E s t u d o d o M e i o - Q u í m i c a: a gr otó xic o...
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Estudo do Meio- Química: agrotóxicos Os agrotóxicos são a melhor opção para a produção agrícola?
Sala: 2ºC
André Chenker nº3
Beatriz Ferreira nº7
Giulia Fusco de Setti nº16
Henrique Estrella nº17
Jade Martin Goichberg nº18
Professor orientador: Luiz Fernando Puglisi
Introdução:
Os agrotóxicos são substâncias que causam tanto malefícios como benefícios, e por
estarem presentes na grande maioria dos alimentos agrícolas passam despercebidos pela
população brasileira. Acaba ficando alienada em relação a seus males, causando assim, um
enorme prejuízo para os indivíduos que consomem produtos que contém esta substância.
A utilização dos agrotóxicos vêm sido discutida à muitos anos, cada discussão
apresentando um novo dado. Como por exemplo o glifosato, cuja utilização recebeu grande
importância por conta da informação de que o mesmo era uma substância com
características cancerígenas, fazendo-nos questionar o seu uso por ser um dos produtos
mais utilizados no Brasil apesar de seu alto nível tóxico. Além deste herbicida existem
muitos outros que podem prejudicar nossa saúde, assim como a do meio ambiente e de
outros seres vivos. O que demanda maior atenção ainda para esta questão, é o fato de que
os herbicidas são o tipo de agrotóxico mais utilizado no Brasil, tornando-se presente em
inúmeros produtos que consumimos em nosso dia a dia.
No Brasil, a questão dos agrotóxicos é muito presente por conta de estar entre os
cinco maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Em que a finalidade deste consumo
elevado é aprimorar as safras, melhorando a quantidade e qualidade dos produtos.
E por esse motivo, de o agrotóxico estar tão presente em nossas vidas, nos
alimentos que consumimos, que decidimos tornar este assunto nosso tema do trabalho do
estudo do meio. Para que pudéssemos nos apropriar com uma pesquisa profunda a
respeito deste tópico e compartilhar estas informações com outras pessoas.
Ao longo deste texto iremos questionar a eficácia dos agrotóxicos em relação à todo
processo de produção, desde o plantio até o consumo. Também analisaremos as
produções orgânicas, onde estes agrotóxicos não estão presentes, de forma que, ao
concluir o trabalho, poderemos dizer se a produção que utiliza agrotóxicos é mais vantajosa
que a produção sem o uso dos mesmos.
Analisaremos também os diferentes tipos de agrotóxicos e seus impactos no meio
ambiente, e nos seres vivos como por exemplo na agrofloresta e para os trabalhadores
rurais da usina Santa Cruz.
As premissas iniciais da utilização de agrotóxicos:
O surgimento dos agrotóxicos e as origens de seu uso estão diretamente ligadas às
suas suposições e objetivos iniciais: trazer um aumento na produção de alimentos de forma
que se usado da maneira e na quantidade correta não viria a causar danos a saúde do
consumidor ou agricultor, dessa forma prometendo um impulsionamento econômico.
Partindo dessa base a utilização de agrotóxicos cresceu exponencialmente e se
tornou cada vez mais presente na agricultura. Empresas lucram fortunas com sua produção
e distribuição e pode-se dizer que com o tempo foi formada uma suposta dependência
entre o produtor e o fornecedor.
“Os países em desenvolvimento representam 30% de todo o mercado global
consumidor de agrotóxicos, sendo o Brasil o maior mercado consumidor individual dentre
estes países.” (Peres et al, s.d., pg 1).
O que é e como surgiu: Os agrotóxicos, também chamados de defensivos agrícolas, são qualquer
substância ou mistura de origem química ou biológica cujo único objetivo é o de impedir,
destruir, repelir pragas e doenças de culturas agrícolas (fungicidas, herbicidas, inseticidas,
pesticidas).
Estas substâncias estão sendo usadas nas produções agrícolas desde 1950,
quando ocorreu a Revolução Verde, que provocou drásticas mudanças no processo
tradicional de produção, com a inserção de novos maquinários. As mesmas alteram a
composição da flora e da fauna a fim de protegê-las da ação nociva de seres vivos
considerados prejudiciais à plantação.
Juntamente com a mecanização, o uso de agrotóxicos foi um dos meios técnicos
que possibilitou a Revolução Verde no Brasil, em que foram implantadas as indústrias de
veneno. Nessa época o governo só financiava a compra da semente se o agricultor
comprasse também o adubo e o agrotóxico.
De acordo com a Lei Federal nº 7.802/1989: "As vantagens do uso de agrotóxicos
recaem sobre a maioria da população ao possibilitar a produção de alimentos em grande
escala a um custo mais baixo. O Brasil configura-se hoje como um dos maiores
exportadores agroindustriais. Se não fosse pelo uso de agroquímicos para controlar pragas
ou doenças (cujo uso é estritamente regulamentado e somente pode ocorrer sob a
prescrição de um agrônomo) tornaria inviáveis as plantações, afetando assim o suprimento
de alimento das grandes populações urbanas."
Os pesticidas foram desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial e muito
utilizados durante a Segunda Guerra Mundial como uma arma química, mas após o término
da guerra passaram a ser usados como defensivo agrícola nas plantações.
O DDT foi o primeiro composto desta classe, fabricado em 1874 por Othomar
Zeidler, mas só após 65 anos Paul Muller evidenciou as propriedades inseticidas deste
composto. A partir desse momento, o DDT se tornou a principal arma no combate contra o
mosquito disseminador da malária, até o que foi descoberto que este possui propriedades
cancerígenas.
O glifosato e sua utilização no meio agrícola: O glifosato é um tipo de herbicida que serve para erradicar daninhas e mato, foi
descoberto em 1970 por um químico chamado John E. Franz da empresa Monsanto. Entrou
oficialmente no mercado em 1974 como
Roundup e hoje é o produto mais vendido
da empresa. A usina Santa Cruz, visitada
durante o estudo do meio em Araraquara,
é um exemplo de estabelecimento que
utiliza o produto. Conversamos com uma
de suas funcionárias para saber onde ele
é utilizado e de que forma, e descobrimos
Figura 1- Pulverizador Patriot 350
http://www.carbonicase.com.br/maquina/11/patriot-350
que o glifosato é utilizado na carpa química, que é o controle de mato (ervas daninhas).
Existem duas maneiras de aplicar este produto: uma é por máquinas, chamadas patriots,
responsáveis pela dessecação da área, feita por meio das barras retráteis, onde se
localizam os bicos pulverizadores que utilizam o glifosato para reformar a fazenda, ou seja,
matar o restante da cana para fazer uma nova plantação. A outra maneira é utilizar o
glifosato através dos quadricíclos, modificados para carregar equipamentos, como bombas
de glifosato que vão pulverizando a área. Este método é chamado de catação, porque ele
não aplica o produto na área toda como a patriot, ele atua em pontos específicos, em
boleiras de mato.
Quando questionamos a funcionária a respeito dos produtos usados no controle de
daninhas e no plantio nos foi informado que: o boral, o flumyzin, o butiron e o glifosato são
empregados neste controle. Já no plantio, é aplicado o inseticida para controle de pragas,
antes de plantar ou na própria plantadora, que é uma máquina que aduba, aplica inseticida
e planta a cana. Nesse controle há quatro tipos de produto que são: o altacor (controle das
brocas da cana), priori xtra (esfenoforos do solo), singular e marshall.
O glifosato, que como podemos ver foi o herbicida mais utilizado na usina Santa
Cruz, foi causador de uma grande polêmica que se deu em volta da questão dos
agrotóxicos serem uma substância cancerígena ou não. Muitos dizem que o mesmo é
causador de câncer como o linfoma não-hodgkin, o alzheimer, o autismo, a impotência e
doenças cardíacas e neurológicas, e ainda, que os trabalhadores expostos à esse produto
tem um risco maior de desenvolver estes tipos de doenças.
Essa discussão que ocorre atualmente em relação ao glifosato é muito semelhante à
discussão de antigamente em relação ao primeiro agrotóxico, o DDT, que na época causou
muitos danos, tanto no solo quanto no ser humano, e está presente no organismo de muitos
até hoje, já que é transferido pelo leite materno.
Entretanto, outras pesquisas apoiam que o glifosato não é cancerígeno, nem nocivo
à saúde. A Monsanto está sendo acusada de adulterar pesquisas para próprio benefício de
continuar vendendo seu produto, acusações consideradas plausíveis pelo fato do glifosato
praticamente sustentar a empresa nos dias de hoje. Mas esta não é a primeira empresa a
fazer isso: "Em 2016, o jornal “The New York Times” publicou uma série de reportagens
expondo manobras praticadas pelas companhias do ramo para continuarem a vender seus
respectivos produtos. A matéria explicava como funcionava o sistema de as próprias
empresas patrocinarem as pesquisas que avaliam as substâncias vendidas por elas."
Agrotóxicos no Brasil: No Brasil segundo a Lei Federal de nº 7.802/1989, "agrotóxicos são os produtos e
os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de
produção, no armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora
ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos seres vivos considerados nocivos."
No total existem cerca de 15.000 formulações para 400 agrotóxicos diferentes, isso
porque a fórmula destes compostos muitas vezes são modificadas a cada ano para que
mantenham-se confidenciais e não haja a reprodução das mesmas. Sendo que 8.000 deles
estão isentos no Brasil, que se tornou a partir de 2008 o maior consumidor de agrotóxico no
mundo por conta da movimentação de 6,62 bilhões de dólares para o consumo de 725,6 mil
toneladas deste produto, o que equivale a 3,7 quilos de agrotóxico por habitante. No ano
seguinte, houve um aumento de 8,9% de seu consumo em relação ao ano anterior.
A questão dos agrotóxicos chegou a um ponto alarmante em que o consumo no
mundo cresce 93% em apenas 10 anos, e no Brasil cresceu 190%, país que, que segundo
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, s.d.), é o maior consumidor de
agrotóxicos no mundo. Além do consumo ter aumentado, o Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos apontou problemas de contaminação em vários
produtos agrícolas como o morango, o pimentão e o pepino, liderando o ranking dos
alimentos com o maior número de amostras contaminadas no ano de 2010. E, segundo a
Anvisa, foi detectada a presença de resíduos de agrotóxicos acima do permitido e o uso de
agrotóxicos não autorizados para essas culturas em tais amostras.
Analisando estes dados podemos perceber como é importante uma conscientização
dos brasileiros a respeito dos malefícios desta substância que ingerimos praticamente todos
os dias, por conta de sua presença em quase todos os alimentos. E, dessa forma estarmos
cientes dos prejuízos que podem causar à saúde humana, como por exemplo o quanto é
necessário ingerir desta substância para que ela se torne um mal ao corpo humano.
Os tipos de agrotóxicos e seus níveis de toxicidade: Os agrotóxicos podem ser divididos em duas categorias:
1) Agrícolas:
→ destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de
produtos agrícolas, nas pastagens e nas florestas plantadas - cujos registros são concedidos
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atendidas as diretrizes e exigências
dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.
2) Não-agrícolas:
→ destinados ao uso na proteção de florestas nativas, outros ecossistemas ou de ambientes
hídricos - cujos registros são concedidos pelo Ministério do Meio Ambiente/Ibama, atendidas
as diretrizes e exigências dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da
Saúde.
→ destinados ao uso em ambientes urbanos e industriais, domiciliares, públicos ou coletivos,
ao tratamento de água e ao uso em campanhas de saúde pública - cujos registros são
concedidos pelo Ministério da Saúde/Anvisa, atendidas as diretrizes e exigências dos
Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
Como já foi mencionado anteriormente existem 400 tipos de agrotóxicos diferentes,
entre eles:
● Bactericidas: são pesticidas usados no controle de bactérias nocivas ao plantio;
● Inseticidas: no controle de insetos;
● Herbicidas: no controle de ervas daninhas;
● Fungicidas: no controle de fungos;
● Acaricidas: no controle de ácaros
● Botânicos: composição à base de nicotina, sabadina, piretrina e rotenona.
● Orgânicos de síntese: composição à base de Carbamatos (nitrogenados), clorados,
fosforados e clorofosforados.
● Inorgânicos: composição à base de Arsênio, Tálio, Bário, Nitrogênio, Fósforo,
Cádmio, Ferro, Selênio, Chumbo, Mercúrio, Zinco, Cobre, etc.
Além disso, existe uma classificação para os efeitos tóxicos desta substância criada
pela OMS, a Organização Mundial da Saúde, na qual os pesticidas são classificados em
classe I (extremamente perigosos) até classe IV (muito pouco perigosos), todos
identificados por meio de uma faixa com uma cor diferente para cada um, sendo que a
classe I é reconhecida pela cor vermelha e a IV pela cor verde. Os herbicidas que fazem
parte da classe I se caracterizam por serem proibidos ou estritamente controlados em todo
o mundo, exceto nos países em desenvolvimento, em que estes agroquímicos estão muita
vezes livremente disponíveis. A classe II apresenta os altamente tóxicos (faixa amarela),
classe III representa os medianamente tóxicos (faixa azul) e por fim, a classe IV são os
pouco ou muito pouco perigosos.
Atualmente, estão banidos do mercado os agrotóxicos que eram utilizados no
passado, como o DDT, que era utilizado para dedetizar, ou seja, expurgar pragas
domésticas que afetam nossa saúde. E pesticidas como este foram expulsos do mercado
quando ainda não se tinha noção de seus riscos, pois além de apresentarem um alto nível
de toxicidade aos seres humanos, persistem por um longo período de tempo nos
ecossistemas, causando uma série de problemas para o ambiente.
O uso de forma errônea desses produtos pode causar intoxicações, em alguns
casos os efeitos podem ser sentidos logo após o contato e em outros podem levar anos
para que haja algum sintoma.
Impactos positivos: Apesar de todos os males que este composto pode causar tanto à saúde humana
quanto ao ambiente, vale a pena lembrar que muitos dos mesmos princípios ativos usados
como agroquímicos e agrotóxicos são também usados como medicamentos humanos, a
única característica que difere entre os dois é a concentração e a forma de apresentação.
Com isso, milhões de vidas são salvas por estes medicamentos que usam exatamente as
mesmas moléculas que são usadas de outra forma para o controle de pragas e doenças
agrícolas.
Quais são de fato os objetivos alcançados pela utilização
dos agrotóxicos?
Figura 2- Números sobre agrotóxico no Brasil.
http://www.mst.org.br/2015/04/29/novo-dossie-da-abrasco-alerta-que-situacao-dos-agrotoxic
os-no-brasil-so-piorou.html
O objetivo de aumento na produção é notável e indiscutível, com a utilização de
agrotóxicos e novas tecnologias agrícolas, os grandes produtores tornaram o processo de
plantio e colheita muito mais fácil, rápido e lucrativo. Dessa forma o agrotóxico cumpriu suas
promessas entorno do aumento da produção e dos lucros, porém demonstrou trazer
consequências graves.
Pesquisas da Anvisa e MS/DataSuS apontam que 64% da produção agrícola se
encontra em contato com agrotóxicos e relata mais de 34.000 mil casos de intoxicação
ligados ao seu uso. Demonstrando assim os graves riscos do livre uso destas substâncias,
sem uma fiscalização profunda.
Quais seus impactos na saúde pública e ambiental?
Figura 3 -A charge acima ironiza o aspecto danoso a saúde do agrotóxico e sua tão
grande presença em nossa alimentação. http://www.arionaurocartuns.com.br/2016/09/
Com o passar do tempo, tornou-se cada vez mais fácil ver que esse objetivo inicial
da utilização dos agrotóxicos apresentava falsas premissas e traria consequências a longo
prazo. O uso desenfreado de agrotóxicos no Brasil e na américa latina resultou em
números extremamente alarmantes ao entorno da poluição ambiental e intoxicação
humana, já que grande parte dos agricultores e trabalhadores rurais não tem completo
conhecimento do risco ao qual estão se expondo.
“O número aproximado de indivíduos contaminados por agrotóxicos no
desenvolvimento de atividades de trabalho no país seria de 540.000 trabalhadores ano, com
4.000 mortes.” (Peres et al, pg 1).
“A exposição contínua a agrotóxicos pode levar a problemas respiratórios, tais como
bronquite asmática e outras anomalias pulmonares, efeitos gastrointestinais, distúrbios
musculares, debilidade motora e fraqueza.” ( João Carlos Pinto, Agrotóxicos: Um mal
necessário, pg 1).
É importante ressaltar também que o uso descuidado de agrotóxicos não afeta
somente os humanos, mas sim todo o ambiente. Estudos apontam que resíduos das
aplicações podem contaminar o solo, intensificar processos erosivos, contaminar
reservatórios de água e comprometer completamente a biodiversidade do local.
O Brasil nos últimos anos de maneira geral vem sendo um dos grandes utilizadores
de agrotóxicos, ultrapassando até mesmo os EUA em 2008 e se tornando o maior
consumidor do produto, pulverizando em torno de 800 milhões de litros de agrotóxicos no
ano de 2011. De forma que existe uma problematização muito grande dos malefícios que
isso traz ao consumidor dos produtos agrícolas.
Figura 5- a charge acima propõe um dado e faz uma crítica a quantidade de agrotóxico
ingerida pelos brasileiros.
https://nutripediatra.com/2015/04/24/voce-sabe-como-retirar-os-agrotoxicos-dos-alimentos/
Um brasileiro com uma dieta normal consome em média 5,2 litros de agrotóxicos ao
ano e existem pesquisas divergentes ao longo de todo o globo que investigam possíveis
danos a longo prazo.
Figura 4- A imagem traz dados a respeito da utilização de agrotóxicos no Brasil e no mundo
nos últimos anos de maneira a problematizar alguns pontos.
http://www.naocontocalorias.com.br/vou-contar-sobre-os-agrotoxicos/
Como os agrotóxicos influenciam a produção agrícola?
Figura 6- Charge que ironiza o consumo excessivo de agrotóxicos no Brasil.
http://meioambiente.culturamix.com/agricultura/detector-de-agrotoxico
Grande parte da popularidade do agrotóxico em todo o globo hoje se dá pois ele traz
uma certa segurança na produção, com o auxílio de pesticidas consegue evitar parte dos
riscos da produção em massa de alimentos. Quando o produto vai para o mercado
normalmente ele tem uma aparência melhor e tamanho maior, atraindo a atenção dos
consumidores.
Já para os pequenos produtores a compensação do uso de agrotóxicos é
controversa, muita vezes eles optam pela agricultura orgânica já que o compra de
defensivos agrícolas pode diminuir seu lucro final devido ao preço elevado. Durante
entrevistas em acampamentos por exemplo quando questionamos a Senhora Maria sobre a
utilização de agrotóxicos ela respondeu que certa vez já havia os utilizado entretanto sua
compensação e lucro após a colheita praticamente não compensariam os gastos, de forma
a preferir a agricultura orgânica.
Agricultura orgânica: Segundo a AAO (associação de agricultura orgânica) a agricultura orgânica é um
tipo de plantio sem a interferência de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos ou pesticidas em
geral (exemplos: fungicidas, herbicidas, inseticidas) que tem como principal objetivo manter
a biodiversidade, as atividades biológicas e a saúde do meio ambiente.
Vantagens: A cada ano que se passa a agricultura orgânica está sendo mais utilizada
principalmente por pequenos proprietários ( agricultores que utilizam mão de obra familiar)
devido ao aumento da demanda destes produtos que ocorre pois os próprios consumidores
estão preocupados com a sua saúde e com a ingestão de produtos que entraram em
contato com algum produto que contenham resíduos de agrotóxicos ou pelas ações de
ONGs que a partir da ajuda dos países desenvolvidos e com sua preocupação com o meio
ambiente influenciaram uma parcela dos consumidores a ter uma demandas por produtos
orgânicos.
Os pequenos proprietários de terra procuram plantar produtos orgânicos como
hortaliças e as plantas medicinais para não concorrerem com os grandes empreendedores
agropecuários que utilizam plantas transgênicas e agrotóxicos.
Figura 7- Horta orgânica, foto de Latife Hasbani tirada durante o Estudo do Meio.
A agricultura orgânica traz uma maior biodiversidade nos solos pois estudos
realizados por Mäder et al.(1997) concluíram que o sistema orgânico mostrou a mais alta
reserva de matéria orgânica ativa que ocorreu graças a alta biomassa microbiana e
atividades enzimáticas no solo que trazem um potencial maior para as transformações de
nutrientes presentes no solo.
Em estudos realizados pela AAO (associação de agricultura orgânica), 75% dos
casos estudados, o modo em que o produto orgânico se comporta após a colheita foi
superior aos produtos alimentícios não orgânicos.
Desvantagens: A agricultura orgânica é uma opção de plantio escolhida principalmente por
pequenos produtores e normalmente esses produtores utilizam mão de obra familiar, que na
maioria dos casos devido a baixa capacidade gerencial, os pequenos produtores tem uma
instabilidade. Além disso a não utilização de agrotóxicos e pesticidas traz uma falta de
segurança pois o produtor orgânico pode perder toda sua produção para pragas.
Além da falta de segurança, os produtos orgânicos sao menores e tem uma
aparência pior que os convencionais já que não utilizam agrotóxicos e não sao
transgênicos, e devido a diferença de aparência e tamanho muitos consumidores preferem
comprar produtos convencionais. Os alimentos orgânicos costumam ser mais caro já que
eles pertencem a menos de 1% das produções, sofrem mais riscos na produção e trazem
uma segurança ao consumidor.
Alguns produtos sofrem uma diferença enorme no preço, como o café orgânico que
é 118,10% mais caro que o café convencional, e devido a diferença do preço muitos
consumidores preferem evitar comprar alimentos orgânicos.
Tabela:
http://www.confea.org.br/media/Agronomia_analise_comparativa_de_precos_entre_produto
s_organicos_e_convencionais_em_um_supermercado_e_hortfruti_em_olinda-_pe.pdf
Os produtores orgânicos se preocupam com a biodiversidade por isso eles utilizam
adubos de matéria orgânica que estão cheios de nitrato que podem entrar em contato com
águas subterrâneas contaminando elas.
Mercado: Em muitos casos quando o agricultor tem pouca terra, a solução encontrada para ele
entrar no mercado é se tornando um agricultor orgânico. Em 2015 o ministério de orgânicos,
pecuária e abastecimentos (MAPA) disse que tinha 11.478 produtores orgânicos
registrados.
O mercado brasileiro de alimentos orgânicos vem crescendo mais que 20% ao ano.
Segundo a Organics Brasil o mercado de alimentos orgânicos cresceu 25% no ano de 2015
e 30% em 2016. mesmo com o crescimento constante do mercado de orgânicos a produção
e consumo brasileira de orgânicos é de menos de 1% da produção total. No mundo o
mercado de alimentos orgânicos cresceu entre 5% e 11%.
Em 2016 o mercado de orgânicos movimentou mais de 350 bilhões no mundo e 2,5
bilhões no Brasil, este mercado está em crescimento pois em 2003 ele movimentou 29
bilhões, e em 2013 este mercado movimentou 72 bilhões, isto é duas vezes e meia maior.
A quatro anos o governo brasileiro implantou uma lei onde o produto teria que ter um
selo que comprova se ele é orgânico ou convencional, e desde então o mercado orgânico
sofreu uma crescimento de 110%.
Alternativas ao agrotóxico:
O uso excessivo de agrotóxico pode causar mal a saúde do consumidor e do
produtor que vive diariamente em contato com o agrotóxico e foi por isso que cada vez mais
se procura alternativas para o agrotóxico
Em nossa visita à Usina Santa Cruz, conhecemos o controle de brocas de cana de
açúcar com vespas ( cotesia flavipes ), onde as vespas eram coletadas para reprodução
fechada, no término do processo ao crescerem eram despejadas em toda a plantação para
esse controle de pragas sem uso de pesticidas artificiais.
Como a produção de cana de açúcar é muito importante para diversos países como o brasil
é necessário tomar cuidado na produção pois existem pragas que podem destruir as
plantações e que podem causar doenças aos consumidores do açúcar, a principal praga é a
broca-da-cana que pode causar grandes estragos. Os danos que esta praga causa a cana
de açúcar são: “ perda de peso, morte da gema apical, encurtamento dos internódios
(gomos), enraizamento aéreo, brotação lateral e quebra da cana”. As consequencia destes
danos sao: endurecimento dos açúcares e infecção nas dornas de fermentação.
“O índice de intensidade de infestação (I.I.I.) é a porcentagem dos entrenós
brocados em relação ao total examinado. Para cada 1% de I.I.I. ocorrem perdas médias de
8 kg na produção de cana, 0,353 kg de açúcar e 0,28 litros de álcool por tonelada de cana.
Para uma produtividade de 85 toneladas por hectare, esses valores representam 680 kg de
cana, 30 kg de açúcar e 24 litros de álcool, aproximadamente. Para um I.I.I. igual a 10%
esses valores saltariam para 6800 kg de cana, 300 kg de açúcar e 240 litros de álcool por
hectare. Portanto, é muito prejuízo. É muito dinheiro que a broca levou embora.”
O modo em que o produtor de cana de açúcar realiza o controle da broca é: ele
separa a quantidade de vespas para cada broca (por exemplo, para 300 brocas ele tem que
usar 600 vespas ) em uma área de 10 hectares.
Figura 8- Cada copo possui 1500 vespas aproximadamente.
http://www.biocontrol.com.br/produtos-cotesia.ph
A produção de soja é importante para muitos países entre eles o Brasil (segundo
maior produtor mundial) e uma opção ecologicamente correta para acabar com a lagarta da
soja ( Anticarsia Gemmatalis ) que pode acabar com plantações inteiras é utilizando o
baculovirus que mata somente as lagartas da soja. Para a utilização do baculovirus o
produtor mistura este vírus com água (100 litros por hectare) e borrifa nas folhas da soja,
então quando a lagarta comer a folha ela vai morrer entre seis a dez dias e quando morrer
seu corpo vai apodrecer liberando o vírus que vai se infiltrar na soja matando outra lagartas.
O baculovirus afeta apenas lagartas da soja e não polui o meio ambiente além disso
ele é tão eficiente quanto o controle químico.
Conclusão: Depois de toda a pesquisa feita a respeito dos agrotóxicos, seus danos ao meio
ambiente e à saúde e o melhoramento causado em plantações, podemos analisar sua
vantagens e desvantagens para chegar à um consenso final: os agrotóxicos são a melhor
opção para a produção agrícola?
Ao longo do trabalho chegamos a conclusão de que os agrotóxicos são benéficos
apenas em produções de larga escala, como a agricultura patronal, que está voltada mais
para o mercado externo, neste caso os agrotóxicos realmente são uma opção melhor do
que a produção orgânica. Mas quando a produção é em pequena escala, como a agricultura
familiar, que tem pouco espaço para produção e não consegue competir com grandes
empreendedores agropecuários, a agricultura orgânica é mais recomendada ou alternativas
ao agrotóxico como a utilizada na usina Santa Cruz, pelo menos no começo quando o
produtor não tem dinheiro para investir em agrotóxicos ou pesticidas.
Em relação ao prejuízo que o uso dos químicos pode causar, vale a pena lembrar
que caso seu uso seja bem controlado e utilizado, pode ser algo favorável. Pois, em
pequena escala os mesmo não causam mal à saúde do consumidor ou ao meio ambiente.
E, portanto, devem apenas ser liberados se houver uma regulação para que sejam
utilizados de forma moderada, e uma intensa fiscalização para evitar possíveis
contaminações do solo ou da água.
A partir da análise dos números relativos aos casos de intoxicação por agrotóxicos
percebemos que é extremamente necessário um olhar maior dentro do uso de químicos,
pois são inúmeros os casos de intoxicação em nosso país, e se medidas não forem
tomadas estes números irão crescer cada vez mais, causando um enorme prejuízo, tanto
para a saúde humana quanto a ambiental.
Portanto, não se pode concluir de uma forma geral se o agrotóxico é ou não a
melhor opção, pois esta conclusão depende de uma série de fatores. O que não se pode
negar é que estes são muito perigosos e prejudiciais à saúde, por essa razão, o uso deles
são mais recomendados para agricultores de larga escala preparados e especializados para
trabalhar com esse tipo de produto.
Agradecimento:
Por fim, gostaríamos de agradecer a escola vera cruz por ter nos proporcionado tal
atividade e experiência extracurricular, em particular os professores que nos
acompanharam durante a viagem, Marli Barros, Marcelo Jorge, Lilian Starobinas e um
agradecimento especial ao nosso professor orientador, Luiz Fernando Puglisi. Gostaríamos
de agradecer também a equipe de monitores e a todos que nos receberam de braços
abertos em suas moradias e nos cederam seu tempo para sanar nossas dúvidas e nos
contar um pouco de suas trajetórias e de seus objetivos de vida, todos vocês fazem um
trabalho incrível e inspirador, obrigado pela oportunidade.
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Bibliografia-imagens:
Charge presente na capa:
http://geografiacsta.blogspot.com.br/2015/08/atividade-charges-para-aprender.html
Figura 1:
Figura2:
http://www.mst.org.br/2015/04/29/novo-dossie-da-abrasco-alerta-que-situacao-dos-agrotoxic
os-no-brasil-so-piorou.html
Figura 3: http://www.arionaurocartuns.com.br/2016/09/
Figura 4: http://www.naocontocalorias.com.br/vou-contar-sobre-os-agrotoxicos/
Figura 5:
https://nutripediatra.com/2015/04/24/voce-sabe-como-retirar-os-agrotoxicos-dos-alimentos/
Figura 6: http://meioambiente.culturamix.com/agricultura/detector-de-agrotoxico
Tabela 1:
http://www.confea.org.br/media/Agronomia_analise_comparativa_de_precos_entre_produto
s_organicos_e_convencionais_em_um_supermercado_e_hortfruti_em_olinda-_pe.pdf
Figura 7: Horta orgânica, foto de Latife Hasbani tirada no Estudo do Meio.
Figura 8: http://www.biocontrol.com.br/produtos-cotesia.ph