Dinamica (1)
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Transcript of Dinamica (1)
E
NGENHAR
I
A
CV I LI
Universidade Estadual de Goi as
Unidade de Ci encias Exatas e Tecnol ogicas
Coordenac ao do Curso de Engenharia Civil
Apostila de Dinamica
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Anapolis, outubro de 2006
Lista de Figuras
1.1 Exemplos de carregamentos dinamicos precritos . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Diferenca basica entre a analise estatica e a analise dinamica . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Sistema Dinamico Elementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 11
1.4 Influencia da gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 12
2.1 Exemplo de movimento de vibracoes livres nao amortecidas . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Grafico do movimento de vibracoes livres nao amortecidas . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Grafico do movimento de vibracoes livres nao amortecidas com velocidade inicial . . . .19
2.4 Defasagens entre os movimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 20
2.5 Defasagens entre os movimentos- analise parametrizada no cırculo . . . . . . . . . . .20
2.6 Viga com mossa no meio do vao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 21
2.7 Deslocamento para viga com mossa no meio do vao . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 22
2.8 Deslocamento para viga com mossa no meio do vao . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 23
2.9 Comparacao entre movimentos de viga com mossa . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 23
2.10 Exemplo de movimento de vibracoes livres criticamente amortecidas . . . . . . . . . . .24
2.11 Grafico de movimento criticamente amortecido . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 25
2.12 Grafico de movimento criticamente amortecido com velocidade inicial . . . . . . . . . . 26
2.13 Razao entre as frequencias angulares em funcao dotaxa de amortecimento . . . . . . . .28
2.14 Grafico de movimento com amortecimento subcrıtico . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.15 Comparacao geral dos movimentos de vibracoes livres . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.1 Sistema dinamico sujeito a carregamento harmonico . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Respostas para sistema sujeito a carregamento harmonico . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Fator de amplificacao dinamicaem sistemas amortecidos com carregamento harmonico .36
3.4 Angulo de fase em sistemas amortecidos com carregamento harmonico . . . . . . . . . 37
3.5 Picos da razao de frequencia em funcao da taxa de amortecimento . . . . . . . . . . . . 38
3.6 Razao de amplificacao dinamica para sistemas amortecidos e nao amortecidos . . . . . .39
3.7 Funcao envoltoria para resposta ressonante nao amortecida . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2
Lista de Tabelas
3
Sumario
1 Introduc ao aos Sistemas Dinamicos 5
1.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 5
1.2 Definicao de Sistema Dinamico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . 5
1.3 Objetivos Fundamentais da Analise Dinamica . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Tipos de Carregamentos Dinamicos Prescritos . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Caracterıticas Essenciais de um Problema Dinamico . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Formulacao das Equacoes do Movimento . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 9
1.7 O Princıpio de D’Alambert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 9
1.8 Sietema Dinamico Elementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 10
1.9 Equacao do Movimento para um Sietema Dinamico Elementar . . . . . . . . . . . . . . 11
1.10 Princıpio dos trabalhos virtuais . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 12
1.11 Influencia da gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 12
1.12 Excitacoes na base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 13
2 Estudo de vibracoes livres 14
2.1 Vibracoes livres nao amortecidas . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.1 exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.1.2 exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
2.2 Vibracoes livres criticamente amortecidas . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.1 exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
2.3 Vibracoes livres com amortecimento subcrıtico . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3.1 exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.4 Determinacao experimental da taxa de amortecimento .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4.1 exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30
3 Resposta ao Carregamento Harmonico 31
3.1 Sistemas nao amortecidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 31
3.1.1 exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.2 Sistemas amortecidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . 34
3.3 Resposta Ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 37
4 Carregamentos Periodicos 41
5 Carregamentos Impulsivos 42
6 Carregamentos Genericos 43
4
Capıtulo 1
Introduc ao aos Sistemas Dinamicos
1.1 Introducao
Neste capıtulo sera iniciado o estudo de conceitos ate agora pouco explorados no nıvel de graduacao.
Estudaremos os conceitos que envolvem a formulacao de modelos que explicam o comportamento dos
sistemas mecanicos dinamicos. Ja de inıcio torna-se necessario discutir o que vem a ser umsistema
dinamico, qual a sua definicao, quais suas caracterısticas e mais importante ainda, como se da a mecanica
dos sistemas dinamicos.
1.2 Definicao de Sistema Dinamico
Em ultima analise, um sistema dinamico e aquele, onde uma determinada estrutura, ou elemento estru-
tural esta sujeito a carregamentos que variam no tempo. Esta definicao nos remete a um fato, do qual,
ate agora, nao tinhamos nos percebido, ou ate mesmo, convenientemente “fugido”: O fato de que todas
as cargas variam no tempo. Mas e agora ? quer dizer que toda aquela teoria da estatica que estudamos
esta errada ? Nao e bem assim... Afinal os modelos de analise estatica estao aı em pleno funcionamento.
Mas sigamos adiante na exploracao do conceito de sistema dinamico. Do ponto de vista pratico nenhuma
carga e aplicada estaticamente, uma vez que nenhuma estrutura “nasce” pronta. Os carregamentos sao
adicionados gradativamente, variando com o tempo, ou algu´em acha que e possıvel para um pedreiro
estalar os dedos e assentar todo o piso em todos os andares de um predio ? Uma vez entendido que em
essencia todas as cargas sao dinamicas, vamos agora entender como e que a estatica existe.
Para o analista estrutural, o que realmente interessa sao os efeitos que os carregamentos causam sobre
as estruturas, e entenda-se por efeitos, no caso dos analistas estruturais, osdeslocamentossofridos pelas
estruturas, pois a partir dos deslocamentos sao calculadas as tensoes e deformacoes, possibilitando assim
o processo de dimensionamento racional dos elementos que constituem a estrutura.
Facamos entao uma analogia simples para entender a diferenca entre uma carga “considerada” dinamica e
uma carga “considerada” quasi-estatica: Imaginemos ent˜ao um tanque de agua parada, vamos considerar
a agua contida dentro do tanque como sendo o nosso elemento estrutural. Agora, vamos adicionar uma
esfera de isopor sobre a superfıcie da agua, e vamos fazer isso de dois modos distintos: Em uma ocasiao
colocaremos a esfera com todo o cuidado do mundo, bem devagarinho mesmo. Do outro jeito vamos
simplesmente “jogar” a esfera de uma certa alturah e deixar que ela colida com a superfıcie da agua.
Agora resta-nos analizar o que acontece com a superfıcie daagua nos dois casos de carregamento. E
5
para facilitar nossa analise a unica forca externa considerada e a forca peso da esfera.
No primeiro caso, ocorrerao deslocamentos de modo que surgira na superfıcie d’agua uma calota esferica
onde se acomodara a esfera. Ja no segundo caso, surgirao aquelas famosas ondinhas que aparecem
quando jogamos uma pedra em um lago. Para ser mais cientıfico, a partir do instante em que o impacto
ocorrer, serao formadas ondas de choque concentricas e intercaladas por um determinado perıodo. Por-
tanto a mesma bolinha de isopor provoca efeitos diversos sobre a lamina d’agua dependendo do modo
em que se relaciona com a superfıcie de agua.
Podemos entao distinguir os dois tipos de carregamentos ilustrados pelos seus efeitos. Em um, a estrutura
sai de uma posicao inicial e instantes depois que a carga eaplicada atinge uma posicao deslocada final
que se mantem constante. Em outra, nao existe UMA posicao deslocada final, e sim VARIAS posicoes
de deslocamente que VARIAM com o TEMPO. Ao primeiro carregamento da-se o nome de carrega-
mento quasi-estatico, ou simplesmente, carregamento estatico, como e mais comumente conhecido. Ao
segundo da-se o nome de carregamento dinamico.
De forma bastante simplificada, o carregamento pode ser considerado estatico quando, a velocidade de
aplicacao de carga nao e suficiente para provocar reac˜oes inerciais de massa com intensidade sufici-
ente para interferir nos deslocamentos da estrutura. Ou seja, quando for possıvel desprezar a reacoes
inerciais de massa no calculo dos deslocamentos da estrutura, pode-se dizer que estamos diante de um
carregamento estatico. Quando tais reacoes nao puderem ser desprezadas, estamos entao, diante de um
carregamento dinamico. Mas... o que sao reacoes inerciais de massa ?.
Lembremos que todo sistema tem inercia de movimento, ou seja, tende a permanecer no estado de mo-
vimento em que se encontra. As reacoes inerciais de massa sao aquelas forcas que surgem no sistema
opondo-se a mudanca do estado inercial do mesmo. Veremos melhor isso mais adiante, quando estiver-
mos estudando o princıpio de D’Alambert.
1.3 Objetivos Fundamentais da Analise Dinamica
A analise dinamica, assim como a analise estatica tem como objetivo maior, estudar os efeitos (desloca-
mentos) causados na estrutura devido a acao de uma carga solicitante, com a unica diferenca de que tanto
as cargas solicitantes quanto os deslocamentos resultantes VARIAM no tempo. Uma vez que os desloca-
mentos VARIAM no tempo, o mesmo ocorre com as grandezas derivadas do calculo dos deslocamentos,
ou seja, as tensoes e deformacoes em um sistema dinamicotambem variam com o tempo.
Existem basicamente duas formas diferentes de avaliar a resposta de uma estrutura submetida a carre-
gamentos dinamicos: a determinıstica e a nao determinıstica. A escolha do metodo a ser utilizado na
analise depende do modo que o carregamento e definido. Se osvalores da carga sao plenamente conhe-
cidos ao longo do tempo, este carregamento e chamado de carregamento dinamico prescrito e a analise
dos efeitos de um carregamento dinamico prescrito e feitade modo determinıstico. Por outro lado, se
os valores de carga nao sao exatamente conhecidos ao longodo tempo mas podem ser determinados
estatisticamente, o carregamento e chamado de carregamento dinamico aleatorio. E a analise dos efei-
tos de uma carregamento dinamico aleatorio e feita com t´ecnicas nao determinısticas. Inicialmente e
extremamente importante entender e realizar as analises dinamicas determinısticas, uma vez que as nao
determinısticas podem ser construıdas a partir do conhecimento adquirido com aquelas outras.
6
Como ja dissemos, a resposta estrutural para qualquer carregamento dinamico prescrito e expresso em
termos de dislocamentos que surgem na estrutura. Assim, umaanalise determinıstica nos leva direta-
mente a uma correlacao entre os carregamentos e os deslocamentos ao longo do tempo. Ou seja, a analise
dinamica consiste em investigar como se comporta a relac˜aoCarga× Deslocamentoao longo do tempo.
As outras grandezas de interesse, tais como tensoes e deformacoes sao obtidas em uma segunda fase da
analise dinamica, onde sao obtidos os historicos das grandezas de interesse ao longo do tempo.
1.4 Tipos de Carregamentos Dinamicos Prescritos
Quase todos os tipos de estrutura sao submetidas, em algum momento de sua vida util, a carregamentos
dinamicos de alguma especie, basta citar, apenas como exemplo, que as cargas oriundas do vento sao
considereadas dinamicas. Do ponto de vista analıtico, econveniente dividir os carregamentos dinamicos
prescritos em duas categorias: Os periodicos e os nao periodicos. Alguns exemplos de carregamentos
dinamicos prescritos e algumas situacoes onde esses tipos de carregamento podem ocorrer sao apresen-
tadas na Figura 1.1.
����������������������������������������
���������������������������������������
���������������������������������������
���������
���������
���������
���������
(a)
(b)
(c)
(d)
em uma casa demáquinas
Hélice do propulsorde um navio
Terremoto sobreum reservatóriode água
Motor desbalanceadoPeriódicos
Não Periódicos Violento deslocamentode ar devido a umaexplosão
Figura 1.1: Exemplos de carregamentos dinamicos precritos
7
Como pode ser visto na Figura 1.1, um carregamento periodico exibe a mesma variacao de intesidade,
suscessivamente, durante um grande numero de ciclos. O carregamento periodico mais simples que
existe e aquele que apresenta a variacao de intensidade na forma senoidal, assim como e mostrado na
Figura 1.1a. Esse tipo de carregamento e mais conhecido comoHarmonico Simples. Na mesma Figura
1.1 sao apresentadas algumas formas de carregamento dinamico periodico tais como aqueles causados
pela pressao hidrodinamica de uma helice propulsora de navio, ou aquelas cargas oriundas da acao de
maquinas desbalanceadas sobre estruturas de casa de maquinas ou de qualquer ambianete destinado a
maquinaria. No caso dos exemplos citados, a analise do casoda helice e mais complexo do que aquele
dos motores, porem a utilizacao das series de Fourier facilitam consideravelmente a analise.
Os carregamentos nao periodicos tanto podem ser de curta duracao, tais como as cargas impulsivas, ou
de longa duracao assim como a acao de vento em estruturas. Quando um aviao rompe a barreira do som,
provoca uma especie de explosao que desloca violentamente as massas de ar no local do fenomeno. Esse
deslocamento de ar repentino e violento provoca pressoes sobre as superfıcies das edificacoes vizinhas,
e em alguns casos chega a trincar ou a quebrar as esquadrias externas das edificacoes. O mesmo ocorre
quando algum outro tipo de explosao provoca o deslocamentodas massas de ar, e por esse motivo que
muitos predios proximos a atentados terroristas a bomba apresentam enorme quantidade de vidros que-
brados. O deslocamento violento do ar devido a explosoes eum exemplo classico de cargas dinamicas
impulsivas (nao periodicas). A acao dos terremotos sobre as estruturas de edifıcios e um tipo de carrega-
mento nao periodico. As cargas transmitidas as estruturas nao tem uma distribuicao periodica ao longo
do tempo, apresentando oscilacoes aleatorias parecidas com aquelas mostradas no grafico da Figura 1.1d.
1.5 Caracterıticas Essenciais de um Problema Dinamico
Um problema dinamico difere de uma analise estatica no que diz respeito a dois importantes aspectos.
A primeira diferenca a ser notada, por definicao, e que o carregamento dinamico varia no tempo, pois e
da propria natureza do problema dinamico. Devido ao fato de tanto o carregamento quanto os desloca-
mentos variarem no tempo, e evidente que os problemas dinamicos nao tem uma solucao unica, assim
como acontece com a analise estatica. Ao inves disso os problemas dinamicos apresentam uma colecao
de solucoes, cada uma delas correspondendo a um instante de tempo especıfico. Portanto, como alguns
ja devem estar percebendo, a analise dinamica consome consideravelmente mais tempo que a analise
estatica.
A segunda, e principal diferenca entre as analises estatica e dinamica e ilustrada na Figura 1.2. Se uma
simples barra bi-apoiada e submetida a um carregamento estatico P, conforme e mostrado na Figura
1.2a, seus esforcos internos e os deslocamentos dependem apenas do valor dessa cargaP e podem ser
calculados atraves das equacoes de equilıbrio de forcas disponıveis na Estatica. Por outro lado, se e
aplicado um carregamento dinamicoP(t), assim como e mostrado na Figura 1.2b, os deslocamentos
nao dependem somente do valor deP(t), mas tambem dependem das forcas inerciais que se opoe as
aceleracoes que surgem no interior da barra. Desse modo, os esforcos internos passam a depender das
aceleracoes que surgem na barra devido a aplicacao da cargaP(t).
As forcas inerciais que resistem as aceleracoes da estrutura, sao deste modo, a mais importante carac-
terıstica distintiva do probelma dinamico em relacao ao problema estatico. Portanto, de modo geral,
pode-se dizer que se as forcas inerciais exercem significante papel no equilıbrio da estrutura, estamos
8
������������
������������
���������������
���������������
������������
������������
������������
������������
P P(t)
(a) (b)forças inerciais
Figura 1.2: Diferenca basica entre a analise estatica ea analise dinamica
tratando de um problema dinamico, ao passo que se essas mesmas forcas inerciais podem ser negligen-
ciadas quando da analise do equilıbrio da estrutura, estamos diante de um problema estatico.
Outra grandeza importante na analise dinamica e o amortecimento, ou em outras palavras, o mecanismo
de dissipacao de energia que tende a dissipar a energia queprovoca os deslocamentos dinamicos fa-
zendo com que eles diminuam ao longo do tempo. Mais adiante faremos maiores consideracoes sobre o
amortecimento em sistemas dinamicos.
1.6 Formulacao das Equacoes do Movimento
Como ja foi mencionado anteriormente, o principal objetivo da analise de estruturas submetidas atraves
de metodos dinamicos determinısticos e o calculo dos deslocamentos ao longo do tempo para uma dada
estrutura sujeita a um carregamento dinamico prescrito. Em muitos casos, uma analise aproximada,
considerando apenas alguns graus de liberdade dinamica esuficiente para gerar resultadados com uma
precisao satisfatoria. Desse modo o problema consiste nadeterminacao dos historicos de deslocamento
de alguns pontos especıficos da estrutura. Calcular os deslocamentos nesses pontos discretos da estrutura
e suficiente para descrever o comportamento da mesma (como um todo) devido a acao da carga dinamica.
As expressoes matematicas que descrevem o equilıbrio emqualquer ponto da estrutura sao chamadas
de equacoes do movimentoda estrutura, e e a solucao dessas equecoes que nos fornece o valor dos
deslocamentos (ao longo do tempo) da estrutura nos pontos especificamente estudados.
A formulacao das equacoes do movimento para um sistema dinamico e possivelmente o passo mais im-
portante, e algumas vezes, o mais difıcil em todo o processode analise dinamica. Existem na literatura,
varios metodos disponıveis para a formulacao dessas equacoes, cada um deles apresentando especifici-
dades que os tornam mais adequados a esta ou a aquela situac˜ao. Independente de qual seja o metodo
utilizado na obtencao das equacoes do movimento, e necessario saber como as forcas inerciais de massa
sao matematicamente representadas. Deduziremos essa equacao, usando o princıpio de D’Alambert.
1.7 O Princıpio de D’Alambert
As equacoes do movimento de qualquer sistema dinamico representam expressoes da segunda lei do
moviemto de Newton, que diz que a taxa de variacao da quantidade de movimento de qualquer partıcula
de massam e igual a forca que esta agindo sobre essa partıcula. Esta relacao pode ser matematicamente
expressa pela seguinte equacao diferencial:
9
P(t) =ddt
(
mdudt
)
(1.1)
OndeP(t) e o vetor forca aplicada eu(t) e o vetor posicao da partıcula de massam. Felizmente, para
a grande maioria dos problemas de nosso interesse a massa do sistema permanece constante, o que nos
leva a reescrever a Equacao (1.1) do seguinte modo:
P(t) = md2udt2
≡ mu(t) (1.2)
Onde os dois pontos significam a derivada segunda em relacao ao tempo. A Equacao (1.2) indica que
para os sistemas onde a massa e constante em relacao ao tempo, a forca aplicada e igual ao produto da
massa pela aceleracao. Uma outra forma tambem usada paraa mesma equacao e a seguinte:
P(t)−mu(t) = 0 (1.3)
Ondemu(t) e chamado deforca inercial de resistencia a aceleracao da massa. O conceito de que a
aceleracao da massa de um sistema gera o surgimento de forc¸as ierciais proporcionais a aceleracao dos
sistema e conhecido como o Princıpio de D’Alambert.E uma abordagem bastante conveniente em pro-
blemas de analise estrutural dinamica porque permite queas equacoes do movimento sejam expressa
na formas de equacoes de equilıbrio dinamico. Podem existir para a forcaP(t) diversas funcoes que
expressem as mais variadas formas de carregamento agindo emum sistema onde a massa pode ser con-
centrada. A forcas elasticas que se opoe aos deslocamentos assim como tambem as forcas viscosas que
se opoe as velocidades podem ser facilmente incluıdas nessa formulacao das equacoes do movimento,
permitindo levar em consideracao a elasticidade dos corpos e o amortecimento do movimento. Para os
problemas que estudaremos, esta abordagem para a obtencao das equacoes do movimento se mostrara
bastante conveniente, porem nao devemos esquecer que existem outras abordagens mais convenientes
em outras situacoes, como pro exemplo, o princıpio dos trabalhos virtuais, que tambem pode ser utili-
zado na formulacao das equacoes do movimento em sistemas dinamicos mais complexos, envolvendo
um grande numero de graus de liberdade dinamica.
1.8 Sietema Dinamico Elementar
As propriedades fısicas essenciais de qualquer sistema dinamico linear elastico, ou sistema mecanico
sujeito a uma excitacao externa ou carregamento dinamico, que leva em consideracao a massa e as
energias dissipativas do sistema podem ser definidas a partir do modelo simplificado apresentado na
Figura 1.3, que define o que chameremos de Sistema Dinamico Elementar, que e o sistema dinamico de
um grau de liberdade mais simples que pode existir.
Toda a massa do sistema e incluıda em um bloco rıgido que esta apoiado sobre dois roletes de tal modo
que somente possa existir um unico movimento de translac˜ao, controlado pelo deslocamentou(t), que
define a posicao do bloco para qualquer instante de tempot. A resistencia elastica aos deslocamentos
e proporcionada pela mola de massa despresıvel e de constantek, equanto o mecanismo de dissipacao
de energia (amortecimento) e representado pelo amortecedor C. O carregamento dinamico externo que
solicita o sistema e representado pela funcao de carregamentoP(t).
10
u(t) u(t)
fI
fD(t)
fS(t) P(t)
����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
���������������������������������������������������
���������������������������������������������������
m
(a) (b)
C
k
P(t)
Figura 1.3: Sistema Dinamico Elementar
1.9 Equacao do Movimento para um Sietema Dinamico Elementar
A equacao do movimento para um sistema dinamico elementar e mais facilmente obtida a partir da
aplicacao direta do princıpio de D’Alambert, expressando o equilıbrio de todas as forcas que atuam
no sistema. Assim como e mostrado na Figura 1.3b sao quatro as forcas que atuam na direcao do
grau de liberdade dinamica: 1) A solicitacao externaP(t), 2) As forcas inerciaisfI , 3) As forcas de
amortecimentofD e 4) As forcas de molafS. A equacao do movimento e simplesmente a expressao do
equilıbrio dessas quatro forcas, sendo escrita do seguinte modo:
fI (t)+ fD(t)+ fS(t) = P(t) (1.4)
Cada uma das forcas do lado esquedo da Equacao (1.4) e umafuncao do deslocamentou(t), ou de alguma
de suas derivadas.
De acordo com o princıpio de D’Alambert, a forca inercial ´e o produto da massa pela aceleracao, assim:
fI (t) = mu(t) (1.5)
Assumindo a hipotese de que o amortecimento e viscoso, a forca de amortecimento e proporcional a
velocidade de acordo com a seguinte equacao:
fD(t) = cu(t) (1.6)
E finalmente, a forca elastica e igual ao produto entre o deslocamento e a constante de mola, portanto:
fS(t) = ku(t) (1.7)
Quando substituimos as Equacoes (1.5 - 1.7) na Equacao (1.4) temos a seguinte equacao do movimento:
mu(t)+cu+ku(t) = P(t) (1.8)
Portanto, a Equacao (1.8) e a equacao do movimento paraum sistema dinamico elementar, obtida a partir
da aplicacao direta do princıpio de D’Alambert na determinacao das forcas inerciais de massa.
11
1.10 Princıpio dos trabalhos virtuais
1.11 Influencia da gravidade
Para analisar-mos a influencia da gravidade nos problemas dinamicos examinemos o sistema mecanico
apresentado na Figura 1.4
∆e
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
m
P F(t)
m
m u(t) U(t)
Figura 1.4: Influencia da gravidade
No sistema apresentado na Figura 1.4, temos um sistema mecanico elementar de um grau de liberdade
sujeito a acao da gravidade e tambem a uma acao dinamicaF(t). Devido a acao exclusiva da forca peso,
o bloco rıgido de massam ”desce” uma distancia∆e e la permaneceria se somente o peso atuasse sobre o
bloco. Esse deslocamento devido ao peso sera considerado estatico, uma vez que a estrutura em poucos
instantes assume uma configuracao de equilıbrio estatico, e tambem porque o peso ja ”nasce” com a
estrutura.
Portanto, o deslocamento dinamicou(t) (u pequeno) sera medido a partir da posicao de equilıbrio
estatico. de modo que um deslocamento totalU(t) (U grande) provocado pela acao conjunta do peso e
do carregamento dinamico sera medido a partir de um referencial de posicao do sistema sem a atuacao
dessas forcas. (apenas didaticamente, uma vez que nao dapara tirar o peso da estrutura).
Assim, se escrevermos a equacao do movimento para o referencial de deslocamentoU(t) (U grande)
teremos:
MU +CU +KU = P+F(t) (1.9)
ComoU(t) = u(t)+∆e, teremos que:
Mu+M∆e+Cu+C∆e+Ku+K∆e = P+F(t) (1.10)
Uma vez que∆e e um deslocamento estatico, provocado por um carregamento estatico (Peso), tanto sua
velocidade de aplicacao quanto o campo de aceleracoes provocados pela acao do peso sao nulos, assim
∆e = ∆e = 0. O que nos leva a reescrever a Equacao (1.10) como sendo:
12
Mu+Cu+Ku+K∆e = P+F(t) (1.11)
Sabemos ainda que∆e e um deslocamento causado exclusivamente pelo peso, e que apartir do equilıbrio
estatico, determina-se queK∆e = P, assim, temos que:
Mu+Cu+Ku+P = P+F(t) (1.12)
O que nos leva a:
Mu+Cu+Ku= F(t) (1.13)
Que nos permite concluir que o peso nenhuma influencia exerce sobre a resposta dinamica do sistema,
e que se quisermos calcular o deslocamento total em um sistema dinamico sujeito a gravidade basta
acrescentar aos deslocamentos dinamicos do sistema, os deslocamentos estaticos causados pelo peso.
1.12 Excitacoes na base
13
Capıtulo 2
Estudo de vibracoes livres
O primeiro problema dinamico que analisaremos e o estudo das vibracoes livres, ou seja, estudaremos
o que acontece com um sistema dinamico quando nao submetido a nenhum carregamento ou excitacao
externa. Matematicamente falando, estudar vibracoes livres e o mesmo que fazerF(t) = 0 na equacao
do movimento. Assim, termos que:
Mu+Cu+Ku= 0 (2.1)
A Equacao (2.1) e umaequacao diferencial ordinaria homogenia de segunda ordem. E em nosso
curso assumiremos que o estudante tenha uma familiaridade mınima com o assundo de forma a permir
o entendimento do tratamento matematico que sera dado a solucao do problema.
A solucao de uma equacao diferencial e uma funcao, e no caso da equacao do movimento deve ser
uma funcao contınua com primeira e segunda derivadas tambem contınuas, e umbom palpite para essa
funcao que e resposta da equacao do movimento e a funcao:
u(t) = G est (2.2)
Onde G e uma constante complexa que dependera das condic˜oes iniciais do problema.
Supondo que nosso palpite esteja correto, teremos que:
u(t) = G est
u(t) = G.s est
u(t) = G.s2 est (2.3)
Assim, substituindo as Equacoes (2.3) na Equacao (2.1), teremos que:
M G.s2 est +C G.s est +KG est = 0 (2.4)
ColocandoG.est em evidencia teremos que:
G.est.(M s2 +C s+K
)= 0 (2.5)
Como G.est 6= 0, forcosamente teremos que a solucao equacao algebrica M s2 +C s+ K = 0 sera a
solucao da equacao do movimento proposta em (2.1). No estudo das equacoes diferenciais chama-se a
14
equacao algebricaM s2+C s+K = 0 de equacao caracterıstica do problema.
Dividindo todos os termos da equacao caracterıstica porM, teremos que:
s2+CM
.s+KM
= 0 (2.6)
Lembrando ainda queKM = ω2, ondeω e a frequencia natural circular do sistema, teremos que:
s2+CM
.s+ω2 = 0 (2.7)
A equacaos2+ CM .s+ω2 = 0 e uma equacao do segundo grau cuja a solucao e dada por:
s1,2 =−C
M ±√(C
M
)2−4ω2
2(2.8)
Ou rearranjado em um modo mais conveniente, a solucao da equacao caracterıstica e dada por:
s1,2 = − C2M
±
√(
C2M
)2
−ω2 (2.9)
A Equacao (2.9) e a solucao geral da equacao caracterıstica para todos os casos de vibracoes livres.
Veremos agora alguns casos especıficos de vibracoes livres, que essencialmente dependerao do amorte-
cimento do sistema mecanico.
2.1 Vibracoes livres nao amortecidas
Nos casos de vibracoes nao amortecidas(C = 0) teremos por solucao da equacao caracterıstica:
s1,2 = ±√
−ω2 = ± iω (2.10)
Deste modo, e lembrando que se duas funcoes linearmente independentes sao solucoes de uma equacao
diferencial, entao a soma dessas funcoes sera a soluc˜ao completa da equacao diferencial, e como as
duas solucoesS1 = iω eS2 = −iω sao linearmente independentes, substituindo ambas na equacao (2.2),
teremos como solucao geral para vibracoes nao amortecidas a Equacao (2.11):
u(t) = G1 eiωt +G2 e−iωt (2.11)
OndeG1 e G2 sao constantes complexas que dependem das condicoes iniciais do problema.
Lembrando que o valor de qualquer funcao em um ponto espec´ıfico pode ser obtido a partir da expansao
em serie de Taylor apresentada na Equacao (2.12):
f (x) =∞
∑n=0
f n(a)
n!(x−a)n (2.12)
Temos que expandindo a funcaoex em torno do pontoa = 0, obteremos que:
15
ex =∞
∑n=0
f n(0)
n!(x)n = 1+
x1
1!+
x2
2!+
x3
3!+
x4
4!+ ... (2.13)
Assim, podemos expandireiωt em torno do pontoa = 0, de forma que:
eiωt = 1+iωt1
+(iωt)2
2!+
(iωt)3
3!+
(iωt)4
4!+
(iωt)5
5!+
(iωt)6
6!+ ... (2.14)
Lembrando que:
i = ii2 = −1i3 = −ii4 = 1i5 = ii6 = −1···
(2.15)
E agrupando os termos reais e os termos imaginarios, podemos reescrever a Equacao (2.14) na forma da
Equacao (2.16):
eiωt =∞
∑n=0
(−1)n
2n!(ωt)2n + i
(∞
∑n=0
(−1)(2n+1)
(2n+1)!(ωt)(2n+1)
)
(2.16)
Analisando a Equacao(2.16), observamos que o termo real corresponde a expansao em serie de Taylor
da funcao cosseno deωt ao passo que o somatorio que multiplicai e a expansao em da funcao seno de
ωt. Substituindo esses valores na Equacao (2.11), teremos que:
u(t) = G1(cos(ωt)+ i sen(ωt))+G2(cos(ωt)− i sen(ωt)) (2.17)
Agrupando os termos comuns da Equacao (2.17), temos:
u(t) = (G1+G2)cos(ωt)− (G1+G2)sen(ωt) (2.18)
Lembrando queG1 eG2 sao constantes complexas dadas por:
G1 = G1R+ i G1I
G2 = G2R+ i G2I (2.19)
Substituindo (2.19) em (2.18), teremos:
u(t) = {(G1R+ i G1I )+(G2R+ i G2I )}cos(ωt)−{(G1R+ i G1I )+(G2R+ i G2I )}sen(ωt) (2.20)
Efetuando as multiplicacoes e somas necessarias, e fazendo as simplificacoes possıveis na Equacao
(2.20), chegaremos a:
16
u(t) = cos(ωt)(G1R+G2R)+sen(ωt)(−G1I +G2I ) i sen(ωt)(G1R−G2R)+ i cos(ωt)(G1I +G2I )
(2.21)
Agrupando os termos reais e imaginarios separadamente, teremos que:
u(t) = (G1R+G2R)cos(ωt)− (G1I −G2I )sen(ωt)+ i {(G1I +G2I )cos(ωt)+(G1R−G2R)sen(ωt)}(2.22)
Como o deslocamento u(t) deve ser real, teremos que:
G1I = −G2I = GI
G1R = G2R = GR (2.23)
Portanto,
G1 = GR+ i GI
G2 = GR− i GI (2.24)
Assim, a Equacao (2.24), contem o valor das constantes complexasG1 e G2 que aparecem na Equacao
(2.18). Substituindo os valores deG1 e G2 expressos em (2.24) na equacao (2.18), teremos que:
u(t) = 2GRcos(ωt)−2GIsen(ωt) (2.25)
FazendoA = 2GR eB = −2GI na Equacao (2.25), chegaremos a:
u(t) = A.cos(ωt)+B.sen(ωt) (2.26)
Onde A e B sao constantes reais que dependem das condicoesiniciais do problema, ou seja dependem
da posicao inicialu(0) e da velocidade inicial ˙u(0).
Fazendou = 0 na Equacao (2.26), teremos que:
A = u(0) (2.27)
Derivando a Equacao (2.26) em funcao do tempo, teremos:
u(t) = −Aωcos(ωt)+Bωsen(ωt) (2.28)
Fazendou = 0 na Equacao (2.28), teremos que
u(0) = Bω ⇒ B =x(0)
ω(2.29)
Assim substituindo os valores de A e B encontrados na Equac˜oes (2.27) e (2.29) na Equacao (2.26),
teremos que a solucao da equacao do movimento para vibracoes livres nao amortecidas sera dada por:
17
u(t) = u(0).cos(ωt)+u(0)
ω.sen(ωt) (2.30)
Ondeu(0) e u(0) sao as condicoes iniciais do problema.
Vejamos um exemplo para entender melhor o movimento da vibracao livre nao amortecida: Considere-
mos que o sistema indicado na Figura 2.1.
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
m
m
2 mm
u(t)
P = 20.000 N
K = 2 x 10 N / m6
Figura 2.1: Exemplo de movimento de vibracoes livres naoamortecidas
No sistema apresentado na Figura 2.1 um bloco que pesa 20.000Newtons cuja rigidez do sistema e
de 2×106 N/m e deslocado 2mm de sua posicao de equilıbrio conforme indicado na figura e logo em
seguida abandomado, com velocidade inicial nula, em movimento livre e nao amortecido. Vejamos agora
como descrever o movimento do sistema ao longo do tempo:
Inicialmente determinaremos a frequencia angular (ω)do sistema:
ω =√
KM
M =P~g
=20000
10.Nms2
= 2000N.s2
m
K = 2×106N/m
ω =√
2×106
2×103 = 31.623rad/s
Deslocar 2mm a partir do equilıbrio, significa queu(0) = 0,02 m e ser abandonado com velocidade
inicial nula significa ˙u(0) = 0, logo a equacao desse movimento sera dada por:
u(t) = 0,02.cos(31,623t)+0
31,623.sen(31,623t)
18
Como o termo que depende da velocidade inicial e nulo, teremos que:
u(t) = 0,02.cos(31,623t)
Na Figura 2.2, apresenta-se o historico do deslocamentou(t), em funcao do tempot.
T = 2πω
u(0)
−0.02
−0.015
−0.01
−0.005
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.2: Grafico do movimento de vibracoes livres naoamortecidas
Em um caso mais geral podemos supor que o movimento inicie comvelocidade de 6 m/s. Neste caso,
terıamos a seguinte equacao do movimento:
u(t) = 2.cos(31,623t)+6
31,623.sen(31,623t)
O que nos conduz ao grafico de movimento apresentado na Figura 2.3
u(0)
ωθ− ω
θt +
u(0)
ρ
−0.2
−0.15
−0.1
−0.05
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.3: Grafico do movimento de vibracoes livres naoamortecidas com velocidade inicial
19
Observe agora, com velocidade inicial nao nula existe uma certa defasagem no movimento quando
comparado ao apresentado na Figura 2.2, onde a velocidade inicial era nula. Essa defasagem e provocada
pela parcelau(0)
ω.sen(ωt) Ou seja, a parcela da velocidade inicial faz com que o sistemava mais longe
(tenha uma amplitude maior), fazendo com que ele demore um pouco mais para retornar para a posicao
de equilıbrio. Analisando o grafico da Figura 2.4, pode-seperceber essa diferenca.
defasagem de amplitude
defasagem de tempo
−3
−2
−1
0
1
2
3
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Velocidade inicial nulaVeloc inicial dif de zero
Figura 2.4: Defasagens entre os movimentos
Uma outra forma de interpretar graficamente esse movimento esta apresentada na Figura 2.5.
ωttω
t+ θ)(ωω
u(0)
u(0)
ρ
+2
+1
u(t)
Im
−1
−2
ρ
u(0) − θ
Re
Figura 2.5: Defasagens entre os movimentos - analise parametrizada no cırculo
No cıculo da Figura 2.5 apresenta-se a parametrizacao daEquacao (2.30), de modo que a posicao do
sistema e dada pela soma dos vetoresu(0) eu(0)
ω, vetores esses que serao sempre ortogonais e estao
girando em torno da posicao de equilıbrio com velocidadeangularωt. Uma vantagem dessa interpretacao
e que permite calcular de forma mais compacta algumas vari´aveis e parametros de interesse, como o
angulo de faseθ, a amplitudeρ e a posicaou(t) do sistema para um dado instante de tempot qualquer.
20
Analisando o cırculo percebemos que o angulo de defasagementre os dois movimentos pode ser obtido
como sendo:
θ = atan
( −u(0)ω
u(0)
)
= atan
(−u(0)
ω u(0)
)
(2.31)
Ja a aplitudeρ e dada por:
ρ =
√
(u(0))2+
(u(0)
ω
)2
(2.32)
E, se desejamos a posicao do sistema em um dado instante de tempo, teremos que:
u(t) = ρ.cos(ωt +θ) (2.33)
2.1.1 exemplo
Considere uma viga simplesmente apoiada com uma mossa aplicada no meio do vao conforme indica
a figura 2.6. Sabendo que a mossa pesa 45.000 Newtons e que o peso proprio da viga e desprezıvel
para esse problema, determine a equacao do movimento do sistema e esboce o grafico do movimento,
considerando o mesmo nao amortecido e que a mossa e deslocada 20 mm de sua posicao de equilıbrio
e depois abandonada com velocidade inicial nula. Considereque a inercia da secao transversal vale
8,325×10−5 m4, que o modulo de elasticidade linear e igual a 2,0×1011 N/m2, que o vao da viga e
de 6 metros e que a aceleracao da gravidade vale 10m/s2.
����������������
����������������P
L/2 L/2
Figura 2.6: Viga com mossa no meio do vao
Primeiramente, calculamos a massa do sistema:
M =P~g
=45000
10N
m/s2 ⇒ M = 4500N.s2/m
Depois calculamos a rigidez de mola na direcao do movimento (a rigidez que a viga oferece no meio do
vao) que pode ser facilmente encontrada em tabelas de livros de resistencia dos materiais ou teoria das
estruturas:
K =48EI
L3 =48×2×1011×8,325×10−5
63
Nm2 ×m4× 1
m3 = 3,7×106 Nm
Agora podemos calcular a frequencia angular do sistema:
ω =
√
KM
=
√
3,7×106
4500N/m
N.s2/m= 28,674rad/s
21
Agora podemos calcular o perıodo:
T =2×π
ω=
2×π28,674
= 0,21912s
E a frequenciaf :
f =1T
=1
0,21919= 4.5637Hz
Em termos gerais a equacao do movimento para vibracoes livres nao amortecidas e dada por:
u(t) = u(0)cos(ω t)+u(0)
ωsen(ω t)
Como:
u(0) = 0,02mu(0) = 0 m/s
Temos a equacao do movimento dada por:
u(t) = u(0)cos(ω t)
Cujo grafico e apresentado na Figura 2.7:
−0.02
−0.015
−0.01
−0.005
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.7: Deslocamento para viga com mossa no meio do vao
2.1.2 exemplo
Considere agora que a mesma viga do exemplo anterior inicia omovimento com velocidade inicial de
6 m/2. Para essa situacao calcule o angulo de fase, a amplitude do sistema e esboce o grafico do novo
movimento.
O angulo de fase e dado pela Equacao (2.31), entao:
22
θ = atan
(u(0)
ω u(0)
)
= atan
(60
28,674×0,02
)
= 1,5612rad
A amplitude e dada pela Equacao (2.32), entao:
ρ =
√
(u(0))2 +
(u(0)
ω
)2
=
√
(0,02)2+
(6
28,674
)2
= 0,21020m
A Equacao do movimento pode ser dada pela Equacao (2.30)
u(t) = 0,02.cos(28,674t)+6
28,674.sen(28,674t)
Cujo grafico do movimento e apresentado na Figura 2.8:
−0.25
−0.2
−0.15
−0.1
−0.05
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.8: Deslocamento para viga com mossa no meio do vao
O grafico da Figura (2.9), permite verificar a defasagem entre os movimentos com e sem velocidade
inicial.
−0.25
−0.2
−0.15
−0.1
−0.05
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.9: Comparacao entre movimentos de viga com mossa
23
2.2 Vibracoes livres criticamente amortecidas
Para que um sistema em vibracoes livres esteja criticamente amortecido, e necessario que apos retirado
da posicao inicial de equilıbrio, retorne a mesma sem oscilacoes. Em termos matematicos basta que o
radical da solucao geral para vibracoes livres seja nulo. A solucao geral para vibracoes livres e dada pela
Equacao (2.9), e fazendo o radical igual a zero nesta equac¸ao teremos o amortecimento crıtico dado por:
Cc = 2ωM (2.34)
Substituindo o amortecimento crıtico na solucao geral teremos que:
s1,2 = − Cc
2M±
√(
Cc
2M
)2
−ω2 (2.35)
Deste modo, a solucao geral da equacao caracterısticapara vibracoes livres com amortecimento crıtico e
dada por:
s1,2 = −ω (2.36)
Substituindo a solucao geral na equacao do movimento teremos que:
u(t) = (G1+G2 t))e−ω t (2.37)
OndeG1 e G2 sao constantes reais, uma vez que a solucao da equacao caracterıstica nao apresenta
termos imaginarios. Aplicando as condicoes iniciais para a Equacao (2.37), pode-se reescreve-la da
seguinte forma:
u(t) = [u(0)× (1+ω t)+ u(0) t]e−ω t (2.38)
2.2.1 exemplo
Considere que o sistema dinamico apresentado na Figura 2.10 esta submetido a um amortecimento
crıtico. Nesse sistema a massa e deslocada 2 mm de sua posic¸ao de equilıbrio e depois abandonada
com velocidade inicial nula.
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
m
m
2 mm
u(t)
P = 20.000 N
K = 2 x 10 N / m6
Figura 2.10: Exemplo de movimento de vibracoes livres criticamente amortecidas
24
Inicialmente determinaremos a frequencia angular (ω)do sistema:
ω =√
KM
M =P~g
=20000
10.Nms2
= 2000N.s2
m
K = 2×106N/m
ω =√
2×106
2×103 = 31.623rad/s
Deslocar 2mm a partir do equilıbrio, significa queu(0) = 0,02 m e ser abandonado com velocidade
inicial nula significa ˙u(0) = 0 m/s, logo a equacao desse movimento sera dada por:
u(t) = [0,02× (1+31,623t)]e−31,623t
O grafico do movimento e o apresentado na Figura 2.11.
0
0.002
0.004
0.006
0.008
0.01
0.012
0.014
0.016
0.018
0.02
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Figura 2.11: Grafico de movimento criticamente amortecido
Supondo que a massa fosse abandonada com velocidade inicialde 20m/s, a equacao do movimento seria
dada por:
u(t) = [0,02× (1+31,623t +20 t)]e−31,623t
Sendo o movimento representado no grafico da Figura 2.12.
Pode-se notar que nos casos em que o amortecimento e crıtico nao existe oscilacao em torno da posicao
de equilıbrio. As estruturas assim que retiradas de sua posicao original retornam a mesma sem nenhuma
oscilacao.
25
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0.025
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Figura 2.12: Grafico de movimento criticamente amortecidocom velocidade inicial
2.3 Vibracoes livres com amortecimento subcrıtico
Um outro caso de interesse para a analise estrutural e o caso das vibracoes livres submetidas a um
amortecimento subcrıtico. Alias esta e a realidade da grande maioria das estruturas de Engenharia Civil.
Ja vimos que nos casos em que o amortecimento e crıtico, o radical presente na solucao da equacao
caracterıstica deve ser nulo. Como amortecimento subcrıtico obviamente significa amortecimento abaixo
do critico, teremos que o mesmo radical da mesma solucao deve ser negativo, senao vejamos: A solucao
geral da equacao caracterıstica e dada pela Equacao (2.9), reescrita a seguir:
s1,2 = − C2M
±
√(
C2M
)2
−ω2
Ja sabemos que o amortecimento crıtico e dado pela Equacao (2.34), desse modo podemos obter uma
razao de amortecimento em relacao ao amortecimento crıtico dada por:
ξ =CCc
(2.39)
ComoC < Cc, teremos queξ < 1, e podemos representar a solucao geral da equacao caracterıstica dada
por:
s1,2 = − C2M
±
√(
C2M
)2
−ω2 (2.40)
Substituindo (2.39) em (2.40), e lembrando queCc = 2ωM teremos:
s1,2 =ξ2ωM
2M±
√(
ξ 2ωM2M
)2
−ω2 (2.41)
26
Assim, a solucao geral da equacao caracterıstica paravibracoes livres sujeitas a amortecimento subcrıtico
e dada por:
s1,2 = −ξω±√
(ξω)2−ω2
s1,2 = −ξω±√
−ω2× (1−ξ2)
s1,2 = −ξω±−iω√
1−ξ2
(2.42)
Por analogia com o movimento nao amortecido, poderemos calcular uma frequencia angular amortecida
dada por:
ωD = ω√
1−ξ2 (2.43)
Desse modo, podemos reescrever a Equacao (2.42) do seguinte modo:
s1,2 = −ξω± i ωd (2.44)
Substituindo as solucoes da equacao caracterıstica na equacao do movimento teremos que:
u(t) =
[
u(0)cos(ωD t)+
(u(0)+u(0)ξω
ωD
)
sen(ωD t)
]
e−ξω t (2.45)
Ou de modo alternativo:
u(t) = ρcos(ωD t +θ)e−ξω t
ρ =
√
u(0)2+
(u(0)+u(0)ξω
ωD
)2
θ = atan
(u(0)+u(0)ξω
u(0) ωD
)
(2.46)
Note que para para baixos valores de amortecimento(ξ < 0,20), o que e comum no caso de estruturas
civis, a razao de frequenciaωD/ω dada pela Equacao (2.43) e muito proxima da unidade. Nestes casos
a relacao existente entre a razao de amortecimento e a frequencia amortecida pode ser graficamente
representada como um cırculo de raio 1, conforme mostra a figura 2.13.
2.3.1 exemplo
Consideremos que o sistema apresentado na Figura 2.10 apresentasse agora um amortecimento subcrico
de 20%, ou seja,ξ = 0,20. Consideremos ainda que o sistema foi retirado do repouso, deslocado em
2 mm e dopois abandonado com velocidade inicial nula. Admtindo as mesmas propriedades elasticas e
mecanicas podemos calcular a frequencia angular amortercida, como sendo:
ωD = 31,623√
1− (0,20)2 = 30,948rad/s
Considerando as condicoes iniciasu(0) = 0,02m e u(0) = 0 m/s, teremos que:
27
ωD
ξ
ω
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.13: Razao entre as frequencias angulares em funcao do taxa de amortecimento
u(t) = [0,02cos(30,948t)]e−0,20×31,623t
Ou entao:
u(t) = [0,02cos(30,948t)]e−6,3246t
Portanto, o grafico do movimento e apresentado na Figura 2.14
−0.02
−0.015
−0.01
−0.005
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.14: Grafico de movimento com amortecimento subcr´ıtico
Supondo agora que a massa fosse abandonada com velocidade inicial de 20m/s, a equacao do movimento
seria dada por:
28
u(t) =
[
0,02cos(30,948t)+
(20+0,02ξω
30,948
)
sen(30,948t)
]
e6,3246t
Consideremos agora o sistema da Figura 2.10 deslocado 2 mm dorepouso e colocado em movimento
com a mesma velocidade inicial, e vejamos a comparacao entre os movimentos de vibracoes livres nao
amortecidas, criticamente amortecidas e subcriticamenteamortecidas. Essa comparacao esta apresentada
no grafico 2.15.
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 2.15: Comparacao geral dos movimentos de vibrac˜oes livres
2.4 Determinacao experimental da taxa de amortecimento
Devemos ter em mente que as verdadeiras caracterısticas deamortecimento para sistemas estruturais
dinamicos sao muito difıceis de serem determinadas. Entretanto, e uma pratica comum expressar o
amortecimento desses sistemas reais em termos das razoes de amortecimento visco-elasticoξ, que apre-
senta taxas de decaimento similar as obtidas nas condicoes de vibracoes livres.
Existem experimentos que permitem obter a taxa de amortecimentoξ com base na observacao dos deslo-
camentos do movimento em vibracoes livres. Podemos considerar por exemplo dois picos suscesivosun
eun+1 para um determinado movimento que ocorrem precisamente nostemposn(
2πωD
)
e (n+1)(
2πωD
)
.
Substituindo os temposn(
2πωD
)
e (n+1)(
2πωD
)
. na Equacao (2.46), chegaremos a:
un
un+1= e(2 π ξ ω/ωD) (2.47)
Aplicando o logarıtimo neperiano em ambos lados da Equac˜ao (2.47), e substituindoωD = ω√
1−ξ2,
podemos obter o chamado decremento logarıtimico do amortecimento (δ), definido como sendo:
δ ≡ lnun
un+1=
2πξ√
1−ξ2(2.48)
Para pequenos valores de amortecimento, a Equacao (2.48), pode ser aproximada para:
δ .= 2πξ (2.49)
29
Nos casos de sistemas com baixos valores de amortecimento, pode-se ainda obter experimentalmente,
com aproximacao razoavel, os valores da taxa de amortecimento a partir da informacao de picos nao
suscessivos que ocorrem entre um numero qualquer de ciclos, digamosm ciclos. para estes casos o
decremento logarıtimico de amortecimento e dado por:
δ ≡ lnun
un+m=
2mπ ξ√
1−ξ2(2.50)
O que nos leva a:
ξ .=
un − un+m
2mπ un+m(2.51)
2.4.1 exemplo
30
Capıtulo 3
Resposta ao Carregamento Harmonico
Assumiremos agora que o sistema dinamico esta sujeito a umcarregamento harmonicop(t), conforme
indicado na figura 3.1:
u(t)
����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
m
C
k
P(t)
Figura 3.1: Sistema dinamico sujeito a carregamento harmˆonico
O carregamento harmonicop(t), inidcado na Figura 3.1 e do tipo senoidal, possuindo amplitude igual a
Po, frequencia circularω e descrito por:
p(t) = Po senω t (3.1)
Desse modo a Equacao do movimento para um sistema sujeito aesse carregamento harmonico sera dada
por:
mu(t)+Cu(t)+ku(t) = Po senωt (3.2)
3.1 Sistemas nao amortecidos
Antes de considerar o amortecimento viscoelastico, e interessante analisar o que acontece com os casos
nao amortecidos. Nestes casos, a equacao do movimento sera dada por:
mu(t)+ku(t) = Po senω t (3.3)
A solucao geral da Equacao (3.3) e dividida em duas partes: a primeira, chamada de sulucao comple-
mentar e dada pela solucao da equacao do movimento parao caso de vibracoes livres (p(t) = 0), ou seja,
31
a solucao complementar e dada por:
uc(t) = A cosω t +B senω t (3.4)
A segunda parte da solucao geral e chamada de solucao particular, pois depende da natureza do car-
regamento harmonicop(t). Nos casos de carregamento harmonico e razoavel assumirque a resposta
perticular esteja em fase com o carregamento harmonico quea provoca, desse modo, a solucao particu-
lar para os casos em quep(t) = Po senω t e dada por:
up(t) = C senω t (3.5)
Devemos ainda calcular o valor da amplitudeC da solucao particular.
Substituindo a Equacao (3.5) na Equacao (3.3), chegaremos a:
−mω2C senω t +k C senω t = Po senω t (3.6)
Dividindo todos os termos da Equacao (3.6) porsenω t (que geralmente e diferente de zero) e pork, e
fazendo os rearranjos matematicos necessarios, teremosque a constante C da solucao particular e dada
por:
C =Po
k
[1
1−β2
]
(3.7)
Ondeβ e definida como a razao entre a frequencia do carregamento e a frequencia natural, dada por:
β =ωω
(3.8)
SOLUCAO GERAL
Portanto, a solucao geral da Equacao (3.3) e obtida somando-se a solucao particular com a solucao
complementar, o que nos leva a:
u(t) = up(t)+uc(t) = A cosω t +B senω t +Po
k
[1
1−β2
]
senω t (3.9)
As constantesA e B da Equacao (3.9) dependem das condicoes iniciais do problema. Assumindo que o
movimento parte do repouso, isto e,u(0) = 0 eu(0) = 0, entao teremos:
A = 0 B = −Po βk
[1
1−β2
]
(3.10)
E neste caso, a equacao do movimento apresentada em (3.9) sera dada por:
u(t) =Po
k
[1
1−β2
]
( senω t −β senω t) (3.11)
Na Equacao (3.11) o termoPok e o deslocamento que seria produzido no sistema caso o carregamentop(t)
fosse aplicado estaticamente, ou em outras palavras,Pok e o deslocamento estatico, enquanto que o termo
32
[1
1−β2
]
representa o fator de amplificacao (FA) da resposta estatica, devido ao fato do carregamento ser
harmonico. Ainda na Euqacao (3.11), o termosenω t representa o componente da resposta devido
a frequencia do carregamento, e e chamado de resposta permanente do sistema, enquando que o termo
β senω t representa a resposta devido a frequencia da estrutura, que em sistemas amortecidos, desaparece
com o tempo, sendo portanto esse termo chamado de resposta transiente do sistema. Em nosso exemplo
o sistema e nao amortecido e portanto essa resposta tambem e permanente, mas nos casos reais, que sao
amortecidos, essa resposta sera transiente, ou seja, influencia apenas no inıcio do movimento.
RAZAO DE RESPOSTA
Uma modo conviniente de medir a influencia do carregamento dinamico na resposta do sistema e forne-
cido pela razao de resposta do sistema, que na realidade divide a resposta dinamica pela resposta estatica,
chegando-se a:
R(t) =u(t)uest
=u(t)Po/k
(3.12)
Substituindo a Equacao (3.11) em (3.12), chegaremos a:
R(t) =
[1
1−β2
]
( senω t −β senω t) (3.13)
3.1.1 exemplo
Imaginemos que o sistema dinamico apresentado na Figura 3.1, tem peso de 45.000 Newtons, e que a
constante elastica do sistema valek = 3,5×105 N/m. Admitindo que a aceleracao da gravidade vale
~g = 10 m/s2 ; que o sistema parte do repouso e que o carregamento harmonico aplicado valep(t) =
20.000sen20 t, vamos calcular a resposta do sistema ao longo do tempo.
Em primeiro lugar determinemos a massa do sistema:
M =45.000
10= 450N.s2/m
Agora, calculemos a frequencia angular do sistema:
ω =
√
3,5×105
450= 27,889rad/s
Podemos calularβ:
β =ωω
=20
27,889= 0,71714
O fator de amplificacao FA, dado por:
FA =0,71714
1− (0,71714)2 = 1,4765
O deslocamento estatico pode ser dado por
Po
k=
20.0003,5×105 = 0,057143m
33
A equacao do movimento sera dada por:
u(t) = 0,057143
[1
1− (0,71714)2
]
( sen20 t −0,71714sen27,889t)
No grafico da Figura 3.2, esta apresentado o movimento do sistema em funcao do tempo. Nesse grafico
apresenta-se a resposta geral, a complementar e a particular. Como o sistema nao e amortecido a resposta
complementar permanece no tempo.
T = ω2π
Ger
alco
mpl
emen
tar
T = 2πω
FA
β x FA
parti
cula
r
Figura 3.2: Respostas para sistema sujeito a carregamento harmonico
3.2 Sistemas amortecidos
Retornando a equacao do movimento e agora incluindo o amortecimento, e lembrando que:k/M = ω2
e queC/M = 2 ξ ω, teremos que:
u(t)+2 ξ ω u(t)+ω2u(t) =Po
msenω t (3.14)
A solucao complementar da Equacao (3.14) e a solucaopara vibracoes livres amortecidas, ou seja:
uc(t) = [A cos(ωD t)+B sen(ωD t)]e(−ξω t) (3.15)
A solucao particular para a Equacao (3.14) e dada por:
34
up(t) = G1 cosω t +G2 senω t (3.16)
Onde os senos e cossenos sao necessarios porque geralmente a resposta dos sistemas amortecidos nao
estao em fase com o carregamento.
Substituindo a Equacao (3.16) na Equacao (3.14), e colocando os termos desenω t e cosω t em
evidencia, teremos que:
[−G1ω2 +G2ω(2 ξω)+G1ω2] cosω t +
[
−G2ω2−G1ω(2 ξω)+G2ω2− Po
m
]
senω t = 0 (3.17)
Afim de satisfazer a Equacao (3.17), teremos que:
−G1ω2 +G2ω(2 ξω)+G1ω2 = 0
−G2ω2−G1ω(2 ξω)+G2ω2− Pom = 0
(3.18)
Dividindo-se ambos os lados da igualdade na Equacao (3.18) porω2 e lembrando queβ = ω/ω teremos
que:
G1(1−β2
)+G2(2 ξ β) = 0
G2(1−β2
)−G1(2 ξ β) = Po
m
(3.19)
Resolvendo o sistema de Equacoes (3.19), teremos que:
G1 = Pok
[−2 ξ β
(1−β2)2+(2 ξ β)2
]
G2 = Pok
[1−β2
(1−β2)2+(2 ξ β)2
]
(3.20)
Portanto, substituindo a Equacao (3.20) na Equacao (3.16), podemos obter a expressao da solucao geral
para sistemas amortecidos submetidos a carregamento harmˆonico; solucao dada por:
u(t) =
sol.complementar︷ ︸︸ ︷
[A cos(ωD t)+B sen(ωD t)]e(−ξω t) +Po
k
[1
(1−β2)2+(2 ξ β)2
][(1−β2) senω t −2 ξ β cosω t
]
︸ ︷︷ ︸
sol.particular(3.21)
Na Equacao (3.21) a solucao complementar e transiente, ou seja, desaparece com o tempo, sendo impor-
tante apenas nos instantes iniciais do movimento, equanto que a solucao complementar e permanente no
sistema.
Nos casos em que os instantes iniciais nao sao de interessea resposta do sistema resume-se a solucao
particular, que tambem e chamada de solucao permanente, desse modo, terıamos que:
35
u(t) =Po
k
[1
(1−β2)2+(2 ξ β)2
][(1−β2) senω t −2 ξ β cosω t
](3.22)
De maneira analoga ao que foi feito no estudo de vibracoeslivres amortecidas, e possıvel representar o
movimento da Equacao (3.22) atraves da soma de dois vetores perpendiculares e girando com velocidade
igual aω t de modo que:
up(t) = ρ sen(ω t −θ)
ρ = Pok
[(1−β2)2+(2 ξ β)2
]− 12
θ = arctan[
2 ξ β1−β2
]
(3.23)
A razao entre a amplitude dinamicaρ e a amplitude dinamica, tambem chamado de fator de amplificacao
dinamica, e dado por:
D =ρPok
=[(1−β2)2+(2 ξ β)2]− 1
2 (3.24)
Tanto o fator de aplificacao, quanto o angulo de fase, dependem deξ e deβ. Os graficos das Figuras 3.3
e 3.4, expressam essas relacoes para varias combinacoes deξ e β.
ξ = 0
ξ = 0,2
ξ = 0,5
ξ = 0,7
ξ = 1,0
β
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Figura 3.3: Fator de amplificacao dinamicaem sistemas amortecidos com carregamento harmonico
36
0,05
0,20,5
ξ =
ξ =ξ =
ξ = 1,0
β
90
0
180
θ
1.5 2 2.5 3 0.2 0.4 0.6 0.8 1
1
Figura 3.4:Angulo de fase em sistemas amortecidos com carregamento harmonico
3.3 Resposta Ressonante
Analisando a Equacao (3.13), percebemos que a medida queβ tende a unidade o a razao entre a resposta
dinamica e a resposta estaticaR(t) tende ao infinito. Essa tendencia pode ser observada na Figura 3.3
quandoξ = 0. Para sistemas com baixos valores na taxa de amortecimento, pode ser verificado na mesma
Figura 3.3 que a amplitude maxima da resposta permanente ocorre para valores em queβ e um pouco
abaixo da unidade.
A condicao para queβ = 1 e que a frequencia do carregamentoω seja igual a frequencia natural nao
amortecida da estruturaω. Neste caso, o fator de amplificacao dinamicaD, dado pela Equacao (3.24),
sera dado por:
Dβ=1 =1
2 ξ(3.25)
Para determinar o valor maximo para o fator de aplificacaodinamicaD, e necessario derivar a Equacao
(3.24) em funcao deβ e resolver a expressao resultante paraβ, fazendo isto, teremos que o maximo valor
deβ sera dado por:
βmax=√
1−2 ξ2 (3.26)
A equacao (3.26) conduzira a valores positivos deβmax para baixos valores das taxas de amortecimentos
(ξ < 1√2) O grafico da Figura 3.5, apresenta a relacao entre os valores maximos deβ em funcao da taxa
de amortecimentoξ.
Substituindo o valor deβmax apresentado na Equacao (3.26) na Equacao (3.24), teremos que:
Dmax=1
2 ξ√
1−ξ2=
12 ξ
ωωD
(3.27)
37
ξ
maxβ
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Figura 3.5: Picos da razao de frequencia em funcao da taxa de amortecimento
Para valores de amortecimento usuais em estruturas civis, isto e,ξ < 0,10, a diferenca entre as Equacoes
(3.27) e (3.25) sao muito pequenas, cerca de um e meio por cento quandoξ varia de 10 % para 20 %.
Para um entendimento mais completo da resposta ressonante ´e necessario analisar a solucao geral para
sistemas amortecidos sujeitos a carregamentos harmonicos, solucao essa apresentada na Equacao (3.21).
Fazendoβ = 1 na Equacao (3.21), teremos que:
u(t) = (A cosωD t +B senωD t)e(−ξω t)− Po
kcosω t
2 ξ(3.28)
Assumindo que o movimento parte do repouso, as constantes A eB serao dadas por:
A =Po
k1
2 ξB =
Po
kω
2ωD=
Po
k1
2√
1−ξ2(3.29)
Substituindo os valores de A e B apresentados em (3.29) na Equacao (3.28), teremos:
u(t) =1
2 ξPo
k
[(
ξ√
1−ξ2senωD t + cosωD t
)
e(−ξω t)− cosω t
]
(3.30)
Para taxas de amortecimento usuais em estruturas civis, o termo√
1−ξ2 tende a unidade, e entao a
Equacao (3.30) pode ser reescrita em sua forma aproximada, dada por:
R(t) =u(t)
Pok
.=
12 ξ
{[
e(−ξω t)−1]
cosω t +ξ[
e(−ξω t)]
senω t}
(3.31)
Para amortecimentos nulos, a solucao aproximada da Equac¸ao (3.31) tende a uma indeterminacao,
porem, aplicando a regra de L’Hospital a respostaR(t) para sistemas nao amortecidos e dada por:
R(t).=
12
( senω t −ω t cosω t) (3.32)
A Figura 3.6 mostra a razao de amplificacao dinamicaR(t) para os casos de sistemas nao amortecidos e
amortecidos.
38
1
2ξ
t
π
t
R(t)
R(t)sistema nao amortecido
sistema amortecido
−5
−4
−3
−2
−1
0
1
2
3
4
5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
−15
−10
−5
0
5
10
15
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Figura 3.6: Razao de amplificacao dinamica para sistemas amortecidos e nao amortecidos
Percebe-se analisando o grafico da Figura 3.6 que para o casode sistemas nao amortecidos, os picos da
resposta ressonante ao longo do tempo apreentam uma relac˜ao linear, apresentando um crescimento de
+π a cada ciclo. No caso dos sistemas amortecidos os picos da resposta ressonante ficam enclausurados
em uma funcao nao linear que e(1/2ξ)[e(−ξω t)−1]. O grafico da Figura 3.7 mostram essa funcao de
enclausuramento para diferentes valores deξ.
39
ξ=0,20
ξ=0,10
ξ=0,05
ξ=0,02
0 0 5 10 15 20 25
Figura 3.7: Funcao envoltoria para resposta ressonantenao amortecida
40
Capıtulo 4
Carregamentos Periodicos
41
Capıtulo 5
Carregamentos Impulsivos
42
Capıtulo 6
Carregamentos Genericos
43