PLANO DE INTERVENÇÃO PARA REDUÇÃO DO TABAGISMO NA … · curso de especializaÇÃo em saÚde da...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
YANET MOMPÓ ROMERO
PLANO DE INTERVENÇÃO PARA REDUÇÃO DO TABAGISMO NA
ÁREA ADSCRITA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA CHAPADA,
TRACUATEUA, PARÁ
BRAGANÇA / PARÁ
2018
YANET MOMPÓ ROMERO
PLANO DE INTERVENÇÃO PARA REDUÇÃO DO TABAGISMO NA
ÁREA ADSCRITA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA CHAPADA,
TRACUATEUA, PARÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista.
Orientadora: Bruna Melo Amador
BRAGANÇA / PARÁ
2018
YANET MOMPÓ ROMERO
PLANO DE INTERVENÇÃO PARA REDUÇÃO DO TABAGISMO NA
ÁREA ADSCRITA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA CHAPADA,
TRACUATEUA, PARÁ
Banca examinadora
Examinador 1: Bruna Melo Amador – UFPA.
Examinador 2 – Professor(a). Suelen Trindade Correa
Aprovado em Belém, 14 de Dezembro de 2018.
DEDICATÓRIA
Dedico aos trabalhadores da Unidade Básica de Saúde
Chapada e a população, que com o seu gesto de família têm
me acolhido. A equipe de saúde, que compartilhou comigo a
realização deste trabalho. A minha família, ainda que distante,
são fonte de permanente inspiração. Dedico-lhes acima de
tudo meu afeto e incondicional amor.
AGRADECIMENTOS
A minha tutora Suelen Trinidade Correa pela compreensão, preocupação e a grande contribuição para elaboração deste trabalho. Agradeço a todos por estarem ao meu lado incentivando-me no exercício desta profissão tão importante e essencial para a humanidade. Agradeço ao Programa “Mais Médico” que me proporcionou a oportunidade de trabalhar como médico da família, onde tenho um contato próximo com as famílias e os problemas que afetam a saúde da comunidade. Agradeço especialmente a minha equipe de trabalho pela colaboração na realização de todas as etapas que foram desenvolvidas neste trabalho, por me ajudarem, durante todas as ações, oferecendo todo o apoio e suporte do qual nos momentos difíceis necessitava, todo carinho, respeito e por tornar minha vida no Brasil cada dia mais fácil.
EPÍGRAFE
"A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo uma vez possuído"
Confúcio.
RESUMO
Este trabalho baseia-se na criação de um projeto de intervenção que tem como objetivo a diminuição dos pacientes fumantes com a participação da equipe da saúde da família Chapada no distrito de Tracuateua. Pretende-se com o plano fazer mudanças positivas nos fatores identificados pela equipe como fundamentais na solução significativa do problema. A metodologia baseou-se nas seguintes etapas : Identificação dos problemas, priorização dos problemas, seleção do problema prioritário, caracterização do problema, descrição do problema, explicação do problema, desenho de operações, identificação dos recursos críticos, analise de viabilidade do plano e elaboração do plano operativo para elaborar um plano de ação. A partir do plano de intervenção queremos contribuir na melhora da qualidade de vida dos pacientes fumadores de nossa área de abrangência.
Palavras-chave: Tabagismo. Doenças respiratórias. Fatores de risco. Tracuateua.
ABSTRACT
This work is based on the creation of an intervention project that aims to reduce smoking patients with the participation of the Chapada family health team in the Tracuateua district. It is intended with the plan to make positive changes in the factors identified by the team as fundamental in the significant solution of the problem. The methodology was based on the following steps; The stages developed were: Identification of problems, prioritization of problems, priority problem selection, problem characterization, problem description, problem explanation, operations design, critical resource identification, feasibility analysis of the plan and elaboration of the operational plan for a plan of action. From the intervention plan we want to contribute to improving the quality of life of smoking patients in our area of coverage. Key words: Smoking, Respiratory diseases. Risk factors.Tracuateua.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AB Atenção Básica
ACS Agente Comunitário de Saúde
APS Atenção Primária em Saúde
ASB Auxiliar de Saúde Bucal
CAPS Centro de Apoio Psicossocial
CF Constituição Federal
DATASUS Departamento de Informática do Sistema único de Saúde
ESF Estratégia Saúde da Família
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
PA Pressão Arterial
PES Planejamento Estratégico Situacional
PIB Produto Interno Bruto
PSF Programa Saúde da Família
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SUS Sistema único de Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
UPA Unidade de Pronto Atendimento
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..........................................................................................................
11
1.1 Aspectos gerais do município............................................................................. 11
1.2 O Sistema municipal de saúde.......................................................................... 11
1.3 A Unidade Básica de Saúde da Chapada ......................................................... 12
1.4 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade...... 14
2 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 15
3 OBJETIVOS......................................................................................................... 16
3.1 Objetivo geral.................................................................................................... 16
3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 16
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 17
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 18
6 PLANO DE INTERVENÇÃO............................................................................... 20
6.1 Descrição do problema.................................................................................... 20
6.2 Explicação do problema..................................................................................... 20
6.3 Plano de Ações................................................................................................... 21
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 22
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 23
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos gerais do município
Tracuateua, encontra-se situada na mesorregião nordeste do Estado do Pará, a
188 quilômetros da capital Belém. Limita-se ao norte com oceano Atlântico - começa na
baía do Maiaú, a leste com o município de Bragança, ao sul com o município de Santa
Luzia do Pará, a oeste com o município de Capanema (IBGE, 2010).
O nome do município de Tracuateua tem origem na palavra indígena “tracuá”
(uma espécie de formiga) e “teua” (terra). Os habitantes recebem o nome gentílico de
“tracuateuenses”. Possui uma área territorial de 934,27 quilômetros. De acordo com
dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população
atual do município é de 29.793 habitantes, com 14.398 homens e 13.127 mulheres,
mostrando uma densidade demográfica de 31,89 habitantes/km (IBGE, 2010).
Segundo dados do IBGE (2010), o surgimento de Tracuateua está ligado à
construção da ferrovia Belém-Bragança, concluída em abril de 1908. Até os anos de
1880, antes do início da obra, o povoamento entre Bragança e Belém era pequeno. O
que se sabe do período anterior à ferrovia é pouco e impreciso. Na localidade conhecida
por Jurussaca, viveram os índios Cariabas e negros refugiados, remanescentes das
fazendas próximas à Bragança, provavelmente, estes e mais alguns imigrantes
portugueses e espanhóis, foram os que iniciaram a colonização nos arredores.
Raimundo Aruar e Mariano Pereira da Silva construíram as primeiras casas na região.
O nome foi dado pelos trabalhadores que abriam caminho para a futura ferrovia
(1888). Esses chegaram a margens de um rio para merendar, e foram surpreendidos por
uma infinidade de formigas grandes e pretas, conhecidas como Tracuás. Desde então,
denominaram de Rio Tracuateua, que mais tarde deu nome ao povoado (PREFEITURA
MUNICIPAL DE TRACUATEUA, 2017).
1.2 O sistema municipal de saúde
Em Tracuateua o acesso a saúde, inicia-se a partir da Atenção Básica (AB), que
se constitui por 11 Unidades Básicas de Saúde (UBS), que abrigam as equipes de
Estratégia Saúde da Família (ESF), delas nove estão no meio rural e, duas no meio
urbano. Estas UBS são os locais onde o usuário recebe o primeiro atendimento, e ainda,
12
são responsáveis pela prevenção e tratamento de doenças. Também contamos com um
centro de saúde com atendimento de ginecologia, ortopedia, pediatria,neurologia,
odontologia, clínico geral e consulta de enfermagem. Além disso, temos no município
uma Central de Regulação, um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Centro
de Apoio Psicossocial (CAPS), Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), composto por: nutricionista, psicóloga,
fisioterapeuta, fonologia e assistência social. O município tem uma coordenação de
vigilância em saúde epidemiológica sanitária e ambiental e consta com uma rede de
farmácias populares.
Para a atenção especializada conta com um hospital municipal estadual onde se
faz atendimentos de urgência e emergência, encaminhando os casos de maior
complexidade para outros municípios.
1.3 Unidade básica de saúde da Chapada
A Unidade básica de saúde da Chapada está situada no centro da comunidade.
A população residente na comunidade é de 1.868 habitantes, sendo 928 homens e 940
mulheres, possuindo um total de 812 domicílios. Conforme o quadro abaixo, a população
apresenta seguinte distribuição por faixa etária e sexo:
Quadro 1- Distribuição da população por faixa etária e sexo, pertencente a Comunidade da Chapada, município de Tracuateua, Pará.
FAIXA ETÁRIA MASCULINO FEMININO TOTAL
0-1 ANO 10 12 22
1-4 ANOS 79 74 153
5-14 ANOS 104 107 211
15-19 ANOS 98 107 205
20-29 ANOS 104 104 208
30-39 ANOS 96 100 196
40-49 ANOS 125 110 235
50-59 ANOS 95 114 209
60-69 ANOS 100 102 202
70-79 ANOS 85 82 167
80 ANOS E MAIS 32 28 60
TOTAL 928 940 1868
Fonte: IBGE, 2017.
A principal forma de trabalho na comunidade é a pesca e a agricultura. Porém,
muitas famílias necessitam receber o apoio de programas sociais do governo federal
13
como o “Bolsa Família”. A comunidade possui uma paróquia, um templo católico e um
evangélico.
A população é majoritariamente adulta, existem muitos fatores de risco de
doenças cardiovasculares onde predomina maus hábitos alimentares, alcoolismo,
tabagismo, obesidade e hiperlipidêmica, automedicação, abandono dos tratamentos por
conta própria, fármaco dependência, temos cadastradas 13 gestantes.
A UBS da Chapada foi inaugurada em 29 de maio 2015. É uma unidade de
saúde com boa estrutura e conta com vários compartimentos: sala de espera, recepção,
sala de curativo, sala de imunização, consultório médico, consultório odontológico,
consultório de enfermagem, farmácia, banheiro, cozinha e sala de reunião. As reuniões
com a comunidade e os grupos operativos são realizadas na unidade de saúde. A
população tem muito apreço pela Unidade de Saúde. A área adscrita está dividida em
cinco microáreas, todas acompanhados por ACS.
A Unidade de Saúde da Chapada funciona das sete horas da manhã às cinco
horas da tarde. A ESF da Chapada é formada por: uma enfermeira, médica, duas
técnicas em enfermagem, odontólogo, auxiliar de saúde bucal (ASB) e, cinco ACS.
Estamos trabalhando de acordo com os princípios constitucionais do Sistema
Único de Saúde (SUS), e as diretrizes do Ministério de Saúde. Está sendo realizado de
forma regular os cadastrados domiciliares e individuais pelos ACS.
São ofertados serviços como: consultas à demanda espontânea e consultas
voltadas aos programas de saúde - doenças crônicas não transmissíveis, pré-natal,
puericultura, idosos, saúde da mulher e do homem, saúde do adolescente, hanseníase,
tuberculose, saúde mental - além de procedimentos como: imunização, procedimentos
ambulatoriais, dispensação de medicamentos, atendimento às urgências odontológicas
e atendimento básico de odontologia. Fazem-se visitas domiciliares aos grupos
operativos que devem ser com maior qualidade. Encaminha-se para a atenção
secundária e às consultas especializadas. Além do planejamento de diferentes
atividades que acontecem nas reuniões da equipe com frequência semanal.
14
1.4 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade
Para a obtenção dos dados e identificar os problemas de saúde em na área de
abrangência foram utilizados duas fontes principiais de coleta: o método de estimativa
rápida e, a observação ativa na área, desenvolvida com a ESF; que tanto conhecem a
população pertencente a área de adscrita, assim como por meio dos registros nos
prontuários da família, plano de saúde municipal.
Os critérios utilizados para definir os problemas prioritários, foram a prevalência
e incidência das doenças na área de saúde. Estudamos a importância, a sua urgência, e
a capacidade de enfrentamento dos problemas, enumerando-os por ordem de prioridade.
Portanto, priorizou-se que na UBS Chapada, predomina como principal problema de
saúde, o alto índice de tabagistas.
15
2 JUSTIFICATIVA
No Brasil, o tabagismo provoca a cada ano 1,2 milhões de mortes. Está
diretamente relacionado com o surgimento de 29 doenças, dentre as quais dez são
diferentes tipos de câncer e mais de 50 % das doenças cardiovasculares. Fumar está
diretamente relacionado a aproximadamente 90 % de das mortes por câncer de pulmão
e aproximadamente 80-90 % da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e Enfisema
(FEITOSA e PONTES, 2011).
Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), ações
desenvolvidas no Brasil para o controle do tabagismo “já salvaram 420 mil vidas”. O
Instituto destaca que “o aumento do preço do produto é responsável por cerca da
metade da redução do número de fumantes no país, seja por diminuir a iniciação ou por
estimular a cessação” (INCA, 2012).
A ESF da Chapada realizou diagnóstico e levantamento dos principais
problemas, sendo identificado alta incidência de tabagistas na comunidade. Esta
condição de saúde é passível de intervenções, sendo possível a realização de ações de
promoção, prevenção e tratamento evitando novos casos e reduzindo complicações nos
casos presentes. Nossa área adscrita conta com 380 tabagistas, deles 300 homens e 80
mulheres, totalizando 20% da população.
A equipe após análise da situação levantada considerou que o nível local
apresenta recursos humanos e materiais para realização do Projeto de Intervenção,
considerando o projeto viável.
Portes et. al. (2014) enfatizam a importância de se desenvolver ações educativas
de controle do tabagismo no âmbito da Atenção Primaria, tais como programas
educativos em escolas, domicílios, ambientes de trabalho, e unidades de saúde, entre
outros equipamentos sociais. Para tal e estratégico envolver profissionais da equipe de
saúde, educadores, profissionais da comunicação, lideranças comunitárias e gestores.
“O desenvolvimento dessas ações de controle do tabagismo na atenção primária
a saúde (APS) constitui um desafio para os profissionais de saúde na articulação com os
diversos setores da sociedade” (PORTES et. al., 2014).
16
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Elaborar um projeto de intervenção para diminuir o número de pacientes
tabagistas na população atendida na Estratégia de Saúde da Família da Chapada.
3.2 Objetivos específicos
Qualificar a equipe de saúde sobre o programa do tabagismo;
Conhecer o número tabagistas que aceitam participar do grupo;
Construir o grupo de apoio aos usuários tabagistas da área adscrita;
Orientar a população sobre os riscos do hábito de fumar;
17
4 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do plano de intervenção foi utilizado o método de
Planejamento Estratégico Situacional (PES) com os momentos explicativos, normativo,
estratégico, e tático operacional com umas das etapas que, vai desde o diagnostico
situacional até a gestão do plano (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010)
As etapas desenvolvidas foram: Identificação dos problemas, priorização dos
problemas, seleção do problema prioritário, caracterização do problema, descrição do
problema, explicação do problema, desenho de operações, identificação dos recursos
críticos, analise de viabilidade do plano e elaboração do plano operativo para elaborar um
plano de ação.
O plano de intervenção foi elaborado a partir da seleção e análise de
determinados critérios. Na UBS o problema identificado foi: alta incidência de pacientes
tabagistas.
Para descrição do problema priorizado, nossa equipe utilizou alguns dados
fornecidos pelo SUS e outros que foram produzidos pela própria equipe por meio das
diferentes fontes de obtenção dos dados: dos prontuários, foram utilizados trabalhos
científicos disponíveis em base de dados como: Biblioteca Virtual em Saúde, Biblioteca
Virtual da Universidade Federal de Minas Gerais, SCIELO, dentre outros, onde textos e
artigos foram selecionados de acordo sua relevância e aplicabilidade.
. Foram selecionados indicadores da frequência de alguns dos problemas e
também da ação da equipe frente aos mesmos. A partir da explicação do problema, foi
elaborado um plano de ação, entendido como uma forma de sistematizar propostas de
solução para o enfrentamento do problema em questão.
Para atualizar os conhecimentos sobre tabagismo foi realizada uma revisão
teórica e científica sobre tabagismo e seu controle, sendo consultados artigos científicos
e normas e protocolos técnicos do Ministério da saúde.
18
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O consumo do tabaco é reconhecido mundialmente como uma das principais
causas de doenças e mortes. Considera o tabagismo como uma patologia crônica,
decorrente da dependência da nicotina, um dos seus principais componentes, que torna
o indivíduo fumante vulnerável a diversas doenças, como: as cardiovasculares,
respiratórias e vários tipos de câncer. Apesar da redução da sua prevalência observada
nos últimos anos, o tabaco ainda se encontra como uma das drogas licita mais utilizada
pela população, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2013).
A nicotina, substância presente em todos os derivados do tabaco (cigarros,
charutos, rape, fumo de rolo, narguilé), induz a dependência por estimular a liberação de
outras substâncias como a dopamina, acetilcolina, noradrenalina, serotonina e
betaendorfinas, que proporcionam a sensação de prazer e relaxamento, aumento da
concentração e da memória e diminuição da tensão e da ansiedade (SANTOS e
OLIVEIRA, 2012).
De acordo com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o tabagismo é
o responsável por cerca de 30% das mortes por câncer no Brasil, 90% das mortes por
câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por DPOC
e, 25% das mortes por derrame cerebral.
Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001 apud
BRASIL, 2008, p.4), em torno de “10 % das populações dos centros urbanos de todo o
mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, independentemente da idade,
sexo, nível de instrução e poder aquisitivo, sendo o mesmo observado no território
brasileiro”.
Dantas (2013) destaca que mais de 80% dos fumantes iniciam o consumo do
tabaco antes dos 18 anos de idade, persistindo neste habito até a idade adulta. As
consequências do tabagismo a curto prazo incluem efeitos respiratórios (redução da
função pulmonar e do crescimento do pulmão, falta de ar e expectoração mais frequente,
aumento do risco de câncer do pulmão) e não respiratórios, (aumento da frequência
cardíaca, diminuição da capacidade física, visitas mais frequentes a profissionais de
saúde por queixas psicológicas e emocionais) bem como a adição a nicotina e o risco
associado do uso de outras drogas (álcool, maconha, cocaína).
19
Considerando que o tratamento dos fumantes é uma prática recente em todo
mundo, o Consenso sobre a Abordagem e Tratamento do Fumantes, parte das ações do
PNCT, estabelece a abordagem cognitivo-comportamental e as terapias
medicamentosas indicadas para o tratamento do tabagismo no Brasil (BRASIL, 2001).
A abordagem cognitivo-comportamental combina intervenções cognitivas com
treinamento de habilidades comportamentais. Os componentes dessa abordagem
envolvem a prevenção de recaídas e o desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento diante da fissura. As estratégias utilizadas são: relaxamento, exercícios
respiratórios, estimulo ao autocontrole que auxiliam a pessoa a permanecer sem fumar
(BRASIL, 2001).
20
6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
6.1 Descrição do problema selecionado
Em nossa área de abrangência temos uma população de 1.868 pacientes e
20% da população com mais de 15 anos é tabagista, considerando o fato como um
problema de saúde pública local.
6.2 Explicação do problema selecionado
É frequente a causa da demanda espontânea na UBS ser a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) descontrolada e infeciones respiratórias, o que demanda tempo e
vários encaminhamentos da equipe para a atenção especializada.
Porém, a população e até mesmo a equipe de saúde não se atentam para o
tabagismo como um fator de risco como causa ou agravamento dessas doenças. Ambos
não estão conscientes do perigo das suas complicações, pois observa-se ausência de
ações de promoção da saúde voltadas para o público tabagista.
Fato este comprovado, quando se observa o baixo nível de informação do ACS,
principal integrante da equipe, quando se pergunta sobre o programa do tabagismo e o
perigo de complicações. Fator que tem refletido durante as consultas planejadas para
deixar de fumar, onde os usuários não dão importância as mesmas e abandonam as
consultas, voltando ao hábito de fumar.
A equipe determina que as principais causas deste problema sejam:
Costumes socioculturais inadequados sobre o consumo de cigarro
Pouco conhecimento desses pacientes sobre o perigo das complicações.
Pacientes que abandonam as consultas e tratamento para eliminar o hábito.
Atingindo ao problema prioritário a equipe pretende fazer um conjunto de ações
para conseguir um impacto positivo na solução do mesmo. Trabalhando conjuntamente
com as entidades que possam nos ajudar a reduzir que este problema que segue
afetando a qualidade de vida de nossos usuários.
21
6.3 Desenho das operações
Quadro - 1 Operações sobre o “nó crítico 1” relacionado ao problema ao tabagismo na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Chapada, do município Tracuateua, Estado de Pará.
Nó crítico 1 Costumes socioculturais inadequados sobre o consumo do cigarro.
Operação (operações) Modificar estilos de vida
Projeto “Mais Saúde”
Resultados esperados - Diminuir em 10 % o número de tabagistas;
- Aumentar a incorporação de pacientes tabagistas a atividades físicas em 20 %;
Produtos esperados - Palestra com vídeo conferência sobre o tabagismo para usuários e equipe.
- Programas de exercícios e caminhadas
- Implantação do grupo antitabagismo
Recursos necessários Estrutural:
Cognitivo: informação estratégias sobre hábitos de vida saudáveis.
Financeiro: Conseguir local para as palestras, mobilização social intersetorial com educação, prefeitura municipal.
Político: Conseguir local para as palestras, mobilização social intersetorial com educação, prefeitura municipal.
Recursos críticos Estrutural: UBS, Escolas do bairro, centros comunitários.
Cognitivo: Cadastrar no Programa do Tabagismo usuários
Político: Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação
Financeiro: Recursos para desenvolver ações
Controle dos recursos
críticos
Avaliação das ações a cada mês.
Ações estratégicas caminhadas e exercícios físicos, rodas de conversa,
Prazo Seis meses
Responsável (eis) pelo
acompanhamento das
ações
Dra. Yanet, enfermeira e Agente Comunitário de Saúde.
Processo de
monitoramento e
avaliação das ações
Por meio dos indicadores de saúde sobre o tabagismo. FomSUS E esus
22
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que esse trabalho possa contribuir na ampliação e melhoria das
ações já desenvolvidas e dar mais um passo na consolidação do trabalho da equipe,
melhorando as condições de saúde e de vida da população fumadora e sua família da
área de abrangência. Nossa equipe através do projeto quer contribuir na mudança para
melhorar as condições de vida de nossos pacientes fumadores e sua família. Trabalho
que vai ser monitorado nas reuniões da equipe com as planilhas de acompanhamentos
aos projetos para qualquer dificuldade que surja no curso do desenvolvimento do plano
de intervenção para que seja corrigida. Também com a estratificação de risco
cardiovascular propiciar um melhor acompanhamento e fazer uso adequado das redes
de atenção secundária e terciária; resgatar as atividades com os grupos de
antitabagismo vai ser um pilar essencial na mudança de estilos de vida. O tabagismo é
um sério problema de saúde, implica atuação de todos os envolvidos no processo de
trabalho em saúde, implica dedicação, paciência e esforço de o sistema de saúde
brasileiro.
23
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional De Câncer - INCA. Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV). Abordagem e Tratamento do Fumante. Consenso 2001. Rio de Janeiro: INCA, 2001. Disponível em: http://portal.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/profissional-da-saude/homepage//tratamento_fumo_consenso.pdf. Acesso em: 20 fev. 2018. BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Diretrizes assistenciais para a saúde mental na saúde suplementar. Rio de Janeiro: ANS, 2008.63 p. Disponível em: http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1340370239Dir_Assist_Saude_Mental_SS.pdf. Acesso em: 20 fev. 2018. CAMPOS, F. C. C. de; FARIA, Horácio Pereira de; SANTOS, Max Andre dos. Elaboração do plano de ação. In: CAMPOS, Francisco Carlos Cardoso de; FARIA, Horacio Pereira de; SANTOS, Max Andre dos. Planejamento e avaliação das ações em saúde. 2a ed. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2010. 118p.:il. CASTANHEIRA E SILVA, J. M. P. Gravidez e tabagismo: abordagem pelos profissionais de saúde e implicações da exposição do feto ao monóxido do carbono. Dissertação (Mestrado). Universidade da Beira Anterior. Corvilhã, 2011. Disponível em: <http://www.fcsaude.ubi.pt/thesis/upload/972/tese_joanacastanheir.pdf>. Acesso em: jan 2018. DANTAS, D. R. G. Estudo sobre a prevalência do tabagismo entre adolescentes no Brasil. Tese (Doutorado em Medicina). Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia. Salvador, 2013. 121 f. Disponível em: <http://repositorio.ufba.br/ri/bistream/ri/13104/1/tese%20vers%C3%A3o%20final%20enviada%20%C3%A1fica.pdf >. Acesso em fev. 2018. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home. Acesso em: 15 jan. 2018. INCA. Instituto Nacional do Câncer. Políticas antitabagismo no Brasil já salvaram mais de 400 mil vidas. 2012. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2012/ politicas_antitabagistas_ja_salvaram_mais_de_400_mil_vidas_brasil. Acessado: jan. 2018 INCA, Instituto Nacional de Cancer. Programa Nacional de controle do tabagismo (PNCT) - Tratamento do tabagismo. 2013. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connet/eb44a9804f7964bd9b04db00980f7ebc/Tire+su
24
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