9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA … · Iria Marisa Gevartoski do Amaral – Faculdade de...

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9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA UNIMEP/CNPq ANAIS•6A9DENOVEMBRODE2001•CAMPITAQUARALESBO

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9 º C O N G R E S S O D E

I N I C I A Ç Ã O C I E N T Í F I C A

U N I M E P / C N P qANAIS • 6 A 9 DE NOVEMBRO DE 2001 • CAMPI TAQUARAL E SBO

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ANAIS DO 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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REITORIA

Prof. Almir de Souza Maia – ReitorProf. Ely Eser Barreto César – Vice-Reitor AcadêmicoProf. Gustavo Jacques Dias Alvim – Vice-Reitor Administrativo

REPRESENTANTES DAS ÁREAS DE CONHECIMENTO

Ciências Biológicas e da Vida

Prof. Caio Cezar Randi Ferraz – FOP/UNICAMPProf. Darcio Gomes Pereira – UNIMEPProfa. Emilse Aparecida Merlin Servilha – PUCCAMPProfa. Ivone Panhoca – UNIMEPProfa. Marina Vieira da Silva – ESALQ/USPProfa. Marlene Trigo – UNIMEPProfa. Rosana Macher Teodori – UNIMEPProfa. Vanessa Monteiro Pedro – UFSCar

Ciências Exatas e da Terra

Profa. Adriana Mendes Aleixo – UNIMEPProf. Carlos Miguel Tobar Toledo – UNIMEPProf. Felipe Araújo Calarge – UNIMEPProf. José Vicente Caixeta Filho – ESALQ/USPProf. Milton Vieira Júnior – UNIMEPProfa. Sônia Maria Malmonge – UNIMEPProf. Virgílio Franco Nascimento Filho – CENA/USPProf. Toshi-Ichi Tachibana – USP

Ciências Humanas e Sociais

Prof. Dálcio Caron – ESALQ/USPProfa. Elisabete Stradiotto Siquieira – UNIMEPProf. Gabrielle Cornelli – UNIMEPProf. José Luiz Corrêa Novaes – UNIMEPProfa. Maria Angélica Penatti Pipitone – ESALQ/USPProfa. Maria Teresa Dondelli Paulillo Dal Pogetto – UNIMEPProfa. Maria Thereza Miguel Peres – UNIMEPProf. Sebastião Neto Ribeiro Guedes – UNIMEPProfa. Vera Lúcia Marão Beraquet – PUCCAMP

COORDENADORES DE TRABALHO

Prof. Antônio Fernando Godoy – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoProfa. Denise Giacomo da Motta – Faculdade de Ciências da SaúdeProfa. Iria Marisa Gevartoski do Amaral – Faculdade de Ciências da SaúdeProf. Lauriberto Paulo Belém – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasProfa. Leda Rodrigues de Assis Favetta – Faculdade de Ciências Matemática e da NaturezaProfa. Márcia Aparecida de Lima Vieira – Faculdade de EducaçãoProf. Marcos Antônio de Lima – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoProf. Marcos Cassin – Faculdade de Filosofia, História e LetrasProfa. Maria Imaculada de Lima Montebelo – Faculdade de Ciências Tecnologia da InformaçãoProfa. Maria Inês Bacellar Monteiro – Faculdade de Ciências da SaúdeProfa. Marilda de Abreu Fiore – Faculdade de Educação FísicaProf. Rinaldo Roberto de Jesus Guirro – Faculdade de Ciências da SaúdeProfa. Sandra Maria Boscolo Brienza – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasProfa. Valéria Rueda Elias Spers – Faculdade de Gestão e Negócios

COMITÊ CIENTÍFICO

Profa. Ana Célia RuggieroProfa. Cristina Broglia Feitosa LacerdaProf. Felipe Araújo CalargeProf. Francisco Carneiro JúniorProf. Marco Vinícius ChaudProfa. Maria Beatriz Bianchini BilacProfa. Maria Luiza Ozores PolacowProfa. Nádia Kassouf Pizzinatto Prof. Nilton Júlio de FariaProf. Ronaldo Seichi WadaProfa. Sandra Maria Boscolo Brienza

REVISORES AD-HOC

Prof. Gabrielli CorneliProf. José Lima JuniorProfa. Leila Maria do Amaral Campos AlmeidaProf. Silvio Donizete de Oliveira Gallo

COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof. Antônio Garrido GallegoProfa. Célia Margutti do Amaral GurgelProfa. Maria Inês Bacellar MonteiroProfa. Maria Guiomar Carneiro TomazelloProf. Rinaldo Roberto de Jesus GuirroProfa. Rosana Marcher TeodoriProfa. Sandra Maria Boscolo Brienza

ASSESSOR DE PESQUISA – VICE-REITORIA ACADÊMICA

Prof. Alvaro José Abakerli

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APRESENTAÇÃO

É com imensa satisfação que apresentamos os Anais do 9o Congresso de Iniciação Científica da

UNIMEP, mais uma vez registrando a caminhada da nossa instituição em busca da consolidação da

pesquisa como elemento indissociável da atividade acadêmica.

A iniciação científica não é somente importante pelo seu tamanho, congregando em torno de

uma única atividade formal os 14500 bolsistas financiados pelo CNPq. Ela é importante também por

reunir na mesma atividade os 9000 bolsistas mantidos pelas instituições conveniadas ao programa,

demonstrando assim o reconhecimento da sua importância pelas instituições brasileiras.

Na UNIMEP, a caminhada da iniciação científica tem sido bastante rica. Desde os seus primei-

ros passos em 1992 a atividade tem tido um crescimento notável, permitindo-nos hoje atestar sua qua-

lidade, tanto pelo conteúdo científico dos trabalhos quanto pelos resultados deles originados. Dentre

tantos resultados notáveis, a inserção do graduando no processo de pesquisa, através do domínio do

método científico, é sem dúvida aquele que mais responde aos anseios da UNIMEP, por auxiliar no

encaminhamento rápido do graduando por meio da investigação científica, rumo aos níveis mais ele-

vados da produção do conhecimento.

Apesar disso, no momento em que o país se dedica a traçar os novos rumos para a ciência, tec-

nologia e inovação dos próximos dez anos, há que se refletir sobre as mudanças necessárias na inicia-

ção científica para que ela continue a desempenhar seu importante papel na formação das futuras

gerações de pesquisadores.

No novo cenário enuncia-se a inovação como elemento indispensável do processo de pesquisa,

por ser através dela que a ciência e a tecnologia devem responder à sociedade a qual serve. Para a

UNIMEP, conforme enunciam nossas Políticas, essa inovação pode ser perfeitamente traduzida pela

responsabilidade social da pesquisa, através da qual a produção do conhecimento possa ser colocada

efetivamente a serviço de uma sociedade e assim contribuir na sua construção com justiça, alcançando

todos os seus cidadãos.

Disso, fica a reflexão sobre a nossa responsabilidade neste processo, com a certeza de que os

conhecimentos já acumulados, muitos dos quais convertidos em sabedoria, são indicativos que podem

apontar o caminho rumo a esta ciência com inovação que construa efetivamente a cidadania.

Ely Eser Barreto César

Vice-Reitor Acadêmico

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UM PROCESSO A SER DOCUMENTADO

Este livro de resumos não é destinado apenas ao registro de artigos científicos. Ele documenta

o final de um processo.

Por se tratar de um processo de Pesquisa, ele é permeado por detalhes tais como a identificação

dos autores dos trabalhos (B), dos orientadores (O) e dos colaboradores (CO). Uma observação mais

atenta revela um conjunto ainda maior de informações que auxiliam na localização das sessões de

apresentação dos trabalhos, dos patrocinadores das pesquisas, dos organizadores do evento, etc.,

podendo nos motivar a uma pergunta: qual é a razão de tantos detalhes para documentar um processo

de iniciação científica ?

Uma razão é que os programas de iniciação científica prevêem o apoio à pesquisa científica,

realizada em nível de graduação por jovens estudantes com destacado desempenho acadêmico. Estas

pesquisas devem ser destinadas a introduzir estes jovens num processo que compreende várias etapas,

desde a compreensão de uma proposta científica, elaborada por seus orientadores, até o domínio dos

diversos meios disponíveis para tornar público os resultados dos trabalhos, respondendo portanto à

sociedade que os apoiam. Disso surge a razão deste livro de resumos, que deve ser capaz de tornar

público tais resultados e documentá-los para futura utilização científica.

Entretanto, esta pesquisa científica não se resume apenas a este início e a este fim. Por se tratar

de um processo, as etapas necessárias ao seu desenvolvimento são igualmente importantes, devendo

tanto ser destacadas na publicação quando demonstradas durante o desenvolvimento das atividades. É

assim que se revelam os outros objetivos dos programas de iniciação científica, voltados a desenvolver

no aluno a capacidade de contextualização histórica e científica da sua pesquisa, de delimitação do

tema investigado, de análise, de síntese, de registro detalhado dos resultados das pesquisas, tudo isso

expresso em relatórios científicos com resumos, introduções, descrição de materiais, métodos, con-

clusões, referências bibliográficas, etc. Para subsidiar o desenvolvimento destas capacidades outros

processos devem ser aprendidos e desenvolvidos tais como a habilidade na busca bibliográfica, na

organização dos fatos científicos que orientam a pesquisa, na exposição escrita das idéias, na redação

científica e finalmente na comunicação através de exposições aos pares, algumas vezes até usando

sofisticados recursos tecnológicos.

Numa abordagem ainda mais ampla, as razões disso tudo não se limita à perspectiva do aluno

em um processo isolado pois, de acordo com as premissas dos programas de apoio, os projetos de ini-

ciação científica devem ser originados de pesquisas conduzidas por professores com reconhecida e

expressiva produção científica. Essas pesquisas dos professores respondem a requisitos semelhantes

aos dos alunos, diferenciando-se, por exemplo, pela profundidade da investigação, pelos resultados

obtidos, e pelo compromisso com a resposta à sociedade que os apoiam. Isso torna a pesquisa de ini-

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ciação científica um sub-projeto num contexto ainda maior, tornando-a portanto parte de um todo,

cujo resultado deve ser obtido pela união dos seus elementos. Isso diferencia radicalmente o processo

de iniciação científica daquele realizado por auxiliares de pesquisa, que não têm nas suas tarefas a res-

ponsabilidade implícita deste processo.

Na UNIMEP a iniciação científica é ainda mais ampla, a partir da proposta institucional de

indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, fazendo com que suas atividades contemplem

também a premissa de integrar o Processo de Ensino, portanto os cursos de graduação e a formação

do aluno, além da responsabilidade de expor a historicidade e a relevância social dos resultados cien-

tíficos, ou seja, a extensão.

Isso tudo é citado para justificar a grandeza de um programa que mobiliza centenas de alunos e

professores, comitês científicos, grupos de especialistas externos a universidade, chegando neste ano a

figuras expressivas como 2151 inscrições em 131 projetos, com a média de 4 inscrições por candidato

bolsista. Acrescentando-se a isso a demanda já existente por trabalho voluntário de iniciação cientí-

fica, torna-se clara a importância deste programa na vida institucional e na formação dos seus alunos.

Neste momento cabe portanto congratular-nos com aqueles que tornam a iniciação científica

uma realidade na UNIMEP. Ela tem sido meritória tanto por atingir seus objetivos durante o processo,

quando por conduzir nossos jovens pesquisadores de iniciação científica mais rapidamente aos níveis

mais elevados da pesquisa.

Permanece ainda o nosso desafio de expandir o sucesso deste processo para além das fronteiras

formais dos programas de fomento, tarefa esta que acreditamos que possa ser realizada a partir do

acumulado institucional em pesquisa e da criatividade certamente presente em nossa comunidade,

revelada através dos resumos aqui publicados.

Alvaro José Abackerli

Assessor de Pesquisa

Vice-Reitoria Acadêmica

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SUMÁRIO

PALESTRA DE ABERTURA

AÇÃO PEDAGÓGICA, PESQUISA E FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO .....................23

ELSA GARRIDO – Faculdade de Educação da USP

ÁREA DE CIÊNCIAS DA VIDA

SESSÃO 1

CO.01 FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELITO TIPO II E SUA RELAÇÃO COM A FISIOLOGIA AUDITIVA ...........................................................................................29

MARIANA FIGUEIREDO DE MIRANDA (B) – Curso de FonoaudiologiaSILVIA CRISTINA CREPALDI ALVES (O) – Grupo de Área de Ciências Biomédicas – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.02 PERFIL AUDIOLÓGICO EM PACIENTES DIABÉTICOS ...............................................................................31

IZABELE GONÇALVES DE CAMARGO RINCK (B) – Curso de FonoaudiologiaHELENICE YEMI NAKAMURA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeCHRISTIANE MARQUES DO COUTO (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.03 QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES DIABÉTICOS: ANÁLISE COMPORTAMENTAL ..................33

LÍVIA OLIVEIRA JOAQUIM (B) – Curso de PsicologiaMAGALI RODRIGUES SERRANO (O) – Faculdade de PsicologiaSILVIA CRISTINA CREPALDI ALVES (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.04 IMPLANTAÇÃO DE MEDIDAS PROFILÁTICAS PARA REDUÇÃO DAS TAXAS DE PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DO MUNICÍPIO DE LINS (SP) ....35

ENDRY CAROBENE FRANCESCHI (B) – Curso de OdontologiaROBERTO CARLOS GRASSI MALTA (O) – Faculdade de OdontologiaFABRÍCIO BOCCIA MOLINA (CO) – Faculdade de Odontologia

CO.05 AVALIAÇÃO DAS LESÕES CANCERIZÁVEIS NA MUCOSA BUCAL DOS PACIENTES DO MST DA REGIÃO DE PROMISSÃO EXPOSTOS AOS FATORES DE RISCO DO CÂNCER BUCAL: ÁLCOOL, TABACO, IRRITAÇÕES CRÔNICAS E RADIAÇÃO ULTRA VIOLETA .................37

ALEX LUIZ POZZOBON PEREIRA (B) – Curso de OdontologiaNANCY ALFIERI NUNES (O) – Faculdade de OdontologiaRUTE NUNES BUENO GODOY (CO) – Faculdade de Odontologia

CO.06 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA DO GRUPO EXPERIMENTAL COMPOSTO POR CRIANÇAS COM FAIXA ETÁRIA DE 5-8 ANOS DA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS – MS ..................................................................................................39

RAFAEL MIGLIORINI (B) – Curso de OdontologiaCARLOS WAGNER DE ARAÚJO WERNER (O) – Faculdade de OdontologiaEDGARD BERGAMASCHI JUNIOR (CO) – Faculdade de OdontologiaPAULO CÉSAR PERIN (CO) – Faculdade de Odontologia

CO.07 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA DE CRIANÇAS DA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS (GRUPO CONTROLE DO ESTUDO DE FLUORETAÇÃO DO LEITE DE SOJA) ...............................................................................................................41

SÉRGIO YUDI NAKAI (B) – Curso de OdontologiaCARLOS WAGNER DE ARAÚJO WERNER (O) – Faculdade de Odontologia

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CO.08 O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS PARA A COMUNIDADE SURDA E FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA-ESCOLA-DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP: O PERFIL E O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA SURDA EM UM GRUPO NO QUAL A LÍNGUA DE SINAIS É INSERIDA POR UM INSTRUTOR SURDO .......43

TAÍS MARGUTTI DO AMARAL GURGEL (B) – Curso de FonoaudiologiaCRISTINA BROGLIA FEITOSA DE LACERDA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.09 O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA A COMUNIDADE SURDA E FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP: O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA OS FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP ...............................................45

PENÉLOPE LEME MARQUES (B) – Curso de FonoaudiologiaSUELI APARECIDA CAPORALI (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeCRISTINA BROGLIA FEITOSA DE LACERDA (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

SESSÃO 2

CO.10 AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE NUTRICIONAL DO ALMOÇO PIRACICABANO ............49

MARIA CLÁUDIA BERNADES SPEXOTO (TG) – Curso de NutriçãoAMANDA PACETTA (TG) – Curso de NutriçãoTATIANA PIERI STUCHI (TG) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.11 ANÁLISE DAS ROTINAS E FLUXOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE AOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP ...........................................................51

TATIANA CRISTINA MARTINS DE SOUSA (B) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (O) – Faculdade Ciências da SaúdeRITA DE CÁSSIA BERTOLO MARTINS (CO) – Faculdade Ciências da Saúde

CO.12 PERFIL DO PROFISSIONAL ATUANTE NA ATENÇÃO DE SAÚDE AO PORTADOR DE DIABETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP ...........................................................53

VIVIAN BREGLIA ROSA (B) – Curso de NutriçãoRITA DE CÁSSIA BERTOLO MARTINS (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.13 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PRE ESCOLARES ATENDIDOS PELA PASTORAL DA CRIANÇA DA REGIÃO DE LINS ......................................................55

KARINA CECILIA CUELHAR (B) – Curso de NutriçãoANA OLIVIA KAVALAS F. DE SOUZA (CO) – Curso de NutriçãoMÍRIAM COELHO DE SOUZA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIE OSHIIWA (CO) – Universidade Estadual Paulista

CO.14 A TÉCNICA DA BIOLUMINESCÊNCIA DO ATP NO CONTROLE HIGIÊNICO-SANITÁRIO DE UTENSÍLIOS DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO ....................................57

MARIA CLÁUDIA BERNARDES SPEXOTO (B) – Curso de NutriçãoSERGIO LUIZ DE ALMEIDA ROCHELLE (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARTA CECÍLIA SOLI ALVES ROCHELLE (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeRITA DE CÁSSIA FURLAN PECORARI (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.15 CONTROLE DA HIGIENIZAÇÃO DE CUBAS GASTRONORMS PELA TÉCNICA DA BIOLUMINESCÊNCIA DO ATP EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA CIDADE DE PIRACICABA ............................................................................................................................59

RITA MARIA MARTINELI (B) – Curso de NutriçãoMARTA CECÍLIA SOLI ALVES ROCHELLE (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeRITA DE CÁSSIA FURLAN PERCORARI (CO) – Faculdade de Ciência da SaúdeSÉRGIO LUÍZ DE ALMEIDA ROCHELLE (CO) – Faculdade de Ciência da Saúde

CO.16 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE ESPONJAS MARINHAS ......................................61

CARLA EDUARDA MACHADO ROMERO (B) – Curso de NutriçãoGISLENE G.F. NASCIMENTO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

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CO.17 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE ALIMENTOS COMERCIALIZADOS EM LANCHONETES DE CAMPI UNIVERSITÁRIOS DE PIRACICABA, SP ..............................................63

RENATA LIMA DE SOUZA (TG) – Curso de NutriçãoCARLA EDUARDA MACHADO ROMERO (TG) – Curso de NutriçãoMARA SILVIA PIRES DE CAMPOS (TG) – Curso de NutriçãoGISLENE GARCIA FRANCO DO NASCIMENTO (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIA LUISA M. CALÇADA (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.18 PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES INTERNADOS NO HOSPITAL SAMARITANO DE CAMPINAS ........................................................................................................................................................65

ÍVIA CAMPOS PREVITALI (TG) – Curso de NutriçãoANA LÚCIA BORDINI (TG) – Curso de NutriçãoJOSÉ EDUARDO DE LACERDA ZACHARIAS (TG) – Curso de NutriçãoJULIANA MOLAN (TG) – Curso de NutriçãoCELINA COSTA SILVA (CO) – Hospital SamaritanoGRACIELA C. LOPES (CO) – Hospital SamaritanoVÂNIA AP. LEANDRO MERHI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.19 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO SUPORTE NUTRICIONAL PELO PACIENTE CRÍTICO ...................67

GRASIELA MARCHIORI BANDINI (TG) – Curso de NutriçãoRITA DE CÁSSIA ALMEIDA LEDIER (TG) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES OLIVEIRA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdePAULO CÉZAR VALÉRIO (CO) – Hospital Fornecedores de Cana de Piracicaba

CO.20 PERFIL NUTRICIONAL E ÓBITO DE CRIANÇAS INFECTADAS PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ........................................................................................69

CAROLINA FELTRIN (B) – Curso de NutriçãoVÂNIA APARECIDA LEANDRO-MERHI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.21 CARACTERIZAÇÃO DA PRÁTICA ALIMENTAR DOS USUÁRIOS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE SANTA TEREZINHA NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP ................................71

TATIANA CRISTINA MARTINS DE SOUSA (TG) – Curso de NutriçãoMAÍSA BOSCHIERO LEGRACIE (TG) – Curso de NutriçãoANA LÚCIA S. CERQUEIRA CÉSAR (TG) – Curso de NutriçãoANGELA CRISTINA TORCATO (TG) – Curso de NutriçãoMARINA HELENA ARAGON (TG) – Curso de NutriçãoRITA DE CÁSSIA BERTOLO MARTINS (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.22 CARACTERIÇÃO DO PADRÃO ALIMENTAR DO ALMOÇO PIRACICABANO .....................................73

ROSA MARIA ALVES (B) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeVALÉRIA APARECIDA FERRATONE (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeJADSON OLIVEIRA DA SILVA (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.23 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PRÉ ESCOLARES INDÍGENA DA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS – MS ......................................................................75

ANA OLIVIA KAVALAS FARIAS DE SOUZA (B) – Curso de NutriçãoKARINA CECÍLIA CUELHAR (CO) – Curso de NutriçãoMÍRIAM COELHO DE SOUZA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIE OSHIIWA (CO) – Universidade Estadual Paulista – UNESP

CO.24 DETERMINAÇÃO DE PONTOS DE CONTROLE (PCS) E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (PCCS) DURANTE O FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA PREPARAÇÃO CARNE MOÍDA COM LEGUMES EM UM RESTAURANTE INDUSTRIAL (RI) DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP ...........................................................................77

LÍVIA BONGERS (TG) – Curso de NutriçãoLILIANE CORRÊA MAISTRO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

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SESSÃO 3

CO.25 INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM NA PERMEAÇÃO CUTÂNEA DA CAFEÍNA: TESTE IN VIVO E AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA ..............................................................................................................................81MARLUS CHORILLI (B) – Curso de FarmáciaMARIA LUIZA OZORES POLACOW (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIA SÍLVIA M. PIRES-DE-CAMPOS (CO) – Faculdade de Ciências de SaúdeGISLAINE RICCI LEONARDI (CO) – Faculdade de Ciências de Saúde

CO.26 INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM NA PERMEAÇÃO CUTÂNEA DA CAFEÍNA: TESTE IN VITRO .......83TALITHA MARMORATO GRANZOTTO (B) – Curso de FisioterapiaMARIA SILVIA MARIANI PIRES DE CAMPOS (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeGISLAINE RICCI LEONARDI (CO) – Faculdade Ciências da SaúdeMARIA LUIZA OZORES POLACOW (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.27 EFEITO DO TRATAMENTO CRÔNICO COM METFORMINA E/OU ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE O PADRÃO ENERGÉTICO DE MÚSCULOS DESNERVADOS ......................................................85KARINA MARIA CANCELLIERO (B) – Curso de FisioterapiaCARLOS ALBERTO DA SILVA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeRINALDO GUIRRO (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.28 ALTERAÇÕES DO METABOLISMO E DO PESO MUSCULAR APÓS ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA FREQUÊNCIA ...............................................................................................................87FABIANA FORTI (B) – Curso de FisioterapiaRINALDO ROBERTO J. GUIRRO (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeCARLOS ALBERTO DA SILVA (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.29 ESTUDO DOS EFEITOS DA TÉCNICA BANDAGEM FUNCIONAL PARA O TRONCO, NO ALINHAMENTO DA POSTURA LOMBAR ........................................................................89RODRIGO GASTESI AGUIAR (B) – Curso de FisioterapiaTHATIANA BARBOZA CARNEVALLI (TG) – Curso de FisioterapiaMARIA CAROLINA BASSO SACILOTTO (TG) – Curso de FisioterapiaCARLOS ALBERTO FORNASARI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.30 A INTERFERÊNCIA DA TÉCNICA DE BANDAGEM FUNCIONAL CIRCULAR NA ROTAÇÃO DO TRONCO ...............................................................................................................................91MARIA CAROLINA BASSO SACILOTTO (TG) – Curso de FisioterapiaRODRIGO GASTESI AGUIAR (TG) – Curso de FisioterapiaTHATIANA BARBOZA CARNEVALLI (TG) – Curso de FisioterapiaCARLOS ALBERTO FORNASARI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.31 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA COLETIVA NA DIMINUIÇÃO DA DOR EM TRABALHADORES QUE PERMANECEM MAIOR PARTE DA JORNADA NA POSTURA SENTADA E USAM O COMPUTADOR ..................................................................................93FABÍOLA MARIA ERBETTA ANDRADE (TG) – Curso de FisioterapiaTHATIANA BARBOZA CARNEVALLI (TG) – Curso de FisioterapiaVERA LÚCIA MARTINEZ VIEIRA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.32 ALTERAÇÕES DO ESPECTRO DE POTÊNCIA DECORRENTES DO AQUECIMENTO POR ONDAS CURTAS TERAPÊUTICO .............................................................................................................95ANA PAULA MARTIN (TG) – Curso de FisioterapiaVIVIANE URBINI VOMERO (TG) – Curso de FisioterapiaRINALDO GUIRRO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.33 ALONGAMENTO DA MUSCULATURA INSPIRATÓRIA: EFEITO SOBRE AS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS E MOBILIDADE TORÁCICA .............................................97JULIO FLAVIO FIORE JUNIOR (TG) – Curso de FisioterapiaANA CAROLINA SERIGATTO DE OLIVEIRA (TG) – Curso de FisioterapiaMARLENE APARECIDA MORENO GANZELLA (O) – Faculdade de Ciencias da SaúdeROSANA MACHER TEODORI (CO) – Faculdade de Ciencias da SaúdeANALUCIA GERALDES PIRES (CO) – Curso de Fisioterapia

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CO.34 EFEITO DO EXERCÍCIO ISOMÉTRICO DE EXTENSÃO DO JOELHO ASSOCIADO À ADUÇÃO ISOMÉTRICA DO QUADRÍL NA ATIVIDADE ELÉTRICA DOS MÚSCULOS VASTO MEDIAL OBLÍQUO E VASTO LATERAL OBLÍQUO EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR ..................................................................................99

GÉDER MASSINI (TG) – Curso de Fisioterapia – UFSCarMALI NAOMI HIGA (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCarCAROLINA VIANNA NUNES (CO) – PPG Fisioterapia – UFScarFAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto. Morfologia – FOP/UNICAMP DÉBORA BEVILAQUA GROSSO (CO) – Depto. Fisioterapia – UNITIVANA APARECIDA GIL (CO) – Depto. Odontologia social – FOP/UNICAMPVANESSA MONTEIRO PEDRO (O) – Depto. Fisioterapia – UFSCar

CO.35 ANÁLISE DA PERIMETRIA DA MUSCULATURA DO TERÇO INFERIOR DA COXA EM INDIVÍDUOS NORMAIS E COM DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR APÓS UM PROGRAMA DE TREINAMENTO MUSCULAR NO LEG-PRESS ..........................................101

DANIEL FERREIRA MOREIRA LOBATO (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCarRICARDO WIDMER (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCarMARIANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCarFAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto de Morfologia – FOP/UNICAMPIVANA APARECIDA GIL (CO) – Depto de Odontologia Social- FOP/UNICAMPDÉBORA BEVILAQUA GROSSO (CO) – Depto de Fisioterapia – UFSCarKELLY RAFAEL RIBEIRO COQUEIRO (CO) – PPG Fisioterapia – UFSCarVANESSA MONTEIRO PEDRO (O) – Depto de Fisioterapia – UFSCar

CO.36 EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO NO LEG-PRESS NO TORQUE MÉDIO MÁXIMO DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR ...................................................................................................................103

MÁRCIO COSTA ANTONELO (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCarRICARDO WIDMER (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCarMARIANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCarFAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto de Morfologia – FOP/UNICAMPIVANA APARECIDA GIL (CO) – Depto de Odontologia Social- FOP/UNICAMPDÉBORA BEVILAQUA GROSSO (CO) – Depto de Fisioterapia – UFSCarKELLY RAFAEL RIBEIRO COQUEIRO (CO) – PPG Fisioterapia – UFSCarVANESSA MONTEIRO PEDRO (O) – Depto de Fisioterapia – UFSCar

CO.37 DIFERENCIAÇÃO EPITELIAL DO EPIDÍDIMO DE RATOS SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO LASER DE ARSENETO DE GÁLIO ...................................................................................105

LUCIANA DUARTE NOVAIS (B) – Curso de FisioterapiaRICARDO NOBORO ISAYAMA (B) – Curso de FisioterapiaMARIA JOSE SALETE VIOTTO (O) – Universidade Federal de São CarlosNIVALDO ANTONIO PARIZOTTO (CO) – Universidade Federal de São Carlos

SESSÃO 4

CO.38 ESTUDO QUÍMICO DE ALGUNS FITOQUÍMICOS ISOLADOS DE MELISSA OFFICINALIS, UTILIZANDO MODELOS DE MEMBRANA ....................................................109

CLAUDIA DA SILVA BITENCOURT (B) – Curso de FarmáciaANA CÉLIA RUGGIERO (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da NaturezaMARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO DÉDALO (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

CO.39 O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA: MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO E IN VIVO .........................................................................................................................111

NATALIA MAYUMI INADA (B) – Curso de FarmáciaANA CÉLIA RUGGIERO (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasMARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO DÉDALO (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

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CO.40 O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA: MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO E IN VIVO ..............................................................................................................................................113

FABIANA CRESSONI MARTINI (B) – Curso de Engenharia de AlimentosMARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO DÉDALO (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasANA CÉLIA RUGGIERO (CO) – Faculdade de Matemática e Ciências da Natureza

CO.41 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DA APIGENINA, UM FITOQUÍMICO ISOLADO DE MELISSA OFFICINALIS (ERVA CIDREIRA) UTILIZANDO ERITRÓCITOS INTACTOS ......................................................................................................115

ANTONIO JOSÉ LORENO GIUNTI DIAS (B) – Curso de FarmáciaMARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasANA CÉLIA RUGIERO (CO) – Faculdade de Matemática e Ciências da Natureza

CO.42 PROSPECÇÃO DE ALCALÓIDES BIOATIVOS COM PROPRIEDADES ANTIMICROBIANAS ..........117

TATIANA ASSUMPÇÃO SIMÃO (B) – Curso de FarmáciaGISLENE GARCIA FRANCO DO NASCIMENTO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.43 TRIAGEM FARMACOLÓGICA DA ESPÉCIE CISSUS SULCICAULIS BAKER SOBRE A FASE HUMORAL DO PROCESSO INFLAMATÓRIO EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO ..............................119

MATHEUS LAVORENTI ROCHA (B) – Curso de FarmáciaLUCIANE CRUZ LOPES (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.44 EFEITO DO EHE C. SULCICAULIS NA MIGRAÇÃO DE LEUCÓCITOS EM MODELOS PRELIMINARES IN VIVO .......................................................................................................121

LUANA MAÍRA BRASIL (B) – Curso de FarmáciaLUCIANE CRUZ LOPES (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.45 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS CONTROLADOS PELA C. C. I. H. DE UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE ..........................................................................123

ANA PAULA DESTRO (B) – Curso de FarmáciaLUIZ MADALENO FRANCO (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIA ONDINA PAGANELLI (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.46 O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA: MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO E IN VIVO ..............................................................................................................................................125

ANDRÉ LUIS MÁXIMO DANELUTTI (B) – Curso de FarmáciaPAULO CHANEL DEODATO DE FREITAS (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.47 PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELAS GESTANTES USUÁRIAS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE PIRACICABA .......................................................................................................127

ANELISE NUJO CARRASCOZA (B) – Curso de FarmáciaTHAÍS ADRIANA DO CARMO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.48 UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA AMAMENTAÇÃO: UM ESTUDO FARMACOEPIDEMIOLÓGICO ................................................................................................129

NÁDIA DE SOUSA DA CUNHA (B) – Curso de FarmáciaJOSÉ EDUARDO DA FONSECA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

SESSÃO 1

CO.49 NA BUSCA DE UMA FERRAMENTA DESEJÁVEL PARA A CONSTRUÇÃO DE CURSOS A DISTÂNCIA ......................................................................................................................................135

ROSANGELA APARECIDA LEAL (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoVALÉRIA MARIA D’AREZZO ZÍLIO (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

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CO.50 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÕES DE REQUISITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO .................................................................................137

ELIANE BORTOLASO (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoLUIS EDUARDO R. DOS SANTOS (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoLUIS EDUARDO GALVÃO MARTINS (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.51 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DO SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO ENGENHARIA DE REQUISITOS ...................................................................................................139

ANDERSON BELGAMO (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoLUIZ EDUARDO GALVÃO MARTINS (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.52 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO “MODELAGEM FUZZY” .................................................................................................................141

CARLOS EDUARDO GARDENAL (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoANA ESTELA ANTUNES DA SILVA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoLUIZ EDUARDO GALVÃO MARTINS (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.53 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO PROGRAMAÇÃO ..............................................................................................................................143

RAFAEL CASTRO FAGUNDES (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoLUIZ EDUARDO GALVÃO MARTINS (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.54 APLICAÇÃO DE SISTEMA DE ANÁLISE DE IMAGEM NO ESTUDO DE ANÉIS DE CRESCIMENTO DE ÁRVORES DE TECA, TECTONA GRANDIS .............................................................145

RICARDO ANTONIALI (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoMARIA GUIOMAR CARNEIRO TOMAZELLO (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da NaturezaMARIO TOMAZELLO FILHO (CO) – Departamento de Ciências Florestais – ESALQ/USP

SESSÃO 2

CO.55 SÍNTESE DE NEOLIGNANAS, DERIVADOS OU ANÁLOGOS ..................................................................149

ALINE SCATOLIN (B) – Curso de Engenharia de AlimentosMARGARETE MARQUES (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasLAURO EUCLIDES SOARES BARATA (CO) – Instituto de Química – UNICAMP

CO.56 PREPARAÇÃO DE CARVÕES ATIVADOS A PARTIR DE FIBRAS DE CELULOSE COMPACTADAS ......................................................................................................151

MANOEL ORLANDO ALVAREZ MÉNDEZ (B) – Curso de Engenharia QuímicaAPARECIDO DOS REIS COUTINHO (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

CO.57 LEVANTAMENTO DA SITUAÇÃO DO SETOR SUCRO-ALCOOLEIRO E DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS POR ESTE SETOR NA MICROBACIA DO PIRACICABA .................................................153

PATRÍCIA GOMES FERNANDES (B) – Curso de Engenharia de AlimentosZILDO GALLO (O) – Faculdade de Gestão e Negócio

CO.58 DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS PARA O MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DA REGIÃO DOS LAGOS DE SANTA GERTRUDES ..........................155

MARCELO MUNHOZ DE SOUZA PALMA (B) – Curso de Engenharia QuímicaSANDRA MARIA BOSCOLO BRIENZA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasANA ELISA SIRITO DE VIVES (CO) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

CO.59 ANÁLISE DE METAIS EM SEDIMENTOS USANDO TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO QUÍMICA E DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X ..................................................................157

DANIELE RODRIGUES ROSSI (B) – Curso de Engenharia de AlimentosANA ELISA SIRITO DE VIVES (O) – Faculdade de Ciências da Matemática e da NaturezaSANDRA MARIA BOSCOLO BRIENZA (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

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CO.60 ANÁLISE DE METAIS EM AMOSTRAS DE ÁGUA COM EMPREGO DA TÉCNICA DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X .................................................................................................................159

LUIZ JOSÉ SOARES DE SOUZA (B) – Curso de Ciências – Habilitação em QuímicaANA ELISA SIRITO DE VIVES (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da NaturezaSANDRA MARIA BOSCOLO BRIENZA (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

CO.61 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS ....................................................................................................................161

SUZAN ALINE CASARIN (B) – Curso de Engenharia QuímicaSÔNIA MARIA MALMONGE (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasLAURIBERTO PAULO BELEM (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

CO.62 ESTUDO CINÉTICO DA FASE METANOGÊNICA DA DIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA ACIDIFICADA ..................................................................................................................................163

FERNANDO SERENOTTI (B) – Curso de Engenharia QuímicaTAÍS HELENA MARTINS LACERDA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

CO.63 ESTUDO CINÉTICO DA DIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA: CARACTERIZAÇÃO DAS FASES ACIDOGÊNICA E METANOGÊNICA ................................................165

CIBELE AYUMI TAKAHASHI (B) – Curso de Engenharia de AlimentosTAÍS HELENA MARTINS LACERDA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

SESSÃO 3

CO.64 OCORRÊNCIA DE ALICYCLOBACILLUS EM PRODUTOS DE TOMATE E RESISTÊNCIA TÉRMICA DOS ESPOROS ......................................................................................................169

ALINE MARIA MANRIQUE MARQUES (B) – Curso de Engenharia de AlimentosIVANA CRISTINA SPOLIDÓRIO MC KNIGHT (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

CO.65 ESTUDO DE PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE ORGÂNICOS POR CRISTALIZAÇÃO ..............................................................................................................171

FERNANDA PAVAN (B) – Curso de Engenharia QuímicaNEWTON LIBÂNIO FERREIRA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasROBERTO GUARDANI (CO) – Escola Politécnica – USP

CO.66 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DOS LABORATÓRIOS DE ENSINO E PESQUISA DO “CAMPUS” TAQUARAL .....................................................................................173

LAISE CARLOS WADT (B) – Curso de Ciências – Habilitação BiologiaFRANCISCO CARNEIRO JUNIOR (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

CO.67 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS INORGÂNICOS GERADOS NO “CAMPUS” TAQUARAL/UNIMEP ............................................................................................................175

MILENA HELOISA POZENATTO BICUDO (B) – Curso de Engenharia QuímicaFRANCISCO CARNEIRO JUNIOR – Faculdade de Ciências Matemáticas e Natureza

SESSÃO 4

CO.68 MODELAMENTO SEMÂNTICO, GEOMÉTRICO E TECNOLÓGICO DE PEÇAS PRISMÁTICAS BASEADO EM “MANUFACTURING FEATURES” ..........................................................179

BRUNO HOLTZ GEMIGNANI (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoKLAUS SCHÜTZER (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

CO.69 INSERÇÃO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE MANUFATURA: UM ESTUDO DE CASO .......................................................................................................................................181

NARA RAMOS COSTA (B) – Curso de Engenharia de ProduçãoANTÔNIO FERNANDO GODOY (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

CO.70 DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INTERFACE GRÁFICA PARA SOFTWARE DE DIMENSIONAMENTO DE ENGRENAGENS .......................................................183

RICARDO LANDGRAF BORGES (B) – Curso de Engenharia de Produção MecânicaKLAUS SCHÜTZER (O) – Faculdade de Engenharia Mecância e de Produção

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CO.71 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE MANUFATURA EM EMPRESAS INDUSTRIAIS DA REGIÃO ..................................................................................................185

MAIRUM MÉDICI (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoSÍLVIO ROBERTO IGNÁCIO PIRES (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

CO.72 FORMAÇÃO DE BASE DE DADOS TECNOLÓGICOS PARA AUXÍLIO NO PLANEJAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS .............................................................187

ANA FLAVIA REIS (B) – Engenharia de Produção MecânicaMILTON VIEIRA JUNIOR (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoANTONIO FERNANDO GODOY (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

CO.73 PROGRAMA COMPUTACIONAL DE AUXÍLIO AO PROJETO DE CÉLULAS DE MANUFATURA ................................................................................................189

FERNANDA A. BARROS (B) – Curso de Engenharia de AlimentosANTONIO NELSON CORREIA FILHO (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoNELSON CARVALHO MAESTRELLI (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoMILTON VIEIRA JR (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

CO.74 ESTUDO DOS MODELOS UTILIZADOS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA PROJETO DE CÉLULAS DE MANUFATURA ...............................................191

ELIANI SCUDELER (B) – Curso de Arquitetura e UrbanismoANTONIO NELSON CORREIA FILHO (CO) – Faculdade Ciência Tecnologia e InformaçãoMILTON VIEIRA JUNIOR (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoNELSON CARVALHO MAESTRELLI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica de Produção

SESSÃO 5

CO.75 ANÁLISE DE IMAGEM METALOGRÁFICA ..................................................................................................195

CAMILA GARCIA GONÇALVES (B) – Curso de Engenharia de ProduçãoRODOLFO LIBARDI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

CO.76 UM ESTUDO SOBRE A DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS A CONCEITOS E TÉCNICAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NA REDE INTERNET ............................197

BRUNO RIZZO PALERMO (B) – Curso de Engenharia de ProduçãoFELIPE ARAÚJO CALARGE (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

CO.77 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE CALIBRAÇÃO DENTRO DE UM SISTEMA DE QUALIDADE PARA LABORATÓRIO ......................................................................199

VANESSA CRISTINA DIPE (B) – Curso de Eng. de Produção MecânicaROXANA MARTINEZ ORREGO (O) – Faculdade de Eng. de Produção Mecânica

CO.78 PROPOSTA DE ANÁLISE DOS CUSTOS DA QUALIDADE PARTE 1: CONCEITOS E TIPOS DE CUSTOS ...................................................................................................................201

MARIA RENATA MOURÃO LEITE RIBEIRO (TG) – Curso de Engenharia Mecânica e de ProduçãoPAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUEL (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

CO.79 INTERCOMPARAÇÃO DE MEDIÇÕES EM MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS ....................................................................................................................203

THIAGO ANDRÉ FARIA SIMÕES (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoALVARO JOSÉ ABACKERLI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e ProduçãoROXANA M. M. ORREGO (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

CO.80 PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DE UM PROCESSO DE INTERCOMPARAÇÃO DE MEDIÇÕES EM MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS ........................................................205

TATIANA SANCHEZ PESSANHA HENRIQUES (B) – Engenharia de Controle e AutomaçãoROXANA MARTINEZ ORREGO (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoÁLVARO J. ABACKERLI (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

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CO.81 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DA QUALIDADE PARA LABORATÓRIO FASE 2: PROCEDIMENTOS GERENCIAIS DO SISTEMA DA QUALIDADE ..........................................207CAMILA TORAZAN GUIZE (B) – Curso de Engenharia QuímicaPAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUEL (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoROXANA M. M. ORREGO (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

CO.82 QFD: PRÁTICAS ATUAIS, METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES E FATORES DE SUCESSO ..................................................................................................209ANDREZA CELI SASSI (B) – Curso de Engenharia Química PAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUELI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

SESSÃO 1

CO.83 RECEPÇÃO, UM EXERCÍCIO DE DIÁLOGO: A APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE USO DO VÍDEO NA EDUCAÇÃO ...............................215FERNANDA ELIAS MORAES (B) – Curso de Rádio e TVMARIA THEREZA AZEVEDO (O) – Faculdade de Comunicação

CO.84 ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE SOB O PONTO DE VISTA DA SEXUALIDADE ............................217MATHEUS MANUCCI ALVES (TG) – Curso de PsicologiaTELMA R. DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia – Campus TaquaralANA PAULA VEDOVATO MAESTRELLO (TG) – Curso de PsicologiaBRÍGIDA HELENA DE OLIVEIRA (TG) – Curso de PsicologiaDANIELA CRISTINA GOMES DE PROENÇA (TG) – Curso de PsicologiaELIZANDRA PAULA PIZA (TG) – Curso de PsicologiaFABRÍCIO DINIZ PINTO (TG) – Curso de PsicologiaJULIANA BARBOSA DE MELLO (TG) – Curso de PsicologiaJULIANA CRISTINA PRESSUTTO (TG) – Curso de Psicologia

CO.85 MOVIMENTO HIP-HOP: UM FENÔMENO SUBURBANO ..........................................................................219CAROLINA SARTORI (B) – Curso de PsicologiaTELMA REGINA DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

CO.86 FORMAÇÕES IDENTITÁRIAS DE MOVIMENTOS JUVENIS: UM ESTUDO SOBRE O MOVIMENTO HIP-HOP ..........................................................................................221PRISCILA SAEMI MATSUNAGA (B) – Curso de PsicologiaTELMA REGINA DE P. SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

CO.87 SEXUALIDADE E CASAMENTO: ENTRE-VISTAS ......................................................................................223EMELIN COSETI MACIEU (TG)- Curso de PsicologiaTELMA R. DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

CO.88 SEXUALIDADE E CASAMENTO: UMA VISÃO DE GÊNEROS .................................................................225ANA CAMILA CAPRA (TG) – Curso de PsicologiaTELMA R. DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

CO.89 A TUTORIA ENQUANTO MODELO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS ...........................................................................................................................227DALILA KOTLARENKO (B) – Curso de Ciências – Habilitação em BiologiaYARA LYGIA NOGUEIRA SÁES CERRI (O) – Faculdade de Ciências Matemática e da Natureza

CO.90 TUTORIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS:UM MODELO PAUTADO NA RACIONALIDADE PRÁTICA .....................................................................229ABRAHÃO GOMES DE MEDEIROS (B) – Curso Ciências – Habilitação em BiologiaMARIA INÊS FREITAS PETRUCCI SANTOS ROSA (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

CO.91 PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS DO EMPREGO RURAL EM PIRACICABA ........................................231MARCEL BENETTE (B) – Curso de Ciências EconômicasELIANA TADEU TERCI (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios – Campus TaquaralMARIA THEREZA MIGUEL PERES (O) – Faculdade de Gestão e Negócios – Campus Taquaral

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SESSÃO 2

CO.92 A QUESTÃO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE INTRA-URBANO EM PIRACICABA FRENTE À VARIÁVEL DENSIDADE DEMOGRÁFICA – CENÁRIO DE MUDANÇA – INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO .......................................................................................................235

ROGÉRIO DE ARAUJO LUCIANI (B) – Curso de Arquitetura e UrbanismoJOÃO MORENO (O) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

CO.93 A QUESTÃO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE INTRA-URBANO EM PIRACICABA FRENTE A VARIÁVEL DENSIDADE DEMOGRÁFICA – CENÁRIO DE MUDANÇA ...........................237

TAISE LITHOLDO (B) – Curso de Arquitetura e UrbanismoJOÃO MORENO (O) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

CO.94 A LIBERDADE SARTREANA ILUSTRADA N’O SER E O NADA .............................................................239

TAITSON ALBERTO LEAL DOS SANTOS (B) – Curso de FilosofiaSÍLVIO DONIZETTI DE OLIVEIRA GALLO (O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

CO.95 O CONCEITO SARTREANO DE LIBERDADE NA OBRA “O SER E O NADA” ......................................241

GIULIANO THOMAZINI CASAGRANDE (B) – Curso de FilosofiaMÁRCIO DANELON (O) – Faculdade de Filosofia – Campus Taquaral

CO.96 EXAME DE VARIÁVEIS INSTITUCIONAIS ENVOLVIDAS NO COMPORTAMENTO DE AMAMENTAR – ESTUDO II ................................................................................243

ANA PAULA VEDOVATO MAESTRELLO (B) – Curso de PsicologiaLEILA MARIA DO AMARAL CAMPOS ALMEIDA (O) – Faculdade de Psicologia

CO.97 EXAME DE VÁRIAS INSTITUICIONAIS ENVOLVIDAS NO COMPORTAMENTO DE AMAMENTAR – ESTUDO I ..................................................................................245

FABIANA MARCHIONI AFONSO (B) – Curso de PsicologiaLEILA MARIA DO AMARAL CAMPOS ALMEIDA (O) – Faculdade de Psicologia

CO.98 AS ENTIDADES DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA: REALIDADE, LIMITES E POSSIBILIDADES ....................247

ERIC FERDINANDO PASSONE (B) – Curso de PsicologiaMARIÁ APARECIDA PELISSARI (O) – Faculdade de Psicologia

CO.99 A REALIDADE DAS ENTIDADES DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA ..................................................................249

KARINA GARCIA MOLLO (B) – Curso de PsicologiaMARIÁ APARECIDA PELISSARI – (O) Faculdade de Psicologia

CO.100 RECONHECENDO A PRESENÇA DA MATEMÁTICA FORA DO CONTEXTO ESCOLAR .................251

ALEXANDRE RANGEL MACHADO (B) – Curso de Ciências-Habilitação MatemáticaCÉLIA MARGUTTI DO AMARAL GURGEL (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

CO.101 CLIMA DE AULA E ENSINO DE MATEMÁTICA: INVESTIGANDO A ABORDAGEM DE EQUAÇÕES NO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA .......................253

ANA PAULA VALÉRIO (B) – Curso de Ciências – Habilitação em MatemáticaGERALDO MELOTTO (O) – Faculdade de Ciências da Matemática e da Natureza CÉLIA MARGUTTI DO AMARAL GURGEL (CO) – Faculdade de Ciências da Matemática e da Natureza

CO.102 FOTOGRAFIA, RADIOGRAFIA, TOMOGRAFIA E ULTRASSONOGRAFIA: IDÉIAS DOS PROFESSORES E ALUNOS SOBRE OS PROCESSOS FÍSICOS DE OBTENÇÃO DAS IMAGENS .......................................................................................................................255

RENATO QUEIRÓZ MACHADO (BO) – Curso de Licenciatura em MatemáticaMARIA GUIOMAR C. TOMAZELLO (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

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SESSÃO 3

CO.103 EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: QUAL A VISÃO DE CORPO QUE ESTÁ PRESENTE NO DISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS ...............................................................................................259CASSIANO FERREIRA INFORSATO (B) – Curso de Educação FísicaWAGNER WEY MOREIRA (O) – Faculdade de Educação FísicaELINE T.R.PORTO (CO) – Faculdade de Educação FísicaREGINA SIMÕES (CO) – Faculdade de Educação Física

CO.104 EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: QUAL A VISÃO DE CORPO QUE ESTÁ PRESENTE NO DISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS ...............................................................................................261FERNANDA OZORES POLACOW (B) – Curso de Educação FísicaELINE T. R. PORTO (O) – Curso de Educação FísicaREGINA SIMÕES (CO) – Curso de Educação FísicaWAGNER WEY MOREIRA (CO) – Curso de Educação Física

CO.105 AS TEORIAS DE GÊNERO FRENTE ÀS CONFIGURAÇÕES VELADORAS DE DESIGUALDADES NOS TEXTOS NORMATIVOS DA UNIMEP ...............................................................263NILTON CÉSAR ARTHUR (B) – Curso de FilosofiaTÂNIA MARA VIEIRA SAMPAIO (O) – Faculdade de Ciências da Religião

CO.106 AS TEORIAS DE GÊNERO COMO UM INSTRUMENTO TEÓRICO/PRÁTICO PARA A ACADEMIA E SUAS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS ...................................................................265CLARICE PAVAN CHIARELI (B) – Curso de HistóriaTÂNIA MARA VIEIRA SAMPAIO (O) – Faculdade de Ciências da Religião

CO.107 A ESCOLA VISTA POR ALUNOS, PAIS E PROFESSORES: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO .......................................................................................................267ANA PAULA MONTEIRO COSER (B) – Curso de PsicologiaTANIA ROSSI GARBIN (O) – Faculdade de PsicologiaLEILA JORGE (CO) – Faculdade de PsicologiaTHERESA BEATRIZ F. SANTOS (CO) – Faculdade de Psicologia

CO.108 O PROCESSO DE [DE]FORMAÇÃO CULTURAL: UM ESTUDO SOBRE O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL COMO UM DOS MEDIADORES NO PROCESSO DE SEMIFORMAÇÃO ...............................................................................269CARINE BARCELLOS SANT’ANA LIMA PINTO (B) – Curso de PsicologiaBRUNO PUCCI (O) – Faculdade de EducaçãoNILCE MARIA ALTHENFELDER DE ARRUDA CAMPOS (CO) – Faculdade de Psicologia

CO.109 A ESCOLA VISTA POR ALUNOS: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO ........................................271RENATA AMALFI CLEMENTI (B) – Curso de PsicologiaTHERESA BEATRIZ F. DOS SANTOS (O) – Faculdade de Psicologia

CO.110 COMO OS ALUNOS VÊEM A ESCOLA: UM ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO ........................................273PALOMA GRACIANO DE CARVALHO (B) – Curso de PsicologiaTHERESA BEATRIZ FIGUEIREDO DOS SANTOS (O) – Faculdade de Psicologia

CO.111 ESCOLA E FAMÍLIA: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PROFESSORAS SOBRE ALUNOS EM INÍCIO DE ESCOLARIZAÇÃO ..................................................................................275PATRÍCIA ARJONA (B) – Curso de PsicologiaLEILA JORGE (O) – Faculdade de Psicologia

CO.112 A ESCOLA VISTA POR PAIS: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO ........................................277PRISCILA ARJONA (B) – Curso de PsicologiaLEILA JORGE (O) – Faculdade de Psicologia

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CO.113 NA BUSCA DE METODOLOGIAS DESEJÁVEIS PARA CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ...............................................................................................................................279

CLAYTON ROCHA FERMINO (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoCLÉIA MARIA da LUZ RIVERO (O) – Faculdade de Educação

SESSÃO 4

CO.114 IDADE MÍNIMA PARA O TRABALHO DO ADOLESCENTE E PROFISSIONALIZAÇÃO NA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA CONSTITUCIONAL E DO TRABALHO .....................................283

NORBERTO DE JESUS TAVARES (B) – Curso de DireitoDOROTHEE SUSANNE RÜDIGER (O) – Faculdade de Direito – Campus Taquaral

CO.115 CRIMINALIDADE FEMININA E REALIDADE JURÍDICO-SOCIAL ..........................................................285

JULIANA DUTRA REIS (B) – Curso de DireitoGESSÉ MARQUES JUNIOR(O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

CO.116 MULHERES DE ATENAS- OBSERVANDO A CONDIÇÃO DA MULHER DIANTE O SISTEMA JUDICIÁRIO .........................................................................................287

RODRIGO S. MARCONDES (B) – Curso de JornalismoGESSÉ MARQUE JR. (O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

CO.117 (RE)VISITANDO O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE ENSINO FUNDAMENTAL DA CIDADE DE PIRACICABA .....................289

KARINA LUPERINI (B) – Curso de Educação FísicaROBERTA GAIO (O) – Faculdade de Educação FísicaREGINA SIMÕES (CO) – Faculdade de Educação Física

CO.118 ESPORTE NA ESCOLA: NECESSIDADE OU IMPOSIÇÃO? ........................................................................291

DANIELE JACOVETTI (B) – Curso de Educação Física REGINA SIMÕES (0) – Faculdade de Educação FísicaROBERTA GAIO (CO) – Faculdade de Educação Física

CO.119 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES .....................................................................................293

THIAGO ROZINELI (B) – Curso de PedagogiaMARILENA APARECIDA DE SOUZA ROSALEN (O) – Faculdade de Educação

CO.120 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E A GESTÃO DAS ESCOLAS ................................................................................295

JANAINA GIUSTI BARBOSA (B) – Curso de PedagogiaSUELI MAZZILLI (O) – Faculdade de Educação

CO.121 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DAS ESCOLAS ............................................................................................297

PATRICIA ANDRESA GIACOMINI (B) – Curso de PedagogiaSUELI MAZZILLI (O) – Faculdade de Educação

CO.122 AS ORIGENS, OS ANTECEDENTES E OS RESULTADOS DO MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL) .................................................................................................299

MARISA LAZANI DAINESE (B) – Curso de DireitoREGINA CÉLIA FARIA SIMÕES (O) – Faculdade de Gestão e NegóciosCRISTIANO MORINI (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

SESSÃO 5

CO.123 O TRABALHO COMO BASE E SUSTENTO DO CONCEITO DE SUCESSO PROFISSIONAL PARA OS EGRESSOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIMEP .................................................303

RAQUEL UHLMANN CORDER (B) – Curso de Administração de EmpresasMARIA IMACULADA DE LIMA MONTEBELO (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoANA MARIA CARRÃO (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios

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CO.124 O SUCESSO DO PROFISSIONAL NA PERCEPÇÃO DO EGRESSO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIMEP ......................................................................305AMANDA DE BARROS (B) – Curso de Administração de EmpresasANA MARIA ROMANO CARRÃO (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

CO.125 PERFIL DAS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA E CONDICIONANTES DA DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS: 1992–1999 ..........................................307ANDERSON INOUE (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoFRANCISCO CONSTANTINO CRÓCOMO (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios

CO.126 DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS ENTRE AS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA: 1992-1999 .......................................................................309PATRICIA RIBEIRO DE MELLO (B) – Curso de Ciências EconômicasANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoFRANCISCO CRÓCOMO (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios

CO.127 POBREZA ENTRE AS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA: 1992-1999 ...........311TATIANA FÁVARO DE SOUZA (B) – Curso de EconomiaFRANCISCO CONSTANTINO CROCOMO (O) – Faculdade de Gestão e Negócios ANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.128 IMPLEMENTAÇÃO E EVOLUÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A SITUAÇÃO DA DESIGUALDADE E POBREZA ...............................................313PATRICIA RIBEIRO DE MELLO (TG) – Curso de Ciências Econômicas ANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

CO.129 EMPREGO, REORGANIZAÇÃO PRODUTIVA E REESTRUTURAÇÃO DO ENSINO E QUALIFICAÇÃO. ANÁLISE DA REALIDADE DE PIRACICABA (SP) DÉCADAS DE 1970-1990 .......315LEANDRO PEREIRA MORAIS (B) – Curso de Ciências EconômicasFRANCISCO CONSTANTINO CROCOMO (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

CO.130 PIRACICABA: URBANIZAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE (1970-1990) ................................................317DANIELI ALVES PADILHA (B) – Curso de PsicologiaELIANA TADEU TERCI (O) – Faculdade de Gestão e NegóciosMARIA BEATRIZ B. BILAC (CO) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

CO.131 DÉCADAS DE 1970 A 1990 .................................................................................................................................319MARÍLIA DIAS CORRÊA GOLDSCHMIDT (B) – Curso de Administração de EmpresasMARIA BEATRIZ B. BILAC (O) – Faculdade de Filosofia História e LetrasELIANA TADEU TERCI (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios

CO.132 A AGRICULTURA PIRACICABANA (1970-1990) ..........................................................................................321ADEVALTO MORAIS VIEIRA JÚNIOR (B) – Curso de Publicidade e PropagandaELIANA TADEU TERCI (O) – Faculdade de Gestão e NegóciosMARIA BEATRIZ BIANCHINI BILAC (CO) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

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9º CONGRESSO DE

ABERTURA

PALESTRA DE ABERTURA

Dia 6 • Terça-feira • 19h30 • Sala Vermelha • Taquaral

Tema: AÇÃO PEDAGÓGICA, PESQUISA E FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO

Palestrante: Elsa Garrido – Faculdade de Educação da USP

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AÇÃO PEDAGÓGICA, PESQUISA E FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO

Elsa Garrido

Faculdade de Educação da USP

A epistemologia da prática, introduzida nos anos 80, transformou as relações entre o universo da teoria e

o mundo da prática. Tais mudanças vem exercendo modificações profundas sobre a pesquisa educacional e

sobre o papel da pesquisa na formação do profissional da educação. Que significa pesquisar nesse novo con-

texto? Como nos aproximarmos do cotidiano escolar e como nos relacionarmos com ele para melhor entendê-lo

e transformá-lo? Qual a diferença entre "pesquisa sobre o ensino e o professor" e "pesquisa com o professor"?

Qual a diferença entre "pesquisa da prática" e "reflexão sobre a prática"? Que dificuldades tais práticas investiga-

tivas colocam ao pesquisador? Tais questões vem sendo melhor esclarecidas e superadas graças à análise crítica

da própria prática investigativa e aos aportes de perspectivas fenomenológicas, construtivistas ou de teorias crí-

tico-reflexivas, gerando novas abordagens teoricamente sofisticadas e projetos de pesquisa mais complexos.

Quais as implicações dessa nova concepção de pesquisa para os cursos de graduação e de pós-graduação e para

as relações entre a universidade e a escola? Como conceber a iniciação científica nesse contexto?

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ÁREA DE CIÊNCIAS DA VIDA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 1

ÁREA DE CIÊNCIAS DA VIDAComunicações Orais

Dia 7 • Quarta-feira • 7h40 • Sala Vermelha • Taquaral

Coordenadora: Maria Inês Bacellar Monteiro – UNIMEP

Debatedores: Emilse Aparecida Merlin Servilha – PUCCAMPIvone Panhoca – UNIMEP

CO.01 FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELITO TIPO II E SUA RELAÇÃO COM A FISIOLOGIAAUDITIVA. Mariana Figueiredo de Miranda (B) – Curso de Fonoaudiologia, Silvia Cristina CrepaldiAlves (O) – Grupo de Área de Ciências Biomédicas – Faculdade de Ciências da Saúde – PIBIC/CNPq

CO.02 PERFIL AUDIOLÓGICO EM PACIENTES DIABÉTICOS. Izabele Gonçalves de Camargo Rinck(B) – Curso de Fonoaudiologia, Helenice Yemi Nakamura (O) – Faculdade de Ciências da Saúde,Christiane Marques do Couto (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.03 QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES DIABÉTICOS: ANÁLISE COMPORTAMENTAL.Lívia Oliveira Joaquim (B) – Curso de Psicologia, Magali Rodrigues Serrano (O) – Faculdade de Psi-cologia, Silvia Cristina Crepaldi Alves (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.04 IMPLANTAÇÃO DE MEDIDAS PROFILÁTICAS PARA REDUÇÃO DAS TAXAS DE PREVA-LÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DO MUNICÍPIO DE LINS (SP).Endry Carobene Franceschi (B) – Curso de Odontologia, Roberto Carlos Grassi Malta (O) – Facul-dade de Odontologia, Fabrício Boccia Molina (COL) – Faculdade de Odontologia – FAPIC/UNIMEP

CO.05 AVALIAÇÃO DAS LESÕES CANCERIZÁVEIS NA MUCOSA BUCAL DOS PACIENTES DOMST DA REGIÃO DE PROMISSÃO EXPOSTOS AOS FATORES DE RISCO DO CÂNCERBUCAL: ÁLCOOL, TABACO, IRRITAÇÕES CRÔNICAS E RADIAÇÃO ULTRA VIOLETA.Alex Luiz Pozzobon Pereira (B) – Curso de Odontologia, Nancy Alfieri Nunes (O) – Faculdade deOdontologia, Rute Nunes Bueno Godoy (CO) – Faculdade de Odontologia – PIBIC/CNPq

CO.06 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA DO GRUPO EXPERIMENTALCOMPOSTO POR CRIANÇAS COM FAIXA ETÁRIA DE 5-8 ANOS DA RESERVA INDÍGENADE DOURADOS - MS. Rafael Migliorini (B) – Curso de Odontologia, Carlos Wagner De AraújoWerner (O) – Faculdade de Odontologia, Edgard Bergamaschi Junior (CO) – Faculdade de Odontolo-gia, Paulo César Perin (CO) – Faculdade de Odontologia – PIBIC/CNPq

CO.07 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA DE CRIANÇAS DA RESERVAINDÍGENA DE DOURADOS (GRUPO CONTROLE DO ESTUDO DE FLUORETAÇÃO DOLEITE DE SOJA). Sérgio Yudi Nakai (B) – Curso de Odontologia, Carlos Wagner De Araújo Werner(O) – Faculdade de Odontologia – PIBIC/CNPq

CO.08 O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS PARA A COMUNI-DADE SURDA E FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA-ESCOLA-DE FONOAUDIOLOGIADA UNIMEP: O PERFIL E O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA SURDA EM UM GRUPO NOQUAL A LÍNGUA DE SINAIS É INSERIDA POR UM INSTRUTOR SURDO. Taís Margutti doAmaral Gurgel (B) – Curso de Fonoaudiologia, Cristina Broglia Feitosa de Lacerda (O) – Faculdadede Ciências da Saúde – PIBIC/CNPq

CO.09 O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA A COMUNI-DADE SURDA E FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIADA UNIMEP: O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARAOS FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP.Penélope Leme Marques (B) – Curso de Fonoaudiologia, Sueli Aparecida Caporali (O) – Faculdadede Ciências da Saúde , Cristina Broglia Feitosa de Lacerda (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde –FAPIC/UNIMEP

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9º CONGRESSO DE

CO.01

FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELITO TIPO II E SUA RELAÇÃO COM A FISIOLOGIA AUDITIVA

MARIANA FIGUEIREDO DE MIRANDA (B) – Curso de FonoaudiologiaSILVIA CRISTINA CREPALDI ALVES (O) – Grupo de Área de Ciências Biomédicas – Faculdade de Ciências da Saúde

PIBIC/CNPq

RESUMO

O presente projeto teve como objetivos, revisar a literatura sobre a fisiopatologia do diabetes melito tipo II, afisiologia auditiva, a relação entre o diabetes e a qualidade auditiva; e analisar a audição, em indivíduos portadores dediabetes tipo II.

O diabetes melito é um distúrbio endócrino crônico caracterizado por comprometimento do metabolismo daglicose e de outras substâncias produtoras de energia, bem como pelo desenvolvimento tardio de complicações micro-vasculares e neuropáticas que podem desencadear, entre outras, a perda auditiva neurossensorial.

As atividades desenvolvidas nesse trabalho foram: 1. revisão, acesso e análise de bibliografia especializada nostemas em estudo; 2. reuniões com os profissionais da Secretária de Saúde de Santa Bárbara d’Oeste, envolvidos comos grupos de pacientes diabéticos; 3. reuniões com os pacientes; 4. coleta de dados; 5. análise dos resultados.

Os resultados obtidos indicam a existência de perda auditiva em indivíduos de ambos os sexos, entre 40 a 60anos e portadores de diabetes melito tipo II.

INTRODUÇÃOO diabetes melito pode ser dividido em três subclas-

ses (BENNETT & PLUM, 1997): Tipo I ou diabetes melitoinsulino-dependente (GALE, 2001); Tipo II ou diabetes me-lito não-insulino-dependente (LEAHY, 1990); Diabetes se-cundário associado a outra condição ou síndrome identificá-vel (BENNETT & PLUM, 1997). Na fisiopatologia do dia-betes inclui-se: (1) redução na utilização de glicose pelas cé-lulas, com conseqüente hiperglicemia; (2) aumento namobilização de gorduras a partir das áreas de armazenamen-to, metabolismo lipídico anormal e deposição de colesterolnas paredes arteriais, causando aterosclerose; e (3) depleçãode proteínas teciduais (WILSON et al., 1998). Os sintomasdiabéticos incluem a polidipsia (ingestão excessiva de água),a polifagia (ingestão excessiva de alimentos), a perda depeso e a astenia (falta de energia ou “fraqueza”). Existem vá-rios testes químicos da urina e do sangue para diagnóstico dodiabetes; que incluem: açúcar urinário; glicemia em jejum eteste de tolerância da glicose (WILSON et al., 1998).

A audição é um dos nossos sentidos especiais, es-sencial à nossa integração social e qualidade de vida. Oprocesso auditivo é resultado de uma complexa série deeventos, que transformam o som em sinal neural. O ouvi-do recebe ondas sonoras, discrimina suas freqüências etransmite informações auditivas, por intermédio do 8º parde nervos cranianos, ao sistema nervoso central, em áreascorticais específicas onde seu significado é decifrado(LIM & KALINEC, 1998).

Diversos mecanismos fisiopatológicos podem estarenvolvidos na perda auditiva (FRIJNS & SCHOONHOVEN,1998), dentre eles inclui-se o diabetes melito. As compli-cações microvasculares e a neuropatia diabética influenci-am a perda auditiva sensório-neural (CELIK et al., 1996).O comprometimento da função auditiva pode ser obser-vado tanto no diabetes tipo I (JAUREGUI-RENAUD etal., 1998) quanto no diabetes tipo II (BOOMSMA &STOLK, 1998). Existem controvérsias na literatura quan-to a existência (TAY et al., 1995) ou não (CULLEN &

CINNAMOND, 1993) de uma correlação entre a duraçãodo diabetes e a perda auditiva.

MATERIAIS E MÉTODOS1. Ampliação da revisão bibliográfica; 2. Reuni-

ões com os profissionais do Centro Médico de Santa Bár-bara d’Oeste (envolvidos com os diabéticos); e reuniõesde caráter expositivo e informativo, com os grupos de pa-cientes diabéticos; 3. Seleção dos pacientes, com idadeentre 40/60 anos, de ambos os sexos. 4. Confecção de en-caminhamentos de marcação da consulta otorrinolaringo-lógica e do exame audiométrico e imitanciométrico, assimcomo impresso específico para a realização da anamnesee da avaliação audiológica básica. 5. Encaminhamentodos pacientes cujo exame otorrinolaringológico foi nor-mal, para avaliação audiológica. 6. Confecção de um fo-lheto informativo sobre diabetes e audição, distribuído naspalestras de conclusão dos trabalhos.

RESULTADOS E DISCUSSÃODo total de exames audiológicos, 24% foram nor-

mais e 76% alterados, indicando que a maioria dos sujeitospesquisados (portadores de diabetes tipo II) tinham altera-ções auditivas. As perdas auditivas foram principalmenteneurosenssoriais (56%), e podem relacionar-se a complica-ções microvasculares e a neuropatia diabética (CELIK etal., 1996; TAY et al., 1995). Entretanto, os resultados obti-dos podem ser analisados tanto quantitativamente, comoqualitativamente. Nesse aspecto, na anamnese, nos preocu-pamos com a obtenção de dados como: idade, sexo, ocupa-ção, escolaridade, queixa, predominância da queixa, inícioda perda auditiva, zumbido, tontura, dores de ouvido, expo-sição à explosões, uso de arma de fogo, doenças, uso deototóxicos, tabagismo, alcoolismo, surdez na família, em-prego com exposição à ruído (com e sem proteção), dieta,medicamentos para diabetes, insulina, menopausa, reposi-ção hormonal, entre outros. A relevância desses dados justi-fica-se pela influência que os mesmos podem ter sobre aqualidade auditiva e o controle glicêmico.

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CONCLUSÃOOs dados obtidos em nossa pesquisa, indicam a

existência de perda auditiva em indivíduos de ambos ossexos, com idade entre 40 à 60 anos e portadores de diabe-tes tipo II. Vale ainda ressaltar o valor informativo que ti-veram os encontros com os pacientes diabéticos, cuja ca-rência de informações sobre o diabetes e como viver bemcom ele, como pudemos detectar, é muito grande.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBENNETT, J. C. & PLUM, F. Diabetes melito. CECIL –

Tratado de Medicina Interna. Ed. Guanabara. 20ªed., 1997, Volume 2., 2647 p.

BOOMSMA, L. J.; STOLK, R. P. The frequency of hea-ring impairment in patients with diabetes melito type2. Ned. Tijdschr Geneeskd, 142 (32): 1823-5, 1998.

CELIK, O.; YALCIN, S.; CELIBI, H.; OZTURK, A.Hearing loss in insulin-dependent diabetes melito.Auris Nasus Larynx, 23: 127-32, 1996.

CULLEN, J. R.; CINNAMOND, M. J. Hearing loss indiabetics. J. Laryngol. Otol., 107 (3): 179-82, 1993.

FRIJNS, J. H.; SCHOONHOVEN, R. The cochlea: modernphysiologic insights into sensorineural hearing loss.Ned. Tijdschr Geneeskd, 142 (15): 830-6, 1998.

GALE, E. A. The discovery of type 1 diabetes. Diabetes,50 (2): 217-26, 2001.

JAUREGUI-RENAUD, K.; DOMINGUEZ-RUBIO, B.;IBARRA-OLMOS, A.; GONZALES-BARCENA,D. Otoneurologic abnormalities in insulin-depen-dent diabetes. Rev. Invest. Clin., 50 (2): 137-8, 1998.

LEAHY, J. L. Natural history of b-cell dysfunction inNIDDM. Diabetes Care, 13: 992-1010, 1990.

LIM, D. J.; KALINEC, F. Cell and molecular basis ofhearing. Kidney Int. Suppl., 65: S 104-13, 1998.

TAY, H. L.; RAY, N.; OHRI, R.; FROOTKO, N. J. Diabe-tes melito and hearing loss. Clin. Otolaryngol., 20(2), 130-4, 1995.

WILSON, J. D.; FOSTER, D. W.; KRONENBERG, H.M.; LARSEN, P. R. Williams -Textboook of Endo-crinology. 9th ed., W.B. Saunders Company, 1998,1819 p.

30 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.02

PERFIL AUDIOLÓGICO EM PACIENTES DIABÉTICOS

IZABELE GONÇALVES DE CAMARGO RINCK (B) – Curso de FonoaudiologiaHELENICE YEMI NAKAMURA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CHRISTIANE MARQUES DO COUTO (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O presente projeto de pesquisa: “Perfil audiológico em pacientes diabéticos”, foi desenvolvido visando avaliaros resultados da avaliação audiológica realizada nessa população e propor condutas e encaminhamentos quandonecessário, visando a qualidade de vida dos sujeitos participantes da pesquisa.

Ao longo do período foram desenvolvidas as seguintes atividades: atividades: revisão de literatura, reuniõescom os profissionais da Secretaria da Saúde de Santa Bárbara d´Oeste (envolvidos com os grupos diabéticos), reuniõescom os grupos de diabéticos, convocação para a realização de exames audiológicos, análise dos resultados e devoluti-vas aos grupos.

INTRODUÇÃOO diabetes é uma doença que foi relatada pela pri-

meira vez pelos egípcios, em 1500 A. C., a denominavamcomo uma “passagem de muita urina”, no entanto somen-te depois de dois séculos, Areateus da Capatódia denomi-nou a patologia como “diabetes”.

A terminologia Mellitus foi descrita por Wills, em1964, (Citado por COSTA e ALMEIDA NETO, 1994),pois diziam que a urina era como se fosse embebida no mel.

Segundo VALLE, ORNELLAS e FRANCO(1994, p. 03), “... a exata causa do diabetes não é conhe-cida. É enfermidade de caráter familiar, incidindo especi-almente em pessoas obesas. Tem um traço básico ou pré-diabetes que marca os indivíduos na intimidade de suaspequeninas artérias, alterando essencialmente o funcio-namento de glândulas de secreção interna. O pâncreas éo principal órgão atingido..., no diabético há uma defici-ente produção de insulina, ou a insulina produzida nãopode agir por interferência de outros fatores.”

Atualmente o diabetes é definido como sendo umdefeito metabólico associado à deficiência absoluta ou re-lativa de insulina diagnosticada clinicamente, muitas ve-zes, tardiamente, associado à um quadro de hiperfagia,poliúria com glicossúria, hiperglicemia, tendência a desi-dratação, acidose metabólica e coma, além de alteraçõesvasculares, renais e neurológicas (sintomas crônicos).

O diabetes, por sua vez, pode ser subdividido emdois subtipos principais: o Diabetes Mellitus tipo I e o Di-abetes Mellitus tipo II. Os Diabetes Mellitus tipo I, é tam-bém chamado Diabetes Juvenil ou Diabetes Mellitus In-sulino – Dependente (DMID), caracterizado pela insufici-ência de insulina. O Diabetes Mellitus tipo II, tambémpode ser chamado de Diabetes Mellitus. Não Insulino-De-pendente (DMNID), neste caso, além de insuficiência re-lativa de Insullina, ocorre resistência ao hormônio.

Sabemos que há uma relação entre diabetes e perdaauditiva, onde diversos mecanismos patológicos e fisiológi-cos podem estar envolvidos, entre eles incluem-se o diabetes(SOHMER, 1997, FRIJNS & SCHOONHOVEN, 1998).

Segundo CELIK et al. (1996); VIRTANIEMI etal. (1994), as complicações microvasculares e a neuropa-tia diabética influenciam a perda auditiva neurossensorial,e este comprometimento da função auditiva pode ser ob-servado tanto no diabetes tipo I, quanto no diabetes tipo II.

Existem controvérsias na literatura quanto a exis-tência (TAY et al., 1995) ou não(CULLEN & CINNA-MOND, 1993) de uma correlação entre duração do diabe-tes e a perda auditiva.

MATERIAIS E MÉTODOSO tema proposto foi analisado por intermédio de

uma visão ampla e atualizada da bibliografia especializa-da, seleção da população a partir de grupos de pacientesportadores de diabetes pertencentes a programas do Fun-do Social da Prefeitura (“Projeto de Melhoria da Qualida-de de Vida da Pessoa Diabética”) do município de santaBárbara d’Oeste.

Foram selecionadas 79 sujeitos de ambos os sexos,com faixa etária variando entre 40 e 60 anos de três grupos:Grupo de diabéticos do Jardim Europa, Centro de Saúde eMollon, locais onde participamos de diversas reuniões. Noentanto, o total de participantes foi somente 31 pessoas (20do sexo feminino e 11 do sexo masculino), que comparece-ram para a realização do exame audiológico.

Deu-se início a avaliação audiológica propriamen-te dita, com uma anamnese elaborada para o projeto. Se-guindo, foi realizado meatoscopia para evitar qualquer al-teração da orelha externa que comprometesse o teste, Au-diometria Tonal Limiar (via aérea a via óssea), Logoaudi-ometria (limiar de recepção de fala – SRT e índice dereconhecimento de fala – IRF). Finalizando-se com a aná-lise estatística dos dados obtidos, utilizamos o programaEPI-INFO, versão 6.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃOCom relação ao resultado do exame audiométrico,

21 das 31 pessoas que se submeteram ao exame, apresen-taram alteração. Pensando que as perdas auditivas podemser tanto unilaterais, como bilaterais, analisamos os limia-res auditivos por orelha: 33 orelhas (53,2%) apresentaramlimiares dentro do padrão de normalidade, enquanto queem 29 orelhas (46,8%) encontramos perda auditiva; em28 orelhas (45,2%) a perda foi do tipo neurossensorial eem 1 orelha (1,6%) a perda foi do tipo mista.

De acordo com as análises dos resultados dos exa-mes audiológicos realizados, percebemos que os limiaresdas freqüências médias e altas, estão mais rebaixadosquando comparados as freqüências baixas. Este estudo

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 31

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demonstra uma proximidade aos estudos de VIRTANIE-MI (1994), que também encontraram uma piora nos limi-ares de audibilidade nas freqüências de 6000 e 8000 Hz.Já no presente trabalho a piora dos limiares auditivos teveinício em 2000Hz e alcançaram 8000Hz.

Um fator importante que avaliamos foi em relaçãocom a escolaridade das pessoa: 06 são analfabetas, 04possuem o Ensino Fundamental completo, 14 o EnsinoFundamental incompleto, 02 o Ensino Médio Completo e05 o Ensino Médio Incompleto. A relação desses dadoscom o diabetes é muito grande, pois, o que percebemosem entrevistas com toda a população é que, quanto menosescolarizada era a pessoa, maior a demora para procurarum diagnóstico e medicação adequada.

Uma característica importante que evidenciamosnos teste em que utilizamos a fala (teste de recepção defala e teste de reconhecimento de fala), foi que em condi-ções ideais (uso de cabine acústica, ambiente silencioso eintensidade adequada), os sujeitos analisados não apresen-tam grandes dificuldades.

CONCLUSÃODe acordo com as avaliações auditivas realizadas

nesta população, percebemos a importância dos testes au-diométricos, pois dos 31 sujeitos, 09 apresentam queixaauditiva e destes, 22 apresentam exame alterado.

Um aspecto importante apontado pelos sujeitosdurante as reuniões, foi a carência de informações sobre adoença e principalmente sobre a audição, pois muitas pes-soas que fazem parte dos grupos, já sabiam que profissio-nal procurar, nem que exame fazer. Portanto, tais informa-ções e esclarecimentos de dúvidas também foram realiza-das, a fim de proporcionar maiores conhecimentos sobre oque ocorre dentro do organismo de cada um, o porquê dossintomas, das dificuldades em ouvir o que as pessoas di-zem: que antes não sabiam, evidenciando não só um tra-balho de pesquisa e amostra de dados, mas de valorizaçãodos sujeitos, seu organismo e qualidade de vida.

O trabalho com a comunidade possibilitou alertar-mos essa população sobre a importância da realização dosexames audiológicos, a perda auditiva, suas conseqüênciase as possibilidades de encaminhamentos para outros pro-fissionais. A maioria das pessoas, referiu que em algummomento tiveram acesso a informações sobre a doença esuas conseqüências, contudo não haviam feito a relaçãoentre diabetes e perda auditiva.

O número de sujeitos convocados para a participa-ção da pesquisa no início era de 79, porém somente 31 pu-deram comparecer, o que acarretou menores possibilida-des de análises e comparações com as pesquisas da litera-tura, mas, como já dito, há um número significativo deexames alterados (21), correspondendo a 34 orelhas comdéficit auditivo, afetando freqüências principalmente apartir de 2000.

Uma das coisas mais importantes realizadas foi tro-car experiências e conhecimentos sobre o diabetes e a audi-ção, amenizar preocupações em relação à comunicação so-cial e proporcionar a esses indivíduos qualidade de vida.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICACELIK, O.; YALCIN, S.; CELIBI, H.; OZTURK, A

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http://www.diabetes.com./tools/health_library/newlydiagnosed/what is diabetes.html

32 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.03

QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES DIABÉTICOS: ANÁLISE COMPORTAMENTAL

LÍVIA OLIVEIRA JOAQUIM (B) – Curso de PsicologiaMAGALI RODRIGUES SERRANO (O) – Faculdade de Psicologia

SILVIA CRISTINA CREPALDI ALVES (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeFAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este trabalho envolveu duas etapas: a primeira de levantamento de pesquisas e estudos sobre a relação entre aspectos psi-cológicos e o diabetes; e uma segunda etapa que envolveu o contato com os profissionais da Secretaria de Saúde de Santa Barbarad’Oeste, o contato e desenvolvimento de palestras com os grupos de pacientes diabéticos e a coleta de dados.

A partir das considerações teóricas acessadas durante o desenvolvimento deste projeto, foi considerado relevante olevantamento de alguns indicadores da qualidade de vida dos pacientes diabéticos estudados, em termos de adesão ao trata-mento e impacto do diagnóstico dessa doença na vida desses pacientes. Também foi avaliada, a partir de um instrumentopadronizado, a ansiedade, característica emocional bastante relacionada com o diabetes.

Participaram desta pesquisa 36 sujeitos, portadores de diabetes melito, integrantes de grupos de orientação da Secre-taria da Saúde do município de Santa Barbara d’Oeste.

A partir dos dados obtidos conclui-se que os sujeitos possuem uma boa rotina de acompanhamento do diabetes,sendo esta provavelmente uma conseqüência da participação nos citados grupos de orientação.

Com relação a avaliação da ansiedade, foi utilizado o IDATE (Spielberger, Gorsuch e Lushene, 1970 tradução e adap-tação Biaggio, 1979), que avalia essa característica emocional a partir de duas subescalas, uma que identifica a ansiedadeenquanto “estado” presente no momento da avaliação e outra em que se avalia a ansiedade enquanto “traço”, ou seja enquantocaracterística estável do indivíduo. Os dados obtidos a partir da aplicação desse instrumento, demonstraram que, apesar dalimitação observada na compreensão dos itens do teste pôr parte dos pacientes, os sujeitos estudados apresentam um traço deansiedade mais presente, ou seja, obtivemos um escore maior na subescala “traço” do que na subescala “estado”. Nesse sen-tido, os dados indicam uma relação entre a ansiedade como um traço de personalidade em pacientes diabéticos tipo II.

Outros estudos e pesquisas devem ser feitos nesta área mostrando e comprovando essas relações entre aspectos psi-cológicos e o diabetes melito.

INTRODUÇÃO O diabetes melito é um distúrbio endócrino crônico

caracterizado por comprometimento do metabolismo da glico-se e de outras substâncias produtoras de energia. Está associadaà deficiência na produção e/ou ação de insulina que pode sertotal, parcial ou relativa. A falta de insulina desempenha umpapel fundamental nas alterações metabólicas associadas ao di-abetes e a hiperglicemia, desempenhando um papel chave nascomplicações da doença, podendo desencadear complicaçõesmicrovasculares e neuropáticas.

Existem vários tipos de diabetes, sendo os mais fre-qüentes, o diabetes melito tipo I e diabetes melito tipo II, nocaso de nossa população-alvo iremos trabalhar com àquelesdo tipo II.

O diabetes melito do tipo II se caracteriza por não serinsulino-dependente, e abrange em média 85% a 90% dos paci-entes diabéticos, é causado por uma deficiência no nível de insu-lina necessário para o metabolismo, envolve na maioria dos ca-sos, indivíduos com mais de 40 anos, podendo ser causada porfatores genéticos, sedentarismo ou obesidade.

A partir do diagnóstico do diabetes o paciente deveiniciar uma dieta específica, que tem como objetivo o contro-le da ingestão de açúcar e a ingestão de substâncias necessári-as ao bom funcionamento do organismo. A realização deexercícios físicos também é um componente importante dotratamento do paciente diabético.

Frente às exigências que a doença requer, em termosde mudanças na vida do indivíduo, surge o problema da aceita-ção e adesão ao tratamento, o que pode desencadear uma des-compensação, estresse emocionais, depressões, portanto deter-minando uma boa ou má qualidade de vida.

Nesse sentido, trabalhos recentes relatam contribui-ções importantes da ciência comportamental para o diabetes,como orientação e esclarecimento sobre a doença que sãofundamentais aos pacientes. A melhora na qualidade de vidadesses pacientes e o seu bem estar físico e mental podem ser

obtidos com programas comunitários e acompanhamento deprofissionais capacitados.

Segundo Surwit (1982), na última década, surge umnovo modelo médico, a medicina comportamental. Esse mo-delo propõe a identificação de fatores comportamentais cor-relacionados com aspectos fisiológicos, com o intuito de serealizar um trabalho preventivo diferenciando-se do antigoparadigma psicossomático.

Surwit (1982), afirma haver uma intima relação dosistema nervoso autônomo na regulação metabólica do carboi-drato, sendo que seu efeito tem ação inibitória ou facilitadorana produção de insulina. A secreção de insulina é inibida porexcitação dos nervos simpáticos do pâncreas. Além disso, osistema nervoso autônomo tem efeitos em outros mecanismosmetabólicos, como por exemplo o controle indireto na regula-ção do metabolismo da glicose. Portanto reduzindo a atividadedo sistema nervoso autônomo haveria um maior controle dosfatores desencadeantes do diabetes. Nesse sentido, algumastécnicas para controlar a atividade do sistema nervoso autôno-mo poderiam ajudar no controle do nível de açúcar no sangueaumentando a habilidade do corpo para segregar insulina, as-sim como diminuir o nível de glicose adicional no fígado.

A técnica proposta por Surwit (1982), para reduzir aatividade do sistema nervoso autônomo foi o relaxamento,que trouxe significativa contribuição aos pacientes diabéticos,mas este estudo deverá aprimorado a partir de outros estudosnesta área.

Baseado nesse importante impasse que enfrenta o dia-bético, onde há uma grande mudança em sua vida no que dizrespeito à dieta alimentar, a rotina do dia a dia que influenciaconsideravelmente aspectos emocionais, vários autores se preo-cuparam em elaborar formas de atuar no sentido de aumentar aadesão dos pacientes, evitando-se portanto uma descompensa-ção, estresses emocionais e depressões.

Segundo Malerbi (1990) a adesão esbarra em proble-mas como a aceitação do indivíduo frente à doença; à questãoda auto-valorização e em conseqüência um autocontrole, ouseja há uma relação significativa com a dificuldade de se

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 33

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adaptar às regras, que pode ser percebida pelo doente comouma punição o que consequentemente resultaria numa extin-ção do comportamento necessário.

Já Guimarães (1999) enfatiza a questão da ansiedadeque é gerada no paciente frente à necessidade de autocontro-le, considerando também a questão da auto-estima como fa-tor desencadeante de um melhor autocontrole.

A partir dessas considerações teóricas acessadas du-rante o desenvolvimento deste projeto, foi considerado rele-vante o levantamento de alguns indicadores da qualidade devida dos pacientes diabéticos estudados, em termos de adesãoao tratamento e impacto do diagnóstico dessa doença na vidadesses pacientes. Também foi avaliada, a partir de um instru-mento padronizado, a ansiedade, característica emocionalbastante relacionada com o diabetes.

MATERIAIS E MÉTODOSParticiparam desta pesquisa 36 sujeitos, sendo 10 do

sexo masculino e 26 do sexo feminino, com idade variante de40 a 60 anos, de classe sócio-econômica baixa, portadores dodiabetes melito, integrantes de grupos de orientação da Se-cretaria da Saúde do município de Santa Barbara d’Oeste.

O trabalho foi desenvolvido em duas etapas. A pri-meira constou de uma revisão e análise da literatura pertinen-te a área estudada através do acesso a vários sites especializa-dos e visitas a bibliotecas de universidades públicas e particu-lares. A segunda etapa envolveu o contato com os profissio-nais da Secretaria de Saúde de Santa Barbara d’Oeste, ocontato e desenvolvimento de palestras com os grupos de pa-cientes diabéticos e a coleta de dados.

Os materiais utilizados nas duas etapas foram: com-putador, fotocópias dos artigos acessados, fotocópias das lis-tas de participantes nos grupos de pacientes diabéticos, o Ter-mo de Participação na pesquisa, o Inventário de AnsiedadeTraço e Estado – IDATE (Spielberger, Gorsuch e Lushene,1970 tradução e adaptação Biaggio, 1979), Anamnese e pro-grama para análise quantitativa dos dados – SPSS 10.05.

Os contatos com os grupos e a coleta de dados foramfeitos pela orientadora do projeto juntamente com a bolsista euma aluna voluntária durante os dias de reunião normais dosgrupos no próprio local onde foi desenvolvida a reunião. Oscontatos e palestras foram desenvolvidos com todo o grupo depacientes presentes às reuniões. A aplicação do Inventário e daAnamnese foi feita individualmente, utilizando-se uma lingua-gem simples e acessível aos sujeitos.

RESULTADOSA análise dos dados obtidos demonstra que os paci-

entes sabem da existência da doença de 1 a 25 anos e desdeentão a maioria dos pacientes tem se mantido em tratamento.Os sujeitos realizam periodicamente o controle glicêmico, amaioria o faz de 3 em 3 meses (52%). Dos pacientes entrevis-tados 63,9% relatam a existência de outra doença que lhe in-comoda. Quanto ao controle nutricional 77,8% aplicam asorientações recebidas, sendo que 83,8% recebem orientaçãonutricional. Quanto à prática de exercícios apenas 52,8% de-senvolve alguma atividade sendo 38,9% a desenvolvem diari-amente e 13,9% semanalmente. Com relação ao desenvolvi-mento de atividades de lazer, a maior parte dos pacientes nãoas desenvolve (61,1%).

A maioria dos sujeitos entrevistados (65,7%) conside-ra que o diagnóstico doa diabetes mudou significativamentesua vida, sendo o aspecto mais citado a alimentação e os conta-tos sociais. Dos pacientes entrevistados 83,3% comentam comoutras pessoas sobre a doença e 62,9% não se preocupam coma reação das pessoas frente a diabetes.

Com relação aos resultados do IDATE obtivemosuma média de pontuação na escala de traço de ansiedade cor-respondente a 44,97 e na escala de estado 35,44. Na compa-ração de grupos de diferentes faixas etárias, o grupo que apre-

sentou maior média de pontuação tanto na escala de traço deansiedade como na de estado foi o grupo de 51 a 55 anos.

Apesar da diferença entre o número de sujeitos dosexo feminino e sexo masculino, pudemos constatar que amédia do grupo feminino tanto na escala de traço como na deestado está bem maior que o grupo de sujeitos do sexo mas-culino.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃOAo discutir os dados obtidos nesta pesquisa alguns

aspectos devem ser considerados a priori. Inicialmente é im-portante frisar que este trabalho envolveu uma primeira etapade levantamento e análise de conteúdo teórico relacionandoquestões fisiológicas do diabetes melito com aspectos psico-lógicos como ansiedade, stress, depressão, adesão ao trata-mento, etc. Nesse sentido os pontos apresentados na Introdu-ção mostram a importância dessa relação e a importância dese trabalhar com os aspectos psicológicos tanto no sentido demelhorar a adesão do paciente aos vários aspectos do trata-mento como no sentido de influir diretamente em mecanis-mos psicofisiológicos relacionados à produção de insulina.

Com relação à segunda etapa, em que houve a coletados dados obtidos, deve-se considerar inicialmente a dificulda-de dos pacientes na compreensão de algumas das questõesapresentadas na anamnese e nos itens do IDATE. Muitas vezesos pesquisadores explicavam várias vezes o significado dositens e mesmo assim obtinham uma resposta insegura, como seo sujeito ainda não tivesse compreendido a questão. Esta cons-tatação levanta a reflexão sobre a fragilidade dos dados obtidosdiretamente com os sujeitos a partir do relato verbal. Este podeenvolver distorções tanto de compreensão quanto no sentido decorresponder à expectativa do entrevistador.

O pequeno número de sujeitos que efetivamente res-pondeu os instrumentos também compromete os dados obtidosem termos de generalidade das conclusões obtidas.

Apesar dessas limitações, pode-se perceber a partir dosdados obtidos que os sujeitos possuem uma boa rotina de acom-panhamento do diabetes, sendo esta provavelmente uma conse-qüência da participação nos grupos de orientação.

Com relação a avaliação da ansiedade, foi utilizado oIDATE (Spielberger, Gorsuch e Lushene, 1970 tradução eadaptação Biaggio, 1979), que avalia essa característica emoci-onal a partir de duas subescalas, uma que identifica a ansiedadeenquanto “estado” presente no momento da avaliação e outraem que se avalia a ansiedade enquanto “traço”, ou seja enquan-to característica estável do indivíduo. Os dados obtidos a partirda aplicação desse instrumento, demonstraram que, apesar dalimitação observada na compreensão dos itens do teste pôr par-te dos pacientes, os sujeitos estudados apresentam um traço deansiedade mais presente, ou seja, obtivemos um escore maiorna subescala “traço” do que na subescala “estado”. Nesse sen-tido, os dados indicam uma relação entre a ansiedade como umtraço de personalidade em pacientes diabéticos tipo II.

Outros estudos e pesquisas devem ser feitas nestaárea mostrando e comprovando essas relações entre aspectospsicológicos e o diabetes melito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASGUIMARÃES, Flávia Fonseca; KERBAUY, Rachel Rodri-

gues. Autocontrole e adesão a tratamento em diabéti-cos, cardíacos e hipertensos, in: Comportamento eSaúde, Santo André, ARBytes, 1999.

MALERBI, Fani Eta Korn. Adesão ao tratamento, in: SobreComportamento e Cognicão- Org. Kerbauy, R.R.,Santo André, SET, 2000.

SURWIT, S; SCOVERN, A. W; and FEIGLOS, M. N. Therole of behavior in diabetes care. Diabetes Care, vol5no. 3, may-june 1982.

BIAGGIO, Angela – Manual do Inventário de AnsiedadeTraço-Estado – Rio de Janeiro, CEPA, 1979.

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9º CONGRESSO DE

CO.04

IMPLANTAÇÃO DE MEDIDAS PROFILÁTICAS PARA REDUÇÃO DAS TAXAS DE PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DO MUNICÍPIO DE LINS (SP)

ENDRY CAROBENE FRANCESCHI (B) – Curso de OdontologiaROBERTO CARLOS GRASSI MALTA (O) – Faculdade de Odontologia

FABRÍCIO BOCCIA MOLINA (CO) – Faculdade de OdontologiaFAPIC/UNIMEP

RESUMO

As infecções parasitárias se constituem em um dos principais problemas de saúde pública apresentando-se deforma endêmica em diversas áreas do Brasil. Podem apresentar estreita relação com fatores sócio-demográficos eambientais. O objetivo principal desse estudo é analisar a prevalência de enteroparasitas em crianças frequentadoras decreches (públicas e privadas) do município de Lins (SP). Para isso, foi feito um levantamento de dados através de umquestionário, do qual continha questões sobre o tipo de moradia, renda familiar, presença de animais domésticos elaser das crianças em questão. Posteriormente, foram realizadas coletas de amostras de fezes em dias alternados paraavaliar a presença de parasitoses intestinais. Após a obtenção de casos positivos, foram realizadas palestras educativase distribuição de folders aos pais e/ou responsáveis. As crianças foram encaminhadas ao Posto de Saúde local comintúito de serem medicadas.Novamente, após a medicação, foram feitas coletas de fezes para verificar a eficácia doplano de controle e tratamento propostos. As amostras apresentaram 32,3% de positividade, sendo a espécie de maiorprevalência a Giardia lamblia (90,9%), após o emprego das medidas profiláticas foi observado uma redução de 30%da taxa de prevalência dos enteroparasitas.

INTRODUÇÃOA freqüência de parasitoses intestinais em nosso

país é sabidamente elevada, assim como, nos demais paí-ses em desenvolvimento, sofrendo variações quanto à re-gião de cada país e quanto às condições de saneamentobásico, do nível sócio-econômico, do grau de escolarida-de, da idade e dos hábitos de higiene dos indivíduos quenela habitam, entre outras variáveis. (MACHADO, et alli,1999; RODRIGUEZ, et alli, 2000.)

As protozooses e helmintoses intestinais são mui-to comuns na população infantil principalmente nas faixaspré-escolares devido a diversos fatores imunológicos, hi-giênicos e sociais. É preocupante em alguns países o índi-ce de morbidade causado por esses enteroparasitas, assimcomo, o estado de desnutrição das crianças infestadas.(VIEIRA, 1980; PESSOA & MARTINS, 1988; BIOL-LEY et alli, 1990, REY, 1991; HUGGINS et alli, 1993,TORRES et alli, 1995 e GIÓIA, 1992)

Em se tratando do Brasil, vamos encontrar dadosdo primeiro levantamento helmintológico, coletados entre1916 e 1921 realizado com auxílio da Fundação Rockefe-ller, abrangendo 10 estados. Outro levantamento realizadono inicio da década de 50, feito em 11 estados mostrouuma elevada prevalência para parasitas como Ascaris lum-bricoides, Trichuris trichiura, ancilostomídeos e Schisto-somo mansoni. (MELLO, et alli, 1988).

No complexo ciclo das parasitoses intestinais, acomunidade representa o elo mais importante deste ecos-sistema. Por isso, nos programas de controle, a populaçãodeve não só ser informada, mas principalmente participardo processo de forma dinâmica, conscientemente engaja-da no planejamento, implementação, monitoração e avali-ação (OMS, 1982).

O presente trabalho tem como objetivo implantarmedidas profiláticas que visem reduzir as taxas de prevalên-cia de parasitoses intestinais em crianças freqüentadoras de

creches públicas e particulares da zona urbana do municí-pio de Lins (SP, Brasil) e avaliar a redução dos índices deparasitoses após a implantação das medidas de controlepara estes parasitas. Os dados obtidos neste estudo serão en-caminhados para Secretaria da Saúde do município a fim deauxiliar no planejamento de possíveis ações para controle etratamento das enteroparasitoses a longo prazo.

MATERIAL E MÉTODOSO grupo de estudo definido para realização das in-

vestigações é freqüentador da creche “Dom Bosco” (Insti-tuição Pública) e da Escola de Educação Infantil “EstaçãoCriança” (Instituição Particular), situados no município deLins, na região noroeste do Estado de São Paulo. Sendo onúmero de crianças 63 para a primeira e 05 para a segunda.

Primeiramente, foi distribuído uma ficha de anam-nese contendo os dados pessoais e sociais das crianças (pre-sença de animais domésticos, laser, renda familiar, etc). Emseguida, foram coletadas 3 amostras em dias alternadospara levantamento de parasitoses intestinais. As amostrasforam coletados em recipientes estéreis, deixados com ante-cedência na própria creche e na escola, sendo colhidos apósa execução do exame. Foram feitas as analises seriadas dasfezes em dias alternados. Em seguida, estas amostras foramanalisadas pelos métodos de Faust, (para pesquisa de cistosde protozoários), de Holffman, Pons & Janer, (para pesqui-sa de ovos de helmintos) e os de Rugai e Baermann (visan-do pesquisas larvas de nematódeos).

Como medidas profiláticas foram realizados trata-mentos dos casos positivos confirmados, esclarecimentoatravés de mini-cursos, palestras e distribuição de foldersaos professores, pais e/ou responsáveis informando os ris-cos das enteroparasitoses, medidas de higiene pessoal, deproteção dos alimentos, de eliminação de vetores e todasoutras pertinentes ao assunto.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 35

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A avaliação da eficácia das medidas profiláticasocorreu posteriormente à análise das amostras pela mesmametodologia empregada durante o primeiro levantamento.

Para a realização do teste estatístico, foi feita peloc2, onde observou–se a existência ou não de diferençassignificativas (a = 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃOForam analisadas 68 crianças, onde 63 (92,64%)

eram de instituição pública e 5 (7,36%) pertenciam a insti-tuição particular. Do total das crianças analisadas, 22(32,3%) delas estavam infectadas com pelo menos umaespécie de parasita, sendo estas crianças pertencentes aogrupo da instituição pública. Foi observado a presença de20 crianças parasitadas com Giardia lamblia (90,9%) e 6com Endolimax nana (27,6%). Destas amostras 4 (18,1%)apresentavam associação entre estas duas espécies.

Na análise da prevalência de enteroparasitas entremeninos e meninas das instituições públicas e particularespodemos observar que, dentre os casos positivos, 10(50%) eram do sexo masculino e 12 (38,7%) do sexo fe-minino. Em se tratando da prevalência de enteroparasitasrelacionado à renda familiar, em instituições públicas, en-controu–se entre os positivos, 8 crianças possuindo renda1 e 14 possuindo renda 2, assim como a maioria dos casosnegativos. Das 5 crianças pertencentes à instituição parti-cular, 2 se englobam na renda 3 e as demais na renda 4,não havendo portanto diferença significativa.

Analisando o tipo de moradia, não observamos di-ferença significativa entre os casos positivos. Das 22 cri-anças, 13 habitam casa de madeira e 9 em casa de tijolos.

Dentre os casos positivos relacionados ao lazer, 6crianças tem como hábito nadar em rios; 6 jogar futebol;10 brincar na areia e 5 realizar outro tipo de atividade. En-tre os negativos, 8 tem como hábito nadar em rios; 5 jogarfutebol; 19 brincar na areia e 16 realizar outro tipo de ati-vidade, não sendo observado diferença significativa dentreas classes analisadas.

Finalmente, analisando-se o resultado de eficáciado tratamento e profilaxias orientadas, observou-se quehouve uma redução de 30% dos casos positivos.

CONCLUSÃOApós o tratamento idealizado e as orientações

transmitidas aos pais e/ou responsáveis, observou–se ain-da uma grande persistência de casos positivos (70%) quedemonstram a falta de colaboração, ineficácia do medica-mento utilizado, persistência de cepas desse parasita ouposologia incorreta.

Para garantirmos uma melhor qualidade de vidade uma população, trabalhos de profilaxia e levantamen-tos devem ser realizados constantemente.

É de extrema importância salientarmos a necessi-dade da realização de um novo levantamento em um perí-odo de tempo mais longo, pois em muitas das situações otratamento mostrou-se totalmente eficaz, porém o fato deestarmos expostos periodicamente a diferentes fontes deinfecções, pode acarretar reinfecções e muitas vezes au-mentar o número de casos novos positivos, devido a per-sistência de uma má higienização e a resistência de algunsparasitas no ambiente externo, pois o tratamento não nosgarante uma profilaxia e sim uma terapêutica. Outros estu-

dos no estado de São Paulo, ainda na década de 90, de-monstraram prevalências variando entre 17,3% a 62,5%.(CASEIRO,M.M., et alli, 1994; FRANCO, R.M.B. &CORDEIRO, N.S., 1996).

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36 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.05

AVALIAÇÃO DAS LESÕES CANCERIZÁVEIS NA MUCOSA BUCAL DOS PACIENTES DO MST DA REGIÃO DE PROMISSÃO EXPOSTOS AOS FATORES DE RISCO DO CÂNCER BUCAL: ÁLCOOL, TABACO,

IRRITAÇÕES CRÔNICAS E RADIAÇÃO ULTRA VIOLETA

ALEX LUIZ POZZOBON PEREIRA (B) – Curso de OdontologiaNANCY ALFIERI NUNES (O) – Faculdade de Odontologia

RUTE NUNES BUENO GODOY (CO) – Faculdade de OdontologiaPIBIC/CNPq

RESUMO

Este trabalho teve como propósito avaliar clinicamente a incidência de lesões cancerizáveis em pacientes domovimento sem terra, Promissão, SP, comparando-as com pacientes triados na Faculdade de Odontologia de Lins.Cada grupo foi composto de 300 indivíduos, de ambos os sexos, com idade de 16anos a 80 anos, classificados segundoa faixa etária, em 5 subgrupos. Os pacientes foram submetidos a uma anamnese dirigida à exposição aos fatores derisco ao câncer bucal: álcool, tabaco, radiações-ultravioleta e irritações crônicas; seguido de avaliação clínica e obser-vação de lesões cancerizáveis branca, vermelhas, mistas ou ulceradas. As mesmas foram submetidas ao rastreamentocom azul de toluidina a 1% e citológico. Os pacientes foram orientados quanto aos fatores de risco, auto-exame e pre-venção do câncer bucal. Foram detectadas 22 lesões cancerizáveis (7,33%) no grupo MST e 10 no grupo controle. Osfatores de risco no grupo alvo foram em ordem decrescente: álcool, exposição solar, irritações crônicas e tabaco, sendoque todos os pacientes tinham pelo menos dois fatores associados.Testes estatísticos do Qui-quadradro com significân-cia a 5% revelaram maior ocorrência de lesões cancerizáveis no grupo alvo, em faixa etária de 31- 40 anos e 61 – 80anos, mais no sexo feminino.

INTRODUÇÃOO câncer, de um modo geral, é fator de produção de

constrangimento na população em geral, visto estar semprealiado à causa “mortis” das pessoas dele portador. Dadosestatísticos do Instituto Nacional do Câncer revelam, contu-do, que ele ocupa a terceira posição na escala de mortalida-de do mundo, sendo que as doenças circulatórias e as cau-sas externas, como acidentes, ocupam o primeiro e segundolugar respectivamente (BORAKS, 1996).

A carcinogênese é dividida em três estágios: inici-ação, promoção e progressão. A prevenção é aplicadaprincipalmente na promoção onde o conhecimento dos fa-tores de risco, lesões cancerizáveis e estágios iniciais detumores malignos devem ser precocemente observados.Adetecção e identificação precisa dos agentes carcinogêni-cos e sua atuação deve ser de domínio profissional no sen-tido de informar, prevenir e atuar nas situações passíveisde malignidade (CÂNCER DE BOCA, 1996) e fatores derisco, sendo reconhecido que o uso do tabaco e do álcool(CÂNCER DE BOCA, 1996) são grandemente responsá-veis pela incidência do câncer bucal, aliados também aoutros fatores, tais como a radiação solar, arestas dentári-as, infecções virais, anti-sépticos bucais (CÂNCER DEBOCA, 1996).

Este trabalho teve como objetivo avaliar clinica-mente as lesões cancerizáveis e os fatores de risco álcool,tabaco, radiação ultra-violeta e irritações crônicas em pa-cientes do MST, comparando-os com pacientes atendidosna Faculdade de Odontologia de Lins.

MATERIAIS E MÉTODOSForam atendidos 300 pacientes do Movimento

Sem Terra (grupo alvo) da região de Promissão-SP, de am-bos os sexos, a partir dos 16 anos de idade, que foram inici-almente recebidos por 10 acadêmicos do IV Semestre de

Odontologia, os quais coletaram dados para preenchimentode fichas de anamnese, seguido de ensino e supervisão deum auto-exame, com base em um “folder” especifico. Nogrupo controle foram atendidos 300 pacientes, com idade apartir dos 16 anos, encaminhados do setor de triagem da Fa-culdade de Odontologia de Lins, para as clínicas de Cirur-gia e Traumatologia I e II, Periodontia II, Clínica Integrada Ie Semiologia e Diagnóstico II. O grupo alvo foi atendidoem unidade móvel e consultório da agrovila e o grupo con-trole na Faculdade de Odontologia de Lins.

Cada paciente foi então submetido ao exame esto-matológico utilizando-se espelho bucal, gaze, abaixadoresde língua e, se necessário, o rastreamento com azul de to-luidina a 1%, precedido de ácido acético a 1%, com coto-netes (SILVERMAN JR & MIGLIORATI, 1992); coletacitológica, com espátulas plásticas e lâminas de vidro. Omaterial foi colocado em frasco plástico com álcool 96ºGL e encaminhado ao laboratório de Patologia da Facul-dade. O resultado do citodiagnóstico foi estabelecido se-gundo a classificação de Papanicolau & Traut (BORAKS,1996; GENOVESE, 1992).

Os resultados foram submetidos ao teste estatísti-co do Qui-quadrado.

RESULTADO E DISCUSSÃOOs 600 pacientes do grupo controle e alvo (MST),

foram divididos quanto a faixa etária e sexo, demonstran-do uma maior frequência do sexo feminino e tendência deindivíduos mais jovens no grupo do MST.

No grupo controle foram observadas 10 lesõescancerizáveis (3,33%), mais no sexo feminino e na faixaetária de 41-50 anos, com associação dos fatores exposi-ção solar e tabaco II, conforme a tabela 1.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 37

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Tabela 1. Grupo controle: incidência de lesões cancerizáveis.

Por sua vez, nos 300 pacientes do grupo alvo fo-ram detectadas 22 lesões cancerizáveis (7.33%), cujo fatorde risco mais evidente foi o álcool, na faixa etária mais jo-vem (31-40 anos) e mais senil (61-80 anos), associado apelo menos mais um fator de risco (tabela 2).

Tabela 2. Grupo alvo (MST): incidência de lesões cancerizáveis.

Pela característica do grupo estudado era de espe-rar uma maior exposição à radiação solar (BORAKS,1996; LA VECCHIA et al, 1997; KIGNEL, 1997), contu-do o álcool predominou possivelmente devido às condi-ções sócio-econômicas ou marginalização, que produzi-ram estresse emocional e maior consumo do mesmo; prin-cipalmente na faixa etária de 31-40 anos.

Conforme citado na literatura (FUNDAÇÃOONCOCENTRO, 1996; LA VECCHIA et al, 1997;KIGNEL, 1997; WAAL et al, 1997) a associação de álco-ol e tabaco aumentam a possibilidade de câncer bucal e nogrupo do MST, entre 138 do sexo masculino, 26 (18,84%)e em 162 mulheres, 18 (11,11%) do sexo feminino fuma-vam e bebiam, principalmente na faixa etária mais joveme com maior incidência de lesões cancerizáveis. Só ingeri-ram álcool, e não fumavam 30,43% do sexo masculino e25,92% do sexo feminino.

Quanto ao tabaco, isoladamente, a sua utilizaçãofoi mais freqüente no sexo feminino (13 casos- 8,02%) ena faixa etária mais jovem (16-30 anos), o que tambémcontradiz (WAAL et al, 1997) quanto a maior incidênciano sexo masculino e após os 50 anos.

A irritação crônica ocupou o 3º lugar (19 casos-6,33%) nos fatores de risco no grupo alvo, principalmentena faixa etária de 16-30 anos, tendo como causa arestasdentárias, o que também é citado como fator relevante pelaFUNDAÇÃO ONCOCENTRO (1996) e KIGNEL (1997).

A análise estatística do Qui-quadrado não de-monstrou resultado significante a 5% quanto à ação do ta-baco ou exposição solar, contudo revelou-se significantequanto às lesões cancerizáveis no grupo alvo, ou seja, es-tas ocorreram mais neste grupo.

CONCLUSÃOAs lesões cancerizáveis foram significantemente

mais presentes no grupo alvo (MST) (7,33%) que no gru-po controle (3,33%).

Nos pacientes do MST os fatores de risco maisfreqüentes ocuparam os seguintes postos, em ordem de-crescente: álcool, exposição solar, irritação crônica e taba-co, com associação de pelo menos dois deles, principal-mente o álcool e a exposição solar.

No grupo controle os fatores de risco obedecerama seguinte ordem decrescente: exposição solar, tabaco, ir-ritação crônica e álcool, sendo três casos associados de ex-posição solar e tabaco e dois casos de tabaco e álcool.

As faixas etárias de maior incidência de lesõescancerizáveis no grupo controle foi de 41-50 anos e nogrupo alvo (MST) ocuparam duas faixas significantes: 31-40 anos e 61-80 anos, com ocorrência ligeiramente maiorno sexo feminino.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BORAKS, S. Diagnóstico Bucal.São Paulo, Artes Médicas,1996.

CÂNCER DE BOCA. Manual de detecção de lesões sus-peitas. 2ª ed. Rio de Janeiro: INCA/PRO-ONCO,1996.

FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO. Cân-cer Bucal. Controle no Estado de São Paulo. Governodo Estado de São Paulo, Secretaria da Saúde, 1996.

GENOVESE, W. J. Metodologia do Exame Clínico emOdontologia. 2ª ed., São Paulo, Pancast Editorial,1992.

KIGNEL, S. Diagnóstico Bucal. São Paulo, Robe, 1997

LA VECCHIA, C., CTAVANI, A., FRANCESCHI, S.,LEVI, F., CORRAD, G. NEGRI, E. Epidemiologyand prevention of oral cancer. Oral. Oncology, v.33,n.5, p.302-312, 1997.

SILVERMAN JUNIOR, S.; MIGLIORATI, C. Toluidineblue staining and early detection of oral precance-rous and malignant lesions. Iowa dent.J.,v.78,n.2,p.15-16, Apr. 1992.

WAAL, I. S.; MEIJ, E. H. & SMEELE. Oral Leuko-plakia: a clinicophatological review. Oral Oncology,v.33, n.5, p.291-301, 1997.

FAIXA ETÁRIA SEXO FATORES DE RISCO LESÃO

Idade (anos) Feminino Masculino Exposição

Solar Tabaco Álcool IrritaçãoCrônica Cancerizável

16-30 33 31 3 131-40 42 28 5 3 141-50 41 28 5 4 2 551-61 22 17 1 2 1 361-80 31 27 1 2 2 1 1TOTAL 169 131 15 12 2 4 10

FAIXA ETÁRIA SEXO FATORES DE RISCO LESÃO

Idade (anos) Feminino Masculino Exposição

Solar Tabaco Álcool Irritação Crônica Cancerizável

31-40 41 32 8 8 20 4 616-30 59 52 9 4 25 7 441-50 36 22 8 3 15 2 451-61 22 20 5 2 17 4 361-80 4 12 2 1 5 2 5TOTAL 162 138 32 18 82 19 22

38 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.06

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA DO GRUPO EXPERIMENTAL COMPOSTO POR CRIANÇAS COM FAIXA ETÁRIA

DE 5-8 ANOS DA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS – MS

RAFAEL MIGLIORINI (B) – Curso de OdontologiaCARLOS WAGNER DE ARAÚJO WERNER (O) – Faculdade de Odontologia

EDGARD BERGAMASCHI JUNIOR (CO) – Faculdade de OdontologiaPAULO CÉSAR PERIN (CO) – Faculdade de Odontologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo deste estudo é realizar o levantamento epidemiológico da cárie dentária em 84 crianças indígenas de5-8 anos da Reserva Indígena de Dourados/MS antes da distribuição de leite de soja fluoretado (grupo experimental).Para realizar o exame utilizamos uma ficha padrão da OMS, que permitiu a obtenção dos índices Ceo (Dentes decíduoscariados, com extração indicada e obturados) e CPOD (dentes permanentes cariados, extraídos, com extração indicada eobturados) (CHAVES, 2000; PINTO,2000). Os dados obtidos foram tabulados utilizando-se o programa Epi-INFO(sof-tware). Os índices Ceo e CPOD do grupo da reserva indígena foram comparados com os índices de crianças de mesmafaixa etária de diferentes regiões do Brasil. Para crianças de 6 anos da reserva, o índice Ceo foi de 4,24 e o índice CPODfoi de 0,2. Na região sudeste o índice Ceo para crianças de mesma idade é de 1,97 e o índice CPOD é de 0,15. De acordocom os resultados obtidos, o número de dentes decíduos comprometidos por cárie é elevado em relação aos dados nacio-nais ilustrados pela região sudeste. Este resultado era esperado, pois na comunidade indígena verificamos a carência deassistência odontológica com a falta de medidas preventivas necessárias para o controle da cárie dentária.

INTRODUÇÃONa Aldeia Bororó ocorre uma produção diária do

leite de soja com um equipamento chamado “vaca mecâ-nica”. O leite produzido é levado às Escolas Bororó eAgostinho na Reserva Índígena de Dourados. A fluoreta-ção do leite de soja numa concentração de 2 ppm foi inici-ada de forma a avaliar seus benefícios. A eficiência da flu-oretação do leite de soja será estudada comparando estelevantamento epidemiológico inicial com o levantamentoa ser realizado posteriormente.

Este projeto tem como objetivos: 1-Coletar dadosde base antecedendo o estudo de pesquisa sobre fluoreta-ção do leite soja. 2- Realizar um levantamento epidemio-lógico da cárie dentária do grupo experimental (grupo queconsome o leite de soja fluoretado). 3- Comparar a preva-lência da cárie do grupo experimental com dados regio-nais e nacionais. 4- Iniciar a fluoretação do leite de soja.

MATERIAL E MÉTODOSA população a ser pesquisada foi constituída de

escolares de 5-8 anos de idade das Escolas da Aldeia Bo-roró de Agostinho situadas na reserva indígena de Doura-dos/MS. O número total da amostra foi de 84 crianças, 39do sexo masculino e 45 do sexo feminino. O instrumentoutilizado para aferir a condição dentária foi o índice Ceo eCPO, empregando-se os códigos e critérios da OMS.

Para realizar o exame clínico das crianças indíge-nas foram utilizadas as sondas especiais preconizadas pelaOMS e fichas padrão da OMS (OMS, 1999).

Os exames foram realizados por dois examinado-res previamente calibrados. As funções de anotadores fo-ram exercidas por dois alunos voluntários do VIII semestredo curso de Odontologia de Lins, sendo que estes foramdevidamente treinados e calibrados junto aos examinado-res. Outro aluno ficou responsável pelo monitoramento dascrianças a serem examinadas. Os dados foram digitados e

tabulados em um programa de software Epi Info versão 6,de domínio público.

Para a fluoretação do leite de soja foram utilizadosos seguintes materiais: Fluoreto de Sódio (NaF), balançaanalítica, vidro de relógio, espátula, balão de fundo chato,balão volumétrico, água ultra pura, frascos de plástico100 ml, pêra de sucção.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA prevalência da cárie dentária em dentição decí-

dua para crianças de 5 anos, fornecida através do índiceCeo (Dentes decíduos cariados, com extração indicada eobturados) é de 5,66. Isto indica que aos 5 anos de idade,das 20 unidades dentárias, por volta de 6 dentes por crian-ças estão comprometidos pela cárie dentária. A grandemaioria dos dentes com extração indicada, foram devidoao processo avançado da cárie dentária. Poucos dentes ob-turados foram encontrados.

A tabela 1 ilustra a prevalência da cárie dentáriaem dentes decíduos e permanentes de crianças de 6 a 8anos. Verificamos que o índice Ceo (Dentes decíduos cari-ados, com extração indicada e obturados) para crianças de7 anos é de 4,05. A razão de ser mais baixa do que aos cin-co anos, se deve ao fato de que os dentes decíduos esfolia-dos não são incluídos no índice Ceo. De outra forma apartir do início da erupção de dentes permanentes aos 6anos, devemos calcular o índice CPO que equivale ao nú-mero de dentes permanentes cariados, perdidos, com ex-tração indicada e obturados. O índice de CPOD (tabela 1)para crianças de 8 anos é de 1,27, o que significa que umamédia de um dente permanente (geralmente o primeiromolar erupcionado aos 6 anos) por criança já se encontracariado 2 anos após a sua erupção.

De forma a demostrar a equivalência dos dadosencontrados na reserva indígena com dados regionais e

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 39

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nacionais do Brasil, as tabelas 2 e 3 ilustram por região epor faixa etária o índices Ceo e CPOD.

Tabela 1. Ceo e CPOD da Reserva Indígena de Dourados – MS.

Tabela 2. Ceo das regiões do Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde, 1996

Tabela 3. Índice CPOD das regiões do Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde, 1996

A faixa etária do grupo de crianças indígenas estu-dada (5-8 anos) apresenta até 12 dentes permanentes erup-cionados. Mesmo aos 8 anos de idade, os dentes perma-nentes estão presentes na cavidade oral por pouco tempo(máximo 2 anos) e a susceptibilidade à cárie dentária au-menta com o tempo de exposição ao meio bucal.

Nas escolas da reserva não havia presença de cri-anças de 12 anos de idade, pois as mesmas são considera-das adultas na comunidade, deixando de frequentar a es-cola. Segundo a OMS, a idade de 5 anos é recomendadapara se avaliar as condições de dentes decíduos e 12 anosa idade ideal para se avaliar os dentes permanentes. Crian-ças desta faixa etária possuem cerca de 24 dentes perma-nentes já erupcionados na cavidade bucal. O indice CPOquando utilizado em crianças de 6-8 anos é sujeito à dis-crepâncias devido à cronologia de erupção dentária e tem-po curto de exposição ao meio bucal.

Verifica-se na tabela 1, um elevado índice de Ceo,sendo este superior aos índices nacionais. Os índices Ceoda população indígena são mais próximos da região Nortee Nordeste do país. O índice CPOD das crianças da reser-va esteve pouco acima dos índices das regiões Sul, Sudes-te e Centro Oeste, porém está abaixo dos índices das regi-ões Norte e Nordeste (tabela 3). Estas regiões tem condi-ções sócio econômicas baixas e baixo acesso ao flúor. Tal-vez estes fatores expliquem a proximidade dos resultadosda reserva indígena com os das regiões Norte e Nordeste.

Observando as tabelas 2 e 3, verificamos tambémque o índice CPOD e Ceo das regiões Norte e Nordesteestão bem acima dos índices das regiões Centro-Oeste,Sudeste e Sul do país. Os índices da Reserva indígena deDourados estão mais próximos das regiões Norte e Nor-deste do que da região Centro Oeste que compreende MS.

CONCLUSÃOConcluímos que o índice Ceo (dentes decíduos

cariados, com extração indicada e obturados) é o índicemais apropriado para analisar a prevalência de cárie dentá-ria em crianças de 5-8 anos.

O alto índice Ceo para todas as idades estudadas nacomunidade indígena de Dourados pode estar associado àscondições sócio econômicas desta população, à falta de as-sistência por parte das autoridades competentes, ao baixoacesso ao tratamento dentário e principalmente à falta demedidas preventivas da cárie dentária (OMS, 1992).

Como este levantamento é parte de um estudolongitudinal para comparar a prevalência de cárie dentáriade crianças expostas e não expostas ao leite de soja fluore-tado, sugerimos que poderá ocorrer dificuldades no acom-panhamento de escolares na reserva de Dourados devido aevasão escolar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICACHAVES, M. M. Odontologia Social. 4.ed. São Paulo:

Santos, 2000.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS [online], SãoPaulo, 1996. [citado em 15 Fev. 2001]. Disponívelna Internet: http//www.datasus.gov.br//Informaçõesde Saúde/Saúde Bucal.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Bases paraPrevenção de Doenças Bucais. São Paulo: EditoraSantos. 1992.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Levanta-mentos Básicos em Saúde Bucal. Tradução por AnaJúlia Perrotti Garcia. 4.ed. São Paulo: Editora San-tos, 1999. 66p. Tradução de: Oral Health Surveys –Basic Methods.

PINTO, V. G. Saúde Bucal Coletiva. 4.ed. São Paulo:Editora Santos, 2000. 541p.

IDADE (ANOS) 6 7 8 MÉDIACeo 4,24 4,05 4,13 4,14

CPOD 0,20 0,36 1,27 0,61

IDADE (ANOS) 6 7 8 MÉDIASUL 2,23 2,63 3 2,62

SUDESTE 1,97 1,94 1,94 1,95CENTRO OESTE 2,59 3,02 2,85 2,82

NORDESTE 3,11 3,23 3,08 3,14NORTE 3,6 3,77 3,42 3,6

IDADE (ANOS) 6 7 8 MÉDIASUL 0,15 0,5 0,89 0,51

SUDESTE 0,15 0,35 0,64 0,38CENTRO OESTE 0,14 0,39 0,75 0,43

NORDESTE 0,24 0,64 1,12 0,67NORTE 0,55 1,25 1,82 1,21

40 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.07

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA DE CRIANÇAS DA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS (GRUPO CONTROLE

DO ESTUDO DE FLUORETAÇÃO DO LEITE DE SOJA)

SÉRGIO YUDI NAKAI (B) – Curso de OdontologiaCARLOS WAGNER DE ARAÚJO WERNER (O) – Faculdade de Odontologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo principal deste estudo é o levantamento epidemiológico da cárie dentária em crianças da faixa etá-ria de 5-8 anos, da escola estadual Tengatuí Marangatu, na reserva indígena de Dourados (MS). Este levantamento é oprimeiro estudo epidemiológico realizado nesta localidade e os dados obtidos são relativos ao grupo controle doestudo da fluoretação do leite de soja. Foram examinadas 137 crianças de ambos os sexos. O exame constou de umquestionário de anamnese e de exame extra e intra oral. Os dados foram registrados na ficha da Organização Mundialda Saúde (OMS). A tabulação dos dados foi feita com o programa Epi-Info (Versão-6). Para crianças de 6 anos, oíndice ceo (dentes decíduos cariados, com extração indicada por cárie e obturados) foi de 5,84, e o índice CPO-D(dentes permanentes cariados, perdidos por cárie e obturados) foi de 0,5. Na região Sudeste o índice ceo é de 1,97, e oíndice CPO-D 0,15 para crianças da mesma idade. Concluímos que a alta prevalência da cárie dentária na dentiçãodecídua e permanente de crianças indígenas, a baixa renda familiar, falta de saneamento básico e assistência precária asaúde sugerem a urgência de medidas preventivas da cárie dentária. Após 2 anos de implementação da fluoretação doleite de soja, esperamos que ocorra uma diminuição na prevalência da cárie dentária no grupo experimental, demos-trando a eficácia da utilização do flúor nesta comunidade.

INTRODUÇÃOO processo de aculturação imposto aos indígenas

presentes no território nacional foi marcado na grandemaioria das vezes pela violência e pela tendência a umahomogeneização forçada, resultando na perda da identida-de cultural das minorias indígenas, na modificação desuas estruturas de sustentação social e na indução de mu-danças biológicas com o aparecimento de enfermidadescomo a cárie dental antes desconhecida ou muito poucoprevalecente. A introdução do açúcar na alimentação pare-ce constituir-se num dos primeiros fatores de rompimentode hábitos seculares sociais e alimentares associados à cá-rie dentária (PINTO, 2000). Adicionalmente à freqüênciade consumo do açúcar, a renda familiar também esta asso-ciada à alta prevalência e severidade da cárie dentária. Cri-anças que consomem produtos cariogênicos duas a trêsvezes ao dia, todos os dias, tem chance 4,41 vezes maiorde desenvolvimento da cárie quando comparadas com asque consumem esses produtos no máximo uma vez aodia. A renda familiar é o fator socioeconômico de maiorimportância e crianças com renda familiar menor que 5salários-mínimos tem chance 4,18 vezes maior de desen-volver a cárie quando comparadas àquelas com renda fa-miliar superior a 5 salários mínimos (PERES, 2000).

Os levantamentos epidemiológicos visam aumen-tar nosso conhecimento sobre a distribuição da cárie dentá-ria numa determinada região, entender a possível associa-ção dos fatores causais e fornecer dados para o planejamen-to de programas preventivos e curativos. Os dados obtidosno levantamento epidemiológico da cárie dentária são in-dispensáveis para a intervenção do dentista na comunidadeem que ele atua (CHAVES, 1986). O levantamento básicode saúde bucal proposto pela 0MS fornece uma base sólidapara o diagnóstico das condições atuais da saúde bucal deuma população e suas necessidades futuras de tratamento,servindo para monitorar as alterações de níveis e padrões decondições e doenças bucais (OMS, 1999).

Como a maioria das crianças da reserva vive emgrande dificuldade sócioeconômica, sofrendo um processo

continuo de aculturação imposta, sem atendimento médico/odontológico e com a falta de saneamento básico, parte-sedo pressuposto que a prevalência da cárie dentária nesta co-munidade seria superior à de outras regiões do país.

A população da reserva indígena de Dourados écomposta por 7.000 índios representados por três povos:os Caioás, os Guarani e os Terenas. Devido à falta de umlevantamento epidemiológico prévio da cárie dentárianesta reserva, a coleta dos dados com a finalidade de co-nhecer e estudar as condições de saúde bucal da popula-ção oferecerá informação básica para comparação comoutras comunidades e para monitoramento de futuros pro-gramas preventivos.

O objetivo deste estudo é o levantamento epide-miológico da cárie dentária em crianças da faixa etária de5-8 anos, da escola estadual Tengatuí Marangatu, da reser-va indígena de Dourados (MS). Os dados coletados servi-rão de base para comparação do grupo controle e do gru-po experimental de um estudo de pesquisa sobre fluoreta-ção de leite de soja. Os dados deste estudo são referentesao grupo controle e neste estudo também serão compara-dos à dados regionais e nacionais.

MATERIAIS E MÉTODOSEste estudo foi conduzido na reserva indígena de

Dourados (MS), com crianças da escola estadual TengatuíMarangatu. O levantamento da cárie dentária foi realizadoem 137 crianças na faixa etária de 5-8 anos de idade, deambos os sexos. Todos foram submetidos a uma anamne-se e exame extra e intra oral. O exame foi realizado pordois bolsistas, devidamente paramentados, sendo que osanotadores eram acadêmicos da faculdade de Odontologiade Lins. Os pacientes foram escolhidos randomicamente,acomodados em uma cadeira improvisada, sob luz natu-ral, a cabeça do paciente apoiada, levemente inclinadapara trás e o exame intra oral foi realizado com auxilio deuma sonda (preconizada pela OMS). Os dados foram re-gistrados nas fichas que seguem o modelo da OMS e a ta-bulação feita com o software Epi-Info (Versão-6).

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 41

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA figura 1 ilustra o índice ceo (dentes decíduos

cariados, com extração indicada por cárie e obturados) e afigura 2 o índice CPO-D (dentes permanentes cariados,perdidos por cárie e obturados) da reserva indígena. Nota-mos que o ceo diminui a partir do 6 anos de idade, devidoà substituição dos dentes decíduos pelos dentes perma-nentes. O CPO-D aumenta com a idade, chegando aoCPO-D igual a 0,77 aos 8 anos de idade.

Figura 1. Índice ceo.

Figura 2. Índice CPO-D.

De acordo com a figura 1 o índice ceo aos 7 anos deidade indica que das 20 unidades dentárias da dentição decí-dua possuem uma média de 5 dentes comprometidos por cá-rie. Os dentes esfoliados não foram considerados. Nestamesma idade na figura 2 o índice CPO-D de 0,63, uma mé-dia inferior a 1 dente por criança, indica que menos de um 1dente permanente está cariado, perdido ou obturado.

A figura 3 ilustra o ceo e o CPO-D das 5 regiõesbrasileiras comparado com o índice da reserva indígenade Dourados (MS). Notamos que o ceo da reserva é cons-tantemente maior que os índices de qualquer região do pa-ís. Já o indíce CPO-D de algumas regiões foi superior aoíndice da reserva indígena.

Figura 3. Índice de ceo E CPO-D da Reserva Indígena com regiões do Brasil.Fonte: Ministério da Saúde.

Comparando as regiões N, NE, SE, S e CO, o ín-dice ceo da reserva indígena de Dourados se apresentarespectivamente 27%, 37%, 61%, 47%, 43% superior.Com relação ao índice CPO-D, as regiões N e NE, apre-sentam-se respectivamente 59% e 25% superiores em re-lação a reserva, enquanto o CPO-D da região S foi similarà reserva. Já o CPO-D da reserva se apresentou 32% e16% superior as regiões SE e CO, respectivamente. Os al-tos índices encontrados nas regiões SE e CO, podem estarrelacionadas ao processo de amostragem e/ou calibragemdos examinadores. Entretanto, os possíveis problemasmetodológicos são especulativos e não temos dados espe-cíficos mas acreditamos estar também ligado ao alto con-sumo de açúcar e nível sócioeconomico da população. Fi-nalmente, seria interessante mencionar que somente 1caso de fluorose classificado como “muito leve” foi en-contrado na reserva indígena de Dourados (MS).

CONCLUSÃOEste estudo é o primeiro levantamento epidemio-

lógico feito na reserva indígena de Dourados (MS). Acomparação dos dados obtidos com as de outras regiõesdo país demonstra a necessidade de se implementar umprograma odontológico preventivo e curativo.

A alta prevalência da cárie dentária na dentiçãodecídua e permanente das crianças de 5-8 anos da reservaindígena de Dourados, sugere a necessidade de um estudomais aprofundado para os fatores causais específicos e im-plementação de programas preventivos e curativos deatenção à saúde bucal, com especial atenção para o uso deflúor devido a inexistência de fluorose na comunidade.

A produção de soja na região, e a utilização do leitede soja produzido pela “vaca mecânica” nos leva a recomen-dar a fluoretação do mesmo como um veículo de utilizaçãodo flúor para prevenção da cárie dentária. O consumo do lei-te de soja serve como um suplemento alimentar importantepara crianças indígenas. Isto é conclusão, ou discussão?

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CHAVES, M. M. Odontologia Social. 3.ed. Rio deJaneiro: Artes Médicas, 1986. 443p.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS. [online], SãoPaulo, 1996. [citado em 15 Fev. 2001]. Disponívelna Internet: http//www.datasus.gov.br//Informaçõesde Saúde/Saúde Bucal.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Levanta-mentos Básicos em Saúde Bucal. Tradução por AnaJúlia Perrotti Garcia. 4.ed. São Paulo: Editora San-tos, 1999. 66p. Tradução de: Oral Health Surveys –Basic Methods.

PERES, R. G. de A., BASTOS, J. R. de M., LATORRE,M. da R. D. Severidade de cárie dentária em criançase relação com aspectos sociais e comportamentais.Revista de Saúde Pública. [on line], São Paulo, v.34,n.4, p.1-11, abr. 2000. [citado em 04/07/01]. Dispo-nível na Internet: http//www.scielo.br

PINTO, V. G. Saúde bucal coletiva. 4. ed. São Paulo:Editora Santos, 2000. 541p.

42 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.08

O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS PARA A COMUNIDADE SURDA E FAMILIARES USUÁRIOS DA

CLÍNICA-ESCOLA-DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP: O PERFIL E O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA SURDA EM UM GRUPO NO QUAL

A LÍNGUA DE SINAIS É INSERIDA POR UM INSTRUTOR SURDO

TAÍS MARGUTTI DO AMARAL GURGEL (B) – Curso de FonoaudiologiaCRISTINA BROGLIA FEITOSA DE LACERDA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo deste projeto foi analisar o perfil e o comportamento de um grupo de crianças surdas, juntamentecom uma instrutora surda usuária de Língua de Sinais Brasileira (LSB). A LSB é uma língua que possibilita o desen-volvimento e a aprendizagem da pessoa surda criando-se uma condição educacional bilíngue. Neste estudo, a situaçãode grupo envolvendo criança surda e instrutora de Língua de Sinais foi filmada e os episódios foram transcritos. A par-tir desses dados foi possível observar que o perfil e o comportamento do grupo modificou-se ao longo de um ano, per-mitindo que a linguagem se enriquecesse e ficasse mais visível nas relações. Todas as crianças estavam em processo deaquisição de linguagem e as atividades e brincadeiras propostas dentro do grupo ofereceram oportunidades para elasinteragirem entre si. Conclui-se que o espaço de grupo oferecido às crianças surdas junto ao instrutor surdo favoreceua construção de vínculo entre elas, ocorrendo uma mudança na postura e no perfil delas frente a língua de sinais, per-mitindo seu aprendizado e conhecimento.

INTRODUÇÃOSão vários os aspectos essenciais a serem levados

em conta para a implementação de uma proposta bilíngue(Quadros, 1997). O surdo, mesmo sem ouvir, pode apre-sentar grande facilidade em utilizar a língua de sinais, fa-vorecendo o seu desenvolvimento e possibilitando a suaconstituição enquanto sujeito (Marchesi, 1987 apud La-cerda, 1996).

O presente projeto teve como objetivo trabalharcom crianças surdas que estão em processo de aquisiçãode linguagem, oferecendo uma oportunidade para elas in-teragirem entre si, participando de atividades propostaspor uma instrutora surda. Frente a esse contexto de grupopode-se investigar o comportamento de cada sujeito e oseu desenvolvimento em uma situação de grupo.

Neste trabalho, a inserção de um instrutor surdoem um grupo de crianças surdas, possibilitou a comunica-ção e favoreceu a integração do grupo no contexto educa-cional. Com a aquisição da Língua de Sinais dentro dogrupo, as crianças passam a realizar uma leitura de mundode forma singular, refletindo e comparando com a dos ou-tros, resultando na absorção de conteúdos, no conheci-mento de sua cultura e na própria comunicação entre ascrianças, instrutor, etc (Lodi e Harrison, 1998).

MATERIAL E MÉTODOSPara o desenvolvimento da pesquisa focalizou-se

a atividade de um instrutor surdo junto a um grupo de cri-anças surdas. Foram realizados encontros semanais duran-te um ano com as crianças e realizaram-se vídeo-grava-ções que posteriormente foram transcritas. O grupo anali-sado era composto por oito crianças surdas profundas, nafaixa etária de 3 à 7 anos de idade. Elas foram conduzidaspor uma instrutora surda que tem domínio da língua de si-nais. Com base nas vídeo-gravações e transcrições foramanalisados o perfil e comportamento de cada criança, fo-calizando aspectos de seu desenvolvimento de linguagem.

Os nomes dos participantes mencionados nastranscrições são fictícios, tendo a finalidade de preservar aidentidade dos sujeitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃOTrabalhar em um grupo possibilita que as crianças

possam interagir entre si. Nesse sentido, é muito impor-tante para elas poderem ter uma vivência junto com outrascrianças surdas, já que entre elas existe a necessidade co-mum de acesso a uma língua que permita efetivamenteseu desenvolvimento. Na situação de grupo, o que se ob-serva é o surgimento de uma linguagem manifestada orapor gestos, ora por sinais, apoiada em aspectos visuais quefavoreceram o crescimento dos sujeitos, a troca de conhe-cimentos e um rico aprendizado.

A partir das análises, foi possível observar a gran-de evolução dentro do grupo de crianças surdas. O traba-lho em grupo permitiu que elas criassem um vínculo entresi, colaborando para o desenvolvimento da comunicação.É dentro do grupo que as crianças aprendem e trocam jun-tas diferentes idéias e constroem uma rica linguagem parase comunicarem. Dentro do grupo são distintos os com-portamentos, as formas de interpretarem algumas coisas eo desenvolvimento linguístico torna-se mais intenso devi-do à necessidade do uso da linguagem, seja esta através degestos ou sinais, favorecendo o funcionamento do grupoenquanto atividade social.

A instrutora surda assume um papel importantedentro das interações com o grupo de crianças surdas,possibilitando seu contato e acesso à língua de sinais con-tribuindo para o seu desenvolvimento de linguagem.

CONCLUSÃOCom base nas análises de dados realizadas após a

filmagem do grupo,é possível destacar a importância dotrabalho que foi realizado com o grupo de crianças surdas.Dentro do grupo, existe a aceitação quanto ao uso da língua

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 43

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de sinais, como uma modalidade linguística, respeitandocada criança em sua forma de desenvolvimento buscandofavorecer sua aprendizagem. Frente a isso, pode-se perce-ber que a atuação da instrutora surda na Clínica de Fo-noaudiologia contribuiu para o desenvolvimento e para aaquisição da linguagem das crianças.

O grupo estava em contato com atividades quepermitiam enriquecer idéias, ampliando o potencial e odesenvolvimento do perfil e do comportamento de cadasujeito. Diante do perfil do grupo, podemos reconhecer eapontar mudanças no comportamento de cada criança.Podemos caracterizar este grupo como sendo um lugaronde a linguagem está cada vez mais visível nas relações,dentro das brincadeiras e das atividades.

Nesse sentido, foi possível verificar uma mudançano perfil e comportamento de crianças surdas junto ao ins-trutor surdo, e junto a seus pares, em relação à aquisição euso da linguagem, ao brincar e a seu desenvolvimentodentro das atividade realizadas em grupo. A instrutoratambém assume um papel de educadora, além de tornaracessível a Língua de Sinais, participando ativamente dasrelações entre o grupo e valorizando assim a sua condiçãolinguística especial dos sujeitos surdos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLACERDA, C. B. F de. Os processos dialógicos entre

aluno surdo e educador ouvinte: Examinando aconstrução de conhecimentos. Tese de Doutorado,UNICAMP: Campinas/ São Paulo, 1996.

LODI, A. C. B e HARRISON, K. M. P. Língua de Sinais eFonoaudiologia. Revista Espaço, Rio de Janeiro, nº 10,p.42, dezembro, 1998.

QUADROS, R. M de. Bilinguismo. In: Quadros, R. Mde. Educação de surdos: A aquisição da Linguagem.Porto Alegre, Artes Médicas, 1997.

44 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.09

O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA A COMUNIDADE SURDA E FAMILIARES USUÁRIOS DA CLÍNICA

ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP: O PAPEL DO INSTRUTOR SURDO NO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA OS FAMILIARES

USUÁRIOS DA CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIMEP

PENÉLOPE LEME MARQUES (B) – Curso de FonoaudiologiaSUELI APARECIDA CAPORALI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CRISTINA BROGLIA FEITOSA DE LACERDA (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O sujeito surdo, em decorrência da sua condição auditiva, ou seja, por não apresentar uma audição residualsatisfatória, demonstra dificuldade em adquirir uma língua oral/auditiva. A abordagem bilíngüe para sujeitos surdos,preconiza que a partir da interação destes com indivíduos integrantes da comunidade surda, a Língua de Sinais pode seradquirida de forma natural, possibilitando a construção da identidade surda. Dentro da mesma abordagem, também éenfatizada a importância da aprendizagem da Língua de Sinais, pelos familiares ouvintes desses sujeitos, com o intuitode possibilitar a comunicação no ambiente familiar, e consequentemente, a criação de um vínculo familiar. Dessaforma, o objetivo deste projeto foi analisar a metodologia utilizada pela instrutora surda, para o ensino da Língua deSinais Brasileira (LSB) aos familiares dos sujeitos surdos usuários da Clínica escola de Fonoaudiologia da UNIMEP, econsequentemente, a motivação/participação dos pais, quanto a aprendizagem dessa língua. Para tal análise foram vide-ogravados grupos de pais em situação de ensino de LSB, e posteriormente realizadas transcrições dos episódios selecio-nados. Assim, buscou-se observar se a aprendizagem de LSB ocorreu de forma satisfatória, como também, procurarsaber se tal aprendizagem favoreceu o contato/comunicação, entre familiares ouvintes e sujeitos surdos. Pôde ser verifi-cado que são inúmeros os fatores que interferem para tal aprendizagem, dentre eles a metodologia estrutural utilizadapela instrutora, como também a dificuldade por parte dos pais ainda quanto à aceitação da surdez.

INTRODUÇÃOA Língua de Sinais é uma língua visuo-espacial, e

para ser adquirida se difere da língua oral, pois não utilizao canal auditivo. Assim, os sujeitos surdos por não apre-sentarem uma audição residual satisfatória, desenvolvemoutros canais perceptivos, como por exemplo a visão, aqual vem favorecer a aquisição dessa língua.

Segundo HOFFMEISTER (1999), toda língua éinata, e qualquer criança surda tem a possibilidade de de-senvolver uma língua, sendo que para o surdo, a aquisiçãoda Língua de Sinais é natural, já que utiliza a visão. Aindasegundo o autor, é por meio da língua que transferirmosinformações entre duas pessoas, e isso é possível com ouso da Língua de Sinais.

Assim, há a necessidade dos familiares ouvintesdos sujeitos surdos, aprenderem a Língua de Sinais, paraque a comunicação no ambiente familiar seja restabelecida.

LODI & HARRISON (1998), citam que o contatocom o adulto surdo, faz com que os pais possam conhecerum sujeito que passou e passa por muitas situações que suacriança enfrenta e irá enfrentar, favorecendo a construção porparte dos pais, quanto as novas possibilidades para a criança erever seus pressupostos à respeito da surdez. Dessa forma, ospais vêem o surdo adulto como um modelo positivo para seusfilhos, e este funcionará, como propiciador para o processode ensino da Língua de Sinais.

LODI & HARRISON (1998), ainda colocam quea partir de um trabalho com o adulto surdo, os pais passama enxergar seu filho de forma diferente, podendo “falar”para ele e sobre ele, criando um elo de semelhança entreeles, abrindo espaço para o que esta criança tem a dizer,

restabelecendo aquela relação por vezes quebrada desde odiagnóstico da surdez.

BEHARES & PELUSO (1997), ressaltam a im-portância dos pais aprenderem a Língua de Sinais, paraconseguirem desde cedo: a comunicação com seus filhos;o desenvolvimento da competência da criança em termosde habilidades cognitivas, intelectuais, aptidões, motiva-ção e linguagem; como também o ajustamento social.

A partir daí, conclui-se que para que ocorra talaprendizagem por parte dos familiares, torna-se necessárioo contato destes com o surdo adulto. Tal interação foi esta-belecida nos encontros semanais que os familiares, usuáriosda Clínica de Fonoaudiologia da UNIMEP, tinham com ainstrutora surda, que era responsável pelo ensino da LSB.Dessa forma, tinha-se como objetivo observar a metodolo-gia utilizada pela instrutora para tal ensino, bem como, aparticipação/motivação das famílias para a aprendizagem.

MATERIAIS E MÉTODOSO contato dos familiares usuários da Clínica de

Fonoaudiologia da UNIMEP com a instrutora surda,ocorreu nos encontros semanais dos grupos de pais, ondeera ministrado o ensino da LSB.

Tal instrutora ensinava a LSB à dois grupos depais, no primeiro e segundo semestre da pesquisa. Os gru-pos foram videogravados, e posteriormente foi feita a es-colha de episódios mais significativos para serem transcri-tos. A partir das transcrições, foi realizada a análise, bus-cando-se observar a metodologia utilizada pela instrutorapara o ensino da LSB ao grupo de pais, e ainda, quais sãoos fatores que interferem em tal aprendizagem.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 45

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As videogravações compuseram um banco de da-dos, para que seja feito um acompanhamento longitudinal detal processo. Os nomes utilizados nas transcrições são fictíci-os, com o intuito de preservarmos a identidade dos sujeitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃOPara a discussão, será transcrito um episódio, no

qual a instrutora (Renata) está ausente, Nessa situação, a es-tagiária procurou saber como está a comunicação entre asmães e as crianças no ambiente familiar, após o início dosgrupos de ensino de LSB ministrados pela instrutora surda.

Participantes: estagiária, Célia, Jacira, Ada, Ema-nuele, Antonia, Bolsista 1 e Bolsista 2.

Estagiária (para o grupo): “Como que é, ajudacom a criança, ajuda no relacionamento”.

Célia: “Ajuda em tudo, eu acho que é em tudo,porque a gente convive com isso hoje em dia, então euacho que tá ajudando em tudo”

(...)Jacira: “A Mara a gente entende muito bem, ela é

brava às vezes, vocês conhecem ela. Tímida, super apega-da a mim. Quando ela quer alguma coisa, ela geralmente(faz um barulho indicando o som que a filha produz) (...)Quando ela quer comer, ela chega e “fala” (faz o sinal decomer /COMER/) /COMER/, quer comer, toma água,tudo ela pede, mas ela só tem três anos né. A Renata, eupego a Renata para mim como um espelho para a Marapara o futuro, certo.

A partir de tais depoimentos, pôde-se perceberque para as mães o contato com a instrutora surda é positi-vo, pois em decorrência da aprendizagem da LSB, estaspodem manter uma relação mais próxima com seus filhos.

Podemos observar no depoimento de uma dasmães, que sua filha utiliza alguns sinais para sua comuni-cação, demonstrando que esta língua propicia uma intera-ção entre a comunidade ouvinte, e os sujeitos surdos.

De acordo com os relatos, também observa-se aimagem positiva que as mães tem em relação à instrutora,tendo esta como um futuro próximo para seus filhos.

Portanto, torna-se fundamental a interação entre ogrupo de pais e a instrutora, para que ocorra o ensino daLSB, fazendo com que tanto os pais, como as crianças setornem bilíngües e desenvolvam a comunicação no ambi-ente familiar. Então, a aprendizagem da Língua de Sinaisé que irá garantir tal desenvolvimento, sendo a primeiralíngua do sujeito surdo, e a segunda língua dos seus fami-liares ouvintes.

HOFFMEISTER (1999), descreve que a questãometodológica mais importante, é saber usar a primeira e asegunda língua para estruturar o ambiente para o aprendi-zado, sendo que é necessário que se crie um modelo queestruture o ambiente, para que tanto os pais como as crian-ças surdas “sejam capazes de tirar vantagem da naturezatotalmente acessível da “visão” de seu filho”, e que tam-bém “sejam capazes de melhorar o aprendizado da línguada “visão”, assim os pais podem interagir completamentecom seus filhos” (p. 122).

CONCLUSÃOPôde-se observar que a vivência em grupo para a

aprendizagem da LSB, foi bastante favorável, pois tal re-lação possibilitou a troca de experiências e consequente-

mente o “alívio” para anseios e angústias, despertados apartir do diagnóstico da surdez.

O contato com o surdo adulto, acarretou na refle-xão por parte dos pais quanto à diferença, e potencialida-des de seus filhos, fazendo com que estes adotassem talsujeito, como um referencial para o futuro dessas crianças.

A partir das observações encontradas, concluiu-seque o ensino de LSB para os pais, além de propiciar ocontato destes com a Língua de Sinais, e favorecer na co-municação com seus filhos, faz também com que os paisse sintam seguros em estar expondo as suas dúvidas e sen-timentos, devido ao fato de estarem cercados por sujeitosque vivenciam atualmente a mesma dificuldade.

Assim, é de extrema importância a realização dotrabalho com a família, pois a partir das discussões trazi-das para os grupos de ensino de LSB, os pais poderão ex-perenciar pontos de vistas diversificados e refletir a respei-to à aceitação da surdez, para que então possam compre-ender a relevância quanto a aprendizagem da LSB e con-sequentemente, que seja despertado o interesse/motivaçãopara tal aprendizagem.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICABEHARES, L. E. & PELUSO, L. A língua materna dos

surdos. Espaço Informativo Técnico-Científico doINES, MEC, 1997.

HOFFMEISTER, R. J. Família, crianças surdas, omundo dos surdos e os profissionais da

Audiologia. In Skliar, C. Atualidade da Educação Bilín-güe para surdos, vol. II. Porto

Alegre: Mediação, 1999, pg. 113 – 130.

LODI, A. C. B. & HARRISON, K. M. P. Língua deSinais e Fonoaudiologia. In Espaço

Informativo Técnico-Científico do INES, vol.10. Rio deJaneiro, dez. 1998.

46 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 2

ÁREA DE CIÊNCIAS DA VIDAComunicações Orais

Dia 7 • Quarta-feira • 7h40 • Teatro • Taquaral

Coordenadora: Denise Giacomo da Motta – UNIMEP

Debatedora: Marlene Trigo – UNIMEPMarina Vieira da Silva – ESALQ/USP

CO.10 AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE NUTRICIONAL DO ALMOÇO PIRACICABANO.Maria Cláudia Bernades Spexoto (TG) – Curso de Nutrição, Amanda Pacetta (TG) – Curso de Nutri-ção, Tatiana Pieri Stuchi (TG) – Curso de Nutrição, Maria Rita Marques de Oliveira (O) – Faculdadede Ciências da Saúde

CO.11 ANÁLISE DAS ROTINAS E FLUXOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE AOS PORTADORES DEDIABETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP. Tatiana Cristina Martins deSousa (B) – Curso de Nutrição, Maria Rita Marques de Oliveira (O) – Faculdade Ciências da Saúde,Rita de Cássia Bertolo Martins (CO) – Faculdade Ciências da Saúde – PIBIC/CNPq

CO.12 PERFIL DO PROFISSIONAL ATUANTE NA ATENÇÃO DE SAÚDE AO PORTADOR DE DIA-BETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP. Vivian Breglia Rosa (B) – Curso deNutrição, Rita de Cássia Bertolo Martins (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, Maria Rita Marquesde Oliveira (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.13 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PRE ESCOLARES ATENDIDOS PELA PASTO-RAL DA CRIANÇA DA REGIÃO DE LINS. Karina Cecilia Cuelhar (B) – Curso de Nutrição, AnaOlivia Kavalas F. de Souza (CO) – Curso de Nutrição, Míriam Coelho de Souza (O) – Faculdade deCiências da Saúde, Marie Oshiiwa (CO) – Universidade Estadual Paulista – FAPIC/UNIMEP

CO.14 A TÉCNICA DA BIOLUMINESCÊNCIA DO ATP NO CONTROLE HIGIÊNICO-SANITÁRIODE UTENSÍLIOS DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO. Maria Cláudia Bernardes Spexoto (B) –Curso de Nutrição, Sergio Luiz de Almeida Rochelle (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, MartaCecília Soli Alves Rochelle (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde, Rita de Cássia Furlan Pecorari(CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.15 CONTROLE DA HIGIENIZAÇÃO DE CUBAS GASTRONORMS PELA TÉCNICA DA BIOLU-MINESCÊNCIA DO ATP EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA CIDADE DEPIRACICABA. Rita Maria Martineli (B) – Curso de Nutrição, Marta Cecília Soli Alves Rochelle (O) –Faculdade de Ciências da Saúde, Rita de Cássia Furlan Percorari (CO) – Faculdade de Ciência daSaúde, Sérgio Luíz de Almeida Rochelle (CO) – Faculdade de Ciência da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.16 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE ESPONJAS MARINHAS. Carla EduardaMachado Romero (B) – Curso de Nutrição, Gislene G. F. Nascimento (O) – Faculdade de Ciências daSaúde – PIBIC/CNPq

CO.17 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE ALIMENTOS COMERCIALIZADOS EM LANCHONE-TES DE CAMPI UNIVERSITÁRIOS DE PIRACICABA, SP. Renata Lima de Souza (TG) – Cursode Nutrição, Carla Eduarda Machado Romero (TG) – Curso de Nutrição, Mara Silvia Pires de Cam-pos (TG) – Curso de Nutrição, Gislene G. F. Nascimento (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, MariaLuisa M. Calçada (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 47

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CO.18 PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES INTERNADOS NO HOSPITAL SAMARITANO DECAMPINAS. Ívia Campos Previtali (TG) – Curso de Nutrição, Ana Lúcia Bordini (TG) – Curso deNutrição, José Eduardo De Lacerda Zacharias (TG) – Curso de Nutrição, Juliana Molan (TG) – Cursode Nutrição, Celina Costa Silva (CO) – Hospital Samaritano, Graciela C. Lopes (CO) – HospitalSamaritano, Vânia Ap. Leandro Merhi (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.19 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO SUPORTE NUTRICIONAL PELO PACIENTE CRÍTICO. Gra-siela Marchiori Bandini (TG) – Curso de Nutrição, Rita de Cássia Almeida Ledier (TG) – Curso deNutrição, Maria Rita Marques Oliveira (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, Paulo Cézar Valério(CO) – Hospital Fornecedores de Cana

CO.20 PERFIL NUTRICIONAL E ÓBITO DE CRIANÇAS INFECTADAS PELO VÍRUS DA IMUNO-DEFICIÊNCIA HUMANA. Carolina Feltrin (B) – Curso de Nutrição, Vânia Aparecida Leandro-Merhi (O) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.21 CARACTERIZAÇÃO DA PRÁTICA ALIMENTAR DOS USUÁRIOS DA UNIDADE BÁSICADE SAÚDE SANTA TEREZINHA NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA-SP. Tatiana Cristina Mar-tins de Sousa (TG) – Curso de Nutrição, Maísa Boschiero Legracie (TG) – Curso de Nutrição, AnaLúcia S. Cerqueira César (TG) – Curso de Nutrição, Angela Cristina Torcato (TG) – Curso de Nutri-ção, Marina Helena Aragon (TG) – Curso de Nutrição, Rita de Cássia Bertolo Martins (O) – Facul-dade de Ciências da Saúde

CO.22 CARACTERIÇÃO DO PADRÃO ALIMENTAR DO ALMOÇO PIRACICABANO. Rosa MariaAlves (B) – Curso de Nutrição, Maria Rita Marques de Oliveira (O) – Faculdade de Ciências daSaúde, Valéria Aparecida Ferratone (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde, Jadson Oliveira da Silva(CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – PIBIC/UNIMEP

CO.23 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PRÉ ESCOLARES INDÍGENA DA RESERVAINDÍGENA DE DOURADOS – MS. Ana Olivia Kavalas Farias de Souza (B) – Curso de Nutrição,Karina Cecília Cuelhar (CO) – Curso de Nutrição, Míriam Coelho de Souza (O) – Faculdade de Ciên-cias da Saúde, Marie Oshiiwa (CO) – Universidade Estadual Paulista – UNESP – FAPIC/UNIMEP

CO.24 DETERMINAÇÃO DE PONTOS DE CONTROLE (PCs) E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE(PCCs) DURANTE O FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA PREPARAÇÃO CARNE MOÍDACOM LEGUMES EM UM RESTAURANTE INDUSTRIAL (RI) DO MUNICÍPIO DE PIRACI-CABA – SP. Lívia Bongers (TG) – Curso de Nutrição, Liliane Corrêa Maistro (O) – Faculdade deCiências da Saúde

48 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.10

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE NUTRICIONAL DO ALMOÇO PIRACICABANO

MARIA CLÁUDIA BERNADES SPEXOTO (TG) – Curso de NutriçãoAMANDA PACETTA (TG) – Curso de Nutrição

TATIANA PIERI STUCHI (TG) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

O elevado índice de doenças crônicas relacionadas diretamente à alimentação e aos hábitos de vida inadequadosvem, a cada dia, aumentando a preocupação com prevenção e a promoção da saúde. Dentro desse contexto é que se preocu-pou em avaliar a qualidade nutricional do padrão do almoço piracicabano, com base numa adaptação do Índice de Alimenta-ção Saudável (The Healthy Eating Index – HEI) americano. Para isso, estimou-se uma pontuação (score) especifica para oalmoço padrão do piracicabano, cujos componentes consistem de arroz, feijão, bife e salada de alface, os quais foram defini-dos num dos projetos de Iniciação Científica do Curso de Nutrição. A partir da análise foi constatado que esse prato atingiu62 pontos (77%), como resultado de uma grande deficiência na ingestão de vegetais e um excesso de gordura total, o quemostrou a necessidade de um guia alimentar brasileiro e de programas voltados para a educação alimentar da população.

INTRODUÇÃO As doenças crônicas estão alcançando porcenta-

gens que devem ser consideradas como preocupantes,pois têm afetado o bem-estar físico, mental e social da po-pulação brasileira (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).

O principal fator desencadeante desse fato é a ali-mentação incorreta da população, que têm adquirido maushábitos alimentares, além do estilo de vida inadequado.

Isto é extremamente preocupante, sendo que te-mos dados mostrando que a principal causa de morte noBrasil é representada pelas doenças cardiovasculares rela-cionadas à obesidade.

Estas modificações no padrão alimentar dos indiví-duos vêm ocorrendo globalmente como resultado de mu-danças sociais que refletem diretamente na qualidade da ali-mentação (MONTEIRO, 1995). Assim, a qualidade da ali-mentação de uma população é multifatorial, o que torna asua avaliação muito complexa. No Brasil não dispomos denenhum instrumento que nos dê parâmetros para avaliar aqualidade da alimentação da nossa população. Sendo assim,para podermos obter uma idéia da qualidade do almoço dapopulação piracicabana, baseamos nossos estudos no Índicede Alimentação Saudável (The Healthy Eating Index –HEI)que avalia e monitora a condição dietética dos americanosatravés dos itens que caracterizam uma dieta saudável.

MATERIAIS E MÉTODOSO padrão do almoço piracicabano foi definido por

Alves (2001), a partir de entrevistas realizadas em 8 super-mercados, Unidades Básicas de Saúde, praça pública epontos de ônibus. Foi constatado que o almoço do piraci-cabano consiste em: arroz, feijão, bife e salada de alface.Para efeito deste trabalho foram analisadas a composiçãodo almoço padrão informado por 16 entrevistados.

O HEI foi desenvolvido pelo Departamento deAgricultura dos Estados Unidos no período de 1994-96,sendo composto por 10 itens, cada um representando aspec-tos diferentes de uma dieta saudável. São eles: 1-) Grupocereais: pão, cereal, arroz, feijão; 2-) Grupo vegetais; 3-)Grupo frutas; 4-) Grupo leite: leite iogurte, queijo; 5-) Gru-po carnes: carne bovina, aves domésticas, peixe, ovos; 6-)Consumo gordura total; 7-) Consumo gordura saturada; 8-)Consumo colesterol total; 9-) Consumo sódio total; 10-)Variedade da dieta dos indivíduos (BOWMAN, 1998).

Para avaliação do padrão do almoço do piracicaba-no foram necessárias algumas adaptações: os itens 3 e 4(frutas e leite, respectivamente) não foram utilizados, poisnão constituem componentes do almoço, sendo assim,para efeito de análise, consideramos 8 itens. Foi considera-do que o almoço deve suprir 40% das cotas diárias de nu-trientes. Assim, o HEI foi calculado com base no score ob-tido da seguinte forma: cada item apresenta um score má-ximo = 10 pontos e um mínimo = 0 ponto, atribuídos deacordo com as porções consumidas, conforme os seguintescritérios: 1-) cereal: 2-4 porções; 2-) vegetais: 2-3 porções;3-) carnes: 1-2 porções; 4-) gordura total: 30% ou menosde calorias da gordura; 5-) gordura saturada: menos que10% de calorias da gordura saturada; 6-) colesterol: 120mgou menos; 7-) sódio: 960mg ou menos; 8-) variedade dosalimentos: 5 ou mais variedades diferentes no almoço. Oscore máximo dos 8 itens totaliza 80 pontos.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA tabela 1 mostra os resultados obtidos a partir da

análise dos dados de 16 entrevistados que consomem o al-moço padrão (arroz, feijão, bife e salada de alface).

Tabela 1. Itens do Índice da Alimentação Saudável e Score, adaptados para o almoço padrão piracicabano.

SCORE OBSERVADOS NO ALMOÇO PIRACICABANO CRITÉRIO PARA SCORE MÁXIMO = 10 CRITÉRIO PARA SCORE MÍNIMO = 01-Consumo de grãos 9,4 ± 1,7 2 – 4 porções 0 porções

2-Consumo de vegetais 4 ± 0 2 –3 porções 0 porções3-Consumo carne 9,4 ± 2,5 1 – 2 porções 0 porções4-Gordura total 0,8 ± 2,1 30% ou menos de gordura 45% ou mais de gordura

5-Gordura saturada 10 ± 0 Menos que 10% de gordura saturada 15% ou mais de gordura saturada6-Colesterol 10 ± 0 120 mg ou menos 180 ou mais

7-Sódio 10 ± 0 960 mg ou menos 1920 mg ou mais8-Variedade alimentar 8 ± 0 5 ou mais itens diferentes 2 ou menos itens diferentes

Total 67 (77%)

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Analisando os dados da tabela 1 observou-se quea média de pontos obtida em relação à gordura total foimuito baixa comparada aos outros componentes alimenta-res. Isto significa que a população piracicabana consomeelevada quantidade de gorduras. Esse dado é preocupante,tendo em vista que o baixo consumo destas, colaborariana prevenção e/ou até tratamento de doenças associadasao consumo excessivo de gordura, tais como a obesidade,o diabetes e a hipertensão. Esse fato é ainda agravado pelobaixo consumo de vegetais. O score médio dos vegetaisfoi de 4 pontos, mais próximo do zero que do 10, mostran-do uma deficiência no consumo desses alimentos, umavez que estes ajudariam a minimizar e/ou até acabar comas doenças provocadas pelo acúmulo de gorduras no inte-rior das artérias, que levam, por exemplo, à aterosclerose.

Outro fato a ser observado na tabela 1 é que os itensque obtiveram score máximo são relativos ao aporte calóri-co e protéico da dieta, o que mostra a suficiência desses nu-trientes e o baixo risco de desnutrição nessa população.

Segundo Wheelock (1997), os países como: Ca-nadá, Dinamarca, Itália e outros, promovem e elaboramprogramas e guias alimentares que incentivam a popula-ção a adquirir melhores hábitos alimentares, os quais pos-sibilitariam um menor risco de se obter doenças associa-das ao consumo excessivo de gorduras. Com isso, sugere-se que novas pesquisas deveriam ser empreendidas noBrasil com o intuito de promover estes programas e guiasalimentares, melhorando o hábito alimentar da populaçãoe consequentemente prevenindo possíveis doenças, comoas cardiovasculares.

CONCLUSÃOConsiderando que certos fatores influenciam dire-

tamente na qualidade da dieta dos indivíduos, tais como:renda, nível educacional, idade, gênero, raça, etnia, local deresidência, os resultados obtidos nessa análise indicam quepadrão do almoço piracicabano necessita de melhoras. Essamelhora deve ocorrer em relação ao aumento do consumode vegetais e a uma diminuição na ingestão de gordura to-tal, que se praticados adequadamente podem contribuir paraprevenção e promoção da saúde dos indivíduos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, R. M, OLIVEIRA, M.R.M. Padronização demetodologias para estudos pós-prandiais de fatoresde risco para doenças crônicas. In: 90 CONGRESSODE INICIAÇÃO CIENTÍFICA UNIMEP/CNPq.Piracicaba, 2001. Anais.

BOWMAN, S. A., LINO, M., GERRIOR, S.A., BASIO-TIS, P.P. The Healthy Eating Index: 1994-96.U.S:Department of Agriculture, Center for NutritionPolicy and Promotion. CNPP-5, 1998.

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE POLÍTI-CAS DE SAÚDE [Brasil]. Política Nacional de Ali-mentação e Nutrição. Brasília, 1999.

MONTEIRO, C. A. et alli. Da Desnutrição para a Obesi-dade: a transição nutricional no Brasil. In: MON-TEIRO, C. A. (org.) et alii. Velhos e Novos Males daSaúde no Brasil: a evolução do país e de suas doen-ças. Hucitec Nupens/USP, p. 247-255, 1995.

WHEELOCK, V. Implementing Dietary Guidelines forHealthy Eating. London: Blackie Academic & Pro-fessional, 1997. 19p.

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9º CONGRESSO DE

CO.11

ANÁLISE DAS ROTINAS E FLUXOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE AOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP

TATIANA CRISTINA MARTINS DE SOUSA (B) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (O) – Faculdade Ciências da SaúdeRITA DE CÁSSIA BERTOLO MARTINS (CO) – Faculdade Ciências da Saúde

PIBIC/CNPq

RESUMO

Tendo em vista a atual conjuntura da assistência à saúde do país e especificamente do diabético, este trabalho tevecomo objetivo caracterizar e avaliar a estrutura e a dinâmica dos serviços primários, secundários e terciários voltados àassistência ao portador de Diabetes Mellitus (DM), tendo em vista a qualidade do atendimento. Os dados foram obtidospela aplicação de um questionário semi-estruturado às lideranças das unidades prestadoras de assistência primária, secun-dária e terciária do Serviço Público e Privado do Município de Piracicaba-SP. A análise dos resultados mostrou queambos os serviços, público e privado dispõem da estrutura básica para atendimento preconizado pelos órgãos competen-tes. Nos serviços públicos a capacitação para o trabalho com o portador de DM é precária já nos serviços privados a capa-citação mostrou-se mais adequada. Tanto no nível público como no privado não foram encontrados protocolosespecializados para o atendimento da equipe multiprofissional. Concluí-se que, apesar dos problemas com a estrutura dis-ponível para o atendimento ao portador de DM nos serviços, o que mais compromete a qualidade do atendimento é adesarticulação no seu funcionamento, em decorrência da precariedade quantitativa e qualitativa dos recursos humanosdisponíveis, que contrapõe-se a qualidade e eficiência dos serviços privados, cada vez mais procurados.

INTRODUÇÃOO princípio constitucional: “Saúde é direito de to-

dos e dever do estado” (art. 196 da CF), decorridos mais deuma década da sua declaração pela constituinte, não conse-guiu tornar-se realidade; ao contrário, a cada ano que passao Sistema Único de Saúde (SUS) consome mais dinheiropúblico e não melhora o seu nível de abrangência de atendi-mento 40% dos brasileiros não têm qualquer assistênciamédico-hospitalar (Lima, 1997) mesmo contribuindo com-pulsoriamente para a Seguridade Social, ou seja para oSUS. O mau gerenciamento do SUS, a má distribuição deseus recursos financeiros, assim como o mau aproveitamen-to dos meios, recursos humanos e materiais disponíveis,contribui para essa realidade, abrindo assim, um espaçogrande para o surgimento e desenvolvimento dos serviçosprivados de saúde (LIMA, 1997). Assim, paralelamente aoSUS, os serviços privados foram surgindo como uma alter-nativa ao atendimento diferenciado com um custo relativa-mente elevado aos usuários. Esses serviços têm crescidomuito, devido à sua qualidade e eficiência, contrapondo-seà crescente ineficiência do atendimento público.

O despreparo do sistema de saúde como um todo,para o atendimento do diabético, caracteriza-se pela falhano atendimento primário resultando num aumento da de-manda nos serviços especializados e de urgência, diminuin-do a qualidade da atenção prestada. Nesse sentido Lessa(1998) aponta que, paralelamente a essa situação, e aliado asignificante morbidade da doença quando mal controlada,tem ocorrido um aumento nas internações, devido ao surgi-mento de complicações, que incapacitam milhares de pes-soas desnecessariamente. Este trabalho teve como objetivocaracterizar e avaliar a estrutura e a dinâmica da assistênciaprimária, secundária e terciária dos serviços público e priva-do voltados à atenção ao portador de Diabetes Mellitus(DM), tendo em vista a qualidade do atendimento.

MATERIAIS E MÉTODOSDe acordo com a atual organização dos serviços

de saúde no Brasil, em níveis de complexidade, foram en-trevistados responsáveis pelos serviços de saúde nos ní-veis primário, secundário e terciário, dos setores públicose privados, num total de 8 serviços que prestam atendi-mento a pessoas com DM.

Para obtenção dos dados, elaborou-se um questio-nário semi-estruturado, agrupando-se as questões por afi-nidade de tema, sendo abordados os seguintes itens: estru-tura e funcionamento do serviço; capacitação dos profissi-onais; serviço de enfermagem; serviço médico; às referên-cias e transferências; serviço de emergência; serviço denutrição e dietética.

Os dados coletados foram organizados, o quantopossível em categorias e analisados qualitativamente (Mi-nayo, 1998) em confronto com a literatura (SOCIEDADEBRASILEIRA DE DIABETES, 1997 e SOCIEDADEBRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABO-LOGIA & SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABE-TES, 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação a capacitação dos profissionais, pode-se

notar que nos serviços públicos de saúde, apenas, um doshospitais (nível terciário) conta com um programa de capa-citação; já nos serviços privados, o nível primário contacom programas de capacitação para os profissionais, no en-tanto, os hospitais não contam com essa prática, de formasistematizada, existem apenas treinamentos esporádicospara qualificação profissional. Em relação ao protocolo es-pecífico para o tratamento do paciente com DM, apenas asUBS (setor público) e um serviço primário do setor privado,contam com esse instrumento. Avaliando todos os serviços,em seus níveis de complexidade de assistência, pode-se ob-servar que, tanto no setor público, quanto no privado, exis-

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tem guias e local de referência e transferência entre os di-versos níveis. Em relação à assistência de nutrição, o nívelsecundário e os hospitais prestadores de serviço ao SUScontam com nutricionistas, já os serviços privados apresen-tam o profissional em todos os níveis.

Os resultados indicam que, em relação a estruturae funcionamento, os serviços público e privado possuematendimento de nível primário, secundário e terciário aoportador de DM. Tanto o serviço público como o privado,possuem os mesmos objetivos em relação à atenção pri-mária, que são: a melhora da qualidade de vida das pesso-as portadoras de DM, a detecção precoce da DM, a manu-tenção do paciente compensado evitando seqüelas. NasUnidades Básicas de Saúde (UBS) municipais, pode-seobservar que, são poucas as ações de detecção de doençascrônicas não transmissíveis, as quais nem sempre contamcom a estrutura para a realização desse tipo de atividade.Já no setor privado, os serviços procuram estar realizandosempre a prevenção da doença e o seu diagnóstico preco-ce. Quanto ao nível terciário, tanto os hospitais que pres-tam serviço ao SUS, como os do setor privado, têm porobjetivos a prestação de serviços de emergência, urgênciae internação, quando necessário. Apenas um dos hospitaisdo setor privado, relatou preocupação com a melhoria doatendimento ao paciente internado.

A Tabela 1 apresenta uma síntese dos resultadosencontrados apontando o quanto cada serviço atende ounão, em relação aos indicadores de qualidade preconizados.

Tabela 1. Principais indicadores da qualidade dos serviços aos diabéticosavaliados.

NA não atende – AP atende parcialmente – AT atende totalmente

CONCLUSÃOConcluí-se que, apesar dos problemas com a es-

trutura disponível para o atendimento ao portador de DMnos serviços, o que mais compromete a qualidade do aten-dimento é a desarticulação no seu funcionamento, em de-corrência da precariedade quantitativa e qualitativa dos re-cursos humanos disponíveis, contrapõe-se a qualidade eeficiência dos serviços privados, cada vez mais procura-dos. Isso indica a necessidade da implantação de projetosde capacitação de recursos humanos nos serviços públi-cos, tendo em vista a efetiva concretização dos preceitosdo SUS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. LESSA, I. O adulto brasileiro e as doenças da moder-

nidade: Epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis. São Paulo – Rio de Janeiro, HucitecAbrasco, 1998.

2. LIMA, D. J. S. 1997: Grandes Mudanças na Saúde.Ver. Medicina Social. Ano 13 nº128. Rio de Janeiro,1997.

3. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pes-quisa qualitativa em saúde. 5a ed. Rio de Janeiro:Hucitec-Abrasco, 1998.

4. SOCIEDADE BRASLEIRA DE DIABETES – SBD.Consenso brasileiro de conceitos e condutas para oDiabetes mellitus: recomendações da SociedadeBrasileira de Diabetes para a prática clínica. SãoPaulo, 1997.

5. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLO-GIA E METABOLOGIA – SBEM; SOCIEDADEBRASILEIRA DE DIABETES – SBD. Propostabásica para a assistência ao paciente diabético nomunicípio. São Paulo, 1999.

CATEGORIAS PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIOSetor Público Privado Público Público PrivadoObjetivos definidos AT AT AT AT ATAções de detecção AP AT AP – –Capacitação dos profissionais NA AT NA AT APProtocolo específico AP AP NA – –Guias e local de referência e transferência AP AT AP AT ATAssistência de nutrição NA AT AT AP AP

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9º CONGRESSO DE

CO.12

PERFIL DO PROFISSIONAL ATUANTE NA ATENÇÃO DE SAÚDE AO PORTADOR DE DIABETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP

VIVIAN BREGLIA ROSA (B) – Curso de NutriçãoRITA DE CÁSSIA BERTOLO MARTINS (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

MARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O Diabetes Mellitus (DM) é considerado um dos mais importantes problemas de saúde pública no Brasil e nomundo e tem implicado na necessidade de qualificação constante dos profissionais da saúde que prestam assistência aessa clientela. Nesse sentido, este estudo teve por objetivo caracterizar o perfil dos profissionais de saúde dos serviçosprimário, secundário e terciário das redes pública e privada, responsáveis pelo atendimento a pessoas com DM nomunicípio de Piracicaba – SP. Foram realizadas entrevistas individuais e autoaplicação de questionários pré-testados,com profissionais de nível superior (médicos, enfermeiros e nutricionistas) e nível médio (auxiliares e /ou técnicos emenfermagem). Os resultados foram avaliados conforme a qualificação dos profissionais e seu local de atuação, deacordo com os temas de interesse nesta investigação: capacitação profissional, diagnóstico do DM, tratamento e con-duta terapêutica e conscientização relativa à prevenção e controle. Este estudo permitiu identificar que os profissionaistêm conhecimento sobre a doença, no entanto, muitos estão desatualizados ou pouco capacitados quanto ao diagnós-tico, prevenção e tratamento do DM, o que prejudica o atendimento ao paciente com essa enfermidade.

INTRODUÇÃOAtualmente, a prevalência das doenças crônicas-

degenerativas vem aumentando muito na população brasi-leira, devido ao aumento da expectativa de vida das pesso-as, que vem acompanhando as modificações sociocultu-rais induzidas pelo progresso científico e tecnológico.Essa mudança epidemiológica, tem provocado um au-mento dos gastos com atenção secundária e terciária, dei-xando em prejuízo as ações de prevenção e promoção àsaúde, desestruturando assim, o sistema de saúde do país.(OLIVEIRA, et al., 1996; CHIORO & SCAFF, 1999).

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinolo-gia e Metabologia e a Sociedade Brasileira de Diabetes(1999), é bastante preocupante o estado atual da assistên-cia ao paciente diabético no Brasil, devido a falta de infor-mação sobre a doença e suas complicações, falta de cons-cientização sobre a importância do diabetes em saúde pú-blica, falta de qualificação adequada dos profissionais desaúde, falta de recursos e medicamentos, resultando numtratamento com qualidade comprometida. Essas entidadesressaltam a necessidade urgente de adoção de medidaseducativas, tanto para os profissionais de saúde, comotambém para a comunidade em geral. Tais constataçõessão também apontadas por Motta & Cavalcanti (1999),que acrescentam a importância de se desenvolver ativida-des educativas, não somente as pessoas com diabetes, mastambém seus familiares, os profissionais de saúde e a soci-edade como um todo, pois todas as pessoas envolvidas nocuidado com o diabetes, devem ser alvos de ação transfor-madora, para proporcionar melhor qualidade de vida aosportadores dessa enfermidade.

Para Lessa (1998), o setor saúde é o co-responsá-vel por um perfil de morbidade e mortalidade, muitas ve-zes precoce e que demanda um alto custo social, por nãoestar estruturado para a assistência aos portadores de do-enças crônicas.

Ao analisar a relação entre médico-paciente/cli-ente, Nunes (1999) constata que esse contato está se tor-nando cada vez mais impessoal. O doente procura um ser-viço de saúde e, na maioria das vezes, não sabe por quemserá atendido. A rotatividade de profissionais acaba dei-xando o paciente inseguro sobre o tipo de atendimentoque está recebendo. Para que esses problemas diminuam,a capacitação dos recursos humanos é tarefa fundamentalpara que o trabalho seja realizado de forma eficiente, atin-gindo bons resultados. No entanto, é necessário tambémque seja estabelecido um maior vínculo com o serviço,tanto por parte dos profissionais, como por seus usuários.

Há uma década, o curso de Nutrição vem desen-volvendo pesquisas no campo do Diabetes Mellitus. Estu-dos anteriores já avaliaram o perfil nutricional, clínico ecomportamental de diabéticos em atendimento ambulato-rial e perfil dos diabéticos usuários de algumas UnidadesBásicas de Saúde. Para dar continuidade a essa linha depesquisa, buscou-se através desse trabalho, avaliar o perfildos profissionais que atuam nos níveis primário, secundá-rio e terciário das redes pública e privada, responsáveispelo atendimento a pessoas com DM no município de Pi-racicaba – SP.

MATERIAIS E MÉTODOSPara diagnosticar o perfil dos profissionais de saú-

de, foram elaborados, questionários semi-estruturados ba-seados em literatura científica específica. Esse instrumen-to de pesquisa foi constituído agrupando-se as questõespor afinidade de tema, para profissionais de nível superiore de nível médio.

Foram realizadas entrevistas individuais e autoa-plicação do questionário, quando apropriado. As entrevis-tas foram previamente agendadas e realizadas no local detrabalho do profissional. A Tabela 1 mostra a populaçãoestudada, distribuída por tipo de serviço e qualificação.

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Tabela 1. Distribuição da população entrevistada por tipo de serviço e qualificação.

Os dados foram tabulados agrupando-se, conformea qualificação dos profissionais e seu local de atuação (redepública ou privada e nível de assistência), de acordo com ascategorias de interesse nesta investigação: capacitação pro-fissional, diagnóstico do DM, tratamento e conduta terapêu-tica e conscientização relativa a prevenção e controle.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs profissionais do serviço secundário referiram

encontrar-se capacitados e foram os que mais buscarampor participação em evento técnico em DM. Embora 67%dos profissionais do serviço primário e 99% dos avaliadosno serviço terciário, consideram-se capacitados para aatenção ao portador de DM, apenas 28% e 26%, respecti-vamente, participaram de algum programa de capacitaçãoespecífico. Esses dados retratam uma certa fragilidade naassistência ao diabético, já que constantes avanços vêmacontecendo em relação ao cuidado da doença. Estudoscitados por Almeida et al. (1989), já referiam a importân-cia de treinamentos periódicos de capacitação para que setorne eficiente o atendimento ao paciente com DM.

Quando questionados quanto à triagem para de-tecção do DM, 17% dos médicos do serviço primário re-feriram não realizar esta prática. Alguns (33%) responde-ram que a triagem é feita através de exames laboratoriais e17% disseram faze-la através de queixas específicas. Osprofissionais do serviço secundário também fazem tria-gem através dos métodos citados anteriormente; algunsreferiram que o paciente já chega diagnosticado, por indi-cação de outros profissionais ou vindos do serviço primá-rio, isso indica que para alguns pacientes o serviço primá-rio é a porta de entrada para assistência à saúde. Cinqüentae quatro por cento dos profissionais de serviço terciáriorespondeu que o paciente já chega diagnosticado ao hos-pital. O exame mais utilizado pelos profissionais para di-agnosticar o DM é a glicemia de jejum.

A maioria dos entrevistados (99%) referiu ter co-nhecimento sobre educação em Diabetes, no entanto, ape-nas 65% referem realizar esta prática, que se fosse maisvalorizada e também, se houvesse maior consciência da suaimportância para o tratamento e adesão do portador de DM,certamente ela faria parte do momento de consulta,favorecendo a relação profissional-usuário/cliente.

Devido à falta de nutricionistas na rede primáriapública, 78% dos médicos e 44% dos enfermeiros entre-vistados prescrevem o plano alimentar. Nos serviços pri-mário da rede privada, secundário público e nos serviçosterciários apenas as nutricionistas são responsáveis pelaprescrição do plano. No setor secundário privado, 86%dos médicos avaliados realizam esta prática. Quase a tota-lidade (96%) dos auxiliares e/ou técnicos em enfermagementrevistados orientam o paciente quanto à alimentação.Esse resultado é preocupante, uma vez que essa mesma

parcela de profissionais não se encontra qualificada paratal prescrição.

A maioria dos profissionais, 72% do serviço pri-mário, 85% do terciário e a totalidade dos entrevistados noserviço secundário, referiram incentivar e capacitar o paci-ente para a automonitorização. Esse resultado é bastantepreocupante e contraditório, por ser esta prática difundidamais recentemente pelas Associações Médicas em DM(SBD & SBEM) e que necessitaria, portanto, de capacita-ção específica.

CONCLUSÃOOs resultados mostraram que o tratamento do por-

tador de DM no município de Piracicaba não está rece-bendo a devida atenção. Os profissionais, embora a maio-ria se considere capacitados, não conseguiram demonstrarem suas respostas que estão atualizados e plenamente ap-tos a desenvolver esse trabalho. Assim, considerando asconstantes inovações da ciência, seria necessária umamaior atenção em relação à capacitação do profissionalresponsável pela assistência a saúde de pessoas com DM,para que se tenha uma melhor qualidade no atendimentoe, conseqüentemente, resulte numa melhor qualidade devida aos usuários dos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, H. G. G., MARQUIEZINE, F. J., HAD-DAD, M. C. L., OLIVEIRA, M. L., TAKAHASHI,O. C. Proposta de um Programa Integrado e Hierar-quizado de Atenção ao Diabético para o Municípiode Londrina. Revista Saúde em Debate. 70-6, 1989.

CHIORO, A., SCAFF, A. A implantação do SistemaÚnico de Saúde. Consaúde, 1999.

LESSA, I. O adulto brasileiro e as doenças da moderni-dade: Epidemiologia das doenças crônico não-transmissíveis. São Paulo – Rio de Janeiro, HucitecAbrasco, 1998.

MOTTA, D. G. da, CAVALCANTI, M. L. F. DiabetesMellitus tipo 2, dieta e qualidade de vida. Rev. Saúdeem Revista, 1 (2): 17-24, julho/dezembro, 1999.

NUNES, L. G. N. Qualidade nos serviços de saúde:Amplitude e Perspectivas. Revista Brasília Médica,36 (1/2): 21-25, 1999.

OLIVEIRA, J. E. D., et al. A desnutrição dos pobres edos ricos: dados sobre a alimentação no Brasil. SãoPaulo, Savier, 1996.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIAE METABOLOGIA – SBEM; SOCIEDADE BRA-SILEIRA DE DIABETES – SBD. Proposta básicapara assistência ao paciente diabético no municí-pio. São Paulo, 1999.

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONALPRIVADO PÚBLICO

TOTAL PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO SUB- TOTAL PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO SUB-TOTAL

Médicos 18 25,35% 2 2,82% 22,82% 22 30,99% 0 0% 7 23,33% 3 10% 10 33,33% 32 31,68%Enfermeiros 9 12,68% 1 1,41% 6 8,45% 16 22,54% 1 3,33% 0 0% 5 16,67% 6 20% 22 21,78%Auxiliares e/ou técnicos 22 30,98% 1 1,41% 6 8,45% 29 40,84% 1 3,33% 0 0% 6 20% 7 23,33% 36 35,64%Nutricionistas 0 0% 1 1,41% 3 4,22% 4 5,63% 2 6,67% 2 6,67% 3 10% 7 23,33% 11 10,89%Total 49 69,01% 5 7,05% 17 23,94% 71 100% 4 13,33% 9 30% 17 56,67% 30 100% 101 100%

54 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.13

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PRE ESCOLARES ATENDIDOS PELA PASTORAL DA CRIANÇA DA REGIÃO DE LINS

KARINA CECILIA CUELHAR (B) – Curso de NutriçãoANA OLIVIA KAVALAS F. DE SOUZA (CO) – Curso de Nutrição

MÍRIAM COELHO DE SOUZA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIE OSHIIWA (CO) – Universidade Estadual Paulista

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O estudo teve como objetivo avaliar o estado nutricional de pré escolares da periferia de Lins, atendidos ou nãopelo programa de suplementação alimentar (Multimistura), desenvolvido pela Pastoral da Criança. O estudo elaborouantropometria (peso (Kg), altura (cm) e circunferência braquial (cm)) de 103 crianças de 4 a 6 anos, aplicou questioná-rio socio-econômico avaliando a cesta básica de 69% (n=71) das famílias do grupo identificado. O estado nutricionaldas crianças estudadas mostrou-se influenciado pelas condições socioeconômicas, especialmente pela renda familiar.Utilizando os critérios da classificação de Gómez (P/I), a prevalência de desnutrição entre a população pesquisada foi30,1%. Já segundo Waterlow (P/A – A/I) a prevalência ficou em aproximadamente 3,8%. A classificação de Macias(P/A) mostra que 9,7% do grupo é desnutrido. A análise da circunferência braquial, segundo Coutinho, revela que ape-nas 38% da população é obesa. A dieta da maioria das famílias investigadas mostrou ser constituída basicamente decarboidratos e lipídeos. E os alimentos referidos diariamente compreenderam: arroz, feijão, óleo, macarrão, sal e açú-car. Presume-se portanto, que o perfil nutricional da população estudada é conseqüente de sua ingestão dietética, con-dicionada pelos fatores sócio-econômicos e culturais.

INTRODUÇÃOA desnutrição infantil é a condição ocasionada

pela carência de múltiplos nutrientes derivados do dese-quilíbrio provocado de um aporte insuficiente e um gastoexcessivo, ou a combinação de ambos, sendo o problemade saúde pública mais importante dos países em desenvol-vimento (MONTE, 2000).

O projeto de alimentação alternativa ou multimis-tura, desenvolvido pela Pastoral da Criança, ligada à Con-ferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), visa ga-rantir melhor qualidade de vida para famílias carentes, en-riquecendo sua dieta habitual com nutrientes de alimentosde baixo custo, não convencionais, presentes na multimis-tura (BITTENCOURT, 1998).

A renda familiar que segundo RIBAS (1999) é ofator isoladamente mais importante para a determinaçãodo estado nutricional de crianças brasileiras. Calcula-seque no Brasil 31 milhões de pessoas não tem dinheiropara comprar alimentos e vivem em extrema pobreza.

O propósito deste foi de avaliar o estado nutricionalde pré-escolares atendidos ou não pelo programa de suple-mentação alimentar (multimistura) da Pastoral da Criança.

METODOLOGIAO estudo foi realizado na periferia da cidade de

Lins, entre os meses de novembro de 2000 à junho de2001. A população alvo foram crianças de 4 a 6 anos deidade, atendidas ou não pelo programa de suplementaçãoalimentar (multimistura) da Pastoral da Criança local.

Foram avaliadas as medidas antropométricas (pe-so (kg), altura (cm), perímetro braquial (cm)) de 103 cri-anças, pertencentes a 4 grupos diferentes (Bairro São Joãoatendidas pela Pastoral da Criança, n=19), Jardim Ferro-viário (n=27), Creche Dom Bosco (n=25) e Creche Me-nino Jesus (n=32), e encontrou-se 69% das mães as quaisresponderam o questionário sócio-econômico, cultural,higiênico-sanitário e alimentar.

Para a antropometria utilizou-se balança portátilcom de precisão de 100 gramas, estadiômetro e fita métrica

Endurance (mm). As análises do estado nutricional foramrealizadas a partir dos índices de peso para idade (P/I), se-gundo Gómez (1956), peso para altura (P/A), segundo Ma-cias (1974) e através da classificação de Waterlow (1976)que combina os indicadores de A/I e P/A. Para o perímetrobraquial utilizou-se a classificação de Coutinho (1988). Asvariáveis levantadas no estudo analisadas estatisticamenteatravés de teste de Qui-quadrado, teste não paramétrico parao estudo das proporções, no nível de 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA distribuição da multimistura na cidade de Lins

não é abrangente e monitorada, isto é, não há um controleda quantidade de multimistura servida ou ingerida pelacriança. Quando distribuída em instituições, a própria cri-ança se serve de acordo com a sua vontade e aceitabilida-de, deixando evidente a falha na plenitude do desenvolvi-mento do programa quanto a quantidade efetiva de multi-mistura ingerida pelas crianças. A multimistura quandoadministrada sem controle pode provocar danos ao orga-nismo da criança, visto que ainda não se conhece o sufici-ente sobre a ação dos fitatos, oxalatos presentes na fibradietética e a influência na redução da biodisponibilidadede nutrientes da dieta (BITTENCOURT, 1998). Este tra-balho baseou-se somente nos dados de crianças que se ali-mentam ou não da multimistura.

Tabela 1. Perfil nutricional de crianças de 4 a 6 anos da periferia de Lins, se-gundo vários Indicadores.

Teste de c2 (P > 0,05)

CLASSIFICAÇÃO

GÓMEZ (P/I)

WATERLOW(P/A-A/I) MACIAS (P/A) COUTINHO

(PER. BRAQUIAL)FEM%

MASC%

FEM%

MASC%

FEM%

MASC%

FEM%

MASC%

Obeso 28 18,9 - - 12 3,7 38 45,3Normal 42 50,9 98 94,4 76 88,8 60 54,7Desn. Leve 26 30,2 2 - 8 5,7 2 -Desn. Moderada 4 - - 5,6 4 1,8 - -Desn. Severa - - - - - - - -TOTAL 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 55

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De acordo com Gómez (P/I), pode-se afirmar quenão há diferença significativa nas proporções em relaçãoao sexo e que a maior parte das crianças, cerca de 42% dasmeninas e 50,9% dos meninos são classificados comonormais. A proporção de desnutridos soma um total deaproximadamente 30% em ambos sexos na população es-tudada. Mas quando comparamos nossos resultados como do estudo realizado por MONTEIRO (1988) no municí-pio de São Paulo, verificamos que a prevalência de desnu-trição na periferia de Lins é maior que a encontrada emSão Paulo (25,9%).

A classificação de Waterlow (P/A – A/I) mostra quea maioria das crianças, 98% no sexo feminino e 94,4% dosexo masculino, são classificadas como normais, sendo quea desnutrição leve aparece em apenas 2% das meninas emoderada em 5,6% dos meninos (Tabela 1).

O indicador de Macias (P/A), como os indicado-res anteriores, revela que a maioria das crianças são nor-mais em ambos sexos, com uma porcentagem de 76%para as meninas e 88,8% para os meninos. A desnutrição(leve ou moderada) se mostra presente em 12% da meni-nas e 7,5% dos meninos (Tabela 1).

Com relação ao perímetro braquial, pode-se afir-mar que 60% do sexo feminino e 54,7% do sexo masculi-no são classificados como normais. A obesidade apareceem 38% das meninas e 45,3% dos meninos (Tabela 1).

A obesidade em conseqüência do alto consumo dealimentos ricos em carboidratos e lipídios é descrito na lite-ratura (HALPERN, 2000). O arroz e o feijão são os alimen-tos referidos por 100% das famílias pesquisadas, na seqüên-cia, com mais freqüência estão alimentos fonte de carboi-dratos e lipídeos, tais como óleo de soja, açúcar, macarrão efarinha de trigo. Alimentos como carne bovina, cenoura,mandioca, mamão, couve, mexerica, peixes e mandioca sediferenciam por se apresentarem em uma proporção inferi-or aos demais reportados. Na análise dos alimentos fre-qüentemente ingeridos pela criança, verifica-se que possi-velmente haja deficiência de nutrientes, porém se esta dietafor associada à multimistura, que tem altas concentraçõesde minerais (ferro, cálcio, zinco, cobre, magnésio, manga-nês e selênio), vitaminas (A, B2, B6, C, ácido fólico, ácidopantotênico e biotina) e fibras poderia enriquecer a ingestãodiária com estes nutrientes, mas dúvidas sobre a sua biodis-ponibilidade se apresentam na literatura (BITTENCOURT,1998; FARFAN, 1998). PAGLIONI (2000) demonstra emseu estudo que não há diferença significativa da evoluçãodos parâmetros dos pré-escolares que receberam a multi-mistura, quando comparados ao grupo controle. Esta obser-vação é constatada em nosso estudo também, porém de for-ma não controlada e sim com diagnóstico de referência aouso ou não da multimistura em um único grupo.

O poder aquisitivo, intimamente relacionado aoestado nutricional, determina o tipo de consumo alimentardo indivíduo. (RIBAS et alii, 1999). Pode-se verificar queos alimentos consumidos pelas famílias são de baixo cus-to, pois o poder aquisitivo de grande parte delas (55,9%) éinferior a R$311,00 e a maioria (56%) tem cerca de 4 a 5membros.

CONCLUSÃOO estudo evidencia a necessidade do programa da

Pastoral da Criança na distribuição de multimistura para otratamento de desnutridos ser associado a programas soci-ais abrangentes e voltados ao aumento e disponibilidade

de alimentos variados às famílias de baixa renda do país,pois a multimistura administrada sem monitoração, asso-ciada a uma dieta pobre em nutrientes não é eficaz nocombate a desnutrição, visto que no estudo foram encon-trados altos índices de desnutrição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BITTENCOURT, Sonia Azevedo. Uma alternativa para a

política nutricional brasileira? Rio de Janeiro:Cadernos de Saúde Pública. jul/set, v. 14, n. 3. 1998

COUTINHO, D. C. Avaliação do estado nuticional decomunidades: medição da desnutrição manifesta –antropometria. Florianópolis: Departamento de nutri-ção, Universidade Federal de Santa Catarina, 1988.

FARFAN, Jaime Amaya. Alimentação alternativa: aná-lise crítica de uma proposta de intervenção nutricio-nal. Cad. de Saúde Pública: Rio de Janeiro, v. 14 n.1,1998.

GOMEZ. F. et alli. J. Mortality in second and thirddegree malnutrition. J. trop. Pediatrics. Oxford, v.2,n.2, p. 77-83, 1956.

HALPERN, Alfredo. Obesidade. 4 ed. São Paulo: Con-texto, 2000.

MACIAS, J. A. Metodo para evluación del crescimentode hombres y mujeres desde el nascimento hasta los20 años, para uso a nivel nacional e internacional.Archivos Latinoamenricanos de nutricion. Caracas,v.22, n. 4, p. 531-546, 1974.

MONTE, Cristina M. G. Desnutrição: um desafio seculara nutrição infantil. Cadernos de Saúde Pública. Riode Janeiro: J. de pediatria. N. 76 (supl.3): S285-S297, 2000.

MONTEIRO, C. A. Saúde e desnutrição das crianças deSão Paulo; São Paulo: HUCITEC, p. 107-116, 1988.

PAGLIONI, Mara S. F. M. Efeitos da suplementaçãocom multimistura no estado nutricional de pré-esco-lares: Avaliação dos parâmetros antropométricos ebioquímicos. Dissertação de Mestrado. Marília:Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade deMarília, 2000.

RIBAS, Dulce L. B. et alii. Saúde e estado nutricionalinfantil de uma população da região Centro-Oeste doBrasil. Revista de Saúde Pública. [s.l.] 33 (4): 358-65, 1999.

WATERLOW, J. C. Classification and definition of pro-tein-calorie malnutrition. In: BEATON, G.H., BEN-GOA, J.M. (eds.). Nutrition in preventive medicine.Geneva: WHO, p.530-555, 1976.

56 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.14

A TÉCNICA DA BIOLUMINESCÊNCIA DO ATP NO CONTROLE HIGIÊNICO-SANITÁRIO DE UTENSÍLIOS DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO

MARIA CLÁUDIA BERNARDES SPEXOTO (B) – Curso de NutriçãoSERGIO LUIZ DE ALMEIDA ROCHELLE (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

MARTA CECÍLIA SOLI ALVES ROCHELLE (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde RITA DE CÁSSIA FURLAN PECORARI (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Doenças de origem alimentar têm-se constituído nos últimos anos em sérios problemas de saúde para os sereshumanos. Procurou-se avaliar a eficiência da técnica da bioluminescência do ATP na detecção de Unidades Relativasde Luz (URLs) de superfícies de cubas em aço inoxidável de restaurantes para coletividades sadias em duas empresas(A e B) do município de Piracicaba. Neste levantamento utilizou-se kits e equipamento da Merck S.A., segundo meto-dologia da mesma empresa. Os resultados expressos em unidades relativas de luz (URL) por 100cm2, que indicam aquantidade de ATP podendo ser de origem microbiana ou não, foram comparados com o método microbiológico tradi-cional, através de contagem de colônias formadas em ágar. Os resultados dessa avaliação não apresentaram correlaçãocom os valores encontrados na técnica da bioluminescência do ATP, uma vez que pode ser encontrados além demicrorganismos, resíduos de tecidos orgânicos dos alimentos, pois ambos apresentam ATP no interior de suas células.De qualquer maneira, os valores encontrados na bioluminescência, sugerem a necessidade de monitoramento nas téc-nicas de higienização das cubas nas empresas.

INTRODUÇÃOAs doenças de origem alimentar podem ser evita-

das através de um controle higiênico-sanitário criteriosodurante a manipulação, transporte, conservação e outrasetapas do processamento da refeição (RIEDEL, 1987).

SILVA JÚNIOR, 1995, considera que para haveruma contaminação basta ocorrer uma falha na escolha deprodutos, ou na técnica de conservação, na técnica de pre-paro ou finalmente nas normas de higiene.

FRANCO et al., 1996, enfatizam que a importân-cia da limpeza e higiene na produção de alimentos demo-rou muito a ser reconhecida.

A incidência das doenças de origem alimentar au-mentou consideravelmente após a Segunda Guerra Mundialquando a população passou a fazer suas refeições na escola eno trabalho e as cozinhas institucionais geralmente eram ina-dequadas para preparar o número de refeições necessárias.

Neste contexto da busca pela qualidade, os proce-dimentos de higienização também de utensílios de restau-rantes devem ser direcionados para a eficácia, pois nas la-vagens do dia-a-dia há possibilidade de retenção de resí-duos difíceis de serem removidos, e estes podem propiciarum desenvolvimento microbiano.

Afim de garantir ao consumidor final – comensal –uma refeição saudável e microbiologicamente adequada etendo em vista que a garantia da qualidade na alimentaçãoé nos dias de hoje anseio dos consumidores do mundo in-teiro; utilizou-se a técnica da bioluminescência do ATPpara alcançar melhores níveis de monitoramento dos pro-cessos higiênicos de utensílios utilizados no transporte derefeições. Diversos métodos têm sido aplicados para veri-ficar a eficiência dos processos de limpeza e desinfeção deutensílios, sendo a maior parte baseada na captura de mi-crorganismos das superfícies para posterior cultivo e con-tagem de colônias formadas, sendo insatisfatório pelotempo que se leva para a incubação das placas (geralmen-te 48hs) e consequentemente a aquisição dos resultados, e

ainda apresenta uma margem de segurança de somente90% (WYETH-AYERST, 1999; e STANLEY, 1989).

Utilizando-se a bioluminescência do ATP comoforma de conferir a efetividade de uma limpeza, uma vezque através de conjuntos de zaragatoas (swabs ou cotone-tes) para a amostragem das superfícies e luminômetroportátil, é possível determinar as condições de higiene dosutensílios. A quantidade de ATP em uma superfície deutensílio revela a existência de matéria orgânica, seja deorigem microbiana ou não.

OBJETIVOSO objetivo do presente trabalho foi o de verificar a

performance da técnica da bioluminescência do ATP como aparelho HY-LITE 2 da Merck® na detecção de URLsda superfície de utensílios de Unidades de Alimentação eNutrição e comparar os resultados obtidos com os valoresda Contagem Global de Microrganismos em Placas(CGP), que serão expressos em Unidades Formadoras deColônias (u.f.c.). Além disso, poderão ser estabelecidosparâmetros para essa conduta com o uso desse aparelho.

MATERIAIS E MÉTODOSRealizou-se a pesquisa em 2 Unidades de Alimen-

tação e Nutrição da região de Piracicaba (respectivamenteempresas A e B), que fornecem estágios para o Curso deNutrição da Universidade Metodista de Piracicaba, e ten-do sob responsabilidade e supervisão as nutricionistas dosetor e demais integrantes da equipe.

Nesses locais, foram escolhidos e padronizados osutensílios (cubas gastronormes) para recolhimento dasamostras.

Em cada dia de coleta eram realizadas duas amos-tragens da superfície de cada um dos utensílios, sendo aprimeira destinada à contagem global de microrganismos,e a segunda para a análise da bioluminescência do ATP.Analisou-se 89 cubas, sendo respectivamente, 44 e 45 nasempresas A e B.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 57

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A análise microbiológica foi desenvolvida no la-boratório de Microbiologia da Universidade Metodista dePiracicaba. Para a contagem de microrganismos em pla-cas foram confeccionadas zaragatoas, as quais foram utili-zadas para recolhimento das amostras em superfície de-marcada com 100cm2 de cada um dos utensílios. A conta-gem de microrganismos realizou-se em ágar plate-count eseguiu os procedimentos clássicos, segundo LACAZ-RUIZ, 2000. Os resultados foram expressos em UnidadesFormadoras de Colônias após a incubação das placas. Aamostragem foi repetida 267 vezes, sendo esta quantidadedistribuída em 3 diferentes tamanhos de cubas nos restau-rantes de coletividades das empresas A e B.

Foram utilizados conjuntos de flaconetes produzi-dos pela empresa Merck®. Com a utilização de zaragatoas(kit – Merck®), recolhe-se a amostra que será introduzidano flaconete onde ocorrerá a quebra do compartimento dosreagentes, de forma a possibilitar o seu contato com o ma-terial coletado na zaragatoa. A luz emitida no processo queenvolve o ATP, coletado na superfície, com a reação entre aenzima luciferase em presença da luciferina, são medidaspor um luminômetro portátil (HY-LITE 2 – Merck®). A re-ação é efetuada logo após o recolhimento da amostra den-tro do próprio flaconete, e após alguns segundos de reaçãoos resultados são expressados em Unidades Relativas deLuz (URL).

RESULTADOS E DISCUSSÃOTrabalhos de OLIVEIRA et al., 1998, informam

que a contagem global de microrganismos em placas, nãoapresentavam correlação com os resultados obtidos nométodo da bioluminescência. Ainda assim, detectou-seem várias cubas, independentemente da data da coleta, onúmero superior a 1,0 x 102 u.f.c. por área amostrada, oque seria o parâmetro máximo recomendado pelo Serviçode Saúde Pública dos Estados Unidos da América(APHA, 1992).

Analisou-se 89 cubas, sendo respectivamente, 44e 45 nas empresas A e B. Os resultados indicaram para aempresa A, uma média de 51,49 URL/cm2 para as cubasde 1/1 (grande); 114,0 URL/cm2 para as de 2/1 (média) e36,19 URL/cm2 para as cubas 11/3 (pequenas). Já a empre-sa B teve como valores de URL/cm2, respectivamente, 48;47 e 66,7 para os três tipos de cubas gastronormes.

Ainda não existem parâmetros de URL/100 cm2

em cubas de aço inoxidável pela empresa Merck®, umavez que estes possibilitariam a classificação dos valoresencontrados, como superfícies limpas ou sujas. Para OLI-VEIRA et al., 1998, os resultados entre 0 a 2,5 URL indi-cam superfícies limpas, enquanto valores acima de 3,0URL/cm2 indicam superfícies sujas ou que apresentamquantidades significativas de resíduos provenientes dos te-cidos orgânicos, uma vez que também microrganismos re-sistem aos processos de detergência e sanificação, aderin-do-se e dificilmente saindo da superfície de utensílios deaço inoxidável (GANDARA, 1995). Novas pesquisas de-verão ser empreendidas na tentativa de se verificar a efici-ência dessas intervenções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION.

Compendiun of methods for the microbiological exa-mination of foods. 3rd ed. Washington, APHA, 1992.

FRANCO, B. D. G. M., LANDGRAF, M. Microbiologiados alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996.

GANDARA, A.L.N. Características do crescimento deuma linhagem selvagem de Streptococcus thermo-philus, sua adesão em superfície de aço inoxidável ecomportamento frente à detergência e sanificação.Tese de Mestrado. FEA – UNICAMP, 1995.

LACAZ-RUIZ, R. Manual Prático de MicrobiologiaBásica. São Paulo: Editora da Universidade de SãoPaulo, 2000.

OLIVEIRA, C.A.F. et al. Avaliação Comparativa dasCondições Higiênicas de Equipamentos Utilizadosna Fabricação de Embutidos, através das Técnicasde Bioluminescência do ATP e Contagem Global deMicrorganismos. Rev. Higiene Alimentar 12(58): 58-63, 1998.

RIEDEL, G. Controle sanitário dos alimentos. SãoPaulo: Loyola, 1987.

SILVA, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário emalimentos. São Paulo: Varela, 1995.

STANLEY, P. E. A review of bioluminescent ATP techni-ques rapid microbiology. Journal of Biolumines-cence and Chemiluminescence, 4: 375-380, 1989.

WYETH-AYERST LABORATORIES. Wyeth-ayerst arefirst to get approval for ATP bioluminescence test.New York: (http://www.millispuder.millipore.com,29/03/99).

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9º CONGRESSO DE

CO.15

CONTROLE DA HIGIENIZAÇÃO DE CUBAS GASTRONORMS PELA TÉCNICA DA BIOLUMINESCÊNCIA DO ATP EM UNIDADES

DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA CIDADE DE PIRACICABA

RITA MARIA MARTINELI (B) – Curso de NutriçãoMARTA CECÍLIA SOLI ALVES ROCHELLE (O) – Faculdade de Ciências da Saúde RITA DE CÁSSIA FURLAN PERCORARI (CO) – Faculdade de Ciência da Saúde SÉRGIO LUÍZ DE ALMEIDA ROCHELLE (CO) – Faculdade de Ciência da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A eficiência dos procedimentos de higienização da superfície de cubas/gastronorms de aço inoxidável, foiavaliada através das técnicas da bioluminescência da ATP, mediante o emprego de conjuntos de reativos produzidosem escala comercial pela empresa Merck®, e contagem global de microrganismos em placas.

Um total de 89 amostras de cubas gastronorms (de três tamanhos diferentes,1/2,2/1,11/3) foram avaliadas, nodecorrer de dez semanas nos restaurantes industriais das empresas A e B, os resultados indicam para a empresa A, umamédia de 51,49 URL/cm2 para as gastronorms de 1/1 (grande); 114,0 URL/cm2 para as de 2/1 (média) e 36,19 URL/cm2 para as cubas 11/3 (pequena). Já a empresa B teve como valores de URL/cm2, respectivamente, 48; 47 e 66,7 paraos três tipos de gastronorm.

Os resultados obtidos sugerem falhas no processo de higienização dos utensílios pesquisados dos respectivosserviços de alimentação, devidas provavelmente à presença de microrganismos e/ou restos alimentares na superfíciedos mesmos.

INTRODUÇÃOAs doenças de origem alimentar ou toxinfecções

alimentares, têm se tornado nos últimos anos, um sérioproblemas para os seres humanos, gerando desafios à Saú-de Pública. Para a melhora desses dados algumas medidasforam tomadas, tal como: informação e educação do con-sumidor com o intuito de impedir as toxinfecções alimen-tares, e outras medidas têm sido empregadas no sentido dese dirimir o problema.

Neste contexto da busca pela qualidade, os proce-dimentos de higienização também de utensílios de restau-rantes devem ser direcionados para a eficácia, pois nas la-vagens diárias há possibilidade de retenção de resíduos di-fíceis de serem removidos, e estes propiciam a um desen-volvimento microbiano.

Afim de garantir ao consumidor final – comensal –uma refeição saudável e microbiologicamente adequada etendo em vista que a garantia da qualidade na alimentação énos dias de hoje anseio dos consumidores do mundo intei-ro; utilizou-se a técnica da bioluminescência do ATP paraalcançar melhores níveis de monitoramento dos processoshigiênicos de utensílios utilizados no transporte de refei-ções. Utilizando-se a bioluminescência do ATP como for-ma de conferir a efetividade de uma limpeza, uma vez queatravés de conjuntos de zaragatoas para a amostragem dassuperfícies, luminômetro portátil e todos os reagentes ne-cessários à análise, é possível determinar as condições dehigiene dos utensílios. A quantidade de ATP em uma super-fície de utensílio revela a existência de matéria orgânica,seja de origem microbiana ou não. Esse sistema de medidade ATP não substitui técnicas de microbiologia tradicionais.

OBJETIVOSO objetivo deste trabalho foi verificar a eficiência

dos procedimentos de higienização de superfície de uten-sílios de restaurantes para coletividades de duas empresas

do Município de Piracicaba – São Paulo, através da técni-ca da bioluminescência do ATP, a partir de resultados obti-dos em Unidades Relativas de Luz (URL).

MATERIAIS E MÉTODOSEsta pesquisa foi realizada em duas Unidades de

Alimentação e Nutrição (UAN) da região de Piracicaba,que fornecem estágios para o Curso de Nutrição da Uni-versidade Metodista de Piracicaba, e tendo sob responsa-bilidade e supervisão, as nutricionistas do setor e demaisintegrantes da equipe.

Os utensílios para recolhimento das amostras fo-ram escolhidos e padronizados em cada UAN, a saber:cubas de aço inoxidável tipo gastronorms, dos tamanhos1/2 2/1, 11/3.

Em cada dia de colheita, eram realizadas amostra-gens da superfície de cada um dos utensílios das cubas tipogastronorms dos diferentes tamanhos, para a análise de ATP.

A amostragem foi repetida 267 vezes, sendo estaquantidade distribuída em 3 diferentes tamanhos de cubasnos restaurantes de coletividade das empresas A e B.

Para a determinação da técnica da bioluminescên-cia do ATP, foram utilizados conjuntos de flaconetes pro-duzidos pela empresa Merck‚. Com a utilização de zara-gatoas (conjunto – Merck‚), recolhe-se a amostra em su-perfície demarcada com 100cm2 de cada um dos utensíli-os que será introduzida no flaconete onde ocorrerá quebrado compartimento dos reagentes, de forma a possibilitar oseu contato com o material colhido no zaragatoa. A luzemitida no processo que envolve o ATP, coletado na su-perfície, com a reação entre a enzima luciferase em pre-sença da luciferina, são medidas por um luminômetro por-tátil modelo HY-LITE 2 – Merck‚. A reação é efetuadalogo após o recolhimento da amostra., dentro do próprioflaconete, e após alguns segundos de reação os resultadossão expressados em Unidades Relativas de Luz (URL).

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 59

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RESULTADOS E CONCLUSÕESAnalisou-se 89 cubas, sendo respectivamente, 44

e 45 nas empresa A e B. Os resultados indicaram para aempresa A, uma média de 51,49 URL/cm2 para as gastro-norms de 1/1 (grande); 114,0 URL/cm2 para as de 2/1(média) e 36,19 URL/cm2 para as cubas 11/3 (pequenas).Já a empresa B teve como valores de URL/cm2, respecti-vamente, 48; 47 e 66,7 para os três tipos de gastronorms.

Ainda não existem parâmetros de URL/100 cm2

em gastronorms de aço inoxidável pela empresa Merck‚,uma vez que estes possibilitariam a classificação dos valo-res encontrados, como superfícies limpas ou sujas. ParaOLIVEIRA et al., 1998, os resultados entre 0 a 2,5 URLindicam superfícies limpas, enquanto valores acima de 3,0URL/cm2 indicam superfícies sujas ou que apresentamquantidades significativas de resíduos provenientes dos te-cidos orgânicos e/ou sugerindo níveis elevados de micro-organismos. Programas de treinamento de funcionáriosdas UANs seriam indicados, visando aperfeiçoar os méto-dos de higienização e garantia da qualidade e segurançahigiênica dos utensílios e dos alimentos oferecidos aosusuários dessas unidades de alimentação coletiva. Novaspesquisas deverão ser empreendidas na tentativa de se ve-rificar a eficiência desses procedimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASFEIRTAG, J. Applications of ATP bioluminesnce to sani-

tization programs. The Minessota South DakotaDairy Center. 8th Annual Conference.

FRANCO, B. D. G. M., LANDGRAF, M. Microbiologiados alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996.

LACAZ-RUIZ, R. Manual Prático de MicrobiologiaBásica. São Paulo: Editora da Universidade de SãoPaulo, 2000.

OLIVEIRA, C.A.F. et al. Avaliação Comparativa dasCondições Higiênicas de Equipamentos Utilizadosna Fabricação de Embutidos, através das Técnicasde Bioluminescência do ATP e Contagem Global deMicrorganismos. Rev. Higiene Alimentar 12(58): 58-63, 1998.

SILVA, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário emalimentos. São Paulo: Varela, 1995.

60 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.16

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE ESPONJAS MARINHAS

CARLA EDUARDA MACHADO ROMERO (B) – Curso de NutriçãoGISLENE G.F. NASCIMENTO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

PIBIC/CNPq

RESUMO

O problema da resistência microbiana a antibóticos continua crescente e o uso futuro destas substâncias éainda incerto. Ações devem ser realizadas no sentido de minimizar este problema, incluindo-se o controle do usoindiscriminado de antibióticos e a pesquisa de novos princípios ativos. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a atividadeantimicrobiana de 129 extratos de esponjas marinhas coletadas na costa brasileira, próximo a São Sebastião, SP eBahia, Ba. Foram utilizados 14 microrganismos nos ensaios: 1 levedura Candida albicans, 2 bactérias sensíveis, Sta-phylococcus aureus e Escherichia coli e 12 isolados de S. aureus resistentes a oxacilina e outros antibióticos. Empre-gou-se as técnicas de difusão em Agar e a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) através daincorporação dos extratos aos meios de cultura. Os resultados mostraram que 81 extratos (62,8%) tiveram alguma ati-vidade antibacteriana, mas somente 18 deles (14,0%) com ação mais expressiva, apresentando halos de inibição entre12 a 20 mm e CIM variando entre 600 a 1600 mg/mL. Grande atividade foi observada para o extrato de Monanchoraarbuscula (CIM = 20 mg/mL) que inibiu 7 diferentes bactérias. Somente 4 extratos apresentaram atividade sobre C.albicans. Os resultados indicam que há grande potencial no efeito inibitório de esponjas marinhas sobre bactériasresistentes a antibióticos.

INTRODUÇÃOO problema da resistência microbiana a antibióti-

cos continua a evoluir de forma crescente e as perspectivaschegam a ser sombrias quanto ao uso futuro desta subs-tâncias. Há necessidade de uma série de medidas na tenta-tiva de contornar este problema, e dentre elas, o controledo uso indiscriminado de antibióticos, melhor conheci-mento dos mecanismos genéticos que regulam a resistên-cia e a contínua pesquisa e desenvolvimento de novos fár-macos, seja de origem sintética ou natural.

Resistência a antibióticos tem sido bastante inves-tigada na bactéria Staphylococcus aureus, destacando-seaquelas que apresentam resistência a oxacilina (ORSA),que alteram o espectro de patogenicidade e morbidade dasestafilocócias, levando à possibilidade de infecção hospi-talar com graves consequências. A maioria destas linha-gens é resistente também a muitos outros antibióticos, res-tando apenas a vancomicina como último recurso terapêu-tico (AYLIFE, 1997).

Uma área bastante promissora é o uso de principi-os bioativos extraídos de esponjas marinhas que tem reve-lado uma série de propriedades farmacológicas, como car-diopática, antitumorogênica, hemolítica, citotóxica(SCHIMITZ et al., 1983; MURICY et alli., 1993). Inú-meras substâncias com propriedades antifúngicas e anti-bacterianas, especialmente alcalóides, também tem sidoisoladas de diferentes espécies de esponjas marinhas (KO-NIG et al., 1992; PETTIT et al., 1998; CLARK et al.,1998; TSUKAMOTO et al., 1998 e 1999; FERNANDEZet alli., 1999).

Diante do exposto, a presente pesquisa teve comoobjetivo avaliar a atividade antimicrobiana de extratos deesponjas marinhas coletadas na costa brasileira, sobre iso-lados de S. aureus resistentes a oxacilina e outros micror-ganismos resistentes e sensíveis a antibióticos.

MATERIAIS E MÉTODOSForam utilizados dez isolados de S. aureus resis-

tentes a oxacilina (ORSA), designados por números deacordo com a origem. Outros microrganismos utilizadosforam cepas padrões de S.aureus (ATCC 6538) e Escheri-chia coli (ATCC 25922), levedura Candida albicans e iso-

lado de Pseudomonas aeruginosa multi-resistente a anti-bióticos obtida em ambiente hospitalar.

Os meios de cultura utilizados foram: Agar Mani-tol, BHI líquido e sólido, Agar Mueller–Hinton, GYW eAgar Sabouraud.

Foram testados 129 extratos brutos de esponjasmarinhas, fornecidos pelo Prof. Dr. Roberto Berlinck, doInstituto de Química da Universidade de São Paulo, SãoCarlos, SP. Estes foram coletados no litoral de São Sebas-tião, SP, (designados de SS-1 a 57) e da Bahia, BA (desig-nados de BA99ES-1 a 121).

Culturas microbianas desenvolvidas em BHI(bactéria) ou GWY (levedura) por 24 horas, foram dilui-das convenientemente (cerca de 108 bactérias/mL) e se-meadas na superficie de agar Mueller-Hinton ou Agar Sa-bouraud (levedura). A seguir, discos de papel de filtro im-pregnados com os respectivos extratos foram colocadossobre a superfície do agar inoculado. Após incubação por48 horas a 37oC, foram observados os halos de inibição docrescimento dos microrganismos, considerando-se comosensíveis, aquelas que apresentaram halos > a 7 mm (Fi-gura 1). Os solventes utilizados na diluição dos extratosforam usados como controle negativo e todos os ensaiosforam feitos em duplicata. A esterilidade dos extratos tam-bém foi comprovada com a colocação de discos impreg-nados com os mesmos sobre a superfície de meios de cul-tura estéreis (KONEMAN et alli, 2001).

Os extratos que apresentaram alguma atividadeantimicrobiana, foram analisados para determinação daConcentração Inibitória Mínima (CIM) para cada uma dasculturas microbianas. Para isso, alíquotas de culturas de-senvolvidas em caldo nutriente por 6 horas, foram diluídasconvenientemente (cerca de 108 bactérias/mL) e inocula-das em tubos contendo caldo nutriente acrescido de extra-tos nas concentrações que variaram de 3 a 1600 mg/mL.Após incubação de 48 horas a 37oC, foi observada a ocor-rência de turvação dos caldos de culturas, determinando-se o CIM da substância em estudo

RESULTADOS E DISCUSSÕESObservou-se que 81 (65,8%) dos 123 extratos

brutos testados, apresentaram alguma atividade antimicro-

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biana, mas somente 18 (14,0%) apresentaram atividadeantimicrobiana mais expressiva, com halos de inibição va-riando de 12 a 20 mm, inclusive sobre bactérias resistentesa oxacilina e CIM variando entre 600 a 1600 mg/mL (Fi-gura 2). Grande atividade foi observada para o extrato deno 48 (Monanchora arbuscula), que inibiu 7 diferentesbactérias e apresentou CIM = 20 mg/mL (Figura 3). So-mente quatro extratos apresentaram atividade sobre C. al-bicans. Os resultados indicam que há grande potencial emextratos brutos de esponjas marinhas, as quais devem pro-duzir inúmeras substâncias antimicrobianas, principalmentesobre bactérias resistentes a antibióticos. Estes princípiosativos poderão ser obtidos a partir do uso de outros solven-tes, da mesma forma que já observado por KONIG et al.(1992) e TSUKAMOTO et al. (1999).

Figura 1. Zonas de inibição de extratos de esponjas marinhas (difusão em agar).

Figura 2. Atividade inibitória de extrato de esponjas marinhas.

Figura 3. Atividade inibitória da esponja Monanchora arbuscula sobre bac-térias sensíveis e resistentes.

CONCLUSÕESOs resultados obtidos neste trabalho, permitem

concluir que esponjas marinhas possuem substâncias comgrande potencial antimicrobiano, principalmente sobrebactérias resistentes a antibióticos, devendo ser melhor in-vestigadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BA-120

BA-48

62 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.17

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE ALIMENTOS COMERCIALIZADOS EM LANCHONETES DE CAMPI UNIVERSITÁRIOS DE PIRACICABA, SP

RENATA LIMA DE SOUZA (TG) – Curso de NutriçãoCARLA EDUARDA MACHADO ROMERO (TG) – Curso de Nutrição

MARA SILVIA PIRES DE CAMPOS (TG) – Curso de NutriçãoGISLENE GARCIA FRANCO DO NASCIMENTO (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIA LUISA M. CALÇADA (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

RESUMO

Foram realizadas análises microbiológicas em 80 amostras de salgados consumidos em lanchonetes de quatrocampi universitários de Piracicaba quanto ao número e presença de bactérias mesófilas aeróbias, bolores e leveduras,Coliformes Fecais, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Salmonella e Clostridios Sulfito Redutores. Observou-seque com exceção de uma das lanchonetes, foram encontrados números superiores aos limites em algumas das amostras,para Coliformes Fecais e S. aureus. Também foi detectada a presença de Salmonella em duas das lanchonetes. A análiseestatística dos dados, mostrou não haver diferença significativa no número de microrganismos encontrados dentro e entreos locais de coleta (P>0,05). Os dados permitem concluir que três das lanchonetes pesquisadas, apresentam problemashigiênico-sanitários na produção e conservação dos salgados, podendo colocar em risco a saúde dos consumidores.

INTRODUÇÃOAlimentos são facilmente contaminados com mi-

crorganismos durante sua manipulação e processamento.Se tiverem condições de crescimento, podem alterar as ca-racterísticas químicas, organolépticas, podendo deteriorá-los. Além disso, podem propiciar a ocorrência de toxinfec-ções alimentares. Assim, é importante que haja um controlerigoroso das condições de higiene na produção e comercia-lização de alimentos, uma vez que a maior parte das doen-ças de origem alimentar se devem a manipulação inadequa-da do produto durante o seu processamento (ALTEKRUSEet al., 1999; SHIFERARAW et. al. 2000; YANG et al.,2000). Face às dificuldades na detecção de patógenos, fre-qüentemente, utiliza-se a pesquisa de microrganismos indi-cadores, que quando presentes em um alimento, podem for-necer informações sobre o nível de sua contaminação e ascondições higiênico-sanitárias durante o processamento,produção ou armazenamento.

Entre os hábitos alimentares dos universitários ébastante comum a substituição de uma refeição por um lan-che rápido ou um salgado, em função da pouca disponibili-dade de tempo para o preparo das refeições e ao seu consu-mo ou mesmo na conciliação com jornadas de trabalho. Osconsumidores desse tipo de refeição, preocupam-se maiscom o preço, conveniência, praticidade e sabor, do que coma qualidade, higiene e segurança do que estão ingerindo.

JAY et al. (1999) e CHESCA et al. (2000) apontamcomo alguns dos pontos críticos, de preparo de alimentos, acontaminação pelo próprio manipulador e a temperatura decocção inicial e de reaquecimento, que eliminam as formasvegetativas de microrganismos patógenos, os quais devemser mantidos em temperaturas de segurança até o momentodo seu consumo. Dentro desse quadro, as pessoas que ma-nipulam os alimentos desempenham uma função importan-te na preservação da higiene dos mesmos, daí a importânciada Educação Sanitária na redução das doenças de origemalimentar (UNGAR, et al., 1992; WOTEKI, et al., 2001).

Diante do exposto, esta pesquisa teve como objeti-vo avaliar a qualidade microbiológica de salgados comer-cializados em lanchonetes de campi universitários de Pira-cicaba, SP.

MATERIAL E MÉTODOS Os meios de cultura e soluções para análises, foram

os recomendados por SILVA et al. (1997) e KONEMAN etal. (2001), para a realização de contagem padrão em placasde bactérias mesófilas aeróbias, bolores e leveduras e isola-mento/identificação de Coliformes Fecais, Salmonella, Sta-phylococcus aureus e Clostridios Sulfito Redutores (CSR).

Foram analisados 80 salgados comercializados emlanchonetes de quatro campi universitários de Piracicaba:Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ/USP; Faculdade de Odontologia de Piracicaba – FOP/UNI-CAMP; Escola de Engenharia de Piracicaba – EEP e Uni-versidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP), totalizandoum número de 20 salgados por campus, sendo 8 assados e12 fritos. As amostras foram colhidas aleatoriamente no pe-ríodo de outubro de 2000 a abril de 2001. Em cada coleta, osalimentos foram acondicionados em sacos de papel estéreis,e transportadas em caixas térmicas até o local das análises.

Para a realização das análises microbiológicas,25g de cada amostra foram colocadas em 225g de águapeptonada, homogeneizada e diluída convenientemente,conforme a necessidade. Alíquotas desta suspensão, fo-ram inoculadas em placas contendo meios específicospara crescimento de cada grupo microbiano selecionado,sendo a seguir incubados por 48 horas a 30oC para bolo-res, 37oC para os demais microrganismos, exceto CSR(44oC). No caso de isolamento de Salmonella, inicialmen-te fez-se o enriquecimento da amostras por 24 horas emcaldo selenito e tetrationato. Colônias típicas desenvolvi-das em cada um dos meios foram selecionadas para reali-zação de provas morfo-tintoriais e bioquímicas

RESULTADOS E DISCUSSÃONa Tabela 1 pode ser observado o resultado da

avaliação microbiológica dos diferentes grupos de micror-ganismos em cada local de coleta.

Como era esperado, 100% das amostras conti-nham bactérias aeróbias, algumas das quais com índiceselevados(2,6.105UFC/mL). Com relação aos fungos, em-bora presentes em grande número de amostras, observou -se limites máximos de 5,0.103 UFC/g, no Local 3.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 63

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Tabela 1. Avaliação microbiológica de alimentos consumidos em lanchonetes de campi universitários de Piracicaba (média de 2 repetições para cada local).

Através da análise estatística dos dados, pode-severificar que não há diferença significativa entre os locaisquanto contagem de microrganismos (c2 = 3,883 p>0,05;teste de Kruskal-Wallis), porém o local 3 apresentou mai-or média, e maior variabilidade para a contagem de mi-crorganismos, independente de ser assado ou frito, confor-me mostra a Figura 1.

Da mesma forma, não há diferença significativaentre a contagem média de microrganismos em salgadosassados (c2 = 2,13 p>0,05) ou fritos (c2 = 4,06 p>0,05)dentro dos locais. Porém, há maior número em salgadosassados nos locais 2 e 4 (Fig. 2) e em fritos no local 4 (Fig.3). Também não há diferença significativa (p>0,05) entrea contagem média dos diferentes microrganismos dentrodos locais. No local 3, há diferença significativa (p<0,05)entre a contagem média dos diferentes microrganismosem salgados assados ou fritos

De acordo com os limites microbianos estabeleci-dos pelo Ministério da Saúde (Portaria 451/97), estes ali-mentos não devem apresentar Salmonella, e no máximo102/g, 2.102/g e 103/g, respectivamente, para ColiformesFecais, CSR e S.aureus. Neste sentido, com exceção doLocal 4, a presença de Coliformes Fecais, e S. aureus, ex-cedeu o limite permitido para algumas das amostras, oque denota problemas higiênicos durante o processamen-to e conservação do alimento, além do risco potencila deintoxicação alimentar. Ainda que em pequeno número deamostras, nos locais 1 e 2, foi detectada a presença de Sal-monella, o que também denota sérios problemas, poispode causar grave infecção no consumidor.

CONCLUSÃOOs dados permitem concluir que três das lancho-

netes pesquisadas, apresentam problemas higiênico-sani-tários na produção e conservação dos salgados, podendocolocar em risco a saúde dos consumidores, sendo neces-sária melhoraria na educação sanitária dos indivíduos en-volvidos neste tipo de comércio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALTEKRUSE, S.F.; STREET, D.A.; FEIN, S.B. e

LEVY, A.S. – Consumer Knowledge of food-bornemicrobial hazards and food-handling pratices. J.Food Prot. 62(8):1132-1135, 1999.

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LOCALMESÓFILOS

(UFC/G)BOL./LEVED.

(UFC/G).COLIFORMES FECAIS

(UFC/G)S. AUREUS

(UFC/G)SALMONELLA

(AUSÊNCIA EM 25 G)CSR

(UFC/G)FRITO ASSADO FRITO ASSADO FRITO ASSADO FRITO ASSADO FRITO ASSADO FRITO ASSADO

1 7,9.104

(100%)2,3.103

(100%)1,5.103

(58,3%)8,7.102

(37,5%)1,5.103

(25,0%) 0 9,4.103

(25,0%) 0 1 (8,3%) 0 1,3.102

(25,0%) 0

2 1,5.103

(100%)2,3.103

(100%)2,7.102

(100%)3,0.102

(87,5%) 0 7,9.104

(25,0%)5,0.103

(25,0%)103

(12,5%) 0 102

(16,6%)<102

(16,6%)

3 2,6.105

(100%)3,5.103

(100%)5,0.103

(100%)5,7.101

(50,0%)6,2.104

(41,6%)5,5.102

(25,0%)2,7.103

(50,0%) 0 2(16,6%) 0 3,0.102

(25,0%)<102

(16,6%)

4 2,2.104

(100%)2,0.103

(100%)2,3.102

(58,3%)5,6.101

(37,5%) 0 0 0 0 0 0 2,0.102

(16,6%) 0

Figura 1. Comparação entre os valores médios demicrorganismos observados nos locais de coleta

Figuras 2 e 3. Comparação entre os valores de microrganismos observados em salgados assados efritos segundo os locais.

64 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.18

PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES INTERNADOS NO HOSPITAL SAMARITANO DE CAMPINAS

ÍVIA CAMPOS PREVITALI (TG) – Curso de NutriçãoANA LÚCIA BORDINI (TG) – Curso de Nutrição

JOSÉ EDUARDO DE LACERDA ZACHARIAS (TG) – Curso de NutriçãoJULIANA MOLAN (TG) – Curso de Nutrição

CELINA COSTA SILVA (CO) – Hospital SamaritanoGRACIELA C. LOPES (CO) – Hospital Samaritano

VÂNIA AP. LEANDRO MERHI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

A má nutrição, caracterizada tanto pela desnutrição como pela obesidade, é evidenciada com freqüência naprática clínica. Com o objetivo de verificar maior proporção de pacientes internados desnutridos ou obesos, realizou-se um estudo transversal com 135 pacientes adultos de ambos os sexos no Hospital Evangélico Samaritano de Campi-nas (HESC) no período de março a julho de 2001. A maioria dos pacientes estudados era do sexo feminino (61,5%) eas doenças do aparelho digestório caracterizavam-se como doença predominante (30,4%), seguidas de crônico-dege-nerativas (23,0%), procedimentos cirúrgicos (14,1%), outras (14,1%), doenças neoplásicas (8,9%), doenças renais(4,4%), doenças respiratórias (3,0%) e doenças hepáticas (2,2%). O estado nutricional foi avaliado por meio de medi-das antropométricas, anamnese alimentar e queixas relacionadas ao trato digestório através de um protocolo de atendi-mento próprio preenchido pelos estagiários de Nutrição. Observou-se que 31,8% dos pacientes foram classificadoscomo eutróficos, 29,6% como sobrepeso, 20% como obeso I, 9,6% como baixo peso, 6,7% como obeso II e 2,2%como obeso III. Com base nos resultados, conclui-se que há necessidade de uma intervenção nutricional visando arecuperação do estado nutricional, com ênfase na redução do tempo de hospitalização.

INTRODUÇÃOA incidência de desnutrição no Brasil é de 48 %

entre grupos de pacientes de clínicas médicas e cirúrgicas,sendo que a desnutrição não é um problema recente nemraro, porém, não é freqüentemente detectada. Pacienteshospitalizados podem desenvolver desnutrição e os que jáestão desnutridos podem piorar o seu estado nutricionaldurante a hospitalização (WYSZYNSKY et al., 1998)(WAITZBERG, 2000). Quando a desnutrição é precoce-mente detectada e tratada há uma redução das complica-ções, morbidade e mortalidade, custo e tempo de interna-ção. (WYSZYNSKY et al., 1998). É melhor agir para pre-vinir e evitar a desnutrição do que reagir ao seu desenvol-vimento, portanto, todo esforço deve ser empregado nosentido de identificar pacientes com déficits nutricionaiscom o objetivo de corrigi-los, pois sabe-se que a desnutri-ção interfere de forma negativa sobre a capacidade de umindivíduo em reagir contra um processo patológico.

Muito embora haja pacientes desnutridos em hos-pitais, temos observado na prática de atendimento o apare-cimento de excesso de peso e obesidade, sendo o excessode peso um importante fator de risco para um grande núme-ro de doenças que precisa ser corrigido. Assim, temos veri-ficado entre pacientes adultos internados, uma grande insta-bilidade nutricional, com elevada prevalência tanto de baixopeso como de sobrepeso e obesidade. Essa situação exigeum acompanhamento nutricional rigoroso que deve ser rea-lizado desde a admissão até a orientação para alta nutricio-nal, desse modo o profissional de nutrição estará atuando deforma efetiva no processo de recuperação e/ou cura. A mánutrição, caracterizada tanto pela desnutrição como pelaobesidade, é comum na prática clínica e sua influência nastaxas de morbi-mortalidade, em especial em pacientes ci-rúrgicos, vem sendo cada vez mais explorada e sustentadapor muitos estudos bem conduzidos. Tendo em vista o que

foi exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar se existeem nossa clientela uma maior proporção de pacientes obe-sos ou desnutridos no HESC.

CASUÍSTICA E MÉTODOFoi realizado um estudo transversal do perfil nutri-

cional de pacientes hospitalizados no HESC. O estudo foirealizado com 135 pacientes adultos no período de março ajulho de 2001. A seleção dos pacientes baseou-se nos se-guintes critérios: solicitação do médico responsável e/ou tri-agem segundo rotinas estabelecidas pelo Serviço de Nutri-ção e Dietética. A avaliação nutricional foi realizada pormeio de um protocolo de atendimento próprio desenvolvidona área de estágio em nutrição clínica o qual inclui dados deidentificação, diagnóstico, medidas do estado nutricional(dados antropométricos e bioquímicos), dados sócio econô-micos, queixas e hábitos, sinais clínicos, anamnese alimen-tar, necessidades nutricionais, tipo de terapia, conduta, evo-lução dietoterápica e orientação de alta nutricional. A evolu-ção dietoterápica consistia na observação da aceitação dadieta e dos parâmetros de acompanhamento do estado nu-tricional. O levantamento dos dados e a tomada de medidasantropométricas foram realizados até o 3º dia de internaçãopelos estagiários de nutrição, segundo metodologia perti-nente. Os dados foram registrados em formulário próprio.Para a classificação do estado nutricional foi utilizada oIMC (Índice de Massa Corporal) segundo a referência daOrganização Mundial de Saúde (OMS) de 1998. O gastoenergético basal e total também foram determinados, utili-zando-se a equação de Harris-Benedict, de acordo com ofator atividade e fator injúria específicos para cada caso. Operfil dietético foi calculado, utilizando-se o Programa deApoio à Nutrição da UNIFESP, versão 2.5. Todas as variá-veis numéricas foram tabuladas como média e desvio pa-drão e os cálculos realizados pelo Microsoft Excel 97.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 65

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RESULTADOS

Tabela 1. Análise de dados antropométricos e perfil dietético da populaçãodo estudo.

* Valor Energético Total

Tabela 2. Distribuição (%) dos pacientes do estudo segundo a classificaçãodo IMC.

Referência: OMS, 1998.

DISCUSSÃOAnalisando-se os dados antropométricos observa-

se que o peso médio da população em estudo (68,0 kg +15,12) está adequado, porém o IMC revela taxas indicandosobrepeso. Estudos realizados com pacientes hospitalizadostêm mostrado valores ligeiramente elevados de IMC, indi-cando sobrepeso (WYSZYNSKI et al., 1998). Este resulta-do reforça o que a modernidade traz, a falta de tempo quemuitas vezes provoca uma alimentação inadequada e se-dentarismo. O perfil dietético estimado nesta populaçãomostra um balanceamento da porcentagem dos nutrientes(proteínas, carboidratos e lipídios) inadequado, a percenta-gem de proteínas deveria variar entre 10 a 12% do VET enão 19% como mostra o estudo. A tabela 2 revela que agrande maioria dos pacientes apresenta uma classificaçãodo estado nutricional como eutrófico e sobrepeso. Um estu-do feito com adultos internados apresentou resultados se-melhantes, o qual afirma que esses indivíduos, podem teracesso a uma alimentação rica em energia, o que poderiaem parte justificar o problema do excesso de peso. Nestemesmo estudo observa que a maioria dos pacientes eramenquadrados na condição de normalidade e que no caso dosexo feminino encontrava-se uma maior prevalência de ex-cesso de peso, o que vem de encontro aos resultados destetrabalho (CABRAL et al., 1998).

CONCLUSÃOO sobrepeso é uma condição de risco como a des-

nutrição e precisa ser corrigida, pois sabe-se que o estadonutricional tem relação direta com a evolução clínica dopaciente. Esta realidade necessita de uma atuação cons-tante do nutricionista, o qual pode garantir uma avaliaçãoe internação nutricional, visando a recuperação do estadonutricional, diminuição da morbi-mortalidade e do tempode hospitalização. Vale destacar que uma conduta dietote-rápica adequada depende de um conjunto de informações

do paciente, e que só é possível consegui-lo através deuma boa abordagem nutricional.

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DADOS ANTROPOMÉTRICOS E PERFIL DIETÉTICO

FEMININO(N = 83)

MASCULINO(N = 52)

TOTAL(N = 135)

X ± DP X ± DP X ± DP Peso atual (kg) 65,36 13 69,7 16,1 68 15,12IMC (kg/m2) 26,16 5,02 26,06 5,18 27,5 11,32VET (kcal)* 1515,84 583,5 1598 637,2 1587,3 649,48Proteínas (%) 19,21 5,14 19 5,63 19 5,63Carboidratos (%) 46,57 10,64 64,2 10,2 53,36 60,73Lipídios (%) 34 11,55 30,7 10,2 32,71 11,12

FEMININO MASCULINO TOTALN % N % N %

Baixo peso (< 18,5) 7 8,4 6 11,53 13 9,6Eutrófico (18,5 – 24,9) 26 31,3 17 32,7 43 31,8Sobrepeso (25 – 29,9) 27 32,5 13 25 40 29,6Obeso I (30 – 34,9) 16 19,3 11 21,1 27 20Obeso II (35 – 39,9) 5 6,03 4 7,7 9 6,7Obeso III (> 40) 2 2,41 1 1,9 3 2,22

66 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.19

AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO SUPORTE NUTRICIONAL PELO PACIENTE CRÍTICO

GRASIELA MARCHIORI BANDINI (TG) – Curso de NutriçãoRITA DE CÁSSIA ALMEIDA LEDIER (TG) – Curso de Nutrição

MARIA RITA MARQUES OLIVEIRA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdePAULO CÉZAR VALÉRIO (CO) – Hospital Fornecedores de Cana de Piracicaba

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar o estado nutricional dos pacientes hospitalizados e verificar a efetivi-dade do suporte nutricional durante a internação de 20 pacientes críticos. As circunferências de braço e panturrilhaforam utilizadas para acompanhar a evolução do estado nutricional, as quais foram obtidas a cada 3 dias. O registro daingestão alimentar foi realizado diariamente. A medida da circunferência do braço do primeiro dia mostrou que essespacientes apresentam-se desnutridos, estando 20% abaixo dos valores de referência e que essa medida não se recupe-rou no período de internação. A circunferência da panturrilha teve uma piora a partir do nono dia de internação(95±5%, P<0,05), permanecendo nesse patamar até o 18o dia. A ingestão alimentar foi inferior à recomendada, apre-sentado melhora significativa no 15o dia de internação. Os resultados mostraram que esses pacientes chegam ao hospi-tal desnutridos e, apesar do suporte nutricional, continuam se desnutrindo durante a internação.

INTRODUÇÃOO suporte nutricional adquire grande importância

no manuseio de pacientes clínicos ou cirúrgicos frente adoenças agudas ou crônicas, pois é sabido que o estadonutricional influencia diretamente a morbidade e mortali-dade hospitalar, tendo participação fundamental nos pro-cessos de cicatrização, resposta inflamatória, imunidadecelular e humoral. (LAGE & KOPEL, 1997). A avaliaçãonutricional em pacientes hospitalizados tem a finalidadede determinar naquele momento o estado de nutrição eprognosticar, baseado no contexto clínico a possibilidadede perda de massa corporal. (CARVALHO & SALES,1992).

Deve-se reconhecer que um grande número de pa-cientes hospitalizados apresentam evidências prévias dedesnutrição e que muitas vezes estes pacientes não temsuas necessidades nutricionais adequadamente supridasdurante o período de internação. Em outras situações, nãohá o reconhecimento do aumento das necessidades nutri-cionais frente a doenças, o que implica na introdução tar-dia da terapêutica nutricional apropriada (LAGE & KO-PEL, 1997).

A desnutrição é um estado dinâmico que incluidesde simples desequilíbrio da ingestão em relação às ne-cessidades até profundas alterações funcionais e estrutu-rais.(CARVALHO & SALES, 1992). Nutrir adequada-mente um paciente crítico é um desafio, pois devido às al-terações metabólicas, este será um paciente resistente àoferta de nutrientes (LAGE & KOPEL, 1997).

O suporte nutricional está indicado para todo opaciente que apresente evidências de desnutrição atual ouprévia à doença. Para o diagnóstico e avaliação do estadonutricional devemos utilizar um conjunto de informaçõesclínicas, laboratoriais e antropométricas, na tentativa deestabelecer um diagnóstico mais apurado do estado nutri-cional (LAGE & KOPEL, 1997). Nesse contexto, o pre-sente trabalho teve por objetivo avaliar a resposta ao su-porte nutricional de pacientes em estado crítico internadosem um hospital geral de médio porte para tratamento clí-nico ou cirúrgico.

METODOLOGIAO estudo foi realizado num hospital geral de mé-

dio porte, nos meses de março a maio de 2001. A todo pa-ciente hospitalizado foi aplicado um instrumento de tria-gem, pelo qual se identificou os pacientes que precisavamreceber intensivo cuidado nutricional.

Para avaliar e acompanhar a evolução do estado nu-tricional destes pacientes foram utilizadas as seguintes vari-áveis: altura do joelho e circunferências do punho, braço epanturrilha. A altura do joelho foi obtida com auxílio de umestadiômetro infantil, enquanto as circunferências com umafita métrica. Essas medidas foram realizadas conforme asnormas estabelecidas (GIBSON, 1993).

A partir da altura do joelho foi estimado a alturado paciente, segundo Chumlea (GIBSON, 1993), sendoesta utilizada para cálculo das necessidades nutricionais.As circunferências do braço e da panturrilha foram utiliza-das para monitorar o estado nutricional. Dessas medidas,a cada 3 dias eram calculadas as percentagens de adequa-ção, sendo a circunferência do braço calculada em relaçãoao percentil 50 dos valores de referência existentes (CHU-MLEA, 1984), enquanto para a panturrilha, tomou a pri-meira medida realizada como referência.

Durante o período de internação os pacientes rece-beram a dieta padrão do hospital, sendo a via de administra-ção, a consistência e a composição adequadas as suas con-dições fisiológicas. De todos os pacientes foram calculadossuas taxas de metabolismo basal e necessidade energéticatotal, para isso utilizou-se a fórmula de Harris Benedict(SHILS, 1999), cujos resultados foram utilizados para ava-liar a ingestão alimentar, registrada diariamente em visitasao leito. Para averiguação da adequação do consumo de vi-taminas e minerais foi utilizado a RDI (KRAUSE, 1998).

A análise estatística e a representação dos dados fo-ram realizadas com auxílio de programas para computadorcompatíveis com o IBM-PC (Excel para Windows 95). To-das as variáveis foram tabuladas como média ± desvio pa-drão. As diferenças obtidas foram avaliadas pelo teste t deStudent pareado. A probabilidade de significância conside-rada foi de p < 0,05 em todas as comparações efetuadas.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 67

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RESULTADOS E DISCUSSÕESDurante o período do estudo foram acompanha-

dos 20 pacientes (9 mulheres e 11 homens), os quais fo-ram agrupados em períodos de internação de 6 (todos) ede 18 dias (10). Na tabela 1 pode-se observar que as varia-ções das medidas de circunferências de braço e panturri-lha não tiveram alterações significativas pressupõe-se, queaté o sexto dia de internação os pacientes não sofrem per-das de tecido muscular relevantes. Houve uma tendênciapara o aumento do consumo alimentar a partir do terceirodia, no entanto esse aumento não foi confirmado estatisti-camente. Observa-se ainda na tabela 1, que os pacientesinternam já comprometidos nutricionalmente, pois apre-sentaram os valores de circunferência do braço correspon-dente a 80% do padrão de referência.

Tabela 1. Evolução das medidas de circunferência e ingestão de nutrientesentre pacientes críticos, internados para tratamento durante 6 dias, em per-centagem de adequação relacionada à referência estabelecida (N = 20).

* Não houve diferença no teste t de Student pareado em relação ao 1o dia.

Na tabela 2 nota-se que a circunferência de braçodos 10 pacientes acompanhados não apresentou mudan-ças significativa, entretanto, a medida da circunferência depanturrilha apresenta perda significativa comprovada esta-tisticamente a partir do nono dia de internação. A ofertacalórica apresenta oscilações a partir do sexto ao décimooitavo dia, sendo a maior delas registrada no décimo quin-to dia. A oferta proteíca é aumentada a partir do sexto diade internação atingindo seu pico no décimo quinto dia. Aadequação da RDI apresenta significativo aumento a par-tir do sexto dia, atingindo valor máximo comprovado esta-tisticamente no décimo quinto dia, retomando a partir dodécimo oitavo dia a valores comparáveis ao sexto dia dehospitalização. Tais fatores, como o aumento do aporte deproteínas, calorias e outros nutrientes não foram suficien-tes para reverter o processo de desnutrição. É preciso con-siderar que além da doença, que aumenta a demanda deenergia e nutrientes, esses pacientes encontravam-se aca-mados, sem qualquer tipo de atividade física, é provávelque a internação prolongada tenha favorecido a atrofiamuscular nesses pacientes.

Tabela 2. Evolução das medidas de circunferência e ingestão de nutrientesentre pacientes críticos, internados para tratamento durante 18 dias, em per-centagem de adequação relacionada à referência estabelecida (N = 10).

* P < 0,05 no teste t de Student pareado em relação ao 1o dia.

CONCLUSÃOA partir dos dados obtidos podemos afirmar que

pacientes críticos que ficam hospitalizados por um perío-do maior do que seis dias apresentam um quadro de des-nutrição difícil de ser revertido. Nota-se que a desnutrição,a princípio leve, agrava-se conforme o aumento do perío-do de internação, independentemente do aporte calórico eproteíco oferecido neste período. O paciente embora, ali-mentando-se dentro de suas necessidades, ou mais próxi-mo disso possível não consegue cessar o processo de des-nutrição devido a inatividade física (atividade para ganhoe manutenção muscular) e também ao estresse metabólicoa que o paciente esta submetido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCARVALHO, Eduardo B. & SALES, Thelma R. A. Ava-

liação nutricional: a base da escolha terapêutica. In:Manual de Suporte Nutricional. Rio de Janeiro:Medsi, 1992.

CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. F. & MUKHERJEE, D.Nutritional assessment of the elderly through antro-pometry. Dayton: Ohio Wright State UniversitySchool of Medicine, 1984.

CONSELHO LATINO AMERICANO EM OBESI-DADE. [s.l.], 1999.

GIBSON, R. S. Nutritional assessment: a laboratorymanual. Oxford: Oxford University Press, 1993.

GRANT, John P. Nutrição parenteral. 2ª ed. Rio deJaneiro: Revinter, 1996.

LAGE, Silvia G & KOPEL, Lilian. Terapêutica nutricio-nal: princípios, importância e aplicações práticas.São Paulo: HCFM USP, 1997.

MAHAN, L.K & ESCOTT – STUMP. KRAUSE: Ali-mentos, nutrição e dietoterapia. 9º ed. São Paulo:Roca, 1998.

SHILS, M. E.; OLSON, J. A; SHIKE, M. & ROSS, A. C.Modern nutrition in health and disease. 9ª ed. Balti-more: Williams & Wilkins, 1999.

STUMP, S E. Nutrição relacionada ao diagnóstico e trata-mento. 4ª ed. São Paulo: Manole, 1997.

1O DIA 3O DIA* 6O DIA*Cir. Braço 80 ± 20 77 ± 22 77 ± 23Cir. Panturrilha 100 ± 0 95 ± 17 93 ± 17Energia 56 ± 33 55 ± 30 62 ± 36Proteína 66 ± 42 70 ± 46 76 ± 46RDI 61 ± 34 66 ± 39 71 ± 41

1O DIA 6O DIA 9O DIA 12O DIA 15O DIA 18O DIACir. Braço 80 ± 14 81 ± 11 77 ± 10 75 ± 13 76 ± 7 81 ± 11Cir. Panturrilha 100 ± 0 99 ± 6 95 ± 5* 95 ± 5* 94 ± 6* 94 ± 5*Energia 61 ± 33 60 ± 26 71 ± 36 77 ± 35 83 ± 33* 67 ± 40Proteína 61 ± 30 72 ± 39 81 ± 37 88 ± 38 91 ± 29* 76 ± 45RDI 68 ± 30 75 ± 40 84 ± 38 95 ± 49 95 ± 46* 74 ± 40

68 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.20

PERFIL NUTRICIONAL E ÓBITO DE CRIANÇAS INFECTADAS PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA

CAROLINA FELTRIN (B) – Curso de NutriçãoVÂNIA APARECIDA LEANDRO-MERHI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil nutricional e os aspectos clínicos de crianças infectadas com o vírusda imunodeficiência humana que foram à óbito. Foram estudadas 31 crianças infectadas por transmissão vertical, sendo 17(54,8%) do sexo feminino e 14 (45,2%) do sexo masculino, e os aspectos nutricionais no início da sintomatologia e nomomento do óbito. O estado nutricional nos dois momentos foi avaliado através de percentil e Z-score dos indicadores P/I(peso/idade), A/I (altura/idade) e P/A (peso/altura), segundo a referência do NCHS. Os resultados mostraram que estas cri-anças apresentavam uma idade média de início dos sintomas de 10±7,9 meses, com um tempo de 27±26 meses (medianade 19 meses) entre o início da sintomatologia da doença e o óbito. Quanto ao tratamento antiretroviral administrado, 35,4%receberam monoterapia com AZT, 16,1% terapia dupla com AZT+DDI/3TC ou D4T+3TC, 12,9% terapia tripla com inibi-dor de protease e 35,4% não receberam tratamento antiretroviral, muitas destas por terem ido à óbito antes do início darotina de terapia antiretroviral no serviço, e uma alta prevalência de aleitamento materno. A análise pelo Z-score mostrouque estas crianças apresentavam um acentuado comprometimento nutricional no início da sintomatologia da doença.

INTRODUÇÃOA desnutrição é uma das características mais co-

muns em crianças infectadas pelo HIV, sendo a perda depeso a maior manifestação da síndrome da imunodeficiên-cia adquirida. Na Äfrica, alguns estudos mostram que apro-ximadamente 25% das crianças com desnutrição são infec-tadas com o vírus HIV, embora o padrão de desnutrição sejadiferente das crianças não infectadas (BALL, 1998). Dos140.362 casos de AIDS notificados no Brasil até agosto de1998, 4815 (3,4%) eram crianças menores de 13 anos deidade, indicando um aumento nos índices de doença nestafaixa etária. Em todos os casos infantis, 3825 (79,4%) fo-ram adquiridos por transmissão vertical, 205 (4,3%) eramhemofílicos, 279 (5,8%) por transfusão e 489 (10,2%) defontes ignoradas. Destas crianças, 1986 (41,2%) já foram àóbito. E recentemente, o Ministério da Saúde notificou queaté 30 de dezembro de 2000, havia no Brasil 7088 criançasmenores de 13 anos de idade infectadas com o vírus HIV.Destas, 5731 (80,9%) foram infectadas por transmissãovertical. Observa-se novamente o aumento crescente dos re-gistros da doença. JOHANN-LIANG et alii (1997) obser-varam que a idade das crianças que faleceram em 1996 era4 vezes mais que a idade das que faleceram em 1990. Todasas crianças que faleceram em 1996 tinham mais que 2 anosde idade. Ao contrário, a maior parte das crianças que mor-reram em 1990 tinham menos de 2 anos de idade. Esta ob-servação pode em parte ser explicada pelas diferenças nahistória da transmissão do vírus HIV no período perinatalsem intervenção terapêutica.

MATERIAL E MÉTODOSFoi realizado um levantamento de prontuários de

todas as crianças filhas de mães HIV positivas que estavamem seguimento no ambulatório do Serviço de Imunodefici-ência Pediátrica do Hospital das Clínicas da UniversidadeEstadual de Campinas, no período de 1985 a 2000, que fo-ram à óbito. Foram analisadas as seguintes variáveis: idade,sexo, cor, tipo de parto, aleitamento materno, terapia antire-troviral, tempo de acompanhamento, peso e comprimentode nascimento no início da sintomatologia e no momento

do óbito. Foram estudadas 31 crianças infectadas por trans-missão vertical, sendo 17 (54,8%) do sexo feminino e 14(45,2%) do sexo masculino, e os aspectos nutricionais noinício da sintomatologia e no momento do óbito. A avalia-ção nutricional, foi realizada pela obtenção de medidas depeso e comprimento, utilizando-se as curvas do “NationalCenter of Health Statistics” recomendado pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e o estado nutricional nos doismomentos, foi analisado utilizando-se a relação dos indica-dores P/I (peso/ idade), A/I (altura/idade) e P/A (peso/altu-ra), sendo expressos em termos de Z-score e percentis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1. Análise descritiva da variável z-score para o grupo de crianças in-fectadas que foi à óbito.

P/A – peso/altura • P/I – peso/idade • A/I – altura/idade* número reduzido de crianças que apresentavam registros de peso e alturana data mais próxima do óbito.

Tabela 2. Estado nutricional de crianças infectadas com HIV, segundo distri-buição de Z-score para os indicadores P/I, P/A, A/I no início da sintomatolo-gia e no momento do óbito.

*Última medida antes da criança entrar em estado crítico de evolução parao óbito

Z-SCOREINÍCIO DA SINTOMATOLOGIA MOMENTO DO ÓBITO*

N MÉDIA DESVIO PADRÃO MEDIANA N MÉDIA DESVIO

PADRÃO MEDIANA

P / A 22 -0,63 1,05 -0,38 7 -2,09 1,51 -2,76P / I 30 -2,18 1,56 -2,25 18 -3,57 0,96 -3,62A / I 22 -1,79 1,45 -1,59 7 -3,05 1,37 -3,32

Z-SCOREINÍCIO DA SINTOMATOLOGIA MOMENTO DO ÓBITO*

P / I P / A A / I P / I P / A A / IN % N % N % N % N % N %

< -2 11 35,48 4 12,90 11 35,48 20 64,52 14 45,16 20 64,52-2 a -1,01 10 32,26 3 9,68 11 35,48 8 25,81 3 9,68 6 19,35-1 a 1 9 29,03 20 64,52 6 19,35 3 9,68 12 38,71 4 12,901,01 a 2 1 3,23 2 6,45 2 6,45 - - 1 3,23 - -> 2 - - 1 3,23 - - - - - - - -S/ inf - - 1 3,23 1 3,23 - - 1 3,23 1 3,23Total 31 100,0 31 100,0 31 100,0 31 100,0 31 100,0 31 100,0

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 69

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Neste estudo, avaliou-se o estado nutricional de cri-anças filhas de mães infectadas com o vírus da imunodefici-ência humana que foram à óbito. Os resultados mostraramque estas crianças apresentavam uma idade média de iníciodos sintomas de 10±7,9 meses, com um tempo de 27±26meses (mediana de 19 meses) entre o início da sintomatolo-gia da doença e o óbito. Quanto ao tratamento antiretroviraladministrado, 35,4% receberam monoterapia com AZT,16,1% terapia dupla com AZT+DDI/3TC ou D4T+3TC,12,9% terapia tripla com inibidor de protease e 35,4% nãoreceberam tratamento antiretroviral, muitas vezes por teremido à óbito antes do início da rotina de terapia antiretroviralno serviço, e uma alta prevalência de aleitamento materno,situação esta que pode ser explicada pelo fato de que muitasdestas crianças vinham encaminhadas por outros serviços e,a partir do acompanhamento neste local foram orientadas anão amamentar. Quanto ao ano do óbito, observa-se que agrande maioria das crianças (83,7%), faleceu entre 1988 e1997, sendo que 35,4% não recebeu antiretroviral, e apenas12,9% foram tratadas com terapia tripla com inibidor deprotease. A maioria das crianças era proveniente de umapopulação com baixo nível de escolaridade das mães e debaixa renda. A distribuição das crianças quanto às variáveisestudadas, mostra valores muito baixos, quanto à média emediana de peso e comprimento na 1a consulta, iniciando otratamento com uma idade média de 10 meses aproximada-mente, e valores drasticamente reduzidos no momento maispróximo do óbito, apesar destas crianças iniciarem o trata-mento com um estado nutricional muito comprometido.Outro fator que chama a atenção é o tempo médio de iníciodos sintomas e óbito de 27 meses, com mediana de 19 me-ses, sugerindo que seja iniciada intervenção terapêutica enutricional o quanto antes, provavelmente com procedi-mentos mais agressivos, quanto a terapia de nutrição enterale parenteral visando a manutenção e ou a prevenção de umbom estado nutricional já no início da doença. A análisedescritiva da variável z-score (tabela1), identifica que noinício da sintomatologia, os indicadores P/A, P/I e A/I já seencontravam muito baixos, principalmente o indicador A/I,identificando um processo de stunting sendo que no mo-mento do óbito estes indicadores já apontavam quadros gra-ves de desnutrição. Dados semelhantes mostrando que ocomprometimento nutricional ocorre desde o nascimento,são observados em outros estudos (LEANDRO-MERHI etalli, 2000). Observa-se que 61,29% das crianças apresen-tam percentil < 3 e somente 29,03% estão no percentil de11 a 90, no início da sintomatologia. Já no momento do óbi-to, evoluíram para um quadro clínico crítico em maior nú-mero (83,87% destas encontram-se abaixo do percentil 3para o indicador P/I). A mesma observação é feita para osindicadores P/A e A/I, onde no momento do óbito há umaporcentagem maior de crianças com desnutrição grave. Ob-serva-se na tabela 2 que das 31 crianças, 35,48% apresenta-vam z-score < 2 para o indicador P/I, 12,90% para P/A, e35,48% para A/I. Sendo que, no momento do óbito, a por-centagem de crianças com z-score < 2 foi de 65,52% paraP/I, 45,16% para P/A, e 64,52% para A/I.

CONCLUSÃOOs dados sugerem que estratégias preventivas de

cuidado nutricional possam ser implementadas no atendi-

mento desta população desde o nascimento como tambémdurante o pré natal, além da intervenção com o tratamentoantiretroviral, contribuindo desta forma para que quadrosgraves de desnutrição possam ser tratados, se não evitadosprecocemente, considerando também os aspectos sociaisenvolvidos no curso clínico da doença.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICABALL, C. S. Global issues in pediatric nutrition: AIDS.

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70 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.21

CARACTERIZAÇÃO DA PRÁTICA ALIMENTAR DOS USUÁRIOS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE SANTA TEREZINHA NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP

TATIANA CRISTINA MARTINS DE SOUSA (TG) – Curso de NutriçãoMAÍSA BOSCHIERO LEGRACIE (TG) – Curso de Nutrição

ANA LÚCIA S. CERQUEIRA CÉSAR (TG) – Curso de NutriçãoANGELA CRISTINA TORCATO (TG) – Curso de Nutrição

MARINA HELENA ARAGON (TG) – Curso de NutriçãoRITA DE CÁSSIA BERTOLO MARTINS (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

Uma boa alimentação é essencial para o crescimento e desenvolvimento humano, além de sua importância naprevenção de doenças carenciais e crônicas não transmissíveis, como a desnutrição e obesidade, tão comuns em nossomeio. Este estudo teve por objetivo caracterizar a prática alimentar da população atendida em primeira consulta deNutrição, na Unidade Básica de Saúde Santa Terezinha, buscando comparar o consumo alimentar referido pelos usuá-rios com sua necessidade nutricional. Os dados foram coletados através de um questionário semi-estruturado. Dentreas questões relacionadas a avaliação dietética, contidas nesse instrumento, considerou-se o recordatório alimentar dodia anterior e o consumo médio per capita de óleo e sal, referidos pelos usuários. Na análise dos dados buscou-se iden-tificar o número de porções consumida, por grupos de alimentos, tendo como parâmetro o guia da Pirâmide de Ali-mentos. Como resultados, pode-se notar que os alimentos mais consumidos são os adicionais energéticos (2 vezesmais que o recomendado) e os alimentos menos consumidos são as frutas e hortaliças. Verificou-se também que o con-sumo de óleo e sal, é bastante alto, principalmente, entre as mulheres, que referiram uma ingestão excessiva de 90% e78%, respectivamente. Conclui-se que há uma inversão no modelo proposto pelo guia alimentar pois a alimentação ébastante inadequada, muito pobre em fibras e rica em gorduras, açúcares e sal.

INTRODUÇÃOÉ sabido que uma boa alimentação, é essencial

para o crescimento e desenvolvimento adequado. Contri-bui também, de maneira notável, na prevenção de desviosnutricionais, principalmente, doenças cardiovasculares,câncer, obesidade, hipertensão, osteoporose, anemia, cáriedentária e alguns outros distúrbios intestinais. A adoção debons hábitos alimentares, favorece positivamente, a saúdeda pessoa, resultando no seu bem-estar e em um melhordesenvolvimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, s/d).

Para suprir as necessidades do organismo, não sedeve apenas basear-se nos tipos de alimentos, é importan-te que seja considerado, além do aspecto qualitativo, aquantidade necessária de todos os nutrientes, para que oorganismo possa funcionar adequadamente. Para tanto,foram definidas, as recomendações nutricionais a fim deorientar as quantidades necessárias dos vários nutrientes,para pessoas sadias. Contudo, é preciso saber como obteros nutrientes necessários, através dos alimentos. Para isso,foram então elaborados, os guias alimentares (DUTRA-DE-OLIVEIRA, 1998).

Segundo Philippi et al. (1999), a pirâmide alimen-tar, permite ao indivíduo conhecer o valor nutritivo do ali-mento, a quantidade a ser consumida e quais alimentosque deveriam compor uma refeição saudável e adequada,como o preconizado, de acordo com as suas necessidades.Este trabalho teve como objetivo, caracterizar a prática ali-mentar da população atendida em primeira consulta indi-vidual de Nutrição na Unidade Básica de Saúde Santa Te-rezinha e comparar com o proposto pela literatura.

MATERIAIS E MÉTODOSA caracterização da prática alimentar foi realizada

com uma população de 57 usuários atendidos em primeiraconsulta de nutrição, no período de 12/03 à 26/04/2001, na

UBS Santa Terezinha – Piracicaba-SP. O instrumento utili-zado para a pesquisa foi o formulário de atendimento indi-vidual de adulto, criança e gestante, padronizado para o Es-tágio em Saúde Pública, do curso de Nutrição – UNIMEP.A partir do formulário preenchido, o item utilizado neste es-tudo, deteve-se ao recordatório alimentar do dia anterior,além das informações de consumo de sal e gordura.

Para a tabulação dos dados, foi utilizado o guia ali-mentar americano, “Pirâmide de Alimentos”, que classificaos alimentos em grupos, de acordo com o seu nutriente prin-cipal. Para cada grupo, é definido um número de porções,conforme a necessidade nutricional da pessoa avaliada.

Foi calculado também, o consumo médio per capi-ta de sal e óleo, através do consumo mensal referido pelosusuários. Para calcular o consumo médio de gordura, levou-se em conta 30% das necessidades diárias de lipídeos, paraambos os sexos, calculando-se em seguida, a quantidademédia de gordura por grupo de alimentos. Verificou-se as-sim, a quantidade de gordura utilizada por preparação, sen-do considerado, o restante, como adicional energético. Emrelação ao consumo de sal, multiplicou-se o volume da em-balagem de sal (1000 g) pela quantidade consumida, referi-da pelo usuário no mês, dividindo-se pelo número de diasdo mês (30 dias) e pelo número de pessoas que residem e sealimentam na casa da pessoa entrevistada. Calculou-se en-tão, o consumo médio de sal percapita/dia, a partir dos va-lores obtidos da população em estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAtravés da análise dos dados, encontrou-se 43% da

população feminina e 78% da população masculina, comfaixa etária predominante entre os adultos de 45 a 60 anos.Em relação a população infantil, a faixa etária predominan-te para o sexo feminino foi a de 12 a 17 anos (57%) e para osexo masculino a idade de 6 a 12 anos (75%).

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 71

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Tabela1. Distribuição percentual da população atendida na UBS Santa Terezi-nha por sexo e faixa etária, no período de 12/03 a 26/04/01, Piracicaba – SP.

Através do cálculo do Valor Energético Total(VET), dos usuários de ambos os sexos, atendidos em pri-meira consulta de nutrição, pode-se perceber que, entre osgrupos de alimentos mais consumidos, encontra-se o dosadicionais energéticos (2 vezes acima do recomendado) e,entre os grupos de alimentos menos consumidos, foram osdas frutas, suprindo apenas 20% do recomendado e os dashortaliças, suprindo 50% do recomendado. A partir dessesresultados, acredita-se que o hábito alimentar da popula-ção seja um dos fatores responsáveis pela mudança do seuperfil de morbidade, ou seja, o aumento da obesidade edas doenças crônicos-degenerativas e a diminuição dobaixo peso. Essa transição nutricional vem reforçar os da-dos encontrados pela tabulação dos dados de atendimentoindividual na UBS, onde verificou-se, pelo cálculo do Ín-dice de Massa Corporal (IMC), que 36,84% da populaçãoatendida encontram-se com sobrepeso, enquanto, 44,73%apresentam obesidade.

Segundo Monteiro et al.(1996), o avanço no con-sumo de gorduras e a diminuição do consumo de carboi-dratos complexos, tem favorecido o aumento da obesida-de no país, considerando também, mudanças no perfil daatividade física da população, que decorreram da expan-são de ocupações que demandam menor gasto energético.

Na população estudada, verificou-se que o consu-mo excessivo de alimentos dos adicionais energéticos,principalmente o óleo e o açúcar, se dá pelo alto consumode preparações gordurosa, como as frituras e também doaçúcar adicionado à sucos, em sua maioria artificiais e ca-fé. O uso desses alimentos em grande quantidade, se dá,muitas vezes pela falta de informação, quanto as quantida-des recomendadas, pelo fácil acesso e também pelo poderde realçar o sabor, que esses alimentos têm. O Baixo con-sumo de fibras, que seria obtida, em boa parte através daingestão de frutas e hortaliças, também pode ser um indi-cador do aumento da prevalência da obesidade. O nívelcultural, ou seja, falta de hábito de consumir esses alimen-tos, o nível sócio-econômico, a má distribuição da renda ea falta de informação, quanto a importância das fibras naalimentação, favorecem a diminuição do consumo, alémda influência da mídia, que estimula o consumo de ali-mentos industrializados e ressalta o “status” que estes pro-porcionam. Outro grupo que encontra-se bastante dese-quilibrado, é o da carne, leguminosas, ovo e castanhas, ha-vendo um consumo excessivo de 50% desses alimentos,fonte de proteínas. Neste caso, pode-se inferir que o con-sumo da carne é elevado, por uma questão cultural, já in-serida na sociedade há muito tempo. Sendo assim, é mais

comum o consumo de carne do que o de frutas e verduras,que, além de não fazerem parte dos hábitos alimentares,aumentam ainda mais, os gastos domésticos. Tem-se nota-do, que o custo desses alimentos, apresenta uma grandevariação, além do maior tempo necessário para o seu pre-paro, o que tem limitado o seu consumo. Em relação aquantidade diária de sal, utilizada pela população estuda-da, pode-se notar um consumo médio diário de 10,69g(78%), acima do recomendado, que seria 6g/dia.

Tabela 2. Gráfico comparativo da média do Número de porções recomen-dadas, por grupos de alimentos, de acordo com o Guia da Pirâmide Alimen-tar e a média consumida pela população atendida em 1ª consulta na UBSSanta Terezinha, Piracicaba – SP.

CONCLUSÃOA partir da caracterização da prática alimentar dos

usuários atendidos em primeira consulta de nutrição, per-cebe-se erros alimentares bastante relevantes, como o bai-xo consumo de fibras e alto consumo de alimentos adicio-nais energéticos e sal, além da valorização do grupo dascarnes, ovos e leguminosas. Esses erros são fatores de ris-co para obesidade, hipertensão, diabetes e dislipidemia,doenças mais encontradas na UBS. Percebe-se portanto,que muitas das complicações notadas durante a consultaindividual de nutrição podem ser evitadas, com a implan-tação de ações educativas, conscientizando sobre práticasalimentares adequadas para a manutenção da saúde e qua-lidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDUTRA DE OLIVEIRA, J. E. & MARCHINI, J. S.

Ciênciais Nutricionais. Savier: São Paulo, 1998.

MINISTÉRIO DA SAÚDE; INAN – Instituto Nacionalde Alimentação e Nutrição. Orientações sobre oGuia de alimentação para educadores e comunica-dores s/d.

MONTEIRO, C. A., IUNES, R. F., TORRES, A. M., Aevolução do país e de suas doenças. IESUS, V.2, Abr/Jun, 1996.

PHILIPPI, S. T.; RIBEIRO, L.C.; LATTERZA, A.R.;CRUZ, A.T.R. Pirâmide alimentar adaptada: guiapara a escolha dos alimentos. Rev. Nutr., 12 (1): 65-80, Campinas, jan/abr, 1999.

72 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.22

CARACTERIÇÃO DO PADRÃO ALIMENTAR DO ALMOÇO PIRACICABANO

ROSA MARIA ALVES (B) – Curso de NutriçãoMARIA RITA MARQUES DE OLIVEIRA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeVALÉRIA APARECIDA FERRATONE (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

JADSON OLIVEIRA DA SILVA (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdePIBIC/UNIMEP

RESUMO

O progresso científico e tecnológico dos últimos tempos provocou mudanças siginificativas no perfil epidemioló-gico das doenças, tendo a alimentação como um dos seus principais determinantes, o que torna importante o conheci-mento do padrão alimentar das populações. Este estudo objetivou caracterizar o padrão alimentar do piracicabano atravésde entrevista junto a 199 indivíduos pertencentes as várias regiões do município de Piracicaba, recrutados em 6 supermer-cados e em algumas unidades básicas de saúde. Foi também aplicado um inquérito alimentar em 90 dos entrevistados. Oprato mais consumido no almoço foi: arroz, feijão, bife frito e salada de alface. O inquérito alimentar visava as caracterís-ticas do almoço e do consumo alimentar familiar. Nesse caso, a maioria dos entrevistados era do sexo feminino, com umaprevalência de donas de casa. Na análise da composição do prato padrão eleito, em relação à média dos demais pratosverificou-se que este é muito pobre em vitamina C (consumo individual = média geral: 21,2 ± 40,6; prato padrão: 6,7 ±3,6; p<0,05, n = 16). O consumo de gordura apresentou-se elevado e o de legumes baixo. Conclui-se que o padrão de ali-mentação do piracicabano apresenta falhas, que necessitam de intervenção educacional para sua modificação.

INTRODUÇÃOO panorama nutricional da população brasileira

vem sofrendo mudanças, com evidente diminuição das ta-xas de desnutrição da população. No entanto, isso não sig-nifica necessariamente uma melhora, pois nota-se o au-mento da morbidade e mortalidade pelas doenças crônicodegenerativas ligadas direta ou indiretamente à ingestãode determinados nutrientes (OLIVEIRA, 1996). Assim,conhecer a qualidade da dieta e os tipos de alimentos con-sumidos pela população são medidas importantes paraprevenir a deterioração ou melhorar seu estado de saúde(MENCHÚ, 1992).

As pesquisas dietéticas são o principal meio deobtenção de descrição dos padrões dietéticos de grupos oude uma população que podem ser utilizadas para estabele-cer políticas e programas (PAO & CYPEL, 1998).

Segundo Licda, 1992, existem vários métodos parase fazer uma pesquisa: inventário; freqüência do consumode alimentos; recordatório de um dia; registro diário; pesodireto; dia habitual e aquisição de alimentos no lar. No mé-todo do dia habitual o entrevistador pergunta para o entre-vistado qual sua alimentação mais freqüente, a fim de iden-tificar seu hábito alimentar; o método de aquisição de ali-mentos no lar consiste em registrar as quantidades de ali-mentos usados pela família em um determinado período eavaliar a partir das mesmas a disponibilidade familiar de ali-mentos e a suficiência nutricional. O objetivo deste trabalhofoi caracterizar o padrão alimentar do piracicabano pormeio de entrevistas e inquérito alimentar do almoço habitu-al do entrevistado e do consumo alimentar familiar.

MÉTODOSA caracterização do padrão alimentar baseou-se

em estudo transversal que envolveu a realização de entre-vistas individuais, junto a clientela de supermercados eusuários de algumas unidades básicas de saúde, represen-tando as várias regiões do município de Piracicaba. Foramaplicados dois instrumentos, no primeiro entrevistou-se109 indivíduos para saber unicamente qual era o prato

mais consumido e bairro de origem. O segundo, um inqu-érito alimentar respondido por 90 pessoas, mais detalha-do, com questões semi estruturadas e previamente valida-do, levantou dados sobre o perfil sócio econômico, hábitoalimentar e questões relativas especificamente às condi-ções de preparo e consumo do almoço.

A análise estatística e a representação dos dadosforam realizadas com auxílio de programas para computa-dor compatíveis com o IBM-PC (Excel para Windows 95,versão 7.0). Todas as variáveis foram tabuladas como mé-dia ± desvio padrão ou percentagem de freqüência, quan-do apropriado. As diferenças obtidas foram avaliadas peloteste t de Student. A probabilidade de significância consi-derada foi de p < 0,05 em todas as comparações efetuadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO prato que mais apareceu nas entrevistas foi: ar-

roz, feijão, bife frito e salada de alface (30%), conformemostra a figura 1. Esse resultado foi semelhante ao deuma pesquisa realizada na Vila Madalena na cidade deSão Paulo, na qual o almoço mais consumido pela popula-ção foi, basicamente, arroz, feijão, carne bovina, acompa-nhados de hortaliças de vários tipos (OLIVEIRA, 1998).

Figura 1. Freqüência em que os pratos aparecem nos questionários(N=199); 1 = arroz, feijão, bife frito e salada de alface; 2 = arroz, feijão,frango frito e salada de alface; 3 = arroz, feijão, bife frito, salada de alface etomate, 4 = arroz, feijão, frango assado e salada de alface; 5 = arroz, feijão,frango frito; 6 outros.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 73

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Pode-se afirmar que a amostra da população queanalisamos é significativa, pois segundo informações daSecretaria Municipal de Saúde, as pessoas entrevistadasrepresentam todas as regiões de Piracicaba.

Quanto ao inquérito alimentar, obtivemos resulta-do semelhante em relação ao prato mais consumido no al-moço, entre os quais 16 entrevistados consumiam o pratoeleito como padrão. Para responder o inquérito alimentarforam recrutadas as pessoas que preparam as refeições, amaioria foi do sexo feminino, sendo em grande parte do-nas de casa. As preparações do prato padrão apareceramem muitos questionários, ou seja, o arroz apareceu 196 ve-zes (98%), o feijão 166 (83%), o bife frito 105 (53%) e asalada de alface 168 (84%). Isso reforça os resultados.

A análise da composição média em nutrientes doalmoço piracicabano, incluindo todos os pratos informa-dos, e a do prato mais consumido são mostradas na tabela1. Poucas diferenças foram encontradas nas comparaçõesentre o prato eleito como padrão e o consumo geral. O re-sultado que mais chamou a atenção foi em relação ao con-sumo de vitamina C, que foi muito inferior no prato pa-drão, isso acontece pelo fato do prato só conter alfacecomo fonte desse micronutriente. O consumo de gordurasaturada também foi inferior no prato padrão em relaçãoaos demais. Já quando comparamos a ingestão individualcom o per capita familiar verificamos que o consumo devitamina E e carboidrato foi inferior aos valores prepara-dos. Vale salientar que houve grande variabilidade tantona composição química do prato, quanto na quantidadeconsumida de cada alimento. Isso pode ser comprovadopelos elevados valores de desvio padrão encontrados, porexemplo no caso da vitamina C o consumo mínimo foi de3,6, enquanto o máximo foi de 257,6.

Tabela 1. Composição em nutrientes dos pratos analisados em relação aoprato padrão estabelecido.

a = P < 0,05 para as comparações entre o consumo todos e o padrãob = P < 0,05 para as comparações entre o consumo individual e o familiar

Outros dados foram fornecidos pelo inquérito ali-mentar, entre eles nos chamou a atenção, na compra fami-liar, a reduzida quantidade de vegetais e o excesso de ali-mentos ricos em gorduras.

CONCLUSÕESO prato mais consumido no almoço piracicabano

foi composto de arroz, feijão, bife frito e salada de alface.Esse resultado é mantido quando os componentes do pra-to são analisados em separado. Na avaliação do consumo

familiar geral constatou-se que esta é pobre em legumes eem verduras e apresenta elevado teor de gorduras, indi-cando a necessidade de programas de educação nutricio-nal em massa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLICDA, M. T. M. Revision de las metodologias aplicadas

en estudios sobre el consumo de alimentos. publica-ción INCAPME/015, Guatemala,. p. 35 –38, 1992.

MENCHÚ, L. M. T. Revision de las metodologias aplica-das en Estudios sobre el Consumo de Alimentos.Guatemala, 1992.

OLIVEIRA, J.E.P.; CUNHA,S.F.C.; MARCHINI,J. Adesnutrição dos pobres e dos ricos: dados sobre aalimentação no Brasil. São Paulo. Editora Savier,1996. p. 123.

OLIVEIRA, S.P. Hábitos e práticas alimentares em trêslocalidades da cidade de São Paulo. Revista deNutrição. Campinas. Gráfica e editora Modelo Ltda.,v. 11, n. 1, p. 37 – 50, 1998.

PAO, E.M. & CYPEL, Y.S. Cálculo de la ingesta dieté-tica. In: Conocimientos Actuales Sobre Nutri-cion.Organização Mundial de Saúde, p. 461 – 470,1998.

INDIVIDUAL FAMILIARGERAL PRATO PADRÃO GERAL PRATO PADRÃO

Vitamina C 21,2 ± 40,6 6,7±3,6a 25,3 ± 40,6 6,0±4,3a

Monoinsaturados 5,0 ± 6,9 3,2±1,5 7,3 ± 11,3 4,0±1,9Poliinsaturados 7,6 ± 5,5 7,5±3,5 10,0 ± 8,4 8,6±3,9Saturados 3,2 ± 4,8 1,9±0,9 4,6 ± 7,8 2,2±0,9 a

Calorias 725 ± 640 860±980 875 ± 425 790±190Carboidratos 41 ± 24 41±25,4 76 ± 31 b 70±29 b

Colesterol 92,4 ± 79,4 67,7±32 110,4 ± 130,5 73,9±34,0Fibra 5,4 ± 3,3 6,0±4,0 6,6 ± 3,4 6,3±2,5Proteína 40 ± 20 37±14 48 ± 28 42,2±13,7Lipídeo 39 ± 33 32±11 41 ± 27 37,2±11,3Vitamina E 10,1 ± 7,2 12,0±5,7 13,2 ± 8,3 b 14,5±5,7

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9º CONGRESSO DE

CO.23

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PRÉ ESCOLARES INDÍGENA DA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS – MS

ANA OLIVIA KAVALAS FARIAS DE SOUZA (B) – Curso de NutriçãoKARINA CECÍLIA CUELHAR (CO) – Curso de Nutrição

MÍRIAM COELHO DE SOUZA (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeMARIE OSHIIWA (CO) – Universidade Estadual Paulista – UNESP

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional de pré-escolares de 4 a 6 anos, da reserva indígena de Dou-rados – MS, suplementados ou não com o leite de soja. O levantamento de dados do estudo foi realizado a partir da identi-ficação antropométrica de 164 crianças indígenas em idade pré-escolar. Entrevistou-se 20% dos pais ou responsáveis, comquestões sócio econômicas, higiene-sanitário e dietéticas. A classificação do perfil nutricional dos pré-escolares segundoGómez P/I (peso para idade), se mostrou mais sensível ao demonstrar 33% de desnutridos leves, enquanto os demais indi-cadores como P/A (peso para altura) segundo Macias, e A/I-P/A (altura para idade combinado com peso para altura)segundo Waterlow apontam uma média de 7,6% para o mesmo grau de desnutrição. A renda média familiar mensal namaior parte da população é inferior a R$ 200,00 sendo que em 48,15% dos domicílios possuem de 5 a 8 moradores sendo36% crianças, vivendo em ocas precárias sem saneamento e higiene adequados. A análise dietética aponta que a cestabásica familiar é constituída basicamente de alimentos fontes de carboidrato e gordura vegetal, e baixo consumo de prote-ína e micronutrientes. O estudo revela a real transição sócio-econômica e nutricional que os índios da reserva indígena deDourados-MS estão passando, igualando-os aos milhões de desprivilegiados que vivem nas favelas das grandes cidades.

INTRODUÇÃOO estado nutricional de crianças depende significa-

tivamente de sua alimentação, levando em conta tambémseu estado de saúde e suas necessidades. A desnutrição émais freqüente em crianças do que em adultos e no Brasil, amaior incidência se situa na faixa etária de 5 a 6 anos (LEI-TE, 1998). Em relação ao perfil nutricional de crianças, adesnutrição pregressa é a mais comumente manifestada,isto é, crescimento de altura retardado (ARAÚJO, 1983).

A aproximação do índio com o branco impôs sig-nificativas mudanças em hábitos e estilo de vida com séri-as repercussões na alimentação e saúde (COIMBRA eSANTOS, 2000). A prevalência de retardo de crescimentona população indígena é superior à encontrada na popula-ção brasileira como um todo, provavelmente refletindo ascondições sócio-econômicas das populações indígenas(RIBAS et alii., 2001).

No Brasil e na América Central, sociedades indí-genas têm uma monotonia alimentar com base em tubér-culos e milho, não suprindo em totalidade as necessidadesprotéicas e energéticas do organismo (ADAS, 1988).

A reserva indígena de Dourados, localizada ao sulda cidade de Dourados, possui 7 mil índios divididos emtrês etnias Kaiuwá, Guarani e Terena. A pastoral da IgrejaMetodista de Dourados desenvolve programa assistencialaos índios da reserva através do Programa de distribuiçãogratuita de leite de soja à população.

O leite de soja na alimentação infantil, pode serusado como um suplemento nutricional, pois a soja é umalimento rico em proteínas, gorduras, sais minerais e vita-minas. Pela sua riqueza em nutrientes auxilia no cresci-mento, ajuda a formar os ossos, músculos e dentes, alémde tornar o organismo mais resistente às doenças.

O objetivo do estudo foi avaliar o estado nutricio-nal de pré-escolares da reserva indígena de Dourados –MS, na faixa etária de 4 a 6 anos suplementados ou nãocom o leite de soja.

METODOLOGIAO estudo avaliou o estado nutricional de 164 crian-

ças quanto a antropometria [peso (Kg) altura (cm) e períme-

tro braquial (cm)] e entrevistou 20% de suas famílias afim deinvestigar as condições sócio-econômicas, culturais e higiê-nico-sanitários dos domicílios, além de levantar o consumoalimentar das famílias levando-se em conta o alimento pre-sente na cesta básica familiar, através de questionário elabo-rado a partir de um estudo piloto em população de pré-esco-lares de baixa renda da periferia de Lins, São Paulo.

Para a realização da antropometria utilizou-se debalança portátil, fita métrica, antropômetro de madeiraportátil adaptado.

Os dados coletados foram compilados em umbanco de dados e analisado estatisticamente através doTeste de Qui-quadrado, teste não-paramétrico para o estu-do das proporções, no nível de 5% de significância.

As análises do estado nutricional foram realizadas apartir dos indicadores peso para idade (P/I) de acordo comGómez (1956), peso para altura (P/A) conforme Macias(1974) e entre a combinação dos indicadores altura para ida-de (A/I) e peso para altura (P/A), segundo Waterlow (1976),além do perímetro braquial conforme Coutinho (1988).

RESULTADOS E DISCUSSÃOO estudo levou em conta o perfil nutricional de to-

dos os pré-escolares indígenas, suplementados ou nãocom o leite de soja.

Tabela 1. Classificação geral do perfil nutricional de crianças pré-escolaresindígenas (n= 164).

(a) Gómez, 1956; (b) Macias, 1974; (c) Waterlow, 1976; (d) Coutinho, 1988.(1) Proporções seguidas de mesma letra minúscula não diferem quanto aosautores, fixada a classificação.(1) Proporções seguidas de mesma letra maiúscula não diferem quanto àclassificação, fixado o autor.

CLASSIFICAÇÃO P/I(A) P/A (B) A/I- P/A (C) PER. BRAQUIAL (D)

Obeso 13 aA 12 aA - 58 aB

Normal 90 bA 137 bB 151 bB 106 bA

Desnutrição leve 54 abB 13 aA 12 aA –Desnutrição moderada 6 aA 1 aA 1 aA –Desnutrição severa 1 aA 1 aA – –

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 75

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Na análise estatística, a classificação de obesos se-gundo Coutinho teve proporção maior que nos demais ín-dices, que não diferiram entre si. Segundo classificação deGómez a proporção de normais(b) é maior que as demais,sendo que a desnutrição leve(ab) não diferiu de nenhumaproporção. Para classificação de Macias, concluímos quea maioria das crianças estavam dentro da normalidade(b) ea desnutrição não diferia de outros indicadores. Quanto aclassificação de Waterlow a maioria das crianças são nor-mais(b) comparados com outros índices.

A prevalência de desnutrição pregressa (leve) en-contrada na população estudada foi de 32,92% (n=54) deacordo com P/I, segundo classificação de Gómez. Segun-do classificação de Macias (P/A), Coutinho (perímetrobraquial) os maiores índices se detiveram a normalidadenutricional. Destaca-se também que os índices de desnu-trição (leve, moderada, severa) para Macias (P/A) e Wa-terlow ficaram em torno de 8% em ambas classificações.

Embora o leite de soja seja rico em nutrientes(proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas) e auxilieno crescimento, tornando o organismo mais resistente asdoenças, a maioria (75%) das famílias da reserva nunca sebeneficiavam do suplemento, pela dificuldade de distri-buição (distância e condições climáticas).

Em se tratando dos domicílios, observou-se que asfamílias da grande maioria dos moradores da reserva sãocompostas de 5 a 8 pessoas (48,15%), divididos entre cri-anças e adultos. Aproximadamente 41,38% das residênci-as possuíam apenas 1 cômodo, em condições higiênico-sanitárias precárias, sem esgoto encanado (83,87%) e semeletricidade (87,10%).

Cerca de 41,4% das famílias reportadas não tinhamconhecimento quanto a renda mensal familiar. Dentro da-queles que puderam informar 64,7% tem renda inferior aR$ 200,00. Observou-se também que tais famílias não vi-vem mais da agricultura (mandioca e milho) e pesca tradici-onal indígena, e dependem em grande parte do comércio lo-cal ou da cidade de Dourados para adquirir seus alimentos,e que o consumo de peixe mostrou-se subsistente.

O leite de vaca é consumido por apenas 58,6% dapopulação. O arroz é o alimento presente em 100% dascestas básicas das famílias, muitas vezes constituindo oúnico alimento disponível. O perfil dietético da populaçãoestudada é basicamente constituído de alimentos ricos emcarboidratos e lipídios (arroz, feijão, macarrão, açúcar,óleo de soja, farinha de trigo, etc.) sendo que os alimentosprotéicos, frutas e verduras apresentam-se com baixo per-centual de consumo.

CONCLUSÃOApesar de termos classificado a maioria dos perfis

nutricionais dos pré-escolares como normais, há signifi-cante parte destas crianças com algum grau de desnutri-ção. A desnutrição leve se mostra presente entre os pré-es-colares indígenas, levando-se em conta principalmente aclassificação de Gómez. Porém, é difícil afirmar se a des-nutrição leve realmente é presente ou se as crianças indí-genas são menores e mais leves para idade comparados asnão indígenas conforme relato de RIBAS et alii. (2001).

Em conclusão o estudo aponta para séria transiçãosócio econômica, cultural e nutricional dos índios da re-

serva indígena de Dourados, passando por significativaperda de identidade e saúde indígena igualando-os aos ex-cluídos e desprivilegiados que vivem às margens da socie-dade brasileira.

O estudo recomenda que o Programa de “Leite deSoja” da Pastoral da Igreja Metodista de Dourados tenhasua distribuição ampliada para fornecer leite de soja as es-colas e creches da reserva para que todas as crianças nafase pré-escolar possam receber alimento suplementar deexcelente valor nutricional que auxilie no seu desenvolvi-mento e crescimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASADAS, Melhem. A fome: crise ou escândalo? 30ºed. São

Paulo: Moderna. Primeira Parte: A fome: seu signifi-cado, efeitos e o crescimento populacional comobode expiatório para explicar sua existência. p 8-18,1988.

ARAÚJO, A. et alii. Proposta para o atendimentos a cri-anças carentes de 0 a 6 anos. s.l, Brasil. Ministérioda Previdência e Assistência Social, p 11-18, 1983.

COIMBRA JÚNIOR C.E.A. & SANTOS R.V. Health,minorities and inequality:some wehs of inter-relati-ons, emphasising indigenous peoples in Brazil.Ciências Saúde Coletiva 5(1):, p125-132, 2000.

COUTINHO, D. C. Avaliação do estado nuticional decomunidades: medição da desnutrição manifesta –antropometria. Florianópolis: Departamento denutrição, Universidade Federal de Santa Catarina,1988.

GOMEZ. F. et alii. J. Mortality in second and thirddegree malnutrition. J. Trop. Pediatrics. Oxford, v.2,n.2, p. 77-83, 1956.

LEITE, Maurício Soares. Avaliação do estado nutricionalda população Xávante de São José, Terra IndígenaSangradouro – Volta Grande, Mato Grosso. Rio deJaneiro. Dissertação (Mestrado). Escola Nacional deSaúde Publica, 123p, 1998.

MACIAS, J. A. Metodo para evluación del crescimentode hombres y mujeres desde el nascimento hasta los20 años, para uso a nivel nacional e internacional.Archivos Latinoamenricanos de nutricion. Caracas,v.22, n. 4, p. 531-546, 1974.

RIBAS, Dulce L.B. et al. Nutrição e saúde infantil emuma comunidade indígena Térena, Mato Grosso doSul, Brasil. Cad. Saúde Pública, 2001.

WATERLOW, J. C. Classification and definition of pro-tein-calorie malnutrition. In: BEATON, G.H., BEN-GOA, J.M. (eds.). Nutrition in preventive medicine.Geneva: WHO,, p.530-555, 1976.

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9º CONGRESSO DE

CO.24

DETERMINAÇÃO DE PONTOS DE CONTROLE (PCS) E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (PCCS) DURANTE O FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA PREPARAÇÃO CARNE MOÍDA COM LEGUMES EM UM RESTAURANTE

INDUSTRIAL (RI) DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA – SP

LÍVIA BONGERS (TG) – Curso de NutriçãoLILIANE CORRÊA MAISTRO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

Muitos são os fatores que favorecem a multiplicação dos microrganismos na carne moída. O objeto do pre-sente estudo foi definir e identificar PCs e PCCs da preparação “Carne Moída com Legumes”. Um prévio registro doprocessamento durante a produção da preparação foi realizado, sendo que desta forma elaborou-se um fluxograma damesma. Utilizando-se a ferramenta “Arvore Decisória” os PCs e PCCs foram então detectados. As perguntas extraídasda referida ferramenta, foram respondidas tomando-se como base o preconizado no Manual de Boas Práticas de Fabri-cação (BPF) existente no local frente aos procedimentos adotados no RI. A preparação apresentou 100% de PCs.Inconformidades em relação às condições de transporte, recebimento, armazenamento, higienização eficaz de utensí-lios, controle criterioso da qualidade da água, além do controle de pragas, determinaram o resultado acima referido.

INTRODUÇÃOO fato da carne moída ser muitas vezes provenien-

te de retalhos de outras carnes, faz com que ela seja umafonte potencial de contaminação para as pessoas que aconsomem. Isso porque os retalhos de carne sofrem gran-de manipulação nos mercados e açougues, além de, mui-tas vezes permanecerem à temperatura ambiente por lon-gos períodos. Esses fatores favorecem a multiplicação dosmicrorganismos na carne moída (BERGMANN, RITTER& SANTOS, 2001).

Os microrganismos contaminantes dos alimentosse multiplicam caso o substrato, isto é, o alimento e ascondições ambientais permitirem. Se o atraso no consumoda carne for grande as possibilidades de proliferação mi-crobiana são maiores, produzindo-se uma diminuição daqualidade higiênica e sanitária dessa carne (BOUR-GEOIS, MESCLE & ZUCCA, 1994).Tal fato faz comque todas as preparações à base de carne moída sejamconsideradas de risco, consequentemente exigindo umacompanhamento criterioso das mesmas.

O responsável técnico pela produção de refeiçõesdeverá fazer uma análise e avaliação dos locais ou situa-ções que tem maior probabilidade de gerar riscos para asaúde do usuário e, para estes pontos, estabelecer contro-les (SCHILLING, 1998).

O objeto do presente estudo foi definir e identifi-car PCs e PCCs da preparação Carne Moída com Legu-mes, sob a hipótese de que a mesma possa vir a ser deter-minante de perigos que comprometam a saúde do consu-midor.

MATERIAIS E MÉTODOSUm prévio registro do processamento durante a

produção da preparação foi realizado, sendo que desta for-ma elaborou-se um fluxograma da mesma. Posteriormen-te utilizando-se a ferramenta “Arvore Decisória” confor-me proposto por CNI/ SENAI/ SEBRAE (1999), os PCse/ou PCCs foram então detectados.

O acompanhamento realizou-se durante a confec-ção do prato principal, sendo que as observações e regis-tros foram efetuadas desde o recebimento das matérias-

primas até a obtenção do produto final. As perguntas ex-traídas da “Arvore Decisória” foram respondidas toman-do-se como base o preconizado no Manual de BPF exis-tente no local frente aos procedimentos adotados no RIdurante a preparação afim.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA preparação apresentou 100% de PCs. O plano

de Análise de Perigos por Pontos Críticos de Controle(APPCC) consiste na separação das poucas causas vitais(PCCs) e das muitas causas triviais (PCs). Causas triviaissão facilmente corrigidas, desde que seja estabelecido, do-cumentado e adotado procedimentos de Boas Práticas deFabricação (BPF), no entanto causas vitais precisam sertratadas mais cuidadosamente. O sucesso da implantaçãodo programa APPCC em RIs depende do processamentoseguro do(s) alimento(s) cru(s) até a obtenção do produtofinal. O monitoramento da(s) temperatura(s) de cocçãodos ingredientes envolvidos e do produto final durante aconfecção deste, dentre outros controles, são procedimen-tos importantes para a garantia da qualidade e diminuiçãode riscos de doenças originárias da ingestão de alimentoscontaminados. No estudo em questão as temperaturas doslegumes que compunham a preparação, assim como doproduto final apresentaram- se de acordo com o preconi-zado no Manual de BPF local, na portaria CVS-6 / 99, enas recomendações de SILVA (1999) e TRIGO (1999).Inconformidades em relação às condições de transporte,recebimento, armazenamento, higienização eficaz deutensílios, controle criterioso da qualidade da água, alémde pragas, determinaram o resultado acima referido.

CONCLUSÃONo RI em estudo fatores vitais inexistem em rela-

ção a preparação ora avaliada, entretanto vários fatores tri-viais foram encontrados. Tal resultado só faz ressaltar aimportância da adoção das BPF, sem as quais, jamais serápossível a implementação do sistema APPCC. Aponta-seainda para a necessidade de treinamentos constantes porparte do pessoal do restaurante em questão, uma vez que oprograma APPCC é bastante complexo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOURGEOIS, C. M.; MESCLE, J. F.; ZUCCA, J.

Microbiologia Alimentaria, v.1, 2a ed., Zaragoza:Acribia, 1994.

BERGMANN, G. P.; RITTER, R.; SANTOS, D. Conta-minação bacteriana da carne moída bovina comerci-alizada em bancas do mercado público de PortoAlegre, RS. Higiene Alimentar. São Paulo, v.15,n.85, 2001, p.50-56.

SCHILLING, M. indicadores de pontos críticos de con-trole e ações corretivas em refeições coletivas. Higi-ene Alimentar. São Paulo, v.12, n.56, 1998,p.7.

SILVA Jr. E. A. Manual de controle higiênico- sanitárioem alimentos, 3a ed., São Paulo: Varela, 1999. 394p.

TRIGO. V. C. Manual prático de higiene e sanidade nasunidade de alimentação e nutrição, 1a ed., SãoPaulo: Varela, 1999.

São Paulo (Estado). Portaria CVS-6 de março de 1999.Regulamento técnico sobre os parâmetros e critériospara o controle higiênico- sanitário em estabeleci-mento de alimentos.

CNI/SENAI/SEBRAE. Guia para a elaboração doplano APPCC, geral. Brasília, SENAI/DN, (SérieQualidade e Segurança Alimentar). Projeto APPCC,1999, 317p.

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 3

ÁREA DE CIÊNCIAS DA VIDAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 7h40 • Sala Vermelha • Taquaral

Coordenador: Rinaldo Roberto de Jesus Guirro – UNIMEP

Debatedores: Vanessa Monteiro Pedro – UFSCarRosana Macher Teodori – UNIMEP

CO.25 INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM NA PERMEAÇÃO CUTÂNEA DA CAFEÍNA: TESTE IN VIVOE AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA. Marlus Chorilli (B) – Curso de Farmácia, Maria Luiza OzoresPolacow (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, Maria Sílvia M. Pires-de-Campos (CO) – Faculdadede Ciências de Saúde, Gislaine Ricci Leonardi (CO) – Faculdade de Ciências de Saúde – PIBIC/CNPq

CO.26 INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM NA PERMEAÇÃO CUTÂNEA DA CAFEÍNA: TESTE INVITRO. Talitha Marmorato Granzotto (B) – Curso de Fisioterapia, Maria Silvia Mariani Pires de Cam-pos (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, Gislaine Ricci Leonardi (CO) – Faculdade Ciências daSaúde, Maria Luiza Ozores Polacow (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.27 EFEITO DO TRATAMENTO CRÔNICO COM METFORMINA E/OU ELETROESTIMULAÇÃOSOBRE O PADRÃO ENERGÉTICO DE MÚSCULOS DESNERVADOS. Karina Maria Cancelliero(B) – Curso de Fisioterapia, Carlos Alberto da Silva (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, RinaldoGuirro (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde – PIBIC/UNIMEP

CO.28 ALTERAÇÕES DO METABOLISMO E DO PESO MUSCULAR APÓS ESTIMULAÇÃO ELÉ-TRICA DE BAIXA FREQUÊNCIA. Fabiana Forti (B) – Curso de Fisioterapia, Rinaldo Roberto J.Guirro (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, Carlos Alberto da Silva (CO) – Faculdade de Ciênciasda Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.29 ESTUDO DOS EFEITOS DA técnica BANDAGEM FUNCIONAL PARA O TRONCO, NO ALI-NHAMENTO DA POSTURA LOMBAR. Rodrigo Gastesi Aguiar (B) – Curso de Fisioterapia, Thati-ana Barboza Carnevalli (TG) – Curso de Fisioterapia, Maria Carolina Basso Sacilotto (TG) – Curso deFisioterapia, Carlos Alberto Fornasari (O) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.30 A INTERFERÊNCIA DA TÉCNICA DE BANDAGEM FUNCIONAL CIRCULAR NA ROTAÇÃODO TRONCO. Maria Carolina Basso Sacilotto (TG) – Curso de Fisioterapia, Rodrigo Gastesi Aguiar(TG) – Curso de Fisioterapia, Thatiana Barboza Carnevalli (TG) – Curso de Fisioterapia, CarlosAlberto Fornasari (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.31 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA COLETIVA NA DIMINUIÇÃO DADOR EM TRABALHADORES QUE PERMANECEM MAIOR PARTE DA JORNADA NA POS-TURA SENTADA E USAM O COMPUTADOR. Fabíola Maria Erbetta Andrade (TG) – Curso deFisioterapia, Thatiana Barboza Carnevalli (TG) – Curso de Fisioterapia, Vera Lúcia Martinez Vieira(O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.32 ALTERAÇÕES DO ESPECTRO DE POTÊNCIA DECORRENTES DO AQUECIMENTO PORONDAS CURTAS TERAPÊUTICO. Ana Paula Martin (TG) – Curso de Fisioterapia, Viviane UrbiniVomero (TG) – Curso de Fisioterapia, Rinaldo Guirro (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

CO.33 ALONGAMENTO DA MUSCULATURA INSPIRATÓRIA: EFEITO SOBRE AS PRESSÕESRESPIRATÓRIAS MÁXIMAS E MOBILIDADE TORÁCICA. Julio Flavio Fiore Junior (TG) –Curso de Fisioterapia, Ana Carolina Serigatto de Oliveira (TG) – Curso de Fisioterapia, Marlene Apa-recida Moreno Ganzella (O) – Faculdade de Ciencias da Saúde, Rosana Macher Teodori (CO) – Facul-dade de Ciências da Saúde, Analucia Geraldes Pires (CO) – Curso de Fisioterapia

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CO.34 EFEITO DO EXERCÍCIO ISOMÉTRICO DE EXTENSÃO DO JOELHO ASSOCIADO À ADU-ÇÃO ISOMÉTRICA DO QUADRÍL NA ATIVIDADE ELÉTRICA DOS MÚSCULOS VASTOMEDIAL OBLÍQUO E VASTO LATERAL OBLÍQUO EM INDIVÍDUOS PORTADORES DEDISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR. Géder Massini (TG) – Curso de Fisioterapia – UFSCar, MaliNaomi Higa (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCar, Carolina Vianna Nunes (CO) – PPG Fisioterapia –UFSCar, Fausto Bérzin (CO) – Depto. Morfologia – FOP/UNICAMP, Débora Bevilaqua Grosso (CO)– Depto. Fisioterapia – UNIT, Ivana Aparecida Gil (CO) – Depto. Odontologia social – FOP/UNI-CAMP, Vanessa Monteiro Pedro (O) – Depto. Fisioterapia – UFSCar

CO.35 ANÁLISE DA PERIMETRIA DA MUSCULATURA DO TERÇO INFERIOR DA COXA EM INDI-VÍDUOS NORMAIS E COM DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR APÓS UM PROGRAMA DETREINAMENTO MUSCULAR NO LEG-PRESS. Daniel Ferreira Moreira Lobato (B) – Curso deFisioterapia – UFSCar, Ricardo Widmer (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCar, Mariana de OliveiraFigueiredo (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCar, FAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto de Morfologia –FOP/UNICAMP, Ivana Aparecida Gil (CO) – Depto de Odontologia Social – FOP/UNICAMP, DéboraBevilaqua Grosso (CO) – Depto de Fisioterapia – UFSCar, Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro (CO) – PPGFisioterapia – UFSCar, Vanessa Monteiro Pedro (O) – Depto de Fisioterapia – UFSCar – IC/CNPq

CO.36 EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO NO LEG-PRESS NO TORQUE MÉDIOMÁXIMO DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃOFÊMORO-PATELAR. Márcio Costa Antonelo (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCar, Ricardo Widmer(CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCar, Mariana de Oliveira Figueiredo (CO) – Curso de Fisioterapia– UFSCar, Fausto Bérzin (CO) – Depto de Morfologia – FOP/UNICAMP, Ivana Aparecida Gil (CO) –Depto de Odontologia Social – FOP/UNICAMP, Débora Bevilaqua Grosso (CO) – Depto de Fisiote-rapia – UFSCar, Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro (CO) – PPG Fisioterapia – UFSCar, Vanessa MonteiroPedro (O) – Depto de Fisioterapia – UFSCar – IC/CNPq

CO.37 DIFERENCIAÇÃO EPITELIAL DO EPIDÍDIMO DE RATOS SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃOLASER DE ARSENETO DE GÁLIO. Luciana Duarte Novais (B) – Curso de Fisioterapia, RicardoNoboro Isayama (B) – Curso de Fisioterapia, Maria Jose Salete Viotto (O) – Universidade Federal deSão Carlos, Nivaldo Antonio Parizotto (CO) – Universidade Federal de São Carlos – Fomento UFSCar

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9º CONGRESSO DE

CO.25

INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM NA PERMEAÇÃO CUTÂNEA DA CAFEÍNA: TESTE IN VIVO E AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA

MARLUS CHORILLI (B) – Curso de FarmáciaMARIA LUIZA OZORES POLACOW (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

MARIA SÍLVIA M. PIRES-DE-CAMPOS (CO) – Faculdade de Ciências de SaúdeGISLAINE RICCI LEONARDI (CO) – Faculdade de Ciências de Saúde

PIBIC/CNPq

RESUMO

O fato da pele ser um importante meio para a entrada de substâncias químicas no corpo estimula ainda mais o estudoda permeação cutânea, a qual é limitada pela conformação lipídica da camada córnea, sendo necessário o estudo de agentesquímicos e físicos, entre eles o ultra-som, com o propósito de acentuar tal permeação. O objetivo do presente trabalho foi ode estudar os efeitos do ultra-som na permeação cutânea da cafeína, um fármaco lipolítico utilizado no tratamento mesoterá-pico da celulite e cada vez mais presente em géis para uso tópico. Cinco suínos machos, híbridos, foram submetidos aosseguintes tratamentos diários por 15 dias: controle; gel; gel + ultra-som; gel + cafeína (5%); gel + cafeína (5%) + ultra-som;mesoterapia (realizada em três sessões). Após processamento histológico em HE, realizou-se análises histopatológicas emorfométricas, utilizando ocular milimetrada de Zeiss. Os resultados mostraram na epiderme uma redução estatisticamentesignificante de sua espessura, provavelmente provocada pela presença de etanol no gel, o qual se associou com a cafeína eultra-som, promovendo deslipidização e remoção do estrato córneo. Além disso, o ultra-som provocou aumento da permea-ção cutânea da cafeína, evidenciado pela redução do tecido adiposo na hipoderme, sendo que nesta a maior redução ocorreunas áreas tratadas com mesoterapia, seguido dos tratamentos gel + cafeína + ultra-som e gel + cafeína.

INTRODUÇÃOO fato da pele ser um importante meio para a en-

trada de substâncias químicas no corpo estimula aindamais o estudo da permeação cutânea. A camada córnea daepiderme é constituída pelos corneócitos inseridos em ummeio lipídico, o qual é o maior determinante na permeaçãode um componente pela pele (MARJUKKA SUHONENet alii., 1999).

Devido à dificuldade na penetração de fármacospela pele, agentes químicos e físicos, entre eles o ultra-som, vêm sendo utilizados para diminuir as barreiras dapele (BYL, 1995). Também, recentemente utilizam-se nasformulações tópicas promotores de permeação cutânea,que aumentam significativamente o fluxo de penetraçãode outra substância. Entre eles estão solventes como o eta-nol (SCHUELLER & ROMANOWSKI, 2000). MAR-JUKKA SUHONEN et alii. (1999) revelam que a desor-dem no empilhamento da camada córnea provocada pelospromotores de permeação cutânea é um importante meca-nismo para se acelerar tal processo.

A cafeína é um fármaco lipolítico, cuja ação seexplica pela inibição da enzima fosfodiesterase, que trans-forma AMPc em 5’AMP inativo, acarretando em um au-mento da taxa de AMPc (BEAVO et alii., 1970). A maiordisponibilidade de AMPc, conseqüente à ação da cafeína,ativa a proteinoquinase e, conseqüentemente, a triglicéridelipase, induzindo à lipólise através da mobilização de áci-dos graxos e glicerol (MURRAY et alii., 1998). Em virtu-de de apresentar tais características lipolíticas, a cafeínapode ser usada no tratamento da celulite.

Nas áreas afetadas pela celulite, ocorre hipertrofiade tecido adiposo, deterioração da substância intersticial,espessamento e proliferação das fibras interadipocitárias eda rede capilar, levando à retenção excessiva de líquidos(DRAELOS & MARENUS, 1997). Atualmente, a fásciasuperficial está sendo relacionada com a celulite porque as

vigas e septos de fibras colágenas bloqueiam as zonasedematizadas, dando origem ao relevo irregular da pele(MORETTI et alii., 1997). A fáscia superficial é diferentequanto ao sexo, pois é determinada pelo hormônio femini-no estrógeno (ROSENBAUM et alii., 1998). Dentre ostratamentos para celulite, destacam-se, entre outros, a fo-noforese, que é o emprego do ultra-som com o propósitode aumentar a permeação cutânea de fármacos (BYL,1995), e o uso de cafeína em mesoterapia, mas esta técni-ca é invasiva e agressiva. Também, tem sido usados géisde cafeína para uso tópico, porém não se tem certeza desua real eficiência.

O objetivo deste presente trabalho foi o de estudaros efeitos do ultra-som na permeação cutânea da cafeína,através de análises morfométricas e histopatológicas dapele de suínos. Foi realizado também um estudo compara-tivo com a técnica de mesoterapia.

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados cinco suínos machos, híbridos

(Landrace X Large White), com 35 dias, aproximadamente.Após tricotomia de cinco áreas (36 cm2) no dorso dos ani-mais, realizou-se os seguintes tratamentos diários em áreaspadronizadas num período de 15 dias: gel, gel + ultra-som,gel + cafeína (5%), gel + cafeína (5%) + ultra-som, e meso-terapia (realizada em três sessões com 2 mL de cafeína2%). A base do gel utilizada foi a de Carbopol 940® acres-cido de álcool etílico 25%, já que ela permite boa transmis-sibilidade das ondas ultrassônicas. O ultra-som utilizado foio KW Sonomaster Microcontrolado com Back Light, fre-qüência de 3 MHz, intensidade de 0,2 W/cm2, com modode emissão contínuo, durante 2 minutos.

Após o período de tratamento, os animais foramsacrificados por perfuração cardíaca e segmentos das peletratadas foram retirados, coletando-se também a hipoder-me subjacente. A fixação dos segmentos foi em Bouin(24h), sendo processados em parafina para o método da

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9º CONGRESSO DE

CO.26

INFLUÊNCIA DO ULTRA-SOM NA PERMEAÇÃO CUTÂNEA DA CAFEÍNA: TESTE IN VITRO

TALITHA MARMORATO GRANZOTTO (B) – Curso de FisioterapiaMARIA SILVIA MARIANI PIRES DE CAMPOS (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

GISLAINE RICCI LEONARDI (CO) – Faculdade Ciências da SaúdeMARIA LUIZA OZORES POLACOW (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar in vitro o aumento da permeação cutânea da cafeína através da aplicaçãoultra-som (US), o qual tem sido usado frequentemente como acentuador da permeação cutânea de substâncias, meca-nismo denominado fonoforese. O US é muito utilizado no tratamento de fibro-edema gelóide (FEG), popularmenteconhecido como celulite, devido à sua capacidade de veiculação de substâncias e seus efeitos fisiológicos. A fonoforesefoi realizada com cafeína (5%), já que esta apresenta uma ação lipolítica. Em nossa pesquisa utilizamos a metodologia invitro proposta por BENTLEY (1994) a qual faz uso de células de difusão, onde utilizou-se peles extraídas do dorso desuínos(n=5), pois segundo WESTERN & MAIBACH (1989) este modelo apresenta permeabilidade cutânea semelhanteaos seres humanos. Montamos quatro grupos experimentais, cada um composto por peles de cinco suínos: O 1º continhagel puro; o 2º gel com cafeína; o 3º gel e US e o 4º gel com cafeína e US. O US utilizado foi o de 3 MHz, a uma intensi-dade de 0,2 W/cm2, com modo de emissão contínua, num tempo de 1 min/cm2. Foram realizadas em todas as amostrascoletas de 2ml de solução receptora com posterior reposição nos tempos T0, T2, T30,T60,T90, T120, T150, T180, T210, T240.As leituras das concentrações foram feitas através de análise espectrofotométrica (l= 273nm). O US mostrou sua eficáciacomo acentuador da penetração cutânea de fármacos, aumentando a concentração de cafeína na pele após sua aplicação.

INTRODUÇÃOO transporte transdérmico vem sendo, intensa-

mente, estudado ao longo das duas últimas décadas emvirtude das inúmeras vantagens oferecidas por esta rota deaplicação de fármacos (ASBILL et alli, 2000); entretantoé limitado pela camada mais externa da epiderme, o estra-to córneo (MORIMOTO et alli, 1994). Diante disso, tem-se feito o uso de acentuadores químicos e físicos os quaisvisam aumentar a permeação cutânea. Dentre os acentua-dores físicos, pode-se citar o ultra-som (US), no qual, tan-to as propriedades térmicas quanto as mecânicas acelerama difusão de fármacos pela pele. Essa técnica é denomina-da fonoforese (MORIMOTO et alli, 1994).

Para MITRAGOTRI (1996) a fonoforese induz auma desordem na bicamada lipídica da camada córnea,reduzindo 30% de sua resistência à permeação.

A fonoforese oferece uma vantagem em relaçãoas outras vias de administração de fármacos já que dimi-nui os efeitos sistêmicos e os efeitos locais são mais inten-sos do que sem a aplicação do US (BYL, 1995). Porém,segundo MITRAGOTRI et alli (1996), a fonoforese variade fármaco para fármaco, e o US pode não aumentar apermeação dos mesmos, promovendo controvérsia a res-peito da eficácia de tal conduta.

O US tem sido usado nos casos de fibro-edemagelóide (FAGANELLO et alli, 1998; PIRES DE CAM-POS, 1992), popularmente conhecido como celulite, devi-do aos seus efeitos fisiológicos e à capacidade de veicula-ção de substâncias (PIRES DE CAMPOS, 1992). Segun-do ROSSI (1996), o FEG tem como fisiopatologia a hiper-polimerização anormal da substância fundamentalamorfa, alterações primárias no tecido adiposo e altera-ções microcirculatórias. Para ROSEMBAUM et alli(1998) o tecido afetado apresenta uma herniação da gor-dura subcutânea para a derme levando a uma alteração norelevo cutâneo. Diante deste quadro, vários trabalhos vêmpropondo o uso da cafeína, por administração tópica ouinjetável, no tratamento do FEG (LAMBERT, 1982), de-vido à sua ação lipolítica (ACCÚRSIO, 1999).

MATERIAL E MÉTODOSEm nosso experimento, utilizamos suínos (Lan-

drace x Large White, machos, 49 dias) como modelo ani-mal, já que segundo WESTERN & MAIBACH (1989), apermeabilidade destes, é similar a dos humanos. A meto-dologia adotada foi a proposta por BENTLEY (1994) aqual preconiza uso de células de difusão.

Peles de suínos (8 cm2), extraídas do dorso dosanimais, foram fixadas nas células de difusão, certifican-do-se que a derme ficasse em contato com a solução re-ceptora (50ml), composta por tampão acetato de sódio0,1M (59%), álcool etílico (25%) e propilenoglicol (10%),a qual foi constantemente agitada e mantida a 37o C.

Foram montados 4 grupos experimentais, cadaum composto por peles extraídas do dorso de 5 suínos: no1o espalhou-se 3g de gel de carbopol 940; no 2o, 3g de gelacrescido de cafeína (5%); no 3o, 3g de gel e US e no 4o,3g de gel acrescido de cafeína (5%) e US. Nos grupos emque foi aplicado o US (Sonomaster Microcontrolado- KWInd Nac de Tecnologia Lt), este foi regulado em 3MHz,intensidade de 0,2W/cm2, emissão contínua e tempo deaplicação de 1 min/cm2, Esse protocolo foi proposto porFAGANELLO et alli (1998) para o tratamento do FEG.Após os tratamentos, as células foram ocluídas para evitara evaporação do etanol, constituinte do gel. A aferição datransmissibilidade do US utilizado através do gel de cafeí-na foi realizada a fim de verificar se o fármaco não impe-diria a passagem da onda ultra-sônica.

Em todas as amostras foram coletadas 2ml de so-lução receptora com posterior reposição nos tempos 0, 2,30, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240 min para obtenção daleitura das concentrações de cafeína através do espectro-fotômetro (UV-Visible Espectrophotometer), l= 273nm.A fim de eliminar a interferência de outras substâncias dapele que poderiam apresentar leitura no espectrofotôme-tro, consideramos a diferença entre as médias das concen-trações de fármaco permeadas nas peles tratadas com gelacrescido de cafeína e as médias daquelas tratadas apenascom gel em cada tempo de coleta.

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A análise estatística foi realizada através de 2 tes-tes de variância:Wilcoxon e Kruskal-Wallis, com 1% designificância e processadas no JMP/SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃONo teste de transmissibilidade, (figura 1) não hou-

ve atenuação da intensidade do US ao utilizar apenas gel(carbopol 940) ou gel acrescido de cafeína (5%).

Figura 1. Medida de Transmissibilidade do ultra-som através do gel ou dogel com cafeína (5%)

Através da análise temporal da permeação de ca-feína após o tratamento com e sem US, verifica-se quehouve um aumento significativo (p<0,01) da concentraçãode cafeína nas peles tratadas com US, exatamente ao tér-mino da aplicação deste e em todos os outros tempos ana-lisados, sendo maior em 30 minutos com US e em 60 mi-nutos sem US (figura 2).

Esses resultados estão de acordo com BYL(1995), a qual defende a eficácia do US como acentuadorda permeação cutânea de fármacos e com LEVANG et alli(1999) o qual defende que o emprego do etanol na formu-lação do gel aumenta a absorção de fármacos na pele aodestruir a camada lipídica do estrato córneo.

Figura 2. Concentração da Cafeína (mg/mL) na solução receptora em re-lação ao tempo (p<0,01)

Embora experimentos in vitro sejam consideradosvaliosos para o estudo dos mecanismos de absorção per-cutânea (CARVER et alli, 1989), deve-se ter cautela aoextrapolar os resultados para situações in vivo.

CONCLUSÕESA partir deste estudo, concluimos que o US acen-

tua a permeação da cafeína através da pele, permitindo en-tão a realização da fonoforese com este fármaco no trata-mento do fibro-edema gelóide.

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9º CONGRESSO DE

CO.27

EFEITO DO TRATAMENTO CRÔNICO COM METFORMINA E/OU ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE O PADRÃO ENERGÉTICO

DE MÚSCULOS DESNERVADOS

KARINA MARIA CANCELLIERO (B) – Curso de FisioterapiaCARLOS ALBERTO DA SILVA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RINALDO GUIRRO (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdePIBIC/UNIMEP

RESUMO

As relações funcionais da junção neuro-muscular permitem o controle da atividade da musculatura esquelética,bem como participam da regulação metabólica tecidual. Assim, alterações na sua integridade, provocam mudanças nahomeostasia das fibras. Neste trabalho, foram avaliadas as reservas de glicogênio (RG) do fígado e dos músculos sóleo (S)e gastrocnêmio porção branca (GB) e porção vermelha (GV) normais (N) ou desnervados (D), após tratamento crônicocom metformina (MET,1.4 mg.ml-1) e/ou eletroestimulação (EE) durante 30 dias. Avaliamos também as concentraçõesplasmáticas de triacilgliceróis (TAG), glicose, lactato, ácidos graxos livres (AGL), enzima aspartato aminotransferase(AST) e enzima alanina aminotransferase (ALT). Os resultados mostraram que nos D houve redução no RG muscular,reforçando a hipótese de inter-relação funcional. Por sua vez, nos músculos S e G nas condições N ou D, houve elevaçãonas RG na presença de MET e/ou EE. Somente na associação MET+EE, observamos redução na atrofia. Cabe salientar,que as concentrações plasmáticas de AGL e TAG foram reduzidas na presença de MET não havendo toxicidade, visto anormoglicemia, normolactatemia, bem como normalidade nas concentrações plasmáticas das enzimas AST e ALT. Emsuma, o tratamento associado auxiliou a reduzir a perda de massa muscular propiciando a manutenção dos processos ener-géticos e foi efetivo em manter a homeostasia metabólica das fibras desnervadas e sem promover efeito tóxico.

INTRODUÇÃONo tecido muscular a captação de glicose se faz

através de transportadores do tipo GLUT 1 e GLUT 4. É sa-bido que a atividade da junção neuromuscular influenciatanto a atividade contrátil das fibras quanto a dinâmica dasvias metabólicas. Neste sentido, a desnervação promove re-dução na população de transportadores do tipo GLUT 4, re-dução na atividade da enzima glicogênio sintetase e redu-ção na capacidade da insulina em estimular a síntese de gli-cogênio, propiciando o desenvolvimento de resistência à in-sulina e consequente atrofia (CODERRE et alli., 1992). Abiguanida metformina, tem sido amplamente utilizada notratamento de diabéticos resistentes à insulina, uma vez queexerce ação anti-hiperglicemiante com caráter multifatorialrepresentado pela elevação na afinidade da insulina ao re-ceptor; elevação na população de GLUT 4 translocadospara a membrana, elevação na captação muscular de glico-se, elevação na atividade da enzima glicogênio sintetase eredução na glicogenólise hepática (BAILEY, 1988).

Dentre as diferentes técnicas utilizadas na fisiote-rapia, a eletroestimulação influencia as dinâmicas de cap-tação e metabolismo de substratos metabólicos pelas fi-bras musculares, ajustando o suprimento à demanda(KWONG & VRBOVA, 1981).

O objetivo deste trabalho foi avaliar as RG do fí-gado (F) e dos músculos S, GV e GB, normais ou desner-vados, após o tratamento crônico com o metformina(MET, 1.4 mg.ml-1) e/ou eletroestimulação durante 30 di-as. Avaliamos também as concentrações plasmáticas deglicose, lactato, TAG, AGL, além da concentração plas-mática das enzimas AST e ALT.

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados ratos adultos machos, Wistar, dis-

tribuídos nos seguintes grupos experimentais: Controle,Desnervado, Controle tratado com MET, Desnervado trata-do com MET, Controle tratado com MET e EE e Desnerva-do tratado com MET e EE, sendo o n=6. Para desnervação

e coleta das amostras os ratos foram anestesiados com pen-tobarbital sódico (40mg/Kg peso, i.p), tricotomizados unila-teralmente e através de uma incisão a inervação foi isolada,sendo retirado um segmento de 5,0 mm do nervo ciático.Após a cirurgia, os ratos receberam água e alimentação adlibitum ficando sob condições controladas (23oC ± 2 e cicloclaro/escuro de 12 hs). A MET (1.4 mg.ml-1) esteve dispo-nível na água para beber durante 30 dias.

Após anestesia, foi realizada a coleta do sangueatravés da veia renal, o plasma isolado e encaminhadopara determinação da concentração plasmática de glicose,lactato e TAG, AGL, AST e ALT através de kit de aplica-ção laboratorial da SIGMA diagnósticos. Amostras do fí-gado, bem como dos músculos sóleo e gastrocnêmio, fo-ram isoladas e retiradas para avaliação do conteúdo de gli-cogênio (SIU LO, et al, 1970). A avaliação estatística dosdados foi feita através de análise de variância seguido doteste de Tukey. Em todos os cálculos foi fixado o nível crí-tico em P<0,05 (5%).

RESULTADOS E DISCUSSÃOA tabela 1 mostra redução nas RG em decorrência

da desnervação (40% no S, 39% no GB e 63% no GV;P<0,05). Isto mostra o desenvolvimento de atrofia emconsequência da interrupção na atividade da junção neu-romuscular (FORSAYETH & GOULD, 1982). Os Mús-culos N tratados com MET apresentaram aumento nasRG (250% no S, 226% no GB e 184% no GV; P<0,05)mostrando a ação da MET sobre as vias ligadas ao pós-re-ceptor da insulina intensificando a glicogênese (DOSTOU& GERICH, 2001). Observa-se ainda, que a MET nãoexerceu ação anabólica, uma vez que não induziu aumen-to na massa do S N, contudo, promoveu melhora nos pro-cessos metabólicos das fibras musculares por privilegiar ahomeostasia metabólica, sem interferir nas relações trófi-cas (WIERNSPERGER & BAILEY, 1999). Cabe salien-tar que, MET também induziu elevação nas RG na mus-culatura D (35% no S, 67% em GB e 91% em GV;

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P<0,05) mostrando que a ação da MET ocorre mesmo nomúsculo D, como já demonstrado por nosso grupo(AGUIAR, et alli., 1999).

Frente à associação MET+EE, observamos eleva-ção adicional nas RG dos músculos N (279% no S, 286%no GB e 185% no GV; P<0,05) e nos músculo D (150% noS, 163% no GB e 165% no GV; P<0,05). Isto mostra, umamelhora adicional no perfil energético tanto de músculos Nquanto D. Cabe ressaltar que, EE isoladamente não alteroua massa de músculos N ou D, no entanto, quando associadaa MET observamos que os músculos D apresentaram umamassa 20% maior do que os não tratados, sugerindo redu-ção da proteólise. Com relação à ação da MET sobre as RGdo F, observamos elevação de 35% (P<0,05), mostrandoque a MET também exerce ação sobre a glicogênese noshepatócitos (WIERNSPERGER & BAILEY, 1999).

A tabela 2 mostra o perfil bioquímico e o índicede toxicidade do tratamento, onde pode-se observar quenão houve modificações na glicemia e nem na concentra-ção de lactato, descartando a acidose láctica observadacom outras biguanidas (LALAU & RACE, 2001). Nestecontexto, pode-se observar que as concentrações plasmá-ticas de AST e ALT mostraram-se reduzidas nos grupostratados com MET. Por outro lado, a concentração de ALTdos grupos D+MET e tratado com MET+EE, manifesta-ram uma tendência à elevação, porém, sem diferença esta-tística. Observa-se ainda que as concentrações plasmáticasde AGL e TAG, foram reduzidas na presença de MET e/ou EE, atingindo concentrações 17% e 21% menores napresença da MET e 20% e 12% menores na presença deMET+EE, respectivamente. Isto sugere que há uma açãoredutora de lipídios plasmáticos e possivelmente esteja re-velando um efeito protetor frente a hiperlipidemias (FUL-GENCIO et alli., 2001)

Tabela 1. Concentração de glicogênio (mg/100mg) do fígado (F) e dos mús-culos sóleo (S), Gastrocnêmio porção branca (GB) e Gastrocnêmio porçãovermelha (GV) dos grupos Controle (C), Desnervado (D), Controle + metfor-mina (CM), Desnervado + metformina (DM), Controle + metformina +eletroestimulação (CME) e Desnervado + metformina + eletroestimulação(DME) e o peso (mg) do músculo sóleo (PS). Os valores correspondem àmédia ± epm, n=6. *P<0,05 comparado ao C, # p<0,05 comparado ao D.

Tabela 2. Perfil bioquímico plasmático dos grupos Controle (C), Desnervado(D), Controle + metformina (CM), Desnervado + metformina (DM), Contro-le + metformina + eletroestimulação (CME) e Desnervado + metformina+ eletroestimulação (DME). Os valores correspondem à média ± epm,n=6. *P<0,05 comparado ao C.

CONCLUSÃONosso trabalho mostra que o tratamento com me-

tformina promoveu aumento nas RG do F e dos músculosnormais ou desnervados, demonstrando exercer ação noâmbito metabólico sem interferir no trofismo neuromus-cular. Cabe salientar, que a associação da MET+EE pro-moveu redução na perda de massa muscular sem promo-ver efeito tóxico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAGUIAR, V.M., da SILVA, C.A., POLACOW, M. L. A.,

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C D CM DM CME DMES 0,44 ± 0,01 0,26± 0,01* 1,54 ± 0,04* 0,35 ± 0,01# 1,67 ± 0,01* 0,65 ± 0,02#GB 0,49 ± 0,04 0,30 ± 0,01* 1,60 ± 0,01* 0,50 ± 0,02# 1,89 ± 0,01* 0,79 ± 0,03#GV 0,65 ± 0,05 0,23 ± 0,004* 1,85 ± 0,01* 0,44 ± 0,03*# 1,85 ± 0,02* 0,61 ± 0,03#F 5,06 ± 0,1 4,83 ± 0,06 6,81 ± 0,06* 7,05 ± 0,1# 6,78 ± 0,09 6,62 ± 0,1P S 121,44 ± 3,1 68,33 ± 0,8* 126,00 ± 7,2 65,00 ± 1,2 127,80 ± 1,4 81,5 ± 2,1#

C D CM DM CME DMEGlicose (mg/dl) 104,93 ± 5,1 114,56 ± 5,8 97,43 ± 1,6 100,13 ± 1,6 107,97 ± 5,7 103,64 ± 3,6Triacilgliceróis (mg/dl) 136,22 ± 6,9 134,55± 5,2 106,90 ± 2,3* 119,38 ± 4,9* 116,05 ± 4,6* 106,93 ± 4,3*Àcidos graxos livres (mmol/l) 0,46 ± 0,02 0,45 ± 0,01 0,38 ± 2,4* 0,43 ± 0,02 0,37 ± 0,01* 0,38 ± 0,03*

Lactato (mmol/l) 1,97 ± 0,08 1,80 ± 0,07 1,94 ± 0,1 2,02 ± 0,05 1,97 ± 0,05 2,05 ± 0,07AST (U/ml) 39,54 ± 3,3 41,14 ± 3,1 34,36 ± 2,4 39,44 ± 3,3 30,82 ± 4,4 39,69 ± 2,5ALT (U/ml) 22,79 ± 2,0 22,38 ± 1,9 19,38 ± 0,8 23,00 ± 1,9 20,48 ± 2,1 23,80 ± 2,0

86 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.28

ALTERAÇÕES DO METABOLISMO E DO PESO MUSCULAR APÓS ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA FREQUÊNCIA

FABIANA FORTI (B) – Curso de FisioterapiaRINALDO ROBERTO J. GUIRRO (O) – Faculdade de Ciências da SaúdeCARLOS ALBERTO DA SILVA (CO) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMOA regulação da captação de glicose pelas fibras musculares ocorre de maneira multifatorial. O objetivo deste tra-

balho foi avaliar o conteúdo de glicogênio (GLI) dos músculos sóleo e gastrocnêmio normais e desnervados, as concen-trações plasmáticas de glicose e ácido lático, além do peso do músculo sóleo de ratos machos, submetidos à estimulaçãoelétrica (EE), por 20 minutos/dia (f= 10 Hz; i= 5mA; t= 3 ms), em dias alternados durante 30 dias. A desnervação por 30dias promoveu uma redução de 40,91% nas reservas de GLI do sóleo (S), 38,77% no Gastrocnêmio porção branca (GB)e 64,61% no Gastrocnêmio porção vermelha (GV). Por sua vez, a EE promoveu elevação do GLI tanto dos músculosnormais (111,36% S, 41,54% GV, 114,28% GB) quanto dos desnervados (103,84% S, 147,83% GV, 153,33% GB). Aassociação da EE com a Metformina 1.4 mg.ml-1 (MET) promoveu elevação de 279,54% no S normal e de 150% no des-nervado; 285,71% no GB normal e 163,33% no desnervado; 184,61% no GV normal e 165,22% no desnervado. Emrelação ao peso do S, a desnervação promoveu redução de 43,73%. Apesar de os tratamentos com EE e associação(MET+EE) promoverem elevação na massa muscular, esta não foi suficiente para impedir a atrofia. O estudo mostra quea EE mantém o perfil metabólico dos músculos analisados, assegurando o fornecimento energético celular adequado.

INTRODUÇÃOAs fibras do músculo desnervado são bioquímica,

mecânica, elétrica e morfologicamente diferentes das fibrasdo músculo normal. Diversos estudos dos efeitos da desner-vação sobre a homeostasia energética do músculo sóleo têmdemonstrado redução na sensibilidade à insulina; redução naatividade das vias reguladoras do metabolismo da glicose;redução na captação de glicose, redução na expressão gênicados transportadores GLUT 1 e GLUT 4 e redução no meta-bolismo muscular da glicose, fatores que podem desencadearo processo de atrofia (CODERRE et alli., 1992).

Por outro lado, tem sido demonstrado que o au-mento na atividade contrátil induzida pelo exercício físicofavorece a captação de glicose pelas fibras musculares, istoé explicado pela translocação de transportadores GLUT4insensíveis a insulina de reservatórios citosólicos para amembrana aumentando com isso a captação de glicose(RODNICK et al., 1992). Convém salientar que, a associa-ção da insulina com a atividade contrátil promove um au-mento adicional no número de transportadores de glicose,cujo efeito é mais pronunciado nos músculos ricos em fi-bras oxidativas do que nos músculos compostos apenas defibras glicoliticas (MEGENEY et alli., 1992). Isto sustentaa hipótese de que diferentes mecanismos comandam a esti-mulação de transportadores de glicose pelo exercício e a in-sulina. Realmente, existem evidências de que há 2 espaçosintracelulares distintos ou “poças” de transportadores deglicose no músculo esquelético, um responde pelo exercícioe outro pela insulina (FRANCH et al., 1999). A contraçãomuscular aumenta o transporte de glicose e o metabolismopor um mecanismo independente da insulina (IHLE-MANN et alli., 1999; RYDER et alli., 1999), assim a con-tração muscular pode estimular o transporte de glicose e atranslocação de GLUT 4 igualmente nos músculos resisten-tes à insulina (FRANCH et al., 1999). A diferença na capa-cidade de transportar glicose entre os tipos musculares, temsido atribuída ao maior número de GLUT 4 presente namusculatura vermelha quando comparada a musculaturabranca (RICHARDSON et alli., 1991).

IHLEMANN et alli. (1999), relataram que otransporte de glicose induzido pela contração muscularvaria diretamente com a força desenvolvida e não dependeunicamente da frequência de estimulação. Verificou-se

também que o estiramento passivo também aumenta otransporte de glicose no músculo.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o conteúdo deglicogênio dos músculos sóleo e gastrocnêmio normais edesnervados, as concentrações plasmáticas de glicose eácido lático, submetidos à sessões de estimulação elétricae/ ouMetformina (1.4 mg.ml-1).

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados ratos adultos albinus, Wistar,

distribuídos em 6 grupos experimentais (n=6): A) Normal;B) Desnervado; C) Normal + Eletroestimulação; D) Des-nervado + Eletroestimulação; E) Normal + Eletroestimu-lação +uMetformina; F) Desnervado + Eletroestimulação+uMetformina. Para desnervação, os ratos foram anestesi-ados com pentobarbital sódico (40mg/Kg peso, i.p), trico-tomizados unilateralmente e através de uma incisão, ainervação foi isolada e um segmento de 5,0 mm do nervociático foi retirado. Após a cirurgia, os ratos receberamágua e alimentação ad libitum sob condições controladas(23 ºC ± 2 e ciclo fotoperiódico 12hs/claro e 12hs/escuro.Estimulação elétrica (EE): sessões de 20 minutos/dia (f=10 Hz; i= 5mA; t= 3 ms), em dias alternados durante 30dias. A intensidade da corrente foi padronizada inicial-mente em 5.0 miliampéres (mA), pela observação de umacontração do músculo desnervado, persistindo a mesmapara todos os animais. A cada 5 minutos foi aplicado umacréscimo de 1.0 mA à corrente. Os eletrodos de superfí-cie apresentavam uma área de 1cm2.

Para coleta das amostras os ratos foram anestesiadoscom pentobartital sódico (40mg/Kg peso, i.p), o sangue foicoletado através da veia renal, sendo o plasma isolado.Amostras do fígado, bem como dos músculos sóleo e gas-trocnênio foram isoladas e retiradas para avaliação bioquími-ca do conteúdo de glicogênio, segundo Siu Lo et al. (1970).A determinação da concentração plasmática de glicose, lacta-to, triacilgliceróis, AGL, foi realizada por kit laboratorial SIG-MA diagnósticos. Os dados foram analisados através da aná-lise de variância seguida do teste de Tukey. Em todos os cál-culos foi fixado o nível crítico em p<0,05 (5%).

RESULTADOS E DISCUSSÕESA musculatura esquelética é um tecido de suma

importância no controle glicêmico visto sua grande massa

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 87

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e alta capacidade de captação de glicose. A dinâmica con-trátil depende da integridade funcional das placas motorase do processo de captação de substratos energéticos.

Como pode ser observado na Tabela 1, a desnerva-ção induziu uma redução no conteúdo muscular de glicogê-nio de 40,91% no músculo sóleo, 38,77% na porção brancado gastrocnêmio e de 64,61% na porção vermelha, mos-trando que a desnervação comprometeu a homeostasia dosmecanismos responsáveis pela síntese de glicogênio. Co-derre et al. (1992), constataram que a desnervação reduz acaptação de glicose, a sensibilidade à insulina, além de in-terferir na expressão gênica dos transportadores GLUT 1 eGLUT 4, além de reduzir o metabolismo muscular de gli-cose, fatores que podem desencadear o processo de atrofia.

O tratamento com EE promoveu elevação no con-teúdo muscular de glicogênio tanto dos músculos normais(111,36% sóleo, 41,54% GV, 114,28% GB) quanto dosdesnervados (103,84% sóleo, 147,83% GV, 153,33%GB). A elevação na captação de glicose se fundamenta napresença de uma população de transportadores de glicosedo tipo GLUT 4 que são externalizados sempre que se ele-va a freqüência contrátil das fibras, fato que independe dapresença da insulina (KERN et al., 1990).

A metformina é uma substância anti-hiperglice-miante utilizada no tratamento de diabéticos tipo II. Estabiguanida promove melhora nas condições glicêmicas de-vido à capacidade de estimular a utilização de glicose portecidos periféricos, principalmente os músculos (JACK-SON et al., 1987). A associação da EE com Metforminapromoveu nos músculos normais, um aumento de279,54% no conteúdo de glicogênio do músculo sóleo,285,71% na porção branca do gastrocnêmio e 184,61% naporção vermelha do gastrocnêmio (p<0,05). Na muscula-tura desnervada, também houve elevação nas reservas deglicogênio, 150% maiores no músculo sóleo, 165,22%GV e 163,33% no GV. Este aumento adicional sustenta ahipótese de que existem 2 espaços intracelulares distintosou “poças” de transportadores de glicose no músculo es-quelético, um responde pelo exercício e outro pela insuli-na (FRANCH et al., 1999).

A desnervação promoveu uma redução de43,73% no peso do músculo sóleo e que a EE e a asso-ciação da EE com a Metformina não foram eficientespara interferir no processo degenerativo desencadeado,não sendo suficientes para restabelecer ou impedir a re-dução no peso dos músculos desnervados; no entanto,foi observado um pequeno aumento nos grupos eletro-estimulados (9,76%) e eletroestimulado associado ametformina (19,27%). Deve-se considerar que com orestabelecimento das reservas de glicogênio, espera-seuma melhor manutenção do padrão energético das fi-bras, fato que pode contribuir no sentido de minimizaro desenvolvimento da atrofia.

Tabela 1. Média ± e.p.m. da concentração de Glicogênio (mg/100mg) dosmúsculos sóleo, gastrocnênio –porção branca e vermelha e do peso do só-leo (mg) dos grupos Normal (N), Desnervado (D), Normal + Estimulaçãoelétrica (N+EE), Desnervado + Estimulação elétrica (D+EE), Normal + Es-timulação elétrica + Metformina (N+M+EE), Desnervado + Estimulaçãoelétrica + Metformina (N+M+EE), n=6. p<0,05 *em relação ao normale #em relação ao desnervado.

Nenhum dos tratamentos utilizados promoveu hi-poglicemia e/ou hiperlactatemia, o que reforça a viabilida-de do tratamento.

CONCLUSÃOCom base nos dados obtidos pode-se concluir que

a estimulação elétrica isolada ou associada à metforminagarante uma significativa melhora no metabolismo mus-cular da glicose, sendo efetiva no restabelecimento dossistemas energéticos que foram comprometidos pela des-nervação.

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Sóleo 0,44 ± 0,01 0,26 ± 0,007* 0,93 ± 0,05* 0,53 ± 0,03# 1,67 ± 0,005* 0,65 ± 0,02#G. Branco 0,49 ± 0,04 0,30 ± 0,009* 1,05 ± 0,04* 0,76 ± 0,01# 1,89 ± 0,01* 0,79 ± 0,03#G. Vermelho 0,65 ± 0,05 0,23 ± 0,004* 0,92 ± 0,05* 0,57 ± 0,01# 1,85 ± 0,02* 0,61 ± 0,004#Peso Sóleo 121,44 ± 3,1 68,33 ± 0,8* 134,00 ± 5,9 75,00 ± 1,12# 127,80 ± 1,4 81,5 ± 2,1#

88 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.29

ESTUDO DOS EFEITOS DA TÉCNICA BANDAGEM FUNCIONAL PARA O TRONCO, NO ALINHAMENTO DA POSTURA LOMBAR

RODRIGO GASTESI AGUIAR (B) – Curso de FisioterapiaTHATIANA BARBOZA CARNEVALLI (TG) – Curso de Fisioterapia

MARIA CAROLINA BASSO SACILOTTO (TG) – Curso de FisioterapiaCARLOS ALBERTO FORNASARI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este estudo tem por objetivo avaliar os efeitos da técnica de bandagem funcional aplicada a coluna lombar, bemcomo identificar o removedor eficaz para a mesma, sendo continuidade ao projeto “Treinamento, aprimoramento e docu-mentação da técnica de bandagem funcional para o tronco. Foram avaliados oito voluntários, do sexo masculino comidade média de 19± 1,2 anos, 68±10,3 Kg e 1,74±0,07m, todos estudantes do curso de graduação da UNIMEP que assi-naram termo de consentimento. Estes foram avaliados quanto a postura ortostática no simetrógrafo de fio nas vista ante-rior, posterior, lateral direta e lateral esquerda, no espondilômetro e no banco de Wells. Os voluntários foram avaliados em5 momentos: avaliação inicial, com bandagem, pré retirada (48 horas de permanência), pós retirada e avaliação final (48horas após a retirada). A documentação para avaliação postural foi fotográfica e os voluntários receberam um materialchamado de Recordatório no qual deveriam ser feitas anotações de desconfortos e situações de dificuldades enquantoestivessem com a bandagem e após sua remoção. Os resultados mostraram que a técnica interferiu principalmente com aflexão anterior do tronco e no alinhamento da cicatriz onfálica. Isto se deve aos mecanismos de tração e propriocepçãoque a bandagem oferece associados aos estímulos visuais, vestibulares e cognitivos. Nos diversos momentos de avaliaçãoa bandagem interferiu com o alinhamento postural e este se manteve após 48 horas de retirada.

INTRODUÇÃOConforme KAZEMI (1997) as bandagens funcio-

nais estão definidas como técnicas que têm como objetivomodificar a mecânica dos segmentos alterados e/ou nãoalterados por meio de distintos materiais rígidos e/ou nãorígidos, proporcionando repouso às estruturas danificadas,reforçando os aspectos com alterações estruturais e/ou fi-siológicas, melhorando a funcionalidade dos segmentos,recuperando assim a função deficitária sem anular outrasmecânicas naturais vinculadas aos segmentos tratadoscom as bandagens. Até o presente momento a consulta bi-bliográfica realizada indica que as técnicas de bandagemfuncional têm sido utilizadas especialmente nas áreas deortopedia, traumatologia e do desporto como recurso tera-pêutico e na prevenção de lesões de diversos tipos (FER-REIRA, 1998) e que têm sido utilizada para quase todasas articulações (SALGADO & SALGADO, 1997;LÒPEZ, 1998) exceto para o tronco, de tal forma que osprofissionais que trabalham com controle e manutençãoda postura não dispõem desta técnica em sua prática tera-pêutica.

Dessa forma o estudo têm como objetivos: anali-sar os efeitos da técnica de bandagem funcional aplicada aregião lombar e a postura do tronco na avaliação inicial,com bandagem, pré-retirada (48 horas após a colocação),pós retirada e avaliação final (48 horas após a retirada),buscar um removedor eficaz para bandagem após 48 ho-ras de uso e levantar os eventuais desconfortos e limita-ções provocados pela utilização da bandagem.

MATERIAL E MÉTODOSOito voluntários do sexo masculino com média de

idade de 19±1,2 anos, foram submetidos à avaliação pos-tural do tronco, ao exame no espondilômetro, no banco deWells e no simetrógrafo de fio, na avaliação inicial sembandagem, imediatamente após a sua colocação, pré e pós

retirada (48 horas após a colocação) e sem bandagem, aqual chamaremos de avaliação final (48 horas após a reti-rada). Todos os voluntários assinaram termo de compro-misso e consentimento.

Os materiais utilizados foram as bandagens elásti-ca lisa e crespa de 5 e 8 cm de largura, tesoura para banda-gem, lenços umedecidos, algodão e removedores testadosdurante o estudo.

O procedimento para o teste de sensibilidade foirealizado de acordo com o protocolo proposto por CAR-NEVALLI & FORNASARI (2000).

Para a aplicação da bandagem é necessário limpar apele com lenço umedecido, posicionar o voluntário com acorreção desejada do tronco, determinar qual o segmento areceber a interferência da bandagem, fixar as anclagens:uma sobre o último arco costal e as duas outras 5 cm abaixoda prega glútea, aplicar as bandagens elásticas crespas verti-cais e as diagonais. As trações são realizadas sempre de pro-ximal para distal a partir da anclagem superior.

Foram realizados testes em busca de removedoreseficazes para a retirada da bandagem pós 48 horas de suaaplicação, manipulados pela Farmácia Ensino da UNI-MEP. Para a realização do teste dos removedores, a regiãoescolhida foi o antebraço, o qual era envolvido, em duasvoltas, pela bandagem, 4 dedos abaixo da prega do coto-velo. A bandagem era aplicada e permanecia por 48 horas.Após a retirada, só era possível uma nova aplicação de-pois de quatro dias, pois é indicação da técnica de KAZE-MI (1997). Os testes foram realizados em 1 voluntário em16 sessões, considerando uma sessão a colocação e retira-da da bandagem, apenas quando o removedor se mostravaeficaz neste, era convidado outro voluntário para aplica-ção, porém na maioria das vezes o removedor não apre-sentava reprodutibilidade da eficácia, sendo necessárionovos testes.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 89

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RESULTADOS E DISCUSSÕESForam submetidos aos testes de sensibilidade

doze voluntários, todos do sexo masculino. Destes, 17%apresentaram reação adversa e 83% não apresentaramqualquer reação.

Através dos intervalos de valores obtidos nas ava-liações posturais realizadas no Banco de Wells, pudemosverificar as seguintes porcentagens: na avaliação inicial75% dos voluntários atingiram valores positivos e 25%valores negativos; com bandagem 100% dos voluntáriosvalores negativos; na pré-retirada 87,5% dos voluntáriosnão alcançaram a marca zero e 12,5% ultrapassaram estamarca; na pós retirada a porcentagem de voluntários queatingiram valores positivos foi a mesma porcentagem dosvalores negativos (50%); e na avaliação final 62,5% dosvoluntários valores positivos e 37,5% valores negativos.

Na avaliação postural inicial verificamos que 87,5%dos voluntários apresentaram a cicatriz onfálica desviada e12,5% alinhada, na avaliação com bandagem 25% apresen-taram desvio da mesma e 75% apresentaram alinhamento.Nas avaliações pré e pós-retirada e na avaliação final, 50%apresentaram desvio da cicatriz e 50% alinhamento.

Devido aos resultados, a sensibilidade à bandagempode ser uma contra indicação relativa, que é conseqüênciada permanência da bandagem em contato com a pele.

Nas avaliações posturais, independente da fase,observou-se a eficácia da técnica da bandagem funcionalpara limitar a flexão anterior do tronco, a qual tem sua am-plitude de movimento limitada pela bandagem, e após suaretirada a amplitude de movimento restabelece seu arcode movimento normal. Esta limitação ou interferência daflexão anterior do tronco desencadeia um mecanismo pro-prioceptivo que evita movimentos prejudiciais ao segmen-to da coluna vertebral, ocasionado pela tensão promovidapela bandagem, retendo portando a amplitude de movi-mento articular. Este dado está sustentado nos achados dePOZZO et al (1998), LEPHART et al (1997), afirmandoque a propriocepção é uma variação especializada da mo-dalidade sensorial do tato provocando a sensação de mo-vimento articular (cinestesia) e a posição articular (sensode posição articular).

Na avaliação com relação à altura dos ombros quenos voluntários deste experimento, geram assimetria do tri-ângulo de Talles, não houve alterações consideráveis entreas avaliações. Desta forma a bandagem parece não interferircom a orientação postural dos membros superiores e cinturaescapular, segmentos aos quais ela não tem ação de traçãodireta, mesmo que estes segmentos apresentem relaçõesmusculares em cadeia, MARQUES (2000).

Na espondilometria lombar corrigida não houvealterações relevantes, pelo fato das trações aplicadas nasbandagens não adquirirem um sentido que alterasse a po-sição da pelve. A avaliação espondilométrica com banda-gem, pode ter se alterado pela espessura da bandagem oupelo fato desta ainda não estar adequadamente aderida àpele, pelo pouco tempo de aplicação até a avaliação.Naavaliação do posicionamento da cicatriz onfálica, fato re-levante é a verificação da manutenção do posicionamentoda mesma, após 48 horas sem bandagem. Este resultadopode ser atribuido ao sentido da tração que a bandagempromove sobre os tecidos, a localização da cicatriz onfáli-

ca na fáscia da linha alba e uma possível reorganizaçãoproprioceptiva e cinestésica.

As bandagens ainda conscientizam o voluntárionas atividades cotidianas, evitando más posturas durante arealização de suas atividades. Após 48h de retirada dabandagem, as posturas inadequadas continuaram inibidaspossivelmente pelo fato da adaptação dos indivíduos àsposturas corretas e o automatismo destas durante o perío-do de permanência com a bandagem.

Até o presente momento o removedor que apre-sentou resultados satisfatórios para remoção da bandagempós 48 horas foi o óleo da casca de laranja doce com adi-ção de álcool, na proporção de 1:10

CONCLUSÃOA bandagem pode ser utilizada como um elemen-

to terapêutico para interferir com a flexão anterior do tron-co, desde que se viabilize um removedor de bandagemadequado.

A sensibilidade à bandagem pode ser uma contra-indicação relativa a mesma.

A técnica interfere na amplitude de movimentoarticular e na amplitude de comprimento muscular, possi-bilitando a manutenção da mobilidade, propiciando cons-cientização para movimentação correta, não interferindocom as atividades do cotidiano.

Nos diversos momentos de avaliação a bandageminterferiu com o alinhamento postural e este se manteveapós 48 horas de retirada.

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90 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.30

A INTERFERÊNCIA DA TÉCNICA DE BANDAGEM FUNCIONAL CIRCULAR NA ROTAÇÃO DO TRONCO

MARIA CAROLINA BASSO SACILOTTO (TG) – Curso de FisioterapiaRODRIGO GASTESI AGUIAR (TG) – Curso de Fisioterapia

THATIANA BARBOZA CARNEVALLI (TG) – Curso de FisioterapiaCARLOS ALBERTO FORNASARI (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

Este estudo trata da análise da rotação do tronco após a aplicação da Técnica de Bandagem Circular, que foiaplicada de acordo com a técnica proposta por AGUIAR et al. (2000). Foram avaliados oito voluntários com idademédia de 19±1,2 anos, 68±10,3 Kg e 1,74±0,07 m, todos estudantes do curso de graduação da UNIMEP que assina-ram o termo de compromisso e consentimento. Estes foram avaliados quanto a postura ortostática no simetrógrafo defio nas vistas lateral direta e lateral esquerda. Os voluntários foram avaliados em 5 momentos: avaliação inicial, combandagem, pré-retirada (48 horas de permanência), pós-retirada e avaliação final (48 horas após a retirada). A docu-mentação realizada para avaliação postural foi fotográfica e os voluntários receberam um material chamado de Recor-datório onde deveriam ser feitas anotações de desconfortos e situações de dificuldades enquanto estivessem com abandagem e após sua remoção. Os resultados mostram que a maioria dos voluntários apresentaram correção na rota-ção de tronco. Isso ocorre devido a interação dos mecanismos de tração, de propriocepção, visuais e vestibulares. Abandagem interferiu no alinhamento postural de rotação, sendo que este se manteve após 48 horas de retirada.

Palavras chaves: Bandagem, Comportamento Motor, Postura, Tração.

INTRODUÇÃOPara KAZEMI (1997) as bandagens funcionais es-

tão definidas como técnicas que têm como objetivo modifi-car a mecânica dos segmentos alterados e/ou não alteradospor meio de distintos materiais rígidos e/ou não rígidos,proporcionando repouso às estruturas danificadas, reforçan-do os aspectos com alterações estruturais e/ou fisiológicas,melhorando a funcionalidade dos segmentos, recuperandoassim a função deficitária sem anular outras mecânicas na-turais vinculadas aos segmentos tratados com as bandagens.Além da sustentação, tem como função estabilizar ou des-carregar determinadas estruturas cápsulo-ligamentares emúsculo-tendinosas; limita parcialmente a mobilidade arti-cular mantendo a atividade funcional. Como efeito mecâni-co a intensidade da estabilização depende da situação dabandagem em relação ao eixo articular e das característicasfísicas desta bandagem. Quando as bandagens são tensiona-das por um movimento articular, se produz uma informaçãoaferente que serve como uma forma de proteção do pacien-te (ALCANTRA et al., 2000).

Os efeitos designados às bandagens funcionaispodem ser caracterizados como mecânicos, nos quais sepromove uma estabilidade articular, firmeza muscular econtrole de edemas e hematomas, proprioceptivo, por serantiálgico e pela influência sobre os estímulos neuromus-culares e psicológico, em função do conforto e da confian-ça que promove.

MONTEIRO (1999) define uma boa posturacomo aquela em que há uma relação de endireitamento decabeça, tronco e membros entre si e entre o meio ambien-te; e também como a capacidade de manter um alinha-mento postural com a horizontalidade do olhar.

De acordo com RESCHKE et al. (1998) a integra-ção de todos os sinais sensórios é essencial para manter avisão estável e, consequentemente, manter a postura e ocontrole locomotor, e óculomotor. A interação entre asvias vestibulares, visuais e somato-sensoriais leva o sujei-

to a deduzir o seu estado cinemático do suporte do seucorpo a partir do objeto visual, tomado como referência deinformações proprioceptivas ao longo do eixo do corpo edo contato do pé ocorrido com o solo MERGNER & RO-SEMEIER (1999).

O objetivo desse estudo foi analisar a interferênciada bandagem na rotação do tronco.

MATERIAL E MÉTODOSForam submetidos a técnica de bandagem circular

para o tronco oito voluntários do sexo masculino com ida-de média de 19±1,2 anos, 68±10,3 Kg e 1,74±0,07m.Nestes, realizou-se teste de sensibilidade, no qual foramrecortados dois tipos de bandagens (elástica lisa e elásticacrespa), de 12cm e colocados na região anterior dos an-tebraços em uma linha vertical de distal para proximal,com uma distância entre eles de aproximadamente 2cm. Eobservou-se as reações no antebraço direito, após 30 mi-nutos e no antebraço esquerdo, passado 60 min.

O material utilizado nesta técnica foi bandagemelástica lisa de 5 cm de largura, uma tesoura de bandagem,4 lenços umedecidos para limpar a pele, algodão parasecá-la e removedor selecionado para a retirada.

Procedimentos para a colocação da bandagem: aposição do voluntário é bípede e com a correção desejadada rotação do tronco, a bandagem é aplicada na altura dosprocessos espinhosos de T7 ou T8 de modo que a corre-ção da rotação se faça a partir da tração no sentido opostoà rotação presente. Após a aplicação da técnica os voluntá-rios foram avaliados no simetrógrafo de fio nas vistas late-ral esquerda e lateral direita em cinco momentos: avalia-ção inicial, com bandagem, pré e pós retirada (48 horasapós a colocação) e sem bandagem, a qual chamaremosde avaliação final (48 horas após a retirada);

RESULTADOS E DISCUSSÃOA partir das avaliações em relação a rotação do

tronco verificamos que na avaliação inicial 12,5% dos vo-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 91

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luntários não apresentaram rotação, 87,5% apresentaramrotação; com bandagem 12,5% apresentaram rotação,37,5% apresentaram rotação parcial e 50% não apresenta-ram rotação; na avaliação pré retirada 25% apresentaramrotação, 25% rotação parcial e 50% nenhuma rotação.Nas avaliações pós retirada e final 12,5% apresentaramrotação, 25% rotação parcial e 62,5% não apresentaramrotação, de acordo com a figura 1.

O trabalho realizado por AGUIAR et al. (2000)apresentou os seguintes resultados: para o sexo feminino,100% apresentaram rotação do tronco na avaliação prébandagem, com bandagem 30% apresentaram rotação e70% não. Para o sexo masculino, na avaliação pré banda-gem, 90% apresentaram rotação e 10% não; com banda-gem 20% apresentaram rotação e 80% não.

Figuras 1. Porcentagem de voluntários com relação à rotação de tronco nasavaliações: inicial, com bandagem, pré retirada, pós retirada e final.

Com relação a rotação idiopática do tronco pude-mos verificar no exame clínico a eficácia da técnica, pois abandagem corrigiu esta alteração e conscientizou o volun-tário a manter a postura sem rotação. Estes dados são cor-roborados por CARNEVALLI & FORNASARI (2000)em estudo similar e por KAZEMI(1997) ao indicar que abandagem é utilizada como medida de conscientizaçãonos desvios laterais acompanhados de rotações vertebrais.

As bandagens ainda conscientizam o voluntárionas atividades cotidianas, evitando más posturas durante arealização de suas atividades. Após 48h de retirada dabandagem, as posturas inadequadas continuaram inibidaspossivelmente pelo fato da adaptação dos indivíduos àsposturas corretas e o automatismo destas durante o perío-do de permanência com a bandagem.

O componente proprioceptivo, segundo LE-PHART et al (1997), é dirigido aos três níveis de controlemotor, que são os reflexos espinhais, programação cogni-tiva e atividade de condução do tronco cerebral.

A bandagem funcional relaciona-se com a propri-ocepção na medida em que mantendo contato com a peleestimula os receptores do tato e pressão. Os sistemas ves-tibular e visual contribuem com informações em relação àposição e balanço do corpo, estando presente também ocomponemte gravitacional, conforme LEPHART (1997).

A gravidade é considerada uma força que age emambos sistemas proprioceptivo e vestibular (POZZO et al,1998) e se o estímulo visual contribui para a resposta à in-tegração de todos os estímulos (MERGNER, 1999, RO-SEMEIER, 1999), conclue-se que a bandagem, por man-

ter contato com a pele, estimula os receptores do tato epressão, aumentando a relação entre estes sistemas e a efi-cácia a partir da integração desses mecanismos. A integra-ção dos mecanismos vestibular, cognitivos e propriocepti-vos, somados aos estímulos de contato e tração das técni-cas de bandagem, favorecem o alinhamento da postura dotronco e pode interferir no sincronismo de seus movimen-tos, visto que KISNER (1998) relata que este sincronismodepende também da propriocepção.

CONCLUSÃONos diversos momentos de avaliação a bandagem

interferiu no alinhamento postural de rotação, sendo queeste se manteve após 48 horas de retirada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAGUIAR, R.G. et al. A interferência da técnica de banda-

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92 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.31

A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA COLETIVA NA DIMINUIÇÃO DA DOR EM TRABALHADORES QUE PERMANECEM MAIOR PARTE DA JORNADA NA POSTURA SENTADA E USAM O COMPUTADOR

FABÍOLA MARIA ERBETTA ANDRADE (TG) – Curso de FisioterapiaTHATIANA BARBOZA CARNEVALLI (TG) – Curso de Fisioterapia

VERA LÚCIA MARTINEZ VIEIRA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

Este artigo tem por objetivo mostrar a importância da intervenção terapêutica coletiva, executada pela Fisiote-rapia, na comunidade ocupacional de pessoas que trabalham numa biblioteca que permanecem maior parte da jornadana postura sentada e usam o computador. Foi utilizado para a pesquisa o instrumento investigação desenvolvido porFORNASARI e VIEIRA (2000), que propõe o Questionário para Avaliação da Dor Presente nas Atividades Ocupaci-onais associado a Escala Visual Analógica. A aplicação desses instrumentos em 2 momentos, antes e depois da inter-venção terapêutica coletiva, apresentam resultados satisfatórios quanto diminuição das queixas de dor.

INTRODUÇÃOA Fisioterapia amplia seus horizontes profissionais,

conquistando e afirmando cada vez mais seu espaço na áreada saúde, quando percebe na atuação do fisioterapeuta ou-tras possibilidades que redimensionam o caráter do atendi-mento individual ambulatorial para o coletivo. Na área dasaúde o atendimento coletivo envolve o campo de atuaçãode saúde coletiva. A concepção que permeia a construçãode fazeres em saúde na coletividade é a prevenção. ROU-QUAYROL (1993) diz que a prevenção é abrangente, incluia ação dos profissionais em saúde, aos quais cabe uma im-portante parcela da ação preventiva: decisão técnica, a açãodireta e parte da ação educativa. Apontando para essa con-cepção o fisioterapeuta que qualifica sua atividade profissi-onal na área da prevenção, se vê envolvido com a SaúdeColetiva. O processo coletivo da saúde e da doença que tememergido dentro da Fisioterapia como área de atuação é aSaúde do trabalhador. LAURREL e NORIEGA (1989) co-menta que o processo saúde doença nos trabalhadores não édeterminado apenas no âmbito da fábrica ou da produção,mas deve-se considerar a importância dos riscos geradospelos processos de trabalho particulares. Vários trabalhosde prevenção têm sido realizados por fisioterapeutas emempresas e instituições com bons resultados, como o dacantina no Campus da USP em São Paulo pelo Centro deReferência da Saúde do Trabalhador (CRST) – Lapa(BARBOSA e SIQUEIRA, 2000). A motivação desse tra-balho não foi analisar a metodologia, e a modalidade da in-tervenção terapêutica coletiva utilizada, mas mostrar a in-fluencia da sua aplicação na dor apresentada pelos indivídu-os dessa comunidade ocupacional.

MATERIAL E MÉTODOSA amostra escolhida para a pesquisa foi de 17 fun-

cionários que apresentam um posto de trabalho com ca-racterísticas comuns, permanecem maior parte do temposentados e usam o computador. Todos apresentaram quei-xa de dor no primeiro questionário, participaram da inter-venção satisfatoriamente (mais de 50% de freqüência) eresponderam ao segundo questionário. O instrumento es-colhido para realização da pesquisa foi o Questionário

para Avaliação de Dor Presente nas Atividades Ocupacio-nais de OSWESTRY acrescido da Escala Visual Analógi-ca, com tradução e adequação executada por FORNASA-RI e VIEIRA (2000). A Escala Visual Analógica constituiuma linha horizontal de 10 cm na qual as respostas são da-das de através de traços que indicam a intensidade da dor(o ponto médio da linha significa média dor). A aplicaçãodo instrumento foi realizado da seguinte forma: aplicaçãode questionários em 2 momentos com intervalo de 3 me-ses, período da intervenção terapêutica

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1. Porcentagem. do grau de incapacidade apresentado nos questio-nários 1 e 2.

Os resultados obtidos mostram a interpretação dapontuação do grau de incapacidade testada por FORNA-SARI e VIEIRA (2000), permite estabelecer resultadosmais satisfatórios no questionário 2, os quais contém da-dos colhidos após a intervenção (Fig.1). Verificamos aindaresultados obtidos nos questionários, que através da dife-rença da pontuação, especialmente as sessões 1, 4 e 6, so-bre intensidade de dor, dor ao carregar peso e dor na posi-ção sentada respectivamente, apresentam maior valor, sig-nificando que houve diminuição das queixas manifestadasnessas sessões.

Na sessão 9 a diferença negativa apresentada me-rece outras investigações, visto que a sessão refere-se a

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um dos aspectos mais subjetivos apresentados no questio-nário, relacionado à vida sexual (Fig. 2).

Figura 2. Diferença entre a pontuação de cada sessão respondida nosquestionários 1 e 2.

Figura 3. Porcentagem da freqüência de EVA 1 e EVA 2 em cada intervalode valores.

Os valores das porcentagens dos intervalos de fre-qüência das medidas da Eva 1 são menores e mais exten-sos que na Eva 2, observando –se que nos dois últimos in-tervalos (7,0 – 7,5 e 8,0 – 8,5) não há porcentagem regis-trado na Eva 2. Esse resultado mostra a inexistência depessoas que registraram dor na escala perto da extremida-de – máxima dor – na Eva 2, dados colhidos pós interven-ção (Fig 3). Ao compararmos os resultados obtidos nosquestionários e na Eva encontramos dados coerentes queevidenciam a diminuição da presença da dor após as inter-venções terapêuticas.

CONCLUSÃOOs resultados obtidos mostram quantitativamente

a diminuição da dor pós intervenção coletiva. Os resulta-dos satisfatórios manifestados nas sessões 1,4 e 6 deveminfluenciar na vida global da pessoa, aumentar a qualidadedas atividades ocupacionais e melhorar a postura princi-palmente na posição sentada pois, foi proporcionado rela-xamento e diminuição da compressão das estruturas en-volvidas.. As intervenções coletivas utilizadas nesse expe-rimento, influenciaram na diminuição da dor apresentadapor pessoas que permanecem, maior parte da jornada detrabalho, na postura sentada e usam o computador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, M.T.Q. e SIQUEIRA, A. Grupo de atençãointegral à saúde de trabalhadores portadores de Dis-túrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho(DORT): construção de um modelo de atendimento.III Simpósio Multidiciplinar de AMERT e às ati-vidades físicas. S.P., 2000. p. 143 – 151.

FORNASARI, C.A. e VIEIRA, E.R. Questionários paraAvaliação da Dor e Sobrecarga em situações de Tra-balho. Saúde em Revista. v.2, nº3, 2000. p. 51 –64.

LAURELL, A. C. e NORIEGA, M. Processo de Produ-ção e Saúde. São Paulo: Hucitec, 1989.

ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e Saúde. Rio deJaneiro: Medsi, 1995.

94 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.32

ALTERAÇÕES DO ESPECTRO DE POTÊNCIA DECORRENTES DO AQUECIMENTO POR ONDAS CURTAS TERAPÊUTICO

ANA PAULA MARTIN (TG) – Curso de FisioterapiaVIVIANE URBINI VOMERO (TG) – Curso de FisioterapiaRINALDO GUIRRO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

RESUMO

A diatermia por ondas-curtas (OC) é uma modalidade terapêutica amplamente utilizada no tratamento clínicocom o objetivo principal de aquecer os tecidos profundos, tendo uma importante ação no tecido nervoso periférico e nomuscular. Neste sentido, foi analisada a atividade elétrica do músculo bíceps braquial e a força resultante do sistema fle-xor do antebraço após a aplicação de OC. O OC contínuo foi aplicado, na intensidade máxima tolerada sobre os múscu-los flexores do antebraço, durante 20 minutos em 10 voluntárias posicionadas em decúbito dorsal. Os sinais miográfico edinamométrico foram coletados durante uma contração isométrica voluntária máxima de 4 segundos, pré (P), pós-imedi-ato (PI) e pós-40 minutos (P40) com a voluntária posicionada em pé, o braço na posição neutra e cotovelo fletido a 90o.Foram utilizados eletrodo ativo bipolar de superfície e uma célula de carga acoplados a um sistema de aquisição de sinais,sendo coletados pelo software Aqdados 1.6. Os dados obtidos foram processados no software Matlab 5.0. A estatísticaconstou da análise exploratória dos dados, sendo aplicado o teste de SHAPIRO-WILK para freqüência mediana (FM) eKSL para força e envoltória normalizada (EN). Os resultados demonstraram um aumento da FM e uma diminuição tantoda EN quanto da força no PI. Esses valores não voltaram aos índices iniciais no P40. Conclui-se que a aplicação do OCcontínuo foi suficiente para promover alterações tanto na atividade elétrica quanto na força muscular.

INTRODUÇÃOA diatermia por ondas-curtas vem sendo utilizada

como modalidade terapêutica há aproximadamente vinteanos, mas ainda existe um número limitado de pesquisasque relatam seus benefícios (LOW, 1995).

Segundo KITCHEN & PARTRIDGE (1992), o on-das curtas atua na freqüência de 27,12 MHz e pode ser utili-zado terapeuticamente para aquecer tecidos profundos e es-timular a reparação tecidual. Além disso, KLOTH &ZISKIN (1990) relatam outros efeitos, aumento do fluxosanguíneo, auxílio na resolução da inflamação, aumento daextensibilidade do tecido colágeno profundo, diminuição darigidez articular e alívio de dores e espasmos musculares.

Segundo ARAÚJO et alli. (1997), a eletromiogra-fia permite verificar a atividade elétrica da contração mus-cular, expressando a soma dos potenciais de ação das uni-dades motoras que se encontram na vizinhança dos eletro-dos quando a mesma é gerada. Dentre as possibilidades deanálise do sinal eletromiográfico, a freqüência mediana,segundo KRIVICKAS et alli. (1996), reflete a velocidadede condução da fibra muscular.

Em virtude do pequeno número de trabalhos querelacionam a aplicação do ondas curtas terapêutico com aatividade muscular, o objetivo deste trabalho foi analisaros efeitos do aquecimento profundo sobre a atividade elé-trica do músculo bíceps braquial e a força dos músculosflexores de antebraço.

MATERIAL E MÉTODOSFoi analisado o músculo bíceps braquial do mem-

bro não dominante de 10 voluntárias do sexo feminino,sedentárias com idade variando de 18 a 22 anos sem dis-função osteomioarticular. Todos os procedimentos experi-mentais estavam de acordo com o Conselho Nacional deSaúde (Resolução 196/96).

A análise da força muscular foi mensurada atra-vés de uma célula de carga (modelo MM-50 KRATOS –Dinamômetros). O sinal eletromiográfico foi captado

por um eletrodo ativo bipolar de superfície com ganhode 20 vezes. Ambos os sensores foram acoplados a umaplaca analógica-digital (CAD 16/32 LYNX TECNOLO-GIA ELETRÔNICA LTDA). A coleta dos sinais foi rea-lizada através do software Aqdados (Versão 4.6 LYNX -Tecnologia Eletrônica Ltda) com freqüência de amostra-gem de 1000 Hz por canal. Os dados obtidos foram pro-cessados pelo software Matlab 5.0 (Math Works Inc.).

O sinal elétrico e a força foram obtidos duranteuma contração isométrica voluntária máxima (CIVM), poissegundo VIGREUX et alli. (1979) as contrações isométri-cas evitam as variações próprias dos diferentes comprimen-tos musculares. As voluntárias foram posicionadas em pé,braço ao longo do tronco, cotovelo fletido a 90o e antebraçosupinado. A célula de carga foi posicionada perpendicular-mente a porção distal do antebraço e fixada ao chão. O ele-trodo para captação do sinal mioelétrico foi fixado com fitaadesiva sobre o ponto motor do músculo bíceps braquial,tendo sobre o epicôndilo lateral o eletrodo terra.

As voluntárias foram motivadas a realizar contra-ção muscular através de um comando verbal vigoroso econtínuo. A duração da CIVM foi de 4 segundos, sendorealizadas 3 contrações, com intervalos de 1 minuto entreas mesmas. O protocolo constou de 3 exames, sendo o pri-meiro antes da aplicação da diatermia por ondas curtas(Pré); imediatamente após (Pós) e outro após 40 minutosda aplicação (Pós40).

A diatermia foi aplicada utilizando-se do equipa-mento THERMOPULSE (IBRAMED), com freqüência de27,12 MHz, no modo contínuo na intensidade máxima tole-rada pela voluntária. Os eletrodos foram posicionados lon-gitudinalmente sobre o músculo avaliado (um sobre o ven-tre do músculo e outro posteriormente ao ombro na regiãoda escápula), sendo à distância eletrodo-pele de 1,5 cm. Avoluntária permaneceu em decúbito dorsal sobre uma macade madeira com o cotovelo estendido e antebraço supinadodurante 20 minutos para a realização da diatermia.

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A análise estatística constou do teste de normali-dade de SHAPIRO-WILK para a variável freqüência me-diana (n>2000) e do teste de normalidade KSL para forçae envoltória normalizada (n<2000). Não houve suposiçãode normalidade, sendo a análise realizada através do testedas Ordens Assinaladas de Wilcoxon ao nível se signifi-cância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados demonstraram haver uma variação

significativa (p< 0,001) para os dados analisados. Na en-voltória normalizada (EN) a fase pré-ondas curtas (136,98±7,17) sofreu uma diminuição em relação ao pós-imedia-to (99,97 ± 3,86) e não voltou ao valor inicial na fase pós-40 (114,65 ±3,4). O mesmo ocorreu com a força (F) dosmúsculos flexores do antebraço, no pré (11,88 ± 0,34), nopós-imediato (9,71 ± 0,26) e no pós-40 (10,96 ± 0,26).Entretanto, a freqüência mediana (FM) sofreu um aumen-to no pós-ondas curtas (79,67 ± 1,11) em relação ao pré(76,50 ± 1.09), e da mesma forma que os valores anterio-res, o pós-40 (77,94 ± 1,00) não voltou aos índices inici-ais. Estes valores podem ser visualizados na Tabela 1.

Tabela 1. Valores médios (± dp) da envoltória normalizada (mV), FreqüênciaMediana (Hz) e da Força (Kgf) nas diferentes situações de exame, n=10.

A eletromiografia é amplamente utilizada em pes-quisas que envolvem o movimento humano, as quais vi-sam esclarecer como o sistema nervoso controla a contra-ção muscular, bem como das suas possíveis alterações de-correntes da aplicação dos diferentes recursos utilizadosna prática fisioterapêutica. Na Tabela 1, observa-se que afreqüência mediana apresentou um aumento significativo(p<0,001) do seu valor, indicando um aumento da veloci-dade de condução nervosa, já que para STULEN & DELUCA (1981), dentre as possibilidades de estudo do es-pectro de freqüência do sinal eletromiográfico, a freqüên-cia mediana, a moda da freqüência e a freqüência médiasão capazes de quantificar as alterações na velocidade decondução da fibra muscular. O aumento da freqüênciamediana também foi observado no estudo de ABRAM-SON et alli. (1966), os quais verificaram uma maior velo-cidade de condução nos nervos motores ulnar e radialapós aplicação de ondas curtas contínuo.

A diminuição significativa da envoltória normali-zada pode ser atribuída ao menor recrutamento das unida-des motoras, após a aplicação do ondas curtas contínuo nomúsculo esquelético (Tabela 1).

Também foi observada uma diminuição da forçaapós a aplicação do campo eletromagnético, Tabela 1.Esta resposta está relacionada, em parte, as alteraçõesocorridas no sinal eletromiográfico, uma vez que LOEB etalli. (2000) relatam que a magnitude da força depende dedois fatores: número e grau de atividade da unidade moto-ra e da sua velocidade individual de disparo. O decrésci-mo da força (18,26%) também pode ter ocorrido em fun-ção das diferentes variações, aumento de (4,1%) na fre-

qüência mediana e diminuição de (27,0%) na envoltórianormalizada, o que indica uma compensação insuficientepara a manutenção da força.

Todas as variáveis analisadas, envoltória normali-zada, força e freqüência mediana não retornaram aos seusvalores iniciais após 40 minutos de repouso, indicandoque o músculo ainda estava sob a ação do ondas curtas.

CONCLUSÃOOs resultados nos permitem concluir que a aplica-

ção da diatermia por ondas curtas contínuo, no protocoloproposto, promoveu alterações no sistema neuromuscular,ocasionando uma diminuição na envoltória normalizada eum aumento da freqüência mediana do músculo bícepsbraquial, além da diminuição da força dos músculos fle-xores do antebraço, imediatamente após a aplicação, per-manecendo alterados mesmo após de 40 minutos do tér-mino da estimulação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMSON, D. L; CHU, L.S.W; TUCK, S; LEE, S.W;RICHARDSON, G; LEVIN, M. Effect of tissuetemperature and blood flow on motor nerve conduc-tion velocity. Journal of the American Medical Asso-ciation, n.198, p.1082-88, 1966.

ARAÚJO, R.C ; DUARTE, M; AMADIO, A. Estudosobre a variabilidade do sinal eletromiográfico intrae inter-indivíduos durante contração isométrica.Anais do VII Congresso Brasileiro de Biomecânica,p.128-34, 1997.

KITCHEN, S; PARTRIDGE, C. Review of shortwavediathermy continuous and pulsed patterns. Phisio-therapy, v.8, n.4, p.243-52, 1992.

KRIVICKAS, L.S; NADER, S.F; DAVIES, M.R;PETROSKI, G.P; FEINBERG, J.H. Spectral analy-sis during fatigue: surface and fine wire eletrodecomparision. Am. J. Phys. Med. Rehabil, v.75, n.1,p.15-20, 1996.

LEWIS,D.M; LUCK, J.C; KNOTT,S. A comparisson ofisometric contractions of the whole muscle withthose of motor units in a fast-twitch muscle of thecat. Exp. Neurol, n.37, p.68-85, 1972.

LOEB, G.E; GHEZ, C. The motor unit and muscleaction. In: Principles of Neuro Science, 4a ed. NewYork: Mc Graw-Hill, p.674-693, 2000.

LOW, J. Dosage of some pulsed shortwave clinical trials.Physiotherapy, v.81, n.10, p.611-16, 1995.

VIGREUX, B; CNOCKAERT, J.C; PERTUZON, E.Factors influencing quantified surface EMGs. Eur. J.Appl. Physiol, n.41, p.119-29, 1979.

Agradecimento: IBRAMED – Indústria Brasileirade Equipamentos Médicos Ltda.

GRUPOSPARÂMETROS ANALISADOS

EN (MV) FM (HZ) F (KGF)Pré 136,98 ±7,17 76,50 ±1,09 11,88 ±0,34Pós 99,97 ±3,86 79,67 ±1,11 9,71 ±0,26Pós 40 114,65 ±3,4 77,94 ±1,00 10,96 ±0,26

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9º CONGRESSO DE

CO.33

ALONGAMENTO DA MUSCULATURA INSPIRATÓRIA: EFEITO SOBRE AS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS E MOBILIDADE TORÁCICA

JULIO FLAVIO FIORE JUNIOR (TG) – Curso de FisioterapiaANA CAROLINA SERIGATTO DE OLIVEIRA (TG) – Curso de Fisioterapia

MARLENE APARECIDA MORENO GANZELLA (O) – Faculdade de Ciencias da SaúdeROSANA MACHER TEODORI (CO) – Faculdade de Ciencias da Saúde

ANALUCIA GERALDES PIRES (CO) – Curso de Fisioterapia

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi analisar o efeito do alongamento dos músculos da cadeia inspiratória, propostopelo método de Reeducação Postural Global (RPG) sobre a e força muscular respiratória e a mobilidade torácica, utilizando-se para a avaliação a medida das pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx) e a toracometria respectivamente. Estu-dos demonstram que o comprimento muscular adequado é fundamental para que os movimentos articulares ocorram livresde restrição e o músculo exerça picos de tensão adequados durante sua atividade. O trabalho foi desenvolvido no laboratóriode Fisioterapia da UNIMEP, com 10 voluntários do sexo feminino na faixa etária entre 18 e 23 anos (X = 21,1 ± 1,8) deantropometria semelhante. Os voluntários foram avaliados antes e após serem submetidos a postura “Rã no Chão com Bra-ços Fechados” durante 20 minutos. Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que o método de alongamento pro-posto promoveu um aumento significativo da força contrátil dos músculos inspiratórios. Foi também observado um aumentoda mobilidade torácica e da força contrátil dos músculos expiratórios, porém, sem significância estatística.

INTRODUÇÃOO sistema respiratório consiste essencialmente em

duas partes: os pulmões, que tem a finalidade de conduzir oar e realizar trocas gasosas, e uma bomba para introduzir e re-tirar o ar de dentro deles, representada pelos músculos respi-ratórios e a parede torácica (DERENNE et alii., 1978). Assimcomo qualquer músculo esquelético, os músculos respiratóri-os também estão sujeitos a encurtamentos e desequilíbrios. Oequilíbrio entre a musculatura inspiratória e expiratória é fun-damental para uma mecânica respiratória eficiente.

A força muscular apresenta-se alterada quando ummúsculo encontra-se em estado de encurtamento. A medidaque um músculo perde sua flexibilidade normal, ocorre umaalteração na relação comprimento-tensão, incapacitando-ode produzir um pico de tensão adequado, desenvolvendo-seuma fraqueza com retração (KISNER & COLBY, 1996).

O termo alongamento é usado para descrever qual-quer manobra terapêutica elaborada para aumentar o com-primento de estruturas de tecidos moles encurtadas, e destemodo aumentar as amplitudes de movimento articular (KIS-NER & COLBY, 1996). Os exercícios de alongamento po-dem ser feitos de forma analítica ou de forma global, onde seutiliza os conceitos de Cadeias Musculares. O método RPGapresenta uma preocupação especial com o alongamento dacadeia muscular respiratória, podendo este ser realizado emqualquer das posturas descritas pelo método. A cadeia inspi-ratória é formada pelos músculos: escalenos, peitoral menor,intercostais, e diafragma (SOUCHARD, 1996).

Os benefícios do alongamento sobre a musculatu-ra esquelética apresentam-se de forma clara em diversosestudos. A ação desse tipo de manobra sobre a musculatu-ra respiratória, no entanto, é muito pouco explorada. Issopode ser atribuído ao fato de se tratar de um grupo muscu-lar de mecânica complexa, e que, talvez por isso, nãoapresenta técnicas de alongamento descritas na literaturacientifica pesquisada.

Neste sentido, este trabalho visa analisar o efeitodo alongamento da cadeia muscular inspiratória, propostopelo método RPG, sobre a força muscular inspiratória eexpiratória, e sobre a mobilidade torácica.

MATERIAL E MÉTODOSParticiparam deste estudo 10 voluntários do sexo

feminino, com idade entre 18 e 23 anos (X = 21,1 ± 1,8),

antropometria semelhante e sem antecedentes de patologi-as relacionadas aos sistemas músculo-esquelético, cardio-vascular e respiratório. Antecipadamente ao experimentoos voluntários foram orientados sobre as atividades queseriam realizadas e assinaram um termo de consentimentolivre e esclarecido. Todos foram submetidos a uma avalia-ção respiratória incluindo a medida da Pressão Inspirató-ria Máxima (PImáx), Pressão Expiratória Máxima (PE-máx) e a toracometria, antes e após a postura “Rã no Chãocom Braços Fechados”.

Na toracometria foram realizadas as medidas dacircunferência torácica durante as fases expiratória e ins-piratória máximas, onde a diferença entre as duas medidasforneceu informações sobre o grau de mobilidade toráci-ca. Essas medidas foram feitas com uma fita métrica de1,5 metro nas regiões axilar e xifoidiana.

Para as medidas das pressões inspiratórias e expi-ratórias máximas utilizou-se um manovacuômetro MTR –Indústria Brasileira, com intervalo operacional de 0 a +300 cmH2O adaptado para pressões expiratórias e com in-tervalo de 0 a – 300 cmH2O para pressões inspiratórias.Uma tubulação de plástico foi conectada ao manovacuô-metro e na extremidade distal do tubo foi adaptado um bo-cal. Anteriormente ao bocal, colocou-se um dispositivo deplástico com pequeno orifício, com a finalidade de propi-ciar pequeno vazamento de ar e assim prevenir a elevaçãoda pressão da cavidade oral, possibilitando segundo COS-TA (1999), que a força executada pelos músculos respira-tórios fosse avaliada através das pressões que estes mús-culos são capazes de gerar na caixa torácica. As medidasforam realizadas com o voluntário sentado, tendo as nari-nas ocluídas por uma pinça nasal para evitar o escape dear. A PEmáx foi obtida durante esforço iniciado próximo aCapacidade Pulmonar Total (CPT), enquanto que a PImáxfoi obtida durante esforço iniciado próximo ao VolumeResidual (VR). Cada voluntário executou 3 medidas deinspiração e expiração máximas tecnicamente satisfatóri-as, sem vazamento perioral e valores próximos, sendoconsiderada no estudo a medida de maior valor.

A Postura “Rã no Chão com Braços Fechados”foi realizada como descrito por SOUCHARD (1996). Oindivíduo é posicionado em decúbito dorsal com os bra-ços ao longo do corpo, as mãos em posição supina. Os

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membros inferiores são fletidos, unindo-se as plantas dospés no eixo do corpo. O terapeuta realiza a pompagemdorsal e sacral com objetivo de decoaptação da colunavertebral. Cabe ao terapeuta auxiliar o indivíduo, atravésde comando verbal e contatos manuais, a manter o alinha-mento e correções posturais visando o alongamento dascadeias musculares e impedindo as compensações. Emtodo o momento que o indivíduo encontra se na postura ésolicitado que este realize inspirações tranqüilas, seguidade expirações profundas com rebaixamento das costelas eprotusão do abdome, garantindo assim a contração excên-trica do diafragma, e o alongamento deste, e dos demaismúsculos da cadeia inspiratória.

RESULTADOS E DISCUSSÃOPara a análise dos resultados utilizou-se o teste

não paramétrico de Wilcoxon para cada uma das variáveisestudadas, com o objetivo de comparar a diferença entreos dados obtidos na avaliação antes e após o alongamentoda cadeia muscular respiratória. O teste indicou diferençaestatisticamente significativa entre as médias obtidas antese depois do alongamento para a variável PImáx (p<0,05).O mesmo não ocorreu com as variáveis PEmáx, e toraco-metria (axilar e xifoidiana), cujos valores não apresenta-ram significância estatística (p<0,05), apontando que oalongamento da musculatura inspiratória não exerceu in-fluência significativa sobre a pressão expiratória máxima esobre a mobilidade torácica.

Tabela 1. Pressões respiratórias máximas antes e após o alongamento (cm H2O).

Tabela 2. Toracometria axilar e xifoidiana, antes e após o alongamento (cm).

Os dados obtidos demonstram que após 20 minu-tos de alongamento da musculatura inspiratória ocorreuum aumento significativo na pressão máxima gerada porestes músculos na caixa torácica. Sendo a pressão máximagerada por um músculo respiratório o index de sua força(DERENNE et alii, 1978), é possível afirmar que ocorreuum aumento da força contrátil dos músculos alongados.

SALVINI (1997), descreve que na posição encur-tada o comprimento funcional do músculo encontra-se di-minuído, sendo este incapaz de desenvolver força contrátilmáxima, pois se perdeu a sobreposição ideal entre os fila-mentos de actina e miosina. O trabalho de GORDON etalii. (1966), já destacava que força muscular atinge níveismáximos quando há uma sobreposição ótima entre os fila-mentos de actina e miosina, permitindo a existência deuma quantidade de pontes adequadas entre estes filamen-tos. Verifica-se, portanto, que quanto maior for o compri-mento de um músculo, maior é sua capacidade de produ-zir tensão até um determinado limite e melhor é o rendi-mento de sua capacidade contrátil (DURIGON, 1995).

Segundo WEST (1996), o encurtamento da mus-culatura respiratória ocorre principalmente em patologiasrespiratórias de caráter obstrutivo, onde ocorre um aumen-to da Capacidade Pulmonar Total (CPT); Capacidade Re-sidual Funcional (CRF) e Volume Residual (VR). DE-RENNE et alii. (1978) afirmam que músculos inspiratóri-os se encurtam à medida que o volume pulmonar aumen-ta, ao mesmo tempo que os músculos expiratórios sealongam. Esse encurtamento, torna a musculatura inspira-tória incapaz de gerar picos de tensão adequados.

Os dados deste estudo apontam que o alongamen-to muscular pode apresentar uma grande importância tera-pêutica no tratamento de patologias respiratória que levamà disfunções de sua bomba muscular. Um comprimentoadequado possibilitará aos músculos inspiratórios exercermelhor capacidade contrátil, levando à melhora da mecâ-nica respiratória, que permitirá que o pulmão receba umvolume de ar suficiente para trocas gasosas adequadas.

CONCLUSÃOOs resultados obtidos neste estudo, nas condições

experimentais utilizadas, permitem concluir que o métodode alongamento proposto promoveu um aumento signifi-cativo da força contrátil dos músculos inspiratórios. Foitambém observado um aumento da mobilidade torácica eda força contrátil dos músculos expiratórios, porém, semsignificância estatística.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCOSTA,D. Fisioterapia Respiratória Básica. SP: Athe-

neu, 1999. p.26.DERENNE, J. P. H.; MACKLEM, P. T.; ROUSSOS, C. H.

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DURIGON,O. F. S. Alongamento muscular Parte II: Ainteração mecânica. Rev. Fisio. Univ. São Paulo. v.2,n.2, p.72-8,ago./dez.1995.

GORDON, A. M. et alii. The variation in isometric ten-sion with sarcomere length in vertebrate musclefibers. J. Physiol. (Lond),184., p.170-92, 1966.

KISNER, C.; COLBY, L. A,. Exercícios Terapêuticos Fun-damentos e Técnicas. SP: Manole, 1996. p.141-165.

SALVINI, T. F. Plasticidade e adaptação postural dosmúsculos esqueléticos. In: MARQUES, A, P.Cadeias musculares: Um programa para EnsinarAvaliação Fisioterapêutica Global. SP: Manole,2000. p.7-11.

SOUCHARD. Ph. E. O Stretching Global Ativo: A Ree-ducação Postural Global A Serviço do Esporte. SP:Manole, 1996.

WEST, J.B., Fisiopatologia Respiratória Moderna. SP:Manole, 1996. p.57-86.

98 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.34

EFEITO DO EXERCÍCIO ISOMÉTRICO DE EXTENSÃO DO JOELHO ASSOCIADO À ADUÇÃO ISOMÉTRICA DO QUADRÍL NA ATIVIDADE

ELÉTRICA DOS MÚSCULOS VASTO MEDIAL OBLÍQUO E VASTO LATERAL OBLÍQUO EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE

DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR

GÉDER MASSINI (TG) – Curso de Fisioterapia – UFSCarMALI NAOMI HIGA (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCar

CAROLINA VIANNA NUNES (CO) – PPG Fisioterapia – UfscarFAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto. Morfologia – FOP/UNICAMP

DÉBORA BEVILAQUA GROSSO (CO) – Depto. Fisioterapia – UNITIVANA APARECIDA GIL (CO) – Depto. Odontologia social – FOP/UNICAMP

VANESSA MONTEIRO PEDRO (O) – Depto. Fisioterapia – UFSCar

RESUMO

A proposta deste trabalho foi avaliar a atividade elétrica dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO) e VastoLateral Oblíquo (VLO) no exercício isométrico de extensão de joelho associado à adução isométrica do quadril, reali-zados no aparelho Leg Press. Para isso, a atividade elétrica dos músculos foi mensurada em 10 voluntários do sexofeminino, com idade variando de 18 a 29 anos, com sinais de disfunção fêmoro-patelar, utilizando um Conversor Ana-lógico-Digital e eletrodos ativos diferenciais simples. O sinal eletromiográfico foi quantificado pela raiz quadrada damédia(RMS) e expresso em microvolts (µV). Os dados foram estatisticamente analisados por meio da Anova de Frie-dman, em nível de 5% de significância. Nossos resultados mostraram que não houve diferença significativa entre osmúsculos VMO e VLO no exercício proposto. Os resultados desta pesquisa, nas condições experimentais utilizadas,sugerem que o exercício isométrico de extensão do joelho associado à adução isométrica do quadril não ativou seleti-vamente o músculo VMO em relação ao VLO em indivíduos com DFP, no entanto podem ser indicados para a recupe-ração das lesões do joelho como, ligamentoplasia, meniscectomia.

INTRODUÇÃOCerca de 50% das lesões músculos esqueléticas en-

volvem a articulação do joelho, sendo que a alteração maiscomum é a disfunção fêmoro-patelar (DFP); afetando prin-cipalmente adolescentes e jovens adultos do sexo feminino(CERNY, 1995). A etiologia da DFP inclui fatores que le-vam ao mau alinhamento patelar, tais como o aumento doângulo Q, patela alta, torção tibial externa, pronação subta-lar excessiva, entre outros, destacando-se dentre as causasdo mau alinhamento da patela o desequilíbrio entre as por-ções do músculo quadríceps (SHEEHY et al, 1998). Assim,para se restabelecer a biomecânica articular normal da arti-culação fêmoro-patelar, sugere-se como base do tratamentoconservador o fortalecimento seletivo do músculo VMO(MONTEIRO-PEDRO et al, 1999).

Sabe-se que o movimento de adução pode revelarum padrão de atividade elétrica diferenciada exercida peloVMO, já que existe uma correlação anatômica entreVMO e músculos adutores (BOSE, 1980). Os exercíciosem Cadeia Cinética Fechada (CCF) têm sido sugeridoscomo tratamento conservador da DFP, pois aproximam-sedos padrões de movimento funcional, tanto nas atividadesde vida diária como nas esportivas. Além disso, segundoSTIENE et al (1996), os exercícios CCF são mais efetivospara a recuperação funcional dos pacientes com DFP.

OBJETIVOO objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade

elétrica do músculo VMO e VLO durante o exercício deContração Isométrica Voluntária Máxima (CIVM) de ex-tensão do joelho, com o mesmo fletido a 90º associado aCIVM de adução do quadril no equipamento Leg Press.

MATERIAL E MÉTODOSForam selecionados 10 sujeitos sedentários do

sexo feminino portadores de DFP, com faixa etária de 18 a29 anos (21,9 ± 2,99), os quais apresentavam no mínimotrês sinais clínicos de DFP. Os voluntários assinaram umtermo de consentimento formal, aprovado pelo Comitê deÉtica da UFSCar. A atividade elétrica dos músculos VMOe VLO foi obtida por meio de um Módulo Condicionadorde Sinais de 16 canais com um Conversor Analógico-Di-gital interfaciado com um Computador Pentium I e umsoftware – AqDados 4.7. Para a captação dos potenciaisde ação foram utilizados eletrodos ativos diferenciais sim-ples de superfície.

O exercício foi realizado no aparelho Leg Press(Vitally) com as articulações do joelho e quadril fletidas a90º e as coxas abduzidas à 30˚, por meio de um dispositi-vo almofadado colocado entre o terço distal e medial dacoxa, para que a voluntária realizasse uma adução isomé-trica máxima.

O eletrodo no músculo VMO foi fixado à 4cm daborda súpero-medial da patela, com um ângulo de inclina-ção de 55º (HANTEN & SCHULTIES, 1990); para omúsculo VLO foi fixado cerca de 2,2cm acima do epicôn-dilo lateral do fêmur, com um ângulo de inclinação de50,4º (BEVILAQUA-GROSSO, 1996). Para eliminarpossíveis interferências externas do sinal eletromiográficofoi utilizado um eletrodo terra untado com gel.

As voluntárias realizaram 3 exercícios de CIVM deextensão do joelho associado à adução do quadril. O perío-do de contração foi de 4 segundos, com um período de re-pouso de 2 minutos entre as 3 contrações afim de se evitarfadiga muscular. O cálculo escolhido para analisar os regis-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 99

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tros foi a RMS (Raiz Quadrada da Média), expresso em mi-crovolts (mV). O método estatístico empregado foi a Anovade Friedman com nível de significância de 5% (p£ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃONossos resultados mostraram que não houve dife-

rença significativa (p>0,05) entre os músculos VMO (128,4±28,8 µV) e VLO (132,3 ±52,3 µV) nos exercícios de ex-tensão do joelho associado à adução do quadril (Figura 1).

KARST & JEWETT (1993), também não eviden-ciaram diferença na atividade do VMO em relação aoVLL ou ao VL no movimento de adução do quadril com ojoelho em extensão em CCA. Por outro lado, HANTEN& SCHULTIES, 1990; realizaram o movimento de adu-ção com o joelho fletido e detectou maior atividade doVMO em relação ao VL, em CCA. A literatura consultadanão evidenciou nenhum trabalho que investigasse ativida-de elétrica dos músculo VMO em relação ao VLO nosexercícios de extensão do joelho associado a adução doquadril em CCF. Este fato é relevante porque segundoMORRISH & WODLEDGE (1997) estes músculos pos-suem ativação neuromotora sincrônica, sugerindo ação re-cíproca no controle do deslizamento patelar. Mais estudossão necessários a fim de se investigar a relação da ativida-de dos músculos VMO e VLO nos exercícios, tanto deCCA e, principalmente, em CCF com diferentes combi-nações de movimentos.

CONCLUSÃOOs resultados desta pesquisa, nas condições expe-

rimentais utilizadas, permitem sugerir que o exercício deextensão associado à adução do quadril não ativou seleti-vamente o músculo VMO em relação ao VLO, no entantopodem ser indicados para a recuperação das lesões do joe-lho como, ligamentoplastia e menistectomia.

Figura 1. Médias e Desvios Padrões (DP) dos dados EMG dos músculos VMOe VLO na CIVM de extensão de joelho associado à adução do quadril (n=10).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBEVILAQUA GROSSO, D. Músculo Vasto Lateral

Longo. Correlações Anátomo-Clínicas. Piracicaba,FOP-UNICAMP, 1996: p.56 (Tese apresentada aocurso de Pós-Graduação em Biologia e PatologiaBuco-Dental, Área de Anatomia).

BOSE, K.; KANAGASUNTHERUM, R.; OSMAN, M.Vastus Medialis Oblique: Anatomical and Physiolo-gical study. Orthopaedics 3: 880-883, 1980.

CERNY, K. Vastus medialis oblique/vastus lateralis mus-cle activity ratiofor selected exercises in personswith and without patellofemoral pain syndrome.Phy. Ther. 75: 672-683, 1995.

HANTEN, W. P. & SCHULTHIES, S. S. Exercise effecton eletromyografic activity of the vastus medilaisoblique and vastus lateralis muscles. Phys. Ther. 70:561-565, 1990.

KARST, G. M., JEWETT, P. D. Electromyographic analy-sis of exercises proposed for differential activation ofmedial and lateral quadriceps femoris muscle compo-nents. Phys. Ther., v. 73, n. 5, p. 286-299, 1993.

MONTEIRO-PEDRO, V.; VITTI, M.; BÉRZIN, F.;BEVILAQUA-GROSSO, D. The effect of free iso-tonic and maximal isometric contraction exercises ofthe hip adduction on vastus medialis oblique muscle:an electromyographic study. Electromyogr. Clin.Neurophysiol., 39:435-440, 1999.

MORRISH, G. M. & WOLEDGE, R. C. A comparisonof the activation of muscles moving the patella innormal subjects and in patients with chronic patello-femoral problems. Scand. J. Reabil. Med. 29: 43-48, 1997.

SHEEHY, P.; BURDTT, R. G.; IRRGANG, J. J. eVanSWEARINGEN. In electromyographic study ofvastus medialis oblique and vastus lateralis activitywhile ascending and descending steps. J. Orthop.Sports Phys. Ther., 27:423-29, 1998.

STIENE, H. A.; BROSKY, T.; REINKING, M. F.;NYLAND, J.; MASON, M. B. A comparison of clo-sed kinetic chain and isokinetic joint isolation exer-cise in patients with patellofemoral dysfunction. J.Orthop. Sports. Phys. Ther. 24: 136-141, 1996.

100 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.35

ANÁLISE DA PERIMETRIA DA MUSCULATURA DO TERÇO INFERIOR DA COXA EM INDIVÍDUOS NORMAIS E COM DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR

APÓS UM PROGRAMA DE TREINAMENTO MUSCULAR NO LEG-PRESS

DANIEL FERREIRA MOREIRA LOBATO (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCarRICARDO WIDMER (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCar

MARIANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCarFAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto de Morfologia – FOP/UNICAMP

IVANA APARECIDA GIL (CO) – Depto de Odontologia Social- FOP/UNICAMPDÉBORA BEVILAQUA GROSSO (CO) – Depto de Fisioterapia – UFSCar

KELLY RAFAEL RIBEIRO COQUEIRO (CO) – PPG Fisioterapia – UFSCarVANESSA MONTEIRO PEDRO (O) – Depto de Fisioterapia – UFSCar

IC/CNPq

RESUMO

A proposta deste trabalho foi analisar a perimetria da musculatura do terço inferior da coxa em dois grupos deindivíduos: normais e com disfunção fêmoro-patelar (DFP), antes e após um programa de treinamento muscular comexercícios de extensão do joelho associados à rotação lateral isométrica (RLI) da tíbia realizados no Leg-Press. A peri-metria (mensurada a 4 cm. acima da linha suprapatelar do membro inferior treinado) foi analisada em 16 voluntáriassedentárias, sendo 8 portadoras de DFP assintomáticas (21,00 ± 1,20 anos) e 8 clinicamente normais (22,50 ± 2,50anos). Os exercícios consistiram de 9 séries de 10 contrações isotônicas de extensão do joelho associadas à RLI datíbia e foram realizados duas vezes por semana, durante 4 semanas, totalizando 8 sessões. A análise estatística utili-zada foi o teste t de Student (p£0,05). Os resultados mostraram que os valores obtidos na perimetria após treinamentomuscular não apresentaram diferença significativa em relação aos valores do pré-treinamento, em ambos os grupos.Os dados desta pesquisa, nas condições experimentais utilizadas, permitiram concluir que o treinamento muscularempregado não aumentou significativamente a perimetria da musculatura do terço inferior da coxa nos grupos analisa-dos, sugerindo novos estudos em que sejam alterados parâmetros como volume (valores de carga), intensidade(número de repetições por série) e freqüência (número de sessões de treinamento semanais).

Projeto Integrado de Pesquisa – CNPq – Processo Nº 524190/96 – 8.

INTRODUÇÃOA disfunção fêmoro-patelar (DFP) caracteriza-se

principalmente por dor difusa na região anterior do joelho,afetando um em cada quatro indivíduos da população emgeral, principalmente adolescentes e adultos jovens dosexo feminino (POWERS et alli, 1996). A DFP leva auma atrofia e diminuição da força generalizada do múscu-lo quadríceps, especialmente à atrofia e displasia de seucompartimento medial, caracterizada pela insuficiência domúsculo Vasto Medial Oblíquo – VMO (FOX, 1975).

O tratamento mais indicado para DFP é o conser-vador, direcionado à recuperação funcional do músculoVMO (DOUCETTE & CHILD, 1996), tanto com exercí-cios em cadeia cinética aberta – CCA (BEVILAQUA-GROSSO, 1998; MONTEIRO-PEDRO et alli, 1999),quanto em cadeia cinética fechada – CCF (CABRAL,2001), como os realizados no Leg-Press.

Existem vários métodos de avaliação da efetivida-de de um programa de treinamento muscular. As medidasde torque médio e máximo são usadas como forma deavaliação de força, enquanto a eletromiografia analisa ospadrões de resposta muscular. A perimetria dos segmentoscorporais, como forma de avaliação do trofismo muscular,consiste em um procedimento simples e comumente utili-zado na prática clínica.

Em um estudo eletromiográfico, ANDRADE etalli (2000) revelou que o exercício de extensão do joelhoassociado à rotação lateral isométrica (RLI) da tíbia, reali-zado no aparelho Leg-Press, levou a uma maior atividade

elétrica do músculo VMO em relação aos músculos VastoLateral Longo (VLL) e Vasto Lateral Oblíquo (VLO), tan-to em indivíduos clinicamente normais como nos portado-res de DFP, concluindo portanto que a RLI da tíbia pode-ria ser utilizada nos programas de treinamento muscularpara reabilitação da DFP.

A proposta deste trabalho foi verificar o efeito deum programa de treinamento muscular com exercíciosisotônicos de extensão do joelho associados à RLI da tíbiarealizados no Leg-Press na perimetria da musculatura doterço inferior da coxa em dois grupos de indivíduos: nor-mais e com DFP.

MATERIAL E MÉTODOS A perimetria da musculatura da coxa (a 4 cm. aci-

ma da linha suprapatelar do membro inferior treinado) foianalisada em 16 voluntárias sedentárias, sendo 8 portadorasde DFP assintomáticas (21,00 ± 1,20 anos) e 8 clinicamentenormais (22,50 ± 2,50 anos), antes e após treinamento mus-cular de 4 semanas. As voluntárias assinaram um termo deconsentimento formal e a pesquisa foi aprovada pelo Comi-tê de Ética da Universidade Federal de São Carlos.

Os exercícios consistiram de 9 séries de 10 contra-ções isotônicas de extensão do joelho associadas à RLI datíbia e foram executados no aparelho Leg-Press Horizon-tal modelo Top-Line (Vitally), duas vezes por semana, du-rante 4 semanas, totalizando 8 sessões. O exercício era re-alizado partindo-se de 120º de flexão do joelho até a ex-tensão completa na fase concêntrica e ao contrário na fase

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 101

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excêntrica. Foi respeitado o intervalo mínimo de 2 minu-tos entre uma série e outra.

Uma nova carga ou resistência máxima (RM) eraincorporada à RM antiga na última série das sessões pa-res, visando manter o esforço dos voluntários semelhanteàquele realizado no início do treinamento (RM obtida se-gundo a técnica da DeLORME).

A análise estatística utilizada foi o teste t de Stu-dent, com nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs valores obtidos na perimetria da musculatura

do terço inferior da coxa após treinamento muscular, tantonos indivíduos com DFP(41,69 ± 4,41cm) como nos indi-víduos clinicamente normais(39,94 ± 4,03 cm), não apre-sentaram diferença significativa (p>0,05) em relação aosvalores do pré-treinamento (40,75 ± 4,49 cm e 39,44 ±4,09 cm, respectivamente).

No período de 8 a 10 semanas de treinamento deforça há predomínio de fatores neurais em detrimento dosfatores hipertróficos na produção de força muscular(WILMORE & COSTILL, 2001). Uma provável explica-ção para nossos resultados se deve ao curto período detreinamento, que poderia ser superior a 8 semanas. Outralimitação refere-se ao reduzido número de sessões de trei-namento semanais (duas). É possível que o acréscimo deuma ou mais sessões ao programa utilizado pudesse ga-rantir maior hipertrofia no mesmo período.

É importante salientar o aspecto relacionado à hi-pertrofia da musculatura do terço inferior da coxa como umtodo, ou seja, a 4 cm da linha supra-patelar, onde estão loca-lizados os músculos VMO e VLO, confirmado por traba-lhos anatômicos (BEVILAQUA-GROSSO, 1996) e eletro-miográficos (MONTEIRO-PEDRO, 1999; ANDRADE,2000). Acreditamos que, apesar das limitações deste traba-lho (número de sessões e período de treinamento), houveum aumento do trofismo nesta região, supostamente doVMO, considerando o posicionamento da tíbia utilizado noprograma de exercícios. Por tratar-se de um estudo prelimi-nar, não foi realizada análise estatística intergrupos, entre-tanto a mesma encontra-se em desenvolvimento.

Figura 1. Média dos dados da perimetria dos indivíduos normais e com DFP,antes e após programa de treinamento muscular de 4 semanas com exercí-cios de extensão do joelho associados à RLI da tíbia no Leg-Press

CONCLUSÃOOs dados desta pesquisa, nas condições experi-

mentais utilizadas, permitiram concluir que um programade treinamento de 4 semanas com exercícios isotônicos deextensão do joelho associados à RLI da tíbia realizados noLeg-Press não aumentou significativamente a perimetria

da musculatura do terço inferior da coxa, tanto em indiví-duos com DFP como em indivíduos clinicamente nor-mais. Entretanto, o Leg-Press mostrou ser um aparelhoefetivo para promover hipertrofia muscular, podendo serutilizado nos programas de reabilitação de lesões do joe-lho. Sugerem-se novos estudos em que sejam alteradosparâmetros do programa de treinamento, tais como: volu-me (valores de carga), intensidade (número de repetiçõespor série) e freqüência (número de sessões semanais).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Patrícia Horta; GROSSO, Débora Bevila-qua; BÉRZIN, Fausto; PEDRO, Vanessa Monteiro.Comparação da Atividade Elétrica do músculo VastoMedial Oblíquo e Vasto Lateral Oblíquo em Indiví-duos com Disfunção Fêmoro-patelar. Revista deFisioterapia da Universidade de São Paulo, n.inpress, 2000.

BEVILAQUA-GROSSO, D. Análise funcional dos esta-bilizadores da patela – Estudo eletromiográfico.Piracicaba, FOP-UNICAMP, 1998: p.55-57 (Teseapresentada ao Curso de Pós-Graduação em Biolo-gia e Patologia Buco-Dental, Área de Anatomia).

CABRAL, C. M. N. et alli. Atividade elétrica dos múscu-los vasto medial oblíquo e vasto lateral longodurante exercícios isométricos e isotônicos. Rev.Fisioter. Univ. São Paulo. 5(2): 97-103, 1998.

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MONTEIRO PEDRO, V. et alli. The effect of tree isoto-nic and maximal isometric contraction exercises ofthe hip adduction on vastus medialis oblique muscle:an electromyographic study,

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WILMORE, J.H. & COSTILL, D.L. Fisiologia doEsporte e do Exercício.São Paulo: Editora Manole, 2001. p. 93-110

102 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.36

EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO NO LEG-PRESS NO TORQUE MÉDIO MÁXIMO DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL EM

INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO FÊMORO-PATELAR

MÁRCIO COSTA ANTONELO (B) – Curso de Fisioterapia – UFSCarRICARDO WIDMER (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCar

MARIANA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO (CO) – Curso de Fisioterapia – UFSCARFAUSTO BÉRZIN (CO) – Depto de Morfologia – FOP/UNICAMP

IVANA APARECIDA GIL (CO) – Depto de Odontologia Social- FOP/UNICAMPDÉBORA BEVILAQUA GROSSO (CO) – Depto de Fisioterapia – UFSCar

KELLY RAFAEL RIBEIRO COQUEIRO (CO) – PPG Fisioterapia – UFSCarVANESSA MONTEIRO PEDRO (O) – Depto de Fisioterapia – UFSCar

IC/CNPq

RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar o efeito de um programa de treinamento de extensão isotônica do joelhoassociado a rotação lateral isométrica (RLI) da tíbia realizado em Leg-Press no torque médio máximo (TMM) do mús-culo quadríceps femoral de indivíduos com disfunção fêmoro-patelar (DFP). O TMM foi mensurado em 8 mulheressedentárias, portadoras de DFP (21,00 ±1,20 anos), assintomáticas, antes e após um programa de treinamento que con-sistiu em 9 séries de 10 contrações, duas vezes por semana durante quatro semanas. A análise estatística utilizada foiteste T-Student (p£0,05). Os resultados evidenciaram que não houve diferença significativa entre os valores do TMMregistrados na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão do joelho, antes e após o programa detreinamento. Nas condições experimentais utilizadas os resultados revelaram que o programa de treinamento aplicadonão foi efetivo para promover aumento significativo do TMM em indivíduos com DFP, sugerindo alterações nos parâ-metros do treinamento

CNPq- Projeto Integrado de Pesquisa. Processo n. 52419096-8.

INTRODUÇÃOA disfunção fêmoro-patelar (DFP), um dos pro-

blemas mais comuns da clínica ortopédica (WITVROUWet al., 1996), tem como característica o desalinhamento domecanismo extensor do joelho, resultante, geralmente, deuma fraqueza dos estabilizadores dinâmicos do comparti-mento medial, o músculo Vasto Medial Oblíquo (VMO),e um desequilíbrio entre este e o compartimento lateral doquadríceps femoral (SOUZA & GROSS, 1991).

O tratamento conservador da DFP é o mais usuale tem sido proposto com ênfase no fortalecimento seletivodo VMO (CERNY, 1995), sendo os exercícios em cadeiacinética fechada (CCF), como os realizados no aparelhoLeg-Press, indicados para este propósito (CALLAGHAM& OLDHAM, 1996).

A fim de se avaliar a força muscular, vários instru-mentos têm sido utilizados quer isoladamente ou associa-dos, como por exemplo os transdutores de força (BRASI-LEIRO & VILLAR, 2000), células de carga (ANDRA-DE, 2000), eletromiógrafos (DE LUCCA, 1997), além dedinamômetros, sendo este último é utilizado para medir aperformance de uma ação muscular, representada pelosparâmetros torque, trabalho e potência, bem como suasvariáveis: pico de torque (PT), torque médio máximo(TMM), entre outros (GUARATINI, 1999).

ANDRADE (2000) revelou que o exercício de ex-tensão do joelho associado à rotação lateral isométrica datíbia, realizado no aparelho Leg-Press, levou a uma maioratividade elétrica do músculo Vasto Medial Oblíquo(VMO) em relação aos outros componentes do músculoquadríceps femoral avaliados, ou seja, os músculos Vasto

Lateral Longo (VLL) e Vasto Lateral Oblíquo (VLO). Aautora concluiu que a rotação lateral da tíbia poderia serutilizada em um programa de treinamento muscular.

Diante do exposto a proposta deste trabalho foianalisar o TMM do músculo quadríceps femoral em indi-víduos com DFP no exercício isométrico de contraçãomáxima de extensão da articulação do joelho a 90 grausde flexão no dinamômetro isocinético BIODEX antes eapós um programa de treinamento.

MATERIAIS E MÉTODOSO torque médio máximo do músculo quadríceps

femoral foi avaliado em 8 voluntários sedentários, do sexofeminino, portadores de DFP assintomáticos, com idadesentre 19 e 23 anos (21,00 ±1,20 anos), e sem história delesão osteomioarticular ou cirurgia nos membros inferio-res. Os voluntários assinaram um termo de consentimentoformal e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética emPesquisa da Universidade Federal de São Carlos.

Para aquisição e registro das medidas de TMM,tanto antes como após o programa de treinamento, foi uti-lizado um Dinamômetro isocinético BIODEX (BiodexMulti-Joint System2, da BIODEX MEDICAL SYSTE-MS Inc.), com seus acessórios para conexão e avaliaçãoda articulação do joelho, um computador e software. An-tes de cada avaliação as voluntárias realizaram alonga-mento passivo, mantido por um minuto, da musculaturados membros inferiores (quadríceps, isquiotibiais e trícepssural). Seguiu-se um aquecimento de 5 minutos em umabicicleta estacionária, sem carga e à velocidade de 25 km/h(GUARATINI, 1999). Os voluntários foram posicionados

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 103

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9º CONGRESSO DE

CO.37

DIFERENCIAÇÃO EPITELIAL DO EPIDÍDIMO DE RATOS SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO LASER DE ARSENETO DE GÁLIO

Luciana Duarte Novais (B) – Curso de FisioterapiaRicardo Noboro Isayama (B) – Curso de Fisioterapia

Maria Jose Salete Viotto (O) – Universidade Federal de São CarlosNivaldo Antonio Parizotto (CO) – Universidade Federal de São Carlos

Fomento UFSCar

RESUMO

O epidídimo, de grande importância na via espermática extratesticular de mamíferos tem como principais fun-ções a maturação e estocagem de espermatozóides. Por serem escassas as referências que tratam das conseqüências deuma radiação não ionizante sobre o sistema reprodutor, pretendeu-se estudar e descrever os possíveis efeitos da radia-ção laser Arseneto de Gálio (AsGa) sobre a diferenciação epitelial do epidídimo de ratos. Utilizou-se 56 animais, queforam divididos em: grupo I, irradiado com laser AsGa, na região das gônadas, na dose de 3J/cm2, durante os primei-ros sete dias de vida pós-natal; grupo II, formado por animais controle. Quatro animais de cada grupo foram entãosacrificados à cada idade escolhida para este estudo, sendo então coletado o material. Seguiu-se toda a rotina de inclu-são e preparação das lâminas. Observou-se que os mesmos tipos celulares e os espermatozóides aparecem em ambosos grupos nas mesmas faixas etárias. No entanto, nota-se que o processo de divisão celular começa precocemente nogrupo I (aos 8 dias) e se prolonga até os 60 dias em todos os segmentos do ducto. Conclui-se então que a radiação laserAsGa não interfere com os eventos temporais do processo de diferenciação celular.

INTRODUÇÃOO epidídimo é considerado um segmento de gran-

de importância na via espermática extratesticular de ma-míferos, sendo a maturação e a estocagem dos espermato-zóides suas principais funções.

O desenvolvimento pós-natal deste segmento, se-gundo SUN E FLICKINGER (1979) pode ser divididoem três fases: período indiferenciado, que se estende dodia 1 ao dia 15, apresentando células com aspecto unifor-me; no entanto no décimo quarto dia, um segundo tipo ce-lular, as células de halo podem ser visualizadas, mostran-do então o início do período de diferenciação que se esten-de até o dia 44. Este período é marcado pelo surgimentodas células delgadas (dia 16), células basais e principais(dia 28) e células claras e células apicais (dia 35). O perío-do de expansão que se inicia aos 45 dias e se estende atétrês meses de vida foi marcado pelo aparecimento de es-permatozóides entre os dias 45 e 51.

A exposição à radiação ionizante tem sido mostra-da afetar adversamente o sistema reprodutor de mamífe-ros. No homem, também se observa redução do peso testi-cular após tratamento radioterápico de doenças oncológi-cas (FICKEL, 1988; SNAJDEROVA et alii., 1997).

Na literatura consultada são escassas as referênci-as que tratam especificamente dos efeitos da radiação la-ser sobre as gônadas. VILLAPLANA TORRES (1985) ePORRAS et alii. (1986) encontraram como resultado dassuas pesquisas conservação da espermatogênese com au-mento de mitoses e aparecimento de freqüentes figurasdegenerativas de espermatócitos e espermátides, comabundantes corpos residuais, vacuolização citoplasmáticadas células de Sertoli, em grau variável e aceleração doprocesso espermatogenético.

OBJETIVOPor serem escassas as referências que tratam das

conseqüências da radiação não ionizante sobre o sistemareprodutor, pretendeu-se estudar e descrever os possíveis

efeitos da radiação laser AsGa sobre o processo de dife-renciação epitelial do epidídimo de ratos.

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados 56 ratos (Rattus norvegicus), da

variedade Wistar, divididos em dois grupos: Grupo I, irra-diados e Grupo II, controle. Os animais do grupo I foramimobilizados, sem anestesia, através da tração manual dapele da região dorsal, permitindo a aplicação pontual dolaser, à esquerda e à direita, sobre a pele das regiões cor-respondentes às gônadas. As sessões de irradiação foramfeitas sempre no mesmo horário, durante os sete primeirosdias de vida pós-natal, sem interrupção. Os animais doGrupo II também foram imobilizados e a caneta do lasercolocada nos mesmos locais escolhidos para o Grupo I,porém o aparelho permaneceu desligado.

O laser utilizado foi de Arseneto de Gálio (AsGa),de baixa intensidade, marca BIOSET, modelo PhysioluxDual, com duração de pulso de 200 ms, freqüência de 2000Hz, potência de pico de 25W, potência média de 11 mW ecomprimento de onda de 904 nm (infravermelho). A doseescolhida para o presente trabalho foi de 3J/cm2, já que essaé a dose mais comumente usada na prática fisioterapêutica.Quatro animais de cada grupo foram sacrificados aos 8, 14,21, 28, 35, 45 e 60 dias de idade, sob saturação anestésicapor inalação de éter etílico, para coleta e fixação do materialem líquido de Bouin e formalina neutra 10%. O material foiincluído em "paraplast", seguindo-se microtomia de 7mm ecoloração com H/E, PAS e PAS/H. Todo o material foi ana-lisado em microscópio Leica ATC 2000 e documentado emfotomicroscópio Olympus BX50.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA características citológicas gerais do ducto epidi-

dimário nos animais irradiados com laser AsGa, na dosede 3J/cm2, durante os primeiros sete dias de vida pós-na-tal, são muito semelhantes àquelas observadas durante oevoluir das idades no epidídimo dos animais controles.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 105

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No 14º dia de vida pós-natal o epidídimo pareceestar ainda em um período de quiescência, no qual não seobservam indicações de diferenciação celular. Nesta idadeos três segmentos do ducto apresentam o epitélio de forra-ção estruturado por células indiferenciadas e células dehalo. Estudos comparando as características ultra-estrutu-rais das células de halo e dos leucócitos sugeriram que ascélulas de halo são linfócitos infiltrados no epitélio epidi-dimário não se constituindo num verdadeiro tipo celulardo epidídimo (HAMILTON, 1972).

O processo de diferenciação celular ocorre após odécimo quarto dia, uma vez que células principais, api-cais, basais e delgadas escuras são observadas a partir do21º dia de desenvolvimento em ambos os grupos e nostrês segmentos do órgão. Aos 28 dias são visualizadas al-gumas células com núcleo arredondado ou irregular, hete-rocromático, geralmente circundado por uma faixa de ci-toplasma claro. Todos esses tipos celulares persistiram atéos 60 dias de idade.

No oitavo dia pós-parto, células em processo dedivisão foram mais facilmente visualizadas no epitélioepididimário do grupo irradiado quando comparado aogrupo controle. Aos 60 dias de vida pós-natal, figuras demitose são observadas apenas na cabeça do epidídimo dogrupo controle, enquanto no grupo irradiado, o processode divisão celular prossegue em todos os segmentos do ór-gão. O aumento de mitoses também foi relatado por POR-RAS et alii. (1986) que estudaram os efeitos biológicos daradiação laser infravermelho sobre o epitélio seminíferode ratos. Estudos anteriores indicam que a radiação laserde baixa intensidade pode exercer efeitos sobre o ciclo ce-lular e que células irradiadas na fase S do seu ciclo perma-necem temporariamente em mitose (GROSS & JELK-MANN, 1990).

CONCLUSÃOA radiação laser, na dose de 3J/cm2, aplicada du-

rante os 7 primeiros dias pós-parto, não interfere com oseventos temporais do processo de diferenciação celular,uma vez que o epitélio epididimário mostra células de sualinhagem normal aparecendo na mesma faixa etária emambos os grupos. Nossos resultados sugerem que as divi-sões celulares iniciam-se precocemente sob o efeito da ra-diação laser AsGa e se estendem por um período mais tar-dio do desenvolvimento pós-natal do epidídimo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FICKEL, T.E. Organ-especific dosimetry in spinal radio-graphy: an analysis of genetic and somatic effects. J.Manipulative Physiol. Ther., v. 11, n. 1, p. 3-9, 1988.

GROSS, A.J., JELKMANN, W. Helium-neon laser irra-diation inhibits the growth of kidney epithelial cellsin culture. Lasers Surg. Med., v. 10, p. 40-4, 1990.

HAMILTON, D.W. The mammalian epididymis. In:BALIN, H., GLASSER, S. Reproductive Biology.Amsterdam: Excerpta Medica, 1972.

PORRAS, M.D. et alli. Efectos biológicos de la radiaciónlaser I. R. sobre el epitélio seminífero. Inv. ClínicaLáser, v. 3, p. 58-60, 1986.

SNAJDEROVA, M. et alii. Late sequelae of comprehen-sive antineoplastic therapy in children and adoles-cents with solid extracranial tumores. Effect ongrowth, pubertal development and gonadal function.Cas. Lek. Cesk., v. 136, n. 9, p. 276-8, 1997.

SUN, E.L., FLICKINGER, C.J. Development of celltypes and of regional differences in the postnatal ratepididymis. Am. J. Anat., v.154, p. 27-56, 1979.

VILLAPLANA TORRES, L.A. Aportaciones al estudiode la morfologia anterohipofisaria tras su estimula-ción con láser de baja potencia de He/Ne (632,8 nm;5 mW) y su repercusión sobre las células interstici-ales del testículo en la rata albina macho. Inv. ClinicaLaser, v. 12, p. 96-105, 1985.

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 4

ÁREA DE CIÊNCIAS DA VIDAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 7h40 • Teatro • Taquaral

Coordenadora: Iria Marisa Gevartosky do Amaral – UNIMEP

Debatedores: Darcio Gomes Pereira – UNIMEPCaio Cezar Randi Ferraz – FOP/UNICAMP

CO.38 ESTUDO QUÍMICO DE ALGUNS FITOQUÍMICOS ISOLADOS DE Melissa officinalis, UTILI-ZANDO MODELOS DE MEMBRANA. Claudia da Silva Bitencourt (B) – Curso de Farmácia, AnaCélia Ruggiero (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza, Maria De Fátima Nepomu-ceno Dédalo (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas – PIBIC/CNPq

CO.39 O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA:MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO EIN VIVO. Natalia Mayumi Inada (B) – Curso de Farmácia, Ana Célia Ruggiero (O) – Faculdade deEngenharia e Ciências Químicas, Maria de Fátima Nepomuceno Dédalo (CO) – Faculdade de Enge-nharia e Ciências Químicas – PIBIC/CNPq

CO.40 O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA:MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO EIN VIVO. Fabiana Cressoni Martini (B) – Curso de Engenharia de Alimentos, Maria de Fátima Nepo-muceno Dédalo (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas, Ana Célia Ruggiero (CO) –Faculdade de Matemática e Ciências da Natureza – PIBIC/CNPq

CO.41 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DA APIGENINA, UM FITOQUÍMICO ISO-LADO DE Melissa officinalis (ERVA CIDREIRA) UTILIZANDO ERITRÓCITOS INTACTOS.Antonio José Loreno Giunti Dias (B) – Curso de Farmácia, Maria de Fátima Nepomuceno (O) –Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas, Ana Célia Rugiero (CO) – Faculdade de Matemática eCiências da Natureza – FAPIC/UNIMEP

CO.42 PROSPECÇÃO DE ALCALÓIDES BIOATIVOS COM PROPRIEDADES ANTIMICROBIANAS.Tatiana Assumpção Simão (B) – Curso de Farmácia, Gislene Garcia Franco do Nascimento (O) –Faculdade de Ciências da Saúde – PIBIC/CNPq

CO.43 TRIAGEM FARMACOLÓGICA DA ESPÉCIE Cissus sulcicaulis Baker SOBRE A FASE HUMORALDO PROCESSO INFLAMATÓRIO EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO. Matheus Lavorenti Rocha(B) – Curso de Farmácia, Luciane Cruz Lopes (O) – Faculdade de Ciencias da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.44 EFEITO DO EHE C. SULCICAULIS NA MIGRAÇÃO DE LEUCÓCITOS EM MODELOS PRELI-MINARES IN VIVO. Luana Maíra Brasil (B) – Curso de Farmácia, Luciane Cruz Lopes (O) – Facul-dade de Ciência da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.45 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS CONTROLADOS PELA C. C. I. H. DEUM HOSPITAL DE GRANDE PORTE. Ana Paula Destro (B) – Curso de Farmácia, Luiz MadalenoFranco (O) – Faculdade de Ciências da Saúde, Maria Ondina Paganelli (CO) – Faculdade de Ciênciasda Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.46 O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA:MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO EIN VIVO. André Luis Máximo Danelutti (B) – Curso de Farmácia, PAULO CHANEL DEODATO DEFREITAS (O) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.47 PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELAS GESTANTES USUÁRIAS DOS SER-VIÇOS DE SAÚDE DE PIRACICABA. Anelise Nujo Carrascoza (B) – Curso de Farmácia, ThaísAdriana do Carmo (O) – Faculdade de Ciências da Saúde – FAPIC/UNIMEP

CO.48 UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA AMAMENTAÇÃO: UM ESTUDO FARMACOEPIDE-MIOLÓGICO. Nádia de Sousa da Cunha (B) – Curso de Farmácia, José Eduardo da Fonseca (O) –Faculdade de Ciências da Saúde – PAPIC/UNIMEP

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 107

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9º CONGRESSO DE

CO.38

ESTUDO QUÍMICO DE ALGUNS FITOQUÍMICOS ISOLADOS DE Melissa officinalis, UTILIZANDO MODELOS DE MEMBRANA

CLAUDIA DA SILVA BITENCOURT (B) – Curso de FarmáciaANA CÉLIA RUGGIERO (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

MARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO DÉDALO (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasPIBIC/CNPq

RESUMO

Os compostos extraídos de plantas têm apresentado propriedades antioxidantes e devido a sua baixa toxici-dade são comumente utilizados como auxiliares no tratamento de doenças, nas quais o dano oxidativo parece estarenvolvido com o processo de envelhecimento celular. A Melissa officinalis (erva-cidreira), planta de amplo uso popu-lar possui em seu óleo essencial vários compostos polifenólicos, terpenóides de natureza aldeídica, além de b-cariofi-leno e flavonóides relacionados a luteolina e à apigenina. Como as membranas são estruturas complexas, as micelastêm sido usadas para mimetizar o ambiente das membranas biológicas e têm sido utilizadas para o estudo das proprie-dades físico-químicas da ligação de pequenas moléculas com membranas. Os fitoquímicos estudados foram o ácidocafeico, ácido ferúlico, ácido p-cumárico e apigenina. Os ácidos fenilpropanóides têm interação fraca com micelas dedetergentes o que foi constatado pela pequena variação nos valores de pKa aparentes na ausência e presença dos deter-gentes. A apigenina mostrou interação significativa com as micelas sejam na forma totalmente protonada (pH baixo) etotalmente desprotonada (pH alcalino).

INTRODUÇÃOO envelhecimento celular está relacionado ao apa-

recimento de várias doenças humanas que culminam comeninrte do indivíduo, sendo que os radicais livres sãoepontados como fatores desencadeantes deste processo(HALLIWEL e GUTTERIDGE, 1999). Apesar do pro-cesso de peroxidação lipídica ser indicado como a formade remoção e destruição de células envelhecidas (CHOEet alii, 1995; CHOI e YU, 1995), os organismos possuemdefesas que possibilitam a produção de radicais livres aum nível tolerável, sendo que os antioxidantes como as vi-taminas C e E constituem exemplos de importantes fontesde defesa.

Nas últimas décadas o interesse por antioxidantesnaturais foi redobrado, principalmente visando à área detecnologia de alimentos. Dessa forma busca-se avaliar acapacidade antioxidante de alguns compostos presentesna Melissa officinalis (erva-cidreira), planta popularmenteutilizada como sedativa, em problemas nervosos, dores decabeça e distúrbios gastrointestinais (KOCH-HEITX-MANN & SCHULTZE, 1984). O óleo extraído destaplanta apresenta compostos terpenóides de natureza aldeí-dica, principalmente citral e citrolenal, além de beta-cario-fileno (SARER & KOKDIL, 1991) e de vários compostospolifenólicos, flavonóides relacionados à luteolina e à api-genina (ADZET et alii, 1992). A capacidade de um com-posto químico interagir com as membranas biológicas éfundamental para o estabelecimento de sua atividade e ou-tros parâmetros como absorção, distribuição, biotransfor-mação, excreção. A partir destes aspectos, tem-se comoobjetivo determinar os parâmetros físico-químicos dessesfitoquímicos presentes na Melissa officinalis e avaliar a in-teração dos mesmos como micelas.

Os detergentes formam micelas e podem ser utili-zados como modelos de membrana. São classificadoscom base nas características e composição das suas por-ções polares e apolares podendo ser: catiônicos, aniôni-cos, não-iônicos: ou zwitteriônicos. A formação das mice-

las se dá num estreito intervalo de concentração, denomi-nado de concentração micelar crítica (CMC).

A proteção das células ao dano oxidativo pode serprimária ou secundária, sendo a secundária composta desubstâncias com propriedade antioxidantes obtidas atravésda alimentação. Os antioxidantes fenólicos interferem naoxidação lipídica por doarem átomos de hidrogênio aosradicais lipídicos. Entre os antioxidantes fenólicos encon-tram-se os polifenóis, flavonóides, flavonas e flavonóis(LARSON, 1988). Os flavonóides se transformam em ra-dicais aroxila após sua ação e este radical é estável, o quepode explicar seu efeito antioxidante sobre a peroxidaçãolipídica. A análise química do óleo essencial da Melissaofficinalis conhecida popularmente como erva-cidreira,identificou aldeídos e álcoois terpênicos, ácidos fenilpro-panóides, triterpenos, taninos e flavonóides (SOULIMA-NI et alii, 1991).

Com o efeito de entender o efeito do ambiente mi-celar interação de alguns fitoquímicos com as micelas uti-lizou-se três detergentes: CTAB, HPS, SDS respectiva-mente catiônico, aniônico, utilizando titulação espectofo-tométrica.

Materiais e MétodosNas determinações de pKa aparente e constante

de associação, foi utilizado a tilutação espectrofotométricacom aumento progressivo da concentração de detergentes(Caetano & TABAK, 2000).

Os fitoquímicos adquiridos da SIGMA Co foramutilizados sem nenhuma purificação. Para a determinaçãodo pKa foram utilizadas soluções estoques de tampões10mM cada, a saber: tampão acetato (20mM) para valoresde pH (4 a 5,5) e tampão fosfato (20mM) para os pH (6 a13). As soluções de fitoquímicos(10mM) foram ajustadasem intervalos de 0,5 a 1,0 unidades de pH para uma largafaixa de pH com NaOH 0,1M e HCl 0,1M.

Os espectros de absorção foram obtidos na me-lhor faixa a partir de 220 nm. Com as leituras de absor-bância num comprimento de onda, próximo da absorção

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 109

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máxima, para todos os valores pH, calcula-se o parâmetroa, a partir da relação a = ApH – A base / A ácido – A base.A partir de um gráfico de log (a/ 1 – a) em função do pHdetermina-se o pKa das substâncias, no eixo de pH, ondeo valor da ordenada é igual a zero (Yushmanov et allii,1994).O valor do pKa aparente também foi determinadona presença dos detergentes em concentrações bem acimada CMC, o que garante a maior parte do detergente na for-ma de micela (Caetano & TABAK, 2000).

A constante de associação dos fitoquímicos comas micelas foi calculada a partir dos dados obtidos dos es-pectros de absorção e utilizando a titulação espectofoto-métrica onde a concentração de apigenina foi mantidaconstante e variou-se a concentração dos detergentes até asaturação, bem acima da CMC.

RESULTADOS Os valores de pKa aparente obtidos para os fenil-

propanóides na ausência e presença de concentrações ele-vadas de detergentes são apresentadas na tabela 1:

Tabela 1. Valores de pKa aparentes dos fenilpropanóides.

O ácido cafeico tem dois valores de pKa por apre-sentar dois grupos ionizáveis. Os valores de pKa na presen-ça dos detergentes apresenta deslocamento de acordo comas cargas dos detergentes: SDS – aniônico deslocamentopara valores mais baixos e CTAB para valores mais altos.

Os ácidos ferúlico e p-cumárico apresentaram umúnico pKa relativo a um único grupo ionizável, no casodesses dois ácidos fenilpropanóides não se observa altera-ção nos valores de pKa pela presença das micelas dos de-tergentes catiônicos e aniônico, o que indica uma intera-ção pequena com esse surfactante. Com o SDS não foipossível calcular o valor da constante de ionização aparen-te para o ácido p-cumárico.

No caso da apigenina determinou-se os valores depKa na ausência e presença dos detergentes CTAB, SDS eHPS e observa-se na tabela 1 os valores de pKA aparen-tes. Observa-se o efeito da carga das micelas no desloca-mento dos valores de pKa com aumento na presença deSDS e diminuição na presença de CTAB e próximo doflavonóide puro na presença de HPS – detergentes zwitte-riônico. Isto se deve ao fato de seu pKa ser elevado secomparado aos demais fitoquímicos estudados.

Os valores obtidos para as constantes de associaçãoda apigenina com micelas de detergentes mostraram maiorvalor, portanto maior interação com o HPS que para os ou-tros detergentes (catiônico e aniônico) tanto na forma proto-nada (pH ácido) e na forma desprotonada (pH básico).

CONCLUSÕESA interação dos ácidos fenilpropanóides com as

micelas de SDS, CTAB não é muito forte, o que foi obser-vado pela pequena variação nos valores do pKa aparente,determinados na presença dos detergentes em compara-ção com os valores obtidos na ausência destes.

A apigenina, um flavonóide com efeito antioxi-dante na peroxidação lipídica na indução por hidroperóxi-do de cumeno, mostra interação significativa com as mi-celas tanto na forma totalmente protonada (pH baixo)quanto na forma totalmente desprotonada (pH alcalino).Através destes resultados pode-se sugerir o efeito antioxi-dante observado anteriormente pode estar relacionado àinteração da apigenina com o ambiente hidrofóbico damembrana,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADZET,T.; PONZ,R.; WOLF,E.; SCHULTE,E. Contentand composition of M. officinalis oil in relation toleaf position and harvest time. Planta Med. 58: 562-564, 1992.

CAETANO, W; TABAK, M. Interaction of Chlorproma-zine and Trifluoperazine with Anionic SodiumDodecyl Sulfate (SDS) Micelles: Electronis Absorp-tion and Fluorescence Studies. J. Colloid InterfaceSci. 225: 69-81,2000.

CHOE,M.; JACKSON,C. e YU,B.P. Lipid peroxidationcontributes to age-related membrane rigidity. FreeRadic. Biol. Med. 18: 977-984, 1995.

CHOI,J.H. e YU,B.P. Brain synaptosomal aging: Freeradicals and membrane fluidity. Free Radic. Biol.Med. 18: 133-140, 1995.

HALLIWELL,B.; GUTTERIDGE,J.M. Free RadicalBiology e Medicine, New York, Academic, 1999.

KOCH-HEITXMANN,I.; SCHULTZE,W. Melissa offici-nalis L:an old medicinal plant with new therapeuticaleffects. Dtch Apoth.Z. Stuttgart, 124:2137- 2145, 1984.

LARSON,R. The antioxidants of higher plants. Phyto-chem. 27: 969-978, 1988.

SARER,E.; KÖKDIL,G. Constituents of the essential oilfrom Melissa officinalis. Planta Med. 57: 89-90, 1991.

SOULIMANI,R.;FLEURENTIN,J.; MORTIER,J.; MIS-SLIN,R.; DERRIEU,G.; PELT,J-M. Neutropicaction of the hydroalcoholic extract of Melissa offi-cinalis in the mouse. Planta Med. 57:105-109, 1991

FENILPROPANÓIDE pKa pKa SDS 80mM pKa CTAB 80mM pKa HPS 40

Ácido cafeico 4,25 ± 0,359,69 ± 0,19

4,0 ± 0,69,0 ± 0,9

5,1 ± 0,29,8 ± 0,2 -

Ácido cumárico 3,93 ± 0,90 - 4,2 ± 0,6 -Ácido ferúlico 5,08 ± 0,19 5,1 ± 0,5 4,5 ± 0,9 -Apigenina 9,03 9,03 ± 0,18 8,35 ± 0,18 9,16 ± 0,14

110 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.39

O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA: MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES DE

ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO E IN VIVO

NATALIA MAYUMI INADA (B) – Curso de Farmácia ANA CÉLIA RUGGIERO (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

MARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO DÉDALO (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas PIBIC/CNPq

RESUMO

O estresse oxidativo é considerado como uma situação de desequilíbrio entre os sistemas que estimulam a gera-ção de espécies reativas e os sistemas protetores que previnem a ação dos mesmos. Os radicais livres, então, têm sidoapontados nas últimas pesquisas como fator desencadeador de processos degenerativos que levam ao envelhecimentocelular a várias doenças humanas, incluindo câncer, esclerose múltipla, doença de Parkison, mal de Alzheimer, lesõesauto-imunes, processos inflamatórios, demência senil e também o quadro de isquemia e reperfusão pós-isquêmica. Noesforço físico intenso o consumo de oxigênio está aumentado em relação à situação de repouso para atender as necessida-des energéticas da contração portanto, exercícios exaustivos ou prolongados têm sido descritos como fatores que aumen-tam a geração de radicais livres. A cadeia de transporte de elétrons presentes nas mitocôndrias, enzimas de célulasendoteliais e xantina oxidase são todos sítios potenciais de geração de espécies reativas de oxigênio (EROS). Esta pes-quisa objetivou avaliar o potencial antioxidante de fitoquímicos, vitaminas e outros componentes oriundos da dieta noestresse oxidativo induzido in vitro por pró-oxidantes (peróxido de hidrogênio 2,5mM e hidroperóxido de cumeno0,5mM) pelo método de TBARS, em hematócrito à 4%. Nossos resultados mostraram uma maior proteção a peroxidaçãolipídica induzida por ambos pró-oxidantes, nos extratos da raiz e da folha da pariparoba Piper regnellii e raiz da Potho-morphe umbellata L. Miq.

INTRODUÇÃOA peroxidação lipídica é uma das mais importan-

tes expressões orgânicas do estresse oxidativo induzidopor espécies reativas de oxigênio (Valuenza, 1991). A in-júria oxidativa das células pelas espécies radicalares en-volve alterações estruturais que culminam com a morte dacélula ou tecido submetido a esta injúria. A membrana é oconstituinte celular mais sensível ao dano oxidativo, devi-do a seu conteúdo de lipídios insaturados (Deuticke et alli,1986). O aumento do dano oxidativo pode estar associadocom três principais defeitos decorrentes da injúria do teci-do: aumento da geração endógena de radical superóxido,deslocamento de heme proteínas ou metaloproteínas e de-ficiência nas defesas anti-radicais (Rice-Evans & Diplock,1993). A peroxidação lipídica como uma ocorrência pos-terior da transição de permeabilidade está bem caracteri-zada na literatura (Macedo et alli., 1993). Sob condiçõesnormais os eritrócitos são continuamente expostos a espé-cies reativas de oxigênio de fontes internas e externas(Van den Berg et alli, 1992). O dano oxidativo significanteé prevenido por antioxidantes tais como as enzimas cata-lase, superóxido dismutase, glutationa, glutationa redutasee glutationa peroxidase e contém ainda um sistema prote-olítico que pode hidrolisar proteínas que sofreram oxida-ção (Halliwell e Gutteridge, 1999). O envolvimento de es-pécies reativas de oxigênio e a peroxidação lipídica em es-tados patológicos tais como, arteriosclerose, injúria na is-quemia/reperfusão e anemia falciforme, tem instigado ointeresse científico no processo de peroxidação lipídica(Van den Berge et alli, 1992). O sistema antioxidante éconstituído por defesas primárias e secundárias que neu-tralizam o ataque de EROS nos sistemas biológicos em si-tuações de desequilíbrio (Sies, 1986). Os componentesantioxidantes podem ser classificados com base na sua

origem como endógenos ou exógenos. Os componentesendógenos incluem as enzimas antioxidantes (defesas pri-márias) a glutationa (GSH), um tripeptídeo também pre-sente em alimentos), ubiquinol-10 (forma reduzida da co-enzima Q10) e o ácido úrico. Antioxidantes exógenos,oriundos da dieta, incluem tocoferóis (vitamina E), ascor-bato (vitamina C), vitamina A, carotenóides (b-caroteno,licopeno, luteina entre outros) e derivados fenólicos (fla-vonóides, polifenóis e fenilpropanóides). O estresse oxi-dativo é determinado por fatores que afetam o sistema an-tioxidante e ou induz a produção de radicais livres e deEROS. Dieta, alimentos e álcool, meio ambiente agres-sões teciduais e doenças, condições fisiológicas, exercícioe envelhecimento, entre outros são fatores que afetam osistema antioxidante (Sies, 1996).

MATERIAIS E MÉTODOSFoi utilizado método de TBARS para análise do

efeito antioxidante dos extratos, em hematócrito à 4%. Napreparação da “papa” de hemácias, o sangue (cerca de8mL) retirado de ratos machos tipo Wistar é lavado comsolução gelada de tampão fosfato 0.1M com NaCl 0.9%pH 7.4 e centrifugadas a 700 x g por 5 minutos, despre-zando-se o sobrenadante. Repete-se o procedimento por 3vezes. As suspensões de eritrócitos foram preparadas emhematócrito à 4%. A técnica mais utilizada para avaliar aperoxidação lipídica é a determinação de TBARS (subs-tâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico). O ácido tiobarbi-túrico forma complexos de cor avermelhada com aldeídosde baixa massa molecular que são produtos finais da ca-deia peroxidativa, entre eles o malondialdeído. Essescomplexos podem ser determinados por espectrofotome-tria (Buege e Aust, 1979). Alíquotas de 1,0 mL (Ht 4%)das suspensões eritrócitos em PBS (salina tamponada, pH

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 111

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7,4) são submetidas a ação dos oxidantes, na presença ounão dos compostos. Sob agitação constante as amostraspermanecem em contanto com o oxidante por 20 minutose, após este período é adicionado butilhidroxitolueno(BHT) 50 mM, para evitar posterior oxidação; após o tér-mino do período de incubação acidifica-se com 100µLTCA (ácido tricloroacético) 30%; as amostras são postasem gelo por 15 minutos e, em seguida, centrifugadas namicrocentrífuga na rotação alta, por 2 minutos; adiciona-se 250µL da solução do ácido tiobarbitúrico (TBA) à0,67%, as incuba em banho-maria fervente (100oC) por20 minutos e, a seguir, submete-as a banho de gelo por 10minutos. A seguir, as substâncias reativas ao ácido tiobar-bitúrico são extraídas com n-butanol (3 mL). Após agita-ção, realiza-se nova centrifugação (4.000 rpm por 5 minu-tos) e separa-se a camada orgânica para leitura em espec-trofotômetro, num comprimento de onda de 535nm.

RESULTADOS Os resultados da atividade antioxidante de dife-

rentes extratos hidroalcoólicos são apresentados nas Tabe-las 1 e 2.

Na indução por peróxido de hidrogênio, o extratode aveia com casca apresentou melhor efeito protetor emcomparação aos outros extratos de grãos testados, comopode ser observado nos valores de TBARS (em nmoles/mg/mL) na Tabela 1, comparado com o valor obtido comsuspensões submetidas apenas ao tratamento com o pró-oxidante (4,60 nmoles/mg/mL). Para o extrato de paripa-roba, os melhores efeitos foram os obtidos pela raiz e pelafolha de Piper regnellii.

Nas suspensões submetidas à ação do hidroperóxi-do de cumeno, observou-se efeito protetor significativo,mesmo em baixas concentrações para os extratos testadosem comparação ao controle oxidante (3,30 nmoles/mg/mL),com exceção do extrato de trigo. O melhor efeito observadofoi para o extrato de arroz. É interessante observar que nãohouve variação significante entre as formas de extratos de ar-roz (com casca e sem casca). Em relação a pariparoba, o me-lhor efeito foi o obtido pelos extratos da raiz tanto da Piperregnellii, quanto da Pothomorphe umbellata L. Miq.

Esses resultados representam a média de três ex-perimentos.

CONCLUSÕESNossos resultados indicaram uma maior proteção

a peroxidação lipídica induzida por ambos pró-oxidante,nos extratos da raiz e da folha da pariparoba Piper regne-llii e raiz da Pothomorphe umbellata L. Miq. e da Piperregnellii. O extrato bruto de trigo (Tritucum sp) não apre-sentou efeito antioxidante significativo em nenhuma desuas concentrações.

Esses parâmetros nos permitirão elaborar dieta es-pecífica que será administrada aos animais submetidos aoexercício físico para então avaliarmos a ação antioxidantedos componentes oriundos da dieta in vivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUEGE, J.; AUST, S.; D Microssomal lipid peroxida-tion. Method. Enzymol. 52: 302-310, 1979.

DEUTICKE, B.; HELLER, K.B.; HAEST, C.W.M. Leakformation in human erytrocytes by the radical-for-ming oxidant t-butylhidroperoxide. Biochim. Bio-phys. Acta. 854: 169-183, 1986.

HALLIWELL, B.; GUTTERIDGE, J. M.. Free Radicalsin Biology. Clarendon Press-Oxford New York, Aca-demic p.65-77, 1999.

MACEDO, D.V.; NEPOMUCENO, M.F.; PEREIRA-DA-SILVA, L. Involvement of the ADP/ATP carrierin permeabilization process of the inner mitochon-drial membrane. Eur. J. Biochem. 215: 595-600,1993.

RICE-EVANS, C.; DIPLOCK, A. Current status of antio-xidant therapy. Free Rad. Biol. Med. 15: 77-96,1993.

SIES, H. Biochemistry of oxidative stress. Angew Chem.Int. Ingl. 25: 1058-1071, 1986.

VALUENZA, A. The biological significance of malondi-aldehyde determination in the assessment of tissueoxidative stress. Life Sciences. 48: 301-309, 1991.

VAN DEN BERG, J. J. M.; OP DEN KAMP, J. A. F.;LUBIN, B. H.; ROELOFSEN, B.; KUYPERS, F. A.Kinectics and site specificity of hydroperoxide-indu-ced oxidative damage in red blood cells. Free Radi-cal Biol. Med. 12: 487-498, 1992.

Tabela 1. Ação antioxidante dos extratos sob a ação do peróxido de hidrogênio 2,5mM em suspensões de eritrócitos à 4%.

Tabela 2. Ação antioxidante dos extratos sob a ação do hidroperóxido de cumeno 0,5mM em suspensões de eritrócitos à 4%.

[EXTRATO]MG/ ML

AVEIA COM CASCA

ARROZ COM CASCA

ARROZ SEM CASCA

TRIGO COMCASCA

CAULE DE PARIPAROBA

(PIPER)

FOLHA DE PARIPAROBA

(PIPER)

RAIZ DE PARIPAROBA

(PIPER)

CAULE DE PARIPAROBA

(POTHO)

FOLHA DE PARIPAROBA

(POTHO)

RAIZ DE PARIPAROBA

(POTHO)0,25 2,59 4,32 3,99 4,64 0,86 0,67 0,81 2,20 3,17 1,000,5 2,34 3,30 2,98 4,61 0,98 0,67 0,90 1,30 2,37 0,991 1,45 1,29 1,14 4,64 0,98 0,91 1,27 1,32 2,12 1,50

[EXTRATO]MG/ ML

AVEIA COM CAS-CA

ARROZ COM CASCA

ARROZ SEM CASCA

TRIGO COMCASCA

CAULE DE PARIPAROBA

(PIPER)

FOLHA DE PARIPAROBA

(PIPER)

RAIZ DE PARIPAROBA

(PIPER)

CAULE DE PARIPAROBA

(POTHO)

FOLHA DE PARIPAROBA

(POTHO)

RAIZ DE PARIPAROBA

(POTHO)0,25 2,80 2,88 2,65 3,24 0,63 0,81 0,57 2,26 1,19 0,570,5 2,57 2,17 2,48 3,23 0,50 0,73 0,54 1,40 1,07 0,541 1,46 1,28 1,23 3,10 0,54 1,00 0,56 1,32 1,19 0,60

112 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.40

O SISTEMA ANTIOXIDANTE ENDÓGENO E COMPONENTES ORIUNDOS DA DIETA: MECANISMO DE AÇÃO EM CONDIÇÕES

DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO IN VITRO E IN VIVO

FABIANA CRESSONI MARTINI (B) – Curso de Engenharia de AlimentosMARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO DÉDALO (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

ANA CÉLIA RUGGIERO (CO) – Faculdade de Matemática e Ciências da NaturezaPIBIC/CNPq

RESUMO

Nesta pesquisa tivemos como objetivo avaliar o potencial antioxidante de extratos vegetais brutos, fitoquími-cos encontrados em várias espécies vegetais, vitaminas e outros componentes oriundos da dieta no estresse oxidativoinduzido in vitro por pró-oxidantes, em mitocôndrias e eritrócitos.

Os extratos vegetais utilizados foram elaborados dos cereais aveia (Avena sativa), trigo (Tritucum sp), arroz(Oriza sativa), caule, folha e raiz de pariparoba (Piper regnelli e Pothomorphe umbellata).

Para isto utilizamos várias técnicas como: Determinação da peroxidação lipídica em suspensões mitocondriaissubmetidas à ação antioxidante em diferentes concentrações de um respectivo extrato, induzidas à oxidação por FeII(0,5 mM) e determinadas através da técnica de TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico) sendo submeti-das à leitura em espectrofotômetro à 540 nm. Oxidação das proteínas em plasma sangüíneo submetidos à ação antioxi-dante em diferentes concentrações de um respectivo extrato, sendo o indutor da oxidação o FeII (0,5 mM). Asproteínas foram precipitadas, lavadas e dissolvidas e as leituras feitas em espectrofotômetro à 370 nm. Avaliação dacapacidade sinergística entre fitoquímcos e vitaminas em suspensões de hemácias sob oxidação do hidroperóxido decumeno 0,5 mM também foi avaliada.

Concluiu-se que os extratos possuem uma significativa ação antioxidante quando submetido à peroxidaçãolipídica porém contra a oxidação das proteínas não observou-se significativa proteção antioxidante. Na avaliaçãosinergística foi observado efeito sinergístico apenas em altas concentrações das substâncias analisadas.

INTRODUÇÃOO estresse oxidativo é considerado como uma si-

tuação de desequilíbrio entre os sistemas que estimulam ageração de espécies radicalares e os sistemas protetoresque previnem a ação dos mesmos (SIES, 1986). As espé-cies reativas de oxigênio (EROS) formadas através dopróprio metabolismo celular, são capazes de oxidar molé-culas orgânicas, entre elas, DNA, lipídios e proteínas demembrana (FORMAM & BOVERIS, 1982).

O sistema antioxidante é constituído por defesasendógenas e exógenas (oriundas da dieta) que neutralizamo ataque de EROS nos sistemas biológicos em situaçõesde equilíbrio (Sies, 1986), Em condições patológicas, noesforço físico intenso, ou mesmo quando as defesas antio-xidantes estão severamente comprometidas pelas defici-ências nutricionais, a ação de EROS conduz ao estresseoxidativo, levando a extensos danos nas células e tecidos.Por outro lado a ação antioxidante conferida por compo-nentes dietéticos entre os quais as vitaminas e fitoquími-cos, têm se mostrado cada vez mais relevante contra o es-tresse oxidativo. Desta forma o exercício propicia modeloexcelente para estudar a dinâmica entre o processo oxida-tivo e as defesas antioxidantes endógenas e exógenas nossistemas biológicos.

MATERIAIS E MÉTODOSForam utilizadas mitocôndrias hepáticas isoladas

segundo a metodologia de SCHENIDER & HOGE-BOOM modificada por MASOLA & EVERED, 1984,submetidas à peroxidação lipídica, suspensões plasmáti-cas submetidas à oxidação das proteínas e suspensões dehemácias para avaliação sinergística.

Determinação da peroxidação lipídica: Alíquotasde 1,0 mg/ml das suspensões mitocondriais foram coloca-das em meio básico contendo KCl (120 mM), Hepes (20

mM) succinato (5 mM), fosfato 3 mM, rotenona, 2mM. Sobagitação constante as amostras permaneceram em contantocom o antioxidante mais o oxidante Fe II (0,5 mM) por 20minutos e após este período é adicionado Butil hidroxitolu-eno, (BHT), 50 uM, 0,1 ml para evitar posterior oxidaçãoapós o término do período de incubação, e acidificada com2 mL H2SO4 0.04 M e adição de 2 mL da solução do ácidotiobarbitúrico (TBA) a 0,67% com conseqüente banho ma-ria fervente (100oC) por 20 minutos e submetidas a seguirao banho de gelo por 10 minutos. A seguir, as substânciasreativas ao ácido tiobarbitúrico são extraídas com n-butanol(3 mL). Após agitação realiza-se nova centrifugação (4.000rpm por 5 minutos) e separa-se a camada orgânica para lei-tura em espectrofotômetro à 540 nm.

Oxidação das proteínas: Plasma sanguíneo (0,5mg de proteínas em 1,5 mL de tampão fosfato, 50 mM epH 7,4) foram submetida a ação dos antioxidantes (extra-tos citados acima) por 20 min a 37˚C, tratadas com Fe II /Ascorbato (0,5 mM) por 20 min. sob agitação constante.Após esse período de incubação adicionou-se BHT(100mM), para parar a reação. A 1,1 mL de amostra adici-ona-se 1 mL de DNPH 10 mM (dinitrofenil hidrazina) em2,5 M de HCl, o branco contém apenas HCl 2,5 M. Após1 h de reação à temperatura ambiente sob agitação cons-tante, as proteínas são precipitadas pela adição de 2 mL deTCA 20% e centrifugadas, em microcentrífuga (rotaçãoalta) por 10 min. As proteínas são lavadas 3 vezes cometanol:acetato de etila (1:1) e dissolvidas em 0,5 mL deguanidina 6M em HCl (pH 7,4). As carbonilas protéicassão lidas à 370 nm. No sobrenadante faz-se a determina-ção da peroxidação lipídica.

Sinergismo: Suspensões de hemácias foram trata-das com a-tocoferol 20 mM, após 30 minutos à 37˚C fo-ram adicionados ácido cafeico ou ferúlico por 20 minutosà 37˚C. Sob agitação constante, as amostras foram trata-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 113

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das com o oxidante Peróxido de hidrogênio (2,5 mM) ouhidroperóxido de cumeno 0,5 mM. Após esse período deincubação adiciona-se BHT (100 mM), para parar a reação.Após adiciona-se ácido tiobarbitúrico (TBA) a 0,67%com conseqüente banho maria fervente (100oC) por 20minutos e submetidas a seguir ao banho de gelo por 10minutos. A seguir, as substâncias reativas ao ácido tiobar-bitúrico são extraídas com n-butanol (3 mL). Após agita-ção realiza-se nova centrifugação (4.000 rpm por 5 minu-tos) e separa-se a camada orgânica para leitura em espec-trofotômetro à 535 nm.

RESULTADOSOs resultados obtidos perante a ação antioxidante

dos extratos quando submetidas à peroxidação lipídica,oxidação das proteínas e o efeito sinergístico de vitaminase fitoquímicos foram:

Tabela 1. Ação antioxidante dos extratos contra à peroxidação lipídica emmitocôndrias de fígado de rato.

Tabela 2. Ação antioxidante dos extratos contra à oxidação da proteínas doplasma.

Tabela 3. Efeito sinergístico entre Vitamina e fitoquímicos em suspensõesde hemácias.

CONCLUSÃOConcluiu-se que a melhor proteção contra a pero-

xidação lipídica foi obtida com o extrato de arroz comcasca (Oriza sativa), porém observou-se que os extratosde aveia com casca (Avena sativa) e raiz de pariparoba(Piper regnelli) também obtiveram um significativo poderantioxidante, já o trigo (Tritucum sp) não apresentou capa-cidade antioxidante significativa em suas três primeirasconcentrações.

Em relação ao sinergismo observou-se que o a-to-coferol e o ácido ferúlico mostraram maior efeito antioxi-dante na concentração de 50 uM.

Os resultados nos permitirão elaborar dieta espe-cífica para treinamento dos animais que serão submetidosao exercício nas próximas etapas do projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FORMAN, H.J.; BOVERIS A. Superoxide and hydrogen

peroxide in mitochondria. In: Free Radic. In Biology(Prior WA ed.) New York: Academic Press Inc. V.5,65-90, 1982.

MASOLA,B; EVERED,D.F. Preparation of rat entero-cyte mitochondria. Biochem. J., 218:441-447, 1984.

RICE-EVANS, C.; DIPLOCK,A.T. Current status ofantioxidant therapy. Free Rad. Biol. Med. 15: 77-96,1993.

SIES, H. Biochemistry of oxidative stress. Angew Chem.Int. Ingl. 25: 1058-1071, 1986.

[EXTRATO]MG/ML

EXTRATOS / MÉDIA DA [ ] TBARSAveia com

casca

Arroz com

casca

Arroz sem

casca

Trigo com

casca

Caule de pariparoba

(Piper)

Folha de pariparoba

(Piper)

Raiz de pariparoba

(Piper)

Caule de pariparoba

(Potho)

Folha de pariparoba

(Potho)

Raiz de pariparoba

(Potho)

Controle 0,29 0,24 0,46 0,32 0,31 0,29 0,33 0,90 0,20 1,05Controle oxi-dativo 7,03 6,43 5,3 6,47 7,46 5,48 7,60 7,47 6,67 8,95

0,5 1,63 0,47 0,44 4,44 0,27 0,90 0,41 0,84 0,14 0,641 0,56 0,52 0,51 2,85 0,36 1,36 0,51 0,65 0,45 0,612 0,90 0,72 0,65 1,58 0,95 2,38 1,06 8 0,85 1,763 1,14 1,02 0,79 0,43 0,81 3,51 1,94 2,14 1,05 2,294 1,55 1,24 0,79 0,47 1,98 7,22 2,46 2,31 1,86 2,51

[EXTRATO]MG/ML

[PROTEÍNAS CARBONILADAS] MMRaiz de

pariparoba (Potho)

Aveia com

casca

Folha de pariparoba

(Potho)

Arroz com

casca

Folha de pariparoba

(Piper)

Raiz de pariparoba

(Piper)Controle 0.030 0,22 0,29 0,52 0,36 0,636Controle oxidativo 2.61 2,81 2,70 1,62 2,80 2,800,25 1.69 1,95 6,18 3,04 4,45 2,110,5 1.69 2,66 5,93 2,45 5 1,801 2.09 2,72 7,27 3,86 5,07 2,231,5 1.95 2,85 10,09 3,56 7,68 2,302 2.19 3,61 13,41 3,28 7,55 2,642,5 2.07 3,96 9,07 4,08 7,68 2,95

AMOSTRAS

EFEITO SINERGÍSTICOHIDRÓXIDO DE CUMENO 0,5 MM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO 2.5 MMa-TOCOFEROL + ÁCIDO CAFEICO

a-TOCOFEROL + ÁCIDO FERÚLICO

a-TOCOFEROL + ÁCIDO CAFEICO

a-TOCOFEROL + ÁCIDO FERÚLICO

Controle 0,045686 0,034283 0,095097 0,072229Controle + a-tocoferol 0,08356 0,034284 0,095096 0,459977Controle oxidativo 2,592246 3,424629 0,921779 1,440593Controle oxidativo com a-tocoferol 2,257773 2,783238 0,69943 1,161231

2,5 uM 2,432611 2,223575 0,784949 1,2239455 uM 2,379399 2,265374 0,642417 1,40638510 uM 2,174154 2,858305 0,676625 1,40078825 uM 1,182136 2,052528 0,494185 1,29806250 uM 0,56664 0,802052 0,853364 1,275256100 uM 1,326568 2,047776 1,052908 0,710832

114 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.41

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DA APIGENINA, UM FITOQUÍMICO ISOLADO DE MELISSA OFFICINALIS (ERVA CIDREIRA)

UTILIZANDO ERITRÓCITOS INTACTOS

ANTONIO JOSÉ LORENO GIUNTI DIAS (B) – Curso de FarmáciaMARIA DE FÁTIMA NEPOMUCENO (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

ANA CÉLIA RUGIERO (CO) – Faculdade de Matemática e Ciências da NaturezaFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O estresse oxidativo é considerado uma situação de desequilíbrio entre sistemas protetores e sistemas quegeram espécies reativas que podem oxidar moléculas orgânicas, como lipídios, proteínas e ácidos nucléicos. A capaci-dade antioxidante da apigenina, um composto isolado (ou fitoquímico) presente na Melissa officinalis (erva cidreira),foi avaliada nesse trabalho. O efeito sinergístico entre a apigenina isolada e outros antioxidates clássicos como o ácidoascórbico (vitamina C) e o a-tocoferol (vitamina E) na proteção a peroxidação lipídica induzida por prooxidantes foiavaliada em suspensão de eritrócitos, além da análise dos efeitos do mesmo fitoquímico na hemólise induzida porprooxidantes. Os resultados mostraram que a apigenina possui atividade antioxidante provavelmente no ambientehidrofóbico da membrana.

INTRODUÇÃOO estresse oxidativo é uma situação de desequilí-

brio entre sistemas protetores e sistemas geradores de es-pécies reativas que podem atacar moléculas orgânicas,principalmente lipídios, proteínas e DNA (BIEMOND etalii, 1988). Artrite, catarata, doença de Parkinson, diabetealoxânica, lesão isquêmica e o próprio processo de enve-lhecimento são exemplos de desequilíbrio favorável à pro-dução de espécies radicalares (MENENGHINI, 1987).

No organismo, durante o processo de respiração ce-lular pode haver a liberação de espécies reativas de oxigênio(ERO), cujo principal produto é o radical hidroxila (OH∑)(MENENGHINI, 1987). Radicais livres, principalmente oOH∑ ao atacarem a membrana eritrocitária, geram radicaisperoxil lipídicos (ou lipoperóxidos) agravando todo proces-so de manutenção da vida eritrocitária e aumentando a des-truição da membrana, que acarreta na má seletividade damesma culminando com o seu rompimento e conseqüentemorte celular (HALLIWELL E GUTTERIDGE, 1999).Por apresentar uma grande concentração de ácidos graxospoliinsaturados e por ser exposto a uma alta concentraçãode O2, o eritrócito é uma das células mais susceptíveis aodano oxidativo (CLEMENS et alii, 1987).

O sistema de defesa de nosso organismo que equi-libra a produção de EROS se dá em dois níveis. A defesaprimária, onde ocorre a ação de enzimas como a catalase,a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase. As de-fesas secundárias de nosso organismo surgem a partir deprodutos originados na dieta, que agem impedindo a dis-seminação da reação em cadeia induzida pela produção deOH∑. Estes compostos atuam doando um hidrogênio paraespécies radicalares. Antioxidantes fenólicos apresentamesse tipo de mecanismo antioxidante (LARSON, 1989).

Popularmente três plantas recebem o nome “ervacidreira”: Melissa officinalis, Cymbopogon citratus e Lippiacitriodora. Apenas uma destas plantas é alvo deste estudo, aM. officinalis, que é muito usada sob a forma de chás paraperturbações gástricas e crises nervosas (COSTA, 1994). Oóleo essencial desta planta apresenta flavonóides como aapigenina e a luteolina (ADZET et alii, 1992).

O estresse oxidativo pode ocorrer em diferentessítios, diferentes tempos e diferentes mecanismos, portan-to a ação sinergística de vários antioxidantes pode ser re-querida. Compostos fenólicos ou misturas de compostosfenólicos extraídos na fração hidroalcoólica de batatadoce apresentaram baixa atividade antioxidante, mas emcombinação com uma mistura de aminoácidos mostraramuma elevada atividade antioxidante (LARSON, 1989). Jáaminoácidos "per si" não mostraram nenhuma atividade.Assim, o sinergismo tem papel importante na capacidadeantioxidante dos extratos de plantas.

Neste trabalho tivemos como objetivo estudar oefeito sinergístico da apigenina com o a-tocoferol e com oácido ascórbico na peroxidação induzida por hidroperóxi-dos. Outro objetivo foi o estudo do efeito da apigenina nahemólise induzida por hidroperóxidos e azoiniciadores.

MÉTODOSForam utilizadas hemácias de ratos do tipo Wistar

em solução de PBS (pH 7,4). Para a análise sinergística foi utilizado o método

de TBARS que envolve a análise espectrofotométrica.Para análise da hemólise foi utilizada uma varredura es-pectrofotométrica de 500nm a 700nm.

DESENVOLVIMENTONa análise do sinergismo a suspensão de hemáci-

as de ratos foi incubada com o a-tocoferol ou ácido ascór-bico (20µM) por 10 minutos a 37ºC, e logo após as amos-tras foram incubadas com apigenina, em diferentes con-centrações, por 30 minutos a 37ºC.

Em seguida as amostras foram submetidas à açãodos prooxidantes: hidroperóxido de cumeno (CUOOH0,5mM) ou peróxido de hidrogênio (H2O2 2,5mM), a tem-peratura ambiente sob agitação por 20 minutos. A avalia-ção da peroxidação lipídica foi realizada a partir da deter-minação da quantidade de TBARS (substâncias reativasao ácido tiobarbitúrico) com o uso de espectrofotometriaóptica, a 535nm.

Para a avaliação da hemólise, foram utilizadoscomo indutores o CUOOH (lipofílico) e H2O2 (hidrofílico)

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 115

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nas mesmas concentrações usadas no sinergismo, além doazoiniciador lipofóbico a,a'-Azodiisobutiramidina (ABAP50mM). A suspensão de hemácias foi incubada com api-genina durante 30 minutos a 37ºC em todos os casos. Parao CUOOH foram feitas coletas nos seguintes tempos: ze-ro, 15, 30, 45, 60 e 90 minutos. Para o H2O2 foi acrescen-tada uma coleta a 120 minutos e para o ABAP foi acres-centado coletas a 120 e 150 minutos. Nesses intervalos detempo, alíquotas foram retiradas e diluídas em PBS(amostra) e em água destilada na mesma proporção(100% de hemólise). Foram obtidos os espectros óticos detodas as amostras na região do visível de 500 e 700 nm.

RESULTADOSResultados anteriores utilizando os fitoquímicos

isolados, mostraram que a apigenina apresentou efeitoprotetor na indução da peroxidação lipídica por hidroperó-xido de cumeno (CUOOH, prooxidante lipofílico) e nãoapresentou efeito na indução pelo peróxido de hidrogênio(H2O2, hidrofílico).

Neste trabalho, observou-se que não houve poten-cialização do efeito antioxidante do a-tocoferol e do ácidoascórbico (ambos na concentração de 20µM) pela apigeni-na, quando a peroxidação lipídica foi induzida pelo H2O2,mas ao utilizar o CUOOH, (0,5mM) observou-se o efeitosinergístico. Para o ácido ascórbico, houve um acréscimona proteção de cerca de 10% na concentração de 25µM defitoquímico e de cerca 20% na concentração de 100µM.

Quando a associação foi realizada com o a-toco-ferol o efeito sinergístico observado foi maior. Observou-se um aumento de aproximadamente de 10% na proteçãoexercida pelo a-tocoferol isoladamente, na concentraçãode 10µM e cerca de 45% de na concentração de 100µM,de apigenina.

Ao analisarmos o efeito da apigenina sobre a he-mólise observou-se efeito protetor contra a ação doCUOOH, na concentração de 50µM, onde nos temposmais longos de incubação, houve uma diminuição na por-centagem de hemólise. Este fitoquímico também apresen-tou efeito protetor à oxidação da hemoglobina, na mesmaconcentração (50µM).

No caso do azoiniciador ABAP, hidrofílico quecausa intensa hemólise e oxidação de hemoglobina além deprovocar oxidação lenta, a apigenina não apresentou efeitoprotetor em nenhuma das concentrações testadas, tanto paraa hemólise quanto para a oxidação da hemoglobina.

O H2O2 que rapidamente atravessa a membrana etem como alvo inicial a molécula da hemoglobina, cau-sando hemólise somente após oxidar a proteína no interiorda célula e o resultado deste ultimo ataque leva à amplia-ção do dano oxidativo na membrana. A apigenina apre-sentou pequeno efeito protetor à hemólise e a oxidação dahemoglobina com este prooxidante. Esse pequeno efeitose deve provavelmente às diferenças entre os locais de li-gação da apigenina e da ação da H2O2.

CONCLUSÕESO a-tocoferol (vitamina E) é um antioxidante que

tem seu papel restrito aos domínios hidrofóbicos devido aoseu caráter lipofílico e está presente nas membranas celula-res e também nas lipoproteínas, sendo considerado fatorimportante na proteção ao ataque dos radicais a essas estru-turas (MECOCCI et alii, 2000), assim como a apigenina.

Os dados obtidos permitem concluir que como aapigenina apresentou proteção contra peroxidação lipídicainduzida por CUOOH apenas em associação com a vitami-na E indicando provável proteção no domínio hidrofóbicoda membrana, regenerando o radical tocoferil formado.

No processo de hemólise e da oxidação da hemo-globina, induzidas pelo mesmo prooxidante lipofílico, queatua no ambiente hidrofóbico da membrana o ataque inicialdo CUOOH é ampliado e a molécula de hemoglobina étambém oxidada. A apigenina é lipofílica e também deveatuar sobre o ambiente de mesma característica, onde o hi-droperóxido de cumeno atua inicialmente, protegendodessa forma o eritrócito da hemólise.

Com os prooxidantes hidrofílicos (ABAP e H2O2)não se observaram efeitos protetores da apigenina, nem nahemólise, nem efeito sinergístico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASADZET T.; PONZ,R.; WOLF,E.; SCHULTE,E. Content

and composition of M. officinalis oil in relation toleaf position and harvest time. Planta Med. 58: 562-564, 1992.

BIEMOND, P.; SWAAK, A. J. G.;.VAN EIJK, H. G. etalii. Superoxide dependent fron release from ferritinin inflammatory diseases. Free radical biology &medicine. v.4, p.185-198, 1988.

CLEMENS, M.R & WALLER, H. D. Lipid peroxidationin erytrocytes. Chemical physics lipids n.45, p. 251-268, 1987.

COSTA, Aloísio Fernandes. Farmacognosia. v.1 Lisboa:Caloustre Gulbenkian. p.679-681. 1994.

HALLIWELL, B & GUTTERIDGE, J.M. Free radicalsin biology and medicine. New York: Oxford Univer-sity. 1999.

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MECOCCI, P.; POLIDORI, M. C.; TROIANO, L. et alii.Plasma antioxidants and longevity: a study on heal-thy centenarians. Free radical biology & medicine.v.28. p.1243-1248. 2000.

MENENGHINI, R.; A toxicidade do oxigênio. CiênciaHoje. n.28 p. 57-62. 1989.

116 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.42

PROSPECÇÃO DE ALCALÓIDES BIOATIVOS COM PROPRIEDADES ANTIMICROBIANAS

TATIANA ASSUMPÇÃO SIMÃO (B) – Curso de Farmácia GISLENE GARCIA FRANCO DO NASCIMENTO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

PIBIC/CNPq

RESUMO

Foi avaliada a ação antimicrobiana de extratos hidroalcóolicos dos vegetais Paullinia cupana (guaraná), Nico-tiana tabacum (tabaco), Cephaelis ipecacuanha (ipeca) e os fitofármacos, berberina, boldina, emetina, teobromina,cafeina e nicotina. As cepas microbianas utilizadas foram: S.aureus e E. coli, padrões sensíveis; levedura C. albicans;isolado de P. aeruginosa resistente a antibióticos e 6 isolados de S. aureus resistentes a oxacilina. Empregaram-se astécnicas de difusão em agar e determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) que foram realizadas através daincorporação dos extratos e fitofármacos aos meios de cultura. Ação antimicrobiana mais efetiva foi observada em P.cupana e cafeína que inibiram, respectivamente, 70% e 30% dos microrganismos utilizados.Comparando-se a açãosemelhante do extrato de guaraná com seu respectivo principio ativo, verificou-se que a inibição deve ser atribuída acafeína nele contida. Isto não ocorreu com o extrato de N. tabacum cuja inibição deve ser de outro composto de suacomposição, já que a nicotina apresentou pequena atividade. Os dados obtidos permitem concluir que alcalóides deorigem vegetal, tem propriedades antimicrobianas, inclusive sobre bactérias resistentes.

INTRODUÇÃOInúmeros alcalóides de origem vegetal apresen-

tam propriedades terapêuticas, podendo-se citar a nicotina(ação sobre SNC, autônomo, respiratório), berberina (an-ticolinérgico, antimicrobiano), boldina (distúrbios gastro-intestinais), cafeína (SNC), emetina (amebicida), teobro-mina (diurético), entre outros (DUFTOM, 1993; SI-MÕES, 1999). Porém, há poucos relatos da ação antimi-crobiana destas substâncias.

Doenças de origem infecciosa representam umgrande problema, principalmente as causadas por germesresistentes que continuam a ocorrer de forma crescente.Dentre os microrganismos que freqüentemente são resisten-tes, destaca-se a bactéria Staphylococcus aureus, que per-manece através dos tempos como agente etiológico signifi-cativo em infecções adquiridas na comunidade ou ambientehospitalar (SALOMÃO et alli., 1992). Para reduzir esteproblema, devem ser efetivadas ações como o controle douso de antibióticos, realização de pesquisas para melhorcompreensão dos mecanismos genéticos dessa resistência edesenvolvimento de novas substâncias antimicrobianas,sintéticas ou naturais (NASCIMENTO et alli., 2000).

Face ao exposto, esta pesquisa teve como objetivo,realizar uma prospecção de alcalóides de origem vegetal,com propriedades antimicrobianas, sobre isolados de S.au-reus resistentes a oxacilina e alguns outros microrganismos.

MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizados nos ensaios 10 cepas microbia-

nas: S.aureus (ATCC 6538) e Escherichia coli (ATCC25922), padrões sensíveis; levedura Candida albicans;Pseudomonas aeruginosa multi-resistente a antibióticos e6 isolados de S. aureus resistentes a oxacilina, designadospor números de acordo com a origem. Os meios de cultu-ra utilizados foram Agar Manitol, BHI liquido e sólido,Agar Mueller-Hinton, GYW e Agar Sabouraud.

Extratos hidroalcoólicos dos vegetais Paulliniacupana (semente), Nicotiana tabacum (folhas), Cephaelisipecacuanha (raízes), respectivamente, nas porcentagensde 46, 48 e 50%, e os fitofármacos, berberina, boldina,

emetina, cafeína, nicotina e teobromina, foram utilizadosnos experimentos.

No desenvolvimento dos ensaios, culturas micro-bianas (cerca de 108 células/mL), foram semeadas emagar Mueller-Hinton (bactéria) ou Agar Sabouraud (leve-dura). A seguir, discos de papel de filtro impregnados comos respectivos extratos ou fitofármacos foram colocadossobre a superfície do agar. Após incubação por 48 horas a37 oC, foram medidos os halos de inibição do crescimentomicrobiano. Os extratos vegetais e fitofármacos que apre-sentaram alguma atividade antimicrobiana, foram ensaia-dos para determinação da Concentração Inibitória Míni-ma (CIM), para cada uma das culturas microbianas. Alí-quotas das culturas, foram inoculadas em tubos contendocaldo nutriente acrescido de extratos/fitofármacos, emconcentrações que variaram de 5 a 2000 mg/mL, obser-vando-se a turvação, após incubação de 48 horas a 37o C.

RESULTADOS E DISCUSSÃONas Tabelas 1 e 2 são apresentados os resultados

dos ensaios para verificação da atividade dos extratos ve-getais e fitofármacos sobre microrganismos. Através daanálise dos dados pode-se verificar que nenhuma dassubstâncias empregadas teve ação sobre a levedura C.albi-cans. O extrato vegetal que teve ação mais expressiva foi ode N. tabacum, que inibiu 70% dos microrganismos, se-guido de P. cupana que foi de 50%. Com relação aos fito-fármacos, o que apresentou melhor ação inibitória foi acafeína (50% dos microrganismos) seguida de teobrominae nicotina (30%).

Comparando-se a ação dos extratos vegetais comseus respectivos princípios ativos, ou seja, tabaco/nicotina;ipeca/emetina e guaraná/cafeína (Figura 1), verifica-seque N. tabacum (tabaco) e nicotina apresentaram um es-petro de ação diferenciado, o que leva a concluir que oefeito inibitório do extrato de tabaco, provavelmente sejadevido a outra substância de sua composição. Já no casode P. cupana (guaraná) e cafeína, o espetro de ação é bas-tante semelhante, levando-se a inferir que o efeito inibitó-rio do guaraná seja devida a cafeína nele contida. C. ipe-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 117

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cacuanha (ipeca) e emetina apresentaram ação inibitóriapouca expressiva.

A determinação do CIM para extratos vegetais efitofármacos que apresentaram ação inibitória através dadifusão em agar, revelou que muitos deles são pouco po-tentes pois não foram inibidos em altas concentrações dassubstâncias. Destaque deve ser dado ao extrato de N. taba-cum e ao seu respectivo princípio ativo, nicotina, que apre-sentaram CIM entre 5 a 11 mg/mL.

Tabela 1. Avaliação da atividade inibitória de extratos vegetais sobre mi-crorganismos, através do método de difusão em agar.

(–) susceptibilidade (halos de inibição ≥ 9 mm); (+) ausência de suceptibilidade

Tabela 2. Avaliação da atividade inibitória de fitofármacos sobre microrga-nismos, através do método de difusão em agar.

(–) susceptibilidade (halos de inibição ≥ 9 mm); (+) ausência de suceptibilidade

Figura 1. Atividade inibitória de extrato vegetais e seus respectivos princípiosativos.

CONCLUSÃOOs dados obtidos nesta pesquisa permitem concluir

que alguns alcalóides tem propriedades antimicrobianas, in-clusive sobre bactérias resistentes. A ação antimicrobianadestas substâncias deve ser melhor estudada, principal-mente no caso dos extratos vegetais utilizados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDUFTON, M. J. From toxins to drugs – venom proteins

as a guide to the future design of protein drugs. In:HARVEY, A. L. Drugs from natural products.Chichester: Horwood, 1993. p. 48-64.

NASCIMENTO, G. G. F., LOCATELLI, J., FREITAS, P.C. & SILVA, G. L.. Antibacterial activity of plantextracts and phytochemicals on antibiotic-resistantbacteria. Braz. J. Microbiol. 31: 247-256, 2000.

SALOMÃO, S. L. S., BARACHIN, O., ITO, I.Y. &VENI, R.A. ocorrência de Staphylococcus aureus nasaliva, orofaringe e fossas nasais de indivíduossadios. Rev. Microbiol. 20:165-169, 1992.

SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia: da planta ao medi-camento. Porto Alegre: UFRGS/UFSC, 1999.

MICRORGANISMOEXTRATOS VEGETAIS

C. IPECACUANHA(IPECA)

N. TABACUM(TABACO)

P. CUPANA(GUARANÁ)

S. aureus padrão + – –E. coli padrão + – –P.aerugionosa + – –S. aureus 18 + – –S. aureus 36 + – +S. aureus 68 + + –S. aureus 108 + – +S. aureus 115 – + +S. aureus 135 – – +C. albicans + + +

MICRORGANISMOFITOFÁRMACO

BERBERINA BOLDINA CAFEÍNA EMETINA TEOBROMINA NICOTINA S. aureus padrão + + + – + +E. coli pad. + + + + + +P. aeruginosa – + – – – –S. aureus 18 + + – + + +S. aureus 36 + + + + + +S. aureus 68 + + – + + +S. aureus 108 + + – + – +S. aureus 115 + + – + – –S. aureus 135 + – + + + –C. albicans + + + + + +

118 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.43

TRIAGEM FARMACOLÓGICA DA ESPÉCIE Cissus sulcicaulis BAKER SOBRE A FASE HUMORAL DO PROCESSO INFLAMATÓRIO EM

ANIMAIS DE LABORATÓRIO

MATHEUS LAVORENTI ROCHA (B) – Curso de FarmáciaLUCIANE CRUZ LOPES (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Indicada popularmente na região de Piracicaba, SP para o tratamento de processos inflamatórios, a espécieCissus sulcicaulis Baker (mãe-boa, cipó d'água) foi submetida a um extrato hidroalcoólico 70% evaporado (EHE) pre-parado de sua parte aérea de acordo com a indicação popular. O presente trabalho teve como objetivo verificar a possí-vel atividade antiinflamatória desta preparação. O efeito antiinflamatório crônico foi avaliado pelo modelo de artriteinduzida por Adjuvante de Freund´s Completo (Sigma“), em ratos nas doses de 150 e 350 mg/Kg/p.o. O efeito antiin-flamatório agudo foi avaliado pelo edema de pata induzido em ratos por administração de carragenina 1%, onde oEHE foi previamente (30min) administrado por via oral e subcutânea na dose de 500mg/Kg. A via transcutânea foiutilizada no modelo de edema de orelha induzido por óleo de cróton em camundongos, para avaliar a potência antiin-flamatória tópica e a inibição da permeabilidade vascular. A administração crônica do EHE em ambas as doses reduziuo edema provocado pelo reagente de Freund´s de modo dose-dependente (ANOVA F(4,17)=2,88 p<0,065). O EHE viaoral e subcutâneo inibiu em 37,85% e 26,4% respectivamente o edema de pata em relação ao controle (Dunnett’s test*p<0,05) evidente nas primeiras horas após administração. O tratamento tópico com EHE inibiu significativamente(ANOVA F(7,49)=12,64 p<0,05) o edema de orelha e a permeabilidade vascular em todas as concentrações e foi maiseficaz que a dexametasona em doses equipotentes. O EHE apresentou efeito antiinflamatório nos vários modelosexperimentais utilizados confirmando a indicação popular.

INTRODUÇÃOO gênero Cissus é o maior da família das Vitáceas,

com cerca de 350 espécies. A espécie Cissus sulcicaulisBaker é uma trepadeira lenhosa, de caule sardenhoso, an-guloso e sulcado; folhas grandes, compostas de 3 folíolos,flores esverdeadas dispostas em cimeiras opostas, nume-rosas; fruto de baga ovóide, grande, preta contendo umasó semente. No Brasil, a espécie é conhecida como mãe-boa, cipó mãe-boa e condurango (CORREA, 1926).

As folhas cozidas são empregadas para combater in-chações, reumatismo crônico e beriberi; os frutos são comes-tíveis porém ácidos (CORREA, 1926; KAPLAN, 1993).

A inflamação é um processo central na patologiadas doenças e pode ter ambas as funções: protetora ou de-letéria ao organismo, e ambas acontecem em resposta aagressão tecidual (ORZECHOWSKI, 1974). A respostainflamatória é mediada por duas fases, a humoral e a celu-lar. Na fase humoral acontece o extravasamento do plas-ma que se aloja no interstício e promove o aumento do vo-lume tecidual (KUMAR, 1994).

A pesquisa com plantas visando obter agentes te-rapeuticamente úteis, estimulou o interesse acadêmico emestudar novas plantas, particularmente aquelas de grandeutilização na medicina tradicional. Considerando este fatoe a grande utilização de plantas medicinais, o presente tra-balho teve como objetivo fornecer subsídios para o usotradicional de Cissus sulcicaulis Baker como agente an-tiinflamatório e comparar sua potência e eficácia com ou-tros produtos sintéticos já comercializados.

MATERIAIS E MÉTODOSColeta e Identificação do Material Botânico: o ma-

terial botânico utilizado nesta pesquisa foi coletado na re-gião de Piracicaba e identificado botanicamente no herbário

da ESALQ-USP em Piracicaba. Esta etapa foi orientadapor docentes da área de botânica da ESALQ e da UNIMEP.

Preparação dos Extratos: Os extratos foram pre-parados conforme a especificação do processo “A” da Far-macopéia brasileira. Uma vez obtidos, os extratos foramevaporados e posteriormente ressuspenso em solventeNaCl 0,90% para administração oral e acetona 70% pataadministração tópica.

Animais: Para a realização deste trabalho foramusados camundongos albinos Swiss, machos, pesando emmédia 30g e ratos Wistar, machos, com peso variando de120 a 150 g, ambos tratados com ração PURINA-LABI-NA, água "ad libitum” e ciclo claro/escuro de 12 horas.

Analise Estatística: A avaliação estatística dos re-sultados foi realizada empregando-se a analise de variân-cia (ANOVA) de uma via, com nível crítico igual ou me-nor a 0,05 para rejeição da hipótese de nulidade. Na pre-sença de significância na ANOVA, procedeu-se a análisede contraste entre as medidas aplicando-se o teste de Dun-nett’s, com nível crítico igual ou menor a 0,05.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTALEdema de Orelha Induzido por Óleo de Cróton:

consiste na administração tópica do agente flogístico (óleode cróton em acetona) na face interna da orelha direita(20mL/orelha) e após 15 min realizados os tratamentos:G1 – controle negativo (acetona 70%); G2 – controle po-sitivo (dexametasona 1%); G3 – EHE C. sulcicaulis 1%(100mg/20mL); EHE – C. sulcicaulis 5 % (500mg/20mL);EHE – C. sulcicaulis 10% (1000mg/mL). Na orelha con-tra-lateral foi aplicado o veículo utilizado para diluir asamostras e o agente flogístico. Após 6 horas do tratamentoos animais foram levemente anestesiados com éter sulfúri-co e receberam azul de Evans 2,5% (0,05 mL/10g) via in-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 119

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traorbital para a coloração do plasma. Após 15 min os ani-mais foram sacrificados por deslocamento cervical e reti-rados de suas orelhas tanto direita quanto esquerda círcu-los de 8mm de diâmetro que foram posteriormentepesados em balança analítica.

Artrite Induzida por Adjuvante de Freund´s: os ra-tos receberam aplicação do Adjuvante de Freund´s Com-pleto na dose de 0,1 mL na região subplantar da pata es-querda e na região do coto caudal. Os animais foram divi-didos em 6 grupos (n=8-10) monitorados segundo algunspadrões pré estabelecidos e a inflamação mensurada empletismômetro (UGO-BASILE). Após 14 dias da induçãoda artrite, iniciou-se o tratamento crônico (10 dias) sendo:G1 – "Shan" (sem indução, sem tratamento); G2 – solu-ção NaCl 0,90% (10 mL/Kg/p.o.); G3 – Fenilbutazona 50mg/Kg/i.p.; G4 – EHE C. sulcicaulis 150mg/Kg/p.o.; G5– EHE C. sulcicaulis 150mg/Kg/p.o.; G6 – Fenilbutazona50 mg/Kg/i.p. + EHE C. sulcicaulis 150 mg/Kg/p.o.

Edema de Pata Induzido por Carragenina: o edemafoi induzido em ratos por aplicação subplantar de carrageni-na 1% (100µL/pata), onde o EHE foi previamente (30 min)administrado a dois grupos (n=8-10), 500mg/Kg/p.o e500mg/kg/s.c e comparados aos grupos controles (NaCl0,9% 10mL/Kg/p.o.) e diclofenaco (50mg/Kg/p.o.). O vo-lume do edema avaliado de hora em hora até 4 horas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO EHE mostrou-se efetivo nos três modelos expe-

rimentais. A figura 1 mostra os resultados da atividade an-tiedematogênica no modelo de edema de orelha. O EHE –C. sulcicaulis inibiu o edema em todas as concentraçõestópicas utilizadas. Vale ressaltar que esta inibição seguiu-se com eficácia superior à da dexametasona em dosesequipotentes.

Aplicado topicamente, o EHE também controlouo volume de exudato, diminuindo a permeabilidade vas-cular provocada pelo óleo de cróton com eficiência com-parada à dexametasona (ANOVA F(4,28)=1,059 p<0,039).

Figura 1. Efeito antiedematogenico tópico do EHE C. sulcicaulis em modelode edema de orelha por óleo de cróton. Os asteriscos indicam nível de signi-ficância p<0,05 (ANOVA F(7,49)=12,64).

No modelo de edema de pata induzido por carra-genina, o EHE também foi eficaz no controle da inflama-ção, tendo um efeito máximo nas primeiras horas após ad-ministração oral, sendo menos eficaz quando administra-do subcutaneamente (ANOVA F(2,21)=24,61 p<0,0001).

No modelo de artrite, a administração do EHEem ambas as doses reduziu o edema provocado peloreagente de Freund’s de modo dose dependente. Os re-

sultados são observados (Figura 2) já no primeiro diaapós a administração do EHE (14º dia após indução daartrite) onde o volume do edema é bastante reduzido emcomparação ao controle (ANOVA F(4,17)=2,88 p<0,065)).

Figura 2. Efeito antiinflamatório do EHE C. sulcicaulis em modelo de artritepor reagente de Freund’s.

CONCLUSÃOA inflamação foi reduzida em todos os modelos

experimentais testados. A eficácia antiinflamatória doEHE-C. sulcicaulis pôde ser verificada em modelosagudos (edema de orelha e pata) e modelos crônicos(artrite). Estes achados confirmam a indicação popular.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCORRÊA, M.P. Dicionário de Plantas Úteis no Brasil e

das exóticas cultivadas. Imprensa Nacional, Rio deJaneiro, 1926.

KUMAR, V., et al. Patologia Basica. 5º. Ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 1994.p. 608.

ORZECHOWSKI, R.F. Inflammatory disorders. Phar-macology of antiinflammatory agents. Am. J. Phar-mac., v.146, n 5, p. 150-161, 1974.

KAPLAN, M.A., GOTTLIEB, O. Das Plantas Medici-nais aos Fármacos Naturais. Ciencia Hoje, v.15,n.89,p.51-54, 1993.

FARMACOPÉIA dos estados unidos do Brasil. 2ª ed.São Paulo: Siqueira, p.448-49, 1959.

120 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.44

EFEITO DO EHE C. SULCICAULIS NA MIGRAÇÃO DE LEUCÓCITOS EM MODELOS PRELIMINARES IN VIVO

LUANA MAÍRA BRASIL (B) – Curso de FarmáciaLUCIANE CRUZ LOPES (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O gênero Cissus é o maior da família das Vitáceas, com cerca de 350 espécies distribuídas entre as Américas,Ásia e Austrália. Na região de Piracicaba a espécie Cissus sulcicaulis Baker é bastante conhecida, sendo utilizadacomo antiinflamatório e analgésico. O extrato hidroalcoólico evaporado (EHE) da planta foi confeccionado com aparte aérea. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antiinflamatória da planta em questão. Para isso foram uti-lizados os testes de granuloma feito em ratos Wistar, que consiste no implante de pellet´s de algodão, e peritonite emcamundongos Swiss, induzida pela administração intraperitoneal de ovalbumina (10 mg/kg – 0,1 ml por animal).

O EHE C. sulcicaulis Baker apresenta atividade antiinflamatória, sugerindo a presença de compostos que ini-bem a inflamação na fase celular, seja na forma de administração crônica ou aguda.

INTRODUÇÃOCom atenção direcionada à entofarmacologia e vi-

sando obter agentes terapeuticamente úteis, despertou in-teresse acadêmico uma espécie de planta medicinal tradi-cional de região de Piracicaba, Cissus sulcicaulis Baker,conhecida popularmente como cipó d´água, cipó mãe-boa. O particular interesse em estudar essa espécie nasceu,há quatro anos num trabalho de extensão realizado compacientes diabéticos que se reuniam no Clube do Diabe-tes, coordenado pela Casa do Diabético de Piracicaba. Umdos pacientes referiu uso de uma planta para tratamentode cicatrização de feridas na pele e inflamações em geral.Após a identificação botânica e levantamentos bibliográfi-cos constatou a ausência de trabalhos científicos, na épo-ca, que comprovassem sua eficácia como agente antiinfla-matório. Assim, este trabalho se propôs a identificar se oscompostos presentes no extrato hidroalcóolico do C. sul-cicaulis, preparação farmacêutica encontrada em algumasfarmácias de Piracicaba, interferem sobre a migração deleucócitos e o crescimento de tecido granulomatoso du-rante o processo inflamatório agudo e subagudo.

MATERIAIS E MÉTODOSColeta e identificação: O material botânico utili-

zado foi coletado na região de Piracicaba e identificadobotanicamente pelo Prof. Luiz Antônio Rochelle, respon-sável pelas disciplinas de Biologia e Botânica na Unimep.

Preparação dos extratos: Os extratos foram prepa-rados segundo o processo “A” da Farmacopéia Brasileira(1959). Uma vez obtidos foram submetidos a processo deevaporação e posteriormente ressuspensos em NaCl 0,90%.

Animais: Os animais utilizados no modelo de gra-nuloma foram ratos Wistar (Norvegiccus albinus), ma-chos, pesando em média 150g. Para o modelo de peritoni-te foram utilizados camundongos Swiss (M. musculus),pesando em média 30g.

ENSAIOS FARMACOLÓGICOS: Modelo de granuloma induzido pela implantação

de pellet’s de algodão. Os ratos adrenalectomizados, apósreceberem cirurgicamente o implante de Pellet´s de algo-dão(40 mg), foram divididos em 4 grupos (n=12), onde o

EHE foi administrado oralmente durante 7 dias nas dosesde 250 e 350 mg/kg e comparados aos grupos controles,NaCl 0,9% (10 mg/kg/p.o.) e Dexametasona (4 mg/kg/i.p.). No 8º dia, os animais foram sacrificados por desloca-mento cervical e os grânulos retirados para a determina-ção do peso seco.

Modelo de peritonite – Os camundongos foramdivididos em 5 grupos (n=10) e tratados com G1-SoluçãoNaCl 0,9% (10 mg/kg/p.o.), G2-EHE (150mg/kg/p.o.),G3-EHE (350mg/kg/p.o.), G4-Betamatasona (0,1 mg/kg/i.p.) e G5-“Shan” (sem indução; sem tratamento). Umahora depois do tratamento os grupos receberam a adminis-tração intraperitoneal de 0,1 ml de ovalbumina 10 mg/kg(agente quimiotático).

Após 5 horas os animais foram superficialmentepara a realização da punção orbital na coleta de sangue pe-riférico, e foram sacrificados por secção cervical. Posteri-omente foi coletado o exudato peritoneal com auxílio dePBS heparinizado.

O exudato peritoneal e o sangue periférico foramsubmetidos a leucometria em câmara de Newbauer.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA complexidade e a dimensão do processo infla-

matório vem alimentando as pesquisas que crescem emprofundidade nesta área. Pode-se afirmar que ainda nãodispomos do fármaco antiinflamatório ideal, com efeitosindesejáveis mínimos e que seja realmente eficaz nostranstornos antiinflamatórios. Sendo a inflamação um pro-cesso multifatorial, é possível interferir de várias maneirasnas respostas teciduais da cascata inflamatória. Os mode-los propostos para este trabalho estudam o efeito do extra-to sobre dois pontos centrais no processo inflamatório: amigração de células para a área lesada e a proliferação ce-lular na reparação tecidual.

Os tecidos de granulação, induzidos artificialmen-te através da introdução de um pedaço de algodão estéril,subcutaneamente, em animais de laboratório, tem sidousado como modelo experimental em pesquisas para veri-ficar a evolução dos processos de curso nos animais.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 121

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Neste caso, verifica-se que o tratamento oral comEHE – C. sulcicaulis foi efetivo em diminuir a síntese e amaturação do colágeno (ANOVA F (3,46) =10,66 p<0,0001)de modo dose-dependente (fig.1). Neste modelo a dexame-tasona (4mg/Kg) foi utilizada como controle positivo, ondereduziu o tecido granulomatoso em 52% confirmando da-dos de literatura (ANDRADE et al, 1986).

O modelo de peritonite utilizado neste estudo, tevea finalidade de identificar a possível participação dos com-postos do extrato sobre a migração de células leucocitárias,utilizando uma substância flogística (ovalbumina) comoagente quimiotático. O tratamento com EHE – C. sulcicau-lis inibiu significativamente (p<0,05) a leucodiapedese emrelação ao grupo controle e de modo semelhante àquele en-contrado para os antiinflamatórios esteroidais, como obser-vado com o tratamento de betametasona (fig. 2).

Figura 1. Teste de granuloma (implante de Pellet's de algodão). Resultadoexpressos em % aumento do granuloma após o tratamento crônico comEHE C. sulcicaulis.

Figura 2. Quantidade de leucócitos presentes no lavado peritoneal – efeitodo tratamento na migração leucocitária, induzida por ovalbumina 10 mg/kg(O número de leucócitos total é representado pelo número de células x 106/cavidade).

CONCLUSÃOOs testes realizados provam que o EHE C. sulci-

caulis apresenta atividade inibitória sobre a fase celular doprocesso inflamatório. Os resultados mostram que os efei-tos de EHE são dose-dependentes.

O EHE C. sulcicaulis Baker apresenta atividadeantiinflamatória, sugerindo a presença de compostos queinibem a inflamação na fase celular, seja na forma de ad-ministração crônica ou aguda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAANDRADE, E. D., VIZIOLI, M. R., NEDER, A. C.

Tecidos de granulação de ratos em condições nor-mais e sob ação de drogas antiinflamatórias. Rey-Ass. Paul. Cirurg. Dent., 40 (3): 254-260. Maio/Junho, 1986.

CORRÊA, M. P. Dicionário de plantas úteis no Brasil edas exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: ImprensaNacional, 1926.

FARMACOPÉIA dos Estados Unidos do Brasil. 2ª ed.São Paulo: Gráfica Siqueira, p. 448-49, 1959

KUMAR, V. et.al. Patologia Básica.5ª ed.Rio de Janeiro:Editora Guanabara Koogan, 1994. 1277 p.

* p<0,05

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122 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.45

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS CONTROLADOS PELA C. C. I. H. DE UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE

ANA PAULA DESTRO (B) – Curso de FarmáciaLUIZ MADALENO FRANCO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

MARIA ONDINA PAGANELLI (CO) – Faculdade de Ciências da SaúdeFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O aumento do uso dos antimicrobianos (AMBs) aliado a um controle pouco efetivo das Comissões de Controlede Infecções Hospitalares (C.C.I.H.), tanto em relação a antibioticoprofilaxia como a antibioticoterapia, favoreceram oaparecimento da resistência microbiana aumentando os riscos aos pacientes, os custos, tanto pelo maior consumo dosAMBs quanto pelo aumento nos dias de hospitalização, causando sérios prejuízos para as instituições hospitalares.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de utilização dos AMBs controlados pela C.C.I.H., o tempo de usoprofilático e curativo destes e investigar as principais indicações, profiláticos e curativos dos mesmos, num período de5 anos (1995 a 1999).

Pelos resultados obtidos, foi possível concluir que mesmo com a existência de uma C.C.I.H. que padronizauma série de condutas hospitalares visando a prevenção e controle das infecções hospitalares, incluindo uma políticade AMBs ideal, tanto na antibioticoprofilaxia como na terapia, o uso indiscriminado continua sendo uma das princi-pais preocupações dos hospitais.

INTRODUÇÃOCom o advento dos antimicrobianos (AMBs) pen-

sou-se que muitas infecções poderiam ser curadas, porém,além deste benefício surgiram os riscos devido ao uso in-discriminado, que levaram ao aparecimento da resistênciabacteriana dificultando o combate das infecções.

Neste sentido, o conhecimento e controle da resis-tência bacteriana tornaram-se essenciais para administra-ção mais racional e coordenada dos antibióticos (XAVI-ER, 1998) uma vez que o uso inadequado destes medica-mentos chega as cifras maiores de 70% dos custos em al-guns hospitais (GRINBAUM, 2000).

Os AMBs consomem de 25 a 30% do orçamentoda farmácia hospitalar, por isso muitos hospitais desenvol-veram controles e restrições que além de monitorar o usocorreto de AMBs, ajude a diminuir a resistência bacteria-na e os efeitos adversos, além de baixar os altos custos(HIMMELBERG, 1991). O aumento da resistência ao an-tibiótico pode ser pela grande utilização destes medica-mentos no hospital (RUEF, 1999), uma vez que o aumen-to nos gastos também se dá pela má utilização destes me-dicamentos profiláticos ou não(MARKEWITZ, 1999).

A preocupação relativa à infecção hospitalar deve-se a proteção que é devida ao doente internado, assimcomo às conseqüências que decorrem dessas infecções,com marcantes prejuízos para o paciente e a organizaçãohospitalar, com acréscimo no número de dias de interna-ção, aumentando os gastos com hotelaria e a prescrição denovos antibióticos ou drogas auxiliares em função do tra-tamento da infecção adquirida (GUIMARÃES, 1986).

As preocupações com as infecções hospitalareslevaram a obrigatoriedade da constituição pelos hospitaisdo país de C.C.I.H. para manterem programas de controlede infecções hospitalares, entre uma delas, o controle deAMBs (MINISTÉRIO DA SAÚDE, Portaria 930 de 27/08/1992; Portaria 2.616 de 12/05/1998 e PRADE, 1995).

O presente trabalho tem como objetivo avaliar operfil de utilização dos AMBs controlados pela C.C.I.H.através do tempo de uso e suas principais indicações.

MATERIAIS E MÉTODOSO levantamento de dados foi feito através da aná-

lise de 3780 Fichas de Controle de AMBs da C.C.I.H. doHospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba(H.F.C.P.) e das fichas de controle de estoque anexadas aessas, indicando 3780 tratamentos nos anos de 1995 a1999 com estes medicamentos.

Os AMBs controlados são: Amoxacilina/ Clavula-nato (500 mg EV); Ampicilina/ Sulbactam (1,5 g); Cefe-pima (1 g EV); Ceftriaxona (500 mg EV e 1 g EV); Cefta-dizima (1 g EV); Cefuroxima (750 mg EV); Ciprofloxaci-na (200 e 400 mg EV e 500 mg VO); Imipenem/ Cilastati-na (500 mg EV); Levofloxacina (500 mg EV e VO);Ofloxacina (200 mg VO); Pefloxacino (400 mg VO); Van-comicina (500 mg EV).

As fichas foram separadas de acordo com o uso:profilaxia (quando indicada ou uso por 24-48 horas), tera-pia (quando indicada ou uso de 7-14 dias) e indetermina-do (informações clínicas insuficientes para classificá-lascomo profiláticas ou terapêuticas).

RESULTADOS E DISCUSSÕESForam desconsideradas 1092 fichas (28,9%) por

estarem incompletas pois apresentavam somente as fichasde controle de estoque, portanto significando que osAMBs controlados foram entregues pela farmácia sem asolicitação específica dos médicos e assim, sem informa-ções clínicas mínimas ou ainda por apresentarem apenasFichas de Controle, sem informação da quantidade deAMBs fornecidos pela farmácia e do seu tempo de uso.

As 2688 fichas analisadas (71,1%) foram separa-das de acordo com o uso profilático, curativo e indetermi-nado, com a seguinte distribuição: 2088 (77,7%) para tra-tamentos curativos; 431 (16%) foram utilizadas como an-

tibioticoprofilaxia; e 169 (6,3%) fichas para o “tratamen- tos indeterminados”.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 123

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Os AMBs controlados pela C.C.I.H. do H.F.C.P..de maior consumo foram: Ceftriaxona (Rocefin‚), Clori-drato de Cefepima (Maxcef‚), Vancomicina (Vancoci-na“)e Ciprofloxacina (Cipro‚), nos anos analisados nesteestudo, sendo o uso tanto para antibioticoprofilaxia quantopara antibioticoterapia.

Também foi possível perceber algumas particula-ridades, como maior uso destes AMBs em certas enfermi-dades, como Infecção do Trato Respiratório (ITR), comdestaque principal para as Pneumonias (PNMs), Infecçãodo Trato Urinário (ITU), septicemia e meningite para usoterapêutico e ITRs, PNMs, cirurgias de coluna e cardía-cas, fraturas na profilaxia. Se considerarmos que na profi-laxia já se conhece o local a ser invadido e por conseguinteos prováveis microrganismos presentes e até mesmo seupadrão de sensibilidade e resistência, dado por um traba-lho estatístico da C.C.I.H. e Laboratório de Análises Clíni-cas, não há necessidade de uso de AMB que possuem es-pectro ampliado, como foi percebido neste estudo. Assimas antibioticoprofilaxias devem ser feitas com AMBs depequeno espectro, específico para topografia e caso clíni-co, embora em alguns casos específicos a antibioticoprofi-laxia possa ser realizada com AMB de amplo espectro(como imunossuprimidos, diabéticos, extremos de idade,etc.), evitando uma maior pressão de seleção bacteriana.

O Cefuroxima foi introduzido no H.F.C.P. em1998 para profilaxia em cirurgia cardíaca, tendo um con-sumo elevado, mas provocando uma redução significativano consumo dos outros AMBs, principalmente da Ceftria-xona que até o ano de 1998 apresentava um consumo ele-vado nestas indicações.

CONCLUSÕESO fato de serem descartadas 1.092 fichas (28,9%)

demonstra que a política de controle de AMB no H.F.C.P.não funciona como deveria pois cerca de 30% dos AMBsque deveriam ser controlados não o são, podendo incidirno aumento do índice de infecção, risco do paciente emaiores custos hospitalares.

Também foram descartadas 153 (5,8%) fichasonde não constaram as indicações terapêuticas (uso inde-terminado). Considerando que a C.C.I.H. só controlou 12AMBs de última geração, isto é muito preocupante poisdemonstra em uso sem justificativa plausível, o que enten-demos como muito sério.

As cefalosporinas são o grupo de AMBs mais uti-lizados no H.F.C.P., principalmente as de 3ª e 4ª geração.Estes AMBs apresentam um espectro amplo e assim seuemprego seria para casos de resistência a outros AMBs demenor espectro, confirmados pelo antibiograma, porémesta não foi uma realidade em nosso estudo. O uso destascefalosporinas tem sido constante em vários anos, confir-mando dados de trabalhos já publicados anteriormente porPRADE, 1995.

Assim observou-se que o uso de AMBs controla-dos pela C.C.I.H. pelo H.F.P.C. é alto, uma vez que o usoracional destes poderia diminuir, ainda mais, os índices deinfecção hospitalar e os custos. Isto foi observado num es-tudo feito por FONSECA (2001) no Hospital São Francis-co em Ribeirão Preto, onde uma maior precisão na antibi-oticoprofilaxia (cerca de 98%) reduziu os custos desne-

cessários com AMB em R$ 78 mil ao ano, sem aumentaros índices de infecção.

Com isso, percebeu-se que o uso não racional des-tes medicamentos pode acarretar prejuízos, tanto clínicoquanto econômico, muito marcantes aos pacientes e à ins-tituição, podendo levar ao fracasso terapêutico e/ou desen-volvimento de microrganismos resistentes, diminuindo asopções terapêuticas, além de não solucionar os problemasde saúde gerados por estas condições. Estes resultados re-velam a necessidade da melhora (incentivo) no trabalhoda C.C.I.H., principalmente em relação à política deAMB, que necessita de um melhor acompanhamento pelafarmácia e principalmente pelo infectologista da C.C.I.H.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FONSECA, S. Uso racional de antimicrobianos reduzcustos e infecção. Prática Hospitalar, a.3, n.15,p.29-34, mai./jun. 2001.

GRINBAUM, R. S. Tornando a racionalização de antimi-crobianos mais racional. Prática Hospitalar, a.2,n.11, p.65-68, set./out. 2000.

GUIMARÃES, R.X.; MALUVAYSHI, C.H.; et alii. Infec-ção hospitalar: redução do consumo de antibióticosdevida à ação da C.C.I.H. no Hospital do ServidorPúblico Municipal de São Paulo. Revista Brasileirade Medicina, vol.104, n.5, p.274-279, 1986.

HIMMELBERG, C.J.; PLEASANTS, R.A. & WEBER,D.J. Antimicrobian drougs use after and before andremotion of policy control. American Journal Hospi-tal Pharmaceutic, vol.48, n.6, p.1220-1227, jun 1991.

MARKEWITZ, A.; SCHULE, H.D & SCHELD, H.H.Therapy antibiotic pratice peri and posoperative in Ger-many cardiac surgery. Journal of Thoracic and Cardio-vascular Surgery, vol.47, n.6, p.405-410, dez. 1999.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Controle deInfecção Hospitalar: Normas e Manuais Técnicos,Brasília: Centro de Documentação do Ministério daSaúde, 1985.123 p.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Portaria 930 de 27/08/1992.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Portaria 2.616 de 12/05/1998

PRADE, S.S.; SILVA, A.R.; RODRIGUEZ, R.D.; et alii.Avaliação da qualidade das Ações de Controle deInfecção Hospitalar em hospitais terciários. Revistado Controle de Infecção Hospitalar, a. 2, n. 2, p. 26-40, 1995.

RUEF, C. Avaliação prospectiva de atividades epidemio-lógicas de um centro médico de cuidados terciáriosde um hospital. Infect Control Hospital Epidemiolo-gic, vol.20, n.9, p.604-606, set. 1999.

XAVIER, C.B. & COPPOLA, M.C. Resistência microbi-ana aos antibióticos. ROBRAC, vol.7, n.24, p.50-52,dez.1998.

124 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 125CO.46

DE ESTRESSE INTENSO INDUZIDO E

RESUMOOriza sativa ) e trigo (

de pariparoba: eb

entemente contra a lipoperoxidação, quando comparado ao arroz e ao trigo.

cluem tocoferóis (vitamina E), ascorbato (vitamina C), vi-b

xidante "in sendo que os ácidos ferúlico e cafeíco

Piper i e umbellata,

sendo que desta última a ação antioxidante foi recente-

MÉTODOS

( , trigo ( ), arroz (Orysa sativa), e

bellata e ).

co-oxidação deb

em camada

: os cereaistrator etanol: água (1:1).

: o sistemaa

de uma solução beta-caroteno (30mg em 15 ml de etanol /luz do dia após 24 horas.

Índice : os testes foram feitos nós

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10% e 15% em óleo de girassol. As amostras foram sub-metidas a banho-maria fervente por 2 horas (processo dedigestão) filtradas em papel de filtro, sendo expostas à oxi-dação em estufa a 70ºC. Foram retiradas alíquotas a cadadia e com elas feitas as determinações dos índices confor-me procedimento farmacopéico (FARM. BRAS, 1998).

RESULTADOSA observação e medida da intensidade da cor

amarela retida pelo b-caroteno após a exposição à luz so-lar permitiram á avaliação comparativa do maior (+++) oumenor (+) poder antioxidante das substâncias e extratostestados. As tabelas abaixo apresentam os resultados en-contrados com os valores de Rf das substâncias potencial-mente antioxidantes dos extratos bem dos das substânciasde referência. Os valores encontrados para os Índices dePeróxido dos extratos oleosos obtidos a partir dos cereaissão apresentados na tabela.

Tabela 1. Avaliação comparativa da atividade antioxidante dos extratos ve-getais e padrões de ácidos fenólicos (CCD – Fase móvel – 1)

Tabela 2. Avaliação da atividade antioxidante dos extratos vegetais e pa-drões (CCD Fase móvel: 2).

Tabela 3. Valores dos Índices de Peróxido (mg/Kg).

CONCLUSÕESPelos resultados encontrados podemos concluir

que: dentre os diversos órgãos das espécies vegetais conhe-cidas por pariparoba e analisadas pelo método de co-oxida-ção de b-caroteno após a cromatografia em camada de seusextratos, a capacidade antioxidante de Pothomophe umbe-llata – raiz seguida de suas folhas é maior e que a capacida-de antioxidante dos mesmos órgãos de Piper regnelli.

Dentre os cereais, o extrato de aveia apresentoumaior capacidade antioxidante quando comparado ao extra-to de arroz e trigo, sendo que o extrato de arroz possui mai-or capacidade antioxidante que o de trigo. Em relação ao ín-dice de peróxido, podemos constatar que o extrato de aveiaprotegeu mais eficientemente contra a lipoperoxidação, aocompararmos com os extratos oleosos de arroz e trigo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARROS, Silvia B. M., TEIXEIRA, Daniela S.,

AZNAR, Alberto E., MOREIRA JR, José A., ISHII,Ione, FREITAS, Paulo C. D. Antioxidant activity ofethanolic extracts of Pothomorphe umbellata L.Miq. (Pariparoba). Revista da Universidade de SãoPaulo. v. 48. Janeiro/abril, 1996. P. 114.

CAO, G.; SOFIC, E.; PRIOR, R. Antioxidant and prooxi-dant behavior of flavonoids: structure-activity relati-onships. Free Rad. Biol.Med, 22:749-760, 1997.

FARMACOPEIA BRASILEIRA, 4ª ed. parte I. pag. V.3.3.11, 1998.

LIN, R.I.-s. In: Functional Food (Goldberg, I. ed.). Chap-man and Hall, New York, 1995. p.393-441.

PAPAS, A. M. Determinants of antioxidants status inHumans. Lipids, 31: 77 – 82, 1996.

POVOA, H. F. Radicais livres em patologia humana.Medicina Pratica K, V2, 4-241, 1988

RAMARATHAM, N.; OSAWA, T.; NAMIKI, M.;TASHIRO, T. The contribution of plant food antioxi-dants to human health. J. Agric. Food Chem. 37:316-321, 1989.

SILVA, Francisco A. M., BORGES, M. Fernanda M.,FERREIRA, Margarida A. Métodos para avaliaçãoda capacidade antioxidante. Química Nova. V.22.p.100-101, 1999.

TODA, S.; KUMURA, M.; OHNISHI, M. Effects ofphenolcarboxylic acids on superoxide anion and lipiperoxidation induced by superoxide anion. PlantaMed. 57: 8-11, 1991.

PADRÕES / EXTRATOS RF INTENSIDADE ANTIOXIDANTEVIT E 0,9 ++ACIDO FERULICO 0,3 +++ACIDO CAFEICO 0,6 ++RAIZ POTHO 0,8 ++FOLHA POTHO 0,8 ++PIPER FOLHA 0,8 +PIPER RAIZ 0,8 +

PADRÕES / EXTRATOS RF INTENSIDADE ANTIOXIDANTEEXTRATO DE AVEIA 0,8 ++EXTRATO DE ARROZ 0,3 ++ÁCIDO CAFEICO 0,9 +++ÁCIDO FERULICO 0,9 +++a-TOCOFEROL - +

DIAS ANALISADOS

CONTROLE (ÓLEO DE

GIRASSOL)CONTROLE

+BHTEXTRATO DE AVEIA

EXTRATO DE ARROZ

EXTRATO DE TRIGO

1º DIA 1,9 1,58 1,38 2,26 1,32º DIA 3,48 2,74 2,6 2,5 3,53º DIA 4,14 3,72 2,4 3,5 8,94º DIA 4,88 4,66 3,2 4,5 -APÓS 7 DIAS 11 7,1 5,04 5,92 -

126 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.47

PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELAS GESTANTES USUÁRIAS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE PIRACICABA

ANELISE NUJO CARRASCOZA (B) – Curso de FarmáciaTHAÍS ADRIANA DO CARMO (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A utilização de medicamentos por mulheres durante a gravidez deve ser encarado como um problema desaúde pública. Neste sentido, a utilização de medicamentos nos períodos de gestação deve ser feita com muita cautela.Este não é o panorama no Brasil atual: o quadro é o da medicalização da gestante. O objetivo deste trabalho, ao traçarum perfil de consumo de medicamentos em gestantes usuárias do Serviço Municipal de Saúde de Piracicaba, atravésde aplicação de questionários, foi de contribuir com subsídios para esta discussão. Para tanto, realizou-se a identifica-ção dos medicamentos utilizados pelas gestantes e a classificação dos medicamentos prescritos segundo as categoriaspropostas pelo FDA quanto ao risco de problemas ao feto. Em sua maioria, os resultados encontrados reafirmam oquadro de medicalização da gestante no Brasil, já que mostram níveis altos de prescrição, inclusive no 1º trimestre dagestação. Entretanto, os fármacos prescritos encontram-se enquadrados nas categorias de menor risco. De forma geralos resultados alertam para a necessidade de mais cautela na prescrição para gestantes que se encontram no 1º trimes-tre, já que o índice encontrado foi alto para este período, considerado como mais crítico entre todos e a necessidade deconscientização das usuárias e dos profissionais de saúde para o risco da utilização de medicamentos na gravidez.

INTRODUÇÃOA utilização de medicamentos por gestantes e seus

efeitos sobre as futuras crianças passou a ser objeto de gran-de preocupação à partir da década de 50. Existem algumasclassificações de medicamentos conforme o risco associadoao seu uso durante a gravidez. DOERING & KERBER(1993) descrevem a classificação do Food and Drug Admi-nistration (FDA), órgão do governo americano e que foi uti-lizado neste trabalho: CATEGORIA A: Fármacos para osquais não foram constatados riscos para o feto em ensaiosclínicos cientificamente desenhados e controlados; CATE-GORIA B: Fármacos para os quais estudos com animaisnão demonstraram risco fetal (mas não existem estudosadequados em humanos) e fármacos cujos estudos com ani-mais indicaram algum risco, mas que não foram comprova-dos em humanos; CATEGORIA C: Fármacos para osquais estudos em animais revelaram efeitos adversos ao fe-to, mas não existem estudos adequados em humanos e fár-macos para os quais não existem estudos disponíveis; CA-TEGORIA D: Fármacos para os quais a experiência deuso durante a gravidez mostrou associação com o apareci-mento de má-formações, mas que a relação risco-benefíciopode ser avaliada (ex.: lorazepan, fenobarbital, lítio, etc.);CATEGORIA X: Fármacos associados com anormalida-des fetais em estudos animais e humanos e cuja relação ris-co-benefício contra indica seu uso na gravidez (ex.: isotreti-noína, vitamina A, misoprostol).

As má-formações congênitas, têm maior risco deacontecer quando o medicamento com potencial teratogêni-co é utilizado no 1o. trimestre de gravidez (período de dife-renciação embriológica). Nos outros períodos da gravidezpodem ocorrer danos fetais decorrentes de alterações na fi-siologia materna provocadas por medicamentos, efeitos far-macológicos sobre o feto e interferência no desenvolvimen-to fetal, sendo que nas últimas semanas podem facilitar oaparecimento de complicações durante o parto.

Apesar de todos os riscos apresentados, no Brasilo quadro é o da medicalização da gestante. MENGUE et

alli. (1998) relatam que entrevistando 5578 gestantes,atendidas em pré-natal de serviços do SUS em sete capi-tais brasileiras, encontraram, em relação à classificaçãodos medicamentos quanto ao risco para gestação (FDA),30% considerados pertencentes ao grupo C, 3% conside-rados do grupo D, 0,6% ao grupo X e 11% não foramclassificados por não existir alguma informação sobre asegurança sobre o seu uso. FONSECA (1998) relata emseu estudo que do total de medicamentos utilizados porsuas entrevistadas, 21,5% foram usados no primeiro tri-mestre e 88,8% prescritos pelos médicos.

OBJETIVOSO objetivo geral do presente estudo foi traçar um

perfil de consumo de medicamentos em gestantes usuáriasdo serviço municipal de Saúde de Piracicaba. E, os objeti-vos específicos: a identificação dos medicamentos utiliza-dos pelas gestantes (inclusive os usados sem prescriçãomédica); classificação dos medicamentos nas categoriaspropostas pelo FDA (em relação aos utilizados na gesta-ção); discussão dos resultados obtidos em comparaçãocom outros estudos.

MATERIAIS E MÉTODOSO trabalho de campo foi desenvolvido em Piraci-

caba – SP, em três Unidades de Saúde: USF Cecap, Cen-tro de Saúde Reprodutiva e Núcleo do Adolescente e UBSPiracicamirim, que fazem parte do Sistema Único de Saú-de (SUS) do município.

A metodologia utilizada envolveu várias etapas: aprimeira, seleção, identificação e caracterização das Uni-dades; a segunda, elaboração do questionário; a terceira,realização das entrevistas; a quarta, identificação, classifi-cação segundo categorias propostas pelo FDA e quantifi-cação dos medicamentos utilizados pelas gestantes e, porfim, discussão dos resultados e conclusão.

Seguindo a metodologia proposta pela OMS, onúmero de pacientes entrevistadas deveria ter sido igual a30, escolhidas aleatoriamente entre as gestantes, para cada

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unidade de saúde escolhida. Entretanto, após 8 meses detrabalho, conseguiu-se essa quantidade somente em duasUnidades, que foram: USF Cecap e UBS Núcleo do Ado-lescente, pois no Núcleo do Adolescente só foram conse-guidas 28 gestantes. Acredita-se que a dificuldade para lo-calizar as gestantes foi em função da estrutura do serviçode Saúde de Piracicaba.

RESULTADOS E DISCUSSÃOQuanto a distribuição das gestantes de acordo

com o trimestre de gestação, pode-se notar que a maioriadas entrevistadas encontrava-se no 3º trimestre. Este resul-tado pode refletir a dificuldade que as mesmas estavamencontrando para marcar consultas de pré-natal nas Uni-dades de Saúde de Piracicaba, precisando, portanto,aguardar muito tempo até a data marcada.

Considerando a fonte de indicação (se auto-medi-cação ou prescrição médica), a única Unidade de Saúdeonde houve relato de auto-medicação foi o Núcleo do Ado-lescente e, mesmo assim, num índice que pode ser conside-rado baixo (4 – 13,3%). Segundo GOMES et alli. (1999),que obteve resultado semelhante em seu estudo, há a possi-bilidade de que as mulheres ocultem alguma informaçãocom receio de reprovação por parte do entrevistador.

O menor índice de prescrição foi encontrado naUBS Piracicamirim (25%). No geral, das 88 gestantes en-trevistadas, 34 (38,6%) receberam prescrição médica.

Tabela 1. Medicamentos prescritos por trimestre de gestação, suas res-pectivas classes terapêuticas e classificação segundo as categorias do FDA

Das gestantes que se encontravam no período demaior risco (3º trimestre), 62,5% receberam prescriçãomedicamentosa. Do total de medicamentos prescritos no1º trimestre, 42,8% se enquadram no grupo dos que nãopossuem estudos com animais (categoria C).

De modo geral, do total de medicamentos prescri-tos às entrevistadas, apenas 14,8% pertencem à categoriaC, 33,3% a categoria B e 40,7% à categoria A. Vale ressal-tar ainda que 7,4% dos medicamentos não foram classifi-cados por não existir alguma informação a respeito da se-gurança sobre seu uso.

Comparando os resultados encontrados nesta pes-quisa com os de MENGUE et alli. (1998), pode-se dizer queos valores encontrados na primeira são mais adequados, jáque não apresentou alguma prescrição com medicamentosenquadrados nas categorias D ou X e, a porcentagem de me-dicamentos da categoria C encontra-se bem inferior.

Já a porcentagem de medicamentos prescritos noprimeiro trimestre de gestação, que se enquadram na cate-goria C, superam consideravelmente o resultado encontra-do por MENGUE et alli. (1998), permitindo-nos concluir,portanto, que as gestantes entrevistadas nesta pesquisa es-tão mais expostas aos riscos inerentes à medicação, no pe-ríodo mais crítico.

Observou-se também, entre as gestantes, um índi-ce de 4,5% na utilização de medicamentos sem prescriçãomédica, valor considerado baixo em relação ao de FON-SECA (1998), que encontrou 11,2%.

CONCLUSÃOOs resultados encontrados apontam para a neces-

sidade de estabelecimento de uma política municipal deatenção as gestantes que inclua medidas educativas visan-do o uso racional de medicamentos durante a gravidez.Além disso, a dificuldade de conseguir consultas no inícioda gestação, pode comprometer a saúde da criança e damulher, o que corrobora nossa afirmação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

ABREU, G. M. et alli. Risco do uso de medicamentos noperíodo de lactação: estudo farmacocinético empopulações especiais. Infarma, 5 (1/4): 12 – 5, 1996.

CARMO, T. A.; TANNO, A. P. & CARVALHO, P. B. Far-macovigilância na atenção primária à saúde: uma pro-posta de implantação. Anais do 6o. Congresso deIniciação Científica da UNIMEP / CNPq, 23 – 4, 1998.

FONSECA, M. R. C. C. da Uso de medicamentos nagravidez: uma abordagemfarmacoepidemiológica.Tese de mestrado, UNICAMP, 1998.

IBFAN Brasil – Instituto de Saúde de São Paulo. Ama-mentação e medicação materna: recomendaçõessobre drogas da 8a. lista de medicamentos da OMS.http://www.aleitamento.org.br/f-ini.htm, 2000.

PEREIRA, N. A. A presença de medicamentos no leitematerno. Infarma, 2 (3): 14, 1993.

SILVA. V. G. et alli. O uso de drogas e o aleitamentomaterno. J. bras. Ginec., 107 (6): 171 – 188, 1997.

TRIM. MEDICAMENTO CLASSE TERAPÊUTICA CLASSIF.(FDA)

1º Natalins Fólico‚ (Vit.,Sais Minerais,flúor) Vit. e Sais Minerais A

Paracetamol Analgésico, antipirético B

Trinizol-M‚ (Tinidazol/Miconazol) Antifúngico B

Vacina dupla Imunoterápico A

Sulfato Ferroso Vit. e Sais Minerais A

Metoclopramida Antiemético B

Nistatina Antifúngico A

2º Nistatina Antifúngico A

Sulfato Ferroso Vit. e Sais Minerais A

Rarical Vit. e Sais Minerais A

Hidróxido de Alumínio Antiácido C

Diclofenaco Sódico A, A, A B

Mucosolvan‚ (Ambroxol) Mucolítico/Expectorante –

Combiron‚ (sulf.ferroso,vit.C,complexoB) Vit. e sais minerais A

Ampicilina Antimicrobiano B

Vitagran‚ Vit. e sais minerais A

Materna‚ Suplemento vitamínico A

3º Talsutin‚ (Tetraciclina antibacteriana B) Antimicrobiano B

Macrodantina‚ (Nitrofurantoína) Antimicrobiano B

Revenil‚ (Cloridrato de etafedrina, ambufilina, succinato de doxilamina)

Expectorante C

Bisolvon‚ (Bromexina) Mucolítico/Expectorante C

Sulfato ferroso Vit. e sais minerais A

Hioscina Antiespasmódico C

Ampicilina Antimicrobiano B

Cefalexina Antimicrobiano B

Mylanta Plus‚ (Hidróxido de Alumínio, Magnésio e Dimeticona)

Antiácido C

Dactil OB‚ (Cloridrato de piperidolato, hesperidina, complexo B, vit. C)

Relaxante uterino –

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9º CONGRESSO DE

CO.48

UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA AMAMENTAÇÃO: UM ESTUDO FARMACOEPIDEMIOLÓGICO

NÁDIA DE SOUSA DA CUNHA (B) – Curso de FarmáciaJOSÉ EDUARDO DA FONSECA (O) – Faculdade de Ciências da Saúde

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A utilização de medicamentos por mulheres durante o período de amamentação deve ser encarado como umproblema de saúde pública. Trata-se de um grupo de alto risco terapêutico pois quase não existem estudos sistematiza-dos sobre as conseqüências ao recém-nascido do uso de medicamentos por nutrizes. Neste sentido, a utilização demedicamentos no período de amamentação deve ser feita com muita cautela. Porém, este não é o panorama no Brasilatual: o quadro é o da medicalização da mulher que amamenta. Neste contexto, os estudos farmacoepidemiológicospodem contribuir para minimizar os riscos inerentes à terapia medicamentosa, traçando um perfil do consumo demedicamentos nesse grupo. O objetivo deste trabalho, ao traçar um perfil de consumo de medicamentos entre as lac-tantes usuárias do Serviço Municipal de Saúde de Piracicaba, através de aplicação de questionários, foi de contribuircom subsídios para esta discussão. Para tanto, realizou-se a identificação dos medicamentos utilizados pelas nutrizes ea classificação, segundo o seu risco em relação ao uso durante o período de amamentação. Os resultados encontradosreafirmam o quadro de medicalização das nutrizes no Brasil, já que mostram níveis altos de prescrição, sendo que17,1% contra-indicavam o aleitamento e 11,4% poderiam ser utilizados, porém, com restrição. Os resultados encon-trados apontam para a necessidade de estabelecimento de uma política municipal de atenção as nutrizes que incluamedidas educativas visando o uso racional de medicamentos durante o período de amamentação.

INTRODUÇÃOEm relação ao uso de medicamentos durante o pe-

ríodo de amamentação, Pereira (1993) relata que a possi-bilidade de medicamentos administrados a lactantes se-rem eliminados no leite materno já é conhecida a bastantetempo. De uma forma geral pode-se observar que qual-quer substância presente no sangue da mãe pode ser ex-cretado no seu leite. Doering & Berger (1993) ressaltamque o mais apropriado seria então avaliar a quantidade domedicamento ou de seus metabólitos no leite e posterior-mente suas conseqüências para o lactante. ABREU (1996)destaca que a concentração de um fármaco no leite mater-no depende de diversos fatores, tais como: composição evolume do leite, característica da substância (lipossolubili-dade, taxa de ligação protéica, pK), fluxo sangüíneo ma-mário e a farmacocinética do medicamento. ABREU(1996) afirma ainda que de uma forma geral as modifica-ções provocadas pelos medicamentos no leite materno po-dem ser caracterizadas principalmente por efeitos cumula-tivos, interferência na atividade enzimática, alterações nodesenvolvimento e nas funções homeostáticas, hipersensi-bilidade, alterações no desenvolvimento e no sistema ner-voso central da criança. A segurança na utilização de me-dicamentos depende também da idade da criança. Crian-ças prematuras e com menos de 1 mês de idade têm capa-cidade diferente para absorver e excretar medicamentoscomparado a bebês maiores (IBFAN Brasil, 2000). Sendoassim este deve ser mais um fator a ponderar quando dadefinição da farmacoterapêutica.

SILVA et al. (1997) a partir de dados encontradosem revisão bibliográfica, propõem uma classificação demedicamentos de acordo com seu risco em relação ao usodurante o período de amamentação:

• SR: drogas que podem ser utilizadas sem restrição;

• CR: drogas que podem ser utilizadas com restri-ção (embora não se tenha relatos de efeitos adversos sobre acriança amamentada, a droga deve ser usada com cautela);

• CI: drogas que contra-indicam o aleitamento;• ND: drogas em que não se dispões de dados na

literatura que permitam a sua utilização durante o períodode aleitamento.

DILLON et al. (1997) destacam que uma minoriade medicamentos são contra-indicados durante a lactaçãoenquanto uma vasta maioria são considerados seguros oupossuem uma relação risco-benefício que justifica seuuso. Estes dados (bem estudados e analisados) aliados aalgumas medidas que podem ser tomadas (estabelecimen-to de dose única do medicamento, horário de tomada logoapós a mamada, retirada e armazenamento do leite mater-no enquanto durar o tratamento e acompanhamento dacriança), podem minimizar os riscos e garantir uma tera-pia segura.

OBJETIVOSO principal objetivo do presente estudo foi traçar

um perfil de consumo de medicamentos em lactantes usu-árias do Serviço Municipal de Saúde de Piracicaba. Osobjetivos específicos foram: a identificação dos medica-mentos utilizados pelas lactantes (tanto os prescritos,quanto os utilizados por automedicação); classificaçãodos medicamentos utilizados durante a amamentação ediscussão sobre possíveis riscos e efeitos adversos.

MATERIAL E MÉTODOSO trabalho de campo foi desenvolvido em Piraci-

caba – SP, especificamente em três Unidades de Saúde:U.S.F. Cecap, Núcleo do Adolescente e UBS Piracicami-rim, que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS)do município.

A metodologia utilizada envolveu várias etapas: aprimeira, seleção, identificação e caracterização das Uni-

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dades; a segunda, elaboração do questionário; a terceira,realização das entrevistas,(estudo individuado – observa-cional – transversal); a quarta, identificação, classificaçãosegundo cateogorias propostas por SILVA et al (1997)equantificação dos medicamentos utilizados pelas nutrizese, por fim, discussão dos resultados e conclusão.

Seguindo a metodologia proposta pela OMS, onúmero de pacientes entrevistadas deveria ter sido igual a30 nutrizes, escolhidas aleatoriamente para cada Unidadede Saúde escolhida. Entretanto, após 8 meses de trabalhoconseguiu-se apenas 15 nutrizes na U.S.F. Cecap, 07 naU.B.S. Piracicamirim e 24 no Núcleo do Adolescente, to-talizando-se 46 nutrizes.

RESULTADOS E DISCUSSÃODas 46 nutrizes entrevistadas, 28 (60,8%) tiveram

prescrição medicamentosa, sendo que 17,1% contra-indica-vam o aleitamento e 11,4% poderiam ser utilizados, porémcom restrição. Tal informação é considerada preocupante,já que assim, expõe-se a criança a riscos desnecessários.

Pela análise do uso de medicamentos, consideran-do a fonte de indicação, das 46 nutrizes entrevistadas, 10(21,7%) relataram prática de automedicação. Porém, esteresultado pode não representar a realidade, visto que épossível que a mulher oculte, alguma informação, com re-ceio de reprovação por parte do entrevistador, já que amaioria tem consciência dos riscos inerentes a este ato.Dos medicamentos utilizados sem prescrição, 36,3% en-quadram-se na categoria daqueles que podem ser utiliza-dos durante a amamentação, porém, com restrição, sendoa maior parte deles assim classificados, por apresentaremem suas composições, o ácido acetilsalicílico e/ou cafeína.

Tabela 1. Medicamentos prescritos, Classificação segundo SILVA et al.(1997) e Idade da criança.

A partir da tabela acima, observa-se que dos 19medicamentos prescritos, 6 (31,5%) podem ser classifica-dos segundo SILVA et al.(1997) como C.I., ou seja, quecontra-indicam o aleitamento. Desses, 5 são anticoncepci-onais combinados, onde o componente estrogênico dimi-nui a produção do leite materno. Outro medicamentoprescrito, que também contra-indica o aleitamento foi o

antiarrítmico amiodarona, sendo assim classificado devi-do ao risco de liberação de grande quantidade de iodo epela sua eliminação lenta (meia-vida= 20 a 118 dias).

Ainda, com base na tabela 1, pode-se notar que 5(26,3%) medicamentos prescritos podem ser utilizados noperíodo de amamentação, porém, com restrição. As justifi-cativas para que tais medicamentos fossem enquadrados nacategoria C.R. são variadas. O antimicrobiano metronidazolapresenta níveis no leite materno, semelhante aos do soro,pode dar gosto amargo no leite e o bebê pode apresentarsintomas como perda de apetite, vômitos e ocasionalmentediscrasias sangüíneas. Neste caso, deveria ser sugerida des-continuação da amamentação por 12-24h para permitir aexcreção da droga (quando usada em dose única) e orientara mãe para a extração do leite com antecedência.

Medidas como adequação de dose, horário de ad-ministração e descontinuação da amamentação por certoperíodo, poderiam minimizar os efeitos sobre o lactente,porém, tais orientações não estão sendo fornecidas àsmães. Por fim, é importante salientar a dificuldade de selocalizar as nutrizes, o que reflete o descaso com a mulherno período pós-parto.

CONCLUSÃOOs resultados encontrados apontam para a neces-

sidade de estabelecimento de uma política municipal deatenção as nutrizes que incluam medidas educativas vi-sando o uso racional de medicamentos durante o períodode amamentação. Além disso a dificuldade de localizar asnutrizes corrobora nossa afirmação de que existe um des-caso com a mulher no período pós-parto.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABREU, G. M.Risco do uso de medicamentos no perí-odo de lactação: estudo farmacocinético em popula-ções especiais. Infarma, 5 (1/4): 12 – 5, 1996.

DILLON, A. E., WAGNER, C.L.; WIEST, D. & NEW-MAN, R.B. Drug therapy in the nursing mother. Obs-tet. Gynecol. Clin. North Am., 24 (3): 675 – 96, 1997.

DOERING, P. L. & BERGER, L. M. Aspectos teóricosdo uso de medicamentos durante a gravidez e ama-mentação. Infarma, 2 (6): 8 – 11, 1993.

IBFAN Brasil – Instituto de Saúde de São Paulo. Amamen-tação e medicação materna: recomendações sobredrogas da 8a. lista de medicamentos da OMS, 2000.

PEREIRA, N. A.A presença de medicamentos no leitematerno. Infarma, 2 (3):14, 1993.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Amamentação e Uso dedrogas. Brasília: M. S.,2000.53p.

SILVA, V.G., ALMEIDA, J. A G., NOVARk, S. R., CAR-VALHO, N. V. O uso de drogas e o aleitamento. Jor-nal Brasileiro de Ginecologia, 107 (6): 171-188, 1997.

MEDICAMENTO CLASSIFICAÇÃO IDADE DA CRIANÇASecnidazol ND 3 mesesDiclofenaco sódico SR 7 mesesPiroxican SR 1 mêsNorestin‚ (Noretisterona) CI / SR 1 mês / 2 mesesMetronidazol CR 2 mesesMicronor‚ (Noretisterona) SR 1 a 3 mesesPrimera‚ (Desogestrel/Etinilestradiol) CI 3 mesesAmiodarona CI 5 mesesPonstan‚ (Ácido mefenâmico) SR 3 mesesTamarine‚ CR 4 mesesNordette‚ (Levonorgestrel/Etinilestraiol) CI 2 mesesDepoprovera‚ (Medroxiprogesterona) SR 2 e 4 mesesNistatina SR 2 mesesErgotrate‚ (Maleato de Ergonovina) CR 2 mesesPerlutan‚ (Algestona/Estradiol) CI 11 mesesMesigyna‚ (Noretisterona/Estradiol) CI 2 mesesSulfato Ferroso SR 2 mesesFlagyl‚ (Metronidazol) CR 2 mesesNaturetti‚ CR 5 meses

130 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

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132 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 1

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 8h • Auditório Verde • Taquaral

Coordenadora: Maria Imaculada de Lima Montebelo – UNIMEP

Debatedores: Carlos Miguel Tobar de Toledo – UNIMEPJosé Vicente Caixeta Filho – ESALQ/USP

CO.49 NA BUSCA DE UMA FERRAMENTA DESEJÁVEL PARA A CONSTRUÇÃO DE CURSOS ADISTÂNCIA. Rosangela Aparecida Leal (B) – Curso de Ciência da Computação, Valéria Mariad’Arezzo Zílio (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação – FAPIC/UNIMEP

CO.50 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÕES DE REQUI-SITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULOREPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO. Eliane Bortolaso (B) – Curso de Ciência da Computa-ção, Luis Eduardo R. dos Santos (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação, Luis EduardoGalvão Martins (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação – FAPIC/UNIMEP

CO.51 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUI-SITOS DO SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULOENGENHARIA DE REQUISITOS. Anderson Belgamo (B) – Curso de Ciência da Computação, LuizEduardo Galvão Martins (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação – FAPIC/UNIMEP

CO.52 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUI-SITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO“MODELAGEM FUZZY”. Carlos Eduardo Gardenal (B) – Curso de Ciência da Computação, AnaEstela Antunes da Silva (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação, Luiz Eduardo Gal-vão Martins (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação – FAPIC/UNIMEP

CO.53 DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUI-SITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULOPROGRAMAÇÃO. Rafael Castro Fagundes (B) – Curso de Ciência da Computação, Luiz EduardoGalvão Martins (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação – FAPIC/UNIMEP

CO.54 APLICAÇÃO DE SISTEMA DE ANÁLISE DE IMAGEM NO ESTUDO DE ANÉIS DE CRESCI-MENTO DE ÁRVORES DE TECA, Tectona GRANDIS. Ricardo Antoniali (B) – Curso de Engenha-ria de Controle e Automação, Maria Guiomar Carneiro Tomazello (O) – Fac. de Ciências Matemáticase da Natureza, Mario Tomazello Filho (CO) – Departamento de Ciências Florestais – ESALQ/USP –PIBIC/UNIMEP

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134 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.49

NA BUSCA DE UMA FERRAMENTA DESEJÁVEL PARA A CONSTRUÇÃO DE CURSOS A DISTÂNCIA

ROSANGELA APARECIDA LEAL (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoVALÉRIA MARIA D’AREZZO ZÍLIO (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

FAPIC / UNIMEP

RESUMO

A pesquisa realizada teve como objetivo, em sua primeira fase, uma revisão bibliográfica enfocando os conceitose as tecnologias aplicadas a Educação a Distância. Do processo investigativo foi possível apurar ferramentas para a cons-trução de um ambiente educacional à distância. Entre as ferramentas pesquisadas optou-se pela utilização da ferramentaWebCT a fim de propiciar a implantação do Curso Piloto: Conceitos Básicos de Informática para Cursos de Educação aDistância, com a aplicação de uma metodologia de ensino com base na construção do conhecimento. Tratou-se de umcurso introdutório que visou orientar os participantes sobre conceitos e técnicas possíveis de serem utilizadas na Educa-ção a Distância, sem as barreiras de tempo e espaço, para que o participante pudesse programar suas atividades.

INTRODUÇÃOOs modelos tradicionais de ensino têm se defron-

tado com o crescente avanço tecnológico dos meios de co-municação, principalmente a Internet, pois estes proporci-onam cada vez mais recursos aos seus usuários. Dentrodeste contexto, muitos grupos de pesquisa surgiram com oobjetivo de estudar e propor novos métodos e técnicaspara se promover educação a distância, educação distribu-ída, aprendizagem colaborativa, apontados como um futu-ro caminho para a educação.

Segundo FERREIRA (2000), os primórdios daEducação a Distância (EAD) remontam aos meados doséculo XIX, tendo como marco institucional a iniciativade alguns professores. No Brasil, a Educação a Distâncianasceu na década de 30 voltada para o ensino profissiona-lizante, evoluindo em função da disponibilidade dos mei-os de comunicação.

A educação a distância apresenta-se como umainovação por sua sistemática e pelos seus recursos instituci-onais e didáticos de multimídia, deslocando alunos e pro-fessores das tradicionais salas de aulas para dentro do lar, doambiente de trabalho ou de outros centros adequados.

Na Educação a Distância entende-se que seja ne-cessário respeitar a autonomia do aluno em relação ao tem-po, estilo e ritmo de aprendizagem. Mesmo à distância, oaluno pode manter contato com o professor, com a institui-ção promotora do curso e com outros alunos de sua turma.

Este processo se torna viável através do uso deferramentas para criação e manutenção de ambientes cola-borativos a distância que prometam suprir os impactos ecarências causados pela distância e pelo tempo.

Desta forma, esta pesquisa visou o estudo dosconceitos e técnicas aplicadas no ensino a distância, para odesenvolvimento de um Curso Piloto.

MATERIAIS E MÉTODOSPara a elaboração das atividades descritas a seguir,

foi utilizado um microcomputador HP (Hewlett Packard)Vectra VE com processador Pentium III, 64 MB de me-mória RAM e sistema operacional Microsoft WindowsNT Workstation 4.0. Também foram utilizados os softwa-res relacionados a seguir:

• Microsoft Access 2000: para a criação de umcadastro com o material de pesquisa;

• Microsoft Word 2000: para a edição dos textos edocumentos;

• Microsoft Power Point 2000: para a elaboraçãode apresentações;

• Microsoft FrontPage: para a edição de arquivosHTML, utilizados no Curso Piloto;

• Internet Explorer 5.0: para pesquisas na Internete uso da ferramenta WebCT;

• Netscape Navigator 4.0: para uso da ferramentaWebCT;

• Macromedia Dreamweaver Ultradev 4 (versãotrial): para filtragem do código HTML gerado durante a pro-dução do material do curso;

• WebCT versão 3.1 (cópia de avaliação): paraelaboração do Curso Piloto.

O projeto teve início com uma revisão detalhadada bibliografia, que se constituiu como parâmetro para adefinição das técnicas e ferramentas que foram utilizadaspara o desenvolvimento do trabalho.

No levantamento das ferramentas estudadas fo-ram considerados os seguintes parâmetros, baseados emrelatos de LUCENA (1999 b): interface homem-máquina,ambiente operacional necessário para instalação e utiliza-ção da ferramenta, recursos de software disponíveis, re-quisitos mínimos de hardware para viabilização do cursopor parte dos alunos.

A partir deste levantamento, foram encontradas as se-guintes ferramentas: Albatross, AulaNet, Macromedia Cour-seBuilder for Dreamweaver, CyberProf, FAESA@Online,FirstClass Colaborative Classroom, IDEALS, LearningSpace,Tele-Educ, Top-class, UniverSite, Virtual-U, Web Course in aBox e WebCT. LUCENA (1999 a), AULANET (2000), MA-CROMEDIA (2000), MHW (2000), UNICAMP (2000),WBT (2000), FIRST (2000), LOTUS (2000).

Após o estudo realizado desenvolveu-se uma pá-gina na Internet, onde foram disponibilizadas as informa-ções referentes ao curso, além da divulgação e inscriçãode candidatos. Nesta página foi criado o acesso para a dis-ponibilização do curso.

RESULTADOS E DISCUSSÕESCom base nos estudos realizados, optou-se pela

utilização da ferramenta WebCT para o desenvolvimentodo Curso Piloto, pois durante o processo de análise esta

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ferramenta apresentou particularidades interessantes, taiscomo: não há necessidade de instalação de programas adi-cionais, requisitos de hardware razoáveis, interface ami-gável, facilidade de manuseio para a criação de cursos, in-serção de notas de aula dentro do próprio ambiente de en-sino, entre outros WEBCT (2000).

De acordo com FRANCO (1998), WebCT(World-Wide Web Course Tool) é uma ferramenta que foidesenvolvida pelo departamento de Ciência da Computa-ção da Universidade de British Columbia na Canadá(UBC) que facilita a criação de um ambiente educacionalsofisticado baseado em interface WWW. Pode ser usadapara a criação de cursos on-line completos, ou como inter-face de apoio para cursos comuns.

Através da utilização da ferramenta WebCT, todoo material produzido para o Curso Piloto foi direcionadopara um curso totalmente à distância, constituído de aulasbásicas e explicativas de modo a atender com sucesso to-dos os participantes.

O curso, intitulado Conceitos Básicos de Informá-tica para Cursos de Educação a Distância, teve início nodia 21/05/2001, encerrando-se em 10/07/2001. Participa-ram do curso 16 professores da Unimep, selecionados apartir de sorteio entre todos os inscritos.

Durante o período de oferecimento do curso, foipossível fazer uso de diversos recursos existentes na ferra-menta WebCT para promover a aprendizagem, como porexemplo: salas de bate-papo, mural de mensagens, e-mailinterno, calendário, lousa virtual, etc.

Esta pesquisa esteve vinculada a um projeto depesquisa FAP (Construindo Cursos de Educação a Distân-cia) que envolve docentes e alunos de duas áreas do co-nhecimento específico: Ciência e Tecnologia da Informa-ção e Educação.

Além de todo o conteúdo desenvolvido para o cur-so, elaborou-se um glossário das áreas de Informática eEducação, a fim de facilitar o esclarecimento de termos téc-nicos para dirimir dúvidas dos participantes. Foi elaboradotambém um guia de referência para dar apoio às atividadesa serem desenvolvidas pelos participantes do curso.

CONCLUSÕESAtualmente tem sido cada vez mais evidente a in-

serção das instituições de ensino no processo de Educaçãoa Distância. Sendo assim, pode-se concluir que esta pes-quisa foi muito importante para mostrar que é possível im-plementar ambientes educacionais a distância fazendo usoda ferramenta WebCT.

No Curso Piloto, a ferramenta WebCT compor-tou-se de maneira satisfatória, atendendo todas as expecta-tivas, sendo de fácil manuseio tanto para o desenvolvi-mento do curso, quanto para o gerenciamento das açõesdos alunos e das avaliações das atividades propostas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AULANET. Disponível na Internet: http://200.143.205.2/scripts/aulanet/cgilua.exe/aulanet. Out 2000.

FERREIRA, R. A Internet como ambiente da Educaçãoà Distância na formação continuada de professores.Cuiabá: Instituto de Educação, 2000. Disponível na

Internet: http://cev.ucb.br/qq/ruy_ferreira/tese.htm.Out 2000.

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FRANCO, M. A. & BARBETTI, D. R. Desenvolvimentode cursos on-line utilizando WebCT. Versão: 1 –Junho 1998.

LOTUS Development Corporation. Disponível na Inter-net: http://www.lotus.com/products/ learnspace.nsf/wdocs. Out 2000.

LUCENA, C. J. P. et alli. AulaNet: Ajudando Professoresa Fazerem seu Dever de Casa. Anais do XIX Con-gresso Nacional da Sociedade Brasileira de Compu-tação. Vol. I, p 106 – 133.1999 (a).

LUCENA, C. J. P. et alli. O AulaNet e as novas tecnolo-gias de informação aplicadas à educação baseadana Web. Anais do VI Congresso Internacional deEducação a Distância. 1999 (b).

MACROMEDIA. Disponível na Internet: http://www.macromedia.com/software/coursebuilder. Out 2000.

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UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas. Dis-ponível na Internet: http://www.nied.unicamp.br/tele_educ. Out 2000.

WBT Systems. Disponível na Internet: http://www.wbtsystems.com/products. Out 2000.

WEBCT Company. Disponível na Internet: http://about.webct.com/files/3_1/relnotes_31.htm. Out 2000.

136 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.50

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÕES DE REQUISITOS DE SOFTWARE

UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO

ELIANE BORTOLASO (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoLUIS EDUARDO R. DOS SANTOS (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

LUIS EDUARDO GALVÃO MARTINS (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste estudo foi, através de uma representação correta, transportar para um modelo de avaliação deespecificações de requisitos de software todo o conhecimento e manipulação deste conhecimento, necessários para alcan-çar um resultado final como um conceito àquela especificação avaliada. Para isso foram elaborados dois conjuntos deregras nebulosas, armazenadas em bases de conhecimento distintas a serem ativadas durante o processo de avaliação. Amanipulação das regras nebulosas ocorre no que é denominado motor de inferência, responsável pela ativação das regrascorretas que emitirão o resultado desejado. Como todo processo de avaliação, este estudo parte da análise de alguns atri-butos de qualidade da especificação de requisitos de software, atribuindo-lhes conceitos de caráter lingüístico. Estes con-ceitos são enviados ao motor de inferência que ativa as regras nebulosas, armazenadas na base de conhecimentoapropriada e que manipulam os mesmo valores lingüísticos, podendo assim emitir um resultado final.

INTRODUÇÃOComo a Informática já se tornou uma ferramenta

para muitas outras áreas como Medicina, Genética, Ciênci-as Espaciais, Economia, entre outras, é comum a necessida-de de implementar sistemas cada vez mais complexos, eque muitas vezes vão realizar atividades que outrora eramdesempenhadas por uma pessoa, geralmente um especialis-ta para aquele assunto. Através desta necessidade surgiu umnovo ramo da Informática, ligado a Inteligência Artificial(IA), denominado Representação do Conhecimento (RC).Os sistemas gerados em IA têm propósito de resolver al-gum problema de uma área específica. Todas as informa-ções pertencentes a esta área e que também sejam relevan-tes ao sistema, compõem um domínio. O que a RC tenta fa-zer é estruturar e possibilitar a codificação deste domínio.

As informações, chamadas de conhecimento, sãoentidades simbólicas, que tem na lógica “uma feliz ferra-menta para se representar” (PASSOS, 1989).

Profissionais que atuam na elaboração de sistemasinteligentes, geralmente necessitam representar o conheci-mento do domínio ao qual se refere o sistema. Para issodeve ter clara noção da natureza daquele conhecimento etambém da forma que ele terá que ser manipulado a fimde emitir o resultado desejado. A escolha da melhor formade representação é fundamental para o sucesso do projeto.

MATERIAIS E MÉTODOSDepois de estudos iniciais que indicaram a manei-

ra correta para elaboração das regras (RICH, 1988) quemanipulam o conhecimento deste modelo de avaliação,foram criadas as bases de conhecimento para armazenartais regras. Foram duas as bases usadas, pois este processode avaliação ocorre em duas etapas:

1ª Etapa: avalia-se os atributos de qualidade, divi-dindo-os em dois grupos separados, atribuindo-lhes notasde caráter lingüístico. A mesma base de conhecimento éativada para os dois grupos, cada grupo com três atributosde qualidade.

2ª Etapa: avalia-se o resultado parcial emitido pe-las regras da 1ª Etapa para que se chegue ao resultado finalda avaliação. Isso é feito a partir da ativação das regrascontidas em uma segunda base de conhecimento.

Como são vários os atributos de qualidade, desta-camos alguns para serem avaliados. São eles: Não Ambi-güidade, Internamente Consistente, Corretitude, Anotaçãopor Importância Relativa, Anotação por Estabilidade Re-lativa e Anotado por Versão.

Tabela 1. Atributos de qualidade (Aq) de cada um dos dois grupos

Cada regra contida nas bases de conhecimentotrata de representar o conhecimento e ao mesmo tempoindicar como o mesmo será manipulado. Um exemplo deregra da base de conhecimento para 1ª Etapa é:

SE Aq1=B e Aq2=B e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é B,onde Aqn indica o atributo de qualidade e seu res-

pectivo valor lingüístico (B para BAIXO, M para MÉDIOe A para ALTO), QEG1 é qualidade da especificação dogrupo 1.

Um exemplo de regra da base de conhecimentopara a 2ª Etapa é:

SE AQG1=B AQG2=B, ENTÃO QEF é B,onde AQG1 indica o resultado para o primeiro

grupo de atributos de qualidade e QEF indica o resultadofinal da especificação.

Para testar o modelo de avaliação, foram realiza-dos alguns estudos de caso.

Estes estudos de caso analisaram a documentaçãode software produzido por alunos de cursos da FCTI (Fa-culdade de Ciência e Tecnologia da Informação), onde osatributos de qualidade da especificação de requisitos dosoftware foram avaliados e receberam um conceito.

GRUPO 1 DE ATRIBUTOS GRUPO 2 DE ATRIBUTOSAq1 – Não Ambigüidade Aq4 – Anotação por Importância RelativaAq2 – Internamente Consistente Aq5 – Anotação por Estabilidade RelativaAq3 – Corretitude Aq6 – Anotado por versão

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 137

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Atividades iniciais como leitura de material dasáreas de Inteligência Artificial e Sistemas de Informação eTeoria dos Conjuntos Fuzzy, bem como consulta a materi-al disponível na Internet, criaram uma base para as primei-ras idéias de como deveria ser estruturada a base de co-nhecimento usada pelo modelo de avaliação.

Já que o conhecimento deste modelo de avaliação éprocedimental, pois indica um processo de incremento,como passos, com o objetivo de “dar conselhos”, há umafacilidade em se representar a forma como ele será usado: apartir de regras que é a representação mais usual neste caso.

Depois que foi decidido empregar realmente asregras nebulosas como forma de representação, combina-ções entre os valores lingüisticos de cada atributo foramfeitas para criação das bases de conhecimento.

Na segunda base de conhecimento há uma consi-deração maior para o valor do atributo de qualidade doprimeiro grupo, pois são os que tem maior peso segundo aEngenharia de Requisitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃOForam elaboradas duas bases de conhecimento. A

primeira delas com um total de 27 regras, já que são trêsatributos de qualidade com três valores lingüísticos cadaum, resultado do cálculo 33.

A Segunda base de conhecimento é resultado dedois resultados parciais vindos do primeiro e segundo gru-po de atributos de qualidade e podem assumir 5 valoreslingüísticos, resultado do cálculo 52.

A seguir estão as duas bases de conhecimentousadas no processo de avaliação. À esquerda vem a baseusada para o primeiro e segundo grupos de atributos dequalidade, e à direta vem a base usada para comparar osresultados parciais dos dois grupos e emitir o resultado fi-nal da especificação de requisitos de software.

CONCLUSÃOA escolha de regras nebulosas para representar e

implementar o conhecimento deste modelo de avaliaçãose mostrou adequada, principalmente por conseguir tratarvalores lingüisticos como os que são usados para os atri-butos de qualidade. A experiência obtida pelo contato comsistemas inteligentes que foram estudados e que tambémse utilizavam de regras nebulosas para representar seu co-nhecimento, fortaleceram esta forma de representaçãocomo sendo a mais indicada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLEVINE, Robert I., DRANG, Diane E., EDELSON,

Barry. Inteligência Artificial e sistemas especialis-tas. São Paulo: McGraw Hill, 1988.

RICH, Elaine. Inteligência artificial. Trad. Newton Vas-concelos. São Paulo: McGraw Hill, 1988.

PASSOS, Emmanuel L. Inteligência artificial e siste-mas especialistas ao alcance de todos. Rio deJaneiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1989.

01: SE Aq1=B e Aq2=B e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é B02: SE Aq1=B e Aq2=B e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é B03: SE Aq1=B e Aq2=B e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é MB04: SE Aq1=B e Aq2=M e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é B05: SE Aq1=B e Aq2=M e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é M06: SE Aq1=B e Aq2=M e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é M07: SE Aq1=B e Aq2=A e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é MB08: SE Aq1=B e Aq2=A e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é M09: SE Aq1=B e Aq2=A e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é MA10: SE Aq1=M e Aq2=B e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é B11: SE Aq1=M e Aq2=B e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é MB12: SE Aq1=M e Aq2=B e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é M13: SE Aq1=M e Aq2=M e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é M14: SE Aq1=M e Aq2=M e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é M15: SE Aq1=M e Aq2=M e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é MA16: SE Aq1=M e Aq2=A e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é MA17: SE Aq1=M e Aq2=A e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é M18: SE Aq1=M e Aq2=A e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é A19: SE Aq1=A e Aq2=B e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é MB20: SE Aq1=A e Aq2=B e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é M21: SE Aq1=A e Aq2=B e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é MA22: SE Aq1=A e Aq2=M e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é M23: SE Aq1=A e Aq2=M e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é MA24: SE Aq1=A e Aq2=M e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é A25: SE Aq1=A e Aq2=A e Aq3=B, ENTÃO QEG1 é MA26: SE Aq1=A e Aq2=A e Aq3=M, ENTÃO QEG1 é A27: SE Aq1=A e Aq2=A e Aq3=A, ENTÃO QEG1 é A

01: SE AQG1=B AQG2=B, ENTÃO QEF é B02: SE AQG1=B AQG2=MB, ENTÃO QEF é B03: SE AQG1=B AQG2=M, ENTÃO QEF é MB04: SE AQG1=B AQG2=MA, ENTÃO QEF é MB05: SE AQG1=B AQG2= A, ENTÃO QEF é M06: SE AQG1=MB AQG2=B, ENTÃO QEF é MB07: SE AQG1=MB AQG2=MB, ENTÃO QEF é MB08: SE AQG1=MB AQG2=M, ENTÃO QEF é MB09: SE AQG1=MB AQG2=MA, ENTÃO QEF é M10: SE AQG1=MB AQG2=A, ENTÃO QEF é M11: SE AQG1=M AQG2=B, ENTÃO QEF é MB12: SE AQG1=M AQG2=MB, ENTÃO QEF é M13: SE AQG1=M AQG2=M, ENTÃO QEF é M14: SE AQG1=M AQG2=MA, ENTÃO QEF é M15: SE AQG1=M AQG2=A, ENTÃO QEF é MA16: SE AQG1=MA AQG2=B, ENTÃO QEF é M17: SE AQG1=MA AQG2=MB, ENTÃO QEF é M18: SE AQG1=MA AQG2=M, ENTÃO QEF é MA19: SE AQG1=MA AQG2=MA, ENTÃO QEF é MA20: SE AQG1=MA AQG2=A, ENTÃO QEF é MA21: SE AQG1=A AQG2=B, ENTÃO QEF é M22: SE AQG1=A AQG2=MB, ENTÃO QEF é MA23: SE AQG1=A AQG2=M, ENTÃO QEF é MA24: SE AQG1=A AQG2=MA, ENTÃO QEF é A25: SE AQG1=A AQG2=A, ENTÃO QEF é A

138 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.51

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DO SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA

DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO ENGENHARIA DE REQUISITOS

ANDERSON BELGAMO (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoLUIZ EDUARDO GALVÃO MARTINS (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A engenharia de requisitos surge com a necessidade da elicitação e especificação de requisitos. Durante a elicita-ção de requisitos do software, vários requisitos são “acordados” junto ao cliente/usuário. Porém, no processo de elicitaçãode requisitos surge a necessidade de documentação (especificação) de tais requisitos. Os requisitos documentados serãousados nas fases seguintes do ciclo de vida de desenvolvimento do software, como por exemplo as fases de projeto eimplementação. Para que os requisitos satisfaçam as necessidades dos clientes é importante realizar uma boa elicitação eespecificação dos requisitos. Para o desenvolvimento de uma boa especificação de requisitos do software alguns atributosde qualidade foram propostos por alguns pesquisadores. Porém, a avaliação dos atributos de qualidade escolhidos para omodelo de avaliação proposto no contexto deste projeto será aplicada com o auxílio da Teoria dos Conjuntos Nebulosos,pois os atributos de qualidade propostos possuem características de incerteza que tornam a aplicação da Teoria dos Con-juntos Nebulosos apropriada para as atividades da Engenharia de Requisitos. Dessa forma, a Teoria dos Conjuntos Nebu-losos ajudará na verificação e avaliação de uma especificação de requisitos do software.

INTRODUÇÃOA verificação da qualidade de uma especificação de

requisitos é muito importante para todos os envolvidos noprocesso de desenvolvimento do software, pois desse modopode-se comprovar se a especificação feita pelo engenheirode requisitos (através de alguma metodologia, como análiseestruturada ou análise orientada a objetos) representa corre-tamente os requisitos a serem implementados (PRESS-MAN, 1997; JACOBSON, 1998). Porém, estas metodolo-gias são pouco formais e baseadas em técnicas de diagra-mação podendo ocasionar problemas que reflitam em as-pectos de avaliação como: ambigüidade, facilidade deentendimento, concisão, consistência interna e outros.

Na avaliação dos atributos de qualidade de uma es-pecificação de requisitos é difícil se ter uma avaliação rígi-da, do tipo o atributo é atendido ou não, ou ainda simples-mente atribuindo um valor numérico ao atributo. A Teoriados Conjuntos Nebulosos parece tratar adequadamente oproblema da incerteza existente numa avaliação de especifi-cação de requisitos do software (ERS), trabalhando comgraus de pertinência para cada atributo de qualidade.

MATERIAIS E MÉTODOSEste projeto é um dos módulos de uma proposta

mais abrangente de trabalho, que se articulou com outrostrês módulos: Modelagem Fuzzy, Representação do Conhe-cimento e Programação. Estes módulos podem ser dividi-dos entre as áreas da computação, explicitadas na Figura 1.

Para diminuir problemas na especificação de re-quisitos do software, DAVIS (1997) propôs alguns atribu-tos de qualidade e algumas fórmulas para determinar oquão boa é uma especificação. Os 24 atributos propostospor DAVIS (1997) são: não-ambigüidade, completitude,corretitude, facilidade de entendimento, verificável, con-sistência interna, consistência externa, possibilidade, con-cisão, independência de projeto, rastreável, modificável,armazenada eletronicamente, executável, anotação porimportância relativa, anotação por estabilidade relativa,

anotação por versão, não redundância, em nível de abstra-ção/detalhe, precisão, reusável, rastreada, organizada, re-ferência cruzada.

Figura 1. Divisão do Projeto em Áreas

Para este modelo de avaliação da qualidade da espe-cificação de requisitos do software utilizando a Teoria dosConjuntos Nebulosos o uso dos 24 atributos de qualidade nãofoi possível devido a “explosão” de regras que este númerogeraria, pois para cada atributo de qualidade foram utilizadas3 valores lingüísticos: Baixa (B), Média (M), Alta (A). Traba-lhando com os 24 atributos teríamos 324 combinações, resul-tando num total de 282.429.536.481 combinações.

Dessa forma, foram selecionados seis atributos dequalidade, o que resultou num total de 729 (36) combina-ções. Este valor de 729 combinações ainda seria grande,então os seis atributos foram divididos em dois grupos,cada um contendo três atributos de qualidade. Com isso, onúmero de regras caiu para 33 (27) combinações possíveispara cada grupo, mais 52 (25) combinações para os con-juntos nebulosos de saída da especificação de requisitos,com cinco valores lingüísticos para a saída: Baixa (B),Medianamente Baixa (MB), Média (M), MedianamenteAlta (MA), Alta (A). O número total de regras utilizadofoi de 79 (27 + 27 + 25).

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs atributos escolhidos para o grupo 1 se deu pelo

fato do peso 1 que cada um destes atributos possuem e suadefinições segundo a classificação de DAVIS (1997):

Não ambigüidade (AQ1): Uma ERS não é ambí-gua se e somente se cada requisito declarado tem somenteuma possível interpretação. Foi utilizado este atributo pelofato de que a satisfação do cliente em ralação ao softwaredesenvolvido dependerá da não ambigüidade existente naespecificação, pois a ambigüidade pode resultar em um

ENGENHARIA DE SOFTWAREMódulo: Engenharia de Requisitos

INTELIGÊNCIA ARTIFICIALMódulo: Modelagem Fuzzy

LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃOMódulo: Programação

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 139

Page 142: 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA … · Iria Marisa Gevartoski do Amaral – Faculdade de Ciências da Saúde ... Ana Célia Ruggiero Profa. Cristina Broglia Feitosa Lacerda

entendimento errado da especificação de requisitos porparte do programador, resultando dessa forma num sof-tware que não atende a expectativa do cliente e que sofreráuma manutenção corretiva acarretando perda de recursose tempo para ambas as partes envolvidas. A fórmula ado-tada para AQ1 foi:

AQ1 = 10 * (nui / nr)onde nui é o número de interpretações idênticas e

nr é o número de requisitos na especificação.Corretitude (AQ2): Uma ERS é correta se e so-

mente se cada requisito representa algo exigido do sistemaa ser construído. Da mesma forma que o atributo não am-bigüidade, a especificação tem que estar correta para nãoresultar em um software que não satisfaça a necessidadedo cliente. A fórmula utilizada foi:

AQ2 = 10 * (nc / nr)onde nc é o número de requisitos corretos e nr é o

número total de requisitos (requisitos validados e não vali-dados).

Consistência Interna (AQ3): Uma ERS é consis-tente internamente se e somente se nenhum requisito de-clarado está em conflito com qualquer documentação deprojeto já elaborada. Este atributo é importante para queos requisitos especificados não estejam em conflito, ocasi-onando erros na implementação do software. A fórmulautilizada foi:

AQ3 = 10 * (nu – nn / nu)onde nu é o número de funções únicas especifica-

das e nu é o número de funções não determinísticas.Para o grupo 2 foram escolhidos os seguintes atri-

butos de qualidade:Anotação por Importância Relativa (AQ4): Uma

ERS possui este atributo se um leitor pode facilmente de-terminar quais requisitos são os mais importantes para osclientes. Desta forma, podemos determinar tempo e custopara implementação dos requisitos. Os requisitos são mar-cados na especificação de acordo com sua importância. Afórmula utilizada foi:

AQ4 = 10 * (nra / nr)onde nra é o número de requisitos anotados por

importância relativa e nr é o número de requisitos totalAnotação por Estabilidade Relativa (AQ5): Uma

ERS possui este atributo se um leitor pode facilmente deter-minar quais requisitos são comuns para mudar. Dessa for-ma, é possível projetar o sistema para que se obtenha algu-ma facilidade de mudança, pois existe uma característicamutante que permeia os requisitos. A fórmula utilizada foi:

AQ5 = 10 * (nra / nr)onde nra é o número de requisitos anotados por es-

tabilidade relativa e nr é o número de requisitos totalAnotação por Versão (AQ6): Uma ERS possui

este atributo se um leitor pode facilmente determinar qualrequisito será satisfeito em quais versões dos produtos, demodo que possamos estabelecer um conjunto mínimo deversões para que a especificação se estabilize. A fórmulautilizada foi:

AQ6 = 10 * (nav / nr)onde nav é o número de requisitos anotados por

versão e nr é o número de requisitos total.Foram realizados três estudos de casos em especifi-

cações desenvolvidas por alunos do curso de Tecnólogo em

Informática (UNIMEP): software de nutrição (NUTRI),software de sistema de controle de patrimônio (SCP) e sof-tware de sistema de custo de refeitório (SCR). Todos os es-tudos de casos foram submetidos ao modelo nebuloso pro-posto para avaliação da qualidade da especificação de re-quisitos do software, obtendo como resultado avaliações deforma menos subjetiva e de maior confiabilidade.

Após a confirmação do modelo proposto pelos es-tudos de caso foi possível a elaboração de um protótipopara a avaliação da especificação de requisitos do softwa-re utilizando a linguagem C++.

CONCLUSÕESO uso de todos os 24 atributos de qualidade não

foi possível devido ao fato da “explosão” de regras que es-tes gerariam. Porém, utilizando seis atributos de maior im-portância que poderiam garantir uma avaliação justa daqualidade de uma especificação e dividindo-os em doisgrupos, foi possível perceber uma avaliação que diminuís-se a subjetividade existente no processo, pois seria incor-reto dizer apenas que uma especificação pode ser conside-rada boa ou ruim. Existe vários graus de qualidade queuma especificação pode assumir, como por exemplo qua-lidade Média ou Medianamente Alta.

Os estudos de caso realizados puderam compro-var a diminuição da subjetividade e aprovar a veracidadedo modelo de avaliação da especificação de requisitos dosoftware utilizando a Teoria dos Conjuntos Nebulosos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDAVIS, A. Identifying and Measuring Quality in a Sof-

tware Requirements Engineering. In: SOFTWAREREQUIREMENTS ENGINEERING, 1997, IEEE-CS Press Second Edition, p.p.110 –175.

JACOBSON, I.; BOOCH, G.; RUMBAUGH, J. TheUnified Software Development Process. Addison-Wesley, 1998.

PRESSMAN, R. Engenharia de Software. São Paulo:Makron Books, 3ª Edição, 1995.

140 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.52

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A TEORIA

DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO “MODELAGEM FUZZY1”

CARLOS EDUARDO GARDENAL (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoANA ESTELA ANTUNES DA SILVA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

LUIZ EDUARDO GALVÃO MARTINS (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste módulo do projeto é utilizar os conceitos da Teoria dos Conjuntos Nebulosos para desenvol-ver um modelo de avaliação dos indicadores de qualidade de uma especificação de requisitos de software, uma vezque, por meio dos conjuntos nebulosos pode-se flexibilizar os critérios do que seja, por exemplo, uma especificaçãonão ambígua, correta, de fácil entendimento, não redundante, etc. A noção de conjunto surge quando se quer organizare difundir conhecimento sobre objetos, característica natural dos seres humanos. Assim, neste projeto é preciso umanoção mais ampla acerca de conjuntos matemáticos. Neste ponto, os Conjuntos Nebulosos são a solução. A lógicanebulosa é a base fundamental para este projeto, pois é apoiado nela que vão sendo selecionadas as possíveis combina-ções de soluções. A avaliação de um atributo pode, por exemplo, pertencer a mais de uma função nebulosa, com grausde pertinência distintos. Se fossem utilizados conjuntos simples, não seria possível representar estas inúmeras situa-ções, a classificação seria booleana. Um conjunto nebuloso descreve o grau de participação de um elemento a um con-junto, dentro de um intervalo de valores que varia de zero a um.

INTRODUÇÃO 12

Estudou-se neste projeto a lógica nebulosa, parapermitir um julgamento menos suscetível a erros acercada avaliação dos indicadores de qualidade de uma especi-ficação de requisitos de software. Defendeu-se não seradequado basear-se numa avaliação exata, mas em grausde certeza e incerteza, e, através dos conjuntos nebulosos,pode-se flexibilizar os critérios de uma especificação. Estaflexibilização, baseada na teoria dos conjuntos nebulosos,permite que se tenha um instrumento mais adequado paraa verificação e avaliação de uma especificação de requisi-tos de software. O projeto também teve como objetivo, ar-ticular conhecimentos da área de Inteligência Artificial eEngenharia de Software.

Buscou-se um método para avaliar a especificaçãode requisitos de um software baseado na Teoria dos Con-juntos Nebulosos, utilizando, para isso, graus de pertinên-cia para indicar se a especificação pode ser considerada deboa qualidade ou não. Este julgamento foi feito através deatributos de qualidade, os quais, possuem valores lingüís-ticos associados (baixo, médio, alto), já que eles são de di-fícil avaliação.

A Teoria dos Conjuntos Nebulosos é utilizadapara avaliar o grau de pertinência mais adequado para oatributo em questão, através das funções de pertinência.As funções de pertinência, para os atributos de qualidade,devem ser definidas com grau de sobreposição entre 25%e 75%, sendo ideal 50% (SHAW, 1999), e tal indicação2

foi seguida, neste projeto, para os valores lingüísticos deentrada (B, M, A) e de saída.

A Figura 1 apresenta as funções de pertinência paracada um dos atributos, e serão as mesmas para os seis atri-

butos escolhidos. Na Figura 2, temos o gráfico de saída,onde se passa a contar com cinco funções de pertinência.

Figura 1. É exibida a função de pertinência nebulosa para a avaliação decada atributo isoladamente, que ocorre na primeira etapa.

Figura 2. É exibida a função de pertinência nebulosa para a saída, de cadaum dos dois grupos de atributos da primeira etapa, gerando, assim, duas no-vas entradas para a segunda etapa. Também é a partir desta função que seobtém o resultado final da avaliação.

A Figura 2 representa as funções de pertinência ne-bulosas, resultantes para cada um dos grupos de atributos. Acombinação dos resultados dos dois grupos (G1 e G2) serárealizada através destas mesmas funções de pertinência.Assim, tem-se como resultado um terceiro gráfico (idênticoao da Figura 2), com 5 variáveis lingüísticas que une a ava-liação do grupo 1 com a do grupo 2.

Para conhecer em qual função de pertinência umatributo se enquadra, deve-se aplicar uma fórmula mate-mática, sendo que, se um atributo de qualidade é chamadode Aq e for utilizado o intervalo de avaliação de 0 a 10,tem-se, respectivamente, para a entrada e a saída:

Tabela 1. Cálculo realizado para conhecer o grau de pertinência de uma dasseis variáveis lingüísticas a um ou mais valores lingüísticos (funções de perti-nência), para a entrada.

1. Fuzzy é um termo em Inglês que significa Nebuloso2. (SHAW, 1999) indica que um bom número de funções de pertinênciadeve variar de 2 a 7..

B M A1 se Aq <= 2,5

(5- Aq) / 2,5 se 2,5 < Aq < 51 se Aq = 5

(Aq – 2,5) / 2,5 se 2,5 < Aq <5(7,5 – Aq) / 2,5 se 5 < Aq < 7,5

1 se Aq >= 7,5(Aq – 5) / 2,5 se 5 < Aq < 7,5

1 2 3 7 8 94 5 6 100

1B M AMB MA

1 2 3 7 8 94 5 6 100

1

1 2 3 7 8 94 5 6 100

1B M AMB MA

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 141

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Tabela 2. Cálculo com a mesma finalidade que o anterior, mas para a saída.

MATERIAIS E MÉTODOSNeste projeto, fez-se necessária a divisão por áre-

as, já que quatro alunos participaram, favorecendo o traba-lho em grupo. Conforme pode-se ver no quadro seguinte,está ilustrada a divisão do trabalho de pesquisa por assun-to dentro das três áreas que compõem o projeto.

Quadro 1. Maneira como o projeto está dividido.

No Módulo “Modelagem Fuzzy”, utilizou-se con-sulta a sítios na Internet, e principalmente livros para reali-zar o levantamento bibliográfico, adquirir dados sobre Ló-gica Nebulosa e assuntos relacionados como Funções dePertinência Nebulosas, importantes para o projeto.

Nos gráficos da avaliação proposta neste projeto,foram usadas funções triangulares e trapezoidais, pois sãogeradas facilmente. Nas posições centrais do intervalo, fo-ram usadas funções triangulares e, nos extremos, funçõestrapezoidais. As triangulares se enquadraram no centro poistanto à esquerda e a direita estão outras funções, as quais fi-caram sobrepostas para que um valor de entrada participas-se de duas funções, com graus de pertinência geralmente di-ferentes (vide Figuras 1 e 2). As trapezoidais foram usadasquando a entrada era muito baixa ou muito alta (tendendoaos valores máximo ou mínimo do intervalo, respectiva-mente). Como os valores tendiam aos extremos do interva-lo, seu grau de pertinência à função foi fixado em 1 (um).

As funções de pertinência nebulosa foram defini-das de forma que houvesse sobreposição de 50% entreelas. Para o gráfico de entrada, usamos três funções depertinência, e para o de saída, cinco funções de pertinên-cia. A Figura 1 apresenta as funções de pertinência paracada um dos atributos, e serão as mesmas para os seis atri-butos escolhidos. Na Figura 2, temos o gráfico de saída,onde passamos a contar com cinco funções de pertinência.A Figura 2, representa o resultado para cada um dos gru-pos de atributos. A combinação entre G1 e G2 será reali-zada através dele também. Assim, teremos como resulta-do, um terceiro gráfico com 5 variáveis lingüísticas queune a avaliação do grupo 1 com a do grupo 2.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA Teoria dos Conjuntos Nebulosos foi aplicada

com o intuito de sanar dificuldades na avaliação, que surgi-riam caso fosse utilizado um Conjunto Matemático sim-ples, já que num Conjunto Nebuloso, os elementos além defazerem parte ou não do conjunto, podem também perten-cer a outros conjuntos (multivalência), pois a lógica nebulo-sa trabalha com verdades parciais sobre um fato (SHAW,1999). Dessa forma, ao invés de dizer que uma especifica-ção de requisitos de software é boa ou ruim apenas, pode-se

estender as possíveis avaliações acerca desta especificação,utilizando valores lingüísticos como Alto, Médio ou Baixo,em lugar de somente dizer se ela é boa ou ruim.

As funções de pertinência aplicadas neste modelo,foram selecionadas de forma que houvesse um grau de so-breposição, entre um par de funções, de 25% a 75%, poisdesta forma uma dada avaliação recebida por um atributopode ter mais de um grau de pertinência referente a pelomenos uma, e até duas funções de pertinência, aumentan-do a eficácia do modelo.

Foram realizados, três estudos de caso de projetos,para serem avaliados pelo modelo proposto, através da do-cumentação dos mesmos, desenvolvidos por alunos docurso de Tecnólogo em Informática da UNIMEP: softwa-re de nutrição (NUTRI), software de sistema de controlede patrimônio (SCP) e software de sistema de custo de re-feitório (SCR). Assim, através destes estudos de caso eoutros exemplos utilizados, pude-se comprovar a eficáciado modelo.

CONCLUSÃOConclui-se que realizando um julgamento multi-

valente de uma situação, obtém-se melhores saídas, maispróximas do ideal, do que efetuar um julgamento binário.Procedendo desta forma, a solução aproxima-se mais deum julgamento humano convencional acerca do mundoao seu redor, e com isso consegue-se uma flexibilidadeque não seria adquirida, caso fosse utilizada uma avalia-ção booleana acerca de algo. Neste momento, utiliza-se aLógica Nebulosa, como forma de representar uma gamade soluções mais vasta, ideal para o modelo de avaliaçãoproposto por este projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASPEDRYCZ, Witold, GOMIDE, Fernando. An introduc-

tion to fuzzy sets. Massachusetts: Ed. The MITPress, 1998. 465 p..

SHAW, Ian S., SIMÕES, Marcelo G. Controle e mode-lagem fuzzy. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 1999.165 p.

B MB M MA A1 se Aq <= 1

(3-Aq)/2 se 1<Aq<3

1 se Aq = 3(Aq–1)/2 se 1<Aq<3

(5 – Aq)/2 se 3<Aq<5

1 se Aq = 5(Aq – 3)/2 se

3<Aq<5(7 – Aq)/2 se

5<Aq<7

1 se Aq = 7(Aq – 5)/2 se

5<Aq<7(9 – Aq)/2 se

7<Aq<9

1 se Aq >= 9(Aq – 7)/2 se 7

<Aq<9

ENGENHARIA DE SOFTWARE

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO

MÓDULOS: Engenharia de Requisitos Lógica NebulosaRepresentação do Conhecimento

Linguagem de Programação

142 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.53

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DE SOFTWARE UTILIZANDO A

TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY – MÓDULO PROGRAMAÇÃO

RAFAEL CASTRO FAGUNDES (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoLUIZ EDUARDO GALVÃO MARTINS (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O módulo programação teve por objetivo automatizar, através de um software (um protótipo de um SistemaEspecialista – SE), o modelo de avaliação de requisitos de software proposto pelos módulos Engenharia de Requisitos,Modelagem Fuzzy e Representação do Conhecimento (módulos que faziam parte do projeto de Iniciação Científica“Desenvolvimento de um Modelo de Especificação de Requisitos de Software Utilizando a Teoria dos ConjuntosFuzzy”). Para tal, foram pesquisados assuntos nas áreas de SE e Representação do Conhecimento, foram realizadosestudos sobre linguagens de programação, foram implementados (como testes) um sistema baseado em regras e etapasdo modelo de avaliação (processo de “fuzzyficação” e “defuzzyficação”) e, antes de se iniciar a implementação doprotótipo, estudos de casos foram realizados. Além disso, todo o processo de construção de programas foi respeitado,segundo a Engenharia de Software.

INTRODUÇÃOO programa de computador elaborado no desenvol-

vimento deste projeto resolve problemas da área de Especi-ficação de Requisitos de Software. Essa propriedade carac-teriza-o como sendo um SE (um SE é um programa de In-teligência Artificial que trata de uma área do conhecimentoem específico) (LEVINE, DRANG, EDELSON, 1988).

MATERIAIS E MÉTODOSA construção do programa iniciou-se com a im-

plementação de testes (para que o grupo que desenvolveuo modelo de avaliação se familiarizasse com a implemen-tação de possíveis partes do protótipo), sendo que: foiconstruído um programa que automatizava o processo de“fuzzificação” e “defuzzyficação” (pois essas partes fo-ram originadas do modelo inicialmente proposto) e umoutro programa que servisse de exemplo para o funciona-mento do motor de inferência de um sistema especialistaem mercado de ações, utilizando o encadeamento parafrente. Esses programas foram construídos na linguagemde programação C (HOLTZ, 1989). Em seguida, foi deter-minado que o software seria construído na linguagemC++ (utilizando como ferramenta o C++Builder3).

Após a familiarização com SE e lógica nebulosa,deu-se início a construção do software, seguindo a meto-dologia indicada pela Engenharia de Software (análise,projeto, codificação, teste, manutenção). Os requisitos dosoftware foram levantados através do modelo propostopor este projeto. O projeto foi feito através da construçãode: Diagrama de Fluxo de Dados (DFD – que serviu paraesclarecer todos os dados do programa, além do fluxo des-ses, vide Figura 1), Diagrama de Estrutura (DE – atravésdo qual pode-se determinar quais seriam os módulos doprograma e a interação entre eles) e um Dicionário de Da-dos (DD), a fim de se determinar todos os dados que seri-am utilizados no protótipo (ambos os diagramas foramconstruídos na ferramenta case System Architect). A codi-ficação, como dita anteriormente, foi feita na linguagemC++. A fase de testes foi feita utilizando valores de entra-da (atributos de qualidade) e obtido resultados iguais aos

que foram trabalhados e obtidos em estudos de casos rea-lizados pelo grupo.

Figura 1. DFD nível 1: fluxo de dados de interação entre usuário/programa einteração entre as duas etapas.

RESULTADOS E DISCUSSÕESO sistema especialista resultante apresenta algu-

mas diferenças de um sistema especialista com suas confi-gurações básicas. Além da base de conhecimento, do mo-tor de inferência e das interfaces de entrada e saída, esseprotótipo possui outras funções que estão no modelo pro-posto, sendo que sem elas seria impossível o funciona-mento deste software. Essas funções básicas são: “fuzzyfi-car”, levantar regras, conjugar antecedentes, inferir e “de-fuzzyficar”, onde:

“Fuzzyicar”: esta função consiste em transformaros valores numéricos dos atributos de qualidade em valo-res lingüísticos, através da utilização dos conjuntos nebu-losos. Essa transformação se dá através de graus de perti-nências dentro dos conjuntos nebulosos. Os graus de per-tinência são usados no módulo levantar regras;

Levantar regras: consiste na ativação das regrasnebulosas através da entrada dos graus de pertinência quequalificam os valores numéricos dos atributos de qualida-de dentro dos conjuntos nebulosos. Os valores dos atribu-tos de qualidade que correspondem aos antecedentes decada regra ativada são usados no módulo conjugar antece-dentes e os conseqüentes das regras no módulo inferir;

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 143

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Conjugar antecedentes: esta função consiste emescolher o menor grau de pertinência dentre os valores en-contrados no vetor de pertinências, que é formado pelosgraus de pertinências correspondentes aos conseqüentesde cada regra ativada. Os graus de pertinências mínimossão utilizados no módulo “defuzzyficar”;

Inferir: consiste em levantar os valores modais re-ferentes aos conjuntos nebulosos dos conseqüentes decada regra ativada. Esses valores modais são também utili-zados no módulo “defuzzyficar”;

“Defuzzyficar”: esse módulo consiste em aplicaros graus de pertinência mínimos e os valores modais nafórmula de “defuzzyficação”, da qual sairá um valor quecorresponde a qualidade de especificação final, encerran-do o processo.

O DE abaixo demonstra a interação entre os mó-dulos do programa:

Figura 2. DE: demonstra a interação entre as funções do programa

Torna-se importante ressaltar três aspectos:• o processo é realizado duas vezes pois os atributos

de qualidade são divididos em dois grupos. Dessa forma, nofinal da primeira etapa (na “defuzzyficação”) tem-se, comoresultado, dois valores, um para cada grupo. Sendo assim, énecessário que esses dois valores reiniciem o processo poruma segunda vez para que no final um único valor seja ge-rado: o valor da qualidade da especificação final, que depoisé “fuzzyficado” e apresentado ao usuário;

• o módulo levantar regras consiste na inferêncianormal de um sistema especialista que, nesse caso, traba-lha com regras nebulosas. O módulo inferir consiste emuma segunda inferência, sendo essa, nebulosa.

• ao se comparar o modelo proposto com o progra-ma, será notado que a etapa agregação dos conjuntos nebu-losos resultantes foi embutida no módulo “defuzzyficar”,pois esta etapa possui um caráter visual para o entendimen-to do processo, embutida na equação de “defuzzyficação”.

CONCLUSÃOO programa construído reproduz fielmente o mo-

delo proposto, pelos módulos Engenharia de Requisitos,Modelagem Fuzzy e Representação do Conhecimento, e,pelo fato desse processo ser automatizado, fornece rapideze segurança no auxílio ao engenheiro de requisitos para oprocesso de avaliação de especificação de requisitos de sof-tware (tratando-se, como dito anteriormente, de um SE).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHOLTZ, Frederick. Sistemas Especialistas: progra-

mando em turbo C. Trad. Fernando Cabral. Rio deJaneiro: Editora Campus, 1989. 248 p.

LEVINE, Robert I., DRANG, Diane E., EDELSON,Barry. Inteligência Artificial e Sistemas Especia-listas. São Paulo: Editora McGraw-Hill, 1988. 264p.

SCHILDT, Herbert. Inteligência Artificial UtilizandoLinguagem C. Trad. Cláudio Gaiger Silveira,Mônica Soares Rufino. São Paulo: Editora McGraw-Hill, 1989. 349 p.

144 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.54

APLICAÇÃO DE SISTEMA DE ANÁLISE DE IMAGEM NO ESTUDO DE ANÉIS DE CRESCIMENTO DE ÁRVORES DE TECA, Tectona GRANDIS

RICARDO ANTONIALI (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoMARIA GUIOMAR CARNEIRO TOMAZELLO (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

MARIO TOMAZELLO FILHO (CO) – Departamento de Ciências Florestais – ESALQ/USPPIBIC/UNIMEP

RESUMO

A metodologia de análise de imagem foi utilizada, no presente trabalho, para a caracterização, delimitação,contagem e mensuração dos anéis de crescimento de árvores de Tectona grandis (teca). De 2 populações – denomina-das plantações florestal e urbana – foram selecionadas árvores com base nos parâmetros fenotípicos e extraídas amos-tras do lenho pelo método não destrutivo. Em condições de laboratório foram preparadas as amostras do lenho eexaminadas sob microscópio estereoscópico e sistema de análise de imagem, para os estudos dos anéis de cresci-mento. Os resultados mostraram que (i) os anéis de crescimento de teca são nítidos e formados anualmente, (ii) a con-tagem dos anéis de crescimento permite a determinação da idade das árvores, (iii) a mensuração da espessura dosanéis de crescimento permite a análise da taxa e da intensidade do crescimento em diâmetro do tronco durante osvários estágios da vida das árvores. No trabalho são discutidas as aplicações do sistema de análise de imagem e dosresultados obtidos no estudo da dendrocronologia.

INTRODUÇÃONo Brasil, a maioria dos laboratórios de anéis de

crescimento e de anatomia de madeiras, ainda utiliza mé-todos tradicionais de análises e avaliações manuais ousemi-automáticas de parâmetros anatômicos. A necessida-de de modernização dos laboratórios induziu a aplicaçãode um sistema de automação para aquisição e de análisede imagem de madeiras de espécies florestais (STOKKE eMANWILLER, 1994). Sua utilização visa, da mesma for-ma, atender novas áreas de pesquisas, como a tecnologia edecomposição biológica da madeira (BRAZOLIN e TO-MAZELLO FILHO, 1999). No presente trabalho, foi uti-lizada a madeira de teca, uma mais valorizadas internacio-nalmente, cujo preço chega a três vezes mais do que o damadeira do mogno brasileiro, sendo a substituta naturaldas madeiras nobres Ao lado do cedro do Líbano, a ma-deira da teca é uma das mais antigas do comércio, sendoexportada desde 4000 A.C., da Índia para a Mesopotânia eIemem, onde era utilizada na construção de templos e pa-lácios (MATRICARDI, 1988).

Pelo exposto, o presente trabalho tem como obje-tivos analisar os anéis de crescimento do lenho de árvoresde teca aplicando técnicas de dendrocronologia e de siste-ma de análise de imagem.

MATERIAIS E MÉTODOSA plantação florestal de árvores de teca data de 04/

02/1959, estando localizada próximo ao Aeroporto PedroMorganti, em Piracicaba – SP, em área de 2840 m2, comatualmente 199 árvores. A plantação urbana é constituídade 34 árvores de teca, com 15-18 anos, plantadas em cantei-ro central de avenida do Bairro Cecap, em Piracicaba – SP.As amostras do lenho foram extraídas do tronco das árvo-res, através do método não destrutivo, com a sonda de Pres-ller. As amostras do lenho foram coladas em suportes demadeira, de acordo com a sua orientação no tronco das ár-vores. Em seguida, foi feito um polimento da seção trans-versal das amostras, com o auxílio de uma série de lixas dediferentes granulações, para destacar os anéis de crescimen-to. A seção transversal das amostras do lenho foi analisada

em uma mesa de medição e em microscópio estereoscópicoacoplados a uma câmera de vídeo, scanner e a um computa-dor com sistema de análise de imagem.

Na seleção das árvores de teca da população flo-restal foram tomadas as medidas do diâmetro do tronco detodas as árvores com uma suta e, com base no diâmetro eretidão do tronco, foram classificadas em dominantes, co-dominantes e dominadas, sendo selecionadas 30 árvores.Na população urbana, em função da homogeneidade daplantação, foram selecionadas 20 árvores, com base na re-tidão do fuste e no estado fitossanitário. De cada árvoreforam retiradas 1-2 amostras radiais do lenho, com auxílioda sonda de Pressler, procurando-se atingir a região damedula e abranger a totalidade dos anéis de crescimento.As amostras do lenho foram acondicionadas em tubosplásticos para sua proteção e transporte ao laboratório.Para a análise da seção transversal do lenho utilizou-se umsistema de análise de imagem Somnium, que utiliza os re-curso do IDL – ambiente para análise e visualização dedados, determinando-se o número e a espessura dos anéisde crescimento, relacionados com a idade e com a taxa decrescimento das árvores, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs árvores dominantes da plantação florestal mos-

traram um crescimento radial inicial de 1,5-3,0 cm, nosprimeiros anos, com uma queda brusca no crescimentopróximo ao 6º anel de crescimento; no 7-9º ano há umnovo crescimento radial de 0,5-1,5 cm ocorrendo, nova-mente, uma queda próximo ao 9º ano; após, o crescimentofoi de 0,5-1,0 cm (FIGURA 1A). Nas árvores co-domi-nantes o crescimento foi de 0,5-1,5 cm, com uma quedano 5º e no 8º ano, estabilizando-se com valores abaixo de1,0 cm, até o 27º anel onde, novamente, tem-se uma que-da assim como uma pequena variação no 36º anel, composterior estabilização (FIGURA 1B). Nas árvores domi-nadas o crescimento radial máximo foi 1,5 cm, com pe-quena queda no 7º e no 16º anel, estabilizando em valoresabaixo de 0,5 cm, com pequenas variações (FIGURA2A). Na plantação urbana todas as árvores apresentaram

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 145

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um crescimento inicial até o 4º anel variando de 0,5-3,5cm; entre o 8-10º anel, observa-se uma queda brusca nocrescimento em todas as árvores, a partir do qual, se esta-biliza em torno de 3,0 cm com pequenas variações (FI-GURA 1D). As variações das curvas de crescimento indi-cam o efeito de alterações no ambiente e da competição,sendo comuns a outras espécies florestais.

Figura 1. Curvas de crescimento radial de árvores de teca. Árvores de plan-tação florestal, dominante (A), co-dominante (B).

Figura 2. Curvas de crescimento radial de árvores de teca. Árvores de plan-tação florestal dominada (A) e de plantação urbana (B).

CONCLUSÕESOs resultados do presente trabalho permitem con-

cluir que (i) os anéis de crescimento das árvores de tecasão nítidos e formados anualmente, (ii) a contagem dosanéis de crescimento permite a determinação da idade dasárvores, ou seja, os anéis de crescimento são formados acada ano, (iii) a mensuração da espessura dos anéis decrescimento permite a análise da taxa e da intensidade docrescimento em diâmetro do tronco durante os vários está-gios da vida das árvores, (iv) em populações florestais hápossibilidade da caracterização das árvores em classes dediâmetro/padrões fenotípicos com base nos anéis de cres-cimento, (v) em populações urbanas há possibilidade daanálise do efeito das condições ambientais e da adaptaçãodas árvores da espécie pelos seus anéis de crescimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRAZOLIN, S. e TOMAZELLO FILHO, M. “Alteração

na estrutura anatômica da madeira de Tabebuia sp,ipê, de torre de resfriamento de água, por fungos depodridão mole”, Scientia Florestalis, (55), pp. 97-105, 1999.

MATRICARDI, W. A. T. Efeitos dos fatores do solosobre o desenvolvimento da teca (Tectona grandisL.F.) cultivada na Grande Cáceres – Mato Grosso.Piracicaba, 1988. Tese (Mestrado) – Departamentode Ciências Florestais, Universidade de São Paulo.

STOKKE, D.; MANWILLER, F. G. “Proportions ofwood elements in stem, branch, and root wood ofblack oak (Quercus velutina)”, IAWA Journal, 15(3),pp. 301-10, 1994.

146 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 2

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 8h • Auditório Grená • Santa Bárbara d’Oeste

Coordenador: Lauriberto Paulo Belem – UNIMEP

Debatedores: Virgílio Franco Nascimento Filho – CENA/USPAdriana Mendes Aleixo – UNIMEP

CO.55 SÍNTESE DE NEOLIGNANAS, DERIVADOS OU ANÁLOGOS. Aline Scatolin (B) – Curso deEngenharia de Alimentos, Margarete Marques (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas,Lauro Euclides Soares Barata (CO) – Instituto de Química – UNICAMP – FAPIC/UNIMEP

CO.56 PREPARAÇÃO DE CARVÕES ATIVADOS A PARTIR DE FIBRAS DE CELULOSE COMPAC-TADAS. Manoel Orlando Alvarez Méndez (B) – Curso de Engenharia Química, Aparecido dos ReisCoutinho (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza – IC/FAPESP

CO.57 LEVANTAMENTO DA SITUAÇÃO DO SETOR SUCRO-ALCOOLEIRO E DOS RESÍDUOSPRODUZIDOS POR ESTE SETOR NA MICROBACIA DO PIRACICABA. Patrícia Gomes Fer-nandes (B) – Curso de Engenharia de Alimentos, Zildo Gallo (O) – Faculdade de Gestão e Negócio –FAPIC/UNIMEP

CO.58 DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS PARA O MONITORAMENTO DAQUALIDADE DAS ÁGUAS DA REGIÃO DOS LAGOS DE SANTA GERTRUDES. MarceloMunhoz de Souza Palma (B) – Curso de Engenharia Química, Sandra Maria Boscolo Brienza (O) –Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas, Ana Elisa Sirito de Vives (CO) – Faculdade de Ciên-cias Matemáticas e da Natureza – PIBIC/CNPq

CO.59 ANÁLISE DE METAIS EM SEDIMENTOS USANDO TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO QUÍMICA EDE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X. Daniele Rodrigues Rossi (B) – Curso de Engenharia de Ali-mentos, Ana Elisa Sirito de Vives (O) – Faculdade de Ciências da Matemática e da Natureza, SandraMaria Boscolo Brienza (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas – PIBIC/CNPq

CO.60 ANÁLISE DE METAIS EM AMOSTRAS DE ÁGUA COM EMPREGO DA TÉCNICA DE FLUO-RESCÊNCIA DE RAIOS X. Luiz José Soares de Souza (B) – Curso de Ciências – Habilitação emQuímica, Ana Elisa Sirito de Vives (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza, SandraMaria Boscolo Brienza (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas – PIBIC/CNPq

CO.61 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS. Suzan Aline Casarin (B) – Curso de Engenharia Química,Sônia Maria Malmonge (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas, Lauriberto Paulo Belem(CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas – FAPIC/UNIMEP

CO.62 ESTUDO CINÉTICO DA FASE METANOGÊNICA DA DIGESTÃO ANAERÓBIA DAVINHAÇA ACIDIFICADA. Fernando Serenotti (B) – Curso de Engenharia Química, Taís HelenaMartins Lacerda (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas – PIBIC/CNPq

CO.63 ESTUDO CINÉTICO DA DIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA: CARACTERIZAÇÃO DASFASES ACIDOGÊNICA E METANOGÊNICA. Cibele Ayumi Takahashi (B) – Curso de Engenhariade Alimentos, Taís Helena Martins Lacerda (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas –PIBIC/CNPq

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 147

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148 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.55

SÍNTESE DE NEOLIGNANAS, DERIVADOS OU ANÁLOGOS

ALINE SCATOLIN (B) – Curso de Engenharia de AlimentosMARGARETE MARQUES (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

LAURO EUCLIDES SOARES BARATA (CO) – Instituto de Química – UNICAMPFAPIC/UNIMEP

RESUMO

A síntese de produtos naturais é usada para produzir substâncias farmacologicamente ativas, geralmente maisativas que os compostos originais. Lignanas e neolignanas são produtos naturais importantes, devido às suas ativida-des biológicas e farmacológicas e têm assumido lugar de destaque como fonte de novos agentes terapêuticos. Foramobtidas cetonas intermediárias (bromadas (SCATOLIN, 2000) e cloradas) que são utilizadas para a síntese de análogosde neolignanas. As substâncias 5 e a 7 foram obtidas em rendimentos globais de 58% e 65% respectivamente. Foramsintetizados 2 análogos de neolignanas. Na síntese da substância 11 foram estudadas metodologias para a abertura doanel do óxido de estireno (10) através do ataque do nucleófilo sulfurado (tiofenóxido), visando a obtenção majoritáriado 11. O melhor resultado foi a obtenção do mesmo em 57% de rendimento. O outro análogo de neolignana (14) foiobtido a partir de reação de condensação entre a a-bromoacetofenona e 2-nitrofenol, em rendimento de 75%.

INTRODUÇÃOLignanas e neolignanas são micromoléculas cujo es-

queleto carbônico é formado quase exclusivamente, pelo aco-plamento de duas unidades fenilpropânicas (C6.C3)n (GOT-TLIEB, 1984), onde n é limitado a poucas unidades. Estes sãoencontrados na natureza, em plantas vasculares que possuemo tecido enriquecido com lignanas. As neolignanas são díme-ros resultantes do acoplamento oxidativo de alil e propenil fe-nóis cruzados entre si. (ALVES et al., 1998; GOTTIEB, 1984;COSTA et al., 1999;). As lignanas e neolignanas, são fontes denovos agentes terapêuticos. (WHITING, 1990)

O interesse pela química e atividade biológicaapresentada pelas neolignanas, conduziu a um estudo so-bre a relação entre estrutura química versus atividade bio-lógica destas substâncias análogas e correlatas. Demons-trou-se atividade anti-inflamatória, anti-PAF (fator de ati-vação de plaquetas), anti-fúngica, antibacteriana, anti-leishmaniose, além de atividade anti-esquistossomose,para estes compostos (BARATA, 1978; WARD, 1997;SANTOS, 1991; ZACCHINO, et al; 1997).

A grande variedade de tipos estruturais de neolig-nanas tem despertado um grande interesse de químicossintéticos para suas atividades biológicas. As rotas para aobtenção de análogos de neolignanas cetônicas racêmicas,derivam dos trabalhos de FORREST et al. (1974); adapta-dos por BARATA (1978) e SANTOS (1991), através dacondensação entre a-bromocetonas e derivados de fenóis,aminas aromáticas ou tióis, levando às neolignanas. Naponte do carbono oito (C-8) da estrutura da neolignana,podemos inserir S, O ou N. (Figura 1).

Figura 1. Estrutura Geral 1

Os objetivos deste trabalho consistiam no preparode intermediários e sínteses de análogos de neolignanas.

MATERIAL E MÉTODOS1-Síntese da 4- metoxi- µµµµ-cloroacetofenona (5)Através de reação entre 4-hidroxiacetofenona (2)

(2,51g; 18,49 mmols) e sulfato de dimentila (2,6 ml; 27,7mmol) na presença de K2CO3 anidro (2,83 g; 20,5 mmols),obteve-se a 4-metoxiacetofenona (3) (2,56g) em 82% derendimento. Esta (2g; 13,3 mmols) foi dissolvida em 8,8mlde etanol absoluto. Adicionou-se então 5g (17,9 mmols) dehexacloro-2,4-cicloexanona (4). A reação foi finalizadaapós 7 horas de refluxo, obtendo-se 5 em 71% de rendi-mento. O rendimento global da síntese foi de 58%.

2-Síntese da 2,4-dimetoxi- µµµµ-cloroacetofenona (7)A 2,4-dimetoxiacetofenona (6) (1,54g; 8,5

mmols) foi dissolvido em 7ml de etanol absoluto. Adicio-nou-se então 3,4g (11 mmols) de hexacloro-2,4-cicloexa-nona (4). A reação foi finalizada após 7 horas de refluxo,sendo a substância 7 obtida em 65% de rendimento.

3-Síntese da haloidrina 2-cloro-1-feniletanolracemica (9)

Em um balão de fundo redondo adicionou-se 3g(19,4mmol) da a-cloroacetofenona (8) dissolvida em me-tanol. A este sistema adicionou-se lentamente NaBH4 àtemperatura de 30o C, até o termino do reagente limitante.A reação foi acompanhada por Cromatografia em camadadelgada (CCD), e teve rendimento quantitativo.

4-Síntese do Epóxido (10)Em um balão de fundo redondo sob agitação

magnética a 22oC adicionou-se 13 ml de solução NaOH2M. A este sistema foi adicionado 1,295g (8,27mmols) de2-cloro-1-feniletanol. Após o termino da reação (1hora),obteve-se o produto 10 em 89% de rendimento.

5-Obtenção do análogo de neolignana alcoóli-co.(11) Síntese do bbbb-hidroxi-tioéter

O análogo de neolignana alcoólico (11) foi obtido apartir de reação entre oxido de estireno (0,0679g;0,56mmol) e tiofenol (0,0566g; 0.51mmol) na presença deK2CO3 (0,1305g; 0,95mmol), à temperatura de 50-55ºC. Oproduto alvo (11) foi isolado em 57% de rendimento.

(X= S, N ou O)

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891011Figura 3. 12 13 14Figura 4. Síntese do análogos de neolignanas cetônico

6-Obtenção do análogo de neolignana cetônico 14Adicionou-se 0,3996g (2,87 mmols) do o-nitrofe-

nol (13) dissolvido em butanona anidra na presença deK2CO3 (0,547g, 3,78 mmols). Adicionou-se após 10 mi-nutos a a-bromocetona (12) (0,5g, 2,5 mmols) à 60ºC.Após o termino da reação (5 horas), obteve-se o produto14 em 75% de rendimento.

RESULTADOS E DISCUSSÕESForam obtidas substâncias intermediárias cloradas

que são utilizadas para a síntese de análogos de neolignanas.A substância 3 foi obtida a partir de reação de metilação dahidroxila fenolica com sulfato de dimetila. As cetonas 3 e 6sofreram reação de cloração com hexacloro-2,4-cicloexadie-nona (4). As substâncias 5 e 7 foram obtidas em rendimentosglobais de 58% e 65% respectivamente (figura 2).

Foram sintetizados 2 análogos de neolignanas.Para a síntese da substância 11 foram estudadas metodo-logias para a abertura do anel do óxido de estireno atravésdo ataque do nucleófilo sulfurado, visando a obtenção ma-joritária do 11. O melhor resultado obtido foi a reação rea-lizada na presença de K2CO3/CH3ONa com rendimentode 57% (figura 3).

O análogo de neolignana cetônico (14) foi obtido apartir de reação entre a a-bromoacetofenona 12 e 2-nitrofenol13, em rendimento de 75%, como mostra a figura 4.

CONCLUSÕESForam obtidas cetonas cloradas que são utilizadas

como intermediários para a síntese de análogos de neolig-nanas. As a-cloroacetofenonas 5 e a 7 foram obtidas emrendimentos globais de 58% e 65% respectivamente.

Foram sintetizados 2 análogos de neolignanas. Asubstância 11 foi obtida através da reação entre o óxido deestireno e o tiofenol em 57% de rendimento. O outro aná-logo de neolignana 14 foi obtido a partir de reação de con-densação entre a a-bromoacetofenona (12) e 2-nitrofenol(13), em rendimento de 75%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARATA L.E.S. Phytochemistry, v.17, p.783; 1978

COSTA, M.C.A.; BARATA, L.E.S.& TAKAHATA, Y.;Theochem (J. Molec. Structure) V. 464, p.281; 1999

FORREST, J. E.; HEACOOK, R. A. & FORREST, T. P.,J. Chem. Soc.,Perkin Trans. V. 1, p.205; 1974

GOTTLIEB, O.R. & YOSHIDA,M.; Química Nova, v.7;p. 250; 1984

SANTOS, L. S., “Síntese e atividade biológica de neo-lignanas 8.0.4’, derivados e compostos correlatos”.Tese de Doutorado, IQ-UNICAMP;1991

SCATOLIN, A.; “Sintese de neolignanas, derivados ouanalogos” Anais do 8º congresso de iniciaçãocientifica – UNIMEP/CNPQ, 2000

WARD, R.S. J Nat. Prod. Rep. V.14 (1), p.43; 1997

WHITING, D.A; J Nat. Prod. Rep. V.7, p.349; 1990

ZACCHINO, S.; RODRIGUEZ, G.; PEZZENATI, G. &ORELLANA, G.; J. Nat. Prod.v. 60, p.659, 1997

2 – R3= OH 3 – R3 = OMe 4 5 – R3= OMe6 – R1=R3= OMe 7 – R1=R3=OMe

Figura 2. Síntese das a-cloroacetofenonas

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Síntese do análogo de neolignana alcoólico.

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9º CONGRESSO DE

CO.56

PREPARAÇÃO DE CARVÕES ATIVADOS A PARTIR DE FIBRAS DE CELULOSE COMPACTADAS

MANOEL ORLANDO ALVAREZ MÉNDEZ (B) – Curso de Engenharia QuímicaAPARECIDO DOS REIS COUTINHO (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

IC/FAPESP

RESUMO

Os carvões ativados (C.A.) são produzidos em função de diversas variáveis de processamento, tais como:tempo de ativação, fluxo de gás ativante, granulometria, compactação das amostras e outras. No presente trabalhoforam preparados C.A. utilizando fibras de celulose (FCEL) como matéria prima, os quais foram caracterizados atra-vés das medidas de: área superficial específica (ASE), análise imediata, densidade real e outras. Inicialmente as FCELforam compactadas, pirolisadas à 800oC em atmosfera inerte e, em seguida, foram ativadas à 850oC em atmosfera deCO2. A ASE foi determinada por adsorção de N2 (77K) e CO2 (273K) utilizando técnica BET e DR, respectivamente,e os C.A. de fibras de celulose apresentaram valores elevados, atingindo 1100 m2/g de ASEN2, que os indicam comosendo apropriados para serem usados em diversos processos de adsorção.

Apoio: FAPESP (95/9627-6 e 99/02606-4).

INTRODUÇÃOO carvão ativado (C.A.) é um tipo de carbono ca-

racterizado por se constituir de um material altamente poro-so e por possuir uma área específica interna elevada. Estascaracterísticas atribuem ao carvão ativado a propriedade deadsorver moléculas tanto na fase líquida como as da fasegasosa. Os C.A. são empregados para purificação da água eesgoto de nossas estações de tratamento, purificação do aratmosférico, além de inúmeras outras. A elevada área su-perficial é resultado do processo de ativação em que o car-vão, com pequena área superficial interna, é oxidado emuma atmosfera de ar, gás carbônico ou vapor d’água emtemperaturas entre 800 e 900ºC (RODRIGUEZ-REINOSOet alii, 1995; GONZALES et alii, 1994).

As matérias primas mais empregadas para a pro-dução dos carvões ativados são provenientes principal-mente da biomassa, como madeira, bagaço de cana, cocode babaçu e outros. Recentemente, estão sendo estudadosprocessos de produção de carvões ativados a partir de fi-bras de celulose, os quais apresentam como principal ca-racterística a presença de uma grande cadeia carbônica, oque pode resultar em C.A. de elevada área superficial(GONZALES et alii, 1995).

A produção do carvão ativado envolve dois passosprincipais: a pirólise da matéria prima carbonácea emtemperaturas da ordem de 800ºC na ausência de oxigênio,e na ativação do material pirolisado. O objetivo do proces-so de ativação é ampliar o volume e o diâmetro dos porosque foram inicialmente criados durante a pirólise, que re-move carbonos desorganizados, expondo as camadas aro-máticas à ação dos agentes oxidantes presentes no proces-so de ativação (BANSAL et alii, 1988; JANKOWSKA etalii, 1991).

MATERIAL E MÉTODOSNo presente trabalho foram preparados C.A. a

partir de fibras de celulose compactadas em forma de dis-cos, ativados em atmosfera de CO2. Os carvões ativadosforam preparados em função de diversas variáveis de pro-cessamento, como: forma de compactação, tempo de ati-

vação e variação do fluxo de gás ativante. Os carvões ati-vados produzidos foram divididos em duas séries SérieM: fibras de celulose moídas e compactadas através deuma prensa manual e Série L: fibras de celulose compac-tadas em forma laminar.

A pirólise das FCEL foi realizada em um fornotubular montado na posição vertical e acoplado a um pro-gramador de temperatura e fonte de potência. Para garan-tir a integridade das amostras, evitando a combustão, utili-zou-se um fluxo de 150 mL.min-1 de N2 através da amos-tra. A metodologia usada para as pirólises consistiu emaquecimento inicial do forno até 300ºC, com taxa deaquecimento constante, permanecendo nesta temperaturapor 1 hora. Um segundo aquecimento é realizado até atemperatura de 800ºC e permanência de 1 hora nessa tem-peratura.

A ativação foi realizada em forno tubular vertical,com controlador de temperatura e potência, controladoresde fluxo para os gases CO2 e N2. As amostras foram ativa-das através de ativação física, onde após aquecimento doforno até 850ºC, faz-se passar pela amostra um fluxo de100 mL.min-1 de CO2 por tempos de residência variandode 2 a 5 horas.

As amostras foram caracterizadas através de me-didas de isotermas de adsorção de CO2 à 273K e N2 à 77K(GREGG & SING, 1982), através do equipamentoNOVA 1200 da marca QUANTACHROME, densidadereal medida por picnometria de deslocamento de gás hé-lio, através do Picnômetro Digital da Quantachrome mo-delo ULTRAPYCNOMETER 1000, análise imediata pa-drão ASTM D 271(ASTM, 1964), e balanços material.

RESULTADOS E DISCUSSÕESComo primeiro indicativo do processo de ativa-

ção, o balanço de massa realizado, denominado grau deBurn-Off (BO), que pode ser traduzido como o percentual“queimado” durante o processo. Os carvões produzidosapresentaram uma tendência linear do BO com relação aotempo de ativação, como indica a figura 1.

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Figura 1. Influência do tempo de ativação no grau de Burn-Off para os car-vões obtidos.

Os dados obtidos através de adsorção física de ga-ses permitiu obter importantes informações sobre a estrutu-ra porosa do material, sendo possível calcular a área super-ficial específica (ASE) calculada pela adsorção de CO2 a273K (ASECO2) e pela adsorção de N2 a 77K (ASEN2), dis-tribuição de tamanho de poros e volume de poros. O com-portamento das áreas superficiais especificas dos carvõesativados é representada na figura 2. Pode-se observar na fi-gura 2, que a área calculada pela adsorção de CO2, quepode ser considerada como área de microporos, decresce àmedida que a área calculada pela adsorção de N2 aumenta,já que esta pode ser considerada como área dos mesoporospresentes no material, pois a formação de mesoporos nomatriz carbonácea é realizada através da ampliação no diâ-metro dos microporos existentes no material.

Figura 2. Comportamento das ASECO2 e ASEN2 para os carvões ativadosobtidos, em função do tempo de ativação.

Figura 3. Comportamento do teor de carbono fixo em função do tempo deresidência da amostra dentro do reator.

A distribuição de tamanho de poros do material, de-terminada pela adsorção de gases apresentou uma distribui-ção modal, com diâmetro médio de poros na faixa de 12 Å.

A determinação do teor de carbono fixo, feita atra-vés de análise imediata, indica o percentual de carbonoexistente na amostra que poderia reagir com o CO2 no mo-mento da ativação, para formação de novas porosidades. Afigura 3 apresenta o comportamento do carbono fixo emfunção do tempo de residência da amostra dentro do reator.

CONCLUSÕESConcluí-se que a metodologia utilizada é adequa-

da para a produção de carvões ativados a partir de fibrasde celulose, pois este processo possibilitou um aumentona porosidade do material original (carvão pirolisado) queteve sua ASEN2 aumentada em mais 90 vezes e suaASECO2 aumentada em mais de 3 vezes. Porém estas alte-rações na porosidade se caracterizou principalmente naformação de novos poros, já que o diâmetro médio dosporos permaneceu constante para todos os tempos de ati-vação em ambas as séries, ficando em torno de 12 Å, oque os classifica os carvões ativados produzidos comomaterial microporoso, característica de bons adsorventespara aplicações tanto na fase líquida como gasosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATE-RIALS. Standard Methods of Laboratory samplingand analysis of coal and coke. USA, 1964.

BANSAL, R. C., DONNET, J. B. & STOECKLI, F..Active Carbon. New York: Marcel Dekker Inc., 1988.

GONZÁLEZ, J.C., GONZÁLEZ, M.T., MOLINA-SABIO, M & RODRIGUEZ-REINOSO, F.. Poro-sity of activated carbons prepared from different lig-nocellulosic materials. Carbon, Vol. 33, n. 8, p.1175-1188. 1995

GONZÁLEZ, M.T., MOLINA-SABIO, M. & RODRI-GUEZ-REINOSO, F.. Steam activation of olivestone chars, development of porosity. Carbon, Vol.32, n. 8, p. 1407-1413. 1994.

GREGG, S. J., SING, K. S. W.. Adsorption, Surface andPorosity. London: Academic Press. 1982

JANKOWSKA, H., SWIATKOWSKI, A. & CHOMMA,J.. Active Carbon. Warsaw: Ellis Horwood Limited,1991.

RODRIGUEZ-REINOSO, F., MOLINA-SABIO, M,GONZÁLEZ, M.T..The use of steam and CO2 asactivating agents in the preparation of activated car-bons. Carbon, Londres, Vol. 33, n. 1, p. 15-23. 1995.

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9º CONGRESSO DE

CO.57

LEVANTAMENTO DA SITUAÇÃO DO SETOR SUCRO-ALCOOLEIRO E DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS POR

ESTE SETOR NA MICROBACIA DO PIRACICABA

PATRÍCIA GOMES FERNANDES (B) – Curso de Engenharia de AlimentosZILDO GALLO (O) – Faculdade de Gestão e Negócio

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar os problemas ambientais na região de Piracicaba, tendo como eixo de pesquisaa sub-bacia do rio Piracicaba e o setor sucroalcooleiro, agroindústria predominante na região, impactos ambientais ecogeração de energia elétrica.A discussão sobre a relação entre as atividades econômicas e o meio ambiente assume, hojeem dia, grande importância, o que justifica a relevância de um projeto de pesquisa com o objetivo de investigar a relaçãoda atividade sucroalcooleira, em função do seu peso econômico na região de Piracicaba, com o meio ambiente local. Épossível, previamente, concluir que tal atividade é potencialmente impactante em relação ao meio ambiente e que, por-tanto, necessita de constante monitoramento. A situação de elevada degradação ambiental em algumas microbacias(SPAVOREK, 1994), como é o caso da microbacia do Córrego Ceveiro, em Piracicaba, sugerem a fragilidade dessemonitoramento. Todo e qualquer projeto que busque avaliar os impactos das atividades econômicas sobre o meio ganharelevância quando fornece informações confiáveis que possibilitam a tomada de decisões no sentido da adoção de medi-das corretivas e mitigadoras. Neste sentido, este projeto de pesquisa, quando associa a questão ambiental à questão econô-mica, buscando avaliar a produção de resíduos e analisar a adequação do destino dado a eles, pode cumprir esse papel.

INTRODUÇÃOPrimeiramente, a partir de GALLO & MARTINS

(1999 e 1995), foram analisadas as condições sócio–ambi-entais de toda a bacia do rio Piracicaba através de seus mu-nicípios. O estudo envolveu as condições da água e seus po-luentes (CBHI-PCJ,2000 & GALLO, 1995), o mercado detrabalho na agroindústria canavieira, que passa por umafase de intensa discussão sobre a melhor forma de colheita,e o uso da terra agrícola (ZARZUR, 1998). No segundomomento foram analisadas as condições da sub-bacia dorio Piracicaba, mais especificamente do município de Pira-cicaba (GALLO & MARTINS, 1999), que se destaca naprodução de açúcar e álcool na região. Também foi analisa-do o planejamento da agroindústria canavieira do Brasil(SZMRECSANYI, 1975) e o Proálcool (EMBRAPA,2000& MARTINS, 1991) em suas diferentes fases, pois ele tevepapel importante no crescimento econômico do municípioe da região de Piracicaba, foram analisadas as possibilida-des da cogeração de energia elétrica que tanto pode benefi-ciar as usinas e a população como um todo.

Esses foram alguns dos assuntos pesquisados parao conhecimento da situação do setor sucroalcooleiro que,no Brasil, apresenta na área de cultivo três métodos de co-lheita: colheita manual, semi-mecanizada e mecanizada(ZARZUR, 1998).

Com a produção do álcool etílico obtém-se o sub-produto chamado vinhaça que serve como fertilizante nalavoura da cana-de-açúcar. O seu uso tornou-se uma fontepotencialmente poluidora para o solo e para a água subter-rânea, pois possui uma grande concentração de matériaorgânica e altos valores de sulfato, potássio e cálcio quepodem causar danos ao meio ambiente.

MATERIAIS E MÉTODOSForam feitas revisões bibliográficas, analisando

vários textos, livros, apostilas. Também foi feita uma cole-ta de dados, mostrando as condições ambientais, como a

poluição do ar e das águas, a demanda de água nos rios daregião, condições do solo, cogeração de energia elétrica,impactos ambientais. Muitos dados foram obtidos atravésda Internet junto a órgãos como o IBGE, a Fundação SE-ADE, a ESALQ/USP, a EMBRAPA, a UNICAMP, a Usi-na Ester, entre outros.

Na primeira fase do projeto (primeiro ano –2R1999 -1R200), foi realizada a revisão bibliográfica so-bre a região de Piracicaba. Foram realizadas análises so-bre seguintes pontos: mercado de trabalho no setor sucro-alcooleiro, características geográficas da região, evoluçãode sua população, de seu processo de industrialização eimpactos sócio ambientais do crescimento econômico.

Na segunda fase do projeto (segundo ano –2S2000 –1R2001), deu-se continuidade à revisão biblio-gráfica e teve início o processo de coletas de dados sobre aagroindústria canavieira, cogeração, impactos ambientaisatravés da vinhaça junto à vários institutos de pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÕESPela coleta de dados feita pela Internet e pela revi-

são bibliográfica (GALLO & MARTINS, 1999; GALLO,1995; GALLO & MARTINS, 1995), pode-se constatar osseguintes problemas ambientais; poluição do ar e da água,aumento do volume de demanda de água dos rios da re-gião, que se agravou na Bacia do Piracicaba devido aocrescimento acelerado da população, estimulado pelocrescimento acelerado da indústria na década de 70; o au-mento do processo erosivo. O aumento do consumo deágua pela indústria e pela população tem diminuído a suadisponibilidade, o que tem provocado situações de escas-sez durante o período de estiagem; o avanço da agriculturacanavieira para terrenos inadequados à culturas temporári-as (SPAVOREK, 1994), tem provocado aumento da ero-são e assoreamento dos corpos d’água; as queimadas depalha de cana têm provocado mal estar na população econtribuído para o aumento do consumo de água; o mane-

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jo inadequado da vinhaça (EMBRAPA, 2000b), comofertilizante pode estar provocando contaminação no lençolfreático e nos corpos d’água.

A grave situação ambiental da região estimulou acriação do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos RiosPiracicaba e Capivari, (GALLO, 1995) que tem comoprincipal objetivo a luta pela melhoria da situação dos re-cursos hídricos das respectivas bacias. A atuação do Con-sórcio e, mais tarde, a organização do Comitê das Baciasdos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ), esti-mulou a busca de soluções para os problemas ambientais,principalmente os relacionados aos recursos hídricos, quese encontram em situação crítica.

Em relação às condições de emprego no setor su-croalcooleiro, (ZARZUR, 1998) pode-se observar que ostrabalhadores rurais enfrentam condições precárias de tra-balho, acompanhadas pela baixa remuneração. Para agra-var ainda mais a situação, constatou-se a tendência no se-tor de diminuir a contratação da mão-de-obra em funçãoda mecanização da colheita da cana-de-açúcar, o que podeagravar as condições sociais das famílias que necessitamdo trabalho sazonal nos períodos de colheita. A maior car-ga poluidora da Bacia do Rio Piracicaba no ano de 1998foi a sub-bacia do Piracicaba tendo 37% da carga potenci-al e 19% da carga remanescente, não existindo um acom-panhamento a longo prazo desta prática, já a Usina Estherá a usina com maior captação(m3/s) de água na Bacia doRio Piracicaba, sendo que o maior consumo é devido a la-vagem da cana queimada.

A cogeração de energia é um tema que está sendobem discutido hoje em dia e podemos ver que ela poderiaser benéfica pois existem grandes vantagens para essa im-plantação.

CONCLUSÃOPode-se concluir, através da revisão bibliográfica

e da coleta de dados feita pela Internet que o setor sucroal-cooleiro está cheio de problemas sérios, tanto ambientaisquanto sociais, que não só afetam os usineiros e trabalha-dores como também a população.

Os problemas ambientais, referem-se à poluiçãodo ar, através das queimadas, a poluição da água, atravésda provável infiltração da vinhaça no subsolo, e o solo fér-til, através dos processos erosivos, provocados pelo mane-jo inadequado do solo no cultivo da cana-de-açúcar.

Os problemas sociais, tais como o desemprego dostrabalhadores rurais, dizem respeito a contratação de mão-de-obra temporária, apenas nos momentos de colheita, combaixa remuneração e em condições insalubres de trabalho.Além disso, a perspectiva de emprego no setor é de signifi-cativa piora, por conta da introdução da colheita mecânica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOSRIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ“Situação recursos hídricos das bacias hidrográ-ficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí,UGRHI 5- Relatório “0”. Piracicaba, SP: CentroTecnológico da Fundação Paulista de Tecnologia eEducação, Fevereiro de 2000.501p

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SZMRECSANYI,T. “O planejamento da agroindus-tria canavieira do Brasil”(1930- 1975). Campinas,SP-HUCITEC-UNICAMP, 1975.

TAUK, S. M. “Vinhaça: Resíduo ou subproduto?”,Artigo – Instituto de Química da UNESP, Arara-quara, SP, Outubro de 1997.

ZARZUR, J. C., “Vantagens e desvantagens dascolheitas semi mecanizadas e mecanizadas dacana-de-açúcar com e sem queima prévia”,Monografia de Graduação – Bauru, SP- ITE, Julhode 1998.

154 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.58

DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS PARA O MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DA

REGIÃO DOS LAGOS DE SANTA GERTRUDES

MARCELO MUNHOZ DE SOUZA PALMA (B) – Curso de Engenharia QuímicaSANDRA MARIA BOSCOLO BRIENZA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

ANA ELISA SIRITO DE VIVES (CO) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da NaturezaPIBIC/CNPq

RESUMO

Este trabalho teve como finalidade determinar, através de parâmetros físico-químicos, a qualidade da águaencontrada nos lagos da Região de Santa Gertrudes, Estado de São Paulo. O local de estudo é uma área de depressão,onde operam diversas indústrias cerâmicas de piso esmaltado. Os lagos que ali situam-se apresentam características decavas de argila, e foram formados em virtude de antigas escavações para extração de argila há décadas atrás. Devido àintensa atividade industrial local, um grande volume de dejetos são abandonados indiscriminadamente às margens docórrego Fazenda Itaquí (afluente do Ribeirão Claro que desemboca no Rio Corumbataí, principal afluente do Rio Piraci-caba), conseqüentemente contaminando os lagos e lençóis freáticos. Através de uma série de medidas em diferentespontos, foram realizadas em campo as determinações dos seguintes parâmetros físico-químicos: condutividade, pH,oxigênio dissolvido e temperatura. Nos mesmos pontos de medida, foram coletadas amostras de água, para medidas emlaboratório da concentração de carbono orgânico dissolvido (DOC) e carbono inorgânico dissolvido (DIC). Os resulta-dos demonstram que as águas apresentam os parâmetros físico-químicos compatíveis com o esperado para a região.

INTRODUÇÃOUma grande variedade de processos físico-quími-

cos regulam o comportamento e destino dos metais(TREFTRY & MERTZ, 1984; NELSON & CAMPBE-LL, 1991), os quais ditam sua disponibilidade e mobilida-de quando presentes em um solo ou sedimento. Quandoem fase aquosa a forma química do metal determina suadisponibilidade biológica e reatividade química peranteoutros elementos do sistema (TACK & VERLOO, 1995).

O local de estudo, os lagos, são classificadoscomo superfície aquática, devido à diferença de tempera-tura entre a superfície e o fundo. A região da superfície émais oxigenada e mais quente, a seguir, na região interme-diária, ocorre uma brusca mudança de temperatura, e a re-gião de fundo é mais fria e menos oxigenada (HOWARD,1998). A diferença na concentração de oxigênio nas regi-ões citadas deve-se ao fato da movimentação da água emmaior parte, e à atividade microbiana e intensidade lumi-nosa em menor grau.

Pode-se encontrar compostos orgânicos provenien-tes do metabolismo de animais e plantas ou ações humanas,e compostos inorgânicos formados a partir de sais metáli-cos, todas porém com capacidade de solubilizar ou comple-xar metais alterando os parâmetros físico-químicos da água.

MATERIAL E MÉTODOSOs equipamentos usados para determinação em

campo dos parâmetros físico-químicos foram: (1) pHme-tro da marca Orion tipo 850 para medida de pH e tempe-ratura da água, (2) condutivímetro da marca Amber Scien-ce modelo 5202, para medida da condutividade elétrica,(3) oxímetro marca YSI modelo 58 para mediada da quan-tidade oxigênio dissolvido. Para a determinação de carbo-no orgânico e inorgânico dissolvidos (DOC e DIC respec-tivamente), foi empregado em laboratório um aparelhoShimadzu, modelo TOC-500O

Com a finalidade de detectar possíveis efeitos demetais pesados no Rio Corumbataí, amostras de água fo-ram coletadas em três lagos denominados A1, A2 e B e nospontos de nascentes (C1, C2, e C3), dois pontos intermediá-rios E e F, e vertedouro G. No lago B as amostras foram co-letadas em três profundidades diferentes: B1 (9,0 m de pro-fundidade), B2 (4,5 m de profundidade) e B3 (superfície).As coletas em superfície foram realizadas em frascos de ar-mazenamento, enquanto que para as coletas em profundi-dade, utilizou-se garrafa de “Ninskin” (1L), específica paradeterminação de elementos traços. Nos lagos A1 e A2 nãofoi possível o acesso a região central do lago, e as amostrasforam coletadas superficialmente, em suas margens. Poste-riormente, as amostras foram preservadas em gelo e acondi-cionadas em frascos até o laboratório.

Das amostras coletadas, foram tomadas alíquotasde 50 mL, que passaram por um processo de filtração emmembranas de acetato de celulose com porosidade de 0,45mm para a determinação de carbono inorgânico dissolvido.Já para a determinação de carbono orgânico dissolvido fo-ram tomadas alíquotas de mesmo volume, porém filtradasem fibra de vidro com a finalidade de separar a fração parti-culada da fração dissolvida (fração < 0,45 mm). A determi-nação de DOC foi realizada através de combustão e a detec-ção do dióxido de carbono evoluído foi realizada por infra-vermelho, Para a determinação de DIC a amostra passoupor processo de acidificação e posteriormente borbulhadapara liberação de dióxido de carbono.

RESULTADOS E DISCUSSÕESAs tabelas 1, 2 e 3 referem-se aos parâmetros físico-

químicos medidos em período de seca. Foram empregadosos seguintes símbolos: Cond. – condutividade; Ox – oxigêniodissolvido; T h2o – temperatura da água; DIC – carbono inor-gânico dissolvido e DOC – carbono orgânico dissolvido.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 155

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Tabela 1. Parâmetros físico-químicos: medidas realizadas em 05/07/2000.

Tabela 2. Parâmetros físico-químicos: medidas realizadas em 01/09/2000.

Tabela 3. Parâmetros físico-químicos: medidas realizadas em 10/11/2000.

Nos pontos A1 e A2 foram medidos os maiores va-lores de condutividade, logo nesses locais espera-se encon-trar uma maior concentração de íons metálicos dissolvidos.Nas determinações de carbono inorgânico dissolvido, fo-ram encontrados valores acima dos níveis padrão esperado.Os níveis de carbono orgânico dissolvido não sofreramgrandes alterações em nenhum ponto de amostragem.

Quanto ao pH, em todas as amostras analisadasforam encontrados valores superiores a 6,0, influenciandoos carbonatos em solução a se apresentarem na forma deácido carbônico. Estes números ainda nos revelam que aságuas da região apresentam-se ácidas.

Na ultima coleta, realizada em 10/11/2000, nãofoi possível chegarmos ao local do ponto A1, devido aodifícil acesso. Também não foi possível realizar as medi-das nos pontos C1, C2 e C3, pois esses pontos encontra-vam-se completamente secos.

CONCLUSÕESOs parâmetros físico-químicos, associados à de-

terminação da concentração de metais pesados do local,auxiliam diretamente na avaliação do grau de contamina-ção à que os lagos da Região de Santa Gertrudes estão su-jeitos. Pode-se verificar que a concentração de oxigêniodissolvido é inversamente proporcional à temperatura dacoluna de água, como esperado. Diferentemente do que

ocorreu no período de chuva, em que os valores obtidosde DOC no ponto C2 foram acentuados, não pudemos re-alizar medidas em nenhum dos locais relativos às nascen-tes (C1, C2 e C3). Nos outros pontos, as concentrações deDOC podem ser classificadas como estáveis e dentro dospadrões normais, enquanto que os valores de DIC, nosmostram que a região estudada possui concentrações aci-ma dos padrões normais citados em literatura, o que facili-ta a precipitação de metais pesados dissolvidos na água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHOWARD, A. G. Aquatic environmental chemistry. Oxi-

ford University Press, 1998.

NELSON, W. O. e CAMPBELL, P. G. C. The effects ofacidification on the geochemistry os Al, Cd, Pb andHg in freshwater environments: A Literature Review.Environmental Pollution, (71): p.91–130, 1991.

TACK, F. M. G. e VERLOO, M. G. Chemical and fracti-onation in soil sediment heavy metal analysis: AReview. Journal of Environmental Analytical Che-mistry, (59): p.225-238, 1995.

TREFRY, J. H. e METZ, S. Selective leaching of tracemetals from sediments as a function of pH. Analyti-cal Chemistry, p.56, p.745-749, 1984.

F B1 B2 B3 A2 A1 C1 D EHora 12:25 09:40 09:25 09:15 11:10 11:25 11:50 10:50 10:30Cond. 160 144,2 144,3 148 146,5 264 80,5 135,2 128PH 6,2 6,5 6,1 6,6 6,4 6,5 6,2 6,3 6,4Ox (mg/L) 7,0 7,6 7,5 8,7 8,9 3,6 8,2 7,1 7,0Ox (% 75,0 80,7 84,0 88,8 97,4 37,6 92,7 73,0 71,5T h20 19 18 18 18 20 19 22 17 17Tamb. 26 18 18 18 24 26 26 24 21DIC (mg/L) 58 52 52 51 108 54 22 52 51DOC (mg/L) 1,6 1,4 1,4 1,7 2,2 2,8 1,4 1,2 1,4

F B1 B2 B3 A1 A2 D EHora 11:00 09:00 09:15 09:30 10:30 10:20 10:00 09:50Cond. 142 138 144,3 133,2 143 251 165,6 169,2PH 7,1 7,8 7,3 7,1 7,1 7,2 6,8 6,8Ox (mg/L) 7,4 9,0 6,2 6,5 7,4 6,3 6,3 7,1Ox (%) 81,9 98,4 64,6 67,8 86,6 71,1 69,6 77,5T h20 21 20 17 18 23 21 20 20Tamb. 30 27 27 27 30 30 31 30DIC (mg/L) 53 48 45 48 46 79 68 64DOC (mg/L) 3,8 2,5 4,8 3,3 4,7 5,0 5,5 3,3

F B1 B2 B3 A2 D EHora 09:50 08:15 08:30 08:45 09:25 09:10 09:00Cond. 171 157 156 172 250 136 139PH 6,9 6,1 6,1 7,1 6,7 6,9 6,5Ox (mg/L) 6,2 1,1 1,7 8,9 4,9 6,4 9,4Ox (%) 77,0 11,4 18,4 106,5 57,8 70,3 104,6T h20 25 19 19 26 26 22 23Tamb. 29 25 25 25 27 27 27DIC (mg/L) 63 57 54 58 83 52 53DOC (mg/L) 2,9 1,6 1,7 2,2 3,6 2,0 2,0

156 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.59

ANÁLISE DE METAIS EM SEDIMENTOS USANDO TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO QUÍMICA E DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X

DANIELE RODRIGUES ROSSI (B) – Curso de Engenharia de AlimentosANA ELISA SIRITO DE VIVES (O) – Faculdade de Ciências da Matemática e da Natureza

SANDRA MARIA BOSCOLO BRIENZA (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasPIBIC/CNPq

RESUMO

Este trabalho teve como finalidade avaliar a poluição, por metais pesados de interesse toxicológico, em lagoslocalizados próximos à industriais cerâmicas da região de Santa Gertrudes, Estado de São Paulo, Brasil Sudeste. Olocal de estudo é uma área de depressão com cerca de 120.000 m2 e na parte mais baixa há várias lagos. Os lagos apre-sentam características de cavas de argila, com grande volume de resíduos depositados na década de 80. O estudo con-sistiu em analisar amostras de sedimento de fundo, visando determinar a concentração destes elementos nas fraçõesnão-residual e residual (biologicamente disponível e matriz geológica, respectivamente). Após as extrações químicas,realizou-se a complexação dos metais utilizando o quelante ditiocarbamato de pirrolidina de amônio (APDC). Assoluções foram filtradas em filtro de membrana de acetato de celulose e em seguida analisadas por Fluorescência deraios X dispersiva, determinando-se a concentração dos elementos Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn Rb, Sr e Pb.

INTRODUÇÃOO teor total dos metais pesados presentes em sedi-

mentos de ambientes aquáticos não fornece qualquer in-formação sobre a periculosidade, uma vez que as suas vá-rias formas tem diferentes graus de disponibilidade para oambiente (TESSIER et al., 1979). A forma disponível dometal encontra-se em uma camada biologicamente ativa,fracamente ligada ao sedimento e portanto altamente rea-tiva, enquanto o teor total representa, além dessa camada,a forma constituinte da matriz geológica, fortemente liga-da e pouco reativa.

Em termos de descargas antropogênicas, somentemetais fracamente ligados à matéria particulada são de in-teresse (MALO, 1977; TRISDELL & BRESLIN, 1995),e assim, duas frações devem ser diferenciadas quanto àpossibilidade de disponibilizar metais para o ambiente:uma não-residual, fracamente ligada ao sedimento, por-tanto susceptível à disponibilização, e outra denominadaresidual, composta por metais representativos da estruturageológica dos sedimentos e portanto menos disponível(STUMM, 1996). Para determinar as concentrações demetais pesados potencialmente disponíveis e contidos namatriz geológica, pode-se empregar extrações ácidas se-qüenciais. Várias metodologias tem sido desenvolvidas,havendo variações significativas entre elas (GARDO-LINSKI, 1998).

Estudos ambientais requerem a análise quantitati-va multielementar em nível de traços (em geral na faixa demg.mL-1) em um grande número de amostras. A técnicaanalítica de fluorescência de raios X por dispersão deenergia tem adquirido importante papel no monitoramen-to ambiental devido a possibilidade de detecção simultâ-nea de vários elementos numa ampla faixa de número atô-mico e de concentração (SIMABUCO & NASCIMENTOFILHO, 1995). Para obter-se uma maior sensibilidadeanalítica pode-se empregar métodos de pré-concentração,como o de complexação com agentes quelantes. Umagente quelante bastante utilizado é o ditiocarbamato depirrolidina de amônio (APCD) (GIAUQUE, R. D.,

GOULDING, F. S., JAKLEVIC, J. M. & PEHL, R. H.,1973; SIMABUCO & NASCIMENTO FILHO, 1995).

MATERIAIS E MÉTODOSAs amostras foram coletadas na estação de seca (ju-

lho/2000), em três lagos denominados lagos A, B e C. Emcada ponto foram coletadas 4 sub amostras, as quais forammisturadas e homogeneizadas de modo a obter-se umaamostra composta, representativa do compartimento amos-trado. Estas amostras foram coletadas por draga de Ekman,numa camada de aproximadamente 10 cm, conforme méto-do definido pelo Standard Methods for the Examination ofWater and Wastewater (1992). As amostras foram mantidasrefrigeradas e transportadas para o laboratório.

Após a homogeneização, as amostras foram pe-neiradas sobre tela de nylon de 1 mm e 200 mg foramsubmetidos aos seguintes tratamentos: (1) procedimentode extração visando a obtenção da fração não-residual: 10mL de HCl a 0,1 M foram adicionados ao sedimento e asolução levada para agitação por 16 horas. O extrato foifiltrado em membrana de celulose (47 mm de diâmetro e0,45 mm porosidade); (2) procedimento de extração visan-do a obtenção da fração residual: as membranas obtidasna etapa anterior foram adicionados 5 mL de HF e 4 mLde HNO3. As membranas foram acondicionadas em bom-bas de teflon aquecidas à 120ºC por 16 horas e (3) proce-dimento para complexação dos metais: o volume do extra-to obtido em (1) e (2) foi elevado para 100 mL com águadeionizada, em seguida ajustou-se o pH para 3 com ácidoHNO3 Suprapur produzido pela Merck, ao qual adicio-nou-se 4 mL de uma solução 1% de ditiocarbamato depirrolidina de amônio (APDC). Em seguida a solução foiagitada durante 20 minutos e filtrada em membrana deacetato de celulose. As membranas foram secas à tempe-ratura ambiente para posterior análise por Fluorescênciade raios X. O espectrômetro de raios X utilizado consistiude um um tubo de raios X com alvo de Mo e filtro de Zr,operado a 30 kV/10 mA, e um detector semicondutor deSi(Li) fabricado pela Canberra, mod. SL – 80175, acopla-do a um módulo amplificador e placa analisadora de pul-sos multicanal.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 157

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RESULTADOS E DISCUSSÕESA concentração dos elementos contidos nas fra-

ções não-residual e residual estão apresentados na tabela 1.Na tabela 2 encontra-se a porcentagem dos metais contidosnas frações não-residual. As concentações determinadasmostraram que dentre os elementos analisados, Fe, Zn e Pbapresentaram os maiores teores.

Tabela 1. Concentração de metais contidos nas frações não-residual e resi-dual em amostras de sedimento, coletadas nos lagos A, B e C. Valoresexpressos em mg.g-1.

nd = abaixo dos limites de detecção

Com base nas porcentagens extraídas, nas fraçõesnão-residuais, nota-se que os elementos Zn e Pb apresen-taram maior disponibilidade em todos os pontos de amos-tragem indicando que estes elementos podem ter sido ad-sorvidos ao sedimento, oriundo de descarte industrial, eencontra-se biologicamente disponível. Porcentagens al-tas também foram verificadas para os elementos Fe, Co eCu. Os valores destas porcentagens podem indicar tam-bém que os elementos Rb e Sr fazem parte da matriz geo-lógica dos sedimentos.

Tabela 2. Porcentagem dos metais contidos nas frações não-residual emamostras de sedimento coletadas nos lagos A e B.

CONCLUSÕESEmpregando-se a fluorescência de raios X associa-

da ao método de pré-concentração com APDC, foi possíveldeterminar a concentração dos elementos Mn, Fe, Ni, Co,Cu, Zn, Rb, Sr e Pb. Os procedimentos de extração ácidasadotados permitiram identificar as frações não-residual e re-sidual em amostras de sedimento. Com base nos resultadosde porcentagens extraídas pode-se afirmar que os elementosZn e Pb são oriundo de descarte industrial, e juntamentecom os elementos Fe, Co e Cu estão susceptíveis à disponi-bilização. O procedimento adotado para a análise de amos-tras de sedimento mostrou-se apropriado para estudos demonitoramento ambiental, permitindo uma quantificaçãomultielementar simultânea, a baixo custo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAGARDOLINSKI, P. C. F. (1998) – Extração seqüencial

de metais em sedimentos e determinação por espec-trometria de massa com fonte de plasma induzido(ICP-MS), utilizando o método da diluição isotó-pica. CENA/USP. Dissertação de Mestrado, 74pp.

GIAUQUE, R. D., GOULDING, F. S., JAKLEVIC, J. M.& PEHL, R. H., Trace element determination withsemiconductor detector X-ray spectrometers. Anal.Chem. v. 45, p. 671, 1973.

MALO, B. A. – (1977) Partial extraction of metals fromaquatic sediments. Environ. Sci. Tech. Rep. 3:277-282.

TESSIER, A.; CAMPBELL, P. G. C. & BISSON, M.(1979) – Sequential extraction procedure for thespeciation of particulate trace metals. AnalyticalChemistry. 51: 844-851.

TRISDELL, S. E. & BRESLIN, V. T. (1995) – Heavymetals in the environment. Journal of EnvironmentalQuality. 24: 827-833.

SIMABUCO, Silvana. M. e NASCIMENTO Filho, Viirgí-lio F. Monitoramento de metais pesados a nível detraços em águas naturais da região de Campinas porfluorescência de raios X com dispersão de energia eexicitação radioisotópica. In: III ENCONTRONACIONAL DE APLICAÇÕES NUCLEARES –ENAN, 1995. Anais. Caxambú: ENAN, 1995, p. 298.

STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATIONOF WATER AND WASTEWATER JOINT EDITO-RIAL BOARD, 18th edition, 1992.

STUMM, W. & MORGAN, J. J. (1996) – Aquatic Che-mistry. Wiley-Interscience, 2a ed.

ELEMENTOFRAÇÃO NÃO-RESIDUAL FRAÇÃO RESIDUAL

A B C A B CMn 8,6 5,3 17,2 31,2 9,4 49,4Fe 19025,4 6046,5 17107,9 9506,3 8830,3 9104,2Co 48,9 45,1 96,7 27,2 24,4 24,2Ni 15,5 11,6 8,9 22,8 23,7 13,9Cu 51,7 22,7 31,6 43,8 27,8 51,8Zn 543,5 459,1 145,0 45,6 130,8 35,4Hb Nd Nd Nd 37,7 45,2 43,7Sr Nd Nd Nd 14,3 12,4 13,3Pb 628,5 861,5 279,8 43,0 152,0 59,1

ELEMENTOPORCENTAGEM – FRAÇÃO NÃO RESIDUAL

A B CMn 22 36 26Fe 67 41 65Co 64 65 38Ni 40 33 39Cu 54 50 38Zn 92 78 80Rb - - -Sr - - -Pb 94 85 82

158 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.60

ANÁLISE DE METAIS EM AMOSTRAS DE ÁGUA COM EMPREGO DA TÉCNICA DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X

LUIZ JOSÉ SOARES DE SOUZA (B) – Curso de Ciências – Habilitação em QuímicaANA ELISA SIRITO DE VIVES (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

SANDRA MARIA BOSCOLO BRIENZA (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências QuímicasPIBIC/CNPq

RESUMO

A técnica instrumental de fluorescência de raios X dispersiva em energia (EDXRF) foi utilizada para a análisequantitativa dos elementos Fe, Cu, Zn e Pb em amostras de água. O sistema de fluorescência consistiu de um tubo deraios X com alvo de Mo e filtro de Zr e um detector semicondutor de Si(Li). Visando aumentar a sensibilidade analí-tica foi realizada a pré-concentração por precipitação com ditiocarbamato de pirrolidina de amônio (APDC). As amos-tras foram coletadas em lagos localizados próximos às indústrias cerâmicas da região de Santa Gertrudes, Estado deSão Paulo, Brasil Sudeste, nas estações de seca e chuva.

INTRODUÇÃODentre as técnicas para análise elementar, a fluo-

rescência de raios X pode ser considerada altamente qua-lificada para a identificação e quantificação de elementosquímicos inorgânicos em diferentes matrizes. Esta técnicapossibilita a análise quali-quantitativa sem a prévia sepa-ração química dos elementos constituintes da amostra, ba-seando-se na medida das intensidades dos raios X caracte-rísticos emitido por esses elementos (CARNEIRO, 1997).

Este trabalho teve como objetivo a identificação equantificação de metais pesados presentes em amostras deágua coletadas em lagos próximos às indústrias cerâmicasda região de Santa Gertrudes, São Paulo, Brasil Sudeste,através da técnica de Fluorescência de raios X dispersivaem energia com excitação por tubo de raios X.

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizadas membranas de acetato de celulose

(47 mm de diâmetro e 0,45 mm porosidade), ditiocarbamatode pirrolidina de amônio (APDC), um sistema de filtração avácuo, agitadores magnéticos e padrões monoelementares(tipo filme fino), contendo os elementos Ti, Mn, Fe, Cu, Zne Pb. Para a análise dos elementos foi utilizado um sistemade fluorescência de raios X dispersiva, que consiste de umtubo de raios X com alvo de Mo e filtro de Zr, operado a 30kV/10 mA, e um detector semicondutor de Si(Li).

As amostras de água foram coletadas nas estaçõesde seca e chuva, em Julho e Novembro de 2000, respecti-vamente. Nos lagos A e C as coletas foram superficiais, erealizadas próximas à margem direita, sendo denomina-das Ao e Co. No lago B, as amostras foram coletadas na re-gião central, em três profundidades diferentes, e denomi-nadas Bo (superfície), B1 (4,5 m) e B2 (9,0 m), sendo utili-zada uma garrafa “Ninskin” específica para metais, comcapacidade de 1 litro, enquanto que as coletas em superfí-cie foram feitas com o próprio frasco de armazenamento.Outros pontos de coleta em superfície foram selecionadose denominados por Do, Eo, Fo e Go. Das amostras coleta-das foram filtrados 200 mL, e o pH foi ajustado para 3com HNO3 Suprapur produzido pela Merck. A este volu-me foi adicionada 4 mL de uma solução 1% de APDC e

em seguida as amostras foram filtradas, secas à temperatu-ra ambiente para posterior análise por fluorescência de rai-os X (van GRIEKEN, 1982). As amostras foram excitadaspor 500 segundos e os padrões por 100 segundos. As in-tensidades líquidas dos raios X característicos foram obti-das a partir da interpretação dos espectros, com o aplicati-vo denominado AXIL (van ESPEN, P.; NULLENS, H.;ADAMS, F., 1977). A calibração do sistema, ou seja, a de-terminação da sensibilidade elementar experimental foiobtida através da equação 1.

Ii = Si mi (1)onde: Ii é a intensidade líquida (cps), Si a sensibili-

dade elementar experimental (cps.cm2.mg-1) e mi a con-centração do analito i.

Para elementos contidos nos padrões (Tabela 1),as sensibilidades elementares experimentais foram calcu-ladas pela equação 1 e para os não contidos nos padrões,como Cr, Co e Ni, foram estimadas por interpolação, atra-vés de uma equação de correlação (equação 2) entre assensibilidades elementares experimentais e os respectivosnúmeros atômicos Z (CARNEIRO, 1997).

Siexp = ao + a1 Zi + a2 Zi

2 +... an Zin (2)

Os limites mínimos de detecção LMD para os ele-mentos de interesse foram calculados com base nas amos-tras analisadas e conforme equação descrita por (KUMP,1997) que relaciona a intensidade do “background” IBGisob o pico do analito, a sensibilidade elementar experi-mental Si e o tempo de excitação/detecção t.

RESULTADOS E DISCUSSÕESCom as intensidades líquidas dos raios X caracte-

rísticos obtidos experimentalmente para os elementoscontidos nos padrões, cujas densidades superficiais sãoconhecidas, foi possível estimar as sensibilidades elemen-tares experimentais (Figura 1, Tabela 1).

LMDi 3IBGj( ) t§

St---------------------------=

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Figura 1. Sensibilidade elementar experimental, obtida pela excitação comtubo de raios X.

Na tabela 1 também encontra-se os valores dos li-mites mínimos de detecção calculados com base na equa-ção 3, levando-se em conta o diâmetro efetivo do filtro e ovolume de água analisado. Com base na equação 1, masde modo inverso, conhecendo-se as sensibilidades experi-mentais e as intensidades líquidas dos raios X característi-cos dos elementos presentes nas amostras, determinou-seas suas concentrações (Tabela 2 e 3).

CONCLUSÕESPode-se verificar que dentre os elementos analisa-

dos, o Fe apresentou as maiores concentrações. Para os lo-cais amostrados, as concentrações determinadas para esteelemento mostraram-se semelhantes nas estações de secae chuva, com exceção à água superficial do lago C, que naestação de seca foi cerca de 4 vezes menor que na estaçãochuvosa. Pode-se verificar também que a presença de Pbfoi registrada preferencialmente na estação de seca.

Comparando-se os valores das concentrações doselementos Fe, Cu, Zn e Pb, presentes na região de SantaGertrudes, com os teores máximos estabelecidos pelo De-creto Estadual no 10.755, de 22/Nov/77 e pela LegislaçãoFederal de Controle da Poluição (CETESB, 1991), respec-tivamente, 330 ppb Fe, 20 ppb Cu, 180 ppb Zn e 30 ppb Pb,verificou-se que a concentração dos elementos analisadosencontra-se abaixo dos limites máximos permitidos paraáguas classe 2. O procedimento para a análise de metais emamostras de água mostrou-se apropriado para estudos demonitoramento ambiental, permitindo uma quantificaçãomultielementar simultânea, a baixo custo.

Tabela 1. Densidade superficial (mi), sensibilidades elementares experi-mentais (Siexp) e limites mínimos de detecção (LMD).

Tabela 2. Concentração de metais (em ng.mL-1) em amostras de água cole-tadas na estação de seca (média de duas repetições).

nd = abaixo do limite mínimo de detecção (LMD)

Tabela 3. Concentração de metais (em ng.mL-1) em amostras de água cole-tadas na estação de chuva (média de duas repetições).

nd = abaixo do limite mínimo de detecção (LMD)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCARNEIRO, A. E. V. – Análise quantitativa de amostras

geológicas utilizando a técnica de fluorescência deraios X por dispersão de energia. Scientia Agricola,53: 94-103, 1997.

LEGISLAÇÃO FEDERAL: CONTROLE DA POLUI-ÇÃO AMBIENTAL. Resolução CONAMA No 20/86, CETESB, São Paulo, 1991.

KUMP, P. – Some considerations on the definition of thelimit of detection in X-ray fluorescence spectrome-try. Spectrochimica Acta, Part B, 52: 405-408, 1997

VAN ESPEN, P.; NULLENS, H.; ADAMS, F. - Amethod for the accurate description of thefull-energy peaks in non-linear least-square analysisof X-ray spectra. Nuclear Instrumental Methods,145: 579 - 582, 1977.

VAN GRIEKEN, R. – Preconcentration methods for theanalysis of water by X-ray spectrometric techniques.Analytica Chimica Acta, 143: 3-34, 1982.

ELEMENTO mi (mmmmg.cm-2) Siexp (cps.cm2.mmmmg-1) LMD (ng.mL-1)

Ti 43,3 1,83 -Mn 44,7 2,46 1,65Fe 49,4 3,12 1,50Cu 42,3 5,92 0,75Zn 16,6 6,92 0,67Pb 48,3 4,66 2,4

ELEMENTOCONCENTRAÇÃO (NG.ML-1)

AO BO B1 B2 CO DO EO FO GO

Fe 34,1 37,0 58,1 38,2 8,0 24,5 54,6 42,6 51,6Cu 2,1 2,5 2,3 1,2 nd nd nd nd 3,7Zn 1,2 2,7 4,9 4,5 5,2 nd nd nd nd Pb 13,2 nd 39,2 nd 2,7 7,7 nd 8,6 nd

ELEMENTOCONCENTRAÇÃO (NG.ML-1)

BO B1 B2 CO EO FO GO

Fe 28,5 50,7 30,0 34,7 38,4 48,4 30,7Cu 1,1 nd nd nd nd 2,0 ndZn nd 3,8 4,3 4,2 3,2 1,5 1,3Pb nd nd nd 5,4 nd nd nd

160 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.61

POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS

SUZAN ALINE CASARIN (B) – Curso de Engenharia QuímicaSÔNIA MARIA MALMONGE (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

LAURIBERTO PAULO BELEM (CO) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de um estudo sobre o comportamento de polímeros biodegradáveis e blen-das de polímeros de difícil biodegradação com polímeros biodegradáveis. O trabalho descreve alguns testes preliminaresrealizados com amostras de poli(hidróxi butirato) PHB, poli(hidróxi butirato valerato) PHBV e blendas destes polímeroscom polietileno PE. Foi verificado que a adição de pequena quantidade de PHB ou PHBV ao PE altera muito pouco ocomportamento mecânico do material resultante em relação ao PE puro. As blendas não mostraram sinais de degradaçãotérmica para temperaturas abaixo de 300ºC. Tais resultados mostram que é possível a obtenção de blendas de polietilenocom polihidróxialcanoatos, bem como o processamento destas em temperaturas inferiores a 300ºC.

INTRODUÇÃONos últimos anos muito tem se discutido a respei-

to dos prejuízos que o acúmulo de rejeitos sólidos temcausado ao meio ambiente e por isso, a legislação ambien-tal vem aumentando as exigências para a redução de rejei-tos sólidos de difícil biodegradação.

Os plásticos em geral são conhecidos como materiaisde difícil biodegradação, já que os polímeros sintéticos são de-senvolvidos para aumentar a vida útil dos produtos formados apartir deles. A preocupação com as questões ambientais têmestimulado a busca de novas fontes de matérias primas parasíntese de polímeros, além de incentivar o desenvolvimento depolímeros ambientalmente degradáveis e assim, reduzir oefeito causado ao meio ambiente pelos rejeitos sólidos poli-méricos (BRAUNEGG et al., 1998; BARENBERG et al.,1990; CHANDRA & RUSTGI, 1998; LEE et al., 1999 eHAMMOND & LIGGAT, 1995). Isso tem aumentado a de-manda para os plásticos biodegradáveis e, atualmente, algunspolímeros de fácil biodegradação já vem sendo utilizados paraembalagens, dispositivos agrícolas e principalmente na áreamédica, para a confecção de suturas e implantes temporários.

O Brasil vem conduzindo pesquisas para o desen-volvimento de tecnologia no setor, cujos resultados já avan-çam para a produção do poli(hidróxi butirato) – PHB e po-li(hidróxi butirato-co-valerato) – PHBV em escala industri-al. Trata-se de um desenvolvimento conjunto do Instituto dePesquisas Tecnológicas – IPT com a Copersucar para a pro-dução destes polímeros a partir da fermentação da sacaroseproveniente da cana-de-açúcar (MORAES, 1999).

Atualmente, o mercado dos plásticos biodegradá-veis está limitado à aplicações específicas, e por isso, estu-dos envolvendo o preparo de blendas de polímeros de difí-cil biodegradação com polímeros biodegradáveis pode re-sultar em desenvolvimento de produtos com característi-cas adequadas à aplicações tais como embalagens,dispositivos médicos e artefatos de ciclo de vida curta, queresultam em menor impacto ambiental a um custo aceitá-vel, em comparação aos polímeros tradicionais.

Com esta perspectiva, iniciou-se um estudo paraavaliar a viabilidade de emprego de blendas de polietileno– PE com polímeros biodegradáveis tais como o PHB ePHBV. O estudo foi iniciado pela avaliação do comporta-mento térmico e dinâmico mecânico de tais blendas, cujosresultados são aqui apresentados.

MATERIAIS E MÉTODOSPreparo das blendasAmostras de blendas PE-PHB e PE-PHBV foram

obtidas a partir da mistura dos polímeros, seguida de fusão

e injeção para um molde na forma de placa (2 x 50 x 10mm), utilizando um equipamento “mini max molder”,marca ATLAS, modelo LMM 2. Em ambos os casos acomposição empregada foi 90% (p/p) de PE e 10% (p/p)de polímero biodegradável. A temperatura empregada noprocesso foi 1700C e o molde preenchido com o materialfoi submetido a resfriamento brusco para T=250C.

Análise Termogravimétrica – TGA As amostras foram submetidas à análise termogravi-

métrica – TGA, empregando um equipamento NETZSCHTG 209. As amostras em atmosfera inerte (He) foram subme-tidas a aquecimento a taxa de 10 oC/min, desde a temperaturaambiente até 600 oC, para monitoramento da perda de massaque ocorre em conseqüência da degradação térmica.

Análise Dinâmico Mecânica – DMAPara o estudo do comportamento dinâmico mecâ-

nico as amostras foram submetidas a ensaio de flexão “du-al cantilever”, com carga oscilatória de 2 N e freqüênciade 1 Hz. O aquecimento foi de -30oC até a temperatura defusão da amostra. O equipamento empregado foi umDMA 242 da NETZSCH.

Ensaio Mecânico – Tensão x deformaçãoPara avaliar suas propriedades mecânicas, as

amostras em estudo foram submetidas a ensaio de traçãosegundo a norma ASTM D638-77a. Para o ensaio foi uti-lizado uma Máquina Universal de Ensaio, MTS – MstarII, equipada com célula de carga de 100 kgf. Os espéci-mens foram submetidos a um carregamento de tração, auma velocidade de 50 mm/min.

RESULTADOS E DISCUSSÕESAs figuras a seguir apresentam os resultados das

análises de TGA e DMA para as blendas em estudo. Nafigura 1- item a, observa-se que embora o PHB apresente-se menos estável que o PE, isto é, apresente menor tempe-ratura de degradação (TiPHB = 278oC, TiPE = 450oC), paraa blenda PE-PHB observa-se que ocorre ligeiro aumentonas temperaturas de degradação de cada um dos seuscomponentes. Isto pode significar que a adição do PHB aopolímero PE exerce efeito de estabilizante, ou seja, que aadição do PHB dificulta a degradação do PE pela ação datemperatura. A blenda resultante apresentou-se estávelpara temperaturas inferiores a 300 oC.

Já, na figura 1 – item b, pode-se observar que oPHBV não leva a aumento na estabilidade térmica dablenda em relação ao PE e ainda, que a perda de massa dablenda, na faixa de degradação do PHBV, ocorre segundodois patamares de temperatura, provavelmente por tratar-se de um copolímero.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 161

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Figura 1. TGA para amostras de (a) PE, PHB e blenda PE-PHB e (b) PE,PHBV e PE-PHBV

Para verificar o comportamento reológico dasblendas em questão, buscou-se levantar alguns dados apartir do ensaio dinâmico mecânico, cujos resultados sãomostrados na figura 2- itens de a-c.

O comportamento verificado para o módulo de ar-mazenamento (E´) neste estudo caracteriza comportamen-to de material com morfologia amorfa ou com baixo graude cristalinidade, característica esta apresentada pelasamostras em estudo, em conseqüência das condições emque foram processadas. Considerando a quantidade dospolímeros biodegradáveis nas blendas com PE, apenas10%, observa-se que a adição destes biopolímeros pratica-mente não altera as transições de fase observadas para asblendas nas condições de ensaio empregadas.

Já, através do ensaio de tração ao qual as amostras fo-ram submetidas (figura 3), foi possível verificar que a adiçãodo PHB e PHBV ao PE causa redução na tensão limite de es-coamento do material, além de reduzir sua tenacidade. Além

disso, a blenda PE-PHBV apresentou valor de módulo elásti-co levemente inferior ao valor do módulo elástico do PE puro.

Figura 3. Comportamento tensão x deformação para amostras de: (a) PE, (b)PH-PHB e (c) PE-PHBV.

CONCLUSÕESÉ possível a obtenção de blendas PE-PHB e PE-

PHBV a partir da mistura mecânica dos componentes emquestão. A adição de PHB ou PHBV ao polietileno de bai-xa densidade resulta na formação de blendas cujo com-portamento mecânico e resistência a temperatura diferemmuito pouco em relação ao PE puro, podendo assim serempregados para a confecção de embalagens e outros ar-tefatos de vida curta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARENBERG S.A., BRASH J.L., NARAYAN R. ANDREDPATH A E., The first International scientificconsensus Workshop on Degradable MaterialsToronto. ed.: CRC Press 1990.

BRAUNEGG G., LEFEBVRE G., AND GENSER K.F.,Journal of Biotechnology, 65, 127-161, 1998.

CHANDRA AND RUSTGI R., Biodegradable Polymers,Prog. Polym. Sci., 23, 1273-1335, 1998.

LEE S.Y., CHOI J. AND WONG H.H., InternationalJournal of Biological Macrommolecules, 25, 31-36,1999.

HAMMOND T. AND LIGGAT, J.J., Properties andapplications of bacterially derived polyhydroxyalka-noates. In: Degradable Polymers, edited by G. Scottand D. Gilead, 1995, Chapman & Hall.

MORAES L., Biodegradável encontra nichos de comer-cialização, Revista Plástico Moderno, agosto de1999.

A

B

Figura 2. Valores de módulo de armazenamento, módulo de perda e tangente de delta, obtidos para flexão dinâmica em amostras de: (a) PE, (b) PH-PHB e(c) PE-PHBV.

162 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.62

ESTUDO CINÉTICO DA FASE METANOGÊNICA DA DIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA ACIDIFICADA

FERNANDO SERENOTTI (B) – Curso de Engenharia QuímicaTAÍS HELENA MARTINS LACERDA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

PIBIC/CNPq

RESUMO

A indústria sucroalcooleira iniciou a produção de álcool na década de 30, com grande crescimento em 1973(Guerra no Oriente Médio), marcado pelo PROÁLCOOL em 1975. Com o crescimento deste setor, iniciou-se umapreocupação diante da produção dos seus resíduos. A vinhaça, maior resíduo gerado pela produção de álcool, 1 litro deálcool gera 14 litros de vinhaça, é o nosso resíduo estudado, desenvolvendo uma proposta alternativa para seu trata-mento. A digestão anaeróbia não deve ser vista apenas como um tratamento de resíduos, mas também como uma alter-nativa energética, convertendo a matéria orgânica em um biogás (CO2 + CH4), através da degradação da matériaorgânica por microrganismos anaeróbios. O estudo partiu-se do projeto anterior, após a construção do “kit” de diges-tão anaeróbia, dando continuidade ao projeto através da adaptação do “kit”, otimizando o funcionamento do equipa-mento e desenvolvendo o estudo cinético da fase metanogênica no reator anaeróbio tipo filtro biológico.

INTRODUÇÃOO setor sucroalcooleiro vem experimentando ao

longo dos anos, um grande desenvolvimento tecnológico,econômico e cultural. Seus resíduos, cinzas de caldeira,torta de filtro, bagaço e vinhaça, são alvos de grandes estu-dos, permitindo hoje a utilização dos mesmos como sub-produtos nas indústrias (DEDINE, 1991). A vinhaça é oresíduo da produção do álcool, sendo sua composição de93% de água e do restante, 74,85% dos constituintes sóli-dos são substâncias orgânicas (BRAILE & CAVALCAN-TI, 1993). Atualmente, a vinhaça é usada no processo co-nhecido por fertirrigação, isto é, aplicando-as nas própriaslavouras de cana-de-açúcar. O tratamento biológico da vi-nhaça pode ser outra solução para a indústria sucroalcoo-leira, permitindo a entrada de uma nova tecnologia dentrodas usinas e destilarias da região.

A digestão anaeróbia (tratamento biológico) nãodeve ser vista apenas como um tratamento de resíduos deum processo, mas também como uma alternativa energéti-ca, convertendo a matéria orgânica em um biogás (CO2 +CH4) sem precisar de um oxidante como na digestão aeró-bia (LACERDA, 1991). Ela pode ser caracterizada pela ca-pacidade de estabilização de grandes volumes de cargas or-gânicas, baixa produção de biomassa, alta taxa de destrui-ção de microrganismos patogênicos e produção de resíduossólidos utilizados como fertilizante. A digestão ocorre emduas fases distintas: acidogênica e metanogênica.

Segundo Van Haandel e Lettinga citado por FA-RIA (1999), o filtro anaeróbio (reator anaeróbio desenvol-vido no projeto), foi o primeiro sistema de tratamento deáguas residuárias que demonstrou viabilidade técnica seaplicado a cargas elevadas de DQO. Neste, o lodo, ou seja,os microrganismos anaeróbios, são imobilizados pelaagregação aos corpos de enchimento e o despejo escoapor entre espaços vazios entre os corpos, possibilitando afermentação metanogênica.

O objetivo deste projeto é a adaptação do “kit” de di-gestão anaeróbia e o estudo cinético da fase metanogênica,dando continuidade ao projeto de iniciação científica anterior.

MATERIAIS E MÉTODOSO projeto foi dividido em duas etapas distintas,

sendo a primeira caracterizada pela adaptação do “kit” de

digestão anaeróbia. A segunda etapa, o estudo cinético dafase metanogênica, foi objeto de pesquisa e concluídoatravés dos resultados obtidos em função da eficiência dotratamento, representado pela taxa de remoção de matériaorgânica e medida através do % de remoção de DQO.

Alguns tempos de retenção hidráulica (TRH) fo-ram estudados: 3,5; 2,2; e 1 dia. Houve a necessidade deacompanhar durante vários dias as vazões mínimas e má-ximas da bomba dosadora da alimentação, implantada noKit, para conseguir tratar o despejo acidificado com ostempos de residência hidráulica propostos.

O ajuste do pH da vinhaça acidificada ao reator(7,5) foi empregada para mantermos as condições ideaisda fase metanogênica bem como a padronização da cargaorgânica de entrada, equivalente a 0,5 g/L de reator, inde-pendente do TRH estudado.

A adaptação do “kit” de digestão anaeróbia foi de-senvolvida no Laboratório de Microbiologia e Fermentaçãono Campus de Santa Bárbara d’ Oeste da Universidade Me-todista de Piracicaba, possibilitando a utilização do “kit” dedigestão anaeróbia no estudo cinético da fase metanogênica.

O estudo cinético da digestão anaeróbia foi carac-terizado pelo acompanhamento da taxa de remoção dematéria orgânica (% remoção de DQO), acompanhando aDQO de entrada (S0) da vinhaça acidificada e da DQO desaída (S) do reator anaeróbio tipo filtro biológico, isto é,do efluente tratado, em diferentes tempos de residência hi-dráulica e mantendo-se constante a carga orgânica utiliza-da no tratamento, independente o tempo em estudo.

RESULTADOSPara a adaptação do “kit” de digestão anaeróbia,

foi necessário conhecer o próprio “kit” desenvolvido, ini-ciando a fase de aclimatação do inóculo e também reali-zando o ajuste do funcionamento da bomba dosadora dealimentação, para que pudéssemos controlarmos a vazãode entrada de substrato no reator e do termostato do ba-nho-maria que mantinha o reator anaeróbio em tempera-tura próxima de 35ºC.

A partir daí, o “kit” de digestão anaeróbia estavaajustado para iniciarmos o estudo da fase metanogênica(Figura 1).

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 163

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Figura 1. “Kit” de digestão anaeróbia para o estudo cinético da fase meta-nogênica

Os resultados médios da degradação da matériaorgânica nos tempos de residência hidráulica são apresen-tados na Tabela 1.

Tabela 1. Taxa de remoção da matéria orgânica em função dos TRH

(1) Representando a média de pelo menos três repetiçõesO estudo cinético da fase metanogênica foi reali-

zado aplicando os valores dos TRH em função do coefici-ente So – S/ S, que representa a taxa de conversão do subs-trato, segundo proposta apresentada no Modelo de Contoi,modificado por Chen e Hashimoto (LACERDA, 1991)podendo assim, definir uma reta com inclinação equiva-lente a 0,3633 g/L e ordenada de origem próximo de 1 diao que e a lavagem dos microrganismos.

A variação do cociente (So-S/S) em relação ao TRHé apresentado na Figura 2.

Figura 2. Variação do cociente (So-S/S) em relação ao TRH

CONCLUSÕESPodemos afirmar que a construção do “kit” de di-

gestão anaeróbia, bem como sua fase de adaptação pro-porcionaram o funcionamento adequado do equipamento.

Dos tempos de residência hidráulica estudados, ode 3,5 dias demonstrou uma eficiência de remoção de maté-ria orgânica (87%), indicando que nestas condições de tra-balho, o tratamento foi adequado segundo os padrões exigi-dos pela CETESB quanto a remoção de material poluidordos despejos, de 85% (BRAILE & CAVALCANTI, 1993).

O reator anaeróbio tipo filtro biológico é viável seutilizado com cargas orgânicas relativamente baixas (0,5g/L de reator), lembrando que os reatores anaeróbios supor-tam até 2g/L de reator. Novos trabalhos serão realizadosempregando cargas maiores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAILE, P.M.& CAVALCANTI, J.E.W.A. Manual detratamento de águas residuárias industriais. SãoPaulo, CETESB, 1993. 764 p.

CEREDA, M. P. IN: Roteiro para curso prático: “Plane-jamento e manejo de Biodigestores”, FEPAF – Fun-dação de estudos e pesquisas agrícolas e florestais,Botucatu (1991).

DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO, O setorsucroalcooleiro: Atual estágio tecnológico,cená-rios e propostas. Dedini S.A. Administração e Parti-cipações, 1991.

FARIA, L.F. de A. & LACERDA, T.H.M. Elaboração deuma coluna tipo filtro anaeróbio para a digestão ana-eróbia da vinhaça. IN: Anais do 7.º Congresso deIniciação Científica, S.B.O, UNIMEP/CNPq, 1999,187 – 188 p.

FARIA, L.F. de A. Tratamento biológico anaeróbio:Dimensionamento de uma coluna tipo filtro bio-lógico. Trabalho de Graduação apresentado paratítulo de Engenheiro Químico, Santa Bárbarad’Oeste, UNIMEP, 1999.

LACERDA, T.H.M. Estudo cinético da fase Metanogê-nica de Substrato de Manipueira. Tese de Douto-rado, Faculdade de Ciências Agronômicas Júlio deMesquita-UNESP, Botucatu, 1991, 91 p.

VAN HAANDEL, A.C.& LETTINGA, G. Tratamentoanaeróbio de esgotos: Um manual para regiõesde clima quente. EPGRAF, 1994.

TRH (DIAS)(1) % DE REMOÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA3,5 87%2,2 73%1,0 18,44%

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9º CONGRESSO DE

CO.63

ESTUDO CINÉTICO DA DIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA: CARACTERIZAÇÃO DAS FASES ACIDOGÊNICA E METANOGÊNICA

CIBELE AYUMI TAKAHASHI (B) – Curso de Engenharia de AlimentosTAÍS HELENA MARTINS LACERDA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

PIBIC/CNPq

RESUMO

No Brasil, a produção de álcool se expandiu com a implantação do Proálcool na década de 70, aumentando opotencial poluidor das destilarias. Os resíduos gerados por este segmento industrial são, normalmente lançados aossolos e rios sem tratamento. A vinhaça, despejo produzido a partir da industrialização de álcool, tem um poder depoluição ambiental muito grande, entretanto se submetido à fermentação anaeróbia, é capaz de reduzir este potencialatravés da degradação da matéria orgânica em substâncias simples (CH4 e CO2). O objetivo do projeto foi o estudo emlaboratório da fase acidogênica e metanogênica, da digestão anaeróbia, empregando-se como substrato a vinhaça. Oefluente foi caracterizado através de métodos analíticos como acidez, alcalinidade e DQO. Na primeira etapa do pro-jeto, a vinhaça foi mantida em condições adequadas de desenvolvimento da flora bacteriana natural responsáveis pelafermentação, monitorando-se o pH e a temperatura. Na seguinte fase, o despejo foi adicionado ao reator anaeróbiocontendo tubos de enchimento inoculados com microrganismos provenientes do lodo de ETE’s, para a realização dafermentação metanogênica. Após a fermentação metanogênica, foi realizado no efluente tratado as análises de acidezvolátil (mg CH3COOH.L-1), alcalinidade (mg CaCO3.L

-1) e DQO (g.L-1). Através da Demanda Química de Oxigênio(g.L-1), pode-se analisar a eficiência de remoção da matéria orgânica no filtro biológico.

INTRODUÇÃODevido ao crescimento do setor sucroalcooleiro

no Brasil, o potencial poluidor das usinas e destilarias au-mentaram. Portanto, foi necessário um desenvolvimentotecnológico para minimizar os efeitos causados pelo prin-cipal resíduo, a vinhaça.

A vinhaça é produzida em média, na proporção de13 litros para cada litro de álcool obtido (ORLANDO1983; ALMEIDA, 1955). Mas, uma vez submetida à fer-mentação anaeróbia será transformada em biogás e biofer-tilizante útil à própria cultura de cana-de-açúcar. A diges-tão anaeróbia é uma técnica muito utilizada para estabili-zação de materiais orgânicos. Neste processo fermentati-vo, complexos orgânicos existentes no afluente sãoconvertidos anaerobicamente em substâncias mais sim-ples, principalmente CH4 e CO2, o que causa uma redu-ção no potencial poluidor do resíduo (LACERDA, 1991).

Segundo PINTO (1999), é um processo biológicoque ocorre na ausência de oxigênio livre, no qual diversaspopulações de bactérias convertem a matéria orgânicaatravés da fermentação numa mistura de metano, dióxidode carbono e pequenas quantidades de hidrogênio, nitro-gênio e sulfito de hidrogênio. Esta mistura é conhecidacomo biogás e pode ser utilizada como combustível devi-do às elevadas concentrações de metano, usualmente nafaixa de 55% a 70%.

MATERIAL E MÉTODOSA vinhaça utilizada no tratamento, foi obtida em

uma destilaria da Bacia do Rio Piracicaba. Na fase acido-gênica, os microrganismos empregados para a realizaçãoda fermentação são provenientes da própria flora natural.Já para a fase metanogênica, foram empregados microrga-nismos provenientes do lodo de decantador secundário deETE’s, empregado como inóculo do filtro biológico, ondea vinhaça acidificada foi introduzida ao mesmo comosubstrato destes microrganismos.

Após a segunda fermentação, foram empregadosparâmetros físico- químicos como: acidez volátil, alcalini-dade e DQO para o efluente, segundo CEREDA (1991) eSILVA (1997).

DESENVOLVIMENTOA primeira fase, foi constituída pela fermentação

acidogênica, onde a vinhaça foi mantida a uma temperatu-ra e pH considerados ótimos para o desenvolvimento desua flora bacteriana natural. Esta fase foi realizada em ba-telada, aproximadamente 200 litros de vinhaça, que foimantida a temperatura de 30˚C e pH próximo de 5,5. O fi-nal da fermentação foi caracterizado pela estabilização daformação de ácidos. Para a representação dos dados obti-dos, realizou-se quatro fermentações.

O acompanhamento da otimização do kit de fer-mentação e gasômetro foi concluído por bolsista de inicia-ção científica, que está descrito na parte III do projeto depesquisa.

Na segunda fase, foi realizado o estudo cinéticoda fase metanogênica onde, anaerobicamente o despejofoi convertido em biogás através de um filtro biológico. Aacidez volátil (mg CH3COOH.L-1), alcalinidade (mgCaCO3.L

-1) e DQO (g.L-1), foram os métodos analíticosutilizados para a caracterização da saída do reator. Atravésda DQO foi possível analisar a eficiência de remoção damatéria orgânica, ou seja, a quantidade removida após adigestão anaeróbia.

RESULTADOSDurante a fase da fermentação acidogência, as

quatro amostras analisadas de vinhaça, sofreram diaria-mente uma variação de pH que foram ajustadas para 5,5com solução de NaOH, criando as condições ideais para odesenvolvimento da flora natural do despejo, como mostraa Figura 1.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 165

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Figura 1. Comportamento do pH em quatro amostras de vinhaça num períodode seis dias.

Na fase metanogênica, através da determinação daremoção da matéria orgânica da vinhaça acidificada, peloacompanhamento da DQO deste material, podemos afirmarque parte desta foi degradada, como mostra a Figura 2.

Os valores obtidos para acidez volátil foram de0,3 à 0,56 g.L-1 e para alcalinidade foram de 0,1 à 0,166g.L-1 após o tratamento na reator anaeróbio, observandopela Figura 3, o comportamento da alcalinidade e da aci-dez volátil para esta fase.

Figura 2. Eficiência da degradação da matéria orgânica.

Figura 3. Comportamento da acidez volátil e alcalinidade após a fermentaçãometanogênica

CONCLUSÕESA conclusão desta etapa do projeto, está relacio-

nada ao acompanhamento do processo anaeróbio. Diaria-mente, foi necessário um ajuste de pH (3,81 a 5,5) para arealização da fase de fermentação acidogênica da vinhaça.Este ajuste é de grande importância, pois o meio deve ofe-

recer as condições necessárias para os microorganismosconverterem toda a matéria orgânica em ácidos orgânicos.

Após a segunda fase denominada como fase me-tanogênica, obteu-se uma redução de matéria orgânica de80%, como apresentado na parte III do projeto, sendo as-sim, a digestão anaeróbia pode ser considerada como umasolução, devido a formação de biogás e consequentemen-te o biofertilizante, diminuindo os impactos ambientaiscausados por este.

A otimização do Kit de fermentação e gasômetrofoi concluída e o estudo cinético da fase metanogênica foiiniciado, sendo concluído na próxima etapa do projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCEREDA, M.P. IN: Roteiro para curso prático: “Pla-

nejamento e manejo de biodigestores”, FEPAF –Fundação de estudos e pesquisas agrícolas e flores-tais, Botucatu, 1991.

LACERDA, T.H.M.. Estudo científico da fase metano-gênica de substrato de Manipueira. Tese de Dou-torado, Faculdade de Ciências Agronômicas Júlio deMesquita – UNESP, Botucatu, 1991, 91 p.

ORLANDO, FILHO, J. Nutrição e adubarão da cana-de-açúcar no Brasil. Planalsucar, 1983.

PINTO, C. P.. Tecnologia da digestão anaeróbia davinhaça e desenvolvimento sustentável. Tese de Mes-trado, Faculdade de Engenharia Mecânica – Departa-mento de Planejamento de Sistemas Energéticos –Unicamp. Campinas, 1999, 144 p.

SILVA, M.O.S. A. Análises físico- químicas para o con-trole das estações de tratamento de esgoto, SãoPaulo, 1977.

166 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 3

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 19h30 • Auditório Verde • Santa Bárbara d’Oeste

Coordenadora: Sandra Maria Boscolo Brienza – UNIMEP

Debatedores: Virgílio Franco Nascimento Filho – CENA/USPSônia Maria Malmonge – UNIMEP

CO.64 OCORRÊNCIA DE ALICYCLOBACILLUS EM PRODUTOS DE TOMATE E RESISTÊNCIATÉRMICA DOS ESPOROS. Aline Maria Manrique Marques (B) – Curso de Engenharia de Alimen-tos, Ivana Cristina Spolidório Mc Knight (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas –FAPIC/UNIMEP

CO.65 ESTUDO DE PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE ORGÂNICOS POR CRISTALIZAÇÃO. Fer-nanda Pavan (B) – Curso de Engenharia Química, Newton Libânio Ferreira (O) – Faculdade de Enge-nharia e Ciências Químicas, Roberto Guardani (CO) – Escola Politécnica/USP – FAPIC/UNIMEP

CO.66 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DOS LABORATÓRIOS DE ENSINO E PES-QUISA DO “CAMPUS” TAQUARAL. Laise Carlos Wadt (B) – Curso de Ciências – Habilitação Biolo-gia, Francisco Carneiro Junior (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza – PIBIC/CNPq

CO.67 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS INORGÂNICOS GERADOS NO“CAMPUS” TAQUARAL/UNIMEP. Milena Heloisa Pozenatto Bicudo (B) – Curso de Engenharia Quí-mica, Francisco Carneiro Junior (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e Natureza – PIBIC /CNPq

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 167

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168 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.64

OCORRÊNCIA DE ALICYCLOBACILLUS EM PRODUTOS DE TOMATE E RESISTÊNCIA TÉRMICA DOS ESPOROS

ALINE MARIA MANRIQUE MARQUES (B) – Curso de Engenharia de AlimentosIVANA CRISTINA SPOLIDÓRIO MC KNIGHT (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Os Alicyclobacillus têm recebido especial atenção nos últimos anos após terem sido incriminados como res-ponsáveis pela ocorrência de surtos de deterioração de produtos ácidos. Este trabalho teve por objetivo promover oisolamento e investigar a presença de Alicyclobacillus em polpas de tomates pasteurizadas e industrializadas. Suspen-sões de esporos de uma cultura pura de B. acidoterrestris DSM 2498 foram submetidas a diferentes tratamentos térmi-cos visando determinar as melhores condições de ativação. Foram examinadas 100 amostras de polpas de tomatepasteurizadas e, paralelamente foram determinados o pH e Brix das amostras. O isolamento foi realizado pela técnicade NPM utilizando o meio Bacillus acidocaldarius (BAM) em caldo, com incubação a 50˚C/5 dias e prévia ativaçãodos esporos. O melhor tratamento de ativação dos esporos foi a 70˚/20 min. De um total de 100 amostras de polpa detomate industrializada e pasteurizada foram constatadas 44 amostras positivas para a presença de esporos de bactériastermo-ácido-tolerantes, variando a contaminação entre 1,1 e >23 NMP/100 ml de polpa. As variações de pH e do Brix,não interferiram na presença da bactéria. Os valores D obtidos situaram-se numa faixa de 37,78; 30,29 minutos para87ºC, 3,18; 2,97 minutos para 90ºC e 1,61; 1,95 minutos a 95ºC, respectivamente para a cepa 1 e cepa 2. Os valores Zficaram entre 6,26ºC para a cepa 1 e 7,3ºC para a cepa 2. Dos resultados obtidos, concluiu-se que a polpa de tomateindustrializada e pasteurizada é um substrato passível de deterioração por bactérias termo-ácido-tolerantes, se ocorremcondições abusos das condições de temperatura.

INTRODUÇÃOO conceito tradicional de preservação de produtos

ácidos que possuem um valor de pH inferior a 4,0 é que aacidez inibe o desenvolvimento da maioria das bactérias(HERSON & HULLAND, 1980). Em geral, considera-seque a maior parte dos esporos bacterianos não germinamnem se desenvolvem em alimentos com pH inferior a 4,0e, apenas algumas bactérias esporogênicas são capazes dedeteriorarem alimentos ácidos. Em pH inferior a 4,0 a de-terioração é em geral restrita a bolores e leveduras e bacté-rias não esporogênicos, como as bactérias lácticas (BRO-WN, 1985). Todos estes microrganismos, exceto algumasespécies de bolores, apresentam baixa resistência térmica,sendo portanto facilmente inativados pelos tratamentostérmicos usualmente aplicados a este tipo de produto, apasteurização.

Porém, este conceito de deterioração de produtosácidos, sofreu modificações nos últimos anos, quandoCERNY et alli. (1985) relataram a ocorrência de um surtode deterioração de suco de maçã, pasteurizado e embaladoassepticamente, onde o organismo responsável era umabactéria produtora de esporos, termo-ácido-tolerantes, ca-paz de sobreviver ao tratamento usual de pasteurização(temperatura na faixa de 85-90˚C). Sabe-se que a maisprovável causa de contaminação dos vegetais por estabactéria é o solo, e isso ocorre durante a colheita.

Hoje, um novo gênero, Alicyclobacillus, está sendoproposto para abrigar estes organismos que tem sido incri-minados em processos de deterioração de produtos ácidos,onde este microrganismo é natural do solo e pode ser intro-duzido no processo por falha na lavagem da matéria prima.

Estabelecer uma metodologia para o isolamento eidentificação de Alicyclobacillus a partir de amostras deprodutos de tomate e determinar a resistência térmica dosesporos foi o objetivo deste trabalho.

MATERIAL E MÉTODOSUtilizou-se polpas de tomate, as quais foram sub-

metidas a tratamentos adequados para determinar o me-lhor binômio tempo/temperatura para ativação dos espo-ros da cepa padrão DSM 2498 e em seguida foi feito oisolamento de Alicyclobacillus, e a determinação da resis-tência térmica dos esporos isolados. Os materiais utiliza-dos nestes procedimentos foram:

• Placas de Petri (20x200 mm) PYREX, para ino-culação de Alicyclobacillus;

• Incubadora BOD MARCONI (50˚C);• Autoclave FANEN, para esterilização do material;• Microscópio OLYMPIKUS, para observação

das características microscópicas da cultura;• Tubo 20x180mm PYREX com tampa rosqueável;• Banho Maria MARCONI com agitação, para

promover tratamento térmico;• Pipeta graduada PYREX 2 ml, 10 ml;• Erlenmeyer PYREX 500ml;• Câmera de fluxo laminar VECO para inocula-

ção em condições assépticas;• Sulfato de magnésio, Fosfato de potássio, Clore-

to de cálcio, Sulfato de amônia, extrato de levedura e glico-se para a preparação do caldo BAM, reagentes MERCK;

• Refratômetro CARL ZEISS, para determinaçãodo Brix;

• Centrífuga;• Tubos de T.D.T (Tempo de Destruição Térmica).Na determinação do melhor binômio tempo/tempe-

ratura para ativação dos esporos do Bacillus acidoterrestrisDSM 2498 foram utilizados produtos de tomate, autoclava-dos a 121ºC por 10 minutos. O preparo da suspensão de es-poros foi feito seguindo a metodologia de STUMBO(1973). A determinação das condições ótimas de tempo etemperatura foi obtida através da inoculação da polpa estéril

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 169

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com uma concentração conhecida de esporos da cultura pa-drão. Foram realizados 7 tratamentos térmicos (60˚C/60min; 60˚C/30 min; 70˚C/20 min; 80˚C/10min; 80˚C/30min, e ebulição por 5 min.). Diariamente foi feita a conta-gem das colônias até observar uma população constante.

O isolamento de Alicyclobacillus foi feito seguin-do a metodologia do Número Mais Provável (NMP)adaptado de (EATON et alli. 1995). Para isso, a partir de1000 gramas de polpa de tomate, foram retiradas 10 por-ções de 10 ml e inoculadas em 10 tubos contendo ágarBAM em dupla concentração. Os tubos inoculados foramsubmetidos ao tratamento térmico 70˚/20 min para ativa-ção, e incubados a 50ºC durante 48 horas. A seguir o con-teúdo dos tubos foi inoculado em superfície no meio ágarBAM e incubados a 50ºC. As colônias com característicasde Alicyclobacillus foram submetidas a testes bioquími-cos (diferentes pH e temperaturas, catalase e Voges-Proskauer). Foram escolhidas duas cepas significativas e,foi determinada a resistência térmica dos esporos a 87º,90º e 95ºC, seguindo a metodologia de STUMBO (1973).

RESULTADOS E DISCUSSÕESDos tratamentos térmicos analisados, observa-

mos que o melhor tratamento para ativação dos esporosfoi o de 70ºC/20 min.

De um total de 100 amostras de polpa de tomatepasteurizada industrializadas foram constatadas 44 (44%)de amostras positivas para a presença de esporos de bacté-rias termo-ácido-tolerantes. O pH das amostras analisadasvariou de 3,2 a 4,3 e a faixa de variação do Brix ocorreuentre 8,9 a 11º.

O crescimento em pH diferenciado (2,0; 4,0 e 7,0)ocorreu no pH próximo a 4,0; o que esta de acordo com asobservações realizadas por MCINTYRE et alli (1994),que constatou o limite de crescimento de pH em torno de3,0 e 5,3; já o crescimento em diferentes temperaturas(35º e 50ºC) ocorreu em condições de abuso, em torno de50º a 65ºC. O teste bioquímico da Catalase e Voges-Proskauer apresentou-se positivo, o que confirma a pre-sença de bactéria termo-ácido-tolerante de acordo comobservações realizadas por SPLITTSTOESSER (1996).

A resistência térmica dos esporos de Alicyclobaci-llus analisadas, variou o valor D na faixa de 37,78; 30,29minutos a 87ºC, 3,18; 2,97 minutos a 90ºC e 1,61; 1,95minutos a 95ºC, respequitivamente para a cepa 1 e cepa 2.Os valores Z ficaram entre 6,26ºC para a cepa 1 e 7,3ºCpara a cepa 2, valores semelhantes aos relatados por EI-ROA et alli (1998), quando determinaram a resistênciatérmica desta bactéria em sucos de laranja.

CONCLUSÃODos resultados obtidos, conclui-se que o melhor

tratamento para ativação de esporos da cepa padrão de Ba-cillus acidoterrestris foi o de 70ºC/20 min. A contaminaçãopor esporos de bactérias termo-ácido-tolerantes, nas amos-tras positivas variou entre 1,1 e >23 NPM/ 100ml de polpa.As variações de pH e Brix não interferiram na ocorrência dabactéria nas amostras analisadas. Conclui-se que a polpa detomate pasteurizada industrializada é um substrato potenci-almente passível de deterioração por bactérias-termo-ácido-tolerantes, se ocorrem condições de abuso de temperatura.

A resistência térmica dos esporos de Alicyclobacillusconstatada representa que os tratamentos térmicos empre-gados na industria nem sempre são eficientes. Existe umrisco potencial de deterioração de produtos de tomate, eeste risco pode ser minimizado através de adoção de BoasPráticas de Fabricação e de um correto monitoramentodas condições de processamento do produto final, aliado auma adequada temperatura de armazenagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBROWN, K.L. New microbiological spoilage challenges

in aseptics: Alicyclobacillus acidoterrestris spoi-lage in aseptically packed fruit juices.Food Hygi-ene Department, Campden & Chorleywood FoodReserch Association.(1985).

CERNY, G.; HENNLICH, W.; PORALLA, K. Spoilageof fruit juice by Bacilli: isolation and characterisa-tion of the spoling microorganism. Z. Lebns UntersForsch, 179: 224-227, 1985.

DARLAND, G. & BROCK, T.D. Bacillus acidocaldariussp. nov. an acidophilic termophilic spore forming bac-terium. J. General Microbiology, 67: 9-15, 1971.

EATON, ANDREW D.; CLESCERI, LENORE S. ANDGREENBERG, A.E. Standard Methods for theExamination of Water and Wastewater, 19 th ed.American Public Health Association, AmericanWater Works Association, Water Environment Fede-ration. Washington DC. USA, 1995.

HERSON, A.C & HULLAND, E. CANNED FOODS.Thermal Processing and Microbiology. Livings-tone, Edinburgh. 1980.

SPLITSTTOESSER, D.F. & CHURREY, J.J. Uniquespoilage organisms of musts and wines. In: Winespoilage microbiology conference, 1996.

STUMBO, C.R. Thermobacteriology in food proces-sing. Academic Press, London, 1973.

170 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.65

ESTUDO DE PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE ORGÂNICOS POR CRISTALIZAÇÃO

FERNANDA PAVAN (B) – Curso de Engenharia QuímicaNEWTON LIBÂNIO FERREIRA (O) – Faculdade de Engenharia e Ciências Químicas

ROBERTO GUARDANI (CO) – Escola Politécnica – USPFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste estudo foi propor um modelo para o processo de produção de p-diclorobenzeno. Através domodelo pode-se estudar o desempenho do processo em relação à suas variáveis operacionais e estruturais, com a pos-sibilidade de se buscar eventuais pontos ótimos de operação. Construiu-se um modelo fenomenológico do processo,com a utilização do simulador ASPEN PLUS®. A modelagem dos coeficientes de equilíbrio sólido-líquido foi feitaatravés das redes neurais. Obtendo-se, desta maneira, um modelo híbrido. O modelo mostrou-se útil, uma vez queatravés dele constatou-se a limitação da destilação para obtenção do produto com a especificação desejada e, tambéma possibilidade de estudar a cristalização como alternativa de separação. O modelo mostrou as faixas operacionais ade-quadas, tanto operacionais, como estruturais para produção do p-diclorobenzeno com a especificação de mercado.

INTRODUÇÃOO p-diclorobezeno é uma substância química im-

portante na produção de domissanitários e agroquímicos.A sua produção é feita a partir do benzeno e cloro elemen-tar em presença de FeCl3, que age como catalisador da rea-ção (GROGGINS, 1958).

A reação gera sub-produtos, que são os isômerosdo p-diclorobenzeno. Uma vez que não existe a possibilida-de de se evitar as reações paralelas, há a necessidade de se-parar a mistura produzida a fim de se obter o produto dese-jado no grau de pureza desejado. A separação da misturaefluente do reator é feita com a utilização de uma sequênciade colunas de destilação que vão removendo os produtosmais voláteis em etapas. Ao final tem-se uma mistura queconsiste essencialmente de m-diclorobenzeno e p-dicloro-benzeno. Este dois compostos possuem pontos de ebuliçãomuito próximos, a saber, 172oC e 174oC, respectivamente(GREEN, 1998). Isto torna a separação por destilação prati-camente impossível de ser feita em condições realísticas. Jáos pontos de fusão são muito distintos, -17,6oC e 53oC, res-pectivamente (GREEN, 1998). Isto faz com que a cristali-zação, chamada de fase fundida, por ser aplicada em ausên-cia de solvente, possa ser usada como processo de separa-ção para esta mistura (ARKENBOUT, 1995).

A modelagem de processos químicos é uma técni-ca muito usada para a compreensão e estudos de proces-sos químicos, apresentando-se como a ferramenta idealpara análises relativas a projeto e condições operacionaisde unidades químicas. Os processos convencionais, envol-vendo reações como as existentes no caso estudado e des-tilação como operação de separação são perfeitamente re-solvidas com o uso de simuladores comerciais, como oASPEN PLUS®, (ASPEN, 2000). Já a modelagem dosprocesso de cristalização não se enquadra no sistema tra-dicional, por envolver o equilíbrio sólido-líquido, que nãopossue descrição termodinâmica adequada até o presente.Assim sendo a modelagem fenomenológica sofre de umadeficiência, pois os balanços materiais e energéticos po-dem ser facilmente propostos, já as relações que gover-nam a distribuição das espécies entre as fases em equilí-brio não são genéricas, portanto de uso abrangente.

Neste cenário, as chamadas redes neurais surgemcomo técnicas adequadas para este tipo de modelagem(HUNT, 1992).

Assim sendo usou-se a modelagem mista, feno-menológica e neural, para este processo.

MATERIAL E MÉTODOSA construção do modelo foi feita com a utilização

dos blocos disponíveis no ASPEN PLUS®, para as opera-ções que podem ser descrita fenomenologicamente. A mo-delagem das operações de cristalização foi feita com a utili-zação de módulos escritos em linguagem Fortran, que pos-teriormente foram introduzidos na estrutura do ASPENPLUS®.

As etapas do trabalho de construção e uso do mo-delo foram as seguintes:

1) uso direto da biblioteca do ASPEN PLUS®,que foi usada para descrição das operações chamadas con-vencionais,conforme discutido acima,

2) descrição da cristalização através das equaçõesde balanços, materiais e energéticos, e as relações de dis-tribuição das concentrações em equilíbrio entre as fases lí-quida e sólida,

3) construção do modelo da cristalização em lin-guagem Fortran,

4) uso do sistema de redes neurais para ajuste dedados experimentais oriundos do LSCP/DEQ/EPUSP, fo-ram tratados com a utilização de software de redes neuraispor ele desenvolvido, resultando num modelo de descri-ção da distribuição das concentrações das espécies nas fa-ses em equilíbrio através das redes neurais,

5) incorporação do sistema neural ao modeloFortran,

6) realização dos estudos de casos e produção dasconclusões; os estudos envolveram a análise da separaçãopor destilação até os limites desta operação, com a produ-ção da solução contendo os isômeros m-diclorobenzeno ep-diclorobenzeno. Esta solução então é tratada pela cristali-zação. Os estudos de caso envolveram a análise da sensibili-dade dos parâmetros do modelo e caso de estudo de sistemade cristalização em estágios (ARKENBOUT, 1976).

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 171

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RESULTADOS E DISCUSSÕESA modelagem fenomenológica do processo de

destilação mostrou claramente a limitação da destilaçãocomo processo de purificação do p-diclorobezeno, obtidoa partir da reação direta entre benzeno e cloro gasoso, che-gando-se a um produto com 72,2% de pureza, valor baixopara efeitos de especificação.

Através da modelagem, pode-se propor vários es-quemas de destilação, que variaram de trê simples comcolunas em série, até esquemas com reciclo de produtosintermediários. Todos mostraram a limitação da destilaçãopara a separação da mistura de isômeros.

A modelagem do processo de cristalização mostroua possibilidade de se obter produto com pureza bem maio-res, na faixa de 95%, dentro da especificação de mercado.

Os principais pontos a serem destacados, foram oestudo da sensibilidade de parâmetros operacionais doprocesso de cristalização. Pode-se identificar as condiçõesótimas de operação de um estágio de separação, através daanálise gráfica dos resultados obtidos. Dentre estas variá-veis destaca-se o tempo de cristalização que tem o valorótimo em torno de 75 s. Já a taxa de reciclo de cristaismostrou uma influência sempre crescente, indicando quedeve-se trabalhar com altos valores. Comportamento di-verso foi notado com a taxa de recirculação de líquido,que mostrou pouca influência até o valor de 80% e quedaacentuada da pureza de cristais para taxas maiores.

A velocidade cristalização mostrou influêncianula na pureza dos cristais, ao passo que a temperaturamostrou influência acentuada. Este efeito foi medido atra-vés da diferença de temperatura entre o sistema de resfria-mento e a temperatura da cristalização. Os melhores valo-res estão localizados na faixa de baixos valores da diferen-ça de temperatura associados a altas vazões de “melt” (va-zão de alimentação da fase líquida).

CONCLUSÕESConcluiu-se através dos estudos realizados que o

uso do processo de separação por destilação fracionada élimitado, já que algumas misturas apresentam dificulda-des para serem separadas por este processo, como é o casodos isômeros do diclorobenzeno.

Neste caso os isômeros meta, para e orto apresen-tam pressões de vapor muito próximas, o que torna a separa-ção muito difícil, assim é necessário o uso de uma coluna dedestilação com um grande número de estágios, número esseinconcebível para o projeto de uma coluna industrial, poisacarretaria em um custo muito alto e dimensões exageradas.

Separando os isomêros em uma coluna de destila-ção obter-se-ia um produto de topo com cerca de 80% emmassa de p-diclorobenzeno e também uma corrente defundo com 78% em massa de p-diclorobenzeno, mesmocom a coluna tendo 400 estágios; assim os dois produtosobtidos tem pureza muito baixa, ou seja estão contamina-dos com o o-diclorobenzeno.

Como o processo de destilação não é eficaz para aseparação de algumas misturas, utiliza-se então o processode cristalização para tais separações. Esse processo apre-senta fortes não-linearidades, por isso é modelado matema-ticamente de forma eficaz através do uso de redes neurais,já que estas tem a capacidade de “aprender” o que ocorre no

processo. As redes neurais são usadas para o cálculo daconstante efetiva de cristalização, para tanto é necessário ouso de dados experimentais do processo de cristalizaçãoque representem de maneira confiável o processo.

Os parâmetros de cristalização, tais como velocida-de, tempo, temperatura, taxas de reciclos e outros, devemser ajustados para que a eficiência na separação dos isôme-ros seja a maior possível. Realizando a cristalização da mis-tura orto-para diclorobenzeno em um cristalizador com trêsestágios, com uma vazão mássica interna de “melt” de 6 kg/min, com taxa de reciclo de cristais de 0,5 e 0,05 de líquido,variação de temperatura de 10ºC e com o tempo de cristali-zação em torno de 80 minutos obtemos um produto finalcom cerca de 99% de paradiclorobenzeno.

Com a modelagem do processo finalizada é possí-vel a realização de um estudo mais aprofundado das con-dições operacionais do processo, rendimento e do custocom matérias primas e utilidades, visando uma avaliaçãoeconômica do mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARKENBOUT, G.F. Continuous Fractional Crystalliza-

tion. Chemtech, 1976.

ARKENBOUT, G.F. Melt Crystallization Technology.Lancaster: Technomic, 1995.

ASPEN, Aspen Plus User Guide. Cambrigde: AspenTechnology, 2000.

GREEN, D.(ED). Perry’s Chemical Engineers Hand-book. 7TH ed, New York: McGraw-Hill, 1998.

GROGGINS, P.H. Units Processes in Organic Synthesis.New York: McGraw-Hill, 1958.

HUNT, J.K. Neural Networks for Control Systems: ASurvey. Automatica, v.28, 1992.

172 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.66

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DOS LABORATÓRIOS DE ENSINO E PESQUISA DO “CAMPUS” TAQUARAL

LAISE CARLOS WADT (B) – Curso de Ciências – Habilitação BiologiaFRANCISCO CARNEIRO JUNIOR (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

PIBIC/CNPq

RESUMO

O projeto realizado aprofundou estudos diretamente ligados a resíduos químicos, gerados nos laboratórios deEnsino e Pesquisa do “Campus” Taquaral da UNIMEP. Primeiramente foi identificado os resíduos gerados nos processosmetodológicos e nas aulas práticas desenvolvidas. Assim, foi possível a montagem de um fluxograma contendo os rea-gentes e os resíduos gerados com suas respectivas concentrações e volumes. Foram coletadas amostras compostas dosefluentes dos laboratórios. A partir dos dados, foi montado uma planilha. Através dessa planilha foi possível estabelecer anormatização dos procedimentos para lançamentos dos efluentes dentro dos padrões indicados pela CETESB. Foi possí-vel também estabelecer metodologias para viabilizar a melhor forma de eliminação de alguns produtos químicos perigo-sos gerados, tendo como objetivo principal a reutilização desses resíduos químicos, acompanhada de uma armazenagemadequada. Objetivou-se também a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (S.G.A), que por sua vez, tem comometa reduzir cada vez mais o impacto das atividades sobre o meio ambiente, rumo ao desenvolvimento sustentável, pos-sibilitando a manutenção e melhoria da qualidade de vida. Evidenciou-se também que a implantação de um SGA podegerar vantagens competitivas significativas além de possibilitar benefícios econômicos e políticos.

INTRODUÇÃOA química como ciência é intimamente vinculada

a existência da matéria e por sua vez, a vida é indissociá-vel de sua parte material. Assim sendo, pode-se afirmarsem sombra de dúvida que a química permeia por todas asnossas ações e ambientes. (AQUINO NETO, 1995).

A geração de resíduos químicos em instituiçõesde ensino e pesquisa no Brasil sempre foi um assuntomuito pouco discutido. Na grande maioria das Universi-dades a gestão dos resíduos gerados nas suas atividadesrotineiras é inexistente, e devido à falta de um órgão fisca-lizador, o descarte inadequado continua a ser pratica-do.(JARDIM, 1998).

É preciso que o mundo crie logo estratégicas quepermitem às nações substituir seus atuais processos decrescimento, freqüentemente destrutivos, pelo desenvolvi-mento sustentável.

Ironicamente, a maior ameaça ao desenvolvimen-to sustentável é o esgotamento dos recursos renováveis.Florestas, solos e água estão sendo utilizados além dos li-mites, devido principalmente ao crescimento populacionale desenvolvimento industrial.

Satisfazer as necessidades e as aspirações huma-nas é o principal objetivo do desenvolvimento. Para quehaja um desenvolvimento sustentável, é preciso que todostenham atendidas suas necessidades básicas e lhe sejamproporcionadas oportunidades de concretizar suas aspira-ções a uma vida melhor (Comissão Mundial Sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento).

Da literatura existente, pode-se observar um consen-so quanto aos passos necessários para se alcançar o desenvol-vimento sustentável. Podemos destacar três etapas quanto àestratégia ambiental: Etapa um – Prevenção da poluição; Eta-pa dois – Gestão do produto; Etapa três – Tecnologia limpa(JARDIM, 1998; GILBERT, 1995; BACKER, 1995; MA-CEDO, 1994;TOMMASI, 1994; MOURA, 1998).

A implantação de um programa de gestão ambi-ental é algo que exige,

antes de tudo, mudanças de atitudes, e por isto, éuma atividade que traz resultados a longo prazo, além derequerer realimentação contínua. Por ser um programaque, uma vez implantado, o mesmo terá atuação perenedentro da unidade geradora de resíduo, é muito importan-te que o mesmo seja muito bem equacionado, discutido eassimilado por todos aqueles que serão os responsáveispela manutenção e sucesso do mesmo(JARDIM, 1998).

Para que o SGA seja eficaz, a organização deveconhecer seu macrofluxo e seus fluxos, identificando pre-viamente suas atividades, processos e tarefas quanto maisaprofundado for esse conhecimento, mais facilmente se-rão identificados e vinculados os aspectos e impactos.

Durante o desenvolvimento do trabalho foi monta-do um fluxograma identificando produtos químicos utiliza-dos nos laboratórios, e os respectivos resíduos gerados nasprincipais linhas de pesquisa/ensino atualmente em rotina.

MATERIAIS E MÉTODOSTendo como objetivo a identificação dos princi-

pais resíduos orgânicos gerados nos laboratórios de Quí-mica e Biologia do Taquaral, bem como avaliar quantitati-vamente suas concentrações e os respectivos volumesefluentes, foram realizadas coletas de amostras de resídu-os orgânicos e inorgânicos. Porém, essas coletas foramfeitas conforme a disponibilidade de resíduos gerados nasaulas práticas. Durante o desenvolvimento do projeto, fo-ram propostos processos de recuperação e reutilização dosprincipais efluentes gerados, visando redução dos custosem produtos químicos e a preservação do meio ambiente.

Foram feitas determinações de teores de Na, K, Cae Mg pela técnica de espectrometria de absorção e emissãoatômica (Ca e Mg, espectrômetro de absorção atômicaPerkin Elmer, modelo 503; Na e K, fotômetro de chamaMicronal, modelo B 262)(KRUG et al 1987), e de Ca2+, Cl-,Na+, K+, Al3+, SO4-

2, Fe3+, Mg+2, NH4+, PO4-3 e NO3-, usan-

do métodos colorimétricos padrão (espectrômetro de emis-são com plasma induzido em argônio – Jarrel-Ash, modelo975 e espectrofotômetro Varian modelo 634-S, aclopado

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 173

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com sistema de injeção em fluxo (MORTATTI, 1986). De-terminações de concentrações de bicarbonato foram feitaspor micro-titulação de Gram (EDMOND, 1970). Foi usadotambém o método da cromatografia líquida, com o croma-tógrafo modelo DX500, para determinação dos cátions só-dio, potássio, amônio, magnésio e cálcio e os ânions clore-tos, nitritos, nitratos, sulfatos e fosfatos.

Foi realizado um levantamento das substâncias quí-micas orgânicas utilizadas nas aulas de cada disciplina,onde foram feitas anotações de todos os descartes no finaldas práticas. Verificou-se que várias substâncias químicas,seja no estado sólido ou líquido ou ainda na forma de solu-ção, estavam sendo descartadas diretamente no esgoto do-méstico. Verificou-se também que alguns resíduos quími-cos sofreram tratamento diferenciado, ou seja, coletados se-paradamente em galões de plástico identificados como resí-duo orgânico ou inorgânico. Para estes resíduos estavaprevisto tratamento para neutralização por uma empresa es-pecializada (Company Electric Ltda. – Divisão Ambiental).

As amostras coletadas durante todo o trabalho fo-ram analisadas no CENA/USP. Através dessas análises foipossível identificar as respectivas concentrações dos resí-duos e assim comparar com os teores máximos de lança-mentos, em águas de classe 3, de substâncias potencial-mente prejudiciais, estabelecido pela CETESB.

Além das análises químicas e gerenciamento dosresíduos foi proposto a implantação de um programa de ge-renciamento de resíduos químicos (PGRQ) e apresentaçãode uma proposta de um Sistema de Gestão Ambiental(SGA) na Universidade (BACKER, 1995; MOURA, 1998)

Para a implantação do SGA foram abordados qua-tro critérios essenciais para conduzir o projeto:

Elaboração dos projetos – (os mesmos são elabo-rados pela vertente institucional com a participação da co-munidade).

Execução – (consiste na conscientização e experiên-cia prática dos alunos em conjunto com a equipe técnica).

Avaliação – (a instituição e os alunos discutem osresultados obtidos periodicamente e analisam assim o pla-no de gestão colocado em prática).

Sustentação – (trata-se de um processo de consoli-dação política e empresarial da instituição, com infra es-trutura própria, recursos humanos e financeiros dos órgãosde fomento internos e externos como CNPq, FAPESP eoutros, para possibilitar a execução dos trabalhos).

RESULTADOS E DISCUSÕESAtravés das coletas realizadas foi verificado que

os resíduos orgânicos gerados nas aulas práticas foramclassificados, separados e armazenados, para que a empre-sa Company Eletric Ltd. –Divisão Ambiental procedessea incineração do material. Verificou-se também que os re-síduos orgânicos isentos de metais pesados, foram diluí-dos corretamente e descartados diretamente no esgoto do-méstico, obedecendo as normas para descarte de resíduosquímicos da CETESB. De acordo com os resultados daanálise de resíduos verificou-se que os teores dos compos-tos químicos descartados não ultrapassaram os padrõesestabelecidas pela CETESB.

Foi proposto a organização de um plano de açãopara o estabelecimento do programa de S.G.A, no intuito

de avaliar os possíveis impactos ambientais ocasionadospor resíduos químicos.

CONCLUSÕESOs resíduos produzidos pela Universidade não

possuem um tratamento totalmente adequado pois para is-to, seria preciso uma mudança nas aulas práticas que po-deriam produzir resíduos minimizados através do uso desistemas de micro-escala e reagentes menos tóxicos.

A crescente demanda social exige algum tipo detratamento das questões ambientais no âmbito da educa-ção. No atual cenário, onde vários segmentos da socieda-de vêm cada vez mais se preocupando com a questão am-biental, as universidades não podem mais sustentar estamedida cômoda de simplesmente ignorar sua posição degeradora de resíduos. Assim sendo, frente ao papel impor-tante que as universidades desempenham na nossa socie-dade, frente à importância ambiental que estes resíduospodem apresentar, e por uma questão de coerência de pos-tura, é chegada a hora das universidades implementaremseus programas de gestão ambiental.

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174 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.67

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS INORGÂNICOS GERADOS NO “CAMPUS” TAQUARAL/UNIMEP

MILENA HELOISA POZENATTO BICUDO (B) – Curso de Engenharia QuímicaFRANCISCO CARNEIRO JUNIOR (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e Natureza

PIBIC/CNPq

RESUMO

O presente trabalho envolve estudos relacionados com gestão ambiental, mais especificamente com resíduosquímicos líquidos inorgânicos, gerados nos laboratórios de Ensino e Pesquisa do “Campus Taquaral/Unimep. O obje-tivo deste estudo foi identificar os principais resíduos líquidos inorgânicos descartados no esgoto doméstico, qualita-tiva e quantitativamente. Possibilitando assim verificar se ocorre imprudências quanto aos processos de descarte deresíduos e montar procedimentos e padrões ambientais corretos. Para isto, foram coletadas amostras de resíduos gera-dos durante as aulas práticas. Verificou-se que a quantidade coletada das amostras não foi significativa pois o númerode aulas que produziam os resíduos não aconteceu assiduamente e que alguns resíduos químicos sofreram tratamentodiferenciado, ou seja, coletados separadamente em galões de plástico identificados como resíduo orgânico e inorgâ-nico. Este tratamento diferenciado refere-se ao tratamento por incineração dos compostos realizado pela empresaespecializada (Company Electric Ltda. - Divisão Ambiental / RJ). Outro objetivo, é a apresentação de uma proposta deum Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na Universidade. O SGA é um programa que tem por meta minimizar osimpactos ambientais causados pela ação do homem. Pode-se encontrar neste trabalho uma vasta pesquisa sobre SGA,incluindo procedimentos básicos sobre como gerir este Programa.

INTRODUÇÃONo passado recente os resíduos químicos gerados

em laboratórios de ensino e pesquisa eram consideradosdesprezíveis em termos de volume e potencial tóxico. Noentanto, devido a grande diversidade e toxicidade, estesresíduos necessitam de um gerenciamento mais adequa-do. Por esta razão é que se iniciou projetos de gestão dosresíduos (MICARONI, 2001).

Os laboratórios acadêmicos geram resíduos comcomposição e volume diversificados e portanto, necessi-tam de soluções criativas para o monitoramento, a redu-ção e o tratamento de suas correntes de resíduos (JAR-DIM, 1998; MICARONI, 2001).

Neste cenário ambiental (especificamente o des-carte de resíduos químicos), onde a omissão é o agente co-mum, cabe às universidades a iniciativa de desenvolver eimplementar um programa de gestão de resíduos regionalou mesmo nacional, revertendo este quadro de tamanhaincoerência dentro da vida acadêmica.

Diante deste contexto, a Universidade pode de-sempenhar um papel importante, principalmente com pes-quisas que possam resultar em tecnologias mais limpas(processos alternativos) ou mesmo estudando outras ma-neiras de tratamento e reciclagem de alguns produtos quí-micos perigosos. O compromisso com a preservação domeio ambiente deve ser uma filosofia e uma prática de tra-balho assumida pelo corpo docente, discente e técnico ad-ministrativo, uma iniciativa que deve ser estendida a todacomunidade (ROCHA FILHO, 1995).

A preocupação de qualquer pesquisador nesta áreanão é tão somente o descarte de resíduos, sendo portantomais amplo, pois se refere também às normas gerais de se-gurança, instalações, infra-estrutura e armazenamento dosreagentes. Porém, visa principalmente minimizar o impactoambiental causado pelo descarte desses resíduos tóxicos.

Alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos noBrasil similares ao presente trabalho, e a partir disto, po-demos constatar a importância deste tendo em vista que a

Unimep está sobressaindo-se entre as Universidades bra-sileiras, pois poucas são as universidades que se preocu-pam com o destino de seus resíduos químicos.

MATERIAIS E MÉTODOSDurante o ano de 2000 foram coletadas amostras

por um período de dois meses, sendo retomada no ano de2001 para posterior análise qualitativa e quantitativa noCentro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP).

Foram coletados 1000 ml por amostra de resíduo.Essas amostras separadas em duas frações de 500 ml, queapós homogeneização foram preservadas com 1 ml deácido nítrico 9 mol/L e a segunda amostra com 1 ml deácido sulfúrico 4,5 mol/L.

As amostras foram preservadas com estes ácidospara evitar quaisquer danos ao aparelho de análise por co-lorimetria; sendo estes escolhidos por serem ácidos fortes.

As determinações de teores máximos de Na, K,Ca e Mg foram feitas pela técnica de espectrometria deabsorção e emissão atômica (Ca e Mg, espectrômetro deabsorção atômica Perkin Elmer, modelo 503; Na e K, fo-tômetro de chama Micronal, modelo B 262) (KRUG et al1987), e de Ca2+, Mg2+, Na+, Cl-, K+, Al3+, Fe3+, SO4-

2,NH4+, PO4

-3 e NO3-, usando métodos colorimétricos pa-drão (espectrômetro de emissão com plasma induzido emargônio – Jarrel-Ash, modelo 975, e espectrofotômetroVarian modelo 634–S, acoplado a um sistema de injeçãoem fluxo (MORTATTI, 1986). Determinações de concen-trações de bicarbonato foram feitas por micro-titulação deGram (EDMOND, 1970).

Infelizmente não se conseguiu obter resultados sa-tisfatórios com esta metodologia, retomando-se a coletadas amostras no ano de 2001, mudando a metodologia. Anova metodologia consistiu em coletar apenas 20 ml decada amostra e preservá-la com uma pequena porção deThymol; para análise por cromatografia líquida, o que ga-rante teoricamente uma melhor precisão dos resultados.Para esta coleta usou-se uma seringa acoplada com um fil-tro, que tem por finalidade, “barrar” qualquer sedimento

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 175

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sólido que pudesse existir e prejudicar a análise. Esta me-todologia consiste na análise química utilizando o apare-lho cromatógrafo líquido modelo DX500, marca Tionexrealizada no CENA / USP. O aparelho determina os cáti-ons sódio, potássio, amônio, magnésio e cálcio e os ânionscloretos, nitritos, nitratos, sulfatos e fosfatos.

É interessante salientar que o mais importante atu-almente, além do descarte correto, é a diminuição dasquantidades de resíduos gerados nos laboratórios. Essa di-minuição pode ser feita em função da redução da escalados experimentos e da substituição dos reagentes que pos-sam gerar produtos tóxicos. Se não for possível a substi-tuição, os resíduos podem ser precipitados como óxidosou sulfetos (como exemplo HgS ou HgO) e armazenados.Outros resíduos, podem ser tratados e reutilizados, como éo caso do mercúrio metálico, que pode ser lavado comNaOH, HCl e água destilada, sendo a seguir triplamentedestilado (BAADER, 2001).

Além das análises químicas e gerenciamento dosresíduos foi proposto a implantação de um programa degerenciamento de resíduos químicos (PGRQ) e apresenta-ção de uma proposta de um Sistema de Gestão Ambiental(SGA) na Universidade (PEREIRA, 2001). Um conjuntode normas internacionais vem dar subsídios e estabelecercritérios às empresas para se adequarem e estruturarem oSGA. A norma britânica (março/1992) BS 7750 – Specifi-cations for Environmental Management Systems serviude base para a elaboração de um sistema de normas ambi-entais em nível mundial, especialmente a série ISO 1400 –Sistemas de Gestão Ambiental, homologada no segundosemestre de 1996. Estas normas fornecem ferramentas eestabelecem padrões de gerenciamento ambientaI e atra-vés delas, as empresas podem sistematizar a sua gestão domeio ambiente e estabelecer metas para a CertificaçãoAmbientaI (BACKER, 1995; MOURA, 1998).

O processo de implantação do SGA baseia-se emcinco etapas:

I. Estabelecimento da Política Ambiental da Uni-versidade: declaração dos princípios e compromissos daUniversidade em relação ao meio ambiente;

2. Plano de Ação: definição de responsabilidadespráticas, procedimentos, processos e recursos para imple-mentar a política ambiental da Universidade.

3. Implementação e Operação: definição do funci-onamento da estrutura organizacional, treinamento depessoal, comunicação e registros da documentação.

4. Monitoramento e Ações Corretivas: realizaçãode avaliações qualitativas e quantitativas periódicas do de-sempenho ambiental da empresa;

5. Revisão ou análise crítica: avaliação permanen-te da política estabelecida, através de auditorias, para asse-gurar a melhoria contínua do desempenho ambiental daUniversidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕESConsiderando que os metais pesados não podem ser

decompostos como a maioria dos poluentes orgânicos, as al-ternativas para seu descarte são a reutilização ou inertização.

O programa de gerenciamento de resíduos quími-cos (PGRQ) compreende algumas etapas básicas e funda-mentais na sua implantação:

Foi feito inicialmente um levantamento, classifi-cação e quantificação de todos os resíduos gerados nas ati-vidades de ensino e/ou pesquisa da Instituição, sendo es-tes classificados de acordo com a NBR-10.004 da ABNTcomo perigosos, inertes e não inertes.

A Implantação de um local apropriado para o ar-mazenamento de resíduos com instalações adequadas.

Montagem de um sistema de coleta, armazena-mento e transporte destes resíduos. Este armazenamentofoi realizado em frascos apropriados, devidamente identi-ficados de acordo com a classificação.

Definição de um estratégia de descarte ou com-bustão dos resíduos. O processo de incineração dos resí-duos sendo aplicado aos resíduos que inviabilizem o trata-mento e recuperação destes.

Definição de um cronograma de redução de resí-duos nos laboratórios de ensino e pesquisa.

CONCLUSÕESPode-se concluir que a Universidade deverá abor-

dar melhor a questão ambiental e que iniciativas desta or-dem devem ser valorizadas, dando subsídios para a imple-mentação de um Sistema de Gestão Ambiental.

Os resíduos produzidos pela Universidade nãopossuem um tratamento totalmente adequado pois para is-to; seria preciso uma mudança nas aulas práticas que po-deriam produzir resíduos minimizados através do uso desistemas de micro-escala e reagentes menos tóxicos.

No âmbito do gerenciamento de resíduos o pro-cesso ainda não é totalmente adequado. Os resíduos quesão armazenados para ser incinerados pela empresa Com-pany Electric – Ltda, não sofrem mais nenhum tipo de ins-peção o que não é correto pois a Universidade é responsá-vel pelos resíduos que gera até o seu completo fim.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACKER, P. Gestão AmbientaL. A Administração Verde.Rio de Janeiro: Qualitymark. 1995.

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MICARONI, R. C. M..; Bueno, M. I. M. S. e Jardim. W.F., Uma experiência de tratamento dos resíduos quí-micos gerados em uma disciplina pelos próprios alu-nos da graduação, 24˚ Reunião Anual da SBQ, 2001.

MORTATTI, J. Caracterização Biogeoquímica dos Prin-cipais Rios do Estado da Amazônia. Tese de Douto-rado. Universidade de São Paulo.l986.

MOURA, L. A. Qualidade e Gestão Ambiental: Suges-tões para Implantação das Normas ISO 14.000 nasEmpresas. São Paulo: Oliveira Mendes, 1998.

PEREIRA, S. P. et al. Programa de Gerenciamento deResíduos Químicos na Universidade de RibeirãoPreto, 24º Reunião Anual da SBQ. 2001.

WILHELM, J. B., D. et al. Programa de Gerenciamento deResíduos no Instituto de Química da Universidade deSão Paulo. 24˚ Reunião Anual da SBQ. 2001.

176 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 4

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 19h30 • Auditório Grená • Santa Bárbara d’Oeste

Coordenador: Marcos Antônio de Lima – UNIMEP

Debatedores: Toshi-Ichi Tachibana – USPFelipe Araujo Calarge – UNIMEP

CO.68 MODELAMENTO SEMÂNTICO, GEOMÉTRICO E TECNOLÓGICO DE PEÇAS PRISMÁTI-CAS BASEADO EM “MANUFACTURING FEATURES”. Bruno Holtz Gemignani (B) – Curso deEngenharia de Controle e Automação, Klaus Schützer (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica eProdução – PIBIC/CNPq

CO.69 INSERÇÃO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE MANUFATURA: UM ESTUDO DE CASO.Nara Ramos Costa (B) – Curso de Engenharia de Produção, Antônio Fernando Godoy (O) – Facul-dade de Engenharia Mecânica e Produção – FAPIC /UNIMEP

CO.70 DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INTERFACE GRÁFICA PARA SOF-TWARE DE DIMENSIONAMENTO DE ENGRENAGENS. Ricardo Landgraf Borges (B) – Cursode Engenharia de Produção Mecânica, Klaus Schützer (O) – Faculdade de Engenharia Mecância e deProdução – PIBIC/CNPq

CO.71 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE MANUFATURA EM EMPRESASINDUSTRIAIS DA REGIÃO. Mairum Médici (B) – Curso de Engenharia de Controle e Automação,Sílvio Roberto Ignácio Pires (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção – PIBIC/CNPq

CO.72 FORMAÇÃO DE BASE DE DADOS TECNOLÓGICOS PARA AUXÍLIO NO PLANEJAMENTODE PROCESSOS PRODUTIVOS. Ana Flavia Reis (B) – Engenharia de Produção Mecânica, MiltonVieira Junior (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção, Antonio Fernando Godoy (CO)– Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção – FAPIC/UNIMEP

CO.73 PROGRAMA COMPUTACIONAL DE AUXÍLIO AO PROJETO DE CÉLULAS DE MANUFA-TURA. Fernanda A. Barros (B) – Curso de Engenharia de Alimentos, Antonio Nelson Correia Filho(O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação, Nelson Carvalho Maestrelli (CO) – Facul-dade de Engenharia Mecânica e de Produção, Milton Vieira Jr (CO) – Faculdade de Engenharia Mecâ-nica e de Produção – FAPIC/UNIMEP

CO.74 ESTUDO DOS MODELOS UTILIZADOS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMACOMPUTACIONAL PARA PROJETO DE CÉLULAS DE MANUFATURA. Eliani Scudeler (B) –Curso de Arquitetura e Urbanismo, Antonio Nelson Correia Filho (CO) – Faculdade Ciência Tecnolo-gia e Informação, Milton Vieira Junior (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção, Nel-son Carvalho Maestrelli (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica de Produção – FAPIC/UNIMEP

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 177

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178 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.68

MODELAMENTO SEMÂNTICO, GEOMÉTRICO E TECNOLÓGICO DE PEÇAS PRISMÁTICAS BASEADO EM “MANUFACTURING FEATURES”

BRUNO HOLTZ GEMIGNANI (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoKLAUS SCHÜTZER (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo deste projeto durante a vigência da bolsa de Iniciação Científica, foi estudar as diferentes metodolo-gias sobre o conceito de “form features” para o modelamento semântico, geométrico e tecnológico de peças prismáticas,servindo como um embasamento teórico para a complementação do protótipo FINDES-P. O protótipo foi implementadousando o sistema CAD/CAM Euclid3 para as plataformas Unix e Windows NT. Foi realizado um aprofundamento teó-rico sobre o conceito de “manufacturing features” e utilizando-se o protótipo FINDES-P em atividades práticas foi possí-vel perceber as necessidades do software. Foram realizadas modificações no protótipo de ambas as plataformas devido àtransferência dos arquivos da Unix para o Windows NT. Foi desenvolvido um módulo de definição do processo de fabri-cação baseado em features onde são atribuídos os processos de fabricação necessários para a construção da peça proje-tada. Concluiu-se que o protótipo é uma excelente ferramenta não só para a área de projetos mas como para grande partedo processo industrial do desenvolvimento de um produto já que permitirá a integração CAD/CAPP/CAM.

INTRODUÇÃOAtualmente empresas e indústrias utilizam-se

cada vez mais softwares que auxiliam desde o projetoCAD (Computer Aided Design), com o processo CAPP(Computer Aided Process Planing) e manufatura CAM(Computer Aided Manufacturing), com a finalidade de re-duzir o tempo de projeto, melhorar a qualidade e confiabi-lidade do produto e maximizar os lucros, contextuando àalta competitividade do mercado. Consequentemente autilização destes sistemas aumentaram consideravelmentea produtividade, porém os benefícios se deram apenas emcada setor isoladamente, pois não existe integração infor-matizada entre os sistemas CAD/CAPP/CAM.

É possível observar que a limitação para a integra-ção dos sistemas CAD/CAPP está localizada no fato deque é impossível para um sistema CAPP entender um mo-delo baseado em geometria de baixo nível, pois ele só re-conhece uma geometria de alto nível geométrico onde elepossui decisão para planejar o processo de fabricação. Asolução para a integração destes sistemas está em um mo-delo baseado em geometria de alto nível, o qual pode seroferecido por um modelo baseado em features.

MATERIAIS E MÉTODOSPara o desenvolvimento do projeto foram utiliza-

dos os seguintes recursos para a implementação do protó-tipo FINDES-P:

• Recursos de Hardware:– Workstation HP 9000 715/100XC, memória

128MB, placa aceleradora gráfica Visualize 8, monitor co-lorido de 21”, disco rígido de 4GB, CD-ROM, DAT Tape;

– Workstation Pentium II de 300Mhz, memória256Mhz, placa aceleradora gráfica Diamond MultimídiaSystems FireGL 1000 Pro 8MB, monitor Sony colorido17”, 2 discos rígidos SCSI de 4,3GB, CD-ROM 32x;

– impressora HP DeskJet 895C.• Recursos de Software:– Sistema CAD/CAM EUCLID3 v.2.2 da Matra

Datavision;

– Software FORTRAN 77 e Digital Visual For-tran v.6.0 Professional Edition;

Protótipo para modelamento de peças prismáticasbaseado em “manufacturing features“: FINDES-P.

RESULTADOS E DISCUSSÃOVisando a integração entre os sistemas CAD/

CAPP/CAM o presente projeto teve como um dos objeti-vos, a criação de um editor de processos onde as featuressão reconhecidas automaticamente atribuindo-se os pro-cessos necessários para a produção da peça de acordocom os atributos tecnológicos definidos durante a fase deprojeto no prot ótipo FINDES-P.

Os novos menus (figura 1) foram criados de acor-do com os requisitos presentes num plano de processosconvencional estando sujeito a constantes alterações.

Para gerar uma folha de processos, primeiramentedá-se um nome ao processo, então uma máquina é seleci-onada. A partir da peça modelada escolhe-se a face e apartir dessa é retornada uma nova janela de seleção comas features presentes na face, possibilitando a definiçãodas operações a serem realizadas para cada feature da pe-ça. Os tipos de operações, ciclos e estratégias de usina-gem, tipo de ferramenta e os parâmetros de corte, são aspróximas funções a serem implementadas nessa novaaplicação do protótipo.

CONCLUSÃOA utilização da tecnologia de features faz do pro-

tótipo FINDES-P uma excelente ferramenta não só para omodelamento de peças prismáticas mas também comopara a definição do processo de fabricação através da utili-zação do banco de dados das “manufacturing features”servindo como ponte entre o processo de projeto e o pro-cesso de manufatura.

O editor de processos criado durante o presentetrabalho ainda necessita de várias alterações e implemen-tações, por isso, serviu de tema para mais um projeto deiniciação científica que já vem sendo desenvolvido com oobjetivo de integrar os sistemas CAD/CAPP/CAM.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 179

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Figura 1. Tela do sistema CAD/CAM Euclid3 rodando o protótipo FINDES-P e os novos menus criados para o editor de processos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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SCHULZ, H.; SCHÜTZER, K.. Integração de projeto eplanejamento baseado em feature Máquinas e Metais.São Paulo, v.28, n.332 p. 28-38, setembro 1993.

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180 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.69

INSERÇÃO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE MANUFATURA: UM ESTUDO DE CASO

NARA RAMOS COSTA (B) – Curso de Engenharia de ProduçãoANTÔNIO FERNANDO GODOY (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

FAPIC /UNIMEP

RESUMO

Na última década, a competitividade no meio industrial cresceu significativamente em nível mundial. No Bra-sil, após um longo período de mercado fechado e de altas taxas de inflação, grandes esforços vêm sendo realizados emprol de se inserir o país nesta nova realidade competitiva. Assim, muitas empresas têm encarado os desafios causadospor esta competição em nível mundial através da implementação da chamada Tecnologia Avançada de Manufatura(AMTs). O objetivo é aprimorar sua performance interna e, conseqüentemente, aumentar sua competitividade. Nestecontexto, este artigo apresenta e discute algumas questões sobre AMTs conforme a literatura e alguns aspectos impor-tantes da pesquisa realizada em nove empresas representativas do interior de São Paulo

INTRODUÇÃOPode-se afirmar que não existe uma definição con-

sensual sobre as “tecnologias avançadas de manufatura”, oqual costuma ser entendido de diversas maneiras por dife-rentes autores. Segundo SON (1991), AMTs são novos har-dware e software usados para resolver problemas em siste-mas de manufatura tradicional como a produção job shopou flow shop.

DIMNIK & JOHNSTON (1993), definem AMTscomo sendo um equipamento programável ou um sistemade máquinas programáveis que podem produzir uma varie-dade de produtos ou peças, sem nenhuma perda de tempona mudança de um produto para outro. MECHLING et al.(1995), afirmam que AMTs é um termo genérico para umgrupo de tecnologias de manufatura que combinam capaci-dade de escala e de escopo num ambiente de manufatura.

De um modo geral, entende-se por AMTs nestetrabalho uma variedade de modernos sistemas “computer-based” que têm a finalidade de aperfeiçoar e gerenciar asoperações industriais, de forma a aumentar a capacidadede competição da empresa.

Como pode-se observar na pesquisa bibliográficaa ser apresentada neste artigo, a implementação dasAMTs tem sempre um conjunto de fatores motivadores.Segundo GROOVER (1987), existem dez boas razõespara justificar a aplicação desse tipo de tecnologia: au-mento da produtividade, alto custo de mão-de-obra, faltade mão-de-obra, a tendência crescente da mão-de-obrafluir para outras áreas, segurança no trabalho, alto custo damatéria-prima, melhoria da qualidade do produto, reduçãodo ciclo (lead time) de manufatura, redução de inventárioem processo, alto custo da não automação. Além dessasrazões para a implementação, a literatura também cita vá-rios outros benefícios decorrentes da utilização dasAMTs. UDO & EHIE (1996) classificam esses benefíciosem tangíveis (por ex: melhoria do retorno sobre lucro, re-dução de custos em inventários, redução dos tempos emset-up e de produção, entre outros) e intangíveis (por ex:aumento da vantagem competitiva, adaptação à produtosde curto ciclo de vida, desenvolvimento para habilidadesadministrativas). Este artigo tem como principal objetivoapresentar sucintamente um estudo de caso conduzido em

nove representativas empresas operando na região interiorde São Paulo, em sua maioria multinacionais.

MATERIAIS E MÉTODOSO estudo de caso foi conduzido através de uma pes-

quisa feita via questionário em 9 empresas representativas,sendo a maioria multinacionais de grande porte que atuamno segmento metal-mecânico. Essas empresas operam naregião formada pelas cidades de Campinas-Piracicaba-Soro-caba no estado de São Paulo. O principal intuito do estudofoi verificar o nível de utilização e as razões da implantaçãodas AMTs. A partir daí tecer algumas análises mais geraissobre as demais empresas que atuam na região, consideran-do as limitações do método de pesquisa comumente utiliza-do em investigações desse tipo. Um dado importante para aanálise, e que fora tomado como referência na pesquisa jun-to às empresas, diz respeito às chamadas prioridades compe-titivas da área de manufatura. Esse conjunto consistente deprioridades definido pela Estratégia de Manufatura de umaempresa estabelece o seu grau de competitividade. Atual-mente as prioridades mais comumente utilizadas são custo,qualidade, desempenho das entregas, flexibilidade e inova-ção tecnológica (PIRES, 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs dados apresentados na Tabela 1 permitem uma

análise tomando como referência o módulo desenvolvidopela aluna de Engenharia de Produção. Nesta Tabela, rela-cionou-se em ordem crescente, as dimensões gerenciais,sendo 1 a mais prioritária e 5 a menos.

Tabela 1. Informações sobre prioridades competitivas nas empresas estudadas

As empresas com a prioridade principal custo, A e F,utilizam-se de software como CAD, CAE, CAM e CAPP,que influem diretamente na redução do custo. Adotam tam-bém o DNC, que aumenta a velocidade produtiva. Em rela-ção a hardware, utilizam-se de máquinas ferramentas (CN/CNC), que melhoram a flexibilidade de produção. Os in-

EMPRESAS A B C D E F G H I

PrioridadesCompetitivas

Custo 1 2 2 5 4 1 3 1 1Qualidade 2 1 3 2 1 4 2 3 1Flexibilidade 5 4 1 4 5 3 4 4 2Desempenho nas Entregas 3 5 4 3 2 2 5 2 3Inovação. Tecnológica 4 2 5 1 3 5 1 5 4

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vestimentos na área de gestão se restringe ao MRP/MRPII/ERP, que proporcionam ganhos na produtividade e, enfo-cando a qualidade, empregam o QS/QFD/TQC/TQM.

As empresas B e E, que definem a qualidadecomo principal prioridade, adotam software como oCAD, CAE, CAM, CAPP, que aumentam a qualidade deprojeto, de planejamento e de processo. Adotam ainda oCIM e o SCC que aumentam a velocidade de planejamen-to. Em hardware utilizam robôs, APT, RP e máquinas fer-ramentas (CN/CNC), que em geral aumentam a flexibili-dade, a velocidade e a produção. Na parte de gestão, utili-zam-se de técnicas como MRP, QS, CCQ, CEP, FMEA,GT, JIT, SOP, TPM e PDM; as quais em sua maioria vi-sam a melhoria da qualidade.

Apenas a empresa C apontou a flexibilidade comosua prioridade principal. Esta empresa implanta o CAD e oCAE, que por serem mais hábeis em relação aos desenhos eprojetos, permitem aumentar a flexibilidade. Adotam emrelação à hardware o APT, robôs e as máquinas ferramentas(CN/CNC), as quais aumentam não apenas a velocidade e aprodutividade, mas também a flexibilidade. Das técnicas degestão usam MRP, QS, CEP, FMEA, GT, JIT, SOP, TPM,TOC, SFC, que visam a melhora da qualidade.

Curiosamente, não houve empresa alguma que ti-vesse o desempenho nas entregas como sua principal priori-dade. Porém, duas empresas, E e F, classificam o desempe-nho nas entregas como sua segunda prioridade e adotamtecnologias que influem na velocidade de desempenhocomo o CAD, CAE, CNC e DNC, e também utilizam-sede várias técnicas relativas à qualidade.

As empresas D e G, têm como sua principal priori-dade a inovação tecnológica. Para tanto, adotam o CAD,CAM, CAPP, CIM, SCC, CNC/DNC, que são ferramentasque possibilitam agilidade nas inovações. Como hardware,utilizam robôs, manipuladores e máquinas ferramentas(CN/CNC), os quais possibilitam recursos para inovação.Das técnicas de gestão usadas, MRP/MRPII/ ERP, QS/QFD/TQC/TQM, CCQ, CEP, FMEA, GT, JIT, SOP, TPM,PDM, SFC; que se por um lado visam na sua maioria a me-lhoria da qualidade, por outro permitem um aumento da ve-locidade na parte organizacional da produção, possibilitan-do ousar nas inovações seja no produto ou no processo.

CONCLUSÕESPôde-se observar que embora as empresas que

não definem a prioridade qualidade como principal, elasadotam técnicas de gestão envolvidas diretamente comeste parâmetro, o que nos faz pensar que hoje em dia aqualidade é vista como uma condição normal para as em-presas, e não como um aspecto para se cobrar mais porum produto. Nenhuma empresa classificou a qualidadecomo sua prioridade de menor importância.

Nota-se que as empresas que escolheram o custocomo sua principal prioridade utilizam-se de poucasAMTs. Isto não significa de modo algum um menor custode produção. É importante notar que poucas empresas ti-veram como prioridade principal a flexibilidade na produ-ção dos produtos, porém as tecnologias nelas implementa-das possuem características de alta flexibilidade produtiva,como por exemplo robôs, CAD, CAE, etc.

Concluindo, pode-se afirmar que a maioria dasempresas estudadas reconhece o papel preponderante queas AMTs assumem com relação ao seu desempenho pro-dutivo e tem feito um considerável volume de investimen-tos na área nos últimos anos, em especial após o início doprocesso de abertura econômica no Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDIMNIK, T.P. & JOHNSTON, D.A. Manufacturing

managers and the adoption of advanced manufactu-ring technology. OMEGA, 21(2). 155-162, 1993.

GROOVER, M.P. Introduction. IN: Automation, produc-tions systems, and computer-integrating manufactu-ring. New Jersey, Prentice-hall, Inc., 1987.

MECHLING,G.W.; PEARCE, J.W. & BUSBIN, J.W.Exploiting AMT is small manufacturing firms for glo-bal competitiveness. International Journal of Operati-ons& Production Management, 15(2), 61-76, 1995.

PIRES, S.R.I, Gestão Estratégica da Produção, EditoraUNIMEP, Piracicaba, 269p, 1995.

SON, Y.K. A framework for modern manufacturing tech-nology. International Journal Production Research.New York. 29(12), 2483-2499, 1991.

UDO, G. J. & EHIE, I. C., Advanced manufacturingtechnologies: Determinants of implementation suc-cess. International Journal of Operations & Produc-tion Management. 16(2), 6-26, 1996.

182 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.70

DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INTERFACE GRÁFICA PARA SOFTWARE DE DIMENSIONAMENTO DE ENGRENAGENS

RICARDO LANDGRAF BORGES (B) – Curso de Engenharia de Produção MecânicaKLAUS SCHÜTZER (O) – Faculdade de Engenharia Mecância e de Produção

PIBIC/CNPq

RESUMO

Este projeto refere-se ao dimensionamento de engrenagens auxiliado por computador, utilizando o métodomais eficiente de dimensionamento de engrenagens, o método desenvolvido por Niemann em seus livros de elementosde máquinas e tendo como principal referência o software Projeto de Engrenagens Auxiliado por Computador(PEAC), criado na linguagem Fortran. O primeiro passo foi o estudo de linguagens de programação Fortran e VisualFortran. Por ser uma linguagem com complexidade de recursos para programação gráfica, os estudos em Visual For-tran foram bem mais exigentes e trabalhosos. Os objetos para programação visual são procedurais, a exemplo do For-tran, e significativamente mais complexos que seus semelhantes orientados a objetos, como o Visual C++. O Softwareque está sendo desenvolvido já passou por três etapas, e foi sendo aperfeiçoado conforme o avanço nos estudos e pes-quisas. Na primeira, tinha-se um arquivo para os cálculos e outro para os recursos visuais, na segunda, um únicoarquivo para cálculos e interfaces, e finalmente o terceiro, onde cada subrotina de cálculo tem seu arquivo, sendo oprograma principal a inicialização das janelas e onde se armazena as interfaces gráficas.

INTRODUÇÃOÉ evidente que, cada vez mais, recursos computa-

cionais estão sendo desenvolvidos para facilitar o cotidia-no e as tarefas que costumam ser mais complexas e exi-gem muita concentração. Nota-se também que o dimensi-onamento de engrenagens é uma tarefa bastante compli-cada, que exige muito tempo do projetista. O protótipoque está sendo desenvolvido surge para solucionar esteproblema, facilitando consideravelmente o dimensiona-mento, fazendo com que o usuário possa dedicar seu tem-po à outras tarefas. O objetivo deste trabalho é desenvol-ver uma interface gráfica sobre plataforma Windows parao Software PEAC(Projeto de Engrenagens Auxiliado porComputador), utilizando a linguagem Visual Fortrancomo principal ferramenta. Também deve ser atualizado obanco de dados do sistema, quanto a tabelas de lubrifican-tes e materiais, adaptando o protótipo às especificaçõestécnicas atuais.

MATERIAIS E MÉTODOSO programa PEAC original, foi desenvolvido por

Schützer (1988) em Fortran sobre a plataforma DOS, umalinguagem muito eficiente para o tipo de software deseja-do, que utiliza equações matemáticas e cálculos diversifi-cados, embora seja uma linguagem ultrapassada por ou-tras com recursos mais modernos, recursos visuais, queaumentam a interatividade com o usuário.

A linguagem Visual Fortran, possui todas as quali-dades do Fortran, sendo complementada com recursos vi-suais, o que a deixa tão moderna quanto outras lingua-gens, como Visual Basic, Visual C++, mas com toda capa-cidade e característica do Fortran.

A princípio, já que o Visual Fortran era uma lin-guagem desconhecida e totalmente nova na universidade,imaginava-se que obtendo os códigos do Fortran, a imple-mentação dos recursos visuais seria de forma direta, ouseja, teria que ser desenvolvida somente a interface gráfi-ca, que seria imbutida nos códigos.

Primeiramente, o protótipo foi desenvolvido apartir da idéia de que os códigos originais (Fortran) pudes-

sem ser aproveitados, sendo implementada somente a in-terface gráfica. O único modo encontrado de fazer um ar-quivo do Fortran(códigos) trocar informações com um doVisual Fortran(visuais) foi pela criação de arquivos queeram chamados para ler e armazenar valores de variáveisdos códigos para depois serem transformadas e inseridasem seus respectivos locais nos cálculos.

Foi implementada a interface gráfica, como se vêna Figura 1, a partir de um estudo que permitiu especificarmelhor cada objeto utilizado.

Para a entrada de dados, foi elaborado um estudoonde é possível trabalhar com variáveis do tipo texto nasjanelas do Visual Fortran, sendo necessário transformá-lasposteriormente em tipos numéricos através de algoritmosespecíficos desenvolvidos durante os estudos. Além disto,foi feito outro estudo para que pudesse informar ao usuá-rio quando algum dado não estivesse de acordo com as es-pecificações, quanto ao formato. Para isso, o programapossui um campo(objeto) que exibe uma mensagem se al-gum dado estiver fora dos padrões especificados.

Na segunda tentativa para a implementação desteprimeiro protótipo, uniu-se em um só arquivo todos oscálculos com os recursos visuais, que foi um método efici-ente, embora tenha deixado os arquivos muito extensos, oque dificulta a leitura do programa e também na identifi-cação de possíveis erros nas subrotinas.

Finalmente, entendeu-se que seria muito mais efi-caz um programa onde cada subrotina de cálculo tivesseseu espaço reservado, o que deixaria o programa muitomais fácil de se entender, de se compilar e também de lei-tura muito mais fácil. O programa principal armazena so-mente a inicialização e os recursos visuais.Este softwaretem todas as janelas separadas.

Todas as telas do sistema foram desenvolvidaspara que se tenha a melhor interatividade com os usuários.Nas interfaces, foram estudadas e pesquisadas quais osmelhores objetos para cada tipo de função que cada umexerce, o que resulta em um sistema mais eficaz.

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Figura 1. Entrada de dados do Sistema Peac.

RESULTADOS E DISCUSSÕESToda a versão em DOS está concluída, todos os

arquivos de cálculo funcionam. Está implementada tam-bém toda interface gráfica do sistema, e também quaseconcluídos todos os cálculos para o dimensionamento, es-tando por concluir apenas algumas poucas subrotinas. As-sim, em breve o software já estará disponível para os alu-nos de engenharia.

No decorrer do trabalho, percebeu-se que esteprojeto é de uma complexidade bem maior que a sugerida,já que tiveram que ser feitas várias tentativas até alcançaro resultado desejado.

CONCLUSÃOO sistema PEAC, com recursos gráficos vai auxi-

liar muito a todos que estão envolvidos no projeto, tornan-do o complexo dimensionamento de engrenagens em umatarefa muito simples, rápida e fácil.

Este software, Visual PEAC, em breve estará dispo-nível para todos envolvidos em projetos, incluindo alunosde graduação, podendo então simplificar as tarefas destes.

O que mais motivou os estudos nesta área é saberque pode-se contribuir para o avanço da tecnologia, facili-tando muito o seu uso na área da engenharia, já que possi-velmente todos os alunos de graduação que estão envolvi-

dos com projetos poderão dispor deste trabalho, não sópara reduzir o tempo de projeto, mas também para facili-tar esta difícil tarefa. Seria também muito gratificante di-vulgar este trabalho e apresentar o nome da universidadecomo uma instituição eficaz, e que acima de tudo acreditano trabalho que faz e também nos profissionais que forma.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA1/NIEMANN,G. Elementos de Máquinas. São Paulo,

Edgard Blücher, 1971, Vol. 2. 207p.

2/SCHÜTZER, K. Projeto de Engrenagens Auxiliadopor Computador Dissertação (Mestrado) – Escolade Engenharia de São Carlos, Universidade de SãoPaulo. São Paulo, 1988.

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9º CONGRESSO DE

CO.71

UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE MANUFATURA EM EMPRESAS INDUSTRIAIS DA REGIÃO

MAIRUM MÉDICI (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoSÍLVIO ROBERTO IGNÁCIO PIRES (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

PIBIC/CNPq

RESUMO

Este artigo relata sobre um diagnóstico realizado acerca de implantação e utilização das chamadas TecnologiasAvançadas de Manufatura (Advanced Manufacturing Technology – AMT) nas empresas do segmento metal-mecânico doparque industrial regional. Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo de base exploratória em um grupo de empresas.Os resultados da pesquisa serão usados para avaliar e discutir o conteúdo programático de várias disciplinas dos cursos deEngenharia de Controle e Automação e Engenharia de Produção. Nesta mesma linha, os resultados serão usados tambémpara avaliar as metodologias de ensino, subsidiar as atividades orientadas a serem desenvolvidas nas disciplinas de Apli-cações de Engenharia, incentivar as atividades extra-classe e mostrar em sala de aula a realidade do dia-a-dia das empre-sas. A pesquisa mostrou, sobretudo, que as AMTs podem proporcionar significativos benefícios para as empresasindustriais, desse sua implementação esteja inserida e alinhada com os propósitos estratégicos da empresa.

INTRODUÇÃOO processo de globalização da economia e a aber-

tura do mercado brasileiro, tornou imprescindível para asempresas industriais a ampliação dos mercados e um au-mento da produtividade. Assim, a maioria dessas empre-sas tem sido continuamente desafiada a buscar e imple-mentar novos sistemas gerenciais e tecnologias inovado-ras, tal que os mesmos possam lhe garantir a obtenção esustentação de vantagens competitivas no mercado. Os fa-tos de algumas empresas já estarem adotando novas tec-nologias e novas formas de organizarem a produção e aprópria gestão, as deu superioridade competitiva, exigindoa adoção destas técnicas pelas demais, como condição deintensificarem sua capacidade de competição.

Nesse contexto, o conjunto de sistemas gerenciaise tecnologias que a literatura em inglês engloba e rotula deAdvanced Manufacturing Technology (AMT – TecnologiaAvançada de Manufatura) tem sido uma ferramenta muitoútil para muito dessas empresas.

Segundo SON (1991), AMTs são novos hardwa-res e softwares usados para resolver problemas em siste-mas de manufatura tradicional como a produção job shopou flow shop. DIMIMNIK&JOHNSTON (1993) definemAMTs como sendo um equipamento programável ou umsistema de máquinas programáveis que podem produziruma variedade de produtos ou peças, sem nenhuma perdade tempo na mudança de um produto para outro.

Este artigo tem como objetivo principal descreveraspectos básicos das chamadas AMTs e apresentar sucin-tamente um estudo de conduzido em 9 representativasempresas operando na região interior de São Paulo, a mai-oria multinacionais de grande porte.

MATERIAIS E MÉTODOO estudo de caso foi conduzido através de uma

pesquisa exploratória feita via questionário estruturado erealizada em 9 representativas empresas que, em sua mai-oria, são empresas multinacionais de grande porte queatuam no ramo metal-mecânico. Essas empresas operam

na região (triângulo) formada pelas cidades de Campinas-Piracicaba-Sorocaba no estado de São Paulo.

O principal intuito do estudo de caso foi verificaro nível de utilização e as razões da implantação das AMTsnas empresas estudadas e a partir daí tecer analises maisgerais sobre as empresas similares operando na região,dado as limitações do método de pesquisa comumente uti-lizado em pesquisas desse tipo.

Um dado importante para a analise, e que fora to-mado como referência na pesquisa junto às empresas, dizrespeito às chamadas prioridades competitivas da área demanufatura. Essas prioridades podem ser definidas comoum conjunto consistente de prioridades que a indústriaterá para competir no mercado e fazem parte do conteúdode uma Estratégia de Manufatura. Atualmente as priorida-des mais comumente utilizadas são o custo, a qualidade, odesempenho das entregas e a flexibilidade (PIRES, 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÕESPor uma questão de limitação de espaço neste arti-

go, os dados levantados podem ser obtidos diretamente norelatório final a ser apresentado pelo bolsista, ou em COS-TA et al (2001). Neste artigo será apresentado apenas asTabelas 1 e 2, as quais identificam as empresas estudadas,bem como as suas prioridades competitivas.

Tabela 1. Empresas pesquisadas.

Pela Tabela 1 nota-se que a grande maioria ds em-presas estudadas foram empresas de grande porte

EMPRESA RAMO DE ATUAÇÃO PORTE DENTRO DO RAMO DE ATUAÇÃOA Automação industrial Grande porteB Autopeças e ferramentas elétricas Grande porteC Construção de tratores Grande porteD Produtos de base química Grande porteE Sistemas de controles veiculares Grande porteF Bens de capital sob encomenda Grande porteG Metal mecânica Grande porteH Autopeças Médio porteI Transmissão mecânica Grande porte

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Tabela 2. Informações sobre prioridades competitivas.

Pela Tabela 2 pode-se notar que as empresas quetiveram o custo como sua maior prioridade, as empresasA, F, H e I, utilizam softwares como CAD, CAE, CAM eCAPP, que influem diretamente no custo, além de adota-rem o CNC/DNC, que aumentam a velocidade produtiva.Já de hardwares, se utilizaram as máquinas ferramentas,que melhoram a flexibilidade de produção.

Os investimentos na área de gestão restringiu-seutilizando apenas do MRP/MRPII/ERP, que proporcio-nam ganhos na produtividade e, enfocando a qualidade, oQS/QFD/TQC/TQM.

As empresas B e E, definiram a qualidade com suamaior prioridade e visando isto, adotaram softwares como oCAD, CAE, CAM, CAPP, que aumentam a qualidade dosdesenhos e projetos além dos CIM e SCC que aumentam avelocidade no planejamento. Em hardware investiram emrobôs, APT, RP e máquinas ferramentas, que em geral au-mentam a flexibilidade, a velocidade e a produção. Na partede gerenciamento, utilizou-se de técnicas como MRP, QS,CCQ, CEP, FMEA, GT, JIT, SOP, TPM e PDM; as quaisem sua maioria visam a melhoria da qualidade.

Apenas a empresa C teve a flexibilidade como suaprioridade principal. Esta empresa implanta o CAD e CAE,que por serem mais hábeis em relação aos desenhos e proje-tos, aumentam significativamente a flexibilidade. Adotamde hardwares o APT, robôs e as máquinas ferramentasCNC, os quais aumentam não apenas a velocidade e produ-tividade, mas também a flexibilidade. Das técnicas de ge-renciamento usam, MRP, QS, CEP, FMEA, GT, JIT, SOP,TPM, TOC, SFC, que visam a melhora da qualidade.

As empresas D e G, têm como sua principal prio-ridade competitiva a inovação tecnológica. Utiliza-se deCAD, CAM, CAPP, CIM, SCC, CNC/DNC, que enfo-cam o menor custo e maior velocidade. Como hardware,implantam robôs, manipuladores e máquinas ferramentas,os quais visam principalmente a flexibilidade.

CONCLUSÕESPode-se observar que embora as empresas A, C,

D, F, G, H e I não tenham escolhido a prioridade qualida-de como sua principal, elas também adotaram técnicas degerenciamento envolvidas diretamente com a qualidade oque faz pensar que hoje em dia a qualidade tem importân-cia fundamental na maioria das empresas. Nota-se tam-bém que as empresas que escolheram o custo como suaprincipal prioridade utiliza-se de poucas AMTs, o que nãosignifica de modo algum um menor custo de produção.

É importante notar que poucas empresas tiveramcomo prioridade principal a flexibilidade na produção dosprodutos, porém as tecnologias nelas implementadas pos-suem um alto grau na elasticidade produtiva como porexemplo robôs, CAD, CAE, etc.

O desempenho de entregas corresponde basica-mente ao lead-time, tecnologias como CIM e RP exercemum papel fundamental na velocidade da produção, em al-gumas empresas esta meta não corresponde ás AMT’s.

Por fim, pode-se afirmar que nas empresas estuda-das as AMT’s são bastante utilizadas, porém, em algunscasos sua aplicação não está totalmente integrada com asprioridades competitivas da manufatura, o que prejudicaseu desempenho e o retorno esperado dos investimentosfeitos nas mesmas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCOSTA, N; MÉDICI, M; PIRES, S; GODOY, A. Inser-

ção de tecnologias avançadas de manufatura no par-que industrial regional. Anais do XXI ENEGEP,Salvador, 17 a 19 de outubro, 2001 (a ser publicado).

DIMNIK, T. P. JOHNSTON, D. A. Manufacturing mana-gers and the adoption of advanced manufacturingtechnology. OMEGA, 21(2). 155-162, 1993.

PIRES, S.R.I. Gestão Estratégica da Produção. EditoraUNIMEP, Piracicaba, 269p, 1995.

SON, Y.K. A framework for modern manufacturing tech-nology. International Journal Production Research.New York. 29(12), 2483-2499, 1991.

EMPRESAPRIORIDADES COMPETITIVAS

CUSTO QUALIDADE FLEXIBILIDADE DESEMPENHO NAS ENTREGAS

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A 1 2 5 3 4B 2 1 4 5 2C 2 3 1 4 5D 5 2 4 3 1E 4 1 5 2 3F 1 4 3 2 5G 3 2 4 5 1H 1 3 4 2 5I 1 5 2 3 4

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9º CONGRESSO DE

CO.72

FORMAÇÃO DE BASE DE DADOS TECNOLÓGICOS PARA AUXÍLIO NO PLANEJAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS

ANA FLAVIA REIS (B) – Engenharia de Produção MecânicaMILTON VIEIRA JUNIOR (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

ANTONIO FERNANDO GODOY (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoFAPIC/UNIMEP

RESUMO

As atividades de Planejamento de Processos dentro dos sistemas produtivos vêm ganhando importância em funçãodas necessidades cada vez maiores de formalização de procedimentos e roteiros de fabricação. Em virtude dessa importânciapassou-se a direcionar esforços visando prover essa atividade de recursos computacionais (CAPP – Computer Aided inProcess Planning – Planejamento do Processo Assistido por Computador) que permitam a rápida recuperação de informa-ções e a elaboração de novos roteiros de fabricação com maior consistência tecnológica e confiabilidade. Entretanto, a faltade bases de dados tecnológicos para utilização em sistemas CAPP torna-se um entrave a essa alternativa. Este projeto pro-cura estudar os tipos de base de dados tecnológicas que podem ser utilizados em sistemas CAPP, objetivando a formação deuma base que alimente, inclusive, um sistema disponível na Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção da UNIMEP,com o intuito de possibilitar sua aplicação para os mais diversos tipos de sistemas produtivos.

INTRODUÇÃOO cumprimento de diversos requisitos para a qua-

lificação de empresas tanto no que se refere às normas dequalidade, como no que se refere à questão da produtivi-dade, vem se tornando uma constante no ambiente produ-tivo. Procura-se elaborar procedimentos dos mais diversostipos, visando assegurar que o funcionamento de um siste-ma produtivo esteja sob controle e permita a correção defalhas toda vez que estas são identificadas.

Dentre esses requisitos, o mais diretamente ligadoà atividade manufatureira é o Plano de Processos, tambémconhecido como Roteiro de Fabricação ou Plano de Fabri-cação (AGOSTINHO, 1989; SCARPELLI, 1991). É nes-se tipo de documentação que estão contidas as principaisinformações que devem subsidiar o “chão de fábrica” nasatividades operacionais (CHANG, 1990).

Os Planos de Processos são considerados tantocomo uma ferramenta técnica, por conterem as informa-ções operacionais que devem ser obedecidas durante asfases de fabricação nele descritas, como uma ferramentagerencial, por definirem os procedimentos, os materiais eas rotinas produtivas e de inspeção envolvidas no processoprodutivo (CHANG & WYSK, 1985).

Devido à sua importância como fonte de informa-ções operacionais e gerenciais, o Planejamento de Processostem sido objeto de constantes desenvolvimentos que visam aaplicação de recursos computacionais para auxiliar essa ati-vidade. Sistemas CAPP (Computer Aided in Process Plan-ning- Planejamento de Processos Assistido por Computa-dor) vêm sendo desenvolvidos e aplicados aos mais variadostipos de ambientes produtivos (CHANG, 1990).

Entretanto, um dos principais problemas enfrenta-dos pelos sistemas produtivos que vêm utilizando-se des-ses sistemas é a falta de bases de dados tecnológicos quesejam consistentes e confiáveis. Por tratar-se de uma ativi-dade que depende em grande parte da experiência dos en-volvidos (engenheiros de Processos e Operadores), agrande massa do conhecimento necessário não está arqui-vada em bases de dados consolidadas, o que dificulta suautilização em sistemas CAPP.

Nota-se então, a necessidade de elaboração de ba-ses de dados tecnológicos que permitam documentar o co-

nhecimento e a experiência que Engenheiros de Processose Operadores possuem. Este projeto tem por objetivo de-senvolver a formação de bases de dados tecnológicos quepossam ser aplicadas aos mais diversos tipos de sistemasprodutivos como fonte de informação para o uso de siste-mas CAPP. A formação dessas bases de dados tecnológi-cos permitirá ainda que o sistema CAPP existente na Fa-culdade de Engenharia Mecânica e de Produção da Uni-mep possa ser alimentado e utilizado em atividades liga-das ao curso de Engenharia de Produção.

MATERIAIS E MÉTODOSO desenvolvimento deste projeto contou com pas-

sos que incluem: 1) adquirir conhecimentos sobre os aspec-tos teóricos do Planejamento de Processos, identificando ostipos de dados que são importantes para a elaboração de ro-teiros de fabricação, da formação de bases de dados relacio-nais e de sistemas CAPP; 2) conhecer diferentes tipos desistemas produtivos, como indústrias químicas, mecânicas ealimentícias, para a partir de suas características, identificaro direcionamento com o trabalho e as possíveis fontes deinformação a respeito dos dados tecnológicos envolvidosnos processos inerentes a esses sistemas produtivos; 3) co-letar informações para a formação da base de dados (atravésde livros, entrevistas com profissionais das áreas e de catá-logos); 4) definir quais dados tecnológicos são relevantespara cada sistema produtivo escolhido e inseri-los no siste-ma CAPP; 5) simular a elaboração de Planos de Processostendo por orientação os dados tecnológicos obtidos e siste-matizados nas bases de dados formadas, visando verificar aconsistência dessas bases.

Foram feitos estudos mais abrangentes sobre osaspectos teóricos do Planejamento de Processos, pois tra-ta-se de assunto relativo a disciplinas oferecidas somenteno final do curso de Engenharia de Produção. Estes estu-dos sobre Planejamento de Processos serviram para iden-tificar os tipos de dados que são importantes para a elabo-ração de roteiros de fabricação, da formação de bases dedados relacionais e de sistemas CAPP.

Foram coletadas informações sobre operações prin-cipais, secundárias e complementares a partir de três tiposde sistemas produtivos: mecânicos, químicos e alimentíci-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 187

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os. Essas informações foram obtidas através de livros, en-trevistas com profissionais e catálogos. A partir dos proces-sos mecânicos foram também pesquisadas as máquinas,ferramentas e dispositivos específicos de cada processo.

As outras atividades realizadas foram definição dosdados tecnológicos que compõem as bases de dados que se-rão relevantes para cada sistema produtivo escolhido e pos-teriormente inserir estes dados no sistema CAPP. Além dis-so, complementou-se o embasamento teórico sobre basesde dados, sendo estas relacionais, hierárquicas e de rede,dando mais ênfase para as bases de dados relacionais.

Foi feita ainda uma simulação de Plano de Proces-sos para uma indústria mecânica de acordo com os dadosobtidos e sistematizados nas bases de dados formadas, ve-rificando a consistência dessas bases.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA partir dos dados levantados, estruturou-se o

conjunto de operações principais para alimentar a base dedados. A figura 1a mostra a base de dados do sistemaCAPP alimentada com as operações principais (operaçõesmacro) de um sistema produtivo da área mecânica. Em se-guida procurou-se alimentar a base de dados com outrosdados tecnológicos, tais como ferramentas, variáveis, uni-dades de medida, etc. A figura 1b mostra a base de dadosdo sistema CAPP alimentada com algumas das ferramen-tas dos processos mecânicos listados na base de dados deoperações macro.

Figura 1. a) Base de dados de operações principais (macro); b) Base de da-dos de ferramentas.

A simulação de um plano de processos não foipossível de ser realizada pois a quantidade de dados ali-mentados no sistema mostrou-se ainda insuficiente para aelaboração de um plano de processos.

CONCLUSÕESA conclusão deste projeto se dá por partes: a parte

de pesquisa teórica sobre banco de dados e sistemasCAPP foi bem conduzida devido ao fato de que este as-sunto tem uma ampla bibliografia, mesmo sendo o siste-ma CAPP uma ferramenta recente; mas a parte relaciona-da à implementação de banco de dados mostrou-se bemcomplicada, pois para que se alimente um banco de dadosé preciso domínio técnico sobre os processos, muito tem-po de dedicação para inserir as informações no sistema eainda é necessário estar sempre atento para as novidadesque devem ser inseridas a cada momento.

Manter um banco de dados atualizado é um traba-lho árduo, pois é necessário que sempre se esteja ao pardas modificações e inovações existentes nos processos. Obanco de dados sempre deve ser revisto para que se retiredeste o que já está ultrapassado e insira o que é novo.

O banco de dados derivado da pesquisa está aindasendo montado. Não foram identificadas grandes dificul-dades para tanto até o momento, mas mesmo assim pode-se afirmar que as informações obtidas não são completas eque necessitam de rápida revisão.

A elaboração de um plano de processos somentepode ser feita a partir do momento em que se tenha dispo-nível uma grande quantidade de informações estruturadase inseridas no sistema, o que tem sido o maior impedi-mento para a difusão do uso do CAPP nas indústrias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, O.L. et al. Processos de Fabricação e Pla-nejamento do Processo. Apostila DEF/ FEM/ UNI-CAMP, Campinas: 1989, 105 p.

BARUFFALDI, R., OLIVEIRA, M. de. Fundamentos deTecnologia de Alimentos. São Paulo: Editora Athe-neu, 1998.

CHANG, T.C., WYSK, R.A.. An.Introduction to Auto-mated Process Planning Systems. New Jersey: Pren-tice-Hall, 1985, 229 p.

CHANG, T.C.. Expert Process Planning for Manufactu-ring. Addison Wesly Publishing INC., 1990, 183 p.

SCARPELLI, M. Planejamento de Processos de Fabrica-ção: Uma Metodologia para Peças Rotacionais. SãoCarlos: EESC – USP, 1991. Dissertação de Mestrado.

A

B

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9º CONGRESSO DE

CO.73

PROGRAMA COMPUTACIONAL DE AUXÍLIO AO PROJETO DE CÉLULAS DE MANUFATURA

FERNANDA A. BARROS (B) – Curso de Engenharia de AlimentosANTONIO NELSON CORREIA FILHO (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoNELSON CARVALHO MAESTRELLI (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

MILTON VIEIRA JR (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoFAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este projeto de pesquisa visa o desenvolvimento de um programa computacional para auxilio ao projeto de célu-las de manufatura, utilizando análise de agrupamentos e formulação matricial. O estudo e formulação de um banco dedados (cadastro de peças e máquinas), de medidas de eficiência para análise da eficiência dos agrupamentos e o estudo deuma linguagem computacional também fazem parte desse projeto. O programa computacional desenvolvido faz uso dealgoritmos de agrupamentos específicos para manufatura celular. Para se chegar ao agrupamento, utilizam-se os algorit-mos ROC (Rank Order Clustering) e CIA (Cluster Iidentification Algorithm). A identificação dos agrupamentos numprojeto de células de manufatura é essencial para o seu sucesso. Os agrupamentos são formados por famílias de peças emáquinas, separadas do sistema produtivo de acordo com sua similaridade. Assim, as famílias de peças e máquinas quepossuem alguma similaridade, localizam-se em uma única célula de manufatura, otimizando a produção. É importantedestacar que não existem programas computacionais com esta finalidade, o que se torna uma vantagem para este projeto.

INTRODUÇÃOA manufatura celular tem sido uma ferramenta

muito utilizada no intuito de acelerar a modernização deempresas e otimizar a produção, de forma a garantir aqualidade, redução de tempos improdutivos e melhor uti-lização do espaço físico, a menores custos.

O projeto de células de manufatura apresentacomo etapas principais, a identificação de agrupamentos(famílias) em relação a sua similaridade, a escolha e di-mensionamento dos equipamentos e o estudo das condi-ções de balanceamento de cada célula.

O modelo de formulação matricial faz uso de al-goritmos de agrupamento, que manipulam as linhas e co-lunas de uma matriz de incidência (MI). Esta por sua vez,representa o local de execução (colunas) e as etapas decada atividade (linha). No caso deste projeto, represen-tam-se as linhas e colunas da MI por máquinas e peças.

Segundo BATOCCHIO & MAESTRELLI (1994),a definição da matriz de incidência, a partir de seus elemen-tos é simples.

As regras para a representação do registro de opera-ções são dadas pela matriz de incidência. Considerando aij oelemento da matriz, ele pode assumir os seguintes valores:

aij = 1, se a peça j em análise sofre operação namáquina j;

aij = 0, se peça em análise não sofre operação namáquina j;

Os algoritmos têm a finalidade de identificar gru-pos de elementos, que formarão o que se denominam decélulas de manufatura. Foram selecionadas para este pro-jeto e escolhidas em função da facilidade de aplicação eeficiência de resultados, duas lógicas de agrupamento.

Os algoritmos funcionam através da manipulaçãodas linhas e colunas da matriz de incidência e buscam apartir de então, identificar os agrupamentos que formarãoas células. Estão sendo empregados no programa compu-tacional em processo de desenvolvimento, os algoritmosmostrados na Tabela 1.

Tabela 1. Algoritmos de agrupamento utilizados no programa computacional(VIEIRA JR. et al., 1999).

O ROC permite ao usuário reordenar a matriz deincidência, a fim de obter uma estrutura matricial blocodiagonal. Não fornece uma resposta imediata. É necessá-rio que o usuário analise e identifique os agrupamentos,pois este algoritmo só reordena a matriz e não gera osagrupamentos como ocorre no CIA.

O CIA resolve apenas matrizes de incidência blo-co diagonal, que apresentarem soluções perfeitas, umavez que os agrupamentos formados a partir da matriz deincidência originam-se de retas verticais e horizontais tra-çadas na matriz, em busca de fluxos coincidentes.

Para medir a eficiência do algoritmo CIA são utiliza-dos quatro parâmetros, que compõem o conjunto de medidasde eficiência de agrupamentos, representadas na Tabela 2.

Tabela 2. Representa o conjunto de medidas de eficiência e suas condiçõesideais de projeto.

MATERIAIS E MÉTODOSO objetivo final desse projeto foi o desenvolvi-

mento de um programa computacional para auxilio aoprojeto de células de manufaturas.

Para o desenvolvimento do programa computaci-onal do projeto proposto, foram realizados estudos em

ALGORITMO DE AGRUPAMENTO LÓGICA UTILIZADAROC (Rank Order Clustering) Utiliza ordem de grandeza e conversão em notação binária

CIA (Cluster identification algorithm) Traça retas horizontais e verticais sobre as linhas e colunas da matriz de incidência, buscando fluxos coincidentes.

CONJUNTO DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA CONDIÇÕES IDEAIS DE PROJETOGE (Medida de Eficiência de agrupamento) Estima-se que os valores de GE acima de 0,9

indicam soluções adequadas. GE= 1.0 indica solução perfeita

%EE (Percentual de Elementos de exceção) %EE= 0 indica solução perfeitaMPA (Medida de Proporcionalidade dos agrupamentos) MPA= 0 indica melhor condição de proporcionalidade

(todos os grupos gerados em mesmas dimensões).MOM (Medida de Ocupação Matricial) MOM= 1/p indica a melhor condição de ocupação

(inversamente proporcional ao número de agrupamentos gerados).

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 189

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manufatura celular, formulação matricial (modelo mate-mático), algoritmos de agrupamento específicos em ma-nufatura celular e medidas de eficiência.

A ferramenta computacional utilizada no programadesenvolvido foi Delphi 05 que apresenta uma linguagemde tela dinâmica, avançada e de fácil aplicação para o usuá-rio, além de poder ser operado na plataforma Windows.

Para desenvolver o programa, partiu-se do modeloapresentado em (LEAL, 2000). A partir desse modelo de-senvolvido pela ferramenta computacional turbo C, foipossível transcrever um novo programa em Delphi e im-plementar as medidas de eficiência.

O programa computacional conta com um bancode dados desenvolvido no Microsoft Access, que é um ge-renciador de mercado de fácil aplicação. Este banco dedados irá conter informações sobre os elementos que se-rão aplicados no programa, no caso peças e máquinas deum sistema de produção de uma fábrica.

O material utilizado para desenvolver esse projetofoi um microcomputador Pentium III 750MHz, HD 20Giga, 64 mega bites ram.

O programa desenvolvido em Delphi 05 desse pro-jeto, manipula peças e máquinas que compõem as linhas ecolunas de uma matriz de incidência, que assumem valores0 e 1. Os algoritmos de agrupamentos específicos escolhi-dos para esse projeto, agrupam as peças e máquinas dentrodessa matriz, de acordo com sua similaridade. As medidasde eficiência são fórmulas matemáticas que analisam osagrupamentos formados pelo algoritmo escolhido.

A interpretação dos resultados desse programa deauxilio ao projeto de células de manufaturas informa amelhor disposição das máquinas, peças e operadores den-tro de um sistema de produção, evitando o transporte in-terno dentro da fábrica, pois as máquinas e peças que pos-suem alguma característica de similaridade se localizamna mesma célula de manufatura.

O cadastro de peças e máquinas desenvolvido noMicrosoft Access para esse projeto contém informaçõesimportantes sobre os elementos que compõem o programa.

RESULTADOS E DISCUSSÕESO programa computacional foi desenvolvido em

linguagem Delphi 05. O programa apresenta uma tela deentrada com as opções: “máquinas”, “peças”, “Matriz deincidência”, “Algoritmo CIA e ROC”, “Medidas de Efici-ência” e “sair”.

A opção “máquina” pede o cadastramento dasmáquinas.

A opção “peças” pede o cadastramento das peças.A opção “matriz de incidência” ordena as peças e

as máquinas.A opção “algoritmos” informa “CIA” E “ROC”.

Se o “CIA” não resolver o problema aparecerá uma men-sagem indicando o “ROC” e o analista identificará o agru-pamento. O programa mostra na sua tela, a matriz de inci-dência montada e a seguir, a reordenada pelo algoritmoescolhido.

A opção “Medida de Eficiência” será aplicada ape-nas no algoritmo CIA, pois o ROC não informa os agrupa-mentos prontos. Ele necessita de um analista para sua inter-pretação, sendo assim, não foi possível sua implementação.

A opção “sair” permite que o programa seja fechado.Quanto ao cadastro de peças e máquinas, foi de-

senvolvido para armazenar informações importantes doselementos utilizados no programa.

CONCLUSÕESAtravés do estudo da fundamentação teórica que

envolveu o entendimento de manufatura celular e formu-lação matricial (no caso, o modelo matemático escolhido),algoritmos de agrupamento específicos CIA (Clusteridentification algorithm) e ROC (Rank Order Clustering)e medidas de eficiência, pode-se desenvolver com sucessoo programa computacional que auxilie ao projeto de célu-las de manufaturas. Esse programa baseou-se no modeloproposto em (LEAL,2000) desenvolvido em linguagemde programação C.

Sua nova versão apresenta-se na linguagem Delphi05 e com medidas de eficiência de algoritmos de agrupa-mento, que avaliam a eficiência dos agrupamentos formadospelos algoritmos específicos. É importante destacar que nãoexistem programas computacionais com esta finalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBATOCCHIO, R. G. & MAESTRELLI, N. C.. O uso de

análise de agrupamento em manufatura celular. IN:Máquinas e Metais, p.110 a 113, 1994.

LEAL, R. A., Estudo de algoritmos de agrupamentopara aplicação em manufatura celular. Anais doVIII Congresso de Iniciação Científica UNIMEP/CNPq,outubro 2000, p147-150.

VIEIRA JR, M., MAESTRELLI, N. C., CORREIAFILHO, A. N.. Programa computacional de auxílioao projeto de células de manufatura. Santa Bárbarad’Oeste, S.P., 1999.

190 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.74

ESTUDO DOS MODELOS UTILIZADOS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMA COMPUTACIONAL

PARA PROJETO DE CÉLULAS DE MANUFATURA

ELIANI SCUDELER (B) – Curso de Arquitetura e UrbanismoANTONIO NELSON CORREIA FILHO (CO) – Faculdade Ciência Tecnologia e Informação

MILTON VIEIRA JUNIOR (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoNELSON CARVALHO MAESTRELLI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica de Produção

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo do trabalho é estudar e detalhar os modelos matemáticos que serão utilizados no desenvolvimentode um programa computacional de apoio ao projeto de células de manufatura, utilizando analise de agrupamentos eformulação matricial. Células de manufatura são agrupamentos de máquinas e peças selecionadas através de critériosde similaridade. A obtenção destes se faz através da inserção de algoritmos de agrupamento. A obtenção do “sof-tware”, como produto final, requer antes uma análise, através de instrumentos teóricos que possibilitem a compreen-são dos algoritmos e de medidas. Estas medidas visam avaliar a eficiência dos agrupamentos obtidos. Estes estudospermitem avaliar as condições de projeto e funcionamento das células de manufatura nas empresas da região de Pira-cicaba/SP e implementar rotinas para o dimensionamento dos equipamentos das células e estudo das suas condiçõesde balanceamento.

INTRODUÇÃODe acordo com BLACK (1998) um sistema de

manufatura é uma combinação de processos de manufatu-ra. Manufaturar ou fabricar é o termo econômico para fa-zer e disponibilizar produtos e serviços, a fim de satisfazeras necessidades humanas.

Os sistemas de manufatura podem ser estrutura-dos em cinco tipos de arranjo físico: layout funcional,layout em linha, layout de posição fixa, layout celular eprocesso continuo.

Este trabalho foi desenvolvido para o layout celu-lar, particularmente aplicado à fabricação em lotes. Umadas etapas importantes para aplicação deste tipo de layoutestá na identificação dos agrupamentos que terão peças emáquinas e suas relações de similaridade.

O método utilizado para obter estes agrupamentosé a formulação matricial, que faz uso de algoritmos deagrupamento, manipulando linhas e colunas de uma ma-triz de incidência, identificando grupos denominados cé-lulas de manufatura, conforme a Figura 1.

Figura 1. Matriz de incidência (TUBINO, 1999).

Balancear e dimensionar as células se faz necessá-rio para alcançar uma distribuição correta de equipamen-tos e pessoal. Segundo ROCHA (1995), as máquinas de-vem apresentar capacidades produtivas e tempos de exe-cução por unidades fabricadas, aproximadamente iguais,permitindo utilizar a real capacidade de todos os equipa-mentos que trabalham juntos, na mesma célula.

Além do balanceamento e dimensionamento, ascélulas precisam ser avaliadas quanto à eficiência dosagrupamentos obtidos. Isto se faz com a implementaçãode um conjunto de medidas de eficiência, fazendo comque se possa avaliar as condições ideais de projeto.

Das medidas existentes, 4 foram selecionadas eestudadas: GE (medida de eficiência de agrupamento),%EE (percentual de elementos de exceção), MPA (medi-da de proporcionalidade dos agrupamentos) e MOM (me-dida de ocupação matricial).

MATERIAL E MÉTODOSInicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográ-

fica, priorizando temas relacionados ao projeto. Tais te-mas estes precisavam de total compreensão, com o objeti-vo de eliminar dificuldades, com relação a assuntos liga-dos à gestão de produção.

A maior parte do projeto se ateve à compreensãodos algoritmos utilizados no programa e estudos referen-tes às medidas a serem testadas.

Os algoritmos funcionam através da manipulaçãodas linhas e colunas da matriz, buscando identificar osagrupamentos que formarão as células. Nestes, serão im-plementadas medidas, visando avaliar a eficiência dosagrupamentos obtidos.

A escolha dos equipamentos e o estudo das condi-ções de balanceamento de cada célula, são aspectos im-portantes que devem ser considerados na avaliação.

Concluída a parte teórica, iniciou-se o contato comempresas da região de Piracicaba/SP, com o intuito de ob-ter dados para avaliação das condições de projeto e funcio-namento das células de manufatura destas empresas, e des-

Peça 1 Peça 2 Peça 3 Peça 4 Peça 5Máquina 1 0 1 0 1 0Máquina 2 1 0 1 0 0Máquina 3 1 0 0 0 1Máquina 4 0 1 0 1 1Máquina 5 0 0 0 1 1Máquina 6 1 0 1 0 0

a – matriz de incidência inicial

Peça 1 Peça 2 Peça 3 Peça 4 Peça 5

Célula 1Máquina 2 1 1 0 0 0Máquina 3 1 0 0 0 0Máquina 6 1 1 0 0 0

Célula 2Máquina 1 0 0 1 1 0Máquina 4 0 0 1 1 1Máquina 5 0 0 0 1 1

b – matriz de incidência final

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 191

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ta forma, testar a validade dos modelos selecionados parautilização neste projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs resultados referem-se a dados obtidos de uma

empresa de Piracicaba, que utiliza layout celular na fabri-cação de discos de freio para veículos pesados, de acordocom a matriz apresentada na Figura 2.

A matriz foi construída e analisada para avaliaçãodas condições de funcionamento das células em compara-ção com as condições ideais de projeto.

Figura 2. Matriz analisada.

A medida de eficiência GE (medida de eficiênciade agrupamento), foi implementada para condições de pro-jeto original e para seis meses de trabalho nestas células(identificados pelos períodos T1, T2, T3, T4, T5 e T6).

Ao passo que algumas peças não são fabricadas,conforme Tabela 1, o desempenho da célula fica afetado,apresentando resultados, conforme a Figura 3, diferentesdas condições ideais de projeto.

Tabela 1. Estudo das condições de Layout Celular Programa de produçãovariável.

Figura 3. Estudo das condições de Layout Celular.

Muitas vezes ocorre o contrário, principalmentequando se deixa de fabricar uma peça que não percorre to-das as máquinas da célula, poderão ser obtidos resultadosmaiores que o ideal de projeto.

Os resultados mostram os testes realizados comapenas uma das medidas, pois não é possível mostrar to-das neste artigo. Mas estas tem o mesmo processo de ava-liação, isto é, quando expressarem resultados iguais ouacima dos valores considerados ideais, melhor será o de-sempenho da célula.

É necessário ressaltar que para uma avaliação com-pleta do desempenho das células é preciso analisar tambémas condições de balanceamento e cargas das máquinas.

CONCLUSÕESA literatura aborda diversos assuntos em relação a

manufatura celular, mas existe certa dificuldade em en-contrar estudos sobre a aplicação das medidas. Somenteatravés de trabalhos acadêmicos podem ser obtidas infor-mações sobre seu funcionamento e uso.

Informações estas extremamente importantes poisapenas a obtenção das células não garante todas as vanta-gens de utilizar a manufatura celular. É necessário monito-rar o funcionamento destas, através dos parâmetros de efi-ciência, verificando se as condições de funcionamento es-tão próximas das condições de projeto, garantindo dessaforma que as células sejam utilizadas em sua totalidade.

O estudo, portanto, valida estes modelos quequando testados em condições reais de uso comprovaramsua eficácia na analise das células.

O trabalho foi concluído, validando as medidas deeficiência podendo, desta forma serem implementadas noprograma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLACK, J.T. O projeto da fábrica com futuro. Porto Alegre:Bookman, 1998. 228p

ROCHA, Duílio. Fundamentos Técnicos da Produção.São Paulo: Makron Books, 1995. 269p

TUBINO, Dálvio et alli. Sistemas de Produção: A Produti-vidade no chão da fábrica. Porto Alegre: Bookman,1999. 156p.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22M 1 1 1 1M 2 1 1 1M 3 1 1 1M 4 1 1M 5 1 1 1M 6 1M 7 1M 8 1 1M 9 1 1 1M 10 1 1 1 1M 11 1 1 1 1M 12 1 1 1 1M 13 1 1 1 1M 14 1 1M 15 1 1M 16 1 1 1 1M 17 1 1 1 1M 18 1 1M 19 1 1 1 1M 20 1 1 1 1 1M 21 1 1 1 1 1M 22 1 1 1 1 1M 23 1 1 1 1 1M 24 1 1 1 1 1M 25 1 1M 26 1 1 1 1 1M 27 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1M 28 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1M 29 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1M 30 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1M 31 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1M 32 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

PERÍODO PROGRAMA DE PRODUÇÃO DE PEÇAS GE MENSAL (%)T1 P2, P3, P5 a P7, P10 a a P13, P18 0,91T2 P1 a P3, P6, P7, P10 a P12 0,89T3 P1 a P3, P5 a P7, P9, P11, P15 a P18 0,94T4 P1, P2, P4 a P11, P14 a P22 0,95T5 P4, P5, P8, P12 0,98T6 P3 a P5, P8, P9, P13 a P22 0,99

192 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 5

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRAComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 8h • Auditório Verde • Santa Bárbara d’Oeste

Coordenador: Antônio Fernando Godoy – UNIMEP

Debatedores: Toshi-Ichi Tachibana – USPMilton Vieira Júnior – UNIMEP

CO.75 ANÁLISE DE IMAGEM METALOGRÁFICA. Camila Garcia Gonçalves (B) – Curso de Engenhariade Produção, Rodolfo Libardi (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção – PIBIC/CNPq

CO.76 UM ESTUDO SOBRE A DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS A CONCEI-TOS E TÉCNICAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NA REDE INTERNET. Bruno Rizzo Palermo(B) – Curso de Engenharia de Produção, Felipe Araújo Calarge (O) – Faculdade de Engenharia Mecâ-nica e Produção – PIBIC /CNPq

CO.77 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE CALIBRAÇÃO DENTRO DE UM SISTEMA DE QUALI-DADE PARA LABORATÓRIO. Vanessa Cristina Dipe (B) – Curso de Eng. de Produção Mecânica,Roxana Martinez Orrego (O) – Faculdade de Eng. de Produção Mecânica – PIBIC/CNPq

CO.78 PROPOSTA DE ANÁLISE DOS CUSTOS DA QUALIDADE PARTE 1: CONCEITOS E TIPOS DECUSTOS. Maria Renata Mourão Leite Ribeiro (TG) – Curso de Engenharia Mecânica e de Produção,Paulo Augusto Cauchick Miguel (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção – UNIMEP

CO.79 INTERCOMPARAÇÃO DE MEDIÇÕES EM MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS.Thiago André Faria Simões (B) – Curso de Engenharia de Controle e Automação, Alvaro José Aba-ckerli (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção, Roxana M. M. Orrego (CO) – Faculdadede Engenharia Mecânica e Produção – FAPIC/UNIMEP

CO.80 PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DE UM PROCESSO DE INTERCOMPARAÇÃO DEMEDIÇÕES EM MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS. Tatiana Sanchez PessanhaHenriques (B) – Engenharia de Controle e Automação, Roxana Martinez Orrego (O) – Faculdade deEngenharia Mecânica e de Produção, Álvaro J. Abackerli (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânicae de Produção – FAPIC/UNIMEP

CO.81 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DA QUALIDADE PARA LABORATÓRIO FASE 2: PROCEDI-MENTOS GERENCIAIS DO SISTEMA DA QUALIDADE. Camila Torazan Guize (B) – Curso deEngenharia Química, Paulo Augusto Cauchick Miguel (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Pro-dução, Roxana M. M. Orrego (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção – PIBIC/CNPq

CO.82 QFD: PRÁTICAS ATUAIS, METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES E FATO-RES DE SUCESSO. Andreza Celi Sassi (B) – Curso de Engenharia Química, Paulo AugustoCauchick Miguel (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção – PIBIC/CNPq

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 193

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9º CONGRESSO DE

CO.75

ANÁLISE DE IMAGEM METALOGRÁFICA

CAMILA GARCIA GONÇALVES (B) – Curso de Engenharia de ProduçãoRODOLFO LIBARDI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi a utilização do software de analise de imagens “GLOBAL LAB” na determina-ção de analises de imagens metalográficas. Neste trabalho foi feita a contagem de nódulos de grafita em ferros fundi-dos nodulares. As amostras foram devidamente preparadas utilizando as técnicas de preparação metalográfica. Asmedidas manuais foram realizadas de acordo com a norma ABNT(MB-1512).

INTRODUÇÃODentre as ligas ferro-carbono, os ferros fundidos

constituem um grupo de ligas de importância fundamentalpara a industria principalmente devido às características ine-rentes ao próprio material e do fato de com aplicação de trata-mentos térmicos adequados, ter sido viável o seu empregoem aplicações que, de certo modo, eram exclusivas do aço.

O ferro fundido dúctil ou nodular caracteriza-sepela ductilidade, tenacidade e resistência mecânica. O ca-racterístico mais importante, entretanto, relacionado coma resistência mecânica, é o limite de escoamento que émais elevado no ferro fundido nodular do que no ferrofundido cinzento, ferro fundido maleável e mesmo nosaços-carbono comuns (sem elementos de liga). A grafitado ferro fundido nodular apresenta-se na forma esferoidal,forma essa que não interrompe a continuidade da matriztanto quanto a grafita em veios no ferro fundido cinzento,resultando na sua melhor ductilidade e tenacidade.

Dentre os componentes estruturais dos ferros fun-didos o mais importante é a grafita por ser o elemento quedetermina fundamentalmente as características mecânicasdos ferros fundidos. Costuma-se comparar os ferros fundi-dos aos aços, chamando-o de aço contendo grafita, pois, arigor, os outros constituintes estruturais importantes, ce-mentita, perlita e ferrita são os constituintes básicos dosaços. A razão que os ferros fundidos apresentam proprie-dades tão distintas das dos aços reside no fato da grafitainterromper a uniformidade ou continuidade da matriz domaterial. Existem normas que controlam a grafita taiscomo a forma, disposição e tamanho (Colpaert, 1974).

Nos últimos anos surgiram softwares de análisede imagens que fornecem análises automáticas como, porexemplo, a medida do tamanho de grão (cristais), propor-ção de fases, etc. Neste trabalho utilizou-se o software deanálise de imagens GLOBAL LAB para a contagem denúmero de nódulo de grafita por unidade de área.

O método manual da ABNT (MB – 1512) consisteem efetuar a contagem dos nódulos com lente que possuaretículo, com aumentos de 50 a 200 vezes. Contam-se osnódulos situados no interior do retículo, no mínimo em seisáreas diferentes do corpo-de-prova observado e toma-se ototal (NI), e, em seguida, contam-se, na medida do possívelem seis áreas, as frações de nódulo situadas na periferia doretículo, dividindo-se por dois o total destas (NP).

Os resultados são expressos em números de nódu-los por mm2, de acordo com a fórmula

Nódulos / mm2 = (NI + NP/2). A2 S.n

Onde: NI = número de nódulos no interior do círculo

NP = número de nódulos da periferia do círculoS = área do círculoN = número de áreas contadasA = Ampliação

MATERIAIS E MÉTODOSForam utilizadas amostras de ferro fundido nodular

devidamente preparadas através de corte, embutimento, li-xamento e polimento (Colpaert, 1974), (Fazano, 1980). Osmateriais e equipamentos utilizados foram:

• Amostras de Ferro Fundido Nodular.• Cortadeira Cut- off MESOTOM – PANAMBRA;• Embutideira TEMPOPRESS 2 – STRUES;• Lixadeira PRAZIS ALM-4;• Politriz AROTEC APL-4D;• Câmera digitalizadora CCD;• Microscópio ótico Nikon;• Computador Pentium 100; e• Software de análise de imagem GLOBAL LAB.

RESULTADOS E DISCUSSÕESCom a câmera digitalizadora foram capturadas

imagens onde ficava impresso o aumento observado nomicroscópio (escala milimétrica) para cada aumento emque a amostra era observada. Manualmente foram feitoscontagens do número nódulos de grafita por milímetroquadrado, de acordo com a norma da ABNT MB1512.

A partir das mesmas imagens foram feitas as con-tagem do número de nódulos a partir do software de anali-se de imagens GLOBAL LAB. O software é capaz de fa-zer tanto as contagens como revelar diversas outras carac-terísticas dos nódulos de uma forma muito mais rápida.

Figura 1. Amostra de ferro fundido nodular mostrando um retículo retangularsobre a fotomicrografia para contagem manual de nódulos de grafita.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 195

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Figura 2. Tela do Software “GLOBAL LAB”, na contagem do número de nó-dulos da grafita.

CONCLUSÃOA partir dos resultados de contagem de número de

nódulos, pode-se concluir que foram adquiridos conheci-mentos dos recursos oferecidos pelo software e que os va-lores obtidos são confiáveis e muito próximo dos resulta-dos obtidos manualmente. Apesar da facilidade e rapidezdo software e de sua confiabilidade há necessidade de umestudo mais aprofundado dos seus recursos e sua utilizaçãoem outras medidas metalográficas. Atualmente existem di-versos softwares de análise de imagens e seria importantecomparar os resultados deste trabalho com os outros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MB1512 – Associação Brasileira de Normas Técnicas.Ferro Fundido nodular e ferro fundido maleável –Contagem de nódulo de grafita.

COLPAERT, H. Metalografia dos Produtos SiderúrgicosComuns, julho de 1974, 3a edição, Ed. Edgard Blucher,São Paulo, Brasil.

FAZANO, C. A. T. V. A Prática Metalográfica, 1980,Hemus-Livraria Editora.

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9º CONGRESSO DE

CO.76

UM ESTUDO SOBRE A DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS A CONCEITOS E TÉCNICAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

NA REDE INTERNET

BRUNO RIZZO PALERMO (B) – Curso de Engenharia de ProduçãoFELIPE ARAÚJO CALARGE (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

PIBIC /CNPq

RESUMO

A Internet vem sendo um importante agente responsável pelo avanço tecnológico nos meios da comunicação enos sistemas de informação, proporcionando um acelerado processo de divulgação dos acontecimentos, novos métodosde comércio, novas filosofias de ensino, aquisição de informações, entre outros. A quantidade gigantesca de informaçõespresentes neste meio, torna difícil localização de um assunto específico. Tendo em vista este problema, o objetivo destetrabalho é verificar a qualidade da difusão da informação na rede Internet, dentro do tema específico, da Gestão da Quali-dade Total (TQM). No desenvolvimento deste trabalho são utilizadas as principais ferramentas – de maior incidência –encontradas na literatura, para a realização da pesquisa através de uma metodologia proposta de busca, baseada nos prin-cipais sites nacionais e internacionais da área. Além disso, os sites visitados são registrados dividindo-os quanto a suarelevância. Finalmente, são feitas as comparações entre os sites, ou seja, análise dos resultados relativos aos conceitosabordados anteriormente, assim como seus respectivos problemas encontrados e dificuldades.

INTRODUÇÃOA Gestão da Qualidade Total (TQM – Total Quality

Management) tem sido para muitas empresas uma opçãocom relação a filosofia empresarial de qualidade total, de-vido a uma de suas principais característica que é o com-prometimento do funcionário para com a organização eque segundo WILLIANS [1994] está estruturado em fun-ção: ferramenta (sistemas de avaliação visando a melhoriadas resistências dos produtos fabricados); treinamento (ní-vel da qualidade pretendida para todos); técnicas (méto-dos para melhorar a qualidade). OAKLAND [1994] defi-ne o TQM como uma abordagem para melhorar a compe-titividade, a eficácia e a flexibilidade de toda uma organi-zação, além de ser uma maneira de planejar, organizar ecompreender cada atividade. Independentemente doTQM ter sido adotado por muitos empreendimentos comconsideráveis efeitos positivos, as questões colocadas emmuitas economias atuais dizem respeito à globalização demercados e as conseqüências estruturais destas mudanças.Um número cada vez maior de empresas freqüentementetem-se deparado com diversidades de necessidades reque-ridas pelos mercados em que atuam, as quais podem en-volver aspectos que abrangem desde localizações geográ-ficas até hábitos e costumes culturais distintos.

Diante deste cenário, seria interessante o estudodo papel da INTERNET – importante responsável pelocrescimento do meio informacional, no aspecto de gestãodas organizações. Neste sentido a INTERNET tem-se co-locado como um meio de transmissão de informações degrande potencial, sendo que seu crescimento nos últimosanos tem requerido o desenvolvimento de ferramentaspara a localização de informações nas Worl Wide Web,que foram inicialmente desenvolvidas pelo CERN (Euro-pean Laboratory for Particle Physics) no início dos anos90 a fim de facilitar a distribuição global de informação ci-entífica hipermídia [SCHIMMRICH, 1997]. De acordocom NORMAN [1994], no tocante à qualidade da infor-

mação proporcionada pela INTERNET também verifica-se restrições, quando fala-se em informação especializadapara uma área específica em Ciência e Tecnologia (C&T),pois houve um crescimento muito grande da rede, além deque a informação não pode ser abordada apenas pelaquantidade ou rapidez com que ela é transmitida, mastambém deve ser considerada fundamentalmente na suadimensão qualitativa, que segundo este autor, vem apre-sentado problemas e frustrações com relação aos resulta-dos esperados.

MATERIAIS E MÉTODOSA pesquisa foi conduzida nos laboratórios de in-

formática da Universidade Metodista de Piracicaba (Cam-pus Santa Bárbara), onde foi possível utilizar recursoscomputacionais, tais como a disponibilização de softwa-res e browser para a navegação na rede INTERNET paraefetuar as buscas das informações nos sites de pesquisa.Além disso, livros, periódicos e teses, existentes na biblio-teca do mesmo Campus, foram utilizados para a realiza-ção da revisão de literatura. A metodologia do trabalhopode ser seqüenciada pelas etapas das atividades realiza-das durante o período da pesquisa e mostradas a seguir:

• Revisão de literatura e definição dos principaistermos citados como constituintes do TQM, bem como aimportância dos sistemas de informação na gestão das or-ganizações;

• Levantamento dos tipos de metodologias debusca existentes;

• Proposição de uma metodologia de utilizaçãoneste trabalho, baseado nos conceitos das já existentes, sen-do que as mesmas foram definidas no intuito de verificar aqualidade dos sites de busca, não se fazendo uma compara-ção sobre o desempenho das formatações (operadores boo-leanos – AND/OR, termos proibidos e frase exata);

• Definição dos sites de busca a serem pesquisa-dos (três nacionais e três internacionais);

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• Coleta de dados e principais resultados obtidos:círculos da qualidade, QFD, CEP e ISO9000, foram asferramentas de maior número de citações na literatura daárea e por isso utilizadas como termos da Gestão da Qua-lidade para condução das buscas;

Os resultados neste trabalho foram divididos em 2tipos de informação: científico/acadêmico e comerciais. Ossites científicos/acadêmicos são aqueles que fornecem da-dos diretamente relacionados ao tema de forma dissertativa,expondo conteúdo explicativo (resumo, introdução, etc.). Jáo segundo possui conteúdos apenas citando o nome tema eindicando algo relacionado, ou seja, consultorias, assessori-as, cursos de especialização, etc., não fornecendo nenhumtipo de informação científica, que auxiliem a formação deum conceito sobre o assunto abordado. Estes foram coloca-dos em tabelas com as respectivas divisões.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA Tabela 1 demonstra os atributos que cada site de

busca possui, possibilitando assim determinar o melhor –para o assunto específico – dentre os demais, assim comoaquele com maior número de ocorrências e maior volumede informações científicas, que pode ser visto na Tabela 2.A partir das informações contidas nestas tabelas, pode-sedizer que o site ALTAVISTA possui melhores qualifica-ções, não só na maior quantidade de atributos e facilidadespara o usuário, como também o que mais disponibilizouinformações científicas e maior número de sites. Este siteé o único que possui recursos para traduções simultâneasdos endereços pesquisados, como também de textos alhei-os a pesquisa e possibilita ao usuário restringir a pesquisaa um determinado país e o idioma. O site TODOBR seclassifica em segundo lugar, no aspecto relacionado a atri-butos, podendo ser considerado o melhor dentre os nacio-nais quanto a quantidade de informação científica. Estesite possui uma opção que possibilita escolher entre consi-derar o acento ou não e ao realizar a consulta verificou-seque, no caso de “Círculos da Qualidade” ou “Círculos daQualidade”, o resultado foi o mesmo. Em outras consultasna área, o número de ocorrências variou com valores pou-cos significativos, entretanto, acredita-se que em outras si-tuações, este atributo possa restringir os resultados, obten-do informações mais precisas. De todas as formataçõesutilizadas, o que mais chamou atenção foi a pesquisa so-bre a ISO9000, através de operadores booleanos (OU),isto é, em todos os sites de busca, nota-se a abundante in-formação comercial, onde empresas expõem seus certifi-cados, buscando demonstrar a qualidade de seu produto.Os outros dois sites nacionais, não contemplam algumasformatações sugeridas neste trabalho, e em outras ocasi-ões, nem se quer fornecem tipos de resultado. Os princi-pais problemas encontrados consistem em: sites não en-contrados, possivelmente desatualizados; sites em cons-trução; sites que pesquisam em outros sites de busca; exis-tência de sites com caracteres específicos, como o idiomajaponês, chinês e russo, não possibilitando desfrutar dasinformações contidas nos mesmos; sites relacionadosmais de uma vez, ou seja, páginas que pertencem ao mes-mo link, mudando só o final do endereço eletrônico atra-vés do caractere “/” (ramificações), entre outros.

Tabela 1. Atributos dos sites

Tabela 2. Cálculo da quantidade de informações científicas dentre os sitesacessados

CONCLUSÕESApós esse período de pesquisa, verificou-se que

os sites de busca, ainda não estão com sistemas avança-dos, com buscas eficazes no que diz respeito a coleta deinformações científicas e específicas para determinado as-sunto acadêmico. Uma possível melhoria neste campo,seria se os sites disponibilizassem seus resultados, classifi-cando-os segundo atribuições específicas, tais como feitoneste trabalho separando as informações comerciais (con-sultoria, vendas, etc.) e as científicas, tornando a pesquisamais organizada e de melhor qualidade. Outro fator im-portante, seria evitar a repetição de endereços que perten-çam ao mesmo link. Portanto, observa-se de maneira geralque tanto para as empresas, quanto para o público em ge-ral, a INTERNET é uma grande e promissora ferramentano que se refere a aquisição de informações e conheci-mentos empresarias (conceitos e gestões organizacionais),científicos e acadêmicos, necessitando contudo uma ges-tão mais adequada do conteúdo destas informações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NORMAN, F. Digital libraries – a quality concept. Inter-national Journal of Medical Informatics, n.47, n.5,p.559 – 562, 1997.

OAKLAND, J.. Gerenciamento da qualidade total –TQM. São Paulo – SP: Editora Nobel, 1994. p.13-29

SCHIMMRICH, S.H.. Searching the world wide web forgeoscience resources. Computer & Geosciences, v.23, n. 5, p.559 – 562, 1997.

WILLIAMS, R.. Como implementar a Qualidade Totalna sua empresa. Rio de Janeiro – RJ: Editora Cam-pus, 1995, 132 p.

ATRIBUTOSSITES DE BUSCA

CADE TODOBR RADARUOL ALTAVISTA EXCITE YAHOONúmero de itens/página Não Sim Sim Sim Não NãoNumeração dos itens Não Sim Sim Não Sim NãoDivisão por assunto Sim Não Não Não Não SimOferece tradução Não Não Não Sim Não NãoRestringe o idioma Não Não Sim Sim Não NãoPossibilita selecionar temas antes da consulta

Sim Sim Não Sim Sim Sim

Disponibilização do endereço eletrônico na página dos resultados

Não Sim Sim Sim Sim Não

Acento Não Sim Não Não Não NãoNúmero total de atributos 2 5 4 5 3 2Quantidade de ocorrências 68 361 209 83.774 25.722 15.761

SITE INFORMAÇÕES DO TIPO ACADÊMICA/CIENTÍFICA

TOTAL DE INFORMAÇÕES

QUANTIDADE DE INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS (%)

CADE 2 16 12,5TODOBR 13 49 26,5RADARUOL 2 18 5,0ALTAVISTA 35 76 46,1EXCITE 30 73 41,1YAHOO 13 37 35,1

198 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.77

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE CALIBRAÇÃO DENTRO DE UM SISTEMA DE QUALIDADE PARA LABORATÓRIO

VANESSA CRISTINA DIPE (B) – Curso de Eng. de Produção MecânicaROXANA MARTINEZ ORREGO (O) – Faculdade de Eng. de Produção Mecânica

PIBIC/CNPq

RESUMO

A implantação de um Sistema da Qualidade em Laboratórios de Metrologia exige o estudo e domínio de normasnacionais e internacionais, que estabelecem as diretrizes para tal tarefa e proporcionam a base para o levantamento críticoe detalhado da capacidade real de medição do laboratório em questão. Baseado na capacidade metrológica atual do Labo-ratório de Metrologia da UNIMEP para realizar a Calibração de Relógios Comparadores, elaborou-se conforme normasespecíficas, o Procedimento Técnico (para o Manual da Qualidade) desta atividade com instruções para a determinaçãodos erros de relógios com resolução igual a 0,001mm, das incertezas e da rastreabilidade do procedimento de calibração.Neste trabalho são apresentados os aspectos técnicos, relacionados com as características metrológicas dos instrumentos.Adotou-se como referência a norma ISO 17025:2001, cujos requisitos substituíram (segundo o INMETRO) o GUIA25:1993 e passaram a ser utilizados para credenciamento. Foi elaborada uma documentação técnica, desde a chegada dorelógio a ser calibrado (preenchimento da Folha de Serviço) até a emissão do certificado de calibração, e o cadastro dosinstrumentos envolvidos. Esta pesquisa contribui, enfim, para que o Laboratório de Metrologia da UNIMEP possa prestarserviços em níveis pretendidos de qualidade na realização da atividade relatada

INTRODUÇÃOAtualmente é quase impossível obter um produto

sem que antes se realizem, nas etapas do projeto do mesmo,medições que assegurem sua qualidade. A metrologia tor-nou-se, portanto, uma atividade indispensável e necessárianas questões referentes à verificação dos parâmetros dequalidade dos produtos. Por outro lado, o avanço tecnológi-co impõe, cada vez mais, uma crescente uniformidade eexatidão na obtenção do valor do mensurando ou de qual-quer outro parâmetro. Sendo que, uma das causas desta im-posição se encontra na necessidade da fabricação de peçasintercambiáveis, requeridas hoje com tolerâncias menores,devido à globalização. A dependência recíproca das ativida-des de normalização, de metrologia e de controle da quali-dade é responsável pela realização da intercambiabilidade.Estabelecendo-se, assim, normas e especificações para asmedições, além da organização do sistema de controle.

Para o desenvolvimento e organização de um Sis-tema de Qualidade para o Laboratório de Metrologia daUNIMEP utilizou-se como referência a norma ISO17025:2001, que traz um melhor detalhamento dos requi-sitos expostos na norma ISO/IEC 25:1993. Houve, por-tanto, uma política transitória com relação a estas normas.A principal ferramenta de um Sistema da Qualidade é acriação do Manual da Qualidade, documento este quedeve conter, além dos requisitos gerenciais, os procedi-mentos operacionais da organização. Esta pesquisa tevecomo objetivo imediato a elaboração dos procedimentostécnicos para o processo de Calibração de Relógios Com-paradores de resolução de 0,001 mm, visando a análise daincerteza da medição e a rastreabilidade dos resultados.

A progressiva utilização de referências normaliza-das (série ISO) nas empresas trouxe a necessidade da deter-minação das incertezas de medição para todos os sistemasde qualidade pois, a avaliação dos meios de medição feitasomente utilizando a comparação da resolução dos instru-mentos com o campo da tolerância da característica a sermedida, não relata a efetiva capacidade dos meios de medi-ção, já que, as influências de fatores como as condições am-bientais, o operador, as deformações, os erro geométricos,não são considerados. A incerteza de medição expressa a dú-vida sobre o resultado da medição com um determinado ins-trumento. A menor incerteza de medição está relacionadacom a melhor capacidade de medição do laboratório. Atual-

mente, a incerteza de medição é calculada de forma padroni-zada pela comunidade metrológica nacional e internacional,tendo como referência o ISO GUM (Guide to the Expressi-on of Uncertainty in Measurement). Através de uma cadeiacontínua de comparações com padrões e incertezas pré-esta-belecidos, torna-se possível determinar a propriedade do re-sultado da medição denominada rastreablidade.

Segundo a NBR 10012-1, para garantir que os re-sultados das medições e calibrações possam ser considera-dos como válidos, devem ser adotados procedimentos ade-quados às suas respectivas finalidades. Sendo assim, o pro-cedimento desenvolvido para o laboratório teve como refe-rência às normas ABNT 10125:1987 e DIN 878:1983.Conforme relatado na norma ISO 17025:2001, é obrigatóriaa disponibilidade deste procedimento no local onde é reali-zada a referida atividade. Esta norma traz ainda a exigênciada apresentação dos resultados para o cliente através de cer-tificados. Contudo, pesquisou-se sobre os requisitos presen-tes nos certificados de calibração dos laboratórios da RedeBrasileira de Calibração e na norma ISO 17025 para que ba-seado nestas informações fosse elaborado um certificado deCalibração padrão para o Laboratório de metrologia daUNIMEP Sendo ainda, como relatado na NBR 10012-1, de-ver do laboratório etiquetar, codificar ou identificar de outraforma, todos os equipamentos envolvidos nas medições ecalibrações, determinando seu estado de comprovação.

MATERIAIS E MÉTODOSA metodologia presente na definição da capacidade

de medição do laboratório está diretamente relacionada à pes-quisa dos instrumentos e padrões existentes no mesmo, avali-ando-se suas características metrológicas (resolução e incer-teza de medição), documentação disponível (certificado decalibração) e condições ambientais adequadas. Assim como,um levantamento e estudo bibliográfico sobre o assunto empauta e aplicação de testes práticos normalizados para verifi-car, através de parâmetros estatísticos, a eficácia do métododesenvolvido para a Calibração de Relógios Comparadores.Utilizou-se, ainda, como estratégia uma visita ao Laboratóriode Metrologia Laroy Lab, que é credenciado pela Rede Bra-sileira de Calibração/INMETRO, com o intuito de obter mai-ores detalhes e conhecimentos de um Sistema de Qualidadeem funcionamento.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 199

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Figura 1. Hierarquização da documentação desenvolvida nesta pesquisa.

Inicialmente, foi feito um estudo da norma ISO17025 que conforme já relatado substituiu o Guia 25como requisito de credenciamento. Resolveu-se, portanto,adequar os procedimentos técnicos a esta nova normapara evitar re-trabalho futuro. Através desse estudo foipossível desenvolver toda a documentação necessáriadentro dos requisitos técnicos para o Manual da Qualida-de. A seqüência de desenvolvimento da documentaçãoiniciou-se com a Folha de Serviço, ou seja, um documentoque explica o trabalho pedido pelo cliente e designa o téc-nico responsável para a realização do mesmo.

Em seguida, revisou-se o método anteriormenteaplicado na Calibração de Relógios Comparadores com re-solução de 0,001mm, com ênfase na demonstração da ras-treabilidade da medição. Detectou-se, a necessidade deaprofundar e detalhar mais o cálculo da incerteza de medi-ção. Uma vez feito isso, foi possível elaborar o procedimen-to para a determinação da incerteza expandida do instru-mento calibrado, isto é, a incerteza obtida na combinaçãode diversos fatores de influência multiplicada por um fatorde abrangência k = 2, para um nível de confiança de 95%.Com base nisto, elaborou-se então o Procedimento Técnicopara padronizar a Calibração de Relógios Comparadores, aser inserido no Manual da Qualidade, além das devidas ins-truções para a realização da prática da calibração e para adeterminação dos erros do instrumento (histerese, indica-ção, repetitividade). Logo após, elaborou-se uma Folha deRegistro dos Resultados da Calibração, onde são relatadosos dados obtidos e as condições ambientais. Finalmente,elaborou-se um Certificado de Calibração padrão para serutilizado na emissão dos resultados da calibração realizadapelo laboratório para o cliente. Além disto, foi criada umaficha para controle dos instrumentos e para o cadastro dosequipamentos envolvidos na atividade aqui discutida.

RESULTADOS Na Figura 1, a seguir, pode-se observar o inter-re-

lacionamento e a hierarquia da documentação desenvolvi-da e aqui relatada.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃOUma vez identificada a capacidade metrológica

do Laboratório de Metrologia da Unimep para Calibraçãode Relógios Comparadores, realizaram-se calibraçõesprévias e verificou-se a eficiência da metodologia aplica-da. Permitindo-se a elaboração do procedimento técnicodesta atividade para o Manual da Qualidade e conseqüen-te base para a transição entre as normas ISO Guia 25 eISO 17025 nos procedimentos desenvolvidos. Esta transi-ção entre as normas não ofereceu dificuldade, pois a nor-ma ISO 17025 apresenta-se em formato mais detalhadoem relação ao Guia 25.

Ao longo do desdobramento desta pesquisa, obser-vou-se que mesmo o Laboratório possuindo uma única tare-fa de medição mostrou-se a necessidade de um estudo apro-fundado, qualificado,assim como um trabalho em equipe.

Contudo, a presente pesquisa fornece as devidas con-dições para que o Laboratório de Metrologia da UNIMEP re-alize dentro dos requisitos técnicos – científicos a calibraçãode Relógios Comparadores com resolução de 0,001 mm.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAABNT NBR 10125: Relógios Comparadores com lei-

tura de 0,001mm, 1987.ABNT NBR10012: Requisitos de Garantia da Quali-

dade para Equipamento de Medição, 1993 INMETRO: Vocabulário Internacinal de Metrologia –

VIM, 1995.INMETRO: Versão Brasileira do Documento Brasileiro

de Referência EA-4/02 – Expressão da incerteza demedição na calibração. Rio de Janeiro, 1999.

ISO/DIS 17025: Requisitos Gerais para a Capacitaçãode Laboratórios de Calibração e Ensaios, 2001.

IV SEMINÁRIO EM QUALIDADE: COMPETITIVI-DADE ATRAVÉS DA METROLOGIA, Santa Bár-bara D’ Oeste: Núcleo de Gestão da Qualidade eMetrologia, FEMP, 2000.

INMETRO: Versão Brasileira do Documento Brasileirode Referência EA-4/02 – Expressão da incerteza demedição na calibração. Rio de Janeiro, 1999.

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9º CONGRESSO DE

CO.78

PROPOSTA DE ANÁLISE DOS CUSTOS DA QUALIDADE PARTE 1: CONCEITOS E TIPOS DE CUSTOS

MARIA RENATA MOURÃO LEITE RIBEIRO (TG) – Curso de Engenharia Mecânica e de ProduçãoPAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUEL (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

UNIMEP

RESUMO

Devido à competitividade na economia mundial, a disputa pelo mercado consumidor está cada vez mais acirrada.As empresas buscam técnicas de qualidade para diferenciar seus produtos. Neste cenário econômico, o levantamento eanálise dos custos da qualidade nas organizações têm se tornado ponto de grande importância na disputa do mercado con-sumidor. Este trabalho tem como objetivo coletar dados e identificar pontos críticos da má qualidade dentro do setor depapel e celulose, e sugerir uma possível implantação de um programa de custos da qualidade. A primeira etapa (Trabalhode Graduação I), é composta por um embasamento teórico sobre qualidade e custos da qualidade, assim como a descriçãoda empresa a ser estudada e seu respectivo processo produtivo, realizada nesse trabalho. Na segunda etapa (Trabalho deGraduação II), será abordada a avaliação prática dos resultados, a compilação e análise dos dados levantados objetivandoa obtenção uma visão crítica sobre os custos da qualidade dentro da empresa estudada.

INTRODUÇÃOAtualmente, as empresas estão inseridas num mun-

do capitalista, com a economia globalizada, o que acarretauma forte disputa pelo mercado consumidor. Como a ofertaestá maior que a demanda, quem “dá as cartas” é o consu-midor. Com isso, ao longo das últimas décadas, houve umamudança de cultura tanto para o setor consumidor comopara o setor industrial, onde o objetivo principal é a buscado grau máximo de eficiência operacional.

As empresas para assegurar o mercado consumi-dor começaram a utilizar técnicas de qualidade para dife-renciar seus produtos no mercado. Hoje em dia, a culturaempresarial, a respeito da qualidade, está voltada ao seumelhoramento contínuo, com participação de todos os co-laboradores das empresas. Entretanto, esta mudança decultura não é um processo simples, pois requer mudançade comportamentos, de atitudes de todos os envolvidos e,principalmente, recursos financeiros (JURAN, 1991).

O enfoque moderno da administração, quanto aocontrole e garantia da qualidade é considerar esta ativida-de como uma estratégia comercial com metas de aumen-tar a lucratividade da empresa continuamente. Atualmen-te, a mensuração da qualidade possui papel central no ge-renciamento e controle da qualidade, assim como para oplanejamento de estratégias empresariais, podendo ser uti-lizada como sinônimo de melhoria de custo e aumento dalucratividade. Entretanto, programas de controle de custose programas de qualidade têm sido utilizados separada-mente, sem o reconhecimento de que a interação entrecustos e qualidade é fundamental para o sucesso operacio-nal e econômico da organização (ROBLES, 1994).

Segundo Porter (FROTA, 1998), a compreensãodo comportamento dos custos é necessária não somentepara desenvolver a posição de custo da empresa, mas tam-bém para expor o custo da diferenciação. Além disso, cus-tos operacionais devem ser relacionados com as ativida-des onde ocorrem.

Combinando uma filosofia sólida com uma técni-ca prática, os sistemas de custos da qualidade tornam ogerenciamento e aprimoramento da qualidade justificávelpara qualquer tipo de organização, independentemente de

seu porte, pois este sistema não requer um grande investi-mento de recursos para sua análise. Como exemplo, emuma empresa de porte médio, três ou quatro representan-tes de cada área envolvida conseguem estabelecer um sis-tema de avaliação de custos da qualidade em aproximada-mente 20 a 30 horas de reuniões, se enfocarem os objeti-vos corretamente (BOTTORFF, 1997).

Normalmente, de acordo com o mesmo autor(BORTTORFF, 1997), as empresas que iniciam os pro-gramas de custos da qualidade, descobrem que os custosda qualidade equivalem a uma estimativa média de 20 a35% sobre as vendas. Entretanto, é comum que após o iní-cio do monitoramento dos custos da qualidade haja umadiminuição dos mesmos de cerca de 10% ao ano e a por-centagem sobre os custos sobre as vendas venham a cairpara 2% ao ano.

Medir os custos da qualidade possibilita que asatividades relacionadas à qualidade sejam expressas emlinguagem monetária. Esta análise possibilita um melhorenvolvimento com a alta administração, fazendo com quea qualidade seja tratada com a mesma importância queoutros setores da empresa: marketing, desenvolvimento,produção, entre outros. Estudos sobre custos da qualidadevisam, principalmente, na análise de áreas com problemasde desperdício, reduzi-los e conseqüentemente diminuircustos (FEIGENBAUM, 1994). O custo da qualidade éuma medida financeira de conformidade da qualidade. Elepode ser calculado para pontos isolados, unidades empre-sariais individuais ou para toda a empresa. Esta estruturatenta colocar números em unidade monetária em todos oscustos que são atribuíveis a uma operação referente à qua-lidade.

Segundo FEIGENBAUM (1994), custos da quali-dade podem ser definidos como sendo os investimentosem prevenção e avaliação, visando assegurar o nível dequalidade do produto, por um preço competitivo. Custosda má qualidade podem ser definidos como sendo a soma-tória das despesas relativas às falhas internas e externas,por toda a empresa.

A Figura 1 sintetiza a definição de custos da quali-dade sugerida por FEIGENBAUM (1994), sobre a divisãodos custos da qualidade.

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Figura 1. Custos de Controle e Falhas (Fonte: FEIGENBAUM, 1994).

Conforme Figura 1, os custos da qualidade são di-vididos em duas categorias: custos do controle que possu-em caráter preventivo, evitando ocorrências de não con-formidades antes da produção do produto e os custos defalhas no controle que possuem caráter corretivo. Os cus-tos de controle se dividem em duas subcategorias que sãocustos de prevenção e custos de avaliação.

Os custos de falhas de controle se dividem em duassubcategorias que são custos de falhas internas e custos de fa-lhas externas, também chamados de custos da má qualidade.

Segundo a norma britânica BS 6143: Part 2 “Gui-de to the Economics of Quality: Prevention, appraisal andfailure model.”, citada por DALE & PLUNKETT (1995),custos da qualidade podem ser definidos como:

• “Custos de prevenção é o custo de qualqueração realizada no intuito de investigar, prevenir ou reduziros riscos de não conformidade ou defeito”, ou seja, “sãogastos que visam assegurar que os produtos insatisfatórios(não conformes) não sejam produzidos”. Eles envolvemtodos os investimentos e custeio para evitar a geração deprodutos não conformes.

• “Custos de avaliação são os custos do cumpri-mento da conformidade (requisitos de qualidade), incluindocustos de verificação e controle de qualquer área envolvi-da”. Podem ser definidos também como gastos em toda equalquer atividade relacionada à identificação de produtosdefeituosos antes dos mesmos chegarem ao cliente (eles po-dem ser internos ou externos). Estes custos ocorrem da pos-sibilidade do surgimento de produtos não conformes.

• “Custos de Falhas Internas são custos que ocorremdevido à ocorrência de produtos não conformes e estão asso-ciados a atividades decorrentes de falhas internais tais como:falhas de projeto, compras, programação e produção.” Estasfalhas são detectadas antes do envio do produto ao cliente.

• “Custos de falhas externas estão associados às ati-vidades decorrentes de gastos gerados por problemas encon-trados após a entrega do produto ao cliente, ou seja, os asso-ciados a devoluções, queixas e reclamações dos clientes.”

Pode-se deduzir, através das definições das cate-gorias de custos, a estrutura dos custos da qualidade, mos-trada na Figura 2.

Figura 2. Estrutura dos custos da qualidade (FROSINI, 1995).

MATERIAIS E MÉTODOSFoi realizada uma pesquisa bibliográfica em custos

da qualidade que será utilizada como base para a fase se-guinte de coleta, compilação e análise de dados. Esta pes-quisa se fundamentou em livros, artigos periódicos e artigoscientíficos. A metodologia para coleta de dados, a ser reali-zada na próxima etapa, será desenvolvida posteriormente.

RESULTADOS E CONCLUSÕESApós estudos teóricos sobre custos da qualidade,

será abordado, a seguir, estudo de caso na empresa KlabinEmbalagens do setor de papel e celulose. A Klabin Emba-lagens é líder no mercado de embalagens e opera fábricaslocalizadas junto aos principais mercados consumidoresdo país e produz embalagens para alimentos, frutas, pro-dutos de limpeza, eletrodomésticos, entre outros. O mer-cado consumidor de embalagens de papelão ondulado évariado. Entretanto, o setor alimentício é o principal con-sumidor deste tipo de embalagem, representando, aproxi-madamente, 32% do consumo total. No estudo, será enfo-cado o Departamento de Controle de Qualidade e os cus-tos serão analisados por seção, podendo assim destacar ospontos onde haja necessidade de ações corretivas e im-plantação de um plano de melhoria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOTTORFF, D.L. COQ Systems: The Right Stuff. Qua-

lity Progress, March, 1997, p.33-35.

DALE, B.G. & PLUNKETT, J.J. Quality Costing. Ed.Chapman & Hall, 2ª Edição, 1995.

FEIGENBAUM, A.V. Controle da Qualidade Total Vol.1. São Paulo: Makron Books, 1994.

FROSINI, L. H. & CARVALHO, A.L.. ABC e os custosda qualidade. Revista Controle da Qualidade, n.º 37,Junho, 1995, p. 54-63.

ROBLES JR., A. Custos da Qualidade: Uma estratégiapara a competição global. São Paulo: Ed. Atlas, 1994.

FROTA, A. Como reduzir custos através da qualidade.www.calidad.org/articles/jan98/3jan98.htm.

JURAN, J.M. & GRYNA, F.M.. Controle da QualidadeHandbook: Conceitos, Políticas e Filosofia da Qua-lidade. SP: Makron Books, 1991.

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9º CONGRESSO DE

CO.79

INTERCOMPARAÇÃO DE MEDIÇÕES EM MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS

THIAGO ANDRÉ FARIA SIMÕES (B) – Curso de Engenharia de Controle e AutomaçãoALVARO JOSÉ ABACKERLI (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e ProduçãoROXANA M. M. ORREGO (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e Produção

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Com um mundo globalizado, as empresas estão em busca de estratégias para alcançar vantagens competitivas nomercado. Para isso, elas estão se automatizando desde o projeto até o controle do produto acabado. As Máquinas deMedir por Coordenadas (MMC’s) são extremamente importantes neste contexto, porque garantem a qualidade do pro-cesso de manufatura com rapidez e confiabilidade. Entretanto, muitos usuários têm dificuldades em usá-las, limitando asvezes, o alcance dos resultados desejados. Isto se explica principalmente pela desinformação sobre o uso da tecnologia damedição por coordenadas. Ciente desta realidade, o objetivo deste projeto é comparar medições de Máquinas de Medirpor Coordenadas, realizadas por diferentes usuários, sob condições que possibilitem a investigação de defeitos importan-tes na sua utilização. O processo de comparação, chamado aqui de intercomparação, se baseia na medição de uma peçapadrão com dimensões preestabelecidas a partir de medições de referência, conforme ilustram os parágrafos a seguir.

INTRODUÇÃOA metrologia por coordenadas é, fundamental-

mente, um conjunto de técnicas para se atribuir dimensõesa elementos geométricos (ex. diâmetro de um círculo)através da medição das coordenadas de pontos que perten-cem a esses elementos.

As máquinas de medir por coordenadas – MMCssurgiram a partir dessas necessidades, buscando-se o con-trole da qualidade de produtos mais complexos e com to-lerâncias geométricas e dimensionais mais estreitas. Elassão utilizadas nos processos automatizados, desde o proje-to até o controle do produto acabado, sendo por isso muitoimportantes na metrologia dimensional como, por exem-plo, nas medições rigorosas de componentes aeronáuticos,aeroespaciais, automotivos, etc. Dentre as suas principaispropriedades está a flexibilidade no controle geométrico edimensional de peças, além da versatilidade, podendo porisso realizar um grande número de tarefas.

Atualmente, com a globalização, o número de má-quinas de medir no Brasil vem crescendo, uma vez que elassão extremamente importantes para garantir a qualidadedos produtos brasileiros. Apesar disso, parece haver uma es-pécie de desinformação sobre o seu uso que tende a gerarpequenos erros nas medições com elas realizadas (ABA-CKERLI, 2000). Por isso, a Associação Brasileira de Nor-mas e Técnicas – ABNT trabalha atualmente na criação deuma norma técnica que orienta o uso destas máquinas, ba-seada em informações de vários países. Nesta busca poraprimoramentos no uso das MMCs, é necessário entendercomo elas funcionam, quais suas principais características,seus erros típicos, etc. para assim compreender os possíveiserros de medição cometidos pelos usuários e, à partir deles,melhor orientar a comunidade sobre o seu uso.

Frente a estas circunstâncias, este projeto tem porobjetivo intercomparar medições de MMCs, realizadaspor diferentes usuários. Tal procedimento se baseia na me-dição de uma peça padrão, ilustrado na Figura 1, seguin-do-se a análise comparativa dos resultados para identifica-ção de problemas que possam ser corrigidos através de

um aprimoramento da informação usada na aplicação des-ta tecnologia.

Figura 1. Medição da Peça Padrão.

MATERIAL E MÉTODOSA intercomparação é organizada em ciclos com-

postos de várias etapas, envolvendo a medição inicial dapeça padrão, a circulação da peça entre as empresas parti-cipantes, a análise comparativa dos resultados e a realiza-ção de novas medições de referência. Cada ciclo é forma-do em média por cinco empresas, podendo até conter seisdependendo das condições de participação dos envolvi-dos. As medições de iniciais e finais de cada ciclo são exe-cutadas pelo INMETRO, tomando-se seus resultadoscomo valores de referência para o processo.

Os controles de saída e chegada da peça padrãosão feitos através de planilhas contendo os dados da peça.Contatos são regulamente feitos com as empresas duranteas medições, visando o esclarecimento de dúvidas dequalquer natureza. A empresa é orientada a medir três ve-zes cada característica da peça, segundo procedimentospróprios, os quais estejam habituados nas suas tarefas derotina. Ao término destas medições a empresa fornece osresultados e recebe uma outra instrução para a realização

de mais três medições, agora com procedimentos defini- dos pela coordenação do projeto.

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Para a organização dos resultados das mediçõestabelas foram desenvolvidas para cada empresa contendoas características da peça: diâmetros, posição, desvios decircularidade e cilindricidade de furos, altura e largura dapeça, comprimento da superfície inclinada, perpendicula-rismo de superfícies ortogonais, ângulo entre centros dosfuros, distância entre eixos perpendiculares e planicidadeda superfície. Conforme TOLEDO & OVALLE (1985), atabela apresenta uma vantagem de condensar de formaconsistente as informações necessárias ao estudo deseja-do, isto porque, o estudo de um determinado fenômenoque requer a coleta de uma grande massa de dados numé-ricos, é difícil de ser tratado se os dados não forem organi-zados e condensados em uma tabela. Através desta tabelaobtém-se maior clareza na apresentação dos resultados demodo a facilitar sua análise estatística.

RESULTADOS E DISCUSSÕESAté o momento o processo de intercomparação

tem cadastrado os dados obtidos de seis empresas, alémdas medições de referências feitas pelo INMETRO con-forme acima descrito. Como previsto, a comparação des-tes resultados deve fornecer indicativos de problemas, ra-zão pela qual um tratamento estatístico mais aprimorado énecessário, para o qual se estabelece o seguinte.

Para o uso de medidas de posição e dispersão dasamostras torna-se inicialmente necessários investigar asdistribuições amostrais para que, a partir daí, se estabeleçaa validade das medidas usadas (SPIEGEL, 1974). Isto éfeito pela aplicação do teste de aderência de Kolmogorov-Smirnov (ZAR, 1999), no qual se estabelecem as diferen-ças entre a distribuição cumulativa de freqüências obser-vadas e aquelas previstas no modelo teórico testado. Se asdiferenças são maiores do que um limite, especificado porum valor crítico, não se aceita a hipótese do modelo teóri-co representar adequadamente os dados com a confiançadesejada. Caso contrário, aceita-se a hipótese e dela os pa-râmetros de posição e dispersão que caracterizam os da-dos. No caso em estudo nota-se que os dados medidos pe-las empresas provém de uma distribuição Normal, poden-do-se portanto utilizar as propriedades do modelo teórico,representadas aqui pela média e pelo desvio padrão, paradescrever o comportamento observado nos resultados.

Identificado o modelo teórico, estabelece-se umcritério para localização de dados que, embora originadosde uma população Normal, tragam indicativos de eventospouco prováveis (valores espúrios), causados, por exem-plo, por problemas nas medições. Isso é feito aplicando-seo critério de Chauvenet (HOLMAN, 1994), pelo qual selocalizam elementos cuja probabilidade de ocorrência sejamenor do que 1/(2N), onde N é o tamanho amostral. Comele pode-se perceber que algumas características medidasda peça devem ter seus resultados tratados mais profunda-mente, uma vez que deles se obtém indicativos de resulta-dos pouco prováveis. Disso, as bases teórico-estatísticaspara a investigação dos problemas técnicos das mediçõesficam estabelecidas, não sendo tal investigação aqui rela-tada por não estar contida no escopo deste trabalho.

CONCLUSÕESO processo de intercomparação de medições está

ainda em andamento, e neste momento está se encerrandoo primeiro ciclo de medições.

Constatou-se, de fato, que as ferramentas utilizadaspara a análise dos resultados foram eficientes na medida emque proporcionam indicações objetivas sobre o comporta-mento dos dados. A partir do teste de Kolgmorov-Sminorvverifica-se que os dados das empresas provém de uma dis-tribuição Normal, podendo portanto ser representados pelamédia, já que os dados tendem a um ponto central.

Já, a partir do teste de Chauvenet, concluiu-se que,mesmo tendo sido os dados originados de uma distribui-ção Normal, existem alguns valores espúrios cuja proba-bilidade de ocorrência é menor do que 1/2N. Estes mere-cem uma atenção maior pois podem representar algumerro cometido pela empresa na medição da peça padrão.

Alguns problemas nas medições já puderam serobservados, como por exemplo empresas que realizarammedições incorretamente por não atender aos procedi-mentos estabelecidos. Se, de um lado, isso pode ser resul-tado da contribuição voluntária das empresas, por outro,pode indicar um problema imediato a ser tratado já quepode ser fruto das pressões vividas cotidianamente nasempresas. Enfim, o processo de intercomparação real-mente traz resultados importantes que, se analisados atra-vés dos testes discutidos, podem identificar problemas aserem corrigidos através de um aprimoramento na aplica-ção das Máquinas de Medir por Coordenadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABACKERLI, A. J. Perfil do uso de máquinas de medirpor coorndenadas no Brasil. Máquinas e Metais,112-127, Novembro 2000.

SPIEGEL, Murray R. Estatística. São Paulo: McGRAW-HILL do Brasil LTDA, 1974.

TOLEDO, Geraldo L. & OVALLE, Ivo I. EstatísticaBásica. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1985.

ZAR, Jerrold H. Biostatistical Analysis. 4th Edition. NewYork: Prentice Hall, 1999.

HOLMAN, J. P. Experimental Methods For Engineers.Sixth Edition. New York: McGRAW-HILL, 1994.

AGRADECIMENTOSAo final do projeto, agradecimentos são devidos

ao Fundo de Apoio à Pesquisa – FAP/UNIMEP pelo su-porte financeiro na realização deste trabalho de iniciaçãocientífica.

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9º CONGRESSO DE

CO.80

PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DE UM PROCESSO DE INTERCOMPARAÇÃO DE MEDIÇÕES

EM MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS

TATIANA SANCHEZ PESSANHA HENRIQUES (B) – Engenharia de Controle e AutomaçãoROXANA MARTINEZ ORREGO (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

ÁLVARO J. ABACKERLI (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoFAPIC/UNIMEP

RESUMO

Entre fabricantes e pesquisadores de máquinas de medir por coordenadas (MMC’s) é conhecido que a escolhade uma determinada estratégia de medição pelo usuário destes instrumentos é uma das fontes de erros e incertezasmais significativas, tanto que a escolha de uma estratégia errada pode levar à incorreta rejeição ou aceitação de peças eà invalidação dos resultados obtidos nas medições. Isto se deve, entre outros fatores, à própria complexidade dasmáquinas, à pouca informação disponível sobre as mesmas e, consequentemente, aos conhecimentos limitados deseus usuários em relação a sua real capacidade de medição. O presente trabalho teve como principal objetivo o plane-jamento e gerenciamento de um processo de Intercomparação de Medições em MMC´s, visando a obtenção de infor-mações sobre como e até que ponto a capacidade de medição das máquinas de medir por coordenadas é exploradaatualmente no Brasil. Todo o planejamento e gerenciamento deste processo foi desenvolvido em concordância com asespecificações e recomendações estabelecidas no documento ABNT ISO/IEC – Ensaios de Proficiência por Compara-ção Interlaboratoriais (1999). O processo de intercomparação, assim planejado, foi colocado em andamento nosegundo trimestre do ano 2001 e encontra-se hoje, no seu segundo ciclo de circulação.

INTRODUÇÃOO processo de intercomparação implementado,

baseia-se na circulação de uma peça padrão entre empre-sas brasileiras que utilizam MMC´s em seu dia-a-dia, paraque estas meçam determinadas características de umapeça padrão, da mesma forma que realizam suas medi-ções cotidianas A peça em circulação possui característi-cas dimensionais e de forma que representam, de modogeral, as tarefas de medição mais comuns encontradas noambiente industrial.

Para que se planejasse e, posteriormente, gerencias-se este processo de intercomparação, tomou-se como base odocumento ABNT ISO/IEC 43-1 – Ensaios de Proficiênciapor Comparação Interlaboratoriais (1999), o qual forneceorientação e estabelece requisitos gerenciais para a realiza-ção de ensaios de proficiência interlaboratoriais. Porém, al-guns dos requisitos e recomendações do guia 43-1, tantogerenciais como técnicos, foram aplicados de forma dife-renciada, uma vez que a principal prioridade do projeto, éintercomparar resultados de medições rotineiras realizadasdentro do ambiente industrial, e não a obtenção e compara-ção de dados com alto grau de confiabilidade, como acorreem um processo de intercomparação de medições entre La-boratórios. Os quesitos gerenciais do Guia 43-1 adaptados eaplicados ao atual processo de intercomparação permitiramo planejamento e a criação de procedimentos de controlepara a circulação da peça padrão entre os participantes, acoleta e o registro confiável dos dados fornecidos pelas em-presas, o tratamento sigiloso dos resultados, a garantia daintegridade da peça e de todo o processo, a otimização doscustos da intercomparação, entre outros. Uma vez elabora-da toda a documentação necessária, esteve-se em condiçõesde iniciar o processo de Intercomparação proposto.

MATERIAL E MÉTODOSO processo de Intercomparação de Medições foi

planejado em três etapas: a elaboração dos documentosexternos que circulam juntamente com a peça padrão, dosdocumentos internos que garantem o andamento e conti-nuidade do processo e a confiabilidade dos dados obtidos

e, finalmente, a circulação da peça padrão, em que todosesses documentos são aplicados.

Os documentos externos, auxiliam os participan-tes no entendimento do processo, na realização (de formageral) da primeira medição da peça padrão e no registro eenvio dos resultados. Uma parte destes documentos, cir-cula juntamente com a peça padrão e um último docu-mento, contendo um procedimento de medição predefini-do, é enviado posteriormente, via fax, aos participantes doprocesso de intercomparação. Todos os documentos exter-nos foram enviados em sua primeira versão, a três especi-alistas da área (dois no Brasil e um nos EUA), para que es-tes realizassem uma avaliação crítica dos mesmos. Os re-sultados destas avaliações foram levadas em consideraçãona formulação final dos mesmos.

Já os documentos de uso interno do Laboratório deMetrologia da UNIMEP que coordena e gerencia o proces-so de intercomparação, têm como principal objetivo, orga-nizar o processo por si só, além de garantir a integridade dapeça padrão e dos resultados obtidos e, finalmente, orientarqualquer pessoa autorizada a dar continuidade ao processo,mesmo sem ter tido algum tipo de contato anterior com omesmo. Tanto os documento internos quanto os externos,foram devidamente codificados e organizados de forma hi-erarquizada (figura 1), quanto ao seu tipo e utilização, ga-rantindo o melhor entendimento e fluxo da informação. Asempresas participantes receberam também uma codifica-ção, uma vez que o sigilo dos resultados da intercompara-ção é essencial para a sua realização.

RESULTADOS E DISCUSSÕESPara que o processo de intercomparação ocorres-

se, foi importante que, simultaneamente aos estudos reali-zados e à elaboração da documentação, se planejasse acirculação da peça padrão entre as empresas, através decontatos com as mesmas, que permitiram a atualizaçãodos dados disponíveis e o agendamento provisório dasmedições. Com isso, criou-se um cronograma de circula-ção que agrupa as empresas em ciclos de circulação. Aidéia deste planejamento é circular a peça padrão entre

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Figura 1. Exemplo de hierarquização e codificação da documentação – Procedimentos Internos.

cinco empresas, sendo que, no início de cada ciclo,a peça é enviada ao INMETRO para que se obtenham osvalores de referência. Este cronograma prevê a análise si-multânea dos resultados a medida que estes são obtidos, po-rém, ela é realizada por uma pessoa específica dentre osparticipantes responsáveis pelo projeto. A medida que ocronograma inicial sofre modificações devido, principal-mente, a ocorrências próprias de cada empresa em suas ati-vidades diárias, cria-se um calendário parcial corresponden-te a um determinado ciclo de circulação. Este calendário éenviado também aos participantes, para que eles tenhamum controle de início e término das medições.

Um dos motivos pelo qual muitas das empresasoptaram por participar do processo, foi a garantia de sigilototal quanto a sua participação e aos valores obtidos apósas medições. Por isso, foi imprescindível a criação de umacodificação [MAESTRELLI, 1999], no caso alfanuméri-ca, para a identificação das empresas participantes. O có-digo criado considera os estados, regiões, e as áreas deatuação de cada uma delas

Como parte dos documentos internos, que garan-tem os resultados, criou-se um procedimento que descreveo recebimento da peça padrão na UNIMEP, o envio dapeça aos participantes e por fim, o acompanhamento des-tas medições pela própria UNIMEP. Criou-se também umoutro documento, em forma de planilha, para o registro dedados referentes à saída/retorno da peça à UNIMEP e àchegada ao local de destino. Para o preenchimento destaplanilha elaboraram-se as instruções gerais necessárias.Outro documento de controle interno, é uma folha de re-gistro para a avaliação visual da peça, que deve ser preen-chida toda vez que esta retornar à UNIMEP no final decada ciclo de circulação. A aplicação desta documentaçãopermite gerenciar todo o processo de intercomparação.

Os participantes recebem juntamente com a peçapadrão, um procedimento geral de circulação da maletacom a peça padrão e as folhas de registro que são preen-chidas com os dados obtidos destas medições. Primeira-mente, a empresa deve medir a peça da maneira que estáacostumada. Estes primeiros resultados serão enviados viaFAX imediatamente aos coordenadores, que enviarão en-tão, também via Fax, ao atual participante, um procedi-mento de medição pré-definido. Todos os resultados obti-dos são então analisados e usados para avaliar as decisõesde medição tomadas pelas empresas na medição da peça.

Como parte do gerenciamento, estabeleceu-se umsistema de prontidão, em que participam todos os envolvi-

dos no projeto dentro da UNIMEP, com o objetivo não sóde receber e enviar a peça, os resultados, etc. no tempopreestabelecido no cronograma, mas também para escla-recer na hora as dúvidas surgidas nas empresas participan-tes em relação à documentação.

O processo de Intercomparação se encontra atual-mente no seu 2º ciclo de circulação, tendo participado atéo momento, um total de 10 empresas. Pode-se observar,primeiramente, que algumas empresas apresentavam umacerta hesitação quanto à participação ou não no processode Intercomparação, descredibilizando os resultados domesmo. Esta dificuldade pôde ser contornada com o enviode instruções gerais, que descreviam os procedimentosgerais da intercomparação e os objetivos da mesma, mos-trando os benefícios que trariam os resultados finais para aempresa participante. Uma única empresa desistiu de par-te do processo, mesmo já tendo medido a maioria das ca-racterísticas, alegando um acúmulo grande de trabalho.Até o momento um único participante apresentou dificul-dade no registro dos resultados e nenhum pediu ajuda ouinformação extra sobre as tarefas a serem realizadas. Asmaiores dificuldades encontradas, até agora, têm estadorelacionadas ao agendamento das medições.

CONCLUSÕESApesar das dificuldades encontradas ao longo do

trabalho, pode-se afirmar que a documentação e o planeja-mento elaborados, mostraram-se adequados para a reali-zação do processo de intercomparação, permitindo o ge-renciamento satisfatório do mesmo. Além disso, ao longodos ciclos de circulação já finalizados, tem-se observadoque a maioria das empresas tem sido capazes de percebera importância de sua participação, criando consciênciados reais benefícios que as conclusões do projeto lhes pro-porcionará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASABNT 6409 – Associação Brasileira de Normas e Técni-

cas – Tolerância dos erros de Forma Posição e Ori-entação. São Paulo, 1997.

ABNT ISO/IEC Guia 43-1 – Ensaios de Proficiência porComparação Interlaboratoriais, São Paulo, 1999.

MAESTRELLI, Nelson. Aplicação de Sistemas de Codi-ficação ao Desenvolvimento de novos Produtos. In: ICONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO EDESENVOLVIMENTO DO PRODUTO, 1999.Anais.

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9º CONGRESSO DE

CO.81

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DA QUALIDADE PARA LABORATÓRIO FASE 2: PROCEDIMENTOS GERENCIAIS DO SISTEMA DA QUALIDADE

CAMILA TORAZAN GUIZE (B) – Curso de Engenharia QuímicaPAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUEL (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

ROXANA M. M. ORREGO (CO) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de ProduçãoPIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo desse trabalho é contribuir com a estruturação do Laboratório de Metrologia, implantando um Sis-tema da Qualidade adequado às suas necessidades. Essa estrutura contribuirá para criar a possibilidade de ser creden-ciado pela Rede Brasileira de Calibração. Este sistema será implantado nas atividades laboratoriais, visando aqualidade nos processos (serviços) realizados. O projeto se divide em aspectos técnicos e gerenciais. Esse trabalho daênfase nos aspectos gerenciais. Na Fase 1 deste projeto, diagnosticou a situação gerencial do laboratório. Na Fase 2,fase atual vem sendo desenvolvida a primeira versão do Manual da Qualidade e Procedimentos para o laboratório.Também foram realizadas a revisão e atualização bibliográfica, visando atender as necessidades de complementaçãodos requisitos do Sistema da Qualidade, quanto aos aspectos gerenciais. A revisão consta no estudo das Normas degarantia da qualidade (ISO 9003, ISO 10013, NBR ISO 8402) e normas específicas para estruturação do laboratório(ISO Guia 25). Com o Manual da Qualidade pré-desenvolvido e devidamente implantado o Laboratório de Metrologiapoderá garantir a confiabilidade nos resultados de suas atividades junto aos seus clientes, potenciais.

INTRODUÇÃOOs clientes estão exigindo que seus fornecedores

de produtos e serviços estejam operando com um Sistemade Qualidade. Tratando-se de serviços de calibração, en-tretanto, eles nem sempre estão cientes se as vantagens doSistema da Qualidade implantado atendem às suas neces-sidades (BECKER, 1997).

Uma vez que as calibrações têm uma influência cri-teriosa sobre os produtos manufaturados, os usuários dosserviços de calibração necessitam ter uma segurança quantoa competência técnica envolvida nos uso dos procedimen-tos de calibração, bem como se o fornecedor de tal serviço,trabalha com um sistema de qualidade adequado.

Pensando na melhoria dos serviços realizados pelolaboratório, implantou um sistema da qualidade e desenvol-veu-se o manual da qualidade a fim de se proporcionar aqualidade operacional, exigida pelos clientes e tambémcom a finalidade de melhorar o desempenho das calibra-ções realizadas no laboratório. O Manual da Qualidade é oprincipal documento dentro da organização de uma empre-sa, pois diz o que a empresa propõe fazer quanto à qualida-de, isto é, o que pode ser exigido pelo cliente. O Manual daQualidade tem que ser o mais objetivo possível. Com a me-lhoria da qualidade a empresa poderá obter uma maior pro-cura e satisfação dos seus clientes (ROCHA, 1999).

Neste sentido, esse trabalho tem por objetivo a es-truturação do Laboratório de Metrologia e a implantaçãodo Manual da Qualidade e Procedimentos, cujas etapassão descritas a seguir.

MATERIAIS E MÉTODOS A revisão e atualização bibliográfica, consistem

no estudo das principais Normas para o desenvolvimentodo Manual da Qualidade sendo elas:

– Norma NBR ISO 8402: Gestão da Qualidade– Terminologia

Esta norma define o manual da qualidade comoum documento que declara a política da qualidade e des-creve o sistema da qualidade de uma organização. Este

pode referir-se à totalidade das atividades da organizaçãoou apenas a uma parcela selecionada destas mesmas ativi-dades, como, por exemplo, requisitos dependendo da na-tureza dos produtos ou serviços, dos processos, dos requi-sitos contratuais, dos regulamentos governamentais ou daprópria organização (NBR ISO 8402, 1994).

– Norma NBR ISO 9003: Sistemas da qualida-de – Modelo para garantia da qualidade em inspeção eensaios finais

Esta norma especifica os requisitos de sistema daqualidade para uso quando a capacidade do fornecedorpara detectar e controlar a disposição de quaisquer não-conformidades do produto durante a inspeção e ensaios fi-nais necessita ser demonstrada.

É aplicável em situações em que se deseja eviden-ciar a confiança na conformidade do produto aos requisi-tos especificados que pode ser obtida pela demonstraçãoda capacidade do fornecedor em inspeção e ensaios efetu-ados em produtos acabados (NBR ISO 9003, 1994).

– Norma NBR ISO 10013: Diretrizes para odesenvolvimento de manuais da qualidade

Esta norma fornece as diretrizes para o desenvol-vimento, preparação e controle de manuais da qualidadeadequados às necessidades específicas do usuário. Os ma-nuais da qualidade resultantes devem refletir procedimen-tos documentados do sistema da qualidade, requeridospela família NBR ISO 9000. Instruções de trabalho deta-lhadas, planos de qualidade, brochuras e outros documen-tos relativos ao sistema da qualidade não são cobertos poresta Norma (NBR ISO 10013, 1995).

– ABNT ISO/IEC Guia 25: 1993 – Requisitos Ge-rais para a capacitação de laboratórios de calibração eensaios

Este Guia estabelece os requisitos gerais segundoos quais um laboratório deve demonstrar que opera. Casoeste laboratório pretenda ser reconhecido como capa-citado para realizar calibrações e ensaios específicos.

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Os requisitos adicionais e informações que devemser fornecidos para a avaliação de capacitação ou para adeterminação da conformidade com outros critérios, po-dem ser especificados pela organização ou pela autoridadeque concede o reconhecimento, dependendo do caráter es-pecífico da tarefa do Iaboratório.

Este Guia se destina a laboratórios de calibração ede ensaios visando ao desenvolvimento e implementaçãodos seus sistemas da qualidade. Pode, também, ser usadopor organismos de credenciamento e de certificação e poroutros envolvidos na capacitação de laboratórios (ABNTISO/IEC Guia 25, 1993).

O ISO/IEC Guia 25 estabelece requisitos a serematingidos para que o laboratório seja reconhecido para rea-lizações de calibrações (ou ensaios). É aplicável em todaas organizações que realizam ensaios ou calibrações, in-clusive laboratórios de 1ª parte, 2ª e 3ª, independentemen-te do número de funcionários, da extensão das calibraçõese dos ensaios realizados (BECKER, 1997).

Este documento é utilizado por laboratórios queestão desenvolvendo Sistema da Qualidade, administrati-vos e técnicos, e também utilizados por clientes de labora-tórios e organizações de reconhecimento do laboratório.

O manual desenvolvido até o momento se divideem 19 seções que serão implantadas no laboratório deMetrologia da UNIMEP, sendo elas:

• Página de revisão• Informações sobre o Laboratório de Metrologia• Responsabilidade Gerencial• Sistema da Qualidade• Revisão de Contrato• Controle de Projeto• Controle de Documentos• Compras• Produto Fornecido pelo cliente• Identificação e Rastreabilidade de Produtos• Controle de Processos• Inspeção e Ensaios• Equipamentos de Ensaios, Inspeção e Medidas• Situação de Inspeção e Ensaios• Controle de Não Conformidade de Produto• Ação Corretiva• Manuseio, Armazenamento e Expedição• Auditorias Internas de Qualidade• Treinamentos• Serviço de Atendimento ao Cliente• Técnicas Estatísticas As seções citadas foram definidas e descritas no

Manual da Qualidade atendendo integralmente os requisi-tos do ISO/IEC Guia 25. As pessoas envolvidas utilizarãoo manual como rotina para realizar quaisquer funções.

O Manual da Qualidade é a segurança de um me-lhor desempenho das atividades e uma estruturação adequa-da para o laboratório, impedindo assim a ocorrência de nãoconformidades no desenvolver das funções laboratoriais.

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs resultados do diagnóstico das atividades reali-

zadas pelo laboratório, mostram a necessidade de melho-rias fundamentais, bem como a inclusão de atividades an-

tes não realizadas e fundamentais para melhor desempe-nho da organização.

O laboratório possui instrumentos e instalaçõesadequadas para realizar calibrações em relógios compara-dores. Fundamentando-se nestes resultados desenvolveu-se o Manual da Qualidade, visando promover a reestruturado laboratório.

Com o desenvolvimento e, posteriormente, com aimplantação do Manual da Qualidade, o laboratório pas-sará a atender os requisitos da norma, executando assim asatividades antes não realizadas pelo mesmo, ou nunca rea-lizadas passarão a ser aplicadas na organização.

CONCLUSÕESUm Manual da Qualidade e Procedimentos de Ca-

libração são os fundamentos do Sistema da Qualidade emdesenvolvimento para o Laboratório de Metrologia. A im-plantação destes documentos na instituição acarretará me-lhorias fundamentais como o aumento da confiança dos cli-entes nos resultados das calibrações oferecidas e tambémdemonstrar sua credibilidade e sua competência técnica, di-minuindo a necessidade das auditorias internas periódicas.

Para receber o credenciamento o laboratório deveráestar apto a demonstrar sua competência técnica e mostrarque as calibrações por ele realizado estão de acordo com osrequisitos e normas, para o seu campo de atividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT ISO/IEC Guia 25 – Requisitos Gerais para aCapacitação de Laboratórios de Calibração eEnsaios: São Paulo: ABNT, 1993.

BECKER, S. Aplicação do ISO/IEC Guia 25 em Labora-tório de Calibração: Palestra realizada na Inter-mach, Joinville, RS, 18 de agosto de 1997.

NBR ISO 10013 – Diretrizes para o Desenvolvimento deManuais da Qualidade: São Paulo: ABNT, 1995.

NBR ISO 8402 – Gestão da Qualidade e Garantia daQualidade – Terminologia: São Paulo: ABNT, 1994.

NBR ISO 9003 – Sistemas da Qualidade – Modelo paraGarantia da Qualidade em Inspeção e EnsaiosFinais: São Paulo: ABNT, 1994.

ROCHA, L.C. Elaboração do Manual da Qualidade:Santa Bárbara d'Oeste, SP: Senai, 1999.

208 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.82

QFD: PRÁTICAS ATUAIS, METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES E FATORES DE SUCESSO

ANDREZA CELI SASSI (B) – Curso de Engenharia QuímicaPAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUEL (O) – Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo dessa pesquisa é verificar o grau de introdução do QFD no Brasil e identificar as empresas quetenham maturidade na implantação e para atingir esse objetivo optou-se por fazer uma pesquisa de campo explorató-rio, utilizando-se o questionário como método de coleta de dados. O questionário foi elaborado a partir de três pesqui-sas sobre o QFD que utilizaram um questionário para coletar dados. A amostra foi definida a partir das empresasclassificadas pela Revista Exame, entre as 500 maiores empresas privadas por vendas. O questionário sofreu uma revi-são criando-se duas novas questões e foram enviados a 480 das 500 empresas previstas, devido à dificuldade de seconseguir os endereços de algumas empresas. Houve um retorno de 8,5% até o momento, dos quais, 22% utilizam ouestão implementando o método. Com a análise das respostas das empresas verificou-se que pesquisa de campo explo-ratória é a mais adequada para atingir os objetivos da pesquisa. Problemas que dificultam o uso do QFD e benefíciosresultantes da sua aplicação são apresentados nesse trabalho.

INTRODUÇÃODentre as técnicas aplicadas no desenvolvimento

de produtos e serviços, o QFD surge como uma ferramen-ta importante no planejamento da qualidade na fase deconcepção e desenvolvimento. O QFD surgiu no final dadécada de 60, sendo criado por Mizuno e Akao, iniciou-seno Japão e mais recentemente, a metodologia começou aser divulgada no Brasil (década de 90).

Segundo AKAO (1996), o QFD consiste em con-verter as exigências dos usuários em características da qua-lidade, definir a qualidade do projeto do produto acabadoatravés de desdobramentos sistemáticos das relações entrerequisitos do consumidor e características do produto. Essesdesdobramentos iniciam-se com cada mecanismo e se es-tendem para cada componente ou processo. A qualidadeglobal do produto será formada através desta rede de rela-ções. Segundo CHENG et al. (1995), o QFD pode ser defi-nido como uma forma de comunicar sistematicamente in-formação relacionada com a qualidade e de explicitar orde-nadamente trabalho relacionado com a obtenção da quali-dade durante o desenvolvimento do produto.

Nesse sentido, essa pesquisa tem como objetivoverificar o grau de introdução do QFD no Brasil e identifi-car as empresas que tenham maturidade na implantação,diagnosticando os benefícios e dificuldades na implanta-ção do QFD.

MATERIAL E MÉTODOSFoi realizada uma revisão dos possíveis instru-

mentos de coleta de dados existentes para a escolha demétodos mais adequados para serem utilizados na pesqui-sa. Utilizou-se na pesquisa de campo exploratória, umaamostragem intencional (não casual) para verificar a intro-dução do QFD nas 500 maiores empresas do país, devidoa sua importância econômica no país. A pesquisa de cam-po exploratória tem como finalidade aprofundar o conhe-cimento do pesquisador sobre o assunto estudado (MAT-TAR, 1996). Pode ser usada na elaboração de um questio-nário ou servir de base a uma experiência futura, ajudandoa formular hipóteses e também visa clarificar conceitos.

No desenvolvimento da pesquisa optou-se pelouso do questionário na primeira fase, que identificará asempresas que já tem experiência com o uso da metodolo-gia do QFD. Esta escolha se deve a pouca disponibilidadede recursos e de pessoas para realizar entrevistas em gran-de amostra (aproximadamente 500 empresas) em curto

espaço de tempo. Na segunda fase, em continuidade aesse estudo, será utilizada a entrevista visto que amostraconstituída por empresas que tem experiência com o usodo QFD é menor. Esse trabalho descreve somente a pri-meira fase.

Foram analisados questionários utilizados em trêspesquisas sobre a metodologia do QFD (CAUCHICKMIGUEL & CARPINETTI, 1999; MARTINS & AS-PINNWALL, 1999; HUNT, 1997), verificando a possibi-lidade de adaptar e utilizar algumas questões para estapesquisa. Durante a redação das questões, tentou-se utili-zar uma linguagem clara, de fácil entendimento, com ter-mos técnicos de conhecimento geral para as empresas. Naelaboração do questionário, priorizou-se a utilização deperguntas fechadas tricotômicas (sim, não, não sei), múlti-pla escolha com escala, perguntas de múltipla escolhacombinada com resposta abertas, devido a fácil tabulaçãoe boa quantidade de informações geradas. Também foramutilizadas questões abertas e perguntas fechadas dicotômi-cas (sim, não) e dicotômicas com respostas abertas. Fo-ram elaboradas instruções de preenchimento no início doquestionário para cada tipo de questão. As perguntas fo-ram ordenadas em oito blocos, procurando seguir uma se-quência lógica iniciando com perguntas simples e gerais eterminando com as mais específicas. Foram realizadosdois pré-testes, o primeiro tinha como objetivo ter umaanálise crítica de pesquisadores que não fazem parte daequipe para aperfeiçoar o questionário. Já no segundo pré-teste, foram selecionadas três empresas coma finalidadede verificar se as questões geravam dúvidas, se estavamclaras e se havia espaço suficiente para responder.

Após a revisão, o questionário foi formatado parafolha tamanho A5, impressos e enviados para a gráfica eentão enviados para 480 empresas. Para melhorar o índicede retorno dos questionários foi enviada uma carta expli-cando os objetivos da pesquisa e comprometendo-se como sigilo das informações e um envelope para devolução.Foi realizada a tabulação das questões fechadas em tabe-las no Excel‚, onde foram criadas colunas para cada op-ção de resposta, obtendo gráficos diretos que facilitou aanálise e cadastro dos questionários, devido a grandequantidade de questões alternativas.

RESULTADOS E DISCUSSÕESHouve um retorno até o momento de 8,5% dos

questionários enviados e desse percentual, 22% utiliza ou

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está implantando a metodologia do QFD, 61% não utilizae 17% não responderam a pergunta. Verificou-se que amaioria das empresas são de grande porte, o que pode serconfirmado com a análise do número de funcionários:68% das empresas que responderam até o momento temmais de 500 funcionários. Os principais fatores que leva-ram as empresas a usar o QFD foram: aumentar a satisfa-ção dos clientes, melhorar o processo de desenvolvimentodo produto e decisão a partir do conhecimento de suasvantagens. As principais dificuldades encontradas na im-plantação foram: falta de experiência em QFD, dificulda-de de interpretar os requisitos dos clientes, as matrizes sãomuito grandes e falta de recursos (humanos e financeiros).Os benefícios da implantação do QFD são apresentadosna figura 1. Quanto ao efeito que o uso do QFD tem nosresultados, 13% das empresas achou “bom”; 3% “ótimo”;“ruim” e “indiferente” com 2% cada e 80% não responde-ram. Quanto ao número de projetos concluídos, 6% cada,têm de 2 ou 3 projetos e 6 ou 7 projetos concluídos. Sobreo sucesso da implantação 8% tiveram sucesso parcial e5% cada tiveram ou não sucesso. Quanto a avaliação pes-soal do grau de importância na implantação do QFD asempresas vêem necessidade de ter apoio de alta gerência,proporcionar treinamento adequado para a equipe, condu-zir pesquisa de mercado eficaz. A grande porcentagem deempresas que não responderam ao questionário pode serjustificada provavelmente pela falta de conhecimento dametodologia. Serão verificados os reais motivos.

CONCLUSÕESA pesquisa de campo exploratória se mostrou a

mais adequada para atingir os objetivos da pesquisa, iden-tificando dificuldades e benefícios da implantação doQFD. Com a análise das respostas dos 8,5% dos questio-nários devolvidos até o momento, foi possível identificaralguns problemas que dificulta o uso do QFD como o fatodas empresas não usarem pesquisas diretas com os clien-tes, optando por técnicas de pesquisa para obter informa-ções por meio de telefone a questionário, o que pode ser

justificado provavelmente para reduzir os custos. As difi-culdades encontradas na implantação do QFD foram: faltade experiência em QFD, dificuldade de interpretar os re-quisitos dos clientes e falta de recursos (humanos e finan-ceiros). A maioria das empresas considera que obteve su-cesso parcial e uma das razões para isso pode ser a falta deexperiência das empresas em usar essa metodologia. Con-clui-se que o efeito do uso do método do QFD nos resulta-dos é satisfatório na maioria das empresas, de acordo comos questionários recebidos até então.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AKAO, Y. Introdução ao Desdobramento da Função daQualidade. Belo Horizonte: Fundação CristianoOttoni, 1996, 187 p.

CAUCHICK MIGUEL, P. A.; CARPINETTI, L. R.Some brazilian experiences on QFD application. In:5th International Symposium on Quality FunctionDeployment, Belo Horizonte, 1999. p. 229-239.

CHENG, L. C. et al. QFD – Planejamento da Qualidade.Belo Horizonte: Editora Líttera Maciel Ltda, 1995,261 p.

EXAME, Melhores e maiores 2000. São Paulo: EditoraAbril, jun. de 2000. Edição especial.

HUNT, R. A. Innovation and strategy and an empiricalstudy of quality deployment methologies.1997, T –Doutorado-Graduate School of Management Mac-quarie Univesity.

MARTINS, A. E.; ASPINWALL, E. Quality functiondeployment questionnaire. School of Manufacturingand Mechanical Engineering. The Univerity of Bir-mingham, Birmingham UK, 1999.

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: edição com-pacta. São Paulo: Atlas, 1996, 270 p.

Figura 1. Benefícios na implantação do QFD.

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ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 1

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISComunicações Orais

Dia 7 • Quarta-feira • 13h30 • Auditório Verde • Taquaral

Coordenadora: Valéria Rueda Elias Spers – UNIMEP

Debatedores: Maria Thereza Miguel Peres – UNIMEPElizabete Stradiotto Siqueira – UNIMEP

CO.83 RECEPÇÃO, UM EXERCÍCIO DE DIÁLOGO: A APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA DEUSO DO VÍDEO NA EDUCAÇÃO. Fernanda Elias Moraes (B) – Curso de Rádio e TV, Maria The-reza Azevedo (O) – Faculdade de Comunicação – FAPIC/UNIMEP

CO.84 ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE SOB O PONTO DE VISTA DA SEXUALIDADE. MatheusManucci Alves (TG) – Curso de Psicologia, Telma R. de Paula Souza (O) – Faculdade de Psicologia,Ana Paula Vedovato Maestrello (TG) – Curso de Psicologia, Brígida Helena de Oliveira (TG) – Cursode Psicologia, Daniela Cristina Gomes de Proença (TG) – Curso de Psicologia, Elizandra Paula Piza(TG) – Curso de Psicologia, Fabrício Diniz Pinto (TG) – Curso de Psicologia, Juliana Barbosa deMello (TG) – Curso de Psicologia, Juliana Cristina Pressutto (TG) – Curso de Psicologia

CO.85 MOVIMENTO HIP-HOP: UM FENÔMENO SUBURBANO. Carolina Sartori (B) – Curso de Psico-logia, Telma Regina de Paula Souza(O) – Faculdade de Psicologia – FAPIC/UNIMEP

CO.86 FORMAÇÕES IDENTITÁRIAS DE MOVIMENTOS JUVENIS: UM ESTUDO SOBRE O MOVI-MENTO HIP-HOP. Priscila Saemi Matsunaga (B) – Curso de Psicologia, Telma Regina de P. Souza(O) – Faculdade de Psicologia – FAPIC/UNIMEP

CO.87 SEXUALIDADE E CASAMENTO: ENTRE-VISTAS. Emelin Coseti Macieu (TG) – Curso de Psi-cologia, Telma R. de Paula Souza (O) – Faculdade de Psicologia

CO.88 SEXUALIDADE E CASAMENTO: UMA VISÃO DE GÊNEROS. Ana Camila Capra (TG) – Cursode Psicologia, Telma R. de Paula Souza (O) – Faculdade de Psicologia

CO.89 A TUTORIA ENQUANTO MODELO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊN-CIAS. Dalila Kotlarenko (B) – Curso e Ciências – Habilitação em Biologia, Yara Lygia Nogueira SáesCerri (O) – Faculdade de Ciências, Matemática e da Natureza – FAPIC/UNIMEP

CO.90 TUTORIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS: UM MODELO PAUTADO NARACIONALIDADE PRÁTICA. Abrahão Gomes de Medeiros (B) – Curso Ciências – Habilitação emBiologia, Maria Inês Freitas Petrucci Santos Rosa (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza –FAPIC/UNIMEP

CO.91 PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS DO EMPREGO RURAL EM PIRACICABA. Marcel Benette(B) – Curso de Ciências Econômicas, Eliana Tadeu Terci (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios,Maria Thereza Miguel Peres (O) – Faculdade de Gestão e Negócios – CONVÊNIO UNIMEP/UNI-TRABALHO

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9º CONGRESSO DE

CO.83

RECEPÇÃO, UM EXERCÍCIO DE DIÁLOGO: A APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE USO DO VÍDEO NA EDUCAÇÃO

FERNANDA ELIAS MORAES (B) – Curso de Rádio e TVMARIA THEREZA AZEVEDO (O) – Faculdade de Comunicação

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A pesquisa Recepção e Realização, um diálogo hipertextual teve como proposta a aplicação de uma metodolo-gia de uso de vídeos para a educação e a análise de sua recepção. Para a observação foi utilizado o vídeo “Imagens daCidade” da professora Maria Thereza Azevedo, produzido pela UNIMEP em convênio com o FNDE.

Com base nas palavras geradoras de Paulo Freire e fundamentada no processo de criação audiovisual, a meto-dologia elaborada para uso no ensino através de audiovisuais, parte do pressuposto que o processo da leitura é seme-lhante ao da criação, já que em ambos coexistem um processo de construção/ desconstrução.

INTRODUÇÃOA pesquisa se desenvolveu em três etapas: a pri-

meira se deu em forma de apropriação de conceitos fun-damentais relacionados ao audiovisual e à educação;numa segunda etapa aplicou-se a metodologia com umgrupo de professores e outro de alunos; uma terceira etapadesenvolveu-se a análise dos resultados da experiência.

Do ponto de vista teórico, uma das referências foi ateoria da montagem do cineasta russo Serguei Eisensteinque almejava um cinema pedagógico, que fizesse pensar.Ele defende a montagem do filme como a forma do pensa-mento humano e pensar a forma de um filme é não se limi-tar a seu conteúdo e sim a suas potenciais conexões.

Outra referência foi Pierre Levy com o conceitode hipertexto que trabalha com o pressuposto de que aoreceber uma mensagem, seja ela de qual natureza for, osindivíduos se remetem à outras armazenadas dentro de simesmos. Segundo LEVY (1993, p.23):

Quando ouço uma palavra, isto ativa imediata-mente em minha mente uma rede de outras palavras, deconceitos, de modelos, mas também de imagens, odores,sensações, lembranças, afetos, etc. CITAÇÃO CURTA.FORA DE PADRÃO

Também Umberto Eco e seu conceito de obraaberta nos propõe deixar espaços para que o outro, aqueleque vê/lê complete a obra. A idéia de que ao pensar sobreo que se vê esteja garantido um possível diálogo e intera-ção com a obra.

Paulo Freire que tem na palavra a chave para o diá-logo, com a dimensão de ação e reflexão, proporcionou acompreensão das palavras geradoras, utilizadas na meto-dologia de uso. As palavras trazidas por cada um dos parti-cipantes ao grupo, carregam em si um pedaço de quem apronunciou, abrindo assim espaço para a troca de experiên-cias. Trabalhamos também com Vygotsky, que defende aidéia de que nenhuma aprendizagem é possível se não hou-ver um espaço guardado em nossas mentes para as referên-cias, para as conexões, um lugar onde se armazena signifi-cações. Ele também tem na palavra a peça fundamentalpara o desenvolvimento, acreditando que é da interaçãocom o outro que se processa o conhecimento.

MÉTODOSA metodologia elaborada para uso do vídeo na

educação, consiste basicamente na apresentação de um ví-

deo, no caso o “Imagens da Cidade”, e o diálogo comquem o assiste. Este diálogo é desencadeado da seguintemaneira: cada pessoa, depois que assiste ao vídeo, inteiroou uma sequência com uma lógica interna, escreve numafolha em branco uma palavra, a que vier à mente. A partirdas palavras apresentadas ao grupo, são feitas as conexõescom o vídeo e com o universo daquelas pessoas, numaconstrução muito semelhante ao processo de montagemaudiovisual. Podemos observar que a palavra funcionacomo tema gerador. Cada palavra trazida ao grupo peloindivíduo é uma parte dele e de suas relações com o uni-verso em que vive. Para FREIRE (1987, p.98) “O temagerador não se encontra nos homens isolados da realida-de, nem tampouco na realidade separada dos homens. Sópode ser compreendido nas relações homens mundo”.

DESENVOLVIMENTOPara aplicação do método contatamos a Delegacia

de Ensino de Piracicaba e formamos um grupo de 21 pro-fessores – coordenadores de diferentes áreas do EnsinoFundamental da Rede Pública de Ensino e um grupo de14 alunos de graduação do último ano do curso de Rádio eTV da Faculdade de Comunicação da UNIMEP.

Com o grupo dos professores, iniciamos com umabreve apresentação da proposta do trabalho, o que pretendí-amos, porque de escolhemos SEM SENTIDO um frag-mento ao invés do vídeo todo e a importância de cada ele-mento que compõe um produto audiovisual. Feito isso, exi-bimos o fragmento de aproximadamente dois minutos.Após a exibição passamos uma folha em branco e pedimosque cada um escrevesse a palavra que lhes fosse sugeridapelas cenas do vídeo. Cada palavra desencadeou uma dis-cussão em que foram sendo agregadas outras palavras.

Com os alunos de graduação, ocorreu o mesmoprocedimento: a exibição, a escrita das palavras e a dis-cussão que levou à conexões entre as palavras vindas daplatéia e o vídeo.

RESULTADOSApós a resistência de alguns professores em aceitar

a proposta da metodologia, as palavras vindas do grupo re-velaram o contexto em que eles estavam inseridos. Doisprofessores trouxeram após a exibição do fragmento, a pa-lavra dificuldade, que para eles sintetizava um aspecto daseqüência apresentada do vídeo. Na cena aparece o filho de

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uma família de bóias frias lendo para a mãe com muita difi-culdade, quase que soletrando um trecho do livro "Os Ser-tões" de Euclides da Cunha. Um segundo aspecto da difi-culdade aparece na cena em que duas meninas estão nomuseu observando uma cadeira e uma delas quer sentar-see é contida pela diretora que revela a origem da cadeira "doséculo XIX em que as mulheres se sentavam para os borda-dos". Aqui a dificuldade de compreensão do significado/im-portância da cadeira. Ao trazer a palavra dificuldade sugeri-da pelo vídeo e associada ao seu universo, os professoresacabaram levantando questões que eles próprios, enquantoclasse, enfrentam na prática do ensino, as dificuldades en-contradas no dia a dia como: o baixo salário, a falta de moti-vação, o desinteresse dos alunos.

No fragmento apresentado além da leitura de umtrecho do livro "Os sertões" que narra o massacre de Ca-nudos, há um diálogo de uma família de bóias frias sobreos sem terra. Isso fez com que os professores associassemeste tema à questões enfrentadas pela população piracica-bana. Uma professora observou, por exemplo, o recentecaso da instalação da Carioba II em nossa região e as con-seqüências que isso acarreta. A associação se deu entre aluta do povo de Canudos com a dos bóia- frias e a dosSem Terra e a luta dos cidadãos de Piracicaba e regiãocontra Carioba II.

Com os alunos de graduação vale ressaltar comoexemplo a palavra educação vinda com o sentido de ca-rência, quando uma aluna reportou questões relacionadasao analfabetismo que ela própria enfrentava em sua famí-lia, ou seja, para ela, educação neste caso, está associada àfalta de alfabetização ou seja o analfabetismo. A palavraeducação no sentido de falta, surgiu a partir da cena obser-vada, a dificuldade de leitura do rapaz bóia fria de um tre-cho de um livro.

CONCLUSÕESO projeto teve como objetivo a aplicação de uma

metodologia de uso de vídeos para a educação, que con-siste na análise de sua recepção e seus desdobramentos.

O uso desta metodologia nos levou a constatação,de que a palavra despertada pelo vídeo e trazida ao grupo,ao ser trabalhada, é possível fazer as conexões entre as vi-vências de cada um e as imagens e idéias contidas no ví-deo. FRASE SEM SENTIDO Por exemplo, o professorque levantou a palavra dificuldade, fez uma associaçãocom a dificuldade de comunicação entre pai e filho nacena do vídeo com as dificuldades que ele encontra no en-sino, na relação com seus alunos.

Isso demonstra que o conceito de hipertexto de Pi-erre Levy é propício à observação, pois ressalta que ao re-cebermos uma mensagem seja ela através dos sons, dasimagens, das palavras, elas tem o potencial de despertarem nós conexões com mensagens internas, pessoais decada um, nos ajuda a explicar o processo de recepção au-diovisual. Por outro lado, a idéia de palavras geradoras dePaulo Freire, funcionando também como um hipertexto,tem a mesma qualidade. Ou, quando falamos em obraaberta, estamos falando de uma construção não linear ouhipertextual que deixa espaço para o outro participar e nãoa apresentação de um raciocínio pronto e acabado comoum pacote fechado. Também a teoria da montagem, como

fluxo de pensamento, de Eisenstein baseada no monólogointerior, conceito também utilizado por Vygotsky, nos aju-dou a compreender o processo de montagem audiovisualdesta natureza e a sua recepção.

Enfim, a conclusão de que é possível através dapalavra relacionar experiências das pessoas com o vídeo,das pessoas com suas particularidades desde que um pro-cesso dialógico seja desencadeado visando proporcionaruma leitura mais eficaz.

Porém acredito que seja necessário realizar maispesquisas para o aprofundamento da questão, já que con-cluir pressupõe fechar uma questão, e essa me parece umaquestão que não se pode fechar.

NA CONCLUSÃO A ALUNA APONTA RE-SULTADOS E ANÁLISES BASEADAS EM METO-DOLOGIA DESENVOLVIDA POR VÁRIOS AUTO-RES. Mas no item metodologia essas autores não estãoapontados como fazendo parte da metodologia utilizadana análise. Os autores e suas implicações metodológicasdevem estar no item métodos. Na realidade, a aluna modi-ficou o primeiro artigo, colocando o que se encontrava mametodologia na Introdução. Não há motivo para isso. Ométodo tem que estar no item método. Sugiro voltar à es-trutura anterior, que está melhor. A aluna deveria ater-se àsobservações feitas sobre as modificações necessárias. In-clusive, para evitar passagens sem sentido, ao invés demodificar a redação, a aluna suprimiu passagens impor-tantes. Ela deve incluir o que estava anteriormente no tex-to, com uma redação mais adequada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDELARI, Achilles. Imagens da Cidade: Memória e Tra-

vessia. Piracicaba. 1998.

ECO, Umberto. A obra Aberta. São Paulo: Perspectiva.1976.

EISENSTEIN, S. A forma do filme. Rio de Janeiro: JorgeZahar, 1990.

FONSECA, Maria Thereza Azevedo. Realização eRecepção, um exercício de leitura. Revista de Comu-nicação e Educação. São Paulo: ECA/ USP,nº12.p.35/42, 1998.

............................ Imagens da Cidade, vídeo e história emconstrução para o Ensino Fundamental. Tese deMestrado. São Paulo: ECA/ USP, 1998.

...................................... Recepção e Realização, um diá-logo hipertextual. Projeto de Pesquisa: Faculdade deComunicação/ UNIMEP, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1987.

LEVY, Pierre. A metáfora do hipertexto. In: Tecnologiasda Inteligência: o futuro do pensamento na era dainformática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

OSTROWER, Fayga. Acasos e Criação. Rio de Janeiro:Campus, 1995.

VYGOSTKY, L. S. Pensamento e Linguagem. SãoPaulo: Martins Fontes, 1993.

216 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.84

ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE SOB O PONTO DE VISTA DA SEXUALIDADE

MATHEUS MANUCCI ALVES (TG) – Curso de PsicologiaTELMA R. DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia – Campus Taquaral

ANA PAULA VEDOVATO MAESTRELLO (TG) – Curso de PsicologiaBRÍGIDA HELENA DE OLIVEIRA (TG) – Curso de Psicologia

DANIELA CRISTINA GOMES DE PROENÇA (TG) – Curso de PsicologiaELIZANDRA PAULA PIZA (TG) – Curso de PsicologiaFABRÍCIO DINIZ PINTO (TG) – Curso de Psicologia

JULIANA BARBOSA DE MELLO (TG) – Curso de PsicologiaJULIANA CRISTINA PRESSUTTO (TG) – Curso de Psicologia

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi a análise, numa perspectiva sócio-culturalista, sob o ponto de vista da teoriaReichiana, da personalidade de um coletivo de adolescentes brasileiros em relação à sua sexualidade. Dezesseis adoles-centes, 08 do sexo feminino e 08 do sexo masculino, numa faixa etária entre 12 e 21 anos, submeteram-se a uma entre-vista semi-dirigida, gravada e transcrita, respeitando as normas éticas de pesquisa com seres humanos. As respostas foramagrupadas e correlacionadas entre si de acordo com os seguintes eixos temáticos: Sexo, Educação Sexual, Casamento,Homossexualidade, AIDS, Prostituição/ Adultério e Aborto, a fim de serem analisadas. As respostas dos entrevistadosapresentaram características que indicam uma estética de vida controlada pela estrutura social e formada pela ideologiacapitalista. A elaboração da análise interpretativa revelou conceitos, valores e princípios que, baseados na educação morale na religiosidade, contribuem para a reprodução da estrutura sócio-econômica vigente e fortalecem a repressão sexual.Concluiu-se que, enquanto a ideologia dominante estiver recalcada na mente e no cenário de vida dos indivíduos, ou seja,no seu cotidiano, a repressão e a dificuldade de brotar a sexualidade como algo natural se perpetuarão.

INTRODUÇÃOA sexualidade foi um dos temas da década de 60 do

século XX. Os movimentos de contracultura hippies busca-ram mudanças sociais e levantaram a bandeira da paz e doamor livre. A invenção da pílula contraceptiva promoveu,além da possibilidade de evitar a gravidez-não-desejada,vantagens à saúde da mulher e à sua posição social. Qua-renta anos se passaram até a chegada do terceiro milênio,aguardado com grandes expectativas acerca da evolução dahumanidade, na sua forma de pensar o mundo e de se rela-cionar com o outro. Nosso tempo atual, caracterizado pelaexpansão dos meios de comunicação de massa, possibilita-ria ao adolescente – como segunda geração pós "revoluçãosexual" e vivendo um momento propício para a formulaçãode críticas e oposições às situações de opressão – maior co-nhecimento e liberdade para conceber e vivenciar sua sexu-alidade de forma responsável. No entanto, o sistema capita-lista vigente pode representar um grande empecilho paraque isso aconteça. Adorno (1995) afirma que é necessáriocontrapor-se à cega supremacia de todas as formas de cole-tivo. Reich (1972, 1988, 1992, 1996,) estabelece relações,em seus estudos, entre Economia Sexual, Sistema Capita-lista e Repressão Moral (através das instituições primárias)em que o adolescente vive o conflito entre pulsões sexuais eos interditos morais à sexualidade, além de ser desvaloriza-do nas relações produtivas. O presente trabalho teve comoobjetivo a análise, numa perspectiva sócio-culturalista, dapersonalidade de um coletivo de adolescentes brasileirosem relação à sexualidade.

MATERIAL E MÉTODOSUtilizou-se uma amostra de 16 adolescentes, entre

12 e 21 anos de idade, sendo 08 do sexo masculino e 08do sexo feminino. Entre 12 e 15 anos, foram entrevistados

6 sujeitos e, com idade acima de 15 anos, foram 10 os en-trevistados. Todos estudantes, variando do ensino funda-mental ao ensino superior. Quanto a atividade profissio-nal, apenas 05 trabalhavam. No que diz respeito à religião,09 eram católicos, 04 eram protestantes e 03 não freqüen-tavam nenhum grupo religioso. Quanto à classificação fi-nanceira, 11 classificaram a sua situação como “média”,03 classificaram como “média baixa” e 02 classificaramcomo “média alta”. Quanto à participação política, 07 res-ponderam que possuem uma participação política, no en-tanto, referiram-se mais ao ato de votar do que a uma filia-ção em partidos.

O instrumento para a coleta de dados foi a entre-vista semi-dirigida. Utilizou-se gravador para registrar asinformações e transcrevê-las integralmente.

Cada uma das entrevistas foi convertida em tabe-la, contendo a descrição do entrevistado quanto aos temasabordados e aos eixos de análise (Sexo, Educação Sexual,Casamento, Homossexualismo, AIDS, Prostituição/Adul-tério e Aborto), nos quais as respostas individuais foramagrupadas. Assim sendo, as entrevistas foram correlacio-nadas entre si para que pudéssemos obter uma visão sobreos significados presentes nas respostas dos sujeitos em re-lação aos eixos temáticos. Com esses dados, partiu-separa a análise interpretativa dos mesmos tendo como baseteórica obras de Reich.

RESULTADOS E DISCUSSÕESApós todas as respostas dos entrevistados terem

sido correlacionadas entre si e agrupadas em eixos temáti-cos, constatou-se que o SEXO é concebido como uma re-lação que envolve afetividade e respeito mútuo. Demons-traram estranhamento ao sexo sadomasoquista, oral eanal. A preocupação com o que seria certo ou errado reve-

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lou o aspecto conservador proveniente dos interditos mo-rais produzidos pela família, escola, igreja e Estado. Essasinstituições promovem uma EDUCAÇÃO SEXUAL quemuitas vezes apresenta a sexualidade de forma negativa,vulgar e perversa, limitando-se à informação superficial eàs campanhas de prevenção das DSTs, que não impedema proliferação de DST´s e a gravidez na adolescência. Se-gundo Reich (1992), a educação sexual serve como formade controle que torna incapaz a função natural da sexuali-dade e impede que as tensões sejam desfeitas. Os adoles-centes também receberam educação sexual nas “rodas” deamigos mais velhos, quando estes comentavam suas expe-riências. O CASAMENTO é conceituado como um com-promisso permanente que deve ser vitalício e monogâmi-co. A separação do casal seria conseqüência do adultério.Todos os entrevistados pretendem se casar um dia. Pode-se afirmar que a vontade de se casar está relacionada a ex-pectativa sócio-cultural em relação à vida adulta. Reich(1972) afirma que o não direito à sexualidade pode causargravíssimas perturbações do aparelho psíquico do adoles-cente e defende uma vivência sexual responsável na ado-lescência. De uma forma geral, a HOMOSSEXUALIDA-DE foi condenada, tanto a feminina quanto a masculina,contudo, há maior aversão à segunda. Dos entrevistados,50% concordaram com o direito de um casal homossexu-al querer adotar uma criança, no entanto, questionaram aforma de criação e educação da mesma. Os outros discor-daram radicalmente dessa possibilidade. Para Reich(1972, 1996), as decepções de afeto na infância e a educa-ção sexual repressiva são fatores determinantes da homos-sexualidade, considerada como forma anormal de desen-volvimento sexual. É a própria estrutura social que cons-trói o caráter de cada indivíduo. Quanto à AIDS e às ou-tras doenças sexualmente transmissíveis, percebeu-se queas respostas eram muito semelhantes às informações con-tidas em folders explicativos de prevenção à AIDS. Aliás,os entrevistados expressaram pouca preocupação com aexistência de outras doenças venéreas, que não a AIDS.Reich chama a atenção para o perigo de contágio que hánas relações sexuais que descartam o ‘conhecimento dooutro’, que ocorrem entre pessoas que mal se conhecem.A verdadeira causa das doenças venéreas seria a institui-ção casamento, pois como ‘instituição’, requer uma ’or-dem’, não permitindo a expressão do desejo sexual poroutra pessoa que não o seu cônjuge. É nesse contextoproibitivo que muitos contraem as doenças, através daprostituição e adultério, transmitindo-as ao seu cônjuge ouparceiro. A PROSTITUIÇÃO E ADULTÉRIO são for-mas de relacionamento reprovadas pelos entrevistados,pois são consideradas desvirtuosas e contradizem o amor.Acreditam que o casal deve satisfazer-se plenamente paraque não ocorra desejo de relações extraconjugais. Segun-do Reich (1988), as relações sexuais livres, além de redu-zirem os casos de doenças venéreas, eliminam a prostitui-ção. O ABORTO é apoiado pela maioria dos entrevistadosapenas nos casos permitidos pela lei, ou seja, quando agestação envolve risco à criança e/ou à mãe, e também noscasos de estupro. Reich acredita que a lei é uma forma demanter um maior controle das relações sexuais entre os jo-vens (mediado pelo medo de uma gravidez e de não poderinterrompê-la). Além disso, ele leva em conta a realidade

sócio-econômica e psicológica da mulher envolvida nestasituação. Ela, e somente ela, teria o direito de definir o nú-mero de filhos e até mesmo se deseja ou não tê-los.

CONCLUSÃOA pesquisa realizada, revelou, portanto, que os

adolescentes, em pleno século XXI, mostraram uma mu-dança quase que imperceptível frente aos valores que en-volvem a sexualidade. Tal comprovação é fruto do sistemacapitalista, que não promove a formação de indivíduos au-tônomos e sim a “deformação da consciência”, criandouma massa uniforme constituída por indivíduos reguladosmoralisticamente e, como tais, reproduzem o próprio sis-tema, tanto nas macro-estruturas como na vida íntima. En-quanto a ideologia dominante estiver recalcada na mente eno cenário de vida dos indivíduos, ou seja, no seu cotidia-no, a repressão e a dificuldade de tratar a sexualidadecomo algo natural, se perpetuará.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAADORNO, T.W. Palavras e Sinais: Modelos Críticos.

Rio de Janeiro, 1995

REICH, Wilhelm. A Função do Orgasmo. 17ª ed. SãoPaulo: Brasiliense, 1992

REICH, Wilhelm. A Revolução Sexual. São Paulo: Cír-culo do Livro, 1966.

REICH, Wilhelm. O Combate Sexual da Juventude, SãoPaulo, 1972

REICH, Wilhelm. Psicologia de Massas do Fascismo.São Paulo: Martins Fontes, 1988

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9º CONGRESSO DE

CO.85

MOVIMENTO HIP-HOP: UM FENÔMENO SUBURBANO

CAROLINA SARTORI (B) – Curso de PsicologiaTELMA REGINA DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é, através do movimento hip-hop de Piracicaba, compreender os significados das rela-ções grupais, quais sentidos e formas de expressão constituem a partir de suas formações, e como os indivíduos, ligadosao movimento hip-hop, se reconhecem e são reconhecidos pela sociedade, enquanto um movimento juvenil que buscamodificar o cenário social. Os dados estão sendo coletados através de observações no campo de investigação e por entre-vistas semi-dirigidas e abertas. As entrevistas foram gravadas e transcritas, posteriormente, iniciamos o trabalho de aná-lise descritiva dos dados, para então partirmos para a análise interpretativa dos mesmos. O trabalho de análiseinterpretativa tem como referencial teórico uma bibliografia referente aos movimentos juvenis e à juventude. A partir dasentrevistas, percebe-se a grande importância dada às questões de exclusão social, à discriminação e ao preconceito vivi-dos cotidianamente em uma sociedade que, embora constituída por uma diversidade racial e cultural, pouco se preocupacom as questões de igualdade e cidadania. A reivindicação desses direitos, são expressas através dos elementos que com-põem o movimento hip-hop, denominado por eles como cultural, o grafite, o break, e o rap, composto pelo dj e o mc.

INTRODUÇÃOPara realização desta pesquisa – que não se finaliza

nesse um ano de estudos, tendo portanto, continuidade –que tem como base o projeto da orientadora (Formaçõesidentitárias de grupos e comunidades singulares: o esgota-mento do individualismo moderno e os sentidos dos co-munitarismos atuais), foi necessário recorrer a uma biblio-grafia que tratasse das questões referentes à juventude eaos movimentos juvenis. Algumas de nossas referenciasforam Abramo 1994, Sousa 1999, Morin 1986- 1990, Me-lucci 1997, Diógenes 1999, entre outros. Nosso enfoquenas questões juvenis está relacionado ao fato do jovem sercompreendido como um indivíduo que busca, através degrupos, o reconhecimento de uma identidade singular euma ampliação de sua participação na sociedade e, por is-so, na maioria das vezes, é visto como um “portador” deuma condição na qual a crise é posta como central.

Através das leituras, foi possível perceber que osjovens, principalmente após a Segunda Guerra Mundial,vêm conquistando espaços para participação no cenáriosocial; essa participação se configurou dentro dos chama-dos movimentos juvenis. A partir de então, os movimen-tos juvenis ganham maior importância e visibilidade, jáque suas formas de reivindicação e denuncia social se ex-pressam das mais diversas formas.

Em nossos estudos, buscamos reconhecer, a partirdesses movimentos juvenis, a importância de se estar en-gajado em grupos, para então, compreender como se con-figuram esses movimentos, que sentidos constróem a par-tir de sua formação, tentando, ainda, identificar como sãoreconhecidos pela sociedade e como se caracterizam suasformas de expressão.

A relevância desse estudo está não só no fato detentarmos compreender e, talvez, modificar quadros deexclusão social, mas por tentarmos, também, apontar paranovas questões referentes aos movimentos sociais, em es-pecial o movimento hip-hop.

MATERIAIS E MÉTODOSO enfoque dado nessa pesquisa ao movimento

hip-hop se definiu a partir do reconhecimento dos movi-

mentos juvenis existentes em Piracicaba e em cidades pró-ximas, em que os grupos de rap aparecem de forma maisrepresentativa, tendo uma grande quantidade de partici-pantes que atuam, muitas vezes, no cenário social das pe-riferias da cidade.

Dentre os muitos grupos de rap que existem emPiracicaba, escolhemos os indivíduos que nos foram apre-sentados como os fundadores do hip-hop em Piracicaba.Esses indivíduos compõem a diretoria da posse Associa-ção Revolucionária (A.R.), que busca, através de um esta-tuto, se legitimar enquanto uma entidade social. A direto-ria é formada por homens, na maioria, brancos, numa fai-xa etária de 20 à 25 anos.

Sendo esses jovens os representantes do movimen-to hip-hop em Piracicaba, buscamos fazer contato, marcan-do encontros e agendando entrevistas, primeiramente comos quatro integrantes da Diretoria da A.R. e, posteriormente,com outros que se destacam no movimento.

Os dados necessários para os nossos estudos estãosendo coletados através de observação do campo de investi-gação e entrevistas semi-dirigidas e abertas. Essa forma deentrevista nos possibilita uma situação de relação interpes-soal, estabelecendo, assim, um diálogo aberto que proporci-ona uma interlocução sem constrangimento e censura.

Para se garantir dados relevantes ao estudo, foielaborado um roteiro que nos orienta nas entrevistas, essecontém quatro eixos temáticos: história de vida, participa-ção em movimentos sociais e sobre o hip-hop, idéias e va-lores sociais.

Após a realização das entrevistas, que foram gra-vadas com a autorização do entrevistado, transcrevemosas fitas para então iniciarmos o trabalho de análise descri-tiva dos dados e, posteriormente, uma análise interpretati-va, que implica em uma compreensão teórica sobre o fe-nômeno estudado. Todos os procedimentos realizados res-peitam as normas éticas de pesquisa com seres humanos.

DISCUSSÕES (PRÉ-ANÁLISE)O movimento hip-hop surge no Brasil no final da

década de 80, como movimento que se preocupa com aconscientização das classes mais baixas economicamente;

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surge como uma forma de expressão e atuação social paraaqueles que vivem distanciados das questões políticas, so-ciais e culturais. Através de seus quatro elementos: break,grafite e rap (dj e mc), busca dar uma opção de melhoriade qualidade de vida e conscientização àqueles que habi-tam as periferias. Nesse sentido, o movimento hip-hop emPiracicaba também se preocupa com as questões de infor-mação e conscientização social, trabalho que é realizado,por parte de seus membros, através de palestras em esco-las das periferias da cidade. Pretendem, com isso, falar namesma “língua” dos alunos, para que, assim, a informa-ção possa ser compreendida. As letras de rap também in-dicam a preocupação que se tem em cantar aquilo que sevive quotidianamente; a realidade é descrita através damúsica. As formas de opressão, a violência policial, assimcomo a precária qualidade do ensino são preocupaçõespostas tanto nos rap’s como nos grafites. A escola, apesarde seus limites, é entendida como um meio de informaçãode maior importância, uma vez que, para produzirem umamúsica com efeito de conscientização, devem ter conteú-do histórico e geográfico. Dentre essas questões, os entre-vistados também destacam o preconceito racial, emboraas questões do negro, muitas vezes, são bem menos res-saltadas, fato que talvez contradiga sua origem nos E.U.A.e a idéia de serem o principal movimento negro atual.

Sendo assim, os membros do movimento hip-hopde Piracicaba ressaltam que há uma diferença do rap exis-tente no Brasil e nos Estados Unidos, destacam também aquestão da influencia da mídia no movimento hip-hop dosEstados Unidos e já discutem a preocupação que têm comaqueles que, para terem um espaço no mercado musical,acabam “pregando” a favor das drogas e da violência.

Percebemos, nos discursos analisados, que, embo-ra o engajamento em partidos políticos, seja visto comonegativo para os hip-hoppers, não deixam de destacar aimportância de ter aliados de partidos, sejam eles de direi-ta ou esquerda, desde que esses tragam favorecimentos aomovimento, ajudando-os na conquista de seus objetivos,que, no momento, é conseguir um espaço social reconhe-cido através de um estatuto que lhes dê total liberdade en-quanto uma organização não governamental que possatrazer benefício social aos manos da periferia.

CONSIDERAÇÕES FINAISO hip-hop busca, através de suas formas de ex-

pressão, ser uma alternativa de sociabilidade aos jovensmarginalizados pelo sistema sócio-econômico e político.

Os dados nos mostraram que a exclusão social im-pulsiona muitos jovens a buscar meios para serem reconhe-cidos enquanto cidadãos. Ser protagonista de movimentosjuvenis se torna um meio para alcançar o reconhecimentosocial, além de ser um meio para conquista de uma identida-de que, sem o uso pleno de seus direitos, se torna negativa.

Através dos movimentos juvenis torna-se mais fá-cil construir formas de relação menos excludentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

ABRAMO, Helena Wendel. Cenas juvenis: punks edarks no espetáculo urbano. São Paulo: Scritta/Anpocs, 1994.

DIÓGINES, Glória. Grupos Identitários e FragmentaçãoSocial: A Violência como “Marca”. Santos, José J.Tavanes. Violência em tempo de globalização. SãoPaulo: Hucitec, 1999 (164-182)

MELUCCI, A. Juventude, tempo e movimentos sociais,in Revista Brasileira de Educação. Juventude e con-temporaneidade. N 5 e 6, mai., jun., ago., set., out.,nov., dez., 1997 (05-14)

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espí-rito do tempo I: neurose. Rio de Janeiro: ForenseUniversitária, 1990.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espí-rito do tempo II: necrose. Rio de Janeiro: ForenseUniversitária, 1986.

SOUSA, Janice T. Ponte de. Reinvenções da utopia: amilitância política de jovens nos anos 90. São Paulo:Hacker Editores, 1999.

220 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.86

FORMAÇÕES IDENTITÁRIAS DE MOVIMENTOS JUVENIS: UM ESTUDO SOBRE O MOVIMENTO HIP-HOP

PRISCILA SAEMI MATSUNAGA (B) – Curso de PsicologiaTELMA REGINA DE P. SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A presente pesquisa é um desdobramento da pesquisa "Formações identitárias de grupos e comunidades sin-gulares: o esgotamento do individualismo moderno e o sentido dos comunitarismos atuais", que vêm sendo realizadapela professora orientadora. O estudo, aqui apresentado, pretende investigar as formações identitárias do movimentojuvenil hip-hop e, sendo assim, estamos traçando um caminho "paralelo" ao da pesquisa inicial, construindo nossaspróprias análises. O levantamento bibliográfico, as leituras sistematizadas e as entrevistas abertas semi-dirigidas nor-teiam a realização de nossos estudos. Um roteiro elaborado e estudado, em que constam tópicos que devem ser abor-dados nas entrevistas, é utilizado na coleta de dados; além da constante observação de dados relacionados à juventudee ao movimento hip-hop que são apresentados pelos veículos de comunicação. Uma versão preliminar da análise dosdados vêm sendo realizada, na qual discutimos a relação entre o hip-hop e a luta negra, já que este movimento possuiem sua origem, nos Estados Unidos e no Brasil, influências da cultura negra e das reinvindicações por cidadania eigualdade realizadas pela camada da população pobre e negra.

INTRODUÇÃOA busca pelo reconhecimento mútuo e produção

de símbolos comuns impele ao homem o estabelecimentode determinadas formas de convívio social. A partir dasindagações sobre o quotidiano e as formas de relações so-ciais, procuramos, através desse estudo, compreender associabilidades construídas pela juventude. A juventude,muitas vezes compreendida e estudada como uma condi-ção cristalizada, detentora de uma essência, emerge nosestudos das sociedades modernas como uma construçãosócio-histórica, capaz de perpetuar ou refutar os sistemasde valores presentes em nossas sociedades (ABRAMO,1994; DIÓGENES, 1998; LEVI e SCHMITT, 1996;SOUSA, 1999). Assim, com a intenção de compreenderas relações sociais buscadas por esse segmento procura-mos investigar as formações identitárias do grupo de jo-vens hip-hoppers. Esse grupo de jovens, em sua maioriapobres e excluídos, procuram, através de expressões artís-ticas, como a dança (break), a música (rap) e o grafite(ANDRADE, 1996; PIMENTEL, 1997), expressarem-sequanto à insatisfação e descontentamento frente às condi-ções de vida que são a eles destinadas e propõem convívi-os sociais baseados na igualdade e solidariedade. Atravésde espetáculos urbanos, esta camada da população rein-vindica: escolas, empregos e melhores condições de vidae que, muitas vezes, estão ligadas a uma tentativa de inclu-são no mercado de consumo (MORIN, 1986, 1990). Soli-dariedades surgem entre os jovens pobres, o que perpetuauma das razões da origem do movimento hip-hop, emboranos hip-hoppers de Piracicaba não se observe a denúnciaem relação à discriminação racial e a valorização da cultu-ra negra, outro fator pertencente ao movimento em suaorigem. Um dos eixos temáticos está relacionado ao dis-curso contra o racismo, que pode ser observado nos gru-pos de São Paulo, e que não é tão constantemente proferi-do em Piracicaba. Isso demonstra uma particularidade doship-hoppers de Piracicaba, e que talvez esteja relacionadacom as situações e experiências de nossos entrevistados jáque a maioria dos jovens que estão tentando organizar o

movimento no interior do Estado, mesmo sendo das cha-madas classes populares, como se vê em outras regiões,não é predominantemente negra.

MATERIAL E MÉTODOSPara a efetivação dessa pesquisa foram realizadas,

até o momento, sete entrevistas com jovens entre 19 e 26anos, do sexo masculino, representantes do hip-hop emPiracicaba. Esses jovens foram escolhidos à medida emque são eles que possuem maior visibilidade no cenáriojuvenil hip-hopper e que estão procurando organizar omovimento na cidade. Para a coleta de dados foram utili-zadas entrevistas abertas semi-dirigidas, contando comum roteiro pré-estudado pelas pesquisadoras, com os se-guintes tópicos: história de vida, participação em movi-mentos sociais, sobre o movimento atual (hip-hop) e idéi-as e valores sociais. Após a transcrição das entrevistas foirealizada a análise descritiva dos discursos, que consisteno agrupamento dos relatos em eixos e unidades temáti-cas. A análise interpretativa, produzida através do diálogoentre os estudos desenvolvidos e os relatos dos sujeitosentrevistados, está sendo efetivada. É importante ressaltarque as análises, descritiva e interpretativa, são concebidase revisionadas à medida em que o repertório teórico e asentrevistas se ampliam.

DISCUSSÕESO movimento hip-hop surge nos Estados Unidos,

à medida em que negros e latinos dos guetos nova iorqui-nos tentam ganhar visibilidade no "outro lado da cidade"(DIÓGENES, 1998). Através do espetáculo urbano, essesjovens "pulam" os muros da periferia e se mostram comsuas roupas, músicas, danças, "estilos de vida" para toda asociedade e reivindicam relações sociais baseadas emigualdade e solidariedade. Aqui, no Brasil, São Paulo seconfigura como berço do hip-hop. O break, um dos ele-mentos desse movimento, ganha espaço na Estação SãoBento. Essa dança, em que os passos são quebrados,emerge como possibilidade de diminuição das brigas en-tre gangues, na medida em que os grupos rivais "duelam"

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 221

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através da dança, com a exibição dos melhores passos, enão mais corpo a corpo. O rap, estilo musical que compõeo movimento hip-hop, se efetiva como uma possibilidadedos jovens relatarem à sociedade as condições de vida, aviolência policial e a exclusão econômica em que estãosubmetidos. Através do rap, os jovens pobres e excluídosse identificam e se reconhecem na letra das músicas tra-tam do quotidiano da periferia e constroem laços de soli-dariedade. No rap encontramos a figura do MC (mestre decerimônia) e o DJ (disque jóquei). São eles que dizem eescrevem (MC) sobre sua condição e transformam esseprotesto em música e poesia, que é proferida em bases rít-micas construídas pelos DJs. As pichações, realizadas nosmuros das cidades, em que a assinatura do pichador (tag),é o único elemento, são somados a desenhos e cores, to-mando a forma do grafite, que é concebido, após a inser-ção desses outros elementos, como arte visual. O grafitepossibilita que o jovem da periferia se "faça ver" no centroda cidade e assim, "invade" o território das pessoas quepossuem melhores condições econômicas. Esses elemen-tos – MC, DJ, break e grafite – que são construídos sepa-radamente, se unem para caracterizar o movimento hip-hop. As primeiras manifestações do rap não tinham a pre-ocupação com a denúncia da exclusão e o quotidiano daperiferia e estavam muito ligadas ao entretenimento e la-zer. Quando os rappers nova ioquirnos adotam uma pos-tura mais contestadora no Brasil ocorre também essa "mu-dança". Há, então, uma preocupação maior com a valori-zação da cultura negra e o discurso protestando formas derelações sociais instituídas. Os bailes blacks emergemcomo "lugar" em que a população da periferia, em suamaioria negra, obtém informações e discute a sua condi-ção de exclusão sócio-econômica. Ainda que, em SãoPaulo, no início, os discursos se assemelhem com os pro-feridos pelos hip-hoppers nova iorquinos, em Piracicaba,ele surge com outras tonalidades. A valorização da culturanegra, como é percebida em algumas posses em São Pau-lo, não é tão evidenciada nas discussões que ocorrem nointerior do Estado. Em Piracicaba há a tentativa de se or-ganizar o movimento hip-hop e de se efetivar ações filan-trópicas, como nossos entrevistados relatam, porém, até omomento, os discursos nos apontam que a luta negra, umadas reivindicações presentes na origem do hip-hop nosEstados Unidos, e incorporada inicialmente em nosso pa-ís, é pouco acentuada nos discursos dos brancos que estãoorganizando o movimento em Piracicaba. A luta por con-dições de trabalho, escola, saúde, moradia se intensificano discurso pela cidadania, evidenciando a tentativa de in-clusão social, muitas vezes agregada à tentativa de partici-par do mercado de consumo. Ainda que em seus discursospercebemos uma intenção de refutar as relações sociaisvigentes, que estão pautadas no acúmulo de capital, evi-dencia-se, em alguns relatos, a dor por não participar des-sas relações, já que são excluídos e marginalizados. Pode-mos pensar como o movimento hip-hop, então, se mostracomo possibilidade de um estilo de vida que pode estarassociado à um espetáculo urbano, estético, no qual jo-vens expressam a sua revolta em relação à sociedade. Asanálises aqui apresentadas estão sendo desenvolvidas epodem sofrer alterações. Vale ressaltar que outros aspec-

tos do movimento hip-hop poderão ser analisados à medi-da em que o campo investigativo seja ampliado.

CONSIDERAÇÕES FINAISEm nossos estudos podemos observar como a ju-

ventude pobre e excluída procura ganhar visibilidade e serreconhecida por nossas sociedades através de espetáculosestéticos-artísticos que, em muitos casos, denunciam ascondições de vida excludentes. Procuram, através dessasmanifestações, a inclusão na sociedade, que está sendo,cada vez mais, regida pela indústria cultural e de consu-mo, o que ressalta uma contradição em relação às propos-tas realizadas pelos hip-hoppers, que enfatizam a impor-tância da igualdade e solidariedade nas relações sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMO, Helena Wendel. Cenas juvenis: pundarks no espetáculo urbano. São Paulo: ScAnpocs, 1994.

ANDRADE, Elaine Nunes. Movimento negro juvum estudo de caso de jovens rappers de Sãonardo do Campo. São Paulo, Faculdade de Edção-USP, dissertação de mestrado, 1996.

DIÓGENES, Glória. Cartografias da cultura e da vicia: gangues, galeras e o movimento hip hopPaulo: AnnaBlume, 1998.

LEVI, Giovanni e SCHMITT, Jean-Claude. IntrodIn: LEVI, Giovanni e SCHMITT, Jean-C(orgs). História dos jovens vol.1,.São Paulo: Conhias das Letras, 1996, p 7-17.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: orito do tempo I: neurose. Rio de Janeiro: FoUniversitária, 1990.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: orito do tempo II: necrose. Rio de Janeiro: FoUniversitária, 1986.

PIMENTEL, Spensy K. O livro vermelho do hip[online]. Trabalho de conclusão de curso de Comcação Social – Habilitação em Jornalismo na EUSP. Disponível na internet: http;//www.boforte.com.br/livro.

SOUSA, Janice T. Ponte de. Reinvenções da utopmilitância política de jovens nos anos 90. São PHacker Editores, 1999.

SPOSITO, Marilia Pontes. A sociabilidade juvenirua: novos conflitos e ação coletiva na ciTempo Social; Ver. Sociol. USP, São Paulo, 5(1993, p. 161-178.

222 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.87

SEXUALIDADE E CASAMENTO: ENTRE-VISTAS

EMELIN COSETI MACIEU (TG)- Curso de PsicologiaTELMA R. DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

RESUMO

Entendendo ser a sexualidade humana o berço para os estudos da psicologia profunda, constituindo-seenquanto um dos aspectos fundamentais dessa ciência, iniciamos uma investigação em distintos segmentos sociais,acerca da sexualidade humana, focalizando aspectos relacionados às representações sociais sobre: sexo, casamento,educação sexual, homossexualidade, prostituição, relações extra-conjugais, aborto e DST’s/AIDS. Utilizando metodo-logia qualitativa em entrevistas semi-dirigidas, identificamos, através de uma análise interpretativa, aspectos proble-máticos nas vivências sexuais contemporâneas, o que evidencia que estudos acerca da sexualidade humana possuirelevância tanto científica quanto social.

Tal relevância é evidenciada em diferentes discursos: médico, antropológico, sociológico, psicológico, filosó-fico, sendo a sexualidade abordada de maneiras distintas pela mídia, senso comum e comunidade científica, em quepese a abundância de conhecimentos produzidos sobre o assunto.

A presente pesquisa pretende compreender o que está posto nas concepções de mulheres e homens casadosacerca da sexualidade, bem como, analisar teórica e criticamente o movimento de construção dessas concepções, pro-blematizando aquelas que eventualmente estejam cristalizadas, contribuindo para que a sexualidade seja vivenciada deforma mais plena e saudável.

INTRODUÇÃOA presente pesquisa emerge da experiência de

monitoria da disciplina de Psicologia da Personalidade III,do curso de Psicologia da Universidade Metodista de Pira-cicaba.

Ao longo de três anos, os alunos que cursaram areferida disciplina construíram um extenso Banco de Da-dos, com aproximadamente 500 entrevistas semi-dirigi-das, contemplando questões acerca da sexualidade huma-na, tais como: concepções sobre sexualidade, casamento,relações extra-conjugais, aborto, AIDS, prostituição, ho-mossexualidade, educação sexual, dentre outras.

As entrevistas foram organizadas e sistematizadaspelos monitores da disciplina, o que possibilitou a cons-trução de um CDROM.

De posse dos dados organizados, os monitores es-colheram uma temática específica de interesse, sexualida-de no casamento, e a partir de então elaboraram um Proje-to de Pesquisa “Sexualidade e casamento: uma visão degêneros”.

Segundo Scott (1994), gênero se refere a organi-zação social da diferença sexual, não refletindo as diferen-ças físicas fixas e naturais existentes entre homens e mu-lheres, mas sim constituindo-se enquanto um saber signi-ficante das diferenças corporais, sendo este engendradohistórico-culturalmente.

O saber sobre as diferenças sexuais não é algo pu-ro, constitui-se enquanto construção, produto atravessadopor uma teia de contextos discursivos, cujos significadossubjetivos atuam nas representações das identidades degênero.

Nas diferentes abordagens acerca das representa-ções sociais e sexuais nas ciências humanas, segundo Gia-mi (1998), o que há de comum é a articulação entre as di-mensões ideológicas e culturais dos fenômenos represen-tacionais, os aspectos subjetivos que constituem sua ab-sorção por indivíduos/grupos e a realização das condutas.

A significação do casamento para os indivíduosna sociedade contemporânea é discutida historicamente

por Foucault (1985), que estuda a articulação do papel daaliança e do papel da sexualidade em suas implicaçõesinstitucionais. Segundo o autor, a família teria a função demanter a homeostase do corpo social, tornando-se locusobrigatório dos afetos, dos sentimentos, do amor, assimcomo ponto privilegiado de eclosão da sexualidade

No Brasil (1910-1940), a luta para modernizar afamília (BESSE, 1999) e consequentemente fortalecer elegitimar tal instituição, tornou-se atividade constante daselites urbanas. Seus esforços concentravam-se tanto nasfamílias de classe média e alta, cujos ataques ao casamen-to tradicional aumentavam consideravelmente, quanto àsfamílias da classe operária, uma vez que acreditavam queestas, legalmente constituídas e estáveis, eram fundamen-tais para por fim aos movimentos sociais de classe, para segarantir a permanência da dominação masculina e assegu-rar o bom desenvolvimento das crianças, que posterior-mente comporiam a massa trabalhadora.

A pesquisa, portanto, pretende compreendercomo esses movimentos de construções significantes atu-am na constituição das subjetividades dos gêneros e quaissuas relações e conseqüências nas vivências sexuais demulheres e homens casados, assim como o movimento deatuação/relação entre indivíduo e cultura.

MATERIAIS E MÉTODOSUtilizou-se metodologia qualitativa de análise de

um Banco de Dados constituído por entrevistas semi-diri-gidas, realizadas pelos alunos do curso de Psicologia nodecorrer da disciplina de Personalidade III.

Para a realização das entrevistas foi elaborado umroteiro contendo as questões centrais a serem contempla-das sobre sexualidade. Há que se ressaltar que o entrevis-tado foi colocado em uma situação de liberdade para falaracerca de sua vida, de sua sexualidade. O roteiro, então,servia como dispositivo para, minimamente, abarcar ques-tões do interesse da disciplina, não se configurando en-quanto um limitador e sim um facilitador.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 223

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Todas as entrevistas foram gravadas com a autori-zação do entrevistado, garantindo seu anonimato, transcri-tas na íntegra e dentro dos padrões éticos de pesquisa comseres humanos.

De acordo com nossos objetivos foram analisadas16 entrevistas provenientes do agrupamento mulheres ca-sadas e 15 entrevistas do agrupamento homens casados,totalizando 31 entrevistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Estando a prática sexual diretamente relacionada à

preservação da espécie e a possibilidade da vivência deexperiências prazerosas, vamos encontrar nas entrevistasdiferentes significados desta prática, desde a estritamenterelacionada à reprodução humana, até aquela que faz des-ta experiência a única forma de prazer, por vezes, sendovista como indissociável de questões afetivas e, em outras,como algo mais ligado a esfera biológica, do instinto.

Assim, na história humana, tal prática vai sendo re-presentada por inúmeras concepções e sistemas de crençasque tentam regular as formações sociais a partir da regula-ção da própria sexualidade. Neste sentido, o casamento apa-rece como uma forma de ordenação social matriz, uma ins-tituição que regulamenta a vida sexual dos indivíduos den-tro de uma organização social. O casamento seria o consen-timento da prática sexual voltada para fins sociais dapreservação da espécie humana, ou das sociedades huma-nas particulares, instituição basilar para a constituição dainstituição família. Segundo alguns entrevistados, o casa-mento serviria como um escudo, uma proteção à anomia doindivíduo. Atuando como dispositivo de construção nômi-ca, o casamento teria como função social criar para o indiví-duo uma determinada ordem, com metas e expectativas queserviriam como balizamento para dar sentido à vida.

Regulamentado pelo Estado e sacralizado pelaIgreja, assim, a instituição casamento foi preservada porséculos e vem sendo transformada nas últimas décadas,especialmente a partir das lutas de emancipação femininae o ingresso da mulher no mercado de trabalho.

Um ideal de casamento vai se constituindo aospoucos na civilização ocidental, neste se predestina aoscônjuges que se amem e que tenham expectativas a respei-to do amor. O outro tem a função de preencher o vazio, decompletá-lo, de transportar o cindido para a condição deinteiro. Em grande parte das entrevistas vemos presenteuma visão fortemente romântica e idealizadora acerca docasamento, pressupondo um encontro de dois na busca deuma suposta completude. Vemos assim, o movimento detransformação das relações conjugais que a princípio, se-gundo Costa (1999), priorizavam interesses econômicos,passando a ressaltar questões afetivas. O casamento con-temporâneo parece ser para os entrevistados a principalfonte para a auto-realização.

As entrevistas de ambos os gêneros apontam parao fato de que dentre os ideais do amor romântico encon-tremos como condição sine qua non a monogamia, cercade 75 % dos entrevistados apontam para este fato. Essamáxima é veementemente criticada por W. Reich e osO´Neill, os quais questionam a imposição social desta esua hetero-regulação.

CONCLUSÕESConstatamos que o casamento ocupa status privi-

legiado entre as relações significativas validadas por mu-lheres e homens casados na nossa sociedade.

O termo sexualidade está presente no cotidiano detodos nós, sendo alvo de diferentes significações, por ve-zes se constituindo enquanto um campo obnubilado, cul-minando em explicações atravessadas por concepçõesideológicas, banalizadoras e cristalizadas, através de tabuou mesmo exposição massificada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBESSE, S. K. Modernizando a Desigualdade – Reestru-

turação da ideologia de gênero no Brasil 1914 –1940. São Paulo: Editora da Universidade de SãoPaulo, 1999.

COSTA, J.F. Sem Fraude Nem Favor – Estudos sobre oamor romântico. Rio de Janeiro: Rocco, 3ª edição,1999.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade 3 – O cuidadode si. Rio de Janeiro: Graal, 4ª edição, 1985.

GIAMI, A. Representações e Sexualidade – PsicologiaSocial e Pluridisciplinaridade. In: LOYOLA, M.A.(org) A Sexualidade nas Ciências Humanas. Rio deJaneiro: UERJ, 1998.

LASCH, C. Refúgio Num Mundo Sem Coração – A famí-lia: santuário ou instituição sitiada ?. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1991.

REICH, W. A Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense,1998.

SCOTT, J. W. Gender And Politics Of History. Nova Iorque:Columbia University Press, 1988.

224 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.88

SEXUALIDADE E CASAMENTO: UMA VISÃO DE GÊNEROS

ANA CAMILA CAPRA (TG) – Curso de PsicologiaTELMA R. DE PAULA SOUZA (O) – Faculdade de Psicologia

RESUMO

A partir do estudo das teorias da genitalidade, do caráter e da Psicologia de Massas de Reich, iniciamos umainvestigação acerca da sexualidade humana, principalmente em relação às representações sociais sobre: sexo, casa-mento, educação sexual, homossexualidade, prostituição, relações extra-conjugais, aborto e DST’s/AIDS, em distintossegmentos sociais. Esses estudos nos permitiram problematizar várias questões sobre a sexualidade humana no mundocontemporâneo, entre elas a sexualidade e casamento na concepção de homens e mulheres casados. Assim, buscamosidentificar e analisar tais concepções, usando a metodologia qualitativa em entrevistas semi-dirigidas individuais comhomens e mulheres casados. A análise comparativa entre os gêneros, em distintos segmentos sócio-econômicos, per-mitiu refletir sobre as seguintes questões investigativas: (1) Quais as concepções das mulheres e homens casadosacerca da sexualidade e suas conseqüências.(2) Como essas concepções foram construídas e como se relacionam àconstrução da subjetividade, assim como ao movimento atuação/relação entre indivíduo e cultura.(3) Qual a influênciado casamento na atividade sexual de cada gênero. Na análise interpretativa dos dados nos orientaremos nos estudosdas ciências sociais e humanas, buscando destacar as questões ideológicas identificadas nos discursos analisados.

INTRODUÇÃOA presente pesquisa emerge da experiência de

monitoria da disciplina de Psicologia da Personalidade III,do curso de Psicologia da Universidade Metodista de Pira-cicaba. Esta disciplina tem como um de seus objetivos umtrabalho investigativo acerca da sexualidade humana, vi-sando iniciar o aluno de psicologia no campo da pesquisa.

Durante três anos os alunos que cursaram a disci-plina construíram um Banco de Dados, com aproximada-mente 500 entrevistas semi-dirigidas, contemplando ques-tões acerca da sexualidade humana, tais como: concep-ções sobre sexualidade, casamento, relações extra-conju-gais, aborto, AIDS, prostituição, homossexualidade,educação sexual, dentre outras.

Na atividade de monitoria estas entrevistas foramorganizadas e sistematizadas para a construção de umCDROM.

A partir de então, escolheu-se uma temática espe-cífica de interesse, sexualidade no casamento, e elaborou-se um Projeto de Pesquisa “Sexualidade e Casamento:uma visão de gêneros”.

Para a realização desta pesquisa, recorreu-se a bi-bliografias que discutissem o movimento de construçãode concepções acerca da sexualidade e do casamento. La-queur (2001) discute o modelo de sexo único dominantedesde a antiguidade clássica até o final do século XVII, noqual o homem é visto como um ser superior a mulher, ocorpo feminino, anatomicamente falando, é simplesmenteuma inversão do corpo masculino. Nesse contexto, é umavisão ideológica, e não baseada na observação, que deter-mina as diferenças entre os gêneros. Até o início do séculopassado, a sexualidade era vista como predominantemen-te biológica, com a grande contribuição da psicanálise,essa visão reducionista foi sendo repensada em uma pers-pectiva mais abrangente, incluindo estudos psicológicos,sociológicos, antropológicos e até mesmo políticos. Elias(1994) traz contribuições acerca do movimento de isola-mento e confinamento de questões relacionadas à sexuali-dade, que vai ocorrer a partir dos séculos XIX e XX. O ca-samento monogâmico contribui para esse isolamento, tor-na-se a instituição reguladora das relações sexuais. A sig-

nificação do casamento para os indivíduos na sociedadecontemporânea é discutida historicamente por Foucault(1985), que estuda a articulação do papel da aliança e dopapel da sexualidade em suas implicações institucionais.

A pesquisa, portanto, objetiva compreender e ana-lisar teórica e criticamente o que está posto nas concep-ções de mulheres e homens casados acerca da sexualidadee do casamento.

MATERIAIS E MÉTODOSPara a realização das entrevistas feitas pelos alu-

nos do curso de psicologia no decorrer da disciplina Psi-cologia da Personalidade III, construiu-se um roteiro deentrevista com a finalidade de atuar enquanto um facilita-dor, possibilitando abarcar questões centrais a serem con-templadas sobre sexualidade, de acordo com os objetivosda disciplina. É oportuno ressaltar que, o entrevistado foracolocado em uma situação de liberdade para falar acercade sua vida, de sua sexualidade..

Foi utilizada metodologia qualitativa de análise dasentrevistas semi-dirigidas do Banco de Dados da disciplina.

Segundo os objetivos da pesquisa foram utilizadaspara análise 31 entrevistas proveniente dos agrupamentosmulheres casadas e homens casados. Tais entrevistas fo-ram gravadas com a autorização dos entrevistados, garan-tindo o anonimato, transcritas na íntegra e dentro dos pa-drões éticos de pesquisa com seres humanos.

RESULTADOS E DISCUSSÃONa história humana, a prática sexual foi sendo re-

presentada por inúmeras concepções e sistemas de cren-ças que tentam regular as formações sociais a partir da re-gulação da própria sexualidade. Neste sentido, o casamen-to aparece como uma forma de ordenação social matriz,uma instituição que regulamenta a vida sexual dos indiví-duos dentro de uma organização social. O casamento seriao consentimento da prática sexual voltada para fins sociaisda preservação da espécie humana, ou das sociedades hu-manas particulares, instituição basilar para a constituiçãoda instituição família.

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Em um grande número de entrevistas vemos umaconcepção de casamento fortemente romântica e idealiza-dora, que pressupõe este como sendo algo bom, que pro-porciona felicidade e realização aos indivíduos, um en-contro de dois na busca de uma suposta completude.

Nas entrevistas de ambos os gêneros, a monoga-mia tem papel importante e fundamental no casamento, asrelações extra-conjugais estão relacionadas ao fim doamor no casamento.

A análise qualitativa das concepções de sexo dasmulheres casadas e homens casados demonstra que o sexoestá intimamente relacionado ao amor e ao afeto.

CONCLUSÕESAtravés dos dados obtidos na análise das entrevis-

tas conclui-se que, a sexualidade, ao longo do tempo, tor-na-se uma estratégia para a preservação da espécie huma-na e princípios morais passam a definirem padrões sexu-ais. Reprimida, controlada e comercializada a sexualidadeé capturada por instituições reguladoras da intimidade,como o casamento, que, a partir de alguns movimentossociais (de gênero e homossexuais), e de transformaçõessócio-econômicas, passa a ser problematizado, emboraainda definido como espaço de uma sexualidade saudável.

A análise comparativa dos gêneros evidencia queas relações extra-conjugais são consequência do desamorno casamento e que a monogamia tem papel fundamentalna instituição matrimonial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELIAS, N. O Processo Civilizador – Uma história dos

costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Volume 1, 2º.Edição, 1994.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade 3 – O cuidadode si. Rio de Janeiro: Graal, 4º. Edição, 1985.

LAQUEUR, T.W. Inventando o Sexo – Corpo e gênerodos gregos a Freud. Rio de Janeiro: RelumeDumará, 2001.

REICH, W. Psicologia de Massas do Fascismo. SãoPaulo: Martins Fontes, 2º. Edição, 1988.

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9º CONGRESSO DE

CO.89

A TUTORIA ENQUANTO MODELO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS

DALILA KOTLARENKO (B) – Curso de Ciências – Habilitação em BiologiaYARA LYGIA NOGUEIRA SÁES CERRI (O) – Faculdade de Ciências Matemática e da Natureza

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo deste projeto foi investigar um novo modelo de formação de professores que priorize o espaço escolarcomo referência de processos reflexivos sobre o ensinar e o aprender, pautando-se em ações auto-reflexivas (planejamento,ação, observação, reflexão) dos atores, a partir do acompanhamento da prática pedagógica de uma professora de ciências/biologia da rede pública, que assumiu o papel de tutora de uma licencianda/bolsista do curso de Ciências – Habilitação emBiologia. As intervenções da aluna/bolsista nas aulas culminaram no planejamento e execução de projeto de ensino para a3ª série do Ensino Médio, sobre o tema “Sistema Nervoso”. Concluímos que, para a tutoria ser possível como modelo alter-nativo para a formação docente, a escolha da tutora deve ser criteriosa, visto que esta poderá suprir algumas das necessida-des formativas do/a aluno/a em formação, além do que há alguns princípios que sustentam a experimentaçãocompartilhada entre as integrantes do grupo de investigação-ação, que poderão nortear projetos dessa natureza.

INTRODUÇÃOOs currículos atuais de formação de professores

possuem uma abordagem “apoiada” na racionalidade téc-nica e centrada no desenvolvimento de habilidades técni-co-científicas que, por sua vez, não relevam valores mo-rais e qualidades psicológicas.

Nesta perspectiva, justifica-se o desenvolvimentodeste projeto, à medida que se percebe na literatura aemergência de modelos de formação de professores quetêm como pressupostos teóricos a investigação da práticapedagógica como eixo epistemológico e a valorização dasteorias advindas dos professores em serviço na escola.Para tanto, esta formação privilegia o espaço escolar comoseu eixo norteador.

Ao discutir programas de iniciação ao ensino paraprofessores, GARCÍA (1995:118) aponta que o ajuste àprofissão docente depende, “das experiências biográficasanteriores, dos seus modelos de imitação anteriores, da or-ganização burocrática em que se encontra inserido desdeo primeiro momento da sua vida profissional, dos colegase do meio em que se iniciou a sua carreira docente”.

A imitação, segundo SCHÖN (1992), é uma ativi-dade criativa. Para imitar uma ação faz-se necessário iden-tificar o que há de essencial nela, e reconstruí-la segundoesses elementos. Isso permitirá que o autor da ação origi-nal – neste caso o tutor – reaja ao desempenho do imitador– o aluno-bolsista, auxiliando-o. O diálogo das palavras eda ação, demonstração e imitação, permitirão que amboscheguem a uma convergência de significados.

Através da inserção de aluna/bolsista no ambienteescolar e do acompanhamento de uma professora experi-ente – a tutora – o presente projeto investigou as possibili-dades de interação surgidas da ação da professora tutora,observando a prática pedagógica de uma professora expe-riente da escola pública (estadual) na área de ciências/bio-logia, respectivamente em classes de nível fundamental emédio. Considerando estas observações a aluna/bolsista,juntamente com as professoras tutora e orientadora, plane-jou e executou projeto de ensino a partir de fundamentosteóricos com abordagem construtivista/interacionista so-bre o ensino de ciências.

OBJETIVOSO presente projeto visou investigar um novo mo-

delo de formação de professores que priorize o espaço es-colar como referência de processos reflexivos sobre o en-sinar e o aprender, pautando-se em ações auto-reflexivas(planejamento, ação, observação, reflexão) dos atores en-volvidos. As questões-problema que orientaram a pesqui-sa foram: as interações entre aluna/bolsista e professoraexperiente/tutora favorecem o suprimento de quais neces-sidades formativas? Qual é o papel e os princípios quesustentam a experimentação/formação compartilhada en-tre as integrantes do grupo de investigação-ação: professo-ra tutora, aluna/bolsista e professora orientadora?

MÉTODOSA pesquisa desenvolveu-se através da abordagem

qualitativa, orientada pelos princípios da pesquisa ação.Inicialmente ocorreu a seleção da escola e da professoratutora a partir das suas características, a saber: seu históri-co de vida evidencia o interesse por uma formação conti-nuada com participações em reuniões e projetos promovi-dos nos últimos anos pelo Núcleo de Educação em Ciên-cias da UNIMEP, ministra aulas de Ciências e Biologiapara os Ensinos Fundamental e Médio, possui uma práticapedagógica diferenciada, evidenciando princípios cons-trutivistas, ser considerada pelos pares como uma profissi-onal ética e moralmente correta, por ter uma interaçãocom os alunos muito harmônica.

A aluna/bolsista acompanhou as aulas de Ciênciase Biologia da tutora durante o segundo semestre do ano2000 e parte do primeiro semestre de 2001, em turmas de5ª, 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 2ª e 3ª séries doEnsino Médio, cujas observações foram registradas em di-ário de campo. As intervenções da aluna/bolsista culmina-ram no planejamento e execução de projeto de ensino paraa 3ª série do Ensino Médio, sobre o tema “Sistema Nervo-so”, sob orientação de ambas professoras tutora e orienta-dora. As aulas de regência da bolsista foram gravadas emvídeo e assistidas por todos os membros da equipe.

A avaliação se realizou durante todo o processo,através de encontros periódicos do grupo envolvido, para

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 227

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reflexões acerca das ações deflagradas e apontando pers-pectivas para um replanejamento destas ações.

DESENVOLVIMENTODurante o processo de pesquisa, especialmente na

fase inicial, a bolsista observou a prática pedagógica da tu-tora, analisando-a segundo referenciais teóricos forneci-dos pela professora orientadora, cuja análise foi partilhadatambém pela tutora. No decorrer das aulas a bolsista foiassumindo seu papel de aprendiz à medida que, sob orien-tação da tutora e em situações criadas por esta, participavavivamente das aulas, auxiliando no planejamento das di-versas atividades pedagógicas exercidas pela tutora.

O tema “Sistema Nervoso” foi sugerido pela tuto-ra, para planejamento e execução do Projeto de Ensino.Primeiramente procurou-se conhecer as pré-concepçõesda turma sobre o tema, através de resposta a questões/de-senho. Partindo-se da análise dos resultados desta ativida-de e, retornando aos alunos, em aula, eles puderam discu-tir as idéias que estavam por trás daquelas representações.Tendo em vista as dificuldades na compreensão do assun-to, para o aprofundamento das discussões, partiu-se deuma situação cotidiana dos alunos, no caso o Alcoolismo,contemplando assim, além dos aspectos anatômicos e fisi-ológicos, os sociais, econômicos e históricos. Assim soli-citou-se à classe uma pesquisa a partir de algumas ques-tões-problema sobre o histórico do uso de bebidas alcoóli-cas pelo homem, posteriormente exposta em seminários.Em seguida os alunos receberam um texto que narrava ahistória de um jovem alcoolizado, evidenciando os sinto-mas da ingestão de bebidas alcoólicas. Tal texto desenca-deou a discussão sobre o tema entre a bolsista e a classe.

RESULTADOSO relacionamento entre a professora tutora e a alu-

na bolsista mostrou-se muito satisfatório, baseando-se naconfiança mútua e no firme propósito de colher bons fru-tos. No início do processo da pesquisa, a bolsista, a tutorae os alunos envolvidos passaram por uma fase de adapta-ção, até quando a presença da bolsista deixou de causarestranheza e esta foi acolhida como uma “professora auxi-liar” pelos alunos. Em entrevista realizada com a tutora,pudemos perceber que esta identificou na tutoria um cará-ter de “troca” de conhecimentos, em que ambas as partescontribuem e são beneficiadas. A prática pedagógica datutora inicialmente tomada como “modelo a ser seguido”pela bolsista, aos poucos, foi se transformando em auto-gestão. A concretização do processo de experimentaçãocompartilhada culminou com o planejamento e execuçãodo Projeto de Ensino sobre o tema – Sistema Nervoso.

CONCLUSÃOA observação e reflexão acerca das aulas da tutora

foram fundamentais para que a bolsista pudesse, a partirdelas, associar teoria e prática, ou seja, vivenciar as con-cepções de ensino construtivista a que teve acesso atravésda literatura e das disciplinas pedagógicas da licenciatura.Além disso, a observação das atitudes/reações da tutorafrente às diversas situações presentes no espaço escolarpermitiu que a bolsista “se apropriasse” de conhecimentosda prática profissional, conhecidos na literatura como “co-

nhecimentos pedagógico do conteúdo e curricular”.(GONÇALVES E GONÇAVES, 1998: 109).

O fato da formação, neste caso, ter privilegiado oespaço escolar, propiciou a bolsista uma nova visão do en-sino e um amadurecimento profissional que permitirá queesta continue a buscar, durante toda sua carreira, as res-postas para as dificuldades e os dilemas que encontrar nasala de aula. Embora nas disciplinas curriculares da for-mação inicial, como as Práticas de Ensino, permitam ocontato com a realidade das escolas, uma formação cen-trada no espaço escolar poderá desenvolver nos alunos um“novo olhar” sobre a escola, como apontam CARVALHO& GIL-PÉREZ (1998:38) que “na ausência de alternati-vas claras, os professores fazem uso do que adquiriram vi-vencialmente, inclusive se quando alunos rejeitassem essetipo de docência. Isso obriga a que as propostas de renova-ção sejam também vividas, vistas em ação” (grifo nosso).

Concluímos que, para a tutoria ser possível comomodelo alternativo para a formação docente, a escolha datutora deve ser criteriosa, visto que esta poderá suprir al-gumas das necessidades formativas do/a aluno/a em for-mação como o desenvolvimento da segurança e da auto-confiança, a abertura de espírito, a busca de desafios, etc.Ainda, identificamos alguns princípios que sustentam aexperimentação compartilhada entre as integrantes dogrupo que poderão nortear projetos dessa natureza, como:a necessidade de uma estrutura organizacional adequada eflexibilidade para mudanças das situações; a relação tuto-ra-bolsista implica apoio, ajuda e orientação, não se justi-ficando avaliação da tutora pela bolsista e vice-versa; ne-cessidade de tempo mínimo para o estabelecimento deuma relação em que haja comunicação positiva entre ossujeitos; a responsabilidade da bolsista no que se refere asua postura frente a tutora e aos alunos/as envolvidos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GARCIA, C. M. Formação de professores. Portugal:Porto Editora, 1999.

GIL-PÉREZ, D. & CARVALHO, A. M. P. Formação deProfessores de Ciências: Tendências e Inovações. 3a

ed. São Paulo: Cortez Editora, 1998.

GONÇALVES, T.O. e GONÇALVES, T.V.O. Reflexõessobre uma prática docente situada: buscando novasperspectivas para a formação de professores. In:GERALDI, C.M.G. et al (orgs.), Cartografias dotrabalho docente, Campinas/SP: Mercado de Letras:Associação de Leitura do Brasil, p. 109, 1998.

SCHÖN, D. A. La formación de profisionales reflexivos.Barcelona: Ediciones Paidos, 1992.

228 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.90

TUTORIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS:UM MODELO PAUTADO NA RACIONALIDADE PRÁTICA

ABRAHÃO GOMES DE MEDEIROS (B) – Curso Ciências – Habilitação em BiologiaMARIA INÊS FREITAS PETRUCCI SANTOS ROSA (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Esse artigo analisa um processo de pesquisa relacionada ao estágio dos cursos de licenciatura em Ciências,focalizando limites e possibilidades do modelo de tutoria em relação à melhoria da formação docente. Através daincorporação da estratégia de experimentação compartilhada, foi possível identificar o suprimento de necessidadesformativas de professores de Ciências, o papel do supervisor de estágio e as categorias que sustentam o processo detutoria, tendo como referência pressupostos teórico-metodológicos de investigação-ação.

INTRODUÇÃOMuitos autores apontam que a formação inicial de

professores de Ciências está calcada na racionalidade téc-nica e por isso muitos desses profissionais têm uma visãosimplista do ensino, achando que para ensinar basta co-nhecer o conteúdo e algumas técnicas pedagógicas (SCH-NETZLER, 1998). Na realidade, este modelo que aindaimpera nos cursos de formação de professores serviu mui-to bem para o período de desenvolvimento tecnológico,mas não tem sustentado as dificuldades que aparecem acada dia no ensino, visto que a teoria que se aprende nemsempre é adequada à prática pedagógica (ROSA,2000).

SCHNETZLER (1998) atenta para o fato de quemuitas das práticas desenvolvidas por professores já ematividade podem ajudar um professor em sua formaçãoinicial e que vem sendo desprezada pela academia. De fa-to, muitas práticas pedagógicas diferenciadas surgem apartir de quem faz acontecer a educação dentro da escola.CARVALHO também aponta:

Este saber fazer que quase sempre se dá nos estági-os supervisionados nas escolas fundamental e média, preci-sa ser pensado como um laboratório onde os professoresvão testar suas hipóteses de ensino, onde a relação teoria –prática deve estar sempre presente. Todos os conceitos de“reflexão na ação” e “reflexão sobre a ação” (SCHÖN,1992, ZEICHNER, 1993) podem e devem ser estimuladosdurante os estágios. (CARVALHO, 2001:214)

Assumindo, assim, que a reflexão oriunda da prá-tica é um elemento fundamental na formação docente, nospropomos neste trabalho a analisar como isso se dá quan-do o futuro professor de Ciências se insere no contexto es-colar como estagiário, interagindo com um professor ex-periente em serviço, que designaremos como tutor. O mo-delo de tutoria na formação docente também se apóia empelo menos, duas estratégias de formação propostas porSCHÖN: a experimentação compartilhada e a demons-tração acompanhada de reflexão (follow me). A experi-mentação compartilhada pode apontar muitas formaspossíveis no planejamento de uma determinada ação,pode introduzir a idéia de planejar uma execução atravésde experimentos parciais que ajudem a refinar as percep-ções que se tem sobre os resultados. A demonstraçãoacompanhada de reflexão consiste no desenvolvimento,geralmente improvisada, de uma atividade que se executae se comenta pouco a pouco. Para SCHÖN: “o convite a

imitar é, de certo modo, um convite para experimentar”(SCHÖN, 1992: 193)

O tutor, sendo o profissional experiente, pode de-senvolver essas estratégias, buscando estimular o desen-volvimento do professor iniciante (estagiário) numa pers-pectiva reflexiva. Tal modelo se aproxima daquele propos-to por MARCELO, que denomina o professor experientede mentor:

O programa que estamos a desenhar inclui a figurado mentor, isto é, um professor com larga experiência do-cente que dará o seu apoio aos professores principiantes e,com eles, desenvolverá ciclos de supervisão clínica. (MAR-CELO, 1992: 67)

No processo descrito e analisado no presente arti-go, a experimentação compartilhada entre professor inici-ante/estagiário e professora experiente/tutora foi compre-endida segundo pressupostos da investigação-ação, vistoque foram analisados encontros, aulas e atividades desen-volvidas, a partir dos referenciais estabelecidos pelos pró-prios integrantes do grupo: estagiário, professora-tutora eformadora da universidade.(CARR e KEMMIS, 1988)

OBJETIVOA investigação tomou como objetivo as seguintes

questões: as interações entre professores iniciantes/bolsistase professores experientes/tutores favorecem o suprimentode quais necessidades formativas? qual é o papel do(a) for-mador(a) universitário(a) nestas interações? quais categori-as sustentam a experimentação compartilhada entre os in-tegrantes do grupo de investigação-ação: tutor(a); profes-sor(a) iniciante/ estagiário(a) e professor(a) universitário(a)?

METODOLOGIAA pesquisa se deu numa abordagem qualitativa,

sendo focalizadas as interações entre um professor ini-ciante /estagiário aqui denominado AG, uma professoraexperiente de Ciências denominada aqui EK e uma super-visora de estágio/orientadora da universidade, MI. AGacompanhou a professora tutora EK durante doze meses,observando suas aulas (período inicial), entrevistando-a,vivenciando eventos na escola (reunião de pais, passeioscom alunos, etc) e planejando aulas que foram ministra-das na 5a. série (1ª série do Ciclo III). O processo foi regis-trado por AG em diários de campo e também em fitas deáudio que foram posteriormente transcritas, sendo as prin-cipais fontes de dados. Durante o período da tutoria, fo-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 229

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ram também realizadas reuniões periódicas entre estagiá-rio, tutora e supervisora da universidade, que também fo-ram registradas em áudio. Os registros obtidos durante oprocesso foram analisados à luz de referenciais teóricosque se pautam num modelo de racionalidade prática deformação profissional e nos princípios da investigação-ação, como já apontamos. Procuraremos, neste trabalho,recortar alguns extratos do diário de campo e/ou episódiosque se relacionem com as questões de investigação já ex-plicitadas e que sinalizem evidências para a produção deum novo conhecimento sobre o modelo de tutoria.

DESENVOLVIMENTOAG foi apresentado pela supervisora, à professora

tutora EK, que prontamente organizou a freqüência sema-nal do estagiário na escola. Descreveremos aqui parte dasatividades realizadas durante os doze meses do processode investigação-ação. O estagiário passou a observar asaulas ministradas pela tutora, até que iniciou um planeja-mento didático que focalizaria o tema “ar”. A supervisoraMI propôs a AG o encaminhamento de um planejamentocentrado numa problematização advinda de um estudo domeio onde os alunos vivem. Sugeriu, assim, uma ativida-de de campo de reconhecimento de algumas regiões dobairro onde está a escola, sensibilizando os alunos em re-lação à qualidade do ar.Com esse planejamento, AG levouos alunos de uma das classes de 5 ªsérie para uma cami-nhada entre escola e terminal de ônibus urbanos, num tra-jeto de aproximadamente dois quilômetros. Durante a ca-minhada, os alunos registraram as sensações provocadaspelo deslocamento do ar, pela exalação de odores, por di-ferenças de temperatura, etc. Essa experiência proporcio-nou, ao estagiário, momentos de tensão, nos quais foi ne-cessária a tomada rápida de decisões que ele pôde com-partilhar com a tutora EK, que os acompanhou nessa ati-vidade. Ao retornar com os alunos para a sala, AGprocurou organizar os dados coletados pelos alunos. A ati-vidade com os alunos, na rua, acabou se constituindo umaexperimentação compartilhada entre a tutora e o estagiá-rio. Assim, pudemos depreender que o compartilhamentodos dilemas gerados nessa aula, se configurou uma inte-ressante estratégia formativa.

CONCLUSÃOAs interações entre estagiário e tutora pareceram

favorecer as seguintes necessidades formativas ou compe-tências para o ensino (PERRENOUD, 2000):

O estagiário pôde analisar a relação pedagógica,refletindo sobre o sentido da autoridade e da comunicaçãoem aula, a partir da observação e da reflexão sobre asações desenvolvidas pela tutora junto a seus alunos.

O estagiário pôde aprender a organizar e coorde-nar situações de aprendizagens, trabalhando com as repre-sentações dos alunos, construindo seqüências didáticas,mediando o acesso ao conhecimento necessário para acompreensão dos fenômenos.

O estagiário pôde perceber a necessidade de se co-nhecer os conteúdos a serem ensinados e de se refletir so-bre os caminhos que levam a necessária mediação didática.

O estagiário pôde perceber a complexidade da re-lação pedagógica, enquanto composição de aspectos afeti-

vos e sentimentais. A tutora manifestou sua solidariedade,claramente, em suas ações.

A supervisora da universidade pareceu exercer umpapel de mediadora do conhecimento acadêmico própriodos saberes produzidos a partir das pesquisas em Educa-ção em Ciências. A partir dessa mediação, a supervisorapôde problematizar os planejamentos propostos pelo esta-giário, fazendo-o refletir sobre as ações a serem deflagra-das e buscando a emergência de um saber teórico a partirda inserção nos problemas práticos. Na tensão entre o en-tendimento retrospectivo e a ação prospectiva, a supervi-sora e o estagiário puderam refletir sobre as limitações eos avanços inerentes a cada fase do processo.

A experimentação compartilhada foi mantida en-tre tutora, estagiário e supervisora, graças à emergênciadas seguintes categorias que permearam o processo de in-vestigação: abertura de espírito por parte dos participan-tes, envolvimento de “todo o coração” e responsabilidade.(DEWEY, 1959)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARR, W. e KEMMIS, S. Teoria Critica de laEnseñanza. Barcelona: Ed. Martinez Rocca. 1988.

CARVALHO, A.M.P. e GIL-PÉREZ,D. O Saber e oSaber Fazer dos Professores. In: Ensinar a Ensinar –Didática para a Escola Fundamental e Média. SãoPaulo: Editora Pioneira, 2001.

DEWEY, John. Como pensamos – como se relaciona opensamento reflexivo com o processo educativo:uma re-exposição. São Paulo: Companhia EditoraNacional. 3 ª edição.1959.

MARCELO, C. Formação de Professores – para umamudança educativa. Lisboa: Porto Editora, 1992.

MARCELO, C. Pesquisa sobre a formação de professo-res – o conhecimento sobre aprender a ensinar,Revista Brasileira de Educação, ANPED, n º9,1998.

PERRENOUD, P. 10 Novas Competências para Ensinar.Porto Alegre: Editora ArtMed. 2000

ROSA, M. I. F. P. S. A Pesquisa Educativa no Contextoda Formação Continuada de Professores de Ciên-cias. Tese de doutorado. Campinas: Faculdade deEducação/UNICAMP. 2000

SCHNETZLER, R. P. Sobre o professor reflexivo-pesqui-sador: Algumas considerações sobre o tema. Semi-nário. PPGE/UNIMEP, 1998.

SCHÖN, Donald. El profesional reflexivo – cómo pien-san los profesionales cuando actúan. Barcelona:Ediciones Paidós, 1998.

230 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.91

PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS DO EMPREGO RURAL EM PIRACICABA

MARCEL BENETTE (B) – Curso de Ciências EconômicasELIANA TADEU TERCI (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios

MARIA THEREZA MIGUEL PERES (O) – Faculdade de Gestão e NegóciosCONVÊNIO UNIMEP/UNITRABALHO

RESUMO

O presente projeto tem como principal objetivo estudar os desafios impostos à lavoura canavieira no municípiode Piracicaba nos anos 90, seu impacto sobre a própria sobrevivência desta produção na região e sobre as oportunida-des e condições de trabalho. Assim, num primeiro momento foi realizado uma análise com base na revisão bibliográ-fica e dados secundários sobre os principais efeitos da desativação do Instituto de Açúcar e Álcool (IAA) e doPrograma Nacional de Álcool (Proálcool) para a lavoura canavieira de Piracicaba. Diante deste contexto, discute-se arecente evolução das novas atividades no meio rural, as relações e condições de trabalho presentes na região de Piraci-caba, bem como o impacto da proibição das queimadas de cana-de-açúcar e as novas exigências técnicas sobre oemprego na lavoura canavieira. Posteriormente será realizada uma pesquisa empírica junto ao Sindicato dos Trabalha-dores Rurais de Piracicaba, a Casa da Agricultura de Piracicaba, Secretaria de Agricultura de Piracicaba e a Associa-ção dos Fornecedores de Cana para estudar as expectativas e perspectivas dos fornecedores de cana, usineiros etrabalhadores diante das tendências e alternativas colocadas pela conjuntura sócio-econômica dos anos 90.

INTRODUÇÃOPara investigar as perspectivas e tendências do em-

prego rural no município de Piracicaba frente as recentestransformações produtivas que a economia capitalista vemsofrendo, fez-se necessária uma revisão bibliográfica abar-cando assuntos concernentes ao desenvolvimento agrícolapaulista e piracicabano, demografia e mercado de trabalhona agricultura paulista nos anos 90, relações de trabalho nomunicípio de Piracicaba (FIORINI, 1996; BAPTISTELLA,2000, VICENTE, 1988, VEIGA, 1991, MALUF, 1984, PE-RES, 2001, RAMOS, 1983) que posteriormente será com-parada com os resultados das análises da pesquisa empíricajunto às associações de classe e demais instituições ligadasàs atividades de produção e comercialização do açúcar e ál-cool. A pesquisa buscará também mapear e identificar as no-vas atividades emergentes no meio rural de Piracicaba.

Além do impacto da conjuntura econômica na ge-ração de empregos na agricultura, deve-se levar em consi-deração os fatores climáticos e as transformações estrutu-rais nos processo produtivos, como no caso da mecaniza-ção da colheita da cana-de-açúcar, algodão e café.

Ademais, a queda do nível de emprego agrícolavem seguindo a mesma tendência de queda do setor indus-trial em meio ao aumento de ofertas de empregos no setor decomércio e serviços atrelados à agricultura na zona urbana.

MATERIAL E MÉTODOSOs procedimentos metodológicos utilizados para

a realização deste estudo podem ser divididos basicamen-te em três etapas:

Teórica: através de uma consistente revisão biblio-gráfica, discutindo questões referentes ao desenvolvimen-to agrícola paulista e piracicabano, expansão canavieira-açucareira, avanço tecnológico, demografia e mercado detrabalho no meio rural e relações de trabalho no municípiode Piracicaba.

Levantamento de dados do Ministério do Traba-lho e Emprego, Censos Demográficos, Sindicato dos Tra-balhadores Rurais de Piracicaba, Casa da Agricultura dePiracicaba, Secretaria de Agricultura de Piracicaba e a As-sociação dos Fornecedores de Cana, referente ao número

de trabalhadores por sexo, idade, nível de escolaridade,salário, e, além disso, dados referentes ao número de esta-belecimentos rurais no município de Piracicaba.

Empírica: através de pesquisa junto às associaçõesde classe e demais instituições ligadas às atividades deprodução e comercialização do açúcar e álcool.

RESULTADOS E DISCUSSÕESDesde a formação da economia brasileira, o mode-

lo de acumulação estava vinculado ao comércio internacio-nal. A formação de renda dependia da produção e exporta-ção de produtos primários, tendo o café paulista na lideran-ça. A produção cafeeira, devido às boas condições de lucra-tividade se expandiu por todo interior do Estado de SãoPaulo, substituindo antigas culturas, exceção feita ao muni-cípio de Piracicaba que embora tenho sido atingida pelo ca-fé, não abandonou sua antiga produção canavieira.

Com a crise de 1929 e a falência do modelo agrá-rio-exportador, as atividades econômicas do Brasil passa-ram a atender o mercado interno, surgindo um novo pro-cesso de acumulação centralizado na industrialização ori-entado pelo capital industrial.

A especificidade da industrialização brasileira,sua dependência tecnológica externa, entretanto, mantéma economia presa ao comércio internacional, ou seja, ne-cessita manter as exportações para poder adquirir a tecno-logia necessária para alimentar as indústrias.

Diante disso, a micro-região de Piracicaba teveuma importante participação no crescimento agrícola es-tadual e no surgimento das atividades industriais dandoorigem a agroindústria canavieira.

Em 1933 foi criado o Instituto de Açúcar e Álcool(IAA) com o objetivo de disciplinar a produção canavieirano país. O IAA limitou a produção de cana-de-açúcar porcotas e proibiu a instalação de usinas e engenhos sem aprévia autorização do órgão. Apesar disto, as pressões po-líticas dos usineiros, principalmente no período de rede-mocratização do Estado (46/64) levou a flexibilização docontrole sobre a produção. Ademais, o crescimento domercado interno e a industrialização concentrada na re-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 231

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gião centro-sul estimulou a expansão da produção de canano Estado de São Paulo.

Acompanhando o Estado de São Paulo, observa-se a expansão da lavoura no município de Piracicaba, e aredução das pequenas propriedades policultoras em detri-mento das grandes propriedades monocultoras e produto-ras de cana-de-açúcar. Desta maneira, a expansão das ati-vidades agroindústriais no município de Piracicaba viabi-lizou a criação de um núcleo metal-mecânico como su-porte às atividades do complexo canavieiro.

Diante da crise do petróleo nos anos 70, foi criadoo Programa Nacional de Álcool (Proálcool) com o objeti-vo de estimular a produção de álcool como substituto dagasolina, intensificando ainda mais a cultura canavieira nomunicípio de Piracicaba.

Entretanto, na década de 80, a desativação do IAAe do Proálcool trouxe profundas conseqüências para aprodução de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo.Com o fim das políticas específicas que eram mantidaspor estes órgãos, é evidente a pressão para a redução daoferta de produtos da agroindústria canavieira que nãocontam mais com a proteção do Estado. Além disso, aconjuntura sócio-econômica dos anos 90 aprofundou ain-da mais a crise no setor canavieiro.

A indiscriminada abertura comercial e financeira,e a valorização da moeda nacional até 1999 dificultou ocrescimento das atividades produtivas, influenciando ne-gativamente na geração de empregos. Ademais, o avançotecnológico trouxe também profundas transformações naabsorção de mão-de-obra na agricultura paulista.

Nas últimas décadas o avanço tecnológico no mu-nicípio de Piracicaba intensificou-se, modificando as rela-ções de trabalho no campo. Além disso, a proibição daqueimada de cana-de-açúcar trouxe graves problemaspara os fornecedores e trabalhadores, pois inviabiliza nes-te caso o corte manual de cana crua e aponta como saída amecanização do corte de cana. Porém, a mecanização docorte de cana no município de Piracicaba é um problema,pois aproximadamente 70% do solo da região correspon-dem a áreas não mecanizáveis.

CONCLUSÃOA inserção tecnológica e a concentração fundiária

expulsou parte da população residente nos imóveis ruraispara a cidade, como no caso do município de Piracicaba(conforme tabela abaixo).

Tabela 1. População urbana, rural e taxa de urbanização. Piracicaba – SP,1940/50/60/70/80/91/96/00.

Fonte: Censos Demográficos e Contagem da População (1996) – IBGE, apudPERES.* população rural estimada** taxa de urbanização estimada*** dados preliminares

Diante disso, as relações de trabalho no campomodificaram-se com a substituição do colono pelo traba-lhador volante e a compra de pequenas propriedades poli-cultoras pelas usinas. Os pequenos produtores vêm bus-cando novas alternativas de sobrevivência, como no casodos pesqueiros que realizam investimentos com seus pró-prios recursos. Observa-se que além da pesca, outros atra-tivos como serviços de bares e restaurantes são oferecidosnos pesqueiros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTELLA, Celma S. L, et al. Demografia e mer-cado de trabalho na agricultura paulista nos anosnoventas. In: Informações Econômicas. SãoPaulo:Instituto de Economia Agrícola (IPEA). vol.30, nº 5, maio/2000, p.7-29.

FIORINI, Renata. A expansão concêntrica e seus impac-tos: Piracicaba e o complexo canavieiro no períodode 1930-1975. Piracicaba: UNIMEP, 1996. 125p.(monografia)

MALUF, Renato S. (org). Aspectos da constituição edesenvolvimento do mercado de trabalho em Piraci-caba. Piracicaba: UNIMEP, 1984. 175p.

PERES, Maria T. M. Uma experiência de diversificaçãono meio rural: os pesqueiros de Piracicaba. In:XXXIX Congresso Brasileiro de Economia e Socio-logia Rural. Recife, 2001.

RAMOS, Pedro. Um estudo da evolução e da estruturada agroindústria canavieira do Estado de São Paulo.São Paulo: EAESP/FGV, 1983. 104p. (dissertaçãode mestrado)

VEIGA, José E. R., et al. Análise demográfica do setoragrícola paulista. In: Informações Econômicas. SãoPaulo: Instituto de Economia Agrícola (IPEA). vol.21, nº 2, fevereiro/1991, p.45-54.

VICENTE, Maria C. M., et al. Estimativas de mão-de-obra e demografia no setor agrícola paulista: 1986/1987. In: Informações Econômicas. São Paulo: Insti-tuto de Economia Agrícola (IPEA). vol. 18, nº 8,agosto/1988, p.29-37.

ANOS URBANA RURAL TOTAL TAXA URBANIZAÇÃO (%)1940 33.771 42.645 76.416 44,21950 47.787 40.048 87.835 54,41960* 81.705 33.698 115.403 70,8**1970 127.818 24.687 152.505 83,81980 197.988 16.407 214.394 92,31991 262.440 14.085 276.242 951996 290.935 11.941 302.886 96,052000*** 316.518 11.794 328.312 96,41

232 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 2

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISComunicações Orais

Dia 7 • Quarta-feira • 19h30 • Auditório Verde • Taquaral

Coordenadora: Leda Rodrigues de Assis Favetta – UNIMEP

Debatedores: Maria Angélica Penatti Pipitone – ESALQ/USPJosé Luiz Corrêa Novaes – UNIMEP

CO.92 A QUESTÃO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE INTRA-URBANO EM PIRACICABAFRENTE À VARIÁVEL DENSIDADE DEMOGRÁFICA – CENÁRIO DE MUDANÇA – INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO. Rogério de Araujo Luciani (B) – Curso de Arquitetura e Urba-nismo, João Moreno (O) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAPIC/UNIMEP

CO.93 A QUESTÃO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE INTRA-URBANO EM PIRACICABAFRENTE A VARIÁVEL DENSIDADE DEMOGRÁFICA – CENÁRIO DE MUDANÇA. TaiseLitholdo (B) – Curso de Arquitetura e Urbanismo, João Moreno (O) – Faculdade de Arquitetura eUrbanismo – PIBIC/CNPq

CO.94 A LIBERDADE SARTREANA ILUSTRADA N’O SER E O NADA. Taitson Alberto Leal dos San-tos (B) – Curso de Filosofia, Sílvio Donizetti de Oliveira Gallo (O) – Faculdade de Filosofia, História eLetras – PIBIC/CNPq

CO.95 O CONCEITO SARTREANO DE LIBERDADE NA OBRA “O SER E O NADA”. Giuliano ThomaziniCasagrande (B) – Curso de Filosofia, Márcio Danelon (O) – Faculdade de Filosofia– FAPIC/UNIMEP

CO.96 EXAME DE VARIÁVEIS INSTITUCIONAIS ENVOLVIDAS NO COMPORTAMENTO DEAMAMENTAR – ESTUDO II. Ana Paula Vedovato Maestrello (B) – Curso de Psicologia, LeilaMaria do Amaral Campos Almeida (O) – Faculdade de Psicologia – PIBIC/CNPq

CO.97 EXAME DE VÁRIAS INSTITUICIONAIS ENVOLVIDAS NO COMPORTAMENTO DE AMA-MENTAR – ESTUDO I. Fabiana Marchioni Afonso (B) – Curso de Psicologia, Leila Maria do Ama-ral Campos Almeida (O) – Faculdade de Psicologia – PIBIC/CNPq

CO.98 AS ENTIDADES DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DERISCO NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA: REALIDADE, LIMITES E POSSIBILIDADES. EricFerdinando Passone (B) – Curso de Psicologia, Mariá Aparecida Pelissari (O) – Faculdade de Psicolo-gia – PIBIC/CNPq

CO.99 A REALIDADE DAS ENTIDADES DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EMSITUAÇÃO DE RISCO NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA. Karina Garcia Mollo (B) – Curso dePsicologia, Mariá Aparecida Pelissari – (O) Faculdade de Psicologia – PIBIC/CNPq

CO.100 RECONHECENDO A PRESENÇA DA MATEMÁTICA FORA DO CONTEXTO ESCOLAR. Ale-xandre Rangel Machado (B) – Curso de Ciências – Habilitação Matemática, Célia Margutti do AmaralGurgel (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza – PIBIC/CNPq

CO.101 CLIMA DE AULA E ENSINO DE MATEMÁTICA: INVESTIGANDO A ABORDAGEM DEEQUAÇÕES NO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Ana PaulaValério (B) – Curso de Ciências – Habilitação em Matemática, Geraldo Melotto (O) – Faculdade deCiências da Matemática e da Natureza, Célia Margutti do Amaral Gurgel (CO) – Faculdade de Ciên-cias da Matemática e da Natureza – FAPIC/UNIMEP

CO.102 FOTOGRAFIA, RADIOGRAFIA, TOMOGRAFIA E ULTRASSONOGRAFIA: IDÉIAS DOSPROFESSORES E ALUNOS SOBRE OS PROCESSOS FÍSICOS DE OBTENÇÃO DAS IMA-GENS. Renato Queiróz Machado (BO) – Curso de Licenciatura em Matemática, Maria Guiomar C.Tomazello (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza – PIBIC/CNPq

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 233

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234 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.92

A QUESTÃO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE INTRA-URBANO EM PIRACICABA FRENTE À VARIÁVEL DENSIDADE DEMOGRÁFICA – CENÁRIO DE MUDANÇA – INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO

ROGÉRIO DE ARAUJO LUCIANI (B) – Curso de Arquitetura e UrbanismoJOÃO MORENO (O) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Morar em uma cidade pacífica e equilibrada ambientalmente é almejado e acalentado pela sociedade que desa-fia o desesperador esmagamento imposto pelo aumento populacional. O processo de urbanização acaba causandomodificações no meio ambiente e o principal alvo das malésias acaba sendo as cidades, cuja concentração e acúmuloexcessivo de pessoas têm causado efeitos no ritmo de crescimento e no meio ambiente. A população humana cresceexorbitantemente, provocando níveis de ocupação hierarquizada e segregada no espaço intra-urbano. O crescimentoacaba sendo desordenado sem considerar as características naturais do território (capacidade de suporte). Nesse con-texto, aponta-se a cidade de Piracicaba como exemplo de análise. A aglomeração de pessoas e as atividades econômi-cas neste território parecem ser muito amplas. Assim, os investimentos em infra-estrutura expandem-se, incluindo-senão somente habitações mais elaboradas e permanentes, mas também redes de transporte, comunicações mais com-plexas e habitações precárias. A ordenação deste crescimento faz-se necessária, de modo que seus efeitos não prejudi-quem os habitantes e o meio natural. Neste sentido, a presente pesquisa contempla um estudo no que tange a variáveldensidade demográfica frente a um cenário de mudança, bem como a construção de parâmetros de avaliação das rela-ções entre adversidade e benefícios ambientais.

INTRODUÇÃOA morfologia ambiental das cidades está sendo

mudada em função do atual sistema de gestão pública e dadinâmica populacional presente nesses espaços.

O modelo econômico adotado pelo Brasil, o neo-liberalismo, tem por característica não priorizar investi-mentos na área social (educação, saúde, habitação, sanea-mento básico) promovendo espaços com alta concentra-ção populacional e com sérios problemas de saneamentoambienta (VILLAÇA, 1998)

O entendimento da estrutura de saneamento básicointra-urbano e o apontamento de algumas conseqüênciasambientais de uma estrutura de saneamento deficitáriaapontam de que maneira a gestão pública pode ameaçar oequilíbrio ambiental das cidades, fruto de uma falta de di-recionamento e de instrumentos decisivos para o desen-volvimento sustentável.

MÉTODOSA metodologia na condução da pesquisa foi estru-

turada de forma a buscar respostas no que tange à compre-ensão do cenário de mudanças impostas ao nível ambien-tal e ao nível físico territorial, pelo processo de ocupaçãodemográfica no território intra-urbano de Piracicaba.

A construção da base de informação para repre-sentar espacialmente o cenário de mudanças portou-senum primeiro momento, à realização de um amplo levan-tamento de dados por método secundário, ou seja, correla-cionar as informações a partir de documentos históricosexistentes e correlacioná-los temporalmente. Logo após, acoleta dos dados para posterior compreensão do cenáriode mudança ocorreu em três etapas:

• Na primeira, levantaram-se os dados físicos ter-ritoriais na Secretaria Municipal de Planejamento Urbano(SEMUPLAN);

• Na segunda, realizou-se a interpretação dos da-dos populacionais contidos em dois documentos forneci-dos pela SEMUPLAN: Perfil Sócio Econômico do Muni-cípio de Piracicaba nº 4 e Perfil Populacional do Municí-pio de Piracicaba nº 1;

• Na terceira, levantaram-se os dados referentes àinfra-estrutura de saneamento no Serviço Municipal deÁgua e Esgoto, através do fornecimento do Plano de Dire-tor de Abastecimento de Água da cidade de Piracicaba.

Figura 1. Fluxogramas da Metodologia do Primeiro e Segundo Momento daPesquisa.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 235

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DESENVOLVIMENTOA terceira etapa da pesquisa consistiu no levanta-

mento de dados da cidade de Piracicaba, com o objetivode formar um banco de dados referente à infra-estruturade saneamento.

Esses dados permitiram o entendimento da estru-tura do sistema atual de abastecimento de água e coleta deesgotos. Posteriormente, utilizando-se as fotografias comomeio de interpretação visual, foi possível apontar a preca-riedade do sistema em alguns locais.

RESULTADOSO sistema atual de abastecimento de água é com-

posto de três estações de tratamento de água: ETA I e IIque utilizam água do rio Piracicaba; ETA III (Capim Fino)que utiliza água do rio Corumbataí. As ETAS distribuemágua tratada aos vários subsistemas de distribuição (verfig. 02), formados por reservatórios, estações elevatórias eadutoras, numa disposição tipicamente serial.

Quanto à qualidade da água, a proveniente do rioPiracicaba, devido ao lançamento de efluentes e esgotossanitários, é classificada como imprópria ao consumo hu-mano; a água do rio Corumbataí é de melhor qualidade,sendo própria ao consumo, mesmo recebendo a montanteesgoto in natura da cidade de Rio Claro.

Do montante de esgoto gerado atualmente no mu-nicípio, 33% são tratados, sendo o restante despejado innatura no ribeirão Piracicamirim.

Figura 2. Sub-sistemas de Abastecimento de Água da cidade de Piracicaba.

CONCLUSÃOOs gestores públicos do município necessitam en-

tender que saneamento básico não é apenas o fornecimen-to de água tratada e a coleta de uma parcela do esgoto mu-nicipal, como ocorre em Piracicaba. Saneamento básico étoda a morfologia ambiental da cidade: o tipo de solo, sis-temas drenagem de água pluvial, a localização adequadade aterros sanitários, tratamento de efluentes industriais edomésticos, dentre outras características ambientas parti-culares a cada cidade.

Se a gestão pública assim for encarada, o respeitoao meio ambiente será alcançado e a qualidade de vidanas cidades melhorará.

BIBLIOGRAFIAGOTTDIENER, M. A Produção Social do Espaço

Urbano. São Paulo: Editora da Universidade de SãoPaulo, Edusp, 1998.

MARTINI, George (org). População, Meio Ambiente eDesenvolvimento – verdades e contradições. Campi-nas – SP, Unicamp, 1996.

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO.Departamento de Análise sócio-econômica. Setor deBanco de Dados, Perfil Populacional do Municípiode Piracicaba nº 1. Dezembro de 1993.

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO.Setor de coleta e análise de dados, Perfil sócio-eco-nômico do Município de Piracicaba 1998 nº 4.Setembro de 1.999.

VILLAÇA, F. Espaço Intra-Urbano no Brasil. SãoPaulo: Nobel, 1998.

236 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.93

A QUESTÃO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE INTRA-URBANO EM PIRACICABA FRENTE A VARIÁVEL DENSIDADE DEMOGRÁFICA –

CENÁRIO DE MUDANÇA

TAISE LITHOLDO (B) – Curso de Arquitetura e UrbanismoJOÃO MORENO (O) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

PIBIC/CNPq

RESUMO

Morar em uma cidade pacífica e equilibrada ambientalmente é almejado e acalentado pela sociedade que desafia adesesperadora esmagação imposta pelo aumento populacional. O processo de urbanização acaba causando modificaçõesno meio ambiente e o principal alvo das malésias acaba sendo as cidades, cuja concentração e acúmulo excessivo de pes-soas tem causado efeitos no ritmo de crescimento e no meio ambiente. A população humana cresce exorbitantemente, pro-vocando níveis de ocupação hierarquizada e segregada no espaço intra-urbano. O crescimento acaba sendo desordenadosem considerar as características naturais do território (capacidade de suporte). Nesse contexto, aponta-se a cidade de Pira-cicaba como exemplo de análise. A aglomeração de pessoas e as atividades econômicas neste território parecem ser muitoamplas. Assim, os investimentos em infra-estrutura expandem-se, incluindo-se não somente habitações mais elaboradas epermanentes, mas também redes de transporte, comunicações mais complexas e habitações precárias. A ordenação destecrescimento faz-se necessária, de modo que seus efeitos não prejudiquem os habitantes e o meio natural. Neste sentido, apresente pesquisa contempla um estudo no que tange a variável densidade demográfica frente a um cenário de mudança,bem como a construção de parâmetros de avaliação das relações entre adversidade e benefícios ambientais.

INTRODUÇÃOAs características específicas das cidades, ou seja,

o ambiente natural, está sendo alvo da dinâmica populaci-onal e das relações estabelecida pela administração públi-ca. As cidades não atingem um patamar de sociedadesmodelos, no qual as cidades acima de tudo sejam próspe-ras, saudáveis, equilibradas e habitadas. As pessoas aca-bam sendo postas a margem da economia urbana, além deserem excluídas pela modernização.

Neste sentido, as cidades são grandes exemplos dafalta de gestão territorial que proporcione qualidade ambi-ental e maior satisfação aos seus usuários. A necessidadede buscar respostas para prover a sustentabilidade ambi-ental face a variável densidade demográfica no espaço ur-bano é urgente.Como diz MARTINE (1993) ao citarSMOLKA (1993), com efeito, não há como separar osproblemas ambientais mais aflitivos destes tempos (pós)-modernos, dos processos de urbanização em geral, e daestruturação Intra-Urbana em particular.

Assim, é necessário entender as transformaçõesprofundas e a grande dinâmica populacional dentro de umcontexto conflitante ao qual o meio ambiente está exposto,admitindo ainda, que a condução da gestão pública podeameaçar o equilíbrio admissível no espaço intra-urbano,resultando na falta de direcionamento e instrumentos deci-sivos para o desenvolvimento sustentável.

MÉTODOSA metodologia na condução da pesquisa foi estru-

turada de forma a buscar respostas no que tange à compre-ensão do cenário de mudanças impostas ao nível ambien-tal e ao nível físico territorial, pelo processo de ocupaçãodemográfica no território intra-urbano de Piracicaba.

A construção da base de informação para repre-sentar espacialmente o cenário de mudanças, portou-senum primeiro momento, à realização de um amplo levan-tamento de dados por método secundário, ou seja, correla-cionar as informações a partir de documentos históricosexistentes e correlacioná-los temporalmente. Logo após, acoleta dos dados para posterior compreensão do cenáriode mudança ocorreu em três etapas:

• Na primeira, levantou-se os dados físicos terri-torial junto a Secretaria Municipal de Planejamento Urba-no (SEMUPLAN);

• Na segunda, deu-se com a interpretação dos da-dos populacionais contidos em dois documentos forneci-dos pela SEMUPLAN: Perfil Sócio Econômico do Muni-cípio de Piracicaba nº 4 e Perfil Populacional do Municí-pio de Piracicaba nº 1;

• Na terceira, levantou-se os dados referentes a in-fra-estrutura de saneamento junto ao Serviço Municipal deÁgua e Esgoto, através do fornecimento do Plano de Dire-tor de Abastecimento de Água da cidade de Piracicaba.

Figura 1. Fluxogramas da Metodologia do Primeiro e Segundo Momento daPesquisa.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 237

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DESENVOLVIMENTOO primeiro momento da pesquisa consistiu no le-

vantamento de dados da cidade de Piracicaba, com o obje-tivo de formar um banco de dados referente à dinâmicapopulacional.

A formação desse banco de dados possibilitou arealização dos Gráficos de População e Área por Abairra-mento, conforme o Censo de 1991, dando base a uma pri-meira análise desse espaço intra-urbano.(ver figura 1)

Posterior a realização dos gráficos, utilizou-se dorecurso fotográfico para registrar o cenário do ano de2000/1 de Piracicaba, por Regiões Geográficas (Norte,Sul, Leste e Oeste) e por abairramento.

Esses dados permitiram o esboço de resultadospreliminares da densidade física territorial da cidade. Po-rém, o segundo momento que ainda não foi realizado,consistirá no entendimento do cenário de mudança porque passa o território, através da utilização do Sistema deInformação Geográfica – SIG, com utilização do instru-mental de Geoprocessamento e Geoestátistica.

Figura 2. Fluxograma do Desenvolvimento da Pesquisa.

RESULTADOSOs resultados (primeiro momento) alcançados

pela pesquisa apontam a estruturação do espaço de Piraci-caba através da coleta de materiais que quantificaram onúmero de pessoas por bairro e região (Censo 1991), alémde fotos do ano de 2001 que representam a ocupação dosbairros e do meio em que se encontram inseridos.

A influência populacional nos espaços da cidadevem sendo preocupante, e como exemplo, vale destacar oBairro Vila Industrial (ver figura abaixo) que é um assen-tamento com grande adensamento. Fato este, paradoxalao paradigma de equilíbrio ambiental pregado atualmente.

CONCLUSÃOConsiderando os resultados preliminares alcança-

dos do primeiro momento da pesquisa, pode-se concluir, énecessário repensar sobre os efeitos do fator densidade de-mográfica sobre o meio ambiente e a dimensão de sua or-dem de contribuição à degradação ambiental presentes emnossas cidades. Além disso, deve-se procurar predizer asimplicações desse fator que tem grande poder de desestru-turação do espaço e do bem estar da população, almejan-do em todo o instante a busca por mecanismos eficientespara a formação do arcabouço territorial.

BIBLIOGRAFIABECKER, B.K. Geografia e meio ambiente no Brasil.

São Paulo: Hucitec, 1998.GOTTDIENER, M. A Produção Social do Espaço

Urbano. São Paulo: Editora da Universidade de SãoPaulo, Edusp, 1998.

HAUSER, P.M. Estudo Intra-Urbano no Brasil. SãoPaulo: Pioneira, 1975.

MARTINI, George (org.). População, Meio Ambiente eDesenvolvimento – verdades e contradições. Campi-nas – SP, Unicamp, 1996.

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO.Departamento de Análise sócio-econômica. Setor deBanco de Dados, Perfil Populacional do Municípiode Piracicaba nº 1. Dezembro de 1993.

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO.Setor de coleta e análise de dados, Perfil sócio-eco-nômico do Município de Piracicaba 1998 nº 4.Setembro de 1.999.

VILLAÇA, F. Espaço Intra-Urbano no Brasil. SãoPaulo: Nobel, 1998.

Figura 3. Região Norte de Piracicaba.

Morfologia: Ambiência Região Norte – Vila Industrial

Solo Frágil – erosão média a acentuada Solo Frágil – erosão acentuada

Rib

eirã

o G

uam

ium

Rio Corumbataí

Ausência de Cobertura Arbórea“Área Urbanizada”

Precariedade: “Infra-estruturae Equipamentos Urbanos”

Tipologia Espacial da Urbanização

238 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.94

A LIBERDADE SARTREANA ILUSTRADA N’O SER E O NADA

TAITSON ALBERTO LEAL DOS SANTOS (B) – Curso de FilosofiaSÍLVIO DONIZETTI DE OLIVEIRA GALLO (O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

PIBIC/CNPq

RESUMO

O presente estudo teve por objeto o conceito de liberdade desenvolvido e ilustrado na obra “O Ser e o Nada”,do filósofo existencialista francês Jean-Paul SARTRE. Para tanto, nos detivemos na obra em questão, onde efetivamosum minucioso e rigoroso estudo sobre seus conceitos.

“O Ser e o Nada” é, evidentemente, a obra na qual, primeiramente, Sartre desenvolve seu conceito de liberdade.Tendo por subtítulo “Ensaio de Ontologia Fenomenológica”, o autor intenta analisar a Liberdade sob a ótica da Fenome-nologia; e é justamente sob este prisma que refazemos seu percurso. Num primeiro momento elucidamos as duas moda-lidades de Ser descritas pelo autor, quais sejam, o ser-Em-si e o ser-Para-si, identificando o primeiro como sendo maciço,referente às coisas e o segundo caracterizado pelo Homem, a consciência, que comporta em si o Nada. Este nada surge nomundo por meio da consciência do para-si. É pelo nada que o ser coloca em questão o seu próprio ser; essencialmente porser faltante, não-completo, é que se coloca tal questão. Por ser a consciência vazia de Ser, identificamo-la como possibili-dade, ou seja, Liberdade. Assim, concluímos que o Ser do homem, ou seu nada de ser, é, precisamente, a Liberdade;sendo dela prisioneiro, uma vez que a única escolha que realmente não pode fazer é deixar de ser livre.

INTRODUÇÃONesta pesquisa, perpassamos por três etapas: num

primeiro momento colhemos informações acerca do Mo-vimento Existencialista, refletindo sobre suas principaisidéias, conceitos e expoentes fundamentais (tendo comobase os textos: PENHA, 1984 e GILES, 1975); na segun-da fase da pesquisa, privilegiamos um dos mais importan-tes pensadores existencialistas e autor da obra com a qualnos defrontamos, Jean-Paul Sartre, levantando dados bi-bliográficos, bem como seu contexto histórico e sua inser-ção no existencialismo (VIEIRA, 1967 e LIMA, 1998);na terceira etapa nos aprofundamos na obra sartreana pro-priamente dita (SARTRE, 1997), percorrendo e refletindosobre cada um de seus conceitos, sua ontologia, sua críticaà moral universal e sobre o homem em sua facticidade eliberdade, nosso ponto nevrálgico.

Procuramos salientar a concepção existencialistade que a existência precede a essência, entendendo, comisso, que não existe uma idéia de homem antes deste exis-tir, mas ao contrário, primeiro o homem sabe-se existentee num segundo momento busca sua essência, o homem énada além do que projetar ser, ou seja, é livre. Podemosdizer que a questão da liberdade constitui-se num dosprincipais problemas de nossa realidade, uma vez que dizrespeito a certos limites impostos pelo Outro e por demaissituações em nossa existência. Analisamos estas situa-ções, reveladas pelo autor, e observamos que antes de to-marmos estes “obstáculos” como limites da liberdade de-vemos tomá-los como possibilitadores desta. Assim, opresente trabalho tem por objetivo ilustrar este conceito deliberdade, exposto por SARTRE, bem como refletir sobreeste homem em liberdade.

METODOLOGIAO conteúdo desta pesquisa foi pensado didática e

medologicamente e distribuído em três etapas, assim or-ganizadas:

Primeira etapa (introdução ao existencialismo –2 meses):

• O que é Existencialismo;

• Contexto histórico, origens e influências doExistencialismo;

• Principais expoentes e idéias;

Segunda etapa (introdução a Sartre – 2 meses):• Sartre: bibliografia e principais idéias;• Inserção e contexto histórico de Sartre no exis-

tencialismo;• Principais idéias.

Terceira etapa (conceito de liberdade em Sartre –8 meses):

• Antropologia sartreana, o homem como projeto.• O conceito de liberdade.• Traspassando os doze meses da pesquisa, reali-

zamos as seguintes atividades:• Leitura de cada um dos textos expostos na Bi-

bliografia;• Escrita de uma resenha no momento posterior

da leitura (totalizando doze);• Discussão entre professores/orientadores e alu-

nos/bolsistas após o momento de cada leitura.• Seminário de Socialização do Conhecimento,

onde os bolsistas expuseram o conhecimento adquirido napesquisa para outros alunos não-bolsistas.

DESENVOLVIMENTOSartre inicia sua análise do Fenômeno constatan-

do que o pensamento moderno muito contribuiu à filoso-fia ao reduzir o existente à série de aparições que o mani-festam. Com isso eliminou-se, essencialmente, o dualis-mo existente entre o interior e o exterior. Ou seja, não "hámais um exterior do existente, se por isso entendemosuma pele, superficial que dissimulasse ao olhar a verda-deira natureza do objeto"(SARTRE, 1997, p. 15).

O autor de O Ser e o Nada segue a fenomenolo-gia de Husserl e de Heidegger, pois ambos entendemque tomando-se o fenômeno como aparecer julga-senecessário a pressuposição de que se aparece, aparece aalguém. Com tal concepção pode-se, também, rejeitar-se o dualismo da aparência e da essência, pois o ser fe-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 239

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nomênico manifesta-se revelando tanto sua aparênciaquanto sua essência. Desta forma, o ser se revelará anós por um “meio”, seja pela náusea, pelo tédio, pelaangústia... E é tarefa da ontologia se dedicar à análise, eà descrição, do fenômeno de ser tal qual ele aparece.Na obra em questão, Sartre expõe as duas categorias daexistência, quais sejam, Em-si e Para-si. Onde o em-siseria o mundo das coisas materiais, dos objetos; tudoaquilo que está além do sujeito, que lhe é externo. Opara-si é o mundo da consciência, por ser auto-reflexi-va é que é ser-Para-si. O ser-Em-si será definido peloautor como uma síntese, uma síntese de si consigomesmo; ele simplesmente é. “O ser é. O ser é em si. Oser é o que é. Eis as três características que o exameprovisório do fenômeno de ser nos permite designar noser dos fenômenos”(SARTRE, 1997, p. 40). Enquantoo Em-si é completo, pleno de si, a consciência é vazia,é nada. Vazia de ser, logo, possibilidade, liberdade; es-truturas estas que dizem respeito ao Para-si.

O papel do Nada na filosofia sartreana é de funda-mental relevância, uma vez que é somente concebendo onada que se interroga. Sem o nada nenhuma pergunta ha-veria de ser perguntada, essencialmente a do ser. Para per-guntarmos sobre o Ser é necessário que haja o Nada. De-certo que este nada não pode surgir do Em-si, pois este écaracterizado como completo em si mesmo, fechado.Destas indagações surge uma questão que "se apresentacom particular urgência: se o Nada não pode ser concebi-do nem fora do Ser nem a partir do Ser, e, por outro lado,sendo não-ser, não pode tirar de si a força necessária para'nadificar-se', de onde vem o Nada?"(SARTRE, 1997, p.64). Ou ainda, que Ser é este que traz o Nada ao mundo?Sartre afirma que o ser pelo qual o nada vem ao mundo éo Homem. Além de revelar a negatividade, o ser do serhumano é o único que interroga, também é o único quepode tomar atitudes negativas em relação a si, negando,desta forma, uma transcendência futura e quedando-se naMá-Fé. Esta consiste no fato de nos agarrarmos a umaidentidade dada por outrem, mesmo que saibamos queseja falsa. O homem livre opta pela Má-Fé com o intuitode fugir à sua liberdade. Somos livres para realizar nossasescolhas, todavia, somos, também, responsáveis por elas;tal responsabilidade acarreta a Angústia. Nos angustiamosquando temos de fazer determinadas escolhas, por não ter-mos uma moral que nos guie. Ou melhor, outros tentamcriar ou nos mostrar que existe tal moral, mas o homemque não vive na Má-Fé não aceita uma moral instituciona-lizada (por crer que esta não o satisfaz). Ele faz suas esco-lhas e assume as responsabilidades.Com tais conclusões,o filósofo se questiona o que na verdade é o homem, umavez que, através dele surge o nada. Lançando mão da filo-sofia cartesiana, o autor de L’être et le néant sugere o ter-mo liberdade como sendo o fator essencial para a possibi-lidade de segregação do nada à realidade humana, liberda-de não somente como palavra, mas como sendo o ser darealidade humana.

CONCLUSÕESNão devemos tomar a liberdade como conceito e

também não podemos descrever uma liberdade que sejacomum a todos – ao outro e, também, a mim; “não pode-

ria, pois, considerar uma essência da liberdade. Ao contrá-rio, a liberdade é fundamento de todas as essências, postoque o homem desvela as essências intramundanas aotranscender o mundo rumo às suas possibilidades própri-as. Mas trata-se, de fato, de minha liberdade”(SARTRE,1997, p. 542). Todas as definições dadas ao Para-si porSartre, tais como: “o Para-si é o que é e não é o que é” e “aexistência precede a essência”, se traduzem na liberdade.Se somente podemos definir o Para si como não sendo oque é e sendo o que não é, e que existe antes para inventarsua essência depois, é porque ele, o Para-si, o Homem, élivre. É com tais pressupostos Sartre afirma que estamoscondenados a existir eternamente para além de nossa es-sência, estamos condenados a ser livres (SARTRE, 1997,p. 183). O limite da liberdade reside, precisamente, na li-berdade. Somente podemos afirmar que não somos livresquando escolhemos não ser livres.

Em Sartre não se pode separar a intenção do ato, oescolher do fazer, opondo-se ao senso comum, que teimaem afirmar que o “querer” não é “poder”; nossos atos re-velam nossas intenções, afirma o francês. Ademais, a li-berdade não pressupõe o fim, não se importa se atingiu ounão o que escolheu, mas a escolha mesma. A meta da li-berdade – se é que podemos colocar nestes termos – é aprópria escolha, ela é seu princípio e fim.

O homem é livre porque não é completo; é livreporque seu ser é nadificação; é livre por não ser si mesmo.O ser que é o que é, que é completo e se basta, não pode,de modo algum, ser livre. A liberdade é justamente estenada que vem ao mundo pelo ser do homem e que o obri-ga a fazer-se, ao invés de ser. Assim entendido, “a liberda-de não é um ser: É o ser do homem, ou seja, seu nada deser”(SARTRE, 1997, p. 545). A realidade humana é livrena medida em que tem de ser seu próprio nada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GILES, Thomas Ransom. História do Existencialismo eda Fenomenologia. SP: EPU, Ed. da USP, 1975.

LIMA, Walter Matias. Liberdade e Dialética em Jean-Paul Sartre, Maceió: EDUFAL, 1998.

PENHA, João da. O que é Existencialismo, 4aed., SP:Brasiliense, 1984.

SARTRE, Jean-Paul. O Ser e o Nada: ensaio de ontolo-gia fenomenológica; Trad. Paulo Perdigão, Petrópo-lis: Vozes, 1997.

VIEIRA, Amaral. Sartre e a revolta de nosso tempo. RJ:Forense, 1967.

240 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.95

O CONCEITO SARTREANO DE LIBERDADE NA OBRA “O SER E O NADA”

GIULIANO THOMAZINI CASAGRANDE (B) – Curso de FilosofiaMÁRCIO DANELON (O) – Faculdade de Filosofia

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo o conceito de liberdade n’“O Ser e o Nada”, obra mestra do filósofo exis-tencialista J. P. Sartre, cujo principal tema é a liberdade humana. Culmina a ontologia sartreana na afirmação incondicio-nal da liberdade humana, definindo o homem como um ser “condenado a ser livre” (SARTRE, 1999, p. 183).

INTRODUÇÃOO problema da liberdade perpassa a História da

Filosofia, sofrendo tratamentos diversos no que diz respei-to à clássica oposição livre arbítrio/determinismo. EmSartre encontra uma afirmação radical, com a proclama-ção da liberdade absoluta do ser humano, fundamentadana nova ontologia, da qual Sartre é um dos expoentes.

MÉTODOSOs métodos devem ser considerados à luz da natu-

reza de um trabalho filosófico, ou seja, ter lugar junto à lei-tura, a escrita e a discussão, ocorrendo esta última em reuni-ões regulares de orientadores e bolsistas, nas quais as leitu-ras e as produções escritas eram discutidas. Assim, nessesseis meses de pesquisa, a leitura dos textos propostos na bi-bliografia foi seguida da escrita de resenhas e comentários,e o momento do encontro de orientadores e bolsistas reser-vado à discussão teórica dos conceitos dos textos lidos,além da leitura e discussão dos textos produzidos.

DESENVOLVIMENTOEm sua investigação ontológica d’“O Ser e o Na-

da”, Sartre parte em procura de uma concepção de ser, apartir da perspectiva fenomenológica, e encontra o ser di-vidido em duas regiões totalmente distintas, a do ser-em-sie a do ser-para-si. O ser-em-si é o ser dos objetos, e é ca-racterizado por ser o que é. Já o ser-para-si, ou consciên-cia, é o ser do homem. Ao contrário do em-si, o para-si é oque não é e não é o que é, sendo definido como um nada.É por ser um nada que o homem vive permanentementeem busca de um ser nunca alcançado, e é por isso que ohomem, por não possuir um ser, é absolutamente livrepara escolher seu ser, através de seu livre agir. Se o ho-mem, como um nada, é absolutamente livre, não pode serdeterminado por nenhum ser exterior à sua consciência,sendo totalmente responsável por seu ser. O homem nãopossui um ser dado de antemão, como o ser-em-si, masdeve construir seu ser ao longo de sua existência, atravésde seus livres projetos; o homem vive se projetando, semnunca possuir um ser, pois é um nada. Este é o sentido desua liberdade. No homem, a “existência precede e condi-ciona a essência” (SARTRE, 1999, p. 543); isso significaque o ser do homem não é anteriormente determinado,mas que o homem é livre para escolher seu ser.

CONCLUSÕESA partir do dilema da liberdade colocado por Sar-

tre, segundo o qual o homem “é inteiramente e sempre li-vre, ou não o é” (SARTRE, 1999, p. 545), foi reconhecidaa salvaguarda da total liberdade do pólo subjetivo da cons-

ciência, que não pode ser determinada a priori nem pornada exterior a ela, o que resulta no paradoxo da liberda-de, que só tem como limite a própria liberdade, conformeSARTRE (1999, p. 543-544).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBORNHEIM, G. Sartre: metafísica e existencialismo.

São Paulo: Perspectiva.

MÉSZÁROS, István. A obra de Sartre: busca da liber-dade. São Paulo: Ensaio, 1991.

OLSON, Robert G. Introdução ao existencialismo. SãoPaulo: Brasiliense, 1970.

PERDIGÃO, P. Existência e Liberdade: uma introduçãoà filosofia de Sartre. Porto Alegre: L&PM, 1995.

SARTRE, J. P. O ser e o nada. Petrópolis: Vozes, 1999.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 241

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242 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.96

EXAME DE VARIÁVEIS INSTITUCIONAIS ENVOLVIDAS NO COMPORTAMENTO DE AMAMENTAR – ESTUDO II

ANA PAULA VEDOVATO MAESTRELLO (B) – Curso de PsicologiaLEILA MARIA DO AMARAL CAMPOS ALMEIDA (O) – Faculdade de Psicologia

PIBIC / CNPq

RESUMO

Considerando que o aleitamento materno no Brasil é uma questão de saúde pública, este ESTUDO é parte deum projeto maior que objetivou descrever e analisar as condições existentes numa maternidade, impeditivas ou não doaleitamento materno. Foram analisadas situações de interação social ocorridas entre enfermeiras e mães pós-parto, eexaminadas as condições institucionais para a promoção do aleitamento, através de observação e entrevista. Os resul-tados sugerem a necessidade de definir uma política de amamentação que inclua ações, pela maternidade, que consi-derem o envolvimento conjunto de médicos e enfermeiras, ações junto às mães que se prolonguem após o parto eações que incluam a participação de agências comunitárias pró aleitamento materno.

INTRODUÇÃODe acordo com a Organização Mundial de Saúde

(OMS) 97% das mulheres são fisiologicamente capazes deamamentar seus filhos de modo satisfatório (OMS, 1989) e,estudos comparativos revelam que aquelas que recebem ori-entação pessoal e profissional para a amamentação a mantémpor maior tempo (LAWRENCE, 1989), colocando em evi-dência a importância das condições de apoio à lactância (As-sociation Catalana Pro Alletamento Matern, 1999).

Sabendo que obstáculos para o início e manuten-ção da amamentação vão desde a proposição física doshospitais e enfermarias obstétricas e organizações dos ser-viços, até as atitudes e comportamentos de médicos e en-fermeiras, a psicologia é uma ciência que pode contribuirpara o aperfeiçoamento das relações presentes nestes am-bientes e práticas e, ao mesmo tempo produzir conheci-mentos a elas relativos.

Habitualmente o trabalho do psicólogo na área dasaúde se circunscreve a comportamentos ou situações-pro-blemas, atuando em níveis de recuperação e de intervenção,com raras incursões em prevenção ou na manutenção e pro-moção de comportamentos significativos ou de valor huma-no. Da atuação voltada apenas para a recuperação decorreuma tendência ao agravamento do volume de problemas,com um custo cada vez mais elevado para alterá-los (MEL-CHIORI, 1983). Impedir que ocorram comportamentosdesse tipo e que se promovam comportamentos de valor hu-mano através do controle das condições que os produzem,supõe a descrição e o exame destas condições. Para isso, as-sumiu-se neste trabalho a noção de comportamento como arelação entre o que o organismo faz e o ambiente em que ofaz (SKINNER, 1994; BOTOMÉ, 1979).

Com esta perspectiva, e considerando que estudossobre amamentação destacam a importância da atençãomaterno-infantil durante a internação hospitalar para pre-parar a mãe para cuidar do seu filho em casa e estimular oaleitamento materno com o pressuposto de que a satisfa-ção do bebê elevaria a auto-confiança da mãe, este traba-lho, que é parte de um projeto maior que inclui os estudosI e II, teve como objetivo o exame das condições existen-tes numa maternidade no pós-parto favorecedoras, ou não,do aleitamento materno, e propor incluir esse conheci-mento no planejamento institucional.

MÉTODOEste estudo analisou situações de interação social

ocorridas com enfermeiras e mães pós-parto de uma mater-nidade do interior do Estado de São Paulo. Foi conduzidocom a caracterização das condições físicas da maternidade;com sessões de observação e registro das interações sociaisdas enfermeiras com as mães, ocorridas nos momentos deorientação informal, no quarto e da rotina hospitalar; comentrevistas semi-dirigidas com as enfermeiras-chefe paraexame – descrição e análise – das referências teóricas emque se apoiam o projeto da maternidade e as suas práticas,das relações das enfermeiras e médicos quanto à promoçãodo aleitamento materno e dos procedimentos e materiaispara informação das mães sobre amamentação.

RESULTADO E DISCUSSÃOAs observações das interações ocorridas entre as

enfermeiras e as mães permitiram identificar: que as enfer-meiras mostram-se atentas às dificuldades da mãe ou do be-bê, pelo período em que permanece junto dela, aproveitan-do-se dessas situações para orientar como proceder; e, queutilizam de instruções orais e de modelo do fazer com osprocedimentos de orientação para amamentar ou cuidar dobebê. Parecem considerar que a demonstração de uma ma-nobra da mãe com o bebê, diante de uma dificuldade paraamamentar seja um procedimento de ensino suficiente. Domesmo modo também parecem acreditar que a simples ins-trução verbal sobre a importância do aleitamento materno,feita através de depoimentos médicos e de nutricionistas,em vídeo, ou através de orientação oral, seja suficiente paraque se estabeleça e se mantenha o comportamento de ama-mentar quando a mãe sair da maternidade.

Pelos relatos obtidos nas entrevistas com as enfer-meiras pode-se identificar que há discrepâncias entre a prá-tica médica junto às mães, basicamente medicamentosa, eas ações da enfermagem, fundamentadas nas orientaçõescontemporâneas de organizações como a OMS e a UNI-CEF e do Ministério da Saúde com seu programa “HospitalAmigo da Criança”. E que esta diferença de orientação setraduz em impedimento para o aleitamento materno.

Estes resultados sugerem a possibilidade concretade uma atuação da psicologia junto às enfermeiras, queconsidere a importância de uma programação, para orien-tação às mães quanto ao aleitamento materno e interações

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saudáveis com seu bebê – a ser elaborada conjuntamentepelos médicos e enfermeiras.

Quanto às instruções verbais utilizadas como es-tratégia de orientação, levando às enfermeiras o conheci-mento produzido pela psicologia, que as desmistificamenquanto procedimento: as orientações orais, sozinhas,são um procedimento pouco eficaz (ROCHA & BAN-DÃO, 1997), insuficiente para levar a mãe a seguí-las eamamentar seu bebê já que a enfermeira não tem o con-trole sobre a conseqüência do comportamento da mãe de“amamentar” ou “não amamentar”, do comportamento de“seguir a orientação” ou “não seguir a orientação”, em ca-sa. Para ser eficiente deve ir além da descrição do que amãe deve fazer criando condições para que a mãe identifi-que as contingências do seu comportamento de amamen-tar. Conhecendo-as poderá adquirir a habilidade de modi-ficar seu próprio comportamento e se ajustar às condiçõesdo seu dia-a-dia.

CONCLUSÃOOs dados produzidos sugerem a necessidade de: 1.

Colocar em prática um programa que inclua visitas paraorientação, mais ou menos na primeira semana depois daalta, que considere as condições objetivas da mãe para ama-mentar seu filho, tais como: horário que está em casa, afaze-res domésticos a cumprir, cuidados com os outros filhos; 2.Disponibilizar aconselhamento sobre lactação como ummeio de prevenir ou solucionar problemas a ela relaciona-dos; 3. Desenvolver ações para encorajar a mãe a trazer oseu filho para avaliação quanto ao seu desenvolvimento erelacionar este desenvolvimento com as condições dadaspelo aleitamento materno; 4. Um plano de ação que inclua aparticipação de agências comunitárias para dar suporte aoaleitamento materno, especialmente à mãe.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAASSOCIACIÓN Catalana pro Alletament Matern. Lac-

tancia Matern: Manual para profissionales. Barce-lona, 1994.

BOTOMÉ, S.P. Questões de estudo: uma condição parainstalar discriminação de aspectos importantes deum texto. Revista Psicologia, 5, 2, pp.1-27, 1979.

LAWRENCE, R. Breastfeeding: A guide for the medicalprofesion. 3ª de., USA: The C.V. Mosby Company,1989.

MELCHIORI, L.E. Critérios para uma análise de priori-dades para trabalho psicológico em instituições.Anais da XIII Reunião Anual de Psicologia da Soci-edade de Psicologia de Ribeirão Preto, out/1983.

ORGANIZAÇÃO Mundial de Saúde. Proteção, promo-ção e apoio ao aleitamento materno: o papel espe-cial dos serviços materno-infantis. Genebra, 1989.

ROCHA, M. M. & BRANDÃO, M. Z. da S. A importân-cia do auto conhecimento dos pais na análise emodificação de suas interações com os filhos. In.:DELITTI, M. (org.) Sobre comportamento e Cogni-ção. São Paulo: ARBytes Editora Ltda, 1997.

SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 9a.ed., Martins Fontes, tradução: João Carlos Todorov eRodolfo Azzi, 1994.

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9º CONGRESSO DE

CO.97

EXAME DE VÁRIAS INSTITUICIONAIS ENVOLVIDAS NO COMPORTAMENTO DE AMAMENTAR – ESTUDO I

FABIANA MARCHIONI AFONSO (B) – Curso de PsicologiaLEILA MARIA DO AMARAL CAMPOS ALMEIDA (O) – Faculdade de Psicologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

Considerando que o aleitamento materno no Brasil é uma questão de saúde pública, este ESTUDO é parte deum projeto maior que objetivou descrever e analisar as condições existentes em duas maternidades, impeditivas ou nãodo aleitamento materno. Neste ESTUDO I foram analisadas situações social ocorridas entre enfermarias e mães pós-parto, e examinadas as condições institucionais para a promoção do aleitamento, através de observação e entrevista.Os resultados sugerem a necessidade de definir uma política de amamentação que inclua ações, pela maternidade, queconsiderem o envolvimento conjunto de médicos e enfermeiras, ações junto às mães que se prolonguem após o parto eações que incluam a participação de agências comunitárias pró aleitamento materno.

INTRODUÇÃOA maternidade abrange, em sua totalidade, aspec-

tos diversos que exigem esforço multidisciplinar para suacompreensão. A análise deste fenômeno deve considerarseus aspectos orgânicos, psicológicos e sociais/antropoló-gicos, políticos e econômicos, e ser abordado, também,em seus diversos contextos institucionais.

Quanto à concepção atual que se tem de materni-dade, produzida como uma instituição singular, há ele-mentos históricos que permitem compreender seu surgi-mento e evolução como um serviço de atendimento à saú-de da mãe e do bebê. De acordo com Budin (in UNGE-RER, 1999) até o final do século XIX considerava-se queos hospitais não poderiam oferecer nada além do que rea-lizado em casa; que nenhum cidadão de “bem” entrarianum hospital se não estivesse insano ou tivesse sofrido umacidente longe de casa ou, em caso de epidemia. No iníciodo século XX a alta taxa de mortalidade dos bebês, de umlado, e os progressos tecnológicos de atendimento a be-bês, tais como a incubadora, de outro lado, foram condi-ções importantes para uma mudança no atendimento àsmães gestantes e ao recém nascido, criando-se um ambi-ente próprio, em separado, para os bebês, com o intuito dereduzir o risco de contaminação. Apenas nos anos 40 comos estudos em saúde mental surge a idéia de trazer o bebêpara junto da mãe, como resultado de dados que indica-vam a importância da atenção materno-infantil durante operíodo da internação da mãe para prepará-la para cuidardo seu filho em casa e para desenvolver sua confiança.Atualmente são encontradas maternidades que têm o alei-tamento conjunto e aquelas que levam o bebê até a mãepara o aleitamento e o mantém no berçário.

Em qualquer destas situações é sempre um servi-ço planejado com uma estrutura e uma organização pró-prias que envolve pessoas se comportando e definindocomportamentos a partir de uma concepção de maternida-de. Para a abordagem teórica adotada neste trabalho, deri-vada da Análise Experimental do Comportamento, conhe-cer uma instituição, e neste ESTUDO I uma maternidade,supõe analisar o que se faz nela, isto é, os comportamen-tos, as interações sociais do seu corpo profissional, da mãee seu bebê, que ocorrem dentro de um contexto específico.Supõe descrever e analisar as múltiplas condições que po-

dem favorecer a existência de comportamentos de valorhumano, tornando-os possíveis e altamente prováveis(SKINNER, 1994; BOTOMÉ, 1979) e propor incluir es-tes dados no Planejamento Institucional da maternidade.Planejamento concebido como uma previsão das relaçõescomportamentais que deverão ser estabelecidas – queações deverão ser apresentadas, por quem e em relação aque aspecto ou situações, para produzir quais resultados(MELCHIORI, 1983).

Com esta perspectiva, e considerando que estudossobre a amamentação destacam a importância da atençãomaterno-infantil, no período da internação hospitalar parapreparar a mãe para cuidar do seu filho em casa, e estimu-lar o aleitamento materno com o pressuposto de que a sa-tisfação do bebê elevaria a auto-confiança da mãe, estetrabalho, que é parte de um projeto maior que inclui osESTUDOS I e II desenvolvidos em duas maternidades,teve como objetivo o exame das condições existentes emuma das maternidades no pós-parto favorecedoras ou difi-cultadoras do aleitamento materno, e propor incluir esseconhecimento no planejamento institucional.

MÉTODOEste estudo foi desenvolvido numa maternidade

de um hospital-escola de uma cidade do interior paulista-no, tendo como sujeitos as enfermeiras que têm contatocom as mães no puerpério e que realizam orientaçãoquanto à importância do aleitamento ou que fazem seuacompanhamento. Foi conduzido com a caracterização damaternidade feita através de visitas de observação e entre-vista com a enfermeira-chefe. A entrevista constou deuma questão aberta à enfermeira em que se solicitou quedesse informações sobre a estrutura e a organização damaternidade. Além disso produziu-se dados de interessedo fenômeno estudado a partir de informações coletadasem outros projetos de investigação do hospital (ProjetoColostro) junto a mães.

RESULTADO E DISCUSSÃOA descrição das condições físicas da maternidade

identificou a existência de infra-estrutura apoiada em tec-nologias de apoio diagnóstico e terapêutico em várias es-pecialidades da área da saúde e serviços de apoio. Entreestes, há um Serviço de Psicologia que se organiza oficial-

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mente como campo de atuação em saúde reprodutiva damulher que, além de outras ações, presta assistência psico-lógica às mulheres gestantes ao longo do pré-natal, noparto e no puerpério.

Para receber as mães e seus bebês possuem: Alo-jamento Conjunto que dá atendimento integrado ao binô-mio mãe-filho nos períodos neonatal e perinatal, em setratando de recém-nascidos normais.; e o AlojamentoConjunto Tardio que tem por finalidade o atendimento damãe e do prematuro ao final de internação prolongada, vi-sando o restabelecimento do vínculo afetivo e nutricional,em se tratando de recém nascido de alto risco.

A análise das informações de interesse no ProjetoColostro, permitiu identificar a preocupação do serviçocom a produção de conhecimentos relacionados à promo-ção do aleitamento materno, às condições de saúde físicae mental da mãe e às possíveis relações entre comporta-mento de amamentar e sua própria (mãe) história de alei-tamento quando bebê.

Estes resultados revelam uma maternidade orien-tada pelo conhecimento contemporâneo sobre promoçãode aleitamento materno. Concentra suas ações no períodorelativamente curto de cuidados pré-natais, natais e peri-natais, que é o período crítico para o êxito da iniciação emanutenção da amamentação. É nele que a interação entreos profissionais e as mães é mais próximo, e quando as ro-tinas de cuidados de saúde têm maior influência sobre asatitudes das mães para a amamentação e sobre suas per-cepções quanto a própria capacidade de amamentar.

CONCLUSÃOOs dados deste estudo permitem concluir que o

aleitamento materno fundamenta o cotidiano desta mater-nidade – na concepção do seu projeto institucional e nasações profissionais que dele derivam: têm programas deincentivo ao aleitamento materno; fazem com que a im-portância deste projeto seja de conhecimento de todos osprofissionais; estabelecem a partir dele procedimentos deorientação às gestantes e mães pós-parto; têm o alojamen-to conjunto, permitindo que a mãe e o filho não se sepa-rem e com isto favorecem o aleitamento sob livre deman-da e o estabelecimento de interações recíprocas e contin-gentes mãe-bebê, fundamentais para o desenvolvimentodo apego seguro.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BOTOMÉ, S.P. Questões de estudo: uma condição parainstalar discriminação de aspectos importantes deum texto. Revista de Psicologia, 5, 2, p. 1 – 27, 1979.

MELCHIORI, L.E. Critérios para uma análise de priori-dades para o trabalho psicológico em instituições.Anais da XIII Reunião Anual de Psicologia da Soci-edade de Psicologia de Ribeirão Preto, out/1983.

SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. 9ªed., Martins Fontes, tradução: João Carlos Todorov eRodolfo Azzi, 1994.

UNGERER, R.L.S. & MIRANDA, A.T.C. História doAlojamento Conjunto. Jornal de Pediatria¸ Socie-dade Brasileira de Pediatria, vol. 75, nº 1, jan/fev.1999.

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9º CONGRESSO DE

CO.98

AS ENTIDADES DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA:

REALIDADE, LIMITES E POSSIBILIDADES

ERIC FERDINANDO PASSONE (B) – Curso de PsicologiaMARIÁ APARECIDA PELISSARI (O) – Faculdade de Psicologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo da pesquisa foi produzir dados sobre as entidades de atenção às crianças e adolescentes em situaçãode risco, a fim de conhecer as condições objetivas e a vontade política para participar de articulação de uma rede socialde atenção. A sistematização dos dados e análises possibilitou identificar as entidades que têm potencialidade e von-tade política para a formação da rede social de informação, cooperação e intercâmbio de recursos; e verificar a dispo-nibilidade para realizarem parcerias, através de projetos comuns entre as entidades e/ou com o poder local. Trabalhou-se com um total de vinte e sete (27) e a partir de critérios, chegou-se a doze (12) entidades que demonstram, sob a óticados responsáveis, possuírem condições objetivas e vontade política para formação de rede social de intercâmbio Pôde-se ainda verificar que a insuficiência de políticas públicas e ausência de processo de capacitação dos técnicos mantêmo trabalho nas entidades na condição de mecanismos controladores, com práticas paliativas e emergenciais. Nestaspráticas evidencia-se, ainda, que a relação existente entre as entidades é, exclusivamente, de encaminhamento dejovens e crianças de umas para as outras.

INTRODUÇÃOSegundo o ECA – Estatuto da Criança e do Adoles-

cente – é responsabilidade da família, da escola e das insti-tuições públicas e privadas o cuidar da infância e adolescên-cia em situação de risco. Mas, a falta de políticas públicas esociais têm confinado as crianças e os jovens ao abandonodas ruas e às instituições assistenciais, que cada vez maisdemonstram sua ineficácia social, educacional e formativa,pois via de regra, mantém reproduzindo-se como instru-mento repressivo de controle social, com práticas asseme-lhadas às das instituições totais, ainda pautadas na concep-ção infanto-juvenil do antigo e coercitivo Código de Meno-res. (CESE, 1996). Estudos realizados que tematizam as en-tidades/instituições de atenção (CHAUÍ, 1982; FALEIROS,1981 e 1997; GOFFMAN, 1978; LAPASSADE, 1983) res-saltam a ideologia controladora presente nas práticas insti-tucionalizadas mesmo em entidades/instituições abertas ousemi abertas e permitem, pela crítica, refletir sobre a possi-bilidade e realizarem práticas educativase formativas. Parao enfrentamento dessas situações de fracassos formativos,vem sendo experienciada a formação de redes sociais de in-formação, cooperação e intercâmbio de recursos, assim co-mo, tem sido verificada a possibilidade de proposição deprojetos com finalidades comuns, tendo em vista os cuida-dos das crianças e dos adolescentes (FALEIROS, 1998).Diante da ausência de informações sistematizadas acercadessas entidades nesse Município, surgiu a necessidade deconhecê-las, perspectivando a produção de dados para iden-tificar entre elas as quais possuem condições materiais eprofissionais, bem como, “vontade política”, para ancorar arede social. A noção de rede social com a qual se operou é“articulação ou interação de organizações e entidades com aperspectiva de ações propositivas...” (Faleiros, 1998). Nessecontexto, realizou-se essa pesquisa exploratória de produ-ção de dados, acerca das entidades de atenção às crianças eadolescentes que teve os seguintes objetivos: (1) organizar,categorizar e pré-analisar os dados quantitativos prelimina-res, visando identificar entidades filantrópicas, públicas e

privadas existentes no município de Piracicaba; (2) sistema-tizar os dados para identificar as entidades com condiçõesobjetivas e com disponibilidade e vontade política para “an-corar” rede social de informação, cooperação e intercâmbiode recursos; (3)verificar disponibilidade das entidades pararealizarem parcerias, através de projetos com outras enti-dades e/ou com o poder local; e (4)divulgar esses dadospara SEMDES- Secretaria Municipal de Desenvolvimen-to Social, Serviço de Psicologia e entidades interessadas.

METODOLOGIAA pesquisa foi realizada em dois momentos meto-

dológicos. Primeiro, realizou-se a organização, classifica-ção e pré-análise de dados coletados em vinte e sete(27)entidades a partir de um roteiro de informações comum atodas. Em um segundo momento retornou-se às entidadespara a complementar os dados quantitativos e colher, atra-vés do diário de campo, dados relacionados ao cotidiano eà dinâmica das entidades. Para a organização e sistemati-zação dos dados, utilizou-se as categorias que constaramdo roteiro. Assim obteve-se dados sobre: infra-estrutura(instalações; recursos materiais e profissionais; proveniên-cia de verbas e orçamento estimado); organização (com-posição da entidade; proposta de trabalho; estatuto e ins-crições municipal, estadual ou federal); população atendi-da (crianças e adolescentes; outras populações; capacida-de de atendimento; atendimento atual); natureza dainstituição (sua pertença ao domínio público, privado oufilantrópico; objetivos e filosofia da entidade); metodolo-gia de trabalho (modo de atendimento); e vínculos (comoutras entidades; com o poder público). Com esses dados,construiu-se um quadro ilustrativo e demonstrativo, cominformações preliminares de vinte e sete entidades, o quepossibilitou delimitar nosso objeto em estudo, pré-selecio-nando entidades para refinar os dados, tendo em vista osobjetivos do projeto. Firmamos para a pré-seleção das en-tidades os seguintes critérios: 1) orçamento estável; 2) re-cursos profissionais na área de educação, saúde; 3) estabi-

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lidade organizativa (diretoria composta e atuante); 4) aexistência de uma proposta de trabalho ou plano de ações;5) existência de trabalho de inserção social, orientação,acompanhamento sistemático direto com as crianças eadolescentes; 6) existência de algum tipo de vínculo maisestável com outras instituições similares. Selecionou-se,treze entidades que se mais se aproximaram dos critériosadotados, objetivando o segundo momento, ou seja: cole-tar dados qualitativos, de modo a averiguar a potencialida-de das entidades e a vontade política para ancorar a forma-ção da rede social. Identificou-se, por fim, que 12 possu-em condições para ancorar rede social

ANÁLISE DOS RESULTADOSDetectou-se que há um conjunto de doze entidades

que captam as demandas sociais pertinentes aos problemasda criança e do adolescente na cidade. Entre essas doze (12)entidades, quatro (04) são públicas sob a responsabilidadeda Secretaria de Desenvolvimento Social e oito (08) são en-tidades privadas e filantrópicas. Há algumas que contamcom algum recurso público, mas as doações e trabalhos vo-luntários são imprescindíveis mesmo para as entidades pú-blicas. Esse conjunto de entidades com condições de parti-cipar/implementar a rede social, pode ser representado soba forma piramidal e apresentam-se em três níveis. No pri-meiro nível, verifica-se a existência de entidades representa-tivas das instâncias políticas e jurídicas, responsáveis pelaproposição, execução e coordenação de projetos; fiscaliza-ção e distribuição de recursos para as entidades. A essas en-tidades, que estão sob a responsabilidade do Poder Local,estão vinculadas, no segundo nível, quatro outras entidadesque oferecem serviços com algum grau especialidade, taiscomo: triagem, intervenção e acompanhamento, buscandooperacionalizar os serviços da rede pública. Porém, suas in-ter-relações são basicamente de encaminhamentos. Em umterceiro nível estão as entidades que oferecem abrigo,acompanhamento, proteção e assistência social a essa po-pulação. Distingue-se em dois grupos: entidades que se ca-racterizam como internato e as entidades que se caracteri-zam como semi-internato. Quer pela falta de projetos co-muns (proveniente da insuficiência de políticas públicas),quer por terem que dar respostas imediatas a situações con-junturais emergenciais, demonstram, em suas dinâmicas defuncionamento, incapacidade para articular ações no senti-do de garantir os direitos da infância e da adolescência emesmo que seus trabalhadores pretendam o contrário, aca-bam por constituírem-se, também, como instrumentos insti-tucionais de controle e manutenção da estrutura. Pôde-se,ainda perceber que embora alguns trabalhadores dessas en-tidades acreditem que há um trabalho em rede verificou-se,na prática, que há um conjunto de entidades desarticuladase dessa realidade resulta um ciclo mítico: os jovens e as cri-anças atendidos por alguma entidade são encaminhadaspara outra entidade, que tenta algum trabalho ou ajuda, masnão consegue e então encaminha para outra e essa para ou-tra que não consegue...o jovem ou a criança vai ou retornapara as ruas de Piracicaba e novamente para alguma entida-de que encaminha para outra....

CONCLUSÃOPôde-se verificar que as entidades de atenção às

crianças e adolescentes almejam apresentar-se como espa-

ços de inserção social pleno, mas na realidade, diante dasdificuldades objetivas e subjetivas, funcionam mais comomecanismos a serviço de uma estrutura de controle ao rea-lizarem mediações estratégicas para sobrevivência, carac-terizando-se por práticas paliativas e emergenciais na ten-tativa de responderem ao problema da criança e do adoles-cente em situação de risco. Essas entidades não estão or-ganizadas em torno de objetivos políticos comuns, e suaspráticas, infra-estruturas e as relações interpessoais entreequipe técnica e diretoria, bem como as práticas realiza-das com os jovens e crianças, sugerem semelhanças comas práticas das instituições totais, isto é, o contato com osprofissionais e responsáveis pelos trabalhos nessas entida-des, sugerem que suas funções sociais pautam-se pelocontrole e, muitos componentes da equipe, ressentem-sede recursos de capacitação para lidar com as crianças e jo-vens abrigados nas entidades, que estão sendo cada vezmais expulsos do espaço social e público da cidade, semperspectiva de uma vida digna. Contudo, por contradição,as entidades podem, também tornarem-se um espaço deluta política, nos quais os conflitos ganhem visibilidade.Para isso a conscientização e a participação de todos é es-forço indispensável para a redefinição ou construção deuma outra identidade para as entidades de atenção infanto-juvenil, que possa de fato contribuir para a formação cida-dã dos “eternos infantes”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAUÍ, M. A não-violência do brasileiro: um mito inte-ressantíssimo. Texto Mimeo. 1982.

CESE. Do Direito e da Justiça das Crianças e Adoles-centes. O Estatuto da Criança e do Adolescente.1996.

FALEIROS, V. P. Saber Profissional e Poder Institucio-nal. São Paulo: Cortez, 1997.

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SCHERER-WARREN, I. Redes de Movimentos Sociais.São Paulo: Loyola, 1993.

SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico.São Paulo: Cortez e Moraes, 1976.

VIOLANTE, M.L. O Dilema do Decente Malandro. SãoPaulo: Brasiliense, 1978.

248 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.99

A REALIDADE DAS ENTIDADES DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA

KARINA GARCIA MOLLO (B) – Curso de PsicologiaMARIÁ APARECIDA PELISSARI – (O) Faculdade de Psicologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

Essa pesquisa objetivou produzir dados sobre a realidade das entidades de atenção às crianças e adolescentes nomunicípio de Piracicaba, assim como, identificar entre elas as entidades com condições objetivas, disponibilidade e von-tade política de participar na formação de rede social para proposição de projetos, ações conjuntas e intercâmbio de recur-sos. Para tanto, essa pesquisa constituiu-se em dois momentos metodológicos, nos quais utilizamos dois procedimentos:quantitativo e qualitativo. O primeiro momento destinou-se a um trabalho quantitativo de organizar, sistematizar e catego-rizar os dados, e que nos permitiu construir critérios para selecionar as entidades que apresentaram condições condizentescom os objetivos. O segundo momento, consistiu em conhecer o cotidiano e a dinâmica das entidades, utilizando o diáriode campo como recurso metodológico, para registrar e interpretar os dados. Esse momento possibilitou a elaboração deuma análise qualitativa, a qual propiciou, após um processo de seleção criteriosa, selecionar entre as vinte e uma (21) enti-dades estudadas, as nove (12) com condições de participação/implantação de rede social.

INTRODUÇÃOA violência é um fato historicamente construído e

aparentemente concebido como tal, apenas em sua face vi-sível e transgressora. Compartilhar do pensamento ideoló-gico predominante é considerar como violência apenas osatos ou situações que colocam em risco a ordem vigente(CHAUÍ, 1982). As crianças e adolescentes em situação derua são, de modo corrente, considerados como risco para asociedade. No entanto uma outra concepção, com a qualnos identificamos, é que: a criança e o jovem na rua ou pe-rambulando de entidade assistencial a outra entidade assis-tencial, é quem está em situação de risco: eles têm direitosque ainda não foram concretizados. As disposições queconstam no ECA (CESE, 1996) ainda não estão inscritas noethos cultural. A condição infanto-juvenil permanece comomanchete cotidiana nas páginas policiais. As entidades res-ponsáveis por cuidar da infância e orientar a adolescência –a família, a escola, entidades de assistência privadas e públi-cas, os lares abrigados, as casas de correção – num gradien-te crescente de abandono, contenção e repressão – revelamo fracasso de suas finalidades sociais, formativas, educacio-nais e de recuperação, instituindo práticas repressivas e re-gressivas sob o ponto de vista do processo civilizatório(GO-FFMAN, 1978; FALEIROS 1981 e 1987; LAPASSADE,1983). Os objetivos dessa pesquisa foram: (1) organizar, ca-tegorizar, e pré-analisar os dados obtidos junto das entida-des, conjuntamente, visando ampliar e identificar outras en-tidades filantrópicas, públicas e privadas do município; (2) asistematizar os dados para conhecer e identificar as entida-des com condições objetivas, com disponibilidade e vonta-de política para ancorar rede social de informação, coopera-ção e intercâmbio de recursos; (3) assim como, verificardisponibilidade de entidades para realizarem projetos co-muns com outras entidades e/ou com o poder local; e (4) di-vulgar esses dados para a SEMDES – Secretaria Municipalde desenvolvimento Social, Serviço de Psicologia e entida-des interessadas.

METODOLOGIAUtilizamo-nos tanto de procedimentos relacionados

a metodologia quantitativa quanto recursos advindos da

metodologia qualitativa, uma vez que se trata de uma pes-quisa com a finalidade de produzir dados sobre o objeto deestudo, e identificar possibilidades de ações propositivasconjuntas. Foram pesquisadas (27) entidades sendo que,(21) entidades possuíam cadastro no Conselho Tutelar. Oprimeiro contato com as entidades foi realizado com o usode um roteiro para coleta de dados quanto as seguintes cate-gorias: a) recursos infra-estruturais; b) condições organizati-vas; c) características da população atendida; d) qual meto-dologia de trabalho; e) natureza da entidade e, f) vínculos e,qual tipo de vínculos. Esses dados foram organizados emquadros demonstrativos por entidades e por categorias. Essasistematização dos dados permitiu construir critérios de se-leção, assim como, selecionar as entidades que mais seaproximavam dos objetivos da pesquisa. Os critérios foram:a) orçamento estável, b) recursos profissionais na área desaúde e educação; c) estabilidade organizativa; d) existênciade uma proposta de trabalho; e) existência de trabalho de in-serção social; f) existência de algum tipo de vínculo maisestável com o poder local ou demais entidades. Um segun-do contato foi realizado com o recurso de diário de campo,em treze (13) entidades, a fim de obter dados sobre o cotidi-ano e a dinâmica da entidade. Ao final do trabalho, entre as27 (vinte e sete) entidades inicialmente pesquisadas, seleci-onamos 12 (doze) entidades que mais se aproximaram dosobjetivos almejados.

ANÁLISE DOS RESULTADOSOs dados sistematizados nos permitiram identifi-

car, doze (12) entidades com condições objetivas e comvontade política para ancorarem, ou participarem, daconstrução de uma rede social de intercâmbio de recursose proposição de projetos comuns. Dentre essas doze (12)entidades, quatro (4) são de natureza pública sob a respon-sabilidade da atual Secretaria de Desenvolvimento Sociale (8) entidades são de natureza privada e filantrópica, sen-do que todas, sobrevivem de doações e algum recurso pú-blico. O conhecimento das condições objetivas e do coti-diano das entidades possibilitou-nos verificar que a rela-ção entre as entidades se dá de modo verticalizado e hie-rarquizado de encaminhamentos. Essa relação pode ser

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representada sob a forma piramidal, em três níveis: no pri-meiro nível estão as entidades políticas e jurídicas; no se-gundo nível entidades que se caracterizam por realizar tra-balhos mais específicos; e no terceiro nível, estão as enti-dades que se caracterizam como internatos e semi-interna-tos. Observamos que as entidades públicas e privadas secomplementam nos serviços oferecidos quanto aos enca-minhamentos, mas não se articulam como rede social deatenção. Embora pensam que o façam, na realidade, for-mam um conjunto de entidades que oferecem assistênciasocial diversificada; não realizam trabalhos educacionaisefetivos e não dispõem de recursos que dêem condiçõesinserção social ou profissional a estes jovens.

CONCLUSÃOO cenário com o qual nos deparamos pode ser en-

tendido como uma “exclusão integradora”, já que algunsrecursos são oferecidos, mas são eles próprios marginaisna sua origem. Na interpretação de dados constatamos, aausência de políticas públicas claras no município, de pro-posição de projetos; a necessidade de capacitação profissi-onal dos agentes sociais dessas entidades; assim como, anecessidade de prosseguir com pesquisas e estudos acercada concepção de rede, visto que é imprescindível um con-senso mínimo sobre o problema para manter-se um diálo-go horizontal, a partir do qual se reunam esforços paramaterializar uma rede social de atenção que venha substi-tuir a existência de um conjunto de entidades com propó-sitos particulares e desarticuladas entre si. Articular, emforma de rede de atenção, as entidades existentes é degrande importância, uma vez que as crianças e os jovens,apesar dos esforços envidados pelos trabalhadores das ins-tituições continuam pelas ruas da cidade... um lugar maisatraente do que a realidade controladora das entidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HELLER, A. O Quotidiano e a História. Rio de Janeiro:Vozes. 1979. p. 17-63.

CHAUÍ, M. A não-violência do brasileiro: Um mito inte-ressantíssimo. Texto Mimeo. 1982.

CHAUÍ, M. A Crise dos Valores Morais In: Ética. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1992. p. 345-390.

CESE. Do Direito e da Justiça das Crianças e Adolescen-tes. O Estatuto da Criança e do Adolescente. 1996.

FALEIROS, V. P. Saber Profissional e Poder Institucio-nal. São Paulo: Cortez, 1997.

---------------------Metodologia e ideologia do trabalhosocial. São Paulo: Cortez, 1981.

GOFFMAN, E. As Características das Instituições Totais.In Organizações Complexas. s/r. 1978.

LAPASSADE, G. As instituições e a prática institucionalIn Grupos, Organizações e Instituições. Rio deJaneiro: Francisco Alves, 1983. p.193-223.

RAICHELIS, R. Esfera Pública e Conselhos de Assistên-cia Social: caminhos da construção democrática.São Paulo: Cortez, 2000. p.27-122.

SANTOS, M. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel,1993.

SCHERER-WARREN, I. Redes de Movimentos Sociais.São Paulo: Loyola, 1993.

SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico.São Paulo: Cortez e Moraes, 1976.

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9º CONGRESSO DE

CO.100

RECONHECENDO A PRESENÇA DA MATEMÁTICA FORA DO CONTEXTO ESCOLAR

ALEXANDRE RANGEL MACHADO (B) – Curso de Ciências-Habilitação MatemáticaCÉLIA MARGUTTI DO AMARAL GURGEL (O) – Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza

PIBIC/CNPq

RESUMO

A pesquisa em questão buscou investigar se as aulas de Matemática que vêm sendo ministradas na escolaapresentam sentido e significado para a vida prática dos alunos em diferentes contextos sócio-culturais. A estratégiainvestigativa utilizou figuras / imagens com representação diversificada de cenas do cotidiano, para que 40 alunos doensino médio reconhecessem conceitos matemáticos nelas presentes. Os resultados evidenciaram que o reconheci-mento mais imediato ocorre principalmente em relação à contagem, figuras geométricas e matemática financeira.

INTRODUÇÃODentre os aspectos que inquietam a Educação

Matemática podemos destacar a necessidade de mudan-ças nos conhecimentos e procedimentos de seu ensino,valorizando mais a diversidade cultural dos alunos, e in-vestindo em um conhecimento menos universal. A Mate-mática tecnológica ocidental deve abrir espaços para a so-brevivência de diferentes modelos nesta área. Os Parâme-tros Curriculares Nacionais (1997) afirmam que diversi-dade cultural, pluralidade cultural e multiculturalidade naEducação são termos que evidenciam a necessidade de re-conhecimento e valorização das diferentes característicasculturais que convivem no território brasileiro, pois, aolongo da história dos povos, a cultura dá sustentação àssuas subsistências, organização da vida social e política,produção de conhecimentos e, sobretudo, apoio para suasrelações com o meio e outros grupos sociais. PÉREZ-GÓ-MEZ e SACRISTÁN (1998) ao tratarem da criação doscurrículos questionam seus criadores por não estarem en-volvidos no íntimo da escola. O currículo é modificadoatravés de problemas práticos da escola e deveria ser alte-rado por pessoas que lidam com o meio escolar. BARBA(2000) externa sua vontade de transformar a sala de aulaem um espaço para discussão através de atividades recrea-tivas, modificando a atual situação de artificialidade entrea realidade e a Matemática. Esta modificação ocorrerá seos educadores matemáticos introduzirem conteúdos queajudem a contextualizar o currículo. HERNANDEZ(2000) diz que, para implantar temas cotidianos, precisa-mos preparar os educadores para uma maior gama de co-nhecimentos em todas as áreas. GORGORIÓ et al (1999)consideram a Matemática como produto cultural mas,como disciplina universal, surgiu para sanar a necessidadede explicação de fenômenos naturais e sociais. Para MI-GUEL (1997) a desalienação do ensino da Matemáticapode ocorrer através da História da Ciência.

OBJETIVOO objetivo principal do estudo foi verificar se a

Matemática ensinada nas escolas está possibilitando e/ oucontribuindo para que os alunos a reconheça fora do con-texto escolar. Especificamente, procurou-se analisar aspercepções matemáticas dos aprendizes frente às caracte-rísticas de realidades culturais local e universal e desen-volver uma reflexão crítica sobre o conteúdo que tem fun-damentado seu ensino. Finalmente, ampliar os debates so-

bre a questão da contextualização do ensino da Matemáti-ca na sua relação com outras áreas de saber.

METODOLOGIAA investigação ocorreu no 2º ano do ensino médio

particular, com 40 alunos porque julgamos que os alunosneste ano já teriam conhecimentos suficientes para analisa-rem 2 de 3 fotos apresentadas como proposta de análise. Asfotos foram escolhidas por ordem de complexidade em rela-ção ao conhecimento matemático até esta série. Alguns tópi-cos/conceitos matemáticos relevantes para este nível de ensi-no foram escolhidos e os alunos deveriam analisar que esta-vam explícitos e implícitos em cada figura. Geometria; Ma-temática Financeira; Funções; Contagem e Álgebra foramos tópicos escolhidos. Ao evidenciarem a presença dessestópicos/conceitos, teríamos indicativos sobre a capacidade eou competência dos alunos em estabelecerem relações entrea Matemática ensinada em sala de aula e seu dia-a-dia. Fo-ram organizados grupos e os procedimentos solicitados paraa análise das fotos foram: indicar a presença da Matemáticanas duas fotos escolhidas, justificando a escolha de cada fotoe explicando o porquê da escolha apresentar interpretaçõessobre os conceitos matemáticos explícitos e implícitos nelas.as imagens representavam cenas de um mercado chinês, deum engenheiro na construção e de uma dona de casa na co-zinha com seus filhos. Segundo CARNEIRO (1997) "cha-mamos de imagem a representação visual, real ou analógicade um ser, fenômeno ou objeto, que normalmente se apre-senta em oposição a um texto escrito (p.367).

RESULTADOSGeometria e contagem foram os conteúdos de ma-

temática mais explorados e identificados entre os alunos emuma primeira análise visual. Poucos foram os elementos deálgebra e de funções destacados, apesar de presentes emnossos dia-a-dia, inclusive nas fotos. Outro resultado dapesquisa foi em relação à escolha das fotos. Estas se con-centraram onde a Matemática estava mais explícita, e asjustificativas confirmam isso quando os alunos dizem queescolheram ou rejeitaram determinada foto por ser mais fá-cil ou mais difícil identificar a Matemática dos 40 alunos(100%), 20% escolheram as fotos relacionadas à cena damãe na cozinha com os filhos e o engenheiro na construção;57,5% escolheram o mercado chinês e a mãe na cozinhacom os filhos; 22,5% escolheram as fotos do mercado chi-nês e engenheiro. As principais justificativas para as fotos

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escolhidas e não escolhidas foram: (...) não escolhemos oengenheiro porque não lidamos com engenharia no nossodia-a dia; () na foto da dona de casa dá para reconhecerque ela precisa saber somar os preços na hora da compra,calcular as horas do serviço, pagar as contas do mês e so-bre geometria vemos armários, azulejos, guarda-roupas,mesa, medidas na hora de preparar receita, kilograma, li-tro; () no mercado chinês identificamos a aritmética e geo-metria e no engenheiro tijolos, porque é quadrado; o com-putador retângular, capacete e relógio redondos; tambémtem a área da construção.

CONCLUSÃONas diferentes respostas observamos que os alu-

nos demonstraram tendência à uma percepção restrita dasMatemáticas, limitando-se à sua dimensão aritmética.Contar e operar foram os aspectos que pareceram ser maisfrequentes nas análises, embora alguns grupos conseguis-sem destacar relações de cálculo, medidas e geometria. Ofato do mercado chinês ter sido o mais escolhido entre osgrupos, pode ser interpretado como uma cena cotidianacomum e universal entre os diferentes grupos sociais, as-sociada às situações de compra, venda, pagar, somar, mul-tiplicar. Cenas com mais dificuldade de análise como a doengenheiro podem estar relacionadas às especificidadesda profissão e às matemáticas mais implícitas em suas tec-nologias. Importante lembrar que as lógicas das operaçõesmatemáticas são possíveis de serem apreendidas infor-malmente no cotidiano das relações familiares, de traba-lho, jogos de lazer. Portanto, os grupos de alunos que seencontram mais à margem da cultura acadêmica, podemter dificuldades em entender os significados das idéiasmatemáticas e reproduzirem o fracasso escolar. Caberáaos educadores avaliarem estes aspectos emergentes de si-tuações reais e diversas e refletirem sobre o que ensinam,porque ensinam. como ensinam, e para que ensinam.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARBA, D. La Ensenãnza de las Matematicas desde el

2000. Cuadernos de Pedagogia, Madrid (.288):52-54, fev.2000.

CARNEIRO, Maria Helena da Silva. As Imagens noLivro Didático. Atas do I Encontro Nacional dePesquisa Em Ensino de Ciências. Águas de Lin-dóia,.S P., nov.1997, p.366-373.

GORGORIÓ, Nuria et al. Donde hay Matemáticas?Cuadernos de Pedagogia, Madrid (281):25-29,junio de 1999.

HERNÁNDEZ, E. Ayer y Hoy. Cuadernos de Pedago-gia, Madrid (288):60-63, fev.2000.

MIGUEL, A. As Potencialidades Pedagógicas da Históriada Matemática em Questão: Argumentos Reforçado-res e Questionadores. ZETETIKÉ. F.E./UNICAMP,5(8):73-105, jul/dez.1997.

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9º CONGRESSO DE

CO.101

CLIMA DE AULA E ENSINO DE MATEMÁTICA: INVESTIGANDO A ABORDAGEM DE EQUAÇÕES NO CURSO DE

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA

ANA PAULA VALÉRIO (B) – Curso de Ciências – Habilitação em MatemáticaGERALDO MELOTTO (O) – Faculdade de Ciências da Matemática e da Natureza

CÉLIA MARGUTTI DO AMARAL GURGEL (CO) – Faculdade de Ciências da Matemática e da Natureza FAPIC / UNIMEP

RESUMO

Esta pesquisa buscou verificar se, na formação inicial do professor de Matemática a abordagem de conteúdosque envolvem equações matemáticas levou em conta a necessidade do licenciando compreender o sentido e signifi-cado das mesmas. Através de um estudo de caso, apoiado com observação participante em sala de aula, foram acom-panhadas as aulas de alunos ingressantes em 2001 no curso de licenciatura em Matemática da Universidade Metodistade Piracicaba-UNIMEP para observar as dificuldades/facilidades dos alunos na compreensão dos conceitos matemáti-cos e os procedimentos teórico/metodológicos de uma professora em relação aos cálculos envolvendo equações. Osresultados da pesquisa evidenciaram que os alunos sentiram dificuldades devido ao pouco conhecimento matemáticobásico e, no caso específico de equações, notou-se facilidade apenas quanto à sua resolução técnica. As dificuldadesemergiram na solução de problemas com auxilio de equações. A desarticulação da Matemática com outras áreas desaber necessitam ser superadas, porque essas conexões, praticadas em futuras ações docentes, ajudarão a superar omito de que a Matemática é como uma Ciência somente de deduções de fórmulas. É preciso formar professores comespírito de pesquisador, que saibam problematizar e transformar cada situação – problema, não ficando a mercê deuma ociosa receita de como ensinar.

INTRODUÇÃOEstudos revelam que a aprendizagem em Mate-

mática ainda é marcada pela “formalização precoce deconceitos, pela excessiva preocupação com o treino de ha-bilidades e mecanização de processos sem compreensão”(VITTI, 1999,p.19). Pouco se fala da História da Matemá-tica, da Matemática que contribuiu (e contribui) para anossa vida em sociedade, criando processos para satisfa-zer as necessidades mais presentes dos indivíduos. Os co-nhecimentos matemáticos têm sido apresentados pelosprofessores de forma descontextualizada, com a preocu-pação de comunicar resultados e não o processo pelo qualos produziu. Ou seja, são ensinados de forma mágica, semaproximação da linguagem simbólica com a vida.

Em relação ao ensino específico das equações, se-gundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do EnsinoFundamental (PCNs, 1997, p.122) “atividades algébricaspropostas no ensino fundamental devem possibilitar queos alunos construam seu conhecimento a partir de situa-ções-problema que confiram significados à linguagem,aos conceitos e procedimentos referentes a esse tema, fa-vorecendo o avanço do aluno quanto às diferentes inter-pretações das letras.” Ainda, conforme a Proposta Curri-cular para o ensino de Matemática do Estado de São Pau-lo(1997) temos que fazer o aluno entender a equação utili-zando a resolução de problemas e, para resolver estaquestão, segundo GUELLI(1997,p.33) “para resolver pro-blemas de Matemática, o melhor método é traduzi-lospara o idioma da álgebra e (...) o idioma da álgebra é aequação.” O termo EQUAÇÃO, de acordo com FERREI-RA (1986,p.674) significa” qualquer igualdade entre seresmatemáticos que só é satisfeita para alguns valores dosrespectivos domínios”, ou seja, equação tem sentido e sig-nificado lingüístico que diz respeito à igualdade, equiva-lência com a essência de estabelecer correlações entre fa-tos, conceitos e idéias. Como diz GARBI(1997,p.1) “épreciso não esquecer que a palavra equação vem da mes-ma raiz latina que produziu as palavras igual e igualdade”.

Assim, é preciso aplicar os princípios da igualdade pararesolver uma equação. A Proposta Currícular do Estadode São Paulo para o ensino de Matemática (1997, p. 130)destaca que “num primeiro momento a preocupação nãodeve residir em técnicas de resolução, mas sim em pôr oaluno em contato com a “tradução”, com a experimenta-ção de resultados, etc. “e nos propõe as situações- proble-ma como ponto de partida do estudo de Equações, de for-ma a propiciar ao aluno uma aprendizagem mais signifi-cativa diante de uma problematização real, ou melhor, vi-sível ao aluno, haverá a necessidade de se descobrirtécnicas de resolução para resolver a situação-problemaproposta. Neste caso, é preciso haver inseparavelmenteum equilíbrio entre situações- problema e técnicas de re-solução de Equações. Esta pesquisa buscou verificar se, naformação inicial do professor de Matemática, durante aabordagem de conteúdos que envolvem equações mate-máticas, foi levado em conta a necessidade do licenciandocompreender o sentido e significado das mesmas, favore-cendo assim sua futura docência.

MATERIAL E MÉTODOSEsta investigação constituiu-se num estudo de ca-

so, de natureza qualitativa que buscou dados descritivosatravés do contato direto com a situação estudada, preocu-pando-se mais com o processo do que com o produto,pois “o interesse do pesquisador ao estudar um determi-nado problema é verificar como ele se manifesta nas ativi-dades, nos procedimentos e nas interações cotidia-nas.”(LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 12). A partir de feve-reiro de 2001, quando se iniciaram as aulas na Universida-de Metodista de Piracicaba – UNIMEP, através deobservação participante, realizei durante dois meses umacompanhamento junto uma professora que leciona a dis-ciplina Matemática I para os alunos do primeiro semestredo Curso de Licenciatura em Matemática. No primeiromomento entrei em contato com a professora e realizeiuma entrevista com questões abertas.Também analisei um

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questionário (que foi aplicado pela referida professora)aos alunos ingressantes no Curso de Licenciatura em Ma-temática no ano 2001, visando verificar as concepções ge-rais dos alunos referentes à Matemática. Para a obtençãode dados que revelassem ou subsidiassem a questão do ní-vel de conhecimento que os alunos tinham de conteúdosMatemáticos, utilizei um outro questionário elaborado eaplicado pela professora. No decorrer das minhas obser-vações em sala de aula, senti a necessidade de elaborar umquestionário aos alunos, contendo seis questões, o qual foiaplicado na terceira semana das minhas observações. Ou-tro material utilizado, além de anotações de campo, foiuma pesquisa realizada por mim, na disciplina de Estatís-tica I, oferecida no 7º Semestre do curso de Matemática,que visou traçar o perfil dos alunos que ingressaram nocurso de Matemática da Unimep no ano de 2001.

RESULTADOS E DISCUSSÕESDos dados obtidos da investigação de campo e

questionários aplicados aos futuros professores, os resul-tados mais significativos para a pesquisa foram os enten-dimentos que eles têm sobre: Equações; a possibilidadede aplicação dos conceitos matemáticos estudados, emespecífico, o conceito de equações, no seu dia-a-dia;suas opiniões sobre a forma de ensino de equaçõesadotada pelos professores de Matemática no ensinobásico e a necessidade ou não da inclusão de discipli-nas que tratam de conceitos Matemáticos do EnsinoFundamental e Médio em um curso de formação deprofessores de Matemática.

A maioria dos Licenciandos demonstrou não terum bom entendimento sobre equações. Sobre a possibili-dade de aplicar os conceitos matemáticos estudados nosseus dia-a-dia, obteve-se respostas como: “Acho quesim.(...) às vezes, usamos certas operações matemáticas enem percebemos”, como outro relato: “Não, certos mo-mentos tenho muita dificuldade de relacionar o que apren-di sobre equações com o meu cotidiano, não conseguindodivisar a situação-problema”. A maioria dos alunos de-monstrou compreensão teórica de uma possibilidade, masnão conseguem concretizar essa idéia. Quanto à forma deensino de equações adotada pelos professores de Matemá-tica no ensino básico, segue o relato que resume as idéiasdos alunos: “Eu acho que falta aos professores mostrarempara os alunos as aplicações práticas das equações no dia-a-dia. Seria muito mais fácil de aprender. Hoje, a gente vêum ensino fracassado onde o ensino de qualquer conteúdoé só exposto ao aluno, sem mostrar sua utilidade”. A cons-tatação é de que eles percebem que a grande maioria dosprofessores adota o sistema tradicional, que é o conceitopelo conceito, sem contextualizar ou problematizar, e quesentem a necessidade de contextualizar o ensino com avida real através da resolução de situações-problema. Nãosomente resolver, mas propor e transformar em linguagemmatemática as diversas situações do cotidiano.

Já a questão sobre a necessidade ou não da inclu-são de disciplinas do ensino básico em um curso de for-mação de professores de Matemática, as respostas foramfavoráveis à inclusão. Nota-se que os alunos ao ingressarno curso, vêm com muitas dificuldades e dúvidas em rela-ção aos conteúdos matemáticos, e, portanto, ao se depara-rem que irão futuramente ensinar o que na maioria das ve-zes ele não sabe (domina), ficam inseguros devido às lacu-

nas em sua aprendizagem anterior, vendo como necessá-ria, então, a inclusão destas disciplinas..

CONCLUSÕESAlguns aspectos referentes ao ensino-aprendiza-

gem de equações, tanto nas ações da professora quantonas atitudes dos futuros professores, revelaram que a pro-fessora trabalha os conteúdos de forma significativa, atra-vés de situações-problema, História da Matemática, desa-fios e curiosidades. Os alunos correspondem satisfeitoscom a metodologia, porém sentem dificuldades devido aopouco conhecimento matemático, no caso específico deequações, notando-se uma facilidade quanto sua resolu-ção técnica. As principais dificuldades estão em solucio-nar problemas com auxilio de equações. Os alunos reco-nhecem a necessidade da conexão da Matemática comoutras áreas do saber. O que se pretende, conforme osPCNs, é que a Matemática seja trabalhada numa situaçãode equilíbrio, com aplicações práticas e desenvolvimentodo raciocínio, sem aquela expectativa de “esgotar” um as-sunto, apenas com o objetivo de tornar um tema-problemasignificativo e importante aos alunos.

O professor precisa refletir sobre esta prática,questionando seu entendimento sobre o que ensina ecomo os alunos aprendem, buscando através da pesquisa,algo para melhorar seu trabalho. O clima das aulas de Ma-temática deve ser mais afetivo e prazeroso. Para tanto, épreciso formar professores com espírito de pesquisador,capaz de problematizar e transformar cada situação pro-blema, realizando-se profissionalmente. Ele não deve ficara mercê de uma ociosa receita de como ensinar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASFERREIRA, A. B. D. H. Novo Dicionário da Língua

Portuguesa. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira S.A.1986.

GARBI, Gilberto G. O Romance das Equações Algébri-cas. São Paulo, Ed. Makron Books, 1997.

GUELLI, Oscar. Contando a História da Matemática.São Paulo,Ed. Ática, 1997.

LÜDKE, M. e ANDRÉ, Marli E. D.A. Pesquisa em Edu-cação: abordagens qualitativas. São Paulo: Ed.Pedagógica e Universitária, 1986.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DEMATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL:Secretaria de Educação Fundamental, Brasília:MEC/SEF, 1997.

PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO DEMATEMÁTICA – 2º Grau. Secretaria da Educação– São Paulo. Coordenaria de Estudos e NormasPedagógicas. 5 edição. São Paulo. 1997.

VITTI, Catarina Maria. Matemática com prazer, a partirda história e da geometria. 2 edição, Piracicaba –São Paulo, Ed. UNIMEP, 1999.

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9º CONGRESSO DE

CO.102

FOTOGRAFIA, RADIOGRAFIA, TOMOGRAFIA E ULTRASSONOGRAFIA: IDÉIAS DOS PROFESSORES E ALUNOS SOBRE OS PROCESSOS FÍSICOS

DE OBTENÇÃO DAS IMAGENS

RENATO QUEIRÓZ MACHADO (BO) – Curso de Licenciatura em MatemáticaMARIA GUIOMAR C. TOMAZELLO (O) – Fac. de Ciências Matemáticas e da Natureza

PIBIC/CNPq

RESUMO

O conhecimento científico-tecnológico é indispensável à formação da cidadania contemporânea. Portanto, oensino de Física deve ser rediscutido para possibilitar uma melhor compreensão do mundo, o que significa promover umconhecimento contextualizado e integrado à vida de cada aluno. Esta pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, situa-seno âmbito da educação científico-tecnológica e tem por objetivo conhecer as dificuldades e /ou facilidades dos professorese alunos na interpretação de negativos de fotografias, radiografias, tomografias e ultrassonografias identificando-se, assim,os obstáculos na compreensão dos fenômenos e dos conceitos físicos envolvidos na obtenção de tais imagens. Utilizou-seum questionário semi-estruturado e um teste com dupla escolha sobre o tema da pesquisa, a partir da apresentação dosnegativos aos professores e alunos. Eles, de maneira geral, desconhecem os processos de obtenção das imagens. As respos-tas indicam que os conhecimentos adquiridos na escola, através do ensino tradicional de Física, se manifestam insuficientespara que os estudantes possam desenvolver uma alfabetização científico-tecnológica, adequada à sociedade atual.

INTRODUÇÃOAs pesquisas realizadas nas três últimas décadas

na área de educação em Ciências mostram que as idéiasprévias dos alunos sobre os fenômenos naturais devem serconsideradas quando se pretende atingir uma aprendiza-gem significativa dos conceitos de Ciências. Nesta linha,vários trabalhos foram realizados nestes últimos anos, po-rém, em um menor número, sobre aplicações tecnológicas(Gutiérrez et al., 2000). Muitas conquistas da Ciência e daTecnologia que foram e estão continuamente sendo incor-poradas à nossa vida cotidiana, tornam-se rotinas, sem, noentanto, constituírem objeto de estudo e pesquisa em salade aula. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionaispara o Ensino Médio- PCNEM, esse conhecimento cientí-fico-tecnológico é indispensável à formação da cidadaniacontemporânea. Portanto, o ensino de Física deve ser redis-cutido para possibilitar uma melhor compreensão do mun-do, o que significa promover um conhecimento contextua-lizado e integrado à vida de cada aluno. Isso inclui, porexemplo, identificar diferentes imagens óticas, desde foto-grafias a imagens de vídeo, classificando-as segundo asformas de produzi-las (...) (PCNEM, p.24). Com respeitoàs imagens óticas, tais como as fotografias, as radiografias,as tomografias e as ultrassonografias, estas são bastante fa-miliares às pessoas. Esta pesquisa qualitativa, de naturezaexploratória, situa-se no âmbito da educação científico-tec-nológica e tem por objetivo conhecer as dificuldades e /oufacilidades dos professores e alunos na interpretação de ne-gativos de fotografias, radiografias, tomografias e ultrasso-nografias identificando-se, assim, os obstáculos na com-preensão dos fenômenos e dos conceitos físicos envolvidosna obtenção de tais imagens e conhecer as característicasdos filmes fotográficos utilizados em fotografias, radiogra-fias, fotografias e ultrassonografia. Pretende-se com essapesquisa, auxiliar o professor de Física a lidar com uma re-alidade próxima dos alunos, a partir de objetos e fenôme-nos que eles efetivamente lidam no seu cotidiano. Destaforma, o saber adquirido reveste-se de uma universalidademaior, de tal forma que passa a ser instrumento para outrase diferentes investigações. Segundo os PCNEM, essasduas dimensões, conceitual/universal e local/aplicada, decerta forma constituem-se em um ciclo dinâmico, na medi-da em que novos saberes levam a novas compreensões domundo e à colocação de novos problemas.

METODOLOGIAO estudo se realizou segundo os pressupostos teóri-

cos-metodológicos da pesquisa qualitativa e os procedi-mentos utilizados envolveram visitas a Clinicas e Laborató-rios Clínicas e Laboratórios para se obter informações sobreas características dos filmes fotográficos utilizados nos di-versos aparelhos e compreender os mecanismos envolvidosna produção das imagens e visitas a escolas de ensino mé-dio, privadas e públicas, e superior com o intuito de se defi-nir os sujeitos da pesquisa. Após esta definição, a 16 profes-sores e a 303 alunos foram apresentados diversos negativos,que puderam ser manuseados por eles. Foram então convi-dados a responder um questionários semi-estruturado e umteste como dupla escolha (certo/ errado). Também foram re-alizadas entrevistas com 8 alunos, sendo 4 do ensino médioe 4 do ensino superior, com o objetivo de aprofundarmos assuas idéias a respeito de alguns processos. As entrevistas fo-ram gravadas e posteriormente transcritas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO teste de dupla escolha constou de 15 questões

sobre a diferenciação entre ondas mecânicas e eletromag-néticas e os processos de produção dos negativos utiliza-dos em análises clínicas. Em negrito são indicadas as op-ções corretas. Entre parênteses encontram-se as respostasde 16 professores que lecionam Física no ensino médio (6com formação em Física) (P), dos 191 alunos do 3º ano doEnsino Médio (EM) e dos 112 alunos do Ensino Superior,dos 3º semestres dos cursos de Fisioterapia e Farmácia(ES). Os resultados são os seguintes:

QUESTIONÁRIOAs seguintes questões dizem respeito aos proces-

sos de produção dos negativos de fotografias, radiografias,ultrassonografia e tomografia. Assinale com um x a opçãoque julgar correta.

133. Os raios X possuem a mesma natureza da luzdo sol, só diferem em termos de comprimento da onda?

Sim ( ) (P25%) (EM45%) (ES37%) Não ( ) (P75%) (EM55%) (ES63%) 134. Quando um corpo iluminado por luz branca

(proveniente do sol) se apresenta verde, por exemplo, signifi-ca que ele está absorvendo a luz verde e refletindo as demais?

Sim ( ) (P25%) (EM 67%) (ES24%) Não ( ) (P75%) (EM33%) (ES76%)

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135. As ondas utilizadas em uma fotografia, emuma tomografia, em radiografia e uma ultrassonografiasão chamadas de ondas eletromagnéticas?

Sim ( ) (P70%) (EM36%) (ES62%) Não ( ) (P30%) (EM64%) (ES38%)136. Tanto as ondas de luz, como os raios X, os

raios gama e as ondas de som caminham no vácuo com avelocidade da luz?

Sim ( ) (P30%) (EM49%) (ES32%)Não ( ) (P70%) (EM51%) (ES68%)137. Na ultrassonografia utiliza-se o som que é

uma onda mecânica? Sim ( ) (P88%) (EM50%) (ES59%)Não ( ) (P12%) (EM50%) (ES41%)138. A máquina fotográfica funciona de maneira

muito semelhante ao olho humano?Sim ( ) (P100%) (EM84%) (ES90) Não ( ) (P0%) (EM16%) (ES10%)139. Os raios X utilizados nos exames clínicos

são provenientes de materiais radioativos? Sim ( ) (P93%) (EM17%) (ES77%) Não ( ) (P23%) (EM83%) (ES7%)140. Os raios X utilizados nos exames clínicos

são produzidos por aparelhos construídos especialmentepara isso?

Sim ( ) (P94%) (EM83%) (ES89%) Não ( ) (P6%) (EM17%) (ES11%)141. No negativo de uma fotografia as partes que

recebem mais luz tornam-se mais escuras e vice-versa? Sim ( ) (P70%) (EM53%) (ES70%) Não ( ) (P30%) (EM47%) (ES30%) 142. Nas chapas de radiografias e de tomografias

as partes mais claras são as mais densas do corpo, comoossos, isto é, são as que refletem os raios?

Sim ( ) (P24%) (EM19%) (ES93) Não ( ) (P76%) (EM81%) (ES7%)143. Na tomografia como na radiografia também

são utilizados raios X, só que esses raios atravessam o cor-po sob diversos ângulos?

Sim ( ) (P76%) (EM72%) (ES83%)Não ( ) (P24%) (EM28%) (ES17%)144. Na tomografia utilizam-se raios gama que

têm mais energia que os raios X.Sim ( ) (P59%) (EM59%) (ES39%)Não ( ) (P41%) (EM41%) (ES61%)145. O perigo de tirarmos muitas radiografias é

que o nosso corpo pode ficar radioativo. Sim ( ) (P47%) (EM49%) (ES71%)Não ( ) (P53%) (EM51%) (ES29%)146. A camada de ozônio da atmosfera é impor-

tante, pois absorve grande parte da radiação ultravioleta. Sim ( ) (P88%) (EM90%) (ES93%)Não ( ) (P7%) (EM10%) (ES12%)147. A radioatividade utilizada pela medicina é

do mesmo tipo que a radiação gerada pelas bombas atô-micas e centrais nucleares?

Sim ( ) (P70%) (EM32%) (ES41%)Não ( ) (P30%) (EM68%) (ES59%)As primeiras questões tratam dos dois tipos de on-

das: eletromagnéticas e mecânicas. Os professores, na suamaioria, acertam as questões, entretanto, em relação à pri-meira delas, mostram desconhecimento quanto à naturezados raios X que, da mesma forma que a luz visível, sãoondas eletromagnéticas, com comprimentos de ondasmuito menores. Os alunos, de forma geral, não sabem dis-tinguir ondas mecânicas de ondas eletromagnéticas.Quanto às questões relacionadas aos processos físicos de

obtenção das imagens, os professores e alunos mostramum maior conhecimento em assuntos geralmente explora-dos em aulas de Física, como é o caso da fotografia.Quanto à radiografia, alguns alunos têm noções sobre oprocesso, pois, apesar de ser um tema pouco trabalhadono ensino médio, é citado na maioria dos livros de Física.Entretanto, tanto professores quanto alunos, na sua maio-ria, parecem desconhecer os processos que envolvem a to-mografia e a ultrassonografia. Uma grande porcentagemdos entrevistados responde corretamente que na tomogra-fia utilizam-se raios X só que esses raios atravessam o cor-po sob diversos ângulos. Entretanto, na questão seguinte,respondem de forma equivocada que na tomografia sãoutilizados raios gama por terem mais energia do que osraios X. Talvez por influência da mídia, a maioria parececonhecer a importância da camada de ozônio para a absor-ção dos raios ultravioleta. Chama a atenção o número deprofessores e alunos que acreditam que se tirarmos muitasradiografias nosso corpo pode ficar radioativo, o que não écorreto. Os alunos, de forma geral, acreditam que as radia-ções utilizadas na medicina são de outro tipo, diferentesdas radiações emitidas pelas centrais nucleares e pelasbombas atômicas. As entrevistas com 8 alunos (4 do Ensi-no Médio e 4 do Ensino Superior) revelam que eles identi-ficam a energia nuclear como um perigo e se colocamcontra a instalação de centrais nucleares no Brasil. Entre-tanto, julgam a energia nuclear utilizada pela medicinacomo benéfica, pois a consideram de natureza diferente daradiação das bombas atômicas e das usinas, o que não écorreto. É diferente porque a bomba é para destruir e aradiação do câncer é para tratar, diz uma aluna do ensinosuperior. Os entrevistados, na sua maioria, conhecem su-perficialmente o acidente nuclear de Goiânia. Algunsacham que o material radioativo veio de uma usina nucle-ar, de um hospital e um deles acredita que veio de uma ter-moelétrica abandonada. A maioria relaciona o símboloutilizado para indicar materiais radioativos com substânci-as perigosas, mas nem todos o identificam.

CONCLUSÕESAs radiações eletromagnéticas, as ondas sonoras e

as suas aplicações tecnológicas constituem conhecimen-tos importantes para os atuais objetivos da educação mé-dia. Por isso, que os educadores devem realizar um esfor-ço permanente nesta e em outras áreas a fim de poderapresentar um ensino contextualizado, em que os aspectose conteúdos tecnológicos associados ao aprendizado cien-tífico sejam parte essencial da formação cidadã.

A pesquisa, de natureza exploratória, permitiu ve-rificar as idéias dos alunos e dos professores sobre os pro-cessos físicos de obtenção das imagens. As respostas, demaneira geral, indicam que os conhecimentos adquiridosna escola, através do ensino tradicional de Física, se mani-festam insuficientes para que os estudantes possam desen-volver uma alfabetização científico-tecnológica, adequadaà sociedade atual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.

Parâmetros Curriculares Nacionais para o EnsinoMédio. Parte II -Linguagens, Códigos e suas Tecno-logias/Física. Brasília: MEC/SEM, 1999.

GUTIÉRREZ, E. E., CAPUANO, V.C, PERROTA, M.T., DE LA FUENTE, A.m., FOLLARI, B. Qué pien-sam los jóvenes sobre radiactividad, estructura ató-mica y Energía Nuclear. Enseñanza de las Ciencias,18 (2), 247-254, 2000.

256 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 3

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 13h30 • Auditório Verde • Taquaral

Coordenadora: Márcia Aparecida de Lima Vieira – UNIMEP

Debatedores: Vera Silvia Marão Beraquet – PUCCAMPMaria Thereza Dondelli Paulillo Dal Poggetto – UNIMEP

CO.103 EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: QUAL A VISÃO DE CORPO QUE ESTÁ PRESENTE NODISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM PESSOAS PORTADORAS DEDEFICIÊNCIAS. Cassiano Ferreira Inforsato (B) – Curso de Educação Física, Wagner Wey Moreira(O) – Faculdade de Educação Física, Eline T. R. Porto (CO) – Faculdade de Educação Física, ReginaSimões (CO) – Faculdade de Educação Física – PIBIC/CNPq

CO.104 EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: QUAL A VISÃO DE CORPO QUE ESTÁ PRESENTE NODISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM PESSOAS PORTADORAS DEDEFICIÊNCIAS. Fernanda Ozores Polacow (B) – Curso de Educação Física, Eline T. R. Porto (O) –Curso de Educação Física, Regina Simões (CO) – Curso de Educação Física, Wagner Wey Moreira(CO) – Curso de Educação Física – FAPIC/UNIMEP

CO.105 AS TEORIAS DE GÊNERO FRENTE ÀS CONFIGURAÇÕES VELADORAS DE DESIGUAL-DADES NOS TEXTOS NORMATIVOS DA UNIMEP. Nilton César Arthur (B) – Curso de Filosofia,Tânia Mara Vieira Sampaio (O) – Faculdade de Ciências da Religião – PIBIC/CNPq

CO.106 AS TEORIAS DE GÊNERO COMO UM INSTRUMENTO TEÓRICO/PRÁTICO PARA A ACA-DEMIA E SUAS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS. Clarice Pavan Chiareli (B) – Curso de História,Tânia Mara Vieira Sampaio (O) – Faculdade de Ciências da Religião – PIBIC/CNPq

CO.107 A ESCOLA VISTA POR ALUNOS, PAIS E PROFESSORES: UM ESTUDO PARA DESENVOL-VIMENTO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO.Ana Paula Monteiro Coser (B) – Curso de Psicologia, Tania Rossi Garbin (O) – Faculdade de Psicolo-gia, Leila Jorge (CO) – Faculdade de Psicologia, Theresa Beatriz F. Santos (CO) – Faculdade de Psico-logia – FAPIC/UNIMEP

CO.108 O PROCESSO DE [DE]FORMAÇÃO CULTURAL: UM ESTUDO SOBRE O PAPEL DA LITERA-TURA INFANTIL COMO UM DOS MEDIADORES NO PROCESSO DE SEMIFORMAÇÃO.Carine Barcellos Sant’Ana Lima Pinto (B) – Curso de Psicologia, Bruno Pucci (O) – Faculdade de Edu-cação, Nilce Maria Althenfelder de Arruda Campos (CO) – Faculdade de Psicologia – PIBIC/CNPq

CO.109 A ESCOLA VISTA POR ALUNOS: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓS-TICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO. Renata Amalfi Clementi (B)– Curso de Psicologia, Theresa Beatriz F. dos Santos (O) – Faculdade de Psicologia – PIBIQ/CNPq

CO.110 COMO OS ALUNOS VÊEM A ESCOLA: UM ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE DIAGNÓS-TICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO. Paloma Graciano de Carva-lho (B) – Curso de Psicologia, Theresa Beatriz Figueiredo dos Santos (O) – Faculdade de Psicologia –FAPIC/UNIMEP

CO.111 ESCOLA E FAMÍLIA: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PROFESSORAS SOBRE ALUNOSEM INÍCIO DE ESCOLARIZAÇÃO. Patrícia Arjona (B) – Curso de Psicologia, Leila Jorge (O) –Faculdade de Psicologia – PIBIC/CNPq

CO.112 A ESCOLA VISTA POR PAIS: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICOE CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO. Priscila Arjona (b) – Curso de Psi-cologia, Leila Jorge (O) – Faculdade de Psicologia – PIBIC/CNPq

CO.113 NA BUSCA DE METODOLOGIAS DESEJÁVEIS PARA CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂN-CIA. Clayton Rocha Fermino (B) – Curso de Ciência da Computação, Cléia Maria DA Luz Rivero(O) – Faculdade de Educação – PIBIC/CNPq

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9º CONGRESSO DE

CO.103

EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: QUAL A VISÃO DE CORPO QUE ESTÁ PRESENTE NO DISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM

PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS

CASSIANO FERREIRA INFORSATO (B) – Curso de Educação FísicaWAGNER WEY MOREIRA (O) – Faculdade de Educação Física

ELINE T.R.PORTO (CO) – Faculdade de Educação FísicaREGINA SIMÕES (CO) – Faculdade de Educação Física

PIBIC/CNPq

RESUMO

O presente projeto, desenvolvido junto com o Núcleo de Corporeidade e Pedagogia do Movimento da Facul-dade de Educação Física (FACEF), tem como objetivo identificar qual o conceito de corpo que está presente nos dis-cursos dos profissionais, da área educacional, que trabalham com pessoas portadoras de deficiência em Instituições dacidade de Piracicaba. Portanto, associou-se a produção teórica sobre o tema com os discursos dos sujeitos, procurandoidentificar pontos de convergência e divergência. O caminho metodológico trilhou-se da seguinte forma: 1) leitura eanálise sobre o referencial pessoa portadora de deficiência e educação especial (vários autores) que possibilitou aconstrução da matriz teórica; 2) levantamento do universo e estrutura das Instituições de Piracicaba; 3) leitura sobre oinstrumental metodológico de pesquisa qualitativa denominado Análise de Conteúdo (Bardin1977); 4) elaboração,aplicação e análise de um instrumental de pesquisa a ser respondido pelos sujeitos da pesquisa (12 profissionais daárea educacional); 5) associação do referencial teórico com o material coletado na pesquisa de campo. A apresentaçãodos resultados, revela o momento de transição que vivenciam estes profissionais no que diz respeito ao conceito e aação profissional em relação ao fenômeno pesquisado.

INTRODUÇÃOObserva-se que ao longo do século XX, os inte-

resses voltados às pessoas portadoras de deficiências(PPD) vem aumentando significativamente, em conseqüên-cia do aparecimento de novos paradigmas científicos, so-ciais, econômicos, políticos, tecnológicos e os pressupos-tos educacionais da inclusão. Esta situação deve-se tam-bém ao fato desta população representar um número ele-vado no âmbito mundial e brasileiro.

Com isso, a pessoa portadora de deficiência passa aser vista e tratada pela sociedade, pela ciência e pela educa-ção como ser humano semelhante a outro qualquer. Come-ça, contudo, um processo de valorização e descobertas so-bre as qualidades e potencialidades que estes indivíduos,historicamente taxados como impotentes são e possuem.

Sob as perspectivas sociais, educacionais, da saú-de e outras, este processo tem apresentado um saldo posi-tivo para estas pessoas. No entanto, observa-se que umdos assuntos amplamente discutidos nos meios acadêmi-cos, a corporeidade, precisa de produções, discussões e re-flexões que envolvam áreas de trabalho que estão direta-mente conectadas às pessoas portadoras de deficiências,pois até pouco tempo atrás essa população era considera-da totalmente alheia e isolada da sociedade.

Contudo, é possível acreditar e assumir comopressupostos teóricos para o entendimento e reflexões,uma visão e uma atitude baseados no pensamento de queo ser humano é uno, é individual, é corpo biológico, soci-al, cultural e psicológico, apresentando suas potencialida-des e limitações nos diversos e inúmeros campos possí-veis de atuação que ele pode e opta em estar presente.

MATERIAL E MÉTODOSO desenvolvimento metodológico deste projeto,

inclusive em função de seu objeto de estudo, deu-se da se-

guinte maneira: 1) leitura e reflexão do referencial biblio-gráfico sobre o tema, bem como a leitura do pressupostode interpretação e análise dos discursos dos sujeitos; 2)elaboração de um instrumento de pesquisa que foi aplica-do a profissionais da área educacional que trabalham compessoas portadoras de deficiência nas Instituições da cida-de de Piracicaba; 3) confronto da teoria produzida acade-micamente com o conhecimento dos profissionais, nosentido de levantar pontos de convergência e divergênciana relação teoria e prática.

A abordagem qualitativa, utilizada nesta pesquisa,justifica-se por ser ela um instrumento que privilegia aação de interpretar o fenômeno pesquisado, desvelando oreal que está sempre ocultado por posturas ideológicas,sem necessidade de generalização de resultados. Já naanálise de resultados dos discursos dos sujeitos, o rigor foigarantido junto a BARDIN (1977) em sua obra que esta-belece critérios para a análise dos conteúdos.

O universo da pesquisa está caracterizado na par-ticipação de 12 profissionais da área de Pedagogia que tra-balham em Instituições da cidade de Piracicaba, e queaceitaram ao convite de participar deste trabalho. Estes su-jeitos foram solicitados a responder duas questões gerado-ras, entregues isoladamente, a saber:

* O que é corpo para você?* Em sua ação profissional, como é o seu trabalho

com o corpo de seu (aluno/paciente)?

RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise dos resultados dos discursos dos sujeitos

foi realizada por pergunta, e o resultado pode ser apresen-tado da seguinte forma:

1 – O que é corpo para você?As categorias com maior representatividade en-

contradas nos discursos dos sujeitos desse curso (58%),

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revelaram que corpo é um meio de expressão e comunica-ção com o mundo, além de identificar corpo com o movi-mento, com o pensamento e com as ações concretas. Emseguida, representando (33%) dos sujeitos, duas categori-as se divergem, pois, uma revela que corpo é o todo, é vi-da, é um conjunto, enquanto que a outra se limita a cuidardo corpo fisicamente. Já as categorias com (16%) de re-presentação, associam o corpo com a mente e dizem sereste, um arquivo da história de vida dos indivíduos. Aindadigno de atenção é a indicação de 4 categorias com (8%)da representação dos profissionais que afirmam que corpoé limite e diferenças que deve ser respeitado, separam ocorpo da alma; associam a um receptor de estímulos e oreduzem somente as partes físicas que o compõem.

2 – Em sua ação profissional, como é o seu traba-lho com o corpo de seu (aluno/paciente)?

Para (50%) dos sujeitos entrevistados, o corpo étrabalhado visando o toque, a postura e outros movimen-tos. Já (41%) dos profissionais enfatizam as expressões e acomunicação com o meio. Três categorias revelam: que ocorpo e mente devem ser considerados parceiros no traba-lho desenvolvido (25%); o desenvolvimento das habilida-des e capacidades motoras (25%) e o respeito com o cor-po do outro diante das limitações e deficiências (25%).Com (16%) da representação dos sujeitos, duas categoriasmostram que o trabalho com os deficientes deve transmitirprazer e que as relações entre os indivíduos devem ser en-fatizadas. Contudo, um sujeito (8%) destaca a conscienti-zação das partes e funções do corpo.

Encontramos nestas respostas a intenção de umtrabalho onde se tenta garantir a visão de um corpo inte-grado, holístico e total, no qual, não se esgota somente notrato do corpo – objeto. Mas ainda há indícios de um cor-po tratado como dicotômico, o que mostra que os profissi-onais desta área estão em um período de transição frenteao entendimento do fenômeno corporeidade.

CONCLUSÃOSendo o corpo, um ponto primordial para o traba-

lho com as pessoas portadoras de deficiências, notamosque estes profissionais estão em um período de transiçãoem relação ao entendimento do corpo unitário, integradocom o mundo e com as outras pessoas, podendo desenvol-ver um trabalho que permita resultados significativos, eque mostre uma possibilidade para que essas pessoas cri-em e vivenciarem sua própria cultura corporal. Portantoestes mesmos resultados afirmam que o fenômeno corpo-reidade, investigado junto a estes profissionais da áreaeducacional que trabalham em Instituições de Piracicaba,ainda apresentam indícios de um corpo tratado como di-cotômico. No entanto, compreende-se isso como uma ten-tativa de se trabalhar de forma sistêmica, onde a unidade ea totalidade desse fenômeno possa ser considerada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Lígia. Conhecendo a deficiência. São Paulo:Robe Editorial, 1995.

AMARAL, Lígia. Pensar a diferença/deficiência. Brasí-lia: CORDE, 1994.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa:Edições70, 1977.

CARMO, Apolônio. A do. Estigma, corpo e deficiência.Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campi-nas, 9(3): 5-8, 1988.

FERREIRA, Júlio. R. A exclusão da diferença: A educa-ção do portador de deficiências. Unimep, 1993.

PORTO, Eline. T. R. Corpo – Movimento – Vida: ser“diferente – deficiente”. Revista Corpoconsciência.Faculdade de Educação Física de Santo André: Meiose Mídias Comunicação e Editora, 2000, p.53 a 68.

PORTO, Eline. T. R. Flores e Espinhos: corpos que seencontram... In II Congresso Latino Americano e IIICongresso Brasileiro de Educação Motora. Anais.Natal/RN. De 31/10 a 04/11/2000. P.76 a 79.

SANTIN, Silvino. Perspectivas na visão da corporeidade.In MOREIRA,W,W.(org).- Educação física &esportes: Perspectivas para o século XXI. Campi-nas: Papirus: 1992.

INFORSATO, Cassiano. F, MOREIRA, Wagner. W et al.O Fenômeno Corporeidade nos Cursos de FormaçãoProfissional da Unimep. Relatório Final de Projetode Pesquisa – CNPQ/UNIMEP, UNIMEP, Piraci-caba, agosto de 2000.

260 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.104

EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: QUAL A VISÃO DE CORPO QUE ESTÁ PRESENTE NO DISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM

PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS.

FERNANDA OZORES POLACOW (B) – Curso de Educação FísicaELINE T. R. PORTO (O) – Curso de Educação FísicaREGINA SIMÕES (CO) – Curso de Educação Física

WAGNER WEY MOREIRA (CO) – Curso de Educação FísicaFAPIC/UNIMEP

RESUMO

Temos observado que o tema corpo tem sido alvo de discussões nas mais diversas áreas do conhecimento, pro-piciando assim mudanças nas formas de visualizar e tratar o ser humano.Com a intenção de entendermos essa temá-tica frente aos profissionais que atuam com pessoas portadoras de deficiências, na área da Reabilitação, realizamoseste estudo. Para isso nos apoiamos em alguns autores que discutem este tema, elaborando a matriz teórica, que subsi-diou toda a pesquisa de campo. Para a realização da pesquisa de campo, foi feito, inicialmente, um mapeamento detodas as Instituições que trabalham com pessoas portadoras de deficiências na cidade de Piracicaba, para em seguidaestabelecermos o universo a ser pesquisado. Foi utilizada a metodologia da Análise de Conteúdo a partir Osgood eNunnaly(Bardin, 1977), a qual propõe algumas etapas que foram seguidas. Ao final do trabalho detectamos que avisão de corpo, que os profissionais vinculados à área da Reabilitação possuem, está passando por um momento detransição, em que vêem o corpo deficiente como um ser em movimento, com capacidades e sentimentos, porém, aindademonstram uma certa dualidade ao relatarem sobre como se dão as ações profissionais. A pesquisa que enfoca osprofissionais da Educação foi desenvolvida em parceria com outro aluno bolsista.

INTRODUÇÃOFoucault(1977) nos mostra que, desde o século

XVII o corpo era moldado para obedecer e responder or-dens. Estes corpos eram fabricados, transformados emmáquina, tornando o ser humano um objeto material eunindo o corpo analisável ao corpo material. Assim, cons-tituída a concepção de corpo nos séculos passados, o mes-mo autor nos aponta a concepção mecânica e dicotômicado corpo, já que os corpos dos soldados eram manipula-dos para economizar forças para o trabalho necessário.

Dessa forma, os seres humanos se convenceram deque possuíam um corpo para responder às ordens que lheseram passadas, sem sentir seus corpos em movimento, açãoe sentimento(Assmann, 1995), sem perceber que, é essecorpo que manifesta nosso desejos e necessidades vitais,marcando nossa existência no mundo(Guedes, 1995).

A disciplina apontada por Foucault(1977), objeti-vava controlar novamente o corpo, mas na perspectiva bi-ológica, psicológica e social; sendo a disciplina conseqü-ência imediata da compreensão do corpo como parte se-cundária do ser humano, e esta parte é que seria sacrifica-da para se atingir ideais superiores, estabelecendo que oscorpos deveriam ser submissos e disciplinados.

O final do século XX está sendo caracterizado pelacrise de paradigmas, tanto na educação como na ciência.Um dos temas estudados refere-se ao corpo, que vem pas-sando por transformações de conceitos e atitudes. O corpoestá sendo visto na perspectiva do ser e não do ter.

Neste estudo, podemos identificar isto, pois osprofissionais da área da Reabilitação estão percebendoque o seu paciente é um ser pensante, que se movimenta(mesmo que com dificuldades), pensa e age, deixandopara trás a idéia que eles tinham do corpo como um objetode manipulação dividido em partes.

MATERIAL E MÉTODOSO desenvolvimento metodológico deste estudo foi

feito pela abordagem qualitativa, utilizando a Análise de

Conteúdo(Bardin, 1977), sob a adaptação feita por Os-good e Nunally(Bardin, 1977).

As etapas da pesquisa desenvolvem-se em trêsgrandes momentos:

Pesquisa bibliográfica: foi realizada uma revisãode literatura seguindo todos os passos propostos (levanta-mento das obras, seleção, análise e resenha);

Pesquisa de campo: mapeamento e seleção douniverso a ser pesquisado, aplicação do instrumento para acoleta dos dados e análise dos mesmos;

Análise dos dados confrontando a teoria com a re-alidade apresentada.

A matriz teórica consolidou-se em dois eixos:“Corpo: Questões diretas e indiretas sobre o te-

ma”, em que foram discutidos autores e estudiosos que sedestacam ao apresentar suas reflexões sobre o tema corpo;

“A questão da Reabilitação” procurou-se levantarapontamentos teóricos sobre o tema Reabilitação, com ointuito de entendermos quais os princípios básicos e obje-tivos de um trabalho reabilitacional, como se dá a partici-pação e quais os profissionais envolvidos com a Reabilita-ção nas Instituições que trabalham com pessoas portado-ras de deficiências.

A pesquisa de campo estruturou-se da seguintemaneira:

1) Mapeamento do universo a ser pesquisado: foi fei-to um levantamento na cidade de Piracicaba de todas as Insti-tuições que trabalham com deficientes, bem como dos profis-sionais que nelas atuam e das pessoas que elas atendem.

2) Seleção e escolha dos profissionais para serementrevistados: devido aos números apresentados pelas Ins-tituições, determinamos como critérios para a escolha dossujeitos: a) tamanho da Instituição, b) o número dos pro-fissionais que nela trabalham, c) o número de alunos ma-triculados. A partir do mapeamento geral de todas as áreasprofissionais, elegemos o indicador de 30% sobre o total

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 261

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para elencarmos o número de entrevistados de cada áreaem particular. O universo pesquisado compôs de: 04 fo-noaudiólogos, 03 fisioterapeutas, 04 terapeutas ocupacio-nais e 03 psicólogos.

Na equipe multidisciplinar constavam os pedago-gos, os assistentes sociais e os médicos, estes dois últimosnão constam no universo da pesquisa por desenvolveremseus trabalhos na perspectiva da avaliação e diagnóstico,descaracterizando o objetivo do estudo. Como o projeto ini-cial deste trabalho foi desmembrado em duas partes, a áreada pedagogia está sendo analisada em um outro trabalho.

3) Elaborou-se e aplicou-se um questionário con-tendo duas questões geradoras para os sujeitos seleciona-dos. As questões foram:

Questão geradora 1: O que é corpo para você?Questão geradora 2: Em sua ação profissional,

como é seu trabalho com o corpo de seu aluno/paciente?Ao final do trabalho, realizamos a interpretação

dos discursos dos profissionais agrupados em categorias,para procedermos às análises e discussões a que foram re-alizadas por área e por questão geradora.

RESULTADOS E DISCUSSÕESPara efetuarmos as discussões analisamos todas as

categorias apresentadas no decorrer do processo metodo-lógico, de cada área profissional, como se segue.

Área de atuação: Fonoaudiologia. Questão gera-dora 1:

Para 100% dos sujeitos, o corpo é veículo de co-municação com o mundo, pois através dele expressa seusdesejos, sentimentos e sua forma de ser. Uma outra obser-vação relevante entre eles, foi apresentado por 50% dossujeitos é que o corpo não é apenas matéria, mas é a carac-terização e a representação do indivíduo. Contrariandoisso um sujeito(25%) afirma ser o corpo a representaçãoconcreta e material do indivíduo. As potencialidades, ca-pacidades e limitações que um indivíduo possui são reve-ladas pelo corpo é um dado mostrado por 25% dos sujei-tos entrevistados.

Questão geradora 2: Para 75% dos entrevistados, o corpo é trabalhado

para comunicar-se com o mundo, seja pela linguagemgestual ou linguagem oral. O corpo é o instrumento prin-cipal para o trabalho ser desenvolvido e concretiza-do(50%) Apenas um sujeito(25%) afirma que o corpodeve ser trabalhado de forma global, sem divisões em par-tes. O trabalho corporal está voltado à postura do indiví-duo respeitando seus desejos(25%).

Área de atuação: Fisioterapia. Questão geradora 1: O corpo é um todo que vai além da representação

concreta do indivíduo é o que dizem 66% dos fisiotera-peutas. Em seguida observamos que esta porcentagemestá dividida revelando que corpo é um instrumento queprecisa de cuidados (33%), como também, o corpo ex-pressa as sensações físicas e emocionais que o indivíduoapresenta (33%).

Questão geradora 2: O corpo a ser trabalhado por66% dos fisioterapeutas deve ser visto de maneira global,ou seja, deve-se enfatizar o físico e o psíquico, isso é rela-tado pelos mesmos sujeitos analisados na questão anterior.Um dos profissionais diz que a relação que o paciente temcom o seu corpo deve ser prazerosa, mesmo o trabalhosendo voltado para a reabilitação física. Por outro lado33% dos entrevistados mostram que o paciente ao ser tra-

balhado precisa se conscientizar das partes que compõemo seu corpo.

Área de atuação: Terapia Ocupacional. Questãogeradora 1:

Para 50% dos sujeitos, corpo é físico acompanha-do de um domínio psicológico. Os outros 50% afirmamque é a pessoa em si permitindo a sua sobrevivência. Umdos sujeitos representando 25% do total, afirma enfatica-mente que o corpo é um meio de expressão e comunica-ção do indivíduo com o mundo. E outros 25% dizem ser ocorpo o centro do espírito e da alma, porém comandadopela inteligência.

Questão geradora 2: Trabalhar sob a perspectiva que o indivíduo é um

todo, corpo e mente, é o que demonstram 75% dos sujei-tos. A preocupação com a comunicação do indivíduo como meio é revelada por 50% dos entrevistados. As capaci-dades e habilidades corporais dos indivíduos devem servalorizadas no transcorrer do trabalho é o que pensam25% dos sujeitos. E um último ponto salientado por 50%dos sujeitos é que o trabalho envolve o corpo como um to-do, ou seja, na perspectiva biológica, social e psicológica.

Área de atuação: Psicologia. Questão geradora 1: Comunicar-se com o mundo é o que afirmam ser o

corpo 100% dos psicólogos entrevistados. Corpo é a identi-dade da pessoa segundo 66% dos sujeitos. O corpo vai alémdo biológico é representado por 33%. Outros 33% dizemser a soma das partes com sentido e expressão.

Questão geradora 2: Trabalhar o corpo está direcionado a questões

emocionais, sociais e organizacionais diante da opinião de66% dos sujeitos. Observar os gestos e atitudes e estabele-cer contatos com os alunos/pacientes faz parte do trabalhopara outros 66% de profissionais. O trabalho deve ser feitointerdisciplinar e assistematicamente na opinião de todosos profissionais dessa área de atuação.

CONCLUSÃOComo resultados desta pesquisa, pudemos identificar

que os profissionais de Reabilitação que trabalham com pes-soas portadoras de deficiências estão mudando seus pensa-mentos e discussões a respeito do corpo, tentando deixar paratrás o paradigma de que o corpo é uma máquina. Estes profis-sionais mostram em seus discursos que o corpo é um ser pen-sante, com sentimentos, que se movimenta de maneira indis-sociável. Vale ressaltar que parte dos profissionais entrevista-dos estão mudando seus conceitos e atitudes, o que indicaque muitos estudos sobre a corporeidade precisam ser feitospor todas estas áreas consultadas neste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSMANN, H. Paradigmas educacionais e corporei-dade. 3ª edição. Piracicaba:UNIMEP, 1995.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70,1977.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: Nascimento da prisão;tradução de Lígia M. Pondé Vassalo. Petrópolis,Vozes, 1977.

GUEDES, C. O corpo desvelado. In: MOREIRA, Wag-ner Wey. Corpo Pressente. Campinas, SP; Papirus,1995.

262 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.105

AS TEORIAS DE GÊNERO FRENTE ÀS CONFIGURAÇÕES VELADORAS DE DESIGUALDADES NOS TEXTOS NORMATIVOS DA UNIMEP

NILTON CÉSAR ARTHUR (B) – Curso de FilosofiaTÂNIA MARA VIEIRA SAMPAIO (O) – Faculdade de Ciências da Religião

PIBIC/CNPq

RESUMO

O presente estudo trata das questões acerca das teorias de Gênero como base teórica para uma análise da produçãoacadêmica da UNIMEP. Por uma releitura das diretrizes formais assumidas na Política Acadêmica desta instituição, pre-tende-se desvelar, no debate do Processo de Ensino, relações de poder androcêntricas, ocultas nas supostas pluralidades euniversalidade de discursos e métodos acadêmicos e ou pedagógicos. Objetiva-se, sobre uma realidade diagnosticada comocampo de forças, de poderes, que se interpenetram, suspeitar das configurações produtoras de desigualdades nas atividadeshumanas. As provocações para análise trazem consigo a imanência do poder e a cabo o sistema de hierarquização.

Sinalizar, para a formação acadêmica, as implicações efetivas que as análises de Gênero acarretam, é possibili-tar a reversibilidade do conhecimento como está estabelecido. O intuito é levantar discussão sobre os lugares cultural-mente naturalizados dos seres e grupos, em suas inter-relações e papéis sociais.

Averiguamos que os textos normativos da UNIMEP mostram-se frágeis e desatentos a certas circunstânciasque sustentam o desnível da cidadania entre mulheres e homens. A não interlocução com as reflexões da categoria deGênero pode ampliar a legitimação do processo de opressão, em vez de seu contrário.

INTRODUÇÃOO projeto visou o estudo das contribuições das te-

orias de Gênero acerca das relações sociais de poder queestruturam o cotidiano de vida e de produção do conheci-mento das pessoas. A tarefa fundamental desta pesquisafoi interrogar, a partir da área das Ciências da Religião, osprocessos normativos de construção do saber, as lingua-gens acadêmicas, a organização administrativo-acadêmi-ca, visando a questionamentos acerca das relações sociaisde poder, as quais privilegiam uns e silenciam outros.

Referenciais teóricos feministas, alicerçados nacategoria analítica de Gênero (SCOTT, 1990; COSTA &BRUSCHINI, 1992; GEBARA, 1997, 2000; NUNES,1995), promoveram os subsídios para a organização doparâmetro analítico com o qual interrogamos os textosnormativos acadêmicos.

A discussão sobre os paradigmas das dimensões deEnsino, Pesquisa e Extensão, à luz de nossa análise, sinalizapara uma desconstrução das inferências androcêntricas queestão imbricadas nas relações e na produção e reproduçãodo saber. Em outras palavras, mobilizamo-nos rumo ao tex-to da Política Acadêmica e demais políticas da UNIMEP,inspecionando os discursos, que acobertam a atuação damulher como construtora dos saberes frente à sociedade.

O intuito foi situar a percepção masculina com auniversalidade e a sobreposição do feminino deixando-oassim pouco notado e, ademais, ocultado. Com efeito, afe-rir a indiferença, o não questionamento, às conseqüênciasextraídas desse fato. Diante disso faz-se pertinente superaras divisões dualistas e hierárquicas do conhecimento,principalmente quando levamos em conta o fato de estar-mos situados em uma academia cuja produção de diag-nósticos do cotidiano podem interferir nos rumos da soci-edade e na produção do saber. Por esta razão, nossa pes-quisa efetivou um trabalho de reflexão das funções relaci-onais de gênero interpelando a produção do discursoacadêmico institucionalizado nas Políticas Acadêmicas,de Pesquisa, de Extensão e para as Licenciaturas.

MATERIAIS E MÉTODOSAtravés de reuniões conjuntas (entre bolsistas e

orientadora) teve início a capacitação teórica nos procedi-mentos de pesquisa científica e a contextualização de nos-sa tarefa analítica. Discutida a pseudo-neutralidade em ci-ência, optamos por um reflexão na dinâmica objetividade-subjetividade, pois no arcabouço científico temos ambosos condicionamentos como parte integrante do método.

Ao iniciar as leituras e debates referentes às teoriasde Gênero, pré figurarando o solo epistêmico, caminhamosna compreensão teórica articulando a produção de textos.

Face a produções existentes acerca das matrizesde gênero para homens e mulheres, concentramos esfor-ços na coleta de subsídios formais em visitas às bibliote-cas – Fundação Carlos Chagas, USP (área de CiênciasHumanas e Sociais), PUC-SP, UNIMEP, UMESP, UNI-CAMP, PUC-Campinas – e nos catálogos de editoras re-ferentes às publicações bibliográficas atualizadas sobremulheres, gênero e similares. O material coletado foi alvode análise na intenção de tomar ciência do que há de pro-dução corrente nas questões referidas.

Delimitamos a pesquisa no elo gênero/educação egênero/religião. A abordagem seletiva de nossa parte apre-sentou-se como opção instigadora para a reflexão do discur-so científico e da prática da docência. Neste viés, as Políti-cas da UNIMEP foram interpeladas, inicialmente com a lei-tura e depois a análise das mesmas, buscando identificar asrelações sociais de poder vividas por homens e mulheres noâmbito acadêmico. Com reflexões orientadas pela biblio-grafia assimilada sobre teorias de Gênero, procurou-se di-agnosticar, nas Políticas da universidade, as carências, os si-lêncios e avaliar as implicações sociais, da não inclusão devalores e produção de saber advindos das mulheres.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA palavra gênero trouxe para nossa reflexão o sen-

tido não só da polaridade masculino/feminino mas tam-bém dos conflitos de ações e reações dos entremeios dessapolaridade. Numa reinvenção de um futuro libertador para

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as pessoas de ambos os sexos, posicionamos, em relevo, otestemunho das mulheres, apoiando assim uma eferves-cência de situações que se direcionem para novas topolo-gias do feminino em relação ao masculino.

O desafio foi inteirar-se sobre as considerações degênero principalmente no viés de produção/construção so-cial. Logo, os desdobramentos tensos sobre a constituiçãobiológica e cultural trouxeram elementos para a compre-ensão dos limites da emancipação das mulheres, objeti-vando uma teorização sobre a prática do feminismo. Foipossível assim discutir a não sintonia sexo/gênero e inferirna constatação de que gênero é constituído simbolicamen-te; e, mais, nem tudo o que se relaciona ao assunto femini-no/mulher está articulado com as questões de Gênero.

Ao questionar os discursos normativos da institui-ção, neles nos focamos em permanente vigilância para in-dicar possíveis aperfeiçoamentos das diretrizes que semostraram desatentas em algumas reproduções das desi-gualdades sociais. Pactuamos a necessidade de indicar oserros que potencializam a manutenção de saberes velado-res de situações concretas de submissão e inferiorizaçãoentre as pessoas. Ao analisar como está alicerçado o dis-curso do saber e suas possíveis estruturas opressivas sedi-mentadas, buscamos marcar aquilo que procuramos evitare corrigir na construção dos conhecimentos: a) negligên-cia dos elementos masculino/feminino, situando e velan-do o feminino sob a custódia do masculino; b) o desfoquedos olhares duplos/sexuados que recortam e produzemcultura assimetricamente, e os introjetam num pseudo"neutro", que sabemos parcial e masculinizado; c) a con-taminação na educação, (re)produzindo, com professorese professoras, na forma de um saber erudito, irresponsabi-lidades, indiferenças, privilégios e preconceitos entre clas-ses e gêneros.

CONCLUSÃOUma teorização sobre as relações de Gênero para

nossa pesquisa assumiu um propósito de práxis libertado-ra quanto às diferenças culturais sexistas. Consideramosprimeiramente que a legitimação da opressão tem umaconfiguração histórica, e apenas sustentada pela valoraçãode símbolos culturais. Assim, averiguamos que a mobili-zação em torno das questões de gênero não está inseridanas políticas educacionais da UNIMEP; e, portanto, nãotraduzida em conhecimento. Por conseqüência, neste es-paço acadêmico, não estão sendo fomentados, com asconseqüentes análises das relações de Gênero, questiona-mentos sobre as inter-relações dos indivíduos para a práti-ca de uma ação libertadora dos grupos sociais em suas di-mensões de gênero, classe e raças/etnias. Foram percebi-das, na formação acadêmica, a carência e a não inclusãode valores e produção de saber advindos da posição e lu-gar da mulher.

A formação acadêmica corre, pois, o risco de re-produzir cargas culturais sedimentadas, por vezes anacrô-nicas com as injustiças de nosso mundo atual. Na maiorparte das vezes, esta cultura pode estar assumida numalinguagem convencional de neutralidade científica.

Constatamos que os agentes propulsores para osavanços das formulações de gênero, os quais poderiamcontribuir na formação de homens e mulheres com perfis

sociológicos engajados numa práxis libertadora de suashabilidades, encontram-se ausentes. Por conseqüência,onde não há um engajamento na exposição e fomentaçãodo diálogo nesta vertente de Gênero, a cultura, num uni-verso plural, na sua diversidade, está diminuída e restritana elaboração de bons diagnósticos em qualquer área doconhecimento.

Por fim, na busca da inserção conseqüente de aná-lise de Gênero, ao indagar sobre a formação dos discentesque é proposta pela UNIMEP, percebemos que os meca-nismos ou redes discursivas de saber se mantêm indiferen-tes aos equívocos do sistema de hierarquização do poder,cujas matizes estariam na própria produção e formação doconhecimento.

Nossa pesquisa demandou atenção para melhorabarcar as interações humanas e desviar-se da manutençãode um sistema de conhecimento cujo saber se mantém dis-traído com a opressão e exclusão daqueles que não têm voz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COSTA, A. de O. & BRUSCHINI, C. (Orgs.). Uma ques-tão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; SãoPaulo: Fundação Carlos Chagas, 1992. 336 p.

GEBARA, I. Teologia ecofeminista: ensaio para repensaro conhecimento e a religião. São Paulo: Olhod’água, 1997.

GEBARA, I. Rompendo o silêncio: uma fenomenologiafeminista do mal. Petrópolis: Vozes, 2000.

NUNES, M. J. F. R. Gênero, saber, poder e religião.Revista Mandrágora. São Paulo, n. 02, p. 09-15,1995.

Política Acadêmica da Universidade Metodista de Piraci-caba, 2. ed. Piracicaba: UNIMEP, 1996. 30 p.

Política de Extensão da Universidade Metodista de Piraci-caba, 3 ed. Piracicaba: Editora UNIMEP, 2000, 91 p.

Política para as licenciaturas da UNIMEP. Piracicaba: Edi-tora UNIMEP, 1998, (Série Institucional, n.5), 32 p.

Política de Pesquisa da Universidade Metodista de Piraci-caba, 2 ed. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1999, 58 p.

SCOTT, J. Gender: na useful category of historicalanalyses: Gender and the politics of history. NewYork. Columbia University Press. 1989. Trad. Chris-tine Rufino Dabat, Maria Betânia Avila. S.O.S.Corpo: Recife, 1991.

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9º CONGRESSO DE

CO.106

AS TEORIAS DE GÊNERO COMO UM INSTRUMENTO TEÓRICO/PRÁTICO PARA A ACADEMIA E SUAS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS

CLARICE PAVAN CHIARELI (B) – Curso de HistóriaTÂNIA MARA VIEIRA SAMPAIO (O) – Faculdade de Ciências da Religião

PIBIC/CNPq

RESUMO

A pesquisa realizou um estudo aprofundado sobre as Teorias de Gênero fornecendo subsídios a uma análisepara des-construções e re-construções dos principais paradigmas que orientam o Processo de Ensino da UNIMEP. Opropósito do projeto consistiu em estudar uma nova corrente teórica nascida no bojo do movimento feminista. A partirdos conhecimentos obtidos foram analisados documentos que definem as construções de saber das Ciências da Reli-gião e dos discursos normativos das Políticas institucionais.

Para tanto, foram feitos levantamentos bibliográficos em catálogos de editoras e nas seguintes universidades:PUC-SP; UMESP; Fundação Carlos Chagas; UNIMEP; USP – NEMGE; UNICAMP; PUC-CAMP. As obras encon-tradas foram selecionadas atendendo o objetivo do projeto e para a seleção considerou-se necessário identificar asobras que tratam de Gênero/ Educação e Gênero/Religião.

Nos textos normativos da UNIMEP ficou constatado uma ausência nos discursos acerca das desigualdades nasrelações homem/mulher. A concepção de cidadania desenvolvida para as Políticas analisadas não elucida, no âmbitoda formação acadêmica e da produção do saber, a construção de processos naturalizados culturalmente pela sociedade.Assim, o eixo teórico das Políticas pode indicar uma perspectiva da imutabilidade e verdades de caráter universal, comrepercussão direta nas relações humanas.

INTRODUÇÃOAdmitir as Teorias de Gênero como eixo episte-

mológico significa abrir oportunidades para questionar asrelações de poder estruturadas no cotidiano e no processode construção de saber das pessoas. Essa articulação im-plica em superar a dimensão do sexo anatomicamente de-finido, para reconhecer a construção cultural das matrizesde Gênero para mulheres e homens.

As referências oferecidas pelas Teorias de Gêne-ro, possibilitam a construção de um novo saber antropoló-gico, mas não considera-se suas produções verdades in-questionáveis ou mesmo absolutas nessa busca científica.

Nesse viés de compreensão do saber, as Teoriasde Gênero buscam des-construir os conhecimentos quecodificam discursos androcêntricos e que ocultam, comuma linguagem configurada culturalmente, a presençasignificativa da mulher como protagonista e atuante nocontexto social.

Ao perceber o poder como uma construção das re-lações humanas, notam-se desigualdades que fortificamhierarquias nos acessos ao conhecimento e produção cul-tural, econômica e política. Ao interrogar as Políticas daUNIMEP com subsídios teóricos a partir das Teorias deGênero ficou possível analisar construções processuaisque problematizam essas desigualdades, como, por exem-plo, detectar um imaginário feminino, subordinado aomasculino. Uma das problemáticas percebida nesse ima-ginário é a identidade da mulher ser comumente atrelada auma figura que transita entre a pecadora e a santa.

Algumas estudiosas das Teorias de Gênero tive-ram uma influência determinante para o andamento dapesquisa (COSTA, 1992; GEBARA, 1997; GEBARA,2000; GUEDES, 1995; NUNES, 1995; PERROT, 1992;SCOTT, 1991) elucidando os princípios que orientam umestudo aprofundado sobre o assunto.

No estudo dos documentos institucionais perce-beu-se a força da linguagem como estruturadora de ocul-tamentos que podem refletir as desigualdades das relaçõessociais entre mulheres e homens no acesso à construção eprodução do saber.

MATERIAIS E MÉTODOS O primeiro passo para começar o projeto foi inici-

ar uma capacitação teórica através de leituras e reuniõesreflexivas que introduzem as Teorias de Gênero para a dis-cussão entre a/o bolsista e a coordenadora do projeto.

O aprofundamento teórico sobre Gênero e o estu-do de textos que tratam do diálogo de Gênero e área dasCiências da Religião possibilitaram na construção de cri-térios balizadores para o levantamento bibliográfico noscatálogos das editoras, das Universidades e da FundaçãoCarlos Chagas.

A primeira proposta foi fazer o levantamento bi-bliográfico dividindo entre cada bolsista o local a ser pes-quisado, mas em uma análise conjunta, foi consideradoque a pesquisa seria mais completa com a/o bolsista traba-lhando em parceria nos acervos previstos. Assim sendo,todo o levantamento bibliográfico foi feito com a partici-pação da/do bolsista, nas mesmas bibliotecas.

Simultaneamente ao processo reflexivo e de le-vantamento bibliográfico, foram elaborados textos indivi-duais apresentados e debatidos pelo grupo, originando umartigo ao final de cada trimestre.

Durante o processo de capacitação teórica, as lei-turas foram desenvolvidas individualmente e em constan-te diálogo entre os bolsistas, fornecendo subsídios parauma discussão de todo o grupo, na qual os questionamen-tos e descobertas a respeito das Teorias de Gênero foraminstrumentos de reflexão para o processo de conhecimen-to do objeto de pesquisa.

A etapa final consistiu no estudo aprofundado domaterial disponibilizado pela bibliografia levantada, da

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Política Acadêmica, da Política de Pesquisa, da Política deExtensão e da Política para as Licenciaturas da UNIMEPem conjunto com os documentos da área das Ciências daReligião. Destas análises, entre os aspectos que merecemdestaque na reflexão que se seguiu, está a concepção decidadania destes documentos e sua proximidade com pa-radigmas culturais cristalizados.

RESULTADOS E DISCUSSÕESNo processo analítico a partir das Teorias de Gê-

nero foi possível indicar construções culturais presentesnessa instituição educacional e na produção do saber.

A partir de uma análise das relações sociais, a dis-cussão sobre as Teorias de Gênero viabilizou o estudo dopoder como elemento com significativa responsabilidadena produção de hierarquias sociais. A palavra poder apre-senta-se como originária em uma organização social iden-tificada como uma sociedade exploradora, com caracterís-ticas comum ao processo de dominação.

Como? Para quê? Por quê estudar Gênero? Sãoquestões que permearam toda a pesquisa e a cada impulsode resposta abriam-se em novas possibilidades de reestru-turação dos saberes.

Nos discursos normativos da universidade, a neu-tralidade almejada pela própria condição científica contri-bui com um discurso que oculta a mulher com uma lin-guagem predominantemente masculina, o que referendoua própria concepção de cidadania. O discurso androcêntri-co, isto é, uma visão de mundo, de cultura e de estruturaepistêmica marcadamente masculina, faz parte dessaconstrução social refletida nas produções acadêmicas.

A problemática em referência gera dificuldadesna hora de conceituar a cidadania. Esta é ferida pelas au-sências assinaladas e acabam por fundamentar uma con-cepção de reprodução do discurso androcêntrico. Esse dis-curso é problemático na formação do docente e discenteuma vez que interfere na práxis da comunidade acadêmi-ca. Ao interiorizar uma concepção de cidadania que inves-te o homem de uma autoridade política, econômica e cul-tural que subordina as mulheres, a formação profissionalencontra-se com forte potencial de sustentação da oposi-ção binária de gênero.

Os valores presentes na concepção de cidadaniadas Políticas podem contribuir para a reprodução de dis-cursos limitados que reforçam práticas culturais assimétri-cas. As Teorias de Gênero permitem explicitar as desi-gualdades de poder entre mulheres e homens e instrumen-taliza a academia para uma des-construção de práticas res-ponsáveis pela exclusão de determinados grupos sociais.Com um olhar de indissociabilidade entre a identidade hu-mana, a relação social e a rede das linguagens expressivaspara indicar os limites do conhecimento, fica possível su-gerir uma re-significação para re-interpretar e resistir àsnegações impostas a invenção metafórica e imaginativa daconstrução/produção do saber.

CONCLUSÃOAo empreender uma concepção teórica através da

categoria de Gênero, a pesquisa desenvolvida construiuuma possibilidade de alargamento e redefinição dos hori-zontes da transmissão e produção do saber. Nas Políticasinstitucionais analisadas foram percebidas as ausências

das interpelações promovidas pelas Teorias de Gênero,evidenciando uma reprodução de conhecimento que tendea solidificar uma cultura de exclusão e subordinação entreos grupos sociais.

Distante do diálogo com as Teorias de Gênero, aconcepção de cidadania nos textos institucionais indicasua influência proveniente de um discurso androcêntrico.Algumas novas condições de cidadania existem por con-quistas pautadas no debate sobre a igualdade de direitos, oque em nenhum momento desta pesquisa evidenciou umcompromisso já concluído.

Através da cidadania almejada pelas Políticas,conciliar um diálogo com as Teorias de Gênero possibilitaa atingir perspectivas éticas que produzam novos conheci-mentos e contribuem para a universalidade proposta pelaacademia. Essas possibilidades favorecem a um olhar crí-tico capaz de indicar as práticas que estratificam o poderna relação mulher/homem e apresentar a exclusão de de-terminados grupos sociais. As desigualdades sociais fruti-ficam-se nessa atividade de exclusão e indicam nas rela-ções sociais as hierarquias aparentemente intransponíveisestabelecidas pelos jogos de poder no cotidiano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCOSTA, Albertina de Oliveira & BRUSCHINI, Cristina

(organizadoras). Uma questão de gênero. Rio deJaneiro: Rosa dos Tempos; Sâo Paulo: FundaçãoCarlos Chagas, 1992.

GEBARA, Ivone. Rompendo o silêncio: uma fenomeno-logia feminista do mal. Petrópolis: Vozes, 2000.

GEBARA, Ivone. Teologia ecofeminista: ensaio pararepensar o conhecimento e a religião. São Paulo:Olho d’água, 1997.

GUEDES, Maria Eunice Figueiredo. Gênero o que éisso? Revista Psicologia, Ciência e Profissão. Jan./março, 1995.

NUNES, M.J.F.R.. Gênero, saber, poder e religião.Revista Mandrágora, São Paulo, n. 02, p. 09-15,1995.

PERROT, Michelle. Os excluídos da História: operários,mulheres e prisioneiros. 2ª ed., São Paulo: Paz eTerra, 1992.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análisehistórica. -SOS- Corpo, 1991.

Política Acadêmica da Universidade Metodista de Piraci-caba. 2ª ed. Piracicaba: UNIMEP, 1996. 30p.

Política de Extensão da Universidade Metodista de Pira-cicaba. 3ª ed. Piracicaba: UNIMEP, 2000, 91p.

Política de Pesquisa da Universidade Metodista de Piraci-caba. 2ª ed. Piracicaba: UNIMEP, 1999, 58p.

Política para as Licenciaturas da UNIMEP. Piracicaba:UNIMEP, 1998, 32p.

266 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.107

A ESCOLA VISTA POR ALUNOS, PAIS E PROFESSORES: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO E

CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO

ANA PAULA MONTEIRO COSER (B) – Curso de PsicologiaTANIA ROSSI GARBIN (O) – Faculdade de Psicologia

LEILA JORGE (CO) – Faculdade de PsicologiaTHERESA BEATRIZ F. SANTOS (CO) – Faculdade de Psicologia

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

A importância da educação na formação do indivíduo é significativa e envolve um conjunto complexo de fatores;a escola pode ser considerada o meio privilegiado para promover o processo educativo. O presente estudo objetivouinvestigar como a escola é vista por professores. Ao definirmos este segmento, não qualificamos como o mais importantee, sim, definindo uma etapa da investigação. O estudo foi realizado em uma escola estadual, localizada em um bairro peri-férico do município de Piracicaba, que atende alunos do ensino fundamental, 1º à 8º series, e funciona nos três períodos(manhã, tarde e noite). Desenvolvemos o estudo com 26 (vinte e seis) professores que foram divididos em dois grupos:grupo I – professores de 1º à 4º série e grupo II – professores de 5º a 8º séries. Para a coleta de dados utilizamos o proce-dimento de reuniões gravadas. Através da análise dos dados, identificamos temas que foram definidos e utilizados para aclassificação das informações. Os temas identificados foram: escola e políticas educacionais, família, aluno e professor.Com base nos dados, concluímos que os professores apresentam argumentações sobre os problemas da escola relacio-nando com fatores: de formação profissional, problemas sócio-econômico, políticos, comportamentais e cognitivo.

INTRODUÇÃOEm cada momento histórico, a escola se mostra

diante de diversidade e especificidade. Entretanto, é possí-vel constatar que a proposta de ministrar o ensino de for-ma coletiva e sistemática manteve-se e mantém-se cons-tante. Para Ferreira (1995), a instituição escola se dá comounidade na multiplicidade e, ao manter uma união consis-tente e estável, se consolida como entidade.

A educação, no texto da Lei de Diretrizes e Bases,(art. 2˚), "tem por finalidade o pleno desenvolvimento doeducando, seu preparo para o exercício da cidadania e suaqualificação para o trabalho" (Saviani, 1997, p.131). Paraalguns autores (Machado, 1998; Saviani, 1995; Brandão,1998; Kramer e Souza, 1996), as possibilidades de constru-ção efetiva da cidadania, mediante o espaço da educação es-colar, está diretamente relacionado com as ações concretasdecorrentes das propostas desenvolvidas nas escolas.

Segundo Blanco (1995), a escola deve ter flexibi-lidade para atender uma diversidade de alunos, mas paraencontrar respostas adequadas para as diversas situações enecessidades a escola deve adaptar-se e definir ações quetenham por objetivo a busca constante de soluções.

O processo de ensino caracteriza-se por seu caráterintencional que pode ser traduzido por objetivos educacio-nais e, tradicionalmente, estes têm-se concentrado no âmbi-to cognitivo tendo como referência o aluno médio. SegundoRuiz e Giné (1995), a existência de um projeto de educaçãoque assume a diversidade de necessidades e facilite a ade-quação curricular pode ser útil para a equipe de professores.

A família, em decorrência dos avanços sociais,econômicos e tecnológicos, tem mudado os seus papéis,suas obrigações e sua estrutura tradicional. O envolvimen-to dos pais com a escola é considerado, por muitos autores(Bhering e Siraj-Blatchford, 1999; Smolka, 1989), comoum componente importante para o avanço do processo deensino. Para Bhering e Siraj-Blatchford (1999), oferecercondições favoráveis para o desenvolvimento da criança éum dos objetivos comuns da família e da escola, tanto

uma como a outra auxiliam e determinam o processo devida da criança, razão pela qual a relação entre escola e fa-mília é vista como complementar.

A família e a escola exercem um importante papelna socialização das crianças. Sendo assim, é no interiordessas instituições que o cultural, o social e o psicológicose compõem para tecer a fina rede de relações que interfe-rem diretamente no desenvolvimento do indivíduo.

O contexto atual, segundo Machado (1998), esta-belece novos desafios para a educação, exige uma forma-ção flexível que proporcione ao estudante o desenvolvi-mento de raciocínio lógico, capacidade para decidir, de-senvolver habilidades na comunicação, cooperação e ini-ciativa. Para o entendimento da complexidade do universoescolar, faz-se necessário um diagnóstico a partir dos seg-mentos que o compõem, mas considerando a amplitudedo tema, neste estudo tivemos por objetivo a análise a par-tir de um segmento, os professores.

MÉTODOSO estudo foi desenvolvido em uma escola estadu-

al localizada em um bairro periférico do município de Pi-racicaba. A escola funciona em três turnos, atende aproxi-madamente mil e quatrocentos alunos do ensino funda-mental (1º à 8º series).

Participaram do estudo vinte e seis professoresque foram divididos em dois grupos. O grupo I foi consti-tuído por onze professoras que trabalham no período ma-tutino e ministram aulas de 1º a 4º série. Todas essas pro-fessoras são formadas em magistério, duas tem formaçãoem terceiro grau. O tempo de formação, das docentes dogrupo, é superior à dez anos. Cinco professoras atuam naescola há mais de cinco anos e seis professoras atuam naescola em média há dois anos. O grupo II foi formadopor quinze professores que ministram aulas de 5ª a 8ª séri-es e atuam nos períodos vespertino e noturno. Todos essesprofessores têm nível superior de instrução, e doze docen-tes atuam na escola há mais de dois anos.

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PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOSFase I: Levantamento de dados sobre identificação dos

professores.Contato individual com os professores objetivan-

do apresentação da proposta de trabalho.Reunião do grupo I e II objetivando levantamento

de dados. Fase II:Realização de reuniões com apresentação de te-

mas indicados pelos professores na fase I. Estes temas fo-ram utilizados como estratégia para nortear as discussões.

Procedimento de análise dos dadosInicialmente as fitas contendo os dados das reuni-

ões foram transcritas. Os relatos dos participantes forampreservados na íntegra e identificados temas a partir dapergunta: " Sobre o quê o professor está falando?". Após aidentificação destes temas, iniciamos uma segunda etapade classificação dos relatos objetivando verificar o que osprofessores falam sobre cada tema.

RESULTADOSAtravés da análise dos dados, identificamos que

os relatos dos professores referem-se aos seguintes temas:professor, aluno, família, escola e política educacional.

Constatamos que ao falar do professor os docen-tes referem-se:

Formação Acadêmica: argumentam sobre a quali-dade da formação acadêmica que tiveram, e sobre a for-mação que é oferecida.

Indicadores de estados emocionais: Expressamsentimentos relacionados a incapacidade, revolta, tristezafrustrações e alegria.

Papel do professor: indicam através do relato ver-bal ações que realizam e que deveriam realizar no trabalho(desenvolvimento de atividades), e nas relações professor/aluno, professor/professor, professor/família, professor/di-reção-coordenação.

Dificuldades na atuação profissional: dificuldadeem trabalhar em grupo (professor/professor) e planejarações e em conseqüência desenvolver projetos grupaispara alcançar os diversos segmentos da escola.

Condições de trabalho: indica dificuldade nascondições de trabalho, relacionadas á: infra-estrutura, de-terminações e regras internas (escola) e externa políticas.

Os professores relatam sobre o tema aluno e aoanalisar os dados verificamos que referem-se à caracterís-ticas relacionadas aos comportamentos e habilidades aca-dêmicas.

Quando os professores apresentam argumentossobre família, identificamos que referem-se:

Papel da família: indicam ações esperadas com re-lação a pais/criança, pais/professores, pais/escola e pais/criança/sociedade.

Características: refere-se a situação sócio- econô-mica, religião, trabalho, comportamento dos pais relacio-nados à escola/professores/alunos.

No tema escola e políticas educacionais, identifi-camos que os professores argumentam sobre:

Projeto pedagógico, plano de gestão: refere-se àscaracterísticas positivas e negativas dos

projetos e planos das escolas e também sobre a di-ferença entre a teoria apresentada e a

prática cotidiana. Progressão Continuada: refere-se à atual política

educacional do governo, na qual não há repetência no En-

sino Fundamental, e a política de avaliação proposta pelogoverno de estado

Delegacia de Ensino: refere-se as ações e indica-ções da delegacia de ensino e as relações com as escolas.

Direção/coordenação: indica as características dadireção da escola e referem-se as ações realizadas e açõesesperadas.

Infra- estrutura: indicam a falta de infra- estruturada escola, como materiais, espaço físico e manutenção.

Apoio profissional: indicam a necessidade da atu-ação de outros profissionais na escola, como: psicólogos,dentistas, fonoaudiólogos, entre outros.

CONCLUSÕESFoi possível constatar que os professores não falam

apenas dos problemas enfrentados por eles na escola emque lecionam. Eles apresentam argumentos sobre as políti-cas educacionais e as conseqüências no cotidiano da escola.

Verificamos que, ao falar sobre as famílias, estãopresentes questões sobre as condições sócio – econômicas,o papel e a responsabilidade dos pais na educação dos filhose a dificuldade em realizar um trabalho integrado (profes-sor/pais/alunos). Quando os professores relatam sobre osalunos é comum argumentarem sobre problemas de ordemde comportamento e dificuldades de aprendizagem.

Concluímos através dos dados obtidos que os pro-fessores apresentam argumentos sobre os vários segmentosque compõem a esfera escolar, e que estes dados indicamcomo a escola é vista por este segmento (professores).

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9º CONGRESSO DE

CO.108

O PROCESSO DE [DE]FORMAÇÃO CULTURAL: UM ESTUDO SOBRE O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL COMO UM DOS

MEDIADORES NO PROCESSO DE SEMIFORMAÇÃO

CARINE BARCELLOS SANT’ANA LIMA PINTO (B) – Curso de PsicologiaBRUNO PUCCI (O) – Faculdade de Educação

NILCE MARIA ALTHENFELDER DE ARRUDA CAMPOS (CO) – Faculdade de PsicologiaPIBIC/CNPq

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo demonstrar que a degeneração sofrida pela cultura atingiu a literatura infan-til em sua dimensão de objeto mediador no processo de formação cultural. Para tanto, realizamos um estudo de caso emuma instituição particular franquiada e focalizamos a investigação nas quatro primeiras séries do ensino fundamental. Acoleta de dados foi feita através de observações do quotidiano escolar, análise de documentos e entrevistas com os atoressociais. As observações foram registradas em diário de campo. A entrevista foi de tipo semidirigida, acompanhada por umroteiro formado por eixos a respeito da vida pessoal, vida profissional, concepção de educação e prática pedagógica. Osdocumentos analisados se dividiam em documentos oficiais do Estado (LDB e PCN de Língua Portuguesa) e da Escola(Plano Escolar e Regimento Escolar), documentos técnicos (Curso de Metodologia para a Língua Portuguesa de 1ª à 4ªsérie e Plano de Língua Portuguesa do sistema de franquia) e documentos instrucionais (apostilas, do professor e do aluno,de 1ª à 4ª série e livros didáticos de 1ª à 4ª série). Como resultado do trabalho, observamos que a literatura infantil não rea-liza a mediação cultural, sendo utilizada como recurso para atender a demanda de comunicabilidade ditada pela realidadesocial. Isso confirma a tese de degeneração da formação cultural e sua relação com a crise da educação.

INTRODUÇÃOA formação cultural tem lugar com a ascensão da

burguesia. Emancipada de sua origem aristocrática, foipensada para ser uma instituição independente que corres-pondesse às aspirações de indivíduos livres e pensantes.Por meio dela o indivíduo se tornaria, autônomo e com eletoda a sociedade. Como o projeto iluminista de sociedadeigualitária não se cumpriu, de igual forma se degenerou aformação. Sem os pressupostos que dão condições paraum verdadeiro processo de formação cultural, a formaçãose converte em semiformação e a cultura em semicultura.Dessa forma, afirma Theodor Adorno (1996), os conteú-dos da formação cultural têm cooperado cada vez maispara a socialização de bens culturais massificados. A faltade condição para uma apropriação real desses bens, ocasi-onada pela aliança entre razão instrumental e capital, fezerigir uma indústria da cultura (ADORNO & HORKHEI-MER, 1997). Nela a cultura se torna disponível a todosmediante o consumo. Nesse sentido, é que a educação seconverte em mercadoria.

A literatura infantil, propriamente dita, nascecomo parte da formação cultural. Ela surge para estabele-cer o hábito da leitura e propagá-lo. Afinal, ser um leitorera atributo básico para aquisição de cultura. Com a as-censão da família nuclear, o novo estatuto dado à criança ea reorganização da escola, a literatura infantil passa a terum papel pedagógico, em detrimento de sua dimensão es-tética. Assim, com a semiformação, a literatura para crian-ças passa de sua função de mediadora cultural para a dedominadora da infância com vistas à adaptação social.

Considerando a importância da educação de cri-anças na sedimentação de conhecimentos, e o papel de-sempenhado pela literatura infantil nesse processo, enten-demos como relevante investigar de que modo as históriasinfantis têm sido empregadas no contexto da semiforma-ção. Nosso objetivo é produzir uma análise dessa realida-de dentro de uma escola. Para que esse estudo produzisseresultados mais consistentes, optamos por um estudo de

caso em que analisamos todas as variáveis disponíveis quepudessem cooperar para uma análise mais aprofundada.

MÉTODOO método escolhido para essa pesquisa parte de

um referencial histórico-dialético, que compreende o ob-jeto a partir da análise do campo de forças em que está si-tuado. Para tanto, é imprescindível ao pesquisador aden-trar essa realidade para melhor compreendê-la. Esse méto-do realiza a inversão das proposições contidas nos méto-dos tradicionais positivistas. Ou seja, não provoca oisolamento do fenômeno, mas busca sua compreensãoatravés das relações que ele mantém.

Em acordo com os moldes do pensamento dialéti-co, optamos por trabalhar com o estudo de caso. O inte-resse nesse método advém da especificidade deste instru-mento que permite, ao mesmo tempo, visualizar o objetocomo uma unidade dentro de um sistema mais amplo epercebê-lo naquilo que o torna singular. Um estudo decaso busca investigar seu objeto o mais completamentepossível através de um maior número de dados e informa-ções. Retrata a rede de relações sociais e históricas que oatravessam, revelando a realidade, o que permite a identi-ficação bem como a generalização para outras situações.

Nosso objeto é uma escola particular de franquiaque funciona com turmas de 1ª à 6ª série, divididas entreturno matutino e vespertino. A investigação se restringiuao exame da mediação da literatura entre a 1ª e a 4ª série.Para entender como era concebida a mediação, procura-mos entender a dinâmica escolar. Realizamos, então, vári-as visitas à instituição, registrando nossas impressões emdiário de campo. Essas observações trouxeram elementosque compuseram o roteiro das entrevistas que realizamosposteriormente com as professoras. As entrevistas eramsemidirigidas, auxiliadas por um roteiro contendo eixossobre vida pessoal, vida profissional, concepção de educa-ção e prática pedagógica. Elas foram gravadas em fita cas-sete, com exceção de uma professora de 1ª série que pediuque apenas anotássemos suas respostas. Na verdade, as

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entrevistas estavam marcadas para acontecer também coma diretora e a coordenadora, porém estas mostraram-sedesconfiadas, chegando a verbalizar sua insegurança e fi-nalizando por se esquivarem. Submetemos à análise todosos documentos relativos a prática pedagógica. São eles:documentos oficiais do Estado (LDB e PCN de LínguaPortuguesa) e da Escola (Plano Escolar e Regimento Es-colar), documentos técnicos (Curso de Metodologia paraa Língua Portuguesa de 1ª à 4ª série e Plano de LínguaPortuguesa do sistema de franquia) e documentos instru-cionais (apostilas, do professor e do aluno, de 1ª à 4ª sériee livros didáticos de 1ª à 4ª série). Alguns documentos es-colares não foram examinados por se encontrarem numescritório contratado pela escola para serviços de consul-toria. Outros ainda por proibição contratual da franquia. Aanálise dos documentos só foi feita sob a condição de nãoserem retirados do prédio escolar e assim foi feito.

A análise dos dados foi permitida com base na Te-oria Crítica, principalmente através dos conceitos de in-dústria cultural e de semicultura.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO resultado da análise dos dados demonstrou que a

literatura infantil foi destituída de sua função formadora paraatuar como um recurso textual. Ela é empregada para garan-tir a aquisição de habilidades comunicativas aos futuros jo-vens com objetivo de participação no mercado de trabalhoem um mundo que valoriza a informação e a comunicação.

Essa condição revela que a tendência pedagógicaestá voltada para preparar os indivíduos para o mercadode trabalho e para se manterem como contínuos consumi-dores da indústria cultural.

Isso também demonstra que a política neoliberaldo Estado tem cumprido seus objetivos, isto é, destituir oconteúdo emancipatório da formação cultural pela forçosaadaptação à realidade através de uma ideologia pseudode-mocrática. É conduzido um processo de reificação dasconsciências e ainda se cria a ilusão de que a educação ga-rante um lugar no mundo do trabalho, sendo que não hálugar nesse mundo para todos.

Essa ditadura do capital privado demonstra a fra-gilidade do Estado frente ao poder dos monopólios e a fal-ta de autonomia da escola, que só subsiste por reverberaros interesses financeiros.

Todos esses resultados conduzem à discussão sobreo que está sendo feito da educação nas condições engendra-das pelo profícuo acordo entre razão instrumental e capital.Em outras palavras, os efeitos maléficos da semicultura serefletem no modo pelo qual as consciências estão sendo for-jadas e na produção cultural. Compreender a crise da edu-cação, no que concerne a seus objetivos bem como as ques-tões referentes à qualidade, implica em analisar o ponto emque se encontra o estado de [de]formação cultural.

REFLEXÕESRefletir sobre a situação que vive a educação brasi-

leira, remete à produção de conhecimento a várias teoriasexplicativas dessa realidade. Contudo, é imprescindívelconsiderar que os aspectos da realidade tornam singular e,ao mesmo tempo, parte do todo social o processo de forma-ção que aqui se desenrola. Nesse sentido, entendemos que apesquisa empírica muito tem a oferecer. Pensamos, tam-bém, que esse movimento deve ser acompanhado de pertopela teoria para que a investigação não resulte em pragma-

tismo. A esse respeito, entendemos que a Teoria Crítica seconfigura em um importante fundamento para uma práxisque tenha por objetivo uma intervenção responsável nocampo educacional. Acreditamos que a realidade não serátransformada pela descoberta de um método mais eficaz oupela produção tecnológica. Ao contrário, pensamos que es-sas medidas acabam por reforçar a crise por não considera-rem o peso que a realidade extrapedagógica exerce sobre aformação. Além do que, a substituição da comodidade téc-nica pelo esforço intelectual desfez a condição necessária àformação. A perda da tradição e da autoridade, que fazia amediação entre a tradição e os sujeitos, conduziu à ilusão deque a modernização do processo formador poderia revogara heteronomia. Contudo, o que se demonstrou é que se pas-sou de uma heteronomia a outra, e esta com elevado grau debarbárie. A tentativa de solucionar as contradições de umprocesso social de profundas raízes históricas e materiais,terminou em uma forçosa conciliação de interesses inconci-liáveis e na produção da semicultura.

Para contrastar com esse quadro, o retrato da for-mação tradicional, que oferecia a obtenção de autonomiapelo cultivo do espírito, nos fornece a medida de como seperpetuou o processo de colonização do pensamento. Aodepararmos com os indivíduos semicultos, expropriadosdo saber, e de-subjetivados, expropriados da reflexão, per-cebe-se a necessidade da formação cultural. Não se quer avolta ao passado e não se ignora a injustiça que o sedi-mentava, mas a única possibilidade que resta à cultura di-ante do progressivo processo de barbarização é a tensa re-flexão sobre a semicultura em que se converteu.

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270 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.109

A ESCOLA VISTA POR ALUNOS: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO

RENATA AMALFI CLEMENTI (B) – Curso de PsicologiaTHERESA BEATRIZ F. DOS SANTOS (O) – Faculdade de Psicologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

Esta pesquisa é parte de um projeto maior, onde pais, professores e alunos de uma escola de ensino fundamen-tal de Piracicaba participaram, apresentando as diversas visões sobre a escola para levantamento diagnóstico e constru-ção de metodologia de intervenção. No caso específico, o objetivo foi o de compreender como os alunos viam aescola. Para tanto foram formados três diferentes grupos de alunos denominados I, II e III, para abranger uma popula-ção significativa, dos turnos matutino, vespertino e noturno. Foram realizados no total onze encontros grupais paralevantamento de questões referentes à escola. Os encontros foram gravados e transcritos, o que possibilitou uma orga-nização e análise de dados mais criteriosa e fidedigna.

A primeira organização dos dados foi através do agrupamento das falas dos alunos, em "Temas" comuns rela-tivos a como viam a escola em todos os seus aspectos. Foi possível identificar sete "Temas" sendo eles: estrutura físicada escola, caracterização da escola, relação professor-aluno, relação aluno-escola, relação aluno-aluno, violência naescola e sugestões. Um segundo momento de análise destes dados, esta sendo desenvolvida a partir dos "Temas" clas-sificados, para então atender-se a interrelação de dados das diferentes populações (alunos, pais e professores) partici-pantes da totalidade da pesquisa. Terminada esta fase final será desenvolvido o diagnóstico e intervenção na escola.

INTRODUÇÃOTrabalhando de acordo com o conceito de sociali-

zação onde o cultural, o social e o psicológico se com-põem para tecer a fina rede de interações que dá lugar aodesenvolvimento do indivíduo enquanto pessoa, e consci-entes da necessidade de uma intervenção justa e efetivajunto à Escola, nossa compreensão é de que são necessári-as ações participativas entre os segmentos mais visíveis eimportantes do universo escolar – alunos, professores,pais – como modo de identificar as necessidades paraconstrução de diagnóstico e metodologia de intervenção.

Tendo em vista que pais, professores e alunos têmsua parcela de responsabilidade no desenvolvimento depropostas, assim como na construção de uma escola demo-crática, faz-se importante discutir com esta população a vi-são que os mesmos têm a respeito da escola, e que contri-buições podem trazer para o projeto da mesma. Os alunoscomo parte integrante da escola devem sentir-se como tal,possibilitando o surgimento de novas idéias a fim de apri-morá-la, buscando uma melhoria na qualidade de ensino enas redes de relação, que os envolve. Segundo Patto, 1973,esta participação dos alunos na escola visa “contribuir paraminorar o problema da marginalização social.”

São portanto objetivos desta pesquisa proceder jun-to aos alunos a um levantamento diagnóstico das principaisquestões (temas ou problemas) que a escola deveria resol-ver, assim como, após o diagnóstico, desenhar as estratégiasou ações para solucionar os problemas levantados.

METODOLOGIAA pesquisa foi realizada em uma escola pública de

ensino fundamental, localizada em um bairro periférico dePiracicaba, na qual estão matriculados 1230 alunos de 1ª a8ª série, incluindo supletivo.

A população específica participante desta pesqui-sa diz respeito a três diferentes grupos de alunos da escola,integrantes do turno matutino, vespertino e noturno, deno-minados I, II e III. Com o Grupo I foram realizados sete

encontros, com os Grupos II e III, foram realizados doiscom cada grupo, com o objetivo de ampliar o número dealunos participantes, diversificar as questões apresentadaspelos alunos e dar mais consistência os dados colhidosjunto ao Grupo I. Contou-se com a participação de um to-tal de vinte alunos, sendo treze do período vespertino esete do noturno.

Os encontros grupais foram gravados e transcritos,com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento dos encon-tros, facilitar a coleta dos dados no sentido de possibilitarposteriormente uma análise dos dados mais fidedigna.

Foi possível identificar sete “Temas” através doagrupamento das falas dos alunos nos diversos conteúdosabordados. Com esta primeira organização agrupada em“Temas”, um primeiro nível de análise dos dados relativosaos alunos foi desenvolvido. A continuidade da análise le-vará a elaboração de diagnóstico para delineamento demetodologia de intervenção.

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs resultados deste momento da pesquisa, possi-

bilitaram identificar sete “Temas” levantados pelos alunosdurante os encontros grupais, classificados como:

Estrutura física da escola – refere-se a qualifica-ção das características da escola, seja comparando comoutras e apresentando o que consideram insatisfatórias, as-sim como também necessidades de equipamentos e recur-sos materiais;

Caracterização da escola – refere-se a realidade daescola, situando horário das aulas, salas de computação,material pedagógico e regras da escola;

Relação professor-aluno – refere-se a maneiracomo se relacionam com o professor, quais são as dificul-dades da relação, como qualificam um professor e umametodologia de ensino, e os comportamentos de sala deaula de professores e alunos;

Relação aluno-escola – refere-se a concepções ediferentes formas de ver a escola.

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Relação aluno-aluno – refere-se a qualidade da re-lação entre os alunos da escola, e os diferentes comporta-mentos dos alunos do noturno e diurno;

Violência na escola – refere-se ao elevado nível deviolência existente na escola, como ocorre, e como rea-gem alunos, professores, funcionários e diretoria da escolafrente esta realidade;

Sugestões voltadas a escola – refere-se a possibili-dade de soluções para os aspectos que consideram insatis-fatórios na escola, participação e interesse dos alunos, es-trutura física da mesma, relação com professores e alunos,e metodologias de ensino.

Embora sejam resultados parciais, é possível iden-tificar os níveis que os alunos levantam em relação à esco-la e às expectativas de solução por eles expressadas.

CONSIDERAÇÕES FINAISA pesquisa, encontra-se em fase de detalhamento

da análise dos dados colhidos junto aos alunos, com a fi-nalidade de elaboração de proposta de intervenção junto aescola. Para tanto será necessário, na fase de continuidadedo projeto, um trabalho de interrelação dos dados obtidospelas três diferentes populações participantes na pesquisa,que são alunos, pais e professores, para que seja possíveldelinear-se integralmente um diagnóstico da escola, e apartir daí, a metodologia de intervenção.

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272 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.110

COMO OS ALUNOS VÊEM A ESCOLA: UM ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO

PALOMA GRACIANO DE CARVALHO (B) – Curso de PsicologiaTHERESA BEATRIZ FIGUEIREDO DOS SANTOS (O) – Faculdade de Psicologia

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Esta pesquisa faz parte de um Projeto onde pais, alunos e professores de uma escola pública de ensino funda-mental apresentaram diversas visões sobre a escola, para levantamento diagnóstico e construção de metodologia deintervenção. Neste caso, os sujeitos foram os alunos representantes dos turnos diurno, vespertino e noturno. Foramformados três grupos de alunos, compostos por 20 alunos do turno matutino, 13 alunos do vespertino e 7 alunos donoturno. Foram realizados encontros com os grupos de alunos, gravados a fim de auxiliar no desenvolvimento grupal ena organização e análise dos dados. Também foram elaborados registros dos encontros grupais, como complementa-ção das informações dadas pelos alunos. A produção de materiais individuais e coletivos dos grupos, os registros dasbolsistas e as transcrições das fitas possibilitaram uma primeira organização dos dados, elaborada de forma a identifi-car alguns temas tratados na discussão grupal dos alunos, através da seleção e classificação das falas de acordo com osconteúdos específicos, classificados como: estrutura física da escola; caracterização da escola; relação professor-aluno; relação aluno-escola; relação aluno-aluno; violência na escola; sugestões voltadas à escola. Estes primeirosresultados possibilitaram uma análise mais detalhada do conteúdo, que, finalizada, possibilitará o desenvolvimento dodiagnóstico e da intervenção propostos.

INTRODUÇÃOAs relações afetivas, sociais e interativas produzi-

das no ambiente escolar merecem uma atenção especial,porque a escola nem sempre pode oferecer um contextoideal para o desenvolvimento cognitivo, social e emocio-nal da criança, Nesse sentido, o conceito de socializaçãoonde a organicidade destes aspectos se compõem para te-cer a fina rede de interações que dá lugar ao desenvolvi-mento do indivíduo enquanto pessoa, compreende-se quesão necessárias ações participativas entre os segmentosmais visíveis e importantes do universo escolar – alunos,professores, pais – como modo de identificar as necessi-dades para construção de diagnóstico e metodologia de in-tervenção. Tendo em vista que na construção de uma es-cola democrática, faz-se importante discutir com esta po-pulação a visão que os mesmos têm a respeito da escola, eque contribuições podem trazer para o projeto da mesma.Os alunos são parte integrante da escola, e devem sentir-secomo tal. Para este fim, o objetivo deste Projeto é procederjunto aos alunos a um levantamento diagnóstico, para pos-teriormente, desenhar as estratégias de ações para solucio-nar os problemas levantados.

MÉTODOOs sujeitos desta pesquisa foram alunos represen-

tantes dos turnos diurno, vespertino e noturno de uma es-cola pública de ensino fundamental da cidade de Piracica-ba, localizada em bairro periférico e carente, com um totalde 1230 alunos matriculados, distribuídos de 1ª ´8ª séries.

Foram formados três grupos de alunos, denomina-dos Grupos I, II e III, compostos por 20 alunos dos turnosmatutino, 13 alunos do vespertino e 7 alunos do noturno.

Foram realizados sete encontros com o Grupo I,gravados como objetivo de auxiliar no desenvolvimentogrupal; e na organização e análise dos dados. Também fo-ram elaborados registros dos encontros grupais, no senti-do de complementar as informações dadas pelos alunos.

A coleta de dados junto aos grupos II e III se deu apartir de dois encontros com cada grupo. Durante estes en-contros foram abordadas questões levantadas a partir de te-mas já discutidos com o Grupo I. Os encontros dos GruposII e III também foram gravados e transcritos, possibilitandodados, que ao serem organizados complementaram e am-pliaram a perspectiva de um diagnóstico para a escola.

RESULTADOS A produção de materiais individuais e coletivos

dos grupos, os registros das bolsistas e as transcrições dasfitas possibilitaram um primeiro momento de organizaçãodos dados.

Esta organização foi elaborada de forma a identifi-car alguns temas tratados na discussão grupal dos alunos,através da seleção e classificação das falas de acordo comos conteúdos específicos, sendo identificados os seguintestemas, classificados como:

1. Estrutura física da escola: refere-se às falas dosalunos quando descrevem – (des) qualificando – as carac-terísticas físicas da escola, comparando-a com outras ins-tituições e apresentando aquelas consideradas insatisfató-rias, e levantam a necessidade de recursos físicos materi-ais, e de equipamentos da escola;

2. Caracterização da escola: refere-se às falas dosalunos quando: o tema trata sobre horário de aula, sala decomputação, disponibilização de material pedagógico, re-gras vigentes na escola, de forma a tentar descrever a rea-lidade da escola;

3. Relação professor-aluno: refere-se às falas dosalunos quando: explicitam sobre a maneira como se rela-cionam com os professores, apresentando as principais di-ficuldades. São também tratados neste tema, aspectos re-lativos ao professor considerado “bom” e “ruim” pelosalunos, a metodologia de ensino utilizada mais freqüente-mente, os comportamentos de professores e alunos emsala de aula, assim como também os diferentes níveis mo-tivacionais do professor e dos alunos em novos projetos.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 273

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4. Relação aluno-escola: refere-se às falas dos alu-nos quando: apresentam sua concepção de a escola, alémdos sentimentos positivos e negativos acerca da mesma.Este tema engloba também os diferentes comportamentosdos alunos em relação à escola, e seus funcionários.

5. Relação aluno-aluno: refere-se às falas dos alu-nos quando: apresentam como se dá a relação entre elespróprios, descrevendo os diferentes comportamentos dosestudantes dos diferentes turnos, ressaltando as inúmerasformas de relacionamento que observam entre eles. Tam-bém está presente, a maneira pela qual os alunos do mes-mo turno e classe se relacionam, além dos muitos confli-tos existentes entre eles.

6. Violência na escola: refere-se às falas dos alu-nos quando: descrevem como a violência se apresenta naescola, e a forma que ela é tratada pelos funcionários, alu-nos e professores.

7. Sugestões voltadas à escola: refere-se às falasdos alunos quando: caracterizam as possíveis soluçõespara aqueles aspectos da escola que consideram insatisfa-tórios, tais como estrutura física da escola, estratégias deensino, relação entre os próprios alunos, relação profes-sor-aluno, participação dos alunos na escola.

Estes primeiros resultados, temas classificadosatravés das falas dos alunos participantes da pesquisa pos-sibilitaram uma análise mais detalhada do conteúdo.

Um aperfeiçoamento desta classificação inicialestá sendo processada, para uma análise mais detalhada equalitativa dos temas, onde os dados estão sendo reorgani-zados em tabelas, através da pergunta orientadora “a queos alunos se referem?”, para identificar a visão que os alu-nos têm da escola.

CONSIDERAÇÕES FINAISA pesquisa, cujos objetivos principais são o levan-

tamento diagnóstico e construção de metodologia de in-tervenção a partir da visão que os alunos, pais e professo-res têm da escola, encontra-se na fase de análise de dadospara a elaboração de diagnóstico. Por se tratar de um pro-jeto conjunto, onde pais e professores também estão sen-do envolvidos, o diagnóstico final só poderá ser concluídocom o cruzamento das informações obtidas com todos osgrupos participantes da pesquisa, para só depois pro-por,junto à escola, o processo de intervenção.

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274 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.111

ESCOLA E FAMÍLIA: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PROFESSORAS SOBRE ALUNOS EM INÍCIO DE ESCOLARIZAÇÃO

PATRÍCIA ARJONA (B) – Curso de PsicologiaLEILA JORGE (O) – Faculdade de Psicologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

O presente estudo origina-se de pesquisa anteriormente desenvolvida por JORGE (1996), que partia da suposi-ção de que a escola contaminava a percepção que a mãe tinha sobre seu filho, com possíveis conseqüências para odesenvolvimento de seu autoconceito. Com vistas a esta análise mais ampla que possibilitasse investigar a relaçãoentre a família e a escola, foram entrevistadas ao mesmo tempo que as mães as duas professoras das crianças. Foi jus-tamente na direção de pesquisar a influência de ambientes externos no funcionamento da família como contexto dedesenvolvimento da criança que esse trabalho descreveu e analisou a percepção de professoras sobre alunos em iníciode escolarização. Foram analisadas seis entrevistas realizadas com a professora A.L quando se referia à criança V1 eseis entrevistas realizadas com a professora I. quando se referia à criança D. Em um Protocolo de Classificação dasFalas das Professoras, foram anotadas as perguntas da pesquisadora e as falas da professora. A seguir deu-se início àFASE I – Classificação das Falas de acordo com a natureza da fala – percepção ou indicador – e o momento a que sereferia. Logo após iniciou-se a FASE II – Identificação das Classes de Conteúdo das Falas da professora, de modo a serpossível reconhecer a existência de aspectos comuns quanto ao conteúdo das percepções e indicadores. Na FASE III asfalas da Professora A.L foram classificadas de acordo com o seu conteúdo. Os resultados permitem analisar as percep-ções e indicadores utilizados pelas professoras ao longo do ano em que foram entrevistadas.

INTRODUÇÃOPara BEDMAR (1995) se há alguma instituição

cujo peso equipara-se ao da família, esta é sem dúvida aescola, que acolhe crianças cada vez mais jovens, que nelapermanecem cada vez mais tempo. Este autor consideraque a família e a escola são instituições coadjuvantes nodesenvolvimento da personalidade humana e que a rela-ção destas instituições tem que ser favorável para evitaruma ruptura na personalidade da criança. Nesta relaçãotem grande relevância a figura do professor, principalmen-te nos primeiros anos do ensino fundamental, época emque tem lugar a construção e a formação do autoconceitoda criança, a partir de suas próprias experiências e das va-lorações que recebe das pessoas significativas de seu meiosocial. A importância do professor neste contexto, situa-seno fato deste, na sala de aula, ser o transmissor dos pa-drões culturais e ser o responsável pela avaliação de diver-sas qualidades sociais bastante importantes para o aluno,como aponta Patto (1989). É impossível negar que emmuitos dos principais aspectos da vida social, a auto –avaliação é dada pela escola e esta tem sido ponto de pas-sagem entre a identificação da família e a identificaçãomais ampla do grupo social externo. Na sala de aula, pro-fessor e alunos passam a formar um novo grupo, com umadinâmica própria e muitas vezes entre eles desenvolvem-se intensas relações interpessoais onde o processo de per-cepção e avaliação de qualidades pessoais exerce uma im-portância decisiva, com conseqüências segundo Jorge(1996) na redefinição da percepção da mãe sobre a crian-ça. Parece importante compreender a importância do pro-fessor e sua percepção sobre a criança, como elemento de-cisivo não apenas da história escolar da mesma, comotambém do desenvolvimento de seu autoconceito e perso-nalidade. A escola como um elemento de impacto no fun-cionamento da família, passa do nosso ponto de vista, pela

percepção do professor sobre a criança, o que nos propu-semos, neste trabalho, a investigar.

MATERIAL E MÉTODOS1

Participaram deste estudo duas professoras de cri-anças matriculadas no Ciclo Básico I, hoje Primeira sériedo ensino Fundamental de uma escola de ensino públicosituada na cidade de Piracicaba, que não haviam passadopor nenhuma experiência escolar anterior. As participan-tes serão designadas A.L e I.

Foram realizadas seis entrevistas semi – estrutura-das com cada uma das duas professoras (A.L e I.). As en-trevistas já estavam gravadas e transcritas.

Foram analisadas nesta pesquisa seis entrevistasrealizadas com a professora A.L quando se referia à crian-ça V. e seis entrevistas realizadas com a professora I.quando se referia à criança D.

1. Procedimento de Análise das Entrevistas dasProfessoras

Iniciou-se a análise das entrevistas realizadas comas professoras, destacando-se a fala em que se referia aesta criança. Em um Protocolo de Classificação foramanotadas em uma primeira coluna, as perguntas da pes-quisadora e na segunda coluna foram registradas as falasda professora.

1.2. Fase I – Classificação das Falas das Professo-ras de acordo com a Natureza da Fala e o Momento a quese referem2

Posteriormente ao registro das falas da professorana segunda coluna do protocolo de classificação, deu-seinício à classificação das mesmas de acordo com a nature-za (percepção ou indicador da percepção) e o momentoque indicava (início da vida escolar ou momento atual).

1. A professora A.L fala sobre duas das três crianças cujas mães foram en-trevistadas, em pesquisa anterior – JORGE (1996).

2. Sistema de classificação já desenvolvido por Jorge (1996)

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 275

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Segundo referências já definidas por JORGE (1996) foiconsiderada percepção da professora sobre a criança, todafala que revelava as expectativas, opiniões ou crenças ecomparações que a professora fazia sobre a criança. E fo-ram considerados indicadores da percepção, as justificati-vas, explicações ou suposições que apoiavam a fala.

1.3. Fase II – Identificação das Classes de Conteú-do das Falas das Professoras

A Fase II corresponde à Identificação das Classesde Conteúdo das falas da professora, isto é, identificar aque a professora se refere ao falar da criança, nos dois mo-mentos (início da vida escolar ou momento atual), demodo a ser possível reconhecer se existem aspectos co-muns quanto ao conteúdo das percepções e indicadoresque utiliza para apoiá-las.

1.4. Fase III – Classificação das Falas das Profes-soras de acordo com seu conteúdo

Na Fase III as falas das Professoras foram nova-mente classificadas, agora de acordo com as classes deconteúdo identificadas na Fase II3. Foram construídosquatro (04) Quadros para cada uma das seis entrevistas re-alizadas com as professoras. Em cada quadro, foram re-gistradas na primeira coluna, as falas que foram alocadas,respectivamente, em cada uma das quatro classes propos-tas na Fase I4. As colunas seguintes de cada quadro referi-am-se às classes de conteúdo relativas às falas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados apresentados referem-se, conforme

objetivo da pesquisa, à Classificação das Falas de seis en-trevistas realizadas com a professora A.L quando esta serefere à criança V. e seis entrevistas realizadas com a pro-fessora I. quando se refere à criança D. A análise das per-cepções das duas professoras revelam um movimento doperíodo em que se inicia o ano escolar da criança e no seudecorrer, como se a passagem da criança pela escola, fos-se definindo-a para a professora, do mesmo modo que, se-gundo Jorge (1996), a define para a mãe. Neste sentido,não é difícil compreender a importância do professor, naformação do autoconceito do aluno, tendo sua percepçãocomo a medida. As percepções da professora A.L tantoquando se referia à criança P5como quando se referia a V6

revelam de modo consistente um significado relacionadoao papel da família perante a escola. Esta professora res-salta a importância da criança ter ajuda em casa para quepossa sair-se bem, ou seja, ter um bom desempenho esco-lar. Do mesmo modo, isso também pode ser evidenciadonas falas da professora I. quando se refere à criança D. Éinteressante observar que a professora A.L diz mais daajuda/orientação da família quando se refere à criança P.do que quando se refere a V. Pode-se inferir que isso sedeve ao fato de V. estar muito bem em seu desempenhoacadêmico, ter entrado na 1a série já com um conhecimen-to anterior. Assim, esta família vem já cumprindo seu pa-pel cabendo às demais fazê-lo.

CONCLUSÃOEsta pesquisa, que se desenvolve como continuida-

de de um projeto anterior7 coloca hoje para análise um con-junto de dados, referente à percepção de professoras sobrecrianças – cujas mães também foram entrevistadas e tive-ram suas percepções analisadas8- que permitirá examinarquanto as experiências escolares afetam o comportamentodas crianças e dos pais ou, dito de outra maneira, qual o im-pacto da escola na família e suas conseqüências para o de-senvolvimento da criança. A relevância deste conjunto dedados parece indiscutível, na medida em que uma futuraanálise comparada, permitirá identificar a existência de re-gularidades e organização própria na interação entre famí-lia e escola, os dois mais importantes contextos de sociali-zação na vida das pessoas. Além disto, permitirá tambémobter novas respostas a respeito do desenvolvimento da per-sonalidade do indivíduo, na medida em que se puder conhe-cer mais a respeito da influência das experiências escolaressobre o comportamento das crianças e dos pais no própriolar. Neste sentido, aí reside a importância deste projeto: o al-cance e amplitude de seus dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBEDMAR, V.L. Família, Comunicación y Educación.

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PATTO, M.H.S. Introdução à Psicologia Escolar. SãoPaulo: T. A. Queiroz Editor Ltda. 2a edição, 1989.

3. Fase II – Identificação das Classes de Conteúdo das Falas da Professora 4. Fase I – Classificação das Falas das Professoras de acordo com a Nature-

za da Fala e o Momento a que se referem5. Participante de pesquisa anterior (Projeto 1999 – 2000)6.Participante da pesquisa atual (Projeto 2000 – 2001)

7. Projeto PIBIC – Escola e Família: Um estudo da Percepção de professorassobre alunos em início de escolarização, 1999.

8.JORGE, Leila. Escola e Família: Um Estudo da Percepção de Mães sobreseus filhos em início de escolarização. Tese Doutorado. São Paulo: UNI-CAMP. Faculdade de Educação, 1996.

276 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.112

A ESCOLA VISTA POR PAIS: UM ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO

PRISCILA ARJONA (B) – Curso de PsicologiaLEILA JORGE (O) – Faculdade de Psicologia

PIBIC/CNPq

RESUMO

São objetivos do presente estudo (projeto conjunto): 1.proceder junto a pais, professores e alunos de umaescola pública a um levantamento diagnóstico das principais questões (temas ou problemas) que a escola deveriaresolver; 2. após o diagnóstico desenhar as estratégias de trabalho ou ações para solucionar os problemas levantados.Foram participantes desta pesquisa vinte e seis (26) pais de alunos de uma escola de ensino público situada em umbairro periférico da cidade de Piracicaba que conta com aproximadamente 1.200 alunos matriculados e 39 professo-res. Foram realizadas quatorze (14) reuniões: três (03) com os Grupos I e II e duas (02) com os Grupos III, IV, V e VIrespectivamente. Estas reuniões foram gravadas e transcritas. Na primeira reunião com cada um dos seis grupos,foram esclarecidas a origem e o objetivo do projeto. A seguir as mães se apresentaram e foram convidadas a: falarsobre seus filhos; contar a respeito do que pensaram do convite para participar; falar de suas expectativas sobre as reu-niões e falar sobre a escola, conforme objetivo da reunião. As transcrições eram discutidas com a orientadora antes doplanejamento de cada reunião seguinte. Das falas das mães foram identificados os temas, isto é, sobre o que as mãesfalavam. Para a análise das reuniões foi construída uma Tabela para Análise dos Dados, onde foram anotadas na pri-meira coluna as falas das mães e na segunda coluna a que se referiam, isto é, sobre o que falavam. Os resultados refe-rem-se à Classificação das Falas das mães em três reuniões realizadas com o Grupo I.

INTRODUÇÃOA concepção atual de socialização leva em conta

uma noção de desenvolvimento que inclui tanto a estrutu-ra biológica do indivíduo como as características e condi-ções do meio em que vive. Ou seja, a criança nasce comuma base biológica que lhe permite adaptar sua condutaao mundo que a rodeia, sendo “necessário um processo deaquisição, crescimento e adaptação que será fruto da inte-ração com outras pessoas” (Barajas e Linero, 1991).

Segundo Duran (1993), “grande parte das experiên-cias fundamentais para o desenvolvimento estão vinculadasao outro e dependem dele. O mundo em que o Homem viveé um mundo de pessoas, coisas, lugares, ações que têm sig-nificados construídos historicamente e cuja apropriação sedá no contato social. Nesse sentido se pode dizer que o indi-víduo se constitui”. Para nós, esta concepção significa apossibilidade de se compreender que os indivíduos dentrodo sistema familiar fazem parte de uma rede social maisampla na qual os acontecimentos nunca são independentes.Estamos então falando da influência e pressão de ambientesexternos no funcionamento da família como contexto dedesenvolvimento e, neste sentido, estamos falando da esco-la como a segunda mais importante instância socializadora,na qual a criança deve permanecer muitos anos em contatocom outras crianças e outros adultos.

Dentre as diferentes instituições que fazem chegarao curso de Psicologia da Universidade Metodista de Pira-cicaba suas demandas, são as Escolas públicas aquelas quemais solicitam ajuda/auxílio da Psicologia para resolverproblemas de diversas naturezas. Coerentes com o conceitode socialização onde o cultural, o social, e o psicológico secompõem para tecer a fina rede de interações que dá lugarao desenvolvimento do indivíduo enquanto pessoa, e cons-cientes da necessidade de uma intervenção justa e efetivajunto à Escola, é nossa compreensão que são necessáriasações participativas entre os segmentos mais visíveis e im-

portantes do universo escolar – alunos, professores, pais –como um modo de identificar necessidades com vistas àconstrução de diagnóstico e metodologia de intervenção.Com este fim, são objetivos deste projeto conjunto: proce-der junto a pais, professores e alunos a um levantamento di-agnóstico das principais questões (temas ou problemas) quea escola deveria resolver; após o diagnóstico desenhar juntoaos participantes as estratégias de trabalho ou ações para so-lucionar os problemas levantados.

Há uma extensa literatura que discute os aspectosda escola enquanto instituição social, sua importância elugar na vida dos indivíduos. Segundo JORGE (1996), da-dos da Psicologia evolutiva, clínica e experimental susten-tam que a família e em especial os pais, são os agentesmais universais e decisivos na construção da personalida-de do homem, bem como em sua socialização inicial, namedida em que é o primeiro grupo social com o qual a cri-ança se identifica. Independentemente do importante pa-pel da família no desenvolvimento social da criança, pare-ce ser importante estudá-la enquanto um sistema para apessoa e um subsistema da sociedade, o que tornaria pos-sível compreender os motivos e os modos como a famíliaatua no processo de socialização da criança e, a partir dis-to, analisar a influência da escola sobre a família. Bron-fenbrenner (1986), afirma que as pesquisas que tratam darelação entre a escola e a família, têm sido unilaterais. Istoé, enquanto muito se investiga sobre a influência da famí-lia na performance e comportamento da criança na escola,não há pesquisas que examinem quanto as experiênciasescolares afetam o comportamento da criança e dos paisno próprio lar, desvelando a existência de um amplo uni-verso no contexto desta interação.

MATERIAL E MÉTODOSForam participantes desta pesquisa vinte e seis

(26) pais de alunos de uma escola de ensino público situa-da em um bairro periférico da cidade de Piracicaba que

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conta com cerca de 1.200 alunos matriculados e 39 pro-fessores. Esta escola foi selecionada por apresentar ao cur-so de Psicologia interesse em realizar um trabalho de in-tervenção, bem como oferecer apoio administrativo e con-dições para a realização das atividades propostas.

Os critérios utilizados para a escolha das participan-tes foram: ser mãe/pai de aluno regularmente matriculadona escola e aceitar participar voluntariamente da pesquisa.

Foram realizadas quatorze (14) reuniões: três (03)com os Grupos I e II e duas (02) com os Grupos III, IV, Ve VI. Estas reuniões foram gravadas e transcritas. Na pri-meira reunião com cada um dos seis grupos, inicialmenteforam esclarecidas a origem e o objetivo do Projeto, bemcomo a importância de cada participante do grupo para asua realização. Antes de cada reunião seguinte, as transcri-ções eram discutidas com a orientadora para seu planeja-mento. Das falas das mães foram identificados, os temas,isto é, sobre o que as mães falavam. Estes temas eram en-tregues por escrito às mães na reunião seguinte. Após a re-alização das reuniões, iniciou-se o desenvolvimento dametodologia de análise das mesmas.

I. Procedimento de Análise das reuniões realiza-das com o grupo de mães destacando na transcrição as fa-las das mães que se referiam à escola e/ou a aspectos a elarelacionados.

II. Classificação das Falas das Mães de acordocom o que se referiam – Fase I

Para proceder a esta classificação construiu-seuma Tabela para Análise dos Dados, onde foram anotadasem uma primeira coluna, as Falas das Mães, e na segundacoluna foram registrados a que se referiam isto é, sobre oque as participantes falavam.

_ III. Descrição dos conteúdos a que se referiamas Falas das Mães – Fase II. Nesta Fase foram descritos osConteúdos das falas das mães.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados apresentados referem-se à Classifi-

cação das Falas de três (03) reuniões, realizadas com oGrupo I, quando se referem à escola e/ou a aspectos a elarelacionados.

Os resultados apenas iniciais permitem identificarque as mães se referem mais freqüentemente ao espaço físi-co da escola (e suas carências), ao papel da escola na educa-ção das crianças, à importância/ responsabilidade da famíliana educação das mesmas, ao (des) interesse dos filhos pelaescola e aos projetos que a escola deveria desenvolver.

CONCLUSÃOA metodologia de análise das reuniões realizadas

tem revelado não apenas a necessidade de um intenso tra-balho de discussão junto aos outros participantes desteprojeto de pesquisa que analisa conjuntamente, a visão depais, alunos e professores sobre a escola, como também aimportância do planejamento prévio de cada reunião comas mães, a partir do desenvolvimento da anterior. Até opresente momento realizamos a análise das falas das mãesocorridas em três (03) reuniões realizadas com o Grupo I.O planejamento da pesquisa prevê: a análise das onze reu-niões restantes (já realizadas), bem como a realização deoutras reuniões, com vistas a ser possível identificar comoestes pais vêm a Escola, de acordo com o nosso objetivo.

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278 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.113

NA BUSCA DE METODOLOGIAS DESEJÁVEIS PARA CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CLAYTON ROCHA FERMINO (B) – Curso de Ciência da ComputaçãoCLÉIA MARIA DA LUZ RIVERO (O) – Faculdade de Educação

PIBIC/CNPq

RESUMO

A Educação a Distância (EAD) é atualmente, uma das maiores revoluções já sofridas no ensino. Esta evoluçãoaflora questionamentos sobre sua veracidade e qualidade no processo ensino-aprendizagem e no relacionamento entreprofessor-aluno e aluno-aluno. Para isso, nesta pesquisa, partiu-se para uma investigação com relação às metodologiasde ensino e a possibilidade de adaptar e integrar aquelas que se mostram desejáveis para cursos à distância. O estudoteve como objetivo analisar as metodologias utilizadas em cursos oferecidos em EAD, o qual revelou a ausência demetodologias didático-pedagógicas, com base na construção do conhecimento, desejáveis para a formação de umambiente interativo virtual, em cursos à distância. Uma metodologia de ensino com base na construção do conheci-mento foi selecionada para juntamente com a utilização da ferramenta WebCT, propiciar a implantação do cursopiloto: Conceitos Básicos de Informática para Cursos de Educação a Distância.

INTRODUÇÃOCom a constante evolução da tecnologia e mais

recentemente da Internet, as barreiras de tempo e espaçotentam se romper. A evolução do microcomputador e dosmeios de comunicação dão a oportunidade de uma intera-ção que se apresenta diferenciada e com possibilidades deserem real e interativa, muito embora professor e alunonão estarem em um mesmo espaço físico.

Desta forma, a Educação a Distância (EAD) é umadas maiores revoluções que a educação vêm sofrendo ulti-mamente. Dessa evolução são dotados também questiona-mentos quanto à eficiência e qualidade do ensino a distân-cia bem como o aprendizado por parte dos aprendentes.

Dentre as várias metodologias existentes foramselecionadas as mais importantes para avaliação, com oobjetivo da utilização de uma metodologia educacionalpara aplicação em cursos à distância.

Uma das metodologias existentes é o mecanicis-mo que, segundo MATUI (1995), prega que o aprendiza-do é igual para todos os alunos que se esforcem. A gera-ção adulta acumula conhecimento e repassa para os maisjovens como verdades incontestáveis. Os métodos meca-nicistas baseiam-se na demonstração da matéria, ondeapenas o professor expõe e analisa o assunto, enfatizandoexercícios repetitivos e a memorização seguida por avalia-ções sistemáticas de curto e longo prazo. Este métodotambém é conhecido como “escola tradicional”.

Outra metodologia, chamada tecnicismo, baseia-sena verdade científica que está acima de qualquer sistemapolítico e é incontestável. Segundo MATUI (1995), o tecni-cismo prega que a ciência nos dita o rumo certo do presentepara que possamos planejar o futuro com segurança.

O racionalismo, de acordo com MATUI (1995), va-loriza a razão ou pensamento humano, onde todo ser já nas-ce dotado das idéias e necessita apenas de um contato comos objetos para desenvolver um conhecimento que já pos-sui. Ao contrário do empirismo, que relava que o ser nascesem conhecimento algum, mas o conhecimento aconteceatravés do contato e a experiência com o objeto de estudo.

De uma outra forma surge o construtivismo, que évisto como um novo paradigma em relação à aquisição de

conhecimento. Segundo o construtivismo, nada está aca-bado, o conhecimento nunca é dado como finalizado, nãoexistindo limitadores. É fundamentada no iluminismo,que prega que o homem é dotado de razão, capaz de pen-sar e julgar com bases racionais e não apenas por observa-ção e absorção, como cita MATUI (1995). Há a reciproci-dade na transmissão de informações e compreensão dasidéias. Dessa forma o professor se torna um guia para queo próprio aprendente busque o conhecimento através desuas próprias conclusões, retiradas através da discussão eanálise das informações existentes, podendo crescer gra-dativamente através da sua busca pelo conhecimento atra-vés de fontes variadas de informação e dentro da suas ne-cessidades.

Considerando o processo social no qual vivemos eo movimento interativo presente no mundo, optou-se poruma metodologia que permita a um ambiente educacionalvirtual a comunicação interativa entre professor e aluno ealuno/aluno, embora fisicamente distantes.

MATERIAIS E MÉTODOSUtilizou-se a ferramenta WebCT, para desenvol-

ver o curso-piloto como um todo. Esta ferramenta propor-cionou os recursos necessários para que se pudesse imple-mentar um curso totalmente à distância, apoiado por umametodologia de ensino que, junto aos recursos tecnológi-cos da informática e da Internet, permitiu um processo in-terativo entre os participantes. Recursos como bate-papo,mural, lousa virtual, acompanhamento do desempenhodos alunos, apresentação de materiais em vários tipos demídias (áudio, vídeo, hipertexto), tornaram essa ferramen-ta ideal para a pesquisa.

Desenvolveu-se o conteúdo do curso-Piloto:“Conceitos de Informática Básica para Educação a Dis-tância”, de forma simples e com informações suficientesobjetivando apresentar aos docentes novas tecnologias,capacitando-os para a inserção na EAD.

A ferramenta WebCT instalada foi a versão 3.1 emum servidor com processador Intel Pentium III, 256 MB dememória RAM, utilizando o sistema operacional WindowsNT Server 4, recursos suficientes para que se pudesse dis-ponibilizar o ambiente na Internet para várias pessoas ao

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mesmo tempo utilizarem a ferramenta sem problemas delentidão ou erros durante a execução do curso.

Realizou-se a análise das metodologias de ensinoatuais para aprendizagem presencial. Através de análisesqualitativas com os recursos oferecidos pela Internet fo-ram levantados cursos à distância com o objetivo de iden-tificar suas metodologias de ensino. Também foram reali-zados estudos e produção de textos sobre os históricos daInternet e da EAD, estabelecendo momentos de discus-sões entre pesquisadores/orientadores e bolsistas sobre aconstrução de um projeto-piloto, a fim de implementar osrecursos pesquisados para que, em um segundo momento,fossem avaliados os resultados e a integração metodológi-ca junto ao aparato tecnológico do curso a distância.

RESULTADOS E DISCUSSÕESO Curso-piloto foi implantado com sucesso no

desenvolvimento de todas as aulas e na produção de ativi-dades para os participantes do curso.

Em todo o decorrer do curso o ambiente WebCTesteve em pleno funcionamento, onde todos os recursosforam previamente testados, como: a utilização das aulas,o bate-papo, o mural de mensagens, calendário, lousa vir-tual, bibliografias, anotações, e-mail.

Acompanhando todo o andamento do curso-pilo-to, foi possível verificar que todas as atividades ocorreramcom sucesso. Não ocorreram problemas no acesso às au-las, salvo alguns alunos que tiveram problemas técnicosde conexão com a Internet, mas nada causado pelo ambi-ente WebCT e suas configurações.

A integração metodológica, através do construti-vismo e os recursos tecnológicos da EAD, da computaçãoe da Internet, permitiram resultados satisfatórios. As ca-racterísticas da metodologia construtivista se realizaramatravés da qualidade dos recursos tecnológicos, permitin-do total interação dos alunos nas aulas, permitindo que osmesmos entrassem em discussão junto aos seus professo-res, tutores e colegas de curso, sobre os assuntos relevan-tes, onde puderam esclarecer dúvidas e utilizar o ambientede forma regular.

CONCLUSÃOConclui-se como relevante a importância da esco-

lha de metodologias que privilegiem a construção do co-nhecimento em EAD, pois assim como dentro de umasala de aula convencional é necessário obter-se um ensinode qualidade orientando o aluno até o conhecimento, dis-cutindo as informações em conjunto e partindo para a bus-ca de novas fontes, também no ensino a distância caracte-rísticas próprias são desejáveis e pertinentes.

Aliar o construtivismo às tecnologias da EAD éuma possibilidade em manter um alto padrão de ensino,fazendo que o aprendente cresça a partir do seu conheci-mento e não apenas absorva de forma passível as informa-ções elencadas para o estudo.

Verificou-se ser possível adotar com sucesso umametodologia construtivista para trabalhar com EAD, pro-piciando ao aluno interagir com o material de estudo po-dendo, a partir dele, buscar novas fontes de informaçãopara produzir seus próprios saberes. Recursos como essesmuitas vezes não são explorados em uma sala de aula con-vencional, mas com o auxílio da Internet se mostram faci-

litadas as buscas mais intensas permitindo aos alunosaprofundarem seus conhecimentos e explorarem diferen-tes ambientes, o que foi experenciado com o oferecimentodo curso-piloto, objetivo alvo dos pesquisadores do proje-to FAP, ao qual esta pesquisa esteve inserida.

As áreas de conhecimento específico devem, pois,buscar uma integração cada vez maior, com a área tecno-lógica e a área pedagógica, para que esta ação multidisci-plinar possa representar o suporte necessário para cons-truir e desenvolver um curso à distância.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASMATUI, J. Construtivismo. Teoria construtivista sócio-

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RIVERO, C. M. L.; ARAGÃO, R. M. R.; BACCARIN,F. Educação à Distância: em busca de critériosdidático-pedagógicos nas práticas existentes. Anaisdo VI Congresso Nacional da Sociedade Brasileirade Computação, Vol 1, Curitiba, PUC-PR, 2000.

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ROSA DA, S. S. Construtivismo e mudança, São Paulo.Cortez, 1994

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 4

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISComunicações Orais

Dia 8 • Quinta-feira • 19h30 • Auditório Verde • Taquaral

Coordenadora: Marilda de Abreu Fiore – UNIMEP

Debatedores: Gabrile Cornelli – UNIMEPProfessores Participantes

CO.114 IDADE MÍNIMA PARA O TRABALHO DO ADOLESCENTE E PROFISSIONALIZAÇÃO NADOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA CONSTITUCIONAL E DO TRABALHO. Norberto de JesusTavares (B) – Curso de Direito, Dorothee Susanne Rüdiger (O) – Faculdade de Direito – FAPIC/UNIMEP

CO.115 CRIMINALIDADE FEMININA E REALIDADE JURÍDICO-SOCIAL. Juliana Dutra Reis (B) – Cursode Direito, Gessé Marques Junior (O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras – FAPIC/UNIMEP

CO.116 MULHERES DE ATENAS – OBSERVANDO A CONDIÇÃO DA MULHER DIANTE O SIS-TEMA JUDICIÁRIO. Rodrigo S. Marcondes (B) – Curso de Jornalismo, Gessé Marque Jr. (O) –Faculdade de Filosofia, História e Letras – FAPIC/ UNIMEP

CO.117 (RE)VISITANDO O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCO-LAS MUNICIPAIS DE ENSINO FUNDAMENTAL DA CIDADE DE PIRACICABA. Karina Lupe-rini (B) – Curso de Educação Física, Roberta Gaio (O) – Faculdade de Educação Física, ReginaSimões (CO) – Faculdade de Educação Física – FAPIC/UNIMEP

CO.118 ESPORTE NA ESCOLA: NECESSIDADE OU IMPOSIÇÃO? Daniele Jacovetti (B) – Curso deEducação Física, Regina Simões (0) – Faculdade de Educação Física, Roberta Gaio (CO) – Faculdadede Educação Física – FAPIC/UNIMEP

CO.119 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E A FORMA-ÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES. Thiago Rozineli (B) – Curso de Pedagogia, Dra. Mari-lena Aparecida de Souza Ros\alen (O) – Faculdade de Educação – FAPIC/UNIMEP

CO.120 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E A GESTÃODAS ESCOLAS. Janaina Giusti Barbosa (B) – Curso de Pedagogia, Sueli Mazzilli (O) – Faculdade deEducação – FAPIC/UNIMEP

CO.121 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E OS PROJE-TOS PEDAGÓGICOS DAS ESCOLAS. Patricia Andresa Giacomini (B) – Curso de Pedagogia, SueliMazzilli (O) – Faculdade de Educação – FAPIC/UNIMEP

CO.122 AS ORIGENS, OS ANTECEDENTES E OS RESULTADOS DO MERCADO COMUM DO SUL(MERCOSUL). MARISA LAZANI DAINESE (B) – Curso de Direito, Regina Célia Faria Simões(O) – Faculdade de Gestão e Negócios, Cristiano Morini (O) – Faculdade de Gestão e Negócios –FAPIC/UNIMEP

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9º CONGRESSO DE

CO.114

IDADE MÍNIMA PARA O TRABALHO DO ADOLESCENTE E PROFISSIONALIZAÇÃO NA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

CONSTITUCIONAL E DO TRABALHO

NORBERTO DE JESUS TAVARES (B) – Curso de DireitoDOROTHEE SUSANNE RÜDIGER (O) – Faculdade de Direito – Campus Taquaral

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo dessa pesquisa foi constatar a realidade social do trabalhador mirim, sob à luz do direito que otutela, para, a partir da doutrina, isto que é o estudo da norma em si e, concomitantemente, da jurisprudência, que é ainterpretação legal e a forma de sua aplicação comprovar o que, a olhos vistos, na sociedade contemporânea brasileirafaz parte do cotidiano do comércio, indústria e prestação de serviços: o drama do trabalho infanto-juvenil e, distante daeducação pública de boa qualidade.

Assim, a presença de órgãos públicos que, ao lado da lei, protegem o indivíduo forma a base cultural propíciapara se discutir se o objetivo da sociedade é formar cidadãos preparados para o mundo tecnológico ou deixar as crian-ças fora desse contexto.

Nesse sentido, o Estado Democrático de Direito, a sociedade cidadã e a garantia de um futuro de igualdade noacesso à educação para os jovens é que alicerça a presente pesquisa.

INTRODUÇÃOReza o Estatuto da Criança e do Adolescente: “A

criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e àsaúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicasque permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio eharmonioso, em condições dignas de existência” – Art.7.o, Lei N. 8.069, de 13 de julho de 1990. Esse soa comopoesia aos ouvidos dos desavisados, dos loucos de todogênero ou àqueles que vivem em uma outra dimensão quenão a da atual situação sócio econômica planetária.

Presente neste trabalho de iniciação científica está oobjetivo crucial e imediato de, se não desvelar o que obscu-rece e atravanca o entendimento do que há subliminarmentecontido nas entrelinhas das leis e jurisprudências, ao menostraçar a dialética da continuidade de pontos nevrálgicos dacontroversa cadeia produtiva nacional: trabalhador adoles-cente, idade mínima para o trabalho versus reforma do sis-tema previdenciário, a educação cultural e profissional equalidade na formação do profissional. Muitas reuniõesaconteceram na cidade Piracicaba, envolvendo a sociedadecivil, a respeito do tema que às vezes mais abrangente ou-tras nem tanto, vem sendo cada vez mais discutido.

Inobstante à propalada propaganda governamen-tal de ascendência nos índices de qualidade do sistemaeducacional nacional, ainda o que se vê é a formação defuturos adultos inaptos, tanto como profissionais quantoincapazes cidadãos no desempenho de seus papéis sociais,além do constante vilipêndio à Carta Magna.

A educação profissionalizante não consegue for-mar o profissional e deixa muito a desejar, mantendo ostatus quo de marginalização, pobreza, semi-analfabetis-mo, incapacidade e impotência, violência e desorganiza-ção social, e altos índices de concentração de riqueza –condições indignas de existência.

Valha-nos a Constituição Federal, em seu art. 3.o,que dispõe sobre os Princípios Fundamentais: “Constitu-em objetivos fundamentais da República Federativa doBrasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; ga-rantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e amarginalização e reduzir as desigualdades sociais e regio-nais; promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-gem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas dediscriminação”.

Assim, a Constituição inserta-se no meio socialcomo tutora dos princípios fundamentais, dentre os quais,promover a erradicação do quadro social caótico margi-nal, concomitantemente, dar condições dignas de existên-cia aos que sob sua tutela são guardados, o que apesar dosquase treze anos da promulgação da Constituição Cidadã,parece bem distante da concretização do fato que a pres-creve como de direito. Reza o seu art. 5.o, caput,: “Todossão iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liber-dade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”.

MÉTODOSForam utilizadas, no estudo da presente pesquisa,

realizada sob a égide do ordenamento jurídico e suas im-plicações na sociedade, além das diversas interpretaçõespossíveis, foram assim buscadas em livros, pautas, deci-sões dos tribunais, reuniões de órgãos representativos dasociedade e de tutela das crianças, propiciando levanta-mento de tópicos necessários para a formação do projeto.Dessa forma utilizou-se a pesquisa bibliográfica, as pes-quisas de atas de reuniões promovidas sobre o tema e apesquisa de sites na Internet.

DESENVOLVIMENTOAtravés das pesquisas podemos levantar todo o

histórico do desenvolvimento do trabalho infantil e ado-lescente não só no Brasil, assim como na Europa, princi-palmente. A partir desses traços históricos buscou-se situ-ar o Brasil no contexto do mercado de trabalho, seu desen-volvimento e suas características principais.

Traçado o perfil histórico e seus reflexos nos tem-pos atuais, refletiu-se sobre a situação das crianças nomundo trabalho, aproveitando estudos anteriores sob osmesmos aspectos do trabalho.

Por ser o direito reflexo da vontade e aspiraçãopopular e, o legislador sensível a esta, incrementou, no de-correr das últimas décadas, não por acaso a reinstauraçãoda democracia, e por conseguinte a tutela voltada às crian-ças e adolescentes pela Constituição Federal, pelo Estatu-to da Criança e Adolescente (ECA), pela Emenda à Cons-tituição Federal N.º 19/1998, pelas modificações na Con-

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solidação das Leis do Trabalho, e, sem prejuízo de outrosdiplomas legais que tratem desse assunto.

Pois bem, através desses institutos legais e com ofio histórico da sociedade brasileira passou-se a pesquisarqual o reflexo da doutrina e da jurisprudência nas constan-tes modificações e criações daquelas leis. Seria possibili-tar melhores condições intelectuais e físicas para adoles-centes ou moldar profissionais com o intelecto limitadoobjetivando uma mão-de-obra passível de ser descartada,a mercê do mercado e do grande capital?

RESULTADOSDe todo o exposto, o trabalho sinaliza, inexoravel-

mente, para a contestação dos dados oficiais que, de cará-ter apelativo, optam por manipular a opinião da sociedadebrasileira a respeito dos resultados obtidos pelas atuais po-líticas sociais. Tornando os dados otimistas sob certos as-pectos, o Estado os limita para que parte negativa não res-vale na superioridade dirigencial do País.

A sociedade espera resultados concretos a fim deque se possa ter condições para se viver. O trabalho mirimé um óbice para o desenvolvimento humano digno. É má-cula que não se limpa, cicatriz aberta que não se cura e im-pede o País de potencializar seu crescimento industrial,comercial e, o principal: o intelectual.

Em suma, com o apanhado legal, doutrinário e ju-risprudencial sobre o tema podemos notar um dos grandesempecilhos que ultrajam nosso País na atualidade e que seo sistema legal proporcionasse aquilo que está pregado,seria mazela social a menos no contexto brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARROS Ricardo Paes & MENDONÇA, Rosane S. P.

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284 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.115

CRIMINALIDADE FEMININA E REALIDADE JURÍDICO-SOCIAL

JULIANA DUTRA REIS (B) – Curso de DireitoGESSÉ MARQUES JUNIOR(O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este trabalho traz uma análise, sob a ótica jurídico-social, do aumento da criminalidade feminina nos últimos anos,em especial, da atuação da mulher no crime de Tráfico de Entorpecentes que, embora não seja o crime que mais possuimulheres como agentes, é o crime que apresenta um maior crescimento de mulheres envolvidas, principalmente nas duasúltimas décadas. Junto a isto, traz a diferença apontada pela sociologia entre crime comum e organizado, onde este últimoaparece como um mecanismo para formação da “organização ilegal da sociedade” e do mundo do crime em que os indiví-duos se inserem buscando encontrar as prestações sociais que o Estado não lhes oferece. Nossas conclusões mostram que ovalor atribuído à mulher, mesmo dentro deste universo criminoso, continua sendo a submissão. Elas partem do espaço pri-vado do lar, para ocupar a condição de chefiada por indivíduos majoritariamente masculinos, revelando que as mulheresprocessadas pelo sistema judiciário ainda não surgem como um desafio à cultura machista de denominação.

INTRODUÇÃOA criminalidade vem sendo estudada por diversos

campos da ciência no Brasil e no mundo e para elaborar-mos nossa pesquisa, delimitamos dois campos científicosque, embora distintos, estão interligados: o direito e, emespecial, a sociologia.

A proposta do projeto de pesquisa “Mulheres deAtenas” era investigar o envolvimento das mulheres na cri-minalidade urbana em Piracicaba, mas ao elaborarmos umarevisão bibliográfica sobre a questão da criminalidade, sou-bemos que a criminalidade feminina ainda possui dados es-tatísticos muito pequenos em relação à criminalidade mas-culina, e por isso a ciência jurídica e social ainda não desen-volveu estudos de grande relevância sobre este tema. Dessaforma, transcorremos por um outro campo de estudo, quemuito nos interessa para entendermos a visão jurídica e so-ciológica com relação ao fenômeno criminalidade e o papelda mulher como agente do crime, abordando aspectos da ci-ência criminal através de doutrinadores do Direito Penal(Damásio, 1999; Mirabete, 2000; Noronha, 1999), da ciên-cia sociológica na definição de crime e violência (Loche,1999), e na influência social exercida pela organização cri-minosa que, é a principal responsável pelo aumento do nú-mero de indivíduos dentro do crime (Castells, 1999).

O objetivo desta pesquisa é, portanto, analisar a si-tuação da mulher como agente de um contexto social decriminalidade urbana comum e organizada, seu papel eseus valores, nos últimos vinte anos, através da evoluçãosocial feminina, desde sua situação de submissa ao ho-mem e vítima de violência doméstica, até a conquista doseu espaço no mercado de trabalho e a situação mais atualde agente no mundo do crime.

MATERIAL E MÉTODOPara desenvolver nossa pesquisa e obter os dados

necessários para a comprovação da hipótese, investigamosse houve, efetivamente, um aumento da criminalidade fe-minina em relação à masculina, na cidade Piracicaba, atra-vés do levantamento, nos registros de processos, do núme-ro de homens e mulheres indiciados criminalmente peloart.12 da Lei 6.368/76, que tipifica o crime de Tráfico deEntorpecentes.

Este levantamento foi feito pelos crimes ocorridosna cidade de Piracicaba – SP, a qual possui em seu Fórumtrês varas criminais e para esta pesquisa nos limitamos aosdados dos processos registrados na 2ª Vara Criminal, poisesta nos apresentou mais acessível, pelo fato de o juiz res-ponsável pela mesma, Dr.Wander Rossetti Jr., ser docentedo curso de direito da nossa instituição de ensino.

O material analisado fora delimitado entre os me-ses de Janeiro de 1994 e setembro de 2000, pois este é operíodo em que as informações sobre as ocorrências pro-cessuais foram informatizadas, e isto facilitaria nosso tra-balho e nos apresentaria os dados necessários à comprova-ção de nossa hipótese.

A partir da coleta deste material, passamos à orga-nização dos dados e à analise dos mesmos. Com a confec-ção de gráficos comparativos, pudemos demonstrar clara-mente a porcentagem de homens e mulheres indiciadospor Tráfico de Entorpecentes e a variação destes númerosnos últimos sete anos.

Além deste material, as fontes bibliográficas utili-zadas nos forneceram subsídios teóricos à cerca da crimi-nalidade e do aumento do número de mulheres agentes docrime, e mostraram que as características específicas decrimes femininos estão relacionadas com um ambientedoméstico privado.

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs resultados desta pesquisa são apresentados nos

números obtidos através da análise dos registros de proces-sos. Estes dados mostram que na cidade de Piracicaba o anode 1994 possui um total de 77 indiciados por Tráfico de En-torpecentes, destes, 63 são homens e 14 são mulheres. Em1995, houveram 93 indiciados, sendo 73 homens e 20 mu-lheres. No ano de 1996 tem-se 55 indiciados, mostrandouma boa queda em relação ao ano anterior, sendo que, des-tes 50 são homens e 5 mulheres. Em 1997, foram 49 ho-mens para 7 mulheres, num total de 56 indiciados. O ano de1998 apresentou 102 indiciados, sendo 91 homens e 11 mu-lheres. No ano de 1999 foram 120 indiciados, sendo 90 ho-mens e 30 mulheres. E finalmente, até setembro de 2000,houve 272 indiciados na cidade de Piracicaba, sendo quedestes, 199 eram homens e 73 mulheres.

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Esses números revelam um aumento significantena ocorrência do crime de Tráfico de Entorpecentes, comexceção nos anos de 1996 e 1997, onde os números maio-res ocorreram em outras tipificações penais.

Além destes dados, a Revista Veja de 26 de Janei-ro de 2000, revela que em São Paulo-SP, há duas décadasera raro ver uma traficante nos Tribunais. Das 106 mulhe-res recolhidas em 1977 à Penitenciária Feminina da Capi-tal, no complexo do Carandiru, apenas 7,5% estavam en-volvidas com drogas e atualmente, as traficantes somam51% das 447 detentas. Revela também, que no Paraná,sete a cada dez estão presas por tráfico e no Rio de Janei-ro, as condenações femininas pelo mesmo crime saltaramde 40% para 55% nos últimos dois anos.

CONCLUSÕESEstes resultados confirmam que, efetivamente,

houve e está havendo um aumento significativo da crimi-nalidade feminina no Brasil.

Os estudos bibliográficos sobre o assunto e a aná-lise dos resultados e dados numéricos refletem que o au-mento da criminalidade feminina está intimamente liga-dos à condição social fragilizada da mulher. Ela é inseridano mundo do crime na condição de submissa, como cum-pridora de ordens e exerce funções menos perigosas queas do homem dentro de uma hierarquia e organização doTráfico de Entorpecentes, como sua função de “mula” notransporte de drogas. “Elas nunca, ou na minoria das ve-zes, são donas do produto ou chefes da organização”(Schivartche, 2000). Assim, a participação da mulher den-tro do crime, continua sendo marcada pela presença mas-culina e ainda que esteja no crime, a mulher o faz atravésdo homem, ou através da ótica masculina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LOCHE, Adriana et. al. Sociologia Juridica.Porto alegre:Síntese, 1999.

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NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal.V. 1.SãoPaulo:Saraiva, 1999.

SCHIVARTCHE, Fábio. Mulheres presas. Motivo: Dro-gas. Revista Veja, São Paulo, ed. Abril. n. 1633, 26/01/2000.

ZALUAR, Alba. Teleguiados e Chefes: juventude ecrime. Religião e Sociedade, 15/1. 1990.

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9º CONGRESSO DE

CO.116

MULHERES DE ATENAS- OBSERVANDO A CONDIÇÃO DA MULHER DIANTE O SISTEMA JUDICIÁRIO

RODRIGO S. MARCONDES (B) – Curso de JornalismoGESSÉ MARQUE JR. (O) – Faculdade de Filosofia, História e Letras

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este trabalho pretende analisar como o sistema judiciário trata da questão da inserção da mulher na criminali-dade urbana, mais especificamente à relacionada ao tráfico de drogas.

Utilizando como referencial o impedimento que historicamente a mulher teve em relação à agressividade e àviolência, procuramos entender o processo de julgamento de processos penais – especialmente os de crime de entorpe-centes –, e as expectativas existentes em relação ao comportamento feminino e a sua relação com o sistema jurídico.

A partir do levantamento e da análise de dados de processos, na 2º Vara Criminal de Piracicaba, buscamos tra-çar um perfil da mulher julgada como criminosa e de como a justiça tem reagido.

INTRODUÇÃOO projeto de pesquisa “Mulheres de Atenas” teve

como objetivo estudar o envolvimento das mulheres nacriminalidade, em Piracicaba. Queríamos desenvolveruma outra abordagem sobre as relações de gênero e, maisque isso, pensar a mulher como agente de violência. Sabe-mos que os estudos sobre a justiça foram, durante muitotempo, realizados a partir de um paradigma masculino.Neste referencial, a mulher era colocada num papel restri-tamente biológico, de mãe, dócil e passiva, e portanto, nãoera analisada na singularidade do seu comportamento.

Para nos contrapormos a este estereótipo, busca-mos uma abordagem da figura feminina na qual ela fossedona de sua agressividade, capaz de ser ativa e independen-te dos papéis que lhe são socialmente destinados. Toma-mos, como nosso objeto de pesquisa, as mulheres que seenvolveram com o tráfico de drogas na cidade de Piracica-ba, durante os anos de 1985, 1986 e 1987. As perguntas quenos nortearam buscavam traçar um perfil das mulheres que,por algum motivo, tornaram-se desviantes. O objetivo erasaber se o fato de elas transgredirem as leis e tornarem-secriminosas, era realmente um rompimento dos grilhões dasociedade machista ou, se na verdade, o processo reafirma-va a história de dominação da qual têm sido vítimas.

A nossa bibliografia se pautou em autores de estu-dos de criminalidade, suas origens e relação social (FOU-CAULT, 1987; DURKHEIM, 1968; BECKER, 1977;GOFFMAN, 1988). Combinando essas informações coma sociologia do direito, estudos de gênero e psicologia(MASTROBUONO, 1999; BUGLIONI, 1998; SMAUS,1999), traçamos uma breve história de qual é o papel soci-almente esperado da mulher e, como o sistema penal o re-flete, impedindo que a mulher seja realmente reconhecidae tratada como igual aos homens.

MATERIAIS E MÉTODOSAlém do material bibliográfico, realizamos, como

fonte primária de pesquisa, um levantamento de processosno Fórum de Piracicaba, a fim de podermos traçar umquadro dos envolvidos em crimes de entorpecentes (Lei6368/769) durante os anos de 1985, 1986 e 1987.

A cidade tem 3 Varas Criminais. Para que pudésse-mos ter uma amostragem representativa, resolvemos nosconcentrar somente na 2º Vara Criminal, onde analisamos atotalidade dos processos no período proposto. Deste modo,nossos dados representam aproximadamente um terço dosprocessos transitados na justiça de Piracicaba, já que os pro-cessos são distribuídos de modo equânime entre as Varas.

Optamos por analisar um período na década de 80pois, ao pesquisarmos os trabalhos sobre narcotráfico ecrime organizado (Misse, 1997) constatar que a partir demeados dos anos 80 (mais especificamente 84 e 85) houveum boom na produção e no tráfico de cocaína em todo omundo. Neste período, o preço da droga chegou a cair cin-co vezes, incentivando o consumo e o tráfico. Com basenessas informações, e a partir da hipótese de que o aumen-to do tráfico refletiria um aumento no número de prisões,resolvemos analisar se o envolvimento das mulheres notráfico também teria um acréscimo.

A partir de então, coletamos dados que pudessemtraçar um perfil dos envolvidos no tráfico. Construímosuma "ficha de cadastro" na qual anotamos característicascomo cor da pele, estado civil, naturalidade, profissão e ida-de dos réus. Cadastramos todos os processos relacionados acrimes de uso e tráfico de entorpecentes, crimes contra opatrimônio e crimes contra a vida cometidos por mulheres,além dos de tráfico de drogas cometidos por homens, poissó assim poderíamos obter um paralelo entre o envolvimen-to de homens e mulheres no tráfico. Com ajuda de tabelascomparativas, pudemos finalmente delimitar quem é a mu-lher que tem sido julgada e condenada como criminosa.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados da nossa pesquisa procuram de-

monstrar qual é o perfil da mulher julgada criminosa peloaparelho judiciário. Ao fazermos esta análise, não poderí-amos simplesmente reduzir nossos estudos à criminologiapois, através da ótica do direito penal, a mulher tem sidoanalisada como um ser incapaz de ter comportamento cri-minal, perspectiva esta que dificulta, ou impede, a com-preensão da relação existente entre criminalidade, direitopenal e processo penal (SMAUS, 1999). Por não ter sidoparte do processo de constituição do sistema penal, a mu-lher – assim como o negro e o deficiente – tem sido trata-da de maneira incompleta e falha, “uma vez que a formu-9. BRASIL. Código Penal. 36a ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

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lação dos modelos jurídicos foram construídos através deum paradigma de uma ideologia masculina” (BUGLIO-NI, p 240, 1998)

Como este paradigma de mulher tem aparecidoenquanto modelo no sistema judiciário tornou-se nossoobjetivo de análise. Ou seja, analisamos quem são as mu-lheres que vêm sendo punidas pelo sistema de justiça. Nabusca da agressividade feminina encontramos, a partir dosdados coletados no Fórum de Piracicaba, um modelo soci-al da mulher que se torna desviante (BECKER, 1977).Responder se realmente esta mulher sai do perfil "vítima"no qual o direito penal enquadra o sexo feminino tornou-se a nossa maior pergunta.

A partir de uma reportagem da revista Veja(SCHIVARTCHE, 2000), nos deparamos com um dadocurioso: 60% das mulheres presas, no Brasil, são acusadasde tráfico de drogas. Se aplicarmos a mesma estatísticapara homens, apenas 15% são acusados deste crime. Apartir dos dados da reportagem pudemos concluir que,ainda que as mulheres contemporâneas estejam se envol-vendo mais na criminalidade, elas são agentes de crimesque não envolvem violência física e se inserem no tráficode drogas apenas como agentes passivos (mula ou avião2)e não como lideranças.

Dos 208 processos que coletamos (288 pessoas),102 foi o total de réus enquadrados na lei de entorpecen-tes, dos quais 22 (22%) eram mulheres e 80 (78%) eramhomens. Do total desses processos, os homens aparecemsozinhos ou em grupo em 78%. As mulheres aparecemsozinhas ou em grupo exclusivamente de mulheres em10%. No restante, aproximadamente 13%, a mulher estáenvolvida junto com algum homem. Podemos notar, por-tanto, que em mais de 50% do total de processos que en-volvem mulheres, há a presença de homens. Deste modo,pudemos constatar que na maioria das vezes a presençafeminina no crime ocorre numa dependência ou em asso-ciação com a presença masculina.

Os dados específicos que encontramos nestes pro-cessos nos permitem compor um perfil da mulher que es-teve envolvida com o tráfico, em Piracicaba. 55% delassão solteiras, 73% são brancas, 54% estão na faixa dos 23aos 32 anos e 58% se declaram ou empregadas domésti-cas ou “do lar”. Este último dado, em particular, nos cha-mou a atenção pois revela que as mulheres analisadas es-tão ligadas à esfera doméstica, demonstrando que não háuma inversão dos papéis da mulher processada, mas simuma reafirmação destes.

A visão sobre a mulher como não tendo, ou nãooferecendo agressividade, também aparece quando anali-samos a relação entre os índices de condenação e absolvi-ção para homens e mulheres. Enquanto os homens sãocondenados em 64% dos processos e absolvidos em 30%,as mulheres são absolvidas em 50% e condenadas em36%10. Entendemos, a partir destes dados que, ainda que amulher assuma uma postura de agressividade (se tornandocriminosa, ou sendo julgada pela justiça), o sistema judici-ário volta a enquadrá-la como incapaz de delinqüir, e por-tanto, a condena menos do que aos homens. A justiça cria

assim dois referenciais, onde o homem-violento deve sermais condenado do que a mulher-dócil, ainda que ela este-ja envolvida nas teias da justiça.

CONCLUSÃOAinda que os dados acima não nos permitam sa-

ber da especificidade da participação das mulheres no cri-me de entorpecentes, as estatísticas nos levam a concluirque a mulher analisada neste período está ligada a esferadoméstica, é de classe social baixa (25% são empregadasdomésticas), tem idade entre 23 e 32 anos, na maioria sãosolteiras, mas têm uma participação no crime acompanha-da de homens, ou na “sombra” deles. Por serem vistascom um potencial menos agressivo, sofrem menos conde-nações do que os homens.

Os dados nos mostram que tanto a participaçãocomo o julgamento destas mulheres reafirmam o papel su-bordinado que o direito penal impõe ao sexo feminino.Neste sentido, o trabalho mostra como os tribunais acom-panham e reafirmam as normas sociais esperadas dos di-ferentes gêneros e que é necessária uma reconstrução dosistema penal, compondo uma realidade sexualizada, naqual aja consciência das diferenças de gênero.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SMAUS, Gerlinda. Teoria del conocimento feminista ycriminología de la mujer. Revista Brasileira de Ciên-cias Criminais, nº 27, pág 235 a 250, ano 7, julho/setembro 1999. Editora Revista dos Tribunais.

BECKER, Howard S. Uma teoria da ação coletiva. Riode Janeiro: Zahar Ed., 1977.

GOFFMAN, Erving. Estigma. Rio de Janeiro: Ed. Gua-nabara Koogan S.A., 1988.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis- RJ: EdVozes, 1987

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico.São Paulo: Ed Nacional, 1968.

MASTROBUONO, Carla Mirella. Em Busca dos Braçosda Vênus: lacunas do saber e questão feminina.Revista Brasileira de Ciências Criminais, nº 25, pág235 a 279, ano 7,janeiro/ março- 1999. EditoraRevista dos Tribunais.

BUGLIONI, Samantha. A face feminina da execuçãopenal. Direito e Justiça, vol 19, ano XX, pág 239 a266, 1998, [ s.n.]

MISSE, Michel. As ligações perigosas- mercado infor-mal, narcotráfico e violência no Rio. Revista Educa-ção e Contemporaneidade, n.2 1997.

SCHIVARTCHE, Fábio. Mulheres presas. Motivo: dro-gas. Revista Veja, ed 1633, 26/01/2000. São Paulo:Editora Abril.

10. Não temos dados de 6% para homens, e 14% para mulheres.

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9º CONGRESSO DE

CO.117

(RE)VISITANDO O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE ENSINO FUNDAMENTAL

DA CIDADE DE PIRACICABA

KARINA LUPERINI (B) – Curso de Educação FísicaROBERTA GAIO (O) – Faculdade de Educação Física

REGINA SIMÕES (CO) – Faculdade de Educação FísicaFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo do trabalho é investigar se os professores que ministram as aulas de Educação Física nas escolasmunicipais de Ensino Fundamental de Piracicaba consideram importante o planejamento pedagógico e como acontecesua elaboração.

O universo da pesquisa foi definido após contatos com a Delegacia de Ensino e Secretaria da Educação dePiracicaba, além da autorização e interesse das escolas em participarem da investigação. Como recurso metodológicoutilizamos uma ficha cadastro, um questionário e os planejamentos pedagógicos coletados junto às escolas. Além dapesquisa de campo, tivemos como subsídios para a avaliação, uma revisão bibliográfica que resultou na construção deuma matriz teórica.

Como resultados encontramos uma situação em relação a disciplina Educação Física nas escolas municipaisde Ensino Fundamental de Piracicaba que gera desconforto, pois falta espaço físico adequado para a prática das ativi-dades advindas dessa disciplina e também alicerce teórico e prático aos professores dessas escolas. Sendo eles, emgeral, profissionais de outra área de ensino, é notório o despreparo para o desenvolvimento desta disciplina, em funçãoda ausência de formação acadêmica necessária para atuação nessa área. Existe a conscientização desses profissionaisquanto à importância do ato de planejar, mas não há o conhecimento científico sobre o que planejar para as aulas deEducação Física.

INTRODUÇÃOSer um profissional de Educação Física é gratifi-

cante, quando se reconhece a área de conhecimento comoprofissão. Assim está acontecendo ao universo das acade-mias e dos espaços de educação formal, ou seja, a profissãofoi regularizada no dia 01/09/1998, segundo a lei 9.696.

Só é permitido, por lei, trabalhar com a EducaçãoFísica, profissionais que se graduaram nessa área, discen-tes do curso de Educação Física ou ainda aqueles profissi-onais que já trabalhavam com conteúdos da Educação Fí-sica alguns anos, antes da lei ser revogada, os quais sãodenominados de técnicos, e terão um espaço restrito deatuação. (CREF4/SP, 2001)

Mas ainda falta um grande passo para que a disci-plina Educação Física receba o respeito que merece, prin-cipalmente no âmbito escolar. Tais aulas, nas escolas mu-nicipais de Piracicaba, e, com certeza em mais cidades dopaís, não são ministradas por professores de Educação Fí-sica, mas sim por profissionais de outras áreas, que reco-nhecem não saber o que ensinar nesta disciplina.

Alguns educadores se preocupam e procuram aajuda dos profissionais de Educação Física, mas a maioriase acomoda e faz das aulas de Educação Física um instantede tempo livre para as crianças fazerem o que quiserem, ougastarem, como eles mesmos dizem, a energia excedente.

Assim, nossa preocupação nesta investigação, não seresume somente na importância do ato de planejar, mas tam-bém com o que profissionais definidos para atuarem junto asescolas municipais de ensino fundamental de Piracicaba pla-nejam, mesmo que sejam profissionais de outras áreas.

As crianças que freqüentam as escolas têm direitoa uma formação integral e para isso o planejamento deveatender as características e necessidades dessa clientela,

favorecendo assim o desenvolvimento das mesmas nos as-pectos cognitivo, motor e afetivo social.

MATERIAL E MÉTODOSDividimos este projeto de pesquisa em algumas

etapas que nos facilitaram a execução do mesmo.A primeira etapa foi a construção da matriz teóri-

ca baseada nas leituras de diversos autores. A etapa se-guinte foi a visita à Delegacia de Ensino de Piracicaba,com o objetivo de definir o universo total da pesquisa, mascomo o universo relatado por esta instituição foi insufici-ente, estivemos junto à Secretaria da Educação de Piraci-caba, definindo o universo real da pesquisa que ficou sen-do constituído de 17 escolas municipais.

Das 17 escolas, mediante alguns critérios de sele-ção, tais como: escolas que possuem a disciplina Educa-ção Física na grade curricular, escolas em que a direção eos professores autorizaram a realização da pesquisa e es-colas que se encontram no perímetro urbano, o universoda pesquisa passou a ser de 04 escolas.

A terceira etapa foi a pesquisa de campo, denomi-nada por RUDIO (1991) como pesquisa descritiva. Estaetapa se resume às visitas às escolas com o intuito de con-seguir a permissão da direção e depois de professores paraparticipação no projeto.

Os professores participantes receberam uma fichacadastro que nos possibilitou colher informações sobre asituação pessoal e profissional destes. Também entrega-mos a eles um questionário com perguntas abertas sobre oato de planejar.

Por fim, como quarta etapa, realizamos a pesquisadocumental também baseada em RUDIO (1991), na qualanalisamos os planejamentos das escolas. Com os planeja-

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mentos em mãos pudemos compará-los aos resultados obti-dos dos questionários, com alicerce em nossa matriz teórica.

RESULTADOS E DISCUSSÕESCom as respostas obtidas através dos questionári-

os entregues pelos professores, vimos que dos 16 partici-pantes das 04 escolas investigadas, 07 afirmam que há ne-cessidade da formalidade do planejamento pedagógico.01 professor deu uma resposta imprecisa, não responden-do o que havia sido perguntado e 04 professores responde-ram ao questionário juntos, entregando os questionárioscontendo respostas iguais quanto a necessidade do plane-jamento em sua escola. Os outros 04 professores partici-pantes da pesquisa não responderam ao questionário.

Pudemos verificar que alguns professores ficaraminseguros em responder a determinadas perguntas e todosassumiram que sentem muita dificuldade em planejar asaulas de Educação Física, pois desconhecem os conteúdosdessa área de conhecimento, que deve constar no planeja-mento da disciplina.

Das escolas que compõem o universo da pesquisa,01 não nos entregou o planejamento pedagógico, docu-mento este de suma importância para analisarmos as con-vergências e divergências no planejamento pedagógico;02 escolas possuem um planejamento para cada série e 01escola tem um planejamento para todas as séries.

Observamos um vazio nos conteúdos explícitosem todos os planejamentos que recebemos das escolas.São eles um total de 09 planejamentos pedagógicos e emnenhum deles houve a participação de um profissional daEducação Física na sua elaboração.

É alarmante a situação, pois nessas escolas a dis-ciplina Educação Física não está sendo desenvolvida daforma que deveria ser, ou seja, os profissionais atuantes,por não terem o conhecimento específico da área, deixamlacunas na formação de seus alunos.

CONCLUSÕESCom todos esses resultados apresentados acima,

concluímos que a disciplina Educação Física nas escolasMunicipais de Ensino Fundamental de Piracicaba estápraticamente abandonada.

Lutamos pelo reconhecimento dos profissionaisdessa área para que estes possam trabalhar de forma consci-ente, desenvolvendo atividades que atendam as característi-cas e necessidades das crianças nas diversas faixas etárias,fazendo com que a disciplina Educação Física, contribua demaneira significativa na formação integral do ser humano.

Portanto, acreditamos na necessidade de trabalhar-mos a Educação Física no Ensino Fundamental, seja em Pi-racicaba ou em outro lugar do Brasil, de forma coerentecom a formação nessa área de conhecimento, o que pressu-põe o profissional habilitado para tal, ou pelo menos que oconhecido professor “polivalente” tenha em sua formaçãoum conhecimento mais aprofundado sobre a importância eaplicação dos conteúdos da Educação Física.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CREF/SP. Educação Física: a lei in Revista CREF4/SP.São Paulo, Ano I – nº 2, Abril/2001.

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KUNZ, E. Transformações Didático-Pedagógia doEsporte. Ijuí: Editora Unijuí, 1994.

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TUBINO, M. Dimensões Sociais do Esporte. São Paulo:Editora Cortez, Autores Associados, 1992.

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9º CONGRESSO DE

CO.118

ESPORTE NA ESCOLA: NECESSIDADE OU IMPOSIÇÃO?

DANIELE JACOVETTI (B) – Curso de Educação FísicaREGINA SIMÕES (0) – Faculdade de Educação FísicaROBERTA GAIO (CO) – Faculdade de Educação Física

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Esta pesquisa tem por meta relatar as analises feitas nas aulas de Educação Física, ministradas das escolasMunicipais de Ensino Fundamental de Piracicaba. Este ato tem como os professores desta disciplina estão ministrandosuas aulas e se estas são coerentes com os planejamentos pedagógicos propostos, além de confrontar com o embasa-mento teórico utilizado na construção da Matriz Teórica. Para a estruturação da Matriz Teórica foram lidos livros e ela-boradas resenhas, para a montagem da Matriz Teórica utilizada como fundamento de nossa pesquisa de campo.Também utilizamos uma ficha cadastro, questionário, planejamento (este recolhido nas escolas) e uma ficha de obser-vação. Assim pudemos ter as devidas informações em relação as aulas ministradas pelos professores polivalentes.

INTRODUÇÃOAlguns teóricos têm exposto que a sociedade não

está dando o devido valor à disciplina Educação Física. Équase senso comum que esta disciplina é só um horário"livre" onde as crianças saem da sala de aula para estaremfora deste ambiente, ou para apenas ficarem correndo pelopátio. Isso também é citado e relatado por vários professo-res polivalentes, os quais pensam da mesma maneira, nãoreconhecendo o valor e a importância desta disciplina.

O objetivo desta pesquisa é identificar a maneira queestá sendo ministrada as aulas de Educação Física no interiordas escolas de Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série de Piraci-caba, sendo que os professores docentes são os mesmos paratodas as disciplinas incluindo a Educação Física.

MATERIAL E MÉTODOSEste projeto tem como primeiro momento, foi de-

senvolvido através de leituras de um referencial bibliográ-fico sobre o tema Esporte na escola: Necessidade ou Im-posição e a elaboração de resenhas a partir destas leituras.

Tomamos como base teórica alguns livros paranossa pesquisa como, Metodologia da Educação Física;Coletivo de Autores; Dimensões Sociais do Esporte, Ma-nuel Tubino; A Pedagogia Além do Discurso, Suelli Maz-zilli; entre outros.

A partir disto, constamos que existem 17 escolas deEnsino Fundamental de 1ª a 4ª série. Diante de critérios esta-belecidos, escolas que possuem a disciplina Educação Físi-ca; – escolas em que o diretor autorizar a realização da pes-quisa; – escolas em que o professor concordar em participarda pesquisa; – escolas que se localizam no perímetro urbanode Piracicaba, foram selecionadas 4 escolas, contendo 16professores polivalentes, que também ministram as aulas deEducação Física e que formam o universo da Pesquisa.

Em seguida entramos em contato com a direçãodas escolas expondo os objetivos da pesquisa e os proce-dimentos metodológicos e solicitando a autorização parao inicio da pesquisa. Entregamos aos professores partici-pantes da pesquisa, uma ficha cadastro e solicitamos a có-pia do planejamento pedagógico e iniciamos a observaçãodas aulas. Esta investigação teve como referencia, o recur-so metodológico proposto por RUDIO (1991), denomina-do pesquisa descritiva, esses pressupostos metodológicos

incluem a pesquisa de campo, isto é, a observação das au-las. Sendo analisadas 4 aulas de cada série.

Esta pesquisa foi desenvolvida no interior das es-colas de Ensino Fundamental Municipais de Piracicabanestas escolas o Ensino Fundamental é de 1ª a 4 ª série,onde o mesmo professor ministra todas as disciplinas econteúdos, inclusive a Educação Física, enfim são profes-sores polivalentes, que não possuem experiência ou for-mação adequada a disciplina Educação Física. Ao intitu-larmos esta pesquisa como "Esporte na Escola: Necessi-dade ou Imposição", percebemos que o esporte é a únicaopção de trabalho encontrada por estes professores, poisexiste falta de conhecimento para desenvolver os conteú-dos da área, desconsiderando assim, atividades lúdicas eadequadas a faixa etária.

RESULTADOSEm relação aos professores, nosso universo de

Pesquisa foi o seguinte: 16 professores, sendo 04 paracada escola de 1ª a 4ª série. Ao verificarmos as aulas,constatamos que não havia conhecimento ou fatores moti-vantes do desenvolvimento das aulas. Tal questão pode sercomprovada ao verificarmos que as atividades eram sem-pre as mesmas, ou seja, para meninas pular corda ou jogarpalito e para meninos futebol ou taco.

Percebemos que a falta de referencial teórico paraos professores está relacionada ao desconhecimento sobrepropostas adequadas à realidade dos alunos, dificultando oprocesso de ensino e não disponibilizando atividades ade-quadas à idade em questão. Os professores relataram quenão se sentiam capazes de ministra estas aulas, as quais de-veriam ser designadas aos profissionais da área. Tambémfoi possível verificar uma contradição, pois se de um ladoos professores não tinham vontade em propiciar novas ativi-dades, ou por falta de conhecimento sobre o assunto oumesmo com os escassos recursos pedagógicos, a participa-ção dos alunos era ativa nas aulas de Educação Física.

CONCLUSÃOEntendemos, a partir destas observações, ser ne-

cessário alterar os pressupostos governamentais destina-dos a faixa etária, pois os próprios professores polivalen-tes reconhecem que a falta de embasamento sobre o de-senvolvimento da disciplina Educação Física reduz sensi-

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velmente o aprendizado do aluno, sendo responsabilidadedestinados professores da área. Caso isto ocorra, as aulasde Educação Física permanecerão como mera reproduçãode gestos ou de jogos desconectados das necessidades dacriança. Sendo assim, ocorrerá uma desvalorização daárea da Educação Física e uma falta de conhecimento decertas atividades motoras em relação aos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICASCOLETIVO DE AUTORES, Metodologia da Educação

Física, Autores Associados, 1990

FREIRE, J. B., Pedagogia do Esporte, In MORERIRA,W.W. E SIMÕES, R. O Fenômeno Esportivo no Iní-cio de um Novo Milênio, Piracicaba: EDITORAUNIMEP,2000.

KUNZ, E. Esporte e Processos Pedagógicos, InMOREIRA, W.W. E SIMÕES, R. O FenômenoEsportivo no Início de um Novo Milênio, Piracicaba:EDITORA UNIMEP,2000.

KUNZ, E. Transformação Didático – Pedagógica doEsporte, Ijui: EDITORA UNIJUI, 1994

LAWTHER, J.D., Educação Física Programada, Psicolo-gia Desportiva, Pennsylvania, Estados Unidos: EDI-TORA LINCE, 1979

MAZZILLI, S. A Pedagogia Além do Discurso, Piraci-caba: EDITORA UNIMEP, 1992

MOREIRA, W.W E SIMÕES, R. O Fenômeno Esportivono Início de Um Novo Milênio, Piracicaba: EDI-TORA UNIMEP, 2000

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL,Parâmetros Curriculares Nacionais: EducaçãoFísica, Secretaria de Educação Fundamental, Brasí-lia: EDITORA MEC/SEF, 1997

TEIXEIRA, H.V. E PINI, M.C., Aulas de EducaçãoFísica: 1o grau, São Paulo: EDITORA IBRASA/MEC, 1978

TANI, G. Esporte e processo Pedagógico, In MOREIRA,W.W., E SIMÕES, R. O Fenômeno Esportivo no Iní-cio de um Novo Milênio, Piracicaba: EDITORAUNIMEP,2000.

TUBINO, M., Dimensões Sociais do Esporte, São Paulo:EDITORA CORTEZ: AUTORES ASSOSIADOS,1992

292 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.119

AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

THIAGO ROZINELI (B) – Curso de PedagogiaMARILENA APARECIDA DE SOUZA ROSALEN (O) – Faculdade de Educação

FAPIC/UNIMEP

RESUMOEste trabalho tem como objetivo conhecer e analisar em que medida as orientações contidas nas Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil manifestam-se na prática pedagógica das instituições de Educação Infantil de Piracicaba, SP, emrelação à formação continuada dos professores. A amostragem abrange 10% das instituições da rede municipal e 10% das institui-ções privadas, regularizadas, que atendem crianças de zero aos seis anos e situadas em diferentes bairros. Observamos que as insti-tuições estão preocupadas com a formação dos professores e em especial com as habilitações necessárias, apontadas na Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 e nas Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

INTRODUÇÃOA Constituição Brasileira de 1988 consolida avanços

em relação à Educação Infantil ao reconhecer o direito à edu-cação e cuidados para crianças de zero aos 6 anos e afirmar obinômio educar e cuidar como funções indissociáveis nesseatendimento. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-nal nº 9394/96 confirma a função educativa desse atendimen-to e regulamenta seu funcionamento. Essa mesma Lei anun-cia também que o Brasil não terá mais currículo nacionalpara nenhum nível de ensino e sim uma Base Comum Nacio-nal, sob a forma de áreas de conhecimento. Partindo dessaspremissas, o Conselho Nacional de Educação definiu as Di-retrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, queorientam a organização das instituições que se dedicam aoatendimento de crianças dessa faixa etária.

Essas Diretrizes, de caráter mandatório, estabelecemnovas exigências para as instituições de Educação Enfantil,particularmente quanto às orientações curriculares e processosde elaboração de seus projetos pedagógicos. Estabelecem, en-tre outros, os princípios éticos, políticos e estéticos que devemfundamentar as propostas pedagógicas em Educação Infantil, aadoção da metodologia do planejamento participativo, afir-mam a autonomia das escolas na definição da abordagem cur-ricular a ser adotada e enfatizam a titulação mínima para osprofessores e diretores de Educação Infantil no Art. 3º, VI:

As Propostas Pedagógicas das Instituições de Educa-ção Infantil devem ser criadas, coordenadas, supervisionadase avaliadas por educadores, com, pelo menos, o diploma deCurso de Formação de Professores, mesmo que da equipe deProfissionais participem outros das áreas de Ciências Huma-nas, Sociais e Exatas, assim como familiares das crianças. Dadireção das instituições de Educação Infantil deve participar,necessariamente, um educador com, no mínimo, o Curso deFormação de Professores (BRASIL/CNE, 1999).

A formação de professores, também, foi destacadana 45ª Conferência Internacional de Educação, promovidapela UNESCO em outubro de 1996, na Tailândia, quando foirecomendado aos países-membros que a capacitação deve serum direito e um dever para todos os professores, devido o re-conhecimento de que a qualidade do ensino é diretamenteproporcional à capacitação docente.

A época em que se obtinha uma certificação para todaa vida foi ultrapassada, pois a formação inicial/titulação nãogarante mais uma carreira profissional estável. Atualmente, sãoexigidas constantes atualizações e aperfeiçoamentos dos sabe-res, atitudes e habilidades, não somente para os professores,mas para todos os profissionais.

Diante das transformações da sociedade e da escola, opapel do professor altera-se substancialmente deixando de seraquele que sabe tudo, que atua como simples transmissor de co-nhecimentos, para ser um mediador mais experiente, com umconhecimento mais abrangente e capaz de dinamizar o processode aprendizagem que se gera nos alunos, contribuindo para atransformação da escola num local onde se aprende a aprender.

Como transformar o atual professor, formado sob aégide de velhos paradigmas, nesse ator coadjuvante do pro-cesso de aprendizagem do aluno?

Traçando um paralelo entre como se dá a formaçãocontinuada nos países desenvolvidos, através de cursos deaperfeiçoamento desenvolvidos regular e prolongadamente du-rante o ano escolar, com a prática freqüente nos países em de-senvolvimento, concentrada num número reduzido de diasonde os professores assistem a seminários, palestras e cursosde curta duração, conclui-se que o abismo cultural entre essesprofissionais aumenta cada vez mais, a menos que se encare oproblema com firmeza política e coloque-se em funcionamen-to programas capazes de romper esta distorção indesejável.

Nesse aspecto, a educação continuada foi estabeleci-da como uma modalidade importante de formação docente,especialmente nos países em desenvolvimento, pois pode su-prir as exigências causadas pelas transformações da escola.

Vários teóricos brasileiros, reunidos para estabelece-rem parâmetros e definição de características que confiram qua-lidade às atividades de atualização de professores, identificaramcinco dimensões necessárias para a formação continuada:

a) serem contínuas, ou seja, oferecer diferentes opor-tunidades de atualização ao longo da vida profissional;

b) serem contextualizadas, considerando as necessi-dades dos professores;

c) favorecer permanentemente a relação teoria-prática;d) possuir objetivos claramente definidos;e) serem diversificadas e proporcionar diferentes for-

mas de aprendizagem.Severino (1986, p. 45) acrescenta três aspectos, con-

siderados fundamentais, para serem incluídos em um progra-ma de atualização docente: a apropriação de conteúdos, odomínio das habilidades didáticas e a percepção das rela-ções humanas situacionais.

Tais recomendações apontam para um processo con-tínuo de atualização profissional que é vital para todos os pro-fessores, independente do nível ou rede de ensino que atuem.

Dados do Ministério da Educação apontam o grau deformação dos professores de Educação Infantil, no Brasil: 7,38%possuem 1º grau incompleto; 8,69% possuem 1º grau completo;65,68% possuem 2º grau completo e 18,25% possuem 3º graucompleto (BRASIL/MEC/SEF. Vol. 1, 1998, p. 40). Estes dadosrevelam que a porcentagem de professores sem 2º grau completoé quase igual à de professores com 3º grau completo, confirman-do o déficit de professores de Educação Infantil, que é estimadoem 836.731 enquanto que para o Ensino Fundamental o déficit éde 117.000 (BRASIL/MEC/INEP, 1997, p.59).

MATERIAL E MÉTODOSConsiderando que esta investigação pretende conhe-

cer e analisar como vem se dando o processo de incorporaçãodas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantilem escolas de Educação Infantil das redes municipais e priva-das no município de Piracicaba, SP, destacando-se a formaçãode professores, optamos pela adoção da abordagem etnográfi-ca para condução da pesquisa dada a possibilidade que esta

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abordagem oferece de interação do pesquisador com o objetode estudo não apenas como um observador, mas tambémcomo parte do processo. Selecionamos amostra abrangendo10% das instituições da rede municipal e 10% das instituiçõesprivadas regularizadas, segundo normas da Secretaria Munici-pal de Educação do município de Piracicaba – SP. Consideran-do que o município conta com 37 instituições de Educação In-fantil mantidas pela rede municipal e 59 pela rede privada, queatendem crianças de zero a seis anos, foram selecionadas 4 ins-tituições da rede municipal e 6 da rede privada. O critério paraseleção dessas escolas foi a diversificação dos bairros onde es-tão situadas, visando abranger classes sociais diversificadas.

As instituições selecionadas são identificadas, nessetrabalho, como A, B, C, D, E e F – Privadas e G, H, I e J –Municipais.

Elaboramos e aplicamos um instrumento de pesquisa(entrevista) visando a caracterização geral da instituição deEducação Infantil e abrangendo questões que permitiram a ob-tenção de informações gerais sobre a escola e a população porela atendida. Após, realizamos análise documental de projetospedagógicos das escolas e documentos produzidos pela Secre-taria Municipal de Educação.

RESULTADOS E DISCUSSÕESSobre a questão da formação dos professores, analisa-

mos dois aspectos: titulação e formação continuada.Das 06 instituições, da rede privada, pesquisadas,

que contam com um total de 61 profissionais desempenhan-do funções junto à criança, constatamos:

Quadro 1. Quanto ao nível de escolaridade/titulação – instituições privadas:

Ressaltamos que no quadro acima estão incluídas asauxiliares de classe, das quais não é exigida titulação mínima,pela Legislação vigente, Além disso, segundo os critérios da Se-cretaria Municipal de Educação de Piracicaba, em acordo coma Lei 9394/96 e com as Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação Infantil, para uma instituição ser regulamentada e au-torizada a funcionar, é exigido que cada classe tenha um profis-sional responsável pela sua prática pedagógica, com pelo me-nos curso de magistério, em nível médio. Periodicamente, as 59instituições regularizadas são supervisionadas por profissionaisda Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba. Dados daprópria Secretaria apontam que, atualmente, 29 instituições deEducação Infantil funcionam sem a devida regulamentação, porfalta da formação mínima exigida para os professores, dentreoutros motivos. Estas instituições estão sendo orientadas no sen-tido de regularizarem os seus funcionamentos.

Comparando os dados do Quadro 1 com os aponta-dos na introdução, deste trabalho, destacamos que a porcen-tagem de professores com nível superior, nas instituições pri-vadas pesquisadas é bem superior a mesma porcentagem emnível nacional.

Em relação às 04 instituições da rede municipal, quecontam com um total de 56 profissionais desempenhandofunções junto à criança, constatamos:

Quadro 2. Quanto ao nível de escolaridade/titulação – instituições municipais.

Comparando o Quadro 2 com os apontados na introdu-ção, verificamos que os dados são semelhantes, com exceção daporcentagem de professores com Ensino Fundamental incom-pleto, que é inferior nas instituições pesquisadas.

Ressaltamos que a Rede Municipal de Piracicaba temduas categorias de profissionais que trabalham diretamentecom as crianças: professores para classes de crianças de 6 anose monitores para classes de crianças de 0 a 5 anos. Antes da Lei9394/96, era exigido o magistério para os professores e não ha-via titulação mínima para os monitores. Após a promulgaçãodesta Lei, a formação mínima de magistério, em nível médio,foi estendida aos monitores. Preocupada com a capacitaçãodos profissionais da Educação Infantil, a Secretaria Municipalde Educação de Piracicaba firmou convênio com a Universida-de Metodista de Piracicaba – UNIMEP, para o oferecimento decurso de magistério, em nível médio, para as monitoras com 1ºgrau completo. Este curso ocorreu nos três últimos anos, noColégio Piracicabano e hoje, a formação de profissionais quetrabalham diretamente com as crianças das instituições munici-pais de Educação Infantil é: 1º grau incompleto, 8,36%; 1ºcompleto, 8,18%; magistério, 68,2%; 3º grau, 15,42%.

A respeito da formação continuada, nas instituições darede privada, ocorrem reuniões pedagógicas mensais e incentivoà participação em cursos, seminários, palestras, etc. No entanto,na maioria dos casos, o professor é o responsável pelos custosdas participações. No caso da Rede Municipal, ocorrem reuniõespedagógicas bimestrais, incentivo para a realização de estudossemanais (HTPC) e participação em eventos relacionados à edu-cação. Os profissionais que desejam fazer Curso de Pedagogia,são ressarcidos de parte do valor de seu custo A formação míni-ma em magistério, alcançada pela a maioria dos monitores, leva-os a se sentirem e serem considerados “professores”, no entanto,não possuem uma remuneração condizente com a responsabili-dade de educar/cuidar de crianças de 0 a 6 anos e a carga horáriaexigida dificulta o processo de formação continuada,

CONCLUSÃODetectamos, nas entrevistas realizadas, preocupação

com a formação mínima exigida pela Legislação e com a for-mação continuada dos professores, como princípio para abusca da qualidade de ensino na Educação Infantil, tanto nasinstituições da rede municipal como nas da rede privada. Noentanto, esta preocupação se revela em poucas ações concre-tas, conforme citado anteriormente. Verificamos a inexistên-cia de uma Política de formação continuada dos profissionaisda Educação Infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASANDRÉ, M. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papi-

rus, 1995.BRASIL/CNE. Resolução CEB 1/99. Diário Oficial da

União, Brasília, 13 de abril de 1999. Seção 1, p. 18,estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação Infantil.

BRASIL. Lei nº 9394, de 20.12.1996,. Diário Oficial da União,Ano CXXXIV, nº 248, 23.12.96, p. 27.833-27.841. Esta-belece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional

BRASIL/MEC/SEF. Política de Educação Infantil – pro-posta. Brasília: MEC, 1993.

BRASIL/MEC/SEF. Referenciais para formação de profes-sores. Brasília: MEC/SEF, 1999.

BRASIL/MEC/INEP. Sinopse estatística. Brasília: MEC/INEP, 1997.

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MAZZILLI, S. e MURAMOTO, H. (coord). Educação Con-tinuada e Avaliação: duas faces da mesma moeda. Anaisdo V Congresso Estadual Paulista sobre Formação deEducadores. Águas de São Pedro, 1998.

SEVERINO, Antonio J. Educação, ideologia e contra ideo-logia. São Paulo: EPU, 1986.

GRAU DE ESCOLARIDADE TOTAL PERCENTUALE. Fundamental Incompleto 05 8.19 E. Fundamental Completo 04 6.55 E. Médio Incompleto – –E. Médio Completo 03 4.91Magistério incompleto – –Magistério Completo 28 45.93Superior 21 34.42

GRAU DE ESCOLARIDADE TOTAL PERCENTUALE. Fundamental Incompleto 01 1,85 E. Fundamental Completo 01 1,85E. Médio Incompleto 04 7,40 E. Médio Completo 07 12,99Magistério incompleto 02 3,70Magistério Completo 29 53,70 Superior 10 18,51

294 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.120

AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E A GESTÃO DAS ESCOLAS

JANAINA GIUSTI BARBOSA (B) – Curso de PedagogiaSUELI MAZZILLI (O) – Faculdade de Educação

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Esta investigação teve por objetivo conhecer e analisar em que medida as orientações sobre gestão participa-tiva contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil manifestam-se na prática pedagógica dasinstituições de Educação Infantil de Piracicaba, SP.

Para realização da pesquisa foi selecionada amostragem abrangendo 10% das instituições de educação infantilda rede municipal e 10% das instituições privadas. A seleção das instituições a serem pesquisadas orientou-se pelosseguintes critérios: a) atender crianças de zero a seis anos; b) ser regularizada junto à Secretaria Municipal de Educa-ção e c) estar situada em diferentes bairros da cidade.

Foi possível observar que, embora a expectativa de uma gestão participativa esteja incorporada ao discurso dosprofissionais que atuam nas escolas, como definem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, viade regra as práticas de gestão vigentes tanto na rede pública como na rede privada, continuam concentrando na figurado diretor as funções de gestão administrativa e pedagógica das escolas.

INTRODUÇÃOSabe-se que a escola pode exercer importante pa-

pel na formação de cidadãos conscientes não só atravésdaquilo que ensina mas, principalmente, através das práti-cas que se desenvolvem nela e partir dela. “A escola educae forma o cidadão por suas relações pedagógicas” (FON-SECA, 1994: 83)

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo n˚206 e a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional –Lei n˚ 9394/96, em seu artigo 3˚, inciso VIII concebem agestão da educação e da escola no Brasil a partir dos se-guintes princípios orientadores:

Garantir o acesso e a permanência, com aproveita-mento, de todos, na escola;

Garantir a formação para o trabalho e para o exer-cício de plena cidadania;

Possibilitar uma administração da escola, e porextensão do sistema educacional, participativa, por inter-médio da existência de colegiados e outros mecanismosque garantem o envolvimento de todos;

Contribuir de maneira significativa, embora não ex-clusiva, para a construção de uma sociedade democrática.

Práticas democráticas em educação, no entanto, sóse concretizarão com a criação de uma nova cultura, decor-rente da conscientização dos professores, funcionários, paise da sociedade como um todo quanto aos interesses a seremalcançados pela escola, reconhecendo a escola que temos ebuscando construir a escola que queremos.

Sabemos que a escola é produto de uma ideologiaque nega a sabedoria popular e legitima injustiças e precon-ceitos, beneficia a estrutura econômica privando às classesdominadas, do acesso aos bens, culturais e materiais.

A escola, desta forma, acaba por cumprir um pa-pel semelhante ao de uma empresa, onde se vendem co-nhecimentos transformados em mercadorias, refletindo asociedade capitalista que transforma as relações sociaisem relações meramente mercantilistas.

Pode-se considerar que a natureza autoritária doensino que caracterizava a escola pública décadas atrás,não chegava a contrariar os interesses de seus usuários,que tinham mecanismos para pressionar o Estado no aten-dimento de seus pleitos. O ingresso dos filhos das classes

populares na escola pública altera profundamente essequadro, uma vez que a democratização do acesso não teveseu correspondente em novas formas de organizar e reali-zar o trabalho educativo, tornando-se excludente ao “me-dir” esse novos alunos pelos mesmos padrões universaisque usava anteriormente, com alunos de outra origem ecultura. (MAZZILLI, 1993:16)

Apesar de todos os problemas que apresenta, nãose nega a importância da escola, o que fica evidente pelosesforços que são feitos com vistas à sua melhoria. Umapossibilidade que hoje se apresenta nesse sentido é a am-pliação da participação de seus funcionários e usuários nadefinição de seus rumos e na avaliação de sua ações.

Se por gestão democrática entende-se a participaçãoda comunidade nas decisões e na avaliação do trabalho esco-lar, evidencia-se a necessidade de definir com maior precisãoas formas como se dará esta participação e de que forma ospais, professores e demais funcionários podem contribuir noprocesso de ensino, participando do reconhecimento e dis-cussão de situações problemas e principalmente, nas tomadasde decisões, para que sua participação não se resuma à arre-cadação de verbas ou a dimensões executivas.

A participação da comunidade na vida escolar po-derá trazer para o interior da escola aspectos relacionadosà vida sócio – econômica- cultural do bairro, facilitando ainclusão desses aspectos no próprio currículo escolar.

Dentre as propostas que podem auxiliar a implan-tação do processo de gestão democrática nas instituiçõesde ensino destaca-se a formação de uma estrutura de con-selhos como conselho de escola, de classe, de ciclo e umconselho de alunos. É possível que, se esses conselhos fo-rem, de fato, representativos dos interesses e necessidadesde seus usuários, poderão significar importante avanço nademocratização do sistema educacional brasileiro.

MATERIAIS E MÉTODOSPara a realização desta investigação, que buscou

conhecer e analisar como vem se dando o processo de in-corporação das orientações sobre gestão da escola apre-sentadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação Infantil, em escolas de Educação Infantil das re-des municipais e privadas no município de Piracicaba, op-

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 295

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tamos pela adoção da abordagem etnográfica para condu-ção da pesquisa dada a possibilidade que esta abordagemoferece de interação do pesquisador com o objeto de estu-do não apenas como um observador, mas também comoparte do processo. Selecionamos amostra abrangendo10% das instituições da rede municipal e 10% das institui-ções privadas regularizadas, segundo normas da Secreta-ria Municipal de Educação do município de Piracicaba.Considerando que o município conta com 37 instituiçõesde Educação Infantil mantidas pela rede municipal e 59pela rede privada, que atendem crianças de zero a seisanos, foram selecionadas 4 instituições da rede municipale 6 da rede privada. O critério para seleção dessas escolasfoi: a) atender crianças de zero a seis anos; b) ser regulari-zada junto à Secretaria Municipal de Educação e c) estarsituada em diferentes bairros da cidade, visando abrangerclasses sociais diversificadas.

As instituições selecionadas são identificadas,nesse trabalho, como A, B, C, D, E e F – Privadas e G, H,I e J – Municipais.

Para obtenção dos dados pretendidos elaboramose aplicamos um instrumento de pesquisa (entrevista) vi-sando a caracterização geral da instituição infantil, abran-gendo questões que permitiram a obtenção de informa-ções gerais sobre a escola e a população por ela atendida.Após, realizamos análise documental de projetos pedagó-gicos das escolas e documentos produzidos pela Secreta-ria Municipal de Educação

RESULTADOS E DISCUSSÕESA partir das entrevistas, análise documental e ob-

servações, foi possível identificar de que forma vem sedando a gestão nas escolas pesquisadas.

O que se constata é que tanto nas escolas particu-lares como municipais não foram encontradas práticas de-mocráticas de gestão escolar: verificou-se que a gestão dasescolas municipais e privadas é ainda caracterizada pelacentralização do poder nas mãos do diretor.

Algumas das escolas pesquisadas até contam comconselhos de pais constituídos mas, segundo relatos dosprofissionais que nelas atuam, esta participação se resumeà organização de eventos que objetivam o levantamentode fundos.

Foi observado que nos projetos pedagógicos dasescolas particulares consta a importância de atividades es-colares desenvolvidas com a participação de toda a comu-nidade escolar (pais, professores, funcionários), mas, naprática não foi possível constatar a presença desses seg-mentos nas atividades desenvolvidas.

Nas escolas municipais foram encontrados “pla-nos de ação” das escolas que sequer faziam referência àsformas de gestão nem expectativas em relação à participa-ção dos pais, professores e funcionários nas decisões dainstituição. Em apenas uma EMEI foi encontrado um pro-jeto pedagógico desenvolvido em 1998 por um grupo deestagiárias de Pedagogia, que sugere algumas formas deincentivar e trazer a comunidade para o ambiente escolar,mas na prática esta proposta não tem sido realizada.

O que se pode concluir é que, tanto nas escolas par-ticulares como nas escolas municipais, o diretor é responsá-vel pelas atividades administrativas e pedagógicas, tomando

para si a responsabilidade pelas decisões e determinando oque será feito na escola, desde a formulação do plano peda-gógico, até sua aplicação inserindo, no decorrer do proces-so, modificações e alterações que se façam necessárias.

Isto nos leva a constatar que, independente da de-cisão a ser tomada, a última palavra continua sendo a dodiretor, embora ninguém negue a importância de demo-cratizar a gestão.

Por outro lado, é possível constatar que a partici-pação da comunidade no ambiente escolar tem se resumi-do às reuniões de pais realizadas, via de regra, bimestral-mente, durante as quais são discutidos o aproveitamentoescolar de cada criança em particular e comunicadas asatividades que virão a ser desenvolvidas pela escola.

CONCLUSÃOAtravés dessa pesquisa foi possível constatar que,

embora os profissionais da educação aspirem por umagestão democrática da escola, sua efetivação na prática es-colar tem se mostrado ainda incipiente e há muitas dificul-dades para viabilizá-la.

Conclui-se que as orientações sobre gestão esco-lar contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais paraEducação Infantil são alternativas possíveis, se compreen-didas e assumidas pelos atores da escola. Demanda, po-rém, a criação de cultura de participação e a existência demecanismos e infra-estrutura para a instalação de colegia-dos, assembléias, etc.

Por fim, vale lembrar que participação exige nãosó vontade de participar mas também competência parafazê-lo. Isso remete à necessidade da formação continua-da de profissionais e comunidade.

BIBLIOGRAFIA

ANDRÉ, M. Etnografia da Prática Escolar. Campinas:Papirus, 1995.

ANDRÉ, M. & LUDKE, M. Pesquisa em Educação:Abordagens Qualitativas. São Paulo: Pedagógica eUniversitária, 1996.

BRASIL. CNE. Resolução CEB 1/99, estabelece as Diretri-zes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Diá-rio Oficial da União. Brasília, 13/04/99. Seção 1, p.18

BRASIL. Lei Federal nº 9394/96, de 20/12/1996, estabe-lece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.Diário Oficial da União, Ano CXXXIV, nº 248, 23/12/96, p. 27.833-27.841. Brasília, 1996.

CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisas em Ciências Humanase Sociais. São Paulo: Cortez, 1988.

FONSECA, D. M. Gestão e Educação. In: FONSECA,D. M. Administração Escolar: Um CompromissoDemocrático. Campinas, SP: Papirus, 1994, p. 83.

MAZZILLI, Sueli. A Pedagogia além do Discurso. Pira-cicaba: UNIMEP, 1993.

PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da EscolaPública. São Paulo: Ática, 1997.

296 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.121

AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DAS ESCOLAS

PATRICIA ANDRESA GIACOMINI (B) – Curso de PedagogiaSUELI MAZZILLI (O) – Faculdade de Educação

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

Esta investigação teve por objetivo conhecer e analisar em que medida as orientações sobre projetos pedagógi-cos contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil manifestam-se na prática pedagógica dasinstituições de Educação Infantil de Piracicaba, SP.

Para realização da pesquisa foi selecionada amostragem abrangendo 10% das instituições de educação infantilda rede municipal e 10% das instituições privadas. A seleção das instituições a serem pesquisadas orientou-se pêlosseguintes critérios: a) atender crianças de zero a seis anos; b) ser regularizada junto à Secretaria municipal der Educa-ção e c) estar situada em diferentes bairros da cidade.

Foi possível observar que, embora as escolas reconheçam a necessidade da existência de projetos pedagógicoscoletivamente construídos, que orientem as ações educativas, como definem as Diretrizes Curriculares Nacionais paraa Educação Infantil, via de regra, projetos com essas características ainda não têm sido desenvolvidos pelas institui-ções de educação infantil no município de Piracicaba.

INTRODUÇÃOUm projeto pedagógico anuncia os princípios éti-

cos, políticos e estéticos que orientarão as ações educati-vas a serem desenvolvidas pela escola.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa-ção Infantil (DCNEI) orientam que a formulação dos Proje-tos Pedagógicos de uma escola devem contar com a partici-pação não só da sua direção mas de toda a equipe de educa-dores que, enquanto coletivo, decidem sobre as formas deatender às necessidades de cuidado e educação dos alunos.

Nessa perspectiva, a construção de um projetodeve respeitar a questões como:

Buscar a associação entre teoria e prática;Favorecer a participação de todos os profissionais

envolvidos com a educação e administração, para a trocade experiências e aprendizagem;

Os questionamentos, contradições e conflitos sãoimportantes na busca de alternativas nas resoluções depossíveis problemas;

Os assuntos administrativos e acadêmicos devemestar associados.

O ponto de partida para a elaboração de um proje-to pedagógico é o diagnóstico da escola, é sua históriacomo instituição socialmente situada, que permitirá reco-nhecer e analisar criticamente como vem desenvolvendosuas funções educativas e as necessidades que se colocam.

O projeto pedagógico de uma escola inclui o cur-rículo escolar, que abrange dimensões distintas como:

Currículo Formal: Contém os planos e as propos-tas pedagógicas em si;

Currículo em Ação: Aquilo que acontece efetiva-mente na prática dentro da escola e nas salas de aula;

Currículo Oculto: Aquilo que não é falado, formasde relacionamento e convivência entre aluno e professor.

Outra questão que deve ser debatida na constru-ção do projeto é o conhecimento a ser compartilhado como grupo de trabalho e escolha da metodologia mais apro-priada à realidade social que se encontra, além de tornar aescola num ambiente propício para a discussão, diálogo,

problematização e a busca permanente de formação comoeducadores cidadãos e democráticos.

Compete à escola a responsabilidade de interligara vida social da criança, seus familiares e funcionários daescola, quando da construção de seu projeto pedagógico.

MATERIAIS E MÉTODOSConsiderando que esta investigação pretende co-

nhecer e analisar como vem se dando o processo de incor-poração das orientações apresentadas pelas DiretrizesCurriculares Nacionais para a Educação Infantil em esco-las de Educação Infantil das redes municipais e privadasno município de Piracicaba, SP, em relação ao projeto pe-dagógico dessas instituições, optamos pela adoção daabordagem etnográfica para condução da pesquisa dada apossibilidade que esta abordagem oferece de interação dopesquisador com o objeto de estudo não apenas como umobservador, mas também como parte do processo. Seleci-onamos amostra abrangendo 10% das instituições da redemunicipal e 10% das instituições privadas regularizadas,segundo normas da Secretaria Municipal de Educação domunicípio de Piracicaba – SP. Considerando que o muni-cípio conta com 37 instituições de Educação Infantil man-tidas pela rede municipal e 59 pela rede privada, que aten-dem crianças de zero a seis anos, foram selecionadas 4instituições da rede municipal e 6 da rede privada. O crité-rio para seleção dessas escolas foi a diversificação dosbairros onde estão situadas, visando abranger classes soci-ais diversificadas.

As instituições selecionadas são identificadas,nesse trabalho, como A, B, C, D, E e F – Privadas e G, H,I e J – Municipais.

Elaboramos e aplicamos um instrumento de pes-quisa (entrevista) visando a caracterização geral da insti-tuição infantil e abrangendo questões que permitiram aobtenção de informações gerais sobre a escola e a popula-ção por ela atendida. Após, realizamos análise documentalde projetos pedagógicos das escolas e documentos produ-zidos pela Secretaria Municipal de Educação.

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RESULTADOS E DISCUSSÕESApós a coleta, análise e estudo dos dados, foi

constatado que todas as escolas privadas pesquisadas pos-suem um Projeto Pedagógico, que é uma exigência da se-cretaria Municipal de Educação para essas escolas, formu-lado com a participação da direção das escolas, coordena-dores pedagógicos, professores, funcionários, além do au-xilio da supervisão da Secretaria da Educação. Nessesprojetos pode-se perceber a intenção explicita em seguir ocaminho para uma educação de qualidade. Para a produ-ção de seus Projetos Pedagógicos, essas escolas tomampor base o Referencial Curricular Nacional para a Educa-ção Infantil, do MEC e as Diretrizes Curriculares Nacio-nais para a Educação Infantil, do CNE. Curiosamente, pororientarem-se pelas mesmas fontes, é comum encontraraté frases idênticas em diferentes Projetos! Apesar de se-rem documentos muito bem redigidos e elaborados, nemsempre as projeções neles contidas se materializam naprática escolar. Isso ocorre por ser comum o planejamentode ações que demandam condições para sua realizaçãodistantes das condições efetivas disponíveis nas escolas,tanto em termos de recursos humanos como materiais.

Já nas escolas municipais o que se pode constatar,de modo geral é que há falta de conhecimento em relaçãoao que é, para que serve, o que contém e como se (re)for-mula um Projeto Pedagógico. As EMEIs não possuem umProjeto Pedagógico e sim um Plano de Ação que cumpremais uma exigência formal constante do Regimento Co-mum das EMEIs do que o de ser um eixo orientador dostrabalhos da EMEI. Foram encontrados Planos de Açãoultrapassados em suas bases teóricas e propostas de ação,evidenciando que foram repetidos de um ano para outro,mudando-se, às vezes, apenas o quadro de funcionários ede alunado.

Um outro aspecto que foi possível constatar, tantono setor público como no privado, é uma visível confusãoem relação à linha metodológica adotada pelas escolas:quando perguntados sobre essa questão, a maioria dos di-retores dizem que em suas escolas é adotada uma linhametodológica "eclética", argumentando que baseiam-seno construtivismo, com um pouco de Freinet e um poucode Tradicional. Isso evidencia o despreparo contido nessasdeclarações uma vez que essas abordagens são conceitual-mente divergentes, tornando-se impossível juntá-las comotratamento metodológico.

CONCLUSÃOEssa pesquisa permitiu constatar que, embora as

instituições de educação infantil do município reconhe-çam a necessidade da existência de Projetos Políticos quede fato orientem as ações educativas, ainda há muita difi-culdade em saber o que é, o que contem e para que serveesse Projeto. Parece que idéia corrente é que um projetodireciona-se para o futuro e não para o aqui e agora davida das crianças e de sua educação. Parece que há tam-bém dificuldade por parte das escolas em reconhecer aeducação infantil como parte do sistema educacional, noque se refere à possibilidade de sua participação na cons-trução de práticas democráticas no âmbito social.

Nas escolas pesquisadas foi possível verificar que,embora haja concordância em relação às orientações con-

tidas nas Diretrizes sobre projetos pedagógicos, a materia-lização dessas orientações na prática escolar esbarra emdeterminados conflitos na hora de serem postos em práti-ca, conflitos estes que dizem respeito, por exemplo, àscondições de formação e de trabalho de grande parte dosprofissionais que atuam na educação infantil, associado àtendência que vem se observando de descompromisso dospoderes públicos com esse nível de ensino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL, Lei nº 9394, de 20.12.1996, Estabelece asDiretrizes e Bases da Educação Nacional. DiárioOficial da União, Ano CXXXIV, nº 248, 23.12.96, p.27.833-27.841.

BRASIL/MEC/SEF. Política de Educação Infantil – pro-posta. Brasília: MEC, 1993.

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BRASIL/MEC/INEP. Sinopse estatística. Brasília: MEC/INEP, 1997.

BRASIL/MEC/SEF. Referencial curricular nacional paraa Educação Infantil. MEC/SEF, 1998. 3v

CUNHA, Maria Isabel da. O Bom Professor e sua prá-tica. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 1995.

FERREIRA, N. S. C. (org.) Gestão Democrática da edu-cação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo:Cortez, 1998

MAZZILLI, Sueli. A pedagogia além do discurso. 3a ed.Piracicaba, SP: Ed. UNIMEP, 1995.

MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino: as abordagens doprocesso. São Paulo: EPU, 1986. *

PARO, V. H. Gestão Democrática da Escola Pública.São Paulo: Ática, 1997.

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RIOS, Terezinha A. Compreender e Ensinar: por umadocência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez,2001.

SAVIANI, Nereide. Saber Escolar, Currículo e Didática:problemas da unidade conteúdo/método no processopedagógico. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associa-dos, 1998.

VEIGA, Ilma.P. (org.) Projeto político-pedagógico daescola: uma construção possível 3 ed. Campinas,SP: Papirus, 1997.

VEIGA, Ilma P. e RESENDE, Lúcia M. G.. (org.)Escola: espaço do projeto político-pedagógico.Campinas, SP: Papirus, 1998.

298 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.122

AS ORIGENS, OS ANTECEDENTES E OS RESULTADOS DO MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL)

MARISA LAZANI DAINESE (B) – Curso de DireitoREGINA CÉLIA FARIA SIMÕES (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

CRISTIANO MORINI (O) – Faculdade de Gestão e NegóciosFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O presente estudo teve como principal objetivo analisar o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), identifi-cando suas origens, antecedentes e resultados. Verificou-se que o MERCOSUL faz parte de um processo de integraçãoeconômica, criado a partir da assinatura do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991. Ainda pode-se constatarque a Zona de Livre Comércio é uma realidade e, a União Aduaneira que nasceu com a entrada em vigor da TarifaExterna Comum (TEC) em 1º de janeiro de 1995, continuará a ser aperfeiçoada ao longo dos próximos anos. Conclui-se que, após dez anos de existência, o MERCOSUL defronta-se com os desafios concretos de uma etapa de consolida-ção da União Aduaneira em direção ao Mercado Comum.

INTRODUÇÃOUma das características da era contemporânea é o

agrupamento de países em blocos econômicos, no contex-to da estratégia das grandes potências e das empresas mul-tinacionais de darem início a um novo ciclo expansionistainternacional. (BARBOSA & CESAR, 1994).

A constituição de blocos econômicos atende, tam-bém, à estratégia de países periféricos que buscam atraircapitais externos dos quais carecem para promover o cres-cimento de suas economias debilitadas há décadas, comoé o caso do Brasil e da Argentina, com o MERCOSUL.Neste sentido, o MERCOSUL é considerado um processode integração econômica (AMORIM; 1991), denominan-do Mercado Comum, cuja fase atual é a União AduaneiraImperfeita por ainda haver lista de exceções às isençõestarifárias de importação.

A aproximação Brasil – Argentina está na origemda formação do MERCOSUL.. A integração Brasil – Ar-gentina, foi impulsionada por três fatos principais: a) a su-peração das divergências geopolíticas bilaterais; b) o re-torno à plenitude do regime democrático; c) a crise do sis-tema econômico internacional. Um dos primeiros passospara o que depois se transformaria no MERCOSUL foi aassinatura da “Declaração de Iguaçu”, firmada em 30/11/1985, pelos presidentes Sarney e Alfonsín. A declaraçãotinha por objetivo retomar os níveis e comércio bilateralobservados na década anterior, o qual crescia a uma taxageométrica de 19% ao ano (PRESSER, 1993). Buscava,ainda, acelerar a integração dos dois países em diversasáreas (técnica, econômica, financeira, comercial, etc.) eestabelecia as bases para a cooperação no campo do usopacífico da energia nuclear.

Em 20 de julho de 1986, foi assinada a “Ata de In-tegração Brasileiro-Argentina”, que estabeleceu os princípi-os fundamentais do “Programa de Integração e CooperaçãoEconômica” (PICE). O objetivo do PICE foi o de propiciara formação de um espaço econômico comum por meio daabertura seletiva dos mercados brasileiro e argentino e esti-mular a complementação econômica de setores específicosdas economias dos dois países (BAUMAN & LERDA,1987). O processo de integração evoluiu, em 1988, com aassinatura do “Tratado de Integração, Cooperação e Desen-volvimento”, cujo objetivo era constituir, no prazo máximode dez anos, um espaço econômico comum por meio da li-beralização integral do comércio recíproco.

O Tratado previa a eliminação de todos os obstá-culos tarifários e não-tarifários ao comércio de bens e ser-viços. Em 06 de julho de 1990, Brasil e Argentina firmama “Ata de Buenos Aires”, mediante a qual fixam a data de31/12/1994 para a conformação definitiva de um MercadoComum entre os dois países. Em agosto de 1990, Para-guai e Uruguai são convidados a incorporar-se ao proces-so integracionista, tendo em vista a densidade dos laçoseconômicos e políticos que os unem ao Brasil e Argentina.Como conseqüência, é assinado, em 26 de março de 1991,o “Tratado de Assunção para Constituição do MercadoComum do Sul (MERCOSUL)”.

O Tratado de Assunção, ato fundacional do MER-COSUL, constitui, juntamente com o Protocolo de Brasí-lia, de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto, de 1994, os prin-cipais instrumentos jurídicos do processo de integração.

O Tratado de Assunção constitui, na realidade, umAcordo-Quadro, na medida em que não se esgota em simesmo, mas é continuamente complementado por instru-mentos adicionais, negociados pelos quatro Estados Partes,em função do avanço da integração. O Tratado estabelece,fundamentalmente, as condições para se alcançar, até 31/12/1994, a Zona de Livre Comércio entre os quatro países, eta-pa anterior ao Mercado Comum. Nesse sentido, determina,entre outros objetivos: a) o estabelecimento de um programade liberalização comercial, que consiste de reduções tarifári-as progressivas, lineares e automáticas acompanhadas da eli-minação das barreiras não tarifárias; b) a coordenação de po-líticas macro-econômicas; c) o estabelecimento de listas deexceções ao programa de liberalização para produtos consi-derados “sensíveis”; d) a constituição de um regime geral deorigem e de um sistema de solução de controvérsias

O Protocolo de Brasília, assinado em 17/12/1991,estabelece o sistema de solução de controvérsias do MER-COSUL. O Cronograma de Las Leñas, assinado em junhode 1992, aborda os interesses comerciais tão necessáriospara que o Tratado de Assunção se complete e o MercadoComum se torne realidade. Prevê não apenas a criação deuma Zona de Livre Comércio, mas uma União Aduaneira(ALMEIDA, 1998).

Foi com a assinatura do Protocolo de Ouro Preto,em dezembro de 1994, que o MERCOSUL passa a contarcom uma estrutura institucional definitiva para a negocia-ção do aprofundamento da integração. Além disso, o Pro-tocolo de Ouro Preto estabelece a personalidade jurídica

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do MERCOSUL, que, a partir de então, poderá negociarcomo bloco, acordos internacionais. A partir de 1º de ja-neiro de 1995 termina o período de transição, iniciando anova fase de consolidação da União Aduaneira Imperfeita,que se estenderá até 31 de dezembro de 2005.

MATERIAIS E MÉTODOSOs procedimentos metodológicos utilizados para

a realização deste estudo consistiram na documentação in-direta, abrangendo a pesquisa documental e a bibliográfi-ca, discutindo questões referentes ao processo de integra-ção econômica. Primeiramente, foi feita a leitura referenteà parte legal sobre a constituição do MERCOSUL, quaissejam os Tratados, Protocolos e Acordos, permitindo as-sim identificar questões e idéias presentes na evolução doMERCOSUL.. Foi realizado um amplo levantamento bi-bliográfico nas Universidades: UNICAMP, USP, UNESP,UNIMEP, ESALQ, UnB e UFSM. Em seguida, foi elabo-rada a revisão bibliográfica e fichamento dos textos seleci-onados, sistematização das leituras e seleção dos funda-mentos teóricos elaboração dos relatórios de atividades,.seguidos de seminários internos da equipe de pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA pesquisa realizada mostrou que, o MERCO-

SUL deu largos passos em direção à meta de constituiçãodo Mercado Comum do Sul. A Zona de Livre Comércio,etapa precedente àquela, já é uma realidade. A UniãoAduaneira nascida com a entrada da Tarifa Externa Co-mum (TEC) a 1º de janeiro de 1995 continuará a ser aper-feiçoada ao longo dos próximos anos.

No artigo do Presidente Itamar Franco, preparadopara publicação no Diário El Nacional de Caracas, em junhode 1993, dizia: “... O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uru-guai deverão efetivamente constituir, até o final de 1994,uma Zona de Livre Comércio... e uma União Aduaneira.... Aformação de Mercado Comum entre nossos quatro países étarefa altamente complexa e deverá constituir uma evoluçãoao longo do tempo.... O MERCOSUL é um processo nego-ciador que não se esgotará em 1º de janeiro de 1995”.

Para evidenciar os avanços do MERCOSUL, astabelas 1 e 2 apresentam alguns dados sobre a evolução docomércio intra-MERCOSUL no período de 1996–2000.O comércio interno no MERCOSUL foi multiplicadomuitas vezes desde a criação da União Aduaneira, atéatingir seu nível máximo em 1998. Em 1999 veio a crise,mas houve recuperação no ano passado, sem ainda recu-perar o volume de 1998.

Constatou-se, ainda, que o segundo maior com-prador dos produtos brasileiros é a Argentina (11%), e queo principal item da pauta exportadora brasileira, em ter-mos de valor total exportado, é constituído de veículos,automóveis e tratores, produtos constitutivos do setor au-tomotivo (8,1% do total). O setor absorve, ainda 30% docomércio no MERCOSUL.

Tabela 1. Brasil: Intercâmbio Comercial – Exportação (US$ milhões – FOB)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –SECEX, 2001.

Tabela 2. Brasil: Intercâmbio Comercial – Importação (US$ milhões – FOB).

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –SECEX, 2001.

CONCLUSÕESO MERCOSUL deixou de ser uma variável de po-

lítica externa para se tornar, simultaneamente, uma variávelde política econômica, na medida em que se configurounum instrumento indispensável da inserção competitiva daseconomias dos países membros no mercado internacional(SEITENFUS, 1994). Em bloco, os países têm mais força eassim o esforço da integração se torna positivo.

Desde sua criação, o MERCOSUL vem consoli-dando seu funcionamento e atingindo resultados expressi-vos, contribuindo para a criação de um clima receptivo deexpansão do comércio. O projeto do MERCOSUL se de-senvolve, portanto, numa situação de crescente participa-ção de seus países nos fluxos comerciais mundiais. Assim,foram identificadas as seguintes vantagens de participarde um processo de integração como o MERCOSUL: di-namização econômica, consolidação do processo de libe-ralização comercial, atração de investimentos e o fortale-cimento das instituições democráticas.

Porém, cabe destacar que a conjuntura brasileira du-rante a maior parte do “período de transição” era difícil. Até1993, não havia um documento formal do MERCOSUL ex-plicitando o entendimento de que o Mercado Comum erauma meta a ser alcançada “ao longo do tempo”. No ano de1994, o MERCOSUL ainda era uma incógnita pois haviamuitas dúvidas sobre as metas a serem efetivamente busca-das. A União Aduaneira implantada em 1º de janeiro de1995 passou sua “prova de fogo” dos dois primeiro anos.Pode-se afirmar que as “crises” (desde a automobilística atéa dos têxteis ou a dos alimentos) não passaram de “bolhasalarmistas”. A ALCA colocou no centro da agenda sub-regi-onal o debate sobre a aceleração do aprofundamento doMERCOSUL. A pior crise do MERCOSUL foi em 1999,com a desvalorização do Real, onde o bloco sobreviveu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, P. R. de. Mercosul: Fundamentos e Perspec-tivas. São Paulo: LTr, 1998.

AMORIM, C. L. N. O Mercado Comum do Sul e o Con-texto Hemisférico. Boletim de Diplomacia Econô-mica, Ministério das Relações Exteriores, número 7,p. 13- 18, abril/maio, 1991.

BARBOSA, R. & CÉSAR, L. Integração Subregional eHemisférica: o Esforço Brasileiro. In:Temas de Polí-tica Externa II, COL i, Paz e Terra, São Paulo, 1994.

BAUMAN, R. &. LERDA, J.C. Brasil – Argentina –Uruguai. A Integração em Debate. São Paulo: Edi-tora Marco Zero, 1987.

PRESSER, M. F. Abertura Externa e Integração Regional– O Caso do MERCOSUL. Estudos Especiais.CECON, número 2, janeiro de 1993, Campinas.

SEITENFUS, R. S. Para uma Nova Política Externa Bra-sileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1994.

ANOS ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI MERCOSUL/TOTAL TOTAIS GERAIS1996 5170 1324 811 7305 47.7471997 6770 1407 870 9047 52.9941998 6748 1249 881 8878 51.1401999 5364 744 670 6778 48.0112000 6233 832 668 7733 55.086

ANOS ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI MERCOSUL/TOTAL TOTAIS GERAIS1996 6805 552 944 8301 533461997 8032 517 967 9516 598381998 8034 351 1042 9427 577141999 5812 260 647 6719 492102000 6843 351 601 7795 55783

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9º CONGRESSO DE

SESSÃO 5

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISComunicações Orais

Dia 7 • Quarta-feira • 19h30 • Sala Vermelha • Taquaral

Coordenador: Marcos Cassin – UNIMEP

Debatedores: Dálcio Caron – ESALQ/USPSebastião Neto Ribeiro Guedes – UNIMEP

CO.123 O TRABALHO COMO BASE E SUSTENTO DO CONCEITO DE SUCESSO PROFISSIONALPARA OS EGRESSOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIMEP. Raquel Uhlmann Cor-der (B) – Curso de Administração de Empresas, Maria Imaculada de Lima Montebelo (O) – Faculdadede Ciência e Tecnologia da Informação, Ana Maria Carrão (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios –PIBIC/CNPq

CO.124 O SUCESSO DO PROFISSIONAL NA PERCEPÇÃO DO EGRESSO DO CURSO DE ADMINIS-TRAÇÃO DA UNIMEP. Amanda de Barros (B) – Curso de Administração de Empresas, Ana MariaRomano Carrão (O) – Faculdade de Gestão e Negócios – FAPIC/UNIMEP

CO.125 PERFIL DAS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA E CONDICIONANTESDA DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS: 1992–1999. Anderson Inoue (B) – Curso de Ciência daComputação, Angela Maria Cassavia Jorge Corrêa (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informa-ção, Francisco Constantino Crócomo (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios – PIBIC/CNPq

CO.126 DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS ENTRE AS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICUL-TURA BRASILEIRA: 1992-1999. Patricia Ribeiro de Mello (B) – Curso de Ciências Econômicas,Angela Maria Cassavia Jorge Corrêa (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação, Fran-cisco Crócomo (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios – FAPIC/UNIMEP

CO.127 POBREZA ENTRE AS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA: 1992-1999.Tatiana Fávaro De Souza (B) – Curso de Economia, Francisco Constantino Crocomo (O) – Faculdadede Gestão e Negócios, Angela Maria Cassavia Jorge Corrêa (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologiada Informação – PIBIC/CNPq

CO.128 IMPLEMENTAÇÃO E EVOLUÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL E SUA RELAÇÃOCOM A SITUAÇÃO DA DESIGUALDADE E POBREZA. Patricia Ribeiro de Mello (TG) – Cursode Ciências Econômicas, Angela Maria Cassavia Jorge Corrêa (O) – Faculdade de Ciência e Tecnolo-gia da Informação – MONOGRAFIA/UNIMEP

CO.129 EMPREGO, REORGANIZAÇÃO PRODUTIVA E REESTRUTURAÇÃO DO ENSINO E QUALI-FICAÇÃO. ANÁLISE DA REALIDADE DE PIRACICABA (SP) DÉCADAS DE 1970-1990. Lean-dro Pereira Morais (B) – Curso de Ciências Econômicas, Francisco Constantino Crocomo (O) –Faculdade de Gestão e Negócios – PIBIC/CNPq

CO.130 PIRACICABA: URBANIZAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE (1970-1990). Danieli Alves Padilha(B) – Curso de Psicologia, Eliana Tadeu Terci (O) – Faculdade de Gestão e Negócios, Maria Beatriz B.Bilac (CO) – Faculdade de Filosofia, História e Letras – PIBIC/CNPq

CO.131 DÉCADAS DE 1970 A 1990. Marília D.ias Corrêa Goldschmidt (B) – Curso de Administração deEmpresas, Maria Beatriz Bianchini Bilac (O) – Faculdade de Filosofia História e Letras, Eliana TadeuTerci (CO) – Faculdade de Gestão e Negócios – PIBIC/CNPq

CO.132 A AGRICULTURA PIRACICABANA (1970-1990). Adevalto Morais Vieira Júnior (B) – Curso dePublicidade e Propaganda, Eliana Tadeu Terci (O) – Faculdade de Gestão e Negócios, Maria BeatrizBianchini Bilac (CO) – Faculdade de Filosofia, História e Letras – FAPIC/UNIMEP

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 301

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9º CONGRESSO DE

CO.123

O TRABALHO COMO BASE E SUSTENTO DO CONCEITO DE SUCESSO PROFISSIONAL PARA OS EGRESSOS DO CURSO DE

ADMINISTRAÇÃO DA UNIMEP

RAQUEL UHLMANN CORDER (B) – Curso de Administração de EmpresasMARIA IMACULADA DE LIMA MONTEBELO (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

ANA MARIA CARRÃO (CO) – Faculdade de Gestão e NegóciosPIBIC/CNPq

RESUMO

O estudo desenvolvido teve como meta a análise e elaboração do conceito de Sucesso, como entendido pelosegressos do Curso de Administração da Unimep, contrastando-o com os conceitos de sucesso nas versões Schumpete-riana e da Política Acadêmica da Unimep, verificando desta forma em que medida a Política Acadêmica está se mate-rializando na trajetória do egresso do Curso.

Através de pesquisas já elaboradas pelo Conselho Federal de Administração (e outras Instituições) que tiveramcomo objetivo traçar o perfil dos Administradores profissionais, bem como as dificuldades, exigências, conceito ematerialização do que é ser um profissional bem sucedido quando se inserem no meio empresarial, foi elaborado eaplicado nesta 1a fase de estudo um questionário aos egressos das cidades de Rio Claro e Piracicaba, com o objetivo deelencarmos as variáveis envolvidas no conceito de Sucesso dos mesmos.

Ao se analisar as respostas, observamos que os ex-alunos em sua maioria, enquadram o conceito de Sucesso àrealização pessoal, profissional e financeira trazida pelo trabalho e função que exercem. O que por sua vez está direta-mente relacionado com o conceito descrito por Schumpeter, no qual o Sucesso se materializa a partir do momento emque o profissional consegue através de esforço, criatividade e iniciativa transformar suas idéias em bens demandadospela sociedade, adquirindo assim retorno pessoal(satisfação) e financeiro(lucro).

INTRODUÇÃOO mercado de trabalho tem passado por várias mu-

danças acompanhadas pela exigência e procura por profissi-onais que saibam lidar com as incertezas e mudanças rápidasacarretadas pelo desenvolvimento. As habilidades individu-ais básicas exigidas, tais como a interpretação e utilização deinformações recebidas, trabalhar em equipe na resolução deproblemas, comunicar-se eficientemente e pensar de modocriativo estão cada vez mais presentes no momento da con-tratação de novos funcionários (RAE, 1995).

Este desenvolvimento social que permeia o con-texto em que estamos vivendo, modifica as atitudes, pen-samentos, exigências, desejos e prioridades da sociedade acada evolução, inovação e novas descobertas, transfor-mando de uma vez por todas o ciclo de vida e os conceitosque cada indivíduo possui (SCHUMPETER, 1961).

As modificações que acontecem constantementeem nosso meio, devido à Globalização, estão fazendo comque o Sucesso profissional esteja ligado à satisfação emdesempenhar o trabalho e função que se gosta, obtendocom o trabalho os meios para sua sobrevivência e realiza-ção pessoal (CAVEDON, 1999).

Portanto, o Sucesso profissional dependerá (entreoutros meios), de como o indivíduo se insere no mercadode trabalho através do Curso realizado, das experiências econhecimentos adquiridos e da função exercida, dados es-ses demonstrados e comprovados por pesquisas do CFA epela pesquisa de campo aplicada neste trabalho.

OBJETIVOSNeste estudo buscamos como objetivo responder

às seguintes indagações: (1) – Em que medida a políticaacadêmica da UNIMEP está sendo materializada atravésda trajetória do Egresso do Curso de Administração da

UNIMEP; (2) -Quais divergências e sintonias se verificamentre o conceito de Sucesso nas versões Schumpteriana,da Política Acadêmica da UNIMEP e na percepção doprofissional formado pelo Curso de Administração destaInstituição.”

METODOLOGIAO projeto é composto por duas fases. Na 1a Fase

(apresentada neste artigo) após a leitura e análise de pes-quisas anteriormente realizadas pelo CFA, UniversidadeFederal de Minas Gerais, posição de Administradoresfrente ao cenário empresarial atual, entre outras, foramelaborados e aplicados questionários a uma Amostra de40(quarenta) Egressos, população esta obtida por umaAmostra Probabilística por Conveniência.

Após a aplicação desses questionários foram ana-lisadas e comparadas as variáveis obtidas com as versõesde Sucesso para Schumpeter e para a Política Acadêmicada UNIMEP, obtendo os primeiros conceitos de Sucessopara os Egressos do Curso de Administração da Unimep.

Esta pesquisa de campo teve como principal fina-lidade demonstrar as principais variáveis com relação aoconceito de “Trabalho” e de “Sucesso” dos egressos doCurso de Administração a Unimep, fornecendo base paraa elaboração do questionário final da pesquisa a ser aplica-do na 2a Fase. Nesta, será realizada uma Pesquisa Descri-tiva onde delimitaremos a Amostra de Egressos a ser pes-quisada; elaboraremos o questionário final (com base nosresultados obtidos na 1a Fase da pesquisa) para enfim tra-çarmos e compararmos o conceito de Sucesso dos ex-alu-nos do Curso de Administração que colaram grau entre osanos de 1989 e 1999, com o de Schumpeter e da PolíticaAcadêmica da Unimep.

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DESENVOLVIMENTOO mundo está passando por várias mudanças

acarretadas pela Globalização, como por exemplo, “mer-cado financeiro e investimentos globais, operações efetua-das on line; tecnologia e estilo de vida também global, en-tre outras características” (RAE, 1995), tornando-se cadavez mais importante a integração Universidade-Empresa,para que juntas possam ajudar o aluno a “aprender aaprender”. Sendo que isto fará com que o aluno desenvol-va a sua capacidade de resolver os problemas que surgemde forma criativa, desenvolvendo a sua motivação, inicia-tiva e adaptação às mudanças.

Schumpeter foi o primeiro a relacionar o empre-endedor à Inovação “A essência do empreendedorismoestá na percepção e no aproveitamento de novas oportu-nidades no âmbito dos negócios (...) sempre tem a vercomo criar uma nova forma de uso dos recursos nacio-nais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradi-cional e sujeitos a novas combinações” (FILION, 1999).

Logo, para se alcançar o Sucesso, o profissionaldeve estar engajado em uma atividade que goste, que seauto-motive e que principalmente tenha sempre a criativi-dade para a inovação, ou seja, esteja sempre atento às mu-danças de demanda e de necessidades do consumidor cri-ando novas combinações e surpreendendo o mercado combens/serviços novos e inovadores.

RESULTADOS E DISCUSSÕESCom base nas leituras realizadas, nos questionári-

os aplicados e nas análises feitas, observamos que pormais que se passe o tempo os conceitos considerados anti-gos e ultrapassados permanecem sem que percebamos.

Schumpeter foi um autor clássico que desenvolveuo primeiro conceito de Sucesso relacionado ao empreende-dorismo, influenciando por várias gerações muitos outrosautores. Os egressos mesmo sem saberem, utilizaram emsuas definições sobre o que é ser um profissional bem suce-dido palavras que relacionam as versões schumpteriana (li-gadas ao ser empreendedor) e da Política Acadêmica daUnimep (ligadas ao profissional que cumpre metas e mate-rializa objetos empresariais, sempre tendo em vista as pes-soas enquadradas no contexto organizacional).

CONCLUSÃODe acordo com as avaliações feitas sobre o questi-

onário aplicado na 1a Fase da pesquisa e pelos resultadosacima descritos, pudemos perceber que os primeiros con-ceitos de Sucesso mencionados estão diretamente relacio-nados com a satisfação profissional, pessoal e financeira; ecom a busca de novos conhecimentos e aplicação dos quejá possuem no próprio negócio; conceitos estes que mes-clam as definições do profissional bem sucedido deSchumpeter que é o “Empreendedor” e as do Profissionalque deve ser formado pela Unimep (descritas no ProjetoPedagógico do Curso de Administração de Empresas.)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNDT, Alexander; MATHILDE, Anna. Atributos doAdministrador recém-formado: um estudo de caso..Revista de Adminstração (RAE), v. 30, n. 3, p, 91-97,jul-set 1995.

BRASIL. Conselho Federal de Administração (CFA). Perfil,Formação e Oportunidades de trabalho para o Admi-nistrador Profissional. Brasília: CFA, 1999. 144 p.

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FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo: Empreen-dedores e proprietários Gerentes de Pequenos Negó-cios. Revista de Administração(RAE). v. 34, n.2, abr-jun 1999, p. 05-28.

FRANCIATO, Claudir, et al. O que eles pensam sobre aformação dos Administradores no País. RAE Light,p. 41-52, mar-abr 1995.

SCHUMPETER, Joseph A. O fenômeno fundamental dodesenvolvimento econômico. In: ---- A teoria dodesenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Fundode Cultura, 1961. p. 81-127.

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9º CONGRESSO DE

CO.124

O SUCESSO DO PROFISSIONAL NA PERCEPÇÃO DO EGRESSO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIMEP

AMANDA DE BARROS (B) – Curso de Administração de EmpresasANA MARIA ROMANO CARRÃO (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

FAPIC/UNIMEP

RESUMO

O objetivo do estudo é contribuir para a compreensão de como o Curso de Administração de Empresas da Uni-mep é visto por seus egressos, através da identificação de variações de conceitos de sucesso, tomando-se como refe-rência um conceito de sucesso considerado clássico. A pesquisa trabalha com variáveis coletadas no decorrer doestudo, possibilitando conhecer: as expectativas do mercado; a satisfação dos egressos com relação ao curso; e a reali-zação do plano de carreira de cada indivíduo. Os resultados do estudo contribuirão para o processo de inovação curri-cular no curso. O estudo, que completa a sua primeira fase, seguirá por mais um ano, quando será testado o conceitode sucesso construído a partir das variáveis levantadas na fase que agora se completa. A próxima fase buscará coletarinformações que permitirão visualizar a sintonia entre o curso oferecido pela universidade e as exigências do mercadode trabalho. O desenvolvimento do trabalho e a analise aqui apresentados são, portanto, parciais. O estudo toma comoreferência o conceito de sucesso de SCHUMPETER (1961), a ser confrontado com os valores propostos pela PolíticaAcadêmica da Unimep e com aqueles apresentados pelos egressos nesta primeira fase do estudo.

INTRODUÇÃOO curso de Administração de Empresas é o objeto

de análise do presente estudo. O trabalho enfoca os egressosdo Curso de Administração da Unimep, buscando estabele-cer relações entre o curso com o meio empresarial no qualse inserem os profissionais por ele formados. Por essa razãotorna-se importante conhecer as dificuldades encontradaspelos egressos em sua trajetória profissional. O estudo pre-tende transformar-se em projeto permanente, pois há o inte-resse em manter o contato: egresso-universidade.

O conceito de sucesso tomado como referência nopresente estudo está baseado na análise desenvolvida porSCHUMPETER (1961) sobre o empreendedor, pelo fatode associar o seu desempenho a atividades econômicas eempresariais. Para o autor, o empreendedor pode ser o pro-prietário da empresa ou um profissional que nela trabalhe.Destaca-se por sua capacidade de inovar e assumir riscos.Essas mesmas características têm sido apontadas, de umaforma geral, pela literatura como traços necessários aos em-presários e administradores de sucesso.

MATERIAL E MÉTODOSTrata-se de estudo de caso desenvolvido em dois

anos, desmembrado em duas fases com duração de 12 me-ses cada, caracterizando-se como pesquisa qualitativa, deconcepção e tendências do campo da Administração. Naprimeira fase, que ora se encerra, o estudo dedicou-se àidentificação do perfil dos egressos, procurando captar oconceito de profissional bem sucedido, a partir da percep-ção de sucesso dos egressos da amostra. Para atingir os ob-jetivos propostos no estudo, algumas etapas foram cumpri-das, compreendendo: (a) Pesquisa bibliográfica, que com-preendeu estudo de caráter exploratório, através do qual foipossível identificar as variáveis de referência; (b) estudo ex-ploratório, que consistiu em pesquisa de campo; (c) análisequalitativa dos dados coletados, que consistiu na identifica-ção do perfil da amostra e das variáveis que conduzem àconstrução do conceito de sucesso. Questionários foramelaborados para orientar entrevistas semi-estruturadas demaneira a obter informações que permitissem a identifica-

ção das variáveis que conduzissem à construção de um con-ceito de sucesso a partir dos valores expressos pelo egressodo Curso de Administração da Unimep. Os dados levanta-dos através dos questionários permitem ainda esboçar a tra-jetória profissional do egresso.

O estudo trabalhou com uma amostra compostapor 10 egressos formados entre 1989 e 1999, que repre-senta 35,7% de um universo de 28 egressos cadastradosno banco de dados do Centro de Estudos e Pesquisa emAdministração (CEPA/Unimep).

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs dados coletados através dos questionários per-

mitiram identificar algumas variáveis associadas ao con-ceito de profissional bem sucedido, manifestadas emquestões abertas. A Tabela 1 reúne algumas das manifes-tações mais freqüentes:

Tabela 1. Associações ao conceito de profissional bem sucedido.

Abertura a mudanças, iniciativa, conhecimento,visão crítica da realidade, valores morais e éticos, tambémforam apontados pelos entrevistados como elementos dosucesso profissional. A análise das variáveis identificadasrevelou relação entre os atributos estabelecidos porSCHUMPETER (1961), a referência clássica para os es-tudos que visam analisar o espírito do empreendedor, paraquem o empreendedor é: competente, criativo, inovador,ousado, além de visar retorno financeiro.

É importante salientar que parte significativa dosentrevistados (70%) associou o sucesso profissional à pos-sibilidade de “fazer o que gosta”. Vinculadas à dinâmica

FREQÜÊNCIATrabalha no que gosta, amar o que faz 7Salário de acordo com o potencial 4Ser capaz de aprender continuamente 3Ser flexível, ser honesto 3Ser responsável, ser competente 3Ter cargo destacado 3Respeitar e aprender com o outro 2Ter metas e objetivos claros e lutar 2

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do processo de globalização, destaca-se a idéia de que oprofissional bem sucedido está sempre disposto a buscapermanente de informações e procura ser flexível, man-tendo-se fiel a seus objetivos. Foram também destacadoscomo elementos importantes para o sucesso profissionalocupar cargo elevado na hierarquia empresarial e ser re-munerado de acordo com as responsabilidades assumidas.

O dados coletados permitiram também levantarindicadores de como os egressos da amostra vêem o traba-lho como atividade humana, como mostra a Tabela 2:

Tabela 2. A visão de trabalho pelos egressos do Curso de Administração daUnimep.

Os entrevistados apontaram como aspectos im-portantes do trabalho o relacionamento com pessoas, a re-alização pessoal e a possibilidade de assumir novas res-ponsabilidades

Dentre os resultados acima registrados, há que sedestacar a associação do trabalho como uma atividade fun-damental à vida das pessoas e como fonte de realização,conseguida através da aplicação do conhecimento, dandosentido a existência do homem. Nesse sentido, SCHUM-PETER (1961) esclarece que a realização pessoal é maiorquando se obtém retorno financeiro com o trabalho.

CONCLUSÕESCom base nos resultados desta primeira etapa da

pesquisa, pode-se constatar que os egressos da amostra têmum conceito de sucesso já definido e que o egresso vê a uni-versidade como uma primeira etapa em sua formação profis-sional, pois as regras modificam-se fora dela. Sendo assim, oaprendizado continua no transcorrer da vida profissional.

O estudo permitiu identificar que para o egressodo Curso de Administração da Unimep o sucesso profissi-onal está associado à satisfação pessoal em dedicar-se auma atividade que associe realização pessoal e cumpri-mento de seu papel social. As variáveis identificadas nestafase, reunidas nas Tabelas 1 e 2, comporão o conceito desucesso a ser testado na segunda fase do estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISA EM ADMI-NISTRAÇÃO (CEPA). Estudo sobre estágio extra-curricular no Curso de Administração da Unimep.Relatório de Pesquisa. Piracicaba: Unimep, 1998.

CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO(CFA). Perfil do Administrador e mercado de traba-lho. Pesquisa Nacional. Brasília: CFA, 1995. 67 p.

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FRANCO, Simon. O canudo não é tudo. Revista Exame.p. 144, ago 2000.

FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo: empreen-dedores e proprietários gerentes de pequenos negó-cios. Revista de Administração. v. 34., n.2, abr-jun1999, p.05-28.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO(MEC). Diretrizes curriculares para os cursos deGraduação em Administração. Seminário Nacional.Brasília: MEC/SESU/ DEPES/CEEAD, 1999.

SCHUMPETER, Joseph A. O Fenômeno fundamentaldo desenvolvimento econômico. In: Teoria dodesenvolvimento econômico. Fundo de Cultura: Riode Janeiro, 1985. p. 81 – 127.

STEWART, Thomas A. O trabalhador do Conhecimento. In:Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva dasempresas. 2a Ed. Campus: Rio de Janeiro. p. 35 – 47.

WALDROOP, J. e BUTLER, T. Perder o Rumo. In: SucessoMáximo. 2a Ed. Campus: Rio de Janeiro, 2001.

FREQÜÊNCIASentir-se vivo, terapia, alimento para a vida, sentido à existência 7Aplicar conhecimento 3Ser reconhecido profissionalmente 3Transforma a realidade 2Contribui com a sociedade 4

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os empregadores, a maioria é proprietário, no país e emtodas as regiões. Em 1999, esse percentual varia de cercade 80% no Nordeste a 88% no Sudeste. Entre os ocupadospor conta-própria, o percentual de proprietários é bem me-nor e varia de aproximadamente 52% no Nordeste a 78%no Sul, o que é um indicador das diferenças da pequenaagricultura, de natureza familiar, entre as regiões Sul eNordeste. Destaca-se que o percentual de proprietários,entre os conta-própria, de 1992 a 1999, só se reduz noNordeste (-5,4%), enquanto no mesmo período, crescenas demais regiões do país. Simultaneamente, há aumentopercentual entre os conta–própria parceiros no Nordeste(24,8%), e redução dessa condição nas demais regiões.

No Nordeste a distribuição de escolaridade é beminferior a das demais regiões do país, apesar de ter ocorridoalgumas melhoras nos indicadores de 1992 a 1999. Nessaregião, em 1999, cerca de 83% das pessoas ocupadas naagricultura tem no máximo primário incompleto, enquantoque no Sul esse percentual é de aproximadamente 37%.

A decomposição da desigualdade, seja pelo Theil Tou L, em 1992 e em 1999, indica que Posição na Ocupaçãoé o fator explicativo mais importante para a desigualdade derendimentos entre as pessoas ocupadas na agricultura brasi-leira, seguida de Educação. O que confirma que a distribui-ção prévia de capital e riqueza, representada por Posição naOcupação, continua a ter forte contribuição nesse processo,e que há necessidade de se investir na melhoria educacionaldas pessoas ocupadas na agricultura. As diferenças regio-nais do desenvolvimento, bem como as distintas caracterís-ticas agrícolas das regiões do país, têm também elevadacontribuição para a explicação da desigualdade de rendi-mentos, sendo um aspecto que se acentua no decorrer doperíodo 1992-1999. A Tabela 1 mostra esses resultados.

A discriminação, captada por raça, tem contribui-ção maior para a desigualdade do que a associada a sexo,entre as pessoas da amostra em estudo. Também as diferen-ças de treinamento e experiência, associadas à idade, têmmenor peso na explicação da desigualdade de rendimentos.

Tabela 1. Contribuição Bruta para a desigualdade total (Theil T e Theil L),das variáveis: Região, Posição na Ocupação, Educação, Sexo, Idade e Raça.Pessoas ocupadas na agricultura (amostra) Brasil em 1992 e 1999.

CONCLUSÃONo período 1992-1999 aumentou o percentual de

pessoas ocupadas por conta-própria na agricultura brasileira,decorrentes do crescimento desse índice na região Nordeste,pois nas demais regiões, registra-se movimento inverso, ex-ceto pelo Centro-Oeste, em que ocorre certa estabilidade.Houve melhoras no nível de escolaridade em todas asregiões do país, mas o desequilíbrio entre estas se mantém,com o Nordeste em situação bem pior que as demais. Asquestões ligadas à posse de terra, capital e riqueza (represen-

tadas por Posição na Ocupação), são os fatores explicativosmais importantes para a desigualdade de rendimentos entreas pessoas ocupadas na agricultura brasileira. Também a ex-periência e treinamento (associada à Educação) têm contri-buição importante para essa explicação, assim como as dife-renças regionais de desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCORRÊA, A. M. C. J. Distribuição de rendimentos e

pobreza na agricultura brasileira: 1981-1990. Pira-cicaba, 1995. 353p. Tese (Doutorado) – EscolaSuperior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Univer-sidade de São Paulo.

CORRÊA, A. M. C. J. Distribuição de renda e pobrezana agricultura brasileira (1981-1990). Piracicaba:UNIMEP, 1998.

HOFFMANN, R. Desigualdade e pobreza no Brasil noperíodo 1979-96 e a influência da inflação e dosalário mínimo. Relatório de Pesquisa. Departa-mento de Economia e Sociologia Rural, ESALQ/USP, 1998, digitado (inédito).

HOFFMANN, R. Distribuição de renda: medidas dedesigualdade e pobreza. São Paulo: EDUSP, 1998.

RIOS JR, W. D. G. Perfil das pessoas ocupadas na agri-cultura brasileira: 1992-1998. Relatório de Pesquisade Iniciação Científica. Universidade Metodista dePiracicaba, 2000, digitado (inédito).

VARIÁVEISCONTRIBUIÇÃO BRUTA EM (%)

THEIL T THEIL L1992 1999 99/92 1992 1999 99/92

Região 9,67 13,54 40,01 14,41 18,15 25,96Posição Ocup. 29,13 29,23 0,36 28,31 25,20 -10,97Educação 21,70 25,69 18,41 23,45 24,40 4,03Sexo 2,59 2,15 -16,98 4,52 3,43 -24,22Idade 5,19 3,69 -28,84 8,21 5,44 -33,68Raça 9,08 11,85 30,46 12,90 15,12 17,24

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9º CONGRESSO DE

CO.126

DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS ENTRE AS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA: 1992-1999

PATRICIA RIBEIRO DE MELLO (B) – Curso de Ciências EconômicasANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

FRANCISCO CRÓCOMO (CO) – Faculdade de Gestão e NegóciosFAPIC/UNIMEP

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo apresentar a evolução da desigualdade de rendimentos entre as pessoasocupadas na agricultura brasileira, no período 1992-1999, e os condicionantes da desigualdade das regiões Sudeste,Centro-Oeste e no Estado de São Paulo. Tem por base de dados, informações das Pesquisas Nacionais por Amostra deDomicílios (PNAD). No Brasil e em todas as regiões em estudo, registra-se de 1992 a 1996, um crescimento do rendi-mento médio, e uma queda de 1997 a 1999, exceto na região Sul, em que o rendimento em 1999 é maior que em 1997.Quanto à desigualdade, os dados apontam queda em todos os índices no Brasil e regiões, de 1992 a 1999. Mesmo comessa queda, todos os índices ainda se mostram em níveis muitos elevados. Observa-se também que as variáveis quemais contribuem para a desigualdade no setor agrícola são posição na ocupação (proxy de capital e riqueza), e educa-ção (proxy de experiência e treinamento).

INTRODUÇÃOA evolução da economia brasileira é caracterizada

por um processo de concentração de renda que tem ocor-rido frente às mudanças da política econômica. Somenteno final dos anos 60 foi possível desenvolver estudos so-bre a desigualdade de rendimentos pessoais, através dedados fornecidos pelos Censos Demográficos e pelas Pes-quisas Nacionais por Amostras de Domicílios (PNAD).As análises então desenvolvidas permitiram constatar quea desigualdade de rendimentos, no Brasil, aumentou tantonos anos 60 e 70, como na década 80 (CORRÊA, 1995).Os estudos feitos por FISHLOW (1972), conforme COR-RÊA (1995), indicam que no setor agrícola brasileiroocorreu aumento da desigualdade a partir dos anos 60. Se-gundo CORRÊA (1995), constata-se que no período de1981-1990 ocorreu aumento do grau de concentração derendimentos do trabalho entre as pessoas ocupadas naagricultura, tanto no Brasil como nas diferentes regiões dopaís. A desigualdade de rendimentos no Brasil é afetadapela desigualdade entre as regiões. Segundo PARRÉ(2000), observa-se que as disparidades regionais ocorrempela capacidade que a região tem para diversificar ou in-dustrializar, sendo que cada região do país possui grandesdiferenciações nos seus indicadores socioeconômicos.Considerando as mudanças ocorridas no setor agrícolabrasileiro nos anos 90, este estudo realiza uma análise des-critiva da desigualdade de rendimentos entre as pessoasocupadas na agricultura brasileira, salientando as diferen-ças da distribuição da renda entre as regiões do país, e oscondicionantes da desigualdade nesse setor, para as regi-ões Sudeste, Centro-Oeste e para o Estado de São Paulo.

MATERIAL E MÉTODOSAs informações coletadas através das Pesquisas

Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), têm esti-mulado e subsidiado várias pesquisas sobre a distribuiçãode renda no Brasil. Para a análise da evolução e decomposi-ção da desigualdade de rendimentos no setor agrícola, en-tende-se que a unidade de análise deve ser a pessoa econo-micamente ativa no setor. Dessa forma, a variável que me-lhor define o rendimento de trabalho, dentre todas opçõesdas PNAD, segundo CORRÊA (1995), é a renda mensalindividual de todos os trabalhos (RTTR). Seguindo esta te-se, para garantir a homogeneidade do conjunto de informa-ções referentes às características do processo de formaçãode rendimentos do trabalho, foram impostas algumas limi-

tações aos indivíduos selecionados para as amostras do pre-sente estudo, como: a) pertencer à população economica-mente ativa no setor agrícola; b) ter 15 anos de idade oumais; c) trabalhar 15 horas ou mais por semana; d) ser posi-tiva a renda de todos os trabalhos. Para comparar valoresmonetários em diferentes períodos utilizou-se como defla-tor o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) doIBGE, segundo HOFFMANN (1992 e 1998).

Para a análise da desigualdade trabalhou-se com oíndice de Gini (G), e os índices de Theil, conforme HOFF-MANN (1992, 1998), que obedecem aos critérios de Pi-gou-Dalton e de Lorenz, através de programa computacio-nal específico. Além desses indicadores, calcularam-se ou-tras medidas, como a proporção da renda que é retida pelos5% mais ricos da população (5+). A análise dos condicio-nantes da desigualdade é feita através da decomposição es-tática dos índices de Theil, conforme HOFFMANN (1998).

RESULTADOS E DISCUSSÕESO valor dos rendimentos médios indica que estes

cresceram de 1992 a 1996, no Brasil e em todas as regiõesem estudo, e apresentaram queda de 1997 a 1999, exceto naregião Sul, onde o rendimento em 1999 é maior que em1997. Dentre as regiões estudadas, apenas em São Pauloocorre crescimento contínuo do rendimento médio no perío-do 1992-1999. Assim, São Paulo e Centro-Oeste apresenta-ram os maiores valores desses rendimentos em todos os anosestudados, quando comparados com o Brasil e as demais re-giões. Na região Nordeste, foram registrados os menores va-lores, inferiores ao patamar geral do país (ver Figura 1).

Figura 1. Rendimento médio: Brasil e regiões, 1992-1999.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 309

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A desigualdade da distribuição de rendimentos éconstatada pelos elevados valores dos índices de desigual-dade obtidos. É possível observar que em 1999 houve que-da em todos os índices no Brasil e em todas as regiões, rela-tivamente a 1992. Mesmo com essa queda, todos os índi-ces, ainda, apresentaram-se em níveis muito elevados. O ín-dice de Gini, em 1999, no Brasil foi de 0,528, enquanto queem 1992 foi de 0,570 e em 1995 foi de 0,559. Apenas noEstado de São Paulo há um aumento na desigualdade nosanos 90, para todos os índices de desigualdade. Neste esta-do, o índice de Gini apresenta pequena queda da desigual-dade de 1995 a 1999, por outro lado, apresenta aumento dadesigualdade de 1992 a 1999, o que indica que a desigual-dade em 1999 foi maior que 1992 e menor que em 1995. Aqueda da desigualdade a partir de 1995, no Brasil e demaisregiões, é simultânea aos efeitos do Plano Real. Em SãoPaulo, de 1992 a 1999, é possível observar que aumentou arenda média entre as pessoas ocupadas na agricultura, en-quanto reduziu-se a proporção de pobres, bem como a in-tensidade da pobreza. Entretanto, ocorreu crescimento dadesigualdade. Segundo a distribuição de escolaridade daspessoas ocupadas na agricultura desse estado constata-seque, em 1992, existiam mais trabalhadores agrícolas seminstrução ou com menos de 4 anos de estudo do que em1999. Os resultados indicam que houve melhora no nível deescolaridade das pessoas ocupadas na agricultura paulistanos anos 90. Mas, em 1999, aproximadamente 42% daspessoas ocupadas no setor agrícola desse estado têm menosde 4 anos de estudo, de tal forma que a falta de instrução nosetor agrícola pode ser um aspecto que contribui para a situ-ação de pobreza agrícola. Quanto a distribuição das pessoasrelativo à posição na ocupação, constata-se que no Estadode São Paulo o número de empregados é maior que o nú-mero de empregadores e conta-própria. A distribuição ocu-pacional agrícola em São Paulo, em 1999, é de 76,57% deempregados, 16,75% de conta-própria e apenas 6,68% deempregadores, o que revela a característica capitalista daagricultura nesse estado. Na região Centro-Oeste constata-se também aumento na renda média das pessoas ocupadasna agricultura, de 1992 a 1999. Os índices de desigualdadeindicam queda da desigualdade no período 1995/99 e de1992 a 1999, revelando que houve redução da desigualdadenos anos 90, nessa região, diferentemente de São Paulo. Aproporção de pobres indicou queda nonúmero de pobres,no período. De acordo com a distribuição de escolaridade,constata-se também melhora no nível de educação formaldas pessoas ocupadas na agricultura nos anos 90 nessa re-gião. A distribuição das pessoas ocupadas na agricultura noCentro-Oeste, conforme posição na ocupação, indica quepredomina nessa região a categoria de empregados, dada anatureza capitalista das relações de produção típica dessaárea do país, assim como no Estado de São Paulo. A regiãoSudeste apresentou crescimento da renda média, quandocomparado 1999 com 1992, e queda quando comparado 99com 95. Os índices de desigualdade indicaram aumento nadesigualdade de 92 a 95 e queda tanto de 92 a 99 como de95 a 99, diferentemente de São Paulo. A proporção de po-bres também é menor em 1999. Nessa região, os trabalha-dores também apresentaram melhora no grau de escolarida-de de 92 a 99. Mesmo com essa melhora, no final dos anos90, a agricultura no Sudeste apresenta 57% das pessoascom menos de 4 anos de estudos. Segundo a distribuiçãodas pessoas quanto à posição na ocupação, constata-se quena região há uma maior participação de empregados, em99, e que essa participação apresentou aumento de 1992 a

1999. Com relação à decomposição estática da desigualda-de observa-se que as variáveis que mais contribuíram para adesigualdade nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e no Esta-do de São Paulo foram posição na ocupação e educação. Avariável posição na ocupação é considerada, na análise dosfatores condicionantes da desigualdade, como proxy para aposse prévia de capital e riqueza, e a variável educação indi-ca a desigualdade como proxy para a experiência. Isso sig-nifica que na agricultura das regiões Sudeste, Centro-Oestee no estado de São Paulo, caracterizadas como agriculturade natureza capitalista, a posse prévia de capital e riqueza ea experiência apresentam-se como fatores principais da ex-plicação da desigualdade de rendimento entre as pessoasocupadas nesse setor.

CONCLUSÃOOs resultados desse estudo indicam que as discre-

pâncias regionais quanto à desigualdade continuam sériasno setor agrícola brasileiro, mesmo na presença do novo ce-nário econômico dos anos 90. Embora de 1992 a 1996 te-nha ocorrido crescimento nos rendimentos médios, no Bra-sil e regiões, esses apresentaram queda de 1997 a 1999, ex-ceto na região Sul. Constata-se também que apenas em SãoPaulo houve crescimento contínuo da renda média de 1992a 1999. Já os índices de desigualdade indicam redução daconcentração de rendimentos em todas as regiões, excetoem São Paulo, que apresentou aumento da desigualdade,nos anos 90. Apesar de no período de 1992 a 1999 ter ocor-rido aumento na renda média das pessoas ocupadas na agri-cultura e redução da desigualdade, verifica-se que a desi-gualdade continua elevada, e que os níveis de desigualdadedo final dos anos 90 são semelhantes aos do início dos anos80. Constata-se também que na agricultura de natureza ca-pitalista de São Paulo e regiões Sudeste e Centro-Oeste, asvariáveis que mais contribuem para a desigualdade de ren-dimentos do trabalho são posição na ocupação e educação.Conclui-se que a falta de políticas agrícolas específicas queapoiem as diferentes regiões e produtos, contribue para a si-tuação de desigualdade no setor agrícola, nos anos 90.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, A. M. C. J. Distribuição de rendimentos epobreza na agricultura brasileira: 1981-1990. Pira-cicaba, São Paulo, 1995, 353p. Tese (Doutorado).Departamento de Economia e Sociologia Rural,ESALQ/USP.

CORRÊA, A. M. C. J. Distribuição de renda e pobrezana agricultura brasileira. Piracicaba, SP, UNIMEP,1998.

HOFFMANN, R. Crise econômica e pobreza no Brasilno período 1979-90. Relatório de Pesquisa. Departa-mento de Economia e Sociologia Rural, ESALQ/USP, 1992, digitado (Inédito).

HOFFMANN, R. Distribuição da renda: medidas dadesigualdade e pobreza. São Paulo: EDUSP, 1998.

HOFFMANN, R. Mensuração da desigualdade e dapobreza no Brasil. Relatório de Pesquisa. Departa-mento de Economia e Sociologia Rural, ESALQ/USP, 1999, digitado (Inédito).

PARRÉ, José Luiz. O Agronegócio nas MacrorregiõesBrasileira: 1985 a 1995. Piracicaba, 2000. 191p.Tese (Doutorado). Escola Superior de Agricultura“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

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POBREZA ENTRE AS PESSOAS OCUPADAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA: 1992-1999

TATIANA FÁVARO DE SOUZA (B) – Curso de EconomiaFRANCISCO CONSTANTINO CROCOMO (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

ANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (CO) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da InformaçãoPIBIC/CNPq

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar a evolução da pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura brasileirano período de 1992-1999. Para tanto, efetua-se análise descritiva da evolução da pobreza através dos dados fornecidos pelaPesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs). Desenvolve-se também análise dos fatores condicionantes dadesigualdade das regiões Sul e Nordeste do país, a partir da decomposição estática dos índices de Theil T e L. Constata-se apartir dos resultados que, mesmo frente ao novo cenário econômico nos anos 90, os índices de pobreza agrícola são muitoelevados, em 1999, pois 61% pessoas ocupadas na agricultura brasileira são classificadas como pobres. Observa-se aindanas regiões Sul e Nordeste, onde a agricultura é tipicamente familiar, que a variável que mais contribui para a explicaçãobruta da desigualdade é Posição na Ocupação. Em 1999, segundo o Theil-T, a contribuição bruta dessa variável na regiãoSul é de 35,99% e de 21,29% na região Nordeste. Segue-se em importância a variável Educação.

INTRODUÇÃOSegundo BARROS, HENRIQUES & MENDON-

ÇA (2000) o Brasil, nas últimas décadas, apresenta um gra-ve quadro de desigualdade social marcado pela má distri-buição dos rendimentos, que gera como conseqüência ele-vados indicadores de pobreza. Isso significa que grandeparte da população brasileira fica sem acesso as condiçõesmínimas de sobrevivência como: saúde, moradia, educa-ção, saneamento, etc. O Brasil, segundo os dados de 1999,apresenta 53 milhões de pobres e 22 milhões de indigentes,o que significa que é um país com muitos pobres, o que sedistingue de dizer que o país é pobre pois, ainda segundoBARROS, HENRIQUES & MENDONÇA (2000), aocomparar-se a renda per capita brasileira no âmbito interna-cional, o Brasil está entre o terço mais rico dos países domundo. O problema é que a intensidade da pobreza no Bra-sil é bem mais acentuada em relação ao países com rendasimilar, pois enquanto nesses países a população pobre re-presenta 8% da população total, no Brasil esse percentual éde 30%, o que implica constatar que o problema se concen-tra na má distribuição dos recursos.

No setor agrícola, nas décadas que precedem osanos 90, também ocorreu um aumento da pobreza, associa-da a uma distribuição de rendimentos fortemente desigual.De acordo com VEIGA (1998), a pobreza no Brasil é maiorno meio rural, em todas as regiões brasileiras. Na regiãoNordeste a pobreza rural equivale sozinha a dois terços dapobreza rural brasileira e a um quinto de sua pobreza total.

Uma proposta atual, para que esses índices de po-breza se reduzam, é adotar políticas de financiamento quevisem apoiar o sistema agropecuário voltado à agriculturafamiliar, pois segundo CABRAL & CORRÊA (2000),dos 5,8 milhões de estabelecimentos agropecuários exis-tentes, 4,3 milhões fazem parte da agricultura familiar. Di-ante dessa necessidade, em 1996 surgiu o Programa Naci-onal de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRO-NAF, que é um programa de financiamento que visa me-lhorar o sistema agropecuário brasileiro para poderpromover o desenvolvimento rural no país. Em 1998 oPRONAF liberou 1.743.536 bilhões de recursos para aagricultura familiar, porém a maior parte desses recursosse concentrou nas regiões Sul e Sudeste, enquanto que aregião Nordeste contou apenas com 15% dos recursos.

Além disso, é necessário que os financiamentosdestinados à agricultura visem tanto as atividades agríco-las quanto as atividades não agrícolas como forma de ge-rar emprego e renda para os trabalhadores que foram mar-ginalizados pela modernização da agricultura.

MATERIAL E MÉTODOSA base de dados utilizada neste estudo é constituí-

da pelas informações coletadas nas Pesquisas Nacionaispor Amostra de Domicílios (PNAD), no período de 1992-1999. Segundo CORRÊA (1998), a PNAD é um sistemade pesquisas domiciliares que foi implantado no Brasil apartir de 1967, investigando temas como: habitação, ren-dimento e trabalho, associados a aspectos demográficos,sociais e econômicos.

A constituição das amostras para o presente estu-do, visando simular a formação de rendimentos no merca-do de trabalho agrícola, seleciona entre as pessoas econo-micamente ativas ocupadas na agricultura aquelas que:trabalham 15 horas ou mais por semana; têm 15 anos oumais de idade; com renda de todos os trabalhos positiva.Considera-se no estudo apenas as informações das PNA-Ds relativas à População Economicamente Ativa (PEA)na agricultura (constituem a PEA agrícola, homens e mu-lheres com atividade principal na agricultura, incluindoagropecuária, extração vegetal e pesca).

Com a utilização dessas amostras (microdados) oestudo realiza análise da evolução da pobreza, através decálculo de indicadores de pobreza, de acordo com HOFF-MANN (1998) como: Proporção de Pobres (H), Razão daInsuficiência da Renda (I), Índice de Sen (P) e o Índice deFoster, Greer e Thorbecke (FGT). Ressalta-se que, para autilização dessas medidas, trabalha-se com a distribuiçãode pessoas ocupadas no setor agrícola conforme a rendamensal de todos os trabalhos. Para a obtenção dos índicesde pobreza adota-se duas linhas de pobreza, correspon-dentes a 1 e 0,5 salário mínimo de agosto de 1980, utili-zando-se como deflator o Índice Nacional de Preço aoConsumidor (INPC), do IBGE.

Além disso, para melhor entendimento das trans-formações sócio-econômicas responsáveis pelas altera-ções na distribuição de renda e pobreza é feita análise dacontribuição das variáveis: Sexo, Idade, Raça, Educação e

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Posição na Ocupação para a explicação da desigualdadede rendimentos entre as pessoas ocupadas na região Sul eNordeste nos anos de 1992 e 1999, através da decomposi-ção estática dos índices de Theil T e L. Segundo Corrêa(1998), trata-se de medidas de desigualdade que podemser decompostas em desigualdade entre os grupos e dentrodos grupos de interesse.

RESULTADOS E DISCUSSÕESConstata-se pelos resultados obtidos de 1992-

1999, que os índices de pobreza apresentam redução, res-salta-se que a região Nordeste possui os maiores indicado-res de pobreza entre todas as regiões brasileiras, pois cercade 79% das pessoas ocupadas na agricultura dessa regiãovivem abaixo da linha de pobreza de 1 s.m em 1999. Issopode estar associado às precárias condições da pequenaprodução existente nessa região. Os menores indicadorespodem ser observados no Estado de São Paulo (ver Figura1, em que se apresenta a evolução da proporção de pobres,para uma linha de pobreza correspondente a 1 s.m).

Em 1995, com os efeitos do Plano Real os indica-dores de pobreza se reduzem, mantendo-se estáveis até oano de 1999. No entanto, embora tenha ocorrido uma redu-ção da pobreza durante os anos 90 no Brasil, a pobreza agrí-cola ainda se encontra em patamares muito elevados, consi-derando que em 1999 cerca de 61% das pessoas ocupadasna agricultura brasileira vivem abaixo da linha de pobreza(para a linha de pobreza de 1 s.m) e esse percentual é de23%, se considerada uma linha de pobreza de 0,5 s.m.

Na região Sul, de 1992-1999 é possível concluirque aumentou a renda média das pessoas ocupadas naagricultura, reduziu-se a pobreza, bem como a desigualda-de, assim como ocorreu na região Nordeste. Entretanto, hádiferenças de forma e nível técnico na agricultura dessasduas regiões, bem como de auto-consumo. A partir dos re-sultados da decomposição estática do Theil T e L, contata-se ainda que nas regiões Sul e Nordeste, onde a agricultu-ra é tipicamente familiar, com maior número de trabalha-dores por conta-própria, a variável que tem maior contri-buição para a explicação bruta da desigualdade é posiçãona ocupação, seguida da variável educação. Na regiãoNordeste a contribuição bruta da variável posição na ocu-pação para a explicação da desigualdade, segundo o TheilL, foi de 17,49% e de 9,91% para a variável educação, em1999. O que indica que a questão de posse prévia de capi-tal e riqueza (terra e recursos) é um sério problema pen-dente de solução na área agrícola do país.

Figura 1. Evolução da proporção de pobres(LP=1s.m),Brasil e regiões:1992-1999 .

CONCLUSÃOOs resultados obtidos neste estudo indicam que,

mesmo frente ao novo cenário econômico e político quecaracteriza os anos 90, os índices de pobreza apresentam-se elevados no país e em todas as regiões estudadas.

Diante desse quadro, é necessário a implantaçãode programas de financiamento e de apoio para a pequenaagricultura, especialmente no Nordeste. Pois os recursosdisponíveis não estão sendo suficientes para atender as ne-cessidades dos agricultores familiares, que possuem me-nos condições, sendo que a maioria dos recursos do PRO-NAF ficaram concentrados na região Sul do país.

Conclui-se também que são necessárias providên-cias que modifiquem o quadro atual de distribuição de re-cursos e riqueza bem como que se estabeleçam políticasque gerem melhorias na educação, para que ocorra reduçãona desigualdade de rendimentos e na pobreza entre as pes-soas ocupadas no setor agrícola das regiões Sul e Nordeste.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARROS, R. P.; HENRIQUES, R. & MENDONÇA, R. A

estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza no Bra-sil. In: HENRIQUES, R. (org). Desigualdade e Pobrezano Brasil. IPEA, Rio de Janeiro, 2000, p. 21-47.

CABRAL, M. S. & CORRÊA, V. P. Uma análise daimplantação do PRONAF – Indicação de distorções.In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ECONOMIARURAL. Rio de Janeiro, 2000. Anais.

CORRÊA, A. M. C. J. Distribuição de renda e pobrezana agricultura brasileira (1981-1990). Piracicaba:UNIMEP, 1998.

HOFFMANN, R. Distribuição de renda: medidas dedesigualdade e pobreza. São Paulo: EDUSP, 1998.

VEIGA, J. E. da. Pobreza rural, distribuição da riqueza ecrescimento: a experiência brasileira. In: XXVIENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA. Vitó-ria, 1998. Anais.

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IMPLEMENTAÇÃO E EVOLUÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A SITUAÇÃO DA DESIGUALDADE E POBREZA

PATRICIA RIBEIRO DE MELLO (TG) – Curso de Ciências EconômicasANGELA MARIA CASSAVIA JORGE CORRÊA (O) – Faculdade de Ciência e Tecnologia da Informação

MONOGRAFIA/UNIMEP

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo apresentar a evolução histórica do salário mínimo no Brasil, e da sua rela-ção com a situação de desigualdade e pobreza no país nos últimos anos. No Brasil registra-se desvalorização no rendi-mento do trabalhador brasileiro ao longo das quatro últimas décadas, simultâneo a um persistente quadro dedesigualdade e pobreza. A desvalorização do salário mínimo pode ser considerada como um dos principais fatores res-ponsáveis pelos problemas socioeconômicos do final dos anos 90, como a situação de pobreza em que vivem muitaspessoas. Assim, esse estudo mostra a necessidade de o país enfrentar questões relacionadas a política salarial e a con-centração da renda, como forma de diminuir a exclusão social.

INTRODUÇÃOA criação do salário mínimo, ao longo da história

do capitalismo, é fruto da luta dos trabalhadores e da inter-venção do Estado. Segundo o Departamento Intersindicalde Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE,1992), os primeiros países a instituir pisos salariais, no fi-nal do século XIX, foram a Austrália e a Nova Zelândia.O intuito da criação desse piso salarial, para toda pessoaque ingressava no mercado de trabalho, era a de proporci-onar um melhor nível de vida para a classe trabalhadora.

Após a grande crise econômica de 1929 o salário mí-nimo passou por importantes modificações, principalmentenos países industrializados em que, com a intervenção do Es-tado na economia, este passou a ser um instrumento de políti-ca social. No decorrer do tempo, tal salário se tornou um ins-trumento muito importante nestes países, fazendo parte deum conjunto de medidas voltadas à cidadania.

No Brasil o salário mínimo só foi incorporado naConstituição de 1934, no governo de Getúlio Vargas, mo-mento em que a economia brasileira passou por mudançasque viabilizaram a transformação do país, de agrário paraindustrial. Entretanto, só foi implementado a partir de 1940.

Decorridos sessenta anos, o debate sobre o valor e afinalidade do salário mínimo ocupa lugar de destaque no ce-nário econômico nacional. Reconhece-se a necessidade deum maior valor real para esse peso salarial, mas simultanea-mente questiona-se o impacto de tal aumento para a econo-mia como um todo. Diante do exposto, este trabalho propõe-se a analisar a política de salário mínimo desde sua criação,até os anos 90, e sua relação com a desigualdade e pobreza.

FASES DA POLÍTICA DE SALÁRIO MÍNIMODe acordo com estudos desenvolvidos por PO-

CHMANN (2000), verifica-se que a política do saláriomínimo no Brasil pode ser esboçada através de três fases.A primeira refere-se a consolidação do salário mínimo.Este foi introduzido em 1940, com o intuito de garantir asobrevivência de uma pessoa adulta durante 1 mês. Entre-

tanto, passou por mudanças a partir de 1946, quando a ne-cessidade familiar passou a ser incluída no seu cálculo, apartir da nova Constituição de 1946 (SABÓIA, 1988).

A segunda fase da política de salário mínimo, con-forme POCHMANN (2000), estende-se de 1952 a 1964.Nesse período, o valor real desse salário registrou o seu maisalto poder aquisitivo desde 1940, decorrente da política eco-nômica desenvolvimentista e de fortalecimento do mercadointerno. Os governos dessa época reconheceram que o salá-rio mínimo era um fator importante para evitar maior desi-gualdade social e para favorecer o mercado interno.

Também conforme POCHMANN (2000), a partirde 1964 inicia-se a terceira fase da política de salário míni-mo no país, período em que este salário é usado como ins-trumento de combate à inflação. Essa época ficou conhecidacomo a do “Arrocho Salarial” pois, a partir de 1965, com ogoverno militar, as políticas salariais adotadas eram voltadaspara o combate à inflação, com base na contenção salarial.

Conforme o DIEESE (1999), observa-se que de 1940até 1998 o salário mínimo vem perdendo seu poder aquisitivo,principalmente após 1964. Observa-se que os anos mais críti-cos de perda do valor real do salário mínimo foram de 1947 a1951, sendo que, a partir de 1952 o salário mínimo apresentaaumento no seu poder aquisitivo, alcançando seu mais alto va-lor em 1957. Desde 1964, entretanto, volta a perder seu poderde compra e, a partir dos anos 90 registra novamente os maisbaixos valores da série histórica, caindo em 1998 para patama-res semelhantes aos do final dos anos 40. Essa evolução tem-poral, ilustrada na Figura 1, permite observar que o crescimen-to da produção nacional, indicado pela evolução do PIB percapita, quando comparado com a evolução do salário mínimo,mostra o desinteresse das políticas governamentais com rela-ção à remuneração básica dos trabalhadores brasileiros, comalguma exceção do período que se estende de 1952 a 1962.Desde a criação do salário mínimo, em 1940, um processo decompressão foi levando a um distanciamento progressivo entreremuneração mínima e crescimento econômico.

Figura 1. Evolução do PIB per capita e do Salário Mínimo Real: Brasil – 1940/1998

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DESIGUALDADE, POBREZA E SALÁRIO MÍNIMOA história da economia brasileira é marcada por

um crescente processo de concentração de rendimentospessoais. Entretanto, segundo CORRÊA (1998), apenasnos anos 60 foi possível o desenvolvimento das primeiraspesquisas científicas sobre a concentração de renda pesso-al no país, pela disponibilidade de dados fornecidos pelosCensos Demográficos de 1960 e 1970, e das PesquisasNacionais por Amostra de Domicílios (PNAD’s), que fo-ram então iniciadas.

De acordo com RAMOS e REIS (1991), a políti-ca salarial instituída a partir de 1964 gerou maior concen-tração de rendimentos pessoais. A política salarial restriti-va desse período, baseada no combate a inflação, afetoucom maior intensidade os trabalhadores situados na baseda distribuição de salários. A política salarial restritivaadotada nesse período e a ausência da atuação sindical,são fatores importantes na explicação da deterioração dadesigualdade de renda no Brasil no período corresponden-te aos anos 60 e 70, segundo os citados autores.

De acordo com CORRÊA (1998), durante as últi-mas décadas, a pobreza no Brasil apresenta-se em níveiselevados. Nos anos 80, época marcada pela redução no rit-mo de crescimento econômico, a situação piorou, poishouve aumento dos índices de pobreza no país. Nos anos90, marcados por um novo cenário econômico, apesar deocorrer uma melhora nos índices de pobreza no período1995/96, em decorrência dos efeitos do Plano Real, a po-breza voltou a crescer nos anos seguintes, apresentando-seem patamares elevados em 1997/98 (NERI et al., 1999).

Estudos do IBGE (2000), indicam que a elevadaconcentração de renda é considerada o principal fator dagrave situação socioeconômica no Brasil, sendo que, em1998, os 40% mais pobres recebiam apenas 9,2% da ren-da total, enquanto os 10% mais ricos, cerca de 48%.

Segundo FOGUEL et al (2000), o salário mínimopode causar diversos impactos na economia, em geral,causando queda ou aumento na pobreza. De acordo comestes autores, observa-se que em 1995 o aumento do salá-rio mínimo teve impacto significativo sobre a queda dapobreza. Adicionalmente destaca-se, de acordo com o DI-EESE (2000), que se o governo realmente elevasse o po-der aquisitivo do salário mínimo, seria possível reduzir amiséria e a exclusão social no país.

Aspecto e contextualização histórico-econômicaque indicam que uma política de salário mínimo, que efe-tivamente eleve o poder aquisitivo do trabalhador e de suafamília, pode ser um importante instrumento de reduçãoda desigualdade e da pobreza no país.

CONCLUSÃOO salário mínimo vem perdendo seu poder aquisiti-

vo real, principalmente após 1964, e simultaneamente aessa queda, constata-se crescimento da desigualdade e dapobreza e relativa estabilidade desses indicadores no decor-rer do tempo. Nesse período, o grande entrave para a valori-zação do salário mínimo foi a alta taxa de inflação, junta-mente com a idéia do governo de concentrar a riqueza nasmãos de poucos para a expansão do investimento, para ge-rar crescimento do mercado interno brasileiro. A partir des-se momento houve queda na remuneração do trabalhador,

simultaneamente ao crescimento da economia do país. Nodecorrer das décadas seguintes o salário mínimo não conse-guiu recuperar o seu poder aquisitivo inicial.

Nos anos 90 o salário mínimo apresentou os me-nores valores reais desde sua criação, sendo seu valor atu-al insuficiente para manter um trabalhador e sua famíliaem condições mínimas de dignidade, conforme atestamestudos como os do DIEESE.

No Brasil, o salário mínimo precisaria ser um ins-trumento de política social, como parte integrante de umconjunto de medidas voltadas à cidadania. De forma a tor-nar a sociedade brasileira menos desigual, contribuindopara diminuir a exclusão social.

Conclui-se, que a política de salário mínimo podecontribuir para a queda das desigualdades sociais. Paratanto, é preciso elaborar políticas econômicas que bus-quem efetivamente diminuir a pobreza e a desigualdade,considerando que uma política de valorização do saláriomínimo é um fator importante para tornar a sociedade bra-sileira mais justa, diminuindo a exclusão social, que atingeatualmente milhões de famílias brasileiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBAER, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo:

Nobel, 1995.

BARROS, R. P.; HENRIQUES, R. & MENDONÇA, R.A estabilidade inaceitável: desigualdade e pobrezano Brasil. In: HENRIQUES, R. (org). Desigualdadee Pobreza no Brasil. IPEA, Rio de Janeiro, 2000, p.21-47.

CORRÊA, Angela Maria Cassavia Jorge. Distribuição derenda e pobreza na agricultura brasileira (1981-1990). Piracicaba: Editora Unimep, 1998.

FOGUEL, Miguel N. et alli. Uma avaliação dos impac-tos do salário mínimo sobre o nível de pobrezametropolitana no Brasil. Instituto de Pesquisa Eco-nômica Aplicada: Texto para discussão nº 739. Riode Janeiro, 2000.

POCHMANN, Márcio. Salário Mínimo. Jornal do Eco-nomista do Conselho Regional de Economia 2ºRegião. São Paulo, março. 2000.

RAMOS, L. R. A. & REIS, J. G. A. Distribuição darenda: aspectos teóricos e o debate no Brasil. In:CAMARGO, J. M. & GIAMBIAGI, F. (org.). Dis-tribuição de renda no Brasil. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1991, cap. 1, p. 21-45.

SABÓIA, João L. M. Salário e Emprego no Brasil. Cam-pinas, 1988. 203p. (Tese para professor titular) – Ins-tituto de Economia, Universidade Estadual deCampinas.

Salário Mínimo. Dieese. [on line], São Paulo, 02 abr.2000. Disponível na Internet: http: //www.die-ese.org.br

SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia.São Paulo: Best Seller, 1999.

314 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.129

EMPREGO, REORGANIZAÇÃO PRODUTIVA E REESTRUTURAÇÃO DO ENSINO E QUALIFICAÇÃO. ANÁLISE DA

REALIDADE DE PIRACICABA (SP) DÉCADAS DE 1970-1990

LEANDRO PEREIRA MORAIS (B) – Curso de Ciências EconômicasFRANCISCO CONSTANTINO CROCOMO (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

PIBIC/CNPq

RESUMO

O objetivo deste estudo foi detectar, para as décadas de 1970 a 1990, as características da reestruturação dasinstituições de ensino e mão-de-obra em Piracicaba, frente ao quadro de reorganização produtiva experimentado pelomunicípio no período proposto, revelado pelos resultados da pesquisa de iniciação científica realizada anteriormente:“Reorganização produtiva e condicionantes da qualificação da mão-de-obra nos setores de transformação industrial,dos serviços e do comércio em Piracicaba (SP) – 1970 a 1990”. Percebe-se, neste projeto, mesmo que de forma aindahipotética, que há um descompasso entre qualificação (educação formal e profissional) e postos de trabalho. Realizou-se uma revisão teórica que foi comparada com uma pesquisa empírica, através de visitas e entrevistas às instituições deensino e qualificação de mão-de-obra, revelando que o sistema educacional do município (fundamental, médio, supe-rior e profissionalizante) vem passando atualmente por processos de reestruturação, num contexto de transformaçõestécnica-produtivas e busca de desenvolvimento sustentável.

INTRODUÇÃOO presente estudo visa detectar as características

da reestruturação das instituições de ensino e qualificaçãode mão-de-obra, em Piracicaba, frente ao quadro de reor-ganização produtiva experimentado pelo município entreas décadas de 70 a 90. Inicialmente, fez-se uma revisão bi-bliográfica relativa à educação (formal e profissionalizan-te), qualificação/requalificação, emprego/desemprego, re-organização/reestruturação produtiva (ANDRADE, 2000;CASTIONI, 1999; SGUISSARDI, 2000; POCHMANN,1999), tendo como base CROCOMO e MORAIS, 1999 e2000, que foi confrontada com os resultados das análisesdas entrevistas e visitas às instituições de ensino e qualifi-cação de mão de obra, inclusive professores da graduaçãoe da pós-graduação.

A formação educacional (formal e profissionali-zante) dos atuais e futuros sujeitos constituidores da socie-dade brasileira como um todo e da base humana da produ-ção em particular, é tida como “pano de fundo” para a dis-cussão de um tema demasiadamente relevante que nuncafora tão debatido teoricamente. O fato é que com as trans-formações na base produtiva (novas tecnologias e formasde organização do processo de trabalho), de forma incipi-ente na década de 80 e intensificada na década de 90,emerge-se a necessidade de uma força de trabalho maispreparada, tendo em vista: a) o aumento da escolarizaçãoformal do trabalhador, requisito vital para ganhos de pro-dutividade e competitividade; b) o aprimoramento e rees-truturação dos cursos técnicos profissionalizantes e c) mu-dança “cultural” da força de trabalho; adequação dos ele-mentos humanos desde a vivência social cotidiana externaaté o espaço produtivo.

Há, no entanto, de acordo com a literatura, umapercepção de que o sistema de ensino vigente encontra-seineficiente, inadequado e já superado. Segundo ANDRA-DE (2000), ocorre um “divórcio entre as demandas atuaisdo mundo da produção e a lógica interna da instância es-colar” (p. 67). Conforme preconiza MACEDO (1998), oBrasil deveria passar por “uma verdadeira revolução edu-cacional” para que possa acompanhar tais transformaçõescapitalistas, levando-se em conta que o processo de for-

mação dos trabalhadores brasileiros, a partir da década de40, é reconhecido internacionalmente, pela qualidade deseus cursos, embora voltado somente para as indústrias deponta, ficando aquém das necessidades de qualificação damaioria da população (POCHMANN, 1999).

MATERIAL E MÉTODOSOs procedimentos metodológicos deste estudo

podem ser divididos em duas etapas: Teórica: através derevisão bibliográfica discutindo questões referentes à reor-ganização produtiva, educação e formação de recursos hu-manos, emprego, desemprego, Terceira Revolução Indus-trial, qualificação e requalificação da mão de obra e Em-pírica: através de entrevistas e visitas às instituições deensino e qualificação de mão-de-obra.

RESULTADOS E DISCUSSÕESO quadro acima sintetiza as características educa-

cionais em Piracicaba, relatadas pelos entrevistados. Espe-cificamente, no ensino fundamental e médio, é perceptívelque o sistema de ensino atual, público e privado, salvo al-gumas exceções e peculiaridades, tende a adotar uma es-pécie de nova concepção educacional, caracterizada pelapreponderância qualitativa do ensino em detrimento daquantitativa, pela importância dada à interdisciplinaridade(“temas transversais”, como por exemplo trabalho e con-sumo) e pela fundamental revisão no papel do professor,principalmente os das escolas públicas que vivem um pe-ríodo de baixos salários e baixo prestígio social, que levaao desestímulo profissional, e consequentemente quedaqualitativa do ensino.

No que se refere ao ensino superior, é consensuala realização de um processo de reestruturação, tendo emvista as transformações técnicas e produtivas, que assolamo “mundo do trabalho”. O processo de reestruturação sedá num sentido de uma formação mais estruturada, atra-vés da união entre professores e associações de classe, en-contro com ex-alunos, visando detectar suas dificuldadesatuais e contratação de profissionais qualificados e comprática, além da realização de estágios, para uma compa-ração relacionando o curso com o mercado de trabalho.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 315

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Quadro 1. Educação e reestruturação do ensino em Piracicaba

Fonte: Elaborado pelo bolsista e orientador com base em entrevistas e visitas.

Um outro caminho adotado pela reestruturação, sedá através da criação de Comissões de Ensino de Gradua-ção, que definem as “reciclagens” de professores e alunos.Acentua-se neste contexto, a importância dada à interdisci-plinaridade e questões comportamentais. Uma tendênciaobservada, mesmo que de forma incipiente, é a educação àdistância, embora sua implementação, em países como onosso, requeira uma enorme paciência, tendo em vista suasdificuldades estruturais. No entanto, os primeiros passos es-tão sendo dados. Isso, reforça o fato de que, frente ao novomodelo educacional, o importante é “aprender a aprender”,visto que o conhecimento não é algo pronto, já acabado,mas sim algo que deve estar sempre em construção.

CONCLUSÃOAs transformações no âmbito produtivo (reorgani-

zação e reestruturação), em especial na década de 90, vi-tais para acompanhar o mercado mundial, competitivo eexcludente, num contexto de globalização e de TerceiraRevolução Industrial, trouxeram fortes impactos nas rela-ções e organizações do trabalho, impactuando e gerandonovas posturas educacionais. A educação ganha importân-cia diante das novas exigências do mercado frente ao pro-cesso de reestruturação produtiva. Vive-se, pois, um mo-mento de redescoberta da importância da educação. Atu-almente, ela deixou de ser vista, pelos empresários, comogastos e passou a ser encarada como investimento. Porém,no Brasil, há ainda inúmeros problemas na área educacio-nal, e uma insistência, comprovada na literatura revisada,por uma verdadeira revolução educacional.

Constata-se, através da pesquisa, que o sistemaeducacional do município (fundamental, médio, superiore profissionalizante) vem passando por processos de rees-truturação, num contexto de transformações técnica-pro-dutivas e de busca de desenvolvimento sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASANDRADE, Flávio A. A formação do “cidadão – traba-

lhador”: educação e cidadania no contexto do novoindustrialismo. IN: Educação e política no limiar doséculo XXI., 1999, cap2, p. 59 –78.

CASTIONI, Remi. Reestruturação produtiva e (re)qualifica-ção profissional: empregabilidade e competência. Bibli-oteca Virtual de Economia. (www.prossiga.com.br),1999. 21p.

CROCOMO, F. (Orient.), Morais, L.(Bolsista). Reorga-nização produtiva e condicionantes da qualificaçãode mão de obra no setor de transformação industrialno município de Piracicaba – SP, décadas de 70 a90. Piracicaba, 1999.Iniciação Científica.

CROCOMO, F. (Orient.), Morais, L.(Bolsista). Reorga-nização produtiva e condicionantes da qualificaçãode mão de obra no setor de serviços e comércio nomunicípio de Piracicaba-SP, décadas de 70 a 90.Piracicaba, 2000.Iniciação Científica.

MACEDO, Roberto. Seu diploma, sua prancha. SãoPaulo: Editora Saraiva, 1998.

POCHMANN, Márcio. Mudanças na ocupação e a for-mação profissional. Biblioteca virtual de economia.(www.prossiga.com.br), 1999. 26p.

SGUISSARDI, Valdemar. A temática trabalho – educa-ção: presença / ausência e desafios sobre educaçãosuperior do Brasil. IN: PEIXOTO, M. (org).Educa-ção superior: avaliação da produção científica.Belo Horizonte: Imprensa universitária, UFMG,2000, p235 –278

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO ENSINO SUPERIOR ENSINO PROFISSIONALIZANTEEDUCAÇÃO

• algo importante para qualquer sociedade (particular)• base fundamental para a nação, alicerce para uma boa saúde, higiene e de extrema importância para a descoberta do potencial de trabalho, convivência social e o desenvolvi-mento do espírito crítico do ser humano.

CRÍTICAS (Público)• a partir 1996: Reestruturação do ensino básico e médio;• não repetência;• base do problema educacional brasileiro.

NOVA CONCEPÇÃO EDUCACIONAL• quantidade não, qualidade sim;• importância à interdisciplinari- dade;• fundamental revisão no papel do professor.

EDUCAÇÃO• analisada sob 3 óticas: disciplina, cultura e ensino (UNICAMP);• formação integral do indivíduo e opção para a atividade profissional (Faculdade de Serviço Social);• Meio pelo qual as pessoas adquirem algum nível de autonomia, levando-se em conta aspectos como cidadania, ética e sociabilidade (UNIMEP);• Aspecto filosófico que prepara o indivíduo a vida e às relações sociais (EEP);• Ações organizadas (Sociais, informativas, culturais e comportamentais) que mudam a conduta das pessoas (ESALQ)

REESTRUTURAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR • criação de Comissões de Ensino de Graduação (reciclagem professor/aluno)• importância à interdisciplinaridade;• “aprender a aprender”;• surgimento de novos curso de graduação;• trabalhar questões comportamentais;• nova tendência: Ensino à distância;• objetivo da formação:• - formação específica / hábil• - preocupações: éticas / sociais e ambientais / sustentabilidade

SENAC• década de 80:Reestruturação dos Cursos; 1989: Inauguração do Curso de Hotelaria;• década de 90: Nova proposta estratégica.

SENAI• década de 80: Reestruturação dos Currículos;• década de 90: Processo de modernização.

CEBRAC• Informática / Contabilidade;• Aperfeiçoamento / reciclagem frente as mu-danças do mercado de trabalho.

316 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.130

PIRACICABA: URBANIZAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE (1970-1990)

DANIELI ALVES PADILHA (B) – Curso de PsicologiaELIANA TADEU TERCI (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

MARIA BEATRIZ B. BILAC (CO) – Faculdade de Filosofia, História e LetrasPIBIC/CNPq

RESUMO

Esta pesquisa volta-se ao estudo das transformações urbanas, sociais e econômicas de Piracicaba nas décadas de1970 a 1990, analisando o município inserido na conjuntura nacional brasileira, marcada pelo milagre econômico dadécada de 1970, pela redemocratização política na década de 19 80,e pela intensificação da interiorização da indústria.

Este trabalho é continuidade de outros dois, realizados em 1999 e 2000, sobre o mesmo tema, tendo comoreferência as décadas de 1930 a 1950 e 1950 a 1970.

INTRODUÇÃOO período de 1970 – 1990, no Brasil, foi marcado pela emergência dos problemas socioeconômicos e ambien-

tais decorrentes do crescimento desordenado do período anterior (Siqueira, 1993), identificado pela industrializaçãoacelerada e urbanização rápida (Melo e Novais, 1998).

Em meados da década de 1970, intensificou-se o processo de descentralização da indústria da metrópole paulista,fazendo com que muitas delas se deslocassem para o interior do Estado de São Paulo (Negri, 1996). Com isso, Piracicabapassou por um acelerado processo de industrialização, juntamente com um intenso processo de urbanização.

A urbanização acelerada era estimulada, em grande parte, pela migração urbana e pelo êxodo rural movidospelo progresso industrial.

Esse crescimento rápido resultou num desenvolvimento urbano desorganizado, trazendo algumas conseqüên-cias para a cidade (Martins, 1994). As principais conseqüências foram a favelização (Romero, 1995), que se estendiacada vez mais pela periferia da cidade e a poluição do Rio Piracicaba, devido aos dejetos industriais despejados no Rioe o lixo orgânico que aumentava com o crescimento populacional (Negri, 1996). Esses são problemas que, de certaforma, ocorriam da cidade de São Paulo e que se transferiram a Piracicaba.

A década de 1980, em particular, foi marca pela crescente participação política da população, estimulados porgovernos de oposição (Elias Neto, 1992).

METODOLOGIAPara a realização desta pesquisa procedemos a

uma revisão bibliográfica, coleta e análise de dados esta-tísticos e de informações sobre o período. A bibliografiafoi composta por obras que exploravam a questão socioe-conômica e cultural sobre o desenvolvimento paulista ebrasileiro, assim como estudos do município. Inicialmenteforam elaborados os instrumentos de pesquisas visando olevantamento de fontes. A partir disso realizou-se a levan-tamento das fontes, a identificação e a revisão da biblio-grafia e coleta de dados. A leitura da bibliografia era reali-zada e apresentada em forma de fichamentos de leitura eseminários internos. Os dados com os quais trabalhamospara a análise foram: dados demográficos, dados da ativi-dade econômica (agricultura, industria, comércio e servi-ços), indicadores da atividade econômica, indicadores daexpansão urbana, dados sobre infra-estrutura (saúde, edu-cação e habitação).

A pesquisa foi realizada por três bolsistas e, no in-tuito de otimizar a análise dos dados e da vasta referênciabibliográfica, a mesma foi dividida em três grandes áreas:1) Agricultura, 2) Indústria e 3) Urbanização, Cultura eSociedade, cabendo a mim este último item.

RESULTADOSA interiorização da indústria paulista, conseqüên-

cia do processo de descentralização industrial da cidadede São Paulo, intensificou o processo de urbanização, oca-sionando um inchaço urbano.

A população urbana crescia significativamente emPiracicaba. Nos anos 70 a cidade contava com 127.818habitantes, nos anos 80, essa população cresceu para197.988 habitantes e nos anos 90 o número estimado era269.961 habitantes. Esse crescimento populacional urba-no ocorria paralelamente com o decréscimo da populaçãorural. Nos anos 70, o número de habitantes rurais era24.687, nos anos 80 diminuiu para 16.406 e nos anos 90, onúmero estimado era 13.872. Nota-se que o número dehabitantes urbanos aumentava significativamente, enquan-to o número de habitantes rurais decrescia.

A taxa de urbanização no interior de São Paulonos anos 70 foi de 70,9% e, em Piracicaba essa taxa foimaior, atingindo 83,8%. Nos anos 80, o quadro se repete:a urbanização no interior de São Paulo foi de 83,7% e emPiracicaba a taxa foi de 92,3%.

As conseqüências desse rápido inchaço urbano, jun-tamente com a falta de infra-estrutura da cidade, foram prin-cipalmente a favelização e a degradação do meio ambiente.

Referente à favelização, esse processo intensifi-cou-se em 1972. Foi criado o Profilurb (Programa de Lo-tes Urbanos), um dos programas de habitação que consis-tia da venda de lotes de 100 a 200 m para pessoas comrenda inferior a 3 salários mínimos. Era uma pequenaconstrução feita pelo próprio morador e a atenção eradada pelo engenheiro da prefeitura que acompanhava aobra. Os lotes eram financiados pelo BNH e a prefeiturarealizava urbanização da área, abastecendo-os com água,esgoto, calçamento e iluminação. No entanto, este progra-

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ma objetivava remover a favela para um outro lugar, con-siderado pelos possíveis beneficiários do programa, muitodistante da cidade. Além disso, as promessas sobre abaste-cimento de água, esgoto, iluminação, escola, entre outros,pouco foram cumpridas.

Nesse processo surge a ASFAP (Associação dosFavelados de Piracicaba). Uma das ações dessa entidadefoi criar uma alternativa ao PROFILURB, através da im-plementação de projetos de urbanização e construção decasas. Era uma forma de resistir ao programa de desaloja-mento de favelas, promovido de Poder Público do municí-pio. Esta Associação conquistou, para os favelados, o di-reito de construírem as casas populares na própria favelaonde já residiam. No entanto, o problema da favelizaçãose agravava pois, os programas habitacionais eram insufi-cientes para atender à demanda.

A poluição do rio Piracicaba era outro grande pro-blema vivenciado na época. O intenso processo de indus-trialização em Piracicaba foi um dos principais responsá-veis pela poluição do rio, pois as indústrias jogavam deje-tos comprometendo a qualidade das águas do rio. Alémdisso, a quantidade de lixo orgânico jogado no rio eragrande, devido ao aumento populacional urbano.

O surgimento de problemas urbanos que come-çam a aflorar nessa época levaram população a se mobili-zar. Também, a presença de governos municipais de opo-sição proporcionou o envolvimento dos cidadãos nos as-suntos urbanos de natureza diversa. Referentes a esses as-suntos pode-se citar a luta popular pela manutenção datarifa do ônibus em Piracicaba e a criação dos Centros Co-munitários, que eram o canal de maior expressão popular,organizados por local de moradia e reconhecidos pelo Po-der Público como os representantes da população, além dese constituírem em espaços para o desenvolvimento deatividades de lazer e cultura dos bairros. Esses CentrosComunitários eram regidos por uma cartilha, na qual esta-vam definidas as finalidades dessas sociedades, tais comoa conscientização da população, a organização popular, apromoção da educação, lazer, cultura,entre outras.

A manifestação popular também pode ser vistanos Congressos da ASFAP, nos Congressos dos Trabalha-dores Favelados, entre outros, muitos desses realizados naUniversidade Metodista de Piracicaba, além das greves,passeatas, congressos e festivais estudantis que contribuí-ram para criar em Piracicaba um ambiente inclusivo e de-mocrático que a tornou conhecida nacionalmente. Para seter uma idéia, na década de 1980 foram realizados doiscongressos da UNE, apoiados pela UNIMEP e PrefeituraMunicipal e a UNIMEP sediou um Congresso Internacio-nal de Educação Popular e um Encontro da Organizaçãopara a Libertação da Palestina.

CONCLUSÃOA partir dos dados levantados e da revisão biblio-

gráfica foi possível concluir que Piracicaba, nas décadasde 1970 e 1980, viveu as conseqüências de um desenvol-vimento rápido e intenso ocorrido nas décadas anteriorese produto, também, de um processo de interiorização daindústria paulista. O intenso e acelerado processo de urba-nização em Piracicaba e a interiorização industrial resulta-ram num desenvolvimento urbano desorganizado que ti-

veram reflexos profundos na qualidade de vida dos habi-tantes. Referente a diminuição da qualidade de vida dospiracicabanos surgia as favelas e intensificava a poluiçãodo rio Piracicaba.

As três marcas da época, segundo a bibliografia ea imprensa, foram, por um lado a questão da favelização eda poluição do rio, e por outro lado, um crescimento daparticipação popular frente a emergência dos problemasurbanos e a presença dos governos de oposição.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAELIAS NETTO, Cecílio. Piracicaba Política (A História

que eu sei: 1942 /1992), Piracicaba, UNIMEP, 1992,pp. 37 – 154.

MARTINS, Lilia A. T. P. Modernização, Atores Sociais eGestão Local: Um estudo de Piracicaba, São Paulo.Dissertação de Mestrado, PUC-SP, 1994.

MELLO, J. M. Cardoso e NOVAIS, Fernando A., Capita-lismo Tardio e Sociabilidade Moderna. In: Históriada Vida Privada no Brasil, vol. 4, Companhia dasLetras, 1998, pp. 561 – 658.

NEGRI, Barjas, Concentração e Desconcentração Indus-trial em São Paulo (1880 – 1990), editora Unicamp,Campinas, 1996, pp. 136 – 241.

NEGRI, Barjas, Urbanização e demanda de recursoshídricos na Bacia do Rio Piracicaba no Estado deSão Paulo, Campinas, Unicamp/IE, 1993.

ROMERO, Francisco Negrini et al. Diagnóstico Social,Econômico, Jurídico nas Favelas de Piracicaba,NPDR / Unimep, Piracicaba, 1995.

SIQUEIRA, Elisabete Stradiotto, A Gestão de Projetos ea Produção da Cidadania na Associação dos Favela-dos de Piracicaba. Tese de mestrado pela PUC, SãoPaulo, 1993.

318 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.131

DÉCADAS DE 1970 A 1990

MARÍLIA DIAS CORRÊA GOLDSCHMIDT (B) – Curso de Administração de EmpresasMARIA BEATRIZ B. BILAC (O) – Faculdade de Filosofia História e Letras

ELIANA TADEU TERCI (CO) – Faculdade de Gestão e NegóciosPIBIC/CNPq

RESUMO

A industria de Piracicaba até o inicio da década de 70, era bastante dependente das atividades do setor sucro –alcooleiro e das empresas do Grupo Dedini. Mas a partir desta década esse panorama começou a se alterar, embaladopelo “milagre econômico”.

As políticas de descentralização industrial da Grande São Paulo contribuíram bastante para o desenvolvimentoe diversificação do parque industrial de Piracicaba, afetando também o setor terciário.

Em um primeiro momento foi realizado um levantamento dos dados e fichamento dos dados coletados. A par-tir disto, iniciou-se o processo de elaboração dos relatórios, parcial e final.

INTRODUÇÃOEsta pesquisa volta-se ao estudo das transforma-

ções socioeconômicas e culturais de Piracicaba nas déca-das de 1970 a 1990, procurando analisar e identificar asmudanças ocorridas no período, tendo como referência aconjuntura regional e nacional do período.

Este trabalho é continuidade de outros dois, quepossuíam o mesmo tema para os períodos de 1930 a 1950e 1950 a 1970.

Esta pesquisa foi organizada por três bolsistascom o intuito de otimizar a análise dos dados e da referen-cia bibliográfica. As três subdivisões foram: 1- Agricultu-ra, 2- Indústria e 3- Urbanização, Cultura e Sociedade, ca-bendo a mim o segundo item.

MÉTODOSPara a realização deste trabalho sobre a cidade de

Piracicaba, foi realizado um levantamento de fontes, o le-vantamento e revisão da bibliografia e a coleta de dados.

A bibliografia foi composta por obras que tratavamsobre a questão socioeconômica, cultural e sobre o desenvol-vimento nacional, paulista e da própria cidade de Piracicaba.

Foram realizadas reuniões periódicas com as orien-tadoras, e além disto, foram realizadas visitas ao IBGE, Pre-feitura Municipal de Piracicaba e Fundação SEADE emSão Paulo, com o intuito de levantar dados para a pesquisa.

DESENVOLVIMENTOO período entre as décadas de 1970 a 1990 foi

marcado por grandes transformações na indústria piraci-cabana. Este período iniciou-se embalado pelo "milagreeconômico", período marcado pelo desenvolvimento denovas indústrias, rodovias transnacionais e pelo "caos ur-bano" vivido na Região Metropolitana de São Paulo, todoeste contexto proporcionou uma diversificação industrialnas cidades do interior de São Paulo, inclusive Piracicaba.

Segundo MALUF (1984), até 1970 a evoluçãoeconômica de Piracicaba estava marcada pela presença deaçúcar e álcool e da lavoura canavieira, esta característicase intensificou com o surgimento do Proálcool em 1975,mas Piracicaba deixou de ter uma economia totalmentevinculada ao setor sucro-alcooleiro.

As políticas de descentralização industrial daGrande São Paulo, como o Programa de Cidades Médias,

criado pelo Governo Estadual e Federal permitira, a cria-ção do Distrito Industrial de Piracicaba em 1973, atraindopara a cidade empresas multinacionais como a Caterpillare a Philips (NEGRI, 1996)

A criação do Proálcool também contribuiu para aeconomia de Piracicaba ao longo da década de 70.

A influencia do Proálcool impulsionou a indústriade bens de produção piracicabana, tornando Piracicaba aúnica cidade capaz de fornecer uma destilaria pronta paraser acionada.

A formação do Distrito Industrial e a criação doProálcool contribuíram para o desenvolvimento da cidade,mas também trouxeram consigo alguns problemas.

Com a vinda de grandes multinacionais para Pira-cicaba, funcionários especializados também vieram, au-mentando o valor dos aluguéis na cidade, expulsando ostradicionais inquilinos (RAZERA, 1993).

O Proálcool contribuiu para a o aumento da con-centração fundiária em Piracicaba, aumentando as áreasde cultivo das usinas e diminuindo a dos pequenos propri-etários, além disto, contribuiu para a sazonalidade do tra-balho, devido a monocultura açucareira.

CONCLUSÃOApós o término desta pesquisa, podemos concluir

que a indústria de Piracicaba durante o período estudadopassou por uma série de transformações.

Devido ao Processo de Descentralização Industri-al da Grande São Paulo, Piracicaba, embalada pelo perío-do do “milagre econômico” criou seu Distrito Industrial epassou a abrigar indústrias de variados ramos.

A agroindústria canavieira não perdeu seu espaço,pelo contrário, com a criação do Proálcool, este ramo daindústria piracicabana se beneficiou, colocando Piracicabaem situação de destaque em relação a indústria de bens deprodução para usinas e destilarias.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICACATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo? Cole-

ção Primeiros Passos. Editora Brasiliense, 30ª ed.São Paulo, 1985.

MALUF, Renato Sérgio (coord.). Aspectos da Constitui-ção e Desenvolvimento do mercado de trabalho emPiracicaba. Piracicaba: Unimep – NPDR, 1984.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 319

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MARTINS, Lilia. Modernização, Atores Sociais e Ges-tão Local: Um estudo de Piracicaba, São Paulo. Tesede Mestrado. São Paulo: PUC-SP, 1994.

NEGRI, Barjas. Concentração e DesconcentraçãoIndustrial em São Paulo (1880-1990). Editora daUnicamp, Campinas, 1996.

RAZERA, Sérgio. As origens do Distrito Industrial e ospossíveis impactos sócio- econômicos no municípiode Piracicaba. Monografia para conclusão de curso.Piracicaba, 1993.

320 9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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9º CONGRESSO DE

CO.132

A AGRICULTURA PIRACICABANA (1970-1990)

ADEVALTO MORAIS VIEIRA JÚNIOR (B) – Curso de Publicidade e PropagandaELIANA TADEU TERCI (O) – Faculdade de Gestão e Negócios

MARIA BEATRIZ BIANCHINI BILAC (CO) – Faculdade de Filosofia, História e LetrasFAPIC/UNIMEP

RESUMO

Este trabalho faz parte do projeto “Piracicaba – Uma Visão Histórica”, o qual voltou-se ao estudo das transfor-mações gerais da cidade de Piracicaba no período de 1970 a 1990, com o propósito de identificar e analisar as mudan-ças ocorridas, levando em conta as instâncias relativas à atividade econômica, aspectos físicos, demográficos, culturaise políticos do município, tendo como referência a conjuntura nacional e internacional do período. Como parte desteprojeto, foi realizado o estudo da agricultura de Piracicaba, a partir de um referencial teórico, calcado em pesquisasrealizadas no próprio NPDR (Núcleo de Pesquisa e Documentação Regional) e apoiado no trabalho de outros autores.Além disso, houve a consulta aos dados do Censo Agropecuário e do IAA, os quais permitiram comparar as transfor-mações da agricultura do município às do Estado de São Paulo.

Constatou-se que a cana-de-açúcar, principal atividade da agricultura piracicabana, expandiu-se ainda mais,neste período, e que o desenvolvimento de suas atividades, incentivado pelo Proálcool, provocou uma série de trans-formações, destacando-se: a consolidação do trabalhador temporário e a concentração de terras e capital.

INTRODUÇÃOO presente trabalho teve como referência as pes-

quisas realizadas no NPDR (MALUF, 1984; MALUF,1987; PEREZ, 1991), as quais analisaram a agricultura daRegião de Piracicaba, sob a óptica das relações de traba-lho e que privilegiaram a atividade canavieira, visto queesta é a principal cultura desta região.

O objetivo principal foi analisar as transformaçõesque ocorreram na agricultura do município de Piracicaba(1970-1990), a partir do desenvolvimento das atividadescanavieiras. Estas transformações foram analisadas dentrode um contexto histórico mais amplo, visto que a agricul-tura do município sofreu forte influência das políticas go-vernamentais, conforme verificamos em outros estudos(HÖFLING, 1981; NEGRI, 1996; RAMOS, 1983).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOSEste estudo fez parte de um projeto de pesquisa pro-

gramado para ser realizado em etapas e dividido em 3 partes(Agricultura; Indústria; Urbanização, Cultura e Sociedade).De início, houve uma preocupação com o levantamento defontes e revisão bibliográfica. Em seguida, cada aluno, dire-cionava seu trabalho para a parte que havia se responsabili-zado, ficando este encarregado de ler as obras necessárias efazer fichamentos, além de participar de seminários internos.

Também houve a coleta de dados para a produçãode tabelas, além da atualização das tabelas existentes nasobras consultadas. No caso da agricultura, foi necessárioconsultar os Censos Agropecuários e, outras fontes, paraproduzir e atualizar tabelas. Desta forma, foi possível fa-zer um levantamento da produção alcooleira e açucareiradas usinas de Piracicaba e organizar os dados obtidos emtabelas, as quais mostram a evolução do setor sucro-alcoo-leiro no período observado. Finalmente, baseado nas refe-rências teóricas, foram analisados todos os dados obtidos,possibilitando a produção do relatório final.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA cultura da cana-de-açúcar é extremamente tra-

dicional no município e já havia se estabelecido como

monocultura a décadas, portanto a participação de outrasculturas agrícolas era inexpressiva. Assim, estudar a agri-cultura piracicabana (1970-1990) é estudar a crescente ati-vidade canavieira do município.

Durante este período, ocorreram transformaçõessignificativas na agricultura, marcadas pela intervençãoestatal que se deu através do Proálcool. A implantaçãodeste programa ocorreu paralelamente ao processo de in-teriorização da indústria paulista, possibilitando o desen-volvimento do setor sucro-alcooleiro e, infelizmente, co-laborou para que ocorresse a agudização da monoculturacanavieira em Piracicaba. Isto refletiu no aumento da sa-zonalidade de mão-de-obra, visto que a atividade canavi-eira era mecanizada apenas parcialmente e necessitava deum elevado número de trabalhadores para fazer a colheita,enquanto as atividades da entressafra eram feitas, de for-ma mecanizada, por um número menor de trabalhadoresqualificados. Estes eram trabalhadores permanentes (tra-toristas, motoristas e mecânicos) e responsabilizavam-se,sobretudo, pelos tratos culturais, durante a entressafra, epelo transporte da cana, durante a safra. O trabalho tempo-rário já existia, mas é neste período que aumenta a suaproporção, ocorrendo a consolidação da figura do “volan-te” como a principal forma de trabalhador agrícola.

O “volante’, sinônimo de mão-de-obra reserva daagricultura, ou melhor, trabalhador desqualificado que tra-balha apenas no período de safra, passava a ser a forma deproletário mais comum e demandada pelas atividades ca-navieiras. Tornou-se uma categoria de trabalhadores ca-racterizada pela sua heterogeneidade, visto que possuíamcaracterísticas e histórias de vida diferentes, tendo somen-te em comum a desqualificação profissional. De acordocom o perfil, os trabalhadores volantes poderiam ser divi-didos em: “bóia-fria” (aquele que morava na cidade e al-ternava empregos rurais e urbanos); “safrista” (origináriode outro estado que migrava temporariamente para Piraci-caba, onde trabalhava apenas no período de safra) e pe-queno proprietário (dono de pequena propriedade quedesprovido dos lucros da terra, tornava-se também prole-

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tário e, assim como os outros volantes, colaborava para aacumulação de capital no poder das usinas).

A mão-de-obra sazonal, caracterizada pela sua in-formalidade, contava também com a figura do “turmeiro”(intermediário na contratação de trabalhadores), com isso,as usinas utilizavam a mão-de-obra temporária de formalucrativa e informal. Mas, a partir das mudanças na legis-lação trabalhista, elas passaram a ser punidas por açõestrabalhistas e a intermediação deixava de ser lucrativa. Co-meçava também a haver uma organização dos trabalhado-res temporários para exigirem seus direitos, surgindo asprimeiras greves a partir de 1989.

Os usineiros, diante daquela circunstância, amea-çavam com a possibilidade de mecanização da colheita, aúnica etapa da agricultura canavieira que ainda era feita deforma manual. A mecanização total, se fosse implantada,mudaria o perfil do trabalhador agrícola, o qual passaria aser um profissional tecnicamente capacitado e que traba-lharia de forma permanente; acarretaria numa enormequeda do número de emprego e na extinção do trabalha-dor desqualificado da agricultura, mudando novamente operfil do trabalhador agrícola.

CONCLUSÕESConclui-se que o desenvolvimento do capitalismo

na agricultura, marcado inicialmente pela mecanizaçãoparcial das atividades da lavoura canavieira e depois pelapossibilidade de mecanização total, é um fator determi-nante no que diz respeito ao emprego e às relações de tra-balho. A mecanização parcial foi responsável pelo agrava-mento da sazonalidade de mão-de-obra e pela composiçãode uma numerosa categoria de trabalhadores: o “volante”.No entanto, o aprofundamento do desenvolvimento tecno-lógico no campo viabilizaria a mecanização total e acaba-ria se tornando uma ameaça para a existência desta cate-goria. O mesmo sistema que possibilita a criação de umacategoria de trabalhadores, desenvolve tecnologias que aameaça de extinção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCENSOS AGROPECUÁRIOS DO ESTADO DE SÃO

PAULO: 1980/1985.

HÖFLING, Ivani Bianchini. O eterno retorno: um estudodo camponês operário do açúcar. Piracicaba, Esalq,1981.

INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL (IAA).Posição final de safras: 1950/1987.

MALUF, R. S. J. (coord.). Aspectos da constituição edesenvolvimento do mercado de trabalho em Piraci-caba. Relatório Final de Pesquisa. Piracicaba, 1984.

MALUF, R. S. J. (coord.). Evolução recente das condi-ções de trabalho urbano e rural em Piracicaba.Relatório Final de Pesquisa. Piracicaba, 1987.

NEGRI, Barjas. Concentração e desconcentração indus-trial em São Paulo (1880-1990). Campinas, UNI-CAMP, 1996.

PEREZ, Maria Thereza; TERCI, Eliana Tadeu e MAR-TINS, Lilia Ap. T. Estudo do Mercado de Trabalhona Agroindústria Canavieira: Região de Piracicaba.Relatório Final de Pesquisa. Piracicaba, 1991.

RAMOS, Pedro. Um Estudo da Evolução e da Estruturada Agroindústria Canavieira do Estado de SãoPaulo (1930-1982). FGV, dissertação de mestrado,São Paulo, 1983.

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ÍNDICE REMISSIVO

COORDENADORES E DEBATEDORESAdriana Mendes Aleixo 147Antônio Fernando Godoy 193Caio Cezar Randi Ferraz 107Carlos Miguel Tobar de Toledo 133Dálcio Caron 301Darcio Gomes Pereira 107Denise Giacomo da Motta 47Elizabete Stradiotto Siqueira 213Elsa Garrido 21Emilse Aparecida Merlin Servilha 27Felipe Araujo Calarge 177Gabrile Cornelli 281Iria Marisa Gevartosky do Amaral 107Ivone Panhoca 27José Luiz Corrêa Novaes 233José Vicente Caixeta Filho 133Lauriberto Paulo Belem 147Leda Rodrigues de Assis Favetta 233Márcia Aparecida de Lima Vieira 257Marcos Antônio de Lima 177Marcos Cassin 301Maria Angélica Penatti Pipitone 233Maria Imaculada de Lima Montebelo 133Maria Inês Bacellar Monteiro 27Maria Thereza Dondelli Paulillo Dal Poggetto 257Maria Thereza Miguel Peres 213Marilda de Abreu Fiore 281Marina Vieira da Silva 47Marlene Trigo 47Milton Vieira Júnior 193Professores Participantes 281Rinaldo Roberto de Jesus Guirro 79Rosana Macher Teodori 79Sandra Maria Boscolo Brienza 167Sebastião Neto Ribeiro Guedes 301Sônia Maria Malmonge 167Toshi-Ichi Tachibana 177, 193Valéria Rueda Elias Spers 213Vanessa Monteiro Pedro 79Vera Silvia Marão Beraquet 257Virgílio Franco Nascimento Filho 147, 167

COMUNICAÇÕES ORAISAbrahão Gomes de Medeiros 229Adevalto Morais Vieira Júnior 321Alex Luiz Pozzobon Pereira 37Alexandre Rangel Machado 251Aline Maria Manrique Marques 169Aline Scatolin 149Alvaro José Abackerli 203, 205Amanda de Barros 305Amanda Pacetta 49Ana Camila Capra 225Ana Carolina Serigatto de Oliveira 97Ana Célia Ruggiero 109, 111, 113, 115

Ana Elisa Sirito de Vives 155, 157, 159Ana Estela Antunes da Silva 141Ana Flavia Reis 187Ana Lúcia Bordini 65Ana Lúcia S. Cerqueira César 71Ana Maria Romano Carrão 303, 305Ana Olivia Kavalas Farias de Souza 55, 75Ana Paula Destro 123Ana Paula Martin 95Ana Paula Monteiro Coser 267Ana Paula Valério 253Ana Paula Vedovato Maestrello 217, 243Analucia Geraldes Pires 97Anderson Belgamo 139Anderson Inoue 307André Luis Máximo Danelutti 125Andreza Celi Sassi 209Anelise Nujo Carrascoza 127Angela Cristina Torcato 71Angela Maria Cassavia Jorge Corrêa 307, 309, 311, 313Antônio Fernando Godoy 181, 187Antonio José Loreno Giunti Dias 115Antonio Nelson Correia Filho 189, 191Aparecido Dos Reis Coutinho 151Brígida Helena De Oliveira 217Bruno Holtz Gemignani 179Bruno Pucci 269Bruno Rizzo Palermo 197Camila Garcia Gonçalves 195Camila Torazan Guize 207Carine Barcellos Sant’ana Lima Pinto 269Carla Eduarda Machado Romero 61, 63Carlos Alberto da Silva 85, 87Carlos Alberto Fornasari 89, 91Carlos Eduardo Gardenal 141Carlos Wagner de Araújo Werner 39, 41Carolina Feltrin 69Carolina Sartori 219Carolina Vianna Nunes 99Cassiano Ferreira Inforsato 259Célia Margutti do Amaral Gurgel 251, 253Celina Costa Silva 65Christiane Marques do Couto 31Cibele Ayumi Takahashi 165Clarice Pavan Chiareli 265Claudia da Silva Bitencourt 109Clayton Rocha Fermino 279Cléia Maria da Luz Rivero 279Cristiano Morini 299Cristina Broglia Feitosa de Lacerda 43, 45Dalila Kotlarenko 227Daniel Ferreira Moreira Lobato 101Daniela Cristina Gomes de Proença 217Daniele Jacovetti 291Daniele Rodrigues Rossi 157Danieli Alves Padilha 317

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Débora Bevilaqua Grosso 99, 101, 103Dorothee Susanne Rüdiger 283Edgard Bergamaschi Junior 39Eliana Tadeu Terci 231, 317, 319, 321Eliane Bortolaso 137Eliani Scudeler 191Eline T. R.Porto 259, 261Elizandra Paula Piza 217Emelin Coseti Macieu 223Endry Carobene Franceschi 35Eric Ferdinando Passone 247Fabiana Cressoni Martini 113Fabiana Forti 87Fabiana Marchioni Afonso 245Fabíola Maria Erbetta Andrade 93Fabrício Boccia Molina 35Fabrício Diniz Pinto 217Fausto Bérzin 99 101, 103Felipe Araújo Calarge 197Fernanda A. Barros 189Fernanda Elias Moraes 215Fernanda Ozores Polacow 261Fernanda Pavan 171Fernando Serenotti 163Francisco Carneiro Junior 173, 175Francisco Constantino Crócomo 307, 309, 311, 315Géder Massini 99Geraldo Melotto 253Gessé Marques Junior 285, 287Gislaine Ricci Leonardi 81, 83Gislene Garcia Franco Do Nascimento 61, 63, 117Giuliano Thomazini Casagrande 241Graciela C. Lopes 65Grasiela Marchiori Bandini 67Helenice Yemi Nakamura 31Ivana Aparecida Gil 99, 101, 103Ivana Cristina Spolidório Mc Knight 169Ívia Campos Previtali 65Izabele Gonçalves de Camargo Rinck 31Jadson Oliveira da Silva 73Janaina Giusti Barbosa 295João Moreno 235, 237José Eduardo da Fonseca 129José Eduardo de Lacerda Zacharias 65Juliana Barbosa de Mello 217Juliana Cristina Pressutto 217Juliana Dutra Reis 285Juliana Molan 65Julio Flavio Fiore Junior 97Karina Cecilia Cuelhar 55, 75Karina Garcia Mollo 249Karina Luperini 289Karina Maria Cancelliero 85Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro 101Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro 103Klaus Schützer 179, 183Laise Carlos Wadt 173Lauriberto Paulo Belem 161Lauro Euclides Soares Barata 149

Leandro Pereira Morais 315Leila Jorge 267, 275, 277Leila Maria do Amaral Campos Almeida 243, 245Liliane Corrêa Maistro 77Lívia Bongers 77Lívia Oliveira Joaquim 33Luana Maíra Brasil 121Luciana Duarte Novais 105Luciane Cruz Lopes 119, 121Luis Eduardo Galvão Martins 137, 139, 141, 143Luis Eduardo R. dos Santos 137Luiz José Soares de Souza 159Luiz Madaleno Franco 123Magali Rodrigues Serrano 33Mairum Médici 185Maísa Boschiero Legracie 71Mali Naomi Higa 99Manoel Orlando Alvarez Méndez 151Mara Silvia Pires de Campos 63Marcel Benette 231Marcelo Munhoz de Souza Palma 155Márcio Costa Antonelo 103Márcio Danelon 241Margarete Marques 149Mariá Aparecida Pelissari 247, 249Maria Beatriz Bianchini Bilac 317, 319, 321Maria Carolina Basso Sacilotto 89, 91Maria Cláudia Bernades Spexoto 49, 57Maria De Fátima Nepomuceno Dédalo 109, 111, 113, 115Maria Guiomar Carneiro Tomazello 145, 255Maria Imaculada de Lima Montebelo 303Maria Inês Freitas Petrucci Santos Rosa 229Maria Jose Salete Viotto 105Maria Luisa M. Calçada 63Maria Luiza Ozores Polacow 81, 83Maria Ondina Paganelli 123Maria Renata Mourão Leite Ribeiro 201Maria Rita Marques de Oliveira 49, 51, 53, 73, 67Maria Sílvia Mariani Pires de Campos 81, 83Maria Thereza Azevedo 215Maria Thereza Miguel Peres 231Mariana de Oliveira Figueiredo 101, 103Mariana Figueiredo de Miranda 29Marie Oshiiwa 55, 75Marilena Aparecida de Souza Rosalen 293Marília Dias Corrêa Goldschmidt 319Marina Helena Aragon 71Mario Tomazello Filho 145Marisa Lazani Dainese 299Marlene Aparecida Moreno Ganzella 97Marlus Chorilli 81Marta Cecília Soli Alves Rochelle 57, 59Matheus Lavorenti Rocha 119Matheus Manucci Alves 217Milena Heloisa Pozenatto Bicudo 175Milton Vieira Junior 187, 189, 191Míriam Coelho de Souza 55, 75Nádia de Sousa da Cunha 129Nancy Alfieri Nunes 37

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Nara Ramos Costa 181Natalia Mayumi Inada 111Nelson Carvalho Maestrelli 189, 191Newton Libânio Ferreira 171Nilce Maria Althenfelder de Arruda Campos 269Nilton César Arthur 263Nivaldo Antonio Parizotto 105Norberto de Jesus Tavares 283Paloma Graciano de Carvalho 273Patricia Andresa Giacomini 297Patrícia Arjona 275Patrícia Gomes Fernandes 153Patricia Ribeiro de Mello 309, 313Paulo Augusto Cauchick Miguel 201, 207, 209Paulo César Perin 39Paulo Cézar Valério 67Paulo Chanel Deodato de Freitas 125Penélope Leme Marques 45Priscila Arjona 277Priscila Saemi Matsunaga 221Rafael Castro Fagundes 143Rafael Migliorini 39Raquel Uhlmann Corder 303Regina Célia Faria Simões 299Regina Simões 259, 261, 289, 291Renata Amalfi Clementi 271Renata Lima de Souza 63Renato Queiróz Machado 255Ricardo Antoniali 145Ricardo Landgraf Borges 183Ricardo Noboro Isayama 105Ricardo Widmer 101Ricardo Widmer 103Rinaldo Guirro 85Rinaldo Guirro 95Rinaldo Roberto J. Guirro 87Rita de Cássia Almeida Ledier 67Rita de Cássia Bertolo Martins 51, 53, 71Rita de Cássia Furlan Percorari 57, 59Rita Maria Martineli 59Roberta Gaio 289, 291Roberto Carlos Grassi Malta 35Roberto Guardani 171Rodolfo Libardi 195Rodrigo Gastesi Aguiar 89, 91Rodrigo S. Marcondes 287Rogério de Araujo Luciani 235Rosa Maria Alves 73Rosana Macher Teodori 97Rosangela Aparecida Leal 135Roxana M. M. Orrego 203, 207Roxana Martinez Orrego 199, 205Rute Nunes Bueno Godoy 37Sandra Maria Boscolo Brienza 155, 157, 159Sergio Luiz de Almeida Rochelle 57, 59Sérgio Yudi Nakai 41Silvia Cristina Crepaldi Alves 29, 33Sílvio Donizetti de Oliveira Gallo 239Sílvio Roberto Ignácio Pires 185

Sônia Maria Malmonge 161Sueli Aparecida Caporali 45Sueli Mazzilli 295, 297Suzan Aline Casarin 161Taís Helena Martins Lacerda 163, 165Taís Margutti do Amaral Gurgel 43Taise Litholdo 237Taitson Alberto Leal dos Santos 239Talitha Marmorato Granzotto 83Tânia Mara Vieira Sampaio 263, 265Tania Rossi Garbin 267Tatiana Assumpção Simão 117Tatiana Cristina Martins de Sousa 51, 71Tatiana Fávaro de Souza 311Tatiana Pieri Stuchi 49Tatiana Sanchez Pessanha Henriques 205Telma Regina de Paula Souza 217, 219, 221, 223, 225Thaís Adriana do Carmo 127Thatiana Barboza Carnevalli 89, 91, 93Theresa Beatriz Figueiredo dos Santos 267, 271, 273Thiago André Faria Simões 203Thiago Rozineli 293Valéria Aparecida Ferratone 73Valéria Maria D’arezzo Zílio 135Vanessa Cristina Dipe 199Vanessa Monteiro Pedro 99, 101, 103Vânia Aparecida Leandro Merhi 65, 69Vera Lúcia Martinez Vieira 93Vivian Breglia Rosa 53Viviane Urbini Vomero 95Wagner Wey Moreira 259, 261Yara Lygia Nogueira Sáes Cerri 227Zildo Gallo 153

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