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Ascanio Impossibilie creato 1 07 Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas Comune di PONTEDERA ASCANIO (Italy) Marco Dell’Agnello in arte Ascanio, nasce a Pontedera nella seconda metà del novecento, dove vive e lavora. Da sempre la ricerca è stata stimolo e impulso vitale per la creazione delle sue opere che proprio da “Homo Faber” quale lui è, sapientemente, con poetica lucidità riesce a plasmare e camuffare. La materia e i materiali, frammenti di realtà trascorse e spesso dimenticate sono oggetto non di assemblaggio ma di trasformazione. Opere policrome e polimateriche diventano il simbolo, il significante dell’arte di Ascanio e, ricollocandosi nella quotidianità, rinnovano un rituale etico e sociale di comunicazione verso gli altri. Ascanio, nel contesto del suo lavoro, non è colui che dà soluzioni e risposte, ma l’”Homo Faber”, che grazie alla sua capacità creativa ci regala nuove e inedite esperienze ASCANIO (Italy) Marco Dell’Agnello, também conhecido no mundo da arte como Ascanio, nasceu em Pontedera na segunda metade do século XX, onde vive e trabalha. A pesquisa sempre foi um estímulo e impulso vital para a criação de suas obras, em que “Homo Faber” como ele é, sabiamente, com lucidez poética é capaz de moldar e camuflar. A matéria e os materiais, fragmentos de realidades passadas e muitas vezes esquecidas, não são objeto de montagem, mas de transformação. As obras policromáticas e multi-materiais tornam-se o símbolo, o significado da arte de Ascanio e, reposicionando-se na vida quotidiana, renovam um ritual ético e social de comunicação com os outros. Ascanio, no contexto do seu trabalho, não é aquele que dá soluções e respostas, mas o “Homo Faber”, que graças à sua capacidade criativa nos dá experiências novas e inéditas. Ascanio (Italy) Impossibile creato

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Ass. Cult.Sete Sóis Sete Luas

Comune diPONTEDERA

ASCANIO (Italy)

Marco Dell’Agnello in arte Ascanio, nasce a Pontedera nella seconda metà del novecento, dove vive e lavora. Da sempre la ricerca è stata stimolo e impulso vitale per la creazione delle sue opere che proprio da “Homo Faber” quale lui è, sapientemente, con poetica lucidità riesce a plasmare e camuffare. La materia e i materiali, frammenti di realtà trascorse e spesso dimenticate sono oggetto non di assemblaggio ma di trasformazione. Opere policrome e polimateriche diventano il simbolo, il significante dell’arte di Ascanio e, ricollocandosi nella quotidianità, rinnovano un rituale etico e sociale di comunicazione verso gli altri. Ascanio, nel contesto del suo lavoro, non è colui che dà soluzioni e risposte, ma l’”Homo Faber”, che grazie alla sua capacità creativa ci regala nuove e inedite esperienze

ASCANIO (Italy)

Marco Dell’Agnello, também conhecido no mundo da arte como Ascanio, nasceu em Pontedera na segunda metade do século XX, onde vive e trabalha. A pesquisa sempre foi um estímulo e impulso vital para a criação de suas obras, em que “Homo Faber” como ele é, sabiamente, com lucidez poética é capaz de moldar e camuflar. A matéria e os materiais, fragmentos de realidades passadas e muitas vezes esquecidas, não são objeto de montagem, mas de transformação. As obras policromáticas e multi-materiais tornam-se o símbolo, o significado da arte de Ascanio e, reposicionando-se na vida quotidiana, renovam um ritual ético e social de comunicação com os outros. Ascanio, no contexto do seu trabalho, não é aquele que dá soluções e respostas, mas o “Homo Faber”, que graças à sua capacidade criativa nos dá experiências novas e inéditas.

Ascanio (Italy)Impossibile creato

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Ponte de Sor (Alentejo, Portugal), 11th May - 6th July 2019

Montargil (Alentejo, Portugal), 6th July – 21st September 2019

Promoted Ass. Cult. Sete Sóis Sete LuasMunicípio de Ponte de Sor

Coordination Marco Abbondanza (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)Pedro Gonçalves (Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor)

Curator: Riccardo Ferrucci

Production CoordinationMaria Rolli (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

AdministrationSandra Cardeira (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

Installation assistantPaulo Esperança (Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor) Patrícia Godinho, Licínio Miguel (Centro Cultural de Montargil)

Press OfficeChiara Capuano, Giulia Salutini (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

Staff Sete Sóis Sete LuasSimona Leggerini, Barbara Salvadori, Alexandre Sousa

TranslatorMicaela Gomes (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)Rui Aleixo

Graphic DesignLaura Buscemi (Ass. Cult. Sete Sóis Sete Luas)

Photo creditsMarco Bruni

Printed Bandecchi & Vivaldi, Pontedera

[email protected]

ASCANIO (Italy)

Impossibile creato

Ascanio (Italy)

Impossibile Creato

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Locais de passagem, de encontro e de diálogo intercultural, onde ecoam as ondas da cultura mediterrânica e do mundo lusófono. Os Centrum SSSL estão ancorados às raízes do território que os viu nascer e os acolheu. São espaços de socialização, confronto e descoberta para a população local. São oficinas criativas onde importantes artistas do mundo mediterrânico e lusófono chegam, encontram inspiração, criam, dialogam e partilham. São locais de sinergia entre arte, música, turismo cultural e promoção do território.

Exposições de arte contemporânea, residências artísticas, laboratórios de criatividade, concertos, originais produções musicais e encontros multiculturais, acompanhados pelos aperitivos: estas são as principais atividades que animam as “casas” do Festival Sete Sóis Sete Luas. A ampla programação artística, da responsabilidade da associação Sete Sóis Sete Luas, prevê anualmente 7 a 10 projetos expositivos de dimensão internacional em cada Centrum SSSL, promovidos de forma coordenada e cujos protagonistas são diversos: os prestigiosos artistas, reconhecidos no seu país de origem, mas não ainda a nível internacional, os jovens talentos e os estudantes que participam nos laboratórios e nos programas de intercâmbio entre as cidades da Rede SSSL.

Cada Centrum Sete Sóis Sete Luas é identificável pelo mosaico de uma onda que se estende sinuosa pela parede externa com os nomes das cidades que fazem parte da Rede dos Centrum SSSL. Tem um espaço dedicado à coleção permanente, com a memória das atividades do Festival SSSL, uma sala dedicada às exposições temporárias e um bookshop onde são apresentados ao público todas as produções musicais e editoriais do Festival Sete Sóis Sete Luas: cd’s, dvd’s, livros, catálogos e os produtos eno-gastronómicos e artesanais mais representativos dos Países da Rede SSSL. Cada Centrum tem também uma sala de conferências para encontros, apresentações, debates, concertos, inaugurações e quartos para os artistas e os jovens estagiários da Rede SSSL.

Estão neste momento ativos os Centrum SSSL de Pontedera (Itália), Ponte de Sor e Montargil (Portugal), Frontignan (França) e em Cabo Verde na Ribeira Grande (Santo Antão), Cidade do Porto Inglês (Maio), Nova Sintra (Brava), São Filipe (Fogo) e Tarrafal (Santiago).

Marco AbbondanzaDiretor do Festival Sete Sóis Sete Luas

Centros para as Artes do Mediterrâneo e do mundo lusófono

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Recebemos Ascanio em Ponte de Sor, na rede do Festival Sete Sóis Sete Luas com enorme carinho, sabendo que o enriquecimento das nossas comunidades neste projecto ímpar a nível europeu será profundamente importante e motivador.

Ponte de Sor sente-se feliz em receber no Centrum Sete Sóis Sete Luas / Centro de Artes e Cultura tão importante manifestação, fazendo votos que tal seja do agrado de todos, pois esta multiplicidade cultural permite augurar um futuro cada vez mais promissor.

Engº. Hugo Luís Pereira HilárioPresidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor

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A cabana de memórias

No pátio da minha casa, há um velho casebre.Sob aquele velho casebre, passei parte da minha adolescência, brinquei, chorei e sorri, cresci...Cresci à sombra daqueles lençóis de metal torcidos e enferrujados.E ainda, é sob esse velho e desgastado casebre, apoiado por quatro postes de madeira trémulos, marcados pelos anos, cheios de pregos, de feridas e memórias, que comecei a minha carreira como artista e onde teimosamente continuo a trabalhar protegido por uma sólida evidente instabilidade.Todos os dias do ano. A cada dia.Não me afastam dela as estações.Não sou atacado pelo bafo nem pelo calor do verão, não sou perturbado pelo vento no outono e a primavera não me entorpece , no inverno uma camisa extra, talvez um par de luvas e fico por baixo da sua asa protetora.Uma obra segue a outra...um pensamento...uma escultura ganha vida...uma memória...uma cadeira vazia...um olhar que falta...adiante, tudo faz parte da vida.Depois uma voz... É a minha mãe.Ela olha para a escadaria acima do casebre, inclina-se, olha para mim pensativa, abana a cabeça e, em seguida, a frase habitual de sempre: “Vem para casa, se ficares ai ficas doente ... está frio.”Está frio... sim, está frio, querida mãe, mas o verdadeiro frio, o gelo, aquele verdadeiro, insistente, teimoso frio, entrará em mim quando tu não estiveres mais lá...Só então terei verdadeiramente frio.

Marco (Ascanio)

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IMPOSSIBILE CREATO

As obras e os dias de Ascanio vivem: entre a igreja e o cemitério, junto à sua terra natal, dentro de uma cabana. No silêncio habitado pela memória de um olhar terno que se repete no coração: “cobre-te Marco, que apanhas frio”. Sem esta perceção do essencial é impossível criar para Ascanio. Porque se trata de amor, e “amar significa afastar-se livre e alegremente da sombra do tu” (T. Halík), do tu que dá vida e não desaparece da alma enquanto estamos aqui. À ascensão do querido pensamento da sua mais doce matéria, Acanio suplica ainda a gentil morte: “não toquem no relógio da cozinha que bate sobre a parede, toda minha infância foi passada sobre o esmalte do seu mostrador, sobre aquelas flores pintadas: não toquem as mãos, no coração do velho”(S. Quasimodo). Delicadamente vai desflorando, na ponta dos pés e das mãos, a mesa de madeira onde repousam objetos, cores, rachaduras sem ordem aparente, ainda assim expressões de temas claros, simples e reconhecíveis: amor, paixão, sorte, paz, noite, pecado, prisão, tempo, ponte, trabalho, universo, maremoto, colar, etc. Os quadros antigos abraçam os sinais do tempo que passou. Madeiras, moedas, pregos, relógios, cruzes descansam sobre materiais reciclados - resíduos, poderíamos dizer - que voltam à vida sobre a mesma cama de tintas industriais, escorregam sobre o sabão, confinados pelos seus limites. A cor sólida, brilhante e marmoreada do conjunto polimatérico vive da transparência. Aqui está a originalidade inédita de Ascanio: a mesa recebe luz por trás.As coisas queridas ao coração são vistas mesmo quando não há sol, porque elas têm vida interior, quando ressurgem da memória, contêm história e foram de alguém. Conservar: aqui está o segredo de Ascanio. Com a força e a delicadeza que retém o fluxo do tempo por um instante, dentro de um espaço que respira e nos faz sentir em casa, onde se pode reconhecer entre objetos e lugares dos outros, que agora pertencem um pouco também àqueles que se aproximam deles. Resíduos, material reciclado, coisas fora de uso tornam-se coisas preciosas para aqueles que não acreditam que o mundo começa agora. De facto, especialmente para aqueles que o criaram no mundo. Talvez seja esta a percepção de Deus: o único capaz de não perder nada do que saiu de suas mãos, para conseguir a maior reciclagem da história. Os corpos marcados pela miséria e pela exclusão, desfigurados pela doença e pela velhice, marcados pelas feridas da vida e devolvidos ao pó, só serão preciosos aos olhos amorosos de Deus, que ressuscitará de novo, noutro lugar, sem fim. Como escreveu o Papa Francisco: “com o desperdício desta humanidade vulnerável, no final dos tempos, o Senhor dará forma à sua última obra de arte”. ( Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, 61). Talvez este seja o esboço invisível do impossível criado que Ascanio encontrou nas suas mãos.

Maurizio Gronchi

As surpreendentes criações artísticas de Ascanio

“Em anos e anos tenho observado que a beleza, como a felicidade, é frequente. Não passa um dia em que não se esteja, ainda que por um instante, no paraíso”.

Jorge Luis Borges

Ao apresentar a exposição de Ascanio “Impossibile creato” gostaria de salientar que nos encontramos perante um autor único que experimenta técnicas e modelos de composição originais, executados com grande sabedoria e com uma paixão raras de encontrar na arte contemporânea. As suas obras nascem numa cabana perto da igreja, em Gello, uma pequena freguesia de Pontedera, porque só aqui o autor encontra a sua inspiração, nos lugares onde viveu com a sua mãe. Os seus trabalhos brotam do coração, da memória, de uma série de encontros que marcaram profundamente a vida do artista. Um autor rigoroso que procura, com a sua arte, um caminho para a felicidade, o céu, a liberdade. O coração é representado, a cruz, os símbolos religiosos e os materiais encontrados tornam-se parte de uma mesa pictórica que se caracteriza pelo lirismo e pela força expressiva. É a história, por vezes dolorosa, como o relógio parado na data do terramoto em Áquila, que marca este percurso criativo que nos implica e nos comove.

Ascanio diz: “Há vinte anos atrás eu estava a pescar no rio Serchio em Garfagnana e, nas pausas, eu divertia-me a adornar uma pequena mala. Passa um senhor que me pergunta quem tinha desenhado naquela mala e eu respondi que tinha sido eu. O senhor disse-me “mas esta é uma obra de arte, quer vender-ma?”. Eu, evidentemente, disse-lhe que não. O senhor era um pintor e convidou-me para ir ao seu estúdio para ver os seus trabalhos. Desde então comecei a questionar-me sobre o significado da arte que entrou de um modo casual na minha vida. Mas nada acontece por acaso e eu, filho de camponeses, comecei aproximar-me da arte. O senhor deu-me pranchas de contraplacado e desafiou-me a pintá-las.” A partir deste momento começou um percurso pictórico absolutamente pessoal que não tem comparação com o de outros artistas e que atinge resultados estéticos de absoluta distinção, experimentando inéditas técnicas de composição e utilizando materiais encontrados: molduras velhas, moedas, violinos, pedaços de madeira que são colocados nas pinturas do artista, tornando-se parte de uma criação visionária.

“As crianças sabem algo que a maioria das pessoas esqueceu” dizia Keith Haring e, nestas obras de Ascanio, encontramos uma dimensão lúdica, um jogo infantil que permite ver as coisas com olhos novos e puros. Olhando para o seu trabalho é natural pensarmos nas construções mecânicas de Enrico Baj, que juntava nas suas pinturas materiais heterogéneos: desde espelhos a medalhas, passando por elementos hidráulicos e elementos plásticos e por tecidos de decoração para dar forma a construções que continham, no seu âmago, a história do tempo. A história e o tempo também fazem parte do trabalho de Ascanio, que recolhe o passado para olhar para o futuro, que apanha as feridas da matéria para abrir olhares imaculados sobre a realidade.

Parece que com a pintura Ascanio encontra o seu paraíso, como diz Borges, um lugar puro que enobrece objetos pobres e esquecidos que, por meio da arte, redescobrem a vida, o sentido, a poesia. Com Ascanio entramos num labirinto

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e desafiamos o tempo, a história, o amor, a vida, para tentar alcançar um olhar autêntico e puro. O crítico alemão Enzensberger escreve: “O labirinto é criado para que quem nele entra se perca e se engane. Mas o labirinto também constitui um desafio para que o visitante reconstrua o seu plano e dissolva o seu poder. Se ele conseguir, terá destruído o labirinto; não existe labirinto para quem o tiver atravessado.” Ascanio, com a sua pintura, atravessou o labirinto da sociedade contemporânea e conseguiu criar o seu mundo poético que ilumina o presente e lança olhares para o futuro. O seu trabalho deve ser lido como um todo, sem analisar a pintura isoladamente – ainda que seja atraente – pois é na construção total de um universo que se captura a novidade da sua linguagem e sua história artística.

As pinturas da série “Impossibile creato” introduzem-nos no mundo do artista através de uma seleção parcial das suas obras que, de alguma maneira, esboçam alguns caminhos possíveis no mundo onírico de Ascanio: “Universo”, “Prisão”, “O corte”, “Cruzamento” são exemplos de uma pintura composta por várias gamas cromáticas, por rasgos, lacerações e encaixes que dão vida a trabalhos de uma novidade absoluta, onde o tempo passa e o olhar se perde na sombra e na escuridão.

“Todas as minhas obras, mais de trezentas, nascem” – dizia-nos Ascanio – “a partir de uma vibração interior profunda. Nunca fiz um trabalho para passar o tempo. Tenho de sentir uma urgência, tenho de comunicar algo que trago cá dentro. Só aí surge um novo trabalho meu. Conheci muitos artistas, alguns conhecidos, que não têm esta força. Fazem-se ajudar pelos alunos para executarem as suas obras e muitas vezes o trabalho artístico torna-se apenas numa rotina, apenas num trabalho como qualquer outro.”

Para Ascanio, o trabalho nasce de uma necessidade interior, para comunicar sentimentos e emoções profundas, que emergem com ímpeto das suas obras. Uma união mística de razão e sentimento, uma visão que se multiplica para representar um mundo complexo e articulado, que não pode ser atingido com ferramentas tradicionais, mas somente com a destreza de um fazer artístico que atua por tentativas, experimentação, e caminhos por desbravar.

Jorge Luis Borges dizia: “Eu fiz de mim esta coisa estranha, um homem de letras, um homem cujo destino é transformar as suas emoções em palavras, escrevê-las, talvez sem pensar tanto no seu significado mas mais na sua cadência, na sua música, naquilo que sugerem, e criar sonhos.” Com a pintura Ascanio procura criar os seus sonhos, o seu mundo e cada obra se torna descoberta, viagem de iniciação, testemunho de uma vida vivida. A dimensão profunda da arte de Ascanio foi recolhida no texto de Maurizio Gronchi que, citando o Papa Francisco, lembra “com o desperdício desta humanidade vulnerável, no final dos tempos, o Senhor moldará sua última obra de arte”.

A arte de Ascanio é uma verdadeira descoberta que encontrará em Portugal um público atento e sensível, capaz de captar as profundas razões de uma criação artística que se transforma na narrativa de uma vida autêntica e portadora de um sopro de poesia.

Riccardo Ferrucci “Pace”, cm. 68 x 92, assemblaggio polimaterico su tavola, 2017

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1514“Prigione”, cm.80 x 120, assemblaggio polimaterico su tavola, 2017 “Peccato”, cm. 60 x 100, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

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“Tempo infranto”, cm.78 x 97, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

“Fortuna”, cm.82 x 82, assemblaggio polimaterico su tavola, 2015

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18 “La collana”, cm. 80 x 120, assemblaggio polimaterico su tavola, 2018 detail of the art work

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21“Il vescovo”, cm. 80 x 120, assemblaggio polimaterico su tavola, 2017detail of the art work

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2322“Chiodo scaccia chiodo”, cm 62 x 82 ,assemblaggio polimaterico su tavola detail of the art work

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“Maugro” (omaggio a Maurizio Gronchi), cm.61 x 81, assemblaggio polimaterico su tavola, 2018

“Il taglio”, cm.120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2017

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“Il ponte delle note”, cm.120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

detail of the art work “Lavoro”, cm.120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2019

“ La terra trema”, cm.120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

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2928“Passaggio a nord ovest”, cm.105 x 77, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

“Notte”, cm 80 x 70, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

“Passione”, cm. 80 x 120, assemblaggio polimaterico su tavola, 2018

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“Il Ponte” cm. 120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2017

detail of the art work

“Maremoto”, cm. 120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2018

detail of the art work

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33“Amore”, cm 80 x 70, assemblaggio polimaterico su tavola, 2019

“Universo”, cm. 120 x 80, assemblaggio polimaterico su tavola, 2016

La Capanna dei Ricordi

Nel cortile di casa mia, c’è una vecchia tettoia.Sotto quella vecchia tettoia, ho trascorso parte della mia adolescenza, ho giocato, pianto e sorriso, sono cresciuto… cresciuto all’ombra di quelle lamiere contorte e rugginose.E ancora, è sotto quella vecchia e logora tettoia, sostenuta da quattro pali di legno traballanti, segnati dagli anni, pieni di chiodi, di ferite e di memorie, che ho iniziato il mio percorso di artista e dove testardamente continuo a lavorare protetto da una solida evidente instabilità.Tutti i giorni dell’anno. Ogni giorno.Non mi allontanano da lei le stagioni. Non mi aggredisce l’afa e il caldo dell’estate, non mi disturba il vento d’autunno e la primavera non mi intorpidisce; d’inverno una maglia in più, magari un paio di guanti e via sotto la sua ala protettrice. Un’opera segue l’altra… un pensiero… una scultura prende vita… un ricordo… una sedia vuota… uno sguardo che manca… avanti, tutto fa parte della vita.Poi una voce…È la mia mamma.Si affaccia dalla scala che sovrasta la tettoia, si sporge, mi guarda pensierosa, scuote la testa e poi la solita frase di sempre: “Vieni a casa, se resti lì ti ammali…fa freddo”. Fa freddo…si, fa freddo, cara mamma, ma il vero freddo, il gelo, quello vero, insistente, ostinato, entrerà dentro di me quando tu non ci sarai più. Solo allora avrò veramente freddo.

Marco (Ascanio)

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IMPOSSIBILE CREATO

Vivono le opere e i giorni di Ascanio: tra la chiesa e il camposanto, accanto alla casa natale, dentro una baracca. Nel silenzio abitato dalla memoria di un tenero sguardo che ripete al cuore: “copriti Marco, ché prendi freddo”. Senza questa percezione dell’essenziale è impossibile creare per Ascanio. Perché si tratta d’amore, e «amare significa ritirarsi liberamente e con gioia nell’ombra del tu» (T. Halík), del tu che dà vita, e non sparisce dall’anima finché ci siamo. Al sorgere del caro pensiero della sua mater dulcissima, Ascanio supplica ancora la gentil morte: «non toccare l’orologio in cucina che batte sopra il muro, tutta la mia infanzia è passata sullo smalto del suo quadrante, su quei fiori dipinti: non toccare le mani, il cuore dei vecchi» (S. Quasimodo).Con delicatezza, in punta di piedi e di mani, va sfiorata la tavola di legno ove riposano oggetti, colori, fessure senza ordine apparente, eppure espressione di temi chiari, semplici, riconoscibili: amore, passione, fortuna, pace, notte, peccato, prigione, tempo, ponte, lavoro, universo, maremoto, collana, etc. Vecchie cornici abbracciano i segni del tempo ch’è passato. Legni, monete, chiodi, orologi, croci poggiano su materiali di recupero – scarti, potremmo dire – che riprendono vita sul letto steso di vernici industriali, scivolano sul sapone, si fermano sul confine. Il colore solido, brillante, marmorizzato dell’assemblaggio polimaterico vive di trasparenza. Qui sta l’originalità inattesa di Ascanio: la tavola riceve la luce da dietro. Le cose care al cuore si vedono anche quando non c’è il sole, perché hanno la vita dentro, quando risalgono dalla memoria, contengono la storia e sono state di qualcuno. Custodire: ecco il segreto di Ascanio. Con la forza e la delicatezza che trattiene per un istante il flusso del tempo, dentro uno spazio che respira e fa sentire a casa, dove riconoscersi in mezzo a oggetti e luoghi di altri, che ora appartengono un po’ anche a chi li avvicina. Scarti, materiale di recupero, roba in disuso diventano cose preziose per chi non crede che il mondo cominci adesso. Anzi, soprattutto per chi il mondo l’ha creato davvero. Forse è questa la percezione di Dio: l’unico in grado di non perdere nulla di quanto è uscito dalle sue mani, di realizzare il più grande riciclaggio della storia. I corpi offesi dalla miseria e dall’esclusione, sfigurati dalla malattia e dalla vecchiaia, segnati dalle ferite della vita e tornati alla polvere saranno preziosi solo agli occhi amorosi di Dio, che farà rivivere di nuovo, altrove, senza fine. Come ha scritto papa Francesco: «con gli scarti di questa umanità vulnerabile, alla fine del tempo, il Signore plasmerà la sua ultima opera d’arte» (Esortazione apostolica Gaudete et exsultate, 61). Forse questo è il bozzetto invisibile dell’Impossibile creato che Ascanio si è ritrovato tra le mani.

Maurizio Gronchi

Le sorprendenti creazioni artistiche di Ascanio

“In anni e anni ho osservato che la bellezza, come la felicità, è frequente. Non passa un giorno senza che noi si stia, per un momento, in paradiso.”

Jorge Luis Borges

Nel presentare la mostra di Ascanio “Impossibile creato” vorrei evidenziare che ci troviamo di fronte ad un autore unico che sperimenta tecniche e modelli compositivi originali, realizzati con grande sapienza e una passione che è raro trovare nell’arte contemporanea. Le sue opere nascono in una capanna vicino alla chiesa, a Gello, una piccola frazione di Pontedera, perché soltanto qui l’autore trova la sua inspirazione, nei luoghi dove ha vissuto con la madre. I suoi lavori nascono dal cuore, dalla memoria, da una serie di incontri che hanno segnato profondamente la vita dell’artista. Un autore rigoroso che cerca, con la sua arte, una strada verso la felicità, il cielo, la libertà. Il cuore è raffigurato, la croce, i simboli religiosi e gli elementi di recupero diventano parte di una tavola pittorica che si caratterizza per liricità e forza espressiva. É la storia, a volte dolorosa, come l’orologio fermo alla data del terremoto a L’Aquila, a segnare questo percorso creativo che ci coinvolge e commuove.

Racconta Ascanio: “Venti anni fa mi trovavo a pescare sul fiume Serchio in Garfagnana e, durante le pause, mi divertivo a decorare una valigetta; passa un signore che mi chiede chi ha disegnato questa valigetta e io gli rispondo che l’ho realizzata io. Il signore mi dice ma questa è un’opera d’arte, me la può vendere? Io naturalmente gli dissi di no. Il signore era un pittore mi invitò nel suo studio a vedere le sue opere. Da allora ho cominciato a interrogarmi sul significato dell’arte che è entrata, in modo casuale, nella mia vita, ma niente accade per caso ed io, figlio di contadini, ho cominciato ad avvicinarmi all’arte. Il signore mi regalò delle tavole di faesite e mi invitò a dipingere.” Da qui è cominciato un percorso pittorico assolutamente personale che non trova paragoni in altri artisti ed arriva a risultati estetici di assoluto rilievo, sperimentando tecniche compositive inedite e utilizzando materiali di recupero: vecchie cornici, monete, violini, pezzi di legno che vengono assemblati nei dipinti dell’artista, diventando parte di una creazione visionaria.

“I bambini sanno qualcosa che la maggior parte della gente ha dimenticato” diceva Keith Haring e, in queste opere di Ascanio, troviamo una dimensione ludica, un gioco infantile che consente di vedere le cose con occhi nuovi e puri. Guardando il suo lavoro è naturale pensare alle costruzioni meccaniche di Enrico Baj che assemblava nei suoi dipinti materiali eterogenei: da specchi a medaglie, da elementi idraulici a elementi plastici, a tessuti d’arredamento per dare vita a costruzioni che contenevano, al loro interno, la storia del tempo. La storia e il tempo si combinano anche nel lavoro di Ascanio che raccoglie il passato per guardare il futuro, che coglie le ferite della materia per aprire sguardi incontaminati sulla realtà. Sembra che Ascanio con la pittura trovi il suo paradiso, come dice Borges, un luogo incontaminato che nobilita oggetti poveri e dimenticati che, mediante l’arte, ritrovano vita, senso, poesia. Con Ascanio entriamo in un labirinto e

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sfidiamo il tempo, la storia, l’amore, la vita, per cercare di approdare a uno sguardo autentico e puro. Scrive il critico tedesco Enzensberger: “Il labirinto è fatto perché chi vi entra si perda ed erri. Ma il labirinto costituisce pure una sfida al visitatore perché ne ricostruisca il piano e ne dissolva il potere. Se egli ci riesce, avrà distrutto il labirinto; non esiste labirinto per chi lo ha attraversato.” Ascanio con la sua pittura ha attraversato il labirinto della società contemporanea ed è riuscito a creare il suo mondo poetico che illumina il presente e getta sguardi verso il futuro. La sua opera va letta complessivamente, non analizzando il singolo dipinto per quanto possa essere attraente, perché è nella costruzione totale di un universo che si coglie la novità del suo linguaggio e della sua storia artistica.

I dipinti del ciclo “Impossibile creato” ci introducono nel mondo dell’artista, attraverso una selezione parziale delle sue opere, che delineano, comunque, alcuni percorsi possibili nell’onirico mondo di Ascanio: “Universo”, “Prigione”, “Il taglio”, “Crocevia” sono gli esempi di una pittura che si compone per cromie diverse, per strappi, lacerazioni e incastri che danno vita a lavori di assoluta novità, dove il tempo trascorre e lo sguardo si perde nell’ombra e nell’oscurità. “Tutte le mie opere, oltre trecento, nascono – ci ha detto Ascanio - da una profonda vibrazione interiore, non ho mai realizzato un lavoro per passare il tempo, devo sentire un’urgenza, comunicare qualcosa che mi porto dentro, soltanto così nasce una mia nuova opera. Ho conosciuto molti artisti, alcuni conosciuti, che non hanno questa forza, si fanno aiutare da allievi per realizzare le loro opere e spesso il lavoro artistico diventa soltanto routine, soltanto un mestiere come un altro.” Per Ascanio l’opera nasce da una necessità interiore, per comunicare sentimenti ed emozioni profonde, che emerge con impeto dai suoi lavori. Un connubio mistico di ragione e sentimento, una visione che si moltiplica per raffigurare un mondo complesso e articolato, che non si riesce a cogliere con strumenti tradizionali, ma soltanto con la manualità di un fare artistico che procede per tentativi, sperimentazioni, strade inesplorate.

Diceva Jorge Luis Borges “Ho fatto di me questa strana cosa, un uomo di lettere, un uomo il cui destino è cambiare le sue emozioni in parole, scriverle, forse pensare non tanto al loro senso quanto alla loro cadenza, alla loro musica, alla loro suggestione, e creare sogni.” Con la pittura Ascanio cerca di creare i suoi sogni, il suo mondo e ogni opera diventa scoperta, viaggio iniziatico, testimonianza di una vita vissuta. La dimensione profonda dell’arte di Ascanio è stata colta nel testo di Maurizio Gronchi che, citando papa Francesco, ricorda “con gli scarti di questa umanità vulnerabile, alla fine del tempo, il Signore plasmerà la sua ultima opera d’arte”.

É una vera scoperta l’arte di Ascanio che troverà in Portogallo un pubblico attento e sensibile, capace di cogliere le ragioni profonde di una creazione artistica che diventa racconto di una vita autentica e portatrice di un vento di poesia.

Riccardo Ferrucci

Luoghi di passaggio, di incontro e di dialogo interculturale in cui riecheggiano le onde delle culture mediterranee e del mondo lusofono. I Centrum SSSL sono ancorati alle radici del territorio che li ha visti nascere e che li ospita. Sono spazi di aggregazione e confronto, officine creative in cui importanti artisti del mondo mediterraneo e lusofono soggiornano, trovano ispirazione, dialogano, creano e condividono. Sono luoghi di sinergia tra arte, musica, turismo culturale e promozione del territorio.

Mostre d’arte contemporanea, residenze artistiche, laboratori di creatività, concerti e originali produzioni musicali, incontri multiculturali, accompagnati spesso da degustazioni eno-gastronomiche: queste sono le principali attività che animano le “case” del Festival Sete Sóis Sete Luas. L’ampia programmazione artistica, di responsabilità dell’Associazione Sete Sóis Sete Luas, prevede ogni anno 7-10 progetti espositivi internazionali in ogni Centrum SSSL, che vengono promossi in maniera coordinata e i cui protagonisti sono molteplici: i prestigiosi artisti, affermati e quotati nel proprio paese d’origine ma non ancora a livello internazionale, i giovani talenti, gli studenti che partecipano ai laboratori e ai programmi di scambio tra le città delle Rete SSSL, le associazioni culturali presenti sul territorio…

Ogni Centrum Sete Sóis Sete Luas è identificabile da un’onda mosaico che si snoda sinuosa sulla parete esterna con i nomi delle città che fanno parte della Rete dei Centrum SSSL. È dotato di uno spazio dedicato alla collezione permanente, depositario della memoria delle attività del Festival SSSL, di una sala dedicata alle mostre temporanee, un bookshop dove vengono presentate al pubblico le produzioni musicali ed editoriali del Festival Sete Sóis Sete Luas: cd, dvd, libri, cataloghi e i prodotti enogastronomici e artigianali più rappresentativi dei Paesi della Rete SSSL. Ogni Centrum è inoltre dotato di una sala per incontri, presentazioni, dibattiti, concerti e di foresterie per gli artisti e gli stagisti delle città della Rete SSSL.

Sono al momento attivi nove Centrum SSSL : in Italia a Pontedera (Toscana), in Portogallo a Ponte de Sor e Montargil (Alentejo), in Francia a Frontignan (Languedoc-Roussillon) e a Capo Verde a Ribeira Grande (Santo Antão), Cidade do Porto Inglês (Maio), Nova Sintra (Brava), São Filipe (Fogo) e Tarrafal (Santiago).

Marco AbbondanzaDirettore del Festival Sete Sóis Sete Luas

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CATÁLOGO N. 107

1) El puerto de las Maravillas – Los navios antiguos de Pisa, 2001. T. Stefano Bruni e Mario Iozzo. Ed. PT, ES2) Maya Kokocinsky, Translusion II, 2002. T. Pinto Teixeira. Introduction de Oliviero Toscani. Ed. PT, ES.3) Oliviero Toscani, Hardware+Software=Burros, 2002. Ed. IT, PT.4) As personagens de José Saramago nas artes, 2002. Introduction de José Saramago. Ed. PT.5) Stefano Tonelli, Nelle pagine del tempo è dolce naufragare (2002). Ed. IT, PT.6) Luca Alinari, Côr que pensa, 2003. Ed. PT, ES.7) Riccardo Benvenuti, Fado, Rostos e Paisagens, 2003. Ed. IT, PT.8) Antonio Possenti, Homo Ludens, 2003. T. John Russel Taylor et Massimo Bertozzi. Introduction de José Saramago. Ed. IT, PT.9) Metropolismo – Communication painting, 2004. T. Achille Bonito Oliva. Ed. IT, PT. 10) Massimo Bertolini, Através de portas intrasponíves, 2004. T. R. Bossaglia, R. Ferrucci. Ed. IT, PT.11) Juan Mar, Viaje a ninguna parte, 2004. Introduction de José Saramago. Ed. IT, PT.12) Paolo Grimaldi, De-cuor-azioni, 2005. T. de Luciana Buseghin. Ed. IT, PT. 13) Roberto Barni, Passos e Paisagens, 2005. T. Luís Serpa. Ed. IT, PT.14) Simposio SSSL: Bonilla, Chafer, Ghirelli, J.Grau, P.Grau, Grigò, Morais, Pulidori, Riotto, Rufino, Steardo, Tonelli, 2005. Ed.: ES, IT, PT.15) Fabrizio Pizzanelli, Mediterrânes Quotidianas Paisagens, 2006. Ed. IT, PT.16) La Vespa: un mito verso il futuro, 2006. T. Tommaso Fanfani. Ed. ES, VAL.17) Gianni Amelio, O cinema de Gianni Amelio: a atenção e a paixão, 2006. T. Lorenzo Cuccu. Ed. PT.18) Dario Fo e Franca Rame, Muñecos con rabia y sentimento – La vida y el arte de Dario Fo y Franca Rame (2007). Ed. ES.19) Giuliano Ghelli, La fantasia rivelata, 2008. T. Riccardo Ferrucci. Ed. ES, PT.20) Giampaolo Talani, Ritorno a Finisterre, 2009. T. Vittorio Sgarbi et Riccardo Ferrucci. Ed. ES, PT.21) Cacau Brasil, SÓS, 2009. Ed. PT.22) César Molina, La Spirale dei Sensi, Cicli e Ricicli, 2010. Ed. IT, PT.23) Dario Fo e Franca Rame, Pupazzi con rabbia e sentimento. La vita e l’arte di Dario Fo e Franca Rame, 2010. Ed. IT.24) Francesco Nesi, Amami ancora!, 2010. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, ES.25) Giorgio Dal Canto, Pinocchi, 2010. T. Riccardo Ferrucci e Ilario Luperini. Ed. PT. 26) Roberto Barni, Passos e Paisagens, 2010. T. Giovanni Biagioni e Luís Serpa. Ed. PT.27) Zezito - As Pequenas Memórias. Homenagem a José Saramago, 2010. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT.28) Tchalê Figueira, Universo da Ilha, 2010. T. João Laurentino Neves et Roger P. Turine. Ed. IT, PT.29) Luis Morera, Arte Naturaleza, 2010. T. Silvia Orozco. Ed. IT, PT.30) Paolo Grigò, Il Volo... Viaggiatore, 2010. T. Pina Melai. Ed. IT, PT.31) Salvatore Ligios, Mitologia Contemporanea, 2011. T. Sonia Borsato. Ed. IT, PT.32) Raymond Attanasio, Silence des Yeux, 2011. T. Jean-Paul Gavard-Perret. Ed. IT, PT.33) Simon Benetton, Ferro e Vetro - oltre l’orizzonte, 2011. T. Giorgio Bonomi. Ed. IT, PT.34) Noé Sendas, Parallel, 2011. T. Paulo Cunha e Silva & Noé Sendas. Ed. IT, PT, ENG.35) Abdelkrim Ouazzani, Le Cercle de la Vie, 2011. T. Gilbert Lascault. Ed. IT, PT.36) Eugenio Riotto, Chant d’Automne, 2011. T. Maurizio Vanni. Ed. IT, PT.37) Bento Oliveira, Do Reinado da Lua, 2011. T. Tchalê Figueira e João Branco. Ed. IT, PT.38) Vando Figueiredo, AAAldeota, 2011. T. Ritelza Cabral, Carlos Macedo e Dimas Macedo. Ed. IT, PT.39) Diego Segura, Pulsos, 2011. T. Abdelhadi Guenoun e José Manuel Hita Ruiz. Ed. IT, PT.40) Ciro Palumbo, Al di là della realtà del nostro tempo, 2011. T. A. D’Atanasio e R. Ferrucci. Ed. PT, FR.41) Yael Balaban / Ashraf Fawakhry, Signature, 2011. T. Yeala Hazut. Ed. PT, IT, FR.42) Juan Mar, “Caín”, duelo en el paraíso, 2012. T. José Saramago e Paco Cano. Ed. PT, IT43) Carlos Macêdo / Dornelles / Zediolavo, Caleidoscópio, 2012. T. Paulo Klein e C. Macêdo. Ed. PT, IT.44) Mohamed Bouzoubaâ, “L’Homme” dans tous ses états, 2012. T. Rachid Amahjou e A. M’Rabet. Ed. PT, IT, FR.45) Moss, Retour aux Origines, 2012. T. Christine Calligaro e Christophe Corp. Ed. PT, IT.46) José Maria Barreto, Triunfo da Independência Nacional, 2012. T. Daniel Spínola. Ed. PT, IT.47) Giuliano Ghelli, La festa della pittura, 2012. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, FR.48) Francesco Cubeddu e Marco Pili, Terre di Vernaccia, 2012. T. Tonino Cau. Ed. PT, FR.49) Rui Macedo, De Pictura, 2012. T. Maria João Gamito. Ed. IT, FR. 50) Angiolo Volpe, Passaggi pedonali per l’ infinito, 2012. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, IT.51) Djosa, Criôlo, 2012. T. Jesus Pães Loureiro e Sebastião Ramalho. Ed. PT, IT, FR.52) Marjorie Sonnenschein, Trajetória, 2013. T. Marcelo Savignano. Ed. PT, IT.53) Ilias Selfati, Arrest, 2013. T. Marie Deparis-Yafil. Ed. PT, IT, FR.54) Pierre Duba, Un portrait de moitié Claire, 2013. T. Daniel Jeanneteau. Ed. PT, IT. 55) Weaver, WEAVER DISCOS pop descarado, 2013. T. Ritelza Cabral. Ed. PT, IT. 56) Giuliana Collu & Roberto Ziranu, Terra è Ferru, 2013. T. Tonino Cau. Ed. PT, FR.

57) 7sóis.CriArt, Os Laboratórios de Criatividade do Centrum Sete Sóis Sete Luas (2010-2012), 2013. Ed. PT, IT, FR.58) Laka, El Viajero, 2013. T. Marilena Lombardi, Roberto Brunetti. Ed. PT, IT.59) Ugo Nespolo, Il Mondo a Colori, 2013. T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, FR.60) Hassan Echair, Horizon plombé, 2013 T. Nicole de Pontchara, Jean L. Froment, Faïssal Sultan, Pierre Hamelin. Ed. PT, IT.61) Cristina Maria Ferreira, Esculturas do meu Fado, 2013 T. Sérgio Barroso, António Manuel de Moraes. Ed. IT, FR.62) Nela Barbosa, Olga Kulkchenko, Leomar e Tutú Sousa, Arte de Cabo Verde no Feminino, 2013 T. Daniel Spínola. Ed. PT, IT. 63) Marcello Scarselli, Il Lavoro Dipinto, 2014 T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, FR.64) Saimir Strati, Seven Stars, 2014 T. Ronald Galleta, Alida Cenaj. Ed. PT, IT.65) Ali Hassoun, Aqueles que vão - Quelli che vanno, 2014 T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, IT. 66) Charley Fazio, Con l’isola dentro, 2014 T. Antonio Lubrano. Ed. PT, IT.67) Fulvia Zudič, Istria, 2014 T. Enzo Santese. Ed. PT, IT.68) Ahmed Al Barrak, Geste et Lumière, 2014 T. Rachid Amahjour, Hafida Aouchar. Ed. PT, IT.69) Georges D’Acunto, Au Delà-du Regard, 2014 T. Odile Bochard, Simone Tant. Ed. PT, IT, FR.70) Alfredo Gioventù & Khaled Ben Slimane, Mãe Terra Mar, 2014 T. Alfredo Gioventù, Alice Pistolesi. Ed. PT, IT.71) Obras da colecção permanente do Centrum Sete Sóis Sete Luas de Ponte de Sor (2009-2014), 2014. Ed. PT.72) Maurício Oliveira, Tropiques Utopiques, 2014 T. Moisés Oliveira Alves. Ed. PT, IT, FR.73) Hamadi Ananou, Alcancía, 2015 T. Clara Miret Nicolazzi. Ed. PT, IT.74) Mira Ličen Krmpotić, Paesaggi istriani e momenti parigini / Paisagens istrianas e momentos parisienses , 2015 T. Nives Marvin. Ed. PT, IT.75) Mahassin Kardoud, Receitas Artisticas, 2015 T. Said Choukairi. Ed. PT, IT.76) Alice Pasquini, Deep Tides Dry, 2015 T. Marta Gargiulo. Ed. PT, IT.77) Sandro Libertino, Storie d’arancio e d’azzurro cobalto, 2015 T. Riccardo Ferrucci. Ed. PT, IT.78) Cláudio César, Sentimentos, 2015 T. Carlos Macedo, Dante Diniz. Ed. PT, IT.79) Ahmed Djelilate, Émotions Méditerranéens, 2015 T. Kurt R. Stroetler. Ed. PT, IT, FR.80) Gani Llalloshi, Sensitivity of Simulacra, 2016 T. Andrej Medved. Ed. PT, IT.81) Salvador Samper, Sobre Almas, 2016 T. José Fernando Sánchez Ruiz. Ed. PT, IT.82) Antonella Magliozzi, I see, I hear, I am... the universal Energy of the Soul, 2016 T. Cosmo Mitrano, Antonio Sorgente. Ed. PT, IT, FR.83) Zelito, Em Louvor das Mulheres, 2016 T. Daniel Rodrigues Spínola; João Cardoso. Ed. PT, IT.84) Abdelkarim Elazhar, Regards, 2016 T. Abdelaziz Mouride; Mostafa Chebbak; Khadija Alaoui. Ed. PT, IT, FR.85) Zed1, Il lato nascosto - “O lado oculto”, 2016 T. Federica Fiumelli. Ed. PT, IT.86) Sérgio Helle, Paradisus, 2016 T. Roberto Galvão. Ed. PT, IT.87) Pepe Gutiérrez, Código de Luz, 2016 T. Ramón Galindo Morales. Ed. PT, IT.88) Fernando França, Encantes Amazónicos, 2017 T. Binho Marques. Ed. PT, IT.89) Luis Ibañez, Paisajes Inquietantes, 2017 T. José Fernando Sánchez Ruiz. Ed. PT, IT.90) Fatima Bikerouane, Slimane Drissi e Mohammed El Mountassir, Espaçoa, Atmosferas e Cores D’essaouira Mogador, 2017, T. Rachid Elhahi, Victor Mennessier e Mohamed Tahdaini. Ed. PT, FR.91) Tutu Sousa, Meus aCORdes, 2017, T. Leonel Sambe. Ed. PT, IT.92) Charly Lesquelin e Méo, Kréol World, 2017, T. Alain Courbis. Ed. PT, IT.93) Tchalê Figueira, O Mundo Onìrico, 2017, T. Ireneu Rocha e Vasco Martis. Ed. PT, IT.94) Mario Madiai, Imprevedibili Emozioni, 2017, T. Patrizia Turini e Riccardo Ferrucci. Ed. PT, IT.95) Stênio, Manuel de Caligrafia e Pintura, 2017, T. Gilmar de Carvalho. Ed. PT, IT96) Alfredo Martìnez Pérez, Desde Alameda de Cervera Pinturas y Esculturas de Alfredo Martìnez Pèrez , 2018, T. Amador Palacios, Jesùs de Haro Malpesa, Severino canas e J. Ruyz. Ed. PT, IT.97) Mégot, Vous êtes ici, 2018, T. Vasanda Valin. Ed. PT, IT98) Alain Marquina e Alessandro Puccinelli , De muscat et cortiça, 2018, T. Alain Marquina, Alessandro Puccinelli, Lucie DerouxEd. PT, FR, IT99) Jairson Morais Lima, O quotidiano cabo-verdiano, 2018, T. Alvaro Zacarias Monteiro, Jairson Morais Lima. Ed. PT, FR, IT 100) Anaïs-Armelle Guiraud, Le Petit Cabinet, 2018, T. Corine Girieud, Anaïs-Armelle Guiraud. Ed. PT, FR, IT101) Roberto Fanari , Il Rumore delle Nuvole, 2018, T. Alessandro Romanini, Riccardo Ferruccio. Ed. PT, IT102) Pierre Farel, Soleil de Méditerranée, 2018, T. Canoline Critiks, Christophe Mondoloni. Ed. PT, IT103) Pedro Orozco Tristán, momentos, 2019, T. José Luis Gómez Barceló. Ed. PT, IT104) Vasko Vidmar, Ideogrammi II, 2019, T. Maja Bjelica. Ed. PT, FR, IT105) Eduardo Bentub, Sodade, 2019, T. Eduardo Bentub, Omar Camilo, Mario Berdič. Ed. PT, IT106) Sancho el Quijote & Quijote el Sancho, 2019, T. José Fernando Sanchez. Ed. ES, PT107) Ascanio, Impossibile creato, 2019, T. Maurizio Gronchi, Riccardo Ferrucci. Ed. PT, IT

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Festival Sete Sóis Sete Luas

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