A Teoria Do Poker

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A TEORIA DO POKER David Sklansky Outubro, 2004 PREFÁCIO Jogadores iniciantes costumam perguntar: “O que você faria nessa situação específica”? Não há uma resposta correta para essa pergunta, porque essa pergunta é errada! A pergunta certa é: “O que considerar nessa situação antes de determinar o que fazer"? O livro mostra que tipo de coisas devem ser pensadas para se tornar um jogador profissional. Não é um livro fácil, mas uma leitura atenta pode trazer ricas recompensas. CAPÍTULO 1 POKER ALÉM DE INICIANTE A beleza do poker é que superficialmente ele é um jogo simples. Qualquer um pode aprender as regras em poucos minutos. Para os jogadores experientes, essa “simplicidade”, que ilude muitos jogadores a pensarem que são bons, é o que faz a lucratividade do poker. No longo prazo todos têm a mesma proporção e porcentagem de receber boas ou más cartas e mãos vencedoras ou perdedoras. Os iniciantes confiam nas mãos vencedoras e na sorte. Os jogadores experientes ” não confiam na sorte. Eles estão em “guerra” com ela. Usam suas habilidades para minimizar a sorte o máximo possível, minimizar as perdas nas piores mãos e maximizar os ganhos nas melhores mãos. Eles ainda são aptos a saberem quando uma grande mão não é a melhor, e ou quando uma mão não tão boa é a melhor. Seja qual for o seu nível no poker, os capítulos seguintes apresentarão teorias e conceitos que o farão eliminar sua confiança na sorte e aprender como se tornar um especialista que confia em suas habilidades. Poker não é um jogo de sorte e sim de habilidade!

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A TEORIA DO POKERDavid SklanskyOutubro, 2004

PREFÁCIOJogadores iniciantes costumam perguntar: “O que você faria nessa situação específica”? Não há uma resposta correta para essa pergunta, porque essa pergunta é errada! A pergunta certa é: “O que considerar nessa situação antes de determinar o que fazer"?

O livro mostra que tipo de coisas devem ser pensadas para se tornar um jogador profissional. Não é um livro fácil, mas uma leitura atenta pode trazer ricas recompensas.

CAPÍTULO 1

POKER ALÉM DE INICIANTE

A beleza do poker é que superficialmente ele é um jogo simples. Qualquer um pode aprender as regras em poucos minutos. Para os jogadores experientes, essa “simplicidade”, que ilude muitos jogadores a pensarem que são bons, é o que faz a lucratividade do poker.

No longo prazo todos têm a mesma proporção e porcentagem de receber boas ou más cartas e mãos vencedoras ou perdedoras. Os iniciantes confiam nas mãos vencedoras e na sorte. Os jogadores “experientes” não confiam na sorte. Eles estão em “guerra” com ela. Usam suas habilidades para minimizar a sorte o máximo possível, minimizar as perdas nas piores mãos e maximizar os ganhos nas melhores mãos. Eles ainda são aptos a saberem quando uma grande mão não é a melhor, e ou quando uma mão não tão boa é a melhor.

Seja qual for o seu nível no poker, os capítulos seguintes apresentarão teorias e conceitos que o farão eliminar sua confiança na sorte e aprender como se tornar um especialista que confia em suas habilidades. Poker não é

um jogo de sorte e sim de habilidade!

LOGICA DO POKER

A lógica do poker não é feita de truques e nem trapaças. Sabemos que a matemática do poker pode certamente nos ajudar a jogar melhor. A lógica do poker também não é puramente matemática. Há fatores subjetivos, intuições e outras variáveis emocionais e técnicas.

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É importante entender que o poker é um jogo difícil e complexo. Os conceitos desse livro pretendem o fazer entender a profundidade do jogo e

fazê-lo um bom jogador de competições.

O OBJETIVO DO POKER

Você tem que entender que o objetivo do poker é ganhar dinheiro!

Você tem que jogar sendo firme e resistente para fazer dinheiro, ganhar dinheiro!

Isso não significa que você não deve se sociabilizar com o poker. Você pode fazer amigos, aumentar seu ciclo de relacionamentos, mas quando as cartas estão na mesa, você não é o bom neto, o bom filho, o bom marido ou o cara legal, você é um jogador!

Fazer dinheiro não quer dizer apenas ganhar potes individualmente. É claro que você não pode vencer sem ser ganhando potes, mas jogar todos os potes ou a maioria deles o faz perdedor a longo prazo.

As fichas que você consegue manter ou “economizar”, são tão importantes quanto às fichas que você ganha. A sua meta é maximizar os ganhos e minimizar as perdas. Vale lembrar que minimizar as perdas (não dando “calls”, por exemplo), fará toda a diferença até o final do jogo.

Muitos jogadores não seguem esses conceitos, por mais óbvios que eles pareçam ser.

Um bom jogador torna-se paciente para esperar por uma situação certa para jogar um pote e torna-se disciplinado para soltar uma mão que ele julgue ser a segunda melhor.

Tão importante quanto não pensar em termos de potes individuais, não perseguir dinheiro que você já colocou em algum pote individual, é entender que você não está jogando jogos individuais. Cada jogo individual é parte de um grande jogo de poker. Você não pode vencer todas as sessões e jogos que jogar, assim como um bom tenista ou golfista não vence todas as suas partidas. Deve-se pensar em ser vencedor pensando em termos de mês ou ano. Portanto, se você está perdendo ou ganhando numa noite, isso não é tão importante, e isso não deve afetar o seu jogo. É fácil no poker ficar irritado, desanimado e desmotivado quando se está perdendo. Você deve ter disciplina suficiente para jogar todas as mãos corretamente com atenção ao que se está fazendo.

O fato de se estar ganhando ou perdendo também não deve afetar a sua decisão de ficar ou sair de um jogo. Do ponto de vista de um “fazedor de dinheiro” o único critério para jogar ou não é se é favorito ou não favorito. Se você é favorito, permaneça, senão saia.

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Nunca pare de jogar ou saia de uma mesa só para assegurar uma sessão vencedora. Do mesmo jeito não continue a jogar num dia/mesa ruim só para recuperar dinheiro perdido.

Se você é favorito, mantenha-se. Se passar a ser um não favorito, saia estando ganhando ou perdendo.

Quando se está “espraguejado”, deve-se examinar o porquê do “espraguejo”, pode ser apenas falta de sorte, ou não! Há ali muitos jogadores melhores do que você? Você está jogando pior do que normalmente o faz? Você está cansado ou distraído? Você está pensando no jogo de futebol, na prova de amanhã, no relatório do trabalho que deve ser feito, na gata que você já chamou pra sair e tomou quatro foras? Você está agitado demais por causa dos espraguejos das sessões anteriores? Está tiltado por causa daquele “full house” que você tinha e perdeu para um four no “river” na mesa anterior e que te deixaria líder do torneio?

Fazer dinheiro é o objetivo do poker e fazer dinheiro envolve economizá-lo nas noites ruins tanto quanto ganhá-lo nas noites boas. Então, não se preocupe em parar como o perdedor do dia. Se você tiver “conhecimento”, será vencedor a longo prazo tanto quanto a roleta faz do cassino o vencedor a longo prazo.

CAPÍTULO 2

EXPECTATIVA E TAXA DE HORA EM HORA Expectativa Matemática

Expectativa matemática é a quantidade média de ganhos ou perdas de suas apostas. É um importante conceito, pois mostra como avaliar os maiores problemas relacionados ao jogo.

Usar a expectativa matemática é também a melhor forma de se analisar os jogos de poker.

Se você está com um amigo jogando uma moeda pra cima num cara ou coroa e quem ganhar leva R$ 1,00 a cada aposta. Você ganha com “cara” e ele com “coroa”. A probabilidade de sair “cara” é de 1-1, e você está apostando 1- 1. A Sua expectativa matemática é precisamente ZERO, já que você não tem expectativa matemática depois de 2 ou 200 jogadas da moeda para o alto.

A sua “taxa de hora em hora” é também ZERO. “Taxa de hora em hora” é a quantidade de dinheiro que você espera ganhar por hora. Você pode até jogar a moeda pro alto 500 vezes numa hora, mas desde que você não tenha uma probabilidade nem boa e nem ruim você não vai nem ganhar e nem perder dinheiro. Para o ponto de vista de um jogador, essa proposição não é ruim, ela é apenas perda de tempo.

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Mas vamos dizer que um imbecíl queira apostar 2-1 na jogada paro o alto da moeda. De repente você tem uma expectativa matemática de 50 centavos por aposta. Porque 50 centavos? Na média você vai ganhar uma aposta para cada aposta que você perder. Você aposta R$ 1,00 a primeira vez e o perde. Você aposta R$ 1,00 a segunda e ganha R$ 2,00. Você apostou R$ 1,00 duas vezes e Você está R$ 1,00 na frente. Cada um desses R$ 1,00 apostados ganhou 50 centavos.

Se você puder jogar 500 vezes a moeda para cima numa hora, sua “taxa horária” é agora de R$ 250,00, pois na média você perde R$ 1,00 250 vezes e ganha R$ 2,00 250 vezes.

(500,00 – 250,00 = R$ 250,00). A sua expectativa matemática é a quantidade média que você vai ganhar por aposta, no caso aqui, 50 centavos. Se você ganhou R$ 250,00 depois de apostar R$ 1,00 500 vezes, você tem 50 centavos por aposta.

Expectativa Matemática nada tem a ver com resultados. O imbecíl pode ganhar os dez primeiros “cara ou coroa” seguidos, mas você tem 2-1 de probabilidade, você mesmo assim ganha 50 centavos por R$ 1,00 apostado. Não faz diferença ganhar ou perder uma série específica de apostas desde que você tenha dinheiro em caixa suficiente para cobrir suas perdas facilmente. Se você continuar com as apostas no longo prazo você vai ganhar um valor aproximado especificamente à soma de suas expectativas.

“Todas as vezes que você aposta com a probabilidade a seu favor, você ganha alguma coisa naquela aposta, você tendo ganhado ou não a aposta. Do mesmo jeito, quando você aposta com a probabilidade contra você, você está perdendo alguma coisa, não importando se você ganhou ou não a aposta.”

Quando se tem uma expectativa positiva, você aposta com “best of it”, do contrário, com expectativa negativa, quando a probabilidade está contra você, você tem “worst of it”, (só para nos familiarizarmos com as expressões internacionais.)

Apostadores sérios, só apostam quando tem “best of it”. Quando estão worst of it eles passam.

A verdadeira probabilidade do “cara ou coroa” é 1-1. Mas no caso do adversário imbecil, estamos com 2- 1 a nosso favor. Então a probabilidade nesse instante está a nosso favor. Temos “best of it” com expectativa positiva de 50 centavos por aposta.

Eis outro exemplo, um pouco mais complicado de expectativa matemática:

Uma pessoa escreve um número de 1 a 5 num pedaço de papel e aposta R$ 5,00 contra o seu R$ 1,00 que você não consegue adivinhar o número. Você deve apostar? Qual a sua expectativa matemática?

Quatro suposições estarão erradas e uma certa, em média. Consequentemente a probabilidade contra a sua suposição correta são 4-1.

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Há bastante chance de numa tentativa isolada você perder o seu R$ 1,00 apostado. Entretanto você tem R$ 5,00 – R$ 1,00 numa proposição de 4-1. Então a probabilidade está a seu favor, você está “best of it”, e deve apostar! Se você apostar 5 vezes, em média perderá R$ 1,00 quatro vezes e ganhará R$ 5,00 uma vez. Você ganhou R$ 1,00 em cinco apostas. Você tem 20 centavos por aposta de expectativa positiva.

Expectativa Matemática é o coração de toda situação de jogo!

Em alguns casos como das roletas dos cassinos, a probabilidade de qualquer aposta é constante. Em outros ela muda, e a expectativa matemática pode mostrá-lo como avaliar cada situação.

Expectativa Matemática no Poker

Jogos de poker também podem ser analisados em termos de expectativa. Você pode pensar que uma jogada é lucrativa, mas às vezes pode não ser, e uma outra jogada alternativa pode ser mais lucrativa.

Vamos dizer que você está com um full house. Um jogador a sua frente aposta. Você sabe que se você der “raise” aquele jogador vai dar call. Então dar “raise” parece ser a melhor jogada. Entretanto, quando você dá “raise” outros dois jogadores antes de você certamente darão fold. Por outro lado se você der call na aposta do primeiro jogador, você sente certamente que os outros dois irão também dar call. Dando raise, você ganha uma unidade, mas apenas dando call, você ganha duas unidades. Portanto dar call nessa mão tem uma expectativa positiva maior e é a melhor jogada.

Uma situação um pouco mais complicada.

Você fez um flush, e o jogador adiante que você “leu” que tem dois pares aposta e há outro jogador atrás de você na mesma mão que você sabe que tem uma mão pior do que a sua. Se você der raise, o jogador atrás de você vai dar “fold”. Além disso, o apostador inicial provavelmente também irá dar “fold” caso ele tenha mesmo dois pares, mas se ele tiver um full house vai dar “reraise”. Nesse exemplo, dar raise não só não te dá uma expectativa positiva como na verdade te dá uma expectativa negativa! Se o apostador inicial tiver um full house e der “reraise”, a jogada irá te custar duas unidades caso você dê call no “reraise” dele e uma unidade se você der “fold”.

Tomando o mesmo exemplo, se você não fizer o flush na última carta e o jogador a sua frente apostar, você deve dar raise contra certos oponentes. Seguindo a mesma lógica da situação de quando você fez o flush, o jogador atrás de você dará “fold” e o apostador inicial que está com apenas dois pares também deve dar “fold”. Se a jogada tem expectativa positiva (ou menos expectativa negativa do que dar “fold”) depende da probabilidade que você está tendo do seu dinheiro, que é o tamanho do pote e a sua estimativa de chance do apostador inicial não ter um full house e jogar fora os dois pares. Isso requer obviamente a habilidade de ler mãos e ler jogadores. Nesse nível, expectativa torna-se muito mais complicado do que quando se está jogando uma moeda para o alto.

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Entender a expectativa matemática te dá um senso para equilibrar perdas e ganhos. Quando você faz uma boa aposta ou um bom “fold” você sabe que ganhou ou salvou uma quantia específica e que outro jogador não o fez.

O dinheiro que você economizou dando “fold” ao invés de dar call contribui para as vitórias da noite ou do mês.

Sempre é mais prazeroso dar um bom “fold” mesmo que você tenha perdido o pote!

Você deve ficar feliz também após uma sessão perdedora, quando percebe que os outros jogadores devem perder muito mais jogando com certas

cartas.

Taxa Horária

Como dito no exemplo do “cara e coroa”, a taxa horária está relacionada à expectativa e é um conceito muito importante para os jogadores profissionais. Quando se está num jogo, deve-se tentar supor o quanto se pode ganhar por hora. A sua taxa horária pode ser medida pela fatia do total perdido em uma hora pelos jogadores ruins que estão sendo batidos por você numa mesa.

É claro que na maioria das vezes não se tem como calcular precisamente. Outras variáveis podem afetar a sua taxa horária. Adicionalmente, quando se está jogando num lugar público ou em alguns clubes privados, onde há uma “house rake” (taxa da casa) ou uma “hourly seat charge”. (taxa horária para se jogar poker, muito comum na Califórnia), deve-se deduzi-las do seu ganho para o cálculo da taxa horária. Nas salas de poker de Las Vegas o rake usual é de 5% de cada pote até o máximo de U$ 3 no Texas Hold'em e na maioria dos outros tipos de poker.

No longo prazo o ganho total dos jogadores é a soma de suas expectativas matemáticas de suas situações individuais.

Quanto mais jogadas com expectativas positivas você tiver, mais vencedor virá a ser, e quanto mais com expectativas negativas, mais perdedor. Obviamente, deve-se sempre tentar maximizar as expectativas positivas ou minimizar as negativas para que se tenha a sua taxa horária maximizada.

Não se deve ficar ansioso para se ter um dia bom ou triste por ter tido um dia ruim. É ruim também achar que o poker é algo glamoroso. Você deve pensar apenas que está trabalhando como um jogador de poker e que não está ansioso por fazer um grande score. Se ele vier, veio. Não deve ficar triste também se tiver uma grande perda. Se ela vier, veio. Você está jogando por certa taxa horária pré-estabelecida.

Se você estimou corretamente sua taxa horária, os seus ganhos eventuais irão ser aproximadamente a sua taxa horária prevista multiplicada pelo total de horas jogadas.

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A quantidade total de dinheiro perdida pelos seus oponentes (assumindo que eles estão jogando incorretamente e você corretamente) menos o “rake” é a quantidade de dinheiro que você ganha. É importante ressaltar que não há particularmente uma maneira correta de se jogar uma mão no poker. Deve-se sim ajustar-se para os diferentes oponentes e diversificar o seu jogo, mesmo contra os mesmo oponentes.

Deve-se também anotar não só o perfil dos jogadores, mas que tipo de erros eles cometem e o quanto esses erros os custaram.

CAPÍTULO 3

O TEOREMA FUNDAMENTAL DO POKER

Há um teorema fundamental da Álgebra e um teorema fundamental do Cálculo. É hora de apresentarmos o Teorema Fundamental do Poker. Poker, como todos os jogos de cartas é um jogo de informação incompleta, o que o distingue de jogos de tabuleiros como xadrez, dama e gamão, onde você pode ver sempre o que o seu oponente está fazendo. Se as cartas de todos fossem mostradas o tempo todo, haveria sempre uma maneira precisa e matematicamente correta de se jogar para cada jogador.

É claro que se todas as cartas fossem expostas o tempo todo não seria um jogo de poker.

O Teorema Fundamental do Poker diz:

Toda vez que você joga uma mão diferentemente da maneira que você jogaria caso pudesse ver as cartas de seus oponentes, eles ganham. E toda vez que você joga uma mão do mesmo jeito que você jogaria caso pudesse ver as cartas de seus oponentes, eles perdem. Inversamente, Toda vez que seus oponentes jogam suas mãos diferentemente da maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você ganha, e Toda vez que eles jogam suas mãos da mesma maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você perde.

O Teorema Fundamental do Poker se aplica universalmente quando uma mão se reduz ao “Heads up”. (Mano a mano). Ele pode até se aplicar num pote com mais de dois oponentes, mas raramente acontece.

O Teorema significa que se de algum modo seu oponente soubesse suas cartas, haveria uma jogada correta para ele fazer.

Por exemplo, se seu oponente visse que você tem um flush pós flop, a jogada correta para ele seria jogar fora um par de ases quando você apostar. Dar call na sua aposta seria um erro. Mas um tipo especial de erro. Não significa que seu oponente esteja jogando erradamente dando call na

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sua aposta com par de ases na mão, significa que ele está jogando diferentemente da maneira que ele jogaria caso pudesse ver suas cartas.

Esse exemplo do flush x AA, é muito óbvio. O fato é que o teorema é óbvio, mas a sua aplicação não é tão óbvia assim. Às vezes a quantidade de dinheiro no pote faz ser correto dar call mesmo que você pudesse ver as cartas de seu oponentes melhores do que a suas!!

EXEMPLOS DO TEOREMA FUNDAMENTAL DO POKER

Exemplo 1:

Supondo que sua mão não é tão boa quanto do seu oponente quando você aposta (dá “bet”). O seu oponente paga seu “bet” e você perde. Mas de fato você não perdeu, você ganhou! Por quê? Porque obviamente a jogada correta para ser feita pelo seu oponente se ele soubesse o que você tinha, seria dar “raise” e não apenas te pagar. Entretanto você ganha quando ele não dá raise, e caso ele desse fold você ganharia uma quantidade enorme de fichas.

Vamos dizer que você está com J T e seu oponente está segurando K Q , o “flop” vem:

Q 8 7 .

Você dá “check”, o seu oponente aposta e você paga. Agora vem no “turn” um A e você aposta tentando representar que está com outro ás na mão. Se seu oponente soubesse o que você tem, a jogada correta dele seria dar “raise” em você num valor enorme para que você achasse caro o suficiente para não pagar e ver o “river” (esperando uma sequência ou um “flush”) e você daria “fold”.

Entretanto se ele apenas der “call”, você ganhou! Você ganhou não somente porque você está pagando barato para ver o river, mas porque seu oponente não fez a jogada certa. Obviamente se seu oponente der fold, você ganha, pois ele jogou fora a melhor mão.

Exemplo 2:

Supondo que há 80$ no pote e você tem dois pares. Você dá bet $10 e seu oponente tem uma puxada pra flush (quatro cartas do mesmo naipe) ou um “four flush”. A questão é: você quer que ele dê call ou fold? Naturalmente você quer que ele faça o que for mais lucrativo pra você. O Teorema Fundamental do Poker diz que o que é mais lucrativo pra você é o seu oponente jogar incorretamente ou da maneira diferente do que ele jogaria caso pudesse ver suas cartas. Seu oponente tem 9-1 de probabilidade (os $10 que ele pagou gerou um pote de $90) e há mais ou menos 5-1 de cartas que servem pra ele fazer o flush, então é correto ele dar “call”, pois dar “call” nesse caso tem uma expectativa positiva. Desde que é correto dar “call”, você espera então que ele dê “fold”. Essa situação acontece

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frequentemente. Você tem a melhor mão, mas seu oponente tem “odds” suficientes para te pagar se ele soubesse o que você tem, porém você quer que ele dê “fold”. Da mesma forma é correto você dar “call” quando você tem suficiente “pot odds”. Caso você não o faça isso o custará dinheiro.

Sempre que um oponente não tiver odds contra você, você irá querer que ele pague, mesmo que pagando ele tenha uma chance de fazer uma mão melhor que a sua como fazer um “flush” ou sequência numa puxada.

No exemplo, se o pote fosse de $20 ao invés de $80, você gostaria que o seu oponente com um four flush pagasse a sua aposta de $10, pois ele seria 5-1 favorito tendo apenas 3-1 de cartas pelo pote. Se ele pagasse e fizesse o flush sua jogada seria incorreta, pois teria expectativa negativa e você ganha quando isso acontece!

Quando se tem uma mão como essa onde você quer que o seu oponente dê call, você não deve tentar fazer seu oponente dar fold apostando uma quantidade exorbitante.

Eis outro exemplo, havia apenas o river por vir e eu tinha uma sequência que naquele ponto era “nut” (a melhor possível). Eu apostei $50, o jogador ao meu lado esquerdo pagou e outro atrás de mim deu raise do resto que tinha ($200), estando de “all-in”.

Eu tinha a melhor mão possível a questão era, eu deveria dar raise ou apenas call? Havia algo como $500 no pote. Como o 3º jogador estava de “all-in”, eu apenas tinha que me preocupar com o outro. Eu sabia que se eu desse “reraise" $400, fazendo com que ele tivesse que pagar $600 ele definitivamente daria “fold”. De fato, qualquer valor que eu entrasse de reraise ele daria fold. Porém, se eu desse call nos $200 ele talvez também o fizesse.

O que eu queria que ele fizesse? Eu estava certo que ele tinha dois pares, se eu pagasse os $200, haveria uns $700 no pote o que lhe daria 7-2 odds para pagar os $200 com os dois pares. Os odds para que ele fizesse um full-house com os dois pares eram de 10-1. (40 cartas no baralho não serviam pra ele e 4 serviam). Entretanto se ele soubesse que eu tinha uma sequência “nut”, seria incorreto para ele jogar com 7-2 “odds” num tiro de 10-1. Então eu apenas dei “call” nos $200 e ele também pagou.

A triste conclusão é que ele fez o “full-house” apostou um valor pequeno e eu paguei. Muitas pessoas argumentam que eu errei ao tornar barato para ele ver o river ao invés de dar um “raise” forte no “turn” e tirá-lo da mão, mas o fato é que eles estão errados!

Eu precisava dá-lo a chance de cometer um erro, ao qual ele cometeu, pois quando meu oponente erra eu ganho no longo prazo!

“ERROS” RELACIONADOS AO TEOREMA FUNDAMENTAL DO POKER

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Entenda que quando falamos de cometer um erro relacionado ao Teorema Fundamental do Poker, não estamos necessariamente falando de se jogar errado ou mal. Estamos falando sobre um estranho tipo de erro que é “jogar diferentemente da maneira que você jogaria se pudesse ver as cartas dos seus oponentes”. Se eu tivesse um “royal flush” e alguém um “king high straight flush”, esse jogador estaria cometendo um erro ao me pagar! Mas ele não pode ser acusado de jogar mal ou erradamente quando me pagar ou mais precisamente me der raise pois ele não está vendo o que eu tenho na minha mão. Ele está cometendo um “erro” num sentido diferente da palavra.

No poker avançado, profissional, você constantemente tenta fazer seu oponente ou oponentes jogarem de uma maneira que seria incorreta caso eles tivessem vendo sua mão.

Você jogará um poker vencedor jogando o mais perto possível da maneira que você jogaria caso pudesse ver as cartas de seus oponentes, e tentará fazer seus oponentes jogar o mais longe possível desse utópico nível. Esse objetivo realiza-se principalmente lendo mãos e jogadores, pois é o mais perto que você pode chegar de descobrir o que eles têm nas mãos. Assim você cometerá o mínimo de “erros” relacionados ao Teorema Fundamental do Poker.

Em resumo, a melhor maneira de se jogar segundo o Teorema, é jogando da maneira que você jogaria caso pudesse ver as cartas dos seus adversários. A toda hora depois que uma mão se encerra e o oponente mostra as cartas ouvimos de jogadores “Se eu soubesse o que ele tinha eu teria jogado diferente”. Esse jogador perdeu dinheiro e o seu oponente salvou algum $.

CAPÍTULO 4

A ESTRUTURA DO “ANTE”

As estrelas do poker sempre se esforçam e lutam pelos “antes”. Se não houvesse “ante”, não haveria razão para se jogar. Se não houvesse o “ante” sempre que alguém apostasse todos os outros dariam “fold” e poderia não haver jogo. Para que se estabeleça o jogo, o “ante” precisa existir.

Quanto menor o “ante” comparado com as apostas futuras, menos mãos deve-se jogar. E quanto maior o “ante” mais mãos deve-se jogar. Na linguagem do poker, quanto maior o ante mais “bailarino” ou “SOLTO” deve-se ser, enquanto quanto menor o “ante” mais “SEGURO” deve-se jogar.

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Quando nos referirmos ao “ante” nesse capítulo, estaremos incluindo também os “blinds”.

Frequentemente há jogadores que jogam muitas mãos em relação ao tamanho do ante, e às vezes outros jogam muito poucas. A melhor maneira de se avaliar se o tamanho do ante está apropriado é pensando em termos de ”pot odds” e de expectativa matemática.

Quando se está fazendo algum cálculo rápido em relação à pot odds, um erro comum é descontar o valor que foi originalmente pago por você e que já está no pote. Isso é errado! Não importa se foi você ou outro jogador que “pingou” o que já está lá no pote, mas sim a quantidade total que deve determinar como se jogar. Não importa de qual pilha de fichas veio o que está no pote, o que importa é a relação de o quanto está lá e o quanto você deve apostar para continuar na mão.

Em relação aos “blinds” no “hold'em”. Vamos dizer que você pinga 5$ como “blind” e alguém dá “raise” para 10$. Agora custa para todos os outros 10$ para dar “call”, mas quando voltar para você só custará outros 5$. Então você não precisará de uma mão tão forte para completar esses outros 5$ que justifique o seu “call”. Você estará considerando o seu pot odds do momento e não se aqueles 5$ que você já havia colocado no pote foram colocados por você ou por outro jogador.

“ANTE” VOLUMOSO

O tamanho do ante determina como se deve jogar. Quanto mais alto o ante em comparação com as futuras apostas, mais mãos deve-se jogar. Desde que haja mais dinheiro no pote, se está tendo melhor “odds” obviamente, mas há outras razões para se jogar mais “SOLTO” nesse estágio. Se você for esperar uma grande mão para jogar num jogo onde o ante é muito alto, você perderá mais durante os “folds” do que o tamanho do pote da mão que você vir a jogar e ganhar. Além disso, o pote que você ganhar será comparativamente menor do que os outros, pois os outros jogadores percebendo que você está jogando de maneira “SEGURA” não lhes darão muita ação quando você jogar uma mão.

A não ser que você queira ser engolido pelos antes, você (assim como seus oponentes também o farão) deve diminuir suas exigências para jogar nesse estágio.

Quando se está jogando no estágio em que o ante está alto, tende-se a ser criado mais potes altos, já que mais jogadores estarão tendo bons “pot odds” para a queda de boas mãos. Com muitos jogadores no pote, quedas e puxetas para flush e sequência de duas pontas tem seu valor valorizado, enquanto pares medíocres como de 5 ou 7 tem seu valor minimizado.

Outra razão para se jogar mais solto quando o ante está alto é que se você está jogando muito “seguro”, torna-se correto para os outros jogadores tentar roubar o seu ante com qualquer mão.

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Deve-se tentar roubar antes principalmente quando se está numa mesa com jogadores muito “SEGUROS”.

Não se deve jogar “JOGO LENTO” uma boa mão nesse estágio, pois se você não deu “raise” com uma mão boa na primeira rodada, você está dando ao oponente com uma mão medíocre a chance de ele conseguir uma queda. Ou seja, você dando “JOGO LENTO” você está tornando barato em termos de custo para o seu oponente ver o “turn” e o “river” e talvez conseguir uma queda. Com um ante grande, ele não está cometendo um erro do Teorema Fundamental do Poker, pois ele terá bom “odds”. Mesmo que ele tenha certeza que você está “JOGANDO LENTO” uma grande mão, ele provavelmente continuará pagando barato para tentar uma queda. No entanto quando você dá “raise”, você torna caro para ele jogar “esperanças” e o força a jogar fora sua mão medíocre.

Por outro lado, quando o ante está baixo, há mais razões para se jogar o “JOGO LENTO” grandes mãos para atrair piores mãos para o jogo e dar mais valor aos potes ganhos pelas grandes mãos nesse estágio.

Resumindo, quando o ante está alto:

1. À medida que o ante for crescendo de valor, reduza suas exigências para jogar. Há quatro razões para se jogar mais solto, a primeira que está tendo melhor pot odds, a segunda que custa muito esperar por grandes mãos, a terceira é que os seus oponentes estarão jogando mãos mais fracas e finalmente a quarta é que quando você está jogando muito “SEGURO” contra oponentes observadores, eles não o darão ação quando você tiver uma grande mão.

2. Em “multy-way pots”, mãos como pares medíocres perdem valor, enquanto quedas para “flush” e sequência de duas pontas tem seu valor aumentado.

3. Quando o ante está alto, deve-se tentar rouba-los, especialmente contra jogadores “SEGUROS”, pois você terá uma boa e positiva expectativa fazendo isso contra jogadores desse perfil.

4. Deve-se dar “raise” com boas mãos ao invés de tentar “JOGO LENTO”, pois o ante alto faz o seu oponente jogar “esperanças” de quedas de maneira barata. Além disso, quando o ante está alto, os oponentes tendem a pagar seus “raises” mesmo não tendo “odds” para isso. (que é o que você deseja). E eles estarão ainda mais propícios a pagar o seu “raise” se eles suspeitarem que você venha “roubando” antes com seus “raises” das mãos

anteriores.

“ANTE” PEQUENO

Não jogar mais solto num jogo de ante alto é um problema muito menos comum entre os jogadores de poker do que jogar muito solto num jogo de ante baixo.

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Com um ante pequeno, deve-se jogar exatamente ao contrário da maneira que se joga com a ante grande. Deve-se jogar poucas mãos, roubar poucos antes e dar “JOGO LENTO” em grandes mãos para “pescar” jogadores com puxadas. Deixe os jogadores agressivos tentarem controlar o jogo, caso eles o escolham fazer. Deixe-os roubarem os antes. Deem a eles a falsa sensação de segurança.

Mas há um limite para o quanto ser “DURO”. Mesmo com o ante baixo não se deve deixar de jogar todas as mãos! Às vezes você não tem pot odds imediato que justifique um “call”, porém pode ter um “implied odds” que o justifique. (os conceitos de “pot odds” e “implied odds” serão mais bem explicados nos próximos capítulos).

Os conceitos discutidos nesse capítulo podem ser resumidos em poucas frases.

“O tamanho do ante determina como se deve jogar”. Deve-se sempre lutar pelos antes para sobreviver!

Com um ante pequeno, deve-se jogar “SEGURO” e à medida que o ante for crescendo deve-se jogar mais “SOLTO”.

CAPÍTULO 5

“POT ODDS”

“Pot odds” são as probabilidades que o pote está te dando para pagar uma aposta. Se há $50 no pote e a última aposta foi de $10, você está tendo 5-1 odds para pagar a aposta. É a relação quantidade de dinheiro do pote com quanto se deve apostar para continuar em determinada mão. É essencial saber o seu “pot odds” para saber sua expectativa matemática. No exemplo acima, se suas chances de ganhar o pote forem maiores do que 5-1, então é correto dar “call”. Se você acha que suas chances são menores do que 5-1, você deve dar “fold”.

PAGANDO COM BASE NO “POT ODDS” COM TODAS AS CARTAS NA MESA

Quando todas as cartas já estão no bordo, você deve decidir se sua mão é digna de se jogar ou não, e depende da probabilidade que se está tendo para aquele pote e quais as chances que você acha de ter a melhor mão. Esse é um problema de julgamento e subjetividade mais do que um problema de matemática, pois não há uma maneira precisa de se calcular quais as suas chances. Fazer essas avaliações não é fácil, especialmente quando se tem uma mão marginal como “dois pares” ou “top pair”. A habilidade para avaliar essas situações depende de sua experiência, e especialmente da sua habilidade para ler mãos e jogadores. Algumas coisas somente podem ser aprendidas numa mesa de poker.

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PAGANDO COM BASE NO “POT ODDS” COM MAIS CARTAS POR VIR

Agora a matemática se torna importante. Se você sabe que tem que melhorar sua mão para vencer, você deve determinar suas chances de melhorá-la em comparação com o seu pot odds.

Os odds para se fazer uma mão é determinado basicamente pela quantidade de cartas que ainda estão por vir e o número dentre essas que o favorece para fazer sua mão.

Quanto menor o seu pot odds em relação às chances de melhorar sua mão, mais razões para não jogá-la e dar “fold”.

POSIÇÃO

A sua posição em relação às apostas pode reduzir o seu “pot odds”. Se alguém aposta antes de você e há a possibilidade de alguém que joga após você dar “raise”, você deve levar em consideração esse fato, pois ele diminui o seu “pot odds”. Então antes de dar call numa primeira aposta, deve-se considerar seu pot odds não somente daquele momento, mas se haverá possibilidade de um oponente dar raise depois de você ou até mesmo mais de um. E sempre que há muitas apostas numa mão, certamente seu “pot odds” tende a diminuir, pois muitas apostas sugere que seus oponentes têm grandes mãos.

Vamos dizer que temos A T e o “flop” vem A Q 9 .

Pode parecer que você tem uma mão forte com o “top pair”, mas se você está numa “posição prematura” e alguém aposta antes de você, provavelmente você deve jogar esse par de ases fora. Não só o jogador que apostou na primeira posição sugere ter uma mão forte com a sua aposta, como ele pode tomar um “raise” de algum jogador que joga depois de você com um AK, AQ, ou uma trinca, o que encurtaria o seu “pot odds” e diminui sensivelmente sua possibilidade de levar o pote. Adicionalmente, a chance de haver “calls” com jogadores com quedas para “flush” e sequência que jogam depois de você diminui ainda mais a força do seu par de ases. Você figura a desconfortável posição de talvez ter a segunda melhor mão no momento e de talvez ser batido por sequência ou “flush” no “turn” e no “river”.

Ao mesmo tempo, caso não houvesse mais apostas nas primeiras posições e você fosse um dos últimos a falar, poderia pagar a primeira aposta.

EXTRA “OUTS”

Muitos jogadores negligenciam o efeito da posição e também dos “outs” na hora de calcular um possível aumento do valor de suas mãos.

Com uma queda para “flush” (quatro cartas do mesmo naipe), o seu único “out” é outra carta do mesmo naipe. Mas suponhamos que você tenha dois

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pares ao longo da queda para “flush”, agora temos dois “outs”, fazer um “flush” ou um “full house”. Suponhamos que temos uma puxada para “flush”, dois pares e uma queda para sequência, agora temos três “outs”, ou seja, três maneiras diferentes de “bater” os oponentes. Cada “extra out” melhora significativamente o valor da sua mão, e incrementa consideravelmente mais do que a primeira vista aparenta.

Sempre esteja ciente que os “extra outs” melhoram suas chances e podem tornar mãos que a principio seriam jogadas foras em mãos jogáveis.

DESENHO PARA A SEGUNDA MELHOR MÃO

Igualmente importante quanto determinar se uma mão é “jogável” e “melhorável” com os “outs”, é a questão de que se caso os “outs” venham se ela será a melhor mão, ou seja, vencedora.

A sua mão pode ser perdedora de várias maneiras. Isso pode acontecer quando se tem uma “queda morta” que é quando se consegue fazer a mão que se está esperando ser feita, mas mesmo assim ela é “batida” por um oponente. Isso acontece quando se faz uma boa mão e seu oponente faz uma mão ainda melhor. Por exemplo, você pode fazer um “flush” no “river” que dá ao seu oponente um “full house”.

Em algumas situações deve-se reduzir o seu “pot odds” de vencer e às vezes jogar fora sua mão. A habilidade de dar “fold” corretamente quando se suspeita que se tenha uma “queda morta” ou desenhando com pouca chance de acabar com a melhor mão é um atributo que distingue um bom jogador de um mediano. Por outro lado, jogadores fracos costumam pagar com qualquer coisa não se importando se eles podem vir a ter uma “queda morta” ou não ajustando suas chances de acabar com uma mão levando em consideração a possibilidade de seus oponentes fazerem uma mão melhor do que as suas.

No “hold'em” pode-se ter uma queda morta, quando a carta que se está esperando ajuda mais ainda o seu oponente do que a você.

Por exemplo:

Temos: AK

Oponente: QJ

Bordo: J J T 5.

Uma dama vem no river nos dando uma sequência, que certamente bate uma trinca de valetes, entretanto dá ao oponente um “full house”.Sempre é necessário ajustar seu “pot odds” quando se suspeita que seu oponente possa te “pegar pelo pé” numa “queda morta”. Em geral, não é necessário calcular a sua chance de vencer de maneira precisa, quando se há uma chance de se ter uma “queda morta” deve-se jogar fora a maioria de suas mãos jogáveis, pois elas tendem a ser mãos perdedoras.

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Resumindo: Quando todas as cartas já estão no bordo, a sua mão é “jogável” ou digna de um “call” se você acha que suas chances de vencer são melhores do que seu “pot odds”. A sua decisão de dar “call” numa mão que precisa ser melhorada depende de alguns fatores:

1 – Suas chances de melhorar, levando em conta as cartas necessárias (“outs”) e qualquer outro “extra out”.

2 – Suas chances de vencer caso consiga a mão que se espera.

3 – O “odds” que se está tendo em todas as rodadas de apostas, levando se em consideração a chance de tomar um “raise” caso não seja o último a falar.

4 – Sua expectativa de lucro na última rodada de apostas se você fizer sua mão.

Esse último fator é o que chamamos de “odds implicitos”. É o dinheiro que se espera ganhar através das apostas na(s) última(s) rodada(s). O explicaremos melhor nos próximos capítulos.

CAPÍTULO 6

“ODDS” EFETIVOS

Quando restar apenas uma rodada de apostas e apenas uma carta por vir, há uma relação direta entre a sua chance de melhorar sua mão e o “pot odds” que se está tendo no momento. Se suas chances de fazer uma mão que você sabe que será vencedora são de 4-1 e você deve dar $20 de “call” para tentar ganhar um pote de $120, então claro que sua mão é “jogável” ou “pagável”, digna de “call”, pois se está tendo 6-1 de “pot odds”. Esse 6-1 “odds” que o pote está te oferecendo (excluindo as apostas finais) são maiores do que o 4-1 “odds” contra você fazer sua mão. Entretanto, quando se há mais do que uma carta por vir, deve-se ser cuidadoso na hora de determinar seu real “pot odds”. Muitos jogadores cometem um erro clássico: Eles sabem suas chances de melhorar sua mão com cartas por vir, e eles a comparam suas chances com o “pot odds” que eles estão tendo agora (antes de vir as cartas). Só que essa comparação não é a real, pois desde que eles terão que colocar mais dinheiro no pote nas próximas rodadas de apostas, eles terão que levar em consideração na conta esse dinheiro que ainda será colocado. É verdade que as chances de fazer uma mão melhoram bastante quando se há mais de uma carta por vir, mas o “odds” que se está tendo para o pote piora!

REDUZINDO SEU “POT ODDS" COM MAIS DE UMA CARTA POR VIR

Vamos dizer que após o “flop” temos quatro cartas do mesmo naipe e você está certo que caso faça o “flush” sairá vencedor dessa mão. Há ainda duas

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cartas por vir, o que melhora seu “odds” de fazer o “flush” para aproximadamente 1¾ -1. É um jogo $10-$20 e há $20 no pote e o único oponente jogando com você aposta $10. Você pensa: tenho 3-1 “odds” e minhas chances são 1¾ -1, então eu devo pagar. Entretanto, os 1¾ -1 “odds” de fazer o “flush” se aplica apenas se você pretende ver não só a próxima carta, mas a última carta também, e para ver a última carta você provavelmente terá que pagar não só os $10 de agora, mas ainda mais $20 na próxima rodada de apostas. Consequentemente quando se decide jogar uma mão que precisa ser melhorada até o fim, pode se dizer que nesse caso se está tendo 30-10 “odds”. Você tem que pensar: se eu perder essa mão, eu perderei $10 nessa rodada e mais $20 na próxima. Perco no total $30. Se eu fizer minha mão, ganharei $30 agora e mais $20 no próximo, totalizando $50. Repentinamente ao invés de 30-10, você está tendo apenas $50-30 “odds”.

Esse é o seu “odds” efetivo – o “odds” real que se está tendo pelo pote quando se paga uma aposta com mais de uma carta por vir.

Desde que você tenha (50-30) para pagar uma aposta de $10 depois do “flop”, e suas chances de fazer o “flush” são de 1¾ -1, deve-se jogar fora a mão, pois essa é uma jogada perdedora com expectativa negativa. A única situação em que seria correto jogar essa mão seria se você levasse em conta que o seu oponente pagaria a sua aposta no final após você ter feito o “flush”. Então o seu $50 em potencial aumentaria para $70, dando 70-30 “odds” e justificando um “call”.

Deve ficar claro com esse exemplo que quando se computa “odds” numa mão que se pretende jogar até o fim, deve-se pensar não em termos do “pot odds” imediato, mas em termos da quantidade total que se pode perder versus a quantidade total que se pode ganhar naquela mão levando-se em consideração as futuras rodadas de apostas. Você deve se perguntar: “Quanto eu vou perder se eu perder essa mão e quanto eu vou ganhar se

eu a fizer?” A resposta para essa questão lhe mostra o seu “odds efetivo”.

SITUAÇÕES ONDE O “ODDS EFETIVO” NÃO DEVE SER APLICADO

Há algumas situações em que não se devem considerar as apostas futuras quando se pensa em “pot odds”. O primeiro caso ocorre quando você e seu oponente estão de “all in” ou quase “all in”. Obviamente quando seu oponente não tem mais dinheiro para apostar ou você não tem mais dinheiro para pagar, a última carta torna-se grátis. Então tudo o que você deve fazer é observar seu “pot odds” imediato e compará-lo com as chances de terminar com a melhor mão. Deve-se considerar também que nem sempre quando se consegue fazer a mão que se espera ela é a melhor mão. Você pode consegui-la e ainda acabar vencido!

Há uma outra situação que você pode pagar mesmo se o seu “odds efetivo” indicar que a mão é digna de um “fold”. Isso acontece quando se tem uma boa razão para pensar que seu oponente pode “passar” na próxima rodada de apostas. Se ele realmente passar, você ganhou uma “carta livre”.

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Novamente tudo o que deve ser considerado agora é o seu “pot odds” imediato, desde que você espera ver duas cartas pelo preço de uma. Essa situação acontece quando você suspeita que seu oponente tenha uma mão fraca ou quando você pensa que seu oponente pode temer uma aposta na próxima rodada de apostas, porque ele interpretará que você tem uma mão mais forte do que você na verdade tem, mesmo quando você não melhora sua mão ou não consegue a carta que se está precisando.

Ás vezes é correto também pagar para ver uma carta apenas quando seu “odds efetivo” indica um “fold”. Se essa carta não fizer sua mão, você não deve continuar com as apostas futuras. Essa situação ocorre principalmente em jogos onde há um grande aumento nas apostas de uma rodada para outra. Você pode, por exemplo, estar jogando numa mesa $10-$50 de hold'em e está com quatro cartas de um mesmo naipe no “flop”. Seu oponente aposta $10 num pote de $40 e você espera que ele aposte $50 na próxima rodada. Para pagar ambas as apostas deve-se entender que se está tendo “odds efetivo” de 100-60, ou seja, muito pouco para se jogar com uma queda para flush. Entretanto, tem-se 5-1 para a primeira aposta, o que é melhor do que o “odds” até a última carta. (sem levar em consideração o seu potencial lucro nas últimas rodadas de apostas caso você faça o seu “flush”). Quando se estiver decidindo em pagar por apenas uma carta, tudo o que deve ser considerado é seu “pot odds” imediato versus as chances de conseguir a sua mão apenas na próxima carta.

Na maioria dos casos, entretanto, quando se tem uma mão que precisa ser melhorada, deve-se saber que as apostas futuras reduzem substancialmente o seu “pot odds”, suficientemente para fazer sua mão ser jogada fora! Entretanto antes de sair jogando todas as mãos, deve-se

calcular seu “odds efetivo” que se está tendo.

CALCULANDO “ODDS EFETIVO”

O “odds efetivo” pode parecer complicado, mas é um simples caso de adição. Você adiciona todos os “calls” que você terá que dar assumindo que jogará até o fim para determinar a quantia total que será perdida caso você não faça sua mão. Então compare esse valor pela quantia total que você deve ganhar caso a consiga. Esse total é o que se está no pote naquele momento mais todas as futuras apostas que você espera ganhar excluindo as suas futuras apostas. Assim se há $100 no pote no momento e há três rodadas de apostas de $20, você está tendo $160-60 “odds efetivo” se ambos (você e seu oponente) pagarem todas as apostas. Se você sabe que não irá pagar no fim a menos que você faça sua mão, seu “odds efetivo” torna-se $160-$40. Quando você acha que seu oponente não irá pagar no fim se você conseguir sua carta que você está esperando seu “odds efetivo” se reduz para algo em torno de $140-40. Se nas primeiras rodadas de apostas esse “odds” for melhor do que suas chances de fazer sua mão, vá em frente até o fim, se não você dê “fold”.

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CAPÍTULO 7

“ODDS IMPLÍCITOS” E INVERSÃO DE “ODDS IMPLÍCITOS”

Durante as primeiras rodadas de apostas, ter que pagar futuras apostas reduz consideravelmente seu “pot odds” e você tem que calcular o seu “real odds” ou “odds efetivo”.

Entretanto há momentos em que a existência de futuras apostas é a razão para se jogar uma mão. O seu “pot odds” imediato pode não parecer alto suficiente para se continuar numa mão por uma carta, mas se essa carta pode lhe dar uma mão monstruosa que indica muita ação na mesa, você não precisa do “odds” inicial, pois você o aumentará drasticamente depois. Esse “odds” final é o que chamamos de “odds implícitos”.

“ODDS IMPLÍCITOS”

“Odds implícitos” são baseados na possibilidade de ganhar dinheiro nas últimas rodadas de apostas acima do que se está no pote até o momento. Mais precisamente o seu “odds implícitos” é o quanto se espera ganhar quando se consegue a carta que se está esperando pelo preço/custo de se pagar uma aposta.

A possibilidade de lucro futuro muito grande quando se consegue a carta que se está esperando de uma queda é que justifica o uso do “odds implícitos”.

Quando se tem um par na mão, tem-se aproximadamente 8-1 de possibilidade de “flopar” aquela carta e lhe dar uma trinca, mas um par baixo é “jogável” em muitos casos tendo se algo em torno de 5-1. Se há $50 no pote e $10 para se jogar num jogo $10-$20, você está tendo “odds implícitos” de aproximadamente 150-10 ou 15-1, desde que a média provável é de aproximadamente $100 de lucro quando se consegue a trinca. Claro que quando não se faz a trinca no “flop” deve-se jogar fora a mão ao invés de pagar uma aposta pós “flop”.

O conceito de “odds implícitos” sugere que quando se está jogando com uma queda e consegue-se a carta desejada você provavelmente conseguirá um pote com muito dinheiro e conseguirá futuras apostas de alto valor. O seu possível lucro futuro é tão grande que “disfarça” o “odds” pequeno que se está tendo no momento.

Por exemplo: você está numa $10-$20 e o oponente aposta $10 num pote com $20, então seu “pot odds” são 3-1, o que indica jogar fora, por exemplo, uma queda para sequência de duas pontas. Entretanto se sua mão (ou a do seu oponente) pode melhorar consideravelmente na próxima rodada, você já tem uma expectativa de aposta de $40 pelo seu oponente na próxima rodada de apostas, então seu “odds implícitos” são $70-$10 ou 7-1, o que torna possível um pagar com essa queda para sequência de duas pontas. Se você não conseguir na próxima rodada e seu oponente apostar

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$20, você estará novamente com 3-1 odds ($60-$20), mas seu “odds implícitos” deverá ser menor.

“ODDS IMPLÍCITOS” EM JOGOS “POT- LIMIT” E “NO- LIMIT”

Em geral, quanto maior for a diferença entre as apostas futuras e a aposta presente que se deve pagar, melhor é seu “odds implícitos”.

O “odds implícitos” se torna mais significante em jogos “pot-limit” e em “no limit”, já que uma aposta futura pode ser tão grande quanto à quantidade de fichas que se está na frente do oponente. Nesses jogos, deve-se considerar não quanto se está no pote no momento, mas quanto pode ser ganho numa futura rodada de apostas.

Eis um clássico exemplo na mão final do “Hold'em Championship at Binion's Horseshoe Casino”, em Las Vegas:

O lendário e simpático Doyle Brunson tinha $232.500 em fichas versus Stu Ungar com $ 497.500.

Na mão final, Brunson tinha Ás e 7 e Ungar 4 e 5 de espadas. Antes do “flop”, havia $30.000 no pote e assim veio o “flop”: A, 2 e 7. Ungar dá check e Brunson aposta apenas $ 17.000 para manter Ungar no jogo.

“Eu não pagaria essa aposta com uma queda para sequência, caso Brunson tivesse apostado um pouco mais” admitiu Ungar “mas caso viesse o 3, eu iria acabar com ele” e eram $17.000 para tentar acabar com ele e com o campeonato.

Ungar pagou estritamente em termos do “odds implícitos” que tinha naquele momento. Ele não pensou nos $47.000 que estavam no pote, o que o daria menos do que 3-1 “odds”, mas sim nos $232.500 de Brunson. O “odds implícitos” de Ungar era de aproximadamente 14,5 – 1 e com quatros “ 3” disponíveis dentre 47 cartas possíveis, o odds para a sequência na próxima carta era de 10,75 – 1. Então ele pagou.

É preciso dizer que veio um “3” na 4ª casa (“Turn”). Ungar apostou $40.000. Após alguma reflexão Brunson disse: “all in”! Ungar tinha a melhor mão no momento e os únicos “outs” de Brunson eram A e 7 no river que o dariam um “full house”. Ungar pagou o “all in” e se tornou o campeão.

Num seminário na Califórnia dado por Brunson tempos depois, Brunson reconheceu que jogou incorretamente apostando $17.000 no “flop”. Ele disse que ao invés de dar ao Ungar a chance para uma carta perfeita, ele deveria ter apostado mais do que o Ungar estava disposto a pagar para tentar uma sequência de duas pontas, mais quanto? Mais o suficiente para não ser digno de uma tentativa de queda mesmo em termos de “odds implícitos”! Quando se estima o seu “odds implícitos”, deve-se tentar quantificar o quanto de dinheiro pode-se ganhar caso você consiga a sua mão. Três fatores são fundamentais nessa análise:

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1. O tamanho das apostas futuras

2. O quão escondida sua mão está. (em termos da facilidade de “ser lida” pelos oponentes)

3. A habilidade dos seus oponentes.

FATORES DETERMINANTES DE “ODDS IMPLÍCITOS”

Obviamente que quanto maior o tamanho das apostas em potenciais, maior o seu “odds implícitos” e mais razões você terá para pagar uma mão que pode melhorar e se tornar a melhor mão. Entretanto, os outros dois fatores também são importantes. Adicionalmente deve-se levar em conta o quão escondida está a sua mão, ou o quão não óbvio ela é. Quando as cartas que se espera são muito óbvias, não se pode esperar muito valor dessa mão quando a fizer, pois os oponentes não deverão pagar suas apostas quando você apostar, não lhe darão muita ação devido à obviedade. Pode se assumir também que sempre se tem maior “odds implícitos” contra oponentes “patos”, pois eles estão mais predispostos a pagar suas apostas quando você fizer sua mão. Jogadores espertos e profissionais tendem a não te pagar, pois leem melhor sua mão e nesse caso (de jogadores bons) seu “odds implícitos” deve ser diminuído. “Odds implícitos” obviamente não pode ser aplicado quando você ou seu oponente estão de “all in” ou muito próximos ao “all-in”, já que pouco restará para ser apostado nas próximas rodadas. Cuidado também, pois o “odds implícitos” tem muito menos aplicação e sentido quando há uma chance considerável de você conseguir a sua mão e ela ser a segunda melhor mão. Se você irá pagar um pequeno preço para melhorar sua mão significativamente esperando levar um pote gigante, é melhor que você tenha certeza que sua mão caso a faça seja a melhor.

INVERSÃO DE “ODDS IMPLÍCITOS”

O “odds implícitos” sugere que seu “odds” é melhor do que parece no momento. Porém há momentos em que seu “odds” não são tão bons quanto parece. Essa situação ocorre quando se tem uma mão medíocre com pouca chance de melhorar e você acha que seus oponentes podem estar blefando e que você pode “pescar” o blefe, ou seja, você acha que seus oponentes tem uma mão pior do que a que eles estão representando. Caso eles estejam mesmo blefando, eles provavelmente largarão suas cartas nas últimas rodadas de apostas caso eles não façam nenhuma mão. Só que você está numa posição de que caso tenha a melhor mão, ganhará o mínimo e perderá o máximo caso tenha a pior mão. O verdadeiro “pot odds” nessa situação é pior do que parece e o chamamos de “inversão de odds implícitos”Por exemplo: Num pote de $50, seu oponente aposta $20. Você acha que está com a melhor mão, mas não tem certeza. Você ainda tem uma pequena chance de melhorá-la. Não dá pra se pensar no momento: “Tenho 70-20 de odds”, pois seu oponente pode apostar novamente nas próximas rodadas se ele tiver uma mão melhor do que a sua ou se a mão dele melhorar, mas ele tende a desistir caso ele tenha uma mão pior do que a

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sua. Você está numa situação que se você perder, provavelmente perderá não só os $20 da aposta de agora (call), mas um total de $60. Entretanto se você ganhar, provavelmente ganhará só $70 que está no pote agora, pois desde que seu oponente perceba que você está comprometido com o pote, ele não irá à frente com a pior mão. Então você está tendo algo em torno de $70-$60 e não $70-$20. Na verdade a “inversão de odds implícitos” de 70-60 representa o pior cenário possível caso isso ocorra na prática. Nessa mão, você pode tentar ganhar $70 apostando $20 ou $90 apostando $40 ou até $110 apostando $60, dependendo de quantas vezes seu adversário apostar.

RESUMINDO: “Inversão de odds implícitos” se aplica quando:

- Você não está certo do valor da sua mão.

- Você tem uma pequena chance de melhorar sua mão e bater seu oponente.

Você não deve pensar que no “odds” que está tendo no momento e no que está no pote, pois seu “odds” verdadeiro é um pouco pior. Enquanto o “odds implícitos” é baseado na possibilidade de ganhar mais dinheiro nas últimas rodadas de apostas, “inversão de odds implícitos”são baseados na possibilidade de se perder dinheiro nas últimas rodadas. Colocando de uma outra maneira, quando se está tendo “odds implícitos”, você está contente por não estar “all-in”, pois você espera ganhar mais dinheiro nas próximas apostas. Entretanto quando se tem “inversão de odds implícitos”, você gostaria de estar de “all-in”, pois você poderia ver a mão até o fim sem ter que pagar apostas futuras.

CAPÍTULO 8

O VALOR DO ARDIL

A essência do poker é dar “raise” quando se tem uma boa mão e “fold” quando se tem uma mão ruim. Mas o que aconteceria se seguíssemos a essência? Vamos supor que temos um “flush” no “flop”, sendo a melhor mão que se pode ter naquele momento. Você dá “raise” e todos dão “fold”. Você ganhou um pote pequeno com uma mão que poderia ter ganhado um pote enorme.

O PREÇO DE REVELAR SUA MÃO

Esse exemplo nos traz a um dilema no poker. Você quer maximizar seus ganhos e minimizar suas perdas. Quanto lhe custa quando você joga de uma maneira que seus oponentes saibam o que você tem nas mãos? A resposta para essa pergunta está no Teorema Fundamental do Poker, que diz que “Toda vez que seus oponentes jogam suas mãos diferentemente da maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você ganha, e

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toda vez que eles jogam suas mãos da mesma maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você perde”.O Teorema fundamental indica que quando você joga de uma maneira que permite seu oponente saber o que você tem, isso lhe custa substancialmente caro. Se o oponente sabe exatamente o que você tem ele nunca vai cometer erros. Quanto mais você joga revelando o que você tem, menos seus oponentes irão cometer erros. E o que você deseja é que eles o cometam.Criar erros e enganos é em essência o objetivo do jogo. Você então não dá “raise” imediatamente com o seu “flush nut”, pois não quer que seus oponentes saibam o quão forte é sua mão. Você quer ganhar mais dinheiro deles nas últimas rodadas de apostas. Ao mesmo tempo, nunca dar “raise” com uma grande mão pode ser um erro também.Um exemplo interessante de erro aconteceu no World Series of Poker de 1977, Numa mão com dois jogadores clássicos. Doyle Brunson e Bones Berland. O jogo era o “No Limit Hold’em”. Brunson tinha aproximadamente 20.000 em fichas e Berland 50.000. Antes do “flop” Berland deu “raise” grande numa posição prematura e Doyle pagou com um par de damas na mão. O “flop” veio J, 5, 2.Novamente Berland apostou solidamente e Brunson o pagou. No “turn” veio uma outra carta baixa e Berland apostou fortemente, aproximadamente para colocar Brunson “all in”. Doyle pensou, pensou e pensou e finalmente pagou.Muitas pessoas pensaram que Brunson jogou incorretamente em dar “call” com par de damas. Berland não estava envolvido em blefar nessa situação. Esses críticos achavam que havia uma grande chance de Berland estar com AA ou KK e havia outras mãos que o par de damas de Brunson não poderia vencer. Da maneira que ele jogou, a única mão que faria Berland ser batido seria um AJ, um “top pair” com ás de “kicker”.Quando Bones mostrou suas cartas ele tinha precisamente um AJ. Brunson venceu a mão com QQ e ganhou o campeonato daquele ano. A resposta deBrunson para seu arriscado “call”. “Bem, disse ele, Bones não poderia ter AA ou KK, pois ele não entraria de “raise” numa posição prematura com esse tipo de mão pré “flop”. Ele apenas pagaria, esperando dar “reraise” jogando jogo lento”.Esse é um caso onde um jogador profissional sabia informação de outro e adaptou seu estilo de jogo apropriadamente. No “no-limit hold’em” é geralmente correto jogar “jogo lento” numa posição prematura com AA ou KK. Entretanto como Berland sempre jogava esses pares da mesma maneira, a informação que ele deixou transparecer foi muito mais dispendiosa do que o dinheiro que ele calcularia ganhar jogando com AA e KK sempre da mesma maneira.

ARDIL E A ABILIDADE DE SEUS OPONENTES

A questão é quando jogar diretamente e quando induzir seu oponente ao erro.O critério mais importante para tomar essa decisão é a habilidade de seus oponentes. Se você tem uma mão boa numa primeira rodada de apostas você não deve deixar o “raise” para as últimas rodadas contra jogadores resistentes, mas contra jogadores fracos, é melhor fazer uma aposta extra para fazê-los pensar que sua mão é mais forte do que realmente é.

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Se você está jogando contra jogadores medíocres, você não ganha o suficiente induzindo-os ao erro para justificar o custo de fazê-lo. Contra esses jogadores, deve-se dar “raise” quando se acha que tem a melhor mão, e não apostar com uma mão ruim contra eles que não dão “fold” nunca. Quando se pensa em induzir o adversário ao erro, deve-se pesar a habilidade de seus oponentes contra o custo de uma “aposta extra”.

ARDIL E O TAMANHO DO POTE

Outro critério de como tomar essa decisão é o tamanho do pote. Quanto maior o pote for se tornando, cada vez menos importante será disfarçar sua mão, mesmo porque os bons jogadores não irão desistir facilmente dessa mão, pois eles terão “pot odds” e dificilmente darão “fold”, tornando desnecessário o disfarce. Quando o pote se tornar grande, você não deve pensar em induzir seu adversário ao erro.

ARDIL E O TAMANHO DA APOSTA

São conceitos relacionados. O uso da indução ao erro do adversário e otamanho da aposta. Se as apostas iniciais forem muito menores do que asúltimas, é melhor não dar “raise” com uma grande mão. Espere, pois se osadversários não desistirem no início, eles o farão quando as apostas cresceremsubstancialmente nas últimas rodadas de apostas. Você deve querer mais açãocom suas grandes mãos jogando-as “jogo lento”.Se há uma grande diferença entre o tamanho das apostas de uma rodada paraoutra, com uma mão ruim você deve sim dar “raise” nas primeiras rodadaspara criar a impressão errada quando as apostas estiverem altas. Então não sedeve considerar apenas o montante no pote no momento, mas ainda o valordas apostas agora comparado ao valor que elas terão depois. Você pode dar“check” numa rodada inicial com uma grande mão esperando grandes apostasnas rodadas finais, ou de outro modo, pode apostar com uma mão ruim noinício, esperando que seus oponentes deem “check” nas próximas rodadaspara dá-lo “cartas grátis”.

ARDIL E O NÚMERO DE OPONENTES NO POTE

Jogando com “patos”, com um pote grande, e com grandes apostas nasrodadas iniciais, você não precisa se interessar em disfarçar sua mão. Quanto mais jogadores estiverem lutando pelo pote, menos você ganha disfarçando sua mão. Custa-se muito fazer isso. Você não está apto a fazer todo mundo dar “fold” quando aposta com uma mão ruim e custará muito perder apostas com uma mão boa. Ainda quando você permite muitos jogadores uma “carta grátis”, suas chances de ser batido aumentam muito, principalmente por quem estava esperando quedas. No “heads up” disfarçar

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sua mão é muito mais necessário do que em potes disputados por vários jogadores.Vamos a um exemplo: Você está com AA que é a melhor mão possível numa “no limit hold’em”. Você dá um pequeno “raise”, quatro ou cinco pessoas pagam e agora alguém dá um substancial “reraise”. Você deve dar “reraise” novamente mesmo que isso o faça ser lido completamente pelos outros jogadores. Disfarçar a mão nesse momento torna-se errado, pois o que está no pote no momento conta mais do que as apostas em potenciais nas rodadas futuras.

RESUMINDO:A regra geral é: Quanto melhor forem os jogadores e menores os potes, mais se disfarça sua mão quando há mais cartas por vir. Quanto piores os jogadores e maiores os potes, mais se joga a mão normalmente desconsiderando se está sendo “lido” ou não.Às vezes jogar sua mão normalmente pode ser a melhor maneira de sedisfarçar uma grande mão e induzir seu adversário ao erro contra jogadoresresistentes e que esperam que você a disfarce.

1 - Você está jogando contra grandes jogadores ou jogadores de “fácil leitura”2 - O pote é pequeno em comparação às apostas futuras.3 - A rodada de apostas presente é pequena em comparação às futuras.4 - Você está jogando apenas contra um ou dois oponentes5 - Você está jogando “jogo lento” uma mão monstruosaAs duas primeiras são mais significantes. Não é necessário que todasapareçam juntas para se induzir o adversário ao erro, mas é recomendável que pelo menos três das cinco estejam presentes e pelo menos uma das duas primeiras.Não use “ardil” contra jogadores ruins, contra muitos jogadores, quandoo pote está grande ou quando as apostas iniciais estiverem grandes. Éespecialmente importante jogar uma boa mão de maneira agressiva quando o pote está grande. A única exceção é quando você tem uma mão que não pode ser vencida, aí valerá a pena esperar as rodadas antes de agir.Você deve jogar cada mão de cada sessão da maneira que o fará ganhar mais dinheiro e perder menos (exceto quando você intencionalmente joga uma mão erradamente para criar uma impressão ruim e usar disso um artifício nas futuras mãos). Sempre se lembre do TFP, quanto mais o oponente sabe sobre sua mão, menos ele cometerá erros. Entretanto, há situações que induzir ao erro pode custar caro e jogar diretamente é melhor. Nós iremos discutir essas situações no próximo capítulo.

CAPÍTULO 9

GANHE OS GRANDES POTES IMEDIATAMENTE

Como mostramos no último capítulo, é sempre importante disfarçar uma grande mão para dificultar a “leitura” pelos seus oponentes e você ter maior “valor” possível para ela. Entretanto, há uma dica especial da aplicação do

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Teorema Fundamental do Poker que é: À medida que o pote se torna cada vez maior, ganhe-o imediatamente! É natural que você queira que seu oponente jogue errado e jogue fora a melhor mão. Mas mesmo quando a sua mão é a melhor mão, é preferível que seu oponente desista do que dê “call” quando o pote é grande. A razão disso tem a ver com “pot odds”, quando o seu adversário tem “odds” para pagá-lo e joga fora, você ganha e quando ele não tem “pot odds” e o faz, você também ganha no longo prazo, mesmo que não ganhe esse pote em questão.

APOSTAR QUANDO É CORRETO SEU OPONENTE PAGAR

Ao mesmo tempo seria incorreto não apostar com a melhor mão, mesmo que você saiba que seu adversário terá “odds” para te pagar e tenha certeza que ele o fará. Não apostando, você está dando a seu oponente uma chance grátis de fazer a melhor mão. Colocando de outra maneira, você está dando a ele “odds infinitos”. Vamos dizer que seu oponente tem contra si 5-1 de “odds” de fazer uma mão melhor que a sua. Apostando $20 num pote de $150, você está oferecendo ao jogador 8,5-1 “odds” ($170-$20), então é correto para ele pagar os $20. Não apostando nada, você oferece a ele “odds infinitos”, pois ele terá que pagar ZERO para ter a chance de ganhar $150. Então quando o pote é grande, é sempre correto apostar com a melhor mão. Mesmo que o adversário tenha “odds” favorável para te pagar, ele será menos “favorecido” com você apostando, ou seja, sairá mais caro para ele mesmo quando ele tem “odds”. E há ainda a chance de ele dar “fold” quando você aposta. (o que CK e Raul costumam chamar de taxa de “take it down”).

No jogo “no limit” é mais fácil ganhar grandes potes imediatamente, pois você pode apostar qualquer quantia para pressionar seu adversário. Então você pode escolher qual “odds” dar ao seu adversário. Por exemplo, com $150 no pote e seu adversário tem 5-1 de chance de fazer a mão almejada, apostando mais $150, você dá a seu adversário 2-1 “odds” ($300-$150), caso ele pague, você não ficará triste, pois ele estará jogando errado. Então, sempre que possível, com a melhor mão, aposte uma quantia grande suficiente para que caso o pague, o seu adversário não esteja fazendo a coisa certa. (em termos de “pot odds”).

A não ser que você tenha a melhor mão possível, você deve sempre dar a seu oponente a oportunidade de dar “fold” e fazer ficar o mais caro possível para ele pagar, mesmo quando pagando ele continue tendo “odds” favorável.

APOSTAR (OU AUMENTAR) PARA CONDUZIR OPONENTES À DESISTENCIA

Um passo em direção a ganhar grandes potes é tirar da jogada o máximo de oponentes possíveis. Se um pote se tornou suficientemente grande para você tentar ganha-lo imediatamente, você deve definitivamente dar “raise”, até para tentar tirar o máximo de oponentes da mesa. Se todos os oponentes saírem, você ficará satisfeito, mas se seu “raise” cortar substancialmente o número de oponentes da mão, também será ótimo. Não

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é o caso se você fizer um “four” no “flop” ou no “turn”, nessa situação, a sua mão é tão boa que você vai querer coletar mais apostas com ela. Mas se você tiver com uma trinca e o bordo sugerir quedas para sequência ou “flush”, você deve tentar ganhar o grande pote imediatamente, ao invés de permitir aos seus oponentes que vejam o “river” de graça ou de maneira muito barata. Para esse tipo de jogada, o pote não necessariamente precisa ser gigante, mas relativamente grande para a estrutura de apostas do jogo

em que se está jogando.

APOSTAR (OU AUMENTAR) COM A SEGUNDA MELHOR MÃO

Há uma conclusão curiosa a respeito do princípio de tentar levar o pote imediatamente. É claro que você quer expulsar da mesa o máximo de jogadores possíveis quando você tem a melhor mão. Porém quando o pote é muito grande, é frequentemente desejável fazer o mesmo quando se suspeita que se tenha a segunda melhor mão. Especialmente quando se acredita que tem a segunda melhor mão e não está muito longe de ter a melhor mão. A sua porcentagem de chance de levar um grande pote sempre aumenta na medida em que seus oponentes vão dando “fold”.

RESUMINDO:

O conceito básico desse capítulo é muito simples. Quando o pote é grande, você deve ganha-lo agora mesmo. Para ganha-lo imediatamente, você deve apostar tanto quanto possível, esperando expulsar os adversários, ou ao menos reduzi-los. Você deve apostar e aumentar com a melhor mão, e deve frequentemente fazer o mesmo quando suspeita que a sua mão seja a segunda melhor. Quanto menos oponentes estiver no pote, maiores suas chances de ganhá-lo. Quando o pote está muito grande, ganhá-lo é a prioridade máxima para você.

CAPÍTULO 10

A CARTA LIVRE

O conceito de carta livre é exatamente o de “carta gratuita”, ou seja, é uma carta que não custa uma aposta para ser vista. Esse conceito é aplicado nos jogos de hold'em e stud, pois há várias rodadas de apostas.

No geral, quando se tem a melhor mão, você não irá querer dar a seu adversário uma carta gratuita, pois você o estará dando a chance de ver uma carta e tentar fazer uma mão melhor do que a sua sem ter que pagar por isso. Do mesmo modo que quando não se tem a melhor mão, você irá tentar ver uma carta gratuitamente para tentar levar aquele pote.

CEDENDO UMA CARTA LIVRE

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Ceder uma carta livre significa dar “check” numa mão onde você poderia apostar e quando se há ainda cartas por vir. Quando você sabe ou desconfia que tem a melhor mão, você tem que decidir se irá dar ou não a seu adversário uma “carta livre”. Nós vimos no último capítulo que quase nunca é certo ceder uma carta grátis quando o pote é grande. Você simplesmente deve ficar satisfeito com o que está no pote agora.

Vamos dizer que há $50 no pote e você dá “bet” $10, o seu oponente está tendo 6-1 “odds”. Ele é 5-1 favorito e deve dar “call”. Como vimos nos capítulos anteriores, dar a seu oponente uma “carta livre” é dar a ele “odds” infinito naquela rodada de apostas específica. O seu oponente precisa fazer zero de investimento para ter uma chance de vencer o que estiver no pote.

Quando não se é muito favorito, é ainda mais importante apostar ao invés de ceder uma carta gratuita. Vamos dizer que você tem 8 7 de espadas. O “flop” vem com 3 cartas de espadas. Com um pote modesto você já deve apostar mesmo achando que todos irão dar “fold”, pois você não deve dar a chance de que alguém que esteja, por exemplo, com um 10 de espadas faça um flush maior do que o seu no “turn” ou no “river”.

Você só deve dar “check” com seu “flush” se o pote for muito pequeno e você esperará ganhar mais disfarçando sua mão. Então caso não venha nenhum “flush” após o “flop”, seu lucro nas últimas rodadas de apostas serão consideravelmente maiores do que você ganharia apostando no “flop”. Entretanto se alguma outra carta de espadas vier, prepare-se para abandonar esse pote.

Quando se tem uma chance de apostar e se tem uma mão decente, especialmente uma mão que você pensa ser a melhor mão, é quase sempre correto apostar. As únicas condições onde não se deve apostar são as seguintes:

1. O pote é muito pequeno em comparação ao que será nas próximas rodadas de apostas e você irá ganhar muito mais disfarçando sua mão.

2. Você acha que poderá usar o “check-raise” contra um adversário.

3. Sua mão é tão forte que vale a pena ceder uma carta grátis mesmo com um pote mediano.

CEDER OU NÃO CEDER UMA CARTA LIVRE NA PRÁTICA

Veremos duas situações num jogo de hold'em para ver a diferença quando se deve apostar e quando se deve considerar dar “check”. Em ambos os casos tratam-se de um pote de tamanho mediano.

1. Você tem: J J FLOP: 10 10 3

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Com o par de valetes, você deve apostar e tentar levar o pote agora mesmo. Se você der a seus oponentes uma carta livre (com a sua melhor mão no momento), um ás, rei ou dama poderá aparecer no “turn” e você estará encrencado. Então, você não irá querer dar a seus adversários a chance disso acontecer e algum deles conseguir um par maior do que o seu. Mesmo que nenhum de seus adversários faça um par maior do que o seu, você dando “check”, dá a eles a chance de blefar com sucesso caso um ás, rei ou dama apareçam no bordo.

2. Agora você tem: A A FLOP: 10 10 3

Com um par de ases você deve considerar seriamente em dar “check” no flop. Nesse caso você não precisa temer nenhuma carta no “turn” ou no “river” como no primeiro caso (do par de valetes). Assumindo que ninguém tem os outros dois “dez” do baralho nas mãos, será lucrativo disfarçar sua mão para tentar lucrar mais nas próximas rodadas de apostas. Não somente você não teme que apareçam reis, damas e valetes, como você irá querer que isso aconteça, pois atrai oponentes que façam pares com essas cartas e que estarão no caso com a segunda melhor mão.O conceito básico a ser enfatizado é que você não deve dar ao seu oponente com uma carta pior do que a sua, uma carta gratuita que poderá tornar a mão dele melhor do que a sua. Aposte sempre que tiver a melhor mão, mesmo quando você achar que não vai ser pago.

GANHAR UMA CARTA LIVRE

Se não permitir que um adversário veja uma carta gratuitamente é importante, a mesma importância se tem em ver uma carta gratuitamente quando você não tem a melhor mão. Essa carta gratuita pode tornar uma mão em que você daria “fold” em uma mão vencedora ou mesmo o fazer economizar uma aposta. Claro que receber uma “carta livre” de um jogador bom é muito difícil. Uma maneira de se fazer isso é colocar um pequeno “raise” nas primeiras rodadas de apostas e esperar que todos deem “check” em volta de você e então você poderá também dar “check”. Para se fazer essa jogada, você tem que estar certo de que atuará depois de seus oponentes na próxima rodada.

POSIÇÃO E A CARTA LIVRE

Quando uma mão se reduz a dois jogadores, o jogador que age primeiro não consegue uma carta livre e sim o que age depois. Se você é o segundo a agir e o seu oponente deu “check”, você pode conseguir uma carta gratuita pedindo “check” também. Quando você pede “check” na primeira posição, você não está se dando uma carta gratuita, e sim a oferecendo a seu adversário. Ele que decidirá se apostará ou se irá ver a carta gratuitamente. Consequentemente, na primeira posição você terá que apostar algumas mãos que você não o faria caso estivesse na segunda, (posição), pois você não irá querer dar a chance a seu oponente dele abrir “check” por uma carta gratuita com uma mão pior do que a sua. Com uma mão marginal você deve apostar na primeira posição, especialmente quando você não teme um “raise”.

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CEDER OU NÃO CEDER UMA CARTA LIVRE COM UMA MÃO MARGINAL

Os fatores a serem considerados quando se deve decidir em apostar com uma mão marginal:

1. Suas chances de ter a melhor mão.

2.  As chances de uma próxima carta vir a dar a seu adversário a melhor mão.

3.  O tamanho do pote.

Quanto maior o pote e as chances de seu adversário fazer uma mão melhor do que a sua na próxima carta mais razões você tem para apostar.Vamos a um exemplo prático:

FLOP: J 7 3

Sua mão 1: A 7

Sua mão 2 : 8 8

Com qual das duas mãos você tende mais a apostar? Você está em melhor situação na mão 1 do que na mão 2, pois há 5 cartas que podem melhorar a sua mão 1 (3 “ases” e 2 “setes”) enquanto apenas duas cartas remanescentes irão melhorar a sua mão 2 (os outros dois “oitos”). A partir do momento em que você tem mais maneiras de melhorar a sua mão e ganhar de quem, por exemplo, tem par de valetes, você estará mais inclinado a apostar com o A7. Quando você está decidindo em apostar ou não e estiver temeroso em cometer um erro, você deve manter em mente um principio muito importante: Um erro que custa o pote é uma catástrofe, especialmente se o pote for grande, enquanto um erro que custa apenas uma aposta não. Quando estiver em dúvida, esteja certo de que não está cometendo um erro que custe o pote. Dar “check” e a oportunidade ao seu oponente de ver uma carta gratuitamente e dele fazer uma melhor mão pode custar o pote. Entretanto apostar e ser pago por uma mão melhor custa somente aquela aposta. Então o único momento para se conceder carta livre é quando a sua mão é tão forte que o risco de ser batido pelo oponente após a carta gratuita ser colocada na mesa seja mínimo e escondendo seu jogo para lucrar muito mais nas próximas rodadas de apostas daquela mão.

CAPÍTULO 11

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O SEMI-BLEFEQuanto mais maneiras de se fazer com que sua mão se torne a melhor mão, mais razões você tem para apostar. O semi-blefe é uma extensão desse conceito. Eu defino semi-blefe dessa maneira: O semi-blefe é uma aposta com uma mão que se for paga não se espera que ela seja a melhor mão no momento, mas que tem uma chance razoável de se tornar a melhor mão e ganhar das outras que estão na jogada.Obviamente, então, o semi-blefe não pode ocorrer quando não se há mais cartas por vir. Quando você aposta como semi-blefe você quer ganhar a mão naquele momento, assim como num blefe. Entretanto em contraste com o blefe puro, você ainda tem chance de ganhar de seu oponente caso seja pago. Quando se está semi-blefando, quer se que seu oponente saia da mão, pois ele pode estar dando “fold” na melhor mão. Todos os profissionais usam esse conceito e o semi-blefe pode ser usado em qualquer jogo sendo um “bet”, um “raise” ou até mesmo um “check-raise”.

VANTAGENS DO SEMI-BLEFEO semi-blefe tende a fazer seu oponente a jogar incorretamente de acordo com o Teorema Fundamental do Poker. Quando você está semi-blefando você provavelmente não tem a melhor mão. Se seu oponente pudesse ver suas cartas a jogada certa para ele seria entrar em você de “raise”. Entretanto desde que você está representando algum jogo com o seu semi-blefe, os oponentes estarão mais propícios a darem apenas “call”. Às vezes eles irão dar “fold” na melhor mão o que seria a jogada mais errada para eles.Quando a mão em que se está semi-blefando é de fato a melhor mão naquele momento, apostando você não irá cometer o erro de dar cartas gratuitas a seu adversário.

Outro ponto positivo do semi-blefe é que quando você consegue a carta que se está esperando, seu adversário quase sempre irá ter uma leitura errada devido à sua aposta na rodada anterior. Então quando se consegue a mão esperada, se configura um cenário para ter ganhos altos com essa mão. Quando se aposta usando o semi-blefe, tem se a chance de ganhar o pote naquele momento mostrando mais força do que realmente se tem. Com essa força mostrada, os adversários tendem a respeitá-lo mais na mesa dali em diante. Por outro lado, caso você seja pego num semi-blefe e perca o pote, isso pode ter valor como uma propaganda enganosa a seu respeito para o futuro.

SEMI-BLEFES E PURO BLEFE

O blefe puro é uma aposta que caso seja paga não tem a menor chance de ganhar o pote no mostrar das cartas. O semi-blefe é uma aposta com mais

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cartas por vir que se for pago provavelmente não será a melhor mão no momento, mas tem uma razoável chance de se tornar a melhor mão.Muitos jogadores profissionais acreditam que seus blefes devem ter expectativa negativa. Eles os veem como uma forma de propaganda para a ocasião que eles realmente tiverem a melhor mão. Eu acredito que o blefe é uma importante parte do jogo. Se você nunca blefar, seus oponentes saberão sempre quando você terá uma mão legitima e não os darão a ação que você irá querer nesse caso. O que é importante ressaltar também, é que às vezes você acha que está semi-blefando e na verdade está apostando efetivamente com a melhor mão. Outra consideração a respeito do semi-blefe é o tamanho do pote. Quanto maior o pote e maior o "pot odds" que se está tendo, mais lucrativo será o semi-blefe.

QUANDO NÃO SEMI-BLEFARComo podemos ver, o semi-blefe pode ser lucrativo porque às vezes ele funciona como um blefe (quando o seu oponente dá “fold” na melhor mão) e às vezes o faz melhorar sua mão para se torna-la a melhor mão (quando o seu oponente dá “call”). É a combinação dessas duas circunstancias que faz o semi-blefe ser lucrativo. Entretanto é importante ressaltar que você não deve semi-blefar caso tenha certeza que irá ser pago. É ainda uma boa idéia semi-blefar menos quando se é o último a falar, especialmente se muitos jogadores derem “check” na sua frente.

SUMÁRIO1) O semi-blefe é um “bet”, um “raise” ou um “check-raise” que pode ser usado com uma ampla variedade de mãos e que você acredita não ser a melhor mão no momento. Entretanto ela pode vencer não somente quando seu oponente dá “fold”, mas ainda no mostrar das cartas quando ela melhora e passa a ser a melhor mão. A sua mão pode ainda vencer quando o seu oponente dá “fold” na última rodada de apostas depois de você capturar uma carta assustadora no bordo e que faça parecer que sua mão é a melhor.2) O semi-blefe deve ser usado apenas quando há mais cartas por vir.

3) Às vezes uma mão que você pensa que está semi-blefando é de fato a melhor mão. Apostando você impede uma mão pior do que a sua de conseguir uma carta gratuita.4) O semi-blefe o permite ser o apostador ao invés do pagador, o que quase sempre o coloca numa posição de vantagem. 5) O semi-blefe é uma boa maneira de randomizar seus blefes com o adicional de que você pode ganhar a mão caso seja pago. 6) Você não deve semi-blefar quando tem certeza que seu adversário irá pagá-lo. Entretanto se sentir que há uma chance de seu adversário desistir da mão, você deve apostar ou até mesmo dar “raise” com um semi-blefe nas mãos, especialmente quando o pote é grande.

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7) É geralmente melhor semi-blefar quando se é o primeiro a falar, quando você é o último a falar você tem a oportunidade de se dar uma “carta livre” e você não irá querer correr o risco de seu oponente lhe aplicar o “check-raise”.

CAPÍTULO 12

DEFESA PARA O SEMI-BLEFESe você sabe que seu oponente está semi-blefando quando ele aposta, você pode simplesmente dar “raise” sem nada nas mãos e fazê-lo sair da mão. O problema é quando se acha que ele está semi-blefando, mas não se tem muita certeza se ele tem uma mão legitima ou não. E além do mais, ele pode não ter uma mão legitima agora, mas poderá ter depois, ou representar que tenha.

Enfim, não há muitos tipos de defesa contra semi-blefes. Frequentemente a melhor jogada contra semi-blefes é “fold”, especialmente quando o pote em questão é pequeno. Bom, o seu oponente o pegou e o fez jogar fora a melhor mão, mas se você desse “call” na aposta dele, ele teria três maneiras de ganhar de você. Ele poderia de fato ter a melhor mão quando apostou, ele poderia estar semi-blefando e conseguiu a carta que precisava, ou ele poderia estar semi-blefando e veio no bordo uma carta “assustadora” que forçará você a desistir da mão.Exemplificando:Você: K -8Seu adversário: Q -TFlop: K - J - 3

Seu adversário aposta semi-blefando, ou seja, ele tem a pior mão no momento, mas tem queda para sequência e para “flush” de espadas. Dependendo do tamanho do pote, mesmo achando que você tem a melhor mão no momento (“top pair”), às vezes é correto dar “fold”. O que chamamos de “carta assustadora” é caso venha um ás no turn ou no river caso você tenha continuado na mão, fazendo com que você suspeite que seu par de reis talvez não seja mais o “top pair” da mão.A grande dificuldade de se defender contra o semi-blefe é exatamente devido às várias formas de se perder. Geralmente você pode ser vencido por uma mão legítima ou o seu adversário pode ter a sorte de conseguir a carta que ele está esperando no bordo.

AUMENTAR SEMI-BLEFANDO É UMA DEFESA CONTRA O SEMI-BLEFEUma das melhores estratégias para se defender contra um semi-blefe é o “semi-blefe raise”. Caso no exemplo acima você dê um “raise” suficientemente grande, um bom jogador semi-blefando saberá que deverá

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jogar fora sua mão. (note bem, um bom jogador, pois é frequente vermos “patos” pagando “raises” erroneamente e se dando bem ao acaso da sorte). É claro que quando você não estiver com a melhor mão no momento (não é o caso acima), e suspeitar que seu oponente estiver semi-blefando e der “raise” por cima dele esperando que ele jogue fora, tendo ele um top pair com quedas para flush ou sequência, você estará encrencado. É muito comum também roubar pingos através de semi-blefes. Um jogador dá “raise” rapidamente representando uma mão forte e torna caro para o adversário para continuar na mão. Não sendo um blefe puro, e sim um semi-blefe, caso seja pago o semi-blefador ainda terá chances de conseguir a carta que precisa, porém o mais provável é que o adversário desista da jogada.

Quando se está semi-blefando, você pode ganhar de 3 maneiras, fazendo seus oponentes saírem da jogada de primeira, conseguindo uma carta perfeita no bordo ou uma “carta assustadora” na próxima rodada que também fará seu adversário desistir. Essas combinações de possibilidades juntas o fazem favorito quando você dá “raise”.Mas o que acontece se ao invés de dar “call” no meu “raise”, o meu adversário vier de “reraise”? De repente meu semi-blefe foi descoberto e pressentido.

Quando se entra de “reraise” em um possível semi-blefe, seu oponente tende a jogar fora (fold), pois você o pegou sem uma mão legítima. Observe então que em nenhuma situação um simples “call” é uma defesa contra um semi-blefe. Você não pode dizer para si mesmo. “Bom, isso deve ser um semi-blefe e eu devo ter a melhor mão até o momento, então vou dar “call””. Quando você dá “call” você permite que seu oponente faça a melhor mão, caso ainda não a tenha, de maneira barata ou até mesmo permite que ele represente-a. Entretanto quando você dá “raise” você elimina essas duas últimas possibilidades. O seu oponente irá dar “reraise” com uma mão boa no seu semi-blefe e caso seja ele o semi-blefador provavelmente irá dar “fold” quando você der “reraise” no caso dele não ter uma boa mão.

Outra vantagem do seu “raise” é que ele intimida o seu adversário de semi-blefar contra você no futuro.Repetindo, quando você suspeita que um oponente possa estar semi-blefando, você deve na maioria das vezes jogar fora suas mãos. Entretanto, quando você tem uma mão digna de “call”, na maioria dos casos você deve entrar de “raise”. Essa é apenas mais uma das situações no poker onde dar “fold” não é a melhor jogada e sim dar “raise” e dar “call” é a pior das 3 alternativas.

Uma situação que sempre acontece no hold’em que pede um semi-blefe “raise”. Você é o último a falar e recebe, por exemplo, A Q . Uma bela mão inicial. De repente a pessoa à sua direita dá “raise” e você suspeita que ele esteja usando sua posição para roubar os "blinds" e antes. Desde que sua mão é muito boa para jogar fora, você deve dar “reraise”. Você não deve dar um simples “call” com uma mão forte dessas e dar a chance extra a seu oponente de vencê-lo no bordo. Você deve sempre entrar de “reraise” para fazê-lo jogar fora ou para fazê-lo pagar um preço justo para ver o bordo com sua mão ruim ou mediana.

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Ao agir dessa maneira você impede que semi-blefadores tentem isso muitas vezes com você durante o jogo. Pegando-os desse jeito, você reduz sensivelmente a quantidade de vezes que eles tentarão esse tipo de jogada contra você. Seus “reraises” os irão fazer pensar duas vezes quando quiserem semi-blefar contra você no futuro.

QUANDO PAGAR E QUANDO AUMENTAR Até esse ponto, dissemos que as duas principais maneiras de se defender contra um semi-blefe é simplesmente desistindo e dando "fold" ou entrando de “reraise”. A questão agora é quando agir de uma maneira e quando agir de outra. Quando você dará "fold" e quando dará “raise”?É claro que quando você tem uma mão ruim, você dá "fold". E quando você tem uma mão boa você dá "raise", a não ser que ela seja boa o suficiente para fazer o "jogo lento" e enganar seus oponentes. A decisão difícil acontece quando você tem uma mão mediana.Há 3 critérios que você deve usar para decidir entre dar “raise” ou “fold”.1) As chances de seu oponente estar blefando ou semi-blefando2) As chances de seu oponente conseguir uma carta perfeita caso ele esteja apostando com a pior mão3) As chances de você conseguir a carta perfeita caso ele esteja apostando com a melhor mão.Quanto mais você acreditar que seu oponente esteja blefando ou semi-blefando e maiores suas chances de conseguir uma carta perfeita que o faça vencedor, caso ele não esteja com uma mão legítima, mais você tenderá a entrar de “raise”.Da mesma maneira quanto menor sejam essas chances e maiores as chances dele conseguir sua carta perfeita caso ele esteja apostando com a pior mão no momento, mais você tenderá a dar “fold”.

EXCEÇÕES QUANDO PAGAR É CORRETO Dar “fold” ou “raise” é a jogada correta na maioria das vezes. Há 3 situações onde dar “call” pode ser correto.1) Pagando um possivel semi-blefe quando o pote é grande

Quando o pote é muito grande, você não pode dar “fold” num semi-blefe, caso esteja com uma mão no mínimo competitiva. Ao mesmo tempo, não há porque entrar de “raise” para tentar expulsar seu adversário da mão, já que devido ao tamanho do pote ele irá pagar de qualquer maneira mesmo semi-blefando. E caso ele não esteja semi-blefando e tenha a melhor mão no momento ele irá dar “reraise” em você. Então, nesse caso, a melhor coisa a fazer é apenas pagar.

2) Pagando apostas futuras

É comum jogadores cometerem um erro de dar “raise” com uma mão boa, mas não tão boa, quando se pensa que o adversário apostou com uma queda para flush ou sequência. Se a aposta dele foi legítima, você estará

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encrencado. Se não, ele provavelmente irá pagar seu “raise” para tentar a queda, o que elimina as razões para você o fazê-lo. Então, tudo o que você está fazendo é doando dinheiro para o pote. Você deve apenas pagar (call).Entretanto, quando vem o "turn" e seu oponente não conseguir a carta perfeita para a queda, você passa a ser o favorito e aí o correto é apostar. Se a carta que ele estiver esperando vir, você deve dar “check” e “fold” caso ele aposte. A não ser que você tenha um excelente "pot odds" para continuar na mão.3) O semi-blefe "raise" retardado

O terceiro caso onde o “call” contra um possível semi-blefe pode ser uma boa jogada é o que chamo de “delayed semi-bluff raise”. É uma jogada que faço contra bons jogadores que são familiarizados com o semi-blefe “raise” como resposta a seus semi-blefes.

Quando eu suspeito que um adversário desse perfil esteja semi-blefando com uma pior mão do que a minha, eu apenas dou “call”. Quando a próxima carta é neutra e não serve para nenhum dos dois e ele aposta, eu entro de “raise”. Isso confunde o adversário. Essa confusão que o meu “call” – “raise” gerou, geralmente faz o adversário desistir da mão, caso o "turn" não o favoreça.

O “call” pode ser uma boa defesa contra um possível semi-blefe numa situação como essas descritas acima, porém, lembre-se que a jogada correta normalmente é “fold” com mãos marginais e caso o “fold” não seja apropriadamente correto, entre de “raise”.

Quando alguém dá “bet” ou “raise”, mas talvez esteja semi-blefando, sua decisão é uma das mais difíceis do poker. Você deve escolher entre "fold"; "raise"; "reraise"; "call" e “bet” na próxima rodada; "call" e "check-raise" na próxima rodada; "call" e "check" e "call" na próxima rodada ou "call" e "fold" na próxima rodada caso a carta que seu oponente esteja esperando venha no bordo. Tomar a decisão correta e consistente é que separa os grandes campeões de meros jogadores comuns.

CAPÍTULO 13

"RAISING"De acordo com o Teorema Fundamental do Poker, você ganha quando seus oponentes jogam diferentemente da maneira que eles jogariam caso pudessem saber o que você tem nas mãos. Toda vez que você dá “raise”, por qualquer razão tática, o que você está fazendo é evitando cometer um erro e permitindo que seu oponente erre. Há inúmeras razões para entrar de “raise’. Muitas já foram discutidas nos capítulos anteriores. Nesse

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capitulo iremos rever essas razões e explicar a maioria delas detalhadamente. Nós ainda explicaremos como dar “raise” pode ser uma extensão do Teorema do Poker.

Nós reduzimos os principais motivos para se dar “raise” em sete partes:1. Para aumentar a quantidade de dinheiro no pote quando se tem a melhor mão.2. Para expulsar os oponentes quando se tem a melhor mão3. Para blefar ou semi-blefar4. Para se conseguir uma carta gratuitamente (free card)5. Para ganhar informação6. Para expulsar mãos piores do que a sua quando a sua provavelmente é a segunda melhor7. Para expulsar mãos melhores do que a sua quando existe uma aposta feita por alguém com uma queda.

Agora vamos olhar cada um desses motivos individualmente.

"RAISING" PARA AUMENTAR A QUANTIDADE DE DINHEIRO NO POTE

Colocar mais dinheiro no pote é a razão primária de se dar “raise” quando se tem a melhor mão. Essencialmente a decisão de se dar “raise” n as primeiras rodadas de apostas depende do tamanho do pote e de quão favorito você acha que sua mão é.Ironicamente, quanto melhor a sua mão, mais razões você terá para não dar “raise” nas primeiras rodadas de apostas. Se você achar que dando “raise” seus adversários sairão da mão ao mesmo tempo em que eles pagariam caso outro adversário aposte e se ao mesmo tempo você achar que seus adversários não terão "pot odds" suficiente para pagar essa aposta, então você não deve dar “raise”. Você deve dar a oportunidade a seus oponentes de cometer um erro dando “call”. Entretanto se eles tiverem "pot odds" para pagar uma aposta, que é o que acontece na maioria dos casos, você deve dar “raise”, mesmo que eles também tenham "pot odds" para pagar seu “raise”. Nesse caso, mesmo que você queira que eles tivessem dado “fold”, ao pagar a aposta eles estarão aumentando a quantidade de dinheiro no pote que você espera ganhar na maioria das vezes. À medida que o pote for se tornando cada vez maior, se tornará menos importante esconder suas grandes mãos e mais importante conseguir mais dinheiro para o pote. Existem situações ainda em que se pode conseguir mais dinheiro para o pote sem dar “raise”. Às vezes mesmo sem mais cartas por vir, quando se está num pote com mais de um oponente, é melhor dar “call” do que entrar de “raise”, evitando o risco de o adversário te dar “reraise”. O objetivo de dar “call” está em extrair mais dinheiro de adversários que falarão depois de você, que você sabe que provavelmente dariam "fold" caso você entrasse de “raise”, mas pagariam o seu “call”. Dando “call”, você ganha duas apostas extras de dois adversários que falarão depois de você, ou três caso haja três adversários, e assim sucessivamente. Dando “raise”, provavelmente você só ganhará uma aposta extra do apostador original, ou não ganhará nenhum, caso ele desista da mão.Ainda o seu “raise” o pode custar duas apostas se o apostador original entrar de “reraise” e você der “fold”. Ou três, caso ele dê “reraise” e você pague com a segunda melhor mão. Pode ainda o custar duas apostas caso o

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apostador original pague seu “raise” e tenha a melhor mão. Para dar “call” nesse caso, é importante saber que os adversários que falarão depois de você certamente têm a mão pior do que a sua. Se existe a possibilidade de um deles ter a mão melhor do que a sua e talvez não pague seu “raise” é melhor entrar de “raise” quando se tem uma chance real de ganhar também do apostador original.

"RAISING" PARA EXPULSAR SEUS OPONENTES

Quando se dá “raise” para expulsar seus adversários, o que se está fazendo na verdade é reduzindo as chances deles. (seu odds). Reduzindo o "odds" de um jogador, entende-se por diminuir a quantidade de dinheiro que ele pode ganhar por dólar investido. Por exemplo, se há $100 no pote, alguém aposta $10 e você dá “call” $10, o próximo jogador a falar tem 12-1 "odds" para dar “call”. Ou seja, esse jogador espera ganhar $120 pelo seu $10 pago, ou $12 por dólar investido. Supomos que você dê “raise” no apostador original, fazendo o próximo a falar ter que pagar $20 para continuar na mão. Agora há $130 no pote ao invés de $120, mas o próximo a falar terá que investir o dobro pela chance da vitória. Você então “cortou” o "odds" dele quase que pela metade. De $120 - $10 para $130 - $20, ou de 12-1 para 13-2 (ou 6,5-1). Você fazendo isso, cria uma situação onde permite que seu adversário cometa um erro de acordo com o teorema fundamental do poker ao dar “call”.Repetindo, quando se dá “raise” para expulsar seu oponente, na verdade o que se está fazendo é reduzindo o "pot odds" deles. Se eles derem “fold”, tudo bem. Só que às vezes você corta tanto as chances deles (odds) que é até melhor que eles paguem, pois estariam cometendo um grande erro matemático. Nos jogos sem limite (no limit) você pode controlar o "odds" que se está dando a seus adversários pela quantidade apostada, ou seja, pelo tamanho da sua aposta, e frequentemente você se verá em algumas situações onde você espera que seus adversários deem “call” no seu “raise” ao mesmo tempo em que você quer que eles deem “fold” se você tiver apenas dado “call”. Você sempre irá querer dar a chance a seu adversário de cometer um erro, mesmo que esse erro permita a ele ter uma grande sorte e o faça conseguir a melhor mão por causa desse erro. No poker assim como em outros jogos de habilidades que há elementos de sorte, não se pode jogar apenas com o resultado em questão. Não se deve julgar o valor de uma jogada de acordo com a maneira que ela foi desenvolvida num exemplo específico. Deve-se pensar no jogo como num grande jogo. Por isso a necessidade de se jogar certo, pensando em "odds", não cometendo erros e promovendo o erro de seus adversários.Você deve dar “raise” com a mão que você julga ser a melhor quando seus oponentes têm "odds" suficiente para te pagar.

"RAISING" COMO BLEFE OU SEMI-BLEFE.

Dar “raise” como um puro blefe com uma mão que não tem a menor chance de ganhar caso seja paga é uma jogada complicada, há muito risco para ser tentada.Ela é usada geralmente quando não se tem mais cartas por vir e você não fez a mão que estava esperando e está tentando convencer a seu oponente que você a fez.

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Quanto pior jogar o seu adversário, mais provavelmente ele irá pagar o seu “raise” com qualquer mão. O “raise” como um blefe é uma parte muito importante do poker “no limit”.O “raise” como um semi-blefe é mais significante e mais frequentemente usado como parte do arsenal dos "top players". Assim como no blefe puro, você dá um “raise – semi-blefe” esperando ganhar o pote naquele exato momento. Porém contrastando com o puro blefe, você sempre entra de “raise – semi-blefe” com mais cartas por vir e com uma mão que pode melhorar, então há uma chance razoável de você conseguir sua mão e levar o pote mesmo quando se é pago pelo adversário.Como vimos no último capítulo, o “raise – semi-blefe” pode ainda ser uma defesa contra alguém que esteja semi-blefando. Quando se entra de “raise” em um jogador que está semi-blefando, geralmente ele joga sua mão fora. E quando ele dá “call” no seu “raise” você pode ter certeza que ele tem o que ele está representando ter. Então um benefício adicional para o seu “raise – semi-blefe” é que você ganha um pouco de informação. Além disso, seu oponente pode ficar temeroso de você ter a melhor mão e abrir “check” na próxima rodada de apostas o dando uma carta gratuita.Então, mesmo que você não consiga sua meta principal quando se está dando “raise” nessas condições que é que seu oponente dê “fold”, você sempre consegue secundariamente, ganhar informação ou uma “carta grátis”. Ao mesmo tempo quando se dá “raise” para expulsar mãos piores do que a sua, mas um de seus oponentes o paga, você ao menos conseguiu uma das metas secundárias que é colocar mais dinheiro no pote que você acha que é o favorito a vencer.

"RAISING" PARA GANHAR UMA CARTA GRATUITA

Como percebemos, quando um “raise – semi-blefe” é pago, é possível conseguir uma carta gratuitamente na próxima rodada de apostas. Entretanto quando se pensa em dar “raise” especificamente para conseguir uma “carta grátis”, devem-se considerar duas coisas. Sua posição e o custo do “raise”.Para se conseguir uma “carta grátis” deve-se ser o último a agir. Se você não é o último e abriu “check”, você mostrou fraqueza. Um jogador com uma mão melhor do que a sua provavelmente apostará o impedindo de conseguir uma carta gratuita.Se você tiver alguma dúvida sobre assegurar a posição de último a falar na próxima rodada de apostas o “raise” para conseguir uma carta gratuita pode apenas custar mais dinheiro para você.Quando se pensa em apostar para se conseguir uma “carta grátis”, na verdade essa carta não está saindo totalmente gratuita para você. Ela o custa o tamanho do seu “raise”. Então a não ser que você tenha outras razões para apostar, você só deve fazer essa jogada quando o custo do “raise” é menor do que o custo que você teria para pagar uma aposta na próxima rodada.

"RAISING" PARA CONSEGUIR INFORMAÇÕES

Dar “raise” simplesmente para conseguir informação é uma jogada duvidosa e complicada e não deve ser feita com frequência. Geralmente deve se considerar qualquer informação ganha como um benefício extra por um “raise” dado por outro motivo quaisquer.

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Há ocasiões que custa menos para você dar “raise” para ganhar informação do que custaria se você não tivesse conduzido seu oponente a desistir de sua mão. Essas ocasiões acontecem geralmente nas situações de “heads up” e apenas nas primeiras rodadas de apostas. Além disso, seu oponente pode ser o tipo de jogador que pode ser facilmente “lido” através da atitude perante a sua aposta. De outro modo o seu “raise” pode muito bem lhe dar informações erradas.Um benefício adicional do “raise” para se conseguir informação é que o mesmo pode fazer o adversário desistir de mãos marginais erroneamente.O conceito na verdade é investir cedo num “raise” para ganhar informação para economizar dinheiro mais tarde naquela mão.

"RAISING" PARA EXPULSAR MÃOS PIORES QUANDO SE TEM A SEGUNDA MELHOR MÃO

Dependendo do tamanho do pote, às vezes pode ser correto dar “raise” com o que você acredita ser a segunda melhor mão para expulsar a terceira, quarta e quinta melhores mãos do pote. O conceito aqui é melhorar suas chances percentuais de ganhar o pote se isolando com o apostador original (que é quem você acredita ter a melhor mão). Esse isolamento pode fazer suas chances aumentarem e você pode tentar conseguir a carta que se está esperando no caso de quedas, ou apenas tentar melhorar sua mão em virtude do tamanho do pote.

"RAISING" PARA EXPULSAR A MELHOR MÃO QUANDO A APOSTA FOI FEITA POR ALGUEM COM UMA QUEDA

Acontece quando alguém que claramente está com uma queda (seja para sequência ou para flush) aposta e você têm um par de dez ou outro jogo mediano quaisquer e há vários outros jogadores a falar depois de você que você sabe que tem mãos melhores do que a sua, com pares mais altos, por exemplo. Nesse caso, um “raise” expulsa os jogadores com mãos melhores do que a sua o isolando com o apostador original e o tornando favorito contra ele. Caso o apostador original não consiga sua queda, uma aposta na ultima rodada o fará desistir da mão o fazendo ganhar o pote. Caso você suspeite que um desses jogadores com a mão melhor do que a sua possa pagar o seu “raise”, você não só não deve aumentar como não deve dar “call” também. Saia da mão.

"RAISING" VERSUS "FOLD" OU "CALL"

“Raise” é sempre uma alternativa melhor do que “fold”, sendo “call” a pior das três. Tais situações ocorrem frequentemente quando há muitos jogadores no pote. Quando se dá “raise” com par de dez para se isolar contra um jogador com uma queda você está fazendo algo lucrativo, ao mesmo tempo dar “call” o faz ser o azarão. Se você não conseguir expulsar os outros adversários haverá muitas maneiras de se perder esse pote, então a sua melhor alternativa será desistir da mão. Como já foi discutido anteriormente, “raise” é melhor do que “call” contra um possível semi-blefe quando sua mão é muito boa para se desistir dela. É melhor por uma série de motivos. O faz ficar no controle da mão. Às vezes o permite levar o pote naquele momento. Permite que você consiga uma

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carta gratuita. Impede o seu adversário de conseguir uma “carta grátis” de maneira barata.

SUMARIO

Alguns jogadores são receosos em dar “raise”, especialmente nas situações descritas acima. Entretanto o “raise” não deve ser uma jogada rara no seu arsenal. Se para ter mais dinheiro no pote, para expulsar adversários, para semi-blefar, ou por outros motivos, for necessário entrar de “raise” considerando uma estratégia matemática ou quando a situação demandar, faça com firmeza.

CAPÍTULO 14

"CHECK-RAISING""Check-Raising" e jogo lento são duas maneiras de se jogar uma mão forte de maneira fraca para criar armadilhas para os adversários e ganhar mais dinheiro deles. Entretanto elas não são idênticas. "Check-Raising" é “dar” “check” com a intenção de vir com o “raise” na mesma rodada de apostas depois de o adversário apostar. jogo lento, que discutiremos mais detalhadamente no próximo capítulo é jogado de uma maneira que não dá a menor idéia a seu oponente da força de sua mão. Pode ser um “check” e depois “call” numa aposta, ou pode ser apenas um “call” numa aposta prévia de um oponente. Quando você joga jogo lento, você está usando um disfarce para manter as pessoas na mão para poder mover fortemente numa última rodada de apostas. Claramente então, a mão que você está jogando jogo lento deve ser muito mais forte do que a mão que você está jogando “check-raise”. "Check-raising" pode expulsar os oponentes da mão e talvez o faça ganhar a mão naquele instante, já o jogo lento dá ao oponente cartas gratuitas ou relativamente baratas, o fazendo continuar na mão.

A ÉTICA DO "CHECK-RAISING"Há alguns jogadores amadores que acha algo repreensível o uso do "check-raising". Se o "check-raising" e o jogo lento não fossem permitidos o jogo de poker iria perder tanto quanto se o blefe e o semi-blefe também não fossem. Certamente os dois tipos de jogada se complementam e um bom jogador deve dominar ambos. O "check-raise" é uma arma poderosa.É simplesmente uma das ferramentas que um jogador de poker tem e deverá usá-la sempre que necessário para praticar sua arte. Não permitir o "check-raising" em seu jogo caseiro é algo como não permitir um passe no futebol ou uma rebatida no baseball. Sem isso o poker perde uma porção significativa de sua estratégia que é ganhar dinheiro e que faz o jogo ser divertido. Eu aprecio muito mais um oponente quando ele me engana com um "check-raise" do que quando ele consegue uma carta dando “call”

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erroneamente. E se no primeiro caso eu ficar com raiva de alguma coisa, será de mim mesmo por ter caído na armadilha.

CONDIÇÕES NECESSARIAS PARA O "CHECK-RAISING"Duas condições são necessárias para se encaixar o “check-raise” com valor, que é quando você espera ser pago por uma mão pior do que a sua. Primeiro você deve achar que tem a melhor mão, mas não uma mão maravilhosa ao qual um jogo lento seria mais bem apropriado. Segundo, você deve estar certo que alguém que falará depois de você irá apostar caso você abra “check”. Veja você só deve usar o check-raise se tiver certeza que seu oponente apostará. Essa condição é muito importante. Quando você planeja usar o check-raise, você deve sempre manter em mente que poderá estar cometendo um erro grave, um erro duplo. Se você der “check” e ninguém apostar depois de você, você estará dando uma carta gratuita para seus oponentes que dariam “fold” caso você tivesse apostado e estará perdendo uma aposta de quem teria pagado caso você tivesse apostado. Então você deve estar muito certo de que essa ferramenta funcionará antes de pensar em usá-la.

CHECK-RAISING E A POSIÇÃOQuando se está planejando usar o check-raise com muitos jogadores no pote, você deve considerar a posição do jogador que você espera que aposte, pois essa posição determina o tipo de mão com que se vai empregar a manobra.Vamos dizer que você tem um par de reis no river e o adversário que você supõe ter um par de damas esteja a sua direita. Par de reis é uma boa mão, mas não uma grande mão e você quer que todos saiam da mão. Você dá “check” e quando o jogador com o par de damas aposta, você dá o “raise”. Você está forçando todos os outros jogadores na mão a darem “call” numa aposta dobrada (num double bet), o apostador original aposta, você imediatamente entra de “raise” e todos certamente irão sair da mão. Você não se importa se o jogador com par de damas pagar o seu “raise”, já que você é o favorito, entretanto, se ele sair da jogada, tudo bem pra você também.Agora suponhamos que o jogador com o par de damas esteja à sua esquerda ao invés da direita. Nesse caso você deve apostar com o par de reis mesmo sabendo que o jogador com as damas apostaria caso você abrisse “check” e mesmo sabendo que você tem a melhor mão. Quando você aposta nessa situação, você está esperando que as damas deem “raise” então a aposta dobrada irá expulsar os outros oponentes da mão assim como o seu check-raise no outro exemplo. E se no caso o seu oponente der “raise”, você ainda pode dar “reraise”.Suponha que ao invés de par de reis no river você tenha feito trinca de reis. Agora você tem uma mão muito forte e sua mão pode “tolerar” “calls”. Entretanto você deve usar a estratégia oposta à empregada com o par de reis. Com o provável apostador à sua direita você deve apostar e depois de todos darem “call”, você espera que o “provável apostador” dê “raise”, então os outros jogadores irão dar “call” num “single bet” duas vezes (o que é muito mais provável do que dar “call” uma vez num bet dobrado).

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Em suma, a maneira que você aposta ou emprega o “check-raise” depende da força da sua mão em relação ao que você percebe das outras mãos e da posição do jogador que você espera que aposte ou que dê “raise” depois de você dar “check” ou “bet”. Com uma mão razoavelmente boa como um par, um par e um “top kicker”, você tenta fazer seus oponentes darem “call” numa aposta dobrada, pois o que você quer é expulsá-los da mão. Com uma mão genuinamente boa como trinca de reis ou de ás sua jogada deve induzir seus oponentes a pagarem uma aposta simples, então você os convida novamente a pagar outra aposta simples. Nesse caso você não se importa deles continuarem na mão, já que você é o grande favorito.

“CHECK-RAISING” COM A SEGUNDA MELHOR MÃOGeralmente você usa essa manobra quando acha que tem a melhor mão. É frequentemente correto dar check-raise com o que se acha ser a segunda melhor mão se a jogada conseguir expulsar outros oponentes. O princípio aqui é idêntico ao princípio de se dar “raise” com o que se acha ser a segunda melhor mão explicado no capítulo 9 e no capítulo 13. Se a provável melhor mão estiver imediatamente à sua direita, você pode dar “check”, esperar que outro jogador aposte e então dê “raise” suficiente para que o resto da mesa saia da mão. Enquanto você não é o favorito, você pelo menos aumentou consideravelmente suas chances se isolando e há ainda a chance de se ganhar potes secundários oriundos das primeiras rodadas de apostas.Às vezes pode-se dar “check-raise” com uma queda. Com uma queda para flush, muitas pessoas no pote, você não esperando um “reraise” e tendo um bom e suficiente “odds” especialmente se ainda houver o “turn” e o “river” por vir. Essa jogada só deve ser usada quando o provável apostador está imediatamente à sua esquerda, então os outros jogadores irão dar “call” no provável apostador antes deles perceberem que você irá entrar de “raise”. Você aqui não quer expulsar ninguém do pote, você quer que seu “odds” sejam suficientes para o seu “raise”.

SUMARIOOs fatores que devem ser considerados quando se planeja usar o check-raise:

1) A força de sua mão. (o quão forte ela realmente é)2) Se realmente irão apostar caso você dê “check”3) A posição do provável apostador.

Usar o check-raise para diluir o campo de batalha deve-se ter o provável apostador à sua direita, então os jogadores irão ter que pagar uma aposta dobrada para continuar no jogo. Com uma mão muito forte e mais cartas por vir, você irá querer que o provável apostador esteja à sua esquerda, então os outros jogadores na mão possam talvez pagar apostas simples e então serem convidados a pagar seu “raise”.

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CAPÍTULO 15

JOGO LENTO

Como vimos no último capítulo, “check-raise” é uma jogada em que se disfarça uma mão para se dar “raise” na mesma rodada de apostas. É possível que se vença o pote no momento em que se aplica o “check-raise”, ou no mínimo diminuir a quantidade de oponentes para um ou dois que é o

que se deseja nesse caso.

JOGO LENTO VERSUS “CHECK–RAISING”

Jogo lento não é a mesma coisa. É disfarçar uma mão numa rodada de apostas em detrimento de apostar forte numa próxima “rodada. Um Jogo lento típico é dar “check” caso não haja apostas ou apenas “call” ao invés de “raise”. Em outras palavras, você não dá ação a aquela mão além do necessário para continuar no pote. Você não demonstra nenhuma força da sua mão com suas atitudes.Quando se usa o “check-raise” o que se quer é diminuir o número de oponentes, mas quando se joga Jogo lento, o que se quer é manter o máximo de jogadores possíveis no pote, esperando-se atrair o máximo de apostas deles como resultado de seu “disfarce”. Obviamente, desde que você não está preocupado em ter muitos oponentes no pote e em lhes permitir ver cartas gratuitas, você deve ter uma mão extremamente forte. Muito mais forte do que as que se usa o “check-raise”. No hold’em pode ser

uma trinca no flop sem possibilidades de quedas para sequência ou “flush”.

REQUERIMENTOS PARA JOGO LENTO

Na maioria dos casos, para um Jogo lento ser correto, todos os fatores abaixo devem acontecer:

1) Você deve ter uma mão muito forte2) A carta gratuita ou “barata” que você está permitindo seus adversários verem deve ter grande possibilidade de dar a eles a segunda melhor mão.3) A mesma carta gratuita deve ter uma chance mínima de dar a algum de seus adversários uma mão melhor do que a sua, ou uma queda para uma mão melhor do que a sua.4) Você deve ter certeza de que irá expulsar seus adversários caso mostre agressividade, mas terá uma boa chance de ganhar um pote grande caso não o faça.5) O pote não deve estar muito grande ainda.

Quando se joga Jogo lento dando a seus adversários “cartas gratuitas”, você quer que eles façam suas mãos para que se tenha mais ação no pote quando você apostar. Com uma trinca e uma queda para “flush” por

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exemplo, deve se apostar, pois há uma grande chance de o seu adversário conseguir um flush.Os oponentes sempre irão estar menos dispostos a pagar uma aposta quando o pote é pequeno do que quando ele é grande. À medida que o pote vai crescendo vai ficando cada vez menos apropriado o uso do Jogo lento. A razão é que seus oponentes irão ter “pot odds” cada vez maiores. Como seus oponentes ficam comprometidos com o pote à medida que ele cresce, não é necessário jogar Jogo lento para mantê-los na mão.Você não deve também jogar Jogo lento quando através do bordo está óbvio o quão forte é sua mão. Muitos jogadores irão saber o que você está fazendo e não irão pagá-lo quando você apostar. Quando se está jogando Jogo lento, você está dando a seus oponentes cartas baratas ou gratuitas. O teorema fundamental do poker sugere que essa jogada é incorreta a não ser que sua expectativa de lucro numa rodada de apostas futuro seja maior do que seu lucro caso aposte numa rodada inicial. Em outras palavras, seu disfarce deve ter mais valor implícito do que você ganharia apostando imediatamente. Ao mesmo tempo é importante que quando os oponentes pagarem na última rodada de apostas, após terem a carta gratuita ou barata, eles não tenham tido “odds” suficientes para fazê-lo.Ironicamente tende-se jogar Jogo lento com mãos excelentes, mas não com a melhor mão. Com a mão que é a melhor possível para aquele pote, deve-se apostar e dar “raise” imediatamente no caso de alguém ter uma mão forte também. Não cometa o mesmo erro de um amigo meu, que “flopou” um “straight flush” e ficou abrindo “check” tentando jogar Jogo lento e assistiu seu adversário fazer o mesmo (check) com um flush com ás na mão.

SUMÁRIO

Jogo lento é uma maneira extremamente eficiente de ter um bom valor para suas mãos fortes, mas desde que você esteja dando cartas gratuitas a seus oponentes, você deve usar essa manobra com cuidado. Você deve ter uma mão muito forte. Não se deve usar o Jogo lento quando é óbvia a força da sua mão ou quando o pote é muito grande. Não se deve usar essa manobra também quando uma carta gratuita tiver uma grande chance de fazer com que seu oponente caso a consiga, faça uma mão melhor do que a sua. Essencialmente um bom Jogo lento acontece quando o adversário consegue a mão que ele estava esperando fazer, mas essa mão é a segunda melhor. Ou seja, eles conseguem uma “queda morta”.

CAPÍTULO 16

JOGADORES “SOLTOS” E JOGADORES “PRESOS” OU “SEGUROS”

Jogadores “soltos” jogam uma grande porcentagem de mãos. Eles têm relativamente um nível baixo de exigências para com suas mãos e

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continuam no pote com mãos medíocres. Os jogadores “presos” jogam uma pequena porcentagem de mãos. Suas exigências para jogarem uma mão são altas e eles costumam sair dos potes rapidamente caso não consigam um bom desenvolvimento pós “flop”. Alguns jogadores sempre jogam “soltos”. Outros sempre jogam “presos”. Bons jogadores ajustam seu estilo ao jogo que está sendo jogado.

Como vimos no capítulo 4, quanto maior os “blinds” e antes, mais “solto” você deve jogar. Quanto menor, mais “preso”. Com “blinds” e antes altos, há mais dinheiro no pote, e você terá maior “pot odds” para jogar mãos que não jogaria caso os blinds e antes estivessem baixos. Quando há pouco dinheiro no pote, não há porque jogar com mãos marginais, especialmente quando você percebe que outros jogadores na sua mesa só entram no pote com grandes mãos.

Há uma outra questão a se considerar em relação à definição do seu estilo de jogo, que nada mais é do que a maneira em que seus adversários estão jogando.

É comum ouvirmos a máxima: Quando os jogadores da mesa estão jogando “presos”, jogue “solto” e quando os mesmo estão jogando “soltos”, jogue “preso”. Esse é um princípio verdadeiro. Por exemplo, você pode roubar os “antes” sem nada nas mãos (jogada “solto”) tendo muito mais sucesso contra jogadores “presos”, pois eles tenderão a jogar fora suas mãos marginais do que contra jogadores “soltos” que tenderão a pagar com o mesmo tipo de mão. Entretanto, esse princípio precisa ser refinado, e é o

que faremos agora nesse capítulo.

JOGO SOLTO

SEMI-BLEFES EM JOGOS SOLTOS:

Lembre-se de que num jogo normal, o semi-blefe tem três maneiras de vencer: Fazendo a melhor mão no final; quando uma carta “assustadora” aparece no flop e você expulsa seus adversários do pote; ou fazendo seus oponentes darem “fold” imediatamente. Essas são as três maneiras de se vencer com semi-blefes e que fazem essa jogada ser lucrativa. Mas o que deve acontecer num jogo “soltos”? Primeiro, jogadores “soltos” não dão “fold” facilmente, então seu semi-blefe raramente irá vencer imediatamente. Segundo quando você consegue uma “carta assustadora” que não te ajuda em nada no flop, essa carta não “amedronta” os jogadores “soltos”. Consequentemente, uma das maneiras de se vencer através de um semi-blefe foi totalmente eliminada (seu oponente dando “fold” imediatamente) e outra se tornou duvidosa (quando se consegue uma “carta assustadora”). Sem essas duas maneiras de se vencer, o semi-blefe passa a ser uma jogada sem expectativa positiva. Então você deve abandonar essa jogada quando a única maneira de se vencer é conseguindo a melhor mão. Em relação ao semi-blefe então, você deve sim jogar “preso” nas mesas “soltas”.

MÃOS LEGÍTIMAS EM JOGOS SOLTOS:

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Nos jogos “soltos”, os jogadores tendem a jogar mãos com valores menores do que a média. Entretanto, a sua mão não necessita de ser tão boa quanto caso estivesse jogando numa mesa normal ou “presa”, já que seus oponentes tenderão a jogar com mãos mais fracas. Isso se torna mais verdadeiro quando se está numa situação de “heads up”.

Entretanto, devido à quantidade de ação e pelo estilo de jogo dos jogadores, as mesas “soltas” tendem a ter potes com muitos participantes. Com muitos jogadores no pote, torna-se errado jogar de maneira “solta” com mãos como dois pares ou um par médio. Mesmo que essas mãos marginais sejam favoritas contra cada um de seus adversários individualmente, as chances caem muito se considerarmos contra todos em conjunto. Caso você aposte com esse tipo de mão, haverá menos chance de você conseguir expulsar três ou quatro adversários do pote, particularmente quando eles são jogadores “soltos”, do que você teria de expulsar apenas um.

MÃOS PRÓXIMAS EM JOGOS SOLTOS

Em contraste com o semi-blefe e com pares baixos, mãos com quedas tendem a ter seus valores aumentados com muitos jogadores participando do pote, pois geralmente se tem um excelente “pot odds” para continuar na mão e tentar a queda.

Além disso, quando o jogo é “solto”, você será pago quando conseguir a sua queda, o que aumenta seu “odds implícitos”. Então na mesa “solta”, com muitos jogadores, você deve jogar mais mãos com quedas como quatro cartas do mesmo naipe (queda para “flush”) ou queda para sequência de duas pontas.

Nos jogos “soltos” então, você deve jogar mais “preso” considerando os semi-blefes, porém mais “solto” a respeito das mãos com quedas. Entretanto você não deve jogar “solto” com mãos marginais como dois pares ou um par médio quando há vários oponentes no pote.

JOGOS PRESOS

No jogo “preso”, o semi-blefe tem seu valor aumentado e mesmo os blefes puros podem ser lucrativos já que os jogadores “preso” tendem a dar mais “fold”. Então, as mãos legítimas não têm o mesmo valor que teriam numa mesa normal ou num jogo “solto”. Essa razão é óbvia. Quando você aposta com uma mão legítima num jogo “preso”, você só será pago por alguém que tenha uma mão muito forte, pois as exigências dos jogadores “preso” são altas para se entrar num pote. Num jogo “solto”, um oponente com dois pares pequenos no fim provavelmente irá dar “call’ na sua aposta com par de ases na mão. Mas quando você aposta com o mesmo par de ases num jogo “preso” e é pago você provavelmente é pago por uma mão muito

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melhor do que um simples dois pares.

Muitos jogadores agressivos falham ao desvalorizarem suas mãos legítimas quando sentam em jogos muito “preso”. Eles roubam potes com blefes e semi-blefes, mas quando tem uma mão decente eles costumam jogar mal e perder. Então eles pensam: “Se eu nunca conseguir uma boa mão vai ser melhor, pois é nessas horas que eu perco”. O que acontece é que eles não percebem que num jogo “preso” o valor de suas mãos cai, pois os jogadores que permanecem no pote terão ótimas mãos, melhores do que a média do que seria num jogo normal.

Num jogo “preso” então, você deve aumentar seus blefes e semi-blefes, mas deve tomar mais cuidado com as mãos legítimas. Você também não deve jogar muitas quedas num jogo “preso”, já que nem sempre você terá um excelente pot odds e mesmo no caso de conseguir a sua queda a tendência é que você não seja bem pago, ou seja não tenha tanta ação quanto num jogo normal ou “solto”.

SUMÁRIO

Nos jogos “soltos”, você deve tomar cuidado com os blefes e semi-blefes, e deve jogar mais suas mãos legítimas. Você deve ainda dar mais “call” e jogar mais quedas. No jogo “preso” você deve blefar e semi-blefar mais e deve tomar mais cuidado com suas mãos legítimas, pois elas perdem um pouco o valor. Você deve aumentar suas exigências para entrar e continuar no pote nesse caso. Dê menos “call” e desista mais rápido das mãos com quedas.

Para usar todas as ferramentas que o poker te proporciona, você deve ajustar o seu jogo de acordo com a mesa em que se está jogando e de acordo com os jogadores individualmente.

CAPÍTULO 17

POSIÇÃO

A posição de um jogador na sequência de apostas é um aspecto fundamental do poker. Em nossa discussão sobre “raising”, “check-raising” e “carta grátis”, nós percebemos como a posição afeta a maneira de se jogar uma mão. Pode se dizer que a posição é um dos elementos chaves que afeta virtualmente todas as jogadas no poker.

Nos jogos como o “five-card draw”, “draw lowball”, e o hold’em, você reconhece sua posição a partir da pessoa à esquerda do “Botão”. O jogador “no cano da arma” como chamamos, é sempre o primeiro a agir e o “Botão” sempre “fala” por último. Entretanto, nos jogos “stud”, (high e low),

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raramente se sabe em qual posição se estará na sequência de apostas de uma rodada para a outra.

Posição é mais importante em alguns jogos do que em outros, mas é particularmente importante no hold’em, five-card draw e no draw lowball. Em todos os jogos de poker é melhor ser o último a agir, pois é mais fácil tomar decisões depois de ver o que seus oponentes fizeram. Logicamente então, a pior posição é de quem age primeiro, pois você age sem saber o que seus adversários irão fazer. Você pode, por exemplo, ter uma mão digna de “call”, se houver outros dois ou três pagadores no jogo, mas sendo o primeiro ou estando numa “posição precoce”, fica impossível saber se haverá outros pagadores para àquele pote. Numa “última posição” você tem certeza se estará tendo “pot odds” favorável ou não para um “call” e se não estiver, você pode economizar uma aposta e dar logo “fold”. Quando não se está nem numa posição inicial e nem numa final, o quanto mais próximo da última posição você estiver, melhor, já que você terá mais

informações a respeito de quem jogou antes de você e poucas pessoas agindo depois de você.

VANTAGENS DA ÚLTIMA POSIÇÃO

Quando se está na última posição da mesa e há um apostador prévio, você pode pagar sem ter a dúvida de que se haverá ou não um “raise” depois de você. Os jogadores nas posições intermediárias da mesa assim como os das primeiras posições não têm esse mesmo conforto. Se eles pagam com uma mão intermediária, eles correm o risco de ter que desistir daquele pote ou ter que pagar um preço muito alto para continuar nele caso haja um “raise” nas últimas posições.Quando se tem uma grande mão na última posição, sua vantagem é ainda maior. Para se ter noção disso, basta compararmos à situação de termos uma boa mão nas primeiras posições da mesa. Nas primeiras posições quando se tem uma grande mão costuma-se usar a manobra do “check-raise”. Mas se ninguém apostar depois de você, você perde algumas apostas de jogadores que poderiam ter pagado uma aposta sua, enquanto você proporcionou uma carta gratuita aos adversários que não lhe teriam pagado.

Por outro lado, se você apostar logo nas primeiras posições com uma boa mão, você terá o custo de oportunidade de ter tido um “check-raise” que tivesse dado certo. Mesmo numa posição intermediária com uma boa mão, você tem decisões táticas difíceis de serem tomadas. Se ninguém tiver ainda apostado e for a sua vez de agir, você deve decidir entre apostar ou correr o risco de dar cartas gratuitas. Se houver alguma aposta até você, você deve decidir se é mais lucrativo dar “raise” e inevitavelmente expulsar alguns jogadores das últimas posições ou apenas pagar e esperar também que outros jogadores façam o mesmo nas últimas posições. Na última posição não se tem esse tipo de problema. Se ninguém apostou você o pode

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fazer. Se alguém tomou a iniciativa do jogo, você pode escolher entre dar “raise” ou jogar “jogo lento”, pois já saberá quantos jogadores remanescentes ficarão para disputar o pote.

Se sua mão é medíocre, é ainda vantajoso jogar por último. Na primeira rodada de apostas você pode pagar uma aposta pequena sem o medo de tomar um “raise” por trás. Nos últimos rounds de apostas, seus adversários podem abrir “check” com cartas melhores do que as suas, o que o permite também dar “check” e conseguir uma carta gratuita. Entretanto, se você der “check” com essa mesma mão medíocre numa posição inicial, um oponente pode apostar depois de você não o permitindo ter uma “carta grátis” e provavelmente o forçando a desistir da mão.

Quando o pote está reduzido a dois jogadores, as considerações em relação à posição ainda se aplicam. Numa “última posição”, você pode apostar com uma grande mão quando seu oponente não o faz, ou entrar de “raise” quando ele tem uma mão legítima. Com a mesma mão numa posição inicial, você deve decidir entre tentar um “check-raise” ou apostar; quando você abre “check” com a intenção de dar “raise” e seu oponente também dá “check”, isso o custa uma aposta e se você aposta onde um “check-raise” funcionaria você também leva o custo de uma aposta.

Com uma mão medíocre contra apenas um jogador, é ainda vantagem jogar por último. Se você não puder pagar uma aposta, você pode conseguir uma “carta grátis” caso seu oponente abra “check”.

VANTAGENS DA PRIMEIRA POSIÇÃO

Há ainda poucas situações onde é vantajoso ser um dos primeiros a jogar! Na primeira ou nas primeiras posições, você tem mais oportunidades de usar o “check-raise”. Além disso, nas primeiras posições, você pode ganhar três apostas, apostando e dando “re-raise” no adversário. É claro que essas

vantagens das primeiras posições são mínimas em comparação com as vantagens de se jogar por último.

AJUSTANDO O JOGO À POSIÇÃO

Há momentos em que sua posição o permite ganhar potes que normalmente você não ganharia se estivesse em outra posição. Na maioria das vezes a melhor mão vence, independente da posição inicial ou final. O que realmente significa uma vantagem em termos de posição são as apostas extras que se pode ganhar ou salvar através das últimas posições. Um “check” após um “check”, ou um “raise” após uma aposta de seu oponente. São essas apostas extras que trazemos para dentro do pote que ganhamos e as que economizamos dos potes que perdemos que fazem toda

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a diferença e melhoram a nossa relação de ganho por hora e de ganhos em longo prazo.

A vantagem de se jogar por último tem a ver com o fato de você poder jogar mais quantidade de mãos também. Você fica destemido em relação a futuros “raises” de jogadores que ainda não agiram e pode usar melhores estratégias para ganhar os potes.

MÃO FORTE, NAS ÚLTIMAS POSIÇÕES

Outra vantagem significativa das últimas posições é que quando você tem uma mão forte, você tem mais oportunidades de ganhar um pote grande. Você com uma mão monstruosa pode esperar que o apostador à sua esquerda aposte e traga com ele vários outros “pagadores”. Os jogadores à sua esquerda aposta, dois ou três adversários pagam e então você vem por cima e dá “raise” em todos eles. Você ganha no mínimo uma aposta de cada jogador que sairá depois do seu “raise” e no mínimo duas dos que

pagarem o seu “raise”. Você ainda pode fazer ficar mais caro para eles tentarem te expulsar do pote quando há mais cartas por vir.

MÃO FORTE, NAS PRIMEIRAS POSIÇÕES

Se você tiver a mesma mão monstruosamente forte, mas o apostador estiver à sua direita, você não estará apto a jogar essa mão da mesma maneira. Se você der “raise” você obrigará os próximos jogadores a pagarem um valor alto (dobrado) para continuarem no jogo. Então inevitavelmente você terá menos “pagadores” do que teria caso estivesse numa das últimas posições e já houvessem adversários comprometidos com o pote através de uma primeira aposta simples. De outra maneira, apenas pagando na primeira posição, o melhor que você pode conseguir são apostas “simples” dos jogadores que agem depois de você. Ao mesmo tempo, quando há mais cartas por vir, torna-se barato para os adversários tentarem uma queda contra você. Então, com mais cartas por vir, você deve

decidir se sua mão continua competitiva ou se você deve tentar expulsar os adversários o mais rápido possível.

COMO A POSIÇÃO AFETA O JOGO

Para mostrarmos como se deve jogar de maneira diferente na primeira e na última posição, vamos dizer que você recebe um 6 (h) 6 (d) no jogo no limit hold’em. Se meu oponente sentado à minha esquerda dá um “raise” moderado e consegue uns 3 “calls”, eu devo também entrar de “call” na medida que os outros jogadores tem quantias significantes de fichas na frente deles. Se eu flopar uma trinca de 6 (“odds” contra de

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aproximadamente 8-1) eu irei levar um pote enorme. Entretanto se um jogador à minha direita der um “raise” do mesmo valor, eu devo dar “fold” no meu par de 6, mesmo que eu saiba que há a possibilidade de “pagadores” depois de mim e pouca probabilidade de “raises”.

Minha posição ruim é o que faz a diferença. A posição muda às coisas o suficiente para que nos “rounds” futuros um “call” passe a ser um “fold”. Se eu flopar trinca de 6 numa das últimas posições, o 6 no bordo irá parecer inofensivo para os oponentes. O apostador original provavelmente irá apostar de novo e talvez ser pago e então, poderemos entrar com um enorme “raise” por cima ou até mesmo um jogo lento, esperando o “turn” e o “river” para entrar com tudo. Entretanto, se o apostador estiver à minha direita eu não poderia imediatamente entrar de “raise” com a trinca de 6 e esperar ser pago pelos jogadores a falarem depois de mim, seja no flop ou no turn. Então, quando estamos a uma posição do apostador original, ou

seja, com ele à nossa direita, nosso “odds implícitos” fica muito reduzido, a ponto de nos fazer desistir do par de 6 antes do flop.

POSIÇÃO EM VISTA DOS OUTROS JOGADORES NO JOGO

Posição é importante em relação ao estilo dos jogadores que estão sentados à sua mesa com você. Devemos sempre preferir os jogadores “soltos”, agressivos sentados à nossa direita e os jogadores com estilo mais “preso” e conservadores sentados à nossa esquerda. Então você decide como jogar sua mão depois do jogador agressivo ter agido, enquanto você não precisará se preocupar com muitas surpresas vindas dos jogadores conservadores sentados depois de você. Você estará também numa posição privilegiada para controlar os adversários agressivos e tentar enganá-los com manobras surpreendentes. Similarmente, se houverem jogadores na mesa que saibam enganar-nos, nós iremos querer que eles estejam sentados à nossa esquerda, pois poderemos usar essa informação para

tomar a decisão correta de pagar a primeira aposta oriunda do apostador inicial.

SUMÁRIOEm suma, enquanto nas corridas de cavalo você quer ser sempre o primeiro, no poker você sempre irá querer sempre ser o último.