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LAÉRCIO CRISTINO MARTINS PENSAMENTO SISTÊMICO NA GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES (PMEs) (Gestão Sistêmica de Organizações) CAMPO BELO MINAS GERAIS – BRASIL 2007 Artigo apresentado à Comissão Técnica do 3º Congresso Brasileiro de Sistemas – IIICBS, que será realizado em outubro/2007– Florianópolis / SC. Autor: MARTINS, Laércio Cristino Monografia de Pós-Graduação em Gestão de Micro e Pequenas Empresas – Universidade Federal de Lavras – UFLA – MG. Contato: [email protected] (35)8803-2407 – (35)3832-7682

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LAÉRCIO CRISTINO MARTINS

PENSAMENTO SISTÊMICO NA GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES (PMEs)

(Gestão Sistêmica de Organizações)

CAMPO BELO

MINAS GERAIS – BRASIL

2007

Artigo apresentado à Comissão Técnica do 3º

Congresso Brasileiro de Sistemas – IIICBS, que será

realizado em outubro/2007– Florianópolis / SC.

Autor:

MARTINS, Laércio Cristino

Monografia de Pós-Graduação em Gestão de Micro

e Pequenas Empresas – Universidade Federal de

Lavras – UFLA – MG.

Contato:

[email protected]

(35)8803-2407 – (35)3832-7682

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RESUMO

A partir de uma pesquisa bibliográfica o autor procurou fazer um paralelo entre

as principais abordagens da Teoria Geral da Administração e a nova proposta contemporânea,

Pensamento Sistêmico – O Novo Paradigma da Ciência. Observando as características de

cada abordagem no decorrer da história e desenvolvimento da Administração, fica bastante

claro que uma das principais preocupações das teorias, está em consolidar técnicas que

possam colaborar para o alcance de resultados satisfatórios nas organizações. No início o

foco estava no volume produtivo, desconsiderando o ser humano como tal, o indivíduo era

apenas uma engrenagem no processo, esta fase do enfoque mecanicista do ser humano (homo

economicus) perpetuou por muito tempo, uma estrutura totalmente fechada. As experiências

começaram a demonstrar a necessidade de mudanças, que aos poucos vão se consolidando,

surgindo as hierarquias, as capacitações, as especializações, as subdivisões das tarefas e os

princípios básicos da administração. Foi durante a crise mundial em 1929 que surgiu a

abordagem humanística, do liberalismo ao intervencionismo, o governo passa a interferir nas

decisões econômicas, nascem então as primeiras leis trabalhistas, o salário mínimo, carga

horária de trabalho, previdência social e surgem também as organizações sindicais. A crise

provocou uma mudança radical no paradigma da administração, da ênfase na produção para a

valorização do ser humano. Daí a contribuição das ciências humanas, sociologia, psicologia

social e do trabalho e a filosofia (o homem social). As mudanças não param, surgem outras

abordagens com conteúdos ecléticos, aproveitando tudo de positivo das anteriores, com ênfase

nos princípios gerais da administração como ciclo ajustável e dinâmico (PODC –

Planejamento, Organização, Direção e Controle). Na década de 80 surgem novas abordagens

valorizando a motivação humana, considerando a organização como um sistema aberto e que

as contingências econômicas, tecnológicas, ambientais e sociais são relevantes para a tomada

de decisões organizacionais. As inovações não param, com o mercado cada vez mais

competitivo surge, a abertura global, a tecnologia da informação, a responsabilidade

ambiental e social, a redução dos níveis hierárquicos, o aumento da autonomia dos

funcionários, o marketing de relacionamento, espiritualidade organizacional, as novas

propostas cientificas, e mais recentemente a “Ciência da Incerteza”. O Pensamento Sistêmico

– O Novo Paradigma da Ciência (Esteves de Vasconcellos – 2002), propõe uma nova visão de

mundo, com base em três eixos epistemológicos: COMPLEXIDADE, INSTABILIDADE e

a INTERSUBJETIVIDADE. Uma proposta de Gestão Organizacional sob a ótica da visão

sistêmica – ciência novo-paradigmática.

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1 - INTRODUÇÃO

Gestão Organizacional tema bastante discutido nas últimas décadas. E a grande

dúvida de muitos profissionais da área, principalmente dos Administradores, é qual escola ou

abordagem seguir para obter bons resultados. Visto que o objetivo principal da maioria é

alcançar resultados excelentes a qualquer preço.

Administração de Empresas ou Gestão Organizacional, arte ou ciência?

Para uns arte, outros ciência. Como arte, temos o lado criativo, inovador o inesperado aquilo

que é surpreendente. Como ciência, o empírico, a regra, o experimento, etapas de um

processo, o previsível e calculado, o esperado.

A evolução da Gestão Organizacional tem nos mostrado a preocupação de se

ter um método adequado para certas situações, mesmo considerando que para um problema

podemos ter várias soluções.

A importância de buscar uma nova forma de perceber as coisas ao nosso redor,

ter uma nova visão de mundo é deixar de ficar esperando receitas milagrosas para soluções

muitas vezes tidas como impossíveis. Nas grandes organizações sabemos que muitos

métodos são utilizados com base nas escolas tradicionais desde a revolução industrial, do

advento da Administração. São experimentos, abordagens consideradas como escolas e seus

pensadores tidos como gurus revolucionários cada um representando sua época.

Hoje o que precisamos é adaptar à uma nova realidade, é de um novo

paradigma, exclusivamente quando se trata de PMEs, onde seus gestores são desprovidos de

conhecimentos técnicos para gerir seus próprios empreendimentos. Muitos são dependentes

de técnicos e ou profissionais de consultorias, que podem prestar serviços distantes de suas

realidades e necessidades.

Portanto, esta pesquisa bibliográfica objetiva mostrar que o Pensamento

Sistêmico - O Novo Paradigma da Ciência (Esteves de Vasconcellos, 2002), oferece

importante contribuição para a Gestão Organizacional em especial para as PMEs.

Através de um paralelo entre as Escolas Tradicionais da Administração e o Novo Paradigma,

o autor pretende demonstrar a grande influência que o Pensamento Sistêmico poderá ter no

futuro da Gestão Organizacional das PMEs.

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2 - DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

INFLUÊNCIA DAS PRINCIPAIS ABORDAGENS ADMINISTRATIVAS NA

GESTÃO ORGANIZACIONAL

2.1 - ABORDAGEM CIENTÍFICA

Considerada como o ponto de partida das teorias administrativas, surgiu a

partir da Revolução Industrial.

Revolução Industrial

1ª fase – 1780/1840 Êxodo Rural

2ª fase – 1840/1895 Transporte/Comunicação.

Princípios Gerais da Abordagem Científica

Na virada do século XIX, Frederick Taylor, precursor da Teoria Administrativa

Científica, desenvolveu estudos a respeito de técnicas de racionalização do trabalho operário.

Ele via a necessidade de aplicar métodos científicos à administração para conseguir a máxima

produção a custo mínimo.

Taylor defendia os seguintes princípios:

Seleção Científica do Trabalho: o trabalhador devia exercer funções de acordo com suas

aptidões e ser bem treinado.

Tempo padrão: o trabalhador deveria atingir no mínimo a produção-padrão estabelecida pela

gerência.

Plano de incentivo salarial: remuneração proporcional à produção (variável).

Trabalho em conjunto: quanto mais produção maior o salário e proporcionalmente maior a

rentabilidade da empresa.

Gerentes planejam e operários executam: planejamento exclusivo da gerência e a execução

dos operários e supervisores.

Divisão do trabalho: quanto mais subdividida a tarefa, maior será a habilidade do operário em

realizá-la, aumentando o número de produção.

Supervisão: funcional e especializada por área, com objetivo de garantir a produção padrão

mínima.

Ênfase na eficiência: buscar a melhor maneira de executar uma tarefa, através do estudo de

tempos e métodos, decompondo os movimentos do operário.

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Considerações:

� Enfoque mecanicista do ser humano;

� Homo economicus;

� Abordagem fechada;

� Super-especialização do operário (Filme Tempos Modernos - Chaplin);

� Exploração dos empregados.

Taylor era visto como um cientista insensível e desumano, que explorava os

operários como objetos de estudo de métodos em prol da elite empresarial. Apesar das

críticas, seu processo atualmente estimulou o desenvolvimento tecnológico e automação

industrial, poupando o homem de fazer tarefas entediantes, monótonas e que pessoalmente

são pouco enriquecedoras.

Seguidores:

Henry Ford (18ª63-1947) – um dos responsáveis pelo grande avanço

qualitativo no desenvolvimento da atual organização empresarial.

Ciente da importância do consumo em massa, desenvolveu princípios, para

agilizar a produção e diminuindo seus custos e tempo de fabricação.

Integração vertical e horizontal;

Integração da matéria prima ao produto acabado (vertical);

Instalação de uma enorme rede de distribuição (horizontal);

Padronização: com a padronização do equipamento utilizado na linha de

montagem, Ford obtinha agilidade e redução de custos.

Economicidade: redução de estoque e agilidade na produção (logística).

Frank Gilbreth(1868-1924)

Seguiu carreira de consultor independente, defensor da maioria dos princípios

da Administração Científica, com a divisão do trabalho, seu objetivo básico era descobrir a

melhor maneira de trabalhar.

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Lílian Gilbreth

Psicóloga, desenvolveu um dos primeiros estudos acerca do homem na

indústria. Lílian considerava que o ambiente e as oportunidades oferecidas aos trabalhadores

favoreciam para aprimorar a produtividade.

Henry Gantt

Trabalhou com Taylor, e um dos mais conhecidos seguidores, por ter

desenvolvido métodos gráficos para representar planos de controle gerencial.

Destacou a importância do fator tempo, do custo e do planejamento para a

realização do trabalho.

O gráfico de Gantt é utilizado até hoje no planejamento, programação e

controle de atividades e projetos.

2.2 - ABORDAGEM CLÁSSICA

Henri Fayol (1841-1925)

Engenheiro francês – em paralelo com Taylor, defendia princípios semelhantes

na Europa, baseado na alta administração. Seu sucesso era atribuído à sua forma de pensar a

empresa e os problemas básicos da administração prática. Sua obra básica, Princípios Gerais

da Administração, aborda tópicos como as características dos administradores, a importância

de seu treinamento, suas funções básicas e os princípios básicos da administração.

Desenvolveu a primeira teoria da administração, e que o estudo deveria preceder a prática da

profissão.

Fayol relacionou quatorze princípios básicos, que podem ser estudados como complemento

aos de Taylor.

Divisão do Trabalho;

Autoridade e responsabilidade;

Unidade de comando;

Unidade de direção;

Disciplina;

Prevalência dos interesses gerais;

Remuneração;

Centralização;

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Hierarquia ( cadeia escalar );

Ordem;

Equidade;

Estabilidade dos funcionários;

Iniciativa;

Espírito de corpo (sprit de corps).

Além dos princípios gerais, Fayol enunciou as FUNÇÕES BÁSICAS DA

GERÊNCIA ADMINISTRATIVA.

� PLANEJAR – estabelecer objetivos e planos de ações;

� COMANDAR – fazer com que as atividades sejam executadas;

� ORGANIZAR – coordenar todos os recursos da empresa;

� CONTROLAR – estabelecer padrões e medidas de desempenho;

� COORDENAR – qualquer planejamento sem coordenação torna-se inviável;

Considerações:

Obsessão pelo comando. Centrou seus estudos na unidade do comando, na

autoridade e na responsabilidade.

A empresa como um sistema fechado, (forte crítica à abordagem clássica).

Manipulação dos trabalhadores. (alguns empresários deturpam o estudo dos

princípios e funções).

2.3 - ABORDAGEM HUMANÍSTICA

Teve origem durante a crise mundial de 1929.

Do liberalismo ao intervencionismo.

Antes: salários baixos, preços elevados, aumento da produção sem

interferência do Estado.

Depois: controle do Governo na economia, regulando a produção, fixando

limites para os preços e salários.

Nascem: o salário mínimo, a carga horária de trabalho, a previdência social e

as organizações sindicais.

A crise provocou uma mudança radical no paradigma da administração.

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Da ênfase na tarefa e na organização, para as relações e aspirações dos

elementos humanos na organização.

Contribuições das ciências humanas:

� Sociologia;

� Psicologia social;

� Psicologia do Trabalho e Iindustrial;

� Filosofia;

Principais pesquisadores: Kurt Lewin e Elton Mayo

Kurt Lewin (1890/1947):

Iniciou os estudos sobre o comportamento humano dentro dos grupos das

organizações. O comportamento do grupo age diretamente sobre o indivíduo.

Deu origem ao processo contínuo de adaptação mútua (equilíbrio quase estacionário).

Em 1945, Lewin fundou o 1º Centro de Pesquisas sobre a formação e comportamento dos

grupos, na sociedade e dentro das organizações.

Elton Mayo (1880-1949):

Também contribuiu muito para as relações humanas.

Desenvolveu uma experiência em Hawthorne (bairro de Chicago), na indústria

de peça para equipamentos de comunicação (reles), Wstern Elétric. Fazendo relação do

comportamento humano com as condições no ambiente de trabalho.

Observou as variáveis nas condições de trabalho.

Pressupostos da Abordagem Humanística:

� Integração e compromisso social;

� Participação nas decisões;

� Homem social;

� Conteúdo do trabalho;

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2.4 - ABORDAGEM NEOCLÁSSICA

Escola operacional ou processo administrativo;

Utilização dos conceitos válidos e relevantes da Teoria Clássica, eliminando os

exageros;

Principais características:

� Ênfase na prática da administração;

� A reafirmação relativa da Teoria Clássica;

� A ênfase nos princípios gerais;

� Ênfase nos objetivos e resultados;

� O ecletismo da Teoria Neoclássica;

Visão:

Administração como uma técnica social.

Estudo comparativo entre as vantagens e desvantagens de um sistema

centralizador ou descentralizador.

As funções básicas do administrador vistas como ciclo ajustável e dinâmico

(PODC – Planejamento, Organização, Direção e Controle).

2.5 - ABORDAGEM COMPORTAMENTAL DA ADMINISTRAÇÃO

Abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores

(Clássica, R. Humanas, Burocrática) e a adoção de posições explicativas e descritivas. Forte

ênfase nas pessoas.

Da psicologia individual para a psicologia organizacional.

Origens da Teoria Comportamental.

Oposição às outras abordagens, visando as relações humanas,

É um desdobramento das relações humanas, compartilhando os seus conceitos

fundamentais.

Verdadeira antítese à teoria da organização formal, aos princípios gerais da

administração, ao conceito de autoridade, à posição rígida e mecanicista dos autores clássicos.

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Novas proposições sobre a motivação humana:

� Hierarquia das Necessidades de Maslow;

� Necessidades primárias: Fisiológicas e de Segurança;

� Necessidades secundárias: Sociais, Estima e Auto-realização.

Teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg, que procura explicar o comportamento das

pessoas em situação de trabalho.

FATORES MOTIVACIONAIS

(Satisfacientes)

FATORES HIGIÊNICOS

(Insatisfacientes)

Conteúdo do cargo

(Como o indivíduo se sente em relação a

seu cargo)

Contexto do Cargo

(Como o indivíduo se sente em relação à

sua Empresa)

O trabalho em si;

Realização;

Reconhecimento;

Progresso profissional;

Responsabilidade.

As condições de trabalho;

Administração da empresa;

Salário;

Relações com o supervisor;

Benefícios e serviços sociais.

Para proporcionar continuamente motivação no trabalho, Herzberg propõe,

enriquecimento de tarefas, também chamado de enriquecimento do cargo. A proposta é

oferecer ao empregado novos desafios valorizando a sua posição e respeitando suas

características pessoais.

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Teoria X e Teoria Y ( Douglas M. McGregor)

De um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, excessivamente

mecanicista e pragmática (Teoria X), de outro um estilo baseado nas concepções modernas a

respeito do comportamento humano (Teoria Y).

PRESSUPOSIÇÕES DA TEORIA X PRESSUPOSIÇÕES DA TEORIA Y

As pessoas são preguiçosas e indolentes;

As pessoas evitam o trabalho;

As pessoas evitam a responsabilidade, a

fim de se sentirem mais seguras;

As pessoas precisam ser controladas e

dirigidas;

As pessoas são ingênuas e sem iniciativa.

As pessoas são esforçadas e gostam de ter

o que fazer;

O trabalho é uma atividade tão natural

como brincar ou descansar;

As pessoas procuram e aceitam

responsabilidades e desafios;

As pessoas podem ser auto-motivadas e

auto-dirigidas;

São criativas e competentes.

(A natureza humana segundo McGregor)

Sistemas de Administração segundo os 4 perfis organizacionais de Rensis

Likert.

Variáveis 1

Autoritário

Coercitivo

2

Autoritário

Benevolente

3

Consultivo

4

Participativo

Processo

Decisorial

Totalmente

centralizado

Centralizado

com diminuta

delegação

Consulta os

níveis

inferiores

Totalmente

delegado e

descentralizado

Sistemas de

Comunicações

Bastante

precário(ordens

)

Relativamente

precário

Procura

facilitar o

fluxo

Eficiente e

fundamental

para o sucesso

Relações

Interpessoais

Provocam

desconfiança.

Prejudicial

São apenas

toleradas.

Cesta

confiança nas

pessoas e

relações

Trabalho em

equipe.

Confiança

mútua,

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participação e

envolvimento

grupal.

Sistema de

Recompensa

Punições e

medidas

disciplinares.

Punições e

medidas

disciplinares,

com menor

arbitrariedade

Recompensas

materiais e

salariais.

Recompensas

sociais.

Materiais e

salariais com

freqüência. Sem

punições.

Sistema Social Cooperativo (executivo americano Chester Barnard – 1939)

� As pessoas não atuam sozinhas isoladamente;

� Interagem na busca de objetivos comuns;

� Para superar suas limitações as pessoas precisam cooperar entre si para

melhor alcançar sues objetivos;

� Assim surgem as organizações;

Condições para existência de uma organização:

� Interação entre duas ou mais pessoas;

� Desejo e disposição para a cooperação;

� Finalidade de alcançar objetivo comum.

2.6 - ABORDAGEM SISTÊMICA DA ADMINISTRAÇÃO

As abordagens anteriores foram fortemente criticadas pelos pesquisadores

porque eram consideradas como sistemas fechados.

A partir da década de 80 os pesquisadores, voltaram-se para as organizações

para entendê-las como um sistema total.

A Teoria dos Sistemas – Visualiza a organização como uma totalidade,

composta de funções e processos inter-relacionados.

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Conceitos chave:

Sistema – conjunto de componentes interligados para a realização de uma

determinada finalidade (todo).

Funcionamento:

Subsistemas – São as partes que compões o todo de um sistema (um sistema,

pode ser um subsistema de um todo ainda maior.

Ambiente – é o conjunto de todas as coisas/objetos, que dentro de um

determinado limite influência sobre a operação do sistema, classificado em ambiente interno e

ambiente externo. A sobrevivência do sistema depende de sua adaptabilidade ao meio em

que atua.

Sinergia – o todo é maior que a simples soma das partes. É necessário um

envolvimento mais forte.

Retroalimentação (feedback) – visa comparar as saídas com critérios ou

padrões pré-estabelecidos, com o objetivo de controlar, reavaliar e corrigir.

Entradas INPUT

Processamento

Saídas OUTPUT

Black Box Cx. Negra

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A empresa como um sistema aberto:

SISTEMA ABERTO

2.7 - SUBSISTEMAS DE UMA EMPRESA

Produção – Transforma insumos em produtos;

Marketing – Ações para satisfazer desejos e necessidades dos consumidores;

Financeiro – Identificar a necessidade de recursos, onde obter, como utiliza-

los para alcançar os objetivos propostos;

Social (RH) – Satisfaz as necessidades dos funcionários, (recrutamento e

seleção, motivação, treinamento, desenvolvimento das relações humanas);

Administrativo – Responsável pelo planejamento, organização, direção,

controle e integração entre os diversos subsistemas, permitindo o alcance dos objetivos.

A empresa é como um organismo vivo (animal) é um corpo.

Aplicações e críticas do enfoque sistêmico na Administração:

� Importância do pensamento holístico (visão do todo);

� O ambiente como determinante da eficácia;

� Importância da sintonia organização x ambiente externo;

� Facilidade para as questões estratégicas e outros enfoques onde a visão

global se faz importante;

Até agora é a abordagem menos criticada pelos pesquisadores da Ciência

Administrativa.

Matéria prima Recursos Humanos Energia R. Financeiros Informações

ORGANIZAÇÃO (subsistemas)

Transformação

BENS E SERVIÇOS

FEEDBACK

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2.8 - ABORDAGEM CONTINGENCIAL

Inspirada na teoria dos sistemas, descarta os princípios universais da

administração, afirmando que uma grande variedade de fatores, internos e externos afetam a

organização. Portanto não existe uma “única melhor maneira” de administrar, as

circunstâncias variam (Beteman e Snell- 1998).

Chiavenatto (1987) – Definiu contingência como sendo algo incerto ou

eventual, que pode ou não suceder. Não se alcança a excelência seguindo um único e

exclusivo modelo organizacional. Pois o ambiente é altamente variável.

As principais variáveis identificadas nesta abordagem são:

Ambiente e a tecnologia

Variações no ambiente ou na tecnologia, conduzem às mudanças expressivas

na estrutura da organização.

Entender as contingências, auxilia o administrador saber quais as ações

administrativas adequadas para a organização.

Contingências

� Taxa de mudança e grau de complexidade do ambiente externo;

� Forças e fraquezas internas da organização;

� Valores, objetivos, habilidades e atitudes dos administradores e

trabalhadores da organização;

� Tipos de tarefas, recursos e tecnologia que a organização utiliza;

De olho nessas contingências o administrador pode avaliar a situação e

escolher o melhor processo, estrutura e estratégia adequada às circunstâncias.

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2.9 - A ADMINISTRAÇÃO NO PRESENTE

No final do século XX, a administração e as organizações sofrem grandes

transformações:

Mercado extremamente competitivo, obrigando aprimorar a eficiência, fazer

mais com menos recursos;

As organizações deixam de ser grandes empregadoras, onde especialistas

perdem seus postos;

Grande impacto social, visto que o sistema de ensino está fortemente orientado

para a formação de empregados e não EMPREENDEDORES;

Conseqüências positivas:

� Maior importância à administração empreendedora;

� Administração mais participativa;

� Funcionários passam a ter mais autonomia;

� Surgimento de empresas virtuais;

� Surgimento de profissionais virtuais e prestadores de serviços autônomos;

Outras circunstâncias:

� Globalização da economia;

� Tecnologia intensiva;

� Preocupação com a ecologia e a qualidade de vida;

� Defesa do consumidor e ênfase no cliente;

� Redução da hierarquia organizacional;

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3 - PENSAMENTO SISTÊMICO – O NOVO PARADIGMA DA CIÊNCIA

“Para aqueles que estão incomodados, insatisfeitos, inconformados com a participação que nós – os humanos – estamos

tendo nos rumos deste mundo”

(Maria José Esteves de Vasconcellos)

Pensamento Sistêmico é uma nova forma científica de ver e pensar os

acontecimentos ao nosso redor, uma nova visão do mundo, em relação ao pensamento

científico tradicional.

A visão de mundo tradicional, sabemos que sofre influência do conhecimento

científico, tanto que é muito comum o novo, ser questionado se tem base ou é comprovado

cientificamente, assim temos os profissionais agindo de forma científica e nós também nos

organizamos socialmente com base na ciência, e assumimos os pressupostos dos cientistas em

tudo que pensamos e fazemos. Quase que condicionados, engessados e automatizados.

Muitos profissionais e alguns cientistas estão repensando radicalmente sobre

suas crenças básicas de como o mundo é, e como podemos conhecer melhor o mundo em que

vivemos. Um pensamento revolucionário surgindo como um novo paradigma de ciência, com

a contribuição de importantes cientistas e epistemólogos da ciência, como o químico russo

Ilya Prigogine, o físico e ciberneticista austríaco Heinz Von Foerster, o biólogo chileno

Humberto Maturana, o sociólogo e filósofo da ciência francês Edgar Morin , a psicóloga

social brasileira, professora da PUC-MG Maria José Esteves de Vasconcellos e tantos outros,

uma nova oportunidade a todos que queiram um novo paradigma de ciência.

Segundo a psicóloga Maria José Esteves de Vasconcellos, ver sistemicamente

o mundo é ver e pensar a complexidade do mundo. É ver e pensar as relações existentes em

todos os níveis da natureza e buscar a compreensão dos acontecimentos, sejam físicos,

biológicos ou sociais, em relação aos contextos em que ocorrem. É reconhecer a

complexidade do universo. É reconhecer que o mundo está em processo de se tornar, onde

ocorrem situações imprevisíveis que não podemos controlar, é acreditar na auto-organização

dos sistemas e nas suas mudanças evolutivas.

Portanto, não existem realidades objetivas, elas vão se constituindo à medida

que interagimos com o mundo.

Há muito, a ciência tomou uma postura de que para compreender o mundo e

descobrir as leis de seu funcionamento, seria necessário analisar em partes os todos

complexos, daí a fragmentação do objeto de estudo, a compartimentação dos campos do

saber, as especializações.

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Daí com uma nova proposta, o Pensamento Sistêmico sugere pensar e

descrever o mundo sob uma ótica diferente, como um conjunto de elementos em interação,

com foco nas relações entre os elementos e o sistema ao qual se insere. Amplia-se o foco do

elemento para o sistema (a família, o grupo de trabalho, a escola e etc...) e para o sistema de

sistemas (os ecossistemas, as redes sociais, as comunidades, as nações, as comunidades

internacionais...)

Ao assumir o pensamento sistêmico o homem comum, o cientista, o

profissional estará assumindo uma visão de mundo que terá profundas implicações em seus

relacionamentos e em suas práticas nas diversas áreas de atuação.

Exclusivamente no que diz respeito à Gestão Organizacional, o foco também

deverá ser ampliado e ir além das limitações dos empregados, buscarem soluções conjuntas

para melhoria do seu desempenho, sua satisfação, por conseguinte os bons resultados da

organização, vendo sempre a empresa inserida no contexto da sociedade.

A visão sistêmica implica a impossibilidade da implantação de qualquer

programa idealizado apenas pelo alto escalão hierárquico e aplicado pelos especialistas sobre

os colaboradores. A preocupação será criar contextos de co-participação, em que todos os

envolvidos, diretores, supervisores e subordinados, possam co-construir soluções viáveis e

satisfatórias, cada um assumindo suas responsabilidades, com o conseqüente desenvolvimento

da autonomia. Em vez dos especialistas em conteúdos ou estratégias para soluções de

problemas, atuarão os experts na criação de contextos de autonomia para o sistema

(organização).

Este novo pensamento admite que o problema está nas relações e não apenas

em possíveis características pessoais de um indivíduo, e que temos que valorizar a verdade do

outro. Hoje a própria ciência evidencia que não existe realidade independente de um

observador, não existe critérios objetivos para validar as experiências subjetivas do mundo.

Por mais intelectual que seja o especialista ou autoridade em determinado assunto, não tem

como validar qualquer afirmação dele sobre o mundo e considerá-la superior à verdade do

outro. É necessário legitimar genuinamente a verdade do outro e, conversando, fazer emergir

uma “nova realidade”, pela quais ambos serão responsáveis.

“Reconhecer o outro como legítimo outro nos meus espaços de convivência”.

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3.1 - DISTINÇÃO DAS DIMENSÕES DA CIÊNCIA TRADICIONAL

O paradigma da ciência tradicional está resumidamente representado por três

dimensões ou eixos epistemológicos a saber:

SIMPLICIDADE – análise, relações causais lineares.

ESTABILIDADE – determinação, previsibilidade, reversibilidade,

controlabilidade.

OBJETIVIDADE – subjetividade entre parênteses, uni-verso.

O pressuposto da simplicidade: a crença em que, separando-se o mundo

complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para

entender o todo, ou seja, o pressuposto de que o microscópio é simples.

O pressuposto da estabilidade do mundo: a crença em que o mundo é

estável, ou seja, em que o mundo já é. Ligado a esse pressuposto está a crença na

determinação, com a conseqüente previsibilidade dos fenômenos, e a crença na

reversibilidade, com conseqüente controlabilidade dos fenômenos.

O pressuposto da objetividade: a crença em que, é possível conhecer

objetivamente o mundo tal como ele é na realidade, e a exigência da objetividade como

critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a

subjetividade do cientista, para atingir o uni-verso, ou versão única do conhecimento.

Com o este novo desenvolvimento contemporâneo da ciência, houve também

uma mudança nessas três dimensões constituindo-se o novo paradigma da ciência.

3.2 - DISTINÇÃO DAS DIMENSÕES DA CIÊNCIA NOVO-PARADIGMÁTICA

O paradigma da ciência novo-paradigmática está resumidamente representado

por três dimensões ou eixos epistemológicos a saber:

COMPLEXIDADE – contextualização, relações causais recursivas.

INSTABILIDADE – indeterminação, imprevisibilidade, irreversibilidade,

incontrolabilidade.

INTERSUBJETIVIDADE - objetividade entre parênteses, multi-versa (pluri-

verso), ou múltiplas versões do conhecimento.

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O pressuposto da complexidade: ver e pensar as relações existentes em todos

os níveis da natureza buscando compreender os acontecimentos dentro de seus contextos. A

ciência sempre acreditou que para entender bem seus objetos de estudo era necessária a

disjunção a compartimentalização, análise das partes para o todo. Com o pensamento

sistêmico deixamos de ver o sistema fragmentado e colocamos foco nas relações. Ampliando

o foco contextualizamos o problema, podemos atuar sistemicamente, pensamos a

complexidade das situações e lidamos com elas.

O pressuposto da instabilidade: deixar de acreditar em um mundo que já é,

para acreditar num mundo que está “em processo de tornar-se”. A visão sistêmica nos

permite observar que muitas situações são imprevisíveis e incontroláveis, e que os recursos se

auto-organizam enquanto sistemas, mudando e evoluindo recursivamente. Pensar

sistemicamente é adotar o verbo estar (o funcionário está desmotivado com o seu supervisor)

em vez do ser ( o funcionário é desmotivado), que é muito comum nas nossas relações

sociais. Passamos a ver que uma determinada situação está relacionada ao meio e talvez a um

sistema mais amplo, com a participação de outros elementos que precisamos observar.

O pressuposto da intersubjetividade: consiste em reconhecer que não

existem realidades objetivas. As realidades surgem através das interações com o mundo e vão

sendo constituídas, se instalando e sendo aceitas como verdades. Não existe possibilidade de

validação objetiva de nossas experiências subjetivas do mundo e que não existe a verdade

sobre os fatos. Ninguém tem o privilégio sobre a realidade, e não pode falar de qualquer

verdade sobre o mundo. A percepção de cada um faz emergir a sua própria realidade, e pela

conversação, partilhamos nossas experiências subjetivas do mundo, fazendo emergir as

realidades coletivas. É conversando que construímos uma realidade pela qual seremos ambos

responsáveis.

O Pensamento Sistêmico, novo paradigma da ciência, não significa que se deve

descartar o que foi desenvolvido como paradigma tradicional da ciência, inclusive as teorias

administrativas, e sim ter uma nova visão de mundo e ampliar a reflexão sobre esta nova

proposta. Existem vários profissionais especialistas, cientistas, pessoas comuns que não

estão satisfeitas com a forma tradicional de pensar e agir, muito se fala em buscar o

diferencial principalmente no campo organizacional onde a sobrevivência depende de novas

atitudes. A Gestão Organizacional tem investido em inovações que possam garantir uma

postura mais sólida e competitiva, são as responsabilidades, sociais, meio ambiente,

marketing de relacionamento, espiritualidade organizacional e recentemente a “Ciência da

Incerteza” do escritor cientista Nicholas Taleb, professor na Universidade de Massachusetts,

autor do livro “O Cisne Negro – O Impacto do Altamente Improvável” – USA –

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abril/2007, que trata justamente da imprevisibilidade dos acontecimentos. Por mais que nos

esforcemos em planejar, sempre seremos surpreendidos pelo inesperado, o improvável, o

incontrolável seja para o bem ou para o mal, ele diz que o futuro será cada vez menos

previsível. É uma amostra de que o ser humano é muito mais capaz de acreditar em tudo que

é concreto e objetivo (ciência tradicional), e que desprezando o abstrato e desconhecido acaba

mergulhando no escuro. É mais um convite para lutar contra pensamentos padronizados, ir

além da visão critica e ser capaz de pensar fora da caixa. (Revista Exame, agosto/2007).

3.3 - CO-CONSTRUÇÃO COMO UM CONTEXTO DE AUTONOMIA

Visão de Mundo Si-cibernética Prática Sistêmica

Complexidade Sistema determinado pelo problema (rede)

(problema a abordar)

Instabilidade Posição cooperativa do coordenador

(participação e direção)

Intersubjetividade Co-construção

Mudança de significados, nas relações e

na forma de ação.

Esteves de Vasconcellos, 1992; Goolishian e Winderman, 1988.

O sistema determinado pelo problema é composto por todos aqueles que estão

ativamente comprometidos em uma conversação sobre o problema sem restrições de limites

muitas vezes estabelecidos pelas relações. O propósito é gerar a autonomia, é quando as

pessoas definem a sua própria realidade regendo assim suas atitudes e assumido

responsabilidades sobre elas.

O problema abordado surge primeiramente de um desacordo antagônico que

une os elementos de um sistema, até que este desacordo não seja mais vivenciado como tal.

Na solução de um problema, o especialista coordenador assumindo uma

posição cooperativa, cria-se um contexto de autonomia, saindo de uma organização

estruturada em hierarquia e constitui-se um sistema organizado em rede. O especialista deixa

a sua condição privilegiada de possuir o conhecimento para a solução e substitui por uma

posição de cooperação ou de não saber.

Descrição da posição cooperativa do especialista coordenador (Esteves de

Vasconcellos, 1996).

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3.4 - O COORDENADOR DO PROCESSO DE CO-CONSTRUÇÃO

Assume uma visão de mundo si-cibernética que, incluindo uma posição

construtivista leva a uma opção pelo processo de co-construção como um contexto de

autonomia.

Torna–se um expert no processo de co-construção e na criação de contexto de

autonomia, assegurando a coesão do sistema determinado, permitindo a mudança.

Envolve todos os elementos num processo colaborativo em todas as posições

da estrutura do sistema, decidindo, planejando, executando e recebendo.

Contribui com perguntas que levem os colaboradores à reflexão e que

questionem alternativas já enrijecidas e paralisantes, buscando novas alternativas e cuida para

que as participações sejam espontâneas e sem pressão, garantindo direito a voz a todos.

Recusa qualquer posição de controle de resultados, sempre buscando a

manutenção do contexto de autonomia e de cooperação.

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

As abordagens clássicas da administração, muito contribuíram para o

desenvolvimento da disciplina, servindo como base referencial para as pesquisas que

possibilitaram o surgimento de novas propostas teóricas. As últimas teorias, a partir da

década de 80, demonstram a necessidade de valorizar o ser humano garantindo seus direitos,

passam a considerar as interferências externas. Uma administração mais participativa,

preocupada com o bem estar social, comprometida, assumindo uma responsabilidade social

mais intensa. No presente ouve-se muito falar em novo perfil de liderança, nova concepção de

inter-relacionamento, pregoando o amor buscando o equilíbrio emocional através da

espiritualidade, de RH à Gestão de Pessoas. Todas estas inovações privilegiando sempre as

grandes organizações, que sabem o quanto o ser humano é importante para as conquistas em

favor da empresa.

Assim durante muito tempo a Gestão Organizacional tem buscado alternativas

para mudar culturas, costumes, padrões sociais, objetivando aumento de produção,

lucratividade, acreditando que seus resultados dependem da mudança de postura de seus

clientes internos e externos. É bastante comum palestras, encontros, treinamentos, na

capacitação dos envolvidos das variadas áreas, apostando que um treinamento contínuo das

equipes é possível transformar ações, provocar mudanças ganhando prestígio no mercado.

Ainda é muito forte a verdade de alguns prevalecerem em relação à verdade dos outros, não

existe em muitos a cultura de validar a verdade do outro, principalmente por causa de sua

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localização hierárquica e até mesmo social. Muito comum nas pequenas e médias empresas,

onde a teoria é “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Se os resultados dependem de uma equipe em harmonia, capacitada,

qualificada, com nova postura, autônoma, emocionalmente equilibrada, espirituosa, o mínimo

que se espera é que esta mesma equipe possa ter uma participação efetiva, do começo ao fim,

ou seja, do começo ao recomeço. Cada indivíduo tem que ser visto como parte do sistema e

que o mesmo interage num processo de co-construção de novas realidades em nossas

organizações.

Em algumas áreas esta visão está mudando, especialistas estão observando que

concentrar o poder da transformação em suas mãos aumenta o peso da responsabilidade e que

ninguém tem o poder de exercer mudança sobre o outro, o muito que se pode fazer é

contribuir para que aconteça no outro uma ação transformadora.

Paradigma da Ciência Tradicional Novo Paradigma da Ciência

O especialista intervinha para: convencer

e/ou conscientizar as outras pessoas.

(palestras, cursos, capacitações, manuais,

regulamentos, conselhos, consultorias

entre outras técnicas).

O especialista detentor de todo o

conhecimento, dono da verdade.

Com base nos pressupostos da

simplicidade, estabilidade e da

objetividade.

O especialista intervém para que: as

pessoas se informem, se conscientizem, e

mudem de atitude.

(palestras, cursos, capacitações, manuais,

regulamentos, conselhos, consultorias

entre outras técnicas).

O especialista assume a condição do “não

saber” e “constrói com”, validando a

verdade do outro, contribuindo para que

haja uma co-construção da verdade onde

todos se sintam responsáveis por ela.

Com base nos pressupostos da

complexidade, instabilidade e da

intersubjetividade.

Sob a ótica do Pensamento Sistêmico, o novo paradigma da ciência ainda pode ser ajustado e buscar uma co-construção, onde os atores sejam protagonistas da sua própria mudança, onde o papel do especialista é criar contextos de autonomia, nos quais os indivíduos co-participam, (Esteves de Vasconcellos, 1992). Através dos conceitos propostos pela visão sistêmica, “pensamento sistêmico si-cibernético” (Esteves de Vasconcellos, 1992), “sistema determinado pelo problema” (Goolishian e Winderman, 1988), “rede social” (Speck e Attneave, 1973), “posição cooperativa” e “não saber” (Goolishiman e Winderman, 1988). São estes conceitos que pressupõe a não interferência do especialista sobre o sistema qual irá trabalhar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VASCONCELLOS, Maria José Esteves de. Pensamento Sistêmico: O Novo Paradigma da Ciência, 5ª ed. Campinas , SP: Papirus, 2002. MORAES, Anna Maris Pereira de. Iniciação ao Estudo da Administração, 2ª ed. São Paulo : Makron Books, 2001. FERREIRA, Ademir Antônio; REIS, Ana Carla Fonseca; PEREIRA, Maria Isabel. Gestão Empresarial: De Taylor aos Nossos Dias (Evolução e Tendência da Moderna Administração de Empresas). Pioneira Adm. e Negócios. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução á Teoria Geral da Administração: Abordagens Descritivas e Expliacativas. 5. ed. São Paulo: Makron Books, 1998. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração: Abordagens Prescritivas e Normativas da Administração. - Rio de Janeiro: Campus, 1999. 2 v. (05) KWASNICKA, Eunice Laçava. Introdução à Administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1995. CARDOSO, Marcelo. O poder do Imponderável. Revista Exame - Edição 899 – nº15 – 15/08/2007, pp. 98 e 99.