329 Cristina Maria Santos Rizza 2009

42
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA I I N N F FOR R M MÁ Á T TICA  ED D U UC A AC I ION N A AL  NO  E E N NS I I N NO  D D E E  G G E EOG R R A A F F I IA  PO R R  P P R ROF F E ESS O OR R E ES  D D E E  ESCOL L A AS  M M U U N N I ICI P PA I IS  D D E E  U U B BER R L L Â Â N N D D I I A A  C C  R  R  I  I S ST T  I  I  N  N  A  A  M  M  A  A  R  R  I  I  A  A S S  A  A  N  N T T O OS S  R  R  I  I  Z  Z  Z  Z  A  A Monografia de graduação apresentada ao Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ge ografia. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luiz Miranda Uberlândia-MG Julho / 2009

Transcript of 329 Cristina Maria Santos Rizza 2009

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA

    IINNFFOORRMMTTIICCAA EEDDUUCCAACCIIOONNAALL NNOO EENNSSIINNOO DDEE GGEEOOGGRRAAFFIIAA PPOORR PPRROOFFEESSSSOORREESS DDEE EESSCCOOLLAASS

    MMUUNNIICCIIPPAAIISS DDEE UUBBEERRLLNNDDIIAA

    CCRRIISSTTIINNAA MMAARRIIAA SSAANNTTOOSS RRIIZZZZAA

    Monografia de graduao apresentada ao Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlndia, como exigncia parcial para obteno do ttulo de Bacharel em Geografia.

    Orientador: Prof. Dr. Srgio Luiz Miranda

    Uberlndia-MG Julho / 2009

  • I

    CCRRIISSTTIINNAA MMAARRIIAA SSAANNTTOOSS RRIIZZZZAA

    IINNFFOORRMMTTIICCAA EEDDUUCCAACCIIOONNAALL NNOO EENNSSIINNOO DDEE GGEEOOGGRRAAFFIIAA PPOORR PPRROOFFEESSSSOORREESS DDEE EESSCCOOLLAASS

    MMUUNNIICCIIPPAAIISS DDEE UUBBEERRLLNNDDIIAA

    Banca Examinadora

    _________________________________________

    Prof. Dr. Srgio Luiz Miranda (Orientador)

    _________________________________________

    Prof Dra Adriany de vila Melo

    _________________________________________

    Prof. Dr. Antonio Marcos Machado de Oliveira

  • II

    Dedicatria

    Dedico esse trabalho aos meus filhos Karina e Leandro como exemplo de qualquer que seja a adversidade, o nunca no pode ser dito aos seus sonhos.

    Desejo tambm ao meu pai, onde que ele esteja l no cu, receba essa concluso de um dever cumprido, imposto por ti como as ltimas palavras que ouvi de sua

    boca. E minha me que foi exemplo de vida e que partiu, agradeo pelo carinho e sabedoria, ainda com simplicidade, soube dispensar amor, carinho e

    amizade.

  • III

    Agradecimentos

    Agradeo em primeiro lugar Deus por ter me concedido o direito vida com sade e fora para trilhar horizontes e ainda alcanar meu objetivo, ainda a graa

    e inteligncia para saber a hora certa para iniciar sem limites para finalizar. Agradeo ao meu marido pela pacincia e por entender minha ausncia, a todos

    de minha famlia pelo incentivo e torcida por meu xito, a todos os meus amigos, colegas de turma, professores e mestres que se propuseram a partilhar o conhecimento adquirido, com o maravilhoso sentimento de tornar novamente o

    ser aluno, ao professor Dr. Srgio Miranda, coordenador e orientador deste trabalho, meu sincero agradecimento pelo carinho, ateno e pacincia para com

    o trabalho discente.

  • IV

    SUMRIO

    Introduo ............................................................................ 01

    Captulo I 1 As polticas de informtica no Brasil .................................. 03 1.1 As polticas de informtica na educao .......................... 06

    Captulo II 2 Informtica educativa .......................................................... 12 2.1 Informtica na Geografia .................................................. 13

    Captulo III 3 A incluso digital em Uberlndia ....................................... 15 3.1 A abordagem dos professores e os resultados apurados .. 19

    Consideraes Finais ............................................................. 30

    Referncias Bibliogrficas ..................................................... 32

    Anexos ................................................................................... 34

  • 1

    Introduo

    Os conhecimentos em informtica fazem a diferena no contexto social e

    econmico da sociedade moderna? A verdade que a sociedade mundial est em processo contnuo de informatizao; as relaes interpessoais independem da aproximao fsica; a economia se fortalece ou no, baseada em informaes, especulaes e aes tecidas por uma grande rede mundial de comunicao; o processo produtivo se re(nova), no h mais um espao territorial definido para a sua produo; estabelece-se novas concepes culturais interagindo com outras culturas distantes; no campo cientfico grandes transformaes ocorreram desde o incio desse processo e a

    educao torna-se o principal veculo dessa nova sociedade. Diante disso entendemos que a nao soberana do sculo XXI aquela que trata

    seriamente das polticas de informtica, pois se acredita que o poder nesse sculo est no domnio da informtica, das tecnologias informacionais e de comunicao e, sendo

    assim, a sociedade deve adquirir habilidades e usar suas aptides para manusear essas novas tecnologias a seu favor. Os poderes pblicos devem intervir de forma a oferecer as melhores oportunidades de aproveitamento desse momento histrico.

    Considerando as afirmaes acima, esse trabalho, no primeiro captulo, vem

    resgatar um pouco do processo histrico de implementao da poltica nacional de informtica no Brasil, desde da necessidade de independncia tecnolgica at

    competitividade comercial internacional envolvendo essas novas tecnologias. A histria mostra que foram idas e vindas para que houvesse uma concretizao dessas polticas no Brasil. Nos anos 1960 a 1970, na verdade, no existia uma poltica de fato que apoiava o setor de informtica e somente aps os anos 1980 que a informtica foi vista como necessria para o pas, passando a ser a partir de ento um tema de absoluta relevncia poltica. A principio a educao foi vista somente como formadora de mo-

    de-obra para o mercado de informtica, principalmente pelos profissionais da rea educacional, pois no enxergavam ainda os benefcios da informtica no processo de ensino-aprendizagem. Mas nem por isso no houve participao desses profissionais na elaborao dos planos e polticas educacionais na rea de informtica.

    Com as polticas de informtica j encaminhadas, inclusive no mbito educacional, torna-se necessrio buscar referenciais tericos e metodolgicos sobre o

    uso da informtica no processo de ensino e aprendizagem dentro das instituies

  • 2

    escolares e, ento, surge o termo Informtica Educativa ou Informtica Educacional. Esses conceitos so vistos nesse trabalho no captulo II, bem como sobre a importncia da utilizao da informtica na disciplina de Geografia nas sries finais do Ensino Fundamental.

    No captulo III, j entendido como se deram as polticas de informtica no Brasil, sentimos a importncia de conhecer um pouco sobre a nossa realidade local

    nesse campo de conhecimento. A pesquisa foi direcionada para a implantao da informtica educacional na cidade de Uberlndia e, para isso, escolhemos as escolas municipais de ensino onde se desenvolve desde o ano de 2003 um projeto de incluso digital. Delimitamos a pesquisa enfocando o trabalho pedaggico que os professores de

    Geografia fazem utilizando os laboratrios de informtica montados por esse projeto. Nas consideraes finais buscamos entrelaar todas as informaes adquiridas, o

    conhecimento formulado, para fazermos de forma responsvel e coerente uma sntese do trabalho realizado.

  • 3

    Capitulo 1

    1 As polticas de informtica no Brasil

    A histria da informtica1 no Brasil inicia-se de fato na dcada de 1960, quando a Marinha do Brasil adquiri fragatas inglesas com um nmero considervel de equipamentos eletrnicos, sentiu-se apreensiva quanto dependncia tecnolgica estrangeira (Miranda, 2006, p 30). Diante disso, faz parceria com o Ministrio do Planejamento, e atravs do Grupo de Trabalho Especial (GTE) responsvel por financiamentos de fabricao de computadores2, encomenda um computador ao laboratrio da USP, com programas desenvolvidos pela PUC do Rio de Janeiro e em 1975 so entregues-lhes dois exemplares com tecnologia nacional.

    At ento os investimentos e o controle da informtica era exclusividade da rea militar, enquanto na esfera civil os universitrios foram os pioneiros no assunto de

    informtica no Brasil, diferentemente dos pases desenvolvidos, onde eram empresas pequenas que se interessavam por esse mercado. Esses jovens universitrios vislumbravam com a possibilidade de construir computadores que fossem acessveis a toda sociedade, pois at ento os computadores eram mquinas enormes, ocupavam

    grandes salas, sistemas de refrigerao e a linguagem informacional eram incompreensveis para a populao. Em 1961, estudantes de engenharia construram um computador digital e deram-lhe o nome de Zezinho. Em termos de comercializao foi frustrante para esses jovens, pois no havia meios e nem investimentos para produzi-los em escala industrial. Reunidos nesse projeto estava o ITA (Instituto Tecnolgico da Aeronutica), Escola Politcnica da USP e a Pontifcia Universidade Catlica que j ofereciam capacitao aos engenheiros em informtica e eletrnica, pois o mercado requisitava profissionais nessa rea.(Miranda, 2006, p. 19).

    Em 1972 com a criao da Coordenao de Atividades de Processamento Eletrnico (Capre), rgo responsvel pela poltica tecnolgica brasileira, a Marinha

    1 Informtica: Cincia que pesquisa e desenvolve programas a serem utilizados no

    processamento de informaes pelos computadores. (Amora, 2009, p. 389)

    2 Computador: 2. Inform qualquer mquina com capacidade de receber informaes, efetuar

    operaes programadas e produzir uma sada em formato de nmeros, textos, figuras, grficos, sons, vdeos, etc. (idem, p 160)

  • 4

    deixa de responder pelas questes ligadas informtica e surge um novo horizonte para a indstria de computadores no Brasil. Nesse momento o Ministrio da Educao j se fazia presente dentro do conselho da Capre, demonstrando preocupao com a formao tcnica de recursos humanos na rea (Miranda, 2006, p.21).

    Aps o ano de 1979, o Ministrio do Planejamento deixa de ser o rgo governamental brasileiro responsvel pelo controle de importao e exportao de

    produtos eletrnicos. Os assuntos relacionados informtica passam a ser coordenados pelo Conselho de Segurana Nacional (CSN) conjuntamente com a Secretaria Especial de Informtica (SEI). Segundo Bonilla e Pretto (2000), a tarefa da SEI era regulamentar, supervisionar e fomentar a transio tecnolgica no pas, ou seja, coordenar a Poltica Nacional de Informtica. Muitos debates se travaram a respeito dessa. De um lado estavam autoridades polticas que defendiam o mercado nacional, enquanto outra ala de

    autoridades polticas, se aliava aos dirigentes de associaes privadas que queriam a abertura do mercado nacional aos produtos e a instalao de indstrias estrangeiras em situao igual quelas de capital nacional (Bonilla e Pretto, 2000).

    A partir de ento se inicia no Brasil vrias aes polticas a fim de dominar essa

    nova tecnologia3 de informao, ou seja: a informtica. Esse mercado j era bastante disputado nos pases desenvolvidos, tornando-se necessrio para o Brasil autonomia

    tecnolgica e conseqentemente econmica, principalmente devido ao momento histrico vivido, a consolidao do Brasil como um pas industrializado, exigindo ainda mais inovaes tecnolgicas para suprir as demandas do setor da microeletrnica, pois as indstrias brasileiras j contavam com mquinas automatizadas e o futuro deslumbrava uma caminho para a robtica.

    Internamente, no Brasil, muitas dessas aes governamentais foram vistas com desconfiana por uma parcela da sociedade, como relata Oliveira (1997, p. 23): a histria da poltica de informtica no Brasil marcada pelo confronto entre vrios setores da sociedade, caracterizados pelas posies contrrias e favorveis

    determinao do governo brasileiro de criar uma reserva de mercado para as indstrias nacionais de aparelhos ligados informtica. No mercado externo tambm houve

    3 Tecnologia: um termo usado para atividades de domnio humano, embasado no

    conhecimento, manuseio de um processo e ou ferramentas e que tem a possibilidade de acrescentar mudanas, aos meios por resultados adicionais competncia natural, proporcionando dessa forma uma evoluo na capacidade das atividades humanas, desde os primrdios do tempo, e historicamente relatadas com revolues tecnolgicas. (BRASIL, Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais. Braslia: MEC/SEF,1998)

  • 5

    presses dos pases capitalistas que temiam pela perda do mercado consumidor da informtica, em virtude da emancipao do Brasil e de outros pases ditos subdesenvolvidos que tambm tinham a pretenso de dominar o mercado da informtica. Fato que marcava um novo perodo histrico do mundo contemporneo a

    nova diviso internacional do trabalho (DIT). A reserva de mercado brasileiro era uma forma do governo proteger os produtos

    brasileiros, suas aes principais: controlar as importaes, fazer concesso de licenas de fabricao para as empresas nacionais, supervisionar parte da demanda de sistema de computadores pelo poder de compras de rgos estatais e empresas pblicas. (Moraes, 1996:43 apud Miranda, 2006, p. 21). Mas havia uma contradio nesse sistema, essa reserva de mercado era somente para o lado civil, pois os militares tinham total liberdade para importar equipamentos para a indstria blica. (Moraes, 1996:83 apud Miranda, 2006, p. 21 e 22).

    Finalmente em 1984 aprovada pelo Congresso Nacional a primeira lei de informtica do pas. Os principais pontos da Lei 7.232 de 19 de outubro de 1984 so: restries ao capital estrangeiro; aliana entre o Estado e o capital nacional; determinava

    ainda um prazo de oito anos para as indstrias brasileiras se solidificarem para que mais tarde pudessem competir em iguais condies com os produtos estrangeiros.

    No tardou muito essa lei fez efeitos positivos para as indstrias brasileiras de produtos eletrnicos, pois segundo informaes de Piragibe (apud Oliveira, 1997 p.26) em 1984 a taxa de crescimento da indstria eletrnica brasileira era estimada entre 20% a 30% ao ano, e que, naquele mesmo ano, o mercado brasileiro j se encontrava entre os dez maiores do mundo e em ritmo acelerado de crescimento. Em 1987 o Brasil j era o sexto maior mercado de microcomputadores, superando pases como a Itlia e a Sucia. (Oliveira, 1997, p. 26).

    Os anos 1980, anos de turbulncia econmica em quase todos os pases, foi considerada para muitos autores como a dcada perdida. O Brasil tambm entra em

    crise e conseqentemente o seu modelo de poltica nacionalista-protecionista, forando renegociaes quanto poltica de informtica brasileira. Alm disso, Tapia (apud Bonilla e Pretto, 2000, n.p.) destaca: o enfraquecimento do governo Sarney, desacreditado pela sociedade civil; o desgate poltico dos setores nacionalistas, que perderam o apoio do Estado, da indstria e da sociedade civil; o atraso tecnolgico da indstria brasileira; a presso dos Estados Unidos; as tendncias internacionais com a

    redefinio estratgica do mercado e a concorrncia entre as empresas os grandes

  • 6

    grupos nacionais queriam liberdade para fazer associaes com o capital estrangeiro sem compromisso com qualquer projeto estratgico.

    Uma nova ordem mundial se apresentava no final dos anos 1980, com a intensificao da globalizao atuando em vrios nveis das sociedades, obrigou o Brasil

    a rever sua postura quanto ao capital estrangeiro e a ao do Estado na economia. Em 1989 o presidente Fernando Collor eleito de forma democrtica, adotou postura liberal e antiprotecionista, defende a abertura das importaes, o fim do tratamento diferenciado entre empresa nacional e estrangeira, a substituio de subsdios e isenes especiais pela proteo tarifria (Bonilla e Pretto, 2000, n.p.).

    Pressionados para acabar com a reserva de mercado da informtica no Brasil, o

    Congresso Nacional homologa em abril de 1993 a Lei de n 8.248 estabelecendo ausncia de qualquer restrio ao capital estrangeiro [...]; fim dos controles governamentais sobre a fabricao e as importaes de bens de informtica [...]; reduo da abrangncia dos incentivos e do prazo para oito anos [...] (Tapia, 1995, 314-315, apud Bonilla e Pretto, 2000, n.p.). Em Miranda (2006, p. 22), encontramos tambm informaes a respeito dessa lei: Com essa lei, mais de trezentas empresas, a maioria

    de pequeno e mdio portes, puderam contar com incentivos fiscais que permitiram a reduo e a iseno de tributos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

    Dessa forma, terminada a poltica de reserva de mercado para a informtica no Brasil, inicia-se uma nova fase para a sociedade contempornea, cuja caracterstica a busca da integrao competitiva a nvel internacional (Bonilla e Pretto, 2000, n.p).

    Portanto, para no ficar margem desse novo mundo que emerge, a nao deve conduzir o seu povo ao caminho do conhecimento, dando-lhes oportunidades a fim de inserir nessa nova sociedade da informao, sendo a escola o local oportuno para desenvolver as habilidades necessrias aos aprendizes desses novos saberes.

    1.1 As polticas de informtica na educao

    Os objetivos das polticas brasileiras de informtica foram claros: levar o pas ao desenvolvimento tecnolgico de forma a suprir o mercado interno e competir com os mercados externos como exportadores da micro-tecnologia. De certa forma, ainda

  • 7

    somos muitos dependentes das tecnologias estrangeiras. Dessa forma a educao foi vista como parte prioritria para esses objetivos e deveria formar a mo-de-obra tcnica necessria naquele momento, mas tambm um mercado consumidor da produo das indstrias de informtica brasileiras.

    O objetivo do uso da Informtica na Educao era desenvolver e capacitar recursos humanos em informtica, elaborar e desenvolver experincias-piloto a nvel educacional, alm do desenvolvimento de softwares educativos, buscando-se com isso preservar os valores nacionais e estimular a indstria e as pesquisas locais. (Moraes, 1995, p 21 apud Bonilla e Pretto, 2000, n.p.)

    Somente na dcada de 1980 o governo passa a considerar a informtica como uma ferramenta auxiliar para a educao no Brasil. Aps a criao da Comisso Especial da Educao pela Secretaria Especial de Informtica, verificam-se novos

    rumos para a Poltica Educacional de Informtica (PEI), uma vez que essa comisso responsvel pela busca de parmetros pedaggicos para a insero de computadores no ensino.

    O I Seminrio Nacional de Informtica na Educao aconteceu no ano de 1981 em Braslia, reuniu educadores do Brasil e tambm de outros pases. Esses educadores deram suas contribuies Poltica Brasileira de Informtica Educativa, como tambm

    revelaram as suas preocupaes com essa concepo e tambm com a fragmentao do processo educativo sem modelo prprio. (Miranda, 2006 p. 48).

    Segundo Oliveira (1997, p. 30-31), vrias recomendaes foram tiradas nesse I Seminrio Nacional de Informtica na Educao, como:

    As atividades de informtica na educao sejam balizadas por valores culturais, sciopolticos e pedaggicos da realidade brasileira;

    Que os aspectos tcnico-econmicos, sejam medidos em funo dos benefcios scio-educacionais, e no em funo das presses do mercado e que os custos no sejam impeditivos da implantao da fase experimental do processo.

    No considerar o uso de computadores e recursos computacionais como nova panacia para enfrentar problemas de educao bsica ou como substituto eficaz das carncias de docentes e recursos instrucionais elementares ou de outra natureza;

    Que o governo deveria viabilizar recursos como forma de desenvolver atividades de pesquisa e experimento sobre o uso de computadores na educao.

    Que os investimentos para uso dos computadores em educao no permitam ou forcem a omisso de recursos naquelas reas que atendem as condies de trabalho de docentes e discentes.

    E ainda, continua Oliveira (1997, p. 31),

  • 8

    Criao de projetos pilotos, de carter experimental, com implantao limitada, objetivando a realizao de pesquisa sobre a utilizao da informtica no processo educacional.

    O II Seminrio Nacional de Informtica aconteceu em Salvador no ano de 1982 e, na mesma linha de trabalho, esse se destacou pela participao de outros profissionais

    fora da rea da educao, entre esses estavam psiclogos, socilogos e profissionais da rea de informtica que deram as suas contribuies de acordo com sua rea de

    conhecimento. De forma resumida estabeleceu-se o seguinte: a informtica deveria atingir todos os nveis do ensino; o computador na escola deveria ser uma ferramenta a servio do ensino e no os fins do ensino; bem como auxiliar o desenvolvimento da inteligncia do aluno e ainda desenvolver-lhe habilidades intelectuais especficas.

    Porm ainda hoje vemos na prtica que essas polticas ainda no se concretizaram. Todo esse processo de informtica na educao veio acompanhado de muita

    burocracia. As aes do governo eram quase todas voltadas para a criao de rgos que de uma maneira ou de outra eram incumbidos de gerir todo o sistema de implantao,

    desenvolvimento e acompanhamento dessa proposta de enviar computadores para as escolas. Por exemplo, o Projeto Brasileiro de Informtica na Educao EDUCOM, tinha objetivos bem parecidos com a Poltica Educacional de Informtica, como a criao de centros-piloto, recomendados nos I e II Seminrios de Informtica, mas

    passou a contar com parcerias de instituies pblicas de ensino como a Unicamp, UFPE, UFMG, UFRJ, UFRGS para a colocao em prtica das intenes de informatizao da sociedade brasileira.

    Com o fim do governo militar em 1985, acontecem mudanas drsticas na poltica de informtica brasileira, como mudanas nas gestes das instituies pblicas

    de ensino, fim de alguns rgos ligados ao assunto e com isso o projeto EDUCOM deveria ser reavaliado.

    Novas medidas so tomadas, entre elas a criao do Comit-Assessor de Informtica Educativa (CAIE/MEC), constitudos por professores. Recomenda a aprovao do Programa de Ao Imediata em Informtica de 1 e 2 graus (ensino fundamental e ensino mdio), com objetivo de capacitar professores, incentivar a produo descentralizada de software educativo, integrar pesquisas que vinham sendo desenvolvidas pelas diversas universidades, alocar recursos financeiros no oramento do MEC para 87, a fim de oferecer o suporte operacional e a continuidade das aes de informtica na educao que estavam em desenvolvimento (Bonilla e Pretto, 2000 s/p.).

  • 9

    Pareceres tcnicos aprovam o Projeto Educom, como necessrio s metas propostas pelo novo governo, e passa a receber apoio tcnico e financeiro para o desenvolvimento das atividades nos centros pilotos. Em troca, esses centros deveriam fazer entre si intercmbio de suas pesquisas sobre o uso da informtica no ensino

    (Bonilla e Pretto, 2009 n.p.). Em 1987 o MEC implanta o projeto FORMAR que teria como meta formar

    professores e tcnicos das redes municipais e estaduais de ensino de todo o Brasil, para o trabalho com Informtica Educativa. A inteno era que esses professores e tcnicos depois de formados seriam multiplicadores da Informtica Educativa em seus locais de origem. (Valente, apud Oliveira, 1997, p. 45).

    Os Centros de Informtica Educativa Cies, pode-se dizer, tornaram-se uma extenso do projeto Formar. Os professores capacitados naquele curso atuavam como agentes responsveis pela implantao dos centros (Oliveira, 1997 p.47). A criao desses centros foi uma forma de aproximao das escolas pblicas com a informtica, j to debatida nas instncias superiores governamentais e nas universidades, e agora as escolas j sentiam a possibilidade de ter as suas prprias experincias. O MEC seria o responsvel por ceder os equipamentos, financiar parte dos gastos, e as secretarias eram encarregadas pelos recursos humanos, os locais de instalao dos centros e ainda

    complementao dos gastos necessrios e manuteno dos equipamentos. (Oliveira, 1997, p 47).

    Os Cies se ramificaram conforme sua atuao: Centros de Informtica na Educao de 1 e 2 graus (CIEd), Centros de Informtica na Educao Tecnolgica (CIET) e Centros de Informtica na Educao Superior (CIES).

    Sobre os Cies, Bonilla e Pretto (2009, n.p) explicam:

    [...] Tais centros tinham como propsito atender alunos e professores de 1 e 2 graus, de educao especial, e comunidade em geral: deveriam constituir-se em centros irradiadores e multiplicadores da tecnologia de informtica para as escolas pblicas e os grandes responsveis pela preparao de uma significativa parcela da sociedade brasileira rumo a uma sociedade informatizada.

    No ano de 1989 elaborado um novo Programa Nacional de Informtica Educativa PRONINFE, integrado Secretaria Nacional de Educao e tecnologia/ MEC, embasados nas recomendaes da Jornada de Trabalhos de Informtica na Educao: Subsdios para Polticas, acontecido em Florianpolis no ano de 1987.

  • 10

    Incentivar a capacitao contnua e permanente de professores, tcnicos e pesquisadores no domnio da tecnologia de informtica educativa, em todos os nveis e modalidade de ensino, reconhecendo sua importncia como instrumento capaz de enriquecer as estratgias pedaggicas e de estimular o surgimento de novas metodologias incentivadoras da participao, da criatividade, da colaborao e da iniciativa entre alunos e professores, visando melhoria da qualidade da educao. (Brasil, 1993, p. 71, apud Bonilla e Pretto, 2009 n.p).

    A partir de 1991 a Informtica Educativa passa a fazer parte da lei que regulamenta a Poltica de Informtica no Brasil. O MEC fica com a responsabilidade da formao de recursos humanos na rea de informtica e ganha recursos no oramento

    para o desenvolvimento e execuo do PRONINFE. A partir de 2007 o Ministrio da Educao firmou parceria entre estados,

    municpios e Distrito Federal a fim de expandir o uso das novas tecnologias

    informacionais e comunicaes as TICs, para todas as escolas pblicas, e dando incio ao Programa Tecnologia Educacional (Proinfo), firmado no Decreto n 6.300, de 12 de dezembro de 2007, reforando o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE), contemplando nesse plano a incluso digital de todos os professores e alunos.

    Adrin e Llano (2006, p. 25) explicam essa idia de incluso digital:

    Nessa sociedade informatizada e globalizada, em que o que vale o conhecimento e o acesso informao, comeam a aparecer os info-ricos e os infopobres. Os info-ricos so aqueles que tm acesso em massa s tecnologias de informao e comunicao, e que, sobretudo, tm as habilidades necessrias para transformar em conhecimento esta informao. Os infopobres so os excludos que, por falta de acesso s tecnologias ou por falta de preparao para tirar proveito delas, esto cada dia em maior desvantagem.

    So objetivos do Proinfo: promover o uso pedaggico das tecnologias de informao e comunicao; fomentar melhorias do processo de ensino e aprendizagem;

    promover capacitao dos profissionais envolvidos; fomentar a produo nacional de contedos digitais educacionais; entre outros objetivos (Brasil, 2007). As perspectivas do governo que em at 2010 todas as escolas pblicas tero computadores, priorizando as escolas que oferecem o ensino mdio, como forma de

    preparao para os jovens e adultos para o mercado de trabalho por meio do uso das tecnologias de informao e comunicao. A meta de aproximadamente 56.000 escolas com conexo Internet via banda larga, uma parceria feita entre os Ministrios

  • 11

    da Educao, das Comunicaes, do Planejamento, Casa Civil e a Agncia Nacional de Telecomunicaes -Anatel (Brasil, 2007). Todos os Estados e Municpios podem ser parceiros nesse programa, bastando aderir ao mesmo, cabendo a eles prover a infra-estrutura necessria para o

    funcionamento dos ambientes tecnolgicos do Programa; viabilizar e incentivar a capacitao de professores e outros agentes educacionais para a utilizao pedaggica

    das tecnologias da informao e comunicao, sendo que as redes de ensino devem contemplar o uso dessas tecnologias nos projetos polticos pedaggicos das escolas beneficiadas (Brasil, 2007) Enfim, a histria da informtica no Brasil iniciou-se por interesses blicos,

    passou para interesses econmicos, usando a escola como um canal para esse fim, mas que felizmente j conseguimos dar os primeiros passos a caminho da Informtica Educativa inclusiva em nosso pas.

  • 12

    Captulo 2

    2 Informtica educativa

    A histria da informtica no Brasil mostra que o interesse por esse campo veio a partir da necessidade de independncia tecnolgica, a fim de operar os navios de guerra da marinha brasileira, importados da Inglaterra. Num segundo momento, a indstria

    brasileira necessitava de inovaes tecnolgicas para se manter em crescimento e, a partir disso, o governo brasileiro apoiou incondicionalmente polticas favorveis ao desenvolvimento da indstria da informtica, o que trouxe em poucos anos resultados positivos para esse novo nicho mercadolgico. Finalmente, aps dcadas de

    assujeitamento, so constitudas polticas pblicas brasileiras de forma a assegurar ao sistema educacional propostas pedaggicas para o uso das tecnologias de informao e

    comunicao (TICs). Apesar desses avanos, ainda no esto explcitas nessas polticas quais os

    verdadeiros objetivos do computador no processo ensino-aprendizagem dentro das escolas e somente nos ltimos anos nota-se o uso da expresso Informtica Educativa, quando se refere ao uso da informtica e das telecomunicaes como auxiliares na educao.

    Andrin e Llano (2006, p.34-35), definem Informtica Educativa como aquela que supe o uso das tecnologias da informao e comunicao com intencionalidade pedaggica, integrando-as como recursos dentro do planejamento do processo de aprendizagem.

    A informtica, como no poderia deixar de ser, cria novas perspectivas para a educao, proporciona um melhor desenvolvimento humano, um instrumento que

    ativa as habilidades pessoais, contribui na formao de cidados, enfim de grande importncia para a qualidade social da educao.

    Canabarro (1993, p.99) defende que a informtica, em suas aplicaes no espao pedaggico, faz-se presente no sentido de oferecer aos alunos e professores recursos que enriqueam as estratgias didticas. Seu objetivo maior possibilitar aos alunos meios eficientes de integrao com a realidade circundante, a partir do desenvolvimento do

  • 13

    discernimento, da compreenso da sua prpria maneira de apreender. Assim sendo, o ensino deixa de privilegiar o mero repasse do conhecimento, j desenvolvido nos diversos campos da atividade humana, e acentua a importncia da interao consciente de cada indivduo com o seu entorno, o que possibilitar um estado mais significativo

    de harmonia e coerncia interna. A informtica na escola um recurso que envolve o aluno na aprendizagem; ela

    fascina o aluno e sabemos que para a aprendizagem acontecer so necessrios a disponibilidade e o envolvimento do aluno, que precisa tomar para si a necessidade e a vontade de aprender. Diante disso, os laboratrios de informtica, como mais um auxlio prtica didtica, garantem condies para que essa atitude favorvel se

    manifeste e prevalea.

    2.1 Informtica na Geografia

    Nos Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs), somente a rea da Geografia, seguidas pela Matemtica e Lngua Portuguesa, fazem referncia s Tecnologias de

    Informao e Telecomunicaes (TICs), como instrumentos para a construo de conhecimentos em suas reas.

    Maral, Moreira e Ulha (2006, p.24) afirmam que a Geografia tem uma funo privilegiada na grade curricular da escola, uma vez que proporciona uma maior integrao entre o ambiente do aluno e o mundo do qual ele faz parte e, ento o mundo do aluno contemporneo est envolto em novas tecnologias, informao processada, vive entrelaado em redes de comunicaes.

    Nesse novo contexto, a Geografia escolar pode ser favorecida com essas novas tecnologias e comunicao (TICs), pois no mais uma disciplina decorativa. uma disciplina que trs para a sala de aula questionamentos sobre a organizao do espao, como esse atua sobre a vida dos sujeitos, suas relaes sociais, por que existem os excludos e os privilegiados, a questo do territrio, os processos industriais e o meio ambiente, a relao entre o comrcio e o consumo, o planejamento ambiental, o planejamento urbano. Por exemplo, com a cartografia e o uso do computador e programas prprios o aluno pode ser orientado pelo professor a construir mapas e

  • 14

    problematizar como os aspectos fsicos esto condicionados aos aspectos sociais. Ento o uso da informtica dentro do processo ensino-aprendizagem torna-se mais um desafio para os professores de Geografia.

    O educador que, ensinando geografia, castra a curiosidade do educando em nome da eficcia da memorizao mecnica do ensino dos contedos, tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar-se. No forma, domestica. (FREIRE, 2003, p. 56-57 apud Maral, Moreira e Ulha, 2006 p. 27)

    Os professores, de uma maneira geral, so os atores sociais construtores do saber escolar, so os mediadores da relao entre o aluno e o conhecimento. No entanto, muitos desses professores se queixam que a universidade no prepara o professor para a

    sala de aula, desconsideram a realidade da prtica pedaggica (Maral, Moreira e Ulha, 2006, p.28), resultando num ensino, na educao bsica, centrado na transmisso de conhecimentos, aulas expositivas, cansativas tanto para o professor como para o aluno, herana de uma era baseada nos modos de produo das fbricas, a repetio de forma automatizada.

    Provavelmente esses professores tero dificuldades em trabalhar no ambiente de

    um laboratrio de informtica, pois muitas vezes os alunos iro tambm passar-lhes conhecimentos das novas tecnologias de comunicao e da informao. Isso

    impactante. Nesse ambiente muda-se a maneira de educar e ensinar. Ento se fazem necessrias mudanas na formao dos docentes nas academias, e tambm, esforo dos prprios profissionais no sentido de investirem em sua formao continuada ou qualificao profissional.

  • 15

    Captulo 3

    3 A incluso digital em Uberlndia

    No ano de 2003, o municpio de Uberlndia passa a desenvolver um projeto para o uso da informtica nas escolas municipais. Inicialmente, foram escolhidas dez escolas da rede municipal de ensino como pilotos e a inteno do projeto era expandir para todas as outras escolas da rede. Todos os equipamentos dos laboratrios de informtica

    eram locados e serviram de modelo para avaliar as reais necessidades de equipamentos para a demanda escolar, e ainda avaliar a forma como essas tecnologias iriam integrar o trabalho pedaggico desenvolvido e chegar ao objetivo final, o aluno, de forma a despertar seus interesses na aprendizagem, alm de atender suas necessidades bsicas

    mercadolgicas e sociais, naquele novo momento de inovao tecnolgica, dando-lhes a oportunidade de insero no mundo digital.

    Em 2005, inicia-se o Projeto Digitando o Futuro, que tinha como objetivos a universalizao do acesso s tecnologias de informao, informtica e Internet atravs da utilizao da estrutura fsica das escolas pblicas municipais como indutor da incluso digital da populao em geral (Uberlndia, 2005).

    De incio a pretenso era instalar 49 laboratrios de informticas nas escolas municipais, cada qual com 20 mquinas, incluindo a biblioteca de cada uma dessas

    escolas com trs mquinas, sendo duas para pesquisas dos alunos e uma para o controle e gerenciamento do bibliotecrio. Alm disso, o Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais Julieta Diniz CEMEPE, tambm recebeu desse projeto 48 computadores, inclusive um para biblioteca dos professores e outro para a biblioteca

    pblica municipal. O importante desse projeto no s a montagem e manuteno da parte fsica, mas tambm conta com a formao de 150 professores em informtica educativa.

    Em 2006 a Secretaria Municipal de Educao firma convnio com uma universidade privada para oferecer gratuitamente aos professores da rede municipal um curso em nvel de especializao na rea de informtica educacional, denominado de Tecnologias Digitais aplicadas Educao. Foram formados no final do ano de 2008 cerca de 300 professores e outros profissionais da rede municipal de ensino.

  • 16

    Segundo dados da Secretaria Municipal de Educao, consultados em 07/05/2008, so mantidas pelo municpio 103 escolas, 1 Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais CEMEPE e 1 Campus Municipal de Educao Especial. Dentre esse nmero so 55 Escolas Municipais de Ensino Infantil EMEIs, mais as Unidades de Desenvolvimento Infantil UDIs, 47 Escolas de Ensino Fundamental (E>F(, sendo que 13 esto na zona rural de Uberlndia. De toda a rede de ensino, so 20 escolas

    municipais na zona urbana e 13 da zona rural que oferecem o ensino fundamental nas sries finais ( 5 a 8 srie).

    Grfico II: Escolas Municipais de Uberlndia de 5 a 8 srie

    Zona Urbana; 20

    Zona Rural; 13Zona UrbanaZona Rural

    Dados da SME de UberlndiaAutor:Rizza,jun.09

    1

    47

    55Escola Municipais deEducao InfantilCampus Educao Especial

    Ensino Fundamental

    Grfico I: Escolas Municipais de Uberlndia -MG

    Dados da SME de Uberlndia Autor: Rizza, jun.09

  • 17

    Desde a implementao do Projeto Digitando o Futuro, os envolvidos com o projeto vm procurando adapt-lo para atender s mudanas ocorridas nos ltimos anos, uma vez que a demanda por recursos humanos e materiais aumentaram, devido ao crescimento do contingente escolar e tambm das novas necessidades educacionais surgidas durante a fase de implantao do projeto. Buscamos no CEMEPE informaes no Ncleo de Tecnologia Educacional NTE, responsvel pelo desenvolvimento de aes na rea de informtica educacional em toda a rede de ensino municipal. Verificamos que o Projeto Digitando o Futuro continua com sua proposta inicial de atingir a universalizao de acesso informtica, informao e ao uso da Internet. Todas as escolas municipais da zona urbana possuem

    laboratrios de informtica (LI) com 20 mquinas e um servidor para lig-las em rede e todas tem acesso a Internet atravs da conexo em banda larga. Os laboratrios ainda contam com ar condicionado, uma impressora, um scanner para digitalizao de imagens, um roteador, cmeras fotogrficas digitais, CDs, Pen Drive, enfim possuem os

    recursos necessrios para se desenvolver atividades pedaggicas. Das 13 escolas situadas na zona rural, devido algumas dificuldades tcnicas e operacionais que

    independem do projeto ou da prpria Secretaria de Educao, apenas quatro escolas esto com acesso Internet, sendo que duas j utilizam a tecnologia 3G 4. Tambm os laboratrios de informtica dessas escolas possuem um nmero menor de mquinas, contam com 17 mquinas por escola, mais um servidor para a integrao em rede e

    armazenamento de dados. Em todos os computadores dos LI esto instalados programas essenciais para o uso da informtica, alm de programas educacionais. Entre esses foram levantados os

    seguintes programas:

    Sistema Operacional Windons

    Sistema Operacional Linux

    4 3G a terceira gerao de padres e tecnologias de telefonia mvel, substituindo o

    2G. baseado na famlia de normas da Unio Internacional de Telecomunicaes (UIT), no mbito do Programa Internacional de Telecomunicaes Mveis (IMT-2000). Oferece servios mais avanados pois possui capacidade de redes maior permitindo telefonia mvel e redes de acesso a internet em alta velocidade. (http://pt.wikipedia.org/wiki/3G acesso em jun/2009)

  • 18

    Br Office um pacote de aplicativos informacionais isenta de licena do fabricante

    Office todo o pacote licenciado, contando com um aplicativo chamado Front Page, que permite que seus usurios criem atividades e as disponibilizam via Internet, denominando de Web Quest (traduzindo: pesquisa na rede) GIMP e Photoshop programa de editorao de fotos.

    Visual Class um programa de criao de aulas, com uso de textos, imagens

    e sons, onde a apresentao feita por um autor, mas os usurios podem interagir com ele. Exemplo: O professor monta sua aula e, durante ou depois da exposio da aula, o aluno faz as atividades propostas utilizando o prprio aplicativo e, no final, o programa permite que o aluno seja avaliado.

    Com todo esse aparato tecnolgico, essencial a capacitao dos professores de

    todas as escolas. Por isso o NTE oferece cursos durante todo o ano direcionados aos professores e tambm aos laboratoristas de informtica. Esses cursos so oferecidos no extra-turno de trabalho e so:

    Introduo ao funcionamento do Laboratrio de Informtica

    Uso do Visual Class

    Treinamento de monitores e professores da EJA para treinamento nos Telecentros

    Criao de Web Quest Click Notcias Oficina de criao de textos jornalsticos e blog de notcias Criao com o Power Point

    Word avanado

    A manuteno dos equipamentos feita por parcerias entre a Secretaria Municipal de Educao e Prodaub, uma autarquia responsvel pelas tecnologias de

    informtica e comunicao de toda a prefeitura. Alguns servios de manuteno tambm so terceirizados por empresas privadas.

    A secretaria municipal de educao entende que apenas um laboratrio por escola pouco, principalmente nas escolas onde a demanda maior devido ao grande

    nmero de alunos matriculados e, por isso, pretende ampliar o nmero de laboratrios por escola. Para isso busca junto ao governo federal, atravs do Proinfo Programa

  • 19

    Nacional de Informtica, recursos para compra de mais equipamentos necessrios para a implementao de novos laboratrios de informtica.

    Como promoo das atividades em informtica, o NTE deseja realizar um Simpsio de Informtica Educativa em novembro de 2009, onde reunir todos os profissionais da rede municipal de ensino de Uberlndia envolvidos e convidados que possuem conhecimento no assunto de informtica educacional.

    De maneira geral, o Projeto Digitando o Futuro tem aceitao de toda a comunidade escolar, pois se compreende que no h ao imediatista que seja eficaz em busca de promoo integral da sociedade em incluso digital, principalmente no que diz respeito ao processo educacional brasileiro, cheio de desigualdades sociais.

    Nota-se ento, que o poder pblico do municpio est investindo em equipamentos de informtica e comunicao e na preparao dos professores para

    promoo da incluso digital atravs da rede de ensino de Uberlndia. Como licenciada e bacharelanda em Geografia e agente pblica municipal em efetivo exerccio na Secretaria de Educao de Uberlndia, pensamos se essas intenes educativas do poder pblico local esto se realizando efetivamente nas escolas atravs das prticas dos

    professores, em particular os de Geografia. Ou seja, essas intenes educativas do poder municipal esto ou no se efetivando no e pelo trabalho que os professores de Geografia

    realizam com os alunos nas escolas? Que possibilidades ou dificuldades os professores gegrafos vem para utilizar a informtica no ensino de Geografia? Para tratar dessas questes que delineamos uma pesquisa para ser realizada com professores de Geografia das escolas municipais de Uberlndia, a qual detalhamos na seqncia.

    3.1 A abordagem dos professores e os resultados apurados

    Para tratar das questes centrais que suscitaram essa pesquisa, definimos como

    objetivos principais desse trabalho verificar se os professores de Geografia da rede municipal de ensino esto utilizando e como utilizam os laboratrios de informtica implantados nas escolas de Uberlndia.

    Para tal, torna-se necessrio fazer um levantamento das condies de uso dos laboratrios de informtica pelos professores de Geografia para as aulas, estudos e

  • 20

    pesquisas, ouvindo esses docentes a respeito de suas dificuldades, facilidades, opinies e reclamaes quanto a esse novo recurso tecnolgico na escola.

    A partir dessas definies para a pesquisa, elaboramos um questionrio para ser respondido por professores de geografia das escolas municipais de Uberlndia (Anexo). Optamos por procurar por esses professores na reunio mensal que a Assessoria Pedaggica do CEMEPE realiza com os docentes por rea de conhecimento. Assim,

    comparecemos na reunio com os professores de Geografia, realizada no dia vinte e trs de abril de 2009 e solicitamos que respondessem ao nosso questionrio.

    O questionrio aplicado composto de treze questes e discorre sobre algumas questes pessoais, formao profissional e o uso dos laboratrios de informtica dentro

    da perspectiva da informtica educativa. Na questo de nmero 1, a inteno foi fazer um levantamento das escolas em

    que esses professores trabalham para delimitarmos a abrangncia de nossa amostragem das escolas da rede municipal que oferecem ensino fundamental de 5.a a 8.a sries, nas quais atuam os professores de Geografia. Verificamos que na pesquisa atingimos cerca de 56% das escolas municipais de Uberlndia que atendem as sries finais do ensino fundamental. Observamos que entre os vinte e seis professores entrevistados, nove professores atuam em mais de uma escola municipal. Dezenove escolas foram citadas

    pelos professores que responderam ao questionrio, senda essas: - Da zona urbana:

    E.M. Afrnio Rodrigues da Cunha E.M. Prof. Cecy Cardoso Porfrio E.M. Prof. Domingos Pimentel de Ulha E.M Eurico Silva EM Hilda Leo Carneiro E. M. Prof. Jacy de Assis E.M. Dr. Joel Cupertino E. M. Prof . Josiany Frana E.M. Prof. Lencio do Carmo Chaves E.M. Odilon Custdio Pereira E.M .Prof Olga Del Fvero E.M. Orlanda Neves Strack E.M. Prof. Oswaldo Vieira Gonalves E. M. Prof. Sergio de Oliveira Mrquez E.M. Prof. Stella Saraiva Peano

    - Da zona rural E.M. Dom Bosco E M. Jos Marra da Fonseca

  • 21

    E. M. Sebastio Rangel E. M. do Sobradinho

    A questo de nmero 2 foi importante para sabermos sobre a formao acadmica dos professores entrevistados. Apuramos que somente dois professores possuem apenas a graduao em geografia, sendo que 24 tm cursos de ps-graduao,

    sendo 22 em nvel de especializao e 2 de mestrado. No foi perguntado e no foi mencionado pelos professores em qual rea foram feitos esses cursos de ps-graduao.

    Tabela I: Formao Acadmica dos professores pesquisados

    Somente graduao 02

    Especializao 22

    Mestrado 02

    Total 26 Fonte: pesquisa da autora.

    Esses dados demonstram que a grande maioria (84%) dos professores entrevistados deu continuidade aos estudos aps a sua formao inicial na graduao, fazendo algum curso de ps-graduao, sendo a maior parte em nvel de especializao.

    Com a terceira questo podemos dividir os profissionais por gnero. Dentre os entrevistados, foram 22 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. Nota-se, portanto, o

    predomnio de professoras nas escolas municipais consideradas neste trabalho. O tempo de atuao dos entrevistados no magistrio mostra-se na pesquisa

    (questo quatro) muito variado, o que podemos expressar da seguinte forma: 8 professores com tempo de atuao entre 3 a 8 anos; 11 professores atuando de 10 a 18

    anos; e 7 professores entre 20 e 26 anos. Se considerarmos o tempo de trabalho no magistrio para efeito de aposentadoria, que de 25 anos para mulheres e 30 para homens, verificamos que desses professores 8 (ou 31 %) esto ainda no que podemos considerar incio de carreira (3 a 8 anos), 7 professores (ou 21 %) em final de carreira, e a maior parte desses, 11 professores (ou 42%), em meio de carreira. Isso nos faz pensar que pouco provvel que essa maioria de professores, que est no meio da carreira

    profissional, ir desistir do magistrio, o que de certa forma deve ser levado em considerao pelo poder pblico e tambm por instituies privadas para investir na

  • 22

    capacitao desses profissionais para trabalhar no ensino com as novas tecnologias de informao e comunicao (TICs)

    Nas questes 5 e 5.1 procuramos saber sobre o conhecimento na rea de informtica e verificamos que 69% dos entrevistados j fizeram algum curso na rea de informtica. Mas quando pedimos para indicar outros cursos que fizeram, percebe-se que os professores no esto tendo condies adequadas para faz-los. Esta constatao

    preocupante porque a formao em informtica, principalmente na informtica

    educativa necessria para o trabalho e uso nos laboratrios de informtica, pois concordamos com a afirmao de Adrin e Llano (2006) de que:

    O educador o agente principal deste processo de insero da tecnologia nos ambientes educativos, e para isso precisa de formao, apoio e acompanhamento. Ele deve ir se apropriando progressivamente destas tecnologias e, com o apoio necessrio, controlar e dirigir o processo de insero dessas ferramentas. (idem p.36)

    Quanto importncia da informtica no processo ensino-aprendizagem nas aulas de Geografia, apresentada na questo 6, as respostas foram unnimes admitindo positivamente que a informtica pode ajudar nas aulas tanto da Geografia como em outras reas do conhecimento.

    Vrias justificativas foram dadas, desde como a informtica til para as pesquisas escolares, obteno de informaes, entretenimento, despertar o interesse dos alunos atravs das imagens em movimentos e em cores, at uma que diz que

    necessria para que os alunos acompanhem o desenvolvimento tecnolgico. Destacamos algumas respostas dos professores e as transcrevemos abaixo:

    Aliar ferramentas modernas que fazem parte do dia-a-dia de nossos alunos, tornam as aulas mais interessantes e o processo ensino-aprendizagem mais eficiente (professor 4).

    Apesar de no ter utilizado o laboratrio de informtica da escola, acho importante pois dinmico, os alunos se mostram mais interessados(professor 13).

    Para acompanhar o desenvolvimento tecnolgico que est acontecendo atualmente (professor 8).

    Ele instrumento facilitador da aprendizagem, quando utilizada adequadamente (professor 12).

    Enriquece o conhecimento (professor 17).

  • 23

    Nota-se que a maioria dos professores, mesmo no tendo formao especfica em informtica educativa, conseguem separar o que informtica educativa de aulas de

    informtica. Como j dito anterior, informtica educativa o uso dos computadores para aprender algo de forma pedagogicamente preparada. Aprender informtica saber manusear os recursos de um computador, como editores de textos, planilhas, apresentaes visuais, etc. No que saber informtica seja desnecessrio, mas a questo o uso dos laboratrios de informtica como um espao de aprendizagem escolar. Para Taylor, citado por Adrian e Llano (2006), os computadores podem cumprir trs papis diferentes: atuar como um instrutor dos educandos; ser uma ferramenta de trabalho; ou atuar como um aprendiz dos educandos.

    Como um instrutor o computador transmite a informao ao estudante, so as chamadas lies eletrnicas ou tutoriais, que explica ao usurio passo-a-passo como utilizar um programa, muito eficiente na formao de adultos.

    Como ferramenta de trabalho, o aluno utiliza o computador como um editor de

    textos, demonstrando ao prprio aluno que ele pode fazer uma produo parecida com as que encontram nos livros. Tambm pode ser utilizado em planilhas ou apresentaes

    grficas e ainda como meio de comunicao atravs da Internet. Finalmente, o computador como aprendiz se faz quando o estudante utiliza

    simuladores e linguagens de programao para facilitar a aprendizagem, simulando uma ao real e informando ao computador. Por exemplo, na cartografia o aluno precisa

    saber quais as informaes necessrias para construir um mapa e inform-las a um banco de dados de um programa ou de um aplicativo. Adrin e Llano (2006, p. 43) explicam que a necessidade de dar instrues ao computador obriga os educandos a identificar a lgica que eles mesmos empregam para realizar estas aes. As questes 7 e 7.1 confirmam que 76% dos professores entrevistados no participaram de cursos de capacitao que foram oferecidos, ou pelo menos deveriam

    ter sido oferecidos, pelo rgo competente ligado secretaria municipal de educao - o CEMEPE, cujo objetivo maior promover a formao continuada dos professores. Inclusive em virtude do projeto Digitando o Futuro, j citado anteriormente e mais ainda pelo motivo principal: as escolas municipais de Uberlndia possuem excelentes laboratrios de informtica. Os dados relativos a essas questes confirmam e reforam a constatao anterior (questes 5 e 5.1) de que os professores dessas escolas municipais no esto fazendo cursos para se prepararem para a utilizao da informtica

  • 24

    educacional, mesmo aqueles cursos oferecidos pela secretaria Municipal de Educao atravs do CEMEPE. Apesar das respostas nas questes 7 e 7.1 serem negativas quanto a participao em cursos de capacitao em informtica educativa, na oitava questo 81% dos

    professores demonstram confiana na capacidade para dar aulas utilizando os laboratrios de informtica. Isso demonstra que os educadores sabem da importncia

    dos recursos informacionais nessa era do conhecimento. Confirmando o que escrevemos acima, citaremos respostas de dois professores

    que na questo 7 responderam que no fizeram curso de capacitao em informtica educativa no CEMEPE ou outro local e, j na questo 8, responderam que sim, que se sentem capazes de dar aulas utilizando os recursos dos laboratrios de informtica.

    Com apoio da professora do laboratrio, possvel aliar os meus conhecimentos na rea de Geografia com os conhecimentos que a laboratorista tem e tambm os alunos (professor 9).

    J fao com freqncia com meus alunos, e eles acham MARAVILHOSO (grifo do professor 1).

    De fato o professor no precisa ser um profundo conhecedor de informtica para dar aulas utilizando os recursos tecnolgicos da informtica e comunicao. Ele deve

    aliar o seu conhecimento, a sua didtica e suas habilidades de professor, a uma pessoa com conhecimentos especficos em informtica e comunicao, a fim de operar os

    equipamentos e explorar todos os recursos disponveis nos laboratrios de informtica. Apenas trs dos entrevistados responderam que no se sentem capazes para

    utilizar o computador com um instrumento de ensino, e somente um professor disse que precisaria de ajuda. Um outro entrevistado absteve-se de responder essa questo. Ter um laboratrio de informtica na escola no significa necessariamente que este esteja integrado Proposta Pedaggica da escola e nem tampouco que todos os agentes educacionais esto envolvidos nessa proposta de insero da informtica no ensino. Por isso na questo 9 questionamos sobre a articulao entre os professores, os laboratoristas de informtica (pessoa com conhecimento tcnico-pedaggico em informtica) e coordenao pedaggica, com o fim de promover aes educativas no laboratrio de informtica na escola.

  • 25

    Dos professores que responderam essa questo, 6 disseram que no existe articulao entre os envolvidos nesse processo de insero da informtica educativa nas escolas. Desses, dois justificaram assim:

    As articulaes acontecem somente entre os professores e os laboratoristas (professor 9).

    Falta de tempo (professor 22).

    Um professor disse haver s um pouco de articulao entre os envolvidos:

    Nem todos os profissionais da rea de educao esto articulados com os laboratoristas e coordenao (professor 25).

    Quinze professores responderam afirmativamente quanto haver articulao entre os envolvidos e entre essas surgiram algumas respostas com ressalvas:

    Apesar de enfrentar dificuldades com agendas no laboratrio, fao o melhor sempre e at compreendo as faltas e omisses de certos [aspas do prprio entrevistado] profissionais neste contexto (professor 1).

    Ainda precisa melhorar bastante (professor 16).

    Porm com a coordenao pedaggica no (professor 19).

    Existe o projeto, mas o maior problema o sistema educacional no Brasil que no funciona (professor 24).

    Entre o laboratorista e o professor timo, mas a coordenao pedaggica totalmente ausente desse processo (professor 14).

    Acredito que esse intercmbio de informaes est acontecendo gradativamente, mas pode tornar-se mais eficaz, medida que o medo (aspas do prprio entrevistado) de novas tecnologias vai diminuindo e os professores se qualificando ( professor 4).

    Diante dessas respostas vemos os professores de Geografia divididos, e a efetivao dos laboratrios de informtica como um meio de ensino para fortalecer o processo educacional, muito longe de alcanar uma total insero na escola.

  • 26

    Quanto disponibilidade de programas adequados para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem nos laboratrios de informtica, vista na questo 10, encontramos uma certa dificuldade dos professores em respond-la, talvez pela pouca experincia de todos na rea de informtica educativa, haja vista que pelas respostas anteriores ainda no h um efetivo uso dos laboratrios de informtica por esses professores, os quais tambm no tm feito cursos em informtica educacional.

    Notamos que 50% dos professores limitaram-se a assinalar a opo sim, e no quiseram justificar. A outra parte dos professores que responderam no, apenas seis justificaram:

    preciso ainda desenvolver vrios programas e aulas referentes ao contedo (professor 16).

    Acredito que a aquisio de cds-rom personalizados sejam mais eficientes que s a Internet (professor 4).

    Muitos softwares so caros e a rede municipal no dispe deles ( professor 25).

    No conheo os programas disponveis (professor 10).

    Poderia ter mais aulas prontas, como tambm mais disponibilidade dos laboratoristas para prepar-los (professor 26).

    Ainda no conheo todos esses programas, mas sempre tenho apoio para desenvolver atividades no laboratrio (professor 9).

    Na questo 11 os entrevistados no apresentaram muitas justificativas, sendo que 17 responderam que os equipamentos so adequados ao trabalho pedaggico na disciplina de Geografia e nove entrevistados disseram que os equipamentos no so adequados. Como justificativa um professor escreveu o seguinte:

    A escola ainda no dispe de um micro por aluno (professor 12).

    Um segundo professor confirma essa resposta:

    Poderia ter mais computadores e impressora disponveis para professores e alunos (professor 26).

    Baseando-se nas respostas dos professores acima, vimos que os equipamentos disponveis nos laboratrios de informtica so poucos para atender o quantitativo de alunos e professores das escolas municipais de Uberlndia. E ainda notamos nessas

  • 27

    respostas que os professores tambm no se sentem capazes para avaliar a adequao dos equipamentos, em virtude do pouco conhecimento que tm nessa rea. Na escola o processo ensino-aprendizagem est dividido e preso em uma grade horria, ou seja, todas as atividades escolares devem ser delimitadas em um tempo cronometrado. Questionando os professores sobre o tempo oferecido para as aulas nos laboratrios de informtica (questo 12), 46% deles disseram que o tempo oferecido suficiente para desenvolver as atividades. Em contrapartida 54% responderam que o tempo insuficiente e suas justificativas so as seguintes:

    Devido grande quantidade de educadores que se interessa pelas aulas de informtica todos os horrios ficam escassos e so insuficientes para todos os contedos (professor 25).

    So muitas turmas apenas para um laboratrio, cada turma demora dois meses para ter outra aula (professor 16).

    Porque so muitas disciplinas que usam o laboratrio e este no tem horrio suficiente para atender a todos (professor 8).

    necessrio articular mais aulas para atividades mais complexas (professor 9).

    As vezes insuficiente! Depende do tema (professor 1).

    Mais uma vez se v que um nmero muito grande de alunos e turmas por escola um fator negativo quando associado aos poucos equipamentos disponveis nas escolas.

    Ento h de diminuir o nmero de alunos matriculados por escola, aumentar o nmero de escolas. Ou aumentar a oferta dos equipamentos e espaos para a implantao de fato

    da poltica de informtica educacional, de forma a incluir todos na sociedade informacional.

    Finalmente a questo 13 fecha o questionrio sugerindo que os professores entrevistados relatem alguma experincia em informtica educativa. Apenas quatro professores no escreveram nada sobre suas experincias. Os demais, 85% dos professores, relataram alguma atividade que j fizeram nos laboratrios de informtica. Alguns falaram sobre pesquisas feitas em stios na Internet, como o do IBGE Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatsticas; utilizaram o programa Google Earth para explicar o sistema solar, eclipses, impactos ambientais e outros temas; aulas no programa Visual

    Class (um programa de apresentao, mas que pode ser interativo com o usurio, no caso o aluno); apresentao de filmes; pesquisas sobre a Zona Franca de Manaus e o

  • 28

    futuro entreposto de Uberlndia; consultas a mapas diversos; aulas sobre o clima e riquezas culturais; citaram um outro programa, o Webquest, para trabalhar o tema Globalizao; os pontos cardeais; aplicao de testes interativos; regies brasileiras, continentes e paisagens naturais; buscas de imagens de paisagens naturais e

    transformadas pelas aes antrpicas; montagem de jogos, tipo quebra-cabea e complete a sentena.

    Aps analisar as repostas do questionrio aplicado aos professores de Geografia da rede municipal de ensino de Uberlndia, podemos concluir que ainda est em fase inicial o processo de introduo da informtica educativa nas prticas desses professores. Ainda falta muita formao especfica para os professores, coordenadores e

    tcnicos para que de fato seja realidade a formao integral do aluno da rede pblica, de modo que eles sejam capazes de intervir na sociedade em prol de seus direitos plenos de cidadania. Sentimos orgulhosos, pois sabemos que o municpio de Uberlndia est frente de muitas outras cidades e capitais brasileiras, quanto questo da informtica na educao. Os laboratrios de informtica montados nas escolas municipais de Uberlndia

    so bem equipados, todos tm acesso rede mundial de computadores - a Internet, ar condicionado, enfim todas essas descries que j foram feitas em captulo anterior. No entanto, em virtude do nmero elevado de alunos por escola, dificulta a continuidade ou at mesmo o incio de uma proposta pedaggica direcionada para a informtica educativa. Notamos tambm que os professores de Geografia so profissionais que tm interesse em trabalhar com a informtica em suas aulas, pois sabem que atravs desse instrumento as transformaes scio-espaciais podem ser percebidas pelos alunos de forma mais clara e mais prxima do que quando se utiliza livros didticos, por exemplo.

    Segundo Adrian e Llano (2006, p. 72-74), a formao dos professores em informtica educacional para a utilizao das TICs no ensino necessita de quatro

    condies fundamentais:

    1. Disposio para aprender a motivao um elemento essencial para comear qualquer processo formativo.

    2. Qualidade das jornadas de formao ao escolher um curso de formao, necessrio prestar ateno nos contedos e na metodologia de ensino que lhe forem propostos.

  • 29

    3. Tempo a aquisio de habilidade e aptides para o uso das TICs um processo que requer tempo. (...) A escola deve garantir os perodos de tempo necessrio para que seus educadores possam se formar no uso dos computadores.

    4. Recursos disposio deve-se ter os recursos disponveis para a formao como tambm para a prtica.

    Diante disso, desejamos que em breve seja implementada de fato a poltica de informtica educacional em todo o Brasil, de modo a oportunizar a todos os professores e alunos a incluso digital, pois sabemos que estamos na era do conhecimento e somente aquele que detm esse que tero as melhores oportunidades.

  • 30

    Consideraes Finais

    Chegamos ao final desse trabalho e vimos que no Brasil a histria da informtica

    j alcana os seus 40 anos, mas que ao nosso ver ainda est em fase de crescimento, pois ainda h muito para se fazer nesse campo. H que sair da teoria e partir para a prtica, disseminar essa nova oportunidade para o desenvolvimento humano, partindo dos sistemas educacionais a responsabilidade de formar cidados independentes e responsveis dentro desse novo processo de democratizao tecnolgica. A princpio o tema informtica educacional nos chamou a ateno, talvez pelo modismo impresso nos meios de comunicao, ora para promoo poltica de alguns

    agentes pblicos, ora pela necessidade real de insero da educao brasileira nesse novo contexto mundial, a era informacional. Durante o levantamento bibliogrfico

    vimos que j existe uma produo literria considervel sobre esse tema, principalmente no mbito acadmico, mas pouca coisa ainda sobre a prtica efetiva dos professores da

    educao bsica utilizando os computadores com intencionalidade pedaggica. Portanto se nota que ainda um campo pouco explorado pelos educadores em efetivo exerccio do magistrio. Contudo, aceitamos que as polticas pblicas a favor da informtica na educao

    devem continuar a ser as norteadoras desse processo, mas com ressalvas, pois a participao dos principais envolvidos devem ser re(vistas) professores, diretores, tcnicos, alunos e pais, pois as conseqncias culturais e sociais provocados por essa revoluo tecnolgica no podem ser compreendidas isoladamente do processo ensino-aprendizagem. Entendemos ento que so quatro eixos a serem discutidos na concepo terico-metodolgica da informtica educativa: a aprendizagem; a filosofia do

    conhecimento; os domnios das tcnicas computacionais e as prticas pedaggicas. Esse trabalho no tem a inteno de trazer modelos sobre o uso da informtica

    na educao e nem tampouco fazer propaganda de polticas de implementao de computadores nas escolas de Uberlndia, mas apontar alguns pareceres, para melhor difundir esse tema na formao dos professores no ensino superior, onde nos cursos de Licenciatura, como o de Geografia que conclumos em 2008, pouco ou nada tratado

    sobre Informtica Educativa e o uso das Tecnologias Informacionais e Comunicao (TICs) no ensino.

  • 31

    Gostaramos de ter feito mais, visitar todos os laboratrios de informtica das escolas municipais de Uberlndia, conversar com todos os professores e coordenadores do projeto, vivenciar com os alunos momentos nos laboratrios de informtica para sentir suas percepes e seus comportamentos. Tambm seria interessante comparar o

    trabalho de uso da informtica nas redes estaduais e privadas com a rede municipal, contudo no houve oportunidades de faz-los por diversos motivos.

    No entanto acreditamos ser um trabalho que poder contribuir para quem deseja se aprofundar no assunto. Torcemos muito para que de fato todas as polticas governamentais e as aes das sociedades civis e cientficas sejam intencionadas para prticas de transformao social de modo que as geraes atuais e futuras sejam de sujeitos crticos, criativos, transformadores da realidade prpria e coletiva e ainda saibam a sua funo democrtica no seio da sociedade.

  • 32

    Referncias

    ________. C-INI Educao. Disponvel em: . Acesso em 08 nov. 1999b. ADRIN, Mariella; LLANO, Jos Gregrio,. A informtica educativa na escola. Traduo Katia Magna. So Paulo: Edies Loyola, 2006. BONILLA, Maria Helena Silveira; PRETTO, Nelson de Luca. Polticas Brasileiras de Educao e Informtica. S.l.:2000. Disponvel em: . Acesso em: 18 de jun. 2009. BRASIL (Pas). Proinfo. Recomendaes gerais para a preparao dos Ncleos de Tecnologia Educacional. Braslia, jul. 1997b. Disponvel em: . Acesso em 25 out. 1999. BRASIL (Pas). Anatel. Disponvel em: . Acesso em 08 nov. 1999b. BRASIL (Pas). Comit Gestor Internet/BR. Disponvel em: . Acesso em 04 dez. 1996a. BRASIL (Pas). Lei n 9.472. Braslia, de 16 de julho de 1997c. Disponvel em: http://www.anatel.gov.br. Acesso em 07 nov. 1999.

    BRASIL (Pas). Programa Nacional de Informtica Educativa Proninfe. Em Aberto. Braslia, ano 12, n. 57, jan./mar. 1993. p. 71-78. BRASIL (Pas). Programa Nacional de Informtica na Educao Proinfo. Braslia, jul. 1997a. Disponvel em: . Acesso em 25 out. 1999. BRASIL (Pas). Rede Nacional de Pesquisa. Disponvel em: . Acesso em 25 out. 1999a. BRASIL (Pas). Rede Nacional de Pesquisa. Disponvel em: . Acesso em 05 dez. 1996b. BRASIL (Pas). Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introduo aos parmetros curriculares nacionais. Braslia : MEC/SEF, 1998. 174 p. CANABARRO, Neuza. CIED/RS uma proposta de futuro. Em Aberto. Braslia, ano 12, n. 57, jan./mar., 1993, p. 99-100. CIED/ES. Em Aberto. Braslia, ano 12, n. 57, jan./mar., 1993, p. 89-90. FOLHA de So Paulo. MEC informatiza 6 mil escolas, mas no sabe para qu. Disponvel: http://www.folha.com.br. [capturado em 13 fev. 1998]. FONSECA, Marlia. O Banco Mundial e a Educao a Distncia. In: PRETTO, Nelson de Luca (org.). Globalizao & Educao: mercado de trabalho, tecnologias de comunicao, educao a distncia e sociedade planetria. Iju : Ed. Uniju, 1999, p. 59-77. (Coleo livros de bolsa. Srie terra semeada).

  • 33

    MARAL, Maria da Penha Vieira; MOREIRA, Suely Aparecida Gomes; ULHA, Leonardo Moreira. A didtica da Geografia Escolar: Uma reflexo sobre o saber a ser ensinado, o saber ensinado e o saber cientfico. Sociedade & Natureza, Uberlndia, 18 (34), 23-30, jun.2006 MIRANDA, Raquel. Informtica na educao: representaes sociais do cotidiano. 3.ed. So Paulo: Cortez, 2006. (Coleo Questes da Nossa poca; v. 96). MORAES, Maria Candida. Informtica educativa no Brasil: um pouco de histria... In: Em Aberto. Braslia: ano 12, n. 57, jan./mar. 1993. p. 17-26. MORAES, Raquel de Almeida. Educao, informtica e sociedade: o processo de informatizao do ensino pblico no Brasil. In: VI Simpsio Brasileiro de Informtica na Educao. Anais. Florianpolis: 1995, p. 15-26. OLIVEIRA, Ramon de. Informtica Educativa: Dos planos e discursos sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1997. (Coleo magistrio: Formao e Trabalho Pedaggico) PALANGANA, Isilda C.; BIANCHETTI, Lucdio. A controvrsia da qualificao no debate sobre trabalho e educao. Perspectiva, Florianpolis, ano 10, n. 18, p. 133-63, ago./dez. 1992. PRETTO, Nelson de Luca. Polticas Pblicas Educacionais: dos materiais didticos aos multimdias. Anais 22 Reunio Anual da ANPEd (CD-ROM), sesso especial n. 5. Caxambu, MG, 26-30 set. 1999. RAMOS, Murilo Csar Comit da Infra-estrutura Nacional de Informaes C-INI. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 1999a. SALLES, Fernando C. A proposta CEPAL-OREALC: progresso tcnico, cultura, poltica e educao. PERSPECTIVA, Florianpolis, ano 10, n. 18, p. 107-132, ago./dez. 1992. SILVA, Antnio Carlos Valente da. Anlise n. 036/98 GCAV. Disponvel: http://www.anatel.gov.br/biblioteca/analises/valente/analise_036_98.htm. [capturado em 08 nov. 1999]. TAPIA, Jorge R.B. A trajetria da poltica de informtica brasileira (1977-1991): atores, instituies e estratgias. Campinas: Papirus : Editora da Unicamp, 1995. UBERLANDIA (Minas Gerias) Projeto Digitando o Futuro. 2005 Acesso em 08 de nov. 2009.

  • 34

    ANEXOS

  • 35

    Caros colegas professores e professoras.

    Estou realizando meu Trabalho Final de Graduao no curso Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlndia, com uma pesquisa sobre o uso da

    informtica por professores de Geografia da rede municipal de ensino de Uberlndia MG, para tanto gostaria de sua contribuio respondendo as questes seguintes relacionadas ao tema abordado.

    Desde j agradeo a ateno dispensada ao meu trabalho e comprometo que todas as informaes sero usadas unicamente para o fim proposto, sem que haja nehuma identificao dos questionados.

    Grata,

    Cristina Maria

  • 36

    QUESTIONRIO

    1- Escola Municipal que trabalha atualmente: a)_____________________________________________________________________b)_____________________________________________________________________c)_____________________________________________________________________

    2- Formao: ( ) Graduao ( ) Especializao ( ) Mestrado ( ) Doutorado

    3- Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

    4- Tempo de Atuao no Magistrio: ___________ anos:

    5- J fez algum curso na rea de Informtica? ( ) Sim ( ) No

    5. 1 Se sim, indique: QUAL QUANDO ( ANO) a) b) c) d)

    6- Voc considera que a informtica pode ajudar no processo de ensino e aprendizagem para as aulas de geografia? por qu? ______________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________

    7- Voc j participou de curso de capacitao no cemepe ou outro local, na rea de informtica educativa? ( ) Sim ( ) No

    7.1- Qual ou Quais foram esses cursos? ______________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________

    7.2 - No caso da resposta acima for positiva, esse curso foi oferecido voc pelo: ( ) Municpio ( ) Estado ( ) Particular

  • 1

    8- Voc se considera capaz para dar aulas da disciplina de geografia, dentro de um laboratrio de informtica, utilizando os recursos que a informtica possa te oferecer? ( ) Sim ( ) No

    9- Voc considera que existe uma articulao entre os professores, os laboratoristas de informtica e coordenao pedaggica, afim de promover aes educativas no laboratrio de informtica em sua escola? ( ) Sim ( ) No Se quiser justifique: ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    10- Os programas disponveis no laboratrio de informtica esto adequados para um bom desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem para a disciplina geografia? ( ) Sim ( ) No Se quiser justifique: ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    11- Os equipamentos (computadores, mesas, cadeiras, espao fsico, etc) so adequados ao trabalho pedaggico na disciplina geografia ? ( ) Sim ( ) No Se quiser justifique: ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    12- O tempo oferecido para as aulas no laboratrio de informtica suficiente para desenvolver atividades propostas da disciplina de geografia? ( ) Sim ( ) No Se quiser justifique: ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    13- Relate em poucas palavras uma experincia educacional em geografia em que voc utilizou recursos do laboratrio de informtica: ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________