADORES DA AGR-CLARIN

A Assembleia Nacional dos bancáriosdo Banrisul, a FETRAFI-RS,Sindbancários de Porto Alegre eregião e sindicatos do interior reunidano dia 18/03, incorpora-se às adesõesao apoio e solidariedade internacionalaos 380 operários-gráficos demitidosda AGR-CLARIN, na Argentina.

MOÇÃO DE APOIO AOSTRABALHADORES DA AGR-CLARIN

Propomos que a AssembleiaNacional dos bancários do Banrisul, aFETRAFI-RS, Sindbancários de PortoAlegre e região e sindicatos dointerior ocorrida no dia 18/03, seincorpore às adesões ao apoio esolidariedade internacional aos 380operários-gráficos demitidos da AGR-CLARIN, na Argentina.

A solidariedade com a luta dostrabalhadores argentinos da AGR-Clarín ultrapassou as fronteiras donosso país hermano e vizinho, epassou a somar importantes apoiosinternacionais. A partir da convocaçãofeita pelos trabalhadores depois dedois meses de ocupação da fábrica,organizações e personalidades dediferentes países estão sepronunciando. Além disso, estão

sendo organizadas ações dedenúncia frente às embaixadas econsulados argentinos reclamandoque se atenda a reivindicação dostrabalhadores.

No Chile, aonde a patronal vemsubstituindo a produção da unidadede Pompeya, a campanha tem umaimportância especial. Ali, ostrabalhadores pedem à CUT (acentral operária) e aos sindicatosgráficos chilenos uma colaboraçãofundamental: rechaçar a elaboração etransferência da revista “Viva” e emgeral de toda a produção que envia oClarín com o único objetivo dedestruir a organização e luta que vemdesenvolvendo os trabalhadores daAGR-CLARIN.

As primeiras adesões de dirigentessindicais e estudantis no Chile (daConfederação de Trabalhadores doSetor Privado-CEPCH, do Sindicatode Trabalhadores Universitários deSanto Tomás, do Centro deEstudantes da UTEM, etc.), e o ato dedenúncia dos companheiros do POR -Partido Operário Revolucionáriofrente à embaixada, são o princípio deuma campanha que se une aoascenso das lutas do movimentooperário naquele país latino-americano.

A solidariedade das organizaçõesde outros países da região também éde vital importância, já que não sedescarta que a empresa utilizefuturamente gráficas de algum paísvizinho. Tanto em Montevidéu, comoem Brasília estão sendo preparadosatos em frente à embaixadaargentina. Além disso, no Uruguai, oSindicato de Artes Gráficas junto comADEOM (do PIT-CNT) enviaram umareivindicação ao embaixador exigindoa reincorporação dos trabalhadores.Na mesma linha se pronunciou aFederação Unitária de SindicatosBolivarianos do Estado de Carabobo(Venezuela), o Sindicato deservidores públicos da previdência,saúde e trabalho do Estado de RioGrande do Sul (Brasil), e os principaisdirigentes sindicais da imprensa naGrécia. Companheiros do sindicato daborracha do México e outras figuras eativistas internacionais também sesolidarizaram.

A colaboração com o fundo de lutaé outra contribuição vital com quemuitos companheiros e organizaçõesde outros países podem ajudar.

O chamado a internacionalizar esta

luta é um exemplo de consciência declasse. “Com o que não conta o Clariné que os capitalistas sempreconcorreram em todo o mundo, equem temos a tradição desolidariedade internacional somosnós, os próprios trabalhadores”.

Se os trabalhadores da AGR-Clarínganham esta luta, será um duro golpena tentativa de ajuste que o governode Macri, na mesma linha que osgovernos capitalistas de todo omundo, de descarregar a crisecapitalista contra a classetrabalhadora.

VIVA A UNIDADEINTERNACIONAL DOSTRABALHADORES!

ENTREVISTACOM FREDY ZAPELLONI,

MILITANTE DOCOLETIVO TRIBUNA

CLASSISTA

Concedida ao jornalista

Renato Dias, de Goiás, que estáreunindo um vasto material de

diversas organizações trostkistasno Brasil para um futuro livro

sobre o assunto

P - O que é o Tribuna Classista?Qual sua história, como foiformado?

R - O Tribuna Classista, TC, foiformado por militantes que tiveramvárias experiências políticasanteriores, no movimento operário epopular, em especial por militantesque tem como referência a trajetóriado Partido Obrero da Argentina, dequem os membros do TC sãosimpatizantes, acompanhando suatrajetória e sua luta de longa data,tentando estruturar um pequenonúcleo a partir das experiências que otrotskismo teve na América Latinanesses últimos 50 anos. Para nós, oPO é um dos resultados maissignificativos da experiênciaacumulada pela esquerda classista erevolucionária, assim como da lutados trabalhadores nesse continente.Lógico que não somos uma seita esendo assim toda essa experiênciadeve ser estudada, debatida e

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discutida a partir da práxis nomovimento real das massas, e domovimento operário, social e popularinternacional e brasileiro, o qual temdiversas matizes e no qual tentamosdialogar de forma crítica, colocandonosso ponto de vista programático.

Tentamos fazer um balanço críticoda trajetória do trotskismo e domarxismo para utilizar essa análisecomo ferramenta em nossaelaboração programática e em nossainterpretação da realidade. O PO paranós acaba sendo uma referênciapolítica por ter conseguido tirar asconclusões necessárias do difícilprocesso histórico que a AméricaLatina atravessou nesses últimos 50ou 60 anos.

Somos internacionalistas e para nósas experiências acumuladas dessepartido conseguiram dar um norte, umescopo a diversos problemas teóricose práticos que se apresentam para aesquerda. Por outro lado temos queseguir nosso caminho e somenteaprofundando a análise do marxismosobre a realidade brasileira e mundialé que vamos conseguir elaborar umapolítica concreta para a difícil epeculiar realidade nacional, primeiropasso se quisermos nos transformarem uma grande corrente ouorganização de esquerda. Porenquanto somos apenas um pequenoembrião, um pequeno coletivo queengatinha na dura selva da luta declasses, num dos períodos maiscomplexos da história políticabrasileira.

P - Como vocês tiveram contatocom o PO da Argentina?

R - No inicio da sangrenta ditaduramilitar argentina, por volta de1977/1978, uma parcela significativade militantes do Partido Obrero(naquela época Política Obrera) sedesloca clandestinamente para oBrasil na tentativa de salvar as vidasde seus militantes, de sua direção emanter a estrutura partidária queestava ameaçada. Naquela épocaparticipavam do CORQI (umatendência internacional trotskista),depois houve um racha internacionale formaram a TQI junto a outrospartidos latino-americanos (década de80) e posteriormente a CRQI (ano2004 em diante) com partidos daAmérica Latina e da Europa.

Durante todo esse período, o POsempre teve uma constante relaçãocom a esquerda classista brasileira,

participando de inúmeros debates,congressos e atividades nacionais einternacionais.

Mais recentemente, o PartidoObrero e o PT do Uruguaiconvocaram uma Conferência Latino-Americana de partidos da esquerda.Por essa época (ano passado) o TCjá estava engatinhando seusprimeiros passos e participamosdiretamente dessa atividadeinternacional, debatemos eassinamos a tese final daConferência.

O PO atua na Argentina construindoe impulsionando a FIT (Frente deEsquerda e dos Trabalhadores) quereúne os principais partidos daesquerda classista (e trotskista) emseu pais. A FIT é hoje uma frenteúnica massiva da esquerda quereuniu no final do ano passado quasetrinta mil trabalhadores no estádio deAtlanta, num ato político totalmenteindependente dos vários matizes daburguesia, tanto da direita(macrismo), como o de esquerdanacionalista (kirchnerismo,peronismo, etc).

Se pensarmos em fazer umaanalogia com o que há aqui no Brasil:a esquerda nacional até hoje nãoconseguiu se organizar de formamassiva e independente do PT (umpartido de origem pequeno-burguesaque efetua na prática uma políticaburguesa pró-imperialista em seusgovernos, com privatização do pré-sal, manutenção de altos juros para opagamento dos títulos dívida pública,e diversas políticas que sempre foramde encontro aos interesses doimperialismo, etc.) e de sua influêncianos sindicatos, movimentos popularese sociais.

Conseguimos assim ver aprofundidade da política que o POconstruiu na Argentina, que procuraseparar a todo custo os trabalhadoresdos movimentos burgueses oupequeno-burgueses que tentam, detodos os modos, influenciar ostrabalhadores e a classe operária. Aluta pela independência política dostrabalhadores (e de sua direção) dasoutras classes sociais é o primeiroobjetivo que um partido políticorevolucionário e classista procura, aqualquer custo, realizar.

Denunciamos veementemente aspolíticas de frente popular ou decolaboração de classes na esquerda.Essa é a raiz causadora das grandes

derrotas que os trabalhadoressofreram e ainda sofrem no Brasil eno mundo.

P - Onde está estruturado o TC?

R - Somos um pequeno coletivoque ainda procura dar seus primeirospassos. Estamos iniciando a nosorganizar em alguns estados dafederação. Temos um blog(http://tribunaclassista.blogspot.com.br/) e uma pequena sede no RS(Travessa do Ouvidor 200 / PortoAlegre/RS) e estamos tentando nosestruturar aos poucos, conformeformos crescendo e nos inserindo nomovimento real das massas. Nãosomos um agrupamento que tentavender uma propaganda enganosa(tipo que somos grandes, ou quedirigimos não sei quantos sindicatos,etc., etc.). Somos pequenos, nãotemos vergonha de falar que somosum pequeno grupo com poucainserção nas massas, procuramos teruma política correta e uma análiseconcreta da realidade, com issopreparamos nosso caminho para umcrescimento sólido no futuro.

P - Em que categorias já atuam?

R - Nos professores,previdenciários, servidores públicos,movimentos populares, juventude.Como disse anteriormente, somos umpequeno coletivo e estamos iniciandonossas modestas atividades.

P - O que diferencia vocês deoutras correntes?

R - A análise da crise histórica docapitalismo (que o PO da Argentina jáelaborava e analisava antes mesmoda crise de 2008 e do qualdesenvolveu uma farta elaboraçãoteórica da qual compartilhamos) quedesenvolve uma tendênciacatastrofista, ou seja que ocapitalismo em sua fase de declínionão oferece à humanidade nada maisdo que a sua desintegraçãocivilizatória, e de todo um sistemamundial de produção, arrastandoconsigo toda uma decomposição e abarbárie que já podemos ver semnenhum esforço.

A máxima de Rosa Luxemburgo,"socialismo ou barbárie" é mais atualdo que nunca, a análise de Trotskisobre a "crise de direção doproletariado" (contida no Programa deTransição e em outros escritos), ouseja, que antes de tudo só chegamosa esse ponto de involução edecadência devido às inúmeras

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TRIBUNA CLASSISTA

derrotas que a esquerda e omovimento operário sofreram, e sósofreram essas derrotas devido a queas direções burocráticas e pequeno-burguesas colaboraram com aburguesia no sentido de amarrar,esmagar e derrotar os movimentossociais da esquerda e dostrabalhadores, quebraram essemovimento a partir da chamada frentepopular, uma frente que se expressana colaboração estratégica daesquerda com a pequena burguesia(a chamada "sombra da burguesia")ou diretamente com o grande capital,a burguesia (em suas diversasmatizes e setores) e, portanto, com ossetores políticos mais reacionários.No Brasil, a frente popular inicia comouma frente do PT com partidospequenos burgueses (1989) e depoistransforma-se numa aliança compartidos do grande capital (PMDB eseus acólitos).

Se tivesse que resumir diria que aanálise da crise mundial docapitalismo anuncia uma grandebancarrota, e consequentemente,uma catástrofe histórica; oproletariado, a classe trabalhadora,precisa de uma nova direção, compartidos independentes da burocracia,da pequena-burguesia e da burguesianacional e internacional; é necessáriaa construção de partidos classistas,de massas e revolucionários em cadapaís e a reconstrução da IVInternacional para unificar, centralizare dirigir a luta mundial contra ocapitalismo.

P - Como veem a situação atual noBrasil?

R - No Brasil somente houve umgolpe parlamentar devido a que o PTcolaborou com esses setoresburgueses e patronais. O governoTemer nada mais é do que o Governodo PT, o governo Dilma, sem o PT, ecom um pouco de perfumaria doPSDB. Uma parte considerável dosrepresentantes burgueses que estãonesse governo já estiveram numgoverno anterior do PT. O PT utilizouseu antigo capital político numaaliança com partidos burguesesreacionários, o bloco políticoparlamentar que votou peloimpeachment e pelo golpeparlamentar foi, em grande parte,eleito em alianças com o próprio PT,utilizando-se do capital político do PT.Para se chegar a um golpe assim foifundamental o PT desorganizar ossetores mais combativos (com o

auxílio da burocracia sindical)desviando as lutas políticas parameras pugnas eleitorais e adesmoralização do partido (econsequentemente de seus militantese simpatizantes) a partir de grandesnegócios de corrupção com o grandecapital (empreiteiras) e seus partidos.A grande mídia burguesa quemanipulou informações e preparou ogolpe foi a mesma que o PT não quisenfrentar quando chegou ao poder.Uma política de derrotas, que foiconstruída não para o enfrentamento,mas para colaborar com o grandecapital, seus agentes e seus partidospolíticos.

Se operações da PF e do judiciário(como a Lava-Jato) colocam asentranhas dessas relaçõespromiscuas (grandes negóciosburgueses) entre a esquerda e ogrande capital, temos sempre quequestionar os interesses que estãoocultos por detrás de tudo isso. Emnosso país temos prisão apenas paraalguns "bois de piranha" querealizaram negócios escusos comempreiteiras e grandes gruposempresariais, mas outros políticossão "poupados" e até mesmo"blindados", principalmente os queparticiparam das privatizações. Aqui,os torturadores e assassinos doantigo regime militar são anistiados,enquanto é notório que essasempreiteiras enriqueceram etransformaram-se no que são hojenos bastidores desse regime. O PTapenas deu continuidade a umesquema que já existia com aburguesia e seus regimes políticosanteriores, devemos nos questionarporque apenas alguns personagenssão os "vilões" dessa história.

Agora, não vamos com isso pouparo PT, o PT paga o preço histórico desua integração com a políticaburguesa. Mas dentro de toda Históriatemos que saber ler e interpretar oenredo para compreender o papel decada classe social no jogo político ena sua trama.

P - Para vocês, o que é o governoTemer?

O governo Temer, fruto de umgigantesco golpe que agora tentamocultar, expressa seu raivoso ataqueàs conquistas históricas e imediatasdas massas, é um governo burguês,pró-imperialista, que governa a partirde um acordo entre as diversas eprincipais frações burguesas, que

detém a maioria parlamentar emesmo dentro no STF (pelo menospor enquanto, pois há inúmerasdivergências que podem explodir aqualquer momento, colocando osacordos tácitos e explícitos na lata dolixo), mas não devemos esquecer quetodas as reformas reacionárias(previdência, trabalhista, ajustes, etc.)foram iniciadas, em menor grau, nosgovernos anteriores do PT. O golpeparlamentar, do impeachment, é aexpressão de uma ação de classe daburguesia para levar a cabo o que oPT não conseguiu executar em trezeanos, a burguesia sentiu que a criseeconômica não era uma marolinha edecidiu pedir a conta da fatura àclasse trabalhadora e aos setores daclasse média. Como o PT não tinhacapital político suficiente (devido asinúmeras crises de corrupção, frutoda colaboração de classes com ossetores políticos mais delinquentes ecorrompidos da antiga políticanacional), transformaram-no em bodeexpiatório de toda crise da qual passanosso país, mas isso não livra a suacara. O que temos é a burguesiafingindo-se de honesta para dar umgolpe muito mais profundo através dogoverno Temer, em torno do qualtodos os partidos fundamentais doregime político se associaram comvistas a saquear as massas e oEstado, preservando o sistema decorrupção (grande negócio daburguesia para saquear o patrimôniopúblico e aumentar os seus lucros).

A diferença econômica dos doisgovernos é a escala: enquanto o PTtentava utilizar o Estado para distribuirlucros ao grande capital com umamão, dava migalhas às massas com aoutra. Já o governo Temer utiliza asduas mãos para saquear as massas eencher os bolsos da burguesia.

O governo do PT era um governoque antes e durante a grande crisecapitalista de 2008, a burguesia podiaainda se dar ao luxo saquear deforma "civilizada". Agora, com ogoverno Temer, a burguesia jáassumiu que a crise é profundademais, e está saqueando de forma"selvagem", ou seja, abrupta. Mas éimportante ter claro que os mesmossetores que hoje posam de inimigosforam aliados há pouco tempo e, comcerteza, negociam nos bastidores.

O encontro de Serra, Temer,Sarney, Renan, FHC e Lula não foiapenas uma cordialidade de "velhosamigos", durante a trágica morte de

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dona Marisa Letícia. Lógico que hátodo um acordo nos bastidores, comvistas a estabilizar a crise política elegitimar o golpe parlamentar dogoverno Temer e todas as suasreformas impopulares. Só não vêquem não quer.

O Brasil está hoje, provavelmente,na vanguarda mundial da retirada dedireitos e na opressão à classetrabalhadora. O governo Temer é frutode um grande golpe onde estãodestruindo todas as conquistas e osparcos direitos que as massasconquistaram no último século.

A burguesia e seus meios decomunicação estão unidos na defesadesse governo e desse saque. Aesquerda não luta, apenas se opõe(com seus interesses eleitoraismesquinhos), oposição essa que nãocontém uma defesa dos interessesimediatos, quanto mais históricos, dasmassas e da classe trabalhadora. Umexemplo disso é que não há nenhumsetor significativo ou numeroso daesquerda que defenda a anulação detodas as reformas e ajustes dogoverno golpista de Michel Temer e ainvestigação e prisão dos que estãonegociando os direitos das massasnos bastidores do balcão de negóciosdo grande capital e de todos os seusacólitos (que tramaram, organizarame aprovaram o impeachment).

A estratégia do PT é deixar ogoverno Temer mostrar que o governodo PT não era "tão ruim" (comparadocom o atual) e eleger Lula em 2018,não para mudar algo, mas paramanter tudo que está ai, como fez oPT com as privatizações de FHC. É alegitimação do golpe, pela viaeleitoral.

P - Como veem toda essa crise?

R - Como marxistas só podemosver a crise brasileira como parteintegrante da crise mundial. Umacrise mundial do capitalismo, que aose localizar num período de declínio edecadência do sistema mundial derelações sociais e dominação colocaclaramente que o capitalismo não temmais capacidade para sustentar um"colchão social", ou seja, uma políticade reformas e seguridade social queconsiga dar uma perspectiva, mesmoque longínqua, ao trabalhador e asetores da pequena burguesia e daclasse média. O capitalismo estáagonizando, o Brasil apenasdemonstra isso de forma maisprofunda devido a seu

desenvolvimento desigual ecombinado (nunca concluiu suarevolução burguesa, sua reformaagrária e até mesmo ainda persistemcaracterísticas econômicas e sociaisde seu período colonial amalgamadoscom novas tecnologias e relaçõessociais capitalistas).

Sem uma revolução social quecoloque abaixo o sistema capitalistano próximo período, a sociedadebrasileira e mundial, ou seja, ahumanidade estará caminhandoabruptamente para um abismo e parauma catástrofe social.

Toda essa polarização social quevivenciamos nada mais é do que oorganismo social capitalista entrandoem putrefação. A transpiração queemana o corpo social (sociedade) emdecomposição acarreta uma grandequantidade de movimentosreacionários que pensam unicamenteem sua sobrevivência individual, semconseguir refletir para onde caminhaa sociedade. São setores queemanam moral de forma acentuada,mas que não tem uma análise crítica,histórica e coerente sobre a realidadepolítica. São setores reacionários quequerem que a roda da história voltepara trás. Órfãos da ditadura militar,não conseguem ver que a crisemundial é muito mais forte do quesuas vetustas ideologias. Essesgrupos são a expressão dadecadência do capitalismo, sóexistem porque o capitalismo está emuma crise profunda e já não conseguesustenta-los com a mesma facilidadeque antes. Em vez de se voltar contrao sistema capitalista, esseselementos individualistas revoltam-secontra qualquer tipo de ideologiasocial. O importante é notar que sãoexpressão clara e ideológica de umregime que está entrando em agoniae que desejam preservar suaexistência, não de forma social, massim de forma individualista e anti-social.

P - Para concluir, vocês defendema vigência da Revolução Russa edo Socialismo?

R - Sim, a Revolução Russa abreum experimento social que ainda énovo (dentro da história dahumanidade) e demonstra que épossível uma sociedade socialista emescala mundial, a experiênciarevolucionária russa foi riquíssima e aposterior burocratização pelostalinismo contrarrevolucionário

também é uma grande lição para aclasse trabalhadora, de como oisolamento da revolução russa foifatal para o seu desenvolvimentosocial e de como apenasmundialmente é que podedesenvolver-se o socialismo, e arevolução, não de forma isolada enacional, mas apenas de formarevolucionária, internacionalista esocialista é que podemos superar aagonia e a bancarrota do sistemacapitalista mundial.

Esse ano comemora-se 100 anosda Revolução Russa, temos queestudar profundamente essaRevolução, suas lições e suaexperiência, etc. A RevoluçãoRussa inicia uma etapa, ela não sefechou de forma alguma, estávigente. Assim como a Revoluçãoburguesa da Inglaterra nãoterminou em 1640, masdesenvolveu-se, 150 anos depois,na Revolução Francesa, etc., etc. ARevolução Russa nos mostrou queoutra sociedade é possível. Semela, a humanidade ficaria sem umnorte diante da crise atual. Com elapodemos estudar profundamentesuas engrenagens, aprender comsuas contradições e a partir daanalogia e da peculiaridadehistórica de cada nação, podemosdesenvolver novamente a ideia derevolução, seu programa e seupartido. A Revolução Russa é ummarco na história da humanidadee, com a crise mundial docapitalismo, está mais vigente eatual do que nunca. Mas somente apráxis revolucionária poderámostrar para as gerações futuras oseu devido lugar na história. ■

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TRIBUNA CLASSISTA

NÃO À PRIVATIZAÇÃO

DO BANRISUL

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DACEEE, CRM E SULGÁS -PELA REVOGAÇÃO DO

PACOTAÇO DE SARTORI -COLOCAR O BANRISUL,

CEEE, CRM E SULGÁS E OSERVIÇO PÚBLICO SOB

CONTROLE DOSTRABALHADORES

O governo Sartori do PMDB járecebeu um aviso-prévio quando nemhavia completado o primeiro ano doseu mandato, ao “aplicar” o primeiroparcelamento dos salários, leia-sesequestro dos salários, e milhares deservidores públicos estaduaismarcharam em uma grandemanifestação que provocou um sustoinclusive na burocracia sindical. Comose não bastasse encaminhou umpacotaço para a AssembleiaLegislativa que constituiu-se no maiorataque às condições de vida dosservidores públicos estaduais e aoconjunto da classe trabalhadora,concentrando num só pacoteinúmeras medidas que podem sercomparadas ao lançamento de ummíssil na cabeça dos que foramatingidos, porque são medidas decunho letal. Por isso, não foi de seestranhar a aplicação de um estadode sítio de fato em que o governadorSartori transformou a cidade de PortoAlegre nos dias em que foi realizada avotação do verdadeiro veneno letalnas veias dos trabalhadores, com acumplicidade dos deputados da sua“base aliada” e a complacência deuma oposição formal no interior daAssembleia Legislativa. O velho esurrado método da ditadura militar etodos os governos capitalistas foiutilizado contra os trabalhadores e ajuventude indefesos. Uma fórmulaque demonstra a total incapacidadedo capitalismo em atender àsmínimas necessidades dostrabalhadores, e que só conseguirá semanter, retirando o pouco do queainda resta do que foi conquistado

com muita luta: tropa de choque,cavalaria, cães, helicópteros, bombasde gás lacrimogêneo, gás de pimenta,algemas, balas de borracha, etc. etc.etc. É isso que o estado capitalistatem a oferecer para os trabalhadorespara continuar, em condições quelhes são cada vez mais adversas,sendo a teta dos grandes capitalistasnacionais e internacionais,verdadeiros parasitas que viveramhistoricamente e vivem sugando ariqueza construída às custas dossuor, dos braços, dos músculos, dosangue da classe trabalhadora. Umgoverno que continuasistematicamente reincidindo na suasanha criminosa. O sequestro dossalários continua, tratando osservidores públicos como verdadeirosreféns em cárcere privado numgrande campo de concentração, queé a condição geral que o sistemacapitalista está levando cada vezmais os trabalhadores no mundointeiro, em sua etapa de totalsenilidade.

Os bancários do BANRISUL jáderam uma demonstração de que nãovão entregar o ouro pro bandidoassim no mais. Lotaram o auditório daFETRAFI no sábado, dia 18/03, e sóa sua ação independente unificadacom os demais bancários e com todoos servidores públicos estaduaispoderá revogar todas as medidas játomadas por Sartori e barrar as suasnefastas intenções já anunciadas eprevistas no próximo período. Assim,uma frente parlamentar tem que terum caráter de classe e estarsubordinada aos métodos próprios daclasse operária.

GANHAR AS RUAS EORGANIZAR A GREVE

GERAL CONTRASARTORI E TEMER –

POR UM CONGRESSODE BASES DA CLASSE

TRABALHADORA –FORA SARTORI! FORA

TEMER – POR UMGOVERNO PRÓPRIOS

DOS TRABALHADORES

Conselho Editorial Alfeu Bittencourt Goulart

Antonio Carlos Tarragô Giordano

Carlos Alberto Zapelloni

Carlos Santos

Edgardo Azevedo

Luís Guilherme Tarragô Giordano

Rosana de Morais

FORA TEMER!

TRIBUNACLASSISTA

SEDE:Travessa do Ouvidor, 200Porto Alegre / RS CEP [email protected]

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