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INCRÍVEL EM CADA DETALHE royalcanin.com.br 0800 703 55 88 royalcanindobrasil TÓPICOS CRITICAMENTE AVALIADOS EM DERMATOLOGIA VETERINÁRIA Reação adversa ao alimento – um problema de alta prevalência.

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I N C R Í V E L E M C A D A D E T A L H E

royalcanin.com.br0800 703 55 88

royalcanindobrasil

T Ó P I C O S C R I T I C A M E N T E A V A L I A D O S E M D E R M A T O L O G I A V E T E R I N Á R I A

Reação adversa ao alimento – um problema de alta prevalência.

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11. Loeffl er A, Soares-Magalhaes R, Bond R, Lloyd DH.

A retrospective analysis of case series using home-

prepared and chicken hydrolysate diets in the Fig. 2

Prevalence of CAFRs among cats with various conditions.

Open circles correspond to the two studies in which the

method of diagnosis of CAFR was not specifi ed [1, 10, 18]

Olivry and Mueller BMC Veterinary Research (2017) 13:51

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O objetivo fi nal de uma dieta de eliminação é

permitir a confi rmação positiva de uma AA com

uma provocação com alimentos suspeitos. Como

resultado, os veterinários podem optar por

realizar testes de provocação com o ingrediente

suspeito logo após a remissão dos sinais em um

paciente, mesmo que tal remissão ocorra antes

de 8 semanas após o início da dieta de eliminação.

Abreviações.

AA: Alergia Alimentar.

CAT: Tópico Criticamente Avaliado.

Confl ito de Interesse.

Nos últimos três anos, os três autores têm

ministrado palestras e recebido fi nanciamento

de pesquisa e/ou honorários da Royal Canin

(Aimargues, França), que fi nanciou as taxas de

publicação deste artigo.

Contribuições dos autores.

Os três autores selecionaram o tema deste

material. Para realizar a pesquisa da literatura,

extraíram e resumiram a evidência e escreveram

este artigo. RSM e PP verifi caram a evidência e

editaram o manuscrito. Todos os três autores

leram e aprovaram o manuscrito fi nal.

Agradecimentos.

Os autores agradecem aos Drs. Philippe

Marniquet, Isabelle Mougeot e Sara Soler da

Royal Canin pela introdução e apoio desta série

de tópicos criticamente avaliados sobre reações

adversas aos alimentos e pelo pagamento de

taxas de publicação para este artigo.

Detalhes dos autores.

1. Departamento de Ciências Clínicas,

Faculdade de Medicina Veterinária, North

Carolina State University, 1060 William

Moore Drive, Raleigh, NC 27607, EUA.

* Contato: [email protected]

2. Medizinische Kleintierklinik, Centro de

Medicina Clínica Veterinária, Ludwig

Maximilian University, Veterinärstrasse 13,

80539 Munique, Alemanha.

3. Clinique Advetia, 5 rue Dubrunfaut, 75012

Paris, França.

Recebido em 18 de maio de 2015. Aceito em

12 de agosto de 2015 e publicado on-line em

28 de agosto de 2015.

100

90

80

70

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50

40

30

20

10

0

Fig 2. Porcentagens cumulativas de remissão clínica em 40 cães com AA no decorrer do tempo (semanas)

Carlotti, 1990Guaguère, 1993

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Denis, 1994Mediana para todos os estudos

Figura 2

Introdução.

Um tópico criticamente avaliado (ou CAT) é um breve resumo das evidências sobre

um tópico de interesse, geralmente focado em uma questão clínica. É um material de

pesquisa e avaliação crítica da literatura relacionada à questão focalizada, resumindo a

melhor evidência disponível em um tópico. Por serem baseados em cenários clínicos de

“vida real”, os CATs são interessantes para clínicos em todos os níveis.

As dermatopatias representam uma grande parte da rotina clínica do médico-veterinário

e suas causas são diversas (fi gura 1). Embora a nutrição possua um papel relevante na

dermatologia veterinária, é ainda pouco considerada como ferramenta no diagnóstico e

tratamento pelo clínico.

Por isso, a Royal Canin oferece para os médicos-veterinários esse material sobre Reação

Adversa ao Alimento, uma patologia mais comum do que se diagnostica.

Sugerimos que seja mantido em um local facilmente acessível para que possa ser usado

no auxílio à tomada de decisões clínicas.

Esperamos que este material lhe auxilie no diagnóstico diferencial muitas vezes

desafi ador das dermatopatias em gatos e cães.

Reação adversa ao alimento – um problema de alta prevalência.

T Ó P I C O S C R I T I C A M E N T E A V A L I A D O S E M D E R M A T O L O G I A V E T E R I N Á R I A

Thierry Olivry

DVM, phD, DipACVD,

DipECVD

Ralph Mueller

DVM, phD, DipACVD,

DipECVD, FACVSc

Pascal Prélaud

DVM, DipECVD

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Tópico avaliado criticamente sobre reações alimentares adversas de animais de companhia: prevalência de reações cutâneas adversas em cães e gatos.

R E S U M O

Justifi cativa: A prevalência de Alergias Alimentares (AAs) em cães e gatos não é bem conhecida.

Esta imprecisão é provavelmente devido às diferentes populações que foram estudadas. Nossos

objetivos foram revisar sistematicamente a literatura para determinar a prevalência das AAs

entre cães e gatos com prurido e doenças de pele.

Resultados: Realizamos buscas em dois bancos de dados para referências pertinentes em 18 de

agosto de 2016. Entre os 490 e 220 artigos encontrados, respectivamente, nos bancos de dados

do Web of Science (Índice Expandido de Citações Científi cas) e do CAB Abstract, selecionamos 22

e nove artigos que reportavam dados utilizáveis para determinação de prevalência de AA em cães

e gatos, respectivamente. Verifi cou-se que a prevalência de AA em cães e gatos varia de acordo com

o tipo de diagnóstico realizado. Entre os cães levados ao médico-veterinário para um diagnóstico

qualquer, a prevalência foi de 1 a 2%. Entre aqueles com doenças de pele, o diagnóstico de AA

variou entre zero e 24%. O intervalo de prevalência de AA foi semelhante em cães com prurido

(9 a 40%). Aqueles com qualquer tipo de doença de pele alérgica (8 a 62%) e cães com diagnóstico

de dermatite atópica (9 a 50%). Em gatos levados a um hospital universitário, a prevalência de

AA foi inferior a 1% (0,2%), enquanto foi bastante homogênea em gatos com doenças cutâneas

(faixa de 3 a 6%), porém maior em gatos com prurido (12 a 21%) do que em gatos com doença

de pele alérgica (5 a 13%).

Conclusões: Entre cães e gatos com prurido e aqueles suspeitos de doença de pele alérgica, a

prevalência de AA é alta o sufi ciente para justifi car que esta síndrome seja descartada com uma

dieta de eliminação. Este deve ser especialmente considerado em animais de companhia com

prurido não sazonal ou sinais de dermatite alérgica.

Palavras-chave: Alergia, Dermatite atópica, Caninos, Gato, Cão, Felinos, Alergia alimentar,

Coceira, Prurido.

Justifi cativa.

Existe variabilidade quanto à prevalência

relatada de Alergias Alimentares (AAs) em

cães e gatos. Essa heterogeneidade de dados

pode ser causada por uma combinação

de diferenças nas populações geográfi cas

estudadas, variabilidade em grupos de animais

em que a prevalência é relatada e, talvez,

no método de diagnóstico da própria AA.

Cenário clínico.

Você tem dois pacientes: um West Highland

White Terrier macho, inteiro, de 1 ano de idade

e um gato da raça Siamês, fêmea, castrada, de

3 anos de idade. Ambos os animais apresentam

prurido que se manifesta ao longo do ano. O

cão também sofre episódios ocasionais de

urticária, bem como episódios de fezes moles

com muco. O gato tem várias áreas de perda

de pelo auto-induzidas no abdômen e região

medial das coxas. Você informa aos tutores

de ambos os pacientes que você suspeita que

todos os sinais clínicos podem ser causados

por uma reação à dieta do animal de estimação.

Os tutores lhe perguntam o quão frequente é

esse tipo de problema.

Pergunta estruturada.

Qual é a prevalência de AA entre cães e gatos

com prurido ou doenças de pele?

Thierry Olivry1* and Ralf S. Mueller2

9

Evidência encontrada.

Nossa busca na literatura identifi cou 108 e 78

citações nos bancos de resumos do CAB e Web

of Science, respectivamente; sendo 45 artigos

comuns a ambos os bancos de dados.

Os resumos foram lidos e os artigos pertinentes

foram lidos na íntegra. Dois tipos de artigos

originais forneceram dados relevantes para

a questão de interesse: estes artigos ou

relatavam grandes séries de casos de cães

ou gatos com AAs ou relatavam o efeito do

fornecimento de uma ou mais dietas teste para

animais de companhia com AAs. Entre esses

trabalhos, cinco1-5 e três1, 3, 6, respectivamente,

forneceram dados específi cos sobre o tempo

necessário para a melhora das manifestações

de AA em cães e gatos alimentados com uma

dieta de eliminação.

Avaliação da evidência.

Nos artigos selecionados, o diagnóstico de

AA foi geralmente feito em cães e gatos com

prurido não sazonal após a exclusão de outras

causas relevantes de prurido e uma redução

completa ou evidente (pelo menos 50%) dos

sinais clínicos após a alimentação com uma

dieta de eliminação, esta consistindo de

ingredientes nunca usados ou hidrolisados. Os

casos com redução parcial da coceira foram

então confi rmados como AA uma vez que houve

recorrência dos sinais após a provocação com

dietas ou ingredientes utilizados anteriormente.

As porcentagens acumuladas de remissão

completa ou quase completa de sinais clínicos

de AA em cães alimentados com uma dieta de

eliminação são retratadas na Fig. 1. Com base

nas informações coletadas de 209 cães com AA,

podemos estimar que, após 3 semanas de uma

mudança de dieta, aproximadamente metade

dos cães teve uma redução acentuada dos

sinais clínicos. A partir de 5 semanas, os sinais

voltaram ao normal em mais de 85% dos cães,

e esta porcentagem aumentou para mais de

95% ao se estender o teste com alimento por 8

semanas. Menos que 5% dos cães precisaram

de uma dieta de eliminação com duração de

até 13 semanas para uma remissão completa

dos sinais de AA. As porcentagens acumuladas

de remissão de sinais clínicos em 40 gatos

com AA são ilustradas na Fig. 2. Levaram

aproximadamente 4, 6 e 8 semanas de uma

dieta de restrição para 50, 80 e 90% de gatos,

respectivamente, obterem a remissão de seus

sinais clínicos.

Conclusão e implicações para os

profi ssionais.

Para diagnosticar as AAs em pelo menos 80%

de cães e gatos, a dieta de eliminação deve

durar pelo menos 5 semanas em cães e 6

semanas em gatos. Aumentando a duração da

dieta de eliminação para 8 semanas aumentará

a sensibilidade do diagnóstico para mais de

90% dos casos em ambas as espécies.etas ou ingredientes utilizados anteriormente. 90% dos casos em ambas as espécies.

Fig 1. Porcentagens cumulativas de remissão clínica em 209 cães com AA no decorrer do tempo (semanas)

Figura 1100

90

80

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60

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20

10

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Carlotti, 1990Paterson, 1995

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Rosser, 1993Loeffler, 2006

Denis, 1994Mediana para todos os estudos

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Tópico avaliado criticamente sobre reações alimentares adversas de animais de companhia: duração das dietas de eliminação.

R E S U M O

Justifi cativa: Os testes alimentares de provocação restritiva ou dietas de eliminação continuam

sendo a escolha padrão no diagnóstico de alergias alimentares (AA) em cães e gatos. Atualmente,

não há consenso sobre a duração dos testes de dieta de eliminação que permitiriam a maior

sensibilidade do diagnóstico de AA em animais de companhia.

Resultados: A busca, revisão e análise das evidências disponíveis até a data de 14 de dezembro

de 2014 sugerem que, após iniciar uma dieta de eliminação por 5 semanas em cães e 6 semanas

em gatos, mais de 80% dos pacientes haviam conseguido uma remissão dos sinais clínicos da AA.

O aumento da duração da dieta teste para 8 semanas leva a uma remissão completa em mais de

90% de cães e gatos com AA.

Conclusões: Para diagnosticar AAs em mais de 90% de cães e gatos, os testes de dieta de

eliminação devem durar pelo menos 8 semanas.

Palavras-chave: Alergia, Dermatite atópica, Caninos, Gato, Cão, Dieta de eliminação, Felinos,

Alergia alimentar, Coceira, Prurido.

Justifi cativa.

O padrão atual para o diagnóstico de alergias

alimentares (AAs) em cães e gatos envolve a

realização de testes de provocação de restrição

alimentar, mais comumente chamados de

dieta de eliminação. Ao longo do tempo, as

recomendações para a duração ideal das dietas

de eliminação variaram de 3 a 12 semanas;

atualmente, não há um consenso sobre a

duração desses testes para o diagnóstico

preciso de AAs.

Cenário clínico.

Seu paciente é um Pastor Alemão, macho,

castrado, de 2 anos com muito prurido.

Durante a consulta, você observa máculas

eritematosas, manchas e pápulas no abdômen,

axilas e períneo; ele também sofre de diarreia

intermitente. Como este cão já faz um controle

de pulgas adequado, você suspeita que reações

alimentares causam todos esses sinais. Você

gostaria de realizar um teste de eliminação

para confi rmar isso. Você se pergunta quanto

tempo essa dieta de eliminação deve durar.

Pergunta estruturada.

Em cães e gatos suspeitos de ter uma AA, por

quanto tempo um teste de dieta de eliminação

deve durar para uma maior sensibilidade do

diagnóstico?

Estratégia de pesquisa.

Os bancos de dados de resumos do CAB

e Web of Science (Índice expandido de

citações científicas) foram pesquisados em

16 de dezembro de 2014, usando a seguinte

cadeia de busca: ((cão ou cães ou canino)

ou (gato ou gatos ou felino) e (alimentação

ou dieta*) e (reação ou alergia* ou

hipersensibilidade) e (teste ou restrição ou

eliminação) e (pele ou cutânea ou coceira ou

prurido)). Limitamos a pesquisa a 25 anos

(1980 a 2014) e excluímos notas de anais de

congresso e capítulos de livros.

Thierry Olivry1*, Ralf S. Mueller2 e Pascal Prélaud3

5

Estratégia de pesquisa.

Os bancos de dados de resumos do CAB e

Web of Science (índice expandido de citações

científi cas) foram pesquisados em 18 de

dezembro de 2016, usando a seguinte cadeia

de busca: ((cão ou cães ou canino) ou (gato ou

gatos ou felino)) e (alimentação ou dieta*) e

(atopia* ou alergia* ou reação) e (prurido ou

coceira ou pele) não (-) (humano* ou adulto*

ou criança*). Limitamos a pesquisa a artigos

publicados de 1980 à data presente; não houve

restrições quanto à língua.

Evidência encontrada.

Nossa pesquisa de literatura identifi cou

490 e 220 artigos nos bancos de dados CAB

Abstract e Web of Science, respectivamente.

As citações foram inicialmente avaliadas para

a identifi cação de artigos que relatassem

informações originais; os artigos de revisão

não foram mais considerados. Os resumos

foram então selecionados e os trabalhos

potencialmente relevantes foram lidos na

íntegra. A bibliografi a desses artigos foi

posteriormente examinada para identifi cação

de citações pertinentes adicionais. No total,

selecionamos 28 trabalhos que forneceram

informações úteis1-28. Vinte e sete artigos foram

identifi cados a partir da pesquisa da base

de dados de resumos do CAB, enquanto 18

desses 27 documentos (67%) também foram

encontrados nos arquivos da Web of Science;

nenhum foi detectado de forma exclusiva na

consulta na Web of Science, enquanto uma

publicação adicional foi identifi cada por meio

da verifi cação das referências de artigos

selecionados4. Havia nove estudos relatando

informações sobre a prevalência de AA em

gatos1,3,5,10,22,24-27 e 22 em cães1-4, 6-21, 23, 28; três

dados reportados utilizáveis para cães e gatos1, 3, 10. Estudos foram reportados de 19901 a 201528.

Todos os jornais estavam em inglês, exceto um

em francês3, um em holandês4, um em alemão9,

um em italiano13 e um em português18.

Avaliação da evidência.

Os artigos selecionados relatavam informações

de pequenos animais de todo o mundo: os gatos

eram da Austrália26,27, Canadá1,3, Nova Zelândia5,

Reino Unido10, EUA24,25 ou de uma pesquisa

mundial22. Os cães com AA foram diagnosticados

no Brasil18,19,28, Canadá1,3, República Tcheca16,

Hungria14, Irã23, Itália13,20, Holanda e Bélgica4,7,

Eslovênia15, Suíça9,17, Suécia12, Reino Unido6,8,10,11

e EUA2; houve também uma grande pesquisa

mundial2. Apenas dois artigos continham

revisões de diagnósticos realizados em clínicas

veterinárias generalistas10,12, enquanto todos os

outros relatos eram de pacientes atendidos em

clínicas especializadas universitárias ou privadas.

O método de diagnóstico da AA não foi

especifi cado em três pesquisas1,10,18, enquanto

que, em todos os outros relatórios, o

diagnóstico foi feito após a observação de uma

redução das manifestações de prurido após

o fornecimento de uma dieta de eliminação

com duração entre 6 e 8 semanas. Em todos

estudos, exceto em quatro3,12,14,28, esta dieta de

eliminação foi seguida por um desafi o com um

ingrediente suspeito de ser o alérgeno ofensor.

Signifi cativamente, em apenas quatro artigos

uma dieta de eliminação foi fornecida para toda

a população de pacientes estudados.

Verifi cou-se que prevalência da AAs em cães e

gatos varia de acordo com o tipo de diagnóstico

realizado. Em cães (Fig. 1), a prevalência de

AA foi baixa entre os cães levados ao médico-

veterinário para um diagnóstico qualquer

(1 a 2%) ou entre aqueles com doenças da pele

(mediana: 6%, intervalo: 0 a 24%). Além disso,

os intervalos de prevalência relatada de AA se

sobrepõem entre cães com prurido (mediana:

18%, intervalo: 9 a 40%), aqueles com qualquer

tipo de doença de pele alérgica (mediana: 20%,

intervalo: 8 a 62%) e cães com lesões cutâneas

sugestivas de dermatite atópica (mediana: 29%,

intervalo: 9 a 50%) (Fig. 1; Arquivo adicional

1). Um padrão semelhante foi encontrado em

pacientes felinos (Fig. 2). Em gatos levados a

um hospital universitário24, a prevalência de AA

foi muito baixa (0,2%), enquanto era bastante

homogênea em gatos com doenças de pele

(mediana: 5%; intervalo: 3 a 6%). Foi maior em

gatos com prurido (12 e 21%) do que em gatos

com doença de pele alérgica (mediana: 10%,

intervalo: 5 a 13%) (Fig. 2; Arquivo adicional 2).

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Atribuímos a última observação aos gatos que

ocasionalmente manifestam uma AA como

prurido sem dermatite visível. No total, não

houve dados sufi cientes para comparar a

prevalência de AA em cães e gatos de diferentes

localizações geográfi cas.

Como na maioria dos resumos que incorporam

resultados de estudos realizados em diferentes

momentos e instituições, a principal limitação

desta revisão é a probabilidade de variabilidade

de métodos ou critérios utilizados para fazer

o diagnóstico de AA. Uma inconsistência

semelhante provavelmente também existia

na forma como a dermatite atópica foi

diagnosticada entre os estudos. Sempre

que foram fornecidos detalhes, os AA e

DA foram diagnosticados de acordo com os

padrões aceitos no momento da publicação.

Signifi cativamente, exceto em quatro estudos7,8,11,17,

nem todos os animais da população relatada (por

exemplo, cães com qualquer doença da pele)

foram submetidos a uma dieta de eliminação.

A falta deste tipo de testes, que é a escolha

padrão para o diagnóstico, feitos de maneira

sistemática provavelmente levou a uma

menor prevalência de AA relatada em artigos

onde a mudança de dieta não foi feita em todos

os animais de estimação.

Fig 1. Prevalência de AAs entre cães com diferentes condições.Os círculos abertos correspondem aos três estudos em que o método de diagnóstico da AA não foi especificado1,10,18

Figura 1

Doençaqualquer

Doençasde pele

Doenças depele alérgicas

Prurido

mediana

Dermatiteatópica

Por

cent

agem

de

AAen

tre

cães

com

:

80

60

50

40

30

20

10

0

como a dermatite atópica foi os animais de estimação.

Figura 2

Fig 2. Prevalência de AAs entre gatos com diferentes condições. Os círculos abertos correspondem aos dois estudos em que o método de diagnóstico da AA não foi especificado1,10,18

mediana

Doençaqualquer

Doençasde pele

Doenças depele alérgicas

Prurido

Por

cent

agem

de

AAen

tre

cães

com

:

30

20

10

0

7

Conclusão e implicações para os

profi ssionais.

Nossa revisão das evidências existentes sugere

que a prevalência de AAs em cães e gatos varia

de acordo com a população em que é calculada.

Apesar da provável heterogeneidade existente

entre os métodos de diagnóstico, a prevalência

de AAs em animais de companhia parece ser

ligeiramente semelhante. Entre cães e gatos

uma doença qualquer, doença da pele, prurido

ou doença de pele alérgica, a prevalência

mediana de AA é inferior a 1%, cerca de 5%,

entre 15 a 20% e de 10 a 25%, respectivamente;

também estima-se que esteja presente em

cerca de um terço dos cães com dermatite

atópica.

Arquivos adicionais.

Arquivo adicional 1: Dados específi cos sobre

a prevalência de AAs entre cães com diferentes

condições. (XLSX 45 kb)

Arquivo adicional 2: Dados específi cos sobre a

prevalência de AAs entre gatos com diferentes

condições. (XLSX 40 kb)

Abreviações.

AA: Alergia Alimentar.

CAT: Tópico Criticamente Avaliado.

Agradecimentos.

Os autores agradecem a Pascal Prélaud por

participar do conceito original deste CAT e

pela Royal Canin pelo pagamento de taxas de

publicação para este artigo.

Confl ito de Interesse.

Ambos autores têm ministrado palestras e

recebido fi nanciamento de pesquisa e/ou

honorários da Royal Canin (Aimargues, França),

nos últimos 5 anos.

Detalhes dos autores.

1. Departamento de Ciências Clínicas,

Faculdade de Medicina Veterinária, North

Carolina State University, 1060 William

Moore Drive, Raleigh, NC 27607, EUA.

*Contato: [email protected]

2. Medizinische Kleintierklinik, Centro de

Medicina Clínica Veterinária, Ludwig

Maximilian University, Veterinärstrasse 13,

80539 Munique, Alemanha.

Recebido em 13 de outubro de 2016. Aceito em

10 de fevereiro de 2017 e publicado on-line em

15 de fevereiro de 2017.