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RECREIO JOR.VAl LUTERANO IXSTRitTIVO, E MEXSAL UrnECTOU Í5 PltOPRIliTlItlO JOAQUIM VICTOMNO DE NonoyiiA RODRíG*ES. N.* 4 2 DE OUTUBRO ANNO I86& .CÔLLABORADORES. A. A. Bernardino FernandesA. C. Reis de NoronhaA. L. Gomes e PereiraA. Plácido de NazarethA. J. Só- crates da Costa—B. t. Soares Peres—D. T. Tasso Dias—P. A. Frias de NoronhaFelecissimo LoboJ. C. Barreto Mi- randa—J t F. Napoleão Monteiro—J. F. Çaraciolo de Sá—J. U. Victor Gomes—L. J- C. Paulo de Sá. Raliirà. este jornal cm todos primeiro* dias de cada inez. buUwreve-su para uUc cm seguintes locai»». Nas Ilhas «a residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro alto.. Na f/e Piedade. 3Soi casa do Sr. António Xavier Gomes e IViWni. Fm Salcctc. Km casa do Sr. Rodado Piedade O.Haço, de Marga* e mi Flianuacm Alvares, ' ' ° Em Bar dez. Em ca«a do Sr. Augusto Plácido de Nazareth. em Mapnca, e Cai-fauo Manoel Ribuiro, em Porvorim, ena residência do director cm Siolim. ror falta do espaçn, e por chegarem mais tarde idguai artigo interes- . «anuvluo^rapliia, Dramas etr. ficam para seguinte? numero*.' i O «rti(|w nfci !i^iymide>, ti 0 do Director. ni i RECREIO Ml UTTEHiRIO IOTÍTIN, E ME5SAL -<3*C£5©»- UIIlECTOll É PKOPRIETlltl» Joaquim Victorixo de Nonoyiu Rodmgies. 4 > 2 DE OUTUBRO ANNO fS6f> .CÓLLAB0RADORES. A. A. Bernardina Fernandes— A. C. Reis de Noronha— ^4. L. Gomes e Pereira—A. Plácido de Nazareth—A. J. Só- crates da Costa—It. Z, Soares Pères—D. T. Tassa Dias—F. A. Frias de Noronha—Felecissimo Lobo—J. Ç. Barreto Mi- r anda-—J. f. Napoleão Monteiro—J. F. Çaracialo de 5á—J. II. Victor Games—L. J' C. Paulo de Sá. Sahirit este jornal cm todos os primeiros dias de Pada mez. bub«erevo-sc para cUe cm Requintes locaes. Nas Ilhas 1^4 rcrikloncia do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, do bairro alto. Na fie Pitàade. liai casa do Sr. Antonio Xavier (Jonies o lYroira. Fm Salcete. Lm casa do Sr. Regalado Piedade Collaro, de Marvão, c nu Pharmaeiu Alvares, ° Fm Bar dez. Lm casa do Sr. Augusto Plácido de Xaznreth. em Mapmjá, e Caetano manoel Ribeiro, em Porvorim, e na residência do director em Siolim. Por jalta do espaço, e por chegarem mais tarde «Iguai artigo interes- sante, Liographia, Dramas etc. íienm para seguinte? números, Os m figos nSo «-.Mgmidc».-, f-Jo do Director. 1

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RECREIO JOR.VAl LUTERANO IXSTRitTIVO, E MEXSAL

UrnECTOU Í5 PltOPRIliTlItlO

JOAQUIM VICTOMNO DE NonoyiiA RODRíG*ES.

N.* 4 2 DE OUTUBRO ANNO I86&

.CÔLLABORADORES. A. A. Bernardino Fernandes—A. C. Reis de Noronha—

A. L. Gomes e Pereira—A. Plácido de Nazareth—A. J. Só- crates da Costa—B. t. Soares Peres—D. T. Tasso Dias—P. A. Frias de Noronha—Felecissimo Lobo—J. C. Barreto Mi- randa—Jt F. Napoleão Monteiro—J. F. Çaraciolo de Sá—J. U. Victor Gomes—L. J- C. Paulo de Sá.

Raliirà. este jornal cm todos o» primeiro* dias de cada inez. buUwreve-su para uUc cm seguintes locai»».

Nas Ilhas «a residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro alto..

Na f/e Piedade. 3Soi casa do Sr. António Xavier Gomes e IViWni.

Fm Salcctc. Km casa do Sr. Rodado Piedade O.Haço, de Marga* e mi Flianuacm

Alvares, ' ' ° Em Bar dez.

Em ca«a do Sr. Augusto Plácido de Nazareth. em Mapnca, e Cai-fauo Manoel Ribuiro, em Porvorim, ena residência do director cm Siolim.

ror falta do espaçn, e por chegarem mais tarde idguai artigo interes- . «anuvluo^rapliia, Dramas etr. ficam para seguinte? numero*.' i O «rti(|w nfci !i^iymide>, ti0 do Director.

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RECREIO

Ml UTTEHiRIO IOTÍTIN, E ME5SAL

-<3*C£5©»-

UIIlECTOll É PKOPRIETlltl»

Joaquim Victorixo de Nonoyiu Rodmgies.

4 > 2 DE OUTUBRO ANNO fS6f>

.CÓLLAB0RADORES.

A. A. Bernardina Fernandes— A. C. Reis de Noronha— ^4. L. Gomes e Pereira—A. Plácido de Nazareth—A. J. Só- crates da Costa—It. Z, Soares Pères—D. T. Tassa Dias—F. A. Frias de Noronha—Felecissimo Lobo—J. Ç. Barreto Mi- randa-—J. f. Napoleão Monteiro—J. F. Çaracialo de 5á—J. II. Victor Games—L. J' C. Paulo de Sá.

Sahirit este jornal cm todos os primeiros dias de Pada mez. bub«erevo-sc para cUe cm Requintes locaes.

Nas Ilhas 1^4 rcrikloncia do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, do bairro alto.

Na fie Pitàade. liai casa do Sr. Antonio Xavier (Jonies o lYroira.

Fm Salcete. Lm casa do Sr. Regalado Piedade Collaro, de Marvão, c nu Pharmaeiu

Alvares, ° Fm Bar dez.

Lm casa do Sr. Augusto Plácido de Xaznreth. em Mapmjá, e Caetano manoel Ribeiro, em Porvorim, e na residência do director em Siolim.

Por jalta do espaço, e por chegarem mais tarde «Iguai artigo interes- sante, Liographia, Dramas etc. íienm para seguinte? números,

Os m figos nSo «-.Mgmidc».-, f-Jo do Director.

1

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INTRODUCÇAO.

^Jr AI hoje correr o mundo d nossó== RECREIO. = Sem ambições ,'nem aspirações ellevadas, Lnasce^modesto,

e modesto quer Tiver. Promeasasynão as faz pompoSas.Êpor qufc>écè$a 'não po-

ilcr vir a cumpriUas, não per falta da ^ vontade, ma» fpèlá.

tlc forças intcllcctuaes. He, potêm, uma promessa, qucnSo nós costa fa*er, e

esta vem a ser a dé esforçar íno nos pára corresponder dè"

vidamente ú benévola acceitação.queiO nosso programma.me-

recco ao publico. Com este intento havemos*dc trabalhar, pára qué^penrtas

decididamente babeis venham honrar nossas**columnas,'para j que escriptos de vantagem, e recreio que fveóro publicados \ nos jornaes litterarios de Europa^lomem logar no recreio. ^

Se com isto, e com a nossa decidida vontade de sermos

prettadio a nossa pátria, o publico illustrado •© satisfizer, to- maremos por alcançada « única recompensa . que aspiramos

dos nosioa trabalhos.

INTRODUCE AO.

ai íioje correr o mundo d ho5só== HECRE10.=

Sein ambições ,"nem Aspirações ellevadas, Lnasce modesto,

e modesto quer viver. Promeasas],'não as faz pomposas,£por qutffécèla >So po-

der vir a cumpriUas, não per falta da^vontadc, mas rpèU

tie forçaâ intellectuaes.

He, potérti, uma promessa, que não nós custa fazer, t esta vera a ser a dé csfurçâr íno noS pára corrèipondef dfc*

* vidamente á benevola aeceitação.quejO nosso programma.me»

recco ao publico. Com este intento havemos'de trabalhar, pára qué^penrias

decididamente babeis veftham honrar nossas^columnas/para que escriptos de vantagem, e recreio que fveôm publicádos \ nos jornaes litterarios de Europa^tomem logar no recreio. ^

Se com isto, e cora a nossa decidida vontade de sermos

prestadio a nossa patria, o publico iilusteado •© satisfizer, to- maremos por alcançada « uuica recompensa . que aspiramos

dos nossos trabalhos.

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_ll _

A DOR» Dedicado a Exm.3 por occasião do fallecimento

do seo pai o Exm.0 Visconde

Na pedra lúgubre e negra Será escripta lua memoria, Dó de ti c compaixão Quem lerá ? 1 Oh ! fatal dia, Cheio de toda indignação.

Na vida innocente c pura Que nunca agrura virá Como ousaste lu murchar Essa flúr Ião encantada Como teo infando rosalgar 1

Vem da extrema praia d'orbc, Vem ao lindo berço d'Aurora, Além da imaginação Atroz, a setta, á rasgar O angélico coração 1 •

Nem pela distancia abrandada, Nem pelos raios derretida, Mais veloz do que o raio solar, Aquém a todos alegrava, .Vem nas dores a fundar 1

Ay, lie a voz que Majia solta, Ay, he lodo o seo gemido Do filiai coração 1 Diz, Pac, eras rainha esperança A minha consolação I

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A DOR»

Dedicado a Exm * por occastão do fallecimento

do seo pai o Exm.0 Visconde

Na pedra lugubre e negra Será escripta lua memoria, Dó de li c compaixão Quem lerá ? 1 Oh ! fatal dia, Cheio de Ioda indignação.

Na vida innocente c pura Que nunca agrnra virá Como ousaste tu murchar Essa ílór Ião encantada Como teo infando rosalgar 1

Vem da extrema praia d'orbc, Vem ao lindo berço d'Aurora, Além da imaginação Alroz, a setta, á rasgar O angélico coração 1 *

Nem pela distancia abrandada, Nem pelos raios derretida, Mais veloz do que o raio solar, Aqnem a todos alegrava, .Vem nas dores a fundar 1

Ay, lie a voz que Majia solta, Ay, lie lodo o seo gemido Do filial coração I Diz, Pac, eras minha esperança, A minha consolação I

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Neste Céo tórrido e novo , Nesle solo peregrino, Entre os sustos, essa dôr 1 Supportal-a como eu posso Na prostração sem valor ?!

Dilaceram-mc as entranhas Do me o Pay as ternas palavras Anjo do meo coração Sem te vâr e abraçar morro Como quer a religião.

Na mesma religião, Chrislo, Também ou á dúr procuro o allivio, Creio na divina dicção, Que o meo bom Pay gosar fora Dos justos a eterna mansão.

Sim , Luiz . a beamventurança Do nosso Pay he a partilha, Pois em toda a sua acção, Teve por fim essa morada E ao pobre deo sempre a mão.

Que vale beber em ouro Vestir seda e brocado Ser da nobreza o brasão Ter o escabelIo de 1 besouro E a brilhantada voaçâo ? I

Só ao li ornem a virtude El leva a essa magnitude E faz na eterna fruição Da creatura Ião frágil O immortal cor lesão.

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Neslc Céo torrido e novo , Nesle soio peregrino, Entre os sustos, essa dôr 1 Supportal-a como ea posso Na prostração sem valor ? !

Dilaceram-me as entranhas Do ineo Puy as ternas palavras Anjo do me o coração Sem te vfir e abraçar morro Como quer a religião.

Na mesma religião, Ghristo, Também ou á dor procuro o aliivio, Creio na divina dicção, Que o meo bom Pay gosar fura Dos justos a eterna mansão.

Sim, Luiz. a beamventurança Do nosso Pay he a partilha, Pois em toda a sua acção, Teve por fim éssa morada E ao pobre deo sempre a mão.

Que vale beber em ouro Vestir seda e brocado Ser da nobrôza o brasão Ter o escabello de thesouro E a brilbantada voação ? 1

Só ao homem a virtude Elleva a essa magnitude E faz na eterna fruição Da creatura tão frágil O immortal cortesão.

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Suspende leo pranto Maria, Consola-te, que o Visconde, Teu illuslrc progenitor, Foi receber essa coroa Do Chrislo Nosso Senhor.

F. A. P. Frias de Noronha.

SYSTEMAS VÁRIOS À CERCA DA DEFFIN1CÃO DO HOMEM,

Diz. Platão, que o homem he a medida de todas as coo. J*af"—Plínio, o epilogo de todas as creaturas ; —Arijtuir- Jes, a harmonia de universo;— Scneca o centro da sabe- doria ; — Cícero, o vinculo do mundo ; — Catão, o partici- pante da mente divina;—Sócrates, úm Deo* para outro homem ; — Epittcto, om* alma, que arrasta iim cadáver. —Plutarco, o rey da terra, Pithagoras, a arvore, que sobe até ao Ceó;—Moisés, a imagem, do próprio Deus /—Dió- genes, o Sol com alma ;— David n coroado da gloria ; —-S. Arnbrozio, o Juiz de tudo;—S.Bernardo, o eidadSo ao pa. raiso,—Nasiascno, o governador de tudo quanto he erea- do;—S. Basilio, um animal politico;—S. Agostinho, o fim e o alvo d'outras creaturas; — 5*. Gregório Magno, o contemplador de Deus ; muitas ião as opiniões sobre a definição do /tomem.

Na verdade muita cousa lie o homem, mas em nossa fraca, e humilde opinião acham o», que o homem he as/n* rante da perfeição \ porque todo e qualquer homem de, aia em dia aspira subir os grãos da perl«içào, e quem por- ventura pensa, que já está perfeito em tudo, engatiu se para sempre, f 1 )

Í. F. Cnraeiolo de Sá.

[1] 0 horaem Uc animal, que tem mais manhas do que lodos ou- tros auímaci.

(Nota do proprietário. )

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Suspende leo pranto Maria, Don>ola-te, que o Visconde, Teu illuslre progenitor, Foi receber essa corôa Do Chrislo Nosso Senhor.

F. A. P. Frias de Noronha.

SYSTEM ÀS VÁRIOS A CERCA DA DEFFIN1CÃO DO HOMEM,

Diz. Platão, que o homem lie a medida de todas as con. a —Plinio, o epilogo de todas as creaturae ;—Aristóte-

les, a harmonia de uni verso ; —- Sciieca o centro da sabe- doria ; — Cicero, o vinculo do mundo ; — Catão, o partici- pante da mente divina;—Socrates, úm Deo* para outro homem ; kpitteto, oina alma, que arrasta úm cadaver.

Plutarco, o rey da terra, Pithagoras, a arvore, que sobe até ao Ceó;—Moises, a imagem, do proprio Deus;—Dio- genes, o Sol com alma ;•— David n eoroado da gloria ; —S. Arnbrozio, o Juiz de tudo;—S.Bernardo, o cidadão uo pa- raíso ;~Nasiascno, o governador de tudo quanto he crea- do;—-S. Basilio, um animal político ; ——S. Agostinho, o fim e o alvo d'outras creaturae; — S. Gregorio Magno, o contemplador de Deus ; muitas são as opiniões sobre a definição do homem.

Na verdade muita cotisa lie o homem; mas em nossa fraca, e humilde opinião achamos, que o homem he aspi- rante da perfeição; porque todo e qualquer homem de, aia em dia aspira subir os grãos da perfeição, e quem por- ventura pensa, que já está perfeito em tudo, engatiu se para sempre. ( 1 )

J. F. Cnraeiolo de Sá.

[1] 0 homem he animal, que tem mais manhas do que lodos ou- tros auimnci.

(Nota do proprietário. )

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FESTA DA NOSSA SENHORA DE MONTI5

EM SIOLIM.

Solemnisn^se n'esta Egreja com muita devoção a de N, Sr.* de Monte—QO primeiro dia deste mez live o prazer de ter passar por baixo da minha reíidencia,umacharolla, que vinha da caza do mordomo desia festa, guarnecida de muito oiro, e variadas córea : via-se colloeada n'clla a nossa Sr.* de Monte, e era conduzida por quatro confra- des, sendo acompanhada de numeroso concurso, de fogos d'artificio, e rufo de tambor até a Egrcja—*apenas chega- da o limiar do adro, ali o mestre de Capella, e seus dis- cípulos divididos em doas alas, trazendo cada úm dclles as suas bandejas bem armadas com flores, c differentes festões, e com cabeças guarnecidas com vistosas rosas , presas sobre um arco reeebendo>na com devido respeito, proeessionalmcnte a condusirão cantando harmonioso hy- mnoa em louvor da Sr.* até o cruseiro d'Egreja, aonde colloeada em nm logar próprio, c cm aeguida endereçan» do a Sr.* allegres caniicos oííerecerão cada um as 3ua3 bandejas. A visto seguio a missa novcnal, aqne assistio moita gente d'fregnezia, qoe por esta occasiao vai reno- vando as auas penitencias por meio da confissão, espe- rando da Sr.* a protecção. Certamente aqui nos-parecco uma quaresma—sinha% No dia seguinte pela volta das no- ve horas da manhã, ksc recomeçou o acto, trasendo a mesma charolla por um vasto, c cumprido corredor,e pe- I3 porta priocipal ao logar marcado no primeiro dia a collucarão, o que se se-conlinua até o sabbado de véspe- ras.

Dizem-nos, que em mais aldeãs, 6 do mesmo modo so- lcmnisada esta festa, ignoro porem, seja ein toda Co- marca.

TESTA DA NOSSA SENHORA DE MONTE

EM SIOLIM.

Solcmniso-se n'esta Egreja corn muita devoção a de N, Sr.* de Monte—qo primeiro dia deste mez tive o prazer de ter passar por baixo da minha residência,uma charolla, que vinha da caza do mordomo desta festa, guarnecida de muito oiro, e variadas côrcs : via-se collocada n'ella a nossa Sr.* de Monte, e era conduzida por quatro confra- des, sendo acompanhada de numeroso concurso, de fogos d'artificio, e rufo de tambor até a Egreja—apenas chega- da o limiar do adro, ali o mestre de Capella, e 3ens dis- cípulos divididos em doas alas, trazendo cada iím dclles as suas bandejas bem armadas com flores, c diflcrentes festoes, e com cabeças guarnecidas com vistosas rosas , presas sobre um arco recebendo-na com devido respeito, processionalmcntc a conduzirão cantando harmonioso hy- mnoa em louvor da Sr.* até o cruseiro d'Egreja, aonde collocada em um logar prop ri o. c cm aeguida endereçan- do a Sr.* allegres cânticos oílerecerão cada um as suas bandejas. A visto seguio a missa novcnal, aqne assistio moita gente d'freguezia, qoe por esta oeeasião vai reno- vando as auas penitencias por meio da confissão, espe- rando da Sr.* a protecção. Certamente aqui nos-parecco uma quaresmasi/iha» No dia seguinte pela volta das no- ve horas da manhã, ksc recomeçou o acto, trasendo a mesma charolla por um vasto, c cumprido corredor,e pe- la parta principal ao logar marcado no primeiro dia a collocarão, o que se se-conliuua até o sabbado de véspe- ras,

Dizem-nos, que em mais aideas, 6 do mesmo modo so- lcmnisada esta íesia, ignoro porém, seja ein toda Co- marca.

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SECÇÃO DOS EXTRACTOS

Dez preceitos, que Guilherme Chanceller Môr dyIn* .glaterra> deo a seo filho segundo Roberto Facilo,

depois Conde de Salisbury.

§ l.#

De deos for servido, que chegaeís a idade viril, dove- lás ter grande prudência, e circunspecção n'eseolha de mulher, porque d'ella dependerá, ou a tua futura felccida. de, ou a loa desventura; he este o estado sernelhanio a qualquer estratagema de guerra, no qual o erro he irreme- diável. Pesquisa as suas inclinações, e o modo, com que a educarão seos país. Não seja ella pobre, ainda que alias illustre; por que o homem nào hade comprar os alimentos com o illuatre nascimento da sua mulher; nem ião pouco escolheras a uma, que aeja de vil esfera, e feia a troco de ter dinheiro ; porqae os mais a despresaruo, e tu mesmo bem depressa te enfastiarás delia. Nem escolhas uma anu, o vidrota, pois além de teres uma raça de pigrneos, fará elia atua desgraça; por que nas horaa de melancolia, não ha coisa, que mais enoje, do que ouvir uma mulher lôla.

No que toca ao governo da toa casa, aejão as despezas moderadas, e segando as tuas posses ; sejão, porem, mais abundantes,do que económicas, mas nunca faustosas. Não me lembro ter conhecido homem algum pobre por ter mc- za frugal, c moderada, Muiloa consomem a sua fazen- da em vícios occultos, e tornão ordinariamente a culpa ao» gastos da caza. Guarda-te de despender mais da terça parte das luas rendas com a despeza da caza;e sejão as outras duas para as deapezas extraordinárias, que sem- pre excedem muito as ordinárias: fl'outra sorte viverás em continuadas faltas, e necessidades; e o homem necessi- tado nunca poderá viver contente, e 'aatisfeito. Qualquer desastre o põem logo nas tristes circunstancias, ou tl'einpen!iar os ecos bens, ou de vende].o» t e todo o fidal go, que vende íím pedaço de terra, veade úm. pedaço do sco credito.

Mas basta para o primeiro preceito.

SECCAODOS EXTRACTOS <*

Dez preceitos, que Guilherme Chancellor Mòr dyhi- ,glaterra> deo a seo filho segundo Roberto Facilo,

depois Conde de Salisbury.

§ l.#

De cleos for servido, que cliegaeis a idade viril, dove, lás ter grande prudência, e circanspceçao n'eseolha de mulher, porque d'ella dependerá, ou a tua fatura feleeida. de, oa a loa desventura; he este o estado semelhante a qualquer estratagema de guerra, no qual o erro he irreme- diável. Pesquisa as suas inclinações, e o modo, corn que a educarão seos pais. Não seja elia pobre, ainda que alias illustre; por que o homem não hade comprar os alimentos com o illuatre nascimento da sua mulher; nem tão puuco escolherás a úma, que aeja de vil esfera, e feia a troco de ter dinheiro ; porqae os mais a despresarão, e tu mesmo bem depressa te enfastiarás delia. Nem escolhas úrriaanu.o vidrota, pois além de teres uma raça de pigmeos, fará cila atoa desgraça; por qae nas horaa de melancolia, não ha coisa, que mais enoje, do qae ouvir uma mulher tola.

No que toca ao governo da toa casa, aejâo as despezas moderadas, e segondo as tuas possefc ; sejão, porém, mais abondantes, do que económicas, mas nunca faustosas. Não me lembro ter conhecido homem algum pabre por ter mc- za frugal, e moderada, Muiloa consomem a sua fazen- da em vicios occultos, e tornão ordinariamente a culpa aos gastos da caza. CJuarda-te de despender mais da terça parte das luas rendas com a despeza da eaza;e sejào as outras duas para as deapezas extraordinárias, que sem- pre excedem muito as ordinárias: d'outra sorte viverás em continuadas faltas, e necessidades; e o homem necessi- tado nonea poderá viver contente, e satisfeito. Qualquer desastre o põem logo nas tristes circunstancias, ou tPeiiipenhar os ecos bens, ou de vende] .qs f e todo o fidal go, que vende itrn pedaço dc terra, veadc íím pedaço da seo credita.

Mas basta para o primeiru preceito.

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Kdaca o* tens filhoa nas letras , o na obediência, mas nunca com maneiras austera?. Louva-os publicamente, e r^pihende-os em particular. Concorre para a sua manuten- ção, daododhes úm modo de vida adequado as tuas pos • sei, e capacidade, aliás a tua vida lhes parecerá úm cati- veiro, eus beoa, que lhes vicies a deixar depois de morto 0 agradecerão a tua morte,nuoea ao teo coração. Estou per. suadido, que as loucas caricias de alguns paes, c as seve- ras maneiras d*outros tem obrigado mais depressa aos fi- 1 ht>3, e filhas a comrneiUrem acções indignas, do que as- • uas própria* inclinações viciosas. Caza o tempo as tuas fi- lhas, para que elias não s% casem cooira tua vontade, oa aliás dá-lhes úma educação tal, qnc ellas se sujeiíem vo- luntariamente ao teo goste, e não aos aews oaprichoa. Não consintas, que teos filnos passem oa alpcs ; porque não a- preodcrào mais do que a soberba, blasfémia?, e atheiamo; e se nas suas viagens alcançarem algumas linguas corru- ptas de nada mais lhe? servirão, do que se para comer se servissem de di fie rentes pratos*

Nem pelo meo voto educarás tcos filhos ua milícia ; por que esta carreira só tem alguma estimação em eettas, «>C' ca>iões, e porque os Moldados no letnpo da paz, *ào como os nossos fogoens no tempo de verão.

Não vivas em paiz, em que não possas ter das tua? f»« zendas, o Irigo, e a vaeea. porque aquelle, que se vú obri- gado a nietter a mão na bolsa para iodas as despegas da sua caza, lie bem semelhante ao que pretende conservar a agoa em o na peneira Aprende a comprar a provirão, qoe te. faltar, do que opiimas mãos e de suo eonseieneia ; pou • pa-se lambem uma moeda em quatro, quando em lugar de se faser a compra eorn alguma neeessidade, se espera pela? estações competente?. Nunca te sirvas com paten- tes, amigos, ou pessoas rogadas para isso; porque espera- rão muito, e trabalharão pouco. Trata bem os teo? orça- dos, e paga-lhe? ainda melhor, e então com plena liberda- de poderás exigir (Telles todos serviços, e trabalhos.

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§• 2.e

Educa os teos filhoa nas letras , o na obediência, mas nunca com maneiras austera?. Louva-os publicamente, e r«'Piheii(le-os cin particular. Concorre para a sua manuten- ção, tiando'liics úm modo de vida adequado as tuas pos • ses, e capacidade, aliás a tna vida lhes pureterá úm cati- veiro, ecs bens, que lhes vieres a deixar depois de morto o agradecerão a tua morte,nooe.a ao teoeoração, Estou per. sttadido, que as loucas caricias de alguns paes, e as seve- ras maneiras d'ontros tem obrigado mais depressa aos fi- lhos, e filhas a comrneiUrem acções indignas, do que as- anas próprias inclinações viciosas. Caza otetnpo as tuas fi- lhas, para que elias não se easem cooira tua vontade, ou aliás dó-lhes útria educação tal, qnc ullas se sujeitem vc- lentariainente ao teu goste, e nuo aos ae*>s oaprichoa. Não consintas, que teos filnos passem os alpes ; porque não a- preudcrào mais do que a soberba, blasfémias, e atheiama; e se nas suas viagens alcançarem algumas línguas corru- ptas de nada rnais lhes servirão, do que se para comer se servissem de diíferentes pratos.

Nem pelo meo voto educarás teos filhos na milícia ; pot que esta carreira só tem alguma estimação etn certas »>c« easioes, e porque os soldados 110 letnpo da paz, *uu como os nossos fogoens no tempo de verão,

§• 3,'

Não vivas em paiz, em que não possas ter das tua? fa- zendas, o trigo, e a vaeea. porque aquelle, que se v£ obri- gado a metier a mao na bolsa para todas as despesas da sua caza, lie bem semelhante ao que pretende conservar a agoa em u na penetra Aprende a comprar a provisão, qoe te. faltar, do que óptimas mãos e de são eonseieneia ; pou • pa-se lambem uma moeda em quatro, quando eui lugar de se faser a compra eorn alguma neeessidade, se espera pelas estações competentes. Nunca te sirvas com paten- tes, amigos, ou pessoas rogadas para isso; porque espera- rão muito, e trabalharão pouco. Trata bem os teos orça- dos, e paga>lhe? ainda melhor, e então com plena liberda- de poderás exigir d'tdlcs todos serviços, e trabalhos.

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— 19 —

Ttigamo: Pois lambem eu ; ora, quantas metades fazem om todo? dnau ; logo cu, vivendo com duas caras metades oão vivo se nSo cora uma só mulher. A cau?a está cla- ra!..

Foi por estar clara, que o mandaríto para úma prisGo escarae onde nenhuma das metades lhe foi fazer compa- nhia.

Idem.

0 CONDE E 0 CHEFE DA POLICIA, Passado oma vez por Syão « Conde de Alcts, perso-

nagem mui considerada na corte de França, foi a caza do chefe da policia, que ignorando, quem ellc era o recebeo desdenhosamente.

— Com que então, vem de Paria? que disem lá de bom?

— Dizem 7nissasy respondeo o conde. — Bem sei, maa que corre ? que rumorefha? — Correm cavados, e ha o rumor das carroagens. — O que eu lhe pergunto he, o que ha de novo? — Ha cerejas e ervilhas verdes* E neste tom continuou a conversar maia meia hora, a-

\é que o magistrado reconheeco ao conde uni homem de espirito, e o principiou a tratar com toda a consideração, achando n'elle depois um perfeito fidalgo cavalheiro.

As attençoes no mundo,devem ser reciprocas, seja qual fora diíTerença das classea.

[Idem.]

BARALHO RELIGIOSO. Ao ouvir missa um soldado com os outros da sua compa-

nhia, observou o sargento, que em lugar do livro espiri- tual, tirara elle d'algibeira um baralho de cartas, c medita* va mui atteotamente os naipes : reprehcndco-o e ordenou- lhe, que cessasse um tal escândalo, que de todos era notado; recusou o soldado continuado a revolver todas as as cartas com a maior devoção. Concluída a missa, ordenoo-lhe o sargento que o acompanhasse a casa do major, a quem deo parte do occorridu.

— 10 —

Bígamo: Pois lambem en ; ora, quantas metades fazem um todo? dna» ; logo eu, vivendo com duas caras metades nào vivo se nao com uma só mulher. À causa está cla- ra !..

Foi por estar clara, que o mandarão para úma prisfio escara0 onde nenhuma das metades lhe foi fazer compa- nhia.

Idem.

0 CONDE E 0 CHEFE DA POLICIA.

Passado oma vez por Syão o Conde de Alcts, perso- nagem mui considerada na corte de França, foi a caza do chefe da polícia, que ignorando, quem elle era o recebeo desdenhosamente.

— Com que então, vem de Paria? que diaem lá dc bom ?

— Dizem jnissasj respondeu o conde. — Bem sei, mas que corre? que rumores ha? — Correm cavallos, eha o rumor das carroagens. — O que eu lhe pergunto he, o que ha de novo? ♦— lia cerejas e ervilhas verdes. 13 neste tom continuou a conversar mais meia hora, a-

té que o magistrado reconhecco ao conde uni homem de espirito, e o principiou a tratar com toda a consideração, achando n'elle depois um perfeito fidalgo cavalheiro.

As attençoes no mundo(devem ser reciprocas, seja qual fora diíFerença das classes.

[Idem.]

BARALHO RELIGIOSO. Ao ouvir missa um soldado com os outros da sua compa-

nhia, observou o sargento, que em lugar do livro espiri- tual, tirara eíle d'algibcira um baralho de cartas, c medita- va mui aUcntamcnte os naipes : reprehendeo-o e ordenou- lhe, que cessasse um tal escândalo, que de todos era notado; recusou o soldado continuado a revolver todas as as cartas com a maior devoção. Concluída a missa, ordenon-lhe o sargento que o acompanhasse a casa do major, a quem deo parte do oeeorridu.

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— 20 —

„ Meo major, lhe disse, o soldado, se attenderdes ao mó- dico da minha paga, não vos admirareis» de que me não so- bre dinheiro para livro ; as coisas são boas, ou más segundo a imenção, c o bom, ou mâo uso. que delias se faz •, ora es- tes naipes supprera na minha mente os livros devotos espi- rituaes, como passo a provar.vós :

Az: Icmbra-mc um so Deus, creador do eco e da terra. DQUS : o velho e novo testamento. Três : o mysterio da SS. Trindade. Quatro : os quatro Evangelistas. Cinco: as virgens prudentes, que forão diante do esposo

cnm as a lâmpadas accèzas. em quanto as outras cincoA cha- madas néscias, forão excluídas por terem as suas apagadas.

Seis : a creação do mundo em seis dias. Sette: o descanço do Sr. ao sétimo. OU o : as pessoas, que se salvarão do diluvio, a saber: Noé

e sua mulher» seus três filhos, mulheres. Nove : os nove leprosos (elles erão dez, mas só um soube

render graças ao Salvador. ) De: : os mandamentos da ley de Dcos. Dama: a rainha de Sabá c a sua visita ao Saloman. Vnlete: Judas, que por trinta dinheiros vendeo a Christo. liei', o do C co e o tia terra, aquém devo servir, ao do Cco,

como "Deos que iie, e aj da terra, como meo Soberano. „ As i2 cartas do baralho lembrara me de mais a mais as

52 semanas tio anno : as 12 figuras, os 12 apóstolos, e os 12 inezes.

Já vedes, pois, meo major, que este baralho me serve ao inesioo tempo do velho, e novo Testamento, tlc eathecisrno, tle folinha, c de diverlirneuto. ,,

Bem está, lhe disse o major; noto, porem, uma falta na relação ; ao valete também se lhe chama cavallo ; que ide a vós recorda este animal ?

• i O Vavallo, major, he o Sargento, que me trouxe a sua presença. .,

Uin couce bem appHeado lhe houvera provado, que senão enganava, a não ser o respeito devido a presença tio major.

( Aliiítili, de Casllli. )

— 20 —

„ Meo major, lhe disse, o soldado, sc attenderdes ao mo- dieo da minha paga, não vos admirareis, de que me não so— bre dinheiro para livro ; as coisas são boas, ou más segundo a intenção, e o bom, ou máo uso. que delias se faz ; ora es- tes naipes supprem na minha mente os livros devotos espi- rituaes, como passo a provar-vós :

Az: Icmbra-mc um so Deus, creador do côo e da terra. Dqus '• o velho e novo testamento. Trts : o mystcrio da SS. Trindade. Quatro : os quatro Evangelistas. Cinco: as virgens prudentes, que fnrão diante do esposo

cnm as alampadas accèzas. em quanto as outras cinco,, cha- madas néscias, forão excluídas por terem as suas apagadas.

S*is : a creação do inundo em seis dias. Set te: o descanço do Sr. ao sétimo. Oito : as pessoas, que se salvarão do diluvio, a saber: Noé

e sua mulher, seus três filhos, mulheres. Nove : os nove leprosos (elles erão dez, mas só um soube

render graças ao Salvador. ) De: : os mandamentos da ley de Dcos. Dama: a rainha de Saba e a sua visita ao Saloman. Vniete : Judas, que por trinta dinheiros vcudeo a Christo. Rei: o do l eo e o tia terra, aquém devo servir, ao do Cco,

como *Deos que tie, e ao da terra, eoiuo nico Soberano. ,, As 52 cartas do baralho lembram me de mais a mais as

52 semanas do anno : as 12 figuras, os 12 apostoles, e os 12 Inezes.

Já vedes, pois, meo major, que este baralho me serve ao mcsioo tempo do velho, e novo Testamento, cie ealhecismo, de folinha, e de divertimento. ,,

Bem está, lhe disse o major; noto, porem, uma falta na relação ; ao valete também se lhe chama cavallo ; que idea vós recorda este animal ?

• » O Vavallo, major, he o Sargento, que me trouxe a sua presença.

Uin couce bem applicado lhe houvera provado, que senão enganava, a não ser o respeito devido a presença do major.

( Almah. de Casllh. )

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— 21 —

A beata disraancha prazeres—Ura janota, que apesar de valer raenos d'um he alcunhado de Valuia estava ajustado para se casar com uma menina, que a melhor que tinha ei- ra o dote de 8000 xerafins. O infeliz mortal, aquém coube apanhar esta peehicha, pensou, que 8000 xerafins de dote era svraínímo de trajo de vestido, e partío logo cora bons pares fie centos de rupias para Bombaim» donde voltou cora helios vestidos, e outros enfeites para a nuiva.

Não se lembrava, porém, que tinha em casa 2 tbias bea. tas, tão inimigas do trajo de vestido, como o diabo da cruz.

O nosso ooivi» com azáfama própria dos uoivos de todos os tempos, e todas idades procurou os melhores alfaiates, de quem reeebeo talhados e cosidos los vestidos da noiva.

As beatas, porém, que o souberão, levantarão uma tal gri- taria, que o homem se vio oalternativa de abandonar ou a noiva, ou o vestido.

Neste transe, como tinha mais juízo do que as beatas, e como o accessorio dos 8000 xerafins cri de noiva,'e não do vestido, escolheo aquella, e deíxou-se deste.

Teve juizo ainda que leve o'desgosto de ver a sua cara metade embrulhada num sacco de sida agaloadu, a que cha- mão focta.

IXmoia A* imito tomjw ton lo sahilod» mv> acostumado pas- seio «lu-Ui-no :io onc.uitub burro «le Fontainhas pira mitigar a* haudades dos tnsoi a.uufos, o qu:iu lo cheguei alem da I?atiçado sr. C. encontrarão-mu ou meos caros amigos D. e P., o nosso intcr»allo lan<;ei mo «lbar In visti jias três pessoas distingas que esta* tu pos- t.i.liis nas tro-i j:i!ia!l.n das qiaos uma era Senhora, e dois oiva- lheiríM n uri.uoira vi-ta p.reeeo-ine um problema c para soluça delletriitoí lo*» de os perguntar ao amijro l>. a quem pertence es- ta casar respoude-mc, a um cidadão N; e pidcra-me dizor que tríp^t é aquella ? diz o amiga 1). pois n5of mee amigo, a bfnlie- ra que está tia primeira janclla he a nora daquella casa, a do segou- da é* o mando delia a d« terceira é o cunhado delia, digo com mo* o* biUões, muito bom, o bem segura csiá cila, e nesse tempo cs- avamos u dirfmcnr desta tripeça, ouço a Voz de Senhora a duer —ignas l>ci<=-> marido a responderam tollin peccata mun.ii-» e o eunhado diz logo e hgo«Mi«rcre nobif=3 logo em eeg-uaa

— 21 —

A beau disraancha prazeres—Um janota, que apesar de valer menos dum he alcunhado de Vali tis estava ajustado para se casar com uma menina, que a melhor que tinha e- ra o dote de 8000 xerafins. O infeliz mortal, aquém coube apanhar esta peehieha, pensou, que 8000 xerafins de dote era svmiuímo de traju de vestido, e partío logo cora bons pares de centos de rupias para Bombaim, donde voltou cora bellos vestidos, e outros enfeites para a «uiva.

Não se lembrava, porém, que tinha etu casa 2 tbias bea. tas, tão inimigas do trajo de vestido, como o diabo da cruz.

O nosso ooivt» cora az afama propria dos noivos de todos os tempos, e todas idades procurou os melhores alfaiates, de quem reeebeo talhados e cosidos |os vestidos da noiva.

As beatas, porém, que o souberão, levantarão uma tal gri- taria, que o homem se vio ©'alternativa de abandonar uu a noiva, ou o vestido.

Neste transe, como tinha mais juízo do que as beatas, e como o aeeessorio dos 8000 xerafins era de noiva, *c não do vestido, eseolheo aquelia, e deixou-sc deste.

Teve juizo ainda que teve ojdesgosto de ver a sua cara raetade embrulhada num sacco de sida agaloadu, a que cha* mão fotia.

Depois ih muito toro?* ton lo sabido d» nra* acostumado pas- seio diriíi-roo no encantado burro dc hontiinhas para mitigara* haudadea dos unos a.aigos, o qua» lo cheguei alem da Botica do sr. C. en con trarão-:na os meos caros amigos D. e P., o nossa intcr*ftllo lançci nto olhar Ia visti nas três possoas distipctas que esta* o poe- tadas na< tro-i j.tnod.ts das quaos u:ua era Senhora, a dais ear*~ lheiros a pri.uotra vi*ta pireceo-me uni problema c paru «o uç o delle trntoi log» de os perguntar ao amigo t>. a quem pertenço es- ta casa? respoudome, a u:n cidadão N; e pidorâ-mc dizer (pio tripest é aquelia ? diz o amigo 1). pois »5o, mce amigo, a bnnho- ra qui está tci primeira janclia he a nora daquella casa, a de sc^qu- da é o mando delia a de terceira 6 o cunhado deliu, digo com mo- os buiòes, muito bem, o bem segura csiá cila» e nesse tempo cs- avamos a di*fruet'tr desta tri peça, ouço a Voz de bonhoia afizer =^\gnus Dci<=») marido a responderiam toUia peeenta raun- j*" e o eunhado diz logo e tago^Mberere nobis—3 fogo em segui a

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— 23 —

diz o amigo T. que boa divisão uío lie esta / responde o amigo i); he verdade, e muitos destas variedades podínniosnoa aproveitar 10 os nossos afascrea dease-uoa o tempo c dieec.

J. II. Victor Gomes.

ANECDOTAS. Que phitosqfica resposta !

IVrjsirotantio hm individuo a Newton, como couseçuisso elle do$- çúbvir tuuw eoi»a, lho respoudao.o p\V\o^> procurando sempre*■

O gosto de ter os hospedes.

. Gontalo Vaa do CnsVjflorHrajuco d bua qoe nío havia gosto iua- ior, do quo ter .hospedes, p<*i« alegria , cyic deixava , quando ?c despedião.

Itesposia zelosa dum creado cm cumprir as suas. obrigações

Assustando um avarento com um creado, fea-lhe um inappa da$ obrigações, que lhe impunha, c o pregou a uma porta. Passado.» dia* oahiudo ii*wn atoleiro o nino de volta do passeio, donde íiâo s0 dodia levftulnr «cm o ajudarem. Passando nessa occasião, o creado, e ardeuaitdo-ihe o amo. quo o ajodasae a levantar, rcspoudeoi= huc vou vir no uiappa, se trás obrigaçõjs iU tirar do atyleiro. Bom peda.

1 -^aHiHHi—. ■

HMIIti N mi Ocbroaista seotvso bojo a .mj« I» ir.ib.ilh J oara U/ar u n rA*

pido eihaço de aco:ileoimentn mus ii>»:ivois .ednj.iolj» d-t n)vo no rauudu Jitterario, o \mtswlivo, •miJao oontigiiil-o nftíui fugi- tivas paginas, qu* depois de viverem um dii apaoa* vão su nlr-so oa voragens do eiqueeimeuto, vncilli, e doijei cihir o ciiuol, par- que tora couácíeucia da«ua pouca habilidade, o de quinta é bilb de rauuríoã procise< prira o .ojainAUíitnnto dôita or.tau, alé.n d> quo a Oácacoi das ti ividados, o o trio glacial, qji) nl> pjrnruc *•» chroninta ítsereer a sua ii*tivi J i Is çm .buaa li d-« -pw ui-3 estojl>

diz o amigo P. que boa divisão uto he esta / responde o amigo l>; he verdade, e muitos destag variedades podíamos noa aproveitar so os nossos afascrea doasa-uos o tempo c die sc.

.J, IK Viçtor Gomes.

ANECDQTAS.

Qwtf phi'losofica resposta !

•Perguntando um individuo a Newton, como conseguisse elie dos- çúbrir tuuw coisa, liio responde©.o aubio^»;w-.)ciíra#<&) sempre

O posto de ter os hospedes.

. Gonzalo Vas do Castel jo-Br;uiflo dUia que u5o havia gosto ma- jor, do qno ter .hospedes, pels alegria , que .deixava , quando ?c despedião.

Resposta zelosa d um ereado em cumprir as suas- obrigações

Assustando um avarento com um ereado, fez-lhe um uiapiu das obrigações, qua lhe impunha, cc pregou n íima porta. I'assatio.i dias cahiudo n'uin atoleiro o amo de volta do passeio, donde não s© dodia levauíar sem o ajudarem. Passando nessa oceasião» o creado, e ordeuaitdo-lhe o amo. quo o ajudasse a levantar, respoudeo— buo vou rir no uiappa, sc-fewc obrigações de tirar do atyleiro. Bom peda.

.■■IMIIWNIW

(1I!10M(A! M Oehrouista senta-so bojo h mj« I > ir.ib.il h j oara famr u n ra»

pido esboço de aconbuimeufcn mtis n )! iveis , e d » q.io In de n>v© no .muudcj jittarnrio, o instruciivq, -un>ao cousigual-o m»tai fugi- tivas paginas, que depois do viverem um dh apeuas v.lo su nlr-so na roragotu do esqueci meu to, vucillt, e doijct c.ihir o .cimo!, por- que tora couseie 11 cia da sua pouca habilidade, o de qiunl) ó b ilb de recursos preciso* pura o com conto desta or.bm, alé.n d > quoa oscacoz das u ividados, y o frio glacial, qu) ní> pjrurttc *o chronica çjeereer a sua »$tiviJi le çtn .bana li dos -pi? uio ©atoj i>

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*>«>

VtploYadas pelo* jornas, verdadeiros cahrions do* chroiiiátas, o ■tieixo! nos niaJs apurados lancfts paro encetar caia tarefa.

CoUoc»do assim no meio, desta diflieuldadc tem do resignar-se, ou ú dar segunda ediçlo do'que já por ali importarão o« periódi- cos, ou á relatar factos, que lie do crer nio wrSo de gnmdo inte- resse ao» leitores, ocm dignos da sua tnaiox attençuo.

SÁttWHt•Ill,ti.-— Ua grande nsoviracuto na republica dm leltras; ella tei« sido som duvida a pedrn, em quo su aquilatão OH talentos», e que tem c»tt*ado níu pequeoo estimulo aosj«ven»> quo> nella eotfáo com tigor, e energia»

O cliroolsta necusa com indicisirel prascr a rectpção do folheto. *=»/! collccção das máximas dos iW«os«eoceeIk*nte trabalho do nosso amigo, o cbllnborador sr. Francisco António Ff las de Noro- nha— o obrinli.» bc por ai fió roconiruendavel ao publico illortrado pcln correcçlo, grnç», e variedade, com que são escriplas asjudi- cioaas máximas dos IMiilosoplios índios, O jo*en author receba nosso agradecimento c para bens pela sua brilhante estreio.

Com o titulo àe~*En$àio /íWerrtrto=sahio a luz da lypogropluH da Senti/iclla a paraphrase com n «pigraphe^a ódio do homem e a justiça de i;<?os*=tiubulb.o óptimo do sr. A. J. do Quadro»», Será temcrtdado nfoitar-mo*pos a nrolior mais uma obra, cujo mé- rito fora tanto apreciado pelo publico, quando publicada oa Sen- tinella; toda fia ousáramos so dizer, quo o uoino do »r. Quadros he a melhor recommertd»ç*o ao publico illustrado.

Sábio a lnz o segundo=*»a/;««nrteA ^>o/>Wor=parn o anuo de 1865, bom trabalho do ?r- J. 1*. do Silvn Campos. c Oliveira. Es- cusnmo-nos do rècommendal-o ao publieo ; por quauto já se vío uo nnno passado os trabalhos do joren, e o esperançoso uuihof ser geralmente l>em acolhido.

O sr. J. F. Napolclo Monteiro tovo^a boodade de nos-enviar um prospecto, em que- prometi© úva livrinho com a denominação» A eiicyclopedia curiosa, e divertida*=>pnvo, o dito nnno de 1860 dfeéejniuos do coraçio, quo etn breto .venha a lu* ò trabalho *«. Monteiro.

Um iiluiauacli, lltaerarío—trabalho do ar, 4., J. Frederico Gonçalves do Figueredo, otti na outicaraara ; d'ou- iro do sr, Iguncio Xavier ha filiar. *

Faria»»e também «mi um livre intitulado—* O moço ifHtruidc*» cuiprcza do sr. Qiierobiuo Francisco de Gloria Furtado. Diu b/ove .viudamos todos.

vtploradas pe!o« jornas, verdadeiros carrions dos ehronidtas, o deixa nos mais apurados lanCM para encetar cata tarefa.

Col Iocs do assim nn meio, desta difliculdadc tem do resignar-se, ou á dar segunda ediçlo <lo que jú por ali importario os periódi- cos, ou á relator factos, que he do crer fíio scrSo de gruado inte- resse aos leitores, ocm dignos da sua inaioi attençáo.

IiÍ(tCr4lllirtl.—lb grande raoviracuto no republloa da* lettras ; ella tem sido som dufidu & pedtn, em quo so aquiiatâo o* talentos, c que tem cs*tt*ado niu pequeoo estimulo aos joven», qua nulla eotfáo com sigor, e energia.

O chroolstn accu6a com indicislrel prascr a reetpção do folheto. «=»/! eollccção das max imas dos iW«o$«"exc client a trabalho do nosso amigo, o collnborador sr. Francisco Antonio Fflas de Noro- nha—n obrinlu lie por si fio rocoVnfucnd&vet ao publico illoiirado pcln correcçio, grnça, e variedade, com quo sâo eseriptas as judi- ciosas maxiinns do3 Philosophos índios. O jo»cn author tecebn nosfio Agradecimento c para bens pela sua brilhaato C3ircia.

Com o titulo de-=»£««ciio /í7íernrío=sahio a luz da typogrnpltin da Sentinclla a paraphrase com n «pigraphe&o odia do homem e a justiça dc iM?s=tiubulho optimo do sr. A. J. do Quadro». Ser» tetneridado nfoitar-mo^pos a nvoliof mais um» obra, cujo mé- rito fora tanto apreciado pelo publico, quando publicada aa «Sen» tinella; toda fia cusaromos so dizer, quo o uotno do »r. Quadros he a melhor recommend»çlo ao publico illustrado,

Sahio a luz o segundD=a»a/ot«nacA pop~ulor=r>nrn o nuuo dc I86&, bom trabalho do ?r* J. P. dn Sllvn Campos c Oliveira. Es» cusamo-uoa do rècommendal-o ao publico ; por quuuto já sc vío uo nnno passado os trabalhos dojoren, e o esperançoso nuthor ser geralmente l>em acolhido.

O sr. J. F. Napolcio Monteiro tovo^n bondade de nos-enviar ura prospecto, em que promett© titn livrlíiho com a denominnçãc~=> A encyclopedia curiosa, e divertida***para o dito nnno dc l8bG deèejanios do coraçlo, que em brc»o .venha a luz 6 trabalho do ar. Monteiro.

Um tlluiiiuacll, lltterurio— trabalho do sr. d,, d. Frederico Gonçalves do Figueredo, cr>tti un nuticaraara ; d'ou- «ro do sr. Ignacio Xavier ha filiar. •

Fatia»»© também em tun livro iiitituladc—cC moço irutTuidc^ e ii í prez a do sr. Qiierobiuo Francisco dc Gloria Furtado. Eiu brove .-.«udrt'iKfi todos.

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t 3ÍOTO IIMMÍMO — Acaba de obíer o diploms de medi- eo-cirurgiao pela cachola de Nova-Goa o sr. Caetano Manoel Ri- beiro, do Porvorinija quem desejamos largos fruetos na sua eliniea.

FCfcta»—Foi no dia 10 eelebrada na Egreja desta fregoezia » festa da NOSSB sr." de Monto por nosso presado ami^o, e collabo- rador o sr. Luis José do Sá.

A eseolhida orchestra , fogos d'artifieio, egreja seriamente, e a gosto armada, grande eoaeurso de gente, íbrSa estes os elementos, que abrilhantarão a festa, O joveo mordomo fui ajudado além do ecos tinos por muitos amigos nas eeos trabalhos, que esperavlo oceasião para manifestar o quanto lhe erão gratos, e quanta é a a- in"i2ade e sympathia que lhe» inercee o sr, Sá peias suas exeellea- tes qualidade?, e maneira.

ColllClta.— Pela maior parte satísfactoria, < TCH15>0.—Está folgazão, e algumas nuvens, que toldlo pre-

nhes d'agua disifazem-se a menor sopro do vento. AtlVOgrsUlOH.—Dizem, que conseguirão as cartas dos Ad-

vogados 03 sr.s Cuetaninho Corrêa, Lourouço do Sa, c SaotMnns Baptista, para o auditório d'esta comarca.

* XXitlllOK.— Forio examinados no auditório do Juiz da Comarca do Saleete aa pratica do direito patno os sr.s Deuda- tb Uai th «car Barreto, Roqne Vicente Borgee, e Jgnacio Sebastião da Silva jnnior, for?o approvados.

Jtais mu anjo para o ce'o.-o sr. Augnaio Lo- no de Sabg2o levo o infortúnio de perder um menino que ape- nas viveo 11 dias, longo de causar eiitreieeimoiito. pedimos ao sr. J^obo. e a exm.» família, que se consolem, porque uocéojáteaa um que lhes proteja oa terra.

AVISO. Pedimos de obsequio a tolos os nossos encarregados que

ainda alguns não devolveram os prospectos tenham a bon-

dade de o físzer em breve para não sofírerem os subscripto-

res interrupção na recepção do mesmo jornal.

NOVA-GOA :—?íÀ IHttZXSA SACIO>AL.

— 24

SiOVO llICMlifO» — Acaba de obter o diploms de medi- co-cirurgiSo pela e3choln de Nova-Goa o sr. Gaetano Manoel Ri- beiro, do !'orvorimta quem desejamos largos fruetos tia sua clinica.

FCStíl—Foi tio dia 10 celebrada na Egreja desta fregoezin a festa da Nossa sr.» de Monte por nosso prosado amigo, e eollabo- rador o sr. Luis José de Há.

A eseolliida orchestra , fogos d'artifieio, ogreja seriamente, e a gosto armada, grande eoneurso de gente, for2o estea os elementos, que abrilhantarão a festa. O joveo mordomo foi ajudado além do seos thios por muitos amigos uns seos trabalhos, que esperavlo oeeasião para manifestar o quanto lbe erão gratos, e quanta éa a- inizade e sympathia que lhes ioercee o sr. Sá peias suas exeelleo- tea qualidades, e maneira.

Colliclt».— Pela inaíor parte sntisfactoria, < Tempo.—Está folgazío, e algumas nuvens, que toldlo pre-

nhes d'agua disfazem-se a menor sopro do vento. Advogados. —Dizem, que conseguirão as eartns dos Ad-

vogados 03 sr.s Caetaninho Corrêa, Lourouço do Sa, c StotMnna Baptista, para o auditório d'esta eooiarea.

* JSXillllOK-— Forio examinados no auditório do Juiz da Comarca do Saleete na pratica do direito pátrio os sr.* Deudo- fo Btilthaear Barreio, Roqne Vicente Borgee, e Ignacio Sebastião do Silva junior, ferio approvados.

Jtais um anjo para o ce'o. —O sr. Àuguaio Lo- bo de^ SaligSo levo o infortúnio de perder um menino que ape- nasi vjveo 11 dias, longo de causar entreieeimento. pedimos ao sr. Lobo, e a exm.» família, que se consolem, porque uocéojáteca um que lhes proteja na terra.

AVISO.

Pedimos de obsequio a totos os nossos encarregados que

ainda alguns não devolveram os prospectos tenham a bon-

dade de o fszer em breve para não soífrerem os subscripto-

res interrupção na recepção do mesmo jomaL

nova-goa na imprensa nacional.

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nuu umunt, irairraíi E MíSSIL ~ifl>í28GS«*-

BIRECTOll K PWOPRIKT.1RIO

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'JOAQUIM VICTORLYO I>B NORONHA ROPMGVES.

N.° % 2 DE NOVEMBRO ANNO 1865

COILABORADOREL.

rA. A* Bernardino Fernandes—"A. C. Paes de Noronha—

A. J. Sócrates da Costa — //. Z. Soares Peres—D. T. Tas-

jo Dias — F. Salvador Pinto —F. A. Frias âe Noronha—

Felecissimo Lobo—J. C. Barreto Miranda—J. Caetano de iY<i-

zareth— J. F. Napoleão Monteiro— 3. F. Caradoh de 5á-^

J. JJ. Victor Gomes—Luiz José C. P. de Sá— Leopoldo Cy~

priano de Gama—M. J. d'Abreu—N. /(?«' de SOKS*.

o

Jffil HniWD, lSSlffilTIK EIBIML

DlRECTOll K PlIOPRIKTARIO

Joaquim Victor! no lb Noronha Rodrigues.

—————— i 11 i . i i

N.° 2 2 DE NOVEMBRO ANNO 1865

COLLABORADORES.

rA. A. Rtrnaràino Fernandes—"A. C. Paes de Noronha-- *

A. J. Socrates da Costa — R. Z. Soares Peres—D. T. Tas-

so Dias—F. Salvador Pinto — F. A. Frias de Noronha—•

Felecissimo Lobo—J. C. Barreto Miranda—J. Caetano de Na-

zareth— J. F. Napoleão Monteiro— J. F. Caraciolo de Sd—^

J. II. Ficfor Gomes—Luiz José C- P. de Sá—Leopoldo Cy~

priano de Gama—3/. J. d'Abreu—iY. José de Sous*.

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n^^Jr^s^íprifficiroB dias t,c cada r-s^rove. lo^VÍ*1?"! Nf *sidtíncia ?° S-- J F- NapoIeSo Monteiro, no bairro «I- rT:7n 1? • ?/" CaSa do, Sr" ««^ado Piedade Co!In<;o, e na Phar- S. v* r*1 CRíT

iíurSao.--^ Amte. Fm ca*» dos srs. F. A Frias W S°íh T Htía3!fim' •Caetr(> Mnnoel Ribciro • çm P^voriíd, Luiz

M^íftfe^ adlL'nta(iOÍ P°rann°' CIuBora"

foi vZòTnJT ™%dlstT\bu,Ça<> ?o primeiro numero; deelarímdo, quu

IOI prmwnentedô «ao ter a bonra de uonliccer a ihu doa srs SuLsV-

0« artigos ufio assignados, sSo do director.

-*£*2J«f-

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Pr!mCÍr°! diM "° Cad" ra«-|j«frove.

toNaVIhaí'i Nf r*sidencia ?° Sr. J. F. NapoIeSo Monteiro, no bairro al- r^iV1? f"' casa d° Sr- Ralado Piedade Colloco, e ua Phar- mauaAlvarea, era JíargSo.-i^ iW*r. >;m casa dos sW. V. A Frias

Tosado0?8; T LcaSSi"m' .Caetr° Manoel Ribciro ' em Porvorim, Luiz ad.* ir„b

dr jor°al cm K.

^dZS.ZTAIZ^ cSSZ'08 adiuntad0'poranno'omBom-

dc-ml,da'rm,tp°LdCSt<; j°Tl ^ dis,:ul^,, a '«I™ srç. Subseriptores, da

&iTovSfe °-a tri^ulÇ30 do primeiro u..JM deelarando, ,«» KH proM mento de nao ter a bonra do uonliccer u abmns dos srs Subs-r- ptoíres, « por q3o ter a mio todos os prospectos. °

0« artigos nio assignados, xSo do director.

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BfO&RAPIIIâ..

Maooeí Jesc Felecissinio Òbrca, S talentos eminentes, os génios nascidos para as lettras, os espíritos que pelas suas ínclitas acções nohilitarão-se a se e a so- ciedade, os amantes da pátria que não rc-

, cuarão diante de sacriDcios, em fim os que botados de altas prendas são modelos de bôa e sã edu- cação moral, civil3 e politica; todos elles relusem cm mais d'uma pagina, tem se lhes erguido um padrão na his-

toria contemporânea. De quem lie, e do que foi faz-se-lhcs menção nos jor-

naes, á que chamamos biographia. ; E hoje que temos em mira fazer um lacónico memoran- do d'um joven a quem a fortuna não foi adversa, sendo- lhe applicaveis os seguintes versos do Diogo Bernardes.

Mas se lhe foi fortuna escassa cm vida, Não lhe pódc tirar depois da morlc

ílum rico amparo da sua fama e gloria d'um joven que depois de fulgir por um momento, qual metheoro n'atmosphera, deixou-a mais anuviada e tene- brosa, legando-nos apenas rastos de seos extraordinários talentos, que com o tempo promettião um sábio para a sua terra natal ; hoje que tencionamos fazer o inventario da herança litteraria c scienlifica do mancebo que em tão curto tempo do seo lidar com os estudo?, havia tido por renome portento da natureza, que havia patenteado v,os scos primeiros ensaios litterarios as tendências auspicio- sas para se elevar a altura da sua missão ; pennitta-se-nos á nos nove) no género de biograpliias, que consignemos a- qni em curto summario os breves apontamentos que di- zem respeito ao joven desditoso, c que por mercê do nos- so thio sr. Fclippe Ncry tTAbreu conseguimos obter.

lUOORAPIIIl;

Manoel José Felecissimo d'Abreor.

S talentos eminentes, os génios nascidos para as lettras, os espíritos que pelas suas ínclitas acções nobilitarão-se a se e a so- ciedade, os amantes da patria que não re- cuarão diante de sacrifícios, em fim os que

dotados de altas prendas são modelos de bôa e sã edu- cação moral, civil, e politica; lodos elles relusem cm mais d'uma pagina, tem se lhes erguido um padrão na his-

toria contemporânea. De quem lie, e do que foi faz-se-lhes menção nos jor-

naes, á que chamamos biographia. ; E hoje que temos em mira fazer um laconico memoran-

♦ do d'um joven a quem a fortuna não foi adversa, sendo- lhe applicaveis os seguintes versos do Diogo Bernardes.

Mas se lhe foi fortuna escassa cm vida

Não lhe pôde tirar depois da morte

Hum rico amparo da sua fama e gloria

dum joven que depois de fulgir por um momento, qual frietheoro n'atmosphcra, deixou-a mais anuviada e tene- brosa, legando-nos apenas rastos de seos extraordinários talentos, que com o tempo promettião um sábio para a sua terra natal; hoje que tencionamos fazer o inventario da herança litteraria e scientifica do mancebo que em tão curto tempo do seo lidar com os estudo?, havia tido por renome portento da natureza, que havia patenteado }.os seos primeiros ensaios litterarios as tendenc.as auspicio- sas para se elevar a altura da sua missão; permitta-se-nos á nos novel no genero de biographias, que consignemos a- qni cm curto summario os breves apontamentos que di- zem respeitn ao joven desditoso, c que por mercê do nos- so thio sr. Felippo Ncry d'Abreu conseguimos obter.

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Se a concicncía não nos dirigisse ao escrever esse rá- pido esboço; anles de lançarmos ao papel o desenho de nossos sentimentos, riscal-o-hiamos da intelligencia, e desmanchavamos-lhe a concepção: se o nosso fito fosse

"diverso do de apresentar a mocidade, quanto os talentos, que saboreão os prodigiosos fruetos da litteralura, engra- decem o homem; contentariamo-nos unicamente em cho- rar duas lagrimas de saudade, sem nunca traçar estas li- nhas : pagaríamos cm nudez o preito de homenagem aquel- le, que era considerado então pelas intelligencias de Por- tugal, como um joven único daquelle quilate. ' Deos que nos seos tremendos c enescrutaveis decretos escreve na vida de homem as paginas de prosperidade c 'de trophicos, destinou ao sr. Abreu a de abatimento c de 'morte. . eu , ,

Quando a pátria queria lucrar com o tal filho pela edu- cação d'Europa, aonde mandara quando a famha apenas o apontava com nobre orgulho como brasão de sua gloria: soou a hora do faial cataclismo, e todos se vrao arcar com a necessidade de roubar a morte esse anjo de allei- ções geraes.

Atroou a funesta trombeta, e os seos monótonos sons repercutirão-se até ao fundo de nossos iares. Hoje mor- rei o Abrcu, hoje accahou o distindo aiumno da Univer- sidadede Coimbra, hoje Goa perdeo uma fronte onde ro iulqxa o diadema de virtude* e de talentos. Perdeo boa o oven a quem o imortal dador da carta Constituicionaj, o

ínclito Monarchao Sr. D. Pedro 4.» havia vaticinado pouca vida. Um ne-ro crepe cohria nossas cazas; as lagrimas amaras escorregavam de lodos os olhos, c apenas {ícau- nos a memoria saudc3a da sentilha da sabedoria divina, que veio para a terra nuceuder affectos para o senhor que a enviara. A realeza do dor, que he inviolável e augusta, a pátria, os amigos, a família procuravãomn lennitivo as

Se a concicncia não nos dirigisse ao escrever esse rá- pido esboço; antes de lançarmos ao papel o desenho de nossos sentimentos, riscal-o-hiamos ua intelligence, e desmanchavamos-lhe a concepção: se o nosso fito fosso

* diverso do de apresentar a mocidade, quanto os talentos, que saboreão os prodigiosos fructos da litteratura, engra- deeem o homem; contentariamo-nos unicamente em clio- 'rar duas lagrimas de saudade, sem nunca traçar estas li- nhas : pagariamos cm nudez o preito de homenagem aquel- lo, que era considerado então pelas intelligencias de Por- tugal, como um joven único daquclle quilate.

' Deos que nos seos tremendos c enescrutaveis decretas escreve na vidajle homem as paginas de prosperidade c lde trophicos, destinou ao sr. Abreu a de abatimento c de

Quando a patria queria lucrar com o tal filho pela edu- cação d'Europa, aonde mandara quando a famlia apenas o apontava com nobre orgulho como brasão de sua gloria, soôu a hora do fatal cataclismo, e todos se viuo arcar com a necessidade de roubar a morte esse anjo de atlei- ções geraes.

Atroou a funesta trombeta, c os seos monotonos sons repercutirão-se até ao fundo de nossos lares, H°Je

reo o Abreu, hoje accahou o âistnicto alumno an. univer- sidade de Coimbra, hoje Goa perde o uma fronte onde re- fulnia o diadema de virtudes e de talentos. Perdeo boa o joven a quem o imortal dador da carta Constituicional, o ínclito Monarchao Sr. D. Pedro 4.» havia vaticínio pouca vida. Um negro crepe cohria nossas cazas; as lagrimas amargas escorregavam de lodos os olhos, c apenas iicou- nos a memoria saudosa da sentilha da sabedoria divina,

nue veio para a terra .uccuder aíícctos para o senhor que a enviara. A realeza dodôr, que lie inviolável e augusta, a patria, os amigos, a família procuravão um lennihvo as

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suas lagrimas, e não o encontrarão em nenhuma parle; só os sulTragios c oulras mil demonstrações de sentimento, prehencherão de algum modo a lacuna, que deixou "um ho- mem de talentos c saber. O seo monumento ficou levan- tado no coração de seos patrícios, c o seo nome inscri- pto entre os de beucmcritos : a data de sua infausta mor- te se marcou no rol das catastrophes, que o povo soíírc em cada uma das épocas, e a divina arte de Gulcm-bcrg' não cessou de o prantear. Fizerão sentida commemoração dessa morte os Jornaes do Reino, do Londres e de outras partes, que temos presentes.

O sr. Manoel Josó Fclecissimo d'Abreu, nascido aos 9 de Setembro de 18i3 em Calangule nas casas de seus avós maternos srs. Aflbnços, foi filho de srs. Nicolao Casimiro d'Abreu, e de Anna Joana Maria ÀlTouco; des- cendente d'umadas principaes famílias de Bardez; contou na sua nobre linhagem caracteres respeitáveis, o sr. Ma- thias /oão d'Abreu, Phisico-mór interino deste Estado, o sr. Pe. Mestre Nicoláo Francisco d'Abreu congregado c 1." reitor indígena do Seminário de Chorão, coniiccido então por correspondente do grande Estadista Marquez de Pom- bal, o sr. Josó António, doutor pelo Archygimnazio de sapiência de Roma, o sr. D. Felippe Nery a Abreu, cujo saber e virtudes todos reconhecem.

O sr. Abreu aquém lodos presageavão um porvir assaz venturoso, desde os mais verdes a unos correspondia a es- ses presagios, na sua apeudisagem teve por mestre c edu- cador o seo venerável thio sr. Pe. Mestre André João de Abreu, que depois de doutrinar nos preceitos de Jesus Chrislo, começou a inslruil-o nas primeiras lettras cm que o educando se destinguio; e quando fazia apenas 10 an- nos de edade, já dava contas do Geometria. Aperfeiçoa- do no latim c Jatinidadc mcrccco nos exames ccclcsiaslicos ser approvado para as 4 ordens menores, cousa rara e dif*

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suas lagrimas, e não o encontrarão em nenhuma parle: só os sulíragios c outras mil demonstrações dc sentimento, prehencherão de algum modo a lacuna, que deixou um ho- mem de talentos c saber. O seo monumento ficou levan- tado no coração de seos patrícios, e o seo nome Inseri- pto entre os dc beucmcríios : a data de sua infausta mor- te se marcou no rol das catastrophes, que o povo soíírc cm cada uma das épocas, e a divina arte de Gulcm-bcrg' não cessou de o prantear. Fizerão sentida commemoração dessa morte os Jornaes do Reino, do Londres e de outras parles, que temos presentes.

O sr. Manoel José Fciecissímo d'Abreu, nascido aos 9 de Setembro de 1813 em Calangule nas casas de seus avós maternos srs. Affonços, foi filho de srs. Nico!ao Casimiro d'Abreu, e dc Anna Joana Maria Àlfouço; des- cendente d'umadas principaes famílias de Bardez; contou na sua nobre linhagem caracteres respeitáveis, o sr. Ma» thias /oão d'Abreu, Phisico-mór interino deste Estado, o sr. Pe. Mestre Nicoláo Francisco d'Abreu congregado c i." reitor indígena do Seminário de Chorão, conhecido então por correspondente do grande Estadista Marquez de Pom- bal, o sr. José Antonio, doutor pelo Archygimnazio de sapiência de Roina, o sr. D, Felippe Nery d'Abreu, cujo saber e virtudes todos reconhecem.

O sr. Abreu aquém todos presageavão um porvir assaz venturoso, desde os mais verdes annos correspondia a es- ses presagios, na sua apendisagem teve por mestre c edu- cador o seo venerável thio sr. Pe. Mestre André João de Abreu, que depois de doutrinar nos preceitos de Jesus Chrislo, comecou a inslruil-o nas primeiras lettras cm que o educando se destinguio; e quando fazia apenas 10 an- nos de edade, já dava contas do Geometria. Aperfeiçoa- do no latim c Jatinidadc mcrccco nos exames cccicsiaslicos ser approvado para as 4 ordens menores, cousa rara e dif-

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íicil no tempo do seo austero Prelado S. Galdino. A li- berdade com que a Mão da Providencia havia-o favoreci- do, fecundava os seos préstimos admiravelmente; pois nos estudos de Philosofia, Geographia, Chronologia, e de mais bellas lettras, o sr. Abreu era assombro de escolas, acatado pelos seos condiscípulos, occupando nas lidas escolares o lugar o mais distincto, e coordenando nas horas vagas um compendio de Philosofia Racional e Moral, em que tivemos o prazer d'es tu dar.

Dahy dedicou-se ao estudo de mathematicas n'Acade- mia Militar de Noya-Goa, onde os seus lentes dispensarão- lhc sempre os mais rasgados encómios, e affectuosas sym- pathias. Era Pangim o nome d'Abreu era pronunciado com^ respeito, e com esperanças nos lábios; alii deo pro- vas irrefrogaveis de que talentos e saber era revestido; os seos collegas tinhão-no por constante e benévolo explica- dor das suas lições; faríamos aqui apêllo ao testemunho do distincto mathemalico sr. José Soares de Viega, seo len- te examinador, que depois de apresentar ao seo exami- nando diversas theses para as demonstrar, tbeses que o o- rudito lente estudara anticipadamente com o animo de pe- sar os talentos d'Abreu na balança de sciencias; e quan- do vio, que o joyen académico as solvia com grande faci- lidade e prompíidão, teve a satisfação de dar o publico testemunho, que até aquelle anno lectivo não tinha appa- rocido na Academia um talento eguala este, approvando- o com os seos collegas para o 1.° premio pecuniário.

O sr. Abreu depois de pesar o chão macio, e semeado de rosas, depois de grangear uma bem merecida reputação, entregou-se com ardor ao ulterior estudo dessas sciencias. A planta medrou com o avultado progresso, que podia es- perar-se de lalentos ajudados daplicação bem dirigida e incansável.

Entregou-se também a leitura constante de clássicos

ficil no tempo do seo austero Prelado S. Galdina. À li- berdade com que a Mão da Providencia liavia-o favoreci- do, fecundava os seos préstimos admiravelmente; pois nos estudos de Philosoíja, Geographia, Chronologia, e de mais bellas lettras, o sr. Abreu era assombro de escolas, acatado pelos seos condiscípulos, occupando nas lidas escolares o lugar o mais distincto, e coordenando nas horas vagas um compendio de Philosofia Racional e Moral, em que tivemos o prazer d'es tu dar.

Dahy dedicou-se ao estudo de mathematicas n'Acadc- mia Militar de Nova-Goa, onde os seus lentes dispensarão- lhe sempre os mais rasgados encomios, e alíectuosas sym- pathias. Em Pangim o nome d'Abreu era pronunciado com respeito, e com esperanças nos lábios: abi deo pro- vas irrefrogaveis de que talentos e saber era revestido; os seos collegas tinhão-no por constante e benevolo explica- dor das suas lições; faríamos aqui apêllo ao testemunho do distincto mathematico sr. José Soares de Viega, seo len- te examinador, que depois de apresentar ao seo exami- nando diversas theses para as demonstrar, theses que o o- rudito lente estudara anticipadamente com o animo de pe- sar os talentos d'Abreu na balança de sciencias; c quan- do vio, que o joven académico as solvia com grande faci- lidade e promptidão, teve a satisfação de dar o publico testemunho, que até aquelle anno lectivo não tinha appa- rocido 11a Academia um talento egual a este, approvando- o com os seos collegas para o 1.° premio pecuniário.

O sr. Abreu depois de pesar o chão macio, e semeado de rosas, depois de grangear uma bem merecida reputação, entregou-se com ardor ao ulterior estudo dessas sciencias. A planta medrou com o avultado progresso, que podia es- perar-se de lalentos ajudados d'aplicação bem dirigida e incansável.

Entregou-se também a leitura constante de clássicos

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latinos e porluguezes, na qual não soíTria ser distraído: tinha-na sempre por saudável alimcnlo e delicias da sua inlelligcncia e coração.

Eslando o sr. Abreu cursando o segundo anno de ma- themalicas, o Governo deS. Magcslade baixou uma porta- ria datada de 2 de maio de 1832, authorisando ao Gover- nador Geral D. Manoel de Portugal a remelter a expensas da Camará Agraria, e da Fazenda Pnblica 4 mancebos de Goa para metrópole, donde devia voltar para o sco paiz formados na Universidade de Coimbra. Entre alguns que concorrerão para exames, o sr. Abreu foi escolhido para liir cursar na universidado os estudos relativos ao hon- roso cargo de phisico-mór do Estado, a que desd'já se a- chava destinado, sendo os mais três escolhidos, um para ser sco substituto, outro para o Iogar de Cirurgião-mór, e o terceiro para o de substituto deste ultimo, e se se nos permitic proferir os seos respeitáveis nomes, diremos que são os srs. Raimundo Venâncio Rodrigues de Britona, Au- reano Mascarenhas de Aalaugulc, e António José do Ga- ma de Ver na.

F. António Paulo Frias de Noronha» >

(Continiiar-sc-Jtd.)

O ESCRAVO DE CAMÕES.

A maior parle dos homens, que se teem deslinguido na republica das lellrast pelos seos grandes talentos tem sido por um fado adverso favorecidos pouco de fortuna. Nes- ses contraria que Homero cego o errante mendigava o pão para manter seus dias; Commeille esse grande génio, que a França prodnzio, morreo em uma mediocridade muito próxima a indigência. E o nosso immorlal Poeta Luiz dò Camões foi ainda tal vez mais infeliz, que todos estes. Nascido de família illuslre, não leve por legado seuão só a

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latinos e porluguezes, na qual não soíTria ser distraído: tinha-na sempre por saudável alimento e delicias da sua inlelligcncia e coração.

Estando o sr. Abreu cursando o segundo anno de ma- themalicas, o Governo deS. Mageslade baixou uma porta- ria datada de 2 de maio de 1832, aulhorisando ao Gover- nador Geral D. Manoel de Portugal a remetler a expensas da Camara Agraria, c da Fazenda Pnblica 4 mancebos de Goa para metrópole, donde devia voltar para o seo paiz formados na Universidade de Coimbra. Entre alguns que concorrerão para exames, o sr. Abreu foi escolhido para bir cursar na universidado os estudos relativos ao hon- roso cargo de phisico-mór do Estado, a que desd'ja sc a- chava destinado, sendo os mais tres escolhidos, um para ser sco substituto, outro para o logar de Cirurgião-mór, c o terceiro para o de substituto deste ultimo, c se se nos pcrmille proferir os scos respeitáveis nomes, diremos que são os srs. Raimundo Venâncio Rodrigues de Britona, Au- reano Mascarenhas dc Aalaugule, e Antonio José de Ga- ma dc Vcrnã.

F. Antonio Paulo Frias dc JSoronha. <

{Continnar-sC'hã.}

O ESCRAVO DE CAMÕES.

A maior parle dos homens, que sc teem deslinguido na republica das lcllras, pelos seos grandes talentos tem sido por um fado adverso favorecidos pouco dc fortuna. Nes- ses contraria que Homero cego o errante mendigava o pão para manter seus dias; Commeillc esse grande génio, que a França prodnzio, morreo em uma mediocridade muito próxima a indigência. E o nosso immortal Poeta Luiz do Camões foi ainda tal vez mais infeliz, que todos estes. Nascido de fainiíia iliuslre, não teve por legado senão só a

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excellenle educação, o seo cultivado talento leria sido para elle a origem da sua feleeidade e fortuna, se o seo earac- tereo amor aos prasercs não fossem o primeiro trilho da encadeada serie das suas desgraças.

JNo principo da carreira da sua vida e depois de ter composto algumas sátiras foi desterrado para Santarém, e para remediar as suas faltas pedi o que se fizessem em- pregar n'Armada Naval. A historia conta, que embarcou- se depois para Goa, onde soube grangear um grande nu- mero de amigos, e o Vice-rey desta Capital desterrou para ftlaeáo nas fronteiras de China! Foi aly, que aproveitando do tempo compoz em 10 contos o seo immortal poema dos Lusíadas. Contente e satisfeito dos scos trabalhos, e for- mando novos projectos de fortuna sollicitou, e a final eon- seguio voltai a Goa, para depois regressar a sua pátria.

Porém, a adversa fortuna,,que sempre a tinha acom- panhado lhe fez transtornar os seos projectos bem basea- dos; e uma torrente furiosa fez cm pedaços o navio, c se vio na necessidade de salvar-se a nado. Seo único lliesouro era o seo poema, e clle o salvou na mão direita, cm quanto na esquerda elle se ellevára sobre as furiosas ondas. Chegou em fim a Lisboa. Cnmpriram-se os seus desejos, e a sua obra pela primeira vez veio a luz do dia, c os Portuguezes lhe prodigalisaram immensos louvores, c reconheceram, que tinham nelles um Chefe d'obra que enobrecia muito a sua própria lingoa, e esta foi a única recompensa para o Aulhor: e o pobre Camões ficon redu- zido a miséria, e as esperanças eomo d'antes. D. Sebastião compadecendo-se, deo-lhe uma certa pensão, que bastava apenas para não morrera fome; e o titulo de poeta da Cor- te, talvez este seria o primeiro gráo de fortuna, se este prín- cipe não morresse. Gamões de novo ficou reduzido a cahos de mi:eria. Os cortesãos, os Grandes da Corte o ti- nham marcado com o vèo de louvores, mas cllo^não teve so

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excellenle educação, o seo cultivado talento leria sido para elle a origem da sua felccidade e fortuna, se o seo earac- ler e o amor aos prasercs não fossem o primeiro trilho da encadeada serie das suas desgraças.

No principo da carreira da sua vida e depois de ter composto algumas satiras foi desterrado para Santarém, e para remediar as suas faltas pedio que se fizessem em- pregar n'Armada Naval. A historia conta, que embarcou- se depois para Goa, onde soube grangear um grande nu- mero de amigos, e o Vice-rey desta Capital desterrou para Macáo nas fronteiras de China. Foi aly, que aproveitando do tempo compoz em 10 contos o seo immortal poema dos Lusíadas. Contente e satisfeito dos seos trabalhos, e for- mando novos projectos de fortuna sollicitou, e a final con- seguio voltar a Goa, para depois regressar a soa patría.

Porém, a adversa fortuna,,que sempre a tinha acom- panhado lhe fez transtornar os seos projectos bem basea- dos ; e uma torrente furiosa fez cm pedaços o navio, c se vio na necessidade dc salvar-se a nado. Seo único thesouro era o sco poema, e eile o salvou na mão direita, cm quanto na esquerda elle se ellcvára sobre as furiosas ondas. Chegou em fim a Lisboa. Cumpriram-se os seus desejos, e a sua obra pela primeira vez veio a luz do dia, c os Portuguezes lhe prodigalisaram immensos louvores, e reconheceram, que tinham nelles um Chefe d obra que enobrecia muito a sua propria lingoa, c esta foi a única recompensa para o Author: e o pobre Camões ficon redu- zido a miséria, e as esperanças eomo d'antes. D. Sebastião compadecendo-se, deo-llie uma certa pensão, que bastava apenas para não morrera fome; e o titulo de poeta da Cor- te, talvez este seria o primeiro gráo de fortuna, se este prín- cipe não morresse. Gamões de novo ficou reduzido a cahos de mi:eria. Os cortesãos, os Grandes da Corte o ti- nham marcado com o vê o dc louvores, mas cllenão teve so

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rmo um amigo, um pobre' escravo que tinha ícvado do índia. Este fiel captivo compadecido dos infortúnios do soo senhor, procurou quanto pode consolal-o na sua ex- trema necessidade. Logo que anoutecia, sahia mendigar pelas ruas de Lisboa nm bocado de pão para prolongar os dias do desgraçado, que depois de roorte ficou grava- do cm mármore o vão titulo de príncipe dôs Poetas. A final foi levado ao asilo da mendicidade, c alimorreo cm 1579 na idade de 09 annos.

Assim um escravo foi mais sensível, compassivo, vir- tuoso, c nobre, que todo o povo de uma capital como Lis- boa. Ab! esta só virtude, cm quanto a mim lhe mere- cia um lugar distincto ao lado do author dos Lusiadas, por que cm fim.= Virtutibus et moribus nóbilitaUir homo,

Nova-Goa, 15 de Outubro de 1SC5.

J. F. Napoleão Monteiro.

A FONTE DÔS AMORES. He esta a fonte, a que o nome lhe grangeo o infortúnio

de dous amantes, a quem uma imprudente paixão muitas vezes conduzira a estas praias, ali foi, que D. Pedro, c sen- sível D. Igncz de Castro multiplicadas vezes entretiveram as tardes^ conversando a respeito da sua mallograda incli- nação. Esta fonte ainda hoje existe junto ao rio Mondego, segundo diz a tradição. O nosso grande Luiz de Gamões no seo incomparável de dez contos de Lusiadas finge que das lagrimas, que as Ninfas choraram na morte de Igncz, naseco esta fonte. Duas antiquíssimas palmeiras com a sua refrigerante sombra abrigão esta fonte dos intensos ardores do sol, ambas se unem por meio de uma flexí- vel grinalda de panpanos, e madrisílva, as agoas despe-

não um amigo, um pobre escravo que tinha ícvado do Índia. Este fiel captivo compadecido dos infortúnios do sco senhor, procurou quanto pode consolal-o na sua ex- trema necessidade. Logo que anoutecia, sahia mendigar pelas ruas de Lisboa nm bocado de pão para proloDgar os dias do desgraçado, que depois de morte ficou grava- do cm mármore o vão titulo de príncipe dos Poetas. A final foi levado ao asilo da mendicidade, c alimorreo cm 1579 na idade dc 09 annos.

Assim um escravo foi mais sensível, compassivo, vir- tuoso, c nobre, que todo o povo dc uma capital como Lis- boa. Ah! esta só virtude, cm quanto a mim lhe mere- cia um lugar distincto ao lado do author dos Lusíadas, por que cm fim.= Virtutibus et moribtts nobilitai ur homo.

Nova-Goa, 15 dc Outubro dc 1S05.

/. F. Napoleão Montcv'o.

A FOME DOS AMORES.

He esta a fonte, a que o nome lhe grangeo o infortúnio dc dous amantes, a quem uma imprudente paixão muitas vezes conduzira a estas praias, ali foi, quo D. Pedro, e sen- sível D. Igncz de Castro multiplicadas vezes entretiveram as tardes^ conversando a respeito da sua mallograda incli- nação. Esta fonte ainda hoje existe junto ao rio Mondego, sogundo diz a tradição. O nosso grande Luiz de Camões no seo incomparável dc dez contos dc Lusíadas finge que das lagrimas, que as Ninfas choraram na morte de Igncz, nascco esta fonte. Duas tintiquissimas palmeiras com a sua refrigerante sombra abrigão esta fonte dos intensos ardores do sol, ambas sc unem por meio de uma flexí- vel grinalda de panpanos, c madrisííva, as agoas despe-

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nbando-se impetuosamente de cima de um elevado roche- do a transformam na mais cllegantc cascata, e cahindo sobre um leito de coloridos seixos, por entre cllcs formam um extenço regalo, qnc com o mais agradável murmúrio, serpenteando alraz da verdejante relva, das odorificas la- rangeiras, limoeiros, murteiras c mais plantas, algumas vezes se esconde a vista de quem voluntariamente o li- so ngea.

J. II. Victor Goraes.

DAMOS cabida a carta, com que nus mimosea o nosso amigo, e collaborador o sr. F. A. P. Frias de Noronha.

Ao nobre amigo agradecendo sobremaneira as expres- sões benévolas, que nós dirige, oíTercccmos as columnas do nosso jornal, que TCíO a luz, unicamente escudado no valioso apoio dos amigos, e benevolência do publico il- lustrado.

Publicamos tambemo artigo, que veio acccmipanliado da mesma carta descrevendo os últimos momentos do seo primo sr. Dczidcro Caetano da Cruz Frias, joven , que a todos os respeitos foi digno .da estima geral Nós par- ticipando da justa dôr, que punge o coração do nosso distinclo c respeitável amigo o sr. Gustavo Adolfo de Frias, * não lhe queremos renovar a cbaga, que ainda não está corada.— eis aqui a caria

Amigo e Collega

Não encontro no coração expressões assaz vivas, com que possa significar a v. o meo reconhecimento pela ime- recida honra, que accaba de fazer-mc, inscrevendo o meo humilde nome entre os illuslrados collaboradorcs do jor- nal, que v. dignamente dirige.

Ácçcito cs;e nobre encargo, que será o bilhete d'entra-

•***> íl4 ——

nbando-se impetuosamente de cima dc um elevado roche- do a transformam na mais cllcgantc cascata, e cahindo sobre um leito de coloridos seixos, por entre clics formam um extenço regalo, qne com o mais agradavel murmúrio, serpenteando atraz da verdejante relva, das odoriíicas la- rangeiras, limoeiros, murteiras e mais plantas, algumas vezes se esconde a vista dc quem voluntariamente o li- songea.

J. II. Victor Gomes.

DAMOS cabida a carta, com que nós mimosea o nosso amigo, e collaborador o sr. F. A. P. Frias dc Noronha.

Ao nobre amigo agradecendo sobremaneira as expres- sões benévolas, que nós dirige, offcrcccmos as columnas do nosso jornal, que ycío a luz, unicamente escudado no valioso apoio dos amigos, e benevolência do publico il- lustrado.

Publicamos tambcino artigo, que veio accdnipanhado da mesma carta descrevendo os últimos momentos do seo primo sr. Dczidcro Gaetano da Cruz Frias, joven , que a todos os respeitos foi digno .da estima geral. Nós par- ticipando da justa dôr, que punge o coração do nosso distincto c respeitável amigo o sr. Gustavo Adolfo dc Frias, não lhe queremos renovar a chaga, que ainda não está corada.— eis aqui a carta

Amigo e Gollega

Não encontro no coração expressões assaz vivas, com que possa significar a v. o nico reconhecimento pela ime- recida honra, que accaba de fazcr-mc, inscrevendo o meo humilde nome entre os illuslrados coilaboradorcs do jor- nal, que v. dignamente dirige.

Ácccito este nobre encargo, que será o bilhete d'entra-

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— 35-*:

da, com que o publico nTadmittirá no mundo do lettras, assegurando-lhe, que o pouco, que sou, todo m'offercço para escrever ao sco exccllente jornal, não artigos de im- portância, ou que mereçam simpathias e atteoção, mas a- quclles que a minha fraca c novel penna m'inspirar.

Aproveito este ensejo para lhe lestimunhar os meus agradecimentos pelas expressões lisongeiras, com que brin- da a minha estreia, esperando que hade fazer mais um favor dando publicidade no imediato numero do seu ac- creditadô jornal ao artigo, que a esta acompanha.

Receba os protestos de cousideração e estima, com que sou

D. V. S.» etc. ctc.

Ucassaim, 9 de Outubro de ÍSG5.

F. Â. P. Frias de Noronha,

A raorte do BIGH Primo.

Sobre um tumulo, lia pouco fechado, vou depor uni ramo de perpetuas, emblema da pungente saudade, que consagro á memoria do meo joven c virtuoso Primo, que a desapiedada morte me robou tam prematuramente, li as lagrimas, que a dôr me traz aos olhos, nunca deixa- rão de orvalhar aquclla fria campa, boje tam querida minha.

Choro a perda do parente e amigo, choram-o os seus nobres progenitores. O nosso pranto hc justo.

E hoje q'jc uma lapide vai marcar um tumulo para aíu a posteridade soletrar «= Ahi jaz o nunca assaz chorada Dhiânv Caetano da Cruz de Fria*, fãho do sr. Gustavo Adolfo ih Fnas=» seja me pcrmelúdo comemorar o sco infausto decesso.

Não hc isto uma Liograplúa, nem o podia ser, por 4ue

da, com que o publico m'admittira no mundo de lettras, asscgurando-lhc, que o pouco, que sou, todo m'offercco para escrevei' ao sco cxccllente jornal, não artigos de im- portância, ou que mereçam simpathias c attenção, mas a- quclles que a minha fraca c novel penna m'inspirar.

Aproveito este ensejo para lhe testimunkar os meus agradecimentos pelas expressões lisongeiras, com que brin- da a minha estreia, esperando que hade fazer mais um favor dando publicidade no imediato numero do seu ac- crcditadô jornal ao artigo, que a esta acompanha.

Receba os protestos de cousidcração e estima, com que sou

D. V. S.» etc. etc.

Ucassaim, 9 de Outubro de ÍS65.

F. A. P. Frias de Noronha.

K morte do meu Primo.

Sobre um tumulo, lia pouco fechado, vou depor um ramo de perpetuas, emblema da pungente saiidadc, que consagro á memoria do meo joven c virtuoso Primo, que a desapiedada morte mc robou Iam prematuramente, li as lagrimas, que a dôr me traz aos olhos, nunca deixa- rão de orvalhar aquclla fria campa, boje tam querida minha.

Choro a perda do parente c amigo, clioram-o os seus nobres progenitores. O nosso pranto hc justo.

E boje que uma lapide vai marcar um tumulo para am a posteridade soletrar « Ahi jaz o nunca assàz chorada DisiJ'Tv Caetano da Cruz de Fria*, filho do sr. Gustavo Adolfo de Frtas=* seja mc pcrmcltido comemorar o sco infausto decesso.

Não iic isto uma biographia, nem o podia ser; por due

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O jovcn finado, quando apenas fasia o sco tirocínio para entrar na nobre carreira de IcUras quando o seo simpa» thico nome bia ser conhecido do todos, eis qnc se verga ao invisível peso da morte definha c inorre 1

A morle que consome a vida, quando mais a encantão; quando embalão essa vida n'um sooho constante do pra- scres fervidos, quo ao depois lançam fel c vinagre para o coração de família; a morte, que arrebala, qual leão cs- fameado, o moço, o velho, descarregou no memorando dia 12 de Fevereiro de 18G4 o seo tremendo cutcllo sobre o meo primo, c fd-o desaparecer dos vivos.

A flor, que se desabrochou cm toda a pompa c frescor rica, c suave o vento [suão fez tombar esmorecida de côr, e desalentada da vida.

Lá ralou entre dores e prantos mais um joven para o Golfão de sepulcros: vimol-o nascer sob um céo de es- peranças. Saudou-o a família com o coração cheio de con- tentamento, sandarão-no os parentes c amigos com o sor- rir de prosperidade.

Mas tão risonho eco bem depressa se toldou de espessas nuvens, c um cataclismo domestico ate hoje tem cuberlo do negro crepe sua illustre faimliia.

Num abrir c fechar de olhos accabou-sc tudo, o fura- cão rebentou , a enfermidade caminhou com incrível velo- cidade, a sciencia tornou-semuda, suecederam-seas convul- ções, c dentro em pouco o jovcn esperançoso jazia no leito ensopado nos suores da morte.

Feiizcs d'qncl)es, cujo corpo ainda tenro vai parar ao sepulcro com as galas, com que a pureza o enfeita a mc- ih ir ^,pel!a, mais cllcganlc palmito lhes adorna ámocida-

? iPfclnw, que se apresenta -sem nódoa, sem dor, sem ci- catriz m presença d'aqucllc, que recruta de vez cm quan- do na edade da inocência humana mais uma vez para os scos coros, o mais um anjo para o sco trono.

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o joven finado, quando apenas fasia o sco tirocínio para entrar na nobre carreira dolcltras quando o seo simpa" thico nome bia ser conhecido de todos, eis qne sc verga ao invisível peso da morte definha c inorre I

À morte que consome a vida, quando mais a cncantão; quando embalão essa vida n'um sooho constante do pra- scres fervidos, que ao depois lançam fel c vinagre para o coração de família; a morte, que arrebata, qual leão cs- fameado, o moço, o velho, descarregou no memorando dia 12 de Fevereiro de 1864 o seo tremendo cutello sobre o meo primo, c fcl-o desaparecer dos vivos.

A flór, que se desabrochou cm toda a pompa c frescor rica, c suave o vento [suão fez tombar esmorecida de côr, e desalentada da vida.

Lá ralou entre d Ores e prantos mais um joven para o Golfão de sepulcros: vimol-o nascer sob um céo de es- peranças. Saudou-o a família com o coração cheio de con- tentamento, sandarão-no os parentes c amigos com o sor- rir de prosperidade.

Mas tão risonho cco bem depressa sc toldou dc espessas nuvens, c um cataclismo domestico ate hoje tem cuberlo do negro crepe sua iliustre fainillia.

N'um abrir c fechar dc olhos accabou-sc tudo, o fura- cão rebentou , a enfermidade camiohon com incrível velo- cidade, asciencia tornou-semuda, succederam-seas convul- ções, c dentro em pouco o joven esperançoso jazia no leito ensopado nos suores da morte.

Felizes d'qnclles, cujo corpo ainda tenro vai parar ao sepulcro com as galas, com que a pureza o enfeita a mc- ih ir eapella, mais cllcganlc palmito lhes adorna á mocida- dv dN.iuw, que sc apresenta sem nodoa, sem dôr, som ci- catriz na presença d'aquclic, que recruta dc vez cm quan- do na edade da inocência humana mais uma vez para os seos corós, c mais um anjo para o sco trono.

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— 37-:

O unieo filho, esleio da easa, idolo da família, cercado do magestoso, mas lúgubre apparato, que decora a ulti- ma, scena do drama doloroso do viver do homem, pungi- do pelos soluços, pela magoa, pela afílicção delirante da velha avó, da mãi, de pai, o de todos, que no derradeiro adéos lhe testimunhavam a mais subida estima aeeabava de espirar I...

Seos nobres pais haviam se esmerado em dar-lhe aquel- la educação moral c religiosa, que faz o homem feliz, o o torna respeitável aos olhos, de quem sabe aprcciar-lhe os nobres sentimentos, e a pratica de virtudes sublimes, era que primava o iliusíre Finado.

Muito se podia escrever deste joveu desditoso, mas esta tarefa reservamos a outros, por motivos óbvios. À'nós bas- ta-nos a consolação, de que lhe podemos pagar este tributo.

10 de Outubro de 1SC5.

F. A. r. Frias de Noronha»,

NEWTON.

Chamado pela primeira vez a collaborar para um Pe- riódico, padecia acanho de apresentar aos olhos do uni- verso inteiro o pequeno fruto dos seos apontamentos kqni« cá rnat colhidos no meo primeiro ensejo titterario.

A convicção de noviço na religião das Icttras, opunha- me indestmetivas barreiras, a fim de não ver o meo objetro nome em ura jornal littcraiio ; porém a certeza, d« o p-ibiico ser o arbitro mais indulgente, quando jo- vens Jesse jaez suo arguidos perante o soo tribunal ue proíanadoies da verdadeira illustraçíto , dando sobro aa minhas velocidades um sopro animador , insuflou—me urra nova alma para tentar a empreza, para mim ião arrojada.

— 37 —

O unieo filho, esteio da easa, idolo da família, eereado do magçsloso, mas lugubrc apparato, que decora a ulti- ma, seena do drama dolôroso do viver do homem, pungi- do pelos soluços, pela magoa, pela afílicção delirante da velha avó, da mãi, de pai, c de todos, que no derradeiro adóos lhe testimunhavam a mais subida estima aeeabava de espirar I...

Scos nobres pais haviam se esmerado em dar-lhe aquel- la educação moral e religiosa, que faz o homem feliz, o o torna respeitável aos olhos, de quem sabe aprcciar-llie os nobres sentimentos, e a pratica de virtudes suhlimes, era que primava o illustre Finado.

Muito se podia escrever deste joveu desditoso, mas esta tarefa reservamos a outros, por motivos obvios. A'nós bas- ta-nos a consolação, de qnc lhe podemos pagar este tributo.

10 dc Outubro de 1SG5.

F. A. p. Frias dc Noronha.

NEWTON.

Chamado pela primeira vez a collaborar para um Pe- riódico, padecia acanho dc apresentar aos olhos do uni- verso inteiro o pequeno fruto dos scos apontamentos kqui- cá mal colhidos no meo primeiro ensejo titterario.

A convicção dc noviço na religiSo das Icttras, opunha- me indcstructivas barreiras, a fim dc não ver o meo , obje^ro nome em um jornal littcraiio } porém a certeza d» o publico ser o arbitro mais indulgente, qusndo jo- vens Jesse jaez suo arguidos perante o soo tribunal de profanadoies da verdadeira illustração, dando sobro as minhas velocidades um sopro animador , insuflou—me urra nova aliua para tentar a empreza, para mim mo arrojada.

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1í' épaissc uuit rcgnoit sur Ic monde enco- re brut;

Dieu dh : Que Ncwoton soit.... .-•"] Seudaio le jour parut. I*our second ereateur tout 1'Univcra le no-

me. Jnterrogez le ciei , la natore, lc lems , Ce st urn Dieu, diroat-ils, il ne craiut ríen

deos ans Hélaslee nonbre seul atteste qu'ii fut homme Pope, Traãuc du Droat.

Sim, ao tempo em que o phisophísmo velejava n'nin Inar de conjecturas, c os sábios queixavam-sc contra a natureza, qne lhes encobria a causa dos scos prodigio- sos phenoiniaos; sem rebombo de canhões, nem cantos <le poetas, celebrava-sc innoeentemente em Wolstrop, na província de Lincoln em Inglaterra, o nascimento d'uin menino, que mal se pensava então, viria a ser o pha- ro|, que , qual tocha de noute , allumiasee o vasto campo ^cientifico; e que pelas suas importantíssimas descober- tas na raathematica chegassem a ser seo ornamento, c hou* ra do genio humano.

Quando pennas abalisadas tomão á cargo a bi»gra- phia dos genies c dos eminentes homens, qoe a Provi* ciência depara para libertar aos ecos semelhantes do ca- tiveiro da ignorância; aureola da historia apparcce íran* jada das reflexões do seo autor, c a realçada da sua au- tboridade : não verá o Poblico esta perfeição neste pri- meiro tirocino d'om espirito apenas púbere, que reco- nhecido da sua própria insufliciancia, he forçado a pedir aos homens competentes o sopprimento das suas lacunas* no curso da narração d'alguns factos principaes, que dis- tinguirão o grande genio, c na exposição de poucas ideaa que não deseja perfilhar, nem appadrjnhar.

Rompera uma nova era a philosophia. Já era chega- do o tempo d'as seiencias especulativas sofTrerem uena reforma no seo corpo, e o de derrubar-sc de alicerces o edifício de hipothoses. Newton marcou a epocha, o le- gou a contemplação dos séculos vindouros a gloria do seo renome.

— 38

ii' épaisse nuit rcgnoit ear Ic mondc cbqo- rc brut}

.Dieu dit: Que New o ton soit..... Seudaia le jour parut, Pour second ereateur tout l'Univera le bo*

inc. Interrogez le cicl , la nature, le terns , C'est urn Dieu, diroot-ils > il ne craint rien

dens Hélas! ee nonbre seol attcste qu'ii £ut homme Pope, Traduc du Droat.

Sim, ao tempo em que o phisophismo velejava n'nin luar de conjecturas, e os sabios qucixavam-se contra a natureza, qne lhes encobria a causa dos seos prodigio- sos phenoinioos; sem rebombo de canhões, nern cantos <ie poetas, cclcbrava-ac innoeentemente em WoUtrop, na provjneia de Lincoln em Inglaterra, o nascimento d'uin menino, que mal se pensava então, viria a ser o pha- ro], qae , qual tocha de noute , aliumiasee o vasto campo seienlibco; e que pelas suas importantíssimas descober- tas na raathematiea chegassem a ser seo ornamento, c hon- ra do genio humano.

Quando pennas abalisadas tomão á cargo a biegra- phia dos genics c dos eminentes homens, que a Provi- ciência depara para libertar aos ecos semelhantes do ca- tiveiro da ignorância; aureola da historia apparcce Iran* jada das reflexões do seo autor, c a realçada da sua au- thoridade: não verá o Poblico esta perfeição neste pri" roeiro tirocino d'om espirito apenas púbere, que reco- nhecido da sua propria insufliciancia, he forçado a pedir aos homens competentes o sopprimento das suas lacunas» no curso da narração d'alguns factos principaes, que dis- tinguirão o grande genio, e na exposição de poucas ideas t]Ue não deseja pcrhlhar, nem appadrinhar.

Rompera uma nova era a philosophia. Já era chega- do o tempo d'as seicncias especulativas sofTrerem uma reforma no seo corpo, e o de derrubar-sc de alicerces o edifício de hipothoses. Newton marcou a cpocha, o le- gou a contemplação dos séculos vindouros a gloria do seu renome.

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A soberania dn talento noí homens extranrdínarios re^ luz mesmo na sua infância, c já na sua puberdade se traduz o brilhantíssimo do seo futuro. Newton da edade de 18 annoa attrahia a attenção dos emminentcs do Paiz, e os aeos preceptores aguravuo nelle um aabio.

AíTtírrado desde a mais tenra cdade aos conhecimentos abstractos, elle devorava todns os Tratados de malhema- ticas, c particularmente os de Geometria, por Discartes, e Keppeler, e o seo espirito cada vez robustecido pela combinação das ideas, apuradas no laboratório do fino ra- ciocínio, jd começava por ver naseido no aeo entendi- mento o crepúsculo do dia, que devia allumiar o uni- verso. No anno 106C ( vigessimo quarto da sua idade) a Europa sentio o primeiro lampejo desta suprema intel- ligencía;—grandes descobertas na geometria fotãoo pro- logo de sua vida. lie nesse mesmo anno que o grande Newton fundou as suas duas celebres obras = LES PIUNCIPIS E l/OPTIQUE.^

A Philosophia de duvidas, a Phieica de bypotheses, as seiencias de conjecturas, crão cansas, que Newton inj tentava banir, em honra dá sabedoria, sujeitando todas suas theorias ao rigor do calculo geométrico.

Nãn lhe escapou mesmo a ideu de planear o modo de exigir das estrcllas a razão dos scos cursos e movi- mentos ;eode snbmetter ao domínio das suas especu- lacoes as regiões ethercas do firmamento, (...) projec tos grandiosos por eerto: seria mister pois uma alavan- cat de Archimedcs para impunal-os ao cabo da execu- ção.

(Continua.j

Llanod José í/c Abnu.

A soberania do talento not homens extraordinários re- luz mesmo na sua infanda, c já na sua puberdade se traduz o brilhantíssimo do seo futuro, Newton da edade de 18 annos attrahin a attenção dos emminentcs do Paiz, e os seos preceptores aguravuo nclle um aabio.

AffV.rrado deidc a mais tenra edade aos conhecimentos abstractos, elle devorava todos os Tratados de mathema- tics?, c particularmente os de Geometria , por Diseartes, c Keppeler, c o seo espirito cada vez. robustecido pela combinação das ideas, apuradas no laboratório do lino ra- ciocínio,' já começava por ver nascido no aeo entendi- mento o crepúsculo do dia, que devia allumiar o uni- verso. No anno 1G6G ( vigessimo quarto da sua idade) a Europa sentio o primeiro lampejo desta suprema intel- ligenciagrandes descobertas na geometria foruoo pro- logo de sua vida. lie nesse mesmo anno que o grande Newton fundou as suas dua« celebres obras = LLS PR1NCIPIS E L'OPTlQUE.=

A Philosophia dc duvidas, a Phieica de hypotheses, aa seieneias de conjecturas, erâo cansas, que Newton inj tentava banir, em honra dá sabedoria, sujeitando todas auas theorias ao rigor do calculo geométrico.

Nãn lhe escapou mesmo a ideu de planear o modo de exigir das estrcllas a razão dos scos cursos e movi- mentos; e o de snbmctter ao domínio das suas especu- lacoes as regiões ethereas do firmamento, (...) projec- tos grandiosos por ecrto: seria mister pois uma alavan- rat de Archimedca para impurral-os ao oabo da execu- ção.

(Continua.)

i!Ianorf 5osé dc Abreu.

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A COMMEMORA.ÇÀÕ DOS BEFUNCTOS.

João decimo sexto, papa do nome, e cento trinta na or. «em da suecessSo ínstituio a commemoração dos defnn- ctos no anno novecentos noventa e eioco — ao depois co- nhecendo o noaso rei a grandeza d'esta instituição, a so- lieitou do papa, que era nesse tempo o Bento XIV, o qual concedendo, designou o dia dota rlc novembro para a ena solemmsnção, em que todos os fieis ohristãot devem recordar de todos aquelle?, que morreram na graça, poréo* que nao tendo tempo paia estarem puros pela penitencia na vida temporal,para ímmediatamente alcançarem a bcam- venturança, vão ao purgatório, para ahi*, naqnolle único e ultimo recurso, lavar a mais pequena mancha do pec- cado. l

O dia 2 do novembro aendo pois o dia, em que negreja nos recorda, que todos ehristãos devemos deíeavolve°r os nossos sentimentos espirituaes, quaes são de orarmos ao ente perfeitíssimo e poder»sissimo por meio de nossas es- molas, obras de earidade, orações, e mais outros meios que a egreja noa prescreve com especialidade, dando a facul- dade de applicar pela tenção das mesmaa alma?, pois este he o dia, em que esperão receber dos vivos em preferencia a qualquer ouiro tempo a sua íntcrpellação, para por meio deata conseguirem a sua obaolvtçSo, e subirem a mansão dos justos.

Que bella instituição para mostrarmos ainda depois da morte as nossas affeiçSes verdadeiras, aos que nós largão neste valle de misérias? com tado a nossa enferma natu- reza faz-se pouco sensível, votando ao comoleto despreso

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A COMMEMORAÇÀÕ DOS DEFUNCTOS.

João decimo sexto, papa do nome, e ccuto trinta na or. «em da sueeeasão ínstituio a commemoraçâo dos defnii- ctos no anno novecentos noventa e einco^ao depois co- nhecendo o noaso rei a grandeza d'esta instituição, a so- licitou do papa, que era nesse tempo o Bento XIV, o nua! concedendo, designou o dia dois dc novembro para a ena solemnisnção, em que todos os fieis ohristãot devem recordar de todos aquelles, que morreram na graça, p0rent que não tendo teinpo paia estarem puros pela penitencia na vida temporal,para iramediatamente alcançarem a beam- venta rança, vão ao purgatório, para ahi", naquoile único e ultimo recurso, lavar a mais pequena mancha do nec- eado. 1

O dia 2 do novembro aendo pois o dia, em que aegreja nos recorda, que todos ehristãos devemos deseavolvír os nossos sentimentos cspicituaes, quaes são de orarmos ao ente perfeitíssimo e poder»sissimo por meio de nossas es- molas, obras de earidade, oraçòes, e mais outros meios que a egreja noa prescreve com especialidade, dando a facul- dade dc applicar pela tenção das raesmaa almas, pois este lie o dia, em que esperão receber dos vivos em preferencia a qualquer outro tempo a sua íntcrpellação, para por meio desta conseguirem a sua obsoJvição, e subirem a mansão dos justos.

Que bella instituição para mostrarmos ainda depois da morte as nossas aífeiçoes verdadeiras, aos que nós largão neste valle dc misérias? com tndo a nossa enferma natu- reza faz-se pouco sensível, votando ao completo despteso

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ou exercitando sob a malfadada superstição esta tão útil e precisa instituição.

Aproveitar, por tanto desta a bera (la salvação das al- mas do purgatório, he mister por isso que ale'm de satis- fazermos pelas necessidades delias» creamoa obrigações para noa enviarem dos Céoa oa dona e graças , de qn© nos mutt° carecemos nesta vida temporal para a extinc- çZo dos male3 que no» causam, para ^caminho da noaaa salvação.

L. J. C. Paulo dt Sá.

0 Sino de Finados.

Som que reeordaa a morte ! Vem n'alma repercutir A saudade, qne no peito Dos vivoa fazes aentir.

Este dia de tristeza Gela a terra o coraçío, Faz lembrar que,até o justo De orações tem preci6lo.

A passagem he tio carta. D'eata vida a eternidade Que para transpor o abysmo Só nua vale a caridade.

D'esse encargo puro e santo Se penetrem todoa bem : Oremos pelos finados Pois o SíQO ora também.

(Alm. do Cast):

0S4ME0S DESEJOS.

Le se o seguinte n'um manuacripto árabe qne se acha na Biblioteca d'Oxford, e he anterior a Mahomet

1/ Quisera ter nascido mulher, e nao homem, pois a mu lherdit-ige.se com nm cavallo(^ nao dmguUi. ... J , em quanto o bomem «e guia a se próprio, qual ^o.

2.- Quisera ter nascido mudo, pnis moiia vez me tenno arrependido de haver fallado. • nlConJt.

3.. Quisera ter nascido surdo, para nao ouvir ^ «onst tbos dos falaoa amigo., que iraiçoc.rarnente °oa «duz<m

ao mal, reveatindo.ae com a mascara da aml"«: do 4.« Quisera ter nascido cego, para nâo ver as Ugnmas ao

crocodillo sobre a sua presa moribundai

ou exercitando sob a malfadada superstição esta tão útil e precisa instituição.

Aproveitar, por tanto desta a bera da salvação das al- mas do purgatório, he mister por isso que ale'm de satis- fazermos pelas necessidades delias, creamoa obrigações para nos enviarem dos Céos os dons e graças , de qne nos mutt° carecemos nesta vida temporal para a extrac- ção dos males que nos causam, para ^caminho da nossa salvação.

L. J. C. Paulo de Sá»

0 Sino de Finados.

Som que recordas a morte ! Vem n'alma repercutir A saudade, qne no peito Dos vivoa fazes sentir»

Este dia de tristeza Gela a terra o coração, Faz lembrar que , até o justo De orações tem precisão.

A passagem he tio curta. D'eata vida a eteroidade Que para transpór o abysmo S6 noa vale a caridade. ,

D'esse encargo puro e santo Se penetrem todos bem: Oremos pelos finados Pois o síqo ora também.

(Aim. do Cast).

OSjMEOS DESEJOS.

Le sc o seguinte n'um manuscripto arabe, qnc se acha na Biblioteca d'Oxford, e he anterior a ^ahomet.

1/ Quisera ter nascido mulher, e nac homem* pois a ran lherdiiige.se com um cavallo (;>£>« nao dmS\»eí'"' e m quanto o homem ae guia a se proprio, qual lea>.

2* Quisera ter nestido mudo, puis malta vez me arrependido de haver fallado. -onse-

3.« Quisera ter nascido surdo, para nao ouvi . d jhos dos falaoa amigo», que traiçoeiramente noa indv ao mal, revestindo.se com a mascara da amwaae. ^

4.* Quisera ter nascido cego, para não ver aa laD

croçodillo sobre a sua presa moribunda*

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5.° Quisera ter nascido pobre, para não imitar o oceano,' que enriquece com aa agua* do» rios (eutendào-no la ! )

6.* Quisera , repito, haver nascido pobre, para me não ver cercado de ladroes , de parasitas, de vagabundos, e para não eentir o remorso, muitas vezes filho da opulência,

7.* Quisera ter nascido leva, ou disforme, para que as iiymphas doa montes , e dos lagos me não armassem ci» ladfts ao coração ( cilas se arranjariãopara outra parte, )

8.* Quisera não saber ler, para mini nãoafíligir com tan- tos escriptos, mais vastos, do qoe o vácuo, mais escuros, do que as trevas, mais confusos, do que o cahos, mais fri- os do que o iuverno, mais leves, do que oma penna.

9.° Quisera , que fosse sempre verão, ou habitar junto ao sol, para não mudar de trajo 2 veses no annof não foi *s* crito por alfaiate de certo. )

10.» Quisera que todot os homens tivessem um escalpello so- bre o coração, para se lhe poderem observar por meio delis os seu* mais oceultos movimentos»conhece ndo-se, quais os verdadeiros amigo*, e quais os lisonjeiro» e enganadores ( tudo isto Se conhece com um escalpello. )

11.* Quisera ter uma mulher cega, surda e muda: só as- sim gozaria de iranqoiljdade no meo lar domestico (e se ella em vez de palavra servisse de unhas ! . . . )

12.* Quisera que fosse monstruosamente feia, para que ninguém me cobica?8e(^ssi>« mesmo Deus sabe o que serial)

13." Quisera que fosse prokibida a caça, todos aoimaes teem direito a vida; ora nau podendo dar-lh'a3nao devemos tirarlh'a (isto está visto.)

14.* Quisera que toda moeda enthesourada por uvaresa se transformasse ri1 uma serpente venenoso.

15.* Quisera que os matrimónios se consumassem na idade madurai é quando tem mais graça, ] pela mesma rasão que só maduros se colhem os figos e maduras se apanhão as espigas do trigo ( a rasão he de cabo de esquodro. )

16.° Quisera que ao homem que pede de comer se lhe des- st de beber (que tal está o mariolai ) ede comer ao que /><•- disse de beber, para o habituar a domar as suas paixões (que bonita receitai)

i7.° Quisera que por cada mentira diminuísse o mentiroso •um palmo iVestalura { dezsete palmos tinha ja diminuído, se os tivesse» o author de todu cite aranzel. )

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5.° Quisera ter nascido pobre, para nao imitar o oceano, que enriquece com as aguas dos rios (cutendào-no h ! )

6.* Quisera , repito, haver nascido pobre, para me não ver cercado de ladroes , dc parasitas, de vagabundos, e para não eentir o remorso, muitas vezes filho da opulência,

7.* Quisera ter nascido leva, on disforme, para que as nymphas dos montes , e dos lagos me nâu armassem ci- ladas ao coração ( cilas se arranjariãopara outra parte. )

8.* Quisera não saber ler, para mim naoaifljgir com tan- tos escripios, mais vaaios, do que o vacuo, maia escuros, do que as trevas, mais confusos, do que o cahos, mais fri- os do que o inverno, mais leves, do qoe orna penna.

9.° Quisera , que fosse sempre verão, ou habitar junto ao sol, para não mudar tie trajo 2 veses no annof não foi es- crito por alfaiate de certo. )

10.* Quisera que todos os homens tivessem um escalpello sa- bre o coração, para se lhe poderem observar por meio dello os seus mais oecultos movimento?»conhecendo-se quais os verdadeiros amigos, e quais os lisongeiros e enganadores ( tudo isto Se conhece com um escalpello. )

11.° Quisera ter uma mulher cega, surda e muda: só as- sim gozaria de tranquilidade no meo lar domestico (e íe ella em vez de palavra servisse de nnhas ! . . . )

12.* Quisera que fosse monstruosamente feia, para que ninguém ine cobioa98e(^sst?« mesmo Deus sabe o que serial)

Id." Quisera que fosse prohibida a caça, todos animaes teem direito a vida; ora nau podendo dar-lh'a5não devemos tirarlh'a (isto está visto. )

14.® Quisera que toda moeda enthesourada por uvaresa se transformasse iCuma serpente venenoso.

15.* Quisera que os matrimónios sc consumassem na idade madura[ é quando tem mais graça, ] pela mesma rasãu que só maduros se colhem os figos e maduras se apanhâo as espigas do trigo ( a rasao he de cabo de esqttodro. )

16." Quisera que ao homem que pede de comer se lhe des- se de beber (que tal está o mariolai ) ede comer ao que pe- disse de beber, para o habituar a domar as suas paixões (que bonita receita I )

17.° Qwtsera que por cada mentira diminuísse o mentiroso nm palmo iPestalura { dezsete palmos tinha já diminuído, se os tivesse» o author de todu este aratizel. )

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Senão as mulheres quasi imperceptíveis, e os homens verdadeiro* pygmeois.

13.* Quisera que iodos os ingratos fossem lançados ao mar Dentro em pouco toroar-se-hia impossível o navegar

( e só o que disse com geilo. ) Recapitulemos queria ser mulher, queria ser mudo,

queria ser cego, queria ser pobre» queria ser fera, queria ser disforme, qoeria não saber ler, queria qac sempre fos« se verão, queria itm eseabello nn eoração, queria ter por mulher cega , aorda e muda , queria que elia fosse um monstro, queria que se não caçasse, queria transformado em serpenie o dinheiro enihesoorado, queria os matri- mónios consumados só quando tremesse o queixo, queria que se desse de beber a quem lem fome e de eomer a quem lem sede, qoeria que eada mentira nós euslasse um palmo, queria todos ingratos de eambulhada ao mar.

tíe ao que desse mais apreço fosse ao ter tolo, leoha» hle Deus feito completamente a vontade. (1 )

( A In», de Cast. )

i PRATINHOS DE MIMO.

Ao hir um cosinheiro para eaaa de um fidalgo, di?se-lh* um companheiro,, Cuidado eonligo! olha que elle hade te faZer eetas quatro pergontas : que ha de melhor na gal. linha t no capão, no bei « no porco? não te atrapalhes, ho- mem) responde lhe a correr, que o melhor de gallinha é o ovof do eapão, « pelle de pescoço, do porco, o lombo, e *'° boi a Un^ua.

„ Não tenhas duvida, lhe respondeo o outro; lieide dar conta do recado.

Chegando a easa do fidalgo, faz-lbe este as 4 perguntas, e reaponde-lhe o cozinheiro, muito ancho:

», Pois isso tem laque ver! o melhor da gallinha, a linyoa, do capão, o lombo, do boi, a peite do pescoço, e do porco o ovo, ( Ahn. de Casl.)

( 1 ) Queria que fosse o home»» sem Jer vergonha, pata todo o mundo ser meu.

( Nota di> director.)

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Seiiuo as mulheres quasi imperceptíveis, e os homens verdadeiros pygmeos.

IS.* Quisera que iodos os ingratos fossem lançados ao mar Dentro em pouco toroar-se-hia impossível o navegar

( e só o que disse com gel to. ) Recapitulemos queria ser mulher, queria ser mudo,

queria ser cego, queria ser pobre» queria ser fera, queria ser disforme, qoeria níio saber ler, queria qac sempre fos- se verão, queria um eseabclio nn eoraçào, queria ter por mulher cega , aorda e muda , queria que ella fosse um monstro, queria que se não caçasse, queria transformado em serpente o dinheiro enihesoorado, queria os matri- mónios consumados só quando tremesse o queixo, queria qoe se desse de beber a quem lem fome e de eomer a quem tem sede, queria que eada mentira nós euslasse um palmo, queria todos ingratos de eambulhada ao mar.

íSe ao que desse mais apreço fosse ao ser tolo, teoha» llie Deus feito completamente a vontade. (1 )

( Aim. de Cast. )

i PRATINHOS DE íMIMO.

Ao bir um cosinheiro para caaa de um fidalgo, disse-lhe um companheiro,, Cuidado eonligo! olha que eile hade te fazer estas quatro pergontas : qae ha de melhor na gaU linha t no capão, no bei e no porcol não te atrapalhes, bo- rn etn ! responde lhe a correr, que o melhor de gallinha é ° ovof (j0 eapào, « pellt de pescoço, do porco, o lombo ^ e do hoi a lingua.

i, Não tenhas duvida, lhe respoudeo o outro; licide dar Conta do recado.

Chegando a easa do fidalgo, faz.lhe este as 4 perguntas, C reaponde-lhe o cosinheiro, muiio ancho:

„ Pois isso 'em lá que ver! o melhor da gallinha, a linyoa, do capão, o lombo, do boi, a pellc do pescoço, e do porco o oyo, ( Ahn. de Cast.)

( 1 ) Queria que fosse o homem sem Jer vergonha, pata todo o mundo ser meu.

( Nota do director. )

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O diabo enganado-'

Estando os árabes lavrando o seu campo, chegou-lhes so diabo, e disse, a metade do mundo pertencc-me, c por consequinte uma parte do vosso campo, os «árabes que são finos por demasia, lhe dizem, tu levarás a parte que se esconde de baixo de terra ; não, responde o miserável, eu quero, o que se eleva sobre a terra. Semearão os ára- bes nabos, e quando lhes chegou o tempo da colheita se* gurao as raises, e o ■ Satanaz não teve, senão as folhas- Cheio de cholera no immediato anno o diabo lhes apare- ce, e exclama: quero desta vez o que se oceulta de baixo da terra. Os árabes semearão cevada c trigo, e chegando o tempo da colheita, guardarão as espigas, e o magano não leve mais que raises. Devião dar em cima um pon- tapé na barriga 1

DOUTOR PAULA.

Estava áma aldeã, feita um foco d'epidemia, que deixa- va inúteis todos os esforços da medieioa, e assustados sc- os habitantes; de súbito aparece uma viuva chamada P... e com suas escolhidas plantas consegue vingar do mal; Um seo visinho mui inchado de riquezas, e dos quo não altrasão escondel-as de baixo de terra principiou ca- çoar da asiuciosa P... deixando-a desesperada, chama- do Doutor Paula: cts de súbito a sua cara aractade fica accommeltida d'um mal, e o marido vendo baldos o$ es- forços dos médicos já desesperado recorre a Doutor Pau- la, que com seos segredos não só deixa livre a enferma, mas até apresenta mais alguma coisa interessante da sua cara ametade, que o homem mui ambicionava, mas de certo tão tarde não esperava.

— 44 —

O diabo enganado'

Estando os arabes lavrando o seu campo, chegou-lhcs so diabo, e disse, a metade do mundo pertence-me, c por consequinte uma parte do posso campo, os ■ arabes que são finos por demasia, lhe dizem, tu levarás a parte que se esconde de baixo de terra ; não, responde o miserável, eu quero, o que se eleva sobre a terra. Semearão os ara- bes nabos, e quando lhes chegou o tempo da colheita se* gurão as raises, e o * Satanaz não teve, senão as folhas- Cheio de cholera no immediato anno o diabo lhes apare- ce, e exclama: quero desta vez o que se occulta de baixo da terra. Os arabes semearão cevada c trigo, e chegando o tempo da colheita, guardarão as espigas, e o magano não teve mais que raises. Devião dar em cima um pon- tapé na barriga 1

DOUTOR PAULA.

Estava uma aldea, feita um foco d'epidemia, que deixa- va inúteis todos os esforços da medieioa, e assustados se- os habitantes; de súbito aparece uma viuva chamada P... e com suas escolhidas plantas consegue vingar do mal; Um seo visinho mui inchado de riquezas, e dos quo não attrasão escondel-as de baixo de terra principiou ca- çoar da astuciosa P... deixando-a desesperada, chama- do Doutor Paula: eis de súbito a sua cara aractade fica accommeltida d'um mal, e o marido vendo baldos o$ es- forços dos medicos já desesperado recorre a Doutor Pau- la, quo com seos segredos não só deixa livre a enferma, mas até apresenta mais alguma coisa interessante da sua cara ametade, que o homem mui ambicionava, mas de certo tão tarde não esperava.

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ÃNNECDOTAS* A resposta do Voltaire.'

T.rgwU.d. penhora ao VjW^™ ,2p£

barbear. Ora essa \

Checando nm réo que ma! tinha para ceia, a um Dele- rado p°ara consultar acerca do crime, de que era acuado, o Delegado perguntou, pois & que t»e pfomftte, salvan^'e

deste crime $ o pobre leepondeo, minha mão para tuaj*™**

He rato e não paio. 'Tendo um amigo mandado um sagnate^ *«"™e™;

bruihando nu papel, disse-Ihe na carta q«« "oOIP^. ^ hia um ò-tnpU » «rio do amigo conte .^^ mandou o mi.oo com a creada, mal, porern M**™*™ um «tenso rabo, a creada corre ao amo e diz M« ;£ ™ « »3o paio, o bam do amo a reponde, ««*««*•^ J* ' VatJ^/fo menos «m ra<* Teriam comido com gosto.

[MICA 1)0 MEZ BE OTO Pn.tri©t».—He » Jornal litter»rio, escripto parte em poM

lunezi e parte eiõ inglez, publicado em Poooi. v-A,At. n. W*tM.—Teve legar no dia 15 a da nossa Sr.* da Piedade n*

capado monte da 5.1. de Marguo. Foi om »cl°n^lrR

d°erd;n

n(;;

ri.met.te pampos, e luzido - a, onda, de gente, quas» d toda comarca, que s-biam e desciam o monte, offcrecum ao e»peetadof Um panor/ma «netnWdor - a excellente banda miwic do 1. ba talhado* caçadore, ... novena., «do 3/ de tnfanter,pa «In riua executavam magnificas e agr.d.teis peças. --O e«olh do» pregadores, os fogo, arlif.ciaes para o tuna salve e » <«« armado, o* trastes de ouro, prata, e vidro, as »mmen"8'u"V*!

n" que primava a capella, foram elementos qne ^'*^ "í« ^d,- L .o acto}-notandtf.5e sobre tudo a devoro e fcnero» p«dt- de, com qne us detol* hiam tei.erar e merecer a bençl.. dt ■ ™ teciora daqutlla comarca, liste acto foi festejado cm nome da exm.

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ANNECDOTAS'

A resposta do Voltaire.

Vergunlando nm. senhora ao Frejpo^-

barbeaT. Ora essa \

Checando nm réo, que ma! tinha para ceia, a um Dele- gado para coueultar acerca do crime, de que era ®cn*® "» o Delegado perguntou, pois o que t»e promttte, $a^van

fí^ e

deste crime? o pobre respondeo, minha mão para tua Ji He rato e nâo paio.

'Tendo um amigo mandado um magnate a oatro brulhando no papel, disse-íhe na carta 1,ie «atisleiu» Aia um b m paio, o serio dc.amigo contente « mandou o mitoo com a creada, ma , porem fie rato run «to.» rabo, a creada corre ao amo e ™ « „So paio, o bam do amo a reponde, ' geráveis pelo menos um rato. Teriam comido com go^to.

flIKÍM MM MHO Patriots».—Me 9 jornal littersrio, escripto parte em poM

luguez! e parte'em inglez, publicado em Poooi. —Teve legar no dia lá a da nossa Sr. da Piedade n

capella do monte da villa de Margáo. Foi um »cl0 ^aord;^ riamente pomposo e luzido - as ondas de gente, quut de o a comarca, que s.biam e desciam o monte 'fferecwm «o um panorama encantador - a excellence banda ««««I talhlj dos caçadores nas novenas, e dode infant r, p duo escutavam magnificas e .Sr.«U»e«. peças. - O e«olh ^ pregadores, os fogos artificiaes para oltuna salve e • r

armado, os irastes de ouro, prata, e vidro, as '!en- que primava a capella, foram elementos qne dor lo acto j—notando-se sobre tudo a devoro e de, com que os deiof* hiam venerar e merecer a benf " <la „ ttciora daquella comarca, liste acto foi festejado cm nome da ex •

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X.46 —

sr * D. Anua SerafinsFernandes, filha do sr. Francisco Fernandes.' Estimaremos, que a meama sr.% por cuja devoçio tanto ae esmerou, eocha de bençlos e todas venturas & ar, Fernandes e sua nobre família.

OlBtl'«l—No mesmo dia 15 foi solemnisada no bairro Vrfdy, desta freguezi» a de Nossa Sr.» da Piedade, Padroeira do mesmo, o acto foi brilhante. A orchestra era de 4." batalhío, ignoramos o nome do mordomo, qoejpor estar ausente encarregou a- aolemnida de deste neto a oosso caro amigo sr. Miguel Fernandea, depositan do nelle toda sua confiança. He digno.

FerlHS—Os dias 9, 10, ll,e 22 foram pelo governo decla- rados feriados, pelo regosijo da fausta nova, que ti»emot pelo nas- cimento do infante.

JMil <le tíf.lll.l— As praças que salvaram no dia 16 annun- ciarío o anniTursario natalicio da nossa Rainha a exm.» et* D. Maria Pia, hou»e nesse dia cortejo no palácio do goaerno.

CSoverilAllor— O exm.# conselhairo ar. José Ferroira Pestana, çofcroador deste estado mudou a aúà residência pira o pa- lácio da Caboí • Governador de IMll—He nomeado goveroador des aa praça o sr. O. Jurje de Mello.

IMvaly—He a festivid&de do gentilismo—A seguinte tradi- ção deo origem o esta—O gentio acredita, que o seu deo9 ao ).• cantar do gálio assassinara um gigante, e vendo aeu corpo sal- piendo pelo sangue do assassinado banhara na próxima lagoa, e sa- hindo delia, diriguido-se a um outeiro, quebjando um\ frueta mal tocara ao beco, conhecendo o amargo a regeitara, he o que elles es- pião hoje, levantando-se ao 1/ cantar do gallo, e banhando chegao ao limiar da ;porta, onde estalão um pepino de baixd dos pés, que cada um leva consigo, até então auas mulheres bem «rajadas com lozet ns mio recebem eeus maridos, e outros dentro da caaa, e nes- te come noa cada uni reparte o dinheiro segundo as auas possibilida- des; maia tarde todos cantando e dançando andam as cagas dog aeus parentes e amigos, Esta festividade teve logar no dia 18.

KlIllliirCílÇãO—-Um patamarim . que arguia sua viagem para Bombaim chrgniido nas alturas de Malwane deo acosta—'i pes- soas, uni homem, e '2 mulheres succumbirXo a esti ri -^raça con- tra?, que salvarlo a nado estio arnbidas na dita de Malwane. lJcr- deo toda a carga.

I2stifiIt;i]llO.S—O sr. Francisco Fernsndes com sua exm.» família, cumo era esperado, chegou felizmente para Goa. c ao presente mora na vilia de Marga», recebendo de perto oa bênçãos •forfandade deste ptiz, cujo beiníeiíor elle he, pois movido da sua liberalidade, apanágio das almas grandes, tem destinado os rendi-

X,46~

sr 1 D. Anna Serafina Fernandes, filha do sr. Francisco Fernandes* Estimaremos, que a meama gr.», por cuja devoçio tanto ae esmerou, eocha de bênçãos e todas venturas a ar, Fernandes e sua nobre fanai )i a.

Oisfi *íl—No mesmo dia 15 foi solemnisada no bairro Vadj, desta freguezi" a de Nossa Sr.* da Piedade, Padroeira do mesmo, o acto foi brilhante. A orchestra era de 4.* batalhio, Ignoramos o home do mordomo, que*por estar ausente encarregou a aolemnida de deste neto a oosao caro amigo sr. Miguel Fernandes, depoeitan do nelle toda sua confiança. He digno.

—Os dias 9, 10, II, e Í2 foram pelo governo decla- rados feriados, pelo regosijo da fausta nova, que livemuc pelo aaa- cimento do infante.

Dial, lie g'allil—As praçaa que salvaram no dia 16 annun- ciarío o annivursario natalício da nossa Bainha a exm.» si* D. Maria Pia, houve nesse dia cortejo no palacio do goaerno.

^OVeriiador— O exm.* conselhairo ar. José Ferrotra Pestana, goveroador desta estado mudou a súá residência pira o pa- lacio da Cabo* • (S overilíldor <1© Dili—He nomeado governador des sa praça o sr. D. Jorje de .Mello.

IMvaly —He a festivid&de do gentilismo—A seguinte tradi- ção deo origem o esta—O gentio acredita, que o sen deos ao !„• cantar do gallo assassinara um gigante, e vendo acu corpo sal- piendo pelo sangue do assassinado banhara na proiima lagoa, e sa- hindo delia, dirigendo-se a um outeiro, quebrando uma fructa mal tocara ao beço, conhecendo o amargo a regeitara, he o que elles es- pião hoje, levantando-se ao 1.* cantar do gallo, e banhando chegaÕ ao limiar da £orta, onde estalão um pepino de baixd dos pés, que cada um leva consigo, ate então auas mulheres bem trajadas com lozet ns mio recebem seus maridos, e outros dentro da casa, e nes- te comenos cada um reparte o dinheiro segundo as suas possibilida- des; mais tarde todos cantando e dançando andam a» cagas doa aeos parentes e amigos, Esta festividade teve log ar no dia 18.

KmlKircac *ã©—Um patamarim. que arguia sua viagem para Bombaim chegando nas alturas de Mal wane deo acosta—«J pes- soas, uni homem, e '2 mulheres nuccumbiriu a esta ■ raça e on- tra?, que salvarão a nado estio arribadas na dita de Mal wane. Per- deu toda a carga.

—O sr- Francisco Fernandes com sua exm.» família, como era esperado, chegou felizmente para Goa. e ao presente mora na villa de Álargãv, recebendo de perto oa bênçãos •I orfandade deste pviz, cujo beiniéúor tile he, pais movido d* »u;t liberalidade, apajiagiy das almas grandes, te tu destinado os rendi-

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mentas de 10,000 rupias depositadas no monte pio gerai para os dotes d is filhaa orftins

XOVOH íaaetllcos —No n.- antecedente iò demos a noti- cia do diploma que obteve o sr. Caetano Muros! Ribeiro, e ha pou- .o com prazer souberaoa a doa de srs. Miguelinho Lopes Mçndea, de Cliurlo. e Lodovico Banclio de Verni, que também obtiverlo-o* pela escola medica de Nova Goa.—Desejamos-Ihes largos annos no seu cilicio.

JLCIítC—Da cadeira de cbimica he nomeado provisoriamen- te o sr. Francisco Bento Alexandre de Fi*ueredo MagalhZes llllíIB^lirucilÔ —Nu dia 13 pela volta dt G horas de

tarde teve lojjar a inauguração da nora calçada do monte da vilU deMarg2o—he o beoeficio fdto por aquelle nhilantropico sf Frsn cisco Fernandea. llllíle— No dia \G era annifcrssrio natalício da exm • sr • I>

Alana Pia, nossa Ínclita Rainha.—Por essa occasiloo sr. Francisca Feranndes deo um baile a todos principaes da villa de MareSo — A orcheatra era de PondI.— Dançavio naquelle rico e soberbo barrado ad hoc levantado 34 pares... Findou o bdile um nDUco antes de romper o dia. l

TempO—A chuva de terra desde 23 para cá tem mosirsdo pequenos indícios, accompanhidu de trovoadas. A fria e agrada- veJ brisa, que apresenta pelas mais ou menos 4 hora* de manhã ale II ao depoia he subítituida pelos ea!ores abrazadorea.

12 X ia 111 OS—No dia 21 foi examinado na auditório deste Juiz a nosso cullaborador o sr. Nicolau José de Sousa de Aldonà no di-' leito pátrio, e foi aprovado. '

O^i&CllOtaJIniadO latlm-Tendo-nos aahido um dia do passem da volta demos com ura doa adoradores de deos Ba- cho; estava elle de calça natural, i tunici descia até os joelho- a* pulvonnbi presa na cinta, a cabeça por traz rapada, e um. immensa -«remtt farina ) mal nos havia visto cumprimeotou do se-uinte mo- do, fíUus mortus csi amabo. °

Agradecimenío. O abaixo assigoado director e proprietário deste jornal,

^mmamente grato, agradece cordialmeota ao, srs- coll laboredore^que o honrarão aceeitando a collaboraçío, e qbe Trabalhão para acereditar >s suas pagiuaa.

Uutro sim agradece a todos srs. que concorrerão com UM aobícnçocs para esta homilde empreza, pedindo, que

continuem o mesmo apoio e protecção.

J: Vitorino de .Noronha Rodrigues^

mentas de 10,000 rupias depositadas no monte pio geral para os dotes dis filhaa orfana

HOYOS llicdicos—No n.* antecedente sb demos a noti- cia do diploma que obteve o sr. Caetano Mar 02! Ribeiro, e ha pou- .0 com prazer aoubemoa a doa de ara. Miguelinho Lopes Mendea, de Churio, e Ludovico Cancho de Verna, que tambcm obtiverlo-o' pela escola medica de Nova Goa.—Desejamoa.ihes largos annoa no aeu officio.

JLeiítC—p* cadeira de chimica he nomeado provisoriamen- te o sr. Francisco Bento Alexandre de Figueredo Aisgalhles

llliilESriiruçilO—No dia 13 pela volta de 6 horas de tarde teve lugar a inauguração da nova calçada do monte da villa de Margio be o beoeficio feito por aquelie philantropico sr. Fran- cisco Fernandes.

llilile—No dia \G era anniversario natalício da exm * ar » D Marta l><a, nossa Ínclita Rninha.—Por essa occasii00 ar. Francisco* Feranndea deu um baile 1 todo3 principaea da villa de Mareio — A orchestra era de Pondl.— Dançavio naquelle rico e soberbo barrado ad hoc levantado 34 pares... Findou o hdile uin nouco antes de romper o dia. 1

Teil»pO~A chuva de terra desde 23 para cá tem mostrado pequeuos indícios, accompanhidu de trovoadas. A fria e agrada, vel bnsa. que apresenta pelas mais ou menos 4 horas de manhã ale íl ao depois he substituída pelos calores abrazadorea. '

l^xailics—No dia 21 foi examinado no auditório deste Juiz a nosso collaborator o sr. Nicolau José de Sousa de Al dona «0 di-' feito pátrio, e foi aprovado.

O bacilo fanando liltlm-Tendo-nos aahido um dia do passeio da volta demos com ura doa adoradores de deos Ba- cho; estava ellc de calça natural, 1 tunica descia até os joelho? a' pMvonnb. presa na cintn, a cabeça por traz rapada, e uma immeíaa -«ronft farina ) mal nos havia Visto cumprimeotou do seguinte mo- co, ftlius mortuscu amabo. 0

Agradecimento. O abaixo assigoado director e proprietário deste jornal,

I t m*mente grato, agradece cordialmeata ao« sra* col- ore ores^que o honrarão aceeitando a collaboraçâo, e qbe trabalhar, para accreditar >• suas paginas.

.tí ulro, Pl™ agradece a todos srs. que coocorrerão com

rn SQ ÍCrJÇues para esta homildc empreza, pedindo, que

continuem o mesmo apoio c protecção.

J. Vitorino dc Noronha Rodrigues,

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.D.eelara o abaixo assignadn direcU r tle*te jornal, qne- não vende números arulíos—Não adinittc subscripçoea, que não menos do ain tritnettre.—Estão a espera do eauaço- o» artigos tioi ars. collaboradores, que succesaivatncnleJ te ião publicados.

J. Victorino. de Norouha Rodrigues.

Erratas mais notáveis do n." antecedente* 0 clirislianismo. Triumphante.

Na linha 3, pag.9—foudiç> \è*-*efeeundação—ú\%\&àeUa- —na lin, 6—agestão—lea-se ageitao—nalin. 7—ellese ma- ' nifeftassem opportuniJade~lea.se st manifesta tem opportu- nidade—-nalin. 14—a queda do 1.» homem. Faz-nóírer— lea-se a queda do I.* homem, faz nos vêr—na lin. 18—que íe eniitule religião, que se chame, lea-se quer te httetulle religião quer se chame—na lin. 21—.indagar.se—lea.se inda> gar, te—nalin. 26—mas realdade de intelligencia—lea- *e mai na reaUade—íiã lin. 27—fre*co—lea-íc fraco na liu, 32—tomou—lea-se tornou—na pg. 10 lin.29—íOU ' Ica-ic soou—na li». i>2—estejam—«lea-se esteja.

Adór.. Na -lin. 9—agrura verá lea-se agrttra virá—na Hn 12

como—lea-se com o—na lin. IS—nem pela—lea-se nèmpola — na lin. 20 —veloz do que— lea.se vetoz que na lin. 22 a fueudar lea-se afundar— na 21—todo aeu gemido Iea~«e todo o gemido—na pag. 12 lin. 12—oo—lea-se eu— na 25 - --do» jnstM—lea-se rfft/iufet—na 2-1—ter o escabello de thesouro-lea.se ter detkesouro o escabello—m 13-yoaçun —}ea~SR ovação—n* lin. 1/ da pag.13-.teo pranto—lea-se 0 pronlo-tu* 4—foi receber—lea-ser receber foi— s lin. 5-do —lea^e de

No ultimo aviso pedimos de obseqnio a todos nossos— Jea-se pedimos de obsequio a nossos.

KOVÀ-GOÀ:—RA JMPRERSARACIO.TAL. H -. - —

^ - AHNUilGIO. .Deelara o abaixo assignadn directt r deste jnrnal, que*

não vende números avulsos.—Não adrniuc subscripçoea, que não menos «Jo am trimestre.—Fstuo a espera do eapaço «« artigos rio» ars. collaboradores, que succeasivamcnte teião publicados.

J. Victoríno. de Noronha Rodrigues.

Erratas mais notáveis do antecedente. . '\ 0 chrislianismo. Triumphante.

Na li nil a 3, pag. 9—fuudsçLo fecundação—dista deita I — na lin, 6—agestào—lea-se ageitão—nalin. 7—elle se ma- nifestassem opportunidade—lea-se se manifesta tem opportu- nidade— na Hn. Í4—a queda do 1/ homem. Faz-nó* ver — lea-se a queda do I.* homem, faz nos vêr—na iin. 18—que se emitule religião, que se chame, lea-se quer te intetulle religião quer se chame— na lín. 21—indagar.se—lea.se inda- gar, te—na lin. 26—mas realdadc de intelligencia—lea. te mas na realdade—na iin. 27—fresco—lea-sc fraco na Iin. 32—tomou—lea-se tornou— na pg. 10 Iin.2S—íou ' lea-ic soou—na liu. 32—estejam—lea-se esteja.

Adór.. Na Iin. 9—-agrnra verá lea-se agritra virá—na Iin 12—

como—iea.se com o—na iin. IS—nem pela—lea-se nèmpola — na Iin. ^,0—veloz do que—lea.se veloz que— na lin. 22— a fueadar lea-se afundar— na 21—todo aeu gemido Iea~«e todo o gemido—na pag. 12 Iin. 12—ou—lea-se ÍM-na 25 > —d0s justos lea-se de justos—na 2-1—ter o escabello de thesouro—lea-se ter dethesouro o escabello—na 13—yoaçun —Jea-.se. ovação— na lin. 1/ da pag.13_.teu pranto—lea-se0 pranto—n* 4—foi receber—lea-ser receber foi— s lin. 5-do -í-iea»âe de

No ultimo aviso pedimos do obsequio a todos nossos— Jea-st pedimos de obsequio a nossos.

K0VA-G0A:—NA IMPRENSA NACIONAL.

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o

«IL iimmiiKi, lisiBiiio E ffisii. —&Z8&&—

DIRECTO» J3 PHOIMUKTAIIIO

JOAQUIM VJCTORIKO DE NORONHA RODRIGUES.

N° 3 1 DE DEZEMBRO ANXO 4865

COLLABOIUDOUES.

A. A. Bernardino Fernandes— A. C Paes de Noronha—

A. J. Sócrates da Costa — Ti. Z. Soares Peres—D. T. Tas-

so Dias—F. Salvador Pinto—F. A. Frias âe Noronha—

Felecissimo Lobo—J. C. Barreto Miranda—J. Caetano de Na-

zaretk—J. F. Napoleão Monteiro—J. F. Caraciolo de Sá —

J. U. Victor Gomes—Luiz José C- P. de Sá—Leopoldo Ci-

priano de Gama—M. J. d'Ahreu—N. José de Sousa.

o

MIL UTTHUlillI, IKIRMIfO B MU.

-«4805»-

01 RECTO» E PROPRIETÁRIO

JoAQvru Victor}so de Nonosm Rodrigues.

N.° 5 1 DE DEZEMBRO ANNO 4865

COLABORADORES.

A. A. Bernardino Fernandes—A. C. Paes de Noronha-—

A. J. Socrates da Costa — R. Z. Soares Peres—D. T. Tos-

so Dias — F. Salvador Pinto—F. A. Frias de Noronha—

Fclecissimo Lobo—J. C. Rarreto Miranda—J. Caetano de Na-

zareth— J. F. Napoleão Monteiro—J. F* Caraciulo de Sà

J. U. Victor Gomes — Luiz José C- P> de Sá—Leopoldo Cy

priano de Gama—M. J. d'Abreu—N. Jose de Sousa.

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Sabirà este jornal em todos os primeiros dias de cada rasr.—Sitbscrere- se para ellc era seguintes loeacs.

Nas Ilhas. Na residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro al- to.-- Em Salcele, Em casa do Sr. Regalado Piedade Celíaco, e na Phar- macia Alvares, em Margao..—Em Jiardez. Ein casa dos sri. F. A Fria* de Noronha, em Uuassaini, Caetano Manoel Ribeiro ; em Porvoriín, Luiz José de Sá, c director deste jornal em fcjioliin.— Em Bombaim. Na residên- cia do sr. Casimiro Lobo.

A subscripeâo em Goa será duas rupias adiantados por anno, em Bom-' qaim, DátiíSo, Dío e Africa íj chirinãs.

Os artigos nlo a&ngnados, alo do director.

-*£*&©►-

Sabirà este jornal em todos os primeiros dias de cada mer.—Stfbscrere- se para ellc era seguintes íocaes.

Nau Ilhas. Na residência do Sr. I. F. Napoleão Monteiro, no bairro al- to.—- Em Salcele. Em casa do Sr. Regalado Piedade Collazo, e na Phar- macia Alvares, em Marg3o,—Em Jlardez. Ein casa dos srt. F. A Frias de Noronha, em Uoassaini, Caetano Manoel Ribeiro ■, em Porvorim, Luiz José de Sá, o director «leste jornal em íjiolim.—Em Bombaim. Na residên- cia do sr. Casimiro Lobo.

A subscripção em Goa será duas rupias adiantado! por anno, cm Bom-' qaiin, DátriSo, Dio c Africli S} chirinàs.

Oi artigos nlo assignados, são tio director.

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EMOCnJIA 1'IIIA

(Cpiilinuarão do D.* 2.)

^ iamilia, os amigos e os parentes empre- Igaram meios possiveís para estorvar esse 'passo do sr. Abreu, mormente a sua mãi, ;que vendo o seo extremoso fillio e a saber

, 'dos seosdesyelíados carinhos, foi ençerrar- se n'mn quarto, prcsentindo que ahí Iiia entrar no leite da morte; o que de feito se realisou. O sr. Abreu logo que pôde triumphar dessa opposição, mostrou que o seo único alvo era de ser útil aos seus, de conciliar o serviço da pátria com a própria inclinação e gosto ; persuadindo- se, que raras vezes lie ulil eestimável o cidadão, que.nos seos planos e propósitos não ajunta uma e outra coisa.

Entre prantos e afflicçõ;s djs seos, o sr. Abreu sahio no dia 22 de Abrii de 18 J3 para Lisboa, aonde desem- barcou da charrua—A Princeza Iieal=no tempo em que o nobre e patriótico coração do sr. Ber/iardo Peres da Silva palpitava pelos interesses de Goa: este nosso deputado apresentou o futuro phisico-mór da seo paiz a Suaiíages* tade, que propôz ao joveu Abreu alguns problemas geo- métricos, .por cuja solução não se mostrou descorçoado, nem vacillante: decifrou-os promptamente por diíTerentes modos possíveis, e Sua Magestade admirando esse feliz ta- lento, felicitou-o, e prognosticou, seria curta a sua vida.

Agora começam os gráos académicos.da Europa a coroar os louváveis trabalhos do mancebo. Antes de tudo sujei- lou-se elle aos exames preparatórios, em que leve.por exa- minador presidente o Exm.° Sr. Torres que foi Prelado <^esta Archidiocesc, merecendo nesse sen primeiro acto probatório, superior conceito aos assistontes e aos exami- nadores, que quasi levados dum enlhusiasmD confessaram publicamente, que poiião julgu.o examinand) hábil até para lecpionar as matérias, de que dera contas: foi o primeiro degrao mais solido e brilhante, em que se ia a<

Ill O<«• 11 A. 1* 1H A.

(Coniinuarao do o.* 2.)

.família, os amigos e os parentes empre- garam meios possíveis para estorvar esse

|É' passo do sr. Abreu, mormente a sua mãi, •T^IÓ^A^que vendo o seo extremoso filho c a saber -3^s^?1^u^dos seos desveliados carinhos, foi ençcrrar- se n'uin quarto, prcsentindo que alií liia entrar no leite da morte; o que de feito se realisou. O sr. Abreu logo que pôde triumphar dessa opposição, mostrou que o seo único alvo era de ser util aos seus, de conciliar o serviço da patria com a propria inclinação e.gosto; persuadindo- se, que raras vezes lie util eestimável o cidadão, que.nos seos planos e proposilos não ajunta uma e outra coisa.

Entre prantos e aíflicçths dos seos, o sr. Abreu sahio no dia 22 dc Abril de 1833 para Lisboa, aonde desem- barcou da charrua—A Princeza KeaI=no tempo em que o pobre e patriótico coração do sr. Bernardo Peres da Silva palpitava pelos interesses de Goa: este nosso deputado apresentou o futuro phisico-mór da seo paiz a Suailages- tade, que propôz ao joveu Abreu alguns problemas geo- métricos, .por cuja solução não se mostrou descorçoado, nem vaciliante: dccifrou-os proniptamentc por diíferentes modos possíveis, c Sua Magestade admirando esse feliz ta- lento, felicitou-o, e prognosticou, seria curta a sua vida.

Agora começam os gráos academicos.da Europa a coroar os louváveis trabalhos do mancebo. Antes de tudo sujei- lou-se elie aos exames preparatórios, cm que leve por exa- minador presidente o Exm.° Sr. Torres que foi Prelado <jesta Archidiocesc, merecendo nesse sen primeiro aclo probatorio, superior conceito aos assistontes c aos exami- nadores, que quasi levados d'um enthusiasm} confessaram publicamente, que podião julgir.o examinand) hábil até para lecpionar as matérias, de que dera contas: foi o primeiro degráo mais solido e brilhante, em que se ía a*

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poiar o sr. Abreu para subir á lionra da opinião europea. Por causa de evoluções politicas achava-se nesse tem-

po fechada a universidade de Coimbra, e estp incidente obrigou ao sr. Abreu a matricular-se no curso da Anato- mia no Hospital de S. José"de Lisboa, aonde deu-se-lhe o primeiro premio, porque foi primeiro entre os seos con- discípulos pela intelligencia e aproveitamento.

Em outubro de 1834, tempo em que tudo estava já em calma, e cm que todos tratavam de tomar a posição, que Jhes era devida na sociedade, tomou assento o sr. Abreu na Universidade: entrou ahi como um manso cordeiro para logo dar o echo de leão; senlou-se no ultimo lugar como o ultimo e o mais ignorante de todas os seos col- legas, para dahi a nada junto da pedra aebar-se ao niveí do seo lente: desde a primeira lição dada do primeiro curso mathematico poserão-seem movimenta algumas pai- xões ciumentas; queria supplautal-o o mesmo íente , que passava ahi por sábio, arguia-o com as difliculda- des mais árduas e intrincadas, uns o sr. Abreu redobrou os seos esforços, e podia-se dizer, que o que era fadiga aos mais, era para clle um entretimento, um recreio, uma ele- vação dalma, o que fez, que tudo lhe fosso leve, suave, e delicioso para sustentar-se n altura, em que esteve, e con- fundir os seos rivaes.

Kxaminou-se em julho de 1833 nas nnterias do pri- meiro anno de mathematicas com applausos e assombro de lodos, e teve por merecido frneto de seos fadários o primeiro premio: mereceo tamlxsm as destinctas aprova- ções no Grego, Historia Natnral, Zoologia, e Mineralogia, que estudou conju neta mente com as matliematicas. Por tao lisonjeiros precedentes soubôtms do boa fonte que os rentes chegaram asseverar q-ie 50 atinjs atraz um talen- to desta esphera não tinha appawcid) naqudla? aulas de Universidade.

Poiar o sr. Abreu para subir á honra da opinião europea. Por causa de evoluções politicas achava-se nesse tem-

po fechada a universidade de Coimbra, e estp incidente obrigou ao sr. Abreu a matricular-se no curso da Anato- mia no Hospital de S. José"de Lisboa, aonde deu-sc-lhe o primeiro premio, porque foi primeiro entre os seos con- discípulos pela intelligencia e aproveitamento.

Ein outubro de 1834, tempo em que tudo estava já em calma, e cm que todos tratavam de tomar a posição, que lhes era devida na sociedade, tomou assento o sr. Abreu na Universidade: entrou ahi como um manso cordeiro para logo dar o echo de leão; sentou-se no ultimo lugar como o ultimo e o mais ignorante de todos os seos col- legas, para d'ahi a nada junto da pedra acbar-se ao nivel do seo lente: desde a primeira lição dada do primeiro curso mathematico poserào-seein movimento algumas pai- xões ciumentas; queria supplaotal-o o mesmo íente , que passava ahi por sábio, arguia-o com as dificulda- des mais arduas e intrincadas, mas o sr. Abreu redobrou os seos esforços, e podia-se dizer, que o que era fadiga aos mais, era para clle um entretimento, um recreio, uma ele- vação da!ma, o que fez, que tudo lhe fosso leve, suave, e delicioso paia sustentar-se n altura, ein que esteve, e con- fundir os seos rivaes.

Kxaminou-se em julho de 1835 nas nnterias do pri- meiro anno de mathematiças com applausos e assombro <lo todos, e teve por merecido frneto de seos fadarios o primeiro premio: mereceo lambem as destinctas aprova- ções no Grego, Historia Natural, Zoologia, c Mineralogia, que estudou conjuuctamente com as rnathematicas. Por tao lisongeiros precedentes soubemos de boa fonte que os bentes chegaram asseverar que 50 ann* atraz um talen- to desta cspliera não tinha apparecid) naquellas aulas de Universidade.

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Não he só na carreira de lettras que o Sr. Abreu sobre* sahía, esse ouro era também ornado do esmalte de excel- lentes qualidades, e virtudes, pelas qualidades tinha at* Irahido o dedicado affecto P amor, e nelas virtudes o res- peito de quantos o conhecião; como em Goa levado da sua benevolência não negou explicação de lições de mathemati- cas a nenhum seo colle^a, por mais incommodado e in- capaz, que estivesse; a affahilidade e a franqueza de seo caracter, fazii que elles livessem livre accesso para elle a q^alquiír hora, <> exemplo, que na frase do nosso es- cnpior Hebelío da Silva, vai comnoseo adoçando tudo, cap- livando o coração pela eílicacia de acções, e deslumbran* do os olhos pelo enlevo da formosura moral, ou pela vis- ta admirável, das perspectivas espirituaes, este e os mais princípios justos, que desde pequeno bebidos se haviào in- filtrado iulimamcnte; as máximas religiosas que aprende- ra do seo Ihio, eram a norma invariável do seu proceder

À fana havia assoalhado o seo nome por todo o reino e par outras pules d'!£uropi, a p^nto de ser objecto de grande apreç> nas rodas miis illmtradas, e nos theitros, aos quies oíl-receo algum is opiras da sua composição.

A<sim todas os olhos esiavão fitos nesse astro lu ni* nos^, qiie com grave e pomposo passo sobia para o ze- níth, e que tiniu diante- ái si um horizonte todo claro e formoso, aon.le não se vião, senão fulgurar raios de ventara o dt luad*c<j> transis, e eu qni já mais se havia t>ld 1J0 uma só nuvjm escura; OIil cimo era una illu- sã;), o que tomávamos por uma realidide 11 Oh! quam ephon iras e fugases são as miragens da gloria humana 1 f.

U«ni ulcera, qua tinhi n» aecilia direita e que cansou- lhe uiariiriíi por mai> d* três mezes, precipitou-o diquella aliara aos abismos da sepultura; sendo inellicazes todos os exforços dos primeiros facnflatívos do reino;1 mas nessa intenso soffrimento uté o ultimo suspiro conservou

Não be só na carreira de lettras que o Sf. Abreu sobre- sahía, esse ouro era também ornado do esmalte de excel- lentes qualidades, e virtudes, peias qualidades tinha at* trahido o dedicado affecto p amor, e pelas virtudes o res- peito de quantos o eonhecião; como em Goa levado da sua benevolência não negou explicação de lições de mathemati- cas a nenhum seo collega, por mais incommodado e in- capaz, que estivesse; a aíTabilidade e a franqueza de seo caracter, fnzi-i que elles tivessem livre accesso para elle a qualquer hora. o exemplo, que na frase do nosso es- cripior Hebelloda Silva, vai comnosco adoçando tudo, eap- livando o coração pela efficacia de acções* e deslumbran- do os alhos pelo enlevo da formosura moral, ou pela vis- ta admirável, das perspectivas espirítuaes, este e os mais princípios justos, que desde pequeno bebidos se havião in- filtrado intimamente; as inaxhnas religiosas que aprende- ra do seo thio, eram a norma invariável do seu proceder

Á fama havia assoalhado o seo nome por todo o reino e por outras partes d'ISurop i, a p^nto de ser objecto de grande aproç» nas rodas mus illustradas, e nos theitros, aos quaes oíT-receo algum is operas da sua composição.

A<sim todos os olhos esiavfu fitos nesse astro luni- noso, que com grave e pomposo passo sobia para o ze- nith, e que tinha diante de sí um horizonte todo claro e formoso, aonde não sc vião, senão fulgurar raios do vent.n-a e dt luz d'esptranças, e e u qn t já mais se havia toldido uma só nuvem escura; Oíil c imo era u na Ília- são, o que tomivamos por uma realidade 11 Oh! quant ep'iom iras e fugases são as miragens da gloria humana 1 í.

(J«ni ulcera, que tinia n» accilla direita e que caosou- lhe martírio por mais de tres mezes, precipitou-o daquella altura aos abismos da sepultura; sendo iiiefiicazes todos os exforços dos primeiros facultativos do reino;'mas nesse intenso soffrimento até o ultimo suspiro conservou

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a sua ama\el Lr-nJura; não lhe fugio nunca dos lábios aquelle angélico sorriso, com qne acolhia a todos que lhe chegavão; em tudo houve resignação que o Céo dá aos seos escolhidos.

E como havia conservado intacta a arca santa de her- dadas virtudes, como sabia que no duello mortífero da vida e da morte em que hia sncumbir, não havia outro refugio senão na religião, diz, podem ser trinta as filoso- fias, mas a minha crença he única, dai-me o meo cruci- fixo, dai-me o meo crucifixo, e qn*ro os ul imos sacramen- tos: confessa-se, e recebe das mãos do sacerdote o santo viatico e agoardava a hora extrema: era o dia 2 J de Ju- lho de 1835: soou uma hura de tarde, e o sr. Abreu li- nha deixado de existir !1 O lúgubre dobrar dos sino.'; da Cathedral de Coimbra annunciava este fatal acontecimen- to a todos.

O luto da Universídale qus se fectnu por três dias, o luzidissimo acto de funeraes, feito por sub<cripç5.\5, de lentes e alumnos; os discursos que exillivã) os dotes do finado, lie a inellnr el )|i; icia da dor que pun*!* o coração de tod >s, qir; c*nh^jeram o prmli^i »so t dento.

Foi chorado o Duque de Orleans porque não clivou ao throno, em que queria vel-o sentida,a uacã) IVaiictíza, para sua gloria e engrandecimento; foi chorad > o sr. Abreu porque não cheg»u ao ihroa) qie lhe havia pre- parado o seo talento e sib;r rn ivpjblici das lettras.

Jaz sem duvida na Cithedral dl Coimbra, mis vive c viverá na memoria de seus patrícios e:n quanto existir Goa.

Uccassaim 23 de Outubro de 1865.

Francisco António Paulo Frias de Noronhi,

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a sua ama\<ii Lr-nJura; não lhe fugio nunca dos lábios aquelle angélico sorriso, com qae acolhia a todos que lhechegavão; em tudo houve resignação que o Céo dá aos seos escolhidos.

E como havia conservado intacta a arca santa de her- dadas virtudes, como sabia que no duello mortífero da vida e da morte em que hia sncumbir, não havia outro refugio senão na religião, diz, podem ser trinta as filoso- fias, mas a minha crença he única, dai-me o me o cruci- fixo, dai-me o me o crucifixo, e qn*ro os ul imos sacramen- tos: confessa-se, e recebe das mãos do sacerdote o santo viatico e agoardava a hora extrema: era o dia 2 i de Ju- lho de 1835: soou uma hora de tarde, e o sr. Abreu ti- » nka deixado de existir!! O lugubre dobrar dos sinos da Cathedral de Coimbra annuiiciava este fatal acontecimen- to a todos.

O luto da Utiiversida le que se fechou por tres dias, o luzidissimo acto de funeraes, feito por sub<cripçõ.\s, de lentes e alumnos; os discursos que exdtivã) os dotes do finado, lie a inellnr elo j i; icia da dór que pun^U o coração de tod >s, que c^rih aceram o orndigi »so t dento.

Foi chorado o Duque de Orleans porque nun cli-gnu ao throno, em que querii vel-o sentido a uaçã) IY.uie»íza, para sua gloria e engrandecimento; foi chorad > o sr. Abreu porque não cbegm ao tbron) que the havia pre- parado o seo talento e sib;r n a republica «las lettras.

Jaz sem duvida ai Gitbedral de Coimbra, mis vive e viverá aa memoria de sens patrícios e:n quanto existir Goa.

Uccassaim 20 de Outubro de 1865.

Francisco Antonio Paulo Frias de Noronha.

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O SOL A cerca da natureza deste astro em todos os tempns di-

versas npínioea apresentâo os Philosofo*—Platão, Zeno, Pnha^nraí e mais diziSo, qoe era um globo de fogo—Maia Urde Kepler, Hercher, e Riciolli, modernos, emitião a meama opinião ; Di>caries», porem, e apoz elles algona outro?, qoe, era agregado ri' «ma matéria mui subtil, e capaz de' estimular em i,ó« a sensação de loz e de c*lor. Outros aã. leva.lo^do sentimento, que o foyo, e a luz, que craanSodo *ol,como sendo a mesma maieria, ma* modificaia diversa- mente. E*te astro observado por meio de telescópio, e vi- dros de core.*, que diminuem o seu exolendur, muitas re- zes orTerecia umss manchas negra?, e irregularei.com uma cercadura men»* escura, e doiadns d' um movimento com. roum.A Astronomia moderna, aque pertence a discnberta desle phenomeno, que fez conhecer a rotação do M soore aquelle mesmo astro executada ; jegunlo mr. Liplace ex. plica, íuppondo-o uma ma^a abrasadora, que soíTre. i,0" meosas erupções, e por iulervalio* mostra vastas caridade*"

Hrr>cheH suppoem pelo contrario, e diz, que hfi um cor^ po í«,||do, cercado <i'uma atmosphera luminozi, na qual vacillão nuvens inflamadas, que algnnus vezes separando- pe dixebrem o centro obturo, esla of)ioiào h? concernente com as observações de Wilson *obre oa diversos aspectos, debaixo dos qu-^s se apie-emâo e^u*. manchas—O solhe o crntro do no?so »>ysteina planetari<.; a duraçn» dos dia*, e das e>iaçõe- aão deiermmddas pelas suas revoluções diur. ília e annuae*.

UM.V LIGhlIU VbTA

SOBRti TORQUATO TASSO. Não no»í»nd-Íx r de. reyisttr nesias fugitivas paginas o

de>ilf,„ que tive »a tleons <ios celeb es poetas, e que cun- fi<»mti».io» i per eymçào, a de.-terro. a miaria, em fim a uma M ia «ma -ura ia entraram na sepultura humilhado* c e*qaechio>. A empre/a he «•< btaoceira á minh* pequena idade e iniplhgeucM, animado, vorém da benevoUocia dus nobre* leitores e tia sua intelligencia vou traçai em euceinto, o queee segue.

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O SOL. A cerca da natureza deste astro em todos os tempns di-

versas opinidea apresentâo os Philogofos—Platão, Zeno, Pithagorae e mais diziâo.qoe era um globo de fogo—Mais urde Kepler, Hercher, e Rieiolli, modernos, emitião a meama «ipiniai»; Drearies, porem, e apoz elles algema outros, qoe, era agregado d' «ma materia mui subtil, e capaz de' estimular em 1,0« a sensação de luz e de calor. Outros aã. levados do sentimento, que o fçyo, c a luz, que croan20do sol, como sendo a mesma materia, mas modificada diversa- mente. E<te astro ob-ervado por meio de telescópio, e vi- dros de cores, que diminuem o seu exolendor, muitas ve- zes ofFereeia umss manchas negras, e irregulares com uma eercadura menus e-cura, e dotados d' um movimento com. mum. A Astronomia moderna, aque pertence a discuberta deste phenomeno, que fez conhecer a rotação «io M soore aquelle mesmo astro executada ; segundo mr. LipJace ex. plica, suppondii-o urna massa abrasadora, que sufFrct irol inensas erupçdesf^e por interval!».* mostra va.-tas caridades.

Hrrscltell suppCejo pelo contrario, e diz, que ha um cor^ po sojido, cercado u'uma atmnsphera luminozi, na qual ▼actII-lu nuvens inflamadas, que algnmts vezes separando, se disci-brem o centro obscuro, esta opioiao he concernente com as observações de Wilson sobre oa diversos aspectos, debaixo dos qtia<s *e apre-etnSo estas manchas—O ,»ç/he o* centro do^ni»so systems planetário; a duração dos dias, e das otaçôe- aão deieruunadas pelas suas revoluedea diur- na» e anuuae*.

UMA LIGklUA YlsTA

SOBRE TORQUATO TASSO. Não po«su di-ix r de. registar nestas fngitivas pagioas o

t e■-11"«« que tive ào tliruns rios celeb es poetas, e que cuu- < emciau,,» £ per pgmçâo, a de.-terro. a mi-eria, ern fim a tuna m u v. ma gora ia entraram na sepultura humilhados c esquecido». A em preza he sobranceira á minha pequena idade e intfIhgencta, animado, porém da benevolsocta dus nobres leitores c tia sua intelligencia vou traçai em eucetnto, o que se segue.

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Como Dante, CamSeí, e Milton, Torquato Tasso tam- bém ficou sogcito a dura9 perseguições—es*e poeta» que na pequena idade de sete annos já compunha verbos, que pnoco tftnpo depoisjá tinha feito poema?, bem mostrava, não f>r>tanie as tribulações», que o eercavão, queiria cingir k coroa de hiro.

Foi filho <i'um outro grande poeta Bernardo Tatsn, na- tural de Ssrmento, pequena cidade de Itália—b'beo em todo « rigor o leite de boa educação—Na idade <ie 17 anno* pu- blicou o poema histórico em 12 contos iotitnlado=Pura 1- do=;o qoe disgustando o pai ( por que não queria, que era tão curta idade appareccese o seu nome em publico ) di?far- con-ihe aquelle gosto e mandou es-tudar Jurisprudência— AtnU'« ti rf docardea' IJUÍ-» d*Este, o qual levou-o na corte <Joí*-n uníio 'l>w(pe Atlongo noroccasião do t-eu cazani^nto, <* ■-■* •(itiziSo tcv( f>i)(>oittir>i(ln.l« de de*» nvolver a ? ' ■ •'••'! i- i» agnffi< cnein já exaltada a leitira r1i>e K.n..i;m- —a latinha ducal i-iir.p»ilii*«»n-^e pelo mnit" e dedicado go>«o, que tinha pela muMca e p» !; /.m to grande poeta Tav*o; e d?qui dataram ou *■*«* nfoiiuuio*, que apoz outros foi o encadeamento de soflrimciiios «• hu- milhações.

Um desafio, que teve tio mesmo palácio com n m dos me rubro? tia í-egoiida ord» m d«» tluqu*, fui pretexto para que fn*si-encenam» no tiiiivroto, privando.» ioiclrainente da < ô te. Que c< nrasir !"! ! Príncipe, que tanto htvia celebratto no* >eu» »e-M»e foi o seu ruiello—lJasM>u <«» j^e- U> dias» na* den^ac trevas o ptivaçõVs do claii!-trn. rms não poupou meio» de se libertar, a'é qoe uni in-taine, »m que ec achava só, conseguiu evaur-se d* ali e ainda .le Ferrara.

( Cuntiuãa, )

J* F. Co r/r nota de Sá.

mimmL A MODA.

E' uma dcoea caprichosa, que qimsi Ecmpre faz qua DB seus ãdo- ■rsdorcf desempenhem o papel do.... doidos; o que » respeito das

Como Dante, Camôe.% e Milton, Torquato Tassotam» bem ficou sugeito a duras perseguições—esse poeta, que na pequena idade de sete annos ja compunha versos» que pnoco tempo depoisjá tinha feito poemas, bem mostrava, não obrante aa tribulações» que o eercavão, queiria cingir a coroa de loiro.

F»>i filho o'ura outro grande poeta Bernardo Tatso, na-, tora! de Sarmento, pequena cidade de Italia—b-beo em todo « rigor o leite de boa educaçao—Na idade <ie 17 annos pu- blicou o poemá histórico em 12 contos »utn»lado=Pura l- do«;n qoe disgostandn o pai ( por que oao queria, que em tão curta idade appareccsse « nome em publico ) ilisfar- cou-lhe aquelle gosto e mandou estudar Jurisprudência— AtnU'< u fp docaidea' l^ui* d* Este, o qual levou-» na corte <Joí» n itri ao Dwqne Atlongo nor occasião ciii seu eazauipnto, C r-»-h ir v<- oi)|.oitiir>tda.le de de#» n vol ver '« ? i * "'« v n agn<fi< cncia já exaltada a leitira doa K.ír..Mtr —a 1 hKH11a ilncal t-iii.paihi«<in->e pelo muito e dedicado gcu-io, que tinha pela nuiMCa e p» to grande poeta 'Passo; e daqui dataram os seu?. nf"ituiuo«, que epoz outrue foi o encadeamento de sotlrimcuir» e ou- milhaçôes.

Um desafio, que teve no megmo palácio cotn «m dos ineriibros tí-a segunda ord< m do duque, fui prnextn para que fosse encenam» no convroto, privando-» i nifiramrnte da <ôte. Q»e Ci nrasir !"! ! Principe, que tanl» h*via celebrado nos >ens le-sot foi o seu cu te lio— Passou < s se- us dias nas densas trevas e privações do claustro, mas não poupou tneios de se libertar, a'é que um in-lante, »'tn »jue sc achava só, conseguiu evaup-se d'aii e ain»ia le Ferrara.

( Ciijitiuáa, )

J- F. Cnrf-iola de Sá.

A MODA.

E' uma ácosa caprichosa, que quasi sempre faz qua na seus ado- radores desempenhem o papel de.... doidas; o que a respeito das

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suas amáveis adoradoras se teuha feita por maia d'uititf féz, um juizo desfavorável.

Ao vêr-ao essa immcnaa multidão dé mwlheres de iodai fe iãtáe a condição , que nas solemnidades enche o recinto das J,gfejs% quaai nos convencciríes do triurtipho da refi<*Klo.

h* um engano; a dcsillnsão não tarda. Ide aos salde», a nouie. Àhi» a simples apparição dacfuelhís réligio»

sus da »e?pera, vos- destroe' qualquer impressão favoratel, para Vos persuadirdes , d'uma vez, que a mulher do po«o— aqueila^qweé olhada com tanta sobranceria—é a o nica Cohereftta comsigo 'mesmo. Jamais a vereis adoptar o traje indecente daquellas;- que íe vèsfw Um em ca.-a. c .se despem para apparcceV em" publico. .. E todavia*,

o bom senso diz, que o exemplo deve partir de cima. Queriamo< agora citar o Evangelho; mas já c?tamos daqui ou»

▼ indo algmn iosoffrido praguento, ou litterato ( daqueltes que definio o juiz Villaea % a dleer-iios— ora, vii-ie da/ti í O Evangelho em folhetim ! Vá aprender com qrtevt sarna- da" arte . . ■

E' o mesmo; não importa- Ninguém lhe pede couselhos ! Jla do entrar o Evaugolhd no folnetiiri èein ser' cm dissertação theologic*.

Eusina-se ali, que c impo>sivel sei» ir a dotk Penhores, MWs ae irTãdamaí merteo-sa-lhea cin cabeça desmentir o Evangelho; eei- las abi; de manhã» piedosamente' prdvtrndas' perante" oa* altares, com aclasaic-a mantilha. Ou mais garr ida mente" com 0 aeo veo J-edetaYde1, ou ãiioíte, fàiiatisada* pela moda. sacrificando ao seo idolo, a'quem algumas, de boa meu te, farião promessa de peregrinações , «e doa irtTtta lhos" tiragem-des....

E pcasavio já oa leitores, qosl o juiZo, que ti respeito-dô !otrc« excesso da moda fazem Oa estrangeiros, estranhos a esta" noasav civilid sacão afrdnecsada ?

Talvez nunca" istb lhes merecesse atlcoeão. Pois vames dfcdr- Iho.

Havia chegado a Bordena o celobre caudilho árabe Abd-el-KaW" der*.-O general corrímandanic da divisão, par« o festejar,-fez pre- parar uma apresentação, em rerita' extraôiídihai ia , no ttíeatro. As* bellaa" c elegautes Bordeie*»* ritiduWamW ewnotos e1 nef liixto' das toiletes ; e quando o Emir entrou ne camarote, já' n&V bdvlsí In«ar raslo: Km volta delle; brilhava ú luz do lustre, uma- triple* grinalda do fitóm, diamantes, e flores.

O Emir ficon por um pooxío assolnbrado, o'de certo tetik «renites- sado não ter visto mais brilhante reunião, sguo trajar daa^maXíãinkfe não houvesse Carita sem cerimonia...

A1 wd atfmiraçTto não rfóHle resistira" este' aspecto ; e'voltando-se para o-general lhe dir; rcoino ô pòia1, que no- meio' da* vtísSa tifo' gabada cmlisação, as vossas mtlhwti» <«i,*»t irpreseiiUr-ie stsim ? vjatttto .1 mim' pcYmittl que me retire .. »

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suas nmavei» adoradoras se teuha feita por maia d'ums *éz, urti juizo desfavorável.

Ao vêr-ao essa immenaa multidão <lé mtrlberes de toda » ídsftfe a condição , que nas sole mo id tules enche o recinto das igrejas, quasi noa convence tries do triurtiplio da refigr-Jo.

Hf um engauo; a dosiIlusão não tarda. Ide aos salões, a nouie. Àhi, a simples apparição dacpjelhís religio-

sas. da * espera, vos destroc qualquer impressão favorável, p«ra vos persuadirdes , d'uma vez, que a mullicr do povo — aquelltf-qutfé olhada com tanta sobranceria—é a o nica coherence cothsigo'mevtho. Jamais a vereis adoptar o traje indecente daqoel las',-que íe véi- len» eoi caj-a. e se despem para npparcceV em pivbliCo. .. E lodavijf.

o bom senso diz, que o exemplo deve partir de cima. QueriamcK agora citsr o Evangelho; mas já estamos daqui ou*

vindo algum insoffridu praguento, ou litterato ( daquehes que definio o juiz Villaça); a dizer-nos—ora, vA-Se da hi t O Evangelho cm folhetim ! Vá aprender com quem .teríber da arte . . .

£' o mesmo; não imporia- Niuguein lho pede conselhos ! Ifa do entrar o Kvaugelhd no foi He ti nf, ieui ser cm dissertação theologic».

Eusina-se ali, que c impossível se»vir a doth Pcmboros, MVfs as rrfádamaí metíeo—s8-lhcs cut cabeça desmentir o Evaúgellio ; e eí- las ahi; de manhã» piedosamente prostradas perautc oa* altares, com acUssica mantilha, du mais garridamente com 0 seoveo j e de t^de1, ou a tioíle, fánatisadai pela moda, sacrificando ao seo idolo, a' qnerh algumas, de boa mente, farião promessa de peregrinações , te doa trinta LhdÉf' tiragem-des....

E pensavío já oa leitores, qostl O' juijfo, que ri respeito dó lotrc- excesso da moda fazem. Os estrangeiros, estranhos a estar nossa civilid saçSo afránecsnfa ?

Talvez nunca istb lhes ritebécesse atlfeotíão. Pois vames dlídr- IhO.

Havia chegado a Bordena o celobre caudilho arabe Abd-el-Ka^-' der.- O general cont mandante da divisão, par« o festejar,-fez pre- parar umí Apresentação, em redta* extrabadinatia , no theatro. As- bellaa" c elegahtea Bordeie*#» ri Alisar am'efti" etreriotos á ncflurfo' das foi let es ; e quando o Emir entrou ne camarote, já1 não1 brivlsí lugar raslo; Em volta delle, brilhava á luz da lustre, unia- triple»- grinalda do fadas, diamantes, e flores.

O Emir ficou por um pootío asso In brad o, e'de eertb tetih tnmífeà- sado não ter visto mais brilhante reunião, sg uo trajar drnf «ritlãintfri não houvesse tarifa sem cerimonia...

A" sua admiração n5o pode resistira' est d' aspecto ; e'voltando-se para o- general lhe dir: ceoino é pòia1, quO no- melo* dá* vtfesa ttfo' gabada ci*ilisação> as vossas melhores on.«-Sb ripreseiitai'-ie «bsitri 1 Qaffnto a mírh! pcftniffi que me retire- .. »

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' A reinada de Abd ebKader mudou a opera era drama. Toda» as íormoJas filhas d* líordeos efllo desolada-, aflIi..*M, confusas .. nar> Ji* freroendn lú.iu. que ellas ti2o querem, ou não sabem compri*. bender. mas sim d» triste pensamento de que tanto* cuidado» e tanto e*mrro de toilete foram perdidos!

E um árabe, um muçulmano eniriatcceo-»n dv ver assim pos- tergada* as «antas leis do pudor !..

Causará ia.ito effeifo esto folhetim ? Não : nem a isto tem asn:- raçoea. ' '

Ut© foi só para rir e gracejar; porque também « folhetinista írorta da moda. mas não do luxo inseusato a praro, que corrompe e da indícios de corrupção...

«

Titllio.

[Do Kccodt IlnTteUt*. n.< 90 do atino de ISíil ].

A VANTAGEM DO TltEATttO.

Para a gente demasiadamente timorata—para os faná- ticos e para os que vfteni as scenas .Je relanço, os thea- iros sao instituições perigosas e ate nocivas á moralida- de publica.

Mas para os bons pensadores—para os que avaiião de- vidamente as tendências do século —para os que sabem bem discernir os meios de modificar os costumes do po- vo, os iheatros são a verdadeira escliola da morai.

.** o pregador da palavra.de Deos do alto do púlpito ful- mina os vícios e as más tendências congénitas á socie- aade, presta certamente a esta um grande serviço — de- positano da palavra de Deos, os ouvintes cheios de fé e respeito, por esta curvão-se perante a admoestação muita vez severa de mais, da mestra da sua vida—Outro mis- er nao devemos mais nobre, mas certamente bastante

mu exercem os tliealros no meio da sociedade Aproveitando d'um lado uns e descarnados os «cios

que aenvivan-persomficamlo as propensões para o mal •l"e.sfto pailillia da ta inanidade -fazem nascer e crescer

- A rei irada <U AbJel-Kader mmloii a opera em drama. Toda* as formosas filhas d* liorUeos estío desolada-, afili tag, confusas ... não da íreraendn liyiu. que ellas ti2o querem, ou ufm sabem comnn- bender. mas sim do triste pemamemo de que ramo* cunIikIo» e tanto esmero de toilete foram perdidos !

E um arabe. um runssulmuno eniristeceo-sc dy vC-r assim nos- tertradas as sauta» leis «lo pudor !..

Causará tauio effeito este folhetim ? Não r nem a Isto tem as»:, raçoea. 1 '

Isto f«i só para rir e gracejar; porque também o folhetinista go.-ta da moda. mas uâo do luxo inscusato a pravo, que corrompe e da indícios de corrupçío...

Tullio. [Do Erro de BirceUos. n.« 90 do atino de I8f»l ].

A \A «\TàGEM DO TJtEATttO.

Para a gente demasiadamente timorata—para os fana- ICOS e para os que vêem as see nas iJe relance, os thea-

iros sao instituições perigosas e ate nocivas â moralida- de pubiica.

Mas para os bons pensadores—para os que avaliâo de- idamente as tendências do século — para os que sabem

)em discernir os meios de modificar os costumes do no- ^o, os tneatros são a verdadeira escliola da moral.

àe o pregador da palavra^de Deos do alto do púlpito ful- mina os vicíos e as más tendências congénitas á socie-

a e, presta certamente a esta um grande serviço — de- positário da palavra de ÍJeos, os ouvintes cheios de fé e respeito, por esta curvão-se perante a admoestação muita vez severa de mais, da mestra da sua vida.-Outro mis- er nao devemos mais nobre, mas certamente bastante

u il exercem os tlieatros no meio da sociedade.

Aproveitando dum lado uns e descarnados os vicias qae a envivan—personificando as propensões para o mal •!"e mio partilha da humanidade-fazem nascer e crescer

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no espirito dos espechwJnres o horror aquelles e a con- sequente necessidade de dár oulra e melhor directo as suas inclinações.

Fazendo doutro lado ostentar a vi ilude com lodo o sco brilho c majestade -dando ao publico o verdadeiro pannu damostra delia, deixa brolar no corarão bum ano a sua semente; semente, «pie o Author da Natureza cm lodus tem mais ou menos lançado.

A um publico illustrado, e a quem não sejam extra- ribas as noções do bem e do mal, o espectáculo d'um grande crime, de qualquer natureza que seja, não pode deixar de commover, embora no numero das que fermão esse publico, haja um ou outro que se possa rever na- quella representação.

A poucos, (jue tem os corações calejados no crime. e abandonados inteiramente da graça divina poderá ser in- diferente uma tal sceua.

Oestes felizmente ha poucos cm qualquer sociedade, c elles precizão de remédios mais heróicos,

Sc a palavra do ministro de Deos, dita do alto da ca- deira da verdade tem obrado prodigiosas conversões, lerá para isso concorrido a uneção, com que cila he proferida> e mais do que esla os raios da graça divina.

Mas não seremos exagerados se dissermos, (pie as sec^ nas theatraes lambem lêem feito conversões. — Se não se ostentão exemplos hc por que de ordinário o lheatro lie a rschola da moral domestica, e as conversões domesticas quasi nunca vem â luz publica: razões de família e ra- zões bem entendidas as escondem á nossa vista.

Não ha, pois, motivos para termos horror aos thealros; por que não no devemos Ur ao que a moralidade recom- menda \^o pronunciadatnentCt

Pelo contrario lodos se devem esforçar por multiplicar entre nós estabelecimentos destes, que são aqui Ião raros:

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no espirito Jos espectadores o horror aqiielles e a con- sequente necessidade de dar oulra e melhor direceio as suas inclinações.

Fazendo doutro lado ostentar a virtude com lodo o seo brilho e majestade - dando ao publico o verdadeiro panou damostra delia, deixa brotar no coração humano a sua semente ; semente, que o Author da Natureza em toduá tem mais ou menos lançado.

A um publico illustrado, e a quem não sejam extra- nhãs as noções do bem e do mal, o espectáculo d'uin grande crime, de qualquer natureza que seja, não pode deixar de commover, embora no numero das que fermão esse publico, haja um ou outro que se possa rever na- quclla representação.

Á poucos, que tem os corações calejados no crime. e abandonados inteiramente da graça divina poderá ser in- diferente uma tal sceua.

Oestes felizmente ha poucos em qualquer sociedade, c elles precizão de remedios mais heróicos.

Se a palavra do ministro de Ocos, dita do alto da ca- deira da verdade tem obrado prodigiosas conversões, terá para isso concorrido a uneção, com que cila lie proferida* e mais do que esta os raios da graça divina.

Mas não seremos exagerados se dissermos, que as scc^ nas thealracs lambem lêem feito conversões. — Se não se ostentao exemplos he por que de ordinário o thentrn he a eschola da moral domestica, e as conversões domesticas quasi nunca vem á luz publica: razões de família e ra- zões bem entendidas as escondem á nossa vista.

Não lia, pois. motivos para termos horror aos thealros; por que não no devemos t( r ao que a moralidade recom- menda tão pronunciadaiiientc.

Pelo contrario todos se devem esfurçar por multiplicar entre nós estabelecimentos destes, que são aqui Ião raros:

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e para qoe cesse d'uma \m para sempre essa má íé, em que são lidas as s&eaas thcalraes, que aqui vulgarmente chamão comedias, *

PAROXISMOS DO AVARENTO,

No rnejp <Jo pf ueJ engano, Ay que fatal turbação! QT/empp desbaratado, As sp.mbra& de bem qu? amei, Spmbras na Juz a mais clara , ;V deusa fa]sa. o trahiçoeira Que sem reserva* adorei, Todo o meu bem espatifado; Sis-o que lra?-oic prostrado ; IVa íris to desolação.

Com a cara de alegria K de mimos, com o fulgor Feiticeiro, iIludes como , Oh í ouro, o frágil mortal l! O desgraçado que vela tfra leu alcance, e repudia Da pobreza o dulçor, A deleitavel bonança O socego e a segurança Já mais disputar chegou.

Desengano vergonhoso! Horrendo cahos do erro meu 1 O imigo aberto eu não via , Que com o medonho urrar As algemas me trazia,

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e para qoe cesse d'utna vm para sempre essa má fé, em que são lidas us scenas thealraes, que uqui vulgarmente chatnao comedias, *

PAROXISMOS DO AVARENTO»

No mejp do PfueJ engano, Ay que fatal turbação! QTempp desbaratado, As epmbras de bem qui amei, Spmbrps na Juz a mais clara , A depsa fajsa o trabiçoeira Qpe spm reserya" adorei, Todo o meu bem espatifado; Eis-o que iraz-me prostrado; Nfi tristo desolação.

Com a cara de alegria E de mimos, com o fulgor Feiticeiro, illudes como, Oh ? ouro, o frágil mortal l! O desgraçado que vela Era teu alcance, e repudia Da pobreza o dulçor, A doleitavel bonança O soccgo e a segurança Já mais disputar chegou.

Desengano vergonhoso! ilorrendo cahos do erro meu 1 O imigo aberto cu não via > Que com o medonho urrar As algemas me trazia,

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t o quanto me p o ti ia O tormento, e a pena dar Cego.erro, só a sepultura A minha alma hoje proeura; O meu alivio só ahi está.

Do homem mais feroz imigo Que do inferno o salaoaz; Dá-me esle dia de trabalho! A saúde c a minha paz, Dei-lhe eu o melhor que possuía Não dormi, sempre velava! Mas assim me quer encher! I Com razão o tal satan folga . Em quanto se não extermina Na terra o seu agro poder.

Admirável lie o deereto Que em muntanlias o escondeu , Ao fundo de enorme pezo De camadas duras: ahi, Em os antros se encerrado Jazesse, em chafurdai posto, Nunca vendo de dia a luz Tanto pranto não haveria , Nem essa fome na terra, Tão- violenta e que lie sem lim»

Vi sú a pompa regalada, De joelhos diante de ti Vivi sempre qual abjecta Besta, oh í praga mais vil! Nada gozei, a piedade

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te o quanto me podia O tormento, e a pena dar Cego.erro, só a sepultura A minha alma hoje procura; O meu alivio só uhi está.

Do homem mais feroz imigo Que do inferno o salanaz; Dá-me este dia de trabalho! A saúde c a minha paz, Dei-lhe eu o melhor que possuía Râo dormi, sempre velava! Mas assim me quer eneher! 1 Com razão o tal satan folga . Em quanto se não extermina Ra terra o seu agro poder.

Admirável he o decreto Que em montanhas o escondeu , Ao fundo de enorme pezo De camadas duras: ahi, Km os antros se encerrado Jazesse, em chafurdai posto, Run ca vendo de dia a luz Tanto pranto não haveria , Rem essa fome na terra, Tãu violenta e que he sem lim»

Vi só a pompa regalada, De joelhos diante de ti Vivi sempre qual abjecta Desta, oh ! praga mais vil! Rada gozei, a piedade

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Não conheci, era carrasco In rejo o dom divinal, E esse apreço que os mais gnzão, Na virtude que exercilâo, Sem as maons e o nome sujar.

Sahcs de escuros eseond rijos Para os morlaes guerrear. Sal*B, e eslá tudo perdido Desde ahi o seu pudor, A honra e a honestidade, O Ainor e a*fraternidade, Foge p'ra não lhes voltar Os amigos como feras Voão p'ra o estado, e as famílias, Todos e tudo abismar.

Aquella flor virgem e santa, Da pureza celestial , Pobre, lie cruelmente manchada : Desmaiou ante o sen poder Só lu , maldita riqueza , Zombas assim da fraqueza : Tanto mal ninguém trazer Podia ao homem: até oitrigas Vohvr do finado as cinzas, Profanal-as , lie horror! I

t

Ja por Cl ir isto em sabia T)õ avarento n rniol soíírerf Mas errei da jnsla via : Kntrc as chammas e ais arder A ou agora em sua companhia,

Não conheci, era carrasco Invejo o dom divinal, E esse apreço que os mais gnzão, Na virtude que exercilfio, Sern as maons e o nome sujar.

Sah.cs de escuros escondrijos Para os morlaes guerrear.

e está tudo perdido Desde a hi o seu pudor, A honra e a honestidade, O Amor e a*fraternidade, Foge p'ra não lhes voltar Os amigos como feras Yoão p'ra o estado, e as famílias, Todos e tudo abismar.

Aquella flór virgem e santa, Da pureza celestial , Pobre, he cruelmente manchada ; Desmaiou ante o sen poder

lu , maldita riqueza , Zombas assim da fraqueza : Tanto mal ninguém trazer Podia ao bomorn ; até obrigas Volver do finado as cinzas, Profanal-as , lie horror! I

i Ja por Cliristo em sabia Do avarento o cruel soíírerf Mas errei da justa via : Entre ns chammas e ais arder A ou agora em sua companhia,

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Nem de Lazaro a valia Terei por não merecer: Perdi cá , perdi na lerra : Vou oje a minha sorle;dura Vou sem remédio gemer.

F. A. P. Fna% de Noronha.

Raro exemplo de amor filial.

O? An na es do J a pilo fazem mpti^ílu do seguinte ftilra OTcliiiniin exemplo do nriioi filial.

Havia nina viuva que linha três fillnn». e não vivia se imo do que elles «anhav3o; mas a p°zar de ser tnni parra » «na subsistência, e pnr consequência ponto importante a despi-za. assim mc^mo os seu* ganho* n5«» podião supprir a tudo. Vião cllcà com mágoa et Irííle estado, «m queaua tnãi ae achava, e vendo que não era pelo* meion ordiná- rio- qnp podião melhorar a sua *orte. rcolveruo-íe a ten- tar um t5 » novo como extraordinário — A Cib »va de se faze' publico | or edttaes, que quem descobrisse um ladrão, que tinha roubado taes e laes coisas, receberia uma MI mm a avultada ; julgaram estes ires rapazes que era e?te um meio j»-»ra haverem dinheiro *» s«tcc<:rrei*em a sua mãi : ajusta* iam entre >í que um clevía fiçitrar de ladrão, e os outros de- latores: deitaram surtes, paia saber qual seria a vjetima do amor filial, o cahío a sorte no mai« moço, o qual deixando- se maniatar, foi conduzi»lo pelos imtfios como um malfei- tor. Perguntado pelo .Vinteiro se era «lie n ladrão, con- fessou qae sim: foí por tanto mcuidologo na cadea e 01 delatores reneberam a qiuntia promeltida. Cobia-se-.lhe aos dous irmãoa o coração de melancolia, considerando o perigo, em que seo pobre irmão* se achava e nilo socegàn cm quanto uiio de.'Cob em traça para entrar na pri»5o ; chegão corn efFeilo a cor««=egniLo ; e julgando que de nin. puem erâo visios, abraça.i carinhosamente o irmão, e mai* c oin lagrimas do que com v07.es, lhe explicão a tcrnnra, d e seu coração. Passou por acaso o MiniMro por paile

I

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Nem de Lazaro a valia Terei por não merecer: Perdi cá , perdi na lerra : Vou oje a minha sorLejdura

A ou sem remédio gemer.

• . /'• A. í\ Frias de Noronha.

Raro exemplo de amor filial.

O? Annaes <i<> J a pilo fazem meti>ã)i do seguinte ordinário exemplo do itum filial.

Havia uma viuva que linha ires filhou, e nilo vivia íe " não do que elles ganhav3o; mas a p°zar de ser mui parca a Mia subsisteoeia, e por consequência jronco important^ a despeza, assim itie*mo os seus ganhos não podiào supprír a tudo. Vião cllcs coiu mágoa o triste estado, «m queaua mâi se achava, e vendo que não era pelos meios ordiná- rio* que podjão melhorar a soa sorte. re*o!verâo-se a ten- tar urn t5 > novo como extraordinário— Â c*b >va de se fazer publico | or editaes, que quem descobrisse um ladrão, que tinha roubado taes e taes coisas, receberia uma comma avnltada ; julgaram estes ires rapazes que era este um meio para haverem dinheiro S"ccurrrrem 8 sua mãi : ajusta* ram entre >í que um devia figurar de ladrão, e os outros de- latores: deitaram sortes, paia saber qual seria a victims do amor filial, o cahío a sorte no mais moço, o qual deixando— se maniatar, foi conduzi lo pelos irmãos como um malfei- tor, Perguntado pelo Ministro se era die o ladrão, con- lessou qae sim: foi por tanto mcttidologo na cadea e oí delatores receberam a quantia promeltida. Cobía-se-lhe aos dous irmana o coração de melancolia, considerando o perigo, cm que seo pobre irmão* se achava e não socegào em quanto imo descob em traça para entrar na prisão; chegão corn effeito a corj*egnii-o ; e julgando que de nin* guern erâo vjsioa, abraçãu carinhosamente o irmào, e mai* c rin lagrimas do que com vozes lhe explicâo a tcrnnr^ d e seu coração. Passou por acaso o Ministro por paile *

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dVnie vin e*la geena, de que ficoo maravilhado; a dese- jando saber o quo aqniilo era, chatnm» ura criado para que não perdesse «ir vi-1a aqucllesdgus delatores ; e ordenou- lhe? expressamenle, qoe nào o» deixas«e até descobrir, quai era o motivo daqueile aeconíecrimenlo ião singular. Desempenhou o creado perfeitaineote a comimígãV, e rrão tardou, que lhe não viesse dizer, qoe tendo observado que eiie? emrarain i>'»m* ca*a, se aproximara, e ouvira que contavão a sua mãi, o que acabamm de ler; que a pobre mulher a ouvir isto detestara n'om pranto inler- cortado de suspiro-, que fazia úó ouvi|«r. o qoe tinha d... do ordem a «eu, filhos para que íos^em imnicdialamente entregar o dinheiro q„e havião rerebido, diaeiuto, quo ella^ueria anle* morrer do fome,, que conservar a «ida a preço da de seu caro filho. O MaçUtrado, que mal podia <apacitar.se d'um tal prodigio de-amor filial, manda vir ..em demora o pre<o a SUii presença, perí»onta.« de novo * c*rca do* pretendido* roubos,» até. o.ameaça como* nui* aejeros castigos, xe lhes não confessar a verdade, mas o pobre moço todo po?Sutdo d'amor da sua- ma», fica immnrel, e nao frabe u qne reaponder: foi eutào que o Magistrado abraçando-o carinhosamente lhe drs-o «■ Ah ' «ão he neces^r.o mii?, Tirtuozo filho, teu proced.menfc> me aa<ombra,. *oi logo dar parle ao Imperador, o qual encantado cnm uma acção tàn heróica, quiz yGT os trea ir- mio-, recebeu-os com os maiores afFasos, e mandou dar uma pensSo a cada um deiles, sendo a do maiemoço mui-. lo mais avultada.

( La Morale on action . )

. O JOGO E 0 QUE NELLE SE PERDIA

Além de serem t*o frequentes a8 perdas do dinheiro « av faren-da, causada pelo.jogo, 8ão perdidas moitas outras em***, ainda mai?-preciosas qoe a cegueira da paix3onà,> repara. Perdoe- a autoridade, porque a ineza <io jos?o „T he

I,-n8r!' <™ln '*n<o qne tenhào qUe ganhar, o-oue

nnende «■ leia- de oVcenoia c honra . Séneca discorre, que P° J"gt», pcTíle-seo tempo, maior thesouro, que a natore^

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d\mde vio e>la scena, tie que ficou maravilhado; a dese- jando aaber o que aquilio era, chamo» rim criado para que não perdei tir vi-1a aquelies d»us delatores ; e ordenou- lhes expressamente, que nào os deixasse até descobrir» qual era o motivo daqueile aeconlecifaento lâo singular. Desempenhou o creado perfeitamente a cnmrm«v3tr, e nt!o tardou, que lhe não viesse dizer, qoe tendo observado que eile? entraram p'ijmt ca^a, se aproximara, e ouvira que conlavão a sua mài, o que acabainus tie ler; que a pobre mulher a ouvir iít<> detestara n'orn pranto inter- cortado de suspiro-, que fazia dó ouviU*. o qné tinha da- do ordem a seus (rlhos para que fossem immodialamente entregar o dinheiro ql)e liavião rerebido, dkemio, quo ellrf^neria antes morrer do fome,, q»e conservar a «ida a preço da de sen caro filho. O Magicado, qUf» mai podia capacitar-se d'uru tal prodigio de-amor filial, manda vir vem tf cru ora » pre-o a sua presença, pergunta-* de novo a. errea dos pretendidos roubos,, alô o.ameaça como* mais» ■ever.» castigos, se lhes não confessar a verdade, mas o pobre meço todo possuído d'amor da sua mat, fica itntnovel, e n»o sabe u que reaponder: foi então- que o Magistrado abraçando-o carinhosamente lhe drs-e'• Ah ' «ao he necessário m.is, ,iriuozo filho, leu procedimento' me assombra I ,1 logo ,1a, pane ao Imperador, o qual encarnado cnm uma acção lãn heroic, quia ver os tree ir. mios, recebeo-os com os maiores allasos, e i» ou dar nma pensão a cada um deiles, sendo a do mais moço mui-, to urdiu av 11 liada.

( La Morale on action , )

• Q JíXiO E 0 QUE NEJLLE SE PERDE,

Além de serem t*n frequentes a8 perdas do dinheiro « «c tareada, causadas pelo.jogo, 8ào perdidas moita-, outras «ot«u; ainda mais* preciosa*, que a cegueira da paixão não epara. Perde-str a autoridade, porque a ineza do joço

r hel,?n^ W,n ,tfnt0 <1°* teniião que ganhar, ooue o im c leia de decência c honra . Seneca discorri», que

po J°gt>, perde-aeo tempo, maior thesouro, que a nature*.

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za fion dos homen», pe^de-te corn maior perdição,e rati# «iejtef perada, por que o dinheiro perdido por uma rato, recuperar pode.com a outra; o tempo, pnrém nmi *az perdido aã» ee pode reMaoral-o Perde, se a a misade; por- que quando se joga com f?en amiso, a no*?a tenção, é, o que he alheioecja no?so, Aqui=o tudo tntrc os amigos tcorn- mum=como dia a s-anta lei a verdadeira amisade se que- bra, porque o amigo nenhuma coiza pode ler tão propria- mente !*ua, que não s<eja cPouiro amigo, pois o amizo he ooiro eu alter ego—Perde-se a piedade ; porque a impaci- eoca, raiva e ui^cja que ?3o frequenle9 no jo»o, fazem, que «aiâo d% boe* juramentos e exncaçõe? contra ceo, cnn'ra próprio* seus amigos e companheiro*—Perde-^e a. Religião, porque o lafnl, que nada tem para sen vigio, nem que furtar DO profano, ee an» jará facilmente ao eajira,. do, e a defpiro* altares, com- tueiâo o* algoaes, que erg, citicando a Chrii-lo c piecanilu na cruz, de*p).ndo-o, lhe JMtfiiain aa vestimentas—Perdem-se finalmente a" a!ma?) ei»mo muito*', que ni<» tendo convque j«aar e perder i-c en„ trey tt» a desesperação e mil vícios, e dali a perdição da aU ma! iá teoio- exemplo- ité seicm assassinos próprios! Que vil arr- j ', a que p de eliesar a sujeitar o delírio humano J

Dirã tal vez, que e te oivenimetno he necessário prin- ci;)alni"i)te IM* UU^I* e pcii"**" vmsen* do mar; respon- dt»ri*m<i» a is-io Com o ?r. \). Manoei (J*'nqin>udoi. quo -outo.« teu. fo«sem jrovi o- to.10- ja»vios «te violas, a:Iufe*«, p«ndeifi>* »te i<a'a «iivciiiienlo d s seu* soldado», que i^oa em. biia*-»m»e f"lejas>em—Aprenderem a jogar. a» anua.- rnmiitm * oe todo 0 género, a espada, a pl-tola, ii rnnç.-, a ntsieuin.i, o b»caiii«ite—aprerule-^em a j-igar a ar»iiiiefia, e u b.nu^-ai a peça e cairegal*a—Tivessem gran- de C*M» oe qualquer lento, que eião mui necessários na» qu lie?» joK».j».

B.«ie> jog .í>, e-ie- desenfadou fim ; mau que deleitoza e Qecercail , utli e curiosa seiá a entender a caria de ma- near e saber om huiuem oo mar por onde dirige ? B não he lãwCfgne iguorauie como qualquer páu do masmo na- vio?—Na c<*i ta de (nanear se vêm lodosos mate*, lerrai a xuãf d imanei Aí, numero de grãos e soas medida*, ar<o- maçâo das co.tae» asuim do continente como daa ilha?,•«*

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2ft fion dos horoetts, p«Tde-»e com maior perdiçSo,« mil desesperada, por que o dinheiro perdido por uma nato, recuperar pode com a outra; o tempo, porém uma *a« perdido não ee pode restaaral-o Perde se a amisade;por. que quando se joga com sen amisn, a no*sa tençío, é, o que be alheioscja no?-4o. Aqui =otudo*ntre os amigos tcom- mum=c«rno dia a santa lei a ^crdaneira amisude se que- bra. porque o amigo nenhuma coiza pode ler tão propria- mente sua, que não seja d'ouiro amigo, pois o amico hc onlro eu alter rgo— Perde-se a piedade ; porque a impaci- eoc>a, raiva e inveja que s*3o frequentes no jo»o, fazem, que saião da boca juramentos e exncações contra ceo* con'ra próprios seus amigos e companheiros— Perde-se a. Religião, porque o tafol, que nada tem para sen vyjio, nem que furtar Do profano, se air» jará Jacilnient* ao sagra*. do, e a despir os altares, com » listef âo os algoaes, que cru, citicando a Chrislo c piesando na cruz, despr.ndo-o, lhe joiíHtam aa vestimentas—Per<lem-sc finalmente as almas^ ç.Htio muito4, que n"l«» ternio com'que j««i»ar e perder sc eu. treiíto a desesperação e mil vícios, e dali a per<iiç3«> da al- ma ! interno- exemplo- ité setetn assassinos pmprios ! Que vil arr* j i, a que p Pç cliej»%r a sujeitar o dcl'tio humano |

Dira >al vez, que e te «uveniinetno he necessário prin- cipalmente ni- longas e pcn«'/.a4 viagens do mar; respon- dei'<Mii"5 a isto Com o ?r. D. Man«»ei Conquistador, quo •ente.» teu. fo-seni p-ovi o- to .to- jn»vios «te violas, a:Inf£% p.«i)«ieiro- »te i-&'a ot\C"iuien)«> d -s seus soldado-, que 1**oii ■ em. b-tu^-ein,e fe-tejassem—Aprendessem a jogaf a- «mia- rnaiit.m í de todo o genero, a espada, a pl-tola, ii ciiliç -j a nisieuin-), o b»fanuitte—aprendessem a jogar a ar'iiitcna, e a boru^ar a peça e cairegal-a—Tivessem gran» Uf Ciso oe qualquer lento, que eião mui necessários na» qu bes jot»».s.

R.iies jog «s, e-te- desenfadou síio ; mas que deleitoza © necessart , uttl e cuúo.-a aeiá a entender a carta de ma- near e saber oin humem oo mar por onde dirige ? E não he lã» cegue tguorante como qualquer páu do masmo na- vio?—-Na e<*tta de manear so vem todos os maresj terra* ® suas distancias, numeru de grãos e suas medidas, arto- Wftção das costas, assim do continente como dae ilha?, o*

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tafeos e enseadae, na surgidouro*, OB ventos e suas opposi. çõcs e até os fundoa oe são de pedra, ou de lodo, de área OD burgulhão etc. ele*

Deitemos pois, ao msi e?tas cartas, causas da perda de mil precioí idades, e até d'alma—Arrenegoe lambem todo o navegante, pois até a náo que joga, oãu he segura.

PRECEITOS.

( Continuação do n.° 1. )

Acsutels-te de ser fiador de algoem, ainda dos maiores amigo?, em grandes qoantias : o que paga as dividas de outro, idZ ioda a diligencia pela sua própria ruini. Se po- rém forem tae* a? circunstancia-, que, não podias deixar de o fa>.er, meih »r ■•rá emprestares n dinheiro em bo*a ea- criptura* e seguranças, ainda que lambem para i*ln peças emprestado-, 'iraie modo ficarás seguro, e teo amigo ser- vido. Xio peeis dinheiro emorestado, nein a teos viamho^, nem amigu<, mas a« pessoas esltamids, a quem depois de embd^ar nunca mais verá".

Seja porém verdideira a tua palavra porque aquelle que ?ati*faz no dia que prometteu, he «eohur dos bosoj d'outros.

6.* N2it emprehendas demanda alguma contra homem po-

bre, sem deije teres recebido .-«obejas injurias: nesie iiue. Iu íi:ia< teo igual e coin,,dniieir <, e he vil a c.»nqui*u, quuo Ki h> p-queiia a re»l»leiiui-i« Nau iulentea tieoian ia algumi antes oe e.-iares h*-m aCoii-eitiado. « pi namenie cerlo do direito, que icns sobre a uutra pari»; e «lepoi* nio poupes nem diuneir». nera passada?; porque uma,...» uma demiodas bem t-eguí.!** e bem aicaoçddds hvrar u-faào uc aotraa moitas ao decurso ua vida.

Cnida muito em ter por amigo algum hrn^m de grau. da cun*iderâo e autuoridale, mis nuuci o inquine* por ninharias, cu mprimenta-it, bruni a-», com pequeud* d» uvas, « com pouctf cusio teo. E se tiveres motivo ue o tratares

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aabos * enseadas, na surgidouro*, oo ventos e suas opposí- çòca e até os fundoa oe são de pedra, ou de lodo, de area ou burgulhão etc, etc»

Deitemos pois, ao msr estaa cartas,. causas da perda de mil preciosidades, e até d'alma—Arretiegoe lambera todo o navegante, pois até a náo que joga, não he segura.

PRECEITOS.

( Continuação do n.° 1. )

Acautela—te de ser fiador de algocm, ainda dos maiores amigos, em grandee qoantias : o que paga aa dividas de outro, faz toda a diligencia pela sua propria roini. Se po- rém forem taes a? circunstancia*, que, não possas deixar de o faxer, melh »r i-ré empatares n dinheiro em bo*a ea- eripturas e seguranças, ainda que lambem para i>i« peças emprestado-, orate mudo ficarás aeguro, e teo amigo ser- vido. JC io peças dioheiro emorrstado, nem a tens viatnhos, nem amigu*, mas as pessoas esiraniids, a quera depoie de embolsar nnnca mais verá*.

Seja porém verdideíra a tua palavra porque aquelle que .-atisfaz no dia que prometteu, he senhor dos bosos d' outros.

6.* N2o einprehendas demanda alguma contra homem po-

bre. sem deije teres reuebajo sobejas injurias: neste due- lo f».ja* te» igual e C"in|)dntieir >, e he vil a Coiiquísta, q«tuo io ho p-qneua a resi>lenei». Não iuletitea iieuian ia algum i antes oe estares bf-m acuii-eitiado. e pl nameiite cerio do direito, que tens sobre a nutra pari*'; e depois nio poupes nem dímieir». nem passada?; porque uma, o o «tuas demandas bem seguidas e bem alcançadas hvrar tt-hào uc outras muitas no decurso ua vida»

7*

Cnida muito em ter por amigo algum h"mem de gran. de cun*iderâo e antuurtdade, mas nunci e luquieic* por ninharias,cumprimenta-u, brinua-u com ueqtietus d» uvas, o com pouco custo teo. E se tiveres motivo ue o tratares

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com grande mimo, seja cum consa, queelle qnotidtans* mente tenha diante dos olhos». Tudo isto ha precito nesta jdadc ambiciosa, para nâo víveres no abatimento e fnjeito como uma pelia, a qiiíquaiquer ande contigo aos baldoem, o te trate com desprezo.

Humilha.te ante os teu* anperinre*, mas sempre cora genrrosi ia ie e nobre** .* comraunica os teos igoae* com familiaridad»', ma* conservando o leo respeito e gravida- de , e trata o* leo* infrriores com muita humanidade 0 al- gum* familiari Ude; c<nn<» extci ler a mão, inclinar a cabe. ça e ouro* remilhiote* cumprimentos uaua^a. Assim «a. rá* conhecido por homem bem c inçado : gvangeatás boa renoiavfto, a qual u-n* VPZ adquirida, í<tcil será conservar. E^ta 11'btmdade lançará prof indas raízes uo espirito do povo miúdo, que Me penhora mais com inúteis cortesias, ao une ci»m grosseiro* bmeficio*,

N !■> tenhas firme coufimca em homem algnm, porqoe hi>m n f^-i-t loucura caiivar-'e qu .1 jner a nm amigo, como ae ntf *reccnd<i*«e ncca*i5o .««não vali isse clie seu iniir.igo.

Nunca n** couvtvaaçòe* disja* graças picantes, nem se. ja* «aiyrico cmn g*»sto* e acçõ^*, ahá* será*, por uns muito mal :tccjiio, e >b ir'ect (o má cimpmhias e assembleat, e o<»r «litros* atai:ido pessojl nente, e malquisto entre oa teus toeih<»r<j« amigo-'. A* z.iwbirias, que teem algnn* vi- aos d-*veidade. detxtrã» st*mure b isiante rancor nu animo riaquelles, aquém «e 0!*rt**\i.le m 'tfjar, ?»ob*e i"lo, deixo- te particulares rec nnuien Uçus*. porque lenho vi*to mui- tos tio inulin t lo* a dizerem graci"» pesadas e fazerem e«« Cárneo oor <4e*l>i< « piUvra-' a i'òco de perderem oi teua mais iutimi" amigo*. A estra cérebros escandecídos pela sua v>va iini^iuaç tu* que oom d:ifii;nl iade se podem a- bsterdc chufas c lia mo ea=afezes do juízo.

Do Archivo Popular extrahimos as seguintes máxi- mas geraes para conservar a saúde.

Levsntai-vós cedo; usai de alimcutos singelos; farei muito exercício sem recear algum caoçaço. Tende sob;e

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com grande mimo, teja com cousa, que elle quotidians' merits tenha diante dos «lhos. Tudo isto he precieo nest» idade ambiciosa, para nâo viveres no abatimento e snjcito como uraa palia, a qn í qualquer ande contigo aos baldoens, e te trate com de;pre2o.

8.0

Homilha-te ante os ten* snperinre*, mas sempre com gen»rnsi la ie e nobres* : communica os teos igoaes com familiaridade, mas conservando o teo respeito e gravida, de , e trata os te«< inferiores com moita humanidade o al- guma familiari lade; coino extender a mão, inclinar a cabe- * ça e o-iiros »emilhante* cumprimentos uauaeg. Assim «a* rá-« coon»*eido por homem bem c inçado : grangeatás boa reontav*o, a qual u na vez adquirida, fácil será conservar. Eita ii'btnidade lançará prof 1 nelas raiies uo espírito do povo mindo, que se- penhora mass com inoteis cortesias, ao une com gros-ciro- beneficio*,

Nb» tenhas firme confimc* em homem algum, porqna hem 11 fe-u loucura c-iu var-'e qu .1 juer a nu» amigo, como ae off'reccndo.ae occasion .««não v*»i1i*se clie sen iniir.igo.

Nunca nas conversações distas graças oicanies, nem se- jas s4iyrico coin gesto* e acções, »l»á< serás, por ons muito ma! accailo, e «>b ir-ect lo nas Companhias e assembled*, e »or outro* atacado pessoal nente, e malquisto entre na teos foeíhor-;* amigo". A* zumbirias, que teern algnns vi- aos d**veidade. deixará» scinore b isiante rancor no minto daqoclleg, aquém *e oert^.i le m »lejar, sob*e deixo- te particulares recounted laços*. porque lenho visto mui- tos ilo inchii a lo" a dizerein graç a" pesadas e fazerem ee- cárneo i»or gesto* « piUvra* a i'ôco de perderem os #eu« mats intiin»" amigo". A estes cérebros escandecídos peia sua viva itnigiuaçio, que com diifistil lade se podem a- bsterde chufas ciiamo eo =afezes do juízo.

Do Archivo Popular extrahimos as seguintes máxi- mas geraes para conservar a saúde.

Leventai-vós cedo; usai de aliiticutos singelos; farei mttito exercício sem recear algum caoçaço. Tende aobie

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— CS-

tudo euidado em nSo consentir, que ea crianças tragem íatot apertado*; poj* he indispensável que os ?ea« mera. brci e musculo* teohão livre exercício para poderem gozar «tude e adquiriram agilidade.

Evitai a necessidade deehamar medico, qoanto fô' pos- sível, prestando particular attencSo a vossa dieta. Cornei •qoillo somente, que v6- fizer bem. e evitai toda* a? comi- da» de difficil digestão por muito que »n< acalem. Alguns dias de dieta e agua pura eoino única bebida, tem por ve» zcs afastado uma doença.

Quando vó* achardes realmente doente, mandai ohamar um medico realmente b>m, e d« enn^uma U exo-n»ocia: nâo confieii n ».<i'ci'tuv a eh i'l itfri-» e em «5 iuõs, uem tomeis remediu* que e«t*-« vo9 oiini-lrfm« Nío ca- beis o que >5o. e ninguém -ó- pule a*»fgurar que ■ •* a* rnigos nffieiosns, que os incduào cunhe cio a xua rtfic-icra

Usai banho? frequentemente, e esfregai o corpo com uma escoa um tanto áspera.

Evitai (li comida os m dh«»s, a lub »s f irtes.e to ia c qual. quer qualidade d' estimulantes Protmrii, qu\:it«» fô p,js- •jvel, comer e dormir a hora* regulares.

Lavai tudas as manhãi* t- «itn.i» co«u *w \ fria. Evitai ler, ou cozer a* h<tr«s d* creu iscil.». »u c »m 'uz f»*ie en deinar.ia. í>e tiverdes a vi-t» e-»nç • li, é f (*•> it u-'»C* lu/, e cullooii 4i livro mai« u-n.i d» qu • |«..i»í. c * S: i"n l-c vista ciaria, afastai-o oelo coiir irm, <> miM <\\-. *••* fi» possível; estas duas iinpo*feiç6*« dimiu ta o-.-e em o*rte per este tnethodi>.

Limpai o* d»>ntescom acua p-iT\ doo nu »res ve- 2ea ao dia, porem tende »ob e tu u» o cui J-t lo i.-di-er- va-los limpos ao deitar.

Procurai Inzer sempre b-»ra ventila*! i <* vo«u qu*rto, em udai a roupa d* cama t i-i t« a- -em-ma-. E «Uai o ar «i* uma porta ou janella que teuhi c urre <,>>•> i-ucia , prnc-i- palmente de noute. Tamti cniililu em ufi i do-ntirem quarto qoe acabe de ser caiado ou piotido; IM 11 ti* m lis preju icial para a saúde.

DJí as cm-nças sopas de leite nonr» de «oi« d« ell i- ••<• levantarem : agua fria, e uma b>a corrida em arlivreaite* do almaço, são eicellente pratica, que as yigora, e lues dá aande.

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tudo fluidado em »5o consentir, que es crianças tragem fatos «penado*; poi* he indispensável qu« os seas mem* broa e musculo* leohào livre exercício para poderem gozar «eude e adquirirem agilidade.

Evitai a necessidade de chamar medico, qoanto fô' pos- sível, prestando particular attencão a vossa dieta. Cume! aqoillo comente, que vó- fizer bem. e evitai toda"» as comi- da» de difficil digestão por muito que vni ag'adem. Alguns dias de dieta e agua pura coinu única bebida, tem por ve* a«a afastado uma doença*

Quando vó" achardes» realmente doente, mandai ohamar nm medico realmente b>m,e de eon-uma U exo-deocta: nâo confieis o v.»<»» c ir ittv • a chi'lita-n-* e em •» ions, nem tomeis remédios que e«tes vos oiini-tre in« Nío *8— beis o que >5o, e ninguém *ó- im-de a^-^gurar <joe i»s a« ITiigoj» nfficiosoa, que os incolcão conhecto a sua etíic-icra

Usai banhos frequentemente-, e esfregai o corpo com uma escoa um tanto aspera*

Evitai na comida o? m dh.»8, a 1 ub •* f »nes, e to la c qual. quer qualidade d' estimulantes Pfoeunit qu\;ito fò pos — •ivel, comer e dormir a horas regulares.

Lavai todas as roanhuis t• «ditos com «frui fria. Evitai ler, ou cozer as h«»r«s de centsC'ilo. »ti c »tu 'uz f »*ie e ti demazia, í>e tiverdes a vi-ti emç i 11, è i«* «•«» u u-oci luz, t collocii o livro mais n-rto d<> qu • le.pj i e a S; teu l «r vista curta, afastai-o nel<» cou'r iri>«, <> mti" q te rn< f i» possível j estas duas impe feiçõ** diminua o--e em o«rte por este methodo.

Limpai os dentes com agua p ira do «9 on 'res ve* 2ea ao dia, porem tende 90b e tme o cuiltio i.'c»i-er- va-los limpos ao deitar.

Procurai Inzer sempre bjm ventila*! 1 <» vosso qu-irtn, em udai a roupa da cama 11 i i« a- • em-ina*. E 'irai o ar <t' uma pofta ou janella que teulit c irremo-» i**ucia , nr:nct— palmente de noute. Tom ti cnililo em u31 dormirem quarto que acabe de ser caia In ou pioti i-»; niitij.«mus prejn 'içial para a saúde.

Dai as crianças sopas de leite mítico de »oi« d« e|li< s>* levantarem: agua fria, e lima b»a corrida em ar livre a.ties do almaço, são e*eeliente pratica, qua aa vigora, e lhes dá aaucJe,

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ANNECDOTAS. Boa conclusão.

Um moin», ten-ln-?e baptizado, jantou gallinha a sexta feira, o srndo por ííSO rcprehend»do, respondeu, netran-lo que tivesse iu- fnogido o preceito de egreja, pois que não tiuha comido carne; e tirou a conclusão desia sorte : m>m estar moiro; ptdre baptisar amim c eu já nuO ser miis moiro, ser christáf. gallinha estar earne\ eu baptisar a ella, e cila núo ser miis carne, estar peixe; logo mini comer peixe, é não fazer psecado,

He verdade. Tendo le*antido uma hulha cm cônjuges, o marido ch«i« de clio-

lera duna não sei quando Ivxde mtrrer este demtnio '• a ouira po- rém, ainda mais enraivecida Ih-* ie*pjndr—tô porque me dezejas a morte, assegnro-le, que ná> kúde morrer sem c\uc a minha al- ma separe do carpo, C^ue til.

Podia dizer de aphtas. Fallecid t um Hninni de 101 «ano», perguntou u-n amigo a um

•ujfito. d* qn« doença viera elte a morrer e o outro lhe re9pJodeu ■= le lombrigas.

Tem razão. Tendo trop ««ado u:n civallo dVn c^rto ai sahir do pis^in

diíse ello o diabo te levante; nco:uelhil> pelo cimpanh-iiro, que .«cria melhor dissesse: D ws te levante, Xio, r«sp">nie> o outro, em presença de D°.os tudo se prostra, e nit quero q-ce o m?o ca* vai lo caia de todo.

flIROSlU 113 Ml DE XOTEIRO. (i)

Ji li foi ao turbilhão da publicidade a nussa Chronica de d„us mezes pasmado*. Foi pela? duas vezes, que tmmia * dita de sermus chronista pira continuarmos a ser, si as nossoa caros |f j. tores assim o quizerem. Nio nò* agradou essa tarefa p«»r ser de- mtiudmuenti: espinhosa; mas já que a carregamos sobre uoeso*

[ l] A pedido de muitos uossoaJ leitores tornamos a dar In- troducçúo a chronica, que no antecedente numero retíramoa por acharmos superflin.

ANNECDOTAS. Boa conclusão.

Um moiro, tendn-se baptizado, jantou gallinha a aexta feira, o sendo por iíso rcprehendulo, respondeu, nefando que tivesse iu- friogido o preceito de egreja, puis que não tiulia comido carne; c tirou a conclusão desia sorte : rn:m estar moiro-, padre baptisar nmim c cu já no o ser mais moiro, ser c Ur is Ião. gallinha estar carne\ cu baptisar a cila, e cila não ser mais canis, estar peixe; logo mim comer peixe, é não fazer p seca do,

He verdade* Tendo levantado uma hulha cm cônjuges, o marido cheio de cho-

lera disso não sei guando h-ide morrer este de/nonio : a ouira po- rém, ainda mais enraivecida Ih* ieqvindr—só porque me dezejtts a morte, atsegnro-lc, que nât heide morrer sem <\>ic a minha al- ma separe do corpo, Que til.

Podia dizer de aphtas.

Faltociil » um hnuinn de 101 aanos, perguntou u*n amigo a um sujeito. d* qn* doença viera cllea morrer e o outro lhe respondeu

le lombrigas. Tem razão.

Tendo trop >«.ido u:n ctvallo J'u'ii c^rto an sahir d ) passeio disse eito o diabo te levante; aconselhai i pelo companheiro, que ."cria melhor dissesse: Dsns te levante, Xio, raspou leo o outro, em presença de Dios tudo se prostra, c nut quero que o mio ca* vai lo caia de todo.

fioMi i» m i mmm

cu Ji li foi ao turbilhão da publicidade a nussa Chronica dc d,jus

mezes pasmado", Foi pelas duas vezes, que tivtmis a dita de sermos chronista para continuarmos a ser, si as nossua caros lei- tores assim o quizerern. Nio nós agradou essa tarefa por ser de- masiadamente espinhosa; mas já que a carregamos «obre nosso*

[ ' ] A pedido de muitos uossoa ] leitores tornamos a dar lu- troducção a chronica, que no antecedente numero retiramos por acharmos snperHui.

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ilr|tei> in-mbros, nlo'queremna hesitar em dir ao publico o que c (importar esse pequeno eípaço, e o que nós tiremos por noti- cia*.

O» 30 dia< do mez. que assamos com tamanha caricia para ver-se. HCM ní" t-Uum affHzpr, correram rápidas e estéreis de no- vidades: (< ;hvja não recuaremos em dar as poucas, que noa liremob {n>r notáveis, e que postXo convergir a attençEu do pu- blico.

jfr^Stlt^— f*a E^reja de Soccorro, lie o sr. Florêncio [Maria- no Ribeiro, quem esmerou-se em dar grande liHmento ao acto. da fifíiH d» Nossa Sra. do Soceurro, que elle festejou no dia 21 — A« duas expressões que do alto do palpito descião aos corações dn auditório, erão a-í do distinoto pregador o sr. Padre Mestre «^OII»I fiiimo Hirirtti. O 1.", 2 •, 4.o psalmos, como lambem o Ma. f/nijirn/, hvinuoeo Tunlum ergo que nas vésperas se cantaram, forão -«la ci>infHifi<,-HO do di-tinm.o professor na musica o sr. Jus-ê Sal. \adur de Siqueira. O Domine *• »,0 psalnw do Mmtanh., a urches- ira era composta dos músicos da banda d«s arii'lieiros, que as exe- cutava, c-in aquella delicadeza, qne as elegante*, e graciosas coin- l^iftiçfíei pedifm— \ rica armaçfio, as immensas luzes ** o grande •iCc',0, que te via na egreja coticurrião para? inajor, brilho e ln»i- jnento do acto. Accabadas as véspera» o OH fogos artificiei, que se iiiiciumram e a mesma nim-ica. que as acompanhava com harmo- niosas pecar, f»z qtíe ns assistentes se recolhessem satisfeitos— Níy exiendemos ttv&U. porque acham» difícil, mesmo dar. a sue. «ima idea daqoella pompa, que tilo pouca pente da comarca teve <• prazer de presenciar. Fazermia sinceros votos, para que a mes- ma Sra., por cuja di voçâo, tanto zello e desvellos dedicou, con- ceda largos annos da Wda, e encha de bençtuiis a ar. IUb«iro e jsua nobre família.

^cr.lirreiKia flOEliesti^il—No dia 16 a nobre « virtuoza espuza >io ar. Bra>iiibu B. Viu>ii« Piul» L-bo deu á luz emn I) uu suecesso , hum a linda menina. Fuzetnos riuceros voto-* para que Deos conserve esso mimo que accaba de fazer ao sr, L''bo, e que a joven creatura crescendo em idade, venha a ser tão vjrtnoza conto a nobre mãe.

J*íirill>e5lS — Obteve ha pouco despacho e nosso caro ami- go « coIlaboracW o sr. l/rancjaco Amónio l'*ulo Frias de No- ronha, para «d vogar nos julgados de Nuvan Conquistas dosta Co- marca — Congratulando-nos cnm o nosso amigo, de cujos préstimos e virtudes esperamos grande hém pnra o paiz, e com a sua família Jazemos votos pela sua prosperidade na profissão.

.■IjlIIe — E<n testemunho do seo reconhecimento pel is bs

iMifi* hi inbrns, nloquere moa hesitnr em dár ao publico o que comportar esse pequeno espaço, e o que nós tiremos por noti- cia*.

Os 30 dia* do mez. que a^nsamos com tamanha caricia para ver-se nos nín (.Jzuuí nffazer, correram rapidas e esiereis de no- vidades: t< davja nao recuaremos em dar as poucas, que noa tiremos por notáveis , e que pernio convergir a atiençEu do pu- blico.

F4k«tU;— Na Etreja de Soccorro, he o sr. Florêncio .Maria- no Ribeiro, quem «-smerou-se em dar grande liHinento ao acto da festa da Nossa Sra. do Soccurro, que elle festejou no dia 2t — A* duas expressões que do alto do púlpito desciãu aos cnraçòea dn auditório, erão a* dn distinct*» pregador o sr. Padre Mestre Con^t «mino Barreu». O< 1.", 2 4.0 psalmos, corno também o Ma- gnificat, bvinuoen I tintam erga que nas vésperas se cantaram, forâo -da composição do di-iine.t.t» professor na musica o sr, Ju?è <Sai« \ad«r de Siqueira. O Domine e «j.o psalm t do Mo«arth., a orches- tra era composta dos músicos da banda dos arii'lieirns, que as exe-, cotava, 0011 aquella delicadeza, qne as elegantes, e graciozas com- posições pedum— \ rica armação, as immensas lutes e o grande pCf.o, que se via lia egreja coticurrião para?, maior,, brilho e lu>i- jnento do acto. Accabadas as vésperas o os fogos artificio, que se «meimaram e a mesma inmica. que as acompanhava com harmo- niusas peças, f>7. que os assistentes se recolhessem satisfeito»—* NJy «•xtendemos inhi. porque acham is difícil, mesmo dar , a sue- «ima idea daquella pompa, que nio pouca gente da comarca teve " prazer de presenciar, ['azemm sinceros votos, para que a mes- ma Sra., por cuja di-voçfio, tanto zello e desvellos dediemi, con- ceda largos annos da vída, e encha de bençaons a sr. Ribeiro e jsua nobre família.

flK'eurreiU'iil (lomCKtica- No dia 16 a nobre e virtuoza espuza do ar. Rrasinho B, Vitoria Pint» Lubo deu á luz cum b ou successo , buiu a linda menina. Fnzemoj siuceros votos para que D^os conserve es»o mimo que accaba de fazer ao sr. L*'bo, e que a jove» creature crescendo em idade, venha a ser tão vjrtuoza conto a nobre mãe.

l*íirsil>cim — Obteve ha putico despacho e nosso caro ami- go e collaboradur o ar. Franciaco Au'onio Paulo Frias de No- ronha, para advogar nos julgados de Nuvas Conquistas dosta Co- marca — Congratula rido-nos cnm o nossu amigo, de cujos presliinus e virtudes esperamos grande hém pnr» o paiz» e com a sua família azemos votos pela sua prosperidade na profissão. Jlilile — Em testemunho do seo reconhecimento pel 13 be

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neficios recebidos, os habitantes da villa de Margio no dia 9 de.2o um baile a ar. Francisco Fernandes.

Esse dia for anniversatio naialicio do ?r. Fernandes , pnr isstj bem appropriadn a escolha. A reunião 'cVe logar na vasta sala do »f. Jerónimo Francisco Ufbcllo—-Foi mui concorrida—lie inútil « ;Z*r como a excellente orchestra de 1'ondá se eamerav* em snrjar a ancredade do3 assistentes. i

KCCitíl—No dia li leve logar no ilieatro pariicul*t=»I1.4ir- IllOllf it- da Villa de Margio n representação do drama em 5 acto> =sLitcrecia fíort/ia*=0 espectáculo foi nSiaZ conconido.

0$ actores, cuja habilidade lie conhecida foi io não poucas vez"* interrompidos com frenéticos aplausos— Os amuos qua*i de toda Comarca, que ali encontravlo » mtuiea de Hondi, fizerio que a noute se passasse alegre, deMuvel e digna de saudosas recorda- ções.

Quae3 quer passatempos dlo l»gir para lembrar doa «os anij. g03, não asstslemes. maa em quanto anum neste3salõ"e3 iheatrae*, cada um para si, e Deea para todos! Linda noute, quando tira ?

JPcIrStV ÍÍC 3W»VelÍtll—" AsMítimoa a essa feira depois de 3 ânuos, e observamos grande mudança em tudo—As fazeu- das vendjão-se nio a eontento dos que as queiiXo—A geute et* mui pouci—A Mia de modaa , fez qne os janotas do tempo ae recolhessem menos satisfeitos, e sobre tudo vi com pena essas saias de balão, que voltarão tam intactas como entraram na graúdo feira, tendo de passar por 4 dias penduradas como estav2o, quaes lam- pioena, padecendo pelaa injurias do aereno, poeira e soalheira.

JfiaíifiO — No dia 30 eniharcou o sr. Padre António Manoel de Souza, pira ir a Maim, onde he nomeado missionário—O .sr. P.a Souza além de em outras parte3 *ervio 3 annos cora parodio ein Lm hares, onde era respeitado e estimado de suas ovelhas—Auhelamos feliz viagem, e largos aDnosda vida a sr. Souza nlojaua carreira apostólica.

J^^tiliaaillON — O revereudo sr. Padre Pedro de Sá que por ineoniroodoa da sande so achava de mudança em Ueuasaim, vecolheo-so no dia 21 para sua casa já melhorado. Estimaremos, que o sr« Sá continue a go^arda3 melhoras, que ganhou cooi a mudança—

Ciíe^TillIa — Ha pouco chegou a esta vindo de Bombaim depois de J6 nonos o sr. Doutor Doartiuho de Souza, accompnnhado d» exm.» Madama, dons meninos e dua3 meninas, que dizem --sr tnsttutdas, c falião bem a língua iugleza, portugueza, marutha e concatiiin—

A vivera, a instrueção o esmerada educação , que todo3 estes meoino3 recoberam dos-aços pais, lhes tem feito adquerir graúdo titietna o symphatiai» geraes. Estimamos.

neficios reeebidos, 03 habitantes do villa de M.irglo no dia 9 de.io um baile a sr. Francisco Fernandes.

Esse dia foi anniversario natalício do ?r. Fernandes , pot isso bem appropriada a escolha. A reunião teve logar na vasta sain <!n »f. Jeronimo Francisco Rfbcllo—Foi mui concorrida—He inútil < r como a excellente orchestra de 1'ondá se eameraV* em suciar a ancredade dos assistentes. :

H©CÍtíl—No dia lí teve logar no theatre par<icub'=»ll.ilI'- ll! Oil f«l=da Villa de Margio a represe utnçSo do drama em 5 actoi =3Lucrécia /íor</rV«=>0 espectáculo foi »S;aZ coucoriido.

Os actore3. çuja habilidade he conhecida fojio não poucas vez"s interrompidos com frenéticos aplausos—Os amuos qua»i de toda Comarca, qtte ali encontrsvio a mtuica de Pondá, fizerio que a noute se passasse alegre, debiuvel e digna de saudosas recorda- ções.

Quaes qtter passatempos dio l>g»r para lembrar dos ««os ami - g03, não assistentes. nia3 em quanto anijm nrste3 salôea theatraes, cada um para si, e Deea para todos! Linda noute, quando Virá ?

jPciríl- «í© ÀV«T©1ÍU1 —" As--istimoa a essa feira depois de 3 anno3, e observamos grande mudança em tudo—Às fazen- das vendião-se nio a contento dos que as queriio—A gente era mui pouca—A falia de modaa , fez qne os janotas do tempo se recolhessem menos satisfeitos, e sobre tudo vi com pena essas saias dc balão, qne voltarão tam intactas como entraram on graúdo feira, tendo de passar por 4 dias penduradas como estavlo, quaes lam- pioeoa, padecendo pelas injurias do sereno, poeira e ooalheira.

Missão — No dia 30 embarcou o sr. Padre Antonio Manoel de Souza, pira ir a Maim, onde he nomeado missionário—O sc. P.a Souza além de em outras partes .«crvio 3 anoos com paroeho cm Lm hares, onde era respeitado e estimado de mios ovelhas—Auhclainoa feliz Viagem, e largos annosda vida a sr. Souza nloaua carreira apostólica.

J^stivaaaaaios —O revereudo sr. Padre Pedro do Sá quo por ineommodos da sande so achava dc mudança cm Ucuasaim, vecolheo-Sc no dia 21 para sua casa já melhorado. Estimaremos, qne o sr» Sá continue a gozarda3 melhoras, que ganhou com a mudança—•

Clieçrailu—lia pouco chegou a esta vindo de Bombaim depois de J6 aonos o sr. Doutor Doartiuho de Souza, nccompunhado da exm.1 Madama, dons meninos e dua3 meninas, que dizem --sr instmidas, c falido bem a lingua iugleza, portugueza, maratha e concatiiiu—

A viveza, a instrueção o esmerada educação, que todo3 estes meninos recoberam doa.scos pais. lhes teca feito adquerir graúdo lisetna o synipliatiab geraes. Estimamos.

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A S H U R C ! O O abaixo asgignado director e proprietário do—RE-

CREIO^, pede disculpa da demora, que desata vez sofíre- rãu os sies*. sob*eriptore?, demota que foi proveniente do desvio que 8<»ffrerão os oríginaea ao Jiir a imprensa, o que tendo conhecido 3 diaa antes de findar o mez n^o foi poí?ivel que aprompta-?e no dia marcado.

Outro sim declara, que ao diante rica de tomar cuidado em publicar o jornal i-em erratas, e fazer chegar em caza de cada sobseriptor no I.' dia de cada inez, não eendo santificado.

J% Píclorino de. Noronha Rodrigues.

Erratas do numero antecedente da Biographia* Na pag. 28 lin ..fortuna não foi=lea.se=/Wí«rta fai=.

na pafc. 29 lin 9 oudez=lea-ses3»7rti<(/c5r na 15 trópicos» tropheos na 32 ontilha=Stfnít7Aa na pag. 30 liuh. do sco aortero^^do <2Míícro=na dita liberdade = liberalidade =oa 28 peru=/>»ror=:na pag. 31 iin. 9 duevia=:/eyiVào=na ultima Aure a no de \a\Angutc=^ Aurciiano de Calangute*

As da do artigu^morte do meu Primo*=* Na pag. 3G raion Ica-se Voíou na 33 orna vez=«»ia

vo:ess As de Newton

Na lin. 3 seos lea-se^mecs, na 11 velioidades=i>e/eú/a- des; na 9 da pag. 38 deus ms ,= des atis; na 10 nobre marbre. na 1 1 a direita como cila; na lin. 21 ehega«sera= egegasse, na 22 genio^^eaero; oa lin. 2G aureola, a aureo- la, na 27 a reelcada,^ realçada', na lin. 30 pag. 39 biilhan- tinimo, brilhantitmt, na 22 todas sua*=toda$ as i««s, a na 23 plancar=j?/<2near.

Do Annuncio. Pag. 43 lin. 3 qoe nau menoa d'um trimc9tre=lca.9ç.

que. seja meãos que trimestre=**

«OYA-fiOA :—KA 1MPB1TNSA NACIONAL.

A it « 11 K C I 0

O abaixo assignado director e proprietário do = Re- creio^, pede disculpa da demora, que desta rez eoffre- rão os sres». sob^eriptores, demoia que foi proveniente do desfio que soffrerâo os oríginaes ao Jiir a imprensa, o que tendo conhecido 3 dias antes de findar o mez não foi possível que apmmptasse no dia marcado.

Outro sim declara, que ao diante fica de tomar cuidado em publicar o jornal sem erratas, e fazer chegar em caza de cada subsenptor no I.# dia de cada ijnez, nao sendo santificado.

J% Viciorino de Noronha Rodrigues. •8'

Erratas do numero antecedente da Biographia.

Na pag. 29 lin ..fortuna não foi=lea.se=/Wí«na /**=«= na pag. 29 lin 9 nudez=lea-ses=?rtuí/w na 15 tropieoss» tropheos na <12 ontilha=senít7Aa na pag. 30 litih. d<> seo aortero=2tlo austeros na dita liberdade =. liberalidade =oa 28 perii=/3»r"or=:na pag. 31 itn. 9 duevia=i/eoiVào=na ultima Aureano de Au Ian gu te urcliano de Calangute*

As da do artigu^morte do meu Primo■—»

Na pag. 36 raiou lea-se Votou na 33 uma vez=«?fla VOZsss

As de Newton Na lin. 3 aeos lea-«cameos, o* 11 velioidadcs=i>e/eiVa-

des; na 9 da pag. 38 deus an» des «ris; na 10 nobre marbre. na 1 1 a direita cOmo cita; na lin. 21 ehegasseras=i egegasse, na 22 genio=^e«,rro; o a 11 n. 26 aureola, a aureo- la, aa 27 a reelcada, e realçada; na lin. 30 pag. 39 brilhan- tin imo, brilhantismo, na 22 todaa sua *=toda$ as suas, a na 23 pia near =/>/anear.

Do Annuncio.

Pag. 48 lin. 3 que nSu menoa d'um trlmcstre^lea-sc. que seja meãos que trimestre=** ^

NOYA-GOA:—5A 1MPPF>SA JTACIO^At.

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o

JSBVH UTIEllíllld, ISSTRltTIÍO [ NEM ~^£S2*a»-

X»I]l£('TOlt J5 PUOPHIETÂRIO

ioAQvnf YICTOMSO DE NORONHA BODMGUKS.

N.° 4 2 J)K JANEIKO ANNO Í866

C0LLAB0R1D0RES." |

A. A. Bernardino Fernandes—A. C Paes de Noronha—

A. J. Sócrates da Casta — Accaeia Lobo — B.Z. Soares Pe-

res—Braz B. V. Pinto Lobo—D. T. Tasso Dias — F. Sal- vador Pinto—F. A. Frias de Noronha—FelecissimoLobo —

J. C. Barreto Miranda—J. António Henrique—./. Caetano de Nazareth—/. F. Napoleão Monteiro—J. F. Caraciolo de Sá

— J. II. Victor Gomes — Luiz José C. P. de Sá—Leopoldo

Cypriano de Gama — M. J. d'Abreu —N. José de Sousa.—

Pedra Cordttro.

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JOR.VAl UimillílO, ISSTRÍtftVO E MEJf8.ll.

Ill]l£(fOlt 1'j IMtOPKIETÁRIO

ioAQum Yjctorixo de 'Noronha Rodrigues.

N.° 4 2 DE JANEIRO ANNO i860

COL LA BOBA DORES.' g

A. ,4. Bernardino Fernandes—A. C. Paes de Noronha—

A. J. Socrates da Casta — Aceacio Lobo —B. Z. Saarcs Pe-

res—Braz B. V. Pinto Lobo—D. T. Tasso Dias — F. Sal-

vador Pinto—F. A. Frias de Noronha—Fclecissimo Lobo—•

J. C. Barreto Miranda—J. Antonio Henrique—./. Caetano de

Nazareth— J. /«, Napoleão Monteiro— J. F. Caraciolo de Sá

J. II. lictor Gomes — Luiz Jose' C. P. de Sã—Leopoldo

Cypriano de Gama — M. J. d'Abreu — N. José de Sousa.—

Pedra Cordeiro.

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Saldrà «te jornal era todoe 09 primeiro» dias de caci* mez.—Sub5Cre?e- •e para clle cm seguintes locaes.

Nas Ilhas. Na residência do Sr. J. F. Napoleio Monteiro, no bairro al- to.-^-iãn Halcete. Exa casa do Sr. Regalado Piedade Collaço, e na Phar- macia Alvares, em ilurgão.—Em Burdez. JOm casa dos sre» F. A Frias de Noronha, cm Ueassoim, Caetano .Manoel Ribeiro , em Porvorim Luiz José de Sá, c director deste jurnai era Sioliui.—Em Bombaim, JS'a residên- cia do sr. Casimiro Lobo.

A eubscripç.lo era Goa será duas rupias atiiantadot por anno, em Bom. qiim, Damão, Dioc Africa SJ chirinas.

O» artigo* nlo &*Mgnados, sío do direetor.

Erratas mais notáveis do n.° antecedente.

Da continuação da biographia.

Na pag. 51 lin. 4 e a saber=l©a-se = ^ía sahir^n» pag. -S24m. 17 ciumentas-, queria suplantalo o mesmo = lea se ciuir.tnias que queriam suplantal-o . o mesmo lente : oa pa^. 54 Hm 27 sem dutida^lea $t=.sem vida

Do Torcato Tasso. Na pag. £6 lin. 10 Puraldo*=lea *c=Punald<3.

Dos Paroxismos.

Em lugar de«=deaputar=lca se=:dtífTuctorx^e em lugar de = em sahia«= tvsubia.

Da Chronica. Pag 70 lio. 22 as vésperas e os fogos artificio»=lea ie«=

as vesperos, os fogos de artificio

S&hirá este jornal em todoe os primeiro» dias de cada niez.—Sub.«cre*e- »e para elle cm seguintes locacs.

Nas Ilhas. Na residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro al- to.— Em Salcete. Km casa do Sr. Regalado Piedade Collazo, e na Phar- macia Alvares, em Alargão.—Em liardes. Lm casa dos srt>, F. A Frias de Noronha, em Ucassaiin, Caetano Aíanoel Bibeiro , em Porvorim Luiz doec de Sá, c director deste jornal em Sioliui.—Em Bombaim, Na residên- cia do sr. Casimiro lx)bo.

A subseripíjio era Goa será duas rupias adiantado» por anno, em Bom, qiirn, Dunâo, Dio.c Africa SJ chirinas.

O» artigo* não a» sign ados, são do director.

Erratas mais notáveis do n.°

antecedente.

Da continuação da biographia.

Na pag. 51 lin. 4 c a saber = lea-se = hia sahir=n» pag. -524'rn. 17 ciumentas^ queria suplantal o o mesmo = lea se eiujrtnlas que queriam suplantal-o . o mesmo lente : oa pag. 54 lin. 27 sem duTÍda=*dea $e=.sem vida

Do Torcato Tasso. Na pag. 56 lio. 10 Puraldo*s=lea ac=Pvnaldo.

Dos Paroxismos,

£m lugar de=deaputar=lca se= dtsftuctarx=zt emlugarde = ein sahia*= tus dia.

Da Chronica,

Pag 70 lio. 22 as vésperas e os fogos artificio*=lea 〫= as vesperos, os fogos de artificio

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Antiguidade e nobreza da família do glorio30 Apos- tolo da Índia.—O CasteU© de Xavier—A carta do interprete Chinez qne ia com S. Francisco a China e que foi presente à sna morte— O milagroso cru- cifixo e o cajado do Santo— A sua fe3ta em Còta- ta—Ae palavras de eacriptores protestantes Bal- deus, Richard, Halkwit e Travernier relativas ao seu Apostolado e Ilha de Sancha©.

INTRODUCCÃOl

|E na verdade grandiosa* c fecunda em sa~ [lutares effeitos a instituição das festas de 'nossos beamventurados intercessores uoGéo. IDe vemos sim orar a elles, e adorar o nos-

—sso Dous cm espirito e verdade,, mas sen- do pouco delicioso e perdurável cm nós o <jue não fere os nossos sentidos, a pompa do culto externo que a E- greja estabelece, conlribnc poderosamente para excitar no nosso coração os affectos sublimes do culto iutorior.

Aquelles adornos que decoram o magestôso templo, aquel- las preciosidades e fulgur do tumulo, atra voz dos quaes os- olhos da piedade e de ternura devisão o sacrosanto corpo. do taumaturgo Protector d'Oriente, aqucllas nuvens do in-

Antiguidade e nobreza da família do glorioso Apos- tolo da Índia.-«O Castello' de Xavier—A carta do interprete Chinez que ia com S. Francisco a China e que foi presente á ena morte— O milagroso cru- cifixo e o cajado do Santo— A sua festa em Còta- ta—Ae palavras de escriptores protestantes Bal- deus, Richard, Halkwit e Travernier relativas ao seu Apostolado e Ilha de Sànehào.

IvNTRODUCCÃOi •

na verdade grandiosa< c fecunda em sa- ^Sfjplutares effeitos a instituição das festas de

W lg§?nossosbeamventurados intercessores noGéo. ^ gj De vemos sim orar a elíes. e adorar o nos-

Dous em espirito e verdade,, mas sen- do pouco delicioso e perdurável cm nós o que não fere os nossos sentidos, a pompa do culto externo que a E- greja estabelece, contribne poderosamente para excitar no nosso coração os affectos sublimes do culto interior.

E que impressão não-sente o homem verdadeiramente religioso ao entrar na Egreja do Bom' Jesus no dia.da festa do nosso ulorioso Apostolo S. Francisco Xavier 1, Aquelles adornos que decoram o magestôso templo, aquel- las preciosidades e fulgur do tumulo, atra voz dos quaes os- olhos da piedade e de ternura devisão o sacrosanto corpo, do taumaturgo Protector d'Oriente, aqucllas nuvens do in-

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censo queimado em honrado Escolhido do Senhor, aquel- les cânticos e officios divinos, celebrados pelo illustre ca- Lido de Goa á som da melhor banda musical; aquella res- peitosa presença da nobreza e de altos funccionarios do paiz, c a innumeravel multidão de devotos de todas as classes inclusive de pagãos, que incessantemenle corre aos pés do r.eo benéfico e milagroso De/Tensor: oh! tudo isto faz com que o sco espirito e o seo coração se eleve até a Jerusalém celeste; anima e fortifica a sua fé, fazen- do brotar de seos olhos lagrimas da religião e de amor sagrado.

Teve hoje logar esta solemnidade, grata para todo o Oriente, jubilosa e de maior sanclificaçao para os povos de Goa pelas saudosas recordações d'eíficacia e constân- cia de favores recebidos, e por terem no seo seio o sa- grado deposito do corpo do Santo: solemnidade que el- les annualmente por entre as effuzões d*alegria parece saudarem por estas palavras raiou-nos o dia sanctificado- vinde adoremos o Sancto. '

Gomo sempre, e hoje por ventura em maior numero, os romeiros, devotos como christãos sinceros, e agradeci- dos como bons filhos, foram prestar as homenagens a S. Francisco, uns depositando aos seos pés as oblatas nutros ouvindo em satisfação de seos votos as missas que um grande numero de sacerdotes dizia em tlifferentes al- tares, outros beijando os pés da preciosa imagem do Apos- tolo. O grande e o pequeno, o rico e o pobre, a quem o coração não era assaz vasto para conter os aííectos que o inundavam, de joelhos ante o tumulo, vião-se ahi os ditosos rendendo as acções de graças pelos benefícios re- cebidos^ e os desgraçados com aquella confiança que o patrocínio do Santo inspira, supplicando o remédio para os secs soffrimentos e amarguras. Esse fervor crescente da

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censo queimado em honrado Escolhido do Senhor, aquel- les cânticos e officios divinos, celebrados pelo illustre ca- bido de Goa á som da melhor banda musical; aquella res- peitosa presença da nobreza e de altos funccionarios do paiz, e a innumerave! multidão dc devotos de todas as classes inclusive de pagãos, que incessantemente corre aos pés do sen bencfico e milagroso Deííensor: oh! tudo isto faz com que o sco espirito e o seo coração se eleve até a Jerusalém celeste: anima e fortifica a sua fé, fazen- do brotar de seos olhos lagrimas da religião e de amor sagrado.

Teve hoje logar esta solemnidade, grata para todo o Oriente, jubilosa e de maior sanctificação para os povos de Goa pelas saudosas recordações deificaria e constân- cia dc favores recebidos, e por terem no seo seio o sa- grado deposito do corpo do Santo: solemnidade que el- les an nu aim ente por entre as eifuzõcs d alegria parece saudarem por estas palavras raiou-nos o dia sanctificado- vinde adoremos o Saneio. '

Como sempre, c hoje por ventura em maior numero, os romeiros, devotos como christãos sinceros, e agradeci- dos como bons filhos, foram prestar as homenagens a S. Francisco, uns depositando aos seos pés as oblatas nutros ouvindo em satisfação de seos votos as missas que um grande numero de sacerdotes dizia em diíferentes al- tares, outros beijando os pés da preciosa imagem do Apos- tolo. O grande e o pequeno, o rico e o pobre, a quem o coração não era assaz vasto para conter os afTectos que o inundavam, de joelhos ante o tumulo, vião-se ahi os ditosos rendendo as acções de graças pelos benefícios re- cebidos, e os desgraçados com aquella confiança que o patrocínio do Santo inspira, supplicatulo o remedia para os sees soffrimentos e amarguras. Esse fervor crescente da

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devoção, o nome do Patrono da índia cada dia mais glo- rificado, c as confissões inequívocas de mil bocas, que aprrgoão os favores e prodígios que elle obra em suas casas, pode bem dizer, que suo novos e contínuos trium- fos para nossa santa religião.

Foi n'este dia que lcmbrei-:ne (Vurna outra grande fes- ta qnc se solem ni? a em Cota ta em honra do S. Francisco; da sua opulência e nobreza que renunciou, para sujeilar- se as fadigas apostólicas com a única mira de rasgar-nos o véo das trevas, e tomar sobre si, ficando no meio de nós, o cuidado de nosso bem estar; do Caslello de Xa- vier em que nasceo, das homenagens que os mesmos Pro- testantes prestam aos serviços assombrosos que o moder- no S. Paulo íizer.i ao Oriente, e do mais que vou escrever.

A historia do nosso Apostolo está já escripta pelas pen- nas irniío hábeis e authorisailas: o que pois a epigrafe deste artigo diz, eslá ahi já consignado; mas como os de- talhas ile citados assumptos nem todos apresentam , já se vê porque levavam o propósito de sumariar a vasta e dif- fusis3Í i-a maleiia, julguei devêl-os transladar para cá, do uiodo como os li.

Antiguidade e nobreza da família do glorioso Apostolo da índia.

Nos fins do século XI empunhava o timão do reino de Leão e do Gastei la 0. AfTonço VI, tendo por seo primei- ro ministro Asnirez, chamado por antigos historiadores Assurez, Assnrez, Ansarcz, e em fim Asnarez. A iilus- traçfiu e eminentes qualidades, de que era revestido este al- to íunecionario, linhão-lhe caceado simpalhias e respeito de todos; e ao rri merecia pelo modo como se houve no cargo, tal conceito que, quando elle vio próximo o termo de seos dias, confiou-lhe os interesses da coroa, entregan-

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devoção, o nome do Patrono da índia cada dia mais glo- rificado, e as confissões inequívocas de mil bôcas, que aprt-geSo os favores c prodígios que elle obra ern suas casas, podo bem dizer, que são novos e contínuos trium- fos para nossa santa religião.

Foi n'este dia que lcmbrei-me (Puma outra grande fes- ta que se solcmnisaem Cotala em honra do S. Francisco; da sua opulência e nobreza que renunciou, para sujeitar- sc as fadigas apostólicas com a nnica mira de rasgar-nos o véo das trevas, e tomar sobre si, ficando no meio de nós, o cuidado de nosso bem estar; do Castello de Xa- vier em que nasceo, das homenagens que os mesmos Pro- testantes prestam aos serviços assombrosos qne o moder- no S. Paulo fizera ao Oriente, e do mais que vou escrever.

A historia do nosso Apostolo está já escripta pelas pea- rias irnilo hábeis e autborisadas: o quo pois a epigrafe deste artigo diz, está ahi já consignado; mas como os de- talhes tie citados assumptos nem todos apresentam , já se vê porque levavam o proposito de sumariar a vasta e dif- fusissi na matei ia, julguei devcl-os transladar para cá, do «io(lo como os li.

Antiguidade e nobreza da família do glorioso

Apostolo da índia.

Nos fins do século XI empunhava o timão do reino de Leão a de Castell* 0. Alíonço VI, tendo por seo primei- ro ministro Asnarez, chamado por antigos historiadôres Assures, /issures, Ansorcz, c em fim Asnarez. A iilus- traçfio e eminentes qualidades, de que era revestido este al- to íunccionario, tinhão-ihc careado siropalhias e respeito de todos; e ao rei merecia pelo modo como se houve no cargo, tal conceito que, quando elle vio proximo o termo de seos dias, confiou-lhe os interesses da corêa, entregan-

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do até ao seo cuidado e direcção a sua filha Urraca que ia ser successora do throno. Casou esla infanta com D. Affonço l.* entre as pompas do paço e fagueiras ebp< ran- ças do povo; não tardou, porém, muito u desengano : as inconilancias c desvarios á ijue >o entregou, engolfar, tm-na em muitas desgraças, fascínio a!c na sua violenta torreai te com que Urraca tratasse de se desfazer d'um censor, importuno, aproveitando da auzcncia do rey que comba* tia contra os mouros, e eíTcclivamente cu nsp^uw que As- narez fosse desterrado para o cond ido d-. Urge!, para on- de o ancião venerável e cheio das bençãas populares par- tio prornptam»n!e cm toda a sua f.iirilia, Undo lugar este acto inqualiOcavrí da rainha no anno .10,

Quando D. Áffo; & d<» campo da batalha voll^u para os seos estados, íirau profundamente impulsiona d.*» prla noticia do desterro de .^snarez, e queronde desn'já repa- Tar a affionta que Urraca acabava de Hw fazer, asstm como runmi&r-ar os seos relevantes e leaes serviços de longo período, pôl-o iin media lamente cm li herdade, eha- mou-o asna presença, c fez-lho largas concessões iie hon- ras, e das terras e fortalezas, uma das quaos se chamava de Xacter.

D. Mariinoem os primeiros annos do secnlo XV, com a morto de todos os seos, chegava ser o nuico represen- tante da antiga casa de Aspiícuela, c oceupava um dos primeiros cargos da corte. Irou Iro lado a família de As- narez e Xavier relacionada com os reis de Navarra, via- sc também redusida a única herdeira. Por uma coinci- dência notável 0. Marlino desposou-se com esta herdeira, reunindo uelo sco casamento o feudo da casa de Asnarez e Xavier ao da famiiia Aspiícuela. Não deixou, porém, ao morrer herdeiros do seo nome além de uni filho que já se tinha iniciado nas ordens sacras, c uma Olha que reu-

do ale ao seo cuidado e direcção a sua filha Urraca que ia sor successors do ihrono. Casou esta infanta com D. Affonço [* entre as pompas do paço r fagueiras esperan- ças do povo; não tardou, porém, muito u desengano : as incomlancias c desvarios á que so entregou, engolfar im-na em muitas desgraças, fa.:cndo a!c na sua violenta torrem te com que Urraca tratasse do se desfazer d'um censor, importuno, aproveitando da auzcncia do rey que eoifiba- tia contra os mouros, e eíTcctivamente cunspguin que As- H3rez fosse desterrado para o cond ido d-. Urge!, para on- de o ancião venerável e rlwio das bênçãos populares par- tio prornptam»n!e cm Ioda a siri fun-ilia, Undo lugar este acto inqaaliOcavrl da rainha no anno .10.

Quando D. AÍTo; ço <jo campo da batalha voltou para os scos estados, «irou profundamente impessiomuh» pela noticia do desterro de ãsnarez, e querendo desu'ja repa- rar a affront a que Urraca acabava de Hw fazer, assim como runnnerar os scos relevantes e ieaes serviços de lor.go período, pôl-o iinine.íi:it-.in;enle cm liberdade, cha- mou-o asna presença, e frz-llie largas concessões de hon- ras, e das terras e fortalezas, uma das quaes se chamava de Xavter.

D. Mariinoem os primeirosannos do século XV, com a morte de todas cs seos, chegava ser o nuico represen- tante da antiga casa dc Aspiícuela, e occupava um dos primeiros cargos da côrte. ífoulro lado a família de As- narez e Xavier relacionada com os reis de Navarra, via- se tambein redusida a única herdeira. Por uma coinci- dência notável 0. Marlino desposou-se com esta herdeira, reunindo pelo seo casamento o feudo da casa de Asnarez e Xavier ao da fatnilia Aspiícuela. Não deixou, porém, ao morrer herdeiros do seo nome além de uni filho que já se linha iniciado nas ordens sacras, c uma filha que reu-

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nia todas as qualidades dc?ej«veis e dignas dos títulos a feudos de seos pa"s D. João ill rei de Navarra, que ti- nha em gran-1e conta esta sua virtuosa e rica narcnte D. Maria de Aspilcueta de Asnarez e Xavier, acolheo-a sob sua e?peciul proleceã), ou antes começou a zelar os seos interesses, como seo p'Oprio pae. O primeiro passo que df>0 á bem -la sua f-ivorita, foi tratar de lhe dar por esposo o que dentre o* senh res da sua corte fosse mais di;rno d'uma tal aliiança, c a escolha não podia deixar de recahir ern 1>. João deJasso Senhor de IJocier, aqnem o rei consagrava ioda a afOiçfto e cordialidade.

Pois I). João de Tasso na um dos homens mais dis- tinctos da sua «porlia: tinha (.'lie presidido longo tempo o conselho do seo Soberano, havia sido s«m embaixador exiraordioario junto dos reis Galholicos Fernando e Isa- bel; a 1'oputHç.ão que gozava nas letlras era granda c bem cstabelt-civla ; a inleir«sa que lio o principal ornato de ho- mens públicos., a lealdade do caracter, c a solidez de suas virtudes, haviâo-lhc grangeado a estima- e consideração de todos os cortesãos.

O rei de Navarra attendendo a tão lisongoiros prece- dentes e obedeendo ao impulso do CTração, que não lhe permitlia vêr extiuctas as nnbres famílias na pessoa de D. Maria, resolveo d i (Tini ti vãmente com grande satisfação sua e do publico, que 0. João ajumasse an seo nome e armas os nomes e armas de Aspilcueta e Xavier Oele- brnu-se solenincmentc o contrato ant"nupcial, sendo uma das suas clausulas, que se elle tivesse desto seu matrimo- nio muitos filhos* o ultimo levaria os litulos e armas de Xavier

De as abençoou abundantemente o consorcio de D. João e de i) feria; não so" por numero<is filnosque lhes deo, mas mesmo pelas geaças celestes que lhes prodigàlisou

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nia tndas as qualidades desejáveis e dignas dos titulos ô feudos de seos pa"s D. João ill rei de Navarra, que ti- nha em grande conta esta sua virtuosa e rica oarente D. Maria de Aspilcueta do Asnarez e Xavier, acolheo-a sob sua especial proiecçã», ou antes começou a zelar os seos interesses, como ser» p'oprio pae. O primeiro passo que deo á bom da sua favorita, foi tratar de lhe dar por esposo o que dentre os senb res da sua côrte fosse mais digno d'uma tal alhança, e a escolha não podia deixar de recaliir em 1>. João deJasso Senhor de IJocier, aqnem o rei consagrava ioda a aífriçfio e cordialidade.

Pois 1). João de Tasso tua um dos homens mais dis- tinct a.s da sua eporha: tinha ellc presidido longo tempo o conselho da soo Soberano, havia sido Sí»u embaixador extraordinário junto dos reis CalSiolicos Fernando e Isa- bel; a reputação que gozava nas lot iras era grande c bem estabelecida ; a inloirm que he o principal ornato de ho- mens públicos, a lealdade do caracter, e a solidez de suas virtudes, havião-!he grangeado a estima' e consideração de tódos os corU>íms.

O rei de Navarra attendendo a tão lisongoiros prece- dentes e obedeendo ao impulso do ctração, què nao lhe permitlia vêr cxtiuctas as nobres famílias na pessoa de D. Maria, rcsolveo dilfítiitivãmente com grande satisfação sua e de publico, que D. João ajuntasse an seo nome Q anuas os nomes e armas do Aspilcueta e Xavier Oele- brnu-se solrmnemente o contrato antenupcial. sendo uma das suas clausulas, que se eííe tivesse (lesto seu matrimo- nio muitos filhos., o ultimo levaria os títulos e armas de Xavier

Usas abençoou abundantemente o consorcio de 0. João e do i) Maria; não sã por numerous filno3que lhes deo, mas mesmo peias graças celestes que lhes prodigàlisou

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até a sua morte. Tiveram ainda a dita de ver todos os seos filhos distinguir-se pelas virtudes, valor, c capacida- de: havião elles seguido á excepção do ultimo a carreira de arma cm que tanto se nobilitaram os t-cos antepassados.

Depois de muitas preces e promessas f-itas ao Céo, ti- veram uma filha—Belía e virtuosa como a sua mãe, Úag- dalena merecia alfcição c uma illimitada conhanç/i a rai- nha Jsabel, que, em fim, pedindo aos seos pães, tomou-a por sua valida c por dama d-i paço. Mas os prazeres, os tumultos, e sujeições da corte já deixa vão a Magdaleoa impossibilitada a dar á sua fervorosa piedade a clnvarão que ella requeria. Ao passo que o Feo amor para com T)eos se afervorava, as etiquetas e os nobres serviços ab- sorvião-lhc todos os momentos que desej iva inleimmente consagrar a elle. Assim o lugar lornou-selhe muito pesa- do c intolerável; e o seu dissabor para as grao-Kizas e praseres do mundo chegou a tal grão. que a oloigm a deixar a curte, e retirar-se para onde iJeos a eh miava.

^ As Sai.tas religiosas a quem a guerra levava a deixar França, tinha o-se refugiado para ILspanha jui to de Va- lença, na pequena vi lia de Gandia, e ahi vivião «*m lodo o rigor da sua regra. U Mosteiro de Santa Clara de Gan- dia tinha a reputação de ser o mais austero da llespanha: era precisamente este que Peo* destinava a Magdalcna, e foi o qne ella escolheu. Aqui o espirito anjielico tomou o vôo a que aspirava, e os s,.os pn.gre.-s-wdesde os pri- meiros tempos de noviciado furão Ião rrand««s, que adrni- rava-se a sua santidade co-no um piodigio. Nã» passa- vam aunos para a sua profissão, e t ra cila escolhida para sueceder a abbadessa que deixava de i-xislir.

Jeos que enchia de bênçãos e* graças a sua fervorosa serva, revelou-lho um dia a morte que lhe destinava: era ella doce e serena como o somno d'uin menino; mas ao

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até a sua morte. Tiveram ainda a dita de ver todos os seos filhos distinguir-sc pelas virtudes, valor, e capacida- de: ha viào ellcs seguido ã excepção do ultimo a carreira de arma em que tanto se nobilitaram os seos antepassados.

Depois de muitas preces e promessas f -itas ao Céo, ti- veram uma filha—Della e virtuosa como a sua mãe, \Iag- dalena merecia alíeição e uma illimitada confiança a rai- nha Jsabcl, que, em fim, pedindo aos seos paes, tomou-a por sua valida e por dama d i paço. Mas os prazeres, os tumultos, e sujeições da côrlc já d eixo vão a Magdaleoa impossibilitada a dar a sua fervorosa piedade a elevação que ella requeria. Ao passo que o seo amor para com Deos se afervorava, as etiquetas e os nobres serviços ab- sorvião-lhc todos os momentos que desejava inteiramente consagrar a elle. Assim o lugar (ornou-se lhe muito pesa- do e intolerável; e o seu dissabor para as gran lezas e praseres do mundo chegou a tal grão. que a ob'igiu a deixar aeôrte, e retirar-se para onde Deos a clnmava.

As Sar.tas religiosas a quem a guerra levava a deixar frança, tinhão-se refugiado par.'l Ib'spanha jm to de Va- lença, na pequena villa dc Gandia, e alií vivião lodo o rigor da sua regra. U Mosteiro de Santa Clara de Can- dia tinha a reputação de ser o mais austero da llespanha: era precisamente este que 1'cos destinava a Magdalena, o foi o qne ella escolheu. Aqui o espirito angélico tomou o vôo a que aspirava, e os s«.os progressos desde os pri- meiros tempos de noviciado furão tão eraoiDs, que adioi- rava-se a sua santidade co'uo um piodigio. Nã» passa- vam annos para a sua profissão, e era ella escolhida para succcder a ahbadessa cjue deixava de < xislir.

Deos que enchia de bênçãos e" graças a sua fervorosa serva, reveiou-lho um dia a morte que lhe destinava: era ella doce c serena como o somno cTum menino; mas ao

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mesmo tempo fa-sia-lhc ver uma das sufis religiosas, que devia moirer dYma maneira horrível para-a natureza. A caridosa àLbsdessa (m extremo n ageada diante do peni- vel espectáculo, dec-sc pressa a pedir para si esta ullima morte, e supplicar a Bendade Di\ina de reservar para a sua religiosa aquella que era mais dóec c desejável. À sua oração foi ouvida, c Deos fez-lhe saber que a prova teria logo. A religiosa que a aLLadessa vira na sua revela- ção, morreo peuco depois sem scíTrimento nenhum, pare- cendo atégosar anlieipadamentc de deleites cclesliacs que fazem a felicidade do homem na eternidade. Mais tarde em 1132, Magdalena cahio doente; a gangrena invadio- ihe tedo o seu corpo c o devorou lentamente : começou »a eahir cm bocados cem todos os inconvenientes que resul- tam d'esta humilhante deccmposiçâo, e cem as cruéis do- res que a aecmranl.ão. Madalena ao mesmo tempo tfíli- cta de penas interiores, mil vezes mais dolorosas, que os scfíiimentos mais agudos do coipo, soíTrco esle longo inartirio com uira heróica coragem e paciência, e mor- reo abençoando a Misericórdia divina que se dignara de purifieal-a assim n'esta vida.

D. Francisco foi o ultimo filho de D. João e de D. Ma- ria, e n'esta qualidade destinou-se-lhe o feudo das terras c fortaleza de Xavier, de que perteneco-lhe também o ti- tulo que tomou.

Mas como os pães conheceram a sua vocação ecelesias- tica deram este nome de Xavier que íinhão de perpetuar tin sua casa, ao seo irmão irr. mediato.

( Continua )

F. A. P. Frias de Noronha.

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mesmo tempo íasia-lhc \èr uma das suas religiosas, que devia moirer duma maneira horrível para a natureza. A caridosa à Lia dessa rm extremo nageada diante do peui- vel espectáculo, dec-sc pressa a pedir para si esta ultima morte, e supplicar a Btndade Divina de reservar para a sua religiosa aquella que era mais dúec e desejável. A sua oração foi ouvida, c Decs fez-lhe saber que a prova teria logo. A religiosa que a obbadessa vira na sua revela- ção, morreo pouco depois sem scíTrimcnto nenhum, pare- cendo atégosar anticipadamentc de deleites cciestiaes que faztm a felicidade do hemem na eternidade. Mais tarde em Jt 32, Magdali na cahio doente; a gangrena invadio- )hc tedo o seu corpo c o devorou lentamente ; cemcçou >a eahir em bocados cem todos os inconvenientes que resul- tam desta humilhante decomposição, e cem as cruéis do- res que a aecmf anl.ão. Madalena ao mesmo tempo aflli- cta dc peuas interiores, mil vezes mais dolorosas, que os scfíiimentos mais agudos do eoipo, sofTreo este longo martírio com urra heróica coragtm c paciência, e mor- reo abençoando a Misericórdia divina que se dignara de jurifieal-a assim n'esta vida.

D. Francisco foi o ultimo filho de D. João e de D. Ma- ria, e n'esta qualidade destinou-se-llie o feudo das terras c fortaleza de Xavier, dc que pertencco-llie também o ti- tulo que tomou.

Mas como os paes conheceram a sua vocação ecelesias- tica deram este nome de Xavier que íinhão de perpetuar tin sua casa, ao sco irmão iir mediato.

( Continúa )

F. A, P. Frias dc Noronha,

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O DIA VINTE E CINCO DE DEZBMURO.

Nascimonto do Divino Infante. Rijamente soprava o aquilão?, trazendo conaigo fracos * a

fria neve, e começando a exiender sobre a terra uinabr30* ca alcatila/mostrava ao longe rnas no meio das treva* &!í

arvores, entre as qnses a pnlmeira sobráaceira desafiava as estações os «lementos açouundo com snaa compridas folha9 e enfeitados ramos, o rancoroso furacão que debal- de esforçava por venccl-a: .eis quando um homem , e nma mulher feitos peregrinos estavam a buscar a?ilo psra o senhor do Univereo! o homem não disfarçava a humildade que lhe tianslusia no semblante; a'mulher qual o mais bello dia de primavera, trazia debaixo do sco manto, oc- cultsdo o syinbolo daredempção do género humano.

Caminhando pois ião eil.es compellidos pela necessida- de em alesnee d' um aposeotp digno de suas pessoas, mas embalde—o logar estava determinado, porém nâo era che- gada a hora em que o Deos humanado devja assombrar o orbe oom o sco nascimento; nâo obstante estas dificul- dades, continuaram o* dois eíposoa as suas humildes roga- tivas, mas áe repulsas de uma a uma casa lambem foram contínuas, cora qae já sem mais recursos, se entregaram á vontade do Senhor, que adoravão—O senhor que velava > aobra estas auas creaturaa lhes apontou para diaate as minas d'nm edificio, os consortes entraram ali,era uma man- jedoura! e se'abrigaram sob*e a palha para tomar soeego da jornada loaga, qnaodo de improviso a Santa Virgem exaltando os Céos com a voz de triumpho admira uma luz divioa que vem allumiar a estancia apoz uma musica Celestial—O eaposo então adorando o menino, que egual nSo vira o mundo prodigalisa-lhç suas caricias: cumpriram- se as profecias, era um brado 3r»geiieo ; louvemos o Missias, repetia a Virgem Maria : adoremos o Rtdemntor do mundo, continuava ajoelhando o seu espozo José. Convidavão-se todos» para o príncipe divino, não assentado sobre o thro- no d'Israel, ou que não ac via do* exercitas com o escudo de diamante, cmpunnando a espada de batalha, mas sim entre os braços de cândida Virgem; tendo por berço um

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O DIA VINTE E CINCO DE DEZEMBRO.

Nasciraonto do Divino Infante.

Rijamente soprava o aquilão, trazendo coaaigo frocos (^a

fria neve, e começando a extender sobre a terra umabr30* ca alcatifa, mostrava aes longe rnas no meio das treva* aá

arvores, entre aa quses a pnlmeira sobráoceira desafiava a8 e9taçoes os elementos açoutando com snaa compridas folhas e enfeitados ramos, o rancoroso furaçuo que debal- de esforçava por venccl-a: .eis quando um homem , e nrna mulher feitos peregrinos estavam a buscar asilo p8ra o senhor do Universo! o homem não disfarçava a humildade que I lie tranelusia no semblante ; a mulher qual o mais bcllo dia de primavera, trazia debaixo do seo manto, oc— coitado o syinbolo daredempção do genero humano.

Caminhando pois iuo ell-es compellidos pela oeceaaida- dc en» alcance <i' um aposeotp t^iguo de sua9 pessoas, ma8 embalde—o logar estava determinado, porém nuoera che- gada a hora em que o Deos humanado devia assombrar o orbe oom o aco nascimento; não obstante estas dilficul- dades, continuaram o$ dois e*poso9 a9 suas humildes roga- tivas, mat áe repulsas de uma a uma casa também forani continuas, com qae já sem mais recursos, se entregaram á vontade do Senhor, que adoravão—O senhor que velava aobra e8tas auas creaturaa lhes apontou para diaate aa ruina9 d'nm odificie, os consortes entraram ali,era uma rnan- jadoura! e se'abrigaram sob'e a palha para lotnar soeego da jornada looga, qnaodo de improviso a Santa Virgem exaltando oa Céos com a voz de triumpho admira uma luz divina que vem allnmiar a estancia apoz uma musica Celestial—O eaposp catão adorandu o menino, que egual nSo vira o mundn prodigaliaa-lhe suas caricias: cumpriram- sc as profecias, era um brado angélico : louvemos o Messias, repetia a Virgem Maria : adoremos o Redcmntor do mundo, continuava ajoelhando o seu espozo Jose. Convidsvão-se todos para o príncipe divino, não assentado sobre o thro- no d'Israel, ou que não ac via dos exercitas com o escudo de diamante, empunnando a espada de batalha, tuas sioi entre os braços dc Candida Virgem; tendo por berço um

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to«co madeiro coberto de feno, pnr palácio as ruínas d' urna casa, destinada a curral, com tudo os rei* o adorâo, e os coros de Anjos anuuncião p*z aos homeas!

Luiz José C. P. d' Sã. '

A LUZ MTES 1)9 SECILO XVIII. As tentativas da seiencia, ai descobertas, os gigantescos

progressos, que attraem a nossa attenção, sobre a arte de alumiar (latão de tompns rnuito próximo*—são posterio- res á 1300—não tem se não 65 annos da vida.

Pois quando alguém toma o século 19, cnmo synnnímn do século das luzes,não eonuneía, mais que uma pura ver- dade—«he uma troca d' expressões—esboçamos aqui ein poucas palavras os difiereutes modos de alumiar de que uzavuo antes do século 18.

A arte de alumiar deve a sua origem á necessidade— Quando na apparencia o so] no soo carro de magnificência, puxado pelo- aéreos cavados já fatigados durante a sua longa jornada,mergulha-se de baixo de IiorÍ3ontc;eia subi- lamente desaparece a luz de aobre o hemisfério—segue-lhe a escuridão e stiecessivãmente estamos ifuinas trevas.

Primitivamente os homens rizaram da lenha resinosa, que encontraram nos bosques para com ella se alumiarem. Até os Deoses do Paganismo não conhecerão outra luz. Quan. do Plutão raptou a Prosérpina, sua mui Ceres querendo rehavel-a, j;ara qne as trevas da nomo nãn frustassem <» seu tuieuto, aecendeo umas tiras de pinho nas lavas da cratera volcanica do monte Etna em Sicilía—Não lie ne- cessário recorrermos as fabulosas divindades do Paganis- mo. Ainda hoje existem o^ infelizes Islandeze?, que não conhecem outra luz, e que habitão n* ninas cho^is, * ajeito* u frequentes erupçõea vulcânicas.—Foram pois as florestas resinosas a primeira origem da luz artificial.

Com o tempo houve outra invenção—.& aos Egípcios, que. pertence a discuberta—Erão as lâmpadas, que coiisísiiào n* um vaso carregado simplesmente de cordura—*ste vazo era de figura oblonga com um bico. por mídesahU torcida' de fios grossos—Com estes lampadários allutntavão-fe ge-

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tosco madeiro coberto cie feno, pnr palacio as ruínas d' urna casa, destinada a curral, com tudo os reis o adorâo, e os coros de Anjos anuunciào par aos homeas !

Luiz José C. P. df Sã. '

A Ll!Z AATES 1)9 SECtlO Will.

As tentativas da sciencia, as descobertas, os gigantesco» progressos, que attraern a nossa attençào, sobre a arle de alumiar (latão dc tempos muito próximos—são posterio- res á 1800—uão tem se não 65 annos da vida.

Pois quando alguém loma o século 19, cnmo synnnirnr» do século das luzes,não ennuneia, mais que uma pura ver- dade—he uma troca d' expressões—esboçamos aqui etn poucas palavras os difiereutes modos de alumiar de que nzavuo antes do século 18.

A arte de alumiar deve a sua origem á necessidade— Quando na apparencia o sol no soo carro de magnificência, puxado pelo- aereos cavados já fatigados durante a sua longa jornada,mergulha-se dc baixo de IiorÍ3ontc;eis subi- tamente desaparece a luz dc aobre o hemisfério—segue-lhe a esenridão e succes-ivamente estamos u'urnas trevas.

Primitivamente os homens azaram da lenha resinoza, que encontraram nos bosques para com ella se alumiarem. Até os Deoses do Paganismo não conhecerão outra luz. Quan- do Plutão raptou a Proserpina, sua mui Ceres querendo rchavel-a, para que as trevas da nonte nãn frustasse tu <» seu irrteuto, accendeo umas tiras de p> 11)10 nas lavas da cratera volcanica do monte Etna em Sicilia—Não ire ne- cessário recorrermos as fabulosas divindades do Paganis- mo. Ainda hoje existem os infelizes lslandeze?, que nuo conhecem outra luz, e que habitão n* umas cho^t», sujeito» u frequentes crupçõea vulcânicas—Foram pois as florestas resinozas a primeira origem da luz artificial.

Com o tempo houve outra invenção—é aos Egípcios, que pertence a diseuberta—Erão as tampadas, que consístiuo n'11111 vaso carregado simplesmente de gordura—este vazo ' era de figura oblonga coin utn bico. por ntide sabia torcida* de fios grossos—Com estes lampadário» allu raia vão-#» gc-

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ralmente o« templos do» Pagãos—Pasmarão muitos scculos f^umiadus com esia luz; até que finalmente ohegon a vez

á resina que estava sepultada no esquecimento, mas deata vez era reduzida a velas.

Pastamos agora ao tempo de chrístianismo—forão in- tentado» os círios, de que usavam os fieis na* catacumbas para dissiparem as suas trevas na celebração dos misté- rios da Religião-»Todas a» luzes qua do dia ardem na» nossas Farejas, são o symbolo da commemoração dos tem- pos bárbaros da perseguição do chãstianismo.

Nem a todos podia aer permittido a posse das vela» de cera—custavâo muito—era necesaario fazer aeces«Íva a luz aoa pobres também—ioveutou-*e então a vela de cêbo para cconomisar—JJ* o progresso n'e»ta arie até o século IS da era cliristaâ,

A, S. R. da Conta*

Tributo de reconhecimento e veneração.

Cantando os altos feitos e o heroísmo , Eis que ouso invocar teu nome eterno, Ahl quão ardente sinto o peito terno , Excelso athleta do Christianísmo I •

Apostolo glorioso. Por te ditas nés fruamos N'este exilío, e mereçamos Avante o Céa venturoso :

Prompto acodes, Xavier, nos prantos vivos Aos milhões d'almas de remotas plagas, Que gemião sob pressão , fúrias e pragas. Sem liberdade, como vis cativos.

yalmente o« tpmplo* dos Pagãos—Pasmarão muitos séculos ».umiados com esialuz: até que finalmente ohegoti a vez

á resina que estava sepultada no esquecimeato, mas deata vez era reduzida a velas.

Pastamos agora ao tempo de chrístianismo—forão in- tentado# os cirios, de que usavam os fieis oas catacumbas para dissiparem as suas trevas na celebração dos misté- rios da Religião—Todas a» luzes qua do dia ardem nas nossas Rgrejas, suo o symbolo da cora me mo ração dos tem- pos bárbaros da perseguição do cluistianismo.

Nem a todos podia aer permittido a posse das vela» de cera—ctistavâo muito—era necessário fazer aeces#Íva a luz aoa pobres também—]oveatou-#e então a vela de cêbo para cconomisar—R* o progresso n'esta arte até o aecuío 18 da era cliristaâ,

A.S. R. da Costa.

Tributo de reconhecimento e vencraçào.

Cantando os altos feitos e o heroísmo, Eis que ouso invocar teu nome eterno, Ahl quão ardente sinto o peito terno , Excelso athleta do Chrístianismo 1 •

Apostolo glorioso. Por te ditas nós fruamos N'este exilío, e mereçamos Avante o Céo venturoso :

Prompto acodes, Xavier, nos prantos vivos Aos milhões d'almas de remotas plagas. Que gemião sob pressão , fúrias e pragas, Sem liberdade, como vis cativos.

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Apostolo glorioso etc.

Âmbito era mui excasso a vasta Hespanha, P*ra conter teus exímios dotes e alma , Vôs que alc'ra se ie aprompta a ínclita palma N'uma grande c immensa terra extranha.

O encanto da opulência, ne os regalos, Nê o seres da família a esperança, Menos os cultos d'essa rica França Ohstão a deixares tua pátria e os Gallos.

A'quem descobri; os briosos Portuguezes, Aos Iodios nas suas cousas tão fogosos, Voas alravez d'oceanos procelosos, lírtfreando fúrias suas não poucas vezes.

Corres pianos e picos escarpados , Para implantar de Ghristo o estandarte, No meio dos povos pela infernal arte E p'la barbaridade agrilhoados.

P'ío dardejante sol da índia tisnado , A' pé vastas cidades, villas, praças Andas, levand o de baptismo as graças A's nações, sem te veres descançado.

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Apostolo glorioso etc.

Âmbito era mui excasso a vasta Ilespanha, Fra conter teus exímios dotes e alma , Vès que além se te aprompta a ínclita palma N'uma grande c immensa terra extranha.

O encanto da opulência, ne os regalos, Nê o seres da família a esperança, Menos os cultos d'essa rica França Obstão a deixares tua patria e os Gallos.

A'quem descobre os briosos Portuguczes, Aos índios nas suas cousas tão fogosos, Vóas alravez d oceanos procelosos, Refreando fúrias suas não poucas vezes.

Corres pianos e picos escarpados, Para implantar de Ghristo o estandarte, No meio dos povos pela infernal arte E p'ia barbaridade agrilhoados.

P'lo dardejanle sol da índia tisnado , A' pé vastas cidades, villas, praças Andas, levand o de baptismo as graças A's naçDe s, sem te veres descançado.

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~8G

A po s lo lo glorioso etc. Hcroe invicto, fases frente ás guerras Forte, impávido e só ; os reis subjugas , Exércitos inteiros pondo prn fugas , Recebes homenagens d'altas terras.

^endo da fortaleza exemplo raro, Com constância o ardor vivo n'cmpresa, Derrocas o pagode e a fereza Do culto que prendia úm povo tao charo.

Qual do trovão o rebombo que atroa o mu^ão. Essa voz evangélica que pregas, Rápida leva á varias regiões cegas. Do mal o terror e susto profundo.

Longas trinta mil legoas percorres , E mil dusentas vezes mil pagaons Em annos dez a fé trazes, e aos chnstaons reitos qual extremoso pae soccorres.

De apostólicos ioelito modelo, Que em um dia dez mil almas'baptisas , b ao gentio esses bens prodigaiisas u>m o estupendo e tão ardente zelo,

— SG —

Apostolo glorioso etc. llcroe invicto, fases frente ás guerras Forte, impávido e só ; os reis subjugas , Exércitos inteiros pondo em fugas , Recebes homenagens d'altas terras.

4endo da fortaleza exemplo raro, Com constância o ardôr vivo o'empresa, Derrocas o pagode e a fereza Do culto que prendia um povo tão charo.

Qual do trovão o rebombo que atrôa o rnu^do, Essa voz evangélica que pregas, Rapida leva á varias regiões cégas, Do mal o terror e susto profundo.

Longas trinta mil legoas percorres , L mtl duseutas vezes mil pagaons Em annos dez a fé trazes, c aos christaons I'eitos qual extremoso pae soecorres.

De apostólicos ioelito modelo, Que em um dia dez mil almas'baptisas, E ao gentio esses bens prodigaiisas Dom o estupendo e tão ardente zèku

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Apostolo glorioso eíc.

Quem cantará a virtude em que tu brilhas? As prendas de que Christo te reveste, A tua austeridade, e a celeste Modéstia com que tanto te humilhas ?!

Xavier Taumaturgo, como cm chamas Arde teu coração por Jesus Christo 11 Thé exclamar Senhor não mats. Pouco visto He um fervor assim com que teu Dcos amas.

Ao próximo heróica caridade Consagras, hospiiaes corres e curas Males que a arte não pode, e assim procuras Mostrar ao homem o que he a humanidade

Co" assombrosos prodígios o orbe espantas, Domas os furibundos elementos, Abales esse orgulho o thé es cimentos O poder atroz do crime supplanlas.

As ressusciíações tão pasmosas, Que em cincoenta e sette mortos obras, Vivos padrões são contra as manobras Do ímpio c suas traças "ardilosas.

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Apostolo glorioso etc.

Quem cantará a virtude em que tu brilhas?! As prendas de que Christo te reveste, A tua austeridade, e a celeste Modéstia com que tanto tc humilhas ?!

Xavier Taumaturgo, como em chamas Arde teu coração por Jesus Christo II The exclamar Senhor não mais. Pouco visto He um fervôr assim com que teu Dcos amas.

Ao proximo heróica caridade Consagras, liospiiaes corres e curas Males que a arte não pode, e assim procuras Mostrar ao homem o que he a humanidade

Cõ assombrosos prodígios o orbe espantas, Domas os furibundos elementos, Abales esse orgulho o thé cs cimentos O póder atroz do crime supplanlas.

Às ressusciiaçõcs tão pasmosas, Que em cincoenta e sette mórtos obras, Vivos padrões são contra as manobras Do ímpio e suas traças ardilosas.

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Apostolo glorioso etc.

Com prompta* chuvas os povos mitigas Nas scccas, de afílietivos temporaes Salvas as náos, e as terras de fataes Pestes que as destruião desde eras antigas.

Grande tu no Oecidente e no Oriente, Do dom da profecia revestido, Do das línguas, dos mil mais, sempre tido Da Igreja ez por brazão o mais luzente.

Ao alto valor de que ez revestido Presta Filippe o grande a homenagem, Que a elle deve mais ioda a vantagem Do queao seu exercito aguerrido.

Ganha todo o valor a tua prece Lá 5 o consistório de Deos, cá na terra h no avemo a lua vóz treme e se aterra O demo que submisso a ella obedece.

Qual Abrabâo pae de tantas naçSes Vês multiplicar teus filhos em Christo Mais que as estrellas e as áreas; e nisto Assombro ez pVa futuras gerações.

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Apostolo glorioso etc.

Com prompta* chuvas os povos mitigas Nas sêccas, de afíliciivos temporaes Salvas as náos, c as terras de fataes Pestes que as destruião desde eras antigas.

Grande tu no Oecidente e no Oriente, Do dom da profecia revestido , Do das línguas, dos mil mais, sempre tido Da Igreja ez por brazão o mais luzente.

Ao alto valor de que ez revestido Presta Filippe o graade a homenagem, Que a elle deve mais toda a vantagem Do que ao seu exercito aguerrido.

Ganha todo o valor a tua prece Dá 5 o coosistorio de Deos, cá na terra D no averno a lua vdz treme e se aterra O demo que submisso a cila obedece.

Qual Abrahão pae de tantas nações Vês multiplicar teus filhos em Christo Mais que as estrellas e as areas; e nisto Assombro ez p'ra futuras gerações. t

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Apostolo glorioso ele.

Ganho o índio torrão ao Omninotcnie, Tomas? em lim o doaignio iíraudivSu De conquistar ao (lò) o poderoso Celestial império d'0ricule.

E desfazes pura ao fioi a levrres D'vos óbices, uns a voz superna Te chama em Sm'♦hão ;í nrumo ele r na Para do galardão digno gozares.

Xavier aos teus sacros Pés prostrndos, Humildes lua b-nção supiilicarros , P'ra qnc s>»b teo auxilio miraremos Ser de todos os inales preservados,

F. A. A /'Vns ds Noronha,

NEWTON. { G-U'UH.:V;.<> .!» li». 2.' )

Indagar pelo discurso novo» meios para novos fins ioi então um exclusivismo, ipr o-MIbti ao philosopho loglez,

Newton com o auxilio di-* MS.I* «luas invcnções=Zí Calcul de l'Intai t La Meihmh «es hiuiles^ projectou e conseguio penetrar ;.s <ou.phci.Hns op< mcôes da NaUtreza, e dinírar os seoí admiráveis tíL-itoá por umas espécies de progres- são.

Não parou a supremruh riji sua inleUigcncia em escrutar os arci.in-s da natureza; quu elle pci jpinlar a sua própria Geometria a força que retém os Piuoeus nus suas orbitas, e

— 89 —

Apostolo glorioso ele.

Ganho o índio torrão ao Omninotcnie, Tomas em lim o design io graodioso ])e conquistar ao Gò) o poderoso Celestial império d'Orieule.

E desfazes para ao fim a levares D'vos óbices. uns a voz stipenia Tc chama em StiHtão á ma o suo eterna Para do galardão digno gozares.

Xavier aos teus sacros Pés prostrados, Humildes lua b-neão supplier mos , P'ra qnc s>>b teo auxilio nitraremos Ser de todos os males preservados,

F. A. P. /fVins d: Noronha.

NEWTON.

( C.'U^»urv;.í> .!» it®. 2.* )

Indagar pelo discuto novos meios para novos fins ioi então úm exclusivismo, que coíbe ao philosopho ioglez.

Newton com o auxilio dn su.i* «luas invrnções=Ze Calcul de l' In tini t La Mel Iode aes Quites— projectou e conseguiu penetrar ;ts compheiuins opt rações tia Natureza, e din rur os seos admiráveis tfinitos por umas espécies de progi es- são.

Não parou a supremacia da sua intcljigencia em escrutar os arcau-s da natureza; quiz ellr perguntar a sua propua Geometria a torça que retem os Piuoetas nus suas orbitas, e

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a niãõ que os guia no seo itinerário : a com bina cão das suas experiências e obstrvaçõcs, auxiliada de suas especulações, ensinou lhe o que ella desejava saber, e clle ensinou ao mun- do, o que havia tantus annos, lhe era vedado coraprehen- der! !

Em 1637 Newton pairava no apogeo da gloria, e a par d' um astro luminoso irradiara as trevas do universo : eis quando sahiram do prelo os seos Principies Malhematicos JO- òre a Fihsopkia Natural. Ao tampo em que as intelligen- eias se desperta vão para estudar a obra, ao tempo em que se tratara dt analizar as virgulas e os pontos dessa monumen- tal produceão da sciencia humana, a imprensa periódica do Paiz em 1704 accabava de annunciar a publicação do cele- bre Tratado lia Lux edas Cores, obra que então, ninguém' teria a ousadia de sujeitar a sua critica.

Teriam as estréllas censurado a apoariçlio deste homem, que lhes quíz disputar o império do seo segredo, e queixado de Providencia que enviou ao mundo útn £<mio, que pre* tendeo devassar os arcanos, cuja inviolabilidade era garan- tida pela di.iturnidade dos séculos?

Os tcles«opioa deveram ao sábio o seo aperfeiçoamento, e o inundo não se dadignará de honrar-se, attribuiudu lhe também a invenção das suas diíFerentes espécies.

A Alemanha quiz attnhuir por muito a Lcibnitz muitas das descobertas de Newtun, mas a verd.idu que sempre fulgura ainda contra a vontade dos adversarias foi desenrola la pe- la Inglaterra ante o mundo, o a E iropa conheceo *er Leibni- tz apenas credor das honras de pablieador d'algumas das verdades indagadas por Newton a Nitureza.

Newton depois de ter sidn o luzeiro do mundo, depois de ter apresenta»lo aos homens o fae.ho de sabedoria, quiz cum- prir para com a aua pjtri-i os ifficios civia-n. O especulador de natureza oceupou dilTercrilc* cargos importantes em In* glaterra, que resenhar, seria tent itiv.i temeram, e ren ieo relevantes serviços ao seo paiz, e ainda mais nx o>iv< da moe« da,dando novos melhodos a d -fie rentes sv.3t6ni<is de iundição.

Em 7 ;3 sábios e eminentes do paiz reconVi *eti lo o por seo cabeça e mestre collo< nrain no por mn.< i.-vicei e de a aeclamação subre a cadeira de presidência da sociedade real de scieacias ; e a academia frauceza quando pensou fdzer-se

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a mão que os gula no seo itinerário : a combinação das suas experiências e obsarvações, auxiliada de suas especulações, ensinou lUe o que elle desejava saber, e elle ensinou ao mun- do, o que havia tantos annos, lhe era vedado coraprehen- der! !

Em 1687 Newton pairava no apogeo da gloria, e a pár d' um astro luminoso irradiava as trevas do universo : eis quando sahiram do prelo os seos Princípios AJalhemalicos so- brt a Filosophia Natural. Ao lampo em que as intelligrn- cias se desperta vão para estudar a obra, ao tempo cm que se tratava d* analizar as virgulas e os pontos de.-»sa monumen- tal produceão da sciencia humana, a imprensa periodica do Paiz em 1704 accabava de annunciar a publicação do eelc- bre Tratado t/a Luz c das Çórest obra que então, ninguém leria a ousadia de sujeitar a sua crítiea.

Teriam as estrélias censurado a app.trição deste homem, que lhes quiz disputar o império fio seo segredo, e queixado de Providencia que enviou ao mundo útn génio, que pre- tendeo devassar os arcanos, cuja inviolabilidade era garan- tida pela diuturnidade dns séculos?

Os tclessopioa deveram ao sábio o seo aperfeiçoamento, o o mundo não se dadignará de imnrar-se, attribuiudu lhe tambein a invenção das suas diííerentes espécies.

A Alemanha quiz attribuir por muito a Leibnitz muitas das descobertas de Newtun, mas a verdade que sempre fulgura ainda contra a vontade dos adversários foi desenrolada pe- la Inglaterra ante o mando, e a Europa conhece'» ser Leibni- tz apenas credor das honra* de publicador d algumas das verdades indagadas por Newton a Nitureza.

Newton depois de Ler sido o luzeiro do mundo, depois de ter apresentado aos homens o far.ho de sabedoria, «juiz cum- prir para com a sua Patria os officios eivieo». O especulador de natureza oceupou diíTerentes cargos importantes em In- glaterra, que resenhar, seria tentitiv.» temera ri i, e renieo relevantes serviços ao seo paiz, e aio.la mais na cisa da moe- da,dando novos melhudos a d fíVreules sv-stemas de fundição.

Em 7 ;3 sabio.se eminentes do paíz reconheceu lo o por seo cabeça e mestre colloraram no por uma c specie de a aeclamação subre a cadeira do presidência da sociedade real de sciencias ; « a academia fraueeza quando pensou fazer se

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rendez vous de todos os ta bios de Europa, o nome de New» ton occupou o primeiro logar no seo catalogo.

N;wUm era dotado d'uma physionomia agradável *, d'um ar nobre, d'nns olbos vivos c penetrantes Ao seo caracter doce, tranquillo. modesto, simples e aflfavel reunia se o es- pirito piedoso, de que elle era adnrnada : não se ouvio já mais. diz Voltaire, que este grande homem prnnuneiasse o sagrado nome de Deus, se não com um respeito religioso, ainda mais por elle conhecer como ninguém as maravilhas das obras do Crcadoí*.

Eu condemno, dizia Newton, a minha imprudência de perder uma couza real, o repouso, para correr apóz úma sombra • quereria antes confundir -me com 0 vulgo, que sujeitar 0 reman- so da minha vi a ás tempestuosas exaltações, que o espirito e a seimeia attrahem àquelles, que sacrificam o seo tocego ao renO' me da gloria

Ain la que Newton pertencia a F.grcja anglicaaa , nem com tudo, no intimo da sua alma descria na revelação", elle co» nhecia muito bem a escacez da sciencia humana, e por con- sequência a necessidade d'uma luz revelada. O comento ao Apocalipse lie uma das autlicnticas provas da sua boa fé.

Autor (1'uin sem numero d'obras, que não me he dsdo coumerar, possuiu altí a idade de 8o annos uma saúde constante \ até que chegando a'uma doença de pedra a ser incurável, c nào podendo a arte guerreai-o ás garras do tu- mulo, a morte o roubou as sciencias em 172*7, tendo de i- dade 85 annn.<.

Newton oSo deixou herdeiro algura, que lhe succcdessc no talento, elle morreo solleire, e segundo as asserções dos A v sem conhecer mulher alguma.

A Ia gl a"erra fa/.endo as honras d'um príncipe a quem o mundo as dava d'um semi-deos, o seu corpo íoi depositado na Abbadia de Vcstoinisler. Leva anu se-lhe um mausuleo, onde se lô n'um honroso epitaphio que se termina assim.

Sihi {jmtnlentir mortales, tale tantumqus extilltsse humani %tneris decus

i 'este le plus ç>and gem qui ait txi&te \ Quand tous les genies de 1'Únivers s raúnt arragés Newton tonduirait la ban- de Voltaire.

Manoel Jojé d'Abreu.

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rendez vous de todos os sábios de Europa, o nome de New* *on occupou o primeiro logar no seo catalogo.

N;*wl<m era dotado d'uma physionomia agradavel; d'um ar nobre, d'nns ulbos vivus c penetrantes Ao seo caracter dòce, tranquillo. modesto, simples e affavel reunia se o es- pirito piedoso, de que elle era adnrnado : não se ouvio já mais. diz Voltaire, que eslc grande homem prnnuneiasse o sagrado nome de Deus, se não coin úm respeito religioso, ainda mais por elle conhecer como ninguem as maratilbas das obras do Crcarlor.

Eu condemno, dizia Newton, a minha imprudência de perder uma couza real, o repouso, para correr apóz úma sombra.* quereria antes confundir-me corn 0 vulgo, que sujeitar o reman- so da minha vi a ás tempestuosas exaltações, que o espirito e a sciencia altrahem áquelles, que sacrificam o seo soetgo ao reno- me da gloria

Àin la que NVwtnn pertencia a F.grcja anglicaaa , nem com tudo, no intimo da sua alma descria na revelação; elle co- nhecia inuitu bem a escacez da sciencia humana, e por con- sequência a necessidade d'uma luz revelada. O comento ao Apocalipse lie unia das auUienticas provas da sua boa fé.

Autor d'um sem numero d'obras, que não me be dsdo eoumerar, possuiu até a idade de 8 / annos uma saúde constante ; até que chegando n'uma doença de pedra a ser incurável, c não podendo a arte guerreai-o ás garras do tu- mulo, a morte o roubou as sciencias em 1727, tendo de i- dadc 85 annn*.

Newton oãa deixou herdeiro algum, que lhe sueccdessc no talento, elle niorreo -solteire, e segundo as asserções dos A » sem conhecer mulher alguma.

A Ingla erra fazendo as honras d'um príncipe a quem o mundo as dava d'um semi-deus, o seu corpo íoi depositado na Abbadia dc Vestoinistur. Leva itnu se-lhe um mausuleo, oade se lô n'uiu honroso epitaphio que sc termina aasim.

Sibi (j rat ri lent tr mortales, tale tantumqus extiltesse humani generis decus

i 'este le plus g'and gem qui ait txiste ; Quand tous les genies de I'Univers s raúnt arrage's Newton eonduirait la ban- de Voltaire.

Manoel Joié d'Abreu.

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Regulamenlo bárbaro do 12/ século. Em 1190 qutnd» R«c*r!'i i>r*evi ie L-íío se dispu-

nha a otrtir oari \ i«.-c irirrxí 111 f r»íil*» d** tnrita e cioro mil hom«'D« oncdevi- rpnn;r a<» exercito ii«» F»*iip- pe ÂOffin.o, chefe de*l* <*ro*sid*i, elie fez nin rc^iiim^n- to de policia piri *< «mas tr.nni t qn» híam embircar. Ei« aqui o texto d--t" acto, que nó dá um» amola ide* da barbaria daquellf* Icmuns.

Io Todo aqnellr que milar onir<» abordo d'um navio. Será atado ?o coroo do que tiver morto, e coni eíle a<ri:n lar-çido ao ra^r.

2o Todo aqii"lie que matar outro em lerra 5erá da xncf* rua sorte alad > no cad-ivjT, mi -irado cmi eilc.

•*i • Todo aq»H|.> .j-ie I" : il n-Hi cunvuci I» (\r haver puxado de fao. 1 ou un^l.jucr onfa, arma pii ferir «Ignern ou que com efleito ftírir eo.n 1 líuslo de smgte, terá a uno corlad*.

4 • Todo aquela qn* ff rir •mf» c .»m * mão. ou o (Fender, sem que haja cífinS > d» sangue, -crá nergilua lo 3 vezes no mar.

5.° Todo aqnelle que -í*» servir de palavra* injurio--*»*, doesta?, pragas c .naldiçGVs »c-á condemoado a pn«ar taritas onça* *ic prata, quinta- fossem B* vezes que tiver injuriado 011 p-a^ueja !o.

o." Todo aqti*»He t|U- tiver roubado, e difsu for le<»al- rn>'utc convencido, te á 1 cabeei rn;»% ia , depois coberta d«» pez a ferver, e esf-e^aMa mnii ncniia-" ou c».t-So afim de que todos o« possam conheevr. e nc-'e estado ?erâ lan- çaiio em terra, e abmdooa 10 nu primeiro logar que se en- contrar. ,, Que deveremos jtlgar de ntn exercito,a quem era mi?tcr

iotimidar com t&in horríveis ameiços? E er» elle com- posto de chefes e moldados christáos • Mas também hc pro- vável, qnc ecmilitantes penas fossem mui poucas Tezes applicada-*. Um regulamento tão feroz devia tornar-se por i*>o mesmo menu* eíFteaz, do que ?e fora mais humano; porque está bem provado, que lanto mais cruéis são oa castigos Untp menos e fiei to produzem .

(Arch Popuh)

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Regulamento bárbaro Jo 12." século.

Em 1190 qutnd» R«c»r!<> i»r*evi ic L-íío se dispu- nha a ourtir na r i a i«íc in rr i/.i 11 i f eni*» d •• finta e cinrrt mil honvn* one ■ reurrr a<> exercito d<> F**iip- pe Àosfas.n, chefe de-l* enfrndn. e 11 e fez nm rcgfim^n- to de policia piri a* <uas trona* , qn» htan embircar. EÍ« aqui o texto d --t" acto, que nó dá um» amola ide* da barbaria daqoeilcs tempos.

1 0 Todo aqnellr que untar ontr<* abordo d'urn navio, Será atado ?o r.urpo do que tiver morto, e com eiie a* Um 131: Ç 'l d O ao fFMr,

2 o Todo aqu-lie que matar outro em lerra será da ricj« ília sorte atad > .«o cadaver, em- rrado c<<m eile.

d" lodo aq»e{j>> q•((. |«. <•,! jte q,,nvt*tici fu fje haver puxado de fac i ou iiuUqder onf* ^iiii pi'1 ferir elgnern ou q»ie com cfieito ferir cu.n > (fusío de siogte, terá a mào corlad*.

4 • Todo aqorlle qn* ferir outro c - nn .imã'», ou <i (fender, sero que haja cíUf u > do sangue, -erá nerg ilna lo 3 vezes r»o mar.

5." Todo aqnelle que «" servir de palavra* injuriosas, doestas, pragas c nal.liçíes »c-ft cofuiernoado a pagar tanta* onças <tc prata, q-iorita- fossem as vezes que tuer injuriado ou p-agueja io.

d." Todo aq>f>Ite qn» tiver rouba lo, e diss» for leal- mente convencido, te á i cabeei rn:»s ia , de|>oj8 coberta de pcj. a ferver, e ed-c;'iiia com penua* ou cot.ão afim <le que lodos o« possam conhecer, a nc-«e estado será Ian- çado em terra, e abmdooa lo no primeiro legar qUe sc en- contrar. Que deveremos julgar de nm exercito,a quem era mister

intimidar corn tain horríveis ameiç<»s? E eri elle com- posto de chefes e soldados christáos ' Mas também hc pro- vável, qne eemiiiiaotes penas fossem mui poucas vezes «pplicada*. Um regulamento tão feroz dcvja tornar-se por 5?>o mesmo menus rifieaz, do que ?e fôra mais humano; porque esta bem provado, que tanto mais cruéis são oa castigos tanto inepos eífeito produzem.

(Arch Popul.)

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quem era, se não que lhe discarregava. Sabido o cazo, cwuiri ladrão, que uzava doquelta traça para lucrar melhor no sco officio. Eila então lhe disse, quo sco tornasse a rer naquellc sitio, tivesse por infalível ura bera rijo castigo — Assim são todas as de mais historias d'almas do outro inundo.

ílec, Jorn. de Famil,

O tilSl fl*01lt<;ill.— Foi o que nio só Jnarcoo o fim do dezembro, inaa também marcou o fim do anuo del8S5 .' com tudo u nossa chronica como he de costume será do mez, e uão do aoao, que graúdas saudades não lega para oa vindouros ; mormento para o chroniaia «jue desgraçado luto com continuas e pungentes amar- garas; como sabei âo os nossos caros leitores do artigo quo segue.

O illforf HUlO.— Apenas esforçávamos a alivinr a nos- ,aa profunda mágoa, causada pela inesperada morte do nosao thio o sr. padre Domineos Manoel Fernandes*, eis se não quando a Scntinella, o apoz ella algumas cartas vem batier a nossa porta, ^vi- sando que a nossa presada prima a sr.* 1). Aurora "Efigenia Ma- ria de Mello jd não custe. Oh ! que fatalidade! quani acerbo des- tino !

Esia desgraçada que apenas faria 16 annoa da idade, c tinha II me- <iea de casada, foi nos paia sempre roubada dentro eni pouco* «ii- tiutos .* foi o csteri^mo, que t-obreveio ao parto quo murchou a essa flor tio preciosa.

Regras , regadas de copiosas lagrimas que nos brotlo do co- ração aão o único o ultimo trioofco-O/ue podemos pagar aquem dcs'do a infância foi uoHsa*cnra aioig.% piima e Lrmí, cuja saudado nós será difficil de riscar do coraçuo.

A1 111*.! ii;3<Et — Pela ligeira vUto, que passarão» cobre o Almanack que dedica a mocidade do paias o uo«so amigo o cola- borador o sr. Aleixo Justiniano Sócrates da Costa ficamos con- firmados uo conceito lisoug^iro , que formávamos deaíe ioreu es- tudioso, agourando-lbc sempre um beilo provir.

O Almnnack lio para o auno de I8c6 —.agradecendo o mimo que nos faz d'um exemplar de*ejamos cuntiiiue a cultivar e*te aeo t*l#nto«bem 1 «trás.—A graça e s variedade dos artigos do Al- maoack he a melhor recommemhi^ão ao publico.

— Va-

quem era, se nâo que lhe disearregava. Sabido o cazo, era auri ladrão, que uzava daquclla traça para lucrar melhor no seo officio. Ella então lhe disse, quo seo tornasse ai rer naquellc sitio, tivesse por infalível um bem rijo castigo — Assim são todas as de mais historias d'alanas do outro inundo.

Rec, Jorn. de Famil.

CHRONICA i 1ZI Iffiílí),

O iliil d'OlltClll-— Foi o que n2o só morcoo o fim do dezembro, mus também marcou o fim do anuo de 1855 .* com tudo u nossa chronica como he de costume será do mez, e uão do aoao, que graúdas saudades não Ioga para oa vindouros; mormento para o chronista que desgraçado 'luta com continuas e pungentes amar- goras ; como sabei âo os nossos caros leitores do artigo quo segue.

O infortúnio.— Apenas esforçávamos a aliviar a nos- ,aa profunda magoa, causada pela inesperada morte do nosso thio o sr. padre Domingos Manoel Fernandes*, eis se não quando a Sentinella, o apoz ella algumas cartas vem batter a nossa porta, «vi- sando que a nossa presada prima a sr.* 1). Aurora Efigênia Ma- ria de Mello já não existe. Oh ! que fatalidade! quam acerbo des"

I ti uo ! Esta desgraçada que apenas faria 16 armo* da idade, e tinha II me-

<zea de casada, foi noa paia sempre roubada dentro em poucos mi- untos .• foi o csterbmo, que sobreveio uo parto qe© murchou a ema flor tio preciosa.

Regras , regadas de copiosas lagrimas que tios brotlo do co- raçio aão o único o ultimo tributo -que podemos pagar aquem dcs'do a infância foi uoMsa*cara aioig.% prima e Lrinl, cuja saudado nós será difficil de riscar do coração. Allllilllilfli.— Feia ligeira vUta, que passamos 6obre o

Almanack que dedica a mocidade dopaizo uosso amigo o colla- borador o sr. Aleixo Justiniano Sócrates da Costa ficamos eoa- firmadus uo conceito lisougeiro , quo formávamos de ate joveu es- tudioso. agourando-lbc sempre um be tio provir.

O Almanack ho para o auno de 18c6 —.agradecendo o mírao que nos faz d*um exemplar desejamos continue a cultivar c«te aeo nlautoabem lettras.—Agraça e s variedade dos artigos do Al- maoack he a melhor recommendsfão ao publico.

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I"CStí8>.— Com extraordinária pompa o sr. Taumaturgo Souza e Proença solem cisou no dia 8 a festa da Nossa $r.» do Cooceiçio nu Kgrpja de Calangiite.—Entre outras cousas notava-se o priuicr r.o tecto que se arranjou a muito custo, e a musica de pondá.

IllCCliC^MO.— As noticias de Snheie cero que nós fnTorr- ceraTu o nosso* amigos e os nosso presado irmão entre outras .*ão, quo ha poiKv j t/t -o fogo a uma das lojas do betar de AíaisSo, quu ardeo cínjando tudo redundo a cim-as.

WoVtl IllSíCllíllíl.— A typfgroi hia do Ultramar rece- Leo a pouco uma macriina , que em uma hora dá 8t<0 exem- plares impressos—he a primeira desto género, que entra en.Coa. —Começou já a trabalhar.

C$*i»ttl Vf%.— O temível RojMiiiatá Bavú que por estas noutes de Dezembro ^Õ ellc Sabe qitaiita fortuna deixaria a i-ua família, do improviso vé mudada a >ua sorte, que lhe impedio o pasto. Cgr. Subdelegado da 4.» divisão de tiovns Conquista.-, qufm lhe armou a rede » e conto (l'um e>inargaMo fez deite eanoate ao carcereiro de Mergio, onde osíá ellc a excogitar nos meios de mui* maia Uma ?èz escapulir» toiiauo !

Ap<H»E<»<'íil Í3tlí»illrtílí-C—Um homem, quo cs»e- »e tratalbaiido na em Várzea, eis rept/iuiuamrnu- he attacudu de u- mi apoplecia—fora de *if cahe e momentos depois et pia.—l*'«i deeta aldeã.

Niilliclii.—O er. Francisco Fernandes, que 3 mezes Tiêra pasmar tm Côa, rccolhco-»e ha pouco paia Bombaim com tua exm.* amilia.—Desejam o&-lbee feliz viagem.

AgradecimeQlo.

A Direcçío do=.RECREiC«=-cordialmcQte agradece aos illuftres Redactores -'os jornae politicas de (»<-a as beueaol:ig e lisougeirts expressões, quo dispensaram em respeito ao I * n.«

Egoalmente agradece aos do Ultramar o S^ntinclla a eortozia, coaa que emiaram »** suas folhas , esperando CIBO pude» .orres- ponder com a mesma.

50VA-G0A : VA IMPKBJSA NACIO; l

JFCfctift. — Cora extraordinária pompa o st. Taumaturgo Souza e Proença eoletnnisou n«» dia 8 a festa da Nossa í>r.* do Conceiçlo na Egreja de Calangnte.—Entre outras cousas notava-ae o primer do tecto que se arranjou a muito custo, e a musica de pondá.

IllCeis4-tMO.— As notícias de Snlrete cero que r.ós favore- eeraiu o nossos amigOa e os nosso pre Sado irmão entre outras .*ãe, que ha poiífv J vt -ii fogo a unia das lojas do basal* de MaigSo, quu ardeo dtijaudo tudo red us id o a ciosas.

WOYíl lllíí Cllillíl-—A typcgrai liia do Ultramar rcce- Leo a pouco uma uiachiua , que erii uma hora dá 8t-0 exem- plares impressos—he a primeira besto gentio, que entra en.Coa, —Começou jú a trabalhar.

' Captura O temível Rogtniatú Bavú que por estas ncutes de Dezembro s(j t*llc Sabe quanta fortuna deixaria a >ua família, do improviso vé mudada a >ua sorte, que lhe imptdio o passo. O sr. Subdelegado da 4." divisão de novas Conquista.*4, qwm lhe armou a rede » o coins d'um oinargaHo fe z delle sagoate an carcereiro de Mergío, onde osiá elle a excogitar no» meio» de mui* xcaia uma vez escapulir, toitauo !

ApoptcCiài Í JllEI*illillííe.—Um homem, quo este- ve tratalhattdo na su< \arzt-a, eis reptmiuummiu he uttacado de u- tn» apoplecia—•fora de st, cabe e momentos depois etpra.—l«'ui desta aldea.

§ahida.—O sr. Francisco Fernandes, que 3 mezes viera passar ora Côa, iccolbco-»e ha pouco paia Bombaim com sua exm.* amilia.—Desejamos-lbes feliz viagem.

Agradecimento.

A Direcçlo do=sRECREic«=«cordialnie(ite agradece aos il!u?tres Redactores -'os jornae politicus de (Joa as bexie* olng e liaougeiíts expressões, quo dispensaram em respeito ao I * n.o

Egoalmente agradece nos do Ultramar o S^ntinclla a eortozía, co» que en» iarnm ai suas folhas , esperando cuno puder .orres- ponder com a mesma.

FOYA-GOA :—FA 1MPR 8.1 SA NACIONAL

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JOUXAL L1TTEKAUIO, lOTfTIÍO E ME.\SAl.

I>HX£CTOJl Mi IM«OI»Hl 171.4 HIO

JOAQUIM VICTOMXO DE NOROX/Ià RODRIGUES.

N.a S 1 DE MAKÇO A$NO 4866

COLLAB0RADORES.

A. A* Bernardino Fernandes—A. C. Paes de Noronha—■ A> J. Sócrates da Costa — Accacio Lobo — B. Z. Soares Pe-

res—Braz B. V. Pinto Lobo—D. T. Tasso Dias—F. Sal- vador Pinto—F. A. Frias de Noronha—Fclecissimo Lobo —

J. C. Barreto Miranda—J. António Henrique—J. Caetano de Nazareth—/. F. Napoleão Monteiro—J. F. Caraeiolo de Sá —7. U. Victor Gomes—Luiz José C. P. de Sá—Leopoldo

Cypriano de Gama—J. M. d'Abreu —N. José de Sousa.—

Pedro Cordtiro,

ML- UTTMIO, IYSTKKTIVO E MM,

l>SU£CTOIl Mi IMIOrilH IAHIO

Joaquim Vicroru.ro de Noromia Rodrigues.

N.° 5 1 DE MARÇO AtfNO *f866

COLLARORADORES.

À. A' Bernardina Fernandes—A. C. Paes de Noronha—■

A. J. Socrates da Costa — Accacio Lobo — B. Z. Soares Pe-

res—Braz B. V. Pinto Lobo—D- T. Tasso Dias — F. Sal-

vador Pinto—F. A. Frias de Noronha—Fclecissimo Lobo —

J. C. Barreto Miranda—J. Antonio Henrique—J. Caetano de

Nazareth—J. F. Napoleão Monteiro—J. F- Caraciolo de Sá

~—J. H. Victor Gomes—Luiz José C. P. de Sá—Leopoldo

Cypriano dc Gama—J. M. d'Abreu — N. José de Sousa.—

Pedro Cordeiro.

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JCVÇSTOâ3CDS39

Satura este jornal em todos os primeiros dias de cada mar.—Subacrere- ■e para clle em seguintes locaea.

ÍY<w Ilha*. Na residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro âl- to.-- Em Salcete. Em casa do Sr. Regalado Piedade Collaço, e na Phar. macia Alvares, em Margâo.—Em Bardez. Km casa dos sr$. F. A Frias de Noronha, ein Ucassaim, Caetano Manoel Riheiro , em Porvorim, Luiz José de Sá, e director deste jornal em tíiolim.— Mm Bombaim. Na residen- cia do sr. Casimiro Lobo.

A subscripçao era Goa será duas rupias adiantadas por anno, em Bom feaim, Damão, Dio e Aírica S£ chirinas.

0« artigos] nio assignados, sío do director.

Erratas mais notáveis do n.' antecedente.

Na pag. 77 lin. 4 em lugar de pode bem-=Iôa-se==podí-«—na pag. 78 lin. 12-tendo Iogar~lêa-se=fíndo tido logar=*n& pag. 79 lin. 5 comcçou«Iêa-se=£ começou este=^

Na pag. 93= A utilidade de Philosoíiaem os costumes—lêa-se— a utilidade de PhUosofia em regular os costumes—

X)o chronica No artigo infortúnio na lin. 8 faria—lêa-se—/así'a—

. .Nas linhas 2t e 23 as palavras apoplecia— lêa-se— apoplexia** At do n.° 3.o

Na pag. 66 lin. 10 Puraldo—lêa-se—flína/rfo.—

Sahirà este jornal em todos os primeiros dias de cada mez.—Subscreve - •e para clle em seguintes locaea.

Aar Ilha*. Na residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro al- to.-— Em Salcete. Em casa do Sr. Regalado Piedade Coll aço, e na Fhar» macia Alvares, em Murgão,—-Em JBardez. Em casa dos srs. F. A Frias de Noronha, em Ueassaim, Caetano Manoel Ribeiro , em Porvorim, Luiz José de Sá, e director deste jornal em Siolim.— Em Bombaim. Na residên- cia do sr. Casimiro Lobo.

A subscrípçao em Goa será duas rupias adiantadas por anuo, em Bom feaim, Damão, Dio e Africa 2 j chirinas.

Oe artigos] nio assignados, são do director.

Erratas mais notáveis do n."

antecedente.

Na pag, 77 lín. 4 em lugar de pode bem-^léa-se^poda-j^-«na pag. 78 iin. 12-tendo logar=lêa-se=fínrfo tido logar=*n& pag. 79 lín. 5 comcçou«=»Iêa-se=e começou este=—

Na pag. 93=a utilidade de PhiJosofiaem os costumes—lêa-se— a utilidade de Philosofia em regular os costumes—

Do chronica No artigo infortúnio na lin. 8 faria—lêa-se—fasta-'

„ Nas linhas 2t e 23 as palavras apoplecia— lêa-se— apoplexia** At do n.° 3.o

Na pag. $0 lín. 19 Puraldo—lêa-se—Rinaldo.—

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<s

O CASTELLO DF XAVIER.

(continuação-do n/ antecedente.)

d optando a opinião doa hiatoiiadores de „ S.Francisco, que affirmaai que oCas- f? tello de Xavier já a mais de tresentoe

annna antea do seu nascimento era pro- priedade da ?ua ca*a, e por cnnvenoer-

. me que está bem fundamentado D uma nota o parecer do Maatra escriptor íraocez , a^oajas dou- trinas tenho me cindido; as^ei que o Ca.te]lo foi doado ao Senhor Aznare* por D Affooço VI rey de Leão e de Castello. Nâo faltam, porém, escnptore^que «e guram, que eram mais de duzeotoa aooos, e nao mais de treseatoa que este solar fasia parte do patr.monio da fa- «iaÀspHcaata de Aznarez,e Xavier antes que oaacesee D. Frauci.co de Jawo : estea, um «os quaea h. o Sr^ Padre ArtMa, ,o»lent.in que Thiobod I que leiooo em Navarra desde 1234 até 1253, fae quem fizar. aquella conce-So a fjmi.ia de Azaarcz cm contemplação doa *eue

dislinctoa serviçoa. rtTiOPm do De todo, «tee algariamos colhge-se que « origemdo

CM.11. de Xavier remonta-ao* P»'"f»» "^A"^,, a.li-in. , sendo en.So á situação d'elle e de todaea. terras e fortaleza, que constituíam o feudo de A««t«, no norte d„ reioo de Aragão, oâo muito looge do .10

Ú'Z quê™ vai * extremidade 0-ien.al.da Navarre, H... panbola, e , atravessando a pequena villa £ S»g"»Vê e,.llnca.so no «lie de Eb,r , que pouco.áuUdlia , diante de ai altivamente e.an.ada uma '^a eaearo da, qui no alto cioge.s» d'um» íomleí». Abr.gada p.i

O CASTELLO DF XAVIER.

(continuação do n.* antecedente.)

d optando aopiniSo doa historiadores de S. Francisco, que aífirroaoi que oCas- te lio de Xavier já a mais de wesentos

I® annns antes do seu nascimento era pro- Jg priedade da sua casa, e por convencer-

sÍ^\íjl7W&« tne que está bem fundamentado n uma nota o par.car rio illnatra escriplor fraocez , a oujasdou- trina, tenho me cingido; assevere. que o C.slullo foi doado ao Senhor Aznarez por D. Adoeço VI «y de Leao e de Castello. Nio faltam, porém, e eriplores_que asse guram, que eram ma., de duzentos aooos, e não ma s do treseotoa que e-te solar fasta parte do património da fa- milia Aspilcuela de Aznarez,o Xavier antes D. Francisco de Jasso: esto», um dos quaes he o Sr^ Padre Artola, .ostentam que Thtobod I que remou et» Navarra desde 1234 olé 1253, he quem flliar. aq11* concessão a família de Azoarcz cm contemplação dos seus distinctos serviços. MÍO(im do

De todo? cstea algarismos colhge-9® q 8 - Castello do Xavier remonta-aos primeiros lfmPos d" e"e

dali no , sen lo cnlão situação d'elle e de todos a. terras e fortalezas que conslilniam o feudo de Aznarez no norte do reino de Aragão, não muito looge do .to

''cl: quem'vai d extremidade Oriental d. Navarra He.- panhola, e, atravessando a pequena l a d'e°la vê collnca-sono val e de Ebar , que pouco^ d«l i d lia. s diante do .1 altivamente evented. uma rocha■ da, que no alto cinge-!» d uma fortaleaa. Ag

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l'ireneo?t c pn>ta como uma sentinella avançada sobre os confins de Navarra, pirecc guardar asna eutrula , e defender o Aragão de ultrapassar os seus limites. As amêjas cuja plataforma he eereada, as besteiras de suas íolidas muralhas, es setteira* da roeha dura que f?rma a aoa fortificação, bem mostram oje os assaltos que leve a sustentar no tempo em que cada «m de vários sobe- raDos qne reinavam na velha He apanha, se achava eons. taniemente cm guerra eom os reis visinhos. E«ta antiga habitação eollocada ahi como um ninho de águias , não he aceessivcl , senão por meio de uma rampa natural, qoe termina no primeiro andar euja pnrta he chapeada de leiro. Do lado oppo»to de?ce*se para o andar inferior , no valle em que uma egieja e algumas habitações em pe- queno numero eompoem n aldêa dependente de caste- larua. físta fortaleza he o Castello de Xavier.

^ He ellc ao presente o que era no atioo 1524, em que D. Francisco se ausentava para sempre do grémio de sua «arnilia. A capella *e-vê ainda oje eonservrula da forma eemo era no tempo em que a ditosa e triste inãy do nosso Apostolo ia ahi ganhar novas forças para roislir as angustias que lhe cansava a ausência do sen querido filho, e agradecer ao Senhor os benefieios teecbidos. Q '• *» "51'iuci.ci au oL-uuui os yenviicioíi icecoiuoí, v^ croeifixo ^e aeha DO lugar em que D. Francisco o deixou : o sangne que se coagulara no dia em qne o SíIHO sobira

:a para a mansão de justos, vê se ahi distinetamente.

A enirada, porém <fe*ta Capella se aeha vedada para o publico : e quando alguém periende contemplar o pre- èioao crucifixo, requer auetoriaação especial. Crê-ee que esta prohtbiçSo foi motivada pela temeridade piedosa, lerados da qual os devotos tiravam ao erueifixo bocadi- nhos do sangue coagulado, para eonserval-o nos seus lares como paládio familiar: a excomunhão com qne o Bispo da Cidade de Pamplona (que do Castello dista sette legoas) tinha querido conter este exeesso tia piedade, não devia ter sido bastante para evitar o total desapa» recimento d'esta sacratíssima e monumental reliqaia.

Com tudo o publico tem ahi perto outra capella que o devia completamente ter satisfeito nas suas fervorosas visita!». A carnera onde D. Francisco naçceo he a que e©

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I'ireneos, e posta cnmo uma sentinelia avançada sobre os confins de Navarra, pirecc guardar asna eutrula , e defender o Aragão de ultrapassar os sens limites. As amêjas cuja plataforma he eereada, as besteiras de suas solidas muralhas, as setteira* da roeha dura que forma a aua fortificação, bem mostram oje os assaltos que teve a sustentar no tempo em que cadi «m de vários sobe- ranos que reinavam na velha Hespanha, se achava eons, tanternente cm guerra com os reis visinhos. E*ta antiga habitação eollocada ahi como um ninho de aguias , não he aceessivcl , senão por meio de urna rampa natural, que termina no primeiro andar cuja pnrta he chapeada de ferro. Do lado opposio desce*se para o andar inferior , no valle em que uma egieja e algumas habitações em pe- queno mirnero eouipoem a aldêa dependente de caste- lania, Esta fortaleza he o Castello de Xavier.

^ He elle ao presente o que era no auoo Í524fern que D. Francisco se ausentava para sempre do grémio de sua família. A capella se-vê ainda oje eonservada da forma eemo era tto tetnpo em que a ditosa e triste inãy do nosso Apostolo ía ahi ganhar novas forças para resistir «s angustias que lhe cansava a ausência do se\i querido filho, e agradecer ao Senhor os benefieios recebidos, Q crucifixo se acha do lugar ein qiie D Francisco o deixou : o sangue que se coagulara no dia em que o Síouj subira para a mansão de justos, vê se ahi distinetamente.

A entrada, porésn d'esta Capella se acha vedada para o publico : e quando alguém periende contemplar o pre- cioao crueifixo, requer auetorisação especial. Crê-se que esta prohtbição foi motivada pela temeridade piedosa, levados da qual os devotns tiravam ao crucifixo bocadi- nhos do sangue eoagulado, para conservai—o nos seua lares como paladio familiar: a excomunhão eom que o Bispo da Cidade de Pamplona (que do Castello dista selte legoas) tinha querido eonier este excesso tia piedade, não devia ter sido bastante para cvjiar o total desapa- recimento d'esta sacratíssima e monumental relíquia.

Com tudo o publico tem ahi perto outra capella que o devia completamente ter satisfeito nas suas fervoroaas visitai», A camera onde D. Francisco naseeo lie a que sa

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acha ft]e elevada pela requisição da sua família áqnella eathegoria da capell* : he aqui que os romeiro3 de di- versas parle*, e de dilfereoies cla.-ses, sem cont* e aem interrupção, entram com toda a liberdade para deposi- tar at»a pés da imagem do Santo e no lugar em que elle nasceu, as homenagens sinceras do coito que lhe dedi- cam ; especialmente 03 N-*varr«í que o tem por seu Pa- droeiro, e que de perto sabem que se acha ligada a este lug*r a memoria de inn.umeros milagres.

M-às circunstanciada noticia do Castello dâ-noa o re- latório de R. P. ArtoU da companhia de Jesus, residente em Loyola que em 1351 fez sob e o sen autuai entíTTo, e dirigto ao R. P. Alari* da m^sma Companhia , reitor da casa de Lavai ; he como segue :

,, !.• Xavier he unia pequena Villa de dezselte casas, e de quasi um etnto de h&bitaotus : tem tomado o nome do Ca*tello que he cercado d'e.-tas casas , as quacs ao tem- po do feu talismo eram Inbilitatias pela gente do mesmo Castello. A Villa de Xaxicr he situada no valle de Ebar, que atravessa o rio Aragão; tem nina pequena Egreja parochial dedicada*a nossa Senhora de Assumpção, e he dirigida poriim cura de segunda ciasse, que na Hespa- nha se chama vigário : os habitantes tem de mais a ca, pella publica do Castello.

»,2.°0 0dstello deXvicr era ontr'ora a habitação da mui illustre família de D João de Jasso , Sanhor de Idociío, favorito i\o rey de Navarra D Jo3u III, presidente do seu conselho;' c seu emb lixador extraordinário junto do rey Cathobco: linha-se cazado com D. Muna de Aspilcueta o Xavier descendente u'oma-familia das mais distinctas de Navarra.

O ultimo filho d'este easamento foi Francisco, a qnem te deo o nome illustre da sua inãi, para que não ficaeao extinetu na pessoi de D. Maria. Fiancisco nasceu no Cas- tello de Xavier.

Esta antiga habitação, situada ao pé dos Pirineos, foi doada pelo rey Tlbod, em recompensa de assignajadoa aerviços a família de Xavier que a tem habitado mais de trea séculos. Está perfettamenj-e conservada, muito melhor dv que a de Loyola, e vc-ae ainda oje tôl qual

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acha rije elevada pela requisição da sua familia áqnella caihegoria da capell* ; he aqui que os romeiro3 de di- versas parte*» e de diflereotes classes, sem conta e aem interrupção, entram com toda a liberdade para deposi- tar aoa pés da imagem do Santo e no lugar em que elle nasceo, as homenagens sinceras do eolto que lhe dedí- cam; especialmente os Navarros que o tem por seu Pa- droeiro, e que de perto sabem que se acha ligada a esta lugar a memoria de inn.umer<»s milagres.

circunstanciada noticia do Castello dá-nos o re- latório de R. P. ArtoU da companhia de Jesus, residente em Loyola que em 1351 fez so-b e o sen autuai estado, e dirigio ao R. P. Mari* da mesma Companhia , reitor da casa de Laval ; lie como segue :

,s 1.* Xavier he uma pequena Villa de dezseite casas, e de quasi uni c«nto de habitantes: tem tomado o nome do Castello que he cercado d'e.-tas casas, as quaes ao tem- po do feu talismo eram habilitadas pela gente 'lo mesmo Castello. A Villa de Xa\icr he situada no valle de Ebar, que atravessa o rio Aragão; tem urna pequena Egreja parochial dedicada'a nossa Senhora de Assumpção, e he dirigida por rim cura de segunda ciasse , que na Hespa. nha se chama vigário : os habitantes tem de mais a ca, pella publica do Castello.

»»2.° 0 Castello dc Xv icr era ontr'ora a habitação da mui illusUe família de 13 João de Jasso , Senilor de Idociio, favorito do rey de Navarra D- João Hl, presidente do seu conselho;' c seu ciublixador extraordinário junto do rey Catholico: tinha-se cazado com D. Muna de Aspilcueta o Xavier descendente iPoma-familia das mais distinctas de Navarra.

O ultimo filho d'este casamento foi Francisco, a qnem ee deo o nome i 11 uatro da sua rnãí» para que não ficasao extinbtu na pessoa de D. iMaria. Ftancisco nasceu no Cas- tello dc Xavier.

Esta antiga habitaçãu, situada ao pé dos Pirineos, foi doada pelo rey Tlbod, em recompensa de assignajadoa aerviços a familia de Xavier que a tem habitado tnats de trea séculos» Está perfettamen>e conservada, muito melhor do que a de Loyola, e vc—ae ainda oje te 1 qual

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era ao tempo de S. Francisco. As amejaa , aa solteiras aa b-at?iras que ahi ae dividam., constituem o que se cha- ma fortaleza de e Jade media. A entrada nâo he a rei da terra, mae no principio andar. OOasielio he fabricado ni> alto a'oma rocha que elevaodo»se gradualmente forma uma rampa por onde sa sobe até a entrada. A porta he estreita e guarnecida de ferro.

Ào preaente o castello de Xavier pertence ao Duque da Granada de Ega, que em consequência de alianças òa aua família com a de Xavier, tem vindo a aer seo legi- timo herdeiro.

,, O crucifixo milagroso qnc so»va sangue em todaa aa sextas feiras, e todas as vezes que S. Francisco de Xa- vier provava aa maiores fadigas, he guardado no oratório da antiga capella do Caatrilo. Esta capella he pequena, tem uma tribuna que pode conter cirico 011 seis pessoas, e uin altar sobre o qual acha«se collocado o crucifixo n'uma especio de nicho ou armário de vi iro, a fim de preserval-o da poeira ; traz eila todos os caracteres d'um« remota antiguidade. Subindo ao altar, e fazendo«me al« lumiar por que a capella he pouco sombria, tenho exami- nado com uma escrupuloza attenÇão , e notado que de cabeça aos pés ha linhas da côr morena, como as qne 8e teriam formado do sangue coagulado. Em alguna loga- res estaa linhas são interrompidas; o verniz, e a côr de que o crucifixo (que he do páo) era pintado, tem desa- parecido : com tudo pode-se bem veiíficar o curso que tomava o aangue , quando corria.

Eis o que eu tenho visto, o que se chama visto, por meus proprioa olhoa visto-

„ 3," E?ta capella não he franqueada ao publico, nem mesmo tem culto. O Santo aacrificio da missa he celebra- do n'uma outra capella , erigida mais tarde na parle bai- xa do Castello, e dedicada a S- Francisco de Xavier. Um capeilão ou o esmoler he estipendiado pelo Duque de Gra- nada, com o unico fim de continuar o cnlto no lug*r em que o Santo uaaceo. He esta a capella que he visitada pelos peregrinos. Uns quatro bons qnadroa representara flhi muito8 paasos tia vida do Apostolo da índia.

. .., 4.q A fonte baptismal, em que S. Francisco de Xavier

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era ao tempo de S. Franeisco. As amejaa , aa solteiras* aa b-stnras que ahl ae dividam, constituem o que se cha- ma fortaleza de eJade media. À entrada não he a rez da terra, mas no principio andar. OOasielio he fabricado nt> alto o'oma rocha que elevaodo-se gradualmente forma uma rampa por onde sa sobe até a entrada. A porta he estreita e guarnecida de ferro.

Ào presente o castelio de Xavier pertence ao Duque da Granada de Ega, que em consequência de alianças da ena família com a de Xavier, tern vindo a aer seo legi- timo herdeiro.

,, O crucifixo milagroso qnc soiva sangue em todaa as sextas feiras, e todas as vezes que S. Francisco de Xa- vier provava aa maiores fadigas, he guardado no oratorio da antiga capella do Castello. Esta capella he pequena, tem uma tribuna que pode conter cinco ou seis pessoas, e um altar sobre o qual acha-se çollocado o crucifixo n'urna especio de nicho ou armario de vi iro, a fim de preserval-o da poeira : traz eila todos os caracteres d'uma remota antiguidade. Subindo ao altar, e fa2endo«me al- lumíar por que a capella he pouco sombria, teoho exami- nado com uma escrupuloza attenção , e notado que de cabeça aos pés ha linhas da cor morena, como as qne se leriam formado do sangue coagulado. Em alguns Ioga— res estas linhas são interrompidas; o verniz, e a côr de que o crucifixo (que he do páo) era pintado, tem desa- parecido: com tudo pode-se bem veiificar o curso que tomava o sangue, quando corria.

Eis o que eu tenho visto, o que se chama visto, por meus próprios olhos visto•

„ 3." Esta capella não he franqueada ao publico, nem mesmo tem culto. O Santo sacrificío da missa he celebra- do D'uma outra capella , erigida mais tarde na parle b*i-

-xa do Castello, e dedicada a S- Francisco de Xavier- Um eapellão ou o esmoler he estipendiado pelo Duque de Gra- nada, com o nnico fim de continuar o cnlto no lug^r em que o Santo uasceo. He esta a capella que he visitada pelos peregrinos. Uos quatro bons quadros representam ohí muitoa passos da vida do Apostolo da índia.

. ., 4," A fonte baptismal, em que S. Francisco de Xavier

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foi hsptizadn, existe ainda na Egreja parochial da aldeã: he mais ornada que aquella em que S- Ignacio recebeo o baptiamo em Azpeitia , ainda que durante as guerras pustemadaa contra Napoleão 1.*, os soldadna francezea subtrahiram as chapas cle porta que a cobriam : vê-ae aa barras de ferro e de chumbo que aa traziam fixas a tampa: esta lampa de pedra existe ainda.

„ Ha aemnre no paiz uma grande devoção a S. Fran- cisco Xavier: e he em todas as occasiões invocado com confiança mormente de numerosos romeiros que vâo vi- fitar a capella publica do castello. Noa arredores de Loyo. la da-se no baptismo por segando nome a todos oa filhoa, o nome de Ignacio : e noa arredores de Xavier da»se-lbea o de Xavier. Todos os filhoa se chamam José Xavier, Pe« dro Xavier, António Xavier ele.

„ A novena de S. Francisco de Xavier faz-ae, com poocas excepções», em todaa as porochiaa de Navarra de qae he patron». A guerra civil havia feito cahir este nso, maa renovou-se ao depois.

„ No claustro da cathedral de Pamplona se vê ainda o epitáfio do doutor Jerónimo Garcez (maia cenhecido pelo nome de mestre Frago ) doutor na theologia no coL legio de Sorbona, e professor de S. Francisco de Xavier, c de S. Ignacio de Loyola. Mestre Frago tnorreo pouco de- poia de ter aido nomeado cónego da cathedral de Pam- plona»

S. Francisco de Xavier nomeado cónego da mesma ca- thedral e no meamo tempo, não acceitou este cargo, como o seu professor ; e n'esta occaaiSo escreveo duas cartaa de agradecimento ao Cabido. Estaa cartas ficam ainda inéditas, e lem escapada aa diligencias e indagações do P. Roque Menchaca para completar a sua preciosa e exacta collecçáo das cartas do nosso Santo publicadas em Bolonha.

^ Contiuúa.)

F. A. P. Frias de Ncrodha.

foi bsptizadn, existe ainda na Egreja parochial da aldea: he mais ornada que aquella em que S- Ignacio recebeo o baptismo em Azpeitia , ainda que durante as guerras sustentadas contra Napoleão 1.*, os soldadna francexea subtraliiram as chapas de porta que a cobriam : vê-ae aa barras de ferro e de chumbo que aa traziam fixas a tampa: esta tampa de pedra existe ainda.

„ Ha aemnre no paiz uma grande devoção a S. Fran- eisco Xavier: e he em tudas aa oceasioes invocado com confiança mormente de numerosos romeiros que vão vi- sitar a capella publica do Castello. Nos arredores de Loyo* la da-se oo baptismo por segando nome a lodos oa filhoa, o nome de Ignacio : e nos arredores de Xavier da»se-lbea o de Xavier.Todos 03 filhoa se chamam José Xavier, Pe- dro Xavier, Antonio Xavier etc.

„ A novena de S. Francisco de Xavier faz-se, com poocas excepções, em todaa as porochiaa de Navarra de qoe he patrono. A guerra civil havia feito cahir este nso, maa renovnu-se ao depois.

„ No claustro da cathedral de Pamplona se vê ainda o epitáfio do doutor Jerónimo Garcez ( maia cenhecido pelo nome de mestre Frago) doutor na theologia no col. legio de Sorbona, e professar de S. Francisco de Xavier, c de S. Ignacio de Loyola. Mestre Frago tnorreo pouco de- pois dc ter aido numeado conego da cathedral de Pam- plona,

S. Francisco de Xavier nomeado conego da mesma ca- thedral e no meamo tempo, não acceitou este cargo, como o seu professor j e n'esta occaaião escreveo duas cartaa de agradecimento ao Cabido. Estas cartas ficam ainda inéditas, e tem escapada aa diligencias e indagações do P. Roque Menchaca para completar a sua preciosa e exacta collecçáo das cartas do nosso Santo publicada» em Bolonha.

( Contiuúa.)

F. A. P. Frias de Norodha.

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CRENÇAS POPULARES. A historia doa oovns fornece rnnit.u exeraploa de es-

pecialidades, que respectivamente a eada um be ditiicil, se não impossível eompendiar. t

Correi a Europa t era eada ura» das suas cidade., e Villa.s e ainda nos loSarejos ma.s nb-euro?, vereis pre- dominarem nos povo* idcas mpor.iici.iaa*., mais Oú me- nos absurdas» , ■ ;

Se isto acontece na parte do mundo, em que a ci»i- lisaçâo lem feito alto., progresso-, o qne nKo devera «crni- tecer na A-ia, onde a educado religiosa o habitou in- veterados são origem fecunda de tantas ideas suf.cratw

ciosas.' . ■ • i Y A nenhum povo ?e pode fazer a II.J.I8<IYI de avaliar a

aua iiluMr^ção por essas crenças populares, que os pio- prio3 que por ellas são dominado*, reconhecem como absurda*. , . ...

Temos vÍ*to e conhecemos de p,.rto cavalheiros IIHH- trado?, que riSo einprvh*nd"io negociei al«um importante nas sextas feiras. Conhecemos onlroí q«e regulão « fu- turo êxito d'alguma empresa, mesmo insignificante, se- gundo que ella íôr começada em certo* dias, e ccuaa horas, e tratadas com ceitis determinadas peiwoas.

Estamos porém, loiítfe de fasermo* a menor injustiça n illustração des-cs cavalheiros, aquém taea crens-is nao podem nunca sequestrar os foros d'homens de boa so- ciedade. ... *

Os festejos que neste paiz se fazem por occ^iao <io sexto dia de nascimento «'urna creanca, são na classe dos gentios, con iderados cumo um fmte preservativo contra es duendes ou vento ruim, que 03 gentios eha- mâo sotvi; mas entre os christãos. salvas raras excep. çues, e e«tas também qne <?e encontra» n ínfima plebe; o sexto dU he aproveitado para reuniío de parentes e amigos para festejar o inciin*nto, sem outra intençS* que aquella que nos leva a goKir das venturas denta vida.

Como a do sexto dia, outras crençi- e^ualmente ou mais abso das tem os gentio?, e, he forçoso euntessar, muitos delles as abservão só por um habito 011 p*r q't*

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CRENÇAS POPULARES.

A. historia dos oovos fornece muitos exemplos de es- pecialidades, que respectivamente a eada um he diHicil, §e não impossível eompendiar. .

Correi a Europa e era eada uma das suas cidades, e Villas, e ainda nos logarejos ma*" ob-eon»**, vereis pre- dominarem nos povos ideas suportúeiuaas., mais ou ine- iios absurda?» , ...

Se isio acontece na parte do mundo, cm que b ci ligação iem feito altos progresso-, o que nSo devera acon- tecer na A-ia, onde a educação religiosa e hábitos in- veterados são origem fecunda de tantas ideas auf.crsti- ciosas' . . . , Y

A nenhum povo ?e pode fazer a ii.juauçi de avaliar a aua iilustrição por essas crenças populares, que os pio- prios que por ellas são dominados, reconhecem como absurda-, . ...

Temos vi«to e conhecemos de perto cavalheiro# tutu- trado?, que nSo einpr^hend»»io negocio algum importante nas sextas feiras. Conhecemos outros que regulão o fu. turo êxito d'alguma empresa, mesmo insignificante, se- gundo que ella for eomeçach em certos dias, e cenas horas, e tratadas com ceitis determinadas pessoas.

Estamo-, porém, loiitfe de fasenno* a menor injustiça n illustraçào des-cs cavalheiros, aquém taea ereucts nao podem nunca sequestrar os foros d'homens de boa so- ciedade. ., «

Os festejos que neste paiz ?e fazem por occasiao <10 sexto dia de nascimento «'urna ereanca, são na classe dos gentios, eon iderados como wn forte preservativo contra cs duendes ou vento ruim, que 03 g-Miti»»" eha- mão solvi; mas entre os chrislàus, .-alvas raras excep. çues, e estas também que se encontra > n inuma plebe ; o sexto dia he aproveitado para reunião de par m '* e

amigos para festejar o n-i cimento, sem outra intenda que aquella que nos leva a gu*ar das venturas desta vida.

Como a do sexto dia, outras crença egualniente ou maia absordas tem os gentios, e, he forçoso euntessar, muitos delles as abservão só por una habito ou pur q'te

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as reccbeiâo (1'antigas tradiçGens ; mas na classe chris- lâ não sabemos, que haja mniiaa sopcrsliçoena reprehen- siveia ; pelo contrario se compararmos a nossa socieda- de com algumas outras e sobre indo a diflerença da illnslraeão*drsla c dfiqnella, não podemos deixar d'ad- iniiarmõs, que Goa cs-teja Ião desabusada neste ponio.

Que us homens illusirados de^ta lerra—que 09 que desejão o seo progresso moral se esforcem por disa- rei«ar o que de supersticioso ha noa costumei destes povo», e o que a Religião não tem pudído fazer, he o que bincerainente dc-ejamo?.

UMA LIGEIRA VISTA SOBUE TORQUATO TASSO.

(continuarão do n.°3/) Tasso nutrindo, depois da ena sabida, uma esperança

firme, de que enconlraria o deeejido lenitivo para tão acerbas dores, que o atormentavão, coberto d'uns trajes groeseitos, dirigio-se para Sorrenlo, onde era casada a sua irmam.

Não encontrou o abrigo e descanço, que, de ha muiin ♦era anciosamente aníielado pelo poeta» pois a irmam ja era fallecida.

Depois deslc encadeamento de infortúnio? a poz um lastiinoao eoíTrimenlo de fome, Tasso já reduzido a ol- limoa apuros, regresson para Ferrara, a fim de reclamar o seo precioso cabedal, que todo consistia em papeia manuscriptos, que ahi lhe haviuo ficado. Desprezando o Duque, indusido pelo seo Secretario este justo pedido, teve aié a crueldade de tlasaifical-o como doudu c man- »lal-o encerrar no hospital de orates de S. Anna debiixo de 'Miarda, e traial-o como frenético c íuiioao.

E^ntrc tanto o seo trabalho poctico intitulado=JtT«ía- Um Libertada='yd havia aparecidu á luz. Innumcroa fa- rão oa elogios e encómios, dispensados ao author, que gemia 9ob°um duro c peeado cativeiro, cm que era du- ramente iratado, como ellc mesmo n'nma epistola refe- re—Em fim depuia de 7 anuoa de perseguições, foi lhe

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as recebeiao d'antigas tradiçuens ; mas na clasie chris» lã não sabemos, que haja mnilaa supcrsliçoena reprehen- sjveid ; pelo contrario se compararmos a nossa socieda- de coin al"Uinas outras e sobre tudo a difTcrença da illnslraoão^dcsta e daqnella, não podemos deixar d'ad- inirarmoy, que Goa esteja tão desabusada neste ponto.

Que os homens illustrados de?ta lerra—que 09 que desrjão o sco progresso moral se esforcem por disa- rei«ar o que de supersticioso ha noa costumes destea povo-, c o que a Religião não tem pudído fazer, he o que hinceramente dc-ejamo?.

UMA LIGEIRA VISTA SOBIIE TORQUATO TASSO.

(continuarão do n.°3.*)

Tasso nutrindo, depois da eua sahida, csPer

firme, de que encontraria o desejido lenitivo para tão acerbas dores, que o atormentavão, coberto d'uns trajes grosseiros, dirigio-se para Sorrento, onde era casada a sua irmam.

Não encontrou o abrigo e descanço, que, de ha muito era ancíosamente anhelado pelo poeia, pois a irmam ja era failecida.

Depois deste encadeamento de infortúnio* a poz um lastiinoao eoífrimenlo dc íome, Tasso já reduzido a úl- timos apuros, regressou para Ferrara, a fim de reclamar <» seo precioso cabedal, que todo consistia ein papeia manuscriptos, que ahi lhe haviuo ficado. Desprezando o Duque, indusido pelo seo Secretario este justo pedido, teve até a crueldade de clasaifical-o como doudo c man- dai—o encerrar no hospital de orates de S. Anna debaixo dc "uarda, e itaiaUo como frenelíeo c íurioao.

Entro tanto o soo trabalho poctico intitulado=Jt-rKict» lan LibertaUa=yd havia aparecidu á luz. Innumeros fo- rão oa elogios e encomios, dispensados ao author, que gemia 9ob°um duro c pcaado cativeiro, cm que era du- ramente tratado, como ellc mesmo n'tima epistola refe- re—Em fim deputa de 7 anuoa de perseguições, foi lhe

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— roo — concedida a liberdade com grandes empenhos dos corte, zaõos do Duque, cuja raiva difficilmente se abrandou.

T.a^so dcíigindo-se para Mantna, onde fixou a sua residência, compuz e publicou o poema intiiuiado^Je- rmaiem Conquistadas

Decorridos assim 20 annos de humilhaçoens, foi cha- mado a Koma pelo Papa Clemente VIU, qoe crn ama congregação de Cardeaea resolven dar-lhe a coiôi de loiro. Immenso era o povo atulhado para a entrada do poeta em Roma. A recepção foi feita pelos dous sobii- nhos do pontífice. Kntrou Torquato Tasso no camorote do papa, que lhe disse o seguinte—Eu desejo, que vos honreis a coroa de íoirOt qi>e até aqui tem honrado aquelles, que a receberão— Furão encarregados da ceremonia da coroação os doos Cardcaes AMonibradjoos, mas como a fortuna sempre tinha zombado* eile desta feita não quiz estar longe. Tasso pereceo na véspera da coroaçíío»

Torqoaio Tasso naceo aos 11 de Março de 1544 e rnorreo aos 15 de Abril de luOõ lendo 51 annos de Hade. J. .F> Caraciolo de Sã.

KOMANCK A FATALIDADE.

I,

No ti cr c dum nisi videro

, E' nouie, e estamos cá, no limiar d'uma casa'de pensamentos a- troze*.

Não me crôs na fatalidade das grandes intelligeneias, e das vo- cações generosas. E' sublime a tua fc no progresso da humanidade, minha amiga. Uevelas a alma cândida, e virgem da donzclla, que abraça com fervor as flores da existência sem atinar com o veneno que exliattii», e os. espinhos, que as cercam ; c oxalá que nessa al- ma tam !)ella nunca tecotrasoC a noute do deseugano.

r LembreMc o largo catalogo de exemplos dolorosos, retirei a cur- ti na dos tempos atráz, para mostrar-tc. . Sócrates entre as agonias do partir o coração. —CatãVexamman- do a ponta d'çspada, para não assistir, de braços cruzados, aos fu-

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concedida a liberdade com grandes empenhos dos corte, zaoos do Duque, cuja raiva difficilniente se abrandou.

Ta$so dctigindo-se para Mantua, onde fixou a sua residência, compfiz e publicou o poema intiiuiado=</e- ruzalem Conquistadas=

Decorridos assim 20 annos de humilhaçôeng, foi cha- mado a lioma pelo Papa Clemente VIU, qac cin uma congregaçâu do Cardeaes resolver» dar-lhe a eoiôi dc loiro, Immenso era o povo atulhado para a entrada do poeta em Roma. A recepção foi feita pelos dons sobri- nhos do pontífice. Entrou Torquato Tasso no camorote do papa, que lhe disse o seguinte—Eu desejo, que vos honreis a côroa de loiro, que até aqui tem honrado aquelles, que a receberão—Furão encarregados da ceremonia da coroação os doos Cardeaes Aldonibradinos, mas como a fortuna sempre tinha zombado' elle desta feita não quiz estar longe. Tasso pert-ceo na vespera da coroação»

Torqtzato Tasso naceo aos II dc Março dc 1544 e morreo aos 15 de Abril de 1505 lendo 51 annos de i lade. J. .F- Caraciolo de Sã.

KOMANCE t A FATALIDADE.

I.

Aro« crcdum nisi t 'ukro

, E' noule, e estamos cá, no limiar d'uma easa'de pensamentos a- trazes.

Não me crôs na fatalidade das grandes intclligeneias, e das vo- cações generosas. E' sublime a tua fc no progresso da humanidade, minha amiga. Itevelas a alma caodida, c virgem da donzelia, que abraça com fervor as flores da existência sem atinar com o veneno que exbaLm, c os espinhos, que as cercam ; c oxalá que nessa al- ma tam bella nunca teeQtrasaC a noute do desengano.

Lembrebte o largo eatalogo dc exemplos dolorosos, retirei a cur- tina dos tempos atráz, para mostrar-tc. . Socrates entre as agonias de partir o coração.—Catao'examman- do a ponta d'espada, para não assistir, de braços cruzados, aos fu-

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neracs da republica. Camoens vivendo de pao de caridade, depois de ter sa immortali2ado, imiuortalisaado a pátria.

Milton trocando por um punhado de pennis o mais hello monu- mento da gloria do seu paiz. Tasso gemendo nas masmoras da don- dicj—e Cbimoir, cru lim, exclamando s^bre a guilhotina com o de- do na lronte=eí pour tant favais que'que chose /«.<=*» ■

li respondeste-me: foi «'outros tempos. JLcmbrci-te que, entre os milhares das victimas, apontadas à es*

sa tarefa misteriosa, chamada clviliiaçã), havia amas, illustrcs seio duvida, mas que não estava em nenhumas raaoaso poupal-as, nem o poderia a humanidade sem renunciar as suas aspirações,—outras, porem, amarradas inutilmente aocancaro da suprema desventura, e cujo holocausto estéril podia, e deveria-se impedir, porquê he nm protesto aílrontoso contra a luz dos séculos.

Lembrei ic, ainda que Promcthca devorado pelo abutre, Hercii* los lançando se ás fogueiras, eram sublimes mithos, que represen- tavam "esses espíritos gigantes prostrados na lucla com o destino, esmagados, como o Stenio de Jorge Sand, por uma realidade sem poezia, e sem grandesa, horrível mesmo, devorados pelo abutre da desesperação, e abismados, a liaal nas chamas do vicio.

E respondeste-me = nada he um devaneio da phantisia. Pedi, roguei, instei-te que acceitasses as paginas sublimes de

Renato, de K.erthcr, de Obcnuann.cde Alanfredo, que exhalam um amargor profundo—essas paginas eícriptas como sangue dos cora- ções, banhadas com as lagrimas ardentes e que pertencera primei- ro, que aos annacs poéticos, á historia philosopbiea do género hu- mano.

K respontfeste-me: rejeito. K rejeitaste-as

II.

 orgia. Pois bem ! Não quiseste poupar-le a um espectáculo puo*enle.

K eis que te condim aqui, cortando as amlrurtuosidades da ser- rania, e o silencio das aguas buliçosas do lago. Vê" agora estas pa- redes verdoengas, tisnadas pela abominação, c aeredíta-mc junto deltas, no que não me crias no rochedo solitário, e tostado' da flo- resta.

liis aqui um lupanar da orgia ... da prostituição ... do assassi- nato 1 Volve.lhe, por instante, teus ollios extasiados na contempla- ção das regiõesmisteriosas^do"infinito. Desce, por um momento, das auras deliciosas, que iç ejunaUim, do vago perfume do ideal ao

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neracs da republica. Camoeos vivendo de pão de caridade, depois de ter se immortalizado, imraortaiisaado a patria.

Milton trocando por um punhado de pennis o mais be lio monu- mento da gloria do seu paiz. Tasso gemendo nas masmoras da don- diee—e Cbimoir, em iim, exclamando sabre a guilhotina coin o de- do na Ironte pour tant favais quo'que chose /«.<=» -

E respondeste-mc: foi n'outros tempos. Lembrci-te que, entre os milhares das vietimas, apontadas à es-

sa tarefa misteriosa, chamada civilisaçã), havia amas, Illustres seio duvida, mas que não estava em nenhainas raaoaso poupal-as, nem o poderia a humanidade sem renunciar as suas aspirações,—outras, porem, amarradas inutilmente aocancaro da suprema desventura, c cujo holoeau-to esteril podia, e deveria-se impedir, porquê he nm protesto aíírontoso contra a luz dos séculos.

Lembrei te, ainda que Promcthca devorado pelo abutre, Hercu- les lançando se ás fogueiras, eram sublimes mithos, que represen- tavam'esses espíritos gigantes prostrados ua lucla com o destino, esmagados, como o Stenio de Jorge Sand, por uma realidade sem poezia, e sem grandesa, horrível mesmo, devorados pelo abutre da desesperação, e abismados, a liaal nas chamas do vicio-

E respondeste-me : nada lie um devaneio da phantisia. Pedi, roguei, instei-ta que acceitasses as paginas sublimes de

Renato, de K.erther, de Obermaun.e de .Manfredo, que exhalam am amargor profundo—essas paginas eseriptas como sangue dos cora- ções, banhadas com as lagrimas ardentes e qnc pertencera primei - ín, qne aos annaes poéticos, á historia philosophies do genero hu- mano.

E respondeslc-me: rejeito. E rejeitaste-as

II.

A orgia.

Pois bem ! Não quiseste poupar-lc a uni espectáculo pungente. E eis que te conduzi aqui, cortando as amlruftuosidades da ser- rania, e o silencio das aguas buliçosas do lago- VÔ agora estas pa- redes verdoengas, tisnadas pela abominação, e aeredíta-me judio delias, no que não me crias no rochedo solitário, e tostado* da flo- resta.

Pis aqui um lupanar da orgia ... da prostituição ... do assassi- nato 1 Volye.lhe, por instante, teus olhos extasiados na contempla- ção das regiões misteriosas^do'iiifinito. Desce, por nm momento, das auras deliciosas, quo to çmtani, do vago perfumo do ideai ao

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— ÍOS —

t vi ver positivo nas abjecções d'umn taberna, ao vegetar murcho de anios infelizes no seio da depravarão.

Levanta estas tcllas esfarrapadas', sudário triple da|miscria, edice- me o que suo esses rostos de espectros, assentados alii, a roda des- sa mesa, ao clarão d'uma candeia lúgubre coai a phisionomia lí- vida, masecrada pela tresnoute. devastada pela tempestade das paixões? ... Essas maons apertando convulsivamente as amphoras, que giram d'um a outro lado? Essas frontes encanecidas pelas ru- gas cTunia velhice precoce, crestadas por um fogo devorador, que se refregiram aos beijos fementidos das raparigas, e nos seios que abrigam a dissolução ? ... Esses cantos destoados, esse rir insensa- to dos demónios—porque se os demónios se riem, esse deve ser o seo rir ?—E depois essas vozes que não ha que nãn sejam de blas- phemias, edas imprecações desabridamente sinceras? Esses abra- ços frenéticos, que revelam os desvarios da embriaguez?... Lu dormem uns umsomno que semelha o da morte f rá alguns a jo- garem os dados. Acolá esses dous que jogam a vida em um duello de morte !... agora hc o vencedor que se alevaaia - orgulhoso, banhado no sangue do vencido... .e a turba o enche de applausos ... e toda via ... esse desgraçado, cujo sangue elle verteu, era por ventura, hontem seo melhor amigo !

E* que de noute refizem-se assim da lida insana dos crimes, e das atrocidades, a que os arrastou a ebriedade do dia.

E, toda via, entre elles, assim degradados, assim esmagados, e assim anniquilados, ha coraçóens, que fnrão outr'ora geaerosos, que pulsaram mais d'nma vez irtiuciedade do reaome, e nos so •* nhos dourados de ventura . c de amor! talentos luminosos, que deviam um dia marcar um lugar na historia do paiz,.e quem o sabe se na historia do século ? imaginações fecundas, que engran- decer o uome da pátria , teccndo-ltie as coroas da gloria I ' Quem os imjicliio. pois, a essesuiehiio nn vido ? Quem soldou com os grilhões férreo* da desgraça e existência desses infelizes as iagens frias, e nmid.is d'uma cloaca, onde devem jazer até que a morte venha apanhai os um a um, ou a justiça dos homens COJ lhel os dous a dous ? * *

A fatalidade a todo3, a muitos a sociedade.

A sociedade, digo-fo eu , minha amiga—esse oceaao, cujas oodas, na perpassar iacessaote , ahandonarão-os a sós sobre ss urzes, que rasgando-ihes saogue oos pés, os impediram de ir avan- te. Por tanto cã ficaram.

A soeiedaie, que oão sane para elles dó, nem misericórdia. A sociedade que os tem apertado em um annel de bronze, A sociedade, por íim, que virá, auiaiihõa, arrancal-os d'aqui,

— IOS —

tviver positivo nas abjecções (Punia taberna, ao vegetar murcho de aoios infelizes no seio da depravação.

Levanta estas tellas esfarrapadas', sudário triste dajmiseria, edise- me o qne são esses rostos de espectros, assentados alii, a roda des- sa mesa, ao clarãa d'uma candeia Ingubre com a phisionoinin lí- vida, masecrada pela tresnoute. devastada pela tempestade das paixões ? ... Essas maons apertando convulsivamente as amphoras, que giram d'uni a outro lado ? Essas frontes encanecidas pelas ru- gas duma velhice precoce, crestadas por um fogo devorador, que se refregiram aos beijos fementidos das raparigas, e nos seios que abrigam a dissolução ? ... Esses cauto» destoados, esse rir insensa- to dos demónios—porque se os demonios se riem, esse deve ser o seo rir ?—E depois essas vozes que não ba que nãn sejam de blas- phemias, edas imprecações desabridamente sinceras? Esses abra- ços frenéticos, que revelam os desvarios da embriaguez?... Lu dormem uns umsomoo que semelha o da morte ! rá alguns a jo- garem os dados. Acolá esses dous que jogam a vida em um duello de morte !... agora hc o vencedor que se alevaaia orgulhoso, banhado no sangue do vencido... ea turba o enche de applausos

. e toda via ... esse desgraçado, cujo sangue clle vertei), era por ventura, b on tem seo melhor amigo !

E que de noute refizcm-se assim da lida insana dos crimes, e das atrocidades, a que os arrastou a ebriedade do dia.

E, toda via, entre elles, assim degradados, assim esmagados, e «assim anniquilados, ha enraçõens, que farão outr'ora geaerosos, que pulsaram mais d'uina vez n'auciedade do renome, e nos so •* nhos dourados de ventura . c de amor! talentos luminosos, qne deviam um dia marear utn lugar na historia do paiz.-e quem o sabe se na historia do século ? imaginações fecundas, que engran- decer o uome da pátria , teccndo-lhe as coroas da gloria I

Quem os impellio, pois, a esse suieidio nn vicio ? Quem soldou com os grilhões ferreos da desgraça e existência desses infelizes as lageas frias, e nmidas duma cloaca, onde devem jazer até que a morte venha apanhai os um a nu), ou a justiça dos homens eoi lhel os dous a dous ? * 4

A fatalidade a todos, a muitos a sociedade.

A sociedade, digo-t'o eu , minha amiga—esse oceaoo, cujas oodas, na perpassar incessante , abandonarão-os a sós sobre ss urzes, que rasgando-ihes saogue oos pés, os impediram de ir avan- te. Por tanto cá ficaram.

A sociedade, que oao sabe para elles dó, nem misericórdia. A sociedade que os tem apertado em um annel de bronze. A soeiedade, por hm, que virá > auiauhSa, arranca!-os d aqui,

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como aos lobo» cervacs dos antros du bosque, e apontar-Ihes o ca* miíifio do earcerc, das gales, das masmorras,- do degreda...

Não pensem mal as veses dos homens de talento, que afogam a actividade do pensamento cm vícios repugnantes. Disse assim um eminente escriptor.

Ora viste alguma vez a borda do regalo, balonr.ar-sc aos bafe- jos do vento uma flor, um lirio, que apontava as" alturas do eéo, e murchar, e sumir-sc nas aguas ?

E' a triste historia dessas altivas intelligeneias abortadas. Quando caem uma por uma todas as illusões da mocidade, quan-

do se desfolham as mais belias esperanças da vida, quando os quo madrugaram cnm n coração puro, innoceute, e transbordando de singelesa, de fraternidade, e amor, veem-se, de repente, a bra- ças com a fúria de todos os elementos e de todas as paixões de inimigos incaroíçados, e dobrando o cabo das tempestades, em tnrao do qual erraram longo tempo, vem, sohre a tarde, descer n'um inferno de queixas e de maldições, quebrados, e recalcados pela bipocresia, egoisuio, corrupção e cobiça dos seus irmãos —quan do, allim, se chega deste modo a descrer de l>eos, e dos homens, a existência he um martírio bem terrível, um fogo devorador, que. precisa de esconder as lembranças do passado, e buscar o refri- gério no esquecimento, e o esquecimento no tremedal da devassi- dão?

III. • O que he a sociedade, o progresso, e a civilisação.

Ouve : eu não odeio a sociedade—por que be uma consequên- cia, c uma necessidade indispensável, da naturesa humana—como eloquente visionário do século passado, que u'uma das suas visões achou o eontracto social o mais insocial de todos os contractos. Mio. amo a sociedade, e uma grande dos seus produetos.

Bem dj?o o progresso ; porque o progresso he o resultado da aspiração da humanidade pelo ideal—dessa aspiração ardente, su- blime insaciável , que, na ambição fervorosa dós seus desejos, emprehende, emprehende sem parar.

Bem digo a civilisação—esse edifício magestoso, para o qual. ha secenta séculos, sem cessar cada individuu traz uma pedra, ca- da classe um montão de niateriac*

Mais dise-mc , ob dise-mc primeiro o que hea sociedade, o pro- gresso, e a eivilUnção.

A sociedade? Ú os Miseráveis de Victor Hugo—iô essa pagina amarga, c eaiurosa de um Lomcm ao mar, e tereis sabido o que he a sociedade.

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como aos lobos ccrvacs dos anlros do bosque, e aponta r-!hes o ca- minlio do cárcere, das galês, das masmorras,- do degreda...

Não pensem malas veses dos homens de talento, que afogam a actividade do pensamento em vicias repugnantes. Disse assioi um eminente eseriptor.

Ora viste alguma vez a borda do regalo, balouçar-se aos bafe- jos do vento urna flor, um lirio, que apontava as* alturas do eco, e murchar, e sumir-sc nas aguas ?

E' a triste historia dessas altivas intelligeneias abortadas. Quando caem uma por uma todas as illusões da mocidade,quan-

do se desfolham as mais bellas esperanças da vida, quando os quo madrugaram enra o coração puro , innoeeute, e transbordando de singelesa, de fraternidade, e amor, veem-se, de repente, a bra- ços coin a fúria de todos os elementos e de todas as paixões de inimigos inearuiçados, e dobrando o cabo das tempestades, em toroo do qual erraram longo tempo, vem, sobre a tarde» descer n'uin inferno <le queixas e de maldições, quebrados, e recalcados pela hipocresia, egoísmo, corrupção e cobiça dos seus irmãos —qnaa do, allim, se chega deste modo a descrer de Deos, e dos homens, a existência he um martírio bem terrível, um fogo devorador, que precisa de esconder as lembranças do passado, e buscar o refri- gério no esquecimento, e o esquecimento no tremedal da devassi- dão?

III.

O que he a sociedade, o progresso, e a eivilisação.

Ouve ; eu não odeio a sociedade—por que be uma consequên- cia, e ama necessidade indispensável, da naturesa humana—como eloquente visionário do século passado, que u'uma das suas visões achou o eon tracto social o mais insocial de todos os contractos. Não, amo a sociedade, c uma grande dos sens prodnetos.

Bem di?o o pregresso ; porque o progresso be o resultado da aspiração da humanidade pelo ideal—dessa aspiração ardente, su- blime insaciável, que, na ambição fervorosa dós seus desejos, emprehende, emprehende sem parar.

Bem digo a eivilisação—esse edifício magestoso, para o qual. ha secenta séculos, sem cessar cada individuo traz uma pedra, ea- da classe um montão de niateriae*

Mais dise-mc , ob dise-me primeiro o que he a sociedade, o pro- gresso, e a civilização.

A sociedade ? Lê os ^íiseraveis de Victor llugo—-iô essa pagina amarga, e ealurosa de um tomem ao mar, e tereis sabido o qne he a sociedade.

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— no — O progresso £ Quantas vcsesa sua actividade febril, em vez de

soltar ao vento o pendão das conquistas legitimas, e de buscar com nicttimcntos gloriosos, não se tem distraindo em erguer o pedestal às vaidades frívolas, em incensar ao altar das lorpesas com o thuri- bulo de lisonja, em verter o veneno da decomposição mora! so- bre a humanidade, em coroar as miseráveis etiquetas soeiaes, e çrear mintas necessidades factícias, sobre que devera escarrar?

A civilisaç.ão? E um espectáculo pomposo da grandesa tio nos- so nada. A fora alguns gozos de mais.algumas formas mais brilhan- tes, alguma prespeetiva um pouco mais seJoclora, que influencia tem ella produsido ao essencial da condição humana? i As artes, as scieucias, a industria, todo este immenso aparelho da cmlisação , hc nada mais que o esforço do universo tentando desforçar os seu? males, e sua fraqueza sob o esplendor de vãos tropbcos, c cobrir sua miséria. Vê, se, á despeito das suas profusõ- es, e das suas voluptuosidades. o luxo pode crear cm nós novos sentidos, aperfeiçoar o sislhema orgânico do corpo humano ; vê, s,c oi descmvolvnncolo exagerado da rasão'humana leni trasido a applicaçno da tbcona na praticasse se ha conseguido ainda esse lado fundamental, c sublime da civilisação em geral, a união vi- va, rápida, e intima das ideas, e dos factos, o de.emvolvimento har- mónico da ordem intelectual, e da ordem real—se o estudo tem levado a sciencia alem de certos limites—se a excitarão monstruosa rio sentimento ba produzido gosos completos, — c se. depois de tan- tas viclonas, e conquistas, tem cessado, um momento, essa lueta, que começou com o muodo, e que deve acabar com elle. entre o liomcm, ea natnreza, entre o espirito, c a malcria, entre a liberda- dadeca fatalidade.

< E' ainda duvidoso, diz George Sand, que o progresso, operado por secenta séculos de indagações, tenha tornado suportável a exis- tência do homem, e destruído a necessidade do suicídio para um grande numero. r

Se a eivilisaçãu não lie aquella iminensa. c terrível figura do apocalipse, aquela mulher pallida e bella no vicio , a prostitu- ta das nações , coberta das riquezas do Oriente, montando uma hi- dra que vomitava as torrentes do veneno sobre todos os caminhos rios num dos homens-.se a civilisação não importa a humanida- de completamente depravada pelo luxo, c sciencia-não he também, por cm quanto, eo sol da nossa inteira regeneração.

Apesar delia, com ella mesmo muitas vcse3, a vida be um pesa- delo atormentador. Menos nessas horas raras, e fugitivas, vngase melancólicas, cm que a alma, desprendida da terra, eleva °e ás regiões rio inlinilo buscando indagar mistérios profundes ; em que os sentidos experimentam emoções, que se não traduz; em que a

— no —

O progresso £ Quantas vcscs a sua actividade febril, em vez de soltar ao vento o pendão das conquistas legitimas, e de buscar com mettimentos gloriosos, não se tem distraindo cm erguer o pedestal ás vaidades frívolas, cm incensar ao altar das torpesas com o thuri- bulo de lisonjas, em verter o veneno da decomposição moral so- bre a humaoidade, em coroar as miseráveis etiquetas soeiaes, c çrear muitas ^necessidades factícias, sobre que devera escarrar?

À civilisaeão ? E um espectáculo pomposo da grandesa do nos- so nada. À fora alguns gozos de mais,algumas formas mais brilhan- tes, alguma prespeetiva um pouco mais seJuclora, que influencia tem ella produsido ao essencial da condição humana? ' arte.s, as seicucias, a industria, todo este immenso aparelho da civilisação , he nada mais que o esforço do universo tentando desfarçar os seus males, e sua fraqueza sob o esplendor de vãos Irophcos, c cobrir sua miséria. Vê, se, á despeito das suas profusõ- es, e das suas voluptuosidades. o luxo pode crear cm nós novos sentidos, aperfeiçoar osisthema orgaoico do corpo humano ; vê, .«je o descmvolvimeolo exagerado da rasão, humana tem trasido a applicação da theoria na pratiea=se se ha conseguido ainda esse facto fundamental, c sublime da civilisação em geral, a união vi- va, rapida, e intima das ideas, e dos factos, o desemvolvimcnto har- mónico da ordem intelectual, e da ordem real—se o estudo tem levado a sciencia além de certos limites—-se a excitação monstruosa do sentimento ha produzido gosos completos, — c se. depoisde tan- tas victorias, e coaquislas, tem cessado, um momento, essa lucta, que começou com o muado, c que deve acabar com cite. entre o* homem. c a náfnreza, entre o espirito, e a materia, entre a liberda» dadee a fatalidade. ' E a'n(*a duvidoso, diz George Sand, que o progresso, operado porsccenta séculos de indagações, tenha tornado suportável a exis- tência do liomcm, e destruído a necessidade do suicidio para um grande numero. r

Se a civilisação não he aquella imuiensa. c terrível figura do apocalipse, aquela mulher pallida e bclla no vicio , a prostitu- ta das nações , coberta das riquezas do Oriente, montando uma hi- dro que vomitava as torrentes do veneno sobre todos os caminhos dos filhes dos homens— .se a civilisação não importa a humanida- de completamente depravada pelo luxo, e sciencia—não he também, por cm quanto, e o sol da nossa inteira regeneração.

Apesar delia, com ella mesmo muitas veses, a vida be um pesa- delo atormentador. Menos nessas horas raras, e fugitivas, vagas e melancólicas, cm que a alma, desprendida da terra, eieva-seás regiues do mlinito buscando indagar mistérios profundos; em que os sentidos experimentam emoções, que se não traduz / em que a

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— III —

lira do coração illuniinada por súbitas inspirações, disfere as notas sentidas dos seus queixumes ; em que a natureza, revestida d'uma poesia sublime, religiosa, c sagrada , exhala nas seus murmúrios um caótico ao eterno—nessas horas, coi fim, era que o eu da terra esquece as misérias, e os horrores do mundo para pôr-se em con- tacto com e eu das ceos, resumindo pelo pensamento as distancias marcadas pelos astros; ao resto, o 'viver hc sofrer , crer enga- nasse, o reflectir, duvidar, o espirito um mar das incertesas, e das iaquietaçues, e a esperança unia mentira, um desengano amar- go, cruel, e sarcástico.

Oh I feliz he aquelle que se resigna, que toma a vida e-mo ella hc, aue adormece sobre a superfície das ondas,, c se deixa levar por cilas ateque sôc a hora do esquecimento !

Exclamava assim um dos oroameotos da nossa litteratura, a quem também a fatalidade não poupou.

li. C. de Gama.

( Continua. )

A REVOLUÇÃO DE 1040 Os portngueze*, esses celebres conquistadores da ín-

dia, e corajozos exterminadores tios mouros permane- ciam por espaço d'nm longo perindo de 60 annos lde baixo do jogo doa Hespanhoes, soffrendo com resigna'. ção. os grandes males, que a tyrania da CasteHa lhes havia causado.

Esses longos 60 annos de escravidão fiseiâo acordar oa verdadeiros porluguczes do seo lethargo—é então que elles escudados pela coragem e pelo desejo de li- bertar a' aua pátria elevarão os scos vigorosos braços contra os seus tyranos opprcssorcs, e pirarão a sua viri- gança—Ribeiro Pinto e mais • quarenta cavalleiros- le- vantarão o primeiro brado da liberdade na noute de 27 de Novembro de 1640.

JMaa p^ra ama empresa semelhante não são euíficieri- jes só os desejos cnthuíiasticos d'uns quarenta caval- ieiros.—precisa-se de dinheiro, d'armas, e de soldados—* precisa-se mesmo de mais segurança n'um negocio, de que dependem ao mesmo tempo a honra, c a vida— qua« rvnia braços por maia vigorosas que fossem nuo serião

— Ill —

lira do coração illuminada por súbitas inspirações, disfere as notas sentidas dos seus queixum'es ; em que a natureza, revestida d'uma poesia sublime, religiosa, c sagrada , exbala nos seus murmúrios um caolieo ao eterno—nessas horas, eoi íim, em que o eu da terra esqueee as misérias, c os horrores do inundo para por-se em con- tacto eom e eu dos ceos, resumiodo pelo pensamento as distancias marcadas pelos astros ; ao resto, o 'viver lie sofrer , crer enga- nasse, o reflectir, duvidar, o espirito um mar das incertesas, e das inquietações, e a esperança uma mentira, um desengano amar- go, cruel, e sarcástico.

Ob I feliz he aquelle que se resigna, que toma a vida e-mo ella he, auc adormece sobre a superfície das ondas, e se deixa levar por elias a te que sôc a hora do esquecimento !

Exclamava assim um dos oroameotos da nossa litteratura, a quem também a fatalidade nâo poupou.

L. C. de Gama.

( Contintla. )

A REVOLUÇÃO DE 1040

Os portnguezes, esses celebres conquistadores da In. dia, e corajozos exterminadores dos mouros permane- ciam por espaço d'nm longo período de GO annos de baixo do jogo dos Hespanhoes, soffrendo com resigna*. çào. os grandes males, que a tyrania da Castella 1 lhes havia causado. * f

Esses longos 60 annos de escravidão fiseiâo acordar 08 verdadeiros portuguezes do seo lethargo—é então que elles escudados pela coragem e pelo desejo de li- bertar a' aua patria elevarão os scos vigorosos braços contra os seus tyranos oppressores, e pirarão a sua vi»í gança—Ribeiro Pinto e mais • quarenta cavalleiros le- vantarão o primeiro brado da Uberdade na noute de 27 de Novembro dc 1640.

jRIaa para uma empresa semelhante não são aufficieh- jes só os desejos cnlhusiasticos d'ons quarenta caval- leiros»—precisa-se de dinheiro, d'armas, e de soldados—^ precisa-se mesmo dc mais segurança n'um negocio, de que dependem ao mesmo tempo a bonra, c a vida—qua- renta braços por mais vigorosas que fossem não serião

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bastantes para alcançar um iriurnjiho completo dos c- xercitos <Ie Castclla.

Sc entre os ennjnrados haviao cavaUeíros intrépidos, (ir-. mes, e inhabalaveis em seus projecto*, não faltav3o com mdo oultoa menos eorajnsos, que oppanhãu a esta em- proa temerária.

Finalmente depois de longo* debates resolveo-se, que arevol*a devia de ser adiada por mais alguns dias— Ri-. beiro Pinto escreveo ao Duque de líragançi, que ?e acha- va na Villa-Viço*a, uma e*rta para e^se fien. D. João Dnqne de Braganç* recebeo ena carta, e apoz ella outra «ma do governo Ilespanhol, na qua! lhe era oídeiiadu por parte de Felippe 3 o de partir immedialamenie para. Madrid, e para esse fiin linhadhc mandado uma leira para receber uma grande somma de dinheiro d'um dos mais ricos Banqueiros de Liabôi.

A Duqueza ouvindo a leílura da carta de M*diid co~ nheceo o laço, que armavam a sen espozo, e pediodhe que escrevesse uma carta para LUbôi ordenando ao Ribeiro Tinto seu confidente, que a revolta íos^e realizada quan- to antes.

Pouco tempo depois recebeo o Duque outra carta de Lisbôi—cela carta irszia o resultado d'outra sessão , que ahi tinha havido—nesta eessão estava determinado, que «dia da revolução devia ser o l.o de Dezembro, á* 3 l)oras de manliãa—o tiro d'uma pistola era o sínaí, quo devia pôr cm movimento iodos os conjuradoa.

Moitas Senhoras tiveráo também parte na glogria d'este dii. A historia conserva a memoria da Condeasa d'Atougnia, que armou enm as suas próprias mííos â seus dous filhos D. Jerónimo de Athaide e D. Fraoeisco Coutinho.

A infeliz Condessa depois de lhes ter dado aasuas eoi- raças : " Ide meua filhos , lhes disse ella, extinguir a tyranía, e vingar-nos dos nossos inimigos, e estai certoa, que se o suecesso nao corresponder as nossas esperanças^ vossa iníii não hade sobre viver om aó instante a infeli- oidade de tantas pessoas de bem "—mas o amor mater- nal íazi,a«lhe verter lagiimas d'amor, e quase que se ar* rtpendia de haver involvido n'ama conspiração os seus

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bastantes para alcançar mu triurnpho completo dos c- xercitos <Ie Castclla.

Se entre os ennjnrados lia visto eavalleíros intrépidos, íi r —. mes, e inhabalaveis em seus projectos, não faltavão coin indo outros menos eorajnsos, que oppanhào a esta em- presa temeiaria.

Finalmente depois de longos debates rcsolveo-se, quo arevol'a devia de ser adiada por mais alguns dias— Ri-, beiro Pinto cscrevco ao Duque de Bragança, que se acha- va na Villa-Viço^a, uma enrta para esse fun, D. João Duque de Braganç* renebeo esta carta, e apoz ella onlra uma do governo Ilespanhol, na qual lhe era ordenado por parte de Felippe 3 o de partir immedialarnente para, Madrid, e para esse fim linba lhc mandado uma leira para receber uma gran.de somma de dinheiro d'utn dos mais ricos Banqueiros de Lisboa.

A Duquesa nn vindo a leitura da carta de Madrid oo~ nheceo o laço, que armavam a sen espojo, e pediodlie que escrevesse uma carta para LUbôi ordenando ao Ribeiro Pinto seu confidente, que a revolta fosse realizada quau- to antes.

Pouco tempo depois recebeo o Duqua outra cartade Lisbôi—esta carta trszi* o resultado tf'outra sessão , que ahí tinha havido—nesta sessão eslava determinado, que o dia da revolução devia ser o l.o de Dezembro, ás 8 horas de manliãa—o tiro d'uma pistola era o sítial, que devia pôr em movimento todos os conjuradoa.

Moitas Senhoras tiveráo também parte na glogria d'este dia. A historia eotiserva a memoria da Condessa d'Alougnia, que armou enm as suas próprias mãos á seus dous filhos D. Jcrouiuio de Athaide e D. Francisco Coutinho,

A infeliz Condessa depois de lhea ter dado aasuas eoi. raças : " Ide meua filhos , lhes disse ella, extinguir a tyranía, e vingar-nos dos nossos inimigos, e estai certoa, que se o sueccsso não corresponder as nossas esperanças^ vossa inãi não hade sobre viver om aó instante a in fel i— oidade de tantas pessoas de bem "-—mas o amor mater- nal fazi,a-lhe verter lagrimas d'arnor, e quase que se ar- rependia de haver iuvolvido n'uma conspiração os seus

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jovens filhos— Chorava, nuo porque temia sacriucal-os pira salvar a pátria, mas por que reeeiavi a trahição— rcceiava qne ellc* seriito denuncia d o? e preso?, c qne. dcpoi« leria de chorar sobre os S^MIS lumulos, e a pesar de tudo* císes pensamentos a*suslado«c, pacrificava o FPU repouso para libertar a sua pátria do servil jugo doa Ilespanhões.

Chegou finalmente o dia, em qne o exilo da revolução havia de decidir-se—O mundo já esquecido <io nome nortuguez, c dos feitos heróicos do povo guerreiro, que constrangido nos i st:eitos limites do ?en território, 3aira a conquistar as terra.* de Africa, Ásia, America c Oeea- nía, regando com o seu sangue sítios remotos c plaga* ate cnlão desconhecidas, o levantando por ioda a parlo monumentos de grandeza e gloria, qne deixaram na sombra as grande-1 fjçinhas de Ce/.\r e de 1'ompeo ; ia ile novo ouvir apregoar esse nome pelas bojeinas da faun, p»r feitos que a hi-loria ha de legistur como um (tos mais aogustos sacrifseioi oflerceulos na- horas sacrosantas de liberdade.

lOram sei-» horas de manhaa, qna mio todo* os conjura- dos ieoniram-se em ca-a de D. «Miguel d'Abn«íida, e. antes de se apartarem juraram iodos pelas crusc* das suas espadas, i\c pelejir até vencer ou morrer, e de- pois u*e>le jur&ment > rctirarâo^e com tanta firmeza c resolução que parecia, esperavlo uma yicloria certa.

A's gele horas e meia de niaohãa apareriim em freuíc do paço pequenos grumos de tres ou quatro homens con- versando entre si em voz baixa \ mais adiante ontro% mas tão disperso* c tão pique no?, qne niío podia.) causar nenhuma dcsconfhnç 1.

E'am oilo horas do manhua, a revolta foi annnnciada fn»r 11 m tiro de pistollri, e apoz csie tiro' os joitnguezos evanlarào um tremendo brado de liberdade, que penetrou

nos coraçõe* dos poi-tngnezos, como no et raç»o do mo- ribundo penetra a palavra esperança.

Rcuniram-sc cuião os poriugue/es de todos os lado», e passando a fio de espada o?* qne j erU-ndiani rcsi<nr- Jhcs, nada poupavam para alcançar uma vietoiia complsia»

jovens filhos— Chorava, nuo porque temia sacrificai-os para salvar a patrja, mas por que reeeíavi a trahiçuo-— rcceiava que ellcs serião denunciado? e presos, c que. depoi? leria de chorar sobre o? s^u? tumulo?, e a pesar dc t<ido? esses pensamento? assustado»©*, sacrificava o seu repouso para libertar a sua patria do servil jugo dos Ilespanhões.

Chegou finalmente o dia, em que o exilo da revolução havia de deeidir-se—O mundo já esquecido do nome português, c dos feitos hcroicos do povo guerreiro, que constrangido noa estreitos limites do sen território, saíra a conquistar as terras dc Africa, Asia, America e Ocea- nia, regando com o seu sangue sítios remotos c plaga? ate então desconhecidas, e levantando por ioda a parlo monumentos de grandeza e gloria, que deixaram na sombra as grande-1 fjçanlias de Cezu e de Pompeo ; ia tle novo ouvir apregoar esse nome pelas buzinas da faun, por feitos que a hi-toria ha do registar corno urn dos mais augustos sacrifícios offercculos na-» horas sacrosantas de liberdade.

Eram sei* horas de manhai, quando todo? os conjura- dos teoniram-?e em ca*a dc D. Miguel d'Almeida, o antes de se apartarem juraram todos pelas Cruse* "las suas espadas, dc pelejir alô vencer ou morrer, c de- pois d'e>le jurainent» rctiraruo-se com tan la firmeza o resolução que parecia, esportivo» uma vicloria ecru.

A's sele horas e meia de niauhàa apareri-tm em fretilc do paço pequenos grnnOs dc tres ou quatro homens con- versando entro si em voz baixa } mais adiante outro*, mas tão disperso* c tão piqueno?, que não nodião causar nenhuma desconíianç r.

E'3in oito horas do manhãa, a revolta foi annnnciada fmr um tir» dc pistolla, e apoz este tiro' o? poitnguezes evanlarão um tremendo brado dc liberdade, que peneirou

nus corações tios portugueses, coiuo no e« ração do mo- ribundo peneira a palavra esperatira.

Reuniram-sc então os portugnezes de todos os lados, e passando a fit» de espada os une | erit-ndiani rcsNur- Jhc?, nada poupavam pata alcançar uma victoiia completa»

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— Hl —

Em quanto o povo tratava de libertar eá por fôra, An^ tonio Telles eom alguns outros dirigirain-se ao gabinete do Miniítro Migue! de Vaseoneeilos ira mola n«lo no ca- minho tudo o que encontravam—mataram eom um iir<> de pistola o .Ministro, que estava eseonii lo u*uia ann-*. rio praticado na parede do fundo, e depois.Btiraram-no da janella para a ma, onde o povo divertio-se eom cila a'e ao dia seguinte, em que a misericer lia a mandou enterrar.

E'desie modo, que Poilugal foi restaurado.—é d'efite modo que D. João IV foi aeehmado rei pelo povo—é d'esle modo, que acabou o servil jugo dos Castelhanos que tinha durado por espaço u'um longo perioio de 60 auno?.

Na tarde A'a>sc mesmo dia, os que de maniitia tinham comido o puo da escravidão, embeileaaram a sua meza com oe louros d'uma gloriosa vietoria.

Nuva-Gôi, 231e Janeiro de 1S66-

A. J. Sócrates da Cosia.

LEI CH1NE2A.

Razão tera um jornal da madeira, dizendo que o peor eastigo que uma mulher pôde recebei da provideneia he naeeer no eelesle império, que para o sexo feminino , he mais internai cio que eeleale.

Para prova basta citsr a lei fundamental clnncz* qUe diz assim : ' ^

« A mulher naseeu para obedeeer e não para mandar. « Como filha, .deve obedecer a seua pae?. « Como espuaa, deve submetter-se á vontade de seu ma-

ruiu.

« Viuva e mã>, tem por chefe seu filho , mais velho. bm eioeo easos prohibe o eodig0:'l;j mulheres contraírem

matrimonio. l.*Se perleneern a familia de costumes reprehenjiveii. A be pertencem a família de rebeldes.

— Ill —

Em qnanto o povo tratava de libertar eá por íôra, An^ tonio Telles eom alguns outros dirigirain-se ao gabinete do Miniftro Miguel tie Vaseoneellos iramolando no ca- minho tudo o que encontravam—mataram eom um tiro de pistola o .Ministro, que estava eseon ii lo u'uin arm rio praticado na parede do fundo, e depois-atiraram-no da janella para a rua, onde o povo <livertio-se eom elle a'e ao dia seguinte, em que a miacricer tia o mandou enterrar.

E'desie modo, que Portugal foi restaurado.—c d'este modo que D. «Jo3o IV foi aecliinado rei peio povo—ó d'este modo, que acabou o servil jugo dos Castelhanos que tinha durado por espaço u'um longo período de 60 aunos.

Na tarde d'esse mesmo dia. os que de manlma tinham comido o puo da escravidão, erribellesaram a sua meza com os louros (Punia gloriosa vietoria.

Nova-Góa, 23.le Janeiro de 1966-

A. J. Socrates da Cosia.

LEI CH1NE2A.

Razão tem um jornal da madeira, dizendo que o peor castigo que uma mulher pôde recebe» da providencia he nascer no celeste império, que para o sexo feminino . he mais internal do que celeste.

Para prova basta citar a lei funda,ncnt«l cliln.za que diz assim : '

' ~ mu"ènr na;eeu >'ara obed«<" « não para raandar. « Como filha, ^ieve obedecer a seus pae?. « Como espusj, deve submetter-se á vontade de eeu ma-

riuo. « Viuva e mãe, tem por eliefe 8eu filho, mais velho. Em eineo easos prohtbe o eodigod, mulheres contraírem

matrimonio.

o*. Perleneenl a Lmilia de costumes reprehensiveis. A be pertencem a família de rebeldes.

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_II5~

3/>Se tem havido cm suas famílias pessoaa que tenham eoíTrido pena capital,

4 » Se existem em suas famílias enfermidades origina-

ria?. . .11. 5.o Se lhes tem morrido o irmão maia velno. Em aeie casos pó le o marido repudiar a mulher. 1 o Se ella n&o obclcce aos pães de *eu esposo. 2.o Se é estéril. 3." Se tem mau comportamento. 4 o Se tem enfermidade incurável. 5o Se 6* zi-lftsa. fresta clausula peccam todas as mu-

llieie» ; c n*o IIM admira, por isso, que na China todos os hfiiiiciM lepndiaSfem as sua* metades.)

G.« Se é ladra. „,,;«- 7,o ?e falh muito! ( Eíte caso ainda e peor que o qum

tu !) gazeta de Portugal 8 de Julho de 1965.)

RELÓGIOS.

Em utn jornal americano vem alguns promenores cm liosns a lespeilo da Imtoria dos relógios.

Em Roma, 158 annos antea da era enrista, se usaram pela primeira vez instrumentos destinados a marcar as horas por meio do movimento da agua. Os relógios e aa neridiana* *í> foram usados nas torres 9iJ annos depois de Jcsns Chrisio. Os relógios de campainha foram in- ventados pelos árabes em.80l,e empregados pelos italia- nos em 1300. A abbadia de Xestminster foi uma ^as primeira* igrejas em que s» estabeleceu no atino de 1,303 um relógio que dava horas por meio de um sino. So muito tempo depois ein 1540 te aperfeiçoou a maehina.

O primeiro relógio que regulou bem, foi construído em Inglaterra, e ainda no paUeio de H«mpton Court. Tem a dafa de 15-10 e as iuieiaos N. O. Oi relógios para cima de inwa foram inventados em 16ÒG por um liollandez, chamado.Fromentel.

Em Nuremberg, no anno de 1-177, ee inventaram OJ

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3<#Se tem havido em suas famílias pessoaa que tenham sofTridn pena capital, . _ ,

4 & Se existem em suas famílias enfermidades origina- rias. .

5.0 Se lhes tem morrido o irmão mais veino. Em sete casos pode o marido repudiar a mulher. 1 o Se ella n5o obedece aos paes de t?eu esposo. 2.o Se é esicril. 3." Se tem mau coraportarnento. 4 o Se íein enfermiciude incurável. 5 o Se 6 Zidosa. ( U'esta clausula peecam todas as mu-

llieies ; c nlo mis admira, por isso, que na China todos os homens repudiassem as suas melados.)

G.e Se é ladra. . , , „ «nin- 7.o Se fa'.U muito! ( E«le esso amJae peor que o quin

tu !)

(Gazela de Portugal 8 de Julho dc 1365.)

RELOGIOS.

Em um jornal americano vem alguns promenores cu. li o? os a lespeito da histoii'i dos relogios.

Em Roma, 158 annos antea da era ehristu, se usaram pela primeira vez i nsirumeritos desiinados a marcar as horas por meio do movimento da agua. Os relogios e aa meridianas *» foram usados nas torres 9i3 annos depois de Jesus Chrislo. Os relogios de campainha foram in- ventados pelos árabes em 801, e empregados pelos italia- nos «in Io00. A abbadia de Ncstminster foi uma das primeira* igrejas em que s* estabeleceu no atino de 13G3 um relogio que dava horas por meio de um sino. So muito tempo depois em 1540 se aperfeiçoou a maehma.

O primeiro reiogio que regulou bem, foi construído em lnolateira, e ainda no paUeio de Hampton Court, lema data de 1540 « as iujeiaes N. O. Os relogios para cima de mesa foram inventados em 1650 por um hollandez,

• chamado .Fro men tel. Em Nuremberg, no anno tic 1477 , se inventaram oj

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relogiiis de alijibeíri, que comt çiram a ser usados pelos astrónomos em 1500. . O imperador (íarlos V. no anuo de 1500 foi o primeiro a possuir um relógio que se parecesse , embora remota» mente com os aelnac?.

lira Inglaterra e Allcmanha foram os relógios d*» algi- beira introduzidos em 1577. A indnstna da relnjoaria desenvolvju-sc rapidamente em Inglaterra, paiz que lera J3brieado relógio:* pnra todo o mundo. O iu»Iez Hooke inventou cm 16oS <»* relógios de algibeira com molas os de repetição forarn pela primeira vez construída cm 1676 por Borluv,', também inglez.

O n*o dos rtbígioH df. algibeira e de sal* só começou a gene.'alisar se cm 1631.

(O a zeta de Portugal 8 de Julho de 186Ô.)

(IliMli.l IÍ0S m& DE JAIEIRO E FEVEREIRO. A ehronica c a parte indispensável do jornal; c sem cjla ha

espirilores qtic dispensaram liem de o ler. Mas tilo iodispensavcl como a chronica c p,ira o jornal, ou

mais ainda, a sorte do chronista c moíiiia. Realmente o que h-ide escrever o chronista d'um jornal littc-

rario n'nm paiz tiío piqncno, e cm cjue o culto dns lettras apenas começa? E essa clifTiciiltKtde não será maior quanJo lia aqui mais d'tini jornal, c lia por isso a receiar (pie os leitircs acusem do plnsiario a repetirão de noticias ?

Nestas circunstancias o revislador cu chronihta cm lo^ar de cin- pir-sc ao sen oluVio, que c de dar as novas lillerana?, vô se obrigado a percorrer outros campos, e trazer, impropriamente de certo ao das lettras, u que pertence ora â politica, ora â justiça eto-

E'o que o Recreio tem ale agora frito, como todos os mais.-c o que continuará afazer, porque d*outro mofo a chrouica lie iin- pospivcl-

í> OBroa&JSÍn «ltk rJTini»wn\V. -7 Tivemos a hon- ra de receber o primeiro n.° do jornal liiicraiio c mensal qae sol» esta epigraphe h:i pauco sahio a luz—Seu redjetor o sr. eoo- sclhciro Ur. Joaquim Ucliodoro de funha Uivara teve a hoodade de nós fazer este favor.

rdogins dc algibein, que começiram a ser usados pelos asironomos em 1500. . O imperador Carlos V. no anno de 1500 foi o primeiro a possuir um relogío quo se parecesse , embora remota- mente com os aetnac*.

Em Inglaterra e Allcmanha foram os relógios de algi- beira introduzidos etn 1577. A industria tia relojoaria (lesenvoJwu-se rapidamente em Inglaterra, paiz que lera fabricado relógios para todo o inundo. O iuglez Ilooke inventou cm 160S «s reiogio? de algibeira com molas os tie repetição foram pela primeira vez construída cm 1676 por Borluv,', lambem inglez.

(5 ii-so dos relógios de. algibeira e de sala só começou a gcneralisar se cm 1631.

((•azeta de Portugal 8 de Juliio de 1865.)

A chronica c a parte indispensável do jornal; c sem cila ha cspirilores que dispensaram liem de o ier.

Mas tão ioílispensavcl como a chronica c para o jornal, ou mais ainda, a sorte do chronista c moíina.

Realmente o que hide escrever o chronista d'lim jornal liltc- rario ii'nni paiz tno piqueno, e cm que o culto dos leitr.is apenas começa? E essa diflktiM.ide não sera maior quando lia aqui mais <l'ittn jornal, e ha por isso a receiar (pie os íeitores acusem do plnaiario a repetição dc notícias ?

Nestas circunstancias o revislador cu chronista em logar dc ein- gir-se ao sen oflino, que c dc dar as novas li iteraria s» vê se «brigado a percorrer outros campos, c trazer, impropriamente de certo ao das leltras, u que pertence ora ã politica, ora á justiça etc-

E'o que o Jtccreio tem ate agora feito, como todos os mais;c o que continuará afazer, porque d'outro mofo a chronica he íid- possiveb

íí OB&'iDStiStfsa clt» 'ITitfSWjr.V. — Tivemos a hon- ra dc receber o primeiro n.° do jornal liucrario c mensal qnc sob esta epigraphe ha pouco sabia a luz—Seu redactor o sr. con- selheiro Ur. Joaquim Heliodoro dç '"unha Rivara leve a hoodade de nós fazer este favor.

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-1K-

Será atirevimento assaz gr?nde, de quem apenas se inicia nu carreira de escrever o avenlnrar-se a avaliar a obra, que hoje sabe das mãos do professo avaoçado na republica Imeraria, e que a pâr de mais acreditadas obras vem isumorial zar o nome do seu eminente autor, e adornar as letlras porluguezas.

Nós agradecendo a honra escusamos de recommendar ao pu- blico o c/ironis'ade Ttssuary; pois só o nome do sr. Uivara he a melhor garaute para merecer a ccciitação e apreço do publico illustrado.

ArcíiiVO .l»<n>j(ín1rti%—MiraoseoH-nos com um exem- plar do folheio deste titulo n seu auior o nosso prezado amigo e collahorador o sr. \. J. Sócrates tia Cosia—Contém elle a bio- praphia do sr. Jozé Maria dos Heuiedios—Agradecendo a oITerla não fallaremos do mérito da obra e dos préstimos do seo jovea autor, cujo conceito o publico Já tem formado por suas diversas producções li iterarias, dignas de attenoão, e de lodo o apreço: Vã avante. .

JíSBíS «nas iiítfortmaSo»—Ainda aqui vamos com os~olhos humedecidos de laarimas ciorar mais um thio, um nosso thio prezado e respeitável. __

De balde procurávamos alegrar nos um pouco—em vao esror. cavamos a parar as lagrimas, que o? olhos distila vão pelas ines- peradas mortes d'um ibic, e ri*uma prhoa—a qui sem nunca ima- ginar, que um sinete prelo oõs viria participar mais um disaslre rforoeslieo, «ma carta amarga nós diz « miis um tido de menor»

'Santo Deus! Sentimos Indo isso porque somos bmnens, e resigna- mos por que assim o pede a nligiãa.

Booi csão o sr. Joaquim Miriano Álvares de Cenaiilimi ape- nas chamaodo por sua esposa diz—eu cáp>deço} mas não sei o que=>, cila corre, abraça, grila, mas cm halde, ella já era viuva !

Teve locar esle faial acontecimento no dia i de Janeiro pelas S horas de noule, e no dia immediato com devidas honras fu- neraes os seus restos mortaes eutre lagrimas da inconsolável viuva, filho, e outros parentes e amigos, forão da los ã sepultu- ra pelas 7 horas de coute. ...

Nos fazendo parte na justa dôr dos nossos tina, e primo o sr. José Maria damos nossos sentidos pezames.

:?5íííS mn Anjo no Ce©.—Cinco meses e setio

Será altrevimento assáz gr?nde, de quem apenas se inicia na carreira de eserever o avenlnrar-se a avaliar a obra, que hoje sabe das mãos do professo avaoeado na republica litteraria, e que a pâr de mais acreditadas obras vem immortal zar o nome do se» eminente autor, e adornar as letlras porlugnezas.

Nós agradecendo a iionra escusamos de reconimendar ao pa- blico o chronis'ade Ttssuary; pois só o nome do sr. Rivara he a melhor garante para merecer a ccciitarão e apreço do publico illustrado.

ArcBiívo 5L*<j>piilsar.—Mimoseou nos com um exem- plar do folheio deste titulo n seu auior o nosso prezado amigo e collaborador o sr. A. J. Socrates da Cosia— <'onlém elle a bío- craphia do sr. Jozc Maria dos Hemedios—Agradecendo a oITerta não fatiaremos do mérito da obra e dos préstimos do seo_ joven autor, cujo conceito o publico ja tem formado por suas diversas producçõcs littcrarias, dignas de attenção, e de lodo o apreço. Yã avante. . ,

Jísita «nas tiatfortiiiaSo.—Ainda aqui vamos corn os olhos humedecidos de laarimas cnorar mais um thio, um oosso ihio prezado e respeitável.

De balde procurávamos alegrar nos um pouco—em vno eslor- cavamos a parar as lagrimas, que o? olhos distilarão pelas ines- peradas mortes d'um lliic, e d'uma prima—a qui sem nunca ima- ginar, que um sinete preto oós viria participar mais nni disaslre domestico, uma carta amarga nós diz « miis um thio de menos-»

* Santo Deus! Sentimos tudo isso porque somos bmnens, e resigna- mos por que assim o pede a n.ligiãa.

Booi e são o sr. Joaquim Miriano Alg ares de Benaulimt ape- nas chamando por sua esposa diz—eu c<í padeço, mas não sei o çue—, cila corre, abraça, grita, mas em balde, ella já era viuva f

Teve logar este faial acontecimento no dia 2 de Janeiro pelas 8 horas de noule, e no dia immediato coin devidas honras fu- neraes os sens restos mortaes eutre lagrimas da inconsolável viuva, filho, e outros parentes e amigos, forão da los á sepultu- ra pelas 7 horas de coute.

Nos fazendo parte na justa dôr dos nossos una, e primo o sr. José Alaria damos nossos sentidos pezanies.

33»ta *8*81 Anjo »© Cco.—Cinco meses e sell©

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dias apenas de qascida contava—ainconsolavel maí" ainda nãó'Se fartava ue,abraçai a, ,eis, quando a sr.VAsuliua Auror* Fernan- des, Jilba mais nova do,sr. André Avelino Bernardino Fernandes; sucumbe a ,um ataque de lombrigas, sobrevindo aos sarampos nuà poucos dias antes huYta padecido. ••• ' 1 . .. Nasci da no. dia 17 de Agosto ultimo, para melhor dizer, só para martírios e padecimentos, c para jiós lesar as pungentes saúda- !j?í e-Jastimas, de curto tempo que Jusio como o meteoro, sahio na dia 24 do Janeiro as 8 horas de noute do regaço da sua. carinho* sa mãi para. o, de^laria Santíssima. r Ella hc.quem admira oje.a gloria eterna, que a mísera .huma- nidade aspira; ella ãquem desprendida'de todo o cuidado terres-, tre, lá, do alio do céo diz oh ! quani sórdida' hc aUerra. que feliz- menle deixo, ella.lie,.cm liio quem unindo a sua vozá dos An- jos entre oeCherombius, e Scraíins entua os hosanas, c cânticos sem cessar ao Pai de. glorias.

ÕcOrpo angélico de niiuina Àzulina deseco á ultima morada em Soçcorro n'aldea do seu avó materno ( onde fdra levada para mu- dança;J as 1, horas de noute do dia 25 entre as pompas, condignas á posição da família, que lie uma das principaes.

•-Nós não extranhos a esta perda, que do coração sentimos des« sa flor preciosa, ton.vando parte na justa consternação do sr. Fer- nandes, ~da sua exm/.esposa e raaiá família, pedimos a conforma-:

ção.eom a vontade.Daquçllc, de Quem foi a pequena receber a çorôa para sua ionocencia e pureza, c fazer-se de intercessora constante no Céo pela felicidade c bernestar dos seus.

Desfolhamos uma roza sobre a campa, que esconde os preciosos restos da Àzulina i oi V45n|nro»tt.—rA barca Venturosa procedente de Lisboa chegou-a esto porto no dia 9 trazendo entre outros artigos, et- cellentei:lypo# para Ultramar, e um esqueleto phisico para o nos-" pitai L militar de Gôa. I'.Xeui350.—Os icrraes caçoão ás direitas. -.jViertfiiiieo*!, — Tem havido, quasi frequentes fur- tos, e um e outro roubo—São por demais «.-speriaihôens estes: çojeitos-treunem se, tresnoutain, ífUroduzciiirse: nas casas ôo pro- limo, sendo ricos com tiros, e estrondos então solemnementej. festa visto, para os ricos quem quizer di^cobre ; as vezes maltra- táramos, fazeto-sc Senhores do alheio,- e boas noules 1 Graças a rainha pobreza, que me deixa hem livre com meu antigo intimo o sr. Morpheu, ao passo que os ricaços todas noules cantão as ma- tinas 1

Aindii mais llifit £4>2pe 1—Com tremores e solu- tos mal hiamos findar a chronicá deste mçz, um recado, vindo com

dias apenas d*qascida cootava—a-inconsolável mat ainda não'so fr'fpv* pe,abraçai a.,eis, quando a sr.\Àsulioa Aurora Fernan* íjes, filha mais nova do sr. Andre Avelino Bernardino Fernandes; sucumbç ? ;um ataque de lombrigas, sobrevindo aos sarampos nuè poucos dias antes hayia padecido. • . ... Nascida no-dia 17 de Agosto ultimo, para meibor dizer, só para martírios e padecimentos, c para jiósJe&tt as pungentes saúda- dea e. lastimas, de curto tempo qúeiusio como o meteoro, sábio no dia -í do Janeiro as 8 horas de nonte do regaço da sua. cariobo- sa mãi para o, de ^laria Santíssima. r Ella hc .quem admira oje.a gloria eterna, que a mísera .huma- nidade aspira; eiJa áquem despreodida 'de lodo o cuidadoterres-, tre- lá, do alio do céo diz oh ! quam sórdida' lie a'terra. que feliz- mente deixo, cila .lie,, cm lim quem unindo a sua vozá dos An- jos entre oeGheroinbius, e Seraíins entoa os hosanas, e cânticos sem cessar ao Pai (le. glorias.

O corpo angélico de niíriina Àzulina desceo á ultima morada em Soçcorro n'aidea do sen avó materno ( onde fdra levada para mu- dança.) as 1 horas de noute do dia 25 entre as pompas, condiguas* á posição da família, que lie uma das principaes.

•t Nós não extranlios a esta perda, que do coração sentimos des- sa fiôr preciosa, tomando parte na justa consternação do sr. Fer- nandes,-da sua exm,4 esposa e mais família, pedimos a conforma^ çâo.com a vontade,Daquellc, de Quem foi a pequena receber a. coroa para sua innoeencia e pureza, e fazer-se de intercessora cçnstônte oo Céo pela felicidade c. hemestar dos seus.

Désfolhamos uma roza sobre a campa, que esconde os preciosos restos da • Àzulina w O V^m Biro*ii.—A barca F<rnfuro$a procedente de Lisboa chegou a esto porto oo dia 9 trazendo entre outros artigos, et- celíentei:lypo, para Ultramar, e um esqueleto phisieo para o' hos- pital: militar de Gôa. I'.Vem29o.—Os terraes caçoão ás direitas. -lAiorliiricoM!!- Tem havido, quasi frequentes fur- tos, e um e ontro roubo—São por demais csperlalhôens estes: sojeitos-treunem se, tresnoutain, ihlroduzciiirse: nas casas do pro- ximo, sendo ricos com tiros, e estrondos então sojemnementej. (está visto, para os ricos quem quizer discobre ) as vezes maltra- tara-nos, fazem-se Senhores do alheio,- e boas noulcs I Graças a mioba pobreza, que me deixa heni livre com meu a itigo intimo o sr. Morpheu, ao passo que os. ricaços todas noules cantão as ma- tinas 1

AillUíi mais um jSrdMpí; !—Com iremôres e solu- ços mal biamos findar a chronica deste mçz, um recado, vindo eom

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rapidez d'um raio, nos diz ; esperai,' ainda umvjolpi^èfoty/rfíM* tio vós resta.de dorar~a vossa primiMor^pés ./«'ntfoVtf-^ Uni destinos M < , ú

Desgraçada pritua! que foste victima • d'unr parlo-! nadápór li podemos dizer, as maus nos tremem—a petina cahc^-asexpressSéá1

nós fogem—(íân temos cabeça para pensar, nem lagrimas para chorar, mas sim um coraçãopara soITreri

E Ubaldiíio ! a resignação. J

CliaONlCA DO MEZ DE FEVEREIRO. Oosi sOcístrt»!.—Em breve esperamos saudar, com pr,a«

2er=mais um jornal literário com*a dcnomiiiaçãò^ífoa rSocia-. tW«=que promettc publicar o sr .Manoel Campos, ,

fcVxíia.—Em Assagão no dia 4 o sr. Amhrozio Dalgatfp/o-j leranizou com muita pompa a festa da Nossa Sr.''dê Bom Parto.,

'.ffriclifiO.— O sr. Agostinho «'astcíino com muita decência' festejou no dia 3 a festa do Sr. S. Sebastião, 4 a de SS. Sacro men- to, e 5 da Nossa Sr." de Saúde na ecreja de licaraim com expp.* sioão do Santíssimo, como he permittido pelo breve de SuáSarp lidade. Cirande era o concurso de gente que vinha da freguezia, e de outras partes para lucrara indulgência plenária, que por^ um outro breve he concedida pelo-mesmo S- Padre, aquém se1

confessa c còmmunga nos referidos 3 dias. Esses 2 breves obteve o Exm.° Monsenhor D. Izidoro' nosso1

respeitável e disttocto patrício,, no tempo em que o grande mofa*' lista sr, padre Joaquim Fernandes era parodio daquella cgreja.

Mr. D. Izidoro deixa um monumento, digno pelas gratas recor- dações, e bem mereceu de seus patrícios — Os pregadores costuroSo de ordinário ter ate a'delicadeza de pedir uma Ave AJariaao íim.das predicas peles felicidades'do mesmo. ( 8ir iici^íOei^-ee.—chegou a esta cidades oo dia 9 v>u-fi

do co seu vapm Margarith o sr. Rustoojee-Jámsetjee ^Jejeeliòy que á tempo era esperado—As salvas de peç-as-que no dia"9 pelas 1 horas .de manhãa Gõa ouvia aleare e alvoraçada» pela i chegada do ilfuçtre hospedi, as mesmas salvas no dia 24 ao meio día-ouvla1

melancólica e.silencioza—Era ó MarffnHth, qufc descia de Ma ti d ò vi a Aguada levando, a seu bordo aquelle s^mpatbico-1 hospede,- que foi abraçar a sua íamiiia em Bombaim. Nos escusando.de'fallàrdd caritativo e bondoso coração-daqnclie cava!!eiro-, daquolles compôs-1

to,de- eminentes qualidades, daquelle amigo da nação portuguezay desejamos lhe a mais feliz viagem-

lSíiille.—No dja li o esoi.o concelheiro o sr. José Ferreira Pestana" deu um expleodido baile a sr. Ruslomjee—Foi assaz con- corrido— iiunicosas damas e cavalheiros dançavam naquelle rico

Tflpidez d'um reio, nos diz ; esperai,' ainda unvgotpt' léh$ro/mi* do vós resta de dorar-~a vossa primí fiordes jóv ^j^€X ste í' Ai (Jestioos ! \ . r . . «Jul

Desgraçada prio.a! que Toste vjctima • d'unr parío-! nadáfpórti podemos dizer, as maus nós tremem—a peilna cahc^-as expressed# nós fogem—nân ternos cabeça para pensar, nem lagrimas para chorar, mas sim um coração para solTrerl

E Ubaídino 1 a resignação. .1

chronica do mez de fevereiro. • Ooa bOeiaiv*»!.— Em hreve esperamos saudar, com pr,a*

zcr=mais um jornal literário com'a denominação *^(7oa Sócia-. tv/=qtic promette publicar o sr Manoel Campos, ,

—Em Assagão no dia 4 o sr. Ambrozio Dalgpdo >o*. lcranizou com muita pompa a festa da Nossa Sr." dé Boirt Pãrtd.

riâmO.—o sr. Agostinho <*aste!ino com muita decencià festejou oo dia 3 a festa do Sr. S. Sebastião, 4 a de SS. Sacramen- to, e B da Nossa Sr." de Saúde na ecreja de Ucaçaim com expo.* sifão do Santíssimo, como he permittido pelo breve de Sua'San^ lidede. Grande era o concurso de geote que vinha da freguezia, e de outras partes para lucrar a indulgência píenaria, que pOTj um outro breve he concedida peio*mesmo S Padre, aquém se1

confessa c còmmunga nos referidos 3 dias. Esses 2 breves obteve o Exm.° Monsenhor D. Izidoro' nosso'

respeitável e distincto patrício,, no tempo em que o grande mora1

lista sr, padre Joaquim Feroaodes era parocho daquella egreja. Mr. D. Izidoro deixa um monumento, digno pelas gratas recor-

dações, e bcmaiereceu de seus patrícios—Os pregadores costuroão de ordioario ter ale a delicadeza de pedir uma Ave Maria no fim das predicas peles felicidades do mesmo. (

Sir «íí^tOiígree.—chegou a esta cidades o o dia 9 viu-? do co seu vapoi Margaritk o sr. Kustoojee-Jàmsetjee ^Jejeeljoy que á tempo era esperado—As salvas de peças1 que no dia"Õ pelas 1 horas .de manhâa Gôa ouvia alesre e ah'orarada» pela-i chegadd do ilíusíre hospede, as mesmas salvas no dia 24 ao meio dicouVIaf melancólica e.silencioza—Era ó Marrjorith, qufe desc-ia de Mandòvl a Aguada levando, a seu borde aqtielle s^mpatbico-1 hospede, qiiè foi abraçar a sua família em Bombaim. Nos escusando-de'falia? Ud caritativo e boedoso coração daquetlc cavalleiro, daqUoIlés compôs-1

to ,d&eminentes qualidades, daquelle amigo da oaÇão portuguezay desejamos lhe a mais feliz viagem*

IS.iill'.—No dia li o exoi.o concelheiro o sr. José Ferreira Pestana deu um expleodido baile a sr. Rustomjee—Foi assaz con- corrido— iiiiiueosas damas e cavalheiros dançavai» oaquelle rico

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salão do palaeio-o sr. Pestana e a sua exm.» consorte, a sr." I>. Malhilde, não podião ser mais obsequiosos—A aurora do dia 13 interrompeo as contradanças, polkas walsas cie. ele.

outro.-Deo ao mesmo hospede no dia l!) nos paços dn caraara municipal das Ilhas o sr. Dempõ.

JJJ «te ali ?1.—Teve lugar ha pouco um furto de50Oxera- fins ua Secretaria do Governo—presume-se que o ratoneiro en- trou pela janella que olha o Mandovi, que encontrou aberta.

I»iirtirtiiR.— O sr. Duartiolio de Sousa, que ha '2 mezes havin recolhido de Bombaim apoz tC annos, no din 2 com sua exni * madama e pequenos partio para esse porto—Foi deixando saudades a sua may, irmãos, parentes e outros amigos que o co- nheciam.

Os sr." Cl. Aristcdcs da Co*lat e l. M Condorccl da Cos- ta panirâo para Damão no dia 2S, via Bombaim, Pcscjainos a s. sr.»' feliz viagem.

ÍBiirca *. f raiBPBfec» X«vícr.-Informações nos dizem, que csia barca na sua viagem de .Macào para Gòa che- gando a Pinang ficara incendiada.

sOvO CíarOaiisíia.-L'm chrnista novo, capaz, e gra- cioso dará no n.o seguinte a sua chrnuica a nossos leitores— Ao nosso futuro climista. aquém pedimos a acceitação desta espi- nhosa tarefa, agiadecemw d'anie-mão o favor que oós faz, e aos nossos caros leitores pedimos, não se esqueção deste vosso verda- deiro amigo.

«7, V. d'J\~oro>ika Rodrigues.

AVISOS A direcção de=.Recreio =*pc de a sr • subscriplores, que tenlião

a bondade de satisfazer a importância dos trimestres passado e cor- reDte Das mãos dosenearregados.

Ao Sr. Bento dos Kemedios e Pinto^Oscu Soneto não podemos pnblicar ao Hecre o por diOerenle* motivos, o i.° be por que o seu nome não aparece entre collauoradores, nem tão pouco entre subscriplores; *i.o por não lermos a honra de eooheccr s. s." : 3.° s. s.* que urgentemente pedia a pubiicação. por que leria en- viado por um portador que escondesse a sua pesjoa, deitando nas mãos do um terceiro a sua carta c com elie o «Voneío? Agrade- cendo as obsequiosas expressões que nos dirige, declaramos que elie foi no limbo do nosso gabinete.

J. V. de Noronha Rodrigues,

KOVA-GOA:—NA IMPRRNSA NAOIOJJAL,

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salão do palacio-o sr. Pestana e a sua exm.* consorte, a sr.* D. Mathilde, não podião ser mais obsequiosos—A aurorado dia 13 interrompeo as contradanças, polkas walsas etc. etc.

outro.—Deo ao mesmo hospede tio dia 10 nos paços da cornara municipal das Ilhas o sr. Deni pó.

Já «te ali ? I-—Teve lugar ha pouco um furto de 500 sera- fins na Secretaria do Governo—presume-se que o ratoneiro en- trou pela janella que olha o Mandovi, que encontrou aberta.

I*asrtS<li*R.—O sr. DuartiDho de Sousa, que ha 2 mezes havia recolhido de Bombaim apoz tG annos, no dia 2 com sua exm * madama e pequenos partio para esse porto—Foi deixando saudades a sua may, irmãos, parentes e outros amigos qne o co- nheciam.

Os sr.* C. J. Aristedcs da Co-ía, e l M Condorcet da Cos- ta partirão para Damão no dia 2S, via Bombaim, Desejamos a s. sr.*' feliz viagem.

ISurCil *. FrrtíEí*5»4Ci> Informações nos dizem, que esta barca na sua viagem de Macáo para Goa che- gando a Pinang íicára incendiada.

sOvO OarOaii^íJii.—tin chrmista novo, capaz, e gra- cioso dará no n.o seguinte a sua chronica a nossos leitores— Ao nosso futuro chronista. aquém pedimos a acceitação desta espi- nhosa tarefa, agiadecenns d'ante-mão o favor que oós faz, e aos nossos caros leitores pedimos, nao se esqueção deste vosso verda- deiro amigo.

J, V. d'Noronha Rodrigues.

AVISOS- A direcção de=Becm'o=scpede a sr • suhseripiores, que tenhão

a bondade de satisfazer a importância dos trimestres passado e cor- reDte nas mãos dos enearregados.

Ao Sr, Bento dos Kemedios e Pinlo^-Oseu Sonet o não podemos pnblicar oo llecre o por differentes motivos, o t." he por que o seu nome não aparece enire eollauoradores, nem tão pouco entre subscriptores; 2 o por não lermos a honra de conhecer s. s * : 3.° s. s.* que urgentemente pedia a pubiicacão. por que teria en- viado por uin portador que escondesse a sua pesroa, deitando nas mios do um terceiro a sua carta c com elle o A'oncio? Agrade- cendo as obsequiosas expressões que nos dirige, declaramos que elle foi no limbo do oosso gabinete.

J. V. de Noronha Rodrigues.

KOVA-GOA:—na imcrrnsa nagio.mal,

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RECREIO mm LITTEIUUIO, \mmn i mm

OíllKC TOIl K I»1101*I1I£TAJII0

JOAQUIM YJCTOMNO DE NORONHA RODRIGUES.

N° fi 1 DE ABRIL ANNO ÍS66

COLLABOMDORES.

A. A. Bernardino^Fernandcs—\4. C. Paes de Noronha—

A. J. Socrates]da Costa — ylccacío Lo&o— B. Z. Soares Pe-

res—Braz B. V. Pinto^Lobo—D. T. Tasso Dias — F. Sal- vador Pinto—F. A. Frias de Noronha—Felccissimo Lobo —

J. C> Barreio]Miranda—J. António Henrique—J.\Caetano de Nazareth— J. F. Napoleão Monteiro— /. F. Caraciolo de Sá —f. Tf. Victor Gomes — Luiz José C. P. de Sá—Leopoldo Gypriano de Gama—J. M. d'Abreu — JV. José de Sousa.—

Pedro Cordeiro.

RECREIO

mm umiiMio, mrnm e em,

ontECTOil K PKOPltlKTAJtIO

Joaquim Victor i no ve Noronha Rodrigues.

N° 6 1 DE ARRIL ANNO fS66

COLLABORADORES.

A. A. Bernardino^Fernandcs—]A. €. Paes de Noronha—

A. J. Socrates\da Costa Accacio Lobo — B. Z. Soares Pe-

res—Braz B. V. Pinto'\Lobo—D. T. Tasso Dias — F. Sal-

vador Pinto—F. A. Frias de Noronha—Felecisstmo Lobo —-

J. C. Barrcto]Miranda—J. Antonio Henrique—J.'tCaetano de

Nazareth— J. F. Napoleão Monteiro— /. F. Caraeiolo de Sá —J. 11. Victor Gomes — Luiz José C. P. de Sá—Leopoldo

Cypriano de Gama—J. M. d'Abreu — N. José de Sousa.—

Pedro Cordeiro.

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$abirà este jornal era todos os primciroi dias tlc cada mez.—Subscrcre- •e para ello cm seguintes loeaes. •

Nas Ilhas. Na residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro al- to.-—^m Salcete. Km casa do Sr. Regalado Piedade Collaço, e na Phar- macia Alvares, em Marga>.—ÍTáI liardes. Em Casa doa ws. F. A Frias de Noronha, em Ueassaim, Caetano Manoel Ribeiro , em Porvorim, Luix José de Sá, e director deste jornal cm Siolím.—lim Bombaim. Na residên- cia do sr. Casimiro Lobo*

A subscripçâo cm Goa será duas rapias adiantadas por anno, cm Bom- baim, Damão, Dio e Africa 2£ cbirinas.

Ot artigos nlo assignados, sâo do director.

Erratas mais notáveis do n.° 5.° Na pg, 100 onde se lô=o devia ter satisfeilo-Iêa-se deve a clle

satisfazer—amejos lêa-se ameyas. Na pag. 102—no alto lêa se na altura. Na pag. 106 lin. í9 de .1505 lêase de 1595.

De Romance. A/on credora nisi videro he com leítras gordas—x¥oi» cre-

riam liifti vitlci*«9—Nas !inh. a-2 a ò*5 Lcmbrci*ie o fargo catalogo d'exemplos dolorosos, retirei-te a cortina dos tempos atraz, para mostrar-te.

Sócrates ctc. lôa se Lembrei-te o larao ele. mostrar-Xe Sócrates ecte. Na pap. 107 lin. 12 cancaro, lea se caucaso lin. 23 Her- tner !êa se Werther. na 2i como sangue dos corações—com o sangue do coração.

Pag. 108 lin. 3 tellas \te seteias, lin. 13 seu rir? l&a se seu rir.— t lin. 36 a fatalidade a todos etc—lôase a fatalidade a todas etc. pag. Í09 lio. 23 o esquecimento no tremedal da deva- sidas?—lôa se o esquecimento no tremedal da devassida? na lio. 30 uma grande dos seus produetos — JCa se uma grande parte dos seus produetos.

Na chronica no artigo Sir. Rustonge.^ as palavras filargarilh— lea se Mnrfjareth— no mesmo artigo cavalleiros lôa se cavalheiros.

$*liirà este jornal era todos os primeíroi dias de cada mez.—Subsercre- *e para elle em seguintes loeaes. •

Nas Ilhas. Na residência do Sr. J. F. Napoleão Monteiro, no bairro al- to-— Sm Salcete. Km casa do Sr. Regalado Piedade Coltaço, c na Phar- macia Alvares, em MargS->.—Em liardes. Em casa dos srs, F. A Frias de Noronha, em Ucassaim, Caetano Manoel Ribeiro , cm Porvorim, Luiz José de Sá, e director deste jornal em Sioltm.—iim Bombaim. Na residên- cia do sr. Casimiro Lobo.

A subscripçâo cm Goa será duas rupias adiantadas por anno, cm Bom- baim, Damío, Dio e Africa 2$ ehirinas.

Os artigos nlo assignados, sâo do director.

Erratas mais notáveis do n.° 5.°

Na pg, 100 onde se Íô=o devia ter satisfeito—lêa-se deve a elle satisfazer—amejos lêa-se ameyas.

Na pag. 102—no alto lêa se na altura. Na pag. 106 !in. 19 de .1505 lôàse de 159-5.

De Romance.

Noncredom nisi videro he com lettras gordas—!¥oia cre- «Isuii iilNi riilci'e—Nas linh. 32 a 35 Lembrei-te o !argo catalogo d'exemplos dolorosos, retirei-te a cortina dos tempos atraz, para mostrar-te.

Socrates etc. lôa sc Lembrei-te o largo etc. mostrar-\e Socrates e etc. Na pag. 107 lin. 12 eancaro, lea se caucaso lin. 23 Her- ther lôa se Werther. na 24 como sangue dos corações—com o sangue do coração.

Pag. 108 !in. 3 tellas lêascfe/«s. lin. 13 seu rir? lôa se seu r,r-—'• lin. 36 a fatalidade a todos etc.— lôa sc a fatalidade a todas etc. pag. Í09 lio. 23 o esquecimento no tremedal da deva- sidas?—16a se O esquecimento no tremedal da dcvassidal na lio. 30 uma grande dos seus productos—lôa se uma grande parte dos seus produetos. ♦*

Na chronica no artigo Sir. Rustongeg as palavras fifargarith— lea se Mnrgaretk— no mesmo artigo cuvalleiros lôa se cavalheiros.

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MONUMENTO EM ANJUNA.

*ÃO avulta mui grandioso o alvo do nosso propósito: não propomo-nos a descrever, qual Volney, as Pyramides d'Egypto, al- guma magniGcencia sumptuosa, símbolo do génio d'um povo, ou do poderio tirâ-

nico do seu dominanl*; o que pois vamos noticiar, está ainda longe de ser uma architectura esplendida, recor- dando á posteridade o quadro das gloriosas façanhas d' algum lieroe. A verdade está certamente em disermos que o monumento em objecto não passa d uma pedra preta collocada no recanto desta Aldêa, d'ordem do Go- verno deste Estado, c por isso mesmo credor da nossa attenção, assim por denuociar aos vindouros o atrevido procedimento duos gentios povoadores do sitio, e o caro que lbes custou esse revoltante arrojo; como por a nossa Goa ser mui pobre em possuir semelhantes memorias dos séculos passados.

Teríamos desempenhado melhormente o nosso intuito, se com documentos officiaes pudéssemos corroborara tra- dição que vamos expender, mas na impossibilidade de podermos arcançal-os,vémo-nos forçados a appellar á bon- dade dos leitores, para que tenham o incommodo de con- frontando o seguinte, que se conta desse monumento, com a inseripção que nello se acha, julgar sobre a verdade do facto, e inteirar-se da severidade da justiça d'então.

MONUMENTO EM ANJUNA.

ÃO avulta mui grandioso o alvo do nosso proposito: não propomo-nos a descrever, qual Volney, as Pyramides d'Egypto, al- guma magnificência sumptuosa, sirabolo do génio d'um povo, ou do poderio tirâ-

nico do seu dominant#; o que pois vamos noticiar, está ainda longe de ser uma architectura esplendida, recor- dando á posteridade o quadro das gloriosas façanhas d' algum lieroe. A verdade está certamente em disermos que o monumento em objecto não passa d'uma pedra preta collocada no recanto desta Aldêa, d'ordem do Go- verno deste Estado, c por isso mesmo credor da nossa attenção, assim por denuociar aos vindouros o atrevido procedimento d'uos gentios povoadores do sitio, e o caro que lbes custou esse revoltante arrojo; como por a nossa Goa ser mui pobre em possuir semelhantes memorias dos séculos passados.

Teríamos desempenhado melhormente o nosso intuito, se com documentos officiaes pudéssemos corroborara tra-

dição que vamos expender, mas na impossibilidade de podermos arcançal-os,vémo-nos forçados a appellar á bon- dade dos leitores, para que tenham o incommodo dc con- frontando o seguinte, que se conta desse monumento, com a inscripção que nello sc acha, julgar sobre a verdade do facto, e inteirar-se da severidade da justiça d'entao.

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— 124 —

La nesses tempos em que Goa ainda estava de braços com os costumes occidentacs, c da aurora de civilisação, o límpido clarão começava apenas a bruxulear-se sobro o nosso opaco horisonte, o grande Albuquerque que trans- formara a sorte do nosso paiz, grangeando-o á Coroa Portugueza, não tinha podido com a mesma celeridade ganhar a maior parte dos seus habiiaptes ao Evangelho ; elle testou esse legado á acção do tempo, e a dos cale- chistas Clérigos Regulares de diffcrenles ordens. Bardez fot a partilha dos Franciscanos, como he sabido.

Esta freguezia pastoreava um regular dessa ordem, e se intitulava Reitor da Egreja de S. Miguel d'Anjuna, personagem respeitável pela sua posição então não vul- gar, e caracter sem nota (nem todos os Franciscanos es- tavam impregnados desses vícios que lanlo denegriram a vida e a moral dos frades desse habito.)

Não querendo entrar em apreciações, abstemo-nos de pintar os costumes desse Eclesiástico, o de justiGear o seu procedimento, ou ineriminal-o. Narraremos o facto tal qual nós dizem se passou.

Estando já terminada a Semana Santa, sahe o nosso Rd.0 Reitor da sua parochial, acompanhado da sua pe- quena costumaL alçada, e ao repique do sioo, a as- pergiras casas <los fieis com a nova agua da regeneração vital.

Sabe muito bem o leitor quão pressurosos correm os Parochos ã habitações dos christãos nesses dias, cm que a Lei on o costume íhes dispensa alguma moeda para a algibeira:

O padre, ou enleiado nesse risonho porvir, ou toma- do d'ura zelo religioso .em cumprir com todo desvelo as obrigações tb seu ministério, chega em um dos dias subsequentes a Paschoa m bairro Chinvar desta àldêa

— 124 —

La nesses tempos em que Goa ainda estava de braços com os costumes occidentacs, c da aurora de civilisação, o límpido clarão começava apenas a bruxulear-se sobro o nosso opaco liorisonte, o grande Albuquerque que trans- formara a sorte do nosso paiz, grangeando-o á Goròa Portugueza, não tinha podido com a mesma celeridade ganhar a maior parte dos seus habuaptes ao Evangelho ; elle testou esse legado á acção do tempo, e a dos cate- . chistas Clérigos Regulares de diffcrenles ordens. Bardez foi a partilha dos Franciscanos, como he sabido.

Esta freguezia pastoreava um regular dessa ordem, e se intitulava Reitor da Egreja de S. Miguel d'Anjuna, personagem respeitável pela sua posição então não vul- gar, e caracter sem nota (nem todos os Franciscanos es- tavam impregnados desses vicios que tanto denegriram a vida e a moral dos frades desse habito. )

Não querendo entrar em apreciações, abstemo-nos de pintar os costumes desse Eclesiástico, e de justificar o seu procedimento, ou ineriminal-o. Narraremos o facto tal qual nós dizem se passou.

Estando já terminada a Semana Santa, sahc o nosso Rd.0 Reitor da sua parochial, acompanhado da sua pe- quena costuma la alçada, e ao repique do sioo, a as- pergiras casas dos fieis eom a nova agua da regeneração vital.

Sabe muito bem o leitor quão pressurosos correm os Parochos à habitações dos christãos nesses dias, cm que a Lei ou o costume lhes dispensa alguma moeda para a algibeira:

O padre, oti enleiado nesse risonho porvir, ou toma- do d'ura zelo religioso.em cumprir com todo desvelo as obrigações cb seu ministério, chega e n um dos dias subsequentes a Pascltoa no bairro Chinoar desta aldêa

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Ànjuna, e na proximidade da capella de N. S.' da Pie- dade. Muitos casebres se apinhavam neste lugar; e aqui se notava, como um arbusto no meio da relva, uma ca- sa que se inculcava mais distincta da povoação, pela sa- liência do seu edifício.

Q' aquelta seara de casas era cortada por algumas das gentias ignorava o coitado do frade; elle não cuidou tal vez, que n'um mesmo rebanho estariam mescladas as ovelhas de dois pastores; nem os da sua compaohia se consideraram com o dever de advertir-lhe disso: essa boa fé, ou mais antes ignorância foram as causas d'o nosso Reitor não recolher-se são e salvo.

Instantes não baviam escoado, que o Parocho no curso do seu benzimento, se tinha internado nessa casa mais no- bre do lugar; eis que um grito de alaroie e de socorro se rebenta nas repartições das mulheres, que se acha- vam pilando o batte; e nesse momento os homens que moravam no sobradado deite casa, acabam de descer, quaes tigres, á buscar a causa de tamanho motim na sua familia. ,

, Um gelo de morte se desenvolve pelas fibras do nosso Reitor por este inesperado acontecimento, a consterna- ção faz-lhc esquecer o caminho da fugida, e a desapari- ção dos seus companheiros aggrava a sua dolorosa situa- ção. Nesses momentos de prostração a agonia se augmen- ta, quando se vò já cercado por uma grossa chusma ae idolatras armados de cacetes, c dardejando pelos oinos lume de rancor. .„ J

Nem as mil desculpas, nem as mais humilhantes ae- precações do Padre e do povo ahi presente pôde suilocar nesses selvagens o brado de vingança: uma descarga ae cacetadas continuou a chover de todos os lados soDre o Frade; o sangue que jorrava das feridas recrudecia ain-

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Anjiina, e na proximidade da capella de N. S.a da Pie- dade. Muitos casebres se apinhavam neste lugar; e aqui se notava, como um arbusto no meio da relva, uma ca- sa que se inculcava mais distincta da povoação, pela sa- liência do seu edifício.

Q> aquella seara dc casas era cortada por algumas das gentias ignorava o coitado do frade; elle não cuidou tal vez, que n'um mesmo rebanho estariam mescladas as ovelhas de dois pastores; nem os da sua compaahia

• se consideraram com o dever de advertir-lhe disso: essa boa fé, ou mais antes ignorância foram as causas d'o nosso Reitor não recolher-se são e salvo.

Instantes não baviam escoado, que o Parocho no curso do seu benzimento, se tioha internado nessa casa mais no- bre do lugar; eis que um grito de alarme e de socorro se rebenta nas repartições das mulheres, que se acha- vam pilando o batte; e nesse momento os homens que moravam no sobradado de»Ui casa, acabam de descer, quaes tigres, á buscar a causa de tamanho motim na sua familia. ,

, Um gelo de morte se desenvolve pelas fibras do nosso Reitor por este inesperado acontecimento, a consterna- ção faz-lhe esquecer o caminho da fugida, e a desapari- ção dos seus companheiros aggrava a sua dolorosa situa- ção. Nesses momentos dc prostração a agonia se augmen ta, quando se vò já cercado por uma grossa chusma ae idolatras armados de cacetes, e dardejando pelos omos lume dc rancor. , _ ... . ,

Nem as mil desculpas, nem as mais humilhantes precações do Padre e do povo ahi presente pôde su ocar nesses selvagens o brado de vingança: uma descarga cacetadas continuou a chover de todos os lados sonre Frade; o sangue que jorrava das feridas recruòecia ain-

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da o seu animo ; elles se haviam talvez formado o pro- jecto de não abandonar a victima se não arraríeando- Ibe a vida. As mesmas mulheres quizeram cevar a sua raiva batendo com pilões rio passivo soffredor, ate que o soccorro arranjado pelos companheiros:;do Reitor, vin- do d'acordo com a compaixão dos próprios verdugos, consegue arrancar da casa a sangrenta victima, e trans- portal-a á Parocbial 111 t O attentado bradou pelo castigo perante ao autbo-

ridades e o Governo julgou que era mister fazer sentir a esses bomens todo o rigor das Leis, brandindo nelles a inflexível espada de justiça, que lampejava sobre as suas cabeças. O caso não parou em theorias; a justiça soube habilmente apoderar-se dos agressores para condignamen- te vingar a divida, que haviam contrabido com ella c o nome Portuguez.

Ad perpetuam rei memoriam, mandou-se levantar no sitio este padrão tão honroso «á religião, e á briosa Na- ção a quem pertencemos, em que se lê o castigo, e se de- nuncia a feição da justiça desse século na índia Portu- gueza= Eis a inscripção—

Governando este Estado, no an- uo do Nosso Sr. Jesus Christo de 1628, D. Fr. Luís de Brito, man- dou a Rcllaçao derrubar, assolar, e salgar as casas que estavam neste logar, e degredando os gen- tios que as habitavam toda a vida

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da o seu animo ; elies se haviam talvez formado o pro- jecto de n ao abandonar a victima se não arrancando- Ibe a vida. As mesmas mulheres quizeram cevar a sua • raiva batendo com pilões rio passivo soffredor, até que o soccorro arranjado pelos companheiros ::do Reitor, vin- do d acordo com a compaixão dos próprios verdugos, consegue arrancar da casa a sangrenta victima, e trans- portada 4 Parochial 11!

O attentado bradou pelo castigo perante ao aatho- ridades, e o Governo julgou que era mister fazer sentir a esses homens todo o rigor das Leis, brandindo nelles a inflexível espada de justiça, que lampejava sobre as suas cabeças. O caso não parou em theorias; a justiça soube habilmente apoderar-se dos agressores para condignamen- te vingar a divida, que haviam contrabido com ella e o nome Portuguez.

Ad perpetuam rei memoriam, mandou-se levantar no sítio este padrão tão honroso «á religião, e á briosa Na- ção a quem pertencemos, em que se lê o castigo, e se de- nuncia a feição da justiça desse século na índia Portu- gueza= Eis a inscripção—

Governando este Estado, no an-

uo do Nosso Sr. Jesus Chnsto de

1628, D. Fr.^Luis de Brito, man-

don a Rcllaçao derrubar, assolar,

e saldar as casas que estavam

neste logar, e degredando os gen-

tios que as habitavam toda a vida

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para gales c outras penas, e por que sahindo delias puseram as mãos violentas com excesso em um Religioso Vigário da Igreja de S. Miguel desta aldeã de An- jnna; epara memoriado castigo e execração de tal caso, se man- dou levantar este Padrão, que ne- nhuma pessoa tirará deste logar sob pena de ser mais rigorosa- mente castigado.

Conta-sc que esta pedra foi derrubada da sua pianlia pelo terremoto do 1820, a queda partio-a cm duas meta- des.

O seu cumprimento hc de quatro mãos e meia, a lar- gura de quinze polegadas, c grossura de oito.

Anjuna 22 de Março de 18GR.

Manoel José de Abreu.

para gales c outras penas, epor

que sahindo delias puseram as

mitos violentas com excesso em

um Religioso Vigário da Igreja

de S. Miguel desta aldca de An-

jnna; epara memoria do castigo

e execração de tal caso, se man-

dou levantar este Padrao, que ne-

nhuma pessoa tirara deste logar

sob pena de ser mais rigorosa-

mente castigado.

Conta-se que esta pedra foi derrubada da sua pianha pelo terremoto do 1820, a queda partia-a cm (luas meta- des.

O seu cumprimento he de quatro mãos e meia, a lar- gura de quinze polegadas, e grossura de oito.

Anjuna 22 de Março de i860.

Manoel José de Abreu.

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ROMANCE. (Continuação do n.m antecedente.)

Aqueiie homem do Iraje negro.

Je ne sais que verser uí ' des larmcs

V. Hugo.

Agora por aqui, cara donzella, abre esta poria. Vós aquelle homem, trajado de luto, de aspecto som-

brio, desvairado? EI-o ahi assentado, com os braços firmados sobre a

tosca mesa, c a cabeça recostada aos punhos-Mcdila. E he pungente, profundo, e immenso o seu meditar—

pungente como o grito do desesperado nas dolorosas angustias do eoração—profundo, qual o abismo insondá- vel, cm que bracejam as vagas túmidas, e raivosas do elemento—immenso, qnal o espaço, cm que sedestacuo, luminosos, esses milhões de mundos rolando à compasso*

E o que quer de terrível, c de sinistro revolve-se na- quella alma como as ondas do fogo seio do volcão em as noutes de tempestade.

Eslrcmcceo. Cresce rápido, rápido, como o espectro, que surge do tumulo—pálido, desorientado, brotando fogo dos olhos. Murmura.. .. Escuta, virgem, vc o que diz.

„ Ha vinte e cinco annosl.... era exactamente o dia de hoje, sete de Janeiro de 1830, que me arremeçaram aos abismos de um martírio tenebroso c alroz—que um tormento incrível, , os pesares de voram-mc ávida sem cessar, —que trago as Faces queimadas pelo pranto da drtr ardente, devorador, c sem lagrimas!.. .

„ Vinte e cinco annos 1 c a caminhar por cima dos a-

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ROMANCE.

• {Continuação do n.B antecedente.)

Aqueiie homem do Irajc negro.

1 ■ Je ne sais que terser ' ;■ des larmcs

V. Hugo.

Agora por aqui, cara donzella, abre esta porta. Vês aquelle homem, trajado de luto, de aspecto som-

brio, desvairado? El-o abi assentado, com os braços firmados sobre a

tosca mesa, c a cabeça recostada aos punhos-Mcdita. E he pungente, profundo, e immenso o seu meditar—

pungente como o grito do desesperado nas dolorosas angustias do coração—profundo, qual o abismo insondá- vel, cm que bracejam as vagas túmidas, e raivosas do elemento—immenso, qna) o espaço, cm que sedestacão, luminosos, esses milhões de mundos rotando â compasso*

E o que quer de terrível, c de sinistro revolve-se na- quella alma como as ondas do fogo seio do volcão em as noutes de tempestade.

Eslrcmccco. Cresce rápido, rápido, como o espectro, que surge do tumulo—pálido, desorientado, brotando fogo dos olhos. Murmura.... Escuta, virgem, vê o que diz.

„ Ha vinte e cinco annosl.... era exactamente o dia de hoje, sete de Janeiro de 1839, que me arremeçaram aos abismos de um martírio tenebroso c atroz—que um tormento incrível, t os pesares devoram-mc a vida sem cessar, —que trago as faces queimadas pelo pranto da dêr ardente, devorador, e sem lagrimas!.. .

„ Vinte e cinco annos 1 c a caminhar por cima dos a-

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brolhos, sem pausa, com os pós rasgados, com o coração a suar sangue

,, De balde lenho buscado o alivio na Iam longa pas- sagem de agonia, que so achei cm toda a parte a espon- ja do fel, e da ironia cospindo-me nas chagas do peito!

Desgraçado de mim 1 implorei aos homens, prostrei-me a seus pés, e os homens me repeliiram como um vil re- negado—conjurei os mortos, e os seus sepulcros vi-os mudos—orei a Dcos^não quiz escutar-me, pedi-lhe uma hora de refrigério, e vasou-me sobre a fronte, já crestada, mais um cálice das amarguras, e do sofrimento 1

„ E' que Deos, c a sociedade tinlnm«mc declarado a guerra: cu era o seu condemnado. Virei-mc, pois, ao inferno, c o inferno,só, descobrio-mc a consolação.. .mas nos estragos da minha embriaguez, e da dissolução 1 Em- bora I se pesa sobre a minha cabeça a condemnação de cima!

„ Mas qui linha eu feito para tanto? não era inno- cente antes que me obrigassem ao crime? não era capaz do ser, por ventura, o mais feliz dos homens? Oh! o pensar faz esta lar-me, unia a uma, todas as fibras do coração, e rugir como o leão da montanha, que no seu fu- ror tenta derrubar as arvores seculares, c esmigalhar os rochedos entre as garras!. .. e eu tenho então sede.... sòde do sangue, c da vingança. Oh 1 quem me dera de beber a tragos que me custasse a vida, c a eterni- dade 1

,, Não... o sangue não, que o teimo derramado de so- bejo 1 Quatro victimas em menos de uma hora— caíram, prostrados pelo punhal, revoltos no próprio sangue!.. . • Fui eu que aviei ao demónio essas almas tisnadas pela malvadez, c perversidade.

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brolhos, sem pausa, com os pós rasgados, com o coração a suar sangue....

,, De balde lenho buscado o alivio na Iam longa pas- sagem de agonia, que so achei em Ioda a parte a espon- ja do fel, e da ironia cospindo-me nas chagas do peilol

Desgraçado de mim I implorei aos homens, proslrci-mo a seus pés, e os homens mo repelliram como um vil re- negado—conjurei os mortos, c os seus sepulcros vi-os mudos-—orei a Deos,csnão quiz escular-me, pedi-lhe uma hora de refrigério, e vasou-me sobre a fronte, já crestada, mais um cálice das amarguras, e do sofrimento 1

„ E' que Deos, c a sociedade linhinwnc declarado a guerra: eu era o seu condemnado. Virei-me, pois, ao inferno, c o inferno,só, descobrio-me a consolação.. .mas nos estragos da minha embriaguez, c da dissolução 1 Em- bora! se pesa sobre a minha cabeça a condcmnação de cima 1

„ Mas qui tinha eu feito para tanto? não era inno- cenle antes que me obrigassem ao crime? não era capaz do ser, por ventura, o mais feliz dos homens? Oh! o pensar faz esta lar* me, uma a ama, todas as fibras do coração, c rugir como o leão da montanha, que no seu fu- ror lenta derrubar as arvores seculares, e esmigalhar os rochedos entre as garras!. .. e eu tenho então sede.... sòdc do sangue, e da vingança. Oh 1 quem me dera de beber a tragos que me custasse a vida, c a eterni- dade!

,, Não... o sangue não, que o lenho derramado de so- bejo 1 Quatro viclimas em menos de uma hora— cai ram, prostrados pelo punhal, revoltos no proprio sangue!.. . - Fui eu que aviei ao demonio essas almas tisnadas pela malvadez, c perversidade.

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-130 —

„ E a justiça dos homens veio então amarrar-me á co- lunaria do padecer atroz. 1

„ E o sangue das victimas segue-me agora cm toda a parte disputaodo a Deos o meu perdão!

„ E o espectro do remorso surge ante mim, pavoroso, implacável, apontando a obra de cinzas, o pó, que eu fiz 1

„ E o brado de túmulos vem despertar-me por alta noute repeti ndo-me, incessante, esta palavra: assassino l

„ E cu o fui. / ,, Que outra cousa m(T queriam, pois? „ Que licasse impassível aos pés d'uraa esposa trai-

dora 1 ? qno a visse folgar nos braços doutrem I ? que velasse o rosto diante desse velho miserável, ovil, que não soube o que era ser pai, quando vendia a mocidade, e a formosura da filha ao primeiro que ousou a atirar- Ihe um ponhado de ouro á caral? que perdoasse o in- fame perseguidor de quem me gerara, no momento de deshonrar a minha irmã arrancando-lhe a coroa de vir- gem— á esso anjo puro, que me confiou a minha mãy á beira da morte !?

„ Era impossível, que visse ura raio fulminante por cima da cabeça, um abismo de baixo dos pés a devorar- me 1 Impossível! Não devera primeiro ser esposo, ser filho, ser irmão.

„ Ptrdoar/ oh! havia de ser uma horrível farca a minha existência futurai Não o quiz, por isso. E agora vinte e cin- co annos de dolorosas vigílias, de cárcere, e degredo, de embriaguez, e dissolução—eis o meu passado! Deos, oh Deos I quantos me aguardam ainda ao futuro, cheios de vergonha, de magoas, c de opprobrio?... Terás ao menos o perdão ao desventurado, quando o vires contricto no umbral da eternidade? O silencio da campa encerra para elle um mistério profundo!.....

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„ E a justiça dos homens veio então amarrar-me á co- lumna do padecer atroz. I

„Eo sangue das victimas seguc-me agora cm toda a parte disputaodo a Deos o meu perdão!

„Eo espectro do remorso surge ante mim, pavoroso, implacável, apontando a obra oo cinzas, o pó, que eu fiz 1

„ E o brado dc lumulos vem despertar-me por alta noutc repeti ndo-mc, incessante, esta palavra: assassiuo /

„ E cu o fui. / „ Que outra cousa m<Tqueriam, pois? „ Que licassc impassive! aos pés d'uraa esposa trai-

dóral? que a visse folgar nos braços d'ontrem I ? que velasse o rosto diante desse velho miserável, evil, que não soube o que era ser pái, quando vendia a mocidade, o a formosura da filha ao primeiro que ousou a atirar- llie um ponhado de ouro á caral? que perdoasse o in- fame perseguidor de quem me gerara, no momento dc deshonrar a minha irmã arrancando-lhe a coroa dc vir- gem— á esse anjo puro, que me confiou a mioba raãy á beira da morte 1 ?

„ Era impossível, que visse um raio fulminante por cima da cabeça, um abismo do baixo dos pés a devorar- me 1 Impossível! Não devera primeiro ser esposo,ser filho, ser irmão.

„ Ptrdoar/ oh! havia de ser uma horrível farça a mioha existência futurai Não o quiz, por isso. E agora vinte e cin- co annos de dolorosas vigílias, de cárcere, c degredo, do

* embriaguez, e dissolução—eis o meu passado! Deos, oh Deos I quantos me aguardam ainda ao futuro, cheios de vergonha, de magoas, o de opprobrio?... Terás ao menos o perdão ao desventurado, quando o vires conlricto no umbral da eternidade? O silencio da campa encerra para elle um mistério profundo!.....

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— 131 —

„ Mnllier I tu eras o sol da minlia vida, as minhas es- peranças, os meus sonhos. Eu adorava-te no sanctuario do meu coração; e todavia, vendeste-me, traíste-rne, foste o primeiro elo da longa cadòa das minhas desventuras. Cuidado! Se ainda lana eternidade pode haver a vingan- ça, serei eu o meu vingador.

„ Eras a minha houri, o meu ideal de bellesa: eri-te como um anjo, por que não sabia, qno eras mais do que um demónio. Oh, foi hcllaessa primeira estação dos meus amoresl bello esse primeiro despontar de anceios e espe- rança1; 1 Onde está, parem, tudo isto? onde os que eu amei? onde o que eu era? Atirei-os ao abismo do pas- sado !

„ Mulher! quando a aurora matutina despontava no berisonte, era a tua imagem que eu via, enlevado, na aurora. ,

„ E depois, quando o rei dos astros, quando o disco solar—esse patriarcha das montanhas aéreas, irradiava- se no pino, magestoso, brilhante, dominando os espaços, eu via, enlevado, a tua imagem nos raios ardentes do seu diadema.

„ E depois, quando com os arreboes da tarde as flo- res exhalavam seus perfumes, abrindo-se ao frescor do rocio, eu sentia, enlevado, a tua imagem no rocio, nos perfumes, nas flores, c nos arreboes.

„ E depois, quando os meigos lampejos da lua coavam- se pela lamina uiaphana dos vapores da noute, era a tua imagem, que eu via, que eu sentia nos vapores da noute, c nos lampejos da lua. *

„ Sempre tu/.. pallida, seduetora, formosa como a tna- dona de mármoreI... coma fronte magestosa, QS lábios purpúreos, a tez de setim, e os cabellos louros ondeando por de traz de collo I

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„ Mulher l tu eras o sol da minha vida, as minhas es- peranças, os meus sonhos. Eu adorava-tc no sanctuario do meu coração; e todavia, vendeste-me, traiste-mc, foste o primeiro elo da longa cadòa das minhas desventuras. Cuidado! Se ainda lá na eternidade pode haver a vingan- ça, serei eu o meu vingador.

„ Eras a minha houri, o meu ideal de bellesa: cri-te como um anjo, por que não sabia, quo eras mais do que um demonio. Oh, foi hellaessa primeira estação dos meus amores 1 bello esse primeiro despontar de anceios e espe- rança^l Onde está, porém, tudo isto? onde os que eu amei? onde o que eu era? Atírei-os ao abismo do pas- sado !

„ Mulher! quando a aurora matutina despontava no bGrisonte, era a tua imagem que eu via, enlevado, na aurora. t

„ E depois, quando o rei dos astros, quando o disco solar—esse patriareha das montanhas aéreas, irradiava- se no pino, magestoso, brilhante, dominando os espaços, eu via, enlevado, a lua imagem nos raios ardentes do seu diadema.

„ E depois, quando com os arreboes da tarde as fló- res exhalavam seus perfumes, abrindo-se ao frescor do rocio, eu sentia, enlevado, a tua imagem no rocio, nos perfumes, nas flores, e nos arreboes.

„ E depois, quando os meigos lampejos da lua coavam- se pela lamina uiaphana dos vapores da noute, era a tua imagem, que eu via, que eu sentia nos vapores da noute, c nos lampejos da lua. *

„ Sempre tu/.. pallida, seductora, formosa comoa tna- dona de mármore!... coma fronte magestosa, os lábios purpúreos, a tez de setira, e os cabellos louros ondeando por de traz de collo I

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„ Mas quando vi-tc partimos braços doutrem os nos- sos laços sagrados—quando vi que esse peito formoso, e delicado encerrava um coração infiel, essa fronte mages- tosa uma alma cnnegrecida; nesse dia, o melhor, valias tu menos que a misera andeja assentada no marco d'es- trada com o signal de prostituição.

„ E nesse dia fiz o adeus ao meu passado, e escrevi o epilaphio as minhas aspirações, ap cnihusiasmo das grandes ideas, ao taleato, ao coração, e á gloria.

„ E sabes agora o que he adormecer lugubremente so- bre as folhas caídas do outomno, depois de haver madru- gado na manhã d'uma primavera risonha, sob a aurora brilhante d'um esplendido futuro? Sabes o que he? E' o s?gredo misterioso da minfia existência!.... (

„ Les graces riantes, les doux plaisirs.,. la joic seva- nouirontcomme un beausonge, e ne t'cn restera qu un triste souvenir „

(Continua.) , _ Leopoldo Cipriano da Gama.

A MULHER NA KEPUBLICA DAS LETRAS. A mulher física principia a ser conhecida, a mulher intcUectuat

sel-o-ha,a mulher moral è o infinito. Castilho.

Não he tó La Broyerc c Larochefoucanlt que da penna fiserão entylete para flageltar a cieatnra mais nobre e ad- mirável qoe saliio das mãos do creador ; antes e depois u'ellcs, ainda noa centros de paizes mais ilhisirado?, tem- se vism suscitar cardume» de espíritos malévolos e sec- co?, «uerreauda com inandito furor e deslealdade aqoem nSo' °de*ião ?enão proteger e amar. Cá em Goa também •vimoí, não ha muito, um pasquim «'este gosto que de fados especiaes, resvalando para as illaçocs geraes, pas- sou h fondar regras sobre as excepçoen^.

„ Mas quando ví-te partir nos braços doutrem os nos- sos laços sagrados—quando vi que esse peito formoso, e delicado encerrava um coração infiel, essa fronte mages- tosa uma alma enncgrecida; nesse dia, o melhor, valias tu menos que a misera andeja assentada no marco d'es- trada com o signal de prostituição.

„ E nesse dia fiz o adeus ao meu passado, e escrevi o epilaphio as minhas aspirações, ap enlhusiasmo das graodes ideas, ao taleoto, ao coração, e á gloria.

,, E sabes agora o que he adormecer lugubremente so- bre as folhas caídas do outomno, depois de haver madru- gado na manhã d'uma primavera risonha, sob a aurora brilhante dfum esplendido futuro? Sabes o que be? E* o segredo misterioso da minha existência !.... _ f

„ Les graces riantes, les doux plaisirs.,. la joie seva- nouiront comme un beau songe, c ne t'en restera quun triste souvenir „

(Continua.) _ Leopoldo Cipriano da Gama.

A.MULHER NA KEPUBLICA DAS LETRAS.

A mulher física principia a ser conhecida, a mulher intellectual sel-o-ha, a mulher jnorai è o infinito.

Castilho.

Não he só La Broyerc e Laroehefoucault que da penna fiserão estylete para flagellar a cieatura mais nobre e ad- mirável qoe saliio das mãos do creador : antes e depois d'ellcs, ainda nos centros de paizes mais illustrados, tem- se visto suscitar cardumes de espíritos malévolos e sec- eos, «oerreando com inaudito furor e deslealdade aqoem não* °de*iào senão pioteg-er e amar. Cá em Goa tambein vimos, não ha invito, um pasquim n'este gosto que de facto» especiae», resvalando para as illaçGcs geraes, pas- sou h fundar regras sobre as excepçocns.

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— Ioo —

Todos estes mofinos demores, quanun contemplão * o? segredo? He Dens, e as suas bellas obra?, como os innu- meros globos que adornão o Céo, os fogos do Sol que a- lentào a natureza,( a lua que suavisa, e a meiga aurora que doira os altos das eoUina-», sentem se commovidos e' enervado* de pasmo; e d'ahi volvendo a vista para a terra,' quando mirão as deliciosas cascatas, regatos, os voláteis, quadrúpedes c insectos de variada elegância e primor, e cm fim essas flore? que tanto deleitão com o bálsamo do *eo cálix que ao beijar dos zéfiros se abro ; exclamão : oh J mil vezes abençoada a mão do Omnipotente qup es» palhou com tanta profusão o* tjjesouros de tanto esplen» dor e belleza. Mas como sr? lhes eerra o coração ao v'er essa flor da humanidnle aquém Deos reservou graças mais suaves, as tintas mais delicadas, e as formas mais atiractivas ! ! Não vêm que a natureza por mais brilliant* e harmonioza que seja, é sempre morta e árida, c que eó o misto da belleza hum-ma e d* intelligcncia tem uma lingoagem e um poder magnético que satisfaz os olhos do que querem ver do admuavel, e o coração das anciãs de amor? Que ente n\ terra que mereça ser chamado por exceleacia soccorro do homem 1 Acazo será, absurdo que a* mulher he sacerdote tia família como o homem é o seu rey ? Não será verdalc que 03 .reinos, cidades, e a mesma Santa Igreja tem~lhe merecido infinitos servi- * ços e favores ? Carece no écctilo das luzes de mais demonstrar que a mulher estillando dos lábios as do- çoias, com o coração e espirito que n'ella he lambem coraçío, consola a humanidade nas suas amarguras, c •que o homem-padre, o homem-rey, o homem-esposo, e o homem-pae deve-lhe grande parte da sua felici- dade e bemestar?

E<tes homens que parecem nascidos das pedras de Deucalião, sâo chamados pelo citado escritor eremilicos, rústicos e ignorantes, e «ao estigmatizados nos seguintes . termos.=^Custa a crer como um ente que he metade da nos*a espécie, qoe das duas he a mais amável metade, a mais cannhosa,em tantas coisas no no igual parajnós atra- hir, mas com tantas difterenças de nós para se nos unir

1 nr» —■ Iao —

Todos estes mofinos derisores, quando contemplío 'o? segredo? de Deos, e as suas bellas obras, como os innn- meros globos que adornão o Ceo, os fogos do Sol que a» lentào a natureza,, a lua que soavisa, e a meiga aurora que doira os altos das collina", sentem se commovidos e enervado" de pasmo; e d'ahi volvendo a vista para a terra, quando mirão as deliciosas cascatas, regatos, os voláteis, quadrúpedes e insectos de variada elegância e primor, e em fim essas flores que tanto dcle.itão com o balsarno do seu calir que ao beijar dos zéfiros se abro ; exelamão : oh ! mil vezes abençoada a mão do Omnipotente que es» palhoit corn tanta profusão o4 tjjesouros <lc tanto esplen- dor e belleza. Mas eomo se lhes eerra o coração ao ver es^a flor da humanidale aquém Dcos reservou graças mais suaves, as tintas mais delicadas, e ns formas mais attractivas ! ! Não vêm que a natureza por mais brilliant» e harinonioza que seja, é sempre morta e arida, c que só o rmsio da belleza hnmina e de inteljigcncia tem uma lingoagern e um poder magnético que satisfaz os olhos tio que querem ver do admirável, e o coração das ancias dc amor? Q.ne ente na terra que mereça ser chamado por excelcucia soccorro do homem ? Acazo será absurdo que a" mulher he sacerdote da família como o homem c o seu rey ? Nio será verdade que 03 .reinos, cidades, e a mesma Santa Igreja tem~lhc mcrfecido infinitos servi- ' çcs e favores ? Carece no século das luzes de mais demonstrar que a mulher estillando dos lábios as do- çoras, com o coração e espirito que n'ella he lambem coração, consola a humanidade nas suas amarguras, c

•que o bomem-padre, o homem-rey, o hornem^esposo, e o homeni-pac deve-lhe grande parte da sua felici- dade e bemestar?

Estes homen" que parecem nascidos «las pedras de Deucalião, são chamados pelo citado escritor eremílico*, rústicos e ignorantes, e «ao estigmatizados nos seguintes termos.=?Custa a crer como um ente que he metade da nossa especie , qoe das duas he a mais amavel metade, a mais carinhosa,em tantas coisas no 110 igual parajnós atra- hir, mas com tantas difterenças de nós para se nos unir

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ajnda maia, qae se tem deffeitos de nós os receb?., e aoi di em troca, sem o eujdar, tantas das virtudea que poa- suimo?, custa, digo, a crer come um tal ente a quem sua própria fraqueza deverá tornar inviolável, pô ie ver-se cm todos 03 tempo», e provavelmente continuará a aer até •qfim doa séculos, alvo e emprego das criticas mais desa- bridas, e mais grosseiras calumnias. Divindade extraor- dinária, a quem seua próprios ministros e sacrificadores inauhão adorando-a, c que de cima do seu altar, frágil maa eterno, innalteravel em sua mansidão, derrama sobre bons e mãos a felicidade !==

O meu propósito, porém, he betn outro; panigeústa não soo, a«m ião pooco quero defTender a mulher ; pois ella serve-se hoje do beneficio d'imprensat e menea a pena iam judiciosa c habilmente como bomein;e pondo em obra os meios que a sociedade lhe confere, repelle triumfante» mente a calumnia qae se lhe assaea. Por todaa citarei es nobrea Italianas, Modesta di Pozzo di Zorzi, e Lu- crécia. Marinei la, que nas suas obras não só tratarão de defeader.se a ai e a sua claase de rauitaa affroutas que se lhes <Jmgirâo, mas quizerão até tomar part» na questão da. premineneia dos sexoa, c sustentar a do seo sexo: as- sim eojmo Margarida de Navarra, primeira mulher de Henrique IV, rey de França, que egualmcntc* procurou provar n'om livro qhe a, mulher he muito superior ao homem AJesmo se nada disto, ella. ppjesse, bastava-lhe o que Garret díise n'e«tes verãos.

For armas e por deffeza l)eo—lhe as formaa engraçadas Que o ferro e o fogo, a* espadas Que tudo podem vencer.

E entrando no assumpto que em parte he frueto do eatodo e experieaeía do itlustre Belovino, e de mais ■scriptores, peço induígeneia a benévolas leitoraa a pouco que direi do meu bestunto.

Desde a quada original os povos linhão guardado por tradição a lembrança d'esle supremo mal, introduzido no mundo pela mulher. Em toda a parte erão clles cxecu«

ajnda maia, que se tem defíeitos de nós os receba, e no* dá em troca, sem o cuidar, tantas das virtudes que poa- suimo?, ensta, digo, a crer come uin tal ente a quem soa propria fraqueza deverá tornar inviolável, pô ie ver-se cm todos 03 tempos, e provavelmente continuará a aer até •o fim doa séculos, alvo e emprego das criticas mais desa- bridas, e mais grosseiras calumnias. Divindade extraor- dinária, a quem seus próprios ministros e sacrificadoras insultão adorando-a, c que de cima do seu altar, frágil maa eterno, innalteravel em sua mansidão, derrama sobre bons e mãos a felicidade !=

O meu proposito, porém, he bern outro; panigerista não soo, num tão ponco quer6 de/Tender a mulher ; pois ella serve-se hoje do beneficio d'imprensa. e inenea a pena tam judiciosa c habilmente como botnem; e pondo em obra os meios que a sociedade lhe confere, repeile tríumfante* mente a calumnia qae se lhe assaca. Por todaa citarei a? nobres Italianas, Modesta di Pozzo «li Zorzi, e Lu- crécia Marinella, que nas suas obras uao só tratarão de defender-se a at e a sua claase de rauitaa afiroutas que sc lhea dirigirão, mas quizerau até tomar part* na questão da. premineneia dos aexoa, c -sustentar a do sen sexo: as- sim como Margarida de Navarra, primeira mulher de Henrique IV, rcy de França, que egualmentc* procurou provar a'am livro qhe a, mulher he muito superior ao homem AJesrno se nada «listo, ella, pudesse, bastava—lhe o que Garret disse n'estes versos.

Por armas e por deffeza Deo-llie aa formas engraçadas Que o ferro e o fogo, as espadas Qne tudo podem vencer.

E entrando no assumpto que em parte he fructo do eatudo o experieaeia do illustre Beiovino, e de mais •scriptores, peço indulgência a benévolas leitoras a ponco qpe direi do men bestunto.

Desde a quada original os povos tinhão guardado por tradição a lembrança d'es te supremo mal, introdazido no mundo pela mulher. Em toda a parte erao clles execu*

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tores desapiedados da sentença proferida contra ella; tratando-a qoer seja na sociedade, quer naa casas cnrrn» escrava, e como um ser inferior feito para obedecera todas aa vontades e capricho» d'o seu amo.

Em «eguida a corrupção geral veio ainda abismal-a em maior abaixamento.- a carne e oa sentidos qoe por toda a parte estenderão' o seu império, fi serão delia um vil insirumento da lascívia c nada mais. N'estas deploráveis circustaocias era impossível, que o entre fraco era pregasse a sua benéfica inflaenci a para a cívilísaçao do homem, e para despertar n'elle amoràslctta9 e artea.Debaixo desta rudeza e trevas quasi geraes, se apparecia alguma arte ou litteratnra inspirada peia mulher, era elía expressão da belleza material, ccho do mundo físico: entre aquel- laa o entre arte e iiiteratura do? christaons oh/ quanta diíferença! podemos bem comparal-a com a que existe entre o coipo e alma, entre"a terra e o cé<>, entre a forma e pensamento. A. antiguidade vè-se figarada pela magni- fica estatua de Phidias, que falia aos nosso* sentidos e olhos, excitando apenas a. volupiuo*idade e o desejo fiíice. À arte nova he representada pela divina figurada virgem ue Rafael, ante a qual procuramos cahirde joelhoa para adorara Deos, e que falia antes de tudo a alma e ao coração, despertando pensamentos celestes da eterni- dade, e do amor angélico—Oh! como Deos pcnníttio tan- to soifrimento para a autiga mulher!!

TU índia, nesse berço da civilisação da sociedade hu- mana, a mulher como esposa mesmo que não fos*e olha. da como companheira do hornem, e que em quanto viu- va fosse tratada cnm iocrive! dureza, com tudo inápiron ella oa poetas que a elogiarão e atvinisarSo : a Sita do Ri- maiao foi o therna para rasgados encómio* e assombro ao fecundo autor daepoppaia Parjvoíy iras antigas legen- das, a mereceo lambem grande veneração c apreço aos seus adoradores.

Palio d'e»tas duas mulheres per todas outraa que*sS>» adoradas pelos indios pagaona; e exaltadas nos seus anti» gos escriptos.

Quando começava a civilização no Egipto, os progrea-

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tores desapiedados da sentença proferida contra el la; tratando-a qoer seja na sociedade, quer naa casas cora» escrava, e como um ser inferior feito para obedecer a todas aa vontades e caprichos db seu amo.

Em seguida a corrapçSo geral veio ainda abismal-a etn maior rebaixamento; a carne e os sentidos qoe por toda, a parta extendcrao o seu império, fiserão delia um vil instrumento da lascívia e nada mais. N'eitas deploráveis circustancias era impossível, que o entre fraco empregasse a stia benefica infiaenci a para a cívilisaça» do homem, e para despertar n'elle amor ás Ictra9 e artea. Debaixo desta rudeza e irevas quasi geraes, se apparecia alguma arte ou liiteratnra inspirada peia mulher, era ella expressão da belleza material, echo tio mundo físico: entre aqoel- laa o entre arte e litteratura dos christaons oh/ quanta dilíerença! podemos bem comparal-a com a que exist® entre o corpo e alma, entre"a terra e o cé», entre a forma e pensamento. A. antiguidade vê-se figarada pela magni- fica estatua de Phidias, qoe falia aos nosso* sentidos « olhos, excitando apenas a. voíupiuo*idade e o desejo fisice. A arte ttuva he representada pela divina figura da virgem de Rafael, ante a qual procuramos cahirde joejhoa para adorar a Deos, e qoe falia antes de tudo a alma e ao coração, despertando pensamentos celestes da eterni- dade, e do amor angélico—Oh ! como Deoa permíttio tan- to soifrimento para a antiga mulher-'!

Ni índia, nesse berço da civilisaçâo da sociedade hu- mana, a mulher como esposa inesmo que não fosse olha. da como companheira do homem, e que em quanto viu- va fosse tratada com incrível dureza, com tudo inspirou, ella oa poetas que a elogiarão e atvinisarSo; aSila do Ra- uiaian foi o therna para rasgados encómios e assombro ao fecundo autor daepoppata Paifvoiy uas antigas legen- das, a rnereceo lambem grande veneração c apfeço aos seus adoradores.

Fa lio d'estas duas mnlheres por tnda9 outraa que situ adoradas pelos índios pagaonsj e exaltadas nos séus anti» gos escriptos.

Quando começava a civilisaçâo no Egipto, os progrev-

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■n» erao inteiramente operados do lado das enusas ni&le- riaes. A9 mulheres na"» inspirarão algnm poeta, ou escri- tor; e os monumentos antigos não exprimem alguma cou- sa que tivesse enião sido feita por ellas. N'nra paiz onde «e adorava og animaes e os legumes não hc espanto que se encontre em relaçío aos monumentos mais do qoe es- sas rudes, e grosseiras esculturaa qoe attestão aquelle culto da matéria.

, .O povo hebreu he o que apresenta os mais antigos monumentoa da sua literatura. Quando se lê estes '.livros sublimes da Biblia, adrnira-se como esta literatura divina corresponde perfeitamente com a grandeza dos acontecimentos que elh narra, que celebra e profetisa. Ani não se vê se não tudo extraordinário c admirável, e nenhuma cousa ainda mais simples verificada u'e>sa ter- ra ti grada sem acção especial de De»?. Mais alta e su- blime que as UUadas, Odisseas, Eneida*, e todas a* poeaias.de todos os tempos «será sempre lida e admirada com palavra dictada por Deos.

Mas no seio deste povo as mulheres não oceuparão se não o Ínfimo e sesundario logai: se algomas delia* ?e il- luatrara», foi pela sua intrepidez e grandeza o'aIma; foi para que por ellas se cumprirem os decretos da Providen- cia: taes forão Débora, Jndiíb, £<tber: e esta ultima foi quem começou a rebabilitar o typ» puro, e gracioso da mulher; mostrando a beleza, e a doçura d» seu sexo.

Na época dos reis em que o luxo invadiu o povojodeo, e os príncipes rivalizando com o* grandes aoberanos da Azia elevarão o poder da nação pelas conquistas de ma- gnificas cidades e villas, tornarão-se mais suaves e doces «>s costumes, e a mulher foi amada pelo seu amor c bel- leza.

As faltas de Divid tão magnificamente' choradas nos Psaiinos Peniteiiciaes são a prova. As obras de Salomão, priocipe tão santo e grande pela sna crença, como fraco do lado do corarão c pratica, são monumento irrecusável do império qiu* »z mulheres exercia» na sua época. O cântico dos cânticos, es.»a sublime poesia, he a pintura maia viva que o sábio principe nos traçou dos costumes

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*n» erao inteiramente operados do lado das enusas niate- riaes. As mulheres nS» inspirarão algnm poeta, ou escri- tor} e os monumentos antigos não exprimem alguma cou- sa que tivesse então sido feita por ellas. N'nra paiz onde «e adorava os animaes e os legumes não he espanto que se encontre ein relação aos monumentos mais do qoe es- sas rudes, e grosseiras esenlturaa qoe attestào aquelle culto tia materia.

. .O povo hebreu he o que apresenta os mais antigos monnmentoa da sua literatura. Quando se le e.-tes livros sublimes da Bíblia, admira—se como esta literatura divina corresponde perfeitamente com a grandeza dos acontecimentos que ell* narra, que celebra e profetisa» Ahi não se vê se não tudo extraordinário c admirável, e nenhuma cousa ainda mais simples verificada u'e»sa ter- ra ngrada spm acção especial de Deus. Mais alta e su- blime que as TlUadas, Odisseas, Jimeidav, e todas as poesias, de todos os tempos será sempre lida e admirada cem palavra dictada por Deos.

Mas no seio deste povo as mulheres não occuparão se não o ínfimo e secundário logat: se algomas delias se il- lustrarãc», foi peia soa intrepidez e grandeza o'airna; foi para qoe por ellas se cumprissem os decretos da Providers* cia: taes forâo Débora, Judith, Esther: e esta ultima foi quem começou a rebabiiitar o typ» puro, e gracioso da mulher; mostrando a beleza, e a doçura do seu sexo.

Na época dos reis em que o luxo invadiu o povojudeo, e os príncipes rivalizando com o* grandes aoberanos d'a Azia elevarão o poder da nação pelas conquistas de ma- gnificas cidades e villas, tornarão-se mais suaves e doces os costumes, e a mulher foi amada pelo seu amor e bel- leza.

As faltas de Divid tão magnificamente choradas nos Psaliuos Peiíiteuciaes a prova. As obras de Salomão, priocipe tão santo e grande pela sua crença, como fraco do lado do coração c pratica, são monumento irrecusaveí do império que na mulheres exerciào na sua época. O cântico dos cânticos, es.-a sublime poesia, he a pintura mais viva que o sábio príncipe nos traçou dos costumes

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(i'eQtâO| todos coacordao que ella não lie se Jiiln alegria, mas nem porias» nade se negar que, as figuras que ahi abuodão, e as comparações de que se aerve o escriptur, não sejão bastantes para demonstrar que elle fofa inapirado pela mulher soberana pela belleza e deleite: o amor das fonnas que palpita nas suas expressoens, e a ardência do aeu pincel bem deixão vêr a exaltação do amor de aeus olhos e sentidos.

Depois desta época a historia doa Judeos apresenta muitas mulheres celebres , mas nenhuma ofTerecc o typu da mulher tal qual ao presente nós concebemos, ornada da dobrada belleza do corpo e do espirito.

E que eousa podia ser a mulher n'um povo ein que a amante do rey sollicitava a cabeça de S. João Baptista?

Da índia passando para Grécia, vemos ahi a' realização de todos oa progressos da que era tam capaz a humaoii dade abandonada a ai mesma. Mas a mulher oceupa o logar qoe se deve ? Exerce a sua influencia sobre a cívi- lisação, litteratura e artes? Não. Ahi mais do que na índia vemos reinar a voluptuosidade: nada de ;ideal c poeiieo tem o amor, he ioteiramente material : as prostituta* são as inapiradoraa dos poetas, e môJellos de escolptores e pintores : a belleza fi.-ica lie o ídolo diante do qua) «e prostra. O templo de Delnhos não he diíTísrenlc do de Phrynea. A.* Aspaaiaa e l>hryocaa <jue vivião jonto dos sábios, dos homens do e3tado, dos poetas e nrlistas, erão as que inapiravão a litteratura c as orles, mas nada de ideal e santo, nenhum pincel exprimiodo os casto* amo- res do coração, ninguém que cornprchendesse a belleza padica da virgem, apparece n'cstas antígag ptoduuçoes. As cnicaa mulheres que se instruirão, erão as corlezaãs, mas estns além da laacivia que maia podião exprimir nos seus escritos? Pode-se pois dizer que a Grécia foi o templo de prazer ; as primorosas obras sahidaa das maons dos es- critores, c artistas não fiserão senão collocar a mulher so- bre o altar da volupiuosidade: podendo-áe-lhe applicar os seguintes vcrsys do sabto poeta franççz.

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d'eotSo; todos cOQCOfdao que ella nao lie se Jnàci alegria, mas ne<n porias» hadc se negar que, as figuras que ahi abuodào, e as comparsçocns deque se serve o escriptur, não sejã» bastantes para demonstrar queeile fca i na pirado pela mulher soberana pela belleza e deleite: o amor das foçrnas que palpita nas suas expressoens, e a ardência do seu pincel bem deixào ver a exaltação do amor dc aeus olhos e sentidos.

Depois desta época a historia dos Judeos apresenta muitas mulheres celebres , mas nenhuma offerecc o typo da rnuiher tal qual ao presente nós concebemos, ornada da dobrada belleza do corpo e do espirito.

E que «ousa podia ser a mulher n'um povo em que a amante do rey soliicitava a cabeça de S.João Baptista?

Da índia passando para Grécia, vGmos ahi a' realização de todos os progressos da que era tam capaz a humaoi< dade abandonada a ai mesma. Mas a mulher oceupa o logar qoe se deve ? Exerce a sua influencia sobre a ctvi- lisação, litteratura e artes? Não. Ahi mais do que na índia vemos reinar a voluptuosidade: nada de ;ideal c poético tem o amor, he ioteiramente material ; as prostitutas são as inspiradoras dos poetas, c môdellos de escolptores e pintores : a belleza fi.-ica he o idolo diante d.o qual se prostra. O templo de Delnhos não he diíTerenlc rio de Phrynea. Às Aapaaias e Phryncas i;ae vivião jonto dos sábios, dos homens do e3tado, dos poetas e artistas, era» as que inspiravão a litteratura o as artes, mas nada de ideal e santo, nenhum piocel exprimiod» os castos amo- res do coração, ninguém que compreheodesse a belleza padica da virgem, apparece n'estas antigas produeções. As onicaa mulheres que sc instruirão, erão as cortezaãs, mas estns alem da laacivia que mais podiào exprimir nos seus escritos? Pode-se pois dizer que a Grécia foi o templo dc prazer ; as primorosas obras sahidaa das maons dos es- critores, c artistas nao fiserão senão collocar a mulher so- bre o altar da voluptuosidade: podendo-se-Ihe applicar os seguintes versos do sábio poeta franççz.

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O amor ! em vão a vós nossa ha cantado: O altar de todo o CUíID seu ha restado; Tocamo-nos ahi? era o altar de faoge.

Da Gfccia pas-audo a Roma, divisamos aqui quasi as mesmas coossas: todavia a influencia das rnnlheres na litte. jatura he tal vez mais immóral do que na Grécia. Ho- rácio não se peja de dedicar as suas odes as cortezaãs, cantando as soas bellcza* o os seus favores: sim admi- ra—«c nestas poesias o génio, rythmo e a expressão, mag não despertão eiias a sensibilidade meditativa, c ascé- tica, qno he ama das' primeiras neee?aiiiadcs d'alma hu- inana. Ovi.iío e os mais poetai fizem qoaai o mesmo qoe Horácio não se entretendo nas soas produeções se não nestea dona lermos o desejo e o prasor; o elamento mo- ral he aly inteiramente esquecido : a mulher he divinisa* da, mas. não respeíiada nem comprohcndida. Dis mulhe- res que se tenhão tornado celebres nas artes e nas letins quasi nenhuma se ahi .encontra. Diz-se que a filha de Horiencio íòra muito notável n* arte oratória: maia al- gumas raras mulheres podiae-se citar, estas porem, se- guiâo o mesmo aviltamento eomo na Grécia, pouco ou nada podendo em prol das letra-. Na Roma Cnristaa no século XV fui uniaral Vietoria Colonna, marqueza de Pesenirè que amou apaixonadamente as lotras, e as pos- snio em alto grau : chorou ainda moça o esposo que e'ra grande homem da guerra, e passou o resto da sua vida eotre o estudo c a dor, celebrando pelas suaa poesias os mais tenros heroes qno ella liQha amado.

Revistando a mulher nas mais parte* da Itália depois da redempção do género humano, om Veneza veremos Cas- sandra Fidelc que esereveo com egnal habilidade cm três iingoas de Homero, de Virgílio, e Dante, tanto as poe- sias como a prosa; estudou a philosophta do sen seculoj c dos secolo* passados; cmbclesou com as graçaa do eatillo a mesma lheulogia, e sustentando brilhantemente as the- sos, deo muitas vezes lições publicasse reunindo a este** importantes conhecimentos es talentos agradáveis éspe* cialmeatc o da musica, abrilhantou-os ainda pela conr

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O amor ! em vão a vóz nossa ha cantado: O altar de todo o oullo seu ha restado: Tocanio-nos a hi ? era o altar dc faoge.

Da Gtccia pas-audo a Roma, divisamos aqui quasi as mesmas cousas; todavia a influencia das mnlheres na litte- ratura he tal voz mais immóral do que na Grécia. Ho- rácio não se peja de dedicar as suás odès as cortezaus, cantando as soas bellcza* o os seus favores: sim admi- ra—se nestas poesias o génio, rythmo e a expressão, mas não desperta»» ellas a sensibilidade meditativa, e ascé- tica, (jne he oma das* primeiras necessidades d'alma hu- mana. Ovídio e os mais poetas fizem qoaai o mesmo qoe Horácio não sc entretendo nas soas produeçoes se não nestes dous lermos o desejo e o prascr: o elemento mo- ral he aly inteiramente esquecido: a mulher he divinisa* da, mas. não respeirada nem comprohcmlida. Dis mulhe- res que se tenhão tornado celebres nas artes e nas letins quasi nenhuma se ahi .encontra. Diz-se que a filha de Horiencio fora muito notável 11a arte oratória: inaia al- gumas raras mulheres podiãe-se citar, estas porem, se- guiâo o mesmo aviltamento como tia Grécia, pouco ou nada podendo em prol das letras. Na Roma OnristSa no século XV foi untava! Victoria Colonna, marqueza de Rescaire que amou apaixonadamente as lotras, e as pos- siiio em altográo ; chorou ainda moça o esposo que e'ra grande homem da guerra, e passou u resto dá sua vida entre o estudo c a dor, celebra mio pelas suas poesias os maia touros heroes quo ella tiqlia amado*

Revistando a mulher nas maia partes da Italia depois da redempçào do genero humano, orn Veneza veremos Cas- sandra Fidelc que escreveu com egnal habilidade cm trea iingoas de Homero, de Virgilio, e Dante, tanto as poe- sias como a prosa; estudou a pltílosophia do sen século; e dos séculos passados; cmbclesou com as graças do eatillo a inesuia thculogia, e sustentando brilhante mento as the- ses, deo muitas vezes lições publicas; e reunindo a este^ importantes conhecimentos os talentos agradaveis íspe* cialmentc o da musica, abrilhautou-os ainda pela conr

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poatara de anatamos: assim recebeu ella homenagens tios soberanos Pontífice?, e dos reis, cem fim para ser eingn- iar em tudn viveo mais <ram seeulo. Na mesma cidade distinguia a lembrada Modesta di Pizzo til Zorai, qoe pompoz com sueceáso nto grande na mero de obras em versn importantes, agradareis, heioicase tenra?; e alga. mas leueolias qoe forão cheias de graça.— Em Milão íima donzella da iilustre caía de T.ivnlco, ainda rapariga, pmnuncioe na antiga lingo* dos Humano* um grande nu- inero 'dos discursos eloquentes diante do* papa* e dos princioen. Rra Verona foi l*ota NogaroMa que ganhou tão grande reputação pela sna eloquência, que todos os So- beranos erão levado* de certos ulule para *c ouvir, e os homens celebre* dia vfir. Em Florençi uma religio- sa da casa de Strozzi que pel > seu gosta e amor as let- iras e a solidão que erão ^eu encanto rias hora* vaga^ foi conhecida òm toda Ualia, Aleinauh», e em França. Km Nápoles Sarrocliia foi comparada ao Boyardo , c ao Tasso pelo seu famoso poema que compoz sobre Scande- beig.

( Continua, }

F. A. Paulo Frias de Noronha*

VARIEDADE Oni astúcia!

Era um homem d^ gravala lavada havendo eslo de passar pjr uma aldeã, o diabo lhe metteo na cabeça de mastigar umas poucas ds folhas de balhel alheio, qae via no caminho: dirigio-se ao silio, e mil teria conseguido lel-as a mão 7 para 8, eis que as mulheres de improviso reunindose, quacs leoas, e eereando o homem começa-

postura de cnstnroes: assim recebeu ella homenagens ilos soberanos Pontífices, e dos reis, c em fim para ser singu- lar em tudn viveo mais dfam século. Na mesma cidade distinguiu a lembrada Modesta di Pizzo di Zorzi, que potnpoz com successo uto grande numero de obras em versn importantes, agradareis, heioicas e tenras; e algtt. mae leueolias qoe forilo eheias de graça. — Em Milão lima donzella <la illustre casa de Tdvnlco, ainda rapariga, pronunciou na antiga lingoa dos Romano* um grande nu- mero "dos discursos eloquentes diante, dos papas e dos princioes. Em Verona foi Isota Nogarolla que ganhou tão grande reputação pela sna eloquência, que todos os So- beranos erão levado* de curiosidade para sc ouvir, e os homens celebre* dia v£r. Ein Florença urna religio- sa da casa de Str«»zzi que pel > seu gostn e amor as let- iras e a solidão que enlo seu encanto rias horas vagaSj f'»i conhecida em t«»da Italia, Alemanh», e em França. Ktn Nápoles Sarrocliia foi comparada ao Boyardo , e ao Tasso pelo seu famoso poema que eompoz sobre Scande- berg.

( Continua. }

F. A. Paulo Frias de Noronha.

VARIEDADE

Qui astúcia!

Era um homem de gravata lavada havendo esto de passar pir uma aldea, o diabo lhe metleo na cabeça de mastigar umas poucas de folhas de bethel alheio, que via no caminho: dirigio-se ao sitio, e mil teria conseguido lel-as a mão 7 para 8, eis que as mulheres de improviso reunindo-se, quaes leoas, o eereando o homem começa-

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rfto a ameaçar-o, e mimosear-lhe com todas as expressões acostumadas em semelhantes occasiões e próprias da ple- be—-o homem, porem, de natureza astucioso já desespe- rado recorrendo a sua perspicácia diz: pois sr.", não ie~ nhaes susto, cá perto fica a caza do meu sogro, eu-ali vou cem duplo lhes satisfarei o prejuízo. Essas Sr.", que sem- pre tem ao Zanvuim ( genro ) um grande respeito e vene- ração, todas affecluosas e encolhidas, umas perguntão en- tre si cujo genro lie, outras de que bairro essas outras ofíerecem-lhe mais folhas, aqucllas tratão-no até de cu- nhado e assim deixão á salvo o velhaco, que Deus sabe por onde desappareceo.

Asseguro, pois, que o homem não hc casado até hoje.

flUMIU BK EM DE MARC,0. Marco c o mez foUozao—he de deleites—de regalos—um grandí

1111 mero de funecionarios -do estuda odes —de casados—de soltei- ros—de algumas beatas também — em uma palavra, tudo gosa do prazer do tempo, porém para o potm ehronista nSo ha calor, nem frio, feriado, nem regalo—o tempo faz a sua obrfcarâo, e o rhronista tem a fazer a sua — he obrigado a ir investigando sem cessar com este e aquelle, a esta e aquella lambem, per- Kiinlanuo , então que de novo por ah'/ ? ha alguma coisa que possa metíer na mínka c'tron:ca? uns dizem akuma coisa, outros arre- negam-se aquelles dos srs. janotas a dizerem ora deite se da tua chronica, vamos para banhos, e depois de lanta matracada tem de ctivrr outra vez da nossa gorda sr.8, que manda armar uma rliroaica, não do niez, mas do anuo inteiro ao pé do confessor ! Que tal 1 c assim a tanta coisa he sujeita a sua socte !

K- depois de tantos fadirios e boje o leitor a bradar, chronica, tJironica, e o desgraçado do ehrooi*ta hc obrigada a dizcHhe pelo menos duis coisitas" que ha as notáveis; pois va cm primeiro to- gar.

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rfto a amcaçar-o, c mimosear-lhe com todas as expressões acostumadas çm semelhantes occasiões e próprias da pic- he—o homem, porem, de natureza astucioso já desespe- rado recorrendo a sua perspicácia diz: pois sr.", não te- nhaes sus to. cá perto fica a caza do meu sogro, eu-ali vou e em duplo lhes satisfarei o prejuízo. Essas Sr.a\ que sem- pre tem ao Zanvuim ( genro ) um grande respeito e vene- ração, Iodas affecluosas e encolhidas, umas perguntão en- tre si cujo genro lie, outras de que bairro essas outras ofierecem-lhe mais folhas, aquellas tratão-no até de cu- nhado e assim deixuo á salvo o velhaco, que Deus sabe por onde desappareceo.

Asseguro, pois, que o homem nuo lie casado até hoje.

tijp,i IS 5IEZES DE MARE,O,

Março é o mez folgozão—he de deleites—de regalos—um grande numero de funccionarios— de estudandes —de casados—de soltei- ros— de algumas beatas também — era uma palavra, tudo gosa

\ do prazer do tempo, porém para o pobre ebroaista não ha calor, nem frio, feriado, nem regalo— o tempo faz a sua obrigação, e o ebroaista tem a fazer a sua — he obrigado a ir investigando sem cessar com este e aquelle, a esta e aquella também, per- guntando , então que de novo por ah/ ? Ao alguma coisa que possa metier na minha c'tron ca? uns dizem alguma coisa, outros arre- negam-se aquelies dos srs. janotas a dizerem ora deite se da tua chronica, vamos para banhos, c depois de tanta matracada tem de cyivrr outra vez da nossa gorda sr.®, quo manda armir uma chronica, não do mez, mas do anno inteiro ao pé do confessor ! Que tal I e assim a tanta coisa iie sujeita a sua sorte !

& depois de lautos fadários e hoje o leitor a bradar, chronicat chronica, e o desgraçado do chrouista he obrigado a dizer-lhe pelo menos duas coisitas, que ha as notáveis; pois va ena primeiro Io- ga r.

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Oecoveneia domestica.—A cxra.* madama <\a sr Scrsio Camilto Teixeira Collaço oo dia dois deo a luz com feliz parto uma menina. —Desejamos, que a pequena junto cnra o leite herde as apreciáveis qualidades e hoas maneiras da vir- luosa mãy, que he estimada, e querida de todos o? que a conhe- cem.—Damos mil emboras ao sr. Sérgio, a exra.* madama e outra illustre família.

Oiie srolne? —foi aquelic som lúgubre c compassado, monótono ^misterioso do sino, que no dia 7 dobrava na egreja de Sa!igão-foram aquellas torrentes de lagrimas e prantos do sr. Josó João de Gama. e dos seus innumeros parentes e amigos que anunciavam o nunca assaz chorado e dolorosíssimo passamento da exm-- sr * D. Benvin.la Hosaura Beatriz Rodrigues Gama, desse anjo' de helezas raras, desse compendio de eminentes dotes do co- ra^fe'iontitil pedirmos resignação an sr. Gama, e outra illustre fa- mília , diremos antes, chorai o desofogai o coração, recordai as iicllezas da sr.» Bevinda, e assim mitigai as saudades.

"BIexI;K"as.=* Era algumas partes de B.irdez, e Salsete anda visitando essa matrona; em quanto nós. minha sr-*, não teme- mos as tuas visitas, eseuse-se pois de incoraraoJar-oos.

"Furtos— Si aquelle Rogunatá , o mestre dos ladrões está hoje engaiolado, recebendo ahi a petv?5o dos seus feitos nao lhe faltara suecessores de tndas espécies-uns rouhara-outros furtara —esses dinheiro, entrando as escuras, aquelles ouro etc. entran- do cora todas solemnidadcs prescriptas nos seus códigos , esses outros algumas Ianha3 e cocos, aquelles outros galinhas c gallos etc. etc.

Ahy vejam, pois aquella nossa velha de Anjnna, que depois de sacriiicar-lhes tudo quanto tioha, chora hoje seu rogo {mó) que fartaram ao meio dia aproveitando o momento, em que ena esteve na egreja confessando-se. .... . . .■ .„ _..„

Osfurtosieem.se tornado «ima indttí'na a mais fácil, de que esses malvados vivera arregalados. # .

Do coração desejamos, que todos estes miseráveis certo ou tarde lenham egual sorte do Rogunatá-alias um pas,cio la peio corredor de Timor, será ainda raoibor.

Santo Íleos ? f*ue triste *sl|ectl,,c'!,,.01 llil viamios lie ver f —Seriara oito horas de noute do dia

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O cc or en ela domestica.— A cxm1 madama do sr. Sergio Camillo Teixeira Collaço qo dia dois deo a luz com feliz parto uma menina. —Desejamos, que a pequena junto cnra o leite herde as apreciáveis qualidades e hoas maneiras da vir- tuosa may, que he estimada, e querida de todos os que a conhe- cem.—• Damos mil emboras ao sr. Sergio, a cxm.* roadama e outra illustre família.

Ano iroIne? —foi aquelic som lugubre c compassado, monotono c misterioso do sino, que no dia 7 dobrava na egreja de Saligão — foram aquellas torrentes de lagrimas e prantos do sr. José João de Gama. e dos seus ionumeros parentes e amigos, que ao d iniciavam o nunca assaz chorado e dolorosíssimo passamento da exm * sr." D. Benvinda Hosaura Beatriz Rodrigues Gama, desse anjo de belezas raras, desse compendio de eminentes dotes do eo- rd lie ionutil pedirmos resignação an sr. Gama, e outra illustre fa- mília , diremos antes, chorai o dcsofogaio coracao, recordai as íicllezas da sr.1 Devinda, e assim mitigai as saudades.

1Icxij3fas.=» Ern algumas partes de Birdez, e Salsete anda visitando essa matrona ; eui quanto nós. minha sr**» não teme- mos as luas visitas, escuse-sc pois de ineommoiar-oos.

"Furtos— Si aquelle Rogunatá , o mestre dos ladrões está hoje engaiolado, recebendo alii a pen-são dos seus feitos não In e faltara successorcs de tndas espécies-uns rouham —outros furtam —esses dinheiro, entrando as escuras, aquelles ouro etc. entran- do cora todas solemnidadcs preseriptas nos seus codigos, esses outros algumas lanhai e cocos, aquelles outros galinhas e gaiios etc. etc.

Àhy veiara, pois aquella nossa velha de Anjuna, que depois de sacriiicar-lhes tudo quanto tioha, chora hoje seu rogo (mó J que furtaram ao meio aia aproveitando o moiueoto, em que esteve na egreia confessando-se. ., .

Os furtos teem se tornado uma indus ria a mais faci , q esses malvados vivera arregalados. . ,

Do coracão desejamos, que todos estes miseráveis cedo ou larde tenham egual sorte do Rogunatá—alias um passeio ia peio corredor de Timor, será ainda molbor.

Santo íleos ? f|ne írisl# espectáculo lia y in mi os lie ver '? —Seriara oito horas de ooute do aia

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K—osr. padre Manoelinho da Silva, qoc morava na egreja de Anjnna, quando Ma abrir a porta do seu quarto, ouvio uma voz no'corredor, que dizia não abra, não abra, o que fez que o sr. Manoelinho atrazissc dois p*s?os, e tendo minutos depois acudi* do a gente, o que havia de ver? era uma soberba cubra, que es - forçava entrar pela porta do quarto deotro—conseguiram matar o> infernal reptil. que não sendo o cura dessa egreja jíi leria mor- dido o sr. MaQoelinbo— Tinha 2| jardas de comnrido, e nraa pro- pnreionaria grossura— Vai o easo tal e qual nós foi contado

A elftmfic&i dn a«ãj cu*t«ca vãília «« éíBISO —Uma mãi linha único jilho—teve esto a mania de vacínar-lbe a sen geito—trouxe um fina, abrio-o e neile mettendo a matéria de bexigas deo ao «inocente filho nm bem almoço—dias depois o filho teve febres, e no terceiro dia destas a maio vio estendido para nunca mais levantar. l)o coração lamentamos tanta seriedade da, mãi, e reprovamo-la a esperteza.

Cííe?r»<lia^Osr. Caelanioho Pinto chegou a sua casa no dia 7, vindo de Bombaim—como também o nosso amigo sr. Vi- cenle Pascoei de Stoim' vindo de Kurrachee, aonde fora lia mais- de um aano para mudança, pelos conselhos da medicina.

Acçftç> SoiiVttv<ftl«— lia dias chegou nesta aldeia unv pag.no que abandonado como estava de família e parentes, andava

* mendigando de porta em porta: mal que soube o sr. A. Àvelino- JJemardino Fernaodes, mandou-o chamar , e fei-o convencer o quanto era duce a vida do «.hrislão —prometteo-lhe sustentar toda sua vida, curar da doença, que padece, e fornecer»lhè com o que for preciso, e quando mostrou o pagão o decidido desejo de abra- çar a vida chrislã p >r. Fernandes e sua exiu.' esposa esmerão se cm ensin;ir-lhe a doutrina chrislã, tratando o ao mesmo tempo sem- d'ITerença nenhuma entre seos domésticos—Actos destes não care- cem de elogios — na própria consciência lerá o sr. Fernandes e- sua exm." esposa o testemunho, que os deve regosíjar, tendo o di- reito a esperar de Deos Remunerador toda a felicidade.

UíHtt •«S^iiíatoso Inarnllio.— Erão quasí seis horas de tarde do dia 29 [Quinta feira das endoenças], toda egreja des- ta estava atulhada de gente. O red • padre Pedro de Sá.'ura dos- ruais rc.-peitaveis e virtuosos sacerdotes e um dos distinclos pre-

' N gadores do paiz esteve na continuação do sermão, próprio daoc-

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Ji—o sr. padre .Manoelinho da Silva, que morava na egreja de Anjiina, quando hio abrir a porta do seu quarto, ouvjo uma voz no corredor, que dizia não abra, não abra, o que fez que o sr. Manoelinho atrnzisse dois passos, e tendo minutos depois aeudi» do a gente, o que havia de ver? era uma soberba cubra, que es - forçava entrar pela porta do quarto deotro—conseguiram inalar o infernal reptil, que não sendo o cura dessa egreja jã leria mor- dido o sr. Maaoeliniio— Tinha jardas de comnrido, e uma pro- pnrdonada grossura — Vai o easo tal e qual nós foi contado

a clinficti «Ta inãi cn*t<m vida ao fiitSso. —Uma mui tinha único filho—teve esto a mania de vacinar-lhe a seu geito—trouxe um liça. abrio-o e nelle mettendo a materia de bexigas deo ao innoceote filho nni bom almoço—dias depois o filho teve febres, e no terceiro dia destas a mãi o vio estendido para nunca mais levantar. Do coração lamentamos tanta seriedade da mài, e reprovamo-la a esperteza.

O sr. Caetánioho Pinto chegou a sim casa no> dia 7, vindo de Bombaim—eoino também o nosso amigo sr. Vi- cenfe Pascoel de Sousa vindo de Kurraehee, aonde fôra ha mai& de um aono para mudança, pelos conselhos da medicina.

Acçft» — lia dias chegou nesta aldeia unv pagão que abandonado como estava de farailia e pareates, andava

* mendigando de porta em porta: mal que soribe o sr. A. Avelina Bernardino Fernandes, mandou-o chamar , e fei-o convencer o quanto era doce a vida do *-hristâo — prometteo-ilie sustentar toda sua vida, eurar da doença, que padece, e fomecerdhè com o que for preciso, e quando mostrou o pagão o decidido desejo de abra- çar a vida chrislã p .-r. Fernandes e sua cxiu.* esposa esmerão se- em ensin^r-llie a doutrina chrislã. tratando o ao mesmo tempo sem- d iferença nenhuma entre seos domésticos—Actos destes não care- cem de elogios — na propria consciência lerão sr. Fernandes e- sua exm." esposa o testemunho, que os deve regosijar, tendo o di- reito a esperar de Deos Remunerador toda a felicidade.

Ííei* I»;9i't2ll90*— Erão quasi seis horas de tarde do dia 29 [Quieta feira das eudoencas], toda egreja des- ta eslava atulhada de gente. O red • padre Pedro de Sá. ura dos- niais respeitáveis e virtuosos sacerdotes e um dos distinclos pre*

^ gadores do paiz esteve na continuação do sermão, proprio daoc-

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castâo, que realmente muito eomovia o auditório, quc-o escutava altento, eis se não quando um peque DO susurro principiado entre mulheres, que poueoa pouco tomou muito vultu e calor, .deixou in- terrompido o pregador—pois umas eorrião pelas portas fora. outras

Eela sacristia dentro—essas outras pelos corredores, que nos lem- raramdas rãa do tempo do Pharaó, e das moscas .do tteltordo—

dizião, pois umas entrou o lisre [aqui também não nós deixou de bater o eoração) outras «rilavào que era ura cavallo, outras que pa- clèéiie] vierão europeos] em lim cada qual a seo geito, tanto assim que uma não podia entender a outro, e tamanho foi motivo que demais'de 200a almas não (içarão o tempo se oão 20 pessoas qua- si-é e o caro leitor que: saher o que foi ? era uma víbora; que caio do ledo abaixo ta! vez ofuscada peia luz. Tinha de eomprimeoto três palmos.

Olhem agora do nosso beilo sexo que foi assim cassuado pelo insignilicante reptil!

Vamos agora ura pouca-cinho ao alpendre das senhoras, e verá o caro leitor os rahos e azasacrecentadasá historia* pois uma dizia -eu rasguei o vestido, a outra, eu, tunhem a terceira , eu o meu ve- io, a outra eu rauit o meu BAIÃO, as hiatas, esclamando mugem paioc [meu pecado ) c uisto aquella nossa Auastasia procurando sua Bay>

Ouvimos neste lufa lufa, que uina senhora fieoQ com vertigem mas minutos depois ficou livre.

Nonlberaõ Ser (grafou.— Ha pouco,'maís de ASO ca- Yallieiros, tod.-s das mais principaes da comarca se reanirúo espon- taneaoteote na Camará Muuicipal accedendo ao coovhe doisr.* Presidenta da dita, do de eommissão revisora, e do advogado sr. Cosme t aridade de Souza, e ahi tenho sabido com certeza da trans- ferencia do seu sympaihieo e inlegcrrimo Juiz o sr. Luís Adriano de Mabalhães e Lencastre ficarão lodos profundamente magoados por semelhante fatalidade, e com lagrimas tios olhos assentarão em unisooas vozes pedir a conservação do seu Juiz, revogando se o Decreto da transferencia; passando em seguida a dar-llie um pu- blico e inequívoco testemunho da gratidão ao.» beueítcios que ac- cabavão de receber duraute o período de3aunos das inaoa« rec- tas e bemfazejas do rr- Lencastre. O nc-so presado amigo e colla- horador sr. Leopoldo Cipriano de Gama recitou uoi eloquente c auimado discurso, que produzio ua reunião uma profunda com- moção eenthusiasmo. Elogiou os raros dottes c prendas do sr. Lcu- castrei disse que a Com marca vivia taitefeitissima com cllc, que

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casino, que realmente muito comovia o auditório, que-o escutava atlento, eis senão quando um pequeoo susurro principiado entre mulheres, que poueoa pouco tomou muito vultu e calor.,deixou in- terrompido o pregador—pois umas eorrião pelas portas fora outras pela sacristia dentro—essas outras pelos corredores, que nos lem- braram das rãa do tempo do Pharaó. e das moscas Aú Bellordo — dizião, pois umas entrou o tigre [aqui também não nós deixou de bater o eoração) outras uri ta vão que era ura cava lio, outras que pa- clèéile] vierão europeos] em lim cada qual a se o geito, tanto assim que uma não podia e-nteader a outro, e tamanho foi motivo que demais" de 200o almas não (içarão o tempo se não 20 pessoas qua- si-' e o caro leitor que; saber o que foi ? era uma víbora; que caio do tecto abaixo tal vez ofuscada pela luz. Tinha de eomprimeoto tres palmos.

Olhem agora do nosso beilo sexo que foi assim cassuado pelo insignificante reptil!

Vamos agora ura pouca cinho ao alpendre das senhoras, event o caro leitor os rahos e azasacreeentadas á historia* pois uma dizia -cu rasguei, o «estiolo, a outra, eu t mb em a terceira , eu o meu te- to, a outra eu ir. eu o meu IH LÃ. O, as biatas, esclaniando mugem patoc [meu pecado ) c uisto aquella nossa Auastasia procurando sua Hay.

Ouvimos neste lufa lufa, que uma senhora fieoa com vertigem raas minutos depois ficoa livre. #

Soiilbcraô Ser jv ratou.— Ha pouco,'mais de 430 ea- V Talbeiros, tod s das mais principacs da comarca se reunirão espon- taneamente oa Camara Municipal accedendo ao coovne dos sr.* Presidenta da dita, do de comnnssão revisora, e do advogado sr. Cosme t aridade de Sonza, e aiii tendo sabido com certeza da trans- ferencia do seu sympaihieo e inlegerrimo Juiz o sr. Luis Adriano de Mabalhães e Lencastre íiearâo iodos profundamente magoados por semelhante fatalidade, e com lagrimas nos olhos assentarão em unisooas vozes pedir a conservação do seu Juiz, revogando se o Decreto da transfereoeia; passando cm seguida a dar-llie um pu- blico e inequívoco testemunho da gratidão aos beuelicios que ac« cabavâo de receber durante o período deilaunos das maom rec- tas e bemfazejas do sr- Lencastre. O nosso presado amigo c colla- borador sr. Leopoldo Cipriano de Gama recitou uoi eloquente c auimado discurso, que produzio ua reunião uma profunda com- moção e enthusiasm o. Elogiou os raros dottes e prendas do sr. Lcu- eastre. disse que a Conimarca vivia talisfeítissima com cllc, que

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agora mais do que nunca nas fracções era que se acha el!a reta- lhada, a soa estadi era necessária, qae a noticia da sue transfe- rencia para Cabo Yerde era recebida com profunda dor e magoa; íallou em fim oo seu honrado caracter, probidade e inteireza eas- sim coucluio cora grande efleito no publico. — O sr. Lencastre a- gradeceo-lbe em cortas, mas em expressivas e tocantes palavras a lioeza e demonstração pojralar, aflirmando que hia para Portugal com sensações agradáveis dos povos de Bardez.

IMsiiHtre —Houve nesta aldeã no dia ?5 um triste aconte- cimento— Ura rendeiro por nome Doiruiogos tiaba único lilho, que servia da arrimo e auxilio aos pobres pais na sua velhice—tendo este nesse dia subido um coqueiro deo queda do alto dclle, de que re- sultou distocar-lhe um osso de joellio e bcou gravimente lendo do peito, e rebelde a todos os esforços dos pais e do seu batacarao sr. iosé João de Suuza , na terceiro dia veio a falecer.

Ketal*uIO— Así horas de tarde do dia 20 [.quinta feira Sancta ] foi exposto a admiração do espectador o novo retábulo du altar-morda egeja de Margão—disem-nes que está rica essa obra.

liais «jlies^da—Ao tempo em <jue hia a chrooica a im- preDsa tivemos «ma agradável nova,—be a chegada o sr. padre Josc Vicente de Souza, que depois de 15 annos volta de Marol, o ode era missiooorio acompanhado do seo irmão o sr. Caetano Josc de Souza.

O sr, José Vicente, a qoem pela primeira vez temos a honra de saudar, pelaa suas raras qualidades e aflaveis maneiras tem mereci- do a todos os que o conhecem grandes sympathias.

O rico, o pobre, o velho, o moço» que tenbão visitado o sr, José Vicente, não nós consta terem sahido menos satisfeitos pelas suas excelleotes qualidades.

Nos respeitando muito ao raros dotes do missionário com muita satisfação registaraos-los oeste nosso humilde *llccreio. Escusamos- nos de /aliar do sr, Caetano-

NOVA GOA: — Kk IMFFSMA HACIOJíAI.

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agora mais do que nunca nas fracções em que se aclia elfa reta- lhada, a sua estada era ncccssaria, qne a noticia da sua transfe- rencia para Cabo Yerde era recebida com profunda dor e magoa; fali ou em fim oo seu honrado caracter, probidade e inteireza e as- sim concluio com grande elFeito no publico. — O sr. Lencastre a- gradeceo-lbe em cortas, mas em expressivas e tocantes palavras a lioeza e demonstração pojmlar, aflirmando que hia para Portugal com sensações agradaveis dos povos de Bardcz.

DKsastre —Houve nesta aldea no dia S3 um triste aconte- cimento— Hm rendeiro por nome Doiraingos tinha único filho, que servia de arrimo e auxilio aos pobres pais na sua velhice—tendo este nesse dia sabido um coqueiro deo quedado alto dclle, de que re- sultou dislocar-lhe um osso de joelho e bcou gravimeote leridu do peito, e rebelde a todos os esforços dos pais e do seu batacara o sr. iosé João de Suuza , no terceiro dia veio a falecer.

Retillmlo— As i horas de tarde do dia 29 [quinta feira Sancta 3 foi exposto a admiração do espectador o novo retábulo du altar-morda egeja de Margão—disem-nos que está rica essa obra.

MTsiIsí —Ao tempo em one hia a chronica a im* preosa tivemos uma agradavel nova,—be a chegada o sr. padre Jose Vicente de Souza, que depois de 15 annos volta de Marol, oode era missionorio acompanhado do seo irmão o sr. Caetano Jose de Souza.

O sr, José Vicente, a quem pela primeira vez temos a honra de saudar, pelaa suas raras qualidades e aflaveis maneiras tem mereei-

% do a todos os que o conhecem grandes sympathias.

O rico, o pobre, o velho, o moço, que tenbão visitado o sr, José Vicente, não nós consta terem sahido menos satisfeitos pelas suas excellentes qualidades.

Nos respeitando muito ao raros dotes do missionário com muita satisfação registamos-los neste nosso humilde *liccreio. Escusamos- nos de faiiar do sr, Caetano.

NOYA GOA. — JSA 1MFPSIS5A NACIOKAL.