Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica...

31
1 Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema respiratório Índice Índice ................................................................................................................ 1 Introdução......................................................................................................... 1 Eucalyptus globulus.......................................................................................... 2 Hedera helix ..................................................................................................... 4 Justicia pectoralis ............................................................................................. 6 Mikania laevigata e Mikania glomerata............................................................. 8 Sambucus nigra.............................................................................................. 10 Zingiber officinale ........................................................................................... 12 Curcuma longa ............................................................................................... 15 Cocos nucifera................................................................................................ 18 Echinacea purpurea ....................................................................................... 20 Própolis .......................................................................................................... 23 Glycyrrhiza glabra........................................................................................... 24 Pelargonium sidoides ..................................................................................... 26 Outras plantas úteis para o sistema respiratório ............................................ 27 Referências .................................................................................................... 28 Introdução Para compreendermos a utilização de fitoterápicos na prevenção e tratamento das doenças do sistema respiratório, é necessário recapitular brevemente alguns conceitos: 1. Todas as doenças do aparelho respiratório têm em comum importante reação inflamatória no pulmão e nas vias aéreas. 2. A asma é uma doença inflamatória crônica. Portanto, seu tratamento a longo prazo sempre envolve uma droga anti-inflamatória. 3. Em crianças, o menor diâmetro das vias aéreas é responsável pela maior incidência de sibilância do que em adultos. 4. Crianças com infecções de repetição frequentemente são alérgicas. O controle da alergia deve resultar em redução das infecções. Em caso de persistência das infecções, devem ser investigadas para imunodeficiência primária ou secundária. Os sinais de alerta são: a. Duas ou mais pneumonias no último ano. b. Quatro ou mais novas otites no último ano. c. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses. d. Abcessos de repetição ou ectima. e. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia). f. Infecções intestinais de repetição / diarreia crônica / giardíase. g. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto-imune. h. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria. i. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a imunodeficiência.

Transcript of Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica...

Page 1: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

1

Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema respiratório

Índice Índice ................................................................................................................ 1Introdução......................................................................................................... 1Eucalyptus globulus .......................................................................................... 2Hedera helix ..................................................................................................... 4Justicia pectoralis ............................................................................................. 6Mikania laevigata e Mikania glomerata ............................................................. 8Sambucus nigra .............................................................................................. 10Zingiber officinale ........................................................................................... 12Curcuma longa ............................................................................................... 15Cocos nucifera ................................................................................................ 18Echinacea purpurea ....................................................................................... 20Própolis .......................................................................................................... 23Glycyrrhiza glabra ........................................................................................... 24Pelargonium sidoides ..................................................................................... 26Outras plantas úteis para o sistema respiratório ............................................ 27Referências .................................................................................................... 28

Introdução Para compreendermos a utilização de fitoterápicos na prevenção e tratamento

das doenças do sistema respiratório, é necessário recapitular brevemente alguns conceitos:

1. Todas as doenças do aparelho respiratório têm em comum importante reação inflamatória no pulmão e nas vias aéreas.

2. A asma é uma doença inflamatória crônica. Portanto, seu tratamento a longo prazo sempre envolve uma droga anti-inflamatória.

3. Em crianças, o menor diâmetro das vias aéreas é responsável pela maior incidência de sibilância do que em adultos.

4. Crianças com infecções de repetição frequentemente são alérgicas. O controle da alergia deve resultar em redução das infecções. Em caso de persistência das infecções, devem ser investigadas para imunodeficiência primária ou secundária. Os sinais de alerta são:

a. Duas ou mais pneumonias no último ano. b. Quatro ou mais novas otites no último ano. c. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses. d. Abcessos de repetição ou ectima. e. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite,

osteoartrite, septicemia). f. Infecções intestinais de repetição / diarreia crônica / giardíase. g. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto-imune. h. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria. i. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a

imunodeficiência.

Page 2: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

2

j. História familiar de imunodeficiência. 5. Uma criança normal apresenta em média 8 episódios de IVAS por

ano. Baseados nos tópicos acima, o fitoterápico ideal para a prevenção e o

tratamento das doenças respiratórias deveria possuir as seguintes propriedades: antioxidante, anti-inflamatória, antialérgica, mucolítica ou expectorante, broncodilatadora, antisséptica ou antimicrobiana, e imunoestimulante.

As doenças do sistema respiratório que geralmente podem ser tratadas usando medicamentos fitoterápicos são: infecções das vias aéreas superiores (IVAS), sinusites, faringites, amigdalites, rinite alérgica, e asma.

A seguir, serão apresentadas algumas plantas medicinais com diferentes combinações das propriedades acima, extremamente úteis na prevenção e no tratamento das doenças do sistema respiratório.

Essas plantas em geral são ricas em óleos essenciais (antimicrobianos), cumarina (broncodilatadora), e derivados fenólicos como flavonoides (antioxidantes).

Eucalyptus globulus

ESPÉCIE: Eucalyptus globulus Labill SINONÍMIA BOTÂNICA: Eucalyptus gigantea Dehnh., Eucalyptus glauca A.Cunn.

ex DC., Eucalyptus globulosus St.-Lag., Eucalyptus maidenii subsp. globulus (Labill.) J.B.Kirkp., Eucalyptus perfoliata Desf.

FAMÍLIA: Myrtaceae. NOMES REGIONAIS: Eucalipto medicinal. HISTÓRICO:

O centro de origem do eucalipto é a Austrália e foi descoberto pelos ingleses em 1788. A disseminação de sementes de eucaliptos no mundo começou no início do século XIX. Na América do Sul, o primeiro país a introduzir a espécie foi o Chile em 1823 e, posteriormente, a Argentina e o Uruguai. Por volta de 1850, países como Portugal, Espanha e Índia começaram a plantar o eucalipto. As primeiras mudas

Page 3: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

3

chegaram ao Brasil em 1868, sendo que a introdução do gênero tomou impulso no início do século XX. Atualmente em Portugal o Eucalyptus globulus é a 3ª espécie florestal mais representativa em termos de área ocupada e atende principalmente o abastecimento da indústria de celulose. A origem do nome provém do grego “eu”= bem, e “kalyptus”= coberto, e a palavra globulus deriva da forma arredondada dos frutos. PARTE UTILIZADA: Folhas adultas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleo essencial: 1 a 3% 1,8-cineol (34,6%), limoneno (29,9%), p-cimeno (10,5%), terpinene (7,4%), pineno (4,0%) e felandreno (2,4%);

• Outros: taninos (gálico e procatéquico); resina (eucaliptina e eucaliptrina) e flavonoides (quercetina, campferol, rutina e eucaliptrina).

TROPISMO: Sistema respiratório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções das vias aéreas superiores

e inferiores. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antisséptica, anti-inflamatória, cicatrizante, antiparasitária, antitussígena e antioxidante.

• Boca e ouvidos: antisséptica e anti-inflamatória. • Pele e anexos: anti-inflamatória e cicatrizante. • Sistema respiratório: antialérgica, antisséptica, anti-inflamatória e

antitussígena. COMENTÁRIOS:

O cineol, isoladamente, possui propriedades antiespasmódicas, secretolíticas, antissépticas e fungicidas, além de reduzir tensão superficial do alvéolo e aumentar frequência ciliar em doses pequenas. Estimula receptores nasais de frio.

Na Medicina Chinesa: • Descongestiona energia estagnada no aparelho respiratório. • Drenador da umidade e toxinas. • É uma planta fria, que drena muco.

MODO DE USAR: • Tintura – Uso oral: 2,5 mL, 1–4 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia,

em 3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Óleo volátil em cápsulas – Uso oral: 100–200 mg, 2–5 x/dia (BRASIL, 2018). • Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). ADVERTÊNCIAS:

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Modifica o metabolismo dos barbitúricos, acelerando a sua degradação. Interfere no tratamento com hipoglicemiantes orais, diminuindo sua efetividade. Nos quadros respiratórios, associar com cúrcuma (Curcuma longa), guaco (Mikania laevigata) ou sabugueiro (Sambuccus nigra). EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Pode provocar broncoespasmo em pessoas sensíveis, especialmente em bebês. Quanto maior a quantidade de cineol, maior a fototoxicidade. Contraindicada nos casos de úlceras gástricas e gastrites. Doses elevadas de óleo essencial (acima

Page 4: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

4

de 3,5 mL) podem provocar epigastralgia, náuseas, vômitos, alterações auditivas, sonolência, torpor, alterações neurológicas como alucinações e parestesias, convulsões, fraqueza muscular, taquicardia, problemas respiratórios e hematúria.

Hedera helix

ESPÉCIE: Hedera helix L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Hedera arborea var. variegata Hibberd, Hedera aurantiaca

(Hibberd) Carrière, Hedera baccifera G.Nicholson, Hedera chrysophylla (Hibberd) Carrière, Hedera combwoodiana Carrière, Hedera communis Gray, Hedera conglomerata (G.Nicholson) Carrière, Hedera cordata Carrière, Hedera cordifolia G.Nicholson, Hedera digitata G.Nicholson, Hedera diversifolia Stokes, Hedera donerailensis K.Koch, Hedera elegantissima G.Nicholson, Hedera glimii G.Nicholson, Hedera gracilis (Hibberd) Carrière, Hedera grandifolia G.Nicholson, Hedera humirepens Röhl., Hedera marginata G.Nicholson, Hedera minor G.Nicholson, Hedera palmata (Paul) Carrière, Hedera pennsylvanica G.Nicholson, Hedera purpurea Carrière, Hedera willsiana G.Nicholson.

FAMÍLIA: Araliaceae. NOMES REGIONAIS: Hera. HISTÓRICO:

A planta possui histórico de uso de suas folhas e frutos como expectorante, no tratamento de tosse e bronquites (Schmidt, Thomsen e Schmidt, 2012). No século XVI, o herbalista britânico John Gerard recomendava a infusão das folhas de H. helix para a lavagem dos olhos irritados. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Saponinas triterpênicas: Alfa-hederina, hederacosídeo C. TROPISMO: Sistema respiratório.

Page 5: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

5

PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Tratamento sintomático de afecções broncopulmonares inflamatórias agudas e crônicas onde haja aumento de secreção e/ou broncoespasmo.

AÇÕES TERAPÊUTICAS: • Geral: antisséptica, anti-inflamatória e antioxidante. • Sistema respiratório: broncodilatadora, expectorante, mucolítica,

antisséptica, anti-inflamatória e antitussígena. COMENTÁRIOS:

A H. helix causa estimulação beta-adrenérgica pela alfa-hederina, transformando ATP em AMPc intracelular, aumentando a produção de surfactante no epitélio pulmonar, diminuindo a viscosidade do muco, levando a uma ação secretolítica. Na musculatura brônquica, leva a diminuição do cálcio intracelular, relaxando a mesma e levando à broncodilatação (Sieben et al., 2009).

O xarope contendo H. helix foi eficaz e bem tolerado em pacientes (adultos e crianças) com bronquite (Cwientzek, Ottillinger e Arenberger, 2011; Fazio, Pouso e Dolinsky, 2009; Schmidt, Thomsen e Schmidt, 2012). MODO DE USAR:

• Xarope do extrato seco padronizado (Abrilar®) – Uso oral: Criança menor que 7 anos: 2,5 mL, 3 vezes ao dia; Criança maior que 7 anos: 5 mL, 3 vezes ao dia; Adulto: 5 a 7,5 mL ao dia; duração de 7 a 10 dias.

• Pó Efervescente do extrato seco padronizado (Abrilar®) – Uso oral: Adultos e crianças acima de 12 anos: um sachê com pó efervescente duas vezes por dia (130 mg de extrato seco de Hedera helix).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Não deve ser administrado em caso de hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não se observam efeitos adversos em caso de ingestão simultânea com os outros medicamentos. Portanto, pode ser administrado de forma segura com outros medicamentos como, por exemplo, antibióticos. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Suas folhas podem causar dermatite de contato em algumas pessoas, através de uma reação de hipersensibilidade tipo IV. Essas pessoas em geral são também alérgicas a cenouras e outras plantas da família Apiaceae, devido à presença do mesmo alérgeno, falcarinol.

A ingestão do medicamento pode provocar um ligeiro efeito laxante, provavelmente vinculado à presença de sorbitol em sua fórmula. Não há evidências de riscos à saúde ou reações adversas após o uso das doses recomendadas, entretanto existe um potencial moderado, em indivíduos predispostos, para sensibilização por contato cutâneo.

Page 6: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

6

Justicia pectoralis

ESPÉCIE: Justicia pectoralis Jacq. SINONÍMIA BOTÂNICA: Dianthera pectoralis (Jacq.) J.F.Gmel., Dianthera pectoralis

(Jacq.) Murray, Ecbolium pectorale (Jacq.) Kuntze, Justicia stuebelii Lindau, Leptostachya pectoralis (Jacq.) Nees & Mart., Psacadocalymma pectorale (Jacq.) Bremek., Rhytiglossa pectoralis (Jacq.) Nees, Stethoma pectoralis (Jacq.) Raf.

FAMÍLIA: Acanthaceae. NOMES REGIONAIS: Justícia e chambá. HISTÓRICO:

É largamente utilizada como planta medicinal na América do Sul e também é usado em rapés sagrados (feitos com as sementes de duas espécies de Virola, ambas nativas da Amazônia) por ter aroma semelhante ao de baunilha. No nordeste brasileiro o uso é consagrado no preparo do lambedor (xarope). PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleo essencial; • Ácido cafeico; • Glicosídeos; • Cumarina e umbeliferona; • Beta-sitosterol; • Lignanas (justicidina B); • Betaína.

TROPISMO: Sistema respiratório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções das vias respiratórias

superiores e inferiores. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: anti-inflamatória, analgésica, antitérmica, espasmolítica e sudorífica.

Page 7: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

7

• Sistema digestório: analgésica e antiespasmódica. • Sistema respiratório: expectorante, broncodilatadora e antitussígena.

COMENTÁRIOS: O extrato hidroalcoólico de J. pectoralis (EHA) e seus principais constituintes,

cumarina (CM) e umbeliferona (UMB) foram estudados por possíveis atividades analgésica e antiedema em modelos animais. CM e UMB demonstraram efeitos analgésicos, e o pré-tratamento com naloxone não reverteu a analgesia, indicando que o sistema opioide não está envolvido. Por outro lado, pré-tratamento com L-arginina reverteu a analgesia causada pela UMB, sugerindo envolvimento da via do óxido nítrico. CM e UMB apresentaram efeito antiedema significativo (Lino e Taveira, 1997). Essas propriedades foram confirmadas por outros pesquisadores (Leal et al., 2000).

Justícia (Justicia pectoralis) é uma planta que se adapta mais para crianças de personalidade fechada, enquanto a Macela (Achyrocline satureioides) para crianças de personalidade aberta. Há pessoas que não se adaptam ao Guaco (Mikania laevigata), podendo ter muita taquicardia. A justícia pode ser utilizada em seu lugar, pois tem cumarinas, principal marcador ativo do Guaco.

A Justícia é bastante útil no paciente que acumula muco. Costuma ser eficaz para pessoas que têm uma aparente fragilidade e que não descobriram o quanto são fortes. Já o Guaco é para pessoas que precisam ser sustentadas emocionalmente (o guaco é uma trepadeira que precisa de sustentação para se desenvolver). MODO DE USAR:

• Infusão – Uso oral: 5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011). o Crianças de 3 a 7 anos: 35 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011). o Crianças de 7 a 12 anos: 75 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011). o Crianças acima de 12 anos: 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011). o Maiores de 70 anos: 75 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011).

• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. Em geral, esta planta não deve ser usada em associações (como nos xaropes compostos). Pode potencializar o efeito de broncodilatadores. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Plantas dessecadas inadequadamente e contaminadas com fungos podem provocar quadros hemorrágicos, pela transformação das cumarinas em dicumarol.

Page 8: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

8

Mikania laevigata e Mikania glomerata

ESPÉCIES: Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker e Mikania glomerata Spreng. SINONÍMIA BOTÂNICA: Não há. FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Guaco. HISTÓRICO:

Planta nativa do Sul e Sudeste do Brasil, muito comum em matas litorâneas e ciliares. É utilizada por povos andinos para combater acidentes ofídicos e no Brasil desde 1927 para tratar doenças pulmonares.

As duas espécies conhecidas como guaco, M. laevigata e M. glomerata, são usadas como medicamento, indistintamente, com as mesmas indicações, pois suas composições químicas são muito semelhantes (Bolina, Garcia e Duarte, 2009; Napimoga e Yatsuda, 2010). PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Saponinas; • Substâncias amargas (guacina); • Óleos essenciais: mirceno, lupeol, cineol, borneol e eugenol; • Cumarina (volátil, aroma de baunilha); • Guacosídeo; • Outros: taninos, resinas, estigmasterol, ácido caurenoico, ácido cinamoil-

grandiflórico, ácidos entkaur-16-eno-19-óico e namoilgrandiflórico, estigmast-22-en-3-ol e flavonoides.

TROPISMO: Sistema respiratório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Tosses produtivas e asma. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

Page 9: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

9

• Geral: anti-inflamatória, cicatrizante, analgésica, sudorífica, antitérmica, antisséptica, desintoxicante, antiofídica, tônica e antialérgica.

• Boca: antisséptica e anti-inflamatória. • Pele e anexos: cicatrizante, anti-inflamatória, antipruriginosa e antialérgica. • Sistema circulatório: vasodilatadora periférica e anticoagulante. • Sistema digestório: eupéptica e orexígena. • Sistema osteoarticular: analgésica. • Sistema respiratório: expectorante, broncodilatadora, descongestionante,

mucolítica, antialérgica suave e antisséptica das vias respiratórias. • Sistema urinário: diurética.

COMENTÁRIOS: A atividade broncodilatadora se dá porque a cumarina bloqueia os receptores

de acetilcolina, diminuindo a secreção brônquica e levando à broncodilatação. A atividade expectorante se deve às saponinas, que quebram a camada de fosfolípides da membrana e contribuem para fluidificar o muco. Possui atividade bactericida contra Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Também é anti-ulcerogênica, pois causa diminuição da secreção do suco gástrico pelo bloqueio dos receptores de acetilcolina. É útil no tratamento de úlceras de pele e mucosas, formando um filme protetor cicatrizante.

As atividades biológicas do guaco foram comprovadas por diversos ensaios pré-clínicos e clínicos (Napimoga e Yatsuda, 2010). A atividade broncodilatadora foi comprovada experimentalmente em brônquios humanos (Soares de Moura et al., 2002).

Considerações: o guaco é uma trepadeira, precisa se escorar para crescer. Cresce nas margens, sobe nas copas das árvores para captar luz. Cresce em solos que foram degradados e os regenera. Indicada para indivíduos que precisam de alguém para serem amparados, indivíduos desorganizados, que não se definem, e indivíduos com patologias pulmonares úmidas, produtoras de muco. MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 1–3 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Tintura – Uso oral tópico: 40 gotas em meio copo de água, fazer bochechos ou gargarejos 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Infusão (M. glomerata) ou decocção (M. laevigata) – Uso oral: 3 g em 150 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Infusão (M. glomerata) ou decocção (M. laevigata) – Uso oral tópico: 0,5 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Extrato padronizado – Uso oral: dose equivalente a 0,5 a 5 mg de cumarina por dia (BRASIL, 2014).

• Xarope – Uso oral: 5 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2011). o Uso pediátrico: 3–7 anos, 2,5 mL, 2 x/dia; 7–12 anos, 2,5 mL, 3 x/dia; > 12

anos, 5 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2011). ADVERTÊNCIAS:

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Page 10: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

10

Pode ser associado ao Nasturtium officinalis (agrião), Plectranthus amboinicus (malvariço) e à Mentha crispa (hortelã) em xaropes expectorantes. Para efeito antiofídico, usar com Mandevilla spp (batata infalível) e Casearia sylvestris (guaçatonga). Evitar uso concomitante desta planta com anticoagulantes, pois pode potencializar o risco de hemorragias. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Alguns pacientes apresentam taquicardia, especialmente lactentes. Certas cumarinas interferem na coagulação sanguínea (antagonismo da vitamina K), e o uso prolongado do guaco, teoricamente pode causar hemorragias, embora na prática clínica, isto não tenha sido constatado. É prudente evitar em doenças hemorrágicas (deficiência de vitamina K, hepatopatias, alterações de plaquetas, etc.). Evitar uso contínuo superior a 6 meses. Doses mais altas podem causar vômitos e diarreia, além de provocar sintomas dispépticos.

Sambucus nigra

ESPÉCIES: Sambucus nigra L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Sambucus pentagynia Larrañaga FAMÍLIA: Caprifoliaceae. NOMES REGIONAIS: Sabugueiro. HISTÓRICO:

O gênero Sambucus está amplamente distribuído nas Américas, Europa e Ásia. Existem registros de uso de várias espécies deste gênero na antiguidade, principalmente para problemas respiratórios, como elixir da vitalidade, para doenças dermatológicas, reumatismos e também como antitérmico e depurativo. O nome

Page 11: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

11

Sambucus advém do grego "sambuke" (flauta musical), pois na antiguidade os galhos ocos eram usados para fabricação de flautas.

Nos EUA, os xaropes produzidos a partir dos frutos do S. nigra são comercializados sem necessidade de receita médica para o alívio da tosse em adultos e crianças. PARTE UTILIZADA: Flores. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos essenciais: linalol, nerol e geraniol; • Flavonoides: rutina, isoquercetina, eldrina, kaempferol e astragalina; • Outros: Taninos, mucilagens, ácidos polifenólicos (ácido clorogênico p-

cumarínico e cafeico), triterpênos (ácidos ursólico e oleanólico), traços de glicosídeos cianogênicos (sambunigrina), resina, abundantes sais de potássio, fitosterois e proteína (plastocinina).

TROPISMO: Sistema respiratório e imunológico. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Febre, processos alérgicos, doenças

exantemáticas e infecções das vias aéreas superiores. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: desintoxicante, anti-inflamatória, cicatrizante, antitérmica, diaforética, antialérgica, antisséptica e antiviral.

• Boca: anti-inflamatória e antisséptica. • Pele e Anexos: cicatrizante, anti-histamínica, emoliente e anti-inflamatória. • Sistema circulatório: tônica vascular. • Sistema digestório: laxativa, anti-hemorroidária e hepatoprotetora. • Sistema imunológico: imunoestimulante. • Sistema nervoso: analgésica nas nevralgias, sedativa suave, analgésica nas

cefaleias vasculares, hipnótica e anticonvulsivante. • Sistema reprodutor: galactógena. • Sistema respiratório: sudorífica, anti-inflamatória, antiespasmódica,

descongestionante nasal, expectorante e antialérgica. • Sistema urinário: diurética.

COMENTÁRIOS: Em um estudo clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo,

envolvendo 60 pacientes adultos com sintomas de infecção pelo Influenza por 48 horas ou menos, a administração de xarope dos frutos de S. nigra por 5 dias resultou na redução dos sintomas e melhora até 4 dias antes dos pacientes que tomaram placebo. Além disso, os pacientes que receberam o xarope de S. nigra usaram menos medicações sintomáticas (analgésicos e sprays nasais) (Zakay-Rones et al., 2004).

Algumas considerações: a planta é ideal para pessoas com “energia fria” que ficam suando com frequência. Na Medicina Chinesa, reduz calor e água: refrescante. É uma planta que “limpa” todo o organismo, regulando metabolismo. MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 10–25 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Infusão – Uso oral: 3 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b).

Page 12: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

12

• Infusão – Uso externo: 0,5 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Nos quadros respiratórios congestivos e alérgicos associar Sambucus com açafrão (Curcuma longa), hydrastis (Hydrastis cannadensis) ou mil-folhas (Achillea millefolium). EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Os frutos verdes são extremamente tóxicos, causam náuseas, vômitos e diarreia quando ingeridos. Entretanto, os frutos maduros e as folhas são considerados seguros e classificados como complemento alimentar. O uso prolongado do sabugueiro pode induzir à hipocalemia. Pode diminuir a produção de leite materno nas lactantes. Testes de toxicidade agudos não mostraram alterações eletroencefalográficas, eletrocardiográficas, respiratórias, e nem dos níveis glicêmicos.

Zingiber officinale

ESPÉCIES: Zingiber officinale Roscoe. SINONÍMIA BOTÂNICA: Amomum zingiber L., Amomum zinziba Hill, Curcuma

longifolia Wall., Zingiber cholmondeleyi (F.M.Bailey) K.Schum., Zingiber majus Rumph., Zingiber missionis Wall., Zingiber sichuanense Z.Y.Zhu, S.L.Zhang & S.X.Chen.

FAMÍLIA: Zingiberaceae. NOMES REGIONAIS: Gengibre. HISTÓRICO:

Page 13: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

13

A primeira descrição de uso do gengibre data de 551-479 a.C., por Confúcio, na China, e em todo oriente tem sido utilizado há mais de 2.000 anos. Nos séculos XII a XIV era tão popular na Europa quanto a pimenta-do-reino. Nesta época os árabes também utilizavam a planta como expectorante e afrodisíaco. Foi introduzido na América logo após o descobrimento, sendo que os primeiros relatos comentam que inicialmente foi cultivado no México. No Brasil, acredita-se que a introdução do gengibre deu-se durante a invasão holandesa, em função da permuta de plantas existentes entre os dois países naquela época. PARTE UTILIZADA: Rizomas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos essenciais (até 4%): citral, cineol, zingibereno, ß bisaboleno, geraniol, acetato de geranila, gingerois (sabor picante), zingiberol, ß-felandreno, borneol, linalol, zingerona, canfeno (8%), pineno (2%), calameneno, mirceno, a-anforfeno, ß-cariofileno, ß-elemeno, ß-ilangeno, germacreno, ß-farneseno, ß-eudesmol, sesquisabineno, folueno, undecano, dodecano, aldeídos butanal, pentanal, cetonas heptanonas e criptona;

• Princípios picantes: gingerois; gingerdiona; dihidrogingerdiona; isogingerenona e fenilalacananona;

• Outros: Minerais (Mg, Ca, P, Fe, K); princípios amargos; ácidos orgânicos; vitaminas (Vit A., ácido nicotínico); resina e zingibaína (enzima proteolítica).

TROPISMO: Sistema respiratório e digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Broncoespasmos, tosses produtivas,

asma, infecções das vias aéreas superiores, dispepsias, labirintoses e zumbidos.

AÇÕES TERAPÊUTICAS: • Geral: antimicrobiana, anti-inflamatória, antitrombótica, desintoxicante,

antioxidante e sudorífica. • Sistema circulatório: tônica, hipertensora leve, hipolipemiante, inotrópica e

cronotrópica positiva, tônica da circulação periférica e antiagregante plaquetária.

• Sistema digestório: estomáquica, sialagoga, carminativa, antiemética, antisséptica, eupéptica, antiespasmódica, colagoga e colerética.

• Sistema endócrino: hipoglicemiante. • Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva,

reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema osteoarticular: anti-inflamatória. • Sistema reprodutor: reguladora menstrual e antiemética após o 1º trimestre

da gestação. • Sistema respiratório: descongestionante, mucolítica, broncodilatadora e

antitussígena. COMENTÁRIOS:

Em um modelo animal de asma, a administração de um extrato aquoso de gengibre, enriquecido com gingerois, reduziu o recrutamento de eosinófilos para os pulmões e supressão da resposta Th2 ao alérgeno, com redução dos níveis de IL-4, IL-5, IFN-γ e IgE no soro (Ahui et al., 2008). Em estudo semelhante, a administração do extrato metanólico de gengibre reduziu a constricção brônquica induzida por acetilcolina, através da modulação da sinalização do cálcio intracelular, de maneira semelhante ao verapamil (bloqueador dos canais de cálcio), possivelmente através do bloqueio dos canais de cálcio da membrana plasmática (Ghayur, Gilani e Janssen, 2008).

Page 14: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

14

As propriedades antitussígenas do gengibre são comparáveis às dos derivados codeínicos. Na alergia respiratória, atua como anti-histamínico. Nos processos inflamatórios das vias aéreas, possui ação anti-inflamatória por inibição da produção de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos.

Propriedades organolépticas: picante, aromático, quente. Na Medicina Chinesa:

• Elimina o frio do exterior por sudorificação (especificamente se o frio está penetrando no pulmão causando tosse com expectoração branca).

• Elimina o vento frio e aquece o pulmão. • É um tônico excelente para o pulmão (situações crônicas e agudas).

Reduz edema e muco. MODO DE USAR:

• Infusão – Uso oral: 0,5 a 1 g em 150 mL, 2–4 x/dia (BRASIL, 2016). • Decocção – Uso oral: 1 g em 150 mL, 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017a).

o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). • Tintura – Uso oral: 2,5 mL, 1–3 x/dia (BRASIL, 2016, 2018); ou 1,5–3 mL por

dia (BRASIL, 2016); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Droga vegetal – Uso oral: para cinetose, 0,5 g, 2–4 x/dia; para dispepsia, 2–4 g por dose (BRASIL, 2016); para náuseas e vômitos durante a gravidez, 1–2 g por dose (equivalente a 8 a 16 mg de gingerois na droga vegetal) (BRASIL, 2014).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Potencializa o efeito das plantas ditas expectorantes como guaco (Mikania laevigata), agrião (Nasturtium officinale), assa-peixe (Vernonia polyanthes) e hortelã (Mentha crispa). Evitar uso concomitante com anticoagulantes, pois pode aumentar o risco de sangramentos. O uso concomitante com hipoglicemiantes pode resultar em hipoglicemia, devendo ser acompanhado por um especialista. Nos quadros de hipersecreção respiratória associar com guaco (Mikania laevigata) e alcaçuz (Glycyrrhiza glabra). EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não utilizar como antiemético durante gravidez até o terceiro mês de gestação (embora não haja evidências na literatura de que esta planta cause danos ao feto ou à mãe). Alguns profissionais da área usam até 1 g do pó do gengibre para hiperemese gravídica com sucesso. Evitar em quadros de obstrução das vias biliares. Evitar em pacientes com sudorese excessiva, pois pode aumentar a transpiração (nestes casos é melhor o uso de noz moscada (Myristica fragans). Doses muito elevadas podem causar arritmias e depressão do sistema nervoso. Evitar nos casos de hipertensão arterial grave. Alguns pacientes podem apresentar irritação gástrica e vesical, dependendo da dose utilizada, e em doses mais elevadas pode provocar cólicas digestivas, hipotensão arterial e tonturas. Em doses elevadas mostrou-se danosa para o fígado em animais.

Page 15: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

15

Curcuma longa

ESPÉCIE: Curcuma longa L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Amomum curcuma Jacq, Curcuma domestica Valeton,

Stissera curcuma Raeusch. FAMÍLIA: Zingiberaceae. NOMES REGIONAIS: Açafrão-da-terra, falso açafrão, cúrcuma e açafroa. HISTÓRICO:

Planta originária da Índia e Sudeste Asiático, foi trazida para o Brasil há mais de 3 séculos, sendo amplamente cultivada para finalidade alimentar ou condimentar. Na época do Brasil colônia, os bandeirantes saíam à procura de pedras preciosas pelos rincões brasileiros e para demarcar as regiões já garimpadas plantavam alguns rizomas de cúrcuma. Assim, esta planta se difundiu por várias regiões do interior brasileiro, sendo intensivamente utilizada pelos índios como medicamento, para pintar a pele e como corante de alimento. PARTE UTILIZADA: Rizomas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Curcuminoides ou corantes: curcuminas I e III, dicafeilmetano, dihidrocurcumina, desmetoxi-curcumina, caferuilmetano, carotenoides e ciclocurcumina;

• Óleos essenciais: cineol, borneol, limoneno, d-sabineno, ácido caprílico, eugenol, curcumenol, felandreno, curcumenona, linalol, zingibereno, bisabolano, guayano, germacrano e alfa-atlantona;

• Lactonas sesquiterpênicas turmerona e arturmerona; • Saponinas; • Vitaminas: carotenoides, tiamina, riboflavina, niacina e vitamina C.

TROPISMO: Sistema imunológico, circulatório e endócrino. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Processos inflamatórios e alérgicos

em geral, doença coronariana, hipertensão arterial, miocardiopatia hipertrófica, aterosclerose e dislipidemias.

Page 16: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

16

AÇÕES TERAPÊUTICAS: • Geral: anti-inflamatória, antimicrobiana e antifúngica, antioxidante e

antialérgica. • Pele e anexos: anti-inflamatória, antialérgica e cicatrizante. • Sistema cardiocirculatório: antitrombótica, antiagregante plaquetária,

discretamente hipotensora, hipolipemiante, revine e atenua isquemia, necrose e hipertrofia miocárdica, e mantém a homeostase do cálcio.

• Sistema digestório: colerética e colagoga, eupéptica, hepatoprotetora, carminativa, antiespasmódica e anti-inflamatória do cólon.

• Sistema endócrino: hipoglicemiante no diabetes tipo II. • Sistema imunológico: imunomoduladora e antialérgica. • Sistema osteoarticular: anti-inflamatória. • Sistema reprodutor: emenagoga e analgésica nas dismenorreias. • Sistema respiratório: anti-inflamatória e antialérgica.

COMENTÁRIOS: Os curcuminoides, dos quais a curcumina é a principal representante, são os

responsáveis pela coloração amarelada dos rizomas da planta, e provavelmente os maiores responsáveis pela atividade biológica. A curcumina é uma das moléculas mais estudadas atualmente, e possui ampla variedade de atividades biológicas (Chattopadhyay et al., 2004; Srivastava e Mehta, 2009). Sua atividade anti-inflamatória ocorre por dois mecanismos diferentes: inibição da ativação do fator nuclear kappa-B (mesmo mecanismo dos corticosteroides), inibição da ciclo-oxigenase 2 (COX-2) e da lipo-oxigenase (mesmo mecanismo dos anti-inflamatórios não-esteroidais), inibição da enzima óxido nítrico sintetase induzível (iNOS), inibição da produção de citocinas inflamatórias TNF-alfa, IL-1, IL-2, IL-6, IL-8 e IL-12, inibição da proteína quimioatrativa de monócitos (MCP), entre outros (Chattopadhyay et al., 2004; Jagetia e Aggarwal, 2007; Jurenka, 2009).

Estudos em animais e humanos mostram que a absorção da curcumina é baixa, devido à sua baixa solubilidade em água, e seu metabolismo, no fígado, também é rápido, resultando em baixa biodisponibilidade (Jurenka, 2009). A administração concomitante com piperina, um composto extraído da pimenta-do-reino (Piper nigrum), aumenta em até 20 vezes a biodisponibilidade da curcumina. Existe também um produto comercial (Meriva®) que contém curcumina ligada à fosfatidilcolina, o que aumenta a biodisponibilidade da curcumina por integrar-se mais facilmente às membranas plasmáticas. Um outro extrato padronizado, chamado BCM-95®, possui absorção de 96% da curcumina, atingindo concentrações plasmáticas terapêuticas mais rapidamente e mantendo essas concentrações por mais tempo. Os pesquisadores conseguiram este efeito usando uma estratégia simples: “voltando às raízes.” Ao invés de focar na purificação da curcumina, os eles reincorporaram no extrato compostos originalmente presentes nos rizomas da C. longa, que são removidos durante os processos de extração e purificação. Em suma, o aumento da biodisponibilidade se dá devido ao sinergismo inerente dos compostos naturais presentes nos rizomas da C. longa (Kiefer, 2007). Este é o efeito do fitocomplexo.

Um estudo comparou a administração de curcumina (2000 mg/dia) ou placebo a adultos com asma, e não encontrou diferenças significativas em relação a parâmetros clínicos e laboratoriais (Kim, Phillips e Lockey, 2011). Isto pode ser explicado pela baixa biodisponibilidade da curcumina pura. Em um estudo, ainda não publicado, de nosso grupo, a administração da droga vegetal de C. longa a crianças e adolescentes com asma, em adição ao tratamento convencional, resultou

Page 17: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

17

em redução do uso de β-agonista de curta duração, redução dos sintomas, melhora do controle da doença, e melhora da limitação a atividades físicas, sem, no entanto, reduzir os episódios de despertar noturno.

A curcumina é capaz de aliviar os sintomas da asma, provavelmente através da redução da produção linfocitária de IL-2, IL-5, GM-CSF, e IL-4 (Jagetia e Aggarwal, 2007). A curcumina é capaz de prevenir ou atenuar a crise de broncoespasmo provocada por metacolina em camundongos asmáticos, através da redução da redução da migração de eosinófilos e produção local de citocinas (Karaman et al., 2012; Oh et al., 2011; Ram, Das e Ghosh, 2003). MODO DE USAR:

• Droga vegetal – Uso oral: 1 cápsula de 350–400 mg ou 1 colher de café do pó, 1–2 x/dia (Pereira et al., 2014) ou 1,5–3,0 g por dia (Micromedex [Internet], 2017). o Uso pediátrico: 1 colher de café do pó, na comida, em 1–3 x/dia.

• Decocção – Uso oral: 1,5 g em 150 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Tintura – Uso oral: 0,1–1,5 mL (como antidispéptico) ou 1–3 mL (como anti-inflamatório), 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 1–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Pomada, creme ou gel – Uso tópico: aplicar na área afetada, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Extrato fluido – Uso oral: 10–30 gotas, 3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017). o Uso pediátrico: 0,1–0,3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia.

• Extrato seco – Uso oral: 80–160 mg/dia (extrato etanólico 13-25:1 com etanol a 96%), em 2–4 x/dia, ou 100–120 mg/dia (extrato etanólico 5,5-6,5:1 com etanol a 50%), em 2 x/dia (BRASIL, 2018).

• Extrato seco etílico (75 a 85% de curcuminoides) – Uso oral: 1 cápsula de 670 mg, 3 x/dia após as refeições (BRASIL, 2018).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Incompatível com Aconitum spp. Evitar uso concomitante com anticoagulantes e anti-inflamatórios, pois podem aumentar o risco de sangramentos. Pode diminuir a ação de imunossupressores, quando usados concomitantemente. Nos casos de sinusite, associar com batata infalível (Mandevilla velutina). Nos casos de rinites, associar com sabugueiro (Sambuccus spp), eucalipto (Eucalyptus globulus) e guaco (Mikania laevigata). EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não usar em crianças menores que dois anos, exceto na forma diluída. Potencializa efeito dos anticoagulantes, e pode provocar hemorragias em doses elevadas. Contraindicado nos casos de obstrução das vias biliares e doenças hemorrágicas. Em doses elevadas pode aumentar a secreção gástrica e agravar quadros de doença péptica.

Page 18: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

18

Cocos nucifera

ESPÉCIE: Cocos nucifera L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Calappa nucifera (L.) Kuntze, Cocos indica Royle, Cocos

nana Griff. FAMÍLIA: Arecaceae. NOMES REGIONAIS: Coco-da-baía e coqueiro comum. HISTÓRICO:

É originária da costa oriental da América do Sul, incluindo a costa norte e nordeste do Brasil, sendo também comum no sudeste asiático e sul do Pacífico (LORENZI; MATOS, 2008). Espalhou-se pelo mundo pelos oceanos, pois seu fruto flutua na água e é carregado pelas correntes marítimas.

Tradicionalmente, seu óleo tem sido utilizado como cicatrizante de feridas e infecções cutâneas na África. Na América Central tem sido usada para tratamento de resfriados e amigdalites. No sudeste Asiático, para cáries dentárias. Indígenas usam seu óleo para tratamento de disúria, tosse e bronquite (Lorenzi e Matos, 2008). PARTE UTILIZADA: Mesocarpo do fruto verde. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos graxos (45 a 50% de ácido láurico, 13 a 20% de ácido mirístico, 7 a 10% ácido palmítico, 5 a 10% de ácido caprílico)

• Ácidos graxos livres (3 a 5%) • Delta-lactonas de ácidos graxos 5-hidroxilados (particularmente delta-

octalactona). • Frutos: grande quantidade de flavonoides.

TROPISMO: Sistema imunológico. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Infecções virais, principalmente

respiratórias e herpes zoster.

Page 19: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

19

AÇÕES TERAPÊUTICAS: • Geral: antiviral inespecífica. • Sistema imunológico: imunoestimulante.

COMENTÁRIOS: O C. nucifera é uma fonte de vários componentes químicos, os quais são

responsáveis pelas diversas atividades desta planta. Recentemente, pesquisas têm confirmado muitos efeitos benéficos dos produtos do C. nucifera (DebMandal e Mandal, 2011). A ação antiviral, atribuída ao monoláurico (o monoglicerídeo do ácido láurico), é de solubilizar os lipídeos e fosfolípides dos envelopes dos patógenos, causando a desintegração de suas membranas (Arora et al., 2011). Há também evidências de que o ácido monoláurico interfira nos sinais de transdução e de que o efeito antimicrobiano nos vírus seja através da interferência com a montagem e maturação viral (Hornung, Amtmann e Sauer, 1994; Projan et al., 1994). O extrato bruto e uma de suas frações, rica em catequinas, mostrou atividade inibitória sobre o vírus herpes simples tipo 1 aciclovir-resistente (HSV-1-ACVr). Sua atividade antiviral tem sido atribuída a uma interferência na adsorção viral à célula e não na penetração viral. A atividade antiviral foi observada quando as células foram tratadas com os extratos de C. nucifera antes da infecção viral, além de os extratos serem capazes de inativar os vírus extracelulares (efeito virucida) (Esquenazi et al., 2002).

Diversas outras atividades biológicas foram demonstradas para o extrato de C. nucifera, incluindo leishmanicida (Mendonça-Filho et al., 2004), antiproliferativa na leucemia (Kirszberg et al., 2003), vasorrelaxante e anti-hipertensiva (Bankar et al., 2011), imunomoduladora, entre outras.

Quanto à segurança, estudos em animais mostraram que extratos de C. nucifera apresentam baixa toxicidade, tanto aguda quanto cronicamente (Costa e Bevilaqua, 2011). Estudos in vivo demonstraram que extrato de C. nucifera tem baixa toxicidade e que não induz reações dérmicas ou oculares (Alviano et al., 2004). MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia, diluídas em água (Pereira et al., 2014).

• Decocção a 5% – Uso oral: 10 mL/kg/dia, em 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017a).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. Nos quadros de infecção viral, a associação com Echinacea purpurea é muito efetiva. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não há dados na literatura.

Page 20: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

20

Echinacea purpurea

ESPÉCIE: Echinacea purpurea (L.) Moench SINONÍMIA BOTÂNICA: Brauneria purpurea (L.) Britton, Echinacea intermedia

Lindl. ex Paxton, Echinacea serotina (Sweet) D.Don ex G.Don f., Echinacea speciosa (Wender.) Paxton, Helichroa purpurea (L.) Raf., Rudbeckia purpurea L.

FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Equinácea. HISTÓRICO:

O termo Equinacea vem do grego e significa ouriço, em alusão à forma pontiaguda das brácteas. Era utilizada pelos índios nativos americanos, que a chamavam de ek-ih-nay-see-uh, para tratar ou prevenir doenças infecciosas e tumorais, e também para neutralizar os efeitos tóxicos de mordidas de serpentes ou animais venenosos. Os índios Sioux foram os primeiros que reconheceram na equinácea seu uso como antídoto contra a raiva, muito tempo antes de Pasteur. Os nativos Meskwakis utilizavam a raiz ralada como antiespasmódico e os Cheyennes a mastigavam como parte do ritual da Dança do Sol. Nas culturas indígenas e dos primeiros colonizadores americanos, a planta era fumada para combater cefaleias (dores de cabeça), sendo sua fumaça soprada nas narinas de cavalos enraivecidos com a finalidade de acalmá-los. Os feiticeiros lavavam as mãos com o suco de equinácea antes de mergulhá-las em água fervente. Índios da tribo Winnebago utilizavam a equinácea antes de colocar um carvão em brasa na boca. A raiz mastigada era utilizada, também, para as dores de dentes, aumento de gânglios, como na caxumba e seu suco era aplicado sobre queimaduras e feridas. Foi introduzida na Inglaterra em 1699 tendo sido indicada como remédio para quadros

Page 21: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

21

gripais e resfriados. Em 1890, a Lloyd Brothers tornou-se a primeira companhia norte-americana a exportar a equinácea para o mercado europeu. No final daquele século, a Farmacopeia Norte-americana considerou a tintura de equinácea um medicamento imunomodulador.

As principais espécies de Echinacea tradicionalmente usadas com finalidade medicinal são a E. purpurea, a E. pallida e a E. angustifolia. Estas espécies são usadas para o tratamento de infecções, e hoje os produtos derivados desta planta estão entre os fitoterápicos mais vendidos mundialmente (Barnes et al., 2005). Podem ser usadas indistintamente como medicamento, apesar de haver pequenas diferenças em sua constituição química. No Brasil, a espécie mais encontrada é a E. purpurea. PARTE UTILIZADA: Planta toda. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Glicosídeos do ácido fenilcarbônico: equinaceína, cinarina e equinacosídeo, este último é constituído de glicose, raminose, ácido cafeico e benzocatequina-etl-alccol;

• Alquilamidas ou alcamidas; • Derivados do ácido chicórico (em todas as partes); • Alcaloides pirrolizidínicos em baixas doses; • Traços de tussilagina e isotussilagina; • Polissacarídeos e poliacetilenos (arabinogalactanos); • Outros: Equinolona, betaína, fitoesteróis (beta-sitosterol e estigmasterol),

óleos essenciais (1%) (humuleno, burnilacetato, germacreno D, cariofileno, campferol), isobutilamidas (abundante tanto nas raízes como partes aéreas); inulina – 7%; minerais (zinco e enxofre); vitaminas (tiamina, riboflavina, A, C, E); ácidos orgânicos (verbascólico, clorogênico e derivados, cafeoil-etílico), ácidos graxos; flavonoides (quercitina e rutina) e taninos.

TROPISMO: Sistema imunológico. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Infecções de repetição,

imunodeficiências secundárias e alergias em geral. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antisséptica, antifúngica, antiviral, febrífuga, desintoxicante, anti-inflamatória e antialérgica suave.

• Boca: analgésica e anti-inflamatória tópica. • Pele e anexos: antisséptica e cicatrizante. • Sistema imunológico: antialérgica, imunomoduladora e antiviral. • Sistema respiratório: antialérgica e antigripal. • Sistema urinário: antisséptica das vias urinárias.

COMENTÁRIOS: A Echinacea é um dos medicamentos fitoterápicos mais vendidos no mundo

todo. O interesse moderno pela Echinacea deve-se às suas propriedades imunomoduladoras, particularmente na prevenção e tratamento das infecções das vias respiratórias superiores (IVAS). Essas propriedades já foram confirmadas por alguns ensaios clínicos de boa qualidade (Barnes et al., 2005; Shah et al., 2007).

A atividade imunoestimulante da equinácea é dada pelas aminas lipofílicas (alquilaminas) e pelos derivados do ácido cafeico polares (por exemplo, o ácido chicórico). Esses compostos estimulam a fagocitose dos macrófagos e aumentam a mobilidade dos leucócitos. Os arabinogalactanos estimulam a produção de TNF, IL-1 e interferon beta 2 (ação virustática).

Page 22: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

22

A atividade anti-inflamatória e analgésica se dão pela ação das alquilaminas. Além disto, a equinácea possui atividades bacterostáticas e fungostáticas. Vários vírus são inibidos na sua replicação pela ação da equinácea: influenza (Fusco et al., 2010; Pleschka et al., 2009), herpes (Binns et al., 2002) e da estomatite.

Deve-se tomar cuidado com produtos comercializados pois podem não ser de boa qualidade. MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 1–2 mL, 2–3 x/dia (E. angustifolia), ou 3 mL, 3 x/dia (E. purpurea) (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Infusão (planta toda) – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Decocção (raízes) – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Extrato seco – Uso oral: 250 mg, 1–3 x/dia (equivalente a 10–30 mg de ácido chicórico por dia) (BRASIL, 2016).

• Extrato seco (5,5 – 7.5:1) – Uso oral: comprimidos de 30 mg, 6-9 comprimidos por dia (equivalente a 200 mg de droga vegetal) (BRASIL, 2016).

• Droga vegetal (raízes) – Uso oral: 2 cápsulas, 3 x/dia (BRASIL, 2016). • Sumo liofilizado da planta inteira – Uso oral: 1 cápsula contém o

equivalente a 3 mL do sumo fresco, tomar 1 cápsula, 2–3 x/dia (BRASIL, 2018).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Não utilizar por período superior a quinze dias. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Evitar uso concomitante com hormônios anabolizantes e esteroidais, amiodarona, metotrexato, corticoides e outros imunosupressores. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Doses elevadas podem causar náuseas, vertigens, irritação da faringe, hepatite, asma e sialorreia. Evitar uso por período maior que 60 dias, pois pode favorecer o aparecimento de nódulos subcutâneos dolorosos. Evitar uso, segundo orientação da Comissão E, nas doenças autoimunes (lúpus eritematosos sistêmico, e outras colagenoses) ou progressivas (esclerose múltipla, diabetes, HIV, tuberculose), até que se tenha estudos que garantam segurança nestes casos. Doses altas por tempo prolongado (acima de 2 meses de tratamento) podem provocar excessiva estimulação ou até supressão imunológica (efeitos paradoxais). Estudos em animais, utilizando grandes doses de Echinacea spp não demonstraram efeitos tóxicos significativos. Os alcaloides pirrolizidínicos encontrados nesta planta são destituídos de efeitos hepatotóxicos pela inexistência do sistema cíclico necina 1,2 insaturado. Há mínima chance de mutagenicidade pelos estudos feitos com equinácea, com inocuidade genética em doses acima de 500 mg/kg.

Page 23: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

23

Própolis

ESPÉCIE E FAMÍLIA: Não se aplica. HISTÓRICO:

A palavra própolis deriva do grego Pro = a favor, e Polis = cidade. A própolis concentra os constituintes das resinas de vários tipos de plantas, coletada e trabalhada pelas abelhas. As abelhas carregam a própolis em suas patas traseiras para suas colmeias onde é combinada com uma cera produzida pelas abelhas. As resinas são misturadas às enzimas salivares das abelhas, para uma pré-digestão parcial, para depois serem usadas. Esse material produzido pelas abelhas operárias é usado como um selante e esterilizador da colmeia. Esta combinação tem propriedades bactericidas e fungicidas que servem para proteger a colmeia contra doenças e agentes climáticos. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

Mais de 300 compostos diferentes foram identificados até agora na própolis. Possui grande conteúdo em enzimas (amilases, catepsinas, lipases, tripsinas, estepsinas), 38 tipos de flavonoides, minerais (ferro e zinco os mais comuns), vitaminas, resinas e bálsamos vegetais (50%), gamaglobulinas, óleo essencial 10%, pólen 5%, hidroquinona, ácido cafeico e seus ésteres, aminoácidos (arginina e prolina) etc. TROPISMO: Sistema imunológico. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Infecções bacterianas das vias

aéreas superiores. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antimicrobiana, anti-inflamatória, imunomoduladora, antioxidante e antitumoral.

COMENTÁRIOS: MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 0,5–1 gotas/kg/dia, em 3 x/dia, diluídas em água (Pereira et al., 2014).

ADVERTÊNCIAS:

Page 24: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

24

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. Deve ser evitado em pessoas com alergia a pólen, mel, abelhas ou picadas de abelhas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não há dados na literatura.

Glycyrrhiza glabra

ESPÉCIE: Glycyrrhiza glabra L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Glycyrrhiza brachycarpa Boiss., Glycyrrhiza glandulifera

Waldst. & Kit., Glycyrrhiza hirsuta Pall., Glycyrrhiza pallida Boiss. & Noe, Glycyrrhiza pallida Boiss., Glycyrrhiza violacea Boiss. & Noe.

FAMÍLIA: Fabaceae. NOMES REGIONAIS: Alcaçuz. HISTÓRICO:

Esta planta é nativa do sul da Europa, Índia e partes da Ásia. É fonte de compostos que dão sabor aos alimentos. Seu nome em inglês, liquorice ou licorice, deriva do grego e significa “raiz doce.” PARTE UTILIZADA: Raízes. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Ácidos glicirretínico, glicirrízico e uralênico; • Cumarinas; • Glicirrizina (30–50 vezes mais doce que açúcar); • Glicosídeos; • Isoliquiritigenina, isoliquiritina, licoricona, liquiritigenina, liquiritina; • Óleo essencial (anetol); • Saponinas; • Taninos; • Triterpenos.

TROPISMO: Sistema respiratório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções inflamatórias das vias

aéreas superiores e inferiores. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

Page 25: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

25

• Geral: anti-inflamatória, antimicrobiana, antioxidante, antisséptica, antitumoral e tônica.

• Sistema respiratório: anti-inflamatória, expectorante e antimicrobiana. • Sistema digestório: antiespasmódica e laxativa. • Sistema urinário: diurética.

COMENTÁRIOS: O alcaçuz é extensamente usado na fabricação de xaropes e outros

medicamentos para tosse nos países da América do Norte e da Europa. MODO DE USAR:

• Droga vegetal – Uso oral: 5–15 g/dia (correspondendo a 200–800 mg de glicirrizina) por, no máximo, 4–6 semanas (WHO, 1999).

• Extrato seco da raiz – Uso oral: para dispepsia, 1 cápsula contém o equivalente a 32 mg de extrato mole, tomar 1 cápsula, 2–3 x/dia (BRASIL, 2018); para tosse, 1 cápsula contém o equivalente a 1,2–1,5 g de extrato mole, tomar 1 cápsula, 3–4 x/dia (BRASIL, 2018).

• Xarope – Uso oral: conforme orientações em bulas de produtos industrializados.

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Não deve ser usado por pessoas portadoras de hipertensão arterial ou de cardiopatias congênitas ou adquiridas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Pode potencializar a atividade de corticosteroides, e pode reduzir a eficácia de medicamentos anti-hipertensivos. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Tem atividade corticosteroide, porque os compostos glicirrizina e enoxolona inibem a degradação do cortisol, podendo levar a edema, hipocalemia, ganho de peso e hipertensão arterial.

Page 26: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

26

Pelargonium sidoides

ESPÉCIE: Pelargonium sidoides DC. SINONÍMIA BOTÂNICA: Não há. FAMÍLIA: Geraniaceae. NOMES REGIONAIS: Pelargônio e gerânio sul-africano. HISTÓRICO:

O Pelargonium sidoides é uma espécie cujo gênero é encontrado somente na África do Sul. Os arbustos, que podem atingir 50 cm de altura, são adornados com flores roxas. Foi descoberto (no mundo ocidental) por um inglês, M.C.H. Stevens infectado por tuberculose, que tinha deixado a África do Sul em 1897 para desfrutar de um clima mais ameno. Um feiticeiro da África do Sul deu-lhe uma decocção de Pelargonium e o efeito foi muito positivo. PARTE UTILIZADA: Raízes. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Umckaline • Derivados de cumarinas • Flavonoides • Taninos

TROPISMO: Sistema imunológico. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções inflamatórias e infecciosas

das vias aéreas superiores. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antibacteriana, antiviral, expectorante e estimulante imunológica. • Sistema respiratório: expectorante.

COMENTÁRIOS:

Page 27: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

27

Vários estudos têm demonstrado a ação antibacteriana do Pelargonium e sua eficácia no tratamento de bronquite aguda, por exemplo. Parece que o efeito farmacológico de Pelargonium é baseado no fato de que esta planta impede que as bactérias e os vírus se liguem às células da mucosa do sistema respiratório. De fato, um extrato padronizado de P. sidoides (EPs® 7630) interfere na replicação de influenza A (H1N1, H3N2), vírus sincicial respiratório, coronavírus humano, parainfluenza e coxsackie (Michaelis, Doerr e Cinatl Jr, 2011; Theisen e Muller, 2012).

Evidências de 20 ensaios clínicos envolvendo mais de 9000 pacientes (incluindo 3900 crianças) comprovam que o uso de P. sidoides reduz a intensidade e duração dos sintomas de pacientes com faringo-amigdalite aguda não estreptocócica, bronquite aguda (viral), sinusite aguda (viral) e IVAS (Timmer et al., 2013).

A P. sidoides produz efeitos imunoestimulantes (não específicos): • Estimula a frequência dos batimentos ciliares das células epiteliais • Estimula a síntese de interferon e citocinas • Aumenta a atividade de células natural killer • Estimula a atividade fagocitária • Estimula a expressão das células de adesão e da quimiotaxia • Inibe a elastase de leucócitos humanos

Efeitos bacteriostáticos moderados: • Inibição da adesão do Streptococcus A às células epiteliais • Inibição da beta-lactamase

MODO DE USAR: • Solução oral – Uso oral: Conforme recomendações descritas nas bulas dos

medicamentos industrializados. • Extrato fluido – Uso oral: 1,19–1,25 mL, 3 x/dia (EMA, 2012).

o Uso pediátrico (6–12 anos): 0,79–0,83 mL, 3 x/dia (EMA, 2012). • Extrato seco – Uso oral: 20 mg, 3 x/dia (EMA, 2012).

o Uso pediátrico (6–12 anos): 20 mg, 2 x/dia (EMA, 2012). ADVERTÊNCIAS:

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. Contraindicada nas doenças renais ou cardíacas, e distúrbios de coagulação. O tratamento deve durar 5 a 7 dias, não excedendo 3 semanas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Pode interferir na farmacocinética dos beta-lactâmicos. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Em casos raros pode haver alterações gastrintestinais como náuseas e diarreia, leve sangramento gengival ou nasal, ou reações de hipersensibilidade como rash cutâneo e prurido.

Outras plantas úteis para o sistema respiratório • Vernonia polyanthes (assa-peixe): asma, IVAS, tosse

• Polygala senega (polígala): asma, faringoamigdalite bacteriana, tosse

• Glycyrrhiza glabra (alcaçuz): IVAS, tosse

• Salix alba (salgueiro): IVAS

• Allium sativum (alho): IVAS, tosse

• Foeniculum vulgare (funcho): IVAS

Page 28: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

28

• Malva sylvestris (malva): faringoamigdalite bacteriana, tosse

• Lippia sidoides (alecrim-pimenta): faringoamigdalite bacteriana

• Illicium verum (anis estrelado): tosse

• Mentha pulegium (poejo): tosse

• Pimpinella anisum (erva doce): tosse

Referências AHUI, M. L. B. et al. Ginger prevents Th2-mediated immune responses in a mouse

model of airway inflammation. International immunopharmacology, v. 8, n. 12, p. 1626–32, 10 dez. 2008.

ALVIANO, D. S. et al. Antinociceptive and free radical scavenging activities of Cocos nucifera L. (Palmae) husk fiber aqueous extract. Journal of ethnopharmacology, v. 92, n. 2–3, p. 269–73, jun. 2004.

ARORA, R. et al. Potential of Complementary and Alternative Medicine in Preventive Management of Novel H1N1 Flu (Swine Flu) Pandemic: Thwarting Potential Disasters in the Bud. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine, v. 2011, p. 586506, 2011.

BANKAR, G. R. et al. Vasorelaxant and antihypertensive effect of Cocos nucifera Linn. endocarp on isolated rat thoracic aorta and DOCA salt-induced hypertensive rats. Journal of ethnopharmacology, v. 134, n. 1, p. 50–4, 8 mar. 2011.

BARNES, J. et al. Echinacea species (Echinacea angustifolia (DC.) Hell., Echinacea pallida (Nutt.) Nutt.,Echinacea purpurea (L.) Moench): a review of their chemistry, pharmacology and clinical properties. The Journal of pharmacy and pharmacology, v. 57, n. 8, p. 929–54, ago. 2005.

BINNS, S. E. et al. Antiviral activity of characterized extracts from echinacea spp. (Heliantheae: Asteraceae) against herpes simplex virus (HSV-I). Planta Med, v. 68, n. 9, p. 780–783, 2002.

BOLINA, R. C.; GARCIA, E. E.; DUARTE, M. G. R. Comparative study of the chemical composition of the species Mikania glomerata Sprengel and Mikania laevigata Schultz Bip. ex Baker. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 19, p. 294–298, 2009.

BRASIL. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 1a. ed. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2011.

___. Instrução Normativa (IN) no 2 de 13 de maio de 2014. Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado e Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)., 2014.

___. Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. 1a. ed. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2016.

___. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (Primeiro Suplemento)BrasíliaAgência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), , 2018.

CHATTOPADHYAY, I. et al. Turmeric and curcumin: Biological actions and medicinal applications. Current Science, v. 87, n. 1, p. 44–53, 2004.

COSTA, C. T. C.; BEVILAQUA, C. M. L. TOXICOLOGICAL ACTIVITY EVALUATION OF Cocos nucifera L. IN EXPERIMENTAL MODELS. CEP, 2011.

CWIENTZEK, U.; OTTILLINGER, B.; ARENBERGER, P. Acute bronchitis therapy with ivy leaves extracts in a two-arm study. A double-blind, randomised study

Page 29: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

29

vs. an other ivy leaves extract. Phytomedicine, v. 18, n. 13, p. 1105–1109, 2011.

DEBMANDAL, M.; MANDAL, S. Coconut (Cocos nucifera L.: Arecaceae): In health promotion and disease prevention. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, v. 4, n. 3, p. 241–247, 2011.

EMA. Community herbal monograph on Pelargonium sidoides DC and / or Pelargonium reniforme Curt., radix. Disponível em: <http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Herbal_-_Community_herbal_monograph/2013/02/WC500138439.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2017.

ESQUENAZI, D. et al. Antimicrobial and antiviral activities of polyphenolics from Cocos nucifera Linn. (Palmae) husk fiber extract. Res. Microbiol., v. 153, n. 10, p. 647–652, 2002.

FAZIO, S.; POUSO, J.; DOLINSKY, D. Hedera helix extract in inflammatory bronchial diseases under clinical practice conditions: A prospective, open, multicentre postmarketing study in 9657 patients. Phytomedicine, v. 16, p. 17–24, 2009.

FUSCO, D. et al. Echinacea purpurea aerial extract alters course of influenza infection in mice. Vaccine, v. 28, n. 23, p. 3956–3962, 2010.

GHAYUR, M. N.; GILANI, A. H.; JANSSEN, L. J. Ginger attenuates acetylcholine-induced contraction and Ca2+ signalling in murine airway smooth muscle cells. Canadian journal of physiology and pharmacology, v. 86, n. 5, p. 264–71, maio 2008.

HORNUNG, B.; AMTMANN, E.; SAUER, G. Lauric acid inhibits the maturation of vesicular stomatitis virus. The Journal of general virology, v. 75 ( Pt 2), p. 353–61, mar. 1994.

JAGETIA, G. C.; AGGARWAL, B. B. “Spicing up” of the immune system by curcumin. J Clin Immunol, v. 27, n. 1, p. 19–35, 2007.

JURENKA, J. S. Anti-inflammatory properties of curcumin, a major constituent of Curcuma longa: a review of preclinical and clinical research. Altern Med Rev, v. 14, n. 2, p. 141–153, 2009.

KARAMAN, M. et al. Anti-inflammatory effects of curcumin in a murine model of chronic asthma. Allergol Immunopathol (Madr), v. 40, n. 4, p. 210–214, 2012.

KIEFER, D. Novel Turmeric Compound Delivers Much More Curcumin to the Blood. Disponível em: <http://www.lef.org/magazine/2007/10/report_curcumin/Page-01>. Acesso em: 21 jan. 2017.

KIM, D. H.; PHILLIPS, J. F.; LOCKEY, R. F. Oral curcumin supplementation in patients with atopic asthma. Allergy Rhinol (Providence), v. 2, n. 2, p. e51-3, 2011.

KIRSZBERG, C. et al. The effect of a catechin-rich extract of Cocos nucifera on lymphocytes proliferation. Phytotherapy research : PTR, v. 17, n. 9, p. 1054–8, nov. 2003.

LEAL, L. K. et al. Antinociceptive, anti-inflammatory and bronchodilator activities of Brazilian medicinal plants containing coumarin: a comparative study. Journal of ethnopharmacology, v. 70, n. 2, p. 151–9, maio 2000.

LINO, C.; TAVEIRA, M. Analgesic and antiinflammatory activities of Justicia pectoralis Jacq and its main constituents: coumarin and umbelliferone. Phytotherapy …, v. 11, n. October 1996, p. 211–215, 1997.

Page 30: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

30

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.

MENDONÇA-FILHO, R. R. et al. Leishmanicidal activity of polyphenolic-rich extract from husk fiber of Cocos nucifera Linn. (Palmae). Research in microbiology, v. 155, n. 3, p. 136–43, abr. 2004.

MICHAELIS, M.; DOERR, H. W.; CINATL JR, J. Investigation of the influence of EPs® 7630, a herbal drug preparation from Pelargonium sidoides, on replication of a broad panel of respiratory viruses. Phytomedicine, v. 18, n. 5, p. 384–386, 2011.

MICROMEDEX [INTERNET]. Turmeric. Disponível em: <http://psbe.ufrn.br/>. Acesso em: 30 abr. 2017.

NAPIMOGA, M. H.; YATSUDA, R. Scientific evidence for Mikania laevigata and Mikania glomerata as a pharmacological tool. J Pharm Pharmacol, v. 62, n. 7, p. 809–820, 2010.

OH, S.-W. et al. Curcumin attenuates allergic airway inflammation and hyper-responsiveness in mice through NF-κB inhibition. J Ethnopharmacol, v. 136, n. 3, p. 414–421, jul. 2011.

PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 1a. ed. São Paulo: Bertolucci, 2014.

___. Formulário de Preparação Extemporânea. 1a. ed. São Paulo: Bertolucci, 2017a.

___. Formulário de Preparação Extemporânea da Farmácia da Natureza. 1a. ed. São Paulo: Bertolucci, 2017b.

PLESCHKA, S. et al. Anti-viral properties and mode of action of standardized Echinacea purpurea extract against highly pathogenic avian Influenza virus (H5N1, H7N7) and swine-origin H1N1 (S-OIV). Virol J, v. 6, n. 1, p. 197, 2009.

PROJAN, S. J. et al. Glycerol monolaurate inhibits the production of beta-lactamase, toxic shock toxin-1, and other staphylococcal exoproteins by interfering with signal transduction. Journal of bacteriology, v. 176, n. 14, p. 4204–9, jul. 1994.

RAM, A.; DAS, M.; GHOSH, B. Curcumin attenuates allergen-induced airway hyperresponsiveness in sensitized guinea pigs. Biol Pharm Bull, v. 26, n. 7, p. 1021–4, jul. 2003.

SCHMIDT, M.; THOMSEN, M.; SCHMIDT, U. Suitability of ivy extract for the treatment of paediatric cough. Phytotherapy Research, v. 1947, n. February, p. 1942–1947, 2012.

SHAH, S. A. et al. Evaluation of echinacea for the prevention and treatment of the common cold: a meta-analysis. Lancet Infect Dis, v. 7, n. 7, p. 473–480, 2007.

SIEBEN, A. et al. Alpha-hederin, but not hederacoside C and hederagenin from Hedera helix, affects the binding behavior, dynamics, and regulation of beta 2-adrenergic receptors. Biochemistry, v. 48, n. 15, p. 3477–82, 21 abr. 2009.

SOARES DE MOURA, R. et al. Bronchodilator activity of Mikania glomerata Sprengel on human bronchi and guinea-pig trachea. J Pharm Pharmacol, v. 54, n. 2, p. 249–256, 2002.

SRIVASTAVA, G.; MEHTA, J. L. Currying the heart: curcumin and cardioprotection. J Cardiovasc Pharmacol Ther, v. 14, n. 1, p. 22–27, 2009.

THEISEN, L. L.; MULLER, C. P. EPs® 7630 (Umckaloabo®), an extract from Pelargonium sidoides roots, exerts anti-influenza virus activity in vitro and in vivo. Antiviral Research, v. 94, n. 2, p. 147–156, 2012.

Page 31: Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 2. Sistema …...• Sistema nervoso: tônica, analgésica na enxaqueca, antidepressiva, reguladora do sono e anticonvulsivante. • Sistema

Farmácia da Natureza

31

TIMMER, A. et al. Pelargonium sidoides extract for treating acute respiratory tract infections. The Cochrane database of systematic reviews, v. 10, p. CD006323, jan. 2013.

WHO. WHO Monographs on selected medicinal plants (Volume 1). 1st. ed. Geneva: World Health Organization, 1999. v. 1

ZAKAY-RONES, Z. et al. Randomized study of the efficacy and safety of oral elderberry extract in the treatment of influenza A and B virus infections. The Journal of international medical research, v. 32, n. 2, p. 132–40, 2004.