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Página - 6 REVISTAINSPIRAR • movimento & saúde Edição 40 - Volume11 - Número 4 - OUT/NOV/DEZ - 2016 FOTOGRAMETRIA NA AVALIAÇÃO POSTURAL DE MULHERES COM FIBROMIALGIA Photogrammetry on postural assessment of women with fibromyalgia Suélem Barros de Lorena 1 , Vanessa Medeiros Fernandes 2 , Aline Ranzolin 3 , Ângela Luzia Branco Pinto Duarte 4 RESUMO O objetivo deste artigo foi realizar avaliação postural por fotogrametria em mulheres com Fibromialgia (FM). Trata-se de estudo analítico transversal, composto por 45 mulheres com FM, idade entre 30-55 anos, em tratamento medicamentoso, físico e psicológico estável. Foram excluídas as pacientes que realizavam fisioterapia, as que faziam uso de recursos auxiliares da marcha e aquelas que sofrem de doenças reumáticas autoi- munes associadas ou comorbidades relevantes descontroladas. As avaliações transcorreram por meio de Ficha de Entrevista para coleta de dados sociodemográficos e clínicos e avaliação postural computadorizada nas vistas anterior, posterior e la- teral por meio do Software para Avaliação Postural (SAPo). Os resultados revelaram desalinhamento corporal para direita, fechamento anterior do tronco e fraqueza de musculatura poste- rior demonstrada pela abdução escapular observada. Sugere-se a realização de mais pesquisas que promovam a associação de instrumentos de avaliação física como meio de justificar os desarranjos posturais encontrados nas pacientes com FM, além da comparação com indivíduos hígidos de mesmo porte físico para obtenção de resultados mais contundentes. Palavras-chave: Fibromialgia; Postura; Fisioterapia. ABSTRACT The purpose of this article was to conduct a postural as- sessment photogrammetry on women with fibromyalgia (FM). This is a cross-sectional study comprising 45 women with FM, aged 30-55 years, in medical, physical and psychological stable treatment. Patients who undergo physiotherapy were excluded, those using auxiliary resources gait and those suffering from autoimmune rheumatic diseases associated with uncontrolled or significant comorbidities. Assessments passed through Sheet Interview of sociodemographic and clinical data and compu- terized postural assessment in anterior, posterior and lateral views through Software for Postural Assessment (SAPo). The results reveal body misalignment to the right, before closing the trunk and posterior muscle weakness demonstrated by scapular abduction observed. It is suggested conducting further research to promote the association of physical assessment instruments as a means of justifying the postural disorders found in patients with FM and the comparison with healthy individuals of the same physical size to obtain more conclusive results. Keywords: Fibromyalgia; Posture; Physical Therapy. 1. Programa de Pós-graduação em Saúde Pública do Aggeu Magalhães/Fiocruz, Recife, Pernambuco, Brasil. 2. Centro Universitário Maurício de Nassau, Recife, Pernambuco, Brasil. 3. Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil. 4. Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil. AUTOR CORRESPONDENTE: Suélem Barros de Lorena. Rua Silvino Lopes, nº 92. Cajá. Vitória de Santo Antão – PE. CEP: 55610-090. Email: [email protected] / (81) 99822-8693

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    FOTOGRAMETRIA NA AVALIAÇÃO POSTURAL DE MULHERES COM FIBROMIALGIA

    Photogrammetry on postural assessment of women with fibromyalgia

    Suélem Barros de Lorena1, Vanessa Medeiros Fernandes2, Aline Ranzolin3, Ângela Luzia Branco Pinto Duarte4

    RESUMOO objetivo deste artigo foi realizar avaliação postural por

    fotogrametria em mulheres com Fibromialgia (FM). Trata-se de estudo analítico transversal, composto por 45 mulheres com FM, idade entre 30-55 anos, em tratamento medicamentoso, físico e psicológico estável. Foram excluídas as pacientes que realizavam fisioterapia, as que faziam uso de recursos auxiliares da marcha e aquelas que sofrem de doenças reumáticas autoi-munes associadas ou comorbidades relevantes descontroladas. As avaliações transcorreram por meio de Ficha de Entrevista para coleta de dados sociodemográficos e clínicos e avaliação postural computadorizada nas vistas anterior, posterior e la-teral por meio do Software para Avaliação Postural (SAPo). Os resultados revelaram desalinhamento corporal para direita, fechamento anterior do tronco e fraqueza de musculatura poste-rior demonstrada pela abdução escapular observada. Sugere-se a realização de mais pesquisas que promovam a associação de instrumentos de avaliação física como meio de justificar os desarranjos posturais encontrados nas pacientes com FM, além da comparação com indivíduos hígidos de mesmo porte físico para obtenção de resultados mais contundentes.

    Palavras-chave: Fibromialgia; Postura; Fisioterapia.

    ABSTRACTThe purpose of this article was to conduct a postural as-

    sessment photogrammetry on women with fibromyalgia (FM). This is a cross-sectional study comprising 45 women with FM, aged 30-55 years, in medical, physical and psychological stable treatment. Patients who undergo physiotherapy were excluded, those using auxiliary resources gait and those suffering from autoimmune rheumatic diseases associated with uncontrolled or significant comorbidities. Assessments passed through Sheet Interview of sociodemographic and clinical data and compu-terized postural assessment in anterior, posterior and lateral views through Software for Postural Assessment (SAPo). The results reveal body misalignment to the right, before closing the trunk and posterior muscle weakness demonstrated by scapular abduction observed. It is suggested conducting further research to promote the association of physical assessment instruments as a means of justifying the postural disorders found in patients with FM and the comparison with healthy individuals of the same physical size to obtain more conclusive results.

    Keywords: Fibromyalgia; Posture; Physical Therapy.

    1. Programa de Pós-graduação em Saúde Pública do Aggeu Magalhães/Fiocruz, Recife, Pernambuco, Brasil.2. Centro Universitário Maurício de Nassau, Recife, Pernambuco, Brasil.3. Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.4. Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

    AUTOR CORRESPONDENTE:

    Suélem Barros de Lorena. Rua Silvino Lopes, nº 92. Cajá. Vitória de Santo Antão – PE. CEP: 55610-090. Email: [email protected] / (81) 99822-8693

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    INTRODUÇÃOA Fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática de etio-

    logia pouco clara, que ocorre predominantemente em mulheres na faixa etária de 30-55 anos1. É caracterizada por dor musculo-esquelética crônica e generalizada com duração maior que três meses, ocasionando problemas físicos e emocionais que interfe-rem diretamente na capacidade funcional e qualidade de vida e podem trazer alterações posturais permanentes e/ou temporárias nos sujeitos acometidos2.

    Em decorrência da sua cronicidade e considerando que o diagnóstico da síndrome é baseado na condição clínica3, torna-se relevante destacar a necessidade do cuidado integral na assis-tência fornecida pelos profissionais que prestam serviço a esses indivíduos4. Atuando diretamente no domínio físico dos pacientes com FM, merece destaque a fisioterapia, modalidade profissional composta por um arsenal de técnicas responsáveis pela quebra do ciclo vicioso de sintomas característicos de doentes crônicos, recuperação do comprimento e força muscular funcional, alívio de tensões e realinhamento postural5-7.

    Para Kendall, McCreary e Provance8, a postura padrão ou ideal é representada pelo bom alinhamento dos segmentos corporais na posição ortostática. A avaliação postural global de pacientes com FM, realizada por Marques, Mendonça & Cossermelli (1994)9 com base no método Souchard10, aponta o comprometimento das cadeias musculares posterior, inspiratória e ântero-interna do ombro, sendo este o único registro encontrado na literatura que faça menção ao tema abordado.

    Além da avaliação qualitativa da postura proposta por Kendall, McCreary e Provance8 e por Souchard10, bastante utilizada na prática clínica, pode-se utilizar a radiografia e a fotogrametria computadorizada, mais indicadas para realização de pesquisas científicas11-13. A fotogrametria consiste num instru-mento de avaliação quantitativa de alta precisão, baixo custo e reprodutibilidade dos resultados, realizado por meio de obtenção de imagens e portador de grandes vantagens e efetividade na aplicação clínica12,13.

    Diante disso, a proposta deste artigo foi realizar avaliação postural por fotogrametria em mulheres com FM.

    MÉTODOSTrata-se de um estudo analítico transversal, desenvol-

    vido no Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE) e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa institucional, registrado sob o CAAE 00701512.7.0000.5208. A amostra foi obtida por conve-niência, através de revisão dos prontuários do ambulatório de Fibromialgia do HC/UFPE, totalizando 45 pacientes. Não houve perdas amostrais.

    Foram incluídas mulheres com diagnóstico de Fibro-mialgia, com idade entre 30-55 anos, em tratamento medicamen-toso, físico e psicológico estável no último mês que antecedeu a

    seleção. Foram excluídas as pacientes que realizavam fisioterapia, as que faziam uso de recursos auxiliares da marcha e aquelas que sofriam de doenças reumáticas autoimunes associadas ou comorbidades relevantes descontroladas.

    Após seleção das pacientes e concordância de participação no estudo, houve a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, as avaliações transcorreram por meio de Ficha de Entrevista para coleta de dados sociodemográficos e clínicos e avaliação postural computadorizada por meio do Sof-tware para Avaliação Postural (SAPo)14. A tabela de referências do programa de análise postural utiliza os parâmetros preconizados por Kendall, McCreary e Provance8.

    A avaliação postural foi realizada por meio da coleta de imagens fotográficas das pacientes com câmera digital (Sony, 14.0 megapixels), posicionada sobre um tripé a um metro do chão e a dois metros e meio do avaliado. O cenário da fotografia foi composto por um plano de fundo azul marinho, para melhor definição de imagem, e dois fios de prumo fixados ao teto e separados por 1 (um) metro de distância. Em cada fio de prumo, foi estabelecida uma distância de 1 (um) metro, delimitada por duas bolas de isopor de 15 mm, para calibração das imagens em computador.

    A paciente estava em traje sumário e foram utilizadas bo-las de isopor de 15 mm para marcação bilateral das referências anatômicas estabelecidas pelo Software para Avaliação Postural (SAPo)14, encontradas por meio de palpação. Obtiveram-se duas fotografias em cada perfil, sendo solicitado que a paciente permanecesse relaxada, sem movimentar-se, com o olhar fixado no horizonte.

    Os marcadores da vista anterior foram colocados em: tragus, acrômio, espinha ilíaca ântero-superior (EIAS), trocânter maior, projeção lateral da linha articular do joelho, centro da patela, tuberosidade da tíbia, maléolos laterais, maléolos me-diais; na vista posterior em: ângulo inferior da escápula, terceira vértebra torácica (T3), ponto medial da perna, linha intermale-olar e tendão do calcâneo. Nas vistas laterais, foram marcados: tragus, sétima vértebra cervical (C7), acrômio, EIAS, espinha ilíaca póstero-superior, trocânter maior, projeção lateral da linha articular do joelho, maléolo lateral, região entre o segundo e o terceiro metatarso.

    As fotos foram analisadas pelo software, utilizando-se o protocolo padrão, sendo emitido relatório individual em formato de planilha Excel e documento pdf, a ser interpretado pela avalia-dora segundo tabela de referências do programa. Os dados foram agrupados, analisados descritivamente por meio da apresentação de médias, desvio padrão, números absolutos e percentuais.

    RESULTADOS As características sociodemográficas e clínicas das voluntárias encontram-se descritas na tabela 1, enquanto que a avaliação postural nas vistas anterior, posterior e lateral direita encontra-se detalhadamente mencionada, em números absolutos e percentuais, nas tabelas 2, 3 e 4, respectivamente.

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    Tabela 1. Características sociodemográficas e clínicas das participantes do estudo. (DP = desvio padrão)

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    Tabela 2. Avaliação postural das participantes na vista anterior (EIAS = espinhas ilíacas ântero--superiores)

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    Tabela 3. Avaliação postural das participantes na vista posterior

    Tabela 4. Avaliação postural das participantes na vista lateral direita.

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    DISCUSSÃO

    Na vista anterior, observou-se que 66,7% das vo-luntárias apresentaram flexão da cabeça para direita, 71,1% apresentaram elevação do ombro direito e 57,8% apresentaram elevação da espinha ilíaca ântero-superior direita, sucedendo numa inclinação do tronco para direita em 71,1% das voluntá-rias. Notou-se uma tendência a valgo nos membros inferiores direito (95,6%) e esquerdo (86,7%) e medialização das patelas direita (86,7%) e esquerda (80%). Na vista posterior, destaca-se o valgo dos tornozelos direito (82,2%) e esquerdo (91,1%), enquanto que, na vista lateral direita, observa-se um fechamento de tronco (82,2%) com projeção para frente (88,9%), associado à anteriorização da cabeça (73,3%) e flexão coxofemoral (97,8%) e compensado por uma extensão do joelho em 60% dos casos.

    O objetivo do presente estudo foi realizar avaliação postural por fotogrametria em mulheres com FM. A discussão foi estruturada na mesma ordem da descrição dos resultados: inicialmente, são trazidas informações relevantes a respeito da caracterização da amostra e, em seguida, alterações físicas e emocionais são apontadas como possíveis fatores causadores de alterações posturais nesta população. Por fim, aponta-se as fragilidades metodológicas, especialmente da ferramenta SAPo. A amostra foi composta por 45 mulheres com idades entre 30 e 55 anos (média de 46 anos). As escolhas da faixa etária e gênero feminino, assim como a média de idade das participan-tes, corroboram com dados encontrados na literatura referentes a estudos de prevalência de FM15-17. Situação controversa é observada na categoria anos de estudo desta pesquisa, visto que a baixa escolaridade é apontada como condição vulnerável ao desenvolvimento da síndrome18. Apesar da FM ser considerada uma doença que leva à perda da capacidade funcional19, a característica ocupação pro-fissional dos grupos estudados apresentou indivíduos que ainda exercem suas atividades laborais, demonstrando a habilidade de convivência com os sintomas para provável superação de questões socioeconômicas, visto que a cronicidade de sinto-mas habita a rotina diária dessas mulheres por uma média de aproximadamente oito anos. É válido ressaltar, também, que a construção de laudos médicos incapacitantes não constitui parte do protocolo de atendimento do serviço de reumatologia em que esta pesquisa foi realizada. Segundo o relato das voluntárias, 36 (80%) eram se-dentárias, evidenciando as barreiras que as dores generalizadas e multiplicidade de sintomas constroem como impedimento à prática de atividade física. Quanto às pacientes fisicamente ativas (20%), elas adotavam a caminhada, em sua maioria. A baixa performance física e pouca tolerância à prática de exer-cícios ocasionam uma redução da força muscular respiratória e da capacidade pulmonar total, acarretando comprometimentos musculoesqueléticos como a diminuição dos valores de medição da expansão torácica20. Marques, Mendonça & Cossermelli (1994)9 apontam, além do comprometimento da cadeia muscular inspiratória, o acometimento da cadeia ântero-interna do ombro, como eviden-ciado no nosso estudo. O fechamento anterior do tronco leva à suposição de que aspectos como dor e depressão, associados a alterações na mobilidade das articulações e no comprimento e desempenho muscular, podem ser considerados fatores influen-

    ciadores da postura humana21,22. O fato é que se reconhece a redução considerável de força e desempenho muscular em indivíduos com FM, quando comparados com sujeitos sem a doença2,23. Observou-se, por exemplo, o lado dominante das voluntárias, destro (95%), com-patível com o desalinhamento corporal para direita encontrado na análise anterior deste estudo. A resistência estática à fadiga também se encontra com-prometida nos pacientes com FM, dificultando a manutenção de posturas por tempo prolongado, devido à redução da força ab-dominal de sustentação e ao aumento da tensão muscular gerada pela dor crônica20,24. Estudo confirma, através de eletromiografia, que pacientes com FM apresentam maior atividade elétrica da musculatura eretora em repouso que, associado à fadiga e dor, podem ser indicados como causadores de alterações posturais25, como pode ser observado por meio da abdução escapular direita encontrada em 73,3% das voluntárias. Quanto ao método de avaliação escolhido para abor-dagem, é indiscutível a importância de se avaliar quantitati-vamente o alinhamento postural dos pacientes, para escolha e acompanhamento terapêuticos. Como limitação deste estudo, não foi utilizado um grupo controle. No que diz respeito ao instrumento de avaliação, o SAPo, ferramenta utilizada nesse estudo, foi selecionado por apresentar vantagens como possuir validação14, permitir do-wnload gratuito na internet, apresentar layout construído para profissionais de saúde e possuir possibilidades de avaliação postural pré-configuradas. Quando comparado ao Corel Draw e ao AutoCAD, programas que também permitem a análise por fotogrametria, apresentou as desvantagens de analisar somente uma foto por vez e ser pouco reconhecido internacionalmente26. Na literatura, foram encontrados registros de utilização do SAPo para análise postural de crianças em diferentes faixas etárias27,28, adultos jovens hígidos29, adultos respiradores orais30, profissionais cadetes e pilotos31 e indivíduos com comprometi-mentos neurológicos32,33. Todos os autores teceram importantes considerações a respeito dessa ferramenta, julgando-a confiável para avaliação postural nas populações estudadas. Entretanto, Sacco et al (2007)34 destacam discrepância de valores na medida do ângulo Q de adultos hígidos quando comparado ao uso da goniometria.

    CONCLUSÃO A partir dos dados encontrados no presente estudo, su-gere-se que pacientes com FM apresentem alterações posturais decorrentes da sua sintomatologia, porém, torna-se necessária a realização de mais pesquisas com o intuito de melhor verificar a confiabilidade da ferramenta SAPo, em especial, na população de pacientes com FM. Sugere-se a associação de instrumentos de avaliação física como meio de justificar os desarranjos pos-turais, além da comparação com indivíduos hígidos de mesmo porte físico para obtenção de resultados mais contundentes.

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