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    REGINA APARECIDA ROSSETTO GUZZO

    PROTOCOLO “TERAPIA OCUPACIONAL ABRANGENTE E

    SINTÉTICO”, PARA PACIENTES COM HEMIPLEGIA APÓS O

    ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

    Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação daFaculdade de Ciências Médicas da Santa Casa deSão Paulo para a obtenção do título de Doutora

    em Ciências da Saúde.

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    SÃO PAULO

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    REGINA APARECIDA ROSSETTO GUZZO

    PROTOCOLO “TERAPIA OCUPACIONAL ABRANGENTE E

    SINTÉTICO”, PARA PACIENTES COM HEMIPLEGIA APÓS O

    ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

    Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação daFaculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

    São Paulo para a obtenção do título de Doutoraem Ciências da Saúde.

    Orientador: Prof. Dr. Rubens José Gagliardi

    SÃO PAULO

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    FICHA CATALOGRÁFICA

    Preparada pela Biblioteca Central daFaculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

    Rossetto Guzzo, Regina AparecidaProtocolo “Terapia Ocupacional Abrangente e Sintético”, para

    pacientes com hemiplegia após o acidente vascular cerebral./ Regina Aparecida Rossetto Guzzo. São Paulo, 2011.

    Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casade São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

    Área de Concentração: Ciências da SaúdeOrientador: Rubens José Gagliardi

    1. Avaliação de desempenho 2. Análise e desempenho de tarefas 3. Acidente cerebral vascular/reabilitação 4. Terapia ocupacional 5. Atividades cotidianas 6. Hemiplegia 7. Protocolos

    BC-FCMSCSP/49-11

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    DEDICATÓRIA __________________________________________________________________

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    A Deus ,

    Aos meus q uer idos pa is , Arnaldo e I racema,Pela grande dedicação, torcida e amor, minha gratidão, admiração e amor.

    Ao m eu mar ido Fernand o,Pelo carinho, paciência, cumplicidade, meu amor.

    Ao meu f i lho Danie l ,Por sua existência, minha vida.

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    AGRADECIMENTOS __________________________________________________________________

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    À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na pessoa do DD. ProvedorDr. Kalil Rocha Abdalla, pela oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos.

    À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, na pessoa do DD.Diretor Prof. Dr. Valdir Golin, pela oportunidade desta Pós-Graduação, peloincentivo e apoio.

    Ao Prof. Dr. Rubens José Gagliardi, meu orientador e amigo, pela amizade, paciência,confiança e valiosa orientação.

    Ao Dr. Fernando Tondi Guzzo, que com sua paciência e sabedoria, soube como meincentivar e orientar nos momentos de hesitação.

    Aos pacientes, que motivaram esta pesquisa, razão de toda busca para este trabalho,

    pelo estímulo para a sua concretização. Ao Serviço de Reabilitação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,na pessoa do DD. Diretor Prof. Claudio Gomes, pela oportunidade de realizar estetrabalho e pela amizade de tantos anos.

    Ao Prof. Dr. Sergio Lianza, pelo incentivo, apoio e motivação para esta pesquisa.

    À minha banca de Qualificação Prof. Dr. Wilson Luiz Sanvito, Prof. Dr. Marcelo TomanikMercadante, Prof. Dr. José Carlos Esteves Veiga e Prof. Dr. Milton Luiz Gorzoni, pelasvaliosas sugestões e orientações para a conclusão deste trabalho.

    À coordenadora do Curso de Pós Graduação em Ciências da Saúde Profª. Drª. Ivoty Alves dos Santos Sens pela oportunidade e pelo apoio.

    À Profª. Danielle dos Santos Cutrim Garros, pelos conselhos e sugestões na execuçãodeste trabalho e pela grande amizade.

    À CAPES pelo apoio financeiro.

    Aos professores do Departamento de Medicina Social Daniel Kashiwamura Scheffer eErika Fukunaga, pela colaboração indispensável na análise estatística deste trabalho.

    À Terapia Ocupacional da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,minha escola, meu objetivo profissional.

    Às terapeutas ocupacionais Profª. Anelise Sartorel Santos, Dra. Carolina Marques, Dra.Ester Aizic, Dra. Silvia Barros, Dra. Silmara Pedroso, Dra. Livia Couto e Dra.CarolinePiotto, pela amizade, apoio e incentivo.

    À Secretaria do Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da SantaCasa de São Paulo, pelo apoio para a conclusão de cada etapa do curso.

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    À equipe da Biblioteca Central da Santa Casa de São Paulo, pela qualidade e eficiêncianos serviços prestados.

    Aos meus sogros Irmgard Anna Pufleb e Wagner Moré Guzzo por incentivarem eapoiarem mais este desafio.

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    ABREVIATURAS E SÍMBOLOS __________________________________________________________________

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    AVC Acidente Vascular Cerebral

    TOAS Terapia Ocupacional Abrangente e Sintético

    AVCI Acidente Vascular Cerebral Isquêmico

    AVCH Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico

    Tab. Tabela

    DATASUS Banco de Dados do Sistema Único de Saúde

    AVD Atividades de Vida Diária

    ABVD Atividade Básica de Vida Diária

    AIVD Atividades Instrumentais da Vida Diária

    MIF Medida de Independência Funcional

    SAME Serviços de Arquivos Médicos e Estatística

    Fig. Figura

    FES Eletro Estimulação Funcional

    TDMCB Teste de destreza manual da caixa e blocos

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    SUMÁRIO __________________________________________________________________

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    1. INTRODUÇ O .................................................................................................... 01

    1.1. REVIS O DE LITERATURA ..................................................................... 04

    2. OBJETIVOS........................................................................................................ 213. CASUÍSTICA E MÉTODO................................................................................... 23

    4. RESULTADOS..................................................................................................... 53

    5. DISCUSS O ....................................................................................................... 62

    6. CONCLUS O...................................................................................................... 69

    7. ANEXOS ............................................................................................................. 71

    8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 88

    RESUMO ............................................................................................................ 95

    ABSTRACT ......................................................................................................... 97

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    1. INTRODUÇÃO __________________________________________________________________

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    O Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem um alto impacto, tanto do ponto de vista

    pessoal como familiar e social. É a principal causa de morte em nosso país (1-4), tem alta

    prevalência e morbidade e é também a principal causa de sequelas não traumáticas emadultos(3-8,15). Em um ano após sofrer um AVC aproximadamente 31% dos doentes

    evoluem para óbito, 28% para déficit neurológico grave, 11% para invalidez moderada,

    11% para transitória e apenas 17% evoluem sem sequelas (5).

    A experiência da doença é inerente à pessoa acometida e ao mundo em que ela

    vive. A enfermidade interfere, e depois torna-se parte de uma determinada vida,

    complicando relações, interferindo em prazeres e atividades, requerendo adaptações e,

    finalmente, passando a possuir um significado que para aquela pessoa é único (7-9).

    A Terapia Ocupacional tem como objetivo diferenciado dirigir a participação do

    ser humano, promovendo sua adaptação, restaurando, reforçando e facilitando a

    aprendizagem de habilidades essenciais para a vida diária (7-9).

    Os objetivos relacionados ao mundo social do paciente e à conexão entre as

    habilidades funcionais e os relacionamentos sociais são muito mais difíceis de alcançar,

    e seria leviano tratar apenas as habilidades funcionais e ocupacionais como se elas não

    estivessem relacionadas ao mundo social do paciente, pois o significado principal de

    uma condição é como ela afeta os relacionamentos pessoais do indivíduo,

    diferentemente dos objetivos de aprender a se vestir, ou de aprender a se locomover

    em uma cadeira de rodas (10).

    Para o desenvolvimento desta pesquisa, organizamos um protocolo de

    tratamento em Terapia Ocupacional, denominado “Terapia Ocupacional Abrangente e

    Sintético” (TOAS), especifico para hospitais de nível terciário. O início é o mais precoce

    possível, ou seja, imediatamente após a alta hospitalar e com tempo determinado para01

    Introdução

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    seu término, com a meta de se reabilitar e/ou habilitar o paciente após o AVC, para a

    independência, estimulando e motivando ao retorno familiar, social e profissional.

    Este trabalho compara os resultados obtidos na primeira avaliação funcional eocupacional do paciente que sofreu o AVC, com os resultados no momento de sua alta,

    após o protocolo TOAS, no Centro de Reabilitação da Irmandade da Santa Casa de

    Misericórdia de São Paulo.

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    Introdução

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    1.1. REVISÃO DA LITERATURA __________________________________________________________________

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    “O Acidente Vascular Cerebral é mundialmente conceituado como uma

    emergência médica, pois a destruição neuronal é rapidamente progressiva e o

    tratamento é tempo dependente ” (1,2,5,11)

    . Após a instalação da isquemia ocorre umacascata de fenômenos bioquímicos que em poucas horas leva à destruição do tecido

    cerebral. Os tratamentos atualmente propostos devem ser iniciados dentro desta curta

    janela terapêutica e por esse motivo os serviços de emergência têm se adaptado a

    essa nova realidade e vêm contribuindo para um melhor prognóstico destes

    pacientes (1,2,5,11). Com este limite de tempo, tornou-se fundamental o reconhecimento

    precoce pelo paciente ou seus familiares da instalação do déficit neurológico e o

    transporte do doente para um hospital de nível terciário para a investigação e

    tratamento(1,2).

    Estudo randomizado realizado pelos departamentos de epidemiologia e saúde

    publica das Universidades de Michigan e do Texas, teve como objetivo encorajar

    crianças da escola primaria a chamar o resgate (911) assim que identificassem uma

    pessoa sofrendo um AVC. Os alunos tiveram quatro aulas de cinquenta minutos sobre

    AVC, ministradas pelos próprios pesquisadores que concluíram que um programa de

    intervenção educacional pode contribuir significativamente para o melhor conhecimento

    e comportamento para reconhecer e procurar ajuda apropriada num caso de AVC

    agudo(12).

    Os Acidentes Vasculares Cerebrais são classicamente divididos, de acordo com

    as características anátomo-patológicas em Isquêmicos (AVCI): causados por doença

    vascular primária, trombose ou embolia e Hemorrágicos (AVCH): divididos em

    hemorragias subaracnóideas e hemorragias intraparenquimatosas (1,2,5,11).

    Aproximadamente 75% dos AVC são isquêmicos e 25% hemorrágicos (2, 5,11,13,14).04

    Revisão da Literatura

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    Corroborando com estes dados, em estudo recente nos Estados Unidos da America

    dos 795.000 Acidentes Vasculares Cerebrais 625.000 são isquêmicos (11). O prognóstico

    depende então da localização, do tamanho e tipo da lesão, além do fator idade e dahistória de saúde prévia do paciente (2,8,11).

    1.1.1. Epidemiologia e Etiologia

    “A Organização Mundial da Saúde define o Acidente Vascular Cerebral como

    uma disfunção neurológica aguda, de origem vascular, com sintomas e sinais

    correspondentes ao comprometimento de áreas focais do cérebro” (22,25).

    A American Heart Association publicou em 2004, dados estatísticas sobre o

    Acidente Vascular Cerebral que já demonstravam a gravidade deste problema. Em

    média, a cada 53 segundos um cidadão americano sofria um AVC e a cada 3,3 minutos

    uma pessoa morria de AVC (16).

    Esses números tiveram um aumento de 33%, e em 2010 aproximadamente795.000 pessoas sofreram um AVC, 610.000 foram atingidos pela primeira vez e a

    expectativa é que em 2025, atinja-se um milhão de pacientes no ano (11,14,17) .

    Nos Estados Unidos hoje existem 6,4 milhões de sobreviventes de AVC, sendo a

    principal causa de incapacidade (11, 14, 17).

    No Brasil o número de internações por AVC aumenta de maneira significativa a

    cada ano (Tab.1), fazendo com que os hospitais de nível terciário assim como suas

    equipes de saúde, tenham que se preparar para atender essa demanda.

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    Tabela 1. Número de Internações por AVC no Brasil por região e ano (15).

    Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – DATASUS atualização em 01.03.2011.

    O AVC pode ocorrer em qualquer idade, sendo que o risco dobra a cada décadaapós os 55 anos (18). Muitos autores corroboram que a chance de se sofrer um AVC

    aumenta com a idade, principalmente acima dos 64 anos e que 75% de todos os AVC

    acontecem acima desta idade, é mais frequente em homens e na raça negra (2,5,17) .

    Em 2000, aproximadamente dois milhões de pessoas foram afetadas e tiveram a

    sua capacidade laborativa e social significativamente reduzida devido às sequelas

    neurológicas de acidentes vasculares cerebrais. Importante parcela dessas pessoas

    estava com idade entre 25 e 46 anos (5), corroborando o alto impacto que o AVC tem no

    indivíduo e na sociedade, pois o Acidente Vascular Cerebral a cada ano, atinge uma

    população cada vez mais jovem (11,13,17) .

    Região2010

    2009 2008

    Sul 34458 34249 30810

    Sudeste 80981 76330 72174

    Centro-Oeste 12768 11326 10479

    Nordeste 45468 43471 36124

    Norte 9146 9604 7280

    Total 182.821 174.880 156.867

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    O AVC é uma doença comum e cosmopolita, considerado um problema de

    saúde pública. Sua incidência anual nos Estados Unidos é maior do que a união das

    incidências anuais da doença de Parkinson, epilepsia, esclerose múltipla, demência eesclerose lateral amiotrófica(4,11,17) .

    O AVC está em terceiro lugar como causa de morte nos Estados Unidos da

    América e nos países industrializados da Europa, perdendo apenas para as doenças do

    coração e do câncer (4,5,11,17,18,19,20).

    A mortalidade por AVC é cinco vezes maior na Europa Ocidental quando

    comparada com a Europa Oriental, esse fenômeno pode ser atribuído a maior

    frequência de fatores de risco como a hipertensão arterial e fumo na Europa Ocidental,

    essas diferenças não estão confinadas ao eixo Europa Ocidental – Oriental, mas

    também são encontradas entre os países da Europa Ocidental, por exemplo, a

    incidência do AVC é menor na França e no Reino Unido, em comparação com a

    Alemanha(18).

    Em estudo realizado em setembro de 2010 nos Estados Unidos por professores

    de neurologia das Universidades da Carolina do Sul e de Cincinnati, conclui-se que a

    hipertensão, o diabetes mellitus e o fumo são os principais fatores de risco de um AVC

    (2,11,17) .

    Os fatores de risco não modificáveis são: idade, raça, gênero, raça,

    hereditariedade e os fatores modificáveis incluem: hipertensão arterial sistêmica (o fator

    mais importante), diabetes mellitus , doenças cardíacas como fibrilação atrial, doença

    valvular, estenose mitral e anomalias estruturais que permitam desvio da circulação da

    esquerda para a direita, hipercolesterolemia, ataques isquêmicos transitórios, estenose

    de carótida, hiperhomocistinemia e estilo de vida (abuso de álcool, uso de fumo, uso de

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    drogas ilícitas, obesidade e inatividade física), anemia falciforme, displasia

    fibromuscular da carótida e síndrome metabólica (1,2,11,17,19,21,22)

    A hipertensão arterial é inquestionavelmente o principal fator de risco para as doençascérebrovasculares, e é o fator responsável por 60 a 80% dos AVC (1,2,11,13,17,18,19,23,24) .

    O déficit neurológico, transitório ou definitivo, por dano cerebral secundário à

    lesão vascular, é denominado acidente vascular cerebral, podendo se apresentar de

    formas variadas, ter diferentes manifestações clínicas e etiologias diversas (1-3) .

    “A maioria dos sobreviventes exibirá deficiências neurológicas e incapacidades

    residuais significativas, o que faz do Acidente Vascular Cerebral a primeira causa de

    incapacitação funcional do mundo ocidental” (26).

    Principais déficits neurológicos de acordo com a artéria ocluída: (5,11,14,16,19,22)

    Cerebral média – perda contralateral da força e da sensibilidade na face,

    no membro superior e, em menor intensidade no membro inferior. Afasia

    se hemisfério dominante, negligência se não dominante.

    Cerebral anterior – perda contralateral da força e da sensibilidade no

    membro inferior e, em menor intensidade no membro superior.

    Cerebral posterior – defeito do campo visual contralateral.

    Possivelmente, confusão mental e afasia se hemisfério dominante.

    Perfurantes (Síndrome lacunar) – fraqueza e perda sensitiva

    contralateral (geralmente, ou uma ou outra) na face, membro superior e

    membro inferior. Ausência de afasia, negligência ou perda visual.

    Possivelmente ataxia e disartria.

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    Basilar e seus ramos – combinações variáveis de ataxia axial, disartria,

    disfagia, fraqueza e perda sensitiva na face e nos membros (pode ser

    bilateral), assimetria pupilar, olhar desconjugado, perda do campo visual esonolência/torpor/coma.

    Aproximadamente 70% dos pacientes sobrevivem ao AVCl, e a prevalência de

    incapacidades relacionadas a essa enfermidade é alta, pois esses pacientes se

    deparam com vários danos funcionais e ocupacionais, sendo os mais comuns as

    hemiparesias, as hemiplegias, incoordenação motora, desequilíbrio, espasticidade, osdéficits sensitivos, a apraxia, a afasia e as perdas perceptivas e/ou cognitivas (7-9).

    A incapacidade funcional pode ser definida como a inabilidade ou a dificuldade

    de realizar tarefas que fazem parte do cotidiano do ser humano e que normalmente são

    indispensáveis para uma vida independente na comunidade (27).

    A capacidade funcional se refere à potencialidade para desempenhar as

    atividades de vida diária ou para realizar determinado ato sem necessidade de ajuda (28).

    “Uma análise detalhada da incapacidade é indispensável, a fim de estabelecer

    corretamente o tratamento, as finalidades e os objetivos individuais para cada paci ente”

    (7,8,29).

    Nos Estados Unidos 26% dos sobreviventes do AVC necessitam de assistências

    nas Atividades de Vida Diária, 30% necessitam de algum tipo de assistência para

    andar, 26% necessitam de internações de longo tempo em clínicas especializadas,

    além disso, pelo menos um terço dos sobreviventes tem depressão (14). O AVC afeta a

    vida dos pacientes, familiares e cuidadores (14) .

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    A hemiplegia é a principal manifestação de uma lesão destrutiva do córtex motor

    e é caracterizada por perda de força do lado contralateral do corpo em relação à lesão

    cerebral, acarretando comprometimento da movimentação voluntária(30)

    , normalmente oquadro é acompanhado de espasticidade, que além de favorecer o aparecimento de

    deformidades, muitas vezes dificulta ou impede a função.

    A espasticidade é um dos distúrbios motores mais frequentes e incapacitantes

    observados nos indivíduos com lesão do sistema nervoso central, que compromete o

    neurônio motor superior ao longo da via córtico-retículo bulbo-espinhal(31), como parte

    da síndrome do neurônio motor superior. Associa-se frequentemente à presença de

    fraqueza muscular, hiperreflexia profunda e presença de reflexos cutâneo-musculares

    patológicos, como os sinais de Babinski e Hoffmann(32,33).

    O paciente com espasticidade apresenta uma condição que interfere na função

    motora, provocando quadros dolorosos, perda da amplitude de movimento e

    deformidades, interferindo na realização das atividades de vida diária e na

    qualidade de vida do indivíduo(34). É um distúrbio sensório-motor que pode

    comprometer a capacidade funcional do paciente, seu conforto e a sua auto imagem (35).

    Em todos, exceto em casos mais leves de hemiplegia, os movimentos seletivos e

    discriminativos são perdidos, esta perda de movimentos delicados e individualizados

    mostra-se mais claramente no braço e na mão. O paciente não pode mover seu

    cotovelo, punho ou dedos seletivamente (36).

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    1.1.2. A Terapia Ocupacional e a reabilitação do paciente após o AVC.

    A Terapia Ocupacional trabalha com a coordenação motora, fina e grossa

    (preensão, oposição, dedo-nariz, movimentos rápidos e alternados), a força, amplitudede movimentos, o tônus, a sensibilidade, as atividades de vida diária e o treinamento

    voltado para a recuperação dos padrões normais de movimento (5).

    As intervenções terapêuticas ocupacionais influenciam o estado de atividade

    dos clientes (37). As sequências de movimentos, que são escolhidas durante a terapia devem ser

    similares aos movimentos utilizados nas atividades de vida diária, pois dessa maneira,

    pode ser construída uma ponte entre o tratamento e o uso funcional (38-41).

    Um dos princípios fundamentais da Terapia Ocupacional é o da compensação –

    facilitação, de maneira simples a compensação refere-se ao treinamento do membro

    não afetado, de modo a compensar as funções do membro comprometido, enquanto a

    facilitação corresponde ao uso repetitivo do membro afetado, com o objetivo de acelerara recuperação e evitar o “não uso aprendido”, que pode resultar da confiança

    excessivamente compensatória no membro normal (5,38-43).

    Em 1950, o médico Herbert Kabat e a terapeuta ocupacional Dorothy Rosemberg

    descreveram um programa denominado método Kabat ou Facilitação Proprioceptivo

    Neuromuscular voltado para a aceleração do desenvolvimento do movimento voluntário

    em músculos gravemente paralisados com o emprego de técnicas de reforço para

    exercícios de resistência orientados, empregando padrões primitivos de movimentos em

    massa, movimentos sinérgicos e movimentos bilaterais simétricos (40-43).

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    O método Kabat visa promover ou acelerar a resposta de mecanismos

    neuromusculares pela estimulação dos proprioceptores, com o objetivo de “fornecer

    aprendizagem motora” (40-43)

    . Os padrões de facilitação são combinados paradesenvolver habilidades motoras para: rolar, sentar, ficar em pé, realizar as AVD (40-44).

    Jean Ayres, terapeuta ocupacional, descreveu a seleção de adaptações de

    atividades cotidianas simples e normais, empregando mecanismos proprioceptivos de

    facilitação (41).

    Margareth Rood, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, desenvolveu o Método

    Rood ou de Estimulação Sensorial por ativação ou inibição. Baseou seu trabalho no

    emprego de estimulação sensorial para influir na resposta motora. O principio básico

    desta terapia é a ativação dos músculos pelos receptores sensoriais, na sequência do

    padrão de desenvolvimento normal (41).

    O método Brunnstrom ou Padrões Sinérgicos de movimento, preconiza que os

    meios para facilitar a ação de grupos musculares dentro das sinergias incluem o uso de

    respostas reflexas e consequente o desenvolvimento de controle voluntário. O objetivo

    desse tratamento é atingir o controle de sinergias flexoras e extensoras, chegando ao

    ponto de combinar estes padrões de movimento para a realização de atividades que

    envolvam: pegar, alcançar, andar e cuidados pessoais (40-44).

    Signe Brunnstrom, fisioterapeuta, apresentou sua teoria e técnicas para a terapia

    ocupacional em 1961, em um estudo do comportamento motor de pacientes adultos

    hemiplégicos (41,44).

    Método Bobath ou Neuroevolutivo: Karel Bobath, medico neurologista, e Bertha

    Bobath, fisioterapeuta, desenvolveram o “Tratamento Neuroevolutivo”, que enfatiza a

    inibição de padrões posturais anormais, facilitando o desenvolvimento de reações

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    posturais normais. Técnicas de facilitação por estimulação tátil e proprioceptiva são

    utilizadas quando necessário, e incluem a transferência de peso com ou sem pressão e

    resistência. Em síntese, o sistema neuroevolutivo focaliza a integração de padrõesautomáticos de movimentos e o ajustamento postural (38-43).

    Pessia Grywac Meyerhof, terapeuta ocupacional, em 1978 desenvolveu a

    pesquisa “Modificação do comportamento motor de um hemiplégico adulto com o

    emprego de biofeedback” . Do ponto de vista clinico, o treino oferece ao paciente uma

    informação (feedback) relativamente imediata, durante o treino muscular e uma

    resposta funcional. O objetivo deste treino foi reeducar o paciente para a função e

    realização das AVD(40).

    Em 1986 foi introduzida no Brasil, na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia

    de São Paulo, pelo medico fisiatra Sergio Lianza a Estimulação elétrica funcional (FES).

    A técnica FES pode ser classificada como um recurso de recondicionamento do ato

    motor e também como um recurso ortésico no tratamento do paciente com hemiplegia

    por AVC (9,42,46).

    A FES deve estar sempre associada à Fisioterapia ou Terapia Ocupacional, e os

    grupos musculares em membros superiores frequentemente estimulados com o objetivo

    de recondicionamento funcional são: deltóide, tríceps, extensores de punho e dedos. O

    objetivo da técnica FES em pacientes portadores de hemiplegia é o recondicionamento

    muscular, a redução da espasticidade e a reorganização do padrão motor (9,45, 46).

    Em pesquisa contemporânea, notamos que as técnicas introduzidas por Kabat,

    os Bobaths, Brunnstrom, Rood, Ayres, ainda estão em evidência em muitos serviços de

    reabilitação(41).

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    Meyerhof e Lianza trouxeram técnicas e desenvolveram a metodologia que são

    seguidas atualmente nos grandes centros de reabilitação por fisioterapeutas e

    terapeutas ocupacionais. A Terapia Ocupacional tem como objetivos diferenciados dirigir a participação do

    ser humano, promovendo sua adaptação, restaurando, reforçando e facilitando a

    aprendizagem de habilidades essenciais para a vida diária (47,48) .

    Atividades da Vida Diária (AVD) compreendem desde as atividades

    fundamentais para a sobrevivência ou atividades pessoais (comer, manter-se aquecido,

    evitar perigos, manter a higiene pessoal), até as atividades que exijam habilidades

    sociais básicas (cozinhar, fazer compras e realizar trabalhos domésticos) (7-9).

    Quando um terapeuta ocupacional sabe que um paciente quer reaprender a

    dirigir, vestir-se de maneira independente, comer em restaurante ou continuar a

    trabalhar como um mecânico de automóveis, deve ser capaz de organizar as tarefas

    terapêuticas que auxiliam o paciente na realização destas atividades (7-9).

    As atividades cotidianas executadas pelo indivíduo em sua rotina diária, visando

    a sua manutenção e a sua sobrevivência são divididas em Atividades de Vida Diária

    Básicas (ABVD), que são: a alimentação, vestuário, higiene, autocuidados, e as

    Atividades da Vida Diária Instrumentais ou Prática (AIVD) são as que envolvem a

    interação do indivíduo com os utensílios do dia-a-dia e profissional(7,8,49).

    A AVD é descrita como tarefas de automanutenção, incluindo 15 domínios:

    arrumar-se, higiene oral, lavar-se ou banhar-se, higiene no toalete, cuidados com

    objetos pessoais, vestir-se, comer e dar alimento, medicamento rotineiro, manutenção

    da saúde, socialização, comunicação social, mobilidade funcional, resolução de

    problemas e expressão sexual (7,50).

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    As AIVD indicam tarefas mais adaptativas ou necessárias para a vida

    independente na comunidade como, por exemplo, fazer compras, telefonar, utilizar

    o transporte coletivo, realizar tarefas domésticas, preparar uma refeição, cuidar dopróprio dinheiro, a participação social, enfim, são tarefas consideradas mais

    difíceis e elaboradas que as AVD (51). Em conjunto estas atividades podem ser

    chamadas de Atividades de Vida Diária ou Atividades Funcionais, pois visam o

    desempenho ocupacional humano em toda sua dimensão (51).

    O trabalho é um aspecto importante da vida diária pois é através dele que os

    indivíduos ganham dinheiro, e tem a oportunidade de contatos sociais, status e

    reestruturar suas vidas. É uma chave para o desenvolvimento e manutenção da

    identidade pessoal e pode adicionar um sentido de participação e de bem estar físico

    (52).

    A ocupação ou a atividade dirigida a um propósito é o método usado para

    melhorar as capacidades do ser humano embora esses métodos sejam originariamente

    teóricos, ao interagir com fatores, ou capacidades físicas psicológicas, cognitivas e

    emocionais eles melhoram as atitudes, a motivação, os valores, os interesses,

    hábitos.... Por ocupação se entende: Cuidar de si, aproveitar a vida e contribuir para o

    bem social e econômico de suas comunidades (7-9).

    Os cientistas do comportamento motor têm focalizado tradicionalmente as

    pesquisas de aprendizado motor em indivíduos “normais”, enquanto a Terapia

    Ocupacional tem focalizado a restauração ou reabilitação de desempenhos

    ocupacionais em pacientes, porém as condutas de tratamento de neurorreabilitação da

    Terapia Ocupacional baseiam-se nas suposições implícitas e explícitas sobre o controle

    motor e aprendizado do indivíduo normal(53,54) .

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    A plasticidade do sistema nervoso central é o ponto culminante da nossa

    existência e desenvolvimento e de todo processo de aprendizagem, o trabalho prático

    da reabilitação também depende das precondições de estimulação, inibição efacilitação. Quanto maior a capacidade residual de aprendizagem do paciente, isto é,

    a plasticidade do seu sistema nervoso central, mais bem sucedida será sua

    reabilitação(55).

    Nas duas últimas décadas estas suposições foram contestadas pela pesquisa de

    controle e aprendizado motor, pesquisa que levou a um deslocamento dos modelos de

    reflexo e hierárquico para o aprendizado motor, no sentido de conceituações mais

    complexas da programação e aprendizado motores (54,57). Este deslocamento do

    conhecimento possui implicação no modo como os terapeutas ocupacionais ensinam

    aos clientes novas sequencias de movimentos, por exemplo, como se levantar da cama

    após um AVC (7,8,48,50).

    A Terapia Ocupacional, ao maximizar a independência funcional e autonomia

    ocupacional, utiliza a tecnologia assistiva(7-9) , esses temas devido a relevância estão

    sendo pesquisados no Stroke Program Review Group (SPRG) (5,21).

    A tecnologia assistiva é definida como: qualquer item, acessórios, equipamentos

    ou sistema de produtos, adquiridos comercialmente, modificados ou feitos sob medida,

    com o objetivo de aumentar, manter ou melhorar as habilidades funcionais do indivíduo

    com limitações funcionais (7-9,58,59) .

    A órtese dorsal volar para o posicionamento de punho e dedos, dispositivo

    externo, que tem como função o posicionamento articular, atuando assim no

    desequilíbrio muscular, compensando o déficit de ação da musculatura extensora de

    punho e dedos (60-64).

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    A função da órtese volar para posicionamento de punho e dedos com a

    finalidade de prevenir o desenvolvimento de deformidades e a orientação do uso

    noturno para se evitar a perda da função manual ativa, é fato relevante para o pacientecom hemiplegia espástica de membro superior (60-64).

    1.1.3 Medida de Independência Funcional (MIF) e o Teste de destreza

    manual da caixa e blocos (TDMCB).

    A Medida de Independência Funcional (MIF) teve origem na década de 1980, e

    foi desenvolvida pelo Departamento de Reabilitação da Faculdade de Medicina da

    Universidade do Estado de New York, em Buffalo(7- 10,65-71) .

    O projeto foi patrocinado por órgãos públicos: o Instituto Nacional de Pesquisa

    para deficientes e o Departamento de Educação do Governo Federal dos Estados

    Unidos, e por entidades médicas: o Congresso Americano de Medicina de Reabilitação

    e a Academia Americana de Medicina e Reabilitação(7-10,65)

    . A MIF foi desenvolvida para avaliar pessoas sob o processo de reabilitação e

    traduzida para a língua portuguesa no Brasil em 2000 (65).Utilizada por muitos

    profissionais, na área de reabilitação, sua abordagem é verbal, onde o paciente deve

    responder as questões relacionadas às suas atividades de vida diária, e quando o

    mesmo encontra-se impossibilitado, fica a cargo do seu familiar cuidador as respostas

    ao protocolo de avaliação(65-71).

    A MIF tem por objetivo avaliar de forma quantitativa a carga de cuidados

    demandada por uma pessoa para a realização de uma série de tarefas motoras e

    cognitivas de vida diária (7-9,65). É considerada a melhor medida para avaliar a

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    incapacidade funcional no momento, com melhor confiabilidade, validade e

    sensibilidade às mudanças (65).

    O Índice de Barthel para medir o grau de independência Funcional do pacienteapós o AVC, é frequentemente usado e muito conhecido, porém não inclui a mobilidade

    no leito e as tarefas domesticas e de cozinha (70,71).

    A normatização do teste de destreza manual da caixa e blocos foi realizada por

    terapeutas ocupacionais em 1985, o teste foi considerado simples, de baixo custo e

    eficiente quanto avaliação da destreza manual, é eficiente para avaliar programas de

    tratamento para destreza manual (72-75) .

    O Teste de Destreza Manual da Caixa e Blocos, utilizado durante o Protocolo

    TOAS, para medir e quantificar a evolução da capacidade ocupacional manual. Trata-se

    de instrumento validado no Brasil(72-75).

    O teste de destreza manual da caixa e blocos é utilizado para quantificar a

    função manual (7-9,72-75), através dele podemos avaliar a habilidade, a agilidade e a

    destreza manual, tanto da mão comprometida pelo AVC como da mão que não está

    comprometida.

    A associação do Teste de Destreza Manual da Caixa e Blocos com a Medida de

    Independência Funcional foi utilizada em estudo do desempenho manual, com idosos

    em 1994, a correlação entre as avaliações pareceu relevante para os resultados do

    estudo, levando à Validação do Teste de Destreza Manual da Caixa e Blocos para

    idosos (72-75).

    Esta avaliação vem complementar os dados colhidos na MIF, e através do

    resultado das duas avaliações se estabelecerá a necessidade da troca de dominância

    ou não, para a melhora do desempenho ocupacional do paciente (7).18

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    O terapeuta ocupacional ao avaliar um paciente tem como referência a tríade

    Pessoa-Tarefa-Ambiente , pois o indivíduo com déficit nos componentes de

    desempenho, não consegue interagir com o ambiente para realizar a tarefa(7,8)

    .Em Terapia Ocupacional, é fundamental se avaliar o desempenho ocupacional,

    para tanto, o terapeuta deve observar o resultado durante o processo, isto é, os

    padrões preferidos de movimentos, a estabilidade ou instabilidade, a flexibilidade na

    utilização de outros padrões, e a habilidade no aprendizado de novas estratégias, para

    compreender os comportamentos motores utilizados para compensar e alcançar os

    objetivos funcionais(36).

    A avaliação e o tratamento devem estar intimamente relacionados, assim como o

    tratamento deve ser planejado e continuado com bases em avaliações frequentes e

    cuidadosas 36 .

    O terapeuta ao avaliar seu paciente deve mapear o desempenho ocupacional,

    através da análise da atividade realizada, corrigir o desempenho, orientar o familiar

    cuidador, documentar os resultados e assim optar pelo melhor método de intervenção

    para aquele paciente (7-9).

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    __________________________________________________________________

    2. OBJETIVOS __________________________________________________________________

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    Os objetivos deste trabalho foram:

    1- Organizar um protocolo em Terapia Ocupacional específico para o

    atendimento de pacientes pós - AVC em hospitais de nível terciário;2- Mensurar a evolução funcional do paciente após a aplicação do Protocolo

    Terapia Ocupacional Abrangente e Sintético (TOAS).

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    Objetivos

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    3. CASUÍSTICA E MÉTODO __________________________________________________________________

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    3.1. Casuística

    A casuística (Anexo 1: Tab. 2) composta por 210 pacientes, 113 (54%) do gênero

    masculino e 97 (46%) do feminino (Tab.3), com diagnóstico de hemiplegia devido ao

    Acidente Vascular Cerebral em seguimento no Serviço de Terapia Ocupacional do

    Centro de Reabilitação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no

    período de março de 2008 a dezembro de 2010.

    Tabela 3. Distribuição dos 210 pacientes da amostra, segundo gênero.

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    A média de idade foi 56 anos, variando de 17 a 90 anos (Fig.1). Da amostra, 156

    pacientes (74%) responderam ter a cor branca, 38 (18%) a cor preta e 16 (8%) a cor

    amarela (Tab.4).

    gênero Nº (%)

    masculino 113 53,8

    feminino 97 46,2

    Total 210 100,0

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    Casuística e Método

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    Figura 1. Distribuição da Amostra, segundo idade em anos (pag.21) - Diagrama deBoxplot.

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    Tabela 4. Distribuição da Amostra, segundo a cor.

    Fonte: SAME Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2008-2010).

    Cor Nº (%)

    Branca 156 74

    Preta 38 18

    Amarela 16 8

    Total 210 100,0

    24

    Casuística e Método

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    38

    Eram casados ou possuíam união estável 111 pacientes (53%), os pacientes

    solteiros, divorciados ou viúvos somavam 99 pacientes (47%) (Tab.5).

    Tabela 5. Distribuição da Amostra, segundo a Situação conjugal.

    União estável Nº (%)

    Sim 111 53

    Não 99 47

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    O grau de analfabetismo da amostra foi relevante, 12 pacientes (6%), e

    pacientes com graduação de nível superior eram em número de 21 (10%).

    Tabela 6. Distribuição dos 210 pacientes da Amostra, segundo o grau de alfabetização.

    alfabetismo Nº (%)

    Sim 198 94

    Não 12 6

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

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    Casuística e Método

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    39

    Tabela 7. Distribuição dos 210 pacientes da Amostra, segundo o nível de escolaridade.

    Curso superior Nº (%)

    Sim 21 10

    Não 189 90

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    Nesta amostra, o maior tempo entre o AVC e a primeira avaliação funcional foi

    de 120 meses, e o menor de um dia.

    Cento e dois (102) pacientes (48%) tinham história de alcoolismo (Tab.8 ) e 109

    pacientes (52%) eram fumantes de no mínimo um maço de cigarros por dia, destes 24

    pacientes assumiram não conseguir parar de fumar, conseguindo reduzir para até cinco

    cigarros por dia (Tab.9 ).

    Tabela 8. Distribuição da Amostra, segundo fatores de risco: Alcoolismo*.

    Alcoolismo Nº (%)

    Sim 102 48

    Não 108 52

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).*conceituamos como alcoolismo o consumo diário de ao menos uma garrafa de cerveja

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    Casuística e Método

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    40

    Tabela 9. Distribuição da Amostra, segundo fatores de risco: Tabagismo.

    Tabagismo Nº (%)

    Sim 109 52

    Não 101 48

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010

    Eram hipertensos 209 pacientes (99,5%) (Tab.10); Apresentaram o diagnóstico

    de Diabetes Mellitus 96 pacientes (46%) (Tab.11) e de Cardiopatia pré existente 52

    pacientes (25%) (Tab.12).

    Tabela 10. Distribuição da Amostra, segundo fatores de risco: Hipertensão Arterial.

    Hipertensão Arterial Nº (%)

    Sim 209 99,5

    Não 1 0,5

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

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    Casuística e Método

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    Tabela 11. Distribuição da Amostra, segundo fatores de risco: Diabete Mellitus .

    Diabetes Mell i tus Nº (%)

    Sim 96 46

    Não 114 54

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    Tabela 12. Distribuição da Amostra, segundo fatores de risco: Cardiopatia pré existente.

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    A distribuição dos Acidentes Vasculares Cerebrais, nesta amostra, foi de 171

    (82%) Isquêmicos e 39 (18%) Hemorrágicos (Tab.13).

    Cardiopatia Nº (%)

    Sim 52 25

    Não 158 75

    Total 210 100,0

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    Casuística e Método

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    Tabela 13. Distribuição da Amostra, segundo ao tipo de AVC.

    AVC Nº (%)

    AVCH 39 18

    AVCI 171 82

    Total 210 100,0

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    Apresentaram hemiplegia ou hemiparesia direita 104 pacientes (49,5%) e

    esquerda 106 pacientes (50,5%) (Tab.14), sendo que 203 pacientes (96,7%) eram

    destros (dominância direita), antes do episódio do AVC.

    Tabela 14. Distribuição da amostra, segundo o lado comprometido pelo AVC.

    Fonte: SAME Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2008-2010).

    Os pacientes que apresentaram hemianopsia foram em número de 16 (8%),

    baixa visão 26 (13%), afasia 32 (15%), cinco (2%) apresentaram disfagia, sete (3%)

    apresentaram disartria, 42 (20%) apresentaram inicialmente diminuição da frequência

    Lado Nº (%)

    Direito 104 49

    Esquerdo 106 51

    Total 210 100,0

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    Casuística e Método

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    da deglutição salivar e também 42 pacientes (20%) reclamavam do desconforto

    causado pelas próteses dentárias (Tab.15).

    Na amostra, cinco pacientes apresentaram ataxia e 23 pacientes (11%) tinhamao menos uma crise convulsiva semanal (Tab.15).

    Tabela 15. Distribuição da Amostra, segundo Déficits neurológicos.

    Fonte: SAME Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2008-2010).

    Apresentaram labilidade emocional 129 pacientes, e durante o protocolo

    referiram algum tipo de medo (de ter um novo AVC, de ficar só, de não poder voltar ao

    trabalho, do futuro) 117 pacientes (56%). Nove pacientes (5%), apresentaram déficit de

    memória (Tab.15).

    Déficits neurológicos Nº (%)

    Hemianopsia 16 08Baixa visão 26 13

    Afasia 32 15

    Disfagia 05 02

    Disartria 07 03

    Ataxia 05 02

    Crises convulsivas 23 11

    Labilidade emocional 129 61

    Déficit de memória 09 04

    Medo 117 56

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    Casuística e Método

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    Tabela 16. Distribuição da Amostra, segundo o Familiar Cuidador.

    Fonte: SAME Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (2008-2010).

    Nesta amostra 205 pacientes (95%) residiam com seus familiares, 132 pacientes

    (63%) referiram possuir casa própria, cinco pacientes (2%) não possuiam familiar

    cuidador e moravam completamente sozinhos (Tab.16).

    Os pacientes foram encaminhados após avaliação médica e do serviço social ao

    serviço de Terapia Ocupacional para avaliação funcional e seguimento do protocolo

    Terapia Ocupacional Abrangente e Sintético (TOAS).

    Todos os pacientes encaminhados foram admitidos e avaliados pelo terapeuta

    ocupacional que utilizou os instrumentos de avaliação Medida de Independência

    Funcional (MIF) e pelo Teste de Destreza Manual da Caixa e Blocos (TDMCB).Os critérios de inclusão utilizados foram pacientes que apresentavam déficit no

    desempenho ocupacional, com a etiologia de Acidente Vascular Cerebral, atendidos no

    Centro de Reabilitação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no

    período de março de 2008 a dezembro de 2010 e de exclusão os pacientes que por

    Cuidador Nº (%)

    Cônjuge 98 47

    Filho/a 57 27

    Mãe 17 8

    Outros parentes 33 16

    Sem cuidador 5 2

    Total 210 100,0

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    Casuística e Método

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    algum motivo específico não puderam seguir o protocolo de tratamento proposto para o

    estudo.

    3.2. Método

    O estudo prospectivo com 210 pacientes em seguimento ambulatorial no Serviço

    de Terapia Ocupacional.

    A amostra foi avaliada no momento de sua admissão pela MIF (Anexo 2: Tab.16)

    que foi aplicada com o paciente sentado frente ao terapeuta ocupacional, acompanhadode um familiar cuidador e logo após pelo TDMCB, que teve algumas alterações para

    torná-lo acessível a esta amostra especifica. A primeira modificação foi quanto ao

    formato das peças apreendidas no instrumento que de quadradas passaram a

    cilíndricas para favorecer a preensão ativa da mão hemiparética/hemiplégica, a

    segunda modificação foi o modo de aplicação, que normalmente é com o paciente na

    posição sentada e neste estudo foi realizado com o paciente em pé frente a mesa ou

    plano elevado, os pacientes que vieram para a avaliação em cadeira de rodas realizou

    o teste na posição sentada.

    Os aspectos verificados na avaliação estão descritos a seguir, destacando o

    enfoque a ser dado:

    a - Alimentação - utilização dos utensílios necessários para levar os alimentos à boca,mastigar e engolir a refeição já devidamente preparada.

    b - Higiene pessoal - cuidados de apresentação e aparência - escovar os dentes,

    pentear os cabelos, lavar as mãos e o rosto e fazer barba ou maquiagem.

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    Casuística e Método

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    c – Banho ou limpeza do corpo - lavar, enxaguar e secar o corpo, desde o pescoço até

    os pés (com exclusão das costas), seja em banho de imersão, chuveiro ou no leito com

    uma bacia e esponja ou luva de banho, efetuando estas tarefas em segurança.d - Vestir a metade superior do corpo - colocar e tirar roupa da cintura para cima, assim

    como colocar ou retirar uma prótese ou órtese da parte superior do corpo, se for o caso.

    e - Vestir a metade inferior do corpo - Vestir-se e despir-se da cintura para baixo, bem

    como colocar ou retirar prótese ou órtese, se for o caso.

    f - Utilização do vaso sanitário – realizar a higiene perineal e o despir e vestir a roupa

    antes e depois da utilização do vaso sanitário ou da comadre.

    g - Controle da urina - controle completo e intencional da diurese e a utilização dos

    equipamentos ou dos meios necessários ao controle vesical.

    h - Controle das fezes - controle intencional e completo da defecação, e utilização de

    equipamentos ou meios necessários à defecação.

    i - Transferências: leito, cadeira, cadeira de rodas - todos os aspectos de uma

    transferência de e para o leito, a cadeira, ou a cadeira de rodas; ou então a

    passagem para a posição em pé, se a marcha é o modo típico de locomoção, e vice-

    versa.

    j - Transferência: vaso sanitário - passar para o vaso sanitário e vice-versa.

    k - Transferência: banheira ou chuveiro - entrar e sair da banheira e/ou do box do

    chuveiro.

    l - Locomoção - andar a partir da posição de pé, ou utilizar uma cadeira de rodas, uma

    vez sentado, num piso plano.

    m - Locomoção: escadas - subir e descer 12 a 14 degraus (um lance de escadas), em

    ambiente interior.

    33

    Casuística e Método

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    n - Compreensão - compreensão de uma comunicação visual ou auditiva, isto é, de

    uma informação linguística falada, escrita, ou gestual.

    o - Expressão - a expressão clara da linguagem verbal e não verbal, isto é, a expressãoda informação linguística verbal ou gráfica (usando a escrita ou um outro sistema de

    comunicação) com sentido e gramática apropriada e exata.

    p - Interação social - os desempenhos (as técnicas e os meios) para acompanhar e

    participar com os outros nas situações terapêuticas e sociais, isto representa a maneira

    como a pessoa lida com as suas próprias necessidades e em simultâneo com as dos

    outros.

    q - Resolução dos problemas da vida cotidiana - a tomada de decisões seguras,

    adaptadas ao momento acerca das tarefas sociais, financeiras e pessoais, assim como

    a iniciação, o acompanhamento, a auto-correção das tarefas e atividades para

    resolução desses problemas.

    r - memória - capacidade para recordação e lembrança durante a vida corrente, em

    instituição ou na comunidade, em particular a capacidade de armazenar e de recuperar

    a informação, em especial verbal ou visual.

    A evidência de memória inclui reconhecimento de pessoas vistas com

    frequência, lembrança de rotinas diárias e execução de tarefas sem necessidade

    de ser lembrado. Um déficit de memória dificulta a aprendizagem, bem como a

    realização das tarefas.

    O Teste de Destreza Manual da Caica e Blocos é constituído de uma caixa de

    madeira que mede 53,7 cm de comprimento com 24,5cm de largura e divisória de

    madeira no meio, contendo cem (100) peças de madeira de seis centímetros de altura

    com dois centímetros e meio de diâmetro (Fig.2).

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    Casuística e Método

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    Figura 2. Teste de destreza manual da caixa e blocos e sua aplicação.

    Fonte: Terapia Ocupacional – Regina A.Rossetto Guzzo (2008-2010).

    A caixa foi colocada horizontalmente à frente do paciente, a uma distância que

    proporcionasse a visão e manipulação adequada das peças. Na sala de Terapia

    Ocupacional, ambiente silencioso e tranquilo, o paciente tinha um minuto para

    transportar os blocos um a um, de um lado para o outro da divisória, de maneira

    contínua (Fig.2). A quantidade de peças passadas para o lado vazio da caixa

    corresponde à capacidade funcional da mão. O teste foi realizado duas vezes, para que

    o paciente vivenciasse e compreendesse a dinâmica do teste, sendo considerada a

    segunda vez. O teste foi realizado bilateralmente.

    Os 210 pacientes da amostra foram avaliados por duas vezes, durante os cinco

    meses de tratamento, no início e no final do protocolo TOAS de vinte sessões com a

    duração de uma hora semanal, todas as sessões de avaliação funcional seguiram o

    mesmo padrão.

    Os pacientes foram separados em 35 grupos de seis pacientes, não levando-se

    em conta o tempo da instalação do AVC, idade, gênero e grau de incapacidade

    funcional para seguirem o Protocolo Terapia Ocupacional Abrangente e Sintético.

    Todos os pacientes avaliados que seguiram o Protocolo TOAS concordaram em

    participar da pesquisa, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo

    35

    Casuística e Método

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    3), foram devidamente esclarecidos quanto à utilização dos resultados ou escore final

    das quatro avaliações aplicadas no trabalho de pesquisa e que suas identidades seriam

    mantidas em sigilo. As órteses de membro superior (Fig.3), foram confeccionadas no Laboratório de

    Órteses do Serviço de Terapia Ocupacional da Irmandade da Santa Casa de

    Misericórdia de São Paulo, com o material termomoldável, uma mistura de plástico e

    borracha, da marca Ezeform, de espessura 3,2mm na cor branca, e foram fixadas ao

    membro superior com cola superbonder e velcro argola e gancho.

    Figura 3. Órtese Dorsal Volar, para posicionamento do membro superior.

    Fonte: Terapia Ocupacional – Profª. Danielle Garros (2008-2010).

    Os 184 pacientes (88%) que utilizaram a órtese dorsal volar para o

    posicionamento do membro superior hemiplégico (Tab.17), seguiram a orientação de

    uso noturno e durante o dia quando necessário duas horas com intervalo de uma hora,os cuidados com a órtese e sua higienização foram dados aos pacientes e

    também aos familiares cuidadores, que foram orientados a higienizar a órtese com

    bucha e sabão líquido (detergente) em água fria.

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    Casuística e Método

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    Tabela 17. Distribuição da Amostra, segundo a necessidade do uso de órtese Volardorsal.

    Fonte: SAME Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2008-2010).

    A órtese de posicionamento de ombro (Fig.4), para prevenção da sub-luxação do

    ombro hemiplégico, em sua maioria foram prescritas pelo médico ainda no momento da

    internação do paciente, porém aqueles que tiveram dor no ombro durante o protocolo a

    mesma foi indicada. A indicação era posicionar adequadamente e dar segurança ao

    paciente quando o mesmo estava em ortostatismo, ou para se deslocar de um lugar

    para outro, necessitando pegar um ônibus, trem ou metrô. Na amostra foi indicada a

    órtese de posicionamento de ombro em tecido de neoprene com fixação com velcro.

    Figura 4. Órtese de posicionamento para o ombro hemiplégico em neoprene.

    Fonte: Terapia Ocupacional – Regina A.Rossetto Guzzo (2008-2010).

    Órtese Volar Dorsal Nº (%)

    Sim 184 88

    Não 26 12

    Total 210 100,0

    37

    Casuística e Método

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    Tabela 18. Distribuição dos 210 pacientes da amostra, segundo a necessidade do usode Órtese de Ombro.

    Fonte: SAME Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2008-2010).

    Os pacientes que não quiseram utilizar a órtese de neoprene para

    posicionamento do ombro puderam usar a bandagem kinesio-tape, com a mesma

    indicação de posicionar adequadamente o ombro hemiplégico, sob a roupa.

    A bandagem foi trocada duas vezes na semana para cada paciente, em horários

    que não coincidiram com os do protocolo.

    Figura 5. Bandagem Kinesio-tape, para posicionamento do ombro hemiplégico.

    Fonte: Terapia Ocupacional – Regina A. Rossetto Guzzo (2008-2010).

    Órtese de ombro Nº (%)

    Sim 145 69

    Não 65 31

    Total 210 100,0

    38

    Casuística e Método

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    Tabela 19. Distribuição da Amostra, segundo a necessidade do uso de BandagemKinesio-tape, para o posicionamento do Ombro hemiplégico.

    Fonte: SAME Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2008-2010).

    As órteses, adaptações e acessórios para posicionamento funcional e conforto

    do paciente, foram confeccionadas e seriadas no Laboratório de Órteses do serviço, em

    sessões terapêuticas ocupacionais extras.

    3.2.1. Protocolo Terapia Ocupacional Abrangente e Sintético (TOAS).

    O protocolo TOAS foi organizado para o paciente encaminhado ao serviço de

    Terapia Ocupacional pelo médico Neurologista ou Fisiatra, foi organizado com a

    intenção de se treinar o paciente para melhorar seu desempenho ocupacional para

    obtenção da independência nas atividades de vida diária, com segurança e qualidade

    de movimentos e assim visualizar seu retorno à sociedade ou atividades laborais de

    maneira realista, ou seja consciente de sua capacidade funcional.

    O protocolo TOAS foi aplicado no período de cinco meses ou vinte sessões

    terapêuticas ocupacionais, com a duração de sessenta minutos semanais, e foi

    constituído de cinco fases:

    Bandagem para ombro Nº (%)

    Sim 49 24

    Não 161 76

    Total 210 100,0

    39

    Casuística e Método

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    1ª Fase – Aquecimento, com vinte minutos de duração, dividida em quatro(4)

    tipos de atividades dirigidas que os pacientes realizaram, sentados, frente a mesa, com

    apoio plantar funcional, utilizando-se de lençóis dobrados até o tamanho trinta e doispor quarenta centímetros (32x40cm); bastões confeccionado com tubo de PVC com e

    sem texturas de sessenta (60) centímetros de comprimento e com o diâmetro de três e

    meio (3,5) lisos ou encapados com papel lixa fina de nº 150 e papel lixa grossa de nº 80

    e com pesos que variavam de duzentos (200) gramas, seiscentos (600) gramas e um

    (1) kilograma; bolas de plástico de doze (12) centimetros de diâmetro, foram

    desenvolvidos:

    Figura 6. 1ª Fase: Pacientes na posição sentada com o apoio plantar funcional.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    Aquecimento: Atividade dirigida 1. Os pacientes realizaram movimentos

    circulares de grande amplitude, nos sentidos horário e anti-horário, com o mão

    acometida pelo AVC (hemiplégica/hemiparética) sob a mão não acometida e ambas

    deslizando sobre o lençol dobrado na superfície plana da mesa (Fig.7). O terapeuta

    ocupacional participou realizando e dirigindo verbalmente os movimentos.

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    Casuística e Método

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    Figura 7. 1ª Fase: Aquecimento 1- Deslizamento sobre a mesa com o lençol dobrado,nos sentidos horário e anti-horários; 2- Atividade com as mãos unidas para realizar aextensão e flexão de punhos, flexão e extensão de cotovelos.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    Aquecimento: Atividade dirigida 2. Foram realizados movimentos com os

    membros superiores bilateralmente, aproximando-se as palmas das mãos e

    entrelaçando os dedos e assim desenvolvendo de forma bilateral a sequência de

    movimentos para punhos: extensão e flexão; cotovelos: extensão e flexão.

    Aquecimento: Atividade dirigida 3. Os pacientes receberam um bastão e

    realizaram o movimento de extensão e flexão dos braços, mostrando a maior amplitude

    possível do membro hemiplégico/hemiparético, com a meta de atingir a altura dos

    ombros inicialmente e ultrapassando a cabeça num segundo momento do protocolo, a

    preensão sugerida foi a de centralizar a mão hemiplégica sob a mão não acometida

    pelo AVC no bastão. As repetições foram em número de sessenta vezes, com

    intervalos a cada dez repetições e os números foram cantados pelos pacientes, ou seja,

    cada paciente deveria contar dez repetições, quando eram pacientes afásicos

    compondo o grupo, os componentes sem alteração da fala cantavam em coro, o

    terapeuta estimulou o paciente que deveria estar cantando a participação ativa.

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    Casuística e Método

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    Figura 8. 1ª Fase: Aquecimento 3- atividade dirigida com bastão.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    Atividade dirigida 4. Os pacientes receberam as bolas, que foram posicionadas

    centralmente para o paciente sobre a mesa, que posicionaram suas mãos sobre a bola

    respectivamente a não comprometida pelo AVC sobre a hemiplégica/hemiparética

    realizando pressão sobre a bola por sessenta vezes, repetindo a mesma metodologia

    da atividade com os bastões, sentados, alinhados e sem encostar os cotovelos na

    mesa. Quando o grupo com pacientes afásicos a metodologia anterior também foi

    adotada.

    Figura 9. 1ª Fase: Aquecimento 4 - atividade dirigida com a bola.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

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    A primeira fase do TOAS denominada de aquecimento, composta de quatro

    tipos de atividades dirigidas, teve como objetivos específicos melhorar a simetria

    corporal, restaurar o alinhamento normal do tronco, melhorar a noção de esquemacorporal, ensinar como diminuir a postura anormal do braço e da perna durante a

    realização das atividades, realizar o alongamento dos músculos espásticos do braço,

    impedir que ocorressem movimentos indesejados e reações associadas durante os

    movimentos, aumentar a amplitude de movimentos e melhorar a coordenação motora,

    fazendo com que os pacientes incorporassem o lado afetado à tarefa.

    A terapia em grupo facilita o intercambio de apoio social e incentivo entre os

    pacientes, pois eles desenvolvem esperança em seus próprios futuros observando os

    outros componentes dominarem desafios semelhantes.

    2ª Fase – Esta fase teve a duração de dez minutos constituída de três (3)

    atividades dirigidas que foram desenvolvidas pelo paciente em posição ortostática

    frente à mesa de cem (100) centímetros de altura que continha sobre a base os

    equipamentos terapêuticos ocupacionais, denominados escada terapêutica de madeira

    com seis degraus e bastão de sessenta e cinco (65) centímetros de altura e bastão de

    oitenta (80) centímetros de comprimento; arcos de duas alturas de quarenta (40)

    centímetros e de sessenta (60) centímetros de altura respectivamente, os dois arcos

    foram confeccionados com tubo de plástico flexível sobre uma base de madeira, com

    vinte argolas de plástico rígido medindo quatro (4) centímetros de diâmetro, cada arco

    deveria conter dez argolas azuis ou vermelhas; e por ultimo uma escada/ haste vertical

    de um metro e oitenta centímetros de altura com dez pinos de quinze (15) centímetros

    ou degraus a direita e a esquerda montada sobre uma base de madeira, contendo dez

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    Casuística e Método

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    argolas de plástico rígido medindo oito (8) centímetros de diâmetro, na cor vermelho ou

    azul de cada lado.

    Atividade dirigida 1. Os pacientes realizaram a atividade dirigida com osmembros superiores bilateralmente, segurando o bastão ou entrelaçando os dedos ao

    redor dele e assim desenvolveram a sequência de movimentos para subir e descer os

    degraus com o bastão, a atividade foi repetida por cinco (5) vezes. (Fig. 10).

    Figura 10. 2ª Fase: Atividade dirigida nº1, com escada de seis degraus e bastão.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    Atividade dirigida 2. Atividade com arcos de duas alturas e argolas, que consiste

    no transporte de cada uma das argolas, da direita para a esquerda e vice-versa, nas

    duas alturas, os pacientes realizaram a atividade dirigida com os membros superiores

    bilateralmente, quando necessário a preensão se deu através do entrelaçamento dos

    dedos ao redor de cada argola, fazendo-se uma pinça com os dedos indicadores, e

    assim desenvolveram a sequência de movimentos para dedos, punhos, cotovelos e

    cintura escapular, a atividade foi repetida por cinco (5) vezes. (Fig.11 ).

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    Casuística e Método

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    Figura 11. 2ª Fase: Atividade dirigida nº3, com arcos de duas alturas e argolas.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    Atividade dirigida 3. Atividade na escada dupla e argolas grandes, que consistiu

    no transporte de cada uma das argolas, degrau por degrau, para cima e para baixo, os

    pacientes realizaram a atividade dirigida com os membros superiores bilateralmente,

    quando necessário a preensão se deu através do entrelaçamento dos dedos ao redor

    de cada argola, fazendo-se uma pinça com os dedos indicadores, e assim

    desenvolveram a sequência de movimentos para dedos, punhos, cotovelos e cintura

    escapular na posição ortostática proporcionando também a descarga de peso nos

    membros inferiores, realizada frente ao espelho, a atividade foi repetida por cinco (5)

    vezes. (Fig. 12).

    Figura 12. 2ª Fase: Atividade dirigida nº3, com a escada dupla e argolas grandes.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

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    Casuística e Método

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    A segunda fase teve como objetivo específico aumentar a amplitude de

    movimentos, que é o arco de movimento através do qual a articulação passa, quando

    movida pelos músculos que atuam sobre a articulação, melhorar a coordenação motora,

    viso motora, coordenação espacial, coordenação motora fina com e sem resistência,

    visando a melhor qualidade do desempenho ocupacional do membro superior

    hemiplégico, descarga correta do peso sobre os membros inferiores, assim como a

    segurança em realizar atividades em ortostatismo sem riscos de queda e a melhor

    postura ortostática possível.

    O terapeuta participou ativamente da terapia, ensinando ao paciente a sensação

    do movimento normal, auxiliando para que este praticasse os movimentos até o

    momento em que o paciente aprendeu a realizar sem a assistência.

    3ª Fase – Esta fase teve vinte minutos de duração. Os pacientes realizaram a

    atividade dirigida associada ao FES, objetivando o recondicionamento muscular, a

    redução da espasticidade, a reorganização do ato motor, assim como a diminuição ou

    término da negligência do membro superior hemiplégico/hemiparético. Nesta amostra,

    os grupos musculares dos membros superiores estimulados foram os extensores de

    punho e dedos, tríceps e deltóide. Durante a aplicação da técnica FES, o paciente

    visualizou a contração motora, e realizou a atividade no momento de repouso. O apoio

    verbal do terapeuta durante a sessão foi relevante.

    O deltóide é estimulado visando a prevenção do ombro doloroso, a estimulação

    do tríceps é realizado com o objetivo de controlar a espasticidade flexora do cotovelo e

    a conseqüente instalação de uma deformidade e a estimulação dos extensores de

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    Casuística e Método

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    punho e dedos que são sempre estimulados em conjunto, pois estes movimentos

    obtidos de forma sinérgica é que permitem a melhor adequação funcional da mão.

    Figura 13. 3ª Fase: Aplicação da técnica FES, Atividade com FES.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    4ª Fase. Nesta fase com dez minutos, os pacientes realizaram o treino de atividades de

    vida diária básicas e instrumentais, no laboratório de AVD. (Figs. 14, 15, 16).

    Figura 14. 4ª Fase: Treino de AVD- higiene.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

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    Casuística e Método

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    A paciente realiza atividade de escovar os dentes, fazendo com que a mão

    hemiplégica participe segurando a escova de dentes no momento de se colocar a

    pasta.

    Figura 15. 4ª Fase: Treino de AVD – alimentação.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    A paciente realiza atividade de servir o suco, fazendo com que a mão

    hemiplégica espástica participe segurando a garrafa no momento de abrir a tampa e

    após é posicionada como apoio na hora de servir e tomar a bebida no copo. (Fig.15 )

    O terapeuta participou ativamente destas vivencias de AVD, dirigindo cada

    momento da atividade e solucionando os problemas que surgiram, o incentivo do

    terapeuta durante as atividades mostrou-se relevante para a execução da tarefa.

    Figura 16. 4ª Fase: Treino de AVD – com a utilização de tecnologia assistiva: tábuacom cantos para conter os alimentos e prego de inox para segurar o alimento para serdescascado.

    Fonte: Banco de dados da Terapia Ocupacional.(Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

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    Figura 18. 5ª Fase: Atividade livre, treino funcional específico - escrita.

    Fonte: Banco de dados da terapia Ocupacional (Rossetto-Guzzo, 2008-2010)

    Foram também realizadas as orientações familiares para que se pudessem tirar

    eventuais dúvidas quanto à reprodução do protocolo TOAS pelo paciente em casa, e

    este foi orientado a realizá-la por duas vezes, todos os dias da semana.

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    Casuística e Método

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    3.2.2. Análise Estatística.

    Para as variáveis qualitativas apresentamos frequência absoluta e frequência

    relativa.Para as variáveis quantitativas calculamos algumas medidas resumo (média,

    desvio padrão – dp e mediana) e construímos gráficos do tipo boxplot .

    Para avaliar se existe uma diferença estatística quanto a aplicação das

    avaliações funcionais e de destreza, utilizamos o teste t-Student pareado, adotando o

    nível de significância de 5%.

    O software utilizado na análise estatística foi o SPSS for Windows v13.0

    (Statistical Package for the Social Sciences ).

    3.2.3. Comitê de Ética e Pesquisa

    Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Irmandade da

    Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – CEP – ISCMSP, projeto nº 387/10.

    (Anexo 4).

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    Casuística e Método

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    __________________________________________________________________

    4. RESULTADOS __________________________________________________________________

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    Apresentamos a distribuição da amostra, através do Diagrama de Boxplot,

    quanto aos resultados das aplicações da Medida de Independência Funcional (MIF)

    inicial e no final, após as 20 sessões terapêuticas ocupacionais.É significativa a diferença dos desenhos, demonstrando a evolução desta

    amostra após o protocolo TOAS, ou seja, pacientes que na avaliação inicial estavam

    dependentes de seus familiares cuidadores para a realização das AVD, ao final do

    protocolo realizavam de forma independente ou independente adaptada as AVD. (Fig.

    19 )

    Figura 19. Diagrama de Boxplot das duas aplicações da MIF inicial e final.

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    Resultados

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    Apresentamos a distribuição da amostra, através do Diagrama de Boxplot,

    quanto aos resultados das aplicações da MIF motora inicial e no final, após as 20

    sessões terapêuticas ocupacionais. A MIF motora inclui: auto-cuidados, controle deesfíncteres, mobilidade e transferências. É significativa a diferença dos desenhos,

    demonstrando a evolução motora desta amostra após o protocolo TOAS.(Fig.20 ).

    Figura 20. Diagrama de Boxplot das duas aplicações da MIF Motora inicial e final.

    Nesta figura podemos verificar a evolução do quadro motor comparando o quadro inicialcom o final, após o protocolo TOAS.

    Apresentamos a distribuição da amostra, através do Diagrama de Boxplot,

    quanto aos resultados das aplicações da MIF cognitiva inicial e no final, após as 20

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    Resultados

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    sessões terapêuticas ocupacionais. A MIF cognitiva inclui: comunicação e cognição

    social. É significativa a diferença dos desenhos, demonstrando a evolução cognitiva

    desta amostra após o protocolo TOAS.(Fig.21 ).

    Figura 21. Diagrama de Boxplot das duas aplicações da Medida de IndependênciaFuncional Cognitiva inicial e final. Esta figura sugere uma boa evolução do quadrocognitivo, comparando o quadro inicial com o final, após o protocolo TOAS.

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    Resultados

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    Tabela 20. Medidas resumo das duas aplicações, inicial e final, da Medida de

    Independência Funcional.

    Variável Momento média dp mediana p*

    MIF I95,6 20,9 101,0

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    inicial e final, após o protocolo TOAS. É significativa a diferença dos desenhos, o que

    mostra a importância do treino dirigido da habilidade manual na Terapia Ocupacional

    para o paciente após o AVC. (Fig. 22).

    Figura 22. Diagrama de Boxplot das quatro aplicações do Teste de Destreza Manual daCaixa e Blocos inicial e final. Nesta figura podemos verificar a melhora na destrezamanual tanto do membro superior direito como do esquerdo, sem saber quais são osmembros superiores hemiplégicos.

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    Resultados

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    Apresentamos a distribuição da amostra, através do Diagrama de Boxplot,

    quanto aos resultados das aplicações do Teste de Destreza Manual da Caixa de Blocos

    inicial e final do membro superior hemiplégico. É significativa a diferença dos desenhos,o que mostra a importância do treino dirigido da habilidade manual na Terapia

    Ocupacional para o paciente após o AVC. (Fig. 23)

    Figura 23. Diagrama de Boxplot das duas aplicações do Teste de Destreza Manual daCaixa e Blocos inicial e final do membro superior hemiplégico. Nesta figura vemos aevolução da destreza manual do membro superior acometido pelo AVC, e a relevânciado treino do desempenho dirigido em Terapia Ocupacional.

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    Resultados

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    Apresentamos a distribuição da amostra, através do Diagrama de Boxplot,

    quanto aos resultados das aplicações do Teste de Destreza Manual da Caixa de Blocos

    inicial e final do membro superior não hemiplégico. É significativa a diferença dosdesenhos, o que mostra a importância do treino dirigido da habilidade manual na

    Terapia Ocupacional para o paciente após o AVC. (Fig. 24)

    Figura 24. Diagrama de Boxplot das duas aplicações do Teste de Destreza Manual da

    Caixa e Blocos inicial e final do membro superior não acometido pelo AVC. Nesta figuravemos a evolução da destreza manual do membro superior não acometido pelo AVC, enovamente a relevância do treino do desempenho dirigido em Terapia Ocupacional.

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    Resultados

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    Tabela 21. Medidas resumo das duas aplicações, inicial e final, do teste de destrezamanual da caixa de blocos.

    Variável Momento média dp mediana p*

    TDMCB MHI 20,1 20,2 17,0

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    5. DISCUSSÃO

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    A recuperação após o AVC é amplamente estudada quanto à melhora funcional,

    geralmente obtida nos três primeiros meses, em nosso estudo, pudemos visualizar o

    ganho funcional também após os noventa (90) dias de AVC.

    Os treinos de reaprendizagem motora, onde incluímos a utilização da técnica FES

    com a atividade associada, fez com que os pacientes ficassem comparando e com a

    atenção completamente voltada para o movimento e para a realização da tarefa

    funcional.

    Quando na aplicação da FES, solicitamos ao paciente que realizasse o movimento

    mentalmente e após no momento de repouso realizasse o movimento sem o estimulo, a

    evolução funcional foi um processo gradativo, efetivando que a reeducação do ato

    motor acontece.

    Verificamos neste estudo que o protocolo propiciou maior (re)aprendizagem de

    tarefas treinadas, aumento na habilidade de reter as tarefas treinadas e transferência

    destas para outras não-treinadas nas sessões terapêuticas ocupacionais.

    Verificamos que atividades dirigidas em ortostatísmo frente o espelho após 10

    sessões ou seja a partir do meio do protocolo propiciou ao paciente um estímulo visual

    apropriado, fazendo com que este corrigisse a postura de forma independente e

    prestasse mais atenção na sequência e modulação dos movimentos para a realização

    da atividade funcional .

    A elaboração da cartilha para o paciente reproduzir o protocolo de AVD em casa foi

    relevante pois efetivamos a importância da participação do paciente em sua própria

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    Discussão

  • 8/16/2019 2011 Regina Rossetto Guzzo

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    reabilitação, que ao realizar o treinamento motor no ambiente real, sua própria casa,

    consegue visualizar a redução do comprometimento motor.

    Um dos aspectos de motivação do protocolo, foi a introdução de novas tarefas

    visando o melhor desempenho ocupacional especifico para cada paciente, a cada

    sessão terapêutica ocupacional.

    Verificamos nesta amostra que ao se realizar uma serie de atividades dirigidas

    repetitivas, facilitaram o treino das AVD e que a medida em que o protocolo chegava

    ao fim, a quarta fase (treino de AVD) levava menos tempo para ser realizada, restando

    mais tempo para as atividades especificas individuais.

    A avaliação em Terapia Ocupacional deve ser vista como o diagnóstico do

    desempenho ocupacional do paciente. Para tanto deve somar instrumentos de

    mensuração funcional que possibilitem esse objetivo terapêutico.

    O terapeuta ocupacional ao realizar a vivência de AVD com esta amostra, torna-se

    um agente facilitador e inibidor. Agente facilitador quando usa técnicas de facilitação

    como por exemplo: quando ensina o paciente a incorporar o lado afetado à tarefa.

    Agente inibidor quando usa técnicas de inibição como por exemplo: impede que

    ocorram movimentos indesejáveis e reações associadas durante o movimento realizado

    pelo paciente. (baseado em Bobath).

    O Laboratório de Atividade de Vida Diária (AVD) é o local onde o paciente irá

    treinar, e realizar suas atividades rotineiras básicas, reorganizando e aprimorando seu

    desempenho ocupacional e adequando-se à sua condição atual, com segurança e sem

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    Discussão

  • 8/16/2019 2011 Regina Rossetto Guzzo

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    riscos de queda. É fundamental que seja um ambiente simples, limpo, arejado,

    iluminado, seguro, porém aconchegante e acolhedor.

    O Laboratório de Atividades da Terapia Ocupacional da Irmandade da Santa

    Casa de Misericórdia de São Paulo é constituído de um quarto, uma pequena cozinha e

    um banheiro adaptado, com piso antiderrapante e barras de apoio e sustentação ao

    redor do vaso sanitário.

    O fato de se oferecer desafio apropriado de tarefas e ambientes aos pacientes

    com disfunção do sistema nervoso central, tanto no hospital quanto em casa, nos

    pareceu relevante para a reabilitação destes pacientes.

    Nessa amostra foi possível se perceber e trabalhar os déficits na independência

    da tarefa, segurança e qualidade dos movimentos envolvidos.

    Os pacientes com hemiplegia ou hemiparesia esquerda apresentaram

    comprometimento cognitivo na forma de negligência visual, tátil ou motora à esquerda,

    como também dificuldade em perceber a própria incapacidade, já que continuavam

    realizando as AVD com o membro superior dominante.

    Os pacientes com hemiplegia direita foram mais difíceis de serem avaliados e

    apresentaram maior dificuldade inicial para seguir o protocolo, deixando evidente as

    limitações cognitivas, inclusive comunicação e memória, assim como a dificuldade em

    seguir instruções.

    A idade não foi um fator importante em relação à evolução funcional do paciente

    com o protocolo.

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    Discussão

  • 8/16/2019 2011 Regina Rossetto Guzzo

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    Os sessenta (60) minutos repletos de atividades dirigidas não foram obstáculo

    para os pacientes com mais idade.

    O tempo de cinco meses estabelecido para o término do protocolo, com a meta

    de se atender a grande demanda de pacientes após o AVC, foi suficiente ao

    compararmos os resultados das avaliações iniciais e finais, ou seja vimos uma evolução

    real do desempenho ocupacional, mas houve uma expectativa por parte dos pacientes

    que se pudesse aumentar esse tempo.

    A solicitação de se permanecer fazendo o protocolo foi praticamente de 80% dos

    pacientes, alguns já de volta ao trabalho, disponibilizavam-se a arranjar um intervalo em

    suas rotinas para repetir o tratamento.

    O protocolo serve para nortear o terapeuta ocupacional, quanto ao tratamento

    básico que deverá ser aplicado, não engessar a reabilitação do paciente.

    Os pacientes desta amostra, colocaram a dificuldade que sentem para encontrar

    alternativas de participação social, hobbies e atividades físicas orientadas.

    O paciente deve poder repetir o protocolo TOAS, para que tenha mais um reforço

    no desempenho das tarefas e sinta-se mais seguro para reassumir suas atividades

    cotidianas