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    Mestrado em Turismo e Comunicação

    Inovação em Turismo

    Turismo Étnico e Turismo Comunitário

    Um estudo de caso sobre o turismo na Cova da Moura e o turismo nas favelas

    brasileiras

    João Pedro Marques Mateus, 8382

    Resumo

    Este artigo foca o turismo étnico e o turismo comunitário como modelos das novas dinâmicas

    do consumo turístico e sendo originados pela restruturação da definição de turismo. Estas

    novas dinâmicas surgem como consequência do aparecimento de novos tipos de procura de

    destinos turísticos, que por sua vez, resulta de vários fatores sociais e económicos. O turismode nicho tem mais impacto nas populações visitadas do que o turismo de massas, o qual tem

    pacotes turísticos e oferta na hotelaria de um modo padronizado. Os novos conceitos turísticos

    estão a evoluir de uma forma completamente diferente daquela como evoluiu o turismo que

    se desenvolveu durante a primeira década do século XX. Estes conceitos assentam em novos

    tópicos que envolvem mais o turista com as comunidades locais, possibilitando o contacto com

    novas culturas e novas experiências de enriquecimento cultural. O turismo transforma-se

    assim numa atividade que se afasta gradualmente da massificação standard  e da monocultura

    turística e passa a dar mais atenção aos valores humanos e às trocas de valores culturais entre

    turista e comunidade local.

    Este artigo foca ainda em dois casos diferentes de turismo, o turismo comunitário praticadonas favelas brasileiras e o turismo étnico praticado na Cova da Moura em Lisboa. No turismo

    comunitário praticado nas favelas, a comunidade organiza-se para receber turistas, enquanto

    que no turismo étnico praticado na Cova da Moura, a finalidade prende-se por observar as

    expressões culturais e modos de vida da comunidade visitada. Apesar de terem vários aspetos

    opostos, ambos estão envolvidos no termo “comunidade”, entre outros aspetos.

    Palavras-chave: turismo étnico, turismo comunitário, comunidade

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    1.  Introdução

    O turismo é considerado, desde o início do século XX, a atividade económica que se

    apresenta como o principal gerador da economia global, ultrapassando mesmo

    indústrias fortes de outros setores.

    O conceito de turismo tem vindo a ser modificado ao longo dos tempos. No Grand

    Tour , séculos XVII/XVII, o objetivo primordial era o desejo de obter novos

    conhecimentos e novas experiências através de uma viagem pelas capitais europeias

    mais desenvolvidas, mas esta estava apenas disponível para a classe mais abastada.

    Entretanto, o desenvolvimento dos meios de transporte veio permitir que a classe

    média pudesse também viajar até outros locais com o objetivo de ter momentos de

    lazer.

    Foi já no século XX, que a importância do turismo começou a ser reconhecida pelos

    órgãos governamentais. Em 1920 a Liga das Nações reconheceu que o Turismo era um

    interesse comum para os países e que deveriam ser feitos esforços para que as

    pessoas pudessem viajar. Após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento da

    indústria automóvel e aeronáutica ocorreu um boom no turismo, dando-se a

    democratização e massificação do mesmo. Com a evolução dos meios de

    comunicação, a partir de 1990 houve um aparecimento de grandes companhias no

    setor turístico com pacotes de novos produtos e destinos, o que levou ao aumento

    notável do número de turistas. E vão assim surgindo cada vez mais, novas definições

    no conceito de turismo.

    Um espaço turístico será um local que é reconhecido pelo peso potencial da sua

    atividade, pelo volume e expressão dos seus recursos e pelo seu exotismo. É nesteúltimo conceito que o comportamento do turista se tem baseado, na procura de novas

    tendências, tal como na busca de novas experiências em culturas exóticas e diferentes.

    Segundo Ramiro (2010), estes novos comportamentos implicam um maior interesse

    em ambientes naturais, em comunidades e em espaços urbanos degradados, tendo

    como finalidade a busca pelas novas experiências, novos contactos culturais e

    exotismo. O turismo étnico e o comunitário assentam nessa premissa, como refere

    Berghe (1994) “o turismo étnico existe onde o turista ativamente procura o exotismo

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    étnico”. O turismo está, portanto, cada vez mais voltado para as necessidades pessoais

    dos turistas. Segundo Cunha (2001), existe agora uma sofisticação da oferta, com a

    especialização de produtos e uma segmentação da procura e satisfação dos

    consumidores turísticos. Estes novos conceitos divergem do tradicional turismo demassa padronizada em que se envolvia quase unicamente sol e praia. As novas

    modalidades alocêntricas1  surgem nos destinos emergentes que se afastam

    gradualmente dos destinos psicocêntricos2 (Plog, 1972).

    Os novos conceitos atuam nas novas demandas dos turistas e dos seus interesses

    pessoais. Os conceitos de turismo étnico e turismo comunitário estão inseridos no

    turismo de nicho, que surge cada vez mais como “fuga” ao turismo de massa , uma vez

    que, como refere Zaoual (2009), o turismo massificado e os seus serviços turísticos

    estão desgastados. Este realça ainda que, “o turismo de massa foi vítima do seu

    próprio sucesso (…) é na diversidade que a nova demanda turística esgota as suas

    motivações profundas”. 

    Com a emergência de novos destinos turísticos, surgem também novas expressões

    culturais no contexto urbano devido à variedade de etnias que compõem o tecido

    urbano. Estas novas expressões culturais surgem dentro de uma certa comunidade no

    espaço urbano, e por sua vez levam essa comunidade a beneficiar de um exotismo que

    atrai os “novos” turistas. Segundo Simmel (2004), a diversidade cultural em espaços

    urbanos é estimulada pelas trocas culturais. É esta nova tendência que surge na Cova

    da Moura e nas favelas brasileiras e que vai de encontro à procura dos novos espaços

    de expressão cultural dentro de uma determinada comunidade3.

    Segundo Zaoual (2009), o Homem dos dias de hoje está à procura das suas raízes

    culturais, onde se possa inserir em harmonia e com um sentimento de pertença.

    Bauman (1997) também defende esta procura de pertença por parte do turista

    moderno. O processo de redefinição de identidade resulta na procura de um turismo

    étnico e comunitário, para que o turista sinta o sentimento de pertença através da

    oferta étnica dos produtos oferecidos pela comunidade.

    1 Alôcentricos – Busca de novas experiências, novas atrações.2 Psiconcentricos – Ir a sítios que já se conhece. Associado às bolhas de turismo – locais dentro dosresorts /hotéis que dispõem de comida internacional, lazer, atividades, etc. 3 “Grupo social residente num pequeno espaço geográfico, cuja integração das pessoas entre si, e dessascom o lugar cria uma identidade tão forte que tanto os habitantes como o lugar são identificados comolugar” (Silva, 2005)

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    O turismo “vende” paisagens belas e admiráveis, sejam elas naturais ou feitas pelo

    Homem, contudo o turismo na Cova da Moura e nas favelas brasileiras não se

    relaciona com esse ponto de vista, uma vez que a paisagem não é atrativa nestes

    locais, devido à pobreza e degradação do espaço. Ambos os espaços não têmpropriamente as atrações turísticas às quais estamos habituados nem têm locais

    históricos. Mas a comunidade inserida nesses locais arranjou uma alternativa para

    atrair potenciais turistas e para se obter uma troca de valores culturais e sociais entre

    turistas e moradores. A comunidade e os seus moradores têm um papel chave para a

    criação de uma oferta turística que passa pela criação de iniciativas e atrações que

    possam vir a resultar em ofertas turísticas. A comunidade tem que trabalhar no

    sentido de promover uma experiência mais profunda, que desperte o interesse do

    turista. No turismo étnico a atração turística é o “outro” e a sua cultura , enquanto no

    turismo comunitário que ocorre nas favelas brasileiras, os moradores da comunidade

    são empreendedores turísticos que criaram recursos para receber os turistas, tais

    como hostels (como é o caso do Favela Inn) e bares. Ambos os conceitos estão de certa

    maneira interligados pois assentam na base de comunidade e resultam como uma

    ajuda para melhorar as condições económicas e sociais em que os moradores vivem.

    Portanto, é correto afirmar que o objetivo da comunidade é trazer riqueza para dentro

    da mesma, contribuindo para um desenvolvimento social, económico e comunitário.

    2.  Turismo Étnico: O caso do turismo praticado no Alto da Cova da Moura

    Segundo Cunha (2001), Smith (1989) e McIntosh (1995), o turismo étnico é

    definido pelas viagens ou deslocações com vista ao contacto do turista com culturas de

    “povos exóticos” (Cunha, 2001). A comunidade visitada tem uma expressão cultural e

    um modo de vivência diferente daqueles que têm os turistas, e é isso que leva cada

    vez mais pessoas a visitar estas comunidades e o seu exotismo. Até aqui o turismo

    étnico poderia ser definido por turismo cultural pois a sua definição é francamente

    semelhante, contudo no turismo étnico a diferença está no facto de o turista ter

    ligações diretas ou indiretas com a comunidade visitada (Berghe, 1994) , o “berço

    familiar” (Cunha, 2001) ou “destino ancestral” (Ostrowski, 1991). Quando falamos em

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    exotismo e comunidades exóticas podemos associar a comunidades tribais que vivem

    em ambientes também exóticos, mas neste caso o turismo étnico está relacionado

    com as questões de imigração (Lima, 2004), nomeadamente comunidades imigrantes

    em Portugal. Em Portugal residem milhares de imigrantes oriundos principalmente deantigas colónias portuguesas. Grande parte desses imigrantes habita em bairros sociais

    que são constituídos quase na sua totalidade por pessoas da mesma nacionalidade.

    Devido a este facto, a comunidade constrói ligações às suas origens e preserva assim

    as expressões culturais do seu país de origem. Os turistas que visitam estas

    comunidades têm assim contacto com uma cultura à qual estão ligados de certa

    forma, um contacto com a sua identidade. É assente nesta base que o turismo étnico

    em contexto urbano começa a produzir os seus frutos e que cada vez atrai mais

    pessoas, tanto turistas em busca das suas raízes culturais (ancestrais) como turistas

    movidos pela curiosidade de conhecer novas culturas e novas vivências. Estas

    comunidades culturais cultivam e mostram aos turistas as tradições e expressões

    culturais dos países de onde são oriundos.

    O turismo praticado no Alto da Cova da Moura (Projecto Sabura4 desenvolvido pela

    Associação Moinho da Juventude) é um dos melhores exemplos de sucesso de turismo

    étnico praticado em contexto urbano. Este conceito revolucionador e único em Lisboa

    transforma o bairro social do Alto da Cova da Moura, conhecido por motivos

    negativos, num local a ser visitado e onde os moradores oferecem várias atrações

    turísticas. Este novo “destino” está a ter um sucesso tão grande que já tem referências

    em websites de ofertas turísticas (Lifecooler 5 e ImpacTrip) e até uma maquete para um

    hotel de turismo étnico6 neste bairro social.

    O turismo praticado na Cova da Moura oferece aos visitantes a possibilidade de

    entrar em contacto com culturas africanas, o tal exotismo que o turista moderno

    procura. O sucesso deste conceito resulta também em grande parte devido à relação

    direta ou indireta que os visitantes têm com a cultura africana e à procura nesta

    comunidade de um contacto com as suas origens. Uma das grandes “atrações” são os

    cabeleireiros locais que fazem penteados africanos quase exclusivos, assim como lojas

    4 Sabura – “apreciar aquilo que é bom, saborear” (www.moinhodajuventude.pt)  5  http://www.lifecooler.com/artigos/novidades-e-tendencias-do-lazer-no-dia-do-turismo/6438/6 http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=993288&page=2

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    que vendem unicamente produtos africanos. Estas duas “ofertas turísticas” são as que

    atraem o visitante com ligações à cultura africana. Outras atrações7  como os

    restaurantes de gastronomia típica ou os espetáculos de dança e música, atraem mais

    os turistas que buscam conhecer outras culturas, ou que procuram o exotismo nacomunidade.

    Segundo o relatório das fichas de visita8 do Projeto Sabura, a associação Moinho da

    Juventude contabilizou entre 2004 e 2006, 460 visitas ao bairro. Num quadro mais

    atual, a associação afirma que recebe mais de mil visitantes aos fins-de-semana.

    Segundo o mesmo relatório, as visitas registadas por parte de instituições são de

    universidades e organizações não-governamentais nacionais e estrangeiras. Parece

    que este tipo de visitas resulta da busca em conhecer este novo conceito, aliando

    também o contacto com a cultura africana através das propostas apresentadas pela

    comunidade. Também se pode verificar no mesmo relatório, que várias

    individualidades visitaram o bairro, desde figuras de órgãos governamentais a

     jornalistas. Segundo os visitantes, a satisfação na visita ao bairro é bastante positiva e

    consideram o trabalho feito pela comunidade bastante excecional. Este projeto tem

    como conceitos: “ promover na opinião pública uma ideia positiva do bairro e os seus

    moradores, proporcionar oportunidades de descobrir as potencialidades do bairro e as

    suas mais-valias, realçar a cultura da Cova da Moura e valorizar e estimular o

    comércio/atividades económicas do bairro”. 

    Através da divulgação do projeto na comunicação social, o número de “turistas”

    aumentou exponencialmente. Existe agora uma intensa procura por cabeleireiros

    locais e lojas de comércio de produtos africanos. O projeto criou assim mais

    espetáculos de dança e música nos quais expressam o exotismo africano, para atrair

    ainda mais visitantes. Mas este conceito não oferece só estes espetáculos, existe

    também um roteiro pelo bairro, não para conhecer locais históricos, pois são

    inexistentes, mas sim para ter num contacto direto com as pessoas e as suas histórias,

    conhecer a história da comunidade e os valores da cultura africana. A comunidade da

    Cova da Moura é na sua grande maioria cabo-verdiana mas também existem outras

    nacionalidades africanas que a compõem. Houve grande harmonia entre as várias

    7 http://redeciencia.educ.fc.ul.pt/moinho/requalif_bairro/sabura.pdf8 http://redeciencia.educ.fc.ul.pt/moinho/requalif_bairro/RelatorioSABURA.pdf

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    nacionalidades para criar laços, para fortalecer o espírito africano e para oferecer

    assim um “produto” mais homogéneo da cultura africana. O projeto é visto com bons

    olhos pela comunidade e esta vê-o como uma oportunidade, tanto a nível económico e

    social, como para mostrar o que o bairro tem de melhor para oferecer, quebrando aospoucos o estigma, a visão negativa estereotipada que as pessoas de fora têm do

    bairro. Além destas ofertas para os visitantes, em que melhora em parte a economia

    local, a associação Moinho da Juventude tem também um gabinete de inserção

    profissional e um centro de tempos livres para as crianças que se tornam mais-valias

    para a dinamização social do bairro.

    3. 

    Turismo Comunitário: o caso do turismo praticado nas favelas brasileiras

    Segundo Sampaio (2010), o turismo comunitário é descrito como uma modalidade

    emergente no sector turístico, em que os moradores de uma certa comunidade

    fornecem aos visitantes serviços turísticos, como dormidas, alimentação em

    restaurantes locais e visitas guiadas. Estes moradores são microempresários

    individuais/familiares que trabalham em virtude do bem-estar da comunidade de uma

    forma associativa, comunitária e responsável. Este conceito está a ganhar cada vez

    mais adeptos e está a tornar-se num destino bastante referenciado em todo o estado

    brasileiro, existindo mesmo operadoras turísticas a trabalharem exclusivamente no

    turismo nas favelas9  brasileiras. As favelas brasileiras e os microempresários locais

    aproveitaram a pacificação da polícia que houve nas favelas para oferecerem um

    produto turístico. Já existem dezenas de hostels espalhados pelas favelas, que são

    dirigidos por moradores locais e até estrangeiros que viram na favela um meio de

    prospeção de negócio. Contudo, algumas visitas guiadas são realizadas dentro de

    veículos policiais ou com escolta policial, que podem ou não tornar-se numa atração

    (turismo de aventura), mas que proporcionam uma “ausência” de comunidade,uma

    vez que não há o encontro direto entre o turista e o morador para desenvolver laços

    9 “O termo favela diz respeito a um aglomerado de pelo menos 50 moradias, na sua maioria carentes deinfraestruturas e localizados em terrenos não pertencentes aos moradores. A favela constitui-se numaocupação ilegal de terras. Terrenos sem uso são ocupados pelas famílias sem terras e sem teto.”  (Rodrigues, 1989)

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    sociais. Daqui resulta um distanciamento entre os moradores e os turistas, não se

    acabando com os preconceitos e o desentendimento recíproco (Spampinato, 2009).

    Segundo Ouriques (2005) este turismo é tão bem sucedido porque os turistas

    desejam ver como os moradores vivem sem quaisquer equipamentos e serviçospúblicos num espaço urbano pobre, isolado e sem alternativas económicas. Este

    espaço tem então uma finalidade turística e difere dos espaços do quotidiano. Outros

    autores como Rezende (2014) afirmam que outro fator importante na expansão deste

    destino turístico é o facto das favelas possuírem as mais belas paisagens para o oceano

    e para o resto da cidade, pois estão inseridas nas encostas. Estas vistas que se obtêm

    nas favelas brasileiras não se igualam às vistas nos locais destinados aos ricos, pois

    essas zonas geralmente situam-se à beira-mar. Mas as favelas não oferecem só belas

    paisagens aos turistas, os passeios são marcados por feiras de artesanato criadas por

    alguns moradores, encontrando-se telas a óleo, bolsas feitas de revistas ou produtos

    feitos em porcelana. O turismo nas favelas começa com a procura, por parte dos

    turistas, desse tipo de visitas e passeios de diferentes formas a favelas, através das

    agências de viagens. Contudo, os passeios realizados através de uma operadora

    turística não são viáveis à comunidade pois esta recebe pouca ou nenhuma receita

    gerada nesses casos, pois todo o lucro vai direto para as operadoras turísticas não

    contribuindo assim para o desenvolvimento económico da comunidade ou para a

    criação de projeto sociais por exemplo. Os trabalhadores ligados a esta atividade

    turística na sua grande maioria não são moradores, ou seja, este “produto turístico”

    não contribuiu para a geração de empregos na comunidade. Um problema de impacto

    social seria a industrialização dos produtos artesanais que são oferecidos aos visitantes

    e que são uma ajuda económica para os moradores. Segundo Machado (2007), o

    turismo praticado nas favelas brasileiras pode também trazer conflitos sociais internos

    como as disputas de poder ou acesso a “territórios”.

    O turismo nas favelas brasileiras é gerador de cada vez mais receitas e visitantes.

    Os projetos de urbanização nas favelas já estavam a ser planeados antes do

    surgimento deste novo conceito, no entanto devido à elevada procura por este tipo de

    visita, o governo brasileiro irá investir fortemente na melhoria de infraestruturas nas

    favelas o que ajudará as comunidades a nível económico, social e educacional.

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    de reconverter estes espaços urbanos, geralmente associados à imigração e à

    ilegalidade, em espaços de certa maneira mais humanos. No Alto da Cova da Moura, a

    associação que promove o turismo pelo bairro criou um núcleo de apoio aos

    moradores para melhoria das condições de habitação, de higiene, de limpeza elegalização dos moradores imigrantes. A associação criou também um jardim-de-

    infância, um ATL para crianças e um Centro de Informação Jovem que dispõe de uma

    biblioteca. Tudo isto são ferramentas que ajudam a enriquecer a comunidade e

    preservar a identidade local através da cooperação entre moradores e instituições

    governamentais.

    Segundo Coriolano (2006), o turismo não acaba com a pobreza nestes locais mas

    pode fornecer muitas oportunidades, tais como oferta de trabalho, ganhos e

    valorização pessoal e cultural, que contribuem para o desenvolvimento social e

    humano e para acabar com o preconceito que geralmente está associado a estes

    espaços urbanos.

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