Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969)...

15
Ciencias da Terra (UNL) Lisboa N. O 14 Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu (Bacia do Mondego, Portugal) Tertiary lithostratigraphy of the Miranda do Corvo- Vis eu region (Mondego Basin, Portugal) P. Pruenea Cunha Gfupo de Estudo dosAmbicnte$Sedimenlare$; Ccnlro de Oeocibl cia.s da Univ. Coimbta; [email protected].pc Departamento de Ciblc ia.s da Tern, Univm;idade de Coimbn. LargoMarqub de Pombal, ] ()(M}.2n Coimbra RESUM O Pal .IVr.., <have: Litosttatigrafia; Terciario; Portugal Central; Bacia taeiiri a do Mondego; depOsitos aluviais; descontinuidades sed imentares.. Descrevero-se as unidades litostratigrificas (2 grupo s, S e 4 membros) do Terciario da regilo de Miranda do Corvo- Viseu (portugal Central). P m. cada unidade e efectuada a respeeti va e (lim ites, propri edad es tipicas e atributos). Os dados estratigrificos, litolegicos, scquenciais e tect6nicos permitem estabeleeer corn:la¢es com os sedimentos mais a ocidente na mesma bacia terci aria (Bacia do Mondego) e a judar i cronostratigri fica. As caracterisncas sedimcntoJ6gicas dos dep6sitos e 0 enquadramento com acontecimentos eoevos identificados noutras reg ioes pennitem tembem avaliar 0 papel do clima, do eustatismo e da tecl6n ica na evcrccao sedimentar dcsta Bacia. A BST RACT Key-words: Lithostrat igraphy; Tertiary; Central Portugal; Mond ego Tertiary Basin; alluvial depo sits; sed imentary d iscontinu ities. The lithostratigraphic units (2 group s. S formations and 4 members) of the Tertiary of the Miranda do Ccrvc-vlseu region (Central Portugal) are here described. For each unit the characterization and description (boundaries, diagnostic properties and atributes) were included. The stnatigraphic, litho logical. sequential and tectonic data allow correlat ions with other units of the same Tertiary basin located more: to west and support the chronostratigrap hic attribution. Sedimentologic characteristics of the depo sits lead to the interpretation of the influence of tectonism, climate and eustasy during the sedi mentary evolu tion ofWs Basin. o ESTUDO DAS CO BERTURAS SEDl I\1 ENTARES DO SOCO A LESTE DE C OI MB RA A Plataf orma do Mondego e uma ampla su perfici e ap lanada poligenica depri midae ntre a Cordi lheira Cen- tra l Po rtuguesa e 0 Mactcc Marginal de Coi mbra- Mac lco do Caramul o (Birot, 1944 ; F erreira, 1978). Ne la, 0 Cretacico eTer ciario tern sido estuda dosdesde os trabalhos pioneircs de Ribeiro (1867), Cabral (1881). Choffat (1900, 1907· 1909) e Delgado (1898).A estes ge61og os se deve a distincso en tre urn conjunto inferior arenoso a qu e cba ma ram "gres de Bussaco" e um superior, conglorneritico e hct erometri co. Na unidade inferior foram de scobenos fosseis vegeta is em Sula (Saporta & Choffat, 1894), Vila Fl or e Vale de Ma de ira (Li ma, 1900), considerados do Crctacico S upe rior. Aparti r de 1938. os ge6grafos P. Birot e O. Ri beiro empreendera m 0 estudo das cobcrt uras sedimentares do macico antigo em Po rtugal Centra l. Birot (1939, 1944, 1946, 1949) pub licou varies estudos regicnais e Ribeiro 129

Transcript of Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969)...

Page 1: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

Ciencias da Terra (UNL) Lisboa N.O 14

Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu(Bacia do Mondego, Portugal)

Tertiary lithostratigraphy of the Miranda do Corvo-Viseu region (Mondego Basin, Portugal)

P. Pruenea Cunha

Gfupo de Estudo dosAmbicnte$Sedimenlare$; Ccnlro de Oeociblcia.s da Univ. Coimbta; [email protected] de Ciblcia.s da Tern, Univm;idade de Coimbn. LargoMarqub de Pombal, ] ()(M}.2n Coimbra

RESUM O

Pal .IVr..,<have: Litosttatigrafia; Terciario; Portugal Central; Bacia taeiiria do Mondego ; depOsitos alu viais; descontinuidadessed imentares..

Descrevero-se as unidades litostratigrificas (2 grupos, S fo~ e 4 membros) do Terciario da regilo de Miranda do Corvo­Viseu (portugal Central). Pm. cada unidade eefectuada a respeeti va caracteri~o e desc::ri~ (lim ites, propri edad es tipicas eatributos). Os dad os estratigrificos, litolegicos , scquenciais e tect6nicos permitem estabeleeer corn:la¢es com os sedimentos maisa ocidente na mesma bacia terci aria (Bacia do Mondego) e ajudar i atribui~o cronostratigrifica. As caracterisncas sedimcntoJ6gicasdos dep6sitos e 0 enquadramento com acontecimentos eoevos identificados noutras reg ioes penni tem tembem avaliar 0 papel doclima, do eustatismo e da tecl6n ica na evcrccao sedimentar dcsta Bacia .

ABST RACT

Key-words: Lithostrat igraphy; Tertiary; Central Portugal; Mond ego Tertiary Basin; alluvial depo sits; sed imentary d iscontinu ities.

The lithostratigraphic units (2 group s. S formations and 4 members) of the Tertiary of the Miranda do Cc rvc-vlseu region(Central Portugal) are here described. For each unit the characteriza tion and description (boundaries, diagnost ic properties andatributes) were included. The stnatigraphic, litho logical. sequential and tectonic data allow correlat ions with other units ofthe sameTertiary basin located more: to west and suppo rt the chronostratigrap hic attribution. Sedimentologic characteristics ofthe depo sitslead to the interpretation ofthe influence of tectonism, climate and eustasy during the sedi mentary evolu tion ofWs Basin.

o ESTUDO DAS CO BERTURAS SEDl I\1ENTARESDO SO CO A LESTE DE C OIM BRA

A Plataforma do Mondego e uma ampla superficie

aplanada poligenica deprimida entre a Cordi lheira Cen­

tra l Po rtugu esa e 0 Mactcc M arginal de Coimbra-Maclco

d o Caramul o (Biro t, 1944 ; Ferreira, 1978). Nela, 0Cretacico e Terciari o tern sido estudadosdesde os trabalhospioneircs de Ribeiro (1867), Cabral (1881).Choffat (1900,1907· 1909) e Delgado (1898) .A est es ge6 1ogos se deve a

distincso e ntre urn co nj un to inferior arenoso a que

c b a mara m "gres de Bussaco" e um s up e r io r,

conglorneritico e hcterometrico. Na unidade inferior foram

descobenos fosseis vegetais e m Sula (Saporta & Choffat,

1894), Vila Flo r e Vale d e Made ira (Lima, 1900) ,co nside rados do Crctacico S uperior.

A partir de 1938. os ge6grafos P. B irot e O. Ri beiroempreenderam 0 estudo das cobcrturas sedimentares do

macico antigo em Po rtuga l Central. Birot (1939, 1944,1946, 1949) publicou varies estudo s regicnais e Ribeiro

129

Page 2: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

10 Congresso sobre 0 Cenoz6ico de Portugal

(1949) fez 0 resumo das suas investigaczes no livro-guiada excursao aPortugal Central; 0 conjuntc inferior arenosoe separado em duas unidades: "Gres de Bucaco" (sensustric to) e "Sapra-Buceco''.

Mais tarde. comecaram a rea lizar-se estudos maisespeci ficos : paleontol6gic os, se d ime ntol6gicos egeol6gicos. Teixeira (l944, 1945. 1946, 1950) examinouos macrof6sseis vegetais das jazidas de Sula e Vale deMadeira; 0 conjunto de vegetais indicaria clima tropicale 0 Crctaclco terminal ou inlciodo Terciario ; eonsideroua jaz ida de Vila Flor urn pouco mais antiga. Carva lho(1960) propos a substituicao de designacso de "Supra­Bucaco" por "Gres de Coja" e prossegu iu 0 estudosedimentol6gico de ambas as unidades, ja iniciado parCarvalho (1955) . No conhec imento da cob erturasedimentar destacam-se os estudos geologicos de Teixeira& Martins (1959), Barros (l 960), Teixeira et al. ( 1961),Carvalho (1962), Martins (1959) e Junta de EnergiaNuclear (1968), respcct ivamente, sob re a regiao deArganil, Ervedal da Beira, Santa Comba Dso • Nelas,Mortague, Caramulo e Beira Alta. Os f6sseis de Coja saoabordados por Zbyszewski (1953, 1965) e estudado spormenorizad am en te por Antune s (1 964 ; 1967 ).pennitindo uma precise atribuicso de idade; Antunes &Broin (1977) estudaram vertebrados encontrados em Naia.

Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela eos sedimentos de Seia. A partir de 1971 os ge6gra fosrecomccaram os esrudos na regiao de Lousa-Arganil, soba direccacde O. Ribeiro . S. Daveau e com a colaboracnodeA. Carvalho. Nessa altura, os conhecimentos consistiamna provavel distincao de quatro conjuntos sedimentares(Ribeiro, 1968). Foram publicados resultados em Daveau(1976), Soares et al. (1983) e Deveau et coil.• 1985·1986.As unidades litostratigraficas distinguidas foram, da basepara 0 top o: I) "Gres do Bucaco" ; 2) "Areias doBucaqueiro"; 3) "Arcoses de Coja"; 4) "Serie de faciesfluvia l e Argi las da Pebrice do Pisco"; 5) "Formacaosuperior de facies raiia''.

Ferreira (1978, 1980) caraeterizou a geomorfologiado Norte da Beira e distingu iu sucessi vas gerecoes dedepositos sedimentares: I ) "G res do Bucaco"; 2) "arcosescom montmorilonite"; 3) "gres are6sicos grosseiros comcaulini te e formacao argilosa com area-maexistenta"; 4)"deposi tos muito grcsseiros de tipo rafla".

Os esporomorfos do "Gres do Bucaco", em Vila Plor,foram estudadcs por Diniz et al. ( 1974), Pardutz et al.(1974), Kedves & Diniz (1979) e Trincac et al. ( 1989).indicando 0 Cretacico. Antunes (1986) retomou 0 estudodos vertebrados de Coja .

Soares et al. (1983). Corrocbano & Pena dos Re is(1986) e Daveau (1987) co mpararam 0 enchimentosedimentar da regiao de Lousa - Arganil com 0 de outrasregioes.

P ena dos Reis & Cunha (1986a , 1986b. 1989 a)realizaram varies estudos sedimentol6gicos nos ''Gres doBUyaco" e proposeram a definiy30 fonnal de urn gropointegrando tres fonnayOes. Penados Reis & Cunha (1988.1989h ) e Cunha & Pena dos Reis ( 1989, 1991a. 1991b,1992) abordaram a sedimentologia e a litostratigrafia doTerciario.

130

Pena dos Reis et al. (1991a) detenninaram 0 estadoestrulura l (tricl inicid ade e difractogr ama-pad rao ) defeldspatos ccntidos em clastos e dos feldspatcs detriti coscontidos nas Arcoses de Coja, na regtao de Arganil, paraestudar a respectiva proveniencia.

Mais recen temente, novos dados foram apresentadosacerca dos vertebrados (Antunes, 1992a, 1992b) e plantasfosseis (Pais, 1992) do Bocenico da Beira Alta.

Cunha (1992a, 1992b. 1994) ponnenorizou a descricaolitostrangraflca e a interpretecs o sedimentclcgica doTerciario de Portugal Central, identificando tambem asunidades alostratigraficas.

o progresso no conhecimento das coberturassedimentaresdo soeo a leste de Coimbra tambem pode seracompanhado pela analise da rcpresen tacao do Cretacicoe Terciario nas sucessivas cartas geologicas de Portugalna escala 1/500.000 . Com efeito, na carta de 1899. de J.Delgado e P. Choffa t, as nsbricas sao c' - Senoniano(inc1uem0 conjunto arenoso que actualmente se diferenciacomo Grupo do Bucaco, Areias do Bucaqueiro e Arcosesde Coja) e Q - Plistocenico (correspondendo a distdbuicsodo Grupo de secses e depositos quatem erios): contudo,nao foram representados os retalhos cartograficosarcosicos(Grupo de Beira Alta) na regno gran itica entre Viseu eSanta Comba Dao. A carta de 1972, coordenada por C.Teixeira. foi influenciada pela datacao do Ludianc de wnacamada argilosa em Coja. Com efe ito, a rubrics C

4

(Senoniano) so esta rcpresenrada numa pequena area,imediata mente a sui de Miranda do Corvo, enos niveissiliciflcadoscom vegetais do eimo da crista quartzltica doBucaco, enquanto que a rubrica PgM (Pe leogcnico eMiocenico indiferenciado) incl uiu uma grande partedas formacoes do Grupo do Bucaco, Are ias doBueaqueiro, Arcoses de Coje e as faci es dis tais finasdo Gr upo de Saco es: fin al me nt e , a nib rica PQ(Plio-Plistocenico indi ferenc iado ) abrange ape nas asfacies proximais (conglomeraticas) do Grupo de Saczes.Na carta de 1992, coordenada no Cenoz6ico per M. T.Antunes. a representacao do Cretac ico e Terciario dePortugal Central a leste de Co imbra j a foi baseadano estudo de Cunha ( 1992a) 0 qual, em 1990. forneceuwna minute.

UNIDADES LITOSTRATI GRA FI CAS

o presente trabalho tern por objectivo descrever asunidades Iitostratigraficas no Terc iario desta regiao, deacordo co m as regras intemacionais de nomenclaturaesnatlgra flca (lS .S.C.• 1994), subdividindo-c em grupos,formacees e membros.As unidades litostratigrificas foramdefini das pe r identificaeao dos eonjuntos de estratoscaracterizadcs por relativ e homogeneidade litol6gica,d iferenci an do -se hem, no te rre ne , das unidadesenquadrantes e. frequentemente, ja eonsagra das porutilizayoes anteriores. Todas as fonnayoes de fin idascorrespondem. tambem, a aloformayoes (aqui abreviadaspor SLD), dado que os seus Iimites inferior e superiorsao rupturas sedi mentares co m va lor s upra ­regional. Para alem da existencia de jazidas fosseis com

Page 3: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

10 Congresso sobre 0 Cenozoico de Portugal

Fig. I - Esquem a esrratigrafico do Cretacicc e Terciario da regilo de Espinhal-Coja-Caramulo (plataforma do Mondego).

valor cro nos tratigraflco . as propostas de atribuicao deidade as unidades litostratigni ficas fundamentam-sc nacomparacao com areas adj acentes da Bacia do Mondego,bern como na datacao das principals rupturas sedimentaresdo Terciario portugues (An tunes et al., 1987, 1999; Cunh a,199230 1992b, 1994, 1996) e espanhol (Calvoetal., 1993).Em algumas formacoes d iferenciam-se regionalment eassociaeoes de facies congtomera ticas, arenosas oulutiricas ju stificandc-se a subd ivisao em membro s,passiveis de ser cartografados aeseala 1/50.000.

Os sedimentos mais antigos do Tercia rio desta regn o(Fig. I) correspondem a urn grupo (aqui definido porGrupe de Beira A lt a ) de duas form acb es predo­

. minantemente areno sas e feldspatices, respectivamente asArcoses de Coja e asAreoses de Lobao. 0 Terciario maisrecente, designado por Grupo de Serra de Seczes, possulurn predomin io de conglomera dos, emuito espesso (340m na Serra de Secces) e integra sueessivamente aForm acao de Campclo, Conglo merados de Telb ada eConglomerados de Santa Quiteria.

GRIJPO DR RF.IR A ALTA

Na Plataforma do Mondego, a co bertura arenosaterciaria do socofoi informalmente designada por "arcosesda Beira Alta", pelo que parece apropriada esta refcrenciageognifica para este grupo de duas formaczes ercosicas.Comprende as Arcoses de Coja (Me mbro de Casalinhode Cima e Membro de Monteira) e as Arcoses de Lobao.

Embora este grupo de formacoes te nha largarep resentac ao na Plataforma do Mondego, selecciona-sea area de Sobreda para aree-tipo; ne la, podem distinguir­sc tres unidades sucessivas:

- 0 Membro de Casalinho de Cima ocupa posicaoestratigrafica inferior e assenta nos granit6ides. Aurn conglomerado basal (com facies Gm, MPS ""20em) sueede, urn arenito grosseiro a fino, de corcinzenta azu lada.

- Supcriormente, cxiste 0 Membra de Mon teira. Econstituido por arenitos grosseiros c esbranquicados

131

Page 4: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

10 Congresso sobre 0 Cenozoicode Portugal

que passam , a tecto, a arenitos finos moscoviticos,de cor verde.

- Em posicao culminante observam-se as Arcoses deLobao . Sao cons tituidas por arenites mu itogrossciros e casca lhentos, de cor alaranjada e comfacies Gt . Abundam feldspatos brancos (atingem 5em) e escassos rcseos. 0 MPS e de 6·7 em; alem deelastos de feldspato, M quartzo e granite (escasso).

Os sed imentos preenchem urn paleovale orienta dosegundo N240 0 e observam-se canais com eixos segundoN255 a 3050 (fluxo para WSW).

Na cobertura arcosica da reg iao de Tondela podetambem observar-se este Grupe, bern como distinguir-seas Areoses de Ccj a e as Arcoses de Lobao, formacces comcomposicao se mel hante e denuneiand o drenagemprocedente de nordes te. Dado que fossilizam geometriasde paleovale, as Arcoses de Lobso sao a formacao maisamplamente representada , enquan to que a for macaoinferior, com os seus dois membros, s6 se observa ao longodos eixos mais deprimidos. Junto a Tonde la, os depositosapresentam-se em manehas di sperses c de eon tomosirregulares.As suas cotas descem de 300-3 10 m em Canasde Sabugosa (extreme NE ), par a 220 m junto deMolelinhos (extremo SW). 0 retalho de Naia (a sudoestede Canas de Sabugosa) e0 de maier extensaoc espessura.

A superficie basal do Grupo de Beira Alta eorrespondea urn vasto aplana mento sobre sedimentos cre tacic os,rochas metassed imenta res e gr anit6 ides , com zonasdeprimidas alongadas NE·SW. Os alinhamentos de rochasquartziticas nao constituiam relevos muito significativos.Nos sopee montanhosos da Estrela e do Caramulo, esteGrupo e so brepos to em disccrdancia angu lar oudisconfonnidade pelo Grupo de Serra de Saczes. Contudo,na regiao do bat61ito das Beiras este grupo foi a unicaunidade terciaria a deposita r-se, pelo que 0 limite supe·rior rcprese nta 0 nivcl de colmatacao sedimentar destaregiso, que parece ter correspondencia com a superficiede aplanamento elaborada sobre os granit6ides das Beiras(plataforma do Mondego), posterionnente degradada peloencaixe da rede fluvial quatemaria.

Na vasta regiao , essencialmentc granitica, do sectornordes te da Plataforma do Mondego, existem vari esretalhos de sedimentos que sc encontram alinhados emquatro faixas parale1ase alongadas NE-SW.As faixas tern,geralmente, largura inferior a I km, mas 0 eomprimentopode atingir 34 Ian.A faixa mais a noroeste epoueo extensae situa-se dcsde as imediaczes de Tondela ate proximo deViseu. No interfhiv io Mondego-Dao, outra faixa alonga­-se desde Pinheiro de Azere (a sudoeste) ate Mangualde(a nordeste ). A mais extensa Iocaliza-se entre Tabua eArcozelo, a sudoes te de Fomos de Algodres . A faixa maisa sudeste posiciona-se entre Seia e Gcuveia.ja no sope daSerra da Estrela. As manchas cartogni ficas correspondema sedimentos arcosicos com pequena espcssura, geralmenter ae superior a 3 m, e nao excedendo uma dezena de met­ros. Os depositos posicionarn-se a cotas progressivarnenternais altas para nordes te; em Pinheiro de Azere, assentama cotas entre 210 e 230 m, enquanto que os situados anoroeste de Gouveia, estao a cerca dos 500 m. Fossilizam

132

paleova les estreitos e inclinados para sudoeste, ou formasdeprimidas mais amplas, como na area de Tonde1a.

Entre Tabua e Paranhos, localiza-se uma extensama ncha de de positos arc os icos que possibilitar amexplorecces de minerios estano-titaniferos, de que s6 restauma em Sobreda; produz areias, saibros e barro, bern comoconcentrados de cassiterite, ilmenite e tantalite.

Relativamente ao eixo geral de drenagem com variacsograno dec rescente de nordeste para sudo este , existemtambem variaczes de facies em sentido transversal, quese traduzem por biselamentos marginais acompanhadosper facies mais finas . Os sedimentos deste grupo detormecees arcosicas resultaram de uma rede de canaisentrancados, que drenava 0 sec tor montante de umaplanicie aluvial, genericamente para SW, na Bacia doMondego.

Re1ativamente ao sector NE da Bacia do Baixo Tejo, 0

Grupe de Bcira Alta corrclaciona-se, facilmente, com 0Grupo de Beira Baixa [antetiormente designado por"Arcoses de Beira Baixa"] , cuja grande semelhanca defacies e de enq uadran tes estratigraficos nao passaramdespercebidos dcsde os trabalhos picneiros de O . Ribe iro(ex. Ribeiro et al.; 1967). Este grup o de formacces estaracompreendido num intervalo do Eocen ico me dic acMiocenico: eanterio r ao grupo de tormaczesque registamscdimcntacao no save NW da Cordi lheira Central e quetraduzem 0 soergui mento, pro vavelmente, iniciado ameados do Tortoniano .

ARCOSES DE COJA (FORMAl;AO)

Esta designacao foi proposta por Soares et al, (1983),existindo as designaeoes anteriores de "Gres de Coja"(Carvalho, 1960) e -Supra-Bucaco" (Birot, 1944; Ribeiro,1949). Cunha (1992a) distinguiu nesta formacao , porcriterios sedimentologiccs, dois membros sucessivos comva lor regional e equivale ntes aos ante ri o rme nteidentificados na area de Tondela, por Antunes (1967,1975).

Embora esta unidade tenha larga represen tacao naPlataforma do Mondego, nomeadamente na area abrangidapor Arganil-Seia-Caramulo, a area de Coja foi sempretida como rcferencia devido adescoberta de fosseis e aosbons afloramentos ligados aexploracao para cerami ca eem areeiros .

Na area de Coja afloram largamente asArcoses de Cojae a Formacao de Campelo; as Arcoses de Coja assentampor discordancia angular no soco. 0 Membro de Casalinhode Cima tern 12 m de espessura e econstituido por arcosesmuito grosseiras e cascalhentas , de cor verde com tonsviolaceos. 0 Membro de Montcira e predominantementelutitico e tern 14 m de espessura. Na base de ambos osmembros ocorre urn conglomerado. Existe abundancia dequartzo leitoso que contcm, frequentemente, turmal ina.As Arcoses de Coja estao muito bascu ladas junto aocavalgamento de Lousa-Seia (Sequeira, Cunha & Sousa,1997); contactam super ionnente, por discorddncia angu­lar, com a Formacao de Campelo (que esta tambem urnpouco inclinada para noro este) . Cerca de 1 km para

Page 5: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

noroeste, junto a Coja , as duas unidades terciarias estacsub-horizontals e contactam por disconformidade.

Nos barreiros da Cera mica da Carr ica foram porencontrados, cm espessa lenticula lutitica do Membro deMonteira, numerosos fragmentos de troncos e ossos queforam esrudados pormenorizadamentepor Antunes (1964,1967, 1986, 1992a, 1992b).

A superflcie basal das Arcoses de Coja corresponde aurn vasto aplanamento sobre sedimentos cretacicos (Cunhaet al ., 1992; Cunha & Pena dos Reis, 1995), rochasmetassedimentares e granit6ides. Contudo, esta supcrflcieaprcsentaria zonas deprimidas alongadas NE-SW. asalinhamentos de rochas quartziticas nac consti tuiamrelevos muito significativos. Adescontinuidade sedimentarerosiva materializa-se, sucessivamente, para NE, per: a)disconfonn idade sobre as Areias do Bucaqueiro, na areaentre Vila Nova de Ceira e Chapinheira; b) disconfor­midade sobre 0 Grupe do Bucaco, na regiao de Arganil;c)discordancia angular sobre 0 Grupe des Beiras, naregiaoa nordeste de G6is; d) inconformidade sobre as rochasgrani t6ides . a limite superior corresponde a importan tedescontinuidade, com as Arcoses de Lobao (na regno deTondela), Formacao de Campelo (em Barreiro de Besteirose na regiac de Arganil), ou com depositos quaternaries.

o Mem bro de Ca sa li nho de Cima apresen ta ,gera lmente, arcoses grosseiras, cnquanto que 0 Membrode Monteira ternsignificativas veriecoes laterais de facies,desde predominantemente coaglomeraticas a lutlticas.

A formacao integra conglomerados com c1astos dequartzite, quartzo leitoso, fcldspatc, xisto e granito. Asareias sao constituidas per quartzo (predominantementehialino), fe1dspato, moscovite e biotite; sao acess6rios aturrnalina e 0 rutile . a s sedimentos possuem abundantematriz lutitica esmectitica.

A formacao etinge 60 m de espessura na area entreVila Nova de Ceira e Arganil, onde se situam os pedis dereferencia para os seus dois membros. Apresenta, geral­mente, cor verde acinzentada ou esbranquicada, emboranos niveis basais da regiao de Arganil ocorram manchasvioleceas. A unidade bisela-sc para NW e foi erodida aSE durante 0 levantamento tect6nico da Serra do Aeor.

Predominam arenitos muito grossei ros, geralmentemaci co s e cascelbentos, sen do a es trarificacaoen trec ruzada csncava rel ativamente rara. Possuemsignificativa fracy30 siltosa.A cor everde esbranquieada,por vezes amarelada . Estes sedimentos ocupam a partebasa l dos enchimentos de cana l (sucedendo as faciesconglomeraticas, quando existem) ou constituem camadastabula res. Aren ites medics a finos, macicos ou, maisraramente, com leminacao paralela (facies Sh), sao menosfre q uentes. Gera lmente ocupam um a posl cacimediatamcn te superior, por passagern gradual, as faciesgrosseiras. a limite superior, ou Cravinante ou passa,gradualmente, a sedimentos lutiticos.

As Arcoses de Coja correspondem a uma sucessaodetri tica essencia lme nte constituida por arcoses cmicroconglomerados, que sofrcram transporte aquoso,maioritar iamente, por carga de fundo. As facies e aspa leoc orrentes sao indicatives de deposicao por urnsistema fluvial com cursos de agua entraneados e de baixa

10 Congresso sobre 0 CenozOico de Portugal

sinuosidade (Cunha, 1991, 1992a). Contudo, existe urnasignificativa dtferenca sedimento l6gica entre os doismembros que a constituem, a seguir descritos . a s variesindicadores de paleocorrentes (paleovales, figuras de ca­nal, es tre tlfl cacoes obliques p laneres e Concavas ,imbricaczes de clastos) indicam escoamento para SW eSSW. Contudo, na area entre Barre iro de Besteiros eCampo de Besteiros, 0 sistema aluvial tinha drenagempara sul. a s Iit6tipos dis tribuem-se segund o faixasalongadas pa ra le las aos vectores medics daspaleocorrentes. Regionalmente, distinguem-se duas faixasconglcmerat icas onde os c lastos de granitoides saoparticularmente abundantes. A faixa que se estende parasui de Bires po ssui facies muito grosseiras, poucoorga nizadas e com alimentaeao local (predominand ogra ndee c1 astos de granito e de xisto mosque ado),sugcrindo que a area a norte estaria a sofrer erosao. Aoutra faixa conglomeratica a longa -se por Avessada,Monte ira, Samadela e Malhada Velha; prol ongava-se,ce rtamente , ma is para orien te . Ao longo do s eixoscongjomera ticos, nota-se urn progressivo decrescimogranulometrico para SW que se traduz no MPS (media doeixo maier dos dez maiores c1astos em cada nivel) e nafrequencia das facies conglc meraticas.

Ex istem ainda tres pequena s fai xa s com umaimportante fre que ncia de fa c ies lutit ica s e qu ecorrespondem a sectores marginais com biselamento. Amais setentrionallocaliza-sej unto a Barreiro de Besteiros.A que se estende por Venda da Serra e Chapinheira foicon dic io nada por obs taculos topografic oscorrespondenrea aSerra da Moita e a Serra do Bidueiro;esta ultima teria urn comando maximo relativamente aplanicie aluvial de cerca de 130 m.A terceira faixa areno­lutitica situa-se nas Imediacces de Coja; pode ter-sedesenvolvido devido a bar reira exerci da pe la cris taquartzitica de Fajao, provavelmente muito mais extensaantes da deflnicao da Serra do Acor,

A barreira definida pela crista quartzitica da actualserra .do Bidueiro parece ter sid o res pcnsavel peloaparecimento (para jusante) de dois eixos principais dcdrenagem. a mais se ten tri on al, mostrar-se -iagenc ricamente aJinhado com 0 actual tracado do RioMondego, entre Santa Comba Dao e Coimbra;ede referirque urn impo rtante eixo flu vial pat eo gen lco, comdrenagem para SW, foi demonstrado para a rcgiao a SWde Coimbra (Pena dos Reis, 1983). Contudo, a maiorespessura do corpo sedimentar pennite concluir que 0

essencial da drenagem se efectuava por urn eixo situadomaisa suI.A drenagem atravess ava a area correspondenteaactual Serra da Louse (ainda nao soerguida) e dirigia-separa oAtlantico. Se extrapolannos 0 prolongamento desteeixo para SW, vemos que se alinha com a area de Pombal.Note-se que foi nesta area que Pena dos Reis (1983)detectou maior concentracac de feldspato s brancos naFormacao de Born Sucesso, considerada equivalente distaldas Arcoses de Coja.

Ferreira (1978), com base no grau de desgestc dosextraclastos desta formacao, estimou que ocorreu urntranspo rte maximo entre uma dezena de quil6mctros,necessario para rolar os calhaus de quartzo filoneano, e

133

Page 6: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

1° Congressc sabre 0 Cenoz6ico de Portugal

cerca de uma centena de qu il6metros, necesserio paraproduzir urn desgaste apreciavel dos graos de quartzo.Parte dos grsos detri ticos podem ter sido transportados,pelo menos em parte do percurso, incorporados em clastosde grani to.

Pelas carac teristicas sedimentol6gicas e estra tigraficas,esta un idade Iitostratigrifica pode ser considerada comoequivalente proxima l dos membros I e lI da Formacao doBorn Sucesso (Pena dos Reis, 1983), com continuid adepaleogeografica na Bacia do M on de go . Ambas saoconst ituidas por dois membros sucess ivos, sep arados porumadisconformidade. Eesta descontinuidade sedimenta rque permite definir duas sequencias alostratigrafices :SLD7 {Bocenico Medic a Superior) e SLD8 (BocenicoSuperior - Oligccenico basal ?). Com base na correlacsode Penados Reis & Cunh a (1988, 1989a), no afloramentomais ocidental (Vale Furado) esta descontinuidade separauma sucessa o aluvial inferior datada do Eocenico Medica Superior ("Conglomerados, areias e argilas verrnelhascom nlveis concrecionados de Vale Furado", com 70 mde espessur a), de ou tra co m caracterfsticas Hticasseme1han tes e, provavelmente, do Eocenico Superior("Areni tos amarelos, geralmente grosseiros, as vezesconsolidados, de Feliguei ra Gra nde", com 40 m deespessura) (Antunes, 1975, 1986, 1995).

Nes te contexto , 0 Membro de Casa linho de Cima e 0

Membro de Monteira correlacionam-sc, respec tivamente,com 0 membra l eo membro II da Formacao de BornSucesso.Assim,combasenasjazidasfosseis(Vale Furado,Coja e Na ia), 0 mcmbro inferior compreendeni, prova­velme nte, 0 Eccenico Medic e base do Superior, enquantoque 0 membra supe rior abarcara a restante part e doEocenico Superior e, cventca tmente, 0 Oligocenico basa l.

Re lativamente aBacia Terciaria do Baixo Tejo , estaformacao correlaciona-se com a Formacao de Cab eco doInfante (Cunha, 1996) e 0 Complexo de Benfica (Penados Reis et al., 199I b).

MEMBRO DE CASALINIIO DE e lMA

A localidade tipo, Casalinho de Cima ( 1,5 krna nortede G6is), situa-se na vertente sui da serra de Alcaria. 0aflorarnento mostra 33 m de arcoses grossciras a mediasdeste membra, que se apresentam em camadas tabulares,predominando 0 aspecto maclco sobre a estruturacntrec ruzada em sulco.

A unidade pode assentar por disconformidade sobre 0

Grupo do Bucaco, discordancia angular sobre 0 Grupodas Beiras e por inconformidade nas areas gran it6ides; 0

limite superior euma disconfonnidade com 0 Membro deMonteira.

o Membra de Casalin ho de Ci ma e, em geral,const ituido por arcoses macicas, grossciras a finas. Ossedi me ntos orga ni z am -se em corpos tabulare sgra nodecresce ntes e com cspessura ate 9 m. Sucedendo abase eros iva de cada corpo pode existir urna pavimcntacaoconglomeratica (facies Gm). Os corpos tendem a ser maisespessos para 0 tecto. 0 e lemen to arquitectur al ma isfrequente e 0 LS (camadas de arenitos laminados).

134

Aumenta progressivamente de espessura para SSW,atingindo cerca de 40 m junto a Celavisa. Na area entreCoja e G6 is do mi na m arcoses mult o grosseiras; ossedimentos da base apresentam cor verde amarelad a,enqu anto que os do te cto silo arroxeados . Bi sela-selateralmente pa ra WNW, tornand o-se as fa ci esprogre ssivamente ma is finas. Na area ent re Tond ela eSobreda predominam arcoses medias a finas, de corcinzenta e, as vezes, com f6sse is vegetais.

o Membro de Casalinho de Cima apresenta cortejoargiloso com esmectite dominante, acompanh ada por ilitee escassa cau linite. Os sedi mentos basais do Membra deCasalinho de Cima encontram-se cimentados po r do lo­mite, em varies locais. 0 tecto do Membro de Casalinhode Ci ma ex ibe, lo ca lme nt e , co ncrecces b rancasdolomiticas.

Interpreta-se que a sedimcntacao foi cpis6dica a part irde correntes aquo sas, essen cialmente, nilo canal izadas(mantos de inundacao).

MEMBRO DE MONTEIRA

o perfil tipo localiza-sc numa ravina junto de aldeiade Monteira, 1 km a sul de Vila Nova de Ceira. E urn dossectores em que 0 membro tern maior espessura, cerca de30 m, s6 ultrapassado na area de Malhada Velha. 0 topodo perfil e constituido por conglomerados heterometricose lutitos da Formacao de Campc lo.

Pre do minam arenitos rnuito grossei ros econglomerados, de aspecto macicc ou com es truturasindicadoras de transporte tr activo : pequ enas barrasconglomeniticas, sulcos e estratificaczes entrecruzadas emsulco. A unidade tern habitualm ente cor verde acinzentadaou esbranqutcade no s niveis mais grossei ros. Po ssuicomposicao feldspatica, a que se associam quantidadessignificativas de fragmentos liticos. Os sed imentos saomal calibrados e com abundante matriz lutitica csmectitica.Os c1astos de dimensao superior a areao sao de quartzi to,quart zo leitoso , fi litc , feldspato potessico e gra n ite(escassos).

o limite inferior da unidad e e uma disco nformidadesobre 0 Membro de Casalinho de Cima ou Grupo doBu c aco, embora em areas m ais marg inais ao eixcdepocentrico se face por disco rdancia angular sobre osmetassed im entos do Grupo das Beira s ou porinco nformidade, sobre gra ni t6ides. 0 limite superiorcorres ponde a pa ssagem a Fo rmacao de Camp.elo,geralmente por disco nformidadc, mas no sope de escarpasde falha geradas pela tect6nica fini-terciaria (Sequeira,Cunha & Sousa, 1997) es tc limi te po de fazer-se pordiscordancia angu lar.

A unidade corresp onde a uma mecrossequencle basicegranodecrescente , com facies conglomcra ticas basais emais fines para 0 tecto .

Dccumentam-se importantes var iacces laterais, naespessura e facies . Na regiac de Arganil , por exemplo, asfacies predominantem ente conglom eraticas dispeem-senuma es treita faixa SW-NE passando por Mcnteira(extremo SW), Arganil, Malha da Velha. Neste ult imo

Page 7: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

local, as facies sao exclusivarnente conglomeraticase tern30 mde espessura; organizem-se no elemento arquitecturalGB (barns conglomcratices). Lateralmente (para WNWe tambem para ESE), as facies tomam-se progressivamentearenosa s e areno-lutfticas. Nas facies fina s foramencontrados verte b rados e m Coj a (urn ma rsupia l,paleoteridcos e anoploterideos incluindo Anop/otheriume Dip/obune) e Naia. Junto a Biras-Castelces (a NNW),as facies sao conglcmera ticas.

o Membro de Monteira tern facies conglomeniticasbasais, com cor verde acastanhada a amarelada; para 0

tecto, e constituido por facies arenosas e lutit icas. Astrans iczes para facies lutiticas sao, gera lmente, abruptas.Pode conter clastos graniticos e, relativarnente ao Membrode Casal inho de Cima, tern menor abundancia de clas tosmetassed imentares. A jusante (SW) da Serra da Moita osdepositos contem frequentes clastos quartzit icos. Ossedimentos deste membro organizam-se em corpos comgeometria em canal (CH), intemamentc granodecrescentese com espessura variando entre 2 e 10 m. Os elementosarquitecturais presentes sao CH. GB, SB e OF (finos detransbordo ).

No Membra de Monte ira predomina a esmectite (E),acompanhada de caulinite (K) e ilite (I); as asscciacoesEK e EKI sao as mais frequentes.

Em Na ia (2 km a noroeste de Tondela], na base doMembra de Monteira foi recolhido um dmero de mamifero(Antunes, 1975) e restos de tartaruga terrestre, indicativesde idade pos-Eocenico Medic mas ante-OligocenicoSuperior (Antunes & Broin, 1977). Em Sobreda foi encon­trado neste membro urn fragm ento de Leg uminoxy /onteixeirae Vallin, e no Membro de Casa linho de Cima urnde Cupress inoxylon lusitanensis Vallin (Pais, 1992).

As caracteristicas do Membra de Monteira sugerem 0

escavamento e enchimento de canais e 0 desenvolvimentode pequenas barras longitudinais em correntes entraneadase cascalhentas, numa planicie eluvial de declive fraco amoderado, com deficiente dre nagem. Apresentari a, emde tenninados momentos, fluxe s muito energeticos,testemunhado por blocos gran iticos que podem atingir 0,6m de dimensao, que tiveram um percurso superior a umadeze na de qutlomet ros. Pa leorel evos q ua rtziticos,alinhados segundo NW-SE, condicionavam a drenagemque se fazia segundo NNE-SSW.

ARCOSES DE LOB..\O (FORMA<;AO)

Como localidade tipo propoe-se a area de Lobso, a 2krn a teste de Tondela. Ferreira (1978) designou estaunidade po r "arenites arcosicos grosseiros com caulinite".A formacao assenta sobre as Arcoses de Coja ou, mais

.pere NE, directamente sobre rocbas granitcides. Estatormacso ccupa posicao culminante riabordadura SW dobatolito granitico da Beira Alta, pois por se encontrar muitoafastada dos sopes montanh osos do Caramulo e da Estrelanao foi coberta por dep6si tos do Grupo de Sacoes .

A fonn aryao Cconstituida por arcoses muito grosse iras,friliveis e de cor verde alaranjada , com intercalary oeslutiti cas. Os feldspatos slio abundantes, estao poueo

1° Congresso sobre 0 Cenoz6ico de Portugal

meteorizados c atinge m grande dimensao. Os sedimentossao mal calibrados ; os maiores c1astos sao de quartz ite ,quartzo leitoso, feldspato e granite . Sao tipieas figuras decanal . atingindo uma centena de metros de largura. Emboralateralmente muito extenso. 0 registo sedimentar tern cercade 5 m de espessura maxima. Relativamente as Arcosesde Coja, as Arcoses de Lobao sao ligeiramente maisorganizadas, geralmente mais grosseiras e menos ricas dematriz; os feldspatos pouco alterados sao mais abundantese atingcm grande dimensao; 0 cortejo argilosoe constituidopor caulinite (abundante) e ilite, contrariamente aquelaformacao que e rica de esmectite.

Os sedimentos arenosos resultaram de uma rede decana is entrancados que drenava 0 sector montante de wnaplanicie eluvial, com orientacao gener icamente para SE.na Bacia do Mondego. Relativamente as Arcoses de Coja,as Arcoses de Lobao refletem melhor drenagem fluvialatlantica. A idade provavel eMiocenicc [ante-Tortonianomedic).

Na Bacia terciaria do Mondego considera-se que asAreoses de Lobso sao 0 equivalente mais proximal dosGres e Argiles de Arnor (Pena de s Reis, 1983; Pena desReis & Cunha, 1989b). registo sedimentar conse rvado naregiao a sudoeste de Coimbra. Uma jazida fossil nos Grese Argilas de Amar, ind ico u 0 Aragoniano su perior(Langhiano, inlcio do Miocenico Medic; Antunes & Mein,198 1) (ocorrencia da "Fauna com Hisp anotherium" - M.T. Antunes, informacac oral).

GRUPO DE SE RRA DE SACOES

Eurn grupo de Ires formacces (Fig . I e 2) em quepredomi nam sedimentos heterometricos conglomeraticose tutft tcos, co m abundancia de c1astos de fi lito emetagrauvaque. Traduz sedimenteca o em cones aluviaisno sope de escarpas tectonicas. A serra de Saczes, situadaa cerca de 3 krna sui de Vila Nova de Ceira, foi escolhidapara area de referencia deste grupo poi s na encosta nortea sucessao aflora com condiceesde observacao suficientes,podcndo distinguir-se as tres formacoes constituintes:Formacao de Campelo, Conglomerados de Telhada eConglomerados de Santa Quiteria . Outr a das vantagensdesta area e a de exemp lificar as variaczes de facies,passando de heterometricas e desorganizadas junto docavalgamento de Lcusa-Seia a mais organizadas e maisfinas com 0 afastamento.

Na celina de Sacces, 0 Terciario apresenta 400 m deespess ura. As unidades estao baseuladas para SE, sendo aInclinacac progressivamente mcnor nas unidades maisrecentes, devidc ao sucessivo rejogo do cavalgamento deLousa-Seia. Os Conglomerados de Santa Quiterie ternbaseaos 40 0 m de a lti tude e 200 m de espcssura . Saoconstituidos, nesta area. por espessaa (8 a 24 m) camadasconglomeraticas heterometrica s, separadas por niveislutiticos. Os blocos atingem 4 Ill, sendo suportados poruma matriz lutitica ocre . Relativame nte as unidad esinfe ri ores, os Co ng lome ra dos de Santa Quit eriaapresentam maior percentagem de c1astos de quartzito ebloeos de maior dimenslio. Junt o do sope ex is tem

135

Page 8: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

I· Congresso sobre 0 Cenowico de Portugal

FLS

o

ooooo0 0 0 00 0 0000000 000 000 0 0 0 00 0 0 00000000000 0 0 0 0 0

o0 0 0 ° 0 oo~g:;::j::I0 0 0 0 0 0 0000 0 000000 0 0 000 0 0 0

Santa Quit~rt00000 0 00 0000000000000 0 0 0 00000000 00 0 0o ooooooo~'Y"000 000 00 " , ,, -- ,00 00000000000 0 0 0 0000 000000

-.-"' R

S.Quiteria

Sacees-CervelhalN

t

CemacheAntanbol

20

1°0001 B +C000 0

m

o KIn

BarracaoPombal

Cemache-Antanhol

o

125

000000000

_M

Fig. 2 - Corte esqeerneticc etreves do Grupe de Sacoes e des correlatives depositos da regigo a SW de Coimbra; associaeoes deBcies: A· conglomerados de fluxes graviticos; B - espesscs conglomerados meciccs: C - altemincia de cspessos conglomerados earelo; D - arenites cascalhen los; E - altemfincia de arcnitos finos e lutitos; M - sedimentos marinhos costc iros, com fbsseis doPlacenciano inicial. FPC - falha de Pombal-Coimbra; FMA - falha de Miranda do Ccrvc-Arrifana: FLS - cavalgamento de Loud-

Scia; R - descontinuidade sedimentar regional (disconformidade ou discordincia angular).

frequentes clastos de filito mas encontram-se muitoargi lizados, 0 que pede explicar a rapida diminuiclo deabundAncia para jusante.

Ao longo do sope noroeste da Cordi lbeira Central aunidade asscnta por disconfonnidade nas Arcoses de Coja;mais para norte ass enta di rec ta mente nas Areias doBueaqueirc e no Grupo do Buceco; para oriente da cristaquartzftica de Serra da Moita, assenta em rochas maisantigas, sucessivamente, por discordancia angular sobreo Grupo das Beiras e por inconfonnidade nas areasgranitoides. 0 tecto deste grupc constitui a supcrficieculminante do enchimento sed imentar regional. 0posteriore progressivo encaixe fluvial, bern expresso pelasucessao de ntveis de terrace e dep6sitos de vertente, foiiniciado pela efaboracso do Nlvelde Serra da Vila (Daveau

et coli ., 1985-1986), encaixado cerca de 100 mre lativamente ao planalto de cclmatecao em SantaQuiteria. 0 Nivel de Serra da Vila (prcvavel Gelasianc aPlistocenico basal) posic tcna-se aos 340 m de altitudejunto a col ina de Santa Quiteria, pelos 320 m na areada Loud , continuando a desc er de alti tu de pa raocidente.

Este grupo e formado por duas macrossequ enciaspositives (granulocrescentes para 0 topo) seguidas de urnanegative, separadas por ruptures sedimentares (un idadesalostratigraficas SLOll, SLOl2 e SLO t3 ), constituindoa resposta sedimentar aos grandes movimen tos tectonicosfini-terciarios que diferenciaram volumes significativos dorelevo actual (Deveau, I985;Ferreira, 1991;Cunha ,1 992a,1992b; Cabra l, 1995; Sequeira, Cunha & Sousa, 1997).

136

Page 9: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

Como resultado da sua deposicao em cones aluviais,co m 0 afastame nto aos retevos mont anbososa limen tado res esta uni dade ap resenta uma rapidadiminuicao de espessura e granulometrie, com passagemgradual de congfomerados heterometricos a sedimentosareno-Iutit icos. Dist inguem-se associecoes de facies(Fig. 2),

A) espessos conglomerados bererometricos, consti­tnldos por blocos que atingem 4 m de diametro suportadospor matriz lutitica, separados por niveis lutiticos;

B) corpos decametricos de conglomerados macicos,com suporte clasticc e mal calibrados;

C) alremancia tit:co nglomer ados macicos (emque saofrequentes asimbncaczcsde clestos) ou com estranficacsooblique planar e siltitos macicos;

D) corpos erenosos grosseiros, com estratiricacsoentrecruzada concave ou obliq ue plana r, scb repondo-se apavimento s conglomeraticcs;

E) altemancia de arenitos medics a finos (macicos oulaminados) ou conglomerados macicos, com espessoslutitos.

A associacao A localiza-se junto das falhas da Lousee de Verin-Penacova, correspondendo a depositos defluxos gravnic oa. As associacoes B, C, D e E resultam deprocesses al uviais aquosos, respectivamentc, co msucessi vo decrescimo na energia dos processos aluviaispara j usante. As associaczes B e C possuem faciespredo min antemente conglc merat icas, dominando 0

elemento arquitcctura l GB (barras congtomcraucas). Naassociacao D sao tipicas as mortologias arenosas e cana is(elementos SB e CH), representando 0 sector intermediode lequc aluvial. Na associacso E existe urnpredomin iolutit ico (e lementos OF e CH); cor responde ao sectoraluv ial mais d istal , dominado pe la decantacao . NaFormacao de Cempelc e nos Conglomerados de Telhadaa assoclacac D e reduzida. A grande representatividadedes facies lutiticas na Formacao de Campclo pode dever­se a varies causas , tais como condicoes paleogeograficasfa vo recendo a deca ntacao j unto do sope, maiordistanciamento a area-mae (indicado pela escassez declas tos de grande dimenssc) e condicoes cl imaticaspropicias a ergilizacso dos xistos (0 que eapoiado pelocortejo argilosorico de esmectite e cor verde aeastanhadado sedimento).

Este eonjunto litostratigrafico materializa a respostased imentar ao soerguimento fini-terciario de importan tesrelevos, sendo formado pe r dep6sitos de cone eluviallocalizados no sope de escarpas tccton lces. das quais sedestacam 0 cavalgamento de Lousa-Seiae 0 desligamentode Verin-Penacova:

. - os depositos da area entre a Serra de Sacces a Coja,no sopenoroeste da Cordil heira Central Portuguese,que constituem a maneha mais extensa, com 340 mde espessura maxi ma e uma morfologia aluvialrazoavelmente conserveda:

- os de Mortagua , apresen tam 70 m de espessuramaxima (50 m da Fonna~o de Campc1o, 13 m dosConglomerados de Telhada e 7 m dosConglomerados de Santa QUitcria);

1°Congresso sabre 0 Cenoz6ico de Portugal

- no sope oriental da Serra do Caramulo, apresentam-,-se intensamente erodidos e em varies retal hoscartograficos, com 55 m de esp essura maxima

(Barreiro de Besteiros).

FORM A<;AO DE CAMPELO

Forarn denominecoes anteriores : "formacao amarela"(Birot , 1944), "complexo argi loso amarelo" (Carvalho,1962) , "formacao argilosa amarela, co m area-maexisten ta" (Ferreira, 1978) e "Serle de facies fluvia l"(Davceu et coil., 1985-1986). Para cs tratot ipo epropostaa area de Campelo a Arroea, no fIanco ocidental da celinade Santa Qui teria.

No sector SW da celina de Santa Qulteria, a Formacaode Campelo aprese nta a NW (C hapinhci ra ) 50 m deespess ura e a SW (Vi nca Pequena ) 100 m. A sua metadeinferior econstituida por conglomerados com estrulurasdeposicionais tractivas, nom eadamente imb rlcecaesfrequentes ; os lutitos, predominando na sua metade supe­rior, sao explorados em barreiros. Nos 10 m basaisetlpicaa existencia, nesta areae nas colinas de Saczes e Carvalhal,de grandcs blocos de quartzite.

Pode assenta r pe r discordancia sobre 0 soco, Grupedo Bueaco ou Areias do Bucequeiro mas, geralmente, epor disconformidade sobre as Arcoses de Coj a; podetam bem assentar di rectamente em granites. So bre aunidade assentam, em disconfonnidade ou discordanciaangular, geralmente os Conglomerados de Telhada.

Organiza-se verticalmente numa macrossequenciabesica, com urn predominio de conglomerados na base ede lutitos no tecto. Conglomerados heterornetricos situa­se ao long o de escarpas tectonica acti ves durante asedimentecso da unidade . Com 0 afa stamento des tasposicees, a formacao bisela-se com rapida variacao parafacies prcdominantemente areno-lutiticas. Apresenta juntodas falhas de Lousz-Seie e verm-Penacova facies quasecxclusivamente conglornerat icas, com cor cas tanhaavermclhada e 100 m de espessura max ima; d istalmente,predomina m facies areno-lutiticas mlcacees, com cor ~

verde ae inzentada ou amarelada. Os sed imentos saoheterometricos a mal calibrados, possuindo abundantematriz argilosa e friaveis . Predominam clastos de filito emetagrauvaque relativamente aos de quartzo leitoso equartzi te; atingem maiores tamanhos c sao mais angulososjunto dos sopes montanh osos . 0 cortej o argiloso eesmectitico, com urn pouco de ilite. Em gerat, j unlo defalhas inversas a formacao esta basculada e pode estarcava lgada pclo soco . 0 prim eiro rej ogo in verso(prova velmente a meados do Tortoniano) dos acidentescom orientacao betica (cavalgamento de Lou sa-Seie, ctc.)eresponsavel pclo inicic da deposicao aluvial de sope queconsti tui a Formacao de Campefo. Mais tarde, uma novareactivacao inversa tru nca as facie s proximais destaun ida dc, co m a escarpa a se r fossil izada pelosConglomerados de Te1hada. Vma ruptura sedimentar intra­Turoliano medio I intra-MN 12 (aproximadamente intra­Messiniano) - a que sucedem sedimentos com intensarubefac~ao - e reconhecida na maioria das bac ias

137

Page 10: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

10 Congresso sobre 0 Cenoz6ico de'P ortugal

espanholas (Ca lvo et at ., 1993), pe lo q ue a sCo nglomerado s de Telhada podem corresponder aoMessiniano term inal-Zanclea no (Turoli ano sup.­Rusciniano inf. ).

A sedimentacjo traduz fluxos de masse e sedimentacaotorren cial episodica, em leques aluviais com drenagemendcrreica e, provavetmente, sob clima temp erado quentecom eetaczes contras tadas.

MEMBRO DE FOlQUES

Os melhores afloramentos sao em ravinas na margemdireita da ribeira de Folques, a norte do cava lgamento deLousa-Seia. Co mo aflo ramentos complementaresdestacam-se a s da ravina de Monteira e as da celina daSerra de Sacees. Esta unidade,junto da falha da Louse, emuito grosseira e espessa (cerca de 100 m), biselando-separa NW. Duas ravines localizadasna colina de Travancae junto a Folques, com grande extenssc lateral e boaqualidade de exposicao, mostrarn os 50 rn basais daunidade. Apresenta rn facies conglomeratices poucoorganizadas, com lenticu las lutiticas intercalada s. Osconglo merados sao de suporte clastico (facies Gm e Gp)e raram en te mos tra m Imbrlcecso; de cor vermelhaalaranjada, aprescntam clastos oriundos dos r elevos desoeo em soerguime nto: filit o, metagrauvaque, escassoquartz ite e abundante quartzo leitoso, com MPS a atingir50 cm. A sudeste de Arganil existem varies locais onde sepede observar bern a unidade; as camadas lutiticas saoexplo rades para cersmica.

o caracter granoereseente da formacao traduz umarnacrossequencia basica negative. Com 0 afastarnento dosope mont anhoso, as facies adquirem uma organfzacaotipica de fluxos aquosos e nos conglomerados intercalam­-se niveis areno-Iutiticos; distalmente passe, gradua1mente,ao Membra de Arroce.

MEMBRO DE ARRO«;A

Para estatot ipo se lecionou-se 0 barreiro junto apovoacao de Arroce, na encosta NW da colina de SantaQuit eri a. A un idade e essencialmente lut it iea , comlenticulas conglcmerat icas. Passa superiormen te, pe rdisconform idade, aos Conglomerados de Telhada. Aanterior denominacao era "Argilas da fabrica do Pisco"(Oaveau et coil., 1985-1986).

A sucessao de sequenctes basicas aluviais traduz umaevolucac granodecrescente, com enriquecimento nasfacies finas. Com a aproxirnacao as paleo-escarpas passa­se gradualmente a urn predominio de cong lomerados(Membro de Folques). Este membro esta bern representadona colina do Bucaquei ro e em Mortagua-Barreiro deBesteiros.

CONGLOMERADOS DETELHADA(FORMACAO)

Nas areas de Barreiro de Besteiros e MortAgua, Ferreira(1978, 1980) designou esta unidade por "dep6sito de leque

138

aluvial, bastante grosseiro e vermelho, que se assemelhaas raiias e de origem xistenta" e que eposterior aformayaoargilosa. Nas areas de LoUS3 e Arganil os depositos destaunidade e os Conglomerados de Santa Quiteria foramenglobados por Daveau et coil. (1985 -198 6) sob adesignacao de "Formacao super ior de facies rena' '.

Para area tipc eprop osta a de Telhada-Chapinheira­Santa Quiteria (Flanco SW da colina de Santa Quiteria];apresentam 50 m de espessura e sao constituidos porconglomerados pouco organizados, com intercafacoeslutlticas de geometria lenticular; passam, superionnente eper dis conformida de, aos Co ng lomerados de Sa ntaQuiteria. A base des ta fcrmecao, ass im como a dosConglo merados de Telbada e a da Formacao de Campelo,di st ingue-se geomo rfol ogica me nte por urn ressa ltotopcgraflcc ; 0 tecto de Formacao de Campelo, per serlutft ico, origina vertentes com men or decli ve . OsConglomerados de Telhada tambem afloram ao longo daestrada n° 522 e nas imediacees do cruza mento paraSalgueiral, mas as condi czes de exposicso sao mediocres.A unidade equase exclusivamente conglomerance, comfacies Grns (matriz areno-lutitiea) ; 0 MPS atinge valcresde 70 em na base da unidade e 40 em no tecto. A formacaoorgantaa-se vertic almente numa macrossequ snctegranulocrescen te.

Co m 0 a fas ta rne nto aos rel evo s montanhososal imentado res a formacao apresenta uma g ra dua ldiminuicao granulometrica e de espessura, com facies maisorganizadas. Junto das escarpas de falha, econstituida porconglomerados heterometricos com clastos suportados poruma matriz lutitica; distalmente, a diminuiyao de espessurae aeompanhad a per pa ssagem a uma altemancia deconglomerados e siltitos.

Os Conglomerados de Telhada possuem uma tipicacor verme lha intensa, dada por uma matriz argilcsa comoxi-hidrox idos de ferro; a ferrugini za cac penetraapreciavelmente para 0 interior dos clastos . Predomin amos clastos de filito e quartzo leitoso, que atingem maiorestamanhos e sao mais angulososjunto do sope montanhosa .Intercaladas nos conglomerados, existem lentfculas areno­lutiticas euja fraCy30 arenosa e quartzosa , dominando 0

quartzo leitoso sabre 0 quartzo hialine, com fragmentosde xisto e feldspatos. 0 cortejo argi loso (fracyao < 2J1m)aprese nta proporczes equ ivalentes de ilite e caulin ite, aque se associa significa tive quantidade de goethite. Aformacao aflora largamente na area de Saczes a Argani l,nonnalmenle com mas condicces de exposi cao; tambemexis tem reta lhos em Miranda do Corvo, Mortagua eBarr eiro de Besteiro s. A forma cao apresenta 90 m deespessura maxima (se rra de Saczes). A atitude daesrreriflcacao esub-horizontal. Embora a base da unidadese observe bern em muitos locais (colina do Bueaqueiro,Santa Ouiter!e, Secses, Mortagua), os nivei ses tratigrafiea mente mai s altos tern, gera lmen te, umaexposicao muito rna; em Gandara (Mortigua), existe boaexposicac da totalida de da espessura (13 m).

A unidade corresponde a sedimentacao torrencial emcones aluviais com drenagern endorreica. Inferem- secondiyoes climaticas de tipo mediterranico, com estayocsmuito contrastadas a promover forte oscilay30 freiltica.

Page 11: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

C O NGL O ME R ADOS DE SANTA Q UITER IA(FORMAc;AO)

Em Portugal Centra l, a primei ra utilizacao dadenominacao "dep6si tos de tipo raf ia" foi feita por Ribeiro(1942,1943, 1949) , referida a sedimentos beteromemcosculminantes na Beira Baixa (a Formacaode Falagueira) ena regiac da Lousa-Ar ganil (os Conglomerados de SantaQuiteria). Foram descritos como coberturas que podiamatingir duas centenas de metros de espessura, biselando­-se rapidamente com 0 afastarnento de frente montanhosa,constitu idas por conglomerados heterornetrtcos, ricos declastos de rochas resistentes aalteracao e com wna patinade cor laranja avermelhada, possuindo abundante matrizareno-Iutitica de cor ocre a vermelho-tijolo. Situados nosope de imponentes cristas quartziti cas (Penedos de G6is,Moradal e de Pcnha Garcia), que se dcstacam des relevosxis tentos da Co rd ilhe ira Central , estes de p6 sito sconstitcem vastas planicies culminantes ou lombas deperfil trapezoidal e cimo plano, isoladas pela incisao daredc bidrogrefica e a maior altitude do que os terracesfluviais.

Propce-se para estratotipo 0 perfil da col ina de SantaOuitena, 4 Ian a norte de Vila Nova de Ceira, que ilustrafacies conglomerat ices torrenciais. Como afloramentocomplementar, exibindo conglomerados heterometricos defluxe s de masse, destaca-se 0 de Portela de G6is. No sec­tor norte desta colina, os Conglomerados de Santa Quiteriatern 92 m de cspe ssura e facies predominantementcconglomeraticas; afloram a partir dos 400 m de altitudeate ao cumc aplanado (492 m). Sao sed imentos malcalibrados e ap resen tando blocos arredondados dcquartzite, bern como de filito alterado; 0 MPS atinge 60cm.Apresentarncor ocre emareteda e sao consti tuidos porcorpos metricos de conglomerados macicos de suportectastlco, com lntercetacoes lenticulares de arenite medica fino .

A formacao assenta , por disconforrnidade, em geralsobre os Co ng lomerados de Te lha da ou sobre osConglomerados de Picadouro na Serra do Bidueiro e juntoao ver tice de Vale de Mad ei ra ; na Serra da Vila ,excepcionalmente, assenta sobre sedimentos triasicos. Anorte , em Mcrt agua, ex is te urn pequeno retalbocartogni fico desta formacao sobre os Conglomcra dos deTelhada.

A unidad e encontra -se mal rcpre sentada, pois estamuito erodida por ocupar urna posiltao culminante noenchimcnto terciario . 0 elmo plano da serra de Secees(aos 600 m) e 0 da colina de Santa Quiteria correspondemacons elVarrao da superficie culminante do manto aluvialque antecede u 0 encaixe da rede hidrogrifica.A supcrficiede co lmatarrao sed ime nta r perde a lt itude com 0

afastamento da Cordil heira Central, em dirccrrao aoAtlan tico.

As facies sao progressivamente mais grosseiras parao tecto , correspondcndo a urna macrossequencia basicanegat iva que traduz uma evolurrao progradanle dossistemas aluviais. Nas colinas de SacOes e de CalValhalas facies sao conglomeniticas e heterometricas, com blocosde maiores dimensoes mais frequentes para 0 topo . A

IG Congresso scbre 0 Cenoz6ico de Portugal

abundancia em blocos qu art z iticos de ve resultar dadestrulcac da cr ista de Penedos de G6is , por erosaoremontante a incidir no relevo quartz itico vigorosamenterejuvenescido . Com 0 afastamento do sope, as faci estcmam-se mais organizadas.

Os Conglomerados de Santa Quiterie atingem 250 mde cspe ssura na serra de Sacoes. A atitude da formacao ehorizontal. Os sedimentos sao mal calibrados, possuindourna matriz arenosa grosseira e siltosa. A dimen sao e 0

grau de rolamcnto dos clas tos sao variaveis. No sope dac r is ta qu art zitica de Pe nedos de G6is sao mu itoheterometricos, com blocos que atingem 4 m de eixosuportados por matriz lutitica; mais para norte tomam- semonos grosseiros e urn poueo mais organizados. Ternclastos essencialmente quartzlticos, acompanha dos porfili tos, rnetagrauva que s e quartzo leitoso. 0 cort ejoargi loso apresenta caulinite dominante, ilite e vermiculite.A cor e tipicamente ocre, por vezes esbranquieada ouavermelhada. Estes depositos culminantes antecedem urnnovo rejogo tect6nico compressivo, pois foram cavalgadospclo soco do bloco montanhoso da Lousa. Sao anterioresao encaixe da rede fluvial quaternaria, bern cxprcsso pelasucessao de niveis de terrace e depositos de vertente.

Esta unidadc depositou-se numcontexte geralde conesalu viais e de sistemas fluviais eneancados drenando parao Atlantico, scndo estes percursores da rede hidrografi caactual (Cunha et al., 1993). Os dep6sitos e oseu substrateexibcm processes de alteracaosob condicoes lixiviantes,compreende ndo ceullnieacao e hidromorfi smo. 0 grandedescnvo lvim ento especi a l des sis te mas fluv iai s, 0

predominio de clastos muito resis tentes ameteor lzacao, aintensa aneracao argilosa acre des clastos de xisto e 0

cortejo argilosocom caulinitepredominante, penni te supora persist encia de mecan ismo s aq uosos num c1imatcmperado quente e hdmido.

Os Conglomerados de Santa Quiteria sao consideradoso equivalcnte Iitcstratigrafico oriental do Complexo deCruz de Moroccos (Teixeir a & Berthois, 1952) e dedep6sitos mais finos Iocalizados para ocidente, datadosdo Placenciano (Cachac, 1989; Cunha & Pena des Reis,1991b; Pena dos Reis et al ., 1992; Cunha er at., 1993). Aunidade e limitada por descontinuidades sedimentaresregionais, corres ponde ndo a unidade alostratigrafica .SLD13, atribuida ao Placenciano.

CO NCLUSAO

Na regiao central de Portugal, a oriente de Coimbra,as coberturas sedimentares do soco foram sucessivamenteestudadas em diversas areas, por veze s parcialmentecoinci den tes, so b metodol og ia s c ob j ectivos na onecessariamente ideoticos, com urn ponnenor crescente.Esta regiao eimportan te pois apresenta urn muito completoenchimcnto scdimcntar cretlicico a quatemario que penniteo estabc lecimento de claras relarroes geomet ricas eIitostratigraficas, contribuindo pa ra melhor rigor naatribuirrao cronosiratigrafica dos diferen tes eventosgeol6gicos. Na fase actual de conhecimentos, em que sereconheceram descontinuidades scdimenlares regionais e

139

Page 12: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

1° Cc ngress o sobre 0 Cenozcicc de Portugal

se caracterizaram os conteudos liticos e as inerentesveriacoes de fa c ies, j us tifice -se a de flnicac forma l de

unidades que esclerece a Iitostratigra fia numa regiaore lativame n te ves ta, evitando a mul riplicacao d e

deslgn acoes locals im precisas e insu fi cient es

caracterizacees Hticas. Tais object ivos aiudarso, tambem,a o utras a bordagens, no me adamente : pe rmit ind o 0

BIBLIOGRA FIA

posic ionamento estratigrafico a es tudos cientific os ma isespecttlcos,a publicecaodasnecessariescartes geologicasa diversas escalas, etc.: no ambito da Geologia aplicada,

factlit arac 0 a p roveitamento dos depo s ito s comointeressantes recursos nao metaliccs (argiles e fel dspatos

para fins ceramicos ou outros, areias para a construcaoci vil , etc .) .

Antu nes , M. T. (1964) - Presence du genre Pataeothertum Cuv (Equoidea, Mammalia) dans les argi les de Coja (Arganil).Cons idera tions sur rage et I'extension des formations cocenes au Portugal. Rev. Fee: Ciencias de Lisboc, 2.- serie C, XIII:103-122.

Antunes, M. T. (1967) - Depots paleogenes de Coja; nouvelles donnees sur la Palecntologie et la Stratigra phie. Comparaison avecd'eorres formations paleogenes. Rev.Fac. Cunaas de Lisboa, 2" serie C, XV ( I) : 69-111.

Antun es, M. T. (1975) «lberosuchus,crocodi le Sebecosuchien nouveau, l'Bocene iberique au Nord de la Chaine Centra leet l'onginedu canyon de Nazare. Comun. Servo Geot. Portugal, LIX: 285-330.

Antunes, M. T. (1986) - Paralaphtodon cf. leplorhynchum (Tapiroidea, Mammalia) aVale Furado: contribution ala connaissancede l 'Bocene au Portugal. Ciencias da Terra (UNL), 8: 87-98.

Antunes, M. T. (1992a) _Contributions 10 the Eocene palaeontology and stratigra phy of Beira Alta , Portugal. I - A Synopticaltable. Cienciasda Terra (UNL), I I : 77-8 1.

Antunes, M. T. (1992b) - Contributions 10 the Eocene palaeontology and stratigraphy of Beira Alta, Portugal. II - New LateEocene mammalian remmants from COja (portugal) and the presence of Palaeotherium magnum Cuvier. Ctenctas da Terra(UNL), I I ; 83-89.

Antunes, M. T. (1995) -On the Eocene Equid (Mammalia) frcm Feligueira Grande, Portugal, Paranchitophuslusitanicus (Ginsburg,1965). Taxonomic status, stratigraph ie and paleogeographical meaning. Comun. lnst. Geof. e Mineiro, 8 1; 57-72 .

Antunes , M. T & Brai n, F.(1977) - ? Chetroganer sp, (0. Testud ines, Fam. Testudinidae, Geochefones. I.) du Paleogene de Naia,Tondela et I'age du gisement. Cienciasda Terra (UNL), 3: 179-195.

Antunes, M. T; Calvo, J. P.; Hoyos, M.; Morales, J;, Ordonez, S.; Pais, 1. & Sese, C. (1987) - Ensayo de correlacion entre elNe6geno de las areas de Madrid y Lisboa (Cuencas Alta y Baja del Rio Tajo). Comun. Servo Geol. Portugal, 73 ( 112): 85- 102.

Antun es, M. T.; Elderfie ld, H.; Legoinha , P.; Nascimento, A. & Pais, 1. (1999) - A stratigrap hic framework for the Miocene from theLower Tagus Basin (Lisbon, Senibal Peninsula, Portugal). Depositional sequences, biostratigraphy and isotopic ages. Bol. Soc.Geol. Espana, 12: 3-15.

Antunes, M. T; & Mein, P. ( 1981) - vertebres du Miocene moyen dcAmor (Leiria). Importance stratigraphique . Ciencias da Terra.(UNL), 6: 169-188.

Barros, R. F. ( 1960) - Estudo geol6gieo da regilo de Ervedal da Beira. Revista da Fac. de Cienciasde Lisboa, 2" sene C, VIII:

203-229 .

Birot, P. (1939) _Remarqucs sur la morphologie du Haut-Portugal (entre le Tage et le Douro). Bull. Assoc. Geogr. Francais, Paris,122: 104- 112.

Birot, P. (1944) - Notes sur la morphologie et la geologie du bassin de MortAgua. Bol. Soc. Geol. Portugal, 4 (I-lI): 131-142.

Birot, P. (1946) _Contribution a l'erude morphologique de la region de Guarda. Bull. Etudes Portugatses, 47 p.

Birot, P. (1949) - Lessurfaces d'erosion du Portugal central et septentrional. Rapport de la Commission pour la certographie dessurfaces d 'aplanissement. Congr. Intern. Geographic, Lisbonnc, pp. 9- 116.

Cabral, F. Pereira (188 1) - Estudo de dep6sitos superfic iaes da bacia do Douro. Mem. Se~ao frab. Geot. Portugal, 88 p.

Cabral, 1. (1995) _Neotect6nica em Portugal continental. Mem. do lnst. Geol. Min. Portugal, 31: 265 p.

140

Page 13: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

1° Congresso sobre 0 Cenozoicc de Portugal

Cachao, M. ( 1989) - Contribui~ao para Q estudo do Pliocenico marinho porlugues (sector Pombal-Martnha Grande) ­micropaleontologia e biosiratigrafia. Monog. Prove s de aptidlo pedag6gica e capacid ade cientifica, Univ.Lisboa, 204 p .

Ca lvo , 1.; Daarns, R.; Morales, J.; LOpez-Marti nez, N.; Agusti, J.; Anadon, P.; Armenteros, I.; Cabrera, L.; Civ is, J.; Corrochano, A.;Dlaz-Molina, M.; Elizaga, E.; Hoyos, M.; Martin-Suarez, E.; Martinez, 1.; Mois senet, E.; Munoz, A.; Perez-Garcia, A.; Perez­Gonzalez, A.; Porterc , 1.; Robles, P.; Sa ntisre ban , C.; Torres , T.; Van der Meul en , A.J.; Vera , J. & Me in, P. ( 1993) - Up- to-d ateSpanish continental Neogene synth esis and paleocl imatic interp reta tion. Rev.Soc. Geol. de Espana, 6 (3-4); 29 -40 .

Carvalho, A. Galopim (1960) - Contribuieanpara 0 conhecimento dos gresdo Bucaco ede Coja. Bol. Mus. Lab. Min. Geol. Lisbon,8 (2): 85-113 .

Carvalbo, G Soares ( 1955) - Sur la sedi mentation des depots creraces de la region entre Vouga et M ondego et les gres du Bueaco(portu gal). Memorias e Noticias,39 ; 13-25.

Carvalho, H. Figueiredo ( 1962) - Contribuicao para 0 estudo geo logico da bacia de Mortftgua. Bal.Soc. Pori. Cilncias Nat., 2&sec,IX: 140-158.

Cholfat, P. ( 1900) - Recueil de monograph ies stratigra phiques sur le systeme cretacique du Portu gal. Deuxieme etude. Le Creraciquesuperieur au Nord du Tage. Mem. Dir: Serv: Geol. Portugal, 287 p.

Choffat, P. (1907- 1909) - No tice sur la carte hypsometrique du Portu gal. Comun. Serv: Geol. Portugal, VII, 17 p.

Corrochano , A. & Pena dos Reis, R. (1986) - Analogias y diferencias en la evolucion scdimentaria de las cuencas del Duero,Ocidental Portuguesa y Lousa (Peninsula Iberica). Stv. Geot. Salman., XXII: 309·326.

Cu nha , P. Proenca ( 1991) - Estudo da pa leodrenagem das Arcoses de Coja (Portugal Central _ Eocenicc da Bacia Lusi taniana). 3"CongressoNacionat de Geologia (Resumos), Coimbra , p. 100.

Cu nha , P. Proenea (1992a) - Estratigrafiae sedimentologic dos depOsitos do Cretadco Superior e Terciario de Portugal Central. atestede Coimbra. Tese de Doutoramcnto, Univ. Coi mbra, 262 p.

Cu nha , P. Proenca (1992 b) • Establishment o f unconformity-bounded sequences in the cen ozoic rec ord of the western Ibe rianmargin and syntesis of'tbe tectonic and sedimentary evolution in central Po rtu gal du ring Neogene. First Congress R.C A.N.S. _"Atlantic GeneralEvents During Neogene" (Abstracts), pp. 33-35.

Cu nha , P. Procnea( 1994) - Registo estratignifico e evcjucac paleogeognifi ca das baciasterciarias de Portugal CentraJ.ll Congresodel Grupo Espanoldel Terciario (Comunicaciones), pp. 93-96.

Cunha, P. Proenea( 1996) - Unidadcs litostrarigraficasdo Terciari o da BeiraBaixa (portugal). Comun.lnst. Geol. Mineiro , 82: 87- 130.

Cu nha , P. Proenea; Ba rbosa, B. P. & Pe na dos Reis, R. ( 1993) - Synthesis oftbe Piacenzian onshore record, between the Aveiro andSetubal parallels (Western Portuguese margin), Cilncias da Terra (UNL) , 12: 35-43.

Cu nha , P. Proenea & Pena dos Refs, R. ( 1989) - Pri ncip ais ocorrencias de paligorsq uue, em depes jtos de idade cretacica superior eterc iaria , em Portu gal Central. to Reuniao Luso-Espanhola de argilas (Resumos) , p . 22 .

Cu nha, P. Proenea & Pe na dos Reis, R. (199 l a) - Proposta de defin i~lo formal de unidades litostratigraficas no regism arc6 sico,paleogenico c miocenico, do bordo NE da Bacia Lusitaniana - regHio a NE de Coimbra. 3 " Congresso Nacional de Geologia(Resumos) , p. 99 .

Cunha , P. Prcenca & Pena dos Rcis , R. (l 99 Ib) - A etapa sed imentar pliocenica na reg iao de Ccimbre - Geis (Bacia Ocidenta lPortu guesa - Portu gal Cen tral) . 1Congreso del Grupo EspaRol del Terciario {Comunicaciones}; pp-27 1-274. .

Cunha, P. Pecenea & Pena des Reis , R. (1992 ) - Sintese da evclucac geodinamica e paleogeograflca do sector none da BaciaLusitgnica, durante 0 Creucicc e Terc iario. III Congreso Geologico de Espanae Vlll Congreso Latinoamericano de Geologia(AClas) , I: 107-112 .

Cu nha , P. Proe nea & Pe na dos Re is, R. (1995) • Cre taceous sed imentary and tectonic evo lu tion of the northern sector of theLusitanianBasin. Cretaceous Research, 16: 155-170.

Cu nha , P. Proe nea; Pena des Reis, R. & Dims, 1. (1992) - A importancia de urn si lcrete bacinal come marcado r do final da eta paAptiano superior - Campaniano inferior, na Bacia Lusitfinica; perspectivas de gencraliza~io deste modelo.lllCongreso Geologicode Espanae Vlll Congreso Lattnoamericanode Geologia (Actas), I : 102-106.

Daveau, S. (1969) - Structure er relief de la Serra da Estrela , Finisterra, 7e 8, pp . 3 1-63, pp. 159-19 7.

Daveau , S. ( 1976) - Le bassin de Lousa Evolut ion sed imento logique, tectonique et morp ho logique . Memorias e No/id as, 82: 95­115.

Daveau, S. (1985) - Criteres giomorphologiques dc deformations teetoniques recentes dans les montagnes de schistes de la Cordilhe iraCentral (Portugal). Bulletin de I'Associalionfran~aisepour I 'elude du Quaternaire, 4; 229-238 .

Daveau, S. (1987) - 0 co nhec imento sedi mentol6gico da Or la Oc idental da Peninsula Iberica . A contribui,.a o de Ru i Pe na dos Reis.Finisle"a, XXII(44 ): 36 1-422.

Daveau, S. el coil. (1985·86) - Les bassins de LouM et Arganil. Rech erches geo morfologiques et sed imentologiques su r Ie massi fancien et sa couverture aI'est de Coimbra . Mem. Centro de Est. Geag., 8, v. I e II, 450 p.

\4 \

Page 14: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

I" Ccngresso sobre 0 Cenoz6ico de Portuga l

Delgado , 1.Nery (l 898) - Note sur t'exlseence d'anciens glaciers dans la vallee du Mondego. Com . Sen>. Geol. Portugal, 3: 55-83.

Diniz, F.; Kedves, M. & Simoncsics, P. (l974) • Les sporomorphes principaux des sediments cretaces de Vila Flor et Carrajjo,Portugal. Com un. Servo Geol. Portugal, 58: 16 1-184.

Ferreira, A. Brum (1978) - Planaltos e montanhas do Norte da Beira. Estudo de geomorfologia. Mem orias do Centro de EstudosGeograficos, Lisbca, 4, 374 p.

Ferreira, A. Brum (l980) · Surfaces d'aplanissement ct tectonique reccnre dans Ie Nord de la Beira (portugal). Revue de Geologiedynamique ecde Geograp hie physiqu e, 22 ( I ): 51-62.

Ferreira, A. Brum (1991) - Neotectonics in Northern Portugal. A geomorphological approach. Z. Geomorph N. F., Sup.•Bd. 82: 73-85.

International subcommission on stratigraphic classification of lUG S (1994) • International Stratigraphic Guide. A guide tostra tigraphic classificatio n, termino logy andpro cedure. Amos Salvador (Editor), Geol. Soc. ofAmerica, 214 p.

Junta de Energia Nuclear (1968) • A Provincia Uranifera do Centro de Portugal. Suas caracteristicas esmuurais. tectonicas emetatogen icas, 132 p.

Kedves, M. & Diniz, F. (1979) - Les pollens d' angiospermes du Cretace de Vila Flor, Portugal. Genres de forme Atlantopolfis etLima ipoilenites. Bol. Soc. Geol . Portugal , 2 1 (2· 3): 203·216.

Lima, Wenceslau de (1900) - Noticia sabre alguns vegetaes fosseis da flora senoniana (sensu lato) do solo portuguez. Com. Dir:Trab. Geo/. Portugal, 4: 1· 12.

Martins, 1.Avila (1959) - Contribuicao para 0 conhecimento geologico da reguo do Caramulo. Revista da Fac. Cunaas de Lisboa,2"seneC, IX (2): 123-228.

Pais, J. (1992) - Contributions to the Eocene palaeontology and stratigraphy of Beira Alta, Portugal. III - Eocene plant remainsfrom Naia and Sobreda (Beira Alta, Portugal). Cii nciasda Terra (UNL), I I: 9 1· 10B.

Pardutz , A.; Juhasz, M.; Dmiz, F. & Kedves, M. (1974) • Teixeiraipollenites globos us n. fgen. et fsp. du Cretace superieur dePortugal et l' etade de l'ultrastructure de son exine. Comun. Sen>. Geo!' Portugal, 58: 181- 190.

Pena dos Reis, R. ( 1983) - A sedimentologia de depositos continentais. Dais exemplos do Cretacico Superior _ Miocenico dePortugal. Tese de Doutoramento, Univ. de Coimbra, 404 p.

Pena des Reis, R. & Cunha, P. Proenca (1986a) . A orgentaacao sedimentol6gica e litostratigrafica do enchimento detrit ico basal daBacia da Louss (Portugal). Maleo, 2 ( 13): 37·38. .

Pena dos Reis, R. & Cunha, P. Proenca (1986b) . The sedimentology and infill model ofthe Cretaceous alluvia l succession in LousaBasin (portugal). British Sedimentology Research Group Annual Meeting (Abstrac ts), I p.

Pena dos Reis, R. & Cunha, P. Proene a ( 1988) • Los rellenos terciarics en des regiones del borde occidental del Macizo Hesperico(Portugal Central). 11 Congreso Geologico de Espana (Com untcaciones) , I: 149- 152.

Pena dos Reis, R. & Cunha, P. Procnea ( 1989a) . A definicao litcst ratigrafica do Grupo do Bucaco na regiio de Louse, Arganil eMortagua (Portu gal). Coman. Servo Geol. Portugal, 75: 99· 109.

Pena dos Reis, R. & Cunha, P. Prcen ea ( I989b) • Comparacion de los rellcnos tcrciarios en dos regiones del borde occidental delMacizo Hcspcnco (Portugal Central). Paleogeografia de ta Meseta norte duran te el Terciario . (C. Dabrio, Ed.), Stv. Geot.Sa lman., V. esp. 5: 253·272.

Per ra dos Reis, R.; Pais, 1. & Antunes, M. T. (l99Ib) - Sedimentecac aluvial na regiiio de Lisboa - 0 "Complexn de Benfica", 3"Congresso Nacio nal de Geologia (Resumos), p. 131.

Pena dos Reis, R.; Rela, M. ; Cunha, P. Proenca & Pinto, A. Ferreira (199 Ia) . Esrudo da proventencia dos feldspatos potassicosdetriticos das Arcoses de Coja (Eocenico superior) (regiio de Arganil-Portu gal central). Memories e Notlcias, I II : 147-168.

Ribeiro, C. (1867) - Note sur Ie terrain quaternaire du Portugal. Bull. Soc. Geol. Franc e, 2" ser., 24: 692-717.

Ribeiro, O. (1949) · Le Portugal Central (livret-guide de l'excursiou C). XVI Congr. Inter. Geog r: Ltsbonne, 180 p.

Ribeiro, O. (1968)· Excursio a Estremadura e Portugal Central. Finisterra, III (6): 274-299.

Ribeiro, 0 ., Teixeira, C. & Ferrei ra, C. (1967) - Carta Geologica de Portugal na escala 1/50.000 - folha 240 (Castelo Branco) eNoticia explicative. Servo Geol. Portugal, 24 p.

Saporta, M. & Choffat, P. (1894). Flore fossile du Portugal. Nouvelles contributions ala flore mesozoique. Mem . Dir: Trab. Geol .Portugal , 288 p.

Sequeira, A.; Cunha, P. Procnca & Sousa, M. Bernardo de (199 7) . A reactivaeao de falhas, no intense contexte compressive desdemeedos do Tortoniano, na regiiiu de Espinhal-Coja-Caramulo (portugal Central). Com. Inst. Geol. Mineim, 83: 95-126 .

Soares, A. Ferre ira; Pena dos Reis , R. & Daveau, S. (1983) - Tentativa de correlacao des unidades litosrratigraflcas da regiio doBaixo Mondego com as das Bacias de Lonsa e ArganiL Memories e Not icias, 96: 3- 19.

Teixeira, C. (1944) _Urn novo Cinnamomum fossil de Portug al e algumas conaideraeoes sabre a cronologia dos "gres" du Bueacc .Publ. Mus. Lab. Min . Geol. Foe. CtsnoasPorto,40 (2), 15 p.

142

Page 15: Litostratigrafia do Terciario da regiao Miranda do Corvo-Viseu … · 2016-09-28 · Daveau (1969) estudou 0 relevo da Serra da Estrela e os sedimentos de Seia. A partir de 1971 os

1° Congresso sobre 0 CenozOieo de Portugal

Teixeira, C. ( 1945) - Sur Ie Cinnomamum Broten, nouvelle espece du Paleogene portugais. Boleum da Sociedade Brateriana,2asme,1 9: 593-597.

Teixeira, C. (1946 ) - Une espece portugaise de Dewalquea. Boletim da Associa~iio de Filosofia Natural, II ( II): 51-53.

Teixeira, C. (1950) - Flora mesczcicaportuguesa. Memorias dos Serv. Geol. Portugal, II parte, 35 p.

Teixeira, C. & Berthois , 1. (1952) - Sur une spongolithe a diatomees de S. Martinho do Bispo, Coimbra (portugal) . Cornun. ServoGoof. Portugal, xxxrn, 5- 18.

Teixeira & Martin s ( 1959) · 0 Silurico de ArganiJ. Rev. Fae. Ciincias de Lisboa, 'r seneC, VII (2) : 211-222.

Teixeira, C.;Carvalh o, L. H.; Barros, R. F.; Martins, J. A. & Haas, W. E. L. (1961) - Cartageol6gica de Portugal na escala 1/50.000.Notieia explicativa da folha 17-C (Santa Combe Dac). Serv. Geol. Portugal, 31 p.

Trin cao, P.; Pais, 1.; Pena dos Reis, R. & Cunha, P. Proenca ( 1989) - Palinomorfos ante-Cenoman iano do "Gres do Bueaco" (Loud ,Portu gal). Ciincias da Terra (UNL), 10: 51-64.

Zbyszewski , G ( 1953) - Note sur l' apparition d'ossements de mammiferes dans lcs argiles de Coja (Arganil). Bol. Soc. Geol.Portugal, XI: 59-64 .

Zbyszewski, G (1965) - Observeeoes acerca da idade de Ires jazidas de vertebrados terciArios. Bal. Acad. Cii ncias Lisboa , 37:218-230.

143