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8/18/2019 Monografia 1 Aldo
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UNIVERSIDADE C ATÓLICA DE PETRÓPOLIS
Sobre a questão do homem e da ciência de nosso tempo segundo a
obra A rebelião das massas de José Ortega y Gasset.
Petrópolis, 2005
2
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)
We do not know what is happening to us, and this is
precisely what is happening to us, not to know what is
happening to us: the man of today is beginning to be
disoriented with respect to himself, dépa*sé , he is outside of
his country, thrown into a new circumstance that is like aterra incognita+ -.2/
1ós não sabemos o que est acontecendo conosco e isso é precisamente o que est acontecendo conosco, não saber oque est acontecendo conosco% o homem de hoe estcomeçando a icar desorientado em respeito a si próprio,dépa*sé, ele est ora de sua terra, lançado numa no"acircunst4ncia que é como uma terra incognita6
7osé $rtega * 8asset
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Sinopse
Este ensaio trata de um tipo de homem que domina a nossa ci"ili:ação de maneira
esmagadora mas desconhece e não tem nenhum interesse pelos próprios princ;pios que
undaram tal ci"ili:ação que possibilita a qualquer homem desqualiicado e indisciplinado um
enorme potencial técnico e social+ Esse homem é um primiti"o, ao contrrio do mundo que o
nutre, protege e satisa: deseos, pois tal homem est alheio aos ele"ados princ;pios que
undaram nossa ci"ili:ação+ &ostra como esse homem est echado em si mesmo com uma
sensação de plenitude, apesar de estar desligado da subst4ncia da "ida que é o perigo, e como
é o mundo marcado pela democracia liberal undamentada na técnica produti"a que
possibilita a "ida de tal homem+ (a: uma analise da psicologia desse homem e como ele
necessariamente "ai agir de orma direta e "iolenta para impor suas opini
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"ntrodu#ão
Esse trabalho procura e@plicar em primeiro lugar e@plicar as teorias de 7osé $rtega *
8asset -AA3B-.55 escritas em li"ros anteriores à ?ebelião das &assas e que são necessrias
ao seu entendimento e ao deste trabalho+ Cnicialmente trataBse da sua "isão da "ida humana
como biograia, como traetória e como dom e mérito, a questão do que é a técnica, sua
import4ncia não muito clara à "ida humana e os tr>s estgios da técnica para a consci>ncia
humana e sua ilosoia relacional e perspeti"ista como resposta à problemtica da ilosoia
moderna, que é essencialmente a separação entre o interior e e@terior+
' técnica é um modo de agir essencialmente humano que oi se tornando cada "e:
mais necessrio à "ida humana ao longo da história e da sua e"olução e da sua dominação do
mundo natural, até que tornou poss;"el a criação de um mundo a parte, de uma sobrenature:a
onde o homem habita mais conorta"elmente+ Para isso oi necessrio o desen"ol"imento da
consci>ncia do homem sobre a técnica, até sua clara "isão de si mesmo como homemB
técnico, ou sea, o conhecimento da técnica como ato intr;nseco e essencial da "ida humana+
Para $rtega, antes dele esse tema nunca ha"ia sido tratado com a proundidade merecida pela
sua import4ncia+
1a segunda parte trataBse da rebelião das massas como um enDmeno social e
caracter;stico da contemporaneidade+ ProcurouBse a:er o que $rtega chama de dissecação do
homemBmassa6% e@plicar o tipo de mundo que "ai originar esse tipo de homem e comparaBlo
com os homens e@celentes e os homens comuns de outrora, mostrar como tem caracter;sticas
de ambos sem ser adequadamente nenhum dos dois+ 'pontar como a sua "ida é inaut>ntica
segundo o conceito de "ida como oi tratado anteriormente, como a limitação e o perigo que
sempre oram presentes são aastados de sua "ista por esse mundo+ E por im concluiBse como
esse tipo de homem "ai necessariamente agir impondo suas opini
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'tra"és da técnica o homem rein"enta a sua própria "ida e ambiente ser"indo não
apenas para satisa:er as suas necessidades mas em ultima instancia para in"entar e satisa:er
no"as necessidades+ #om essa no"a realidade dominando o hori:onte humano, o homem
passa a "i"er num mundo completamente subugado pela técnica e perde a consci>ncia da
"ida enquanto limitação e risco+ $ hori:onte da "ida lhe oerece ambas possibilidades de
e@pansão dos seus deseos e conseqFentemente de si mesmo+
Esse homem tão satiseito materialmente pelo mundo que o circunda, senteBse senhor
de si e do mundo+ 1essa prepot>ncia ele se echa em si mesmo, não aceitando nenhuma
inst4ncia superior a si+
#omo esse homem, tendo tomado o mando do mundo, não se responsabili:a pela sua
manutenção e usurui tudo que oi duramente constru;do ao longo da história como se
hou"esse aparecido naturalmente, h o perigo de que toda essa estrutura comple@a que é a
nossa ci"ili:ação "enha a dar lugar à sel"a, à barbrie+ E esse perigo é tanto maior quanto a
nossa população mundial é inteiramente dependente de todas as ddi"as que essa ci"ili:ação
lhe presenteia atra"és da técnica+
' conclusão desse trabalho é como esse tipo de homem "ai encarar o conhecimento,
preerindo a técnica "isando a produção de bens do que a ci>ncia "isando o conhecimento
puro como um bem em si+
A
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$. %ressupostos te'ricos!
“Eu sou eu e minha circunstancia.”1 7uan $rtega * 8asset propncia mundana+
$ conceito capital de $rtega é o de circunst4ncia, que secon"erteu num termo técnico e tem longa "ida no pensamento por ele inspirado, bem como no uso da l;ngua espanhola+2
' circunst4ncia não de"e ser entendida apenas como e@terna, ;sica ou geogrica+ $
interior, que é constituinte do segundo eu6 na proposição “Eu sou eu e minha
circunstância”, também é e@terior a ele, o sueito+ $ termo usado, circunst4ncia, no singular,
e@plicita a import4ncia que $rtega d a ele+
$ conceito de !mwelt alemão encontrado na obra de Gusserl é anlogo ao de
circunst4ncia, representando o mundo que me rodeia, não apenas como mundo de coisas bens
ou "alores, mas principalmente como mundo prtico+ “" eu # insepar$%el da circunstância e
n&o tem sentido a parte dela.”'
' e@pressão !mwelt , no entanto, ora antes usada pelo biólogo 7+ "on !e@HFll em suas
Cdéias para uma concepção biológica do mundo -.-3 e ainda no t;tulo de seu li"ro !mIelt
und CnnerIelt der Jiere -.--+ !e@HFll propunhaBse a introdu:ir na biologia um conceito
mais rigoroso que o de milieu e en%iroment tais como eram usados pelo darIinismo e se
encontram em Killian 7ames 8reat men and the En"iroment+ 1ão demorou muito para que
- $?JE8' * 8'LLEJ, 7+ $bras #ompletas "ol+M% ?e"ista del $ccidente+ -.59+ &adri% ?e"ista del $ccidente,-.59+ p+ 2222 (dem: p+20A3 (bidem% p+ 222) !1'&!1$, &iguel+ E@ist>ncia e Pessoa+ -.)5 )pud: $?JE8' * 8'LLEJ, 7+ $bras #ompletas "ol+M%?e"ista del $ccidente+ -.59 p+222
.
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osse usado no antigo sentido de milieu+ Procurando sal"arBlhe o signiicado introdu: !e@HFll
os termos *erkwelt e Wirkungswelt + $rtega ad"ertiu no prólogo à tradução espanhola da
Cdéias para uma concepção biológicas do mundo, de !e@HFll%
e"o declarar que sobre mim e@erceram, desde -.-3,grandeinluencia estas meditaçncia nãomeramente cient;ica, mas cordial+ 1ão conheço sugest
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1ós não "i"emos apenas em nós mesmos, mas nos relacionandoU desta maneira
$rtega prop
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outras decis
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e onde resulta que estes atos modiicam ou reormam acircunst4ncia ou nature:a, conseguindo que nela haa o que nãoh+ +++ Pois bem, estes são os atos técnicos espec;icos dohomem+ $ conunto deles é a técnica, que podemos, desde logo,deinir como a reorma que o homem impncia,negação, problema e ang=stia+ -/
Para ilustrar a relação do homem com a nature:a, $rtega nos le"a a imaginar duas
situaçncia nela+ Csso signiicaria que o ser do homem e o do mundo coincidiriam
inteiramente, ou sea, que o homem seria um ser natural, o que se d com a pedra, a planta e
pro"a"elmente o animal+ esse eito o homem não teria aliç
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' segunda situação seria o in"erso% que o mundo só oerecesse diiculdades ao
homem, ou que o ser do homem e o do mundo ossem antagonicamente distintos+ $ homem
não poderia nem quereria "i"er nesse mundo+
&as o que ocorre de ato é algo entre as duas possibilidades descritas acima+ $
homem encontra no mundo uma di"ersidade de acilidades e diiculdades para a sua
perman>ncia, o que d um carter especial à "ida humana% nem tudo lhe é dado mas tampouco
lhe é negadoU mas muito lhe é oerecido+ a; a e@ist>ncia do homem não é um estar passi"o
no mundo, mas é constante luta e perigo+ ' pedra, a planta, o animal não t>m de lutar para
serem o que são, mas ao homem é e@igido que lute constantemente contra as diiculdades que
o rodeiam para que ele possa ser o que é, ele de"e se a:er a cada momento a sua e@ist>ncia+
Csso porque o ser do mundo e o do homem não coincidem inteiramente+ Em parte o
homem est aim com a nature:a e nesses aspectos as suas necessidades são prontamente
satiseitas, ao ponto que não são sentidas como necessidade de ato, com respirar ou apoiarB
seU mas por outro lado o homem e@trapola a nature:a, e é essa a sua porção mais
autenticamente humana, é nela que o homem traça o seu proeto e é nela que o homem
procura reali:aBlo+ ] essa pretensão que sentimos como nosso "erdadeiro ser e tudo o que
a:emos, a:emos em "ista desse proeto que nos deine+
' técnica é o contrrio da adaptação do homem ao meio, postoque é a adaptação do meio ao sueito+ +++ Csso bastaria paraa:erBnos suspeitar que se trata de um mo"imento em direçãoin"ersa a todos os biológicos+-9
-9 (dem.
-5
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$.$. A (edita#ão da &écnica!
$rtega procura classiicar a técnica não de acordo com a sua comple@idade ou a"anço,
mas sim segundo a relação do homem com o a técnica de seu tempo, da idéia que o homem
tem de sua técnica, não desta ou daquela técnica especiica, mas da unção técnica em geral+
' partir desse princ;pio a: $rtega uma distinção entre os tr>s grandes estgios da
e"olução técnica%
-o ' técnica do acasoU
2o ' técnica do artesãoU
3o ' técnica do técnico+
$ primeiro caso é chamado de técnica do acaso porque nesta etapa é o acaso que age
como técnico+ ' in"enção se d por acaso e o homem não tem consci>ncia dela como tal+ Essa
é a técnica do homem préBhistórico e sel"agem
1este estgio o repertório de atos técnicos é muito diminuto e não chega a se destacar do
repertorio de atos biológicos e naturais, sendo estes muito mais numerosos que aqueles+
$ homem primiti"o, quando por acaso reali:a um ato técnico, na sua consci>ncia este se
apresenta como um ato natural+ $s atos naturais são dados imut"eis, assim o homem
primiti"o não se apercebe da incr;"el capacidade técnica% a in"enção+
esconhece por completo o carter essencial da técnica, queconsistem em ser ela uma capacidade de mudança e progresso,em principio, ilimitada+-A
E como a técnica não é distinguida dos atos naturais neste estgio não h um homem
especiali:ado nos atos técnicos, que são e@ercidos por todos os membros da coleti"idade+
Esse homem primiti"o, quando se depara com um eeito de um ato técnico, o reconhece
como sendo um dos eeitos mgicos da nature:a, e nesse estagio a técnica primiti"a sempre
tem um undo mgico e misterioso+ Percebendo a técnica como um milagre da nature:a, este
-A $?JE8' * 8'LLEJ, 7osé+ &editação da técnica+ -./3+
-/
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uma tradição r;gida à qual o artesão de"e seguir e passar adiante+' consci>ncia est "oltada ao
passado e não orientada para descobertas e no"idades+ 's melhorias da técnica "ão
aparecendo aos poucos e "ão se somando ao longo das geraç
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r;gidas, imut"eis, que integram a sua porção natural ou animal+M> que a técnica não é um acaso, como no estdio primiti"o,nem um certo tipo dado e limitado de homem V o artesãoU que atécnica não é esta técnica ou aquela determinada e, portanto,i@as, mas precisamente um manancial de ati"idades humanas,em principio, ilimitadas+20
$utra caracter;stica desse estagio da técnica é o papel imprescind;"el que ela tem na
"ida do homem+ &esmo na época dos artesãos, caso toda a técnica conhecida desaparecesse
ou osse esquecida, ha"eria uma diminuição nos padrncia,
mas a "ida desses homens permaneceria essencialmente a mesma, limitada pela nature:a
circunstante com ou sem técnica+ &as quando a técnica chega a esse terceiro estgio,
atingiu tamanha import4ncia para a "ida humana que se, por algum moti"o, desaparecesse, a
"ida humana como e@iste não poderia sustentarBse e retrocederia a um estagio quase
primiti"o, unto com o perecimento da maior parte da humanidade+
#om esse tamanho a"anço da técnica e da sua import4ncia para o homem, no sentido de
suprimir as necessidades e ameni:ar as limitaç
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). Sobre a rebelião das massas!
Partimos de um ato patente e incontest"el% a aglomeração humana+ $s mais o"ens
e os mais le@;"eis possi"elmente se acostumaram a isso, mas não precisamos olhar um
século atrs% em alguns anos podeBse notarBlo+ $s ermos estão trilhados, o casario a"ança
onde poss;"el, as pessoas lotam as "ias etc+ 'rrisco até di:er eu que h pessoas em e@cesso
dentro das cidades+ $s recursos escasseiam, o espaço é disputado, se queres icar sentado é
melhor chegar adiantado+
Podemos citar como causa o ele"ado n;"el tecnológico atual+ #om a "alori:ação da
técnica produti"a, a humanidade chegou no séc+C com um poderio amais atingido em toda
a história+ 's hortas produ:em mais, as bricas aumentam o tempo de "alidade dos
alimentos, o transporte é mais rpido e seguro, a medicina cura e resol"e grande parte dos
problemas de sa=de, conhecemos o código genético do homem e de muitos animais, as
causas das doenças e os mecanismos mais intrincados da ;sica e da biologia+
“*inorias s&o grupos de indi%iduos especialmente ualificados. )s massas s&o
cole56es de pessoas n&o especialmente ualificadas.”41 &as não é essa abund4ncia que
caracteri:a o homemBmassa do qual trataremos+ $ senhor $rtega a: uma distinção entre dois
tipos de homem% os que comp
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dierenciada+ “) forma5&o de uma multid&o implica a coincid7ncia da dese8os, id#ias e modo
de ser dos indi%+duos ue a integram.”44
1o caso da ormação das minorias, a coincid>ncia de alguma idéia ou ideal é tal que
e@clui a maioria, mas antes é preciso que cada membro da minoria tenha se e@clu;do da
maioria por ra:
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sustenta, é arti;cio e como toda mquina precisa de óleo, austes periódicos e manutenção+ $
homem massa nascido nessa comple@a ci"ili:ação por séculos elaborada não conhece sua
origem e a "> como uma sel"a, como algo natural que simplesmente est a;, sem atentar para
toda uma história que a precede+ ' ci"ili:ação, como qualquer outro aparato humano, quanto
mais a"ança, mais comple@a ica, assim como seus problemas e soluç
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que é mais no"o e atual+ E isso para dar "a:ão a uma industria que calcula sua produção em
bens por minuto, seam camisas, carros ou computadores+
$ que antes se hou"era considerado comum bene;cio da sorteque inspira"a humilde gratidão ao destino, con"erteuBse numdireito que não se agradece, mas se e@ige2)
LomaBse o direito undamental de todo homem, sua liberdade e poder pol;tico com
ciras bilionrias quanto a população mundial e a produção em massa de bens e o
conhecimento técnico espec;ico e produti"o e "emos o resultado da democracia liberal
undada na criação técnica% o sistema de go"erno mais prol;ico de que se tem história+ 1unca
antes o mundo atingiu n=meros tão grandes, e qualquer retrocesso na qualidade de "ida ou na
capacidade de produção pro"ocar certamente enorme mortic;nio e erguer enormes massas
humanas clamando por seus direitos e deseos, pois somente nessa estrutura tão comple@a e
produti"a podemos nutrir tantos homens cheios de necessidades e anseios+
$ Trasil, creio, é um pais mediano% não est nem entre a "anguarda dos paises
superBprodutores nem entre os menos desen"ol"idos+ E no Trasil, Petrópolis é uma cidade
mediana, apesar de suas peculiaridades, não é uma cidade grande nem pequena+ Ji"emos uma
eleição a pouco tempo aqui em nossa cidade e nos discursos pol;ticos podemos entre"er as
caracter;sticas do homem de nosso tempo, que serão eleitos aqueles que em seus discursos
melhor e@pressarem os anseios da população V sem le"ar em conta da possibilidade de
reali:aBlos+ $ que os candidatos oerecem V absurdos pol;ticos e demagógicos a parte V é
melhoria na sa=de desde a diminuição da mortalidade inantil a melhores cuidados com os
"elhinhos, maior qualidade de "ida urbana com a pa"imentação e iluminação das "ias,
sanitação, melhoria nos transportes etc+, acilidade no uso dos sistemas udicirios maior
cidadania, amplitude dos direitos, inclusão social, educação técnica para o mercado de
2) $?JE8' * 8'LLEJ, 7osé+ ' rebelião das massas+ 200-+
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trabalho e empregos para utili:ar e remunerar a mão de obra decorrente e de"idamente
remunerados, todos querem consumir os bens produ:idos+ Eis a assinatura de nosso tempo+
$ homem contempor4neo encontraBse numa posição singular e cDmoda+ 1ão
e@istem barreiras sociais, a sua rente est um amplo hori:onte de mobilidade econDmica e,
portanto, social+ 1ão h grandes entra"es, nem ;sicos nem morais+ 1ão h ninguém
ci"ilmente pri"ilegiado+ 1ão h nada de muito "iolento ou perigoso comparado com o que o
homem temia e enrenta"a no passado+
1ão é preciso caçar, plantar, colher ou produ:ir% a comida esta a;, aos montes nas
loas e supermercadosU e além disso é um direito de todos estarem bem alimentados+ 1ão é
preciso pegar em armas e deender sua casa e am;lia% h um intrincado sistema ur;dico e
militar para a deesa, coação e castigo+ 1ão é preciso construir a própria casa, tratar da própria
sa=de, h setores especiali:ados em satisa:er cada necessidade e anseio humano+
Le outrora a "ida tinha uma conotação de limitação, obrigação e depend>ncia hoe
"eBmoBna ao a"esso% ilimitada, descompromissada e independente+ ' "ida hoe instiga os
deseos e apetites pois promete que o amanhã ser sempre mais rico, mais cil, mais arto e
mais amplo+
E o mais estranho é que o homem, ao encontrarBse nesse mundo admira"elmente
seguro, cr> que isso é como uma obra da nature:a, que essa segurança est a; para ser tomada
e usuru;da como os rutos maduros duma r"ore que ninguém plantou+ istinguemBse doistraços principais na mente do homemBmassa% li"re e@pansão de seus deseos, e portanto, de
sua pessoa e radical ingratidão quanto a tudo que tornou poss;"el uma "ida tão cheia de lu@os
e acilidades+ $ homemBmassa est no mundo como uma criança mimada em seu quarto+
#om o mundo circundante tratando de ameni:ar toda pressão e@terna, derrubar todas
as limitaçBse so:inho no mundo e se acostuma a não contar com outro
superior a ele+
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Lomente se preocupa com seu próprio bemBestar e não com as causas que
possibilitam esse bemBestar+ 's massas querem e tomam e toda a ci"ili:ação est a; para
satisa:>Blas, sem que estas se d>em conta de tamanho aparato que é essa ci"ili:ação,
mecanismo comple@o constru;do a duras penas e apoiado na "irtude de homens e@celentes,
que somente com grande esorço e intelig>ncia podeBse manter uncionando e mais% as
necessidades de recursos desse mecanismo são tão grandes que alguns ad"ertem, e é uma
crença popular, que em bre"e "ão altar+ E as massas re"oltas ante a pri"ação empregam o
motim e a destruição para terem o que querem% destroem a padaria para obter o pão V é esse o
comportamento que as massas adotam para com a ci"ili:ação que as nutre+
Esse homemBmassa, tão cheio de deseos satiseitos, tão protegido contra perigos e
limitaç
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o esorço e a autoBsuperação+“mo homem massa não é apenas a sua "ida mas sim em todos os aspectos da "ida p=blica haa
"isto o seu habitat natural% a cidade+ #omo esse homem nascido na cidade, na ci"ili:ação que
tudo lhe pro"> e de tão eica: lhe parece natural, que não oi este mesmo homem que criou
e culti"ou essa ci"ili:ação, esse homem tendo tantas NidéiasO "ai tratar de aplicBlas em todo
lugar onde lhe parecer con"eniente, que a ci"ili:ação est ai como que para ser"iBlo+ $
2/ $?JE8' * 8'LLEJ, 7osé+ ' rebelião das massas+ 200-+29 (dem.
2/
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=nico regime poss;"el dessa atuação na coisa p=blica é o de ação direta% suspendemBse os
tr4mites e aplicaBse a "ontade da massa+
$ hermetismo da alma, que como "imos antes, propele a massa para que inter"enha em toda "ida p=blica, le"aBaine@ora"elmente a um procedimento =nico de inter"enção% aação direta.40
'ssim, na alta de ra:ão, o regime de ação direta "ai cada "e: a:endoBse presente
em todos os aspectos da con"i">ncia humana e cada "e: menos se reconhece a ra:ão como
norma a ser recorrida% não é poss;"el a discussão, pois necessariamente "ai le"ar ao término
abrupto do dilogo ou à gritaria, que nenhum dos lados esta interessado em escutar, apenas
em alar+ 's relaçncia de nada ora de si mesmo como uma moral+ “=i%er a gosto # do plebeu: o
nobre aspira / ordena5&o e / lei”4
1obre signiica No conhecidoO aquele que sobressaiu entre os seus e tornouBse
conhecido por seus eitos+ E ao homemBcomum de outrora, ciente de sua própria
incapacidade, dei@a"a para o nobre o mando, pois este era algo superior a aquele+ 'os nobres,
que por seus méritos ha"iam se e@imido do trabalho em "ista de satisa:er as suas
necessidades mais bsicas, tem o homem comum para lhe pro"er os alimento e mãoBdeBobra,
cabe o ócio30U ao resto os negócios3-+
' maior parte dos homens não é capa: de nenhum esorço além do estrito necessrio
que lhe é imposto e@ternamente+ $ homemBmassa encontra hoe a pot>ncia de satisação de
2A $?JE8' * 8'LLEJ, 7osé+ ' rebelião das massas+ 200-+2. 8$EJGE, 7+K+ )pud. $?JE8' * 8'LLEJ, 7osé+ ' rebelião das massas+ 200-+30 "tium lat+% ^cio, tempo de repouso, retiro, solidão+ Jomado aqui como o retiro necessrio à todas asati"idades que não t>m utilidade prtica nem geram produtos necessrios à "ida humana, como o estudo, as artese o mando+3- >ec "tium lat+% 1ãoBócioU tudo aquilo que a:emos para mantermos "i"os+
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grandes lu@os e apetites que originalmente seriam prerrogati"a dos nobres, mas não tem a
capacidade de esorço para produ:iBlos+ Porém a ci"ili:ação lhes empresta essa capacidade% o
consumir+ 'ssim o homemBmassa acredita que se basta e assim quer go"ernar o mundo como
se osse eeti"amente nobre+
Lobressai aqui um ato que de tão curioso chega a ser irDnico% no mundo atual, quem
são os nobres segundo aquele sentido original, os conhecidos por todos e a quem o homem
comum admira e se espelhaW Lão as pessoas presentes na m;dia, atores de no"ela e ilmes,
cantores e pol;ticos, que no Trasil são chamados pela própria m;dia de NamososO+ Yual é o
nobre esorço que reali:am para tornaremBse tão conhecidosW 'lém de "i"er com grande
pompa e lu@o sobre tal "ida e@istem publicaçncia estética+ 'pesar de saberBse que passam por dietas
rigorosas, horas a io de e@erc;cio ;sico, operaç
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para ser homem comum% incapa: de disciplinarBse por si só e lhe alta abertura para aceitar
uma disciplina "inda de ora+
$ senhor $rtega as "e:es parece pessimista quanto ao mundo regido por tal tipo de
homem e também pudera% sem homens e@celentes escasseiam as qualidades sobre as quais a
nossa ci"ili:ação se undou e que ainda são necessrias para a manutenção de tão comple@o
sistema+ ] "is;"el um paralelo com a crise moderna da ilosoia% o desencontro do e@terior e
do interior, n=meno e enDmeno, pois o homem massa tem seu corpo num lugar e a cabeça
noutro+ $ homem com um potencial técnico "irtualmente ininito, deslumbraBse e perde
contato com seu traeto que é sua própria "ida+ Mislumbra obeti"os herc=leos e não satisa:
os obeti"os de sua "ida humana+ Jamanha dist4ncia entre um e outro certamente le"ar a uma
enorme triste:a, que se tenta esquecer com as acilidades da "ida hodierna ou então a
satisação de seus deseos mais e@c>ntricos, mas não pode ser resol"ida sem um entendimento
do que é a "ida mesma+ Lem um obeti"o concreto e com diiculdades inerentes o homem
perde seu centroU não é cil "erBse como engrenagem de uma mquina estatal ou le"iatã ou
uma etapa de processo técnico de produção em massa+ !ma massa de estranhos que repudiam
o ir além então todos permancem coesos e parados, irmes de que o certo é icar no lugar,
cuidando para consumir o m@imo que sua ci"ili:ação lhe d e ameni:ar a pena que é a "ida+
2.
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*. A questão da ciência ap's a rebelião das massas!
Podemos di:er que o tecnicismo, um g>nero de ci>ncia que "isa a produção do
materialmente apro"eit"el, é um dos traços caracter;sticos da nossa cultura, que untamente
com a democracia liberal podem deinir a nossa época+
Porém a ci>ncia técnica tem sua origem e cerne nas ci>ncias puras, que não
produ:em obetos, mas apenas hipóteses, teorias, e@plicaçncia pura, que certamente não "ai ser al"o de
in"estimentos nesse modo de pensar, que não tem produtos palp"eis ou lucrati"os+
' ci"ili:ação caminhou para uma comple@idade tremenda e assim os seus
problemas, mas não é correto di:er que caminhou, mas que homens a le"aram, e se não
continuarem a le"aBla a sel"a V essa sim caminha so:inha V a sel"a ameaça tomar a paisagem+
Podemos di:er que o grande esorço humano empreendido ao longo e toda a sua história o oicom o intuito de aastar de si esse aspecto sel"agem e incontrol"el, a sel"a, até o ponto em
que chegou de ato a escondeBla da da sua "ista, mas ela continua l, uma constante no nosso
mundo+
E assim se d com a ci>ncia que possibilitou tamanha ci"ili:ação+ Janto a ci"ili:ação
quanto a ci>ncia chegaram a uma complicação e um a"anço sem precedentes de"ido ao
esorço empreendido por homens e@celentes+ Porém arrisco airmar que cada "e: menos haa
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homens com a cabeça a altura dessa complicação+ $ homem massa não est a altura da sua
ci>ncia e de sua ci"ili:ação+
$ técnico, dierente do cientista, em nosso Nmundo abundanteO, tem que se
especiali:ar cada "e: mais para produ:ir melhores produtos com meios mais prticos+ Ler
melhor uma casa constru;da por um grupo de técnicos especialistas em di"ersos campos% um
na colocação de tiolos, outro misturando a argamassa etc+ Porém esse grupo de especialistas
não conseguiria con"ersar pois para isso cada um de"eria aprender o campo sobre o outro
est alando% se desespeciali:ar e re"olucionar a construção ci"il, ao passo que um mestreBdeB
obras poderia melhorar o processo como um todo+ $s especialistas ariam ótimas melhorias%
tiolos mais le"es, massa que d> mais liga, mas cada um limitado à sua rea espec;ica V mais
espec;ica quanto mais a"ançado or o conhecimento técnico+
$ mestreBdeBobras não é um cientista e não de"e muito a ele% est mais para um
artesão+ 7 os especialistas de"em muito ao cientista% é só o a"anço cient;ico que possibilita a
técnica a"ançada+ ' ci>ncia não produ: casas, nem aparatos tecnológicos, mas elabora teses e
leis de amplo escopo, e@plicam como as coisas se dão e como uncionam, a:em um tipo de
lei para a pre"isão+
$ artesão sabe que tal e tal causas produ:em tal eeito mas não sabe uma lei ou
padrão de comportamento para e@plicar todas as causas tais e eeitos tais+ $ cientista as
descobre e ai a técnica pode produ:ir coisas antsticas, porque conhece leis emp;ricasenquanto o artesão só conhecia atos isolados+
&as o técnico e o artesão não estão interessados no estudo da ci>ncia pura, um por
ser anterior outro por ser posterior+ $ técnico se "ale da ci>ncia e produ:, mas não elabora a
ci>ncia pura% especiali:aBse+ &esmo que ele produ:a um conhecimento, é um tipo estreito de
conhecimento+ #ada "e: mais o homem de ci>ncia "em sendo constrangido a um 4mbito cada
"e: menor, mais espec;ico+ ] que quanto mais a ci>ncia a"ança mais o trabalho cient;ico
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de"e ser especiali:ado% lançadas as teses amplas é preciso tratar dos pormenores+ $corre que
assim o homem de ci>ncia perde o contato com as demais partes da ci>ncias, com um
interpretação cientiica integral do uni"erso+ ' ci>ncia pura nunca é espec;ica+ 1ão poderia
s>Blo+ &as o homem de ci>ncia tem de se especiali:ar, principalmente para produ:ir, para ser
técnico+ E não é de se admirar que os cursos técnicos, mais curtos e "oltados para o mercado
de trabalho6 esteam tomando o lugar dos cursos de graduação nas uni"ersidades V estas que
diicilmente a:em us ao nome+
1o meio acad>mico é que o "emos mais claramente% o doutor na uni"ersidade
recolheBse a um nicho bem restrito e a; tece a sua tese, assumindo todo o conunto restante da
ci>ncia como "ago pressuposto e alheio à ci>ncia que pretende a:er+ 'lguém poderia di:er
que são nesses curtos passos que a ci>ncia percorre longas dist4ncias, mas como poder a
ci>ncia caminhar na aus>ncia de um homem de ci>ncia que preocupeBse em coordenar o
conunto de saberes e descobertas especiicasW Parece cada "e: mais di;cil o surgimento de
alguém disposto e capa: de reali:ar tal herc=lea tarea+
E se isso é alarmante nas ci>ncias emp;ricas, que dir da ilosoia acad>mica+ #ada
"e: mais o acad>mico é empurrado a temas mais restritos, chegando ao ponto de escre"er
longas teses sobre alguns pargraos de um ilosoo consagrado+ Le a ci>ncia é problemtica
nesses termos, a ilosoia diicilmente e@istir+ 1o m@imo teremos estudos ilosóicos,
historia da ilosoia, sociologia e antropologia, mas a ilosoia em sentido amplo, esta precisaestar aberta a tudo, le"ar tudo em conta+
E desse eito se cria um homem que é a ep;tome do homem massa% um sbio em seu
campo especiico e ignorante de todo o resto% um sbio ignorante, que comportarBseB como
sbio nas poucas quest
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sente dom;nio e prestigio, que não "ai abandonar quando sair do seu nicho+ ] um e@emplo de
homem massa em seu maior n;"el de segurança e hermetismo+
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+. Conclusão
$ ato principal tratado nessa monograia é a ascensão das massas ao poderio social
completo+ Pois as massas, por deinição, não podem nem querem direcionar a sua e@ist>ncia
pessoal e menos ainda direcionar a sociedade e os rumos da ci"ili:ação+ $rtega deine a
massa como todo aquele que não se "alori:a+ Ela não admite nenhuma inst4ncia e@terna a si
mesmo como superior, como princ;pio de "aloração para si mesmo+ 'ssim, massa pode ser
deinida sem le"ar em conta a associação de in=meros indi";duos, ou sea, tomando uma
pessoa so:inha, podemos di:er se ela é massa6 ou não+
$ homem massa então senteBse e age segundo o que acredita ser _normal_, sem
aspirar a nada além disso e considerando que todos pensam o mesmo e necessariamente
agirão da mesma orma, “ser diferente # indecente”+ ' massa estranha e hostili:a tudo que
não age em conormidade com seu senso de normalidade, com seus padr
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mesmos que estão por trs de toda a ci>ncia humana+ Le o homem não est aberto a esses
princ;pios, não pode le"ar a bom termo nem o go"erno nem a ci>ncia+
Lem se submeter ao processo de se ter uma idéia, que implica estar aberto a discutiB
la, o homem massa toma os apetites que tem dentro de si como idéias irreut"eis e trata então
de aplicBlas e impDBlas em todos os planos de sua "ida+ Esse é o regime de ação direta%
acabar com as discuss
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,e-erências bibliogr-icas
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&adri, -.59+
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