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Sistema de inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes Bárbara Amaro DECivil, IST Portugal [email protected] Diogo Saraiva DECivil, IST Portugal [email protected] Jorge de Brito DECivil, IST Portugal [email protected] Inês Flores-Colen DECivil, IST Portugal [email protected] Resumo: No presente artigo, é apresentado um sistema que permite normalizar as acções de inspecção, diagnóstico e reparação de ETICS (External Thermal Insulation Composite System) degradados. O sistema inclui ferramentas de auxílio ao inspector, que podem ser utilizadas durante a análise de ETICS em campo, conduzindo à elaboração de relatórios inequívocos e objectivos. Estas ferramentas foram inicialmente elaboradas com base na bibliografia existente sobre o tema e posteriormente validadas e ajustadas através dos dados obtidos da realização de um conjunto de inspecções visuais a uma amostra de 146 fachadas revestidas por ETICS. Palavras-chave:inspecção; diagnóstico; ETICS; anomalias; reparação. 1. INTRODUÇÃO Os sistemas de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS ( External Thermal Insulation Composite System) são constituídos por um conjunto de camadas sobrepostas, aplicadas nas paredes exteriores de edifícios. Desenvolvida na década de 40 do século XX, na Suécia, a técnica de aplicação de ETICS expandiu-se em Portugal com o aparecimento e evolução do Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) [1]. A aplicação de ETICS veio permitir conferir à fachada uma grande melhoria de desempenho térmico (nomeadamente com a redução do efeito das pontes térmicas), uma melhoria de aspecto e um aumento da protecção contra a entrada de humidade. No entanto, este tipo de sistema possui uma reduzida resistência superficial e elevada propensão ao desenvolvimento microbiológico [2]. A incorrecta aplicação do sistema torna-o especialmente susceptível ao desenvolvimento destes e de outros tipos de anomalias, sendo essencial que se vá monitorizando o seu comportamento em serviço e realizando acções de manutenção durante a sua vida útil. O objectivo do presente artigo é apresentar um sistema de inspecção e diagnóstico de ETICS, com vista à avaliação do desempenho de edifícios em serviço e análise da sua degradação. O sistema proposto constitui uma ferramenta de auxílio ao inspector, dependente de quatro variáveis: anomalias, suas causas, técnicas auxiliares de diagnóstico (in situ) e técnicas de reparação. A partir da criação de listas classificativas de cada variável, introduzem-se quatro tipos de matrizes de correlação: “anomalias-causas”, “inter-anomalias”, “anomalias-técnicas de diagnóstico” e “anomalias-técnicas de reparação”. As variáveis associadas a ocorrências patológicas em ETICS têm por base

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Sistema de inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes

Bárbara Amaro

DECivil, IST

Portugal

[email protected]

Diogo Saraiva

DECivil, IST

Portugal

[email protected]

Jorge de Brito

DECivil, IST

Portugal

[email protected]

Inês Flores-Colen

DECivil, IST

Portugal

[email protected]

Resumo: No presente artigo, é apresentado um sistema que permite normalizar as acções

de inspecção, diagnóstico e reparação de ETICS (External Thermal Insulation Composite

System) degradados. O sistema inclui ferramentas de auxílio ao inspector, que podem ser

utilizadas durante a análise de ETICS em campo, conduzindo à elaboração de relatórios

inequívocos e objectivos. Estas ferramentas foram inicialmente elaboradas com base na

bibliografia existente sobre o tema e posteriormente validadas e ajustadas através dos

dados obtidos da realização de um conjunto de inspecções visuais a uma amostra de 146

fachadas revestidas por ETICS.

Palavras-chave:inspecção; diagnóstico; ETICS; anomalias; reparação.

1. INTRODUÇÃO Os sistemas de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS (External Thermal

Insulation Composite System) são constituídos por um conjunto de camadas sobrepostas,

aplicadas nas paredes exteriores de edifícios.

Desenvolvida na década de 40 do século XX, na Suécia, a técnica de aplicação de ETICS

expandiu-se em Portugal com o aparecimento e evolução do Regulamento das

Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) [1].

A aplicação de ETICS veio permitir conferir à fachada uma grande melhoria de

desempenho térmico (nomeadamente com a redução do efeito das pontes térmicas), uma

melhoria de aspecto e um aumento da protecção contra a entrada de humidade. No

entanto, este tipo de sistema possui uma reduzida resistência superficial e elevada

propensão ao desenvolvimento microbiológico [2]. A incorrecta aplicação do sistema

torna-o especialmente susceptível ao desenvolvimento destes e de outros tipos de

anomalias, sendo essencial que se vá monitorizando o seu comportamento em serviço e

realizando acções de manutenção durante a sua vida útil.

O objectivo do presente artigo é apresentar um sistema de inspecção e diagnóstico de

ETICS, com vista à avaliação do desempenho de edifícios em serviço e análise da sua

degradação. O sistema proposto constitui uma ferramenta de auxílio ao inspector,

dependente de quatro variáveis: anomalias, suas causas, técnicas auxiliares de diagnóstico

(in situ) e técnicas de reparação. A partir da criação de listas classificativas de cada

variável, introduzem-se quatro tipos de matrizes de correlação: “anomalias-causas”,

“inter-anomalias”, “anomalias-técnicas de diagnóstico” e “anomalias-técnicas de

reparação”. As variáveis associadas a ocorrências patológicas em ETICS têm por base

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informação retirada de pesquisa bibliográfica sobre o tema, a qual foi posteriormente

validada através da aplicação do sistema em campo.

Adicionalmente, o sistema inclui fichas de anomalias, fichas de técnicas de diagnóstico e

fichas de técnicas de reparação, nas quais se sintetiza a informação mais relevante sobre

cada uma das referidas variáveis.

2. ANOMALIAS O desenvolvimento do sistema de inspecção e diagnóstico proposto baseia-se na lista de

anomalias mais comuns em ETICS. As causas mais prováveis da origem e

desenvolvimento das anomalias também são expostas num sistema classificativo e a sua

associação às respectivas anomalias é apresentada na matriz de correlação “anomalias-

causas mais prováveis”, de acordo com o tipo de correlação que possuem. Uma vez que as

anomalias se podem relacionar entre si, uma matriz de correlação “inter-anomalias” é

incluída no sistema de inspecção e diagnóstico apresentado.

O desenvolvimento desta secção do sistema proposto tem por base diversas referências

bibliográficas, nomeadamente de autores que realizaram trabalhos que abrangiam o tema

de anomalias em ETICS e respectivas causas [3-7], inclusivamente através de inspecções

a edifícios com o referido revestimento e estudos sobre a aplicabilidade de ETICS em

construção nova e em reabilitação, e ainda trabalhos sobre este tipo de isolamento térmico

publicados em artigos nacionais e internacionais [8-14].

2.1. Sistema classificativo de anomalias em ETICS A ocorrência de anomalias, de maior ou menor gravidade, em ETICS pode ser

identificada inicialmente através de uma análise visual directa da fachada, sendo possível

classificar cada anomalia segundo as suas características visuais. Deste modo, foi

desenvolvida uma concisa lista classificativa de anomalias, na qual se inclui a variedade

de anomalias passíveis de ser detectadas, de forma a facilitar as operações de inspecção.

Cada tipo de anomalia, além de estar associada a uma caracterização específica, enquadra-

se dentro de um grupo classificativo, o qual também se associa ao carácter visual da

inspecção. Deste modo, distinguem-se 18 tipos de anomalias, associados a 3 grupos

classificativos: anomalias de rotura dos materiais (A-M), anomalias cromáticas/estéticas

(A-C) e anomalias de planeza (A-P), como se apresenta no Quadro 1.

Quadro 1 - Lista classificativa de anomalias em ETICS

A-M ANOMALIAS DE ROTURA DOS MATERIAIS

A-M1 Fissuração A-M3 Destacamento do acabamento

A-M1.1 Orientada A-M4 Descolamento

A-M1.2 Não orientada A-M4.1 Parcial do sistema

A-M2 Deterioração do recobrimento das

cantoneiras de reforço

A-M4.2 Da generalidade do sistema

A-M5 Lacuna de material

A-C ANOMALIAS CROMÁTICAS / ESTÉTICAS

A-C1 Eflorescências A-C4 Graffiti

A-C2 Marcas de escorrências A-C5 Crescimento biológico

A-C3 Manchas de oxidação A-C6 Outros tipos de alteração da cor

A-P ANOMALIAS DE PLANEZA

A-P1 Deficiência de planeza A-P4 Empolamento do acabamento

A-P2 Irregularidades na superfície A-P5 Empolamento das placas

A-P3 Visualização das juntas entre placas

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O grupo A-M enquadra os casos em que se verifica a rotura dos materiais constituintes do

sistema. Estas ocorrências geralmente provêm de fenómenos de natureza mecânica,

nomeadamente variações dimensionais que possam provocar o aparecimento de fissuração

de variada ordem, perdas de coesão e desagregação de material, assim como impactos ou

golpes desferidos no sistema. As anomalias inseridas neste grupo assumem a maior

probabilidade de afectar o funcionamento térmico do sistema.

No grupo A-E, são incluídas as anomalias cujo impacte é principalmente visual e, tal

como o nome indica, identificam-se pela alteração da tonalidade original da fachada, quer

por coloração, quer por descoloração. Conforme a natureza da causa, as manchas

resultantes podem evidenciar-se de diversas formas e tonalidades, pelo que se procurou,

na presente classificação das anomalias, realizar a distinção do tipo de anomalias

conforme a aparência das respectivas manchas. Adiciona-se a classificação de “estéticas”

a este grupo de anomalias, permitindo incluir o caso específico do crescimento

macrobiológico sobre a parede (presença de plantas - vegetação parasitária).

O terceiro e último grupo, A-P, engloba as anomalias que estão associadas apenas à

variação de planeza do sistema os quais, da mesma forma, são facilmente identificáveis

numa inspecção visual.

2.2. Sistema de classificação das causas mais prováveis em ETICS Geralmente a ocorrência de anomalias deve-se à conjugação de diversos factores

adversos, os quais poderão ocorrer em simultâneo ou surgir na sequência da acumulação

de efeitos, acentuando o processo de degradação [15]. Na origem de cada anomalia,

podem estar diversas causas e, por outro lado, uma mesma causa poderá originar mais do

que uma anomalia. Torna-se, portanto, uma tarefa árdua distinguir até que ponto uma

causa poderá ter mais importância do que outra na origem de uma anomalia.

Na elaboração do sistema de inspecção e diagnóstico proposto, desenvolveu-se uma lista

classificativa de causas mais prováveis, agrupando-as segundo a sua natureza (Quadro 2).

Esta lista reparte-se em 6 grupos, associados à origem da ocorrência dos fenómenos

patológicos, nomeadamente: selecção dos materiais; concepção; execução; acções

ambientais; acções de origem exterior; manutenção.

O objectivo destes agrupamentos, além da atribuição de responsabilidades, é facilitar o

diagnóstico das anomalias e a decisão quanto à implementação de estratégias de

intervenção para sua correcção.

2.3. Matriz de correlação “anomalias-causas” em ETICS Na matriz de correlação “anomalias - causas”, são identificadas, para cada anomalia, as

causas mais prováveis da sua ocorrência, sendo a relação entre cada variável classificada

através de um índice de correlação, de acordo com o grau de correlação existente. Os

índices de correlação correspondem aos números 0, 1 e 2, aos quais possuem as seguintes

correspondências: 0 - sem relação: não existe qualquer tipo de relação entre as variáveis

em questão; 1 - pequena relação: causa indirecta da anomalia relacionada com o

despoletar do processo de degradação; 2 - grande relação: causa directa da anomalia,

associada à fase final do processo de degradação; é indispensável para o desenvolvimento

do processo de deterioração [16].

Na matriz de correlação apresentada no Quadro 3, as linhas correspondem às anomalias e

as colunas correspondem às causas associadas. Os valores apresentados resultam da sua

validação da teoria sobre o tema, através da análise das relações anomalia-causa mais

provável, realizada no campo.

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Quadro 2 - Lista classificativa das causas mais prováveis de anomalias em ETICS

C-M SELECÇÃO DOS MATERIAIS

C-M1 Material isolante de insuficiente

estabilidade dimensional

C-M5 Acabamento de reduzida permeabilidade

C-M6 Utilização de materiais contaminados ou

com defeito de fabrico C-M2

Biocida do acabamento com inadequada

protecção a microorganismos C-M7

Utilização de placas com diferentes

espessuras C-M3

Revestimentos de cores escuras ou de

grande contraste C-M8 Retracção da camada de base

C-M4 Elementos metálicos sem protecção

contra a corrosão

C-C CONCEPÇÃO

C-C1 Espessura insuficiente da camada de

base C-C4 Ausência de camada de primário

C-C5 Inadequada preconização de peitoril, rufo

ou lambril C-C2 Ausência de reforço de armadura

C-C3 Deficiente dessolidarização entre o

sistema e outros elementos

C-E EXECUÇÃO

C-E1 Indevida preparação do suporte C-E10

Insuficiente sobreposição de armadura nas

emendas C-E2 Deficiente fixação do isolante ao suporte

C-E3 Ausência de juntas entre perfis

consecutivos

C-E11 Deficiente execução do recobrimento

C-E12 Incorrecta aplicação de elementos

construtivos C-E4

Coincidência entre as juntas dos perfis e

placas isolantes C-E13

Desrespeito pelas dosagens e

recomendações do fabricante

C-E5 Coincidência das juntas das placas de

isolamento com descontinuidades do

suporte

C-E14 Deficiente sobreposição do acabamento

C-E15 Deficiente execução de remate (rufo,

peitoril) C-E6 Reboco entre placas isolantes

C-E7 Incorrecto alinhamento de placas C-E16 Ausência de cantoneira de reforço

C-E8 Elementos de fixação mecânica

demasiado cravados C-E17

Abertura das juntas das placas superior a 2

mm

C-E9 Deficiente tratamento dos pontos

singulares

C-A ACÇÕES AMBIENTAIS

C-A1 Vento intenso durante a execução do

revestimento

C-A4 Humidade de absorção e capilaridade

C-A5 Humidade de infiltração

C-A2

Temperatura excessivamente baixa

durante a aplicação de cola ou camada

de base

C-A6 Humidade de condensação superficial

C-A7 Poluição atmosférica

C-A8 Baixa exposição solar

C-A3 Acção da chuva

C-H ACÇÕES DE ORIGEM EXTERIOR

C-H1 Impactos C-H6 Atravessamento indevido da parede

C-H2 Perfuração do sistema C-H7 Acumulação de sujidade (poeiras)

C-H3 Acção humana C-H8 Salpicos na base das paredes

C-H4 Fixação de equipamentos ou andaimes C-H9 Vegetação na proximidade da fachada

C-H5 Movimentos no suporte C-H10 Vegetação parasitária

C-U MANUTENÇÃO

C-U1 Falta de manutenção C-U3 Reparação

C-U2 Incorrecta intervenção

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Quadro 3 - Matriz de correlação “anomalias - causas” de ETICS em paredes

C-M

1

C-M

2

C-M

3

C-M

4

C-M

5

C-M

6

C-M

7

C-M

8

C-C

1

C-C

2

C-C

3

C-C

4

C-C

5

C-E

1

C-E

2

C-E

3

C-E

4

C-E

5

C-E

6

C-E

7

C-E

8

C-E

9

C-E

10

C-E

11

C-E

12

A-M1.1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 2 0 0 0 0 2 2 2 2 2 0 2 2 1 1 A-M1.2 1 0 2 0 1 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1 1 A-M2 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-M3 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-M4.1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 A-M4.2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 A-M5 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 A-C1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 A-C3 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C5 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-P1 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 A-P2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 A-P3 2 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-P4 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 A-P5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

C-E

13

C-E

14

C-E

15

C-E

16

C-E

17

C-A

1

C-A

2

C-A

3

C-A

4

C-A

5

C-A

6

C-A

7

C-A

8

C-H

1

C-H

2

C-H

3

C-H

4

C-H

5

C-H

6

C-H

7

C-H

8

C-H

9

C-H

10

C-U

1

C-U

2

C-U

3

A-M1.1 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0 A-M1.2 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 A-M2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-M3 2 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-M4.1 2 0 1 0 0 2 2 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 A-M4.2 2 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 A-M5 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 1 0 2 0 0 0 0 0 2 0 A-C1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C2 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 A-C3 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 A-C4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C5 0 0 1 0 0 0 0 1 2 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 2 1 0 0 A-C6 0 1 0 0 0 0 0 0 2 2 2 1 0 0 0 2 0 0 0 2 2 0 0 1 2 2 A-P1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 A-P2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 2 A-P3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-P4 1 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-P5 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

2.4. Matriz de correlação “inter-anomalias” em ETICS A matriz de correlação “inter-anomalias” tem como objectivo identificar a probabilidade

de ocorrência de uma determinada anomalia em face de detecção de uma outra. Para

definir o grau de correlação entre anomalias, foi utilizado um método baseado na

manipulação numérica da matriz de correlação “anomalias - causas mais prováveis” [16].

O método utilizado encontra-se padronizado, segundo anteriores trabalhos respeitantes à

temática de inspecção e diagnóstico [15-20]. No Quadro 4, é apresentada a matriz de

correlação “inter-anomalias” que representa a probabilidade da anomalia j (coluna j)

ocorrer quando a anomalia i (linha i) se verifica, respeitante a ETICS em paredes.

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Quadro 4 - Matriz de correlação percentual “inter-anomalias” de ETICS em paredes

A

-M1

.1

A-M

1.2

A-M

2

A-M

3

A-M

4.1

A-M

4.2

A-M

5

A-C

1

A-C

2

A-C

3

A-C

4

A-C

5

A-C

6

A-P

1

A-P

2

A-P

3

A-P

4

A-P

5

A-M1.1

9 2 0 5 5 9 0 7 2 0 2 4 13 7 2 7 4 A-M1.2 12

14 29 29 19 14 10 2 0 0 5 10 10 19 5 24 14

A-M2 8 50

25 25 25 50 17 0 0 17 8 17 8 17 8 25 0 A-M3 0 67 17

67 44 6 22 0 0 0 6 11 0 6 0 44 33

A-M4.1 7 29 7 29

60 0 17 5 5 0 21 12 0 0 0 19 40 A-M4.2 10 27 10 27 83

0 23 7 7 0 17 17 0 0 0 27 43

A-M5 19 23 23 4 0 0

0 4 0 8 0 23 19 35 4 4 8 A-C1 0 29 14 29 50 50 0

7 14 0 43 43 0 0 0 36 21

A-C2 25 6 0 0 13 13 6 6

25 0 38 31 0 0 0 25 0 A-C3 8 0 0 0 17 17 0 17 33

0 33 8 0 0 0 25 0

A-C4 0 0 50 0 0 0 50 0 0 0

0 100 0 0 0 0 0 A-C5 3 6 3 3 28 16 0 19 19 13 0

44 0 0 3 13 0

A-C6 5 10 5 5 13 13 15 15 13 3 10 35

15 20 0 5 10 A-P1 39 22 6 0 0 0 28 0 0 0 0 0 33

44 6 11 11

A-P2 22 44 11 6 0 0 50 0 0 0 0 0 44 44

0 11 11 A-P3 13 25 13 0 0 0 13 0 0 0 0 13 0 13 0

0 0

A-P4 18 45 14 36 36 36 5 23 18 14 0 18 9 9 9 0

9 A-P5 10 30 0 30 85 65 10 15 0 0 0 0 20 10 10 0 10

2.5. Fichas de anomalias Outras ferramentas de auxílio ao inspector são as fichas de anomalias, as quais aglomeram

a informação essencial relativa às anomalias, individualmente. O recurso a fichas de

anomalias não é uma técnica nova, sendo o formato e conteúdo das mesmas padronizado

por trabalhos anteriores [15-20]. Para cada anomalia detectada, deverá ser elaborada uma

ficha de anomalia contendo a seguinte informação: designação da anomalia (segundo a

classificação de anomalias); descrição sumária da anomalia; causas prováveis (de acordo

com a classificação de causas e a matriz de correlação “anomalias - causas mais

prováveis”), estando as causas directas sublinhadas; possíveis consequências; aspectos a

inspeccionar; ensaios a realizar (de acordo com a lista classificativa de técnicas auxiliares

de diagnóstico e a matriz de correlação “anomalias-técnicas auxiliares de diagnóstico”);

técnicas de reparação (respeitantes à lista classificativa de técnicas de reparação e a sua

correlação com as anomalias através da matriz “anomalias - técnicas de reparação);

parâmetros de classificação; nível de urgência de intervenção [16].

O nível de urgência de intervenção de uma anomalia está associado à gravidade da mesma

define-se através da avaliação dos parâmetros de classificação, podendo assumir os

valores 0, 1 ou 2, em que “0” corresponde à necessidade de intervenção imediata (num

prazo até seis meses),“1” a uma necessidade a médio prazo, geralmente até ao limite de

um ano e“2” apenas à necessidade de ir monitorizando a evolução da anomalia.

Uma vez preenchidas as fichas de cada anomalia deverão ser mantidas junto das listas

classificativas de anomalias, causas e técnicas de diagnóstico, assim como das matrizes de

correlação, no manual de utilização e manutenção do inspector, para facilitar o processo

de inspecção.

3. TÉCNICAS AUXILIARES DE DIAGNÓSTICO Previamente a qualquer intervenção, o inspector deverá assegurar-se que possui a

informação necessária e suficiente sobre cada anomalia, de forma a poder assegurar que a

intervenção aconselhada é a mais adequada à situação em questão. Uma vez que diversas

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causas podem estar na origem de uma única anomalia, um correcto diagnóstico, auxiliado

pela utilização de técnicas especializadas, assume grande importância numa inspecção,

possibilitando uma mais eficiente correcção das anomalias e respectiva origem.

Na presente secção, introduz-se um sistema classificativo de técnicas de diagnóstico, o

qual pretende sistematizar a selecção dos métodos de acordo com a sua adequabilidade.

As técnicas seleccionadas devem ser rápidas, baratas, com resultados fiáveis e fáceis de

interpretar (qualitativa e quantitativamente) [16]. O equipamento utilizado deverá,

preferencialmente ser portátil, sem fontes exteriores de energia, que não necessite de

especialização do utilizador e cujo carácter seja não destrutivo. Deste modo, excluem-se

os ensaios a realizar em laboratório uma vez que assumem um nível de complexidade

elevado, directamente associado a uma maior morosidade e custo elevado no diagnóstico.

3.1. Lista classificativa de técnicas auxiliares de diagnóstico Como referido, para o auxílio do diagnóstico de ETICS em paredes, apenas se listam os

ensaios passíveis de serem realizados in situ, uma vez que se pretende apresentar ensaios

relativamente simples, expeditos e de baixo custo.

As técnicas de diagnóstico sugeridas provêm de três tipos de fonte: documentos

bibliográficos, referentes a acabamentos utilizados em ETICS [17; 21-23]; ensaios

passíveis de ser realizados em muretes revestidos por ETICS, referidos no respectivo Guia

Europeu para Aprovações Técnicas, ETAG 004 [24]; outros ensaios in situ que poderão

ser um auxílio na análise do sistema, nomeadamente ao nível das camadas interiores,

ainda que não esteja totalmente comprovada a sua aplicabilidade em ETICS.

A classificação das técnicas de diagnóstico é organizada segundo o princípio de

funcionamento de cada técnica (Quadro 5). A adopção deste critério permite discriminar

cada técnica ou aparelho utilizado para um melhor diagnóstico, sem subentender a

anomalia que se está a estudar. Por outras palavras, um mesmo aparelho ou ensaio pode

medir várias grandezas, que por sua vez podem estar na origem de diferentes anomalias.

Os 14 métodos de diagnóstico recomendados foram divididos em sete grupos, dentro dos

quais se insere o equipamento associado: D-S - percepção sensorial; D-M - acção

mecânica simples; D-H - técnicas hidrodinâmicas; D-T - técnicas térmicas; D-E - técnicas

eléctricas; D-U - técnicas ultra-sónicas; D-Q - técnicas químicas.

Uma vez que as diferentes técnicas podem constituir ensaios destrutivos (D) ou não

destrutivos (ND), optou-se por acrescentar na lista de técnicas de diagnóstico as

classificações D e ND, sendo que numa inspecção se dá prioridade às técnicas não

destrutivas.

3.2. Matriz de correlação “anomalias - técnicas de diagnóstico” A matriz de correlação “anomalias - técnicas de diagnóstico” é mais uma ferramenta de

auxílio ao inspector, a qual identifica as relações entre cada anomalia e cada ensaio, para

permitir avaliar a severidade e extensão de cada caso. A matriz é constituída por uma

coluna onde se representam as anomalias e uma linha onde se encontram as técnicas de

diagnóstico (Quadro 6). O seu preenchimento é feito com base em graus de correlação, os

quais podem variar entre 0, 1 e 2. Descreve-se seguidamente a correspondência de cada

valor [18]: 0 - sem relação: corresponde à inexistência de relação entre as variáveis; 1 -

pequena relação: método de diagnóstico adequado mas limitado em termos de execução

técnica ou de custo, possuindo um espectro de aplicabilidade mais reduzido; 2 - grande

relação: método de diagnóstico adequado, de exigência mínima e o equipamento

necessário acessível, possuindo um espectro de aplicação abrangente.

As correlações foram ajustadas no decurso das inspecções efectuadas.

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Quadro 5 - Lista classificativa de técnicas de diagnóstico para ETICS em paredes

(D-S) Percepção sensorial D-S1 Comparador de fissuras ND D-S3 Fissurómetro ND D-S2 Medidor óptico ND D-S4 Sondagem D

(D-M) Acção mecânica simples D-M1 Ensaio de choque de esfera - martinet

baronnie

D D-M3 Ensaio de arrancamento

pull-off

D D-M2 Ensaio de perfuração (perfotest) D

(D-H) Técnicas hidrodinâmicas D-H1 Ensaio de tubo de Karsten ND (D-T) Técnicas térmicas D-T1 Termografia de infravermelhos ND (D-E) Técnicas eléctricas D-E1 Humidímetro de contacto ND D-E2 Humidímetro de agulhas D

(D-U) Técnicas ultras sónicas D-U1 Ensaio de ultra-sons ND (D-Q) Técnicas químicas D-Q1 Fitas colorimétricas ND D-Q2 Kit de campo ND

Quadro 6 - Matriz de correlação “anomalias - técnicas de diagnóstico”

D-S1 D-S2 D-S3 D-S4 D-M1 D-M2 D-M3 D-H1 D-T1 D-E1 D-E2 D-U1 D-Q1 D-Q2

A-M1.1 2 1 2 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 A-M1.2 2 2 2 0 2 1 0 0 1 2 0 0 0 0 A-M2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 A-M3 0 0 0 0 2 2 0 0 0 2 0 0 0 0

A-M4.1 0 0 0 1 0 0 2 0 1 0 2 0 0 0 A-M4.2 0 0 0 1 0 0 2 0 1 0 2 0 0 0 A-M5 0 0 0 0 2 2 0 0 1 1 1 0 0 0 A-C1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2 2 A-C2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 A-C5 0 1 0 0 0 0 0 2 2 2 0 0 0 0 A-C6 0 0 0 1 0 0 0 2 1 2 2 0 2 2 A-P1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 A-P2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 A-P3 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 A-P4 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 2 1 0 0 A-P5 0 0 0 1 0 0 2 0 0 0 2 2 0 0

3.3. Fichas de técnicas de diagnóstico De forma semelhante à realizada para as anomalias, preconizam-se fichas individuais para

cada técnica de diagnóstico. Estas fichas devem servir de ferramentas de auxílio ao

inspector em campo, para a tomada de decisão quanto à recomendação mais adequada

para cada caso. A informação que deve constar de cada ficha inclui [16]: designação da

técnica; objectivos; equipamento / material necessários; descrição do método; vantagens;

limitações.

A fonte da informação disposta nas fichas deve ser adequadamente referenciada, podendo-

se acrescentar outro tipo de informação que se considere relevante, nomeadamente

necessidades especiais, imagens ilustrativas da técnica em questão ou ainda uma lista de

anomalias passíveis de ser identificadas.

4. REABILITAÇÃO Em Portugal, embora o montante dos trabalhos de reparação e manutenção efectuados

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represente cerca de 14% do total de trabalhos efectuados em edifícios, estima-se que esse

valor venha a aumentar nos próximos anos [25]. Deste modo, como potencial opção no

reforço térmico de edifícios construídos a partir da segunda metade do século XX, será de

prever de igual forma um aumento na aplicação do sistema ETICS. A integridade do

isolamento é fundamental para a sua eficiência e daí a necessidade de preservação e

manutenção destes sistemas.

No âmbito da campanha de inspecções realizada para elaboração do sistema de inspecção

e diagnóstico proposto, foram prescritas as técnicas de reabilitação de acordo as diversas

anomalias identificadas. Embora as técnicas não tenham sido de facto implementadas, a

sua aplicabilidade em ETICS advém do estudo da literatura existente [26-32].

4.1. Sistema de classificação das técnicas de reparação As técnicas de reabilitação foram diferenciadas de acordo com o "nível" de intromissão no

sistema. Deste modo, as técnicas do tipo TR-A são técnicas menos intrusivas, utilizadas

na superfície do sistema ETICS, sem necessidade de remoção ou alteração das camadas

inferiores do sistema. A utilização das técnicas do tipo TR-B envolve a remoção /

substituição da camada de acabamento e, no caso da técnica TR-B1, pode chegar a ser

necessária a intervenção em camadas mais profundas do sistema, dependendo da

gravidade da anomalia. Por fim, o grupo de técnicas TR-C abrange os casos mais

intrusivos que envolvem remoção e substituição de diversas camadas do sistema,

chegando à sua total substituição (TR-C6) (Quadro 7).

Quadro 7 - Sistema classificativo de técnicas de reabilitação de ETICS em paredes

TR-A Superfície

TR-A1 Limpeza

TR-A2 Aplicação de protector de superfície (hidrofugante, fungicida, biocida)

TR-B Camada de acabamento

TR-B1 Preenchimento / colmatação de fissuras

TR-B2 Substituição integral / parcial do material de acabamento

TR-B3 Aplicação de novo acabamento sobre o revestimento existente / pintura

TR-C Sistema

TR-C1 Protecção de cantos salientes

TR-C2 Colmatação de lacunas de material / perfurações

TR-C3 Reparação de juntas

TR-C4 Aplicação de novo material adesivo e/ou fixadores mecânicos

TR-C5 Correcção de disposições construtivas geométricas

TR-C6 Substituição integral / parcial do sistema

4.2. Matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação Após se terem definido as anomalias que mais afectam o sistema ETICS e se terem

estabelecido ensaios de auxílio ao diagnóstico das mesmas, é realizada uma matriz de

correlação anomalias - técnicas de reparação (Quadro 8). Esta matriz permitirá saber qual

a técnica de reparação que melhor se adequa perante determinada anomalia. Cada

combinação pode conter os valores “0”, “1” ou “2”, conforme a relação entre a técnica de

reparação e a anomalia é, respectivamente, inexistente, pequena ou grande. A matriz

proposta, inicialmente teórica, com base na bibliografia pesquisada, foi posteriormente

calibrada e validada com base no conjunto de dados obtidos da análise individual de cada

relação entre as anomalias e as correspondentes técnicas de reabilitação, no decurso das

inspecções efectuadas.

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Quadro 8 - Matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação de ETICS em paredes

TR

-A1

TR

-A2

TR

-B1

TR

-B2

TR

-B3

TR

-C1

TR

-C2

TR

-C3

TR

-C4

TR

-C5

TR

-C6

A-M1.1 0 0 2 1 0 0 0 1 0 1 1

A-M1.2 0 0 2 2 1 0 0 1 0 0 0 A-M2 0 0 1 2 0 2 0 0 0 0 0 A-M3 0 0 0 2 1 0 0 0 0 1 0

A-M4.1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 1 A-M4.2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 1 A-M5 0 0 0 2 0 0 2 0 0 0 1 A-C1 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 A-C2 2 1 0 0 1 0 0 0 0 2 0 A-C3 2 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 A-C4 2 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 A-C5 2 2 0 0 1 0 0 0 0 2 0 A-C6 2 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 A-P1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 2 A-P2 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 A-P3 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 1 A-P4 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 A-P5 0 0 0 0 0 0 0 1 2 1 1

4.3. Fichas de reparação As fichas de reparação contêm toda a informação relevante respectiva às técnicas de

reabilitação, individualmente. As fichas desenvolvidas reúnem um conjunto diverso de

informações, nomeadamente: número da ficha de reparação e designação da técnica

(ambos de acordo com a listagem apresentada no Quadro 7); imagem representativa da

técnica em questão; lista das principais anomalias para as quais a técnica é prescrita; lista

dos principais materiais e equipamentos intervenientes necessários para a execução da

técnica; considerações sobre as exigências do suporte e as condições ideais de limpeza

para a correcta aplicação da técnica; descrição sucinta dos trabalhos a realizar, com

exposição dos diversos procedimentos a seguir; mão-de-obra necessária e respectivo

rendimento; dosagens e considerações sobre os materiais; previsão do custo unitário

estimado e adicionais considerações, recomendações ou cuidados especiais.

5. CONCLUSÃO No presente artigo, foi proposto um sistema de inspecção, diagnóstico e reabilitação de

ETICS em paredes, tendo por base não só uma extensa pesquisa bibliográfica mas

também a sua aplicação numa campanha de inspecções a 146 fachadas em Portugal, cujos

resultados permitiram a realização de uma análise estatística, a qual é apresentada num

outro artigo denominado "Levantamento estatístico da inspecção, diagnóstico e reparação

de ETICS em paredes". Este sistema visa o auxílio em campo à realização de inspecções,

diagnósticos e reparações do sistema ETICS, tendo sido criadas correlações entre as

principais anomalias, as suas causas mais prováveis, os métodos de diagnóstico e ainda as

técnicas de reparação adequadas para cada anomalia.

Durante as inspecções visuais referidas, foi feita uma análise de cada fachada através da

identificação dos fenómenos anómalos ocorrentes, da atribuição empírica das respectivas

causas e da recomendação de ensaios para confirmar o diagnóstico efectuado, a partir da

qual se procedeu à indicação da técnica de reparação mais adequada a cada caso, visando

a eliminação da anomalia e das respectivas causas.

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