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r l PORTE PAGO BARRE DO uCAPELAS IMPERFEITASn? Uns dias de Retiro no Se- minário da fo11ann também oportunidade de encontro oom realidades que nos tocam de perto. As Escadas do Barredo .e algo do seu <<lmiolo», Largo de Pai Américo incluído, consti- tuem a fronteira sul da cerca do Seminário. A poente, as traseiras dos pr:édios das Ruas dos Mer<:adores e da Bainharira. do -alto, vemos bem os mites do Barredo te dito, o que foi restaurado e o que resta da degradação antiga, entre a ·qual ainda o vazio da Lada, mas esse a ser reocupado, em breve, por nov05 p11édios. Quem dera a vida que ali vai ser por causa da recons- trução contagiasse ao lado e a renova 'Ção do Barredo não quedasse em «cape las imper- feitas» cotmo o ra é. no túnel rodoviário para ,ci- ma começa o Bairro da rSé. Aqui quase nada se tem feito. Rarte das estreitas ruas estã ·o impedidas por escoras que con- servam os prédios de pé! :E: uma gincana percorrê-Ias. iDeus nos livre do que seria ali um incêndio! Quando se olhará para «Ajudar é a palavra mais sublime do vocabulário cris- tão.» (IPai Am'éz?co) No lugar que ocupamos, mau grado as fragilidades inerentes, tuoo o que diz ao Ho- mem nos diz parte. Denunciar as injustiças ou os desvarios que se traduzem em desgraças ·faz · parte do nosso .compromis- so de servir, ainda que em :Pa- lavras simples e despr.etensia- sas. Hoje queremos f1alar do jo- go, fautor de inúmeras misé- rias como a destruição de mui- tas famflias, a delapidação do património de muitos lar.es e, até, em frequentes circunstân- cias, de desfalques e de suicf- dios. Como diz Q IPov<?, não aqual.e mal ,com vontade firme de o remediar?... .Em uma volta pela cerca, à tardinha, no lugar onde são as instalações que o Seminário sus tenta para a crian- ças e pequenos estudantes da zona, dei com o nosso velho .empenhado em arru- mações par.a outras activida- des, também em favor das crian- ças do bairro, que a Associa- ção de Santa Ana mantém. Foi um encontro feliz potrque inesperado, embora soubesse da sua intervençíi!o em qualquer obra por ali. Mais contente fi- quei ao saber das boas rela- ções do Seminário oom este grupo, coexistindo pacificamen- te ali, naquele pequeno espaço, em servuços ,complementares daquelas crianças. . t Este espaço deita para o adro da Igreja dos Grilos e esta foi outro lugar onde a sentimento se . eX:pandiu na recordação de um jovem que, dos quinze aos dezanove anos, a frequentou !bastante na companhia idos seus patrões e familiares com quem ia às devoções que, ao. tempo, d· avam muita vida àque- le templo. raro, uma mis éria nunca vem ... O assunto é anti.go, mas, nos tempos pr .esentes, assiste-se ao .proliferar dos mais variados jo- gos, muitos dOis quais clandes- tinos. Não falamos da lota- ria, do totobola e ao totoloto otficiais. Paralel•amente, e não é segredo para ningu:ém, se conta dum enxame de ,concur- sos, muitos deles baseados nas ter.minações da lotaria. Nas ta- bernas, leitari as, cafés, grupos desportivos e diversos tiPtOS de associações, nos locais de tra- íbalhOI e outros, iniciativas desse género. lO número de jo- gos de azar, ,como a roleta, a banca rfrancesa, os varia dos ti- pos de máquinas espalham-se pelo Pafs fora. O bingo, esse Quinzenário * 24 de Setembro de 1988 * Ano XLV- N.• 1162 - Pr .eço 10$00 Quem d.era que o(l. renovação do Barredo r- em sentido lato- não q1iedasse em «capelas imper/eitasb! Nesses anos e· nesse ambien- te de piedade cristã, ele sen- tiu mais forte e exprimiu, de ,.. novo, a sua v-ontade de ser .pa- s E T u B l\ L dre, a qual, apesar da coadju- vação da mãe, não logrou aco- Cont. na 4." página então está na moda. Entretan- to, em loteais os jogos de cartas a dinheiro multid>li- cam-se, desde o bacarâ à «sue- cada», ao <<'king>>, ao «burro» e .ao para não falar na simples <<Vermelhin:ha», :mui- to corren ' te nas feiras. Poder-se-á dizer que em ter- mOIS gerais, o jogo é uma ten- tação para muitos homens. Uns querem ser ricos à :força, sem ti:abrulho ou qualquer tipo de esf.orço; outros, porque lhes é vedado atingir certos ans ei01S ou viveres com dificuldades reais, buscam no jogo a satisfação dos seus objectivos ou necessida- des, d'elrupidando, em casos ex- tremos, o que têm e o que não Cont. na .:J.a página Os fins-de-semana têm sido os tempos mais pesados da vida, nesta época estival. As flérias dos rapazes exigem muito de nós para que sejam agradáv.eis e os reaonfortem. :E: necessário- atenção a tudOI, desde a ali- mentação aos jogos e aos pra- zeres saudáveis e ,compensado- res. Os adolescentes e os jovens menos amadurecidos sentem n01vamente os impactos pertur- badores do mundo pagão, sen- sual e aJgressivo que nos en- volve, manifestando-se, por ve- zes, em atitudes incompreen- síveis de mal-estar que nos atingem por dentro e nOis do- minam por forma a dispersa- rem-nos o sonô. fugas pre- visíveis e desânimos inespera- dGs . Tudo :passa pela nossa sen- sibilidade como a char11ua na terra ressequida e ar.gilosa, dei- xando-nos a :sangrar. 'A nossa quinta é um sorve- douro 'de trabalho, ,canseiras e cuidados. As colheitas urgem par:a que se não estraguem. As re gas dos pottnares e milharais, nestas temperaturas eleyadas, dão ordens irrecusáveis. As ofi- cinas têm os seus problemas e pedem orientações constantes. As dores de dentes, as doen- ças, as operações e os peque- nos desastres seguem-se inin- terouptamente. Qu ·ando o sábado e tenho de partir para os peditó- r.i.os fazer centenas de quiló- metros debaixo dum sol esca!l.- dante, Alentejo aJbaixo, rumo ao Algarve, às vezes sem ali- nhar duas ideias !Para procla- mar a Palavm de Deus nas nu- merosas homilias, apodera-se de mim um misto de receio, de angústia e de cansaço que qua- se me prostra. A Capela é o meu refúgio. Uns minutos de silêncio e me- ditação diante da Luz, dão-me luz. Busco estes mottn entos ,aom sofreguidão. Recupero o eq.l,l.Í- líbrio .. e volto a sonhar. Foi num destes sábados. lEram .onze horas da manhã. O cotração começava a apertar-se- -me. Entro no Santuário. Não fo i preciso ler nada nem pen" Cont. na 4. G página

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l • PORTE

PAGO

BARRE DO • uCAPELAS IMPERFEITASn?

Uns dias de Retiro no Se­minário da Sé fo11ann também oportunidade de encontro oom realidades que nos tocam de perto.

As Escadas do Barredo .e algo do seu <<lmiolo», Largo de Pai Américo incluído, consti­tuem a fronteira sul da cerca do Seminário. A poente, as traseiras dos pr:édios das Ruas dos Mer<:adores e da Bainharira. Cá do -alto, vemos bem os ~i­mites do Barredo pr~pri-amen­te dito, o que foi restaurado e o que resta da degradação antiga, entre a ·qual ainda o vazio da Lada, mas esse a ser reocupado, em breve, por nov05 p11édios. Quem dera a vida que ali vai ser por causa da recons­trução contagiasse ao lado e a renova'Ção do Barredo não quedasse em «capelas imper­feitas» cotmo ora é.

no túnel rodoviário para ,ci­ma começa o Bairro da rSé. Aqui quase nada se tem feito. Rarte das estreitas ruas estã·o impedidas por escoras que con­servam os prédios de pé! :E: uma gincana percorrê-Ias. iDeus nos livre do que seria ali um incêndio! Quando se olhará para

«Ajudar é a palavra mais sublime do vocabulário cris­tão.» (IPai Am'éz?co)

No lugar que ocupamos, mau grado as fragilidades inerentes, tuoo o que diz re~eitol ao Ho­mem nos diz parte. Denunciar as injustiças ou os desvarios que se traduzem em desgraças ·faz ·parte do nosso .compromis­so de servir, ainda que em :Pa­lavras simples e despr.etensia­sas.

Hoje queremos f1alar do jo­go, fautor de inúmeras misé­rias como a destruição de mui­tas famflias, a delapidação do património de muitos lar.es e, até, em frequentes circunstân­cias, de desfalques e de suicf­dios. Como diz Q IPov<?, não

aqual.e mal ,com vontade firme de o remediar? ...

.Em uma volta pela cerca, à tardinha, no lugar onde são as instalações que o Seminário sustenta para ~poio a crian­ças e pequenos estudantes da zona, dei com o nosso velho <~elha.s» .empenhado em arru­mações par.a outras activida­des, também em favor das crian­ças do bairro, que a Associa­ção de Santa Ana mantém. Foi um encontro feliz potrque inesperado, embora soubesse da sua intervençíi!o em qualquer obra por a li. Mais contente fi­quei ao saber das boas rela­ções do Seminário oom este grupo, coexistindo pacificamen­te ali, naquele pequeno espaço, em servuços ,complementares daquelas crianças. .

tEste espaço deita para o adro da Igreja dos Grilos e esta foi outro lugar onde a sentimento se .eX:pandiu na recordação de um jovem que, dos quinze aos dezanove anos, a frequentou !bastante na companhia idos seus patrões e familiares com quem ia às devoções que, ao. tempo, d·avam muita vida àque­le templo.

raro, uma miséria nunca vem só ...

O assunto é anti.go, mas, nos tempos pr.esentes, assiste-se ao .proliferar dos mais variados jo­gos, muitos dOis quais clandes­tinos. Não falamos já da lota­ria, do totobola e ao totoloto otficiais. Paralel•amente, e não é segredo para ningu:ém, se dá conta dum enxame de ,concur­sos, muitos deles baseados nas ter.minações da lotaria. Nas ta­bernas, leitarias, cafés, grupos desportivos e diversos tiPtOS de associações, nos locais de tra­íbalhOI e outros, há iniciativas desse género. lO número de jo­gos de azar, ,como a roleta, a banca rfrancesa, os variados ti­pos de máquinas espalham-se pelo Pafs fora. O bingo, esse

Quinzenário * 24 de Setembro de 1988 * Ano XLV- N.• 1162 - Pr.eço 10$00

Quem d.era que o(l. renovação do Barredo r- em sentido lato- não q1iedasse em «capelas imper/eitasb!

Nesses anos e · nesse ambien- .----~--------~---------------te de piedade cristã, ele sen-tiu mais forte e exprimiu, de ,..

novo, a sua v-ontade de ser .pa- s E T u B l\ L dre, a qual, apesar da coadju-vação da mãe, não logrou aco-

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então está na moda. Entretan­to, em loteais il~gais, os jogos de cartas a dinheiro multid>li­cam-se, desde o bacarâ à «sue­cada», ao <<'king>>, ao «burro» e .ao <~bluff», para já não falar na simples <<Vermelhin:ha», :mui­to corren'te nas feiras.

Poder-se-á dizer que em ter­mOIS gerais, o jogo é uma ten­tação para muitos homens. Uns querem ser ricos à :força, sem ti:abrulho ou qualquer tipo de esf.orço; outros, porque lhes é vedado atingir certos ansei01S ou viveres com dificuldades reais, buscam no jogo a satisfação dos seus objectivos ou necessida­des, d'elrupidando, em casos ex­tremos, o que têm e o que não

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Os f ins-de-semana têm sido os tempos mais pesados da vida, nesta época estival. As flérias dos rapazes exigem muito de nós para que sejam agradáv.eis e os reaonfortem. :E: necessário­atenção a tudOI, desde a ali­mentação aos jogos e aos pra­zeres saudáveis e ,compensado­res.

Os adolescentes e os jovens menos amadurecidos sentem n01vamente os impactos pertur­badores do mundo pagão, sen­sual e aJgressivo que nos en­volve, manifestando-se, por ve­zes, em atitudes incompreen­síveis de mal-estar que nos atingem por dentro e nOis do­minam por forma a dispersa­rem-nos o sonô. Há fugas pre­visíveis e desânimos inespera­dGs. Tudo :passa pela nossa sen­sibilidade como a char11ua na terra ressequida e ar.gilosa, dei­xando-nos a :sangrar.

'A nossa quinta é um sorve­douro 'de trabalho, ,canseiras e cuidados. As colheitas urgem par:a que se não estraguem. As regas dos pottnares e milharais, nestas temperaturas eleyadas,

dão ordens irrecusáveis. As ofi­cinas têm os seus problemas e pedem orientações constantes. As dores de dentes, as doen­ças, as operações e os peque­nos desastres seguem-se inin­terouptamente.

Qu·ando che~a o sábado e tenho de partir para os peditó­r.i.os fazer centenas de quiló­metros debaixo dum sol esca!l.­dante, Alentejo aJbaixo, rumo ao Algarve, às vezes sem ali­nhar duas ideias !Para procla­mar a Palavm de Deus nas nu­merosas homilias, apodera-se de mim um misto de receio, de angústia e de cansaço que qua­se me prostra.

A Capela é o meu refúgio. Uns minutos de silêncio e me­ditação diante da Luz, dão-me luz. Busco estes mottnentos ,aom sofreguidão. Recupero o eq.l,l.Í­líbrio .. e volto a sonhar.

Foi num destes sábados. lEram .onze horas da manhã. O cotração começava a apertar-se­-me. Entro no Santuário. Não foi preciso ler nada nem pen"

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2/0 GAIATO

.no tílias do lonfl!l'í!ntiu de PU[D de Souso

e Fechámos os olhos... e entregá­mos a oh~a - referida na última

edição - nas mãos de Deus e dos ieitores.

Ao longo dos anos realizámos idên­ticas acções, pois o seu custo está subjacente na 111iséria imerecida dos IPO"bres.

Já estendemos a mão .a um futuro engenheiro civil. Fez o risco para •juntar ao requerimento óficia1, entre­gue nas mãos de quem de direito, .que transmitiu imediato deferimento: «Andem prà frente!»

'Passámos recado ao pedreiro. «Só posso começar no princípio de No­vembro!» Muito ocupado, como aliás todo o sector da construção civil. Um boom?!

rO'ptámos por uma laje no tecto da moradia; e levámos a mensagem à !fábrica consultada para o efeito: - Se não puderem dferecer o mate­rial, que ao menos seja o preço de custo. Não façam negócio com os :Po·

bres ! Quando () G.NMfl10 ohegacr: à mão

dos leitores, a laje espera o pedreiro que fará, também, um preço em con­ta, pois sabe como a vida é difícil. Se confiássemos o trabalho a um em­preiteiro de nomeada, seria muito mniÍs. Assim, :faremos esta cibra de Pobres, por mãos pobres, com a par­tilha dos leitores. Serão dezenas de contos!

Há famílias sem casa e temos espe­rança de soluÇiiío.

e Marcado por antecedentes .. . , tem por r.emédio o seu temperamento

.ale~re, sociá<vel. «São todos meus

amigos!» !Noite cerrnda, toJ)'8mo-1o no bar da

Humanitária. -Espere. Iremos os dois, que V.

precisa de descansar. .. Então, mostra uma .receilla de

olftalmologia: - Tá a U!!.r?, tenho de mudar ,os óculo:;! <Fioam por um di­

nheirão ... ! -Não queremos vê-lo de mão es­

tendid& .. . ! Arregala os olhos e demora a res­

posta, bem equacionada: - Farei

como aclulrem melhor. Enquanto servimos outros, ele pre­

paro o regresso ~ m<)>adia cedida pelo !Património dos !Pobres. :Para nusso espanto, de gato ao pescoço e cãozin!ho na tre1a! «São os meus companheiros ... »(

Q uereríamos dar a razão -de trudo isto, pois correu o 1P.aís como um cigano. Mas tem direito i\ sua priva­cidade. Foi mecânico, de profissão, na Gmnde Lisboa. Tão competente, que beneficio.u de estadia, numa es­pecialidade, em fábrica ~alemã de projecção mundial. Aqui torn:bou, por fim, em parlUJuedas que Deus abriu, na terra onde Pai Am'érico fez ma­l!'avilhas. Quem avaliar os !homens por régua e esquad~o, dim que o nosso amigo descec~ na vida. Por'ém, não deixa de ser quem é ! Merece ll'e5peito, solidariedrrde. Agora, mais !

IPI.AJRr:rtll1HlA - Assinante 20856~ de iEspinho, com um cheque «r~tferente

ao primeiro semestre de 1988, peque·

tna ajuda JPara as n.~cessidades da Conferência de Paço de Sousa». Mais um, do assinante 28528, «a fim

de ser aplicado na -obra que julgarem

mai:; conveniente». A reconstrução da citada moradia!

.Alemanha Federal: Cinquenta mar­cos, da assinante 2838, «para os lr­milos pobres da Conferência do San­tíssimo <Nome de Jesus. (É rusim? Não tenho a certeza)». Certíssimo! Acres­centa: «Li, recentemente, esta frase

que não quero olvidar: <<Esquec.'! o

que dás. Lembra-te Ido !que rec.'!beS>>. Obrigada, Senhor!»

Vila Nova de Gai•a: Outlro cheque do assinante 13305, em discreto so­lbrescrito. «Uma portu'!nse qualquer»

continua a persevenar: <(/'enciono passar uns dias fora do Porto, se

D~ quiser. IPor isso, envio ,já a 'liU'­galhinha para a Conferência do San­

tíssimo Nome d.e JesuS».

!Mais persevemnça: O habitual che­que da assinante 31!104, pedindo pre­'ces. «<alvez assim o Céu atenda.»

IAnónima tripeira - da Rua Antó­nio Carne~ro - ~dois mü escudos par-a as incontáveis aflições» que depara­mos. {Jiportuníssima remessa da assi­nante 44492: «Coisas d'! minha nora e minha cunhada»- - mãos dadas a camin'ho d<ls IP<>"bres.

«A partilha Ide Setembro, com sau­

dações fraternas», pela mão de <~ma: assinante de Paço de A rcoS» (que

não falha!) ; vale de correio, da assi­nante 27063, que «ped{l uma oraçilo

pelas suas melhoras»; e dez contos, de um sargento ajudante do Exér­cito, aposentJado. ATmas da Paz!

.Em nome dos Pobres, muito obri­gado.

Júlio Mendes

OAIR!Rill\'IHIOS - Especialmente no Verão, a nossa Aldeia fica dheia de carrinhos de rolamentos que deslizam a.a avenida e outnas l!'ampas. São -::orno os últimos cartuchos verónicos, antes do início de mais • um ano lec­tivo. Quando surgem, fazem um bas-

qu'!iro terrível que até nos arrepia o coração!,

.AJG!RJOlPIE:lOUtAlRIIA - Os tourinhos, crescidos e saudáveis, estão já uns verdadeiros touros. As vacas conti­nuam a fornecer bom e apetitoso leite que bebemos ao pequeno-almoço .

O milho custou a desenvolver-se, por via da chuva, mas está recom­posto. Esperamos que a broa seja uma constante nas refeições.

A vinha também sO"freu com o mau tempo. Teremos menos vinho!

Quanto a produtos hortícolas, há tomates em gr.ande quantidade, bem como fe ijão verde, nabos, cebol111s e

•ou~ras leguminosas.

Os cozinheiros não se poupam, com o material fresco e saboroso, na pre­pa!1aç.ão de bons petiscos; especial­mente, sopas e saladas.

!NOVOS GAT!A TOO - Em nossa Casa há mudanç<as constantes, entra­das e saídas de rapazes. O «"l'ó Mi­fjUJe~ foi o último a clte~r. Com cinco anitos, e muita genica, já ocu­pou o seu lugar no meio dos «Batati­nhaS».

FJIIJME - Em nossa Casa está um grupo de dezassete jovens com ma­terial de f ilmagem. Querem realizar •uma espécie de documentário. Isto -é só para facilitar a pormenorização ...

Lourenço

MIRANDA DO CORVO

T!f!p.OGR.A!FIA - Faz três anos que a nossa tipografia começou a funcio· nar

Na altura, um grupo foi à Grálfica de Coimbra aprender, restando o Se· raJim e o Henrique. Hoje, tam:hlém o Bernardo é aprendiz.

R'esponderam a algumas perguntas: -Bernardo, há quanto tempo estás

na tipografja? - Há meio ano. - iÉ uma actividade de que gostas

ou ambicionas outra? - Gosto desta actividade.

Bruno Migctel, filho 'li~ J o® IMamLel Capela '(que ~oi pa Casa do Gaiat.o em Paço, de Sousa) e da Maria do Carmo.

-Já aprendes! e alguma coisa. O quê, por exemplo?

- fmpressão e encadernação. --"Henrique, ser tipógrafo é uma

actividade de que gostas ou ambicio· nas outra?

-Gosto. - O que aprendeste, até agora, é

suficiente? - íPoara trabalhar com certas má­

quinas, sim; mas, para outras é SO·

mente uma base. - Sera~fim, como mais responsável

pela tipografia, tam:hlém é uma acti­ovidade que gostas ou ambicionas ou­tra?

-Gosto. -Têm tido, com frequência, mui-

to trabalho? De que g'énero, princi­p.almente?

-Não temos tido muitos trabalhos. !São facturas, guias, car tõ·es de visita, cartazes, um jornal mensal.

- O que é que ~starias de dizer aos lei tores?

-Que colaborassem mais com a nossa tipografia em trabalhos ...

D-ESPOR110/ ,00NiV1JVIO - Tive­mos um segundo jogo com o grupo de Casal de S. Tomé, no sáibado, dia 3, à tarde. Em ,gerol, ma1ta nova contra homens de trinta e qua~·enta e tais. Vencemos, mas deram-nos uma lição, aqui e lá, pela sua. maneira amiga, pelo convívio. Lá, foi um belo dia; e cá, retribuímos. Se o desporto tam­bém por aqui cami'rilia, então é de não debcar perder e convidar quem assim o pratica ...

A nossa maneira, no fim do bom jogo, quem quis tomou banho na piscina. Depois, na sala de jantar, merendámos: Sarrabulho (batatas e carne dos nossos porcos), pão do nosso forno e vinho das nossas uvas e salada de tomate. No fim, a bica no bar.

Cuido

Toial • !Depois de wn ano ohero de ocupa­

ções gostamos de ter •as nossas férias para vi~-ermos com mais serenidade.

Estivemos em São Jrulião da E ri­ceira, em Mira com a Comunidade

24 de Setembro de 1988

de Miranda do Corvo e na i\itlrábida com os ~iatos de Setúhal. Foram dias maravilhosos! Com muita Paz e onde reinou a alegria.

IUm dos mais veLhos conta como fo ram as suas férias: «Nós, os res­ponsáveis, abrimos para os mais pe­queninos o nosso -coração. As vezes temos que ter muitJa paciência! É

preciso ter muita atenção por eles. Cmwivemos com fr.aternidade e ale­gria dando a nossa mão e o nosso carinho».

- .Gostastes das férias? -Claro qu·e sim! Falámos oom

pessoas simpáticas e muito al~gres.

!~amos à Colónia Balnear buscar as coisas que nos ofereciam. As férias são para descansa·r e brincar. São muito divertidas: jogámos à bola, às .raquetes e .ao ténis. Mas nunca dei· ~mos de cumprir a nossa obrigação diária. Eu sou a lavar louça. Todos os dias íamos à praia. Tomávamos lbanhos de sol e dávamos muitos mer­gulhos no mar! Na proia fazíámos castelos com 1a .areia, apanhávamos lapas e mexilhões nas rochas. Os mais velhos acompanhavam os mais peque­ninos nos ban!hos. Esteve .connosco um casal gaiato. O Miguel e o Adria· no, que fazem parte da Movimento de Leigos para o Desenvolvimento, pre­feriram estar connosco. A ·alegria que ví•amos ne1es! A~udav.am os mais pe­queninos a .fazer as camhl'has, diver­tiam-nos com Jogos, histórias. Todos os sábados o IP:adre Luiz celebmva a Missa vespertina, .aqui, na pll'aia.

O íPa<Jre Luiz fez 25 anos de sacer­dócio em 4 de Agosto de 1988. Queríamos oferecer uma surpresa. Al­g:uns rapazes prepararom a Capela. O Altar estava rodeado de boll!Íilas flores. O ~F-rancisco preparou e en­saiou os cânticos. Após a celehmção todos cantámos ~parabéns a você ... ))

!Nestas féri.as esteve connosco a D. Helena, já com 65 anos e 18 de Casa do Gaiato: ~As férias na pmia são agradáveis junto dÇ>s nQS5os rapazes a quem l'hes dou o meu amor e ca· ~ir\ho. É des~stante. Temos que acu­dir a todas ·as necessidades de que ocarecem. Dou a todos o meu mdhor! INem sempre sucede amar . como de­sdjar ila, mas é· com toda a minha vontade e muita alegria que me de­dico a todos os gaiatos e em qual­

quer lu~-

José Manluel dos An jos Nunes

Lar Operário em Lamego

São muitas, e de diversos aspectos, as actividades deste Lar. A principal finalidade é atender rapazes que necessi­tem ·de qu.aJquer cola botração. É, todavia, muito complexo o modo de fazer selecção entre os .casos apresentados.

!Hdje falam-nos de . algu~m da terceira idade e que não tem família. Não sentimos co-

ragem de -lhe dizer que isso não ~ connosco. Empregamos os meios disp,oníveis, com in­tenção de dar àquele nosso irmão o que lhe falta.

l).epois, aparece um defiden-

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24 de Setembro de 1988

O . SERV NDO PAÇO DE SOUSA IAntertormente escr,evi umas

,linhas, que O GA!llA'Ib publi­cou, recordando Ooimbra. v .oa­to a escrever mais a lgumas, mas agora acerca do que obser­vei, durante os dias que ·aqui - na IGasa IMãe -vivi .em companhia dos seus habitantes, meus irmãos mais novos.

Vi a quinta, esquadrinhei-a nOIS seus limites e apreciei as suas culturas, as suas latadas, a sua mata.

Observei as oficinas de ser­r.alharia, carpintaria, sapataria, a·lfaiatar,ia e tilpogr.afia. Esta será sempre a mais illliPortante, pois dela saem as dezenas de milhar de exemplares de O GATATO que, quinzenalmente, leva aos seus assinantes e lei-

te .profundo, incapaz de se bas­tar só por si. ~ o pai ou a mãe que fala a e~por o pro­blema. Enquanto vivos ... dão­-lhe todo o carinho, mas vêem aproximar-se o fim da vida e não queriam que ficasse aban­donado aquele que é fruto oo seu amor e que 1he está no coMÇão com todas as suas defi­.ciências.

!Amanhã vem um casal hu­milde e trabalhador, com dois ou três palmos de terra conse­.guidos IPOr favor, e desejam >Construir a «sua casa». Vêem já os filhinhos que hão-de ,che­gar e querem ter um cantinho airoso para colocar o berço. Não lhes cortamos a esperança, e pelo menos a dferta de algu­mas telhas e de a·!Jguns sacos de cimento dá-Ilhes mais COI"a­gem.

O caso apresentado na hora a seguir é ainda mais comple­xo. Criança bem dotada inte­lectualmente tem <devado sem­pre a seguin> os anos escola­res. Aipesar das muitas facili­da<fes da parte do ensino ofi­da1, com os respectivos subsí­dios, há ainda muito material escolar a .comprar, e a família não tem possibilidades. Onde .está o motivo pa11a lhe voltar as costas impedindo assim que haíja, ~amanhã, ad serviço da ·comunidade, mais um elemento válido?

\Poderíamos continuar ,a des­JfJar a série imensa de caren­dados, de diiflerentes matizes. \Se alguém se voltar só para um 'lad'o e tiver espírito de com­preensão e ínteresse pelos ou­tros, 'a sua vida é dolorosa e o seu caminhar muito perto do martírio. Já temos sentido von­tade de ir mais depressa !Para o Pai, diante das nossas 'gran­des ~imitações. O valor das maiores ou mais pequenas gotinhas que nos vão ~hegan­do, só por Deus podem ser ava­liadas. E, às vezes, quase sem­pre, o teu donativo vem na /hora própria para dar esperan­ça e luz a quem t:r.azia a alma e o coração enegrecidos pcla necessidade que tortura o seu viver.

Padre Duarte

tores palavras a mi:gas, dando notícias da vida de uma comu­nidade de :r.apazes, para rapa­zes, pe~os rapazes, como é sua divisa. Aproveitámos para v.er, também, um novo bloco em acabamento, onde vão! !ficar instaladas as novas ofJcinas de tilpografia, a lfaiataria e sapata­ria.

tA quinta que, em tempos r.e­cuados, foi propriedade de fra­des beneditinos e em 1943 en­tregue a Pai Amériao, destina­da aos fins que hoje serve, é, topclgraficamente, de forma aproximadamente oval, oom duas elevações fronte iras uma à outra, ligadas !Pelas respec­tiVlas v.ertentes, :formando um va•le; está retalhada em !eiras onae se .cultiva o milho, a ba­tata, a couve, as forragens, a vJnha de latada que, por todo o lado, é uma constante; possui a inda ár:vores de fruto, ~guns castan:heims, sobressaindo, na encosta mais alta, fronteira à zona habitacional, a mata de eu,caliptos e pinheiraiS.

A á1gua não .falta e há vá­fiios tanques espallhados pelo terreno, destinad'ols à t:.ega das culturas.

Complementarmente, hã uma pequena ,pecuâria oonstitufda por algumas vacas leilleiras e ovelhas, mais uns centos de galinhas poedeiras e outros tantots pintos de di:a que, atin­gindo o crescimento a~propr.Ia­

do, aprovisionarã.o a despensa. Do lado habitacional, há a

casa principal com refeitório e cozinha, seguindo-se, à direita,

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possuem. Em outro ti'po de sor­teios as pessoas vivem como que narcotizadas, desde o mo­mentCi em que efectivamente jogam e a hora do conhecimen­to dos resultados. Assim, su­cessivamente, vão vivendo na «esperança» de ver os seus projectos concretizados, sem nunca o conseguirem, colmo é óbvio, na sua grande maioria.

Segundo nos é dado obser­var, quanto mais o materialis­mo se vai impregnando com a libertinagem, o hedonismo e os prazeres a cc!mandarem a vida, mais a tentação do jogo se es­praia. O mesmo se diga quando uma justa distribuição estâ au­sente, .gerando di-ficuldades di­versas. O 1ogo é, assim, o es­cape ou a «solução» dOis pro­blemas ou aspirações das !Pes­soas.

Sabemos que no Brasil, por exemplo, o . «bicho» é uma ins­tituição nacional. Os polbres querem ascender atrav:és da sorte, já que ,outras possibili­dades não têm. Em Espanha, por sua vea., nas ruas centrais dos -grandes ,centros, é cOirrente ver «banqueiros» rodeados de

a Capela onde repc!usa o Fun­dador da Obra dla Rua, o edi-

1 ficio da escola e o da tipogra­fia, que y,ai mudar para um bloco novo, como se disse aci­ma. Do outrO! lado, ficam as residências dos :r.apazes, além da padaria .e outros ane~s.

havendo também inlfr'a-estru­turas destinadas ao lazer e ao desporto, como os cam­pos de jogo .e ,a piscina, espa­lhadas .em voUta do ~glomera­

<lo dos edifíciqs. 1Por fim... «but . nOit the

[east» referimos o elemento humano que habita a Aldeia e se .conta apro:ximadamente pe­las duas centenas de rapazes numa forma de vivência uniifa­milfar. E se todos eles têm as­segurado o pão de cada dia, todos também, pequenOLs, mé­dios e mais crescidos têm os seus trabalhos, as suas tarefa s. Na parte d a forma:ção, profis­são otu empreg-os, uns estudam dentro de !POrtas até ao prepa­ratório, outros continuam os ·estudos em Penafiel e outros ainda .estão empregados na ci­dade doi>olrto.

Uma das observações mais interessantes que pude fiazer sintetiJZo-a do modo se:guinte: terminada a refeição da ma­nhã, por exemplo, os rapazes dispersam-se. Há os que tra­balham nas o'fidnas, os que mondam ·as culturas, o tratot­rista oom o seu trator que leva e trae: p~lha, lenha, etc., mas .apesar desta azáfama em que se ocupam e dispensam no es­paço da quinta, quem entra

jogadores. Em Po:r.tugal, a cami­nhar pelo que vemos, as coisas seguem na mesma direcção, de­nun'ciando um mal estar social, quer pelas ambições desmedi­das de .grandeza ou pelas difi­culdades efectivamente existen­tes. Seja como lfor, os indicati­vos não sãot muito pr.omissqres.

Ao escrevermos .estas linhas tivemos em vista as s~ue1as gravosas para tanta gente do vício do jogo, também .chamado l.udotapia. Que o sentido de equilíbrio das ooisas e a justiça estejam presentes, para que não se .entregue às leis do azar a solução das necessidades efec­tivas de cada um. O trabalho deverá ser a grande fonte de riqueza do homem em ordem ao seu sustent()! e à satisfação das suas r.ectas aspirações.

• A Capela, de sonho, Vlai -caminhando p~ara rse tomar

realidade. Os nossos Amigos têm vindo a extplicar-se. Opor­tunamente falaremos do assun­to oom ·tn:aior detalhe, !para que as dores de parto e as alegrias sejam de to®S.

I

IPaore Luiz

não vê praticamente ninguém, não se apercebe do que se pas­sa. Po11ém, 'ao aprOIXimar das horas de reunião, casos do al­moçO\, terço e jantar, não tarda vê-los reunidos em volta da casa principal num raglomerado de vida fervente, o que leva a pellg'Untar: onde .estava metido todo este furmigueiro humanof?

No entanto, é deste furmi­gueiro que oada uma das suas componentes, perdida que es­teve no seu meio de origem, e que uma vez tornada habitan­te desta Casa, há-<le crescer e

Novos de O

iDurante a épo.ca de rfrérias recebemos muitos assinantes, qual sangue novo para manter a chama, suprir os que ficam pelo caminhe! e aumentarmos a procissão.

O Famoso está no seio das '.famílias e é acolhido oom afec­to: <<Em nossa casa ~ af,irma a assinante 23409 - lemos sem­pre O G.Aiu\TO com simpatia e desejamos-lhe muitos anos de vidan.

\Assinante 35203, das planu­ras alent~anas: <<Escrevo. estas palavrinhas eom grande !ale­gria ... pedindo O G~TO para a minha irmã, que mora no Algarve, e estou certa ficará encantada».

IPorto: «Peço uma assinatura do vosso jornal (que 'leio assi­duamente) em oome da minh!a mãe \que vive lá mais 'para o interior (!Semancelhe) e vai gostar de ler .•. »

1Assinante 30044: «Solicito já o próximo número d'O GAIATO ~ o -meu neto, por coincidir !Com o ,seu 12. • ani­versãrlo natalído. Agradeço não esqueçam, por se trlatar não só duma surpresa como, também. prenda de llllliversã­rio».

!Assinante 1747!7: «Sou assi­nante lhá mJais de trinta laDOS.

Resido em Viseu. Tenho con­se.guido novos ~eitores entre colegas e, sobretudo, entre os alunos. !Mãe ide .seis lf'llhos, acabo de ser avó dum peque­nino - Marcos! Como !podem calcular, sint&me' dmeitsamen­te feftz! !Deixei tudo e lVim IWlS

dias para ·junto do meu neti­nho (lllté jâ me miiUICou o ;rosto oom tantos beijinhos .. .!). ID'es­culpem, mas é !Para dizer que entre os ~~Jequeninos presentes queria oferecer-lhe desde a !Pri­meira lhona, a assinatura d'O GAIATO».

IRioas imagens <Ia Família~

Fermento na massa, polis tan­tas há, pelo mundo fora, des­troçadas. Umas, por mis:éri<a material; outras, pel·a abun'dân­.cia; e, em muitas delas, os fi­lhos sofrem as consequências ...

Continuemos a citar mais a>l­,gumas notas que sobressaem nct deslfile. Passa uma leitora,

O GAIAT0/3

preparar-se ,para um emprego :etu oficio e ser um homem útil à sociedade.

!Referência que não desejo omitir é ra de que numa zona peri~rica da quinta, a Obra const11ufu casas destinadas à habitação de rapazes q.ue, ten­do constituído famíli-a, conti­niUJam seus co[aboradores. E assim o sonho de tAm:érico Monteiro de Aguiar - o Pai Américo - se transforma em realidade pelo ~<milagre» da sua fé e da sua entrega total 1a Deus, .em vida.

tNa nossa memória, obrigado e bem hajas <~Pai de tantos e também mem>.

Alberto t:Augusto M. Nunes

Assinantes GAIATO

do Porto, <<hã muito admira­dora \da Obra da Rua e, (POr descuido - confessa - não sou assinante. Por isso, a par­tir de ,agora, IJ>eço me oonside­rem mlllis ~amiga e mandem O GIAI!ATO pelo correio».

tAs ins·crições feitas, directa­mente pelos interessados sur­gem em grande ,plano. Eis um j.ov.em, da CovHhã: «Sou um rapaz de 23 anos. Tive a honra de ser ~abordado !piOr um gaiato - que distribuía o jornal - e, rpor curiosidade, fiquei com ele. Gostei! Por isso, venho !fazer­-me assinante.»

No mirante da procissão to­pamos mais uma presença d'a Invicta, que !Passara por uma das nossas Casas .com a <do­tenção de ser !assinante, mas deve ter havido confusão da minha parte Q'u de quem aten­deu ... Portanto, fique bem !Cla­ro: Fui aí IJ>ana ser nov.a assi­nante dum jom\31 que trago selllfPre para :cJasa e gosto imen­so de len>.

'Importante nota da assinán­te 29505: «Falei oom as pes­soa~ (7) que me autorimram a comuniear laJ sua inscrição no Famoso. São poucos, mas futu­ramente irei diligenciar para maior divulgíação do jornal>>.

Outra legenda bem visí!V:el: <<Sou uma recente assintante, mas conheÇJO · O GAIATO hã bastante tempo. A minha irmã recebia-o no emprego. •Agora, estamos ~posentad!as eJ tomo­·me assinante~ pois Ua os de me'US innãos. Quero tomar um compromisso com 1a Obra da Rua! Leio :o jornal sempre com atenção 1e não sei a coluna que mais me atrai, todas Cheias de interesse ,e até de Vida. Sou duma terra wjos moradores nãa têm muito tempo para se dedicarem aos Outros - eu inciuÇtvamente .- talvez por tialta de Amon>.

!Fenómeno das g:ran'd'es ur­bes!

IPor fim, registamos :presen­ças de Mudhouse, Sur Seine, Vichy e Paris (França); mais !Stuttgard ~Repú'blica Feder'ai da Anemanha).

Júlio Mendes

Page 4: l BARRE DO - Obra da Rua ou Obra do Padre Americo · e os reaonfortem. :E: necessário atenção a tudOI, desde a ali mentação aos jogos e aos pra zeres saudáveis e ,compensado

Tribuna d e Coimbra Pouco sério nas contas. Mui­tas prendinhas <<às colegas». Um olhar sempre vazio. Quan­ta·s conversas? Quantas promes­sas? Quantas esperanças ainda fui guardando nOI coração! Fru­rgiu, há muitos meses, e agora !fazia parte do grupo de assal­tantes.

mas do abandono da vida do casal.

Outra causa 'é o tempo de ociosidade. A maior parte dos nOISsos jov,ens não têm tempos •OCUjpados. Vivem ao <<deus· dará». Cri'am vícios de gastar. A sociedade de consumo em que vi:vemos tem muita intluên­cia na vida da nossa juventu­de. Os pr,ogramas. As montras. O desafio para ruma vida de li­berdade, sem responsabilidade.

Ho1e é um cantinho .de dor. É tudo uma selvajaria! - foi o .comentário que fez um agente policial. Tinha ra:z;ão a'quele homem, diante de tudo reme­xido no nosso Lar de Coimbra.

O Guido já tinha dado por rum vidro tirado duma janela, mas não entrou. ·Foi a senhOI­ra que deu o alarme ao entrar em casa e ao ver toda aquela desordem e destruição.

<Eu soube pela notícia dum jomall diário. Assaltos a igre­jas e à Casa do Gaiato. No grupo de jovens :assaltantes,

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sar nada, nem olhar para o Sacrário. O João Luís mais o ><<Gatinho» faziam limpeza aol lajedo e aos bancos da Capeia, manobrando a vassoura e os panos. Foi quanto chegou para me inundar de •allegria. Quase me pôs em êxta·se. Ambos vie­ram dOI desleixn, da desordem, da imunaície! Meu Deus ... que lindo! Eles a limparem-'te 1a Capela. Serenamente. Silendo­samente. Carinhosamente. A prepararem o r.ecinto para o Grande !Sacrifício dominical com a comunidade inteim!

o João Luíos veio da Brejoei­ra, perto de AzeitãO!, com mais dois irmãos. Pela morte do pai ·e abandono da mãe a sua casa tomou-se rum .pandemónio in­des.critível com os móveis to­dos destruídos, ro!Upa suja pelo chão de todos os compartimen-

dois já estiveram em nos­sa Casa: o Pedro e o António Maauel.

O meu cantinho de dor tem a:qui o seu centro. Nós nã,o so­mos uma Obra de meninos bons. A Obm dOI Padre Am'é­ri.co é para os mais repelentes, os mais enjeitados. Mas damos tudo para que eles se transfor­mem. E quantos se têm trans­formadO!' ...

Nos últimos di·as tenho recor­dadO! a última conversa oom o Pedro. Veio pa'"a nós com quinze anos e esteve connosao

tos, teias de aranha em quase todos os ângulos das. paredes, excrementos de criança tpor toda a parte, -lixO! aos montes, etc. As crianças alimentavam­-se em ,casa de vizinhos e en­tmvam na moradia pelo bura'co da almofada destruída de uma da•s ·portas. «!Despidos de hábi­tos humanos.»

O «Gatinho>>. veio, de Monte­mor, com o/Utro irmão. Foi o ' Tribunal que no-los entr.egou.

Um grande albergue de pe­regrinos toao em mínas; num Santuário Mariano, era a sua morada. Eu nunca vi fantas­mas, mas já vi uma casa de fantasmas. lEra a·ssim a sua habitação.

O Senhor tinha-me r.eservado esta lrufa:cta de coraJgem, naque­~a manhã! Comd ·saboreei o <Ninde a Mim vós ·que andais sobrecarregados e Eu vos ali­viarei»!

!Bendisse a espectacular re­cuperação destas ·crianças. Bendisse a pedrugpgia das Ca­sas do Gaiato. Bendisse os sa­crifícios .e as dores que eles me têm custado. Bendisse a Deus por esta vocação, pO!r esta vida e por esta Fé.

'Se eu fosse arrepatado a o Céu e visse os anjos a servi­rem o Sen:hor, não expetimen­taria maior felicidade.

!Padre Acílio

BARRE DO • ((CAPElAS IMPERFEIIASJJ?

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lhimento favtorãvel em seu pai. !É claro que me refiro a ·Pai

Américo; m~llhor, ao ]ovem tÂm:éríco, naqueles anos em que trabalhou na loja de fermgens .em Mouzinho da Silveira, até quase aO! fim de 1906, quando embavaou para Moçam@ique.

tA Ilgreja dos Grilos faz cos­tas com o Seminário; o .culto está a car.go dos seus padres. Já assim era no princípio deste sécllll·OI. Nos di-as abrasadores desta .semana frOi lugar de re­frigério onde, por muitas e mais

esta razão, sabia bem e me fez bem parar.

O sossego destes dias permi­tiu-me, ainda, retomar .oontacto 100m as Jornadas de Teologia rque, há ano e meio, decorreram em Coimbra sob o tema geral I{~ Lgreja e a opção pelos Po­bres», escolliildo na intenção àe celebrar o centenário de Pai Américo. AJo principiar esta íCrón{oa era sOibre elas que pen­sava discorrer um pouco; mas, porque me a1onguei nas outras impressões, ficará para a pró-xima.

!Padre Carlos

poucos meses. Foi recebido~ .em pequenino, num Lar de meninos .e meninas. Estava a ser grande estorvo na vida daquele Lar.

O Pedro foi abandonado pe­los ·pais, pouco depois de ter nascido. Na nossa conversa daqruela noite, vi a sua r.evolta. !Muito cedo foi encaminhado por al•guns mais velhos para o roubo e para a prostituição. Vícios que já fazem parte da sua vida.

!Recordo .arqueia tarde em que, sem contar, o encontrei n'a •Penitenciári•a. Como ele :parecia des'contr?ído a descrever potr­menores do roubo que tinha ido !fazer ao es.critório da nossa .casa! rum ambiente hrumano de total desocupação. O.s mais sa­bidos ·a instruir os mais tgnor rantes. Que se há-de esperar destes homens?

Tenhro recordado a última manhã do Antóni.o Manuel. 'En­controu a Chave na porta do escritório, entrou .e pegou nOI dinheiro da venda d'O G~­ro, em Tomar, e fugiu. Até hoje nunca mais o v_h

Recordo· rO di,a em que o fui buscar ao Nillho e o levei para a prai·a. Tinha ele seis anOIS. Nasceu e nunca soube da fa­míllia. Cresceu naturalmente e era querido de todos. Aos ca­torze anos conheceu um irmão que lhe fa lou da .famma. Daí a algum tem,po, numa '"u'a, co­nheceu a mãe. Dois meses de- · .pois, noutra rua, oapar.eceu o pai. Teve assim conhecimento do drama e do abandono familiar.

Daí em diante, a vida do An­tónio Manuel .c,omeçou a mu­dar. Pouco amor nO! estudo.

Na minha dor tenho pensado nas ·,causas dos ·assaltos deste nosso tempo. A primeira e a maidr me parece o abandono familiar. Os filhos sentirem-se órfãos e a saberem dos pais viViOS. Ainda ontem· o correio trazi'a um pedido de oração pa­ra que o pai volte para a famí­lia que abandonO!u, há pouco. Os filhos serão as grandes víti-

iCO!m esta comunhão de dor partillhada convos.co vou conti­nuar na .esperança de um mun­do melhor, esperança que deve ser alimentada na confiança no nosso bom Deus.

Padre Horãcio

CANTINHO DAS .SENHORAS

!Estamos a terminar ol nosso Retiro anual das Senhoras da Obra da Rua.

rPassámos cinco dias de en­contr,o com Deus, ,connosco e com os problemas do mundO\. O Retiro foi leve e profundo. Os momentos mais altos, par.a todas, foram olS momentos de oração.

Louvámos o Senhor por nos termos .encontrado aqui. Lou­vámos e agradecemos por um dia nos ter ido pescar e trazer para a grande bavca da Obra da Rua. Nos nossos momentos .com o Senhotr lembrámos-iLhe, também, todos os recados que nos tendes dado. Não esquece­mos nenhum dos nossos Ami­gos.

•Levámos cotnnosco a certeza da ,c,ompanhia do Senhor e o calor aas nossas orações.

Nossa Senhora .foi a «grande -lem'bnada».' Como modelo, nes­te Retir01, será o nosso conforto nos caminhos da VieLa.

<~Cantai a o Senhor porque Ele . é bom, porque é Eterno o Seu Amor.»

meus flaz maravilhas! Louve­mos e agradeçamos tudo o que fez potr nós. Temos a certeza dum Caniirrho. Ele nos guia e conduz. Com Seu Espírito -a Consolador.

Arrábida, 4/9/88

Isaura (de Setúbal)

Antoeonstrução 10 incêndio cobre cada vez

mais terr.eno. Ala:stra soprado :pelo vento forte .do Amor se­meado em .aomunidades vivas. !Se o párocO! é a alma, bendito seja . o 'Senhor! Quando assim acontece, a Igrej•a ganha rosto humano que revela o divino. Cham~m-iLhe Mãe.

.A facetJa mais rioa do Patri­món1o dos :Pobres, agotra mais sob a oforma de <éPequenos Au­xílios» à Autocon:strução, está nra sua dimensão paroquioal. É

a .FamíLia qu.e aparece. O mem­bro que, sozinho, nãOI pode construir 10 seu lar, anima-se e ·caminha em frente. Tem a mão dos irmãos. As pessoas abrem-se. Tornam-se solidárias. O Espírito vence o egoísmo. !Nasce a verdadeira C<lttnunida­de à medida que se vai exerci­tando a entreajuda. :1! um mi­lagre!r

!As cartas que nos ,chegam r.evelam o caminho certo da Igreja. Eis: <dComo pároco de ... dilii•gi a V. uma carta com a fi­nalidade de pedir à Obm da !Rua a ,colabor:ação na constru­ção de uma casa para uma viú­va, em s ituaçãO! !Precária e com três ,filhos menores, de 8, 6 e 4 •anos, resp.ectivamente. A de-

-cisão foi tomada depois de ou­vido o Gonselho Paroquiral de !Pastoral e a própria Junta de Freguesia, para que também estJa Hoasse ,comprounetida em 1auXJiliar. Na mesma carta se operg.untava se podíamos aon­tar com o «chapéu» da mesma, já que também recorremos a outras entidades · e à generosi­dade da freguesia.

'Neste momento já temos o terreno e cottT.em na Câmara as d'émarches para o projecto da casa. Ag uardando uma res­posta positiva dessa Obra, pel:a Comissão Fabriqueira da Paró­quia de .. . O Pároco.»

Ora aqui está · :um caminho aberto, simples e eficaz. :1! es­treito, à maneira do Evan:ge-

•l:ho; mas, de certe:z;a, que leva 1ao lugar certo. Sim, é estreito. 'Por isso, alguns têm medo de -caminhar por eLe. E a. Igrejoa .perde credibilidade.

!Deixamos esta carta sobre o alq4'€ire par:a que todos ve­jam e amem o que é pequeni­no aos olhors do mundo, ma:s que pod'e confundir a grandeza de obras que aHmentam a vai­dade e não têm a força do .grão àe mostarda.

Obri:gadü', P.adr:e, pe1•a OfPOr­tunidad'e que nos dá de viver a vocação da Obra da Rua _ num dos seus ramos muito ne­!Cessárlo - um lar ;prara a ifa­mflioa dos pobres.

~dre Manuel IAntónio