Revista Forum Democratico

44
Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 119-120 Ano XIII - Setembro / Outubro 12 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT E MAIS: ENTREVISTA HISTÓRIA ITALIANA TURISMO CINEMA ARTES PLÁSTICAS FOTOGRAFIA

description

Nº 119 - 120 - Ano XIII - Setembro / Outubro 12 - R$ 10,00

Transcript of Revista Forum Democratico

Page 1: Revista Forum Democratico

Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 119-120 Ano XIII - Setembro / Outubro 12 - R$ 10,00

PODE SER ABERTO PELA ECT

E MAIS: ENTREVISTA • HISTÓRIA ITALIANA • TURISMO • CINEMA • ARTES PLÁSTICAS • FOTOGRAFIA

Page 2: Revista Forum Democratico

O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias.

D E S E G U N D A A S E X T A , D A S 8 : 3 0 ÀS 1 3 : 0 0

“Patronato” da maior

Confederação Sindical Italiana, a CGIL

INCACGILINCA

http:\\www.incabrasil.org.br

RIO DE JANEIROAv. Rio Branco, 257 sala 141420040-009 - Rio de Janeiro - RJTelefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

PORTO ALEGRERua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RSTelefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718

BELO HORIZONTERua Curitiba, 705 - 7º andar30170-120 - Belo Horizonte - MGTelefax: 0xx-31 3272-9910

SÃO PAULO (Coordenação)Rua Dr. Alfredo Elis, 6801322-050 - São Paulo - SPTelefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236

Rua Itapura,300 cj. 60803.310-000 - São Paulo- SP

Principais atrações da 2ª Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros

Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.

A Finmeccanica Company

Comissão OrganizadoraApoio Institucional Apoio

Page 3: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O

NOSSA CAPA

Criação: Tiago Morena/Sambacine

w w w . f o r u m d e m o c r a t i c o . o r g . b r

LEIA TAMBÉM ON LINE, AGORA EM FORMATO PDF

A n o X I I I - N o 1 1 9 - 1 2 0 - S e t e m b r o / O u t u b r o 2 0 1 2

05 agenda cultural

05 Os melhores eventos estão aqui.

18 “Manola”, di Margaret Mazzantini.

18 encarte06 editorial

06 Itália eleições 2013: o time da centro-esquer-da.

11 Risoto de Frutos do Mar.

11 gastronomia

turismo1212 São Paulo e o roteiro do café.

Marisa Oliveira

09 Chiude il Coasit.

09 Congiuntura Italia.

10 Riunione Intercomites Brasile.

10 Ospedale Italiano: Più stile cosa loro che “Cosa Nostra”.

10 L’ACIB verso la Chiusura.

08 Congiuntura Brasile.

08 Iniziato Brasitalia - 2 Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros.

08 comunità

16 cultura

16 “Brasil em campo”, de Nelson Rodrigues e “Retrato Calado”, de Luiz Roberto Salinas Fortes.

Literatura

cultura29

Artes Plásticas36 Alex Pitanga, “Arte é Liberdade”.Marisa Oliveira

Reflexão40 Surdezes 2, em forma de carta ao meu filhosobre o ensurdecimento do mundo.Luis Maffei

Fotografia32 “Extravagâncias”, ensaio de Cristina Farage.

Reflexão29 30ª Bienal de São Paulo dialoga com o Público.

42 esportes

Reflexão42 Vencedores sem pódio.Danielle Lima

22 Italia

22 La Madonna divorata.

Storia italiana

30 As andanças entre a Itália e o Brasil do ator Carlo Briani.

Emigrazione

32 Fabio Porta e Fausto Longo.

O time da centro-esquerda

17 Aproveite nossas sugestões imperdíveis.

17 às compras

Page 4: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O84 Setembro / Outubro 12

La rivista Forum Democratico è una pubblicazionedell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi.

Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória).

Direttore di redazione Andrea Lanzi

Giornalista ResponsabileLuiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977)

RedazioneAvenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - [email protected]

Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934

Revisione di testo (portoghese)Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador.

Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira, Danielle Lima. Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença

Stampa: Gráfica Opção Copertina: Tiago Morena

Impaginazione: Tiago Morena Patrícia FreitasSambacine ProduçõesAna Maria Moura

Dados internacionais de catalogação

na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia -

Forum Democratico/ Associazione per

l’insterscambio culturale italo-brasiliano

Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar.

1999) - Rio de Janeiro: A Associazione,

1999 - v. Mensal. - Texto em português e

italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália

- Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural -

Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione

per l’interscambio culturale italo-brasiliano,

Anita e Giuseppe Garibaldi.

CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

Eleições, Brasitália, Retrato Calado

Enquanto no Brasil aguardamos o resultado das

eleições municipais, na Itália, as eleições do ano que

vem já são tema de reflexão, bem como os problemas

enfrentados pela comunidade ítalo-brasileira (Editorial).

Mas Itália e Brasil também são motivo de beleza, criatividade e alegria: nos dias

19, 20 e 21 de outubro, a segunda edição do Brasitalia,

Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros, um evento para

ver, sentir, tocar a Itália, acontece no Rio de Janeiro, agora na

praça Vírgilio de Melo Franco, Centro.

Por falar em Rio de Janeiro, até o início de

novembro, a cidade é palco da maior mostra de arte pública,

a OiR, que a transformou em um museu a céu aberto e, admitamos, a

tornou mais bela e interessante (Agenda Cultural). Rogerio Rebouças,

com suas dicas de vinho (Às Compras), sempre muito bem selecionadas

para o público da Forum Democratico, sugere, deixando-nos com água

na boca, dois rótulos da vinícola Gerardo Cesari.

Ainda no âmbito do paladar, a seção Gastronomia, além da receita

de risoto de frutos do mar, oferece uma opção especial para quem

almoça no centro histórico do Rio de Janeiro. Vale a pena conferir.

São Paulo, para quem gosta de curiosidades e aprecia fatos históricos,

pode ser percorrida e descoberta, a partir de um roteiro

proposto que revela o quanto a riqueza oriunda da cultura

do café contribuiu para a transformação da cidade à época

(Seção Turismo). Finalmente, um Brasil triste que não devemos

esquecer: Retrato Calado, de Roberto Salinas (Seção Literatura).

Boa leitura!

e x p e d i e n t e

Carta do leitor

Nota do Editor

“Muito profundo o seu ensaio “Arte e Consumo”. E o fato de você tratar o tema sob a perspectiva mais alta do destino humano e da possibilidade do homem se tornar humano, torna o seu ensaio um dos melhores já escritos sobre o assunto. E é de uma coragem maravilhosa nesta época de homens agachados. Estou feliz de tê-lo lido.”

Jacob Klintowitz a Vicente de Percia, por email, setembro/2012.

Page 5: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 5Setembro / Outubro 12

agenda cultural

TEATRO

O Rio de Janeiro até o dia 02 de novembro é palco de uma das maiores mostras de arte pública já realizadas no país. De dois em dois anos, até 2016 – no rastro da Rio+20 e simultaneamente à Copa do Mundo e às Olimpíadas – o projeto inédito OiR – outras ideias para o Rio, convidará artistas de prestígio internacional para interferir em locais emblemáticos da paisagem urbana da cidade. As obras desta primeira etapa levam a assinatura dos ingleses Andy Goldsworthy (Cais do Porto) e Brian Eno (Arcos da Lapa), do espanhol Jaume Plensa (Enseada de Botafogo), do americano Robert Morris (Cinelândia), do japonês Ryoji Ikeda (Arpoador) e do brasileiro Henrique Oliveira (Parque Madureira). O nome OiR, que quando escrito ao contrário se lê “Rio”, remete justamente à ideia de se pensar na cidade de uma maneira diferente. O projeto pretende fazer, de maneira atualizada, uma retomada da tradição de invocar o olhar estrangeiro sobre a paisagem carioca, iniciada desde os tempos das primeiras expedições, quando aventureiros e pesquisadores europeus atracavam por ali para tentar desvendar e traduzir os mistérios do novo território. E, mais recentemente, através de ensaios de pensadores ilustres como o antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss e o escritor austríaco Stefan Zweig.

Calendário: O radar, de Ryoji Ikeda - de 07 a 09/09; Praia do Diabo, Arpoador, das 19h às 22h;Awilda, de Jaume Plensa - de 7/09 a 02/11; Praia de Botafogo; 24h por dia. Cascasa, de Henrique Oliveira - até 02/11; Madureira; de 3ª a Dom., de 7h às 22h; Labirinto de vidro, de Robert Morris - até 02/11; de 3ª a Dom., de 7h às 23h; Domo de terra, de Andy Goldsworthy - até 02/11; Cais do Porto (Galpão da Ação e Cidadania) – Entrada pela Rua Coelho e Castro, em frente ao número 32; de 3ª a Dom., das 7h às 23h; 77 milhões de pinturas, de Brian Eno - de 19 a 21/10; Arcos da Lapa. Serviço do ônibus da OIR - Ponto de partida: Churrascaria Fogo de Chão - Av. Repórter Nestor Moreira s/nº, Botafogo; Datas das saídas: 08/09 a 02/11, fins de semana e feriados; Horários das saídas: às 10h e 15h; Duração dos passeios: cerca de 3h; Circuito: Praia de Botafogo – Cinelândia – Cais do Porto – Madureira – Praia de Botafogo; Entrada franca; Inscrições: www.oir.art.br

Mostra Internacional de Arte Pública - 1ª Etapa Rio de Janeiro: Museu a Céu Aberto

Awilda, de Jaume Plensa / Divulgação

O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a primeira e mais abrangente exposição panorâmica de Adriana Varejão, uma das mais conceituadas artistas brasileiras no cenário internacional, com um recorte que abarca vários períodos de sua carreira a partir dos anos 1990 e traz obras de coleções do Brasil e do exterior, como a Fundación “la Caixa” (Madri), Tate Modern (Londres) e Guggenheim (Nova York) Adriana Varejão – Histórias às margens tem seleção de trabalhos fundamentais da artista feita pelo curador Adriano Pedrosa. São 42 obras, muitas inéditas no Brasil, uma das quais produzida especialmente para a exposição retrata azulejos, repletos de plantas carnívoras. Carioca, Adriana Varejão é um das artistas brasileiras mais conhecidas no mundo todo, com obras em acervos de instituições, como o museu Guggeheim, NY, a Tate Modern, Londres, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris.

Adriana Varejão - História às margens

MAM SP - Parque do Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3, Tel.: (11) 5085-1300; Horários: de 3ª a Dom, das 10h às 17h30min, Ingressos: Entrada franca, classificação livre. Estacionamento: R$ 3,00/2h; Acesso para deficientes; até 16 de dezembro de 2012. www.mam.org.br; http://www.facebook.com/MAMoficial; http://www.twitter.com/MAMoficial; http://www.youtube.com/MAMoficial

O sedutor; 2004 / Foto: Vicente de Mello

EXPOSIÇÃO

A Arte e a Maneira de Abordar seu Chefe para Pedir um Aumento

Centro Cultural dos Correios – End.: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, RJ; Tel.: (21) 2219-5165; De 6ª a Dom., às 19h, de 07/09 a 28/10/2012; Ingressos a R$ 20,00. Oi Futuro Flamengo – End.: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, RJ; Tel.: (21) 3131-3060; De 6ª a Dom., às 19h30. De 02 a 25/11/2012; Ingressos a R$ 20,00.

Um homem apresenta um organograma – tão complexo quanto irônico – sobre as possibilidades de sucesso e fracasso na angustiante missão de pedir um aumento no salário. De George Perec (1936-1982), o texto é encenado por Marco Nanini e dirigido por Guel Arraes e tem como marcas o humor, a falta de enredo tradicional e um intrincado manual combinatório de probabilidades para a hora de pedir aumento de salário ao chefe.

Emblemático, divertido, com Marco Nanini para garantir o espetáculo.

Ator: Marco Nanini; Direção: Guel Arraes; Cenografia: Bia Junqueira; Iluminação: Beto Bruel; Figurinos: Antonio Guedes; Trilha Sonora: Berna Ceppas; Produção: Fernando Libonati.

Page 6: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O86 Setembro / Outubro 12

e d i t o r i a l e

N elle elezioni del 2008 per il parlamento italiano, la divisione delle forze

progressiste e una legge elettorale denominata dal suo inventore “porcata”,

ha portato alla vittoria del centro destra. In America Meridionale, dopo la vittoria

nel 2006 sotto la guida di Prodi, il centro sinistra si è presentato diviso e anche qui

è stato sconfitto. Il Partito Democratico ha eletto solo il deputato Fabio Porta e ha

perso il seggio di senatore, diventando così il terzo partito, sorpassato dalla lista

MAIE (Movimento Associativo Italiani all’Estero) e dal Partito della Libertà. Il Partito

Socialista Italiano ha avuto un buon risultato molto più consistente della Sinistra Ar-

cobaleno. In questo numero della rivista pubblichiamo le interviste al deputato Fa-

bio Porta e al dirigente della Fiesp Fausto Longo - candidato nelle liste socialiste nel

2008 – che vuole rappresentare questo orientamento politico in una lista unitaria

del Partito Democratico. Questa è la strada: riunire sensibilità politiche che abbiano

affinità e aprire a personalità rappresentative dei partiti politici locali, quali il Partito

Socialista in Argentina o il Partito dos Trabalhadores in Brasile. Oppure a candi-

dati indipendenti che possano dare un contributo nella propria area di attuazione

come gli scambi culturali e artistici. Prima di elencare alcune questioni attinenti agli

italiani residenti all’estero e, in particolare, ai residenti in Brasile, esprimiamo alcune

valutazioni sulla situazione politica italiana. Gli ultimi scandali in varie regioni italiane

stanno mettendo in discussione la fiducia dei cittadini negli strumenti indicati dalla

Costituzione per rappresentare la volontà del popolo; e, ancor più allarmante,

parte consistente della popolazione giudica intollerabile quello che la “costituzione

materiale” aveva reso normale modo di esercitare i mandati elettivi: ossia tutta una

serie di privilegi che vanno dal ristorante agevolato per i parlamentari all’enorme

flotta di auto con autista a disposizione di un numero enorme di eletti negli enti

locali; dai gettoni di presenza per permanenze lampo nelle sedute consigliari alle

spese di funzionamento dei gruppi consigliari dei partiti, autoapprovate dagli stessi.

La situazione ha raggiunto una delicatezza tale, dopo che la guardia di finanza ha

iniziato a sequestrare la documentazione contabile in varie sedi delle amministra-

zioni regionali, da portare le stesse regioni a richiedere provvedimenti di conte-

nimento dei costi, diminuzione del numero dei consiglieri e controllo esterno dei

conti. Dal punto di vista più strettamente politico si assiste ad una crisi profonda

del centro destra, con Berlusconi tentato dal fare un passo indietro, rimanendo

comunque il burattinaio del teatro politico; nel centro sinistra, Partito Democrati-

co, Sinistra e Libertà e Unione Democratici Centro trovano difficoltà a far digerire

alla propria base una nuova geometria politica che li veda insieme. Gli ultimi anni

del governo Berlusconi, che puntava dichiaratamente a dividere le

confederazioni sindacali, e le dichiarazioni del primo ministro Monti

contro la concertazione hanno provocato una perdita di ruolo

delle rappresentanze sociali, indebolendo il loro ruolo politico. Per

quanto riguarda le comunità italiane che risiedono all’estero si è

assistito al prosciugarsi dei fondi per l’assistenza diretta e indiretta ai

connazionali in disagiata situazione economica; al taglio brutale del

finanziamento agli enti gestori dei corsi di lingua italiana, provocando

la chiusura di quelli che non sono stati in grado – o non hanno fatto

a tempo- a riposizionarsi sul territorio, ad esempio con politiche di

formazione linguistica rivolte agli insegnanti delle scuole pubbliche;

alla riduzione del finanziamento dei Comites – oltre che riman-

dando di anno in anno la rielezione degli stessi- delineandone un

modello di funzionamento che non prevede una reale attività di

ricevimento e assistenza ai connazionali e discendenti, già che non

ci sono risorse per una sede e per un addetto di segreteria. Altra

emergenza é rappresentata dai servizi consolari, che diventano di

giorno in giorno più fatiscenti in particolare verso i doppi cittadini,

ma soprattutto nei confronti di coloro che hanno diritto al riconosci-

mento della cittadinanza italiana e affrontano tempi di attesa indegni

di un paese civile. Il centro sinistra per essere convincente, oltre

ad avere candidati seri e competenti, deve fuggire da ogni populi-

smo (ci penserà abbondantemente la destra in questa specialità) e

formulare proposte serie e realizzabili su queste questioni.

Italia elezioni 2013: la squadra di centro sinistra.

Page 7: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 7Setembro / Outubro 12

e d i t o r i a le d i t o r i a l

Nas eleições de 2008 para o parlamento italiano, a divisão

entre as forças progressistas e uma lei eleitoral denominada

pelo seu inventor de “porcaria”, determinou a vitória da direita. Na

América Meridional, depois da vitória em 2006 com a liderança de

Prodi, a centro-esquerda se apresentou dividida e foi derrotada. O

Partido Democrático elegeu só o deputado Fabio Porta, perdendo

a vaga de senador e posicionando-se como o terceiro partido, atrás

do MAIE (Movimento Associativo Italianos no Exterior) e do Partido

da Liberdade. O Partido Socialista Italiano teve um bom resultado,

bem melhor do que aquele da Esquerda Arco Iris. Neste número

da revista publicamos as entrevistas ao deputado Fabio Porta e ao

dirigente da Fiesp Fausto Longo – candidato na chapa socialista em

2008 – que pretende representar esta orientação política numa

chapa unitária do Partido Democrático. Este é o caminho: juntar

sensibilidades políticas que tenham afinidades entre si e incluir

personalidades representativas dos partidos políticos locais, como

o Partido Socialista na Argentina ou o Partido dos Trabalhadores no

Brasil; e abrir espaço para candidatos independentes que possam

oferecer uma contribuição na própria área de atuação, como o

intercâmbio cultural e artístico. Antes de listar umas questões que

tem a ver com os italianos residentes no exterior e, sobretudo, no

Brasil, colocamos umas avaliações referentes à conjuntura política

italiana. Os derradeiros escândalos descobertos nos governos de

várias regiões italianas estão destruindo a confiança dos cidadãos

nos instrumentos previstos na Constituição para representar a

vontade do povo; e, dado ainda mais preocupante, parte consistente da população

julga intolerável aquilo que a “constituição material” tinha considerado o modo

normal de exercer os mandatos eletivos: ou seja toda uma série de privilégios

que contemplam desde as refeições com desconto para os parlamentares até

uma enorme frota de carros com motorista, disponíveis para um número enorme

de eleitos nas assembleias regionais e municipais; de jetons de presença para

aparições relâmpago nas reuniões dos conselhos eleitos até as despesas de fun-

cionamento das bancadas partidárias aprovadas por elas mesmas. A situação é tão

grave, depois de a Receita ter iniciado a sequestrar a documentação contábil de

vários governos regionais, que as próprias regiões pediram para conter as despe-

sas, diminuir o número dos eleitos e ter um controle externo dos orçamentos. Do

ponto de vista mais estritamente partidário, se destaca a grave crise da centro-

-direita, com Berlusconi tentado a dar um passo atrás, tentando se manter como

manobreiro oculto da cena política; na centro-esquerda, Partido Democrático,

Esquerda e Liberdade, União Democráticos de Centro, encontram dificuldades

para convencer as próprias bases de um novo arranjo político que os veja juntos.

Os últimos anos do governo Berlusconi, que operava abertamente para dividir as

centrais sindicais, e as declarações do primeiro ministro Monti contra a concerta-

ção provocaram um enfraquecimento da força dos setores sociais representativos,

diminuindo a função política dos mesmos. No que se refere às comunidades

italianas no exterior, tivemos o enxugamento, quase total, dos recursos destinados

à assistência direta (via rede diplomática) e indireta (via entidades filantrópicas) dos

compatriotas em dificuldade; corte brutal do financiamento aos entes gestores dos

cursos de língua italiana, provocando o fechamento das entidades que não soube-

ram –ou não tiveram tempo – de se reposicionar no território, por exemplo, com

propostas de formação linguística direcionadas aos professores da rede pública;

redução no financiamento dos COMITES – além de postergar ano após ano a

reeleição dos seus componentes - impondo um modelo de funcionamento que

exclui uma real atividade de atendimento aos italianos e descendentes, já que não

existem recursos para ter uma sede e uma secretária. Outra emergência é a dos

serviços consulares, que a cada dia ficam mais precários, sobretudo no atendimen-

to aos duplos cidadãos e – de forma mais marcante- daqueles que tem direito ao

reconhecimento da cidadania italiana e que enfrentam filas de espera indignas de

um país civilizado. A centro- esquerda para ser convincente, além de ter candida-

tos sérios e competentes, deve fugir de todo tipo de populismo (a centro-direita

pensará em se destacar nesta especialidade) e apresentar propostas sérias e viáveis

para solucionar estas questões.

Itália eleições 2013: o time da centro-esquerda.

Page 8: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O88 Setembro / Outubro 12

c o m u n i t à

Congiuntura Brasile.

II risultati delle elezioni municipali sono interes-santi e in qualche caso sorprendenti. Sorpresa

è l’esclusione dal ballottaggio a San Paolo di Rus-somanno, che era il lider nelle intenzioni di voto fino a pochi giorni fa. Vanno quindi al ballottaggio i rappresentanti del PSDB e del PT, José Serra e Fernando Haddad. Il segreto per vincere è aggregare alleati fra coloro che non sono arrivati al secondo turno. Il segretario del Partito Demo-cratico italiano, Pierluigi Bersani, ha inviato un video di appoggio al candidato del PT Haddad. Vediamo qualche altro risultato: a Fortaleza si va al secondo turno fra il PT e il PSB, alleati a livello

nazionale; a Recife il secondo turno si terrà fra il PSB e il PSDB, mentre il candidato del PT si ferma al 3 posto; a Porto Alegre si rielegge il sindaco Fortunatti (del PDT) sconfiggendo i candidati di altri due partiti della base di governo, il PCdB e il PT; secondo turno a Manaus fra il PSDB e il PCdB; a Salvador secondo turno fra PT e DEM, quest’ultimo partito che rischia di scomparire sul piano nazionale; a Vitória secondo turno fra PPS (erede del Partito Comunista Brasiliano) e PSDB. Il governo e la presidente Dilma Roussef, in par-ticolare, raggiungono percentuali di approvazione superiori a quelli del presidente Lula. Il processo

del “mensalão”, quasi sicuramente, si concluderà con la condanna dei principali imputati da parte del Supremo Tribunale Federale, compreso l’ex ministro della Casa Civil, José Dirceu. Ciò rappresenterà un grave danno per il PT che aveva sempre ridimensionato l’accaduto, ammettendo appena il finanziamento illecito delle campagne elettorali. La decisione del STF – se non vorrà assumere i caratteri di un uso politico della giusti-zia - sarà comunque l’inizio di un nuovo livello di controllo da parte della magistratura sul rispetto della legge da parte del sistema politico.

Fernando Haddad Celso Russomanno

Iniziato Brasitalia - 2 Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros

RIO DE JANEIRO

È iniziato l’evento il primo ottobre, con “BRASITALIA no Metrô” con la proiezione nella stazione Carioca – in una TV

di 60 pollici - della mostra multimediale “BRASITALIA: fotógra-fos e artistas plásticos na revista Forum Democratico”. Sempre nella stessa stazione è stata presentata il 3 ottobre lo spettacolo teatrale “Carioca core mio” e sono programmati il 10 ottobre “Pinoquio”e il 17 otobre il trio jazz italiano Felice Del Gaudio.

Page 9: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 9Setembro / Outubro 12

c o m u n i d a d e

Congiuntura Italia.

Il Partito della Libertà appare in grande crisi, ac-centuata dallo scandalo alla regione Lazio che ha

portato alle dimissioni della governatrice Polverini. In Sicilia il governatore Lombardo si é dimesso e le elezioni si terranno a breve. Il presidente della Lombardia, Formigoni, è al centro da mesi di indagini riguardanti finanziamenti personali illeciti da parte di imprenditori attualmente agli arresti. Le inchieste sulle spese autocertificate da parte dei

gruppi consigliari regionali, dopo le vicende che hanno portato in galera il capogruppo PDL del La-zio, stanno gettando ulteriore discredito sul sistema politico; e danno fiato al populismo e all’antipolitica, mai scomparsi nell’opinione pubblica italiana, che sembra dimenticare che siamo anche campio-ni dell’evasione fiscale. Il primo ministro Monti sembra averci trovato gusto e dichiara di essere sempre pronto – se necessario – a servire il paese,

Bersani e Vendola

giocando di sponda con Pierferdinando Casini che da tempo lo indica nuovamente a capo del prossimo governo, senza passare dalla prova del voto. Il Partito Democratico, nell’assemblea nazionale del 6 ottobre, ha modificato il proprio statuto e alle primarie di coalizione parteciperan-no più candidati del partito oltre che candidati di altri partiti, come Niki Vendola che ha conferma-to in pari data la sua candidatura.

D opo oltre 50 anni di attività, a fine agosto, il COASIT (Comitato Assistenziale Italiano) ha deciso di cessare le attività dopo aver onorato tutti gli impegni verso i suoi collaboratori, fornitori, ecc. Il motivo contingente della decisione è semplice: chi dirigeva l’ente – dopo più di 20 anni di attività- non se la

sentiva più di mantenere in piedi la struttura. Il motivo di fondo è diverso: negli ultimi 10 anni il COASIT non ha saputo, né voluto, innovare e far entrare forze nuove per continuare ad assicurare un servizio importante per i nostri connazionali in situazione disagiata. Nel 2005 vi furono anche aspre polemiche sul fatto che il consiglio direttivo dell’ente non veniva rinnovato e che alcuni degli stessi membri nemmeno sapevano di farne parte. Nato in base alla predisposizione filantropica di numerose imprese italiane, il COASIT, quando questa generosità è venuta meno, non ha saputo adeguarsi ai tempi ed è sopravvissuto quasi esclusivamente con il contributo dello stato. Quando anche i contributi statali si sono ridotti è subentrata la crisi che ha portato alla chiusura.

Chiude il Coasit

RIO DE JANEIRO

Page 10: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m10

c o m u n i t à

Setembro / Outubro 12

RIO DE JANEIRO

L’ACIB verso la chiusura

Dopo alcuni anni di crisi, provocata dalla riduzione continua del contributo statale per i corsi di italiano, l’ente non ha più

condizioni di mantenere le attività. I debiti nei confronti del con-solato ammontano ad oltre 100.000 reais, mentre l’esposizione bancaria supera i 120.000 reais. L’ente, fondato nel 1988, è stato l’esempio, seguito in tutto il Brasile, per la costituzione di entità dedicate all’insegnamento della lingua italiana. Il modello gestionale scelto dall’ACIB, ovvero la gestione diretta dei corsi, con i professori a libro paga, è ottimo dal punto di vista dell’omogeneità dell’offerta formativa; ma è pessimo quando cominciano a scarseggiare le risorse perché i costi sono fissi a fronte di una diminuzione delle entrate. Altro fattore che ha prodotto la crisi è stata l’incapacità di trovare un nuovo posizionamento sul territorio, puntando sulla for-mazione linguistica degli insegnanti della rete pubblica per espandere l’insegnamento della lingua italiana.

Come si sa “Cosa Nostra” è sinonimo di mafia e quindi di una pericolosa organizzazione crminale. Gli ex soci della SIBMS (Società

Italiana Beneficenza Mutuo Soccorso) dipingono spesso in questi termini l’amministrazione dell’entità, fondata nella seconda metà del 1800, raccontando di mancanza di medici, difficoltà a fare analisi cliniche, ecc; quando ci raccontano queste cose, sempre difendiamo la SIBMS, affermando che semmai il difetto è che gli attuali rappresentanti legali agiscono nello stile “Cosa Loro”, come se l’entità centenaria fosse la loro impresa e non il frutto dello sforzo di migliaia e migliaia di italiani che vollero – con donazioni, ma anche lavorando sabato e domenica nella costruzione dell’edificio- costruire l’Ospedale Italiano, il loro ospedale. Ormai di italiano l’ospedale ha le interrogazioni parlamentari degli amici del suo presidente, dopo che non sono state rinnovate le convenzioni con il Consolato.

Ospedale Italiano: Più stile cosa loro che “Cosa Nostra”

RIO DE JANEIRO

Riunione Intercomites Brasile

Si è svolta il 10 settembre a Rio de Janeiro la riunione Intercomi-tes con la presenza del console generale, Mario Panaro, e del

consigliere di ambasciata, Gabriele Annis, da pochi mesi in carica. Da parte di tutti i presidenti Comites sono state evidenziate le gravi difficoltà prodotte dai tagli generalizzati e ripetuti all’assistenza diretta (via rete consolare) e indiretta (via entità filantropiche) ai connazionali in condizioni disagiate; i presidenti hanno protestato anche per la forte riduzione del contributo agli enti gestori dei corsi di lingua italiana che ne mette in discussione la sopravvivenza, come nel caso dell’Acib di Rio de Janeiro; infine le lamentele per la riduzione del finanziamento agli stessi Comites che li obbliga ad adottare un modello di funziona-mento, senza sede propria e senza addetto di segreteria, che nei fatti è la negazione del ruolo previsto nella legge istitutiva. Tutto negativo quindi? In verità no, in quanto il consigliere Annis ha proposto di dare vita a gruppi di lavoro congiunti, con la presenza dei Comites, che possano approfondire i problemi della comunità italo brasiliana e cercare di proporre soluzioni anche sulla unificazione del modello di gestione dei servizi consolari. In apertura dell’incontro il deputato Fabio Porta ha inviato un suo messaggio, che è stato apprezzato proprio in quanto non si fermava ai rituali auguri di buon lavoro, ma entrava nel merito delle questioni in discussione. Per il prossimo anno assumerà la carica di presidente dell’intercomites, la presidente del Comites di San Paolo, Rita Blasioli.

Gabriele Annis

Page 11: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 11Setembro / Outubro 12

Risoto de Frutos do Mar

Ingredientes

Risoto de Frutos do Mar

Como “manda o figurino” de quem traba-lha no centro do Rio de Janeiro, estamos

sempre correndo. Isso traz vários riscos, como o de passarmos “batidos” pelo Málaga, uma ilha de maneirismos bem à moda do que o cliente brasileiro gosta - atendimento personalizado e a

MálagaRua Miguel Couto, 121Centro, RJ.Tel.: (21) 2253-0862 / 2233-3515

Horário de funcionamento: 2ª a 6ª das 11h às 21h.

www.malaga.com.br

- 1/2 kg arroz arbóreo- 1 cubo de caldo de galinha- sal a gosto - azeite- 4 dentes de alho- 1 cebola grande- 2 tomates- 200 ml de vinho branco- polvo, cavaquinha, mexilhões, lulas, ca-marões (quantidade a gosto do cozinheiro)- 1/2 litro de caldo de peixe

Cozinhe o arroz com o caldo de galinha até ficar al dente.

Em outra panela, doure o alho no azeite, adicione a cebola e os tomates picados. Acrescente o vinho. Coloque os frutos do mar e refogue-os com os demais ingredientes.

Misture o arroz pré-cozido e quando estiver ao ponto de servir, adicione 100g de manteiga de boa qualidade e mexa até desman-char.

Bom apetite!

certeza de que vai sempre encontrar seus pratos preferidos, free de modismos e de “modernis-mos”! Assim, ainda que a base do cardápio seja a culinária espanhola, a infinidade de pratos, como moquecas, feijoada, pargo ao sal grosso, leitão à bairrada, entre outros, permite atender a todo

f o r u mD E M O C R A T I C O 11

g a s t r o n o m i a

f o r u mD E M O C R A T I C O 11Setembro / Outubro 12

Modo de preparo

tipo de gosto. E mais, a equipe está orientada a providenciar qualquer prato, mesmo que não conste do menu. Tanto assim que o Málaga, ao ser contatado pela Forum Democratico, provi-denciou imediatamente a receita do Risoto de Frutos do Mar (M.O.).

Foto: Divulgação / Prima Press

Page 12: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m12

t u r i s m o

Foto: Estação da Luz, Caio Silveira / SPTuris

D E M O C R A T I C O8 f o r u m12

S ã o P a u l oS Ã O P A U L O E O R O T E I R O D O C A F É

Marisa Oliveira

São Paulo é imensa, podero-sa e muito interessante. Tão interessante que a prefeitura e a empresa responsável pela promoção turística da cidade criaram uma série de possibili-dades para explorá-la e a Forum Democratico escolheu começar pelo roteiro do café.

Foi a economia cafeeira o fator que transformou a capital paulista, antes a nona cidade do Brasil (1872), na metrópole global dos dias de hoje.

Cultivado inicialmente na região de Belém do Pará, o café chegou aoRio de Janeiro e de lá foi para São Paulo, onde se consolidou como base da economia do país (meados do século XIX e primeiras décadas do XX). Foi o café o responsável pela introdução da ferrovia no estado de São Paulo, pela chegada em massa de imigrantes vindos da Europa e do Japão. Na capital paulista, a riqueza e o desenvolvimento se evidenciaram nas mansões dos barões fazendeiros, nas grandes construções urbanas, na difusão das artes, na importação da cultura europeia e nos teatros. O que o Roteiro do Café vem propor é a compreensão de como esse pequenino grão provocou em São Paulo as transformações sociais, econômicas e culturais.

Setembro / Outubro 12

Page 13: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 13Setembro / Outubro 12

t u r i s m o

Foto: Prédio Martinelli, José Cordeiro / SPTuris

Roteiro do Café e História de São Paulo - caminhos do desenvolvimento urbanístico, das reminiscências arquitetônicas das tradicionais casas de café.

1. Palácio da JustiçaUm dos exemplos de modernização da metrópole. Projetado em 1911 e inaugurado em 1933. Estilo eclético, influência neorrenascentista. No interior do edifício, o Plenário do Júri é revestido com lambris de madeira de lei e tem como teto uma claraboia. Obra do Escritório Técnico Ramos de Azevedo (considerado o principal arquiteto do ciclo de riqueza do café). Abriga exposições permanentes e temporárias mantidas pelo Museu do Tribunal de Justiça. Praça Clóvis Bevilácqua, s/n; tel: +55 11 3295-5816; 2ª a 6ª feira, das 10h às 17h (seguindo o calendário do Tribunal de Justiça)

2. Edifício GuinleConsiderado o primeiro prédio vertical da cidade, uma das primeiras construções de concreto armado do país. Construído entre 1913 e 1916. Projeto dos arquitetos Hipólito Gustavo Pujol Junior e Augusto de Toledo. Fachada Art Nouveau, com motivos de grãos e ramos de café. Rua Direita, 49

3. Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)Construído entre 1923 e 1927, seguindo o projeto do arquiteto Hipólito Gustavo Pujol Junior, professor da Escola Politécnica. Desde 2001, abriga o Centro Cultural Banco do Brasil, um dos mais ativos e completos espaços culturais paulistanos, parte de mais um esforço na política de revitalização do centro da cidade. Na fachada, adornos de ramos de café. Rua Álvares Penteado, 112; +55 11 3113-3651/ 3113-3652; 3ª a Dom., das 10h às 20h.

4. Largo do CaféLocal onde, no passado, o café era comercializado, numa espécie de bolsa informal. Em 1914, foi instituída a Bolsa Oficial do Café, em Santos. Atualmente, há bares e cafeterias muito animadas. Cruzamento das ruas São Bento, Álvares Penteado, do Comércio e Dr. Miguel Couto.

5. Edifício MartinelliNa São Paulo que crescia com o dinheiro do “ouro negro”, quando inaugurado, em 1929, era o mais alto edifício do mundo, à exceção dos Estados Unidos, condição perdida apenas em 1936. Inicialmente, de autoria do arquiteto húngaro William Fillinger, o projeto de 12 andares foi alterado pelo próprio empreendedor da obra, Giuseppe Martinelli, que tinha a meta de 30 andares e de construir sua mansão no topo do prédio, assim demonstrando aos desconfiados que, apesar de tão alta, era segura. Havia neste exato local o Café Brandão, um dos mais marcantes da época. Rua Líbero Badaró, 504; +55 11 3104-2477; 2ª a 6ª feira: das 9h30min às 11h30min e das 14h30min às 16h; Aos sábados, até as 13h, com agendamento obrigatório.

f o r u mD E M O C R A T I C O 13

Page 14: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m14

A Região da Luz

O café, como fator de atração e de desenvolvimento, faz crescer a população e impulsiona o progresso. A região da Luz deixa de ser um ponto de parada de tropeiros e se incorpora ao novo cenário. A ferrovia começa a ser construída em 1860, para dar conta de escoar o café pelo porto de Santos.

6. Estação da LuzComportando o movimento de pessoas e cargas, foram inauguradas em 1901 a atual Estação da Luz e duas pequenas pontes sobre a estrada de ferro. Projeto do inglês Charles Henry Driver. Um dos mais tradicionais símbolos da cidade – especialmente pela sua torre de 60 metros de altura – a Estação da Luz é uma das mais importan-tes do sistema de transporte metropolitano e abriga, desde 2006, o genial Museu da Língua Portuguesa.Praça da Luz, 1 - Luz; 0800-55-012; Diariamente, das 4h às 24h.www.estacaodaluz.org.br

7. Painel Epopéia PaulistaRealizado pela artista plástica Maria Bonomi, Epopéia Paulista é monumental, seja pelo conceito, seja pela dimensão (73m comp. X 3m de altura), seja pela autora, que tem um forte comprometimento com a socialização da arte.A parte Amarela, a presença nordestina na cidade (literatura de cordel e a cor da terra seca do Nordeste). A Branca, com suas linhas retas representam os trilhos do trem e do Metrô, e cor branca, propriamente dita, o futuro, pelos que chegam. Os objetos esquecidos no dia-a-dia da estação, bem como a terra onde o café frutificou, a parte de cor Vermelha. Estação da Luz (corredor de interligação entre o Metrô e a CPTM); 0800-55-0121; Diariamente, das 4h às 24h.

Foto: Parque da Luz, Jefferson Pancieri / SPTuris

Foto: CCBB, José Cordeiro / SPTuris

Setembro / Outubro 12

t u r i s m o

D E M O C R A T I C O8 f o r u m14

Page 15: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 15Setembro / Outubro 12

t u r i s m o

8. Parque da LuzO Parque da Luz, aberto ao público em 1825, é a mais antiga área verde da cidade. Com 113.400 m², conta com muitos atrativos, como a gruta com cas-cata, o aquário subterrâneo, e esculturas de artistas como Lasar Segall, Victor Brecheret, Leon Ferrari e Amilcar de Castro. Praça da Luz, s/nº - Luz; +5511 3227-3545; 3ª a Dom., das 9h às 18h; www.prefeitura.sp.gov.br

9. Pinacoteca do EstadoConcebido inicialmente para sediar o Liceu de Artes e Ofícios – centro de educação profissionalizante para formação de artesãos e mão-de-obra especializada para servir à metrópole que se desenvolvia, em fun-ção do boom do café. Projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. Passou a abrigar a Pinacoteca do Estado, o primeiro museu de arte de São Paulo. Com mais de 8 mil peças em seu acervo, é um dos principais atrativos turísticos da cidade.Praça da Luz, 2 - Luz; +5511 3324-1000; 3ª a Dom., das 10h às 17h30min;www.pinacoteca.org.br

10. Estação PinacotecaO edifício da Estrada de Ferro Sorocabana, de 1914, abrigava escritórios administrativos e o arma-zém central da ferrovia. Durante o regime militar instaurado nos anos de 1960, o Departamento de Ordem Política e Social – DOPS, principal órgão de investigação e repressão durante a ditadura ocupou o espaço. Em 2004, foi incorporado pela Pinacoteca do Estado, passou a ser chamado Estação Pinaco-teca e expõe a Coleção Nemirovsky, um dos mais importantes acervos de arte moderna do país. No térreo, está o Memorial da Resistência de São Paulo, dedicado à preservação das memórias da resistência e da repressão política no Brasil. Largo Gal. Osório, 66 - Luz; +5511 3324-1000; 3ª a Dom., das 10h às 17h30min; www.pinacoteca.org.br

11. Estação Júlio PrestesProjeto do arquiteto Christiano Stockler das Neves, este edifício foi erguido para substituir a estação original Estrada de Ferro Sorocabana, a qual já não comportava mais o movimento e as demandas decorrentes da grande movimentação. Abriga o ponto de partida dos trens da Linha Diamante, a Secretaria do Estado de Cultura e a Orquestra Sinfô-nica do Estado de São Paulo. Tem ainda uma sala de concerto, considerada uma das melhores do mundo. Rua Mauá, 16 - Luz; +5511 3324-1000; 2ª a 6ª, das 10h às 18h; Sáb., das 10h às 16h30min; www.salasaopaulo.art.br

12. Vila dos InglesesConcebida para servir de moradia aos funcionários ingleses da ferrovia São Paulo Railway (Santos--Jundiaí). Projeto do chileno Eduardo de Aguiar D’Andrada, com inspiração nas vilas operárias de Londres. Hoje funciona ali um centro de atividades comerciais. Rua Mauá, 836 – Luz; +5511 3228-6944.

Acima: Pinacoteca, Alexandre Diniz / SPTuris. Abaixo: CCBB, José Cordeiro / SPTuris

Setembro / Outubro 12 f o r u mD E M O C R A T I C O 15f o r u mD E M O C R A T I C O 15

Page 16: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m16

Brasil em campo

Retrato Calado

Tristes daqueles que, embora nos dias de hoje se deliciem com a comunicação em rede e todas as suas possibilidades, não tiveram o prazer de a cada dia, abrirem o rosinha, o Jornal dos Sports, e desfruta-rem das verdades absolutas, eternas e incontestáveis sacramentadas nas crônicas de Nelson Rodrigues. Um olhar rico e peculiar, pródigo de metáforas e adjetivação, único!, sobre as paixões dos homens, sobre o indivíduo, o futebol como teatralização das relações humanas. E, a cada dia, uma vez lida, saíamos todos com as metáforas na cabeça, deleitando-nos... A cada afirmação uma sentença poética, erudita, mitológica: “Lembro-me de uma pelada a que assisti, faz tempo”, escreveu Nelson Rodrigues. “Um dos adversários era o brioso Rosita Sofia. E o outro devia ser o Manufatura, ou Mavilis, sei lá. De repente, a coisa começou a crescer em campo. Tudo

adquiriu um dramatismo inesperado e colossal. E me doeu não ser um Camões, ou um Sófocles, ou um Tolstói. Eu via, ali, todo um material abundantíssimo para uma Guerra e paz.” As hipérboles em abundância, maravilhosas, dão o tom ou os tons da força da pena do autor - a vida vista com dramaticidade, desnuda, revelando o que vai na alma de cada um. Prova disso são as imagens dos torcedores, espectadores das partidas de futebol, com seus radinhos de pilha à beira do gramado - Canal 100 (quem nunca assistiu, que pena!), exemplos fiéis de vários “abundantís-simos Guerra e paz” que existem dentro de cada um de nós. São 71 textos, selecionados pela organizadora Sonia Rodrigues, repletos de literariedade, que compõem o retrato de uma época sem perder a atualidade, com o bônus de nos mostrar como é possível ser um cronista sem o alinhamento com o padrão universal do comporta-mento/pensamento único.

Lançado inicialmente em 1988, Retrato Calado volta a ser publicado agora, uma decisão editorial de muita sensibilidade e oportunidade da Cosac-Naify sob vários pontos de vista: 2012 é o ano em que se instala no Brasil a Comissão da Verdade, amém!; vivemos na roda-viva pós-Perestroika, pós--queda do muro de Berlim, pós-vitória absoluta do capitalismo, contexto em que o individualismo se exacerbou, bem como fez proliferar a necessidade total de “sermos todos felizes o tempo todo”; o Brasil nunca valorizou a formação de um arquivo de memórias sobre os movimentos de luta por uma sociedade mais justa e melhor para todos, nem tampouco seus “heróis” conhecidos ou anônimos, e nem tampouco sofreram punição aqueles que

Quem é Luiz Salinas?

Luiz Roberto Salinas Fortes foi professor e filósofo, autor de obras como Rousseau: da teoria à prática. São Paulo, Ática, 1976, bem como de artigos, ensaios e resenhas. Preso diversas vezes e torturado durante a ditadura militar, morreu precocemente aos 50 anos.

Quem é Nelson Rodrigues?

Nelson Rodrigues (1912-1980) nasceu no Recife, mas se consagrou por produzir textos que têm como cenário o Rio de Janeiro. Ainda adolescente começou a exercer o jornalismo, área em que se destacou como cronista e comentarista esportivo. Escreveu 17 peças de teatro, além de contos e romances. Muitos de seus textos em prosa foram adaptados para cinema e televisão, o que reforça a vitalida-de de sua obra e o interesse que ela desperta há várias gerações. É considerado o maior dialogista do Brasil.

Quem é Sonia Rodrigues?

Sonia Rodrigues é escritora e jornalista. Fez mestrado e doutorado em literatura pela PUC-Rio. Tem obras publicadas por diversas edi-toras do mercado brasileiro e é pioneira no desenvolvimento de redes sociais de aprendizagem em torno de jogos aplicados a conteúdos diversos. Com recursos da sua plataforma digital Almanaque da Rede, pesquisa e patrocina pesquisas sobre o pai, Nelson Rodrigues, desde meados de 1999. Sua obra mais recente é Estrangeira, publicada em 2010. Foi também a organizadora de Nelson Rodrigues por ele mesmo (2012), que será adaptado para os palcos por Fernanda Montenegro.

comprovadamente agiram de má-fé, fora da lei, come-tendo barbáries gratuitas, sem honrar a instituição que representavam, a constituição que deveriam defender. Retrato Calado é uma obra comovente que deveria circular de maneira ampla em rodas de leitura, como exemplo de memória do que não deve ser praticado, e de alerta sobre os riscos de se validar, por convicção ou omissão, regimes de exceção.O prefácio da Marilena Chauí é uma aula, bem como o posfácio de Antonio Candido. E é deste último que ex-traio os comentários que resumem a obra: um homem em busca de si mesmo, que narra seus encontros com a repressão policial e militar em fins dos anos 60, dos anos 1970, tendo como bálsamo, para nós leitores, uma escrita excelente, uma prosa irretocável.

Brasil em campo Autor: Nelson RodriguesOrganização: Sonia RodriguesEditora: Nova Fronteira Páginas: 160Preço: R$ 34,90

Marisa Oliveira

c u l t u r a l i t e r a t u r a

Retrato CaladoAutor: Luiz Roberto Salinas FortesApresentação: Marilena Chauí Posfácio: Antonio CandidoEditora: Cosac & NaifPáginas: 136Preço: R$ 35,50

Setembro / Outubro 12

Page 17: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 17Setembro / Outubro 12

à s c o m p r a s

f o r u mD E M O C R A T I C O 17

Ideias úteis e interessantes (M.O.)

Setembro / Outubro 12

Os grupos de artesãs Fuxicarte, Ressurgir e Transformarte têm dado o que falar e o que apreciar, juntando o conceito de utilidade e de criativi-dade.

Onde encontrar:Telefone: (21) 3976-3159 / 3976-3152 www.redeasta.com.br

Reciclagem, criatividade, beleza

Onde encontrarRug Hold - Rua Antunes Maciel, 313 - São Cristóvão, RJ. Telefone: (21) 3299-9999

Feito com jornal chinês reciclado, o cachepô da Rug Hold é lindo! (47x47x43cm)

Potinho com pazinhas coloridas Preço: R$ 35,00.

CachepôPreço: R$ 360,00.

Almofada Pão de Açúcar Preço: R$ 42,00.

Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para [email protected]

Dica do Rogerio

Rogerio Rebouças selecionou para essa edição dois vinhos da vinícola italiana Gerardo Cesari, situada na região de Verona. Fundada em 1936 por Franco Cesari, a “azienda” foi a primeira produtora de Val-policella a ter seus vinhos nos cinco continentes.

Onde encontrar:www.emporiosantajoana.com.brwww.ciadowhisky.com.br

Jèma2007, IGP Corvina Veronese, 100% casta corvina - O vinho é de cor rubi densa com notas violáceas, o aroma tem boa intensidade com especiarias, frutas negras maduras, com destaque para o cassis. Na boca é agradável, de bom corpo, macio, untuoso e potente. O vinho começa mostrando sua exuberân-cia e aos poucos o álcool se retrai e os aromas se revelam. Deve ser aberto uma hora antes do serviço. Preço: R$ 179,00.

Amarone della Valpolicella Clássico DOC, 2008, com uvas corvina, rondinella e molinara envelhecido em barris de carvalho. De cor rubi bem sustentada, tem aromas de cerejas negras em compota, café e especiarias. Na boca tem um bom ataque, é longo, agradável, com aromas de café, frutas escuras e maduras em compota. Carnudo, potente e de bom frescor mostra um bom comprimento. Muito bom vinho.Preço: R$ 186,00.

Caminho de mesa PatchPreço: R$ 69,00.

Page 18: Revista Forum Democratico

Enca

rte

espe

cial

For

um 1

19-1

20 -

Intr

oduz

ione

alla

lett

ura

di b

revi

test

i in

Ling

ua It

alia

na -

Fasc

icol

o LX

XVI

I

“Manola”

iLa slavina è una frana di neve polverosa che scivola da un pendio montano, perlopiù durante il disgelo primaverile. In portoghese si dice ‘avalanche’. Qui viene usato in senso figurato.iiDal verbo ‘intignare’, ossia essere roso dalle tignole, ossia le tarme (in portoghese, ‘traças’).iiiUsando dei sinonimi, possiamo dire ‘tuttavia, nondimeno’, in portoghese ‘todavia’.ivEspressione avverbiale che significa ‘subito, al primo tentativo’.vDa ‘gozzo’, che in linguaggio familiare significa gola, stomaco. Con il suffisso dispregiativo ‘accio’ si vuole dire che da fastidio.viIl verbo ‘sciabordare’ deriva probabilmente dall’incrocio tra i verbi ‘sciaquare’ e ‘bordo’ (di una nave). Quindi significa: frangersi contro qualcosa, quando intransitivo, oppure, quando transitivo, significa agitare un liquido squotendo; agitare qualcosa immerso in un liquido. Nel testo, è come se il gozzo si agitasse come immerso nel corpo...

vii ‘Senza remore’ significa ‘senza indugio, senza freno’.viii Il grugno è il muso del maiale (porco) o del cinghiale (javali), ma si usa anche in linguaggio scherzoso, per dire che una persona ha una faccia particolarmente sgradevole o animalesca, come quando si dice “Voglio rompere il grugno a...”. ix Significa ‘chiarezza, nitidezza’.

di Margaret Mazzantini

e n c a r t e

Ortensia

L’inizio. Il problema è l’inizio. Ho tante cose da raccontarle, Manola.

Sono così piena. È una pienitudine piuttosto dolorosa, mi creda. Lo so,

basterebbe buttare lì il primo sassolino, a caso. Temo che verrebbe giù

una irrefrenabile slavinai. Non ho nulla di personale contro di lei, anzi

quel turbante di stoffa intignataii che ha sul capo mi piace molto. Però ho

bisogno di calma. Si rende conto di quanti equivoci possono nascere da un

inizio sommario? Partire con il piede sbagliato sarebbe catastrofico, l’errore

iniziale si ripeterebbe milioni e milioni di volte, come l’errore cromosomico

in un embrione. Non possiamo permettercelo. Almeno io, nella condi-

zione in cui mi trovo, non posso permettermi un altro passo falso. Non è

maniacalità la mia, è prevenzione. Eppureiii sento che devo fidarmi, devo

lasciar ruzzolare nelle sue esoteriche mani la mia slavina vitae, d’altronde

non ho alternative. Si sarà accorta di primo acchitoiv che non sono una

cliente abituale. È stato il caso a condurmi qui, e lei sa bene che il caso non

esiste, è un artiglio nel caos di qualche nostra misconosciuta volontà.

Il fatto è che io ho sotto il mento una sacca, dov’è racchiusa tutta la mia

infelicità. Vorrei che lei mi aiutasse a sbarazzarmi di questo malefico

gozzacciov che mi sciabordavi sotto pelle. Se ha intenzione di rifiutarmi, lo

faccia senza remorevii, sono abituata alle porte sbattute sul grugnoviii. Se

invece accetta, si rimbocchi le maniche, sarà un lavoro molto duro, inutile

nasconderlo. Io sono un essere sensazionale, avrà modo d’accorgersene.

Le darò tutte le mie coordinate astrali e terrestri. Se ne stia zitta, accocco-

lata nel suo scranno, e mi lasci parlare. Non le chiedo altro che stare lì ad

ascoltarmi, esattamente come sta, immobile, dietro quella sfera di vetro,

con le mani annodate sul grembo. Io sono per le libere associazioni. Sulle

mie magre spalle pesano svariate primavere di analisi freudiana. Ho scelto

la terapia freudiana proprio per non essere interrotta. Perciò, anche quan-

do resterò muta, la prego, non interrompa il mio silenzio. Lei non può

sapere cosa significhi per me avere un pensiero davanti allo sguardo e non

riuscire ad afferrarlo. Eppure, fino a un attimo prima era perfetto, stampato

nel nitoreix, aureolato dall’arcobaleno della mia immaginazione. Manola, le

chiedo: esiste secondo lei un luogo che raccoglie tutto il pensiero smarrito

dagli uomini?

E il Pensiero, che fluttua sul capo dell’umanità come uno sciame di vespe

cercando un varco in un cranio a caso, è sempre lo stesso da sempre? Io,

Manola, ho una testolina porosa, capace di accogliere la grande energia

I n t r o d u z i o n e a l la lettura

f a s c i c o l o L X X V

di brevi testi in Lingua Italiana

a cura di Cristiana Cocco

Símbolos utilizados

Informação histórica

Expressão - locução

“Falsos amigos” ou falsas analogias

Ao fim do parágrafo, há uma janela com informações fora do texto

Anglicismos e neologismos

Dialetos

Gírias ou expressões fixas

D E M O C R A T I C O8 f o r u m18 Setembro / Outubro 12

Page 19: Revista Forum Democratico

Enca

rte

espe

cial

For

um 1

19-1

20 -

Intr

oduz

ione

alla

lett

ura

di b

revi

test

i in

Ling

ua It

alia

na -

Fasc

icol

o LX

XVI

I

e n c a r t e

universale che ci sovrasta. Purtroppo, però, sono una pericolosissima

ricevente senza spurghi. Un ordigno, sono. Non si allarmi, ma io potrei

esplodere qui davanti a lei, in questo preciso istante. Guardi la treccia dei

miei capelli, si accompagna meravigliosamente al mio stile crepuscolare,

come un’abbadessa al suo convento. Non l’ho mai scorciata. Io, Manola,

non butto via niente di me. Ogni cosa, anche la più logora, conserva dentro

di sé un sussurro che non posso permettermi di smarrire. La treccia è la

mia miccia. Sovente vedo qualche fiammella sprigionarsi oltre l’arco della

fronte, mentre la treccia, lentamente, si solleva in aria. Forse un giorno

finalmente mi condurrà con sé. Il mio corpo si sgretolerà in un pulviscolo

magnetico, e io sarò ovunque. Anemone dice che la mia chioma sembra

un cesto di raffia sbruciacchiata. Mia sorella è così incredibilmente prosaica!

È una sorta di uccello del paradiso, un goffo impiastro variopinto, eppure

non conosce la levità aerea dei volatili, ha il passo terrestre di un trattore

a cíngoli. Forse verrà a farle visita, tanto per infilare il suo volubile becco in

un nuovo nido. Non si preoccupi, resterà giusto il tempo necessario per

dimenticare qualcosa che non tornerà mai a riprendere. Io invece tornerò.

La mia affidabilità è pari solo alla mia intensità. Anche se a volte penso che

sarebbe stato meglio essere un cerinox, una cosetta che brucia in fretta, in

questo mondo di accendini senza ricarica.

Anemone

Sono in ritardo? Io sono sempre in ritardo, però detesto i ritardatari, dete-

sto quelli che si approfittano del mio tempo, come se fosse meno prezioso

del loro. In quanto al tempo degli altri, non è colpa mia, ma non riesco

proprio a stargli dietro. Gran bella baracca questa sua roulotte: l’acqua

calda c’è? Quando l’ho vista arrivare, Manola, sulle prime ho pensato che

lei fosse scappata da un manicomio. Sarei venuta comunque a farle visita.

Io adoro le chiacchiere, adoro il suono delle cose a vanveraxi, dei barattoli

spinti da un piede, a caso. L’ho vista dalla finestra del cessoxii, io ci passo le

ore lì dentro, è il miglior posto del mondo. Mi occupo della mia persona.

Sono ben equipaggiata, e mi sembrerebbe indecente non prendermi cura

del mio patrimonio corporale, sarebbe, come dire, un vero e proprio

schiaffo alla miseria. Se vuole, a tempo perso, posso venire a darle una

mano per organizzare con più criterio questo pandemonio di roba che la

circonda. Ma detto tra noi, le consiglio di lasciare tutto fuori posto. Anch’io

ogni tanto penso che dovrei riordinare il mio armadio, ma poi mi stanco,

a pensarci, dico. Io sono per la pala meccanica. Una bella pala meccanica

una volta ogni tanto, che s’acchiappa il vecchiume e lo spappola, e poi si

x“Il cerino è un tipico fiammifero ormai quasi introvabile nelle tabaccherie italiane. Si chiama cosí perché è fatto di una piccolissima cannula di carta imbevuta di cera, con una capocchia infiammabile, come quella degli altri fiammiferi.

xiSignifica ‘senza riflettere, a casaccio’.xiiIn linguaggio familiare, significa ‘bagno’. La stessa parola, in linguaggio volgare, significa ‘un luogo o una cosa lurida, schifosa, di pessima qualità’; o ancora ‘una persona brutta o sgraziata’: “Che cesso d’uomo!”.

Margaret nasce a Dublino il 27 ottobre 1961. Suo padre Carlo, scrittore, e sua madre Anne Donnelly, pittrice, viaggeranno con le figlie tra la Spagna, l’Irlanda e il Marocco, fino a trasferirsi nelle campagne di Tivoli. Margaret frequenta l’Accademia d’Arte Drammatica Silvio d’Amico di Roma dove si diploma nel 1982. Nello stesso anno esordisce a teatro interpretando Ifigenia nell’omonima tragedia di Goethe. Nel corso degli anni ’80 dà vita sul palcoscenico a grandi personaggi femminili, recitando Cechov, Strindberg, Sofocle. Nel 1987 si sposa con Sergio Castellitto. Sarà proprio Sergio a farle dono di un quaderno che sulla copertina ha l’immagine audace e seducente di Indiana Jones. È da lì, da quel quaderno di scuola che Margaret comincia a pensare per la prima volta alla scrittura come a qualcosa di necessario per lei. La scrittura come quell’arte faticosa, dura, a tratti ingrata che ha visto dominare l’esistenza di suo padre ma insieme come capacità di posare uno sguardo dilatato sul mondo e sugli uomini. Il suo esordio in letteratura è del 1994 con Il catino di zinco, uscito per Marsilio con cui vince il premio Campiello. Del 1999 è l’esilarante e visionaria pièce Manola, da cui è tratto l’inserto. Nel 2001 pubblica Non ti muovere, (Mondadori), con cui vince tra gli altri, il premio Grinzane-Cavour, il premio internazionale Zepter come miglior libro europeo e nel 2002 il premio Strega. Non ti muovere è un caso editoriale da 2 milioni di copie e viene tradotto in 35 lingue. Nel 2004 il film tratto dal romanzo e diretto da Sergio Castellitto repli-ca nelle sale il successo del libro e segna la nascita dell’amicizia con Penelope Cruz, straordinaria attrice protagonista. Nel 2002 lavora a Zorro. Un eremita sul marciapiede (Mondadori), un monologo interpretato in teatro da Sergio Castellitto. Nel novembre 2008 esce Venuto al mondo (Mondadori), con il quale vince il premio Super Campiello 2009. Nel marzo 2011, esce sempre per Mondadori Nessuno si salva da solo, che domina le classifiche per mesi. Vive e lavora a Roma con Sergio ed i loro quattro figli Pietro, Maria, Anna e Cesare.

f o r u mD E M O C R A T I C O 19Setembro / Outubro 12

Page 20: Revista Forum Democratico

Enca

rte

espe

cial

For

um 1

19-1

20 -

Intr

oduz

ione

alla

lett

ura

di b

revi

test

i in

Ling

ua It

alia

na -

Fasc

icol

o LX

XVI

Ie n c a r t e

D E M O C R A T I C O8 f o r u m20

xiiiAffliggersi, preoccuparsi.xivIl barbagianni è un uccello rapace notturno, dalle piume fulvo chiaro, macchiettate di grigio; per estensione, si dice ‘è un barbagianni’quando la persona è stupida e pedante, e spesso riferendosi agli anziani.xvSinonimo di avvilirsi, deprimersi.

ricomincia. Io detesto il passato, mi piace la roba di giornata. Se una sta

sempre a guardarsi indietro trova una carrettata di cose storte per le quali

crucciarsixiii. Il futuro non lo so cos’è. Di sicuro dura poco, come tutto.

Ogni volta che mi cade sul collo una preoccupazione, io penso subito che

comunque sia finirà, e che presto arriverà un altro presente bello pulito.

Allora mi siedo ad aspettarlo, ed evito inutili sofferenze. Tanto, Manola, si

sopravvive sempre e comunque, e tutti si consolano. Io sono una persona

contenta, ho un bel sole sopra di me, e un paio di mutandine di lurex

luccicante sotto di me. E questo mi basta. Badi, però, non sono affatto

cretina. Penso semplicemente che la vita è corta. Mia sorella dice che la

vita è lunghissima. Ortensia si ricorda tutto, tutte le cose brutte, dico: è

un’archivio di schifezze, lei. Se le capitasse di incontrare un barbagiannixiv

sotto una grande cappa nera, non si spaventi, quel pennutaccio, senza

dubbio, è mia sorella. Ma stia tranquilla, Manola, non credo che verrà

mai a farle visita. Ortensia disprezza chi professa la magia, dice che è roba

da minorati culturali. In verità ha il terrore che qualcuno possa leggerle

la mano. Vuole deciderlo da sola il suo futuro, senza lasciarsi influenzare.

Non avrebbe tutti i torti, solo che non mi fido delle sue decisioni. Io credo

che ci siano miliardi di destini a disposizione per ognuno di noi. A volte mi

capita di chiudere gli occhi e vedere il film di una mia possibile vita, con

le faccende importanti e anche con tanti stupidi dettagli, in maniera così

realistica che mi stanco. Allora abbandono quella vita prima che sia troppo

tardi, e ricomincio subito con un’altra. È fantastico vivere, la gente non se

ne rende conto. La gente è davvero cieca. Lei crede nella reincarnazione?

Io sogno sempre di volare, forse sono stata un’aquila reale in una delle mie

vite precedenti. Una volta ho fatto un viaggetto con la Reincarnatio Tour,

dovevano portarmi a Karaganda, invece mi hanno ficcato in un alberghetto

senza stelle nell’entroterra lucano, raccontandomi che ero la reincarnazio-

ne di una femmina da conio del Settecento. Una puttana, per intenderci. A

me piace molto viaggiare, perché a me piace perdermi le cose. Mi riempie

di gioia pensare che un mio bikini sia rimasto sulla riva del lago Ciad, e

una mia forcina in un cassetto pieno di sabbia e ragni rossi a Timbuctu.

D’altronde non ho autocontrollo. In compenso possiedo molta autostima,

un bene prezioso, perché il mondo intorno tenta continuamente d’abbac-

chiartixv. Del push-up io non ne ho bisogno: il mio seno è libero come un

cardellino. È tutta una questione di yang e di yin. Se tu sei yang, anche il

tuo didietro sta al posto giusto, garantito. Mia sorella, invece, è terribilmen-

te negativa, terribilmente yin. È magra come una stringa di liquirizia eppure

se la spogli è piena di cellulite, ha la cellulite pure sui gomiti, una cosa mai

vista. Voglio dire, non si vede perché è completamente ricoperta di peli.

Sì, Ortensia è affetta da irsutismo idiopatico costituzionale. Praticamente

un orangutan. Povera mamy, in gravidanza ebbe un mucchio di nausee

per colpa di tutto quel crine che Ortensia stava sputando fuori a più non

posso.

Ortensia

Siamo gemelle, io e Anemone. No, non monozigote. Ognuna ha avuto il

proprio ovulo. Fortunatamente. È una circostanza piuttosto fastidiosa.

Credo che chiunque abbia il diritto di trascorrere almeno i suoi nove mesi

prenatali in santa pace. Anemone aveva una forte pulsione a invadere, era

un feto molto forzuto e strafottente. Io adoro mia sorella, Manola, è quel

genere di personcina folklorica che non si può non amare. Tutti la amano.

Temo che quella credenza popolare della camicia di fortuna per i nascituri

abbia un suo fondamento di verità. Ho il sospetto che mia sorella, alle

ventitré, cinquantanove minuti e quarantasette secondi di quel lontano

giovedì sedici novembre, sia nata avvolta da un poderoso camicione

idrorepellente. Tutto le scivola addosso senza ferirla. Io invece sono venuta

fuori dopo un po’. Non si erano accorti che ci fossi anch’io. Il ginecologo di

mia madre, auscultando il suo robusto pancione, disse che si trattava d’un

maschio, di un solo, formidabile, maschio. Sono nata alle zero zero del

diciassette novembre, venerdì. Tredici secondi di ritardo che hanno influito

in maniera catastrofica sul mio oroscopo astrale. Nacqui podalica. Mi

affacciai col mio didietro ruvido e rugoso, e venni fuori violacea, piuttosto

pelosa, sembravo un piccolo struzzo. Mia madre appena mi vide mi

vomitò addosso. Credo che laggiù, in fondo all’utero, io sentissi che le

stavo nuocendo, per questo mi rincantucciavo. Credo si trattasse di un

microscopico senso di colpa prenatale, e di conseguenza feci di tutto per

non uscire, per non dover affrontare il resto. Lo so perché ho frequentato

un corso di reintegrazione primaria in una vasca d’acqua tiepida, e ho

potuto, quindi, rivivere la mia vita intrauterina senza la mia impermeabile

sorella. Anemone si era offerta di accompagnarmi. Le ho detto: «Grazie

del pensiero, cara, ma almeno il rebirtbing voglio farlo da sola!». L’unico

veramente felice del raddoppio fu mio padre, che adorava le bambine.

Mentre mia madre stava facendo il secondamento, lui si scatenò in una

tyrolienne montanina sull’aia insieme al marito della levatrice. Bevve e ballò

tutta la notte, sotto le stelle, cercando i nostri nomi lassù nel firmamento.

Poi stramazzò ubriaco in un campo di fiori, e così... Manola, lei conosce

la favola della principessa rana? «Rana, rana...» «Chi è che mi chiama?»

«Giovannin che poco t’ama.» «Se non m’ama m’amerà quando bella mi

vedrà...» Anch’io mi sono sempre sentita una principessa costretta nel

corpiciattolo d’una rana dall’incantesimo di una strega malvagia. Mia madre

Setembro / Outubro 12

Page 21: Revista Forum Democratico

Enca

rte

espe

cial

For

um 1

19-1

20 -

Intr

oduz

ione

alla

lett

ura

di b

revi

test

i in

Ling

ua It

alia

na -

Fasc

icol

o LX

XVI

I

e n c a r t e

f o r u mD E M O C R A T I C O 21

xviNel senso ‘... dalla sua parte ...’. xviiIl personaggio, Ortensia (nome di un fiore, in portoghese hortência), si riferisce al defecare.xviiiDiminutivo attribuito alla sorella Anemone (altro nome di fiore, in portoghese anêmona).xixIl conato è l’impulso a vomitare.xxNel senso di una testa.

non era una strega, anzi, era una donna piacevolissima, solo molto

fluttuante. È nata su un aereo della crocerossa, in tempo di guerra, e non si

è mai adattata alla terraferma. Camminava sempre scalza. Tante volte,

all’imbrunire, l’ho spiata allontanarsi sulle scale verso l’alto, fino all’ultima

terrazza. Faceva un passo oltre la ringhiera, e rimaneva lì, con l’aria sotto i

piedi, a guardare l’infinito. Sono nata asciutta asciutta, come una sarda sotto

sale. Sarda secca è il mio soprannome, per via della magrezza, o Zerbinac-

cia, Gramignaccia, Grusbona, per via dei peli, o Chiorbona, Sorbona,

Zuccona di fosso, per il capoccione, o Pustola di fiele, per i bubboni, o

Recchia di lepre, per le orecchie a padiglione aguzzo. È stata Anemone ad

appiopparmi tutti questi nomignoli. Ha una fantasia così fervida quel

tesoruccio! È alta due spanne più di me, ha seni e natiche da guerriera del

Walhalla; ma è rimasta una bambina. Manola, io detesto i soprannomi. Li

trovo vagamente criminali. Una povera creatura diligente s’è aggiustata nel

migliore dei modi, s’è infilata la mascherina, i guanti, nove paia di collant

tricocoprenti: che bisogno c’è di rivelare a tutto il mondo sganasciandosi dal

ridere che lì, sotto i miei pannucci, c’è una selva, a causa dell’abnorme

sviluppo del sistema pilifero? Ma Anemone non rinuncerebbe a una battuta

per tutto l’oro del mondo. Gode nel compiacere l’umanità, anche quella più

mediocre. La lusinga avere dalla suaxvi una platea di bocche spalancate,

sempre pronte a lasciar vibrare la giugulare sotto quella orrenda raffica di

singulti isterici. Manola, io detesto le risate. Quanto a magrezza, posso dirle

che non sono sempre stata così sfrussatina. Adesso, è vero, peso trentano-

ve chili e trecento grammi, contro il metro e settantatré centimetri di

altezza. Ma a me va bene così. Non so proprio cosa farmene della carne.

Comunque, ho avuto anch’io il classico periodo di pinguedine infantile. Poi

un giorno cominciai a dimagrare. Credo che sia stato per via dell’albergo. A

pianterreno, il ristorante era sempre in funzione, e io mi trovavo costretta a

inalare senza tregua mefitiche esalazioni culinarie, che mi ricordavano di

avere un corpo biologico, mentre io volevo solo un corpo animico. È

davvero avvilente, Manola, svegliarsi al mattino con l’odore di broccoli

ripassati e di tordi ripieni in fricassea spalmato sul cuscino, mentre aneli solo

una piccola tisana di fucus. Smisi di nutrirmi completamente. Divenni

sempre più eterea nell’intento di allontanarmi da questo mondo che non mi

amava. Speravo che qualcuno captasse il messaggio deposto nella teca dei

miei ossicini affioranti. Ma il mio era un sos lanciato nel vuoto. La gente mi

urtava, si pungeva contro i miei spigoli, e incurante correva a sgargarozzarsi

nel salone dei banchetti. I miei genitori mi lasciavano smagrare in santa pace,

con il mio bagaglio d’infelicità, tenendomi a distanza come un lebbroso con i

suoi campanelli. Erano molto immaturi, Manola, e inoltre mi temevano.

Credo che mi considerassero il frutto di un malvagio nodo che avevano

nel karma; una punizione, insomma, per qualche lontano trascorso. Certo

non somigliavo a nessuno di famiglia. Somigliavo a una di quelle grigie

cornacchie, che talora, al tramonto, si posavano sugli alberi più alti,

interrorendo mia sorella. Sono sempre stata una bambina specialissima,

capace, mio malgrado, di mettere in soggezione chiunque. I miei vecchi mi

lanciavano perplesse occhiate e tiravano avanti. In ogni caso, poverini, non

avrebbero avuto il tempo per badare a me. I clienti assorbivano tutte le

loro energie. Lei non ha idea, Manola, di come siano esigenti i clienti di un

albergo. Room-service, biancheria sempre fresca, profilattici. Montagne di

profilattici a tutte le ore del giorno e della notte. Una banda indefessa di

depravati amplessatori! Io mi sentivo in dovere di aiutare la mia famiglia. Le

chiedo, Manola: è bene che una bambina piena di crucci esistenziali debba

correre su e giù da una stanza all’altra, porgendo nelle fessure delle porte

su un piccolo vassoio d’argento oscene guaine di gomma a lercissime

manacce maschili? Torno a chiederglielo, Manola: è bene? Mamy era

sempre molto stanca. La trovavo imbambolata dietro al banco della

concierge. Suonavo il campanello e lei si sbambolava di soprassalto. «Che

colore di camera ha, signore?» «Mamma, sono io, Orty.» «Oh, scusami,

cara, ero soprappensiero.» «Mammina è un pezzo che non faccio la

grossa.xvii» «Non preoccuparti, cara, purtroppo siamo sottomessi alla legge

di gravità. Ogni cosa, prima o poi, cade in basso.» Faceva scattare il

cassetto della cassa e vomitava là dentro. Mamy non aveva una grande

manualità, e le riusciva difficile tenere in braccio un marmocchio per il

verso giusto. Il fatto che io e mia sorella fossimo passate attraverso la sua

pancia non le pareva così importante. Per lei, tutti i bambini del mondo

erano uguali. Li scrutava con uno strano interesse, come si fa con certi

insetti esotici. Era assolutamente sprovvista di senso del possesso, e i

legami di sangue la infastidivano come i colletti chiusi negli abiti. Stringeva,

invece, in un batter d’occhio, formidabili amicizie occasionali, che poi

dimenticava con identica disinvoltura. Tuttavia, ho sempre nutrito il timore

che tra me e la mia gemella preferisse Anyxviii, perché le sembrava molto

femminile. Mamma non era affatto femminile, le sarebbe piaciuto esserlo,

ma in realtà aveva i piedi piccoli e la bocca enorme. Sembrava un cavallo.

La notte sognavo che tutti i peli si staccassero da me. Li sentivo disbulbarsi

e rimanere sul guanciale, per potermi presentare davanti a mamy come un

meraviglioso angelo implume, affinché lei potesse contattarmi senza

conatixix. Invece mi venne l’alopecia, una piccola chierica mistica. Sono

cose che capitano. Lucianella, la mia sublime analista, me l’ha spiegato:

per esprimere un malessere interiore, la psiche s’accanisce su una parte

del corpo che possa avere un significato simbolico. Ho perso tanti capelli e

neppure un pelo. Manola, lei non trova che io abbia un capoxx ciclopico?

Setembro / Outubro 12

Page 22: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m22 D E M O C R A T I C O8 f o r u m22

i t a l i a

1. Introduzione

Nell’agosto del 2009, un secolo dopo il più grande

flusso migratorio italiano in Brasile, arrivo a São Paulo.

A differenza degli emigranti di un tempo, non con un

transatlantico nel porto di Santos,

ma all’aereoporto di Guarulhos. Le

prime impressioni del luogo sono

soffocate dal disagio che provoca

la grande città e da una fredda se-

rata dell’inverno brasiliano. Il mio

unico pensiero è raggiungere il

quartiere di Perdizes, dove allogge-

rò per il resto del mese. Il giorno

successivo cerco subito qualcosa

in cui riconoscermi: il quartiere di

Bexiga, il luogo dove agli inizi del

Novecento si insediò la comunità

calabrese, il luogo cruciale per

la mia ricerca. È lunedì, la sera

prima si è conclusa la cerimonia

di apertura dell’83esima edizione

dei festeggiamenti dedicati alla

Nossa Senhora Achiropita, l’icona

bizantina che gli immigrati calabresi portarono con

sé a São Paulo. Il quartiere è costelIato di bandiere e

girandole bianche, rosse e verdi, l’atmosfera è mite,

riconosco qualcosa, mi sento al sicuro. L’indagine sulle

origini della festa mi spinge a cercare i primi contatti

con il quartiere, con i suoi vecchi abitanti, con le asso-

ciazioni italiane e, ovviamente, con la parrocchia della

Nossa Senhora Achiropita. Sulle tracce della comunità

calabrese, tento di integrarmi nel nuovo ambiente,

usando qualsiasi pretesto per recuperare notizie e

ricostruire l’evoluzione della festa di Bexiga nel corso

di un secolo. Durante il mio cammino visito sedi di

associazioni, università, musei, cantine e biblioteche.

Seguo il flusso dei riferimenti, sperando che mi porti

qualche informazione interessante. Arriva il giorno

della festa. Le informazioni raccolte fino a questo

momento sono varie ed eterogenee, nulla di vera-

mente significativo. Mi lascio coinvolgere dalla festa

e dalle sue attrazioni: la musica, il cibo, le persone.

È sorprendente osservare la partecipazione viva di

tutto un quartiere, ormai non più calabrese, e di una

buona parte della città. Ogni dettaglio della festa è

sottoposto alle mie analisi: tento di individuare le

continuità con il passato o gli stravolgimenti prodotti

dal passare del tempo. Finisce il primo weekend. Avrò

altre due possibilità, visto che la festa continua in tutti

i fine settimana del mese di agosto. I giorni passano

e la mia foga di trovare del materiale interessante

per la ricerca aumenta progressivamente. Intanto la

città e la gente di São Paulo mi coinvolgono sempre

di più. Quanto più mi lascio trascinare dall’atmosfera

della città, tanto più riesco ad approfondire la sua

conoscenza, Bexiga inclusa. Con il passare dei giorni,

conosco quartieri nascosti e gente ancora più nasco-

sta. Vado a trovare alcuni amici fuori città, prendo una

pausa dalle mie ricerche, per poi trascorrere gli ultimi

giorni a São Paulo e raccogliere ulteriori documenti,

fare le ultime fotografie e non tralasciare niente che si

possa rivelare utile in seguito. Ormai mi sono calato

nell’atmosfera paulista e quasi mi dispiace lasciarla. Al

ritorno dal Brasile mi sono rimaste impresse le imma-

gini di São Paulo e dei suoi colori, la melodia del bra-

sileiro parlato, le meraviglie dei luoghi visitati e delle

persone incontrate. Quello che però non ho trovato

a Bexiga sono proprio i calabresi. Sono arrivato con

un secolo di ritardo. Gli immigrati, armai, non ci sono

più, sono solo nei libri di storia e nelle fotografie dei

musei paulisti sull’emigrazione. Ho toccato con mano

la statua della Madonna Achiropita, ma non ho incon-

trato nessuno che somigliasse a chi l’aveva portata.

Molti degli intervistati ostentavano origini italiane, ma

la loro brasilianità evidenziava come non avessero le-

gami significativi con l’Italia. In Brasile ho trovato solo

brasiliani. Arrivato in ltalia, sul treno per la Calabria,

ho incontrato di nuovo i calabresi. Se però il tempo ha

trasformato i calabresi in brasiliani, rimangono ancora

nell’odierna São Paulo i segni e gli

effetti della migrazionce.

2. Nossa Senhora Achiropita. Da

Rossano Calabro a São Paulo.

La Madonna Achiropita è festeg-

giata il quindici agosto a Rossano

Calabro, cittadina del cosentino.

La venerazione dei rossanesi per

l’icona bizantina risale all’epoca

compresa tra il VII e l’VIII secolo,

anche se recenti studi fanno risalire

l’affresco al VI secolo, legandolo

al culto della Madre di Dio di cui

il monaco Efrem era il Padre.

Secando la tradizione, l’affresco

sarebbe opera divina, così come

si evince dal termine Achiropita

derivante dal greco akheiropoietos,

cioè non dipinta da mano umanaii.

Nello stesso periodo nel quartiere di Bexiga si svolge

da quasi un secolo la tradizionale festa della Nossa

Senhora Achiropita. L’icona è fortemente caratterizzata

dalla presenza del mare, inteso non come barriera

tra mondi lontani, ma come mezzo d’incontro tra gli

stessi. L’icona di matrice bizantina ha attraversato lo

Jonio per sbarcare a Rossano, sulle coste calabresi,

arrivando dal vicino oriente. Così, in un secondo

momento, accompagna i calabresi nella migrazione

di inizio Novecento, attraversando l’oceano verso le

terre tropicali del Brasile.

3. Storia della festa di Bexiga.

Le prime notizie raccolte sulla festa dell’Achiropita

risalgono al 1908. A quel tempo un gruppo di italiani

del quartiere di Bexiga cominciava a riunirsi nella casa

di José Falcone, un macellaio che svolgeva anche la

funzione di custode della immagine della Madonna

proprio nella sua abitazione. L’odierna chiesa della

Nossa Senhora Achiropita, che si trova nella strada

principale del quartiere di Bexiga, Rua 13 de Maio, ha

subito varie trasformazioni prima di arrivare all’attuale

configurazione. La storia della chiesa nasce proprio

f o r u mD E M O C R A T I C O822 Setembro / Outubro 12

La festa della Nossa Senhora Achiropita: un culto

calabro-bizantino in Brasilei

Lorenzo Aristodemo

Italiani in Brasile La Madonna divorata

Page 23: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 23Setembro / Outubro 12 f o r u mD E M O C R A T I C O 23

i t á l i as t o r i a i t a l i a n a

dall’esigenza degli immigrati italiani di avere una

piccola cappella per adorare le proprie icone. Nel suo

lavoro sulla festa dell’Achiropita di Bexigasiii, Maria

Celia Crepschi Coimbra ricostruisce la storia della

festa religiosa e rintraccia tre diversi momenti storici.

La prima fase è individuabile tra i primi anni del No-

vecento, in cui arriva il maggior numero di rossanesi

a São Paulo. Tra il 1908 e il 1926, la festa è una fedele

riproduzione di quella che si svolge in Calabria. È Ia

festa dei calabresi destinata ai calabresi stessi, senza

intenzioni di diffusione del culto. L’organizzazione è

gestita da una commissione istituita attraverso riunioni

tra i calabresi. La festa è anche una opportunità per

raccogliere fondi per la comunità. Parte della rendita

viene destinata all’acquisto di un terreno per la co-

struzione della cappella dedicata alla Madonna, che,

dopo pochi anni, sarebbe stata realizzata proprio nella

strada principale di Bexiga. Dopo il primo ventennio

di feste la situazione cambia radicalmente: la Chiesa

diviene responsabile dell’organizzazione che prece-

dentemente era in mano ai calabresi di Bexiga. Nel

1926 viene istituita la parrocchia di São José do Bexiga,

affidata all’ordine religioso della Divina Provvidenza

di don Orione, prete piemontese e missionario in

America latina. Nello stesso anno il vicario nomina

una commissione per la festa, sostituendo i festeiros

calabresi nell’organizzazione della manifestazione. In

questo cambiamento della gestione della festa la Crep-

schi Coimbra osserva come la Chiesa abbia attuato un

processo di espropriazione della religiosità popolare

dei calabresi. In quegli anni mutano tante cose, ma in

molti casi i calabresi capatostaiv resistono alle pratiche

di espropriazione attuate dalla Chiesa, nonostante le

barracas non siano più gestite dalle famiglie calabresi

e le bande musicali vengano contattate dal parroco

stesso. Tutto ciò avviene negli anni in cui anche il

quartiere cambia il nome di Bexiga in quello di Bela

Vista. I cambiamenti operati modificano la gestione e

il senso della manifestazione che, da festa a carattere

familiare, passa in mano alla Chiesa. È interessante

notare che per la Chiesa la prima festa di Nossa

Senhora Achiropita avviene nel 1927, anno successivo

all’istituzione della parrocchia, e non nel 1908, come

registra la memoria della comunità. I discendenti

dei calabresi ricordano che nel 1986 ci fu la 79esima

edizione della festa e non la 60esima edizione, come

viene erroneamente affermato dagli organizzatori. Co-

munque la Chiesa riconosce che nel 1926 la festa era

già una tradizione, come si evince da alcuni documenti

dell’archivio ecclesiastico. Nella terza fase, relativa al

f o r u mD E M O C R A T I C O 23

periodo successivo, dagli anni Settanta fino a oggi, la

dimensione della festa cresce così tanto da essere ora

una delle più grandi di São Paulo. La festa perde le sue

caratteristiche tradizionali, diventando un evento che

mira al riconoscimento dell’italianità di Bexiga e della

città di São Paulo. Nel 1979, la festa subisce un nuovo

impulso innescato dalla commissione della parrocchia

che entra in collaborazione con la Sociedade União do

Bexiga (Ub), un’organizzazione che ha come obiettivo

lo sviluppo e la valorizzazione del quartiere all’inter-

no della metropoli paulista: l’edizione della festa del

1979 proietta Bexiga verso la metropoli. Nel giugno

del 1980, il parroco, favorevolmente stimolato dal

successo dell’edizione dell’anno precedente, convoca

varie associazioni per collaborare con la commissione

della festa della parrocchia. In risposta all’appello,

alcune associazioni del quartiere e la Ub partecipano

all’organizzazione. La parrocchia, allarga la collabora-

zione alle associazioni di quartiere solo fino al 1980,

quando le barracas cominciano a vendere piatti tipici

italiani, seguendo il modello delle cantinas dei privati,

che, di fatto, dominano l’organizzazione della festa.

La commissione, guidata dal parroco, considera

le associazioni incaricate del funzionamento delle

barracas come elementi estranei all’organizzazione.

Gli obiettivi delle associazioni che prendono parte alla

manifestazione non corrispondono agli obiettivi dei

parrocchiani, consistenti nel totale trasferimento dei

profitti della festa alla Chiesa. II conflitto latente tra

commissione della festa, in mano alla parrocchia, e as-

sociazioni di quartiere è analogo al conflitto sorto, nel

l926, tra la Chiesa, che assume la leadership esclusiva

dell’organizzazione della festa, e i calabresi abitanti di

Bexiga a cui di fatto «apparteneva» la festa. Dal 1981

è la commissione, nominata dal parroco della chiesa,

a decidere le sorti della festa, che, anno dopo anno,

assume dimensioni crescenti in termini di risorse

investite, profitti e partecipazione: la festa di Nossa

Senhora Achiropita diventa così un emblema dell’italia-

nità di São Paulo.

4. L’esperienza della festa oggi.

Il quartiere di Bexiga è completamente decorato

da bandierine e girandole bianche, rosse e verdi.

Durante il mese di agosto accoglie circa duecentomila

paulisti che accorrono per trascorrere una serata

all’insegna dell’italianità, ormai contaminata da forti

elementi brasiliani. I festeggiamenti cominciano con

una serie di celebrazioni: la messa di apertura e il

ringraziamento alla Nossa Senhora Achiropita, la messa

dell’immigrato italiano, celebrata in italiano e, durante

le settimane dei festeggiamenti, le messe dedicate alle

varie sezioni dell’Obra Social di Nossa Senhora Achiropita,

l’istituto legato alla chiesa che svolge attività sociali

per i moradores de ruav, anziani e bambini. Le serate del

sabato e della domenica sono dedicate alla festa in

strada tra le numerose barracas gastronomiche. Il 30 di

agosto si concludono i festeggiamenti con una messa

di ringraziamento e i fuochi d’artificio finali. L’edizione

del 2009 ha avuto risonanza anche in una televisione

nazionale brasiliana, entrando, inoltre, nel calendario

culturale del municipio di São Paulo.

5. Celebrazioni e festeggiamenti.

Il giorno centrale di tutte le celebrazioni è il 16 agosto,

domenica in cui si svolge la processione che attraver-

sa le strade principali del quartiere. La processione,

molto partecipata dai residenti, è aperta dalla banda

musicale, seguita dalla statua a cui sono attaccati i

nastri dove si appendono i soldi offerti. Questa è una

delle tradizioni, descritte dalla Crepschi Coimbra, esi-

stente sin dai primi anni della festa e che, nonostante il

tentativo di soppressione da parte della Chiesa locale,

ha resistito fino a oggi, dando continuità a un elemento

che si riscontra anche nelle feste devozionali calabresi.

Arrivati di fronte alla chiesa, decorata con palloncini

bianchi e azzurri, il parroco recita le ultime preghiere,

ringrazia i partecipanti ed elenca i successivi momenti

delle celebrazioni. La banda esegue l’inno nazionale

italiano seguito da quello brasiliano. Prima di entrare

in chiesa per posizionare la statua della Madonna

sull’altare principale, una grossa esplosione libera dei

palloncini a elio bianchi, rossi e verdi, un ennesimo

omaggio all’Italia. Oltre alle messe e alle bençõesvi

che si susseguono di ora in ora, un momento molto

suggestivo è la preghiera collettiva che apre tutte le

giornate di festa. Prima che arrivi la grande massa dei

partecipanti, gli altoparlanti diffondono le parole del

Padre che invita i volontari, i partecipanti e gli abitanti

a fermare le proprie attività per alcuni minuti, per

pregare e concentrarsi in modo da dare un impulso

positivo alle diverse attività. È interessante notare

che realmente in questi momenti chiunque partecipa

al rito lo fa con estrema devozione e gratitudine.

Vincenzo Miconi, abruzzese abitante di São Paulo, è

uno dei tanti volontari che lavora per mettere in moto

la grande macchina organizzativa che muove la festa

dell’Achiropita. Racconta della sua esperienza e del

suo rapporto con la festa, che inizia proprio nel 1978,

anno in cui la festa è in ascesa. È responsabile della

Setembro / Outubro 12

Editrice: Rubbettino A cura di Vittorio Cappelli e Alexandre Hecker

Page 24: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m24 D E M O C R A T I C O8 f o r u m24

i t a l i a

f o r u mD E M O C R A T I C O824

barraca della fogazza, una specialità importata da un

italiano e ormai diventata una tradizione della festa.

Vincenzo fa parte dell’organizzazione da quando era

adolescente e racconta del suo progressivo coinvol-

gimento:

Dalle prime amicizie mi sono poi interessato di cultura

italiana che avevo dimenticato essendo partito dall’Italia

a dodici anni. La tradizione è importante e deve essere

preservata altrimentí si disperderebbe così come gli ita-

liani di Bexiga notevolmente diminuiti dagli anni settanta

ad oggivii.

Vincenzo Miconi evidenzia l’importanza che riveste

il lavoro volontario nella festa, dove quest’anno oltre

mille volontari sono impegnati tra le barra-

cas, la cantina e l’organizzazione. Quasi tutti

arrivano da altri quartieri come Lapa, São

Bernardo, Santo Amaro e Penha, i quali non

hanno alcun legame con la cultura italiana.

Anche coloro che vengono alla festa per par-

tecipare contribuiscono alla riuscita generale

“semplicernente comprando e consumando

un piatto di spaghetti in piedi in mezzo alla

strada”viii. Dalle parole di Miconi emerge

l’importanza dell’aspetto organizzativo, “in

modo tale che durante la festa si riescano

a canalizzare le energie affinché non ci sia

dispersione ma un ambiente gradevole”ix.

C’è un coordinatore generale e un coordina-

tore spirituale, il parroco. Il coordinamento

generale è formato da cinque coppie (marito

e moglie) che si occupano dei cinque settori

principali in cui è divisa la festa: l’organizza-

zione interna (la cantina), quella esterna (rua,

barracas), la parte riguardante l’alimentazio-

ne, la parte finanziaria, il settore dell’organiz-

zazione del personale. Le strade sono invase

dalle barracas, ognuna delle quali è specia-

lizzata nella preparazione di un prodotto: la

barraca della fogazza, un pasticcio fritto con

pasta di patate, la barraca della fricazza, della

polenta bolognesa, del macarrão, della pizza

e, per finire, della calabresa (è questo il nome con cui

viene chiamata la salsiccia). La festa per le strade si

svolge tra cibo, giochi, giostre per i bambini, musica

italiana diffusa lungo il percorso principale. La gente

arriva già nel tardo pomeriggio, ma è durante la serata

che le strade diventano sempre più piene e tra le file

interminabili delle barracas l’agitazione generale cre-

sce, il caos che si viene a creare è indescrivibile. All’in-

terno della struttura della parrocchia, c’è la Cantina

Madonna Achiropita in cui avviene una festa esclusiva,

dato il prezzo da pagare per entrare che consiste in

sessanta reaisx per persona. Sui tavoli della cantina si

notano i posti assegnati e delle bottigliette di ketchup

con cui ogni cliente condisce le specialità italiane.

Rispetto al cibo venduto nelle barracas per strada,

l’offerta della cantina è molto maggiore. Il menu base

comprende spaghetti à moda achiropita, polenta fritta,

antipasto speciale e pane. A scelta si può aggiungere

peperone al forno, melanzana al forno e la richiestis-

sima fogazza. Tra i dolci si trovano crustoli, pastiera

di grano, amaretto, sfogliatelli e canoli, prodotti tipici

del sud Italia, non solo tradizionali della Calabria e

tanto meno di Rossano Calabro. È interessante notare

che i nomi delle pietanze elencate nel menù sono in

italiano, anche se esistono i termini corrispondenti in

portoghese. La sala della Cantina Madonna Achiropita

lentamente si riempie e gradualmente si anima, grazie

anche al contributo della banda Felice Italia, che

sfodera un repertorio che va dalle recenti canzoni di

Bocelli a quelle di Sergio Endrigo, Claudio Villa e Rita

Pavone. Il maestro Feliciano, leader della banda, parla

della musica italiana a São Paulo: “Con gli anni abbiamo

imparato cosa piace ai paulisti, nipoti di italiani. La musi-

ca che qui piace è diversa da quella che si suona nel sud,

a Porto Alegre, che è più folcloristica, popolare o in altre

parole raízesxi. Nella São Paulo industrializzata all’inizio

del secolo si è diffusa un altro tipo di musica, più erudita

non così folcloristicaxii”.

Il lavoro dei volontari è notevole. Nella cantina alcuni

sono impegnati in cucina, altri servono ai tavoli, altri

ancora controllano la situazione e agevolano i parte-

cipanti. In strada decine di volontari si aggirano ven-

dendo tamburelli bianchi, rossi e verdi, ovviamente

firmati Nossa Senhora Achiropita. Intervistando qualche

volontario della festa, ho avuto l’occasione di chiedere

se fossero discendenti di italiani o se avessero legami

particolari con il quartiere o con la devozione per

la Nossa Senhora Achiropita. Le risposte, per quanto

diverse, avevano molti tratti comuni. Nessuno di loro

aveva radici italiane o una devozione particolare, così

come testimonia una signora impegnata nella vendita di

tamburelli in uno stand:

“Abito nel quartiere, mi piace questa festa. Non vengo

da famiglia italiana, sono mineiraxiii, lavoro qui perché la

Chiesa fa un ottimo lavoro con le risorse derivanti dalla

festaxiv”.

Anche Caio, un giovane di 22 anni, racconta:

“Abito lontano da qui. Diversi anni fa invitarono i miei

genitori e successivamente mi hanno portato, ma non

abbiamo nessun legame con la cultura italiana. Qui in

Brasile non c’è nessuna preoccupazione riguardo

la discendenza. Gli italiani non si sposano con gli

italiani, i negri non si sposano con i negri, cosi la

tradizione si va trasformando e si perde la vera

identità, in questo caso italianaxv”.

Finalmente, incontro qualcuno con una discen-

denza italiana, il signor De Marco, nipote di

calabresi:

I miei nonni erano calabresi, ma non so di dove.

La mia devozione nasce con mia moglie perché ha

genitori italiani e sono tutti devoti. Sono volontario

da cinque anni, la festa cresce anno dopo anno, la

cultura italiana è sempre benvenuta qui, la gente

la accoglie con calorexvi”.

Le recenti edizioni della festa possiedono molti

tratti comuni con la tradizionale festa che si è

svolta in passato. La festa oggi è divenuta

più in generale la festa dell’italiano nella città di

São Paulo. Vi si riscontrano tanti elementi di ita-

lianità, ad esempio nelle specialità culinarie. La

festa assume l’importante ruolo di conservazio-

ne della memoria del contributo italiano nella

costruzione di São Paulo e dell’influenza che gli

italiani hanno esercitato sulla città. Diversamen-

te dall’idea di “doppia assenza”xvii, formulata

da Sayad, il quale descrive le condizioni dei

migranti algerini in Francia, sostenendo che

i migranti soffrono una doppia condizione di

emarginazione sia nel Paese di partenza che in quello di

arrivo, il fenomeno specifico della festa dell’Achiropita

genera non solo un’integrazione forte tra le comunità,

ma anche un’identità della festa completamente nuova.

Si viene a creare una presenza, nonostante l’assenza

fisica dei protagonisti che diedero origine alla festa.

6. La festa osservata in un’ottica tropicale

L’osservazione della festa della Nossa Senhora Achiropita

va condotta considerando anche gli effetti del processo

migratorio nel contesto specifico del Brasile. L’ottica

tropicale sta a significare un’analisi della contaminazio-

ne reciproca delle due comunità attraverso l’utilizzo

di categorie che nascono e si sviluppano nel luogo

di accoglienza, il Brasile, e che danno giusto risalto

al luogo in cui converge il processo migratorio. La

prima lettura è basata sull’antropofagia, un concetto

Setembro / Outubro 12

Page 25: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 25Setembro / Outubro 12 f o r u mD E M O C R A T I C O 25

i t á l i as t o r i a i t a l i a n a

f o r u mD E M O C R A T I C O 25

elaborato nel Brasile degli anni Venti del Novecento

dai modernisti brasiliani, per definire la capacità del

Brasile di mangiare e digerire le culture straniere, di

inglobarle e “creare qualcosa di inedito e di tipica-

mente brasiliano”xviii. La seconda rilettura tropicale è

legata ai fenomeni che si sviluppano specificamente in

Brasile, come i postsincretismi, che trovano grande dif-

fusione e che rivelano la marcata attitudine del Paese

alla formazione di unione e mescolanza di diversi culti.

La festa dell’Achiropita può essere osservata alla luce

di queste due nuove riletture, analizzando l’evolversi

del fenomeno in un’ottica fortemente caratterizzata

dalla cultura locale. Nella prospettiva multidisciplinare

attraverso cui si cercherà di osservare la festa dell’A-

chiropita, vi è un’attenzione particolare al Brasile,

non considerato come un mero contenitore entro

cui si svolge il fenomeno, bensì come parte integrante

del fenomeno stesso, che incide notevolmente nella

comprensione dell’evoluzione degli avvenimenti. Al di

là della ricostruzione storica - che tende a rintracciare

elementi che possano ricongiungere l’analisi all’origine

della vicenda migratoria, adoperando il nostro punto

di vista di matrice eurocentrica - è determinante os-

servare quali siano le caratteristiche che hanno inciso

sul processo di integrazione e di sviluppo della festa,

il quale ha portato questa dell’Achiropita a essere la

festa più grande di São Paulo, proprio nel momen-

to in cui i promotori iniziali, gli immigrati calabresi,

avevano perso ogni legame con la festa e le proprie

origini. Con il progressivo declino delle tradizioni

italiane, sostituite da usanze «tropicali», la festa italiana

diventa ciò che i paulisti pensano siano l’Italia e le sue

tradizioni. In questo contesto il termine tropicale si

limita a definire la visione e l’analisi del fenomeno da

un punto di vista endogeno e specifico del Brasile, così

come afferma Finazzi-Agrò rimarcando l’importanza di

quanto l’habitat possa condizionare “se non immedia-

tamente l’essenza, almeno la struttura dell’essere”xix.

Il concetto di tropicalismo, coniato da Gilberto Freyre

per definire la specificità del meticciato culturale che

si era venuto a formare in Brasile, stabilisce come

questo Paese possa “diventare un leader nel processo

di creazione dell’uomo civilizzato delle regioni fredde

consapevole dei valori estetici dei tropici”xx, attraver-

so un percorso di “imperialismo culturale alla rovescia,

con i tropici alla guida e l’Europa al seguito, non ultimo

perché il Brasile era un pioniere nella mescolanza

razziale e culturale che stava diventando caratteristica

del mondo del tardo Ventesimo secolo”xxi. Inoltre, il

termine tropicalismo fu ulteriormente utilizzato negli

anni Sessanta per definire il movimento artistico, che

coinvolse letteratura, musica, arti visive, teatro e cine-

ma, caratterizzante dell’essenza nazionale brasiliana.

Esponenti di primo piano del tropicalismo furono i

musicisti Caetano Veloso e Gilberto Gil, che scelsero

tale termine “quasi a voler ribadire che l’abitare (ver-

bo che, si ricordi, deriva da habere) al sole dei tropici

comporti un modo d’essere specifico”xxii.

7. Antropofagia.

Il contesto storico

in cui si sviluppa e si

diffonde il Manifesto

Antropofago di Oswald

de Andrade è di fon-

damentale importanza

per la storia del Bra-

sile. Mentre negli anni

Venti si affermano le

comunità di immigrati

italiani, arrivate nel

grande flusso di inizio

secolo, il Brasile si pre-

para a celebrare solen-

nemente il centenario

dell’Indipendenza,

trovandosi “di fronte

a un divario nettissimo

tra il mondo come era

rappresentato nel pas-

sato, con il suo ordine

e la sua organicità, e

il mondo attuale con i

suoi fermenti e la sua

nuova instabilità”xxiii.

ln quell’anno - il

1922 - due eventi si

sovrappongono: Rio de Janeiro, la capitale, si prepara

a ospitare l’Esposizione Internazionale, provvedendo a

un risanamento generale delle proprie strutture urba-

ne e diventando l’emblema di un Paese che guarda alla

modernità, efficiente ed economicamente affidabile.

Contemporaneamente a São Paulo viene allestita la

Semana de Arte Moderna, una contromanifestazione

che esprime l’insieme delle “esperienze estetiche, sti-

listiche, espressive, come in un passaggio dalla quanti-

tà alla qualità, in una presa di coscienza di un processo

da lungo tempo in atto, in un rivoluzionario scambio,

e non pacifico scorrimento, di personaggi e di gene-

razioni al timone dell’intelligenza nazionale”xxiv. La

Semana de Arte Moderna crea un’occasione di incontro

per numerosi scrittori e artisti brasiliani, come Mario

de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila de Ama-

ral, Raul Bopp e Emiliano Di Cavalcanti. In questa

occasione acquista risonanza 1’idea di antropofagia

come riferimento culturale generalizzato, che si con-

cretizzerà sette anni più tardi, nel 1929, nella stesura

dei manifesti di Oswald de Andrade: il Manifesto della

poesia Pau-Brasil e il Manifesto Antropofago. La Pincherle

osserva l’importanza dei manifesti scritti da Oswald de

Andrade come testimonianza del “senso di un movi-

mento di avanguardia in un ex colonia alla ricerca della

propria identità culturale”xxv. L’esigenza percepita dai

modernisti era “quella di liberare il presente dal peso

della tradizione accademica oltre a quella di rein-

terpretare il passato alla luce della modernità”xxvi,

creando un’identità propria, capace di contenere

le diversità esistenti. L’antropofagia viene utilizzata

come metafora organica, ispirata al rituale dei guerrieri

tupi che, divorando i nemici coraggiosi, riuscivano a

conglobare “tutto quello che doveva essere ripudiato,

assimilato e superato per conquistare l’autonomia

intellettuale”xxvii. L’uso della parola antropofagia è

certamente provocatorio, rimanda chiaramente al fat-

to che sia proprio “il Brasile, la vera patria dei caribi-

canibi, ad essere identificato quale paese d’elezione

degli antropofagi”xxviii. L’idea di Oswald de Andrade

consiste nel definire la cultura brasiliana caratteriz-

zandola nella sua originalità. L’antropofagia riflette

l’incontro e il contatto con l’altro, per cui “si mangia,

per assorbire le virtù del mangiato, per incarnarne il

valore, così che l’incorporazione dell’altro finisce per

configurarsi come un modo di dare corpo all’altro, al

nemico come all’amico”xxix. Benedito Nunes descri-

ve l’antropofagia dei modernísti come una diagnosi

della società brasiliana, “traumatizzata dal sistema

coloniale, il cui maggior simbolo è la repressione

dell’antropofagia ad opera dei gesuiti”xxx, e come

una terapeutica, “atta a rinnovare i meccanismi sociali

e politici, le abitudini intellettuali, le manifestazioni

letterarie e artistiche radicate nel trauma repressivo,

esemplarmente rappresentato dalla catechesi”xxxi. Il

Manifesto Antropofago, ironicamente datato anno 374

dalla deglutizione del vescovo Sardinhaxxxii, “nel suo

svolgersi mette in atto esattamente ciò che si propo-

ne: divora le citazioni colte, inglobando riferimenti

Setembro / Outubro 12

Page 26: Revista Forum Democratico

sociale che ne giustifica l’esistenza. La visione antropo-

fagica dell’alterità è uno sguardo verso sé stessi, ci si

riscopre “attraverso lo sguardo altrui”xxxix, così come

descritto nel Manifesto di de Andrade:

“Già avevamo il comunismo. Già avevamo la língua sur-

realista. L’età dell’oro. Catiti Catiti / Imara Notià I Notià

Imara/ Ipejuxxxx”.

Oltre al Manifesto di Oswald, tra i più importanti au-

tori antropofagici vanno ricordati Mario de Andrade e

Raul Bopp. Il primo scrisse il romanzo simbolo dell’An-

tropofagia: Macunaíma. Il protagonista, Macunaíma,

l’eroe senza nessun carattere, rappresenta “il campio-

ne nazionale. Il campione dei difetti nazionali”xxxxi.

Una delle caratteristiche centrali del testo é «1’amo-

ralità dell’eroe, che nel corso della narrazione mente,

uccide, fa all’amore nella più completa primitiva

libertà”xxxxii, il che ne fa un personaggio estrema-

mente antropofagico. Mario de Andrade rappresenta

così, oltre ogni retorica e ogni costruzione miticamen-

te aprioristica, il Brasile mistirazziale, nella sua realtà

sociale e linguistica multiforme.

8. I post-sincretismi in Brasile

La festa dell’Achiropita, oltre a essere considerata una

manifestazione di carattere sociale e culturale, va in-

tesa nella sua originaria natura religiosa. In relazione ai

mutamenti del sacro in Brasile, Massimo Di Felice ca-

ratterizza l’ethos spirituale del popolo brasiliano come

“un atteggiamento utilitaristico e compulsivo che

oltrepassa le barriere dei dogmi e delle istituzioni reli-

giose, e si disloca senza meta, accumulando esperien-

ze diverse e tradizionalmente diverse tra loro”xxxxiii.

La difficoltà a etichettare le religioni brasiliane come

sincretismi risiede nella concezione storica lineare di

matrice eurocentrica, che sta a monte della definizio-

ne. In realtà, non è sufficiente analizzare i culti formati-

si in Brasile come una semplice convergenza di varie

religioni «pure». La manifestazione del sacro in Brasile

può essere definita, non più come “un’unione sincre-

tica di elementi provenienti dai tre sistemi originari

(1’africano, l’europeo e l’indigeno), ma come la nascita

e il succedersi di innovazioni e di sperimentazioni di

nuove forme di sacralità penetrabili”xxxxiv. Di Felice

ribadisce la “necessità di considerare i mutamenti con-

tinui dei culti e delle mistiche in Brasile come il libero

e indefinibile movimento di forme di sacralità aperte,

immanenti e sempre disponibili”xxxxv. La diffusione

di culti con influenze cattoliche, africane, ovviamente

indigene, ma anche derivanti da altri riti, traccia una

mappa della spiritualità brasiliana in cui le nuove forme

di religione superano il modello sincretico, inteso

come convergenza lineare di due religioni che “ibri-

dizza gli elementi identitari” xxxxvi. La diffusione dei

nuovi culti in Brasile ha assunto notevoli dimensioni

dagli anni Sessanta in poi. Le recenti forme di spiri-

tualità introducono nuove mistiche, nuove immagini

tradizionali delle varie divinità, sia africane sia cristiane,

indigene e indù. Come afferma Perniola, “non hanno

un rapporto di identità con l’originale, col prototipo”

xxxxvii, ma costituiscono nuove rielaborazioni post-

sincretiche. Tra le nuove mistiche presenti in Brasile

troviamo il culto del Santo Daime, la União do Vegetal

- basate sull’utilizzo cerimoniale dell’ayahuasca, una

bevanda ricavata dall’ebollizione di due piante native

della foresta pluviale - le varie dottrine dello spiritismo

kardecista, i culti presenti nella Valle do Amanhecer, la

Cultura Racional, l’Umbanda e il Candomblé, entrambe

di origine africana, ma con un forte influsso di altri culti

non africani. La formazione dei postsincretismi riflette

il superamento degli “argini stabiliti dal concetto di

religione e dalle forme istituzionali della fede” xxxxviii.

Le forme del sacro in Brasile sono il frutto della “libera

sperimentazione di originali riletture e di interpreta-

zioni creative che, più che riunire elementi provenienti

da altri sistemi religiosi, creano pratiche inedite e signi-

ficati non permanenti, facendo della mistica e delle

fedi le pratiche sperimentali di una incessante ricerca

spirituale”xxxxix. Il Brasile si delinea così come una

regione del mondo fertile dal punto di vista spirituale

e della libertà di espressione nelle manifestazioni del

sacro. Proprio per la natura indefinibile del sacro, ap-

pare necessario ricorrere a varie forme interpretative

per esprimerne l’essenza trascendente.

9. Brasile: l’Evasione e l’Altrove.

Consideriamo infine il Brasile nell’immaginario degli

europei cercando di rivelare la natura di chi guarda

attraverso l’analisi dell’Altro. Se i paulisti evocano

l’italianità celebrando la festa dell’Achiropita, nello

sguardo degli occidentali il Brasile ha sempre richia-

mato archetipi contrastanti. In quello che può essere

considerato l’atto di nascita della letteratura brasiliana

-la Carta do Achamento di Pero Vaz de Caminha, lo

scrivano a bordo della nave di Pedro Alvares Cabral

che nel 1500 arrivò sulle coste dell’odierna Bahia -

troviamo una descrizione paradisiaca del territorio

brasiliano, con tutte le sue meraviglie naturali:

“Questa terra, signore [...] ha qui e là, lungo la riva del

mare grandi scogliere, rosse e bianche; e la terra è tutta

piana e coperta di grandi foreste. A perdita d’occhio è

tutta una spiaggia-palmeto, molto piana e molto bella

[...] Acque ce ne sono molte, infinite. Ed è così bella che,

volendola sfruttare, vi si potrà produrre tutto, per merito

di queste acque xxxxx”.

Si viene a creare il mito del Brasile come Eden, paradi-

so terrestre, quasi una proiezione di un luogo oramai

dimenticato per gli occidentali iper-civilizzati. Come

le isole fortunate, antico mito greco che narrava l’esi-

stenza di isole dal clima mite e di estrema ricchezza di

vegetazione, destinate agli eroi per vivere un’eterna

vita felice. Pero Vaz de Caminha descrive, oltre alle

meraviglie naturali, il fascino subito dalle donne del

luogo:

“E una di quelle fanciulle era tutta tinta da cima a fondo

di quella pittura; ed era così ben fatta e rotondetta e

la sua vergogna (che lei proprio non ne aveva) era così

graziosa che molte donne del nostro paese, vedendola

disparati alle discipline più diverse della tradizione

occidentalexxxiii”. In relazíone all’atto cannibalico,

“viene valorizzato 1’aspetto ritualistico, il senso della

sacralizzazione del proibito, 1’assunzíone sublimata

di ciò che non appartiene al proprio ambito”xxxiv,

denigrando l’aspetto caratterizzante della società

occidentale, “improntato all’utile e ipocritamente

coperto da falso pudore moralista”xxxv. Il Manifesto

svolge un ruolo fondamentale come segnale di rottura

con la cultura vigente in Brasile, che, se da una parte

dipendeva fortemente dalle influenze europee, d’altro

canto soffriva di un’identificazione con il mito del buon

selvaggio e con la visione romantica dell’indio “sulla

falsariga degli eroi cavallereschi”xxxvi, che andava dif-

fondendosi nel tardo Ottocento soprattutto attraver-

so i romanzi di Jose de Alencar. Dalla fusione di queste

culture così diverse i modernisti cercano di formare

una sintesi, fagocitando il meglio dei vari universi: «il

progresso tecnico e la filosofia umanista da un lato,

il sentimento cosmico e l’istinto di conservazíone

dall’altro”xxxvii. La fagocitazione arbitraria di elementi

che culturalmente non appartengono alla cultura

brasiliana va letta positivamente come un processo

di arricchimento reciproco derivante dall’incontro.

Così, ritornando all’analisi della festa dell’Achiropita,

il divoramento di elementi che appartenevano agli

immigrati italiani crea una festa in cui, al di là della

conservazíone della memoria nella città paulista del

contributo italiano, si riscontrano pochi elementi legati

alla tradizione originaria, che in tal modo non appar-

tiene esclusivamente agli immigrati bensì a chiunque

vi partecipi. Tale partecipazione è evidente durante

i festeggiamenti a cui intervengono persone che né

hanno legami con la cultura italiana e né abitano nel

quartiere in cui si svolge la festa. Parafrasando Oswald

de Andrade, “l’allegria è la prova del nove”xxxviii; in

assenza di una specifica appartenenza dei partecípanti,

la festa presenta una forte connotazione di carattere

D E M O C R A T I C O8 f o r u m26 Setembro / Outubro 12

i t a l i a

Page 27: Revista Forum Democratico

s t o r i a i t a l i a n a

così fatta, avrebbero avuto vergogna di non avere una

vergogna come lei xxxxxi”.

Il Brasile incarna così quello che gli occidentali

hanno perso. È la proiezione di cio che si è assopito

attraverso le sedimentazioni della civilizzazione:

Brasile come futuro del passato. Emblema dei

desideri nascosti, delle passioni che emergono nel

momento della scoperta dell’Altro, della diversità,

di ciò che non si crede di essere e viene proiettato

all’esterno. Gli occidentali, attraverso Pedro Alvares

de Cabral, non scoprono il Brasile, ma scoprono

una dimensione di sé stessi, ormai fossilizzata da

secoli di civilizzazione. Questo riflesso paradisiaco

nasconde un lato selvaggio, che rimanda a sentimenti

più oscuri. Oltre all’immagine dell’Eden, il Brasile

è per molti secoli la sconosciuta terra dei cannibali

che evoca l’ignoto. Il selvaggio, la possibilità di vita

libera o comunque meno appesantita da un apparato

morale, per gli occidentali, sono motivo di spavento

e al tempo stesso di fascino: il selvaggio alimenta la

paura dell’Altro che si concretizza appunto nell’es-

sere mangiato, nell’atto antropofagico. Se da una

parte anche i primi occidentali rimangono affascinati

da tanta bellezza, allo stesso tempo c’è una sorta di

invidia, espressa nella volontà di dominio sulle terre da

civilizzare, come si può notare in un altro passo della

Carta di Pero Vaz de Caminha:

“Ma il miglior frutto che se ne può trarre mi sembra che

sarà quello di salvare questa gente. E questo deve essere

il principale seme che Vostra Altezza dovrà gettare

quaggiù xxxxxii”.

La catechizzazione degli indios a opera dei gesuiti

esprime il rammarico di non possedere più ciò che si

vede nell’Altro. Emblematica è l’immagine liberatoria

del vescovo bollito in pentola dagli indios, marchio

dei modernisti brasiliani. La Stegagno Picchio parla di

un “Brasile come nostro rimorso. Brasile paese del

futuro, Brasile paradigma di mistione antropologica,

culturale e linguistica”xxxxxiii. È una nostra proie-

zione dell’Altrove, dell’Evasione: nell’osservazione

dell’Altro ritroviamo noi stessi e le nostre sensazíoni.

Antonio Tabucchi, in un articolo sul Brasile xxxxxiv,

riporta una sua conversazione con lo scrittore Carlos

Drummond de Andrade sul lungomare di Copacaba-

na. Quest’ultimo in tono retorico gli chiede cosa sia il

Brasile e, rispondendosi, dice che il Brasile è un sogno

degli europei, con la differenza che loro (i brasilia-

ni) ci vivono dentro. Dai tentativi di civilizzazione

morale dei selvaggi all’origine dell’ufanismo» xxxxxv, il

Brasile rivela la sua vera identità sempre in bilico tra

le diverse letture denigratorie o esaltanti. Tornando

al modernista Mario de Andrade, attraverso Ia figura

di Macunaíma, egli sembra essere riuscito a svelare

l’archetipo dell’individuo brasiliano. L’essenza brasi-

liana, alla luce delle varie influenze, è rappresentata

fedelmente dall’antieroe creato da de Andrade, un

“indio negro e poi bianco con gli occhi azzurri, pigro,

lussurioso, crudele, cuore tenero, avido di denaro,

furbo, malfido e capace di ogni inganno e prodezza” xxxxxvi, il quale incarna le controverse caratteristiche

costanti del Brasile, che affascinano chi vive al di là

dell’Atlantico.

10. Conclusioni

Alcune settimane dopo il ritorno dal Brasile, vado a

Rossano, nella cattedrale per cercare qualche altra

informazione, soprattutto riguardo ai legami tra la

parrocchia di Rossano e quella di Bexiga. Incontro

don Tonino, padre della parrocchia di Rossano, che mi

assicura di non sapere quasi nulla sulla festa dell’A-

chiropita di São Paulo e che non ci sono rapporti

tra le due comunità, svaniti forse da molti anni. La

Madonna Achiropita è diventata Nossa Senhora Que-

ropitaxxxxxvii, divorata dai paulisti che ne hanno fatto

un’icona identificabile col quartiere di Bexiga. I paulisti

che oggi partecipano alla festa si sono appropriati di

un’icona che non rappresenta più ciò che era per i

rossanesi nel passato. La festa è diventata la rappre-

sentazione dell’italianità secondo i paulisti. All’interno

di un processo di “importazione culturale” rivivono

la loro identità attraverso gli Altri. Così de Andrade

scrive nel Manifesto:

“Ma non erano crociati quelli che vennero. Erano fuggia-

schi di una civiltà che stiamo mangiando, perché siamo

forti e vendicativi come il Jabuti xxxxxviii”.

Le categorie di colonizzato e colonizzatore sono

superate attraverso un processo antropofagico

e creatore di un nuovo fenomeno, di una nuova

identità che appartiene a chiunque vi prenda parte.

La definizione provocatoria di Madonna Divorata

indica un approccio distante dalle categorie classiche,

evidenziando la carica di appropriazione e di utilizzo

di chi, senza diritti derivanti dalla tradizione, parteci-

pa al fenomeno e lo fa proprio. La creazione di una

nuova identità ricorda il poema antropofagico Cobra

Norato di Raul Bopp, in cui l’eroe principale uccide

il Serpente, “s’infila nella sua pelle di seta elastica e

parte alla ricerca della figlia della regina Luzia. Entra

nella foresta, sopporta le prove, interroga i passanti,

raggiunge il cobra grande, nel momento in cui questo

sta per sposare la figlia della regina, lo uccide” xxxxxix,

raggiungendo la sua amata. La peculiarità dell’inte-

grazione brasiliana risiede nell’assimilazione anche di

ciò che è potenzialmente avverso, un “assorbimento

del nemico sacro, per trasformarlo in totem”xxxxxx.

Da un approccio contrastante si passa a un approccio

conciliatorio. Il riscatto del Brasile colonizzato avviene

all’interno delle stesse forme di colonizzazione subìta.

Seguendo quest’ottica, anche il concetto di migrazio-

ne può assumere un altro significato. La migrazione

come impulso verso il cambiamento e la trasforma-

zione continua di culture diverse, che travalicano le

appartenenze esclusivamente nazionali e territoriali.

La migrazione come fenomeno che dà vita a processi

culturali considerevoli, al di là delle numerose letture

pietistiche e moralistiche del fenomeno, che soffocano

il contesto di meraviglia caratterizzante l’incontro tra

culture diverse. A tale riguardo, Oswald de Andrade

offre un interessante spunto di riflessione:

“Le migrazioni. La fuga dagli stati noiosi. Contro le

sclerosi urbane. Contro i Conservatori e il tedio

speculativo xxxxxxi”.

La Madonna Divorata diventa così una necessità

interpretativa, un emblema di un’esperienza collettiva.

Dal rapporto tra brasiliani e immigrati scaturisce un fe-

nomeno che riecheggia ancora una volta nel Manifesto

di de Andrade:

Figli del sole, madre dei viventi xxxxxxii. Trova-

ti e amati ferocemente, con tutta l’ipocrisia della

nostalgia, dagli immigrati [...] Nel paese del cobra

grandexxxxxxiii.

f o r u mD E M O C R A T I C O 27Setembro / Outubro 12

i t á l i a

Page 28: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m28

xx P. Burke, Tropicalizzazione, tropicalismo, tropico-logia. Il contributo di Gilberto Freyre, in «Agalma», n. 10, 2005.

xxi Ibidem.

xxii E. Finazzi-Agrò, Strani tropici, La costruzione dello spazio brasiliano, in «Agalma», n. 10, 2005.

xxiii M. C. Pincherle, La cultura cannibale, Meltemi, Roma 1999. xxiv L. Stegagno Picchio, Storia della letteratura brasi-liana, Einaudi, Torino 1997.

xxv M. C. Pincherle, op. cit. xxvi Ibidem.

xxvii A. Fabris, Da Tropicalia a Happyland, in «Agalma», n. 10,2005. xxviii E. Finazzi-Agrò, La cultura cannibale.

xxix Ibidem.

xxx A. Fabris, Da Tropicalia a Happyland, in «Agalma», n. 10, 2005.

xxxi Ibidem.

xxxii Il riferimento storico è il 1554, l’anno in cui un antropofago caeté deglutì realmente il vescovo Sardinha. Questo evento è l’immagine manifesto dell’Antropofagia.

xxxiii M. C. Pincherle, op. cit.

xxxiv Ibidem.

xxxv Ibidem. xxxvi Ibidem.

xxxvii Ibidem.

xxxviii O. de Andrade, Manifesto Antropofago, in «Revis-ta de Antropofagia», 1928.

xxxix O. de Andrade, La cultura cannibale, a cura di E. Finazzi-Agrò, Meltemi, Roma 1999.

xxxx O. de Andrade, Manifesto Antropofago, in «Revista de Antropofagia», 1928.

xxxxi O. de Andrade, Nota Informativa, in Macunaíma, a cura di G. Segre Giorgi, Adelphi, Milano 2006.

xxxxii Ibidem.

xxxxiii M. Di Felice, Dalla Teologia della Liberazione alla New Age, in «Agalma», n. 10, 2005.

xxxxiv Ibidem.

xxxxv Ibidem.

xxxxvi Ibidem.

xxxxvii M. Perniola, La suavidade, in “Agalma”, n. 10, 2005.

xxxxviii M. Di Felice, Dalla Teologia della Liberazione alla New Age, in “Agalma”, n. 10, 2005

xxxxix Ibidem.

xxxxx P. Vaz de Caminha, Lettera sulla scoperta del Brasile, Sellerio, Palermo 1992.

xxxxxi Ibidem. xxxxxii Ibidem. xxxxxiii L. Stegagno Picchio, op. cit.

xxxxxiv A.Tabucchi, Brasile Eden dei nostri rimorsi, in «Corriere della Sera», 8 agosto 1997. xxxxxv Termine che indica un atteggiamento di lode, vanto della natura e delle bellezze brasiliane.

xxxxxvi L. Stegagno Picchio, op. cit.

xxxxxvii Queropita è un termine che ho riscontrato in diversi testi con il quale i paulisti scrivono il nome Achiropita, per mantenere così una pronuncia fedele a quella italiana.

xxxxxviii O. de Andrade, Manifesto Antropófago, in «Revista de Antropofagia», 1928.

xxxxix L. Stegagno Picchio, op. cit.

xxxxxx O. de Andrade, Manifesto Antropófago, in «Revis-ta de Antropofagia», 1928.

xxxxxxi Ibidem.

xxxxxxii Nella mitologia indigena dei tupi-guarani il Sole è una divinità femminile.

xxxxxiii O. de Andrade, Manifesto Antropófago, in «Re-vista de Antropofagia», 1928.

i. Questo testo è una sintesi della tesi di laurea magis-trale in Discipline Economiche e Sociali per lo Sviluppo e la Cooperazione, discussa dall’autore presso la Facoltà di Economia dell’Università della Calabria (relatore Vittorio Cappelli, anno accademico 2008- 2009) [N.d.A.]

ii G. Roma, La Madonna e l’Angelo, Rubbettino, Soveria Mannelli 2005.

iii M. C. Crepschi Coimbra, Nossa Senhora Achiropita: uma festa religiosa do catolicismo popular na cidade de São Paulo, Fflch-Usp, São Paulo 1987.

iv Così vengono soprannominati i calabresi dai paulisti.

v In portoghese, letteralmente: gli abitanti della strada (ossia, i senza casa).

vi ln portoghese: benedizioni.

vii Intervista rilasciata da Vincenzo Miconi all’A. in data 13 agosto 2009 nell’Edificio Italia, São Paulo. viii Ibidem. ix Ibidem.

x Sessanta reais brasiliani corrispondono a circa venti-cinque euro. xi In portoghese: radici.

xii Intervista rilasciata daI Maestro Feliciano all’A. in data 15 agosto 2009 nella Cantina Madonna Achiropita, São Paulo.

xiii Dello Stato di Minas Gerais, a nord dello Stato di São Paulo. xiv Interviste rilasciate dai volontari della parrocchia Nossa Senhora Achiropita all’A. in data 15 agosto 2009, São Paulo. xv Ibidem. xvi Ibidem.

xvii A. Sayad, La doppia assenza, Raffaello Cortina, Milano 2002. xviii S. Jatahy Pesavento, Modernità ‘Primitivista’, in «Confluenze», vol. l, Dipartimento di Lingue e Lettera-ture Straniere Moderne, Università di Bologna, 2009. xix E. Finazzi-Agrò, Strani tropici, La costruzione dello spazio brasiliano, in «Agalma», n. 10, 2005.

D E M O C R A T I C O8 f o r u m28 Setembro / Outubro 12

i t a l i a

Page 29: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 29Setembro / Outubro 12 f o r u mD E M O C R A T I C O 29Setembro / Outubro 128

Vicente de [email protected]

Aqualidade não deve ser medida pela

quantidade. Com menos partici-

pantes e, respectivamente, um número

menor de obras, a 30ª Bienal de São Paulo

é o evento de maior referência nas artes

plásticas no Brasil. Quer queiram ou não.

Essa edição surge com mais coerência e

metodologia perante o público e busca

recompor o equilíbrio perdido nas últimas

edições. De certa forma contestada, so-

breviveu aos erros, principalmente induzida pelo diletantismo dos

seus curadores e gestores.

São 111 artistas vindos de 33 países diferentes. Do total, 23 são

brasileiros. Arthur Bispo do Rosário, Brasil, viveu recluso por meio

século em um hospital e é um deles. Apresenta quase que uma

retrospectiva das suas tarefas artísticas e é o mais visitado nessa

Bienal.

Pintura, desenho, gravura, fotografia, vídeos, apenas depoimentos,

anotações, autorretratos etc... preenchem o Pavilhão da Bienal,

no Parque do Ibirapuera em São Paulo e ficará até o dia 12 de

dezembro de 2012. O conjunto da mostra erradica, em boa parte,

qualquer tipo de parcialidade da curadoria e atende a um método

para compreender o artista na sua individualidade, o que possibilita

assistir inúmeros tipos de concepções, observar os meios materiais

e instrumentos diversos.

O curador, o venezuelano, Luis Pérez Oramas estabelece uma

divisão de cinco módulos para a 30ª Bienal; fomenta uma estra-

tégia motivadora em ver e transitar pelo espaço da Bienal; evita

as lacunas; os espaços vazios das outras temporadas; descarta o

amontoado de informações; insere uma estratégia logística e de

marketing, comete seus erros na escolha dos vídeos de artistas de

caráter subjetivo e “aparentemente” coloquial. Oramas optou por

reunir pluralidades estéticas para marcar, não com tanta ênfase,

a “contemporaneidade” tão exigida do circuito para esse tipo de

mostra.

Nessa Bienal o individual do artista dialoga com

a sociedade, suas diversidades e semelhanças

revelam aspectos dos embates, transições, seme-

lhanças poéticas, impactos, escalas cromáticas,

arquétipos, tabelas existentes. O senso-crítico

desperta segmentos dionisíacos e apolíneos

da existência humana. A montagem, uma das

melhores já vistas de Martim Corrullon, contribui

e facilita a visita dos presentes no pavilhão criado

pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Sobrevivências, Alterformas, Derivas, Vozes e

Reverso são os títulos de cada um dos módulos que dão forma

ao nome oficial da bienal: “A IMINÊNCIA DAS POÉTICAS”. O

primeiro: faz analogias entre contemporâneo e obras assinaladas; o

segundo: indaga a própria arte e suas deformações; o terceiro: são

as propostas marginais; quarto: aponta as multiplicidades; o quinto:

tenta dialogar com as mostras paralelas que se sucedem em outros

espaços fora da bienal.

As obras expostas, a maior parte, foram feitas para essa Bienal,

ou comissionadas especialmente para a exposição. A investigação

da produção cultural brasileira é sem dúvida um dos alicerces dos

primórdios da Bienal, e a sua relação com o contexto internacional

se presentifica desde a sua primeira edição, em 1951. O objetivo

da Bienal internacional de São Paulo sempre teve desafios, desde a

catalisação de recursos econômicos até os “interesses” do circuito

das artes, o que não descarta: Galerias, marchand, curadorias e as

múltiplas influências coercitivas negativas. Aprofundar uma avaliação

sobre sua trajetória requer a necessidade de ponderar as experi-

ências passadas e, também, os deslizes que não contribuíram para

uma base sólida desejada, ou seja, fortalecer uma entidade de

interesse coletivo com compromissos com a arte e a formação e

esclarecimento de opiniões.

30ª Bienal de São Paulo dialoga com o Público

Vicente de Percia, crítico de arte, artista plástico, escritor: prêmio Master de Literatura. Membro da Bow Art International e da Associação Brasileira e Internacional de Críticos de Arte. Pesquisador da Bienal de São Paulo com várias publicações sobre o tema.

c u l t u r a

Page 30: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m30 D E M O C R A T I C O8 f o r u m30

As andanças entre a Itália e o Brasil do ator Carlo Briani

Setembro / Outubro 12

FD - Quem é Carlo Briani?

CB - Sou um italiano radicado no Brasil, como dezenas de milhares de outros que aqui vivem e trabalham. Nasci em Strá, perto de Veneza, em 1955, e me mudei para o Brasil com meus pais em 1966. A minha família vem de produtores de vinho, gente acostumada com o trabalho pesado, mas também aos prazeres da boa mesa e da boa gastronomia italiana. Desde pequeno me interessei pelas artes, sabia que iria trabalhar nessa área, sou um comunicador nato, meu caminho natural é a atuação. E meu primeiro grande teste como ator foi mostrar aos meus pais que eu queria viver desse ofício: se pudesse convencê-los, teria certeza de que poderia viver disso. Eles se convence-ram e cá estou até hoje, entre o Brasil e a Itália, atuando no cinema e no teatro, produzindo peças e eventos artísticos, trabalhando na televisão em diferentes posições, emocionando as pessoas e me emocionando com elas.

FD - Como foi sua formação entre o Brasil e a Itália?

CB - Me formei em Marketing pela ESPM em SP e, com 23 anos, abracei meu destino: voltar para a Europa, estudar Cinema. Em 1978, fui estudar no Centro Sperimentale di Cinematografia di Roma e na Accademia di Arte Drammatica, dirigida por Alessandro Fersen. Nesse período, trabalhei no filme “Blood Line”, dirigido por Terence Young e “Città delle Donne”, de Fellini; trabalhei também com Lina Wertmuller, Walter Preci e Franco Dodi. Em 1980 voltei ao Brasil e fui Diretor de Cena da Temporada Lírica Oficial do Teatro Municipal de São Paulo. Comecei a trabalhar na Band e de lá fui para a Globo, como Diretor responsável por algumas campanhas publicitárias premiadas, como a do Ourocard do Banco do Brasil, com a Regina Casé e o Luís Fernando Guimarães e também por uma sitcom chamada “Mãos à Obra”, dentro do “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, que fugia do formato de telecurso tradicional. Esses trabalhos me levaram a ser transferido para a Telemontecarlo (Globo News Principado de Mônaco) como executivo de programação. De 1988 até 1996 dirigi e produzi toda a programação daquela emissora (exceto nas áreas de jornalismo e esporte). Vários destes programas que produzi, receberam prêmios.

FD - Como foi sua vida pessoal na Itália?

CB - Tive uma vida maravilhosa na Itália, como tenho hoje uma vida excelente no Brasil. Me considero um humanista, um homem do mundo, que teve a felicidade de trabalhar com arte e cultura. Essa formação me colocou em contato com pessoas fascinantes e com o melhor que a vida pode oferecer. A Itália foi parte fundamental na construção da minha carreira e da minha personalidade. Não existe país no mundo mais propício ao trabalho artístico e intelectual. A Itália é o berço da latinidade, de nossa maneira de ser e pensar. E, no sentido humano e profissional, os anos que passei ativamente trabalhando na Itália me ofereceram muito e me abriram muitas oportunidades e contatos, que cultivei e cultivo até hoje para promoção da arte e estreitamento cultural entre aquele país e o Brasil.

FD - Qual é a sua relação com a cultura e com a realização de bens culturais?

CB - A minha vida é dedicada à cultura há mais de 35 anos. A minha experiência, também se deu muito por trás das câmeras e palcos, na pro-dução de diversos projetos culturais e de entretenimento. Contudo, quando voltei ao Brasil, pela minha bagagem italiana, sempre fui requisitado como ator a representar esta comunidade nos diversos meios, com toda a nossa diversidade, principalmente para mostrar que vamos além dos estereótipos e de que nem todos os italianos têm as marcantes características “simplório-camponesas”, como muitos até hoje acreditam. Encarnei uma variedade imensa de italianos em novelas e no cinema - como Giovanni em “Estômago”. Sem falar na campanha publicitária que faço há 17 anos para a Bauducco, representando um personagem real, que é um modelo de sucesso dos imigrantes no Brasil.

FD - Como é se relacionar com o público de seus trabalhos?

CB - Tive o mérito (e um pouco de sorte) de selecionar papéis de personagens simpáticos, de bom caráter, que condizem com a minha forma de agir com os outros. Esses trabalhos fazem com que o público tenha um enorme carinho e estima por mim. Isto tudo resultou num relacionamento muito carinhoso e “familiar” com o público que me sente como alguém próximo, amigo mesmo... Estou acostumado a encontrar com senhoras na rua, que se aproximam de mim com a mesma intimidade e simplicidade que dão aos próprios parentes. Isto é muito compensador. Talvez por isso, em 2006, a Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, que é uma entidade voltada à divulgação dos valores morais e intelectuais no progresso do Brasil tenha me conferido a Medalha do Mérito Histórico e Cultural, pela minha representação desta parcela importante da sociedade brasileira, me considerando um dos principais ícones da herança italiana no Brasil.

e m i g r a z i o n e

Page 31: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 31Setembro / Outubro 12 f o r u mD E M O C R A T I C O 31Setembro / Outubro 12

“Essa convicção me fez refletir, estruturar um programa político-cultural e me propor como candidato ao Senado nas próximas eleições políticas na Itália. Como disse, sou um homem de dois mundos, me considero apto ao desafio.”

FD - Como é o momento atual de sua carreira?

CB - Depois da minha volta ao Brasil me dediquei profundamente à carreira de ator, nos últimos anos tenho tido uma vida bastante pro-dutiva entre novelas, filmes, teatro e colaboração em projetos artísticos e audiovisuais. Tenho um espírito muito ativo, não consigo ficar pa-rado um minuto e estou sempre envolvido em novos projetos no Brasil e na Itália. Destes projetos procurei participar tanto da área criativa quanto da parte administrativa e nas estratégias de financiamento. Isso demanda muita energia e uma grande capacidade de entendimento das diferenças culturais, burocráticas e da percepção das necessidades humanas e artísticas dos dois países. Devido a essa percepção e participação, venho me interessando cada vez mais pelas políticas culturais e pelas possibilidades de negócios que podem ser gerados entre o Brasil e a Itália no campo artístico e cultural. Resumidamente, a política está cada vez mais presente na minha vida.

FD - O seu projeto cultural é um projeto político?

CB - A política está presente em todas as sociedades humanas e é através dela que conseguimos realizar nossos objetivos sociais, econômicos, humanos, culturais, nossos sonhos. Quem trabalha com cultura tem esse entendimento nato sobre as relações humanas. Falamos das pessoas, dos sentimentos, das ambições. Construímos mundos idealizados e, portanto, sabemos da necessi-dade de projetos e de estratégia de realização. Na vida como na arte é preciso planejar, colocar energia para as coisas acontecerem e o processo político nada mais é do que um instrumento a favor de novos projetos, de novos sonhos. Para alguém ligado ao mundo artístico saber exercer a política cultural é fundamental para que se possa não apenas realizar produtos e bens culturais, mas defender um modo de vida, valores de nossa sociedade. Para que se possa preservar a cultura de nossos ancestrais e ao mesmo tempo buscar inovações para nossos desafios atuais. Na cultura se encontram depositados os valores mais nobres de nossas sociedades e fazer politica cultural é cor-roborar para que eles existam e se mantenham. Além disso, a cultura cria sempre oportunidades de negócios, de construção estética, de intercâmbio, de conhecimento. Através da cultura agregamos valor aos objetos do cotidiano, ao vestuário, aos alimentos, aos homens, ao trabalho. Estes valores contribuem para a sociedade como um todo, mas também diretamente para a economia dos países. A cultura hoje movimenta grande parte do PIB das nações desenvolvidas e aqui fica evidente sua relação com a política. No caso específico do Brasil e da Itália, que já movimentam uma quantidade bastante considerável de divisas com a moda, a gastronomia, a arte, a universidade, o teatro, o cinema, os cursos de língua e de formação técnica; imaginem o quanto mais de recursos não se poderiam gerar com um programa político específico, voltado para uma maior integra-ção cultural entre os dois países?

FD - Como esse programa político-cultural entre o Brasil e a Itália pode ser efetivamente realizado?

CB - Já existem mecanismos de aproximação dos dois países que podem ser melhorados e voltados mais diretamente para a cultura. Existem programas governamentais de cooperação bilateral operantes, fundos binacionais e internacionais que podem ser direcionados para o incremento dos bens culturais e do intercâmbio na área de formação. Não precisamos reinventar a roda, mas apenas utilizá-la de modo mais assertivo e direcionando programas institucionais que estão aí, mas que muitas vezes não saem do papel. Outras nações latino--americanas se utilizam de maneira mais intensa destas oportunidades, mas no Brasil ainda estamos iniciando esse caminho. Dou-lhes um exemplo prático: o filme Estômago, no qual atuei e que foi uma coprodução oficial com a Itália, usou para sua realização um mecanismo binacional de produção cinematográfica que existia desde a década de setenta e que não tinha ainda sido usado. O filme aconteceu, virou binacional, obteve um certificado europeu e com isso foi comercializado em mais de 26 países. Não fosse essa possibilidade de coprodu-ção a comercialização teria provavelmente ficado restrita ao Brasil... Como se vê, os mecanismos existem, podem gerar negócios, mas é preciso formar uma equipe focada na utilização destes mecanismos. Eu, com a experiência que tive na área executiva da cultura e das grandes emissoras de televisão, acredito que estou preparado e que tenho capacidade de tornar operantes os mecanismos existentes para a promoção cultural e para a geração de negócios entre o Brasil e a Itália. Essa convicção me fez refletir, estruturar um programa político--cultural e me propor como candidato ao Senado nas próximas eleições políticas na Itália. Como disse, sou um homem de dois mundos, me considero apto ao desafio.

FD - Qual é a mensagem que você gostaria de deixar com seu trabalho?

CB - Gostaria de deixar a imagem de um homem honrado, ético, um bom pai de família, que sempre trabalhou para a manutenção e promoção dos valores mais nobres das sociedades brasileira e italiana. Manter a coerência entre aquilo que penso e o modo como ajo. Dizendo assim parece pouco, mas dá um trabalho incrível.

Page 32: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m32

i t a l i a

D E M O C R A T I C O8 f o r u m32 Setembro / Outubro 12

Fabio Porta“Italia e Brasile sono Paesi destinati a camminare insieme.”FD - Tra pochi mesi in Italia ci saranno nuove elezioni. Lei è stato eletto per la prima volta in Parlamento proprio all’inizio di questa legislatura, nel 2008. Qual è il suo personale bilancio di questi quattro anni e mezzo?

FP - Sono stato eletto nel 2008 nella Circoscrizione Estero, Ripartizione America Meridionale. Avevo davanti a me una gran-de sfida: rappresentare gli italiani nel mondo con, in più, la grande responsabilità di essere l’unico parlamentare residente in Brasile ed il solo eletto del Partito Democratico in Su-damerica. Credo di avere onorato questo impegno, per la qualità e la quantità del mio lavoro, in Italia e qui in Brasile e Sudameri-ca. Sono il deputato più presente e attivo di quelli eletti in America Meridionale, con l’80% di presenze in Parlamento. Con quasi un centinaio di interventi in aula ed in commissione (mentre quelle dei miei due colleghi si contano sulle dita di una mano…) ho sostenuto e difeso in ogni occasione le più importanti battaglie per i diritti dei nostri connazionali all’estero e degli italo--discendenti. Al tempo stesso ho lavorato costantemente per rafforzare i forti legami esistenti tra Italia e Brasile e ho mantenuto un forte collegamento con la collettività italo--brasiliana anche grazie all’organizzazione ed alla partecipazione a centinaia di incontri ed iniziative sul territorio. FD - Eppure questi anni non sono stati dei mi-gliori per gli italiani all’estero. Tagli e ancora tagli su tutti i programmi a loro destinati; le elezioni dei Comites rinviate più di una volta. Come spiega questa situazione e cosa avete fatto in Parlamento per impedirla?

FP - E’ vero: dal 2008 in poi abbiamo assistito ad una progressiva diminuzione dell’attenzione del governo italiano verso gli italiani all’estero. Anzi, siamo stati davanti ad una vera e propria aggressione ai diritti conquistati dagli italiani nel mondo dopo

decenni di lotte e impegno democratico. Mi riferisco a misure come l’introduzione del limite di dieci anni di residenza in Italia per la concessione della pensione sociale, che colpiva gli immigrati ma anche gli anziani che rientravano nel nostro Paese; mi riferisco ovviamente alla gravissima e ripetuta pro-roga della scadenza naturale per rinnovare gli organismi di rappresentanza degli italiani all’estero: i Comites ed il Cgie. E parlo ovviamente dei ripetuti e violenti tagli a tutti gli interventi a favore degli italiani nel mon-do: assistenza, lingua e cultura, servizi e rete consolare. Tutto ciò ha dei responsabili precisi: il governo di centro-destra guidato da Silvio Berlusconi e il Sottosegretario per gli italiani nel mondo Alfredo Mantica. Io e i miei colleghi eletti all’estero del Partito Democratico abbiamo fatto una continua e dura opposizione a questi provvedimenti, evitando in tante occasioni che conseguen-ze potessero essere più gravi. Ma non dobbiamo dimenticare che chi governa è l’esecutivo, mentre il legislativo fa le leggi e controlla l’operato del governo. FD - Il rapporto tra Italia e Brasile, lo diceva lei, è speciale. E ciò soprattutto grazie alla presenza della maggiore comunità di italo--discendenti al mondo. Lei è l’unico parla-mentare residente in Brasile. Come giudica l’evoluzione delle relazioni italo-brasiliane negli ultimi anni?

FP - Italia e Brasile sono Paesi destinati a camminare insieme. In Brasile vivono oltre 35 milioni di italo-brasiliani: un patrimonio di relazioni umane, sociali e culturali che nessun altro Paese può vantare. Oggi, grazie ad una ripresa di relazioni istituzionali al massimo livello voluta dal governo di Mario Monti, si sta cercando di recuperare il tempo perduto negli anni del governo Berlusconi. Purtroppo il “caso Battisti” ha

contribuito negativamente in questo senso; sono certo che il prossimo governo italiano, per il quale noi del PD ci candidiamo ad es-sere la principale forza della coalizione, saprà con intelligenza e lungimiranza riprendere la strada di una relazione privilegiata tra i due Paesi. FD - Lei ha dichiarato di essere pronto a candidarsi nuovamente per continuare il suo lavoro in Parlamento. Perché questa scelta e, nel caso di una nuova elezione, quali le sue priorità?

FP - Sarò candidato per sottoporre il lavoro del mio primo mandato al giudizio degli elettori e anche perché sono convinto che con la vittoria del Partito Democratico alle prossime elezioni sarà possibile riprendere la strada intrapresa dal governo Prodi a favo-re degli italiani nel mondo. Le priorità sono tante. In primo luogo voglio eliminare una volta per tutte, con l’aiuto del nuovo gover-no, quella vergognosa “fila della cittadinanza” che si concentra in Brasile e che mortifica la nostra grande e importante collettività; in secondo luogo lavorerò per valorizzare le giovani generazioni di italiani nel mondo, a partire dagli italo-brasiliani che costituiscono una formidabile risorsa per la ripresa, anche economica, del Paese; infine continuerò a lavorare come Presidente dell’Associazione di Amicizia Italia-Brasile per consolidare e rilanciare i rapporti bilaterali a livello politico--istituzionale ma anche economico e com-merciale.

Page 33: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 33Setembro / Outubro 12

b r a s i le n t r e v i s t a

f o r u mD E M O C R A T I C O 33Setembro / Outubro 12

“Agora, com as eleições de 2013, temos uma nova e promissora oportunidade! Cabe lem-brar que somos mais de 35 milhões de ítalo--descendentes neste imenso e multicultural continente sul-americano. Deste impressionante contingente de pessoas que carregam a mesma origem, os mesmos direitos, apenas 1,3 milhões conseguiram obter sua cidadania! Não porque os demais renegam seu próprio direito, mas sim pela manutenção de uma mal-intencionada ou incompetente burocracia que opera na contra-mão do bom-senso. Precisamos fazer valer nossos direitos e os direitos daqueles que os desconhecem, dada a passividade inoperante das autoridades em dispor de comunicação simples e objetiva aos ítalo--descendentes.Somente com a eleição de representantes efeti-vamente comprometidos, iremos construir um conjunto de leis e políticas públicas que propor-cione podermos desfrutar o forte sentimento de sermos um só povo, mesmo que espalhados por todos os cantos do planeta!Essas posições, por vezes, soam românticas ou carregadas de certo idealismo que não tem mais lugar na dura realidade que enfrentamos, porém, estamos nos referindo também à realidade social e econômica. Se todos esses italianos, natos ou descendentes, tivessem sido incluídos como cidadãos, se os go-vernos, ao longo do tempo, lhes tivessem dado a devida atenção, mesmo que a mais simples, um estímulo ao aprendizado da língua, o pronto reconhecimento e respeito aos seus direitos, com certeza, a Itália teria hoje um potente con-junto de consumidores espalhados pelo mundo. Numa economia altamente globalizada, seria um

considerável diferencial competitivo.”

Fausto LongoArquiteto, Urbanista. Mestre em Planejamento Habitacional pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Gerente do Departamento de Ação Regional da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Membro da Direção do Partido Socialista Italiano – Circoscrizione America Meridionale.

FD - O senhor foi candidado, nas eleições de 2008, na chapa do Partido Socialista Italiano, partido que na América Meridional teve um bom resultado. O Partido Democrático, agre-miação mais importante do campo progres-sista, só conseguiu eleger o deputado Fabio Porta, perdendo a vaga no Senado. A divisão enfraqueceu as forças progressistas. Qual é a sua opinião para as eleições do ano que vem?

FL - Em 2008 os diversos partidos de ten-dência progressista, praticamente defenden-do os mesmos princípios de ética e justiça social, disputaram as eleições italianas cada um com sua própria lista de candidatos, ou seja, uma imensa força potencial, fragilizada, porém, por uma incompreensível divisão entre iguais. Fato esse que, aliás, permitiu que correntes partidárias menos compro-metidas com a nação, chegassem ao poder e produzissem um dos mais vergonhosos períodos de sua história política moderna, deixando o país a mercê de uma situação praticamente falimentar em todos os aspec-tos e sentidos. Hoje, às portas de um novo processo eleitoral, as principais lideranças e dirigentes partidários, eticamente compro-metidos com um novo projeto para a Itália, preocupados em reestabelecer um ambien-te favorável ao desenvolvimento social e econômico sustentável, estão empenhados na organização de uma forte aliança de centro-esquerda, democrática, plural, séria e consequente que possa, de forma ousada promover o resgate de nossa dignidade.É nesse contexto que, também aqui na América do Sul, caminhamos para seguir o mesmo compromisso, a mesma intenção de fazer reverberar os mesmos pensamen-tos, os mesmos ideais, a mesma vontade de lutar pelos direitos e pelo respeito que cada cidadão italiano, nato ou descendente, tanto

espera e, quem sabe, dar-lhes razão para sentir, ainda mais, orgulho de suas origens. FD - O senhor pensa em representar o seu partido, o glorioso Partido Socialista Italiano, nesta ampla iniciativa unitária?

FL - Seria uma honra. Participar de um processo desta natureza é entusiasmante e desafiador. Cada um de nós pode e deve exercer um papel importante na construção de uma sociedade justa e igualitária, particularmente nós, italianos da América do Sul, temos a missão de rom-per as barreiras que nos mantêm distantes e lutar para nos tornarmos um só povo, unido e solidário. É assim que somos tratados consti-tucionalmente, uma unidade geopolítica única e, apesar das peculiaridades características de cada nação sul-americana, devemos valorizar e assumir as coisas que temos em comum, nossa consanguinidade, nossas tradições, nossa cultura e, principalmente respeito às gerações passa-das e um forte compromisso com as gerações vindouras. FD - Qual é a sua opinião sobre as prioridades que a centro-esquerda deve apresentar às comunidades italianas nos países da América Meridional?

FL - As eleições se aproximam. 2013 pode ser o ano da “virada”. Em primeiro lugar, torna-se im-prescindível estimularmos o pleno exercício de cidadania. No último pleito eleitoral, em 2008, pouco mais de 30% dos eleitores cumpriram seu dever e seu direito, vimos no que deu! Não podemos mais permitir que, por nossa omissão, aventureiros inescrupulosos repitam o desastre que testemunhamos nos últimos anos.

O projeto político dos socialistas nas eleições de 2013. Com a palavra Fausto Longo.

Fausto Longo

Page 34: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m34

f o t o g r a f i ac u l t u r a

Setembro / Outubro 12

Page 35: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 35Setembro / Outubro 12

Cr i s t ina FarageExt ravagânc ias

Page 36: Revista Forum Democratico
Page 37: Revista Forum Democratico

f o t o g r a f i a c u l t u r a

Setembro / Outubro 12 f o r u mD E M O C R A T I C O 37f o r u mD E M O C R A T I C O 37

Page 38: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m38

c u l t u r a

D E M O C R A T I C O8 f o r u m38 D E M O C R A T I C O8 f o r u m38

A l e x P i t a n g a :“ A r t e é L i b e r d a d e ”

Baiano de Salvador, casado, leitor de Manoel de Barros e de Clarice Lispector,

Alex Sandro Pitanga dos Santos é o artista plástico entrevistado desta edição.

Valoriza sensações, estética e conceito na produção da arte, que para ele

nada mais é do que a materialização do sentimento.

Marisa Oliveira

Setembro / Outubro 12

Page 39: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 39Setembro / Outubro 12

a r t e s p l á s t i c a s c u l t u r a

f o r u mD E M O C R A T I C O 39

FD - O que é arte para Alex Pitanga?AP - Arte para mim é liberdade.

FD - O sr. exerce outras atividades profissionais?AP - Trabalho como restaurador... Restauração é uma atividade apoiadora do meu trabalho de artista. Uma fonte de captação de recursos.

FD - Com que tipo de restauração o sr. trabalha?AP - Todo mundo que trabalha muito tende a evoluir, vejo o meu trabalho mais maduro, em relação a tudo que leio, vejo e sinto.

FD - Com que tipo de restauração o sr. trabalha?AP - Faço restauração de pinturas murais, ornatos e trabalho com douramento.

FD - Alex Pitanga nos próximos cinco anos... AP - Não sei... amanhã para mim já é muito longe, que dirá daqui a cinco anos...

Mostras de que participou: Casa Amarela, Casa de Cultura de Angra dos Reis, Centro Cultural Laurinda Santos Lobo e no próprio Ateliê.

FD - Tornar-se um ar-tista plástico aconteceu em que momento da sua vida? AP - A arte entrou na minha vida em todos os momentos, sempre tive este envolvimento com a arte em geral. FD - Como foi sua forma-ção como artista? AP - Fiz Liceu de Artes e Ofício, licenciatura de Artes no Instituto Metodista Benett, Desenho no Ateliê com Lídio Bandeira de Mello. Pintura a óleo com Clenio Ferreira em seu ateliê particular. FD - De que técnicas o sr. mais se utiliza? Qual

delas considera de maior efeito ou a qual delas o sr. tem mais apego? AP - Já me ultilizei de várias técnicas, atualmente trabalho com intervenção em fotografia. FD - Como o sr. desenvolve essa técnica? AP - Após escolher uma foto, utilizo vários materiais por cima dela - como aqueles que citei anteriormente. Quando uso resina, primeiramente faço um berço, ou seja, uma cama para acomodar a primeira camada da resina liquida e tenho um prazo de 24h para então colocar a imagem escolhida sobre esta camada; logo em seguida, coloco minhas varas de vergalhão sobre a imagem, e para finalizar venho com mais uma camada de resina sobre a imagem e o vergalhão finalizando assim o trabalho. FD - Fale um pouco dos materiais de que o sr. se utiliza nas suas obras. AP - Os materiais com que trabalho são variados de acordo com o que o trabalho me pede... Mas, entre os mais utilizados, posso citar o ferro (barra de vergalhão), tinta a óleo, tinta acrílica, goma laca, folha de ouro, resina liquida transparente e outros mais. FD - Que artistas exerceram influência na sua arte? Quais os que ainda o inspiram? O público influencia sua arte de que maneira? AP - O artista de que mais gosto hoje...Cildo Meirelles, pois ele é um artista que consegue juntar três elementos fundamentais no conceito de artes para mim: sensações, estética e conceito. Na época em que meu trabalho era mais ligado à pintura, vários artistas me influenciavam. Já com relação ao público, considero que, hoje, têm influência direta na minha obra de todas as maneiras, porque trabalho com o meu próprio corpo, conforme a foto enviada.

FD - Como o sr. vê a evolução nas suas obras artísticas?AP - Todo mundo que trabalha muito tende a evoluir, vejo o meu trabalho mais maduro, em relação a tudo que leio, vejo e sinto.

FD - Produzir arte significa o que para o sr.?AP - Significa a materialização do sentimento.

FD - Quais são os temas que predominam na sua arte?AP - Atualmente, o corpo.

Page 40: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m40

Luis [email protected]

V ários são aqui os estranhamentos. O primeiro é o plural

incomum do título, registro que pouco ouvi desde que ouço

– ouçam o verbo: ouvir, pretensioso, contrário à surdez. Rascunho

eu desvio de certa frase feita para compor previsível nova-velha frase

feita: o pior surdo é quem que não quer ouvir. Vamos à outra face da

aparente tolice, numa primária geometria: o melhor surdo é quem

quer ouvir. Neste caso, está-se falando de Beethoven.

Após sua progressiva perda de audição, o genial compositor não

deixou de escrever música. Pelo contrário, é na condição de quase

surdo que Beethoven compôs algumas de suas obras-primas. O pior

surdo é quem não quer ouvir, o melhor é quem quer: o autor da

Eroica nunca se tornou incapaz de notar a música, ou ouvi-la, pois

essa sensível e bárbara expressão atende à característica sonora de

ser onda, coisa física, passível de ser sentida por quem quer.

Mas a música, ouçam, anda pouco sensível, pouco bárbara. Quan-

do sensível, a música é sentida no limite de sua possibilidade, e aí

costuma conviver bem apenas com experiências radicais: o drama da

ópera, a cena de uns filmes, o transe místico, a dança profunda. Fora

isso, a música, mesmo para os animais visuais que somos, quer-se

sensivelmente soberana, sem obstáculos que a impeçam de chegar

aos corações, ou melhor, aos ouvidos dos ouvintes.

Mas como pode a música ser sensível se não consegue vir ao mundo

sem más companhias? Sem maus hábitos? Ouçamos, não a música,

mas a observação dum fato: quando ouvimos música hoje em dia?

Nunca, pois sempre, especialmente numa cidade como o Rio de

Janeiro, sabidamente plástica, para o bem e para o mal, para a lida e

para o conflito, para a carícia e para a agressão – falta ao carioca certa

vocação para uma formalidade que, no fundo, seria, em relação,

decoro. Um passeio em que o indivíduo percorra menos de quinhen-

tos metros pode oferecer-lhe diversas experiências sonoras, corrom-

pidamente musicais. Uma delas: automóveis vomitando seus sons

altos. Outra: transeuntes portando aparelhinhos que arrotam êxitos

comerciais. Mais uma: criaturas menos socialmente desagradáveis

protegidas por seus fones de ouvido.

Estamos, ouçam, numa altura da história em que o processo de

dessensibilização chegou a esta deflagrada demonstração de surdez

coletiva. João Barrento, intelectual português muito interessado em

questões do contemporâneo, escreveu que em nossa cultura, que

“oferece uma estúpida resistência ao pensar”, se perdeu “o sentido

dos valores mais (humanamente) elementares”, “o sentido estético

do mundo” 1. Penso nisto, ouço isto enquanto penso no comporta-

mento musical que a meu redor se mostra. O melhor surdo é quem,

surdamente, leva a música a seu apogeu romântico e alicerça bases

sobre as quais viriam a existir o impressionismo e o atonalismo. O

pior surdo é que não quer ouvir: música. Na cultura de nosso tempo,

a perda do “sentido estético do mundo” exige que o mundo não bas-

te ao indivíduo. Alguém poderá dizer, não sem razão, que o mundo

não basta mesmo, a não ser que o entendamos como uma série de

acontecimentos que devem guardar em si algo de novo, ou manter

acesa, ainda que ilusoriamente, a ideia de novo, o potencial do novo.

Mas essa ilusão é estética, sensível (estético é o que possibilita o

sentir, diz-me a etimologia), e dá a quem está no mundo a hipótese

de fertilizar, estetizando-a, a escuta.

Que escuta? A escuta do mundo, que é, por sua vez, a escuta do

que acontece. Algo da ordem do que meu amigo Mauricio Murad

chamou, à Pirandello, de personagens a procura de autor, logo após

termos feito simultâneo silêncio, num café, para ouvir a conversa en-

tre um indivíduo e a moça que trabalhava no estabelecimento. Nada

demais: ele dizia que vinha de romper um namoro, justo o primeiro

em que se metia após anos de solidão erótico-amorosa – ilação do

próprio: desacostumado que está, será difícil entabular outro roman-

ce. Nada demais, apenas uma manifestação da vida mesma, uma

experiência, dois personagens que poderão figurar num dos próximos

romances de Murad e que já figuram neste texto de ficcionalidade

reduzida.

Que escuta? A escuta do outro, discreta a ponto de não o constran

Surdezes

c u l t u r a

Luis [email protected]

Ingmar,

escrevo-te porque és meu filho mais velho, já capaz, neste começo de

segunda década do século XXI, de entender o que direi e problematizá-lo.

O que me move é teu hábito de não saíres à rua sozinho sem ter fones nos

ouvidos, o que me leva a considerar muita coisa a partir da metáfora de uma

surdez que ouve música, e do paradoxo, ainda que artificial, possibilitado

por isso. Por um lado, a relação do sujeito, tua portanto, com o mundo; por

outro, a relação do sujeito, tua portanto, com a música, e muito que, a partir

de ti, é metonímia ou contraste. O que digo aqui já disse, em grande medida,

noutro texto, “Surdezes”. O novo ensaio se justifica, apesar das inevitáveis

repetições, não apenas porque é em forma de carta a ti, mas porque me

permite avançar um pouquinho em certas miradas.

Há som nos lugares do mundo. O som do mundo, sua música, tal como

pensada por Pitágoras, não vem ao caso aqui. Estou pensando em sons

audíveis, por exemplo, na cidade, como os motores, as britadeiras, o vento

forte, as buzinas, alguns pássaros, anúncios sonoros. Fora do ambiente urbano,

ouvem-se mais pássaros e menos buzinas, mais vento e menos britadeiras;

como vivo e vives na cidade, é nela que me detenho. Um indivíduo, como

tu, que evita ouvir os sons do mundo através da armadura dos fones, perde

tudo aquilo, e parte da perda pode ser vista como ganho: por que escutar

britadeiras e motores? Alguém poderia responder: porque estão no mundo,

e estamos no mundo, enfiados não apenas numa paisagem, ou num cenário,

mas em comprometimentos, seguirá dizendo esse alguém, que verá com-

prometimento como implicação ética, que deve chegar inclusive a motores e

britadeiras, pois deve chegar ao outro, responsável de fundo por motores e

britadeiras – esse outro é um humano, a nós semelhante, e alguém ainda mais

radical poderá dizer que nosso comprometimento deve chegar aos pássaros

e aos cães, entre outros, pois deve chegar a tudo que vive, e a tudo que diz

respeito ao que vive.

Isso porque alguma resposta tem de ser dada ao latido do cão; caso contrário,

a atitude canina terá sido vã. Essa resposta pode ser a mera audição, que reali-

za o latido, fá-lo existente na relação, e relação, em resumo, é o que estamos

fazendo no mundo. O mesmo não se aplica necessariamente a motores e

britadeiras, nem a quem move motores e britadeiras, pois o objetivo da ação

dessa gente não é exatamente ser ouvida. No entanto, não sei se exagera-

damente, alguém ainda poderá insistir na implicação ética de estar no mundo

e ouvir no mundo, ou seja, ouvir o mundo, de que fazem parte motores e

britadeiras.

Existe, além disso, caráter muitas vezes imediato nas relações propostas por

sons do mundo, caso de alguns latidos e muitas buzinadas que servem de

aviso, e a resposta a certas ocorrências desses sons pode significar a seguran-

ça do outro ou mesmo a própria. Não quero dizer que inexista mal uso de

ferramentas como a buzina automotiva; pelo contrário, em realidades como

a de nossa cidade, por exemplo, estamos perto é da inexistência do bom uso

desses aparatos. Não obstante, por mais que seja improvável, por mais que

seja raro, em algum momento uma buzina poderá indicar que alguém está

correndo perigo, e teus fones te impedirão de salvar um semelhante – se a

criatura em perigo for tu, estarás indefeso.

Há também gritos de socorro, dirigidos a mim, a ti, a quem quer que possa

ouvir. Escolher o alheamento sonoro em relação ao mundo pode representar

a escolha por não salvar o outro que, no caso extremo, pedirá socorro, ou

procurará olhos solidários a fim de pedir uma informação; nesse último caso,

ou teus olhos darão conta de ler os olhos alheios e, depois, seus lábios, ou

obrigarás o concidadão a repetir a pergunta, pois a primeira, decerto, não

terás conseguido ouvir.

Eu, que digo tudo isso, evito sair de casa sem meus fones de ouvido,

especialmente quando preciso usar transportes públicos. Sabes bem, meu

filho, o quanto barulhos podem causar-me incômodo, e mesmo prejuízo em

situações de escrita ou tentativa de conciliar meu difícil e temperamental sono.

Acima de todos, o som que mais me molesta é o que aparelhos portáteis (ou

não) me forçam a ouvir, especialmente na rua – a circunstância do lar ainda

oferece alguma proteção, não muita, mas alguma. O incômodo tem dupla

face: por um lado, a violência embutida por quem porta os citados aparelhos,

violência, aliás, descaracterizada progressivamente enquanto violência; por

outro, a submissão dos donos dos radinhos ao que lhes é imposto por uma

cultura de massas mais cínica que nunca, pois ativa como nunca numa época

que oferece uma série de capas: a liberdade de movimento propiciada pela in-

ternet, o estilhaçamento das escolhas, a atomização dos gostos. Tudo mentira,

ainda que haja defesa para cada uma dessas afirmações que a velha e renovada

indústria cultural usa com deletéria destreza.

Estou sendo redutor, admito. Admito também a periculosidade (e a obso-

lescência?) das duas expressões-chave de meu raciocínio anterior. Mas o

fato é que ando de ônibus, ao contrário, por exemplo, de baluartes também

cínicos do que eles chamam de convívio, liberdade, democracia (contrária

a pretenso elitismo) etc., e que eu prefiro chamar de exclusão, opressão,

impossibilidade de qualquer escolha. Falo mais claro: uma quantidade notável

de notáveis defende certas expressões do que chamei de cultura de massas,

considerando-as saudáveis e a elas se aliando. Percebem eles claramente que

muitos desses fenômenos são alimento para a repetição do mesmo, que, em

verdade, nem é tão “mesmo” assim, pois a complexidade de boa parte disso

se aproxima cada vez mais da nulidade. O que possui complexidade nula, o

que não propicia enfrentamento algum, desrespeita o receptor; alguém que,

desrespeitado, sequer percebe que o é, se encontra em perigosa debilidade

Surdezes 2, em forma de carta ao meu filho sobre o ensurdecimento do mundo

Setembro / Outubro 12

Page 41: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 41Setembro / Outubro 12

c u l t u r a

de leitura de mundo.

Leitura de mundo, pois, Ingmar, é coisa que exige que ouçamos o mundo.

Saio com meus fones no bolso porque, quando alguém saca uma mídia portátil

qualquer e a liga em alto e bom som, o som é via de regra mau, não apenas

pela miserável amplificação desses aparelhinhos, mas pelo que eles veiculam:

é sempre coisa mentecapta. Nos instantes que separam a chegada do som a

mim e a entrada dos fones em meus ouvidos, dá tempo para eu pensar em

muita coisa. A primeira delas costuma ser o espanto que me causa a pasmacei-

ra coletiva, pois ninguém contesta um gesto que reputo como violento, mas

que deve ser urgentemente repensado, diz-me o real: hipótese 1: nos tempos

que correm, submeter o semelhante a uma audição involuntária, em volume

sonoro incontornável, não é mais tido como violento. Se assim for, o mundo,

ou melhor, as pessoas estão ensurdecendo.

Hipótese 2: exposições como essas, as dos radinhos nos coletivos, passaram

a ser vistas como parte de nosso panorama sonoro. Já participa dos sons

urbanos, ao menos em cidades como a nossa, o som muito forte que advém

de veículos em movimento ou, em certos casos, parados. Como há indivíduos

no interior desses carros, eles estão ensurdecendo, em estágio avançado.

Claro que é pateticamente exibicionista esse gesto, mas penso: quem se

exibe assim, por possantes caixas de som móveis, está, em todos os casos, de

fato sofrendo com o volume sonoro? Caso sim, isso encerraria psicose social

extrema. Suponho que, em boa parte dos casos, não há qualquer sofrimento,

pois os indivíduos estão realmente, literalmente, ensurdecendo.

Em 28 de agosto de 2012, O Globo editou uma matéria assinada por Renato

Grandelle, intitulada “Ruído, o mal do século”. Segundo o texto, a relação de

nossa época com o barulho causa patologias concretas, e aparelhos reprodu-

tores de pretensa música estão no balaio de aviões, britadeiras e liquidifica-

dores. Problema dos fones de ouvido, filho, que tanto usas: a especialista em

zumbido ouvida pela reportagem, a professora da USP Tanit Ganz Sanchez,

“recomenda que ninguém passe mais de duas horas seguidas com os fones”,

“e que o som da música nunca passe da metade da potência do tocador”.

Outra especialista, Alexandrina Meleiro, também da USP, descreve quadro

assustador: “Vivemos uma mudança de comportamento que se reflete, de

forma negativa, em nosso padrão auditivo. A tecnologia aumentou os sons, e

também os quadros de ansiedade e apatia”. As últimas palavras foram usadas,

obviamente, em sentido clínico.

Após a reportagem, uma entrevista com o otorrinolaringologista Marcelo

Hueb, feita pelo mesmo Renato Grandelle; o médico diz algo semelhante

ao que disse eu nesta carta: “um estudo americano recente demonstrou que

triplicou, entre 2004 e o ano passado, o número de acidentes envolvendo

pedestres usando tocadores pessoais de som”. Enfim, o ensurdecimento

medicamente diagnosticado: “certamente os nossos avós escutarão menos do

que os avós de antigamente, seja pela maior idade alcançada ou pela maior

exposição a ruídos durante a vida”.

O trabalho de Grandelle é jornalismo sério de inclinação científica, e não

diferencia tocadores, como já salientei, de outros produtores de ruído – nem

deveria, pois a preocupação do texto não é musical, ou musicológica. A mim,

Ingmar, chama a atenção o fato de que a mistura entre o que toca música

e qualquer outro ruído poder ser feita sem espanto. E a falta de espanto

causa-me ainda mais espanto quando percebo que a indiferenciação faz todo

sentido: hoje em dia, os barulhos urbanos foram acrescidos de agressivos sons

supostamente musicais, e tudo é a mesma coisa.

Os indivíduos estão ensurdecendo, e, consequentemente, gritando muito.

Outro dia, andando pela rua (sim, sempre o mundo a ter minha atenção), vi

um carro parado, junto ao qual três ou quatro jovens conversavam; o veículo

exalava som tão alto que obrigava os sujeitos a gritar para superar o que vinha

do aparelho. Sabe-me absurdo: põe-se o que se entende por música para

duelar com isso, maltratando (e aqui não é uma avaliação de caráter estético)

ouvidos e gargantas em estapafúrdias competições sonoras. Segue o bonde:

quanto mais barulho, mais surdez, quanto mais surdez, mais barulho.

E eu sigo, com meus fones à espera de saírem do bolso, em situações

nas quais descreio de entendimento. Em outro texto, “Um problema de

condução”, editado nesta mesma revista, comento três cenas de incomunica-

bilidade humano-urbana que o destino me impôs coprotagonizar; uma delas

te cita, outra diz respeito a um pedido de redução de volume sonoro. Todas

redundaram na mais extrema incompreensão. É por essas e outras que tenho

apostado pouco na possibilidade de levar irmãos meus na mortal condição

humana à escuta, eu que tanto tento escutar. Por isso, costumo recorrer aos

fones e não a tentativas de interlocução que podem terminar em ofensas

imediatistas e impensadas – não porque impulsivas, mas porque ocas. Algumas

vezes, como o citado texto revela, eu tento, mas não é sempre, nem pode

ser, infelizmente.

Sou induzido à mais rápida das conotações a partir da ideia de surdez: à física

se segue uma evidente, e evidentemente triste, surdez interpessoal. Isso me

assusta tanto que, a fim de continuar a ouvir o mundo, mesmo que na forma

de uma britadeira, de um motor, de um cão ansioso, evito ao máximo lançar

mão dos fones que não deixo de levar comigo. Acima de tudo, o mundo, que

também é sons de aves e sinais do metrô, se oferece a mim pelas criaturas

que comigo dividem a cidade, e não gosto de silenciá-las. Não me custa, essa

escolha, esforço algum, pois gosto de ouvir o outro: gosto de vozes humanas,

de sotaques, de timbres, de ouvir conversas, sem que isso represente

qualquer indiscrição, pois as conversas que me chegam estão no mundo parti-

lhado, não em quartos escuros, não em recônditos domésticos. Nesse espaço

comum, não tenho o menor interesse na bisbilhotice e enorme interesse na

escuta, o que, em rigor, me parece inevitável, pois não possuir interesse no

outro equivale a não possuir interesse em relação; se relação, em resumo, é

o que estamos fazendo no mundo, negá-la é gesto de autocentramento e, no

limite, desprezo.

Assim, se me cabe algum conselho a ti nesta carta, ele pode ser condensado

na vontade que tenho de que ouças o mundo, com abertura, e de que te

ponhas em condição de postular ser ouvido pelo mundo, com gana de nele

interferir. Aspectos do que expus neste texto deixam evidente que os fones

de ouvido não são a pior escolha que se pode fazer na ruidosa cena urbana

contemporânea; ao menos, seu uso impede que se viole diretamente um

concidadão. Quanto à música, repito sugestão que já te dei, e que já te vi pon-

do em prática: ouve-a, simplesmente, ainda que em vários momentos ouvi-la

seja dançá-la, cantá-la junto, delirar com ela; mas te tornes capaz de ouvir

música, dando-te o trabalho que a música merece, dando-lhe um ouvinte cada

vez mais capaz de ouvir – música, inclusive.

Page 42: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m42

e s p o r t e s

Danielle [email protected]

OBrasil mostrou mais uma vez o que é superação. Muitos recordes foram quebrados nos Jogos Pa-

ralímpicos de Londres, resultados esses que ganharam as manchetes mundiais e emocionaram os brasileiros sempre que a bandeira ver-de e amarela era hasteada no lugar mais alto. O jovem Alan Fonteles quebrou o favoritismo do sul-africano Oscar Pistorius nos 200m livres (T44) e encheu de orgulho até o mesmo quem o não conhecia.

Uma vitória para também ser contabilizada fora das pistas, afinal de contas as lentes estavam voltadas para o Pistorius, que além de ter participado dos Jogos Olímpicos também contava com fotos circulando nas redes sociais caminhando ao lado de uma menininha amputada das duas pernas com o ídolo. Para cada atleta que desembarcou na Terra da Rainha há uma história marcante porque todos são vencedores.

Este número é bem superior ao número de medalhas conquistadas. O Brasil, por exemplo, trouxe 43 (21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze) e a Itália 11 (3 de ouro, 4 de prata e 4 de bronze) ficando em 23º

lugar no quadro geral. A delegação brasileira atingiu a meta subindo duas colocações e chegando ao 7º lugar. Sétimo ou vigésimo terceiro, 11 ou 43 são símbolos das ciências exatas que refletem, mas não mostram em

sua totalidade, a vitória já conquistada por cada atleta.

A equipe azzurra ganhou destaque pelos nomes de Alex Zanardi, no handbike, e de Cecilia Camellini, nada-dora com medalha de ouro e recordista mundial nos 100m livres (S11). A conta que deve ser feita é: para cada para-atleta que repre-sentou o seu país quantas outras pessoas com e sem

deficiência não se motivaram a ir em busca de um sonho? Quantos profissionais não estão empregados como fisioterapeutas, nutricionis-tas e jornalistas? O quão maior foi o destaque que a televisão e outros meios de comunicação deram ao evento? Não seria ousadia dizer que para cada meda-lha individual outras 50 pessoas estão envolvidas. Se for em uma modalidade coletiva basta multiplicar pelo número de atletas. Esta conta é bem mais significativa do que 43 ou 11 medalhas por delegação, você não concorda?

Vencedores sem pódio

Danielle Lima, jornalista, 25 anos, amante da cultura italiana e apaixonada por esportes (e-mail: [email protected]; Twitter: @DandiLima; Facebook: Danielle Lima).

Page 43: Revista Forum Democratico
Page 44: Revista Forum Democratico

REMETENTE:Associação Anita e Giuseppe GaribaldiAv. Rio Branco, 257 sala 1414 Cep. 20040-009 Rio de [email protected]

EM OUTUBRO VOCÊ VAI VER, SENTIR, TOCAR A ITÁLIA NO BRASIL.

MOSTRAS PARALELASMostra PresencialDE 19.10 A 31.10

“BRASITALIA: Fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico”. Salão do 4º andar do Consulado Geral da Itália, das 11:00 a 24:00. Entrada franca.

Mostra VirtualDE 01.10 A 31.10

“BRASITALIA: Fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico”. Projeção na Estação Carioca do Metrô Rio. Entrada franca.

de 19.10a 21.10

Praça Virgílio de Melo Franco e Consulado Geral da Itália RJwww.brasitaliario.com.br

19.1011:00 a 24:00 – Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros.

16:00 - Trio Jazz Felice Del Gaudio.

17:30 - Abertura oficial.

18:30 - Ópera Lírica: “As mulheres de Nelson”.

20:00 - Camerata Tocante convida Marcos Valle.

21:30 – Show de Stefano Nutti.

20.1011:00 a 24:00 – Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros.

16:30 - Quarteto Universalis.

18:30 - Show de Stefano Nutti.

20:30 - Trio de Jazz Felice Del Gaudio.

21.1011:00 a 24:00 – Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros.

12:00 - Meninos Cantores do Colégio de São Bento.

13:00 - Itália Cia. Danças Populares de Petrópolis.

18:00 - “Herói”, com Nicola Siri.

19:30 - Orquestra Tocante.

21:00 - Trio Adriano Giffoni e Stefano Nutti.

Patrocínio

Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.

A Finmeccanica Company

Comissão OrganizadoraApoio Institucional Apoio