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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO EM UMA ESCOLA DE UMA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NO ESTADO DE MATO GROSSO THAYNÁ YARA RIBEIRO MAURO Cuiabá-MT, setembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO

CARDÁPIO EM UMA ESCOLA DE UMA REDE MUNICIPAL

DE ENSINO NO ESTADO DE MATO GROSSO

THAYNÁ YARA RIBEIRO MAURO

Cuiabá-MT, setembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO

CARDÁPIO EM UMA ESCOLA DE UMA REDE MUNICIPAL

DE ENSINO NO ESTADO DE MATO GROSSO

THAYNÁ YARA RIBEIRO MAURO

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso

como parte dos requisitos exigidos para obtenção do

título de Bacharel em Nutrição, sob orientação da

professora Me. Emanuele Batistela.

Cuiabá-MT, setembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO

EM UMA ESCOLA DE UMA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NO

ESTADO DE MATO GROSSO

THAYNÁ YARA RIBEIRO MAURO

Orientador:

Profa. Me. Emanuele Batistela

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RESUMO

Durante a infância e a adolescência, a alimentação é importante para o crescimento e desenvolvimento e

pode ser um dos principais fatores de prevenção de algumas doenças. Este trabalho teve por objetivo avaliar

qualitativamente os aspectos nutricionais e sensoriais de um cardápio planejado para atendimento, durante o

primeiro semestre de 2016, dos estudantes da educação infantil e ensino fundamental que estudam em período

parcial em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Grosso. A avaliação do cardápio foi

realizada através do método AQPC- Escola, considerando a presença de alimentos recomendados e controlados.

Os alimentos controlados que apareceram com mais frequência para a educação infantil foram aqueles com

açúcar adicionado (55%) e biscoitos (35%). Os alimentos flatulentos e de difícil digestão estiveram presentes em

35% dos dias avaliados para as duas etapas de ensino. Os alimentos recomendados mais frequentes nas duas

etapas de ensino foram os cereais, pães, massas e vegetais amiláceos (100%), vegetais não amiláceos (95%),

carnes e ovos (85%) e leguminosas (70%).Observou-se baixa oferta de leites e derivados para educação infantil e

ausência para o ensino fundamental. O cardápio ofertado ao ensino fundamental apresentou-se próximo do

desejável pelo método, porém sugere-se que alterações sejam feitas principalmente quanto às preparações ricas

em açúcar e à oferta de biscoitos no cardápio da educação infantil.

PALAVRAS CHAVES: Alimentação escolar; AQPC- Escola; avaliação de cardápio.

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ABSTRACT

During childhood and adolescence, nutrition is important for growth and development and can be a

major factor in preventing some diseases. This study aimed to qualitatively assess the nutritional and sensory

aspects of a menu designed to meet during the first half of 2016, students of early childhood education and

elementary school that study in part-time at a school of a city in the state of Mato Grosso. The evaluation of the

menu was accomplished through the AQPC- School method, considering the presence of recommended and

controlled foods. Controlled food that appeared more frequently for early childhood education were those with

added sugar (55%) and cookies (35%). The flatulent foods and hard to digest were present in 35% of the days

assessed for the two stages of education. The most common foods recommended in both teaching steps were

cereals, breads, pasta and starchy vegetables (100%), non-starchy vegetables (95%), meat and eggs (85%) and

legumes (70%). There was low supply of milk and dairy products for early childhood education and absence for

the elementary school. The menu offered to elementary school presented close to the desirable by the method,

but it is suggested that changes be made mainly about the preparations rich in sugar and the supply of biscuits

on the menu of children's education.

KEY WORDS: School meals; AQPC- School; evaluation menu.

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LISTA DE SIGLAS

AQPC – Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio

AQPC Escola- Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio Escolar

CFN – Conselho Federal de Nutricionistas

CNE – Coordenadoria de Nutrição Escolar

DCNT – Doenças Crônicas não Transmissíveis

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAE - Programa de Alimentação Escolar

PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar

PSE - Programa Saúde na Escola

RT- Responsável Técnico

UAN – Unidade de Alimentação e Nutrição

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 07 2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

2.1 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL ................................................................. 2.2 PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE).. 2.3PLANEJAMENTO E QUALIDADE NUTRICIONAL DE CARDÁPIOS...................................................................................................... 2.4 O MÉTODO DE AVALIAÇÃO QUALITATIVA PARA CARDÁPIOS.. 2.5 AQPC ESCOLA ..........................................................................................

10 10 12 14 15 16

3. OBJETIVOS .................................................................................................... 18 3.1OBJETIVO GERAL ................................................................................... 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .....................................................................

18 18

4. METODOLOGIA ............................................................................................ 4.1 DESENHO DE ESTUDO ........................................................................... 4.2 PROCEDIMENTOS REFERENTES À COLETA DE DADOS ..............

4.2.1 Avaliação Qualitativa das preparações do Cardápio Escolar (AQPC–Escola) ................................................................................

4.2.2 Análise e tabulação dos dados......................................................... 4.3 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................

19 19 19 19 22 22

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 6. CONCLUSÃO ..................................................................................................

23 35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 36 ANEXO .............................................................................................................. 41

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1. INTRODUÇÃO

Durante a infância e a adolescência, a alimentação é importante para o crescimento e

desenvolvimento e pode ser um dos principais fatores de prevenção de algumas doenças.

Diante desta realidade, observa-se grande interesse pela compreensão das relações entre as

escolhas alimentares e o estado de saúde (FURLAN e PASTOR-VALERO, 2004).

Segundo Fhorshe (2004) as práticas alimentares inadequadas caracterizam-se como

determinantes diretos do aumento da obesidade e estas têm sido relatadas em inúmeros estu-

dos (SANCHES, 2002; MONTEIRO et al.,2002). Estes estudos mostram o baixo consumo de

frutas, verduras e legumes entre crianças e adolescentes e esta prática alimentar está associada

ao maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer

(SANCHES, 2002). Vale ressaltar ainda que nos últimos 20 anos o número de adolescentes

obesos quadruplicou, sendo a obesidade considerada uma epidemia juvenil (FISBERG, 2004).

A mídia e o prestígio social do alimento estão envolvidos no aprendizado e na

incorporação de determinados hábitos (FONSECA, 1998; ALMEIDA JR., 2001; ALMEIDA,

2002). O estudo de Silva e Malina (2000) revelou que adolescentes passam cerca de cinco

horas diárias diante da televisão. Este dado torna-se preocupante se considerarmos que uma

exposição de 30 segundos aos comerciais de alimentos é capaz de influenciar a escolha para

determinado produto (BORZEKOWSKI e ROBINSON, 2001).

Neste sentido, considerando que a escola é fundamental na formação dos hábitos de

vida do estudante e que esta ainda possui uma responsabilidade que vai além do conteúdo

educativo global, pois compreende um dos períodos no qual o indivíduo complementa sua

alimentação, é necessário propor estratégias neste ambiente para auxiliar na formação de

hábitos saudáveis e na prevenção de algumas doenças (AMODIO e FISBERG, 2002).

Desta forma, existem políticas públicas de segurança alimentar e nutricional

desenvolvidas nas escolas que buscam contribuir para a promoção da alimentação adequada e

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saudável neste ambiente, sendo um deles o Programa Nacional de Alimentação Escolar

(PNAE).

O PNAE, criado na década de 50, é uma política governamental, de âmbito nacional,

que visa suprir, no mínimo, 20% das necessidades nutricionais dos escolares, além de

contemplar ações de Educação Alimentar e Nutricional (BRASIL, 2009a).

O programa objetiva contribuir para o crescimento e o desenvolvimento

biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de práticas alimentares

saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de

refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo (BRASIL,

2013).

De acordo como Conselho Federal de Nutricionistas e o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE), o responsável técnico pelo programa é o

nutricionista, de maneira que uma de suas atribuições diz respeito à elaboração de cardápios

escolares (CFN, 2010; BRASIL, 2013). Os cardápios da alimentação escolar deverão ser

elaborados pelo nutricionista responsável técnico (RT), com utilização de gêneros

alimentícios básicos, de modo a respeitar as referências nutricionais, os hábitos alimentares, a

cultura alimentar da localidade e pautar-se na sustentabilidade, sazonalidade e diversificação

agrícola da região e na alimentação saudável e adequada (BRASIL, 2013). Além disso, é

importante ressaltar que o planejamento de cardápios, independentemente do público a que

estes se destinam, precisa considerar as referências nutricionais e os aspectos sensoriais.

Tão importante quanto o planejamento adequado do cardápio é sua avaliação, pois esta

tem a finalidade de auxiliar o profissional no que diz respeito ao alcance de seu objetivo, que

envolve a oferta de refeições com qualidade nutricional e sensorial. A avaliação qualitativa

das preparações do cardápio (AQPC) é um método que pode ser empregado e que visa

auxiliar na percepção do equilíbrio em aspectos tais como tipos, cores e formas de preparo

dos alimentos (PROENÇA, 2005).

Quanto ao cardápio escolar, uma série de fatores necessitam ser considerados porque

este precisa atender às normas do PNAE. Assim, afim de auxiliar o profissional na avaliação

dos cardápios planejados da alimentação escolar foi desenvolvida uma metodologia específica

para este ambiente, a partir do método tradicional do AQPC, o AQPC Escola (VEIROS e

MARTINELLI, 2012). Desta forma, o profissional pode avaliar os cardápios planejados para

atendimento da alimentação escolar diante das especificidades da alimentação na infância e

adolescência (VEIROS e PROENÇA, 2003; PROENÇA et al., 2005; VEIROS e

MARTINELLI, 2012).

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Segundo os autores do método, a alimentação escolar deve ser coerente com as

recomendações do Guia Alimentar para População Brasileira (BRASIL, 2008a) e com as

regulamentações específicas para a alimentação escolar no Brasil (BRASIL, 2006b; BRASIL,

2009a). Esses instrumentos reguladores apontam para a necessidade de aumento do consumo

de frutas, vegetais e alimentos integrais e para a redução do consumo de sal,açúcar e gordura.

Ficam assim evidenciados os alimentos que devem ter seu consumo estimulado e aqueles que

precisam ter seu consumo controlado para assegurar a qualidade da alimentação escolar

(VEIROS e MARTINELLI, 2012).

Portanto, este trabalho teve por objetivo avaliar qualitativamente os aspectos

nutricionais e sensoriais de um cardápio planejado para atendimento, durante o primeiro

semestre de 2016, dos estudantes da educação infantil e ensino fundamental que estudam em

período parcial em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Grosso.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL

A população brasileira vem passando por mudanças no padrão de vida e consumo, tais

como redução da atividade física, diminuição do tempo destinado ao lazer e modificações de

hábitos alimentares (CLARO et al., 2007).

A mudança no consumo alimentar se baseia na diminuição da ingestão de frutas,

verduras e legumes e no elevado consumo de alimentos ricos em açúcares simples, gordura

saturada e sódio (BRASIL, 2014). Assim, embora observe-se ainda alta prevalência de

deficiências nutricionais (principalmente anemia e hipovitaminose A), estas mudanças têm

sido associadas ao aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no

Brasil (OMS, 2004). Paralelamente a isso, as modificações na ingestão alimentar têm levado à

mudanças no padrão de nutrição dos brasileiros, processo este definido como transição

nutricional,caracterizado pela gradual redução na proporção de indivíduos desnutridos e pela

contínua elevação da prevalência de obesidade (MONTEIRO et al.,2002).

Esta tendência, que envolve alterações comportamentais relacionadas aos hábitos

alimentares e à redução nos níveis de atividade física pode ser observada também entre

crianças e adolescentes e estas alterações têm colaborado para o aumento na prevalência de

sobrepeso e obesidade nesta população (BERGMANN et al., 2010).

O aumento do sobrepeso e da obesidade entre crianças e adolescentes pode ser

verificado tanto à nível mundial, quanto nacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde

(OMS), em 2010, a nível mundial, cerca de 43 milhões de crianças menores de cinco anos

apresentavam excesso de peso. Elevadas prevalências de sobrepeso e obesidade na infância

também foram encontradas em alguns países europeus (OMS, 2010). Já no Brasil, a Pesquisa

de Orçamentos Familiares2008-2009apresentou um aumento importante no número de

crianças acima do peso, principalmente na faixa etária entre 5 e 9 anos de idade. O número de

meninos acima do peso mais que dobrou entre 1989 e 2009, passando de 15% para 34,8%,

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respectivamente. Já o número de obesos apresentou um aumento de mais de 300% nesse

mesmo grupo. Entre as meninas esta variação foi ainda maior (IBGE, 2010).

Entre os adolescentes, dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE),

realizada em 2009 com estudantes do nono ano do ensino fundamental, apontaram que o

consumo de alimentos considerados marcadores de alimentação não saudável em cinco ou

mais dias da semana foi de 51%, resultado alarmante, considerando que este padrão de

consumo alimentar é considerado fator de risco para o excesso de peso (BRASIL, 2009b).

Há que se destacar a relevância dos dados apresentados se considerarmos que, apesar

das morbidades associadas ao sobrepeso e à obesidade serem mais frequentes em adultos,

algumas delas, como diabetes tipo 2, a hipercolesterolemia, a hipertensão arterial e os

problemas ortopédicos também têm sido observadas em crianças e adolescentes com excesso

de peso (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES apud BRASIL, 2004).

Diante disso, percebe-se a importância da implementação de medidas intervencionistas

de incentivo (que permitam acesso às informações e motivem a adoção de práticas saudáveis),

apoio (que facilitem opções saudáveis para os indivíduos motivados) e proteção à saúde dos

escolares (que evitem a exposição aos fatores que estimulam práticas não saudáveis) (LEÃO e

CASTRO, 2007).

A escola tem sido considerada como um ambiente privilegiado para o

desenvolvimento de ações de promoção da saúde, incluindo a educação alimentar e

nutricional, parecendo ser um local onde as atividades de incentivo às práticas alimentares

saudáveis apresentam boa repercussão em crianças e adolescentes (GAGLIANONE et al.,

2006). Neste contexto, o poder público tem buscado desenvolver algumas estratégias neste

ambiente e uma delas refere-se à Portaria Interministerial nº1.010/2006, que institui as

diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas. Adicionalmente, pode-se

citar o Programa Saúde na Escola (PSE), criado em 2007, que visa a integração e articulação

permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria da qualidade de vida da

população assistida (BRASIL, 2011) e os “Dez Passos para a Promoção da Alimentação

Saudável nas Escolas”, pensado com o objetivo de incentivar práticas alimentares saudáveis

junto à comunidade escolar (BRASIL, 2008b).

Além disso, medidas de caráter educativo e informativo através do currículo escolar,

assim como o controle da propaganda de alimentos não saudáveis e a redução da oferta de

açúcar, sal e gordura (prevista na Estratégia Global em Alimentação Saudável, Atividade

Física e Saúde) são ações que devem ser praticadas no âmbito escolar (OLIVEIRA e

FISBERG, 2003; OMS, 2004).

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Dentre as variadas estratégias de segurança alimentar e nutricional no contexto

escolar, há que se destacar o PNAE, sendo este considerado um dos maiores e mais

abrangentes programas na área de alimentação escolar do mundo.

2.2 PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)

A alimentação adequada é um direito fundamental do ser humano, sendo inerente à

dignidade da pessoa humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na

Constituição Federal, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam

necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população

(BRASIL, 2006).

Neste sentido, a alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e

dever do Estado e será promovida e incentivada com vista ao atendimento das

diretrizes previstas em legislação específica (BRASIL, 2013).O Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE), implantado em 1955, tem por objetivo contribuir para o

crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a

formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio de ações de educação alimentar e

nutricional e através da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais

durante o período letivo(BRASIL,2009).

São atendidos pelo programa os alunos de toda a educação básica (educação infantil,

ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos) matriculados em escolas

públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias (conveniadas com o poder público), por

meio da transferência de recursos financeiros, em caráter suplementar, que devem ser

aplicados na compra de gêneros alimentícios da alimentação escolar (BRASIL, 2009).

O termo “alimentação escolar” refere-se a todo alimento oferecido no ambiente

escolar, independentemente de sua origem, durante o período letivo.Esta deve ser coerente

com as recomendações do Guia Alimentar para População Brasileira e com as

regulamentações específicas para a alimentação escolar no Brasil (BRASIL,2009).

A responsabilidade técnica pela alimentação escolar nos estados, no Distrito Federal,

nos municípios e nas escolas federais caberá ao nutricionista (BRASIL, 2009). De acordo com

a Resolução nº 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas, compete a este profissional,

no âmbito do Programa de Alimentação Escolar (PAE), dentre outras atividades obrigatórias,

“planejar, elaborar, acompanhar e avaliar o cardápio da alimentação escolar, com base no

diagnóstico nutricional e nas referências nutricionais” (CFN, 2010).

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Os cardápios, por sua vez, deverão ser elaborados considerando a utilização de

gêneros alimentícios básicos e o respeito aos critérios como hábitos alimentares, cultura local,

diversificação agrícola da região e necessidades nutricionais (BRASIL, 2013).

Neste sentido, os cardápios do PNAE deverão ser planejados para atender, em média,

as necessidades nutricionais estabelecidas na forma do disposto no Anexo III da Resolução

CD/FNDE nº26 de 2013, de modo a suprir, no mínimo, 20% das necessidades nutricionais

diárias quando ofertada uma refeição, para os alunos matriculados na educação básica, em

período parcial e no mínimo 30% das necessidades nutricionais diárias, quando ofertadas duas

ou mais refeições, para os alunos matriculados na educação básica, exceto creches em período

parcial (BRASIL, 2013).

A fim de atender adequadamente as necessidades nutricionais dos estudantes durante o

período que permanecem na escola, a legislação do PNAE preconiza a oferta de pelo menos

três porções de frutas e hortaliças por semana (200g/aluno/semana) nas refeições. Além disso,

a Resolução nº 26 de 2013, determina que é vedada a aquisição de bebidas com baixo valor

nutricional tais como refrigerantes, refrescos artificiais e similares. A aquisição de alimentos

como enlatados, embutidos, doces, preparações semiprontas ou prontas para o consumo é

restrita à, no máximo 30% dos recursos repassados pelo FNDE (BRASIL, 2013).

Cabe ainda destacar que, para que os objetivos propostos pelo programa possam ser

atingidos, a elaboração do cardápio deve considerar outros aspectos além da qualidade

nutricional. Assim, a promoção da alimentação saudável, inclusive no âmbito do PNAE,

envolve mais que a escolha de alimentos adequados, relacionando-se com a defesa da

biodiversidade de espécies, o reconhecimento da herança cultural e o valor histórico do

alimento, além do estímulo à cozinha típica regional, contribuindo, assim, para o resgate das

tradições e o prazer da alimentação (BRASIL, 2014).

Desta forma, um dos progressos alcançados no que se refere ao programa, foi seu

processo de descentralização, implantado em 1994, cujo objetivo incluiu o atendimento aos

hábitos alimentares dos estudantes e o incentivo à economia local. A descentralização

permitiu, portanto, maior autonomia na elaboração dos cardápios e na compra dos gêneros

alimentícios (DIAS et al., 2013). Outro marco que deve ser destacado foi o estabelecimento,

por meio da Lei nº 11.947/2009, de que, do total dos recursos financeiros repassados pelo

FNDE no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverá ser utilizado na

aquisição de gêneros alimentícios diretamente da Agricultura Familiar (BRASIL, 2009).

Deste modo, os avanços descritos criaram condições que podem favorecer a elaboração de

cardápios nutricionalmente adequados e condizentes com a realidade local.

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2.3 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DE CARDÁPIOS

Segundo Abreu et al.(2013), o cardápio compreende uma sequência de pratos a serem

servidos em uma refeição, ou em todas as refeições de um dia ou de um período determinado.

É uma ferramenta que inicia o processo produtivo e serve como instrumento gerencial para a

administração de uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). Assim, o planejamento do

cardápio permite dimensionar recursos humanos e materiais, bem como planejar compras,

determinar os padrões a serem utilizados na confecção das receitas, dentre outros.

Entende-se como planejamento de cardápio o ato de programar tecnicamente refeições

que atendam às Leis da Nutrição, levando-se em consideração aspectos básicos da nutrição

(CASTRO E QUEIROZ, 1998). Para planejar o cardápio é necessário considerar alguns

aspectos técnicos e administrativos muito importantes, que envolvem o perfil da clientela,

bem como a disponibilidade de recursos humanos, área física disponível, equipamentos e

outros recursos necessários para produção de refeições. Também é essencial que através da

realização de diagnóstico conheça-se a sazonalidade das matérias-primas, as preferências

alimentares e aspectos culturais da clientela atendida (ABREU et al., 2013).

Além disso, para o atendimento adequado das necessidades nutricionais da clientela, o

planejamento de cardápios deverá prever a oferta de refeições que empreguem alimentos

elaborados por diferentes técnicas de preparo, sem desconsiderar os limites financeiros

disponíveis (OLIVEIRA e MENDES, 2008).

Como o cardápio tem por objetivo proporcionar saúde ao comensal, seu planejamento

adequado é essencial para que os benefícios da alimentação sejam efetivos. Segundo Silva e

Martinez (2014), no caso de escolares, o cardápio deve ser planejado para atender as

necessidades nutricionais e estimular a formação de hábitos alimentares saudáveis. Neste

sentido, uma refeição deve considerar, além dos aspectos nutricionais, os aspectos higiênico-

sanitários, culturais e sensoriais. Além disso, como os hábitos alimentares são formados na

infância, o planejamento adequado do cardápio permite que este possa ser utilizado como

ferramenta de educação alimentar e nutricional, estimulando a formação de práticas

alimentares saudáveis (PROENÇA, 2005). Os cardápios elaborados para crianças devem,

portanto, ser atraentes, a fim de estimulá-las a se interessarem pelas refeições (OLIVEIRAS e

MENDES, 2008).

Outra etapa tão importante quanto o planejamento, refere-se à fase de avaliação dos

cardápios. A análise do valor nutricional e dos aspectos sensoriais dos cardápios planejados

para as escolas representa um importante instrumento avaliador da qualidade e da quantidade

dos alimentos oferecidos (MACARENHAS e SANTOS, 2006). Assim, existem diferentes

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métodos que podem ser empregados para avaliar um cardápio, sendo um dos mais utilizados

aquele que se refere à avaliação da sua composição nutricional por meio de tabelas de

composição dos alimentos. Entretanto, apesar de suas vantagens, esse método não nos permite

realizar a avaliação sensorial das preparações, por isso torna-se interessante a sua associação

aos métodos qualitativos, tais como a Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio

(AQPC). Essa junção é necessária para permitir uma análise mais fidedigna do cardápio, pois

o método qualitativo avalia além dos aspectos nutricionais os aspectos sensoriais da

alimentação (PROENÇA, 2005).

2.4 O MÉTODO DE AVALIAÇÃO QUALITATIVA PARA CARDÁPIOS

Segundo Proença (2005), o método de Avaliação Qualitativa das Preparações do

Cardápio (AQPC) surgiu em um estudo realizado por Veiros(2002). Durante o estudo

observou-se que a avaliação de cardápios precisava considerar aspectos para além dos

quantitativos, partindo do fato de que o conhecimento da qualidade nutricional do alimento

não é o suficiente para despertar a vontade de consumi-lo, pois a alimentação envolve também

aspectos culturais, emocionais e socioeconômicos. E foi buscando analisar os itens pertinentes

a uma avaliação qualitativa do cardápio elaborado, considerando aspectos sensoriais e

nutricionais fundamentais, que surgiu o método de Avaliação Qualitativa das Preparações do

Cardápio.

O AQPC auxilia na percepção do equilíbrio em aspectos tais como tipos, cores e

formas de preparo dos alimentos, buscando torná-los mais atrativos aos comensais e manter

um padrão de qualidade nutricional satisfatório (PROENÇA, 2005).São avaliados, portanto,

atributos que podem afetar tanto a aceitabilidade quanto à qualidade nutricional das refeições

ofertadas.

O método consiste em avaliar detalhadamente o cardápio, inicialmente por dia

(momento no qual observa-se a presença ou ausência dos itens selecionados como critérios da

qualidade nutricional e sensorial do cardápio), seguida da análise semanal (caracterizada pela

contagem do número de vezes na semana em que houve a presença ou ausência dos itens) e,

por fim, da compilação mensal (que apresenta em percentuais, a frequência de resultados para

cada critério)(PROENÇA, 2005).

A partir do método AQPC foram desenvolvidos outros tipos de AQPC como o AQPC

bufê e o AQPC Escola, todos estes elaborados para avaliar os cardápios de acordo com as

necessidades específicas de cada serviço.

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2.5 AQPC ESCOLA

De acordo com Veiros e Martinelli (2012), tanto o Guia Alimentar para a População

Brasileira, quanto a legislação específica sobre alimentação escolar caracterizam-se como

instrumentos reguladores que preconizam o aumento da oferta de frutas, hortaliças e

alimentos integrais e a redução do consumo de sal, açúcar e gorduras. Desta forma, é possível

identificar os alimentos cujo consumo deve ser encorajado e aqueles que devem ser

controlados para que a alimentação escolar possa atingir os objetivos propostos em relação ao

crescimento e desenvolvimento adequado dos estudantes e também no que diz respeito à

formação de hábitos alimentares saudáveis.

Assim, diante da necessidade de avaliar os cardápios escolares de modo qualitativo e

mais específico, considerando as especificidades da alimentação escolar, criou-se o Método

de Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio Escolar (AQPC Escola) (VEIROS e

MARTINELLI, 2012). Este baseou-se nos princípios de recomendações como a Estratégia

Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (EG-

OMS) (OMS, 2004), o Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2008a), bem

como na legislação para cardápios escolares do PNAE: Lei nº 11.947/2009 (BRASIL, 2009),

Resolução nº 38/2009(BRASIL, 2009) (revogada pela Resolução nº. 26/2013) e Portaria

Interministerial 1.010/2006 (BRASIL, 2006a).

O método AQPC Escola, deriva do método AQPC, amplamente utilizado para realizar

a avaliação de cardápios de unidades de alimentação e nutrição em geral (VEIROS,2002;

VEIROS e PROENÇA, 2003; PROENÇA et al., 2005; VEIROS et al., 2006). Desta forma,

assim como o AQPC, o AQPC Escola foi elaborado para auxiliar o nutricionista na avaliação

do cardápio ainda na fase de planejamento, a fim de permitir que eventuais falhas possam ser

corrigidas antes da produção das refeições. Porém, nada impede que o AQPC Escola seja

utilizado para avaliar cardápios já implantados (VEIROS e MARTINELLI, 2012).

De acordo com Veiros e Martinelli (2012)os itens a serem considerados para avaliação

foram distribuídos em duas categorias: os alimentos recomendados, tais como frutas,

verduras, legumes, carnes magras, cereais integrais (ou seja, aqueles cujo consumo deve ser

incentivado), e os alimentos que devem ser controlados, tais como doces, bebidas açucaradas,

embutidos, alimentos industrializados, enlatados e frituras (por representarem risco à saúde,

se consumidos em excesso).

A execução do referido método assemelha-se ao AQPC, pois primeiramente avalia-se

a presença dos itens por refeição, posteriormente conta-se o número de vezes que estes

apareceram durante a semana e, por fim, determina-se o percentual de acordo com os dias

Page 19: AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO … · das preparações do cardápio (AQPC) é um método que pode ser empregado e que visa auxiliar na percepção do equilíbrio

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avaliados no mês. Segundo os autores do método, este não define um percentual entendido

como adequado para o aparecimento de cada um itens selecionados, uma vez que existem

uma série de fatores que interferem na execução do cardápio e que devem, portanto, ser

considerados. No entanto, é necessário que os alimentos classificados como “Recomendados”

apresentem um percentual de presença maior no cardápio do que os alimentos da categoria

“Controlados” (VEIROS e MARTINELLI, 2012).Portanto, o AQPC Escola caracteriza-se

como um instrumento que auxilia o nutricionista na oferta de preparações saudáveis no

ambiente escolar.

A avaliação do cardápio escolar realizada através do método AQPC- Escola é

importante pois trabalha com alimentos que devem ser controlados, ricos em gorduras,

açúcares e sódio, que são os principais alimentos relacionados a aumento do sobrepeso e

obesidade em crianças e, trabalha ainda com os alimentos recomendados,

frutas/verduras/legumes, alimentos integrais entre outros, cujo o consumo faz parte de uma

alimentação saudável e equilibrada.

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar qualitativamente os aspectos nutricionais e sensoriais de um cardápio

planejado para atendimento, durante o primeiro semestre de 2016, dos estudantes da educação

infantil e ensino fundamental que estudam em período parcial em uma escola de uma rede

municipal de ensino no estado de Mato Grosso.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Contabilizar a presença ou ausência no cardápio dos alimentos das categorias

“recomendados” e “controlados”;

• Realizar análise qualitativa do cardápio, com base nos percentuais resultantes da

contabilização dos itens analisados;

• Sugerir alterações que poderiam melhorar aspectos qualitativosdo cardápio selecionado

para avaliação, se necessário.

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19

4. METODOLOGIA

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo de delineamento transversal, realizado durante o mês de março

de 2016, que avaliou qualitativamente o cardápio para atendimento, no primeiro semestre de

2016,de estudantes da educação infantil e ensino fundamental, que estudam em período

parcial em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Groso.

A escola trabalha com dois cardápios mensais, rodiziados a cada semestre. A cada 4

(quatro) semanas, o que totaliza 20 (vinte) dias letivos, inicia-se novamente a execução do

mesmo cardápio, até que se complete o primeiro semestre. Destaca-se que o cardápio

planejado para atendimento dos estudantes na referida escola é o mesmo planejado para

atendimento de todas as escolas que atendem estudantes da educação infantil e ensino

fundamental no município. Estes cardápios são planejados por nutricionistas da Secretaria

Municipal de Educação.

4.2 PROCEDIMENTOS REFERENTES À COLETA DE DADOS

O cardápio foi disponibilizado pelo nutricionista responsável técnico pela alimentação

escolar no município. Este foi avaliado através do método Avaliação Qualitativa das

Preparações do Cardápio Escolar - AQPC Escola, proposto por Veiros e Martinelli (2012).

Todos os dados referentes ao cardápio foram coletados por estudantes da Faculdade de

Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso.

4.2.1 Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio Escolar - AQPC Escola

A aplicação do método para avaliação do cardápio ocorreu conforme descrito pelos

autores do método e foram utilizados os mesmos instrumentos por eles empregados (VEIROS

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E MARTINELLI, 2012). Inicialmente,os itens para análise foram distribuídos em duas

categorias: os alimentos recomendados e os alimentos que devem ser controlados. A descrição

para a análise dos alimentos e preparações de acordo com os itens das categorias

“Recomendados” e “Controlados”, pode ser observada nos Quadros 1 e 2,abaixo:

Quadro1 - Alimentos incluídos e excluídos na categoria “Alimentos Recomendados”, no método AQPC Escola.

Itens Alimentos incluídos Alimentos Excluídos

Frutas in natura Todas as frutas frescas e/ou secas (desidratadas) inteiras, fracionadas, com ou

sem adição de outros ingredientes

Geléias, doces, preparações com grande adição de açúcar, bolo

Saladas Todos os vegetais não amiláceos servidos frios -

Vegetais não Amiláceos

Flores (brócolis, couve-flor, e alcachofra), folhas, caules e brotos (acelga, agrião, alface, almeirão, broto de alfafa e de feijão, chicória,

escarola, repolho e rúcula), frutos, raízes e tubérculos não amiláceos(abóbora, abobrinha,

berinjela, chuchu, cenoura e beterraba).

Vegetais não amiláceos servidos como salada, extrato de tomate

Cereais, Pães, Massas e Vegetais

amiláceos

Cereal matinal sem açúcar e/ou integral, pão, macarrão, polenta, arroz, mandioca, inhame,

batata, cará, torta salgada, e bolo caseiro doce em recheio ou cobertura

Cereal matinal açucarado, bolo doce com recheio e/ou cobertura, bolo industrializado, torta salgada com

grande quantidade de gordura

Alimentos integrais Todos os alimentos vegetais sem refinamento -

Carnes e Ovos Todas as carnes e ovos Todos os produtos da categoria embutidos ou industrializados

Leguminosas Todas as leguminosas. -

Leite e Derivados Todos os tipos de leites, bebidas lácteas, iogurtes e queijos

Bebidas lácteas em pó e manteiga

Fonte: VEIROS e MARTINELLI, 2012

Quadro2 - Alimentos incluídos e excluídos na categoria “Alimentos Controlados”, no método AQPC Escola.

Itens Alimentos incluídos Alimentos Excluídos

Preparações com açúcar adicionado e produtos com

açúcar

Pudim, gelatina, achocolatado, doce de frutas, geléias, cremes doces,

doces de leite, bolos, cereal matinal adoçado, refresco e suco adoçados.

-

Embutidos ou produtos cárneos industrializados

Mortadela, salame, linguiça, peperoni, salsicha, produtos cárneos salgados, empanados, almôndega,

hambúrguer, presunto, apresuntado, carne em conserva, pasta ou patê de

carne.

Carnes que não tenham passado pelo processo de industrialização

com adição de ingredientes.

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Alimentos industrializados, semiprontos ou prontos

Alimentos preparados, cozidos ou pré-cozidos que não requerem adição de ingredientes para o seu consumo.

Exemplos: Massas com recheio, almôndega pronta, batata pré frita,

molhos prontos para consumo

-

Enlatados e conservas Todos os alimentos enlatados ou em conservas

-

Alimentos concentrados, em pó ou desidratados

Alimentos que necessitam de reconstituição, com ou sem adição de outros ingredientes: Preparados

desidratados para purês de tubérculos, vegetais desidratados para sopas, pores e conservas, pó para suco, sopa em pó, extrato de

tomate, molhos concentrados, mistura para o preparo de bolos,

vitaminas, bebida lácteas, achocolatado em pó, mingau, sucos concentrados de frutas, leite em pó.

Cacau em pó

Cereais matinais, bolos e biscoitos

Cereal matinal açucarado, bolo e biscoito.

Bolo caseiro doce simples sem recheio ou cobertura.

Alimentos Flatulentos e de difícil digestão

Abacate, acelga, aipo, alho, amendoim, batata-doce, brócolis,

castanha, cebola, couve-de-bruxelas, couve-flor, couve, ervilha, feijão, gengibre, goiaba, grão-de-bico, lentilha, maça, melancia, melão,

milho verde, mostarda, nabo, nozes, ovo cozido, pepino, pimentão,

rabanete, repolho e uva

Todos os outros alimentos

Bebidas com baixo teor nutricional

Refrescos em pó, concentrados para diluição e refrigerantes

Suco natural com e sem adição de açúcar

Preparação com cor similar na mesma refeição

Alimentos com cores similares conferindo coloração monocromática

a refeição.

-

Frituras, Carnes gordurosas e molhos gordurosos.

Carnes gordurosas são aquelas que a quantidade de gordura excede 50%

do valor calórico total. Carne bovina: almôndega, charque, contrafilé com gordura, costela, cupim, fraldinha, língua, peito, picanha, hambúrguer. Frango: asa com pele, frando inteiro com pele, coração, coxa e sobrecoxa

com pele. Suíno: linguiça, pernil, bisteca, costela, salame, toucinho.

Todos os alimentos fritos. Todas as preparações que possuam molho

com adição de nata, creme de leite, manteiga, margarina, maionese,

Cortes de carnes magras: peixes em geral; bovino: acém, coxão duro, coxão mole, maminha,

músculo, paleta e patinho; Frango: inteiro, coxa, sobrecoxa, peito, todos sem pele; Suíno: lombo

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gordura vegetal hidrogenada, queijos e grande quantidade de óleo

adicionado. Todos os produtos cárneos industrializados.

Fonte: VEIROS e MARTINELLI, 2012

Para a análise do cardápio pelo método AQPC Escola, utilizou-se planilhas

específicas, criadas pelos autores do método (VEIROS E MARTINELLI, 2012)que foram

preenchidas conforme as seguintes etapas: Análise do cardápio por dias da semana contagem

do número de vezes que cada item das categorias “recomendados” e “controlados” apareceu

na semana (n) e cálculo do percentual (%) mensal de presença dos itens, de acordo com o

número de dias analisados.

4.2.2 Análise e tabulação dos dados

Após a coleta dos dados, estes foram tabulados e analisados com o auxílio do software

Microsoft Excel. Os resultados foram expressos em frequências (simples e relativa). Como

este é um método qualitativo de avaliação do cardápio, os valores obtidos foram utilizados

como parâmetros para diagnosticar possíveis inadequações referentes à qualidade nutricional

e sensorial do cardápio e permitir ações corretivas que contribuam para a melhoria da

qualidade das refeições ofertadas. No entanto, destaca-se a importância de que os percentuais

referentes aos alimentos do grupo “controlados” sejam os menores possíveis, refletindo a

qualidade da alimentação escolar. Assim, utilizou-se como alerta um percentual de alimentos

deste grupo maior ou igual a 20%, conforme sugerem os autores do método (VEIROS e

MARTINELLI, 2012).

4.3 ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário

Julio Muller (HUJM), sob parecer nº 1.375.235. Foi solicitada autorização do setor de

alimentação escolar da Secretaria Municipal de Educação da referida Entidade Executora,

através de uma carta de apresentação do projeto. Foi garantido o anonimato da instituição

participante da pesquisa.Os resultados encontrados neste estudo serviram de base para um

diagnóstico acerca dos cardápios planejados para a alimentação escolar.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Resolução FNDE nº 26/2013 preconiza que os cardápios deverão ser planejados

para atender parcialmente as necessidades nutricionais dos estudantes, de acordo com a idade,

etapa de ensino e o tempo de permanência na escola. Para alunos da educação infantil que

estudam apenas em período parcial e recebem duas ou mais refeições, a legislação recomenda

que, no mínimo, 30% das suas necessidades devem ser supridas através da alimentação

escolar. Para os alunos do ensino fundamental que estudam em período parcial, com a oferta

de uma refeição, a legislação recomenda que sejam atendidas no mínimo 20% das

necessidades nutricionais diárias (BRASIL, 2013). Deste modo, como a escola em questão

atende alunos matriculados em período parcial, esta oferece aos estudantes da educação

infantil duas refeições (a entrada, servida as 07:30 horas no período matutino e as 13:30 horas

no período vespertino e a refeição principal, servida as 09:30 horas no período matutino e as

15:30 horas no período vespertino). Aos estudantes do ensino fundamental, a escola oferece a

refeição principal.

O Quadro 3 apresenta o cardápio mensal planejado para atendimento dos estudantes

durante o primeiro semestre de 2016.

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Quadro 3- Cardápio mensal para atendimento dos alunos da educação infantil (entrada e refeição principal) e ensino fundamental (refeição principal) em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Grosso no primeiro semestre de 2016. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

Sem

ana

1

Entrada Leite ou Frapê Biscoito doce

Suco de goiaba Bolacha cream

cracker

Iogurte de coco Suco de uva Bisnaga com

manteiga

Melancia

Refeição Principal

Carne em cubo com batata

inglesa Arroz

Feijão com beterraba

Macarrão Cocoricó

(macarrão c/ molho de tomate e

cenoura e pedacinhos de

frango) Feijão

Escondidinho de abóbora com

carne suína moída Arroz

Abacaxi

Mexido de ovos c/

abobrinha verde Arroz Feijão

Salada de pepino/ tomate

Frango ao molho Arroz Feijão

Banana-nanica

Sem

ana

2

Entrada Suco de caju Bolacha maisena

Leite com achocolatado

Bolacha de água e sal

Iogurte de morango

Suco de abacaxi

Pão de Mini hot dog com

manteiga

Banana nanica

Refeição Principal

Galinhada com cenoura Feijão

Farofa de soja Arroz c/ chuchu

Feijão

Vinagrete Arroz c/ paleta

suína

Refogado de repolho c/

tomate Picadinho de

fígado Arroz

Laranja

Carne em cubos c/

banana-da-terra. Arroz Feijão

Mamão

Sem

ana

3

Entrada Vitamina de goiaba

Suco de abacaxi c/ hortelã

Biscoito de água e sal

Frapê (feito com rosquinha

de coco)

Laranja Mamão

Refeição Principal

Macarrão com carne picadinha (iscas) ao sugo com cenoura

ralada e orégano Feijão

Frango com abóbora Arroz Feijão

Salada de repolho e

tomate Carne com

arroz Feijão

Farofa de carne suína moída com cenoura

ralada Arroz Feijão

Bobó de frango com

fubá Arroz

Banana-nanica

Sem

ana

4

Entrada

Leite com achocolatado

Biscoito cream cracker

Arroz doce com coco ralado

Suco de uva Bisnaguinha

com manteiga

Melancia Mamão

Refeição principal

Vinagrete Feijoada com carne em cubo

Arroz

Salada de tomate Frango com batata doce

Arroz Feijão

Salada de beterraba e

repolho Picadinho de

carne com abóbora Arroz

Ovos mexidos com cenoura e

orégano Arroz

Laranja

Frango com batata

inglesa e cenoura em

cubos Arroz Feijão

Fonte: SME, 2016

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O cardápio, na maioria das vezes, apresenta biscoitos, pães e frutas na entrada.

Alimentos como o pão e o biscoito apresentam-se prontos para o consumo e as frutas, na

maioria das vezes, passam apenas pela etapa de higienização, o que pode facilitar a

distribuição destes itens. A refeição principal é composta, na maioria das vezes, por entrada,

prato proteico e prato base, sendo a entrada composta por salada de legumes o prato proteico

composto por carne de aves, bovinas, suínas ou ovos, e o prato base por arroz e feijão. Por

vezes, o prato proteico foi ofertado juntamente com a guarnição (macarrão cocoricó, farofa

de carne suína moída com cenoura ralada, dentre outros exemplos).

O presente trabalho avaliou o cardápio por meio do método AQPC Escola, utilizando como critério a presença de alimentos das categorias “recomendados” e “controlados”. A Tabela 1contém os resultados da avaliação do cardápio planejado para atendimento dos alunos da educação infantil e do ensino fundamental quanto à presença de alimentos da categoria “recomendados”. Tabela 1 –Avaliação dos itens da categoria “recomendados” presentes no cardápio mensal destinado aos alunos da educação infantil e do ensino fundamental em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Grosso no primeiro semestre de 2016.

Alimentos recomendados

Modalidade de ensino

Sem. 1 Sem.2 Sem.3 Sem. 4 Total %

Frutas in natura E. Infantil E. fundamental

40%

40%

40%

40%

40%

20%

20%

20%

35%

30%

Saladas E. Infantil E. fundamental

20%

20%

20%

20%

20%

20%

60%

60%

30%

30%

Vegetais não Amiláceos E. Infantil E. fundamental

100%

100%

100%

100%

80%

80%

100%

100%

95%

95% Cereais, Pães, Massas e

Vegetais amiláceos E. Infantil E. fundamental

100%

100%

100%

100%

100%

100%

100%

100%

100%

100% Alimentos integrais E. Infantil

E. fundamental

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0% Carnes e Ovos E. Infantil

E. fundamental

100%

100%

80%

80%

100%

100%

100%

100%

85%

85% Leguminosas E. Infantil

E. fundamental

80%

80%

60%

60%

80%

80%

60%

60%

70%

70% Leite e Derivados E. Infantil

E. fundamental

20%

0%

20%

0%

40%

0%

40%

0%

30%

0% Nota: -Sem.: Semana

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A partir da análise do grupo de alimentos recomendados no cardápio mensal,

observou-se a presença de frutas in natura em 35% e 30% dos dias avaliados no cardápio

destinado ao atendimento de estudantes da educação infantil e do ensino fundamental,

respectivamente. Isso significa que em nenhuma semana houve presença de frutas por mais de

dois dias no cardápio analisado. Torna-se importante frisar que o método trabalhado avaliou

apenas a presença ou ausência do alimento, não contabilizando número de porções ofertadas.

Desta forma, em alguns dias analisados, houve a oferta de frutas tanto na entrada como na

refeição principal, (totalizando duas porções de frutas para os alunos da educação infantil), e

estas contabilizaram apenas uma vez, caracterizando a presença de frutas no respectivo dia.

Tanto o cardápio planejado para atendimento dos estudantes da educação infantil

quanto para atendimento dos estudantes do ensino fundamental apresentou baixa oferta de

saladas (representadas pelos vegetais não amiláceos servidos frios), pois estas estiveram

presentes em apenas 30% dos dias analisados. Por outro lado, a oferta de vegetais não

amiláceos (representados por flores, folhas, caules, brotos, frutos, raízes e tubérculos não

amiláceos que não foram servidos como saladas) apresentou-se satisfatória, pois esses

alimentos foram ofertados em 95% dos dias analisados. Observou-se ainda que, em sua

maioria, estes gêneros estiveram presentes nos cardápios conjugados com o prato proteico ou

com o acompanhamento (por exemplo, escondidinho de abóbora com carne suína ou arroz

com chuchu). A oferta de frutas e hortaliças foi mais predominante às quintas e sextas-feiras,

devido à entrega desses itens nas escolas ocorrer predominantemente às quartas-feiras.

Silva (2015), que avaliou por meio do AQPC Escola as refeições oferecidas em uma

escola de educação infantil de um hospital público de Porto Alegre/RS para alunos

matriculados em período parcial e integral, constatou adequação na oferta de frutas e saladas,

pois durante o período avaliado houve oferta de duas porções destes itens diariamente. Já

Menegazzo et al. (2011), em estudo realizado em Centros de Educação Infantil do município

de Florianópolis (SC) encontraram baixa oferta de frutas, legumes e verduras, pois em apenas

um dia do mês houve a oferta de mais de uma porção de fruta, em apenas quatro dias

observou-se a oferta salada de folhosos e em apenas doze dias foram oferecidas duas porções

de verduras e legumes.

Rosa e Miraglia (2013), que trabalharam com adaptações do Guia Alimentar para a

População Brasileira ao avaliar os cardápios planejados para os alunos da rede municipal de

ensino de Alvorada/RS, observaram baixa oferta de frutas nos cardápios analisados, não tendo

esta alcançado o valor ideal estabelecido pelos autores (uma porção diária).

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A Resolução nº 26/13 determina que os cardápios da alimentação escolar deverão

conter no mínimo 3 porções de frutas e hortaliças na semana, perfazendo um total de

200g/aluno/semana. O consumo de frutas, legumes e verduras (FLV) é essencial para o

crescimento e desenvolvimento das crianças, pois estes são fontes de vitaminas, minerais e

fibras alimentares e sua ingestão representa um fator protetor para desenvolvimento de

doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2015). Ademais, como os hábitos

alimentares são formados na infância, considera-se importante a presença destes gêneros na

alimentação oferecida nas escolas, contribuindo para uma alimentação equilibrada, que

estimule o consumo de alimentos saudáveis (VEIROS e MARTINELLI, 2013). Cabe ainda

destacar que o consumo de frutas e hortaliças cruas, ofertadas na forma de saladas

principalmente, é importante para um melhor aproveitamento de suas vitaminas e minerais

(EMBRAPA, 2012). Sugere-se, portanto, inclusão mais frequente de hortaliças cruas e frutas

no cardápio destinado ao atendimento dos estudantes da educação infantil e do ensino

fundamental.

Em todos os dias do mês (100%) observou-se a oferta de cereais, pães, massas e

vegetais amiláceos. Em contrapartida, em nenhum dia houve a oferta de alimentos integrais.

Resultado semelhante foi encontrado no estudo de Silva (2015), no qual a oferta de cereais,

pães, massas e vegetais amiláceos foi diária. A oferta de alimentos fontes de carboidratos é

importante pois são responsáveis por fornecer a energia necessária para o desenvolvimento de

atividades. Além disso, são fontes de vitaminas do complexo B e de ácidos graxos essenciais

que participam do metabolismo do sistema nervoso(BRASIL, 2008a).Porém, cabe destacar

que a sua oferta não deve restringir outros grupos alimentares, a fim de garantir que as leis da

qualidade e da harmonia sejam atendidas, em busca de uma alimentação saudável.

Segundo Caruso (2008), desde a década de 80 os cereais integrais foram incluídos nos

guias de alimentação, sendo recomendado o seu consumo diariamente, por se tratarem de

alimentos ricos em vários nutrientes, especialmente fibra alimentar, antioxidantes, vitaminas e

minerais. É sabido também que as fibras possuem um importante papel na alimentação

humana, trazendo inúmeros benefícios para a promoção e manutenção da saúde, pois estas

atuam principalmente no trato gastrointestinal, levando a importantes consequências

metabólicas, e no tratamento e prevenção de várias doenças, sendo algumas delas a obesidade,

o diabetes mellitus, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares (CUPPARI, 2005). O

Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda que versões menos processadas de

cereais, como o arroz e o trigo, sejam preferidas, uma vez que cereais polidos excessivamente

tendem a apresentar menor quantidade de fibras e micronutrientes (BRASIL, 2014). Um dos

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motivos pelos quais os alimentos integrais não compõem o cardápio pode ser o elevado custo.

Os produtos integrais possuem um preço mais elevado em relação aos convencionais,

podendo custar até sete reais a mais (BRASIL, 2014).

Assim, considerando os benefícios do emprego dos alimentos integrais, sugere-se, que

se realize a inclusão destes gêneros nos cardápios planejados para atendimento dos estudantes.

A oferta de leite e derivados apresentou-se baixa para a educação infantil (30%) e

ausente para o ensino fundamental (0%).Resultados semelhantes foram encontrados por Dias

et al. (2013), ao avaliar quantitativamente os cardápios destinados ao atendimento de

estudantes do ensino de jovens e adultos no município de Cuiabá. Neste estudo os autores

observaram que a fonte proteica das preparações ofertadas foi caracterizada basicamente por

carnes, ovos e leguminosas, em detrimento da oferta de leite e derivados.

Este é um ponto que merece destaque, visto que leite e derivados são fontes de cálcio,

um micronutriente fundamental para o crescimento e desenvolvimento de crianças e

adolescentes (FLYNN, 2003).A importância do cálcio está relacionada às funções que

desempenha na mineralização óssea, principalmente na saúde óssea, desde a formação,

manutenção da estrutura e rigidez do esqueleto (COBAYASHI, 2004).

A Resolução nº 26/13determina que, para atendimento de no mínimo 20% das

necessidades nutricionais dos estudantes, a quantidade de cálcio no cardápio escolar deve ser

no mínimo 160 mg para a pré-escola, 210 mg e 260 mg para o ensino fundamental (estudantes

de 6 a 10 anos e de 11 a 15 anos, respectivamente). Sendo assim, sugere-se o aumento da

oferta de leite e derivados (iogurtes e queijos) na entrada. Como os alunos no ensino

fundamental só recebem a refeição principal, sugere-se o aumento de vegetais verde escuros

(couve, espinafre, rúcula, acelga) na mesma.

Nos cardápios analisados observou-se a presença de alimentos do grupo de carnes e

ovos em 85% dos dias, tanto nos cardápios destinados ao atendimento dos estudantes da

educação infantil, quanto dos alunos do ensino fundamental. O tipo de carne mais frequente

nos cardápios analisados foi a carne bovina, seguida da carne de frango e, em seguida, a carne

suína. Não houve oferta de pescado e os ovos foram ofertados duas vezes durante o período

de estudo. Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo de nível nacional

realizado com amostras de cardápios da alimentação escolar em 2011 pelo Centro

Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade Federal do Rio Grande do

Sul (CECANE/UFRGS). No trabalho, observou-se que dentro do grupo das carnes e ovos, a

carne bovina foi a mais ofertada na alimentação escolar, seguida da carne de frango (UFRGS,

2011). Adicionalmente, estudo realizado em escolas de educação infantil da grande São Paulo

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em 2011 demonstrou que os cardápios analisados apresentaram uma distribuição de tipos de

carnes que priorizou a carne vermelha. Os autores justificaram este achado destacando a

importância do consumo da carne vermelha, no que diz respeito ao atendimento das

necessidades de ferro, micronutriente importante para a prevenção de anemia na faixa etária

da população de estudo (BOAVENTURA et al., 2013).

É importante ressaltar que a carne vermelha representa uma excelente fonte de

proteína de alto valor biológico, ferro, zinco e vitamina B12, mas tende a ser rica em gorduras

saturadas, que se consumidas em excesso aumentam o risco de desenvolvimento de doenças

crônicas não transmissíveis (BRASIL, 2014). Por isso, cabe ao profissional nutricionista

atentar-se quando da sua utilização, para a priorização de cortes que possuem menor

quantidade de gordura.

Por fim, vale a recomendação de inclusão do pescado na alimentação escolar nas mais

variadas formas (grelhado, ao molho, assado, entre outros).O resultado encontrado no

presente estudo vai ao encontro da realidade nacional, caracterizada pela ausência da oferta de

pescado em 66% dos municípios analisados em 2011 em uma pesquisa realizada pelo

Ministério da Pesca e Agricultura, em parceria com o FNDE, com o intuito de verificar a

inclusão do pescado na alimentação escolar (FNDE, 2013).

Quanto à oferta de leguminosas, observou-se a presença destes gêneros em 70% dos

dias analisados, tendo estes sido representados pelo feijão, cuja oferta ocorreu em conjunto

com o arroz, na maioria dos casos. Fazendo uma análise semanal, pôde-se concluir que o

feijão esteve presente entre 3 a 4 vezes por semana nos cardápios analisados. Este achado

difere do encontrado em estudo realizado em três municípios da região Sul do país em 2011,

no qual observou-se a oferta de leguminosas em 6 dias no mês no município pertencente ao

Rio Grande do Sul, 3 dias no Paraná e 4 em Santa Catarina, o que contabilizou uma média de

oferta de leguminosas uma vez por semana apenas no município do estado do Rio Grande do

Sul.Em contrapartida, no trabalho de Silva (2015), evidenciou-se a oferta diária de

leguminosas nas refeições destinadas aos alunos de uma escola de educação infantil em Porto

Alegre. Destaca-se, portanto, a importância da oferta de leguminosas nos cardápios da

alimentação escolar, uma vez que estas são fontes de proteínas, fibras, vitaminas do complexo

B, ferro, zinco e cálcio (BRASIL, 2014).

O presente estudo avaliou também a presença de itens cuja oferta deve ser controlada

na alimentação escolar. A Tabela 2 apresenta os resultados da avaliação das preparações do

cardápio, quanto aos alimentos da categoria “controlados”, do cardápio mensal planejado para

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atendimento dos estudantes da educação infantil e do ensino fundamental, no primeiro

semestre de 2016.

Tabela 2 - Avaliação dos itens da categoria “controlados” presentes no cardápio mensal destinado aos alunos da educação infantil e do ensino fundamental em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Grosso no primeiro semestre de 2016. Alimentos controlados Modalidade de

ensino Sem.1 Sem. 2 Sem. 3 Sem.4 Total %

Preparações com açúcar adicionado e produtos com açúcar

Ed. Infantil E.Fundamental

40%

0%

60%

0%

40%

0%

60%

0%

50%

0% Embutidos ou

produtos cárneos industrializados

Ed. Infantil E.Fundamental

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

Alimentos industrializados, semiprontos ou

prontos

Ed. Infantil E.Fundamental

20%

20%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

5%

5%

Enlatados e conservas Ed. Infantil E.Fundamental

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0% Alimentos

concentrados, em pó ou desidratados

Ed. Infantil E.Fundamental

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0% Cereais matinais, bolos e biscoitos

Ed. Infantil E.Fundamental

40%

0%

40%

0%

40%

0%

20%

0%

35%

0% Alimentos Flatulentos

e de difícil digestão Ed. Infantil E.Fundamental

20%

20%

40%

40%

20%

20%

60%

60%

35%

35% Bebidas com baixo

teor nutricional Ed. Infantil E.Fundamental

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0% Preparação com cor

similar na mesma refeição

Ed. Infantil E.Fundamental

0%

0%

20%

20%

0%

0%

20%

20%

10%

10% Frituras, Carnes

gordurosas e molhos gordurosos.

Ed. Infantil E.Fundamental

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0% Nota: -Sem.: Semana.

Observando a Tabela 2, pôde-se concluir que houve diferença entre as etapas de

ensino no que se refere às preparações com açúcar adicionado e produtos com açúcar, pois

enquanto não houve oferta desses alimentos para os alunos do ensino fundamental, observou-

se a presença em 55% dos dias avaliados no cardápio planejado para atender aos alunos da

educação infantil. Isso significa que dos 20 dias analisados, houve oferta de preparações com

açúcar adicionado ou produtos com açúcar em 11. Este resultado foi considerado

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010203040506070

Semana 1

Semana 2

Semana 3

Semana 4

Per

cen

tual

pre

sen

ça

Semanas analisadas

Frutas

Alimentos com açúcar adicionado

insatisfatório, pois o método AQPC Escola propõe um alerta quando há presença mensal

≥20% de alimentos do grupo “controlados” no cardápio. Os alimentos deste grupo que

apareceram com mais frequência no cardápio da educação infantil foram: sucos adoçados,

vitaminas adoçadas e leite com achocolatado. A diferença relacionada à ausência de alimentos

ricos em açúcar nos cardápios planejados para atendimento dos estudantes do ensino

fundamental pode ser explicada pelo fato de que estes estudantes receberam apenas a refeição

principal, que não continha alimentos fontes de açúcar, diferentemente daqueles cardápios

planejados para a refeição de entrada dos estudantes da educação infantil.

A Figura 1 apresenta o percentual de dias em que houve a presença de alimentos com

açúcar adicionado e de dias em que houve a presença de frutas nos cardápios planejados para

atendimento dos estudantes da educação infantil e do ensino fundamental.

Figura 1 –Percentual da presença de alimentos com açúcar adicionado e frutas,segundo semanas de estudo no (A) cardápio mensal planejado para atendimento dos alunos da educação infantil e (B) cardápio mensal planejado para atendimento dos alunos do ensino fundamental em uma escola de uma rede municipal de ensino no estado de Mato Grosso no primeiro semestre de 2016. A)

B)

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Ao se realizar uma comparação entre a oferta de frutas e alimentos com açúcar

adicionado nos cardápios planejados para atender aos alunos da educação infantil, observou-

se maior oferta de alimentos com açúcar adicionado. O mesmo não foi observado nos

cardápios planejados para atendimento dos estudantes do ensino fundamental, uma vez que

não houve oferta de alimentos com açúcar adicionado em nenhum dia analisado.

Em um estudo realizado em escolas do estado de São Paulo, Boaventura et al. (2013)

observaram a constante oferta de doces nos cardápios planejados, de forma que em uma das

cidades investigadas a prevalência de doces mostrou-se a mais elevada, perfazendo um total

de 40 preparações doces em 19 dias de cardápios analisados, ou seja, mais de duas porções de

doces por dia. Estudo realizado por Barbosa et al. (2005) com crianças de 2 a 3 anos em uma

creche no Rio de Janeiro mostrou que o consumo de açúcar foi três vezes maior que o

recomendado pela pirâmide alimentar infantil proposta por Philippi et al. (2003). A oferta de

açúcar simples adicionado nas preparações dos cardápios da alimentação escolar é restrita

pela legislação do PNAE a, no máximo, 10% do valor energético total. Da mesma forma, a

legislação também restringe a oferta de doces a, no máximo, duas porções de até 110 Kcal por

semana (BRASIL, 2013). Esta restrição é reforçada na nota técnica nº 01/2014 do FNDE, que

esclarece quais são os alimentos considerados como doces na alimentação escolar.

Ressalta-se que o consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares simples e

gorduras, com elevado valor energético pode ser fator de risco para doenças crônicas,

inclusive a obesidade (CASANOVA, 2007).

A investigação acerca da oferta de alimentos industrializados, conservas e enlatados,

bem como de alimentos embutidos se justifica pelo fato destes gêneros apresentarem teores

elevados de sódio (VEIROS E MARTINELLI, 2012). A oferta de alimentos industrializados,

semi prontos ou prontos apresentou-se satisfatória para o cardápio planejado para atender aos

estudantes da educação infantil (5%) e ensino fundamental (5%). Resultado semelhante foi

encontrado no estudo de Martinelli et al. (2013), que não encontraram a presença de alimentos

semi prontos ou prontos para consumo nos cardápios da alimentação escolar em três

municípios da região sul do Brasil.

Estudos comprovam que o consumo excessivo desses alimentos está ligado ao

aumento da obesidade e diabetes e outras doenças crônicas, como a hipertensão, doenças do

coração e certos tipos de câncer (BRASIL, 2015). Esta situação é preocupante, pois estas

doenças, que até certo tempo atingiam comumente pessoas com idade avançada, têm

acometido adultos jovens e mesmo adolescentes e crianças (CASANOVA, 2007).

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Observou-se ainda uma oferta mensal acima do desejável de cereais matinais, bolos e

biscoitos para a educação infantil (35%) e ausência da oferta deste tipo de alimentos para

alunos do ensino fundamental. No que concerne ao cardápio planejado para atendimento dos

estudantes da educação infantil, este representa um dado insatisfatório devido à grande

quantidade de açúcar, gordura e sódio presentes nesses alimentos (BRASIL, 2015).

Outros alimentos que podem apresentar grande quantidade de gordura são os

embutidos ou produtos cárneos industrializados, que por sua vez apresentam também alto teor

de sódio, assim como as conservas e enlatados. Nos cardápios analisados, alimentos

embutidos ou produtos cárneos industrializados, enlatados e conservas, bebidas com baixo

teor nutricional, frituras, carnes gordurosas e molhos gordurosos não estiveram presentes no

mês analisado, o que se considera satisfatório para a promoção da saúde da criança, já que o

seu consumo excessivo é considerado um fator de risco para doenças cardiovasculares (LIMA

et al., 2000).

A resolução FNDE nº 26/2013, veda a aquisição de bebidas com baixo valor

nutricional tais como refrigerantes e refrescos artificiais, bebidas ou concentrados à base de

xarope de guaraná ou groselha, chás prontos para consumo e outras bebidas similares

(BRASIL, 2013). Além disso, a mesma legislação restringe a compra de alimentos enlatados,

embutidos, doces, alimentos compostos (dois ou mais alimentos embalados separadamente

para consumo conjunto), preparações semiprontas ou prontas para o consumo, ou alimentos

concentrados (em pó ou desidratados para reconstituição) (BRASIL, 2013).

Em relação à monotonia de cores os resultados apresentaram-se satisfatórios (10%)

para os alunos da educação infantil e ensino fundamental. Este achado é importante pois a

variedade de cores estimula os comensais a sentirem vontade de consumir os alimentos, torna

a alimentação mais prazerosa, como também contribui para ingestão adequada dos nutrientes

(VEIROS e PROENÇA, 2003; KARK et al., 2003). Diferente deste estudo, Passos (2008)ao

avaliar cardápios na cidade de Brasília, encontrou58,6% dos cardápios analisados com

combinação inadequada das cores.

A presença de alimentos flatulentos e de difícil digestão (35%) apresentou um

resultado insatisfatório, considerando que esses alimentos, quando consumidos em grande

quantidade, podem gerar desconfortos gastrointestinais (SILVA et al., 2012), podendo levar à

falta de atenção e à diminuição do rendimento escolar (CHRISTMANN, 2011). Resultados

semelhantes ao presente estudo foram encontrados no trabalho de Christmann (2011), no

qual52% dos dias continham refeições com alimentos sulfurados.

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O cardápio planejado para atendimento dos estudantes do ensino fundamental

apresentou-se próximo do desejável, pois atendeu as exigências do método (que recomenda

que os alimentos da categoria “controlados” não ultrapassem o limite de 20%), principalmente

no que diz respeito aos alimentos controlados, diferentemente do cardápio da educação

infantil,devido ao percentual de presença acima do desejável de alguns alimentos ofertados na

entrada.

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6. CONCLUSÃO

Avaliar o cardápio escolar de forma qualitativa é importante, pois permite a

observação simultânea tanto dos aspectos nutricionais e sensoriais envolvidos em cada

preparação, que auxiliam na garantia do seu equilíbrio nutricional. O método AQPC Escola é

um método complementar que auxilia o profissional nutricionista a avaliar o cardápio

planejado, justamente por trabalhar com os alimentos que devem ser controlados e também

por trabalhar com os alimentos recomendados.

Os alimentos que devem ser controlados mais frequentes no cardápio planejado para a

educação infantil foram preparações com açúcar adicionado e produtos com açúcar, cereais

matinais, bolos e biscoitos, e os alimentos flatulentos e de difícil digestão. Já para o ensino

fundamental os alimentos controlados mais frequentes no cardápio foram os flatulentos e de

difícil digestão. A presença de alimentos industrializados, semiprontos ou prontos foi baixa e

não houve oferta de bebidas com baixo teor nutricional, enlatados e conservas para as duas

etapas de ensino.

Os alimentos recomendados que apareceram com mais frequência tanto para a

educação infantil quanto para o ensino fundamental foram os cereais, pães, massas e vegetais

amiláceos, vegetais não amiláceos, carnes e ovos e leguminosas. Em contrapartida a oferta de

leites e derivados apresentou resultado insatisfatório.

O cardápio ofertado ao ensino fundamental apresentou-se mais próximo do desejável,

considerando o método aplicado. Sugere-se, no entanto, que sejam realizadas algumas

adequações a fim de aumentar a oferta de frutas e, no cardápio da educação infantil, reduzir a

quantidade de alimentos com açúcar adicionado e biscoitos.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO - Itens das categorias Alimentos recomendados e Alimentos que devem ser controlados considerados pelo método AQPC- Escola.

Categorias

Recomendados Alimentos que devem ser controlados

Frutas in natura Preparações com açúcar adicionado e produtos com açúcar

Saladas Embutidos ou produtos cárneos industrializados

Vegetais não Amiláceos Alimentos industrializados, semiprontos ou prontos

Cereais, Pães, Massas e Vegetais amiláceos

Enlatados e conservas

Alimentos integrais Alimentos concentrados, em pó ou desidratados

Carnes e Ovos Cereais matinais, bolos e biscoitos

Leguminosas Alimentos Flatulentos e de difícil digestão

Leite e Derivados Bebidas com baixo teor nutricional

Preparação com cor similar na mesma refeição

Frituras, Carnes gordurosas e molhos gordurosos.

Fonte: VEIROS e MARTINELLI, 2012