Aula Apostila Marcia COPPE

download Aula Apostila Marcia COPPE

of 42

Transcript of Aula Apostila Marcia COPPE

  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    1/42

    Introduo a Tcnicas de Controle Ambientalem Efluentes Lquidos

    Profa. Mrcia Dezotti PE Q/ COPPE/ UFRJ

    CAPTULO 3

    TTRRAATTAAMMEENNTTOOPPRRIIMMRRIIOOEESSEECCUUNNDDRRIIOODDEEEEFFLLUUEENNTTEESS

    ndice1. Tratamento Primrio de Efluentes1.1 Introduo1.2 O Tratamento Primrio2.Tratamento Secundrio de Efluentes2.1 Consideraes Iniciais

    2.2 Tratamento Aerbio de Efluentes2.3 Morfologia dos Aglomerados Microbianos2.4 Composio dos Aglomerados Microbianos2.5 Lodos Ativados2.6 Lagoas Aeradas2.7 Lagoas de Estabilizao2.8 Filtro Biolgico2.9 Remoo de Fsforo

    11..TTRRAATTAAMMEENNTTOO PPRRIIMMRRIIOO DDEEEEFFLLUUEENNTTEESS

    11..11 IInnttrroodduuoo

    O grau de tratamento de um determinado efluente sempre ser funo

    da qualidade do corpo receptor e das caractersticas necessrias para o uso da

    gua a jusante do ponto de lanamento, da capacidade de autodepurao e

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    2/42

    diluio do corpo dgua, da Legislao Ambiental e das conseqncias do

    lanamento destes efluentes.

    O lanamento de efluentes nos corpos receptores tem as seguintes

    conseqncias no corpo receptor:

    Problemas de natureza ambiental ou ecolgica: a presena da matria

    orgnica dos efluentes leva a uma depleo do oxignio dissolvido na massa de

    gua e reduz a vida aqutica,

    Problemas de sade pblica: a presena de possveis agentes transmissores

    de doenas de veiculao hdrica coloca em risco a sade da populao.

    A capacidade de autodepurao de um rio tpica e funo de uma

    srie de fatores. Ser justamente esta capacidade de depurao que deveindicar a quantidade de efluentes ou de matria orgnica, que poder ser

    lanada no curso dgua, a fim de que a uma determinada distncia do ponto de

    lanamento existam condies de vida e de uso da gua.

    A vida aqutica pode ser relacionada porcentagem de saturao do

    oxignio dissolvido presente (ou concentrao de OD presente). A tabela 1

    mostra as condies de vida aqutica em relao a DBO e ao OD.

    Tabela 1. Condies de vida aqutica em relao DBO e ao OD.

    Condio do rio DBO, 20o Cmg/L

    Aspectoesttico

    OD, % dasaturao

    Condio de vidados peixes

    Muito limpo 1 Bom 80 % Vida aquticaLimpo ~2 Bom 80 % Vida aquticaRelativamentelimpo

    ~ 3 Bom 80 % Vida aqutica

    Duvidoso ~ 5 Turbidez 50 % S os mais resistentes

    Podre ~ 7,5 Turbidez 50 % S os mais resistentesMau ~ 10 Mau Quase nulo DifcilPssimo ~ 20 mau Nulo Difcil

    A seleo do tipo e do grau de tratamento de um efluente a ser lanado

    em um curso dgua considera dois aspectos fundamentais:

    o conhecimento dos usos benficos desejados para um corpo dgua, e por

    conseguinte dos padres de qualidade a serem mantidos;

    o conhecimento da capacidade de autodepurao do corpo receptor.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    3/42

    Estes dois aspectos iro determinar a disponibilidade de um corpo

    dgua em receber lanamentos de efluentes com grau compatvel com os

    padres de qualidade a serem mantidos e a sua capacidade de autodepurao.

    Os critrios de seleo do tipo e grau de tratamento esto tambm

    relacionados s exigncias da Legislao Ambiental, cuja pea fundamental, no

    mbito federal, no Brasil, a Lei 6938 de 31 de agosto de 1981, que institui a

    Poltica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e o Decreto 99.274, de 6 de maio

    de 1990.

    Esses critrios so baseados no seguinte conceito de poluio: poluio

    um termo relativo, que se relaciona com a introduo ou com a presena de

    qualquer substncia no recurso hdrico, capaz de alterar, suprimir, ou dealguma forma interferir com o uso esperado ou desejado daquele recurso

    hdrico.

    Muitas vezes so necessrios vrios processos de tratamento de

    efluentes para o seu enquadramento dentro dos padres estabelecidos pela

    Legislao Ambiental. Estes processos so chamados de primrio, secundrio,

    tercirio e at quaternrio e so recomendados de acordo com a natureza do

    efluente a ser tratado.

    11..22 OOTTrraattaammeennttooPPrriimmrriioo

    O tratamento primrio de despejos tem por finalidade a remoo do

    material slido em suspenso e/ou flutuante ou ainda o ajuste do pH para

    posterior tratamento do despejo (ex. coagulao-floculao para a remoo das

    substncias no estado coloidal).Desde que sua qualidade esteja de acordo com os padres de

    lanamento de despejos, o efluente de uma unidade de tratamento primrio

    pode ser diretamente lanado no corpo receptor. Caso contrrio, este efluente

    deve ser conduzido para uma outra unidade de tratamento de modo a receber

    um tratamento subsequente (tratamento secundrio e/ou tratamento tercirio).

    Nesse caso, o tratamento pode ser denominado de pr-tratamento e pode ter o

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    4/42

    objetivo de condicionamento do despejo para o prximo tratamento, ou retirar

    parte da matria orgnica ou inorgnica.

    Os tratamentos primrios mais comumente empregados:

    AAA---GGGRRR AAADDDEEE AAAMMMEEENNNTTTOOO

    BBB---SSS EEE DDDIIIMMMEEENNNTTTAAAOOO

    CCC---EEE QQQUUUAAALLL IIIZZZAAA OOO

    DDD---NNNEEEUUUTTTRRRAAALLL IIIZZZAAAOOO(((cccooorrrrrreeeooodddeeepppHHH)))

    EEE---FFF LLL OOOTTTAAAOOO

    AAAGGGRRR AAADDDEEE AAAMMMEEENNNTTTOOOO gradeamento usado para remoo de material slido grosseiro e tem

    como finalidade condicionar o efluente para a etapa posterior de tratamento. A

    abertura das malhas da grade varia de acordo com o objetivo da remoo

    desses slidos.

    A.1 - grades de grande abertura (coarse screens): apresentam aberturas de

    malha de 1 1/2" a 3" e so usadas principalmente para proteo de

    equipamentos (bombas de circulao, grelha de arraste de slidos do fundo desedimentadores, raspadores de fundo, etc.). Em alguns casos extremos podem

    ainda ser utilizados dispositivos para a fragmentao prvia dos slidos de

    grandes dimenses, denominados de fragmentadores ou picadores (shredders).

    A limpeza das grades deve ser feita periodicamente por meio mecnico -

    manual/automtico.

    Os resduos slidos retidos nas grades podem ser depositados em

    aterros sanitrios, incinerados ou, mais comumente encaminhados parareatores para decomposio anaerbia

    A.2 - grades de pequena abertura (fine screens): apresentam aberturas de

    malha de 3/16", ou menor, algumas vezes podem substituir os sedimentadores.

    Em comparao com os sedimentadores convencionais, essas grades

    apresentam as seguintes desvantagens:

    - removem apenas entre 5 % e 25 % dos SS enquanto que os sedimentadores

    removem entre 40 % a 60 % dos SS.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    5/42

    - entopem com grande freqncia, interrompendo a operao.

    BBB---SSSEEEDDDIIIMMMEEENNNTTTAAAOOO

    uma operao empregada para a remoo de slidos em suspenso

    no retidos pelas grades. A sedimentao uma operao unitria

    convencional para a separao slido - lquido e se baseia na diferena de

    densidade entre as fases.

    No processo de lodos ativados, a separao slido - lquido por

    sedimentao, ocorre nas seguintes fases do processo:

    a) na caixa de areia: nessa fase removida a matria slida de natureza

    inorgnica (em geral, partculas de areia carreadas pelas guas pluviais).

    b) no sedimentador primrio: essa unidade de separao slido - liquido

    precede o tanque de aerao (reator biolgico) e so removidas as partculas

    de natureza orgnica de pequenas dimenses. Os slidos retidos neste

    sedimentador, que so continuamente retirados pelo fundo do sedimentador,

    podem ser descartados da mesma forma que os demais slidos orgnicos,

    mas, em geral, so diretamente conduzidos ao reator anaerbio.

    c) no sedimentador secundrio: essa unidade vem aps o tratamentosecundrio e remove a massa de microrganismos (lodo ativado, p. ex.) que se

    desenvolveu. Parte desses slidos reciclada para a unidade de tratamento

    secundrio e o excesso conduzido ao reator anaerbio para digesto.

    As formas de sedimentao dependem, essencialmente, da natureza das

    partculas slidas presentes na suspenso e pode ser designada por:

    1. sedimentao discreta.

    2. sedimentao floculenta.3. sedimentao zonal.

    1. sedimentao discreta: na sedimentao discreta as partculas slidas em

    processo de sedimentao mantm-se isoladas das demais, ou seja, no

    ocorre aglomerao entre elas e desse modo cada partcula mantm

    inalteradas as suas caractersticas fsicas (forma, tamanho, densidade). Por

    exemplo, a sedimentao das partculas de areia na caixa de areia.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    6/42

    2. sedimentao floculenta: ocorre aglomerao das partculas acarretando

    alteraes considerveis de suas caractersticas fsicas e, consequentemente,

    das suas caractersticas de sedimentabilidade. Por exemplo, a sedimentao

    das partculas de natureza orgnica que ocorre no sedimentador primrio do

    processo de lodo ativado.

    3. sedimentao zonal:a sedimentao se d na forma de um bloco. Aparece

    quase que instantaneamente uma interface lmpida slido-lquido que vai

    baixando no sedimentador. Por exemplo, a sedimentao do lodo ativado no

    sedimentador secundrio e a sedimentao de flocos de hidrxido de alumnio

    resultantes do processo de coagulao-floculao (tratamento fsico-qumico)

    de despejos oleosos (emulses).O dimensionamento da rea do sedimentador deve ser adequado de

    forma a garantir a separao e a acomodao dos slidos j sedimentados. A

    altura do sedimentador deve ser suficiente apenas para acomodar as ps do

    raspador de fundo para a retirada contnua dos slidos sedimentados.

    CCCEEEQQQUUUAAALLL IIIZZZAAAOOO

    O tratamento ou pr-tratamento denominado de equalizao e/oucorreo de pH, aplicado nos seguintes casos:

    1. Anteriormente ao descarte do efluente no corpo receptor, nesse caso a

    correo do pH do despejo imperativa, j que a vida aqutica do corpo

    receptor muito sensvel ao pH do meio, o qual deve oscilar em torno de 7,0 (

    6,8 a 7,2).

    2. Anteriormente ao descarte do efluente no sistema coletor de esgotos

    municipal, o pH do efluente deve estar em torno do valor 7,0. sempre maiseconmico corrigir o pH de pequenos volumes de despejos industriais do que

    grandes volumes de despejos combinados (municipal e industrial).

    3. Anteriormente ao tratamento qumico ou biolgico do efluente. Para garantir

    uma boa atividade biolgica o pH deve estar na faixa de 6,8 a 7,2.

    DDD---NNNEEE UUUTTTRRR AAALLL IIIZZZAAA OOO(((cccooorrrrrreeeooodddeeepppHHH)))

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    7/42

    Mtodos de correo do pH de efluentes

    1. equalizao: consiste na mistura de despejos cidos e alcalinos de forma que

    o pH resultante seja mais prximo do pH desejado.

    2. correo direta do pH: como o nome indica, consiste na adio de cido/base

    a fim de corrigir o pH do despejo para o valor desejado.

    EEE---FFFLLL OOOTTTAAA OOO

    Remoo de Substncias em Estado Coloidal

    Em 1861, nas pesquisas realizadas sobre a difuso de substncias

    qumica em soluo, Graham constatou que as mesmas podiam ser

    diferenciadas entre si pela velocidade com que se difundiam atravs de uma

    membrana. s substncias que se difundiam com maior velocidade (acar,

    sal, etc.) Graham denominou de cristalides e, quelas que se difundiam com

    menor velocidade denominou de colides (gelatina, albumina, cola, etc), por

    apresentarem caractersticas semelhantes s da cola.

    Todavia, esta classificao no de modo algum rgida, pois uma

    substncia com estrutura cristalina definida (cristalide) pode apresentar

    caractersticas semelhantes s das substancias coloidais e vice-versa. Porexemplo, os sais de sdio de cidos graxos, os sabes, quando dissolvidos em

    lcool apresentam caractersticas de colides.

    Ao invs de se empregar o termo substncia coloidal, emprega-se mais

    comumente o termo estado coloidal ou ainda o termo sistema coloidal, a fim de

    caracterizar o estado particular em que certas substncias se encontram em

    soluo.

    propriedades gerais de sistemas coloidais:Em uma soluo verdadeira (uria, sacarose, cloreto de sdio, etc.)

    acredita-se que as partculas do soluto sejam do tamanho da molcula do

    soluto. Por outro lado, uma suspenso (slido/lquido) ou emulso

    (lquido/lquido) contm um nmero relativamente grande de partculas visveis

    a olho nu ou no microscpio tico, dispersas na fase contnua (liquido). Entre

    esses dois extremos, encontram-se partculas constituintes dos sistemas

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    8/42

    coloidais, as quais so de tamanho maior que as molculas do soluto, porm

    ainda invisveis ao microscpio tico (tamanho variando de 1 m a 200m).

    Os sistemas coloidais apresentam certas propriedades que os

    distinguem dos demais sistemas. Toma-se, geralmente, como limite superior do

    tamanho da partcula do sistema coloidal, o valor mnimo de visibilidade do

    microscpio tico (200m) enquanto que como limite inferior toma-se o valor de

    1m (10m = 10-9 m). Este valor j se situa dentro da ordem de grandeza do

    dimetro das molculas de alta massa molar, tais como: amido, protenas, etc.

    dilise e fitrao:

    Os melhores papis de filtro podem reter partculas de dimetro superior

    a 1 m e, portanto as partculas coloidais no podem ser removidas por

    filtrao.

    O processo de dilise baseia-se na propriedade pela qual as partculas

    da soluo verdadeira, desde que no sejam de grande tamanho, podem

    passar atravs de uma membrana semi-permevel, enquanto que as partculas

    coloidais, devido ao seu tamanho relativamente grande ficam retidas.

    Embora o tamanho da partcula exera um papel importante no processo

    de dilise, este no o nico fator determinante pois um outro, igualmente

    importante, est relacionado com a interao partcula/membrana (adsoro,

    difuso atravs da membrana e desoro).

    sistemas dispersos:

    Os sistemas coloidais so sistemas constitudos de 2 fases denominadas

    de:

    fase dispersa: a fase constituda pelas partculas coloidais.

    fase contnua (meio de disperso): a fase na qual as partculas da fasedispersa esto distribudas.

    Ao conjunto fases dispersa/contnua, se d o nome de sistema disperso,

    os quais podem ser slidos (ligas metlicas), lquidos (emulses) e gasosos

    (aerossis, ex.: vapor d'gua na atmosfera).

    sistemas lifilos e lifobos:

    Quando a fase contnua a gua, os sistemas dispersos so

    denominados de:

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    9/42

    - lifobos(averso gua): so definidos como sistemas lifobos, os sistemas

    coloidais que a fase dispersa tende a se separar da fase contnua.

    - lifilos (afinidade pela gua): so definidos como os sistemas coloidais nos

    quais h uma grande afinidade entre as fases.

    A Tabela 2 apresenta o grau de dificuldade na remoo de partculas de

    natureza coloidal por ao gravitacional.

    Tabela 2. Tempo de sedimentao de diversos materiais.

    Dimetro da

    partcula

    (mm)

    material Tempo de

    sedimentao

    da coluna

    10 Brita 1 seg

    1 Areia 10 seg

    10-1 Areia 2 min

    10-2 Argila 2 h

    10-3 Bactria 8 dias

    10-4 Partcula coloidal 2 anos

    10-5 Partcula coloidal 20 anos

    Esses resultados mostram que a velocidade de sedimentao das

    partculas coloidais extremamente baixa. No entanto, qualquer processo de

    separao de partculas coloidais baseado na separao gravitacional no deve

    ser descartado.

    Qualquer tratamento visando a remoo de partculas coloidais deve

    passar por uma etapa preliminar a fim de alterar as condies do sistemacoloidal de forma a possibilitar a coalescncia das partculas, formando assim,

    aglomerados de partculas mais facilmente removveis do meio. Com algumas

    excees, esta coalescncia no ocorre naturalmente, principalmente em

    sistemas lifobos, uma vez que as partculas coloidais so caracterizadas por

    foras de mesma natureza eltrica (cargas iguais) que mantm o sistema

    disperso estvel ao longo do tempo.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    10/42

    Essa estabilidade se deve a solvatao ou ao de certas substncias

    adsorvidas na superfcie das partculas, bem como da ao de foras

    eletrostticas que fazem com que as partculas sejam mutuamente repelidas.

    Devido carga eltrica das partculas, os sistemas coloidais so

    extremamente sensveis introduo de eletrlitos no meio. Algumas vezes,

    pequenas quantidades de eletrlitos so suficientes para quebrar uma emulso,

    levando a precipitao.

    Esse fenmeno de precipitao ocorre na maioria dos sistemas coloidais

    num processo que se denomina de desestabilizao do colide, que ocorre em

    duas etapas:

    CCCOOOAAAGGGUUULLL AAAOOO: realizada pela adio de agentes qumicos, denominados deeletrlitos, os quais, atravs de mecanismos de ligao e adsoro na

    superfcie da partcula coloidal, anulam as foras de repulso entre as

    partculas coloidais.

    FFLLOOCCUULLAAOO: a floculao das partculas j coaguladas pela ao do

    eletrlito, resultante das vrias foras de atrao que atuam entre as partculas

    "neutralizadas" que se agregam umas s outras formando flocos. A velocidade

    de formao desses flocos depende inicialmente da agitao trmica -movimento Browniano - e, ao atingirem um tamanho de cerca de 0,1 m,

    depende tambm da agitao mecnica do meio. Evidentemente, essa agitao

    mecnica deve ser moderada, pois do contrrio, poder desagregar os flocos j

    formados, dificultando a sua remoo.

    Para a coagulao, so usados sais inorgnicos como agentes

    coagulantes, pois foi verificado que o seu efeito depende da valncia do on

    carregado de carga eltrica contrria carga das partculas coloidais, ou seja,quanto maior a valncia do on maior ser a sua capacidade de coagulao.

    Esse fato justifica o uso de ons de alta valncia (Fe+3 e Al+3) como agentes de

    coagulao dos sistemas coloidais, nos quais a gua a fase contnua.

    Devido hidrlise decorrente da presena desses ons na gua, h

    sensveis variaes das caractersticas fsico-qumicas do meio, como pH e

    condutividade eltrica. Quando usados em quantidades excessivas, ocorre a

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    11/42

    formao de grandes massas de precipitado cuja eliminao por vezes, muito

    difcil.

    Um outro parmetro a ser considerado que esses agentes no

    originam precipitados com caractersticas adequadas para possibilitar a sua

    remoo do meio em que foram formados. Por essas razes, opta-se pela

    utilizao de agentes coagulantes naturais, tanto de natureza inorgnica (slica),

    quanto de natureza orgnica (amido, alginatos) e ainda de produtos sintticos

    (polmeros) conhecidos como polieletrlitos.

    agentes coagulantes inorgnicos: como j mencionado, os agentes

    coagulantes inorgnicos mais utilizados so os sais de alumnio e de ferro. Por

    razes econmicas, o sulfato de alumnio e o cloreto frrico so os maisutilizados. A coagulao funo principalmente dos produtos de hidrlise

    desses sais na gua. Por exemplo, no caso do sulfato de alumnio, em pH =

    4,0, a espcie predominante o Alhidratado. Na faixa4,0 < pH < 7,0 as espcies

    predominantes so [Alx(OH) 2,5x]0,5 x+ .

    Espcies, como [Al8(OH)20]4+ so ons complexos grandes que, uma vez

    adsorvidos na superfcie da partcula coloidal, diminuem a repulso entre as

    partculas. Em valores de pH mais altos que 7,0, a espcie que predomina oAl(OH)3 insolvel que, por sua vez, forma um colide de carga positiva que

    capaz de promover a coagulao mtua dos colides de carga negativa que

    predominam na gua. Por serem de menor custo, os agentes alcalinizantes do

    meio mais comuns so: o Ca(OH)2e o Ca(HCO3)2.

    agentes de coagulao orgnica: esses agentes so no s agentes de

    coagulao mas tambm aceleradores (promotores) de floculao.

    Nesta categoria, alm dos j citados, incluem-se os polieletrlitos, queso substncias polimricas que contm grupos ionizveis na sua constituio

    qumica. Em funo da caracterstica inica do seu grupo ativo, esses

    polieletrlitos podem ser classificados em catinicos, aninicos ou ainda de

    polianffilos.

    comum os uso de polieletrlitos combinados com eletrlitos

    inorgnicos (sais de alumnio e sais de ferro) com o objetivo de:

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    12/42

    a) reduzir o consumo de eletrlito inorgnico e com isso reduzir a quantidade de

    precipitado.

    b)condicionar a formao de flocos com caractersticas adequadas operao

    de separao dos slidos formados. Por exemplo, aps a coagulao h a

    etapa de sedimentao para a remoo dos flocos formados, portanto o floco

    deve ter boas caractersticas de sedimentabilidade - grande velocidade de

    sedimentao, boa resistncia compactao e ao mecnica da grelha de

    raspagem do fundo do sedimentador.

    dosagem do agente coagulante:

    Essa dosagem, bem como o pH adequado para as etapas de coagulao

    floculao, deve ser determinada em laboratrio atravs do ensaio clssicodenominado JAR TEST. A Figura 1 apresenta um esquema do equipamento

    para realizar esses testes, conhecido como Teste de Jarro. Este ensaio pode

    ser desdobrado nas seguintes etapas:

    1.colocar em cada becher de 1 L (em geral so 6 becheres) cerca de 800 mL

    de despejo.

    2. ligar o aparelho e elevar a velocidade de rotao at o nvel desejado.

    3. introduzir o agente coagulante na proporo fixada (concentraescrescentes em cada becher) e manter a rotao do agitador por tempo

    suficiente at que seja observada a presena de flocos (anotar o tempo de

    coagulao, 3 min, p. ex.).

    4. reduzir a velocidade de rotao e mant-la neste nvel de rotao at que a

    taxa de crescimento dos flocos seja nula (anotar o tempo de floculao, 12 min,

    p. ex.).

    5. deixar decantar por cerca de 30 min e determinar a DQO do lquidosobrenadante.

    A eficincia de remoo dada por:

    =[ (DQO)b- (DQO)t ] / (DQO)b

    ondeb indica o despejo bruto et o despejo tratado.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    13/42

    Figura 1. Equipamento de Teste de Jarro.

    O Teste de Jarro consiste em se ajustar o pH da gua na faixa maisadequada para a atuao do agente coagulante utilizado e a adio do

    coagulante em dosagens pr-estabelecidas, sendo que esta adio dever ser

    realizada no menor espao de tempo possvel para que o resultado final no

    seja afetado pela variao do tempo de mistura.

    Com a adio do coagulante deve-se ter uma agitao enrgica para que

    o agente coagulante, que comea a agir logo aps a sua introduo na gua,

    se disperse homogeneamente para que ocorra a reao qumica equilibradaem toda a extenso do efluente e no, apenas, numa poro.

    Numa segunda etapa, com uma agitao lenta deve-se adicionar o

    polieletrlito como auxiliar de coagulao. Por ltimo, a gua deve ser deixada

    em repouso e se analisar os seguintes critrios:

    Menor tempo do incio da formao dos flocos;

    Maior tamanho dos flocos;

    Menor tempo de decantao; Ausncia ou no de sobrenadante;

    Aspecto do sobrenadante.

    Flotao: visa a remoo de partculas em suspenso e/ou flutuantes (fase

    dispersa) de um meio lquido (fase contnua) para o caso em que a densidade

    da fase dispersa menor que a da fase contnua.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    14/42

    As partculas da fase dispersa podem ser carreadas para a superfcie do

    tanque de flotao (clula) pelo aumento da fora ascensional (empuxo) que

    sobre elas atuam. Esse aumento da fora ascensional se deve s bolhas de um

    gs (em geral, utilizado o ar atmosfrico) de pequeno dimetro que, ao

    aderirem superfcie das partculas da fase dispersa, reduzem a densidade

    aparente do conjunto partcula/bolha. O floco formado por um conjunto de

    partculas, em cujos interstcios as bolhas de ar ficam retidas.

    O material slido carreado para a superfcie livre da clula de flotao

    removido pela ao de raspagem (manual ou mecnica). O lodo assim

    concentrado coletado num tanque onde, aps um certo perodo de tempo,

    ocorre a separao do slido/lquido/ar. Nesses tanques a concentrao deslidos pode ainda mais ser aumentada, em relao concentrao de slidos

    removidos por raspagem, pois toda a gua retida praticamente removida

    durante a compactao do lodo no tanque.

    O termo flotao designa a operao conduzida por meio da flotao por

    ar induzido e pela flotao por ar dissolvido. As diferenas significativas entre

    os dois processos de flotao so o tamanho de bolha mdio, as condies de

    mistura e a carga hidrulica. A Figura 2 mostra um esquema para remoo degotculas de leo na flotao.

    Figura 2. Estgios do processo de flotao. (a) Aproximao da gotcula ebolha; (b) filme de gua entre a bolha e o leo; (c) pequena ondulao devido

    ao gradiente de tenso interfacial; (d) desaparecimento da pequena ondulaoe formao de um filme; (e) ruptura do filme, e se as condies de difuso

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    15/42

    estiverem presente, o leo se difunde no gs; (f) o conglomerado continuaascendendo.

    a) flotao por ar induzido (FAI)

    b) flotao por ar dissolvido (FAD)

    A FAI conseguida atravs da agitao violenta do meio (agitador

    mecnico ou borbulhamento de ar direto) e a conseqente formao de espuma

    na superfcie da clula de flotao. Esse tipo de flotao tradicionalmente

    utilizado nas operaes de beneficiamento de minrios. Normalmente, o

    tamanho das bolhas de gs so na faixa de 1000m.

    A FAD uma tcnica que vem sendo muito aplicada. A FAD muito

    usada na remoo de leos e graxas, na remoo de partculas de baixa

    densidade (fibrilas de celulose) e no espessamento de lodos. Por exemplo,

    gotculas de leo aderem nas microbolhas diminuindo a sua densidade e

    promovendo seu arraste para a superfcie.

    Nesta tcnica, o ar dissolvido a alta presso em um saturador, e

    microbolhas so formadas quando a gua lanada na cmara de flotao a

    presso atmosfrica.

    O flotador com ar dissolvido apresentado na Figura 3. No FAD as

    bolhas produzidas tem dimetros na faixa de 20-100m, com mdia de ~60e

    tempo de reteno na cmara de flotao de 15-30 min.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    16/42

    Figura 3. Flotador com ar dissolvido

    A FAD pode ser realizada de 3 formas:

    1. Pressurizao total do efluente: onde despejo pressurizado e ento

    lanado na cmara de flotao onde as bolhas so formadas. Este

    processo muito usado para partculas, as quais no necessitam de

    floculao, mas requerem grandes volumes de bolhas de gs;

    2. Pressurizao parcial do efluente: onde parte do despejo pressurizada

    e diretamente introduzida na cmara de flotao. Este processo

    normalmente empregado quando as partculas so susceptveis a efeitos

    das bombas, ou quando aa concentrao de partculas suspensas de

    baixa o e assim, menor quantidade de bolhas requerida;

    3. Pressurizao com reciclo do efluente: onde uma parte do despejo j

    tratado pressurizado e recirculado para a cmara de flotao. Este

    processo geralmente empregado quando o processo de

    coagulao/floculao necessrio e as partculas floculadas so

    mecanicamente frgeis.

    O processo de formao das bolhas feito em duas etapas, a

    nucleao e o crescimento. O primeiro passo inicia-se espontaneamente aps

    a reduo da presso na vlvula agulha e os ncleos de bolhas so produzidos

    na gua supersaturada. Depois o excesso de ar saturado na gua transferido

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    17/42

    para a fase gs dissolvida, na segunda etapa, as bolhas comeam a crescer.

    Durante esse passo, o volume de ar total permanece constante, mas as bolhas

    crescem devido a coalescncia e a diminuio da presso hidrosttica com a

    sua ascendncia atravs na cmara de flotao.

    A produo das microbolhas considerada importante na velocidade de

    ascendncia das bolhas que menor do que para as bolhas maiores. Isto

    garante um maior tempo de residncia na cmara de flotao, permitindo mais

    oportunidades para a coliso entre as bolhas e as gotculas de leo, por

    exemplo.

    Para a produo de microbolhas na cmara de flotao, recomendado

    trabalhar com uma presso saturada de 400-600 kPa.

    importante que o tratamento primrio seja eficiente (nos

    seus objetivos), pois o sucesso do tratamento secundrio, na

    maioria das vezes, depende de um bom tratamento primrio.

    22..TTRRAATTAAMMEENNTTOOSSEECCUUNNDDRRIIOODDEEEEFFLLUUEENNTTEESS

    22..11..CCOONNSSIIDDEERRAAEESSIINNIICCIIAAIISS

    O processo biolgico se configura como o principal tratamento

    secundrio de efluentes. O processo biolgico depende da ao de

    microrganismos e reproduz, em uma unidade previamente projetada, os

    fenmenos biolgicos que ocorrem na natureza.

    Os microrganismos utilizam a matria orgnica presente no efluente

    como fonte de carbono e a transforma em substncias qumicas simples, como:

    sais minerais, gs carbnico e outros. Obviamente, nem toda matria orgnica

    ser transformada, sendo que as substncias qumicas mais resistentes so

    denominadas persistentes/recalcitrantes/refratrias.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    18/42

    No tratamento secundrio, os mais usados so:

    Processos de lodo ativado

    Filtro biolgico

    Lagoas de estabilizao aerbias (facultativa e aerada)

    Inicialmente ser abordado o princpio do tratamento aerbio de

    efluentes.

    22..22TTRRAATTAAMMEENNTTOOAAEERRBBIIOODDEEEEFFLLUUEENNTTEESS

    Quando um efluente lanado em um corpo receptor h um decrscimo

    da concentrao de oxignio. Prximo ao ponto de lanamento se estabelece

    uma populao microbiana que desdobra as substncias orgnicas consumindoo oxignio dissolvido da gua.

    Nos processos biolgicos de tratamento o fenmeno de degradao

    bacteriana, tal como observado nos cursos dgua, a essncia do seu

    funcionamento.

    A remoo da poluio dos compostos de carbono, no tratamento

    aerbio, emprega uma microflora altamente heterognea (biomassa), que

    metaboliza as substncias orgnicas, levando a produtos de metabolismo, aoCO2e H2O.

    Os processos aerbios de tratamento caracterizam-se pela

    heterogeneidade. A biomassa constituda de diversas espcies microbianas,

    incluindo predominantemente bactrias, fungos e protozorios. As substncias

    orgnicas presentes no efluente podem se apresentar na forma solvel, coloidal

    ou particulada e a sua composio qumica pode ser variada. A remoo do

    material poluente biodegradvel pela biomassa pode seguir as seguintesetapas:

    1 adsoro e absoro de poluentes orgnicos coloidais ou solveis pelos

    flocos bacterianos (fenmeno fsico-qumico).

    2 degradao das substncias adsorvidas pela ao de enzimas

    extraceculares que transformam estruturas moleculares complexas em

    molculas simples assimilveis.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    19/42

    3 metabolizao de substratos no interior das clulas. Essa reaes

    bioqumicas fornecem energia para a sntese celular.

    4 a auto-oxidao progressiva dos contedos celulares, fenmeno que

    acentuado em carncia de substrato, provoca a devoluo ao meio de diversos

    produtos orgnicos.

    A oxidao bioqumica por via aerbia mais exotrmica do que a

    reao por via anaerbia. Considerando o exemplo da glicose:

    Anaerobiose C6H12O6 3CO2 + 3CH4 - 34 cal/mol

    Aerobiose 6O2 +C6H12O6 6CO2 + 6H2O - 649 cal/mol

    A energia liberada torna possvel a multiplicao microbiana. Assim, a

    produo celular muito mais elevada em fase aerbia e o processo de

    metabolizao mais rpido. Uma bactria aerbia se multiplica em cerca de

    20 minutos enquanto que uma anaerbia necessita, por vezes de 10 dias.

    22..33 --MMOORRFFOOLLOOGGIIAADDOOSSAAGGLLOOMMEERRAADDOOSSMMIICCRROOBBIIAANNOOSS

    SUBSTNCIAS ORGNICAS

    BIOSSORO NOS FLOCOS E/OU FILMES

    Atuaodeenzimasextracelulares

    metabolizao

    Absorodemolculaspelasclulas

    O2

    CO2+H2O

    Produtosdemetabolizao

    Novasclulas

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    20/42

    Os microrganismos presentes nos sistemas de tratamento, em geral, se

    aglomeram na forma de flocos microbianos ou de filmes (biofilmes).

    Esses aglomerados so constitudos de clulas microbianas (bactrias

    predominantemente e protozorios secundariamente) envolvidas por uma

    massa orgnica de exopolmeros extracelulares (polissacardeos e protenas).

    Esses exopolmeros celulares funcionam como uma espcie de cola entre os

    microrganismos, como se fossem barbantes amarrados nas membranas

    celulares.

    No caso de flocos microbianos, a aglomerao se d a tal nvel, que as

    dimenses dos flocos conduz a uma decantao relativamente rpida. Assim, a

    separao das clulas do efluente tratado se faz com relativa simplicidade.Algumas aglomeraes microbianas apresentam nmero aprecivel de

    protozorios ou formaes bacterianas na forma de filamentos, neste caso os

    flocos podem apresentar dificuldades de decantao.

    22..44 --CCOOMMPPOOSSIIOODDOOSSAAGGLLOOMMEERRAADDOOSSMMIICCRROOBBIIAANNOOSS

    A composio qumica dos microrganismos depende tambm das

    condies do meio.A composio da biomassa semelhante das clulas bacterianas:

    C5H7NO2.

    Alguns autores propem a frmula emprica para a composio celular

    (base seca) como: C7H11NO3(simplificada).

    A populao microbiana presente no floco constituda de um conjunto

    extremamente complexo de microrganismos, tais como: bactrias, fungos e

    protozorios.Bactrias heterotrficas:aerbias estritas ou facultativas

    Pseudomonas, Bacillus, Escherichia, Micrococus, Aerobacter, Zooglea

    ramigera, entre outros.

    Bactrias autotrficas:

    Nitrossomonas e Nitrobacter

    Fungos:pouco comuns nos tratamentos convencionais.

    Geotrichum

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    21/42

    Microfauna: ciliados livres, ciliados penduculados, flagelados, amebas,

    rotferos, nematides e aneldeos. So freqentemente encontrados

    organismos de diversos gneros, que podem ser agrupados de acordo

    com a Tabela 3.

    Tabela 3. Agrupamento de organismos de diversos gneros.

    Grandes Grupos Gneros Freqentes

    Classe Ciliata

    a) ciliados livre-natantes

    b) ciliados pedunculados

    c) ciliados livres, predadores dofloco

    Classe Mastigophora flagelados

    Classe Sarcodina - amebas

    Paramecium, Colpidium, Linotus,Trachelophyllum, Amphileptus,Chilodonella

    Vorticella, Operculria, Epistylis,Charchesium e as suctriasAcineta ePodophyra

    Aspidisca, Euplotes, Stylonychia,Oxytricha

    Bodo, Cercobodo, Mona sp., Oicomonasp., Euglena sp., Cercomona sp.,Paranema

    Amoeba, Arcella, actinophrys,Vahlkampfi, Astramoeba, Difflugia,Cochliopodium

    Classe Rotifera - rotferos Philodina, Rotaria, Epiphanes

    Classe Nematoda nematides Rhabditis

    Classe Anelida - aneldeos Aelosoma

    As Figuras de 5 a 13 apresentam alguns protozorios presentes no lodo

    biolgico.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    22/42

    Figura 5. Protozorios, Classe Sarcodina

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    23/42

    Figura 6. Protozorios, Classe Ciliata

    Figura 7. Protozorios, Classe Sarcodina

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    24/42

    Figura 8. Protozorios, Classe Ciliata

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    25/42

    Figura 9. Protozorios, Classe Ciliata

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    26/42

    Figura 10. Protozorios, Classe Mastigophora.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    27/42

    Figura 11. Classe Rotfera

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    28/42

    Figura 12. Filo Aneldea

    Figura 13. Classe Nematoda

    As condies operacionais para o tratamento aerbio de efluentes so

    resumidas na Tabela 4 .

    Tabela 4: Condies operacionais para o tratamento aerbio.

    6

  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    29/42

    Nos processos biolgicos a biomassa pode ser utilizada na forma fixa ou

    em suspenso.

    Os Processos com biomassa em suspenso so:

    Lodos Ativados e

    Lagoas Aeradas

    22..55 LLOODDOOSSAATTIIVVAADDOOSS

    Dentre os processos aerbios, o processo de lodo ativado (PLA) um

    dos mais aplicados e tambm de maior eficincia. o mais utilizado em

    localidades de grande concentrao urbana.

    O termo lodos ativados designa a massa microbiana floculenta que se

    forma quando esgotos e outros efluentes biodegradveis so submetidos

    aerao

    A biofloculao governada pelo estado fisiolgico das

    clulas, no sendo um privilegio de uma espcie. O efeito que parece

    contribuir biofloculao est ligado excreo ou liberao, aps a

    lise das clulas, de polmeros ou polissacardeos. Estas molculas agem

    como polieletrlitos de sntese e sua parte fixa as clulas como um

    revestimento aderente.

    Desta forma, em um floco microbiano, temos vrios microorganismos

    presentes unidos por polmeros ou polissacardeos.

    A primeira unidade, em escala real, para tratamento de esgotos foi

    instalada em Manchester (UK em 1914). Desde ento o processo de lodos

    ativados ganhou grande difuso e incorporou modificaes tcnicas, mantendo-se ativo no mercado de processos de tratamento de efluentes. A figura 14

    mostra um esquema simplificado de tratamento por lodo ativado.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    30/42

    Figura 14: Esquema simplificado de tratamento por lodo ativado.

    Tanque de aerao: no seu interior que ocorrem as reaes que conduzem

    metabolizao dos compostos bio-tranformveis. Aqui essencial que se tenha

    boa mistura e boa aerao.

    Decantador secundrio: separar adequadamente o lodo (biomassa) proveniente

    do tanque de aerao. munido de um raspador de fundo.

    Sistema de reciclo: bombas providenciam o reciclo do lodo para o tanque de

    aerao, assegurando elevada concentrao microbiana no interior daquelereator. O lodo em excesso retirado e vai para o tratamento de lodo (digesto

    anaerbia)

    A DQO do despejo, que corresponde frao de matria orgnica do

    despejo quimicamente oxidvel, decresce com o tempo medida que o

    substrato sofre oxidao por via biolgica, isto vai sendo metabolizada pelos

    microrganismos aerbios/facultativos presentes no lodo ativado. A DQO

    remanescente aps um longo perodo de aerao corresponde concentrao

    de substrato no-biodegradvel do efluente.

    Concomitantementecom o decrscimo da DQO, a concentrao de

    SLIDOS aumenta, no intervalo de tempo entre t0 e t1, correspondente ao

    incio da aerao, pois, nesse intervalo, elevada a concentrao e a

    disponibilidade de substrato metabolizvel pelos microrganismos, que o

    incorpora para a formao de novas clulas e para atender s suas demandas

    energticas. Essa fase denominada fase de sntese, na qual a taxa de

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    31/42

    produo de novas clulas excede a taxa de sua destruio (espcies que no

    conseguiram se adaptar ao meio de cultura constitudo, principalmente devido

    aos produtos de metabolismo das demais espcies)

    Assim, os microrganismos consomem os poluentes do efluente como

    fonte de carbono, para suas demandas energticas e para produzir outras

    clulas. Este processo apresenta excelentes remoes de DQO, mas h um

    preo: uma grande produo de lodo que ter tambm que ser

    disponibilizado. Quanto maior for a vazo do efluente maior a produo de lodo

    e menor a eficincia do processo. Maiores tempos de reteno, no entanto,

    necessitam de maiores reas, que nem sempre esto disponveis. Como

    exemplo: no h rea disponvel para implantar ETEs nas proximidades do rioTiet (SP), alm do que as reas so muito caras.

    H trs classes para os processos de lodos ativados descrito para

    esgotos, que variam o tempo de residncia e a concentrao de biomassa no

    reator. A escolha vai depender da eficincia desejada e da rea disponvel para

    a implantao do processo. Essas classes so facilmente acessveis na

    literatura.

    O funcionamento do processo est condicionado pela capacidade dedecantao do lodo. Para esgoto domstico a literatura, relativamente

    abundante, permite indicar faixas operacionais do processo, que asseguram

    boa sedimentabilidade do lodo, viabilizando o processo. Para efluentes

    industriais, devido sua especificidade, deve ser realizado um trabalho

    experimental para assegurar um projeto criterioso de lodos ativados.

    Aerao ProlongadaEsse processo de tratamento tambm definido como um processo de

    oxidao total e se constitui numa modificao do PLA (processo de lodos

    ativados). A idia bsica do processo de Aerao Prolongada (AP), a de

    reduzir, o mximo possvel, o excesso de lodo ativado produzido. Essa reduo

    da concentrao de lodo conseguida pelo simples aumento do tempo de

    aerao, ou seja, pelo aumento do tempo de residncia no reator. Dessa forma,

    o excesso de lodo consumido por respirao endgena. Se operada de forma

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    32/42

    adequada, a planta de tratamento de despejos por AP no produz efeitos

    deletrios ao meio ambiente (odor) podendo, portanto, ser instalada em locais

    de grande concentrao populacional.

    22..66 LLAAGGOOAASSAAEERRAADDAASS

    Lagoas aeradas so bacias de grande volume nas quais, analogamente

    ao reator de lodo ativado, a aerao do despejo feita por meio de unidades

    mecnicas de aerao (aeradores de superfcie).

    A diferena fundamental entre a lagoa aerada e o reator de lodo ativado

    reside no fato de que na lagoa aerada no h reciclo do lodo, ou seja, o lodoformado juntamente com o despejo tratado, lanado diretamente no corpo

    receptor ou, se necessrio, enviado para unidades de tratamento de lodo. Os

    tempos de reteno so elevados e a carga mssica e volumtrica so

    menores.

    A concentrao de slidos na lagoa aerada ser funo das

    caractersticas do despejo e do tempo de residncia. No caso de despejos

    domsticos, por exemplo, essa concentrao pode variar na faixa de 50 mg/L a500 mg/L.

    regimes de operao de lagoas aeradas

    1 - regime de mistura completa:

    Nesse regime, o nvel de agitao tal que todos os slidos so

    continuamente mantidos em suspenso e o tempo de residncia da ordem de3 dias

    2. regime de lagoa facultativa:

    Nesse regime de operao, o nvel de agitao de cerca de 5 vezes

    menor que o regime de mistura completa. Esse nvel de agitao insuficiente

    para manter em suspenso homognea todos os slidos presentes de forma

    que parte desses slidos se deposita no fundo da lagoa onde, em razo da

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    33/42

    provvel escassez de oxignio dissolvido, sofrem decomposio anaerbia.

    Devido acumulao, esses slidos devem ser removidos (freqncia de

    remoo varia entre 1 e 6 anos). O tempo de residncia dessas lagoas da

    ordem de 6 dias.

    A seleo do regime de operao de uma lagoa aerada resulta de uma

    avaliao dos custos de operao e, principalmente, dos custos da terra (rea).

    claro que as lagoas facultativas, por demandarem menor potncia de

    aerao, exigem maiores volumes de bacia.

    22..77 LLAAGGOOAASSDDEEEESSTTAABBIILLIIZZAAOO

    A diferena bsica entre a lagoa de estabilizao e a lagoa aerada que

    na primeira, a aerao no feita por meios mecanicamente induzidos

    (aeradores de superfcie) mas somente por meios naturais (transferncia do

    oxignio atmosfrico para a gua e, em maior parte, pela ao fotossinttica

    dos vegetais clorofilados presentes na lagoa). O oxignio liberado na

    fotossntese utilizado pelos microrganismos aerbios na degradao da

    matria orgnica e, por sua vez, os produtos dessa degradao aerbia (CO2,NO3

    -, PO43-) so utilizados pelas algas numa, por assim dizer, perfeita simbiose.

    O tratamento de despejos em lagoas de estabilizao ser

    economicamente vivel se:

    1. grandes reas forem disponveis a custos baixos.

    2. padres de lanamento de despejos no muito rgidos.

    Se a DBO do afluente da lagoa (despejo a ser tratado) for muito alta, a

    taxa de consumo de oxignio ser maior que a taxa de re-aerao, a qual, porser feita por meios naturais baixa, ento a concentrao de OD ser baixa ou

    nula e o substrato s ser degradado por ao anaerbia com os conseqentes

    problemas de odor (H2S e mercaptanas).

    Uma condio freqentemente encontrada em lagoas de estabilizao

    de que as lminas d'gua mais prximas da superfcie livre operam em

    condies aerbias enquanto que as mais profundas operam em condies

    anaerbias. Somente em casos de tratamento de despejos de alta

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    34/42

    concentrao da DBO que as condies de operao da lagoa so

    anaerbias. No caso de se utilizar lagoas de estabilizao em srie, de se

    esperar que a primeira delas opere em condies anaerbias enquanto que nas

    subseqentes, as condies aerbias podero eventualmente prevalecer.

    22..88 FFIILLTTRROOBBIIOOLLGGIICCOO

    Neste tipo de reator se utiliza a biomassa imobilizada (aderida) em algum

    tipo de suporte. O filtro biolgico um recheio coberto de limo biolgico atravs

    do qual a gua residuria passa. Normalmente o efluente distribudo porpulverizao uniforme sobre o recheio usando um distribuidor rotativo. O

    efluente passa de forma descendente atravs do recheio e coletado no fundo.

    No filtro biolgico (FB) h o contato direto do substrato com o ar

    atmosfrico e com os microrganismos que se desenvolvem aderidos

    superfcie do meio poroso. A figura 15 a seguir mostra, de forma esquemtica, a

    camada de limo, essencialmente constituda de bactrias e algas, estas do

    gnero Zooglea,cuja espessura pode variar de 0,1 mm a 2 mm. Esta camadase constitui de 2 sub-camadas: uma camada anaerbia, aderida superfcie da

    do meio poroso e uma outra aerbia, externa quela.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    35/42

    Figura 15. Forma esquemtica da camada de limo presente no biofilme.

    Dependendo da espessura dessa camada de limo, pode haver o

    desenvolvimento de uma sub-camada anaerbia junto superfcie do suporte e

    uma sub-camada aerbia, externa quela. Segundo alguns autores, a

    espessura da sub-camada aerbia seria da ordem de algumas centenas de

    micra (100 a 200), sendo a maior parte da biomassa praticamente isenta de

    oxignio (pela grande resistncia difuso do oxignio atmosfrico ao longo de

    toda a espessura da camada ). As bactrias heterotrficas predominam na

    pelcula oxigenada enquanto que as autotrficas - nitrificantes - predominam na

    pelcula anxica. Alm das bactrias e das algas h, embora em menor

    proporo, h a presena de protozorios, fungos e, at mesmo, vermes e

    larvas.

    Como j mencionado, a espessura da camada de limo pode variar entre

    0,1 a 2 mm. Espessuras maiores tm efeito adverso tanto na operao do filtro -

    HH22

    cidosOrgnicos

    CCCAAAMMMAAADDDAAAAAANNNAAAEEERRRBBBIIIAAA

    CCCAAAMMMAAADDDAAAAAAEEERRRBBBIIIAAA

    CO2

    DDDBBBOOO

    O2

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    36/42

    maior probabilidade de colmatao do leito - quanto na eficincia de remoo

    do substrato, decorrente de menores taxas de transferncia de substrato,

    oxignio e dos metablitos

    A remoo da DQO no FB decorre por floculao da matria orgnica em

    estado coloidal e aglomerao da matria orgnica em suspenso.

    A matria orgnica em soluo contida no despejo bem como o oxignio

    necessrio para a sua oxidao biolgica difunde-se atravs da camada de limo

    (biofilme) e por ele metabolizada com a conseqente reduo da DBO e a

    evoluo de gases e demais produtos do metabolismo aerbio e anaerbio. A

    taxa global de remoo depender da natureza e da concentrao da matria

    orgnica biodegradvel presente, tanto no estado coloidal quanto em soluo.Quando o despejo contm uma elevada percentagem da DBO nessas

    formas, maiores taxas de remoo da mesma podem ser alcanadas em virtude

    da coagulao-floculao dos colides e por aglomerao da matria em

    suspenso no lquido. Despejos contendo substratos mais simples exibiro

    maiores taxas de difuso resultando, assim, maiores taxas de remoo quando

    comparados com despejos contendo substratos mais complexos.

    medida que o lquido percola atravs do meio poroso, os substratos eoxignio difundem-se atravs da camada de biomassa, sendo aquele

    assimilado e os produtos desta assimilao se difundem para fora da camada

    de biomassa. Concomitantemente com a metabolizao do substrato, o

    oxignio vai sendo consumido, de modo que se pode esperar a existncia das

    duas sub-camadas.

    No filme biolgico que ocorre na sub-camada correspondente,

    desenvolvem-se microorganismos que realizam a oxidao biolgica da matriacarboncea at transform-la em gs carbnico na sub-camada aerbia e

    cidos orgnicos volteis na sub-camada anaerbia. Dessa forma, os

    mecanismos de degradao biolgica que ocorrem nessas sub-camadas so

    essencialmente idnticos aos que ocorrem em qualquer outro processo de

    degradao biolgica. Em outras palavras, parte do oxignio consumida para

    a sntese de material celular e parte para prover a energia necessria ao ciclo

    vital dos microorganismos.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    37/42

    CCCOOOMMMPPP AAARRR AAA OOOEEE NNNTTTRRREEEOOOFFF BBB EEEOOOPPP LLL AAA:::

    1 - No FB convencional, a remoo de substrato da ordem de 60 % enquanto

    que no PLA esta remoo da ordem de 80 %.

    2 - No h energia despendida na aerao.

    3- Os custos de instalao/manuteno/operao do FB constituem-se numa

    pequena frao dos custos correspondentes do PLA, a residindo sua maior

    atratividade com a restrio de que so recomendados como opo de

    tratamento de baixas vazes de despejos.

    Apesar de extensivamente utilizado na literatura de tratamento de guas

    residurias, o termo filtro inadequado, pois nestes dispositivos no ocorre

    propriamente uma filtrao, mas sim uma biossoro seguida da metabolizao

    dos constituintes biodegradveis dos despejos. Os filtros biolgicos

    convencionais, por exemplo, correspondem a reatores com biomassa (limo)

    aderidos a um suporte inerte, sobre a qual o despejo percola.

    filtros clssicos

    Os filtros clssicos so constitudos de um tanque de grandes dimenses -

    dimetro maior que a altura, recheados com um material de preferncia inerte,

    como brita, coque, escria ou at mesmo bambu. Em geral, busca-se a

    utilizao de material de recheio que alie custos baixos e a maior rea

    superficial. Para minimizar as interrupes de funcionamento da unidade de

    tratamento decorrentes do entupimento do meio poroso - colmatao - e parapermitir os fluxos de liquido e de ar sua porosidade moderada ( 40 a 60% ). A

    rea elevada permite uma maior taxa de colonizao superficial da biomassa e,

    em conseqncia, maiores taxas de transferncia de massa - substrato, ar e

    metablitos - No caso de despejos domsticos, os filtros utilizados tm de 1,5 a

    4 m de altura e dimetro mdio de partcula de recheio variando na faixa de 4

    a 12 cm. A eficincia de remoo de substrato depende de vrios fatores, entre

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    38/42

    eles: natureza do despejo, tipo de recheio e, principalmente, das condies de

    operao.

    Um exemplo muito interessante:

    2.9. Remoo de Fsforo

    O Fsforo presente nas guas residurias, quer seja na forma inica ou

    complexada, encontra-se geralmente como fosfato. Em esgoto sanitrio, o

    fsforo orgnico aparece principalmente como fsforo orgnico, polifosfatos e

    ortofosfatos.Durante a dcada de 60 foi observado que alguns sistemas de

    tratamento de esgotos nos EUA apresentavam remoo de fsforo superior

    quela requerida pelo metabolismo bacteriano nos processos de lodo ativado.

    Desde ento, por dcadas houve controvrsias sobre os mecanismos

    envolvidos na remoo do excesso de fsforo. Aps dois Congressos

    realizados, 1982/1984 frica do Sul/Paris, sobre a remoo de fsforo

    prevaleceu a idia de remoo biolgica.

    LUXURY UPTAKE OF PHOSPHOROUS

    Na dcada de 70 a frica do Sul comea a experimentar o conceito de

    LUXURY UPTAKE OF PHOSPHOROUS, que foi primeiramente demonstrado

    em Santo Antonio/Texas (1967) quando o processo biolgico mostrou a

    capacidade de remoo de fsforo em grandes quantidades.Esta capacidade dos microrganismos foi descoberta acidentalmente,

    quando em uma planta de lodos ativados, os aeradores da 1a sesso estavam

    obstrudos de forma que os microrganismos trabalharam primeiramente em

    condies com baixas concentraes de O2e em uma Segunda etapa em um

    reator aerado e com isto observou-se uma grande remoo de fsforo.

    A frica do Sul possui um clima bastante seco de forma que a gua

    utilizada para a irrigao retirada de reservatrios submersos, esta gua

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    39/42

    posteriormente armazenada e para tanto deve estar livre de fsforo e nitrognio

    para evitar a sua eutrofizao.

    A microbiologia deste sistema est relacionada com a capacidade de

    adaptao de um microrganismo.

    Este processo usa de uma etapa de fermentao anaerbia, uma sesso

    anxica e uma seo aerada. No entanto, h mais de 25 variaes deste

    processo para retirada de nutrientes (1996).

    O efluente mais o lodo reciclado so misturados no reator de

    fermentao, onde dois tipos de microrganismos tm atividade. Primeiro a

    bactria anaerbia fermenta a matria orgnica com a produo de molculas

    orgnicas menores. Esses produtos so usualmente produzidos no processoanaerbio.

    H, ento uma DBO presente no incio da etapa anaerbia. O 2o tipo de

    microrganismo presente no reator anaerbio necessariamente uma bactria

    aerbia, que consegue sobreviver por certos perodos de tempo em condies

    anxicas. Esta bactria especfica armazena energia na forma de polifosfato.

    Para tanto, elas obtm energia para manuteno da sua vida pela quebra das

    ligaes fosfato do polifosfato armazenado e liberam fosfato de dentro da clulapara a gua (meio).

    Estas bactrias (bactrias polifosfato) possuem esta capacidade e

    sobrevivem, enquanto que outras bactrias, exclusivamente aerbias, podem

    morrer.

    A bactria polifosfato se alimenta dos produtos formados na

    fermentao, especificamente lcoois e cidos orgnicos pequenos,

    armazenando-os, e quebram o polifosfato armazenado liberando o fosfato paraa gua para obter energia. Em ambientes no aerados essa a sua forma de

    sobrevivncia. Estas bactrias armazenam a matria orgnica para uma

    utilizao futura.

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    40/42

    ANAERBIO

    Enquanto tudo isso est acontecendo com as bactrias anaerbias e as

    obrigatoriamente aerbias, uma bactria facultativa est presente.

    Se o efluente possuir tambm o nitrognio para ser retirado, aps apassagem pelo reator anaerbio h uma seo anxica onde ocorre

    denitrificao, liberando N2. Nesta seo as bactrias anaerbias e as

    obrigatoriamente aerbias sobrevivem, como se fosse um metabolismo basal.

    Aps a denitrificao o efluente descarregado em um reator aerado. Na

    seo aerada os microrganismos facultativos funcionam aerobicamente

    degradando a DBO. Bactrias nitrificantes agem. As bactrias anaerbias

    sobrevivem.

    A bactria polifosfato que finalmente est em um ambiente aerbio, pode

    agora degradar a matria orgnica acumulada durante a fase anaerbia. Elas

    produzem energia para o crescimento e reproduo, mas transferem grande

    quantidade desta energia para armazenar polifosfato. Elas se preparam para

    um perodo futuro anaerbio pegando todo o fosfato por elas mesmo liberado

    durante o perodo anaerbio e mais o fosfato presente no efluente. Ento ela

    acumula fosfato adicional.

    MMaattrriiaaoorrggnniiccaa

    BACTRIA

    FACULTATIVAANAERBIA E

    AERBIA

    lcoois e

    cidos orgnicospresentes

    Bactriapolifosfato

    Polifosfatoarmazenado

    matriaorgnicaacumulada

    PO4-3, etc

    (fosfatos)

    BactriaPolifosfato

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    41/42

    Aps este perodo h a seo do clarificador onde parte dos

    microrganismos volta para o reator anaerbio. A parte dos microrganismos que

    ser descartada contm alta concentrao de fosfato, na forma de polifosfato.

    Ento o fosfato biologicamente removido no processo.

    AERBIO

    Estas plantas, quando bem operadas, produzem um efluente com

    concentrao inferior a 1 mg/L de fosfato.

    Este exemplo excelente para demonstrar a capacidade de adaptao dos

    microrganismos.

    Bibliografia

    ECKENFELDER JR., W.W., Industrial Water Pollution Control, Mc Graw Hill,

    1989.

    JENKINS, D., RICHARD, M. G., DAIGGER, G.T., 1993,Manual on the Causes

    and Control of Activated Sludge Bulking and Foaming, 2nd edition, Michigan,

    Lewis Publishers.

    JORDO, E. P.; PESSA, C. A., Tratamento de Esgotos Domsticos, ABES,

    Rio de Janeiro, 1995.

    MOTA S.,Introduo Engenharia Ambiental, ABES, Rio de Janeiro, 2000.

    Clulas novas

    polifosfatos

    PPP

    CO2 +H O

    O2

    http://www.pdfdesk.com/
  • 8/11/2019 Aula Apostila Marcia COPPE

    42/42

    VAZOLLR, R. F., GARCIA, M. A. R., GARCIA Jr., A. D., 1989, Microbiologia

    de Lodos Ativados, Srie Manuais, CETESB, v. 4, 23p.

    von SPERLING, M., Introduo Qualidade das guas e ao Tratamento de

    Esgotos, DESA-UFMG, Belo Horizonte, 1996

    von SPERLING, M.,Lodos Ativados, DESA-UFMG, Belo Horizonte, 1997