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BLOQUEIO ECOGUIADO DO PLANO TRANSVERSO ABDOMINAL EM GATAS
SUBMETIDAS À LAPAROTOMIA
Laís Villa DEMÉTRIO2, Cristiana Correa KUCI2, Lívia Pasini de SOUZA3, Altamir dos
Santos CORSO4, Aury Nunes de MORAES1
1Orientador, Professor do Departamento de Medicina Veterinária do Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV - UDESC [email protected] 2Mestrandas do Programa de Pós-Graduação do Programa em Ciência Animal – CAV/UDESC. 3Doutoranda do Programa de Pós-Graduação do Programa em Ciência Animal – CAV/UDESC. 4Residente de Anestesiologia Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina – CAV/UDESC. RESUMO
O bloqueio do plano transverso abdominal (TAP) envolve a deposição do
anestésico local entre os músculos abdominal oblíquo interno e o transverso
abdominal (espaço TAP), bloqueando o segmento ventral dos nervos torácicos
caudais e lombares craniais (T11 a L3), dessensibilizando pele, músculos e peritônio
parietal da parede abdominal. O objetivo deste estudo é descrever o bloqueio TAP
em felinos domésticos submetidos à laparotomia abdominal. Foram utilizadss 6
fêmeas felinas, submetidas à laparotomia, seguida do procedimento de
ovariosalpingohisterectomia, divididos em 2 grupos: grupo TAP, que recebeu dois
pontos de bloqueio no espaço TAP guiado por ultrassom, em cada lado do
abdômen: um na parte caudal da região abdominal média, cranial a crista ilíaca, e
um segundo ponto, na parte cranial da região abdominal média, caudal à ultima
costela, com 0,5 mg/kg de bupivacaína a 0,25% em cada ponto, padronizando o
volume injetado em 0,6 mL; Grupo Controle, que não receberam bloqueios, apenas
resgates analgésicos caso necessário. Foi utilizado o mesmo protocolo de
medicação pré-anestésica, indução e manutenção do plano anestésico para todos
os animais. O bloqueio TAP foi realizado com o auxílio do aparelho de
ultrassonografia da marca Philips modelo HD 15 dotado do recurso eco-doppler,
utilizando probe multifrequencial linear modelo L12-3 e 3-12MHz.
PALAVRAS-CHAVE: anestesia locorregional, bloqueio ecoguiado, TAP, laparotomia
KEYWORDS: Locoregional anestesya, TAP, Laparotomya,
INTRODUÇÃO
ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1099
O bloqueio do plano transverso abdominal (TAP) envolve a deposição do
anestésico local entre o plano neuro-fascial, bloqueando efetivamente o segmento
ventral dos nervos torácicos caudais e nervos lombares craniais, que inervam a pele,
músculos e peritônio parietal da parede abominal ventral (CAMPOY et al, 2015).
SCHROEDER et al (2010) foram os primeiros a reportar o uso do bloqueio
TAP em animais, reportando analgesia de 8-10 horas de duração em Canadian Lynx
submetido a laparatomia exploratória.
Atualmente o TAP tem-se mostrado uma técnica promissora e eficaz no
controle analgésico trans e pós-operatório de cirurgias abdominais, urológicas,
ginecológicas e obstétricas na medicina humana. Na medicina veterinária, essa
técnica de bloqueio ainda é pouco utilizada, e a literatura não descreve seu uso em
felinos domésticos.
Entre os muitos benefícios da anestesia locorregional, estão a diminuição do
requerimento de fármacos hipnóticos e analgésicos, possibilitando a redução dos
efeitos colaterais destes, proporcionando que o animal desperte mais rápido e com
melhor controle álgico no procedimento cirúrgico e no período de recuperação.
O uso do bloqueio TAP pode substituir a analgesia da anestesia epidural em
pacientes que necessitem de laparotomia abdominal e a técnica epidural é
contraindicada: pacientes com coagulopatias, sepse, dermatites no local da punção,
pacientes politraumatizados.
METODOLOGIA
Para realização deste estudo, foram utilizados dois grupos com 3 animais
cada submetidos a laparotomia abdominal para realização de
ovariosalpingohisterectomia. O grupo 1, denominado grupo TAP, foi submetido ao
bloqueio transverso abdominal (TAP) guiado por ultrassom, realizados com
bupivacaína sem vasoconstritor. O grupo 2 foi denominado grupo controle, ou seja,
os animais não receberam bloqueios, apenas resgates analgésicos caso fosse
necessário. Os animais deste estudo foram 6 gatas atendidas na rotina clínica do
Hospital de Clínicas Veterinárias HCV-CAV/UDESC, que foram submetidas ao
procedimento de ovariosalpingohisterectomia eletiva. Os animais passaram por
avaliação clínica e laboratorial (hemograma, plaquetas, dosagem sérica de ureia,
creatinina, ALT, GGT) prévia ao experimento, selecionando-se apenas os hígidos,
com os resultados dos exames dentro dos valores de referência para a espécie.
ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1100
Todos os animais receberam o mesmo protocolo de medicação pré-
anestésica baseado na administração de acepromazina 1%, na dose de 0,05 mg/kg,
e metadona, na dose de 0,3 mg/kg, pela via intramuscular 20 minutos antes da
indução anestésica. A indução anestésica foi com propofol na dose de 5 mg/kg pela
via intravenosa, para que desta forma o animal fosse intubado e mantido em plano
anestésico superficial através da anestesia inalatória com isofluorano, e destinado
ao tratamento correspondente ao grupo sorteado. As gatas do grupo TAP foram
mantidas em plano anestésico com infusão continua de propofol na sala de
ultrassonografia para a realização do bloqueio, e logo em seguida transferidas para
a sala de cirurgia para o início do procedimento cirúrgico e anestesia inalatória.
As gatas do grupo TAP serão posicionadas em decúbito lateral com o lado a
ser “bloqueado” para cima, e com o auxílio do aparelho de ultrassonografia da marca
Philips modelo HD 15 dotado do recurso eco-doppler, utilizando probe
multifrequencial linear modelo L12-3 e 3-12MHz, o plano transverso abdominal foi
identificado para o a realização do bloqueio.
O transdutor do ultrassom foi posicionado no flanco dorsal abdominal,
perpendicularmente ao eixo longitudinal do corpo, cranialmente a crista ilíaca,
deslizando suavemente até que as três camadas da parede abdominal sejam
identificadas.
Com o auxílio de uma agulha 22G 0,7 mm, que avançou sob a orientação do
ultrassom ao longo das camadas externas da parede abdominal para o plano fascial,
o anestésico local foi depositado entre os músculos abdominal oblíquo interno e o
transverso abdominal (espaço TAP). A dose de bupivacaína sem vasoconstritor foi
0,5 mg/kg em cada ponto, completando-se com solução fisiológica para padronizar a
concentração do anestésico local em 0,25%. Os animais receberam dois pontos de
bloqueio TAP em cada lado, um na parte caudal da região abdominal média, cranial
a crista ilíaca, e um segundo ponto na parte cranial da região abdominal média,
caudal à ultima costela. O bloqueio foi realizado bilateralmente.
No grupo controle os animais receberam o mesmo protocolo anestésico de
MPA e indução e nenhum bloqueio locorregional, sendo a analgesia gerada apenas
por bólus intravenoso de fentanil na dose de 2,5 µg/kg, quando houver alteração nos
parâmetros avaliados.
Os parâmetros avaliados foram freqüência cardíaca (FC), respiratória (f),
saturação parcial de oxigênio na hemoglobina (SatPO2), concentração final expirada
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de dióxido de carbono (EtCO2), concentração final expirada de isofluorano (EtISO) e
pressão arterial sistólica (PAS) não invasiva pelo uso do doppler, todos avaliados em
momentos distintos da celiotomia: incisão de pele, subcutâneo e musculatura. Os
resgates serão padronizados.
Em todos os grupos, o resgate analgésico se deu caso houvesse aumento de
20% de algum parâmetro, como: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (f)
e pressão arterial sistólica (PAS) comparados ao basal, sendo administrado 2,5
µg/kg de fentanil, pela via intravenosa.
Os demais dados foram avaliados como experimento fatorial 2x3, sendo 2
tratamentos (TAP e CONTROLE) e três tempos (basal, momentos 1 e 2). Todos os
dados foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk para verificar a
homogeneidade da variância. Depois disso foi feito análise de variância ANOVA e os
efeitos significativos, tanto entre tratamentos como entre os tempos e os
desdobramentos, foram comparados pelo teste de médias Tukey (p>0,05) pelo
software estatístico SISVAR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros avaliados para observação de resgates analgésicos, foram
frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (f) e pressão arterial sistólica
(PAS), no momento basal – logo após a indução anestésica; momento 1 – incisão de
pele de subcutâneo; momento 2 – incisão da musculatura. Com o aumento de 20%
de alguma das variáveis observadas, era realizado o resgate analgésico trans-
operatório com fentanil.
A única variável que apresentou diferença estatística entre os tratamentos foi
a média da pressão arterial sistólica (PAS), sendo que o grupo Controle (PAS média
= 94 no basal, 116.7 em M1 e 126 no M2) apresentou valores maiores que o do
grupo TAP (PAS média = 84 no basal, 86 em M1 e 90 no M2). Esse aumento de
mais de 20% em relação aos valores basais, resultou na realização de resgates
analgésicos em todos os animais do grupo controle no M2 e em nenhum animal do
grupo TAP, demonstrando que o uso da anestesia locorregional evita que a resposta
nociceptiva seja desencadeada, proporcionando uma anestesia com analgesia de
maior qualidade para o animal.
ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1102
Na medicina humana o uso do ultrassom tem se consagrado em técnicas
anestésicas. O bloqueio do plano transverso abdominal (TAP), é um exemplo disto.
Ele envolve a deposição do anestésico local no plano neuro-fascial, entre os
músculos oblíquo interno e o transverso abdominal identificados através da
ecografia, bloqueando efetivamente o segmento ventral dos nervos torácicos
caudais e nervos lombares craniais, que inervam a pele, músculos e peritônio
parietal da parede abdominal ventral (CAMPOY et al, 2015).
CONCLUSÃO
O uso do bloqueio do plano transverso em felinos submetidos à laparotomia
abdominal, foi efetivo nos animais utilizados nesse estudo, promovendo uma
analgesia adequada durante a celiotomia. Mais estudos em relação a doses e
volumes de bupivacaína, devem ser empregados.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAMPOY, L.; READ, M.; PERALTA, S. Canine and Feline Local Anesthetic and
Analgesic Techniques. In: GRIMM, K. A.; LAMONT, L. A.; TRANQUILLI, W. J.;
GREENE, S. A.; ROBERSTON, S. A. Lumb e Jones Veterinary Anesthesia and
Analgesia. Chapter 45, Ed. 5. 2015.
CREDIE, L. D. F. G. A.; LUNA, S. P. L.; FUTEMA, F.; et al. Perioperative evaluation
of tumescent anaesthesia technique in bitches submitted to unilateral mastectomy.
BMC veterinary research, v. 9, n. 1, p. 178, 2013.
FERREIRA, D.F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e
Agrotecnologia, 35:1039-1042, 2011.
SCHROEDER, C. A.; SCHROEDER, K. M.; JOHNSON, R. A. Transversus
abdominis plane block for exploratory laparotomy in a Canadian lynx (Lynx
canadensis). Journal of zoo and wildlife medicine : official publication of the
American Association of Zoo Veterinarians, v. 41, n. 2, p. 338–341, 2010.
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