Forum Democratico

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 107-108 Ano XII - Julho / Agosto 11 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT E MAIS: : ENTREVISTA HISTÓRIA ITALIANA TURISMO CINEMA ARTES PLÁSTICAS FOTOGRAFIA

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Nº 107 - 108 - Ano XI - Julho/Agosto 11 - R$ 10,00

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 107-108 Ano XII - Julho / Agosto 11 - R$ 10,00

PODE SER ABERTO PELA ECT

E MAIS:: ENTREVISTA • HISTÓRIA ITALIANA • TURISMO • CINEMA • ARTES PLÁSTICAS • FOTOGRAFIA

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O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias.

“Patronato” da maior

Confederação Sindical Italiana, a CGIL

INCACGILINCA

http:\\www.incabrasil.org.br

RIO DE JANEIROAv. Rio Branco, 257 sala 141420040-009 - Rio de Janeiro - RJTelefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

PORTO ALEGRERua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RSTelefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718

BELO HORIZONTERua Curitiba, 705 - 7º andar30170-120 - Belo Horizonte - MGTelefax: 0xx-31 3272-9910

SÃO PAULO (Coordenação)Rua Dr. Alfredo Elis, 6801322-050 - São Paulo - SPTelefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236

Rua Itapura,300 cj. 60803.310-000 - São Paulo- SP

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forumD E M O C R A T I C O

NOSSA CAPA

Criação: Patrícia Freitas

w w w . f o r u m d e m o c r a t i c o . o r g . b r

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A n o X I I - N o 1 0 7 - 1 0 8 - J u l h o / A g o s t o 2 0 1 1

05 agenda cultural

05 Os melhores eventos estão aqui.

16 “Accabadora”, di Michela Murgia.

16 encarte06 editorial

06 Itália 1861/2011: 150 anos de história e um triste presente.

11 Risotto di Faraona com Radicchio Rosso, receita do Zucco.

11 gastronomia

15 Aproveite nossas sugestões imperdíveis.

15 às compras

Artes Plásticas38 Raimundo Rodrigues, “Acredito no trabalho, em muito trabalho”.Marisa Oliveira

turismo1212 Fernando de Noronha – simplesmente exuberanteMarisa Oliveira

Fotografia34 “Na Trilha do Cangaço – O Sertão que Lam-pião pisou”, ensaio de Márcio Vasconcelos.

cultura32

Reflexão42 Ingmar no Municipal.Luis Maffei

22 Italia

22 2004. Liberamente tratto dal libro “Patria 1978-2008” di Enrico Deaglio.

Storia italiana

28 Renata Franceschi: continuísta, assistente de direção, revisora de script, atriz.

Emigrazione

Marisa Oliveira

Andrea Lanzi

30 Brasil

30 “As mulheres de Nelson” resgatam o canto líri-co. Entrevista com Nelson Portella, Mirna Rubim, Marina Considera e Chiara Santoro.

09 Passo Fundo: Aldo Alessandri l’inventore di Piazza Italia.

09 Congiuntura Italia.

10 Il Governo vuole eliminare il voto all’estero mentre lo ha già eliminato per le elezioni dei Comites.

10 Rio de Janeiro: A pieno vapore i preparativi di BRASITALIA -1a Mostra de Arte e Produtos ítalo-brasileiros.

10 Rio de Janeiro: A Arte da Relação / Presença

08 Rio de Janeiro: 150 Histórias Preciosas del maestro orafo Gerardo Sacco.

08 Congiuntura Brasile.

08 Rio de Janeiro: Cambio della guardia al Consolato italiano.

08 comunità

14 cultura

14 “Eu fui a melhor amiga de Jane Austen ”, de Cora Harrison e “Se um de nós dois morrer”, de Paulo Roberto Pires.

Literatura

Cinema32 Recine comemora dez anos homenageando a presença italiana no cinema brasileiro.Renata Ferreira

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f o r u mD E M O C R A T I C O84 Julho / Agosto 11

La rivista Forum Democratico è una pubblicazionedell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi.

Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória).

Direttore di redazione Andrea Lanzi

Giornalista ResponsabileLuiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977)

RedazioneAvenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - [email protected]

Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934

Revisione di testo (portoghese)Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador.

Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira, Graziella Cassará. Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença

Stampa: Gráfica Opção Copertina: Patrícia Freitas

Impaginazione: Tiago Morena Patrícia FreitasSambacine ProduçõesAna Maria Moura

Dados internacionais de catalogação

na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia -

Forum Democratico/ Associazione per

l’insterscambio culturale italo-brasiliano

Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar.

1999) - Rio de Janeiro: A Associazione,

1999 - v. Mensal. - Texto em português e

italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália

- Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural -

Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione

per l’interscambio culturale italo-brasiliano,

Anita e Giuseppe Garibaldi.

CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

e x p e d i e n t e

Carta do leitor

Nota do Editor

“A reportagem sobre reinserção social nos revela quanta coisa vem sendo feita em prol do social no Brasil. Parabéns para aqueles que tocam esses projetos com tanta dedicação.”

Leonardo Nogueira, por telefone, abril de 2011

Aedição Julho/Agosto aposta em assuntos variados e,

como sempre, onde compete, aguça o olhar sobre

o social. Back2Black é um festival de música com debates

e palestras sobre temas sociais, econômicos e ambien-

tais, sem contar com a porção de valorização da cultura

negra no Brasil e no mundo (Agenda Cultural). Ainda nessa seção, outubro trará

Egberto Gismonti em recital de piano solo. Não dá para

perder. Artista, Raimundo Rodriguez utiliza rejeitos para

sacralizar objetos, criar “templos” de sonhos e de fé e

lutar pelo social: é um dos fundadores do Grupo Imagi-

nário Periférico (Artes Plásticas).

E o social – ele, outra vez - impera no Editorial que, em um

resumo ao mesmo tempo abrangente e pontual, fala da Itália pós-unificação,

partidos políticos, diferenças sócio-econômicas, xenofobia e racismo, aspectos

que, em suas características, validam o tratamento diferenciado e discriminatório

que o governo italiano dispensa a seus cidadãos residentes no estrangeiro. Na

seção Às Compras, o Rio de Janeiro virou porcelana e o Chico nos traz o Chico

de sempre e para sempre. Puro deleite! Leveza e originalidade nas dicas

de leitura: Eu fui a melhor amiga de Jane Austen, de Cora Harrison, e

Se um de nós morrer, de Paulo Roberto Pires (Literatura).

Peixe na folha de bananeira, forró e mergulho no para-

disíaco arquipélago Fernando Noronha, em Pernambuco

(Turismo).

Agora, tudo isso não substitui o prazer de

conversar com Renata Franceschi, uma italia-

na de Roma, que viveu nos tempos da dolce

vita. Foi continuísta, assistente de direção e

atriz. Conviveu com Luchino Visconti, Marcello Mastroianni

e sempre tem muitas histórias para contar. Para nossa sorte,

Renata decidiu morar no Brasil, na praia de Boa Viagem, em Niterói.

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agenda cultural

EXPOSIÇÃO

Fotografias – Coleção Joaquim Paiva

O diplomata Joaquim Paiva reuniu imagens de fotógra-fos estrangeiros. Algumas guardou para si e outras levou para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São 413 obras internacionais, assinadas, entre outros, por Diane Arbus e Grete Stern.

Da esquerda para direita: Diane Arbus, Grete Stern. No alto, Dominic Rouse.

CONCERTO

Série Sala Contemporânea

Egberto Gismonti, compositor e multi-instrumentista, se apresenta em recital de piano solo, apresentando um repertório de novos trabalhos e de alguns de seus grandes clássicos.

Theatro Municipal do Rio de Janeiro – Praça Mal. Floriano, s/n, Centro, RJ, Tel.: (21) 2332-9191; Sexta-feira, 7 de outubro, às 20h; Ingressos de R$ 20,00 a R$ 420,00; Classificação livre.

MAM – Av. Infante Dom Henrique, nº 85, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro; Tel.: (21) 2240-4944; De 3ª a 6ª, das 12h às 18h; Sáb., Dom. e feriados, das 12h às 19h; Ingressos: R$ 8,00 (a partir dos 12 anos). A partir de 23 de julho.

MÚSICA

Prince, Chaka Khan, Macy Gray e Aloe Blacc estão entre as principais atrações musicais do festival Back2Black que tem como proposta promover debates e palestras sobre temas sociais, econômicos e ambientais do Brasil e do mundo. O Back2Black, pioneiro na valori-zação da cultura negra mundial no Brasil, cres-cerá em sua edição 2011, firmando-se como um dos mais completos eventos culturais do país. De 26 a 28 de agosto, a centenária Estação Leopoldina servirá novamente como plataforma para shows, debates, exposições e intervenções artísticas, divididos em quatro espaços diferentes, com mais de 20 atrações musicais. Pela primeira vez, o local terá um mega palco montado exclusivamente para receber um dos maiores nomes do pop mundial, o multi-instrumentista Prince, que volta a tocar no Brasil após 20 anos, no dia 27. Em São Paulo, haverá duas atrações do evento no dia 30, no Bourbon Street.

Back2Black

Estação Leopoldina, Rio de Janeiro; de 26 a 28 de agosto de 2011. Classificação: 16 anos.

TelefônicaSonidos – Festival Mundo Latino

Grandes nomes da música brasileira e latina se apresentam no Jockey Club de São Paulo, de 24 a 27 de agosto. Em dois palcos distintos, em horários não simultâneos, shows individuais e encontros musicais inéditos sempre entre um artista brasileiro e estrangeiro. No Palco Jazz Latino, o cubano Chucho Valdés, pianista, terá a companhia do virtuoso bandolinista Hamilton de Holanda (24/8); Jaques Morelembaum e o pianista cubano Omar Sosa intercambiarão ta-lentos no dia 25/8. Julieta Venegas, Marisa Monte, Seu Jorge e Los Amigos Invisibles são alguns dos outros nomes que comporão essa edição do TelefônicaSonidos.

Jockey Club de São Paulo, SP; Avenida Lineu de Paula Machado 1263, Morumbi, São Paulo / SP; Classificação: livre; de 24 a 27 de agosto de 2011.

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e d i t o r i a l e

Andrea Lanzi

L‘Italia sotto la guida del Presidente della Repubblica, Giorgio Napo-litano, ricorda i 150 anni della sua unificazione. La popolazione o

per lo meno una grande maggioranza, sembra essere contenta del fatto che la ricorrenza sia ampiamente celebrata; la Lega Nord è l’unica for-za politica che apertamente contesta i festeggiamenti e non condivide i valori dell’unità nazionale e di uno stato unitario che garantisca a tutti i diritti universali di cittadinanza indipendentemente dal luogo di nascita o di residenza. Questo orientamento xenofobo e razzista ha dato origine a norme di legge ingiuste e discriminatorie per gli italiani residenti all’estero, come quella per cui sono necessari 10 anni di residenza in Italia per avere diritto all’assegno sociale. L’unificazione dell’Italia fu il risultato congiunto della spedizione dei Mille, guidata da Garibaldi, che sconfisse militarmente l’esercito borbonico e della capacità del Regno sabaudo di farsi agente storico della realizzazione dello stato unitario con una intelligente politica estera e una notevole capacità di stringere alleanze. I problemi che l’Italia appena unificata si trovò ad affrontare sono di fatto ancora oggi presenti anche se in forme moderne: il trasformismo delle classi dirigenti in partico-lare meridionali e la dualità nello sviluppo del paese con tassi di crescita e di benessere sociale profondamente diversi fra nord e sud. Dopo il Risor-gimento abbiamo avuto la nascita dei movimenti politici e sociali di massa: i partiti socialista, comunista e cattolico; il movimento sindacale, le società di mutuo soccorso, le cooperative, le organizzazioni professionali quali la Coldiretti che fece uscire il mondo contadino dalla subalternità. Dopo la seconda guerra mondiale e la Resistenza che sconfisse il fa-scismo, questi sono stati i protagonisti della “prima repubblica”, che fino alla caduta del Muro di Berlino e al crollo dell’URSS, è stata segnata dalla Guerra Fredda. Nel dopoguerra vi furono momenti di grave tensione: la polizia usata per reprimere le lotte operaie e studentesche, le stragi del terrorismo di destra quasi tutte rimaste impunite, gli omicidi delle Brigate Rosse e dei gruppi armati che si autodefinivano di sinistra, le deviazioni dei servizi segreti. Dopo Tangentopoli e Mani Pulite agli inizi degli anni 90, la creazione di un partito politico da parte di Silvio Berlusconi, Forza Italia poi trasformata in Partito della Libertà, ha dato nuovi connotati alla scena politica, riuscendo inizialmente a fare una ampia alleanza delle forze del centro destra, dalla Lega Nord ad Alleanza Nazionale e all’Unione Democratici Cristiani. Il ciclo del berlusconismo sembra arrivato alla fine, tanto che è nato un terzo polo che si oppone al governo da posizioni di centro destra, formato dall’Unione Democratici Cristiani e da una parte degli ex di Alleanza Na-

zionale fuoriusciti dal Partito della Libertà di cui erano stati i fon-datori. Nella storia di Italia, l’emigrazione ha avuto una funzione importante sia per assorbire l’eccesso di popolazione sia come fonte di capitale tramite le rimesse degli emigrati; attualmente si può dire che gli italiani residenti all’estero sono stati completa-mente dimenticati dal governo. Negli ultimi tre anni sono stati ridotti pesantemente i fondi per l’assistenza e per la diffusione della lingua e della cultura italiana nel mondo, mentre diminuisce il numero degli addetti nella rete consolare. I Comites - organis-mi di rappresentanza della comunità italiana in ogni circoscrizione consolare- eletti a suffragio universale nel 2004 dovevano essere rinnovati nel 2009 e sono invece stati prorogati nell’incarico. Il ministro Calderoli nelle sue proposte di modifica costituzionale, intende di fatto revocare il diritto di voto per i residenti all’estero ottenuto solo nel 2001. In Brasile il tempo di attesa per il rico-noscimento della cittadinanza italiana è una vergogna, visto che somma decenni, e il TAR del Lazio si è già pronunciato contro i Consolati di San Paolo e Curitiba imponendo una riduzione dei tempi di attesa. Questo è il triste presente.

Italia 1861/2011: 150 anni di storia e um triste presente.

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e d i t o r i a l

A Itália, guiada pelo Presidente da República, Giorgio Napolitano, comemora os 150 anos da sua unificação. A população ou pelo

menos uma grande maioria, parece estar satisfeita pelo fato da data estar sendo amplamente celebrada; a Liga Norte é a única força política que abertamente contesta os festejos e não compartilha os valores da unidade nacional e de uma nação unitária que garanta para todos os direitos universais de cidadania independentemente do lugar de nascimento ou de residência. Esta posição xenófoba e racista foi uma das causas de leis injustas e discriminadoras para os italianos residentes no exterior, como a que prescreve 10 anos de residência na Itália para que se tenha direito à pensão social (ndr: o equivalente ao Loass). A unificação da Itália foi o resultado conjunto da expedição dos Mil, que guiada por Garibaldi derrotou militarmente o exército bourbônico, e da habilidade do Reino Sabaudo de ser o agente histórico da realização do estado nacional com uma inteli-gente política de relações internacionais e notável capacidade de articular alianças. Os problemas que a Itália recém unificada teve de enfrentar continuam presentes até hoje, ainda que nas formas atuais: o transformismo das classes dirigentes, mais acentuadamente no Sul, e a dualidade no desenvolvimento do país com taxas de crescimento e de bem estar social profundamente diferentes entre o Norte e o Sul. Depois do Ressurgimento, tivemos o nascimento dos movimen-tos políticos e sociais de massa: os partidos socialista, comunista e católico; o movimento sindical e as sociedades de mútuo socorro; as cooperativas e as organizações profissionais como a Coldiretti que conseguiu resgatar o mundo camponês da subalternidade. Depois da Segunda Guerra Mundial e da Resistência (ndr: luta armada contra a ditadura) que derrotou o fascismo, esses, citados acima, foram os atores da “primeira república” que até a queda do Muro de Berlim e a derrocada da URSS foi influenciada pela Guerra Fria. No pós- guer-ra houve momentos muito tensos: a polícia utilizada para reprimir as lutas dos operários e dos estudantes; as chacinas do terrorismo de direita, quase todas ainda hoje impunes; os assassinatos das Brigadas Vermelhas e dos grupos armados autodenominados de esquerda; os desvios golpistas dos serviços secretos. Depois de Tangentópolis e Mãos Limpas, no início dos anos ‘90, a fundação de um partido políti-co por parte de Silvio Berlusconi, Força Itália depois transformado em Partido da Liberdade, mudou o quadro político, conseguindo no início

e d i t o r i a l

costurar uma ampla aliança das forças de centro direita, da Liga Norte à Aliança Nacional e à União Democrática Cristã. Mas parece que o ciclo do berlusconismo, chegou ao fim; e já nasceu um terceiro pólo que faz oposição ao governo, defendendo posições de centro direita, formado pela União Democrática Cristã e por uma parte dos ex-Aliança Na-cional, saídos do Partido da Liberdade do qual haviam sido fundadores. Na história da Itália, a emigração teve um papel importante, tanto por absorver o excesso de população como por ser fonte de capital atra-vés das remessas dos emigrantes. Mas pode-se dizer que os italianos residentes no exterior ficaram completamente esquecidos pelo governo. Nos últimos três anos foram drasticamente reduzidos os recursos para a assistência e para a divulgação da língua e da cultura italianas, en-quanto também diminui o número dos funcionários da rede consular. Os Comites - entidades representativas da comunidade em cada circuns-crição consular - eleitos com sufrágio universal em 2004, deveriam ter sido reeleitos em 2009, mas ao contrário foram prorrogados nos cargos. O ministro Calderoli, com o seu projeto de reforma constitucional, quer de fato revogar o direito de voto para os italianos no exterior, direito que vigora só desde 2001. No Brasil, a fila de espera para o reconhecimento da cidadania italiana é uma vergonha, visto que demora décadas, e o TAR (ndr: tribunal administrativo regional) do Lazio já sentenciou contra os Consulados de São Paulo e Curitiba, impondo uma redução dos pra-zos para o reconhecimento da cidadania. Este é o triste presente.

Itália 1861/2011: 150 anos de historia e um triste presente.

La partenza da Quarto, de autor desconhecido, retratando a conquista da Sicília.

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c o m u n i t à

Congiuntura Brasile.

Decapitato il Ministero dei Trasporti, a partire dal Ministro Alfredo Nascimento,

con l’accusa di essere un centro di corruzio-ne; il fatto ha profondamente irritato uno dei partiti della maggioranza di governo il Partido Progressista di cui è dirigente l’ex ministro. Qualche problema avevano anche suscitato le dimissioni del Ministro della Casa Civil, Antonio Pallocci, con l’accusa di arricchimento illecito, rapidamente sostituito con la sena-trice Gleisi Hoffman. Il ministro della Difesa, Nelson Jobim, dichiara pubblicamente che non ha votato per la Presidente Rousseff e dopo una intervista in cui critica altri ministri viene sostituito da Celso Amorim, subito smentite. L’approvazione da parte del Supremo Tribunale Federale dell’unione stabile per persone dello stesso sesso, posiziona il Brasile fra i paesi all’avanguardia sui diritti degli omossessuali, anche se in piena avenida Paulista la caccia alle copie omosessuali da parte delle bande naziskin diventa una moda. Polemica anche sulla proposta di legge sul segreto di stato, che alcuni ambienti anche del governo volevano mantenere per l’eternità. Carlos Alberto

S e ne va il Console Umberto Malnati, prima della scadenza del quadriennio, per diven-

tare ambasciatore in Gabon e verrà sostituito da Mario Panaro, già Console Generale a Porto Alegre. Malnati ha ricoperto la carica di capo missione nel momento di maggiore difficoltà per la rete consolare a seguito dei tagli praticamente a tutte le voci del bilancio consolare.

RIO DE JANEIRO

RIO DE JANEIRO

Cambio della guardia al Consolato italiano.

150 Histórias Preciosas del maestro orafo Gerardo Sacco.

Brilhante Ustra, già bollato come torturato-re, è stato citato in giudizio dalla famiglia del giornalista Luiz Merlino morto sotto tortura all’epoca del regime militare, riaprendo la discussione sulla costituzionalità della legge di amnistia che tutela gli agenti dello stato che hanno commesso crimini contro l’umanità. Dal punto di vista politico comincia l’attività dei partiti in vista delle elezioni municipali del prossimo anno; situazione particolarmente ingarbugliata a San Paolo dove per lo meno tre partiti - Partido Mobilização Democrática Brasileira, Partido Social Democrata Brasilei-ro, Partido dos Trabalhadores- hanno reali possibilità di eleggere il sindaco, dopo che Gilberto Kassab, il sindaco in carica, ha fondato il Partido Social Democrata con l’ambizione nel 2014 di eleggersi governatore. La messa in libertà di Cesare Battisti da parte del Supremo Tribunale Federale, ha riaperto le polemiche fra l’Italia e il Brasile dove si è distinto ancora una volta il nostro ministro della Difesa, Ignazio La Russa, che voleva disertare le Olimpiadi Militari svoltesi a Rio de Janeiro.

È stata inaugurata il 19 luglio al Museu Histórico Nacional la mostra, che rimarrà

aperta fino all’11 settembre, dell’orafo delle regine e delle grandi attrici. L’esposizione vuole riproporre la cultura, l’arte, la storia e la tradi-zione italiana attraverso i monili in oro, argento e pietre preziose di Gerardo Sacco. Buona presenza di pubblico all’inaugurazione con la presenza dell’artista, del Direttore dell’Istituto italiano di Cultura, del Console Generale d’Italia e dei rappresentanti delle entità che hanno appoggiato l’evento fra cui l’Istituto Europeo di Design e la Regione Calabria.

Gleisi Hoffman

Alfredo Nascimento

Nelson Jobim

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c o m u n i d a d e

Congiuntura Italia.

Dopo aver sostenuto per anni che la situazio-ne economica italiana era migliore di quella

di altri paesi europei, il governo sotto l’attacco della speculazione finanziaria ha presentato una manovra economica da 47 miliardi di euro che colpisce le fascie di reddito medie e basse e che non rilancia lo sviluppo, come denunciato dai partiti di opposizione. La situazione è talmente preoccupante che il capo del governo è stato costretto a riferire in parlamento nel pomeriggio del 3 agosto, senza riuscire a convincere nè l’opposizione, nè i mercati. Il giorno successivo c’è stato l’incontro del governo con le parti

sociali; e per la prima volta nella storia queste si sono presentate con un documento unitario illustrato dalla presidente di Confindustria, Emma Marcegaglia. Le parti sociali chiedono che non si rinvii a settembre e che da subito ci siano provvedimenti sul pareggio di bilancio, privatizza-zioni, piano di investimenti, semplificazione della pubblica amministrazione, riduzione dei costi della politica. Nei mesi scorsi la maggioranza ha traballato tanto che è stata battuta a voto segreto sull’arresto del deputato Alfonso Papa e costretta ad appoggiare l’autorizazzione all’apertura delle cassette di sicurezza e dei tabulati telefonici del

Aldo Alessandri l’inventore di Piazza Italia. PASSO FUNDO

deputato del centro destra Marco Milanese coinvolto nella inchiesta P4. Angelino Alfano, ha lasciato il Ministero della Giustizia per assumere l’incarico di segretario politico del Partito della Libertà; con questa mossa Berlusconi vuole dare il segnale di un partito meno incentrato sulla sua persona e un segnale di possibile rinnovamento generazionale. Il governo è stato costretto ad un inasprimento della manovra economica, alla vigilia di ferragosto, come condizione per ricevere aiuto dalla banca europea.

Nato a Roma nel 1930, da genitori di origine ciociara, dopo alcuni anni trascorsi nell’esercito, Alessandri si trasferisce in Brasile nel 1953 e in breve si trasferisce a Passo Fundo dove

costituisce famiglia e lavora come rappresentante commerciale. Nel 1975, dopo aver diffuso per anni fra la popolazione, di cui oltre il 35% é di origine italiana, le tradizioni del proprio paese, viene nominato Agente consolare; a questo punto, niente lo ferma più. Fonda insieme alla moglie 8 associazioni, celebra le ricorrenze italiane a partire dalla festa della Repubblica, promuove l’insegnamento dell’italiano, eventi teatrali, la cucina mediterranea. Nel 1998 matura l’idea di Pia-zza Italia che diventa realtà nel 2000 con cessione del terreno da parte del municipio. Piazza Italia si riempie di monumenti italiani, fra i quali la Colonna Capitolina con la Lupa romana; ma la cosa più interessante è che vengono “autorizzati” da Alessandri - nominato Cavaliere della Repubblica dal Presidente Ciampi - anche i monumenti dedicati all’emigrazione tedesca e agli afro discen-denti. Questa storia è una delle 85 scelte per far parte del libro “Mille e una storia degli Italiani nel mondo” edita nel 2010.

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m10 Julho / Agosto 11

c o m u n i t à

Il Governo vuole eliminare il voto all’estero mentre lo ha già eliminato per le elezioni dei Comites.

Il ministro Calderoli ha presentato in Consiglio dei Ministri, nell’ambito della proposta di riforma

istituzionale, la cancellazione della circoscrizio-ne estero, ovvero la fine del voto per gli italiani residenti all’estero. Il diritto di voto, conquistato solo nel 2001 e realizzato per corrispondenza, sarebbe di fatto eliminato in quanto l’elettore dovrebbe, a sue spese, recarsi in Italia per esercitarlo. Gli italiani residenti all’estero hanno già perso il diritto di eleg-gere i loro rappresentanti a livello locale. I Comites - Comitati Italiani all’Estero - eletti nel 2004 dovevano essere rieletti nel 2009; ma le elezioni sono state di anno in anno rimandate.

RIO DE JANEIRO

A pieno vapore i preparativi di BRASITALIA1a Mostra de Arte e Produtos ítalo-brasileiros.

L’evento è stato iscritto nella Lei Rouanet e nella Lei estadual de incentivo à Cultura

do Estado de Rio de Janeiro - ICMS. Sono in corso molteplici contatti per ottenere patrocini e appoggio culturale; iniziata anche la commercia-lizzazione degli spazi sia per la ristorazione che per gli espositori commerciali e istituzionali. Il sito www.brasitaliario.com.br è in costruzione mentre pro-cedono gli incontri con le associazioni italo brasiliane. In questi incontri l’idea di organizzare l’evento nei prossimi anni in un periodo che includa la festa della Repubblica Italiana, viene ampiamente condivisa. Vari artisti si offrono per collaborare all’evento; di seguito la proposta di Gilda Goulart e Vicente de Percia.

RIO DE JANEIRO

A Arte da Relação / Presença

AArte da Relação / Presença é o título da mostra que reunirá obras de Gilda Goulart

e Vicente de Percia. A tônica desta exposição recai em homenagem à Itália, em particular a Emílio Pucci e às cores da bandeira Itália-na (vermelho, branco e verde). O estilista italiano Emilio Pucci está no nosso imaginário como aquele que criou estampas geométricas ultracoloridas que viraram mania nos anos 60 e a sua geometria forte que influenciou vários artistas. A artista e designer carioca, Gilda Goulart direcionou seu enfoque para o mestre. Vicente de Percia, crítico de arte, curador desta montagem, escritor, artista plástico optou por um chamamento familiar, com origem italiana por parte do seu pai. Em Goulart e Percia a intenção é de desterritorizar a arte, dire-cionando suas linguagens com liber-dade.

Obras de Gilda e Vicente.As estampas coloridas de Emilio Pucci

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f o r u mD E M O C R A T I C O 11Julho / Agosto 11

Risotto di Faraona com Radicchio Rosso(galinha de Angola, Radicchio)

Ingredientes

Vieni a gustare i sapori d’Italia!

O restaurante Zucco une a tradição da cozinha italiana a novidades gastronômicas contem-

porâneas. O cuidado da casa com os detalhes, as massas preparadas artesanalmente e os ingredientes de primeira linha, entre outras características, tornam o Zucco uma interessante opção para degustar os sabores da Itália.

Zucco RestauranteRua Haddock Lobo, nº 1.416, Jardim Paulista, SP – Tel.: 11 3897-0666

Horário de funcionamento: de segunda a quinta, das 12h às 0h30. Sexta e sábado, das 12h às 1h30. Domingo das 12h às 0h.

Estacionamento: R$ 15,00

30 ml vinho branco500 gramas arroz Carnaroli30 gramas de cebola20 ml azeite40 gramas de manteiga200 ml vinho tinto30 gramas radicchio vermelho 25 gramas de queijo ralado700 ml caldo de carne300 gramas galinha de Angola desossada1 grama de tomilhosal e pimenta a gosto

- Em uma panela funda coloque metade da manteiga e a cebola picada e leve ao fogo para dourar; junte o arroz sem lavar e fique mexendo por uns 3 minutos. Depois flambe com vinho branco e continue mexendo até o vinho evaporar. Em seguida acrescente meta-de do caldo de carne e continue mexendo até o mesmo evaporar. - Enquanto isso, em outra panela coloque o azeite, a galinha de Angola já cortada em cubos e tempere com tomilho, sal e pimenta a gosto e deixe dourar bem. Junte o radicchio

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g a s t r o n o m i a

f o r u mD E M O C R A T I C O 11

Rendimento: serve 4 pessoas

até refogar, acrescente o vinho tinto e deixe-o ferver. - Junte o arroz pré-cozido, acrescente um pouco mais de caldo e fique mexendo até ficar cremoso ou quase seco.- Para finalizar acrescente o restante da manteiga, o queijo ralado e misture bem.- Sirva em um prato raso e decore com radicchio à Juliene ou salsa crespa.

Julho / Agosto 11

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Fernando de NoronhaS I M P L E S M E N T E E X U B E R A N T E

Marisa Oliveira

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Considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, o arqui-

pélago Fernando de Noronha é formado por uma ilha principal (17km²), dos quais apenas 30% do território são utilizados para turismo, moradia e serviços básicos. A área restante, incluindo pequenas ilhas secundá-rias, perfaz 9km² e, até onde tiver 50m de profundidade faz parte do Parque Nacional Marinho, regido por normas preserva-cionistas altamente controladoras. Além disso, é cobrada uma taxa de preservação ambiental que é revertida em melhorias, manutenção e preservação do patrimônio e serve também para custear os serviços de administração do distrito estadual de Pernambuco.

Ao mesmo tempo simples e exuberante, Fernando de Noronha atrai todo tipo de turista. Todos, é claro, amantes da natu-reza. São 16 pontos de mergulho e um dos litorais mais privilegiados para a prática de surfe, especialmente de novembro a março, quando as ondas chegam a quatro metros de altura. As praias mais procuradas para essa prática de esporte são a Cacimba do Padre, Cachorro, Conceição, Boldró e Bode.

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Bares, lojas de artesanato e o Memorial No-ronhense estão na praia Cachorro. Corridas e caminhadas podem ser feitas preferen-cialmente na Cacimba do Padre, devido à sua extensa faixa de areia. É na Baía do Sudeste que fica o único mangue em ilha oceânica do Atlântico Sul e, de Atalaia, é possível avistar os belos rochedos de origem vulcânica. A Vila dos Remédios e a Vila Quixaba, ambas remanescentes da ocupação do espaço insular em 1737 e erguidas pela mão de obra correcional também são passeios sugeridos.

Chega-se a Fernando de Noronha por cruzeiros, barcos à vela, vôos diários. Há opções diferenciadas de hospedagem, da mais simples a mais sofisticada, a maioria instalada nas residências dos próprios mora-dores. Uma vez lá, os deslocamentos podem ser através de microônibus, táxi, moto, bicicletas, a pé ou a cavalo. Dança-se

forró, come-se peixe na folha de ba-

naneira. Surfe, mergulho, passeios de barco, piscinas naturais, trilhas

ecológicas.

Um lugar para ser desvendado.

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m14 Julho / Agosto 11

Eu fui a melhor amiga de Jane Austen

Se um de nós dois morrer

O romance juvenil Eu fui a melhor amiga de Jane Austen recria o diário de Jenny Co-

oper, prima e amiga da proeminente escritora inglesa Jane Austen (1775 – 1817), revelando uma fase até então pouco conhecida de suas vidas: a adolescência. Mesclando dados reais e ficção, faz um retrato da sociedade britânica de 1790, permitindo-nos conhecer o ritual de convenções que envolvia a educação da mulher naquela época, por exemplo: as etiquetas sociais e os códigos de galanteio próprios dos bailes aristocráticos. Através do diário de Jenny, tomamos contato com os internatos ingleses do século XVIII, frios, miseráveis e tirânicos, com aulas de

etiqueta, com casamentos por dinheiro, com códigos de conduta da época, os quais, ao final, estão lá como reinvenção da atmosfera dos romances da própria Jane Austen. Jenny Cooper conta com orgulho e carinho sobre como amadureceu com a amizade de Jane Austen – a menina esperta que sempre tem respostas para tudo –, suas incríveis histórias imaginadas a partir de pessoas do seu convívio e seus conselhos sempre confortantes. A obra Eu fui a melhor amiga de Jane Austen tem como sua melhor qualidade a leveza - que sempre caracterizou a adolescência, tempo de descobertas e de des-compromisso – o que torna a leitura prazerosa e adequada.

Se um de nós dois morrerAutor: Paulo Roberto PiresEditora: AlfaguaraPáginas: 124Preço: R$ 36,90

Théo, escritor condenado ao fracasso de seu primeiro livro, não consegue mais

escrever uma única linha. Encontrado morto pela ex-namorada, deixa para ela, Sofia, algumas incumbências, como a de trans-mitir ao escritor catalão Enrique Vila-Matas manuscritos de uma obra que nunca existiu. Para isso, Sofia viaja a Paraty durante a edição 2005 da Festa Literária Internacional de Paraty para encontrar o escritor catalão (que de fato participou da FLIP). O romance mistura ficção e realidade e apresenta aos leitores uma das características de Enrique Vilas-Matas que é colecionar es-

Quem é Paulo Roberto Pires?

Paulo Roberto Pires é jornalista e professor da Escola de Comunicação da UFRJ. Escrevendo sobre literatura em jornais e revistas, tornou- se editor de livros Planeta, Ediouro e Agir. É autor do perfil biográfico Hélio Pellegrino — A paixão indignada (Coleção Perfis do Rio, 1998) e do romance Do Amor ausente (Rocco, 2000). Organizou a obra poética e jornalística de Torquato Neto nos dois volumes da Torquatália (Rocco, 2004). Atualmente, é crítico da Bravo! E editor da Serrote, revista de ensaios do Instituto Moreira Salles.

Quem é Cora Harrison?

Cora Harrison é a escritora que se apaixonou por Jane Austen quando leu Orgulho e Preconceito pela primeira vez, aos 12 anos. Já publicou muitos romances para crianças e adultos. Ela e o marido vivem em uma pequena fazenda no oeste da Irlanda com um pastor alemão enorme e um tanto lunático, chamado Oscar, e uma gata branca, pequenininha, chamada Polly.

quisitices literárias. Ainda cumprindo a vontade de Théo, Sofia leva suas cinzas para Paris – aqui temos outra referência – a célebre frase de Sigmund Freud : “ Se um de nós morrer eu me mudo para Paris”. Na Paris do romance, o leitor é apresentado a alguns marcos literários da cidade: Hotel Aiglon, Montparnasse, onde vive-ram artistas e escritores famosos e ao cemitério local, onde jazem Sartre, Gainsbourg, Beckett e Cortázar.Sempre a compulsão pelos livros, seja por querer fazer parte da memória da literatura, seja pelo arrebatamento de uma obra literária sobre o indivíduo.

Eu fui a melhor amiga de Jane Austen Autor: Cora HarrisonTradução: Dilma MachadoEditora: Rocco Páginas: 320Preço: R$ 35,00

Marisa Oliveira

c u l t u r a l i t e r a t u r a

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O Rio em porcelana

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Não bastasse tudo que já se inventou para apreciar as belezas do Rio de Janeiro ou ícones da cidade maravilhosa, a Roberto Simões resolveu imortalizar o Rio em xícaras, pratos rasos e bowls.

Massas & VinhosO grupo Fasano oferece excelentes opções para o paladar.

Massas - papardelle, tagliarelle e tagliolini nos sabores ovo e espinafre, com produção exclusiva: a cada quilo da melhor sêmola de trigo duro se utilizam sete ovos inteiros de qualida-de A. Para permitir que cresça mais e se obtenha uma textura única, a masseira, a prensa e uma série de cilindros trabalham a pasta 30 vezes.

Já o vinho Etna Bianca di Caselle 2007, Itália, está sendo

oferecido por R$ 48,00.

Onde encontrar:Roberto Simões - Rua Visconde de Pirajá, nº438, lj A, Ipanema, RJ Telefone: (21) 2523-3572.

Onde encontrar:Enoteca Fasano Rio de Janeiro - Estrada da Gávea 899, 3º piso, Fashion Mall, São Conrado, Rio de Janeiro. Telefone: (21) 2422-3688.

Chico, Chico, sempre Chico (M.O.)

Onde encontrarChico (Chico Buarque)Gravadora: Biscoito FinoPreço médio sugerido: R$ 29,90

São dez canções – marchinha, blues, baião, samba, valsa, samba-canção. Delas oito são canções de amor: de-sencontros, música para a amada, um romance, um namoro.A primeira, Querido Diário, uma toada que recria o andari-lho urbano; Sinhá, a última, um afro-samba

em parceria com João Bosco, a escravidão – mola-mestra da história do país. O Chico de sempre reinventado por si mesmo nas novas canções. Chico é belo como todos os CDs do Chico. Os músicos que o acompanham são admi-ráveis: Jorge Helder, Robertinho Silva, Luiz Carlos Ramos, entre outros. Os parceiros Ivan Lins, João Bosco e Jorge Helder fazem parte da primeira divisão. Destaque, como bem aponta Arthur Nestrovski, no texto de apresentação, para Luiz Claudio Ramos, cujos arranjos funcionam como um elo sutil na narrativa musical do músico, compositor e letrista Francisco Buarque de Holanda. Música para os ouvidos, poesia para o coração. O Chico de sempre, O Chico para sempre.

Louça Rio de Janeiro (relançamento em setembro de 2011), em relevo, produzida em Portugal pela Vista Alegre.

Louça Arara AzulExclusividade RS, produzida em Portugal pela Vista Alegre.(cada um)

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“Accabadora”

1Ossia figlio dell’anima, ‘filho da alma’.2Sacca larga e robusta, con due manici, usata per fare la spesa.

di Michela Murgia

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Fillus de anima1.

È così che li chiamano i bambini generati due volte, dalla povertà di

una donna e dalla sterilità di un’altra. Di quel secondo parto era figlia Maria

Listru, frutto tardivo dell’anima di Bonaria Urrai.

Quando la vecchia si era fermata sotto la pianta del limone a parlare con

sua madre Anna Teresa Listru, Maria aveva sei anni ed era l’errore dopo

tre cose giuste. Le sue sorelle erano già signorine e lei giocava da sola per

terra a fare una torta di fango impastata di formiche vive, con la cura di

una piccola donna. Muovevano le zampe rossastre nell’impasto, moren-

do lente sotto i decori di fiori di campo e lo zucchero di sabbia. Nel sole

violento di luglio il dolce le cresceva in mano, bello come lo sono a volte

le cose cattive. Quando la bambina sollevò la testa dal fango, vide accanto

a sé Tzia Bonaria Urrai in controluce che sorrideva con le mani appoggiate

sul ventre magro, sazia di qualcosa che le aveva appena dato Anna Teresa

Listru. Cosa fosse con esattezza, Maria lo capì solo tempo dopo.

Andò via con Tzia Bonaria quel giorno stesso, tenendo la torta di fango

in una mano, e nell’altra una sporta2 piena di uova fresche e prezzemolo,

miserabile viatico di ringraziamento.

Maria sorridendo intuiva che da qualche parte avrebbe dovuto esserci

un motivo per piangere, ma non riuscì a farselo venire in mente. Si perse

anche i ricordi della faccia di sua madre mentre lei si allontanava, quasi se la

fosse scordata già da tempo, nel momento misterioso in cui le figlie bam-

bine decidono da sole cosa è meglio impastare dentro il fango delle torte.

Per anni ricordò invece il cielo caldo e i piedi di Tzia Bonaria nei sandali,

uno che usciva e uno che si nascondeva sotto l’orlo della gonna nera, in un

ballo muto di cui a fatica le gambe seguivano il ritmo.

Tzia Bonaria le diede un letto solo suo e una camera piena di santi, tutti

cattivi. Lì Maria capì che il paradiso non era un posto per bambini. Due

notti stette zitta vegliando con gli occhi tesi nel buio per cogliere lacrime

di sangue o scintille dalle aureole. La terza notte si fece vincere dalla paura

del sacro cuore col dito puntato, reso visibilmente minaccioso dal peso di

tre rosari sul petto zampillante. Non resistette più, e gridò.

Tzia Bonaria aprì la porta dopo nemmeno un minuto, trovando Maria in

piedi accanto al muro che stringeva il cuscino di lana irsuta eletto a cucciolo

difensore. Poi guardò la statua sanguinante, più vicina al letto di quanto

fosse sembrata mai. Prese sottobraccio la statua e la portò via senza una

parola; il giorno dopo sparirono dalla credenza anche l’acquasantiera con

I n t r o d u z i o n e a l la lettura

f a s c i c o l o L X X I

di brevi testi in Lingua Italiana

a cura di Cristiana Cocco

Símbolos utilizados

Informação histórica

Expressão - locução

“Falsos amigos” ou falsas analogias

Ao fim do parágrafo, há uma janela com informações fora do texto

Anglicismos e neologismos

Dialetos

Gírias ou expressões fixas

D E M O C R A T I C O8 f o r u m16 Julho / Agosto 11

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santa Rita disegnata dentro e l’agnello mistico di gesso, riccio come un cane

randagio, feroce come un leone. Maria ricominciò a dire l’Ave solo dopo

un po’, ma a bassa voce, perché la Madonna non sentisse e la prendesse

sul serio nell’ora della nostra morte amen.

Quanti anni avesse Tzia Bonaria allora non era facile da capire, ma erano

anni fermi da anni, come fosse invecchiata d’un balzo3 per sua decisione e

ora aspettasse paziente di esser raggiunta dal tempo in ritardo. Maria invece

era arrivata troppo tardi anche al ventre di sua madre, e sin da subito aveva

fatto l’abitudine a essere l’ultimo pensiero di una famiglia che ne aveva già

troppi. Invece in casa di quella donna sperimentava l’insolita sensazione

di essere diventata importante. Quando la mattina si lasciava alle spalle la

porta e stringeva il sussidiario4 verso la scuola, aveva la certezza che se si

fosse voltata l’avrebbe trovata lì a guardarla, appoggiata allo stipite5 come a

reggerne i cardini.

Maria non lo sapeva, ma era soprattutto di notte che la vecchia c’era, in

quelle notti comuni senza nessun peccato a cui dare la colpa di essere sve-

gli. Entrava nella camera silenziosamente, si sedeva davanti al letto dove lei

dormiva e la fissava nel buio. In quelle notti la ragazzina, che tra i pensieri di

Bonaria Urrai credeva di essere il primo, dormiva senza ancora conoscere

il peso di essere l’unico.

Perché Anna Teresa Listru avesse dato la figlia minore alla vecchia, a Soreni

lo si capiva anche troppo bene. Ignorando i consigli della gente di casa

aveva sbagliato matrimonio, passando i successivi quindici anni a lamentarsi

di quell’uomo che si era dimostrato capace di far bene una sola cosa. Con

le vicine, Anna Teresa Listru amava lagnarsi di come il marito non fosse ri-

uscito a esserle utile nemmeno in morte, avendo magari la buona grazia di

crepare in guerra per lasciarle una pensione. Riformato per sua pochezza6,

Sisinnio Listru era finito stupidamente come era vissuto, schiacciato come

un acino nel torchio7 sotto il trattore di Boreddu Arresi, per cui faceva

ogni tanto il mezzadro. Rimasta vedova con quattro figlie femmine, Anna

Teresa Listru da povera si era fatta misera, imparando a fare il bollito –

diceva – anche con l’ombra del campanile. Adesso che Tzia Bonaria aveva

chiesto Maria in figlia, non le sembrava vero di poter infilare tutti i giorni

nella minestra anche due patate dei terreni degli Urrai. Se il prezzo era la

creatura8, poco male: lei di creature ne aveva ancora altre tre.

Perché invece Tzia Bonaria Urrai si fosse presa in casa la figlia di un’altra

a quell’età, davvero non lo capiva nessuno. I silenzi si allungavano come

ombre quando la vecchia e la bambina passavano per le vie insieme,

suscitando code di discorsi a mezza voce sugli scanni del vicinato. Bainzu il

3Come in un salto, all’improvviso.4Così è chiamato il testo per le scuole elementari in cui ci sono tutte le materie d’insegnamento.

5E’ quella parte verticale di legno che sorregge il vano della porta, o di una finestra. In portoghese, ‘ombreira’. 6Bassa Statura.7Ossia come ‘uma uva na prensa’.8Ossia la bambina.

Michela Murgia è nata a Cabras il 3 giugno

1972. Prima di diventare famosa, o almeno

alquanto conosciuta, ha fatto di tutto: vendi-

trice immobiliare, operatore fiscale, dirigente

amministrativo, portiere di notte e operatrice

di telemarketing; da questa esperienza ha trat-

to l’ispirazione per il suo primo libro, Il mondo

deve sapere, che è stato anche portato in scena

com lo stesso titolo da David Emmer e base

della sceneggiatura cinematografica del film

Tutta la vita davanti, di Paolo Virzì. Di forma-

zione cattolica, ha ricoperto importanti incari-

chi nell’Azione Cattolica. Nel maggio 2008 ha

pubblicato, per la casa editrice Einaudi, Viaggio

in Sardegna, una guida ai luoghi meno esplo-

rati dell’isola. Nel maggio 2009 ha pubblicato

sempre con Einaudi il romanzo Accabadora,

una storia che intreccia i temi dell’eutanasia e

dell’adozione. Con questo libro ha vinto la se-

zione narrativa del Premio Dessì nel settembre

2009 e nel settembre 2010 il Premio Campiello.

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tabaccaio si beava di scoprire come anche un ricco, invecchiando, avesse

bisogno di due mani per farsi pulire il culo. Ma Luciana Lodine, la figlia

grande dell’idraulico, non vedeva necessità di procurarsi un’erede per

sopperire a quello che poteva fare qualunque serva pagata bene. Ausonia

Frau, che di culi ne sapeva più di un’infermiera, amava chiudere il discorso

sentenziando che neanche la volpe vuole morire sola, e a quel punto

nessuno diceva più nulla.

Certo, se non fosse nata ricca, Bonaria Urrai avrebbe fatto la fine di tutte

quelle rimaste senza uomo, altro che prendersi una fill’e anima. Vedova di

un marito che non l’aveva mai sposata, in altre condizioni sarebbe forse

stata bagassa, oppure suora di casa o di convento, con le imposte9 sempre

chiuse e il nero addosso finché avesse avuto respiro. A rubarle l’abito

da sposa era stata la guerra, anche se qualcuno in paese diceva che non

era vero che Raffaele Zincu sul Piave c’era morto: più facile che, furbo

com’era, avesse trovato femmina lì, e si fosse risparmiato il viaggio per

venire a spiegare. Forse era questo il motivo per cui Bonaria Urrai era vec-

chia da quando era giovane, e nessuna notte a Maria sembrava nera come

la sua gonna. Ma di vedove di mariti vivi il paese era pieno, lo sapevano le

donne che sparlavano10 e lo sapeva anche Bonaria Urrai, per questo quan-

do usciva ogni mattina a prendere il pane nuovo al forno, camminava con

la testa alta e non si fermava mai a parlare, tornando a casa dritta come la

rima di un’ottava cantata.

In quella decisione di prendere una fill’e anima, la cosa più difficile per

Bonaria non era stata certo la curiosità della gente, ma la reazione iniziale

della bambina che si era portata in casa. Dopo sei anni di notti passate a

condividere l’aria di una sola stanza con le tre sorelle, era evidente che

lo spazio che Maria considerava suo non andava oltre la lunghezza del

braccio. L’arrivo nella casa di Bonaria Urrai sconvolse questa geografia inte-

riore; tra quelle mura gli spazi solo suoi erano così ampi che la bambina ci

mise alcune settimane a capire che dalle porte delle molte camere chiuse

non sarebbe comparso nessuno a dire «Non toccare, questo è mio».

Bonaria Urrai non fece mai l’errore di invitarla a sentirsi a casa propria, né

aggiunse altre di quelle banalità che si usano per ricordare agli ospiti che

in casa propria non si trovano affatto. Si limitò ad aspettare che gli spazi

rimasti vuoti per anni prendessero gradualmente la forma della bambina,

e quando in capo a un mese le porte delle stanze erano state tutte aperte

per rimanere tali, ebbe la sensazione di non aver sbagliato a lasciar fare

alla casa. Una volta che si sentì forte della nuova confidenza acquisita con

quelle mura, Maria cominciò a mostrarsi via via più curiosa della donna che

l’aveva condotta a viverci.

– Di chi siete figlia voi, Tzia? – disse un giorno, con la bocca piena di

minestra.

– Mio padre si chiamava Taniei Urrai, era quel signore là…

Bonaria indicò la vecchia foto brunita appesa sopra il camino, dove Daniele

Urrai impettito11 nel corpetto di velluto dimostrava forse trent’anni, e tutto

poteva sembrare alla bambina fuorché12 il padre della vecchia che aveva

davanti. Bonaria le lesse l’incredulità sul viso roseo.

– Lì era giovane, io non ero ancora nata, – precisò.

– E mamma non ne avevate? – incalzò Maria, che evidentemente

con l’idea che si potesse essere figlie di un padre non aveva particolare

confidenza.

– Certo che ne avevo, si chiamava Anna. Ma è morta tanti anni fa anche

lei.

– Come mio padre, – aggiunse seria Maria. – A volte lo fanno.

Bonaria rimase stupita da quella precisazione.

– Cosa?

– Lo fanno. Muoiono prima che nasciamo –. Maria la guardò paziente. Poi

aggiunse malvolentieri: – Me lo ha detto Rita, la figlia di Angela Muntoni.

Anche a lei suo babbo era morto prima.

Durante la spiegazione il cucchiaio si agitava nell’aria come l’archetto di un

orchestrale.

– Sì, alcuni lo fanno. Ma non tutti, – disse Bonaria, osservandola con un

sorriso vago.

– Non tutti, certo, – convenne Maria. – Uno almeno deve rimanere. Per i

11In portoghese sarebbe ‘empertigado’.12Ossia ‘meno che’.

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9Ossia le persiane delle finestre. 10Parlare male degli altri, con malignità.

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bambini. Ecco perché i genitori sono sempre due.

Bonaria annuì, infilando a sua volta il cucchiaio nella minestra, convinta di

aver chiuso il discorso.

– Voi eravate due?

Bonaria finalmente capì, e senza smettere di mangiare, parlò con il tono

quasi casuale che aveva usato fino a quel momento.

– Sì, eravamo due. Il mio sposo è morto anche lui.

– Oh. È morto… – fece eco Maria dopo un istante, indecisa tra il sollievo e

il dispiacere.

– Sì, – fece Bonaria a sua volta seria. – A volte lo fanno.

Con il conforto di quella personale statistica, la bambina riprese a soffiare

piano sulla minestra. Ogni tanto, sollevando gli occhi dai vapori del cucchia-

io, incrociava quelli di Tzia Bonaria, e le veniva da sorridere.

Da quel momento, quando Bonaria usciva al mattino a comprare il pane,

Maria prese ad aspettarla seduta al tavolo della cucina con i piedi ciondolo-

ni13, contando in silenzio i colpi della scarpa di gomma contro la sedia finché

sapeva i numeri. Intorno a tre volte cento Tzia Bonaria tornava, e allora

prima di andare a scuola mangiavano pane caldo e fichi infornati.

– Mangia Maria, che ti crescono le tette! – così diceva Tzia, battendosi una

13Che penzolano (pendem) giù, perché non riescono ad arrivare al pavimento e oscillano. 15Pezzi di tessuto avanzati, ‘retalhos’.

f o r u mD E M O C R A T I C O 19Julho / Agosto 11

Informazioni: il ‘voi’ nei dialetti meridionali

Dalla Campania in giù, dove si parlano i dialetti meridionali, da sempre si fa grande uso del VOI come pronome di rispetto, in casi di formalità o tutte le volte che il TU viene considerato fuori luogo. Quindi l’uso del LEI come pronome formale si restringe ai dialetti settentrionali e centrali. Ma anche l’italiano contemporaneo assorbe parte del lessico e della morfologia dei dialetti dando origine al chiamato ‘italiano regionale’, in termini sociolinguistici ‘una variante dell’italiano standard’. Oggigiorno questa variante è sempre più in uso tra tutti gli utenti di lingua italiana, dando origine ad un nuovo italiano, chiamato neostandard che ha, tra le sue varie caratteristiche, appunto quella di fare un uso sempre maggio-re di meccanismi grammaticali e lessicali presi in prestito dai dialetti, che se fino a qualche decennio fa erano considerati varianti dell’italiano da dimenticare, oggi come oggi sono stati rivalutati e considerati un inestimabile patrimonio culturale italiano, unico tra i paesi occidentali a vantare una così vasta gamma di varianti linguistiche nel piccolo territorio di cui dispone. Quindi, uso del VOI per rispetto o formalità, seguito dal verbo coniugato sempre alla seconda persona plurale. I due esempi nel testo sono le domande fatte da Maria a Tzia Bonaria Urrai “E mamma non ne avevate?” e “L’uomo si vergogna di farsi misurare perché voi siete donna, vero?”. Inoltre il testo di Michela Murgia, nella scelta di usare per i dialoghi un italiano pressoché standard invece del dialetto sardo o di un italiano dialettale che diventerebbe praticamente incomprensibile alla maggioranza dei lettori, si rende fruibile anche a coloro che vogliono apprezzare un ottimo testo che parla di fatti occorsi in Sardegna nel secolo scorso, intrecciati di magia e di profonde radici culturali, molte delle quali sono ancora da scoprire e studiare.

mano sul poco seno rimastole.

Maria ridendo mangiava i frutti a due a due, poi correva in camera con

i semi dei fichi ancora tra i denti a controllare, perché tutto quello che

diceva Tzia Bonaria era legge di Dio in terra. Eppure in tredici anni che

visse con lei, nemmeno una volta Maria la chiamò mamma, che le madri

sono una cosa diversa.

Per qualche tempo Maria pensò che Tzia Bonaria facesse la sarta. Cuciva

per molte ore di seguito, e una stanza della casa era sempre piena di

scampoli14 e stoffe. Venivano donne a prender misure di gonne e fazzoletti,

ma qualche volta anche uomini per calzoni e camicie da festa. Gli uomini

Tzia Bonaria non li faceva entrare nella stanza delle stoffe, li accoglieva in

sala facendoli rimanere fermi in piedi. In ginocchio con il metro di pelle si

muoveva rapida come un ragno femmina, tessendo intorno a quelle prede

immobili una misteriosa ragnatela di misure.

Le donne durante le misurazioni parlavano volentieri, raccontando di cose

proprie attraverso quelle di altri. Gli uomini invece tacevano, cupi e come

nudi davanti a quegli occhi precisi. Maria osservava, e domandava.

– L’uomo si vergogna di farsi misurare perché voi siete donna, vero?

Bonaria Urrai quella volta le indirizzò uno sguardo malizioso, strano a

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vedersi sulla tela stramata del volto severo.

– Macché, Mariedda! Gli uomini hanno paura, non vergogna. Lo sanno

loro qual è il cappotto che temono da me –. E rideva piano, scuotendo

forte la stoffa per distenderla.

Paura o no, i clienti arrivavano anche da fuori, persino da llamari e da Luvè,

prima di feste di nozze o di santi, o solo per fare un vestito nuovo alla

domenica. Certi giorni la casa sembrava un mercato, con metri di stoffa

distesi sulle spalliere delle sedie, a immaginarci pieghe di gonne e ricami.

Maria sedeva a guardare, pronta a porgere un ago o il gesso per far segno

di lunghezza su un orlo.

Per un paio di calzoni venne una volta anche Boriccu Silai del consorzio

di miniera, con la sua serva di casa. La ragazzina avrà avuto sedici anni, si

chiamava Annagrazia e aveva la pelle butterata15, con due occhi come lu-

mache senza guscio. Stava contro la parete in silenzio, tenendo dentro una

busta almeno quattro metri di velluto liscio, roba da ricchi veramente. Tzia

Bonaria non si lasciò impressionare e misurò Boriccu Silai con la cura che

usava sempre, osservandogli le forme sotto la cintura con l’occhio esperto

di chi dal poco capisce tutto.

– Da che parte lo portate? – chiese alla fine secondo l’usanza dei sarti

minuziosi, guardandogli la patta. Lui si voltò verso la ragazzina appoggiata al

muro, facendo un cenno con la testa.

– A sinistra, – rispose per lui Annagrazia, fissando la vecchia senza ag-

giungere altro. Bonaria sostenne per un istante gli occhi della serva, poi

lentamente cominciò a riavvolgere il metro di pelle intorno allo stecco di

legno di limone. Boriccu aspettava risposta, ma quando parlò Tzia Bonaria

non sembrava parlare più con lui.

– Eh, mi sa che per Sant’Ignazio non ce la faccio. Provate da Rosa Cadinu,

che ha bisogno di lavoro.

Stettero fermi Boriccu Silai e Tzia Bonaria a fissarsi in silenzio. Poi l’uomo

e la sua serva di cintura lasciarono la casa senza un saluto, che di parole ce

n’erano state anche troppe. Chiudendogli bene la porta alle spalle, Tzia

Bonaria si voltò verso Maria con un sospiro stanco, rimettendo il metro

nella tasca del grembiule sdrucito16.

– Che vadano in malora, un lavoro perso… Ma di certe cose la misura

esatta è meglio non conoscerla, Maria. Hai capito?

Maria capito non aveva per nulla, ma annuì lo stesso, che non tutte le cose

si ascoltano per capirle subito. Del resto, allora pensava ancora che Tzia

Bonaria di mestiere facesse la sarta.

La prima volta che Maria si accorse che Tzia Bonaria usciva di notte aveva

otto anni, ed era mezzo inverno del 1955, da poco passata l’Epifania.

Aveva avuto il permesso di stare sveglia a giocare fino al tocco dell’Ave

Maria, poi Tzia Bonaria l’aveva accompagnata in camera per dare inizio al

buio in anticipo, chiudendo le imposte e riempiendo il braciere di tizzoni e

cenere calda.

– Dormi, che domani ti alzi presto per la scuola.

Quasi mai Maria cadeva subito in quella parodia di notte, a volte restando

sveglia per ore a studiare le ombre create sul soffitto dalle braci morenti.

Infatti non dormiva quando udì il picchiare di mano al portale, e la voce

sommessa e concitata di un uomo che parlava troppo basso per poterlo

riconoscere. Immobile sotto le coperte tra le ombre rossastre, avvertì

distintamente la porta del cortile aprirsi e il passo familiare di Tzia Bonaria

andare e tornare in pochi minuti. Scese dal letto, incurante del pavimento

freddo sotto i piedi nudi, brancolando17 verso la porta fino a urtare il pitale18

nel buio. Ancor prima che uscisse dalla camera, Tzia si era accorta che lei

era sveglia.

– La bambina! – ammonì a mezza voce l’uomo in ombra nell’ingresso. Era

alto, con le spalle ampie e un aspetto vagamente familiare, ma Maria non

ebbe il tempo di dargli un’identità perché Tzia le fu subito innanzi, nera e

severa nel lungo scialle di lana che usava solo quando usciva per le feste

comandate. Lo teneva chiuso come uno scrigno intorno al corpo magro,

celando in quel modo le forme e l’intento, quale che fosse.

– Torna in camera tua.

Maria non le vedeva il viso, e forse fu per questo che osò replicare.

– Dove andate, Tzia? Cosa succede?

15Ossia piena di cicatrici lasciate da qualche malattia come la varicella (catapora) e, una volta, dal vaiolo.

16Lacero, strappato (velho e rasgado).17Procedere a tastoni come chi non può vedere. In questo caso Maria non vede niente perché è al buio.18Sinonimo di orinale. Molto usato ancora in quegli anni visto che il bagno non era in casa, ma sempre fuori.

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– Torno presto. Tu però vai in camera tua.

Non era un invito, ed era già stato detto una volta

di troppo, per di più davanti a un estraneo. Maria

arretrò in silenzio nello spiraglio19 della porta.

Finché non la richiuse, la vecchia rimase immobile,

imponendo al suo ospite lo stesso atteggiamento.

Dietro la porta Maria conservò il respiro come

un segreto, fino a quando non li sentì riprendere

a muoversi rapidi, uscire e lasciare la casa in un

silenzio sbagliato. Istupidita dal freddo attese ferma

in piedi, obbedendo all’istinto di picchiare piano un

dito sul legno dello stipite per contare; ma intorno

a tre volte cento Bonaria Urrai non era ancora

rientrata. Rassegnata, la bambina ritrovò il letto in un

silenzio lontano dal sonno, finché nel tepore della

stanza il sonno non giunse, vincendo anche quella

distanza. Quando la vecchia tornò, Maria dormiva e

non se ne accorse. Fu meglio.

Al mattino furono i suoni familiari della casa a svegliare

la bambina. Le domande della notte erano evanescenti

come l’odore che si levava dalla cenere tiepida. Si vestì

e andò a cercarla, trovandola in piedi mentre sbatteva

una pezza nell’aria, per liberarla dalla polvere e disten-

derne la trama sdrucita. Sembrava un uccello con una

sola ala. Bonaria vide Maria e si fermò. Poi parlò.

– Non deve capitare mai più quello che hai fatto ieri.

L’ordine giunse secco come una sferzata di stoffa e ogni

domanda morì in quella minaccia. Maria comprese in quel momento che

per lei da perdere potevano esserci cose più preziose del sonno.

19La piccola apertura che si forma quando la porta è leggermente aperta.

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Il corpo senza vita di Marco Pantani viene sco-perto la mattina del 14 febbraio 2004, giorno

di San Valentino, nella stanza D5 del residence Le Rose di Rimini. La stanza è a soqquadro. L’autopsia certifica che il campione è morto per un’overdose di cocaina. Da tempo Pantani soffriva di una de-pressione tremenda e aveva cercato nella droga una via di fuga. Nonostante l’inchiesta giudiziaria non abbia rivelato tracce di violenza sul cadavere del campione tali da avvalorare l’ipotesi di un omicidio, i suoi tifosi, milioni in tutto il mondo, continuano a non credere alla versione dei fatti formulata dai giudici, e pensano che Pantani sia stato ucciso, o quanto meno costretto al suicidio. La sua tomba a Cesenatico è un luogo di pelle-grinaggio; ogni anno la fondazione che i genitori hanno istituito a suo nome vende on line migliaia di gadget in ogni parte del mondo. Nessuno dei grandi campioni del passato, né Coppi, né Bartali, né Anquetil hanno ricevuto un tale omaggio da morti. Il culto di Pantani assomiglia a quello di un santo e le circostanze oscure della sua morte non l’hanno per niente scalfito, anzi. Lance Amstrong l’ha definito il più grande scalatore di tutti i tempi. Marco Pantani, romagnolo di Cesena, classe 1970, iniziò a correre da bambino. In realtà il suo

sogno era quello di diventare un grande calciatore, ma la bicicletta da corsa che il nonno Sotero gli regalò quando frequentava ancora le elementari, segnò il suo destino. La sua carriera fulminea è sta-ta perseguitata dalla sfortuna; due cadute, nel ‘95 e nel ‘97, rischiarono di interromperla per sempre. Con grande sofferenza riuscì a risalire in sella e a chiudere la stagione del 1998 con la doppia vittoria al Tour e al Giro, un’impresa toccata solo ai grandissimi, qualcosa che in Italia non si vedeva dai tempi di Fausto Coppi. Il suo regno era la salita, aveva inventato uno stile di corsa, scattava a mani basse sul manubrio, come fanno i velocisti negli ultimi cento metri prima del traguardo, ma lui così scalava le montagne. Una volta un giornalista gli chiese: «Perché vai così forte in salita?». Lui rispo-se: «Per abbreviare la mia agonia». Il lungo declino che lo portò fino alla morte ebbe inizio il pomerig-gio del 5 giugno 1999, al termine della tappa del Giro d’Italia che arrivava a Madonna di Campiglio. Gli riscontrarono un valore di ematocrito superio-re al limite consentito dai regolamenti, possibile segno di assunzione di Epo. Lui negò sempre. Fu sospettso, processatto, indagato, accusato dai giornali di essere dopato. Solo la morte è riuscita a riabilitarlo. L’autopsia e le perizie tossicologiche eseguite sul suo corpo dimostrano che i suoi orga-ni sono puliti, senza traccia di doping.

ALBA DELL’11 MARZO 2004. SI FERMA IL CUORE DI UMBERTO BOSSIA 63 anni il leader della Lega nord Umberto Bos-si viene colpito da un gravissimo attacco cardiaco con conseguente danno cerebrale. Un’ambu-lanza lo soccorre alle 6.30 del mattino nella sua casa di Gemonio e lo trasporta al vicino ospedale di Cittiglio dove vengono impostate le prime e provvidenziali terapie d’urgenza.

MADRID, 11 MARZO 2004, MATTINA. LA CAPITALE SPAGNOLA SOTTO LE BOMBE A tre giorni dalle elezioni politiche, esplodo-no bombe in quattro stazioni ferroviarie della capitale spagnola. 191 morti, più di duemila feriti; la maggior parte delle vittime è nella grande stazione ferroviaria di Atocha. Il governo Aznar (centrodestra) accusa immediatamente l’Eta (organizzazione terroristica dei Paesi baschi) e mobilita tutta la sua diplomazia per sostenere di avere le prove della paternità dell’attentato. Sono in gioco le sorti delle elezioni: Aznar sostiene la linea dura contro l’Eta, il socialista Zapatero viene accusato di connivenza dal Partito popolare al governo.

11 MARZO 2004, METÀ MATTINA . A MONTECITORIO UNA RISSA PER BOSSI E MADRID L’aula parlamentare di Montecitorio discute degli attentati spagnoli di cui è appena arrivata notizia, poco dopo l’attacco cardiaco che ha colpito il ministro delle Riforme Umberto Bossi. Il deputato della Margherita Enzo Carra, colle-gando l’incidente di Bossi alle bombe di Madrid: «Ecco cosa succede a chi vuole dividere il paese. Credo che tale coincidenza ci debba far riflettere su come vada preservato questo paese da chi lavora o ha lavorato in passato per la disunione del paese che porta soltanto dolore e morte». Carra viene fisicamente aggredito da due deputati leghisti: Luciano Dussin, 45 anni, proprietario di autoscuole, e il trentottenne Federico Bricolo, «professionista». Intervengono i commessi della Camera per salvare il deputato Carra.

MADRID,14 MARZO 2004. LA SPAGNA ELEGGE ZAPATERO Non era stata l’Eta, ma al-Qaeda a mettere le bombe nelle stazioni ferroviarie. Il governo Aznar ha mentito sapendo di mentire, organizzando un colossale inganno per cercare di trarne beneficio alle elezioni. Ma il voto punisce Aznar e premia il Partito socialista di Zapatero, che nelle 48 ore prima del voto ha organizzato imponenti manifestazioni popolari contro la menzogna di Stato. Berlusconi perde il suo più stretto alleato in Europa. Il governo Zapatero, come da promessa elettorale, organizza il rapido ritiro delle truppe spagnole in Iraq.

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Marco Pantani

RIMINI, 14 FEBBRAIO 2004. MAR-CO PANTANI, LA SOLITUDINE DELL’ULTIMO EROE DEL CICLISMO

Jose Luis Zapatero

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ROMA, 22 MARZO 2004. IL DERBY LAZIO-ROMA E IL RAGAZZO CHE NON ERA STATO UCCISO Lo stadio Olimpico di Roma, secondo un’in-chiesta di copertina del quotidiano Libération, è forse il maggior concentrato di fascismo all’in-terno di uno stesso luogo esistente in Europa. Finito il tempo in cui i supporter di Roma e Lazio avevano evidenti tendenze politiche - la Roma di sinistra, la Lazio di destra-, da tempo le curve del-lo stadio sono il deposito urbano settimanale di antisemitismo, elogi al duce, sfoggio di svastiche e di croci celtiche, ribellismo contro la polizia. Una specie di Colosseo moderno, che le radio private italiane alimentano in continuazione. In quel catino c’è anche un potere di intimidazione che condiziona non solo le società sportive, ma anche la politica romana. Il derby Lazio-Roma, fissato per le 20.30, è preceduto da tafferugli tra tifoserie fuori dallo stadio. Una macchina della polizia viene attaccata, si sparano dei lacrimogeni, il cui fumo arriva dentro lo stadio. Si comincia a giocare, mentre i telefonini diffondono la notizia che un ragazzo di 16 anni è stato ucciso dai poliziotti. Nei primi 45 minuti della partita i tifosi delle curve non seguono il gioco ma si muovono come piccoli eserciti che si preparano alla batta-glia. La notizia della morte di un tifoso, da sem-plice voce di corridoio, diventa certezza. I tifosi della Roma arrotolano i loro striscioni. All’inizio del secondo tempo tre persone scavalcano il terrapieno che li divide dal campo per parla-mentare con i giocatori. Sono sconosciuti, ma sembrano investiti di un ruolo di ambasciatori. Stefano Sordini, Stefano Carriero, Roberto Maria Morelli sono inquadrati dalle telecamere mentre si avvicinano a Francesco Totti, capitano della Roma e idolo dei suoi tifosi, detto «il pupone». Lo trattano, infatti, come un bambino. Una mano sulla spalla, paterna: «France’, ci hanno telefonato da casa, ormai è ufficiale. Il ragazzo è morto. Bi-sogna sospendere la partita». Totti è frastornato. Lo è anche il capitano della Lazio, Sinisa Mihajlo-vic. La partita non riprende, i giocatori buttano la palla fuori dal campo, l’arbitro Rosetti si rivolge ai dirigenti delle due squadre; questi telefonano al presidente della Lega calcio, Adriano Galliani, che consiglia di sospendere. In tribuna ci sono il questore di Roma Nicola Cavaliere e il prefetto Achille Serra. Non vengono consultati. La partita viene sospesa. Non esiste alcun ragazzo ucciso. Tre persone, entrando tranquillamente in campo hanno preso il potere, mostrando come, da duemila anni, sia tutto sommato facile prendere un temporaneo potere a Roma. Tre anni dopo la storia si ripeterà.

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Lilli Gruber

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ROMA, PRIMAVERA 2004. IL GOVERNO IN DIFFICOLTA, GLI ELETTORI SE NE VANNOA tre anni dalla sua costituzione, il governo di Silvio Berlusconi non va affatto bene: miracoli non ce ne sono stati, anzi. L’uomo, poi, appare un po’ indisponente. Già ricchissimo, con la sua entrata in politica è diventato ancora più ricco e passa il suo tempo a coprirsi di cipria, a trapian-tarsi capelli, a studiare dei tacchi invisibili per aumentare la sua bassa statura; e, soprattutto, ad allontanare da sé i molti processi che lo riguarda-no. Uno stuolo di avvocati - company lawyes nel migliore stile americano - si dedica al compito, sempre con successo. Due di questi, Gaetano Pecorella e Niccolò Ghedini indirizzano la politica del governo in materia di giustizia mentre un se-natore, Renato Schifani, propone un «lodo» che impedisce al presidente del Consiglio di essere processato (ma la Corte costituzionale glielo boccia). Una serie di elezioni locali registra però il suo calo di popolarità. Bologna è riconquistata dalla sinistra con Sergio Cofferati, che abbando-na prospettive di leadership nazionale (il ticket Prodi-Cofferati è ritenuto troppo rischioso dalle segreterie dei partiti del centrosinistra, e poi mai nella storia d’Italia un sindacalista è diventato capo o vicecapo del governo), ma buoni risultati il centrosinistra ottiene anche a Milano, a Bergamo e in Sardegna. Le elezioni europee del 13 giugno rappresentano un test nazionale: si vede un forte ridimensionamento di Forza Italia che si ferma a 6,8 milioni di voti (meno del 21 %), mentre l’Ulivo diventa il primo partito italiano con più di dieci milioni di voti e una percentuale del 31 %. Alleanza nazionale raccoglie 3,7 milioni (11,5%), Rifondazione comunista quasi due milioni (6%). Ognuno - nonostante alle elezioni europee abbia votato solo il 71 % dei cittadini, cifra più bassa del 10% di quanto avviene alle elezioni politiche - fa i suoi conti. E i conti cominciano a essere favorevoli di nuovo al centrosinistra. Si voterà nel 2006 e per quella data Romano Prodi avrà terminato il suo mandato come presiden-te dell’Unione Europea.

ITALIA, GIUGNO 2004. LA TOP TEN DEI POLITICI, QUANTO CONTA LA TVAlle elezioni europee, il voto è diviso in cinque vastissime circoscrizioni: Nor-dovest, nordest, Centro, Sud e Isole. E le preferenze si contano a centinaia di migliaia se non milioni. Questi i risultati della top ten dei politici più popolari in Italia: 1º Silvio Berlusconi, che però nel Centro Italia perde contro la giornalista Rai Lilli Gruber. 2° Gianfranco Fini, che

ottiene la metà dei voti di Berlusconi, anche se sperava di più. 3° Lilli Gruber. Candidata per l’Ulivo, la giornalista del Tg1, detta “Lilli la rossa”, per il colore dei capelli, ottiene uno straordina-rio successo e, nella circoscrizione del Centro, batte il presidente del Consiglio. 4 ° Massimo D’Alema. Si presenta nella circoscrizione del Sud, dove ottiene una valanga di voti, ma non quanti Silvio Berlusconi. 5° Fausto Bertinotti. Il leader di Rifondazione comunista, in un periodo di poche lotte sociali, si avvantaggia di una idea di comu-nismo che in televisione funziona benissimo. 6° Pierluigi Bersani, che testimonia la compattezza dell’Emilia. 7° Vittorio Prodi, fratello di Romano. 8° Michele Santoro conduttore tv, candidato dell’Ulivo al Sud. Votatissimo, poco sotto D’Ale-ma. Appare come come un tribuno popolare mediatico, ingiustamente cacciato dalla Rai. 9° Umberto Bossi. L’«imperatore del Nord» giace in ospedale, ma ha elettori fedelissimi. 10° Emma Bonino, in nome dell’energia, del femminismo e di una certa idea libertaria. Tutti capiscono che la tv domina le scelte. E che la Rai, con Lilli Gruber e Michele Santoro, è un osso duro per la Mediaset di Berlusconi.

ROMA, 4 LUGLIO 2004, IL MINISTRO TREMONTI VIENE DIMISSIONATO. UN SERIO CRACK NEL GOVERNOGiulio Tremonti, 57 anni, valtellinese di Son-drio, docente di diritto tributario e titolare di un famosissimo studio privato per la soluzione di contenziosi fiscali, è il superministro dell’Econo-mia del governo. Ha un passato politico socialista, tra i giovani emersi con Franco Reviglio ai tempi della sua presidenza dell’Eni, ed è considerato tra questi il più brillante. Molto elegante, molto cau-stico, molto convinto delle sue ragioni e sprez-zante con quelle degli altri, Tremonti maneggia economia e politica con visioni molto originali. La prima è quella di un Nord in cui «il popolo delle partite Iva» è destinato ormai a superare

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i salariati dipendenti; la seconda, che gli viene dalla sua assidua frequentazione con Umberto Bossi, è quella di una Padania che deve trovare il suo spazio, proteggersi dall’euro e da un’Europa di burocrati senz’anima, assecondare le spinte etniche della Lega. Per quanto riguarda i conti dello Stato ha soluzioni «creative», principalmen-te quella di mettere in vendita molti beni statali e «cartolarizzare», ovvero mettere a bilancio, come sicuri, gli introiti previsti; tagliare la spesa pubblica di comuni e regioni, dare spazio alla sanità privata e infine produrre un sostanziale taglio delle tasse, strumento principale con cui si vincono le elezioni. Ma il 3 luglio viene costretto alle dimissioni. Il tutto avviene nel corso di un gelido e aspro Consiglio dei ministri, quando Gianfranco Fini lo accusa. di aver «truccato i conti» della sua legge finanziaria. Per un cifra non indifferente: due miliardi di euro. Tremonti si difende e accusa l’alleato di non capire niente di economia. Fini replica: «Tu non capisci niente di politica». I tagli di Tremonti vanno infatti a colpire molte posizioni di rendita nel Sud, ovvero nella base elettorale di Alleanza nazionale. Bossi è in un letto di ospedale e non si sa se e come tornerà un uomo politico attivo. Tremonti viene dimissionato. Il suo posto sarà affidato al professor Domenico Siniscal-co. Lasciando il ministero, Tremonti incontra i giornalisti: «Volevo ridurre le tasse, non mi è stato possibile. I conti? In ordine». Tutta l’attenzione della politica e dell’opinione pubblica italiana è orientata verso il Nord. Il Sud non interessa più. A parte quando ci sono «cadaveri eccellenti». E questi sono scomparsi. Gli analisti del fenomeno dicono che «la mafia si è inabissata».

STATO DELLE COSE IN CIRCA UN TERZO DELLA PENISOLA ITALIANA. SICILIA,

ECONOMIA REALE, 2004. L’ASCESA DEL COSTRUTTORE DI STRADE INTERPODE-RALI Palermo. Dal novembre del 2003, l’ingegner Mi-chele Aiello è in carcere, imputato di associazione mafiosa. È accusato di aver protetto la latitanza di Bernardo Provenzano e di essere suo socio in affari. Con lui è accusato il governatore della Sicilia Salvatore Cuffaro, detto Totò. Aiello è un modello di spirito imprenditoriale. Ha cominciato negli anni novanta come piccolo costruttore di «strade interpoderali» ed è quasi passato alla Storia perché nelle tasche di Totò Riina al momento dell’arre-sto, un fogliettino di carta dichiarava: «Altofonte vicino cava Buttiti strada interpoderale ing. Aiello». Poteva sembrare una piccola storia; curioso invece ritrovare Aiello nel 2000 come maggior contribuente della Sicilia. Non è più uno dei tanti imprenditori che mettono un po’ di asfalto nelle campagne; non ha certo smesso di lavorare con il cemento, ma in pochi anni è diventato anche il re della sanità privata siciliana. Il suo gruppo,

egualmente diviso tra cemento e cliniche, vale 500 milioni di euro l’anno ed è il maggiore dell’isola. Il fiore all’oc-chiello è la clinica Villa Santa Teresa di Bagheria per la cura del cancro, che vanta attrezzature di radiochirugia stereo-tassica che hanno pochi uguali in Italia. Il business sta nella convenzione con la Regione Sicilia e sul tariffario. Per un

ciclo completo di terapia contro il cancro alla prostata Villa Santa Teresa ha fatturato alla Re-gione 136mila euro. Da quando la clinica è stata messa in amministrazione controllata, lo stessso trattamento costa 8093 euro. Si Scopre poi che Aiello ha comprato, per Villa Santa Teresa, le quote della moglie del governatore Cuffaro. Che i due si sono incontrati per fissare le tariffe della convenzione. Che Bernardo Provenzano è cointeressato, e non solo perché soffre di un can-cro alla prostata. Che il governatore, attraverso una rete di talpe in Procura e in Questura, è in grado di mettere in allarme e proteggere grossi boss mafiosi latitanti. Per esempio comunicando loro che sono state piazzate microspie nelle loro abitazioni. La sanità in Sicilia si dimostra comun-que un buon affare. Per esempio, le persone che necessitano di dialisi per insufficienza renale cronica sono circa cinquemila. I centri di dialisi sono complessivamente 128, di cui 95 privati che si dedicano ai cronici e 33 pubblici, che si occupano quasi esclusivamente dei pazienti acuti. Le prestazioni sono circa 350mila l’anno. IL GOVERNATORE CHE BACIA TUTTI Il governatore della Sicilia si chiama Salvatore Cuffaro. È nato nel 1958 a Raffadali, in provincia di Agrigento, un paese fondato dagli arabi nella notte dei tempi. Medico, dirigente della Demo-crazia cristiana, compie la sua scalata elettorale negli anni novanta e nel 2001 batte - 59 a 37 - l’ex sindaco di Palermo Leoluca Orlando per la carica di presidente della Regione. Per numero di preferenze elettorali, è il pezzo pregiato dell’Udc di Casini. Lo chiamano «Totò vasa vasa», perché bacia tutti due volte sulle guance. Ama mangiare cannoli. Indagato per favoreggiamento mafio-so, non pensa assolutamente a dimettersi; né i dirigenti nazionali del suo partito glielo chiedono. Nell’aprile 2006, quando il suo caso giudiziario

Il governatore della Sicilia, Salvatore Cuffaro.

Giulio Tremonti

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sarà esploso e alla vigilia di nuove elezioni di cui sarà ancora una volta vincitore, parteciperà alla messa in diretta trasmessa da Radio Maria, raccontando della sua devozione alla Madonna e di aver affidato a lei le sorti dell’isola. FONDI A RADIO MARIARadio Maria è nata nel 1983 come radio parrocchiale ed è diventata emittente nazionale nel 1987. Secondo l’Audiradio ha un milione e 800mila ascoltatori al giorno. Le regioni con più ascoltatori sono la Campania, la Lombardia e la Sicilia, quelle con meno l’Abruzzo e la Sardegna. Secondo la finanziaria di quest’anno, al comma 190, Radio Maria è, insieme a Radio Padania libera, della Lega nord, un’«emittente radiofo-nica nazionale a carattere comunitario». Con la legge finanziaria dell’anno prossimo le due radio riceveranno fondi (un milione di euro per Radio Maria) per il potenziamento e l’aggiornamento tecnologico.

IL RE DEI SUPERMERCATI E IL RE DEL PONTEI supermercati, così come i centri commerciali, sono più diffusi in Sicilia che nel resto dell’Italia. Finiti i tempi ruggenti delle bombe alla Standa, ora le questioni tra i grandi gruppi nazionali e internazionali e Cosa Nostra sono risolte molto più facilmente. La mafia fornisce i prodotti (in particolare il reparto alimentare) e i manager mettono a bilancio delle spese abnormi che però si perdono nei bilanci complessivi. Supermercati e centri commerciali sono poi il centro nevralgico per riciclare su vasta scala il denaro «vero» che proviene da estorsioni, acquisto di droga, usura. Il giovane boss di Trapani Matteo Messina Denaro, con il permesso di Provenzano, ha ottenuto il monopolio dei supermercati Despar in tutta la Si-cilia occidentale. Dal fornitore al consumatore. Il gruppo Scuto ha fatto la stessa cosa nel catanese. Nell’agrigentino, una controversia manageriale ha provocato alcune decine di morti ammazzati, ma poi si è risolta in favore di Matteo Messina Dena-ro. Per il cemento e le costruzioni valgono sem-pre, più o meno, le regole del «tavolino» fondato all’inizio degli anni novanta. Diminuiti i proventi derivanti dal traffico di droga (i tempi delle raffi-nerie e del monolio del mercato americano sono finiti), Cosa Nostra ha alzato la tassa sul com-mercio e sulle imprese, il cosiddetto «pizzo», che tutti pagano senza protestare. Un certo spirito imprenditoriale vede nell’industria dell’energia eolica un buon settore in cui investire. Se così si può riassumere: in Sicilia, quando uno si ammala, quando uno si costruisce una casa, quando uno

va a fare la spesa, quando uno apre un cantiere rende ricca Cosa Nostra. Che cosa si può dire di più? Paese che vai, usanze che trovi. Il consenso sociale è molto alto. Per quanto riguarda il ponte, rimane il sogno più grande. Talmente grande che i cugini del Canada e del Venezuela (i grossi clan Rizzuto di Montréal e i Cuntrera-Caruana di Caracas) sono pronti a finanziarlo. Ai primi non manca know how: negli anni settanta avevano già partecipato alla gara internazionale per la co-struzione del ponte sul Bosforo. Un emissario del clan Rizzuto, l’ottantenne Giuseppe Zappia, sarà lungamente pedinato e infine arrestato, l’11 feb-braio 2005, dagli uomini della Dia del colonnello La Forgia, in un elegante appartamento ai Parioli, a Roma. È pronto a versare cinque miliardi di euro a qualsiasi impresa diventi il general contrac-tor. Gli aspiranti al titolo sono le italiane Impregilo e Astaldi, la francese Vinci e l’austriaca Strabag.

CALABRIA, 2004La regione ha diversi pregi: è lontana, ha pochi abitanti e non fa parlare di sé. Chi se ne occupa sostiene che è totalmente in mano all’organizza-zione criminale detta ‘ndrangheta, strutturata su base familiare, che ha in mano tutta la politica, gli investimenti europei, il superporto di Gioia Tauro, gli appalti pubblici.

CAMPANIA, 2004. UNA CERTA VICINANZA TRA AMMINISTRAZIONE E MALAVITANella sola provincia di Napoli, a partire dal 1991 sono state sciolte le amministrazioni di 31 co-muni, in quanto infiltrate dalla camorra: Pozzuoli, Quarto, Marano, Melito, Portici, Ottaviano, San Giuseppe Vesuviano, San Gennaro Vesuviano, Verzino, Casandrino, Sant’Antimo, Tufino, Cri-spano, Casamarciano, Nola, Liveri, Boscoreale, Poggiomarino, Pompei, Ercolano, Pimonte, Ca-sola di Napoli, Sant’Antonio Abate, Santa Maria la Carità, Torre Annunziata, Torre del Greco, Volla, Brusciano, Acerra, Casoria, Pomigliano d’Arco, Frattamaggiore. Secondo Carmine Schiavone, «pentito» del clan dei Casalesi:Noi vivevamo con lo Stato. Per noi lo Stato doveva esistere e doveva essere lo Stato che c’era, solo che noi avevamo una filosofia diversa dai siciliani. Mentre Riina usciva da un isolamento isolano, da montagna, vecchio pecoraio insomma, noi avevamo superato questi limiti, noi volevamo vivere con lo Stato. Se qualcuno nello Stato ci faceva ostruzioni-smo, ne trovavamo un altro disposto a favorirci. Se era un politico non lo votavamo, se era uno delle istituzioni si trovava il modo per raggirare.

ITALIA, 2004. I NOSTRI IN IRAQ In cerca di un buono stipendio e per fede politica, Umberto Cupertino, Maurizio Agliana, Fabrizio Quattrocchi e Salvatore Stefio partono per l’Iraq e si mettono al servizio delle truppe angloamericane, per compiti di «sicurezza». È Stefio a organizzare la spedizione, attraverso la società Presidium Corpo-ration con sede alle isole Seychelles. Tecnicamente i quattro sono «mercenari». I quattro vengono rapiti da ribelli iracheni il 12 aprile 2004 e tenuti in ostag-gio. Fabrizio Quattrocchi viene ucciso. Gli altri tre sono liberati dopo 56 giorni di prigionia. Dell’ese-cuzione di Quattrocchi esiste un video, di proprietà della tv del Qatar, Aljazeera, in cui l’ostaggio si toglie la benda dagli occhi e pronuncia la frase: «Adesso ti faccio vedere come muore un italiano». L’Italia è col-pita dall’evento e diverse manifestazioni si svolgono in favore della liberazione degli ostaggi. Nel 2006 il presidente della Repubblica Ciampi assegna la me-daglia d’oro al valore civile alla memoria di Fabrizio Quattrocchi. Alla fine di luglio Enzo Baldoni, milane-se, 55 anni, noto pubblicitario, giornalista, traduttore in Italia del fumetto Doonesbury di Garry Trudeau, parte per l’Iraq con l’intento di documentare la situazione e poi scrivere un libro sulle guerriglie nel mondo; situazioni che ha già affrontato in Colombia e a Timor Est. A metà agosto, a Baghdad, incontra un vecchio amico nella sede della Croce rossa ita-liana di cui è stato volontario in passato; lo convince ad affrontare una missione umanitaria: portare viveri e cure mediche agli sciiti assediati dall’esercito ame-ricano a Najaf. La missione ha successo. Sulla via del ritorno una bomba colpisce la sua macchina. il suo interprete, Ghareeb, viene ucciso. Baldoni compare in un video dei rapitori, ma i tentativi diplomatici per la sua liberazione sono vani. Il 26 agosto la televisio-ne Aljazeera annuncia il suo assassinio. Il suo corpo non verrà mai trovato. Baldoni, che ha visto strade e giardini in molte città d’Italia intestati a suo nome, non riceverà dallo Stato alcun riconoscimento. Né alcuno, a partire dal presidente Giorgio Napolitano, risponderà mai alle richieste della famiglia e degli amici perché il suo cadavere sia recuperato e Bal-doni possa essere seppellito in Italia. Il 7 settembre viene annunciato il rapimento, a Baghdad, di Simona Torretta e Simona Pari, da anni «cooperanti» per

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Enzo Baldoni

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a nove anni di carcere per concorso esterno in associazione mafiosa. La difesa ricorre in Appello.

ROMA, DICEMBRE 2004. DELL’UTRI, SOCRATE E IL CASO DI COSCIENZA DI UN UOMO DI TEATRO Pur essendo imputato il fondatore del mag-gior partito italiano, pur essendo coinvolto il presidente del Consiglio, la sentenza Dell’Utri non provoca nessun terremoto politico: l’Italia convive senza alcun problema con la mafia e sicuramente segna un record, perché in nessun altro paese una compromissione così stretta tra crimine e potere politico potrebbe passare inos-servata. Neanche in una repubblica delle banane. Dell’Utri, che a Milano ha un forte peso nella politica culturale della città (bibliofilo, editore, organizzatore di eventi teatrali) subisce un solo rifiuto. Il protagonista è l’attore-regista di teatro Carlo Rivolta, 61 anni, autore di un adattamento dell’Apologia di Socrate, recitata più di cento vol-te in eventi e spettacoli organizzati da Dell’Utri. Chiamato a Roma, all’indomani della sentenza, a recitarla davanti a un parterre di palazzinari roma-ni ed esponenti di Forza Italia, per accomunare Dell’Utri a Socrate come due vittime dell’ingiusti-zia, Rivolta dice di no. Alla giornalista Concita De Gregorio dice: «Eh, per come vanno le cose in questo paese dopo una serata così c’è da temere non solo di perdere il lavoro mi creda, non solo. Che brutta situazione, che brutto momento. Povero Socrate». Un caso unico.

ITALIA, 2002-2004. LA FRANZONI, «QUELLA DONNA» L’11 settembre del 2004 si conclude la sedice-sima puntata della trasmissione Porta a Porta dedicata al caso Cogne. La «serie» non ha pre-cedenti nella storia della televisione italiana. Un bambino ucciso, una giovane madre sola in casa al momento dei fatti, una villetta isolata a Cogne, in Valle d’Aosta. Il giornalista Bruno Vespa, 60 anni, volto storico della Rai, è noto per aver rilanciato il talk show po-litico, per aver organizzato il contratto con gli italiani di Silvio Berlusconi nel 2001 e per aver ricevuto una te-lefonata in diretta dal papa. Per la presenza costante dei politici italiani

che la vedono come la loro migliore tribuna di «visibilità », Porta a Porta è anche definita «il terzo ramo del Parlamento». La serie, comin-ciata pochi giorni dopo il delitto, con il titolo: «Chi ha ucciso Samuele?» ha avuto in due anni poche soste sempre con ottimi ascolti in prima onda serata. Sono seguiti: «Cogne, prenderanno l’assassino?»; «Cogne, un mese dopo assassino senza volto»; «Cogne, ore contate per l’assas-sino?»; «La mamma dal carcere: non sono stata io»; «Perizia psichiatrica o libertà?»; «Senza prove; colpevole?»; «Un anno di buio»; «Fine di un in-cubo, niente carcere per Annamaria»; «Cogne, il giallo a una svolta»; «Un omicidio in famiglia ogni due giorni; «Cogne: tutto da rifare?»; «Prima sen-tenza: “colpevole”»; «Parla Annamaria Franzoni». Le trasmissioni sono tutte assolutamente simili tra di loro: riportano gli ultimi fatti di cronaca e sui divani bianchi dello studio - alla presenza di un plastico della villetta, cui Vespa fa riferimento con una bacchetta - discute i vari aspetti del caso una specie di corte autonominata (o una compagnia teatrale da paese, dei buoni tempi andati) di cui fanno parte lo psichiatra Paolo Crepet (esperto di relazioni genitori-figli, fautore del «dialogo»), la giornalista Barbara Palombelli la rappresentante delle madri), il criminologo Francesco Bruno (colpevolista nei confronti della Franzoni), la dottoressa Simonetta Matone (magistrato del Tri-bunale dei minorenni di Roma), l’avvocato Carlo Taormina (difensore di Annamaria Franzoni). Questi gli ospiti fissi. Sono passati poi spesso sullo schermo lo scrittore Alberto Bevilacqua, i vescovi Ersilio Tonini e Alessandro Maggiolini, Irene Pivetti, Elisabetta Gardini, i giornalisti Maurizio Belpietro e Vittorio Feltri (interpreti della morale del Nord; visto che il delitto è avvenuto al Nord). Gli italiani diventano una giuria popolare chiamata a confrontarsi con Annamaria Franzoni. Che tipo è? È davvero così bella? In quanto donne, voi vi sareste comportate così? O è giustificabile? Una madre può uccidere il figlio? Che cos’è una

giornata nella solitudine delle montagne? Eccetera. Con-tinuo, martellante, tragico, ma soprattutto metodico. Premiato dagli ascolti.

STORIA DELLA TELEVI-SIONE, REWINDNell’ottobre del 2004 i quotidiani inglesi Daily Telegraph e The Independent hanno pubblicato documenti ritrovati dall’esercito sovietico a Berlino nel bunker di Hitler. Alcuni di questi riguardano

l’associazione Un ponte per, che ha iniziato la sua collaborazione umanitaria con l’Iraq ai tempi di Saddam Hussein. Le due italiane, insieme ai loro collaboratori, vengono freddamente sequestrate nei loro uffici da un commando che veste divise militari. Saranno rilasciate 19 giorni dopo.

PALERMO, DICEMBRE 2004. LA CONDAN-NA DI MARCELLO DELL’UTRI. Per dieci lunghi anni la Procura della Repubblica di Palermo lo ha indagato, prima per riciclaggio (insieme a Silvio Berlusconi), poi per strage, infine per concorso in associazione mafiosa. Nel 1997 lo ha mandato sotto processo, nel 2004 infine chiesto la sua condanna a 11 anni. Ora i giudici della seconda sezione del tribunale di Palermo (Leonardo Guarnotta presidente, Giuseppe Sgadari e Gabriella Di Marco a latere) si appresta-no a emettere la sentenza. I sostituti procuratori Domenico Gozzo e Antonio Ingroia hanno pre-sentato una monumentale requisitoria di migliaia di pagine, in due volumi, prima pronunciata in aula in16 udienze, dal 5 aprile all’8 giugno 2004. È il racconto di una lunga storia prima imprendi-toriale e poi anche politica, sempre al fianco di Silvio Berlusconi. Ma una storia che si è sviluppa-ta, secondo l’accusa, con la presenza costante e determinante della più potente organizzazione criminale italiana, Cosa Nostra. Questa presenza, secondo l’accusa, ha condizionato le scelte e i passaggi cruciali delle vicende della Fininvest e di Forza Italia. Nell’ultima udienza il senatore Mar-cello Dell’Utri - il fondatore del partito Forza Italia e braccio destro di Silvio Berlusconi - parla per più di un’ora. Sono presenti i suoi figli. Il senatore conclude perorando, visibilmente commosso: «Restituitemi alla politica». Poco dopo il ritiro dei giudici in Camera di consiglio, le agenzie di stampa battono un comunicato di poche righe. Il presidente della Camera, Pierferdinando Casini, fa sapere di aver telefonato all’imputato per attestargli i sentimenti più profondi della sua stima e della sua amicizia. Venendo dalla terza carica dello Stato, da un politico prudente e di cui non sono noti rapporti di particolare amicizia con il senatore imputato, il dispaccio d’agenzia suscita molta curiosità. Silenzio ufficiale invece da parte dell’amico più famoso dell’imputato, il presidente del Consiglio Silvio Berlusconi, che fa però impli-citamente sapere di non tenere in nessun conto una possibile condanna di Dell’Utri: lo nomina, infatti, responsabile del partito con la potestà di organizzare la «vittoria elettorale» di Forza Italia alle regionali e poi alle politiche del 2006. Una scelta politica netta, che fa uscire il senatore dal cono d’ombra in cui il processo lo ha confinato. Il Tribunale di Palermo condanna Marcello Dell’Utri

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un progetto, in stato avanzato di realizzazione, presentato al Führer verso la fine degli anni trenta: la televisione. Lo scienziato Walter Burch prevedeva l’installazione di un cavo a banda larga tra Berlino e Norimberga per la trasmissione di programmi video su megaschermi nelle piazze e nelle lavanderie, con il nome di «trasmettitori e ricevitori per il popolo». Il programma aveva ricevuto un’approvazione formale dal ministro della Propaganda Goebbels ed era stato immagi-nato anche un palinsesto. Notiziari, programmi di istruzione sportiva e fisica e un serial sulla vita di una famiglia ariana, dal titolo Una sera da Hans e Gelli. Marito e moglie, lui lavoratore e convinto nazista, lei casalinga e devota al Führer. Erano previste anche riprese in diretta di esecuzioni capitali di nemici del regime. Il programma venne fermato per motivi di budget alla vigilia della guerra.

SEMPRE IN QUEST’ANNO...Il 9 gennaio 2004 muore a Torino il filosofo tori-nese Norberto Bobbio, antifascista, propugnato-re del liberalsocialismo. Il 29 luglio viene abolita la leva militare. L’esercito italiano diventa totalmente volontario.

ALCUNE PAROLE IN VOGA«Criminalizzazione»: viene usata soprattutto nei confronti di Silvio Berlusconi. Che cosa si vuole dire? Semplicemente che indicarlo come «crimi-nale» non solo è sbagliato, ma è anche contro-producente dal punto di vista politico. Peggio ancora è la «demonizzazione», sempre attribuita a Berlusconi. «Giustizialismo»: qui le origini sono più oscure. In Argentina negli anni cinquanta esisteva il Partido justicialista di Perón, ma non è quello a cui si fa riferimento. Per «giustizialismo» in Italia si intende l’affidamento ai giudici della condanna dei nemici politici, quando non si ha la forza di sconfiggerli alle urne. Termine opposto è «garantismo», in base al quale «fino a quando non c’è una condanna definitiva un cittadino è innocente». «Buonismo»: essere buoni, ma è troppo facile essere buoni, quando non si vive in periferia, con gli immigrati, nel degrado ecc. La sinistra è accusata di essere «buonista» e di dire «nero» invece che «negro». «Ce l’ho nel mio Dna»: la spirale di amminoacidi all’origine del nostro patrimonio genetico è sempre più usata nel linguaggio politico. Per esempio, quando un politico è accusato di corruzione, egli non dice più «io ho le mani pulite», ma «la corruzione non è nel mio Dna» e il suo segretario politico aggiunge: «La corruzione non è mai stata nel Dna del nostro partito».

SCRITTORI ITALIANI DEL 2004Fabrizia Ramondino, napoletana, ha 68 anni. Impegnata per un ventennio nell’azione so-ciale (Napoli. I disoccupati organizzati, 1977) ha esordito nella narrativa negli anni ottanta. Nel 1981 è uscito Althénopis, due anni dopo la raccolta di racconti Storie di patio. Dopo diverse pubblicazioni, pubblica quest’anno la raccolta Il calore. Morirà nel giugno del 2008. Così inizia il racconto «Il vecchio turbato»: Giovanni Servente non saliva più sulla montagna. S’era fatto vecchio, oltre settant’anni. Beveva anche molto. Prima pareva il diavolo, ma ora che aveva tutti i capelli bianchi e il volto scavato pareva un eremita, non per questo meno terribile. Il corpo era stato agilissimo, per vent’anni in montagna, ora si irrigidiva e dimagriva davanti alla caraffa. ...A Natale, non si seppe mai bene che cosa fosse accaduto. Era andato, questo era certo, a Santa Maria della Lobra, l’isola capoluogo, dove si diceva arrivassero in quel periodo le puttane dal continen-te. E al ritorno la moglie lo aveva accusato; così se n’era andato di casa. Da allora abitava solo in quel-la stanzetta sul mare e i figli gli portavano il piatto coperto fuori della porta, ché non voleva vederli. A chi gli chiedesse perché non tornava con la moglie e i figli, sorrideva paziente e carezzevole, puntando la mano contro il tavolo o avvolgendola attorno alla caraffa, come chi insegni qualcosa a un bambino, e diceva, riassumendo tutte le sue ragioni: «Il vecchio deve stare solo. Al giovane si addice la compagnia». «L’intrusa» inizia così:Arlette si faceva il bagno nuda e uno dopo l’altro i bagnanti si denudavano accanto a lei. A maggio, i ragazzini erano venuti a spiarla da dietro alle rocce e se n’era sparsa la voce; ma tutto rientrava nell’ordine per il villaggio, perché lei era il Male, spensierata e straniera, e questo male era ben chiaro e circoscritto. Ma ora, a giugno, intere fami-glie si denudavano, venute dal capoluogo e perfino dalla capitale. Sicché una mattina arrivarono i carabinieri sulla spiaggia. Sbucarono dalle rocce in costume da bagno, con la macchina fotografica a tracolla, in missione antinudo. ] ...Arlette, nuda, con i polsi ornati da innumeri bracciali, a ogni dito un anello, quale fatto con bottoni, quale con pietre, quale ricavato da una broche della nonna, con le treccine tinte all’henné, fermate sul capo come un’educanda li accolse col suo grido di guerra, da ragazzaccio: «Uhuhuuu! Uhuhuuu! Come va?». I due carabinieri si guardarono. Intanto le amiche di Arlette si rivestivano, una si faceva gettare in acqua un panno dal figlioletto. Il biondo posò il braccio sulla spalla di Arlette e le disse: «Non ti verbalizzo, se mi fai fare la foto accanto a te». Arlette annuì, invitandoli con un gesto del braccio tintinnante. Un impercettibile trionfo le socchiudeva gli occhi, le cui

ciglia vibravano di rattenuti sorrisi. «Sì» disse «mais tu togliere chest» e gli tirava via le mutande a righe. Il biondo, travolto non si sa se da libidine, maschia voglia di affermarsi o provinciale timore di apparire complessato, si denudò. Arlette se lo abbracciò stret-to; l’altro, con un sorriso timido, ma incoraggiato dalla sicumera del compagno, in ginocchio, in classica posa da fotografo di paese, scattò la foto. Dopo qualche manata sulla spalla di Arlette e un paterno «Copritevi, eh!» i due sparirono dietro le rocce.

MUSICA ITALIANA DEL 2004Samuele Bersani, riminese, 34 anni, ha esordito nel 1992 con C’hanno preso tutto. Poi ha inciso Freak (1995), Samuele Bersani (1997) e L’oroscopo speciale (2000). L’anno scorso è uscito il suo quarto album Caramella smog che quest’anno viene premiato con la targa Tenco (miglior album dell’anno). Con la canzone «Cattiva» (miglior canzone dell’anno, targa Tenco), polemizza sulla spettacolarizzazione di eventi di cro-naca nera: Ultimamente sei tu a decidere la strada. / lo resto dietro di te / raccolgo i sassi rotondi in una scatola quadrata, ho un passatempo inutile./ Sinceramente da un po’ si vive alla giornata/ non posso dire di no / usciamo fuori dal quartiere una volta al mese solo di sabato/ ma pensa che coincidenza ... / Chiedi un autografo all’assassino/ guarda il colpevole da vicino/ e approfitta finché resta dov’è/ toccagli la gamba fagli una domanda/ cattiva, spietata/ con il foro di entrata, senza visto di uscita. / È stato lui, io lo so / non credo alla campana degli innocentisti perché / anticamente ero io un centu-rione con la spada e non lo posso difendere./ Mi ricordo quando ci fu Galileo e Giovanna D’Arco/ ero presente in piazza, / provavo immenso piacere/ mi sentivo bene a vedere come si muore,/ sono di un’altra razza. / Chiedi un autografo all’assassino/ guarda il colpevole da vicino/ e approfitta finché resta dov’ è / toccagli la gamba fagli una domanda, ancora/ chiedi un autografo all’assassino/ chie-digli il poster e l’adesivo/ e approfitta finché resta dov’è/ toccagli la gamba/ fagli una domanda/ cattiva, spietata/ è la mia curiosità impregnata/ di pioggia televisiva/ comincia un’altra partita ...

f o r u mD E M O C R A T I C O

Samuele Bersani

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m28 Julho / Agosto 11

e m i g r a z i o n e

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FD – Renata, levando-se em conta sua vida profissional nos sets de filmagem, época áurea do cinema dos grandes galãs, das grandes divas e diretores, a srª também se consi-dera um personagem?RF – Não. Mas me dou conta de que minha vida profissional foi cheia de fatos e encontros interessantes.

FD – Em Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen, o maior fascínio da personagem (Mia Farrow) era o cinema, suas histórias, transitando entre espectadora e protagonista do filme que assistia. Para a srª, o que exerce maior fascínio: a vida real ou o cinema? RF – A vida real é sempre mais fascinan-te, mas no escuro do cinema eu me sinto transportada até um mundo irreal, um outro espaço que completa a vida real.

FD – A srª já declarou que viveu muito intensamente a dolce vita, tal qual no famoso filme de Federi-co Fellini. Duas perguntas: a dolce

renata franceschi

vita era dolce de fato? Nos sets, a vida continuava dolce? RF – A dolce vita era dolce sim, Roma, naquela época, era realmente um lugar mágico e no set de filmagem se percebia essa magia.

FD – Renata, durante as filmagens - cenários, equipe de apoio numero-sa, diretores, assistentes - a magia é a mesma que a sala escura e na tela grande exercem sobre os aman-tes do cinema?

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Com Visconti no set de L’innocente

Nas voltas que o mundo dá, Renata Franceschi, muito jovem, casou-se com Al-

bino Cocco, então primeiro assistente do diretor de cinema Luchino Visconti. O

destino inventava, então, Renata - uma profissional de cinema: continuísta, as-

sistente de direção, revisora de script, atriz. Perfeccionista, portanto detalhis-

ta (ou vice-versa), com uma memória prodigiosa, Renata foi responsável pela

restauração, remontagem do longametragem Ludwig, de Visconti. Atuou em O

Leopardo e Morte em Veneza, entre outros. E como o mundo não pára, Renata

Franceschi se aposentou e, há cerca de quatro anos, mora em Niterói, no Rio de

Janeiro, de modo a ficar perto de uma das filhas e dos netos, filha esta que até

então visitava de tempos em tempos, em períodos de férias.Marisa Oliveira

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“A vida real é sempre

mais fascinante.”

RF – O cinema, o ato de filmar é mágico em si mesmo, ainda que possam acontecer problemas durante a filmagem. E acho que é quase sempre assim, mas é importante esclarecer que estou pensando nos filmes para o cinema, porque existe muita dife-rença entre filmes para cinema ou para TV. Se estou atrás das câmeras e estou vendo, na minha frente, na frente das câmeras, um ator, um homem atuando, e esse homem é o maravilhoso, o inesquecível Marcello Mastroianni - ou James Mason, ou Totò, ou Placido Domingo, ou outras pessoas também maravilhosas que tive a sorte de conhecer, a magia é total, eu percebia que estava vivendo uma experiência única.

FD – Na sua opinião, que peso tem o trabalho de direção? É a alma do filme? RF – O diretor é o comandante do navio, e Visconti usava esta expressão. Um filme consegue ser uma obra-prima quando um diretor, que claramente possua as quali-dades necessárias, consegue se expressar livremente. Os colaboradores são muito importantes, mas é a alma do diretor que está no filme.

FD – Tendo vivido tantos momentos interessantes, no exercício de sua

profissão, conte para nós aquele que considera mais marcante. RF – Os momentos marcantes foram muitos. Eu fui respeitada, elogiada, até amada (sempre profissionalmente falando). As lembranças são muitas, vou contar uma: Natal de 1974, Visconti me dá um presente, uma caixinha do famoso joalheiro Bulgari. Abro-a: é um anel grande, de forma inusi-tada naquela época, uma folha com diaman-tes. Eu quase não consigo falar, estou emo-cionada, só consigo dizer “mas é demais...”. Ele me interrompe com um sorriso, o seu olhar é divertido, afetuoso, profundo. Me diz : “Lembre-se Renata, para você nada é demais...”. Momentos marcantes no set são muitos. .. Quantas páginas posso escrever? E lembrar é muito bom, faz parte do meu presente, e quero lembrar outros diretores, Antonioni, Zeffirelli, Herbert Ross, James Cameron, Francesco Rosi, entre muitos, pela confiança que puseram em mim como pessoa e como colaboradora.

FD – Do seu relacionamento profis-sional com o diretor Luchino Vis-

conti, amor e admiração são senti-mentos ainda vivos, que há alguns anos começaram a criar corpo em forma de um projeto cultural. O que a srª poderia falar sobre isso? RF – O projeto cultural que estou cultivan-do agora é uma exposição sobre Luchino Visconti, que possa contar aos brasileiros quem era esse homem, a sua importante história familiar e profissional. E vai chegar da Itália todo o material para a exposição. Um museu em São Paulo está interessa-do. Se tudo der certo, a exposição vai ser inaugurada em outubro de 2012. E quero muito que esta exposição chegue ao Rio. O meu sonho como lugar seria o Instituto Moreira Salles, tenho certeza que é um lugar do qual Visconti gostaria. Ao mesmo tempo, está encaminhada uma retrospectiva completa dos filmes de Visconti no CCBB de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, para maio- junho de 2012. Por enquanto é isso, tenho outros planos futuros, mas preciso fe-char essa parte em primeiro lugar. Depois... Muita coisa pode ser feita sobre o importan-tíssimo cinema italiano do século passado!

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b r a s i l e

D E M O C R A T I C O8 f o r u m30

Na sede do Estúdio VOCE, que é a empresa da Mir-na, entrevistamos as três cantoras, que se autodefi-nem “As mulheres de Nelson”, e o próprio Nelson Portella que, depois de uma grande carreira de cantor lírico, agora se ocupa ludicamente da tarefa de professor e, sobretudo, é o xodó delas.Enquanto a gente esperava a Chiara chegar, Nelson iniciou uma apresentação das cantoras: “A Mirna eu conheci quando ela se apresentou na Apoteose fazendo uma Turandot que teve uma repercussão gigantesca; depois cantou uma Carmen no Metropolitan que teve um sucesso inacreditável; o que eu me lembro da Mirna é isso e que depois ela sumiu”. Mirna responde que “foi fazer doutorado nos Estados Unidos e antes disso foi trabalhar na Unirio” e que “sempre me dediquei muito no que fazia até montar esta empresa que se chama VOCE, que significa voz em italiano, porque a ópera começou na Itália e queria dar esta importância já no nome”. Nelson acrescenta: “Comecei a dar aula para a Marina Considera; ela tem uma voz prodigiosa. Eu não dou aula de canto com enfoque na técnica, dou aula de repertório”. No momento em que chega a Chiara, Nelson completa “o concerto que elas vão fazer, está sendo preparado por mim da maneira mais minuciosa possível; ontem ficamos trabalahando duas horas sobre a Manon Lescaut: abandonada numa ilha, desesperada, exilada, expatriada, prostituta na América”. À minha pergunta sobre o que seria este concerto, a Mirna desvenda o mistério: “A gente, primeiro, queria estudar a ópera italiana; foi a primeira coisa que nos juntou e ninguém melhor que Nelson Portella, que passa duas horas numa página; não só para a gente entender as personagens, mas a língua, o colorido vocal e os aspectos associados à questão interpreta-tiva teatral; e ele vai unindo essas coisas todas até pelo conhecimento da língua que ele tem, da vivência toda dele com a ópera, que não precisa nem descrever.” Marina arremata: “A idéia do concerto surgiu deste trabalho com Nelson; começou a gerar na gente esta questão de não ter contato com essa realidade da língua, da vida, de como era este ambiente especifico da ópera nos anos setenta, quando a ópera estava no auge. Quantas óperas tem no Brasil hoje? Quatro óperas no Teatro Municipal do Rio, quatro no Teatro Municipal de São Paulo, quatro em Manaus, umas em Belo Horizonte e acabou. Você tinha no passado tantas óperas ocorrendo; e então a gente pensou que se poderia ter público tanto para conhecer as obras, aquelas mais conhecidas, seja para ter essa vivência do próprio cantor. Então a gente resolveu unir isso; e o espetáculo, o show vai trazer grandes obras para soprano e, já que somos três o nome do espetáculo é “As mulheres de Nelson”. À minha brincadeira de falar com a mulher do Nelson, a “oficial”, todas responderam em coro “A nossa sorte é que ela nos ama”. Nelson acrescen-ta que hoje em dia o diretor artístico deve suar a camisa para encontrar intérpretes para as obras mais amadas, a Traviata, a Manon Lescaut, a Tosca,

enquanto “todas elas, todas as três têm uma inserção vocal privilegiada e, vou deixar bem claro, que eu só consigo fazer este trabalho com elas por isso”. “Eu gostaria de complementar - continua a Mirna - que nós escolhemos um repertório de peso, cada uma de nós escolheu quatro óperas; foi uma escolha pessoal e cada uma de nós tem muito prazer de estudar cada uma destas óperas de maneira extremamente intensa; e eu tenho a certeza que vai ser de agrado geral porque cada uma é mais maravilhosa que a outra”. “Esta coisa das mulheres de Nelson, não somos só nós, as cantoras, - acrescenta a Marina - mas as persona-gens que estamos representando; tanto nos bastidores, tanto nos ensaios, na preparação; ele é o mestre de cerimônias e estas mulheres são aquelas com as quais brigou, com que ele cantou. Enfim: nós, os personagens e ele.” À minha pergunta se este espetáculo tem como objetivo só aquele de aproximar mais o público do canto lírico ou se além disso se pensa em outro evento até de cunho mais comercial, Mirna responde: “As duas coisas. Eu sempre tive uma visão empreendedora. Eu era pianista e estava vendo que o artista tem muita dificuldade em empreeder; ele não consegue se ver muito como mercadoria, o que é na verdade o que ocorre no mercado de trabalho. Agora a gente se une para acabar com esta síndrome do mecenas, já que não vai aparecer ninguém para me sustentar, nem papai e nem marido. Isto acabou, tem que criar sua autonomia financeira. Então nós temos uma visão dupla, de utilizar a nossa beleza - sem nenhuma modéstia - para resgatar, reconquis-tar este público para a ópera, para manter a ópera acesa; porque se ninguém faz isso. A ópera vai acabar no mundo inteiro”. “Eu me formei na Unirio - discursa Marina no final da entrevista -, depois fiz o mestrado e comecei a trabalhar. Tinha a necessidade de ter um conhecimento maior do que era a ópera; pensei que existe uma maneira de

estudar a ópera - esta questão do trabalho da língua, da música - além da técnica que continuei trabalhan-do com a Mirna, e fui procurar o Nelson. Quando a Chiara veio para cá, a gente começou a conversar essa coisa de fazer um espetáculo, no qual a gente seria a cabeça deste show, no qual a gente se sentisse inserida; sendo que a nossa geração tinha que fazer algo, trazer este público jovem para a sala de concerto. A partir daí a nossa preocupação atual na forma de se apresentar enquanto artista, o que quer esta sociedade, o que é que eu quero como artista, desde a parte musical até a parte social”. “Nossa expectativa é essa; - emenda a Chiara - eu fiz a Unirio com a Mirna e depois fui fazer especiali-zação na Academia de Santa Cecilia em Roma e acabei ficando cinco anos lá. O curso durava dois anos, mas eu fiquei mais tempo, uns três anos e foi uma experência que me abriu a mente para uma qualidade artistica muito diferente do que eu tive aqui no Brasil. Lá na Itália eu me interessei muito pelas operetas; no conservatório estudei as personagens cômicas, as mulheres que transgridem a ordem social; sempre trabalhei com teatro, gosto da coisa da comicidade, de fazer as pessoas rirem. Mas quando o Nelson me falou que agora queria me ver fazer uma coisa séria, para ver se realmente era uma atriz, isso mudou a minha vida em relação a tudo, tudo é muito intenso no trabalho que a gente faz. Não podemos perder o compromisso com o público brasileiro e, como cantoras que nasceram no Brasil, temos a missão de expandir ao máximo esta arte, que é tão importante, que é universal”. “Eu assumi uma missão desde muito jovem - conclui Mirna - quando vi que todo mundo que cantava ópera queria sair do Brasil; e eu nunca quis, eu queria ir lá fora para estudar, para fazer o meu país brilhante. Eu sempre tive este sonho de trazer o melhor pra cá, tanto que eu empreendo, porque eu preciso compartilhar, preciso ensinar. Eu batalhei no meu doutorado, levei quatros anos para

Nelson Portella e suas “mulheres” (a partir da esquerda): as cantoras Marina Considera, Chiara Santoro e Mirna Rubim.

“As mulheres de Nelson”

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Andrea Lanzi

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b r a s i le n t r e v i s t a

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voltar; eu sou apaixonada pelo meu país e decidi fazer algo pelo meu país e estou fazendo; o fato de eu estar envolvida neste concerto estimulando elas para fazer algo no qual acreditamos, uma coisa nossa, criada por nós, dentro dos níveis de excelência em que acreditamos. Eu nunca planejei morar fora do Brasil; eu sempre planejei ir lá fora para estudar e me aperfeiçoar, para depois trazer para o Brasil, e fazer o país crescer. E também mostrar para o mundo que o Brasil tem borogodó, que no Brasil há pessoas incríveis, cantores incríveis, que se faz coisas que são européias e que se pode fazer coisa diferentes aqui”. Por último fiz perguntas que têm um pouco a ver com a comunidade ítalo-brasileira; se elas que são cantoras de ópera - uma arte de origem italiana - já tiveram conhecimento que existe um Instituto Italiano de Cultura e se este as ajudou de alguma forma nesta empreitada. O que achavam de uma cooperação na área cultural, talvez uma troca de artistas italianos e artistas brasileiros. “Eu tenho dupla cidadania. - responde Chiara - Eu fui morar na Itália com a cara e a coragem; antes de ir eu fui perguntar no Consulado e no Instituto se existiam bolsas, e a resposta foi que não tinham mais bolsas de música. Fiquei um ano trabalhando lá seis dias por semana, das seis da tarde às duas da manhã; estudando canto no dia seguinte o dia inteiro e só tendo folga no domingo. Acho que é difícil para o brasileiro trilhar este caminho; a gente investe muito no canto, a gente tem que ter muita força de vontade”. Mirna responde: “Tendo um Instituto Italiano de Cultura interessado e sabendo que muitos cantores fariam por conta própria esse intercâmbio entre o Brasil e a Itália, por interesse na arte, se pode fazer, criar um convênio, este tipo de coisa, através do Instituto; temos mil contatos e então, tendo o apoio tanto de empresários como de salas de concerto, se pode realizar algo”.

Mirna Rubim é doutora em Voice Performance pela Universidade de Michigan (2004) e Mestre pela UNIRIO, onde também é Professora Adjunta de Canto há 15 anos. Tem se dedicado à pedagogia vocal com enfoque em Fisiologia da Voz e Neurociência. Recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior, incluindo o primeiro lugar no II Concurso Nacional de Canto em Brasília, em 1994 e foi finalista do Concurso da Associação Verismo de Ópera no Carnegie Hall, em janeiro de 2004. Mirna Rubim teve seu debut na Praça da Apoteose no papel de Liù da ópera Turandot (Puccini), cantou no antigo Metropolitan do Rio de Janeiro o papel de Micaela da ópera Carmen (Bizet), perfazendo cerca de 15.000 expectadores. Em 2006 foi Magna Pecatrix na Sinfonia dos Mil no Projeto Aquarius para mais de 20.000 pessoas. Em 2007 gravou ao vivo o CD e DVD da obra A Floresta do Amazonas com a Orquestra Petrobrás Sinfônica regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky, lançado em 2010.Recentemente participou como Madre Superiora no musical A Noviça Rebelde, dirigido por Claudio Botelho e Charles Moeller, que lhe rendeu a indicação para a categoria de Melhor Atriz de Musical do Prêmio Qualidade Brasil. Seu mais recente trabalho foi como supervisora vocal, Mme. Renauld e Mme. Dindon em A Gaiola das Loucas, musical dirigido por Miguel Falabella e Cininha de Paula. Participou do programa TomaLáDáCá como Fermata Libera e na série A Vida Alheia como Mirella Schiavo.Celular: 21-8751-1787 / [email protected]

Marina Martins Considera é Mestra pela UFRJ e Bacharel em Canto pela UNIRIO. Sua es-tréia profissional se deu em 2006 na primeira montagem da ópera brasileira A Carta, de Elomar Figueira Mello, no CCBB de Brasília regida por Henrique Morelenbaum. Desde 2007 tem sido bolsista da Opera Studio da renomada cantora Renata Scotto, na Accademia Nazionale di Santa Cecília, tendo sido selecionada para cantar no Auditorium Parco della Musica, no qual foi regida pelo maestro Sciuto na ópera Don Giovanni. Em 2009, apresentou na fundação Tito Gobbi, em Roma, e nel Teatro Stabile di Abruzzo em Áquila, uma série de concertos sob direção artística de Anna Vandi.Sua experiência como docente compreende sua atividade como professora substituta na Escola de Musica da UFRJ e quatro anos como professora particular. Recentemente foi selecionada entre 15 de 400 cantores na Espanha, para participar do concerto final do Masterclass sob a supervisão da renomada cantora Montserrat Caballé, no auditório de Zaragoza. Trabalha o repertório italiano com o cantor Nelson Portella no Brasil e com Fabio Centanni na Itália. Seu aprimoramento vocal no Brasil é supervisionado pela prof. Dra. Mirna Rubim.Celular: 21 9863 2523 / [email protected]

Chiara Santoro é Bacharel em Canto pela Unirio,formada com a professora Doutora Mirna Rubim. Pós graduada no Conservatorio Santa Cecilia de Roma, formando-se com nota máxima e menção de louvor. Vencedora do 1o prêmio no VII Concurso de Canto A.gi.Mus em Roma e do prêmio do Júri “Melhor Interpretação” no VII Concurso Principessa Trivulzio, em Milão e finalista de diversos concursos entre Brasil e Itália. Participou como solista em vários festivais, entre eles Rome Festival 2010, Bougival Festival 2010 e Festival de Spoleto 2009. Cursou o Opera Studio de Renata Scotto em Roma, participou de masterclass com Teresa Berganza em Paris e fez concer-tos na Alemanha como solista convidada com coro e orquestra. Apresentou-se em muitas salas de concertos, museus e castelos na Itália. Integrou o Coro Lírico Sinfônico de Roma, com turnês internacionais, com projetos com Ennio Morricone e Andrea Bocelli entre outros. Celular: 21 8865 8377 / [email protected]

“Foi uma escolha pessoal e cada uma de nós tem muito prazer de estudar cada uma destas óperas de maneira extremamente intensa.”

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Renata Ferreira

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Dez anos se passaram. Quem poderia imagi-nar em 2002 que uma pequena mostra de

filmes realizada no Arquivo Nacional se tornaria um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil?

O REcine – Festival Internacional de Cinema de Arquivo surgiu com o objetivo de tornar as ima-gens das instituições de arquivo mais acessíveis aos pesquisadores, cineastas e ao público em geral, além de estimular a reutilização de imagens de acervo para a realização de novos filmes. A proposta do festival é revelar imagens guardadas em arquivo e rever filmes marcantes da história do cinema brasileiro e mundial, incentivando no-vos realizadores a refazer, reinventar e redesco-brir, bem como discutir temas ligados à preserva-ção e guarda de imagens em movimento.

Em seu primeiro ano, em 2002, o REcine deba-teu a preservação de filmes e exibiu ao ar livre, no pátio interno do Arquivo Nacional, alguns dos primeiros filmes mudos brasileiros, verdadeiras raridades, com acompanhamento de piano ao vivo. No ano seguinte, a mostra cresceu, ganhou uma exposição e trouxe duas preciosidades para o público: Cortes da Censura Federal, a reunião de trechos censurados de filmes brasileiros no período de 1968 a 1983; e ABC da greve, filme de Leon Hirszman sobre o movimento operário brasileiro, praticamente inédito no país. A pri-meira exposição do REcine contou com cartazes e fotos de filmes e documentos da Censura. As mesas de debates trataram da censura no cinema

REcine comemora dez anos homenageando a

presença italiana no cinema brasileiro

brasileiro e cineclubismo, e tiveram a presença de José Wilker, Vladimir Car-valho, Lúcia Murat, entre outros nomes.

O ano de 2004 foi em-blemático, pois o REcine, com o tema Revoluções, se transformou num festi-val de cinema internacio-nal, com cinco dias de du-ração, ganhou uma Mostra Competitiva, uma revista exclusiva e inaugurou a Oficina de Vídeo. Em 2005, o tema foi Televisão: uma história para ver de perto. Em 2006, che-gou a vez das Vanguardas, que enlouqueceram o público com os filmes e experimentações dos gênios do cinema vanguardista mundial.

No ano seguinte, o REcine apresentou a fasci-nante relação entre jornalismo e cinema, com o título A imprensa no cinema. Em 2008, em homenagem aos 50 anos da conquista brasileira da Copa do Mundo de 1958, o festival usou e abusou do tema do futebol com Bola na tela. A história do rádio no Brasil ocupou as telas, as mesas de debates e as páginas da Revista Recine no ano de 2009. E, finalmente, em 2010, a gran-deza da música brasileira, fartamente registrada por cineastas das mais diversas nacionalidades, foi cantada em verso e prosa em Movimentos da música brasileira no cinema.

O ano de 2011 é muito especial, para come-morar os dez anos de existência, a equipe do REcine, uma parceria do Arquivo Nacional com a Rio de Cinema Produções Culturais, trabalha para fazer um festival que supere todos os anteriores, o que não parece nada difícil, em vista do tema escolhi-do: a Itália e o cinema brasileiro.

O cinema nacional em seus primórdios teve uma forte influência dos imigrantes italianos que escolheram este país para realizar seus sonhos. Nomes como Paulo Benedetti, Vittorio Capella-ro, Pascoal e Alfonso Segreto, só para citar alguns, ocupam um lugar de honra na história e no desenvolvimento da produção cinematográfica no Brasil. Eles foram grandes pioneiros e abriram caminho para muitos outros. Com o passar dos anos e o desenvolvimento do cinema na Itália, essa influência viria a crescer, e um exemplo notável disso é a declarada inspiração que os cineastas brasileiros do Cinema Novo busca-ram no Neorrealismo italiano. A Companhia Cinematográfica Vera Cruz, fundada nos anos 50 pelos italianos Franco Zampari e Cicillo Mata-razzo, numa tentativa de criar uma Hollywood tropical, apostou no talento dos brasileiros e trouxe técnicos da Itália para produzir filmes com reconhecida qualidade técnica.

Mostra Informativa terá filmes dos maio-res cineastas italianosE não poderia faltar uma celebração ao cinema italiano, com tantos talentos geniais. Fellini, Anto-nioni, Rossellini, Zurlini, Leone, De Sica, Visconti, Pasolini, Bertolucci, De Seta etc., o REcine exibi-rá na Mostra Informativa filmes dos mais variados gêneros, dos diretores mais consagrados, e tam-bém obras restauradas das primeiras décadas do cinema, graças a uma parceria com a Cineteca di Bologna. Produções dos estúdios Vera Cruz e do Cinema Novo brasileiro, fortemente influencia-dos pela estética e o pioneirismo dos mestres italianos, também estarão na programação.

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REcine – Festival Internacional de Cinema de ArquivoDe 7 a 11 de novembro no Arquivo Nacional

Entrada francaPraça da República, 173, Centro - Rio de Janeiro / RJ

ContatosEmail: [email protected] / [email protected] Telefones: 21 2179-1318 ou 21 2179-1337

O EVENTO

Mostra Competitiva premia as melhores produçõesConsiderada como uma das melhores vitrines da nova geração e também para os veteranos do cinema brasileiro e internacional, a Mostra Competitiva do REcine aceita inscrições de filmes de ficção e documentário que contenham pelo menos 40% de imagens de arquivo. Um júri es-pecialmente convidado para a edição do festival e o júri popular escolhem os vencedores, que são anunciados na noite de encerramento do festival.

As inscrições vão até 20 de setembro, no site www.recine.com.br.

Oficina de Vídeo terá Luiz Carlos Lacerda como orientadorSob a orientação de cineastas como Vladimir Carvalho, Sílvio Tendler, Arthur Omar, Sílvio Da-

Rin, Eduardo Escorel, entre outros, a Oficina de Vídeo do REcine vem revelando talentos desde 2004. Este ano, Luiz Carlos Lacerda, conhecido como Bigode (diretor de Leila Diniz; For all, o trampolim da vitória; Viva Sapato!; A morte de Narciso e Vida vertiginosa), inspirado pelo tema da influência italiana no cinema brasileiro, propõe experimentações, no mínimo, desafiadoras. Os filmes que serão produzidos pelos 50 alunos selecionados para a oficina, que tem duração de duas semanas, concorrem na Mostra Competiti-va. As inscrições terminam no dia 10 de agosto, no site www.recine.com.br.

Revista REcine conta a história do cinema italianoO lançamento do oitavo número da Revista REcine está marcado para o primeiro dia do festival, em 7 de novembro. Uma edição espe-

cialmente dedicada à história do cinema italiano e sua profunda relação com o cinema brasileiro, com artigos escritos pelos maiores especialistas no assunto, e ilustrada com fotos do acervo do Arquivo Nacional e de outras instituições.

De 7 a 11 de novembro, no Arquivo Nacional, com entrada francaDurante os cinco dias do REcine, o público tem a oportunidade de ver gratuitamente filmes de ficção e documentários, participar de palestras, debates e homenagens a grandes nomes da cultura nacional e internacional. Em 2011 será a oportunidade de festejar a união de dois povos que muito se parecem na criatividade, na vocação artística e na alegria de viver. Brasileiros e italianos juntos, uma homenagem a essa aliança cinematográfica nos dez anos do REcine.

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M á r c i o Va s c o n c e l o sN a t r i l h a d o c a n g a ç o

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Para a execução deste trabalho, Márcio per-correu cerca de quatro mil km pelos sertões

de sete estados do nordeste brasileiro, território de efervescência do cangaço entre os anos de 1920 e 1940.

Virgulino Ferreira da Silva, ou Lampião, Rei do Cangaço, nasceu em 1898, em Vila Bela, atual Serra Talhada, em Pernambuco, e morreu na Grota de Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938.

Justiceiro e herói para alguns e bandido sangui-nário para outros, ele e sua companheira Maria Bonita são um mito em todo nordeste brasileiro.A saga desta figura emblemática da história bra-sileira é um dos episódios sociais mais instigantes da América do Sul. Lampião é o personagem

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mais biografado do Brasil e o segundo da Améri-ca Latina, ficando atrás apenas de Che Guevara.Inspirado no vasto material fotográfico deixado pelos fotógrafos da época, principalmente o filme e as fotografias de 1936 do libanês Benjamin Abrahão, surge a intenção em Márcio Vasconce-los de editar o projeto “Na Trilha do Cangaço.

A proposta do Projeto é resgatar e refazer os caminhos percorridos por Lampião e Maria Bonita, Corisco e Dadá e seus bandos, através da elaboração de uma trilha que liga locais que foram simbólicos na história do cangaço pelos sertões nordestinos.

Além do aspecto físico desse sertão revisitado, o Projeto procurou também identificar, localizar e fotografar personagens que fazem parte dessa

história, ou descendentes destes, e que ainda se encontram vivos para contar causos e atestar a veracidade do mito Lampião e Maria Bonita. Márcio passou por momentos de extrema emo-ção, principalmente quando se deparava com lugares simbólicos ou personagens que foram testemunhas e que ainda se encontram lúcidos apesar da idade avançada.

Este projeto foi premiado no 11º Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, promovido pelo Mi-nistério da Cultura através da Fundação Nacional de Artes – Funarte e, também, um dos finalistas do Prêmio Conrado Wessel 2011.

Contato: www.marciovasconcelos.com.br

O Sertão que Lampião pisou

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Per realizzare questo lavoro, Márcio ha percorso circa quattromila chilometri attraverso le zone interne semi desertiche di 7 stati del nord est brasiliano, territorio in cui si sviluppò il cangaço (ndr. Fenomeno di banditismo con appoggio da parte della popolazione) fra gli anni 1920 e

1940. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, Re del Cangaço, nacque nel 1898 a Vila Bela, attualmente Serra Talhada, in Pernambuco, e morì a Grota de Angico, Sergipe, il 28 luglio 1938. Giustiziere ed eroe per qualcuno, bandito sanguinario per altri, egli e la sua compagna, Maria Bonita, sono un mito in tutto il nord est del Brasile. La saga di questa figura emblematica della storia brasiliana è uno degli episodi sociali più stimolanti dell’America Latina. Lampião è il personaggio con più biografie in Brasile, secondo solo a Che Guevara. Ispirato nel vasto materiale fotografi-

co lasciato dai fotografi dell’epoca, principalmente il film e le fotografie del 1936 del libanese Bejamin Abrahão, sorge l’intenzione in Márcio Vasconcelos de realizzare il progetto “Na Trilha do Cangaço”. La proposta vuole riscattare e ripercorrere il cammino percorso da Lampião e Maria Bonita, Corisca e Dadá e le loro bande, elaborando um percorso che lega luoghi che sono stati simbolici nella storia del cangaço nel semi arido del nord est. Oltre l’aspetto fisico di questo paesaggio rivisitato, il Progetto ha tentato anche identificare, localizzare e fotografare personaggi che fanno parte di questa storia, o loro discendenti, che ancora sono vivi e in grado di raccontare i fatti e confermare la veridicità del mito di Lampião e Maria Bonita. Márcio ha vissuto momenti di estrema emozione, soprattutto incontran-do luoghi simbolici o personaggi che hanno testimoniato quei momenti e che ancora sono lucidi nonostante l’età avanzata. Questo progetto è stato premiato nell’11 Premio Funarte Marc Ferrez di Fotografia, promosso dal Ministero della Cultura attraverso la Funarte, ed è stato anche fra i finalisti del Premio Conrado Wessel 2011.

www.marciovasconcelos.com.br

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a r t e s p l á s t i c a sa r t e s p l á s t i c a sa r t e s p l á s t i c a sa r t e s p l á s t i c a s

Cearense, nascido em Santa Quitéria, filho de pai educador e neto

de carpinteiro, o artista autodidata Raimundo Rodriguez vive no

Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, desde os seis anos de idade. Tem

como matéria-prima o rejeito, as sobras, aquilo que não serve

para mais ninguém. Desse material surgem sonhos, poesia, fé, arte

sacra. Surge a luta pelo social, Raimundo é um dos fundadores

do Grupo Imaginário Periférico, cujas ações, entre outras coisas,

buscam expandir os limites geográficos da arte e participa do pro-

jeto Murais Urbanos, que tem como objetivo humanizar de forma

educativa os espaços públicos. Restauro e Cena são dois outros

territórios - expressão de que o artista se utiliza para organizar o

trabalho - em que atua. Foi diretor de arte da micro-série para a

TV A Pedra do Reino e artista responsável pelo Núcleo de Artes da

micro-série Hoje é dia de Maria (Rede Globo). Ao falar de Raimun-

do, André Seffrin parece nos mostrar uma perspectiva interes-

sante, não-reducionista: “Ele é um nordestino e assim se tem dele

uma idéia mais aproximada. Seu mundo de homem é seu mundo

de artista, aqui a sua nação de universalidade.”

R a i m u n d o R o d r i g u e z :“Acredito no trabalho, em muito trabalho”

Marisa Oliveira

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a r t e s p l á s t i c a sc u l t u r a

lho, de acordo com os respectivos territórios. RR - O segmentação é só uma forma de organizar para melhor leitura das minhas atividades, no fundo, eu só faço uma coisa: arte. FD - A religiosidade é uma marca forte e permanente nas suas obras – seja pela sacralização do objeto, pela atmosfera criada, pelo convite à contemplação e ao silêncio como advertência (de acordo com Lélia Frota). De onde vem esse traço tão imperativo? RR - Da minha formação familiar. Sou nordestino, do Ceará, de um lugar onde as pessoas só sobrevivem se tiverem fé, pois é

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FD - Como o sr. se descobriu artista plástico? RR - Muito cedo. Sempre gostei de desenhar. Lembro que certa vez, aos 7 anos, minha professora faltou e a turma foi dividida em outras classes mais avançadas e eu fiquei desenhando. Desenhei o Tira-dentes (Joaquim José da Silva Xavier). Hoje acho isso curioso e emblemático. Aos 15 anos participei de um salão de arte promo-vido pela prefeitura do Rio de Janeiro no planetário da Gávea. Fui selecionado e não parei mais. FD - O sr. é autodidata. De que ma-neira o sr. enriquece as técnicas de que se utiliza? RR - De todas as formas possíveis. Inte-

resso-me, holisticamente, por fazeres de modo geral. Acredito no trabalho, em muito trabalho; isso no meu caso é funda-mental para alcançar os resultados: testando ,investigado, perguntando, observando. FD - Quais as principais influências exercidas sobre seu trabalho/sua produção? RR - Kurt Schwitters, Joseph Cornell, An-selm Kiefer, Robert Rauschenberg e muitos outros. FD - O sr. apresenta seu trabalho, segmentando-o (se é que é o verbo adequado) em quatro territórios – Individual, Cena, Comunidade e Restauro. Fale-nos sobre seu traba-

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Livro de cabeceira: Livros de arte, muitos livros de arte Artistas que despontam: Daniela Seixas, Clarissa Campello, Ivar Rocha Local para viver: Moro em Nova Iguaçu RJ, é uma cidade cujo o estilo eu definiria como “surrealismo fantástico”. Aqui tudo pode acontecer, mas tento fazer do meu pedaço o melhor pedaço do mundo.Local para trabalhar: Aqui mesmo, no melhor pedaço do mundo.

Conhecendo melhor Raimundo Rodriguez:www.raimundorodriguez.blogspot.comwww.raimundorodriguez.com

só com o que contam. FD - O que São Jorge represen-ta para Raimundo Rodriguez? RR - Nasci no dia 24 de abril, um dia depois do dia de São Jorge. Ele repre-senta LUTA, LUTA, LUTA , sem fim. FD - O interesse pelo rejeito, tornar a dar vida ao que já está morto, proporcionar nova vida. O sr. se renova a cada obra ou a cada obra, simbolicamente, é o social que se recicla? Qual a di-mensão da renovação no campo da arte? RR - Sempre falo no meu trabalho em sentimento atávico, em memória afetiva. O social precisa se reciclar, dis-so depende a preservação do planeta

como nós conhecemos. FD - Fale-nos sobre a CAZA Arte Contemporânea. RR - A Caza Arte Contemporanea não é só uma galeria de arte, é um projeto artístico que pode estar em qualquer lugar. É um ideal, um sonho.

FD - Uma pergunta ainda: na arte de produzir, onde cabem os sonhos de Raimundo Rodriguez? RR - Na realidade, eu não tenho sonhos como a maioria das pessoas define. Os meus sonhos são projetos em via de realização. Planejo, preparo, ponho em ação, depois avalio. Acho que essa foi a maneira que encontrei para passar o tempo e, dessa forma, já se foram 48 anos.

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m42 Julho / Agosto 11

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m42 D E M O C R A T I C O8 f o r u m42 D E M O C R A T I C O8 f o r u m42

Luis [email protected]

A uma obra de arte, deve-se pedir pouco. Basta, em verdade,

que ela mude nossas vidas. Mais que isso, desnecessário. Me-

nos, inaceitável. Meu filho Ingmar, dezessete anos, esteve pela primei-

ra vez no Theatro Municipal para assistir comigo a uma encenação do

Nabuco de Verdi. Vestiu-se adequadamente, ele, e fomos, atrás de

uma experiência, num sentido forte do termo. Mudam-se os tempos,

muda-se a existência: Ingmar não sabia, mas seu lugar são lugares

como o Municipal, pois

vi alguém em sua casa,

por fora e por dentro.

Por fora: Ingmar assiste

a uma ópera como fosse

um veterano melôma-

no, ainda que a ele,

por razões geracionais

e muito mundanas,

capitalistas inclusive, seja

arremessado um discur-

so oficial que celebra o

gozo fácil – contradição

em termos, digo eu,

pois se é gozo, não faz sentido que seja fácil; gozo exige técnica, êxta-

se exige mística, no mínimo. Mas Ingmar, adolescente a quem tentam

ensinar que o gozo é fácil, que bom é divertir-se, viu uma orquestra,

viu gente bem vestida, viu mesmo adolescentes como ele, belas, be-

los e nem tão belos, e sentou-se no balcão como fosse um melôma-

no veterano. Como? Com a maior humildade, pois é obrigatório ao

experiente, ao experto é exigido, no mínimo, humildade – por isso

o experto é experto, pois sabe experimentar a abertura. Além disso,

sentia-se em casa como só se sente quem se percebe provisório em

casa própria, e mantém, como sói, a postura atenta e cortês do visi-

tante. Assim, de boca aberta e bocca chiusa, estava Ingmar como um

generoso jovem ouvinte do que não conhecia, pois nunca estivera

numa ópera, e mal sabia do que se tratava aquele tipo de experiência

– e estávamos atrás de experiência, num sentido veemente.

Por dentro: ao ver pos-

sibilidades mais radicais,

complexas e desafiadoras

da música, Ingmar nota que

é preciso mesmo descon-

fiar daquilo que, no mundo,

sugere que está tudo bem

como está, ou que gosto é

gosto. Por dentro, Ingmar

percebe o trabalho que se

mostra diante de seus ou-

vidos, e percebe também

que gozamos enquanto

construímos o gozo, e que

só gozo assim faz sentido gozar. Por fora e por dentro: em contato

com uma narrativa que põe em discussão fidelidade e amor, religiosi-

dade e transcendência, origem e escolhas, traição e alegoria – o era

uma vez hebreu e assírio do libreto fala, em rigor, de muitos e outros

povos, eleitos ou não –, Ingmar percebe-se diante de uma viva mun-

danidade, pois, percebe ele, é possível esperar mais do semelhante,

mais de si próprio precisamente neste mundo, nesses teatros.

Ingmar no municipal

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f o r u mD E M O C R A T I C O 43Julho / Agosto 11

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