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Universidade de Aveiro 2017 Departamento de línguas e culturas AILIN WANG Seda e Rota da Seda na história e cultura sino-portuguesa

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Universidade de Aveiro

2017 Departamento de línguas e culturas

AILIN WANG

Seda e Rota da Seda na história e cultura sino-portuguesa

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Universidade de Aveiro

2017 Departamento de línguas e culturas

AILIN WANG

Seda e Rota da Seda na história e cultura sino-portuguesa

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Línguas, Literaturas e Culturas, realizada sob a orientação científica do Dr. António Nuno Rolo, Professor Associado com Agregação do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro.

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Dedico este trabalho aos meus pais pela compreensão e apoio, às pessoas que têm interesse na cultura oriental.

献给给予我理解和支持的父母和对东方文化感兴趣的人。

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o júri

Presidente Professor Doutor Paulo Alexandre Cardoso Pereira, Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro

Vogais Professor Doutor António Nuno Rosmaninho Rolo, Professor Associado com Agregação da Universidade de Aveiro (orientador) Professor Doutor Manuel Fernando Ferreira Rodrigues, Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro (arguente)

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agradecimentos

Tudo isto foi possível por ter encontrados as pessoas que tenho a meu lado. Gostaria de apresentar o meu agradecimento a todos os professores e amigos que me apoiaram e me ajudaram na realização deste trabalho.

Em primeiro lugar, um enorme agradecimento ao Doutor António Nuno Rosmaninho Rolo, meu orientador, pelas sugestões práticas, paciência, compreensão e a orientação durante a realização deste trabalho. E um grande beijo e agradecimento para os pais, por estar sempre presente.

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palavras-chave

Bicho-da-seda, seda, Rota da Seda, Era dos Descobrimentos, cultura sino-chinesa

resumo

A presente dissertação propõe-se divulgar o conhecimento do bicho-da-seda e da seda e apresentar a Rota da Seda nas suas dimensões comercial e cultural. Salientam-se os efeitos da rota terrestre e da rota marítima e procede-se à transposição para a atual política chinesa assente na memória dessa história milenar, conhecida por “Uma Faixa e uma Rota”.

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keywords

Worm of silk, silk, Silk Road, Age of Discovery, chinese and portuguese culture

Abstract

The present dissertation proposes to spread the knowledge of silkworms and silk and present the Silk Road in its commercial and cultural dimensions. The effects of the land route and the sea route are highlighted and transposed into the current Chinese policy based on the memory of this ancient history, known as "One Belt and One Road".

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关键词

蚕, 丝绸,丝绸之路,大航海时代,中葡文化

摘要

本文通过对蚕和丝绸的介绍引入丝绸之路,通过对多条相关道路的

对比和分析来探究中葡文化的发展和交流,使得陆路和海路交融最

终引出世界瞩目的中外经济合作战略 -- 一带一路。

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Seda e Rota da Seda na história e cultura sino-portuguesa

Índice

Introdução 3

Metodologia 4

I. As origens da seda e sua produção 5

1. Breve história da cultura neolítica chinesa 5

2. História e cultura da seda 7

2.1 Ciclo de vida do Bicho-da-Seda 8

2.2 Produção da seda 13

3. Presença da seda em Portugal e na Europa 21

II. Rotas do Oriente ao Ocidente 21

1. Rotas terrestres 21

1.1 A Rota da Seda original 22

1.2 História de Zhang Qian e de Xuan Zang 25

1.3 Influência e comunicação 31

1.3.1 Guerras e casamentos 32

1.3.2 Trocas culturais e religiões 37

1.3.3 Intercâmbio comercial 41

1.4 Outra rota comercial - Antiga Rota do Chá e dos Cavalos 43

2. Rotas marítimas 45

2.1 Construção naval e conhecimentos de navegação 45

2.2 História de Zheng He e viagens do tesouro 49

2.3 Comunicação 52

III. Rotas do Ocidente ao Oriente 53

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1. Rotas terrestres 53

2. Era dos descobrimentos 54

IV. Nova política da China: “Uma Faixa e Uma Rota” fruto da original

Rota da Seda 61

1. Breve introdução de “YiDaiYiLu” 61

2. Passado, presente e futuro 63

Conclusão 66

Anexos 67

I. Idades da pré-história

II. Cronologia das dinastias da China

III. Mapa cronológico das Rotas da Seda Bibliografia 72 Webgrafia 75

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Introdução

Graças à nova ação política chinesa, a fim de estabelecer uma boa

comunicação internacional, “Uma Faixa e Uma Rota” foi formulada em 2013, a

“Faixa Económica e a ligação da Rota-da-Seda”, bem como a “Rota-da-Seda

Marítima no século XXI”, tornam pública a intenção da China em desenvolver e

aprofundar a comunicação e o intercâmbio numa estratégia política e económica

internacional. Com base na antiga Rota da Seda chinesa e nos caminhos

marítimos dos Descobrimentos, abriu-se um mundo mais profundo do ponto de

vista multicultural.

O termo Rota da Seda refere-se a uma rede de estradas e caminhos que

liga a China de Este a Oeste e se estende até ao Ocidente. A origem desta Rota

terrestre é a própria China, sendo que Rota Marítima se estende a parecer

ocidentais da Europa, como Portugal e Espanha. O contexto cultural diversificado

trouxe conhecimentos estrangeiros e deu a conhecer os esquisitos objetos

orientais. Em simultâneo, também distinguiu formas de desenvolvimento e avanço.

Seda, chá e porcelanas vieram da China criar grande curiosidade nas pessoas do

Ocidente. Os temperos, a medicina e o ouro branco foram vistos como coisas

mágicas e preciosas e lindos do Oriente. Devido à relação entre a procura e a

oferta, estes produtos tinham grande demanda num curto prazo. Neste contexto, o

mundo integrou todas as variedades culturais e sociais.

O objetivo deste trabalho é estabelecer a ligação entre a Rota da Seda e

a história e cultura sino-portuguesa. Consequentemente, a presente dissertação

subdivide-se em quatro capítulos: o capítulo I explica as origens da seda e faz uma

breve introdução às produções da seda; o capítulo II relata a história das Rotas de

Oriente a Ocidente, incluindo as duas rotas mais importantes da China; o capítulo

III visa a evolução da Rota do Ocidente a Oriente, especialmente focalizado nos

caminhos marítimos da Era dos Descobrimentos; o último capítulo analisa a nova

rota política e as influências económicas, e faz referência à cooperação, ao

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intercâmbio e às vantagens mútuas.

Este trabalho debruça-se sobre a seda, o seu desenvolvimento e valor,

aspetos essenciais, mas também dá a conhecer o encontro das culturas oriental e

ocidental, bem como a interação e integração de civilizações.

Metodologia

A metodologia geral de análise é buscar conhecimentos relacionados

com o tema em referências bibliográficas, incluindo livros em mandarim trazidos

da China, obras auxiliares em português, espanhol, francês e italiano.

O visionamento de documentários relacionados com a produção de fios

para fiar e tecer, e as visitas a fábricas de criação do bicho-da-seda e workshops

de tecidos ajudaram a perceber o processamento integrado relativo a tecelagem,

em busca de semelhanças e diferenças na manufactura têxtil.

Além da propagação de conhecimentos do bicho-da-seda e análise da

produção da seda, este trabalho concentra-se em três formas da Rota da Seda: a

original Rota da Seda terrestre, as Rotas da Seda marítimas e uma nova política

sugerida pela China, “Uma Faixa e Uma Rota”1. Em primeiro lugar, foca-se a

importância na China e a sua relação comercial com outros países; em segundo

lugar, numa outra perspectiva, centra-se na ascensão à notoriedade na história

portuguesa pela pesquisa histórica.

                                                                                                               1 “Uma Faixa e Uma Rota” é a abreviação de “Uma Faixa Económico da Rota da Seda e Uma Rota da Seda Marítima do Século XXI”, apresentada pelo presidente Jinping Xi em 2013. Esta política deposita esperanças em negociar com países ao longo da original Rota da Seda e acelerar o desenvolvimento económico. Fonte: http://hr.mofcom.gov.cn/article/ztdy/201503/20150300925993.shtml

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I.

As origens da Seda e sua produção

1. Breve história da cultura neolítica chinesa

Conta uma lenda chinesa que Leizu foi considerada a primeira pessoa a

criar o bicho-da-seda, retirando a seda para fazer vestidos. Leizu, também

chamada Xiling Shi, era uma mulher do Imperador Amarelo, cujo reinado durou até

2070 a. C. Esta mulher dirigia a moda dos povos da nação2 na época em que o

Imperador Amarelo tomou o poder, após uma série de batalhas violentas com mais

dois líderes: o Imperador Yan e o Imperador Chiyou. Por causa desta série de

batalhas, assenta-se o lugar de liderança. Para compreender globalmente como

esta figura-guia dos chineses fará próspera a civilização, importa introduzir a

cultura neolítica da China.

Foi registado na obra Registros do Historiador34 de Sima Qian que

“Antes do período de Xuanyuan (governado pelo Imperador Amarelo), os duques

declaravam guerras a outros, mas o líder original, o Imperador Yan, naquele

momento não conseguiu combatê-los devido ao declínio do poder da tribo e mau

estado físico. Então, o Imperador Yan deu o lugar dominante da tribo ao Imperador

Amarelo que começaria uma série de lutas, até que outros príncipes se deram por

vencidos, exceto um forte ramo do Imperador Chiyou.”. Este excerto descreve a

                                                                                                               

2 DIETER KUHN, "Tracing a Chinese Legend: In Search of the Identity of the 'First Sericulturalist' " T'oung Pao 70: 213–45, 1984. 3 Em caracter, 《史记》. Fonte(da versão chinesa): http://www.guoxue.com/shibu/24shi/shiji/sjml.htm 4 SIMA QIAN, Registros do Historiador, também conhecido pelo nome Shiji, uma das obras históricas que descreve a história por mais de 3000 anos, da época do Imperador Amarelo até à sua própria época. Esta produção intelectual foi considerada o primeiro trabalho escrito em forma de biografia, e o conhecimento do escritor “究天人之际,通古今之变,成一家之言”que significa “estudar relações entre a natureza e o humano, conhecer as mudanças do passado ao presente até se tornar uma literatura com ideias próprias”, as quais tiveram impacto profundo no desenvolvimento da literatura corrente.

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agitação social naquele momento:

“轩辕之时,神农氏世衰。诸侯相侵伐,暴虐百姓,而神农氏弗能征。于

是轩辕乃习用干戈,以征不享,诸侯咸来宾从。而蚩尤最为暴,莫能伐。炎帝

欲侵陵诸侯,诸侯咸归轩辕。轩辕乃脩德振兵,治五气,蓻五种,抚万民,度

四方,教熊罴貔貅䝙虎,以与炎帝战于阪泉之野。三战,然后得其志。蚩尤作

乱,不用帝命。于是黄帝乃征师诸侯,与蚩尤战于涿鹿之野,遂禽杀蚩尤。而

诸侯咸尊轩辕为天子,代神农氏,是为黄帝。” ---《史记·五帝本纪》5

O Imperador Amarelo, o Imperador Yan e o Imperador Chiyou foram

considerados as três figuras principais no período “Três Augustos e os Cinco

Imperadores”. Entre eles, aconteceram duas batalhas cruciais: a Batalha Banquan

e a Batalha Zhuolu.6

• Batalha de Banquan: entre tribos do Imperador Yan e do

Imperador Amarelo;

• Batalha de Zhuolu: entre a tribo aliada do Imperador Yan e

Imperador Amarelo 7 (abreviada: Tribo YanHuang), sob

dominação do Imperador Amarelo, e a tribo do Chiyou.

Por que é que estas duas batalhas são tão importantes na história

neolítica chinesa? Em primeiro lugar, pelo sucesso do Imperador Amarelo, que

estabeleceu a superioridade no domínio militar e político. Em segundo lugar, eles

fundaram de certo modo a nação chinesa. Os chineses são conhecidos por

descenderem do Imperador Yan e do Imperador Amarelo/Huang. Yanhuang é a

abreviação dos apelidos deles. Por último, mas não menos importante, o ambiente

social recuperou a serenidade bastante para desfrutar de uma vida tranquila. O

grande sucesso levou as tribos a formar uma nação unida e a dominá-la segundo

o princípio “Usar Poder para Liderar”.

Durante o reinado do Imperador Amarelo, foram inventados os veículos e                                                                                                                5 O excerto exprime quando o Imperador Yan não pôde liderar este grande grupo mais, o Imperador Amarelo usava a estratégia a suceder, alcançando sucessos numa série de batalhas. Finalmente, o Imperador Amarelo substitui a ser o novo líder. 6 YUAN YANG e MING PING, “Ascensão e queda dos impérios – História de Guerra da China Antiga”, 1ª edição, 2005, ISBN: 972-618-372-3. 7 Transcrição fonética sino-portuguesa de Amarelo.

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a escrita chinesa. Além disso, as

realizações da agricultura

desenvolviam a medicina, a produção,

o cultivo de cereais e de plantas,

registados nalguns livros históricos. O

próprio Imperador Amarelo ensinou a

fabricar barcos, compor

músicas, calcular o calendário

e começou a divulgar o

conhecimento da medicina8. De forma semelhante, o Imperador Yan experimentou

centenas e milhares de plantas, incluído a bebida mágica “chá”, a fim de distinguir

as próprias caraterísticas para tratamento medicinal, mas morreu no meio das

experiências. Elogia-se-lhe a inteligência e a força.

2. História e cultura da seda

A seda é um produto originário da China que começou a ser conhecido

na época pré-histórica, cerca de 4000 anos a.C. A matéria-prima da seda é o

inseto especial, bicho-da-seda, cuja fonte originária está também em cidades

orientais, conhecido com o nome chinês “Can9”. A criação do bicho-da-seda

costuma relacionar-se com Leizu, a primeira mulher do Imperador Amarelo.

Há uma bela lenda sobre o início da criação de bicho-da-seda na China.

Leizu sentou-se sob o galho obscuro de amoreiras a apreciar o seu chá de ervas.

De repente, um casulo de bicho-da-seda caiu em sua bebida perfumada. A

imperatriz tirou o casulo de sua tigela e ficou muito zangada, mas descobriu que

ele começou a relaxar o fio e o tornou muito grande. Num instante, considerou que

                                                                                                               8 Fonte: http://www.gushiwen.org/guwen/huanglei.aspx 9 Nome chinês de Bicho-da-seda é 蚕 em caracteres.

Imagem 1: Realizações notáveis do Imperador Amarelo. Proveniência:  http://www.his8.cn/showpic.asp?id=107

(Consultado em 6/6/2017)

 

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o fio poderia ser usado para fazer vestidos, e entre outros usos na vida social.10

Assim nasceu a indústria da seda, e a imperatriz foi chamada "A Deusa da Seda"

desde então. Em feriados em sua honra, os altares dos templos são decorados por

presentes de casulos de bicho-da-seda. Surpreende que estas propriedades

preciosas tenham sido descobertas por chineses há quase 5000 anos.

O bicho-da-seda, um inseto, é a origem principal da seda. Também é um

dos poucos organismos que têm a faculdade de crescer depressa. Tem um lugar

significativo na história cultural e na vida económica da China desde muito cedo. A

criação da lagarta é uma técnica importante, produzida pelos trabalhadores

chineses antigos há mais de 5000 anos. A alimentação principal deste inseto são

folhas de amoreira. Ao longo da sua fase de vida, o bicho está sempre com fome

da espécie Bombyx mori, designada por bicho-da-seda, é um inseto com grande

importância económica, já que os seus casulos são utilizados no fabrico da seda.

Este inseto encontra-se totalmente domesticado divido à forte manipulação

genética a que foi sujeito, com o objetivo de obter uma espécie boa produtora de

seda”11, exprime a sua espécie especial e razão para a sua escolha.

2.1 Ciclo de vida do Bicho-da-seda

Quando pensamos em seda, surgem na nossa cabeça em primeiro lugar

vestidos belos e móveis luxuosos. O que não imaginamos definitivamente são os

bichos da seda a serem submergidos vivos em tanques de água fervente. O

bicho-da-seda é um animal de metamorfose completa. O ciclo do bicho-da-seda

pode caracterizar-se por quatro fases: ovos, bebés, casulos e mariposas.

i. Os ovos não são sementes

Os ovos não parecem sementes, a sua estrutura é semelhante aos ovos

                                                                                                               10 Fonte: http://www.revistamacau.com/2009/09/16/seda-e-a-historia-de-um-segredo/ 11   MICHAEL LIRA J. S., “Susceptibilidade do ovário de Bombyx mori”, 1758.  

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de galinha. Depois do acasalamento dos bichos, a traça feminina vai criar ovos.

Quando a fêmea procura um lugar para realizar a colocação dos ovos, precisa de

considerar uma série de elementos externos. Todas as preocupações têm como

único objetivo aumentar a probabilidades de sobrevivência dos bichos. Depois,

segue-se o ciclo de nascimento.

Cada fêmea vai desovar aproximadamente 400 até 600 ovos de cada vez,

as maiores produções saem das 18h às 24h. O ambiente escuro é favorável para

desovar mais depressa do que o claro. A aparência da maioria dos ovos é oval.

Mas saem outras formas: esférica, cónica, fusiforme, orbicular ou achatada.

Os ovos recentes têm uma cor amarelo claro ou branco como leite,

depois de dois ou três dias mudam para vermelho ou vermelho escuro, a seguir

tornam-se cinza-roxo e no final são de cor cinza-azul. Esta mudança de cor é

chamada ovo-muda-azul. As cores significam as diferentes fases de crescimento.

Se quer guardar os ovos para uso no outono, é preciso armazená-los quando a cor

muda para feijão vermelho. A cor cinza-azul mostra que o pequeno bicho já se

formou e eclodirá na manhã seguinte.

ii. Bebés de bicho

Os pequenos bichos são chamados bebés, porque têm corpo gordo e

branco como as crianças recém-nascidas. Ainda tem outro significado: os

trabalhadores desejam que os bichos se comportem como os próprios filhos:

comam bem, durmam bem e cresçam bem.

A lagarta quando sai do ovo tem a pele preta e com rugas, sendo peluda

como as formigas. Por esta razão, é chamada bicho de formiga neste tamanho e

período. Os bichos recém-nascidos têm cor castanha ou preta com uma grande

quantidade de pele fina. Começam a alimentar depois de dois ou três horas de dar

à luz e tem boa capacidade de comer. Quando a cor do seu corpo se torna muito

mais clara até branco, o seu apetite vai descer até zero. Em redor dele tem pouca

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seda produzida pelo bicho da seda, para o fixar num lugar a dormir, até entrar na

próxima idade.

A lagarta cresce muito depressa com folhas de amoreiras. Quando atinge

a exata extensão, os bichos necessitam de trocar as cutículas corticais/

exoesqueleto quitinoso por causa da sua má capacidade de extensão. Assim que

procede às mudas de pele, o corpo continua a crescer, mas as larvas não comem

nem mudam e parecem dormir durante o período das trocas, o que é chamado

“período de dormência”. A dormência do bicho-da-seda é influenciada pelo

ambiente, sendo uma característica mais importante nesta fase de vida. Sempre

que acaba o período de dormência, depois de descascar uma vez, a larva vai

crescer um ano e continua mais três vezes até completar o ciclo de cinco anos.

A idade do bicho não é calculada com a unidade “ano” mas com “mian”12.

Depois de perder a pele por quatro vezes muda para a próxima fase. No total,

depois de ocorrerem quatro mudas de pele, a larva deixa de se alimentar, desde a

eclosão até à formação do casulo, na qual estabelece o 5.º ano do bicho-da-seda.

O bicho do 5.º ano na fase de bebé vomita as sedas por uma semana, sua

extensão completa quase atinge 1500 metros, e gasta mais dois dias para formar

um casulo.

iii. Renascimento de bicho

Há um provérbio chinês relacionado com o bicho-da-seda: Acaba de

vomitar seda até à morte de bicho, seca as lágrimas até ao fim de iluminação de

vela13. Elogia-se um representante típico da diligência.

Depois do fim do 5.º ano na fase de bebé, segue-se o processo de formar

o casulo. Os corpos deles reduzem os tamanhos gradualmente até uma figura

                                                                                                               12 Transliteração do caracter chinês de dormir. 13 Shangyin, LI, Wuti, Dinastia Tang, o poema original “相见时难别亦难,东风无力百花残。春蚕到

死丝方尽,蜡炬成灰泪始干。晓镜但愁云鬓改,夜吟应觉月光寒。蓬莱此去无多路,青鸟殷勤为探看。” Originalmente, é um poema romântico, que se exprime o sentimento triste de despedida entre o casal apaixonado.

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corcunda com dois lados encolhidos, as cores esbranquiçadas e o abdómen

virado para dentro. Após dois ou três dias, as criações vão riscar a pele para a

nova forma “yong14” que tem uma pele suave num tom claro amarelo. Depois a

pele endurece aos poucos, junto com o crescimento de yong, e a cor amarela

passa a castanho claro e finalmente castanho escuro. Yong, também chamada a

pupa ou crisálida, é o estágio intermediário entre a lagarta e a mariposa, a qual

apenas aparece no desenvolvimento de certos insetos que passam por

metamorfose completa. Muitas espécies produzem um casulo para se protegerem

risco. Parece que nesta fase yong não come nem muda no casulo, mas no interior

ocorre uma variedade de mudanças. Geralmente, este período dura mais ou

menos quinze dias, as funções vitais dependem de substâncias acumuladas na

fase de bebé.

O casulo

Os casulos mostram diferentes formas e cores, que dependem das

espécies.

• Quanto à cor: a branca é relativa às raças chinesas e europeias;

a amarela às raças europeias e a esverdeada às espécies indianas.

• Quanto à forma: arredondada é característica das raças

chinesas; ovalada das espécies europeias, e em forma de

amendoim das raças japonesas.

Assim como as galinhas, os patos e os gansos, as lagartas da seda são

domesticadas, criadas e produzidas em fazendas industriais. São mortas às

centenas de milhões todos os anos só para tirar as sedas. Os bichos de tipo

Bombyx Mori transformam-se em mariposa, segregando um fio que usam para

formar os casulos. Depois de um período, a mariposa vai libertar um líquido para

                                                                                                               14 Transliteração da pupa.

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dissolver o seu casulo que pode ser um problema para produção de seda. Os fios

de seda vão ficar mais curtos e menos valiosos do que o casulo intacto, por causa

do desenvolvimento natural. Então as pessoas no ramo de fabricação matam-nos

em água fervente e começam a produzir seda.

iv. Completa mudança para a mariposa

Na forma de bebé, o bicho-da-seda tem oito pares de pés com aspeto

branco-azulado ou avermelhado e mancha. Quando chega à fase madura, a

quantidade de pés reduz-se para três com dois pares de asas, a seguir formando

um casulo. Cada casulo inteiro é destruído por líquido especial vomitado pelo

inseto, e os seres vivos saem do que se chama “yong”. Quando yong altera cor de

pele com uma nova aparência delicada mas com rugas, está presente a última

forma no ciclo de vida do bicho-da-seda. A transferência de yong para mariposa

acontece sempre de manhã, sendo a última fase antes da morte. O seu papel mais

importante é a reprodução.

O sexo dos bichos na fase adulta é

distinguido facilmente, porque a fêmea é mais

gorda e curta do que o macho. No acasalamento,

a fêmea liberta um cheiro especial para seduzir

os machos, com a finalidade de gerar novos

descendentes. Durante as quatro ou cinco horas

do ato, a fêmea cria cerca de 500 ovos que

levam fertilização externa, como se vê em

peixes e rãs. Depois da cópula, o macho morre

imediatamente e a fêmea um pouco mais

devagar para libertar os ovos. Imagem 2: Diferenças em bicho-da-seda.

Proveniência: https://pt.slideshare.net/ManuelaAlves1/sericultura-43347750 (Consultado em 6/6/2017)

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  13  

2.2 Produção da seda A atmosfera que te envolve

atinge tais atmosferas que transforma muitas coisas

que te concernem, ou cercam.

E como as coisas, palavras impossíveis de poema:

exemplo, a palavra ouro, e até este poema, seda.

É certo que tua pessoa

não faz dormir, mas desperta; nem é sedante, palavra

derivada da de seda.

E é certo que a superfície de tua pessoa externa,

de tua pele e de tudo isso que em ti se tateia, nada tem da superfície

luxuosa, falsa, acadêmica, de uma superfície quando

se diz que ela é “como seda”.

Mas em ti, em algum ponto, talvez fora de ti mesma,

talvez mesmo no ambiente que retesas quando chegas,

há algo de muscular, de animal, carnal, pantera,

de felino, da substância felina, ou sua maneira,

de animal, de animalmente, de cru, de cruel, de crueza, que sob a palavra gasta

persiste na coisa seda. A Palavra Seda15, João Cabral de Melo Neto (Quaderna, 1956-1959)

                                                                                                               15 Fonte: www.academia.org.br

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  14  

Os primeiros fósseis de casulo do bicho-da-seda foram descobertos num

sítio arqueológico da Cultura de Yangshao16 na primavera de 1923 pelo grupo

arqueológico da Universidade de Tsinghua, uma das melhores universidades da

China. Mais tarde, em 1984, num local arqueológico da mesma cultura na

província de Henan, apareceu uma relíquia escavada de produção da seda. Em

meados do neolítico já havia criação de bicho-da-seda e produção de seda. Além

disso, em 1958, noutra relíquia histórica, encontraram-se mais vestígios de

produção de seda com decorações de fitas. A sua presença confirma que a nossa

história de produção da seda é muito antiga, a sua tecnologia propagou-se e

estendeu-se ao Rio Yangtze.

A China sempre prestou atenção à produção da seda. De acordo com os

dados disponíveis podemos confirmar que a fiação da seda foi amplamente

utilizada na Dinastia Shang (1600-1046 a.C.), em que a China já tivera os

requisitos da produção e dominara a tecnologia avançada para fiar e tecer.

Também atribui grande importância à produção de seda desde muito cedo. A seda

apresenta vários tipos de tecido. Cada forma tem a sua estrutura e caraterísticas

distintas. Modelos representativos são, por exemplo, 纱(shā/fio), 绮(qí), 绢(juān),

锦(jǐn), 罗(luó), 绸(chóu), 缎(duàn). No total são mais de dez categorias, com

muitas variedades em cada categoria. 17 “Fios/ Sha” é uma das primeiras

variedades de tecido de seda. Devido às suas qualidades (leve, fino, esparso e

com boa permeabilidade), foi utilizado amplamente nos tempos antigos, sendo

popular no vestuário de verão. Num poema, Lu You exprime-se assim: “Vestir

roupas feitas de fio fino parece vesti-las de névoas leves, levanta-as como se

levanta o nada.18”.

                                                                                                               16 Foi uma cultura do Neolítico que se estendia ao longo do trecho central do rio Amarelo na China, no período que medeia entre o quinto milénio a.C. e 3000 a.C. Em chinês, 仰韶文化. 17   Fontes: http://yw.eywedu.com/wenhua/HTML/5660.html & http://news.xinhuanet.com/science/2015-10/04/c_134683414.htm 18 LU YOU, 老学庵笔记, tradução do trabalho é Nota na secretaria do Luyou, uma obra para descrever sistemas e costumes da corte, conversações e discussões entre homens de letras, e anedotas em mercado. Ainda relata a guerra entre a Dinastia Song e a Dinastia Dourada pelo

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  15  

Após as batalhas, em que o Imperador Amarelo foi um chefe da tribo

aliada, que ensinava os locais como se praticarem as técnicas e comportarem-se

bem. Dali em diante, os povos comportam-se de uma forma educada e moderna,

como vestir roupas ao invés de se cobrirem de folhas. Que tipo de vida era

procurada naquele período e qual a forma de roupa usada para substituir as folhas?

Foi procurado tecido bruto em primeiro lugar, mas com a presença do

“bicho-da-seda”, encontrou-se logo um novo material feito do bicho-da-seda que

poderia ser usado como fio de tecelagem. Embora existissem muitas lendas

bonitas sobre a seda, mas ninguém soube exatas detalhes da sua origem.

Este tipo de roupa fina e polida era visto como um bem precioso,

procurado pela classe alta, o que tornava o preço muito alto. No início, foi apenas

usado por membros reais por causa da raridade, mas alargou-se aos funcionários

da corte, com diferenças de cor e decoração, o que foi registado no Clássico dos

Ritos, um dos cinco clássicos chineses do cânone do confucionismo. Este livro

descreve as normas sociais, o sistema de governo e os ritos cerimoniais da

Dinastia Zhou (1050 a.C. - 256 a.C.), a terceira dinastia na história chinesa.

Durante mais de mil anos, a seda foi usada como presentes diplomáticos dados

pelo imperador chinês aos países vizinhos. Artigos com mistério oriental explicam

porque o valor do produto era cada vez maior. Apesar disso, os tecidos de seda

passaram a ser o novo gosto doméstico. A fim de prevenir a saída do

conhecimento e o fabrico da seda em países estrangeiros, a corte chinesa tomou

consciência da necessidade de proteger o segredo do fabrico.

Antes de se desenvolver a Rota da Seda na Dinastia da Han Ocidental

(202 a.C. - 8 d.C.), a sua utilidade foi limitada na Ásia Oriental e o procedimento foi

monopolizado pela China por muitos anos. Mas depois, a criação do

bicho-da-seda foi transmitida para o Japão. O Império de Bizâncio colheu os ovos

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               domínio da nação. Palavras originais em caracteres, “举之若无,载以为衣,真若烟雾”.

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  16  

do bicho e as sementes da árvore, os árabes também começaram a produzir seda

e a China perdeu o monopólio.

I. Processo dos têxteis: Fiar e Tecer19

A fiação é o termo geral de fiar e tecer, o processo de retirar, depois

enrolar ou torcer as fibras têxteis num fio contínuo. Um único fio contínuo de seda

corre por várias centenas de metros. A disponibilidade de matérias-primas

promove o desenvolvimento das civilizações, o que desempenhou também um

papel na evolução da técnica da fiação. No entanto, climas diferentes, o limite de

regiões da produção e outros fatores impedem o crescimento e o progresso da

sociedade.

Na longa história da tecnologia, a indústria têxtil chinesa ficava num lugar

inalcançável. Com a abertura da Rota da Seda, os tecidos foram exportados ao

longo das rotas comerciais, especialmente da China para o Ocidente, perseguidos

por ricos e reis sempre interessados por coisas exóticas. Os produtos têxteis

podem ser resumidos às seguintes quatro variedades: os bordados,

processamento da seda, fiação de linho e os tapetes. A fiação mostra diferentes

formas que dependem dos materiais e das maneiras:

• quanto aos materiais: algodão, seda, linho, lã e sintéticos;

• quanto à maneira: malha, tecidos e não-tecidos.

A fiação é o processo de transformar as fibras em fio. Um único fio

contínuo de seda corre por várias centenas de metros. Fiar e torcer várias fibras

curtas permite uni-las e produzir um longo fio. Vários tipos de fusos eram usados

para este efeito, entre os quais se encontra a roda de fiar, que representou um

importante passo na manufatura de têxteis. Esta roda foi considerada arquétipo de

máquinas têxteis utilizadas para processar fibras de seda, para então melhorar a

                                                                                                               19 STRUAN REIDE, “Invenções e comércios” e “Culturas e civilizações”, da Rota da seda e de especiarias, STAMPA/UNESCO, 1993/94.

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  17  

eficiência. No início, as lançadeiras de fabrico foram usadas para aprender os

passos para realizar operações de máquina, como uma ferramenta.

Fiar fibras para produzir fio e depois tecê-lo para fazer tecidos ou tapetes

são processos básicos praticados desde os tempos mais antigos. Como nós

sabemos, “a tecelagem é a principal operação na produção de têxteis. O princípio

básico é entrelaçar um conjunto de fios: urdidura20 em ângulo reto com tramas21

na direção horizontal. A armação do tear mantém esticados os fios da urdidura a

todo o comprimento, enquanto são introduzidos horizontalmente os fios da

trama”.22 Encontra-se a classificação de vários tecidos23 conforme as mudanças

de fios. A forma e direção dos fios influencia diretamente as propriedade e a

aparência do tecido final. Algodão, seda, linho, lã e sintéticos são tecidos com

variações de técnica que permitem a utilização de diferentes qualidades de fios.

Dentro destes tipos de tecidos, a seda tinha o mais alto valor naquele período por

efeito das rotas comerciais que se passavam da China ao Ocidente. Nos primeiros

séculos da história das Rotas, a China era conhecida apenas como o país da seda

e mais nada; não obstante, a seda e outros tecidos ficaram associados à moda

das classes mais altas e às cortes mais ricas. Tal situação da seda mostra que nos

países orientais a seda de melhor qualidade era reservada para a família real, o

imperador e as suas mulheres. Por consequência, os tecelões tinham um estatuto

elevado. O comércio promovia o intercâmbio cultural e o desenvolvimento social, o

que influenciava indiretamente os negócios e leva à guerra do Ocidente.

                                                                                                               20 “经线” em caracteres chineses. 21 “纬线” em caracteres chineses. 22 REIDE, Struan. Invenções e comércios: Rota da seda e de especiarias, 1994, p31. 23 Fonte : http://yw.eywedu.com/wenhua/HTML/5660.html & http://news.xinhuanet.com/science/2015-10/04/c_134683414.htm

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Imagem 324: Gravura de um livro inglês do século XVIII onde se pode ver os vários momentos da fabricação da seda. Os casulos de seda da larva são colocados em água quente e os fios são depois desenrolados.

II. Invenções da Máquina Têxtil e Revolução Industrial Britânica

i. Máquina têxtil Jenny e Máquina a Vapor Watt

Embora existisse uma grande exigência de tecidos lindos e delicados, as

lançadeiras foram usadas até à invenção da máquina têxtil, com o objetivo de

consolidar o fabrico e manter o balanço entre a procura e a oferta.

No princípio da Revolução Industrial britânica, apareceram as fábricas

com divisão do trabalho. Em 1733, um famoso relojoeiro inglês John Kay inventou

uma nova Máquina Feisuo (ou chamada Máquina Flying Shuttle) que duplicava a

                                                                                                               24 STRUAN REIDE, “Invenções e comércios” e “Culturas e civilizações”, da Rota da seda e de especiarias, STAMPA/UNESCO, 1993/94  

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velocidade da tecelagem, o que constitui o prelúdio da Revolução.25 Antes da sua

invenção, as tecelãs tiveram que passar pelo serviço de transporte através dos fios

de urdidura à mão. O Flying Shuttle coloca o transporte sobre rodas e utiliza um

controlador. O tecelão controla o transporte puxando uma corda amarrada ao

motor. Quando esta corda é puxada para a esquerda, o motor faz deslizar através

da urdidura na mesma direção. O cabo é puxado para a direita para o seu

retorno. Esta lançadeira volante aumentou a capacidade de tecelagem, porém

provocou um desequilíbrio e os fios começaram a faltar. Na época, a produção de

algodão não conseguia acompanhar a procura da indústria têxtil. Os fios feitos por

seis ou oito trabalhadores correspondem apenas a uma quantidade necessária de

tecidos que servem para um tecelão. Então, em 1765, o tecelão James

Hargreaves inventou uma nova máquina têxtil, nomeada com o nome da sua filha

ou mulher Jenny. Esta invenção fomenta a exploração da indústria têxtil,

melhorando a produção de fios, pois os artesãos conseguiram fiar vários fios ao

mesmo tempo. Esta evolução marcou também o início da revolução industrial.

Tal como apontado por Marx, é a existência de uma máquina-ferramenta

para fiar e tecer com a postura equilibrada que torna necessário fazer a revolução

do motor de vapor.26 Para incrementar a produção e manter o equilíbrio de

recursos, aconteceu outra invenção: a máquina a vapor. Em 1769, o mecânico

James Watt da Universidade de Glasgow na Escócia resumiu experiências dos

seus ancestrais e, depois de vários testes, fez o primeiro motor a vapor de ação

simples. E depois em 1782, melhorou os processos e fabricou o motor a vapor

bidirecional. A presença e o melhoramento do motor a vapor foram um passo

fundamental para a Revolução Industrial. Entretanto, temos de dar a honra ao

                                                                                                               25   MARINA MARTIN BARBOSA, “A valorização do património da indústria da seda.” URBANA, Os casos do Filatoio di Caraglio (Cuneo, Itália) e o Real Filatório de Chacim, Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade: (Trás-os-Montes, Portugal), 2011. 26 KARL MARX, "Capital: A critique of political economy (I): The process of capitalist production." History of Economic Thought Books 1, 1867.

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inventor da máquina a vapor, a Thomas Newcomen, a quem raramente é

atribuído este crédito. Precisamente por causa do uso generalizado da máquina

de James Watt, a Europa entrou na “Era do Vapor”.

III. Impacto na China

Para atender às necessidades de produção industrial, os principais

países capitalistas liderados pela Grã-Bretanha chegaram aos continentes da

Ásia, da África e da América. Assim, o conflito nunca parou até à rendição

incondicional da China. Embora a China tivesse um vasto território e abundantes

recursos, o governo da Dinastia Qing apresentava alguns problemas sérios, entre

os quais a corrupção política, o atraso económico, o desperdício e a negligência

dos equipamentos militares. Finalmente, muitas áreas do país foram invadidas e

os produtos industriais da pilhagem foram divididos em partes de forma desigual

nas duas Guerras do Ópio. A guerra trouxe graves consequências para os

chineses, resultando em pobreza e atraso num longo prazo. Apesar da causa

mencionada acima, a China tornou-se uma sociedade semifeudal e semicolonial,

devido às invasões em grande escala. As Guerras do Ópio traziam a sociedade

em completa confusão e desordem.

Ainda que sofressem muito, os povos enfrentavam dificuldades de forma

positiva. O campesinato aumentou e deu-se o Movimento de Reino Celestial

Taiping, liderado por Hong Xiuquan e Feng Yunshan, que foi um estado

oposicionista existente na China Imperial entre 1851 e 1864. Embora fracassado,

valeu pelo espírito resistente. A China aprendera como usar os conhecimentos do

Ocidente para se defender. Por consequência, surgiu o Movimento de

Auto-fortalecimento, que estimulava o surgimento e desenvolvimento do

capitalismo. Assim, a indústria moderna, a tecnologia e a educação começaram a

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  21  

evoluir a um elevado grau. De certo modo, este Movimento marcou o início da

modernização da China.

3. Presença da seda em Portugal e na Europa

As milenares rotas comerciais entre Oriente e Ocidente procedem da

original Rota da Seda do século XIX. Eram vários caminhos distintos que se

juntavam no centro da Ásia. No entanto, a seda foi apenas uma das mercadorias

valiosas que foram transportadas; também houve ouro, prata, jade, âmbar, vinho e

especiarias levadas em camelos, cavalos e muares. Durante as invasões romanos

e a chegada de Zhang Qian à Ásia Central e à Europa Oriental, os países ao longo

da Rota desenvolviam negócios e comunicações individualmente. Os vendedores

do Oriente traziam seda, chá e outros produtos à Europa. Os comerciantes

ocidentais vendiam vinho, joalherias e produtos de vidro. Os tratos mercantis

tornaram-se cada vez mais regulares e ordenados.

Estas ligações comerciais entre a Europa e a China remontam à

antiguidade. Os romanos já conheciam a seda, mas pesavam que ela provinha de

uma árvore, como nos relata Plinius. 27

II.

Rotas do Oriente ao Ocidente

1. Rotas terrestres

Quando se fala na Rota da Seda, tem-se em conta uma rede de caminhos

com homens valentes, num mapa de comércio. “More than just a trade route,

                                                                                                               27 PLINIUS. C. & AJASSON DE GRANDSAGNE, “Histoire naturelle de Pline.”, Bibliotheque Latine-Francaise/publiee par CLF Panckoucke Show all parts in this series, 1829.

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the Silk Road witnessed the movement of cultural influences.”28 Muitas inovações

tecnológicas chinesas foram transmitidas para o oeste ao longo da original Rota da

Seda, incluindo as “Quatro grandes invenções da China”29 e a cerâmica, enquanto

o budismo e o islamismo eram transmitidos para leste até à China. Num período

de pesquisa e procura do Oriente para Ocidente, foram deixados muitos nomes

para lembrar e relembrar, por exemplo, o grande mensageiro Zhang Qian e o

monge Xuan Zang. O aventureiro italiano do século XIII, Marco Polo, também

viajou para a China ao longo desta rota.

Além da Rota da Seda, existiu outro famoso caminho comercial,

Chamagudao, conhecido como a Antiga Rota do Chá e dos Cavalos. Esta rota

localiza-se no sudoeste da China, sendo o elo entre as etnias chinesas para

realizar intercâmbios culturais e económicos dentro da China.

1.1 A Rota da Seda original

Durante muito tempo, houve uma rota por terra particularmente conhecida,

agora denominada Rota da Seda. Era uma série de rotas comerciais terrestres da

China até à Ásia Central, Ásia do Sul e do Oeste, Europa e África do Norte,

formada no século II a.C., tendo atingido o pico nos séculos XIII e XIV. Foi

chamada Rota da Seda devido a grandes quantidades de produtos de seda

comercializados.30

A Rota da Seda é originária da China. Atravessava grande parte do

continente asiático, abrangendo territórios agora conhecidos como o Afeganistão,

o Cazaquistão, o Uzbequistão, o Tajiquistão, a China, a Rússia, a Mongólia e o

Quirguistão, e chegou finalmente até à Europa. O nome por que hoje conhecemos

                                                                                                               28 FRANCES WOOD, The Silk Road: Two thousand years in the heart of Asia. University of California Press, 2002.

29 Quatro grandes invenções da China: papel, pólvora, impressão e bússola. 30   CARMEN LICIA PALAZZO, "A cultura material na Rota da Seda: fontes para pesquisa em História Medieval." AEDOS 2.2, 2009.

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  23  

a Rota da Seda, deve-se ao geólogo e geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen,

que a estudou em meados do século XIX. Mais do que uma rota para comercializar

bens que já existiam há cerca de 4000 anos, continua a ser uma rede de culturas,

sociedades e grupos nómadas.

Esta Rota da Seda consistiu em várias rotas. Geralmente, é dividida em

três linhas principais: 1) Linha Oriental: do Chang’an ou Luoyang para Yumenguan.

Zhang Qian partiu de Chang’an para Xiyu na Dinastia Han Ocidental, logo depois

Ban Chao saiu de Luoyang na Dinastia Han Oriental para o mesmo destino. 2)

Linha Central: do Yumenguan e oeste do Yangguan para Congling, foi

estabelecida na Dinastia Han Ocidental. 3) Linha Ocidental: do Congling para o

Oeste, atravessou Ásia Central e Ocidental até à Europa, estabelecida na Dinastia

Han Oriental.

Chang’an (atual Xi’an) e Luoyang (atuais cidades da Província Henan, em

plena região central) foram duas antigas capitais chinesas, antes da fundação da

República Popular da China. Chang’an possuiu milhões pessoas no pico de

desenvolvimento, quando atraia um grande número de diplomatas estrangeiros,

monges e comerciantes. Yumenguan e Yangguan foram duas importantes

passagens para os territórios dentro da China, com vista a conectar a Rota da

Seda dentro da China. Até hoje, mantêm as ruínas do palácio, túmulos, pagodes,

esculturas, objectos diários e outro património. Atualmente, Xi’an e Luoyang são

selecionados como as cidades mais populares da China para os turistas

estrangeiros.

Uma dinastia que formou a capital em Chang’an foi a Dinastia Han (202

a.C. – 220 d.C.), que começou a aventurar-se para oeste.

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  24  

Imagens 4 e 5: Paisagens Antigas da Cidade Chang’an(esquerda) e da Cidade Luoyang

Proveniência:  https://www.pinterest.de/pin/490329478152668669/ (Consultados em 6/6/2017)

Desde o período neolítico, as pessoas enfrentaram os desafios naturais,

mas os continentes euroasiáticos não estão totalmente isolados. Existiu uma rede

comercial incontínua nos campos, que foi considerada modelo inicial da Rota da

Seda. Na fase inicial, a seda não era o produto principal. Cerca do século XV a.C.,

os comerciantes entraram no deserto de Taklamakan para comprar joias e vender

mariscos. Também fizeram negócios de pequena escala na Ásia Central,

utilizando os animais que se adaptam a viagens de longa distância, como cavalos

de boa qualidade e camelos árabes.

No sentido amplo, o termo Rota da Seda refere-se ao conjunto de uma

série de rotas terrestres que foram estabelecidas para a comunicação e o

intercâmbio entre os Hunos que fundava no século V a.C., a Rota da Seda

Marítima, cuja formação se fez nos primeiros anos da Idade Média (entre os

séculos V e XV) e a original Rota da Seda terrestre. O intercâmbio entre o Oriente

e o Ocidente começou pela Rota da Seda original, mas, devido a razões

geográficas, a troca não foi totalmente desenvolvida. Realmente, até ao período

dos descobrimentos, depois da abertura das “rotas da seda” marítimas, a evolução

foi quase completa.

Em 1988, foi lançado o plano “Uma Década do Desenvolvimento Cultural

do Mundo” pelo UNESCO, com um projeto sobre a Rota da Seda. Esta iniciativa,

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  25  

visa melhorar as comunicações nacionais e internacionais, dar a conhecer o saber

e as histórias desta Rota original com o objetivo de prestar mais atenção à

proteção do património cultural da própria etnia. Pretende ajudar a relembrar as

realizações ancestrais, promovendo a investigação e o progresso futuros.

No mesmo ano, a China lançou o projeto de a Rota da Seda ser elevada a

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade num futuro próximo. Em 2006,

junta-se ao Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Turquemenistão

para a nomeação. Finalmente, no dia 22 do Junho de 2014, na 38.ª sessão do

comité do Património Mundial, a Rota da Seda bem como o Grande Canal do

Pequim-Hangzhou, tornaram-se oficialmente patrimónios mundiais.31

1.2 História do Zhang Qian e Xuan Zang

Este é um percurso de cerca de 4000 quilómetros por desertos e

cordilheiras com uma história calcorreada ao longo de quase 2500 anos por

caravanas de mensageiros (como Zhang Qian), mercadores (como Marco Polo) e

peregrinos (como Xuan Zang), onde factos e mitos se confundem. No entanto,

perdura o espírito de exploração de Zhang Qian a Oeste.

Zhang Qian é um viajante, explorador e diplomata notável da Dinastia Han,

de espírito pioneiro e aventureiro. Era 139 a.C. Zhang Qian foi nomeado emissário

imperial pelo Imperador Hanwu como um guia e levou mais de cem pessoas para

Xiyu32. Em suma, a sua missão era estabelecer contactos com outros impérios

ocidentais e abrir caminho ao comércio. Além disso, devido ao forte poder militar e

económico, o Imperador desse tempo também queria reforçar o seu prestígio.

Depois de passarem por muitas dificuldades, abriram uma porta na direção

norte-sul que levou às regiões ocidentais. Na sequência do seu grande sucesso,

Zhang Qian recebeu o título de Marquês Bowang.

                                                                                                               31   Fonte:   https://www.dn.pt/artes/musica/interior/parte-da-rota-da-seda-na-lista-de-patrimonio-mundial-3985168.html 32 Refere-se as regiões ocidentais, incluem atual Xinjiang, as zonas da Ásia Central e mais além.

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  26  

O Imperador Hanwu recebeu uma carta do líder dos Hunos, Modu Chanyu.

Nesta carta, Modu Chanyu descreve as vitórias realizadas no ano anterior. Por

esta carta, o Imperador ouviu pela primeira vez as informações da zona ocidental.

Até ao momento, os Hunos tinham rodeado completamente os territórios da

Dinastia Han, mas todo o contra-ataque acabou por ser um fracasso. A missão

diplomática foi enviada a Zhang Qian em 138 a.C. para buscar pistas sobre o País

Dayuezhi (chamado “大月氏” em Mandarim) e oferecer uma sugestão sobre a

aliança.

Portanto, logo após a partida, Zhang Qian foi detido pela cavalaria huna. O

rei huno deu-lhe favoráveis condições de vida e uma mulher para ser sua esposa.

No entanto, Zhang Qian teve sempre consciência de ser um mensageiro e

manteve as credenciais que trouxe do país. Depois de treze anos de vida

prisioneira, encontrou uma oportunidade de fugir, viajando mais de dez dias para

chegar ao País de Dayuan (chamado “大宛国” em Mandarim, atual Vale de

Fergana).

O País de Dayuan, sabendo que a Dinastia Han era muito rica e forte,

esperou estabelecer uma relação amigável para se defender dos inimigos ao redor,

como os hunos. No entanto, isso foi sempre travado pelos hunos e nunca se

realizou. O líder ficou muito feliz devido à chegada de Zhang Qian, mandando um

tradutor acompanhá-lo a Dayuezhi. Naquele momento, a Etnia Dayuezhi esteve

quase a conquistar um país no sul do Amudário, Daxia (“大夏” em Mandarim), terra

fértil e de abundantes recursos. A rainha recusou as recomendações de uma

aliança com a Dinastia Han contra os hunos. Zhang Qian esteve mais de um ano

com a Etnia Dayuezhi, mas não chegou a acordo. Então, decidiu realizar uma

jornada de volta em 127 a.C..

Em virtude da grande influência dos Hunos em todo o Xiyu, Zhang Qian foi

detido outra vez. Graças à turbulência doméstica, um ano após a prisão Zhang

Qian aproveitou outra oportunidade para escapar de Xiyu, a capital Chang’an. Esta

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  27  

aventura durou treze anos. Zhang Qian e a assistente foram os únicos

sobreviventes. Embora perdesse uma grande quantidade de soldados, pessoas

talentosas e dinheiro, esta exploração abriu uma nova rota fixa e corrente com o

Ocidente, fornecendo uma grande conveniência de intercâmbio cultural e regional

no futuro. Antes da viagem para oeste, os habitantes de Dinastia Han não sabiam

nada sobre o que se passava fora do país. A Civilização da Planície Central33 viu

um mundo externo completamente diferente, que resultou do forte desejo de

comércio e de intercâmbio. Estas experiências pessoais foram registadas em

documentos históricos.

Em 119 a.C., Zhang Qian partiu numa expedição para o País Wusun

(chamado “乌孙” em Mandarim). O imperador esperou aliar-se a este país para

fazer amigos entre outros países vizinhos dos Hunos para suspender as invasões

e os ataques. Naquele momento, o Império Han já mudara o foco estratégico para

derrotar os Hunos, defender os territórios e ser um país com poder e virtude34.

Naquele momento, Wusun estava numa situação política instável devido à

disputa do trono. Os reis temiam os Hunos e aliaram-se para os atacar. Porém,

Zhang Qian mandou outros emissários ao países em volta durante este período

para estabelecer relações duradouras na comunicação e nos negócios. Em 115

a.C., Zhang Qian e a equipa decidiram o regresso, junto com o guia mandado por

Wusun. Na despedida, os mensageiros de Wusun viram uma abundância de

habitantes da Dinastia Han e um império com forte poder militar. A cena

movimentada foi recontada ao líder de Wusun, notícia pouco depois divulgada em

toda a zona de Xiyu. Ao mesmo tempo, os emissários da Dinastia foram

mandados a cada região asiática e regressar ao país, trazendo grupos de

visitantes, com o intuito de fazer amigos e depois estabelecer relações

diplomáticas. Desde então, o intercâmbio entre a China e o Ocidente abriu-se

                                                                                                               33 A Civilização da Planície Central remonta ao período neolítico. A província de Henan é o seu núcleo, e estende-se às áreas em redor do Rio Amarelo. Era considerado berço da tradicional civilização chinesa, sendo o centro económico e político na China Antiga. 34 Traduzido para o chinês, “制匈奴” e “威德便于四海”.  

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  28  

oficialmente com o auxílio de incansáveis esforços dos emissários.

Imagem 6: Mapa de Xiyu35

Notas: traduções dos locais de Xiyu

匈奴:Xiongnu/ Huno

康居:Kangju

乌孙:Wusun

大宛:Dayuan

大月氏:Dayuezhi

大夏:Daxia

1ª Expedição: (começou da Linha norte e o regresso segue à Linha do Sul) Do

Chang’an ao Dayuezhi (estava ao lado de Daxia), atravessavam Kangju e Dawan, no

caminho foi capturado pelos Hunos. O regresso passavam os reinos do sul.

2ª Expedição: Do Chang’an ao Wusun, mandava missionários a pedir amizades

com os reinos de Xiyu

                                                                                                               35 Sempre indo em direção a oeste, “a China descobre o mundo”, o semanário da Vida de Sanlian, editor da livraria Sanlian, 2015(24), p53

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  29  

Zhang Qian morreu logo depois do regresso da segunda viagem. Como

pioneiro no caminho para o Oeste, cada pequeno passo em frente e cada novo

detalhe descrito foi considerado um importante marco. Antes da missão

diplomática para Xiyu, a civilização da Planície Central não era uma, nada a ligava

aos outros países de Xiyu. O historiador Sima Qian36 recordou esta iniciativa

como “凿空”, o que significa explorar incógnita na história. Zhang Qian levou

conhecimento e experiência consigo na volta da viagem, sofreu muitos tipos de

provações e tribulações, mas ampliou a perspectiva dos chineses e elevou o saber

a um novo nível. O movimento de intercâmbio cultural em larga escala começou

aqui, entre o ocidente e o oriente.

Xuanzang foi um monge notável, sendo o mais famoso tradutor da teoria

do budismo. Chama-se ལོ་$ཱ་བ na escrita da Etnia Zang, que por efeitos budistas

foi traduzido para Sanzang Fashi, escrito como “三藏法师” em mandarim.

Em 627 d.C., a zona da planície central já sofrera o desastre natural de

congelamento que resultou na ausência de cultivo. A corte da Dinastia Tang, que

já experimentava o ataque dos turcomanos, não pôde ajudar as vítimas e

deixou-as à sua sorte. Na multidão em fuga misturou-se o monge Xuanzang. Aos

27 anos, era um jovem monge que tinha viajado para muitos lugares, sendo

chamado Sanzang Fashi. Através da pesquisa e da prática do budismo durante

muitos anos, encontrou na escritura budista traduzida pelos ancestrais muitos

erros e notou a falta de vários trabalhos clássicos que ainda não tinham chegado à

China. Por este motivo, decidiu ir à Índia, a fim de encontrar os clássicos

confucionistas completos. O combate entre força militar da Dinastia Tang e os

turcomanos levou à limitação rigorosa na saída dos compatriotas. Rejeitado o

pedido de atravessar com o passe estratégico, Xuanzang decidiu a sair de forma

ilegal.                                                                                                                36 Sima Qian foi o famoso historiador chinês da Dinastia Han do Oeste, que escreveu Shiji. Também conhecido como Registos do Historiador, considerado o primeiro texto sistemático a respeito da história chinesa. Fonte: http://www.ancient.eu/Sima_Qian

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  30  

Graças à ajuda do Imperador de Gaochang, que acreditou piedosamente

no budismo, ele arranjava as cartas para passarem o tráfego fronteiriço; assim o

monge teve uma preparação adequada. Gaochang era o centro das comunicações,

sendo muitas vezes o eixo de transporte entre a zona da planície central e Xiyu.

Sob a proteção de um grupo de guardas de Gaochang, Xuanzang viajou para

oeste sem dificuldades e problemas. Em 628 d.C., Xuanzang encontrou o líder

turcomano a oeste com cartas as quais foram dados pelo Imperador de Gaochang.

Naquele momento, Tujue atingiu o pico, sendo o verdadeiro dominador da zona

asiática central. A receção entusiástcia e cordial de Kehan do Tujue tocou

profundamente Xuanzang, o monge do estado adversário. Graças ao forte apoio,

Xuanzang obteve boas condições para pesquisar e viajar mais meticulosamente

com as abundante despesas de viagem cobertas pelo rei. Nas cartas, o líder

exorta os estados vassalos a proporcionarem suprimentos e proteção. Por esta

razão, reduziram-se as dificuldades numa grande extensão de território a

percorrer.

Em 641 d.C., Xuanzang decidiu regressar à sua terra natal, usando um

atalho. Quatro anos mais tarde, chegou à capital Chang’an, tendo recebido

boas-vindas como nunca pensou ser possível. As escrituras e estátuas trazidas

deram aos povos e ao país um novo surto de estudos budistas. De acordo com o

requerimento do Imperador Taizong da Dinastia Tang, Xuanzang relatou as

viagens, ordenando a um discípulo, Bianji, que elaborasse um Relatório da viagem

ao ocidente na Dinastia Tang37. Este trabalho, dividido em doze partes, com mais

de 120 mil caracteres, contém os costumes e as práticas locais de mais de 140

religiões atravessados durante 19 anos. A obra não foi compilada segundo o

itinerário da viagem, mas na ordem geográfica. Em certo sentido, a literatura tem

uma importância primordial, com respeito aos estudos indianos, e foi usada por

arqueólogos para preencher um vazio na história indiana.

                                                                                                               37 XUAN ZANG & BIAN JI, Relatório da viagem ao ocidente na Dinastia Tang, Dinastia Tang

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  31  

Além disso, um popular romance mitológico chinês, Jornada ao Oeste38,

também inspirado nesta obra, foi publicado na Dinastia Ming. A façanha de

Xuanzang tornou-se uma fonte de inspiração para escritores, e a obra foi

publicada mil anos após a morte deste ilustre monge budista chinês.

1.3 Influências e comunicações

A comunicação e o intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente começaram

na Rota da Seda, mostrando-se na cultura e nos costumes. No início da

comunicação, existiram sempre conflitos de interesses, e guerras entre os dois

lados. Com o tempo, tudo se dissipa e dá-se o encontro e a integração cultural.

“A Rota não era um percurso pré-definido e marcadamente fixado,

mudando com o uso e com o passar das gerações.”39 As cargas eram também

pequenas, com um rácio de elevado valor. Transportava-se, sobretudo, para servir

as necessidades da elite, isto é, produtos agrícolas, como especiarias ou chá,

mercadorias nobres, como artefactos metálicos e artigos de luxo, como seda ou

pedras preciosas, mas não somente “bens” se moviam: males como micróbios e

pestes também se disseminavam. Não se tratou apenas de um circuito comercial,

mas também de um fenómeno biológico e de uma realidade ecológica mais

vasta.40

                                                                                                               38 A lenda de Jornada ao Oeste baseia-se na peregrinação e perseguição do monge Xuanzang para a Índia, em busca de escrituras sagradas do budismo, e conta a história da lenda chinesa do Rei Macaco. Foi considerada um dos “Quatro Grandes Romances Clássicos” chineses. 39 CHENG ZHONGYING, “As diferenças e integrações na cultura oriental e ocidental dentro a globalização.”, O jornal académico da Universidade de Oceano da China, plano da ciência social, 2005.

成中英,全球化中的东西方文化差异与交融[J]. 中国海洋大学学报: 社会科学版, 2005 (6): 27-32。 40 ISENBERG A.C., “Seas of grass: Grasslands in world environmental history”, in A.C. Isenberg

(ed.), The Oxford Handbook of Environmental History, Oxford: Oxford University Press, 2014  

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  32  

1.3.1 Guerras e casamentos

I. Guerras relativas à Grande Muralha

A Grande Muralha, uma estrutura antiga para defesa militar, foi composta

de portas estratégicas, paredes e torres de farol. Tinha sido construída de

propósito na Dinastia Primaveras e Outonos, mas foi consolidada em algumas

seções durante a Dinastia Qin para prevenir invasões de Hunos do Norte. Hoje em

dia, a muralha vai de Jiayuguan(嘉峪关) na Província Gansu até Shanhaiguan(山

海关) na Província Hebei. A distância completa é mais do que seis mil quilómetros.

Para os turistas, a mais famosa parte é Badaling(八达岭) que se situa no noroeste

de Pequim. Um provérbio chinês diz: “não és um herói real se nunca subiste a

Grande Muralha”41. A nomeação foi aprovada pelo Comité do Património Mundial

que acetar este sítio como um dos patrimónios mundiais da UNESCO em 1987.42

Como todos sabem, o sítio mais famoso da China é a Grande Muralha,

sendo também o mais popular para turistas estrangeiros. Em 2007, foi

considerada uma das setes maravilhas do mundo moderno. No entanto, para os

chineses, a Grande Muralha não é apenas um monumento mas também a

construção de uma fortificação para se defenderem das tribos errantes. Além disso,

a Grande Muralha é a fronteira entre a zona de cultura agrícola e a de cultura

nómada, diferenciando duas formas de vida interior e exterior. Conforme o acordo

assinado com os hunos no início da Dinastia Han, uma frase descreve claramente

os limites da jurisdição nacional:

“ O país da flecha fica no norte da Muralha, dominado pelos

Hunos; A sul da muralha fica o país feudal sob a supervisão da

corte da Dinastia Han.43”

Muitas etnias construíram muralhas para se protegerem de agressões ou

ataques, e a China construiu uma muralha muito mais longa que provocou                                                                                                                41 Tradução chinês: 不到长城非好汉. 42 Fonte: https://seuhistory.com/hoje-na-historia/muralha-da-china-e-declarada-patrimonio-da-humanidade 43 “长城以北,引弓之国,受命单于;长城以南,冠带之国,受治于朝廷。”em chinês.

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  33  

conflitos entre a civilização agrícola e a nómada. Nos primeiros anos da Dinastia

Han Ocidental, Han e Hunos estabeleceram um acordo de conciliação que

suspendia as guerras e começaram a estabelecer relações amistosas entre os

dois países. Para manter as relações e pacificar os governantes, a corte pensou

na solução de casar os filhos de nacionalidades minoritárias com as filhas da

família imperial. Heqin é a forma mais usada, através de casamentos de razão,

para resolver as questões históricas e estabelecer a entre os dois lados, evitando

disputa e grave perda de propriedade.

Devido a razões geográficas, o clima de regiões agrícolas é sempre

quente e chuvoso, o que é apropriado para viver; ao contrário, o clima para a

sobrevivência das etnias nómadas é muito mau, muito frio, com pouca água da

chuva e poucos alimentos. O desequilíbrio de recursos naturais deu origem a

conflitos entre os dois lados. Nos períodos pacíficos, a etnia nómada troca os

produtos de origem animal para as suas necessidades diárias e quotidianas com a

etnia agrícola. No entanto, em tempos de guerra, começou a usar a força para as

adquirir de forma mais eficaz. A diferença das condições de vida e a demanda dos

materiais básicos são as razões principais das invasões ocorridas durante

milénios.

Desse modo, a proteção e a segurança da riqueza e da vida, bem como a

questão de manter o direito da sobrevivência pacífica, são os pontos que precisam

de auxílio imediato por parte do governo da Dinastia Han. Até essa data, tinham

existido duas medidas, uma com força e outra pacífica. Mas existia uma grande

disparidade na força dos dois lados. Por consequência, a solução final foi unir

participações minoritárias à família imperial de Han, através dos casamentos. De

facto, a solução de Heqin44 é um método degradado, porém o custo de desposar é

muito menor do que ir para guerra.

                                                                                                               44 Heqin tem outro nome: “casamento de razão”. O imperador aceitou uma proposta de casamento pela qual uma filha casaria com um líder dos hunos.  

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  34  

II. Casamentos de razão para manter relações

Diz-se que a Rota da Seda vem da atração mútua dos centros das

civilizações humanas. Antigamente, as caraterísticas geográficas dos lugares

decidiam em grande medida a comunicação dentro dos vários centros das

civilizações, especialmente a comunicação entre a cultura oriental e a cultura

ocidental. Embora existisse a resistência da montanha, do deserto, do rio e do mar,

e os centros da civilização se desenvolvessem separadamente, também se

ligavam com outros núcleos diretamente ou indiretamente.

Quando falamos da China e da antiga história chinesa, diversas

civilizações de regiões diferentes nos ocorrem, o que faz a premissa de pluralismo

cultural sobre multi-origem. A China tem 56 etnias, entre estas etnias a Etnia Han é

mais populosa. Além destas etnias chinesas, há outros grupos que viviam nas

regiões perto de nós. Nas comunicações, precisamos de aceitar algumas opiniões

diferentes e aproximar-nos dos outros. A história chinesa não é apenas a história

da etnia Han, mas também de regiões secundárias que se tornaram partes

fundamentais. Entre etnias, a relação de sangue e origem difere muito, mas foi

essa diversidade que criou a China.45

i) ligação estreita com duas etnias

Heqin traduz um desejo importante de sustentar a paz entre a Dinastia

Han e os Hunos no longo prazo. De entre as mulheres que foram dadas aos

líderes hunos, Wang Zhaojun é a mais conhecida.

                                                                                                               45 JOÃO ARTHUR DA SILVA REIS. "ASEAN Way: Conteúdo Ético da Integração Asiática.", 2012

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  35  

Zhaojun46 entrou no palácio imperial como uma

dama de companhia, que esperava uma chamada

pessoal do imperador Hanyuan. Nunca teve a

oportunidade de servir o Imperador, por causa das

rigorosas regras imperiais. Por isso, ela candidatou-se ao

pedido de casamento com um líder huno, o que foi

aprovado pelo Imperador Hanyuan. Na cerimónia da

despedida, as pessoas viram uma jovem bonita com

vestidos delicados, o que provocou o respeito e a

surpresa dos Hunos. Naquele momento, o

Imperador Hanyuan encontrou Zhaojun pela

primeira vez. Apesar da paixão, mas receando

perder a confiança de co-acordo, o Imperador deixou Zhaojun ir embora com o

líder huno e os seus acompanhantes. Depois de chegar a um acordo, o líder

Huhan Chanyu aceitou retirar as tropas depois do casamento e manteve as

promessas de pacificar as fronteiras. Após profundas discursões, embora o

Governo de Han não tivesse autorizado a saída dos militares, aceitou fazer

amizade com Hunos.

Conforme os costumes dos Hunos, depois da morte do líder, o filho,

entronizado a seguir possuía o poder de casar com a mulher do líder anterior.47

Apesar de casar com outra etnia, algumas convenções não eram aceitáveis. Então

Zhaojun escreveu uma carta para a terra natal, exigindo voltar, o que foi recusado.

Esta situação não somente influenciou a relação com os Hunos mas com toda a

etnia.

                                                                                                               46 Considerada uma das “Quatro Belas da China”, outras três são Xishi(西施), Diaochan(貂蝉) e Yang Yuhuan(杨玉环). 47 Este costume é chamado “父死妻其母” ou “子蒸其母”.

Imagem 7: Retrato da Wang Zhaojun Proveniência: https://ameblo.jp/kai211168/entry-12120419223.html (consultado em 06/06/2017)

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  36  

ii) Ligação entre os países

Inicialmente, Xiyu não produzia a seda, mas o povo conhecia produtos de

seda. Conforme os Registos do Historiador, de Sima Qian, o capítulo introduz o

país Dawan e zonas mais para o oeste como “lugares onde não produziam seda48”.

Embora o povo de Xiyu conhecesse os produtos de seda, ainda não sabia como

obter a seda bruta. Antigamente, as sedas consumidas pelos nobres de Xiyu

dependiam principalmente do intercâmbio com as planícies centrais. Desde a

antiguidade, os produtos de seda eram exportados para satisfazer pedidos reais.

Até à Expedição ao Oeste da Mongólia, a sericultura apresentava muitas

dificuldades e limitações. Era raro encontrar os trabalhadores a criar

bicho-da-seda e a fazer os tecidos.49

A obra Registo da Religião do Oeste na Dinastia Tang, volume 12, regista

a expansão da sericultura das zonas da planície central ao Yushen: As pessoas de

Yushen não conheciam a seda e a amoreira, mas tinham ouvido que a planície

central as possuía. Então mandaram emissários a pedir larvas de bicho-da-seda.

Entretanto, o imperador não queria revelar o segredo de criar bicho-da-seda.

Então ordenou aos funcionários que trabalhavam na fronteira para vigiar com

cuidado a entrada e a saída dos emissários. O rei de Yushen pediu o casamento

aliado ao imperador da Dinastia Han, o que foi permitido. Ouvindo esta boa notícia,

o rei de Yushen mandou o emissário dar as boas vindas à princesa, mas o motivo

verdadeiro era transmitir-lhe uma mensagem. A ideia geral era que no destino para

onde se deslocava não existia nenhum produto de seda e, nesse caso, se a

princesa quisesse vestir como antes, precisava de preparar matéria-prima: bebés

de bicho. Quando a princesa recebeu a mensagem do emissário, escondeu-os nas

roupas e passou-os nos pontos de inspeção de fronteira. Desde então, o povo de

Yushen começou a criar bichos e a criá-los com folhas de amoreira. Devido à

proteção dada pela princesa, a indústria da seda desenvolveu-se a partir deste                                                                                                                48 “其地皆无丝漆” em chinês. 49 “颇有桑,鲜能蚕者,故丝蚕绝难” em chinês.  

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  37  

momento.

1.3.2 Trocas culturais - Religiões

A China é uma nação que tenta aprender e dominar os novos

conhecimentos, absorvendo as ideias de outros povos. A entrada em grande

escala da ideias externas começou com a divulgação do budismo. Após um bom

desenvolvimento, o budismo tornou-se uma parte da cultura chinesa; ao mesmo

tempo, as religiões derivadas do Ocidente propagaram-se ao Oriente, chegando

também à China.

i) Maniqueísmo(摩尼教)

Maniqueísmo foi uma religião criada por Mani no século III, na Pérsia, cujo

núcleo de doutrina é o dualismo sincrético—Bem (de luz) e Mal (de sombras). No

fim do século VII difundiu-se na China, ao passo que no fim do século IX encontrou

uma rigorosa proibição. A doutrina foi traduzida para duas partes “二宗” e três

períodos “三际”. Duas partes afirmam a existência de um conflito cósmico entre luz

e sombras, significando que em cada coisa existe bem e mal. Três períodos

apontam o nível de desenvolvimento mundial, do básico ao superior. Então, a

grande diferença em relação a outras religiões não está em elogiar o combate

entre os dois mas em salientar a resistência entre bem e mal, e distingui-los. Este

tipo de religião foi registado pela primeira vez no fim do século VII. Portanto, a

ordem de proibição da religião foi emitida e transmitida no século VIII, sendo

executada totalmente no século IX. Durante mais de cem anos, sob o suporte de

um grade amigo Huihu (também chamado “Uyghor Khaganate”), o Maniqueísmo

conseguiu manter o seu lugar dentro do país na Dinastia Tang.

Huihu50 foi construído no início do século VII, situando-se no norte e oeste

do território chinês. O país tinha recebido a ajuda de Tang para eliminar outros

                                                                                                               50 “回鹘” em chinês.

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  38  

inimigos e fundir o próprio país. Então, ofereceu-se como governante dele. A

relação facilitada por três Heqin entre os dois países, levou-os a uma grande

amizade. Por causa da participação ativa na Rebelião de An Lushan, Huihu

recebia constantemente uma positiva e amigável atitude da Corte Tang.

Infelizmente, apesar do apoio e do sustento da Dinastia Tang, o país decaiu por

causa de conflitos internos, sendo derrubado por outros países. Apesar de pouca

existência na história, teve um profundo significado histórico na história chinesa. A

aceitação do Maniqueísmo facilitou o intercâmbio na Rota terrestre entre Oeste e

Este, graças aos contatos entre os seguidores desta religião51.

ii) Igreja do Oriente (聂思脱里派/景教)

A igreja do Oriente, também conhecida como Igreja Nestoriana, tinha uma

chamada Facção Nestorius do Cristianismo na Dinastia Tang. A sua teologia está

associada à doutrina do nestorianismo, uma parte da doutrina cristológica que se

opôs às doutrinas de São Cirilo de Alexandria52, que defendia que Jesus Cristo

tinha corpo de pessoa humana e era divino. Esta tese da unidade encontrou a forte

defesa numa facção com simpatias nestorianas. Por este motivo, Nestorius foi

obrigado a sair do país até à morte num deserto do Egito. Apesar do seu exílio, os

adeptos levaram a teoria até ao Oriente para divulgar os seus pensamentos.

O Cristianismo iniciou-se como uma seita judaica. Teve origem no

Mediterrâneo Oriental e depois expandiu-se rapidamente. Até ao século IV,

tornou-se a religião dominante no Império Romana. Durante a Idade Média, a

maior parte da Europa foi cristianizada. Jesus de Nazaré foi a figura central,

acreditado como Cristo—filho de Deus, salvador e senhor. Depois da sua morte,

os seguidores expandiram os seus ensinamentos ao Oriente e Ocidente o que

                                                                                                               51 “自后慕阇徒众,东西循环,往来教化” em chinês. 52 São Cirilo de Alexandria, um padre grego que participava muitas controvérsia sobre natura humana e divina. Foi figura estratégica no Primeiro Concílio de Éfeso(以弗所公会议) no qual a Igreja do Oriente foi considerada um paganismo. Desde então, separaram o Catolicismo e a Igreja do Oriente.  

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  39  

formou duas seitas—Ortodoxa Oriental e Cristianismo Romano. Além disso,

existiu outra vertente principal depois da Reforma no século XVI, o protestantismo.

No século IV, o imperador Constantino do Império Romano protegeu-a e uniu os

bispos para afirmar a crença na “Trindade”, que define Deus como três entidades:

pai, filho e espírito santo—um Deus em três pessoas. Devido aos entendimentos

diferentes entre Nestorius de Constantinopla e Cirilo de Alexandria sobre a

caraterística de Jesus, o cristianismo dividiu-se em duas direções. O anterior

mandou os missionários para a China na Dinastia Tang, o que foi registado numa

tábua de pedra que foi escavada em 1625, em Xi´an. Esta tábua tem 1760

caracteres e dez palavras sírias e dá uma breve introdução sobre doutrinas,

tributos e seu desenvolvimento durante mais de 150 anos na China. Mais tarde, a

destruição de Huihu diminuiu o papel das religiões estrangeiras na Dinastia Tang,

afetando também o desenvolvimento do Cristianismo. Desta maneira, na Planície

Central quase despareceu a Igreja do Oriente no fim da Dinastia Tang, entretanto

difundida em regiões selvagens do norte.

A obra Registos do Templo Daxingguo gravou a doutrina de seita

Nestoriana do Cristianismo:

“教以礼东方为主,与天竺寂灭之教不同。且大明出于东,四时始于东,

万物生于东,东属木,主生,故混沌既分,乾坤之所以不息,日月之所以

运行,人物之所以蕃盛,生生之道也,故谓之长生天。十字者,取像人身,

揭于屋,绘于殿,冠于首,佩于胸,四方上下,以是为准。”53

----《大兴国寺记》

iii) Catolicismo(天主教)

Desde muito cedo, existiram muitos mercadores cristão que vinham à

China para negociar assuntos ou mostrar amizade ao interesse à corte. Na

Dinastia Tang, as comunicações entre este e oeste floresciam, o Maniqueísmo e

o Cristianismo entraram na sociedade comum. Na Dinastia Song, os judeus

                                                                                                               53 A citação é um resumo de doutrina da seita Nestoriana do Cristianismo: respeita à etiqueta do Oriente e considera que tudo vem do Oriente onde sempre há dinâmica para viver.

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  40  

residiram na planície Central, fundando um templo judaico. A partir da Dinastia

Yuan, o número de obras judaicos cresceu na China.

Foram os jesuítas Michele Ruggieri e Matteo Ricci que

introduziram o cristianismo na China no século XVII, depois

de terem aprendido Mandarim e de terem fixado assegurar de

transliteração do Mandarim para a Portugal. Eles chegaram

ao Sul da China no século XVI. Era conhecido por Li Madou.

"Matteo Ricci é considerado o símbolo do primeiro contacto

da China com as ciências e a tecnologia

europeias, do encontro pioneiro

do Evangelho com os intelectuais da raça

Han, assim como um dos primeiros agostes

do intercâmbio entre a cultura chinesa e a ocidental."54 Viu o imperador reinante e

estabeleceu boas relações com eruditos, a fim de abrir a porta para que mais

missionários entrassem e difundissem a sua religião.

Em 1594, Matteo Ricci decidiu viajar até Pequim. Em 1601, encontrou uma

oportunidade de ser recebido pelo Imperador. O encontro era muito importante

para a colocação dos jesuítas na China. Os jesuítas foram autorizados a construir

uma residência e a abrir colégios para divulgar a cultura cristã. Embora tivesse tido

ajuda e suporte de Matteo Ricci, os cristão na China enfrentaram gradualmente o

isolamento.

iv) Islamismo

A Ásia ocidental, ou a Mesopotâmia, foi considerada um dos berços da

antiga civilização pelo mundo ocidental. A maior parte do seu território pertence ao

atual Iraque. Não importa qual a religião, a sua existência e os seus efeitos

                                                                                                               54 RODRIGUES, Manuel Augusto, [Recensão a] RUGGIERI, Michele (1543-1607) e RICCI, Matteo (1552-1610) – Dicionário Português-Chinês, Revista de História da Sociedade e da Cultura, n.ºº 10, 2010, pp. 634-638. Disponível em http://hdl.handle.net/10316.2/39543.

Imagem 8: Retrato do Matteo Ricci Proveniência: https://pt.wikipedia.org/wiki/Matteo_Ricci (consultado em 06/06/2017)

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  41  

espalhavam-se frequentemente aos continentes vizinhos ou áreas mais distantes.

O Islamismo propagou-se por meio de invasões.

O Islamismo foi originário da península arábica e o seu fundador foi

Mohammed, mais conhecido como Maomé. A principal fonte para o seu estudo é o

Alcorão55 . Não é uma biografia de Maomé, mas uma coleção de ordens e

orientações de Alá, transmitidos pela boca do líder. No total, tem 114 capítulos e

6211 parágrafos, incluindo aspetos relacionados com a doutrina, a conduta,

cerimónias, leis e ética, etc. Durante mais de um século, os árabes conquistaram o

território da Ásia, da África e da Europa, estabelecendo um Império poderoso,

composto de muitas religiões e de abundante população. No entanto, porque

faltou a ligação económica, o extenso território adquirido por uma série de

conquistas dividiu-se rapidamente. Pouco mais tarde, o grande Império

desintegrou-se.

Apesar da pouca duração do Império,

não deve ser esquecido o tesouro deixado que

precisa de ser preservado e relembrado.

Imagem 9: Profeta Maomé recita o Alcorão em Meca Proveniência:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Maom%C3%A9

(consultado em 6/6/2017) 1.3.3 Intercâmbio comercial

Os desenvolvimentos da Rota da Seda alargaram os limites geográficos,

fundindo e melhorando os conhecimentos das outras civilizações. No final, houve

um modo mais uniforme de comunicação e uma abertura mundial, permitindo uma

estreita interação benéfica entre a China e outras civilizações. Neste processo,

através da Rota da Seda, a China descobria o mundo gradualmente, e o mundo

conhecia a China com uma nova visão.

Há 2000 anos, Dunhuang tornou-se um lugar prioritário de transporte, o

                                                                                                               55 “古兰经” em chinês.

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  42  

portão de entrada e saída da planície central chinesa. A Porta Yumen(玉门关),

situada na região noroeste do território chinês e a Porta Yang(阳关), localizada no

sul da Porta Yumen, foram dois pontos de controlo para sair da China. Uma frase

do poema chinês Weichengqu, do poeta Wang Wei da Dinastia Tang, “西出阳关无

故人”, exprime suavemente a angústia da separação, que podemos compreender

com a palavra “saudade” na língua portuguesa. Por outras palavras, na dinastia do

poeta Wang Wei, passar a Porta Yang equivalia a sair do país. Durante um longo

período, as duas portas foram fronteiras para os chineses. O que estava fora era

um mundo incógnito. O exterior, significa longe, distância ilimitada e perigo infinito.

Em 126 a.C., Zhang Qian, que tinha ido para a Região Ocidental, voltou

finalmente a Chang’an onde ficava a capital da Dinastia Han, trazendo notícias e

conhecimentos. Foi a primeira vez que os chineses expandiram a visão para um

lugar longe do seu território. Quase ao mesmo tempo, o Imperador Wu da Dinastia

Han lançou uma série de guerras combatendo a Etnia Xiongnu, um dos ramos das

antigas pessoas nómadas da Ásia Central. O Registos do Historiador dava o

sucesso de uma dos principais batalhas. Avançou cem quilómetros para lutar com

os hunos na Montanha Qilian. No final capturaram mais de 30000 pessoas.56 O

triunfo permitiu ganhar um maior território e uma influência mais profunda e

duradoura.

O valor da Rota da Seda não se limita a estender a rota de transporte, mas

também a focar a atenção do mundo externo e a expandir as atividades culturais.

Pouco tempo depois, a corte continuaria os costumes de intercâmbio, atingindo o

pico na Dinastia Tang. A partir do momento em que se abre a porta para o mundo,

é impossível fechá-la por mais tempo.

                                                                                                               56 Em caracteres, “骠骑将军复与合骑侯数万骑出陇西、北地二千里,击匈奴。过居延攻祁

连山,得胡首虏三万余人,禆小王以下七十余人。”

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  43  

1.4 Outra Rota Comercial - “Antiga Rota do chá e de cavalos” (Chamagudao)

Chamagudao foi considerada como a outra rota comercial que ocupou o

mesmo lugar dentro da China que a Rota da Seda. Era uma rede de trilhos para o

sudoeste da China a fim de atender às necessidades de chá. As caravanas de

mulas caminharam e escalaram as montanhas da Província de Yunnan para

trocarem produtos ou negociarem com povos de diversos lugares ao longo da rota

até ao Tibete. Há cerca de mil anos, esta rota funcionou como única forma de

distribuir chá pelas regiões do sudoeste da China, onde não cultivam chá mas

utilizaram-no muito. Na viagem, os comerciantes e as mercadorias passavam três

províncias(Sichuan, Yunnan e Guizhou), atravessando quatro rios: Yangtzé, rom

Grong, Salween e Yarlung Tsangpo. Embora a viagem durasse muitos meses ou

anos, ajudava a ligar culturas e etnias.

Conforme registo histórico, esta antiga rota do chá

e de cavalos foi formada aproximadamente na

Dinastia Han Ocidental. A sua formação tinha uma

estreita ligação com o desenvolvimento e a

divulgação da cultura do chá chinês e com a

imensa procura de cavalos no exército. O

comércio, entre os dinâmicos centros culturais

cuja civilização estava bastante desenvolvida e

povos chineses do noroeste que começaram a

tentar um novo estilo de vida, estava em andamento. Esta rota comercial, formada

no século XI e continuada até aos anos de 1950, atravessava o Planalto do Tibete.

Desde então, as pessoas usam formas mais eficazes para transacionar produtos,

como o comboio e o avião.

O uso das folhas de chá para fazer uma bebida especial vem de regiões

montanhosas. O cultivo da planta começou em Sichuan e a primeira apreciação foi

registada na Dinastia Tang. No entanto, conta-se uma história do Imperador Yan

Imagem 10: Chamagudao Proveniência: http://www.yn.gov.cn/yn_yngk/yn_whzy/201201/t20120104_2774.html

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(do período “Três Augustos e os Cinco Imperadores”, até 2070 a.C) sobre a

descoberta do chá: o Imperador Yan adormeceu debaixo de uma planta de chá

com um pote de água fervente. Soprou o vento ameno, algumas folhas de chá

caíram no fundo da tigela. Depois, o Imperador levantou-se e bebeu, percebeu que

não era a mesma bebida mas achou-a deliciosa. Desde então, introduziu-a nos

hábitos. Esta história provém da obra o Shennong Bencaojing, que foi compilada

durante o Período dos Reinos Combatentes (476- 221 a.C.). Registou-se nesta

obra que “dissipa a sede, reduz o desejo de dormir e alegra e anima o coração”.

A temperatura suave é muito favorável para criar chá. Foi mantido o

método e a tradição do chá feito em pedaços pelos povos do sudoeste. Este tipo

de chá comprimido, conhecido por chá Puer57 , é transportado e preservado

facilmente. Facilitava o trabalho dos cavaleiros. Mas

antes do transporte pelos cavalos, eram as pessoas

que transportavam o chá. Imagem 11: Empregados em Chamagudao

Proveniência: https://zh.wikipedia.org/wiki/%E8%8C%B6%E9%A9%AC%E5%8F%

A4%E9%81%93 (consultado em 6/6/2017)

As pessoas que viviam nesta região eram nómadas e comiam apenas

carne, obtendo as vitaminas necessárias para sobreviverem. Devido à dureza do

ambiente e à falta de ingestão de vegetais, a nutrição era complementada sempre

com chá. Devido a isso, o chá ficou cada vez mais popular nas regiões nómadas

da Ásia. Além disso, outros artigos foram exportados para o Tibete, como

porcelana e seda. Desde o século XVIII, a procura dos cavalos reduziu-se

gradualmente e cresceram as importações de lã, ouro, prata e produtos medicinais.

É inevitável dizer que esta rota não foi uma linha direta mas foi uma rede complexa,

                                                                                                               57 Chá Puer, traduzido para o chinês é 普洱茶, um tipo de chá pós-fermentado. Foi criado na Província Yunnan, no sudoeste da China. Não parece os outros chá chinês. É envelhecido em compactos por muitos anos para lhe dar o sabor maduro e características melosas. Divide-se em dois tipos, chá em bruto e chá pós-fermentado, distinguidos pelo processo de criação.

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  45  

que ligava as vidas de povos destas regiões. Alguns vestígios históricos ao longo

da rota foram recomendados na lista de “7º Locais Históricos Nacionais e Objetos

Culturais sob Proteção do Estado da P.R.C” em 2013.

2. Rotas marítimas

2.1 Construção naval e conhecimentos da navegação

“O nosso conhecimento, antes das viagens de Vasco da Gama e de

Fernão de Magalhães, já englobava uma comunidade de convívio por mar e terra

nos principais centros da civilização antiga. Este tipo de comunicação nos

negócios, na cultura e na política foi considerado um processo de globalização da

versão clássica.”58 Os Descobrimentos e as Grandes Navegações eram uma

comunicação cultural e integração económica, promovendo o desenvolvimento

dos negócios. No contexto da globalização clássica, a China desempenhou um

papel vital que influenciou as civilizações dos centros euroasiáticos por meios

terrestres e marítimos. No século XX, um famoso perito em sinologia escreveu que

a Rota da Seda não se espalhou apenas por terra mas também por mar. Começou

no sudeste da China e atravessou o Oceano Índico até à costa oriental da África. 59A divulgação da civilização da Ásia Oriental por mar significa a existência de

navios aptos para essas tarefas.

Na antiguidade, na vida quotidiana, os homens procuraram a teoria da

impulsão. O Princípio de Arquimedes foi enunciado pela primeira vez pelo sábio

grego Arquimedes: “Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por

parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do

fluido deslocado pelo corpo.”. A mesma teoria foi resumida por outro grupo de

                                                                                                               58 ANTHONY G. HOPKINS, “The history of globalization–and the globalization of history.” Globalization in world history, P11-46, 2002. 59   ÉDOUARD CHAVANNES, Documents sur les Tou-kiue (Turcs) occidentaux. Paris, Librairie d’Amérique et d’Orient., 1903.

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pessoas do Oriente. As madeiras cavas podem aguentar mais pesos quando

estão na água. Por causa deste conceito, os iniciais instrumentos flutuantes

construídos são jangadas ou canoas tradicionais de madeira.

No início, as pessoas utilizaram simultaneamente madeiras ou bambus

para fazer simples jangadas, que substituíram tábua de madeira, a fim de

aumentar a impulsão e a estabilidade. No fim da Era Neolítica, foram instaladas

tábuas ao redor de jangadas para construir barcos de forma embrionária: o corpo

era cavado pouco profundamente e cabeças dos dois lados ficavam muito afiadas.

Daqui se formou o modelo do barco de tábua, que evoluiu de balsa para

transportar pessoas ou animais.

A civilização Hemudu, neolítica, prosperou há mais de 7000 anos. É

conhecida como Civilização Hemudu porque foi encontrada em Hemudu, na

Província Zhejiang, em 1973. Descobriram uma grande quantidade de arroz

cultivado, construção civil em madeira e seis remos de jangadas no mesmo local.

De entre as relíquias descobertas, utensílios em forma de barco demostram

também a existência, imensa influência e valor do uso do barco naquela época.

Além da utilização geral de barcos na zona litoral, desde muito cedo, as

técnicas de navegação consideravelmente desenvolvidas aumentaram a

performance, a segurança e o conforto. No início da Dinastia Qin (221–206 a.C.),

que é um período em que o estado separado se unificou, os povos já dominavam o

uso de barcos como novos transportes para assegurarem a ligação entre estados.

Na primeira fase, Primaveras e Outonos (770–476 a.C.), da Dinastia Zhou Oriental,

as tecnologias da construção naval atingiu um nível bastante elevado que permitiu

construir uma frota. Quando chegou a Dinastia Han (202 a.C.–220 d.C.), a ciência

de construir barcos e navios em grande escala estava bastante amadurecida e

completa. O Imperador Wu da Dinastia Han juntou-se aos soldados formando uma

enorme frota de marinheiros para defender outras marinhas no litoral sudeste. No

início das Dinastias Tang e Song, Guangzhou, conhecida como Cantão,

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  47  

desempenhava um papel importante como porto de partida e centro da distribuição

e realização dos negócios.

A partir da desintegração da Dinastia Han Oriental no fim do século II, até

à reunificação chinesa da Dinastia Yuan (25-1279), os caminhos terrestres

permaneceram impedidos pela independência e divisões do estado. Então, a

China dependia fortemente dos caminhos marítimos que a ligavam aos vizinhos,

para que o transporte conseguisse funcionar bem. Neste período,a náutica teve

um grande progresso.

Náutica é o conjunto de tecnologias de navegação no mar. O nome está

ligado à palavra “nau” em desuso atualmente, cujo sinónimo é “navio”60. O termo

náutica não se refere apenas à arte de navegar, mas a todas as ciências de

conduzir em segurança uma embarcação aquática entre pontos determinados. De

entre elas, as técnicas de guiar têm maior importância.

Na Dinastia Tang (618-907 d.C.) e Song (960-1279 d.C.), as técnicas de

guiar ocuparam uma posição privilegiada no mundo. Além de medidas tradicionais

para navegar em segurança, tais como posicionamento geográfico [地文定位],

observação astronómica de estrelas [天文测星] e manipulação de navios [船舶操

纵], continuavam a desenvolver constantemente o mapeamento astronómico [天文

定位] e a navegação com bússola magnética [磁罗盘导航], que se tornaram

símbolos de adiantamento da técnica da navegação. O método, posicionamento

geográfico, usa teodolito ou sextante a medir um lugar designado para obter um

ângulo, avaliando o lugar do barco com um ângulo determinado num lugar na

costa. A medição foi colocada num lugar calculado antecipadamente, mas obteria

o exato resultado.

O uso do mapeamento astronómico e da bússola magnética tornou a

navegação chinesa desenvolvida num longo período, de forma estável. Eram

conhecidos como as bases materiais mais importantes que ajudaram a China a

                                                                                                               60 “nau”, Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 13 de Junho de 2017.

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desenvolver a atividade marítima. Mediam o rumo pela bússola e avaliavam a

latitude mediante a observação de estrelas, que se juntavam para determinar a

posição da embarcação no mar. Portanto, o surgimento da orientação astronómica

foi anterior à utilização da bússola. A essência da orientação astronómica é

observar a altitude do sol e da lua e medir a altitude de estrelas, a fim de que se

determine a direção e a latitude da embarcação. Contudo, este método é

influenciado profundamente pelo tempo. Quando está nublado é impossível

observar o céu e a mudança dos elementos necessários. Por consequência, a

bússola foi uma das grandes invenções na história da navegação mundial.

A bússola baseia-se nas propriedades magnéticas do campo magnético

terrestre e dos materiais ferromagnéticos. A palavra vem da Itália, bussola, que

significa “pequena caixa” de madeira de buxo. É um instrumento inventado pelos

chineses, sendo equipado para ser usado nas navegações. Normalmente, as

bússolas são compostas por uma agulha magnetizada colocada num plano

horizontal, que substituiu o modelo inicial: uma colher feita de pedra magnética

natural colocada num prato com direções, a ser a bússola contemporânea.

Imagem 12: Modelo original do bússola

Proveniência:  

https://kknews.cc/culture/omj24q.html

(consultado em 8/6/2017)

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  49  

2.2 História do Zheng He e das viagens do tesouro

As viagens do tesouro do explorador Zheng He aconteceram no início da

Dinastia Ming (1368-1644 d.C.) 61 , que é considerada uma das eras mais

importantes na história da navegação chinesa. Através de uma série de viagens,

os feitos magníficos deixaram marcas e importância no progresso de navegação

chinesa. A intenção verdadeira da corte Ming foi de trabalhar bastante para

recuperar o poder da realeza. Ao mesmo tempo lançou o regulamento sobre a

proibição de negócios marítimos. Esta lei afetou gravemente uma boa ecologia do

comércio livre estabelecida no oceano Índico, de forma não-governamental. A

escassez de porcelanas nos reinados Yongle e Xuande da Dinastia Ming62,

durante o período dos Descobrimentos mostra declínio das trocas mercantis

marítimas naquela época.

Zheng He (1371-1433) foi um explorador chinês do século XV, ordenado

pelo imperador Yongle, o terceiro imperador da Dinastia Ming, para realizar as

viagens marítimas para o Oceano Atlântico. A sua missão foi viajar para os países

e zonas vizinhas no Oceano Índico e Atlântico Ocidental, consolidando e

aprofundando relações entre a corte imperial Ming e o Sudeste Asiático, bem

como a África Oriental. No total, foram 7 viagens registadas, e chegadas a mais de

30 países e zonas: Java, Sumatra, Arquipélago de Sulu, Malaca, Pahang,

Camboja, Calecute, Tailândia, Bengala, Áden, Meca, Omã, Estreito de Ormuz,

Mogadíscio, Índia, Mar Vermelho, Moçambique e Austrália, talvez. A soma total é

de mais de 70 mil quilómetros, o que é aproximadamente três vezes a

                                                                                                               61 Fonte: https://www.khanacademy.org/partner-content/big-history-project/expansion-interconnection/exploration-interconnection/a/zheng-he 62 Reinados da Dinastia Ming: Hongwu洪武(1368-1398), Jianwen建文(1398-1402), Yongle永乐

(1402-1424), Hongxi洪熙 (1424-1425), Xuande宣德 (1425-1435), Zhengtong正统 (1435-1449), Jingtai景泰 (1449-1457), Tianshun天顺 (1457-1464), Chenghua成化 (1464-1487), Hongzhi弘治

(1487-1505), Zhengde正德(1505-1521), Jiajing嘉靖(1521-1567), Longqing隆庆 (1567-1573), Wanli万历(1573-1620), Taichang泰昌1620, Tianqi天启(1620-1627), Chongzhen崇祯 1627-1644

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circunferência da Terra. São raramente registadas na história estas grandes

viagens, realizadas quase um século antes de Colombo ter descoberto o “Novo

Mundo” - Continente da América. Foi uma iniciativa histórica nas navegações

marítimas.

Detalhes das sete viagens (DENG, 1587):

Viagem Anos Regiões e Países Visitados63

1ª Viagem 1405–1407

Champa, Java, Palembang, Malaca,

Aru, Samudera, Lambri, Ceilão, Kollam, Cochin, Calecute

2ª Viagem 1407–1409 Champa, Java, Siam, Kochi, Ceilão

3ª Viagem 1409–1411

Champa, Java, Malaca, Sumatra,

Ceilão, Quilon, Kochi, Calecute, Sião,

Lambri, Kayal, Coimbatore,

Puttanpur

4ª Viagem 1413–1415

Champa, Java, Palembang, Malacca,

Sumatra, Ceilão, Cochin, Calicut,

Kayal, Pahang, Kelantan, Aru,

Lambri, Ormuz, Maldivas, Mogadíscio, Barawa, Melinde, Áden,

Mascate, Dhofar

5ª Viagem 1416–1419

Champa, Pahang, Java, Malaca,

Samudera, Lambri, Ceilão,

Sharwayn, Kochi, Calecute, Ormuz, Maldivas, Mogadíscio, Barawa,

Malindi, Áden

6ª Viagem 1421–1422 Ormuz, Este de África, outros países

da Arábia

7ª Viagem 1430–1433 Champa, Java, Palembang, Malaca, Sumatra, Ceilão, Calecute,

Fengtu(18 países no total)

Zheng He foi chamado Ma Wenbin, nascido em 1371, da Etnia Menor Hui.

Depois da morte do seu pai em 1381, ele foi tornado cativo e castrado,                                                                                                                63 Maritime Silk Road, 五洲传播出版社, ISBN 7-5085-0932-3  

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convertendo-se num eunuco. Foi-lhe dado o nome de San Bao na corte imperial

Ming, que significa “Três Joias”. Logo depois, adquiriu a confiança do Imperador

Yongle, e recebeu as ordens para as viagens. A viagem começou durante o

reinado Yongle, e os primeiros destinos foram Tailândia e Japão. A frota era

composta por mais de 240 navios e a tripulação de 27 mil pessoas. Na intervenção

da política estrangeira, com influência de longo prazo, a coisa mais importante foi

controlar o Estreito de Malaca, considerado uma estrada marítima de negócios.

De certo modo, o grande sucesso e o bom resultado das viagens do

tesouro deveram-se à tecnologia avançada e ao espírito de aventura. Noutras

palavras, esta Rota Marítima facilitou o intercâmbio entre Ocidente e Oriente no

século XV. Até ao fim da Dinastia Ming e ao início da Dinastia Qing, o comércio

marítimo foi limitado até ao porto sudeste da China e ao Porto Nagasaki no Norte

do Japão. Por causa do isolacionismo, considerado uma prática oficial de um

estado ou nação em fechar-se para a economia e a política, o Japão fechou-se

durante cerca de 200 anos. Em 1633, o Xogunato Tokugawa64 lançou a proibição

Sakoku que ordenava que o país não podia negociar com os países ocidentais

além da Holanda. O Estado continuou este sistema político sob a governação dos

xogunatos, até à forçada abertura dos portos nacionais em 1854 e à Restauração

Meiji, em 1868. Depois da queda de Xogunato Tokugawa, o Imperador Meiji

propôs uma série de mudanças nas áreas da educação, economia, religião,

regime nacional, entre outros. A restauração transformou o Império do Japão,

ficando no primeiro lugar asiático com um sistema novo, marcando uma mudança

histórica do Período Edo para o Período Meiji. Ao mesmo tempo, o Império Qing

sofreu as Guerras do Ópio (1ª: 1840-1842, 2ª: 1856-1860) que levaram a uma

abertura forçada dos portos para o comércio .

Embora Zheng He tivesse morrido no regresso da última viagem, as sete

                                                                                                               64 O Xogunato Tokugawa, conhecido como Tokugawa bakufu, foi uma ditadura feudal estabelecida no Japão em 1603 por Tokugawa Ieyasu e governada pelos xoguns da família Tokugawa até 1868.

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  52  

viagens alcançaram grande importância na história da navegação, especialmente

em controlar o Mar da China Meridional. Este feito extraordinário promovia a

navegação chinesa, sendo considerado o pioneiro das navegações. Com o intuito

de fazer propaganda do poder nacional, estimulou a expansão de negócios

internacionais, conduzindo o intercâmbio e o desenvolvimento económicos entre

países estrangeiros e a China.

2.3 Comunicações

Nas viagens, Zheng He e a sua equipa impulsionavam negócios bilaterais

que permitiram o desenvolvimento da economia. Usa-se seda, porcelana, chá,

objetos laqueados, almíscar, metais e os livros em troca de especiarias, produtos

medicinais, plantas e animais, jóias e algumas matérias primas.

A civilização chinesa, como ciência, regime e regulamento, educação e

etiqueta, religião e arte, era levada para o exterior. As aptidões essenciais na área

da arquitetura, da pintura, do vestuário e da medicina entraram nos países

afro-asiáticos. Os povos aprendiam a perfuração de poços, a construção de

estradas, técnicas de pesca, o cultivo agrícola e outros conhecimentos, realizando

a troca de grande variedade de produtos.

Durante milhares de anos, as rotas comerciais estenderam-se do vasto

continente da Ásia à Europa. Através dos caminhos, transportavam produtos de

luxo do Oriente para trocar bens ocidentais. Este comércio dava enormes lucros.

Portanto, a Rota da Seda não foi apenas uma nota comercial, mas também

funcionou como um importante canal para a migração da cultura. No mercado,

pessoas de diferentes nacionalidades encontravam-se para trocar ideias e

crenças.

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  53  

III.

Rotas do Ocidente ao Oriente

1. Rotas terrestres

Os conhecimentos sobre a Ásia vieram de relatos ou das lendas,

focando-se nos tempos das explorações de Alexandre o Grande. O Império Persa

foi governado por dinastias sucessivas que controlavam o planalto iraniano e os

territórios adjacentes. Para controlar o território, o império estabeleceu uma

completa rede rodoviária. O melhoramento desta rede facilitava o transporte entre

o Mediterrâneo e a Ásia Central, criando as condições para a original Rota da

Seda. Os persas estabeleceram fortificações em pontos cruciais, onde se

desenvolvia o comércio. A influência internacional da civilização persa era

aumentada pelas expedições, que resultou numa continuação do seu sistema

político e numa herança da sua cultura material ou intangível nacional.

Por causa das expedições dos macedónios para Oriente, várias etnias

vieram com uma civilização bem desenvolvida para o Este, especialmente na

escultura influenciada pelo budismo. Sob a influência grega, este estilo misturado

passou a ser uma nova forma, a Arte Greco-budista65. Foram eventos históricos na

comunicação Leste-Oeste. Os vencedores gregos trouxeram informações para os

descendentes conhecerem mais do Oriente. Para o mesmo efeito, o viajante

italiano do século XIII, Marco Polo, escreveu as aventuras na China.

Ele viajou com seu pai e tio, famosos

mercadores, para o Extremo Oriente, publicando o Livro

                                                                                                               65 A arte greco-budista é uma manifestação artística do Greco-budismo, um sincretismo cultural entre a cultura grega clássica e o Budismo, que se desenvolveu por um período de quase 1000 anos na Ásia Central, entre as conquistas de Alexandre o Grande no século IV a.C. e as conquistas islâmicas do século VII. A arte greco-budista é caracterizada pelo forte realismo da arte Helenística e as primeiras representações de Buda em forma humana. É também um forte exemplo de sincretismo cultural entre tradições ocidentais e orientais.

 

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  54  

As viagens do Marco Polo depois de voltar a Veneza. Mas foi detido numa guerra

naval na viagem de regresso. Este trabalho foi traduzido em muitas línguas. o que

proporcionou aos europeus um primeiro conhecmento da Ásia Central e da China.

O autor passou muitas cidades chinesas, encontrou uma grande diversidade de

coisas estranhas que registou no seu trabalho. Os europeus questionaram a

validade do conteúdo. Durante o século XIII, os mongóis invadiram o Oeste,

provocando uma série das guerras entre a Mongólia e Europa oriental e causou o

pânico na Europa Ocidental.

Imagem 13: Retrato de Marco Polo Proveniência: https://en.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo#/media/File:Marco_Polo_-_costume_tartare.jpg (Consultado em 8/6/2017)

2. Era dos descobrimentos

Do século VII ao século XV, a república de Veneza e os países vizinhos

queriam obter o monopólio do comércio euro-asiático. Por rotas terrestres, os

produtos preciosos asiáticos eram transportados do Extremo Oriente até ao

Mediterrâneo, e eram distribuídos pela Europa. Com o objetivo de obter um lugar

comercial nos negócios entre a Europa e a Ásia, a Portugal começou a preparar

explorações marítimas.66

“Os portugueses ousaram desafiar o Grande Oceano.”

Pedro Nunes (Século XVI)                                                                                                                66   JORGE AZEVEDO & MARIA ALEXANDRA MASCARENHAS & ANA MASCARENHAS, “História da sericultura em Portugal. Desde o início do século VIII até ao final do século XVIII.”, 2015.

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  55  

No século XIV, a Europa sofreu fomes, pestes e guerras, vivendo-se

tempos conturbados. No entanto, devido aos descobrimentos durante século XV,

Portugal, Espanha e outros países europeus entraram num período de

recuperação, especialmente na economia. A intensificação das trocas comerciais

consolidou o desenvolvimento social, mas provocando a necessidade de

expansão para obter prosperidade. Acrescia o imenso interesse em aceder ao

lucrativo comércio das especiarias, das sedas e das porcelanas, provenientes do

Oriente realizado pelos comerciantes muçulmanos. Neste contexto, a Europa

começou a alargar o poder de influência para satisfazer estas necessitas, através

de uma série de descobertas por rotas terrestres e marítimas.

i) A conquista de Ceuta e o Período Henriquino

O impulsionador das viagens de descobrimentos foi o Infante D.

Henrique, Duque de Viseu, uma figura fundamental na Conquista de Ceuta, cujo

sucesso deu início aos descobrimentos para resolver a falta de cereais e de ouro.

A Conquista de Ceuta ocorreu em 1415. A localização estratégica, entre o mar

Mediterrâneo e o oceano Atlântico, fazia de Ceuta um ativo centro de distribuição

comercial. A conquista da cidade fez-se com facilidade. Todavia, os resultados

revelaram uma deficiência: as rotas comerciais foram desviadas da cidade (que

estava constantemente em estado de guerra, gerando despesas militares e

económicas); os campos foram abandonados e a cidade sofreu de falta de

alimentos. Podemos encontrar a perspectiva original de Ceuta por episódios da

obra Descrição de África:

Ceuta era uma cidade grandíssima... Tornara-se a mais bela e a mais habitada cidade de Marrocos...

De fora e de dentro da cidade, vê-se a Hispânia, que está muito

próxima, do outro lado do estreito.67

                                                                                                               67 AFRICANO Leão, Descrição de África.

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  56  

Entre 1415 e 1460, o Infante D. Henrique assumiu a coordenação da

Expansão portuguesa que se divide em duas vertentes: a colonização dos

arquipélagos atlânticos e a exploração da costa ocidental africana. Durante o

período henriquino, desde 1415 a 1460, houve quatro reis: D. João I (1385-1433),

D. Duarte (1433-1438), Regência de D. Pedro (1438-1449) e D. Afonso V

(1449-1481). A ação do Infante D. Henrique obteve os bons resultados:

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Imagens 14 e 1568: Eixos temporais(1415-1495)

                                                                                                               68 MAIA Cristina& RIBEIRO Cláudia Pinto& ISABEL Afonso, Novo Viva a História, Domínio 5, 1ª edição, 2015, ISBN: 978-972-0-85154-3

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Durante o reinado de D. Afonso V, privilegiou-se uma política de

conquistas no Norte de África, indo ao encontro dos interesses da nobreza; D.

João II tinha a grande ambição de chegar à Índia.69 Através do controlo exclusivo

da exploração e comércio da costa ocidental africana, os portugueses alcançaram

esse lugar.

ii) Cristóvão Colombo e viagens para o continente americano

Com as ordens dos Reis Católicos de Espanha, o navegador italiano

Cristóvão Colombo, também atraído pelo espírito mágico do Oriente, liderou uma

frota para atingir a Índia mas de facto chegou às ilhas americanas.70 As viagens

de Cristóvão Colombo abriram o caminho da colonização. Noutras palavras, estas

expedições trouxeram desenvolvimento e mudanças para impulsionar o comércio

num aspeto especial: os escravos.

iii) Vasco da Gama e viagens para a Índia

De origem nobre, Vasco da Gama foi nomeado comandante por D.

Manuel I. Concluiu a missão de descobrir o caminho marítimo para a Índia em

1498. D. João II morreu em 1495, sem ver o seu grande desejo concretizado.

Naquele momento, os portugueses possuíam experiência e informações sobre os

ventos e correntes do oceano Atlântico. Portanto, dispunham de informações

acerca das condições de navegabilidade do Oceano Índico e do comércio das

especiarias.71 Foi no reinado de D. Manuel I que Vasco da Gama partiu de Lisboa

em 1497 em direção à Índia. Alcançou o destino no ano seguinte, inaugurando

com sucesso uma rota comercial que ligava por mar a Europa à Ásia.

                                                                                                               69 Idem.  70   LUCE BOLNOIS, “A Rota da Seda.” Lisboa: Editora Europa-América, 1999. 71   MARCOS VINÍCIUS DA SILVA DANTAS FERNANDES, “A Rota da Seda, o Colar de Pérolas e a competição pelo Índico (Parte 1/3)/Daniel Day Vázquez.” Revista de Geopolítica 4.2 (2013)  

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iv) Pedro Álvares Cabral e a descoberta do Brasil

Com o intuito de afirmar a presença portuguesa na Índia, D. Manuel I

nomeou Pedro Álvares Cabral, o capitão da grande armada em 1500.72 Por razão

especial, a armada desviou-se da rota indicada por Vasco da Gama para sudoeste,

e nesta situação descobriu o Brasil.

v) Chegada à Ásia

Em 1514, o primeiro navio português velejou no Porto de Cantão, sendo

a primeira vez que os europeus chegaram à China depois da Era do Marco Polo.

Três décadas depois, os navios militares chegaram ao Japão. Foi a primeira vez

que os japoneses viram o povo da Europa. Ambos os lados estabeleceram

relações diplomáticas logo em seguida.

Quando chegaram ao Oriente, os portugueses encontraram cidades com

uma quantidade de povos civilizados e com conhecimentos técnicos mais

evoluídos do que os europeus. Então os portugueses construíram um império

comercial e fixaram-se em pontos estratégicos para facilitarem os negócios. Os

produtos de luxo – especiarias, sedas e porcelanas – eram trazidos para a Europa

pela rota do Cabo, na carreira da Índia. Em troca, as tropas portuguesas levavam

metais, perfumes e outros produtos europeus.

Portugal estava numa posição dominante com os bens adquiridos do

Oriente, como temperos, chá e porcelana, tornando-se um dos países mais ricos

do mundo. Os portugueses foram os primeiros aceitarem a porcelana e a

usarem-na na vida quotidiana. Mais tarde, os portugueses desenvolveram a

decoração sofisticada, técnica de azulejos. Hoje em dia, uma grande exposição de

azulejo pode ser encontrada na estação de comboio do Porto, sendo uma obra

notável. Além disso, Portugal tornou-se um entreposto do comércio para satisfazer

imensa demanda dos europeus.

                                                                                                               72   LUCE BOLNOIS, “A Rota da Seda.” Lisboa: Editora Europa-América, 1999.  

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Imagem 16: Parede de azulejo na Estação São Bento do Porto Proveniência: https://br.pinterest.com/pin/122793527317283533/ (Consultado em 15/11/2017)

No séc. XVII, as técnicas policromáticas desenvolvidas na Espanha e

Holanda foram introduzidas em Portugal: o azulejo pintado em tons de azul e

branco, ficou uma tendência predominante.

vi) Multiculturalidade

O encontro de culturas decorrente das expansões europeias deu um

significado diferente às relações entre os povos que se deixaram influenciar

mutualmente. A ação exercida pelos europeus é visível principalmente no domínio

religioso, com a cristianização através da missionação. Apesar de não obter um

grande sucesso, conheceu um impulso durante aquele período. Embora a

introdução da cultura europeia nos séculos XV e XVI tenha enfrentado muitas

dificuldades nas sociedades orientais, efetuou uma mistura de civilizações e

portanto uma forma de multiculturalidade.

Os padres António Vieira e Manuel da Nóbrega foram missionários que

tiveram uma ação notável tanto do ponto de vista cultural como religioso. Com

uma mistura cultural, os países dos dois lados do mundo começaram a negociar

uns com os outros. Aconteceu o comércio à escala mundial depois dos

Descobrimentos no século XVI.

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  61  

IV.

Uma iniciativa “Uma Faixa e Uma Rota” da China

Há mais de dois mil anos, os trabalhadores e povos no continente

euroasiático exploraram várias rotas de comércio e intercâmbio cultural que

ligavam as grandes civilizações asiáticas, europeias e africanas. Posteriormente,

foi instalada a Rota da Seda. Durante milénios, o espírito da Rota da Seda

consistiu em “paz e cooperação, abertura e tolerância”, , impulsando o progresso

da civilização humana, constituindo uma importante ligação entre oriente e

ocidente. No presente, o desenvolvimento para reforçar o espírito da

Rota-da-Seda torna-se cada vez mais importante e precioso. O papel do comércio

neste sentido fica a ser mais importante do que sempre foi. A escala global está

responsável pelo desenvolvimento cultural no aspeto internacional.

1. Breve introdução de “YiDaiYiLu”73

Em Setembro e Outubro de 2013, o Presidente da China Xi Jinping,

durante a sua visita a países da Ásia Central e Sudeste da Ásia, formula

sucessivamente importantes propostas para a construção conjunta da “Faixa

Económica e a ligação da Rota-de-Seda” e “Rota-da-Seda Marítima do século

XXI”, abreviado como “Uma Faixa e Uma Rota”, suscitando uma alta atenção na

comunicação internacional. A aceleração da construção de “Uma Faixa e Uma

Rota” pretende fomentar a prosperidade dos diversos países ao longo das rotas, a

cooperação económica regional e o intercâmbio das distintas civilizações,

promovendo o desenvolvimento pacífico do mundo.

                                                                                                               73 “Perspectivas e ações para promover a construção de uma Faixa Económica ao longo da Original Rota da Seda e uma Nova Rota da Seda Marítima no Século XXI”, lançada em Março de 2015 em conjunto pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Ministério de Relações Exteriores e Ministério do Comércio da República da China.

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  62  

I. Fundo histórico

A construção conjunta de “Uma Faixa e Uma Rota” adapta-se à

multipolarização do mundo, à globalização económica, à diversificação cultural e à

informatização social. Informatização é o efeito de informatizar, informatização

social significa-se cada país pode aplicar os métodos e os recursos da informática

a um facto ou um problema.

“Uma Faixa e Uma Rota” atravessa os continentes asiático, europeu e

africano: num extremo é o ativo círculo económico da Ásia Oriental, noutro

extremo, é a avançada área desenvolvida da economia europeia.

A construção conjunta de “Uma Faixa e Uma Rota” pretende

interconectar e intercomunicar os continentes asiático, europeu e africano,

reforçando as relações entre os países localizados nessas rotas. O projeto

promove a conexão e junta as estratégias do desenvolvimento dos países

correspondentes, explorando a potência do mercado dentro das regiões,

estimulando o investimento e o consumo e criando mais oportunidade de

emprego.

II. Grandes realizações

• Foram assinados 16 acordos de facilitação bilateral de transportes com 15

países: o número de países que têm voo direito para a China atinge 43, o

maior benefício é poupar tempo para os comerciantes e os turistas.

• Alguns notáveis projetos ferroviários obtiveram progresso, como o caminho de

ferro entre o Laos e a China, entre a Hungria e Sérvia, entre a Rússia e a

China e entre cidades da Indonésia.

• O Corredor econômico sino-paquistanês, conjunto de uma série de projetos

de grande escala. Este projeto abre uma rota de negócios na zona interior do

Oeste da China, a qual reduz a duração das viagens

• Foram assinados documentos de colaboração com o Cazaquistão, a Etiópia e

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  63  

mais 25 países, para reforçar a cooperação e investimentos e alargar

produtividade internacional. Hoje em dia, vários países têm demandas

necessidades de infraestrutura para promover a industrialização.

Imagem: Reservatório Moragahakanda Proveniência: http://newsfirst.lk/english/2016/07/moragahakanda-reservoir/142090 (Consultado em 15/11/2017)

• Estabelecimento da Ponte Padma no Rio Ganges do Bangladesh: Com um

comprimento total de 6150 metros e uma largura de 18,1 metros, esta ponte

foi construída para facilitar o transporte dos locais. Não usam mais barcos

mas atravessarem acima do Rio, na ponte.

• Instauração da Usina Hidrelétrica Karot, no Paquistão: A construção começou

em 2016 e acabará em 2021.

A colaboração não apenas existe nestes projetos. Esta “Faixa e Rota”

pode ser um caminho de respeito mútuo com confiança recíproca.

2. Passado, Presente e Futuro

No início do século XXI, o mundo está cada vez mais aberto em diversos

aspetos.74 Contudo, num mundo com muitas incertezas e mudanças, as pessoas

                                                                                                               74   CUI LIPING, Promover a Retransmissão de cultura chinesa em continente europeu e asiático com base em “Uma Faixa e Uma Rota”[J], Universidade de Notícia, 2014, 5:013.

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  64  

olham o passado como o meio de compreender e retirar as lições de fracasso,

marchando sempre à frente num sentido de continuidade e de identidade.

Para construir um mercado mundial, a China concentra-se na construção

de infraestruturas (parques industriais, portos, comboios e auto-estradas) para

estabelecer ligação com outros países. Durante este período, a China pôs 100,000

milhões de yuan (13,000 milhões de euros) em prática para financiar projetos de

infraestruturas e investir 60,000 milhões de yuan (8,700 milhões de euros) em

países em desenvolvimento e em organizações internacionais que participem na

iniciativa.75 “Devemos construir uma plataforma aberta de cooperação e manter e

desenvolver uma economia mundial aberta” afirmou Xi, na abertura do fórum,

onde Portugal se fez representar pelo secretário de Estado da Internacionalização,

Jorge Costa Oliveira. Portugal tem mostrado igualmente interesse no projeto Nova

Rota da Seda, através do Porto de Sines e da Zona Franca da Madeira. “A antiga

rota da seda floresceu em tempos de paz, mas perdeu o seu vigor em tempos de

guerra. A iniciativa das ‘novas rotas da seda’ requer um ambiente pacífico e

estável”, realçou o líder chinês, insistindo que os “benefícios” “serão partilhado por

todos”.

Com o argumento de que “a história é a melhor professora”, o presidente

chinês conferiu os mesmos ideais a esta nova iniciativa, através da qual promove

um crescimento global que precisa de um novo motor. Face às críticas, Xi garantiu:

“A China não tem intenção de interferir nos assuntos domésticos e diplomáticos de

outros países”. Neste sentido, afirmou ainda que o projeto chinês visa

complementar as estratégias em negócios potenciais que vão beneficiar os dois

lados.

De forma geral, “os países ocidentais receiam a força centralizada do

gigante chinês, que se dispõe a controlar os cordelinhos do comércio mundial,                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                崔莉萍,基于“一路一带”推动中华文明在欧亚大陆的再传播[J]. 新闻大学,2014, 5: 013. 75 Fonte: http://expresso.sapo.pt/internacional/2017-05-14-Xi-Jiping-promete-124-mil-milhoes-na-nova-Rota-da-Seda

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  65  

embora apoiem a ideia Yidaiyilu.”76 Então, liderados pela Alemanha, exigem mais

transparência e garantias de participação e de proteção social e ambiental.

Esperamos que as performances sejam excelentes.

Até agora, esta iniciativa conquistou o apoio por parte de mais de uma

centena de países e organizações internacionais. Aconteceu o fórum em Pequim

nos dias 14 e 15 do Maio de 2017, e o próximo está marcado para 2019.

                                                                                                               76 Fonte: https://www.rtp.pt/noticias/economia/forum-sobre-a-nova-rota-da-seda-termina-em-pequim_n1001797

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  66  

Conclusão

Olhada no mapa, a Rota da Seda forma uma curva maravilhosa. Parece

uma faixa fluente a correr na castanha terra asiática e ligando a cultura oriental

(indiana, árabe e persa) e a cultura europeia. No entanto, também é um caminho

com muitas dificuldades. Antigamente, muitas regiões estavam vedadas ao

visitantes ou com acesso muito restringido a turistas. Os meios de transporte não

mudaram muito em algumas destas zonas, que ainda dependem dos camelos, das

carruagens de cavalo ou dos pés. Apesar disso, todos os países, cidades e

continentes se ligam à sua maneira.

Na minha opinião, não podemos contar a distância entre Europa e a

China apenas em quilómetros. Devido à coragem, constância e crença, os

chineses percorriam-na muitas vezes, levando o conhecimento da sua terra

incógnita à Europa. A informação foi recordada pelos historiadores. Uma das

consequências da Rota da Seda foi a comunicação e a integração cultural que

aconteceram simultaneamente no oriente e no ocidente, divulgando conhecimento

comum da Europa e da Ásia.

A nova iniciativa política “Uma Faixa e uma Rota” apresentada pelo atual

presidente chinês Xi Jinping, com vista a promover a comunicação entre o

Ocidente e o Oriente, está especialmente vocacionada para a construção de

infraestruturas e o desenvolvimento económico. Através do processo de

investigação sobre a Rota da Seda, a China encontrou um novo mundo. Durante

este período o mundo conhecerá China de novo.

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  67  

ANEXO I - Idades da pré-história Pré-História

史前时代

Idade da Pedra

石器时代

Paleolítico 旧石器时代

Mesolítico 中石器时代

Neolítico 新石器时代

Idade dos Metais

金属器时代

Idade do Cobre 红铜时代

Idade do Bronze 青铜器时

Idade do Ferro 铁器时代

ANEXO II - Cronologia das dinastias da China

História Antiga Três Augustos e os Cinco Imperadores 三皇五帝 Até 2070 a.C

Dinastia Xia 夏朝 2070-1600

a.C.

Dinastia Shang 商朝 1600-1046 a.C.

Dinastia Zhou

周朝

Zhou Ocidental

西周

1046-771 a.C.

Zhou Oriental

东周

Primaveras e Outonos 春秋 770 -476 a.C.

Reinos Combatentes 战国

(Qi,Chu,Yan,Han,Zhao,Wei)

476-221 a.C.

História Imperial Dinastia Qin 秦朝 221-207 a.C.

Dinastia Chu Ocidental 西楚 206-202 a.C.

Dinastia Han

汉朝

Han Ocidental 西汉 202 a.C.-8 d.C.

Dinastia Xin 新朝 8-23

Dinastia Xuanhan 宣汉 23-25

Han Oriental 东汉 25-220

Três Reinos

三国

Wei 魏 220-266

Shu 蜀 221-263

Wu 吴 222-280

Dinastia Jin77 Jin Ocidental 西晋 266-316

                                                                                                               77 Em caracter “晋”

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晋朝 Jin Oriental 东晋 317-420

Cinco Hunos e Dezasseis Reinos 五胡十六国 304-439

Dinastias do

Norte e do Sul

南北朝

Dinastia do Sul 南朝 420-589

Dinastia do Norte 北朝 439-581

Dinastia Sui 隋朝 581-618

Dinastia Tang 唐朝 618-907

Cinco Dinastias

e Dez Reinos

五代十国

Cinco Dinastias 五代 907-960

Dez Reinos 十国 891-979

Dinastia Liao 辽 916-1125

Dinastia Song

宋朝

Song do Norte 北宋 960-1127

Song do Sul 南宋 1127-1279

Dinastia Xia Ocidental 西夏 1038-1227

Dinastia Jin78金 1115-1234

Dinastia Yuan 元朝 1271-1368

Dinastia Ming 明朝 1368-1644

Dinastia Qing 清朝 1616-1912

História Moderna República da China 中华民国 1912-1949

República Popular da China 中华人民共和国 1949-presente

ANEXO III – Mapa Cronológico das Rotas da Seda

                                                                                                               78 Em caracter “金”

Data Europa Médio Oriente & Ásia Central

China & Extremo Oriente

3000 a.C. - 0

336-323 a.C. O Império de Alexandre Magno leva os conhecimentos e ensinamentos gregos para a Ásia. As influências asiáticas são introduzidas na

c. 500 a.C. O Budismo é fundado na Índia. 550-330 a.C. O Zoroastrismo é a religião oficial da Pérsia. A dinastia cai sob o domínio de Alexandre, trazendo influência

c. 3000 a.C. A seda começa a ser produzida na China. c. 139-114 a.C. Zhang Qian começa as aventuras para

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cultura europeia. c. 250 a.C. Inicia-se a expansão romana.

gregas à Ásia. 200s a.C. O Budismo começa a difundir-se para norte.

Oeste. c. 100 a.C. O Império Han expande-se na Ásia Central. Este facto permite que a Rota da Seda opere por toda a Ásia, ligando a China ao Ocidente.

1-500 d.C. 117 d.C. Império Romano encontra-se no auge da sua extensão: um importante mercado para os produtos orientais. 310-337 d.C. Reinado do imperador Constantino. O Cristianismo é adoptado como religião oficial romana.

c. 30 d.C. Morte de Jesus Cristo. Inicia-se a difusão do Cristianismo. c. 70-224 d.C. Os Sogdianos dedicam-se ao comércio ao longo da Rota da Seda. c. 200 d.C. A seda é tecida por toda a Ásia, mas utilizando o entrelaçamento chinês. c. 224 d.C. Os Sassânidas apoderam-se do poder dos Partos. Sob o seu domínio, assiste-se a avanços na produção de bens de comércio. c. 276 d.C. O Maniqueísmo difunde-se pela Ásia e pela Europa, mas morrendo por volta do Século XIV. c. 400 d.C. Criação de bichos-da-seda na Ásia Central.

c. 100 d.C. O Budismo chega à China. 300s d.C. Os segredos da sericultura começam a espalhar-se para ocidente, ao longo da Rota da Seda. 400s d.C. Técnicas de produção de vidro são introduzidas na China pelos Sogdianos e a escrita chinesa é introduzida no Japão.

501-1000 d.C.

c. 552 d.C. Criação de bichos-da-seda na Europa. 610 d.C. Continuação do Império Romano,

500s d.C. Os Turcos estabelecem o seu império por todo o Norte da Ásia, tomando territórios sogdianos. Os

552 d.C. O Budismo é introduzido no Japão. 618-907 d.C. O

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como Império Bizantino. 711 d.C. Conquista de Espanha pelos Árabes, o que levará à introdução na Europa de muita tecnologia e ciência orientais.

Sogdianos continuam a fazer comércio. 622 d.C. É fundada a religião islâmica. 632 d.C. Inicia-se a expansão árabe muçulmana. 751 d.C. Os Árabes capturam fabricantes de papel chineses.

Budismo floresce e a China abre-se a influência culturais estrangeiras. (Dinastia Tang) 800 d.C. É feita na China a primeira porcelana. É inventada a pólvora. c. 850 d.C. A bússola começa a ser utilizada pelos chineses na navegação.

1001-1400 d.C.

1001 d.C. Início da Idade Média. 1096-1291 d.C. Período das Cruzadas. Troca de tecnologia entre a Europa e o Médio Oriente. 1100 d.C. É estabelecida em Itália a produção e a tecelagem de seda. c. 1200 d.C. A bússola é utilizado pelos Europeus. 1265 d.C. A pólvora é conhecida na Europa. 1271 d.C. Marco Polo viaja para o Oriente.

c. 1200 d.C. Os navegadores árabes e persas utilizam o bússola de navegação. 1260-1368 d.C. A Rota da Seda prospera.

1196 d.C. Começa a expansão do Império Mongol. 1368 d.C. A dinastia Yuan é derrubada pela dinastia Ming. As influências estrangeiras são desencorajadas na China

1401-1750 d.C.

c. 1401 d.C. Inicia-se o período do Renascimento. 1497-1499 d.C. Vasco da Gama navega, de Portugal até à Índia, por África. 1492 d.C. Cristóvão

1405 d.C. A Rota da Seda deixa de operar internacionalmente. 1500 d.C. Declínio das rotas comerciais que ligam o Oceano Índico ao Mediterrâneo 1594 d.C. Início do

1405-1433 d.C. Os chineses dirigidos pelo comandante Zheng He exploram a Rota das Especiarias até África. c. 1450 d.C. Os

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Colombo chega à América. c. 1600 d.C. Os Holandeses e os Ingleses começam a comerciar diretamente com Índia e outras zonas mais a oriente. c. 1750 d.C. Inicia-se a Revolução Industrial.

comércio inglês com a Índia.

chineses adoptam uma política isolacionista de negócios estrangeiros. O comércio é desencorajado. 1511 d.C. Os portugueses tomam o porto de Malaca, na Rota das Especiarias. 1570-1637 d.C. Japão aberto a comerciantes estrangeiros, mas fechado novamente até 1853. 1596 d.C. Os holandeses chegam às Índias Orientais. 1644-1912 d.C. A Dinastia Qing governa na China. É limitado o comércio exterior até 1842.

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ISENBERG A.C., “Seas of grass: Grasslands in world environmental history”, in A.C. Isenberg (ed.), The Oxford Handbook of Environmental History, Oxford: Oxford University Press, 2014 JEAN-PIERRE DRÈGE, Marco Polo e a Rota da Seda. Editora Objetiva, 1992. JOÃO ARTHUR DA SILVA REIS. "ASEAN Way: Conteúdo Ético da Integração Asiática.", 2012.

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PLINIUS. C. & AJASSON DE GRANDSAGNE, “Histoire naturelle de Pline.” Bibliotheque Latine-Francaise/publiee par CLF Panckoucke Show all parts in this series, 1829.

STRUAN REIDE, “Invenções e comércios” e “Culturas e civilizações”, em Rota da seda e de especiarias, STAMPA/UNESCO Press, 1993/94.

XUAN ZANG & BIAN JI, Relatório da viagem ao ocidente na Dinastia Tang, Dinastia Tang

YUAN YANG e MING PING, “Ascensão e queda dos impérios – História de Guerra da China Antiga”, 1ª edição, 2005, ISBN: 972-618-372-3.

Sempre indo ao oeste da China – China descobre o mundo, 1ª revista sobre Rota da Se Bombyx mori da de série anual, Editora da Livraria Sanlian, ISBN: 9771005360000(24), 15/06/2015. 丝绸之路年度系列 1,中国发现世界之向西不断向西, 《三联生活周刊》,三联书店编辑出版,ISBN:9771005360000(24),15/ 06/2015。

Rota da seda Marítima dos chineses na época clássica da globalização, 2ª revista sobre Rota da Seda de série anual, Editora da Livraria Sanlian, ISBN: 9771005360000(30), 27/07/2015. 丝绸之路年度系列 2,古典全球化时代之中国人的海上之路,《三联生活周刊》,三联书店编辑出版, ISBN:9771005360000(30),27/07/2015。

Encontro de civilizações – Lendas de tecidos numa influência de cultura pluralística, 3ª revista sobre Rota da Seda de série anual, Editora da Livraria Sanlian, ISBN: 9771005360000(39), 28/09/2015. 织与造的传奇之中西风物:文明的交融,丝绸之路年度系列 3,《三联生活周刊》,三联书店编辑出版,ISBN:9771005360000(39),28/09/2015。

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Webgrafia: 1.Texto integral de Registros do Historiador do Sima Qian, na versão chinesa: http://www.guoxue.com/shibu/24shi/shiji/sjml.htm 2. JOÃO CABRAL DE MELO NETO, A Palavra Seda, Quaderna, 1956-1959 Fonte: www.academia.org.br 3. Classificação da seda Fonte: http://yw.eywedu.com/wenhua/HTML/5660.html & http://news.xinhuanet.com/science/2015-10/04/c_134683414.htm 4. SANDRO MENDONÇA, Rota da Seda, velha(s) e nova(s) Fonte:  http://janusonline.pt/images/anuario2015/3.12_SandroMendonca_RotaSeda.pdf