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Instituto Inovação Pág. 2

ÍNDICE ANALÍTICO

SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................... 4

NANOTECNOLOGIA – Definição, Conceitos e Histórico ............................................................. 6

1. O que é Nanotecnologia? ........................................................................................ 6

2. A multidisciplinaridade da Nanociência....................................................................... 7

3. O surgimento e evolução da Nanotecnologia ................................................................. 8

COMO É POSSÍVEL MANIPULAR ESTRUTURAS NANOMÉTRICAS? .................................................. 10

1. Visualização ..................................................................................................... 10

2. Caracterização ................................................................................................. 11

3. Manipulação de Nanoestruturas .............................................................................. 11

4. Métodos de desenvolvimento de Nanoestruturas .......................................................... 12

AS APLICAÇÕES DA NANOTECNOLOGIA ............................................................................. 14

ANÁLISE DOS AVANÇOS DA NANOTECNOLOGIA: PRÓS E CONTRAS .............................................. 20

1. Benefícios / Vantagens ........................................................................................ 20

2. Riscos e Efeitos ................................................................................................. 21

3. Pontos críticos .................................................................................................. 23

COMO ANDA O DESENVOLVIMENTO DA NANOTECNOLOGIA NO BRASIL E NO MUNDO ......................... 25

1. Pesquisa no Mundo ............................................................................................. 25

2. Pesquisa no Brasil .............................................................................................. 26

A. Ações do Governo .......................................................................................... 27

B. Ações Privadas .............................................................................................. 31

O MERCADO DE NANOTECNOLOGIA ................................................................................. 32

1. Mercado Internacional ......................................................................................... 32

2. Mercado Brasileiro ............................................................................................. 34

A. Eletro Eletrônica ........................................................................................... 35

B. Setor Químico e Petroquímico ............................................................................ 36

C. Setor Têxtil .................................................................................................. 37

D. Biotecnologia e Fármacos ................................................................................. 37

E. Outros setores .............................................................................................. 38

CONCLUSÕES ........................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 42

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Escala nanométrica de objetos naturais e artificiais .................................................. 6

Figura 2 - Nanociência, Tecnologia de Convergência .............................................................. 8

Figura 3 - Marcos Históricos da Nanotecnologia .................................................................... 9

Figura 4 - Logomarca da IBM na escala nanométrica ............................................................. 10

Figura 5 - Abordagens utilizadas para desenvolvimento de Nanoestruturas .................................. 12

Figura 6 - Oportunidades em Nanotecnologia nos próximos anos .............................................. 16

Figura 7 - Semicondutores ligados por nanotubos ................................................................ 18

Figura 8 - Nanotubo de múltiplas camadas - NMC (A) e Nanotubo de Única Camada - NUC (B) ............ 19

Figura 9 - Benefícios da Nanotecnologia ........................................................................... 20

Figura 10 - Investimentos globais em Nanotecnologia ........................................................... 25

Figura 11 - Estimativa de Pessoal para Nanotecnologia ......................................................... 26

Figura 12 - Patentes relacionadas à Nanotecnologia registradas no Brasil .................................... 27

Figura 13 - Indicadores do Plano Nacional de Nanotecnologia .................................................. 28

Figura 14 - Principais segmentos de pesquisa em Nanotecnologia no Brasil .................................. 29

Figura 15 - Projetos de Nanotecnologia por região ............................................................... 30

Figura 16 - Estimativa do Mercado Mundial de Nanotecnologia ................................................ 32

Figura 17 - Estatísticas do Mercado de Nanotecnologia.......................................................... 33

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SUMÁRIO EXECUTIVO

A Nanociência pode ser considerada uma “Supraciência”, pois avança na medida em que disciplinas tais como a Física, Química, Computação e Biologia aplicam seus modelos e técnicas no desenvolvimento desta nova área do conhecimento. A Nanotecnologia é a Nanociência aplicada. O prefixo “nano” tem origem grega e significa “anão” e reflete bem o mundo da Nanotecnologia que engloba todo tipo de desenvolvimento tecnológico dentro da escala nanométrica, geralmente entre 0,1 e 100 nanômetros. Um nanômetro equivale a um milionésimo de um milímetro ou a um bilionésimo de um metro. Uma das características peculiares da Nanotecnologia é o comportamento das partículas na escala nanométrica – ele se difere sobremaneira do comportamento da matéria na escala em que conhecemos. Este fato torna-se um desafio para os cientistas, mas constitui-se também numa grande oportunidade para o desenvolvimento de novos materiais com propriedades e funcionalidades antes impossíveis de serem atingidas. A Nanotecnologia começou a ser discutida em 1959, pelo físico Richard Feymann, mas só pôde ter avanços significativos em suas aplicações a partir da década de 80 com o desenvolvimento de microscópios especiais. Duas abordagens são utilizadas para o desenvolvimento de nanoestruturas: a top-down, que consiste na redução das dimensões de dispositivos, ou miniaturização (abordagem física); e bottom-up que é a montagem de estruturas a partir de átomos e moléculas (abordagem química). De uma maneira geral, os principais benefícios do avanço da Nanotecnologia são:

1. Controle das características desejáveis; 2. Otimização do uso de recursos; 3. Menor impacto ambiental; 4. Desenvolvimento de fármacos com menores efeitos colaterais; 5. Aumento da capacidade de processamento de sistemas computacionais.

Por outro lado, existem grupos que apontam para seus riscos: 1. Sobre direitos de propriedade intelectual; 2. Políticos, em relação ao impacto no desenvolvimento econômico de países e

regiões; 3. De privacidade, quando sensores em miniatura se tornarem imperceptíveis; 4. Ambientais, com o lançamento de nanopartículas no ecossistema; 5. Quanto à segurança dos trabalhadores e dos consumidores em contato com

nanopartículas. Os países desenvolvidos têm demonstrado bastante interesse nas pesquisas da Nanociência, pois reconhecem a importância do domínio desta tecnologia frente ao mercado internacional. Os investimentos globais em Nanotecnologia já chegam a US$ 6 bilhões, com destaque para o Japão e os Estados Unidos líderes no ranking dos investimentos. Apesar de várias pesquisas em Nanotecnologia se apresentarem ainda em estágio de desenvolvimento, diversos produtos inovadores baseados na Nanotecnologia já são comercializados no mercado mundial. Dentre as aplicações inovadoras que já incorporam essa tecnologia, podem-se citar como exemplos: vidros para automóveis e óculos de sol, tecidos, equipamentos esportivos, protetores solar e cosmético, televisores, chips e memórias para computadores e minilabs. São 3 as grandes áreas que representarão grandes oportunidades de negócio no mundo nos próximos anos: biotecnologia, semicondutores e novos materiais, com destaque para a família de produtos criada a partir de nanotubos de carbono. O governo brasileiro tem implementado ações importantes para a promoção do desenvolvimento da Nanotecnologia no país. No entanto, é importante que a política de investimentos do governo mantenha a continuidade do programa, a fim de se evitar erros cometidos no passado, como aconteceu no Programa Nuclear, com a descontinuidade do mesmo.

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O que se percebe é que as aplicações da Nanotecnologia no mercado nacional não acompanham o ritmo de crescimento das publicações científicas sobre o tema. O nível de investimentos do governo brasileiro em Nanotecnologia ainda é muito tímido diante dos volumosos investimentos dos países desenvolvidos e poucas são as empresas que estão desenvolvendo pesquisas em Nanotecnologia no país. Nos Estados Unidos, por exemplo, já são mais de 500 as empresas que comercializam produtos relacionados à Nanotecnologia. Com o estudo realizado, concluímos que há muitas iniciativas de pesquisa, mas são poucas as experiências brasileiras em Nanotecnologia que já estão sendo comercializadas. O Brasil já dispõe de algumas pesquisas de ponta, tanto básicas quanto aplicadas, mas carece de empresas que invistam na transformação desses conhecimentos em produtos. O elevado grau de inovação conferido pelas mudanças em produtos e processos industriais gerados pelo avanço da Nanotecnologia deverá causar a obsolescência de diversos produtos e processos atualmente em uso. Para evitar que esse processo comprometa a competitividade da indústria brasileira, é necessário investir em ações que contribuam para a convergência da Nanotecnologia na geração de produtos, processos, serviços e patentes.

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NANOTECNOLOGIA – Definição, Conceitos e Histórico

1. O que é Nanotecnologia?

A Nanotecnologia engloba todo tipo de desenvolvimento tecnológico dentro da escala nanométrica

A Nanotecnologia, por ser ainda um tema relativamente recente, ainda não apresenta uma definição formal no meio científico, inclusive gerando um grande debate a esse respeito. O termo é utilizado com freqüência para descrever a Nanotecnologia Molecular (MNT), que é uma avançada forma de Nanotecnologia que se acredita dominar em um futuro não muito distante. Já a Nanociência é o termo utilizado para descrever o campo interdisciplinar da ciência voltado para o avanço da Nanotecnologia. Dentre as macro disciplinas envolvidas, podemos citar a biologia, a física, a química e a ciência da computação.

A Nanotecnologia engloba todo tipo de desenvolvimento tecnológico dentro da escala nanométrica, geralmente entre 0,1 e 100 nanômetros. Um nanômetro equivale a um milionésimo de um milímetro ou a um bilionésimo de um metro. O prefixo “nano” tem origem grega e significa anão.

Figura 1 - Escala nanométrica de objetos naturais e artificiais

Fonte: Elaboração Instituto Inovação (imagens do site

http://micro.magnet.fsu.edu/primer/java/scienceopticsu/powersof10/)

Outros pesquisadores definem Nanotecnologia como sendo “uma ciência relacionada à manipulação da matéria ao nível molecular, visando à criação de novos materiais, substâncias e produtos, com uma precisão de átomo a átomo. [...]” (Waite Group Press, tradução livre de Oswaldo Luiz Alves). A escala nanométrica é utilizada na medição de átomos e moléculas, entretanto até mesmo essa escala pode ser considerada grande para isso, uma vez que o tamanho característico de um átomo é da ordem de um décimo de nanômetro.

O comportamento dos materiais na escala nanométrica se difere da escala em que estamos familiarizados

A importância da ciência nessa dimensão reside no fato de que, à medida que a escala do objeto que se manipula aproxima-se do intervalo de 0,1 a 100 nanômetros, leis da física existentes no mundo na escala em que estamos familiarizados, como a gravidade, passam a ter menor importância. Nessa escala, um material passa a se comportar com base na física quântica, que difere em vários pontos da física clássica. Propriedades térmicas, ópticas, magnéticas e elétricas, por exemplo, podem ser atingidas quando certos materiais são submetidos à miniaturização em nanopartículas, mantendo-se a mesma composição química. Reações químicas também podem ocorrer entre diferentes elementos químicos em proporções muito menores, dado que partículas nanométricas apresentam uma área de contato muito maior.

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O UNIVERSO DA NANOTECNOLOGIA – DO TAMANHO DE UM ÁTOMO

Para entendermos o universo no qual pesquisadores e cientistas da Nanociência atuam, é

necessário entender conceitos básicos sobre a menor unidade que constitui toda a matéria

no universo: o átomo.

Os átomos são os componentes básicos das moléculas e da matéria comum existentes na

Terra. São compostos por partículas subatômicas, sendo que as mais conhecidas são os

prótons, os nêutrons e os elétrons. Apenas 90 elementos, dos 112 hoje conhecidos, foram

identificados como existentes em estado natural no planeta. O restante foi desenvolvido

em laboratório, sendo que outros foram identificados apenas fora da órbita terrestre.

Os diferentes elementos que constituem a tabela periódica são diferenciados pelo número

de prótons existentes em seu núcleo. Todo átomo neutro tem um número igual de prótons

e de elétrons. Caso um átomo se encontre em desequilíbrio no número dessas partículas

subatômicas, o mesmo gera uma carga elétrica e é chamado de íon.

Os átomos têm a capacidade de se agrupar e criarem moléculas. Por exemplo, uma

molécula de água – cuja composição química é representada pela fórmula H2O - é

constituída de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio.

A existência dos átomos foi inicialmente proposta a mais de quatro séculos antes de Cristo

pelo filósofo grego Demócrito, que afirmou que todos os corpos da natureza eram

compostos de minúsculas partículas indivisíveis chamadas de átomos.

Modelo ilustrativo de um átomo

e elementos subatômicos

Fonte: Adaptado de HowStuffWorks

Discussões e modelos surgiram durante muitas

décadas a respeito da composição estrutural do átomo.

John Dalton (1766-1844), Joseph J. Thomson (1856-

1940), Rutherford, Niels Bohr (1885-1962), e James

Chadwick foram os principais agentes da descoberta

da composição atômica.

Hoje se sabe que os átomos são formados por prótons,

nêutrons e elétrons. Sabe-se também da existência de

partículas ainda menores: o pósitron, o neutrino e o

méson. As pesquisas apontam para a existência de

dezenas de outras partículas. Elas são classificadas

em duas famílias: os quarks – que formam os nêutrons,

prótons e mésons – e os léptons – que formam

partículas mais leves, como o elétron e o neutrino.

2. A multidisciplinaridade da Nanociência

A Nanociência envolve vários campos das ciências naturais e exatas

Uma característica peculiar da Nanociência é que esta é constituída de um agregado interdisciplinar de vários campos das ciências naturais e exatas, sendo cada uma altamente especializada em sua aplicação. Segundo o professor emérito da Unicamp, o Físico Cylon Gonçalves da Silva, a Nanotecnologia se tornou uma Supraciência.

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Figura 2 - Nanociência, Tecnologia de Convergência

NANOTECNOLOGIA

FÍSICA

Instrumentação

Fisica Quântica

CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO

Nano-sistemas

BIOLOGIA

Processos

Biológicos

QUÍMICA

Estrutura atômica dos

materiais

NANOTECNOLOGIA

FÍSICA

Instrumentação

Fisica Quântica

CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO

Nano-sistemas

BIOLOGIA

Processos

Biológicos

QUÍMICA

Estrutura atômica dos

materiais

Fonte: Instituto Inovação

É tênue a linha que separa as disciplinas que envolvem a Nanotecnologia

Na Nanociência, atingiu-se um ponto no qual a linha que separa as disciplinas distintas se torna imprecisa, e é exatamente por esta razão que a Nanotecnologia é também referida como uma tecnologia de convergência.

Por exemplo, a Física tem um papel muito importante, sendo que sua maior contribuição se encontra na elaboração de leis que explicam a física quântica que rege o nano universo. Partículas em nano escala podem apresentar comportamentos completamente adversos aos observados no mundo na escala que conhecemos, por exemplo, materiais naturalmente não condutores podem se tornar semicondutores em escala nanométrica. Além disso, os físicos foram os maiores responsáveis pela construção dos microscópios utilizados na investigação dos fenômenos em nano escala. Atingir a estrutura desejada de um material e uma configuração específica de átomos coloca em foco o campo da Química. Nessa área, sistemas vivos estão sendo combinados com materiais não–vivos para a criação de novos aparelhos. No campo da Biologia, inúmeros são os estudos que estão sendo desenvolvidos em relação aos processos biológicos para tratamento de patologias, nano transportes de drogas, muitos lançando mão de seres vivos, microorganismos como coadjuvantes nestes processos. Na área da Ciência da Computação, os cálculos e simulações se preocupam em projetar matérias, elaborar modelos e experimentos em computador, envolvendo nano sistemas.

3. O surgimento e evolução da Nanotecnologia

A Nanotecnologia começou a ser discutida em 1959, pelo físico Richard Feymann

O primeiro registro de menção ao tema, mesmo que sem o uso do termo Nanotecnologia, se deu em uma palestra realizada em 1959 pelo físico Richard Feymann. Em sua apresentação intitulada “There is plenty of room at the bottom”, ou em português: “Há muito espaço lá em baixo”, Feymann sugeriu meios para desenvolver a habilidade de manipular átomos e moléculas. Segundo o autor, "Os princípios da física não falam contra a possibilidade de se manipular as coisas átomo por átomo". Feymann afirmou que há tanto lugar nessa pequena escala que, dominada a manipulação dos átomos individualmente, seria possível registrar tudo o que a humanidade escreveu até a presente data em um cubo de um décimo de milímetro de lado: ou seja, em um grão de poeira. O termo Nanotechnology foi criado em 1974, na Universidade de Ciências de Tókio pelo professor Norio Taniguchi para descrever a manufatura precisa de materiais

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com tolerâncias nanométricas. Na década de 80, o termo foi reinventado e sua definição expandida pelo professor K. Eric Dexler do Massachusetts Institute of Technology - MIT, mais especificamente em seu livro “Engines of Creation – The Coming Era of Nanotechnology”, de 1986. Sua tese de doutorado “Nanosystems: Molecular Machinery, Manufacturing and Computation”, publicado em 1992 reacendeu o interesse pela tecnologia no meio cientifico mundial. O quadro a seguir identifica alguns dos marcos dentro da evolução das técnicas, conceitos e descobertas da Nanociência.

Figura 3 - Marcos Históricos da Nanotecnologia

• Eric Dexler lança

o livro “Engines of

creation – The

Coming

Era of

Nanotechnology

• Palestra de

Richard

Feymann

1931

• Invenção do

Microscópio

de

Tunelamento

• Descoberta

da molécula

de fullereno

1959

1974

1981 1985

1986

1989

1991

1992

• Termo

“Nanotecnologia” é

criado por Norio

Taniguchi

• IBM manipula

35 átomos de

xenônio e

escreve com

eles sua

marca numa

placa de

níquel

• Descoberta

dos nanotubos

• Descoberta

dos

nanocones

• Invenção do

Microscópio

Eletrônico

Fonte: Instituto Inovação

Em 1959, quando o físico Richard Feynnman falou pela primeira vez sobre Nanotecnologia, apontou para o que seria, a seu ver, a principal barreira para a manipulação na escala nanométrica: a impossibilidade de vê-la. Entretanto, 23

anos após sua famosa palestra, esse grande desafio já havia sido conquistado. No dia 10 de agosto de 1982, um ano após sua invenção, a IBM conseguiu uma patente do Microscópio de Varredura por Tunelamento Eletrônico (Scanning Tunneling Microscope - STM). A partir do STM, pode-se chegar ao desenvolvimento do microscópio de microssondas eletrônicas de varredura (scanning probe microscopes - SPM), que além da visualização nanométrica de uma superfície, permite também manipular átomos e moléculas. O fato de que a ciência tenha elaborado os primeiros modelos atômicos há apenas algumas décadas atrás, e hoje já consiga desenvolver meios para a manipulação em escala atômica é no mínimo surpreendente. A evolução da Nanociência é um bom exemplo de como a pesquisa básica pode fundamentar a pesquisa aplicada, num curto espaço de tempo. Além disso, a evolução da Nanociência nos permite entender porque os Estados Unidos, hoje, representam a maior potência em Nanotecnologia do mundo, uma vez que apoiaram e investiram na pesquisa desde os seus primórdios.

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COMO É POSSÍVEL MANIPULAR ESTRUTURAS NANOMÉTRICAS?

Uma das questões mais intrigantes quando se trata de Nanociência é como tornar possível a manipulação de estruturas tão pequenas. O desenvolvimento da Nanotecnologia ao longo do tempo ocorreu paralelamente ao desenvolvimento de ferramentas mais potentes e eficientes, necessárias à manipulação de estruturas nanométricas. Para isso, foram desenvolvidos equipamentos para visualização, caracterização, manipulação e desenvolvimento de nanoestruturas, conforme a divulgação, em 1993, do relatório da National Science Foundation (NSF) [56].

1. Visualização

Os microscópios baseados em varredura por sonda é que permitem a observação de fenômenos na escala nanométrica

O desenvolvimento da família de microscópios baseados na varredura por sonda mecânica (Scanning Probe Microscopy) foi um passo crucial na evolução da nanociência. O microscópio de tunelamento (STM) e o microscópio de força atômica (AFM), que foram desenvolvidos no laboratório da IBM em Zurique na década de 80, são bons exemplos de microscópios dessa família. Estes instrumentos foram extremamente importantes para que se atingisse o atual nível de desenvolvimento da Nanotecnologia, pois permitiram a observação de fenômenos físicos, químicos e biológicos. O elemento central de cada um destes microscópios é uma agulha extremamente fina que é movida muito próxima à superfície do material analisado. Medindo várias forças que operam sobre o objeto em análise, o STM e o AFM criam uma imagem da superfície (topografia) à medida que a ponta da agulha move sobre o objeto. Apesar dos primeiros microscópios de varredura por sonda mecânica terem sido limitados a monitorar a topografia, uma geração mais avançada de sondas mecânicas tem dado aos pesquisadores a habilidade de mover átomos e examinar outras propriedades do objeto, incluindo: estrutura eletrônica; propriedades ópticas; temperatura; constantes dielétricas e magnetismo. Foi com esta nova geração de sondas mecânicas que a equipe de pesquisadores da IBM foi capaz de escrever a logomarca da empresa posicionando individualmente 35 átomos de xenônio sobre uma placa de zinco.

Figura 4 - Logomarca da IBM na escala nanométrica

Fonte: Website IBM

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2. Caracterização

Novas técnicas de caracterização deverão ser desenvolvidas

Para caracterização de nano partículas, as técnicas convencionais como difração de raios X, fornecem informações sobre o volume das nano partículas, porém os efeitos das nano estruturas são provocados quase que totalmente na superfície das nano partículas. Conforme citado anteriormente, técnicas de visualização como a microscopia de força atômica, permitem estudar, a nível atômico, as estruturas e superfícies. A microscopia eletrônica permite estudos mais localizados, na escala nanométrica. Contudo, ainda há necessidade de se desenvolver ou aperfeiçoar técnicas que permitam estudos mais detalhados das propriedades destas nanoestruturas, como por exemplo, técnicas para medidas em tempo real das propriedades, medidas com resolução temporal de fenômenos na escala de femtosegundo (10-15 s).

3. Manipulação de Nanoestruturas

Já ocorreram importantes avanços na manipulação de nanoestruturas

Os cientistas estão num “limite fundamental no aperfeiçoamento de materiais e de seu comportamento através do controle da composição e da estrutura” [56]. Qualquer tipo de aperfeiçoamento no comportamento de materiais deverá ser feito através da manipulação de estruturas na nanoescala. Felizmente já ocorreram importantes avanços na manipulação em nanoescala:

As Pinças ópticas permitem uma nova abordagem em manipular estruturas nanométricas em três dimensões. As pinças funcionam graças à habilidade de feixes focados de laser de atingirem e segurarem partículas dentro de uma margem de nanômetros a mícrons. Esta técnica permite estudar e manipular partículas como átomos e moléculas.

Modelagem e Simulação Computadorizadas de fenômenos complexos é uma

importante parte da investigação cientifica. De fato, no inicio da década de 70, o desenvolvimento de materiais na indústria de semicondutores e de químicos dependeu sobremaneira de simulações, dado que a observação direta dos fenômenos é muito difícil ou até mesmo impossível e os custos podem ser elevados demais para sua realização. A Nanotecnologia é semelhante neste aspecto, visto que ela envolve a compreensão das propriedades físicas e químicas numa escala nano invisível. Portanto, a modelagem por computador é extremamente importante, porque permite aos pesquisadores prever e observar comportamentos em nanoestruturas que eles ainda não sabem como medir, ou também quando a mensuração requer ferramentas muito caras.

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4. Métodos de desenvolvimento de Nanoestruturas

Duas abordagens são utilizadas para o desenvolvimento de nanoestruturas

De modo geral, existem duas abordagens diferentes para obtenção de nano estruturas:

Figura 5 - Abordagens utilizadas para desenvolvimento de Nanoestruturas

Fonte: Instituto Inovação

Top-down (De cima para baixo): Seria a redução das dimensões de dispositivos, ou miniaturização. É a abordagem “física”. A dificuldade de se obter nanoestruturas a partir dessa abordagem aumenta à medida que se aproxima de peças menores do que 100 nm. O setor eletrônico vem utilizando esse método por longos anos na obtenção de minúsculos circuitos e semicondutores. Alguns dos métodos de abordagem top down são: Fotolitografia: Técnica muito utilizada na fabricação de microprocessadores.

Através dessa, o material a ser trabalhado é recoberto com uma camada de um material fotossensível. Neste material, é utilizada uma “máscara” com furos nanométricos. Em seguida, aplica-se luz ultravioleta. O material fotossensível sofre alterações químicas nos pontos predeterminados, permitindo trabalhar com o material que foi recoberto. O problema deste processo, é que ele não permite trabalhar com partículas muito menores do que 100 nm.

Nanolitografia de raio de elétrons: O método utiliza raios de elétrons para

alterar o material. É utilizado para criar linhas de 30 nm de diâmetro, apesar de já terem sido feitas linhas com 7nm de diâmetro. O grande problema é que este método ainda não pode ser usado para a produção em massa, já que é demorado e o maquinário utilizado é de alto custo.

Nanolitografia de raio de íons: este método é similar a nanolitografia de raio

de elétrons. A principal diferença é que os íons interagem química e fisicamente com o material, o que permite a construção de materiais com novas propriedades.

Bottom-up (De baixo para cima): Montar estruturas a partir de átomos e moléculas, seria uma replicação da natureza. É a abordagem “química”. Este método promete um nível elevado de customização na síntese de materiais e

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menor perda de matéria-prima, se comparado ao método top down. Entretanto, o controle do processo não é simples e pode ainda apenas produzir estruturas simples, em processos que consomem tempo e um baixo retorno. Os métodos de desenvolvimento na nanoescala a partir dessa abordagem são:

Self-Assemble (auto-organização): é o “controle” do processo natural de

agrupamento das nanopartículas; Self-Assemble monolayers (auto-organização em uma camada): a auto-

organização de uma camada é a reorganização espontânea de uma substância em uma camada com a espessura de uma molécula. Ocorre quando um substrato, como uma superfície metálica ou porosa, entra em contato com uma solução de moléculas orgânicas, que espontaneamente se alinham de acordo com o substrato.

Sol-gel: é um processo muito utilizado para fazer vidros e cerâmicas a partir

de soluções ou colóides. O processo Sol-gel corresponde à transição de um sistema da fase líquida para a sólida. Através desse processo é possível ter um

controle preciso da dopagema de nanopartículas em alguns materiais.

CVD-Chemical Vapor Deposition (Deposição Química por Vapor): Este método

consiste na injeção de um gás em uma câmara contendo um objeto sólido, que será utilizado como substrato. As moléculas do gás depositam-se lentamente na superfície do substrato, formando estruturas minúsculas. A forma e o tamanho das nanoestruturas obtidas podem ser controlados com precisão limitada. Dessa forma é possível obter estruturas em forma de fita (nanofitas), de esferas e também de tubos (nanotubos). Um ponto muito interessante do processo é que as estruturas obtidas não são necessariamente feitas da mesma substância que o gás original, pois o processo pode envolver reações químicas que alteram a molécula.

Manipulação: os microscópicos de tunelamento e de força atômica podem ser

usados para mover nanopartículas sem danificá-las. “Impressão 3D”: utilizando de um princípio parecido com das impressoras

jato-de-tinta, esse método é utilizado para fazer objetos com camadas de diversos materiais, como metais, cerâmicas, polímeros e compósitos. Atualmente este processo tem precisão milimétrica, porém acredita-se que ele, ou outro processo similar, possa atingir a nanoescala.

Ainda não é possível fabricar dispositivos integrados pelo método bottom-up, como circuitos integrados ou peças elaboradas, apenas materiais em forma bruta. A síntese em Nanotecnologia (bottom-up) é uma técnica ainda dominada por poucas empresas no mundo. Espera-se que haja alguns anos até que o método atinja um nível de produção em larga escala.

a Processo de incorporação de nanopartículas em outros materiais.

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AS APLICAÇÕES DA NANOTECNOLOGIA

A Nanotecnologia já está presente em uma grande variedade de produtos.

Materiais em nanoescala têm sido empregados na fabricação de produtos por décadas, em sua grande maioria por métodos top-down, até mesmo no mercado de massa, ou seja, de produtos ao consumidor. Dentre os produtos já presentes no mercado e fabricados a partir de tecnologias desenvolvidas com base na Nanotecnologia, podem ser citados como exemplos:

Vidro para Automóveis - Entre as aplicações mais conhecidas está o vidro para automóveis revestido com nanopartículas de óxido de titânio que reagem com a luz do sol e repelem impurezas. Quando o vidro é molhado, a água se espalha uniformemente sobre a superfície, ao invés de formar gotas, escorrendo rapidamente e

levando consigo a sujeira. Nanotecnologias são utilizadas pela indústria automobilística também para reforçar certas propriedades do pára-choque de carros e na melhoria da propriedade de aderência de pinturas.

Óculos de sol – Revestimento de proteção e anti-

reflexivos a base de polímeros ultrafinos já são utilizados na fabricação de óculos de sol. A Nanotecnologia também oferece revestimentos resistentes a riscos baseados em nanocompostos transparentes, ultrafinos, sem necessidades de cuidados especiais, indicados para uso diário e com custo relativamente baixo.

Tecidos – A indústria têxtil pode incorporar a Nanotecnologia na melhoria de certas propriedades de tecidos, como resistência ao vento, à água, tecidos que não amarrotam ou mancham e que protegem contra descargas eletrostáticas. A resistência ao vento e à água de uma jaqueta de esqui no mercado, por exemplo, é obtida não por revestimento da superfície da

jaqueta, mas pelo uso de nanofibras. Dado o fato de que paises com mão de obra barata estão capturando uma crescente fatia do mercado de roupas, países desenvolvidos deverão focar na fabricação de roupas com alta tecnologia agregada, oferecendo benefícios adicionais aos consumidores.

Equipamento esportivo – Fabricantes de material esportivo também estão começando a ver os benefícios da Nanotecnologia. Uma cera de alta performance, que produz superfícies altamente deslizantes já é utilizada. O revestimento ultrafino também dura mais tempo do que as ceras convencionais. Raquetes de tênis com

nanotubos de carbono aumentam a torção e são mais resistentes e flexíveis. Bolas de tênis com maior vida útil são fabricadas com camadas de polímeros de nanocompostos aplicados em seu interior, com durabilidade duas vezes maior do que bolas convencionais.

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Protetores solar e cosméticos – A Nanotecnologia também já vem sendo aplicada na indústria dos cosméticos. Estudos comprovam que os consumidores preferem produtos translúcidos porque sugerem pureza do produto. A L´Oréal, fabricante de cosméticos, descobriu que quando loções são reduzidas a 50 a 60 nm elas permitem

a passagem de luz. Em protetores solar, nanopartículas minerais como dióxido de titânio oferece várias vantagens. A proteção química contra raios UV tradicional sofre por sua baixa estabilidade ao longo do tempo. As partículas de dióxido de titânio têm uma propriedade de proteção contra UV na forma sólida, mas perde a aparência esbranquiçada indesejável para cosméticos quando suas partículas são reduzidas. Para cremes anti-rugas, cápsulas de polímeros são usadas para transportar agentes ativos como vitaminas.

Televisores – Fabricantes prometem o uso de nanotubos de carbono na fabricação de televisores até o final de 2006, de acordo com a Samsung. Os fabricantes esperam que as novas telas chamadas de “field effect display” (FED) consumam menos energia que as telas de plasma ou de cristal líquido e que combinem a fina

espessura das telas de LCD e a qualidade de imagem das tradicionais telas de tubo catódico. A Toshiba, por exemplo, irá oferecer telas de no mínimo 50 polegadas.

Chips e Memórias para computadores – A Nanotecnologia está sendo uma grande aliada do setor de eletrônica e de semicondutores. Sua aplicação já rende frutos, como cartões de memória com capacidade de armazenamento muito maior do que a de seus precedentes. A

Samsung, empresa que se posiciona como uma das maiores desenvolvedoras de produtos baseados em Nanotecnologias, lançou um chip de memória do tamanho de um selo postal com capacidade de 8 mil megabytes, ou 8 gigabytes.

Minilabs – A aplicação da Nanotecnologia na medicina também promete o lançamento de produtos que irão auxiliar pacientes a manter um melhor controle de sua saúde. A empresa norte-americana LabNow Inc. desenvolveu um mini laboratório capaz de analisar amostras de sangue, possibilitando o diagnostico do estado de saúde do paciente com HIV ou diabetes com

maior rapidez, se comparado com procedimentos mais utilizados.

De acordo com o estudo realizado pela APEC Center for Technology Foresight, National Science and Development Agency, as oportunidades para Nanotecnologia nos próximos anos podem ser divididas em três principais categorias.

Excluído: v

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Figura 6 - Oportunidades em Nanotecnologia nos próximos anos

Fonte: Instituto Inovação

A Biotecnologia é um dos segmentos que mais sofrerá impactos com o desenvolvimento da Nanotecnologia. São muitas as pesquisas de engenharia molecular que combinam materiais orgânicos e inorgânicos. Em aproximadamente dez anos, acredita-se que já teremos tratamento de patologias com diagnósticos médicos avançados e uso de células humanas direcionadas para a reparação de órgão, com destaque para o desenvolvimento de “substitutivos” humanos biomédicos como pele artificial, marca-passos e bandagens inteligentes. Nos próximos três anos, sistemas de liberação seletiva de medicamentos através de nanotransportes de drogas, bionanossensores seletivos já serão realidade. Acredita-se também que, num futuro não muito distante, serão criadas máquinas robotizadas em escala molecular (assemblers) capazes de dar origem a um átomo ou uma molécula instantaneamente por meio do uso de materiais e elementos que reagem entre si, o que revolucionaria os processos industriais de fabricação de substâncias artificiais. A segunda categoria que promete enormes avanços é o de desenvolvimento de tecnologia eletrônica com base em Semicondutores. Buscam-se cada vez mais equipamentos computacionais menores com maior capacidade de processamento, embora os custos relativos ao processo de miniaturização cresçam paralelamente aos avanços tecnológicos. Estão sendo realizados estudos para identificar o limite até onde seria viável, física e financeiramente, o desenvolvimento de nano estruturas. Em concordância com as tendências observadas, nanoestruturas como os pontos quânticos, apontam para o novo tipo de computador, denominado "computador quântico". É ampla a pesquisa sobre a elaboração de estruturas eletrônicas em bases nanométricas apoiadas em uma física totalmente nova, como os lasers para optoeletrônica, switchers de alta velocidade, aparelhos de armazenamento de memória para computadores e aparelhos controlados apenas por um elétron (single electron). Em três anos, devemos ter a nanoeletrônica baseada em aparelhos de silício miniaturizados e aparelhos baseados no giro eletromagnético. Em dez anos, aparelhos single electron e computação óptica. A última categoria seria a de Equipamentos e processos baseados em Novos Materiais. Conforme apontado anteriormente, uma das propriedades bastante significativas de materiais como os metais ou a cerâmica em nível nanométrico é sua elevada área de superfície em relação ao volume de unidade. Esta característica proporciona maior rapidez nas reações químicas, aumentando a eficiência dos processos. Tais materiais podem ser produzidos tanto pela abordagem bottom-up como pela abordagem top-down. Em aproximadamente três anos, devemos ter no mercado materiais nanoestruturados como catalisadores

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industriais e superfícies autolimpantes baseadas em nanomateriais. Em dez anos, células de combustível portáteis, baterias avançadas e fotossíntese artificial. Dentro destas três categorias, espera-se que a Nanotecnologia dê suporte na remodelagem de produtos e na maneira como eles são produzidos. Alguns dos produtos e serviços que possivelmente sofrerão impactos nas próximas duas décadas são:

Periféricos de TI;

Eletrônicos e Telecomunicações;

Eletrodomésticos;

Químicos e Materiais;

Aparelhos médicos e biomédicos, fármacos e qualidade de vida;

Manufatura;

Energia;

Exploração espacial;

Meio-ambiente, monitoramento ambiental;

Segurança e indústria bélica;

Equipamentos automobilísticos e industriais;

Controles de processos.

Nanotubos de Carbono

Um dos mais interessantes grupos de nanomateriais é o dos nanotubos. Estes apresentam diversas aplicações potenciais, como componentes para sensores e para armazenamento de hidrogênio, por exemplo. A descoberta dos nanotubos de carbono é o resultado da pesquisa em Nanotecnologia de maior destaque no mundo. Suas características e funcionalidades captaram o interesse e os investimentos de muitos países.

OS NANOTUBOS DE CARBONO

Segundo artigo escrito pelos pesquisadores Rodrigo B. Capaz, do Departamento de Física

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Hélio Chacham, do Departamento de Física

da Universidade Federal de Minas Gerais, o carbono é sem dúvida o elemento químico

mais importante para a nossa existência. Todos os seres vivos são formados por arranjos

de moléculas à base de carbono.

O carbono também tem sido muito útil para a humanidade por centenas de milhares de

anos na fabricação de vestimentas, como peles e tecidos, e também como combustível,

madeira, carvão e petróleo. (CAPAZ e CHACHAM, 2003)

O carbono pode ser encontrado na natureza associado a outros elementos, formando

diferentes moléculas e minerais. Até duas décadas atrás eram conhecidas apenas duas

formas ordenadas de carbono puro: o diamante e a substância grafite. O diamante era

conhecido como o material mais duro na natureza e também como um dos mais valiosos.

Já a grafite é uma forma de associação de carbonos bem mais abundante no planeta, mas

também de grande utilidade para o mercado.

Foi somente em 1985 que um grupo de físicos da Universidade de Sussex no Reino Unido

e da Universidade de Rice nos Estados Unidos demonstrou a existência de uma nova

família de formas elementares de carbono, o fullerenos, moléculas ocas de carbono que

consistem de uma superfície curva semelhante ao grafeno, cujas finas camadas

sobrepostas dão origem à grafite. O fullereno, também conhecido como molécula de C60,

apresenta um formato esférico.

Três pesquisadores envolvidos no projeto, Harold Kroto, Richard Smalley e Robert Curl

receberam o prêmio Nobel de química em 1996 pela descoberta.

Em 1991, pouco depois da descoberta dos fullerenos, Sumio Iijima demonstrou a

existência de outra família de formas elementares de carbono, os nanotubos. Os do tipo

originalmente observados por Iijima são formados por múltiplas camadas de folhas de

grafeno enroladas em forma cilíndrica, daí a nomenclatura de nanotubos. Dois anos

depois, foi demonstrada a existência de nanotubos de única camada. (CAPAZ e

CHACHAM, 2003)

A cada ano são descobertas novas aplicações para estas novas moléculas desenvolvidas em laboratório. Os nanotubos de carbono são cilindros longos e finos,

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com diâmetro entre 1 e 10 nanômetros. Podem ser produzidos na forma de tubos de parede única, em quantidades limitadas, ou em toneladas por ano, na forma de misturas de tubos de paredes diversas. Apresentam uma resistência incrível (são cerca de cem vezes mais resistentes do que os tubos de aço), podem atuar como condutores de eletricidade ou semicondutores e são excelentes na transmissão de calor. Seriam necessários milhares de nanotubos colocados lado a lado para se atingir a espessura de um fio de cabelo. Tendo diâmetros muito menores que o comprimento de onda da luz visível, os nanotubos são individualmente invisíveis, mesmo se observados através do mais potente microscópio óptico. Para serem visualizados individualmente, torna-se necessário o uso de microscópios eletrônicos. Em grande quantidade, nanotubos unem-se uns aos outros, formando feixes que se enovelam em um material que pode ser visto à olho nu, tendo o aspecto de fuligem. Possibilidades fascinantes de aplicações de nanotubos surgem quando se torna possível „funcionalizá-los‟, ou seja, colocar moléculas específicas na superfície dessas estruturas nanoscópicas, de modo que elas possam executar alguma função química bem determinada. Por esse motivo, é importante estudar a interação dos nanotubos com moléculas orgânicas. A funcionalização dos nanotubos – expressão que já integra o vocabulário dos especialistas da área – com essas moléculas orgânicas permite manipulá-los de forma mais controlada. O estudo da interação das paredes dos nanotubos com metais como ouro e ferro contribui para um melhor entendimento da ligação nanotubo-metal, importante na formação de contatos metálicos para medidas elétricas e nos processos de crescimento de nanotubos na presença de catalisadores metálicos. A interação de nanotubos com a superfície de um material é um aspecto importante para os arranjos experimentais que envolvem medidas elétricas em nanotubos individuais. Na microeletrônica, o material mais utilizado é o silício e, assim, muita pesquisa tem sido feita no sentido de se entender melhor a interação dos nanotubos com os átomos desse elemento químico, largamente usado na fabricação de chips e microprocessadores empregados em computadores. (CAPAZ e CHACHAM, 2003)

Figura 7 - Semicondutores ligados por nanotubos

Fonte: Departament of Physics – University of Maryland

Os nanotubos podem ser encontrados na forma de múltiplas camadas (NMC) ou nanotubos de única camada (NUC).

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Figura 8 - Nanotubo de múltiplas camadas - NMC (A) e Nanotubo de Única

Camada - NUC (B)

A B

Fonte: CAPAZ, Rodrigo B.; CHACHAM, Hélio. Nanotubos e a nova era do carbono

Nanotubos de múltipla camada (NMC) são muito mais fáceis – e baratos – de serem produzidos que os NUC. Assim, os NMC já são usados em produtos comerciais, enquanto o uso dos NUC é ainda restrito a protótipos. O principal uso comercial dos NMC é sua mistura com polímeros (ou plásticos). Os NMC podem dar a um composto com polímero duas propriedades importantes: dureza e condutividade elétrica. A dureza advém do fato de nanotubos serem extremamente resistentes à tração – de fato, são os materiais mais resistentes à tração que existem. Quanto à condutividade de materiais plásticos contendo nanotubos, ela advém parcialmente do fato de os nanotubos se comportarem como metais ao conduzirem eletricidade, como mencionamos pouco antes. Plásticos que conduzem eletricidade são importantes em situações em que se queira evitar o acúmulo de eletricidade estática, como em ambientes com vapores combustíveis ou no armazenamento de materiais eletrônicos. (CAPAZ e CHACHAM, 2003) Considerando-se que os nanotubos foram descobertos há pouco mais de 10 anos, é surpreendente que já se conheça tanto sobre suas propriedades, seu grau de pureza e suas inúmeras aplicações, e que já sejam produzidos em tamanha quantidade. Esse rápido avanço no desenvolvimento dos nanotubos e de outros materiais nanoestruturados é uma das características da Nanotecnologia.

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ANÁLISE DOS AVANÇOS DA NANOTECNOLOGIA: PRÓS E CONTRAS

1. Benefícios / Vantagens

A Nanotecnologia promete apoiar um processo de inovação tecnológica sem precedentes

Os benefícios da Nanotecnologia no desenvolvimento de novos materiais e produtos são tão diversos quanto o número de setores que usufruem de sua aplicação em seus processos. O que se percebe é que defensores mais otimistas da Nanotecnologia apontam para benefícios de âmbito social e econômico para o futuro, como prosperidade econômica em todo o mundo, geração de empregos, melhor qualidade de vida para a população mundial e um ecossistema mais limpo.

Figura 9 - Benefícios da Nanotecnologia

Fonte: Instituto Inovação

Controle das características desejáveis Conforme apontado anteriormente, na nanoescala, os materiais passam a se comportar de acordo com as leis da mecânica quântica, que trata da interação entre elétrons, átomos e moléculas. De acordo com especialistas, conhecendo-se as leis e tendo a capacidade de manipular nanoestruturas, pode-se controlar várias propriedades fundamentais dos materiais, tais como suas propriedades magnéticas, sua distribuição de cargas elétricas, a temperatura de fusão, bem como a própria cor, sem que seja necessário alterar a composição química do material. Assim, novos produtos e tecnologias estarão disponíveis para serem utilizadas. Outra propriedade interessante destes materiais é sua propriedade de auto-organização natural (self-assembly), formando estruturas maiores, similares às estruturas biológicas. Otimização do uso de recursos Uma vez que na escala nanométrica, reações químicas podem ocorrer entre diferentes elementos químicos em proporções muito menores, dado que partículas nanométricas apresentam uma área de contato muito maior, processos químicos importantes para os setores da indústria poderão ocorrer com a otimização do uso dos insumos envolvidos. Menor impacto ambiental Alguns defensores também acreditam que a Nanotecnologia criará meios de produção com menor degradação à natureza. Processos mais limpos poderão ser utilizados na fabricação de diversos materiais, aumentando a eficiência no uso dos insumos, como matéria-prima e energia, e ainda reduzindo o nível de poluição.

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Desenvolvimento de fármacos com menores efeitos colaterais Na medicina, a Nanotecnologia pode ser aplicada no desenvolvimento de fármacos inteligentes, com menos efeitos colaterais e com eficiência a doses muito menores. Diagnósticos sobre o funcionamento do organismo de pacientes podem ser feitos utilizando-se de sensores artificiais, como no caso de diabetes. Aumento da capacidade de processamento de sistemas computacionais No campo eletrônico, a Nanotecnologia propicia grandes avanços nos processos de desenvolvimento de semicondutores e também no incremento significativo do desempenho de chips e memórias. Com o setor de semicondutores lutando para manter a Lei de Moore, que prevê a duplicação da potência dos computadores a cada 18 meses, os custos de produção se elevam a cada ano. A Nanotecnologia pode subsidiar os meios necessários para a contínua evolução deste setor a custos realizáveis para as grandes empresas do setor, como IBM, Intel, HP e Samsung.

2. Riscos e Efeitos

Os riscos associados à Nanotecnologia conferem ao cenário futuro certo nível de incerteza.

Diante da gama de aplicações e dos diversos setores afetados pela Nanotecnologia apresentados previamente, há de se esperar que os riscos associados a essa tecnologia emergente também formem um cenário complexo e ainda de difícil definição. A ênfase em qual tipo de risco é mais importante de se considerar dependerá na perspectiva de cada organização envolvida em Nanotecnologias. De modo genérico podemos citar alguns:

Riscos relacionados aos direitos de propriedade intelectual

Riscos políticos em relação ao impacto no desenvolvimento econômico de países e regiões.

Riscos em relação à privacidade, quando sensores em miniatura se tornarem imperceptíveis.

Riscos ao meio ambiente com o lançamento de nanopartículas no ecossistema.

Riscos quanto à segurança dos trabalhadores e dos consumidores em contato com nanopartículas.

Os riscos associados aos impactos ao meio ambiente formam a principal barreira para o desenvolvimento da Nanotecnologia

Ainda existem várias incertezas ligadas ao desenvolvimento da Nanotecnologia, mesmo porque existem poucos estudos sobre os impactos do uso de nanopartículas. Os países que mantêm investimentos em pesquisas também não se fizeram presentes na elaboração de leis e regras que controlem o desenvolvimento da tecnologia. Na visão de alguns pesquisadores, a principal barreira ao desenvolvimento da Nanotecnologia, a nível mundial está relacionada aos riscos associados aos impactos no meio ambiente do uso de nanoestruturas, um dos pontos mais questionados pelos críticos da Nanociência. Desse modo, algumas ONGs começaram a questionar a Nanotecnologia e seus efeitos econômicos, sociais e ambientais. Como pode ser percebido na lista do Center for Responsible Nanotechnology (www.crnano.org), a natureza dos riscos imaginados é a mais variada possível, desde instabilidade política a crises ambientais. O ETC Groupb, lançou em abril de 2004, um artigo que contêm uma lista com 10 fatos que mostram o potencial tóxico de partículas na escala nanométrica. São eles:

b Organização não governamental que debate os impactos de novas tecnologias

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Tabela 01 Fatos que mostram o potencial tóxico de partículas na escala nanométrica

Ano Histórico

1997

Cientistas da Oxford University e da Montreal University descobriram que nanopartículas de dióxido de Titânio e óxido de Zinco, usados em protetores solares podem incidir na presença de radicais livresc nas células da pele, podendo causar danos ao DNA, levando ao câncer.

2002

Pesquisadores do Center for Biological and Environmental Nanotechnology (CBEN) descobriram que nanopartículas acumuladas nos órgãos de animais de laboratório, foram absorvidos por suas células. Segundo o doutor Mark Weisner, se bactérias forem capazes de absorver estas partículas, este será o ponto de entrada destas partículas na cadeia alimentar.

2003

Pesquisadores da NASA mostraram que nanotubos de carbono provocam mais reações tóxicas em pulmões de ratos do que poeira de quartzo. O laboratório DuPont Haskell também apresentou evidências do potencial tóxico dos nanotubos.

Através de um exame da literatura científica, o doutor Vyvyan Howard conclui que quanto menor a partícula, maior a probabilidade de ela ser tóxica, e que as nanopartículas tem várias rotas para entrar no corpo e inclusive transpor membranas como a do cérebro.

Estudo de cientistas da CBEN mostra que fullerenos podem ser

facilmente absorvidos por minhocas e assim entrar na cadeia alimentar.

2004

Pesquisa realizada pelo Dr. Günter Oberdörster mostra que nanopartículas podem facilmente ir da passagem nasal até o cérebro.

Pesquisadores da University if Leuven da Bélgica publicaram na Nature que são necessários novos testes para a comprovação da toxidade de nanopartículas.

Na primeira conferência sobre nanotoxicidade, Dr. Vyvyan Howard mostrou resultados iniciais de sua pesquisa que prova que nanopartículas de ouro podem se mover da placenta da mãe para seu feto.

Cientistas da Universidade da Califórnia descobriram que nanopartículas de cádmio podem entrar no corpo humano podendo causar envenenamento.

A doutora Eva Oberdörster reportou para a Sociedade Americana de Química que fullerenos causam dano cerebral e mudanças nas funções dos genes de peixes e pequenos crustáceos.

Fonte: ETC Group

Em virtude do risco não conhecido do uso de nano produtos, em 2006, acontecerá nos Estados Unidos a primeira Conferência Internacional sobre Nanotoxidade (1st International Conference on Nanotoxicology), onde serão discutidos e apresentados estudos de impacto de materiais nanoestruturados para os seres vivos e meio ambiente. Os estudos efetuados por governos e agências governamentais dedicam atenção especial no estudo e identificação de riscos e ameaças que poderão surgir com criação, manipulação e uso de materiais e dispositivos nanométricos. Outro problema identificado é o fato de ainda não existirem leis específicas que regulamentem esta nova tecnologia. Apesar disso, muitos produtos já são comercializados. Isso pode ser um risco subestimado, principalmente porque alguns destes compostos não existem na natureza ou foram atomicamente modificados, e seus efeitos ainda não foram completamente estudados pelos cientistas. As mesmas incertezas levantadas sobre alimentos transgênicosd podem agora ser

c Radicais livres são moléculas instáveis, pelo fato de seus átomos possuírem um número ímpar de elétrons. d Por definição, transgênicos são produtos que têm o seu material genético alterado por meio da introdução de genes capazes de gerar plantas tolerantes a herbicidas, resistentes a pragas, à deficiência hídrica ou ainda plantas que agregam atributos nutricionais e fa rmacêuticos aos alimentos.

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geradas pela Nanotecnologia, criando um ambiente propício para um possível boicote destes produtos pelo mercado consumidor. Outro risco temido pelos cientistas é o uso da tecnologia para fins militares. São inúmeras as possíveis aplicações da Nanotecnologia para uso militar, e milhões de dólares são investidos anualmente nesta área. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT recebeu do governo americano cerca de 50 milhões de dólares, para desenvolver um novo traje para os soldados. Esse traje seria capaz de proteger os soldados de balas e de armas químicas, além de permitir que eles se camuflem no ambiente. A Nanotecnologia poderá lançar novas toxinas na atmosfera terrestre. Há também a possibilidade de acontecer com a Nanotecnologia o mesmo que aconteceu com a descoberta da energia nuclear, quando esta foi utilizada na construção da bomba atômica: gerar desconfiança por parte da sociedade.

Ainda é cedo para se ter as respostas a todas as dúvidas a respeito dos riscos inerentes aos produtos criados a partir da Nanotecnologia

Outro ponto levantado por alguns autores é que, da mesma forma como hoje a disparidade entre os investimentos em pesquisa na nanociência é grande, o fosso tecnológico entre os países futuramente poderá se agravar. Uma hegemonia tecnológica poderá piorar ainda mais a situação de desigualdade econômica e social entre as nações, causando desequilíbrio e instabilidade nas relações internacionais. Muitas dúvidas quanto aos riscos da Nanotecnologia ainda persistem. Um diálogo mais aberto deverá ser mantido entre institutos de pesquisa, governo e sociedade para que as respostas venham a ser encontradas e divulgadas.

3. Pontos críticos

Os efeitos da física quântica podem gerar grandes desafios no controle e na manipulação de nanoestruturas

Dado o estágio embrionário da Nanotecnologia em vários campos, é de se esperar que pesquisadores de centros de pesquisa e empresas ainda encontrem pela frente obstáculos e desafios no avanço das técnicas e no desenvolvimento de produtos. Alguns dos desafios são intrínsecos ao ambiente da nanoescala. Os efeitos da física quântica podem gerar grandes desafios no controle e na manipulação de nanoestruturas. A redução da escala de trabalho, um ponto importante, esbarra no limite de miniaturização, na qual a mecânica clássica se tornará inadequada para entender os fenômenos físicos e químicos envolvidos. A possibilidade de manipulação de átomos individuais provavelmente irá recair sobre um dos princípios fundamentais da mecânica quântica, ou seja, o principio da incerteza de Heisenberg (Não se pode medir com segurança as propriedades básicas do comportamento subatômico). Por exemplo, partículas menores que um mícron e estruturas imersas em soluções aquosas estão sujeitas a um bombardeamento contínuo das moléculas ao seu redor. Esta ação causa uma mudança de posição incontrolada e involuntária das partículas e estruturas imersas. Estes efeitos impõem grandes barreiras no que tange a rigidez dos componentes materiais e na temperatura a qual os dispositivos poderão operar, sendo que para alguns cientistas estes efeitos tornam algumas propostas impraticáveis. As superfícies e interfaces têm uma importância crescente à medida que partículas e estruturas se tornam menores. O fato é que pequenos objetos tem uma grande tendência a se agregarem. Essa agregação em nanoescala, somada ao elevado atrito que ocorre quando átomos se movem em sentidos contrários são fatores importantes que limitam o grau no qual tecnologias de sistemas mecânicos da microeletrônica podem ser reduzidos à nanoescala. Porém, este fenômeno também é responsável pela tendência universal das moléculas de se aderirem a superfícies dentro do corpo humano, com grande importância no desenvolvimento de nanodispositivos para a biomedicina.e Apesar dos efeitos da física quântica serem entendidos geralmente como problemas a serem superados pela Nanotecnologia, pode-se notar que esses fenômenos da nanoescala podem representar uma grande oportunidade na exploração e na

e Retirado de “The Social and Economic Challenges of Nanotechnologies” – Economic & Social Research Council

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abordagem na fabricação de dispositivos inovadores. Se moléculas começarem a ser sintetizadas em certos padrões de aderência ou não-aderência, podem-se desenvolver moléculas que se agregam de maneira definida, gerando estruturas complexas em nanoescala. O paradigma da física clássica e do funcionamento das máquinas e ferramentas usuais deve ser superado para que os cientistas e pesquisadores possam atingir resultados baseados na Nanotecnologia.

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COMO ANDA O DESENVOLVIMENTO DA NANOTECNOLOGIA NO BRASIL E NO MUNDO

1. Pesquisa no Mundo

Os países desenvolvidos têm bastante interesse nas pesquisas da Nanociência, pois reconhecem a importância do domínio desta tecnologia frente ao mercado internacional

Conforme já observado neste estudo, são inúmeras as aplicações e diversos os campos do conhecimento contemplados pelos estudos nanotecnológicos. Percebe-se que é crescente o número de empresas dos mais diversos ramos que investem nesse tipo de pesquisa, assim como os governos também perceberam a importância do fomento de tais estudos, dado seu caráter estratégico. Países inovadores como Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França, Reino Unido, Suécia, Irlanda, Israel, Japão, Coréia, China, Taiwan, Índia, Austrália possuem programas nacionais de Nanotecnologia. Nanociências e Nanotecnologias são hoje prioridades, pois propiciam desenvolvimento econômico e diferencial competitivo no mercado. Em 1997, um grupo de países da Europa Ocidental, além dos EUA e Japão já haviam investido aproximadamente US$ 500 milhões em programas na área. Só na Alemanha, há pelo menos 6 grandes centros de pesquisa no setor. Os EUA já investiram sozinho mais de US$ 700 milhões, dada a importância de seus programas de pesquisa e desenvolvimento na pauta de investimento do governo, além da presença de grandes centros de conhecimento como é o caso do Foresight Institute. Também a China tem investido pesadamente no setor químico. Os países que mais investiram em Nanotecnologia em 2003 foram os Estados Unidos e o Japão, conforme pode ser visto nos gráfico a seguir. Em 2005 os governos dos Estados Unidos e Japão destinaram US$ 940 milhões e US$ 540 milhões, respectivamente, para organismos e universidades investirem em pesquisa voltada para o registro de novas patentes relacionadas à Nanotecnologia. O resultado do pesado investimento feito pelos Estados Unidos em Nanotecnologia o tornou o país líder em número de patentes relacionadas ao tema – são 3.818 patentes registradas e 1.777 em processo de registro.

Figura 10 - Investimentos globais em Nanotecnologia

Investimentos Global em Nanotecnologia em 2003

(Em US$ milhões)

800 750650

225 200 180 170100 100

Japão

EU

A

Euro

pa

Ale

manha

Coré

ia d

o

Sul

Fra

nça

Rein

o U

nid

o

Taiw

an

Chin

a

Fonte: Nanoinvestornews; Análise Instituto Inovação

Um ponto de suma importância no desenvolvimento da Nanotecnologia é a necessidade de novos pesquisadores e profissionais para atuarem na área. Estima-se que até 2010 e 2015 cerca de 2 milhões de novos postos de trabalho relacionados à Nanotecnologia serão criados a nível mundial.

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Figura 11 - Estimativa de Pessoal para Nanotecnologia

Estimativa de Pessoal para Nanotecnologia – 2010-2015

(Em milhares)

EUA

42%

Japão

27%

Europa

17%

Demais (Inclusive

América Latina)

7%

Ásia-Pacifico

(exceto Japão)

7%

TOTAL

~ 2 milhões

Fonte: HSM Management; Análise Instituto Inovação

2. Pesquisa no Brasil

As aplicações da Nanotecnologia no mercado nacional não acompanham o ritmo de crescimento das publicações

científicas sobre o tema

As atividades de Nanotecnologia no Brasil tiveram um início vigoroso já há alguns anos graças à iniciativa de vários grupos de pesquisa e às ações do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT. Em 2002, os indicadores de Nanotecnologia brasileira já eram significativos, incluindo mais de 1.000 artigos científicos, produzidos por mais de 300 doutores na área, 20 patentes e uma estrutura laboratorial adequada.

As pesquisas têm contribuído para o aumento do conhecimento em materiais nanoestruturados, nanofabricação, nanometrologia e instrumentação, Nanotecnologia molecular, nanodispositivos semicondutores, nanobiotecnologia (fármacos, vacinas, sensores e drogas magnéticas), energia e nanoagregados. Embora haja um movimento fervoroso na atividade científica voltada à Nanotecnologia no país, ainda há um número relativamente pequeno de resultados práticos que podem ser apresentados pelas universidades brasileiras, segundo uma pesquisa realizada no Instituto Nacional de Pesquisa Industrial – INPIf, que apresenta uma análise das patentes relacionadas à Nanotecnologia registradas no país, conforme apresentado a seguir:

f Pesquisa no Instituto Nacional de Pesquisa Industrial (INPI), feita em junho de 2004, pelo professor Fernando Galembeck, da U niversidade Estadual de Campinas (Unicamp). (http://www.iqm.unicamp.br/profs/fernagal.html)

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Figura 12 - Patentes relacionadas à Nanotecnologia registradas no Brasil

Patentes Relacionadas à Tecnologia – INPI

(Em número de patentes)

19

231

212

Total Autoria de

Brasileiros

Autoria de

Estrangeiros

58%26%

16%

Instituição Pública

Pessoa Física

Empresa

Fonte: INPI, Análise Instituto Inovação

A quantidade de patentes de autoria de brasileiros é muito pequena em relação ao total de patentes depositadas no Brasil, apenas 8,23%.

O maior patenteador de Nanotecnologia no Brasil é a L‟Oreal, de cosméticos, com 19 registros.

Entre os patenteadores brasileiros a Unicamp tem o maior número de patentes depositadas (4), seguida pela UFRGS (2).

Há a dominância de algumas empresas que depositam patentes relacionadas à Nanotecnologia – Procter & Gamble, Dow Chemical, L‟Oreal e Rohm & Haas – que são grandes patenteadores no Exterior.

Inexistência de uma produção industrial brasileira significativa na área de semicondutores e equipamentos de TI.

A. Ações do Governo

O governo brasileiro tem implementado ações importantes para a promoção do desenvolvimento da Nanotecnologia no país

O Brasil conta atualmente com um Programa para desenvolvimento da Nanociência e da Nanotecnologia – o Plano Nacional de Nanotecnologia (PNN), inserido no Plano Plurianual de Governo Federal (PPA 2004-2007), estruturado em atividade de P&D&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) para o desenvolvimento de novos produtos e processos em Nanotecnologia, visando o aumento da competitividade da indústria nacional e o desenvolvimento econômico do país. O Plano prevê um investimento US$ 25 milhões até 2007 e as expectativas quanto as resultados são demonstradas pelas metas estipuladas abaixo:

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Figura 13 - Indicadores do Plano Nacional de Nanotecnologia

Plano Nacional de Nanotecnologia – Indicadores

(Em quantidade)

12001440

17282073

2487

2003 2004 2005 2006 2007

Crescimento do número de produtos

científicos tecnológicos em

Nanotecnologia

Crescimento do número de produtos

científicos tecnológicos em

Nanotecnologia

Depósito de patentes envolvendo

Nanotecnologia

Depósito de patentes envolvendo

Nanotecnologia

1723

2936

44

2003 2004 2005 2006 2007

1015

2025

30

2003 2004 2005 2006 2007

Crescimento do número de empresas

nacionais que incorporaram produtos

ou processos nanotecnológicos

Crescimento do número de empresas

nacionais que incorporaram produtos

ou processos nanotecnológicos

Exportações de materiais, produtos e

processos baseados em

Nanotecnologia

Exportações de materiais, produtos e

processos baseados em

Nanotecnologia

3

7

12

20

1

2003 2004 2005 2006 2007

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia – Plano Nacional de Nanotecnologia

As ações previstas no Programa para alcance das metas acima são implementadas via repasse direto de recursos às agências do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT): o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Essas agências têm procurado aplicar esses recursos através de editais destinados especificamente para o desenvolvimento da Nanotecnologia. Em 2000, por exemplo, o CNPq lançou o edital para a formação das Redes Cooperativas de Pesquisa Básica e Aplicada em Nanociência e Nanotecnologia. Os projetos aprovados acabaram se fundindo nas 4 grandes redes de pesquisa, a saber:

• NanoSemiMat - Rede de Nanodispositivos Semicondutores e Materiais Nanoestruturados;

• RENAMI - Rede de Nanotecnologia Molecular e de Interface; • NanoMat - Rede de materiais Nanoestruturados; • NanoBioTec - Rede Nanobiotecnologia.

Outra ação importante do governo foi a criação de dezessete unidades do Instituto do Milênio, como uma das ações do PADCT – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Três destas unidades são voltadas especificamente para o desenvolvimento da Nanotecnologia:

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1. Rede de Pesquisa em Sistema em Chip, Microssistemas e Nanoeletrônica – da qual participam a UNICAMP, UFRGS, UFPE, USP, UFSC, UnB e UFRJ.

2. Instituto de Nanociências – localizado em Belo Horizonte, uniu 66 pesquisadores de 21 instituições brasileiras.

3. Instituto de Materiais Complexos – do qual participam a UNICAMP, UFRJ, USP

e UFPE.

Outro bom exemplo de resultados já obtidos com o PNN é o apoio ao Laboratório Nacional de Luz Síncontron para o desenvolvimento de 150 pesquisas voltada para Nanotecnologia.g

LNLS – Laboratório Nacional de Luz Síncontron

O LNLS é uma instituição pública de Ciência e Tecnologia aberto a

cientistas de outras instituições brasileiras e do exterior para o

desenvolvimento de pesquisas e ampliação do conhecimento sobre

os átomos e as moléculas. O LNLS é operado pela Associação

Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS) mediante um

Contrato de Gestão assinado com o Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da

Ciência e Tecnologia (MCT).

Atua nas áreas de Nanociência e Nanotecnologia em 3 grandes frentes de pesquisas:

a) Síntese de materiais nanoestruturados, onde é desenvolvida a síntese de novos

materiais com dimensões nanométricas (formados por centenas ou mesmo milhares de

átomos), na forma desejada. Estes materiais podem ser obtidos utilizando reações

químicas (síntese química) ou através da deposição controlada de átomos (crescimento de

cristais) sobre um substrato, formando nanoestruturas auto-organizadas.

b) Caracterização e análise dos nanomateriais, onde se desenvolvem técnicas para que se

conheça com precisão as propriedades intrínsecas dos nano materiais, como sua

composição, estrutura, morfologia, e como estas informações podem ser utilizadas para

gerar materiais com propriedades pré-estabelecidas;

c) Manipulação de nano-objetos, processo essencial para a formação de estruturas e

sistemas que possam integrar-se para realizar funções complexas e também integrar-se

com o mundo macroscópico, com o qual estamos habituados e podemos operar

diretamente.

Mantido por verbas federais, o moderno laboratório analisa amostras de diversas

pesquisas, e permite que os pesquisadores utilizem sua infra-estrutura por alguns dias no

ano.

A região sudeste apresenta o maior número de pesquisas e de projetos em Nanotecnologia.

Uma análise detalhada dos projetos inscritos nos editais lançados pelo governo nos permite ter uma idéia das áreas de pesquisa que se encontram mais ativas no país e onde estas se localizam.

Figura 14 - Principais segmentos de pesquisa em Nanotecnologia no Brasil

3

NANO-SENSORES

1

2

BIOTECNOLOGIA

MATERIAIS

Fonte: Análise Instituto Inovação

g Relatório Anual de Avaliação do Plano Plurianual 2004 – 2007.

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Observa-se que os principais segmentos de pesquisa em Nanotecnologia contemplados nos editais são: a Biotecnologia em primeiro lugar, seguido de Materiais e Sensores.

Figura 15 - Projetos de Nanotecnologia por região

Projetos de Nanotecnologia – Edital CNPq - 2004

(Em # de projetos)

Sudeste

70%

Sul

21%

Nordeste

8%

Centro-Oeste

1%

TOTAL

73 projetos

Fonte: CNPq, Análise Instituto Inovação.

Há uma predominância da pesquisa na região Sudeste, seguida pela região Sul, Nordeste e Centro-Oeste, respectivamente. Na região sudeste, o estado de São Paulo é o que apresentou e teve um maior número de projetos aprovados, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente.

É necessário promover uma maior sinergia entre as redes e os pesquisadores da Nanotecnologia

Um dos problemas da pesquisa brasileira, apontado pela pesquisadora Neucy Della Santina Mohallem do Departamento de Química – Laboratório de Materiais Nanoestruturados, é que, embora existam diversas redes de colaboração para pesquisa, esta ainda ocorre de maneira muito individualizada. Os pesquisadores não procuram saber o que está sendo desenvolvido fora de seu laboratório, o que atrasa o desenvolvimento da Nanotecnologia no país. Mesmo dentro das redes, os pesquisadores só conseguem ter contato com o trabalho dos colegas, quando estes são publicados, ou em eventos e palestras.

Os recursos ainda são escassos para garantir o desenvolvimento da Nanotecnologia num ritmo adequado para o país

Críticos das ações do governo identificam um gargalo no desenvolvimento da Nanociência no Brasil: a inexistência de uma política nacional de investimentos de longo prazo em pesquisa e em qualificação de pessoal. Os recursos provenientes das agências financiadoras não são suficientes para alavancar uma explosão de atividades nesta área. Enquanto a União Européia e os EUA vêm a muitos anos efetuando longos estudos sobre o impacto da Nanotecnologia e traçando estratégias para atacá-la, com recursos financeiros de grande porte, formação de recursos humanos e apoio à indústria, o Brasil caminha lentamente, e, segundo os críticos, com ações aleatórias. Não há um programa de governo com recursos estáveis para o setor. Segundo a pesquisadora Neucy Della Santina Mohallem, apesar dos esforços do governo para investir em Nanotecnologia, os recursos ainda são escassos para garantir o desenvolvimento da área no país. Com isso, o Brasil vem obtendo resultados proporcionais a sua política de investimentos em Nanotecnologia – que está muito aquém dos investimentos realizados por países desenvolvidos. É importante que haja continuidade no programa, e que não aconteça com a Nanotecnologia o mesmo que ocorreu com o setor nuclear quando o governo rateou os investimentos do setor com outros setores, gerando descrença no meio científico, uma vez que havia capital humano devidamente qualificado

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tecnicamente para tal tipo de pesquisa. Um problema similar ocorreu com a microeletrônica e a optoeletrônica dos anos 70 até 90, resultando na redução dramática ou paralisação completa das atividades de P&D nas universidades. As poucas empresas que atuavam no setor praticamente desapareceram ou mudaram de foco, passando a importar componentes e não fabricá-los no país.

B. Ações Privadas

Ainda são poucas as empresas que desenvolvem pesquisas em Nanotecnologia no Brasil

Especialistas que atuam no setor destacam que a situação do Brasil em relação ao mercado internacional é ainda muito incipiente. Ainda são poucas as empresas que estão desenvolvendo pesquisas em Nanotecnologia. Percebe-se a necessidade de injeção de recursos para formação de pessoal capacitado nas universidades, bem como o desenvolvimento de pesquisas na área de Nanotecnologia – o que é fundamental para que as empresas se capacitem e possam atuar ativamente em Nanotecnologia.

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O MERCADO DE NANOTECNOLOGIA

1. Mercado Internacional

Os investimentos globais em Nanotecnologia giram em torno de US$ 6 bilhóes

Para os empreendedores, “nano” significa investimentos. Investidores de capital de risco injetaram US$ 1 bilhão em “nano empresas”, quase metade nos últimos dois anos em todo o mundo. Enquanto isso, investimentos governamentais se mantêm em U$ 4,7 bilhões anuais, praticamente dividido igualmente entre Ásia, Europa e América do Norte. O capital está entrando nos laboratórios de universidades da Albânia à Xangai.h De acordo com estudos recentes, realizados principalmente nos Estados Unidos, fica bastante claro o impacto da Nanociência e Nanotecnologia através dos benefícios potenciais que são bastante atraentes para diversas áreas. São estas as mais pesquisadas no mundo i:

Materiais e fabricação,

Transporte,

Nanoeletrônica e semicondutores,

Medicina e saúde,

Aeronáutica e exploração espacial,

Energia e meio ambiente,

Biotecnologia agricultura,

Segurança nacional,

Educação,

Competitividade nacional.

Os produtos e serviços relacionados à Nanotecnologia já movimentam cerca de US$ 100 bilhões

A Nanotecnologia já gerou produtos e serviços que atualmente movimentam mais de US$ 100 bilhões ao ano no mundo. A expectativa é que de 2010 a 2015, o mercado mundial para materiais, produtos e processos industriais baseados em Nanotecnologia atinja US$ 1 trilhão.

Figura 16 - Estimativa do Mercado Mundial de Nanotecnologia

Mercado Mundial de Nanotecnologia – 2010 a 2015

(Em US$ Bilhões)

Novos Materiais

34%

Eletrônica

30% Farmaceuticos

16%

Outros

20%

TOTAL

US$ 1 Bilhão

Fonte: Análise Instituto Inovação

h BusinessWeek: The Business of Nanotech. 14 de fevereiro de 2005 i Relatório Tundisi - O MCT criou em 2000, uma Comissão para propor uma política de longo prazo para as Unidades de Pesquisa (UPs) vinculadas ao Ministério da Ciência Tecnologia – MCT e à Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. Esta Comissão, presidida pelo Dr. José Galizia Tundisi, em maio de 2000, emitiu um relatório de acordo com as necessidades estratégicas de Ciência e Tecnologia para o País nos próximos 10 anos. (Fonte: http://www.mct.gov.br/)

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Em todo o mundo existem centenas de empresas que comercializam produtos “nanotecnológicos”. O site Nanoinvestornews (www.nanoinvestornews.com), especializado em notícias e recursos relacionados ao comércio e investimento em Nanotecnologia, possui uma lista completa das empresas e dos países que comercializam e realizam investimentos em Nanotecnologia. Segundo o portal, em novembro de 2004 havia 954 empresas de Nanotecnologia, distribuídas em 53 países, sendo a grande maioria localizada nos Estados Unidos.

Figura 17 - Estatísticas do Mercado de Nanotecnologia

Estatísticas sobre o Mercado de Nanotecnologia(Em quantidade)

536

79 46 45

EUA Alemanha Reino

Unido

Japão

Empresas de NanotecnologiaEmpresas de Nanotecnologia Instituições ligadas à NanotecnologiaInstituições ligadas à Nanotecnologia

163

12 15 10

EUA Alemanha Reino

Unido

Japão

Fonte: Adaptado de Nanoinvestornews

Entre as empresas listadas, existem aquelas já consolidadas como Basf, Sony e Cannon, por exemplo, que desenvolvem pesquisas em Nanotecnologia aplicadas aos

seus produtos existentes no mercado. Companhias globais como IBM, Samsung, L'Oreal, Mitsubishi, LG e HP somarão mais US$ 1,2 bilhão, segundo a agência norte-americana de investimento privado Giordano Securities Group. Outras várias novas empresas foram constituídas com objetivo de atuar no desenvolvimento de produtos inovadores na área de Nanotecnologia, como, por exemplo, a Advance Nanotech, Inc, Advanced Powder Materials, Inc e Altair Nanotechnologies, Inc. A seguir alguns exemplos de outras empresas que estão investindo em Nanotecnologia:

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Tabela 02 Exemplo de Empresas que estão investindo em Nanotecnologia

Setor Empresas

Materiais e Fabricação

Fullerene International Corp.

Luna Nanomaterials

Nano-C

Nanomix

Nanoplex Technologies

NanoProducts Corp.

Nanostructures Inc.

Transporte DaimlerChrysler

Nanoeletrônica e Semicondutores

3rd Tech Inc.

Molecular Nanosystems

NanoSonic

Panasonic

Medicina e Saúde iBioNova

NanoBio Corporation

Biotecnolgia

ARRYX

Angstrom medica

BioForce Nanosciences

BioSante Pharmaceuticals

Equipamentos Advion

Fonte: MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

As oportunidades para a América Latina se concentram no mercado secundário

Neste cenário de pesados investimentos internacionais na Nanotecnologia, a América Latina tem potencial para entrar na corrida, porém como mercado secundário. A região tem reais oportunidades na produção de nanotubos, combinando materiais orgânicos e inorgânicos para nanobiotecnologia agropecuária e medicinal, a indústria nuclear e de satélites, algumas aplicações industriais e, talvez, mecatrônica, onde o Brasil é destaque na região.

2. Mercado Brasileiro

As empresas nacionais, principalmente as que atuam nos setores de cosméticos, química, petroquímica, plásticos, borrachas e ligas metálicas, devem se atentar para as oportunidades em Nanotecnologia.

Observa-se que a oferta de produtos, processos e serviços ligados à Nanotecnologia não acompanha o ritmo de crescimento das publicações científicas. Há um reduzido número de empresas que incorporam Nanotecnologias a seus produtos ou processos, refletindo um baixo número de patentes depositadas na área. As pesquisas que estão sendo desenvolvidas no país apontam que as oportunidades de negócio em Nanotecnologia tendem a surgir primeiramente nos mercados de cosméticos, produtos provenientes da indústria química (catalisadores, tintas, revestimentos) e petroquímica, plásticos, borrachas e ligas metálicas. Acredita-se que empresas que atuam na área química estão mais atentas à Nanotecnologia, principalmente no desenvolvimento de catalisadores mais eficientes. Segundo dados recentes do Diário Comércio Indústria e Serviços - DCI, pouco mais de 15 empresas no Brasil incorporaram a Nanotecnologia em seus processos, sendo que a maioria com atuação nas áreas petroquímica, química, cerâmicos, metálicos e poliméricos (plásticos e borrachas).

A previsão é que até o final de 2007, o número de empresas que utilizam produtos ou processos nanotecnológicos no Brasil deva crescer na ordem de 200%. Para especialistas do setor, as empresas que não acompanharem as inovações terão que ater-se aos nichos de mercado e ainda correrem o risco de ficar dependentes

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tecnologicamente, o que é muito ruim, uma vez que o setor apresenta altos índices de inovação e alto dinamismo. Apesar de todas as dificuldades, o Brasil vem obtendo alguns resultados em Nanotecnologia, sendo que diversas pesquisas estão em andamento no país:

A Embrapa Instrumentação Agropecuária, por exemplo, desenvolveu a língua eletrônica, um sensor capaz de detectar rapidamente impurezas nos alimentos.

Em 2003, a NanoSemiMat obteve a patente pelo desenvolvimento de um LED extremamente eficiente e uniforme de silicone.

O laboratório de Física da UFMG já é capaz de produzir nanotubos de carbono de uma e de múltiplas camadas.

As empresas que buscam a Nanotecnologia, em sua grande maioria o fazem através de parcerias com universidades federais; são multinacionais; e possuem o objetivo de aprimorar seus produtos. A idéia é de ter um diferencial de competitividade. Os setores que mais se destacam quanto a iniciativas para desenvolvimento da nanociência são: eletro eletrônico, químico, petroquímico, têxtil, biotecnologia, fármacos, siderurgia e energia.

A. Eletro Eletrônica

O setor apresenta grandes oportunidades para inovações baseadas na Nanotecnologia no Brasil

O setor de eletroeletrônica é um dos segmentos promissores da pesquisa em Nanociência no Brasil. O país apresenta atraso na eletrônica tradicional, porém conta com pesquisadores de primeira linha em três áreas fundamentais para a nanoeletrônica: o desenvolvimento de nanotubos de carbono, de nanowires (fios da espessura de um ou dois átomos que farão as conexões nos nanochips) e de novos materiais semicondutores.j Essa área exige grandes investimentos financeiros. Logo, existe grande oportunidade para a realização de parcerias entre empresas e Universidades. Iniciativas do mercado

A DSD – Dispositivos Semicondutores Discretos, fundada em 2000 é uma das quatro fábricas de semicondutores do país. Ela é resultado de uma parceria entre o Instituto Euvaldo Lodi – IEL/FIEMG e o Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, através do engajamento de alguns de seus cientistas no desenvolvimento e otimização de dispositivos semicondutores a partir de investimentos em Nanotecnologia. Um de seus objetivos é criar um satélite brasileiro.k

Uma iniciativa diferente e criativa foi a parceria entre a Universidade Estadual de Campinas - Unicamp e o Genius Instituto de Tecnologia, criado pelas empresas Gradiente e Nokia. Estas empresas assinaram em Campinas um convênio para desenvolvimento conjunto de inovações tecnológicas na eletrônica de consumo no Brasil. A iniciativa tem o objetivo de criar aditivos ao acordo para o desenvolvimento de tecnologia nas áreas de multimídia, terminais móveis, TV Digital e Nanotecnologia. O investimento é de R$ 15 milhões.l

A UFMG, mais propriamente o Departamento de Física, tem obtido êxito frente ao mercado internacional na pesquisa de nanotubos de carbono. O objetivo é criar a primeira empresa brasileira a produzi-los em escala industrial.

j Revista Indústria Brasileira - Número 38, Abril de 2004 k Agência Estado - Nanotecnologia chega à indústria Projetos brasileiros em várias áreas começam a sair dos laboratórios de pesquisa para se transformarem em produtos - 19 de Novembro de 2004 l Gazeta Mercantil / Investnews - Unicamp e Genius fazem convênio tecnológico - 4 de Março de 2004

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B. Setor Químico e Petroquímico

Importantes empreendimentos estão sendo realizados pela iniciativa privada nos setores químico e petroquímico

No setor químico, a pesquisa de nanocompósitos de polímeros, citada pelo professor Lacerda, principalmente o segmento de plásticos e resinas tem obtido bastante êxito. O destaque está na atuação da Associação Brasileira da Indústria do Plástico - ABIPLAST. Iniciativas do mercado

A UNICAMP, através da equipe de pesquisa do professor Fernando Galembeck, em um projeto em parceria com a Rhodia-Ster desenvolveu uma embalagem que aumenta a durabilidade de alimentos e bebidas. A patente foi depositada em 2001 e em 2003 foi internalizada pela Rhodia-Ster, para ser transformada em produto.m

Outra iniciativa bastante interessante é a da BRASKEM S/A. A empresa irá investir R$ 300 mil até o final de 2005 nas duas parcerias para estudos de nanocompostos em poliolefinas (tipos de resinas plásticas). Uma das parcerias é com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), iniciada em 2004 e tem o objetivo de obter materiais mais resistentes e descobrir novas aplicações para as resinas. A outra, mais específica na área de polietileno, iniciou-se no mesmo ano com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Além do valor investido nos projetos, a Braskem também disponibiliza seu laboratório para alguns testes. Com os estudos, a empresa pretende melhorar a embalagem até conseguir a impermeabilização, uma vez que o polipropileno tem limitações, pois permite a passagem do oxigênio.n A empresa é a maior petroquímica da América Latina e está entre as cinco maiores indústrias brasileiras de capital privado, com faturamento superior a R$ 11 bilhões. Braskemo é controlada pelo grupo Odebrecht.

Um dos motivos pelo qual o setor de petroquímica se tornou tão interessado pela Nanotecnologia é o da maior eficiência nas reações químicas. Substâncias

reagentes na forma de nanopartículas se tornam muito mais reagentes, tornando os processos mais rápidos e com menor gasto de material.

A Polibrasil, adquirida atualmente pelo Grupo Suzano Petroquímica, também é uma empresa em evidência no setor, pois deverá ser a primeira empresa petroquímica da América Latina a lançar produtos desenvolvidos utilizando a Nanotecnologia.

Polibrasil (adquirida pelo Grupo Suzano Petroquímica)

Líder latino-americana na produção de polipropileno (resina que

é matéria-prima para a fabricação de peças de plástico), a

companhia deverá colocar no mercado brasileiro, até o final de

2005, dois produtos, um direcionado ao setor automobilístico e

outro para a indústria de embalagens plásticas.

Os produtos da Polibrasil serão as primeiras resinas com Nanotecnologia a serem

lançadas no mercado brasileiro e devem custar de 15% a 20% mais do que o

commodities. Para seus dirigentes, o mercado para produtos com Nanotecnologia,

principalmente no segmento de plásticos, é muito promissor. A Nanotecnologia aplicada

neste caso é, a grosso modo, uma espécie de "areia" cerâmica que, misturada à resinas

plásticas pode potencializar a resistência, alterar características desejadas, ou tornar o

plástico muito mais resistente e leve, no caso dos pára-choques. Para conseguir esta

mistura, da cerâmica com o plástico, é necessário outro elemento de liga, chamado de

fator X. Neste fator X é que se concentrou o forte do investimento da Polibrasil.

O centro de pesquisa da empresa localizado em Mauá, está desenvolvendo há cerca de

um ano e meio estudos com a nova tecnologia. O investimento da fabricante nessa área

faz parte dos gastos anuais direcionados a pesquisa e desenvolvimento, que

correspondem a 10% do faturamento anual. Em 2004, a Polibrasil faturou R$ 2,3 bilhões.

m Agência Estado - Nanotecnologia chega à indústria Projetos brasileiros em várias áreas começam a sair dos laboratórios de pesquisa para se transformarem em produtos - 19 de Novembro de 2004 n DCI - Comércio Indústria e Serviços - Faber-Castell ganha com Nanotecnologia -7 de Junho de 2005 o www.braskem.com.br

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C. Setor Têxtil

Novas funcionalidades são aplicadas aos tecidos, agregando maior valor aos produtos

Outro segmento de destaque é o setor têxtil, o qual tem sido alvo dos investimentos governamentais através do CNPq e FINEP. A Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis – ABQCT tem se apresentado como associação de classe bastante atuante no incentivo à Nanotecnologia. Uma das associadas é a Ciba. Iniciativas do mercado

A Ciba , empresa suíça, é uma das referências no setor. Ela tem produtos para a indústria têxtil que conferem efeito repelente à água e ao óleo, antiodores, antimicrobianos e proteção contra raios ultravioleta aos tecidos. O produto que confere o efeito repelente à água e ao óleo não impermeabiliza o tecido, que deve deixar passar a transpiração. Uma preocupação da Ciba ao desenvolver produtos com esses efeitos é garantir sua eficácia após muitas lavagens. Os mais recentes desenvolvimentos da Ciba com Nanotecnologia são a proteção antimicrobiana para fibras celulósicas, como algodão, viscose e modal, e o controle de odores com compostos derivados do açúcar, que tem alta resistência a lavagens. Todos os produtos foram desenvolvidos na Suíça.p

A Santista Têxtil também é destaque no setor, pois é a única multinacional brasileira do setor e maior exportadora do país de Brins e Denim. Os Estados Unidos e os países sul-americanos são seus principais mercados. Com o objetivo de conseguir tecidos mais resistentes, que não mancham e não amassam, a Santista Têxtil investe em Nanotecnologia em uma parceria com os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos. As pesquisas na área começaram há três anos e os resultados atingidos foram tecidos especiais como os que não amassam ou não mancham, mas a durabilidade atingida ainda é muito baixa. O objetivo é aumentar a resistência. A Santista é multinacional brasileira com cinco fábricas no Brasil. A Santista possui ainda mais duas indústrias no exterior: uma na Argentina e outra no Chile. A empresa registrou em 2004 uma receita líquida de R$ 900 milhões, sendo que 0,5% são destinados à pesquisa e desenvolvimento. q

D. Biotecnologia e Fármacos

A Embrapa desenvolveu um protótipo de análise de alimentos baseado em Nanotecnologia.

Os setores de biotecnologia e fármacos também estão entre os setores mais promissores para aplicação da Nanotecnologia. Na nanobiotecnologia há significativas possibilidades para o País avançar, desde fármacos até defensivos agrícolas. Há grupos desenvolvendo nanoencapsulamento de drogas, o uso de nanopartículas magnéticas no tratamento de câncer, além de nanodrogas para tratar esquistossomose, leishmaniose e tuberculose.

Orçado em R$ 2 milhões, com apoio da Fapesp e CNPq, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, a Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um protótipo para as indústrias de uma Língua Eletrônica para identificar a qualidade de café. Este produto tem a capacidade de reconhecer 1,3 mil variedades de cafés e foi obtido a partir da manipulação do átomo. Ele testa o sabor com sensores feitos com Nanotecnologia. A tecnologia brasileira se diferencia pelo uso de polímeros condutores. Além do café, a língua eletrônica pode ter aplicações na produção de vinhos, cachaça e há testes para a cerveja. O mesmo projeto está sendo desenvolvido para vinho, leite e até pinga.

p DCI - Comércio Indústria e Serviços -País já tem têxteis com Nanotecnologia - 5 de Julho de 2004 q DCI - Comércio Indústria e Serviços - Santista pesquisa tecido usando Nanotecnologia - 5 de Julho de 2005

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Figura 18: Língua Eletrônica desenvolvida pela Embrapa

Fonte: NanoSemiMat

Outra aplicação de Nanotecnologia partiu da Nanocore Biotechnology. A empresa nasceu na Supera, incubadora de empresas de alta tecnologia, resultado de uma parceria entre a prefeitura de Ribeirão Preto, a Fundação Instituto Pólo Avançado de Saúde (Fipase), Sebrae e USP. A empresa está trabalhando no desenvolvimento de vacinas e medicamentos para uma série de doenças como tuberculose, leishmaniose, doenças crônicas como artrite e diabetes e tratamento de câncer. Utiliza como tecnologia os sistemas micro e nano - particulados, formulados a partir de lipídeos e de polímeros biodegradáveis que podem encapsular ou absorver os ativos na sua matriz ou superfície. Um dos resultados dessa série de experimentações está com pedido de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) - uma vacina de DNA e proteína recombinante.r

E. Outros setores

A parceria entre o setor público e o setor privado pode acelerar o desenvolvimento tecnológico

Há importantes iniciativas de pesquisas brasileiras dentro das universidades, principalmente USP, UNICAMP, Universidade de São Carlos, e UFMG em segmentos estratégicos como setor elétrico, petroquímico, siderúrgico, tecnologia da informação seja em sensores, catalisadores, ou novos materiais.

A Eletrocell, empresa que faz parte do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas – CIETEC (USP) em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN desenvolveu uma Célula a Combustível, com tecnologia brasileira. A célula a combustível transforma energia química em elétrica, usa hidrogênio e pode funcionar com álcool combustível, biodiesel, gás natural e outros combustíveis. O projeto foi custeado pelo governo federal e por verba da iniciativa privada. A AES Eletropaulo investiu R$ 1,75 milhão no desenvolvimento da célula e espera que a tecnologia do hidrogênio na geração de energia possa ser viável comercialmente em cinco anos no País, primeiramente em uso estacionário, que funciona como um gerador. O equipamento pode ser um possível substituto para os combustíveis fósseis como o petróleo.s

A Universidade de Pernambuco, por exemplo, criou a primeira start-up latino-americana, a Ponto Quântico, que tem aplicações com base em nanosensores de luz, como um protetor solar cujas moléculas reagem de acordo com a intensidade da radiação ultravioleta. Esta produz o nanodosímetro molecular de uso pessoal, que mede a radiação UV a que são submetidos trabalhadores com alta exposição ao sol, como guardas de trânsito. A empresa trabalha em diversos tipos de nanosensores.

No segmento de siderurgia, a CSN e a RCNI já utilizam catalisadores mais eficientes, que usam nanopartículas de níquel para transformar metano e gás

r Valor Econômico - Área farmacêutica tem grande potencial de desenvolvimento - 24 de Março de 2004

s DCI - Comércio Indústria e Serviços - 1 de Julho de 2005

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carbônico em monóxido de carbono e hidrogênio, que são então usados para reduzir o óxido de ferro. A pesquisa brasileira em Nanotecnologia pode contribuir ainda mais na melhoria de materiais usados em metalurgia, eletrônica e indústria do petróleo. t

São ainda relativamente poucas as iniciativas de pesquisa em parceria com empresas no País, porém como pôde ser observado, já se tem atingido excelentes resultados.

t DCI - Comércio Indústria e Serviços - Setor de metais já usa Nanotecnologia - 3 de Junho de 2004

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CONCLUSÕES

O elevado grau de inovação conferido pelas mudanças em produtos e processos industriais gerados pelo avanço da Nanotecnologia deverá causar a obsolescência de diversos produtos e processos atualmente em uso. Para evitar que esse processo comprometa a competitividade da indústria brasileira, é necessário investir nas ações que contribuam para a convergência da Nanotecnologia na geração de produtos, processos, serviços e patentes. Em campos de pesquisa emergentes é de fundamental importância que sejam traçadas estratégias flexíveis de investimento que envolva governos, empresas e instituições de pesquisa. Os pesquisadores precisam de apoio e orientação desde a pesquisa básica até a identificação de uma idéia passível de ser comercializada e que gerem impactos sejam eles sociais, ambientais ou econômicos. As empresas precisam, por sua vez, se aproximar dos centros acadêmicos para obter boas oportunidades e rapidez na transferência dos resultados do laboratório na indústria. No que tange ao papel do governo, devem-se apoiar as atividades nas quais o país tem ou pode vir a ter excelência a nível internacional. Um exemplo: o Brasil é hoje o único país no mundo que produz combustível de fontes renováveis, a preço vantajoso em relação ao do petróleo e sem subsídios, resultado de muitos anos de trabalho, investimentos e pesquisas. Outro ponto que tem sido alvo freqüente de discussões em congressos, feiras e palestras é a necessidade de investir em necessidades regionais que não são supridas por fornecedores internacionais de tecnologia, como doenças locais, habitação, transporte, suprimento de água, tratamento de efluentes e de resíduos adequados ao ambiente tropical; e ainda em atividades que torne o país competitivo em áreas na qual hoje somos dependentes (fármacos, eletrônica…). Uma barreira identificada ao desenvolvimento da Nanotecnologia, é o fato de que muitos países ainda hoje definem uma empresa de modo muito restrito, de forma que o negócio está limitado a uma única atividade, principalmente em relação às

micro e pequenas empresas. A Nanociência, por si só é uma ciência interdisciplinar e que depende de ações que envolvam vários profissionais de áreas diferentes e que estejam aptos a trabalhar em conjunto. Essa característica peculiar da Nanotecnologia dificulta o seu processo de desenvolvimento, uma vez que exige uma mudança cultural tanto em nível organizacional, quanto em nível nacional para a reversão do processo. A conseqüência é a ausência de planejamentos estratégicos de longo prazo, o que é ainda mais grave em economias menores e menos desenvolvidas. Vale destacar a questão da propriedade intelectual no momento da comercialização de um produto. As entrevistas conduzidas para realização do estudo possibilitaram identificar que são muitos os conflitos de interesse e conflitos políticos entre pesquisadores, universidades e empresas, o que acaba por muitas vezes impedir que oportunidades tecnológicas sejam devidamente exploradas. Estes empecilhos quando não impedem, atrasam o envio de verbas para pesquisa, tornando o processo de inovação lento e conflituoso, além de que muitas oportunidades acabam sendo aproveitadas por empresas de outros países mais desenvolvidos. É importante citar também a questão técnica. Há urgência de criação de padrões e de sistemas de nano metrologia, elementos essenciais para o funcionamento eficaz na cadeia de integração vertical. Nos próximos anos, o desenvolvimento da Nanociência irá superar em termos de amplitude a Revolução Industrial do século passado. No primeiro movimento, houve uma passagem do processo artesanal, da manufatura para a produção em série. As empresas, os países se especializaram em determinadas atividades econômicas. Entretanto, o movimento tecnológico que se observa hoje, exige especialistas com habilidades interdisciplinares. Os desenvolvimentos nanotecnológicos estão revolucionando os processos de criação de produtos e serviços. E para acompanhar

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ou melhor, estar a frente, é necessária uma ação conjunta e pró-ativa do trinômio: Instituições Acadêmicas, Governo, Empresas.

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