PROPOSTA DE TRATAMENTO DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA ...
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PROPOSTA DE TRATAMENTO DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO: UM ESTUDO DE CASO
MOTION FOR TREATMENT OF AQUATIC PHYSICAL THERAPY IN TOTAL KNEE
ARTHROPLASTY: A CASE STUDY
Fulvia Angeline de Carvalho Franco ¹ Cristiane Cristy Bulyk Veiga ² Fernanda Marques Brondani 3
Acadêmico do Curso de Fisioterapia, Faculdade Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, Ponta Grossa, PG – Brasil.1
Docente, mestre Curso de Fisioterapia, Faculdade Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, Ponta Grossa, PG – Brasil.2
Docente, especialista Curso de Fisioterapia, Faculdade Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, Ponta Grossa, PG – Brasil.3
RESUMO
2
O joelho é uma articulação bastante suscetível às lesões traumáticas por ser submetido a esforços; devido a esse fato a intervenção cirúrgica tem se evidenciado quando se trata de joelho. A artroplastia total de joelho (ATJ) é um dos procedimentos cirúrgicos mais utilizados para estes casos. Como forma de reabilitação fisioterapêutica para o pós-operatório (PO) de ATJ, ressalta-se neste trabalho a fisioterapia aquática devido ao seu benefício proporcionado pela redução da ação da gravidade, reduzindo assim o impacto articular. O objetivo deste estudo foi elaborar um protocolo de tratamento e avaliar os benefícios que a fisioterapia aquática traz aos pacientes submetidos à ATJ; analisando a diminuição da dor, ganho de amplitude de movimento (ADM) e o ganho de força muscular. Foi realizado um estudo básico quantitativo durante os meses de abril e maio de 2010. Participou do estudo a paciente C.N, sexo feminino, 81 anos, residente na cidade de Ponta Grossa – PR, apresentando 1 mês de PO de ATJ em joelho direito. Realizou-se 15 sessões de hidroterapia, duas vezes por semana, durante dois meses com duração de 45 minutos cada sessão, na piscina de clínica de Fisioterapia do CESCAGE. Após as 15 sessões foi realizada uma reavaliação onde se obteve como resultado a diminuição do quadro álgico, aumento da ADM de joelho direito e aumento de força muscular de membros inferiores (MMII).
Palavras- Chave: Artroplastia Total de Joelho, Reabilitação, Fisioterapia Aquática.
ABSTRACT
The knee joint is very susceptible to traumatic injuries for being subjected to stresses,
because of this fact the surgical intervention has been evidenced when it comes to knee.
The total knee arthroplasty (TKA) is one of the most commonly used surgical procedures for
these cases. As a form of physical therapy rehabilitation for post-operative (PO) in TKA, it
is emphasized in this paper the aquatic therapy because of its benefit from a reduction of
gravity, thus reducing the impact articulate. The aim of this study was to develop a treatment
protocol and evaluate the benefits that the aquatic therapy brings to patients undergoing
TKA; analyzing the reduction of pain, gain range of motion (ROM) and muscle strength
improvement. We conducted a basic quantitative study during the months of April and May
2010. Patient CN participated the study, female, 81 years, residing in the city of Ponta
Grossa - PR, with one month postoperatively in the right knee TKA. It was realized 15
sessions of hydrotherapy, two times per week for two months with duration of 45 minutes
each session, in the pool of CESCAGE Physiotherapy Clinic.
After the 15 sessions was performed a revaluation which resulted in diminishing the pain,
increased ROM of right knee and increase muscle strength of lower limbs (LL).
Keywords: Total Knee Arthroplasty, Rehabilitation, Aquatic Therapy.
INTRODUÇÃO
2
O Joelho é uma articulação do tipo
gínglimo atípica com duas junções
ósseas (BATES e HANSON, 1998). É
formada pela articulação dos côndilos de
fêmur, com os côndilos da tíbia e pela
patela articulando-se com a superfície
patelar do fêmur. (KENDALL, 1995).
Esta articulação é composta por diversas
estruturas, dentre elas cápsula articular,
meniscos e ligamentos (KAPANDJI,
2000).
A cápsula articular é uma bainha
fibrosa que contorna a extremidade
inferior do fêmur e a extremidade
superior da tíbia mantendo-as em
contato entre si e formando as paredes
não ósseas da cavidade articular. Na sua
camada mais profunda está recoberta
pelo líquido sinovial. Os meniscos
apresentam-se entre a não concordância
das superfícies articulares, estes estão
interrompidos ao nível das espinhas
tibiais com uma forma de uma meia-lua,
com um corno anterior e outro posterior.
Os cornos do menisco externo estão
mais próximos entre si que os do interno,
além disso, o menisco externo forma um
anel quase completo, tem a forma de O,
enquanto que o interno tem a forma de
C, como forma didática é simples usar a
palavra CItrOEn, para lembrar a forma
dos meniscos (KAPANDJI, 2000).
Segundo o mesmo autor, os
principais ligamentos presentes no
joelho são responsáveis pela
estabilidade lateral/medial e
anterior/posterior, sendo os ligamentos
laterais interno e externo responsáveis
pela estabilidade lateral e medial do
joelho, e os ligamentos cruzado anterior
e posterior, responsáveis pela
estabilidade anterior e posterior do
mesmo.
Segundo KAPANDJI (2000) o joelho
é a articulação intermédia do membro
inferior; possui uma articulação com um
principal grau de liberdade - flexão-
extensão, que lhe permite aproximar ou
afastar a extremidade do membro à sua
raiz. A flexão é um movimento em
direção posterior, aproximando as
superfícies posteriores da perna e da
coxa, apresentando como amplitude
140º a partir da posição zero de
extensão; e a extensão um movimento
em direção anterior até uma posição de
alinhamento retilíneo da coxa e perna,
com amplitude de 0° podendo possuir
um aumento no seu movimento
denominado de hiperextensão. Ao medir
a amplitude de movimento (ADM) no
movimento de flexão e extensão do
joelho, é preciso que a articulação do
quadril trabalhe conjuntamente para
3
inibir a ação dos músculos reto femoral e
isquiotibiais na realização do movimento,
a fim de evitar restrição nos mesmos
(KENDALL, 1995).
De forma acessória, o joelho possui um
segundo grau de liberdade, sendo este a
rotação sobre o eixo longitudinal da
perna, aparecendo somente com o
joelho flexionado (KAPANDJI, 2000).
Para tal movimento, KENDALL (1995)
afirma que ocorre uma combinação do
movimento entre a tíbia e os meniscos,
bem como o movimento entre a tíbia e o
fêmur.
O joelho é uma articulação bastante
suscetível às lesões traumáticas por ser
muito submetido a esforço, já que se
localiza entre dois braços de alavanca: o
fêmur e a tíbia. (HOPPENFELD, 2004),
com o passar dos anos, devido à
sobrecarga imposta a essa articulação, e
outros fatores como doenças
inflamatórias e infecciosas que destroem
a estrutura cartilaginosa ou traumas que
envolvem a cartilagem, surgem
patologias ortopédicas importantes,
sendo uma delas e a mais comum a
osteoartrose (OA).
A OA do joelho, conhecida como
Gonartrose, é uma doença de caráter
inflamatório e degenerativo que provoca
a destruição da cartilagem articular e
leva a uma deformidade da articulação.
(CAMANHO, 2001).
Segundo CAMANHO (2001) a
deformidade articular que se instala na
artrose do joelho é complexa, de caráter
progressivo e, na maioria dos casos,
provoca desvios em varo. A evolução da
degeneração articular, seja ela de causa
idiopática ou secundária a trauma ou
doença inflamatória, leva à
desestruturação de todo o aparelho
osteoligamentar e ao agravamento da
deformidade. A intervenção cirúrgica tem
se evidenciado nesses casos devido à
ampla incidência desses processos
degenerativos que acometem o joelho
(SALMELA, et al. 2003), Nessa situação
as artroplastias totais têm sido de muito
auxílio na melhoria da qualidade de vida
dos pacientes.
A artroplastia total de joelho (ATJ) é
a substituição protética de uma ou mais
superfícies da articulação do joelho, e
começou a se desenvolver no final da
década de 1950 e início da década de
1960 (KISNER e COLBY, 2005).
Segundo KISNER e COLBY (2005)
os primeiros procedimentos incluíam a
substituição apenas do platô tibial
(hemiartroplastia). A primeira geração de
ATJ consistia em uma prótese metálica
não cimentada, com duas hastes,
4
completamente restritiva (articulada)
para substituir as superfícies articulares
distal do fêmur e proximal da tíbia. Esse
primeiro modelo teve uma alta taxa de
falha devido ao afrouxamento
biomecânico progressivo. Então foi
desenvolvida uma substituição de joelho
feita de metal e plástico, livre (não-
restritiva), multicondilar, que recapeava
as superfícies articulares da articulação
tibiofemoral, esta mantida no lugar com
cimento acrílico. Posteriormente foi
desenvolvida a artroplastia
unicompartimental, que recapeia
separadamente as superfícies
articulares medial e lateral. Porém este
tipo de procedimento foi associado à alta
incidência de instabilidade. Este
problema deu origem ao
desenvolvimento de um modelo
bicondilar, semi-restritivo, com dois
componentes, seguido pelo
desenvolvimento de um modelo condilar
total de três componentes que incluía o
recapeamento da articulação
patelofemoral.
Esses primeiros modelos foram
precursores dos modelos atuais de ATJ.
Os modelos e procedimentos de ATJ
podem ser classificados de diferentes
maneiras, tanto pelo número de
componentes envolvidos
(unicompartimental/unicondilar,
bicompartimental/ bicondilar e
tricompartimental/ condilar total); pelo
grau de restrição (livres, semi- restritivos
e completamente restritivos); pelo estado
do ligamento cruzado posterior (LCP) ou
pelo modo de fixação (cimentada, não
cimentada ou “híbrida”). (KISNER e
COLBY, 2005).
A ATJ é indicada para pacientes
portadores de processos degenerativos
articulares em seus joelhos, e que
pretendem retornar a atividade diária
normal rapidamente e eficientemente
(CAMANHO, OLIVI e CAMANHO, 1998).
A fisioterapia é um campo de atuação
privativo que, através da aplicação e
construção de novos conhecimentos,
utiliza métodos e técnicas especializadas
para adequada aplicação de recursos
físicos e naturais, na promoção e
reabilitação da saúde do movimento
humano. Dentro da fisioterapia, existem
diversas especialidades, para diferentes
necessidades, dentre estas
especialidades a fisioterapia faz uso da
Fisioterapia Aquática, que utiliza o meio
aquático com temperatura adaptada
para alcançar determinados objetivos
fisioterapêuticos (MORAES, 2005).
A fisioterapia aquática é utilizada
como forma de tratamento para uma
5
grande variedade de patologias
ortopédicas. Os efeitos fisiológicos da
imersão combinados com o calor da
água e a flutuabilidade tornam a piscina
de fisioterapia aquática um local ideal
para iniciar a conduta do paciente
ortopédico. À medida que progridem, as
propriedades da água, como turbulência
e movimentos contra a flutuabilidade,
podem exercitar todos os pacientes até
seus potenciais máximos. (CAMPION,
2000). A redução da ação da gravidade
proporcionada pela água faz com que o
indivíduo tenha a sensação do peso
corporal diminuída, e isso facilita a
realização dos exercícios dentro da
piscina. A redução da gravidade é
proporcional a profundidade, ou seja,
quanto mais submerso estiver o
paciente, menor é a força de
compressão agindo sobre o corpo
(GRAVA, 2007).
A flutuabilidade faz com que os
objetos imersos tenham um peso
aparentemente menor do que o mesmo
objeto no solo. É uma força oposta à
gravidade, age sobre o objeto com uma
força gerada pelo volume de água
deslocado, promove uma força para
cima que tem conseqüências
importantes no ambiente aquático
terapêutico (DELISA, 2002).
Outra propriedade física importante
para muitos pacientes com
acometimentos nos joelhos é a pressão
hidrostática. É definida como a pressão
que a água produz em qualquer estrutura
que estiver submersa, ela é proporcional
à profundidade, ou seja, quanto mais
profundo estiver o joelho maior será a
pressão hidrostática nesta articulação.
Esta pressão reduz a tendência de
líquidos ficarem nas extremidades
(joelhos, tornozelos e pés) diminuindo os
possíveis edemas e conseqüentemente
melhorando o retorno venoso. Outra
significante propriedade da água em
uma reabilitação de joelho é a
viscosidade, responsável pelo
fornecimento de resistência a um corpo,
o movimento produz uma resistência que
é aplicada a toda a superfície de um
membro; quando esta propriedade física
é aplicada de forma correta, o
fisioterapeuta tornará a piscina, um
ambiente útil para o treino de
fortalecimento muscular (GRAVA, 2007).
Dentre os diversos benefícios
oferecidos pelas propriedades físicas da
água, a reabilitação aquática é facilitada
também através do uso de técnicas
específicas, que irão proporcionar uma
resposta significativa nessa reabilitação
como, por exemplo, o Bad Ragaz.
6
O Bad Ragaz é uma técnica com
padrões em diagonal similar ao Kabat, é
realizado em meio aquático, o que o
diferencia do Kabat que é aplicado em
solo. É um tratamento na horizontal que
utiliza as propriedades físicas da água
(flutuação, turbulência, pressão
hidrostática e tensão superficial) em seu
benefício. A técnica se diferencia do
Kabat pelo uso do calor da água,
realizações de exercícios
tridimensionais, capacidade de arrasto
do paciente na superfície da água,
possibilidade de realizar exercícios
isométricos e isocinéticos
simultaneamente e resistência da água
(CANDELORO, 2009).
CANDELORO (2009) afirma que
para a realização da técnica, o
fisioterapeuta ficará com a base ampla
com transferência de peso de um
membro inferior para outro, semiflexão
de joelhos, contração abdominal, nível
da água no processo xifóide, e não
realizar a rotação de tronco. O comando
de voz deve ser curto e preciso e deve-
se orientar o paciente quanto à
realização do movimento. As pegadas e
contatos são feitas no quadril, perna,
tornozelo, cintura escapular e cotovelo
flexionado.
Segundo ROQUE et al (2001), o Bad
Ragaz é subdividido em exercícios
isotônicos, isocinéticos, passivos e
isométricos.
Os exercícios isotônicos são
realizados com resistência graduada e
controlada pelo fisioterapeuta, o qual age
como um estabilizador movendo-se a
partir do movimento do paciente na
água; o fisioterapeuta pode aumentar ou
diminuir a resistência, movimentando o
paciente na mesma direção (exercício
assistido), ou em direção oposta ao
movimento (exercício resistido). Os
exercícios isocinéticos são realizados
com resistência graduada e controlada
pelo paciente, o fisioterapeuta atua como
um fixador enquanto o paciente se
movimenta; o fisioterapeuta fixa parte do
corpo, enquanto o paciente determina a
quantidade de resistência
proporcionalmente à velocidade do
movimento (ROQUE et al, 2001).
Nos exercícios passivos o paciente é
movimentado na água, com a utilização
dos padrões para relaxamento,
alongamento de tronco e coluna e
inibição de tônus. Utilizado
principalmente em casos de dor,
promovendo analgesia ao se realizar o
movimento ativo e para ganho de ADM.
Também usando a propriocepção para
7
ensinar o padrão ao paciente. Já o
exercício isométrico na água é realizado
quando o paciente mantém determinada
posição, enquanto é movido na água. A
posição do paciente é fixa, sendo que a
água provê a resistência para a
contração sustentada do paciente
(ROQUE et al, 2001).
Segundo CAMPION (2000) a
fisioterapia aquática na ATJ deve ser
iniciada 10 a 14 dias após a cirurgia,
tendo como metas aumentar a amplitude
de movimento e a força muscular.
O efeito da fisioterapia aquática
aplicando o método Bad Ragaz é de
possibilitar maior mobilidade articular,
facilitação dos movimentos, relaxamento
muscular, analgesia e trabalho
proprioceptivo, redução do tônus
muscular, fortalecimento muscular e
restauração dos padrões normais de
movimento. (MORAES, 2005).
Este trabalho teve como objetivo a
elaboração de um protocolo de
tratamento e avaliar os benefícios que a
fisioterapia aquática traz à paciente
submetido à ATJ. Analisando a
diminuição de dor, ganho de amplitude
de movimento (ADM), e o ganho de força
muscular em paciente submetida ao
tratamento proposto.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi elaborado, visando o
tratamento aquático fisioterapêutico em
uma paciente em período de pós-
operatório (PO) de artroplastia total de
joelho (ATJ), devido à presença de dor,
diminuição de amplitude de movimento
(ADM) e força muscular que esta
intervenção cirúrgica gera.
A água apresenta efeitos terapêuticos
importantes que proporcionam benefícios
ao tratamento de PO de ATJ, como o
aumento do relaxamento muscular global,
redução de espasmos e contraturas
musculares localizados, diminuição da
dor, aumento da ADM, manutenção ou
ganho de força muscular, aumento da
auto-confiança da paciente e bem-estar
da mesma.(GRAVA, 2007)
Foi realizado um estudo básico
quantitativo durante os meses de abril e
maio de 2010, visando avaliar os
benefícios que a fisioterapia aquática
propicia à paciente em período pós-
operatório de ATJ.
Realizou-se a análise dos benefícios da
fisioterapia aquática na diminuição da dor,
no ganho de amplitude de movimento
(ADM) e no ganho de força muscular. A
8
mensuração desses dados foi realizada
através de escalas conhecidas, sendo
estas a Escala Visual Analógica (EVA)
para mensuração da dor (SOGAB,2009),
avaliação da ADM através de goniômetro
(MARQUES, 2003) e Teste de Força
Muscular (KENDALL, 1995); e uma ficha
de avaliação elaborada pela
pesquisadora, que a utilizou como forma
de avaliação inicial e reavaliação.
A paciente assinou o Termo de
consentimento livre e esclarecido e Termo
de uso da imagem .
O estudo foi composto pela paciente
C.N, sexo feminino, 81 anos, residente na
cidade de Ponta Grossa- Paraná,
apresentando 1 mês de PO de ATJ em
joelho direito.
A paciente foi submetida a 15 sessões
de hidroterapia, duas vezes por semana,
durante 2 (dois) meses, com duração de
45 minutos cada sessão.
As sessões foram realizadas na
piscina da clínica de Fisioterapia do
Centro de Ensino Superior dos Campos
Gerais- CESCAGE, situada na cidade de
Ponta Grossa- PR, onde esta apresenta
formato retangular, com 1.20m de lâmina
d’água, 1.50m de profundidade, 9m de
comprimento x 6m de largura, e com
temperatura de 34° durante todos os
atendimentos.
Fez-se uso de flutuadores em forma de
colete, espaguete e caneleiras, para a
realização dos exercícios e a paciente e
terapeuta trajando roupas adequadas ao
meio aquático.
Realizou-se exercícios de
alongamento e fortalecimento de
membros inferiores (MMII), e como
técnica específica o Bad Ragaz.
Os alongamentos foram realizados em
3 séries de 15 segundos para cada
exercício, os fortalecimentos realizados
em 3 séries de 12 segundos para os
isométricos e 3 séries de 15 repetições
para os ativos.
Como critérios de inclusão, a paciente
deveria estar no mínimo no 14° dia de PO,
com disponibilidade de horário e dia para
realizar o tratamento proposto e estar apta
à prática de hidroterapia através do exame
de pele.
Como critérios de exclusão, a paciente
não poderia possuir restrições ao meio
aquático; não deveria apresentar
alterações de pele, incontinência urinária,
doenças transmissíveis no meio aquático
e apresentar outra patologia ortopédica
associada.
As figuras a seguir demonstram alguns
dos exercícios presentes no protocolo de
atendimento, aplicados à paciente; sendo
estes: alongamento de isquiotibiais
9
(Figura 1); Caminhada pra frente (Figura
2); Bicicleta (Figura 3); Extensão, abdução
e rotação interna de quadril (Figura 4);
Extensão, adução e rotação interna de
quadril (Figura 5) e Flexão e Extensão de
joelho (Figura 6).
Figura 1: alongamento de isquiotibiais. Figura 2: Caminhada pra Frente
Figura 3: Bicicleta Figura 4: Extensão, abdução e rotação interna de quadril
2
Figura 5: Extensão, adução e rotação interna Figura 6: Flexão e Extensão de joelho. de quadril
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Atualmente, a fisioterapia aquática
tem apresentado grande prestígio no
tratamento de inúmeras disfunções,
dentre estas, as de causas ortopédicas.
As propriedades ímpares de flutuação e
de resistência da água fazem dela um
importante recurso para o fisioterapeuta,
proporcionando ao mesmo, numerosas
opções para a elaboração de um
programa de reabilitação individual. As
vantagens da redução do peso corporal
e da imersão em um meio com
resistência são bem conhecidas, razão
pela qual foi estimulada a utilização da
água como meio de reabilitação,
(ZIMMERMANN; CARVALHO, 2001
apud SAVIATTO,2006 ).
Os exercícios aquáticos favorecem a
reabilitação, porque além de fazer uso
das propriedades físicas da água, podem
ser facilmente modificados para
acomodar as condições do paciente,
utilizada então em períodos de transição.
Esses períodos de transição ocorrem
quando os pacientes não toleram a
fisioterapia em terra, quando eles não
sustentam total ou parcialmente o peso
do corpo, quando estão em preparação
para procedimentos cirúrgicos e quando
ainda não retornaram às atividades
diárias habituais. (BIASOLI, 2006).
As propriedades da água vão
favorecer a diminuição da dor, dor esta
que é um dos principais motivos de
limitação funcional para o paciente
submetido à ATJ, assim como em
qualquer outra cirurgia ortopédica.
Nesse estudo, a mesma foi avaliada e
reavaliada através da escala visual
analógica da dor (EVA).
3
O Gráfico 1 apresenta a melhora
significativa na dor relatada pela paciente
na primeira avaliação, sendo esta
representada pelo número 5, que de
acordo com a Escala Visual Analógica
(EVA), equivale à dor moderada, e que
após o tratamento proposto cursou para o
número 0, significando dor leve ou
ausência da dor, apontando assim uma
melhora de 100% da mesma.
A água aquecida auxilia no
relaxamento muscular e na diminuição da
dor, reduzindo espasmos e contraturas
musculares, os indivíduos que
apresentam dificuldade em realizar a
flexão ou extensão da articulação do
joelho, encontram no ambiente aquático
uma evolução mais rápida quando
comparados aos indivíduos que realizam
o mesmo trabalho somente na fisioterapia
terrestre. (GRAVA, 2007).
Gráfico 1: Avaliação da dor
Fonte: autora
Outra facilidade imposta pela água
aquecida é a possibilidade de ganho de
amplitude de movimento e/ou
flexibilidade.
A flexibilidade segundo DANTAS
(1999) apud THEREZA et al (2009) “é a
execução voluntária de um movimento de
amplitude articular máxima, por uma
articulação ou conjunto de articulações,
dentro dos limites morfológicos, sem o
risco de promover lesão”, efeito esse
importante, o qual se buscou com a
realização desta proposta de tratamento.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Antes Depois
Escala
da D
or
Escala Visual Analógica da Dor
4
Segundo BATES E HANSON (1998) A
manutenção ou o aumento da amplitude
de movimento é um efeito importante que
se busca na hidroterapia, através da
diminuição de tônus, dor e fatores
estressantes.
O Gráfico 2, apresenta a avaliação e a
reavaliação da ADM, no movimento de
flexão de joelho, apontando melhora da
ADM em joelho direito que inicialmente
apresentava 110º de flexão, e após a
realização do tratamento cursou com
130º; totalizando um ganho de 20º.
Gráfico 2: Goniometria- Flexão de Joelho
Fonte: autora
O Gráfico 3 apresenta a goniometria
pré e pós- tratamento de joelho direito;
onde este apresentava na primeira
avaliação 20º de semiflexão, e na
reavaliação apresentou 5º de semiflexão,
totalizando uma melhora de 15º na
extensão do joelho direito. Quanto ao
joelho esquerdo, não se fez necessária a
apresentação de gráfico, visto que este
apresentou valor normal de 0º de
extensão, no início e ao final do
tratamento.
0
20
40
60
80
100
120
140
Direito Esquerdo
Deslo
cam
en
to e
m G
rau
s
Goniometria Flexão de Joelho
Antes
Depois
5
Gráfico 3: Goniometria- Extensão de Joelho
Fonte: autora
Como comprovação visual dos
resultados apresentados pelos gráficos 2
e 3, é apresentada através das figuras 8 e
9, a avaliação no início do tratamento e
reavaliação após as 15 sessões de
fisioterapia aquática realizadas pela
paciente.
Figura 8: Primeira avaliação Figura 9: Reavaliação
TOVIN et al.(1994) apud
CARREGARO (2008) afirmam que os
exercícios realizados na água favorecem
a reabilitação, pois os efeitos
proporcionam menor estresse articular,
aumento da circulação e facilidade de se
movimentar.
0
5
10
15
20
25
Antes Depois
Deslo
cam
en
to e
m G
rau
s
Goniometria Extensão de Joelho D
6
Segundo os mesmos autores, em um
ambiente com pouca descarga de peso, o
terapeuta pode utilizar equipamentos
específicos (como flutuadores) e
aumentar a resistência durante os
movimentos na água. Deste modo, pode-
se favorecer o condicionamento muscular,
como por exemplo, em corridas e
caminhadas sub-aquáticas, sem o risco
de lesões por sobrecarga das
articulações.
CANDELORO & CAROMANO (2007)
apud CARREGARO (2008) realizaram um
estudo onde estes aplicaram um programa de
32 sessões, por 16 semanas consecutivas com
o intuito de verificar os benefícios da
reabilitação aquática na flexibilidade articular
e força em idosos. Os autores ressaltaram que
os achados significativos de amplitude de
movimento articular e força muscular,
demonstraram a eficácia do programa e
destacam o importante benefício da facilitação
dos exercícios em um ambiente aquático.
O estudo de MORAES (2005)
corrobora com o presente estudo, onde
foram realizadas 15 sessões de
hidroterapia na artroplastia total de quadril
(ATQ) visando uma melhora significativa
na diminuição álgica, ganho de ADM e
Força Muscular.
De acordo com KENDALL (1995), as
graduações de força muscular variam
entre 0 e 5, sendo 0 representando
contração nula ou imperceptível, e grau 5
normal, ou seja, quando o paciente é
capaz de superar maior quantidade de
resistência do que um músculo bom.
Os gráficos 4 e 5 denotam a variação
na graduação de força muscular na
primeira avaliação e na reavaliação, onde
a paciente apresentava grau 3 de força
muscular em quadril e joelho direito e grau
4 em esquerdo na avaliação inicial, e
posteriormente apresentando grau 4 em
quadril e joelho direito e 5 em esquerdo
na reavaliação, sendo visível através dos
presentes gráficos uma melhora
significativa na força muscular.
Gráfico 4: Força Muscular de Flexores de Quadril
Fonte: autora
Gráfico 5: Força Muscular de Flexores de Joelho
Fonte: autora
O Gráfico 6 , assim como os demais,
apresenta uma comparação entre o início
e o final do tratamento proposto,
apresentando como valores iniciais de
força muscular de extensão de joelho,
grau 3 para o joelho direito e grau 4 para
o esquerdo; passando posteriormente a
ser grau 4 em joelho direito e 5 em
esquerdo, sendo possível notar um
aumento significativo de graduação de
força muscular.
0
1
2
3
4
5
Direito Esquerdo
Gra
du
ação
da F
orç
a
Força MuscularFlexores de Quadril
Antes
Depois
0
1
2
3
4
5
Direito Esquerdo
Gra
du
ação
da F
orç
a
Força MuscularFlexores de Joelho
Antes
Depois
Gráfico 6: Força Muscular de Extensores de Joelho
Fonte: autora
A cirurgia de ATJ resulta em limitação
da ADM e restrição na sustentação de
peso. A fisioterapia aquática, num dos
seus objetivos fisioterapêuticos enfoca a
manutenção ou ganho da ADM. A
flutuação é a propriedade física mais
utilizada para facilitar a ADM e a
viscosidade que possibilita o treino de
fortalecimento muscular (ZIMMERMANN:
CARVALHO, 2004 apud MORAES, 2005).
Segundo o mesmo autor, o método
Bad Ragaz usa as propriedades físicas da
água e possibilita a função anatômica e
fisiológica normal das articulações e
músculos causando um aumento da ADM
da articulação afetada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização da cirurgia de ATJ o
paciente poderá apresentar várias
limitações de movimento, devido ao
prolongado período de imobilização, dor e
fraqueza muscular.
A ação da fisioterapia aquática no pós-
operatório de ATJ é de fundamental
importância, pois proporciona uma
recuperação mais rápida e de forma mais
agradável, quando comparada á
fisioterapia terrestre.
A piscina é um local ideal para a
reabilitação de PO de ATJ, pois a água
aquecida proporciona um relaxamento
global, oferecendo um conforto maior ao
paciente e possibilitando que este, através
da diminuição da força da gravidade,
sinta-se mais seguro, para realização de
exercícios que em solo causariam
desconforto.
0
1
2
3
4
5
Direito Esquerdo
Gra
du
ação
da F
orç
a
Força MuscularExtensores de Joelho
Antes
Depois
9
Os objetivos deste trabalho foram
alcançados com sucesso, sendo possível
visualizar a melhora total da dor, aumento
da ADM e aumento da força muscular.
Para a realização desta pesquisa
encontrou-se dificuldade em relação à
referencial bibliográfico, visto que quase
não se encontram artigos ou trabalhos que
associem a prática de fisioterapia aquática
ao PO de ATJ. Temos na literatura artigos
que apresentem o uso do Bad Ragaz,
artigos sobre prótese de joelho, porém
nenhum com a associação de ambos.
Tendo em vista a escassez
bibliográfica, e o fato desta pesquisa ser
um estudo de caso, sugere-se então que
sejam realizadas outras pesquisas com
uma amostra maior para melhor
comprovação da eficácia e benefícios da
técnica.
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