Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PRORAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS GEOLOGIA SEDIMENTAR E AMBIENTAL Ana Claudia Jorge Marcondes Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE RECIFE 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PRORAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

GEOLOGIA SEDIMENTAR E AMBIENTAL

Ana Claudia Jorge Marcondes

Sedimentologia e Morfologia da

Bacia do Pina, Recife-PE

RECIFE

2009

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Ana Claudia Jorge Marcondes

Oceanógrafa, Universidade Federal do Espírito Santo, 2005

Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Geociências do Centro de

Tecnologia e Geociências da Universidade

Federal de Pernambuco, orientada pelo Prof. Dr.

Valdir do Amaral Vaz Manso, como

preenchimento parcial dos requisitos para

obtenção do grau de Mestre em Geociências,

área de concentração em Geologia Sedimentar e

Ambiental, defendida e aprovada em 03 de agosto

de 2009.

RECIFE, PE

Agosto/2009

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M321s Marcondes, Ana Claudia Jorge.

Sedimentologia e morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE / Ana Claudia Jorge Marcondes. – Recife: O Autor, 2009.

89 folhas, il : figs., tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

CTG. Programa de Pós-Graduação em Geociências, 2009. Inclui Referências e Anexos. 1. Geociências. 2.Estuário. 3.Sedimentologia. 4.Parâmetros

Estatísticos. 5.Batimetria. 6.Bacia do Pina. I. Título. UFPE 551 CDD (22. ed.) BCTG/2009-205

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AGRADECIMENTOS

Dentre todos que contribuíram para minha conquista faço uma ressalva a Deus

que sempre me acompanhou, nunca me deixando sem o seu amparo.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Valdir Manso, pelo apoio, orientação e toda ajuda

logística fornecida neste trabalho, além de conceder-me um espaço em seu laboratório,

verdadeiramente importante para a realização deste.

Ao Prof. Dr. João Adauto, que sempre foi tão solícito quanto um orientador e que

me norteou em todas as etapas que envolveram a geoquímica, assim como sua

esposa, Dra. Adriana.

Ao Prof. Dr. Henrique Neuman, que com seu incentivo, sugestões e correções

fez contribuições essenciais para esta dissertação, estando sempre disponível a ajudar,

visando o enriquecimento profissional, não apenas meu, mas de todos seus alunos.

Aos meus colegas de mestrado, em especial às minhas queridas amigas

Luciana, Édila, Natália e Priscila, pela companhia durante os estudos, troca de

conhecimento, ajuda e força durante toda a jornada. Meu agradecimento muito

especial à Luciana, que à distância me emprestou seu apoio logístico e solidariedade.

À Natália, que além de tudo isso, participou comigo das análises de campo e

laboratório. Não há como expressar o quanto foram importantes.

Ao meu noivo, Sidney Tesser, pelas idéias compartilhadas, pelo companheirismo

em todos os momentos, além da coleta de todas as amostras, não medindo esforços

para tal.

Aos colegas de laboratório, André, Daniel, Miguel e seu Luís, que possibilitaram

e/ou ajudaram de alguma forma as análises laboratoriais e tornaram mais agradável o

ambiente de trabalho.

Ao Dr. Marcelo Rollnic por todas as instruções, especialmente relacionadas às

coletas de dados em campo e sugestões para a conclusão deste trabalho.

À Elizabeth por ter suportado toda a minha perturbação com muita simpatia.

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À Marlía e Márcio, pelo acolhimento tão afetuoso nas vezes em que voltei a

Recife, proporcionando-me as melhores condições para a elaboração desta

dissertação.

À minha mãe querida, pela ajuda incondicional fornecida de todas as formas

possíveis, em todos os momentos.

A todas as pessoas, colegas, funcionários e professores do departamento de

Geologia e de Oceanografia que participaram de alguma forma para a conclusão deste

trabalho e para o meu crescimento profissional.

Sou-lhes muito grata.

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RESUMO

A bacia do Pina é parte de um sistema estuarino formado pelos rios Capibaribe,

Tejipió, Jordão e Pina, localizado no município de Recife, em Pernambuco. Este

estuário é de relevada importância sócio-econômica e ambiental, pois além de ser uma

área de pesca e aqüicultura para a população carente circunvizinha, serve para a

diluição de efluentes da cidade e abriga o complexo portuário do Recife. Sendo assim,

estudos multidisciplinares são de fundamental importância para obter um diagnóstico e

uma relação causa-efeito entre as variações naturais e ações antrópicas. O presente

trabalho caracteriza a morfologia do fundo e os sedimentos superficiais quanto sua

granulometria, teor de matéria orgânica e carbonatos com objetivo de confeccionar

mapas temáticos, estatísticos e texturais dos parâmetros citados. A análise batimétrica

revelou um leito bastante raso com duas coroas apresentando-se emersas durante a

maré baixa no centro da bacia. Em geral, as profundidades foram menores que 4 m em

quase toda a área estudada, excetuando-se o canal portuário, onde foram encontrados

valores de até 12 m em virtude das dragagens. Altos valores de matéria orgânica (até

14%) possivelmente foram reflexos dos cultivos na Ilha de Deus associados ao

ecossistema manguezal do rio Pina e, também, do lançamento de dejetos domésticos

in natura pela comunidade da favela Beira-Rio. Os teores de carbonatos presentes na

lama variaram entre 22 e 40%, sendo maiores no canal portuário, em virtude da

influência marinha, e nos rios Pina e Jordão, como resultado das atividades dos

marisqueiros. As coroas foram as feições do estuário com sedimento mais grosso,

arenoso, e mais homogêneo, de origem marinha. O restante e maior parte da área

analisada revelou um sedimento fino, siltoso e bastante heterogêneo, efeito da mistura

de diversas fontes fluviais e marinha. Os resultados indicam um ambiente de baixa

energia, sedimentos finos e maior vulnerabilidade ambiental quando comparado a

outros estuários da região.

Palavras-chave: estuário; sedimentologia; parâmetros estatísticos; batimetria;

bacia do Pina.

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ABSTRACT

Pina basin is part of an estuarine system consisting of Capibaribe, Tejipió,

Jordão and Pina rivers, located in Recife city, state of Pernambuco, Brazil. This estuary

has high social, economics and environmental importance due to the fishing area which

also serves to dilute the drain and pollution of the city and Recife’s port. Port activities

associated to the great urbanization causes environmental troubles including dredging

and stretch of reclaimed land. Studies are essential to obtain a diagnosis and a

relationship cause-effect between natural process and anthropogenic actions. This

essay describes the bed morphology, the superficial sediment, its size, organic and

carbonate content. The objective is to generate thematic, statistics and textural maps.

The bathymetric analysis revealed a shallow bed with two sandbanks which appears

during the low tide in the center of the basin. On the whole depths are smaller then 4

meters, except in the channel of the port, where it’s were noticed values until 12 m due

to dredgings. Great amount of organic material (until 14%) were probably results of the

fish farms in Ilha de Deus associated to the Pina river’s mangrove and the organic

rubbish throwed out in natura Beira-Rio’s community.nity. Carbonate values in the mud

were between 22 and 40%, the highest ones in the port channel because of sea

influence and in the Pina and Jordão rivers as a reflection of shell fishing activities.

Sandbanks were the part of the estuary with thicker and more homogeneous sediments

which came from the sea. The biggest part of the analyzed area indicated thin and very

heterogeneous sediment, essentially consisting of silt, which came from several

sources. These results reveal an estuary with low energy and high vulnerability

compared to regional estuaries.

Key words: estuary, sedimentology, statistics parameters, bathmetry, Pina basin.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1

1.1 APRESENTAÇÃO ......................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVOS................................................................................................................. 2

1.2.1 Geral ..................................................................................................................... 2

1.2.2 Específicos ............................................................................................................ 2

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 2

1.4 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA ......................................................................................... 3

CAPÍTULO II – OS ESTUÁRIOS ................................................................................... 5

2.2 DINÂMICA ESTUARINA ................................................................................................. 5

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTUÁRIOS ................................................................................. 6

2.3 SEDIMENTAÇÃO ESTUARINA ........................................................................................ 7

2.3 TRANSPORTE DOS SÓLIDOS ........................................................................................ 9

2.3.1 Lamas ................................................................................................................... 9

2.3.2 Areias e cascalhos ...............................................................................................11

2.4 PROBLEMAS DE DRAGAGEM DE SEDIMENTOS EM ESTUÁRIOS ........................................11

CAPÍTULO III – A ÁREA DE ESTUDO .........................................................................12

3.1 ASPECTOS GERAIS ....................................................................................................12

3.2 CLIMA .......................................................................................................................20

3.3 GEOLOGIA ................................................................................................................21

3.2.1 Planície Fluvio-Lagunar ........................................................................................22

3.2.2 Baixios de Maré ....................................................................................................23

3.2.3 Terraços Marinhos Pleistocênicos ........................................................................23

3.2.4 Terraços Marinhos Holocênicos............................................................................23

3.2.5 Depósitos de Praia ...............................................................................................23

3.2.6 Recifes de arenito .................................................................................................24

3.4 HIDROGRAFIA ............................................................................................................24

3.4.1 Rio Capibaribe ......................................................................................................24

3.4.2 Rio Tejipió ............................................................................................................24

3.4.3 Rio Jordão e Canal Setúbal ..................................................................................25

3.3.4 Rio Pina ................................................................................................................25

3.5 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA ....................................................................26

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3.5.1 Salinidade .............................................................................................................26

3.5.2 Temperatura .........................................................................................................28

3.5.3 pH ........................................................................................................................28

3.5.4 Transparência .......................................................................................................30

3.5.5 Nutrientes .............................................................................................................30

3.6 MARÉS .....................................................................................................................30

3.6.1 Defasagem e amortecimento da maré no estuário do Pina...................................31

3.6.2 Correntes de maré e transporte de material em suspensão no estuário do Pina ..33

3.7 BIOTA .......................................................................................................................36

CAPÍTULO IV – MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................37

4.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PONTOS DE COLETA DE SEDIMENTOS .........................37

4.2 ANALISE DOS SEDIMENTOS .........................................................................................37

4.2.1 Granulometria da fração areia ..............................................................................38

4.2.2 Parâmetros estatísticos ........................................................................................38

4.2.3 Separação e quantificação do silte e da argila ......................................................40

4.2.4 Determinação do teor de matéria orgânica e carbonatos ......................................40

4.3 PERFILAGEM BATIMÉTRICA .........................................................................................40

4.4 METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DOS MAPAS ..................................................................41

CAPÍTULO V – RESULTADOS ....................................................................................42

5.1 MORFOLOGIA DO FUNDO ESTUARINO ..........................................................................42

5.2 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA ...............................................................................46

5.2.1 Fração cascalho ...................................................................................................46

5.2.2 Fração areia .........................................................................................................49

5.2.3 Teores de silte ......................................................................................................49

5.2.4 Teores de argila ....................................................................................................50

5.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ............................................................................................54

5.4.1 Diâmetro médio ....................................................................................................54

5.4.2 Desvio Padrão ......................................................................................................56

5.4.3 Assimetria .............................................................................................................58

5.4.4 Curtose .................................................................................................................60

5.3 ASPECTOS TEXTURAIS E HIDRODINÂMICOS ..................................................................63

5.3.1 Classificação dos sedimentos grossos .................................................................63

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5.3.1 Classificação dos sedimentos finos ......................................................................67

5.3.1 Classificação hidrodinâmica .................................................................................70

5.6 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA .....................................................................................73

5.6 TEOR DE CARBONATOS PRESENTE NA LAMA ................................................................76

CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................78

6. 1 CONCLUSÕES ...........................................................................................................78

6.2 RECOMENDAÇÕES .....................................................................................................80

REFERÊNCIAS .............................................................................................................81

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Localização da bacia do Pina, município do Recife - PE. Atlas de

desenvolvimento humano de Recife, 2008. ................................................................................ 4

Figura 2: Mapa hidrográfico do município de Recife (região costeira). Mapa base: Atlas

de Desenvolvimento Humano de Recife, 2008, adaptado. ........................................................12

Figura 3: Vista aérea da bacia do Pina. Situada em plena zona urbana, sofre intensa

pressão antrópica e proporciona diversos usos para a cidade. (www.recife.pe.gov.br) .............14

Figura 4: Vista local do Porto do Recife. ........................................................................14

Figura 5: Vista aérea (sentido norte-sul) do Cabanga Iate Clube e da ponte do Pina.

(www.recife.pe.gov). .................................................................................................................15

Figura 6: Barcos de pesca atracados em Brasília Teimosa, margem sudeste da bacia

do Pina......................................................................................................................................15

Figura 7: Vista aérea da bacia do Pina durante a maré baixa de sizígia. Observa-se a

Coroa dos Passarinhos entre os dois canais principais de navegação. O canal à direita é o de

acesso ao Cabanga Iate Clube. (www.recife.pe.gov.br) ............................................................16

Figura 8: Vista local da Coroa dos passarinhos durante a maré baixa. Observa-se um

sedimento colonizado por mariscos. .........................................................................................16

Figura 9: Pequeno banco arenoso exposto na baixa-mar, um dos locais de coleta de

sedimentos, próximo à Brasília teimosa. ...................................................................................17

Figura 10: A) Pesca (www.recife.pe.gov.br); B) coleta de mariscos e C) aqüicultura

praticados na bacia do Pina. .....................................................................................................17

Figura 11: Favela Beira-rio, situada nas adjacências da ponte do Pina, margem sul

(Boa Viagem). ...........................................................................................................................18

Figura 12: A) Ilha de Deus e as áreas de cultivo entre os rios Pina e Jordão. B)

Delimitação da ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) e ZEPA (Zona Especial de Proteção

Ambiental). Fonte: Prefeiturab, 2008. ........................................................................................18

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Figura 13: Vista aérea das áreas de cultivo na Ilha de Deus e do encontro do rio Pina

com a bacia do Pina. Na extremidade superior da foto é possível visualizar a água do mar

separada da bacia por meio do dique artificial (www.recife.pe.gov) ..........................................19

Figura 14: Foto aérea da confluência dos rios que deságuam na bacia do Pina,

manguezal do Pina e orla de Boa Viagem. (Foto: Luiz Helvécio) ..............................................20

Figura 15: Média de precipitação no Recife entre 1961 e 1990. Fonte: INMET. ............21

Figura 16: Salinidade do estuário do Pina durante a preamar e baixa-mar, na superfície

e no fundo em 3 pontos de coleta entre maio de 1999 e abril de 2000. Adaptado de

Nascimento (2001). ...................................................................................................................27

Figura 17: pH do estuário do Pina durante a preamar e baixa-mar, na superfície e no

fundo em 3 pontos de coleta entre maio de 1999 e abril de 2000. Adaptado de Nascimento

(2001). ......................................................................................................................................29

Figura 18: Mapa de localização das seções linimétricas estudas. Fonte: adaptado de

Araújo, 2008. ............................................................................................................................32

Figura 19: Campos de velocidades no estuário do Recife (maré enchente). Fonte:

Araújo, 2008. ............................................................................................................................34

Figura 20: Campos de velocidades no estuário do Recife (maré vazante). Fonte:

Araújo, 2008. ............................................................................................................................35

Figura 21: Localização dos pontos de coleta no estuário do Pina. .................................37

Figura 22: Mapa batimétrico da bacia do Pina ...............................................................44

Figura 23: Perfis batimétricos transversais da bacia do Pina .........................................45

Figura 24: Perfil batimétrico longitudinal da bacia do Pina .............................................46

Figura 25: Amostra coletada no Ponto C3. ....................................................................47

Figura 26: Mapa de teores de Cascalho ao longo da bacia do Pina. .............................48

Figura 27: Mapa de teores de areia ao longo da bacia do Pina. ....................................51

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Figura 28: Mapa de teores de silte ao longo da bacia do Pina. ......................................52

Figura 29: Mapa de teores de argila ao longo da bacia do Pina. ...................................53

Figura 30: Mapa de distribuição do diâmetro médio da fração arenosa ao longo da

bacia do Pina. ...........................................................................................................................55

Figura 31: Mapa de distribuição do desvio padrão da fração arenosa ao longo da bacia

do Pina......................................................................................................................................57

Figura 32: Mapa de distribuição da assimetria da fração arenosa ao longo da bacia do

Pina. .........................................................................................................................................59

Figura 33: Mapa de distribuição da curtose da fração arenosa ao longo da bacia do

Pina. .........................................................................................................................................62

Figura 34: Diagrama triangular de classificação dos sedimentos grossos (cascalho x

areia x lama) da bacia do Pina de acordo com Folk (1954). ......................................................65

Figura 35: Mapa de distribuição de fácies texturais grosseiras segundo Folk (1954). ....66

Figura 36: Diagrama triangular de classificação dos sedimentos finos (areia x silte x

argila) da bacia do Pina de acordo com Folk (1954). ................................................................68

Figura 37: Mapa de distribuição de fácies texturais de sedimentos finos segundo Folk

(1954). ......................................................................................................................................69

Figura 38: Diagrama triangular de classificação dos sedimentos da bacia do Pina de

acordo com Pejrup (1988). ........................................................................................................71

Figura 39: Mapa de distribuição dos níveis energéticos do ambiente de deposição

segundo Pejrup (1988). .............................................................................................................72

Figura 40: Mapa de teores de matéria orgânica ao longo da bacia do Pina. ..................75

Figura 41: Mapa de teores de carbonatos ao longo da bacia do Pina. ..........................77

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CAPÍTULO I - Introdução

1.1 Apresentação

O presente trabalho aborda os estudos sobre a sedimentologia e batimetria da

bacia do Pina desenvolvidos tanto em campo quanto em laboratório. Foram realizadas

revisões bibliográficas, análises de sedimentos e interpretações buscando a

caracterização desta área, tendo por elementos principais a morfologia de fundo e

textura dos sedimentos.

O trabalho foi supervisionado pelo Prof. Dr. Valdir Vaz Manso tendo como

colaborador o Professor Dr. João Adauto de Souza Neto e foi desenvolvido com apoio

do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico),

juntamente com o LGGM (Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha) da UFPE

(Universidade Federal de Pernambuco).

As etapas em laboratório (análise das amostras de sedimento) foram realizadas

nas instalações do LGGM, onde as amostras passaram pelas análises de quantificação

das frações cascalho, areia, silte e argila, granulometria da fração areia, quantificação

do teor de carbonatos e da matéria orgânica.

O local estudado neste trabalho, a Bacia do Pina, é parte do complexo estuarino

formado pela confluência e decantação de vários rios: Capibaribe (braço norte e sul),

Beberibe, Tejipió, Jiquiá, Jordão e Pina, alguns dos principais rios da Região

Metropolitana do Recife. Por situar-se em plena zona urbana, este sistema estuarino é

muito influenciado pelas ações antrópicas (aterros, dragagens, tráfego de

embarcações, despejo de lixo e efluentes, pesca e aqüicultura). Trata-se de uma área

muito estudada sob diversos aspectos, porém, possui uma carência de estudos

recentes no que se refere à sedimentologia do fundo.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Geral

Fazer levantamentos batimétricos e sedimentológicos da Bacia do Pina, além de

classificar e interpretar as feições geomorfológicas do fundo.

1.2.2 Específicos

Confeccionar e interpretar os mapas de:

Batimetria;

Parâmetros estatísticos (diâmetro médio, assimetria, curtose e desvio padrão);

Fácies texturais;

Teor de matéria orgânica;

Teor de carbonatos (CaCO3)

1.3 Justificativa

Os estuários exercem várias funções ambientais, pois além de servirem de área

de reprodução, crescimento e abrigo para várias espécies da fauna marinha, servem

de proteção da costa, diluição de efluentes e drenagem das águas. Estas áreas são

também importantes sócio-economicamente, já que geralmente são escolhidas para a

instalação de sistemas portuários e são, sobretudo, importantes para a população de

baixa renda circunvizinha que, na maioria das vezes, coletando peixes, moluscos e

crustáceos, retira dali seu sustento.

Estes sistemas são de interesse às mais variadas pesquisas devido à

importância de se gerar cada vez mais informações que venham aprimorar as atuais

formas de sua utilização sustentável. O constante monitoramento dessas áreas é

essencial para que o homem consiga interferir racionalmente no meio físico (Jesus,

2002).

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Segundo Araújo (2008), a falta de dados de campo na bacia do Pina como

registro batimétrico e o conhecimento do material de fundo geram dificuldades na

aplicação de modelos matemáticos para estudos de hidrodinâmica. Em função da

carência de pesquisas recentes, o presente estudo procura contribuir para o

conhecimento do estuário da Bacia do Pina no âmbito geomorfológico e

sedimentológico, além de uma revisão bibliográfica que complementará os estudos

acerca do padrão de circulação das águas e transporte de sedimento.

1.4 Localização geográfica

A bacia do Pina está localizada na zona litorânea de Recife, Estado de

Pernambuco, entre as coordenadas 290000 e 29500 W e 9105000 e 9110000 S. Sua

extensão de 3,6 m e largura entre 0,26 e 0,86 m perfazem uma área total de

aproximadamente 2km2, separada do Oceano Atlântico por meio de um dique artificial

construído sobre os recifes naturais, que impede o contato direto de suas águas com o

mesmo. O contato com o mar se dá ao final do canal portuário, como mostra a Figura1.

Page 18: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

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Figura 1: Localização da bacia do Pina, município do Recife - PE. Atlas de

desenvolvimento humano de Recife, 2008.

Bacia do

Pina

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CAPÍTULO II – Os Estuários

2.2 Dinâmica estuarina

Classicamente, os estuários são definidos como corpos de água de origem

fluvial parcialmente fechados, com aberturas para o oceano adjacente, onde a água

do mar é diluída pela água doce (Pritchard, 1989). Esta diluição é ocasionada pela

mistura da água fluvial com a água do mar.

A presença de água mais densa na boca do estuário provoca um sistema que

bombeia constantemente água salgada para seu interior. A massa de água estuarina

consiste da mistura de água doce e do mar em proporções que variam de um ponto

a outro. O componente da maré, associado ao componente baroclínico e à descarga

fluvial, intensifica os movimentos dos estuários abaixo e acima, agitando

ciclicamente a massa de água estuarina e gerando os processos de mistura

(advecção e difusão turbulenta) (Miranda et al., 2002).

É importante mencionar os principais fatores que provocam a formação de

estuários ou agem na sua evolução. O principal responsável pelas características

estuarinas são os fatores hidrodinâmicos (marés, fluxo dos rios, circulação estuarina,

ondas e forças atmosféricas). O estuário resultante é primariamente uma

conseqüência da combinação desses fatores agindo em todo o estuário ou em

partes dele.

Os critérios de classificação de acordo com a geomorfologia e estratificação

de salinidade, embora estudados separadamente, guardam entre si alguma

correspondência. Assim, por exemplo, estuários em planícies costeiras são, em

geral, do tipo parcialmente misturado, tendendo a parcialmente homogêneos em

regiões de pequena descarga de água doce e condições de meso, macro ou

hipermaré

Nos estuários, a dinâmica da água e dos sedimentos estão fortemente

interligadas com a magnitude das marés, do fluxo dos rios e com a ação das ondas.

A principal forma de considerar a dinâmica dos estuários é pelo princípio do balanço

de sal que diz, de uma forma matemática, que a taxa da mudança de salinidade num

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6

ponto fixo é causada por dois processos contrastantes: a difusão e a advecção

(Leeder, 1982).

A difusão é restrita ao fluxo de sal pela mistura turbulenta enquanto a

advecção é o fluxo de massa de ambas as águas salgadas e doces associadas com

a circulação e quebra de ondas internas.

2.1 Classificação dos estuários

Os critérios para a classificação desses ambientes têm como finalidade

comparar diferentes estuários, organizando-os adequadamente com uma base de

dados e estabelecendo uma estrutura de princípios gerais de funcionamento. Esses

critérios tornam possível a previsão das principais características de circulação e

processos de mistura (Miranda et al, 2002).

Vários sistemas de classificação já foram desenvolvidos levando em

consideração diferentes critérios: geomorfológicos, fisiográficos, hidrodinâmicos,

químicos, entre outros (Perillo, 1996) Entretanto, apenas a classificação

hidrodinâmica, que possui maior relação com o presente estudo, será aqui descrita.

A classificação hidrodinâmica foi sugerida por Pritchard, (1989) com base na

estratificação de salinidade e permite estabelecer qualitativamente as principais

características da circulação da zona de mistura. O autor diferencia quatro tipos de

estuários.

Os do tipo A (cunha salina), típicos de regiões de micromarés, são aqueles de

grande descarga fluvial onde os processos de mistura provocados pelas marés e

ondas são mínimos. Assim, a massa de água salina penetra sob a pluma de água

fluvial rio acima formando gradientes verticais de salinidade bem definidos.

Os do tipo B (parcialmente misturado) são caracterizados pelos efeitos da

turbulência da maré que destroem a interface de água doce e salgada e produzem

um gradiente de salinidade mais gradual do fundo até a superfície da água.

Os do tipo C (verticalmente homogêneos) possuem fortes correntes de maré

que destroem completamente a interface de água doce e salgada em toda a seção

transversal do estuário, fazendo com que o gradiente vertical de salinidade deixe de

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7

existir. Este tipo, assim como o próximo, forma-se em geral em canais rasos e

estreitos forçados por descarga fluvial pequena.

Os do tipo D (vertical e lateralmente homogêneos). Em canais estuarinos

estreitos, o cisalhamento lateral poderá ser suficientemente intenso para gerar,

lateralmente, condições homogêneas. Nessas condições, a salinidade aumenta

gradativamente estuário abaixo e o movimento médio está orientado nessa direção

em todas as profundidades. Este é o tipo que apresenta maior difusão turbulenta e o

movimento dos sedimentos deve ser dominado inteiramente pelos movimentos da

maré.

É importante ressaltar que muitos estuários apresentam uma mistura de

características de A/B ou B/C dependendo da magnitude relativa do fluxo do rio e da

maré, ou seja, dependendo do período de cheia ou seca e da maré de quadratura ou

sizígia.

Ainda seguindo a classificação hidrodinâmica, Perillo (1996) simplifica a

diferenciação dos estuários em três: bem estratificado (Tipo A), parcialmente

misturado (Tipo B) e bem misturado (Tipo C e D).

A descrição das características do estuário do Pina que o classificam do ponto

de vista hidrodinâmico é feita na seção 3.5.1.

2.3 Sedimentação estuarina

Estuários são caracterizados por fontes marinhas de sedimentos assim como

por fontes fluviais. A combinação de correntes de maré e a circulação estuarina

adicionam, ambos, areias litorâneas e sedimentos marinhos em suspensão à

descarga fluvial dentro do estuário. Essa mistura de sedimentos ao longo sob a

impressão das marcas de ondas caracterizam as fácies estuarinas (Perillo, 1996)

No entanto, a distribuição sedimentar é extremamente variável em cada

porção do estuário, refletindo as condições hidrodinâmicas e os processos de

transportes particulares dominantes. (Perillo,1996).

Em geral, 3 zonas podem ser distinguidas dependendo da fonte de energia

dominante fazendo o transporte de sedimentos (Dalrymple et al., 1992). A boca do

estuário é sempre dominada por processos marinhos. Ondas oceânicas carregam

Page 22: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

8

areia em direção à boca do estuário. Se a energia das ondas é dominante, a

circulação na boca é restringida por bancos de areia ou barras arenosas. Em

estuários dominados por marés, formam-se sistemas complexos de barras arenosas

alongadas na direção da corrente de maré, usualmente perpendicular à linha de

costa. Em ambos os casos, existe um transporte de areias marinhas em direção ao

continente.

Condições de baixa energia na parte central de um estuário permitem que

depósitos de granulação fina se formem. Estes podem ser lamas estuarinas

submersas, se a taxa de deposição foi insuficiente para preencher o vale fluvial.

Freqüentemente depósitos serão bioturbados e poderão conter detritos de plantas

abundantes (Goldring et al., 1978). Próximo à cabeça do estuário predomina a

deposição fluvial.

Comumente materiais dos estuários são afetados pelas condições físico-

químicas, principalmente pelas alterações de pH entre os ambientes fluvial e

estuarino, que induzem a floculação das suspensões argilosas. O fenômeno de

floculação das argilas é comumente utilizado pelos sedimentólogos para explicar os

depósitos de vaza estuarinos (Suguio, 2003).

A vaza é um tipo característico de sedimento inconsolidado existente em

lagos, estuários e fundos submarinos e seus bancos são protegidos da erosão pela

força de coesão que é aumentada em vazas com alto teor de matéria orgânica.

Como os estuários são ambientes de baixo gradiente topográfico e

sedimentação ativa, os materiais de fundo são compostos por vazas (lamas

inconsolidadas) com areias misturadas em proporções variáveis. Em seção

transversal, um estuário exibe as seguintes fácies sedimentares: bancos de vazas

laterais e marginais, formados por colmatação, bancos medianos originados em

conexão com duas zonas de turbulência máxima dos dois lados da linha mediana; e

as zonas de areias dos canais. Em seção longitudinal, de montante a jusante, um

estuário é caracterizado pelas seguintes fácies: sedimentos fluviais compostos por

vazas e areias finas e sedimentos litorâneos (marinhos) representados por areias

biodetríticas e terrígenas, que gradam para sedimentos mais ou menos finos da

plataforma continental. (Suguio, 2003)

Page 23: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

9

A matéria orgânica sob várias formas e estados de degradação, originária de

seres recentemente mortos e restos completamente compostos e fixados em

sedimentos finos, freqüente em sedimentos estuarinos.

2.3 Transporte dos sólidos

Os materiais transportados pela água podem ser divididos em 3 grupos

gerais:

Partículas finas o suficiente para serem mantidas em suspensão em água

pura por movimento browniano e repulsão mutua devido ao potencial eletrolítico.

Essas são as argilas.

Partículas finas para serem levantadas facilmente em suspensão e

transportadas pelo fluxo da água. Essas são as areias finas e siltes.

Partículas grandes que usualmente são transportadas por rolamento, queda e

escorregamento por entre as irregularidades do fundo como as dunas e ondulações.

Essas são as areias grossas e cascalhos.

2.3.1 Lamas

Partículas finas em suspensão são particularmente importantes devido estas

serem aprisionadas pelos processos estuarinos, suas concentrações podendo ser

altas e formarem sedimentos distintos. Suas características podem ser muito

variáveis com o tempo, o que é importante para sua deposição, erosão e transporte.

a) Argilas

Segundo Kranck (1973), essas partículas em suspensão na água carregam

uma carga elétrica que é usualmente negativa. Em águas com pequeno conteúdo

eletrolítico (doce) as partículas repelem umas às outras, permanecendo então em

suspensão estável. Com o aumento da salinidade o potencial eletrolítico das

partículas decresce, o que causa a transformação das partículas que se tornam

mutuamente atrativas e a floculação ocorre.

Os flocos podem ter 100 vezes o tamanho da partícula individual típica.

Assim, eles não são afetados pelo movimento browniano e sedimentam

relativamente rápido sob a ação da gravidade e forças centrífugas. Entretanto, nem

Page 24: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

10

todas as colisões provocarão a floculação, pois algumas provocarão a destruição

dos flocos, principalmente quando a turbulência é grande (Krone, 1978).

Em geral, um conteúdo muito pequeno de sal é suficiente para induzir a

floculação, e as argilas trazidas em suspensão pelos rios provavelmente sofrem o

processo de floculação tão logo entram em contato com águas salinas,

sedimentando para o fundo, através da água salina. Devido ao movimento de águas

salinas sob as águas doces ser predominantemente na direção do continente, a

argila floculada é também transportada para o continente, e é somada à argila já

presente nessa camada mais baixa.

O material floculado é facilmente transportado pela água em escoamento,

comumente formando uma camada de concentrações relativamente alta próximo às

partes mais profundas do leito ao longo do perfil longitudinal do estuário.

b) Siltes

Partículas do tamanho silte movem-se predominantemente em suspensão,

mais concentradamente junto ao fundo, onde a velocidade é menor. Assim, a

velocidade média de transporte desses sólidos é menor que a velocidade média da

água, mas é de mesma ordem de magnitude (Kranck, 1973).

Forças coesivas do tamanho dos siltes são desprezíveis. Assim, as partículas

de um dado tamanho entram em movimento assim que aumenta a velocidade da

água e cessa assim que a velocidade decresce.

Existe uma ação diferencial, entretanto, porque algumas das partículas finas

poderão nunca alcançar o fundo durante a estofa nas marés de sizígia.

Inversamente, durante o aumento da velocidade do fluxo, levará algum tempo para

as partículas finas serem levadas por difusão turbulenta a partir do fundo para a

parte superior, onde a água move-se mais rápido. O transporte do material em

suspensão, assim, atrasa-se em relação à taxa de fluxo da água. Essa ação

diferencial promove o movimento para a costa de silte - há sempre um movimento

líquido para o mar da vazão do rio - (Perillo, 1996).

Page 25: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

11

2.3.2 Areias e cascalhos

Areias e pedregulhos movem-se por rolamento, escorregamento e

saltamento. Somente as partículas mais finas movem-se em suspensão na maioria

dos estuários, e seu movimento é confinado às camadas próximas ao fundo (Suguio,

1973).

A taxa de transporte de areia no fundo de um estuário é uma função das

propriedades dos grãos, das propriedades da água e da distribuição da velocidade

sobre a vertical. Ação diferencial é desprezível.

2.4 Problemas de dragagem de sedimentos em estuários

Nos estuários, principalmente naqueles onde estão instalados grandes

complexos portuários, são encontrados canais artificiais para a navegação. Esses

canais são construídos com dragagem do fundo submarino, causando sérios

impactos ao meio ambiente (Rijn, 2004). O aprofundamento de um canal estuarino

pode ter as seguintes conseqüências:

- Aumento da penetração da maré resultando em níveis de água altos mais à

montante do rio (na maré alta) e maiores riscos de enchentes;

- Aumento da penetração da maré resultando em níveis de água baixos mais

a montante no rio (na maré baixa) e desenvolvimento da profundidade através da

erosão do fundo;

- Aumento das velocidades de corrente na enchente e na vazante originando

concentrações maiores de sedimento em suspensão no fluxo;

- Aumento da penetração de água salina induzindo a relocação das zonas de

deposição existentes principais;

- Criação de um novo requerimento de dragagem de manutenção.

- Impacto sobre as comunidades que habitam as regiões inter e intra marés.

A extensão de qualquer uma das conseqüências acima pode acontecer

depende principalmente de dois fatores: o estado existente de equilíbrio do estuário

e a disponibilidade de sedimentos transportáveis.

Page 26: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

12

CAPÍTULO III – A Área de Estudo

3.1 Aspectos gerais

A bacia do Pina é formada pela confluência e decantação dos principais rios

da Região Metropolitana do Recife na porção sudoeste da bacia, sendo estes: o rio

Capibaribe (braço sul), rio Tejipió/Jiquiá, rio Jordão e rio Pina (Figura 2). Destes,

apenas os dois últimos ainda conservam vegetação em sua margem, o manguezal

do Pina.

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Gov.

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Bacia do Pina

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Manguezal do Pina

Canal port

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290000 295000

Figura 2: Mapa hidrográfico do município de Recife (região costeira). Mapa

base: Atlas de Desenvolvimento Humano de Recife, 2008, adaptado.

Page 27: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

13

Por situar-se em zona urbana, o estuário do Pina (figura 3) não só é um

ambiente muito alterado pela ação antrópica, como também desempenha funções

verdadeiramente importantes de caráter econômico, social e ambiental para a

cidade do Recife.

Nele estão inseridos o Porto do Recife (Figura 4), o cais José Estelita e o

Cabanga Iate Clube (Figura 5). Trata-se, portanto, de uma área de constante tráfico

de embarcações, tanto de navios cargueiros, como de lanchas com função turística

e, em grande quantidade, de barcos de pesca (Figura 6).

De acordo com Coutinho (1961), a referida bacia apresenta dois canais

laterais, os quais permitem a navegação durante a baixa-mar, ficando expostas

algumas coroas de areia na parte central, sendo a principal denominada de Coroa

dos Passarinhos (Figuras 7, 8 e 9). Esta é alvo de grande atuação pesqueira,

durante as baixa-mares, onde catadores coletam moluscos comestíveis de valor

comercial e retiram daí seu sustento.

Além da pesca e da coleta, muitos habitantes da população circunvizinha de

baixa renda vivem também da aqüicultura (figura 10 e 11), praticada na porção das

áreas alagadas da confluência dos rios Jordão e Pina, principalmente pelos

moradores da Ilha de Deus, ilha também alagável, vizinha aos cultivos. Este

complexo é chamado de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) (Figuras 12 e 13).

Dentre as funções ambientais exercidas por este ecossistema, do qual o

manguezal do Pina faz parte, têm-se o uso para transporte e diluição dos efluentes

sanitários da Estação de Tratamento de Esgotos do Cabanga e de residências,

lançados diretamente ou afluindo através dos seus corpos d’água formadores;

absorção de poluentes atmosféricos, área de reprodução e abrigo para muitas

espécies (Araújo,1998). O manguezal do Pina (Figura 14) é a última grande reserva

de mangue em área urbana do Brasil, constituindo a ZEPA - Zona Especial de

Interesse Ambiental (Figura 12).

Page 28: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

14

Figura 3: Vista aérea da bacia do Pina. Situada em plena zona urbana, sofre

intensa pressão antrópica e proporciona diversos usos para a cidade.

(www.recife.pe.gov.br)

Figura 4: Vista local do Porto do Recife.

Page 29: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

15

Figura 5: Vista aérea (sentido norte-sul) do Cabanga Iate Clube e da ponte do

Pina. (www.recife.pe.gov).

Figura 6: Barcos de pesca atracados em Brasília Teimosa, margem sudeste da

bacia do Pina.

Page 30: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

16

Figura 7: Vista aérea da bacia do Pina durante a maré baixa de sizígia.

Observa-se a Coroa dos Passarinhos entre os dois canais principais de

navegação. O canal à direita é o de acesso ao Cabanga Iate Clube.

(www.recife.pe.gov.br)

Figura 8: Vista local da Coroa dos passarinhos durante a maré baixa. Observa-

se um sedimento colonizado por mariscos.

Page 31: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

17

Figura 9: Pequeno banco arenoso exposto na baixa-mar, um dos locais de

coleta de sedimentos, próximo à Brasília teimosa.

Figura 10: A) Pesca (www.recife.pe.gov.br); B) coleta de mariscos e C)

aqüicultura praticados na bacia do Pina.

A B

C

Page 32: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

18

Figura 11: Favela Beira-rio, situada nas adjacências da ponte do Pina, margem

sul (Boa Viagem).

ZEPA

ZEIS

ZEPA

ZEIS

Figura 12: A) Ilha de Deus e as áreas de cultivo entre os rios Pina e Jordão. B)

Delimitação da ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) e ZEPA (Zona

Especial de Proteção Ambiental). Fonte: Prefeiturab, 2008.

A B

Page 33: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

19

Figura 13: Vista aérea das áreas de cultivo na Ilha de Deus e do encontro do

rio Pina com a bacia do Pina. Na extremidade superior da foto é possível

visualizar a água do mar separada da bacia por meio do dique artificial

(www.recife.pe.gov)

Page 34: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

20

Figura 14: Foto aérea da confluência dos rios que deságuam na bacia do Pina,

manguezal do Pina e orla de Boa Viagem. (Foto: Luiz Helvécio)

3.2 Clima

Segundo a classificação de W. Koppen (APUD Serra, 1984), o clima de Recife

é do tipo As’ ou pseudo-tropical, quente e úmido com chuva de outono-inverno

derivadas da Frente Polar Atlântica. As temperaturas médias anuais oscilam em

torno de 24o C nos meses de julho a agosto e 27oC nos meses de novembro a

fevereiro (Vasconcelos & Bezerra, 2000).

A média histórica de precipitação pluviométrica em Recife (Figura 15) obtidas

no banco de dados do Instituto Nacional de Metereologia – INMET

(www.inmet.gov.br/clima), confirma duas estações típicas, com inverno chuvoso no

período de março a agosto , com precipitações entre 200 e 400mm mensais; e com

época mais seca de outubro a janeiro, com precipitações mensais menores que

Page 35: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

21

100mm. Os dados da série histórica de evaporação apresentados na mesma figura

indicam um déficit hídrico entre os meses de outubro a janeiro.

Figura 15: Média de precipitação no Recife entre 1961 e 1990. Fonte: INMET.

Segundo Moura (2001), existe pelo menos quatro principais sistemas

atmosféricos de macroescalas que produzem a precipitação nessa porção do

nordeste Brasileiro: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT); as Frentes Frias do

Sul ou bandas de nebulosidade; os Distúrbios do Leste ou Ondas de Leste e os

Ciclones na Média e Alta Troposfera do tipo Baixas Frias, conhecidos como Vórtices

Ciclônicos de Ar Superior (VCAS). Além desses, os sistemas de mesoescala Brisas

Terrestre e Marítima e os Ventos Vale-Montanha também são responsáveis pelas

chuvas.

3.3 Geologia

A Planície Costeira ocorre ao longo de todo litoral do Recife, com largura

variável, desde poucas centenas de metros até pouco mais de 10 quilômetros.

Formada durante o Quaternário, constitui uma unidade geológico-geomorfologica

complexa, tendo em vista representar um ambiente de transição entre os fenômenos

continentais e marinhos.

Page 36: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

22

Segundo o Atlas Ambiental do Recife (Vasconcelos & Bezerra, 2000) são

definidos os seguintes sub-compartimentos geomorfológicos na Planície Costeira:

-Planície Fluvio-Lagunar (compreendendo os Terraços Indiferenciados,

Terraços Fluvio-Lagunares, Planície Alagável e Planície Alagada);

- Baixios de Maré;

- Terraços Marinhos Pleistocênicos;

- Terraços Marinhos Holocênicos;

- Depósitos de Praia e

- Recifes de Arenito.

3.2.1 Planície Fluvio-Lagunar

a) Terraços Indiferenciados ou Planície não Alagável

Relacionados com os depósitos fluviais, formando uma expressiva área plana

relacionada com as planícies fluviais dos principais rios da Região, a qual se

mantém seca e pouco susceptível a problemas de inundação. Os depósitos fluviais

são constituídos por sedimentos aluvionares areno-argilosos, depositados ao longo

dos principais vales, preenchendo a porção mais interna da planície costeira, e

dentro dos vales esculpidos pelos principais rios e riachos. Esta unidade representa

a porção mais abrangente.

b) Terraços Flúvio-Lagunares

Representam as porções limitadas na planície costeira entre os terraços

fluviais e/ou os terraços marinhos. Os depósitos flúvio-lagunares formaram-se devido

ao afogamento da região durante a ultima transgressão, tendo sido, na regressão

subseqüente, abandonados em depressões já existentes e, posteriormente,

submetidos aos efeitos da ação fluvial. Estes sedimentos são constituídos por areias

finas a grossas até siltes argilosos, com diferentes graus de compactação, podendo

ocorrer como terraços mais ou menos contínuos.

c) Planície Alagável

Page 37: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

23

Esta sub-unidade é representada por áreas mais rebaixadas situadas entre os

terraços marinhos e alguns depósitos flúvio-lagunares que podem ser inundados

intermitentemente.

d) Planície Alagada

Esta sub-unidade está associada às zonas úmidas inundadas

permanentemente, representadas pelas lagoas, brejos e alagados.

3.2.2 Baixios de Maré

Neste sub-compartimento, onde a bacia do Pina está inserida, é encontrado

as áreas onde o gradiente de declividade é quase nulo, estando portando, sujeito à

ação das marés. Devido à topografia, estas áreas são ambientes favoráveis aos

processos de sedimentação flúvio-marinha. Os solos com alto teor de salinidade, as

águas mornas e salobras e o constante fluxo das marés permitem o surgimento de

uma vegetação típica: o mangue.

3.2.3 Terraços Marinhos Pleistocênicos

Os terraços marinhos pleistocênicos apresentam-se, em geral, descontínuos,

alongados e paralelos à linha de costa ou no sopé das formações geológicas mais

antigas. Em toda a área estes terraços alcançam altitudes até 9m, tendo sido

bastante modificados pela ação fluvial e antrópica.

3.2.4 Terraços Marinhos Holocênicos

Este subcompartimento apresenta uma geometria mais regular com relação

àquela observado no terraço anterior, sendo, em geral, alongados, paralelos à linha

de costa, com altitude media de 1 a 3 metros.

3.2.5 Depósitos de Praia

Estes depósitos ocorrem diretamente na linha de praia, apresentando-se

como faixa estreita, o que, por vezes, dificulta sua representação cartográfica. São

constituídos de areias quartzosas bem selecionadas, inconsolidadas, sofrendo

contínuo retrabalhamento do mar. Foram observados alguns trechos onde ocorrem

pequenas acumulações eólicas (dunas frontais), principalmente na praia do Pina.

Page 38: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

24

3.2.6 Recifes de arenito

Apresentam-se com topos aplainados, podendo ser recobertos por corpos

coralinos e algáceos, sendo interrompido nas vizinhanças das desembocaduras dos

rios e barras arenosas. Entre Brasília Teimosa e o final a entrada do porto do Recife,

sobre esta formação foi construído um dique para impossibilitar a passagem da água

do mar mesmo durante a maré alta. Este trecho é a limitação leste da bacia do Pina.

3.4 Hidrografia

3.4.1 Rio Capibaribe

O rio Capibaribe nasce na Serra do Jacarará, município de Poção.

Inicialmente possui direção sudoeste-nordeste, próximo à cidade de Santa Cruz do

Capibaribe, quando toma a direção geral oeste-leste. Este rio possui dois principais

afluentes, os rios Tapacurá e Goitá. Em seu curso drena as cidades de Santa Cruz

do Capibaribe, Toritama, Salgadinho, Limoeiro, Paudalho, São Lourenço da Mata e

Recife, totalizando cerca de 240km de extensão até sua foz, e uma área de 7.716

km2 correspondente a sua Bacia Hidrográfica (Coutinho, 1992).

Ao chegar na região metropolitana do Recife, o rio Capibaribe bifurca-se em

dois braços (figura 2): o braço norte, que conserva o mesmo nome, e encontrando-

se com o Beberibe atinge o mar; e o braço sul, que corre da Ilha do Retiro rumo à

Ilha Joana Bezerra-Maruim, desembocando na Bacia o Pina (Chacon, 1959). Do

ponto de vista da hidrografia espacial, por conta da sua bifurcação em dois braços, o

rio Capibaribe pode influenciar dinamicamente o movimento das águas do estuário

do Recife nesses dois locais distintos.

3.4.2 Rio Tejipió

O rio Tejipió nasce em terras da fazenda Mamucaia, em São Lourenço da

Mata, seguindo pela divisa do município de Jaboatão com a metrópole, escoando no

Recife até a Bacia do Pina. Possui um curso definido até cruzar a Avenida Recife e

recebe em sua margem esquerda seu principal afluente, o rio Jiquiá, passando a

partir daí a ser conhecido com o nome de seu afluente (Fidem, 1980).

Page 39: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

25

Em conjunto com o rio Jiquiá, o rio Tejipió é responsável pela drenagem da

quase totalidade da zona urbanizada situada na área oeste de Recife. A bacia

hidrográfica desse rio possui cerca de 93km2.

3.4.3 Rio Jordão e Canal Setúbal

O rio Jordão nasce no Alto Jordão, entre construções populares, o qual, em

processo acelerado, acaba por provocar erosões, dificultando a calha e, por ocasião

da obstrução causada pelo inverno, acaba provocando inevitáveis alagamentos

(Fidem, 1980).

As bacias do rio Jordão e Canal de Setúbal formam um complexo único de

drenagem situadas em áreas bastante urbanizadas, na zona sul da cidade do

Recife, e deságua nas proximidades da foz do Jiquiá, na Bacia do Pina. Possuem

uma área total de drenagem de aproximadamente 21km2, estendendo-se por uma

estreita faixa de terra ao longo do litoral, com largura média de 0,2km compreendida

entre o rio Jiquiá, ao norte, e servem como limite de município.

O Canal Setúbal, considerado como principal afluente do rio Jordão, liga a

lagoa Olho d’Água à zona estuarina do rio Jordão, sendo receptáculo de grande

parte dos resíduos domésticos e da quase totalidade dos efluentes sanitários dos

bairros que atravessa, ou seja, Piedade, Boa Viagem e Pina, e, quando obstruído,

provoca conseqüências nocivas à saúde pública.

3.3.4 Rio Pina

O rio Pina tem sua origem na bifurcação do rio Jordão. Após receber a

contribuição de seu principal afluente, o Canal de Setúbal, na altura da Avenida

Antonio Falcão, no bairro de Boa Viagem, penetra em uma área de grande influencia

de maré, com uma vegetação de mangue bem desenvolvida. Nesse momento, ele

se bifurca recebendo o seu braço direito à denominação local de rio do Pina. Juntos

eles banham a Ilha de Deus, desembocando em seguida na Bacia do Pina (Fidem,

1987).

Page 40: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

26

3.5 Parâmetros físico-químicos da água

Os parâmetros descritos abaixo têm base nas pesquisas de Feitosa (1988 e

2008), Nascimento (2001 e 2002), e Araújo (2008), que estudaram o comportamento

de alguns parâmetros abióticos na bacia do Pina.

3.5.1 Salinidade

A salinidade da Bacia do Pina é característica de um ambiente estuarino,

apresentando variação espacial e havendo redução da mesma à medida que se

adentra o estuário.

Feitosa (1988) observou uma nítida variação sazonal em ambas as fases de

maré ao longo de três estações de amostragem (P1 - a foz comum dos rios que

desembocam na bacia, P2 - o centro da bacia e P3 - o final da bacia portuária). Foi

verificado que mesmo na estação mais interna (P1) houve influencia da maré nos

meses chuvosos e na baixa-mar, apesar de discreta (salinidade = 5), e que no

verão, em preamar, o mesmo ponto apresentou valores de salinidade próximos à

água do mar (salinidade = 36). Já no final na bacia portuária, a influência marinha

imprimiu constantemente a alta salinidade (entre 30 e 36), exceto na superfície

durante o período chuvoso.

Essas mesmas estações de amostragem foram estudadas anos depois por

Nascimento (2001), que observou padrões semelhantes de variação da salinidade.

Os valores obtidos em sua pesquisa entre maio/1999 e abril/2000 tanto na preamar

quanto na baixa mar, na superfície e no fundo, estão plotados nos gráficos da figura

16.

De uma maneira geral não foi observada uma estratificação salina na coluna

d’água nas 3 estações de coleta, exceto nos meses chuvosos. O comportamento

hidrodinâmico dos estuários com base na estratificação da salinidade (Pritchard,

1989) infere que o estuário do Pina apresenta classificações distintas na estação

chuvosa e na estação seca.

Quando a descarga fluvial é maior, o estuário apresenta-se

predominantemente como do tipo B (parcialmente misturado), que é caracterizado

por um gradiente vertical de salinidade suave, e a diferença entre os valores da

Page 41: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

27

superfície e do fundo é menor que 50%; quando superior, caracteriza a condição de

cunha salina (Cardoso & Alfredini, 1997 APUD Perillo, 1996). Este efeito tipo cunha

salina é característico de um estuário do tipo A e foi observado apenas na boca do

estuário e durante as marés baixas desta estação.

Salinidade - Preamar

0

10

20

30

40

Mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr

Mêses (1999-2000)

Sup 1

Fundo 1

Sup 2

Fundo 2

Sup 3

Fundo 3

Salinidade - Baixa-mar

0

10

20

30

40

Mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr

Mêses (1999-2000)

Sup 1

Fundo 1

Sup 2

Fundo 2

Sup 3

Fundo 3

Figura 16: Salinidade do estuário do Pina durante a preamar e baixa-mar, na

superfície e no fundo em 3 pontos de coleta entre maio de 1999 e abril de

2000. Adaptado de Nascimento (2001).

Page 42: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

28

Durante o período seco, o estuário caracteriza-se como verticalmente

homogêneo (tipo C) durante a baixa-mar e verticalmente e lateralmente homogêneo

(tipo D) na preamar, característicos de canais rasos e estreitos forçados por

descarga fluvial pequena.

Em síntese, a classificação hidrodinâmica de Perillo (1996) e os estudos de

Feitosa e Nascimento aqui descritos sugerem a classificação do estuário do Pina

como um estuário predominantemente do tipo bem misturado, podendo se

apresentar estratificado apenas na boca do estuário durante os meses de cheia.

Segundo Araújo (2008), uma evidência indicativa de que esse estuário é do tipo bem

misturado é a localização de duas de suas maiores áreas de assoreamento em

regiões de grandes seções transversais adjacentes de bifurcações do canal

principal;

3.5.2 Temperatura

Nascimento (2001) verificou em seu trabalho uma variação de 23 a 31ºC,

sendo os valores mais baixos no período chuvoso (junho a outubro), no interior do

estuário e valores maiores de janeiro a abril na porção central da bacia, enquanto

Feitosa (2008), ao fazer uma analise apenas espacial deste parâmetro no mês de

maio de 2007 (período chuvoso), encontrou uma variação pequena da temperatura

ao longo da bacia em comparação à variação vertical, sendo uma diferença de 2ºC,

entre 28 e 30º.

3.5.3 pH

Quanto ao potencial hidrogeniônico, o estuário apresenta-se ligeiramente

alcalino (cerca de 8) em ambos os regimes de marés, havendo uma discreta

elevação do mesmo durante a preamar (Feitosa, 1988, Nascimento 2001 e Feitosa,

2008). Não existe uma variação espacial significativa entre as estações, como

também na coluna d’água. Entretanto, nos estudos de Nascimento et al.(2002), em

que foi analisada a espacialidade das características do estuário do Pina, observou-

se valores ligeiramente e gradativamente mais elevado próximo à desembocadura.

O fator que mais influencia a variação deste parâmetro é a sazonalidade. Na

estação chuvosa, devido à maior influência dos rios, o pH da água apresenta-se

Page 43: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

29

reduzido (entre 7,2 e 8), e na estação seca, devido ao maior aporte de água do mar,

apresenta-se mais alcalino (entre 8 e 8,5), como é possível observar pelo gráfico da

figura 18, adaptados de Nascimento (2001).

Na Figura 17, a ausência de informação sobre o pH no ponto 1/fundo, é

devido a uma falha na amostragem.

pH - Preamar

6

7

8

9

Mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr

Mêses (1999-2000)

Sup 1

Fundo 1

Sup 2

Fundo 2

Sup 3

Fundo 3

pH - Baixa-mar

6

7

8

9

Mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr

Mêses (1999-2000)

Sup 1

Fundo 1

Sup 2

Fundo 2

Sup 3

Fundo 3

Figura 17: pH do estuário do Pina durante a preamar e baixa-mar, na superfície

e no fundo em 3 pontos de coleta entre maio de 1999 e abril de 2000. Adaptado

de Nascimento (2001).

Page 44: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

30

3.5.4 Transparência

A transparência da água na bacia do Pina apresenta uma variação temporal

tanto em função da altura da maré (sendo mais elevada no período de baixamar),

como em função das chuvas (menor transparência na cheia), sendo o último fator o

mais importante. Tal comportamento está associado ao maior transporte de material

em suspensão na água durante o período chuvoso ocasionado por a um fluxo fluvial

mais intenso (Nascimento, 2001).

Em relação à variação espacial, Feitosa (1988), Nascimento (2001) e

Nascimento et al. (2002) encontraram valores da transparência da água em

gradiente crescente da parte mais interna para a boca do estuário do Pina. Este é

um padrão comum verificado em estuários em decorrência do material em

suspensão transportado pelos rios (Miranda et al. 2002), visto que os menores

valores foram encontrados na confluência dos rios que formam a bacia.

3.5.5 Nutrientes

Os nutrientes na bacia do Pina apresentam um comportamento não-

conservativo, sendo o nitrito, o nitrato e o silicato os mais absorvidos (principalmente

em salinidades mais baixas), e amônia e o fosfato adicionados ao sistema via

atividades antropogênicas, sendo que as pequenas variações do fosfato ao longo do

estuário, indicam a existência de um sistema tampão regulando este nutriente. A

relação N:P apresenta-se abaixo da relação de Redfield, não comprometendo a

produtividade do estuário (Nascimento et al. 2001).

3.6 Marés

No porto de Recife a maré astronômica é do tipo semi-diurna, o que são

produzidas duas preamares e duas baixa-mares por dia lunar, apresentando ainda a

característica de uma pequena desigualdade diurna, ou seja, as duas preamares e

as duas baixa-mares apresentam alturas de marés ligeiramente distintas no mesmo

dia.

Pelas informações previstas pelas tábuas de marés, as marés de sizígia no

porto do Recife podem alcançar na preamar 2,70m e na baixa-mar -0,20m,

Page 45: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

31

apresentando, portanto, uma amplitude máxima da ordem de 2,90

(www.cptec.inpe.com.br).

3.6.1 Defasagem e amortecimento da maré no estuário do Pina

Para se avaliar como a geomorfologia do estuário do Pina modifica as

características físicas da propagação de onda de maré, Araújo (2008) fez uma

comparação direta entre maregramas no porto com a leitura de alturas de lâmina

d’água medidas em vários locais do sistema estuarino. A tabela 1 exibe os

resultados da pesquisa, e a figura 18 indica de forma esquemática os locais

estudados (seções P4, Jo8, A4 e P1) com medidas de lâmina d’água (linimetria).

Tabela1: Comparação entre amplitudes e defasagens medidas num ciclo de

maré. Fonte: Araújo, 2008.

Os resultados indicaram que as marés se propagaram quase em fase e sem

amortecimento com relação à maré induzida no porto, com exceção da seção P1, o

mais distante, onde ocorreu uma defasagem de cerca de uma hora, acompanhada

de um pequeno amortecimento.

Os resultados foram adequados à identificação dos fenômenos da defasagem

e do amortecimento de sinais, principais descritores físicos do processo de

propagação de marés em estuários.

Page 46: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

32

Figura 18: Mapa de localização das seções linimétricas estudas. Fonte:

adaptado de Araújo, 2008.

Page 47: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

33

3.6.2 Correntes de maré e transporte de material em suspensão no estuário

do Pina

Os elementos hidrodinâmicos modeladores naturais da forma da calha de um

estuário são as energias associadas às correntes de maré e fluviais. Em função da

integração desses elementos e do material sedimentar disponível, os processos

antagônicos de erosão e assoreamento são induzidos em vários locais do sistema

estuarino em estudo.

Araújo (2008) realizou medidas de velocidade em várias seções (figura 19) e

os resultados obtidos apontaram para uma tendência de maiores velocidades

durante o refluxo das águas salinas e menores nas estofas de maré, tanto na de

preamar como na de baixa-mar, quando as velocidades se aproximam de zero.

Para as situações de maré enchente (afluxo, figura 19) e maré vazante

(refluxo, figura 20), estão apresentados desenhos esquemáticos dos prováveis

campos de velocidades máximas e médias encontradas no estuário, com as

respectivas escalas gráficas e pontos de referência.

O mapeamento da distribuição espacial de velocidades na enchente indica

que as máximas e médias correntes de maré são atenuadas após a passagem pela

bacia do Pina (P4), com exceção à área próxima ao aeroclube, onde as velocidades

das correntes são retomadas, provavelmente por efeitos de ventos locais ou da

morfologia da calha estuarina.

Na situação típica de vazante, as maiores velocidades ocorrem ao longo dos

canais principais do rio Pina (P2), braço sul do rio Capibaribe (C2) e ponte do Pina

(P4).

As forças hidrodinâmicas geradas pelos escoamentos induzidos pelas

correntes de maré podem atingir uma situação dinâmica, na qual as partículas do

leito e margens do canal de escoamentos são deslocadas de sua posição inicial

(erosão) e passam a se mover junto ao fluxo (transporte de sedimentos). Em outros

momentos, essas forças praticamente cessam, criando condições de deposição

(sedimentação).

Page 48: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

34

Figura 19: Campos de velocidades no estuário do Recife (maré enchente).

Fonte: Araújo, 2008.

Aeroclube

Page 49: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

35

Figura 20: Campos de velocidades no estuário do Recife (maré vazante).

Fonte: Araújo, 2008.

Assim, Araújo (2008) realizou uma análise da estabilidade sedimentar

baseada na velocidade média do fluxo, e a partir das velocidades médias obtidas, de

fatores de correção para a profundidade e grau de sinuosidade dos canais e

considerando-se também a natureza do material do fundo como sendo argilas muito

finas, pouco compactadas, obteve os resultados que estão expressos na tabela 2.

Esses dados identificam o transporte líquido de sedimentos, assim como o potencial

dos processos erosivos e deposicionais na área de interesse.

Aeroclube

Page 50: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

36

Tabela 2: Potenciais de sedimentação e erosão nas seções estudadas. Fonte:

Araújo, 2008.

A tabela mostra que o material de fundo e margens é erodido

preferencialmente nas proximidades das estações P4, A4, e C2; é transportado

pelas proximidades das seções Jo8, P2 e P1 e encontra boas condições potenciais

de deposição nas proximidades da estação da antiga Bacardi.

3.7 Biota

Ao longo da bacia do Pina a vegetação é escassa e os raros exemplares de

mangue, quando presentes, são pequenos. Entretanto, em sua porção mais interna,

nas margens do rio Jordão e Pina, onde ainda há uma forte influência da maré e um

solo bem lamoso, ocorre uma densa vegetação de mangue (Figura 13), estando

representadas pelas espécies Rhizophora mangle (mangue vermelho), Laguncularia

racemosa (mangue branco), Avicennia germinans (mangue canoé ou siriúba) e A.

schaueriana (mangue língua de vaca), que são comuns no litoral brasileiro

(Vasconcelos & Bezerra, 2000).

No que tange à fauna estuarina, a bacia do Pina é bem diversificada, podendo

citar entre os produtos pescados Mugil Curema (tainha), Mugil liza (curimã),

centropomus undecimalis e C. paralellus (camurin), Eugerres brasilianus (carapeba),

Eucinosthomus gula (carapicu), Callinectes danae (siri), Pennaeus schimitti

(camarão vila franca), P. subtilis (camarão rosa), Mytella falcata e M. guyanensis

(marisco), Crassostrea rhizophorae (ostra) (Sant’Anna, 1993).

O manguezal do Pina é a última reserva de mangue do Recife e se enquadra

dentre as Unidades de Conservação estabelecidas na Lei de Uso e Ocupação do

Solo do Recife, no 16.176/96, nomeada Parque dos Manguezais, com uma área de

212,84 ha (SECTMA, 2001).

Page 51: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

37

CAPÍTULO IV – Materiais e Métodos

4.1 Localização e descrição dos pontos de coleta de sedimentos

Os pontos de amostragem foram distribuídos ao longo do estuário do Recife,

desde a confluência dos rios Capibaribe (braço sul), Tejipió, Jordão e Pina, tendo

sido analisado a desembocadura de cada um desses, até a garganta do estuário,

logo após a desembocadura do rio Capibaribe (braço norte), onde também coletou-

se uma amostra. Ao longo do estuário tentou-se coletar amostras em pontos

aproximadamente eqüidistantes, traçando perfis perpendiculares ao fluxo principal,

assim como foram traçados os perfis batimétricos que serão descritos

posteriormente. Totalizou-se então, 30 amostras, com distâncias entre 200 e 400

metros. A localização exata de cada um desses pode ser observada na figura 21.

290700 291700 292700 293700

91

060

00

910

65

00

91

07

00

091

07

500

910

80

00

CabangaIate

Clube

Av. José Estelita

Brasília Teimosa

Rio

Capib

arib

e

Rio Tejipió

Rio

Pin

a

Rio

Jord

ão

Port

o

0m 500m 1000m 1500m

Rt

Rj

C1

Rcs

RP

C2 C5C6

C7

C8

P1.1

P1.2

P1.3

P2.1

P2.2

P2.3

P2.4P2.5

P3.1

P3.2

P3.3

P4.1

P4.2

P4.3

P5.1P5.2

P5.3

C9

C10Rcn

Figura 21: Localização dos pontos de coleta no estuário do Pina.

4.2 Analise dos sedimentos

Utilizando uma draga de Van Veen foram coletadas as 30 amostras em

pontos selecionados ao longo da bacia do Pina. As amostras foram encaminhadas

Page 52: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

38

ao Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha (LGGM) da Universidade Federal

de Pernambuco (UFPE), para estudos texturais, granulométricos e análises químicas

de matéria orgânica e carbonatos.

Para a separação da fração arenosa e lamosa foram utilizadas as técnicas

fundamentadas no método descrito por Suguio (1973). De início, o material foi seco

à temperatura ambiente em bacias plásticas e depois levado à estufa para secagem

a 60oC. Em seguida, foram realizados o quarteamento manual e pesagem de 100g,

sendo então as amostras peneiradas por via úmida em duas peneiras de malhas 2 e

0,062mm, e separadas as frações: cascalho, areia e lama.

Depois do peneiramento a úmido, as areias e os cascalhos foram colocados

na estufa para secar a temperatura de 60oC, enquanto a lama foi primeiramente

deixada decantando para separá-la da água, antes de também levá-la à estufa.

Depois da secagem completa, as amostras de cascalho, areia e lama foram

novamente pesadas para definir o percentual de cada parte.

4.2.1 Granulometria da fração areia

Esta análise foi realizada apenas com a fração arenosa das amostras que

apresentaram teor de areia >25%.

A fração areia dessas amostras foi posta em um jogo de cinco peneiras de

aço, com aberturas variando de 1 a 0,062mm (areia muito grossa à areia muito fina,

respectivamente), e submetida ao peneiramento mecânica no rot up (agitador de

peneiras), por cerca de 10min. Dessa forma, foram separadas as diferentes classes

arenosas, pesadas em balança até a segunda casa decimal e acondicionadas em

sacos plásticos identificados. As análises granulométricas fornecem dados que

podem ser convertidos em informações gráficas ou numéricas, viabilizando a

comparação entre amostras, descrições texturais, interpretação das condições de

gênese, de transporte, deposição, etc.

4.2.2 Parâmetros estatísticos

Os dados obtidos na etapa do peneiramento possibilitaram o cálculo dos

parâmetros estatísticos granulométricos (diâmetro médio, desvio padrão ou grau de

seleção, curtose e assimetria) embasado na classificação de Folk & Ward (1957),

Page 53: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

39

com o emprego do software Anasede. Apenas as diversas frações arenosas (valores

entre 0 a 4 ), foram empregadas na elaboração de mapas temáticos referentes a

estes parâmetros estatísticos. Neste contexto, as frações que foram excluídas nesta

etapa aparecem no mapa de distribuição espacial em branco como “área

bloqueada”.

Média (Mz): Indica a tendência central do tamanho médio dos grãos do

sedimento. É a média das granulometrias correspondentes aos percentis 16, 50 e

86.

Desvio Padrão (s): Medida de dispersão dos dados. Do ponto de vista

geológico, significa a tendência de distribuição dos grãos em torno do valor médio.

Os sedimentos depositados rapidamente ou a partir de fluxos viscosos são

geralmente pobremente selecionados, enquanto que os sedimentos retrabalhados

através do vento ou água são bem melhor selecionados (Suguio, 2003). Classifica-

se como bem selecionado o sedimento com pequena dispersão dos seus valores

granulométricos, e de pobremente selecionado quando há grande variedade no

tamanho dos grãos.

Assimetria (α): É uma medida de tendência dos dados ao se dispersarem de

um ou do outro lado da média. De acordo com Suguio (2003), a assimetria tem um

significado genético e os sedimentos depositados por uma corrente uniforme

aumentam o grau de simetria. A interpretação de valores de assimetria de

distribuições granulométricas de um corpo sedimentar tem sido aplicada com o

objetivo de caracterizar seu ambiente deposicional. O grau de assimetria pode

assumir valores positivos (quando há desvio para valores maiores em ) ou

negativos (quando há desvio para valores menores em ) e é indicado pelo

afastamento do diâmetro médio da mediana. Quando o diâmetro médio e a mediana

coincidem há uma distribuição simétrica.

Curtose (K): Reflete o grau de agudez dos picos nas curvas de distribuição de

freqüência, e sua medida indica a razão do espalhamento médio das caudas e na

parte central da distribuição no desvio-padrão.

Page 54: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

40

4.2.3 Separação e quantificação do silte e da argila

A fração lama, por se tratar de partículas muito finas e se agregarem entre si,

é necessário pulverizá-las em almofariz de tal forma que apenas desagreguem as

partículas, mais que se misturem o silte com a argila. Dessas amostras foram

tomadas 2g para separação e verificação do percentual silte e argila e fez-se a

floculação com 25ml de pirofosfato de sódio. Aquecidas até o ponto de fervura as

amostras foram levadas à centrífuga durante 5 minutos a 1.500 rpm. Após a retirada

desse material, fez-se a drenagem do líquido e o material restante foi o silte, que foi

secado em estufa e pesado. A porcentagem de argila foi calculada por diferença.

4.2.4 Determinação do teor de matéria orgânica e carbonatos

Para a quantificação da matéria orgânica foi utilizada a metodologia de Kralik

(1999) para a fração lama com o intuito de pesquisar, além da composição, a origem

da fração mais abundante neste ambiente. Tais valores foram obtidos por perda ao

fogo, que consiste em se pesar as amostras antes e depois de sofrerem

aquecimento, calculando-se a perda de peso sofrida. Para a obtenção do peso seco,

as amostras foram deixadas em estufa a 100ºC por 16 horas. Em seguida, os

cadinhos contendo as amostras foram colocados na mufla a 360ºC por uma hora

para a queima e obtenção da Matéria Orgânica.

As análises de carbonato no sedimento foram feitas de acordo com Dean

(1974). Após a obtenção da matéria orgânica, os cadinhos contendo as amostras

retornaram à mufla, desta vez a 1000oC por 1 (uma) hora. A diferença de peso entre

360 e 1000oC correspondeu à quantidade de CO2 liberado. Para a obtenção da

quantidade de carbonato perdido na amostra, utilizou-se o fator 0,44 (fração de CO2

em CaCO3).

4.3 Perfilagem batimétrica

A batimetria teve como finalidade mostrar com precisão a configuração

superficial do fundo estuarino e suas principais feições morfológicas. Para a sua

consecução foram projetados perfis perpendiculares ao eixo da bacia, com

eqüidistância aproximada de 200 m percorridos com um barco, e todos os pontos

coletados foram relacionados com o nível zero hidrográfico. Foi levado em

Page 55: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

41

consideração também o estudo sobre defasagem da maré no estuário do Pina de

Araújo (2008).

Todas as sondagens ecobatimétricas foram posicionadas geograficamente

com o equipamento Gamim GPS Map 298. O ecobatímetro utilizado foi um

transdutor de freqüência de 200 KHz, Furuno, modelo FVC-668, de impulso

contínuo, com amostragem x, y, z a cada 3 segundos.

4.4 Metodologia de execução dos mapas

Os mapas foram elaborados em aplicativo Sistema de Informação Geográfica

(SIG) por meio da digitalização dos contornos da área estudada, tendo como mapa

base o Atlas de Desenvolvimento Humano do Recife (2008). Todos os mapas foram

configurados para Projeção Universal Transversa de Mercator, Datum horizontal:

WGS 1984, Zona 25 S, no sistema de coordenadas UTM.

Com os dados extraídos das amostra foi elaborada uma planilha onde cada

parâmetro foi associado à respectiva coordenada. Os dados foram introduzidos sob

forma de tabela em aplicativo SIG, e utilizando o método de interpolação kriging

foram confeccionados os respectivos mapas representativos de cada parâmetro.

Page 56: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

42

CAPÍTULO V – Resultados

5.1 Morfologia do fundo estuarino

A observação do mapa batimétrico (figura 22) indica uma variação de

profundidade em até 13 metros na área estudada, entretanto, as profundidades são em

geral menores que 4 metros; valores maiores foram encontrados apenas no canal

portuário e proximidades. O mapa exibe ainda o traçado de perfis transversais que

foram plotados nos gráficos da figura 23 para melhor visualização da morfologia de

fundo.

A região mais interior, de confluência dos rios Tejipió, Pina, Capibaribe (braço

sul) e Jordão até a ponte do Pina apresentou-se bastante rasa com valores inferiores a

3 metros na maré baixa. É possível observar tanto pelo mapa batimétrico quanto pelo

perfil AA’ da figura 23 a existência de um canal mais profundo situado próximo da

margem sul, onde foi encontrada uma declividade aproximadamente três vezes maior

que a da outra margem. Na margem sul (A’) a declividade foi de 1:36 até a isóbata de 2

m, o que significa um aumento de 1 metro na profundidade a cada 36 metros de

distância da margem, enquanto na margem norte (A) esta razão profundidade/distância

foi de 1:98.

Na bacia do Pina as profundidades também foram bastante reduzidas, exceto

nas proximidades do canal portuário, margem nordeste da bacia. O perfil BB’ revela

três canais, sendo dois mais profundos ladeando ambas as margens com

profundidades máximas de 3 metros e um canal central verdadeiramente raso com

menos de 1 metro na maré baixa. A margem norte possui uma declividade de 1:64 até

a isóbata de 2 metros e é o principal canal de navegação, permitindo o acesso ao

Cabanga Iate Clube e ao cais José Estelita. O canal de navegação do Cabanga

margeia o cais José Estelita na porção norte do trecho mais largo do estuário. O canal

sul se dá pela continuidade do canal do Rio Tejipió e segue até o dique por toda bacia

margeando o bairro de Brasília Teimosa. A declividade desta margem é a maior

encontrada na área de estudo: 1:5 até a profundidade de 2,5 m. Na porção central

Page 57: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

43

entre os canais mais profundos existem dois bancos arenosos principais que emergem

diariamente durante as marés baixas. Estes são apresentados no mapa batimétrico da

figura 22 com a cor branca. Um desses bancos abrange boa parte da bacia em sua

porção central, que se trata da Coroa dos Passarinhos; o outro, de pequena dimensão

situa-se ao sul do primeiro. Ambos possuem formatos alongados dispostos no mesmo

sentido SW-NE da bacia. Esses bancos são típicos de canais estuarinos onde a

forçante da maré é superior à vazão do rio, ambiente que favorece a formação de

barras arenosas paralelas à direção da maré (Dalrymple et al. 1992).

No estreitamento do estuário, próximo ao canal portuário, observa-se a

influência do Porto e de suas dragagens na batimetria deste trecho. O perfil CC’ mostra

profundidades mais elevadas que os canais à montante, chegando a 5,5 metros na

maré baixa. Deste ponto à margem esquerda (D) observa-se uma declividade de 1:14,

enquanto para a margem direita (D’) a inclinação do leito é de 1:65.

O canal portuário apresenta as maiores profundidades de toda a porção do

estuário analisada, atingindo 11 metros. Pelo perfil transversal DD’ da figura 23 é

possível observar que este canal é aproximadamente simétrico em comparação aos

anteriormente descritos com ambas as margens esquerda e direita apresentando alta

declividade: 1:13 e 1:6,6, respectivamente, até a isóbata de 11 metros.

Page 58: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

44

290700 291700 292700 293700

290700 291700 292700 293700

91

06

00

09

106

500

910

70

00

91

07

50

091

08

000

CabangaIate

Clube

Av. José Estelita

Brasília Teimosa

Rio

Capib

arib

e

Rio Tejipió

Rio

Pin

a

Rio

Jord

ão

Port

o

0m 500m 1000m 1500m

A

B

C

D

E'

A'

B'

C'

D'

E

Prof. (m)

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

Figura 22: Mapa batimétrico da bacia do Pina

Page 59: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

45

Perfil AA'

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0 39 81 123 164 206 247 283

Distância (m)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Perfil BB'

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

0 165 312 476 640 781 882

Distância (m)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Perfil CC'

-6.0

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

0 79 152 236 328 406

Distância (m)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Perfil DD'

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 32 60 102 144 179 215

Distância (m)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Figura 23: Perfis batimétricos transversais da bacia do Pina

Coroa dos Passarinhos

Canal portuário

extremidade sul do

Canal portuário

Page 60: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

46

A figura 24, diferentemente dos demais, mostra um perfil longitudinal de 4,6 km

que percorre o estuário desde a foz do rio Tejipió até o início da bacia portuária e

apresenta sobre outro ângulo os perfis analisados anteriormente.

Perfil EE'

-12.0

-9.0

-6.0

-3.0

0.0

0 1479 2596 3577 4461

Distância (m)

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Figura 24: Perfil batimétrico longitudinal da bacia do Pina

Pela figura, verifica-se claramente o padrão batimétrico da região de estudo,

caracterizada basicamente por um leito bastante raso com uma profundidade média de

1,5m em quase toda sua extensão e um trecho mais profundo, referente à bacia

portuária, onde a profundidade atinge cerca de 11 metros após uma escarpa de

declividade 1:400, aproximadamente.

5.2 Distribuição granulométrica

5.2.1 Fração cascalho

Das 30 amostras analisadas, 20 apresentaram valores nulos de cascalhos. As

outras 10 amostras apresentaram teores de cascalhos menores que 14% (figura 26) e

estiveram localizadas em duas áreas do estuário, uma após a confluência dos rios

Tejipió, Pina, Jordão e Capibaribe (braço sul), próximo à antiga fábrica da Bacardi, e

outra na Coroa dos passarinhos.

Canal Portuário

Page 61: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

47

Em laboratório foi verificado que o cascalho presente no canal após a

confluência dos rios é formado basicamente de fragmentos de sururus (espécie Mytella

charruana). A figura 25 exibe esse material no momento da coleta. Já o cascalho

presente na Coroa dos passarinhos é formado principalmente por fragmentos de

conchas de outras espécies de moluscos. A fração cascalho quartzoso foi inexpressiva,

sendo quase em sua totalidade formada de carbonato de cálcio. Isso indica, segundo

Dias (2004), que o cascalho analisado, mesmo possuindo um tamanho grosseiro,

possui um comportamento parecido com a das areias em relação à velocidade de

decantação.

Figura 25: Amostra coletada no Ponto C3.

Page 62: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

48

290700 291700 292700 293700

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10

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0

CabangaIate

Clube

Brasília Teimosa

Rio Tejipió

0m 500m 1000m 1500m 0

2

4

6

8

10

12

Cascalho(%)

Figura 26: Mapa de teores de Cascalho ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 63: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

49

5.2.2 Fração areia

Os resultados das análises (figura 27) mostraram teores de areia variando

entre 3 e aproximadamente 90%. Das amostras, 40% apresentaram teores

menores ou iguais a 5% de areia e 30% das amostras apresentaram valores

maiores que 60%.

Três áreas com maior percentual de areia foram identificadas ao longo da

bacia: um próximo à antiga fábrica Bacardi; outra na porção mais larga da bacia,

tratando-se da Coroa dos passarinhos, e outra pertencente a uma pequena coroa

próxima à dos Passarinhos.

5.2.3 Teores de silte

A fração silte é identificada em todo o corpo estuarino (figura 28), com

valores entre 6 e 98%. Como a fração cascalho e argila são pouco expressivas, o

sedimento no estuário do Pina é formado basicamente por areia e silte, e o mapa

de distribuição da fração siltosa lembra um negativo do mapa de teores de areia da

figura 27. Assim, os locais onde foram percebidos altos teores de areia são os

locais com menores teores de silte (área próxima à antiga fábrica bacardi, e as

duas coroas), e as amostras dos locais que apresentaram aproximadamente 5% de

areia foram os que apresentaram teores de silte por volta de 95%.

As maiores porcentagens de silte (95 a 99%) foram encontradas nos canais

mais profundos do estuário, onde ocorrem dragagens para navegação até o Porto

do Recife, Cabanga e as margens de Brasília Teimosa.

No mapa da figura 28 observa-se que os rios Jordão e Capibaribe (braço

sul) são os que apresentam o leito mais siltoso (95%), seguidos dos rios Capibaribe

(braço norte-83%), Tejipió (82%) e Pina (72%).

Page 64: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

50

5.2.4 Teores de argila

Ao analisar o mapa de teores de argila (figura 29), observou-se uma

contribuição pequena desta fração na composição mesmo dos sedimentos mais

lamosos. Seu percentual variou entre aproximadamente 0 (zero) e 7%. As maiores

porcentagens de argila, assim como as de silte foram encontradas nos canais mais

profundos do estuário, exatamente como registrado por Coutinho (1961).

Page 65: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

51

290700 291700 292700 293700

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00

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91

07

000

91

07

50

09

10

800

0

CabangaIate

Clube

Brasília Teimosa

Rio Tejipió

0m 500m 1000m 1500m0

20

40

60

80

Areia (%)

Figura 27: Mapa de teores de areia ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 66: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

52

290700 291700 292700 293700

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00

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70

00

91

07

50

09

10

80

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CabangaIate

Clube

Brasília Teimosa

Rio Tejipió

0m 500m 1000m 1500m 10

30

50

70

90

Silte (%)

Figura 28: Mapa de teores de silte ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 67: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

53

290700 291700 292700 293700

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106

50

09

10

70

00

91

07

50

09

10

80

00

CabangaIate

Clube

Brasília

Rio Tejipió

antiga

fábrica Bacardirio P

ina

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o

pontedo Pina

Porto

Teimosa

Cais José Estelita

rio Capibaribe

0m 500m 1000m 1500m

Argila (%)

0

1

2

3

4

5

6

Figura 29: Mapa de teores de argila ao longo da bacia do Pina.

Page 68: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

54

5.4 Análises estatísticas

As análises estatísticas foram realizadas excetuando-se as amostras

classificadas como textura “lama” de acordo com Shepard (1959), já que esta

fração não foi analisada granulometricamente, apenas foi ocorrida sua separação e

quantificação em silte e argila. A área ocupada pelas “lamas” está apresentada em

todos os mapas estatísticos a seguir como “área bloqueada”.

5.4.1 Diâmetro médio

A média aritmética ou diâmetro médio de um sedimento corresponde à

distribuição média do tamanho das partículas. Apesar de esta medida apresentar

algumas limitações em se tratando de amostras polimodais, é o parâmetro

estatístico mais significativo utilizado em sedimentologia, considerando que reflete

a média geral de tamanho de grãos dos sedimentos, que é influenciada pela fonte

de suprimento de material, pelo processo de sedimentação e pela velocidade da

corrente (Suguio,1973).

Se observarmos o mapa de diâmetro médio da bacia do Pina (figura 30),

podemos verificar a existência de cinco populações granulométricas distintas: areia

fina, areia muito fina, silte grosso, silte médio e silte fino.

A população areia fina aparece na porção mais central da bacia do Pina, na

coroa dos Passarinhos, e, em volta desta, é verificada a população areia muito fina.

Esta área é a porção mais rasa da bacia que chega a emergir na maré baixa e,

conseqüentemente, o local onde a energia do fluxo é “sentida” mais facilmente pelo

fundo estuarino, ocasionando a granulometria mais grosseira encontrada.

As populações silte grosso, silte médio e silte fino dominam o restante da

bacia analisada, retratando uma dinâmica estuarina menos ativa, por encontrar-se

em área mais profunda sendo propício à deposição de sedimentos finos.

Page 69: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

55

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Port

o

0m 500m 1000m 1500m

Areia fina

Areia muito fina

Silte grosso

Silte médio

Silte Fino

Média

Área bloqueada

Figura 30: Mapa de distribuição do diâmetro médio da fração arenosa ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 70: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

56

5.4.2 Desvio Padrão

O desvio padrão, também conhecido como grau de seleção, representa um

aspecto relevante das análises granulométricas porquanto está relacionado à

competência dos distintos agentes geológicos em selecionar com maior ou menor

aptidão um determinado tamanho de grão (Suguio, 1973). Estes valores

relacionados ao desvio padrão de amostras sedimentares podem sugerir o grau de

maturidade textural de um depósito, a energia na bacia de acumulação e a

ocorrência de misturas. Segundo Inman (1949), a seleção pode ser ocasionada

durante a deposição (seleção local), durante o transporte (seleção progressiva) ou

simultaneamente pelos dois mecanismos, havendo, neste caso, situações em que

um ou outro mecanismo prevalece.

Observando o mapa de variação do desvio padrão, figura 31, é percebido o

baixo processo de selecionamento a que é submetido o estuário do Pina, onde são

verificadas três populações distintas: mal selecionado, muito mal selecionado e

extremamente mal selecionado.

Uma única amostra indicou areias mal selecionadas, estando situada no

interior da coroa dos Passarinhos. Já os sedimentos de classificação muito mal

selecionado foram encontrados na porção central, incluindo a coroa dos

Passarinhos, e na confluência dos rios Tejipió, Jordão e Pina.

Os sedimentos de classificação extremamente mal selecionados

encontraram-se distribuídos a partir da confluência dos rios até a região

circundante da porção central que engloba a coroa dos Passarinhos.

O baixo selecionamento dos grãos é característico de alguns sistemas

estuarinos, principalmente aqueles onde a ação das forças de maré e dos rios são

equilibradas e a complexa hidrodinâmica influencia significativamente na mistura

dos sedimentos marinhos (sedimentos de deposição antiga ou atual). O pequeno

grau de seleção em ambiente estuarino da costa leste brasileira também foi

encontrado nos trabalhos de Kinak (2000), Silva (2004), Barbosa (2006) e Agostini

(2005).

Page 71: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

57

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Rio Tejipió

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Port

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0m 500m 1000m 1500m

Malselecionado

Extremamentemal selecionado

Muito malselecionado

Selecionamento

Área bloqueada

Figura 31: Mapa de distribuição do desvio padrão da fração arenosa ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 72: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

58

O baixo grau de selecionamento na bacia do Pina pode ser inferido pelo

aporte dos quatro efluentes, cada um contribuindo com um tipo e granulometria de

sedimento diferente. Além disso, a ação marinha de transporte de sedimentos

distintos e a grande ação antrópica (dragagens, aterros, retirada de sedimento para

venda e descarte de restos de conchas dos cultivos ou coletas) podem elevar os

valores de desvio padrão na área estudada.

5.4.3 Assimetria

Este parâmetro expressa o grau de afastamento do diâmetro médio da

mediana, podendo assumir valores positivos ou negativos ao se dispersar de um

ou do outro lado da média. A ocorrência de assimetria representa sedimentos tanto

originados em locais mais adjacentes como provenientes de outras áreas,

excepcionalmente trazidos para o ambiente analisado (Suguio, 1973). Os

sedimentos com valores assimétricos negativos a muito negativos e positivos a

muito positivos expressam o enriquecimento em partículas grosseiras ou finas,

respectivamente. Por outro lado, os valores aproximadamente simétricos indicam

relativa mistura entre grossos e finos. Entretanto, Folk & Ward (1957) constataram

que a assimetria é um dos parâmetros estatísticos mais difíceis de serem

caracterizados.

Pelo mapa de assimetria (figura 32) é possível observar três graus de

assimetria: muito positiva, positiva e aproximadamente assimétrica.

As análises mostraram que praticamente toda a área analisada é

caracterizada por sedimentos simetricamente muito positivos, indicando a presença

de material mais fino de fontes fluviais distintas sobre o mais grosso de fontes

distintas e que o tamanho médio desses grãos é bastante inferior à mediana.

A porção central, onde está inserida a Coroa dos Passarinhos é

caracterizada por assimetrias positiva em sua borda e aproximadamente simétrica

no centro, o que sugere tratar-se de uma região sedimentar mais homogênea

(fontes menos diversas) em comparação ao restante do estuário.

Page 73: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

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Port

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0m 500m 1000m 1500m

Positiva

Muito Positiva

Aproximadamentesimétrica

Assimetria

Área bloqueada

Figura 32: Mapa de distribuição da assimetria da fração arenosa ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 74: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

60

5.4.4 Curtose

A análise da variação da curtose permite distinguir diferentes graus de

energia bem como determinar o grau de mistura de diferentes frações dentro de um

mesmo ambiente sedimentar. Os valores de curtose muito elevados ou muito

baixos encontrados em uma só amostra podem indicar que determinado sedimento

teve sua granulometria selecionada em um local de alta energia, tendo sido

posteriormente transportado para outro ambiente, possivelmente de baixa energia,

no qual se misturou ao sedimento já existente no local, buscando um equilíbrio sob

novas condições ambientais (Suguio, 1973). O significado ambiental das

distribuições leptocúrticas e muito leptocúrticas e das platicúrticas e muito

platicúrticas está relacionado à hidrodinâmica que pode ser intensa ou baixa,

respectivamente. As distribuições mesocúrticas representam valores

intermediários.

Ao observar o mapa da figura 33, nota-se que a presença de todas as

classes de curtose, desde a extremamente leptocúrtica a muito platicúrtica, com o

predomínio da classe muito leptocúrtica apresentando-se no trecho após a

confluência dos rios até a ponte do Pina e em boa parte da bacia o Pina

propriamente dita.

Os sedimentos da porção central da bacia variaram entre leptocúrtica e

extremamente leptocúrtica, apresentando os valores mais expressivos na porção

central-leste da coroa dos Passarinhos, dando suporte à teoria de Coutinho (1961).

Segundo o autor, o sedimento desta área era inicialmente marinho, tendo sido

transportado antes da construção do dique pelas correntes e/ou pelo vento para o

centro da bacia, área de menor hidrodinâmica em relação à área marinha

adjacente, onde o sedimento foi misturado aos mais finos locais.

Há três áreas de distribuição platicúrtica e muito platicúrtica no estuário do

Pina representando as áreas de baixa energia neste sistema: a região de foz dos

rios; pequena região próxima ao Cabanga Iate Clube e a ponte do Pina e a região

ao final da Av. José Estelita, próxima à entrada do canal portuário.

Page 75: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

61

As distribuições mesocúrticas aparecem entre as leptocúrtica e platicúrtica,

citadas acima, representando áreas de energia intermediária.

Page 76: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

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290700 291700 292700 293700

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0m 500m 1000m 1500m

PlaticúrticaMuito

Platicúrtica

Mesocúrtica

Leptocúrtica

MuitoLeptocúrtica

ExtremamenteLeptocúrtica

Curtose

Área Bloqueada

Figura 33: Mapa de distribuição da curtose da fração arenosa ao longo da bacia do Pina.

antiga fábrica Bacardi

Page 77: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

63

5.3 Aspectos texturais e hidrodinâmicos

Dentre as várias classificações texturais dos sedimentos propostas na

literatura, foi utilizada neste trabalho a classificação de Folk (1954) devido possuir

maior preocupação com as características hidrodinâmicas e permitir a extração de

informações acerca do ambiente de deposição. A classificação de Folk baseia-se

em dois diagramas triangulares em que são representados os teores de cascalho,

areia e lama (referentes aos sedimentos grosseiros) e areia, silte e argila (referente

aos finos).

Para a classificação hidrodinâmica foi utilizado o diagrama proposto por

Pejrup (1988), adequado para ambientes estuarinos por considerar a grande

quantidade de lama presente nestes ambientes, baseando-se nos teores de silte,

argila e lama.

5.3.1 Classificação dos sedimentos grossos

Pelo diagrama de classificação dos sedimentos grossos (figura 34) é

possível identificar na área de estudo seis fácies texturais: areia cascalhosa (uma

amostra), areia lamo-cascalhosa (13,3% das amostras), areia-lamosa ligeiramente

cascalhosa (16,7%), lama arenosa ligeiramente cascalhosa (uma amostra), lama

arenosa (23,3%) e, em maior número, a fácies lama (40%). Nenhuma fácies

textural mais grosseira como cascalho ou cascalho lamoso foi identificada.

O mapa de distribuição das fácies grosseiras (figura 35) revela a pequena

dimensão do tamanho dos grãos de origem fluvial e nas áreas de dragagens, assim

como a textura mais grosseira presente no interior da bacia.

A textura lama é a que abrange a maior área, estando distribuída

principalmente nas áreas mais profundas do estuário (canal portuário, canal de

acesso ao iate clube e porção central sul) e na foz do rio Capibaribe (braço sul) e

do rio Jordão.

A textura lama arenosa é encontrada na região desde o braço norte do rio

Capibaribe até as margens de Brasília Teimosa, revelando uma faixa de transição

Page 78: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

64

entre as texturas lama e areia lamosa cascalhosa a ligeiramente cascalhosa.

Conforme a figura, este tipo de sedimento é característico também do rio Tejipió.

A textura lama arenosa ligeiramente cascalhosa foi reconhecida apenas no

rio Pina, indicando este ser o rio com textura mais grosseira dentre os analisados.

A textura areia lamosa ligeiramente cascalhosa é observada em quatro

porções ao longo do estuário. Mais interiormente, esta fácies localiza-se entre as

confluências dos rios Tejipió com o Jordão e Capibaribe com o Pina. Centralmente,

localiza-se próximo à ponte do Pina, à sua montante, e em uma pequena área

próxima à margem de Brasília Teimosa. À nordeste da bacia, esta fácies localiza-

se próximo aos cais José Estelita, entre as texturas lama arenosa e areia lamosa

ligeiramente cascalhosa, provavelmente como resultado da influência de ambas.

A textura areia lamosa cascalhosa é verificada em duas áreas. Uma destas

localiza-se próxima à antiga fábrica Bacardi, composta por sedimentos (areia) fina

siliciclástica e cascalho biogênico (principalmente fragmentos de sururus formados

no local ou em regiões próximas). A outra área desta fácies situa-se na porção

central da bacia (coroa dos Passarinhos), que é composta, além de areia média

siliciclástica, por bioclastos variados, principalmente bivalves como Anomalocardia

sp.

Por fim, a textura areia cascalhosa está relacionada à coroa dos

Passarinhos, onde se identifica o sedimento mais grosso associado diretamente à

presença de fragmentos de conchas como as descritas acima..

Page 79: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

65

C

Cl Cal Ca

Lc Alc

A

A(c)

Al

La(c)L(c)

LaL

Al(c)

Ac

C1

RJRcs

C2

C7C8

RT

C6

P1.2

P4.3

C10

RcnP5.2

P5.3C9

P1.3P1.1 P2.3

P2.4

P2.5

P3.1

P3.3P4.1

P2.2P3.2

P5.1P4.2

P2.1 RP

- Cascalho- Cascalho arenoso- Cascalho areno-lamoso- Cascalho lamoso- Lama- Lama cascalhosa- Lama ligeiramente cascalhosa- Lama arenosa ligeiramente cascalhosa

CCaCalClLLcL(c)

La(c)

Lama arenosaAreia

Areia lamosaAreia lamo-cascalhosa

Areia lamo-ligeiramentecascalhosa

Areia cascalhosaAreia ligeiramente

cascalhosa

- La- A- Al- Alc- Al(c)

- Ac- A(c)

C5

Figura 34: Diagrama triangular de classificação dos sedimentos grossos

(cascalho x areia x lama) da bacia do Pina de acordo com Folk (1954).

Page 80: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

66

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fábrica Bacardirio P

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pontedo Pina

Porto

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rio Capibaribe

0m 500m 1000m 1500m

Lama

Lama arenosa

Lama arenosalig. cascalhosa

lig. cascalhosaAreia lamosa

Areia lamosa

Areia cascalhosa

cascalhosa

Fácies

Figura 35: Mapa de distribuição de fácies texturais grosseiras segundo Folk (1954).

Page 81: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

67

5.3.1 Classificação dos sedimentos finos

Pelo diagrama de classificação dos sedimentos finos (figura 36) é possível

identificar quatro fácies texturais: areia (6,7%), areia siltosa (23,3%), silte arenoso

(30%) e silte (40%). Observa-se que a lama é composta integralmente por silte e

que a classificação das fácies varia de acordo com a variação dos teores de silte e

areia.

O mapa de distribuição das fácies texturais finas (figura 37) é semelhante ao

mapa de fácies textuais grosseira, porém não dá ênfase a presença de cascalho e

revela que a principal fração granulométrica presente na composição dos

sedimentos da bacia do Pina é o silte, presente em diversas porções do estuário e

abrangendo a maior área.

A textura silte foi encontrada no rio Jordão, rio Capibaribe (braço sul), canal

de acesso ao iate clube, margem central sul passando pela ponte do Pina e no

canal portuário. A presença desta fácies caracterizando os sedimentos dos rios

citado indica estes serem os de menor competência no complexo estuarino do

Pina.

A textura silte arenoso é verificada em duas regiões: a primeira, mais ampla,

entre as texturas silte e areia siltosa, e a outra, fazendo parte da composição dos

sedimentos dos rios Tejipió e Pina. Esta textura é encontrada praticamente nas

mesmas áreas da textura lama arenosa, descrita previamente. Isto ocorre devido

ao fato da fácies lama ser composta integralmente por silte.

A textura areia siltosa é observada em uma grande extensão, desde próxima

à antiga fábrica bacardi, atravessando longitudinalmente sentido SW-NE a porção

central e a coroa dos Passarinhos até a próximo a entrada do canal portuário,

margem norte da bacia.

Por fim, a textura areia revela-se presente apenas nas porções distais da

coroa dos Passarinhos.

Page 82: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

68

Aa Al As

A

LaA’a

A’

Sa

L S

- Areia - Areia argilosa - Areia lamosa - Areia siltosa - Argila arenosa - Lama arenosa - Silte arenoso - Argila - Lama - Silte

AAaAlAsA’aLaSaA’LS

C1

RJ

Rcs

C2

C7

C8

C6

P1.2

P4.3

C10

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P5.2

P5.3C9

P1.3P1.1

P2.3

P2.4

P2.5

P3.1

P3.3

P4.1

P2.2

P3.2

P5.1

P4.2

P2.1

RP

C5

RT

Figura 36: Diagrama triangular de classificação dos sedimentos finos (areia x

silte x argila) da bacia do Pina de acordo com Folk (1954).

Page 83: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

69

290700 291700 292700 293700

91

06

00

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10

65

00

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000

91

07

50

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800

0

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antiga

fábrica Bacardirio P

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rio C

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e

Rio

Jo

rdã

o

pontedo Pina

Porto

Teimosa

Cais José Estelita

rio Capibaribe

0m 500m 1000m 1500m

Areia

Areia siltosa

Silte arenoso

Silte

Fácies

Figura 37: Mapa de distribuição de fácies texturais de sedimentos finos segundo Folk (1954).

Page 84: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

70

5.3.1 Classificação hidrodinâmica

O diagrama proposto por Pejrup corresponde à modificação e expansão do

diagrama ternário de classificação dos sedimentos finos de Folk, baseado em

considerações de índole hidrodinâmica. Neste são definidos 8 grupos

hidrodinâmicos, como pode ser observado nas figuras 38 e 39, aplicado às

amostras da bacia do Pina. Os níveis energéticos aumentam de I a IV e de D a A.

Quatro seções distintas de hidrodinâmica são identificadas na área estudada

(em ordem decrescente de energia): A-IV (6,7% das amostras), B-IV (23,2%), C-IV

(30%) e D-IV (40%). Nota-se que cada classificação energética coincidiu com uma

diferente textura de Folk para sedimentos finos (figuras 37 e 38), sendo A-IV

classificada como areia, B-IV como areia siltosa, C-IV como silte arenoso e D-IV

como silte.

Pode-se observar que as zonas de maior hidrodinâmica encontram-se

localizadas na coroa dos Passarinhos. onde as amostras enquadram-se no grupo

A-IV e B-IV, depositados em condições de hidrodinâmica mais alta. Esta área

correlaciona-se a região dos bancos arenosos .

Na região desde o braço norte do rio Capibaribe até as margens de Brasília

Teimosa, revelando uma faixa de transição entre os grupos B-IV e D-IV, os

sedimentos caracterizam o grupo C-IV, o que vem a demonstrar sedimentos

depositados em ambiente mais calmo que o anterior e ambiente de deposição por

decantação.

No canal portuário e do cais José Estelita e na margem sul da bacia entre a

antiga fábrica e o bairro de Brasília Teimosa estão localizadas as amostras do tipo

D-IV, que caracterizam o ambiente de menor hidrodinâmica na bacia do Pina.

Page 85: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

71

C1

RJ

Rcs

C2

C7

C8

C6

P1.2

P4.3

C10

Rcn

P5.2

P5.3C9

P1.3P1.1

P2.3

P2.4

P2.5

P3.1

P3.3

P4.1

P2.2

P3.2

P5.1

P4.2

P2.1

RP

C5

RT

I II III IV

A

B

C

D

Areia

SilteArgila

Figura 38: Diagrama triangular de classificação dos sedimentos da bacia do

Pina de acordo com Pejrup (1988).

Page 86: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

72

290700 291700 292700 293700

91

06

00

09

106

500

91

07

000

91

07

50

09

10

800

0

CabangaIate

Clube

Brasília

Rio Tejipió

antiga

fábrica Bacardirio P

ina

rio C

apib

arib

e

Rio

Jo

rdã

o

pontedo Pina

Porto

Teimosa

Cais José Estelita

rio Capibaribe

0m 500m 1000m 1500m

A-IV

C-IV

D-IV

B-IV

Nível energéticoPejrup (1988)

Figura 39: Mapa de distribuição dos níveis energéticos do ambiente de deposição segundo Pejrup (1988).

Page 87: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

73

5.6 Teor de Matéria orgânica

O mapa de distribuição de matéria orgânica (MO) da área estudada está

representado por sedimentos com valores variando entre 0 e 14% (figura 40) que,

de acordo com a literatura, mostram um padrão bastante diferente e preocupante

para estuários. Catanzaro et al. (2004) encontraram no sedimento lamoso do

estuário da baía de Guanabara variações de 3 a 5% em função da baixa circulação

e entrada de esgoto doméstico. Já Carreira et al. (2001), em 8 estações

distribuídas na mesma baía, encontrou valores entre 2 e 6%. Valores semelhantes

aos observados no estuário do Pina foram encontrados por Garlipp (2005) no

estuário de Curimataú (RN), onde ocorre grande influência antrópica através das

atividades de carcinicultura, canavieira e despejos domésticos.

Nota-se no mapa da figura 40, teores de MO mais elevados na porção mais

interior do estuário, onde dois pontos com valores extremos (entre 10 e 12%) são

observados. Um deles é no rio Pina, onde o resultado observado pode estar

relacionado ao elevado potencial de produção devido à presença dos manguezais

e das atividades de aqüicultura. O outro se situa às margens da favela Beira Rio

(figura 11), que é formada por palafitas adjacentes à ponte do Pina, no bairro de

Boa Viagem. Nesta área os dejetos (lixo e excrementos) são lançados in natura na

água pela comunidade, o que provavelmente reflete no alto nível de matéria

orgânica no sedimento.

Valores menos expressivos, porém não insignificantes (2 a 4%), foram

verificados no rio Capibaribe, tanto no braço sul quanto norte. Araújob (2008) ao

estudar a qualidade das águas e a circulação hidrodinâmica no estuário do Pina

constatou neste rio os menores valores de DBO (demanda bioquímica de oxigênio)

e CF (coliformes fecais), concluindo tratar-se de uma área com um fator de diluição

maior em relação aos outros pontos do estuário. Esta característica do rio pode ter

resultado também nos menores valores de MO encontrados neste trabalho.

Page 88: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

74

Valores intermediários (4 a 8%) foram obtidos nos rios Tejipió, Jordão e no

restante da bacia. Os teores mais baixos e moderados de matéria orgânica,

segundo Paiva (1999), estão associados à atuação das correntes fluvial e de maré

que mobilizam os sedimentos e não favorecem a deposição e a permanência de

matéria orgânica no local.

Page 89: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

75

290700 291700 292700 293700

91

06

00

09

10

65

00

91

07

000

91

07

50

09

10

800

0

CabangaIate

Clube

Brasília

Rio Tejipió

antiga

fábrica Bacardirio P

ina

rio C

apib

arib

e

Rio

Jo

rdã

o

pontedo Pina

Porto

Teimosa

Cais José Estelita

rio Capibaribe

0m 500m 1000m 1500m

MO (%)

0

2

4

6

8

10

12

Figura 40: Mapa de teores de matéria orgânica ao longo da bacia do Pina.

Page 90: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

76

5.6 Teor de carbonatos presente na lama

Os valores médios de teores de carbonatos presentes na lama variaram

entre 22 a 40% na região estudada (figura 41).

Os valores mais altos foram encontrados no canal portuário

(aproximadamente 38%) devido à maior proximidade com o oceano adjacente, uma

vez que sedimentos marinhos são mais ricos neste material que sedimentos

continentais.

Valores também altos (32 a 36%), foram verificados em quatro regiões: rios

Jordão e Pina, região próxima à antiga fábrica Bacardi e porção central próxima ao

Cabanga Iate Clube, abrangendo parte da coroa dos Passarinhos. A alta

concentração de carbonatos nos rios Jordão e Pina é atribuída ao descarte de uma

grande quantidade de conchas de mariscos pela comunidade da Ilha de Deus,

diariamente, durante o processo de separação da carne para comercialização.

Curiosamente, o material carbonático da coroa dos Passarinhos apresentou-

se concentrado na extremidade oeste, revelando uma possível mistura da lama

carbonática de contribuição marinha com a dos rios Jordão e Pina. Os biodentritos

carbonáticos produzidos localmente parecem não contribuir muito com os valores

encontrados neste local, uma vez que a extremidade leste apresenta valores

distintamente menores.

Os menores teores foram observados nos rios Capibaribe, tanto no braço

norte quanto sul (24 a 28%), Tejipió (27%) e próximo ao canal portuário, em frente

ao cais José Estelita (23 a 26%). Os últimos foram os menores valores

encontrados, podendo indicar que a corrente de maré enchente e

conseqüentemente o transporte de sedimentos marinhos, ao entrarem na bacia do

Pina, estejam sendo transportados para a margem sul da bacia, enquanto no lado

oposto pode estar sendo formado um vórtice onde a mistura das águas é menor.

Entretanto, nas amostras dessa região e do ponto onde foi encontrado valor abaixo

de 24%, não é descartada uma falha durante a análise.

Page 91: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

77

290700 291700 292700 293700

91

06

00

09

10

65

00

91

07

000

91

07

50

09

10

800

0

CabangaIate

Clube

Brasília

Rio Tejipió

antiga

fábrica Bacardirio P

ina

rio C

apib

arib

e

Rio

Jo

rdã

o

pontedo Pina

Porto

Teimosa

Cais José Estelita

rio Capibaribe

0m 500m 1000m 1500m

(%)

CaCO3

22

24

26

28

30

32

34

36

38

Figura 41: Mapa de teores de carbonatos ao longo da bacia do Pina.

Page 92: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

78

CAPÍTULO VI – Considerações finais

6. 1 Conclusões

A bacia do Pina possui um leito bastante raso, em geral com cotas inferiores a 4

metros, com exceção do canal portuário que, devido dragagens, apresenta-se mais

profundo, com cotas até 12 m. Na porção central da bacia duas coroas alongadas

longitudinalmente em relação ao canal afloram na maré baixa, uma de grande

extensão, conhecida como coroa dos Passarinhos, e uma pequena, ao sul da primeira.

Entre essas coroas se encontram os canais de navegação, sendo os principais, mais

profundos. O da margem sul, atingindo 2,5 m e o da margem norte, atingindo 1,5 m.

Com relação à análise dos sedimentos, foram identificadas 6 fácies texturais:

silte, silte arenoso, silte arenoso ligeiramente cascalhoso, areia siltosa ligeiramente

cascalhosa, areia siltosa cascalhosa e areia cascalhosa. Estas análises juntamente às

estatísticas permitiram caracterizar dois padrões de deposição; um onde se depositam

predominantemente as areias e um segundo onde se depositam os materiais lamosos.

Os depósitos de areia (identificados pelas fácies areia siltosa ligeiramente

cascalhosa, areia siltosa cascalhosa e areia cascalhosa) caracterizaram apenas o

sedimento das coroas e do trecho do estuário em frente à antinga fábrica Bacardi.

Estes locais, com maiores valores de diâmetro médio, maior grau de seleção e maior

simetria são sedimentos mais homogêneos e de origem essencialmente marinha, que,

no caso das coroas, possuem uma formação bastante antiga, uma vez chamada de

“sedimento fóssil” por Coutinho (1961) ao estudar sua composição e constatar diversos

indícios de um ambiente marinho, como fragmentos de ouriços e briozoários, entre

outros.

Os depósitos de lama (identificados pelas fácies silte, silte arenoso e silte

arenoso ligeiramente cascalhoso) dominaram todo o restante e maior parte da área

estudada. Estes foram compostos por um sedimento mais heterogêneo e de origens

diversas, marinha e fluviais. O canal portuário e do cais José Estelita e a região sob e

próxima à ponte do Pina são os locais que revelaram o sedimento mais fino, composto

Page 93: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

79

essencialmente por silte. Estes locais coincidem com as áreas de maiores

profundidades e menor hidrodinâmica.

A areia presente na bacia do Pina é formada em sua maior parte por areia fina

quartzosa misturada a fragmentos de conchas do tamanho das areias médias, grossas

ou muito grossas. Todo o cascalho encontrado na bacia é composto por esse tipo de

fragmento biodentrítico. A densa comunidade de moluscos que habita as coroas gera

grande quantidade de fragmentos de conchas e dá origem ao sedimento com os

maiores teores de areia e cascalho na área analisada.

De uma forma geral, o baixo grau de seleção, elevada assimetria e valores

extremos (altos e baixos) de curtose em toda área estudada revelaram uma mistura de

sedimentos de diversas fontes (marinha e 5 fontes fluviais). Este estuário é um

ambiente bastante complexo devido a diversos aterros e dragagens em vários pontos,

o que torna difícil a previsão dos processos naturais de sedimentação e erosão.

Conclui-se que o transporte de areias marinhas para o interior da bacia tenha

sido reduzido com a construção do porto que, além de impossibilitar o transporte

através dos recifes, reduziu a competência de transporte de sedimentos no canal

portuário. Isto ocorreu em razão das dragagens que causaram um aumento da área da

seção transversal e, consequentemente, a redução da velocidade do fluxo e energia

neste trecho, o que explica a maior concentração de sedimentos finos.

Diferentemente da maioria dos estuários, incluindo alguns de Pernambuco já

estudados como o do rio Formoso (Silva, 2008), Canal de Santa Cruz (Silva, 2004) e

rio Timbó (Barbosa, 2006), em que predominam sedimentos arenosos, a bacia do Pina

demonstrou-se predominantemente lamosa. Isto se deve, entre outros fatores, ao leito

bastante plano, à pequena vazão dos corpos de água formadores, aterros das margens

e construção do complexo portuário, fazendo da bacia do Pina uma bacia de

decantação.

O estuário do Pina apresentou valores altos de matéria orgânica quando

comparados a outros estuários tropicais. Os teores mais elevados encontrados no rio

Pina indicaram a influência do manguezal associados aos resíduos dos cultivos. Outro

Page 94: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

80

ponto, situado nas proximidades da favela beira-rio, também revelou altos valores

deste parâmetro devido aos descartes in natura e à baixa hidrodinâmica nesta parte do

estuário.

Sobre a análise da lama carbonática, o que se pôde observar foi uma

significativa concentração desse material de contribuição marinha no canal portuário.

Valores também elevados foram encontrados nos rios Pina e Jordão como reflexo de

ações antrópicas; no caso, o descarte de resíduos dos mariscos coletados para

comercialização pelos habitantes da Ilha de Deus.

6.2 Recomendações

Para uma análise mais detalhada dos sedimentos da bacia do Pina e o

enriquecimento do presente trabalho, sugere-se um estudo morfoscópico e

composicional do sedimento e a pipetagem da fração lama, com conseqüente análise

estatística para toda a área estudada. Sugere-se, ainda, a utilização de um sonar de

varredura lateral para uma caracterização textural mais detalhada do leito estuarino.

Page 95: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

81

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Page 100: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

86

ANEXOS

Page 101: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

87

Anexo 1: Tabela de dados de amostragem. Valores em porcentagem (%).

Local Latitude Longitude Cascalho Areia Silte Argila MO CaCO3

Rt 9105914 290150 0.00 17.7 78.60 3.70 6.35 26.52

Rj 9105721 290275 0.00 5.00 91.87 3.14 7.23 33.79

C1 9105990 290469 1.52 52.61 45.50 0.37 7.76 25.85

Rcs 9106310 290471 0.00 5.00 90.92 4.09 4.42 24.87

RP 9105646 290650 2.5 25.50 71.90 4.10 11.23 32.43

C2 9106157 291097 13.94 62.21 23.18 0.67 5.14 30.91

C5 9106067 291409 3.27 73.64 22.33 0.76 8.42 33.57

C6 9106216 291550 3.28 73.64 22.51 0.58 6.16 26.17

C7 9105911 291616 0.00 3.8 92.16 4.04 11.69 30.13

C8 9106123 291817 0.00 5.00 91.11 3.90 5.65 31.30

P1.1 9106629 291796 0.00 1.4 94.85 3.75 5.86 29.70

P1.2 9106437 291942 9.75 61.45 27.85 0.95 5.73 33.00

P1.3 9106093 292127 0.00 5.00 92.44 2.57 5.42 33.51

P2.1 9106876 292170 0.00 5.00 91.68 3.33 5.82 29.22

P2.2 9106618 292346 10.6 87.7 1.68 0.02 5.84 34.93

P2.3 9106443 292419 0.00 5.00 91.39 3.61 7.12 35.52

P2.4 9106240 292539 1.49 80.67 17.34 0.50 5.59 24.81

P2.5 9106208 292557 0.00 19.00 78.65 2.35 6.86 26.78

P3.1 9106981 292558 0.00 5.00 93.10 1.90 4.44 25.48

P3.2 9106709 292658 7.00 87.00 13.12 0.08 6.25 29.33

P3.3 9106456 292782 0.00 23.00 75.77 1.23 5.80 28.67

P4.1 9107088 292886 0.00 24.00 74.63 1.37 5.90 23.81

P4.2 9106812 292931 2.53 90.4 7.04 0.03 6.48 27.37

P4.3 9106580 293070 0.00 30.00 67.76 2.24 5.99 29.66

P5.1 9107200 293138 1.31 69.5 28.78 0.41 5.34 26.32

P5.2 9167033 293194 0.00 17.2 80.73 2.07 6.62 21.29

P5.3 9106781 293287 0.00 4.7 91.77 3.53 5.85 32.07

C9 9107484 293531 0.00 5.00 90.06 4.94 4.66 25.45

C10 9107936 293798 0.00 3.8 90.43 5.77 6.16 37.40

Rcn 9107869 293485 0.00 16.7 79.63 3.67 4.01 28.96

Page 102: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

88

Anexo2: Histogramas

Histograma C1

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma C2

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma C5

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma C6

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma P1.2

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma P2.4

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Page 103: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

89

Histograma P2.2

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)Histograma P3.2

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma P4.2

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Histograma P5.1

0

10

20

30

40

-1 0 1 2 3 4 5

Classe granulométrica (ø)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

Page 104: Sedimentologia e Morfologia da Bacia do Pina, Recife-PE

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