ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 1 DE AGOSTO DE 1914 NUM. 1600 á...

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ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 1 DE AGOSTO DE 1914 NUM. 1600 á^>^#CT °, DIA v^Rfí.===== SEMANÁRIO HUMORÍSTICO lLLUSTRADp ¦ % Tj(,, NU ¦yf] Redacção, escriptorio e officinas - Rua do Hospicio N. 218 »• Telephone N. 3515 ==: el: ELLA Oh I diabo ! Meu marido I... Comtanto que elle nào me tenha visto sahir da casa de rendez-vous !... ELLE Oh 1 diabo ! Minha mulher !.. . Comtanto que ella não me veja entrar na casa da Libania !... Do pharmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRA PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphilis' Vende-se em todas as Pharmacias e Drogarias.

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ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 1 DE AGOSTO DE 1914 NUM. 1600

á^>^#CT °, DIAv^Rfí. ===== SEMANÁRIO HUMORÍSTICO lLLUSTRADp ¦ % Tj(,,

NU¦yf]

Redacção, escriptorio e officinas - Rua do Hospicio N. 218 »• Telephone N. 3515

==:

el:ELLA — Oh I diabo ! Meu marido I... Comtanto que elle nào me tenha visto sahir da casa

de rendez-vous !...ELLE — Oh 1 diabo ! Minha mulher !.. . Comtanto que ella não me veja entrar na casa da

Libania !...

Do pharmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRAPELOTAS - RIO GRANDE DO SUL

Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphilis'Vende-se em todas as Pharmacias e Drogarias.

15) (-) O RIO NU (--) tara!-1 de Agosto ele H1I4 (gjjgj:

.IH^lP-EIDHEPnrtE

D DO C JZ

FUNDADO EM 1898

ASSIGNATURASAiiiio . . . 12Í000 | Semestre. . 7*000

Exterior : Anno 20f000Numero avulso, 200 réis

Nos Estados e no interior, 300 réis_S^

Toda a correspondência, seja doque espécie fôr, deve ser dirigida aogerente desta folha.

E5_2__^S_S3_3__íSiS__2-SS!-a^

A princeza Shan-ha-tunga

fe) princeza Slian-lia-tunga é maisformosa e radiante que os raios

iffijf™" luminosos do sol que illtiiiiina_-_iyp;,' o Império do Sol Nascente. Seu

corpo é mais flexível que o junco; seus olhosbrilham mais que as esmeraldas que ornamas insígnias dos mandarins.

O 'imperador, conhecendo e apreciando

a formosura da princeza, lhe dissera um dia:O poderoso Budha jamais dotou a ter-

ra com uma flor mais adorável e mais for-mosa do que tu ; todos os homens hão deadorar-te, mas não deveras escutar as pala-vras de nenhum delles. Nunca! Tua esplen-elida belleza, tua virginal virtude pertencemao principe Sama-Yako, para quem te crio econservo. Desgraçada de ti si consentires queo amor de outro homem te penetre no coração!

Era tarde, porém... A priucezinha ou-viu as palavras do pai e calou... A' noite,eniqtiaiito o imperador se entretiuha com osseus homens de estado, ella desceu ao jar-dim e lá ao fundo, num pittoresco kiosquecoberto de trepadeiras em flor, cahiu maisuma vez nos braços do amante, que a espe-rava todas as noites, ardendo de desejos ede amor...

Por infelicidade do amoroso casal que,havia três mezes, sem que ninguém o perce-besse, se entregava ás delicias daquellas en-trevistas, um dos guardas do jardim apanhou-os quasi em flagrante e correu a dar parte aoimperador. Este, desoladissimo, dirigiu-seao kiosque disposto a castigar o insolenteseduetor, mas não chegou a alcançal-o porhaver fugido a tempo.

Ardendo em cólera, interpelloti a filha :Desgraçada 1 Quem é esse homem ?

Esse homem?... Não sei... E' a pri-meira vez que o vejo...

Pronunciou essas palavras com tantacalma e tanta innocencia, que o pai sentiu-selogo alliviado.

E que te disse elle ?—perguntou oimperador.

Apenas teve tempo de me dizer queeu era formosa... Com a tua chegada nãopoude continuar.. .

Erguendo os olhos ao céo, o zeloso pro-genitor da princeza exclamou :

__ Grande Budha 1 Eu te agradeço o te-res permittido que eu chegasse a tempo 1Vem dahi, filha ingrata e desnattirada 1

Colheu-a pelo braço e conduziu-a para aparte mais elevada da torre do palácio, ondea encerrou.

— Ficarás aqui até que o principe Sarna-Yako te venha pedir em casamento. Nada tefaltará, mas só coinmunicarás com outraspessoas por essa janellinha de grades. Quanto

a mini, só me verás no dia em que cessar oleu capliveiro, isto é, quando fores pedidapelo principe. Adeus 1

Haviam decorrido quatro annos quandoo principe Sama-Yako resolveu pedir a mãoda princeza Shan-ha-tunga.

Salve, glorioso filho de Budha !—dis-se elle ao imperador. Venho solicitar tua fi-lha em casamento, pois, segundo me dissesteha tempos, ella é pura e formosa...

-- Pura, posso garantir que é; formosa éque não sei poi que não a vejo ha quatro annos.

Está fora da corte, então?O pai da princeza, tremendo de emoção,

referiu ao principe a aventura do kiosque esua resolução de a encerrar na torre do pa-lacio, occultando-a aos olhos de todo o num-do até ao momento de ser entregue ao prin-cipe que deveria desposal-a.

Sama-Yako ficou satisfeito, com essa con-fidencia c exclamou :

Vai buscal-a immediatamente !Podemos ir juntos, principe. Assim,

a alegria da princeza será dupla.E subiram ambos as longas escadarias

que iam ter ao uiinarete. Chegaram á portaque se fechara havia quatro annos e o im-perador, com a mão tremula, introduziu achave na fechadura e abriu-a, gritando loucotle alegria :

Minha filha !... Shan-ha-tunga ! Sai 1Sai... Vem a meus braços !

Ninguém respondeu.Shan-ha-tunga I —continuou elle. Ly-

rio azul do meu palácio, vem ! Aqui está oteu noivo, o principe Sama-Yako 1...

Continuava o mesmo silencio. O impe-rador dispunha-se a entrar quando do inte-rior da habitação sahiu uma linda meninaduns três annos de idade, que se plantoudiante delle e perguntou :

Que queres ?Surprehendido, o monarcha respondeu :

Shan-ha-tunga ! Venho buscar Shan-ha-tunga ! Mas quem és tu ?

Por única resposta, a criança voltou-separa dentro e gritou:O' mamai, está aqui um sujeito á tuaprocura !...

A. Marco.

Tônico .laponciEPara perfumar o cabello e destruir as

parasitas, evitando com seu uso diário to-das as enfermidades da cabeça, não hacomo o Tônico Japonez — Ruas : Andra-das, 43 a 47 e Hospício, 164 e 166.

g_r raat."iras.>¦HMll !¦¦:. .ii .'•. MT

E' um gajo de papo ainarello e da pá vira-da um cidadão allamüo, ou coisa que o vai-ha, que anda actualmente ás voltas com a po-licia para destrinçar um negocio, todo cheiode complicações, com uma certa dama decompanhia que fez mais alguma coisa quecompanhia ao pândego.

O caso, olhado assim á primeira vista,parece não ter interesse, nem nada, mas as-sumptado com todas as regras das juntações,fica roxo e não se sabe quem passou a per-na no outro, si foi o mano da terra doKaiser, ou si foi a cachopa das lusas plagas.

¦ O troço passou-se mais ou menos assim:Elle andava splecnetico, casniur.ro, me-

dilabundo, tal qual perú desazndo. Faltava-lhe uma coisa 011 talvez lhe sobrasse.

Como, porém, era um cabra austero,que detesta certas intimidadas, redigiu um an-núncio com Iodos e,s ff e rr pedindo... umadama de companhia para casa de 11111 cava-lheiro de respeito.

A esse tempo ella, ellazinha, havia che-gado da terra em companhia do tilio e an-davam os dois numa eavação preta para des-encrencar a vida com um empreguinho paraella.

O titio... esse depois ia garantiudo-secom cerleza. Assim, quando elle viu o aniiiin-cio do allamão, fez uns olhííes todos ternurase disse á sobrinha:

Aqui está uma casa que te serbe.Lê lá, ó tio I

E elle com unia vozinha assucarada foigaguejando o annuncio meio assai apantado ecom receio que a rica sobrinha desse o estrilo.

Mas, ó tio, eu hei d'ir pr'a casa deum homem solteiro "r

O que é que tem isso? Tu liais sópara fazeri companhia. Si fosse p'ra todo oserbiço bá lá... mas é companhia... e des-pois elle ha de seri belhiisco.

Pois então, tio, eu boti.Está feito, tu íincas-te lá, ganhas uns

patacos e ospois banios pr'a terrinha.Ella se foram á casa do allamão, que não

era velho, nem nada e que grelou a cacho-pa tratando, sem discutir, os serviços da damade companhia por cem bagaroles mensaes.

Como se vê, para o titio e, muito espe-cialménte, para a sobrinha, chegadiiiha hapouco, era negocio da China, um páo por umolho. Assim elle foi-se e ella ficou investidade dama de companhia de.. . um cavalheirosolteiro.

No mais calminho dos viveres, na maisdoce das harmonias passaram patrão e da-ma de companhia exactamente nove mezes,o período preciso para um cidadão menosallamão que o nosso heroe augmentar a raça.

Pois, camaradòes leitores, 110 fim dessetempo o titio extremoso e a sobrinha chega-dinha surgiram na delegacia aceusando o pa-trão desta de não querer pagar-lhe os nove-centos fachos do serviço de... dama de com-panhia.

Intimado, o supplicante vai á delegacia eelle e ellazinha travam este dialogo.

O sinhor nam qtieri pagarmi.Mas, minha amor, eu está dá piá vocêvestida muita cara, muita jóia, muita dinheira.

Sim sinhori, retruca a cachopa bai-xando os olhos, mas o serviço de... damao sinhori não qtieri pagari.

O allamão arregala os olhos e volta separa o delegado :

Senhor doutor, eu tem que paga doisordenadas a esta mulher?

A autoridade, que já estava atrapalhadapara desmanchar o nó, buscou uma sabida 110passo do jocotó :

Diga-me: o senhor quando tratou estasenhora disse que era para dama de compa-nhia diurna e nocturna?

Non senhorr...Logo, houve serviço dobrado; tem que

pagar.O pobre allamão pagou e... bufou, tanto

que ao sahir ia resmungando :Mim está burra 1 Agora em vez pede

dama de companhia eu vai pede... p'ra todaserviço!

L. REPÓRTER.

Pomada Seccativa de São LázaroA única que cura toda e qualquer ferida

sem prejudicar o sangue; allivia qualquerdor, como a erysipela e o rheumatismo. Co-nhecida em todo o universo. Ruas dos An-dradas, 43 a 47 e Hospício, 164 e 166.

=iS 1 de Agosto de 1914 -BB (-) O RIO NU (-) gg=

^ WiP ^^' fe^.1^^®^®^!

CDA peça fantástica Sonho dourado, que

a companhia do Apollo offereceu ao publico,tem unia passagem indecentissima : a entra-.Ia, em scena, de um jumento que escanda-lizaa platéa com uma exl.ibição inconveniente.

Aquillo pôde ser o sonho dourado daempreza, mas das famílias é que não pôdeser.

tf-r'' Depois de Sua Magestade diverte-se,a empreza do theatro Recreio entendeu tan.-bem divertir-se com os assignantes da com-panhia Taveira e.iipurrando-lhes uma recitacom o estafadissimo e velhíssimo Sino doEremiterio, outróra muito applaudido pelosnossos bisavós.

*-p Com a primeira representação da re-vista Vinho Novo, original de J. Ribeiro, rea-lizou na quarta-feira a sua festa artística oensaiador Avellar Pereira.

O theatro S. Pedro encheu-se á cunha,sendo muito festejados o beneficiado e oautor da peça.

ira" Recebemos a seguinte carta :«Sr. João Ratão :Saudações.Fui esta noite correr a zona theatral

para pescar alguma coisa sobre a vida deuma zinha da dita zona, que não possonomear, e tive oceasião de apreciar algumasfitas que, certamente, são para o Sr. de mui-tissimo interesse.

Vou narral-as.No S. Pedro houve séria encrenca entre

a Herminia, a Leonor e o João de Deus, daqual resultou este ultimo ter-se despedidoda companhia, levando co.nsigo a dita Leo-nor e mais dois, que peço licença para nãonomear. Estes nada tiveram com a questão,mas como estão mal contentes com a empresaresolveram acompanhar o João de Deus e, aoque parece, os tres estão resolvidos, apro-veitando o auxilio de um grosso capitalista,a formar uma Sociedade Empresaria que,sem duvida, arrasará o nosso trust theatral.

O Avellar riu-se muito com a despedidado João e disse que o que elle queria eraque puzessem a Herminia para fora, coisaque elle não podia fazer, porque, segundoouvi dizer á Maria Amélia, a Herminia foique... convenceu o intendente a arranjar parao Avellar a historia da limpeza das chaminés...historia essa que é de lucros fabulososgarantidos,e dos quaes vão gosar o Monteiro,o Alberto Ferreira, o ühira e o dilo Avellar.

O Loureiro já sabe dessa historia de Um-/:eza, mas o ladrão não liga por que andapreoccupadissi.no com as companhias oucom o pessoal das companhias do Recreio edo Apollo.

Diz o Loureiro que a companhia do SãoPedro já mandou suspender a pintura dosscenarios da revista Adeus, ó coisa', dizendoque não quer mais n.ontal-a, razão por que oRego Barros anda furioso e sem saber o quefazer.

A companhia Adelina Abrancl.es já,quando aqui esteve, deu água pelas barbas aoLoureiro, não porque a companhia fosse láessas coisas, mas porque a menina do choco-late era doce de mais e o Loureiro deixou-see.nbeber muito nessa doçura... talvez semresultado, é claro.

Tratando da nova companhia do Apollo,as zinhos que nella vêm têm um palmini.o decara menos má e, enquanto ellas são inex-

DA

Ninguém deve por amor á economia e bomgosto, mandar fazer um costume completo, umsimples paletot, um collete ou um par de cal-ças, sem primeiramente ir ali á AlfaiatariaGuanabara, o celebre 3-í da rua da Ca-rioca, e verificar o maghificente u variado sor-time.ito de fazendas e roupas feilas de que dis-põe aquelle estabelecimento.

Chegar ali e verificar os preços, é ficar fre-guez. Iiicontestavelmenle a Alfaiataria ..Guana-bara vende tudo bom e barato e pode-se consi-derarsem rival na Republica, quanto á variedadee importância do stoclc.

MARCA REGISTRADA->f

Enviam-se instrucções e acceitam-se pedidosdo interior, dando-se agencia.

perientes, parece que o Loureiro quer pro-tegel-as.Qucm me afíirmou isso foi ajosephinaSoares, a mais feia da companhia, e até megarantiu tel-o visto dizer á Micas que fossepara uni hotel de qualquer preço.. . porque aMicas disse que queria ir para um hotelbaratinho, pelo menos até arranjar um gabirá.

O Roldão também me contou que ellepromettera proteger a do camarim n. 6 —que a Josephina não se surprehenda — e queaté pagou um carregador especial para lhe irpôr naquelle camarim a mala que ella trouxedas 0'ropicas.

Outra com quem elle quiz entender-se éajustina, mas encontrou pela proa o Tava-res, que diz que é seu tutor.

Com quem elle nada quiz foi com ajose-phina. Essa, porém, está convencida de quenão é bonita e, pelo sim, pelo não, apenaschegou,foi-se chegando para o Horacio, outrodes-sympathico (e maníaco, ainda por cima)que, certamente, estará nos moldes para aconsolar.

No Recreio, por certo que elle bem quer,mas não tem nada, porque as zinhos daliestão todas oecupadas.

E si não vejamos.A Auzenda é do Leitão. E dizendo-se «é

do Leitão» está dito tudo, porque o Luizinhoé egoísta p'ra burro (a expressão cabe) e sólamenta não ter, como o Argos da Fábula,cem olhos para trazel-os constantemente emcima da sua diva.

A Medina — salve Deus a quem tentaratirar-se a ella! Si não houvesse assassinato,teríamos sem duvida um suicídio masculino.

A Irene anda aprendendo a falar o idiomada Turquia, porque pretende brevementefazer parte de um harem-artnarinlio daquellacapital, mas installado nesta. .

A Thereza anda maluca pelo gajo daleiteria.

A Maria Costa, desde que espantou oMario Santos, só vê com bons olhos o doutordas dúzias.

A Eugenia, não obstante os protestos deamor do Tifão, continua a esperar anciosa-mente o noivo mondrongo para com elle daro sagrado nó.

A Judith diz que é virgolina e que nãoestá resolvida ir no arrastão.

A Maria da Piedade entendeu-se regu-larmente com o Candeira e com o Catalã; éum menage á trois de X. P. T. O.

A Mareia tem um gabirú, que a leva paraa frisa, quando ella descansa em algumapeça.

A Maria Santos e a Judice da Costa sóquerem bem á Loção Dcmzi, por ser o únicopreparado infallive! contra a caspa e a quedados eabellos.

E ainda ha os amores das outras, queseria fastidioso citar, mesmo ligeiramente.

|á vê, pois. ó seu Zélóreiro, que assainhas do Recreio têm todas pintos calçadoscom quem se entretenham.

Do sempre amigo — Anterico Videira.»,Está conforme.

JOÃO RATÃO.

M((D(lte 311 CcDIlUClUlIPg©

Para o MOTTE ... 5 da 4J serieFica-te ahi mesmo na pontaQue ea cá me arranjo no meio

recebemos as seguintes glosas :Marietta não repontaQuando em noites de calor, 'Eu lhe digo : — Meu amor,Fica-te ahi mesmo na ponta.Mas assim que o sol despontaElla ardendo em grande ancejo,Mostrando-me o lindo seio,Diz-me num tom requebrado :— Oh I filho, põe-te de ladoQue eu cá me arranjo no meio.

TOSCA.

P'ra se vingar duma affronta,Disse a Zépha MariannaAo maridinho Banana :Fica-te ahi mesmo na pontaE não te enganes na conta.Desaperta-me bem o seioQue mu faz mal o recheio.P'ra não fica.es cansado,Colloca-te mesmo de lado,Que eu cá me arranjo no meio.

ZÉDORIO.

Julinha nào fiques tontaCom o jogar da canoa,Eu manobro cá na proa,Fica-te ahi mesmo na pontaVamos dar uma por conta...Remada, mas bem em cheio,Pega o remo sem receioAproveita a viração,Fica em qualquer posiçãoQue eu cá me arranjo no meio.

H. RAMON.

E' coisa que nâo se contaPorque se passou commigo..Chamo a Julieta e lhe digo :Fica-te ahi mesmo na pontaE não te faças de tonta,Não quero que faças feio...Escusas 'star com receio,Chega-te aqui a meu lado,Nâo tenhas muito cuidadoQue eu cá me arranjo no meio.

SANTARRÀO.

-i» SerieMOTTE N. 7

Meu gatinho ha dc comerA tua linda pombinha.

Glosas até 8 de Agosto próximo.

4 ==§_§] (-) O RIO NU (¦ , r"<;t,! - 1 de Agosto de 1914 eb=

£?fíp!Labanarrr&anaJ

O arciier Joaquim Cotitinlio ia, todo «cheiode si», ao lado de formosa morena, frequen-tadora assídua das corridas no Jockey-Club,pela rua D. Anua Nery, quando a moreuinha,que é «sortista», deu para olhar para trás,fazendo grellaçào com um rapaz smart, todomettido cm um frack marrou.

O «aprendiz» deu o desespero e quernos parecer que queria fazer fita de valente !

Olha, menino, não vá te acontecer comoaconteceu com o Domingos Soares quandoa namorou, pois elle, querendo deitar muitosmartismo, acabou devendo até ao barbeiroem Santa-Cruz!

Estes archers são... umas águias!it*1 E' tão grande a paixão do tenente

Wllliam pela pequena moreuinha do Meyerque fêl-o adoecer gravemente no dia da suapartida para a Europa.

Seria molest.a mesmo ou foi manha, seutenente ?

*3" Houve uma grande catastrophe noMaison Moderne: foram demittidos o Bar-bosa e o «Malcriadâo» do Pinto !

.«r o «Belgas» continua a jogar a biscaã portugueza com a galante Pequena de olhosfeiticeiros, mas não perdeu o habito de comer,de vêz em quando, uma... jaboticaba '.

Não fosse o «Bêrgas» filho de... Por-tugal!

P5*». .ts" A formosa Bertha conseguiu apanharno bolso da sobre-casaca do seu loiro amado

_^0 uma carta cheia de ardente paixão e de pro-messas dum amor eterno e sem limites.

A adorável creatura, que sente pelo mor-rudo rapaz uma paixão violenta, ficou comolouca ao descobrir a causa porque «elle» jánào ia agora todas as noites ao seu «ninho» !

Encontramol-a ha dias, sempre muitoformosa, mas muito triste tambem.

Ao ver a tristeza que cobria aquelle for-mosissimo rosto, não nos contiv.emos e lheperguntámos: V, '¦¦';.'

Então, Bertha, o que é isto ? Quetristeza é esta? .'. ..- ."

O que ha de ser, meu amigo ? 0'meti«adorado» já não tem para mim aquellasternas earieias que outrora faziam-me tãofeliz.

Elle agora ama formosa «virgem», é todoearieias para uma Car...

Linda, muito linda estava a adorávelBertha ao dizer as ultimas syllabas, o rostoafogueado ainda era mais formoso tendo aperolar-lhe as faces rosadas duas lagrimassentidas!

Quanto amor, não é, seu O' Neill?*& O Fernandes viu-se atrapalhado para

explicar aquelle telegramma que dizia assim:«Segue o porquinho».Realmente foi uma brincadeira de máo

gosto, ó Fernandes; mas onde estaria o...gato?

O Nelson...Bom, seu Nelson, por hoje, não conta-

mos ainda.ttíir Oactivo Barroso do «Maison Moderne»

parece que gosta de amar... meninos !Ora o Barroso !ís1 O dandy João Bittencourt, cansado de

amar suburbanas, conseguiu cavar num choppuma Carmen, com quem anda de granderabicho.

O João quererá dar para... rufia ?«r A esguia Ercia ficou «queimada»

com a tal nota sobre a sua ollerta ao guarda-maluco da Locomoção.

O' loira telephonisla, pois tu nâo.perce-bes que aquelle bi im.. .cadeira jiãd-passotide uma brincadeira *

Nós bem sabemos que, si fosses darum terno ao teu Annibal, esle seria de tussòrdc seda, porque quem marcharia no mesmo,seria o... Raphacl !

ttsr Monólogo tle uma formosa pequenado Cachamby: E' lindo, é mesmo muito lindo.E' adorável tle formosura. E' uni Adonis. E'um cheriibim. E' um anjo !

— Quem? (Perguntou alguém que ouviuaquelles ditliyiambqs).

Ella como em sonho:— Quem ha de ser?Lindo, formoso, adorável, aqui no Cachamby,todos já sabem : é o Manduca !

A outra desmaiou !¦w A rosea «rosa» da rua Tenente França,

pensando ter sido seguida por seu ex-pequenodo tempo do editor-respoiisavel, foi pedirsoecorro ao abaixadinho chapeleiro da ruaLucidio Lago.

O' «zinha», porque não reúnes logo osteus tres marchantes para defenderem-te doterrível pequeno ?

No entretanto, elle nos affirmou quepodes estar descansada porque elle não vaip'ra... bófel

CORRESPONDÊNCIA

Fernandes (Meyer) —O tal «porquinho»teria referencia ao celebre 69?

C. Af. -4. (Engenho de Dentro) — Nadapor ora ? Mande com urgência.

PIRATA MOR.

Collecçâo do "Rio Nu"COMPLETA

Uma pessoa que possue a collecçâo d'0Rio Nu desde o 1" numero offerece-a ávenda.

Nesta redacção, por especial favor, ac-ceitam-se propostas das pessoas que desejemadquiril-a.

r=COLLECÇÂO DE FOGO

Consta esta primorosa collecçâo de cin-co álbuns de vistas, contendophotographias tiradas do natural e poris;o mesmo expressivas, instruetivase... aperitivas. — A collecçâo completa representa ^Oposições diversas, com as respectivasexplicações e constitue o mais prodi-gioso tônico para levantar organismosdepauperados. Os álbuns são numerados dei a 5e vendem-se em nosso escriptorio a 1Scada um; os pedidos feitos pelo Correiodevem vir acompanhados de mais 500réis para cada álbum, quando encom-mendados isoladamente ; para recebera collecçâo completa (os cinco álbuns)basta mandar a importância de seismil réis. — — Os pedidos de fora, que serão prompta-mente attendidos, devem ser endereça-dos, com as respectivas importâncias, a

Alfredo Velloso -RUA D0 hospício n. 2ísm—m—m-^-n———m R'o de Janeiro

Bibliotheca d'0 RIO NU

A CABEÇA DO CARVALHO - Pyrami-dal trabalho do bestunto do incomparavel Va-gabundo, 2r000; pelo Correio, 2,«500.

SCENAS DE ALCOVA — Interessantis-simos episódios da vida de um pobre copei-ro que acaba como patrão da patroa, 1J500;pelo Correio, 2ÍO00.

AMORES DE UM FRADE - (3" edição,n. 1 da «Collecçâo Amorosa») — Escândalo-sas peripécias de amor prohibido, acompa-nhado de interessantes gravuras. Verdadci-ras scenas dignas da antiga Roma. Preço,500 réis. Pelo Correio, 800 réis.

NOITE DE NOIVADO-(n. 2 da «Col-lecção Amorosa»)— Episódios picantes entreum casal recem-unido pelos laços do matri-monio, contados por Mathusalém, 500 réis;pelo Correio, fOJ réis.

MADAME MINET — (n. 3 da «CollecçâoAmorosa») — Historia de uma linda viuviHliapatusca, que para comer exige apperiiivos es-peciaes... Custa 500 rs.; pelo Correio, 800 réis-

CASTA SUZANNA — (n. 4 da «Collec-ção Amorosa») — Empolgante descripção descenas amorosas passadas entre uma don-zelia e Lúcio d'Amour, que afinal consegueentrar em Barcelona depois de varias invés-tidas pelas redondezas. Preço, 500 rs.; peloCorreio, 800 rs.

SANDW1CH — (n. 5 da Collecçâo Amo-rosa) — Peripécias interessantes dos primei-ros gosos de uma mulher recem-casada,narradas por ella a uma amiga. Preço 500réis; pelo Correio, 800 réis.

ÁLBUNS DE VISTAS — Collecçâode Fogo, contendo cada um oito gravurastiradas do natural, impressas em papel cou-ché de Ia qualidade e acompanhadas de bel-los versos explicativos de cada scena.repre-sentada. Estão publicados os ns. 1, 2, 3, 4 e5. Preço de cada um, 1$000; pelo Correio1Í500.

CONTOS RÁPIDOS —Estão pu-bücados os seguintes : N. 1, Tio Empa-ta — N. 2, A Mulher de Fogo —N. 3, D. Engracia — N. 4, Faz tudo...

N. 5, A Viuva Alegre — N. 6, OMenino do Gouveia — N. 7, APulga — N. 8, O Correio do Amor

N. 9, Dolores, N. 10, FamiliaModerna e N. 11, Na Zona...

Todos esses contos, que são escriptosem linguagem ultra livre, contendo uma gra-vura cada um, narram as mais pittorescasscenas de amor para todos os paladares.

Cada um custa unicamente 300 rs., peloCorreio : 500 rs.

Todos os livros acima citados saoillustrados com gravuras tiradas donatural.

¦ UMA CEIA ALEGRE — Engraçadissimaparodia á «Ceia dos Cardeaes», em versosbrejeiros. Tres respeitáveis padres contamsuas aventuras amorosas, numa linguagemde alcova, sem peias... Preço, 500 réis. PeloCorreio, 800 réis.

CDOs pedidos dirigidos ao nosso escripto-

rio devem vir acompanhados da respe-ctiva importância, em vales postaes, ordenscommerciaes ou dinheiro e endereçados aALFREDO VELLOSO, Rua do Hospicio, 218.

Agua .B.njxmcza

Não ha outra que torne a pelle maiamacia. Dá ao cabello a côr que se desejs.E' tônico, faz crescer o cabello e extirpaa caspa. — Ruas: Andradas, 43 a 47 eHospicio, 164 e 166.

mm 1 de Agoslo de 1914 im (-) 0 RIO NU (-) g§ 5

Regras de civilidadeII-Damos hoje ás leitoras casadas alguns

conselhos e regras de civilidade que lhes hãode trazer ao lar a melhor das harmonias.

CDSi vosso marido tiver um gênio violento,

tratai de apazigual-o sempre; o que fácil-mente conseguireis atirando-lhe amorosa-mente ás ventas pequenos objectos, taescomo pratos, chicaras, copos, etc.

Também é de salutar effeito si vossamãi estiver em casa, que ella alise as costasdo genro com o cabo da vassoura.

CDEvitai as discussões e teimas com vosso

marido. Quando o mesmo estiver muitoemperrado num assumpto, retirai-vos, esti-rando-lhe a lingua ou dizendo-lhe adeus comum braço dobrado sobre o outro e a mãofechada em soeco.

Também não é mal ido dizer-lhe, aosahir da sala :

— Arre ! Fica-te para ahi, cabeça de boivelho!

CDNão deveis manter altercações com vosso

marido, pois jamais deveis esquecer que amulher tem no lar o papel passivo e devesempre ficar por baixo do marido, salvoquando elle manifestar desejo de tomar essaposição.

CDPara evitar taes altercações o melhor

meio é, emquanto o marido discute, a mulher.assobiar a Caraboo ou cantar a Cabocla dcCaxangá.

Ha, entretanto, senhoras que conseguem

acalmar os maridos fingindo que dormemdepois de lhes haverem dilo :

— Sabes que mais? üriuilie p'ra ahi, ávontade!

CDQuando vosso marido estiver furioso,

isto é, capaz de eoinmetter as maiores vio-leneias possíveis, nunca lhe deis as costas,pois o mesmo pode-se atirar sobre vós, euma violência feila por Irás é o diabo !...

CDSi, entretanto, elle fôr entrado em annos

e doente, não só lhe deveis dar as costascomo deixar cahir ao chão varios objectos eapanhal-os em seguida com todo o vagar,para dar margem a que elle aprecie o vosso ..bello movimento.

Sendo o cabra verdadeiramente doente,as pazes serão imiiiediatameiite celebradas.

PETRONIO.

Licor TibainaO melhor purifica»

-~ dor do sangue —

GRANADO & C. - Rua Io de Março, .4

Adivinha-se•¦Sempre tua,não me esqueço

um só momento de ti!...Hontem a minha carta foi na«Secção de Ultima Hora», nãosei se terias visto. Espero-tehoje.

(Da Gazeta de Noticias)

Hoje ella espera-o, e é de verQue bom vai ser o. . . amar.

ZE'.

craii:5<nR!:rfi?s m e5Y7$m:'.©5K. Zadinho — Não ha remédio nem geilo

que possa ageitar a tal coisa. Você foi cai-porá e cm vez de arranjar uma friictitihtisequinha e gostosa, coube-lhe por sorte umaaguada, marca choque-choque. Agora é terpaciência e ir agüentando o troço assimmesmo.

Veja si consegue umas viagensinhas pelaóropa para desenfastiar, ou então caia napândega, onde não faltam quenturas e frueti-ilhas seccas a primor.

Casado em secco—Homem, essa é bóa!Até parece combinação de você com o K.Zadinho lá de cima. Então lia quinze diasque você casou, ha quinze noites que vocêtrabalha e ainda não conseguiu nada?! Ediz que não lhe falta energia e entluisiasmo '.Pois, camarada, assim, só mesmo a picaretaou então chame ajudante para o serviço.

Quem sabe si a energia do camaradaserá somente de lingua?

Mocinho —A explicação das taes cartasque você, seu grandíssimo typo, tão alvar-mente quiz applicar ao pessoal cá da reda-cção, dá muito bem para a sua familia ; ahivai: o rei é o pacifico do marido de sua mãi,ella é a dama de copas, o valete é seu pai eo az de copas é você seu pu... nitinho.

Gouveia Bicanca — Sentimos não saberonde mora o mocinho da resposta anterior,que estava mesmo a calhar; entretanto,segundo informa o nosso collega das zonas,o quartel general desse pessoal ainda é a praçaTiradentes, notadamente as esquinas dasruas Espirito Santo, Carioca e Theatro.

Quanto ás aquellas do faz tudo, nãoforam deportadas, nem pulverisadas pelapolicia. Procure na rua do Lavradio, Maran-guape etc.

A. J. C. — Massagens electricas ou não,drogas, panacé?s, estimulantes, applicaçõesde qualquer espécie, até mesmo as irrigaçõesna raiz, tudo isso não vale nada quandoaquillo desapparece. O que lhe resta é des-cobrir para que parte do corpo elle lhe fugiue começar a funecionar por ahi.

JOÃO DURO.

Folhetim do "Rio Nu" (3)

I

ij

d''iinia e@l€Íaíã!Por PORTOS

II

O rapaz sentou-se, córando um pou-co, o que me fez duvidar muito da suacompleta innocencia.

Eu não sei o que Laura premeditava,porque as suas pernas foram-se approxi-mando a pouco e pouco de João, mãojurado este se ir afastando até quasi ficar'só

na borda da cama ; ao mesmo tempoa suu linda màozinlia, que jazia quietaentre as pernas, começou a fazer-lhe co-cegas em certo sitio.

Os dedos médios dos pés começarama fazer um trabalho que a principio nãocomprehendi, mas que bem depressa acheia significação. Como estarás lembrado,Laura dormira completamente nua, sendocu só a cobrir-lhe o esculptural corpo ;quando João batera, ella cobrira-se até

á cabeça e, neste momento, os dois seiosappareciam livres de mim; comprehendesteagora o que ella fazia com os dedos dospés? repuxava-me para deixar a descobertoos seios nevados e tumidos.

(oão tinha-lhe lançado um olharrápido, mas, timido ainda, não mais seatreveu a fazel-o, lixando obstinadamenteos desenhos do tapete. A Laura não con-vinha de certo tal timidez exagerada, maso seu cérebro depressa lhe suggeriu umremédio efficaz num plano diabólico quecila não hesitou de pôr em pratica.

Tirando um grampo do farto e asse-tinado cabello, espetou-o sem que elledesse fé, na extremidade do casaco de

^sloão que descansava sobre mim; apósisso, ligou-me a elle de forma que ficavao casaco preso a mim.

— [oão ! exclamou de repente: abreaquellas persiunas. . . .

O rapaz levanta-se rapidamente cella desprende-me dos pés para facilitar oseu plano; calcula o efleito!. . .

O pobre rapaz, que sentia qualquerpressão no casaco, voltou-se e, oh ! céos !não me é possivel pintar-te a cara queelle fez; era espanto, admiração, desejo,pudor, tudo emfim!

De certo nunca elle tinha visto tantabelleza reunida e tão abertamente exposta.Realmente, Laura era soberba na- suanudez.

Deu-se então uma scena curiosa :congestionado, os olhos desmedidamenteabertos e fixos no lindo corpo nú deLaura, murmurou abafadamente :

Que lindo ! Que lindo !E, qual aço attrahido pelo iinan, os

seus lábios approximaram-se daquellesoutros lábios mais grossos,inas mais bellos.

Foi um beijo longo, quente, que afez soltar um ai de prazer.

Mais. . . João. . . mais. E as suaslindas mãosinhas prendiam-lhe a cabeçaapertando-a entre as mãos crispadas.

Menina ! — suspirava o rapaz,inebriado; e ella apertava-o cada vez mais,suHbcando-o quasi.

Dois suspiros fundos... Ai.'... Ai!...e para ali ficaram grande espaço de tempo.

Quando João levantou a cabeça, olábio superior, já levemente assombreado,apresentava um certo brilho. . .

Elle limpou os beiços, tremulo eenvergonhado, os olhos castamente abai-xados.

(Contiuúa)

6 = g§ (-) O RIO NU (-) X. _:gg 1 de Agosto dc 1914

Ibum de um velho

os LIVROS

Desde que o capitão Anastácio Pra-xedes fora residir em Ipanema, a fazer umaestação de banhos para a saúde da sua caraesposa, a galante Miloquinha, que nesta sedesenvolvera um estranho e decidido gostopela literatura.

Jamais, até aquella época, ella se mos-traia tão romântica, tão abrazada pelo de-sejo de ler romances, de manhã á noite. Sim,não havia duvida que a capitôa lia todo osanto dia, tal a quantidade de livros que lhepassavam pelos fidalgos dedos e sob os ne-gros e pestanudos olhos.

Apezar do nosso heroe não ser ci.iqtit.l-les para quem a fortuna c madrasta, ceita-mente teria recuado ante a enorme despesada compra diária de um volume si não fora agalante delicadeza do Dr. Pernalto, que pu-zera á disposição da insaciável leitora todaa sua bibliotheca que parecia conter milharesde volumes ou ser inesgotável, para melhorclassifical-a.

O Dr. Pernalto, que era um verdadeirogentleman, de uns trinta e cinco annos talvez,forte, espadando, bom nadador, fizera co-nhecimeiito com o casal Praxedesali mesmo,em Ipanema, e foram talvez as suas capti-vantes palestras sobre bellas letras que ac-cenderam na D. Miloquinha aquelle accen-tuado amor por Montepin, Prévost, etc.

Era até um grande prazer para o capitãoouvir as longas palestras da cara metadecom o doutor, sobre esta ou aquella situaçãodo ultimo romance lido, que os dois dis-cutiam magistralmente, como profundos eeruditos mestres de literatura.

Todos os dias que o capitão Anastáciotinha que vir para a cidade era encarregadopela formosa consorte de entregar ao doutoro romance que ella devorara na véspera, e,nos dias em que elle ficava em casa, era ocopeiro o incumbido dessa missão.

Um único facto impressionava o Praxe-des : o Dr. Pernalto parecia ter unicamentelivros de dois tamanhos, um muito grandeassim como o D. Quixote, edição de luxo, eo outro muito menor, um livrinho quasi debolso.

Ainda que isso despertasse a attençãodo nosso camarada, não lhe veiu dahi a me-nor suspeita, nem também da coincidênciade carregar elle sempre o volume grandee o copeiro o menor.

Um dia, já depois de estar prompto paravir á cidade e com o grande romance, cui-dadosamente embrulhado, como sempre acon-tecia, debaixo do braço, recebeu o Praxedesum telegramma que o fez ficar em casa.

Sem nada dizer á cara-metade, o nossohomem, para que ella não ficasse privada dasua leitura, foi á casa do Dr. Pernalto e feza costumeira entrega, obtendo também a in-variável resposta que dahi a pouco seria en-viado novo romance a D. Miloquinha.

Esfregando as mãos de contente pelasurpresa que ia causar á esposa com o seuprompto regresso, o capitão tornou á casa eainda estava no quarto prodigalisando afagosá Miloquinha, que nem por isso pareciamuito alegre com a inesperada volta do con-sorte, quando a voz forte do doutor se fezouvir na sala.

— Meu amor, Miloquinha, onde estás ?Porque não vens ao meu encontro ? Eu já es-tava desanimado de te beijar hoje quando olorpa do capitão me levou o livro avisador.

E o Dr. Pernalto abriu a porta do quar-to com o tal embrulho do livro sob o braço.

Miloquinha deu um grito e desmaiou, ocapitão correu ao revólver e o Dr. Pernalto,emquanto fugia, murmurava:

— Porque diabo não me mandou a Alilo-qiiinha o outro, o livro pequeno?!. ..

M ATI IUS ALÉM.

Licor TibainaO melhor purifica"

—• dor do sangue —

GRANADO & C. - Rua \° de Março, 14

Máo signal I

Quando me ponho a pensarNa mulher de seu Carvalho,Sinto o meu sangue pular,Sinto crescer-me o... cabello:

ZE'

LOTERIAS DA CAPITAL FEDERALSabbado, 8 do corrente, ás 3 horas da tarde

100:000)000Bilhete inteiro 6J400 — Oitavos a £800

Bilhetes à venda em todas ascasas Iotericas

j^^xif }íELLA — Estou vendo si, me aquecendo a

este fogo, consigo melhorar da tosse.ELLE — Tolinha, isso é absurdo ! Toma

o Peitoral de Angico Pelotense, queé o únicoremédio efficaz para a tosse.

PIEÊC-O» raiK,»»Voa já, meu pensamento,Vai dizer á minha amadaQue o nosso amor, num momento,Foi transformado em... cavada.

PERFIS SUBURBANOS

G. O'. N. S.Este famoso pirata habita as aristocra-

ticas e elegantes plagas de Botafogo, mas énos subúrbios o campo dos seus amores edas suas conquistas.

E' cadet de Gascogne, mas raras vezesveste a farda, que lhe vai como uma luva,tornando o loiro e elegante rapaz ainda maisadorado pelo oulro sexo !

E' a paizana que elle age, porque,quando tardado, nem un. olhar, nem um sor-riso, tem para as suas jovens adoradoras.

Marinheiro ilíustrado e valente, desceu-demiti en, linha recta de uma família, emque ai,imdani as estrellas, os bordados e osgalOes, elle possiíe uma intelligencia lúcida,um talento superior.

Cumpridor recto dos seus deveres, é ris-pido na disciplina, mas jamais conseguiucastigar, sem sentir dentro do peito o cora-ção a eslalar de dor!

E' que elle possue mu coração de ouro,que só sabe perdoar. Freqüentador assíduoda Mère Lotiise, sempre em companhia dosseus collegas Reis e Barros.da formosíssimaBcrtlie, que sente por elle uma paixão vio-lenta, desappareceu repentinamente da zona !Porque? Dizem as más linguas que o loirorapaz anda apaixonado por formosa morenasuburbana, que o faz andar triste, muitotriste. Qual a razão ? Ninguém a sabe, poiso joven tenente é dum nudismo aterradorneste assumpto.

Repentinamente armou uma viagem aoVelho Mundo, mas no dia da partida...adoeceu gravemente.

Seria de paixão por deixar a sua formosaamada ? E' o que affirmani os seus amigos.

No maxixe é «campeão», pois pertence áescola dos Tolosa, Lezut, Pedrinho e Gerico,mas agora até o maxixe abandonou, pare-cendo mesmo que nem os prazeres ruidososdo Carnaval o fariam dar uma peruada nocluti, apezar de fervoroso adepto de Momo eainda mais fervoroso tenente... do diabo '.

Possue uma grande facilidade em apren-der linguas, falando correctamente o francez,o inglez, o hespanhol, o italiano e quer nos-parecer que até o japonez, (apezar daquellaenorme confusão de kri, Ari, ri, Ari), elle ofala também. O «russo» elle o aprendeucom... nas polacas» !

As suas iniciaes verdadeiras são: W.O' N. S., mas elle dá o desespero comquem o trata de William, porque, apezar deardente admirador de S. M. o Kaiser daAllemanha, diz ser brazileiro, antes de tudo,e dahi os seus amigos chamarem-n'o semprede... Guilherme !

E' que a Bertha pensa só no «perigo»por este lado, porque ignora que existe narua Imperial, Cachamby, uma linda viuvinhaque morre de amores por elle e que arde emdesejos de ser «sua» I

E' que aquelle typo de filho da loiraAlbion que possue o «Guime», (é assim queo tratam na intimidade), sempre foi adoradopelas nossas formosas patrícias.

Então, estando a falar a lingua ingleza,de cachimbo em punho, elle é um verda-deiro... inglez, mas não um inglez íleugma-tico, spleenetico e frio como um filho daverde Erix, mas um inglez vivaz, alegre eardente, como só o sabem ser os filhos desteadorado Brazil.

MAS D'AZ1L.

Au Bijou de Ia Mode ¦

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Grande depositode calçados, por

atacado e a varejo. Calçado nacional e estran-geiro para homens, senhoras e crianças. Pre-ços baratissimos, rua da Carioca n. 80 — Te-lephone 3.660.

1 de Agosto de 1014 H£ (-) O RIO NU (-) Ka= 7 i

ú^ímL^ê^mCD

yir/.SO -- O "Rio Nu" não lem repórter ai-gani nas zonas para dar uu não darnotas nesta secção ; todo açtislte quese apresentar como tal é um intriijãoe deve ser tratado como merece.

Na zona chieA Bertha da zona Marrecas já deu con-

sentimento para o gajo dar umafo... lia coma bella Cardena ; mas não sabe a polaca queo Uirafa fica depois das 4 horas da manhãcom a italiana, que lhe leva os arames emcédulas de vinte e mais ainda.

Então, seu Henrique, você gasla tantodinheiro em conquistas?

-w A Marietta da zona Marrecas tem an-dado com dor de cor... nucopia por causadas falsidades do menino Lacosta.

Mas não sabe a Marietta que o zinhoama a uma franceza da zona praia da Lapa.

mr O Amadeu C. Branco estreará pro-ximamente uo «Municipal» como tenor napeça «Barbeiro de Sevilha».

Livra!...*•*- A Angélica Fallabosta a certa hora da

madrugada costuma bcljocar na porta da suacspeluticada casa o Vic.or. Cuidado, si o Ca-vallo de Páo souber disso, você, sua func-cionaria, entra noutra surra de chinello nocachorrinho.

,tar a Olga Não Se Lava vai constante-mente á casa da Olympia Jagunça, da zonaRezende 74, esperar certo funecionario do«Tribunal», fazendo umas fitinlias e dizendoque vai buscar arame em Campos.

O que você vai fazer lá sabemos nós,pois o seu 6/oe/oí aqui já está muilo estragado.

-ta' Quando o adoutorado da Mariazinha,d.á zona Mem de Sá 88, souber que ella cm-presta o seu bibelot por cinco fachos, temosgrossa pancadaria na zona.

Agüenta, papuda 1, .ti'' Teve grande discussão com o aga-

lóado Mathias a Olympia Jagunça por causadb \50 fachos. Você arranjou, sua crioula, foilevar niu /H..-Í0 •'

.fi; A Alda Boca de Cuspe da zona Joa-qjiim Silva 139, segunda-feira passada foi ácksa de certo feiticeiro Changô, africano, mo-ràdor nos subúrbios.

Acompanhou essa funccionaria a Ca-bjoola Ritinha.. .

O que é que vocês, andam arranjando ?...

'1.' A maioral Ephigenia da zona JoaquimSilva 83 installou um «Jardim Zoológico* nasua espelunca.

Ali só escapa cila !**>• A Zinha da zona Joaquim Silva 119

marcou um certo rendez-vous a uma funecio-nnria pagando ella todas as despezas.

Si o seu adoutorado souber, a encrenca ccerta I

itar A ex-corista do «Rio Branco , andouna semana passada, durante parte do dia, deautomóvel na zona Rezende para vêr a crioulaOlympia Jagunça afim de fazer as pazes.

Que predileção pelo... azeviche 1tiú" Contou-nos a Maria Portugueza que

a Jiilinha Come Barro só conseguiu o logarno «Chopp» depois que gastou 60 orações nofeiliceiro.

Está regulando!...¦W Disse-nos um cançonetista que na

casa da Julia Assumpção não se pode demo-rar muito por causa dos cadáveres, que sãomuitos.

Ora, seu cantor, então a casa da As-sumpção é cemitério?

«ar O Barreto, inspector da Light, passouo... brado em certa crioula levando-a parao Jardim Zoológico.

E' assim, seu cara dura, que você arranjaempregos ?

«ar Aconselhado pela Emilia corista do«S. José», o cantador de modinhas vai fazeruso da Loção Danzl para terminar a caspa eparar a queda do seu cabello. Aproveite oconselho, seu Rondon, porque só tem a lucrar!

«ar Na casa de rendez-vous da Beatriz dazona Tlieophilo Ottoni houve grossa encrenca,devido ás argolas...

A Chica e a professora de guitarra apa-nharam p'ra burro.

O Fonseca Florista não poderá terminarcom essas fitas?!«ar Anda aborrecida e doente com dor decor... nucopia a Catita Repolhuda da zonaLavradio, porque o seu adorado meninoEduardo não acceitou as suas promessas efez as pazes com a Idalina Alma do Inferno.

Ora, dona Repulhuda, você desta vez dei-xa de ser elephante 1

LINGUA DE PRATA.

Entre elles

Carlotinha inda é donzella.Isso, amigo, dizes tu !Porque ?!

— Já dormi com ellaE os taes signaes de donzellaNão lh'os achei, nem no.. .pulso.

ZÉ.

irllllãlilfl,

fNÜ".

j' _______——

ü ¦r ú

PEITORAL DE ANGICO PELOTENSE

Não ha em todo o mundo medica-mento mais effiçaz contra tosses, resfriados,influenza, coqueluches, bronchites, etc, doque o Peitoral de Angico Pelotense, verda-deiro especifico contra a tuberculose nosprimeiros gráos. E' o melhor peitoral domundo. O Peitoral de Angico Pelotensenão exige resguardo. Vende-se em todas aspharmacias e drogarias.

Depósitos: Pelotas, Ed. C. Sequeira;Rio, Drog. Pacheco; S. Paulo, Baruel &C; Santos, Drog. Colombo.

... a crioula Jagunça ás beijocas, altahora da noite, com a ex-corista do «RioBranco»...

... certo funecionario pedindo á Olym-pia jagunça uma entrevista, obtendo comoresposta só gostar de velhos porque passam-lhe o arame...

... o Henrique Girafa dando o fora napolaca Bertha da zona Marrecas, ás 3 horasda manhã para poder ficar só com a italiana...

... a crioula Jagunça receber certo bi-Ihete de uma funccionaria custando isso ai-guns labefes e lagrimas da ex-corista...

... na zona Mem de Sá o menino Gil-let todo afoubado com a polaca...

... na zona Gomes Freire o Antenorpassando uma descompostura em certa func-cionaria...

... na zona Senhor dos Passos a Ernes-tina comprando uma cadeira de balanço emcerta casa de moveis...

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S =*= g§] (-) O RIO NU (-) gg|==gg 1 de Agosto de 1914 g_g=

INVERNO SEM FRIO

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'A / VI - / I '''¦''"_--»*_ •»¦"*** *cii,'**8

Como o inverno alé agoraA vir se não resolveu,Toda elegante senhoraDeve vestir como eu.

Uma capa assim de pellesSobre o corpo e... nada maisIsso agrada muito a ellesE alguma sorte nos traz...

Obrigatório é no invernoUsar-se qualquer abrigoMas o verão — que perigo !Ameaça ser eterno.

Por isso, esta capa usando,Contenta-se a toda a genteE aos marmanjos agradando,Anda a mulher sempre quente.

I «I

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Ü_3_»®r8*»N. -I — O TIO EMPATAN. 2 — A MULHER DE FOGON. 3 — D. ENGRACIAN. A — FAZ TUDO...N. B — A VIUVA ALEGREN. 6 — O Menino do Gouveia

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