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Comportamento clínico e epidemiológico da amigdalite em idade pediátrica . Dra . Isabel Caridad Matos - Gilbert, MSc. 1 , Dra . Antonia María Salermo - Reyes , MSc. 2 1 Especialista de II Grau em Pediatria, Mestre em Atenção Integral a Criança. Professora Auxiliar. 2 Especialista de II Grau em Otorrinolaringologia, Especialista de I Grau em Medicina Geral e Familiar, Mestre em Atenção Integral a Criança. Professora Auxiliar. Clínica Multiperfil, Luanda, Angola [email protected]

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Comportamento clínico e epidemiológico da

amigdalite em idade pediátrica.

Dra. Isabel Caridad Matos-Gilbert, MSc.1,Dra. Antonia María Salermo-Reyes, MSc.2

1Especialista de II Grau em Pediatria, Mestre em Atenção Integral a Criança. Professora Auxiliar.

2Especialista de II Grau em Otorrinolaringologia, Especialista de I Grau em Medicina Geral e Familiar, Mestre em Atenção Integral a Criança. Professora Auxiliar.

Clínica Multiperfil, Luanda, [email protected]

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INTRODUÇÃO

Das prescrições médicas de antibióticos na população estudada, 88,9% foram para tratamento de amigdalites, atrás apenas das

pneumonias4.

A incidência é maior dos 3 aos 15 anos, sem predileção por sexo,em

Climas frios, temperados e nos períodos de inverno e primavera

As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são causas importantes da procura

de serviços médicos na faixa etária pediátrica.

As doenças infecciosas são umo dos motivos mais comuns de consulta ao médico, sobretudo em bancos de

urgências.

Cerca de 70% dos casos correspondem a infecções do tracto

respiratório, em especial as faringotonsilites

Nos Estados Unidos se estima que esta condição corresponda a mais de

40 milhões de consultas por ano

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Entre elas estão as faringotonsilites de causas virais e bacterianas

O termo correto para a infecção é faringoamidalite, uma vez que dificilmente a criança terá somente amigdalite isolada

Há uma inflamação com comprometimento de todo o anel linfático da faringe juntamente com a infecção do anel de Waldeyer

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As amígdalas correspondem a glândulas que integram o sistema imunitário e que contribuem para a defesa do organismo contra agentes infecciosos (desempenham a função de uma verdadeira barreira defensiva em relação a agentes infecciosos, como vírus e bactérias).

Todos nós possuímos duas amígdalas palatinas (uma de cada lado), localizadas no fundo da garganta.

Classificação das faringotonsilites:

Do ponto de vista clínico: específicas, inespecíficas.

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Manifestação de patologias: sistêmicas e locais, Pelo tempo de evolução: agudas e crônicas.

Do ponto de vista etiológico, existem as não infecciosas (de causa alérgica, enfermidades autoimunes e outras) e as infecciosas, que são as mais comuns e, dentre elas, as virais têm maior prevalência.

Dentre as infecções bacterianas, o Streptococcus pyogenes beta-hemolítico do grupo A e fungos

Dentre as infecções bacterianas, o Streptococcus pyogenes beta-hemolítico do grupo A é o agente mais prevalente e o que merece especial atenção devido ao risco de complicações sistémicas

Existem, ainda, agentes infecciosos mais raros como outras bactérias, que não o Streptococcus

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OBJECTIVOS

GERAL

Fornecer uma visão actualizada da patologia, relacionada com as principais manifestações clínicas e intervenções terapêutica mais importante.

ESPECIÍFICOS

Definir conceitos de amigdalite

Descrever os diversos factores epidemiológicos, etiológicos e fisiopatologia.

Abordar os seus sintomas, formas de transmissão, métodos de diagnóstico, complicações possíveis e opções de tratamento.

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MATERIAL E MÉTODOS

A revisão bibliográfica foi realizada por meio deconsulta em bases de dados, baseada emtrabalhos escritos em espanhol, português ouinglês, obtidos nas bases de dados ScientificElectronic Library (SciELO) e Google acadêmico,utilizando por referência publicações realizadasentre 2010 e 2017. Palavras-chave: amigdalite,toncelites, amigdalectomia, Streptococo,farincotonsilites, toncilites em pediatria.

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RESULTADOS

A Amigdalite Aguda (AA) define-se por um processoinflamatório agudo das amígdalas palatinas. A maioria dosepisódios são de etiologia vírica, benignos e autolimitados. OStreptococcus de grupo A (SGA) é o agente bacteriano maisfrequente (±40% dos casos de Amigdalite Aguda em idadepediátrica)6. A Amigdalite Aguda por Streptococcus de grupo Aé mais frequente na idade escolar, sendo rara antes dos 3anos. Os casos de Amigdalite Aguda não complicada comduração de sintomas inferior a 14 dias em criançaspreviamente saudáveis

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ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA

A maioria dos casos de faringite e amigdalite na criança são de causa virai. O predomínio da infecção virai é ainda maior abaixo dos 3 anos de idade, um grupo onde a infecção faríngea de causa bacteriana é pouco frequente.

As bacterianas apresenta uma distribuição etária bimodal, com um primeiro pico de incidência entre os 5 e os 7 anos e um segundo pico entre os 12 e os 13 anos. A infecção dissemina-se através do contacto directo com as secreções da garganta ou nariz de pessoas infectadas, propagando-se rapidamente em comunidades fechadas tais como escolas e infantários.

Excepcionalmente, pode haver infecção por contacto com portadores assintomáticos. As crianças têm um papel importante na transmissão da infecção, tanto no seio familiar como na comunidade

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ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA

Os agentes etiológicos virais mais comuns são: Rinovírus, Adenovírus, Coxsackie, Influenza, Parainfluenza, Vírus Respiratório Sinsicial e Vírus Epstein-Barr.

Os bacterianos são: Streptococcus pyogenes, também conhecido como estreptococo

beta-hemolítico do grupo A de Lancefield (EBGA), Haemophilus influenzae, Moxarella catarrhalis Staphylococcus aureus;a frequência destes agentes varia de acordo com a estação do ano,a idade da criança e a área geográfica

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Os sinais e sintomas são pesquisados através da anamnese e do exame físico que, na fase inicial, mostram praticamente as mesmas informações nas diferentes etiologias das infecções: hiperemia dos pilares amigdalianos, das amígdalas e da faringe e hipertrofia dos folículos linfáticos.

• Portanto, são de baixa sensibilidade e especificidade para avaliação clínica no diagnóstico etiológico de infecção pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A

Atualmente, a maioria das entidades médicas pediátricas recomenda que o diagnóstico de faringotonsilite em pacientes com suspeita clínico-epidemiológica de infecção pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A, seja confirmado por meio do uso de técnicas microbiológicas.

A identificação da etiologia da infecção é imprescindível para a determinação do tratamento, que consiste em tratamento sintomático para os quadros virais e antibioticoterapia para os bacterianos.

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Classificação clínica das faringotonsilitesAmigdalite aguda: febre, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical com hiperemia de amígdalas, podendo haver exsudatos.

Amigdalite aguda recorrente: Episódios recorrentes ou freqüentes de infecções agudas que acometem tonsilas palatinas, faríngeas ou mucosa de faringe.

Amigdalite crônica: dor de garganta crônica, halitose, cálculos amigdalianos excessivos, edema periamigdaliano e adenopatia cervical amolecida persistente.

Hiperplasia amigdaliana: roncos, apnéia obstrutiva do sono, disfagia, voz hipernasal.

Em casos extremos, se associada com obstrução nasal e muito intensa (quadro agudo), pode causar insuficiência respiratória aguda.

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DIAGNÓSTICO

A confirmação microbiológica da AA por Streptococcus de grupo A na idade pediátrica devem ser realizados antes do início da antibioterapia

As manifestações clínicas sugestivas de etiologia vírica:Conjuntivite, Coriza, Tosse, Rinorreia, Rouquidão,Úlceras orais, Diarreia, são indicativas para se confirmaro diagnóstico

O diagnóstico de Amigdalite Aguda não pode serbaseado exclusivamente na epidemiologia emanifestações clínicas, exceto na presença de clínicafortemente sugestiva de Amigdalite Aguda deetiologia vírica ou na presença de exantema típicode escarlatina.

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O momento de encaminhar uma criança com amigdalite ao especialista (otorrinolaringologista) em geral coincide com o momento em que se começa a cogitar a possibilidade de tratamento cirúrgico.

Quando as amigdalites aparecem com muita frequência e não respondem ao tratamento clínico, o paciente recebe indicação de um outro tratamento o cirúrgico.

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TRATAMENTOS

O tratamento de escolha de acordo comParacetamol ou o Ibuprofeno são recomendadosno alívio da dor e/ou febre, nas crianças eadolescentes sintomáticos com Amigdalite Agudaindependentemente da etiologia e do uso deantibióticos.

A duração do tratamento é de acordo com aclínica.

A antibioterapia é obrigatória em todas ascrianças ou adolescentes sintomáticos comAmigdalite Aguda por Streptococcus de grupo A.

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TRATAMENTOS

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CONCLUSÕES

A amigdalite, um dos problemas mais comunsna infância devido à imaturidade do seusistema imunitário, aliado ao facto de amaioria delas frequentar creches einfantários, que são locais propícios àpropagação de vírus e bactérias, o que facilitao contágiosão.

Regra geral, autolimitadas e raramenteevoluem para quadros mais graves,no casode origem bacteriana, quando não tratada,podem surgir complicações

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CONCLUSÕES

A antibioterapia é obrigatória em todas as crianças ou adolescentes sintomáticos com Amigdalite Aguda por Streptococcus de grupo A confirmada por teste diagnóstico antigénico rápido e/ou cultura.

A remoção das amígdalas só é recomendada em situações particulares, como por exemplo: amigdalites recorrentes, amigdalites bacterianas que não respondem aos antibióticos e quando o inchaço das amígdalas é de tal ordem que torna difícil a deglutição e a respiração.

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RECOMENDAÇÕES

Sugerimos que os programas de educaçãocontinuada para pediatras eotorrinolaringologistas ampliem oconhecimento das pesquisas científicassobre diagnóstico e prevenção dasamigdalitis na crianca, e procuremuniformizar as condutas terapêuticas nasduas especialidades.

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BIBLIOGRAFIA

1. Direção-Geral da Saúde. Diagnóstico e tratamento da amigdalite aguda na idade pediátrica: norma de orientação clínica nº 020/2012, de 26/12/2012. Lisboa: DGS; 2012.

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