Psicologia e Universo Quantico

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1ª EdiçãoDo 1º ao 5º milheiro

Criação da capa: Objectiva ComunicaçãoFotos da capa: Grupo Keystone

Direção de arte: Gabriela DiazRevisão: Maria Angélica de MattosRevisão de conteúdo: Evanise M. Zwirtes

Editor: Djalma Motta ArgolloDiagramação: Joseh Caldas

Copyright © 2009 byFundação Lar Harmonia

Rua Dep. Paulo Jackson, 560 – Piatã41650-020

[email protected]

(71) 33751570 e 32867796

Impresso no Brasil

ISBN: 978-85-86492-25-9

Todo o produto da venda desta obra é destinadoàs obras sociais da Fundação Lar Harmonia

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Adenáuer Novaes

Psicologia eUniverso Quântico

Um olhar sob o paradigmaespiritual

FUNDAÇÃO LAR HARMONIACNPJ/MF 00.405.171/0001-09

Rua Dep. Paulo Jackson, 560 – Piatã41650-020 – Salvador – Bahia – Brasil

2009

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Biblioteca Nacional – Catalogação na Publicação

Novaes, Adenáuer, 1955–Psicologia e Universo Quântico, um olhar sob o

paradigma espiritualISBN: 978-85-86492-25-9208 p.

CDU –CDD – 154.6Índice para catálogo sistemático:1. Psicologia 154.62. Física Quântica 530.123. Espiritismo 139.9

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Aos físicos e matemáticos, pesquisadores in-diretos da psiquê humana, velhos alquimistas esacerdotes do mundo atual.

A convicção da força divina em todas ascoisas sustenta minhas ideias que emergem arespeito do Universo Quântico.

O arquétipo é natureza pura, não deturpa-da... C. G. Jung .

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Prefácio

N ão há obstáculo à mente humana que não sejapor ela criado quando se trata de imaginar. É essa arteque tem feito o ser humano chegar ao mais alto ponto desua trajetória evolutiva, desfigurando véus e construindodiferentes alicerces do seu saber. Os horizontes têm setornado cada vez mais largos na percepção da vida, doUniverso e da própria mente humana, e isso se deve aoque nela criou as fantasias, os mitos e tudo que representa

o transcendente. Os frutos do esforço humano em superarlimites surgem nas grandes obras a serviço do espíritoempreendedor e nas realizações beneméritas, nas quaisaparecem a solidariedade e o amor. Esse sim, tem sido ogrande fator motivacional das realizações humanas.Mesmo que se construam teorias contrárias ao rompi-mento da ignorância, a mente humana, num esforçoautorealizador, extrapolará aqueles limites, apresentandoo novo e o singular. Assim sempre foi na história doprogresso humano. Quando tudo parece apontar para oocaso do mundo, eis que surge uma luz, um novo

paradigma, uma nova ciência ou um novo herói paramostrar de forma surpreendente que algo maior semprese apresentará adiante. Paradoxalmente, e ao mesmotempo compreensível, quanto mais a mente humanadesvenda o mistério que envolve as coisas e o Universocomo um todo fora dela, mais o ser humano se percebe a

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si mesmo. O movimento, mesmo sendo para fora, volta-se para dentro. O que me moveu a escrever sobre essetema tem a influência do olhar que sempre tive para asestrelas e para mim mesmo.

Adenáuer NovaesNatal de 2008

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Sumário

Introdução ................................................................... 11

Primeira Parte: Uma Outra RealidadeBreve História da Física Quântica ............................. 23O Que é Universo Quântico? ...................................... 41As Ideias Quânticas..................................................... 47A Busca da Unidade.................................................... 57

Segunda Parte: A Realidade Espiritual

O Que é o Espiritismo? ............................................... 67A Religião Espírita . .................................................... 73Os Caminhos do Espiritismo ...................................... 81Implicações das Ideias Espíritas ................................ 89

Terceira Parte: Psicologia do EspíritoPsicologia e Espiritismo ............................................. 97Breve Histórico dos Primórdios da Psicologia .......... 101A Ciência da Mente ..................................................... 113O Lócus do Inconsciente ............................................ 121A Psicologia do Espírito.............................................. 125

Física Quântica e Psicologia Analítica ....................... 131Quarta Parte: O Humano e o DivinoEspiritismo, Psicologia e Universo Quântico ............ 143Multidimensões ........................................................... 151A Sinfonia Cósmica..................................................... 155

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A Nova Ciência da Mente ........................................... 159Que Campos Criamos e Sintonizamos ....................... 163O Universo é Elegante?............................................... 169Ideias Quânticas e Distúrbios Psicoespirituais .......... 177Dúvidas e Possibilidades............................................. 185Exercícios Quânticos .................................................. 191

Glossário...................................................................... 195

Bibliografia ................................................................. 203

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Introdução

Desde que Max Planck publicou, em 1900, as leissobre a radiação térmica e Niels Bohr afirmou que eraimpossível usar, num mesmo fenômeno físico, umadescrição no tempo e no espaço das leis de conservaçãode quantidade de movimento e de energia, o Universodeixou de ser o mesmo. Abriu-se a mente humana para apercepção de possibilidades múltiplas de compreensão daRealidade, exigindo total reestruturação de conceitos. Não

adiantaram as tentativas de Albert Einstein de enquadrarou limitar o Universo conhecido a um princípio único,pois a mente humana queria expandir-se para além doslimites estabelecidos. A lógica mecanicista estava com seusdias contados. A dissidência havida nos primórdios daFísica Quântica era apenas uma das inúmeras divergên-cias existentes na Ciência, que está longe de ser umaunanimidade.

Semelhante mudança de paradigma ocorreu déca-das antes, em 1857, com o advento do Espiritismo, enquan-to conhecimento que afirma as leis que regem os destinos

humanos após a morte do corpo físico. Outro mundo sepercebia, englobando a realidade material. Espiritismo eFísica Quântica são duas grandes revelações científicasque contribuíram para o avanço do Espírito em suaascensão infinita. Adiante, veremos esses dois conheci-mentos com mais detalhes.

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Definitivamente, a mente do observador foi inseridanos processos físicos, desagradando interpretaçõescontrárias. Essa inserção não foi forçada nem ocorreucomo alternativa de interpretação, mas por imposição dopróprio fenômeno. O ser humano passava a se percebercomo participante ativo do Universo e não apenasobservador passivo do que lhe ocorre. Isso o obrigou arever sua visão de mundo, de realidade e a sua concepção

a respeito de Deus.O mais neófito dos físicos quânticos sabia que nãoencontraria a unidade última da matéria, por se tratarde uma abstração, mas que alcançaria seus rastros,passíveis de identificar a natureza das coisas. Os físicosquânticos não imaginaram, porém, que se deparariamcom um outro universo: o fantástico e imprevisívelmundo microatômico. Descobriram um universo dentrode outro, funcionando com princípios inalcançáveis eparadigmas distintos.

Os significativos avanços proporcionados pela FísicaQuântica não se limitaram ao laser , aos computadores eao uso, muitas vezes inadequado e inconsequente, daenergia nuclear, mas, principalmente, alcançaram umanova visão de mundo e a quebra de importantesparadigmas clássicos. Teorias novas a respeito da vida,do Universo e da realidade foram surgindo, proporcionan-do uma grande abertura à mente humana para compreen-são de sua origem, de seu destino, bem como de suacomplexa estrutura.

Assuntos de ordem espiritual, antes de domínio

exclusivo das religiões, passaram também a ser objeto deinteresse da Física, em face dos múltiplos universos dimen-sionais que as equações da Matemática Quântica evoca-vam. O mundo físico e o mundo espiritual passaram e seentrelaçar sem que se pudesse estabelecer onde começaum ou termina o outro.

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Novas disciplinas, novos teóricos e um sem númerode experimentos promoveram a inserção de algoinimaginável para as conservadoras academias científicas:a especulação filosófica baseada na intuição humana, quebalançariam os alicerces do saber humano. A racionalciência se rendia ao escaninho do inconsciente humano.Nada mais justo para um saber que se afastou dasubmissão dos excessos teológicos da Idade Média, indopara o extremo oposto da afirmação exclusiva da deusarazão. Não esqueçamos, porém, de que essa mesma deusao conduziu à percepção da natureza espiritual por detrásda matéria bruta.

O mundo quântico, ou Universo Quântico, é a novaordem sob a qual devem se basear os poetas, místicos,cientistas, filósofos e leigos, como base de suas ideias eespeculações. Com as descobertas da Física Quântica, oMaterialismo ficou mais órfão do que antes, e a concretudeda realidade quedou-se diante do observador, agora senhordo processo, que legitima sua existência. É o observador

que qualifica a matéria.É preciso ter algo muito mais robusto para negar oque se percebe no mundo microscópico e que se opõe ecomplementa o que ocorre no macroscópico. Por quedeveria haver uma unidade? Será que a mente humanaestá se reestruturando para comportar a possibilidade decompreensão de múltiplas leis para os fenômenos físicos?Ou ainda prevalecerá a velha concepção de que não podehaver contradições às leis conhecidas? Não seria maissensato pensar que a mente evolui com o Espírito,permitindo-lhe manifestar a complexidade de sua

natureza?As ideias que estão surgindo com as pesquisas eestudos, após as descobertas da Física Quântica, propor-cionam uma ampliação da consciência para além doshorizontes, até então definidos para o destino humano, esua compreensão da realidade. Estamos diante de uma

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nova era de incertezas e descobertas a respeito da vida,do Universo e do destino humano. Parece que o serhumano está vivendo um grande momento de mudançade paradigma, tal qual ocorreu após as afirmações deNikolau Kopérnico sobre o sistema heliocêntrico, noSéculo XVI, e confirmações por Galileu no século seguinte.

A temática quântica tem despertado grande interessenos meios acadêmicos e na mídia em geral. Porém, aindanão o suficiente para a referida mudança, pois os ecosfilosóficos das ideias geradas ainda não alcançaramdefinitivamente a psiquê humana. É uma questão de tempoe de maturação do saber.

Escrevo este livro como uma contribuição aodesenvolvimento das ideias a respeito e numa tentativade apresentar certos temas fronteiriços à Física, àPsicologia e ao Espiritismo.

Este não é um livro sobre Física Quântica, mas sobrea filosofia que se pode fazer a partir das elucubrações desuas formulações teóricas. Trata de ideias, especulações

e teorias. Não apresentarei complicadas fórmulasmatemáticas nem experimentos científicos, mas ideias eprincípios para subsidiar reflexões ao leitor. Portanto, meuolhar será filosófico, psicológico e espírita, cujasconsiderações serão de ordem não-física. O leitor maisexigente com enunciados científicos e com equaçõesmatemáticas deve recorrer à bibliografia relacionada aofinal. Não quero, creio que talvez não seja possível,fundamentar-me apenas na Física Quântica, pois a ciência já reformulou suas teorias inúmeras vezes. Quero apenastornar mais claro para mim mesmo que as descobertas

recentes no campo científico, particularmente na FísicaQuântica, sugerem um preparo da psiquê para novaspercepções da realidade.

Os limites do pensar humano ainda estão condicio-nados às interpretações clássicas da realidade, segundopressupostos exclusivamente materialistas. Porém,

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oriundas de um materialismo mecanicista e determinís-tico, contrário à realidade hoje observada na própriamatéria. Até mesmo o mundo macrocósmico é retratadoe pensado segundo ideias clássicas, já ultrapassadas.

O Universo é comumente representado por umconjunto de pontos luminosos que, pelo pano de fundo emque são retratados, denotam se encontrar a distânciasincomensuráveis. Isso induz a acreditarmos que odesconhecido se encontra distante e, por muito tempo,inalcançável ao ser humano, como se vivêssemos numagrande caixa tridimensional, em que estamos no meio dela,muito distante de seus limites. Na realidade, ainda não seconsegue perceber, salvo matematicamente, a possibilida-de de multidimensões que se interpenetram, englobando oUniverso tal qual hoje é representado. O Universoconhecido, detectável cientificamente, é forjado (concebi-do) pelo ser humano segundo as projeções do Inconsciente.As multidimensões contêm o ser humano. Observamos oUniverso a partir dos órgãos dos sentidos, que plasmam

uma realidade de acordo com a frequência que é possívelser percebida. Abstraindo-nos dos órgãos dos sentidos,iremos nos perceber inseridos em um contexto muito maior,no qual a mente não é prisioneira dos sentidos, masconectada à sua essência, o Espírito imortal.

O ser humano ainda é prisioneiro de seus sentidos ede suas ideias determinísticas. A Matemática, com suasimbologia, consegue fazê-lo enxergar além de seus limitesorgânicos, porém não o permite sentir sua dupla natureza,orgânica e espiritual. Por outro lado, a mediunidade, comomãe das faculdades psíquicas, leva-o a uma outra

dimensão em que sua mente pode transitar, percebendofenômenos inalcançáveis pelos estreitos limites sensoriaisimpostos pelo corpo físico. A Física Quântica, com seusexperimentos e descobertas, o fará, com a ajuda daPsicologia e do Espiritismo, perceber além dos limitesautoimpostos.

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C. G. Jung, mestre da Psicologia, e Allan Kardec,mestre das questões espirituais, são coerentes em afirmara relação estreita entre mente e matéria. Para Jung,

Da mesma forma que o átomo não é indivisível,assim também, como haveremos de ver, o incons-ciente não é puramente inconsciente. E, da mes-ma forma como a Física nada mais pode fazer, sobo ponto de vista psicológico, do que constatar aexistência de um observador, sem ter condições deafirmar o que quer que seja sobre a natureza desteobservador, assim também a Psicologia só podeindicar a relação da psique com a matéria, sem tercondições de dizer o mínimo que seja quanto anatureza da mesma. 1

Allan Kardec, por sua vez, tratando do fenômenomediúnico, afirma que

Pode-se fazer objeção ao fenômeno porque ele não

se produz sempre de uma maneira idêntica, segun-do a vontade e as exigências do observador? Osfenômenos de eletricidade e de química não estãosubordinados a certas condições; deve-se negá-losentão porque se produzem fora dessas condições?Portanto, não há nada de estranho que o fenôme-no do movimento dos objetos pelo fluido humanotenha também suas condições de ser e deixe de seproduzir quando o observador, apoiando-se no seuponto de vista, pretende fazê-lo acontecer ao seucapricho ou sujeita-lo às leis dos fenômenos co-nhecidos, sem considerar que, para fatos novos,

pode e deve haver novas leis. Ora, para conheceressas leis, é preciso estudar as circunstâncias emque os fenômenos se produzem, e esse estudo só

1 JUNG, C. G.Obras completas. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. par. 417, p.220. v. VIII.

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pode ser fruto de uma observação perseverante,atenta e, muitas vezes, bastante prolongada. 2

Mais adiante analisaremos esses dois aspectos,psicológico e espírita, em relação às afirmações e dúvidasda Física Quântica. Veremos que estamos diante de algomaior, que permeia tudo e que tem como centro a psiquêhumana e, acima de tudo, a relação entre o Espíritoimortal e o Divino.

Por vezes, ao escrever este livro, me vi na necessidadede decidir entre analisar ideias imbuindo-me doparadigma clássico da causalidade absoluta ou deixandoque minha mente seguisse sob o domínio do UniversoQuântico, pouco convencional. Sentia-me inclinado àprimeira alternativa, mesmo querendo fazer de formadiferente. De um lado, o convencionalismo cartesiano, cujacriatividade tem limites; do outro, o infinito em aberto àespera de exploração pela mente humana. O leitor veráque ora estarei analisando influenciado sob um, ora soboutro paradigma.

O Universo parece ser constituído de algo que nãopode ser tocado, sentido, percebido, senão indiretamente.Nenhuma coisa pode ser diretamente percebida por outracoisa. Em relação ao ser humano, nada do que vive o põeem contato com algo, senão de forma indireta. Tudoacontece em sua mente e de acordo com seu modo deperceber a realidade. Até mesmo sua observação do quepoderia ser o mais concreto possível só ocorre indireta-mente. Parece que o Criador da vida nos colocou numUniverso intocável. Tocar algo é apenas perceber

indiretamente e sentir seus efeitos.Um exemplo disso se dá na observação do céuestrelado. Ao apontar seus rudimentares telescópicos para

2 KARDEC, Allan,O livro dos espíritos. Salvador: Ed. Harmonia, 2007, p. 20.Introdução ao estudo da doutrina espírita, item III.

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o céu estrelado, os astrônomos da Antiguidade não sabiamque estavam olhando para o passado. Não imaginavamque a luz das estrelas que alcançavam seus olhos tinhaviajado milhões de quilômetros e cuja fonte já poderiaestar extinta. Hoje, graças aos avanços científicos e estudosastronômicos, sabemos que a luz viaja no Universo edemora a alcançar nossa percepção. Quando vemos asestrelas, já não é mais o presente para um observador queesteja lá. Quando observamos a realidade de um simplesmomento à nossa vista, custamos a entender que algo sepassou entre o observador e o objeto observado. A luz queviaja do objeto para o sujeito traz sua história e seupassado. O presente é sempre fugaz, mas é a certezamáxima do Espírito.

Sobre as descobertas da Física Quântica (incerteza,probabilidade, não causalidade, observador/observadoetc.), têm-se três atitudes: desdenhar, por não compreenderou não encontrar aplicação prática, fazendo de conta quenão lhe afeta ou não existe, à semelhança de uma avestruz

que enterra a cabeça no chão; estudar e pesquisar mais,tornando-se um físico ou matemático quântico, contribuin-do para o progresso da ciência; filosofar, ampliando suavisão de mundo, impulsionando o desenvolvimento dapersonalidade na direção da autoconsciência, autodeter-minação e contribuição para uma sociedade melhor. Opteipor esta última. Pareceu-me de acordo com minhadesignação pessoal.

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Primeira Parte:Uma Outra Realidade

Breve História da Física QuânticaO Que é Universo Quântico?As Ideias QuânticasA Busca da Unidade

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Uma Outra Realidade

Avizinha-se o descortinar de um outro mundo, noqual a consciência humana desempenhará significativopapel para descobri-lo e simultaneamente se autodeter-minar. Um mundo onde a vida material será de fatoencarada como representação de algo maior que estarásendo consciente e inevitavelmente buscado para adefinitiva (ou novamente provisória) compreensão dosignificado da existência humana. Essa nova realidade será

de fato o resultante das consciências humanas jáamadurecidas para o entendimento da participação nasua construção.

Independentemente da realidade ser ou não maya,o meu eu está aqui e agora, devendo ampliar cada vezmais meu campo de percepção de mim mesmo.

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Breve Históriada Física Quântica

T udo começou com as experiências da radiaçãodo corpo negro (receptor, não emissor de luz ou emissorperfeito). O objetivo era avaliar a radiação, leia-se emissãode luz, por um corpo aquecido. Todo corpo a partir dedeterminada temperatura, de acordo com sua constitui-ção, emite radiação, isto é, incandesce. Pensava-se que a

luz era um fenômeno de emissão contínua, porém MaxPlanck percebeu que havia uma quantização, isto é, aradiação ocorre em pacotes mensuráveis denominadosquantum .

Isso foi o começo de uma série de experimentos eobservações que mudariam para sempre as leis da Física,bem como o papel do observador no Universo por eleconhecido.

Buscando uma melhor percepção da trajetória doconhecimento da Física, farei uma breve retrospectiva. AFísica de hoje está longe de ser uma unanimidade, pois as

teorias se multiplicam a cada momento nos diferenteslaboratórios de pesquisas. Misturam-se física, metafísica,misticismo e teologia. Há físicos experimentalistas, teóricos,filósofos, matemáticos e, para desconforto da maioria,existem os religiosos ou espiritualistas. Isso é pertinente,pois, nos limites do saber de uma ciência, tende-se aos

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princípios que foram negados. Afirmava-se a exclusivaexistência da matéria, negando-se peremptoriamente algometafísico ou espiritual. Pois foi exatamente na intimidadeda matéria que se descobriu sua inconsistência e apossibilidade de existir a não matéria ou antimatéria.

Antes de Newton, preponderava o conhecimentoempírico, oriundo da chamada física aristotélica, na qualos objetos eram animados e tendiam para uma configura-ção estética da natureza. A natureza tendia para o belo eo harmônico. Da Física dos tempos aristotélicos até IsaacNewton, pouco se evoluiu em termos do estabelecimentode princípios científicos matemáticos. Pode-se dizer quea Física, tal qual é concebida hoje, começa com IsaacNewton. Mas, antes dele, veremos algumas ideias quemodificaram o modo de pensar humano.

Antecedentes HistóricosAntecedentes HistóricosAntecedentes HistóricosAntecedentes HistóricosAntecedentes Históricos

Nikolau Kopérnico (1473 a 1543), astrônomo, mate-mático, médico, administrador e jurista polonês, trouxe,por volta de 1514, ao mundo, seus estudos a respeito doSistema Solar, propondo o sol como seu centro. O geocen-trismo aristotélico fora abalado e definitivamente consi-derado anticientífico. Não foi sem reações explícitas quese aceitou o sistema heliocêntrico. As reações, principal-mente da Igreja Católica, autoridade sobre o conhecimentohumano até o Iluminismo, foram quixotescas. A fé colocavao ser humano como imagem de Deus e centro do Universo,porém a realidade diferia da crença cega.

Galileu Galilei (1564 a 1642), físico, matemático,astrônomo e filósofo italiano, deu continuidade aos estudosde Kopérnico e foi o principal precursor das ideias de IsaacNewton. Construiu uma série de instrumentos importantespara a ciência, principalmente para a Astronomia. Eleconfirmou matematicamente o sistema heliocêntrico e

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identificou alguns corpos celestes. É considerado o paida ciência.

Isaac Newton (1643 a 1727), físico, matemático,alquimista, astrônomo e filósofo inglês, publicou, em 1687,o famoso livro Philosophiae Naturalis Principia Mathema-tica (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), no qualapresentava seus estudos sobre a lei da Gravitação Universale sobre a dinâmica do movimento dos corpos. Suas teoriasuniram os fenômenos celestes aos terrestres. É o criadorda Mecânica Clássica, que fez surgir o Determinismo Meca-nicista. Com seus estudos, o ser humano pode compreenderdiretamente a dinâmica da Natureza, excluindo o fator“divino” nos movimentos dos corpos, a partir de enunciadosde leis simples e mensuráveis.

As ideias de Kopérnico, Galileu e Newton formam atríade de paradigmas que vão nortear o nascimento deuma nova ciência, a Física Clássica, e da Física Quântica.Com eles, tornou-se possível experimentar, repetir,mensurar e prever os fenômenos naturais. Paradoxalmen-

te, sem as ideias clássicas, não se chegaria ao que éproposto pela Física Quântica. Os cientistas que trouxeramas novas ideias foram formados dentro dos princípios daantiga Física Clássica.

A Física se ocupa do estudo da Natureza e das leisque regem as relações entre os objetos que a compõem.Não é, a Física, materialista nem são, os físicos, céticos.Simplesmente o que é espiritual não é objeto de estudodessa ciência. Só o será quando o olhar humano se tornarmais amplo e menos mecanicista.

Principais ePrincipais ePrincipais ePrincipais ePrincipais eventos queventos queventos queventos queventos quemarmarmarmarmarcaram o surcaram o surcaram o surcaram o surcaram o surgimento da Física Quânticagimento da Física Quânticagimento da Física Quânticagimento da Física Quânticagimento da Física Quântica

No dia 14 de dezembro de 1900, em Berlim, o físicoalemão Max Planck (1858 a 1947) apresentou sua famosa

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Teoria dos “Quanta” de energia, demonstrando como sedavam as trocas de energia entre os corpos. Ele foiresponsável pelo cálculo da intensidade de radiação docorpo negro, além de quantificar a ação de movimento,propondo a existência de quantidades de energia empacotes iguais, discretas e finitas: quanta de energia. Seuscálculos levaram a determinação da famosa Constante dePlanck: h = quantum elementar de ação ou quântica. Eleintroduziu, na Física, a ideia dos quanta com seus estudossobre a radiação dos corpos incandescentes, apresentandosua famosa constante. Ele descobriu que os elétrons,quando mudam de camada no interior do átomo, emitemuma certa quantidade de energia ou quantum . Com isso,nascia a Física Quântica, mudando os destinos da ciência,principalmente no que diz respeito ao pensamentodeterminístico reinante.

As descobertas de Max Planck causaram profundoimpacto nos meios científicos, sobretudo entre os que seapegavam aos antigos paradigmas. Não imaginavam que

a Física estava para se revolver em suas entranhas e partirpara um novo paradigma: o observador foi inserido noUniverso como seu coconstrutor. Esse paradigma novoadveio da percepção de que as medições, os instrumentosde experimentação e as próprias experiências influencia-vam nos resultados obtidos. Os cálculos probabilísticospassaram a fazer parte da Física, pois não se podiadeterminar com precisão aquilo que se conhecia como aunidade da matéria: o átomo.

A Física, que estuda os corpos submetidos à luz,paradoxalmente inicia uma nova fase a partir do estudo de

um corpo sem luz. A dialética dos opostos já fora apontadapor C. G. Jung (1875 a 1961) como sendo a forma de seencontrar a unidade. Para ele, só há consciência com adiferenciação dos opostos. A consciência parece ser umaconfirmação da evolução humana, mesmo com suatendência à separatividade. Ele afirma que “Energetica-

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mente, a oposição significa um potencial, e onde há umpotencial, há a possibilidade de um fluxo e de um aconteci-mento, pois a tensão dos opostos busca o equilíbrio.”3 Eque “É no oposto que se acende a chama da vida.”4 .

Em 1905, o físico alemão, naturalizado suíço edepois norte-americano, Albert Einstein (1879 a 1955),apresentou sua Teoria da Relatividade, considerando quea energia é matéria sob determinada frequência, de acordocom a equação E=mc 2 . Estudou a luz, estabelecendo suavelocidade como a máxima no Universo. Posteriormenteafirmou que as ondas de gravidade viajam à velocidadeda luz, demonstrando também que o espaço é curvo. Aideia da gravitação, tal qual descrita por Einstein, sugerea existência de um tecido cósmico no qual os objetosdeslizam. Ele propôs o modelo corpuscular para aradiação eletromagnética ou efeito fotoelétrico, pelo qualganhou, em 1921, o Prêmio Nobel da Física.

Einstein ampliou as descobertas de Planck sobre aradiação para todos os fenômenos da natureza, porém não

concordava com a possibilidade do Universo ser probabilís-tico. É dele a famosa frase, numa carta ao físico e amigoMax Born, “Deus não joga dados”. Ele achava que a teoriaquântica ainda não era a certa. Ela parecia contrariar suaideia de que, por existir um Deus único, havia uma lei geralque regia todos os fenômenos da Natureza.

A obstinação de Einstein em negar a MecânicaQuântica (Isaacson, 2007) pode ter raízes em sua crença judaica. Sua convicção em um Deus único, criador e man-tenedor da ordem e do Universo, exerceu forte influênciasobre suas opiniões e ideias. Muito embora se mostrasse

um homem religioso, condenava os físicos quânticos porconsiderar que as ideias sobre não localidade daspartículas eram “espiritualistas”. Paradoxalmente, sua

3 JUNG, C. G.Obras completas. Petrópolis: Vozes, 1976. v. IX/1, par. 426, p. 230.4 Ibidem, 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1981. v. VII, par. 78, p. 45.

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obstinação para provar o realismo era tão grande queafirmava haver uma natureza racional na realidade, e queessa natureza era de ordem religiosa. Ele era, no fundo,um místico que condenava o que considerava misticismonos outros, por adotarem a Mecânica Quântica. Para ele,havia uma certeza da existência real dos objetos, e não,como queriam os físicos quânticos, uma probabilidade deexistência. Para ele, as ideias quânticas punham ofuncionamento da Natureza como se fosse um jogo de azar.

Foi de fato essa obstinação em criar inúmerosexperimentos, frutos de sua fértil imaginação, que levouEinstein a contribuir para a formulação consistente daMecânica Quântica, malgrado seu desejo de ridiculariza-la. Independentemente de não ter aceito a Física Quântica,Einstein foi o mais brilhante físico e o impulsionador daciência no mundo, símbolo da inteligência humana.

Em 1911, o físico neozelandês Ernest Rutherford(1871 a 1937), ganhador do Prêmio Nobel de Química em1908, realiza pesquisas com desintegração atômica e

percebe que a carga do átomo está concentrada em seucentro. Por conta de seus estudos, propõe o famoso modeloatômico com um núcleo e os elétrons em órbitas. Essemodelo seria fundamental para o desenvolvimento daenergia nuclear. Prenunciava algo interessante queaproximaria o fenômeno físico do fenômeno químico,como se uma alquimia estivesse ocorrendo.

O modelo atômico de Ernest Rutherford era algopresumido, pois nunca fora diretamente observado. Deonde ele tirava a ideia dos elétrons em volta do núcleo?Provavelmente do mesmo “lócus” de onde o famoso

químico alemão Friedrich Kekulê (1829 a 1896), em 1895,propôs o anel hexagonal para sua estrutura. Retirou-o doInconsciente. A proposta de Kekulê veio de um sonho queteve com uma serpente filando a própria cauda. O modelode Rutherford não veio de um sonho, mas de uma projeçãodo Self , pois a esfera circundada pelos pontos luminosos

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(núcleo atômico e elétrons em órbita) é uma representaçãomandálica (circular) do Self . C. G. Jung afirmava que “Emtodo caso, as mandalas expressam ordem, equilíbrio etotalidade.5 ” e “Apesar de a mandala ser apenas umsímbolo do si-mesmo como totalidade psíquica, é aomesmo tempo uma imagem de Deus, uma imago dei , ...”6 .Os nossos físicos quânticos estavam bem próximos de algodivino. Como os alquimistas, os físicos quânticos, em suaspesquisas e experimentos, trazem conclusões maispróximas do Inconsciente do que da Consciência, em facedas limitações perceptivas desta última.

Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885 a1962), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1922,estudando o átomo de Hidrogênio, aperfeiçoou o modelode Rutherford, propondo a existência de saltos quânticosdos elétrons em órbita do núcleo. Ele aplicou a Teoria dosQuanta ao modelo atômico. Nasciam a Física Quântica ea Física Atômica. Bohr também propôs o Princípio daComplementaridade, isto é, é impossível usar, num mesmo

fenômeno físico, uma descrição, no tempo e no espaço,das leis de conservação de quantidade de movimento e deenergia. Isso se confirmava na dualidade onda/partícula.Com isso, conclui-se que a Física Clássica é uma particula-ridade da Quântica.

Einstein se opôs às ideias de Bohr, pois acreditavanum Universo determinístico, com uma única lei que oexplicasse. Bohr propunha um Universo probabilístico,no qual o observador desempenha importante papel.Einstein insistia na existência de um mecanismo causalpara justificar a Natureza. A Escola de Copenhague,

leia-se Niels Bohr, afirmava que o universo quântico eraincerto.

5 JUNG, C. G.Obras completas . Petrópolis: Vozes, 1976. v. IX/1, par. 645, p. 356.6 Ibidem, par. 572, p. 319.

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Esses dois gigantes da Física debatiam ideias aparen-temente opostas, mas que tratavam de uma únicarealidade: a natureza, seus fenômenos e suas origens. Suasideias representavam faces de uma mesma moeda.

Em 1923, nos Estados Unidos, o físico americano,ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1927, ArthurCompton (1892 a 1962) descobriu que os elétrons, aointeragir com fótons7 , ou quanta de energia, aumentamseu comprimento de onda. Com isso, ele confirmava anatureza dual da luz, isto é, a depender do experimento,ela se comporta ora como partícula, ora como onda. Issoaprofundava cada vez mais a ideia de um Universoprobabilístico.

Em 1924, o físico francês, ganhador do Prêmio Nobelde Física em 1929, Louis de Broglie (1892 a 1987)apresenta sua tese de doutorado, experimentadaposteriormente, confirmando a dualidade onda-partícula.Ele provava que não só as ondas são partículas comotambém as partículas são ondas, isto é, cada partícula tem

sua onda “associada”. Isso significava dizer que existemondas de matéria. Nos objetos grandes, a frequência daonda de matéria é imperceptível. No pequeno, um elétron,por exemplo, tem tamanho menor do que o comprimentode onda a ele “associado”. Gradativamente, a FísicaClássica perdia terreno para a Quântica, que se afirmavaa cada novo estudo e experimento.

Em 1925, o físico austríaco Wolfgang Pauli (1900 a1958), ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1945,propõe o Princípio da Exclusão, afirmando que não podeexistir mais de um elétron numa mesma órbita atômica.

É dele os principais estudos sobre a teoria do Spin doelétron. Pauli tinha conhecimentos de Psicologia, poiscolaborou com C. G. Jung na formulação dos princípios

7 O elétron, quando passa para uma órbita interna, emite um fóton. Quandopassa para uma órbita externa, absorve um quantum .

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do que veio a ser conhecido com o nome de Sincroni-cidade.

Com isso, o modelo atômico de Rutherford ia sedesenhando, alcançando um formato cada vez maisdefinido e próximo de contornos regulares e simétricos.A mandala representativa do Self se desenhava com maisprecisão. Sem qualquer intencionalidade consciente, osfísicos, cientificamente, iam representando o Self à maneirados alquimistas quando procuravam a pedra filosofal.

Porém, a possibilidade da unidade da matéria de fatoser esférica e materialmente palpável caía gradativamente,pois as teorias ondulatórias se sobrepunham. Os cientistaspercebiam que aquilo que chamavam de matéria era algoque emitia uma frequência, sem se definir seu formato ousua natureza.

O modelo atômico idealizado por Niels Bohr seaproxima mais de uma representação arquetípica do Self do que daquilo que se concebe como sendo a partículaatômica, com a infinidade de subpartículas, ou ondas, que

a compõem. Tal modelo atômico nos mostra que o serhumano, não conseguindo ter acesso direto à realidade,constrói modelos mentais aproximados, segundo oarquétipo predominante em seu psiquismo.

Nesses 25 anos (de 1900 a 1925) de física experi-mental, conhecida como Física Atômica ou velha FísicaQuântica, houve alguns avanços, entre eles:

• quantização mínima dos entes físicos, a exemplo daenergia que era considerada contínua; passou-se a uti-lizar a Constante de Planck nas equações;

• determinação de propriedades ondulatórias para os áto-mos, moléculas, partículas subatômicas, associando-se uma frequência de onda a cada ente físico;

• determinação de propriedades corpusculares para a luz(emissão de fótons); o Princípio da Complementaridadetornou-se inegável;

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• percepção de que as partículas não podiam ser direta-mente vistas, pois não eram reais, mas ondas de pro-babilidade.

Nesses 25 anos, muitas discussões e controvérsiassurgiram. Dada a complexidade dos temas e a incipiênciados instrumentos de experimentação, os progressos foramlentos, mas os resultados animadores. A Física avançava

por um terreno movediço, cujos temas beiravam aFilosofia, a Psicologia e a Teologia.A partir de 1925 até 1927, as descobertas e

experimentações, bem como as especulações e formula-ções matemáticas deram ensejo ao que se chamou de NovaFísica Quântica, principalmente pelo uso de matrizes eoutros modelos matemáticos na análise dos fenômenosquânticos. Foram seus expoentes:

Werner Heisenberg (1901 a 1976), físico alemão,ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1932, principalcriador da Mecânica Quântica Matricial. Em 1927,enunciou o famoso Princípio da Incerteza, afirmando serimpossível medir simultaneamente e com absolutaprecisão a posição e a velocidade (Momentum) de umapartícula. Heisenberg era um dos físicos que achavam quea natureza parecia absurda, ao analisar os resultadosobtidos experimentalmente.

Max Born (1882 a 1970), físico alemão, naturalizadobritânico, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1954,

interpretou adequadamente componentes da equação deSchrödinger, principalmente a densidade da probabilidadepara Ψ *Ψ (psi-estrela e psi são ondas que se movem paratrás e para frente, no tempo). Afirmava não ser possívelvisualizar as ondas porque elas não são entes reais, masondas de probabilidade.

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Ernst Pascual Jordan (1902 a 1980), físico alemãoque fundou, com Max Born e Werner Heisenberg, aMecânica Quântica e, com Wolfgang Pauli e EugeneWigner, a Eletrodinâmica Quântica.

Erwin Schrödinger (1887 a 1961), físico austríaco,ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1933, contribuipara a Mecânica Quântica com sua famosa equação que

leva seu nome e com o experimento conhecido por Gatode Schrödinger.

Paul Dirac (1902 a 1984), engenheiro e matemáticobritânico, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1933,com E. Schrödinger, impulsionou a chamada MecânicaMatricial, reunindo conceitos da Mecânica Ondulatória.Ele é o descobridor de uma partícula semelhante aoelétron, porém com carga positiva (Pósitron), conhecidacomo a antimatéria. Com ele consolida-se a ideia de queas partículas eram algo que vibrava, uma espécie de funçãode onda.

Richard Feynman (1918 a 1988), físico e matemáticonorte-americano, ganhador do Prêmio Nobel de Física de1965, demonstrou que não há vácuo e provou a existênciade partículas onde se pensava existir um vazio. Emparalelo aos trabalhos na área de física teórica, Feynmanfoi pioneiro da Eletrodinâmica Quântica e da ComputaçãoQuântica e introduziu o conceito de Nanotecnologia noencontro anual da Sociedade Americana de Física, em 29

de Dezembro de 1959, na sua palestra sobre o controle ea manipulação da matéria na escala atômica. Feynmandefendeu que não existia nenhum obstáculo teórico àconstrução de pequenos dispositivos compostos porelementos muito pequenos, no limite átomo a átomo, nemmesmo o Princípio da Incerteza.

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Consequências da NovConsequências da NovConsequências da NovConsequências da NovConsequências da Nova Física Quânticaa Física Quânticaa Física Quânticaa Física Quânticaa Física Quântica• Queda do determinismo na Física. Surge a Física não

determinística.• Validação do Princípio da Incerteza.• Complementaridade. A Física Clássica é um caso par-

ticular da Física Quântica. Não há possibilidade de seprever condições iniciais.

• Os conceitos de velocidade, tempo e espaço são aplicá-veis provisoriamente e por força da exigência de umanomenclatura em ciência.

• Com a Física Quântica, a ciência se humaniza.• Há de fato entes não físicos, não detectáveis.• Há implicações do observador com o objeto observado.• Surgimento do Chip , do Laser e do microcomputador.

Graças aos postulados da Física Quântica, temos apossibilidade de construir o código genético, mapeando

os organismos vivos, visando uma compreensão maior arespeito da vida. Se a Física Clássica era precisão e a FísicaQuântica, probabilidade, a vida deixou de ser algoabsolutamente definido, tornando-se de fato subjetividade.

A Teoria da Relatividade Geral, com o compromissoda ideia da existência de Deus como autor de um Universomecânico, em oposição à Teoria Quântica, de um Universoaleatório, formam um par de opostos da ciência do mundomicroscópico. A primeira exclui o poder humano, e asegunda o coloca como observador participante e atuantedo Universo. Nenhuma das duas poderá prescindir da

consciência de que há uma inteligência suprema que deuinício a tudo, sobre a qual nada se pode dizer a respeito.Einstein buscava uma teoria unificadora das forças

e formas do Universo. Ele não aceitava a possibilidade denão haver uma unidade no Universo e dizia que “Deusnão joga dados”. Ele não aceitava as ideias de Copenhague

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(Niels Bohr), que postulava um Universo cheio deincertezas. Einstein tinha razão quanto à existência deDeus, porém é pouco provável que tivesse informaçõesprecisas a respeito do que Deus faz ou deixa de fazer.Agrada-me a ideia de que a incerteza faça parte dos planosde Deus e de que eventualmente Ele jogue dados. Falarsobre ou em nome de Deus será sempre uma incerteza.

A Física Quântica é essencialmente estudo a respeitoda luz, do que simbolicamente é, portanto, estabelecido pelaConsciência. Na realidade, a ciência, ou melhor, a Física,vem se debruçando sobre a natureza da luz. O que não épercebido como luminosidade não é de seu domínio. Suasafirmações são simbólicas. Da Mecânica Clássica passamosà Mecânica Relativística, à Mecânica Quântica, à MecânicaMatricial e, depois, à Mecânica Ondulatória. Aguardaremoso próximo passo da Física na direção da percepção danatureza espiritual por detrás dos fenômenos físicos.

Atualmente já foram detectadas mais de 100diferentes partículas. Hoje, são consideradas como

partículas elementares: fótons, léptons, mésons e barions.Elas respondem pelas forças nucleares fortes e fracas.Algumas delas se subdividem em outras menores ainda ede vida curta. Vale ressaltar que existem partículas quedesafiam as interpretações dos próprios físicos, mas que,matematicamente, são confirmáveis. Entre elas, o Tequion – partícula não física, que viaja a velocidade superior à daluz, e a partícula Y, de massa igual a zero, conhecida comoGráviton. Por enquanto, o ser humano, submetido aos seussentidos físicos e ao que os instrumentos podem captar,projeta aspectos de seu Inconsciente na percepção do que

entende ser o real.Desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais,a Física Quântica tem avançado em experimentos de apoioà alta tecnologia e ao desenvolvimento de novosinstrumentos úteis à vida humana, favorecendo aerradicação de doenças, a otimização de processos físico-

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químicos, ao desenvolvimento da informática, entreoutros. As buscas da Física Quântica não terminaram,tampouco estão em baixa. A Era da Incerteza foiinaugurada e isso traz grande contribuição ao desenvolvi-mento das ciências e da psiquê humana.

Algumas ideias de cientistas, de filósofos e demísticos ampliaram os conceitos surgidos com o adventoda Física Quântica. A especulação filosófica tem dominadoo cenário noticioso a respeito do mundo quântico. Umadas teorias mais aceitas no mundo científico é a das cordas .As cordas são filetes multidimensionais (invisíveis) quevibram produzindo a matéria. São considerados elementosformadores da matéria e de todos os fenômenos por elaprotagonizados. O Próton, elemento considerado básicodo núcleo atômico, composto por uma subpartícula denome quark , seria produzido pelas cordas que vibram.Muito embora matematicamente coerente, a teoria dascordas é uma abstração da mente humana, ainda incapazde alcançar de fato a intimidade da matéria. Para os físicos

quânticos, diferentes vibrações das cordas provocam osurgimento de diferentes partículas.Elas vibram em sintonia com leis cósmicas ainda não

acessíveis ao conhecimento humano. Servem comoestruturas provisórias para entendimento da dualidadeexistente no Universo material. Contribuem para explicaçãode fenômenos espirituais e de tudo que ultrapassa a mentelógica. A teoria das cordas não é experimental. Para sercompreendida, ela precisa de dimensões extras.

A teoria dascordas deu origem a outra, que sugere aexistência de Supercordas . Em 1968, o italiano Gabriele

Veneziano e o americano Leonard Susskind desenvol-veram a equação das cordas . Em 1985, havia cincoequações da mesma teoria das cordas . Em 1995, Ed Wittenunificou as cinco teorias, dando surgimento à Teoria M.(Mother, Matéria, Mistério, Matrix, Monstruosa?). A teoriaevoluiu para o estabelecimento de Membranas ou Branas ,

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formadas pelas Supercordas . O Big Bang parece ter sidoresultante de duas Branas que se tocaram. Acredita-se,com essa teoria, que existam dimensões ou universosparalelos, isto é, mundos invisíveis. Os estudos a respeitodessas teorias são recentes e não existem experimentoscapazes de comprová-las.

A vibração das cordas , que colapsa (coagula) amatéria, fornece a ideia de um Universo disponível a quemaprenda a tocar ou reger uma melodia. Parece que tudovibra sob a batuta de algum maestro ou sob um influxo denatureza desconhecida. Será que algum dia penetraremosde fato nesse grande mistério?

CrCrCrCrCronologiaonologiaonologiaonologiaonologia1803

Experimento da dupla-fenda pelo físico e médicobritânico Thomas Young (1773 a 1829), mostrando oaspecto ondulatório da luz.

1897

Descoberta do elétron pelo inglês John JosephThomson (1856 a 1940).1900

Hipótese Quântica pelo físico alemão Max Planck(1858 a 1947).1905

Apresentação da Teoria dos Fótons e da TeoriaEspecial da Relatividade pelo físico alemão Albert Einstein(1879 a 1955).1908

O matemático alemão Hermann Minkowski (1864 a1909) propõe matematicamente a variedade quadrimen-sional para representar o espaço-tempo.

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1911

O físico neozelandês Ernest Rutherford (1871 a1937) descobre a existência do núcleo atômico.

1913

O físico dinamarquês Niels Bohr (1885 a 1962)propõe o modelo atômico de órbitas específicas.

1915

O físico Albert Einstein (1879 a 1955) propõe a TeoriaGeral da Relatividade.

1924

O físico francês Louis de Broglie (1892 a 1987)propõe as ondas de matéria.

1924

O físico dinamarquês Niels Bohr (1885 a 1962), juntamente com o físico holandês H. A. Kramers (1894 a1952) e o físico norte-americano John C. Slater (1900 a

1976) formularam o primeiro conceito das ondas deprobabilidade.

1925

O físico austríaco Wolfgang Pauli (1900 a 1958)propôs o Princípio da Exclusão.

1925

O físico alemão Werner Heisenberg (1901 a 1976)propõe a Mecânica Matricial.

1926

O físico austríaco Erwin Schrödinger (1887 a 1961)estabelece a Equação de Onda de Schrödinger.

1926

O físico alemão Max Born (1882 a 1970) promove aInterpretação da Probabilidade da Função de Onda.

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1927

O físico dinamarquês Niels Bohr (1885 a 1962),propõe o Princípio da Complementaridade.1927

O físico alemão Werner Heisenberg (1901 a 1976)propõe o Princípio da Incerteza.

1928

O engenheiro e matemático britânico Paul Dirac(1902 a 1984) descobre a Antimatéria.1932

Descoberta do Nêutron pelo físico britânico JamesChadwick (1891 a 1974).

1932

Postulado em 1928 por Paul Dirac, foi descoberto oPositron pelo físico norte-americano Carl D. Anderson(1905 a 1991).

1932

O matemático húngaro, naturalizado americano,John von Neumann (1903 a 1957) desenvolve a LógicaQuântica.1935

O físico alemão Albert Einstein (1979 a 1955), juntamente com o físico russo Boris Podolsky (1896 a1966) e o físico israelita Nathan Rosen (1909 a 1991)propuseram o Experimento de EPR, desafiando aMecânica Quântica.

1949

O físico e matemático norte-americano RichardFeynman (1918 a 1988) propõe a EletrodinâmicaQuântica, introduzindo conceitos de Nanotecnologia.

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O Que é Universo Quântico?

Aquilo que chamo de Universo Quântico quer dizerdiversidade de fenômenos e de possibilidades decompreensão da realidade. Trata-se de uma expressão aquientendida como campo de possibilidades não convencio-nais de compreensão do que se chama de realidade.Engloba a totalidade dos fenômenos materiais eespirituais, todos vistos numa perspectiva não causalistanem mecanicista.

O Universo Quântico se configura em torno do quese pode chamar de Paradigma Quântico, ou um novo olhara respeito da realidade e do destino humano, ampliadopela perspectiva multidimensional, incluindo a dimensãoespiritual, que o encerra. Esse novo paradigma não nasceexclusivamente nas academias e laboratórios de pesquisa,mas no psiquismo coletivo que se amplia gradativamenteao longo da evolução da humanidade.

As ideias geradas a partir da Física Quântica foramantecedidas pelas ideias espíritas e pelas ideias a respeitodo Inconsciente. A temática da imponderabilidade jáestava circulando no ar, independentemente do quediscutiram os físicos no final do Século XIX e início doSéculo XX. O paradigma novo já se apresentava naconsciência popular. A Física Quântica é apenas uma facedo Universo Quântico, do qual somos elementos atuantes.

No campo de entendimento do que é UniversoQuântico, colaboram ideias oriundas da Física Quântica,

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da Psicologia do Inconsciente, da Mediunidade, doEspiritismo, da Sincronicidade, da Cibernética, daFilosofia, da Matemática Avançada e da Alma Coletiva.

A Física Quântica é essencialmente estudo a respeitoda luz, do que simbolicamente é, portanto, estabelecido pelaConsciência. O que não é percebido como luminosidade nãoé de seu domínio. Suas afirmações são simbólicas. Suasdescobertas põem em exibição os limites dos sentidoshumanos e, em paralelo, a riqueza das possibilidades de com-preensão da realidade. Graças ao estudo do mundo mi-núsculo, pode-se perceber que o Universo tem seus caprichos,inimagináveis à mente humana. Por muito tempo aindaecoarão as incógnitas deixadas pelas teorias quânticas,principalmente a respeito do que é de fato a matéria.

A Psicologia do Inconsciente promove a percepçãode um outro, além do eu da consciência, agente eliciadordo comportamento humano e de sua compreensão ou visãode mundo. Amplia suas possibilidades de entendimento doque ele próprio é e de sua realização no mundo. Possibilita

uma melhor compreensão da estrutura psíquica, auxiliandona diferenciação do que ele, o ego, é e do que usa paraenxergar o mundo. A formulação da existência doInconsciente proporciona ao ser humano sentir-se parteda vida das gerações que o antecederam, inserindo-o nahistória da Humanidade.

A mediunidade possibilita a ampliação da consciênciapara além dos limites do campo orgânico, contribuindopara que o ser humano penetre na dimensão espiritual.Graças a essa faculdade, torna-se possível o entendimentoda multidimensionalidade na Natureza, isto é, a realidade

não se limita ao visível pelo espectro luminoso. Amediunidade sendo considerada como uma faculdadeorgânica, portanto detectável fisicamente, torna-a destituídado ranço religioso e da credulidade vulgar.

O Espiritismo, em face de seus princípios básicos(reencarnação, vida espiritual, mediunidade, imortalida-

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de, evolução infinita do Espírito etc.), amplia os objetivosda existência humana, trazendo considerações metafísicase transcendentes para o viver cotidiano. Seus princípioslevam a autotransformação e a autodeterminação doEspírito. Ao apresentar o Mundo Espiritual, trazendoinformações precisas e concretas pela via mediúnica,insere uma dimensão quântica no pensar e existirhumanos.

A Sincronicidade, ou o princípio de conexõesacausais, nos remete a uma ordem de fenômenos que nãose enquadram no domínio mecanicista e causalista a queestamos acostumados a nos inserir. Sugere a necessidadede buscarmos uma compreensão do Universo a partir deparadigmas não convencionais. A Sincronicidade traz àdiscussão, por enquanto sem apresentar respostas,fenômenos que parecem se enquadrar numa categoria quedesconsidera a dimensão espaço-temporal em que sesituam os processos humanos conscientes.

A Cibernética, com seus estudos sobre informação e

autocontroles, possibilitou o surgimento dos modernos eeficientes computadores a serviço do desenvolvimento damente humana, mais livre de tarefas operativas. Graças àCibernética, a ciência da computação tem aproximado oser humano de seus processos psíquicos e da compreensãodo funcionamento de sua própria mente. Cada vez maisse vê a interação cérebro e máquina nos processoscotidianos, principalmente na biotecnologia para auxiliarpessoas com deficiência motora.

A Filosofia, hoje dita Contemporânea, com seusestudos a respeito das ideias que englobam o ser humano,

o mundo e a totalidade, vem cada vez mais afirmandoque a realidade é multifacetada e de acordo com a formaontológica de abordagem. As múltiplas e divergentesinterpretações dentro da Filosofia vêm demonstrando adiversidade de concepções de realidade. A Filosofia nãoimpõe limites ao pensar nem tampouco se mantém

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cristalizada numa ideia. Filosofia não é Teologia ouqualquer saber restrito a um grupo ou escola. O paradigmaquântico recebe a contribuição da Filosofia tanto quantorevolve seus pilares básicos a respeito da natureza do sere do mundo.

A Matemática Avançada, como ciência dos padrõese regularidades, tem demonstrado que, não importando aobservação direta, há algo subjetivo para o qual ela apontae descreve. Com suas Teoria do Caos, Geometria dosFractais e da Matemática Quântica, cada vez mais penetrano imponderável e no incognoscível. As equações matemá-ticas, longe de apresentar os padrões da Natureza, têm seaproximado do mundo psíquico, referindo-se aos proces-sos mentais. As regularidades e os paradoxos da Matemáti-ca são instâncias psíquicas representadas nos números,que nada mais são do que entes metafísicos. Os matemá-ticos, como os físicos quânticos, também são os novosalquimistas em busca da perfeição da Natureza.

A Alma Coletiva é a sabedoria popular, ou consciência

coletiva, que se amplia a cada momento da evoluçãohumana. Podemos observar, nas diferentes culturas, aampliação da consciência a respeito da realidade, propor-cionando uma visão de mundo cada vez mais complexa e,simultaneamente, mais divina. Isso está de acordo com ateoria de Rupert Sheldrake a respeito da RessonânciaMórfica, com seus campos morfogenéticos, que propõe atransmissão de informações no espaço-tempo para outrossistemas materiais.

Que relação pode ser encontrada entre essas áreasdo conhecimento que possa nos levar à existência de um

novo paradigma? Segundo Thomas Kuhn, “... a existênciade um paradigma nem mesmo precisa implicar aexistência de qualquer conjunto de regras.”8 . Isso significa

8 KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções cientificas . 2. ed. São Paulo:Perspectiva, 1978. p. 69.

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dizer que não precisamos olhar diretamente para a ciênciae procurar, em seus manuais e padrões, aquilo quepodemos enxergar graças à intuição. Essas áreas, emconjunto ou isoladamente, apontam para ideias quesustentam um novo paradigma no saber humano.

O paradigma quântico tem modelado as pesquisascientíficas, bem como teorias e estudos a respeito da vida,do ser humano e do Universo em que ele vive. Além disso,tem sido presente na consciência coletiva, balizando umanova e surpreendente visão de mundo. Já fazem parte dovocabulário popular conceitos sobre relatividade,dualidade, interdimensionalidade, desmaterialização,realidade virtual etc.. Livros, filmes, documentários, tesesde doutoramento, bem como a tecnologia da informática,atestam a penetração irreversível do paradigma quânticona sociedade.

O Universo, como agora está sendo percebido, nãoé indiferente ao ser humano. Seria indiferente se fôssemos

meros expectadores da realidade, sendo afetados por ela,sem a mínima possibilidade de modificá-lo, restando-nosapenas fazer escolhas entre as polaridades psíquicas dobem e do mal. Nesse sentido, o livre-arbítrio não é umasimples escolha entre duas ou mais opções. O ser humano,sendo artífice da realidade, implica-se nela, tomando-apara si, como aquele que tem a responsabilidade deformatá-la a serviço da evolução pessoal e coletiva. UmUniverso indiferente ao humano, determinístico, decorreda visão da Mecânica Clássica. Com o advento das ideiasquânticas, cria-se um Universo cuja configuração depende

do humano. Essa mudança no Universo não se deve à meratroca de concepção da mente humana, mas, de fato, a umasimultânea atualização evolutiva do próprio Universo, doser humano e do que rege suas existências. A consciênciade que se pode modificar o curso dos acontecimentos edos fenômenos da Vida, amplia as possibilidades de

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realização humana e de percepção do sentido e significadoda vida.

Há uma lógica (ou um sentido) no Universo,independentemente do “caos” observado no microscópicomundo quântico do átomo. Certamente que não é a lógicarequerida para a compreensão do mundo, onde impera aideia da causalidade. Mas, então, qual é essa nova lógica?O que será que permeia todas as coisas a as tornam umfenômeno único chamado realidade? Existirá mais de umalógica, acima da que concebemos? Essa lógica estará forado observador e deve por ele ser percebida em si mesmo,como parte integrante de seu ser?

O aparente “caos” observado no mundo subatômicoobedece a algum princípio, por enquanto, desconhecidopara a mente humana. Aquele “caos” parece ser o estadooriginário de algo que tende à organização. Os físicos nãoaceitam o acaso, pois sabem que, em qualquer distribuiçãoaleatória de eventos, números, por exemplo, é possívelencontrar uma ordem ou uma lógica que justifique a

sequência encontrada (Pagels, 1982). A palavra acaso,quando usada em argumentos de premissas pelos físicos,tem o sentido de aleatório. A própria mente humana nãoaceita um Universo regido pelo caos, mas também já nãoaceita que prevaleça a antiga lógica determinística. O quequer que seja está inevitavelmente conectado à mentehumana.

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As Ideias Quânticas

C rise do mecanicismo, falência de determinismoe nascimento de uma nova visão de mundo são asconsequências diretas dos novos paradigmas quânticos.Isso representa o início de uma modificação substanciale gradativa no funcionamento da mente humana. Umamente mais criativa, mais livre e conscientemente disponí-vel para o Universo está por acontecer.

As ideias quânticas nos permitem sonhar uma reali-dade diferente que, mesmo emergida da lógica cartesiana,passa a ser permeada por uma liberdade construída pelaprópria mente humana. A questão é: com que valores se deveconstruir uma realidade pessoal que suporte a vida coletivasem conflitos de interesses? Talvez, por mais pueril que possaparecer, o valor máximo do ser humano ainda é o amordesinteressado e espontâneo para com o outro, também serhumano, e, o amor Fati , como veremos adiante.

As ideias quânticas devem nos levar a construir e adesconstruir antiquados modos de pensar a Vida. Issoimplicará na ampliação da consciência para além doslimites, sem medos, sem bloqueios ou convenções, aomenos nas reflexões. Ideias cristalizadas, que servem comopontos de apoio para a própria existência, podem ser agoracotejadas à luz de novos paradigmas.

Crenças antigas, sustentadas ou não pela lógica, podeme devem ser revistas sem que se resvale pelo anarquismo,mas que se tenha a coragem de questionar tudo. Não se

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trata de destruir tudo, mas de construir o que se pensa,tendo como base o fato de se compreender a relevância doobservador na configuração do Universo. Isso nos leva aentender que tudo que o ser humano viveu, pensou, sentiue fez ao longo de sua história obedeceu aos ditames do corpoe de sua incipiente consciência. Tudo isso de formainconsciente, isto é, sem a necessária autodeterminação.

As ideias quânticas são conhecimentos oriundos dapercepção não linear e não causal da realidade. Permitemum olhar diferente sobre o mundo, ampliando os limitesestabelecidos pelos sentidos físicos e pelos condiciona-mentos enraizados na mente humana. São ideias queaproximam o ego da percepção do Espírito sobre arealidade que lhe é pertinente. Fazem parte de um conjuntode paradigmas que superam os limites condicionantes dalógica cartesiana empirista.

A ausência de uma causalidade para os fenômenosdo mundo microscópico, como sugere a Física Quântica,contrapondo-se a uma realidade governada por leis

determinísticas aguça a inteligência humana que, porenquanto, felizmente ou não, teima em não aceitartotalmente nenhuma das duas hipóteses. Elas sãocomplementares e de acordo com a dualidade existenteentre o Inconsciente e a Consciência. As duas ideias têmgerado imensos benefícios à vida humana.

Os físicos quânticos tateiam a matéria na busca da“pedra filosofal”, atendendo, na sua curiosidade última,ao Self . Esperam, nos limites de seus instrumentos e,principalmente, nos da consciência humana, encontrar aunidade primordial da matéria. Muito provavelmente

constataram, em meio à utilização dos princípiosestabelecidos a partir de suas descobertas a serviço dobem-estar humano, que a matéria é um epifenômenoresultante de algo incognoscível.

Promovendo-a, há algo que provoca o colapso que atorna “real” para o humano. É esse algo indiretamente

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detectável como uma frequência de onda, como umquantum de energia ou como matéria. É de fato algoincognoscível ou irrepresentável em si.

À semelhança, poderemos entender o mundopsíquico, no qual pensamentos, ideias, vontades, entessubjetivos são capazes de acionar células, moléculas,músculos etc.. A relação entre vontade e movimentocorporal para a realização do simples ato de acenar coma mão para alguém obedece um complexo mecânico,psíquico e orgânico. A saudade, por exemplo, que me levaa pensar em alguém querido e que me move a acionar otelefone, se comporta como a onda e a partícula. Ela, asaudade, é imponderável e entra em “colapso” quando atrago à consciência na forma de pensamento (onda), queme leva a atuar (partícula) buscando um telefone.

NovNovNovNovNovas ideias a construiras ideias a construiras ideias a construiras ideias a construiras ideias a construir

Liberdade em relação à ideia clássica de DeusComecemos analisando a ideia de Deus. Isso querdizer que teceremos considerações tão somente sobre aideia, pois não poderemos penetrar na existência ou naessência de Deus, que, da forma como o postulamos, torna-se inacessível ao humano. A crença em Deus sempre foiuma poderosa âncora psíquica, garantindo a base dasegurança desejada por todo ser humano. Nos primórdiosdo desenvolvimento humano, imperava o inconsciente,promovendo medos e a criação de “monstros” e deusespara superá-los. Para justificar a existência de tantos

deuses, um deus maior nasce na psiquê humana. Torna-se, estruturalmente, a garantia da ordem interna, projetadanum mundo assegurado pela força e predomínio daqueledeus maior.

Tornando-se, o indivíduo, consciente, construindoum ego maduro e preparado para enfrentar seus desafios

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e toda a carga de conteúdos inconscientes, o deus maiorcomeçará a ser substituído. Tomará lugar a consciênciade que lhe pertence o domínio do obscuro mundoinconsciente. A consciência de que o funcionamento doUniverso tem sua participação e de que os “monstros”eram criações do ego imaturo, fomentará o surgimentode novas âncoras psíquicas garantidoras da ordem interna.Isso possibilitará o surgimento de uma nova forma de selidar com a ideia que se tem de Deus. Talvez a evolução,tal qual a enxergamos, seja uma característica dadimensão em que se situa nossa mente. Da mesma forma,concebemos um Deus de acordo com nosso nível decompreensão. Ao invés de se apelar para Deus ou de secriar uma relação psíquica de dependência, ter-se-á aconsciência de que Deus, não mais a ideia de Deus, operaatravés do ser humano, maduro e autodeterminado.

Liberdade em relação à causalidade absolutaA causalidade absoluta, embutida sob nome de lei

de causa e efeito, vem merecendo novas interpretaçõespor conta dos princípios apontados pela Física Quântica.Sob um olhar menos apurado, diz-se que um efeito advémde uma causa, porém não se pode afirmar com precisãoque esta é igual àquele ou mesmo qual sua natureza.

A lógica humana não consegue conviver com a ideiade uma não causalidade para os fatos. Não se aceita apossibilidade de algo surgir do “nada”. Realmente seriadifícil sustentar-se essa ideia. Porém, o mundo subatômicosuscitou uma nova ordem a esse respeito. Os saltosquânticos dos elétrons, sem que se saiba de onde e como

surgem e desaparecem, exigem explicações à consciência.Evocar-se-ia uma outra dimensão, onde eles vão e voltam?Há um certo grau de “liberdade” inerente a tudo noUniverso, que impossibilita a precisão de qualquer ordem?

O espaço geométrico, bem como o tempo, são entespsíquicos ou abstrações necessárias ao funcionamento da

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mente, que necessita de suas concretudes para que oEspírito se insira como vivente. Da mesma forma, acausalidade é uma necessidade do atual nível de evoluçãodo Espírito. Não devemos considerar, porém, que serásempre assim por toda a evolução do Espírito.

A causalidade obedece a uma lógica que nos obriga aaceitar a existência de um ente organizador dos eventos daNatureza, seja uma força, uma energia ou outra coisaqualquer. Tudo parece obedecer uma relação de consequên-cia e de objetividade. Isso seria consequência da mentelógica, ou seria de fato algo inerente aos objetos e seusfenômenos? Se há um papel do observador nos fenômenos,então poderemos aventar a possibilidade de ser ele ofornecedor da causalidade aos eventos. Se há umacausalidade absoluta, então não há liberdade de escolhanem o surgimento de algo novo. Portanto, as coisas sesucedem umas às outras, sendo tudo um arremedo de umaúnica causa inicial. O raciocínio é perfeito, lógico e simples,porém desaprovado por uma ordem de fenômenos que

teimam em se apresentar de forma diferente. Se não hácausalidade, então o que governa a Natureza?A questão não é o que governa, pois a pergunta

implica numa causalidade. Talvez devamos perguntar oque queremos com a Natureza e como ela poderá seapresentar a nós. Há algo que permeia a Natureza e todosos processos, porém não dá mais para acreditar que sejaalgo mecânico e absolutamente racional. Esse algo parececonvidar o humano à realização conjunta de propósitosnão preestabelecidos.

Liberdade em frente da impossibilidade de alteração das leisconsideradas imutáveis

Aprendemos que o Universo é regido por leisimutáveis, segundo uma lógica cartesiana da repetibilida-de dos processos, o que garante a veracidade de enunciados.Significa dizer que os eventos se sucedem logicamente aos

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outros de acordo com um princípio preestabelecido. Issoparece ser garantidor da ordem do Universo. Sem leis,haveria um caos. Na medida em que essa ordem tem aparticipação ativa do observador, ele poderá então intervirnela. Um observador mais consciente poderá, então,proporcionar fenômenos que parecerão não seguir tais leis,visto que seu grau de consciência sobre si mesmo e sobre ofuncionamento daquelas leis ampliou-se. Ele não sóprotagonizará fenômenos que não obedecem aquelasconstruções, antes tidas como leis, como também poderáformular novas leis, mesmo que provisórias, desconhecidasaté então.

Por outro lado, ao se afirmar que é uma lei, têm-se acerteza de que se trata de algo universal, absoluto e válido,sempre. Mas não se vê a própria ciência modificar suasleis quando novos princípios são descobertos? Há quemafirme que tal ou qual lei não é do domínio humano, poisse trata de uma proposição divina. Mas quem tem, de Deus,um mandato, para lhe representar, que lhe traga a

“palavra”? Deus se revela no humano, em todo atohumano, e é pelo humano que surgem suas leis. Quandoobservamos o funcionamento das coisas, acreditamos queassim ocorre por uma lei externa à psiquê humana. Nãopercebemos que as leis que acreditamos existir fora denós se encontram embrionariamente na mente coletiva,constituída ao longo da evolução anímica. Novascompreensões e desdobramentos dessas leis, ditas divinas,fazem parte do amadurecimento humano.

Liberdade em relação ao encontro do Si-Mesmo

Aprende-se, principalmente no Ocidente, que o serhumano deve buscar a Deus. Para tal, ele conta com umarsenal de possibilidades que englobam livros sagrados,sacerdotes que se mostram como intermediários divinos,rituais cabalísticos, substâncias miraculosas, fórmulasmágicas, vestes especiais, palavras místicas, alimentações

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rejuvenescedoras, cultos a divindades, entre outros. Coma consciência de si mesmo e a percepção do divino comoalgo autoportante, deve-se entender a necessidade dedispensar-se tais instâncias, que, na sua maioria, atendema projeções inconscientes.

Liberdade em relação ao domínio do próprio destinoO destino sempre foi algo imaginado pelo ser

humano como pertencente ao divino. Somos conduzidosa ele sem alternativa de mudança ou de escolha. Ou jáestava traçado por Deus, ou pelo carma passado. Agora,podemos antever que o Espírito, dono de seu destino,sabendo-se influenciador da matéria e de todos osfenômenos do Universo, poderá alterar seu destinosegundo alguns limites decorrentes de seu próprio nívelde evolução. A consciência do mito pessoal levará cadaindivíduo a alterá-lo, ou não, de acordo com sua percepçãodo que lhe é mais vantajoso do ponto de vista evolutivo.

Ideias a desconstruirIdeias a desconstruirIdeias a desconstruirIdeias a desconstruirIdeias a desconstruir

Concomitantemente à construção dessas ideias,outras, no entanto, necessitam ser desconstruídas, plas-mando-se um novo edifício psíquico adequado aos paradig-mas quânticos pessoais e coletivos. O processo de des-construção é lento do ponto de vista prático, mas intenso efundamental do ponto de vista psíquico. Muda-se o modode pensar e perceber a realidade e, depois, o de agir.

É preciso buscar não mais raciocinar de acordo com

a causalidade absoluta, mas num universo de probabilida-des de respostas e de eventos não alinhados com causasconhecidas. Deve-se permitir pensar que aquilo que aconte-cerá consigo não estará de acordo com suas expectativasnegativas ou positivas, principalmente em relação aoprimeiro aspecto.

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Deve-se adotar uma religião pessoal não necessaria-mente alinhada com os preceitos formais das religiõestradicionais, mas oriunda da experiência pessoal com seupróprio sentimento de Deus. Buscar o entendimento de queo Deus pregado, discutido e procurado pelas religiões servepara o consumo coletivo, devendo-se adequar o conceitoapreendido com a vivência pessoal. Dentro da dimensãoreligiosa, refletir sobre os meios oferecidos para se alcançara Deus ou a sua máxima essência, compreendendo que setratam de representações arquetípicas; portanto, servemde molde ao encontro da própria forma direta deproporcionar a percepção do Si-Mesmo.

Deve-se passar a considerar que o funcionamentodo Universo obedece princípios desconhecidos, até entãocompreendidos pela causalidade e pela presença de umPrincípio Ordenador Divino, mas que agora devem serconstruídos pelo próprio indivíduo. Tal construção se darána base da tentativa, pelos erros e acertos, cotejando-secom o compartilhamento dos outros. As leis do Universo

serão, agora, percebidas sob um outro olhar, que admitea probabilidade de serem diferentes e surgirem novas acada momento. Consequentemente, a chamada realidadese tornará um mosaico maravilhosamente construído pelomundo interior das pessoas.

A conhecida expressão “O homem é Cocriador daNatureza” ganha novo colorido, pois alcança consciente-mente a dimensão prática. Torna-se possível a realizaçãode projetos, sonhos e todo um mundo interior maravilhoso,pertencente de fato à alma humana.

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DESCONSTRUIR

Causalidade absoluta

Deus coletivo

Antiga ideia de Deus

Leis de Deus e concepçãohumana do funcionamento do

UniversoRealidade definida pelos senti-dos humanos

Religiões como únicas vias deacesso a Deus

Destino inflexível e pré-defi-nido.

CONSTRUIR

Liberdade em relação à cau-salidade absoluta

Deus Pessoal

Liberdade em relação à ideiaclássica de Deus

Liberdade em frente da im-possibilidade de alteração das

leis consideradas imutáveis

Realidade multidimensional

Liberdade em relação ao en-contro do Si-Mesmo

Liberdade em relação aodomínio do próprio destino

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A Busca da Unidade

A tentativa de se encontrar um princípio únicoque justifique os diversos e complexos processos daNatureza, como também englobe a compreensão humanaa respeito da vida e do humano em si mesmo, é antiga. NaFilosofia, os pré-socráticos afirmavam que os quatroelementos – terra, fogo, água e ar – formavam a unidadedas coisas. Posteriormente surgiu o termo átomo(indivisível) representando a unidade da matéria. Na Idade

Média, em busca de uma conciliação entre o espiritual eo material, afirmava-se que fé e razão eram unidades dosaber humano, cujo encontro era possível desde que seaceitasse a supremacia do primeiro em relação aosegundo. Portanto, há muito tempo, a mente humana tentaencontrar a unidade, provavelmente por força doarquétipo do Self , cuja tendência é a organização deprocessos. No Século XX, Albert Einstein tentou encontrarum princípio único que unificasse as principais forças daNatureza, porém sem sucesso. Ele se baseou nos trabalhosdo escocês James Clerk Maxwell (1831 a 1879), que uniu

a eletricidade, o magnetismo e a ótica em suas famosasequações, dando origem ao Eletromagnetismo. Einsteinqueria unir as quatro forças: o eletromagnetismo, agravitação, força nuclear forte e força nuclear fraca. Maistarde, a Teoria das Supercordas tentaria também unificaras teorias do grande com as teorias do pequeno. A

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obstinação de Einstein foi tratada com desdém pelos seuspares, pois ele discordava dos novos conhecimentosoriundos da Física Quântica. Sua obstinação representavauma projeção da grande busca humana pela percepçãoda unidade de Deus. Einstein foi o último físico clássicoe, indiretamente, um dos primeiros cientistas a abrir oscaminhos para a Física Quântica.

O ser humano nasce inconsciente e transita pela

consciência para o encontro com sua própria unidade,isto é, sua individualidade ou designação divina . Antes dese perceber unidade, entende-se como grupo. Nesseprocesso, faz-se necessária a projeção de sua unidade(individualidade) no mundo. Isso pode ser visto, porexemplo, na aceitação e tentativa de compreensão de umDeus único. Independentemente da unidade ou não deDeus, a ideia dessa unidade é representação fundamentalpara a construção da individualidade consciente. Mesmoque não se acredite em Deus ou que se tenha devoção avários deuses, há uma intencional referência a um objeto

transcendente. Para aquela construção, é necessária umalógica racional, constituída pelos seus principaisfundamentos: temporalidade, causalidade e consequencia-lidade . Não parece ser possível a construção de umaindividualidade consciente sem a projeção da ideia deexistir uma unidade, seja ela simbólica ou consideradaconcreta. O Um, o Si-Mesmo , a unidade interna da psiquêhumana, torna-se projetada na procura de uma unidadeexterna. Esse mecanismo (da projeção) é conciliador emface de uma persistente tensão entre o Inconsciente(atemporal, coletivo, parcialmente individual e natural) e

um Consciente (inserido no espaço-tempo, pessoal,parcialmente coletivo e originado do Inconsciente)irremediavelmente conectado aos objetos externos.

Não é sem sentido que os recentes estudos e reflexõessobre as descobertas da Física Quântica nos levem a umadesconstrução de uma unidade externa. Talvez isso seja

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representativo de uma nova possibilidade de compreensãoda Natureza em face do amadurecimento do ser humano,que se liberta da necessidade de se individualizarconsiderando-se separado do outro. Parece que foinecessário passar pela ideia da unidade externa a fim dechegar à unidade interna, para depois se perceberconectado às coisas. Isso não significa que o processo sefinda. Onde se chegará é improvável afirmar-se, mas é

possível, agora, entender que o restante do percurso, oumelhor, a continuidade da caminhada, dependerá menosda crença num Deus externo, e muito mais da consciênciade que Deus se realiza no próprio ser humano.

Na Mitologia Grega há um mito que pode retratar,pelo menos parcialmente, esse novo estágio, no qual aorfandade parece bater à porta da consciência humana.Faetonte, filho de Hélio e Clímene, foi educado sem saberquem era o seu pai. Veio a saber pela mãe, na adolescência,quando decidiu certificar-se da verdade, pois nãosuportava o escárnio dos outros que não acreditavam ser

ele filho de Hélio. Após árdua busca, chega Faetonte aopalácio reluzente de seu pai, Hélio, que disposto a agradaro filho, prometeu-lhe qualquer pedido. Faetonte lhe pedepara conduzir, por um dia, o Carro do Sol, que atravessavao céu conduzido por quatro vigorosos cavalos. Sem podernegar sua palavra, após sérias recomendações para que ocarro fosse conduzido a meia altura, sem ir muito altonem tocasse a terra, Hélio viu suas ponderações de nadavalerem. Quando, na aurora, Faetonte tentava subir o céu,conduzindo os quatro cavalos, estes sentiram que nãoeram mãos firmes nem seguras que os conduziam,

passando a variar de direção e de altura. Faetonte perde ocontrole e a carruagem dispara, tocando as estrelas e osmontes, incendiando céu e terra. Cidades, rios, montes enuvens incendiaram-se, envolvendo o próprio Faetonte.Zeus, deus supremo do Olimpo, vendo a tragédia instalada,lança um de seus poderosos raios contra a carruagem e

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seu condutor, que despenca, morto, no rio Erídano. O raio,certeiramente desferido, estanca o incêndio, deixando aTerra, por um dia, mergulhada em trevas.

Esse mito pode representar não só a audáciahumana, como também a condição inicial de suaincompetência diante da complexidade do Universo. Taiscondições são estimuladoras à busca de uma, cada vezmelhor e mais completa, se é que é possível, formatação

para a Realidade. Somos Faetonte na medida em que nosarrojamos a buscar algo além de nossos limites decompreensão, exatamente para ampliá-los. A diferença éque Faetonte, diversamente do Self , sucumbe, qual egofrágil diante de um grande desafio, maior do que suasforças. O que quer hoje conduzir o “carro do sol” não éum ego frágil, mas o Espírito imortal, que já compreendeser o verdadeiro herdeiro do que era creditado a um Deussuperpoderoso que se reservava o exclusivo encargo decomandar os destinos humanos.

A busca da unidade pressupõe que se venha

encontrar uma harmonia em torno de um centroorganizador, o que não ocorre no mundo subatômico. Nãose consegue medir o grau de ordem ou de desordem nomundo micro. O mundo subatômico talvez não estejasujeito à Entropia, segunda lei da Termodinâmica. AEntropia pode ser traduzida como uma medida estatísticado grau de desordem de um sistema fechado. No mundomicroscópico, o grau de desordem pode aumentar oudiminuir, a depender do próprio sistema. Não se podegarantir que os postulados da Mecânica Clássica sejamvalidos na análise dos fenômenos quânticos. Moderna-

mente, a partir das equações de John von Neumann,conseguiu-se generalizar a Entropia incluindo aspartículas quânticas, porém não se chegou a conclusõesprecisas. Isso quer dizer que o Universo está aberto a novasinterpretações e formulações físicas e, principalmente,metafísicas. A velha ordem cósmica cede lugar a uma outra

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ordem, desta feita com a participação consciente e ativado sujeito observador, o Espírito.

Não há um cosmo, ou um Universo, ou mesmo umaúnica totalidade. A pluralidade é também “regra” naNatureza. Deus é plural e, por isso, singular. Isso podeser depreendido a partir da dificuldade de se encontraruma única formulação que englobe o mundo micro e omacro. Pensar que a teoria das cordas resolve a questão é

o mesmo que se dizer que o enunciado da existência doátomo solucionava tudo. Mesmo que matematicamentese prove que as cordas formam a substância da natureza,resta-nos saber de que elas são feitas. A unidade procuradanão está na natureza, mas na individualidade humana.

A busca da unidade da matéria pôs à mostra umacontradição existente no saber humano: determinismo xliberdade do observador. A Física Quântica põe fim aodeterminismo e à objetividade clássica. A FísicaRelativística vem complementar a Quântica e vice-versa.Porém, nem o determinismo nem o “caos” quântico podem

explicar definitivamente a Natureza, pois há algo semprenovo que possa explicá-la e que gradativamente sedescortina à mente humana. A liberdade do observador,improvável de ser aceita antes da Física Quântica, passaa ter definitivo papel na natureza. O Espírito ganhasupremacia em relação à matéria.

As interpretações dos físicos quânticos são, de fato,provisórias. Não apenas pela fragilidade em se encontraruma teoria que explique os poucos resultados obtidos naspouquíssimas experiências levadas à efeito e na baixaaplicabilidade do que se obtém, mas, principalmente, pela

falta de interdisciplinaridade em se refletir sobre os temase pressupostos. Tal não ocorre só com a Física, mas comtodas as ciências. Novas ciências e novas áreas do saberhumano estão surgindo com a interdisciplinaridade. Foiassim que surgiu a Cibernética pela união da FísicaQuântica, da Matemática, da Engenharia e da Computação.

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Da mesma forma, no campo prático, surgiu a Biotecno-logia, a Biomedicina, a Bioenergia etc..

A unidade não é regra. A mente humana exige suaexistência. Buscar uma teoria unificadora da Natureza é,talvez, menosprezar a Inteligência Divina. A Teoria dasSupercordas pretendeu fazer o que Einstein não conseguiu:uma teoria unificadora dos parâmetros do Universo. Umateoria do tudo. Os velhos alquimistas, travestidos de físicosmodernos, buscam a pedra filosofal . Ela é um dos maisantigos mistérios para a mente humana desvendar.

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Segunda Parte:A Realidade Espiritual

O Que é o Espiritismo?A Religião EspíritaOs Caminhos do EspiritismoImplicações das Ideias Espíritas

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A Realidade Espiritual

Por enquanto, o tema é do domínio das religiões emparticular, porém mais evidenciado no Espiritismo. Creioque se deve ao arquétipo religioso, que busca representa-ções nas experiências relacionadas com a morte, com odestino e com as escolhas humanas. Como a fronteira entreo religioso e o profano cada vez mais se estreita, o assuntopassará para o domínio comum, sendo objeto das ciênciase da normalidade do cotidiano humano. Os limitespsíquicos decorrentes da evolução humana estão sendoreduzidos pelas ideias quânticas, e isso levará a uma maiorcompreensão da realidade espiritual como sendo a origemdo Universo.

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O Que é o Espiritismo?

C omo bem o definiu Allan Kardec (1804 a 1869),“... a doutrina espírita ou o espiritismo tem por princípiosas relações do mundo material com os Espíritos ou seresdo mundo invisível.”9 . Portanto, trata da dimensãoespiritual, inserida no Universo Quântico, do qual, emprincípio, tudo faz parte. A dimensão do Espírito comoalgo que se manifesta no mundo material, sob certascircunstâncias nele detectável, é passível de ser

qualificável matematicamente do ponto de vista da FísicaQuântica.Independentemente da questão moral, sempre

evocada no Espiritismo, a dimensão espiritual é, como amaterial, um campo de manifestação do Espírito, possuin-do características próprias, bem como dinâmicas interati-vas pertinentes. Seria equívoco querer aplicar a lógicacausal, típica da dimensão material, a uma outra comespecificidades pouco conhecidas. A dimensão espiritualobedece a leis próprias, pelas quais o Espírito está habitua-do a se orientar. Quando penetra, ou “toca”, na dimensão

material, há que se adequar a um outro referencial, cujavibração lhe permite plasmar a inteligência, bem comooutros atributos pertinentes.

9 KARDEC, Allan.O livro dos espíritos. Salvador: Ed. Harmonia, 2007, p. 15.Introdução ao estudo da doutrina espírita, item I.

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O Espiritismo abre possibilidades amplas depercepção, ainda dentro de estreitos limites, utilizando-se da lógica e do bom senso pertinentes à vida material, aoutras dimensões da realidade do Universo. Isso amplia acompreensão da mente humana para outras dimensões aserem experienciadas naquilo que entendemos ser aevolução do Espírito.

O Espiritismo, visto e praticado como uma religião,

responde ao anseio psíquico de atingir-se a transcendênciada superação da dimensão material. Tal formato parececapacitar a mente a incursões em níveis dimensionais nãoatingidos pelo exclusivo uso da razão, pertencente ao inte-lecto humano. É a prática da mediunidade que possibilitaa ampliação da consciência, capacitando a mente para iralém dos limites do sistema cerebral. Esse exercício, damediunidade, deve ser cautelosa e persistentemente expe-rimentado mediante metódico processo de aprendizagem,em face de suas implicações com o Inconsciente, matrizdas motivações humanas. Como a consciência do eu aindanão consegue lidar adequadamente com o Inconsciente,a possibilidade da mediunidade originada da dimensãoinconsciente torna a questão mais complexa.

A crescente aceitação e procura pelo Espiritismo,pelos mais diversos motivos, demonstra que já estáhavendo, ao menos embrionariamente, o desenvolvimentode habilidades psíquicas adequadas à imersão do ego nadimensão espiritual. Isso coloca o Espiritismo, como meio,ao alcance do ser humano para que acesse dimensõesexistenciais distintas da dimensão material em que vive e

atua. O conhecimento do Espiritismo permite uma maiorcompreensão do Universo Quântico, pois amplia aconsciência para a percepção multidimensional. OEspiritismo é uma espécie de portal de acesso a dimensõesque agora a Física Quântica descobre e comprova, aomenos matematicamente, a existência.

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Há um só Espiritismo, fundado por Allan Kardec.Porém, a realidade do Espírito após a morte é muito maisampla do que tem sido possível ser captado pela mediuni-dade. O Espiritismo de hoje, ao menos na cultura brasi-leira, apresenta, pela via mediúnica, uma formatação darealidade espiritual muito semelhante ao que ocorre nadimensão material. Isso é relativo ao estágio de desenvol-vimento da psiquê humana, sendo, portanto, uma percep-ção provisória.

A doutrina do Espiritismo se fundamenta na existên-cia, individualidade e comunicabilidade dos espíritos, sendoestes a matriz da pessoa humana e a continuação da suavida após a morte do corpo físico. Os desdobramentosdesses princípios, explicitados na prática do Espiritismo,forjam o que se conhece com o nome de MovimentoEspírita. O espectro de práticas entre os adeptos e osmodelos de instituição são muito extensos, estando longede existir uma homogeneidade. A diversidade existente naspráticas espíritas não se deve, em geral, a divergências de

interpretação da doutrina do Espiritismo, mas às diferentescaracterísticas psíquicas de seus dirigentes e seguidores.A meta do Espírito é sua evolução, para que alcance

níveis superiores de compreensão do Universo e das leisque o organizam. O Espiritismo propõe um modelo deevolução calcado no ser humano, numa perspectiva espiri-tual, portanto, independentemente da vida material, sem,entretanto, relevar sua importância. O fator central é oEspírito e não a pessoa encarnada, enviesando parcial-mente, por esse motivo, o olhar para o Além, em detri-mento da vida no corpo físico.

Postulando-se como revelador das leis do mundoespiritual, coloca-se como doutrina assessória não só àsreligiões como também a todo conhecimento humanoexistente e por vir. Com ele, pode-se reinterpretar ahistória, bem como as origens da vida humana. Nessesentido, o Espiritismo deve ser encarado como um saber,

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à semelhança do que vem ocorrendo com a FísicaQuântica, que, mesmo contestada por muitos, revela algoimponderável, controvertido e transcendente.

Uma doutrina, enquanto explicação de fatos ésempre provisória. A essência de que ela trata pode ser defato real, porém merecerá, a cada novo paradigma quesurja, uma releitura. Não é diferente com o Espiritismo,cujos princípios revelam aspectos estruturais da realidade

disponível ao humano, mas que deve ser explicitado deacordo com a época e com o nível de evolução do Espírito.Clareando a noção de ser humano, inserindo-o na

dimensão espiritual, que engloba a material, o Espiritismopropõe uma releitura do conceito de vida humana. A vidahumana se inicia na concepção e se finda na morte docorpo físico, porém a vida do Espírito não tem iníciodefinido. Iniciou-se e não tem fim. Quando se discute oconceito de vida e seu início, está-se referindo, portanto,exclusivamente, ao momento em que o Espírito inicia oucessa sua conexão com o corpo físico.

O Espiritismo esclarece a existência do Espíritocomo individualidade imortal, dotado de um corpoespiritual que se acopla ao corpo físico a cada nova encar-nação. A individualidade é o Espírito. A pessoa encarnada,ou desencarnada, é o espírito. Aquele é a essência criadadistinta da matéria, e este é o que é dotado de razão, játendo alcançado a condição humana. O espírito é aqueleque tem uma mente ou psiquê , que lhe permite conectar-se à realidade. O Espírito é o princípio inteligente ouPrincípio Espiritual, real fator de evolução.

Uma pergunta salta à consciência: ante os postulados

probabilísticos da Física Quântica, o que é o Espírito? Éele o observador, que modifica o Universo? De fato, oEspírito é o senhor dos Universos, isto é, da realidade naqual se insere. Foi-lhe outorgada pelo Criador a condiçãode construir o que pensa, sente e experiencia . O Espiritis-mo, ao trazer as leis do mundo espiritual, oferece ao ser

Uma doutrina, enquanto explicação de fatos, ésempre provisória. A essência de que ela trata pode ser defato real, porém merecerá, a cada novo paradigma quesurja, uma releitura. Não é diferente com o Espiritismo,cujos princípios revelam aspectos estruturais da realidade

disponivel ao humano, mas que deve ser explicitado deacordo com a época e com o nível de evolução do Espírito.

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humano a condição de apropriar-se de ferramentasimprescindíveis àquela construção.

Por outro lado, a matéria é algo que vibra e, sobcertas condições, coagula-se, formando o que conhecemoscom o nome de Universo. Pode-se pensar que esse algo éespiritual, mas esse termo é muito amplo. Talvez esse algoseja o que o Espiritismo chama de Princípio Material, queestá disponível ao Princípio Espiritual para que a Vida se

realize. O Princípio Espiritual colapsa a matéria sobdeterminadas contingências. O Princípio Material é susce-tível à inteligência que circula livremente no Universo. Todoato humano, ativa algo que entra em colapso no Universo,tornando-o consciente. Aquele que deseja, sonha, constrói,experiencia e evolui é o Princípio Espiritual. Enquanto oPrincípio Material vibra, o Princípio Espiritual realiza ocriador.

O Espiritismo considera que existe uma forma deenergia sutil, como um fluido, que serve ao Espírito,também para a formação de seu corpo espiritual, conhe-

cido como perispírito. Esse fluido, que é a base daformação da matéria, é inacessível ao olho humano,prestando-se à produção de inúmeros fenômenos chama-dos de mediúnicos. As atuais considerações da FísicaQuântica propõem que a matéria seja constituída de cordasque vibram. Isso se aproxima da ideia espírita de que oUniverso material é um conjunto de diferentes vibraçõesao influxo de algo que as governa. Os constituintes doUniverso são coagulados segundo uma supraordem, aindaincompreensível ao humano.

O Espiritismo apresenta um conhecimento transcen-

dente que tem sido constatado por algumas ideiasquânticas. Indiretamente, os físicos estão tateando o queé da ordem do mundo espiritual. As ideias quânticas sãocompreensíveis quando se alcança a percepção dadimensão espiritual, compatível com um Universo plural,que abriga o causal e o não-causal.

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O espírito André Luiz, analisando os conceitos daFísica Quântica, afirma que:

O homem passou a compreender, enfim, que amatéria é simples vestimenta das forças que o ser-vem nas múltiplas faixas da Natureza e que todosos domínios da substância palpável podem ser ple-namente analisados e explicados em linguagemmatemática, embora o plano das causas continue

para ele indevassado, tanto quanto para nós, ascriaturas terrestres temporariamente apartadas davida física.10

Portanto, muito há ainda que se descobrir neste eno outro lado da Vida.

10 ANDRÉ LUIZ,Mecanismos da mediunidade . Psicografado por FranciscoCândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973, p.39.

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A Religião Espírita

A s sociedades se organizam em torno dosmeios de subsistência. Não são aglomerados aleatóriosou núcleos de indivíduos que se reúnem ao acaso. Porforça do instinto básico e primordial de se manterem vivos,múltiplos processos são vividos pelos indivíduos, propor-cionando a integração de competências e habilidades psí-quicas. Em paralelo àquele instinto, um outro, de naturezanão orgânica, que Jung deu o nome de arquétipo religioso,

estimula o ser humano na busca de um sentido transcen-dente para sua própria existência. Esse instinto é respon-sável pelo surgimento dos ritos e das religiões. A religiãoespírita também atende a aquele arquétipo.

O Espiritismo se instalou no Brasil ainda duranteos estudos de Allan Kardec. Data de 1865 o primeiroCentro Espírita do Brasil, o Grupo Familiar de Espiritismo,fundado na Bahia por Luís Olímpio Teles de Menezes (1825a 1893), que, em 1869 editou o primeiro jornal espírita, O

Eco do Além Túmulo , que chegou a circular fora do país.Já em 1866, Luís Olímpio defendia o Espiritismo dos

ataques que lhe fazia o arcebispado da Bahia. Mesmo queo Espiritismo não se intitulasse uma religião, a IgrejaCatólica, ao atacá-lo, colocava-o no rol das religiões.

A via religiosa foi a mais adequada para a dissemi-nação do saber espírita. Ao trazer explicações às parábolasdo Cristo, apresentando a caridade como meio de

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crescimento pessoal e concitando as pessoas à transforma-ção moral, não restou aos católicos insatisfeitos com suadoutrina e desejosos de resolver suas questões mediúnicas,senão migrar para o Espiritismo. Uma religião nascia ese impunha entre outras, tradicionais e conservadoras. Areligião espírita se iniciou pelo estudo e pela prática damediunidade e da caridade.

De certa maneira, ter se tornado uma religião envie-

sou o Espiritismo, até mesmo atraindo uma certa resistên-cia dos meios científicos em aceitar temas relacionadosao espiritual/mediúnico como objetos de pesquisas. Issodurou por algum tempo, porém, por força da natureza epara tentar negar o que não concordavam, alguns temasespíritas se encontram em estudos nas academias de váriospaíses.

Mas o viés não foi despropositado. Creio que, semele, o Espiritismo não conseguiria chegar aonde chegouna consciência coletiva. Pela via religiosa, e não apenaspela razão, que exige a crença como conexão com o sagra-

do e a vivência de certas experiências numinosas, às quaisestão associadas certas qualidades transcendentes, é quese tornou possível o alicerce de princípios fundamentaisna mente humana.

Devo assinalar que o Espiritismo não é apenas umareligião nem deve deixar de sê-lo. Deve ser praticado comouma religião de autotransformação, sem dissimulaçõescom propostas salvacionistas e alienantes. Fundamentalque não se perca o foco da ampliação da consciência deque o humano é um espírito encarnado, cuja meta é aevolução.

O Espiritismo apresenta uma face nitidamente reli-giosa, como já analisado anteriormente, porém, indepen-dentemente desse formato coletivo, ele aponta para algomaior, para uma realidade mais ampla e além dos limitesda consciência. Como religião, copia o modelo cristão deoutras escolas evangélicas, mas adianta-se a elas propondo

mediúnicas

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o autoconhecimento, o autodescobrimento, a autotrans-formação e a autoiluminação. Seus princípios promovema consciência da responsabilidade espiritual pessoal, semtransferi-la à divindade. Não propõe salvação, no conceitoclássico de redenção e bem-aventurança mágica, masesforço de transformação por várias encarnações, paraevoluir.

Semelhante à proposta espírita, Swami Vivekananda

(1863 a 1902), em uma de suas célebres conferências nosEstados Unidos, entre 1893 e 1897, afirmava o quanto éimportante se ter noção da divindade da alma. Ele seaproxima da ideia de que há um significado nãomecanicista nem causalista para a existência do serhumano, atribuindo-lhe uma condição essencialmentedivina. As afirmações de Vivekananda se casam com oEspiritismo, na medida em que propõe uma religiãopessoal e não a adoção sectária de uma religião coletiva.

Carece, o seio do Movimento Espírita, de discussãosobre os princípios básicos do Espiritismo, no intuito de se

encontrar novas formas de apreensão do saber que elesrepresentam. Sem essa discussão, eles acabam, com otempo, virando dogmas, e seus adeptos se tornando,inevitavelmente, fundamentalistas. Os pilares básicos sãoas ideias expressas por palavras, que tomam o formato daépoca em que foram construídas. Por exemplo: areencarnação é um fato que alicerça a ideia da evolução.Para justificar a reencarnação, ideias de causalidadedeterminística são afirmadas e veiculadas, desviando osentido oculto da evolução. Apoiar-se na chamada lei decausa e efeito para argumentação em favor da reencarna-

ção pode torná-la frágil. Exceções podem merecer esseprincípio, mas não a totalidade dos casos. A liberdade deescolha, conhecida como livre-arbítrio, reduz a força doargumento, pois pode-se modificar o destino a partir detransformações interiores. A evolução é que deve ser a regra.Evoluir é conquistar gradativamente a autodeterminação,

Semelhante à proposta espírita, Swami Vivekananda(1863 a 1902), em uma de suas célebres conferências nosEstados Unidos, entre 1893 e 1897, afirmava o quanto éimportante se ter noção da divindade da alma. Ele seaproxima da ideia de que há um significado não mecani-cista nem causalista para a existência do ser humano,atribuindo-lhe uma condição essencialmente divina. Asafirmações de Vivekananda se casam com o Espiritismo,na medida em que ele propõe uma religião pessoal e nãoa adoção sectária de uma religião coletiva.

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adquirir o saber sobre a Vida, apreender o conhecimentodas leis de Deus, alcançar o estado de felicidade etc. Issorequer uma mente cada vez mais apta e complexa paralidar com o que evolui constantemente. A linguagem a serutilizada deve merecer permanente atualização e as ideiasque alicerçam devem conter os novos paradigmasconhecidos. Sobre evolução, não cabe mais utilizar-se deideias determinísticas num Universo cuja compreensão é

probabilística.A religião espírita é postulada como aquela que, defato, levará seu adepto aos propósitos que almeja, porémse deparando com as consequências de seus atos na vidamaterial. É considerada como sendo o Cristianismoredivivo, isto é, renovado, que retornou mais adequadoaos novos tempos. Isso de fato não corresponde àrealidade. As teses espíritas estão, em sua maioria, forado Cristianismo, salvo se o interpretarmos hoje à luz doEspiritismo. Portanto, não é algo que retorna. A afirmaçãode que Espiritismo é Cristianismo reduz aquele, que de

fato explica este último, como quis Allan Kardec aoescrever O Evangelho Segundo o Espiritismo . A afirmaçãocausa indignação às lideranças das religiões que têm oCristianismo como base de seus ensinamentos, pois pareceexcluí-las. A religião espírita é cristã, mas o Espiritismo émais do que religião, portanto, é diferente e independentedo Cristianismo. Sem o Cristianismo não teríamos oEspiritismo tal qual se pratica, porém isso não significaque seja a mesma coisa.

O Cristianismo, desde Paulo de Tarso, seu fundador,tem seus rituais, preceitos e normas. O Espiritismo, desde

Allan Kardec, seu fundador, claramente põe, em seusfundamentos, a reencarnação, a comunicação livre comos espíritos desencarnados, a percepção espiritual a respeitoda Vida e do Universo, sem rituais ou fórmulas cabalísticas.

Confundir Cristianismo com Espiritismo é, proposi-tadamente, reduzir este em favor daquele, enviesando o

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amplo saber que se descortina ao Espírito. O Cristianismocompreendido pelo Espiritismo difere daquele que éinterpretado pelas religiões cristãs, pois há uma clarainserção das teses espíritas, principalmente a reencar-nação e a mediunidade.

Não creio que haja possibilidade de exclusão doCristianismo no Espiritismo, pois aquele constitui a viade expressão deste, além de ser sua maior bandeira moral.

Um outro tema a respeito do Espiritismo, tal qual écompreendido pela maioria da população que o pratica,é causalidade e destino. Tem corpo, nos meios espíritas, oargumento do axioma da causa inteligente para um efeitointeligente, pertencente ao período no qual vigoravam asideias e paradigmas da Física Clássica para justificar aexistência de Deus. O raciocínio é correto, lógico ecoerente com a época, porém, agora com as ideiasquânticas, perde sua força. Em princípio, a existência deDeus não necessita de provas, pois a consciência humana(e o Inconsciente) O sentem. As ideias quânticas exigem

uma supranatureza para justificá-las, pois a humana nãose habilita. Uma prova será sempre provisória e inerenteao meio e a época em que ocorre. A ideia da previsibilidadedos fenômenos, consequência direta da Física Clássica,conduz ao absurdo de se acreditar no mecanicismo. Coma ideia de uma lei de causa e efeito, muitas vezesconsiderada como absoluta, principalmente para justificara reencarnação, o Espiritismo contribui para uma visãotambém mecanicista. Nesse aspecto, o Espiritismo tantoquanto a Física têm dificuldade em abandonar oparadigma da causalidade mecanicista. A chamada lei de

causa e efeito parece inferir a existência de uma espéciede determinismo espiritual.Considerar que exista uma lei de causa e efeito

baseando-se em O Livro dos Espíritos é não tê-lo lidoadequadamente e de forma contextualizada. O axioma queafirma que não há efeito sem causa não torna a ideia uma

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lei. Apenas nos leva à busca de causas, contrariando apossibilidade de existirem interações instantâneas. É maisprudente se afirmar que é possível existirem fenômenoscujas causas possam estar em outras dimensões. Aindaassim, poder-se-á questionar a causa que gerou a causa.Quando aquela causa for a vontade humana com suacapacidade criativa, talvez se possa entender que podehaver um início sem uma causa material anterior.

A consciência do observador que se desenvolveunaqueles princípios, que se estruturou considerando quesuas ações promovem alterações na realidade, aceitará oraciocínio linear da causalidade absoluta. À medida queo observador se torna autônomo, maduro, autoconscienteda propriedade de si mesmo, perceberá imensaspossibilidades de alteração de consequências lineares dascausas perpetradas. O curso da “lei” é o curso daconsciência.

A ideia da existência de tal lei pode nos fazer apenas,e tão somente, modificar as consequências, tentando

adequá-las a modelos petrificados pela cultura de umaépoca. Corre-se o risco de não se pensar em gerar novascausas, que necessariamente não precisam gerar efeitos,e novas possibilidades de ser e de existir no mundo.

Isso nos leva a questionar a necessidade de se querermudar o passado ou mesmo esquecê-lo, o que decorre datendência de se acreditar que o presente está por contado passado, excluindo o novo, o criativo e o tempo. Deve-se aprender com o passado, mas não se fixar nele nemdesejar apagá-lo. Ele pertence ao contexto em que foigerado e não deve ser analisado com a consciência do

presente para recriminar-se, mas para recondicioná-la àcriatividade, sem que se aguarde consequências desastro-sas. O mal do passado apenas atesta a ignorância doEspírito no tempo em que ele ocorreu e, quando eliminada,proporcionará outras possibilidades de ações não maistidas como negativas.

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Por outro lado, os fenômenos mediúnicos, estudadosexaustivamente no Espiritismo, são situados no tempo eno espaço para serem compreendidos. Não se deveesquecer que esses dois princípios são arquetípicos,portanto, não são entes concretos, mas vetores psíquicospara integração das experiências do Espírito, no corpofísico ou fora dele.

Espiritismo, como religião, terá o desafio de mudar

os paradigmas que reinam na consciência de seus adeptos,sobretudo no que diz respeito à ideia de salvação e decausalidade absoluta.

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Os Caminhos do Espiritismo

O Espiritismo se fixa, cada vez mais, como ummovimento religioso. Malgrado o desejo de alguns, essa trilhatem sido percebida pelos temas abordados em palestras,livros e eventos (semanas espíritas, encontros confraterna-tivos, congressos etc.). Além disso, a centração na figura deJesus Cristo como modelo a ser seguido e a recorrência aoEvangelho cristão como norma moral do Movimento Espíritademonstram a tendência do Espiritismo como movimento

religioso.Os grandes Centros Espíritas e os principais líderesdo Movimento Espírita exaltam o aspecto religioso, centran-do a sua ação no serviço desinteressado aos que sofrem ouaos que são desprovidos de condições adequadas de subsis-tência, oferecendo-lhes a consolação e a certeza da imorta-lidade. Muito provavelmente isso decorre do teor das mani-festações mediúnicas, que maciçamente doutrinam para tal.

Essa designação tem propósitos bem definidos e écoerente com as necessidades sociais e psicológicas dopovo brasileiro. Há uma notória carência consoladora e

religiosa entre aqueles que concordam com os princípiosespíritas. A religiosidade humana é uma dimensão queainda necessita ser atualizada com projeções típicas dosmovimentos que tratam de temas transcendentais.

A via religiosa “escolhida” pelo Espiritismo foi apropícia e talvez única para que se alcançassem os

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propósitos de ampliação da consciência humana. Issotambém pode ter ocorrido por conta das personalidadesdesencarnadas que implantaram o Espiritismo, pois, nasua maioria, foram, em existências passadas, os pais daIgreja Católica.

A evolução do Espírito é um processo que deve sertornado consciente, o que de fato vem ocorrendo, comose pode observar, pelo desenvolvimento intelectual e moral

da Humanidade. Cada época trouxe seus paradigmas,promovendo novos hábitos, novos costumes, eliciados pornovas ideias e conceitos. Assim, não poderia ser diferenteno Espiritismo, pois vamos encontrar no corpo da suadoutrina a seguinte afirmação de Allan Kardec:

Espiritismo, pois, não estabelece como princípioabsoluto senão o que se acha evidentemente demons-trado, ou o que ressalta logicamente da observação.

Entendendo com todos os ramos da economia social,aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas,assimilará sempre todas as doutrinas progressivas,

de qualquer ordem que sejam, desde que hajamassumido o estado de verdades práticas e abandonadoo domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria.

Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial . Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele semodificaria nesse ponto. Se uma verdade nova serevelar, ele a aceitará. 11

Pode-se observar que o fundador do Espiritismo

admitia a possibilidade de atualização do saber espíritacom a incorporação de novas verdades e com a alteraçãode algum princípio pré-estabelecido, já ultrapassado por

11

KARDEC, Allan. A gênese . 24. ed. Rio de Janeiro: FEB. 1982, p. 44. Caráter darevelação Espírita, item 55.

Espiritismo, pois, não estabelece como princípioabsoluto senão o que se acha evidentemente demons-trado, ou o que ressalta logicamente da observação.Entendendo com todos os ramos da economia social,aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas,assimilará sempre todas as doutrinas progressivas,de qualquer ordem que sejam, desde que hajam as-sumido o estado de verdades práticas e abandona-do o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria.Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e aoseu fim providencial. Caminhando de par com oprogresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado,porque, se novas descobertas lhe demonstrassemestar em erro acerca de um ponto qualquer, ele semodificaria nesse ponto. Se uma verdade nova serevelar, ele a aceitará. 11

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novos paradigmas. Ele reafirma essa dinâmica num outroescrito, sobre a constituição do Espiritismo, dizendo:

O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essen-cialmente progressivo da Doutrina. Pelo fato de elanão se embalar com sonhos irrealizáveis, não se

segue que se imobilize no presente. Apoiada tão-sónas leis da Natureza, não pode variar mais do queestas leis; mas, se uma nova lei for descoberta, temela que se pôr de acordo com essa lei. Não lhe cabe

fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as ideias reconhecida-mente justas, de qualquer ordem que sejam, físicasou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, cons-tituindo isso uma das principais garantias da sua

perpetuidade. 12

Não estava ele se referindo exclusivamente ao para-digma quântico, mas a todos aqueles que fossem cientifi-camente comprovados e testados pela alma coletivahumana. Isso implica numa investida dos estudiosos elíderes espíritas na reflexão e incorporação desses novosprincípios ou na constituição de outros que surgirem,ampliando o alcance do conhecimento espiritual.

Há, no entanto, como em todo movimento religioso,uma certa inércia ou lentidão para modificações, muitasvezes consideradas precipitadas e desestabilizadoras do

status quo reinante. Pensa-se que haverá redução deadeptos, ou que não se atenderão às necessidades religio-sas das pessoas, ou mesmo que alterações atentam contraa ordem cósmica. Há ainda aqueles que não as aceitampor não terem elas surgido nas hostes espíritas, através

de alguma comunicação mediúnica de fonte segura.Aqui e ali, sob essa desconfiança, surgem algunsadeptos corajosos, estudiosos de mente aberta, que

12

KARDEC, Allan. Obras Póstumas . 16. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977, p. 348.Constituição do Espiritismo.

O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter es-sencialmente progressivo da Doutrina. Pelo fato deela não se embalar com sonhos irrealizáveis, nãose segue que se imobilize no presente. Apoiada tão-só nas leis da Natureza, não pode variar mais doque estas leis; mas, se uma nova lei for descoberta,

tem ela que se pôr de acordo com essa lei. Não lhecabe fechar a porta a nenhum progresso, sob penade se suicidar. Assimilando todas as ideias reco-nhecidamente justas, de qualquer ordem que se-

jam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultra-passada, constituindo isso uma das principais ga-rantias da sua perpetuidade. 12

Não estava ele se referindo exclusivamente ao para-digma quântico, mas a todos aqueles que fossem cientifi-camente comprovados e testados pela alma coletivahumana. Isso implica numa investida dos estudiosos elíderes espíritas na reflexão e incorporação desses novosprincípios ou na constituição de outros que surgirem,ampliando o alcance do conhecimento espiritual.

Há, no entanto, como em todo movimento religioso,uma certa inércia ou lentidão para modificações, muitasvezes consideradas precipitadas e desestabilizadoras do

status quo reinante. Pensa-se que haverá redução deadeptos, ou que não se atenderão às necessidades religio-sas das pessoas, ou mesmo que alterações atentam contraa ordem cósmica. Há ainda aqueles que não as aceitampor não terem elas surgido nas hostes espíritas, atravésde alguma comunicação mediúnica de fonte segura.

Aqui e ali, sob essa desconfiança, surgem algunsadeptos corajosos, estudiosos de mente aberta, que

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escrevem ou expõem novas ideias, novos princípios, queecoarão, muitos anos depois, em gerações futuras. Noentanto, a maioria usa expressões como: “com outraspalavras, o Espiritismo afirmava o mesmo”, porémretornando ao discurso anterior, sem incorporar as novasverdades.

Graças ao movimento religioso, o Espiritismo semantém e é cada vez mais procurado, primeiramente pela

maioria cristã-católica, que lhe acrescenta sutilmentevelhos hábitos e práticas retroalimentadoras da inérciaou lentidão para mudanças.

Isso não significa que será sempre assim. Novosespíritos espíritas reencarnam trazendo paradigmas quese instalaram no mundo espiritual e que vigorarão nasociedade dos encarnados. Essa é uma expectativa dosque desejam o progresso humano de forma não enviesada.Será uma nova geração que reencarnará na era daCibernética, da Nanotecnologia, da Ética Global, daEcologia, das ideias quânticas e da participação consciente

do observador (Espírito Imortal) no Universo que o cerca.Talvez, apressadamente, concluamos que, no futuro,os espíritos desencarnados se comunicarão facilmente ea qualquer momento, facultados por sofisticados aparelhoseletrônicos. Seria o mesmo pensamento da criança quequer encontrar brinquedos em todo lugar e por toda avida, sem imaginar que há uma vida adulta na qual hámúltiplos interesses. Não podemos esquecer de que osespíritos desencarnados têm suas ocupações inerentes àdimensão espiritual. A grande maioria dos espíritosdesencarnados não se ocupa da vida na matéria, pois o

que é vivido e percebido no Mundo Espiritual apresentafantásticas motivações inimagináveis à consciênciaencarnada.

Futuramente, princípios como a reencarnação, amediunidade, a amorosidade, entre outros, incutidos nafamília, na educação infantil, certamente possibilitarão

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mudanças necessárias e muito importantes à sociedade.Uma mudança social que promova a prosperidadematerial, reduzindo o sofrimento, a miséria e a descrença,conduzirá a uma nova forma de divulgação daquelesprincípios, com um novo entendimento de significados.

Deve-se perguntar os motivos pelos quais oEspiritismo, nos países que não falam a língua portuguesa,com a mesma proporção populacional, não desperta o

mesmo interesse que se verifica nos brasileiros. Pensa-seque é por causa do materialismo supostamente dominantenas outras culturas e, por outro lado, no continente asiáticoe Oriente Médio, por não terem maioria cristã. Talvez não,pois se pode observar demonstrações de efetiva religiosi-dade em todas as culturas. Isso nos leva a conjecturarque a sociedade espiritual é tão eclética quanto a material.Não há, nem do lado de cá, nem do outro lado, umaunidade de compreensão sobre a imortalidade.

O exclusivo apelo religioso, que enviesa o saber arespeito das questões que envolvem a imortalidade do ser

humano, é uma das justificativas; a prosperidadealcançada, que eliminou os problemas e conflitos de buscada sobrevivência é outra; mas a principal talvez seja ainsistente e intensa veiculação, pelos espíritas, das imagensarquetípicas, sem se descer especificamente aos aspectosparticulares da psiquê individual. Isso quer dizer que oEspiritismo, como vem sendo divulgado e vivido pelos seusadeptos e pelas instituições que o representam, tem umcaráter genérico, não descendo ao indivíduo em particular.A atualização do arquétipo religioso atende ao ser coletivosem de fato atingir o ser humano, isto é, ao indivíduo em

particular, que necessita se transformar em sua singulari-dade. Ocupa-se em fazer, ao menos veladamente, adeptosàs ideias espíritas, mesmo com um discurso explicitamentecontrário.

Por outro lado, a sociedade não é constituída porseres humanos isolados, cuja transformação pessoal

O exclusivo apelo religioso, que enviesa o saber arespeito das questões que envolvem a imortalidade do

ser humano, é uma das justificativas; a prosperidadealcançada, que eliminou os problemas e conflitos debusca da sobrevivência, é outra; mas a principal talvezseja a insistente e intensa veiculação, pelos espíritas, dasimagens arquetípicas, sem se descer especificamente aosaspectos particulares da psiquê individual. Isso querdizer que o Espiritismo, como vem sendo divulgado evivido pelos seus adeptos e pelas instituições que orepresentam, tem um caráter genérico, não descendo aoindivíduo em particular. A atualização do arquétiporeligioso atende ao ser coletivo sem de fato atingir o ser

humano, que necessita se transformar em sua singulari-dade. Ocupa-se em fazer, ao menos veladamente, adeptosàs ideias espíritas, mesmo com um discurso explicita-mente contrário.

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levaria automaticamente ao seu desenvolvimento, mas simpor seres humanos que vivem processos e relações detransformação. O apelo do Espiritismo deveria ser duplo,ao coletivo e ao individual. As instituições deveriam, ecreio que terão de fazê-lo em breve, incluir atividades que,de fato, levem as pessoas ao aprendizado das questõesespirituais e, principalmente, da implicação dessasquestões em sua vida. Tais atividades deverão levar em

consideração as características da pessoa e não apenas ocoletivo.O trabalho, o dinheiro, as máquinas, a riqueza, bem

como tudo aquilo que é processo da sociedade materialmerecem a devida atenção do Espiritismo, para que nãohaja uma dissociação entre o que o indivíduo vive e o queaspira para seu futuro após a morte.

As instituições espíritas devem ensinar Espiritismocontextualizando-o e levando em consideração que se estánuma sociedade material, cujo desenvolvimento eprogresso merece a devida atenção. O espírito encarnadodeveria encontrar, na instituição espírita, cursos deEspiritismo que contribuíssem efetivamente para ampliara sua percepção do Universo, visando a sua autotransfor-mação e a conscientização de que ele é o principaloperador das transformações não só sociais como tambémdo cosmos.

O caminho mais eficaz para que o Espiritismoalcance os propósitos de ampliação da consciência daspessoas deve ser a implantação de escolas de Espiritismo,cujo currículo deverá levar em consideração os aspectos

particulares de cada Espírito que procure suas luzesesclarecedoras. Enveredar pelos caminhos da Educação,utilizando-se de uma pedagogia baseada na imortalidadeda alma, sem desprezar a vida material, é o caminho quepromoverá uma atualização do arquétipo religioso, semenviesar o saber a respeito das questões espirituais.

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Nada poderá obstaculizar o progresso do serhumano, pois é irreversível sua ascensão, para qual oEspiritismo é um dos instrumentos disponíveis. Caso nãoseja bem utilizado pelos que se consideram responsáveispela sua divulgação, outros instrumentos surgirão.

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Implicações das Ideias Espíritas

O Espiritismo apresenta, à sociedade, as leis dadimensão espiritual, para que ocorra a evolução do Espí-rito e o progresso da Humanidade. Apoiando-se na mensa-gem cristã, esclarece seus princípios, atualizando concei-tos para a iluminação das consciências. Por força do for-mato como se apresenta o Espiritismo, a Humanidade,no entanto, tem sido restringida ao povo brasileiro, cujascaracterísticas delinearam o alcance de sua doutrina. Os

meios e métodos utilizados dificilmente levarão aos finspretendidos. A esperança, porém, permanece entre osespíritas, retroalimentando a empolgação de alguns.

Independentemente dessa situação, as ideias e con-ceitos espíritas, disseminados no seio da sociedade, pro-moverão o aprimoramento da Humanidade, pois não serestringem à divulgação promovida pelo Espiritismo. Amaioria de seus princípios está gradativamente seinstalando na consciência coletiva, alterando o modo deentender o Universo e de viver a vida.

Essas ideias são reveladas nas várias áreas do saber

humano e se disseminam sutilmente, malgrado os siste-mas, religiosos ou não, que cristalizam o conhecimentohumano. Em alguns pontos, essa cristalização pode serobservada nas religiões conservadoras, quando teimamem impedir o avanço de ideias que parecem comprometerseus dogmas ou princípios.

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De tempos em tempos, a Humanidade, recriando-se,apresenta novas revelações, atualizando a psiquê humanapara outras etapas evolutivas. Tais revelações, mesmoapresentando novos paradigmas, contêm uma espécie desíntese aprimorada que engloba o conhecimento até entãoadquirido na sociedade. Três dessas revelações me chamama atenção pelas transformações que podem ser observadasna Humanidade, quer no Ocidente, quer no Oriente. Uma

das revelações se deu no campo religioso, outra, no campoespiritual e a última, no campo da ciência. A primeira foi oCristianismo, revelando um novo formato de entendimentodo divino, bem como sugerindo uma práxis religiosafundamentada no amor e no perdão. A segunda, foi oEspiritismo, revelando as leis da dimensão espiritual,promovendo estudos e orientações a respeito da comuni-cação mediúnica. A terceira e última, a Física Quântica,revelando a não causalidade e a multidimensionalidade noque chamávamos de Realidade. Estas três revelaçõesmodificaram o modo de sentir, pensar e agir do ser humano,

até mesmo para aqueles que não são cristãos, para os quenão concordam com os princípios espíritas e para os quenão aceitam os postulados da Física Quântica. Querendoou não, conscientes ou não do que ocorre no mundo,sabedores ou não dessas revelações, todos indistintamentesofrem-lhes as influências.

Os que não são cristãos sentem os efeitos indiretosdas políticas dos países cristãos, superpotênciaseconômicas, sendo envolvidos pela economia global, cujospadrões ditam seus valores. Países como a China, a Índia,o Japão, bem como os mundos árabe, judeu e mulçumano

acabam por serem influenciados pelos valores dos paísescristãos. A mídia, o comércio, os organismos multilateraise a tecnologia originadas nos países cristãos contami-naram positivamente o mundo.

Os que não são espíritas, a minoria brasileira,receberam e recebem influência das ideias geradas com o

Essas

originados

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advento do Espiritismo. Graças ao surgimento do Espiri-tismo, a Psicologia se desenvolveu como ciência mostran-do as leis que regem o funcionamento da mente, sobretudorevelando o que é o Inconsciente. Em seguida, surgiram osestudos a respeito da Percepção Extra Sensorial, das Expe-riências de Quase Morte, da Reencarnação, da Sincroni-cidade, da Psicografia (ou Canalizações), entre outros. Essesestudos se encontram hoje em milhares de Universidades

em todo o mundo, bem como fazendo parte do cotidianodas pessoas. A espiritualidade tem se imposto como temade filmes, de movimentos de libertação, de grupos deautoajuda e de vanguarda da maioria das religiões.

A terceira revelação, mais recente, a Física Quântica,vem proporcionando uma nova, e talvez única, formapossível de viver na Terra. O computador, instrumento demanutenção dos principais serviços indispensáveis à vidacotidiana, surgiu, com as capacidades atuais, graças aoadvento das ideias quânticas. Os sistemas de energia elétri-ca, de abastecimento de água, de geração de energia para

as indústrias e residências, de fabricação de alimentos ede outras necessidades humanas não aconteceriam sem ainformática. Hoje, dependemos daquele importante instru-mento de trabalho, até mesmo para nos comunicarmosuns com os outros.

Restringindo-me às ideias e aos conceitos espíritas,considero que as implicações decorrentes de sua integra-ção na mente humana ultrapassam os benefícios carreadospelas demais ideias, visto que proporcionam a ampliaçãoda consciência para além dos limites físicos, psicológicose religiosos. Inserem o ser humano na sua dimensão pri-

mordial, colocando-o em contato com sua mais íntimaessência. Essa ampliação não se dá apenas na integraçãodo saber, mas também na estrutura da mente, que se reor-ganiza para novas possibilidades de captação da realidade.

A integração das ideias espíritas, e do conhecimentoque se depreende delas, capacita o ser humano a desenvol-

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ver faculdades psíquicas que lhe permitem alcançar acompreensão de paradigmas antes inacessíveis. Essasnovas faculdades, quando conscientemente percebidas,tornam o ser humano apto a assumir sua designaçãopessoal e a propriedade de seu destino.

As ideias espíritas promovem uma ampliação davisão espiritual das pessoas, atraindo maior probabilidadede manifestação dos entes que se encontram na dimensão

espiritual da vida. Provocam uma maior abertura nacomunicabilidade dos espíritos mais próximos à vidahumana, aparentemente degradando mais a sociedade.Trata-se de uma fase transitória, na qual vem ocorrendouma certa miscigenação de sociedades, espiritual e mate-rial, em favor do progresso do planeta.

É um processo lento de integração de princípios queantes se encontravam sob o manto do sobrenatural, doocultismo e de seitas místicas, mas que agora podem seracessados por todos. A dimensão espiritual não é patri-mônio do Espiritismo, tampouco de qualquer das religiões,

por mais legítimas que possam parecer.A Humanidade se estrutura em torno da sobrevi-vência humana. Quando houver a consciência de que issoé simples de ser alcançado, a Humanidade se desenvolveráem torno da espiritualidade.

Para chegarmos a esse ponto, nobres espíritos, pormeios diversos, atendendo ao chamado do arquétiporeligioso, pronunciaram-se em todos os cantos da Terra,afirmando a imortalidade da alma e a existência de Deus.Conduzidos pela Consciência Crística, consolidam o iníciode uma nova era na Humanidade, a era do Espírito, na

qual sua essência prevalece e o amor se concretiza.

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Terceira Parte:Psicologia do Espírito

Psicologia e EspiritismoBreve História dos Primórdios da PsicologiaA Ciência da MenteO Lócus do InconscienteA Psicologia do EspíritoFísica Quântica e Psicologia Analítica

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Psicologia do Espírito

A natureza do Espírito transcende a compreensãohumana, mesmo sendo ela produto de sua evolução. Umapsicologia, ou estudo e compreensão da natureza doEspírito, necessariamente terá de ir além do que épercebido, verificável quantitativamente. Estabelecer queo sujeito que percebe o Universo é algo estritamentematerial é subestimar a própria inteligência. Nada é mais

incoerente do que o sectarismo em ciência, pois eliminaseu valor universal. A Psicologia do Espírito tem, comoum de seus fundamentos, a continuidade do Eu. APsicologia é a Psicologia do Espírito. Fora disso, discutem-se apenas efeitos.

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Psicologia e Espiritismo

T anto o Espiritismo quanto a Psicologia tratamde fenômenos cuja origem é o Inconsciente, que deve servisto como uma estrutura de conexão com o UniversoQuântico. O Inconsciente é uma estrutura psíquica quese localiza no corpo espiritual, perispírito numa linguagemespírita, de natureza sutil, que vibra forjando o corpofísico. A consciência humana não se explica sem a ideiado Inconsciente, muito menos se desenvolve sem o

armazenamento de processos vividos, acessíveis pelamemória. A ligação entre o Espiritismo e a Psicologia vaialém da existência do Inconsciente, pois os objetos deestudo de ambos, por vezes, se confundem, sem seconseguir distinguir o que é psicológico e o que é espiritual.

É claro que a Psicologia, como ciência, tende arejeitar o Espiritismo, principalmente pela sua viareligiosa, haja vista a tendência acadêmica em separar osaber religioso do científico. Essa tendência se revela namudança do objeto de interesse da Psicologia. Ela nasceucomo ciência da alma, transformando-se, com o

Positivismo, em ciência do comportamento.Gostaria de não levar o leitor a fazer comparaçõeshierarquizadas entre o Espiritismo e a Psicologia. Não sedeve pensar em subordinação de conhecimentos, pois seriadesconhecer os princípios que norteiam esses dois camposque tratam do ser humano enquanto ser existente. O

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Espiritismo trata da origem e natureza dos espíritos e desuas relações com o mundo material; a Psicologia lidacom o comportamento do ser humano, emocional, orgâni-co, psíquico e social.

Os limites da Psicologia se mostram claros quandovemos as interrogações a respeito da mente humana, cujasrespostas parciais promovem o surgimento de diferentesescolas psicológicas, que, isoladas ou em conjunto, não

conseguem explicar a totalidade do comportamento huma-no. A mente humana é ainda uma grande incógnita, talqual a unidade elementar da matéria, inacessível ao olhardireto do ser humano.

Os estudos da Psicologia têm diversas aplicações. Oramo mais característico é a psicoterapia, pois foi emfunção da busca da compreensão e cura dos problemasmentais humanos que a Psicologia se desenvolveu. É justamente por isso que vamos encontrar várias teoriasexplicativas da natureza humana e dos fatores queinterferem em seu comportamento. Há vários campos de

atuação da Psicologia: Educacional, Organizacional e doTrabalho, do Trânsito, Jurídica, do Esporte, da Propagan-da, Hospitalar e Clínica. Psicopedagogia, Psicomotrici-dade e Psiconeurociência são novos campos de estudosderivados da Psicologia em interação com outras ciências.

Uma teoria psicológica não pode se distanciar dapercepção da diversidade dos seres humanos. Em que peseos aspectos coletivos e comuns que existem na pessoahumana, cada indivíduo, em particular, exige uma psicolo-gia própria em face da riqueza e singularidade de seupsiquismo. Cada ser humano tem sua própria complexi-

dade. A Psicologia também se desenvolve de acordo coma sociedade em que surge. Há diferentes psicologiastambém de acordo com a época, com o momento históricoe com o meio em que foram gestadas.

Nenhuma das contribuições das escolas da Psicolo-gia pode ser desprezada. Os estudos psicológicos que

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antecederam os atuais conhecimentos sobre a psiquêhumana são básicos para uma compreensão maior e maisampla de seus processos. Creio que a diversidade de teoriaspsicológicas a respeito do funcionamento da mente épertinente quando se trata de um objeto de estudo mutável,transcendente e que se desenvolve a cada novo paradigma.

O momento histórico de uma sociedade pode influen-ciar o desenvolvimento de determinada área na Psicologia.

O analfabetismo, bem como as exigências de uma aprendi-zagem mais refinada, pode fazer desenvolver ainda maisa Psicologia da Educação. A industrialização de um paíspode favorecer o campo da Psicologia Organizacional. Amodernidade e as exigências tecnológicas e cibernéticascertamente farão surgir um novo campo psicológico. Nopassado, as guerras e as crises econômicas influenciaramo desenvolvimento da psicologia americana, assim comoa crise européia favoreceu a forte influência psicanalíticano velho mundo. Os aspectos culturais de uma sociedadepoderão determinar o viés característico que terá deter-

minado campo do saber.A Psicologia estuda temas relacionados ao desen-volvimento da personalidade, à motivação, à memória, àaprendizagem, à inteligência, à natureza do psiquismohumano, às relações entre pessoas e grupos, bem como atudo que diz respeito ao comportamento humano. Atuaisestudos têm avançado para o campo da neuropsicologia,na qual se inserem os fenômenos que afetam o cérebro,oriundos do comportamento humano. Ainda se tateia océrebro visando encontrar-se a alma da pessoa humana.As escolas psicológicas ainda não concebem a mente

separada do corpo físico. Tratam a mente como produtodo cérebro.As afirmações behavioristas, as ideias da Psicanálise,

as descobertas da Gestalt, os princípios da PsicologiaAnalítica, bem como as diversas e ricas contribuições deoutras teorias psicológicas, apontam para a existência de

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aspectos ainda obscuros da psiquê . Sabe-se muito poucoa respeito do aparelho psíquico, e isso é um estímulo parao surgimento de novas teorias.

Os psicólogos empiristas, com seu método introspec-tivo, tatearam os automatismos do corpo físico paraencontrar as razões das motivações humanas. Sem muitosucesso, porém, trouxeram valiosas contribuições à com-preensão de certos processos corporais. Os funcionalis-tas, com seu espírito objetivo, tornaram a Psicologia umconhecimento útil à sociedade, dando-lhe finalidadespráticas. Os comportamentalistas influenciaram positiva-mente na aprendizagem e na Psicologia da Educação.

De fato, o Espiritismo se ocupa das manifestaçõesdos espíritos e de tudo aquilo que se refere à imortalidade.A Psicologia se ocupa dos processos psíquicos e do com-portamento humano. Em certo sentido ambos os conheci-mentos estão imbricados. O ser que se comporta é umespírito imortal. O espírito imortal tem seus processospsíquicos.

As manifestações espíritas não se tornaram objetode investigação científica nas academias e universidadesda Europa por causa de sua vinculação com o imagináriopopular. Sua relação com rituais místicos e com buscasarquetípicas do sagrado afastou o Espiritismo dasacademias científicas. Os estudos acadêmicos a respeitodos fenômenos espíritas devem se tornar realidade apósos avanços da Física Quântica, que desmistifica a visãomecanicista da realidade.

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Breve Históricodos Primórdios da Psicologia

É difícil estabelecer quando uma ciência começa.São precisos muitos paradigmas novos para que ela sedistancie de outros conhecimentos que fazem parte de suasbases. Seus marcos são muitos e não são bem definidos,pois geralmente têm diferentes pontos de contato comoutros tipos de conhecimentos. Não basta um pesquisador

inaugurar um laboratório para dizer que nasceu umaciência. A Psicologia tem raízes, como toda ciência, noconhecimento empírico do próprio ser humano, nosprimórdios da civilização. Ela surge da Filosofia, daMedicina, da Antropologia e da Teologia, pois ocomportamento humano sempre foi o motivo da buscapelo conhecimento, a fim de entendê-lo. A Psicologiasurgiu dos estudos sociológicos, etológicos, ocultistas,psiquiátricos e filosóficos. Ela não só se assenta emconteúdos desses conhecimentos como também apresentao que resulta deles, anunciando novos paradigmas. O

surgimento da Psicologia representa um olhar minuciosodo ser humano sobre si mesmo, na tentativa de compreen-der-se e de explicar o que está à sua volta. Dizer que aPsicologia é materialista é não entender sua contribuiçãoà compreensão da natureza humana e de seu desenvolvi-mento em direção ao espiritual.

outros tipos de conhecimento. Não basta um pesquisador

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Comecemos pelo Evolucionismo de Charles Darwin(1809 a 1882), consignado em seu famoso A Origem das

Espécies (1859), apontando para a adaptação como panode fundo dos processos orgânicos, que influenciousobremaneira a Psicologia. As teorias darwinistas foramprecursoras do Estruturalismo de Edward BradfordTitchener (1867 a 1927). Para Darwin, a origem do serhumano não poderia ter sido num dado momento espe-

cífico, portanto, num ato (sopro) de Deus. Incontáveisprocessos biológicos geraram mutações para a sua adapta-ção e consequente sobrevivência no meio ambiente.

Enquanto estudos acadêmicos, a Psicologia nasceucom Wilhelm Wundt (1832 a 1920), em 1879, em Leipzig,na Alemanha, quando ele inaugurou o primeiro laborató-rio de estudos experimentais na Universidade daquelacidade. Escreveu livros e artigos versando sobre os princí-pios do que ele chamava de Psicologia Fisiológica, cujapreocupação básica era estudar a percepção e a sensação.A Psicologia, dita científica, nasceu dentro do modelo

mecanicista e sem a preocupação com o inconscientepsíquico. Wundt, que também se dedicara ao estudo daPsicologia cultural, que se ocupava do desenvolvimentomental, da linguagem, das artes, dos mitos e dos costumessociais, interessava-se pelo estudo da consciência ou mentee seus processos. Wundt, seguindo tendência da época,ressaltava que a Psicologia era a ciência da experiênciaconsciente e da experimentação. Ele afirmava que aPsicologia não deveria se dedicar ao estudo da almaimortal.

Wundt tinha que lidar não só com opositores às suas

ideias como também com novos conhecimentos quesurgiam, tendo, por isso, que rever constantemente seusprincípios. Floresciam, na Alemanha, ideias que forma-riam a base da Gestalt; na Áustria, surgia a Psicanálise;nos Estados Unidos, o Funcionalismo e o Comportamen-talismo (Behaviorismo). A Psicologia surgia como várias

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preocupações e visando distintas dimensões do psiquismohumano. A riqueza do psiquismo humano exigia diferentescampos de estudos. Enquanto Wundt se ocupava dasensação e percepção da consciência, Hermann Ebbing-haus (1850 a 1909) se dedicava ao estudo da memória eda aprendizagem. Com este último, a Psicologia sedistanciava da Fisiologia, penetrando na subjetividade dopsiquismo humano e em seu aspecto não sensorial. Em

oposição à tentativa de Wundt em reduzir o psiquismo àatitude consciente, surge, na Alemanha, a ideia de queexiste um conjunto de tendências determinantes, incons-cientes, que interfere nas atitudes humanas. Essa últimaideia foi fundamental para o surgimento da psicologia doinconsciente. Os primeiros estudos sobre o inconscientee sua definição como parte da estrutura psíquica humanase devem a Eduard von Hartmann (1842 a 1906) e a CarlGustav Carus (1789 a 1869).

Coube a Wundt dar início à Psicologia como conheci-mento específico, isto é, como ciência. Textualmente, ele

considerava o objeto de estudo da Psicologia distinto doocultismo (Espiritismo). Para ele, a Psicologia, definitiva-mente, não trataria da alma imortal nem de questõesassemelhadas. A distinção era necessária, pois o objetivoera estudar fenômenos psíquicos não alcançados peloEspiritismo. A Psicologia não nascia com o intuito de negaros fenômenos espíritas, mas de estudar aquilo que extra-polasse sua esfera de conhecimento.

Com Wundt, a Psicologia se ocupava da percepção,processo psíquico básico. Não havia a preocupação como aparelho psíquico. Importava como as coisas eram

percebidas e não aquilo que as percebia.Pouco antes de Wundt inaugurar seu laboratório,Franz Brentano (1838 a 1917), professor de SigmundFreud (1856 a 1939), publicou, em 1874, o livro A

Psicologia de um ponto de vista empírico , no qual abordavaquestões relativas ao inconsciente e ao funcionamento da

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mente. Ele foi um dos precursores da Gestalt ao se ocupardo ato mental e não apenas do conteúdo e da estrutura damente.

A psicologia de Wundt foi o referencial para E. B.Titchener e seu Estruturalismo, que excluía qualquerpossibilidade de análise do que não fosse conteúdo daexperiência consciente imediata. Para essa Escola,importava o estudo das estruturas da consciência,

conduzido pela observação e pela experimentação.Titchener valorizava a experiência consciente, mas,diferentemente de Wundt, vai se concentrar nos elementosque compõem a estrutura da consciência, sem se ocuparespecificamente de seus conteúdos. Distinguia Mente deConsciência, rejeitando a existência do Inconsciente.Importava-se em saber como funcionava a mente humanasem se ater a uma utilidade prática. Dizia que os estadoselementares da consciência são compostos de sensações,imagens e estados afetivos. Queria estabelecer leis geraispara os processos conscientes e suas respectivas

correlações fisiológicas, utilizando-se da introspecção. Emsíntese, suas preocupações se situavam na descrição dassensações humanas. Sua preocupação não excluía aconcepção mecanicista da mente humana. Via seussujeitos como máquinas reagentes a estímulos. Sua visãomecanicista está presente no Behaviorismo do Século XX e até nos dias de hoje.

Oswald Kulpe (1862 a 1915) publicou um livro em1907, no qual apresenta suas teorias sobre a mente. Édele a ideia, em pleno florescimento do empirismoorganicista na Psicologia, de que existem pensamentos

sem conteúdos sensoriais, isto é, sem que tenham sinaisda percepção sensorial.Enquanto os alemães se dedicavam à Psicologia

teórica, buscando as raízes do funcionamento da menteconsciente e de sua estrutura, os americanos visavam algomais funcional e utilitário. Uma psicologia prática e

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aplicada que tivesse resultados imediatos para a sociedade,tão ao gosto do estilo americano de viver. Essa foi a pro-posta do Funcionalismo, cuja ocupação era o estudo dautilidade dos processos mentais para o organismo vivo,em suas necessidades de adaptação. Psicólogos america-nos formados na Alemanha, ao migrarem para sua pátria,modificaram as propostas de Wundt, dando novo impulsoà Psicologia. O Funcionalismo dá ênfase aos processos

mentais, mais do que à estrutura da mente ou de seusconteúdos.Esse movimento começa por volta da década de

setenta do Século XIX com os estudos de Francis Galton(1822 a 1911). Os primeiros testes ditos psicológicos sãocriados, florescendo uma série de variações muito úteisao desenvolvimento psicológico do ser humano e dosprocessos de aprendizagem. A partir de 1869, surgem ostestes mentais, entre eles os testes de associação depalavras, muito utilizados mais tarde por C. G. Jung.Galton também desenvolveu, nessa mesma época, estudos

sobre hereditariedade na aquisição do conhecimento esobre o desenvolvimento infantil.Além de Galton, vamos encontrar, no último quarto

do Século XIX, também como precursor do Funcionalis-mo, George J. Romanes (1848 a 1894), cujos estudos sobreinteligência animal possibilitaram o surgimento de umapsicologia animal, com reflexos importantes para aPsicologia Humana.

Em paralelo aos estudos psicológicos acadêmicos,fora dos rigores das exigências mecanicistas do pensa-mento cartesiano dominante, a Psicologia avançava em

outras direções, seguindo o pensamento de vários filósofosna direção da ideia da existência do inconsciente comouma estrutura da mente humana. Todos esses filósofos,entre os quais podemos citar Leibnitz, Herbart, Fechner eHartmann, forneceram as ideias básicas a respeito doInconsciente para a Psicanálise.

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G. W. Leibnitz (1646 a 1716) escrevera, no final doSéculo XVII, sobre as mônodas como entidades psíquicaselementares, possibilitando a compreensão da apercepçãocomo mecanismo de consciência das impressõessensoriais inconscientes.

J. F. Herbart (1776 a 1841), no início do Século XIX,escrevera sobre as ideias conscientes e as ideias inibidas;as conscientes faziam parte do limiar da consciência e as

inibidas eram reprimidas pela consciência. As ideiasinibidas eram, portanto, uma tênue ideia do Inconsciente.Gustav Fechner (1801 a 1887), da mesma forma que

Herbart, teorizava sobre a existência do Inconsciente,afirmando que a mente era como um iceberg , no qual boaparte do conteúdo estava oculta.

Em 1869, Edward von Hartmann publica seu livro Filosofia do Inconsciente , contendo suas ideias e as de CarlGustav Carus. Apresenta as principais bases para umamelhor compreensão da mente e, em especial, do Incons-ciente. Suas ideias contribuíram para a formulação dos

princípios da Psicanálise de Sigmund Freud, permitindouma melhor percepção do Inconsciente.O grande marco do Funcionalismo foi William James

(1842 a 1910) que, entre outros temas, afirmava a impor-tância dos processos inconscientes. Os teóricos do Funcio-nalismo se interessavam em saber como a mente funcio-nava. William James era um teórico não acadêmico. Tinhaseu próprio laboratório de psicologia, que chamava deciência mental. Para ele, a mente era um todo irredutívela partes e em constante mudança. Dizia que a mente écontínua, seletiva, sempre mutável e tem o propósito de

capacitar-se para a adaptação. Escreveu (1890) sobre opragmatismo e sobre a importância da Psicologia naeducação, além de ter se dedicado ao Espiritismo.

No começo do Século XX, a Psicologia ainda sevoltava para os estudos que envolviam a estrutura psíquicae seu funcionamento. Porém, sua aplicabilidade na

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educação e na identificação de aptidões começava a seimpor na sociedade. A Psicologia estava em transição,tornando-se uma ciência voltada para o comportamentohumano. Deixava de ser a “ciência da alma”, transfor-mando-se numa “comportamentologia”.

A Psicologia nasceu, como ciência, com o objetivode explicar o comportamento do corpo humano, enten-dendo-o como se fosse o próprio ser humano, pretendendo

englobar o significado das ações humanas. Perdeu-se nacomplexidade da mente humana, tendo de se dividir emmuitas escolas e teorias distintas.

A Psicologia se desenvolveu na direção dos estudosa respeito do que a mente faz e não do que ela é. Exigia-seque ela, a Psicologia, fosse prática. Sua popularização seimpunha na sociedade, sobretudo americana. Mesmoassim, enquanto se buscava uma aplicação prática dasteorias estudadas, também se caminhava na direção daconcepção da estrutura do aparelho psíquico. Nos EstadosUnidos, predominava o Funcionalismo; na Europa, cada

vez mais, avançava-se na direção do Inconsciente,fortalecendo a atividade clínica na Psicologia. Enquantoos americanos se especializavam nos campos da educação,das indústrias e jurídico, ampliando o número de testespsicológicos, os europeus se dedicavam à clínica da saúdemental.

Entre essas duas correntes, destaca-se GranvilleStanley Hall (1844 a 1924), que, embora tivesse interesseparticular pela Psicologia da Criança, teve o mérito detrazer a Psicanálise para os estados Unidos. Foi dele oconvite para Freud e Jung visitarem os Estados Unidos.

Em fins do Século XIX, inicia-se o grande divisor deáguas em Psicologia: a Psicanálise de Sigmund Freud. Asideias por ele defendidas em seu famoso A Interpretaçãodos Sonhos (1900), no seu conjunto, não se comparam aoque se ocupavam as outras escolas da Psicologia. Freudnão era acadêmico e nem se opunha a qualquer das escolas

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da Psicologia. Não se ocupou das sensações corporais,nem da percepção, nem da aprendizagem. Sua Psicologiadirigia-se ao estudo da Consciência e, principalmente,do Inconsciente. Seu interesse era a doença mental e aspossibilidades de explicar suas causas. Fundamentando-se no aprendizado adquirido com Jean-Martin Charcot(1825 a 1893), em Paris, Freud abandonou a hipnose porele utilizada, calcando a cura de seus pacientes na catarse.

A Psicanálise, apresentando a relação entre aConsciência e o Inconsciente, foi mais longe do que asteorias funcionalistas e estruturalistas, pois postulou sobreo aparelho psíquico e não apenas sobre o corpo e como arealidade era por ele percebida. A Psicanálise se firmavano princípio do prazer e nos meios pelos quais o ego seestruturava para satisfazê-lo.

No começo do Século XX, os estudos sobre ocomportamento animal se intensificam e a PsicologiaHumana passa a receber a influência dos resultadosobtidos. A ideia de que o ser humano é seu corpo, e esse

uma máquina que se comporta à semelhança do animal,prevalece. Surge o Comportamentalismo afirmando-secomo psicologia objetiva, baseada no comportamentoobservável. Essa escola se caracteriza pela tentativa deexcluir a mente consciente do comportamento humano.Seus estudos se concentravam na aprendizagem, namotivação e nas emoções.

Edward Lee Thorndike (1874 a 1949) foi seuprincipal precursor com os estudos a respeito da mentecomo campo das associações. Desenvolveu teorias sobreo conexionismo mental. Suas teorias sobre aprendizagem,

baseadas no binômio estímulo-resposta, antecederam asideias de Ivan Petrovitch Pavlov (1849 a 1936), precursordo Comportamentalismo com os estudos (1902) sobre osreflexos condicionados e não condicionados. Ele percebeuque os condicionamentos ocorriam sem a presença doobjeto eliciador, portanto, não havia a consciência do ato.

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Mas foi John B. Watson (1878 a 1958) quem, de fato,revolucionou a aplicabilidade da Psicologia Objetiva. Seusestudos e teorias deram surgimento da Psicologia napropaganda e na publicidade. É dele a ideia de que aPsicologia é a ciência do comportamento com o objetivode prevê-lo e controlá-lo. Sua tentativa era de eliminar ainfluência da consciência no comportamento humano,sendo esse mero resultado de estímulos devidamente

identificados e controlados. Seus estudos se dirigiam aocomportamento como produto exclusivo do organismocomo um todo, em determinado ambiente. Para ele,instintos são respostas socialmente condicionadas,resultando que tudo pode ser aprendido e ensinado. Naesteira de Watson, surge Burrhus Frederick Skinner (1904a 1990) ampliando os conceitos anteriormente assinala-dos. Skinner desenvolve estudos (1938) sobre o condicio-namento operante. Mais tarde, Alberto Bandura, um dosteóricos do Comportamentalismo, irá admitir (1960) aexistência de processos cognitivos entre o estímulo e a

respectiva resposta. Seus estudos foram importantes paraos conceitos de modelagem, interações sociais eautoeficácia. Ele é um dos precursores da conhecidaterapia cognitivo-comportamental.

Em paralelo à Psicanálise e ao Comportamentalis-mo, surge, no Século XX, na Alemanha, a Psicologia daGestalt (forma, configuração). Aparece em oposição aoElementarismo de Wundt. A Gestalt afirma que apercepção não é a simples associação de elementossensoriais, pois há uma organização significativa a priori .A mente configura previamente, sendo a percepção uma

totalidade, uma gestalt. A mente impõe de uma maneirainata, à experiência, algumas formas: espaço, tempo ecausalidade. Na Psicologia da Gestalt o ser humano é vistocomo um todo, além da soma das partes. As ideias deImmanuel Kant (1724 a 1804) sobre as categorias mentaisa priori foram precursoras da Psicologia da Gestalt. A

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descoberta da existência de campos magnéticos quedirecionavam objetos metálicos no entorno de dois imãstambém contribuiu para reforçar as teorias gestaltistas.

Em 1912, Max Wertheimer (1880 a 1943) lança asbases da Gestalt, escrevendo sobre as leis da percepçãodo movimento. Em 1917, Wolfgang Köhler (1887 a 1967)escreveu sobre a aprendizagem, principalmente a respeitoda mentalidade dos macacos. Em 1921, Kurt Kofka (1886

a 1941) trouxe contribuições significativas sobre apercepção e o desenvolvimento da mente. Em 1929, KurtLewin (1890 a 1947) abordou a temática do espaço vitalsobre diferentes enquadres ou campos e sobre motivaçãoe necessidade. Em 1940, Frederick “Fritz” Pearls (1893 a1970) discorreu sobre o restabelecimento da referênciaimediata, com ênfase no aqui-agora. Todas essas ideias econceitos deram início à Terapia da Gestalt ou Gestalt-Terapia.

Também no Século XX, a Psicanálise tem suasfronteiras elastecidas com o surgimento da Psicologia

Analítica ou Profunda, baseada nas ideias de C. G. Jung.Diferentemente de seus antecessores, C. G. Jung iniciaseus estudos em Psicologia, no início do Século XX,preocupando-se em encontrar as bases históricas eantropológicas para o comportamento humano. Como sefosse um arqueólogo do psiquismo, Jung, além de analisaras motivações humanas, postula a estrutura da mente.Propõe a existência dos arquétipos como determinantesestruturais da psiquê humana. Isso significa que ele, alémde desenvolver ideias sobre os conteúdos psíquicos,apresenta teorias a respeito da estrutura, da composição

ou da contextura que a constitui. As ideias junguianas setornariam posteriormente a base da escola conhecidacomo Psicologia Transpessoal.

Ainda no Século XX, surge, nos Estados Unidos, aPsicologia Humanista, criada por Carl Rogers (1902 a1987). A Psicologia Humanista se baseia na concepção de

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que todo ser humano tem em si os potenciais de auto-desenvolvimento. A psicoterapia deveria proporcionar alibertação desses potenciais de crescimento, sendo oterapeuta o facilitador do processo, que também nele seimplicaria, tornando-se sujeito e paciente simultanea-mente, utilizando-se da empatia. Rogers se opunha aodeterminismo psicológico do Behaviorismo. Via o serhumano como um processo em construção. Ele recebeu

contribuição das ideias de Jung e de Abraham Maslow(1908 a 1970).Além desses conceitos, que nortearam o alcance da

Psicologia como ciência, duas outras ideias têm polarizadoo interesse dos estudiosos. Uma delas é a Psicologia Cogni-tivo-Comportamental. Não é uma escola da Psicologia,mas apenas uma proposta de tratamento clínico, reduzidoa certos sintomas. É uma espécie de terapia breve,especializada em casos de problemas psicossomáticos.Lida com traumas, fobias, ansiedades, bem como tratados sintomas ligados ao estresse. O objetivo é a eliminação

do sintoma, sem buscar suas causas, considerando que acognição modifica o comportamento. A outra é a Psico-logia Transpessoal, que constitui o mais recente conjuntode teorias que poderão formar uma nova escola psicológi-ca. Nem todos os estudiosos, porém, a consideram Psico-logia em face dos limites impostos por essa ciência. A ideiabásica da Transpessoal está calcada na necessidade doser humano em transcender sua psiquê além dos limitesdo ego e das contingências da Consciência. Em seusprincípios, o ser humano é considerado em seu aspectoespiritual, englobando os fenômenos mediúnicos que lhe

afetam. Ainda não há estudos teóricos suficientes dessaescola, porém ela se mostra mais ampla e abrangente emrelação à complexidade de que se reveste a naturezahumana.

A Psicologia, pode-se dizer, ainda é uma ciência nova,rica em possibilidades e aberta a novos conhecimentos,

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que certamente irão ampliar a visão que o ser humanotem de si mesmo. Aliada a outros conhecimentos,principalmente às ideias quânticas, alcançará maisrapidamente a essência humana.

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A Ciência da Mente

Q uando analisamos a realidade separada dequem a observa ou a existência de coisas independentesde quem as percebe, temos de conhecer quem é o sujeitoobservador e quais são seus instrumentos de percepção.É necessário entender seus limites, pois tais instrumentosdetectam frequências dentro de padrões pré-estabelecidos.Os organismos vivos reconhecem padrões que sãocontinuamente avaliados e comparados, portanto, é da

natureza do humano a possibilidade de percepção dascoisas. Elas são o que nos parecem ser, sem que saibamosde fato o que sejam. Os órgãos dos sentidos captam e oEspírito interpreta. Há um mundo do corpo (dimensãofísica) e um mundo do Espírito (multidimensão espiritual).O nível de evolução em que se encontra o Espírito já lhepermite enxergar a realidade segundo modos de percepçãoindependentes dos órgãos dos sentidos.

CérCérCérCérCérebrebrebrebrebro, mente e espíritoo, mente e espíritoo, mente e espíritoo, mente e espíritoo, mente e espírito

O cérebro, a mente e o Espírito são os diferenteselementos que compõem o que se conhece como serhumano. O primeiro comanda a mecânica fisiológica docorpo físico, possuindo uma camada fina chamada córtexque, entre outras propriedades, suporta parte da

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consciência humana. O cérebro, pela sua constituiçãofísico-química, veicula as sutis energias do pensamentosob o direcionamento da mente, além de comandar ocorpo. A mente é o órgão funcional do Espírito, queprocessa estímulos emocionais, imagens e pensamentos,produzindo informações para o Espírito. A mente ouaparelho psíquico, além de ser o receptáculo do que vemda parte cerebral consciente, também filtra a vontade que

vem do Espírito para que ele apreenda as leis de Deus emcontato com o que é chamado de realidade. Espírito éuma singularidade divina, elemento que atua e transformaa realidade, aprendendo nela. Nada se pode dizer deconcreto e definitivo a respeito da essência do Espírito,pois é a parte não material da alma humana, sendo suaprópria individualidade.

Sobre o cérebro, cabe à ciência médica se ocuparde seu funcionamento e das suas consequências em facedos processos psíquicos nele ressonantes. Quanto aoEspírito, analisarei mais adiante, em outro capítulo. A

mente torna a informação compreensível em favor daevolução da individualidade. É sobre ela que recai, nesseinstante, o interesse.

Um dos fenômenos mais fantásticos, produzidos pelamente inconsciente, é o sonho. Eles parecem umaocorrência de totalidade ou uma experiência que ocorrefora dos limites lineares da causalidade e do mecanicismoda consciência, o que os torna extremamente importantespara os estudiosos da personalidade e das motivaçõeshumanas. Por isso, Sigmund Freud os considerou a viarégia de acesso ao Inconsciente. Eles não são previsíveis,

não são elaborados na consciência, tampouco manipulá-veis pelo ego . Aqueles que se dedicam ao estudo dossonhos, mesmo que possam distorcer os significados, estãosempre atribuindo algum propósito para seus conteúdos.Como a participação do ego é extremamente reduzida, ossonhos devem ser construídos segundo um ordenamento

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inteligente, pois todo propósito vem de alguma intenciona-lidade lógica. Isso requer um sujeito que atue a favor dessepropósito, salvo se entendermos que haja um mecanismoautomático de produção dos sonhos de acordo com umpropósito pré-definido. Essa segunda hipótese pode serparcialmente encontrada na teoria junguiana, pois elaafirma a natureza compensatória dos sonhos. Sobre oconteúdo dos sonhos, Jung escreveu:

Os sonhos contêm imagens e associações de pensa-mentos que não criamos através da intenção cons-ciente. Eles aparecem de modo espontâneo, semnossa intervenção e revelam uma atividade psíquicaalheia à nossa vontade arbitrária. O sonho é portantoum produto natural e altamente objetivo da psiquedo qual podemos esperar indicações ou pelo menos

pistas de certas tendências básicas do processo psíquico. Este último, como qualquer outro processo vital, não consiste numa simples sequência causal, sendo também um processo de orientação teleológica. Assim pois, podemos esperar que os sonhos nos forneçam certos indícios sobre a causalidade objetivae sobre as tendências objetivas, pois são verdadeirosauto-retratos do processo psíquico em curso. 13

Se eles são produtos do automatismo psíquico, entãohá uma certa programação prévia, segundo um objetivofuturo. O traçado desse objetivo deve fazer parte de umasupraconsciência ou de uma tendência padronizada quea forja. A essa tendência, Jung deu o nome de Arquétipo,considerando-o como se fosse uma espécie de órgão da

psiquê humana que lhe direciona as atitudes, o que põe amente em contato com o Espírito, sujeito do Inconscientee da Consciência. Como o Inconsciente não se situa nocorpo, certamente se encontra numa dimensão a ele

13

JUNG, C. G.. Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1981. v. VII, par. 210, p.121.

Os sonhos contêm imagens e associações de pen-samentos que não criamos através da intençãoconsciente. Eles aparecem de modo espontâneo,sem nossa intervenção e revelam uma atividadepsíquica alheia à nossa vontade arbitrária. O so-nho é portanto um produto natural e altamenteobjetivo da psique do qual podemos esperar indi-cações ou pelo menos pistas de certas tendênciasbásicas do processo psíquico. Este último, comoqualquer outro processo vital, não consiste numasimples sequência causal, sendo também um pro-cesso de orientação teleológica. Assim pois, pode-

mos esperar que os sonhos nos forneçam certosindícios sobre a causalidade objetiva e sobre as ten-dências objetivas, pois são verdadeiros auto-retra-tos do processo psíquico em curso.13

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acessível pela parte da Consciência que se conecta aocérebro.

O sonho é um acontecimento inusitado, nãovoluntário ao ego e cujas imagens não lhe obedecem avontade. No entanto, são detectáveis e passíveis deinterpretação. Os sonhos não acontecem no estado devigília, salvo em momentos de alteração da frequênciacerebral, o que parece sugerir uma certa relação entre o

córtex e a lembrança do conteúdo onírico. Tal relação podeser observada pela detecção do momento do sonho pelosregistros do eletroencefalograma. Em que dimensão e emque instância, ocorrem? São fenômenos da vida psíquica,por que não dizer, da dimensão espiritual, que persistente-mente ocorrem para surpresa do sonhador.

O campo da Consciência torna-se o veículo deentrada e saída de percepções, ideias e emoções, cujalocalização transcende ao cérebro humano, mesmo queparcialmente ali se apresente. No campo da Consciência,encontram-se as ideias, objetos de atenção do sujeito

observador, que contêm maior parcela de energia que oinfluencia, promovendo comportamentos reativoscaracterísticos. A diversidade de escolhas deve ter umcorrespondente campo que possa absorvê-las. Esse campode escolhas possíveis, podemos chamar de campo quânticoou das probabilidades de escolhas que modelam oscomportamentos humanos.

Diante das incontáveis possibilidades de expressãoda realidade, em que os objetos não podem ter, comprecisão, sua delimitação espacial, é de suscitar a questãodo estado de consciência e da posição do observador. Isso

implica que todo evento assimilado pelo ser humano éfortemente carregado de subjetividade. A multiplicidadede dimensões que indicam infinitas escolhas ao observadorpermite que se infira semelhante número de estados daconsciência. A existência simultânea de várias e diferentespossibilidades da realidade enriquece a vida, tornando-a

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incrivelmente complexa e admiravelmente encantadora.Nenhuma experiência pode estar fora daquelas possibili-dades, valendo vivê-las da melhor e mais rica forma,disponível ao que a vida pretende mostrar.

A Consciência se encontra numa dimensão nãomaterial. Os estímulos aferentes alcançam a Consciênciaapós filtrados e transformados pelo córtex cerebral, parase alojarem noutra dimensão, na qual ela se encontra. Devehaver algum mecanismo no cérebro que possui acapacidade de vibrar numa frequência que alcança adimensão do perispírito, isto é, que interliga as distintasdimensões. A reação do sujeito da Consciência (ego), anteaqueles estímulos, também se desloca de uma dimensãoà outra, atravessando filtros diversos. Portanto, o egotransita facilmente da dimensão física à psíquica de formaautomática.

A formação doego, representação da individualidadeeterna na Consciência, obedece princípios lógicos decausalidade, de temporalidade e de identidade. Isso forja

uma percepção de linearidade das coisas e dos eventos aelas associados, o que não significa que os eventos sejamlineares. É preciso admitir a não linearidade dos eventos,pois a consciência os ordena formando um contínuo, umahistória, como se houvesse uma única realidade. É lógicoque, se a realidade possui múltiplas possibilidades deocorrência, a Consciência constitui um mosaico imensode facetas pouco exploradas pelo ego.

Como a mente é um órgão flexível, isto é, que semodifica de acordo com a autotransformação da pessoa,a evolução da Consciência contém a possibilidade, cada

vez mais frequente, do ego acessar diferentes facetas docampo em que ela se situa. Educar, ensinar ou promovero ser humano necessariamente provocará uma modifica-ção na estrutura da mente, a favor da evolução da pessoa.

O campo da Consciência tem um eu? Ou o que sechama eu é uma função pertencente a um órgão? O eu

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responde à individualidade (Espírito), pois é o meio deacesso à dimensão em que atua. Essas perguntas nos põemem cheque. Como saber? A lógica nos leva a deixar delado a complexidade, e a intuição nos manda para umterreno nebuloso sem qualquer possibilidade de precisão.Resta-nos continuar no terreno da probabilidade quântica.O eu da Consciência não representa a totalidade doindivíduo; o ego, como função que promove o trânsito de

conteúdos do Inconsciente para a Consciência e vice-versa,não tem autonomia nem está totalmente sob o domíniodo eu da Consciência. Em nenhum momento, sob qualquerdenominação ou representação, a totalidade de umapessoa, bem como sua individualidade, poderá serdeterminada. Essa é uma afirmação que se aproxima doprincípio da incerteza quântica.

Da mesma forma que os sonhos, as fantasias queelaboramos, de forma consciente ou não, não se localizamnum local específico, tampouco no cérebro. Parecempermanecer numa dimensão latente a influenciar o sujeitoda Consciência. Elas são sutis construções, às vezes,voluntárias, que influenciam a vida humana sem quesequer se saiba onde, como e quando são geradas.Pertencem ao mesmo universo dos sonhos, porém exercemmaior influência que eles.

Sonhos, fantasias, delírios, vozes e mensagens doAlém ocorrem num universo paralelo, captados pelaconsciência humana a serviço do desenvolvimento dapersonalidade.

A verdadeira ciência da mente deveria se ocupar em

estudar, experimentar e exaustivamente inquirir a respeitodesses processos psíquicos, sem o sectarismo de negá-losa priori ou achar que pertencem ao domínio do absurdo.Sendo ou não absurdo, eles ocorrem e merecem a atençãoda mente inquiridora humana. Ignorá-los é continuarignorante.

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Nenhum conhecimento, principalmente a respeitoda mente, está esgotado. Tudo sempre estará por semostrar com o colorido do observador.

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O Lócus do Inconsciente

A consciência de si mesmo é o que conhecemoscomo eu. É a identidade de uma pessoa. Quandoafirmamos eu sou fulano , estamos nos referindo àquiloque, de fato, temos consciência que somos. Mesmo assim,sabemos que existem interferências no nosso modo depensar, sentir e agir, de que não temos consciência, masque emergem do nosso próprio ser. Afirmamos que setratam de vetores inconscientes, mas não sabemos se

realmente, eles se encontram naquilo que chamamos deInconsciente. Para elucidar melhor a questão, temos deconsiderar que existe uma outra instância que é aindividualidade humana. O eu ou ego é uma representaçãoconstruída, ao longo da vida, pelos fatos e impressões quea marcaram e que nos parece ser a nossa identidadeessencial. Aquela outra instância, inacessível à consciên-cia, propalada pelas religiões como sendo a alma ouEspírito, é a máxima individualidade essencial do serhumano. Essa individualidade é a natureza da Natureza,momento obscuro da criação divina, que se tornou

epicentro do processo de ascensão infinita, coaguladordos fenômenos que compõem a vida. Sua singularidadeconstitui o grande mistério que reúne a unidade e atotalidade num mesmo princípio.

A possibilidade da existência desses dois “senhores”não deve ser motivo de dúvida. Ego e Espírito são

,

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indissociáveis até determinado nível de evolução, maspossuem diferentes domínios e consequentes áreas deatuação. É possível ao ego perceber aspectos inerentes aoEspírito? Ou melhor, é possível, conscientemente, oEspírito se revelar além dos limites do ego, tornando-se aele perceptível? O caminho para tal, passa primeiro pelapercepção, pelo ego, de que é independente do corpo eexiste sem ele. O segundo passo será a percepção de que a

mente é um órgão a serviço do Espírito e que não o abriganem o limita totalmente.A inacessibilidade direta e a subjetividade que

envolve as hipóteses para os assuntos que dizem respeitoà mente são muito grandes, dificultando as certezas e aprecisão de conceitos. Isso nos leva a considerar que o“terreno” da mente está longe de ser o corpo físico. Aresposta está na dimensão quântica, em que se “situam”as probabilidades e possibilidades inalcançáveisdiretamente pela consciência humana.

Engano pensar que, uma vez libertos do corpo pela

ocorrência natural da morte, alcançaremos diretamenteaquela dimensão. Na dimensão espiritual, também existemas limitações psíquicas e de compreensão da realidadepertinente. Em cada dimensão vibratória encontrar-se-álimites típicos.

Atuar, visando educar e promover o autoconhecimen-to de uma pessoa, requer que se tenha em mente que aação deve alcançar o ser na dimensão quântica, que é olócus alquímico das verdadeiras transformações. A fala, oolhar, o gesto, a tonalidade afetiva, o exercício modelar,bem como a intencionalidade do instrutor ou educador,

devem conter a consciência de que existe aquela dimensãoe é nela que se processam as modificações profundas naalma. Isso interferirá na forma como se processam as falas,palestras, doutrinações, diálogos, relacionamentos, bemcomo toda comunicação entre as pessoas. Se o objetivonão é simplesmente uma compreensão da realidade restrita

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aos limites físicos nem uma simples mudança de hábitosexternos, então a comunicação entre os indivíduos develevar em conta a dimensão quântica em que estão situados.

A Consciência, produto último da evolução humana,é uma coagulação de conteúdos e experiências inconscien-tes, isto é, o Inconsciente é matriz da Consciência. Imersosno corpo físico, passamos a acreditar que a consciência aele se restringe, sem considerar sua origem inconsciente

e seu lócus original.Há quem acredite que a vida após a morte descortinaa ignorância do Espírito. É mais adequado pensar que elaacentua, pois retira as fantasias oriundas da ideia de ummundo macro que convida o ser humano a conhecê-lo,mas que, em face das inúmeras e constantes projeções,mitifica-o. Olhar para fora leva-o a construir aqueles mitose fantasias. Olhar para dentro o faz acordar para ummundo diferente, convidativo e profundo. Sem os limitesdo corpo, levado a perceber a grande ilusão que viveu,tendo de encarar sua ignorância, terá certamente

dificuldade em conceber o Universo a sua volta.Continuará mitificando, provavelmente divinizando arealidade. Quando se consegue desvestir a consciência dosmitos e projeções simbólicas milenares, pode-se percebermelhor o Universo.

As ideias quânticas tornam-se importantes para oesclarecimento do ser humano, pois reduzem as ilusões efantasias, levando-o à consciência do véu interposto nãosó pelos sentidos físicos como também pelos paradigmasda ciência clássica, mecanicista e causalista. Essesparadigmas configuram uma psiquê enrijecida até então.

É hora de se buscar modificar esse estado.A vida verdadeira, propalada pelo Espiritismo comosendo a espiritual, é parte da questão a ser resolvida peloEspírito. Vir e voltar para o mundo espiritual, cujaexistência é questionada pela ciência, é apenas uma dasmuitas fases da evolução.

no corpo físico, passamos a acreditar que a Consciência a

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O Inconsciente não se estrutura de forma padroniza-da, cronológica ou convencional. Imagens, vibrações econfigurações complexas compõem seu conteúdo.Palavras, sons e raciocínios lógicos dele não fazem parte.Tudo que dele sai recebe a conformidade da Consciência,portanto, de acordo com protocolos convencionais.

Quando analisamos sob o paradigma espírita, temosde considerar a complexidade da relação entre oInconsciente e o Espírito. À primeira vista, pode-se pensarque o Inconsciente é o próprio Espírito. A distinção claraestá na individualidade deste último. O Inconsciente surgeda relação entre o Espírito e o meio. O Espírito precedeao Inconsciente que, por sua vez, gera a Consciência,campo de atuação do primeiro através do ego, estruturaque lhe representa.

A frequência vibratória do Inconsciente o situa forados limites do corpo e isso permite que seja acessado forados limites da consciência, isto é, por meios nãoconvencionais. Nisso se baseiam as técnicas psicológicas

projetivas, as relações mediúnicas, as comunicaçõestelepáticas, bem como qualquer outro modo de apreensãoda realidade sem a utilização dos cinco sentidos.

O corpo não tem condições de abrigar o Inconscienteem face das características físico-químicas do cérebro. Afrequência vibratória do Inconsciente necessita de outrotipo de estrutura, razão pela qual a frequência vibratóriado Perispírito abriga o Inconsciente.

O termo perispírito surge com o Espiritismo. É ocorpo espiritual que serve de abrigo à mente e de veículode manifestação do Espírito. Em breve a ciência perceberá

sua existência, provavelmente dando-lhe outra denomina-ção e origem.A psiquê não é dissociada do todo e das coisas. O

Inconsciente se conecta ao mundo real independentemen-te da Consciência e do ego.

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A Psicologia do Espírito

A Psicologia do Espírito é o estudo do Espíritocomo individualidade, destituído de qualquer implementomaterial, nas suas relações com o meio ou a realidade. OEspírito é a individualidade que evolui nas relações queestabelece com o Universo e nas experiências que nelevivencia, em busca de sua identidade.

É a psicologia que se interessa pelo ser em si,conhecido como humano, princípio que denota inteligên-cia, sentimento e capacidade de transformar o Universo,

que independe da matéria ou de qualquer forma deenergia. A Psicologia do Espírito é a parte da Psicologiaque se dedica à investigação daquilo que pensa e concebea si mesmo.

É uma psicologia da alma enquanto espírito quecomanda um corpo, submetido às contingências de seuainda incipiente nível de evolução, limitado pela ignorân-cia que lhe caracteriza o estado atual. Um de seus funda-mentos é a condição do Espírito como um ser autônomoem busca de sua autodeterminação.

Devemos reconhecer a existência de certas dimen-

sões entre o Espírito e a matéria. Espírito é o princípiointeligente e ordenador do Universo. É ele que promove oUniverso de acordo com sua habilidade e vivência coletiva.O Espírito tem, à sua disposição, o perispírito, em que selocaliza a mente ou psiquê , que, por sua vez, utiliza o corpofísico, dotado de fluido vital. Portanto, temos:

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1. Espírito, individualidade imortal, que representa oCriador de tudo.

2. Perispírito, que abriga a mente e atua sobre o fluidovital, construído/elaborado ao longo da evolução doEspírito, fruto de suas experiências com a realidade ecom as relações com o outro.

3. Corpo físico, que, integrado ao fluido vital, possibilita avida na matéria, permitindo uma percepção peculiar

ao Espírito.O Espírito é a individualidade pré-existente ao ego,

com grau de complexidade cognitiva crescente, cujodesenvolvimento se observa em sua capacidade dedomínio sobre o ambiente que o cerca. Para seudesenvolvimento, são necessárias aquisições significativas,que vão gradativamente integrando sua essência. Essasaquisições decorrem das experiências nas dimensõesexistenciais, com ou sem o corpo físico.

São princípios ou leis a serem integrados peloEspírito:

Capacidade de amarMobilidadeManipulação e uso da energia/matériaComunicação e uso da linguagemMultiplicação e ampliação do UniversoHarmoniaSabedoria

Para alcançar a integração dessas leis ou princípios,é necessária a vivência de experiências significativas, nasquais o Espírito deve apreender paradigmas, tais como:

Amorosidade, conectividade, generosidade, caridade,sexualidade afetiva, amizade autêntica etc.;Penetração social, mobilidade entre culturas, trânsitofácil entre distintas sociedades, competência para viverem diferentes cenários sociais etc.;

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Manipulação de fluidos, cura, educação da energiavital, equilíbrio orgânico etc.;Compreender e ser compreendido, ensinar e aprender,musicalidade, percepção artística etc.;Prosperidade, uso adequado do dinheiro, criatividade,habilidades operacionais, capacidade de ampliarprocessos em favor da sociedade etc.;Paz interior, promoção da tranquilidade, ordem interna,

ordem externa, equilíbrio emocional e espiritual etc.;Percepção de totalidade e da amplitude das coisas,capacidade lógica, intuição desenvolvida, capacidadede dar explicações consistentes e múltiplas das coisase eventos, compreensão flexível etc..

A ausência da aquisição desses paradigmas pode serobservada nos seguintes déficits:

Ódio, mágoa, indiferença, desejo de poder, orgulho,egoísmo, instabilidade emocional, poucas e pobresrelações afetivas etc.;Ausência de limites legais, ausência de limites físicos,com restrições impostas à mobilidade, vícios, conten-ções impostas externamente, parcos recursos disponí-veis etc.;Ignorância quanto às propriedades da matéria, doen-ças, restrições vitais, bloqueios à fluidez de processosmateriais etc.;Restrições à compreensão, baixa capacidade deexpressão verbal e escrita, inexistência de expressão

artística, repertório linguístico pobre etc.;Dívidas, acumulação de bens materiais sem geraçãode empregos, exclusiva preocupação com a sobrevi-vência etc.;Instabilidade emocional, riscos desnecessários, agressi-vidade, inquietação, descontrole dos instintos etc.;

Ausência de limites legais, ausência de limites físicos,restrições impostas à mobilidade, vícios, contençõesimpostas externamente, parcos recursos disponíveisetc.;

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Repertório comportamental social reduzido, visãounilateral e mecanicista da sociedade e de seus pro-cessos, existência restrita e limitada espiritualmente.

O Espírito existe como estrutura multidimensionalincognoscível. Sua constituição se alicerça nas diferentesdimensões, não pertencendo a qualquer delas. Suanatureza, inalcançável pela lógica humana, transcende o

Universo material conhecido. É considerado, por defini-ção, o Princípio Inteligente, capaz de alterar o Universo asua volta, cuja constituição ainda é incompreensível. Aafirmação de que o Espírito tem uma estrutura multidi-mensional significa dizer que se trata de algo que nãoexiste numa única dimensão e que, quando se coagulanuma delas, apresenta propriedades parciais específicas.O Espírito, quando se mostra na dimensão material, apre-senta a Inteligência como seu principal atributo, perma-necendo outros como manifestação secundária. Isso tornao Espírito capaz de alcançar uma realidade muito mais

ampla do que aquela que a consciência concebe. Por transi-tar em muitas dimensões, a realidade, para o Espírito, étambém multidimensional. Inimaginável o que é apresen-tado ao Espírito, pois a concepção que ele tem ainda estárestrita aos limites estreitos do ego.

O Universo transcende a consciência, portanto, aoego. O que é possível ser concebido pelo indivíduo tem oslimites por ela definidos. A estrutura da consciência e seuconteúdo delimitam o alcance do que é possível ser conce-bido. Considerando-se a existência de um Eu (Espírito)independente da Consciência e do Inconsciente, as

possibilidades se ampliam, logo, o Universo conhecidopelo ego torna-se pequeno e relativamente compreensível.A ampliação desses limites requer esforços contínuos naintegração dos opostos aos conteúdos da Consciência, bemcomo a integração das ideias quânticas nas experiênciascotidianas.

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Deve-se considerar que a realidade do Universomacrocósmico disponível ao Espírito é posta pelaconsciência lógica, que poderá ser repensada. O Espírito,quanto mais consciente de si e com uma maior percepçãodo que o cerca, poderá recriar a realidade de acordo comnovos interesses evolutivos. A ideia de uma origem para oUniverso diz respeito ao pensamento linear que admite enecessita de uma causalidade para tudo. Se pensarmos

conforme o paradigma causal, temos de entender anecessidade da existência de um início, portanto, de umfim. Mas, se pensarmos na pluralidade da realidade, forados limites da causalidade, haveremos de entender aexistência das coisas em si mesma, independentementede uma causalidade absoluta. Pensar em um início ofereceo vazio da impossibilidade de se admitir algo antes e depoisdo fim do que se iniciou. Da mesma maneira, pensar arespeito da natureza essencial de Deus, considerando uminício ou mesmo a criação da matéria extraída de algoinexistente, torna-se impossível.

A mente humana é um grande pincel, com o qualsão pintadas, em cores bem fortes, as realidades obscurasdo Espírito. Tudo nela é concepção simbólica, pois anatureza deu tão-somente ao Espírito aquilo que pode defato ser chamado de realidade.

Essas ideias nos levam a pensar na recriação daPsicologia, que deve considerar, agora, que há um sercomplexo, chamado de humano, não linear e dotado deamplas possibilidades de realização e recriação da reali-dade. Os objetivos da Psicologia, em proporcionar uma

melhor adaptação do indivíduo ao meio, contribuindo paraque tenha relações interpessoais mais ricas e adequadasa sua realização pessoal, devem inserir a possibilidade deconstrução de novas e diferentes realidades. Os limitesda Psicologia devem se ampliar com o advento das ideiasquânticas.

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Porém, as concepções subjetivas tornadas possíveiscom o advento das ideias quânticas não devem excluir doser humano os objetivos da vida comum, pois devem levá-lo muito mais longe do que foi possível até então. Asconcepções conservadoras devem ceder espaço para novasformas de viver e sentir a vida. As doenças mentais devemmerecer novo olhar, considerando que a realidade queaparece no formato de sintomas tidos como patológicosdeve ser entendida como pertencente ao Espírito e mereceser compreendida sob novos paradigmas.

Diante da imposição de se viver numa sociedadealtamente informatizada, dependente de computadores,condicionada à informação acessível instantaneamente atodos, não se pode pensar no indivíduo dissociado dasimensas possibilidades de cenários em que sua mentenavega. Esse novo indivíduo não é o mesmo pensado pelasescolas psicológicas estruturadas a partir de ideiasanteriores ao último quartel da segunda metade do Século XX. Tem-se de pensar no Espírito e não mais no individuo

condicionado aos esquemas maternos e paternos, oumesmo a um mundo limitado pelos paradigmas construí-dos pelas religiões tradicionais.

A Psicologia do Espírito é aquela que observa umnovo ser humano, Espírito utilizador da mente, filtradopor um corpo materialmente limitado, que cada vez maisse conscientiza de sua autodeterminação no Universo.Seus paradigmas estão sendo reavaliados considerandoos princípios clareados pela Física Quântica, peloEspiritismo e pela Psicologia Analítica.

A Psicologia do Espírito é aquela que observa umnovo ser humano, Espírito utilizador da mente, filtradopor um corpo materialmente limitado, que cada vez maisse conscientiza de sua autodeterminação no Universo.Seus paradigmas estão sendo reavaliados considerando-se os princípios clareados pela Física Quântica, peloEspiritismo e pela Psicologia Analítica.

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Física Quânticae Psicologia Analítica

T odo novo paradigma tem a propriedade de serobjeto de interesse das ciências, que pretendem atraí-lopara seus domínios como se fossem confirmatórios de seusexperimentos e princípios. Com o paradigma quântico,não tem sido diferente. As escolas psicológicas têm delese aproximado não só com citações mas também com

discussões de princípios, tendo como base ideias quânti-cas. Dessa forma se desenvolvem as ciências, seguindo oprincípio da interdisciplinaridade.

Com a Psicologia Analítica não foi diferente. Jungnão ficou alheio ao que ocorria na Física. Estava geogra-ficamente muito próximo das descobertas para ignorá-las, além de perceber que havia uma zona de confluênciaentre seus estudos e o que a Física Quântica apresentava.Sua visão a respeito do Inconsciente e dos eventos cujaexplicação transcendia os limites da lógica causal aproxi-mavam-no das ideias quânticas.

Um dos conceitos mais compatíveis com explicaçõesquânticas é o da Sincronicidade. Jung percebeu uma classede fenômenos que não se explicam pelas leis da FísicaClássica em face da simultaneidade e da não causalidadeentre eles, como se desobedecessem a linearidade espaço-temporal. Jung já se ocupava do problema da Sincronici-

Sua visão a respeito do Inconsciente e dos eventos, cujaexplicação transcendia os limites da lógica causal, aproxi-mavam-no das ideias quânticas.

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dade desde os meados dos anos vinte do século passado,mas só após suas conversas e cartas trocadas com W. Pauli,seu ex-analisando, ele consolidou suas teorias a respeitode Coincidência Significativa (Conexões acausais ouSincronicidade). Ele próprio escreveu, em conjunto comW. Pauli, um texto sobre Sincronicidade. Também não sepode esquecer de que ele se apoiou14 nos experimentos deJ. B. Rhine (1895 a 1980) para confirmação de suas ideias

sobre coincidências significativas ou conexões acausais.Jung considerava a Sincronicidade compensatória emrelação à causalidade.

Após saber, por W. Pauli, do princípio da Comple-mentaridade, proposto por Niels Bohr e confirmado porvários experimentos e estudos (De Broglie, Compton etc.),Jung propôs que a relação entre os conteúdos inconscientese a Consciência guardasse o mesmo princípio. Na FísicaQuântica, se comprova que o átomo ora se comporta comoonda, ora é percebido como partícula. Nada escapava ao olharpsicológico de Jung. Ele encontrava na Física Quântica um

poderoso aliado científico que confirmava suas ideias. Nessesentido, poder-se-ia estabelecer um paralelo sincronísticoentre a Psicologia Analítica e a Física Quântica. A primeirase ocupa em estudar os fenômenos psíquicos o mais próximopossível de seu lócus. A segunda, faz a mesma atividade,observando-os, à distância, em seus efeitos.

Alguns dos sonhos de Wolfgang Pauli analisados porJung constam do livro Símbolos da Transformação , cujoconteúdo motivou a dissidência de Jung com Freud. Asconversas de Pauli com Jung foram úteis para a construçãodo conceito de Sincronicidade, princípio da conexão

acausal. Em um texto de 1946, Considerações teóricas sobrea natureza do psíquico , Jung cita trecho de uma carta-resposta que recebeu de W. Pauli:

14

JUNG, C. G. Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par. 833s, p.450.

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A aplicação de leis estatísticas a processos da or-dem de grandeza do átomo na Física tem uma cor-respondência notável na Psicologia, na medida emque esta investiga as fases da consciência, isto é,na medida em que eles se desvanecem na obscuri-dade e na incompreensibilidade e onde não se en-xergam senão os feitos que têm influênciaorganizadora sobre os conteúdos da consciência. 15

Em nota de rodapé, ele afirma:Provavelmente os meus leitores terão interesse emconhecer a opinião de um físico a este respeito. OProfessor Pauli, que teve a gentileza de ler o manus-crito deste meu epílogo, escreveu-me as seguintespalavras:De fato, o físico esperaria uma correspondênciapsicológica neste ponto, porque a situação episte-mológica relativamente aos conceitos de ‘consciên-cia’ e de ‘inconsciente’ parece oferecer uma analo-gia bastante aproximada com a ‘complementarida-de’ abaixo mencionada, na Física. De um lado, só

se pode deduzir o inconsciente indiretamente, apartir de seus efeitos (organizativos) sobre os con-teúdos conscientes. De outro lado, qualquer obser-vação do inconsciente, isto é, qualquer percepçãoconsciente dos conteúdos inconscientes exerce umefeito reativo inicialmente incontrolável sobre estesmesmos conteúdos inconscientes (o que, como sa-bemos, exclui em princípio a possibilidade de esgo-tar o inconsciente tornando-o consciente). Assim, ofísico concluirá, per analogiam, que este efeito re-troativo incontrolável do observador sobre o incons-ciente limita o caráter objetivo da sua realidade e

ao mesmo tempo confere a esta uma certa subjetivi-dade. Embora a posição do ‘corte’ entre a consciên-cia e o inconsciente (pelo menos até certo ponto)seja deixada a livre escolha do experimentador psi-

15 JUNG, C. G.Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par.439, p. 233-4.

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cológico, contudo, a existência deste corte continuasendo uma necessidade inevitável. Em consequên-cia, do ponto de vista da Psicologia, o sistema ob-servado consistiria não só de objetos físicos, comotambém incluiria o inconsciente, ao passo que àconsciência caberia o papel de instrumento de ob-servação. É inegável que o desenvolvimento da‘microfisica’ aproximou imensamente a maneira dedescrever a natureza nesta ciência daquela da Psi-cologia moderna: ao passo que a primavera, em vir-tude da situação de princípio que designamos pelonome de complementaridade, se vê em face da im-possibilidade de eliminar os efeitos do observadorcom correções determináveis, sendo, assim, obri-gada a renunciar, em princípio, a uma compreen-são objetiva dos fenômenos físicos em geral, a se-gunda pode suprir a Psicologia meramente subjeti-va da consciência, postulando a existência de uminconsciente dotado de um alto grau de realidadeobjetiva.16

Pode-se notar a relação estreita entre uma ciência eoutra, principalmente no grau de imprecisão de suasobservações. O predomínio da simbologia e da notaçãoprobabilística é evidente. Isso também fica claro naseguinte afirmação de Jung:

É preciso dar-nos sempre conta de que aquilo queentendemos por “arquétipos” é, em si, irrepresentá-vel, mas produzem efeitos que tornam possíveis cer-tas visualizações, isto é, as representações arquetí-picas. Encontramos situação semelhante a esta naFísica. Onde as partes mínimas são em si irrepresen-táveis, mas produzem efeitos de cuja natureza é

possível deduzir um certo modelo. (...) Quando aPsicologia admite a existência de certos fatorespsicóides irrepresentáveis, com base em suas ob-servações, em princípio ela está fazendo a mesma

16 JUNG, C. G.Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par.439, p. 233-4.

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coisa que a Física, quando constrói um modelo atô-mico. Não é somente a Psicologia que tem a des-ventura de dar a seu objeto, o inconsciente, um nomeque tem sido frequentemente criticado por ser me-ramente negativo; o mesmo acontece à Física, por-que esta não pode evitar o antigo termo “átomo” (oindivisível) para designar a menor partícula de mas-sa. Da mesma forma que o átomo não é indivisível,assim também, como haveremos de ver, o inconsci-ente não é puramente inconsciente. E da mesmaforma como a Física nada mais pode fazer, sob oponto de vista psicológico, do que constatar a exis-tência de um observador, sem ter condições de afir-mar o que quer seja sobre a natureza deste observa-dor, assim também a Psicologia só pode indicar arelação da psique com a matéria, sem ter condiçõesde dizer o mínimo que seja quanto a natureza damesma.17

Como o arquétipo, que é irrepresentável, produzimagens e temas representativos, assim também há algo

ainda incompreensível que se faz representável, o quedenominamos matéria. Essa incompreensão aproxima asideias paradoxais a respeito de Espírito e matéria, poisparece levar a concepção de que são, em essência, amesma coisa. Não se pode afirmar tal ideia, pois nada sesabe a respeito da essência de um nem de outro, portanto,não se pode inferir que sejam a mesma coisa, a não ser ofato de pertencerem ao mistério do humano. Física ePsicologia, ambas, no dizer de Jung18 , abordam o transcen-dental, o intangível. Semelhante ideia escreve Pagels(1982), ao afirmar que “A realidade quântica é racional,

mas não visualizável”19

.

17 JUNG, C. G.Obras completas. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par.417, p. 219.

18 JUNG, C. G.Cartas . Petrópolis: Vozes, 2003. v. III.19 PAGELS, Heinz R.O código cósmico . 2. ed. Lisboa: Gradiva, 1982. p. 15.

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Jung tinha consciência perfeita de que lidava comalgo extremamente intangível e de difícil caracterizaçãono mundo material e lógico em que vivia. A Psicologiatinha limites, impostos pelo mecanicismo e pela linguagemacadêmica do século anterior. O preconceito sobre Jungseria ainda maior se avançasse em temas fronteiriços dedifícil definição. Porém, a Sincronicidade poderia sertratada, pois nada se sabia a respeito. Era algo novo.Consciente de seu pioneirismo, ele afirmou:

Se queremos, porém, fazer considerações de prin-cípio a respeito da natureza do psíquico, precisa-mos de um ponto de apoio arquimédico que é oúnico a tornar-nos possível um julgamento. Maseste ponto só pode ser o não-psíquico, porque,como fenômeno vital, o psíquico se acha embutidoem algo de natureza aparentemente não-psíquica. 20

Ainda agradecido a W. Pauli, Jung escreve:

Como o mundo dos fenômenos é um agregado deprocessos de dimensões atômicas, naturalmente éda máxima importância saber se e de que modo osfótons, por exemplo, nos proporcionam um conhe-cimento definido da realidade subjacente aos pro-cessos energéticos mediadores. A experiência nostem mostrado que a luz e a matéria se comportam,de um lado, como partículas separadas e, do ou-tro, também como ondas. Esta descoberta parado-xal obriga-nos, no palco das grandezas atômicas,a abandonar uma descrição causal da natureza nosistema ordinário espaço-tempo, e a substituí-la porcampos irrepresentáveis de probabilidades emespaços multidimensionais que representem ver-dadeiramente o estado de nossos conhecimentos

20 JUNG, C. G.Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par.437, p. 233.

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atuais. Na raiz deste esquema abstrato de explica-ção está um conceito de realidade que não abstraidos efeitos que o observador inevitavelmente exer-ce sobre sistema observado, com o resultado deque a realidade perde alguma coisa de seu caráterobjetivo e a imagem do mundo físico se apresentacom uma componente subjetiva. Devo esta formu-lação à amável ajuda do Professor W. Pauli.21

Jung não levava em consideração a ideia da Naturezanão ter propósitos. Isso fica claro quando considera“acaso” “...aquilo que acontece ao homem como se fosseatraído por ele.”22 Para ele o que acontece, ou se coagula,na vida de uma pessoa guarda estreita relação com osprocessos psíquicos.

Os conceitos da Psicologia Analítica, resumidos noGlossário, podem dar uma ideia da preocupação de Jungem alcançar a estrutura íntima da psiquê humana, bemcomo em caracterizar a existência de um observador nãopassivo e inalcançável diante de um objeto surpreendente-mente incognoscível.

21 JUNG, C. G.Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par.438, p. 233.

22 Ibdem, par. 823, p. 443.

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Quarta Parte:O Humano e o Divino

Espiritismo, Psicologia e Universo QuânticoMultidimensõesA Sinfonia Cósmica

A Nova Ciência da MenteQue Campos Criamos e SintonizamosO Universo é Elegante?Ideias Quânticas e Distúrbios PsicoespirituaisDúvidas e PossibilidadesExercícios Quânticos

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O Humano e o Divino

A grande dialética vigente na consciência humana éDeus e o Humano. Constituem o par de opostos, de fato,provocador de todo conflito, em face da forma comoentendemos a relação entre eles. O Divino fez o humano,que concebe o Divino como lhe é possível. Nada garanteao humano que assim seja.

A grande dialética vigente na consciência humana éDeus e o Humano. Constituem o par de opostos de fatoprovocador de todo conflito, em face da forma comoentendemos a relação entre eles. O Divino fez o humano,que concebe o Divino como lhe é possível. Nada garanteao humano que assim seja.

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Espiritismo, Psico ogia eUniverso Quântico

S empre achei que a linguagem da Física eramuito abstrata para retratar a realidade percebida pelamente humana. Minha formação em Engenharia me mos-trava que as fórmulas e formulações eram por demaisrestritas e lineares para descrever o que é captado de formainstantânea pela mente humana. As formulações matemá-

ticas eram simples reduções (exigências do eu da Cons-ciência) para poder caber na dimensão lógica da psiquê .Mesmo assim, percebo que a Matemática, em certasexpressões, chega antes daquilo que a mente gostaria dealcançar. Quando me dediquei ao estudo da Filosofia,fiquei encantado com a amplitude das possibilidades decompreensão da realidade, mesmo considerando as limita-ções do pensar, impostas pelas percepções rudimentaresda Consciência. Mesmo assim, achava que tanto a Físicaquanto a Filosofia estavam descrevendo apenas o mundodos sentidos e de forma parcial. Quando me debrucei sobre

a Psicologia, foi que compreendi melhor as incertezas emque me encontrava. Vi que o Inconsciente, como estruturapsíquica, desempenha fundamental importância napercepção da realidade. Porém, avaliei que a própriaPsicologia, que deveria ser a ciência da alma, era caolhapara enxergar o Espírito. Foi, de fato, ao conhecer os

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princípios do Espiritismo que tive uma percepção detotalidade. Antes de iniciar minha primeira graduação,conheci os paradigmas espíritas, contribuindo para aampliação das possibilidades de percepção do mundo,extrapolando os limites da Consciência, ainda excessiva-mente vinculada aos paradigmas cartesianos, mecanicistase materialistas da maioria das pessoas de minha época deestudos universitários. Porém, foi a união desses saberes

que me permitiu ir além de mim mesmo, do que pensavaser o que era, voando alto na busca pelo incognoscível.Com as ideias quânticas, vi a maioria de minhas

construções filosóficas ruir, permanecendo uma maiorinquietação sobre o que de fato é a realidade e qual afinalidade da vida humana.

Como já vimos antes, desde o começo do Século XX,com os estudos e pesquisas de Max Planck, o Universoconhecido pelo ser humano deixou de ser o mesmo. Asdescobertas sobre a radiação e sobre os processosmicroscópicos revolucionaram, desde então, a Física, a

Ciência e o pensar humano. Max Planck, Albert Einstein,Ernest Rutherford, Niels Bohr, Arthur Compton, Louis deBroglie, Paul Dirac, Wolfgang Pauli, Werner Heisenberg,Erwin Schrödinger, Max Born e outros contribuírammuito, com suas descobertas e ideias, para que melhorentendêssemos o Universo e o que chamamos de realidade.Os estudos e as descobertas desses cientistas levaram adiscussão a respeito da causalidade e das influências daConsciência à observação dos fenômenos da realidade.

Na mesma época em que surgiram os fundamentosda Física Quântica, a Psicologia apresenta, pelos estudos

de Sigmund Freud e as contribuições de Carl Gustav Jung,o Inconsciente Coletivo, com seus Arquétipos, resultantedo repertório das experiências comuns da humanidade.A descoberta do Inconsciente pela Psicologia amplia apercepção humana a respeito da motivação e de comofunciona a mente humana.

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Antes mesmo da Física iniciar seus estudos e daPsicologia surgir como ciência, o Espiritismo já tinhaapresentado suas teses a respeito da mente, da imortali-dade do Espírito, da existência da dimensão espiritual ede sua intervenção na realidade material. O Espiritismose ocupa da existência, imortalidade e individualidade doEspírito e de suas relações com o mundo material.

Estudar a Física Quântica, a Psicologia e o Espiri-

tismo significa entrar em contato com os conhecimentostranscendentais mais atuais da humanidade, portanto,colocar-se na vanguarda do saber e dos princípios quefavorecem uma melhor compreensão do sentido e dosignificado da vida. Qual a relação entre essas três áreasdo conhecimento? Tanto o Espiritismo quanto a Psicologiatratam de fenômenos cuja origem é o Inconsciente, quedeve ser visto como uma estrutura de conexão com oUniverso Quântico.

A Psicologia se fundamenta na existência dasmotivações que antecedem o comportamento humano,

sejam elas inconscientes ou conscientes. A Física Quânticatem, como um de seus fundamentos, a multiplicidade dedimensões e de possibilidades de compreensão da reali-dade; um outro é a não causalidade percebida no mundomicroscópico. O Espiritismo tem como um de seus funda-mentos a existência dos espíritos, a vida após a morte etodas as consequências dela advindas. A unidade dessasáreas do saber humano está no próprio Espírito, senhorde toda a compreensão possível e protagonista dosprocessos do Universo conhecido.

A Psicologia Analítica se ocupa principalmente do

estudo do Inconsciente, sem desprezar a Consciência,muito embora Jung tenha dado ênfase ao estudo doprimeiro. No Inconsciente postulado por Jung, encontra-mos os arquétipos, que são estruturas dominantes docomportamento humano, forjados ao longo da evolução.Seus estudos compreendem assuntos que dizem respeito

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à dinâmica psíquica, tais como: arquétipos, sincronici-dade, sonhos, energia psíquica, tipos psicológicos, funçãotranscendente, complexos etc..

Por sua vez, o Espiritismo trata da origem e naturezados espíritos e de suas relações com o mundo material.Em seus princípios constam: a mediunidade, a reencarna-ção, a vida no mundo espiritual, a evolução do Espírito, apluralidade dos mundos habitados, a moral cristã etc..

Com a importância que a Psicologia tem tido nas religiões,como conhecimento auxiliar na evolução do ser humano,o Espiritismo também tem se aproximado daquele saber.

A Física Quântica, como vimos, se ocupa do estudodo microuniverso da matéria, estabelecendo princípiosque, via de regra, contradizem os postulados rígidos daFísica Clássica. São temas afeitos à Física Quântica: aComplementaridade, o Princípio da Incerteza, o SaltoQuântico, as Supercordas , o Universo Probabilístico etc..Com a introdução da subjetividade na análise dosfenômenos quânticos, nos quais se dá relevância ao papel

do observador, a Nova Física Quântica tem se aproximadodas ideias do Inconsciente, consequentemente, daPsicologia Analítica.

Não há como negar a tendência arquetípica dainterdisciplinaridade tal qual ocorre nos conteúdos doInconsciente, que se misturam, paradoxalmente, semoposição. Psicologia, Espiritismo e Física Quântica sãoconhecimentos que possuem uma zona de fronteira cadavez mais extensa. Retirando-se os preconceitos de parte aparte e agregando-se os saberes, têm muito a contribuirpara desvendar os segredos do Universo.

O Espiritismo, apropriando-se das ideias quânticase lhes acrescentando o paradigma espiritual, a dimensãode continuidade do eu e da imortalidade do ser,proporciona imensas possibilidades de compreensão dascoisas para um maior avanço da evolução do Espírito. OEspiritismo é uma doutrina pluralista que permeia várias

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áreas do conhecimento humano. A perspectiva espiritualpode ser útil na compreensão de vários fenômenos danatureza, até mesmo daqueles que são tratados pela FísicaQuântica. A Psicologia, como estudo da mente humana,pode também contribuir para a compreensão do UniversoQuântico. Basta que se permitam cair os dogmas e con-venções enrijecidas pelo raciocínio causalista e mecani-cista, infelizmente ainda presente nos três.

Há limites para a Física Quântica, para a Psicologiae para o Espiritismo. Há um limite na Física, a partir doqual se torna literalmente física dos efeitos, pois a matérianão pode mais ser reduzida, apenas pressentida, portanto,psicologizada, transportando conteúdos inconscientespara o eu da Consciência, no formato de símbolos. Há umlimite para a Psicologia, pois quando o observador se tornao objeto a ser observado, a relativização toma conta doolhar. Nada se pode afirmar sobre o que não possui umolhar externo sobre si mesmo. Há um limite para o Espi-ritismo quando, à semelhança do cristianismo paulinista,

despreza a natureza ctônica (ou ctónica, relativo à terra)humana. Essa natureza o identifica com as forças telúricas,que são inerentes ao humano e dele inalienáveis. Issocoloca o Espiritismo como um conhecimento com objeti-vos que excluem parcialmente o ser humano, prejudicandosua evolução, pelo purismo em que se apoia. Em matériade saber, não deve haver limites. Tal limite também podeser observado na insistência em se colocar alguns de seusfundamentos na discutível, porque mecanicista, “lei decausa e efeito”.

A discrepância do comportamento observado no

mundo microscópico em relação ao macroscópico seassemelha à existente entre o Inconsciente e a Consciência.Essa semelhança provoca a ideia de uma correlação entreas três áreas citadas. A Psicologia, até então lógica epragmática, mesmo com sua inerente subjetividade,deverá considerar novas postulações de acordo com as

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considerações e paradigmas quânticos. A Física Quântica,cheia de dúvidas e baseada na incerteza, deverá considerara necessidade de repensar quem é o observador dosfenômenos no Universo. O Espiritismo deverá sepopularizar não necessariamente ou exclusivamente pelavia religiosa, mas principalmente pela necessidade deemancipar o Espírito de sua dependência quase absolutada crença na salvação divina. Essa emancipação terá que

contar com a integração das ideias quânticas aosprincípios espíritas, com posterior disseminação entre seuspraticantes.

O mundo externo ao ser humano sempre lhe foifascinante, cujo contato é gerador de experiênciassignificativas, forjadoras de paradigmas que sãointegrados ao Espírito. Com o advento da Física Quântica,o mundo microscópico tem levado o ser humano asimbolizar e a aproximar-se mais consistentemente do seumundo interior. Esse contato permitirá a integração denovos e diferentes paradigmas, já que a proximidade com

o Inconsciente é maior e feita de forma mais segura, semapelar para deuses sobrenaturais.A especulação das observações experimentais e

formulações matemáticas dos físicos sobre o que ocorreno microcosmo ativa a Função Transcendente, presentesempre que um conteúdo do Inconsciente deve vir àConsciência, gerando símbolos míticos. Estamos diantede um momento alquímico, no qual as especulaçõesquânticas geram uma multiplicidade de símbolos, porenquanto chamados de “explicações”. Os atuais físicosquânticos são os antigos alquimistas, agora mais

conscientes da subjetividade daquilo que investigam.A interligação do sujeito ao objeto nos leva a inferira conexão do Inconsciente com o Mundo. Tudo está, dealguma forma ainda desconhecida, interconectado. Háuma realidade subjacente àquela percebida pelo olharhumano. Ela é inacessível à lógica humana. A dualidade

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onda-partícula, na qual quando o objeto investigado estáparado é partícula e quando em movimento observa-secomo onda, como afirmava Niels Bohr, comprovado porDe Broglie, leva-nos à percepção de uma estreita eautomática relação entre o eu e o mundo. Sabemos queos modelos são complementares e que a mente humanaainda vai se acostumar a uma nova ordem.

As novas ideias trazidas pela Física Quântica, pela

Psicologia, pelo Espiritismo, pela Filosofia Contempo-rânea e pela Cibernética nos conduzem a novas constru-ções psíquicas para uma maior compreensão do que é, defato, o ser humano e do que pretende ser. É de se esperarque a Humanidade amadureça ao utilizar essas novasideias, proporcionando crescimento, prosperidade, felici-dade a todos e, sobretudo, a consciência do significadoexistencial.

O desafio maior dos saberes humanos, com o adventodas ideias quânticas, será o de proporcionar meios paraque o ser humano encontre o significado e o sentido de

sua existência. Talvez estejamos a um pequeno passo dissoacontecer. Talvez esteja muito próximo. Então, voos maisaltos serão dados.

O desafio maior dos saberes humanos, com o adventodas ideias quânticas, será o de proporcionar meios paraque o ser humano encontre o significado e o sentido de

sua existência. Talvez estejamos a um pequeno passo deisso acontecer. Talvez esteja muito próximo. Então, voosmais altos serão dados.

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Multidimensões

P ara justificar as propriedades “percebidas” namatéria, a Física Quântica apresenta, por formulaçõesmatemáticas, a multiplicidade de dimensões. O que anteseram quatro (três mais o tempo), passou a ser onze,incluindo, inusitadamente, a dimensão espiritual. As onzedimensões (dez espaciais e uma temporal) são padrõesvibratórios diferentes. Enxergamos (percebemos) pelaconsciência em três dimensões. Se em quatro dimensões já é complexa a percepção da realidade pelo ser humano,o quão inimaginável deve ser quando o número é maior.

As dimensões apresentadas pela Física Quântica nãosão, como pode parecer, isoladas entre si. São interrelacio-nadas, indissociadas como a linha é do ponto que a forma.Elas se interpenetram sem que se possa encontrar umaunidade dissociada de um todo, tampouco uma totalidadeem que se possa resumi-las. Unidade e totalidade seequivalem, portanto, seus constructos lógicos não são sufi-cientes para assambarcar a realidade multidimensional.

A Psicologia empírica, como a maioria das ciências,rica em suas experiências, fundamentada nos paradigmaslógicos, baseada na realidade unidimensional, excluindoa dimensão espiritual, é limitada. Inserindo essas novasdimensões, darão lugar a amplas possibilidades do Espí-rito se manifestar.

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Chegaria ao ser humano comum, em sua vida coti-diana, a percepção das onze dimensões? Para que elasservem? São perguntas que exigem raciocínio complexocom respostas não tão simples. Pelo menos, sabemos quea complexidade do Universo é maior do que supomos edo que captamos. Vivemos numa limitada e estreita faixade percepção, pois nossos sentidos físicos bloqueiam amaior parte dos fenômenos do Universo. Provavelmenteocorrem muitos fenômenos à nossa volta sem que tenha-mos a menor noção de como e porque ocorrem, mas queinterferem no nosso modo de ser.

Conceitos como Deus, Vida, Natureza, Universo,entre outros, são utilizados, por vezes, para significar algoque responde ou dispõe a realidade para a consciênciahumana, como uma certa força, não material, que coman-da (tudo que é físico, psíquico e espiritual) todas asdimensões e reordena a realidade segundo fatores internosda mente humana. Esses conceitos configuram umadeterminada realidade em que nos situamos, compondo

um mosaico de possibilidades de ação e realização. Àmedida que modificamos conceitos e integramos novossignificados, nos inserimos em outras realidades, ou ascriamos, penetrando dimensões inacessíveis pelos sentidosfísicos, mas alcançáveis pelos novos modos de concepção.

Nada garante que os atributos daquela força, de fato,pertençam a algo externo, tampouco se encontrem nopróprio ser humano. Se assim fosse, veríamos, em todos,a mesma crença e a mesma competência de reconfigurara realidade. Com esse raciocínio, também não estouexcluindo, nem este é o tema em foco, a existência de algo

externo detentor e criador daquela força. Podemospostular a existência de algo no humano que gera a ideiada força. O que mais impressiona é que, independentemen-te ou não daquela força, os conceitos que dela temos nosinserem numa ou noutra dimensão, plasmando diferentesrealidades.

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Os universos (dimensões) paralelos, ou que seintercruzam, e que, ao menos aparentemente, se ignoram,parecem ser independentes e devem possuir leis próprias.A visão de unidade, discutida em capítulo anterior, devedar lugar à pluralidade, isto é, a infinitas possibilidadesde concepção. Por isso, a ideia da existência de mundos,ou planetas, em diversos graus de evolução, toma novoformato, saindo da linearidade e assumindo a multidiversi-

dade. Isso significa dizer que tanto podem existir planetashabitados em nosso Universo como também nas diferentesdimensões de outros universos.

A ideia de uma só realidade que evolui de um marcozero é substituída por n marcos zero. O Big Bang , ou agrande explosão que deu origem ao Universo, seempobrece, pois pode-se imaginar muitas grandesexplosões em muitos universos. Isso nos leva a pensar quenão há início para nada, a não ser na vontade e no desejohumano, pois nada poderemos afirmar sobre algo divino.

A realidade é incrivelmente complexa e admiravel-

mente fantástica. Qualquer tentativa de limitá-la aoconvencionalismo ortodoxo das religiões é menosprezara própria inteligência humana. São múltiplas aspossibilidades de realidade à disposição da imaginaçãohumana. A liberdade é um capítulo da experiência humanaque pode e deve ser vivido na construção dessaspossibilidades de realidade. Cada ser humano tem aliberdade de criá-las e de vivenciá-las como lhe prover.

Realidade, existência, vida, mundo externo,representação e vontade, dimensão etc., isto é, aquilo quese apresenta para que o Espírito se manifeste, aconteça,

“experiencie”, é algo que, de fato, se torna cada vez maiscomplexo à medida que a consciência do eu, comoindividualidade, evolui. Considerar que existem múltiplasdimensões não é suficiente para resolver as incógnitas queexplodem naquela mesma consciência a respeito de si eda realidade.

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Independentemente das dimensões apresentadaspela Física Quântica, outras existem23 que promovem acomplexidade da vida humana. As dimensões a que merefiro são aquelas que nos vinculam ao outro e que põemo ego nas relações. No interior da psiquê humana, existemdiferentes dimensões que nos vinculam nas relações como outro. Como exemplo, podemos dividir essas dimensõesem grupos que associam experiências semelhantes por nos

colocarem em contato com certos paradigmas. Sãodimensões internas: corporal, física, sexual, filial, paternal,maternal, afetiva, emocional, criativa, religiosa, espiritual,psicológica, profissional, intelectual, política, fraternal,financeira e artística. Cada uma dessas dimensões insereo Espírito, através do ego, numa realidade específica. Essasnão são dimensões relacionadas pela Física Quântica, mas,inevitavelmente, leva o Espírito a compor diferentescenários existenciais.

23

Ver capítulo sobre autoanálise no livro Psicologia e espiritualidade , do autor.

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A Sinfonia Cósmica

Q uando a Física Quântica aponta para a existên-cia de um Universo constituído de cordas que vibram,plasmando a realidade, não se pode deixar de imaginaruma sinfonia regida por um majestoso maestro. Se vibramé porque uma força ou energia as provocam. Quem ou oque promove essa vibracão? Admitir que seja Deus torna-se óbvio. Trata-se, no entanto, da necessidade de seentender que essa ideia, a das cordas , é ainda o formato

de como aquilo que se tornou extremamente complexonos padrões de compreensão humana pode se tornarassimilável. Ascordas que vibram são virtuais, ou talvez,espirituais. A teoria das cordas e Supercordas é umasofisticação para o incompreensível. Nada esclarece, poismantém a questão da Unidade Elementar da Matéria semsolução. As pequenascordas tomaram o lugar do átomo.Assim como se descobriu de que se constituía o átomo,também se chegará ao mesmo ponto em relação àspequenas cordas invisíveis. Ou não se chegará porque,talvez, elas venham a se tornar o limite aceitável pela Física

Quântica para o psíquico.É realmente a Vida, o Universo, a realidade perce-bida, entre outras circunstâncias, algo de maravilhoso eincrivelmente fantástico. Porém, sob que paradigmasavaliamos assim? É uma questão estética? Ou é porquepercebemos como algo muito bem concebido, de tal forma

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inteligente, que nos toca a lógica? Poderia ser por causados sonhos e fantasias que almejamos alcançar e que noslevam a acreditar que o destino caminha para tal? Talvezseja isso e mais outras coisas. Creio que a questão doobservador se tornar responsável pelo cenário e pelo seudestino confere ao processo uma criatividade infinita,possibilitando outros paradigmas de percepção e análise.

As possibilidades de experiências serem vividas se

tornam cada vez mais surpreendentes, porque complexas,inusitadas e inteligentemente concebidas para o êxtasedaquele que as vive. Isso coloca a individualidade, ou Espí-rito, questionando o que realmente proporciona ou criaesse fenomenal processo. Por mais que se responda comum nome (Deus) que compreende uma série de ideias aele associadas, não se alcança a percepção do que geratudo isso – a Vida.

Maravilhosa a ideia de um Criador que deu aoobservador (criatura) a felicidade de plasmar o Universoao seu bel prazer. O ser humano vê o Universo de uma

forma peculiar, independentemente do que ele é. O serhumano se torna um verdadeiro artífice, uma espécie depintor ou concertista do Universo que vibra a sua volta.Mesmo assim, não tenho a certeza de que um dia alcançaráa essência daquilo que ele manipula.

Essa percepção de Universo, aparentemente utópicae sonhadora, não deve excluir seu lado sombrio. A sinfoniaexiste porque há um vazio que a torna real. Algo projetouesse vazio para que o Espírito o preenchesse, realizandoa Grande Obra. Esse feito não só se materializa fora doser humano, como também, e principalmente, no seu

interior, fazendo-o ser aquilo para o qual foi criado.Encanta-me saber que na coesão da matéria predo-mina a incerteza, a imponderabilidade e a probabilidade.Isso torna o pragmatismo mecanicista um escudo para aignorância humana. Em seu seio, a consciência se sentemais segura e menos vulnerável ao desconhecido.

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Encanta-me saber que foi a razão humana quedescobriu a impossibilidade de se detectar a concretudeda matéria. Pois, mesmo com a parcialidade do saberlógico, é possível se penetrar nos meandros do desconheci-do divino. Sem a razão, permaneceríamos acorrentadosao Inconsciente, desprovidos da individualidade naconsciência.

Encanta-me saber que a Natureza (Deus, ou Univer-

so, ou Vida, ou qualquer nome que lhe atribuamos) sempresurpreende o saber humano com novas e diferentespossibilidades de entendimento de seus processos. Issoaproxima o ser humano do que ele concebe ser Deus.Torna-o menos solitário e menos dependente do que consi-derava ser o Divino. Tudo parece conduzir para a divin-dade do humano.

Encanta-me descobrir que tudo pode ser diferentede como penso e sinto, sempre visando meu bem estar emeu desenvolvimento espiritual. Isso me faz antever umacerta ordem cósmica, mesmo em meio à aparente desor-

dem atômica. Leva-me à percepção da riqueza da Vida edo universo de infinitas possibilidades quando sei que devocruzar minhas percepções com as do outro.

Encanta-me saber que Deus se realiza através demim mesmo e que a consciência de mim mesmo é Suavoz. Isso me faz desconstruir as ideias arcaicas a respeitoda natureza de Deus, que o apresentavam com atributosde meu próprio ego. Percebo que a existência de Deus paramim está condicionada à minha própria. Nada a respeitode Deus pode ser validado senão a partir de minha própriarealidade. Devo tornar-me apto, capaz, adequado, feliz,

responsável, pleno e autodeterminado para perceber, deforma mais madura, o sentido e o significado de Deus emmim mesmo.

Encanta-me saber que nada tem fim e que não hápossibilidade de se chegar ao limite das coisas nem dedeterminar onde começa algo. Isso me fez entender que

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nada no Universo é tocado diretamente. Tudo influenciatudo, mas nada é palpável ou sentido tal qual de fato é. Aleveza e o mistério permanecem e assim será, até que sealcancem novos horizontes evolutivos. O que quer quetenha feito tudo que existe não permitiu visibilidade denada. O ser humano tem sua própria luz interior, que devefazer brilhar de dentro para fora. A luz também devebrilhar de fora para dentro, isto é, do observador para oobjeto observado, pois assim exige o Universo.

Encanta-me saber que o outro é mais um mistérioda Vida e que nele pulsa um intrigante universo. Isso meleva a querer conhecer o outro e a ele me conectar comose buscasse o desconhecido em mim mesmo. Nessa busca,descubro o amor que une as pessoas e torna a vida umgrande campo de manifestação da amorosidade.

O Universo Quântico torna o amor o sentimento queflui do interior da alma humana e se espalha nos confinsdo Universo. Se nos deixarmos contaminar pelo amor queemana da Consciência Divina e que permeia tudo, não só

alcançaremos a paz interior como também viveremos emharmonia com nosso próximo. Nesse sentido, deveprevalecer o Amor Fati , isto é, como pensara FriedrichNietzsche (1844 a 1900), o amor ao destino, à vida, àscoisas, ao Universo, a tudo que se torna real ao humano.Esse amor, pela inevitabilidade de se viver, constitui agrande paixão humana, em face de sua obrigatóriaexistência. Esse amor a ser construído na alma humanaleva a considerar que o sofrimento pessoal é de menorrelevância ante um destino a ser vivido de forma intensae real.

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A Nova Ciência da Mente

H á uma ideia reinante nos meios acadêmicos,sobretudo nas áreas que estudam a vida em geral, de queexiste um princípio ordenador, nos mecanismos biológi-cos, subjacente à matéria que o representa. A sofisticaçãodas pesquisas implementadas por novos instrumentos deinvestigação, para as quais a contribuição da Física Quân-tica é inegável, promove a descoberta de sutis mecanismose processos inerentes à matéria orgânica, antes inacessíveis.

Por outro lado, nas áreas relativas ao comporta-mento humano (Sociologia, Antropologia, Psicologia, Psi-copedagogia, entre outras), observa-se uma certa inquie-tação com a fronteira entre o que é individual e o que écoletivo. Esse questionamento põe em cheque a autoriados fatos, bem como aprofunda o olhar subjetivo para oato humano. Quanto mais se pretende mensurar, mais seesbarra nas probabilidades e nas interpretações subjetivas.

Diante das incontáveis possibilidades de expressãoda realidade, em que os objetos não podem ter, com preci-são, sua delimitação espacial, é de suscitar a questão da

situação da Consciência como lócus do observador. A multi-plicidade de dimensões que indicam infinitas escolhas aoobservador permite que se infira semelhante número (ili-mitado) de estados da consciência. Qual ciência mecanicistacontinuará com postulados rígidos e causalistas diantedesses novos paradigmas? Novas ciências estão nascendo

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e as antigas estão se refundindo. Lentamente, a Humani-dade vai caminhando na direção do Espírito imortal.

A Psicologia, investida das ideias quânticas (não-causalidade, mente independente do cérebro e subjacentea ele, observador atuante no universo etc.), considerará aimportância do que o sujeito pretende para si e naquiloem que ele pode se tornar em detrimento das causaspassadas, que nada mais foram do que impressões subje-

tivas de experiências. Tais experiências se deram de formamuito mais inconsciente do que consciente. A Psicologiaconsiderará a mente como objeto a ser explorado pelopróprio sujeito, como algo (um aparelho) cujo funciona-mento deve ser exaustivamente conhecido para melhorser aproveitado. A distinção entre cérebro, mente e sujeitodeverá se tornar bastante clara.

Mas o papel mais relevante da Psicologia, agorainvestida das ideias quânticas, será na Educação. Conhe-cendo-se mais detalhadamente o aparelho psíquico,sabendo-se de seu funcionamento e de sua condição de

órgão a serviço do sujeito, poder-se-á avaliar melhor apossibilidade de prevenção de doenças psíquicas. Far-se-á distinção entre doenças do órgão psíquico e do sujeito.Tal distinção se vê numa organização, na qual um proble-ma pode ter sua origem numa máquina, ou num processo.Assim pode ocorrer num ser humano. Seu problema podeestar localizado no aparelho psíquico, ou em si mesmo,em sua personalidade, isto é, na sua capacidade decompreender a realidade e na maneira de percebê-la. NaEducação, se dará ênfase ao aprimoramento dos modosde percepção da realidade e não apenas ao conteúdo do

aprendizado. O que o Espírito apreende como inteligência,ou saber, não se situa na dimensão do corpo. Inicialmentepassa pela dimensão do perispírito e, depois, chegará aoEspírito.

Assim como a ciência médica se subdividiu emespecialidades, cuja complexidade se torna cada vez maior,

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a Psicologia também o fará. Teremos a Psicologia doAparelho Psíquico como especialidade da Psicologia doSer Humano. Isso não deve causar espanto, poiscaminhamos para uma maior percepção das coisas emseus mínimos detalhes, alcançando o seu nível quântico.Sem essa diversificação e esse aprofundamento doconhecimento, o saber se torna dogma, no qual seencastelam os verdadeiros motivos do ser humano e de

sua existência.Nenhum saber deve temer a interdisciplinaridadenem o avanço das ideias, cuja geração se assenta no modocoletivo de pensar. O receio das ciências ao ocultismo ouao conhecimento religioso advém da ignorância a respeitoda subjetividade das coisas. Essa subjetividade foiescancarada pela própria ciência, que não mais suportoua pressão dos conteúdos do Inconsciente sobre aConsciência. Não cabem mais medos ou restrições, massim depurações do que se descreve como realidade, poisela é de fato algo essencialmente ligado ao observador.

Todas as contribuições para que se alcance o melhor emais profundo conceito a respeito das coisas devem seraceitas. Só negado quando as evidências provarem ocontrário. Assim mesmo, considerando que, o que foinegado poderá, algum dia, voltar a ser objeto de novoentendimento.

A nova Psicologia irá questionar não só quem é osujeito observador como também sua localização. Damesma forma que temos as dualidades onda-partícula einconsciente-consciência, em que se torna difícil precisaronde começa uma e termina a outra, valendo também o

Princípio da Incerteza, encontramos semelhança emrelação ao Espírito e a Mente. Isso quer dizer que tambémé difícil precisar onde começa a Mente e onde termina oEspírito. Por enquanto, são vistos como uma únicaentidade. Há uma individualidade ou, no Universo, nãoexiste qualquer ente totalmente dissociado de outro? Penso

Nenhum saber deve temer a interdisciplinaridadenem o avanço das ideias, cuja geração se assenta no modocoletivo de pensar. O receio das ciências ao ocultismoou ao conhecimento religioso advém da ignorância arespeito da subjetividade das coisas. Essa subjetividadefoi escancarada pela própria Ciência, que não maissuportou a pressão dos conteúdos do Inconsciente sobrea Consciência. Não cabem mais medos ou restrições, massim depurações do que se descreve como realidade, poisela é de fato algo essencialmente ligado ao observador.

Todas as contribuições para que se alcance o melhor emais profundo conceito a respeito das coisas devem seraceitas. Só negado quando as evidências provarem ocontrário. Assim mesmo, considerando que o que foinegado poderá, algum dia, voltar a ser objeto de novoentendimento.

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que a resposta seja simples, tendendo minha consciênciapara a não existência de um ser totalmente independentede outro. Mas considero que a individualidade do Espíritoé um fato em relação à Mente e ao Corpo, isto é, há totalindependência de ambos para existir. Quando a Psicologiaobserva e conceitua a Mente, não alcança o Espírito.Quando as ciências delimitam o ser humano, esquecemda influência do aparelho psíquico em seu comporta-mento.

A nova ciência da Mente será uma Psicologia amplaque perceba o sujeito, os processos psíquicos e o quepermeia a Vida, ainda inalcançável à consciência humana.

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Que CamposCriamos e Sintonizamos

A ssistimos, com o advento da Física Quânticae suas surpreendentes e controvertidas ideias, à valori-zação da Matemática avançada ao lado do experimenta-lismo. O alto grau de simbolização da Matemáticaaproximou a Física Quântica da subjetividade inerente àciência psicológica. Coletivamente, está se formando um

campo novo. Algo que leva a mente humana para além doconcebido até então. Um campo de ampla e complexasubjetividade e espiritualidade. O ser humano penetracada vez mais na dimensão essencial de sua natureza espi-ritual.

O que entendemos como realidade parece ser algocomo uma dinâmica atmosfera, em que atuam princípiosinvisíveis conhecidos como campos que mobilizam forçasinterrelacionadas. O que nos parece ser matéria nada maisé do que o resultante de algumas dessas forças. O que nosparece concreto nada mais é do que um campo de vibra-

ções perceptíveis sob certas condições de conexão entreas partes envolvidas.Alinhavando as ideias quânticas, poderemos conce-

ber várias possibilidades de compreensão da Vida. Asdiversas teorias fazem nossa consciência fervilhar emtorno de imensas possibilidades de entender o Universo.

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Quando pensamos num Universo com início, meio e fim,produzimos a falsa ideia de que tudo está nele contido ede que nada há fora do que a mente poderia conceber.Esse raciocínio recebe a contribuição da ideia do Big Bang ,que é uma formidável teoria, mas enrijece a possibilidadeda não existência de outras dimensões. Em contrapartida,os famosos buracos negros, densos aglomerados dematéria em diminuto espaço, tornando-os invisíveis eabsorvedores de luz, apontam para algo obscuro e fantas-ticamente maravilhoso que ocorre na interação entre omundo macro e o microcósmico. A intrigante possibilidadede se escolher a realidade em que se vive, construindo odestino de acordo com a própria consciência, releva o serhumano ao papel de Senhor do Universo. Isso conduz cadaser humano ao desejo de alcançar a sabedoria para cons-trução de um melhor destino e da felicidade plena.

As ideias quânticas criam um campo no qual amatéria é mera ilusão, porém necessária para a realizaçãodo Espírito. Ela é inicialmente vista como a raiz e matriz

de tudo, para se tornar uma questão de percepção dossentidos. Nesse contexto, os cinco sentidos são filtros limi-tadores da percepção da realidade, mas que possibilitamuma imersão na intimidade da vida humana, para que elaaconteça. No mundo das ideias quânticas, não há determi-nismo. O ser humano existe para criar e operacionalizaro Universo em que está inserido, visando penetrar noutros.Nesse percurso, elaborará novas leis e plasmará outrosuniversos.

O ser humano sempre esteve em busca de uma únicaverdade para todas as indagações da Vida. Sempre acre-

ditou que tudo se explicaria com uma frase, um conceito,uma ideia ou uma afirmação lógica e simples. No entanto,o mundo das ideias quânticas o remete a um campoinfinito de respostas e de outras indagações mais comple-xas ainda. Essa multiplicação de possibilidades tem opoder de ampliar sua mente, levando-o à construção de

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novos paradigmas que irão aperfeiçoar e desenvolver oEspírito para novas realizações. Toda resposta é provi-sória, todo saber é incompleto e toda busca é infinita. Aresposta única é limitadora. Essa busca incessante se tornauma estratégia necessária, mas talvez, num dado momentoda evolução do ser espiritual, ela se torne limitadora,inibidora de percepções outras que proporcionam expe-riências qualitativas para o alcance de patamares evoluti-

vos melhores. O caminho de se questionar constantementenão parece ser suficiente para que se encontrem respostasprováveis, pois a mente, circulando num mesmo padrãode ideias, limitar-se-á desfavoravelmente. Necessáriopartir-se para experiências transcendentais que ampliema consciência, levando-a a novas percepções. Nascemainda, as permanentes ações de ousar, criar e sentir o queé visto e vivido, como constantes interações entre a almae a Vida, para que ambas se tornem para o que foramcriadas.

O campo de visão que a Vida oferece ao ser humano

é mais amplo do que o céu estrelado; no entanto, ele aindateima em fixar o olhar abaixo da linha do horizonte.Estabelece limites de acordo com os instrumentos físicosà sua disposição, construídos segundo um modo arcaicode pensar, esquecido de que sua mente pode levá-lo paramuito mais longe.

Seu campo de escolhas, com os paradigmas quânti-cos, apresenta múltiplas possibilidades, porém, de formaainda primitiva, geralmente adota aquela que o acomodaem estreitos limites sociais. Mesmo podendo diversificarsuas escolhas, permanece vinculado ao maniqueísmo,

enviesando seu destino, acreditando que só existem duasopções (bem e mal) para cada problema.Seu campo de pensamento, por se sentir seguro na

Consciência, limita-se ao raciocínio lógico, esquecido desua própria alma, razão real de sua existência. Suasemoções foram consideradas traiçoeiras e primitivas,

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relegadas à inferioridade, como se não se tratassem deexperiências para a construção de sentimentos norteado-res de suas percepções. Segue a lógica da racionalidadeexcessiva em detrimento do sentimento, sem se permitirvivenciar de forma madura o que pensa.

Seu campo de relações ainda é pautado em laçosconsanguíneos ou de interesses imediatos pelo outro. Ocontato com estranho é rejeitado por medo ou orgulho,

sem que tenha, muitas vezes, a coragem de explorar novaspossibilidades de relações. O Inconsciente, com conteúdosemocionais oriundos de relações ocorridas no passadoreencarnatório, mesmo atuando na consciência do presen-te, é deixado a deriva, sem a depuração e os filtros neces-sários. As ideias quânticas devem nos levar ao desarmepara lidar com o outro como alguém como nós mesmos,visando a construção do amor sem limites, do amor fati .

As pessoas querem o futuro. Porém, almejam algoainda utópico, sem a consolidação interior do significadoda existência. Acreditam que devem ser felizes baseando-

se nos princípios que construíram em cima de umarealidade restrita aos limites físicos. Não incorporaramos paradigmas quânticos, que poderiam levar a uma maiorcompreensão do sentido e significado da existência. Nãotêm noção da continuidade do eu nem do valor da conecti-vidade. Vivem sem muita elaboração. Não entendem ogrande valor do momento presente nem dão importânciaao eterno agora, isto é, ao momento presente. Vivem, masnão aprenderam a degustar a vida em cada momento, istoé, a sentir cada instante como sendo um estado de espíritoque se eterniza na mente.

As ideias quânticas devem contribuir para que o serhumano compreenda a dimensão do silêncio. Compreendao valor de se prestar atenção ao que ocorre entre umpensamento e outro, ao que ocorre em nossa mente. Énaquele silêncio que “ouvimos” a “voz” interior que vemdo incognoscível de nós mesmos. Para realizar essa

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façanha, é preciso admitir que tudo que pensamos éconsequência de algo que se passa em nosso Inconsciente,cuja acessibilidade não ocorre diretamente. É precisoentender que, nas dimensões disponíveis ao Espírito,muita coisa acontece que interfere na consciência deagora.

O campo promovido pelo silêncio, ao ser percebidopelo ego, deverá levar à quietude, ao ritmo suave e à

redução do barulho mental. Isso permitirá a construçãoda paz interior e da plenitude a cada momento.

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O Universo é Elegante?

O ser humano tem uma visão nitidamente estéticado Universo quando observa a Via Láctea numa noite estre-lada. Afirma, para si mesmo, a beleza do que vê, exaltandoa majestosa obra da criação divina. Pela grandiosidadedos corpos celestes, toma o Universo como símbolo dagrandeza e da magnitude da arte do Criador. É de seperguntar qual o elemento de comparação que utiliza paratal afirmação? Certamente, tendo como base a si mesmo,

sua imperfeição ou qualquer elemento menor que estejaao seu alcance. Se assim é, qualquer coisa que visse, pormais abjeta que fosse, mas que se lhe parecesse grandiosoe incompreensível, faria a mesma afirmação. A visão émais poética do que realista, sem querer diminuir a poesia.Por ser uma visão poética, creio que seja carregada deprojeções de suas aspirações quanto à esperança de algomelhor além do que vê e sente próximo.

Considerando, pelos parâmetros humanos, que oUniverso é, de fato, algo que retrata a beleza e grandio-sidade do Criador, qual seria sua sombra ? Seriam os bura-

cos negros? A fuga e os choques de galáxias? As quedasde meteoros que destroem ou devastam um planeta? Quemseria o autor desses “desastres” cósmicos? Onde estaria aelegância do Universo? Certamente a visão deve ser maisdo que poética. A matéria escura do Universo, ou buraconegro, não é obra de um imaginário poder maligno

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paralelo ao divino, mas do próprio Deus, a que atribuímoster criado o bem e a vida.

Abrindo um parênteses sobre a forma como o serhumano encara as desigualdades encontradas na Naturezae no Universo, merece seja feita uma análise sobre aautoria delas. Não foi o ser humano que criou as desigual-dades na sociedade, isto é, no Mundo. As instabilidadescósmicas que geram cataclismos, que fazem surgir e

desaparecer galáxias e estrelas gigantescas, não é obra deser humano algum. Deus, tal qual concebemos, o Criadorde tudo, reservou ao ser humano a responsabilidade emlidar com tais desigualdades, obrigando-o a envidaresforços para erradicá-las. Sobrou, para o humano, nãosó a necessidade de compreender tudo como também deestabelecer externamente a ordem que lhe é intrínseca.Um exemplo disso é a fome no mundo. Ela poderá serresolvida quando o ser humano deixar seu egoísmo e suaambição de lado, para olhar melhor a miséria e a igno-rância que campeiam por toda a sua volta. Não foi, porém,

o ser humano que a instituiu, pois ela é fruto da evoluçãoda sociedade, cuja proposta não é de propriedade do serhumano.

A elegância do Universo é mais um dos desejoshumanos de que externamente as coisas estejam melhoresdo que internamente ele sente em si mesmo. A Consciên-cia, diante do aparente caos do Inconsciente, projeta, porcompensação, a harmonia, o equilíbrio e a paz exterior,num Universo considerado perfeito.

O fenômeno da “fuga das galáxias” torna a origemdo Universo um grande enigma que nos leva a mais ilações

sobre o Universo Quântico. As galáxias se distanciam umadas outras a velocidades astronômicas. Quanto maior adistância entre duas galáxias, maior a velocidade deafastamento, pois a força gravítica entre elas diminui(Weinberg, 1977). Isso reforça a ideia da ocorrência do

Big Bang , porém não esclarece o que o originou. Mesmo

Abrindo um parênteses sobre a forma como o serhumano encara as desigualdades encontradas na Naturezae no Universo, merece seja feita uma análise sobre aautoria delas. Não foi o ser humano quem criou asdesigualdades na sociedade, isto é, no Mundo. Asinstabilidades cósmicas que geram cataclismos, que fazemsurgir e desaparecer galáxias e estrelas gigantescas, nãoé obra de ser humano algum. Deus, tal qual concebemos,o Criador de tudo, reservou ao ser humano a responsabili-dade em lidar com tais desigualdades, obrigando-o aenvidar esforços para erradicá-las. Sobrou, para ohumano, não só a necessidade de compreender tudo comotambém de estabelecer externamente a ordem que lhe éintrínseca. Um exemplo disso é a fome no mundo. Elapoderá ser resolvida quando o ser humano deixar seuegoísmo e sua ambição de lado, para olhar melhor amiséria e a ignorância que campeiam por toda a sua volta.

Não foi, porém, o ser humano que a instituiu, pois ela éfruto da evolução da sociedade, cuja proposta não é depropriedade do ser humano.

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a hipótese, teórica e matematicamente sustentável, dochoque entre duas branas (Greene, 2001), mantém cíclicoo problema da necessidade de uma causa anterior àformação do Universo. Um paralelo pode ser traçado: oafastamento explosivo das galáxias no Universo, portantooriginado de um único evento, tem consonância com aconstante busca pela unidade do princípio, isto é, se houveum princípio há uma única causa. Esquece-se de que alógica da existência de um princípio é absurda em si, poisnão levaria à sua descoberta, mas ao que sempre lhe éanterior e posterior. A lógica que nos leva a crer naexistência de uma causa primeira é uma evidênciaarquetípica. Trata-se de uma manifestação do arquétipoconhecido pelo nome de Self , que exige uma imagem decentro correspondente. Mesmo que se considere que o Big

Bang se deu na forma de várias explosões simultâneas, aquestão do que desencadeou algo com tamanha magnitudepersistirá. Por enquanto, a mente lógica necessita de umacausa primeira. A mente criativa dispensa essa exigência.

Usar o princípio da causalidade primeira, propostatomista, posterga a questão de compreensão a respeito daorigem das coisas e do significado de Deus.

A fuga das galáxias e a impossibilidade de se detectarsimultaneamente a posição e a velocidade de umapartícula atômica nos levam a perceber que nada nouniverso é estático, isto é, tudo é em movimento . Não setrata do movimento simples de algo que vai de um lugar aoutro, mas da relação entre coisas que se interagemconstantemente.

A “radiação de fundo”, detectada por Arno Penzias

e Robert Wilson, em 1964, nos Estados Unidos, sugereque tenha havido um momento em que não havia matériano Universo e ele tenha surgido de um ponto de altatemperatura e densidade quase infinita. Esse ponto seriao que se conhece com o nome de buraco negro. Isso querdizer que a matéria surgiu após algo invisível, portanto,

um princípio há uma única causa. Esquece-se que a

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pertencente a uma outra dimensão, que, entrando emestado de instabilidade, promoveu a coagulação e expan-são da matéria. Esse algo invisível, originado do nada,poderia ser proveniente da dimensão espiritual. Em outralinguagem, podemos afirmar que o espiritual precede omaterial.

A Física Quântica foi construída sobre postuladosnão precisos, portanto, dentro de uma lógica cartesiana,

não elegantes. Suas quantificações são probabilidades,seus dados são imprecisos, suas observações são assimé-tricas, porém a validade deles é inquestionável. Pode seduvidar do que dizem os físicos quânticos, mas as aplica-ções práticas são inegáveis. Os fenômenos podem teroutras explicações, mas eles de fato são funcionais.

Alguns dos fenômenos que envolvem os corposastronômicos, quando estudados a luz dos paradigmasquânticos, parecem obedecer à mesma lógica. A ciência,eufórica com o que descobrira no mundo subatômico,passa a aplicar suas teorias na tentativa de encontrar,

ansiosamente, uma teoria do tudo.As ideias quânticas nos põem em condições deperceber a importância das fantasias no processo dopensar. No entender de Jung,

Em última análise, a fantasia é para mim o poder criativo materno do espírito masculino. No fundo,no fundo, nunca superamos a fantasia. Existem fantasias sem valor, deficientes, doentias, insatisfató-rias, não resta a menor dúvida. Em pouco tempo,qualquer pessoa de mente sadia percebe a esterilidadede tais fantasias. No entanto, como é sabido, o erronão invalida a regra. Toda obra humana é fruto da fantasia criativa. Se assim é, como fazer pouco casodo poder da imaginação? Além disso, normalmente,a fantasia não erra, porque a sua ligação com a baseinstintual humana e animal é por demais profundae íntima. É surpreendente como ela sempre chega a

Em última análise, a fantasia é para mim o podercriativo materno do espírito masculino. No fundo,no fundo, nunca superamos a fantasia. Existemfantasias sem valor, deficientes, doentias, insatisfa-tórias, não resta a menor dúvida. Em pouco tem-po, qualquer pessoa de mente sadia percebe a es-

terilidade de tais fantasias. No entanto, como ésabido, o erro não invalida a regra. Toda obra hu-mana é fruto da fantasia criativa. Se assim é, comofazer pouco caso do poder da imaginação? Alémdisso, normalmente, a fantasia não erra, porque asua ligação com a base instintual humana e ani-mal é por demais profunda e íntima. É surpreen-

`quânticos, parecem obedecer a mesma lógica. A Ciência

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dente como ela sempre chega a propósito. O poderda imaginação, com sua atividade criativa, libertao homem da prisão da sua pequenez, do ser ‘sóisso’, e o eleva ao estado lúdico.24

Nossas fantasias, além de se originarem do mundoinstintual, recebem a contribuição do imaginário futuristada consciência humana, facultado pelas ideias quânticas.As ficções criadas pela literatura e pelo cinema não sãomera criação da imaginação de escritores e roteiristas,vez que advêm do Universo Quântico, em que transita a

psiquê inconsciente. Parece existir um campo subjacenteao mundo físico, no qual infinitas possibilidades de reali-dade se tornam acessíveis às mentes criativas daquelesque vibram em consonância com o ritmo do Universo.Portanto, realidade e ficção se confundem sem que sepossa determinar onde termina uma e começa a outra.Essas fantasias sempre contiveram a sombra projetadado inconsciente humano. Não é por acaso que figuras

demoníacas fazem parte do panteão das religiões. Porconta do inconsciente desconhecido, os monstros e figurasgrotescas se fizeram presentes no imaginário do homemmedieval. Para fugir dessas figuras ameaçadoras, o serhumano plasma um universo elegante e funcionandoharmonicamente, porém a fantasia projeta o bem e o malpertencente à natureza humana. O Universo, por essemotivo, é elegante e deselegante.

Na face elegante, encontramos, a Teoria das Super-cordas que vibram produzindo o Universo perceptível,consequentemente, a possibilidade de termos um maestroou músico, que toca essas cordas como numa sinfonia. OUniverso conhecido seria o produto da arte de um grande

24

JUNG, C. G. A prática da psicoterapia . Petrópolis: Vozes. 1988. v. XVI, par. 98, p.43.

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músico. Isso confere ao Universo o caráter de uma grandeobra de arte. Essa ideia está coerente com o Espiritismo,que sempre afirmou que o Universo é constituído devibrações, pois tudo vibra, coagulando os fenômenos ouos constituintes do Universo, inclusive a matéria.

Nesse Universo Quântico inundado de vibrações, oteletransporte de matéria (aparecimento súbito de umobjeto ou materialização de objetos em recinto fechado) é

perfeitamente possível e explicável. Simplesmente amatéria vibra e interpenetra outra. A ficção do cinemaalcança a possibilidade de realidade.

A Física parece penetrar no campo da Filosofia, poissuas conjecturas alcançam um terreno no qual a especu-lação se torna plausível. Mesmo ampliando seus limitespara especulações de ordem metafísica, ainda não épossível, à Física, ir além do que é puramente consideradofísico. Talvez, com o auxilio da Matemática Quântica,penetre no psíquico e no mediúnico. A Sincronicidade,postulada por Jung, pode vir a ser objeto de estudo daFísica Quântica na medida em que a espaço-temporalidadenão é considerada de forma linear. Provavelmente setratem de fenômenos que ocorrem na interpenetração dedimensões além das quatro conhecidas. A exclusão deestudos sobre temas metafísicos provavelmente exigirá onascimento de outra ciência. Parece que os fenômenosmediúnicos e psicológicos fazem parte da sombra dasciências, principalmente da Física. Essa é outra partedeselegante dos que estudam o Universo.

Tudo indica que o mito atual de nossa civilização é

encontrar um sentido e significado para a existência doser humano e, em maior escala, do Universo. Não parececompreensível que chegue a um desfecho convencional.A cada época surgem novos paradigmas que acabam porcomprometer compreensões anteriores, exigindo novasinterpretações da realidade. Mas o caminho deve ser o

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mesmo, isto é, transcender, buscar o incognoscível pelasvias da sabedoria, do sentimento e da intuição. Talvez, seo Universo fosse observado sem o viés clássico da estética,poder-se-ia percebê-lo de diferentes ângulos e com ricaspossibilidades de compreensão.

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Ideias Quânticase Distúrbios Psicoespirituais

U ma questão intrigante que pode ter uma maiorcompreensão e significado, quando analisamos à luz dasideias quânticas, é a ocorrência da desorganizaçãopsíquica. O que ocorre com a mente de quem tem certasdoenças psíquicas que alteram a consciência do eu,

interferindo no senso de realidade? Ficaria o ego entreuma dimensão e outra? A realidade, por exemplo, para oesquizofrênico tem componentes de distintas dimensões,provocando os delírios e as alterações da senso-percepção?As doenças mentais ou psíquicas parecem por a mente dapessoa em outra dimensão, pois seu comportamentodiferenciado do habitual ou do comum indica que lidacom cenários imaginários e com realidades internasespecíficas.

O comportamento humano é ditado por uma sériede vetores que direcionam os modos pelos quais se atua

no mundo. Um deles, não o primeiro nem o maisimportante, o espectro cromossomial, desempenhasingular importância. Vinte e três pares que se combinam,oriundos de duas diferentes personalidades, serãoresponsáveis pelas principais características morfológicasdo corpo que será formado. Muito provavelmente também

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influenciarão certas características de personalidade doindivíduo que ressurgirá naquele corpo.

Qual o par, ou o gene, ou o conjunto deles que daráum caráter singular à personalidade é a questão.Certamente não se tem com precisão todo o mapeamentogenético humano para que se identifique qual ou quais osresponsáveis por essa ou aquela particularidade dapersonalidade. Pela complexidade da personalidade

humana e pelo conjunto imenso de motivações quedeterminam o comportamento, com muitas varáveis, muitoprovavelmente não é a genética exclusivamente que a forja.

A Mente funciona independentemente do corpo,mas, no mundo prático, é com ele que o ser humano seinsere na vida coletiva, na qual é avaliado e onde manifestasua liberdade. Por esse motivo, devemos também nosdebruçar sobre as influências da matéria na formação daidentidade humana. Os cromossomos delineiam o corpofísico, assim como acrescenta certas características àpersonalidade. Eles se organizam de acordo com o nível

de evolução do Espírito imortal, dele sofrendo alteraçõesdurante o processamento da reencarnação, de acordo comsua organização mental.

Essa influência me motiva a analisar algumassíndromes que afetam a mente humana. Sempre meintrigou duas síndromes graves que alteram o comporta-mento do espírito encarnado. A Trissomia 21 e aEsquizofrenia. São processos distintos, mas que parecemsituar seus portadores em outra dimensão, além daquelaem que nos encontramos, nós outros, aqueles que nosconsideramos normais. Não escolhi esses dois distintos

distúrbios por qualquer discriminação específica, masporque seus portadores me atraíram de forma especial,pois sempre tive vontade de entendê-los sob o paradigmaespiritual, e agora, à luz das ideias quânticas.

Comecemos com a Trissomia 21. Caprichosamente,a Natureza faz suas alterações visando resultados, muitas

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vezes incompreensíveis para nós. Escolhamos, para umabreve análise, um cromossomo cuja influência é conhe-cida, com manifestações não só morfológicas como, princi-palmente, comportamentais, nos indivíduos que apre-sentam uma pequena alteração genética: a trissomia docromossomo 21. Tem-se, normalmente, na parte inferiorda cadeia de aminoácidos, dois ramos que formam ocromossomo de número 21, que se apresenta à semelhança

da letra ipsilon invertida. Quando, ao invés de dois ramos,surgem três ramos, por fatores desconhecidos, têm-se aTrissomia 21 ou Síndrome de Down. Deu-se-lhe o nomeem homenagem ao médico britânico John Langdon-Down(1828 a 1896) que, em 1862, descreveu suas caracterís-ticas. É de fácil identificação no nascimento e, via de regra,seu portador terá algum tipo de déficit cognitivo.

As principais características físicas do portador deTrissomia 21 são: uma única prega na palma da mão,pálpebras dos olhos diferenciadas (olhos amendoados),membros de tamanho reduzido, língua protrusa (a cavi-

dade oral reduzida), dedos curtos, tônus muscular pobre,além do déficit cognitivo de leve a moderado. Os portado-res da Trissomia 21 têm mais probabilidade de ter proble-mas cardíacos congênitos, problemas de apnéia de sono,entre outros. Por outro lado, as características psicológicastípicas são: aparência calma, não agressividade, docilida-de, obediência e, em muitos casos, comportamento solitário.

O cromossoma é modelador de formas e, até certoponto, do caráter de uma pessoa. No que diz respeito aocaráter, parece que a personalidade do reencarnante inter-fere na frequência de seu perispírito, que imprimirá, ao

gene correspondente, suas características, influenciandoa maneira de ser da pessoa. Mesmo assim, está no perispí-rito do reencarnante seus principais traços de caráter, queirão se mostrar na vida atual. Se os portadores da Trisso-mia 21 apresentam traços no comportamento que deno-tam uma personalidade mais tolerante, dócil e compreen-

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siva em relação ao que vivem, isso não se deve apenas aoscromossomos, mas ao que de fato são em essência. Senão o são, então a trissomia inibe manifestações opostasao seu verdadeiro caráter. Embora eles estejam presentes,só se manifestam em outra dimensão, porque, na que seencontra o corpo, não há possibilidade, pois a trissomiado cromossoma 21 o inibe.

Isso nos leva a refletir sobre o tratamento dos

processos promovidos pelas afecções congênitas. E seconstruíssemos cenários mais adequados a cada tipo deprocesso, considerando que, em outra dimensão, eles semanifestam? Ao portador da Síndrome de Down, além deser pacientemente inserido na dimensão social do corpo,lhe fosse propiciado, através da arte ou de outro meioprojetivo das características das dimensões que se situamno Inconsciente, criar cenários próprios. Além do naturalcarinho que se deve ao down , não se pode deixar defavorecer a expressão de seu mundo interior, negada pelatrissomia.

Ora, isso abre um leque muito grande de reflexõessobre as possibilidades de manifestação da personalidadehumana. Que alterações poderiam provocar diferentestipos de personalidade? O padrão cromossomial quepermite a manifestação de uma personalidade consideradanormal foi “estipulado” como, por que e por “quem”? Aalteração genética é causa da mudança da personalidade,ou consequência?

Uma outra classe de transtorno é a Esquizofrenia.Trata-se de uma doença mental grave, cujo espectro desintomas é muito variável, podendo se dizer que varia em

cada portador. Em todos eles, pode se observar uma certadesorganização do pensamento, com importantedificuldade de adaptação social. Entre os sintomas típicostemos: fragmentação dos processos do pensamento e daformação de ideias, embotamento afetivo total ou parcial,delírios bizarros, alterações na senso-percepção,

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alucinações, entre outros. A ciência não conhece as causasda doença, limitando-se a afirmar que é multifatorial e,provavelmente, cerebral. O fato é que a ciência não tempistas concretas.

O portador de esquizofrenia parece ter a mentetambém conectada a outra dimensão, provavelmente àdimensão espiritual. Vive uma dupla realidade, umainterna e outra externa, ambas consideradas por ele como

reais. Onde se situa a mente do esquizofrênico? Total ouparcialmente no Inconsciente? Há inegavelmente umaperda de contato com a realidade externa, com significa-tivos prejuízos funcionais. Mesmo assim, pode-se encon-trar portadores com suficiente discernimento que os capa-cita a viver em sociedade, e, às vezes, em condições acimada média, em inteligência. O déficit cognitivo, caracterís-tico de quem vive mais de uma realidade, por nãoconseguir concatená-las, nem sempre se torna prejudicialao indivíduo.

A doença geralmente apresenta um alto índice de

co-morbidade, pois é comum aparecerem sintomas comoagressividade, isolamento, depressão, ansiedade, fobiasocial, delírios auditivos e persecutórios, entre outros. Ossintomas podem surgir em qualquer momento da vida dapessoa, como podem ter sua irrupção instantânea. É maiscomum entre homens e, geralmente, seus sintomas seiniciam na adolescência, ou na idade adulta jovem. Àsvezes, aparecem e desaparecem sem que se tenha tambémuma causa definida.

A hipótese espírita, a mais plausível, é de que se tratade uma personalidade que ainda vive seus processos mal

resolvidos, resultantes de suas experiências em existênciaspassadas, não tendo se libertado de traumas e eventossignificativos do passado. A possibilidade da existênciaatual, com suas experiências traumáticas ou não,concorrer para a origem da doença é remota. O portadorda esquizofrenia tem seu ego situado em dimensões

comorbidade,

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diferentes, normalmente mais no Inconsciente que naConsciência.

Afirmar que se trata de um distúrbio cerebral oumesmo genético, sem qualquer achado comprobatório, égratuito e anticientífico. Seria melhor afirmar que não sedescobriu ainda as causas do distúrbio.

Estar no mundo, percebendo outra ou outrasdimensões, sem obter a compreensão das pessoas pelo

comportamento considerado esquisito, deve ser bastantedesagradável. Talvez seja esse o maior sofrimento doportador da esquizofrenia. Independentemente das formasde tratamento e da real necessidade de se oferecercondições dignas de vida para os portadores de esquizo-frenia, muitos deles se entendem e “sabem” o que estãovivendo.

A vida humana considerada normal parece ser a deum indivíduo bem adaptado à sociedade, coerente em suasatitudes e em busca de sua felicidade. Diz-se que o conceitode saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental

e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermi-dade. Devemos acrescentar o bem-estar espiritual parase completar, incluindo-se nele a religiosidade saudável.Quando o ser humano apresenta algum distúrbio quealtera sua saúde, pode-se pensar que algo de uma outradimensão influenciou seu bem-estar. Naturalmente oEspírito é saudável, porém as contingências resultantesdas experiências em cada encarnação e na vida fora damatéria vão plasmar no corpo e na personalidade asalterações, que chamamos de doença. Na dimensão doEspírito, não há doença, pois a ele só chega o que apreende

no formato de sabedoria, que é incorporada à sua essência.O plano espiritual ou dimensão espiritual é mais umadas múltiplas dimensões do que chamamos realidade, quetambém se desdobra em outras tantas. É nela que oEspírito se sente vivendo sua essência, pois no corpo, istoé, na dimensão material, onde se tem apenas quatro

completar, incluindo-se nele a religiosidade saudável.

, ,

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vetores, sua expressão é limitada, pois parte de si mesmonão se manifesta nela.

Tanto o indivíduo saudável quanto o que apresentaalguma enfermidade estão conectados a uma ou maisdimensões, além daquela em que se situa seu corpo físico,o que nos caracteriza como seres multidimensionais.Viemos da terra, mas apenas no que diz respeito ao corpo,somos das estrelas, no que diz respeito a estar num cosmos

imenso, mas somos, na realidade, feitos da essênciacriadora da vida, que não tem lugar específico de origem.Todo individuo deve ser compreendido como

pertencente a múltiplas dimensões. Seu pensar, sua fala,suas atitudes passarão a ser entendidas sob diferentesparadigmas, principalmente o quântico. Isso nos levariaa uma melhor compreensão da natureza humana e dasmotivações que estão na base das ações individuais ecoletivas. Nenhum ato humano é puramente individual,como também nenhuma ação se situa exclusivamente nadimensão física. Irremediavelmente, estamos envolvidos

por múltiplas dimensões e nos expressamos em váriasdelas. Uma delas, que não poderemos abandonar, é aespiritual.

Se somos seres multidimensionais, nos comunica-mos diretamente com outras dimensões, diferentes damaterial. Creio que portadores de alguns transtornospsíquicos, a exemplo da esquizofrenia e da psicose, nãoestão totalmente embotados, pois obtêm algum grau desatisfação em comunicações e contatos inacessíveis a nósoutros.

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Dúvidas e Possibilidades

D epois de me enriquecer com as ideias quânti-cas, muitas dúvidas surgiram em minha mente. Mais dúvi-das que certezas. Creio que assim será com todos que sedebruçarem para refletir sobre ideias tão diferentes dosenso comum. Talvez o mais importante não seja encontraras respostas, mas continuar tendo dúvidas mais profundas,à medida que se esclareçam as mais evidentes.

Uma de minhas dúvidas diz respeito à descrição dos

fenômenos físicos por equações matemáticas. Quais oslimites da Matemática? Equações são compostas de sinaisque representam operações psíquicas, criadas pela lógicahumana. São compostas de entes de alto grau de abstra-ção. Se essa lógica tem limites para compreender a realida-de, então as equações provenientes de seus processos irãoexpressar parcialmente aquilo que se quer entender. Noslimites das equações, isto é, quando elas não mais estive-rem representando a realidade física, estarão, talvez, sereferindo a processos psíquicos imponderáveis. A Matemá-tica é uma linguagem abstrata e deve ser compreendida

como um filtro de algo muito mais complexo.Uma outra, diz respeito à existência de velocidadessupraluminais, isto é, acima da atingível pela luz. Há, ounão, limites para os fenômenos físicos, no que diz respeitoa instantaneidade? Pode-se, ou não, conceber que doiseventos físicos distintos possam ocorrer simultaneamente,

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e a eles estejam associados a mesma causa, sem que hajaqualquer possibilidade de conexão física entre eles? Istoé, como explicar a Sincronicidade? Existiria um meiofísico (éter) que comunica os eventos independentementeda distância?

Tenho dúvidas se só existem quatro forças no Uni-verso, pois, embora o fluxo do pensamento não seja con-siderado força, pode ser transformado em impulsos elé-

tricos. Se pode ser transformado em energia/força, então,também é força. Qual sua origem e de que forma poderiaser medida? A qualidade do pensamento, isto é, seu conteú-do poderia ser revelado? Os impulsos elétricos cerebraismedidos por instrumentos sensíveis detectam o fluxo dospensamentos ou apenas estímulos meramente químicos?

A tão sonhada unificação de forças, caso possível,estabeleceria a decifração do enigma da vida. A unificaçãodas forças seria como encontrar o ponto central da criaçãodivina, reduzindo-a a uma única ideia. A unidade é, então,uma projeção da individualidade na psiquê humana ou,

de fato, há algo que deu origem a tudo? Essa dialética é amesma que existe entre onda e partícula.A Física Quântica estabelece a existência, ao menos

matematicamente, de 11 dimensões, entre elas, a espiri-tual. A dimensão espiritual é única, ou são muitas, deacordo com o nível de evolução dos espíritos desencar-nados? As dimensões calculadas são de diferentes frequên-cias vibratórias, como se sugere no Espiritismo, ou sãodimensões que independem de níveis de evolução espiri-tual? Há, de fato, Universos paralelos, nos quais funcionamoutras leis desconhecidas para nós?

Poderia a Física levar a ciência a Deus? A complexi-dade percebida na Natureza, principalmente no mundosubatômico, deve levar a Física a afirmar a existência deuma inteligência superior que planejou tudo? Se não o fezaté agora, ao descobrir a imensidão das galáxias no Uni-verso, por que o faria ao descrever o mundo subatômico?

A Física Quântica estabelece a existência, ao menosmatematicamente, de onze dimensões, entre elas, aespiritual. A dimensão espiritual é única, ou são muitas,de acordo com o nível de evolução dos espíritos desencar-nados? As dimensões calculadas são de diferentes frequên-cias vibratórias, como se sugere no Espiritismo, ou sãodimensões que independem de níveis de evolução espiri-tual? Há, de fato, Universos paralelos, nos quais funcionamoutras leis desconhecidas para nós?

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Essa dificuldade parece não ser da Ciência, mas doconceito que se tem de Deus. Será que enrijecemos oconceito, dificultando ou mesmo impedindo a confirmaçãoda sua existência?

Por que a partícula-onda não alcança o núcleoatômico, isto é, por que o átomo não implode? A quanti-dade mínima de energia (quantum ) para que uma partículanão venha a implodir é um conceito a priori , pois a

partícula não se choca com o núcleo. O que a impede?Por que os elementos na Natureza não se “tocam”? Ochoque das coisas, como dos elementos subatômicos, nãose dá na intimidade da matéria. Antes que se toquem nasuperfície, se repelem instantaneamente. Nada toca emcoisa alguma. Qual a causa das coisas não se tocarem?

E a Supersimetria, que compara elementos atômicosdiferentes e estabelece identidade entre eles, de fato épossível? É possível, por exemplo, um par ser igual a umtrio? Então, dois é igual a três? Por que a lógica cartesiana,mecanicista, estaria sendo utilizada para justificar o desco-

nhecido? Por que a Física não avança para a dimensãoespiritual, única alternativa para justificar a complexidadedo mundo subatômico?

A Teoria da Relatividade Geral, com o compromissoda ideia da existência de Deus como autor de um universomecânico, em oposição à Teoria Quântica, de um universoaleatório, formam um par de opostos da ciência do mundomicroscópico. A primeira exclui o poder humano, asegunda o considera como observador participante eatuante do Universo. Isto é dirigido por Deus, ou tudoisso é uma espécie de “ sonho” de Deus? Devemos abando-

nar a ideia de um Deus fora do Universo, tanto quantodentro dele para admitir que somos parte Dele?O que é exterior ao Universo? Outro (s) Universo

(s)? E além deles? Se eles coexistem e, sob certascircunstâncias, se comunicam, o que o provoca? Para quetudo isso? Se é para a glória de Deus, como assevera astudo isso? Se é para a glória de Deus, como asseveram as

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religiões, qual o objetivo dele? Se o Universo obedece aosdesejos íntimos do observador, então a divindade brincade delegar poderes inexistentes?

As religiões pregam valores necessários à sociedade,até mesmo exagerando na dose. Por causa desses valores,o ser humano se vê na contingência de criar um campode possibilidades focadas para um ou mais objetivosconsiderados nobres e superiores ao senso comum. Mas,

por que a renúncia ao que lhe foi dado pela própriaevolução e que jaz em seu Inconsciente, impulsionando-opara que se realize? Por que negar a vitalidade telúricaque o move? Ela também não o insere numa dimensão?

Pensamos que o Ocidente é mais evoluído do que oOriente. Achamos que o europeu, o americano do norteou os habitantes dos países capitalistas estão maispróximos da felicidade do que os demais habitantes domundo. Isso se deve a um mecanismo de defesa que noscoloca na modernidade, esquecidos de que os mais antigossão os mais sábios. O parâmetro que utilizamos está mais

próximo da tecnologia e de ideias colonizadoras do quedaquilo que realmente significa ser uma pessoa evoluída.A divisão que estabelecemos entre o Ocidente e o Orientenão seria meramente cultural? Será que os indivíduos deum lado acessam determinadas dimensões, diferentementedos que habitam o outro lado?

Deveria haver um plano global para a Terra em faceda consciência das ideias quânticas. Tal plano deveriacontemplar alimentação, educação, saúde, energia,transporte, informática, infraestrutura (produção) etrabalho. Os países, unidos por necessidades comuns, se

reorganizariam multilateralmente para assumir determi-nadas responsabilidades nesses campos. De acordo comas expertises, com as condições locais de logística, com otempo necessário, o plano se iniciaria. O que dificulta oencontro das consciências no mundo, para execução deum plano que seria útil a todos? A Terra é um planeta

expertises ,

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cujos vizinhos não têm vida humana. Estamos isoladosno Sistema Solar, numa atmosfera própria, vivendoobrigatoriamente uns com os outros. Por que não nosunirmos em torno de um ideal comum a fim de acessarmosnovas dimensões, depois de estarmos libertos de conflitosde sobrevivência? Penetrar em novas dimensões requeruma mente mais apta, que gaste menos energia no trabalhopara sobreviver. Numa sociedade em equilíbrio, por

exemplo, as empresas de alimentação, organizaçõesglobalizadas, encontrarão um ponto de equilíbrio tal queseus produtos serão barateados, acessíveis a todos oshabitantes do planeta. Em paralelo, serão desenvolvidosnovos formatos de trabalho a fim de que a ociosidade nãose torne a alternativa mais adequada para se viver. Talvezainda sejamos muito egoístas e alienados em relação àprópria natureza, para agir com interesses coletivos. Aindadesconhecemos muita coisa para não temer o outro. Nãosomos tão autoconscientes e suficientemente seguros paratal. De que precisa mais o ser humano para enxergar a

necessidade de entender que o planeta Terra é umapequena casa, cujos habitantes fazem parte de uma únicafamília?

Certamente que não virá um salvador, um novoprofeta ou um gênio da ciência para realizar tal façanha.Creio ser uma tarefa coletiva a se realizar no cotidiano enas mínimas ações.

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Exercícios Quânticos

A seguir, faço uma espécie de sugestão ao leitorpara que se permita entrar na dimensão quântica daimaginação, através de exercícios simples. São momentosde meditação e reflexão para que a mente se esvazie eacolha as intuições que brotam de outras dimensões, comonuma nascente que trás água límpida à superfície.Preferencialmente devem ser feitas à meia luz, em silêncio,sem preocupação de tempo ou de incômodos inesperados.

Esses exercícios devem ser feitos quando se estiver semsono, deitado, depois de um breve relaxamento e após fazerexercícios respiratórios, buscando respirar suave eprofundamente.

1. Antes de dormir, pratique a fantasia de tentaracessar uma dimensão quântica. Experimente pensar queestá conversando com um ser de outra dimensão. Nãoimporta que seja pura imaginação, um espírito desencar-nado ou mesmo um ser extraterrestre ou algo parecido.Independentemente de seu próprio gênero, pense numa

figura do gênero masculino ou de gênero indefinido. Naconversa, ele lhe convida para conhecer o lugar onde vivee como vive. Ele diz que o levará a conhecer algo novo,diferente e favorável a sua evolução. Deixe, nesse instante,sua imaginação viajar. Não planeje, não elabore nemcritique. Permita-se conduzir pela imaginação e pela

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fantasia que é espontaneamente gerada. Após algunsminutos, que não deve exceder a meia hora, levante-se eanote o que percebeu.

2. Imagine que você tem a faculdade de manipulara matéria ao seu bel prazer, podendo fazer tudo com ela.Imagine também que você pode criar regras para qualquersistema. Pense que você tem à disposição uma massa

disforme que será moldada pelo seu pensamento. Essamassa se parece com uma nuvem, porém mais consistente.Sua quantidade é inesgotável. Com essa matéria a suadisposição e com o poder de criar leis, imagine um planetaque tenha sido construído por você. Pense como seria oinício dele, seus habitantes, seus costumes, suas cidades esua evolução. Imagine também como você seria percebidonaquele planeta, ou como apareceria aos seus habitantes.

3. Imagine que você está nascendo, mas tendo aconsciência madura de hoje, avaliando tudo que se passa

ao seu redor. Pense que as pessoas o veem como um bebê.Você poderá refazer seu caminho. Não poderá mudar aforma como as pessoas agiam com você. Apenas poderáfazer diferente e decidir sobre novas escolhas que sódependem de você. Você também não deverá pensar emmudanças impossíveis. Não se esqueça de que, para aspessoas, você é um bebê, pois não sabem que seu raciocínioé adulto e maduro. Que mudanças você faria na infância?Na adolescência? Faça um novo plano de vida a partirdessa fase. Pense sobre muitas escolhas que você fariacaso pudesse voltar. Faça esse exercício mais de uma vez,

pois o tempo dele deve ser curto para muitas possibilidadesde mudanças que você tem a pensar. Inclua mudançasque podem ser feitas agora.

4. Imagine que você está num campo bem amplo,andando entre flores de várias cores. Um suave perfume

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como uma leve brisa alcança seu olfato. As flores seperdem no horizonte e têm a altura de sua cintura.Sentindo leveza e harmonia, você para no meio delas efecha os olhos. De repente, você ouve vozes falando sobrevocê, como se lhe conhecessem. São as flores que dizempensar como você e que ali estão para o ajudar. Queremque você lhes conte seu maior problema. Querem que vocêpense intensamente sobre ele, pois vão ajudá-lo a resolvê-

lo. Nesse momento, você pensa intensamente sobre seumaior conflito. Depois disso, tente ouvir o que dizem asflores.

5. Imagine que você está acordando. Você se recordaque foi dormir em seu quarto, mas está despertando emum outro lugar. Nada lhe é familiar. Você está numaespécie de alojamento coletivo, porém sozinho. Sai à ruae percebe que ninguém o vê. Você é invisível, como sefosse um espírito. Pode entrar em todos os lugares semser percebido. Você consegue saber as intenções das

pessoas antes de suas atitudes. Você descobre que, quandoquer, pode ser visto por outras pessoas de sua escolha.Você não conhece ninguém, nem o lugar se assemelha aqualquer cidade que você conhece. Você sente que nãoestá na Terra, mas em outra dimensão. Experimenteimaginar o que faria se não soubesse que retornaria aoseu habitat natural.

6. Imagine que você tem poderes especiais. Escolhaum que o diferencia das pessoas comuns. Imagine umpoder realmente especial. Imagine que você pode utilizar

esse poder para obter vantagens. A escolha do tipo devantagem que quer obter é sua. Escolha um poder quenunca perderia. Imagine que você permaneceria semprecom a idade que tem hoje, isto é, não mais envelhecerianem morreria fisicamente, independentemente do poderescolhido. O que faria com ele?

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7. Pense numa próxima existência que você gostariade iniciar. Comece pelos pais que gostaria de ter, idade nodia de seu nascimento, condição social, características depersonalidades, valores, profissão etc.. Pense nos demaisaspectos do grupo familiar em que renasceria. Depois,pense onde gostaria de nascer, como seria seu corpo, quetipo de educação gostaria de ter, quais seriam suas maioresalegrias.

Ao fazer esse exercício, manifestou-me o desejo deque, na próxima encarnação, meus pais:

me orientassem a respeito das questões espirituais,sobretudo sobre a vida após a morte;

me ensinassem, desde cedo, a importância do amore da amorosidade;

me educassem para gostar de ler e estudar;me fizessem aprender um segundo idioma, preferen-

cialmente o mais falado no mundo cultural e político;

me mostrassem como respeitar toda e qualquerpessoa;me ensinassem a gostar de matemática;me mostrassem a importância da generosidade para

com o próximo;me ajudassem a sentir Deus em mim mesmo e a

percebê-lo em tudo;me encaminhassem para a religiosidade, sem

necessariamente me inserir em nenhuma religião formal;me dessem a noção de limites e de liberdade como

uma conquista oriunda da noção de responsabilidade;

me mostrassem a importância da contribuiçãoindividual para o desenvolvimento da sociedade;me levassem a viver a vida em plenitude, buscando

a máxima realização pessoal e coletiva, minha e a delestambém.

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Glossário25

Anima. O aspecto feminino interior do homem.Representa o somatório das experiências do homem commulheres (mãe, irmã, amiga, esposa, amante etc.). É aimagem feminina “perseguida” pelo homem. Sua projeçãoinicial estabelece-se primeiramente na mãe e, depois, emoutras mulheres. É uma espécie de imago materna queacompanha e influencia o homem por toda sua vida. Ohomem tende a, inconscientemente, comparar toda

mulher, que se apresente a ele, com sua ânima . Jungconsiderava importante o confronto com a ânima/ânimuspara o desenvolvimento do ser humano.

Animus. O aspecto masculino interior de todamulher. Representa o somatório das experiências damulher com homens (pai, irmão, esposo, amigo, amanteetc.). É a imagem masculina “perseguida” pela mulher.Jung dizia que “ Como a anima corresponde ao Erosmaterno, o animus corresponde ao Logos paterno.” 26 “Oanimus é uma espécie de sedimento de todas as experiên-

cias ancestrais da mulher em relação ao homem, e maisainda, é um ser criativo e engendrador, não na forma da

25

Adaptado do livro Mito pessoal e destino humano , do autor.26

JUNG, C. G. Obras completas . Petrópolis: Vozes, 1982. v. IX/2, par. 29, p. 12.

anima.anima/animus

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criação masculina.”27 Da mesma forma que com a ânima ,é desejável a integração parcial do ânimus a fim de auxiliaro indivíduo a lidar com a complexidade das relaçõesinterpessoais, assim como consigo mesmo.

Arquétipo . Estruturas virtuais, primordiais da psiquê ,responsáveis por padrões e tendências de comportamentoscomuns. São anteriores à vida consciente. Não são passíveis

de materialização, mas de representação simbólica. ParaJung, são hereditários e representam o aspecto psíquicodo cérebro. São universais, comuns a todos os seres huma-nos e ordenam imagens reconhecíveis pelos efeitos queproduzem. Pode-se percebê-los peloscomplexos que todostêm, pelas imagens arquetípicas que geram, assim comopelas tendências culturais coletivas.

Complexo . Conteúdos psíquicos carregados deafetividade, agrupados pelo tom emocional comum. São“temas emocionais reprimidos capazes de provocar

distúrbios psicológicos permanentes”, e que “reagem maisrapidamente aos estímulos externos”. “São manifestaçõesvitais da psique, feixes de forças contendo potencialidadesevolutivas que, todavia, ainda não alcançaram o limiarda consciência e, irrealizadas, exercem pressão para vir àtona.”28 São unidades vivas dentro da psiquê inconscientee que gozam de relativa autonomia. Eles se formam noinconsciente, de forma involuntária e a partir das váriasexperiências da vida. Por vezes se é dirigido peloscomple-

xos . Eles não são elementos patológicos, salvo quandoatraem para si excessiva quantidade de energia psíquica ,

manifestando-se como conflito perturbador da personali-

27

JUNG, C. G. Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1981. v. VII, par. 336, p.198.

28

SILVEIRA, Nise. Jung vida e obra . 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1994. p. 37

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dade. Os complexos têm a facilidade de alterar o estadode espírito, sem que se aperceba de sua presençaconstelada na consciência. À semelhança de um campomagnético, não são passíveis de ser observados direta-mente, mas por meio da aglutinação de conteúdos quelhes constituem. No âmago de um complexo , sempre seencontra um núcleo arquetípico. Os complexos são elemen-tos presentes nas obsessões espirituais.

Ego . O sujeito da ação consciente. Num certosentido, é o primeiro complexo a se formar na consciência,sendo seu centro. Estrutura-se a partir do inconsciente eé, muitas vezes, confundido com o centro organizador ediretor do aparelho psíquico, o Self . Conhecer a si mesmonão é conhecer o eu ou ego, que só conhece seus própriosconteúdos, mas, também, conhecer aquele centro organi-zador. O processo de desenvolvimento da personalidade,a individuação , consiste em diferenciar o ego de suasestruturas arquetípicas auxiliares. O ego, o Self (centro

organizador da psiquê ) e o ego onírico (o eu dos sonhos)são instâncias psíquicas diferentes. O ego se baseia noarquétipo do Si-Mesmo , sendo, de certa forma, seu agenteno mundo da consciência.

Energia psíquica . A energia vital que impulsiona oser humano em seu processo de individuação . Através dela,existente na psiquê de cada ser humano, vivem-se asexperiências necessárias para o desenvolvimento dapersonalidade. É a energia que promove a vida e faz comque ela aconteça. Palavras como desejo, impulso, vontade

e instinto estão diretamente relacionadas ao conceito deenergia psíquica .

Extroversão . Movimento promovido pela energia psíquica na direção do objeto externo. O sujeito é mobili-zado pelo objeto externo, atribuindo-lhe um valor maior

Extroversão.

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do que o que ele tem. Na extroversão, o indivíduo estáalienado de si em função do objeto e de toda a subjetividadeque o compõe. Na extroversão, o indivíduo se volta parafora, em direção a seu desejo, subordinando-se àssolicitações oriundas do objeto.

Função transcendente . Função psíquica que permitea geração de um símbolo entre conteúdos inconscientes econscientes, pela confrontação de opostos. Essa funçãopermite que os conteúdos do inconsciente possam vir àconsciência na forma de símbolos e fantasias.

Imago Dei . Engrama psíquico representado pelasimagens sagradas de Deus. Tudo que, para o ser humano,representa Deus, é gerado pela Imago Dei presente emseu psiquismo. Todos os adjetivos, figuras, representaçõessimbólicas, sentimentos e concepções lógicas ou subjetivasa respeito de Deus são originários da marca impressa nopsiquismo humano, denominada Imago Dei .

Individuação . Um dos conceitos centrais daPsicologia Analítica de Jung. É o processo de desenvolvi-mento da personalidade pela diferenciação psicológica doeu. É um processo no qual o ego visa tornar-se diferenciadoda coletividade, embora nela vivendo, ampliando suasrelações. Para se alcançar a individuação , é necessárioevitar as tendências coletivas inconscientes. Aindividua-ção respeita as normas coletivas, e o individualismo ascombate. O contrário à individuação é ceder às tendênciasegocêntricas e narcisistas ou à identificação com papéiscoletivos. Aindividuação leva à realização do Self , e não

simplesmente à satisfação do ego. É um processo dinâmicoque passa pela compreensão da finitude da existênciamaterial, objetiva, face à inevitabilidade da morte física.

Introversão . Movimento da energia psíquica nadireção de conteúdos internos da psiquê . É uma espécie

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de regressão da libido no psiquismo humano. Naintroversão, a pessoa dá mais valor ao seu próprio mundosubjetivo, dando pouca atenção à realidade, isto é, o objetotem pouco valor em relação ao sujeito.

Persona . Complexo funcional que permite ao egoapresentar-se e adaptar-se a situações externas ligadas àconvivência. O termo persona deriva das máscaras que osatores gregos usavam para os diversos papéis oupersonalidades que interpretavam. É o aspecto ideal do euque se apresenta ao mundo e que se forma pela necessidadede adaptação e convivência pessoal. É o que se pensa queé. Muitas vezes a persona é influenciada pela psiquê coletiva,confundindo as ações como se fossem individuais. Elarepresenta um pacto entre o indivíduo e a sociedade, sendoum conjunto de personalidades ou uma multiplicidade depessoas numa só. A identificação do ego com a personaprovoca o afastamento da identidade pessoal, isto é, corre-se o risco de não se saber quem realmente se é. Todos são,ao mesmo tempo, seres individuais e coletivos, pois, alémde terem uma natureza singular também têm atitudes queos confundem com a coletividade.

Personalidade . Atitude externa de uma pessoa, emdeterminado ambiente, que envolve seu caráter, seusprincípios, valores, sentimentos e demais aspectos acessó-rios, característicos da individualidade. Na personalidadede um indivíduo, estão incluídos seus processos cons-cientes e inconscientes, bem como tudo que envolve suavida de relações. A personalidade de uma pessoa incluisua individualidade, isto é, o Espírito que ela é. A perso-nalidade não é a individualidade. Enquanto esta evolui,desenvolvendo-se ao encontro do Si-Mesmo , aquela émutável a cada nova existência.

Psiquê . O mesmo que aparelho psíquico. Representaa totalidade das funções psíquicas e todos os processos

Personalidade.

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que envolvem o deslocamento de energia a serviço doprocesso de individuação . Engloba não só os processosconscientes e inconscientes como também aqueles quefogem ao domínio imediato da realidade. Nele se encon-tram os opostos que anseiam em se completar. Jung diziaque a psiquê é o princípio e o fim de todo conhecimento, éo objeto e o sujeito da ciência. São quatro os níveis da

psiquê : consciência pessoal, inconsciente pessoal, cons-

ciência coletiva e Inconsciente Coletivo. Self . Arquétipo da totalidade, isto é, tendência

existente no inconsciente de todo ser humano à busca domáximo de si mesmo e de encontro com Deus. É o centroorganizador da psiquê . É o centro do aparelho psíquico,englobando o consciente e o inconsciente. Comoarquétipo ,se apresenta nos sonhos, mitos e contos de fadas comouma personalidade superior, como um rei, um salvadorou um redentor. É uma dimensão da qual o ego evolui e seconstitui. O Self é o arquétipo central da ordem, da

organização. São numerosos os símbolos oníricos do Self ,a maioria deles aparecendo como figura central no sonho.

Si-Mesmo .29 A individualidade humana, completa-mente desvestida dos aspectos coletivos inerentes àpersonalidade. É o Espírito, enquanto essência, princípiointeligente individualizado. OSi-Mesmo se realiza atravésdo ego, isto é, na consciência, atualizando o arquétipo doSelf . O Si-Mesmo é a essência do ser humano, princípiodivino que se manifesta através da personalidade.

Sincronicidade . Conceito usado por Jung paradesignar dois ou mais eventos que parecem ter umacorrelação, sem que se encontre um nexo causal entre

29

Para Jung, Self é o si-mesmo (selbst).Para Jung, Self é o Si-Mesmo (selbst).

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les. É um princípio de conexões acausais . Na ocorrênciae fenômenos sincronísticos, o tempo e o espaço sãoeduzidos a vetores secundários, não quantificáveis. Taisventos são chamados de fenômenos da coincidênciaignificativa . Jung dizia que os fenômenos da sincroni-idade “mostram que o não-psíquico pode se comportaromo o psíquico, e vice-versa, sem a presença de um nexoausal entre eles”.30 Os eventos ligados aos fenômenos da

ercepção extrassensorial são considerados por Jungomo sendo da sincronicidade .

Sombra . Representa o que não se sabe ou se nega aespeito de si mesmo. A sombra é o arquétipo que repre-enta os aspectos obscuros da personalidade, desconhe-idos da consciência e que estão mais acessíveis ao ego.ormalmente tem-se resistência em reconhecer e integrar própria sombra , o que leva o indivíduo, inconscien-emente, às projeções. Essa integração é geralmente feitaom relativo esforço moral. A sombra representa o que se

onsidera mal e o que o ser humano não se dá conta deue lhe pertence, fazendo parte dele tanto quanto o bem. sombra contém o bem e o mal desconhecidos ou negadoso ser humano, ou que não foram conscientizados.ortanto, é acertado dizer-se que a sombra contém tambémualidades boas. Ela dá lugar à persona por umaecessidade de adaptação social. Sua exposição torna ondivíduo inadequado e inviabiliza sua convivênciaarmônica. Nos sonhos, a sombra costuma aparecer comoersonagens do mesmo sexo do sonhador, muitas vezesm atitudes aversivas ou como alguém conhecido e

ntipatizado por ele. Tem-se uma tendência a projetar asaracterísticas pessoais da sombra nos outros, conside-

0

JUNG, C. G. Obras completas . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VIII, par. 418, p.220.

30

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rando-os moralmente inferiores. Reconhecer a própria sombra é um grande passo no processo de individuação .A sombra se opõe ao ego e ambos se relacionam numregime mútuo de compensação.

Supra-arquetípico . Tendências divinas a que todoser humano está sujeito, além daquelas internas,direcionadas pelos arquétipos . É aquilo que obedece a leisuniversais, por enquanto, sem qualquer possibilidade demanipulação pelo humano. O supra-arquetípico é aquiloque limita o ser humano, impossibilitando-o de fazer ouser diferente. O supra-arquetípico é o Divino que tudopermeia.

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