l BARRE DO - Obra da Rua ou Obra do Padre Americo · e os reaonfortem. :E: necessário atenção a...
Transcript of l BARRE DO - Obra da Rua ou Obra do Padre Americo · e os reaonfortem. :E: necessário atenção a...
r
l • PORTE
PAGO
BARRE DO • uCAPELAS IMPERFEITASn?
Uns dias de Retiro no Seminário da Sé fo11ann também oportunidade de encontro oom realidades que nos tocam de perto.
As Escadas do Barredo .e algo do seu <<lmiolo», Largo de Pai Américo incluído, constituem a fronteira sul da cerca do Seminário. A poente, as traseiras dos pr:édios das Ruas dos Mer<:adores e da Bainharira. Cá do -alto, vemos bem os ~imites do Barredo pr~pri-amente dito, o que foi restaurado e o que resta da degradação antiga, entre a ·qual ainda o vazio da Lada, mas esse a ser reocupado, em breve, por nov05 p11édios. Quem dera a vida que ali vai ser por causa da reconstrução contagiasse ao lado e a renova'Ção do Barredo não quedasse em «capelas imperfeitas» cotmo ora é.
no túnel rodoviário para ,cima começa o Bairro da rSé. Aqui quase nada se tem feito. Rarte das estreitas ruas estã·o impedidas por escoras que conservam os prédios de pé! :E: uma gincana percorrê-Ias. iDeus nos livre do que seria ali um incêndio! Quando se olhará para
«Ajudar é a palavra mais sublime do vocabulário cristão.» (IPai Am'éz?co)
No lugar que ocupamos, mau grado as fragilidades inerentes, tuoo o que diz re~eitol ao Homem nos diz parte. Denunciar as injustiças ou os desvarios que se traduzem em desgraças ·faz ·parte do nosso .compromisso de servir, ainda que em :Palavras simples e despr.etensiasas.
Hoje queremos f1alar do jogo, fautor de inúmeras misérias como a destruição de muitas famflias, a delapidação do património de muitos lar.es e, até, em frequentes circunstâncias, de desfalques e de suicfdios. Como diz Q IPov<?, não
aqual.e mal ,com vontade firme de o remediar? ...
.Em uma volta pela cerca, à tardinha, no lugar onde são as instalações que o Seminário sustenta para ~poio a crianças e pequenos estudantes da zona, dei com o nosso velho <~elha.s» .empenhado em arrumações par.a outras actividades, também em favor das crianças do bairro, que a Associação de Santa Ana mantém. Foi um encontro feliz potrque inesperado, embora soubesse da sua intervençíi!o em qualquer obra por a li. Mais contente fiquei ao saber das boas relações do Seminário oom este grupo, coexistindo pacificamente ali, naquele pequeno espaço, em servuços ,complementares daquelas crianças. .
tEste espaço deita para o adro da Igreja dos Grilos e esta foi outro lugar onde a sentimento se .eX:pandiu na recordação de um jovem que, dos quinze aos dezanove anos, a frequentou !bastante na companhia idos seus patrões e familiares com quem ia às devoções que, ao. tempo, d·avam muita vida àquele templo.
raro, uma miséria nunca vem só ...
O assunto é anti.go, mas, nos tempos pr.esentes, assiste-se ao .proliferar dos mais variados jogos, muitos dOis quais clandestinos. Não falamos já da lotaria, do totobola e ao totoloto otficiais. Paralel•amente, e não é segredo para ningu:ém, se dá conta dum enxame de ,concursos, muitos deles baseados nas ter.minações da lotaria. Nas tabernas, leitarias, cafés, grupos desportivos e diversos tiPtOS de associações, nos locais de traíbalhOI e outros, há iniciativas desse género. lO número de jogos de azar, ,como a roleta, a banca rfrancesa, os variados tipos de máquinas espalham-se pelo Pafs fora. O bingo, esse
Quinzenário * 24 de Setembro de 1988 * Ano XLV- N.• 1162 - Pr.eço 10$00
Quem d.era que o(l. renovação do Barredo r- em sentido lato- não q1iedasse em «capelas imper/eitasb!
Nesses anos e · nesse ambien- .----~--------~---------------te de piedade cristã, ele sen-tiu mais forte e exprimiu, de ,..
novo, a sua v-ontade de ser .pa- s E T u B l\ L dre, a qual, apesar da coadju-vação da mãe, não logrou aco-
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então está na moda. Entretanto, em loteais il~gais, os jogos de cartas a dinheiro multid>licam-se, desde o bacarâ à «suecada», ao <<'king>>, ao «burro» e .ao <~bluff», para já não falar na simples <<Vermelhin:ha», :muito corren'te nas feiras.
Poder-se-á dizer que em termOIS gerais, o jogo é uma tentação para muitos homens. Uns querem ser ricos à :força, sem ti:abrulho ou qualquer tipo de esf.orço; outros, porque lhes é vedado atingir certos ansei01S ou viveres com dificuldades reais, buscam no jogo a satisfação dos seus objectivos ou necessidades, d'elrupidando, em casos extremos, o que têm e o que não
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Os f ins-de-semana têm sido os tempos mais pesados da vida, nesta época estival. As flérias dos rapazes exigem muito de nós para que sejam agradáv.eis e os reaonfortem. :E: necessárioatenção a tudOI, desde a alimentação aos jogos e aos prazeres saudáveis e ,compensadores.
Os adolescentes e os jovens menos amadurecidos sentem n01vamente os impactos perturbadores do mundo pagão, sensual e aJgressivo que nos envolve, manifestando-se, por vezes, em atitudes incompreensíveis de mal-estar que nos atingem por dentro e nOis dominam por forma a dispersarem-nos o sonô. Há fugas previsíveis e desânimos inesperadGs. Tudo :passa pela nossa sensibilidade como a char11ua na terra ressequida e ar.gilosa, deixando-nos a :sangrar.
'A nossa quinta é um sorvedouro 'de trabalho, ,canseiras e cuidados. As colheitas urgem par:a que se não estraguem. As regas dos pottnares e milharais, nestas temperaturas eleyadas,
dão ordens irrecusáveis. As oficinas têm os seus problemas e pedem orientações constantes. As dores de dentes, as doenças, as operações e os pequenos desastres seguem-se ininterouptamente.
Qu·ando che~a o sábado e tenho de partir para os peditór.i.os fazer centenas de quilómetros debaixo dum sol esca!l.dante, Alentejo aJbaixo, rumo ao Algarve, às vezes sem alinhar duas ideias !Para proclamar a Palavm de Deus nas numerosas homilias, apodera-se de mim um misto de receio, de angústia e de cansaço que quase me prostra.
A Capela é o meu refúgio. Uns minutos de silêncio e meditação diante da Luz, dão-me luz. Busco estes mottnentos ,aom sofreguidão. Recupero o eq.l,l.Ílíbrio .. e volto a sonhar.
Foi num destes sábados. lEram .onze horas da manhã. O cotração começava a apertar-se-me. Entro no Santuário. Não foi preciso ler nada nem pen"
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2/0 GAIATO
.no tílias do lonfl!l'í!ntiu de PU[D de Souso
e Fechámos os olhos... e entregámos a oh~a - referida na última
edição - nas mãos de Deus e dos ieitores.
Ao longo dos anos realizámos idênticas acções, pois o seu custo está subjacente na 111iséria imerecida dos IPO"bres.
Já estendemos a mão .a um futuro engenheiro civil. Fez o risco para •juntar ao requerimento óficia1, entregue nas mãos de quem de direito, .que transmitiu imediato deferimento: «Andem prà frente!»
'Passámos recado ao pedreiro. «Só posso começar no princípio de Novembro!» Muito ocupado, como aliás todo o sector da construção civil. Um boom?!
rO'ptámos por uma laje no tecto da moradia; e levámos a mensagem à !fábrica consultada para o efeito: - Se não puderem dferecer o material, que ao menos seja o preço de custo. Não façam negócio com os :Po·
bres ! Quando () G.NMfl10 ohegacr: à mão
dos leitores, a laje espera o pedreiro que fará, também, um preço em conta, pois sabe como a vida é difícil. Se confiássemos o trabalho a um empreiteiro de nomeada, seria muito mniÍs. Assim, :faremos esta cibra de Pobres, por mãos pobres, com a partilha dos leitores. Serão dezenas de contos!
Há famílias sem casa e temos esperança de soluÇiiío.
e Marcado por antecedentes .. . , tem por r.emédio o seu temperamento
.ale~re, sociá<vel. «São todos meus
amigos!» !Noite cerrnda, toJ)'8mo-1o no bar da
Humanitária. -Espere. Iremos os dois, que V.
precisa de descansar. .. Então, mostra uma .receilla de
olftalmologia: - Tá a U!!.r?, tenho de mudar ,os óculo:;! <Fioam por um di
nheirão ... ! -Não queremos vê-lo de mão es
tendid& .. . ! Arregala os olhos e demora a res
posta, bem equacionada: - Farei
como aclulrem melhor. Enquanto servimos outros, ele pre
paro o regresso ~ m<)>adia cedida pelo !Património dos !Pobres. :Para nusso espanto, de gato ao pescoço e cãozin!ho na tre1a! «São os meus companheiros ... »(
Q uereríamos dar a razão -de trudo isto, pois correu o 1P.aís como um cigano. Mas tem direito i\ sua privacidade. Foi mecânico, de profissão, na Gmnde Lisboa. Tão competente, que beneficio.u de estadia, numa especialidade, em fábrica ~alemã de projecção mundial. Aqui torn:bou, por fim, em parlUJuedas que Deus abriu, na terra onde Pai Am'érico fez mal!'avilhas. Quem avaliar os !homens por régua e esquad~o, dim que o nosso amigo descec~ na vida. Por'ém, não deixa de ser quem é ! Merece ll'e5peito, solidariedrrde. Agora, mais !
IPI.AJRr:rtll1HlA - Assinante 20856~ de iEspinho, com um cheque «r~tferente
ao primeiro semestre de 1988, peque·
tna ajuda JPara as n.~cessidades da Conferência de Paço de Sousa». Mais um, do assinante 28528, «a fim
de ser aplicado na -obra que julgarem
mai:; conveniente». A reconstrução da citada moradia!
.Alemanha Federal: Cinquenta marcos, da assinante 2838, «para os lrmilos pobres da Conferência do Santíssimo <Nome de Jesus. (É rusim? Não tenho a certeza)». Certíssimo! Acrescenta: «Li, recentemente, esta frase
que não quero olvidar: <<Esquec.'! o
que dás. Lembra-te Ido !que rec.'!beS>>. Obrigada, Senhor!»
Vila Nova de Gai•a: Outlro cheque do assinante 13305, em discreto solbrescrito. «Uma portu'!nse qualquer»
continua a persevenar: <(/'enciono passar uns dias fora do Porto, se
D~ quiser. IPor isso, envio ,já a 'liU'galhinha para a Conferência do San
tíssimo Nome d.e JesuS».
!Mais persevemnça: O habitual cheque da assinante 31!104, pedindo pre'ces. «<alvez assim o Céu atenda.»
IAnónima tripeira - da Rua António Carne~ro - ~dois mü escudos par-a as incontáveis aflições» que deparamos. {Jiportuníssima remessa da assinante 44492: «Coisas d'! minha nora e minha cunhada»- - mãos dadas a camin'ho d<ls IP<>"bres.
«A partilha Ide Setembro, com sau
dações fraternas», pela mão de <~ma: assinante de Paço de A rcoS» (que
não falha!) ; vale de correio, da assinante 27063, que «ped{l uma oraçilo
pelas suas melhoras»; e dez contos, de um sargento ajudante do Exército, aposentJado. ATmas da Paz!
.Em nome dos Pobres, muito obrigado.
Júlio Mendes
OAIR!Rill\'IHIOS - Especialmente no Verão, a nossa Aldeia fica dheia de carrinhos de rolamentos que deslizam a.a avenida e outnas l!'ampas. São -::orno os últimos cartuchos verónicos, antes do início de mais • um ano lectivo. Quando surgem, fazem um bas-
qu'!iro terrível que até nos arrepia o coração!,
.AJG!RJOlPIE:lOUtAlRIIA - Os tourinhos, crescidos e saudáveis, estão já uns verdadeiros touros. As vacas continuam a fornecer bom e apetitoso leite que bebemos ao pequeno-almoço .
O milho custou a desenvolver-se, por via da chuva, mas está recomposto. Esperamos que a broa seja uma constante nas refeições.
A vinha também sO"freu com o mau tempo. Teremos menos vinho!
Quanto a produtos hortícolas, há tomates em gr.ande quantidade, bem como fe ijão verde, nabos, cebol111s e
•ou~ras leguminosas.
Os cozinheiros não se poupam, com o material fresco e saboroso, na prepa!1aç.ão de bons petiscos; especialmente, sopas e saladas.
!NOVOS GAT!A TOO - Em nossa Casa há mudanç<as constantes, entradas e saídas de rapazes. O «"l'ó MifjUJe~ foi o último a clte~r. Com cinco anitos, e muita genica, já ocupou o seu lugar no meio dos «BatatinhaS».
FJIIJME - Em nossa Casa está um grupo de dezassete jovens com material de f ilmagem. Querem realizar •uma espécie de documentário. Isto -é só para facilitar a pormenorização ...
Lourenço
MIRANDA DO CORVO
T!f!p.OGR.A!FIA - Faz três anos que a nossa tipografia começou a funcio· nar
Na altura, um grupo foi à Grálfica de Coimbra aprender, restando o Se· raJim e o Henrique. Hoje, tam:hlém o Bernardo é aprendiz.
R'esponderam a algumas perguntas: -Bernardo, há quanto tempo estás
na tipografja? - Há meio ano. - iÉ uma actividade de que gostas
ou ambicionas outra? - Gosto desta actividade.
Bruno Migctel, filho 'li~ J o® IMamLel Capela '(que ~oi pa Casa do Gaiat.o em Paço, de Sousa) e da Maria do Carmo.
-Já aprendes! e alguma coisa. O quê, por exemplo?
- fmpressão e encadernação. --"Henrique, ser tipógrafo é uma
actividade de que gostas ou ambicio· nas outra?
-Gosto. - O que aprendeste, até agora, é
suficiente? - íPoara trabalhar com certas má
quinas, sim; mas, para outras é SO·
mente uma base. - Sera~fim, como mais responsável
pela tipografia, tam:hlém é uma actiovidade que gostas ou ambicionas outra?
-Gosto. -Têm tido, com frequência, mui-
to trabalho? De que g'énero, princip.almente?
-Não temos tido muitos trabalhos. !São facturas, guias, car tõ·es de visita, cartazes, um jornal mensal.
- O que é que ~starias de dizer aos lei tores?
-Que colaborassem mais com a nossa tipografia em trabalhos ...
D-ESPOR110/ ,00NiV1JVIO - Tivemos um segundo jogo com o grupo de Casal de S. Tomé, no sáibado, dia 3, à tarde. Em ,gerol, ma1ta nova contra homens de trinta e qua~·enta e tais. Vencemos, mas deram-nos uma lição, aqui e lá, pela sua. maneira amiga, pelo convívio. Lá, foi um belo dia; e cá, retribuímos. Se o desporto também por aqui cami'rilia, então é de não debcar perder e convidar quem assim o pratica ...
A nossa maneira, no fim do bom jogo, quem quis tomou banho na piscina. Depois, na sala de jantar, merendámos: Sarrabulho (batatas e carne dos nossos porcos), pão do nosso forno e vinho das nossas uvas e salada de tomate. No fim, a bica no bar.
Cuido
Toial • !Depois de wn ano ohero de ocupa
ções gostamos de ter •as nossas férias para vi~-ermos com mais serenidade.
Estivemos em São Jrulião da E riceira, em Mira com a Comunidade
24 de Setembro de 1988
de Miranda do Corvo e na i\itlrábida com os ~iatos de Setúhal. Foram dias maravilhosos! Com muita Paz e onde reinou a alegria.
IUm dos mais veLhos conta como fo ram as suas férias: «Nós, os responsáveis, abrimos para os mais pequeninos o nosso -coração. As vezes temos que ter muitJa paciência! É
preciso ter muita atenção por eles. Cmwivemos com fr.aternidade e alegria dando a nossa mão e o nosso carinho».
- .Gostastes das férias? -Claro qu·e sim! Falámos oom
pessoas simpáticas e muito al~gres.
!~amos à Colónia Balnear buscar as coisas que nos ofereciam. As férias são para descansa·r e brincar. São muito divertidas: jogámos à bola, às .raquetes e .ao ténis. Mas nunca dei· ~mos de cumprir a nossa obrigação diária. Eu sou a lavar louça. Todos os dias íamos à praia. Tomávamos lbanhos de sol e dávamos muitos mergulhos no mar! Na proia fazíámos castelos com 1a .areia, apanhávamos lapas e mexilhões nas rochas. Os mais velhos acompanhavam os mais pequeninos nos ban!hos. Esteve .connosco um casal gaiato. O Miguel e o Adria· no, que fazem parte da Movimento de Leigos para o Desenvolvimento, preferiram estar connosco. A ·alegria que ví•amos ne1es! A~udav.am os mais pequeninos a .fazer as camhl'has, divertiam-nos com Jogos, histórias. Todos os sábados o IP:adre Luiz celebmva a Missa vespertina, .aqui, na pll'aia.
O íPa<Jre Luiz fez 25 anos de sacerdócio em 4 de Agosto de 1988. Queríamos oferecer uma surpresa. Alg:uns rapazes prepararom a Capela. O Altar estava rodeado de boll!Íilas flores. O ~F-rancisco preparou e ensaiou os cânticos. Após a celehmção todos cantámos ~parabéns a você ... ))
!Nestas féri.as esteve connosco a D. Helena, já com 65 anos e 18 de Casa do Gaiato: ~As férias na pmia são agradáveis junto dÇ>s nQS5os rapazes a quem l'hes dou o meu amor e ca· ~ir\ho. É des~stante. Temos que acudir a todas ·as necessidades de que ocarecem. Dou a todos o meu mdhor! INem sempre sucede amar . como desdjar ila, mas é· com toda a minha vontade e muita alegria que me dedico a todos os gaiatos e em qual
quer lu~-
José Manluel dos An jos Nunes
Lar Operário em Lamego
São muitas, e de diversos aspectos, as actividades deste Lar. A principal finalidade é atender rapazes que necessitem ·de qu.aJquer cola botração. É, todavia, muito complexo o modo de fazer selecção entre os .casos apresentados.
!Hdje falam-nos de . algu~m da terceira idade e que não tem família. Não sentimos co-
ragem de -lhe dizer que isso não ~ connosco. Empregamos os meios disp,oníveis, com intenção de dar àquele nosso irmão o que lhe falta.
l).epois, aparece um defiden-
24 de Setembro de 1988
O . SERV NDO PAÇO DE SOUSA IAntertormente escr,evi umas
,linhas, que O GA!llA'Ib publicou, recordando Ooimbra. v .oato a escrever mais a lgumas, mas agora acerca do que observei, durante os dias que ·aqui - na IGasa IMãe -vivi .em companhia dos seus habitantes, meus irmãos mais novos.
Vi a quinta, esquadrinhei-a nOIS seus limites e apreciei as suas culturas, as suas latadas, a sua mata.
Observei as oficinas de serr.alharia, carpintaria, sapataria, a·lfaiatar,ia e tilpogr.afia. Esta será sempre a mais illliPortante, pois dela saem as dezenas de milhar de exemplares de O GATATO que, quinzenalmente, leva aos seus assinantes e lei-
te .profundo, incapaz de se bastar só por si. ~ o pai ou a mãe que fala a e~por o problema. Enquanto vivos ... dão-lhe todo o carinho, mas vêem aproximar-se o fim da vida e não queriam que ficasse abandonado aquele que é fruto oo seu amor e que 1he está no coMÇão com todas as suas defi.ciências.
!Amanhã vem um casal humilde e trabalhador, com dois ou três palmos de terra conse.guidos IPOr favor, e desejam >Construir a «sua casa». Vêem já os filhinhos que hão-de ,chegar e querem ter um cantinho airoso para colocar o berço. Não lhes cortamos a esperança, e pelo menos a dferta de algumas telhas e de a·!Jguns sacos de cimento dá-Ilhes mais COI"agem.
O caso apresentado na hora a seguir é ainda mais complexo. Criança bem dotada intelectualmente tem <devado sempre a seguin> os anos escolares. Aipesar das muitas facilida<fes da parte do ensino ofida1, com os respectivos subsídios, há ainda muito material escolar a .comprar, e a família não tem possibilidades. Onde .está o motivo pa11a lhe voltar as costas impedindo assim que haíja, ~amanhã, ad serviço da ·comunidade, mais um elemento válido?
\Poderíamos continuar ,a desJfJar a série imensa de carendados, de diiflerentes matizes. \Se alguém se voltar só para um 'lad'o e tiver espírito de compreensão e ínteresse pelos outros, 'a sua vida é dolorosa e o seu caminhar muito perto do martírio. Já temos sentido vontade de ir mais depressa !Para o Pai, diante das nossas 'grandes ~imitações. O valor das maiores ou mais pequenas gotinhas que nos vão ~hegando, só por Deus podem ser avaliadas. E, às vezes, quase sempre, o teu donativo vem na /hora própria para dar esperança e luz a quem t:r.azia a alma e o coração enegrecidos pcla necessidade que tortura o seu viver.
Padre Duarte
tores palavras a mi:gas, dando notícias da vida de uma comunidade de :r.apazes, para rapazes, pe~os rapazes, como é sua divisa. Aproveitámos para v.er, também, um novo bloco em acabamento, onde vão! !ficar instaladas as novas ofJcinas de tilpografia, a lfaiataria e sapataria.
tA quinta que, em tempos r.ecuados, foi propriedade de frades beneditinos e em 1943 entregue a Pai Amériao, destinada aos fins que hoje serve, é, topclgraficamente, de forma aproximadamente oval, oom duas elevações fronte iras uma à outra, ligadas !Pelas respectiVlas v.ertentes, :formando um va•le; está retalhada em !eiras onae se .cultiva o milho, a batata, a couve, as forragens, a vJnha de latada que, por todo o lado, é uma constante; possui a inda ár:vores de fruto, ~guns castan:heims, sobressaindo, na encosta mais alta, fronteira à zona habitacional, a mata de eu,caliptos e pinheiraiS.
A á1gua não .falta e há váfiios tanques espallhados pelo terreno, destinad'ols à t:.ega das culturas.
Complementarmente, hã uma pequena ,pecuâria oonstitufda por algumas vacas leilleiras e ovelhas, mais uns centos de galinhas poedeiras e outros tantots pintos de di:a que, atingindo o crescimento a~propr.Ia
do, aprovisionarã.o a despensa. Do lado habitacional, há a
casa principal com refeitório e cozinha, seguindo-se, à direita,
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possuem. Em outro ti'po de sorteios as pessoas vivem como que narcotizadas, desde o momentCi em que efectivamente jogam e a hora do conhecimento dos resultados. Assim, sucessivamente, vão vivendo na «esperança» de ver os seus projectos concretizados, sem nunca o conseguirem, colmo é óbvio, na sua grande maioria.
Segundo nos é dado observar, quanto mais o materialismo se vai impregnando com a libertinagem, o hedonismo e os prazeres a cc!mandarem a vida, mais a tentação do jogo se espraia. O mesmo se diga quando uma justa distribuição estâ ausente, .gerando di-ficuldades diversas. O 1ogo é, assim, o escape ou a «solução» dOis problemas ou aspirações das !Pessoas.
Sabemos que no Brasil, por exemplo, o . «bicho» é uma instituição nacional. Os polbres querem ascender atrav:és da sorte, já que ,outras possibilidades não têm. Em Espanha, por sua vea., nas ruas centrais dos -grandes ,centros, é cOirrente ver «banqueiros» rodeados de
a Capela onde repc!usa o Fundador da Obra dla Rua, o edi-
1 ficio da escola e o da tipografia, que y,ai mudar para um bloco novo, como se disse acima. Do outrO! lado, ficam as residências dos :r.apazes, além da padaria .e outros ane~s.
havendo também inlfr'a-estruturas destinadas ao lazer e ao desporto, como os campos de jogo .e ,a piscina, espalhadas .em voUta do ~glomera
<lo dos edifíciqs. 1Por fim... «but . nOit the
[east» referimos o elemento humano que habita a Aldeia e se .conta apro:ximadamente pelas duas centenas de rapazes numa forma de vivência uniifamilfar. E se todos eles têm assegurado o pão de cada dia, todos também, pequenOLs, médios e mais crescidos têm os seus trabalhos, as suas tarefa s. Na parte d a forma:ção, profissão otu empreg-os, uns estudam dentro de !POrtas até ao preparatório, outros continuam os ·estudos em Penafiel e outros ainda .estão empregados na cidade doi>olrto.
Uma das observações mais interessantes que pude fiazer sintetiJZo-a do modo se:guinte: terminada a refeição da manhã, por exemplo, os rapazes dispersam-se. Há os que trabalham nas o'fidnas, os que mondam ·as culturas, o tratotrista oom o seu trator que leva e trae: p~lha, lenha, etc., mas .apesar desta azáfama em que se ocupam e dispensam no espaço da quinta, quem entra
jogadores. Em Po:r.tugal, a caminhar pelo que vemos, as coisas seguem na mesma direcção, denun'ciando um mal estar social, quer pelas ambições desmedidas de .grandeza ou pelas dificuldades efectivamente existentes. Seja como lfor, os indicativos não sãot muito pr.omissqres.
Ao escrevermos .estas linhas tivemos em vista as s~ue1as gravosas para tanta gente do vício do jogo, também .chamado l.udotapia. Que o sentido de equilíbrio das ooisas e a justiça estejam presentes, para que não se .entregue às leis do azar a solução das necessidades efectivas de cada um. O trabalho deverá ser a grande fonte de riqueza do homem em ordem ao seu sustent()! e à satisfação das suas r.ectas aspirações.
• A Capela, de sonho, Vlai -caminhando p~ara rse tomar
realidade. Os nossos Amigos têm vindo a extplicar-se. Oportunamente falaremos do assunto oom ·tn:aior detalhe, !para que as dores de parto e as alegrias sejam de to®S.
I
IPaore Luiz
não vê praticamente ninguém, não se apercebe do que se passa. Po11ém, 'ao aprOIXimar das horas de reunião, casos do almoçO\, terço e jantar, não tarda vê-los reunidos em volta da casa principal num raglomerado de vida fervente, o que leva a pellg'Untar: onde .estava metido todo este furmigueiro humanof?
No entanto, é deste furmigueiro que oada uma das suas componentes, perdida que esteve no seu meio de origem, e que uma vez tornada habitante desta Casa, há-<le crescer e
Novos de O
iDurante a épo.ca de rfrérias recebemos muitos assinantes, qual sangue novo para manter a chama, suprir os que ficam pelo caminhe! e aumentarmos a procissão.
O Famoso está no seio das '.famílias e é acolhido oom afecto: <<Em nossa casa ~ af,irma a assinante 23409 - lemos sempre O G.Aiu\TO com simpatia e desejamos-lhe muitos anos de vidan.
\Assinante 35203, das planuras alent~anas: <<Escrevo. estas palavrinhas eom grande !alegria ... pedindo O G~TO para a minha irmã, que mora no Algarve, e estou certa ficará encantada».
IPorto: «Peço uma assinatura do vosso jornal (que 'leio assiduamente) em oome da minh!a mãe \que vive lá mais 'para o interior (!Semancelhe) e vai gostar de ler .•. »
1Assinante 30044: «Solicito já o próximo número d'O GAIATO ~ o -meu neto, por coincidir !Com o ,seu 12. • aniversãrlo natalído. Agradeço não esqueçam, por se trlatar não só duma surpresa como, também. prenda de llllliversãrio».
!Assinante 1747!7: «Sou assinante lhá mJais de trinta laDOS.
Resido em Viseu. Tenho conse.guido novos ~eitores entre colegas e, sobretudo, entre os alunos. !Mãe ide .seis lf'llhos, acabo de ser avó dum pequenino - Marcos! Como !podem calcular, sint&me' dmeitsamente feftz! !Deixei tudo e lVim IWlS
dias para ·junto do meu netinho (lllté jâ me miiUICou o ;rosto oom tantos beijinhos .. .!). ID'esculpem, mas é !Para dizer que entre os ~~Jequeninos presentes queria oferecer-lhe desde a !Primeira lhona, a assinatura d'O GAIATO».
IRioas imagens <Ia Família~
Fermento na massa, polis tantas há, pelo mundo fora, destroçadas. Umas, por mis:éri<a material; outras, pel·a abun'dân.cia; e, em muitas delas, os filhos sofrem as consequências ...
Continuemos a citar mais a>l,gumas notas que sobressaem nct deslfile. Passa uma leitora,
O GAIAT0/3
preparar-se ,para um emprego :etu oficio e ser um homem útil à sociedade.
!Referência que não desejo omitir é ra de que numa zona peri~rica da quinta, a Obra const11ufu casas destinadas à habitação de rapazes q.ue, tendo constituído famíli-a, continiUJam seus co[aboradores. E assim o sonho de tAm:érico Monteiro de Aguiar - o Pai Américo - se transforma em realidade pelo ~<milagre» da sua fé e da sua entrega total 1a Deus, .em vida.
tNa nossa memória, obrigado e bem hajas <~Pai de tantos e também mem>.
Alberto t:Augusto M. Nunes
Assinantes GAIATO
do Porto, <<hã muito admiradora \da Obra da Rua e, (POr descuido - confessa - não sou assinante. Por isso, a partir de ,agora, IJ>eço me oonsiderem mlllis ~amiga e mandem O GIAI!ATO pelo correio».
tAs ins·crições feitas, directamente pelos interessados surgem em grande ,plano. Eis um j.ov.em, da CovHhã: «Sou um rapaz de 23 anos. Tive a honra de ser ~abordado !piOr um gaiato - que distribuía o jornal - e, rpor curiosidade, fiquei com ele. Gostei! Por isso, venho !fazer-me assinante.»
No mirante da procissão topamos mais uma presença d'a Invicta, que !Passara por uma das nossas Casas .com a <dotenção de ser !assinante, mas deve ter havido confusão da minha parte Q'u de quem atendeu ... Portanto, fique bem !Claro: Fui aí IJ>ana ser nov.a assinante dum jom\31 que trago selllfPre para :cJasa e gosto imenso de len>.
'Importante nota da assinánte 29505: «Falei oom as pessoa~ (7) que me autorimram a comuniear laJ sua inscrição no Famoso. São poucos, mas futuramente irei diligenciar para maior divulgíação do jornal>>.
Outra legenda bem visí!V:el: <<Sou uma recente assintante, mas conheÇJO · O GAIATO hã bastante tempo. A minha irmã recebia-o no emprego. •Agora, estamos ~posentad!as eJ tomo·me assinante~ pois Ua os de me'US innãos. Quero tomar um compromisso com 1a Obra da Rua! Leio :o jornal sempre com atenção 1e não sei a coluna que mais me atrai, todas Cheias de interesse ,e até de Vida. Sou duma terra wjos moradores nãa têm muito tempo para se dedicarem aos Outros - eu inciuÇtvamente .- talvez por tialta de Amon>.
!Fenómeno das g:ran'd'es urbes!
IPor fim, registamos :presenças de Mudhouse, Sur Seine, Vichy e Paris (França); mais !Stuttgard ~Repú'blica Feder'ai da Anemanha).
Júlio Mendes
Tribuna d e Coimbra Pouco sério nas contas. Muitas prendinhas <<às colegas». Um olhar sempre vazio. Quanta·s conversas? Quantas promessas? Quantas esperanças ainda fui guardando nOI coração! Frurgiu, há muitos meses, e agora !fazia parte do grupo de assaltantes.
mas do abandono da vida do casal.
Outra causa 'é o tempo de ociosidade. A maior parte dos nOISsos jov,ens não têm tempos •OCUjpados. Vivem ao <<deus· dará». Cri'am vícios de gastar. A sociedade de consumo em que vi:vemos tem muita intluência na vida da nossa juventude. Os pr,ogramas. As montras. O desafio para ruma vida de liberdade, sem responsabilidade.
Ho1e é um cantinho .de dor. É tudo uma selvajaria! - foi o .comentário que fez um agente policial. Tinha ra:z;ão a'quele homem, diante de tudo remexido no nosso Lar de Coimbra.
O Guido já tinha dado por rum vidro tirado duma janela, mas não entrou. ·Foi a senhOIra que deu o alarme ao entrar em casa e ao ver toda aquela desordem e destruição.
<Eu soube pela notícia dum jomall diário. Assaltos a igrejas e à Casa do Gaiato. No grupo de jovens :assaltantes,
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sar nada, nem olhar para o Sacrário. O João Luís mais o ><<Gatinho» faziam limpeza aol lajedo e aos bancos da Capeia, manobrando a vassoura e os panos. Foi quanto chegou para me inundar de •allegria. Quase me pôs em êxta·se. Ambos vieram dOI desleixn, da desordem, da imunaície! Meu Deus ... que lindo! Eles a limparem-'te 1a Capela. Serenamente. Silendosamente. Carinhosamente. A prepararem o r.ecinto para o Grande !Sacrifício dominical com a comunidade inteim!
o João Luíos veio da Brejoeira, perto de AzeitãO!, com mais dois irmãos. Pela morte do pai ·e abandono da mãe a sua casa tomou-se rum .pandemónio indes.critível com os móveis todos destruídos, ro!Upa suja pelo chão de todos os compartimen-
dois já estiveram em nossa Casa: o Pedro e o António Maauel.
O meu cantinho de dor tem a:qui o seu centro. Nós nã,o somos uma Obra de meninos bons. A Obm dOI Padre Am'éri.co é para os mais repelentes, os mais enjeitados. Mas damos tudo para que eles se transformem. E quantos se têm transformadO!' ...
Nos últimos di·as tenho recordadO! a última conversa oom o Pedro. Veio pa'"a nós com quinze anos e esteve connosao
tos, teias de aranha em quase todos os ângulos das. paredes, excrementos de criança tpor toda a parte, -lixO! aos montes, etc. As crianças alimentavam-se em ,casa de vizinhos e entmvam na moradia pelo bura'co da almofada destruída de uma da•s ·portas. «!Despidos de hábitos humanos.»
O «Gatinho>>. veio, de Montemor, com o/Utro irmão. Foi o ' Tribunal que no-los entr.egou.
Um grande albergue de peregrinos toao em mínas; num Santuário Mariano, era a sua morada. Eu nunca vi fantasmas, mas já vi uma casa de fantasmas. lEra a·ssim a sua habitação.
O Senhor tinha-me r.eservado esta lrufa:cta de coraJgem, naque~a manhã! Comd ·saboreei o <Ninde a Mim vós ·que andais sobrecarregados e Eu vos aliviarei»!
!Bendisse a espectacular recuperação destas ·crianças. Bendisse a pedrugpgia das Casas do Gaiato. Bendisse os sacrifícios .e as dores que eles me têm custado. Bendisse a Deus por esta vocação, pO!r esta vida e por esta Fé.
'Se eu fosse arrepatado a o Céu e visse os anjos a servirem o Sen:hor, não expetimentaria maior felicidade.
!Padre Acílio
BARRE DO • ((CAPElAS IMPERFEIIASJJ?
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lhimento favtorãvel em seu pai. !É claro que me refiro a ·Pai
Américo; m~llhor, ao ]ovem tÂm:éríco, naqueles anos em que trabalhou na loja de fermgens .em Mouzinho da Silveira, até quase aO! fim de 1906, quando embavaou para Moçam@ique.
tA Ilgreja dos Grilos faz costas com o Seminário; o .culto está a car.go dos seus padres. Já assim era no princípio deste sécllll·OI. Nos di-as abrasadores desta .semana frOi lugar de refrigério onde, por muitas e mais
esta razão, sabia bem e me fez bem parar.
O sossego destes dias permitiu-me, ainda, retomar .oontacto 100m as Jornadas de Teologia rque, há ano e meio, decorreram em Coimbra sob o tema geral I{~ Lgreja e a opção pelos Pobres», escolliildo na intenção àe celebrar o centenário de Pai Américo. AJo principiar esta íCrón{oa era sOibre elas que pensava discorrer um pouco; mas, porque me a1onguei nas outras impressões, ficará para a pró-xima.
!Padre Carlos
poucos meses. Foi recebido~ .em pequenino, num Lar de meninos .e meninas. Estava a ser grande estorvo na vida daquele Lar.
O Pedro foi abandonado pelos ·pais, pouco depois de ter nascido. Na nossa conversa daqruela noite, vi a sua r.evolta. !Muito cedo foi encaminhado por al•guns mais velhos para o roubo e para a prostituição. Vícios que já fazem parte da sua vida.
!Recordo .arqueia tarde em que, sem contar, o encontrei n'a •Penitenciári•a. Como ele :parecia des'contr?ído a descrever potrmenores do roubo que tinha ido !fazer ao es.critório da nossa .casa! rum ambiente hrumano de total desocupação. O.s mais sabidos ·a instruir os mais tgnor rantes. Que se há-de esperar destes homens?
Tenhro recordado a última manhã do Antóni.o Manuel. 'Encontrou a Chave na porta do escritório, entrou .e pegou nOI dinheiro da venda d'O G~ro, em Tomar, e fugiu. Até hoje nunca mais o v_h
Recordo· rO di,a em que o fui buscar ao Nillho e o levei para a prai·a. Tinha ele seis anOIS. Nasceu e nunca soube da famíllia. Cresceu naturalmente e era querido de todos. Aos catorze anos conheceu um irmão que lhe fa lou da .famma. Daí a algum tem,po, numa '"u'a, conheceu a mãe. Dois meses de- · .pois, noutra rua, oapar.eceu o pai. Teve assim conhecimento do drama e do abandono familiar.
Daí em diante, a vida do António Manuel .c,omeçou a mudar. Pouco amor nO! estudo.
Na minha dor tenho pensado nas ·,causas dos ·assaltos deste nosso tempo. A primeira e a maidr me parece o abandono familiar. Os filhos sentirem-se órfãos e a saberem dos pais viViOS. Ainda ontem· o correio trazi'a um pedido de oração para que o pai volte para a família que abandonO!u, há pouco. Os filhos serão as grandes víti-
iCO!m esta comunhão de dor partillhada convos.co vou continuar na .esperança de um mundo melhor, esperança que deve ser alimentada na confiança no nosso bom Deus.
Padre Horãcio
CANTINHO DAS .SENHORAS
!Estamos a terminar ol nosso Retiro anual das Senhoras da Obra da Rua.
rPassámos cinco dias de encontr,o com Deus, ,connosco e com os problemas do mundO\. O Retiro foi leve e profundo. Os momentos mais altos, par.a todas, foram olS momentos de oração.
Louvámos o Senhor por nos termos .encontrado aqui. Louvámos e agradecemos por um dia nos ter ido pescar e trazer para a grande bavca da Obra da Rua. Nos nossos momentos .com o Senhotr lembrámos-iLhe, também, todos os recados que nos tendes dado. Não esquecemos nenhum dos nossos Amigos.
•Levámos cotnnosco a certeza da ,c,ompanhia do Senhor e o calor aas nossas orações.
Nossa Senhora .foi a «grande -lem'bnada».' Como modelo, neste Retir01, será o nosso conforto nos caminhos da VieLa.
<~Cantai a o Senhor porque Ele . é bom, porque é Eterno o Seu Amor.»
meus flaz maravilhas! Louvemos e agradeçamos tudo o que fez potr nós. Temos a certeza dum Caniirrho. Ele nos guia e conduz. Com Seu Espírito -a Consolador.
Arrábida, 4/9/88
Isaura (de Setúbal)
Antoeonstrução 10 incêndio cobre cada vez
mais terr.eno. Ala:stra soprado :pelo vento forte .do Amor semeado em .aomunidades vivas. !Se o párocO! é a alma, bendito seja . o 'Senhor! Quando assim acontece, a Igrej•a ganha rosto humano que revela o divino. Cham~m-iLhe Mãe.
.A facetJa mais rioa do Patrimón1o dos :Pobres, agotra mais sob a oforma de <éPequenos Auxílios» à Autocon:strução, está nra sua dimensão paroquioal. É
a .FamíLia qu.e aparece. O membro que, sozinho, nãOI pode construir 10 seu lar, anima-se e ·caminha em frente. Tem a mão dos irmãos. As pessoas abrem-se. Tornam-se solidárias. O Espírito vence o egoísmo. !Nasce a verdadeira C<lttnunidade à medida que se vai exercitando a entreajuda. :1! um milagre!r
!As cartas que nos ,chegam r.evelam o caminho certo da Igreja. Eis: <dComo pároco de ... dilii•gi a V. uma carta com a finalidade de pedir à Obm da !Rua a ,colabor:ação na construção de uma casa para uma viúva, em s ituaçãO! !Precária e com três ,filhos menores, de 8, 6 e 4 •anos, resp.ectivamente. A de-
-cisão foi tomada depois de ouvido o Gonselho Paroquiral de !Pastoral e a própria Junta de Freguesia, para que também estJa Hoasse ,comprounetida em 1auXJiliar. Na mesma carta se operg.untava se podíamos aontar com o «chapéu» da mesma, já que também recorremos a outras entidades · e à generosidade da freguesia.
'Neste momento já temos o terreno e cottT.em na Câmara as d'émarches para o projecto da casa. Ag uardando uma resposta positiva dessa Obra, pel:a Comissão Fabriqueira da Paróquia de .. . O Pároco.»
Ora aqui está · :um caminho aberto, simples e eficaz. :1! estreito, à maneira do Evan:ge-
•l:ho; mas, de certe:z;a, que leva 1ao lugar certo. Sim, é estreito. 'Por isso, alguns têm medo de -caminhar por eLe. E a. Igrejoa .perde credibilidade.
!Deixamos esta carta sobre o alq4'€ire par:a que todos vejam e amem o que é pequenino aos olhors do mundo, ma:s que pod'e confundir a grandeza de obras que aHmentam a vaidade e não têm a força do .grão àe mostarda.
Obri:gadü', P.adr:e, pe1•a OfPOrtunidad'e que nos dá de viver a vocação da Obra da Rua _ num dos seus ramos muito ne!Cessárlo - um lar ;prara a ifamflioa dos pobres.
~dre Manuel IAntónio