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CARPE DIEM

CARPE DIEMREVISTA CULTURALREVISTA CULTURAL

Revista dos alunos da Fundação Torino - Número IX - Fevereiro, 2010 - Distribuição gratuita

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È impossibile non tuffarsi e perscrutare questa edizione specialissima della rivista Carpe Diem in cui la nostra equipe ci parla dell’ACQUA!

Come insegnante di biologia mi viene naturale ricordare che l’acqua domina lo scenario attuale della superficie terrestre, occupandone più dei

due terzi, oltre a costituire circa il 60% del corpo umano adulto (percentuali maggiori si riscontrano in età inferiori), una quota molto

elevata che ci ricorda quanto l’acqua sia importante nel nostro organismo, dove svolge numerose funzioni. Infatti, è fondamentale nella regolazione

del volume cellulare e della temperatura corporea e costituisce il mezzo di trasporto dei nutrienti e delle scorie metaboliche durante il processo di

eliminazione di queste ultime. Ma… Questa non è una lezione!È un caloroso invito a soffermarvi e a contemplare in questa edizione la bellezza della città di Venezia, un “miracolo sull’acqua” o a capire la dinamica delle risorse idriche attraverso un’intervista fantastica allo

specialista Marcelo Libâneo. Rinfrescatevi le idee conoscendo il progetto Manuelzão e sicuramente la lettura di queste pagine vi porterà a riscoprire

l’importanza dell’acqua come un “qualcosa” estremamente semplice, ma meravigliosamente prezioso.

In questo numero l’idratazione è assicurata! Buona lettura a tutti!

Chiara AlgisiProfessora de Biologia

Editoriale

arte: A

lexand

re Fonseca

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Olá, jovens,

Na sexta-feira (18/12/09) fui surpreendida ao me deparar com uma correspondência com destinatário: Corine Kyo Iwamura.

Obviamente foi uma surpresa agradável quando vi que se tratava da revista que a Amanda havia dito que mandaria. Mais agradável ainda foi ver as mensagens deixadas na capa e o autógrafo da Fernanda Takai. Quase chorei (tá, não, mas foi ultra legal).

Mando o email para agradecer tudo e elogiar o trabalho que vocês fazem! Ainda que não entenda muito bem os textos em italiano, a revista é demais!

Obrigada e continuem com essa mentalidade incrível!

Abraços,

Corine Kyo Iwamura

Essa é uma revista pra gente ler devagarzinho,

talvez deitado na cama, ou sentado na grama, ou quem sabe na mesa de um bar. Pode começar pela poesia, passar para a entrevista, voltar para outro verso, deslizar então pelos filmes, deliciar-se com o perfil de alguém e depois franzir a testa, concentrado, para conhecer uma opinião sobre um tema interessante. Bonita essa mistura de aluno e professor, Italiano e Português, resenhas e estudos, leveza e seriedade. É uma revista que às vezes parece um jornal, um jornal que me fez lembrar um almanaque, um almanaque que tem alguma coisa de livro. Num tempo em que a moda é o efêmero, o virtual, é importante que ela continue; e que, por mais que mude, mantenha-se sempre como é:

bonita, inteligente, desinquieta, surpreendente, e escrita no bom e velho papel, pra que a gente possa pegar, cheirar, virar as páginas, e então levar para a cama, ou para a grama, ou quem sabe para a mesa de um bar.

Marcio Túlio Viana - professor nas Faculdades de

Direito da UFMG e da PUC-Minas

Agradecemos ao carinho e ao apoio dos leitores! Sem vocês, nosso trabalho não seria possível.

Equipe Carpe Diem

33CARPE DIEM

Cartas 3Pelo Mundo 4Entrevista 5Clinamen 8Opinião 14Poesias 16Perfil 18

Biografia 20Etimologia 21

Carpe Noctem 21Recomenda 22

Tirinha 24Passatempo 25

Seção Curinga 26Plunkt Plakt

Zum 27

Envie sua crítica, sugestão, desenhos, textos ou comentários:

[email protected]

Cartas

Index

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4

Pelo Mundo

CARPE DIEM4

Há mais de 1500 anos começaram as primeiras

ocupações no território que então viraria a grande república marítima do mar Adriático: “La Serenissima”. Segundo a tradição, Veneza foi fundada em 25 de março de 421 d.C., quando povos vênetos fugiram de suas cidades invadidas pelos bárbaros para se refugiarem na futura Veneza, uma península até então habitada somente por pobres pescadores.

Daí em diante passaram-se os anos e a «Repubblica della Serenissima» cresceu, sempre em função da sua particular condição geográfica, expandiu seus territórios, virou uma grande potência marítima, conquistou terras e se tornou um dos maiores centros culturais (artístico, cientifico e literário) da Europa. Protegida dos inimigos pelo seu território de acesso restrito às naves e de água baixa, que favorecia o encalhe, Veneza conquistou territórios que iam do Veneto, Friuli, Bresciano, Bergamasco até as portas de Milão, e dominou grande parte da costa do Adriático, além de manter um lucrativo comércio com o oriente. Quando falamos da Repubblica Serenissma, não podemos deixar de citar nomes como o grande explorador do oriente Marco Pólo, os pintores e escultores Carpaccio, Canova, Giovanni Bellini, Tintoretto, Tiziano, Giorgione, Giovan Battista Tiepolo, Paolo Veronese, o compositor Antonio Vivaldi, os dramaturgos Carlo Goldoni e Carlo Gozzi, o escritor, famoso pelas suas a v e n t u r a s , Casanova , e muitos outros que fizeram parte da história dessa cidade e que eternizaram as suas glórias passadas. Tudo isso acabou com a c h e g a d a d e

Napoleão, que com seu e x é r c i t o e o Tratado de Campofórmio p r e s e n t e o u a Áustria com essa milenar cidade. Foi assim que em 1797 cai a S e r e n í s s im a . É somente em 1866 que Veneza passa a fazer parte do Reino da Itália. Foi, então, que Veneza começou a se transformar na

cidade que

conhecemos hoje: uma cidade que respira história, com seus palácios e igrejas e seu misterioso romantismo. Sua renda principal é dada pelo turismo (de caros hotéis e restaurantes, a gondoleiros e inúmeras lojinhas que vendem todo tipo de souvenir). São 18 milhões de turistas por ano segundo uma crônica do jornal “La Repubblica” e somente 70000 residentes fixos na cidade histórica. Talvez por isso seja difícil imaginar que alguém possa morar nessa cidade.

Efetivamente a vida dos habitantes de Veneza é diferente. Para começar, o óbvio: não existem carros. O meio de transporte mais usado são os pés. As ruas são feitas de água (os chamados “canale”) tornando os barcos o segundo meio de transporte mais utilizado. Como nem todos podem se permitir ter um barco (e mais difícil ainda um lugar onde mantê-lo estacionado) existem os transportes públicos aquáticos, os «vaporetti» ou como os venezianos carinhosamente o chamam: «el bateo». O fato de se caminhar sempre ou utilizar o transporte público faz de Veneza uma cidade muito humana, pois é comum encontrar amigos e conhecidos pelas ruas e assim parar para trocar novidades. Além disso, como tudo aquilo que você compra ou precisa carregar necessariamente será levado nos braços, os venezianos acabam aprendendo a medir a suas próprias forças, trazendo só o essencial para casa. Nesse sentido Veneza é uma cidade muito mais “à medida do homem”.

Izabela LamegoIV Liceu

Da República Sereníssima à Veneza de agora

arte: www.deviantart.com/ktjones

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MarceloLibânio

Entrevistamos Marcelo Libânio em sua sala na Escola de Engenharia da UFMG, onde leciona.

Estávamos tensos, pois seria nossa primeira entrevista de caráter mais “técnico” – nunca havíamos entrevistado alguém da área de

exatas. Ele, simpático, nos deixou confortáveis com o bom papo. Graduado em Engenharia

Civil, é mestre em Engenharia Sanitária, doutor em Hidráulica e Saneamento e tem

pós-doutorado pela Universidade de Alberta. Conversamos sobre água, um tema que pode parecer banal – mas só porque a temos em

abundância com um simples giro de torneira.

R$ 50 milhões. A indústria da água envolve muito dinheiro. Os gastos das concessionárias de abastecimento são basicamente com pagamento de funcionários e com a energia elétrica.

Como era a bacia hidrográfica na região de Belo Horizonte antes da urbanização?

Essa é uma pergunta difícil de responder. Com a ocupação antrópica, houve uma deterioração da qualidade da água, causada pelo despejo das águas pluviais e pelos despejos humanos, tratados ou não. Os maiores danos foram causados pela impermeabilização do solo. Na década de 50, por exemplo, se caísse uma chuva na região do Belvedere a água seria retida pela

melhores situações entre as capitais brasileiras.

E como funciona a distribuição?

Através da integração de vários sistemas.

A indústria da água é rentável?

Não se sabe ao certo, mas é possível fazer uma suposição:A Grande Belo Horizonte tem, aproximadamente, 4 milhões e meio de pessoas. Vamos supor que em cada residência morem 4,5 pessoas, ou seja, temos cerca de1 milhão de residências na região metropolitana, todas consumindo água. O valor médio da conta de água, na melhor das hipóteses, é de R$ 50: só aqui já são

Quais são as principais fontes de abastecimento de água da grande BH?

São seis os grandes sistemas que abastecem Belo Horizonte, mas o maior de todos é o Rio das Velhas. Eles fornecem entre 12 e 13m³ de água por segundo, o suficiente para abastecer toda a população da Nova Zelândia. Os moradores de Belo Horizonte muito raramente têm lembranças de falta de água na cidade, já em Recife, por exemplo, falta água frequentemente. Um caderno da Folha de São Paulo tem informações sobre falta de água quase todos os dias, em determinados bairros. Muitas cidades padecem com esse problema, então podemos dizer que Belo Horizonte tem uma das

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Entrevista

Foto: Divulgação

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educação san i t á r i a também influenciam, além das ligações clandestinas.

Q u e m f a z e s s a s l i g a ç õ e s clandestinas e por quê?

Principalmente a população de baixa renda, que não quer ou não tem condição de pagar as taxas de esgoto embutidas nas contas de água, ou por causa da falta de estrutura dos aglomerados. São feitas ligações em bocas de lobo, que servem normalmente para captar água da chuva. Elas não deveriam ter mau cheiro, mas isso acontece em decorrência dessas irregularidades.

De que forma a cidade influencia, direta ou indiretamente, o Rio das Velhas e o São Francisco?

Belo Horizonte é abastecida pelo Rio das Velhas. Além disso, os despejos tratados são jogados no Rio Arrudas, que é afluente do Rio das Velhas. Belo Horizonte afeta tanto quanto qualquer grande cidade, mesmo tratando os esgotos só agora.

No que se baseia o parâmetro de consumo de água em escala mundial? Existe algum tipo de padrão?

O principal parâmetro de consumo de água não é dado pela temperatura, como muitos pensam, mas pela condição social e econômica. Quanto maior o poder aquisitivo de uma pessoa, maior é o seu consumo.Pra se ter uma ideia, no Brasil a média de consumo per capta em 1999 era de 158 litros/pessoa/dia e de 149 em 2000, já nos Estados Unidos, este já era de 1261 em 1998 devido, sobretudo, ao grande número de indústrias no país.

Existe alguma forma viável de reutilizar a água dentro das residências para diminuir o consumo

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Entrevista

“As duas estações

de tratamento

de esgoto de Belo

Horizonte são

deste século.”

“Quanto maior o

poder aquisitivo

de uma pessoa,

maior é o seu

consumo.”

97,5% da água da Terra é salgada

2,5% é doce, desses:68,9% está nas calotas polares

e geleiras29,9% em reservatórios

subterrâneos0,9% em outros reservatórios

0,3% em rios e lagos

vegetação existente. Hoje toda essa água vai descer e chegar até o Centro. As chuvas de hoje causam um dano muito maior do que no passado, não porque chova mais do que chovia a n t e s , m a s d e v i d o à impermeabilização da bacia.

Houve outra mudança significativa decorrente da urbanização?

A água para abastecimento de praticamente todos os países tem ficado mais distante do centro de consumo, para preservar qualidade e saúde da população. Se houver erro operacional ou humano no tratamento, há um risco de contaminação da população. Quanto mais distante for o centro, mais tempo há para impedir a c o n t a m i n a ç ã o . P a r t e d o abastecimento de São Paulo capital, por exemplo, vem de Minas Gerais.

E o esgoto? Para onde vai? É tratado?

As duas estações de tratamento de esgoto de Belo Horizonte são deste século (a estação do Arrudas é de 2001, a da Onça, de 2007), antes o esgoto era derramado diretamente no Arrudas, sem tratamento algum. Eu mesmo cresci com o esgoto nas ruas.

Com que qualidade a água volta para o Rio das Velhas?

Já houve uma melhora significativa, mas ainda não se pode nadar lá. Além do tratamento dos esgotos, as águas pluviais, o lixo e a falta de

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e o desperdício?

Sim. Já existem pesquisas a esse respeito. Alguns países já fazem reutilização das águas cinzas, que são as águas dos lavabos e dos chuveiros. As águas negras (vaso sanitário e cozinha) não podem ser reutilizadas, essas vão direto para a rede coletora. Há 2 anos estive na cidade de Singapura. No hotel em que fiquei, vi, pela primeira vez, uma conexão entre o lavabo e a caixa de descarga do vaso sanitário. Singapura padece de escassez de água. Aqui no Brasil alguns prédios mais novos já começaram a utilizar esse sistema.

O Brasil está preparado para abastecer uma população em constante crescimento numérico e econômico de maneira sustentável?

Sim. Temos tecnologia e água suficiente para sustentar todo o país. A vazão mínima de água registrada no rio Paraná (Triângulo Mineiro) é suficiente para abastecer, em termos de consumo doméstico, o país, com uma vazão dez vezes maior do que a atual demanda. O problema é que a escassez de água é localizada; o Estado da Paraíba e de Pernambuco são os Estados mais secos do país. O problema está na distribuição dessa água para todo o Brasil.

E como fazer a água chegar nesses lugares que são problemáticos?

Algumas coisas têm sido feitas, principalmente em relação à captação de água de chuva, o sucesso obtido é variável. O governo lançou há alguns anos o programa “Um milhão de cisternas” das quais 300 mil já foram instaladas, também com sucesso variável.

Por que o sucesso é variável?

Muitas vezes as pessoas mal-orientadas, ao invés de captarem a

água das chuvas, enchem as cisternas com água de um caminhão pipa, que em geral é de péssima qualidade. Isso acontece muito no Nordeste e em Minas.

Existe outra maneira de captar água?

Exis te a captação de água subterrânea, mas é difícil fazê-la nas regiões mais secas do Brasil, em que o solo faz a água ficar salobra. A tendência é de que a salubridade aumente nos poços d'água, graças à evaporação nos períodos de seca. Isso torna a situação complicada, pois, ao consumir essa água sem o devido tratamento, a população corre o risco de sofrer algum tipo de intoxicação por presença de algas.

E é comum esse tipo de intoxicação?

O caso mais famoso aconteceu em 1996 no Brasil. Sessenta pessoas morreram em um hospital que utilizava a água para fazer tratamento de hemodiálise. O risco é de efeito crônico, não agudo. Não acontece nada se alguém tomar um copo d'água com toxinas de alga, mas a longo prazo isso traz consequências mais sérias.

Amanda Bruno e Jéssica BallesterosIV Liceu

Entrevista

7CARPE DIEM 7

Chove mais no Vale do Jequitinhonha do que em

Londres ou Paris, em relação ao volume de água

precipitado. No Vale, porém, a evaporação é maior.

“Temos

tecnologia e

água suficiente

para sustentar

todo o país.”

“[...] nas regiões

mais secas do

Brasil, o solo faz

a água ficar

salobra.”

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não?- Não sei...- Que foi? Que acha que pode dar tão errado?- É só que... - hesitou, perdeu as palavras por uminstante: - ...não vai dar certo. -Se recompôs: -Nãovai dar certo, sei que não vai...- Mas...Tinha encostado no muro, e agora olhava nadireção oposta a ela, onde o sinal ficara verde e oscarros cruzavam.- Acho que é isso então... - ela quebrou finalmente osilêncio.- Pois é... - não tinha mais o que dizer, mas nãosuportava não dizer nada.Ela checou o relógio:- Acho melhor subir...- Tudo bem...Despediram-se, e ele esperou que ela desaparecesse por detrás do jardim de entrada.Começou a fazer o caminho de volta.Tentava ao máximo não pensar sobre o que tinhaacabado de fazer. Puxou os cigarros, quem sabeajudariam. Pensou em voltar ao café, mas achoumelhor ir para casa, podia tomar café em casatambém.

Daniel NunesIV Liceu

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CARPE DIEM

Crônicas carpediemnianas número três:

É, morenaChegou um pouco atrasado. Estava sentado em um

café nas redondezas escrevendo cartas, tãoentretido que, quando checou as horas, seu primeiroinstinto foi pedir a conta: três expressos comchantilly e um maço de cigarros. 'Nada mal', foi oprimeiro pensamento, seguido por um 'ainda bemque trocam os cinzeiros de tempos em tempos',colocando os cigarros no bolso enquanto saía.Não foi difícil encontrá-la, estava no lugar desempre e não conversava com ninguém.- Vamos?Começaram a andar, as mãos se juntaram. Aconversa achou seu rumo sozinha, e os quarteirõesforam vencidos um a um, vagarosamente.Já chegavam em casa e, como de costume, pararamum pouco antes. Já não falavam nada desde o finaldo último quarteirão. Inconscientemente, estavamambos decididos a resolver a tal situação.- Olha... - ela começou - Eu gosto muito de você.- Também gosto muito de você, é...- E acho que isso realmente daria certo, não acha?- É que... não sei se quero isso... - falou, tão baixoque foi quase para si mesmo: - Não sei...- Mas... Acho que nós só vamos descobrir tentando,

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Quando minha mãe, relembrando o passado, me diz

que começou a gostar de História através de um professor, vendo seu amor por aquela matéria, eu pergunto qual é seu nome. Ela me diz que é Tião Rocha, ganhador do «Prêmio Empreendedor Social 2007», e que acabara de sair uma entrevista com ele na revista “Caros Amigos”, número 137. Disse também que já pensava em manifestar sua vontade de que eu lesse as palavras de Tião. Mal sei explicar o quanto mudou em mim depois de tê-las lido. Vejo hoje na minha Escola, e em várias outras, que muita coisa está errada. Já vi uma criança sair da sala rasgando uma prova e chorando desesperada. O motivo? Simples: sua notaera vermelha. Ouço professores dizerem que, na escola, seu objetivo é aprovar e o objetivo do aluno é ser aprovado.Decepciono-me com pensamentos assim tão pequenos, tão pobres. Mas o que mais me surpreende e entristece é encontrá-los dentro da instituição que sempre considerei essencial, na qual sempre confiei. Minha visão hoje não é assim tão ingênua. Escolas não mais ensinam. São empresas, querem renome, e querem seus alunos no topo da lista dos aprovados da UFMG.Li, há pouco tempo, que existem palavras que falam por si só. E que uma delas é aluno. ”Aluno: sem luz, sem conhecimento”. Não quero ser aluna. Quero estar em um lugar onde todos somos “aprendedores”. Onde os professores se colocam como mediadores do conhecimento, e propõem aprendizado, trocas. Onde uns aprendem com os outros, e não somente com livros. Quero uma nova escola, que ensine às crianças que o Vestibular não é o objetivo, e que não distribua pontos como prêmios após um trabalho bem feito. Uma escola onde se constrói o saber, onde não existem testes, pois o conhecimento deve ser adquirido,e não provado. E m s u a e n t r e v i s t a, T i ã o R o c h a questiona : “ A escola pode ser p ra z e ro s a ? Ou tem que ser o serviço

militar obrigatório aos seis anos?”. A minha pergunta é a mesma. Ir à escola, hoje, é sinônimo de obrigação. E não deveria. Essa instituição, com sua estrutura de lógica medieval, afasta cada vez mais crianças e jovens do interesse pelo conhecer, quando deveria ser o contrário. Quem tem prazer em aprender História, Geografia, ou qualquer outra matéria, quando é obrigado a provar de semanas em semanas que o conteúdo foi fixado? Ou quando tem que ser comparado com os outros “alunos”, que fazem o dever e se saem bem nos testes? Por que, afinal, o que é realmente testado? Por que não confiar que uma pessoa é capaz de ter interesse em aprender, em se tornar conhecedora por si só? A Escola, para sua própria reputação, precisa constantemente confirmar que as crianças e jovens estão fazendo seus deveres, copiando as matérias, usando o uniforme corretamente, e precisa distribuir pontos. Pontos que são conquistados para a aprovação final. Pontos que, na verdade, não existem. Mascaram o objetivo real, o aprendizado, com 30 pontos a cada etapa, e dizem que nos preparam para o vestibular. Penso: “Meu Deus, será que não enxergam?”. Pergunto-me se não conseguem ver que

estamos lá para termos compreensão, vivência. Mandam alunos para fora de sala,

reclamam dos resultados, quando deveriam nos ouvir e lembrar que a

escola é lugar de formar cidadãos, quando deveriam fazer com que nós

tivéssemos vontade, interesse por seus ensinamentos, assim como o premiado

Empreendedor Social fez com minha mãe.Ainda que me sinta como uma em um milhão,

navegante esquecida e quase sozinha em um oceano tão grande e escuro, ainda mais perdido do que eu, acredito na mudança. Acredito que a tal da instituição ainda pode e deve tentar enxergar através de seus aprendizes e, assim, ver que a vida vai além das notas, e que tem muito a aprender antes e enquanto começa a realmente ensinar...

Isabel PellegrinelliI Liceu

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Navegante

CARPE DIEM

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina)

arte: www.flickr.com/lumiando

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CARPE DIEM

Acordei jogado sobre um chão de tablado com uma

madeira de cor marrom clara, rachada pelo tempo. Minha cabeça ecoava como o pêndulo de um sino em uma igreja, então permaneci ali, deitado, olhando para o teto branco manchado de mofo e com algumas teias de aranha em sua extensão. Às vezes, a dor batia mais forte e meu corpo se contraía. Levei a mão à cabeça diversas vezes, mas só agora percebi aquele calombo causado por uma contusão. Não me lembrava de ontem à noite, tentava me erguer, mas sentia em minha cabeça um peso enorme. Fiquei ali, jogado como um filho do demônio na porta do paraíso por aquela noite e, no dia seguinte, percebi que não conhecia tal lugar. Percorri com um olhar rápido o cômodo e vi uma porta de maçaneta dourada e reluzente. Meu instinto me empurrou para lá e, em vão, girei a maçaneta seguidas vezes. Balancei a porta e gritei, mas só ouvia meu grito que ecoava pelo que me parecia um corredor. Aquele silêncio insistia em permanecer, interrompido apenas por um tique-taque distante. Batia e tentava abrir a porta incessantemente, via os ponteiros do cuco cumprirem seu percurso sem errar um passo, dia após dia. A cortina de p e r s i a n a , v e l h a e amarelada pelo tempo, d e i x a v a - s e s e r ultrapassada por a lgun s ra i o s durante o dia.

À noite, aquele único poste posto à f r e n t e d a sacada, insistia em iluminar ali com a sua luz falha e, então, percebi que não sabia mais a data. Aquilo estava me enlouquecendo. Onde eu estava? Por que eu estava ali? O que tinha acontecido naquela noite? Eu tentava abrir a porta, Deus sabe o tanto que eu tentei, e aquela agonia não cessava. À noite, era pego pelos meus sonhos que me mandavam flashes daquela noite e eu acordava com meus gritos sentindo o gosto do sangue de volta à minha boca. Passei assim vários dias, alimentando-me de restos achados sobre uma bancada. Não entendia como aqueles restos duravam tanto, ou como eu dormia tanto jogado sobre uma velha poltrona de couro marrom, gasto e comido pelo tempo. Resolvi, por aquele dia, não comer nada e, quando o cansaço venceu a batalha contra meu corpo, me joguei no assento. Acordei no meio da noite com algumas risadas. Eu não estava ali sozinho, então resolvi fingir que ainda estava com Morpheus. Dois

homens destrancaram a porta e riam, como se eu não estivesse lá. Um deles era

gordo e baixo, com t r a ç o s

Amnésia

10arte: www.deviantart.com/custombydak

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CARPE DIEM

Fratelli d’Italia

Cinquantotto milioni d’italiani con la mano al petto. Proprio sul cuore. Cantando emozionati il nostro caro Fratelli d’Italia. Cinquantotto milioni tra donne, uomini e bambini. Quelli che in tivù, chissà perché, appaiono sempre biondi, belli, quasi degli angeli. Ecco, quelli.Siamo tutti italiani, “tutti bona gente”, tutti patrioti. Lo sappiamo tutti l’inno nazionale. Per forza. Lo impariamo a scuola, a casa, lo sentiamo per strada, lo cantiamo, qualcuno ci piange pure su.Si alzano le bandiere. Italia, Unione Europea, Roma! Tutte belle grandi, appese alle finestre. Ci piace pensare alle nostre belle guerre per l’indipendenza, alle rivoluzioni... Ma, ahimè! Nel fascismo non si tocca. Amiamo il nostro paese, la nostra cultura, i nostri vini e i nostri formaggi, ma per capodanno ci deve per forza essere lo spumante francese, mi raccomando!Inni, bandiere alzate, parole buttate al vento. Sarei felice nel morire per l’Italia. Perché non c’è posto come il Nostro paese. La nostra Patria. La Mia patria! Non so quanto a voi, ma a me quest’idea ricorda un po’ una certa canzoncina molto cantata nei primi del novecento.E mi viene da pensare...Come mai il patriottismo ci ricorda sempre governi assolutistici ed oppressori?Non saprei. Non ce lo chiediamo che è meglio.E ancora una volta mi viene in mente quella stessa canzoncina.

Giovinezza, giovinezzaprimavera di bellezza,

nel fascismo è la salvezzadella nostra libertà!

Laura RendeII Liceu

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italianos e terno de linho que me fizeram jurar sua participação em uma máfia. O outro, alto e magro, era mais uma espécie de fugitivo do FBI, com seu nariz de tucano, suspensório que puxava a calça deixando à mostra as canelas e seus traços magros. O mais alto entrou trazendo nos braços sacolas de papel engorduradas e seguiu para a bancada. O outro carregava um copo de uísque e, na cintura, uma arma.- Temos que achar um lugar que ele ainda não mexeu.- Coloque em qualquer lugar, esse pobre diabo jádeve estar louco.- Melhor não confiarmos nisso. Vem... me ajuda acolocar esses restos lá em cima.Bufou, colocou o copo de uísque sobre uma mesinha de vidro perto de alguns livros e jogou por ali sua arma. Eu me virei como uma pessoa que dorme para ver melhor a cena, então o homem da arma me olhou desconfiado, perguntando ao comparsa sem desviar o olhar de mim.- Será que ele está mesmo dormindo?- Você está brincando? Com o tanto de sonífero que agente coloca nesse negócio, ele dorme mais do que umurso hibernando.-É, você tem razão.Ocuparam-se em esconder a comida, o que demorou tempo suficiente pra eu bolar um plano. Interpretei um daqueles gritos que eu dava antes de acordar. O susto dos homens foi tão grande que eles nem se preocuparam em retirar do cômodo as evidências de que eu não estava ali sozinho, só se ocuparam emtrancar a porta. Levantei-me e sentei na poltrona, com as pernas entreabertas, os cotovelos apoiados sobre elas, com as mãos em forma de ponte tampando a boca. A imagem daqueles homens me trazia à memória mais algumas evidências daquele dia. Eu me esforçava, forçando-me a lembrar de algo. O tique-taque do cuco não estava mais tão distante e eu, com os olhos cheios de lágrimas, me lembrava daquela noite. Eu devo estar louco.

Vitória BallesterosII ITC

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seu uso.” Ela define também que a população e o Estado devem ter participação no processo decisório de administração da água. Com base nessas legislações, foram criados os Comitês de Bacia, unidades públicas de gestão das águas de uma bacia hidrográfica.Um dos maiores problemas dos Comitês de Bacia é que quem mais participa na sua administração não é o “povaréu”. O projeto Manuelzão tem como seu maior mérito fazer com que a participação da população efetivamente aconteça no Comitê de Bacia do Rio das Velhas. A verdadeira importância da participação populacional no Comitê é que, sem a população, oComitê não tem legitimidade para agir. Isso significa que ele, normalmente, apenas institucionaliza as leis sobre o uso da água, mas não tem como realmente controlar o seu uso. Para poder agir quando é necessário, é preciso a participação da população. Em consequência deste projeto, a Bacia do Rio das Velhas é uma das mais bem administradas e com um dos processos de revitalização que melhor funciona no Brasil.O sucesso do projeto não envolve somente instituições oficiais, fontes financiadoras e entidades ambientais, mas também a população local. É mais um passo que sutilmente trabalha para conscientizar o mundo e as pessoas que, a longo prazo, "o modo como manejamos a água existente em nosso planeta pode vir a ser fator determinante para a possibilidade de nossa espécie continuar – ou não – a habitá-lo", “…que por todo o mal que se faz, um dia se repaga, o exato”.

???I Liceu

Clinamen

CARPE DIEM

“O senhor vê: existe cachoeira, e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e

água se caindo por ele, retombando, o senhor consome essa água, ou desfaz o

barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso…”

(Grande Sertão: Veredas)

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Manuelzão. Isso não é apenas um nome fora de

moda no aumentativo. Trata-se de um projeto de extensão da UFMG, batizado segundo o personagem de Guimarães Rosa, o vaqueiro Manuel Nardi. Além do nome, a verdadeira história do projeto começou em 1997, ano no qual foram instituídos os «Comitês de bacia» no Brasil, por iniciativa do Dr. Apolo Heringer Lisboa. Alunos e professores do IR (Internato Rural) da Escola de Medicina da UFMG perceberam a necessidade de conscientizar, não só a população ribeirinha, mas toda a sociedade sobre a questão da poluição da água. Não era o bastante tratar a população de tempos em tempos, mas sim trabalhar as causas das doenças. Isso quer dizer que a saúde não é apenas uma questão médica, está diretamente relacionada às condições sociais e ao meio ambiente em que as pessoas vivem. A meta do projeto é despoluir a bacia hidrográfica do Rio das Velhas (que é o maior afluente do Velho Chico) e integrar a população, trazendo assim maior qualidade de vida aos habitantes de toda região. Essa bacia foi escolhida como foco de atuação porque permite uma análise mais ampla e integrada dos problemas e das necessidades de intervenção, uma vez que envolve 51 municípios de paisagens, culturas, e realidades sociais diferentes. Esta atuação mais ampla é necessária, pois o que adianta para um município tratar seus esgotos se continuar recebendo águas poluídas vindas de outros municípios? Há duas principais leis que se referem à água no Brasil: a primeira estabelece que “as águas são públicas e devem ser administradas levando-se em consideração o seu uso múltiplo, sendo o consumo humano explicitamente prioritário sobre outros propósitos”; a segunda diz que “a água é um bem econômico, e, portanto, os usuários devem pagar pelo

Paz das águas… Ê vida!

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Em 1972, aconteceu em Estocolmo a primeira

conferência relativa ao meio ambiente promovida pela ONU. Nessa época, não havia uma agenda internacional que regulamentasse as relações entre a humanidade e o meio ambiente, sendo que somente o desastre de Torrey Canyon havia ganhado algum destaque (da mídia) em 1967.

Foi somente durante a Conferência da Terra, em 1992, que cento e setenta e dois países de fato reconheceram a necessidade de perpetuar o que se chama hoje de desenvolvimento sustentável. Todos os chefes de Estado presentes no Rio de Janeiro concordaram com as diretrizes estabelecidas pela Agenda 21, que prevê, dentre outras coisas, o desenvolvimento das nações de forma harmônica com o meio ambiente.

As nações que participaram da Conferência de Joanesburgo (Rio +10) reconheceram que o mundo globalizado tem plenas condições de enfrentar o desafio de preservar os recursos naturais para não comprometer as gerações vindouras. Trata-se de um compromisso irrefutavelmente conhecido. Então, por que razão tantos países preferem postergar a implementação de planos de ação que visem ao desenvolvimento sustentável?

É inegável que o modo de produção capitalista pressupõe a exploração acéfala de todos os meios de produção imagináveis. A ética do capital se impõe sem dó nem piedade aos famintos, doentes e oprimidos do mundo. Por que o ambiente mereceria melhores cuidados?

Quando o Sistema Financeiro Internacional perde quinze trilhões de dólares em poucos dias, fica evidente que é chegada a hora de frear esse monstro que não passa tão somente por uma crise cíclica, mas por um verdadeiro cataclismo. A emissão desmedida de dióxido de carbono, bem como de vários outros gases causadores do efeito estufa ameaçam a própria existência do homo sapiens/de mentis no planeta. A previsão pode soar apocalíptica, mas é absolutamente tátil.

A questão do desenvolvimento sustentável se torna cada dia mais gritante. Como escreveu Leonardo Boff:

“A humanidade precisou de 1 milhão de anos para alcançar em 1850 1 bilhão de pessoas. Prevê-se que, por volta de 2050, haverá 10 bilhões de pessoas. É

Opinião

14 CARPE DIEM14

Amanhã será

Page 15: Carpe Diem IX

Opinião

triunfo ou dano? Há explosão demográfica e decrescimento dos meios de vida num planeta limitado. Sinal precursor de nossa próxima extinção? Dada a pressão industrialista global sobre a biosfera, estão desaparecendo 3.500 espécies por ano. Um desastre

biológico.”

Num contexto em que os índices das bolsas de Nova Iorque e Tóquio são mais importantes do que a própria manutenção dos recursos naturais do planeta Terra, não vejo outra saída que não seja o pleno envolvimento da sociedade civil na luta pela regulamentação do desenvolvimento sustentável em todos os cantos do mundo. A questão já não é só moral, mas estritamente política. A intervenção dos Estados na economia se faz imprescindível para amenizar os impactos que vêm sendo causados em todas as partes do mundo.

As cidades não precisam esperar pela luz divina do Governo Federal, tão sobrecarregado de funções – e consequentemente de poder – no caso da República nem tão Federativa do Brasil. Se as soluções forem discutidas e encontradas na esfera municipal, tanto melhor. As decisões precisam ser tomadas rapidamente, pois a exploração da Amazônia não cessa, o desaparecimento de espécies também não. Como quis Rousseau, quanto mais conciso for o corpo político, mais agilmente se concretiza a vontade da maioria.

Ana Priscila C. Luz

ex-aluna

15CARPE DIEM 15

outro dia?

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Page 16: Carpe Diem IX

Poesia

16 CARPE DIEM16

Fontes infinitas dos teus olhos.Profundo abismo de luz. Do brilho de um pequeno gesto dos teus mais profundos sentimentos,Meu corpo se estremece. Água, sal, ternura.Três elementos puros e perfeitos.Juntos homenageiam tua verdade. Pelo teu rosto elas seguem esperançosas.No desejo angustiante de que teu bem amado as venha enxugar. Meu ego insistente,Busca por uma razão. Fraco e inofensivo,Diante de tua perfeição eu me rendo. Perdido em sentimentos.Tudo que me resta é a esperança de que no fim,Eu me torne uma delas.

Brunno CouraIII ITT

Eu, ser incandescente de hidrogênio puro,Filho rarefeito da mais densa nebulosa,Nas rotas elípticas de força grandiosaSou o poder e a razão das forças do futuro.

Sou parte deste logos cósmico gigante,Sou parte de um todo que aspira a unidade,Tempestade e ímpeto, potência e vontade,Sou pneuma de todo um organismo inda infante.

Eu, que sofro do mais puro sofrimentoProcuro na abstração cósmica um alentoPara minha alma, embuçada em aflição.

Eu, que delirante pela noite o céu contemploE que em lugares ermos procuro isolamentoHei de encontrar nas etéreas planícies solidão.

Guilherme Evaluno em intercâmbio

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Page 17: Carpe Diem IX

Suspiros de uma chuva de verão

O som da flauta ecoa,ouço uma voz suave,aos poucos bate forte,se silencia.

Seu olhar é cinzento,aos poucos se fechandoeis que se escutambatidas,batem, batem...são toques de minutosde segundos,uma saraivaadda.

Surge assim seubrilho, um estrondo!Um grito desesperadoque vem,que vai,que volta,que segue.

Eis que brilha,seu suspiro é forte,um sopro noouvido

Um cheiro verde,o grito:que vaique vem,se perde evolta.

Seu olhar se torna escuro,não há mais luzseu borbulho é forte,rouco e se misturacom o sibilo, que ficaainda mais forte.

As lágrimas, ah essas!Caem com veemência!

Sua presença envolve,esfria o ambiente,é forte, geladasombria.

17CARPE DIEM

Seu sentimento é forte, paciente,eloquente no que diz,no que respira,no que tangeaemoção?

Ao calar de suas palavrasde seu clamorde seu dizermurmúrio.

Resta o que não misturar,água e terra,barro,miséria.

Yin san Mantovanex-aluno

Poesia

CARPE DIEM 17

arte

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3s

Page 18: Carpe Diem IX

“MAS EU, alheio sempre, sempre entrando/ O mais íntimo ser da minha vida/ Vou dentro em mim a sombra procurando.”

De fato, a sombra encontrou. Fernando Pessoa nunca se casou, teve uma namorada, porém. Vasculhando entre seus companheiros, que só em papéis existiam, achou , “sozinho”, o amor à literatura. Com o passar dos anos, e após muitos artigos, poemas e prosas, Pessoa publicou o seu primeiro livro “Mensagens” em 1934 - que lhe rendeu um prêmio no concurso literário “Antero de Quental”.

“ TÃO CEDO PASSA tudo quanto passa!

Morre tão jovem ante os deuses

Morre! Tudo é tão pouco! (...)”

Não tão poética como o autor, a morte o alcançou em novembro do ano sucessivo acompanhada de uma terrível cólica hepática. Assim, se desmultiplicou, com 47 anos , o poeta dos heterônimos.

“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha bio grafia, não há nada mais simples. Tem

só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus”.

Fernando Pessoa,

1888-1935.

Raquel F. BatistaII Liceu

CARPE DIEM1818

Perfil

“Pessoas” talvez seria o sobrenome mais adequado

para o poeta. Basta dizer que Fernando Pessoa não era exatamente sozinho: contava com seus múltiplos “eus”- ou melhor - heterônimos, que, ao contrário do que muitos pensam, não eram pseudônimos. Tinham ‘vida própria’ por assim dizer: própria personalidade, próprio estilo, própria história - enfim, eram vários homens independentes que viviam para dar razão à genialidade de Pessoa. Assim como todos seus “egos,” é natural que o original destes tenha uma história também. Nascido português em junho de 1888, Pessoa cresce já com seu heterônimo Alberto Caeiro - que ‘nasceria’ no ano posterior. Ainda criança, mudou-se para Durban, na África do Sul, onde aprendeu inglês e francês - línguas que futuramente farão parte de alguns de seus poemas. Exercitando sua educação britânica, escreve prosa e poesia em inglês, e então surgem seus elegantes companheiros Charles Robert Anon e H.M.F. Lecher. Encerrados seus bem sucedidos estudos na África do Sul, agora, independente e crescido - com seus 17 anos-, retornou a Lisboa para ingressar no Curso Superior de Letras. Contudo, abandonou o curso em menos de um ano.

“Depois pensemos, crianças adultas , que a vida

Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa.”

De fato, tal abandono não impediu que o poeta progredisse. Na verdade, deu origem, poucos anos depois, a Ricardo Reis, heterônimo “médico-bucólico” que ‘sofria’ de perfeição e simetria - ‘bens’ de sua Monarquia.

Neste período, Pessoa começou a trabalhar como crítico literário e ensaísta da Revista Águia- o que impulsionou sua carreira.

Influenciado por Nietzsche, Schopenhauer e pelo simbolismo francês, nasceu seu principal heterônimo: Álvaro de Campos, engenheiro de educação inglesa, que passou por fases poéticas como o decadentismo, o futurismo e por fim o niilismo.

Ainda em vida ‘terrena’, Álvaro posfaciou a obra “Poemas Completos de Alberto Caeiro” do companheiro, que crescera com Pessoa como

camponês e morrera como poeta-filósofo, de tuberculose.

Fernando Pessoa

Page 19: Carpe Diem IX

A“Sonho. Não sei quem sou neste momento. Du rmo sentindo-me. Na hora calma Meu pensa mento esquece o pensamento, Minha alma nã o tem alma Se existo é um erro eu o sabe Se acordo Par ece que erro. Sinto que n o sei. Nada quero nem t enho nem re cordo. Não t enho ser nem l ei.Lapso de co nsciência entr e ilusões, Fan tasmas me limit am e me contém Dorme insciente d e alheios cora ções. Coração de ninguém.”“Pouco me importa. Pouco me impo rta o quê? Não sei: pouco me importa. “ ”O q ue me dói não é O que há no coração Mas essas coisas lindas Que nunca existirão..”. 19

Perfil

CARPE DIEM 19

arte: Raquel França Batista II Liceu

texto: Fernando Pessoa

Page 20: Carpe Diem IX

progresso técnico-científico nessa época é notadamente superior ao europeu, e não podemos excluir a possibilidade de o consumo de café no mundo árabe ser um dos tantos motivos desta superioridade.

A bebida só chegou ao velho continente no século XVI e se difundiu no século XVII: coincidência ou não, esse foi também o século da revolução científica .No século

XVIII, o ambiente dos cafés tornou-se popular ponto de encontro de intelectuais e artistas: a sua importância como berço da efervescência cultural daquele e dos séculos seguintes é inegável. Cafés foram t a m b é m p a l c o d e importantes decisões e ref lexões po l í t i cas, r e vo l u c i o ná r i a s o u independent is tas. A lucidez e a clareza de ideias são, sem dúvida, f a v o r e c i d a s p e l a ingestão da bebida. Será que ela também t e m p a r t i c i p a ç ã o i m p o r t a n t e n a racionalidade excessiva do século XIX, presente de certa forma até hoje?

Ouvi dizer uma vez que o sucesso da Revolução I n d u s t r i a l e d o Capi ta l i smo ser iam

impossíveis se o hábito de consumir café não houvesse se disseminado também entre as classes menos favorecidas. Até o século XIX bebiam principalmente água (muitas vezes de péssima qualidade, sem tratamento, possivelmente contaminada...) e bebidas alcoólicas: raramente estavam no melhor de suas condições físicas,ou por mal-estares causados pela água de baixa qualidade ou pelo estado ébrio causado pelo álcool. Quando passaram a beber café, seu vigor físico aumentou, já que a bebida, além de estimulante, é feita com água fervida e não possui

O café e a sociedade contemporânea

Madrugada funda e eu aqui escrevendo,

despertíssima. Pergunto-me se, depois de tantas horas acumuladas de sono atrasado, isso seria possível sem as centenas de mil de cafés que tomei. Duvido. Normalmente não refletimos a fundo sobre a nossa relação com o que ingerimos, pelo menos não fora do prisma da saúde ou da boa forma. Fato é que a história da alimentação e a história da humanidade estão intrinsecamente ligadas. Basta pensar, por exemplo, que o homem se tornou sedentário quando passou a conhecer as técnicas de cultivo dos grãos, e transformou-os em sua principal fonte de energia. Ou que a batata, alimento que só chegou à E u r o p a d e p o i s d a descoberta das Américas, foi fundamental para a sobrevivência de muitos europeus duran te a Segunda Guerra Mundial.

E as bebidas? Em que m e d i d a s e r á q u e influenciam nossa vida? Pensemos no café, por exemplo.

Esta bebida originária da Etiópia contém cafeína, que aumenta a influência do neu ro t ran sm i s s o r d o p a m i n a - u m estimulante do sistema nervoso central - no nosso cérebro. Que o consumo do café produz disposição, lucidez e uma sensação de bem-estar, todo mundo sabe, em termos mais ou menos técnicos. O ponto é: que impactos o consumo em larga escala de uma bebida com essas propriedades pode causar na sociedade?

Bem, a primeira resposta é a mais óbvia: em uma sociedade em que o consumo de café é amplo, a população, em geral, tenderá a ser mais atenta e mais disposta.

Foi o que aconteceu com o mundo islâmico, que conheceu o café durante a Idade Média. Seu

arte: Martino

Perfil

CARPE DIEM2020

Page 21: Carpe Diem IX

Esthio

Casa Bonomi

Inaugurada em 1997, a Casa Bonomi já é a

dica certa para quem tem paladar exigente e busca um lugar agradável e bonito em BH. A qualidade e variedade dos pães, croissants, sanduíches, saladas, sucos, doces e “otras cositas mas” tornaram a Bonomi um lugar irresistível. Tomar o café da manhã no domingo, tudo de bom! Almoçar com uma pessoa querida, inesquecível! Descansar um pouco do corre-corre, enquanto folheia ou lê uma revista ou livro, nada melhor! Vamos combinar: é imperdível! Lá a gente volta sempre!!!

Onde: Rua Cláudio Manoel, 460. (na esquina entre Av. Afonso Pena e Getúlio Vargas) Funcionários.Horário de funcionamento: segunda, das 12h às 22h30; de terça a domingo: das 8 às 22h30 Fone: (31) 32613460

Leve um pão fresquinho e uma massa caseira no fim do dia. Acompanhe tudo com um bom vinho e vá pra cama achando a vida mais bonita.

LourdinhaProfessora de português

Carpe Noctem

21CARPE DIEM 21

álcool, tornando possível suportar as condições de trabalho que as incipientes indústrias exigiam. Além disso, a sensação de bem-estar que a dopamina provoca atenua os sofrimentos e as dores do trabalho excessivo.

Quantas vezes já viramos a noite, tomamos um copão de café e nos mantivemos acordados até a noite seguinte? Quantas dessas noites usamos para trabalhar ou estudar? Quantas horas por dia um homem de classe média trabalha? E quantas xícaras de café ele bebe? Devemos tomar cuidado para não usar alimentos e bebidas como instrumentos para superar os limites do nosso corpo e da nossa mente, mas é claro que podemos usufruir de suas propriedades. Devemos fazê-lo, porém, com consciência: eles e nosso ritmo de vida se influenciam mutuamente e, se queremos melhoras na sociedade, devemos repensá-los.

Amanda Bruno

IV Liceu

“Esthio”, em grego clássico, significa “comer”. Em português, porém, o som da palavra lembra “estiagem” - a insuficiência das chuvas em certos períodos e regiões, causadora de danos à agricultura e, consequentemente, de maior dificuldade de obtenção de alimentos por parte, principalmente, da população de baixa renda. Este contraste entre abundância e fome é um dos aspectos mais marcantes da sociedade atual. Esta nova seção da revista Carpe Diem tem como objetivo uma abordagem diferente e multifacetada da comida. Afinal, ela é, ao mesmo tempo, prazer sensorial, elemento sócio-histórico-cultural e instrumento para obtenção do equilíbrio de nutrientes no corpo.

Page 22: Carpe Diem IX

Carpe Diem Recomenda

22 CARPE DIEM22

Publicado pela editora Landy em 2003, Fábulas de

La Fontaine é um livro de poesias do próprio Jean de La Fontaine traduzido por vários poetas brasileiros e portugueses. É dividido em dois volumes, com 320 páginas cada.

Tradução de poesia é coisa difícil, mas é uma ta re fa m u i to bem realizada por Couto

Guerreiro, Barão de Paranapiacaba e outros

t a n t o s p o e t a s q u e passaram para a língua portuguesa as fábulas de Jean de la Fontaine.

Algumas clássicas, como "A raposa e as uvas"; outras não muito conhecidas,

mas nem por isso

Agradando os ouvidos contemporâneos, o músico encanta o público em uma jornada calma, meditativa

e única com sua temática clássica.

“A cena clássica é meio fechada para aqueles que não têm estudado música a vida inteira. Eu gostaria de trazer minha influência clássica para as pessoas que geralmente não ouvem esse tipo de música... para abrir suas mentes, sabe? Especialmente, pessoas mais jovens, que, ao que parece, têm sido grande parte do meu público” – (Arnalds, Ólafur entrevista com Sasu Ripatti, em “Opening up Spaces”).

Raquel F. BatistaII Liceu

menos importantes como "O velho, o rapaz e o burro". Muitas fábulas estão na forma de poesia com perfeita métrica, enquanto outras não seguem à risca o número de versos ou sílabas em uma estrofe, o que pode deixar a história monótona e difícil de ser compreendida. Nem todas as narrativas têm uma moral explícita e muitas vezes é difícil entendê-la, o que é um ponto positivo, pois obriga o leitor a refletir sobre o assunto.

Vale a pena conferir.

Leonardo AssisIII Média A

Livros

Ólafur Arnalds

La Fontaine em pleno século XXI

Com apenas 22 anos, o islandês Ólafur Arnalds vem

se destacando na cena alternativa musical europeia, desde 2007 com seu primeiro CD: “Eulogy for Evolution”. O jovem compositor começou sua carreira como baterista da banda hardcore “Fighting Shit”, mas, desde que começou seu projeto solo, mudou totalmente o estilo: explorou o seu talento em piano, aprimorou sua música com cordas delicadas e hoje toca o que por definição seria o “neoclássico”.

A bela música de Ólafur vem se difundindo desde sua abertura

para o tour da banda islandesa de post-rock “Sigur Rós” e hoje conta com mais dois CDs: “Variations of Static”, lançado em 2008, e o mais recente “Found Songs” de 2009.

Foto: Divulgação

Page 23: Carpe Diem IX

Nessa época o Iraque ataca o Irã, e o regime passa a ser ainda mais rígido, fazendo com que, em dois anos, a vida dos seus cidadãos mude completamente. Mas, apesar de tudo, entre o medo dos bombardeios, a repressão do regime e a espionagem dos vizinhos, a vida segue seu curso.

Com medo de que ela fosse presa, a mãe de Marjane decide mandá-la para uma escola em Viena, onde ela acaba por ficar hospedada em um convento.

O resto faz parte da história, naturalmente. Persépolis ganhou fama mundial em 2008, depois de ser apresentado no Festival de Cannes. O filme é baseado no livro de Satrapi, que leva o mesmo nome.

Dirigido por Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, o filme traz o humor inteligente das tirinhas de Marjane, acrescentando-lhe um brilho especial, que dá à Marji e à sua história um enredo envolvente e único.

Laura RendeII Liceu

Carpe Diem Recomenda

23CARPE DIEM 23

Persépolis

Em um país dominado por líderes extremistas, a

pequena Marjane Satrapi só queria duas coisas: raspar as pernas e virar a última profetisa da galáxia. Essa animação auto-biográfica aborda de forma incrivelmente leve e satírica a história de um Irã oprimido por ditadores e em meio a guerras civis, vista pelos olhos de uma garota de dez anos. Marji se vê cercada por figuras revolucionárias que não entende por completo, mas apoia e admira quase que cegamente. Após a revolução, um novo regime ainda mais rígido toma conta do país e a garota passa a infância procurando ajudar a família a lutar contra o próprio governo.

Com o passar dos anos, ainda cercada por um mundo machista e opressor, Marjane começa a mostrar seu lado “revolucionário” com pequenos gestos, como o de usar jaquetas ou comprar discos do Michael Jackson no mercado negro.

Foto: Divulgação

Page 24: Carpe Diem IX

Tirinha

24 CARPE DIEM24

arte: Mateus Portugal ex-aluno

arte: Quinoselecionado pela equipe

Page 25: Carpe Diem IX

Passatempo

2525CARPE DIEM

Magneto

Triturar

Indígena de Pomba(Minas Gerais)

Santa CatarinaO que precede

Lord Help Us(internet)

(...) Mahal(arquit.)

Forma de Saudação

(pop.)

Deusa Egípcia da Lua

Esportista

Cogito ergo (...)Lat.

Técnica Ninja

The Legend of (...)(Video Game)

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Prende

Magneto

Triturar

Indígena de Pomba(Minas Gerais)

Santa CatarinaO que precede

Lord Help Us(internet)

(...) Mahal(arquit.)

Forma de Saudação

(pop.)

Deusa Egípcia da Lua

Esportista

Cogito ergo (...)Lat.

Técnica Ninja

The Legend of (...)(Video Game)

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Tenacious D

Barcaça

Sistema de troca de dados

Antecessor do Violão

Natureza (hebr.)

Computação Gráfica X (num.)

Corrente Alternada

(fis.)

Lago Escocês

Dólar da NamídiaCastidade

Drama Musical

Ativo

Engordurar

Óscar Roberto (...)(fut.)

Hugo Ball

550 (num. rom.)

Nós(ing.)

Repleto

Carate-rística

do agiota

Aglomerado de

coisas

Berne

RicochetearLago

Mexicano

Mantra do Infinito

Baía do Canadá

Ponto de Ejunção

Cidade

Texanapetrolífera Cálcio

(quím.)

Gosta, Adora

Zircônio (quím.)

Associado ao

Niilismo

Constru-ção

Islâmica

Peixe|balão

BílisRio e Estado Brasileiro

Terrorismo Protestante Anti-Católico

(Irlanda do Norte)

Precipitar

Higher National Certificate

(tít. acadêmico)Dicas: bocaiú, Iraan, Zelda, Ninjutsu, Ura, Kaaba

Vento(Fr.)

Cruzadinha

6 1 7

9 4 6 15 2 4

5 3

2 84 7

1 5 8

6 8 2 94 7 1

Sudoku

Page 26: Carpe Diem IX

26 CARPE DIEM26

Seção Curinga

Eu só quero nadar, nadar, nadar. No começo, polir o

corpo com água. Depois, cada vez mais rápida e freneticamente, fazer o suor se confundir com o líquido que me circunda. Até que eu também derreta e me misture ao suor, me misture à água. Até que tudo deixe de existir, pra virar tudo só água. Límpida e fresca água. E depois, que nada mais se misture. Que eu possa escorrer das pessoas e arrastar algumas para o fim, sem me contaminar. E permanecer fresca e límpida.E você também. Te arrastar pra mim, me escorrer por você e fazer amor-água: que derrete, mistura e confunde pra sempre. Amor-água, seres-água, gozo-água: tudo com uma lentidão de força arrebatadora; vai-e-vem interminável regido só pelo vento e pela lua, e por mais nada. Tudo fresco, tudo límpido, tudo profundo. E os mistérios das profundezas, só nossos. Só água.

Amanda BrunoIV Liceu

Água-viva

arte: Raquel França BatistaII Liceu

Page 27: Carpe Diem IX

L’allegria della scuola

Il primo giorno di scuolaHo trovato VicenteChe cantava allegremente

Le bidelle ben vestite incamminavanoGli studenti nelle classi puliteGiulia tutta feliceVeniva a scuola con la bici

Gli alunni tutti contentisi chiedevano impazienti si chiedevanoquali erano le nuove maestre, guardando dalla finestra

Quante materie ho da studiare,però ci sarà tempo per giocare.L’esame di 5ª dobbiamo affrontarecon grinta e coraggio dobbiamo superareper il passaggio alla scuola Media conquistare.

Davide Bodrin V elementare

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arte: Laura

Page 28: Carpe Diem IX

Coordenação Geral:Maria de Lourdes Barreto Carneiro

Revisão:ProfessoresMaria de Lourdes Barreto Carneiro - Português

Projeto Gráfico:Renato AraújoFábio Coelho

Diagramação: Amanda Bruno

Capa:Laura Vitral

Textos:Alunos, Ex-alunos, Pais, Professores, Diretores, Funcionários da Fundação Torino.Amigos, Colaboradores-Simpatizantes do Projeto.

Equipe Carpe Diem:AlunosAmanda BrunoBrunno CouraDaniel NunesJéssica BallesterosJuliana GuerraLaura LobatoLaura RendeLaura VitralIsabel PellegrinelliRaquel FrançaSofia Avritzer

Agradecimentos a:

Alessandro Trani, Annie Oviedo, Mateus Portugal, Alexandre Fonseca, Sandra Cavalcante, Giuseppe Ferraro, Alessio Gava, Marco Sbicego, Jeanclaude Arnod, Anna Motta, Daniela Mendes, Luciano Sepulveda, Jaime Quintão, Marcelo Libânio, Horácio e demais pessoas que, indiretamente, colaboraram para a conclusão deste projeto.

Gráfica:Pampulha Editora Gráfica - (31) 3468-3969Rua Taquaril, 660 - Saudade, Belo Horizonte - Minas Gerais

Tiragem:2000 exemplares

Carpe Diem - Revista Culturalé uma publicação da Escola Internacional Fundação Torino, produzida pelos alunos.Distribuição Gratuita.Laboratório de Produção e Recepção de TextosRua Jornalista Djalma Andrade, 1.300Piemonte - Nova Lima - MG - BRASILtel: (31) 3289-4200www.fundacaotorino.com.br

E-Mail:[email protected]

Manhã

Deslumbro-mede imenso

transposição criativa de Haroldo de Campos para a poesia de Giuseppe Ungaretti

Presidente: Raffaele PeanoCônsul da Itália: Bryan Bolasco

Diretora Didática - Parte Brasileira: Daniela MendesDiretor Didático - Parte Italiana: Umberto Casarotti

“Carpe diem, quam minimum, credula postero”Horácio