ATTREZZATURE Accordo Formazione Conferenza Stato Regioni 22-02-2012
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Mestrado em Turismo e Comunicação
Inovação em Turismo
Turismo Étnico e Turismo Comunitário
Um estudo de caso sobre o turismo na Cova da Moura e o turismo nas favelas
brasileiras
João Pedro Marques Mateus, 8382
Resumo
Este artigo foca o turismo étnico e o turismo comunitário como modelos das novas dinâmicas
do consumo turístico e sendo originados pela restruturação da definição de turismo. Estas
novas dinâmicas surgem como consequência do aparecimento de novos tipos de procura de
destinos turísticos, que por sua vez, resulta de vários fatores sociais e económicos. O turismode nicho tem mais impacto nas populações visitadas do que o turismo de massas, o qual tem
pacotes turísticos e oferta na hotelaria de um modo padronizado. Os novos conceitos turísticos
estão a evoluir de uma forma completamente diferente daquela como evoluiu o turismo que
se desenvolveu durante a primeira década do século XX. Estes conceitos assentam em novos
tópicos que envolvem mais o turista com as comunidades locais, possibilitando o contacto com
novas culturas e novas experiências de enriquecimento cultural. O turismo transforma-se
assim numa atividade que se afasta gradualmente da massificação standard e da monocultura
turística e passa a dar mais atenção aos valores humanos e às trocas de valores culturais entre
turista e comunidade local.
Este artigo foca ainda em dois casos diferentes de turismo, o turismo comunitário praticadonas favelas brasileiras e o turismo étnico praticado na Cova da Moura em Lisboa. No turismo
comunitário praticado nas favelas, a comunidade organiza-se para receber turistas, enquanto
que no turismo étnico praticado na Cova da Moura, a finalidade prende-se por observar as
expressões culturais e modos de vida da comunidade visitada. Apesar de terem vários aspetos
opostos, ambos estão envolvidos no termo “comunidade”, entre outros aspetos.
Palavras-chave: turismo étnico, turismo comunitário, comunidade
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1. Introdução
O turismo é considerado, desde o início do século XX, a atividade económica que se
apresenta como o principal gerador da economia global, ultrapassando mesmo
indústrias fortes de outros setores.
O conceito de turismo tem vindo a ser modificado ao longo dos tempos. No Grand
Tour , séculos XVII/XVII, o objetivo primordial era o desejo de obter novos
conhecimentos e novas experiências através de uma viagem pelas capitais europeias
mais desenvolvidas, mas esta estava apenas disponível para a classe mais abastada.
Entretanto, o desenvolvimento dos meios de transporte veio permitir que a classe
média pudesse também viajar até outros locais com o objetivo de ter momentos de
lazer.
Foi já no século XX, que a importância do turismo começou a ser reconhecida pelos
órgãos governamentais. Em 1920 a Liga das Nações reconheceu que o Turismo era um
interesse comum para os países e que deveriam ser feitos esforços para que as
pessoas pudessem viajar. Após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento da
indústria automóvel e aeronáutica ocorreu um boom no turismo, dando-se a
democratização e massificação do mesmo. Com a evolução dos meios de
comunicação, a partir de 1990 houve um aparecimento de grandes companhias no
setor turístico com pacotes de novos produtos e destinos, o que levou ao aumento
notável do número de turistas. E vão assim surgindo cada vez mais, novas definições
no conceito de turismo.
Um espaço turístico será um local que é reconhecido pelo peso potencial da sua
atividade, pelo volume e expressão dos seus recursos e pelo seu exotismo. É nesteúltimo conceito que o comportamento do turista se tem baseado, na procura de novas
tendências, tal como na busca de novas experiências em culturas exóticas e diferentes.
Segundo Ramiro (2010), estes novos comportamentos implicam um maior interesse
em ambientes naturais, em comunidades e em espaços urbanos degradados, tendo
como finalidade a busca pelas novas experiências, novos contactos culturais e
exotismo. O turismo étnico e o comunitário assentam nessa premissa, como refere
Berghe (1994) “o turismo étnico existe onde o turista ativamente procura o exotismo
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étnico”. O turismo está, portanto, cada vez mais voltado para as necessidades pessoais
dos turistas. Segundo Cunha (2001), existe agora uma sofisticação da oferta, com a
especialização de produtos e uma segmentação da procura e satisfação dos
consumidores turísticos. Estes novos conceitos divergem do tradicional turismo demassa padronizada em que se envolvia quase unicamente sol e praia. As novas
modalidades alocêntricas1 surgem nos destinos emergentes que se afastam
gradualmente dos destinos psicocêntricos2 (Plog, 1972).
Os novos conceitos atuam nas novas demandas dos turistas e dos seus interesses
pessoais. Os conceitos de turismo étnico e turismo comunitário estão inseridos no
turismo de nicho, que surge cada vez mais como “fuga” ao turismo de massa , uma vez
que, como refere Zaoual (2009), o turismo massificado e os seus serviços turísticos
estão desgastados. Este realça ainda que, “o turismo de massa foi vítima do seu
próprio sucesso (…) é na diversidade que a nova demanda turística esgota as suas
motivações profundas”.
Com a emergência de novos destinos turísticos, surgem também novas expressões
culturais no contexto urbano devido à variedade de etnias que compõem o tecido
urbano. Estas novas expressões culturais surgem dentro de uma certa comunidade no
espaço urbano, e por sua vez levam essa comunidade a beneficiar de um exotismo que
atrai os “novos” turistas. Segundo Simmel (2004), a diversidade cultural em espaços
urbanos é estimulada pelas trocas culturais. É esta nova tendência que surge na Cova
da Moura e nas favelas brasileiras e que vai de encontro à procura dos novos espaços
de expressão cultural dentro de uma determinada comunidade3.
Segundo Zaoual (2009), o Homem dos dias de hoje está à procura das suas raízes
culturais, onde se possa inserir em harmonia e com um sentimento de pertença.
Bauman (1997) também defende esta procura de pertença por parte do turista
moderno. O processo de redefinição de identidade resulta na procura de um turismo
étnico e comunitário, para que o turista sinta o sentimento de pertença através da
oferta étnica dos produtos oferecidos pela comunidade.
1 Alôcentricos – Busca de novas experiências, novas atrações.2 Psiconcentricos – Ir a sítios que já se conhece. Associado às bolhas de turismo – locais dentro dosresorts /hotéis que dispõem de comida internacional, lazer, atividades, etc. 3 “Grupo social residente num pequeno espaço geográfico, cuja integração das pessoas entre si, e dessascom o lugar cria uma identidade tão forte que tanto os habitantes como o lugar são identificados comolugar” (Silva, 2005)
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O turismo “vende” paisagens belas e admiráveis, sejam elas naturais ou feitas pelo
Homem, contudo o turismo na Cova da Moura e nas favelas brasileiras não se
relaciona com esse ponto de vista, uma vez que a paisagem não é atrativa nestes
locais, devido à pobreza e degradação do espaço. Ambos os espaços não têmpropriamente as atrações turísticas às quais estamos habituados nem têm locais
históricos. Mas a comunidade inserida nesses locais arranjou uma alternativa para
atrair potenciais turistas e para se obter uma troca de valores culturais e sociais entre
turistas e moradores. A comunidade e os seus moradores têm um papel chave para a
criação de uma oferta turística que passa pela criação de iniciativas e atrações que
possam vir a resultar em ofertas turísticas. A comunidade tem que trabalhar no
sentido de promover uma experiência mais profunda, que desperte o interesse do
turista. No turismo étnico a atração turística é o “outro” e a sua cultura , enquanto no
turismo comunitário que ocorre nas favelas brasileiras, os moradores da comunidade
são empreendedores turísticos que criaram recursos para receber os turistas, tais
como hostels (como é o caso do Favela Inn) e bares. Ambos os conceitos estão de certa
maneira interligados pois assentam na base de comunidade e resultam como uma
ajuda para melhorar as condições económicas e sociais em que os moradores vivem.
Portanto, é correto afirmar que o objetivo da comunidade é trazer riqueza para dentro
da mesma, contribuindo para um desenvolvimento social, económico e comunitário.
2. Turismo Étnico: O caso do turismo praticado no Alto da Cova da Moura
Segundo Cunha (2001), Smith (1989) e McIntosh (1995), o turismo étnico é
definido pelas viagens ou deslocações com vista ao contacto do turista com culturas de
“povos exóticos” (Cunha, 2001). A comunidade visitada tem uma expressão cultural e
um modo de vivência diferente daqueles que têm os turistas, e é isso que leva cada
vez mais pessoas a visitar estas comunidades e o seu exotismo. Até aqui o turismo
étnico poderia ser definido por turismo cultural pois a sua definição é francamente
semelhante, contudo no turismo étnico a diferença está no facto de o turista ter
ligações diretas ou indiretas com a comunidade visitada (Berghe, 1994) , o “berço
familiar” (Cunha, 2001) ou “destino ancestral” (Ostrowski, 1991). Quando falamos em
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exotismo e comunidades exóticas podemos associar a comunidades tribais que vivem
em ambientes também exóticos, mas neste caso o turismo étnico está relacionado
com as questões de imigração (Lima, 2004), nomeadamente comunidades imigrantes
em Portugal. Em Portugal residem milhares de imigrantes oriundos principalmente deantigas colónias portuguesas. Grande parte desses imigrantes habita em bairros sociais
que são constituídos quase na sua totalidade por pessoas da mesma nacionalidade.
Devido a este facto, a comunidade constrói ligações às suas origens e preserva assim
as expressões culturais do seu país de origem. Os turistas que visitam estas
comunidades têm assim contacto com uma cultura à qual estão ligados de certa
forma, um contacto com a sua identidade. É assente nesta base que o turismo étnico
em contexto urbano começa a produzir os seus frutos e que cada vez atrai mais
pessoas, tanto turistas em busca das suas raízes culturais (ancestrais) como turistas
movidos pela curiosidade de conhecer novas culturas e novas vivências. Estas
comunidades culturais cultivam e mostram aos turistas as tradições e expressões
culturais dos países de onde são oriundos.
O turismo praticado no Alto da Cova da Moura (Projecto Sabura4 desenvolvido pela
Associação Moinho da Juventude) é um dos melhores exemplos de sucesso de turismo
étnico praticado em contexto urbano. Este conceito revolucionador e único em Lisboa
transforma o bairro social do Alto da Cova da Moura, conhecido por motivos
negativos, num local a ser visitado e onde os moradores oferecem várias atrações
turísticas. Este novo “destino” está a ter um sucesso tão grande que já tem referências
em websites de ofertas turísticas (Lifecooler 5 e ImpacTrip) e até uma maquete para um
hotel de turismo étnico6 neste bairro social.
O turismo praticado na Cova da Moura oferece aos visitantes a possibilidade de
entrar em contacto com culturas africanas, o tal exotismo que o turista moderno
procura. O sucesso deste conceito resulta também em grande parte devido à relação
direta ou indireta que os visitantes têm com a cultura africana e à procura nesta
comunidade de um contacto com as suas origens. Uma das grandes “atrações” são os
cabeleireiros locais que fazem penteados africanos quase exclusivos, assim como lojas
4 Sabura – “apreciar aquilo que é bom, saborear” (www.moinhodajuventude.pt) 5 http://www.lifecooler.com/artigos/novidades-e-tendencias-do-lazer-no-dia-do-turismo/6438/6 http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=993288&page=2
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que vendem unicamente produtos africanos. Estas duas “ofertas turísticas” são as que
atraem o visitante com ligações à cultura africana. Outras atrações7 como os
restaurantes de gastronomia típica ou os espetáculos de dança e música, atraem mais
os turistas que buscam conhecer outras culturas, ou que procuram o exotismo nacomunidade.
Segundo o relatório das fichas de visita8 do Projeto Sabura, a associação Moinho da
Juventude contabilizou entre 2004 e 2006, 460 visitas ao bairro. Num quadro mais
atual, a associação afirma que recebe mais de mil visitantes aos fins-de-semana.
Segundo o mesmo relatório, as visitas registadas por parte de instituições são de
universidades e organizações não-governamentais nacionais e estrangeiras. Parece
que este tipo de visitas resulta da busca em conhecer este novo conceito, aliando
também o contacto com a cultura africana através das propostas apresentadas pela
comunidade. Também se pode verificar no mesmo relatório, que várias
individualidades visitaram o bairro, desde figuras de órgãos governamentais a
jornalistas. Segundo os visitantes, a satisfação na visita ao bairro é bastante positiva e
consideram o trabalho feito pela comunidade bastante excecional. Este projeto tem
como conceitos: “ promover na opinião pública uma ideia positiva do bairro e os seus
moradores, proporcionar oportunidades de descobrir as potencialidades do bairro e as
suas mais-valias, realçar a cultura da Cova da Moura e valorizar e estimular o
comércio/atividades económicas do bairro”.
Através da divulgação do projeto na comunicação social, o número de “turistas”
aumentou exponencialmente. Existe agora uma intensa procura por cabeleireiros
locais e lojas de comércio de produtos africanos. O projeto criou assim mais
espetáculos de dança e música nos quais expressam o exotismo africano, para atrair
ainda mais visitantes. Mas este conceito não oferece só estes espetáculos, existe
também um roteiro pelo bairro, não para conhecer locais históricos, pois são
inexistentes, mas sim para ter num contacto direto com as pessoas e as suas histórias,
conhecer a história da comunidade e os valores da cultura africana. A comunidade da
Cova da Moura é na sua grande maioria cabo-verdiana mas também existem outras
nacionalidades africanas que a compõem. Houve grande harmonia entre as várias
7 http://redeciencia.educ.fc.ul.pt/moinho/requalif_bairro/sabura.pdf8 http://redeciencia.educ.fc.ul.pt/moinho/requalif_bairro/RelatorioSABURA.pdf
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nacionalidades para criar laços, para fortalecer o espírito africano e para oferecer
assim um “produto” mais homogéneo da cultura africana. O projeto é visto com bons
olhos pela comunidade e esta vê-o como uma oportunidade, tanto a nível económico e
social, como para mostrar o que o bairro tem de melhor para oferecer, quebrando aospoucos o estigma, a visão negativa estereotipada que as pessoas de fora têm do
bairro. Além destas ofertas para os visitantes, em que melhora em parte a economia
local, a associação Moinho da Juventude tem também um gabinete de inserção
profissional e um centro de tempos livres para as crianças que se tornam mais-valias
para a dinamização social do bairro.
3.
Turismo Comunitário: o caso do turismo praticado nas favelas brasileiras
Segundo Sampaio (2010), o turismo comunitário é descrito como uma modalidade
emergente no sector turístico, em que os moradores de uma certa comunidade
fornecem aos visitantes serviços turísticos, como dormidas, alimentação em
restaurantes locais e visitas guiadas. Estes moradores são microempresários
individuais/familiares que trabalham em virtude do bem-estar da comunidade de uma
forma associativa, comunitária e responsável. Este conceito está a ganhar cada vez
mais adeptos e está a tornar-se num destino bastante referenciado em todo o estado
brasileiro, existindo mesmo operadoras turísticas a trabalharem exclusivamente no
turismo nas favelas9 brasileiras. As favelas brasileiras e os microempresários locais
aproveitaram a pacificação da polícia que houve nas favelas para oferecerem um
produto turístico. Já existem dezenas de hostels espalhados pelas favelas, que são
dirigidos por moradores locais e até estrangeiros que viram na favela um meio de
prospeção de negócio. Contudo, algumas visitas guiadas são realizadas dentro de
veículos policiais ou com escolta policial, que podem ou não tornar-se numa atração
(turismo de aventura), mas que proporcionam uma “ausência” de comunidade,uma
vez que não há o encontro direto entre o turista e o morador para desenvolver laços
9 “O termo favela diz respeito a um aglomerado de pelo menos 50 moradias, na sua maioria carentes deinfraestruturas e localizados em terrenos não pertencentes aos moradores. A favela constitui-se numaocupação ilegal de terras. Terrenos sem uso são ocupados pelas famílias sem terras e sem teto.” (Rodrigues, 1989)
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sociais. Daqui resulta um distanciamento entre os moradores e os turistas, não se
acabando com os preconceitos e o desentendimento recíproco (Spampinato, 2009).
Segundo Ouriques (2005) este turismo é tão bem sucedido porque os turistas
desejam ver como os moradores vivem sem quaisquer equipamentos e serviçospúblicos num espaço urbano pobre, isolado e sem alternativas económicas. Este
espaço tem então uma finalidade turística e difere dos espaços do quotidiano. Outros
autores como Rezende (2014) afirmam que outro fator importante na expansão deste
destino turístico é o facto das favelas possuírem as mais belas paisagens para o oceano
e para o resto da cidade, pois estão inseridas nas encostas. Estas vistas que se obtêm
nas favelas brasileiras não se igualam às vistas nos locais destinados aos ricos, pois
essas zonas geralmente situam-se à beira-mar. Mas as favelas não oferecem só belas
paisagens aos turistas, os passeios são marcados por feiras de artesanato criadas por
alguns moradores, encontrando-se telas a óleo, bolsas feitas de revistas ou produtos
feitos em porcelana. O turismo nas favelas começa com a procura, por parte dos
turistas, desse tipo de visitas e passeios de diferentes formas a favelas, através das
agências de viagens. Contudo, os passeios realizados através de uma operadora
turística não são viáveis à comunidade pois esta recebe pouca ou nenhuma receita
gerada nesses casos, pois todo o lucro vai direto para as operadoras turísticas não
contribuindo assim para o desenvolvimento económico da comunidade ou para a
criação de projeto sociais por exemplo. Os trabalhadores ligados a esta atividade
turística na sua grande maioria não são moradores, ou seja, este “produto turístico”
não contribuiu para a geração de empregos na comunidade. Um problema de impacto
social seria a industrialização dos produtos artesanais que são oferecidos aos visitantes
e que são uma ajuda económica para os moradores. Segundo Machado (2007), o
turismo praticado nas favelas brasileiras pode também trazer conflitos sociais internos
como as disputas de poder ou acesso a “territórios”.
O turismo nas favelas brasileiras é gerador de cada vez mais receitas e visitantes.
Os projetos de urbanização nas favelas já estavam a ser planeados antes do
surgimento deste novo conceito, no entanto devido à elevada procura por este tipo de
visita, o governo brasileiro irá investir fortemente na melhoria de infraestruturas nas
favelas o que ajudará as comunidades a nível económico, social e educacional.
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de reconverter estes espaços urbanos, geralmente associados à imigração e à
ilegalidade, em espaços de certa maneira mais humanos. No Alto da Cova da Moura, a
associação que promove o turismo pelo bairro criou um núcleo de apoio aos
moradores para melhoria das condições de habitação, de higiene, de limpeza elegalização dos moradores imigrantes. A associação criou também um jardim-de-
infância, um ATL para crianças e um Centro de Informação Jovem que dispõe de uma
biblioteca. Tudo isto são ferramentas que ajudam a enriquecer a comunidade e
preservar a identidade local através da cooperação entre moradores e instituições
governamentais.
Segundo Coriolano (2006), o turismo não acaba com a pobreza nestes locais mas
pode fornecer muitas oportunidades, tais como oferta de trabalho, ganhos e
valorização pessoal e cultural, que contribuem para o desenvolvimento social e
humano e para acabar com o preconceito que geralmente está associado a estes
espaços urbanos.
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